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1. ASPECTOS GERAIS DA VITIMOLOGIA E DAS PRISÕES NO

PROCESSO PENAL BRASILEIRO

Este capítulo traz um breve histórico sobre o surgimento da

Vitimologia e os demais aspectos conceituais pertinentes aos tipos

de vítimas, medidas cautelares, liberdade provisória, fiança e a

classificação das prisões no âmbito do Processo Penal Brasileiro e

na recente lei penal 12.403/2011, que altera boa parte das prisões

no Código de Processo Penal de 1941.

Costumeiramente, quando se ouve falar em “Vitimologia” no

mundo surgem, portanto, algumas dúvidas em torno do seu precursor

e aparecem no contexto dois grandes nomes: Hans Von Hentig e

Benjamin Mendelsohn.

Hans Von Hentig, naturalizado alemão, professor de

criminologia na Universidade de Bonn, segundo Nascimento:

“sistematizou uma classificação das vítimas, estabelecendo a

relação do criminoso com a vítima (1) ”.

Hans Von Hentig publicou no ano de 1948 a pesquisa intitulada

“O criminoso e suas vítimas” na Universidade de Yale nos Estados

Unidos. Considerado por muitos o pioneiro dos estudos

vitimológicos.

De outro lado, o israelita Benjamin Mendelsohn, professor e

advogado. Conforme as palavras de Nascimento, Mendelsohn já lidava

com a vitimologia desde a década de 1940, foi o professor

israelita, um ano antes do livro de Von Hentig Hans, que falou

perante um Simpósio sobre o tema Vitimologia.

Em verdade, a contribuição que Hans Von Hentig e Benjamin

Mendelsohn, renomados estudiosos no âmbito da Vitimologia deram às

ciências criminais é tão meritória que pouco importa quem foi o

pioneiro. Hoje, graças as suas pesquisas a “Vitimologia” surgiu

com o desafio de dar uma nova roupagem à vítima e assim outros

seguidores surgiram com outras perspectivas.

É válido mencionar que apesar de existir poucos livros,

artigos, monografias, teses e etc. na área da Vitimologia, o

assunto na atualidade ainda é muito pequeno entre os

doutrinadores. Raríssimos autores do mundo jurídico reservaram uma

obra específica destinada apenas ao estudo da Vitimologia.

Contudo, com o avanço da moderna Criminologia e as novas

concepções relacionadas ao crime no direito penal, as perspectivas

de novas obras são bastante animadoras.

1.1 Conceito de Vitimologia a luz de Benjamin Mendelsohn e Hans

Von Hentig

Existe ainda muita controvérsia se a Vitimologia seria ou não

considerada uma ciência autônoma. Para alguns doutrinadores a

Vitimologia é apenas um ramo da Criminologia, outros acham que ela

é revestida de caráter científico pelo fato de existir objeto,

método e fim próprios.

Nas palavras de Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio

Gomes (2):

Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar, quese ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítimae do controle social do comportamento delitivo, e que tratade subministrar uma informação válida, contrastada, sobre agênese, dinâmica e variáveis principais do crime contemplandoeste como problema individual e como problema social -, assimcomo sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo etécnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nosdiversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.

Questão controversa, deve- ressaltar desde logo, que a maior

parte da doutrina considera a Vitimologia uma divisão da

Criminologia, destarte podemos entender que não há unanimidade na

definição da vitimologia como ramo da Criminologia ou uma ciência

autônoma.

Etimologicamente o termo vitimologia provém do latim “victima”,

“ae” e da raiz grega logo, podendo ser definida como o estudo das

vítimas.

Na definição de Benjamin Mendelsohn (3): a vitimologia é a

“ciência sobre as vítimas e a vitimização.”

Para Frederico Abraão Oliveira (4) o conceito de Vitimologia é

definido como:

O estudo do comportamento da vítima frente à lei, através deseus componentes biossociológicos e psicológicos, visandoapurar as condições em que o indivíduo pode apresentartendência a ser vítima de uma terceira pessoa ou de processosdecorrentes dos seus próprios atos.

A definição apresentada a seguir acerca do conceito de

Vitimologia é dada por José Osmir Fiorelli e Rosana Cathya

Ragazzoni Mangini (5) que dizem: É a ciência que estuda a vítima sob os pontos de vistapsicológico e social, na busca do diagnóstico e daterapêutica do crime, bem como da proteção individual e geralda vítima. Tem por objetivo estabelecer o nexo existente nadupla penal, o que determinou a aproximação entre a vítima edelinquente, a permanência e a evolução desse estado.

Eles elencam ainda de maneira didática alguns dos principais

interesses constituídos pela vitimologia:1) Prevenção do delito: por meio da identificação de medidasde natureza preventiva (policiamento, iluminação,identificação e neutralização de pontos de vulnerabilidadeetc.). Sob esse aspecto, destaca-se o estudo: docomportamento do delinquente em relação à vítima; docomportamento da vítima em relação ao delinquente; dainfluência do comportamento da vítima para a ocorrência doevento-criminoso e dos fatores que levam a vítima a reagir ounão contra aquele ou aqueles que a vitimizam ou, até mesmo, a

acentuar essa relação de desequilíbrio.2) Desenvolvimento metodológico-instrumental: que inclui aobtenção e o desenvolvimento de informações destinadas àanálise técnico-científica dos fatores que envolvem osdelitos, por exemplo, local de residência, sexo, idade, níveleconômico e cultural da vítima e do autor do ato infracional,propiciando estudos de correlação e projetos de atuação sobreelementos causais.3) Formulação de propostas de criação e reformulação depolíticas sociais: condizentes com a atenção e reparaçãodevida à vítima pelos múltiplos tipos de danos que sofre,econômicos, sociais e psicológicos. Podem incluir, porexemplo, ações destinadas a restabelecer a tranquilidade deeliminar o medo, restaurando condições de vida ajustadas aocomportamento solidário e à confiança no sistema de justiça.4) Desenvolvimento continuado do modelo de Justiça Penal:imprimido-lhe atualidade e consistência do ponto de vistasocial, cultural, tecnológico e econômico, sem perder devista os aspectos humanos e conjugando o respeito àindividualidade com a preservação dos direitos dacoletividade. Esta preocupação possui grande importância doponto de vista da percepção dos indivíduos em relação aosistema como um todo porque, inegavelmente, o que as vítimasmais esperam, de imediato, é que seja feita justiça.Entretanto, o conceito de justiça encontra-se longe de serabsoluto e recebe influencia de local, costumes, leisvigentes e condições particulares de cada indivíduo envolvidonas situações em que existe delito.

Se fossemos considerar todo esse interesse constituído pela

Vitimologia na visão de José Osmir Fiorelli e Rosana Cathya

Ragazzoni Mangini inseridos na prática jurídica brasileira

certamente haveria mais apoio às vítimas de crime e talvez com a

prevenção o número de ocorrências evitaria a conhecida justiça

privada, isto é, a justiça com as próprias mãos.

A Vitimologia também expressa a sua finalidade e nos dizeresde João Farias Júnior (6):

A vitimologia se destina a estudar a complexa órbita demanifestações e comportamentos das vítimas em relação aosdelinquentes e dos delinquentes em relação às suas vítimas,visando a análise, do ponto de vista, biopsicossocial, nagênese do delito. Tal análise poderá ajudar a justiça, não sóem relação ao julgamento de responsabilidade e culpabilidade,diante da sistemática atual, como em relação ao julgamento doestado perigoso à sistemática recuperacional quepreconizamos.

Existem questões, entretanto, que devem ser mencionadas depois

de tão importantes conceituações sobre a Vitimologia. É distintivo

o fato de que ela é uma ciência autônoma que procura tratar da

vítima com fundamental valorização dentro do sistema penal, mas é

nítida a omissão estatal no incentivo a criação de mais

organizações que tratem da vítima com seriedade e respeito que ela

merece, fazendo valer o princípio constitucional da dignidade da

pessoa humana.

1.2 Definição de Vítima conforme Sandro D’Amato Nogueira

O significado do vocábulo vítima ETMON: “victima” “ae” = da

vítima + logos = tratado, estudo = estudo da vítima.

A vítima é um dos elementos que compõe o objeto da moderna

criminologia como também o delito, o delinquente e o controle

social.

Atualmente a vítima vem ganhando um espaço muito importante em

nosso ordenamento jurídico brasileiro, o que faz pensar em

mudanças nos institutos legais por parte dos doutrinadores e

legisladores.

A definição de vítima na interpretação de Lélio Braga Calhau

(7) passa por uma trajetória no tempo e ele enfatiza:

É inquestionável o valor que o estudo da vítima possui hoje

para a Ciência total do Direito penal. A vítima passou por três

fases principais na história da civilização ocidental. No início,

fase conhecida como idade de ouro, a vítima era muito valorizada,

valorava-se muito a pacificação dos conflitos e a vítima era muito

respeitada. Depois, com a responsabilização do Estado pelo

conflito social, houve a chamada neutralização da vítima. O

Estado, assumindo o monopólio da aplicação da pretensão punitiva,

diminuiu a importância da vítima no conflito. Ela sempre era

tratada como uma testemunha de segundo escalão, pois,

aparentemente, ela possuía interesse direto na condenação dos

acusados. E, por último, da década de cinquenta para cá,

adentramos na fase do redescobrimento da vítima, onde a sua

importância é sob um ângulo mais humano por parte do Estado

1.3 Espécies de Vítimas de Crime

São diversas as classificações dos tipos de vítimas e vários

autores criminólogos internacionais e nacionais pontuam conforme

seus conhecimentos.

No tocante à Vitimologia não podemos deixar de citar a

classificação dos tipos de vítimas classificadas por Hans Von

Hentig e Benjamin Mendelsohn os pioneiros da Vitimologia no mundo.

Nas primeiras obras, Hans Von Hentig, elabora uma

classificação que é dividida em duas categorias: classes gerais e

tipos psicológicos. O principal interesse era de categorizar as

mais freqüentes ou as mais vitimizáveis.

Sandro D”Amato de Nogueira (8) apresenta essa classificação de

Hans Von Hentig em sua obra intitulada Vitimologia:

A) Classes Gerais:1.O jovem, que por sua fragilidade no reino animal e naespécie humana, é o mais propenso a sofrer um ataque;2. A mulher, cuja fragilidade é reconhecida, até por lei;3. O ancião, que está incapacitado de diversas formas;4. Os débeis e doentes mentais, nos quais se situam osdrogados, alcoólicos e outras vítimas potenciais porproblemas mentais;5. Os imigrantes, as minorias e os tolos (dull normals), pois têmdesvantagem frente ao resto da população.B) Tipos Psicológicos:1. O deprimido, no qual está abatido o instinto deconservação, pelo que se põe constantemente em perigo;2. O ambicioso, cujo desejo de lucro e avareza o fazem

facilmente vitimizável;3. O lascivo, aplicado principalmente a mulheres vítimas dedelitos sexuais que provocaram ou seduziram;4. O solitário e o desiludido, que baixam sua guarda em buscade companhia e de consolo;5. O atormentador, que martiriza os outros até provocar suavitimização;6. O bloqueado, o excluído e o agressivo, que por suaimpossibilidade de defesa, sua marginalização, ou suaprovocação, são vítimas fáceis.

A classificação elaborada por Hans Von Hentig retrata uma

realidade cada vez mais forte na atualidade, pois as vítimas mais

visadas como o jovem, a mulher, o idoso, os débeis e os

imigrantes, cada vez mais são alvos fáceis de pessoas de mentes

maldosas e que pouco se importa com as punições da lei.

