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C'esi par lui que iafemme aumiio bi estl)?ureu$f ^

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que ses tendres baisers dob^ni ic paradis. \\

Cest |'0dol seu) qui rend íes lèvres de .rubis,

la denfure d'ivoire et Ia bouche amoureuse;

Cesí par lui que lafcmn^e aujeuidltuisstftwreusf

que sestendres baisçrs dob^irí ie paradis.

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1906

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Organisado por

Àdhemar Barbosa Romèo

1907

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Illustraçòes de Calixto Cordeiro e Raul Pederneiras.

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TYP.

RIO DE JANEIRO

DA j^AP. J^ORTELLA -

fvUA DÜ jR.O^AfilO, 107

1906

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1\%l.í ¦ Contendo variada collaboraçào de Arthur Azevedo,Olavo *

£ Bilac, Coelho Netto, Dr. Nuno de Andrade, Dr. Dermev^l *

2 da Fonseca, Emílio Kernp, Raul Pederneiras, Gastão Bous- \

\ quet, D. Adelina Lopes Vieira, Felinto de Almeida, Oscar *

? Guanabarino, Henrique Marinho, Baptista Coelho (João*

| Phoca),Bastos Tigre (.D.Xiquote), José Piza,Renato de Castro,

\ Alarico Cintra, A. Carvalho Pimentel, J. Vieira Pontes, Júlio \£ •^ de Freitas Júnior, Leão Horacio e outros apreciados escri-J

5 piores. \

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l Anno Primeiro

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P reço 2$OOQ

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*| Almanaque d'O THEATRO

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Teleplione 1946

(Jendas egclusivamente a (Ilinheir-o

Officina de CCalcado sob (medida ao rOod^iitio 6-XsfvIo

Premiado na Exposigao de S. Luiz em 1904 •!Especialidade cm calcado de luxo para Theatros, Casainenlos c Bailes

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Teleplione 1946

s exclusivamente a (Ilinheir-o

Officina de Calcado sob (medida ao rOodáimo 6-XsfvIo

Premiado na Exposição de S. Luiz em 1904 •

Especialidade cm calçado de luxo para Theatros, Casamentos c Bailes*

Custodio Martins & C.

A melhor officina de Calçados leitos á mão

e que dispõe dos melhores elementos na confecção do calcado sobmedida sendo a que sempre tem formas modernas e os melhorescontra-mcstres.

Rua da Quitanda, 60

A casa PK1NTEMPS mudou-se da rua Sete de Selem-

bro N. 11 para a rua da Quitanda N. 60, não só pela falta C>Q

de commodidade de seus committentes, como pela creação

deumasecção de FINOS CIJAPÉOS de CABEÇA e de /fíjj)CHUVA e BENGALAS, tudo dos melhores fabricantes es-

trangtiros.

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Almanaque d'0 THEATRO

M° PR 05C Emo...^ „

0 Theatro e o Almanaquev " »' ¦

Não se assustem, leitores... NãoVou contar a historia do Theatro Na-cional, mesmo porque a não sei todanem vos ameaço com um almana-

que da grossura do «Laemmert»...Essas publicações reclamam

assumptos leves como o alumínio,attrahentes como o iman, graciososcomo a andaluza, e um levez de ti-deau derivado do opio indispõe o

publico mais cninez deste mundo....Vou, pois, entrar em matéria e

contar-vos immediatamente—comodizia o Peixoto no Castro Malta —a

historia do nosso Theatco, do jornalque na sua primeira série viveu otempo justo de um parto natural,ex-

pellindo ao cabo de nove rnezes estealmanaque, cuja gestação ainda se

prolongou por mais quatro graçasao progresso e pontualidade dasnossas typographias e... á falta de

gente séria no mercado do pessoalcavador de annuncios...

?

O Theatro foi fundado, própria-mente, pelo Anatolio Valladares,um dos homens mais feios que DeusNosso Senhor pôz neste mundo, mas

que nem por isso (oh! a psychologiadas mulheres!..) deixou de achar ca-samento... E' que o Anatolio é umadraga no genero cavar e tanto assim

que apanhando, não sei onde, a idéade um jornal consagrado por inteiroa coisas de theatro — lacuna muitosensivel — veiu celere trazer-nVacomo sua, cravando-me logo as

garras da sua labia bahiana e fazen-do-me seu prisioneiro na proprie-dade e redacção do Theatzo.

Disse-me logo que Arthur Aze-vedo escreveria em todos os nume-ros e acceitei. A 22 de abril de i.çjò5apparecia o Theatzo trazendo nacapa a caricatura do mestre e nas

primeiras cotumnas a bhrònica cofn

que elle iniciou a série brilhante das

que o Theatro publicou e conti-nuará breve a publicar.

Animado pelo esgotamento dasedições, resolvi melhorar o Theatroe administral-o; chamei Calixto Cor-deiro,Raul Pederneiras e o fallecidoGil para collaborarem do 3o numeroem diante e resolvi coisa melhor :

pagar aos collaboradores, idéa c]uenão sorria ao Anatolio emquanto acaixa do jornal não désse lucro. Ás-sim chegamos ao n.7, quando entrpyü

para societário o Sr. Armando Por-tella e retirou-se o carieaturista Al-

fredo Cândido para Lisboa.?

O Theatro, embora profusa-mente vendido em todas as nossas1casas de espectaculos, nunca deulucro ! Havia sempre déficit. Expli-ca-se : a venda avulsa não sustentao jornal illustrado, salvo um abortode felicidade como o Malho, que,ainda assim, sabe Deus como co-meçou e como acabará! O nossocommercio—farto de ser explorado

por certos grupinhos de agencia-dores de annuncios, verdadeiros

passadores de conto do vigário—re-cusa o annuncio aos proprios fre-guezes da casa, e o resultado foiesse : o Theatro no 8o numero ficousem o socio Portella, que se retirou

•V* I

iAlmanaque d'0 THEATRO

satisfeito com os prejuízos que tevenos dois números !

Anatolio Valladares, que viviado que podesse ganhar com o jornal,quiz reauzil-o, temporariamente, ao«suppleniento» que então se publi-cava por conta da empresa do Ca-sino; esta resolução não me pareceuséria e resolvi comprar ao Anatolioa sua parte no Theatro, ficando oseu único proprietário.

Começa aqui a segunda phasedo 7 heatro, phase de luctas, na

qual muito me valeu a amizade deAnnibal Rocha. Com Anatolio sa-hiu seu irmão Dudú, felizmente omenos hábil dos caricaturistas.

Quando o Theatro começou anãô dar tantos prejuizos,dilatando asua circulação por S. Paulo, onde

foiímuito bem acceita a inteüigente

propaganda de José Vieira Pontes,ei^ que apparece aqui o Theatro &Sport, publicação quasi idêntica ánossa e com o titulo por demais se-melhante. Accresce que o directordeste, muito acatado nas rodas detheatro por ser o critico do Correioda Manha, jornal onde hoje exercecom aprazimento as melindrosas

funcções de secretario, conseguiutambém que o seu Theatro & Sport

fossse vendido nas casas de espe-ctaculos.

Isto é—innegavel--fez-nos grandemal: o Theatro & Sport tinha capi-taes folgados, imprimio capas a trescores, carinhosamente desenhadas

pelo nosso Calixto (!), e com a ajudada semelhança do titulo, ia-nos pre-gando uma suspensão quando Hei-tor Mello, aborrecido com os pre-juizos que estava tendo, resolveunão ser teimoso como eu e acaboucom o seu jornal no 5o numero.

Antes eu tivesse feito o mesmo.*

Indicaram-me para assumir a

gerencia do Theatro o Sr. Deniocritode Araújo.

Os meus affazeres medico-na-vaes impunhanvme um auxiliar:acceitei. Eu era de uma facilidade...matuta! Na realidade, os annuncio£appareceram no jornal, mas o co-bre... esse, queridos leitores, os taesagen tes não me entregavão e diz o Sr.Deniocrito que nem a elle também !

Um destes agentes, RaymundoSoares de Souza, é um tratante de

primeiríssima ! Falsificou a minha

firma e a de Deniocrito em vários re-cibos e teve o desplante de escreveruma carta, assignando-a coni o meunome, ao Sr. José Teixeira TorresCarneiro, joalheiro muito conhecidonesta capital, pedindo-lhe uma certa

quantia emprestada. E o Sr. Tei-xeira, que é meu prinio, cahiu ! Eu eo leitor também cahiriamos... Poisbeni, de posse destes documentos,

que ainda conservo cuidadosamente

para delles fazer uso quando meconvier, prendi o larapio Rayniundo11a Maison Moderne. á meia-noite, elevei-o — eu proprio

— á policia. ODr. Levino Chacon mandou-nos

para o Dr. Campos Tourinho e o Dr.Campos Tourinho mandou-nos...embora porque estava com muitosomno : tinha chegado de um espe-ctaculo, apezar de ser elle o dele-

gado auxiliar de serviço naquelledia !...

Nestas condições suspendia pu-blicação do Theatro, encerrandocom o numero 20 a sua primeirasérie e puz-nie a cuidar deste alma-iiaque.

¦k

Pois até com o almanaque eu

fui no embrulho ! Luctei para con-

IK

Almanaque d'0 THE ATRO

seguir um auxiliar honesto e intel-ligente, e eis que ao descobrir EmilioKernp, o Dia chama o para secre-.tario e fico-me,ás voltas n'este maremagnuii que é a organisação de umalmanaque, apenas auxiliado porCândido Bittencourt Júnior.

Para cumulo da concurrencia aLivraria Cruz Coutinho imprime umÂImanack theatral, põe-n'o á vendaha dois mezes, e muita gente com-pra-o suppondo ser este ; começo areceber cartas reclamando a insufi-ciência daquelle alinanack,de modoque além do prejuizo fiz o papel doHollandez...

Emfim... dos males o menor:

Por intermedie do tal AlmanackTheatral travei relações com Mari-nonio Piedade, que se propoz a ex-piorar o Theatro este anno e os de-mais, se os prejuizos não foremgrandes.

Isto compensa a partida que oseu almanack, involuntariamente,me pregou : o Theatro não morre

graças a elle, que em maio terá postoa venda o n. 21, completamentemodificado... para melhor.

O formato do Theatro é agora me-nor, tendo no mínimo, 48 paginas.

Arthur Azevedo continuará ahonrar-lhe as primeiras columnascom as suas preciosas chronicas eRaul Pederneiras e Calixto Cor-deiro com a collaboração artística.O secretario da redaccão é BritoMendes, um entendido da matéria,e a gerencia está a cargo do meuco-proprietario Marinonio Piedade.

Este pediu-me ficar na chefiade redacção: é-me impossível poremquanto, visto partir para a Eu-ropa, onde me leva missão maisnobre. Zelarei, todavia, pelos pro-gressos do Theatro, aproveitando

em seu interesse as poucas horasde lazer.

E aqui ficam as minhas despe-didas. Aos leitores afianço ter na ca-beca um fio de cabello branco paracada um, tantos foram os desgostose contrariedades que o Theatzo "e

este almanaque me occasionaram...Aos amigos envio o abraço da sau-dade e do agradecimento.

Agora, attenção ! Yae subir opanno... tem a palavra o mestre Ar-ur' Rio,

Abril—1906.

Auhemàr Barbosa Romeo.

Nada mais impertinente do queter vergonha de recitar o que dáhonra em se escrever.

Baron.

O Coquelin, mais novo, com amania do reclame, combinou certavez com o esculptor Injalbert, queseus traços physionomicos passas-sem á posteridade, esculpidos na

figura de um fauno que deveriaadornar o pedestal dessa estatua quen'uma das cidades de França se pro-jectava elevar a Molière. O11 porqueInjalbert achasse melhor modelo ou

porque reconhecesse depois poucosméritos ao mais novo Coquelin, paraassim o immortalizar em obra sua,desistiu do caso, e Coquelin 20 ficoudesesperado.

Pois este, não descoroçoou—ounão fosse elle Coquelin !

Foi supplicar a Barrias, um outroesculptor que estava encarregado defazer a estatua de Augier a qual de-veria ornar a praça de Odeon, emParis—para sempre, em fauno o pôrao collo de Augier.

— Pode ser troça-., mas temgraça e é de pontaria certa.

A

Almanaque d'0 THE ATRO

O f6üafiío no Qio Janeiro em 1905

O meu amigo Dr.Adhemar Bar-bosa Romeo pede-me,para serviremde introducção a este aímanak, al-gumas palavras sobre o theatro noRio de Janeiro em ic)o5. Eu preferiaoutro assumpío, ainda que fossemas roubalheiras da Alfandega ou ocaso da Panther: um almanak deveser um livrinho alegre, que nos de-leite o espirito com uma bregericemnocente, em vez de entristecei-ocom a narração de uma agonia.

Sim, porque em igo5 no Rio deJaneiro, só vimos, no theatro, a con-tmuação da agonia em que ha tantosannos se es torce a arte nacional,sem receber dos poderes consti-tuidos a esmola de uma palavrauma palavra ao menos !—de conso-laçâo e conforto. Minto: CoelhoLisboa, no Senado Federal, a pro-posito das filhas de Aurélio de Fi-gueiredo, teve phrases de condo-Jencia para o theatro brasileiro; masnão foi o senador, foi o poeta quefalou, e, quando os poetas falam,a política tapa os ouvidos.

Esta claro que, referindo-metao amargamente á miséria do thea-tro, não alludo aos artistas estran-geiros que nos_ visitaram; aindaassim, os mais illustres desses ar-tistas foram também uma pedra detoque para mostrar á evidencia queos cariocas já não tem pelo theatroem geral a mesma paixão de ou-iir ora.

Ha quinze annos passados, amedia annual dos espectaculos noRio de Janeiro era de 2.0005 0 ftn.nopassado realizaram-se apenas 1374entrando nesse numero 416 no Ca-sino Nacional e 436 na Maison Mo-

derne, que não são theatros propri-a mente ditos.

Coquelin e Sarah. Bernhardtapanharam ambos apenas tres ouquatro enchentes

por junto, e a com-panhia Mancinelli, apezar de traze.r

| alguns elementos de primeira 01*-dem, que talvez nunca mais vejamosaqui reunidos, causou um prejuizoconsiderável ao Syndicato Lyrico,e particularmente ao meu digno col-lega Luiz de Castro, que pagou bemcaro o desejo de proporcionar aosseus patrícios algumas noites deverdadeira arte. 0 .

As companhias Taveira e JoséRicardo nao tiveram grandes lucros,e creio mesmo que esta ultima aca-

I bou perdendo. E1 verdade que ne-nnuma das duas se recommendavapelo repertorio. A peça portu^uezamais aceitavel que José Ricardoexhibiu foi Flor do To,'o,de Camposlonteiro, musica de Nicolino Mi-

lano. A musa dos estudantes, deCunha e Costa, musica de Del-Negro representada

pela compa-nhia J aveira, fora a principio umdrama, e a opereta resentia-se natu-ratmente dessa transformação.

Mas o_ que mostra com a evi-dencia mais desanimadora,

que acausa do theatro está inteiramenteperdida no Rio de Janeiro, é o resul-tado negativo do nobre esforço quefizeram Lucinda Simões e Chris-tiano de Souza para dar ao nosso

| publico espectaculos de comedia.seiicio de todo o ponto irreprehen-siyeis, ao menos superiores ao queelle tinha tido até então.

. t*011 escolha do repertorio, ocuidado com que as peças eram en-

v

Almanaque d'O THE ATRO

saiadas e postas em scena, a inter-pretação artística, sempre interes-sante, de Lucilada e Christiano, e deoutros, como, para citar um só, Fer-reira de Souza que fez sempre boafigura ao tado daquelles dois colte-gas excepcionaes, nada disso pôdesalvar a empreza de um desastreinexplicável.

s Nesses espectaculos a virtude

que mais transparecia era o respeito

que os emprezarios tinham peto pu-blico,—e o publico não reconheceu,portando-se com uma ingratidãoDrutal. Uma única enchente apa-nhou a empreza: foi na noite em

que, por uma ironia do desespero,

poz em scena % Ignet de Castro!A companhia do Apollo empre-

gou os mais intelligentes esforçoswa que o publico aceitasse umaourleta nacional,escripta com todosos matadores para agradar-lhe—oMambembe. A peça não foi,por bemdizer, ouvida por ninguém. E' ver-dade que concorreu para isso achuva, que a perseguiu implacavet-mente durante as quinze primeirasrecitas.

O único successo com que selamberam os nossos artistas foi o doHomem do guarda-cliuva, um vau-deville francez que aliás está longede ter o merecimento de outras

peças,do mesmo genero e da mesma

procedencia, representadas no Riode Janeiro sem nenhum successo.De onde infiro que perderia o tempoe acabaria doido quem se mettessea estudar e analysar as preferenciasdo nosso publico.

A empreza do Lucilada, que pozem scena o Homem do guardachuva, tinha feito uma reducçãoconsiderável no preço dos bilhetes,e muitos attribuiram a esse facto oêxito da peça ; mas a mesma com-

panhia, com os mesmos artistas, no

mesmo theatro, poz em seguidaoutros vaudevilles engraçados, enunca mais apanhou uma «casa re-

guiar.»Qual! nisto do theatro é aceitar

a opinião do velho Pinto, una bilhe-teiro da Phenix, que foi, ha trintaannos, o primeiro a me dizer uma

phrase, que ouço repetida todosos dias : O publico meu senhor, é

pVonde onde lhe dá !¦k

O Casino Nacional, que nãosubsistiria se a empreza Cateys-son se limitasse a explorara nossacapital,faz necessariamente concur-rencia aos theatros, mas é forçosoconfessar que essa concurrenciaé leal, porque os espectaculos doCasino são realmente interessantesno seu genero, e a empreza tem ocuidado de contractar grande varie-dade de artistas que não a enver-

gonham. Lá não vou que não medivirta, e não sei, positivamente nãosei porque esse music-hall não é

freqüentado por famílias senão aosdomingos.

•k

Entretanto,não nos esqueçamosde que tivemos durante o anno al-

gurnas fortes sensações de arte; 1905

poderá ser classificado como o annodos Mestres cantores de Nurem-berg e de Cyrano de fíergerac,—sem falar d'aquella maravilhosatransfiguração da Daine aux ca-mélias, com que Sarah Bernhardtnos deslumbroun'um domingo feliz.

?

A morte levou-nos em igoS doisvelhos, que viviam pregados na cruzdo seu martyrio de artistas brasi-leiros: Flavio Wandeck e Clelia deAraújo.

Almanaque d1 O THEATRO

O primeiro, revoltado sempre

contra o abandono em que os go-vernos deixaram o theatro, |izera-seesquecer, e era uma simples recor-

dação de alguns papeis represen-

tados com talento; a segunda esteve

sempre na brecha, e era uma resi-

sínada. O seu nome romântico de

fclelia figurará na historia do theatro

brasileiro como um astro de pri-meira grandeza, quando o futurorevolver e examinar o espolio artis-

tico da nossa época mofina.Não cabe nas paginas ligeiras

de um almanak dizer o que ella joi,e quanto valia, e quanto sojjreu...

*

Não acaba ahi a nossa necro-

I logia theatral de njo5. Falleceram

|| também o tenor Rentini, que não

| era actor mas tinha uma bella voz,! e o actor Leitão, de quem se pode

j affirmar o contrario : não tinha uma

bella voz, mas era um dos artistas

mais esperançosos de quantosactualmente figuram nos dizimados

elencos das nossas companhias. Ti-

nha apenas 24 annos_; aos 3o, seria,

talvez,'O nosso primeiro actor de co-

media. Quem o viu representar o

papel do italiano Carrapatini. do

I Mljinbembc,guarda a recordação de

um dostypos mais bem observados

j do theatro brasileiro.

*

| O Theatro Municipal, que já

| impressiona o publico pelo seu as-

! pecto arrogante e m ages tos o de mo-

| numento architectonico, estará con-

I cluido durante o anno que começa

| agora, e ainda ninguém sabe com

í que peça nem com que artistas

I será inaugurado...Fala-se n'uma opera brasileira

cantada por amadores; mas não

quero crer que inaugurem com uma

onera um theatro que a lei creou

para drama e comedia, nem com

amadores um templo em que so ar-

tistas deverão pontificar....

Janeiro, 1906. Arthur Azevedo.

^C'\s\or'v& \>ara\\va^a

(Monologo)

Vou contar uma historia baralhada:Ha dois annos eu soffri paixão vehemeutePor pequena bonita e bem dotada;Orphâ de militar,alta patente,

Um rei de espada...*

Seu pae morrera de uns tumores maus,Deixando-a herdeira d£ Cortuna tal,

Que diariamente uns quatro nicolausGastava em bonds, para ver a ideal,

Dama de paus...

Rivaes, em penca, eu tinha,era uma tropa!E com perguntas próprias de creança,Atrapalhavam sempre uma cacliópa,Creada da casa de maior confiança,

Dama de copa...

Tentando, então, a posse do thesonro,Joguei logouma carta... no correio,A' viuva, relatando-lhe o namoro,Pedindo a mao sem o menor receio,

Da dama de ouro...

Da resposta, porém, n&o gostei nada:As vazas me empatou de forma dura !E a cabeça eu senti mui transtornada,Ao ler da generala a assignatura,

Da dama de espada...

A cara me cresc?u: gritos e fiaus,No deli rio do amor forte escutei;Ouvi, também, trocistas berimbáus,Reduzido de mais como, fiquei,

A um dois de paus !