Em sua obra “El delito” Hans Von Hentig procura apresentar uma

nova tentativa de divisão sobre as vítimas, mas longe de ser

interpretada como uma classificação propriamente dita. Assim, as

vítimas são separadas em quatro aspectos: a) situação da vítima:

vítima ilhada, que se afasta do convívio social e se torna

solitária (ex. ancião); vítima por proximidade: familiar (ex.

incesto) e profissional (assédio); b) Impulsos e Eliminações de

inibições da vítima: vítima com ambição de lucro, pó cobiça acaba

sendo enganada por pessoas espertas; vítima com ânsia de viver,

aquela que deixou de viver anteriormente e tenta recuperar o tempo

perdido, vivendo tudo o que não viveu (ex. busca de aventuras,

perigos); vítima agressiva: tortura sua família, amigos,

subordinados, em determinado momento, e por um mecanismo de

saturação, se convertem de vítimas em agentes do delito; vítima

sem valor: pessoas que são consideradas inúteis (ex. doentes,

pecadores, infiéis); c) Vítimas com Resistência Reduzida: vítima

por estado emocional, estados favoráveis à vitimização (ex.

compaixão, ódio, medo); vítima por transição normal no curso da

vida: a pouca idade, ingenuidade, inexperiência vem em primeiro

lugar, a puberdade e pouca idade em segundo (ex. mulheres grávidas

e a menopausa); vítima perversa: psicopáticos, que são explorados

por seus problemas; vítima alcoólica: um dos fatores que criam

vítimas; vítima depressiva: depressão e preocupação levam a

autodestruição; vítima voluntária: permite que se cometa o ilícito

ou que não sofre nenhuma resistência (ex. casos sexuais); d)

vítima propensa: vítima indefesa: se vê privada da ajuda do

Estado, pois a perseguição judicial lhe causaria mais danos que os

produzidos neste momento; vítima falsa: aquela que se autovitimiza

para conseguir um benefício (ex. receber um seguro, cobrir

desfalque); vítima imune: é uma pessoa que evita vitimizar no

mundo criminal já que se considera uma espécie de tabu. (ex.

sacerdotes); vítima reincidente: apesar de já ter sido vitimada,

não toma precaução para não voltar a sê-lo e por fim a vítima que

se transforma em autor: é algo como o vencido que se passa para o

lado do inimigo, pois lhe convencem de seus melhores métodos de

combate.

Podemos perceber que essa segunda tentativa de classificação

de vítima, Hans Von Hentig é bem mais completa e definida

retratando os tipos de vítimas frequentes encontradas em nossa

sociedade.

Já para Benjamin Mendelsohn a classificação dos tipos de

vítimas é calcada na relação do criminoso com a vítima.

No que diz respeito a essa classificação Sandro D’Amato

Nogueira (9) elenca os tipos de vítimas relacionadas por Benjamin

Mendelsohn:

1. Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a vítimainconsciente, que se colocaria em 0% absoluto da escala deMendelsohn. É a que nada fez ou nada provocou para

desencadear a situação criminal, pela qual se vê danificada.Ex. incêndio. 2. Vítima de culpabilidade menor ou vítima por ignorância:neste caso se dá um certo impulso involuntário ao delito. Osujeito por certo grau de culpa ou por meio de um ato poucoreflexivo causa sua própria vitimização. Ex. Mulher queprovoca um aborto por meios impróprios pagando com sua vida,por sua ignorância. 3. Vítima tão culpável quanto o infrator ou vítimavoluntária: aquelas que cometem suicídio jogando com a sorte.Exemplo: a) roleta russa; b) suicídio por adesão; c) a vítimaque sofre de enfermidade incurável e que pede que a matem,não podendo mais suportar a dor (eutanásia); d) a companheira(o) que pactua um suicídio (incubo ou sucumbo); e) os amantesdesesperados; e f) o esposo que mata a mulher doente e sesuicida.4.Vítima mais culpável que o infrator4.1 Vítima provocadora: aquela que por sua própria condutaincita o infrator a cometer a infração. Tal incitação cria efavorece a explosão prévia à descarga que significa o crime. 4.2 Vítima por imprudência: é a que determina o acidente porfalta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal fechado oucom as chaves no contato. 5. Vítima mais culpável ou unicamente culpável5.1 Vítima infratora: cometendo uma infração o agressor viravítima exclusivamente culpável ou ideal, se trata do caso delegitima defesa, em que o acusado deve ser absolvido. 5.2. Vítima simuladora: o acusador que premedita eirresponsavelmente joga a culpa no acusado, recorrendo aqualquer manobra com a intenção de fazer justiça num erro. 5.3 Vítima imaginária: se trata geralmente de indivíduos comdistúrbios psicopatas de caráter e conduta. É o caso doparanóico reivindicador, litigioso, interpretativo,perseguidor-perseguido, histérico, mitomaníaco, dementesenil, menor púbere. Só serve para indicar um autorimaginário ante a justiça penal e temos que evitar que secometam erros judiciais com esse tipo de atitude.

Para efeito da aplicação da pena ao criminoso Mendelsohn

conclui que as vítimas podem ser classificadas em três grandes

grupos:Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem outraforma de participação no delito, mas sim puramente vítima. Segundo grupo: estas vítimas colaboraram com a ação nociva eexiste uma culpabilidade recíproca, pela qual a pena deve sermenor para o agente do delito (vítima provocadora, vítima porimprudência, vítima voluntária, vítima por ignorância). Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que cometempor si a ação nociva e o não culpado deve ser excluído detoda pena: vítima agressora, vítima simuladora, vítima

imaginariam.

Via de consequência é intuito reconhecer que as tentativas de

classificação das vítimas, segundo Hans Von Hentig e Benjamin

Mendelsohn contribuíram para o surgimento de novas tipologias das

vítimas na visão de autores estrangeiros e nacionais.

Entre os autores está Luis Jimenez de Asúa que localiza as

vítimas em duas categorias principais, segundo Sandro D’Amato

Nogueira (10): 1. Vítimas Indiferentes: Ao vitimário é indiferente a vítimacontra a qual exerce violência. Exemplo típico é a roubo. Aodelinquente está interessa nem o nome nem a condição davítima, seu único interesse é apoderar-se dos valores queleva.2. Vítimas determinadas. O vitimário dirige seus atos contrauma determinada pessoa. Exemplo, o crime passional, para ohomem que mata a mulher que lhe foi infiel, para ele não dána mesma matar a ela ou a outra; tem que ser determinadamenteessa mulher.2.1. Vítimas Resistentes. São aquelas vítimas que diante deum ataque com uma faca ou revólver, se defendem de um talmodo que podem acabar matando em legítima defesa.2.2 Vítimas Coadjuvantes: Aqueles que "colaboram" na suaprópria vitimização. Asúa cita como exemplo de coadjuvantesas vítimas de tiranicídio, os homicidas justiceiros, oshomicídios passionais, ou duelos, a briga, o suicídio, oscrimes sexuais, as mortes, as lesões em acidentes causadospor outros e aqueles contra a propriedade, especialmente afraude.

É reconhecidamente pela força da Criminologia, que a

Vitimologia vem ganhando um espaço merecido no Direito Penal

Brasileiro. A vítima passa de esquecida para ganhar um espaço

garantido em alguns institutos legais.

Um aspecto bastante relevante nos tipos de vítimas é

enfatizado por Heitor Piedade Júnior (11) diz que: No estudo da tipologia da vítima, talvez o maior mérito tenhasido a descoberta de que a vítima de crime nem sempre éaquela pessoa inofensiva, passiva, inocente. Ao contrário, aVitimologia tornou evidente que a vítima pode ter exercidouma cooperação relevante, acidental, negligente ou dolosa naconduta do agente.

Salientamos, no entanto, que a Vitimologia não só se preocupou

com vítima desprotegida, esquecida, mas também com aquela vítima

que contribuí para a efetivação de um delito por parte do acusado.

Uma abordagem que nos leva a pensar que qualquer pessoa pode

passar de vítima a culpado.

1.4 Conceitos de prisão, medida cautelar, liberdade provisória e

fiança

1.4.1 Conceito de prisão:

Como explica Válter Kenji Ishida (12) “prisão é a privação da

liberdade de locomoção, ou seja, do direito de ir e vir, por ordem

escrita da autoridade competente ou em caso de flagrante delito”.

Conforme o entendimento de Guilherme de Souza Nucci (13) a

prisão pode ser conceituada como:A privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir,através do recolhimento da pessoa humana ao cárcere. Não sedistingue, nesse conceito, a prisão provisória, enquanto seaguarda o deslinde da instrução criminal, daquela que resultade cumprimento de pena. Enquanto o Código Penal regula aprisão proveniente de condenação, estabelecendo as suasespécies, forma de cumprimento e regimes de abrigo docondenado, o Código de Processo Penal cuida da prisãocautelar e provisória, destinada unicamente a vigorar, quandonecessário, até o trânsito em julgado da decisãocondenatória.

No âmbito do Direito Penal as prisões são consideradas como

medidas legais de postura punitiva, em que o sujeito tem a sua

liberdade limitada de locomover-se, devido a uma prática ilícita.

Vale destacar que a prisão tem alicerce constitucional

conforme o art. 5º, LXI da Constituição Federal de 1988: “ninguém

será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e

fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos

de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos

em lei”.

Acreditamos quase sempre que quando um acusado comete um crime

e vai para a prisão a justiça esta em tese esta sendo feita, mas

infelizmente muitos criminosos estão soltos respondendo seus

delitos em liberdade e até praticando um ou mais crimes até a

sentença declará-los culpados. Não podemos também olvidar daqueles

que foram presos por um erro meramente judicial e pela burocracia

e morosidade do próprio serviço judiciário sofrem por ter sua

liberdade cerceada.

1.4.2 Conceito de medida cautelar

De acordo com o dicionário jurídico (14) a medida cautelar

pode ser conceituada como: “Ato forense ou processo intentado por

uma pessoa, para prevenir, conservar ou defender direitos. Medida

que visa assegurar a eficácia futura do processo principal com que

se achar relacionada”.

Assim, cumpre salientar que no âmbito jurídico a medida

cautelar é um procedimento que tem por objetivo prevenir um

prejuízo imediato ou futuro. Solicitada ao magistrado por meio de

uma petição escrita através de seu representante legal,

cientificando-o os motivos de seu receio.

1.4.3 Conceito de liberdade provisória

A liberdade provisória no Processo Penal Brasileiro pode ser

com ou sem fiança. Conforme o art. 5º, LXVI da Constituição

Federal de 1988: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido,

quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”.

No entendimento de Vauledir Ribeiro Santos e Arthur da Motta

Trigueiros Neto (15): “A liberdade provisória tem por finalidade

garantir ao acusado o direito de aguardar em liberdade o

transcorrer de um processo, vinculando-o ou não a determinadas

obrigações”.

Em outras palavras, a liberdade provisória dá ao réu a

possibilidade de responder o crime a ele imputado em liberdade.

Sendo decretada sem fiança, o sujeito é liberado, ou com fiança,

por meio do depósito de dinheiro ou objetos.

1.4.4 Conceito de fiança

Guilherme de Souza Nucci (16) diz que a fiança: “é uma

garantia real, consistente no pagamento em dinheiro ou na entrega

de valores ao estado, para assegurar o direito de permanecer em

liberdade, no transcurso de um processo criminal”.

Salienta ainda que “a finalidade da fiança é assegurar a

liberdade provisória do indiciado ou réu, enquanto decorre o

inquérito policial ou o processo criminal, desde que preenchida

determinadas condições.

Cumpre salientar que a fiança na Lei 12.403/2011 é fixada pelo

juiz no valor de 1 a 100 salários mínimos, quando se versar de

infração cuja pena privativa de liberdade, no seu patamar máximo,

não for superior a 4 anos. Como também de 10 a 200 salários

mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade aplicada

for superior a 4 anos. É mister lembrar, que se a situação

econômica do preso for desfavorável, a fiança poderá ser

dispensada ou reduzida até o máximo de 2/3 e se a situação

econômica do preso for boa poderá ser aumentada em até 1.000

vezes.

1.5 Classificações das prisões:

No Processo Penal Brasileiro a classificação das prisões

segundo alguns doutrinadores pode ser: prisão penal, prisão sem

pena, processual ou provisória, prisão durante o estado de defesa

e durante a vigência do estado de sítio, prisão em perseguição,

prisão em território diverso, prisão em perseguição, prisão

especial e domiciliar.

A prisão que decretada compulsoriamente pelo juízo cível, para

fins civis, nos casos de devedor de alimentos, é denominada de

prisão civil.

De acordo com a súmula (17) 304 do STJ: “É ilegal a decretação

da prisão civil daquele que não assume expressamente o encargo de

depositário judicial”. E a súmula 305 diz que: “É descabida a

prisão civil do depositário quando, decretada a falência da

empresa, sobrevém a arrecadação do bem pelo síndico”.

A prisão disciplinar é definida como a privação da liberdade

de locomoção permitida pela Constituição Federal em seu art. 5º

LXI “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem

escrita e fundamentada de autoridade judiciária, salvo nos casos

de transgressão disciplinar ou crime propriamente disciplinar,

definidos em lei”. Ressaltando também, no art. 142 §2º “Não caberá

habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.”

Entende-se por prisão especial é um benefício concedido a

determinadas pessoas, em razão da função que desempenham ou de uma

condição especial que ostentam, permitindo o recolhimento a

quartéis ou celas especiais, quando sujeitas à prisão provisória.

Por exemplo, os Ministros de Estados, governadores, prefeitos e

seus secretários etc.

Denomina-se prisão domiciliar quando não houver

estabelecimento adequado para realizar a prisão especial, mediante

autorização do magistrado, ouvido o representante do Ministério

Público, o preso com direito a ela, poderá recolher-se em seu

próprio domicílio, conforme a Lei n. 5.256/67.

A prisão pena, prisão penal ou prisão-sanção, é definida por

Válter Kenji Ishida (18):

É a decorrente de sentença penal condenatória com trânsito emjulgado. Sua finalidade se compatibiliza com um dos objetivosdo Direito Penal, a repressão. Compatibiliza-se ainda com opróprio princípio da presunção de inocência, devendo-seaguardar o final do processo para iniciar o cumprimento dapena.

Já a prisão processual ou prisão sem pena segundo Rodrigo

Colnago (19): é a supressão da liberdade locomoção antes da

condenação definitiva. Trata-se da prisão cautelar, lato sensu,

também conhecida como prisão provisória.

A prisão processual no CPP compreende: a prisão em flagrante

encontrada nos arts. 301 ao 310; a prisão preventiva nos arts. 311

ao 312; a prisão decorrente de sentença penal condenatória no art.

393, I; a prisão resultante de pronúncia nos arts. 282 e 413, § 3º

e por fim a prisão temporária na legislação extravagante Lei nº

7.960/89.

- A prisão preventiva conforme a definição de Deocleciano

Torrieri Guimarães (20): “É cabível em qualquer fase do inquérito

policial ou da instrução criminal, sendo decretada, de ofício,

pelo juiz ou a requerimento do Ministério Público ou do

querelante, e ainda por representação da autoridade policial”.

É importante frisar que não cabe recurso na prisão preventiva,

apenas o instituto do Habeas Corpus.

Para Válter Kenji Ishida (21) a prisão preventiva:

Trata-se de medida restritiva de liberdade pelo juiz, emqualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal,com o fim de garantir a eventual execução da pena ou parapreservar ordem pública ou econômica. Também pode serrealizada por conveniência da instrução criminal.

Em sede jurisprudencial o STJ (22) julgou o HC 202.200-RJ, que

permitiu a substituição da prisão preventiva pela prisão

domiciliar:

O paciente foi submetido à cirurgia para a retirada de câncerda próstata e, em razão disso, necessita de tratamentoradioterápico sob risco de morte, além de precisar ingerirmedicamentos específicos. O acórdão a quo reconheceu que aadministração penitenciária não possui a medicação para usodiário do paciente. Assim, a Turma, entre outras questões,entendeu que, excepcionalmente, pode-se conceder ao presoprovisório o benefício da prisão domiciliar, quandodemonstrado que o seu estado de saúde é grave e que oestabelecimento prisional em que se encontra não presta adevida assistência médica. Entendeu ainda que a própriaconstrição em seu domicílio juntamente com a debilidade desua saúde e necessidade de tratamento médico intensivo fazemas vezes da cautela exigida pela decisão que decretou aprisão diante do caso concreto. Destacou, também, que a Lein. 12.403/2011, a qual entrará em vigor dia 4/7/2011, jápermite, na linha da jurisprudência adotada neste SuperiorTribunal, a possibilidade, em caso de doença grave, de omagistrado substituir a prisão preventiva por domiciliar(art. 282, II, e 318, II, do CP). Daí, concedeu em parte aordem para substituir a prisão preventiva pela domiciliarpara tratamento. Caberá ao juiz do feito a sua implementação,inclusive para o deslocamento para tratar-se, bem como adotarprovidências em caso de descumprimento. HC 202.200-RJ, Rel.Min. Og Fernandes, julgado 21/6/2011.

- A prisão em flagrante segundo Guilherme de Souza Nucci (23):

Cuida-se de prisão iniciada administrativamente, por força devoz de prisão dada por qualquer pessoa, independentemente demandado judicial, formalizada pela lavratura do auto pelaautoridade policial, submetida à confirmação do juiz. Apartir desta decisão, torna-se prisão cautelar, submetida aosmesmos critérios da prisão preventiva.

- Já a prisão resultante de pronúncia, Nucci define como:

Prisão cautelar, aplicável a quem é pronunciado para sersubmetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, como incurso emcrime sujeito a pena privativa de liberdade, em regimefechado ou semi-aberto, desde que seja reincidente ou possuamaus antecedentes.

- Na prisão por força da sentença condenatória recorrível

Válter Kenji Ishida diz que: “o juiz deve ordenar a prisão ou

manter o réu encarcerado somente quando houver os motivos da

prisão preventiva”.

- No que diz respeito à prisão temporária também é uma espécie

de prisão cautelar com natureza processual destinada a

possibilitar as investigações a respeito de crimes graves durante

o inquérito policial. Vale salientar que a prisão temporária só

pode ser decretada pela então autoridade judiciária, ou seja, pelo

magistrado. Os fundamentos legais desta espécie de prisão estão

elencados no art. 1º da lei 7.960/89 (24).

Entende-se por prisão administrativa aquela decretada por

autoridade administrativa para forçar o devedor ao cumprimento de

uma obrigação. A Lei 12.403/2011 revogou o art. 319 do Código de

Processo Penal.

A prisão no direito brasileiro é considerada como uma medida

de exceção, ressalvando que a regra é o suspeito responder ao

processo em liberdade, contudo unicamente devendo ser preso após o

trânsito em julgado em que a sentença condenatória tenha sido

definida com a imposição da pena privativa de liberdade.

Não podemos olvidar que a prisão pode ser imposta antes mesmo

de haver uma sentença definitiva ocorrendo antes do trânsito em

julgado da própria sentença, tais como a prisão provisória, prisão

cautelar ou a chamada prisão processual.

A prisão provisória tem amparo legal no Código de Processo

Penal Brasileiro, com a argumentação basilar de garantir a ação da

justiça, resguardando as provas e garantindo a segurança da

sociedade. Sustentando, portanto o criminoso em custódia, mesmo

antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Aspecto importante é que a prisão provisória promove as

investigações policiais e evita-se a fuga do delinquente até que

seja julgado.

Vimos, na parte introdutória, a importância e o espaço que a

vítima vem ganhando para o Direito Penal brasileiro. Não só o

criminoso tem direito a leis específicas e benefícios, como também

a vítima de crime precisa de alguma forma ser notada pelas

autoridades competentes que criam e aprovam leis em nosso país.

Sabemos que no âmbito penal, as prisões quando executadas tem

uma relevância significativa para garantir a paz e a segurança da

sociedade quando se trata de crimes das diferentes espécies.

O próximo capítulo apresenta um quadro comparativo acerca das

alterações do Código de Processo Penal com a nova Lei n.

12.403/2011 das prisões, bem como posicionamentos favoráveis e

desaforáveis com a implementação da nova lei das prisões, das

medidas cautelares e da liberdade provisória.

2. O CENÁRIO DA NOVA LEI 12.403/2011 DAS PRISÕES

2.1 Quadro comparativo da Lei 12.403/2011 X Código de Processo

Penal

A Lei 12.403/2011 modifica dispositivos do Decreto-Lei no

3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal,

relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória,

demais medidas cautelares, e dá outras providências.

A redação anterior do CPP trazia em seu Título IX “Da prisão e

da liberdade provisória” e com a Lei em vigor de 2011 de n. 12.403

altera seu Título para “Da prisão, das medidas cautelares e da

liberdade provisória”.

O quadro abaixo mostrará as mudanças nos artigos do Código de

Processo Penal com a introdução da referida Lei.

LEI 12.403/2011 X ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENALREDAÇÃO NOVA REDAÇÃO ANTERIORTÍTULO IX

DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARESE DA LIBERDADE PROVISÓRIA

TÍTULO IXDA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA

Art. 282. As medidas cautelaresprevistas neste Título deverãoser aplicadas observando-se a:I - necessidade para aplicação dalei penal, para a investigação oua instrução criminal e, nos casosexpressamente previstos, paraevitar a práticade infrações penais;II - adequação da medida àgravidade do crime,circunstâncias do fato econdições pessoais do indiciadoou acusado.§ 1º As medidas cautelarespoderão ser aplicadas isolada oucumulativamente.§ 2º As medidas cautelares serãodecretadas pelo juiz, de ofícioou a requerimento das partes ou,quando no curso da investigaçãocriminal, por representação daautoridade policial ou medianterequerimento do MinistérioPúblico.§ 3º Ressalvados os casos deurgência ou de perigo deineficácia da medida, o juiz, aoreceber o pedido de medidacautelar, determinará a intimaçãoda parte contrária, acompanhadade cópia do requerimento e das

Art. 282. À exceção do flagrantedelito, a prisão não poderá efetuar-sesenão em virtude de pronúncia ou noscasos determinados em lei, e medianteordem escrita da autoridadecompetente.

peças necessárias, permanecendoos autos em juízo.§ 4º No caso de descumprimento dequalquer das obrigações impostas,o juiz, de ofício ou medianterequerimento do MinistérioPúblico, de seu assistente ou doquerelante, poderá substituir amedida, impor outra em cumulação,ou, em último caso, decretar aprisão preventiva (art. 312,parágrafo único).§ 5º O juiz poderá revogar amedida cautelar ou substituí-laquando verificar a falta demotivo para que subsista, bemcomo voltar a decretá-la, sesobrevierem razões que ajustifiquem.§ 6º A prisão preventiva serádeterminada quando não forcabível a sua substituição poroutra medida cautelar (art. 319).

A nova redação do art. 282 da Lei 12.403/2011 segundo Débora

Faria Garcia (25) apresenta um aspecto relevante acerca da

necessidade x adequação nos incisos I e II. Sem dúvida, com a

ausência desses dois requisitos, não há que se falar na

aplicabilidade do juiz em relação a qualquer medida cautelar.

Conforme a interpretação do magistrado criminal do Estado de

São Paulo, Marcelo Matias Pereira (26) os parágrafos do art. 282

são analisados da seguinte forma:

§1º Este dispositivo garante a aplicação de medidascautelares isoladas ou cumulativamente, desde que compatíveisentre si.§2º [...] é certo afirmar que as medidas cautelares, emjuízo, poderão ser decretadas de ofício ou a requerimento daspartes e na fase investigativa somente mediante requerimentodo Ministério Público ou por representação da autoridadepolicial. Este dispositivo consagra a idéia de que o juiz nãodeve ter iniciativa investigativa, o que cabe,constitucionalmente, à polícia e ao Ministério Público. §3º Este dispositivo estabelece como regra a necessidade docontraditório prévio para o deferimento de medidas

cautelares. A exceção a esta regra fica por conta dos casosde urgência ou de perigo de ineficácia da medida, onde ocontraditório será diferido. §4º [...] prevê a possibilidade de ser substituída a medidacautelar imposta, que tenha se mostrado ineficaz, por outramedida com maior eficácia.§5º Não poderia ser diferente eis que as cautelares estãovinculadas à sua necessidade, conforme já afirmadoanteriormente, de modo que não subsistindo os motivos queensejaram a sua aplicação, devem ser revogadas ousubstituídas por outras de menor gravidade.§6º Novamente se reforça o caráter excepcional da prisãopreventiva, que somente deve ser aplicada quando outrasmedidas substitutivas à prisão processual se mostraremineficazes ou inadequadas.

Art. 283. Ninguém poderá serpreso senão em flagrante delitoou por ordem escrita efundamentada da autoridadejudiciária competente, emdecorrência de sentençacondenatória transitada emjulgado ou, no curso dainvestigação ou do processo, emvirtude de prisão temporária ouprisão preventiva.§ 1º As medidas cautelaresprevistas neste Título não seaplicam à infração a que não forisolada, cumulativa oualternativamente cominada penaprivativa de liberdade.§ 2º A prisão poderá ser efetuadaem qualquer dia e a qualquerhora, respeitadas as restriçõesrelativas à inviolabilidade dodomicílio.

Art. 283. A prisão poderá ser efetuadaem qualquer dia e a qualquer hora,respeitadas as restrições relativas àinviolabilidade do domicílio.

O art. 283 elenca as presunções de cabimento da prisão.

Importante lembrar que a nova redação aboliu a prisão por

pronúncia, como também não se fala mais em prisão decorrente de

sentença condenatória recorrível existente na redação anterior do

CPP.

Para Débora Faria Garcia (27): “As prisões mantidas são a

decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado,

ou, no curso da investigação ou do processo, a prisão temporária

e, ainda a prisão preventiva”.