BahiaAlarico Cintra

Se os autores dramaticos escutam ás

portas, é preciso que o actor entre nas

casas. Um pôde encontrar a verdade,

escutando; para ser verdadeiro, o outro

deve verFLEURY.

——====== *

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Almanaque d'0 THEATRO

Arthur NabantinoGonçalves de Azevedo,o

continuado!* iílustre deMartins Penna.é, na ac-tualidade, o inaior come-diographo brasileiro.

Não se pôde na es-treiteza de um ariigo,

estudar a sua individua-lidade litteraria e a suaobra.

Não nos vamos occu-

par do poeta.do contista,do folhetinista, mas tãoüòmente do autor dra-matico. Primeiro, po-rém, algumas notas bio-

gra picas.Nasceu no Mara-

nhão, a 7 de Julho de

1855.

«Aos quatro annos

de edade Artnur já^lia,aos mve já fazia versos

e versos superiores aos

que muito marmanjo barbado publicade quando em vez nos—a pedidos— do

Jornal do Coituncrcio, aos treze, o paemecteu-o no commercio.

Ainda no commercio, fundou O Do-

mingo, periodico litterario.

Talvez por isso, foi despedido da

casa em que exercia a sua actividade.

Sem disposição para a vida com-

mercial ubtevu a nomeação para o

logarde atuanuense da Secretaria do

Governo de sua Província,sendo exone-

rada em 1873 ou Í875, por se llieattri-

buir uma satyra contra altos poten-

tados da terra.

íVRTfiUH AZEVEDO

Arthur Azevedo resolveu então vir

para o Rio de Janeiro.

Ahi chegou,sem ter ainda uma col-

locação.

Depois de algum trabalho collocou-

se no Collegio Pinheiro, como professorde portuguez

Em 1875 foi nomeado amanuense

da Secretaria de Agricultura, Commer-

leio e Obras Publicas, de que é hoje

chefe de secção.

O littorato o jornalista deixamos

para ser estudado, por quem de mais

competencia.

Ü

m

Almanaque d'0 THE ATRO

Vejamos o essriptor theatral.Arthur Azevedo escreveu o seu pri-

meiro drama aos... 8 annos de edade 'Admiram-se ?Melhor ouvil-o contar, em seu estylo

tüo suave e despretencioso essa historiaengraçada das suas primeiras peças.

—«Desde os mais verdes annos mani-festei corta vocação para o theatro, e,se não foram meus pais. teria com cer-teza abraçado a arte dramatica. Aosoito annos organisava espectaculos desúcia com ns meninos da minha edade eficava radiante do alegria todas asvezos que apanhava um drama ou umacomedia para ler.

Na bibliotheca de meu pai, que pos-suia bons livros, preferia as peças detheatro e, como havia muitas cm fran-nez. aprendi com facilidade a traduziresse idioma para poder le]-as.

Foi justamente na Sdectn fmncnza.que encontrei o assumpto da minhaprimeira peça—uma tragédia, a únicaque perpetrei.

O episódio de Mucio Sc°v-ola, quei-mando a mão em presençi do Porspname impressionou tanto, que resolvitransportai-o para o palco.

Imaginem o que sairia da penna deum fedelho do 10 annos.

Perdeu-se infelizmente o manuscri-pto que daria hoje motivo a boas gar-iraihadas. Apenas me lembra doisversos—sim, porque a tragédia era emverso, como toda a tragédia que se res-peita.

Mucio Scevola ( e neste ponto nãome afastei da historia), intrnduzia-sefurtivamente no palacio de Porsenanare matal-o : mas, por terrível en-íT^no, em vez do apunhalar o roi, apu-nhalava o secretario do rei. Acendiaentão um amigo e confidente de Vfucioe exclamava :

Que fizeste, temerárioTu matastes o secretario !

Eis tudo quanto resta da minha tragedia!

Entretanto. Mucio Scevola não foia minha primeira peça...Um anno antes (não riam !) tinha

eu ja escripto um drama em 1 prolo-go e 5 actos, que também se perdeu. .

Ainda tenho de memória o argmmGn-to, e posso íiizel-o em poucas palavras :

Um pobre pai d« familia acliava-sen uma situação afflictíva, porque per-ra o emprego e não tinha absolnta-mente com que dar de comer á mulhere aos filhos.

Passando por uma rua, viu cahir dooolso de um millionario estroina umacarteira recheiada de notas do banco,eeigueu-a do chão som que ninguémo visse.

Travou-se na alma do infeliz um tre-mendo conflicto entre j necessidade e odever. « Rpstituirei o dinheiro? Fi-carei com elle? Se o restitnir, ninguémo aproveitará, oorque será desperdi-

a P01* ,lm perdulário; se onão restitnir poderei alimentar e ves-tir a minha prole.»A necessidade, que tem cara de he-re^e. o mais forte qne todos os escru-

pulos : (, dinheiro não foi restituido.Não foi restituido e grelnu, como hoje«e diz em linguag-em capadocia. Graças

a e^P achado, que constitui a o prolofrodo drama, o meu heròe dispoz do capi-tal necessário para embarcar numa em-preza rendorissima e accumular contose mais contos de réis. Enriqueceu.

Entretanto o millionario. continuan-|d° nasua bella vidinha de desregra-mento e dissipação, foi pouco a poucò(perdendo tudo quanto possuía, e ficoureduzido a extrema penúria.

Nessa occasião.o outro ajustou contasjcom a consciência : procurou o ho-mem, e restituiu-lhe o dinheiro,com osjuros capitilisados.

Ahi está um argumento, não de dra-ma mas de comedia, que poderia, ousodivino, ser tratado com a habilidadeaeum bardou. Nas mãos de uma cre-ança, a peça, não poderia deixar de sero que foi : um monstro.Meu pai, a quem pedi que fizesse aconta dos juros do dinheiro encontrado,

" m

Almanaque cTO THE ATRO

.interessou-se pelo meu trabalho e quizsaber qual era o enredo,j JJisse-ih'o.^Eüe teve um sorriso de approvacão,e perguntou:

Que titulo vais dar ao teu drama ?—Uma quantia,respondi muitoancho.Uma quantia ?

—Sim, seniior.Isso agora e tolice. «Uma quantia»é ,vagu, e indeterminado nao tem si-

gniíicaçao alguma. Que quantia é essa?tí a que cahe üo bolso d) inillio-

nario.-~tiem sei; mas qual é a importau-

cia ?Tres contos de réis.

Pois seja esse o litulo da peça. Tresconlos de réis sempre ó melhor que Umaquantia. Entretanto aconselho-te queaccrescentes uma cifra ; tres contos dede reis é muito pouco dinheiro.

Fiquei pasmado diante dessa opinião,porque tres contos de réis eram, aosmeus uihos, um fabuloso pecúlio, e foicom tal ou qual hesitação que augmen-tei a cifra reclamada pela critica pa-terna.

a peça foi representada com sue-cesso num sulâo que havia 110 fundo doquintal da nossa casa, um precursor doEuen-Lavradio, que meu pai reservaraexclusivamente para as nossas traves-suras, minhas, dos meus irmãos e dealguns amiguinhos da visinhança.

—Prende-se a esse turbulento salão(digo salão, para conservar o nome quelhe davainos ) as felizes recordações daminha mfancia.

—Üonstruiu-se mais tarde um thea-trinho nas lojas de urn sobrado da ruade Santo Antonio, a alguns passos dacasa onde, poucos annos depjis, o de-sembargador Pontes Visgueiro, assas-sinava a pobre Maria da Conceição.

Naqueile sobrado residia o Manoeldo tíico, assim chamado por ter tidonegocio numa casa terrea, cuja esquinaformava um angulo agudo, a familiadesse honrado negociante gostavamuito de theatrinhos particulares,

Aüi foi representada uma comediaminha, intitulada 0 fantasma na aldeia,

plagio escandaloso do Fantasma Branco,de Macedo, reduzido a um acto.

—Em 1879, alguns moços, emprega-dos, como eu, no commercio, construi-ram 110 largo do (Jarmo, (hoje praçaJoão Lisboa), por baixo do GabinetePurtuguez de Leitura, um theatrinhoa que deram o arrogante e pomposo ti-tu lo de The atro Normal.

Ahi üz representar, e eu proprio re-preseinei, um melodrama cujo ma nus-oripto ainda possuo. Intitulava-se^)'-nundo, u aigeitaáo, e era extrahido deuma noveila de Lopesde Mendonça.

Meu irmão Aluizio de Azevedo, onosso íllustre romancista,desempeuiiouo papel de Maria, que se apaixonavapor E ernando.o engeitado, desgostan-do assim u Sr. Duarte, seu marido. OSr. Luarte, era eu.

—Pelo mesmo tempo, escrevi outracomedia, que foi lambem representadano Theatro Normal: Industria ecelibato.

Como se ve, a minha especialidadeeram os títulos infelizes, a. acçáo dessacomedia passava-se na cidade do Riode Janeiro, que eu não conhecia ainda.

Unidos personagens, logo depois dasprimeiras scenas, entrava iatigadissimode uma longa jornada em caminho deferro: vinha... de Matacavallos.

Eu suppunha,não sei como,que Mata-cavallos fosse uma localidade distanteda corte, como, por exemplo, Vassou-ias ou Valença.

iNa platéa estava um guarda-livros,novo na terra, chegado recentementedo iiio de Janeiro. Esse homem riu abandeiras despregadas quando o actorexclamou, com uma mala em cada mão:

Uf!... venho de Mata-cavallos!Só em 187;*, chegando a esta capital,

veriíiqueio meu erro e comproheiidi aiiilaridade do guarda-livros.

—Em 1870—linha eu então 15 annosescrevi o Amor por annexins. E01 O

meu primeiro trabalho exhíbido emtheatro publico, e, até hoje, o que temsido, talvez ouvido mais vezes, poisconta centenas de representações tantouo tírazil como em Portugal, devido,não ao merecimento da obra, mas aofacto de ter apenas dois personagens.

Almanaque d'

—Ahi têm a historia das primeiras]peças de um comediographo sem the^. -

tro, sem artistas, sem publico, sem es-

timulo de especie alguma, que chegou,

I infelizmente, aos 47 annos semrealisar

j o seu sonho de litteratura e de arte.»?

• •

Agora façamos o possível para dar o

| catalogo das suas peças: Amor por an-j

nexins, comedia em um acto ; O Anjo da

vingança, drama em 3 actos, de colla-

boraçãocom Urbano Duarte; O Badejo,

(representado em Portugal com o titulo

O Bandolim,)comeiia em 3 actos,em ver

so; O Barão de Piiuassú, comedia-operetaem 4 actos; O Bilontra, revista de 1885,

em 1 prologo e 3 actos, de collaboraçãocom Moreira Sampaio; A Capital Pede-

ral, comedia-opereta,ein 3 actos ; 0 Ca-

rioca,revista de 1886, em 1 prologo e 3

actos,de collaboração com Moreira Sam-

paio; Cocúta, revista de 1884,em 4 actos.

de collaboração com Moreirá Sampaio;Cana dc Oraíes,comedia em 3 actos, de

collaboração com Moreira Sampaio ;A Donzella Theodora,operetaem 3 actos;E mettam-se!,comedia pm l acto\hntrc.

Bi o vermoulh e a. sopa, comedia em 1 acto,O escravocrata, drama, em 3 actos, de

de collaboração com Urbano Duarte; A

Fantasia, revista de 1895, em 3 actos;

Frilzmack, revista de 1888, em 1 pro-logo em 3 actos, de collaboração comAluizio Azevedo; O Homem, revista de1887, em 3 actos, de collaboração comMoreira Sampaio; O Jagunço, revistade 1897, em 3 actos; Joanico, operetaem 1 acto ; A Joid, comedia em 3 actos,em verso,- Keller e Fagundes, entre-acto comico ; O Liberato, comedia em 1

acto; O Major, revista dc 1894, em 1

prologo o3 actos : O Mandarim, revista

de 1883, em 1 prologo o 3 actos, de col-laboraçüo com Moreira Sampaio ; A

Mascottc 11a roça, comedia em 1 acto ;Mercúrio, revista de 1880, em 3 actos,

de collaboração com Moreira Sampaio;

Uma noite cm claro, comedia em 1 acto,

| Os Noivos, operetas em 3 actos ;A Pelle

do lobo, comedia em 1 acto; A Princesa

THEATRO

dos cajueiros, operetafem 3 actos; Pum!,

opereta em 3 actos e 6 quadros, de col-

laboração com Eduardo Garrido; Re-

publica, revista de 1889, em 1 prologo e

3 actos, de collaboração com Aluizio

Azevedo ; O Rio de Janeiro em 1877,

revista em 1 prologo e 3 actos, decollaboracão com Lino de Assumpção;

O Tribofe, revista de 1891, em 3 actos;

Uma Vespera de Reis na Bahia,comediaoperetaem acto; Viagem ao Parnaso,revista de 1890, em 3 actos; Comeu,ravista de 1901, em 3 actos; Retrato a

oleo, comedia em 3 actos; Amor aopello,satyra em 3 actos; A filha de Maria

Angu, opera cômica em 3 actos, es-

cripta a proposito de La Filie de Ma-

dame Angot; O alfacihJia, scena cômica

em verso; Abel Helena, opera cômicaem 3 actos.escri pta a proposito da Belle-Helene ; Confidencias, dialogo comico;Gavroche, revista de anno; Duas irmãs,drama; Viuva Clark,burleta em 3 actos;A Almanjarra, comedia em 3 actos.

## *

Vejamos agora as traducções, adap-tações e imitações :

Casadinha de fresco, opera cômicaem 3 actos, imitação de Petite Manée-,

Jerusalém Libertada, drama phantas-tico em 4 actos e 10 quadros; A Filhado

fogo, opereta magica em 3 actos e 12

quadros; A Pérola negra, drama em 5

actos o 7 quadros\ O Rei das areias de

oiro, drama em 5 actos; Primeirasproe-.:;as dc Richelieu, comedia em 2 actos de

collaboração com Arthur Barreiros;Ninichc, comedia em 3 actos ; A Ca-

margo, opera-comica, em 3 actos; Es-colados mandos e Sganarello, comédiasde Molióre, Gillete de Narbonne, Falha,

Príncipe da Bulgária, Quasi, Flor de lis,Genro c sogro, Coquelicot, Fres Boti-canos. Dia e Noite, Filho de Cor alia,

Mascaras de Bronze, Mulheres do Mer-cado, Kedempção, etc.'

?* «

(») O l'J02.

Almanaque cTO THE ATRO

Arthur Azevedo, discípulo talvez deMartins Penna, excedeu ao mestre.

São estes dois escriptores e FrançaJúnior que, com mais verdade e melhorobservação, estudaram os nossos cos-tumes. t |

Àrthur Azevedo é-lhes superior. Jácomo observador, já pela naturalidadee já pelo conhecimento da technica;theatral.

O seu triumphar constante e os ata

ques injustos de que tem sido victima,

provam de um modo a não poder sercontestada a nossa opinião

Fazemos nossas,as seguintes palavrasde Souza Bastos :

«O theatro ainda não teve quem lhefosse mais dedicado, quem mais ti aba-lhasse para o seu engrandecimento, |quem produzisse*tanto e tão bom».

—Com effeito nenhum outro escriptortem abordado, com tanto successo, tau-tos ramos de litteratura dramatica.

O seu triumpho começou aos 15 annoscom o Amor por annexius e tem sido

continuado, liara é a peça do mestre

que não seja um successo Para mim, éArthur Azevedo mais notável como co-mediographo. Isso não quer dizer quenão seja um bom dramaturgo e um ex-1cellente escriptor de operetas, vaude-

vilies e revistas. Na cunedia e espe-cialmente na comedia de costumes é

onde o vemos mais a 'gosto.

Fere as scenas com uma precisão in-

crivei, photographa os typos com umaverdade inexcedivel. Trazemfim, parao palco, palpitante de verdade, a nossaVida.

E fal-o sem necessidade de ficclles,sem carregar as tintas,sem grossos tra-

ços de pincel.O que não é, é critico theatral, mau

grado o seu alto conhecimento do tliea-iro.

O seu temperamento bondoso em ex-tremo, a sua fidalgtiia de sentimentosrequintada o não deixam dizer tudo

quanto pensa dos autores, aetores eobras. Tem sempre uma desculpa paraos erros.

Por isso mesmo ainda não conseguiu

moralisar o nosso pobre theatro que,aliás, ama como ninguém mais o ama.

E ell; reconhece a sua. incompetência

para a critica e se não cança em pro-clamal-a.

Quando mesmo apaixonado em algu-

ma polemica, como com o Antoine,

não atira golpes para ferirem fundo.Contenta-Sd com cortar apenas a epi-

derme do adversario.O muito que tem feito pelo nosso

theatro dttve-Ne às suas comédias. Tam-bem Lessing mais fez pelo theatro ^11^-

mão com as su <s peças que com os seus

i artigos de combate.

Henrique Marinho.

.

Actriz cantora juanita jViar\y.. •

Padre-nosso do actor

Ponto nosso que eslaes na caixa;

bem conhecido seja o nosso' nome,

venha a nós as vossas palavras.; mas

seja isso leito com vontadie, tanto

n'esta terra, como em qualquer ou-

tra, vê que ó o pão nosso de tada

dia o que nos dás hoje; perdoae as

nossas dividas embora nós n ão as

perdoemos aos nossos devedores;

não nos deixe cahir n'alguma tolice,

mas livrae-nos das entalações. A-meu.

• /I , '•

. . . k- ¦

!' < ¦ ¦ > v 'X

*" ' ffimr' «wt 4''¦ • ;K') ''1^*"' ' ' y^' V¦$F^' ";,V''V .

4

Embora rudimentares, es-Ias nulas são escnplas comos receios que assa liam ausbiographos dos grandes vul-los, porque Eugênio do Ma-

galhães, incontestável mente,vive n'um plano superior aomeio em que o desuno o col-iocou. Não e seiii Oifílculda-des que v.uiios dar algunsdos seus traços biugrapliicos.

Sendo porLuguez por 11..s-cimento, c todavia acior bra- )sileiro, seguindo o paradoxode Voltaire,que dizia que os

poetas nascem, mas que osoradores e aciores fazem-se!

Nascido na aicliiepi>c<»paLcidade de Braga, em l !S5J,sahiu de Ia com 12 annos,com destino ao Brasil, na-luralinenle p;ira alti seguira carreira commeicial, maso que ò certo, ó que aos 19anmis, ja era actor.

Em que companhia ?

Não nol-o dizSouza Bastos,a quem |[ dando o nomo que tão justiceira-mente havia adquirido.

Foi na companhia Dias Braga, queo vieram encontrar os irmãos Kosase Brazáo, convidando-o a ir para Lis-boa, atim de trabalhar no thealronormal de D. Maria II.

Acfor Eugênio cie Magalhães

consultamos, no seu livro «Carteira'

| do artista», nem tão pouco nós o

j: sabemos.

Quando o vimos pela primeira vez,

! jáelle era artista consummado,e lem-

|í bra-nos bem de ter ido expressamente

•ji ao liecjeio üramatico, para assistir arepresentação do drama «Filho de

\ Coralia > em que elIo desempenhavacom geral agrado o protogonista.

Era mesmo um verdadeiro successo.

D\ahi por diante liamos no cartaz

j ininterruptamente o nome de Eugêniode Magalhães, a quem eram distri-buidos os principaes papeis de galan,sempre agradando, sempre consoli-

N'este thealro foi mal julgado ;achava-se deslocado, o meio era mui-to diííerente, a escola outra, e as

peias ainda mais differentes ás dostheatros em que iniciara a sua vidaartística.

Veiu por fim a falta de saúdeobrigal-o a mais pressurosamenteregressar ao Brasil,sem ter consegui-

Almanaque d'0 THE AT RO

- I

I

Almanaque d10 THEATRO—

I

do modificar as primeiras impressõescom que fôra recebido!

Não vai longe o tempo em que eraconsiderado o primeiro gahm do Riode Janeiro, salient,ando-se semprenas companhias de Furtado Coelho,Guilherme da Silveira, Ismenia dosSantos e Lucinda Simões,além da deDias Braga,a que já nos referimos e

onde Eugênio está de novo,lendo ul-limamen le creado com sue,cesso o protogonista da peça de Igurbide Novo

Jesus».Fáz pena que a falta de saúde e

de companhias em que se possa con-tractar tragam, de quando em vez,arredadoda scena um artista,a quem,sem duvida, ainda estão reservadasmuitas noites de glorias e de trium-

pho pois tem muito talento e pro-undo respeito pela arte que professa.

L. H.

De todas as artes imitativas, éa do theatro a que menos pôde dis-

pensar belias qualidades natnraes.Sticotti

Partiu Francisco Ferreira

de Souza, (éo seu nome)aos

11 annos de edade de sua

terra natal, a pittoresca ilha

do Faval, nos Açores, para o

W\o de J meiro afim de se

dedicar, como tantos outros

á carreira commercial quenão lhe foi propicia.

Começando a representar

como amador, seguiu mais

tarde como actor com uma

associação de artistas em

excursão pelos estados do

Sul.

l)e regresso ao Hio, estrei-

ou-se no S, Pedro de Alran-

tara na Volta do mundo cm

80 dias, contractado porGui-lherme da Silveira, que de-

pois o levou ainda em sua

companhia para o Sul.

Quando voltou ao Rio, entrou

para a companhia de Furtado

Coelho que inaugurava o theatro

Lucinda fazendo elle um galan-co-

jtator perreira de 5°^za

micu na comedia Casamento do, Olym-

pia.Furtado Coelho terminando a sua

enopreza, foi Ferreira novamente,

Almanaque d10 THE ATRO

para a companhia de (luilherme da

Silveira, que enlão funccionava no

theatro Recreio.