Art. 289. Quando o acusadoestiver no território nacional,fora da jurisdição do juizprocessante, será deprecada a suaprisão, devendo constar daprecatória o inteiro teor domandado.§ 1º Havendo urgência, o juizpoderá requisitar a prisão porqualquer meio de comunicação, doqual deverá constar o motivo daprisão, bem como o valor dafiança se arbitrada. § 2º A autoridade a quem se fizera requisição tomará as precauçõesnecessárias para averiguar aautenticidade da comunicação

Art. 289. Quando o réu estiver noterritório nacional, em lugar estranhoao da jurisdição, será deprecada a suaprisão, devendo constar da precatóriao inteiro teor do mandado.Parágrafo único. Havendo urgência, ojuiz poderá requisitar a prisão portelegrama, do qual deverá constar omotivo da prisão, bem como, seafiançável a infração, o valor dafiança. No original levado à agênciatelegráfica será autenticada a firmado juiz, o que se mencionará notelegrama.

Art. 289-A. O juiz competenteprovidenciará o imediato registrodo mandado de prisão em banco dedados mantido pelo ConselhoNacional de Justiça para essafinalidade.§ 1º Qualquer agente policialpoderá efetuar a prisãodeterminada no mandado de prisãoregistrado no Conselho Nacionalde Justiça, ainda que fora dacompetência territorial do juizque o expediu.§ 2º Qualquer agente policialpoderá efetuar a prisãodecretada, ainda que sem registrono Conselho Nacional de Justiça,adotando as precauçõesnecessárias para averiguar aautenticidade do mandado ecomunicando ao juiz que adecretou, devendo esteprovidenciar, em seguida, oregistro do mandado na forma docaput deste artigo.§ 3º A prisão será imediatamentecomunicada ao juiz do local decumprimento da medida o qualprovidenciará a certidão extraída

INEXISTENTE

do registro do Conselho Nacionalde Justiça e informará ao juízoque a decretou.§ 4º O preso será informado deseus direitos, nos termos doinciso LXIII do art. 5º daConstituição Federal e, caso oautuado não informe o nome de seuadvogado, será comunicado àDefensoria Pública.§ 5º Havendo dúvidas dasautoridades locais sobre alegitimidade da pessoa doexecutor ou sobre a identidade dopreso, aplica-se o disposto no §2º do art. 290 deste Código.§ 6º O Conselho Nacional deJustiça regulamentará o registrodo mandado de prisão a que serefere o caput deste artigo.

O art. 289 – A foi acrescido na nova lei trazendo uma norma

programática direcionada ao Conselho Nacional de Justiça, que

necessita de regularização. Versa sobre a criação de um banco de

dados nacional, incluindo todos os mandados de prisão remetidos no

País, ou seja, assim que o indivíduo procurado é preso, compete ao

magistrado processante cientificar o CNJ para a indispensável

atualização das informações.

Art. 299. A captura poderá serrequisitada, à vista de mandadojudicial, por qualquer meio decomunicação, tomadas pelaautoridade, a quem se fizer arequisição, as precauçõesnecessárias para averiguar aautenticidade desta.

Art. 299. Se a infração forinafiançável, a captura poderá serrequisitada, à vista de mandadojudicial, por via telefônica, tomadaspela autoridade, a quem se fizer arequisição, as precauções necessáriaspara averiguar a autenticidade desta.

Este artigo traz a modificação do art. anterior por meio

telefônico por qualquer meio de comunicação pela autoridade

competente. Assim, o legislador fez uma adequação à norma

existente à sua realidade, ou seja, já que outros meios podem ser

empregados para a expedição do mandado de prisão.

Art. 300. As pessoas presasprovisoriamente ficarão separadasdas que já estiveremdefinitivamente condenadas, nostermos da lei de execução penal.Parágrafo único. O militar presoem flagrante delito, após alavratura dos procedimentoslegais, será recolhido a quartelda instituição a que pertencer,onde ficará preso à disposiçãodas autoridades competentes.

Art. 300. Sempre que possível, aspessoas presas provisoriamente ficarãoseparadas das que já estiveremdefinitivamente condenadas.

Nas palavras do magistrado Marcelo Matias Pereira (28) o art.300 da nova redação:

Reforça-se a idéia, com este dispositivo, que os presosprovisórios devem ser separados dos que já estãodefinitivamente condenados. Assim sendo, devem ficar detidosem Centros de Detenção Provisória os presos provisórios e nasPenitenciárias ou Colônias, conforme o regime imposto nasentença, os presos definitivos. [...] A norma em questão temo objetivo de beneficiar o condenado, não podendo, por estaóbvia razão, ser interpretada em seu desfavor. O parágrafoúnico trata da prisão do militar que deverá se efetivar emlocal próprio e adequado à sua condição funcional.

Art. 306. A prisão dequalquer pessoa e o local onde seencontre serão comunicadosimediatamente ao juiz competente,ao Ministério Público e à famíliado preso ou à pessoa por eleindicada.§ 1º Em até 24 (vinte e quatro)horas após a realização daprisão, será encaminhado ao juizcompetente o auto de prisão emflagrante e, caso o autuado nãoinforme o nome de seu advogado,cópia integral para a DefensoriaPública.§ 2º No mesmo prazo, seráentregue ao preso, medianterecibo, a nota de culpa, assinadapela autoridade, com o motivo daprisão, o nome do condutor e osdas testemunhas.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoae o local onde se encontre serãocomunicados imediatamente ao juizcompetente e à família do preso ou apessoa por ele indicada. § 1o Dentro em 24h (vinte e quatrohoras) depois da prisão, seráencaminhado ao juiz competente o autode prisão em flagrante acompanhado detodas as oitivas colhidas e, caso oautuado não informe o nome de seuadvogado, cópia integral para aDefensoria Pública. § 2o No mesmo prazo, será entregue aopreso, mediante recibo, a nota deculpa, assinada pela autoridade, com omotivo da prisão, o nome do condutor eo das testemunhas.

Já no art. 306 a mudança foi simples. No caput a comunicação

da prisão antes era apenas ao magistrado, a família do preso ou

ainda uma pessoa recomendada pelo preso. Permanece ainda o rol das

pessoas incluindo no caput do mesmo artigo, apenas o Ministério

Público ingressou nesta comunicação.

No § 1º da nova redação foi excluído apenas a expressão

“acompanhado de todas as oitivas colhidas”. A finalidade para essa

exclusão foi de acelerar a própria comunicação da prisão em

flagrante à autoridade competente.

Art. 310. Ao receber o auto deprisão em flagrante, o juizdeverá fundamentadamente:I - relaxar a prisão ilegal; ouII - converter a prisão emflagrante em preventiva, quandopresentes os requisitosconstantes do art. 312 desteCódigo, e se revelareminadequadas ou insuficientes asmedidas cautelares diversas daprisão; ouIII - conceder liberdadeprovisória, com ou sem fiança.Parágrafo único. Se o juizverificar, pelo auto de prisão emflagrante, que o agente praticouo fato nas condições constantesdos incisos I a III do caput doart. 23 do Decreto-Lei nº 2.848,de 7 de dezembro de 1940 – CódigoPenal, poderá, fundamentadamente,conceder ao acusado liberdadeprovisória, mediante termo decomparecimento a todos os atosprocessuais, sob pena derevogação.

Art. 310. Quando o juiz verificar peloauto de prisão em flagrante que oagente praticou o fato, nas condiçõesdo art. 19, I, II e III, do CódigoPenal, poderá, depois de ouvir oMinistério Público, conceder ao réuliberdade provisória, mediante termode comparecimento a todos os atosdo processo, sob pena de revogação.Parágrafo único. Igual procedimentoserá adotado quando o juiz verificar,pelo auto de prisão em flagrante, ainocorrência de qualquer das hipótesesque autorizam a prisão preventiva(arts. 311 e 312).

Conforme a análise do defensor Público de São Paulo BrunoHaddad Galvão (29):

Este “fundamentadamente”, acaba não ocorrendo na prática,infelizmente. A maioria dos juízes assim decide: “Flagranteformalmente em ordem. Mantenho a prisão em flagrante”. Issofere frontalmente o inciso IX do art. 93 da CF/88, sendo a

decisão nula e impugnável via habeas corpus.A ilegalidade pode ser material ou meramente formal. Ailegalidade formal ocorre, por exemplo, quando não foientregue ao indiciado, em 24hs, a nota de culpa, quando oauto de prisão em flagrante não foi encaminhado em 24hs aojuiz ou, se não indicado advogado, à Defensoria Pública. Ailegalidade material ocorre, por exemplo, quando é caso deatipicidade material (princípio da insignificância – ex.furto de uma barra de chocolate de um supermercado), em casode prisão pela prática de contravenção penal.Veja que aqui não caberá mais a esdrúxula decisão citadaacima do tal “flagrante formalmente em ordem, mantenha-se aprisão”. O Juiz deverá analisar se é caso de aplicação dasmedidas cautelares e, SE NÃO, decretar a prisão preventiva seprevistos os requisitos (e fundamentos) previstos no art.312, do CPP.Aqui temos as excludentes de ilicitude (estado denecessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do deverlegal ou regular exercício de um direito). Informa-se que nasua DÚVIDA, deve se determinar a liberdade provisória também,eis que se pode o mais (absolvição pela dúvida da existênciade excludentes de ilicitude – parte final do inciso VI doart. 386 do CPP), pode o menos, ou seja, a liberdadeprovisória visando garantir que o indiciado ou acusadoresponda ao processo em liberdade.

Art. 311. Em qualquer fase dainvestigação policial ou doprocesso penal, caberá a prisãopreventiva decretada pelo juiz,de ofício, se no curso da açãopenal, ou a requerimento doMinistério Público, do querelanteou do assistente, ou porrepresentação da autoridadepolicial.

Art. 311. Em qualquer fase doinquérito policial ou da instruçãocriminal, caberá a prisão preventivadecretada pelo juiz, de ofício, arequerimento do Ministério Público, oudo querelante, ou medianterepresentação da autoridade policial.

O referido dispositivo trata da amplitude da decretação da

prisão preventiva em qualquer fase da investigação, como também,

logo após a instrução criminal, caso esteja presente os requisitos

para tanto.

Art. 312. A prisão preventivapoderá ser decretada comogarantia da ordem pública, daordem econômica, por conveniênciada instrução criminal, ou paraassegurar a aplicação da lei

Art. 312. A prisão preventiva poderáser decretada como garantia da ordempública, da ordem econômica, porconveniência da instrução criminal, oupara assegurar a aplicação da leipenal, quando houver prova da

penal, quando houver prova daexistência do crime e indíciosuficiente de autoria.Parágrafo único. A prisãopreventiva também poderá serdecretada em caso dedescumprimento de qualquer dasobrigações impostas por força deoutras medidas cautelares (art.282, § 4º).

existência do crime e indíciosuficiente de autoria.

O caput do art. 312 da nova redação não houve nenhuma

alteração, apenas foi incluído o parágrafo único que autoriza a

decretação da prisão preventiva se o sujeito descumprir alguma das

obrigações impostas por força de outras medidas cautelares.

Art. 313. Nos termos do art. 312deste Código, será admitida adecretação da prisão preventiva:I - nos crimes dolosos punidoscom pena privativa de liberdademáxima superior a 4 (quatro)anos;II - se tiver sido condenado poroutro crime doloso, em sentençatransitada em julgado, ressalvadoo disposto no inciso I do caputdo art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de1940 – Código Penal;III - se o crime envolverviolência doméstica e familiarcontra a mulher, criança,adolescente, idoso, enfermo oupessoa com deficiência, paragarantir a execução das medidasprotetivas de urgência;IV - (revogado).Parágrafo único. Também seráadmitida a prisão preventivaquando houver dúvida sobre aidentidade civil da pessoa ouquando esta não fornecerelementos suficientes paraesclarecê-la, devendo o preso sercolocado imediatamente em

Art. 313. Em qualquer dascircunstâncias, previstas no artigoanterior, será admitida a decretaçãoda prisão preventiva nos crimesdolosos:I - punidos com reclusão; II - punidos com detenção, quando seapurar que o indiciado é vadio ou,havendo dúvida sobre a sua identidade,não fornecer ou não indicar elementospara esclarecê-laIII - se o réu tiver sido condenadopor outro crime doloso, em sentençatransitada em julgado, ressalvado odisposto no parágrafo único do art.46 do Código Penal. IV - se o crime envolver violênciadoméstica e familiar contra a mulher,nos termos da lei específica, paragarantir a execução das medidasprotetivas de urgência.

liberdade após a identificação,salvo se outra hipóteserecomendar a manutenção damedida.

As alterações feitas no dispositivo do art. 313 segundo

Euripedes (30):

A prisão preventiva só pode ser decretada pelo juiz quando setratar de crimes DOLOSOS conjugado com pena máxima superior a4 anos. Ainda, poderá ser decretada no caso de o agente tersido condenado por outro crime DOLOSO, em sentença transitadaem julgado, com a ressalva constante no inciso I do Art. 64do CP: “[...] não prevalece a condenação anterior, se entre adata do cumprimento ou extinção da pena e a infraçãoposterior tiver decorrido período de tempo superior a 5(cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou dolivramento condicional, se não ocorrer revogação;”. No casode o crime envolver violência doméstica e familiar contra amulher, a criança, o adolescente, o idoso, o enfermo oupessoa com deficiência, poderá o juiz decretar a preventivapara garantir a execução das medidas protetivas de urgência.O parágrafo único do referido artigo inova trazendo comonovidade o cabimento da prisão preventiva no caso de haverdúvida acerca da identidade civil do indivíduo ou quando oreferido documento não tiver elementos mínimos paraesclarecer a dúvida instalada. Portanto, nota-se que no casoem tela, ao invés de se aplicar a prisão temporária, aplicar-se-á a prisão preventiva.

Art. 314. A prisão preventiva emnenhum caso será decretada se ojuiz verificar pelas provasconstantes dos autos ter o agentepraticado o fato nas condiçõesprevistas nos incisos I, II e IIIdo caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de1940 – Código Penal.

Art. 314. A prisão preventiva emnenhum caso será decretada se o juizverificar pelas provas constantes dosautos ter o agente praticado o fatonas condições do art. 19, I, II ouIII, do Código Penal.

Conforme a análise de Pedro Henrique Santana Pereira (31) o

art. em tela, retrata a impossibilidade de prisão cautelar em caso

de excludentes de ilicitude. Afirma que:

[...] Trata de mais uma causa que impede a aplicação daprisão preventiva. Havendo fortes indícios de que o indiciadoagiu sob manto de estado de necessidade, legítima defesa,estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular dedireito, não há que se falar na cautela maior, uma vez queocorrerá absolvição.

Art. 315. A decisão que decretar,substituir ou denegar a prisãopreventiva será sempre motivada.

Art. 315. O despacho que decretar oudenegar a prisão preventiva serásempre fundamentado.

Apesar de algumas alterações no caput do art. 315, em tese o

conteúdo não teve apresentou nenhuma mudança significativa. A

palavra despacho foi excluída e em seu lugar ficou “decisão”.

Para Débora Faria Garcio (32) o art. em questão trouxe um

aperfeiçoamento da técnica legislativa com a alteração das

palavras “despacho” para “decisão”. Débora afirma que “despacho

transmite a idéia de ato meramente ordinatório e decisão, de um

ato oriundo de autoridade judicial competente e devidamente

motivado”.

CAPÍTULO IVDA PRISÃO DOMICILIAR

CAPÍTULO IVDA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA

DO ACUSADOArt. 317. A prisão domiciliarconsiste no recolhimento doindiciado ou acusado em suaresidência, só podendo delaausentar-se com autorizaçãojudicial

Art. 317. A apresentação espontânea doacusado à autoridade não impedirá adecretação da prisão preventiva noscasos em que a lei a autoriza.

Art. 318. Poderá o juiz substituira prisão preventiva peladomiciliar quando o agente for:I – maior de 80 (oitenta) anos;II – extremamente debilitado pormotivo de doença grave;III – imprescindível aos cuidadosespeciais de pessoa menor de 6(seis) anos de idade ou comdeficiência;IV – gestante a partir do 7º(sétimo) mês de gravidez ou sendoesta de alto risco.

Art. 318. Em relação àquele que setiver apresentado espontaneamente àprisão, confessando crime de autoriaignorada ou imputada a outrem, nãoterá efeito suspensivo a apelaçãointerposta da sentença absolutória,ainda nos casos em que este Código Iheatribuir tal efeito.

Parágrafo único. Para asubstituição, o juiz exigirá provaidônea dos requisitosestabelecidos neste artigo.

O título capítulo IV com a nova redação passou a ser chamado

da “Prisão Domiciliar”, no lugar da apresentação espontânea do

acusado.

Os artigos 317 e 318 tratam da prisão domiciliar. O caput do

art. 317 conceitua o que seria a espécie de prisão domiciliar. Já

o art. 318 permite que a autoridade competente solicite a mudança

da prisão preventiva pela prisão domiciliar do autor do delito nos

casos previstos em seus quatro incisos: o preso com mais de 80

anos; doença grave; quando o preso é indispensável para agenciar

cuidados especiais de pessoa com idade inferior a 6 (seis) anos de

idade ou com deficiência; para gestante a partir do 7º mês de

gravidez ou alto risco na gestação.

CAPÍTULO V“DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES

Art. 319. São medidas cautelaresdiversas da prisão:I - comparecimento periódico emjuízo, no prazo e nas condiçõesfixadas pelo juiz, para informare justificar atividades;II - proibição de acesso oufrequência a determinados lugaresquando, por circunstânciasrelacionadas ao fato, deva oindiciado ou acusado permanecerdistante desses locais paraevitar o risco de novasinfrações;III - proibição de manter contatocom pessoa determinada quando,por circunstâncias relacionadasao fato, deva o indiciado ouacusado dela permanecer distante;IV - proibição de ausentar-se daComarca quando a permanência sejaconveniente ou necessária para a

Art. 319. A prisão administrativa terácabimento:I - contra remissos ou omissos ementrar para os cofres públicos com osdinheiros a seu cargo, a fim decompeli-los a que o façam;II - contra estrangeiro desertor denavio de guerra ou mercante, surto emporto nacional;III - nos demais casos previstos emlei.§ 1o A prisão administrativa serárequisitada à autoridade policial noscasos dos ns. I e III, pela autoridadeque a tiver decretado e, no caso don. II, pelo cônsul do país a quepertença o navio.§ 2o A prisão dos desertores nãopoderá durar mais de três meses e serácomunicada aos cônsules.§ 3o Os que forem presos à requisiçãode autoridade administrativa ficarão à

investigação ou instrução;V - recolhimento domiciliar noperíodo noturno e nos dias defolga quando o investigado ouacusado tenha residência etrabalho fixos;VI - suspensão do exercício defunção pública ou de atividade denatureza econômica ou financeiraquando houver justo receio de suautilização para a prática deinfrações penais;VII - internação provisória doacusado nas hipóteses de crimespraticados com violência ou graveameaça, quando os peritosconcluírem ser inimputável ousemi-imputável (art. 26 do CódigoPenal) e houver risco dereiteração;VIII - fiança, nas infrações quea admitem, para assegurar ocomparecimento a atos doprocesso, evitar a obstrução doseu andamento ou em caso deresistência injustificada à ordemjudicial;IX – monitoração eletrônica.§ 1º (Revogado).§ 2º (Revogado).§ 3º (Revogado).§ 4º A fiança será aplicada deacordo com as disposições doCapítulo VI deste Título, podendoser cumulada com outras medidascautelares.

sua disposição.

O art. 319 da redação anterior tratava da prisão

administrativa e com a introdução da nova lei desaparece a sua

aplicabilidade. Portanto o capítulo V da Lei 12.403/2011e do CPP

trata das outras medidas cautelares diversas da prisão.

O aludido artigo elenca o rol das diversas medidas cautelares

diferentes da prisão. Estas nove medidas cautelares presente nos

incisos do art. 319 precisarão ser obrigatoriamente ponderadas

antes de o magistrado determinar a prisão preventiva do acusado. A

inovação está no inciso IX, no monitoramento eletrônico do preso.

A Lei 12.258/2010 autoriza o monitoramento eletrônico decondenados nos casos de saída temporária no regime semi-aberto ede prisão domiciliar. O monitoramento poderá ser feito através depulseiras ou tornozeleiras.

Art. 320. A proibição deausentar-se do País serácomunicada pelo juiz àsautoridades encarregadas defiscalizar as saídas doterritório nacional, intimando-seo indiciado ou acusado paraentregar o passaporte, no prazode 24 (vinte e quatro) horas.

Art. 320. A prisão decretada najurisdição cível será executada pelaautoridade policial a quem foremremetidos os respectivos mandados.

Explica Euripedes Clementino Ribeiro Junior (33), em relação à

redação do art. em tela que: No momento em que o juiz proibir a saída do indiciado/acusadodo País para evitar que o mesmo empreenda fuga, deverá depronto comunicar todas as autoridades fronteiriças do País, eem seguida intimará o indiciado/acusado para proceder aentrega do passaporte no prazo de 24 horas. Não poderia serdiferente, pois de nada adiantaria proibir a saída doindiciado/acusado do País se não houvesse a comunicação paraas autoridades competentes.

Art. 321. Ausentes os requisitosque autorizam a decretação daprisão preventiva, o juiz deveráconceder liberdade provisória,impondo, se for o caso, asmedidas cautelares previstas noart. 319 deste Código eobservados os critériosconstantes do art. 282 desteCódigo.I – (revogado)II – (revogado).

Art. 321. Ressalvado o disposto noart. 323, III e IV, o réu livrar-se-ásolto, independentemente de fiança:I - no caso de infração, a que nãofor, isolada, cumulativa oualternativamente, cominada penaprivativa de liberdade;II - quando o máximo da pena privativade liberdade, isolada, cumulativa oualternativamente cominada, não excedera três meses.

De acordo com Bruno Haddad Galvão (34):

Mais uma vez parece que a prisão preventiva é a regra, sendoa exceção (apenas nos casos em que não cabe a prisãopreventiva) as demais medidas cautelares. Ora, não é o que sedeve interpretar, considerando as disposições gerais sobre o

assunto, principalmente o §4.º do art. 282 do CPP.

Art. 322. A autoridade policialsomente poderá conceder fiançanos casos de infração cuja penaprivativa de liberdade máxima nãoseja superior a 4 (quatro) anos.Parágrafo único. Nos demaiscasos, a fiança será requerida aojuiz, que decidirá em 48(quarenta e oito) horas.

Art. 322. A autoridade policialsomente poderá conceder fiança noscasos de infração punida com detençãoou prisão simplesParágrafo único. Nos demais casos doart. 323, a fiança será requerida aojuiz, que decidirá em 48 (quarenta eoito) horas.

Nas palavras Euripedes (35) este dispositivo trouxe uma

alteração importante. Afirma em sua análise que: Nota-se uma mudança substancial no presente dispositivo queautoriza o delegado de polícia a arbitrar fiança nasinfrações penais com pena máxima que não supere a 4 anos.Vale lembrar que anteriormente o delegado de polícia sóestava autorizado a arbitrar fiança nos casos em que asinfrações fossem punidas com a pena de detenção ou prisãosimples. ATENÇÃO: nos demais casos apenas o magistrado é quempoderá arbitrar a fiança.

Art. 323. Não será concedida fiança:I – nos crimes de racismo;II – nos crimes de tortura,tráfico ilícito de entorpecentese drogas afins, terrorismo e nosdefinidos como crimes hediondos;III – nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;IV – (revogado);V – (revogado).

Art. 323. Não será concedida fiança:I - nos crimes punidos com reclusão emque a pena mínima cominada forsuperior a 2 (dois) anos; II - nas contravenções tipificadas nosarts. 59 e 60 da Lei das ContravençõesPenais; III - nos crimes dolosos punidos compena privativa da liberdade, se o réujá tiver sido condenado por outrocrime doloso, em sentença transitadaem julgadoIV - em qualquer caso, se houver noprocesso prova de ser o réu vadio;V - nos crimes punidos com reclusão,que provoquem clamor público ou quetenham sido cometidos com violênciacontra a pessoa ou grave ameaça.

Segundo Marcelo Matias Pereira (36), este dispositivo

alterado pela lei em tela é desnecessário, tendo em vista a

redação do artigo 5º (37), incisos XLII, XLIII e XLIV, da

Constituição Federal.Art. 324. Não será, igualmente,concedida fiança:I – aos que, no mesmo processo,tiverem quebrado fiançaanteriormente concedida ouinfringido, sem motivo justo,qualquer das obrigações a que sereferem os arts. 327 e 328 desteCódigo;II – em caso de prisão civil oumilitar;III – (revogado);IV – quando presentes os motivosque autorizam a decretação daprisão preventiva (art. 312)

Art. 324. Não será, igualmente,concedida fiança:I - aos que, no mesmo processo,tiverem quebrado fiança anteriormenteconcedida ou infringido, sem motivojusto, qualquer das obrigações a quese refere o art. 350;II - em caso de prisão por mandado dojuiz do cível, de prisão disciplinar,administrativa ou militar;III - ao que estiver no gozo desuspensão condicional da pena ou delivramento condicional, salvo seprocessado por crime culposo oucontravenção que admita fiança;IV - quando presentes os motivos queautorizam a decretação da prisãopreventiva (art. 312).