Depois de mais algumas excursões

ao Norte e Sul do Brasil, conlraclou-

se com Dias Braga, estando nessa

empreza cerca de 15 a11nos, lendo

com e 1 la ido ao Norte do Brasil, e

da qual se retirou para se fazer em-

prezario do Lucindae mais larde i.°

actor da ultima companhia que Mo-j

reira Sampaio, leve neste tliealro.

Voltou ainda ao Hecreio, de onde

sahiu para a companhia de Lucinda

Simões, na qual se conserva digna-

mente ale o dia... que lia de voltar

novamente ao Recreio, onde o cha-

ma o especial repertorio do Dias

Braga.Em companhias dramaticas, Fer-

reira de Souza ò um dos nossos

adores mais uteis. Faz ceniros-co-

| micos ou dramalicos, galans, tyra-

nos, creados... tudo quanlo é pre-ciso. Desde o PaUmço, o seu cava lio

de batalha, ou O João José, ao Vau-

cracio, do Ca c Lá..., que lhe

devo uma parte do seu legitimo sue-

cesso.Ferreira é pae do joven actor Can-

ilido Ferreira, um rapazquefoi alum-

no mililar e anda mambembando por

capricho e será, como já deu provas

no theatro Lucinda, na empreza de

seu pae, o nosso primeiro galan dra-

matico, desde que se corrija dos vi-

cios da ro«;a e da actriz Dina Ferrei-

ra, também muito joven e aprovei-

lavei. Ferreira tem o direito de ver

os seus dois filhos trabalhando na

primeira companhia nacional que o

governo organisar.

Ferreira é o mais modesto dos

nossos adores—dil-o o nosso su-

perlalivo— e mesmo ao Ferreira, já-mais se tfiu talardear jadancia de

merecidos applausos que lhe hajam

Mio iodas as plalèas que o tem ad-

mirado. E estás linhas, não são mais

que devidas, não só pelo seu ta-

lento como p^lo denodo do seu tra-

balho em pról da arte dramalica.

B. J.

Em uma visita que Mascagni fez

a Londres, encontrou numa rua um

realejo locando em passo de carga

um dos mais vagarosos trechos da

sua bella Cnvallcna. Não po lendo

conter-se, deita-se ao homem, em-

punha a manivela e móeelle proprioe a seu gosto a peça de musica.

o uai não foi o seu espanto, po-

rém, ao encontrar no dia seguinte o

mesmo homem e o mesmo realejo

coberto com um grande cartaz on le

em lettras garrafaes.se lia : Discípulo

de Mascurjin.

O actor deve estudar o publico,

prescrutar o coração de todos aquel-

ltó que se approximam d'elle edis-

cutir comsigo mesmo, o porquê do

indo o que vò e de tudo o que ouve.- 4

ClaIKON

Escolhem-se os melhores soldados

para uma parada; deveria ao menos

haver a mesma atteneão para com

os adores.

Mekciuk.

H EATRO ;

1

-Domingos Braga.

O n ais delicado—Peixoto.O mais talentoso-Eug.de MagalhãesO mais economico — Manoel Pinto.O mais feio—Franldin Bocha.O mais engraçad< --Machado, Careca. !O mais vaidoso—Brandão.O mais raneoioso—F. Mesquita,ü mais modesto—Ferreira de Souza.O mais amado—Maizullo.Ornais feliz—Olympio Nogueira.O mais rico—Dias Braga.O mais iheumatico —França.

O mais trapalhãoO mais calado — Ernesto Silva.O mais narigudo—Jorge Alberto.O mais illustradí)—Ohristiano.O mais intelligente--EdmundoSilva.O mais negociante—Oeááf, de Lima.O mais beneficiado—Leonífrdo.O mais engrossador—Campos.O mais foi te - J* ão Barbosa.U mais familiar — Alfredo Silva.O mais fri<> - Bragança.O mais triste —Ál varo Peres.O mais retioeedente—Pedro Nunes.O mais baixo (ua altura) — Louro.O mais creança—Luiz Peixoto.O mais fallador — João Silva.O mais amador—Mario Brandão.O mais irrequieto—João Colas.O mais filante- José da Yeiga.O mais angélico—líamos.O mais costureiro —H. Machado.O mais velho—Soares de Medeiros.

O mais magro—-Dias de Birros.

O mais mambembeiro— Aff. de Oliveira

O mai-í pratico—Eugênio Oyanguren.

O mais apaixonado—Serra.O mais poeta

— E. Leite.O mais encostado —Bettazzoni.

O mais calmo—Linhares.O mais convencido - J. Ayres.

O mais protegido—João de Deus.

, O mais gritador—Brandao Sobrinho,

j! O mais chorão—José de Castro.

| O mais grosso —Na zar^th.O mais conservado—A. Marques.

E... o mais antropophago—Amado.

Porque chamam o Chico Mes-

quita de Ubaldino do Amaral!Porque não esquenta logar.

Em uma noite de espectaculo,en-trou um «dilettantc» no theatro Catlos

Gomes, durante um intervallo, e, sen-

tou-se perto de um sujeito de bengalão

e chapéo de abas largas.Tem a bondade, pergunta o re-

cem-chegado, de dizer-me em que acto

estamo«.Não sei, responde o homem do

bengalão, eu não sou da cidade.

A natureza começa o actor; é o

estudo que o acaba.Dor at.

Almanaque d'

^s=|>= 0s theatr

No dia de A uno Bom de 1906 a

Capital Federal possuía, em condi-

ções de funccionar, 10 theatros pu-blicos e para mais de 30 sociedadesdramatica s particulares.

Havia em construcção o gran-diosoTheatro Municipal, situado na

Avenida Central, proximo á rua do

Passeio

Os dez theatro são :

0 Lyrico — Outr'ora chamado

D.Pedro 11. Foi construído na fraldado morro de Santo Antonio e é pro-

priedade do commendador Bartho-

lomeu Correia da Silva. Este thea-

tro, apezar de velho, é o mais con-

fortavel que temos pela disposiçãode suas localidades ; o espectadorsente-se bem e avista o proscênio de

qualquer ponto do theatro.A sala do Lyrico comporta 2.500

pessoas, inclusive aorchestra. Temduas tribunas nobres, onde tantasvezes se viu a família imperial e hojereservadas ao presidente da Repu-blica e seus satellites nos dias de

|j grande gala.As localidades são : 42 camaro-

tes de Ia ordem; 42 de 2a; e uma ga-leria na 3:1 ordem com 500 logares ; a

platéa lem 426 cadeiras de Ia classe,380 de 2a e 220 varandas numeradas.

No palco do Lyrico exhibiram-se os cantores mais celebres do niutvdo. Dentre os antigos citam-se: Ta-magno, Bolis Gayarre, Marconi,Castelmary, Baptistini, Storchi, Bor-

phi-Mamo,Scatchi-Loli, Repetto,Ma-rietta Siebs. Dentre os mais moder-nos: De Marchi, Caruso, Gabrie-lesco, Bassi, Zenatello, Camerá, Ar-changeli, Menotti,Carusson,Magini-

theatro

§ da Rio

Colctli, Didur. Paoto Wulmann,

Tansini, Carelli, Theodorini,_ Adal-

i tfisa Gabbi, Luiza Tettrazzini, Dar-

clée, Farnetti, Palermini, Livia Ber-

tendi, Adelina Sthele, Guerrini, Mon-

talcino, Galvany, Borlinelto, Boro-

nat, Maragliano, ele., etc.

Rebentes dos mais illustres tem

ali agitado a batuta dirigindo orches-

tras grandiosas: Bassi, nos tempos

áureos do Ferrari; o nosso gloriosoCarlos Gomes; Marino Mancmelli,

que arrebentou os miolos com um

tiro de revolver e era o mais com-

pleto e perfeito dos regentes que tem

vindo ao Brasil, e, quiçá ao mundo;

Arnaldo Conti, George Polacco, de

grande futuro, e ultimamente Luigi

Mancinelli, digno irmão de Marino.

Outras muitas companhias tem

trabalhado no Lyrico, com especia-

lidade a do finado Tomba, de opera

cômica italiana, as de Sarah Ber-

nhardt, Goquelin, Duse,Delia Guar-dia, Antoine,quenos trouxe SuzanneDesprés, hoje celebridade, Emma-iiuel,Maggi, Rossi, Novelli e muitasoutras portuguezas e brasileiras quealli vão dar, esporadicamente espe-ctaculos em beneficio.

O Lyrico (horresco referens!)

já foi transformado em circo e nelletrabalhou um clavn celebre, o Bebe,

I Lia empreza Ducci.Tèm-se exhibido cinematogra-

phos no seu palco, onde também

j conquistaram louros e loiras ostransformistas Frégoli e Aldo.

Dos emprezarios do Lyrico os| mais infelizes foram: Marino Manei-nelli, que se suicidou por não poderpagar aos seus artistas, entre elles oDe-Marchi que era exigente e ga-

Almanaque d1 O THEÀTRO

nhava cerca de cinco contos pernoitee o Syndicato Lyrico, que levou otiro por esperteza do agente contra-ctaior dos artistas.

Os demais têm sido: CelestinoSilva, um emprezario que sempre

ganha dinheiro (este homem nasceuimpcllicado, lendo começado a vidacomo cambista. Possue a veine dotheatro e tem hoje cerca de dois milcontos de fortuna o que o não privade ser ainda muito economico);LuizDucci, emprezario malandrão, quequando as dividas apertam, disparacom o cobre dos assignantes ; Gio-vanni Sansone, com altos e baixos,

já tendo feito também as suas sahi-das falsas, deixando os artistas en-talados (todavia Sansone é amigo doBrasil, sendo o seu principal defeito

um orgulho excessivo... nos dias de

estréa da companhia, orgulho quese quebra com a primeira pateada);Donato Rotoli, socio de Sanzone,com o qual se entende harmônica-mente ; Luiz Milone, um exquisitão,com a mania de impingir a Sra. Ge-

sana em papeis de responsabilidade

( Milone ganhou dinheiro com o

Tomba e depois da morte deste as-

sociou-se ao Celestino: teve juizo ..e

sorte); Ballesteros, outro emprezario

activo, etc., etc.O que ha de notável no Lyrico

são as galerias, celebres pelo acerto

do seu julgamento.São temidas as pateadas das

nossas galerias: decidem muitas ve-

zes da carreira do artista, aqui e no

estrangeiro. As mais celebres patea-das foram as motivadas por: ausen-

cia do maestro Bassi na reiencia da

Aid a em 87 ou 88; substituição do

barytono Menotti na D. Branca, de

A. Keil; desafinação dos tenores

Cardinali, no M^phistophelis, José

Oxilia, no Olheis, Prévost, no / ro-

vador, e Ernesto Colli (que breve

nos volta com o rotulo de melho-rado) no Rigoletto, Garagnani, naMignon, Kupper-Berger na Aid a

e Maria Verger, na Carmeu, etc.As galerias prestaram valioso

serviço aos espectadores do Lyrico:acabaram com os chapéos das se-

nhoras na platéa, embora isso lheshouvesse custado muitas offensas da

policia tresloucada do famigeradoEdwiges de Queiroz, o mãosinlia doPrudente.

S. Pedro de Alcantara—Situ-

ado á Praça Tiradentes, pertencehoje ao Banco da Republica.

Tem uma tribuna nobre, 24 fri-zas, 30 camarotes de Ia ordem, 21 de

2a, 71 galerias nobres, 330 cadeiras

de Ia classe, 167 de 2a e entradas ge-raes (galerias).

O S. Pedro de Alcantara que foio theatro dasg'orias de João Cae-

lano, já ardeu dua^ vezes e'%scapou

de arder a 3a, torrado pelo Banco a

uma empreza jornalística. No seu

palco, tèm trabalhado artistas dos

mais illuslres. Tem o defeito de ser

muito abafado e não ter jardim. Ar-

thur Azevedo luetou o quanto pode

para fazel-o o nosso theatro Munici-

pai, mas havia interesse em se con-

struir o outro.Nelle trabalhou a ultima com-

panhia que a viuva Ferrari trouxe ao

Brasil.Deu apenas oito recitas, em

1893. Por essa occasião ouvimos,

pela Ia vez, a Manon Lescaiit, de

Puccini, e o Falstaj/, de Verdi, este

l unhem cantado na mesma noite no

theatro Lyrico, em premicrc, pelacompanhia Ducci. Luctaramas duas

emprezas e venceu a do Ferrari, não

só pela novidade como pelo menor

numero de recitas.Cantou o Falstaff no S. 1 edro

Almanaque d10 THEATRO

barytono Sccotti e no Lyrico o Ca-

mera, este com mais voz e menos

arte que aquelle, impagavel no pro-togonista da ultima opera de Verdi.

A Mcinoii nos foi cantada por tres

dos seus creadores: Cremonini, b er-

rani e Moro. Era regente da orches-

tra o maestro Campanini. Os artis-

tas que mais agradaram foram: Cre-

monini, sublime no Mephistophehs

j e Favorita Mariacher, no Othelo e'na Aid aEva Tetrazzini e a cantora

portugueza Maria Judice da Costa,

extraordinaria na Favorita e na

Aida, cantando como mezzo-so-

prano.Esta Judice voltou-nos annos

depois em companhia do Sanzone,

j mas esposa do barytono .Carusson,II que também veiu ao Rio, no anno

| seguinte ao de sua esposa. Judice

| teve a velleidade de se fazer soprano

;| dramatico e tornou-se artista médio-

cre; Carusson era um barytono de

[salão, fino cantante, mas de notas

veladas pela acção do tempo...O S. Pedro tem tido também

muitas companhias tyricas baratas

I e algumas boas, entre eltas a do anno':!

passado com os tenores Castellano

f e De Neri, este fallecido no Pará.

!! De Neri atlingia facilmente ao doI natural.

Uma companhia franceza de

opera-comica e depois outra de vau

theatro que dá melhor circo. Franck

Brown escolhe-o sempre.Foi no S. Pedro que o Centro

\ rtistico representou as operas

Hóstia e Arthemis, duas formada-veis caceteações e as comédias Ba-

dejo de Arthur Azevedo, Raios X e

ironia, de .Coelho Netto, e Douto-

i\is. de \ alentim de Magalhaes.

Esta ultima não agradou. Va-

tentim era uma verdadeira negação

para a litteratura dramatica. Betto

chronista e péssimo dramaturgo; as

suas peças (oram quasi todas patea-das.

O S. Pedro chamou-se antes

theatro S. J.oão.

dcville escolheram o S. Pedro parao seu acampamento e a Delia Guar-

! dia prefere-o a qualquer outro thea-

I tro.A companhia do theatro D. Ma-

ria, de Lisboa, com os Rosas, Bra-

zão, Rosa Damasceno, etc., traba-

lhou pela ultima vez no Brazil em

1893, neste betlc theatro.No S. Pedro realizam-se os

mais concorridos bailes de carna-

vai. Depois que um incêndio des-

truiu o Polytheama, o S. Pedro é o

Apollo — Situado á rua do La-

vraçíio 11. 50 ; foi construido por ini-

j ciativa do fallecido actor Guilherme

!' da Silveira, com dinheiro ganhoII com a Friizmak eGato Preto no

| Variedades. Guilherme tinha o vicio

do calote e sem pagar aos credores,; mandou construir aqui o Apollo e

|| em Lisboa o 1). Amélia.Tem 18 camarotes numerados e

5 das lettras A a E ; 6 camarotes de

j| 2a ordem, 2 frizas, 400 cadeiras, ga-i| lerias nobres, geraes e vasto jardim.I| E1 o theatro mais estimado do pu-!l blico.

Pertence hoje á EmprezaThea-

trai do Brasil, ou antes, ao empreza-

rio Celestino da Silva.O Apollo é o theatro escolhido

pelas companhias de opereta portu-

gueza que ha uma serie de annos fa-zem a fortuna de Celestino e enchem

a meia dos artistas. Taveira, Souza

Bastos, Miranda e agora Rangel

Júnior são os emprezarios-socios

que mais se têm locupletado com as

enchentes do Apollo.Actualmente atli funcciona a

| companhia de que são socios: Ce-

Almanaque d'

lestino, Milone e Francisco Mes-

quita, que se experimenta pela 2a

vez como empresário.Mesquita ó discípulo de Ceies-

tino e deste aproveitou muito no to-cante á direcção de companhias ;aliena algumas sympathias pelo seu

gênio pouco expansivo e contrariaum tanto o publico dando papeis de

responsabilidade a uma formosaprincipiante : a Sra. Carmen Ruis.

A companhia organizada peloMesquita desta vez é magni(ica e do

seu elenco fazem parte os artistas :

Juanita Many, Ismenia Mateos, Vi-

ctorina Cezana, Pepa Delgado, Car-

meu Ruis, Anua Leopoldina, Na-

thalina Serra, Maria Santas e A imita

Silva; Brandão, Colas, Leonardo,! tenor Cilla, Antonic Marques, João

Barbosa, Brandão Sobrinho, Linha-

res, Samuel Rosalvo e taria.

A empresa tinha um bom ele-

mento de agrado no barytono Be tias-

soni, mas tendo este adoecido, de

enfermidade que reclamava conva-¦ lescencia,a empresa despediu-o por-

que... porque no Brasil nao ha leis

que garantam nem os artistas, nem

| os empresários.O regente da orchestra ó o ma-

estro Dr. Assis Pacheco; o ponto,Rego Barros; machinista, Augusto

Coutinho (outro temperamento ori-

ginal,de phrase secca, vida solitaria)

j contra-regra, Belmiro Paim e en-

I saiadores, Milone, Colás e Brandão.

Desta companhia também jize-ram parte os artistas : Chaby Pi-

nheiro, Ernesto Portules, Isaura

! Ferreira Bertha Duchamps e Mar-

I tins Veiga. Fallecen o actor Leitão,

que era um dos bons elementos da

Lmpreza.A estréa foi com a Gueicha, se-

guindo-se-lhe O Caruet do diabo, a

Pera de Satanaz, O Bico do Papa-

gaio, O Lago Azul (um primor de

THEATRO

partitura) A Volta do mundo em 8o

dias, O Gato Preto, Os granadeiros,Guanabarina, etc.

Com este repertorio magnifico

foi esta companhia a S. Paulo.

S. José—Antigo Principe Impe-

rial, depois Variedades e ainda de-

pois Moulin Rouge. Situado á praçaTiradenles n. 3 em frente ao S. Pe-

dro de Alcantara.E' hoje propriedade de Pas-

choal Segreto.

Quando passou de Príncipe Im-

perial a Vaiiedades, nelle se ins-

tallou Guilherme da Silveira,_ vindo

com a sua Empresa da Phenix. Es-

treou com o Trem de recreio. Esta

companhia era muito homogenea e

delia fasiam parte, entre outros, os

artistas : Ismenia des_ Santos, Do-

lores Lima, Cie lia, Celina Bonheur,

E dei vira Lima, Corina, Balbina

Maia, Anua Leopoldina, Mathilde

Nunes, Manareszi, Guilherme da

Silveira, Bernardo Lisboa, Arèas,

Sepulveda, Carios Guimarães (hojenegociante em/ST Paulo, conhecido

pelo Gato Preto, nas rodas de

lheatro. Este Guimarães entrou parao lheatro-apaixonado pela arte... e

por uma actriz. Era 2° annista de

medicina quando jes esta loucura),

Mendes Braga, Pedro Nunes, Joa-

quim Maia (um grande actor. de

comedia) Machado Careca, Almeida

(um galã de futuro, morto pela tu-

berculose, rapidamente desenvol-

vida em orgias com a actris Edel-

vira); Fernando Portugal, Zejerino

de Almeida, etc.Guilherme da Silveira explorou

o drama e a comedia, sem resultado.

Peças como o Chapéu alto, Alinha

mulher não tem chic, Corsário Ne-

gro, Hussatd Veunelho, Franceses

Almanaque cTO THE ATRO

em Portugal,Regeria Laroque,Mys-

terios de Lisboa, etc, não conse-

guirarn chamar o publico.Este passou a freqüentar o the-

atro com as Andorinhas,ISS8, Gato

Pzeto, Republica, Passo do Coná-

tzangimento, Fiitzinak, peças quemuito agradaram e enriqueceram

Guilherme da Silveira. Rosa Villiot

já fazia, então, parte da Empreza.Depois do Guilherme, foi a Isme-

nia para o Variedades e seguiu o

mesmo caminho; perdeu dinheiro

com os dramas e ganhou com a ope-

reta e a magica.Ismenia estreou com a Meia-

noite, arranjo de Soares de Souza

Júnior e Henrique Chaves, drama

de muito effeito, mas que apenas

cobriu as despezas; depois deu:

os Rouxináes, obilho de Coralia,

Martvr, etc, até que o brei Satanaz,

Maçãs de Ouro, Diabo Coxo, Miini

Bilontra, Dama de Ou to, etc, des-

forraram-lhe os prejuízos,dando-lhe l

uma fortuna que não soube conser-1

var, do contrario não estaria na con-

tingencia de mambembaz aos 60

annos! ...Da Companhia da Ismenia jize-

ram parte os artistas; Guilherme de

Aguiar, Peixoto, Arôas, Leonor Ri-

vero, Bernardo Lisboa, Sophia Cam-

pos, Amélia Loppicolo, Piá, João

Rocha, Corina, Maria Maia, Alfredo

Peixoto, Eduardo Rocha, Af|onso

de Oliveira, Francisco Mesquita,

Castilhos, Soares de Medeiros, Silva

K e outros.Passou depois o Variedades a

se chamar Moulin Rouge e nelle re-

appareceu a cançonetista Cinira Po-

lonio, já sem voz, livrando-se de

uma pateada por ser brasileira.

Uma injustiça ! Cinira diz ado-

ravelmente qualquer cançoneta. De-

ve-se a cila, em grande parte o sue-

cesso do Cá e La.

Depois o Moulin, passou á de-

nominação de S. José e nelle ganhoumuito dinheiro em 1903 o José Ri-

cardo com as Agulhas e Alfinetes.

O S. José teve o anno passadoo seu presepio e ainda lhe estão re

servadas outras surprezas, agora

que é propriedade do activo e sym-

pathico emprezario Segreto.

O S. José tem as seguintes con-

dições:

DIMENSÕES METROS

Largura da bocca de scenaAltura da bocca de scena 7 10

Cumprimento do palco scenico 14.JULargura do palco scenico 13.00Comprimento da platéa? 19.10Largura da platéa o inAltura do tecto

LOTAÇAO

FrizasCamarotesCadeiras de 1?..Cadeiras de 21'..VarandasGaleriasEntradas gentes.

PREGOS

121

4972767

SUO500

30$30$

5$4$5$2$n

TOTAL

30$000630$000

2:485$000108$000335$000GOOfOOO500$000

Sendo a receita da lotação com-pletade 4:688?000

Existem no estabelecimento

duas campainhas electricas, sendo

uma do palco para o publico e uma

do ponto para o palco scenico.A illuminação é feita por 101 bi-

cos de gaz incandescente, systema

Auer e pode ser feita por eleclrici-

dade, tendo ligação com os potentesdymnamos da «Maison Moderne»

que actualmente fornecem energia

para cinco tampadas em arco, sendo

jduas na platéa, uma no saguão e

duas na frente do theatro.O theatro é situado n'um optinio

ponto da cidade, cujas proximida-des são frequentadissimas, especial-mente á noite e transito de diversas

Almanaque d'

companhias de bonds, tendo em

frente o ponto inicial dos carros da

Companhia Villa Isabel.

i

Lucinda—Situado árua do Es-

pirito Sanlo n. 24. Foi fundado porFurtado Coelho. Tem 13 camarotes,306 cadeiras, 96 galerias numeradase jardim.

Neste theatro em 1905, esteve

uma companhia dirigida pelo velho

Heller, que se dissolveu pouco tem-

po depois.

E' propriedade do Dr. Godinho.

Carlos Gomes—Ex-SanVAnnaTheatro das glorias do Heller. Hoje

propriedade de Paschoal Segreto.

Rua do Espirito Santo n. 2 A.• Em Janeiro deste anno func-

cionava nelle a Companhia organi-

sada por Francisco Sousa, joven. e

conceituado emprezario que iniciou

a carreira como socio de Francisco

Mesquita em 1904, no Apolto.

Era o seguinte o elenco da Com-

panhia Segreto e Sousa: a o trizes:

Medina de Sousa, Maria Lina, Pe-

pita Anglada, Maria Massa, Helena

Cavalier, Esther Rergerat, Ismenia

da Fonseca, Maria Brissuelo; ac-

toresPeixoto, Machado (careca),Olympio Nogueira, Manoel Pinto,

Franca, João Ayres,Pedro Augusto,

João Silva, João de Deus, Franklm

Rocha, Jorge Alberto e Lourenço.

Ponto: Jayme Silva; ensaiador:

Adolpho Faria; machinista: Velloso

Braga; regente da orchesta: Paulino

Sacramento; contra regras : Ary No-

gueira e Luiz Faria; bailarina. An-

toinette Puget. .Representou as seguintes pe-

THEATRO

ças: Pomba A&ul,Pae de Si Mesmo,Noile de Nupcias, Paquita, Chain-

pignol d força, Tim-tim por 7 im-tini, Robinson Cru soe e pretendelevar a revista Só para homens, como titulo A Ilha do Pataiso.

São estas as condições do thea-tro Carlos Gomes :

DIMlíNiOES METROS

Largura da bocca de scena ]0.40Altura du bocca de scena 8.00Comprimento do palco seenico 10.50Largura do palco scenico 22.00Comprimento da platéa 14 90Largura da platéa 17.00Altura do tecto 9.20

LOTAÇÃO PREÇOS TOTAL

Krizas 1 a 30 i> 80$000Camarotes de 1?. 20 a 30$ 600$000Camarotes de 2ll. 4 a 20$ 80$000Cadeiras de 1?.. 403 a 5$ 2:315$0<>0Cadeiras de 2 . . 74 a 4$ 296 000Galerias num... 250 a 2$ 500$000Entradas geraes. 500 a 1$ 501$000

Sendo a receita da lolayâo cotn-pleta de 4:321$C00

Existem no estabelecimento

quatro campainhas electricas,sendo:uma do pa'co para o publico, uma do

ponto para o panno de bocca, umado palco para o porão e uma do bote-

quim para a platéa.A illuminação é feita por 150 bi-

cos de gaz incandescente systemaAuer e pode ser feita por electrici-dade, tendo ligação com os podero-sos dynamos do theatro Maison Mo-derne, que actualmente fazem func-cionar os ventiladores dos camaro-tes e da platéa.

O theatro é situado numa rua

das mais [requentadas, devido á sua

proximidade ao largo do Rocio, (oraPraça Tiradentes) e ao transito dosbonds das Companhias Villa Isabel,Carris Urbanos e São Chistovão.

Almanaque d10 THE AT RO

Devido ao operoso emprezario

Paschoal Segreto, este theatro pôdeser hoje freqüentado pelo nosso pu-

i blico.

Bratfança, Pereira da Costa, Tei-

xeira Leão, Humberto Miranda, An-

tonio Ramos, Henrique Lima, Hen-

trique Machado, Arthur Louro, José

de Figueiredo,Domingos Braga, etc.

Esta Companhia estreou com o Mat-

tvr do Calvario e pretendia passarem revista todo o antigo e apreciado

repertorio do Dias Braga, a começar

pelo (Uie Lá até o Doinador de feras.

Recreio—Rua do Espirito Santo

n. 45. Tem 21 camarotes, 492 cadei-

ras, 60 galerias nobres, 220 entradas

numeradas e logar para 1500 entra-

das geraes.Possue mais um camarote poli- j| ^;„o«co Tarefo

ciai e outro da empreza, que se>j Parque Fluminense — Lareo

Í vende nos dias de enchente. do Machado. — Da Empreza Catey-

Foi o theatro em que Dias Braga sson e Seguiu. Celebre, desde o cri-

sustentou a sua empreza durante j|me do aspirante Souto Maior,em que

i vinte e tantos annos. si esteve envolvida a consta Ouvia.

Nelle trabalhou ultimamente! o Parque começou como centro

| com a companhia que acaba de le-,cervejadas, até quenelle se cons-

I' var a S. Paulo, a Empreza Lucinda |ruiu um bom theatro que funcciona11

Christiano, com o seguinte elenco : a0 [aj0 L\0 parque propriamente.acttis.es: Lucinda Simões, Lucilia .Neste existe funccionando um

Peres, Cuilhermina Rocha, Maria.jY\co catoussel.dei Carmen, Elisa Campos, Felici-fl No tUeatro do Parque tem tra-

dadedos Santos, Adelaide Pereira,!]Olhado varias companhias lyricas

Mathilde Nunes, Aníoniela Olga e i ;]a orjeiUi algumas com successo.

Flore n tina Lopes; adotes. Dr. Foi no Parque que o tenor Deli Christiano de Souza, Ferreira | Rubeis cantou os Palhaços muito

Souza, Augusto Campos, César i; bem.li Lima, Ernesto Silva, Marzullo, Ce-;

A Companhia Sconamiglio al-ii citio Lopes, Silva Braga, Mendonça. s

cancou concurrencia no Par-í Álvaro Peres, Pedro _ Nunes, Júlio

g '

desde a sua estréa com a Gu-

|i de Oliveira e Luiz 1 >eixoto. delia, em que Juanita Many causou

Ponto : Dayid Carlos._ i: enlhusiasmo.Actualmente ali funcciona a .¦ s-

})esta companhia faziam parte:sociaçao Artística a cuja [{enor

Bertocchi, comicos Razzoli emos de novo Dias biaga, o \ellu e

q.— barytono Bettazzoni, a for-jj conceituado empie-ano , . mosa Bruno, etc.

P azem pai le de. c l. n | Alli esteve lambem a Compa-

nhia de :ar:uelas Garrido, que nada

V' °, Parque esperava uma Compa-

(;-ifini Maria Machado, meninaijnhia lyaca para o seu theatro, ao

Odetle Louro, Dias Braga, Eugênio cahir deste verão,

de Maflalhães. Francisco Mesquita, E' bastante vasto e confortável

Claudmo de Oliveira, Alfredo Silva, este theatro.

Almanaque d'O THE Al RO

Casino Nacional — Não é um|

theatro propriamente dito: é um café jcantante, embora o café seja bebida

que lá não se encontra... a não ser

no camarim dos artistas que o be-

bem em copos com agua e cognac.Para o Casino vem os melho-

res artistas do genero que explora a

empreza Cateysson e Seguin.EJ o ponto de reunião da rapa-

ziada endinheirada e dos velhotes

luxuriosos.E' (requentado pela alta roda

do mundo galante e fácil.Aos domingos realizam-se ex-

cellentes matinccs familiares.

Maison Moderne — Praça I ira-

dentes, esquina da rua do Espirito

Santo.

DIMENSÕES METROS

Largura, da bocea de scena 8.10Altura 5./0Comprimento do palco seemeo.... j. O »

Largura do palco scenici» inComprimento da platéa 1Largura da platéa ^ ¦Altura do tecto ' -oüComprimento das 2 varandas de

passeio 43 '°

LOTAÇAO

CamarotesCadeiras reservadas (de l'1)Cadeiras de Galerias

• • * • •Varandas de passeio de l e l. or-

dem com capacidade para 120

pessoas, cada umaJardim

30200250250800

210250

1 do balcão para o palco; 1 do balcão

para a platéa el do portão de cn-

trada para o balcão.A illuminação é feita por ele-

ctricidade e pode ser feita a gaz em

caso de necessidade, pois ha uma

installação completa e relativa, me-

dida para este |im.O theatro acha se situado no

melhor ponto da cidade, numa Pra-

ça frequenladissima, especialmente

á noite, pela qual transitamos bonds

de 3 Companhias, e a 5 minutos do

ponto da Companhia Jardim 13o-

tanico.

+ A Maison Moderne não é Iam-

bem um theatro : é um segundo Ca-

sino, onde se encontram muitos

rapazes, mulheres alegres e cerveja

em penca. Além disso ha diversos

jogos permillidos pela policia.Na Maison, como no Casino,

ha de vez em quando, o seu choque

entre rapazes originado— já se vê —

pelo abuso do álcool.

Num dos camarotes daMaison.

é que foi preso o já celebre gatunoRãymundo Soares de Souza, quedeu o desfalque iVO Theatro, na Re-

vista Acadêmica e outros jornaes.O audacioso larapio achava-se em

companhia de uma meretriz e dois

alferes, um delles chamado Carrão,

os quaes ignoravam as más quali-dades de Kaymundo.

Existem no estabelecimento 7

campainhas electricas, sendo. 1

do palco para o balcão; Ido palco

para o publico; 1 do palco P<*ra a

orchestra; Ido palco para a banda;

Além destes, ha ainda outros

centros de diversões nocturnas,den-

tre os quaes se destacam :

Jardim Novidades—Antigo Jar-

dim da Cuarda-Velha. Existe ahi

um theatrinho, onde representam

comédias, quatro ou cinco_ pseudo-artistas dramaticos. Imaginem queo galã é o Mario Brandão!

y

Almanaque d O THE Al RO

Parque Sant'Anna Na rua

deste nome, proximo á Praça Onze

de Junho. Ha um caroussel neste

Parque que é muito freqüentado

pelas creanças e faz o desespero dos

visinhos do Parque, atormentados

pelos silvos infernaes da machina-

üem do coraiissel.

E neste genero existem innu-

meras casas de cançonetas e be-

bidas, infestando a Capital, dila-

tando estomagos e favorecendo a

libertinagem e o alcoolismo. Não

| são, por isso, dignos de figurarem' nosso Almanaque.

Thiatros de S, Paulo

Theatro S. Paulo

Rua Barão de Itapetininga

(Actualmente em construcçfto)

Propriedade da Gamara Muni-

CipílTem capacidade para 2.500 es-

pectadores.

Theatro Sant'Anna

Rua da Boa Vista 16 A

proprietário: Antonio Alves

Penteado.Fiel: Manoel Lemos.

(3~

Theatro Carlos Gomes

Rua de S. João, 109

Propriedade de uma Associa-

ção.

CamarotesCadeirasEntradas geraes.

55480700

K(Jaiviaroti Cadeiraslíaleões(.talerias numeradas.Entn d: s geraes

2218

4140490

300

Theatro Polytheama

Rua de S. João, 23

Propriedade da Companhia An-

tarctica Paulista.

Em preza: J. Cateysson.

Director: Thomaz Mayor.

24FrizusCamarotesCadeiras 4gyGalerias

Aconstrucçào deste theatro, foiiniciada pelo Snr. Dario D Elpanto.

A sua inauguração estava marcada

para os primeiros dias do mez de

Março de 190H, pela companhia do

Theatro Apollo, da Capital Federal,

á frente da qual se acha o incansavel

emprezario Francisco de Mesquita.

Theatro Casino Paulista

(Antigo Kl Durado)

Rua ds S. João, 21

Hmpreza J. Cateysson.

(Actualmente fechado).

Camarotes 24Cadeiras -[OO

Entradas geraes. 200

Na ordem dos camarotes ha

ainda logar para 30 cadeiras.

Almanaque d'0 THEATRO

TRAPALHAbA LYRICA

Meus senhores: Vou recitar !Cá por mim quando recitoTenho um costume exquisito...Gosto sempre de avisarPôde alguém querer ir embora.Já disse e repito agora :Meus senhores, vou recitar.

Desculpem-me esta demora,Mas eu tenho esta mania,Vou começar a poesia :

(Mistura de ?5 mcnclcgcs, de Pedro Bandeira)

Já meia noite com vsgar soou ! ..Correndo pelo céo, vinda do rui £.0 Norte,Rolava pelo azul da immensidadeTiumersa n'uma luz, serena e fria,

Branca como a harmonia,Pura como a Venlad !

E 11'isto o melro foi direito ao ninhoE passava a correr muito dev; gaiinho...

«Antigamente a escola, era risonha e fi ançaDo velho professoras cans,as barbas brancas.Infundiam respeito, impunham sympathia .Nao sei dizer porque, porém, 11'aquelle diaCs estudantes tinham perdido os modos tur-

bu lentosA irreftexáo da edade e do costume...E envoltos em secretos pagamentos,

Ao transporem a porta,Quedavam-se de prompto, extaticos,

A eontemplar a morta.

E a um canto d * sala a filha gemia :«—Oli mãe, o que fazes em cama ta<> fria ?—»Já vistes, algum dia, o olhar dum mortoFixo, brutal como que absorto,

Olhando-vos sem fim,Luguhre sentinella?

E' horrível sabei, e infernal,E' um olhar que gela

Pois o da morta nada disto tinha.Na luz do seu olhar, tâo languido e tao doce

Havia o quer que fosseD'um intimo desgosto !

Triste, vago indeciso sem alterar o rostoNo vasto campo do céo, cheio de tanta estrellaNenhuma tem com luz que imite os olhos

delia!Elle ha tanta mulher! Mas porque pliantasia,Entre tantas só uma a nossa sympathia

Distingue, escolhe e quer !Mas tudo se desfaz se penso um só momento.Neste quadro banal após o casamentoA esposa, a sogra um filho já taludo,E eu muito aborrecido a olhar p'ra aquillo

tudo !

Corria branda noite. O Tejo era serenoA riba silenciosa, a viraçao subtil,Manha de junho ardente, era em pleno 111-

verno...Perdão que me enganei! Perdão, era em abril!A lua...ia alta na mansão da morte,

E Leonor, a guiata,Batendo a roupa 110 rioCantava por di sfastio :Rata plan, plan, plan, plan...E ria, ria sem cessar !Sempre tem coisas o mar !Q,ue mulher ! Que mulheraçt !Alta, robusta, rolundaCom costados de barcaçaUm quasi nada cor.-undaO nome... vá ! Nao é feio !Mas a dona, f aiícamenteE' det stavel ! E eu creioQue nao sou t=ó eu que a odeio !Buccede isto'a toda gente !

Um dia numerosa cava'gr,daA peia se ao porláo !

Limpa se da poeirn, sobe a escada,E entra p 'Io salão.

l(_0 senhor D. M irtinho d'Aguilar ?—»—«Eu sou» !—IjIilí diz o anciáo—«—Tremes escravo?, baqueias,Entre os muros da prisão ?—»

* E ouvindo assim falJi.r.O cego p< z se a chorar !

E a lagrima ( ele te, ingênua e luminosaTremeu, .tremeu. . tremeu e cahiu silenciosa!

E elle choraAinda agora !E elle choraA toda hora !Mas s-e elle choraE' porque a adora !...E emquanto chora. .Eu vou me emboiaPor aqui fóra !

O grande actor observa os plieno-menos; o homem sensivel sorve-lhe demodelo. Medita, o e a reflexão aconselhar-lhe á o que deve juntar-lhe ou cercear-lhe.

Diderot.

Almanaque d'0 THE ATRO

—....

^

/'

-' V.'" ' -.' •?• J- ;''" ••:.'•• V ••:•• '; •":!-:\^;<iv'i

Pharmaceutico José Bessa Alfredo de Carvalho

A sociedade moderna cada vez

mais se tornando ulilitaria e pralicavae dia a dia perdendo os seus vultos

sympathicos de abnegados, de estu-

diosos, de trabalhadores modestos

que estimam mais o silencio do ga-binete ou do laboratorio de estudo

á fama fácil e barulhenta das ruas,

pelos actos sensacionaes de mo-

mento visando um fim immediato

e mercantil. Felizmente, como um

oásis neste meio árido, um ou outro

nome apparece de trabalhador ho-

nesto, consciente do seu propriova'or e que por muito que façamacham sempre que ainda estão em

começo do caminho; espíritos devo-

ij lados ás sciencias ou ás artes an-

| ciosos de firmarem os seus nomesem caracteres indeleveis como

bemfeitores da humanidade. Para

estes pouco importa o tumultoda vida que lhes vae em derredor;

para estes pouco vale o nome quepassa acclamado por mil boccasinconscientes. Elles sabem perfei-lamente que breve o rumor cessará,o nome se apagará e as mil boccasde novo acclamarão um outro nomeephemero.

José Bessa Alfredo de Carvalho,

pertence ao pequeno numero dosconscientes, dos trabalhadores mo-destes e de valor que, por muito que

L

Almanaque cTO THE ATRO

tenham feito, acham sempre queainda nada fizeram. E se assim não

fosse, se na verdade o seu nomenão se impuzesse na profissão sei eu-tifica que abraçou por inclinação,o seu retrato não seria estampadoneste almanaque entre outros, cujaseffigies representam individualida-des conhecidas e respeitadas nosdiversos ramos dos conhecimentoshumanos.

Filho do commendador AlfredoElisiario de Carvalho e D. Manue-lita Bessa de Carvalho nasceu em7 de junho de 1878 nesta capital,tendo per conseguinte apenas 27 an-nos de idade. Desde cedo começoua amar os estudos, matriculando-seno antigo Collegio Abilio, aindasob a direcção do grande educadorBarão de Macahubas. Adoecendo

foi obrigado a retirar-se para a ci-

dade de Nova Friburgo ondecon-linuou os estudos no collegio An-

chieta completando os preparatóriospara o curso de pharinacia, pro|is-são de seu pai e que José Bessa ama

e procura elevar com todo o^ empe-

nho de sua intelligencia. Em 1897

matriculou-se na Faculdade de Me-

dicina e em 1898 recebia o grão de

pharmaceutico.O que foi o seu curso

ahi estão os seus mestres para attes-

tarem, ahi estão os seus collegas

para o' dizerem.

Não era um simples annel de

pharmaceutico que ' elle aspirara ;

a sua ambição era conhecer, era se

aprofundar em chimica, essa scien-cia vasta e mysteriosa, guardadorafiel e ciumenta dos segredos da al-

chimia, reveladora da Vida e do

universo.

O seu curso feito com brilhan-lismo,com uma applicação que sem-

pre mereceu louvores, distinguiu-se

principalmente na cadeira de chi-

míca analytica e toxicologica, do

Dr. Souza Lopes,tendo apresentadoum trabalho sobre esta cadeira que

foi muito elogiado pelos seus mes-

tres e collegas.

Embora formado muito moço,José Bessa Alfredo de Carvalho en-

tregou-se com lodo o enthusiasmoao exercício de sua profissão, en-trando como membro da jirma paraa importante pharmacia e drogariade seu progenitor:a conhecida phar-macia Alfredo de Carvalho. Mas,

ahi não ficou como simples aviadorde receituario ou despachador de

freguezes. Eram misteres demasia-damente insignificantes para os seusméritos. Esquecendo-se de que era

um mocinho para quem a vida corria

fácil e commoia, fechou-se no labo-ratorio desse importante estabeie-cimento e dedicou-se com a almaao estudo e á- experiências e íVumcurto espaço de tempo, apresentavacomo resultado do seu labor e da

sua persistência, preparados diver-sos que eram approvados pela Dire-ctoria de Saúde Publica e aceitos

peta classe medica com elogio e

enthusiasmo.