Trata o art. 324, que a fiança será vedada em alguns casos

conforme a lei assim determinar. Ou seja, quando o réu quebrar a

fiança, não é concedida ao mesmo nas presunções que permitem a

decretação da prisão preventiva, como também ocorrer transgressão

das obrigações referidas nos artigos 327 e 328 do Código de

Processo Penal.

Art. 325. O valor da fiança seráfixado pela autoridade que aconceder nos seguintes limites:a) (revogada);b) (revogada);c) (revogada).I – de 1 (um) a 100 (cem)salários mínimos, quando setratar de infração cuja penaprivativa de liberdade, no graumáximo, não for superior a 4(quatro) anos;II – de 10 (dez) a 200 (duzentos)salários mínimos, quando o máximoda pena privativa de liberdadecominada for superior a 4(quatro) anos.§ 1º Se assim recomendar asituação econômica do preso, a

Art. 325. O valor da fiança seráfixado pela autoridade que a concedernos seguintes limites:a) de 1 (um) a 5 (cinco) saláriosmínimos de referência, quando setratar de infração punida, no graumáximo, com pena privativa daliberdade,até 2 (dois) anos; b) de 5 (cinco) a 20 (vinte) saláriosmínimos de referência, quando setratar de infração punida com penaprivativa da liberdade, no graumáximo, até 4 (quatro) anos; c) de 20 (vinte) a 100 (cem) saláriosmínimos de referência, quando o máximoda pena cominada for superior a 4(quatro) anos. § 1o Se assim o recomendar a situação

fiança poderá ser:I - dispensada, na forma do art.350 deste Código;II - reduzida até o máximo de 2/3(dois terços); ouIII - aumentada em até 1.000(mil) vezes.§ 2º (Revogado):I – (revogado);II – (revogado);III - (revogado).

econômica do réu, a fiança poderá ser:I - reduzida até o máximo de doisterços; II - aumentada, pelo juiz, até odécuplo. § 2o Nos casos de prisão em flagrantepela prática de crime contra aeconomia popular ou de crime desonegação fiscal, não se aplica odisposto no art. 310 e parágrafo únicodeste Código, devendo ser observadosos seguintes procedimentos: I - a liberdade provisória somentepoderá ser concedida mediante fiança,por decisão do juiz competente e apósa lavratura do auto de prisão emflagrante; Il - o valor de fiança será fixadopelo juiz que a conceder, nos limitesde dez mil a cem mil vezes o valor doBônus do Tesouro Nacional - BTN,da data da prática do crime; III - se assim o recomendar a situaçãoeconômica do réu, o limite mínimo oumáximo do valor da fiança poderá serreduzido em até nove décimos ouaumentado até o décuplo.

De acordo com o entendimento do delegado de polícia civil deMinas Gerais Weser Francisco Ferreira Neto (38):

Ao arbitrar a fiança crime ao autuado, somente o delegado depolicia deverá receber o valor da fiança, caso não tenha sidofeito o depósito bancário pelo autuado, advogado, familiaresou terceiros, após, juntando aos autos, através de auto deapreensão deverá colocá-lo em liberdade. Neste caso, deverá odelegado de polícia determinar ao escrivão, que sejaprocedido a elaboração do auto de apreensão do valorarbitrado e determinar posteriormente que um servidor noprimeiro dia útil proceda ao recolhimento do valor da fiançaarbitrada, em conta judicial própria aos valores das fianças.Juntando-se guia do recolhimento aos autos. Não sendorecolhido o valor da fiança poderá ser recolhido na prisão emcela para presos provisórios, caso tenha condições econômicase não efetue o pagamento. Penso que o delegado poderádispensar a fiança ao teor do art. 350 do CPP, mas a redaçãoveda, sendo atividade exclusiva do juiz de direito.

Nas palavras de Débora Faria Garcia (39) a redação do novo

art. 325 trouxe alterações importantíssimas para o Processo Penal.

O referido art. rezava que a fiança era arbitrada pelo magistrado

de acordo com a base de cálculo do Bônus do Tesouro Nacional e

hoje essa base de cálculo é feita pelo salário-mínimo vigente.

Salienta ainda que: “[...] o arbitramento do valor da fiança

observa a situação econômica do preso, podendo ser reduzida em até

2/3 ou aumentada em até 1.000 vezes, sendo excluída a fixação de

fiança se a pobreza do indivíduo for devidamente constatada”.

Art. 334. A fiança poderá serprestada enquanto não transitarem julgado a sentençacondenatória.

Art. 334. A fiança poderá ser prestadaem qualquer termo do processo,enquanto não transitar em julgado asentença condenatória.

Este artigo apesar de ter sido reformulado em sua redação

anterior suprimindo apenas a expressão “qualquer termo do

processo”, não apresentou nenhuma mudança significativa em seu

conteúdo.

Art. 335. Recusando ou retardandoa autoridade policial a concessãoda fiança, o preso, ou alguém porele, poderá prestá-la, mediantesimples petição, perante o juizcompetente, que decidirá em 48(quarenta e oito) horas.

Art. 335. Recusando ou demorando aautoridade policial a concessão dafiança, o preso, ou alguém por ele,poderá prestá-la, mediante simplespetição, perante o juiz competente,que decidirá, depois de ouvida aquelaautoridade.

O art. 335 traz uma alteração na parte final da redação antiga

retirando a expressão em que o magistrado terá que decidir “depois

de ouvida aquela autoridade” para “48 horas”.

Art. 336. O dinheiro ou objetosdados como fiança servirão aopagamento das custas, daindenização do dano, da prestaçãopecuniária e da multa, se o réufor condenado.Parágrafo único. Este dispositivoterá aplicação ainda no caso daprescrição depois da sentençacondenatória (art. 110 do Código

Art. 336. O dinheiro ou objetos dadoscomo fiança ficarão sujeitos aopagamento das custas, da indenizaçãodo dano e da multa, se o réu forcondenado.Parágrafo único. Este dispositivo teráaplicação ainda no caso da prescriçãodepois da sentença condenatória(Código Penal, art. 110 e seuparágrafo).

Penal).

A alteração feita neste artigo foi em relação à probabilidade

de utilização de fiança ser arrecadada para pagamento da prestação

pecuniária, isto é, uma espécie de pena restritiva de direitos,

conforme os artigos. 43 e 45 do Código Penal.

Art. 337. Se a fiança fordeclarada sem efeito ou passar emjulgado sentença que houverabsolvido o acusado ou declaradaextinta a ação penal, o valor quea constituir, atualizado, serárestituído sem desconto, salvo odisposto no parágrafo único doart. 336 deste Código.

Art. 337. Se a fiança for declaradasem efeito ou passar em julgado asentença que houver absolvido o réu oudeclarado extinta a ação penal, ovalor que a constituir será restituídosem desconto, salvo o disposto noparágrafo do artigo anterior.

Segundo nos parece, o contexto deste art. 337 só trouxe por

expresso a previsão de que a restituição deve ser corrigida

monetariamente, já que no art. 336 esta previsão legal não

existia.

Art. 341. Julgar-se-á quebrada afiança quando o acusado:I – regularmente intimado paraato do processo, deixar decomparecer, sem motivo justo;II – deliberadamente praticar atode obstrução ao andamento doprocesso;III – descumprir medida cautelarimposta cumulativamente com afiança;IV – resistir injustificadamentea ordem judicial;V – praticar nova infração penaldolosa.

Art. 341. Julgar-se-á quebrada afiança quando o réu, legalmenteintimado para ato do processo, deixarde comparecer, sem provar,incontinenti, motivo justo, ou quando,na vigência da fiança, praticar outrainfração penal

Este dispositivo 341 nas palavras de Euripedes Clementino

Ribeiro Junior (40) diz que:

O quebramento da fiança quando não era devidamente

justificado já implicava na perda da metade dovalor da mesma, não sendo até aqui uma novidade.Ocorre que além dessa punição agora com o adventoda lei ora comentada, o magistrado poderá (nota-seque não é imperativo) aplicar cumulativamenteoutras medidas cautelares, e a depender do caso emanálise, poderá decretar a prisão preventiva doprocessado.

Art. 343. O quebramentoinjustificado da fiança importarána perda de metade do seu valor,cabendo ao juiz decidir sobre aimposição de outras medidascautelares ou, se for o caso, adecretação da prisão preventiva.

Art. 343. O quebramento da fiançaimportará a perda de metade do seuvalor e a obrigação, por parte do réu,de recolher-se à prisão, prosseguindo-se, entretanto, à sua revelia, noprocesso e julgamento, enquanto nãofor preso.

Nas palavras de Marcelo Matias Pereira (41):

A conseqüência do perdimento da metade do valor da fiança jáera prevista no Código de Processo Penal, ficando a novidadepor conta da possibilidade de serem impostas outras medidascautelares e, até mesmo, ser decretada a prisão preventiva,que na espécie deve ser denominada de prisão preventivadescumprimento.

Art. 344. Entender-se-á perdido,na totalidade, o valor da fiança,se, condenado, o acusado não seapresentar para o início documprimento da penadefinitivamente imposta

Art. 344. Entender-se-á perdido, natotalidade, o valor da fiança, se,condenado, o réu não se apresentar àprisão.

Neste dispositivo pode-se admitir, portanto, que, apesar da

alteração na redação do novo artigo em questão, não houve mudança

em seu conteúdo.

Art. 345. No caso de perda dafiança, o seu valor, deduzidas ascustas e mais encargos a que oacusado estiver obrigado, serárecolhido ao fundo penitenciário,na forma da lei

Art. 345. No caso de perda da fiança,depois de deduzidas as custas e maisencargos a que o réu estiver obrigado,o saldo será recolhido ao TesouroNacional.

O art. 345 da nova lei excluiu o recolhimento que antes era

feito ao Tesouro Nacional, para o Fundo Penitenciário.

Débora Faria Garcia (42) comenta que: “destinam –se os valores

que sobrarem após o pagamento das custas, multa, indenização e

prestação pecuniária, ao fundo penitenciário”.

Art. 346. No caso de quebramentode fiança, feitas as deduçõesprevistas no art. 345 desteCódigo, o valor restante serárecolhido ao fundo penitenciário,na forma da lei.

Art. 346. No caso de quebramento defiança, feitas as deduções previstasno artigo anterior, o saldo será, atémetade do valor da fiança, recolhidoao Tesouro Federal.

Este dispositivo tem o mesmo objetivo do art. anterior 345,

que altera de metade do valor da fiança, que era recolhido ao

Tesouro Federal e agora o valor restante passa a ser arrecadado

para o Fundo Penitenciário, na forma da lei.

Art. 350. Nos casos em que couberfiança, o juiz, verificando asituação econômica do preso,poderá conceder-lhe liberdadeprovisória, sujeitando àsobrigações constantes dos arts.327 e 328 deste Código e a outrasmedidas cautelares, se for ocaso.Parágrafo único. Se o beneficiadodescumprir, sem motivo justo,qualquer das obrigações oumedidas impostas, aplicar-se-á odisposto no § 4º do art. 282deste Código.

Art. 350. Nos casos em que couberfiança, o juiz, verificando serimpossível ao réu prestá-la, pormotivo de pobreza, poderá conceder-lhea liberdade provisória, sujeitando-oàs obrigações constantes dos arts. 327e 328. Se o réu infringir, sem motivojusto, qualquer dessas obrigações oupraticar outra infração penal, serárevogado o benefício.Parágrafo único. O escrivão intimará oréu das obrigações e sanções previstasneste artigo.

O art. 350 prevê a probabilidade de conceder liberdade

provisória, nos crimes que são afiançáveis, independentemente do

pagamento de fiança, através do cumprimento das obrigações

previstas nos artigos 327 e 328 do CPP. Importante frisar, que

também poderá aplicar outra medida cautelar prevista na lei.

No parágrafo único o conteúdo da nova redação foi totalmente

alterado, dando a possibilidade de substituir a medida cautelar

que foi imposta, conferindo outra em cumulação, como determinar a

prisão preventiva, caso tenha sido outorgada a liberdade

provisória sem fiança, desde que o favorecido descumpra as

obrigações previstas nos arts. 327 e 328 do CPP ou a medida

cautelar imposta primeiramente.

Art. 393 (REVOGADO) Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível:I - ser o réu preso ou conservado naprisão, assim nas infraçõesinafiançáveis, como nas afiançáveisenquanto não prestar fiança;II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados.