Trabalhador, estudioso e mo-

desto este moço realizou no Brasil

o typo do pharmaceutico chimicoallemão, individualidade altamente

apreciável em nosso paiz pela sua

flora riquíssima em plantas medi-

cinaes. Por isso mesmo o seu nome

deve ser conhecido e estimado jácomo um homem de sciencia, como

um estudioso, um investigador de

cujos trabalhos a humanidade tira

proveitos não pequenos, vendo os

seus males desapparecer e já olhado

como patriota, um divulgador e apro-

veitador das riquezas naturaes do

Brasil.

Que nos releve o José Bessa a

Almanaque d'0

pubticilade que damos aos seus!

méritos; bem sabemos que é mo-

desto bastante para se perturbarcom estas phrases, mas, isso não

basta para catar a nossa estima pelasua pessoa lão simples, tão delicadae tratarei que sabe ser um moço dis-

tincto, estimado pela sociedade em

que vive, pela classe medica que o

distingue olhando-o como um mem-

bro illustre da sua sciencia e portodos os que d'elle se acercam.

Publicando o seu retrato e estas

Unhas, prestamos-lhe justas e mere-j

cidas homenagens.

Wagner nasceu em / Sr 3 e mor-j

reu em r3 de Fevereiro.

O llieatro Bayreuth, foi abertoj

cm i3 de Agosto. O Tonuliausci \

cahiu em i 3 de Maio de 1861, e d elle j

fizeram reprise em i3 de Maio de

1895. Ricardo Wagner,tem 13 letlras

no nome e o total dos números queII compõem a data do anuo em que

elle nasceu dá 13 — l-f-8-fl+3.

j Lscreveu 13 operas.

Foi em 13 de outubro que se de-

cidiu a abraçar a arte musical, ou-

vindo o Freiscliiilz de A\ eber quemorreu quando Wagner tinha /3

! annos. O thealro de Riga, na Rússia,

onde Wagner, pela primeira vez di-

| rigiu uma orchestra, abriu em r 3 de

j Setembro de 1837.

O Tiwnlniuscr foi dado por

| prompto em 13 de abril de_ 1854; o

exilio de Wagner na Saxonia durou! j3 annos; o ultimo dia que passou

em Bayreuth foi em 13 de Setembro.

Listz fez-lhe a ullima visita em

! i3 de Janeiro de 1833 e o anuo em

que Wagner morreu foi o 13° do'

novo império allemão.

Quanto 13! Livra!...

THEATRO

Actriz Maria dei Carmen

Quando houver nos museus, nos pa-lacios ou nas casas particulares, bonri

quadro? historicos em exposição, nãodeixem de ir vel-oá.

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Thhatro das Qiíeanças

Lindíssima collecçfto de peças infantis.Para creanças de 6 a 12 annos, muito pro-

priua para collegios e casas de famíliaCOMÉDIAS, MONOLOGOS, POKS1AS, DIÁLOGOS,

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Almanaque d' O THE AT RO

Quando uma peça n&o Offerecer porsi mesmo ao actor, occasião de mostrara sua sciencia artística, é ao seu propriotalento que cabe fazel-o: elle é um mestreque não o illudirá.

Préville

O chinez prefere o tambor a qual-quer outro instrumento, diz um articu-lista. Ha tamboresde 17 classesdifferentese num metliodode musica publicado em1860, encontram se nada menos de 129symphonias para tambor «só*! Que for-midaveis «zé pereiras» não devem ser !...

^ÍC\oinó\ojc}os e <i2/at\çoT\t\as

Dumas Fillio, jantava em casa do

Dr. Gistal, uma das celebridades médicas

de Marselha.A' sobremesa, o amphytri&o pede ao

seu hospede, o favor de honrar o sm

álbum com um improviso.

Da melhor vontade, diz Dumas.

V, escreve, emquanto o medico le:

Depuis que le docteur GistalSoigne des famille? entièresOn a démoli 1'hôpital

Lisongeiro! diz o medico

Mas Dumas, accrescenta :

Et on a fait deux cimetières.

A mais bonita coliecçâo, contendo tudoque ba de mais moderno e melhor encontra-le na LY11A THE ATRA í< livro indispensavel a todos os actores e amadores. 1 vol.de 300 pags. 3$000 Pelo correio 3$500.

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V '

£ , m ¦' ¦ ¦

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V X, * r

Actor Alfredo Silva

O silencio indulgente ou o applauso

prematuro do pnblico causam em todosos generos, a mais rapida ruina dos maisdecididos talento?.

Sticotti

^s nessas ccirizes

(Ao D1STIXCTO MESTRE)

LUCINDS" SIMÕESPEPA30UIZ

JUANIHA MANYEST XER BERGERA T

LcGILIA PERES

GUILHE jjjMINA ROCHA

MARI ** UNA

CARMEN RUIN ,,lrrT„cISM mNIA MATEOS

HELENA CA <ALIERMEDI NA Dm SOUZA

PEPA oELGADOVICT qRÍNA CESANA

O conhecimento da lingua é indis-

pensavel ao actor, bem como lei tu ias

methodicas que ensinem a historia dos

povos. E' o menos que se pôde fazer antes

de entrar para o theatro.

Carolina Van-Hove.

Almanaque d10

A. MOETA

C^tONOLOGO SM VE^gO, DE ?<AAR CE LLJNO DE ?

PELOS ACTOBES ^L{V'Z ^PlNTO E CIIABY

Os estudantesTinham perdido os modos turbulentos,A irrefiexao da idade e do costume;

Envoltos em secretos pensamentos,Ao transporem a porta,Quedavam-se de pasmo,A contemplar a morta !

No abandono vil da creadagem,Gelado, como o mármore, repousa,Sobre o mármore frio, o corpo inenne,

D'uma creança loira :

Ninguém a olhára mesmo de passagem,Apenas, o sol pela janella

Ao vel a, nua reparara n'ella,E, com um raio quente, carinhoso,

Brando a aquece e doira.

Durante todo o curso,Nunca, no amphitheatro,

Apparecera, em pasto de esealpello,Uma esculptura assim, corpo tao bello !

Em frizas de theatros,Pelos salões e bailes luxuosos

Da velha capital,Nunca se tinham visto, com certeza,Peitos ebumeos de gentil duqueza,Ou de fidalga de épica linhagem,Nas taças dos corpetes

De rendas e setim,Com tao rara moldagem :

I Com a altivez d'aquelles que faziamLembrar o branco, o erecto das tendas

E tendas de marfim !

Por entre os bastos, delicados fiosDa longa trança

Que desce até íls ancas,Em onda, aos solavancos,

Receiosos espreitamComo focinhos esguiosDe dois antílopes brancos.

A pequena cabeça onde o cabelloCircula emmaranbado,

Pende íí direita, placida, cahindo

j Como n'um sonho bom e consolado...Desses sonhos azues dos vinte annos,Sonhos de virgens com o bem amado,

Que quando a idade cresce se vôo indo !

THEATRO

G^XjAÜST TE

i.í$QUITA, RECITADO COM GERA0S APPLAUSOS^ijsíheiro El ^ldhemar £Rom£o.

Tem as pequeninas palptbrfts fechadas,Pesadas e dormentes :

Os lábios entreabertt s,Km delicada tira _

Mostraram-lbe os brancos dtntes,De modo que parece

Que dorme, que respira.

Já viste, algum dia, o olhar d'um morto?Fixo, brutal, como que absorto,

Olbando-vos sem fim,Lugubre senlinella?

E' horrivei, sabei, é infernal,E' um olhar que gela !O olhar d*um vivo,

Retem-se, engasta-o a retina,Alcança-se-lhe o fimA força, a expressão :

O olhar d um moito nfio,Nao se domina.E' como se estivesse

Atravessando o cérebro e a andarInalteravel, fito,

Correndo j)arallelo em busca do seu foco,O fóco... o infinito !Isto co'a persistência,A for ça incorruptível,

Que deve ter a voz da consciênciaFüllando ao criminoso :Alheio cru, teimoso :Luz que tudo apaga,

Esphinge que tudo vela...Àcreditae-me... gela !

Pois o da morta nada disto tinha.Era azul e tao doce

Que ao levantar-lhe a palpebra fechada,Pareceu-me ver surgir a madrugada

Por traz dos loiros cilios,Na pureza rural immaculada,

Dos antigos idylios !' Que oIIujs tao castos tinha esta creança !

Meigos, delicados,Como um casal de pombos arrulando,Ou como dois amantes passeando,

A' margem dos valiados !

Na pureza da curva em que enturnesceA onda caprichosaDo vento em leve aífago ;

Ou como a linha curva que produz

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Almanaque d10 THE AT RO

Na superfície placida d'um lagoA queda d'uma rosa :Assim pelo seu corpo,

Po colo á anca, pelo braço e coxa,A linha se espreguiça

N'um oudeadu, tumido, eorrecto,Que faz lembrarQue alguém fosse buscar,

A' garça o colo, ao cysne a curva altiva,Quando se enfeita e brilha

E executasse em mármore rosado,Um sonho quente, sensual, ousado,

Aquella maravilha.

Quem era? Nâo sei. Não quiz sabei o.De que vale

Saber d'onde provem o viageiro,Quem vem pedir o abrigo derradeiro,

Ao catre do hospital!Depois, se lhe envolvera aquelle corpoDa minha phantasia. a nuvem cérula,

A animadora chamrna...A miséria ou a lama

Nao poderam manchar a liinpidez da pérola,

Partiu, á noite, envolto no tecido.D'uma serapilheira gordurosa,Na lugubre carroça de muan s,

De ferrugentos quicios,Este primor artístico da carne,

Digno d'um"pantheon,De balsamos egypcios.

A valia abriu-lhe a fauce... Ella rolou,Como calhau de monte por algures...

Od vermes teem ás vezes,Banquetes singulares !

Eis aqui a razãoPorque n'aquelle dia, os estudantesTinham perdido os modos turbulentos,A irrettex&o da idade e do costume,E cheios de secretos pensamentos,

Ao transporem a porta,He quedavam, de pasmo,A contemplar a morta.

N'uma sociedade draniatica de ama-dores representava-se uma tragédia.Na platéa se achava o Terencio,valeu-t.ao temido por todos do logar.

No momento em que a heroina sedebulbava aos pés do rei, pedindo-lheque a perdoasse,o valentão gritou, pos-sesso, na platéa com voz de trovfto ;

—Perdôa, diabo! Perdoa, rei do in-ferno! Olha que eu trepo abi e te façoem migalhas !

E' o que te vale.acudiu todo tre-mulo o tyranno. Estás perdoada...

—Mas... mas... isso nao é da peçadisse o ponto, assustado...

Nâo importa torna o rei, estouem apuros e manda quem pode...

N' uni theatro cm que cantava

uma d'essas mulheres deslumbra-

mento dos ollios e desespero dos ou-vidos :

--Se Pária, a tivesse vi st o, dizlouco de enthusiasnío um admira-dor, ter-lhe ia dado o pomo.

— Com certeza, lhe respondeum amigo, masee a tivesse ouvido,tirava-lh'o outra vez. Actor César de Lima

Almanaque cTO THEATRO

FOGO FftTUO

Conto de Antonio Fei.ix

Todas as tardes, quasi na hora dooccaso, Andrezza, captaro ao hombro,

partia a buscar agua, no poço da encru-zilhada. Ahi ficava, á espera que Fer-nando, seu amante, um bello rapaz omais querido da aldêa, voltasse do

campo, para juntos, volverem jovial-1mente á pequena cabana—doce ninho deamor — que ficava além da vargem,,n'utna encosta suave da pequenina aldêa,

Viviam como 11111 par de juritys,feli-zes, tranquillos e sem outro desgostomais que a separação matinal, na horaem que Fernando seguia para o c&mpoe Andrezza ficava.

Este desgosto porém, terminava átarde, no poço, onde encontravam-see vinham a cantar alegremente pela es-trada, ficando as rosadas faces de An-drezza mais rosadas ainda, pela i>ressãosuavíssima dos beijos do amante.

Uma tarde,—Abril floria,—a aldeãrecostada no poço entrelaçava um galhosilvestre a espera do amante.

Súbito, ouvio passos do lado daencruzilhada...

Erguendo meigamente os olhos, viochegar, tropego, cançado, um homem,um velho,cuja fronte veneranda emergiarespeitosamente do floco de neve de suaslongas barbas ..

Tinha a pelle tostada pelo sol demuitas estações e quando elle olhava,espelhava-se no seu' olhar amortecido,um *quê»talvez revelador de uma secretamagna.

Vinha vagarosamente apoiado a uni

grosso cajado, arrastando quasi, aquellecorpo, todo vergado pela curvatura deuns oitenta annos...

Approximando-se de Andrezza sau-dou-a:

— «Deus seja comtigo, formosaaldeã!»

E Andrezza saudou o velho.

«Tenho sêde e trago o cantil va-

sio, tornou; enche-m'o porfavor.»E logo com as mãos tremulas dando

o cantil a rapariga esperou, ávido, queella o enchesse no cantaro, sorvendo dp-

pois a agua em grandes goles.«Já estou velho para estas cami-

nhadas, disse, depois de refrescado, sen-

tando se sobre uma pedra: sinto-me

cançado.. »E depois de curta pausa :

«E tu descarnes também, linda

rapariga !Não, volveu a aldeã, espero meu

amante que deve vir do campo paraseguirmos juntos.

Ah i Tem um amante! Deve ser

bem feliz...» E depois proseguiu amar

gamente:Eu também tive uma amante;

era a mais encantadora aldtã daquelles

tempos dava-lhe todo o meu amor em

troca de todo o seu... Já la vae! Já lá

vae uma boa dezena de anncs !...E já não existe! perguntou An-

drezza.—¦ «Não sei, mas já não deve exis-

fcir... é cm pedaço tiiste da minha his-

toria... quer que lhe coute!Não posso, disse a moça, Fer-

nando não tarda ahi e eu não quero fazerlhe esperar; a sua historia ha de serlonga ..

Não é longa, disse o velho, nãoé longa ; e tirando o grande chapéo de

^allia, passou aquellamãogiossa e cheiade rugas, pela calva.

«Era no tempo da colheita» co-meçou; todas as manhãs, eu ia com aminha amante, á fazenda levar o gadoque tinha de transpoitar os carros paraa cidade.

íamos — toda a boiada na frentee nós dois atraz — alegremente, braçesdados, a cantar, até â fazenda.

Almanaque d'

Depois os carros partiam.A' tarde voltavam;o gado era solto,

e nós volvíamos ao nosso sitio, como demanhã, — toda a boiada na frente e nósdois at.raz, — até a nossa cabana.

Yiviamos bem, gozando a bema-ventrrança da paz e da ventura.

Um dia, — quasi no fim da estação—senti-me doente.

Não fomos juntos, como de costume;ella partiu só, a conduzir os bois.

A' tarde, quando regressou, veioacompanhada por um «camarada» dafazenda.

«O Firmino veio commigo, disseentrando no quarto, para ajudar-me aencurralar os bois.

Fizeste bem, tórnei-llie, porqueeu não posso andar, e tu nlo podiassozinha com todo este gado.»

Nisto o Firmino entrou ;Olha meu atnigi você tem pa-

ciência; fica comnosco aqui estes dias

emquanto eu estou assim,isto não é nada

hei de curar-me depressa, se Deus

quizer...E puzemo nos a fallar.No dia seguinte pai tiram ambos;

á tarde voltaram e sempre que chega-vam, vinham ao meu quarto fallar-me...

Muitos dias estive de cama sem

poder andar...Uma tarde era como agora, mor ria

o sol no occaso, elles tinham chegado da

fazenda, encurralaram o gado, mas nãó

entraram em casa como de costume.

Esperei-os, chamei-os, não responde-ratn-me.

Por fim um tanto assustado ergui-

me, a custo, agarro em uma vara quetinha junto ao leito e apoiado a ella vou

arrastando-me até â porta.Yi-os então pelo campo afóra,escan-

dalósamente abraçados, aos saltos...Comprehendi tudo.O Firmino, aquelle cão, seduzira a

minha amante.Desesperadamente chameis em

altos gritos, como um louco, tremulo deraiva; surdos, porém, á minha voz,fugiam, fugiam...

O THEATRO

E nunca mais voltaram !...Oalou-se o velho.Um par de lagrimas descia-lhe dos

olhos. Andrezza, um tanto commovida

chegou-se a ©lie, e tomando-lhe a cabeça

entre as mãos encostou-a no seu collo.«Bem triste é a sua historia, meu

pai, disse. E ficaram os dois em silencio :

ella, — linda como um anjo, flavos ca-

bellos soltos â aragem do campo, olhos

postos no azul, aílagando piedosamentea cabeça do ancião, elle, o octogenário

cheio de cans, sentado sobre a pedraa derramar copioso pranto, a cabeça

apoiada no collo da aldeã.Mas do repente como se o calor da-

quella orne, como se acaso aquelle san-

gue quente de moça lhe espicaçisse o jcorpo, o velho ergueu a cabeça, tomando

bruscamente as mãos da aldeã.O quem tem 1 indagou assustada,

Então, nervosamente tremulo, os

olhos já seccos do pranto, dominado poruma idéa bestial e como que buscando

inda sentir uns restos de volúpia, excla-

mou com uma voz rouca, extianhae

E' que eu te estou achando muito

bella, muito ardente e muito encanta-

dora!... t ,15' que ao contacto quente do teu

corpo, sinto-me bom e sinto-me feliz!...

Sinto qiK; a chamma d<o teu sangue,

aquece e inútilisa a neve das minhas

veias.E' que... . , •Ia talvez, pronunciar uma miamia,

quando urna voz clara, límpida, sonora,

vibrou no espaço uma cantiga.Inst.inctivãmente recuou, deixando

as mãe s da moça, e pouco a pouco foi

erguendo-se sobre a pedra apoiaudo-se

ao cajado.Andrezza, ingenuamente pasma,

afastou-se, poz o cantaro ao hombro, e

exclamou:— Adeus, bom velho, ahi vem meu

amante: obrigada pela sna historia, es-

ti mo que seia feliz !...E foi para a encruzilhada.

Almanaque

Fernando chegou, e logo passando-lhe a mão pela cintura, beijóu-lhe orosto.

E lá foram se os dois, alegremente,cantarolando pela estrada,risonlios comoduas creanças, emquanto o velho ficavasó, immovel, de pé sobre aquelle pedaçode granito, como uma estatua antiga, aneve dos cabellos apontados pela virayão,fitando-os de longe, ambiciosamente, avidamente, com aquelles dois grandesolhos baços, corno outr'ora fitara o Pir-mino com a amante, e, quando elles des-appareceram ao longe, numa curva daestiada, elle olhava ainda, mas não viamais do que o Sul no ocoaso, lindo,enorme, muito rubro, estupendo de luz,

que desapparecia agora em uma apo-theose esplendida de sangue !'...

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KPECIALIOADE EM CUQADOS PAPA-HOMSESpOBAS E CBIANCAS

A. D.Carvaihof^

Os actores deviam ter uma eon

ducta honesta e decente não só n;sociedade, mas ainda procurar eonviver entre si de forma diversa d;

que convivem.

D'H ankktaike.

THEATRO

Homenagem no exímio

aclor portuguezTaborda

Versos recitados pelo actorportuguez João Lopes, numafesta realizada etn honra aogrande artista 110 theatroTaborda, de Lisboa.

Senhores que me ouvia neste momentoDe festa alegre, altiva e triumphal!Vós que vindes aqui, por nm talentoQue é tido como grande, genial.

Vós que de orgulho vindes também darProvas que sois da Arte árduos cultores,N&o deixeis nesta festa de coroarQuem O da scena rei, co'as vossas flores.

Nilo deixeis, nRo, que elle é.sublime gênioQ,ue vos prende ú corrente das idéasjSfa grandeza e esplendor —luz do proscênioEm que 6 alvo dos bravos das platéas.

Nflo deixeis que os seus méritos, de artistaElevam no ás famosas regiõesDa escola, em que quem é grande conquistaAs mais gratas e justas ovayoes.

Por isso, uni ao nosso o vosso preito,Que 6 como que o conjuncto do padrãoQue tende a enaltecer—como respeite,

nome que tem jús á gratidão.

Taborda, o grande artista ess'alma abertaAos rasgos da Virtude e da Bondade,Que anima e o seu nome sempre offerta

|| Ao que lhe impõe por norma—a Caridade.Ij;; E' (pie é puro bom e persistente;i E, quando do infortúnio o rasto acalma,jl D'envolta co'o (jue faz vai toda genteOuese ufana em louvar-lhe os dotesd'alma!

IIi| E' (pie Taborda tem nm coração

j Preenchido de amor—por excellencia,ij Do qual sáe, em cada boa acção,

() (pie lhe dita a voz da consciência.ji|| O seu nome que a turba enorme acclama| A' luz do palco em que 0 esplendoroso,!| Engrandecido, aqui, o exalta, a Fama,'

Como sendo da scena o mais famoso,

|E vós <pie o tendes hoje por sob'rano,E 1 lie prestaes honrosa vassallagem,Festejae-o, por todo o genero humano,

i Que eu vou beijar-lhe a máo por homenagem

Antonio José Henriques.