Aqui houve a revogação do art. 393 no que diz respeitos aos

efeitos da sentença condenatória recorrível.

Art. 439. O exercício efetivo dafunção de jurado constituiráserviço público relevante eestabelecerá presunção deidoneidade moral.

Art. 439. O exercício efetivo dafunção de jurado constituirá serviçopúblico relevante, estabelecerápresunção de idoneidade moral eassegurará prisão especial, em caso decrime comum, até o julgamentodefinitivo.

A redação nova do art. 439 retira o privilégio de prisão

especial ao jurado que cometer crime comum. Por oportuno, deve-se

mencionar a existência do art. 295 (43), X, do CPP que ainda

permanece em vigor, causando ai interpretação contrária a extinção

da prisão especial para aqueles que exerceram a função de jurado.

As mudanças realizadas em alguns artigos do Código de Processo

Penal com a introdução da Lei nº 12.403/11 referente às prisões no

direito brasileiro, trouxeram para a sociedade aspectos

significativos, como também críticas de profissionais que atuam na

área penal em desacordo com a nova lei. Um dos maiores problemas

encontrados é a questão da fiscalização do poder público para que

a Lei possa ser aplicada com eficácia em alguns pontos específicos

de maior repercussão.

2.2 Aspectos Positivos da Lei 12.403/2011 das Prisões

Sempre que uma nova Lei entra em vigor em nosso país, existem

críticas e elogios por parte de especialistas e diversos

profissionais que trabalham com o Direito Criminal.

Não é de agora que críticos, doutrinadores, advogados e a

sociedade como um todo vem clamando por um melhora no sistema

penal e processual penal brasileiro que estão ultrapassados.

A Nova Lei 12.403/2011 intitulada “Lei das Prisões” veio de

alguma forma, trazer algumas alterações em alguns dispositivos do

Código de Processo Penal.

Conforme a entrevista do promotor Antonio Sérgio Cordeiro

Piedade (44) em entrevista ao portal do JusBrasil a Lei

12.403/2011 trouxe um aspecto positivo:

Um ponto importante que eu vejo na lei é a criação de umcadastro de mandados de prisão preventiva que será mantidopelo Conselho Nacional de Justiça. Com isso, qualquer agentepoderá cumprir o mandado de prisão que estará registrado noCNJ, ainda que fora da competência territorial do juiz queexpediu. Na verdade, somente o tempo dirá se a lei foiefetiva e positiva. Agora o que não se deve é criarexpectativa perante a opinião pública, de que a lei vairesolver os problemas da violência e da criminalidade, poisnão vai. Sabemos que ela traz em sua essência algumasquestões atécnicas.

Para o delegado Paulo Bachur (45) a Lei 12.403/2011 trouxe

alguns aspectos positivos que merecem ser destacados.

O primeiro aspecto positivo refere-se à positivação de medidas

cautelares diversas e a subsidiariedade da prisão. Para ele: “O

legislador ordinário positivou o que o Supremo Tribunal Federal

está exausto de propalar: que no processo penal a prisão antes do

trânsito em julgado de sentença condenatória só tem lugar

legitimamente quando presentes requisitos cautelares que apontem

sua absoluta necessidade.

Diz ainda que:A prisão surge, então, apenas como a última alternativacautelar posta à disposição do Estado para salvaguardar autilidade do processo. A opção por determinada medidacautelar dependerá da sua adequação ao caso concreto, devendoo magistrado sempre preferir aquela que seja suficiente aoobjetivo colimado e que imponha o menor gravame possível aoréu/investigado. Deve-se aplicar, pois, o princípio daproporcionalidade em tal determinação.

O segundo aspecto positivo esta relacionado com arevitalização da Fiança. Segundo ele:

Agora, com a Lei n. 12.403/11, há uma grande oportunidade desua revitalização, pois ela deverá ser encaradaautonomamente, pois é mais uma das medidas cautelarescabíveis no processo penal, ao lado da prisão, mas comprioridade sobre essa. [...] à fiança brasileira é aampliação da atuação do delegado de polícia em tal seara, oqual agora poderá conceder a liberdade mediante exigênciacautelar de fiança em mais situações, pois terá competênciapara tanto em delitos com pena de prisão até quatro anos(art. 322) (não importa mais se a pena é de reclusão,detenção ou prisão simples), sendo que em caso de recusa ouretardamento da autoridade policial, caberá o pleito aomagistrado.

O terceiro aspecto positivo da Lei tem relação com as medidascautelares de ofício. Conforme seu entendimento:

[...] objetivo do Estado é prestar uma tutela jurisdicionalefetiva. E a finalidade de uma medida cautelar é justamentepermitir que o Estado alcance esse objetivo. Se cabe a medidade cautela no caso concreto, é porque a efetividade do futuroprovimento jurisdicional depende daquela. E o magistrado,como agente público responsável pela eficiente condução doprocesso, não pode ficar amarrado às conveniências das partesquanto a tal aspecto, devendo agir de ofício para garantirque a atividade jurisdicional tenha resultado efetivo, o quevai ao encontro do princípio constitucional da eficiência.

O quarto aspecto positivo retrata a explicitação da

necessidade, em regra, de contraditório prévio. Paulo Bachur

enfatiza que:

Não é porque determinada medida tem natureza cautelar quenecessariamente deverá ter o contraditório diferido. Comosabido, os princípios do contraditório e ampla defesa devemser acatados em qualquer tipo de processo, seja judicial,seja administrativo, mas o deve ser com mais detenção noprocesso penal tendo em vista os bens jurídicos que podem seratingidos por esse.

O quinto aspecto positivo é sobre a conversão da prisão em

flagrante em prisão preventiva. Lembra que: “o legislador colocou

um fim à controvérsia existente entre a necessidade, ou não, de o

juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, e constatar a sua

legalidade e, ainda, a presença de requisitos da prisão

preventiva, ter que converter aquela nessa última.

É mister lembrar, todavia, que essa conversão em prisão

preventiva, só terá lugar se as outras medidas acautelatórios não

forem satisfatória.

2.3 Aspectos Negativos da Lei 12.403/2011 das Prisões

Como quase toda a Lei, as repercussões negativas por menores

que sejam ainda geram muita insatisfação quando o criminoso de

alguma forma se beneficia com alguns dispositivos criados ou

reformados pela legislação.

De acordo com o parecer do promotor de justiça, Antonio Sérgio

Cordeiro Piedade (46), do Mato Grosso, os reflexos mais imediatos

para a sociedade:

Essa fungibilidade das cautelares, a dificuldade de prisão

com medidas inócuas e essa restrição para a decretação daprisão preventiva vão trazer um risco muito grande para asociedade. Até porque, teremos a concessão de váriasliberdades provisórias. Ou seja, o Estado não dota o sistemaprisional de condições, com penitenciárias, com cadeiaspúblicas, e arruma mecanismos para limpar a populaçãocarcerária, esquecendo-se da necessidade de se dar umaresposta eficaz à sociedade. Hoje, em virtude dos institutosdespenalizadores já existentes, fica preso somente oindivíduo que tenha cometido delito com violência ou graveameaça ou delito grave. Só tem ficado preso o indivíduo quecomete crime de estupro, homicídio, roubo e latrocínio. O bemjurídico de alguns delitos graves, com lesividade social,ficarão sem uma resposta por parte do Estado. [grifo nosso].

Conforme a análise da Lei em tela, Paulo Bachur (47) aponta

alguns aspectos negativos trazidos com a vigência da nova Lei das

prisões.

1º. A manutenção de hipóteses de "crimes inafiançáveis"

segundo ele:

É que o Constituinte, para tentar causar maior repressão eevitar a liberdade provisória em casos que entendeu maisgraves, vociferou que determinados crimes são inafiançáveis(art. 5º, XLII, XLIII e XLIV, CR/88).O legislador ordináriohavia feito o mesmo ao elencar hipóteses de descabimento defiança nos incisos ora revogados do art. 323 do CPP. Isto é,elencou hipóteses de crimes inafiançáveis com a finalidade detornar a situação mais rigorosa para o réu/investigado; nãopara beneficiá-lo. O resultado disso tudo é que justamentenesses crimes em tese mais graves, se não estiverem presentesrequisitos da prisão, o sujeito vai para a rua sem nem pagarfiança, pois é "inafiançável".

2º– Refere-se à vinculação de medida cautelar à "gravidade docrime" diz que:

[...] se a medida é cautelar, objetiva salvaguardar oprovimento jurisdicional final. Nada tem a ver com agravidade do crime que é imputado ao acusado. Atente-se parao fato de que a prisão não é a única medida cautelar obstadapelo art. 283, §1º, do CPP. Daí o equívoco.

3º – Juiz deprecado que efetuar a prisão deverá "devolvê-lo"em trinta dias. Argumenta ele:

Ocorre que se o réu for mantido encarcerado cautelarmente em

outra comarca/subseção judiciária, o seu freqüentedeslocamento para comparecimento às audiências será pordemais oneroso para a máquina pública, sendo até talvez namaioria das hipóteses inviabilizado em razão da parcaestrutura policial que aflige principalmente as políciasjudiciárias estaduais.Entretanto, e aí pode ter havido um cochilo do legislador,nem em todos os casos a instrução se dará perante o Juízodeprecante. É que as testemunhas a serem ouvidas podem terdomicílio justamente na circunscrição jurisdicional onde oréu/investigado fora preso, ou em outras localidades.Observe-se que a necessidade de que a ordem de prisão sejadeprecada quando houver de ser procedida em outracircunscrição jurisdicional não é absoluta haja vista que ostermos do art. 289-A, §§ 1º. e 2º, CPP. Conforme este últimoparágrafo vê-se que é possível prisão em outra circunscriçãomesmo sem carta precatória ou sem anterior registro domandado no Conselho Nacional de Justiça (nova exigênciatrazida pela lei), o qual, nesse caso, deverá ser procedidoposteriormente.

4º – Rol de hipóteses de prisão domiciliar. Aqui encerra os

aspectos negativos da lei 12.403/2011 de acordo com o entendimento

de Paulo Bachur:

A jurisprudência já vinha em prisões meramente cautelaresutilizando-se da prisão domiciliar quando as circunstânciasconcretas do caso aconselhavam (enfermidade, por exemplo).O inciso "I" se refere a "maior de 80 anos". E se o sujeitotiver 79 anos e estiver debilitado? O inciso II absorve asituação, ou seja, o primeiro inciso é desnecessário.O inciso "III" se refere à necessidade de prestar cuidadosespeciais a menor de seis anos de idade. Então, por exemplo,um menor que só tenha a mãe ré para lhe dar os cuidadosnecessários, sem haver outros parentes, de sete, oito, nove,dez anos de idade não necessita de cuidados especiais? Nãoera necessária a fixação de idade.Em suma, trata-se apenas de breves impressões sobre a novellei, tendo sido o apontamento de supostos erros e acertosapenas um método para expô-las, pois quem dirá, de fato, oque está certo e o que está equivocado será a jurisprudência,a qual dirá quais as normas que se podem extrair dosdispositivos ora incluídos no CPP.

Diante de um país democrático, as pessoas que de alguma forma

são vítimas de ações criminosas não têm uma atenção necessária por

parte do poder público para garantir seus direitos e quando existe

essa possibilidade, esbarra num sistema extremamente falido e sem

a devida fiscalização para assegurar esses direitos.

É louvável a intenção do poder público de modificar uma

legislação ultrapassada, criando mecanismos de celeridade ao

processo penal e ao direito penal. Contudo, isso só não é

suficiente para promover reduções na criminalidade e melhoras no

sistema prisional do país. Um conjunto de ações e mecanismos de

uma boa política criminal, agentes preparados e bem motivados,

estudos criminológicos, prisões modernas, implantação de trabalhos

técnicos para incentivar o preso a sair com uma qualificação de

trabalho, palestras de diversos assuntos, penas justas para

aqueles que cometem crimes bárbaros e são soltos por benefícios

que a própria legislação concede e etc.

O sentimento de impunidade é grande entre a sociedade.

Criminosos de colarinho branco, cada vez mais usurpando do

dinheiro público e punição severa que é bom não é aplicada com

eficiência num país quase desacreditado em suas leis. Por outro

lado, bandidos que praticam crimes de diferentes modalidades ficam

rindo da justiça quando são presos porque sabem que logo estarão

soltos novamente.

O capítulo seguinte fará uma explanação acerca das análises de

profissionais da área criminal e afins, como também, a finalidade

de alguns centros de assistências às vítimas de crime que prestam

apoio a essas pessoas que foram vítimas da criminalidade quando

são procurados.