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Almanaque d'0 THEATRO

Gonfiia-almí^atilÊÍ - £}r. $osê fereim Quimarães

Dentre os homens illustres que a so-ciedade brasileira conta em seu seio,destaca-se pela sua elevada posição e

pelo vasto circulo de relações sociaes o

Snr. Contra-Almirante Dr. José PereiraGuimarães, Chefe do Corpo de Saucleda Armada. -~S

O nosso Al-manaque hon-ra-sede trazer-lhe o retrato,vestido de Al-mirante, tendono peito umchuveiro demedalhas con-

quistadas pelosaber, pela co-ragem e peloamor ao traba-lho. A sua bio-

graphia escre-veo-a o bene-mérito Almirante portu-guez Augustode Castilho enellaencontra-mos asseguin-tes linhas, quepedimos venia

para transcre-ver:

— Brasileirodistinctissimo,funccicnario com perto de quarenta an-

nos de bons serviços ao seu paiz e á hu-

manidade,chefe de familia exemplar e

cavalheiro de primorosos e muito raros

dotes de espirito e de coração, o Dr.

José Pereira Guimarães é o mais gra-duado medico da armada brasileira, um

dos clinicos e operadores de maior no-

meada do Rio de Janeiro, vantajosa-

mente conhecido dos dois lados do

Atlântico por todos aquelles que têm

tido a dita de precisar dos seus serviços

profissionaes ou de tratar com tão dis-

ti neto vulto da sciencia, Nasceu no Rio

de Janeiro a i de Outubro de 1843 e

formou-se em 1864 aos 21 annos deedade. Entrouentão no ser-viço da Arma-da partindopouco depois

para as opera-í ções de guerra

contra o Pa-raguay,distin-«•uindo-se emOvários comba-tes,e entre ou-tros na batalhanaval de Ria-chuelo.em quefoi levementeferido com umestilhaço debomba, noscombates deMercedes,Cue-vas, Passo daPatria, Curuzúe Curupaity.Andou embar-caflo principal-mente ná ca-nhoneira Bel-monte, cujo

commandante Abreu o louvou especi-

almente, dizendo por escripto quej^pDr, J. P. Guimarães esteve semprè

no seu posto curando e operando os

feridos com o maior sangue frio ; con-

corre1,u além disso muito para apagar

o incêndio que houve á prôa do; navio,

em consequencia da explosão de uma

bomba inimiga. Praticou vários actos

de serena valentia sem affectação, nem

Almanaque d'O THEATRO

espalhafatos, sempre no rigoroso e su-

blime cumprimento dos seus deveres.

No combate de Curupaity, per exem-

pio, atravessou em um escaler deante

das baterias inimigas afim de soccorrer

os feridos da canhoneira Beberibe. Des-

embarcou em 2 de Maio de 1866 no

Passo da Patria, onde estava travado

um renhido combate entre a vanguarda

do exercito brasileiro e o inimigo que

pretendera surprehendel-a, e foi com

dois collegas, Betamio e Tavares, até eis

linhas de fogo buscar feridos que es-

tavam em grande numero em uma

igreja. Acabada a guerra e de volta ao

Rio de Janeiro, deixou de embarcar du-

rante algum tempo e dedicou-se á clini-

ca civil alcançando em pouco tempo

uma grande reputação e notoriedade.

Em 1871 entrou em um concurso e

foi nomeado oppositor de sciencias ci-

rurgicas da Escola de medicina do Rio

de Janeiro, e poucos annos depois lente

cathedratico de anatomia descriptiva,

fazendo pela primeira vez um curso

completo, incluindo os systemas ner-

voso e lymphatico.Escreveu então um tratado de ana-

tomia em tres grandes volumes e em

lingaa portugueza, que tem o grandemerecimento da correcção didactica e a

fixação e creação da nomenclatura no

nosso idioma.Leccionou a sua cadeira até 31 de

[aneiro de 1891 sendo então nomeado

Inspector de saúde naval com o posto de

Capitão de mar e guerra. Pouco depois

era elevado ao posto de Contra-Almi-rante por lei do congresso, sendo o

primeiro medico da armada que ascen-

deu tão alto. Quando rebentou a re-

volução de 6 de Setembro de 1893,

capitaneada pelo Almirante Custodio

de Mello, ficaram os estabelecimentos

navaes das ilhas da bahia sob a pro-tecção do Contra-Almirante Sallanha

da Gama, que adoptou entre os revol-

tosos e o governo a extraordinaria,

mas até certo ponto muito defensável,

attitude de neutro, porquanto não tendo

o governo meios de oppor-se a in-

vasão dos revolucionários n'esses es-

tabelecimentos navaes, offereceu-se o

dito Almirante Gama para protegel-os.Nessa occasião foi nomeado o Contra-

Almirante Dr. Pereira Guimarães dire-

ctor interino do hospital de Marinha,

que o governo mantinha fbrnecendo-o

de tudo, embora nelle fossem tratados

os doentes e feridos revolucionários^

que, depois de curados, voltavam paraas fileiras da revolução a combater o

governo !Em principios de 1894, tendo sido o

Almirante Saldanha forçado a romper a

sua dupla attitude de neutro, optando

francamente pela causa da revolução

contra o Marechal Floriano Peixoto,

entendeu o Dr. Pereira Guimarães

dever acompanhal-o, sendo so então

que julgou dever pronunciar-se em ma-

teria política de tão alta gravidade. Essa

resolução tinha comtudo uma grandeattenuante e com effeito, como ha vi a

elle de abandonar os doentes e os feri-

dos, muitos de gravidade, doentes que o

proprio governo do marechal confiara a

sua sabia e vigilante guarda? Era im-

possível. O hospital de sangue foi trans-

ferido para a ilha das Enxadas, onde

estivera a Escola Naval e ali acompa-

nhou os outros seus camaradas durante

todas as phases de sacrifícios, até ao si-

nistro 13 de março em que, com o trium-

pho alcançado pelo governo legal, ficou

esmagada a revolta, e os miseros revo.-

tosos, abatidos, andrajosos e quasi fa-

mintos se refugiaram a bordo da velha

corveta portugueza «Mindello» em uma

promiscuidade indescriptivel è triste.

Acolhido a bordo do navio portuguez,o Dr. Pereira Guimarães rectbeu da

parte do commandante, de sua mulher,

dos officiaes do navio, e de toda a guar-nição os mais extremosos carinhos e

agasalho compatíveis com a absoluta

falta de espaço e de commodidades paraum tão grande accrescimo de população,mas absolutamente justificável pelassuas distinctas qualidades e porte sym-

pathico e insinuante.Mais tarde, já nas aguas do Prata e

depois de mil peripecias angustiosas e

de privações de todo o genero, foram

os refugiados enviados para a ilha da

Ascenção em um vapor argentino fre-

tado, denominado «Pedro III», e ali en-

contraram o transporte «Angola» quetrouxe os asylados a Lisboa onde che-

garam a i de maio de 1894. Em Portu-

gal foi o Doutor, com outros refugiados,

internado na praça d'Elvas, d'onde pou-co depois teve licença para vir á Lisboa

esperar sua familia que veiu do Rio de

Janeiro para lhe suavisar o captiveiro.

Em setembro, em seguida a uma con-

terencia entre o Dr. Pereira Guimarães

e o presidente do conselho oe ministros,

ficaram assentes as condições de liber-

dade concedida aos asylados, aprovei-

t ndo o nosso Doutor a occasião paravisitar algumas terras do reino e do es-

trangeiro,O Dr. José Pereira Guimarães es-

creveu, alem do tratado de Anatomia jáacima citado, um grande numero de

outros trabalhos, tanto em portuguezcomo em francez ; citaremos entre elles

os seus tratados sobre a cura do tétano,

aneurismas, resecção do maxilar supe-

rior por um processo seu. Foi feito socio

correspondente da Sociedade de Cirur-

gia de Paris, da Academia Real das

Sciencias e Sociedade de Medicina de

Lisboa, titular da Academia Nacional

de Medicina e da Sociedade de Medi-

cina e Cirurgia do Brasil.

O Dr. Pereira Guimarães durante a

sua já longa e brilhante carreira recebeu

as seguintes distincçòes honoríficas,

o gráu de Cavalleiro das Ordens Brasi-

leiras do Cruzeiro e Rosa, o de Com-

mendador d'esta ultima, a commenda

de Christo de Portugal, o Grande Oitt-

cialato da Ordem de Simão Bolivar, e

as medalhas de bravura militar dos

combates de Corrientes e naval de

Riachuelo e tres da campanha geral do

Paraguay, do Brasil e das Republicas

Oriental do Uruguay e Argentina.

Tal é o grande cidadão brasileiro, o

medico insigne, o habilissimo operador

que tão querido é do publico fluminense

e muito particularmente da laboriosa

colonia'portugueza que o respeita e que

já o tem tido como clinico assíduo nos

seus hospitaes de caridade,

Tal é o sábio, o distincto Dr. José Pe-

reira Guimarães a quem o obscuro

autor d'estas linhas e muito sincera-

mente affeiçoado.

AUGUaTO DE CASTILHO

Contr'Almirante da Armada Portugueza

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RIO DE JANEIRO

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Almanaque d10 THE AT RO

0 Dr. BARBOSA ROMEO no seu gabinete de estudos

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Almanaque d'O THE ATRO

\c\or\uo ^\\carâto <^)at^osa ^Romêo

Poucos, bem poucos homens desciencia tem conseguido o renomedo clinico illustre, cujo retrato honraas paginas deste «Almanaque».

O Dr. Barbosa Romeo foi umvencedor na luta pela vida, mas umvencedor glorioso porque as suasbatalhas venceu-as contra a morte,afastando-a diariamente do leito deseus enfermos.

Começoua sua vida

pobremen-te, ensaian-do os pri-meiros pas-sos da cli-nica em Ita-

guahy,ondecontrahion u p c i a scom a ExmaSra. D. Ma-ria LuizadeMesquitaRomèo, omodelo dasesposas de-dicadas, osymbolo dabondade,doaffecto e docarinho !

Barbosa Romèo havia sido in-

terno dos professores SaboiaeTor-res Homem;regressando ao Rio,esteultimo, seu admirador e amigo, cha-mou-opara seu assistente de clinica,

funcções que exerceu com grandeamor, a ponto de Torrres Homem

fazel-o mais tarde o seu Chefe de cli-nica.

Residindo, naquella época, narua dos Ourives foi-lhe fácil, com a

fama que diariamente se espalhava,absorver grande parte da clinica docommercio, o que lhe propmodesta fortuna, mallogradamentedissipada no turbilhão de papelorioque se chamou jogo da Bolsa.

Não desanimou o Dr. BarbosaRomêo e luctando sempre, estudan-do cada vez mais — elle possue amaior bibliotheca medica da Ame-

rica do Sule é assig-nante decento e tan-tos jornaesmédicos es-trangeiros-vai read-,

quirindo.es Vbens de fortuna que asorte lheroubou e

que foiamganhos namais subli-me das pro-fi s s õ e s ,principal-mente quando é exerci-da com aalta profici-

encia e meticuloso cuidado com queo Dr. Barbosa se abeira da cama dosenfermos.

O eminente clinico é medico hatrinta e tantos annos do Hospital daMisericórdia. O seu ouvido é umthezouro : Torres Homem procla-mou-o o pzimus inter pares. O Dr.Barbosa Romeo é uma notabilidade

que honraria qualquer das maiscultas nações do mundo.

Almanaque d' O THE ATRO

Assim o comprehendeu o Go-verno portuguez que o acaba deagraciar com o Coliar de Cavalleiroda Ordem de S. Thiago. Esta con-decoração de mérito scientifico re-vela o acerto da graça de Sua Mages-tade Fidelissima, D. Carlos 1.

Muito ainda se poderia escreversobre as curas brilhantes que oDr. Barbosa Romêo tem realizadoem todo o Brasil — porque de todos

os Estados elle recebe cartas de con-sultas. Ha dias de verdadeira romã-ria ao seu consultorio. Não sabe-mos, porém, de que espaço aindadispõe o Adhemar no Almanaque e

reçeiamos ainda ter excedido o gráode tolerancia que a modéstia do Dr.Barbosa Romêo haja permittido á

admiração e amizade do

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Almanaque d'0 THE ATRO

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1" Tenente Dr. Adhemar Barbosa Romêo

O OÜSI^O EU, . .

Quando adormeci, mal accorn-modado n'uin leito de pedra, emWillegagnon, a banda do Corpo,atacavaos últimos compassos do Me-phistophelis.

A musica de Boiío, no seu pro-logo, eriça me os cabellos; faz-meenamorado na scena do Jardim;causa-me horror no cárcere de Mar-

gariJa; irrita-me os nervos no Sab-bat infernal; torna-me voluptuosona Grécia e transporta-me aos céosno Epílogo. Foi precisamente ou-vindo este final,sentindo todo o arre-pendimento do velho Fausto, vendoSatan desapparecer no alçapão, queo meu cerebro se separou do corpo.Oh ! o poder da musica! Deve ser

Almanaque d10 THEATRO

assim que os anjos dormem no pa-raiso !...

Súbito o chão flammeja e surge

esplendoroso de brilho, olhos a fais-carem, o mesmo diabo que eu vira

desapparecer nas trevas do alçapão,torcido de dor, ferido pelas notas do

cântico divino ...

Não me atemorisou; sympathi-sei com o typo e faltei resoluto :

Mephistophelis, se vens paracantar commigo o final da Opera, étarde; a musica já recolheu a Quar-tel...

Não, não venho cantar; a mi-nha voz perdeu-se aos gritos paraabafar os sons das trombetas de Je-richó... Eu venho entrevistar-te.

Palavra de honra que o diabome fez rir. Lembrou-se das minhas'udiscreçôes

no tempo d'0 Theatroe veiu troçar-me... Enganei-me.

Satan approximou-se, agarrou-me por um braço e conduziu-me áamurada da Fortaleza. Havia luar.Elle começou:

Ha muitos séculos que não

falo á humanidade, e se agora o teuespirito não me acompanhasse tãoinsistente, talvez eu não te appare-cesse. Como te chamas?

Adhemar...Quando e onde nasceste ?

A 29 de Julho de 1876, na ruados Ourives, i55.

O diabo sacudiu o punho es-

querdo, em rapida pronação, e ap-

pareceu-lhe na mão um carnet.Disse, ao lêr uma das folhas :

29 de Julho.. . data Imperial;

fazes annos com a ex-princeza Iza-bel... «Quem nascer em Julho deveevitar os desregramentos da imagi-nação, que, muito activa e activada,conduz ao dominio das decepções e

das chimeras irrealisaveis. A pedra

preciosa dos nascidos em Julho é o

rubim, semelhante a uma gotta de

sangue, cuja mysteriosa virtude

acalma os accessos de ira, conserva

a saúde e dissipa as tristezas do co-

ração. O rubim vermelho exprime o

amor constante e a união das al-

mas»... Conta-me a tua vida e pre-direi o teu futuro por este kalenda-rio.

Pois senta-te e ouve; desejomesmo desabafar com alguém,ainda

que esse alguém sejas tu e me so-brem remorsos de haver tido partecomo diabo. .

Não havia cadeiras... O meuinterlocutor saltou aligero para umadas barras de ferro que cirçumdamum alpendre proximo a nós, equili-brando-se; pegou do lápis e foi ra-

biscando no carnet o que eu lhedizia:

Aos cinco annos de edaderegressava eu de Itaguahy, onde mi-nha avó —

que Deus haja...

O diabo estremeceu ouvindo fa-lar em Deus. Continuei.

.. guiou os meus primeirospassos. Ensinou-me a ler uma dasminhas tias. Aos nove annos meu

pae mandava-me ao collegio Mene-zes Vieira. Levava o espirito esmo-recido de susto e a bolsa farta de

merendas. -No primeiro anno^ de

collegio fui um estudante applica-dissimo; no segundo .. já tinha umanamorada, alumna do Jardim da In-

fancia. Chamava-se Isabel, e eu es-

piava-a pelo buraco da fechadura.E já sabias o que era «amor»

aos dez annos ?Não; namorava por instincto.

No atino seguinte, em 88, matricula-ram-me no Externato do ImperialCollegio Pedro II. Quando se pro-clamou a Republica, eu estava naaula de francez do impertinente

X;

Almanaque d'0 THE ATRO

Halbout. Elle e eu nunca faltámosá aula; lembro-me que nesse dia oHalbout deu-me a primeira notaoptima e chorou, chorou por doismotivos: pela queda da monarchia e

pela bellissima licção que eu — a

quem elle julgava um cabula — deran'aquelle famoso dia...

E chegaste a Bacharel?Não; o terrivel Drago — de-

ves conhecel-o do inferno — repro-vou-me em Mathematica. De resto,

fui sempre avesso ás Mathematicas.E' uma idiosyncrasia ! Desgostoso,

quis abandonar os livros e penseiem ser actor. Meu pae varreu-me es-tas idéas com uma carga de páo. Fuiser zangão. Ganhei, em seis meses,cerca de oito contos. Montei umtheatrinho particular na praia deSanta Luzia, onde, durante os ba-nhos de mar, enamorei-me de umaoutra .Isabel, que se casou com umdentista e hoje é viuva de um sui-cida. Em 1892 resolvi estudar. Co-mecei a freqüentar o externa to «Joãode Deus» e na primeira época deexames fiz uma surpreza a meu pae,dando-lhe a agradavel noticia daminha approvação em portuguez.Ou antes, a boa nova deu-a o Dr.Antonio Limoeiro, que sem me co-nhecer, se fizera meu amigo e pro-tector, impressionado pela origina-lidade da minha prova escripta. Sa-hira a descripção do mestre e eu fiza apologia de Arthur Azevedo, di-zendo que o verdadeiro mestre erao dramaturgo, porque ensinava ao

publico o patriotismo e a civilisação,castigava os máos e premiava osbons... Eu sei lá'! Já naquella épocatinha o theatro na cabeça e o Arthurno coração...

E ainda conservas este en-thusiasmo peto Arthur?

Cada vez maior. E' o escri-

ptor que mais me agrada pela sim-

plicidade e clareza do seu estylo,

pela naturalidade descriptiva dos;'seus typos. Como elle, só Taunay.O veiso de Arthur é encantador.Não ha sonetista que o iguale. Ecomo escriptor theatral tem duas

peças primorosas: O Badejo e ACapital Federal, isto seni esquecerA vespera de Reis, o Re trato a oleo, aJoia e muitas das suas revistas : Re-

publica, Frot&mac, Fantasia, etc.Continuaste então os prepa-

ratorios ?Sim e com felicidade, esbar-

rando apenas em Geometria e Tri-

gonometria, onde fui victima de umamolecagem do Teixeira Bastos e dahonestidade rancorosa do Gama,além de não saber patavina de tri-íonometria...0

E do curso medico, o que me.contas ?

— Freqüentei o primeiro annocomo ouvinte, o que não me privoude ser o mais troçado dos caloiros.,Descobriram que eu tinha voz de te-nor e — Zás ! — estragaram-me ascordas vocaes. A's vezes faziam-mecantar das 9 da manhã ás 2 horas datarde, fazendo esta careta, olhe:

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(Adhemar — Caloiro)

O diabo ficou arrepiado !...

Almanaque d' O THEATRO

Em abril de g5 prestava exa-mes da primeira série e o Dr. Mar-tins Teixeira dava-se ao prazer deme reprovarem Physica, como seesta matéria fosse das mais necessa-rias ao medico. O tempo justificou-me e esta cadeira foi supprimida docurso. No fim desse anno fiz a 2 a se-rie toda, tendo antes, prestado novoexame de Physica. Lembro-me dosVersos que o saudoso mestre de bo-tanica, Dr.João Joaquim Pizarro,es-creveu a meu pae, por occasiãodeste exame. Os versos alludem ácançoneta A Romã, de Moreira Sam-

paio, que eu cantarolava no inter-vallo das aulas :

Se o Romôo escapa á bomba,Prenuncio de tanto mal —

Leva hoje toda a noiteA cantar o «cardeal».

Depois de muito cantar,Ao vêr surgir a manha,Vae a outra fregueziaProcurar outra romá.,.

Mas que não se illuda muitoQue nem todas sao rachadas ;Estude mais, cante menos,

Que as do Chapot sao fechadas !...

As do Chapot são fecha-das ?!...

Sim ; naquella época o illus-tre professor Dr. Chapot Prévostera o terror dos segund'annistas.Felizmente fui atravessando sem ac-cidentes o curso até o 5o anno, tendoantes, em 1896, terminado o curso

pharmaceutico, no qual me diplo-mei.

Qual o accidente do 5o anno ?

O rompimento com a minhaex-futura sogra. Ella teve, aliás,toda a razão. O que lhe não compre-hendo é o odio que até hoje me vota,sabendo do affecto purissimo queconsagro á sua filha...

O diabo sorriu e nos seus den-tes de braza crepitaram fagulhas.Assim interrompeu :

Não tentes embrulhar o de-monio. Fala claro. Eram dois, poressa época, os teus amores, ambostinham mães; ambas romperamcomtigo... a qual te referes ?

A1 única que eu amei.Máo !... Como se chama ?Has de perdoar, carissimo

diabo, mas nem desta, nem da ou-tra, te direi os nomes. Deixarei per-ceber claro quem sejam; são factosrecentes... não te será difficil advi-nhal-os. Passei ao 6o anno...

E a moca ?.>Esqueceu-se de mim... em

Theresopolis. Morreu-lhe uma irmã,a única pessoa que naquelle meiohavia comprehendido o meu cara-cter e a minha situação e hoje a mi-nha «Dulcinéa» foge de mim...comotu foges da cruz.

E' bom signal...Parece-te?!... Como dizia,

cheguei ao 6o anno e comecei a sof-

frer uma guerra incomprehensivel einacreditável por parte dos meuscollegas de turma, justamente dealguns que me apparentavam ami-zade.

E não soubeste a causa ?Attribuo á inveja, e não é

sem constrangimento da modéstia

que te vou esclarecer o assumpto.No 6o anno attingi ao apogeu dasconquistas amorosas, quero dizer,era um flirtista sempre victorioso.

Estava em plena mocidade, aos22 annos, bem encarreirado e, so-bretudo, apontado como o futuronoivo da moça mais bonita do Rio deJaneiro.

Essa eu sei quem é.Deves saber; ella possue a

beanté da diable. Pois bem, esta

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Almanaque d'0 THE AT RO

posição saliente em que me collo-cava o rumor em torno do meu nome,arranhou a vaidade dos meus colle-gas.—«Ser amado poraquella Divaera a felicidade suprema!—Eu jánão podia aspirar a mais nada, tudome devia ser o reverso da meda-lha !».. .Assim pensavam eiles,e vaisenão quando apparece,nas colum-nas respeitáveis do Jornal do Com-mercio, um artiguete: mal compa-rando, que era antes uma synopsedos doutoran-dos de 99. Erauma louva mi-nha irritante acerto grupo deco lie gas, do

qual fazia parteo autor do arti-

go, o fallecidoAntonio Esta-nisláo. Era o

grupo da mu-sica, dos en-

grossados dobanco frente,grupo dos ur-sos, como cha-mam em Coim-hra. A mim aquem, aliás, natal sygnopse sefaziam boas re-ferencias, en-nojou aquellas linhas injustas paracom os outros collegas, muito maisdignos de louvores e, de parceriacom dois, que me haviam convi-dado, escrevi a chronica Bem com-

parando, pela Gazeta de Noticias.Era a resposta ao pé da lettra. Ape-zar da assignatura—Caloiro-mor-cego — attribuiram-n'a á mim e ar-maram o braço de um dos collegasmais decididos,— um pygmêo, coi-tado!—,e no dia seguinte era eu

traiçoeiramente aggredido a reben-

que.Repelliste a aggressão ?Immediatamente, e não pro-

cessei o rapaz porcjue,além de muitoignorante, elle foi um méro instru-mento de vingança, um gato' morto

que o grupo invejoso me atirou., áscostas. O pobre diabo foino 6o anno (!) e não houve code gráo solemne... porque «oCampos Saltes, então Presidente da

Republica, elo-

giára a minhabéca que estavaexposta na casaSucena», disse-me na explosãoda raiva um doscollegas !...

E porquenãocasaste~~™a beldade quefoi a causa es-sencial destalucta ?

Porque osnossos gêniossendo perfeitamente iguaes...não fizeramga. Além de

ue, eu tiveo da suaS

lumbrante bel-leza, embora me sentisse arrastado

pelo seu talento. Ella me disse umdia « — Contempla-me, admira-mee ama-me. Estás condemnado a se-

guir-mesempre... sempre... a obe-decer a todos os meus caprichos, os

quaes não terão fim... Estás con-demnado a seguir-me eternamentemas com esperança de que eu te in-nunde de felicidade, amor e ventu-ras! Curva-te á minha passagporque serei atua Estrella ! Não

Almanaque d10 THE ATRO

temas, porque o meu amor te sal-vará !...» Francamente: tenho muitoreceio dos grandes favores da natu-reza e a felicidade, que eu não la-mentei perder naquella época, hoje

guardaria avaramente se a encon-trasse... -

E foi por isto que entraste

para a marinha ?Não; entrei para ir a Buenos-

Ayres com o Dr. Campos Salles edepois fiquei porque, tendo-me ada-

ptado bem ao meio—que é de gentehonesta e digna — descobri um ex-cellente derivativo nas viagens paraas paixões que a miude assaltam omeu frágil coração...

Tens então amado muito?Incommensuravelmente.

¦ — Correspondido ?Quasi sempre, graças ás ré-

clames.Reclames? espantou-se o

diabo.Pois então ?... Basta dizer a

uma moça que outras, bonitas e detalento, estão apaixonadas por talrapaz, para que ella já o ache sym-

pathico, embora o não conheça. Oresto depende do primeiro encontro.

I Foi o meu segredo de flirtista: dei-

xar perceber a conquista de cora-

ções famosos e empedernidos...Felizmente, vejo bem casadas quasitodas as antigas namoradas... Al-

guns maridos, os mais tolos, é quenão me podem ver. E a proposito,quer saber o que escreveu GastãoBousquet, em Santos, quando lá es-tive, para os assustar ? estes versos :

— Quando se forem estas noites pretas,Escuras corno breu,

E vierem as noites de lua'1,A voz escutaremos do Adhemar...Cuidado ó paes com vossas Julietas

Vae cantar o Romêo...

E elles tiveram cuidado ?

' — Qual! A curiosidade é filhado abysmo... Mudemos de as-sumpto, seu diabo !

Porque não recitas mais ?Porque a sociedade assim o

exige... o medico deve ser casmurroe charlatão. Se soubesses comoaborreço a sociedade... Frequento-aunicamente em attenção a meos

paes. A única diversão que me aprazé o theatro...

Recita-me lá uns monologos;mas engraçados, com muitas ca-retas...

Vá lá...

í

(.Adliemar recitando monologos)

Almanaque d'0 THEATRO

... O diabo deu barrigadas deriso !... E' muito feio o diabo quan-do ri!!...

Fechou na bocca uns restos de

fagulhas e continuou:Além de Arthur, quaes os es-

cri-ptores theatraes que mais apre-cias ?

Nacionaes? Martins Penna,França Júnior e Moreira Sampaio.Este ultimo eu tive a ventura de co-nhecer ! Que bella alma ! Que espi-rito alegre; humorístico, na maioradversidade; risonho nos mais in-tensos paroxismos da dor !... Mo-reira Sampaio morreu de ar (crio-sclerose, em svncope. Dias antes dasua morte, em 1931, festejando-se omeu anniversario, meu pae, que erao seu medico (e eu o ajudante^ rece-

bea, acompanhando uma cesta de

doces, um cartão com estas duas

quadras, tão expressivas que não se

acreditará terem sido escriptas pelagratidão de um moribundo :

«Dr. Barbosa Romeo»

«Um pobre diabo—como eu sou—nâo temCom que pagar, grandes favores possa,Por isso hoje me atiro ao rifao : —«Quemmeu íilho beija, minha bocca adoça» —

«Para evitar a critic 1, porém,De quem, 110 caso, a applicaç&o nfto veja,Modifico o rifao dizendo : «Quem _Meu íilho adoça, minha bocca beija.»

E a mim dirigiu esfoutra :

«Neste mundo, Adhemar, todo de enganos,A cada passo encontra-se a amargura ;Deixa, pois, que 110 dia de teus annos,Eu te offereça um pouco de doçura».

Moreira Sampaio morreu rela

tivamente moço ; era um dos obrei-

ros mais efficazes do theatro nacio-

nal... aTens predilecção em cores í

—Não,embora a côr de rosa seja

a que melhor me impressione.Qual o teu animal preferido ?

O macaco; tenho tres : o Fa-

e julgo o

nnha, a Gonçcila ea lymbita...

quero-os como se quer aos filhos...O que mais aborreces ?

A raça negra; sou Danviiústanegro um animal inferior.

O «i3 de Maio» foi a desgraça do

Brasil: o negro sem o jugo não tra-

balha, prefere passar fome... e a->rova é que não temos creados! Fe-

izmente o exercito e a armada não

lhes deixam esquecer as senzalas ...

Neste ponto, S. Paulo brilhou com

a sua milícia: o negro é, geralmente,a personificação da estupidez., da

indolência, da teimosia e da igrto-

rancia. Ha tão peru ca s excepções

que a regra é axiomatica.Quaes as operas que mais te

agradam ?Carnien, Huguenoítca, Me-

phistophelis e Lohengrin.Conheces o teu principal der

feito ?Perfeitamente: uma fran-

queza de palavras compromettedora;

se tenho um pezar, não posso occul-

tal-o; se tenho uma alegria, sahe-me

a alma pela bocca afora...Os homens assim são since-

ros.Pois ha quem os chame : le-

vianos...Qual o teu sonho deiradj?São tantos... Saber tratar

todas as moléstias, ser empresário

theatral, cultivar a minha yoz.de

tenor...E pretendes casar ?Certamente. I1/ uma questão

de tempo. Em matéria de casamento

sou fatalista : o que tem de ser tem

muita força.Tens inimigos ?Poucos; um,critico musical,

com quem já ajustei contas e a quemnão appliquei o castigo merecido,

por saber que elle— disse-me o fal-

I

I me

soi

| fel

• , -V

Abril— 1906 i

|——^

Almanaque d' O THE ATRO

— Padre!..

' lecido Visconde de Alvarenga — ésujeito a congestões cercbraçs e podemorrer de uma pancada..,. Os maisnão são inimigos, são invejosos que

suppõim muito feliz...E não és feliz ?!...Sim e não. Sou feliz porque

, um resignado e consolo-mevendo que ha outros muito mais in-

izes do que eu...Não sou feliz por-f

que não pude casar-me com q.uernamei 5 porque depois á fé que sou

homem ! — vivo sempre enfeitiçado

por duas ou três mulheres,ao mesmo

tempo", porque sou ciumento 5 sou

honrado,... e a humanidade, em ge-ral, é má, perversa, deshonesta !...

Só houve um homem que me com-

prehendeu : esse era um puro e porisso matou-se, o meu querido primo

Juvencio!O diabo

ia ficandocommovidoe do seu-olho es-

querdo ca-hiu uma

pequenabraza. Poz-se de pé e

perguntou-me firme:

-E seeu te offere-cesse umaoutra vida?O que de-s e j a r i a sser ?

O diabodeu um pu-lo e foi ca-hir no meioda bahia ;ouvi um es-trondo me-donho e ac-cordei apa-vorado.

Willega-

gnon derao tiro dasdas 4 1/2...

VampirÃo Sobrinho;

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Almanaque d'0 THEATRO

5Q. Violeta fiitna s wastpo

(^Prjmeiro prêmio do CJonservatorio de ^VtusiCA^

Jámais se encontrarão tão bemfparecendo-lhe impossível a natureza

reunidos o talento e a formosura, implantar num mesmo corpo os seus

Houve um poeta que achou dispen-, dois mais primorosos dotes,

savel um,desde que existisse o outro,;j D. Violeta Lima e Castro e

r*

Almanaque d'0 THEATRO

privilegiada. Filha do illustrado pro-

fessor da nossa Faculdade de Medi-

cina,Dr. João da Costa Lima e Cas-

tro e de D. Elvira de Andrade Lima

e Castro, recebeu de seus paes a

mais carinhosa e cuidada educação,

salientando-se desde o antigo Col-

legio Progresso, de que foi alumna

distincta, e surprehendendo depois

diariamente os professores parti-culares que na residencia de seus

paes iam ensinar-lhe a pintura, o

violino, o piano e o canto.D.Violeta Lima e Castro é meio

fluminense e meio parisiense, poisnasceu em Paris, a 8 de Dezembro

de 1878. Foi aqui, porém, que o seu

espirito se educou e sob o nosso lin-

! do céo cresceu venturosa e feliz,amada por seus paes, adorada porsuas amigas e venerada por quantostêm a honra de conhecer-lhe os inve-

javeis dotes de espirito e de coração.D. Violeta falia e escreve cor-

rectamente tres idiomas: o portu-

guez, o francez e o hespanhol; lê e

falia bem o italiano e o inglez. Os

seus quadros, de extraordinário re-

levo e expressão, honram a Parrei-

ras, seu mestre, e 110 piano e violino

¦T

pôde ainda ser apreciada a ductili-

dade do seu talento.

Onde, porém, D. Violeta attinge

á perfeição é na arte de dizer e de

cantar. Um monologo, uma canço-neta, um trecho de opera, recebemda sua garganta o influxo da sua

alma de artista eleita e nos salões da

alta sociedade fluminense o seunome echoa como um relicario dasmais peregrinas virtudes.

Não é de extranhar, pois, que a

vil peçonha da calumnia tenha sidolançada no seu caminho de glorias;tudo, porém, tem sido em vão: assubdividas são mimes da natureza,

pródiga para uns, avara para outros.São estes, os desherdados da sorte,os peçonhentos que vivem esmaga-dos pelo esplendor da sua bellezae pelas irradiações do seu talento.

O Almanaque d10 The atro

pede licença a 1). Violeta Lima eCastro e aos seus dignos paes pararender-lhe este honroso preito dehomenagem, publicando o seu re-trato; um livro de arte não se podiafurtar a tal ousadia, contrariandoembora asua reconhecida modéstia.

Alugam-se ternos de casaca

Fundada em 1822

Na Casa Ribeiro

Rua Sete de Setembro, 133

RIO DE JANEIRO

Almanaque cTO THEATRO

COMEDIA EiVI UM ACTO

De Ernesto de Hervii.ly — Traduzida por D Adelina Lopes Vieira

PERSONAGENSMine. Spoon—viuvaHondurusUm creado ¦

SCENA Ia

Mmc. Spoon entra elegantemente vestida com toilette de baile.

(Para os bastidores : Pulcheria ! Está entendido, ás 1 o horas o

carro, depois de olhar para a relogio. Nove horas e meia ! Muito bem !

Tenho tempo de me passar em revista, como dizia o meu defunto coronel

Spoon... colloca-se deante do espelho. Perfilada! Não estou mal !... E

sou a modéstia personificada ! E1 que eu tive de seguir ponto por pontoo programma de a minha querida Jemmina.Convidou-me para o seu baile

de noivado, mas de modo que os meus esplendores não cegassem as bur-

guezasinhas de sua amizade e eu fui obrigada a moderar a minha toilette^ a

entrar nas fileiras,sempre, como diria o coronel Spooryiinda assim,sou,..

uma viuva...cliic,e mesmo vendo-me com esta toilette simples mas de bom

gosto, estou certa que o meu saudoso amigo, me teria dito : Soldado, estou

contente comtigo !—Pobre coronel! Ah ! que destino cruel é o que nos

tira um marido na flor... da nossa idade ! Poucos mezes depois do meu

casamento o coronel resfriou-se. Ao principio não foi nada mas, v^io a

Sciencia, e em pouco tempo foi condemnado pela Faculdade. Lm fim uma

manhã tomou uma poção e alguns instantes depois, a medicina dos ho-

rnens estava satisfeita. Fica pensa tiva um instante, depois indo ajanella

mergulha a vista na escuridão. Chove sempre ! Que horrivel inverno !

Trevas por toda a parte! Nem uma estreita ! Segundo a pittoresca expres-

são de Pulcheria, minha creada de quarto, dir-se-ia que os anjos neces-

sitados puzerameste mez os astros no Monte de Soccorro. Poe-se a rir.

Estou a lembrar-me daquelle imbecil, daquelle bonito senhor, da

quelle bom doido com olhos de pelicano dedicado... que encontro inces-

santemente em meu caminho ha 8 dias... Se elle podesse receber sobre

os seus nobres hombros toda, ou, ao menos, parte da chuva torrencial

que está cahindo, teria grande prazer, palavra de honra ! Isso seria agua

na fervura, com certeza. Batem á porta da esquerda. Então ! quern^ é .

Apparece um creado com uma salva na mão. Eu disse que só queria p

carro, ás i o horas!

Creado

Peço a Senhora que me perdoe, é que esta ahi um cavalheiro quedeseja faltar á Senhora para um negocio urgentíssimo.

Mme. Spoon

Não disse eu, que hoje não receberia ninguém?

/

Almanaque d10 THE ATRO

Creado

Foi o que eu disse a esse Senhor mas etle supplicou-me que trou-

xesse á Senhora o seu cartão... entrega o cartão

Mme. Spoon [lendo)

«Wilfrido de Honduras». Honduras! Não conheço Honduras ne-

nhuma. . Vejamos !... parece-me que li muitas vezes este nome nosjor-

naes... Honduras !... Sim... Já sei. ^E1 o amador estrangeiro... o americano da America do t>ul.; . que...

E' isso ' Um colleccionador celebre... Que me quereráelle ? Não sou ve-

lharia rara ! Estou capaz de o mandar... para os seus. bibelots ? lendo

«Netíocio dos mais urgentes.» Está escripto... vamos,Baptista, maneia

entrar esse Senhor, (d parte) Eva admittiu que a serpente se apresentasse

e lhe fatiasse... por curiosidade. 0 creado sae, ella senta-se e tefleefe.

Houduras 1 Bom. Eu nem sequer perguntei que aspecto tem esse habi-

tante do Novo Mundo ! Que visita singular ! Que posso eu ter de commum

com um ex-pelle vermelha que compra pratos de Monstiers... nos baza-

res de antigualhas !

SCENA 2a

De Honduras e Mme. Spoon

Honduras, (toiletle de baile)

Exma. Senhora !Mme. Spoon {dando uni gritinho de surptesa)

Ah ! á parte: O homem de olhos de pelicano dedicado ?

E' forte! Alto, com indignação apontando aporta.

Senhor faça-me o obséquio de...

Honduras (d parte)

Reconheceu-me, não ha que ver, alto Senhora ! por piedade...Mme. Spoon

• Saia,Senhor ! ou então constrange uma fraca e isolada mulher,a usar

i dos meios violentos que um toque de campainha lhe proporciona.Honduras

Minha Senhora, por misericórdia! Ouça-me! Uma palavra! umaII palavra só ! por tudo o que mais ama na terra !... pela sua collecção !!

uma palavra !^

Mme. Spoon (d patte)

(Durante este—á parle—Honduras levado por irresistível curiosi-| dadeexamina, de telance, os objectos ratos que estão sala). Este homem

é louco ! Não tem nada que metta medo... Está elegantemente vestido !Por outro lado... o carro ainda não está á porta... Baptista vela.. Ora!vamos a ouvir a tal palavra! alto. Fatie senhor, uma vez que se introduzio—de noite, sem infração, reconheço, em meu domicilio... estou resolvidaa escutal-o.

Almanaque cT O THE ATRO

Honduras

Faz bem minha Senhora. Não é um quadro completo da hori ivel si

tuação em que me acho que vou patentear a V. Ex. & um simples esboço..

um ligeiro croquis l... . .Mme. Spoon (mostrando uma cadeira)

Use da sua victoria; installe-se Senhor.

Honduras (inclina-se e senta-se)

Senhora! eu sou esse desventurado, esse desconhecido, esse chris-

tão errante que ha 8 dias encontra sem cessar por toda á parte, desagra-

davel, ai de mim ! como... se eu fosse uma barata... estou certo disso.

Mme. Spoon (seccamente)

Ao facto, Senhor, ao facto...Honduras

Apezardo desdem... carregado, que V. Ex. testemunha ao mais

respeitoso dos interlocutores, dir-lhe-ei que aqui me traz, a estas horas,

é profundamente conveniente. Sim, minha formosa senhora, o ceu que

teremos no mez de Junho, não será mais puro que o fundo do meu cora-

ção. Wilfrido de Honduras é meu nome.

Mme. Spoon

Já sei. Se devo crer nos melhores reporters é um coltecionader dam-

nado!Honduras (in f e r rompeu do- a)

Oh ! Senhora ! ainda não mordi ninguém !

Mme. Spoon (irônica)

Lembro-me perfeitamente. E' o senhor que paga i3:ooo$coo por um

pote de mostarda de. .. vieux marseille ?

Honduras

Mostarda? é talvez excessivo, mas paguei com e(feito ireze contos

por esse pote, fosse qual fosse a profissão que elle exercesse outr ora.

Mme. Spoon

Tenho a honra de repetir, que exponha o facto !

Honduras

Então minha senhora, quer que rasgue o véu, mais amplamentet

Mme. Spoon

Rasgue senhor, mas rasgue depressa.

Honi)uras (levanta-se)

Eis aqui. A scena passa-se em Paris. N'um bella manhã do mez pas-

«5-tdo- chovia apenas em torrentes. Achava-se na rua Drouot, no pri-

meiro andar do monumento coberto deannuncios, que conhece. \ endia-

sc uma coliecção de amador: do Sr. de La Hublotiére! Puz um lance

Almanaque d'O THEATRO

n'uma soberba terrina! Uma Rouen polyehroma, à la Corne, irrepre-

hensivel! quasi duas vezes centenaria ! pois datava da época de Luiz o

Grande que depois de ter mandado todo a sua baixella para a Casa da

Moeda, deliberou usar —faiança—como diz Saint Simon. Ah! Que ter-

rina minha senhora ! Era toda em festões em astragallos quero dizer

nue os lambrequins e as cercaduras que a decoravam teriam enthusias-

mado o coração do proprio Bernard.de Pollssy; emfim, além de tudo

isto era ainda ornada com magníficos brazões, o que é rarissimo.

Mme. Spoon (á parte)

E' absolutamente louco ! (alto) Acabemos com esta brincadeira.

Honduras

Mas eu estou serio como Plutão ! Vou abreviar. Essa terrina foi-me

entregue por 43 contos e alguns mil réis que não menciono, para a não

aborrecer.Mme. Spoon (rindo)

Fico- lhe obrigada.Honduras (dolorosamente)

Pois bem, Exma. ! Essa terrina! esse sonho da minha juventude!essa consolação para minha idade madura, essa terrina, estava viuva da

sua tampa !Mme. Spoon (friamente)

Pungente historia, na verdade! mas eu, nada posso fazer e como

penso que isto tudo é resultado de uma aposta, concedo que a ganhou:— Queira sahir — (Moslra-lhe a porta).