3. A REPERCUSSÃO DA APLICAÇÃO DA LEI 12.403/2011 PARA AS VÍTIMAS

DE CRIME

A nova Lei 12.403/2011 antes mesmo de entrar em vigor, causou

muita controvérsia para os criminalistas, autoridades judiciárias

e policiais. Muitos entendem que esses dispositivos que alteraram

o Código de Processo Penal deixam os criminosos sem punição justa

e necessária em nosso país. Já outros acham que a lei trás mais

benefícios que prejuízos.

Entendemos sim como cidadãos, que ultimamente os legisladores

não estão acertando em criar leis mais severas para coibir a

atuação ou reincidência dos acusados. Alguns pareceres foram

selecionados para contribuir com a análise da lei em tela.

3.1 Para os Profissionais Criminalistas

Para Fabrízio Rubinstein Tinoco (48), 37 anos, com oito anos

de atuação no Direito Penal, professor de Deontologia Jurídica e

de Direito Penal na Universidade Candido Mendes no Rio de Janeiro

e de Criminologia e Processo Penal no Instituto A Vez do Mestre em

Niterói, os reflexos negativos para as vítimas de crime com a

vigência da nova lei penal em algumas situações a produção de

provas na etapa inquisitória, poderá ser colocada em risco. Alerta

ainda, que poderá sobrevir ameaça às vítimas, bem como, uma

elevação na percepção da impunidade.

Como sabemos a vítima sempre sofre com a morosidade da justiça

e com o meio de punição imposto ao criminoso. Se antes já era

difícil a vítima respirar aliviada, agora com essa lei a sensação

de impunidade na visão de alguns será bem maior.

Nas palavras do advogado, Pedro Henrique Santana Pereira (49),

a situação do papel da vítima com a vigência da Lei 12.403/2011,

não muda quase nada, apenas pode contar com um maior apoio do

poder judiciário para a sua proteção. Segundo ele, anteriormente o

acusado era libertado sem nenhuma punição de qualquer medida

cautelar e a nova lei trouxe essa possibilidade de aplicação no

rol das medidas cautelares. Destarte, enfatiza a importância do

surgimento das medidas cautelares como uma possibilidade de

auxílio à vítima, lembrando ainda que o dispositivo do art. 319 do

CPP, com a nova redação dada pela lei veda a possibilidade do

contato com a vítima, que antes não existia, exceto nos crimes da

Lei 11.340.

Conforme o entendimento do defensor público do Espírito Santo

Carlos Eduardo Rios do Amaral (50) a Lei 12.403 significa uma

melhoria para a dignidade da pessoa humana. Segundo ele:Após mais de meio século de escuridão e treva processuais olegislador de hoje tardiamente resolveu por um ponto finalnaquilo que mais envergonhava o Brasil, quando o assunto eraa questão da prisão provisória do cidadão acusado de umcrime.

São diversos artigos de doutrinadores, especialistas e

profissionais na área criminal acerca da Lei 12.403/2011. Um

parecer simples do capitão da Polícia Militar de São Paulo,

Temístocles Telmo Ferreira Araújo (51), mestre em Ciências

Policiais de Segurança e Ordem Pública merece um destaque

especial:

Mas é importante que reflitamos que temos uma cultura no paísde atacar sempre os efeitos e nunca estamos preocupados comsuas causas, e é assim que entendemos o porquê da criação dalei 12.403/11, ou seja, para se fazer frente à demanda dos40% dos presos provisórios no país, criamos uma lei paracolocar em liberdade infratores da lei de todos os níveis,mas não observamos nada para atuar nas causas, ou seja,reaparelhamento do Poder Judiciário, completamento dosquadros da magistratura e do ministério público,aparelhamento do Sistema Carcerário do país com a criação demais vagas.

Portanto, para o capitão é importante que os novos institutos

surjam para modernizar o sistema penal, mas também se deve cortar

o mal pela raiz, criando mecanismos eficientes e capazes de serem

aplicados e fiscalizados.

Sabemos que com o passar do tempo, a sociedade modifica seus

costumes, seus hábitos e a legislação brasileira precisa ser

atualizada para poder acompanhar esses avanços do novo século. O

que muitas vezes se questiona, é que muitas leis são criadas para

diversos tipos, mas sua aplicabilidade fica comprometida, porque

não existe uma forte política criminal e a fiscalização do poder

público deixa a desejar.

O doutrinador Fernando Capez (52) em artigo publicado no site

do Consultor Jurídico faz breves considerações acerca da polêmica

causada com a vigência da Lei 12.403/2011.

Capez apresenta quatro pontos polêmicos, o primeiro dele

refere-se à prisão preventiva que só caberá para os crimes punidos

com pena máxima superior a 04 anos, conforme o art. 313 do CPP.

Portanto, em outras situações ainda que seja comprovada a precisão

e até mesmo um caso de urgência, a medida não ser aplicada.

É mister fazer referencia ao exemplo citado por Capez de uma

pessoa que é presa em flagrante delito por ter praticado na

presença de uma criança de nove anos, um ato libidinoso, com o

intuito de satisfazer libidinagem própria. Contudo, indicativos de

ameaça à vítima e testemunhas, colocando em risco a produção da

prova. Mas, o fato é que mesmo o magistrado constatando a urgência

e a necessidade de determinar a prisão preventiva, o mesmo, não

pode de decretar, porque a pena máxima para esse tipo de crime não

é superior a quatro anos.

Mas uma vez o legislador ao elaborar esse dispositivo não

pensou na dor, na ameaça, nos danos que a vítima sofre, aqui outra

vez, o criminoso é beneficiado com a sua liberdade em quanto não é

processado e julgado. Destarte, o mesmo paga uma fiança que é

arbitrada pela autoridade competente (delegado) e fica solto, para

a repulsa daquele que sofreu o dano.

O segundo ponto trata do prazo da conclusão do inquérito

policial que não se conta mais a partir da lavratura do auto em

prisão em flagrante e sim da conversão em prisão preventiva. Isso

se refere ao indiciado preso. Sabemos que agora toda prisão em

flagrante deverá ser noticiada ao magistrado no prazo máximo de 24

horas.

O terceiro ponto polêmico, segundo ele, é que:

Aberta vista do respectivo auto ao MP, caso este requeira aconversão do flagrante em prisão preventiva, nos termos doart. 312, deverá imediatamente oferecer a denúncia? Istoporque referido dispositivo é expresso ao dizer: “A prisãopreventiva poderá ser decretada como garantia da ordempública, da ordem econômica, por conveniência da instruçãocriminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quandohouver prova da existência do crime e indícios suficientes deautoria” (destacamos). Ora, se há prova do crime e indíciosde autoria, a hipótese é de oferecimento da denúncia. E senão há, não cabe a conversão do flagrante em preventiva, masconcessão de liberdade provisória.

Interessante notar que, o Estado com essas leis anteriores não

da conta de fiscalizar tantas irregularidades no sistema

prisional, imagine agora com essa Lei 12.403/211 que impõe uma

maior fiscalização no cumprimento das medidas cautelares.

Ivan Luís Marques (53) coordenador e autor do livro “Prisão e

Medidas Cautelares” apresenta um resumo didático e de fácil

compreensão para os leitores das principais mudanças do Código de

Processo Penal brasileiro com a Lei das prisões de nº 12.403/2011

com apenas quinze tópicos. (ver anexo –c, p. 52)

Verifica-se que o legislador, querendo evitar prisões,

determinou que em penas inferiores a quatro anos não terminarão em

prisão ao acusado, entretanto no instituto chamado de fiança, que

será recolhida em pecúnia. Com essa nova regra, muitos crimes

deixarão de ser punidos com a prisão.

Questão interessante tratada pelo presidente da Comissão de

Direitos Humanos da OAB do Estado do Ceará, Fernando Ferrér (54),

merece evidência nas diversas análises da Lei 12.403/2011,

afirmando que aumentará a impunidade no país.

Segundo ele, as nove medidas cautelares, excetuando-se a

suspensão de exercício referente a função pública, “as as demais

são completamente inócuas e totalmente sem meios de fiscalização”.

Enfatiza ainda a indignação aos crimes que não serão punidos

com a prisão e sim beneficiados pela aplicação das alternativas

das medidas cautelatórias, ninguém permanece preso, apenas se o

sujeito for reincidente, ele permanecerá preso.

Em outras palavras, Ferrér finaliza: “Na nossa humilde

avaliação, o impacto será catastrófico, com o aumento da prática

de determinados crimes e provocará ainda mais impunidade. A

desculpa de deixar a prisão para quem efetivamente apresenta risco

à sociedade é uma balela.

Aqui podemos entender que Ferrér, mostra sua total

insatisfação com alguns aspectos que a lei trata para os

criminosos. De alguma forma seu parecer nos remete a preocupação

ao sentimento de reprovabilidade das vítimas nas aplicações das

punições para criminosos. Seria então “bandidos soltos e vítimas

presas”, refém de sua própria liberdade.

A colunista, Sandra Domingues (55), em seu blog retrata de

forma simples a voz das vítimas: “Lutamos tanto pelo fim da

Impunidade e pela Revisão do Código Penal...no entanto vejam o que

eles aprontam!Logo nem precisará mais de defensor de ASSASSINOS o

próprio estado os protege!”

Em seguida diz: “Para os assassinos leis e mais leis, que os

beneficiam e a nós, cidadãos de bem, só nos resta colocar o nariz

de PALHAÇO e assistir de camarote.”

A chamada em seu blog é também digna de ser compartilhada:

“Uma cidadã brasileira inconformada com a Impunidade de muitos

casos que nos consomem a alma e dilaceram o coração. Quando temos

que ser a voz dos inocentes...justiça é o que se busca”.

A sociedade atualmente vem demonstrando muita insatisfação da

justiça brasileira, e daqueles políticos que criam leis.

3.2 Os Centros de Apoios às Vítimas

Segundo a Associação Portuguesa de Apoio a Vítima – APAV (56)

grande parte dos indivíduos depois de serem vítimas de um delito

sente-se desequilibradas e confusas.

Para ela, a maneira com que o ser humano reage a um crime vai

depender do tipo de crime, se conhece a pessoa que cometeu o

crime, como também o amparo que a sua família, amigos, autoridades

policiais e organizações lhe prestaram depois do delito.

Sabemos que quase sempre o poder público é omisso a tantas

questões e quando toma conhecimento, esbarra na burocracia e na

morosidade do próprio sistema. 

A APAV afirma que é normal a vítima de crime sentir as

seguintes reações durante o crime: “pânico geral; pânico de

morrer; impressão de estar a viver um pesadelo; impressão de que o

agressor tem uma raiva pessoal contra si.”

Comenta também que imediatamente após o crime, as vítimas

sentem: desorientação geral; sentimento de solidão; estado de

choque. E nos dias seguintes: as pessoas costumam pensar se aquilo

que sentem é normal. Sentem-se muito desprotegidas e ao mesmo

tempo procuram a companhia da família e dos amigos. É a altura em

que deve procurar apoio para a sua situação.

A existência de centros especializados para trabalhar com as

vítimas de crime no Brasil ainda é pequeno, pelo número alarmante

de pessoas que precisam de ajuda depois de terem sido vítimas de

criminosos. Esta lei 12.403/2011 para muitas vítimas de crime tem

apenas mais uma decepção do legislador que criou uma lei para

beneficiar os acusados com a possibilidade de pagamento de fiança

com muitos crimes puníveis até quatro anos, ou seja, o bandido

ficará solto e a vítima refém do medo.

A finalidade principal de outro órgão que cuida das vítimas de

crime é o PROVITA (57), Programa de Proteção a Vítimas e

Testemunhas Ameaçadas que procura proporcionar assistência aos

cidadãos que cooperam ou dão declarações em investigação ou

processo penal e que, em decorrência, estejam sofrendo de alguma

forma ameaças. 

Importa registrar que o tipo de proteção inclui o oferecimento

de residência em local protegido e sigiloso; assistência jurídica,

psicológica e médica; e a garantia de inserção social para que as

testemunhas e seus familiares possam recomeçar suas vidas

exercendo sua cidadania.

No tocante a Lei 12.403/2012, as vítimas que tiverem sendo

ameaçadas pela denúncia ou algo parecido, terão a proteção do

Provita, e outras instituições destinadas a dar apoio através de

uma equipe multidisciplinar para cada caso. Seja qual for o tipo

de legislação extravagante, a vítima terá amparo para um

tratamento digno nestes órgãos quando forem em busca de ajuda.