Honduras

Creatura cruel! Expulsa-me ? !

Mmr. Spoon (colérica)

Mas Senhor ! Eu não tenho a sua tampa !

Honduras

Está em erro minha senhora, em erro violento.

Mme. Spoon

Como assim?...

H on i>u r a s (rapida m eu te}

Nem mais uma palavra: Sei tudo, essa tampa está aqui! Essa dese-

jada tampa comprou-a V. Ex. ha um mez a Crédence, nosso amigo,nosso

conuuum fornecedor do Caes Voltaire para fazer—uma suspensão na sua

estufa; não é exacto ? Essa tampa, segundo a descripção que me foi feita,essa tampa é a minha ! Crédence ignorava absolutamente o nome o ende-

reço de V. Ex., mas um dia V. Ex. passou pelo cáes, eu estava no esta-

belecimento de Crédence e elle disse-me : Alli vai a senhora da tampa.

Então rápido como um gamo, principiei a seguil-a atravez de pontes e

boulevaras. Mas ai! durante oito dias, como as chiméras para os poetas,

Almanaque d' O THE AT RO

V. Ex. desapparecia num armazena de roupas brancas, todas as vezes que

esperava approximar-me para suppUcarque me cedesse a tampa, nao

importava por que preço... Finalmente, descobri esta noite a sua

morada e eis-me aqui, impertinente e pallido como o espectro do com

mendador.

Mme. Spoon

Mas, isto é loucura bem caracterisada !

Honduras (com violência)

E' que V. Ex. não collecciona ! Nao sabe o que é esta paixão devo-

radora ! Quando procuramos o objecto que nos falta, ha em nos sangue

do indio que segue o inimigo sobre a pista da guerra para escatpe a o

e suspender com orgulho a sua cabelleira á porta do seu wigwam . r

eu jurei a mim mesmo, obter a tampa de V. Ex.! Uma teu ma sem

tampa, senhora, é como a palmeira solitaria que suspira, quando passaá ventania; é Paulo a duas mil léguas de Virginia; é um trmao siamez

operado do seu mais proximo parente; é um lapao privado da sua íenna,

em nome de Deus ! Senhora, venda-me a tampa !

Mme. Spoon (d parle assustada)

Estou com muito medo ! [alto) Senhor! uni momento! (toca e

apparece o cteado) Traze-me a tampa com jlòres que esta na estufa.

(o cceado sae)Honduras

Pois que, senhora? Será possível! (encantado) Consente ?

Mme. Spoon

Em ceder-lhe a tampa ?... Certamente.

Honduras

Disse, certamente ?! Ah! como este advérbio me parece delicioso •

Não sei como hei de pintar-lhe o prazer.. .

Mme. Spoon

Não procure pintar nada, peço-lh'o.Honduras

Obedeço; mas, ao menos,deixe-me perguntar,por que preço consente

em"desfazer-se desse objecto raro?!...

Mme. Spoon

Oh ! Não ponho preço algum. Dou-llVo.

Honduras

Dá-rno? Rouenü... á Ia Corne ?!!... (com uma suspeita súbita.)

Mas então a sua tampa está com o esmalte estragado? terá algum defeito

secreto?!Mme. Spoon

Não. A peça está intacta. (Ouve-se um baiulho de louça que cáe no

Almanaque d'0 THEATRO

chão e que se quebra). Ao menos estava intacta... ha pouco, mas agora?

ai... temo bastante que...Honduras

Ceus ! que ouço ? Ah ! que golpehorrivelrecebi!...

A minha... a sua... a nossa tampa, ai, ai... Estou me sentindo mal,

minha senhora ! Eu ... eu... Rouená la Come ! Eu... quebrado em mi

pedaços ! ah !... ah... (Cae esmagado ao peso da emoção.)

Mme. Spoon (estupefacta)

Ah! meu Deus ! Não me faltava mais nada ! Senhor! Senhor ! E que

elle fez o que disse... desmaiou... Oh! que aventura horrivel! Senhor. V otte

asi; supplico-lh1^!... Isto é medonho! E se elle morrer aqui.! Senhor. Um

cadayer em minha casa, a esta hora [perdendp a cabeça) quando se tem uma

casa pequena! Seiíhor!E' terrivelmente anormal o que está fazendo. Senhor.

í E se eu lhe batesse nas mãos ?... (administra-llie esse legendat-io reme-

\ médio) Senhor ! Caro Sr. Honduras volte a si!... Em nome do ceu ! b este

baile! oh, este baile ! Que hei de fazer ? Não posso desabotoal-o... An.

I como neste momento me seria util, o coronel! Que momento critico .

I (Honduras fa& um movimento) Ah!... Oh!... Volta á vi ia... Salvo .

Honduras (abrindo os olhos)

Onde estou ? oh ! minha senhora ! Que se passou? Ah! Recordo-me!

foi a tampa ! ! (torna a desmaiar).

Mme. Spoon (amedrontada)

Então vae desmaiar outra vez ? Senhor!

Honduras (voltando a si, pouco a pouco)

Acabou-se; estou melhor. Agradecido...

Mme. Spoon

Está realmente melhor ? Quer um copo d'agua?

Honduras

Muito assucarada, sim, minha senhora.

Examina com desdem o copo que lhe tias, Mme. Spoon e murmura:

Veneza faIso(bebe).Bem.Sinto-me restabelecido.Restauração completa!...Peço mil desculpas a V. Ex. !... O meu systema nervoso está de uma

susceptibilidade espantosa, desde... (Pega no chapéo e vae para reti-

rat-se).

Mme. Spoon

Desde... ?

Honduras

Desde o rompimento de um enlace que devia colmar-me de feli-cidade.

Almanaque d'0 THEATRO

Mme. Spoon

Sinto immenso ter sido a causa innocente....

Honduras (sentando-se de novo)

Quanta bondade ! Ah ! minha senhora deixe-me contar-lhe tudo..ha de fazer-me bem... quero dar-lhe alguns detalhes da minha biographia intima. a

Mme Spoon (á parte)Como este senhor abusa do seu estado doentio... é preciso.'.. Est<

baile!... Este baile ! (alto) Senhor, é contra a minha vontade... Soiesperada...

Honduras

Duas palavras mais e termino. E' uma historia simples. Foi, h;alguns annos... Meus pais tinham-me feito esperar a ventura...

Mme. Spoon

Estou sentidissima, mas não posso demorar-me mais tempo... Unbaile de noivado...

Honduras

E'justamente de um noivado que se trata; do meu, entre parentheses, que se não effectuou porque a noiva que amadurecia para minsob a latada da sua familia...

Mme. Spoon

Deveras, senhor! !

Honduras

Etnfim, Mlle. de Morville, apezar de me não conhecer...

Mme. Spoon (á parte)Gomo ? é então este o jovem que !... Aqui está então,o desconhecidc

rival do coronel... o que eu recusei desposar.. . Pois não é feio !

Honduras (proseguindo)Oh ! Eu não quero mal a Mlle. de Morville ! Ella não me conhecia*

Eu nunca a tinha visto.Nosso rompimento,não teve nada de doloroso pareella, pelo menos. Porque, para mim, eu tinha architectado sobre esteunião... um grandioso castello no ar... Oh ! foi uma grande decepção

Mme. Spoon (d parte)Pobre rapaz! (alto) Então não odeia essa pérfida ?

Honduras

Não guardei na minh'alma, nenhum sentimento amargo contra Mllede Morville. Mas, minha senhora, essa recusa sem motivo, foi ume

punhalada em plena alma. Foi por Isso, só por isso que me precipitede cabeça para baixo na ceramica, na flor da idade.

L

Almanaque d'0 THE ATRO

Mme. Spoon (d parte)

Creio que o proprio coronel... no logar deste manoebo, não teria

sentido mais perder-me... [alto) Na ceramiea, disse o se a

Honduras

Sim Exma., na ceramiea enterrei-me, até

deste modo, quiz conservar um íespeitt p d'elle o mais de-

parte Mlle. de Morville,que era,antes de ue pensava Hamleto.

licado specimen. liu nunca disse da nome fragilidade,

Não ! Nos meus dias de dôr apenas exclamava. «Teu nome, Irayuaa ,

é... faiança!...Mme. Spoon

E ficou... solteiro?Honduras

Como o pastor Páris, Exma.

Mme. Spoon [sorrindo)'

Hetm ? Então apezar de toda essa dòr, distribue aqui e acolá, alguns

pomos ?...Honduras

Oh ! Não senhora, rarissimamente !... Páris, sob todos os aspectos

está tão longe do Monte Ida ?...

Mme. Spoon

Peço perdão. Sou de uma indiscripção !... E nunca tornou a ver

Mlle. de Morviüe ?

Honduras

Nunca; o rico estrangeiro que ella a mim preferiu, dizem-me que e

coronel... na milicia americana. E' um gentleman chamado, creio eu...

garfo em inglez.Mme. Spoon ('vivamente, rindo)

Engana-se senhor, Spoon é que elle se chamava.

Honduras (negligentemente)

Ah ! sim, perdão. Então eu devia ter dito colher. Chamava-se colher

esse bom yankee! ....Mme. Spoon (com violência)

Senhor ! Respeite a memória de meu marido .

Honduras (compreliendendo subitamente)

A memória de seu marido ! Colher era seu esposo !... e agora V. Ex.

está viuVa... e... e... ah !... mas então é com Mlle. de Movvdlc.avant la

lettre... que eu tenho a alegria delirante de faltar neste momento.

•*

Almanaque d'0 THEATRO

Mme. Spoon

Trahi-me Sim, é á viuva do coronel Spoon que o senhor veiu pediruma tampa.

Honduras (com embriagues)

Oh! maravilhas da ceramica ! Tudo se explica !

Mme. Spoon

Tudo ? Que quer dizer senhor Heitor ?

Honduras

Chamou-me Heitor!... oh! minha senhora! este nome na sua

bocca compensa muitos annos de dôr. Sim senhora,tudo se explica neste

instante. Émquanto eu perseguia ardentemente este — T osao de ouro

em faiança, que jaz aqui por traz desta parede,quebrada em mil pedaços,

émquanto que noite e dia, na cidade e no theatro eu a Seguia obstinada-

mente, oh ! minha senhora, sentimentos de extrema doçura se mtrodu-

ziam sorrateiramente em minh'alma ! Depois de tres dias de buscas, ]á

não era uma terrina que eu tinha no coração, era a sua adorada imagem*

Mme. Spoon

Senhor Heitor!...

Honduras

Ao colleccionador damnado, succede o amante soffrego, desespe-

rado; porque o seu desdem por mim, eulia-o em seus olhos cada vez

que elles encontravam os meus... Ah ! minha senhora,quão feliz sou em

ter encontrado a Exma. viuva Spoon, na encantadora desconhecida para

a qual me sentia arrastado, irresistivelmente !

Mme. Spoon

Senhor Heitor !...

Honduras

Sim ! Eu tinha remorsos de ser infiel á memória de Mlle._ de Mor-

ville ! .. e se o colleccionador não tivesse dito muita vez ao apaixonado .

«Coragem!)) creio que nunca, nem um nem outro teriam üdo_a

que teem hoje, de precipitar-se a seus pés, supplicando arrebatados de

amor que lhes conceda... (ajoelha-se)

Mme. Spoon

Meu amigo !...

Honduras (desvairado)

Perdoe tão grande ousadia! Por causa desta extranha aventura, ah!

Senhora! digne-se V. Ex., completar a minha collecçao .... Oh. M

Deus' Que digo! Perco a cabeça... supplico-lhe que recompenses a

minha constancia. Sim... uma palavra sua, apagara a lembrança de tudo

o que tenho soffrido ! E' com lagrimas de alegria, que peço, me faça a

raça, de dar-me a sua tampa... Estou frcando louco !... Perdão!... Con-

eda-me a sua encantadora mao !

Mme. Spoon

m mil pedaços'Honduras

Que vá p'ra o diabo a collecção! Que me importa agora a faiança .

mo"a Mme. Spoon

m coração despedaçado !:! Honduras (absolutamente

louco)

Eu lhe porei uns gatos !

Mme. Spoon

No meu coração ?

Honduras

Não, cruel, na tampa. Já nem sei o que digo.

Mme. Spoon

Com effeito, o seubello sonho está em pedacinhos. Náo se lembra

delle ? Que preço pode ter elle agora .

Honduras (transpoitadoj

Eu o consolarei.Mme. Spoon

A' minha tampa ?

Honduras

Não senhora, ao seu coração. Se os pedaços forem bons...

Mme. Spoon (rindo)

Do meu coração?Honduras

\h i nor favor cessemos este detestável quiproquó. Está tudo claro,

tampa Se,'o amante fica e o colleccionador esvae-se ! Eu adoro-a !

Mme. Spoon (.maliciosamente)

Mesmo sem tampa ^

Honduras ([levantando-se,

Com toda a minha terrina !

(batem d porta)

Almanaque cVO THEATRO

Mme. Spoon

Que é ? que temos ainda ,

(apparece o creado)

O Creado :í:

.A tampa que a senhora comprou ha 8 dias, já foi levada para casa do

fornecedor de bronze para ser guarnecida...Mme. Spoon

Que barulho foi então aquelle de ha pouco ?

Creado

Foi o Sr. Pite, o cãosinho da senhora que deitou ao chãc.uma jardi-

neira. Tenho a honra de prevenir a senhora que o cairo e c p

{retira-se)Mme. Spoon

Então Sr. Heitor que me diz a isto ? A sua tampa nao esta quebra^..

Honduras

Tenho pena! Vae talves agora, mandar-nos embora, um levando a

outra... e eu certamente... morrerei.

Mme. Spoon

n í \a\ Tnrtri me a dar o meu advérbio! Não, Heitor, eu

nao oLmàXe'mborl apenas

Jeinmma Donghty..'. uma compatriota do fal-

tecido... coronel!Honduras

Miss Jemmina que desposa Sir Robert Gravesand ?

Mme. Spoon

Sim T THonduras

Sendo assim peço um logar^a sua carrua£ (Tira

casamento do bolso};A carta esia baile esta noite, e o

^^voT/itt^rm^famigoo Sr. Robert Gravesand.

Mme. Spoon

Que amável coincidência ! Conhece-o então muito ?

Honduras

fcJSSüRSS csworçup '

um colleccionador... Oh ! Sua esposa será muito feliz .

I.....——.

Mme. Spoon

vWorr» r^n«rqrr

que dô ?Honduras

Mande que a eolloquem sobre o buffet da sua sala de í^'^' e ^

que um dia, a minha terrina venha reunir-se a ella, se for do ab

grado ! ?Mme. Spoon

Está nas suas mãos fazer-me goslar da cerannca Heitor !

FIM

Actor Manoel Pinto

Falleceu na Allema-

nha, uma actriz com a

edade de 8g_annos, e em

seu poder foi encontrada

uma carteira com a se-

guinte curiosa estatística

da sua vida:

Casei 7.000 vezes", fuirainha 6.221; morri enye-

nenada 6.314; presencieia queda de 811 empresa-

rios ; tive 11.277 jithos ;

4.377 sobrinhos; presen-ciei 526 dueltos; fui enga-

nada 6.213 vezes e ganhei

92.344:000 francos.Apezar de ter ganho

tão respeitável somma, a

extraordinaria actriz mor-

reu pobre como acontece,

geralmente, a quasi todas

as estreitas que fulguram,no mundo dos bastidores.

Um indivíduo faz-se actor como pega n uma

espingarda, commumente, por imprudência

ou por necessidade,raras vezes por inclinação

ou vocação verdadeira.Engel.

Um afinador de pia-no, apostou em como toca-

ria 45 horas a fio sem pa-rar.

Fel-o; porém, quandoacabou, desfalleceu de

fome e de fadiga.

Almanaque d'0 THEATRO

*

impres-des-

—I—I—-

Almanaque d1 O THE ATRO

(í) que t it mpmtiMe!

MONOLOGO

de A. Carvalho Pimentel

Quando eu era pequeno, minha avó

uma velhinha corcovada e de cabellos

muito brancos—já fallecida, como eu

tinha n'aquelle tempo (dizia ella), um

rosto delicadíssimo, alvo como se fosse

de alabastro e macio corno velludo.costu-

mava chamar-ine graciosamente -a sua

boneca.—Ao principio não me importava

com aquillo e até (deixem-me dizer-

lhes) não desgostava da denominação ,

mas logo que os doz annos me cahiram

sobre a pelle, isto é, quando uma certa

vaidade de ser alguém — de ser homem

afinal-me dominou, comecei a reflectir

l e a embirrar solemnemente com tal epi-

'theto. .— Boneca! Boneca, porque?- dizia

eu com os meus botões, algum tanto

indignado. _Boneca é feminino (eu estudava

grammatica n'aquella occa^iao) e eu

pertenço ao sexo masculino !

E passava dias e dias a matutar sobre

tal assumpto.Uma vez, não me pude conter! clie-

guei junto de minha avó e pergunte -

lhe autoritariamente: O' avósinha, eu

quero que a senhora me diga porque

razão me chama—boneca !Ora, porque, meu amor! porque es

muito bonito, porque tens um rosto

muito engraçadinho.Pois então, — retorqui eu immedia-

tamente,—vou pedir ao papa que me

leve d olaria e que me faça um rosto

menos engraçado, porque não gosto de

ser boneca! .O que é a ingenuidade ! Eu tinha

lido algures que a gente nada mais é do

que barro, e, por isso, julgava que podia

ser feito de novo ou, pelo menos, relor-

mado a meu belprazer !S. Paulo —i 906.

E' impossível que uma cousa

sione o coração quando comece poragradar á vista e ao ouvido.

Pia por isso razões, para logo, desde

a estréa, perguntar se uma actriz e

bonita ; alguns annos depois perguntarse-á se é boa actriz.

DUCLAIRON.

Actriz Helena Cavalier

E' preciso que um actor quando es

tuda um papel, não reflita só, em geral, sobre a verdadeira expressão a dar

a cada uma das paixões que tem de re-

presentar. Deve ter também todo o cui-

dado em investigar que parte poderátomar n'elle, este ou aquelle defeito do

üeu corpo, isto, ou porque o reconheça,

ou porque delle o previnam amigos, dos

quaes o conselho, não sendo repellido

por um amor proprio exagerado, de-

pressa pcl-o-à de sobre-aviso.Engel.

Almanaque cTO TH K AT RO

Um ènguiço curioso das

peças de Ambroise Thomas.

Perguntando-se porqueandam sempre tão esquecidas

as operas de Thomas, alguém

se lembrou de colligir os se-

guinles apontamentos :«Em 1869 ardeu a Opera

no dia em que se annunciou a

centesima representação do

Ha 111 lei.»

« Representava-se a Mig-

non quando ardeu a Opera Co-

micaefoi também durante uma

representação da Mignon que o

theatro das Artes, em Rouen,

foi incendiado.»

Vè-se pois, que a Mig non

não é, de todas as operas a quese pode ouvir mais, sem cuida-

dos.

fallecido actor brasileiro!

XISTO BAHIA

na sua notável creação do

Ber mudes, da Ves per a de Reis.

A eisura que corta o retrato é defeito do origi-

[al que lográmos obter.

Um medico (rances, fez al-

guns estudos sobre a acção das

diversas bebidas, nos orgãos

vocaes dos cantores. Julga elle

que o vinho tomado moderada-

mente é util,mas, que a cerveja

adelgaça a voz e a torna guttu-ral. Conheceu alguns dos me-

lhores cantores e d'elles_nos

diz que: a Malibran,bebia vinho

de Madeira e comia sardinhas;Martin, punha na bocca algu-

mas pedras de sal antes de

cantar *, Chotlet tomava cer-

veja; a Persiani comia carne

com sangue; Dumenel, ingeria

seis garrafas de champagne e

declarava que a cada garrafa,sentia fortalecer a voz e Gar-

cia refrescava-a bebendo uma

mistura de café com aguar-

dente.

Almanaque dO THEÂTRO

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O "^Príncipe do ^Violino"

Em Londres, formou-seuma original orchestra de

senhoras, composta sómen-

te de pífaros e tambores.

Que atroz inferneira /

_$) fiina-de jüv{oscou Q.—-=

De Felicio Terra, (Dr. Nuno de Andrade)

Almanaque d'O

— Oue idade, que religião, que nome ?

— interrogou o juiz, amarrotando com

a mão pelluda a denuncia, único do-

cumento exigido para autorizar a con-

demnação à morte...—Trinta annos, judia, Lina Petrowski

—respondeu a accusada, com voz mono-

tona, quasi sem mover os lábios, numa

attitude de abandono, fito o olhar nas

algemas.Era uma mulher ainda formosa, em

cujo rosto empallidecido havia a des-

graça cunhado vigorosamente os seus

estigmas. Adivinhava-se na orla rubra

das. palpebras o rastro da insomnia e na

contracção da bocca descorada a hist©-

ria de alguma velha dor.

Assassinara, numa noite só, quatrosoldados, que dormiam, e no momento

de ser presa fora surprehendida a beijar

um punhal com fervor de allucinada,

talvez com requintes de carniceria.

Patíanini toca n um con-

certo a celebre preghiera do

Movsés, numa so corda de

seu violino. ,Fez-se tarde e o grande

violinista tomou um carro

para ir ao theatro.Quanto é perguntou

ao cocheiro quando chega-

ram.—Dez francos... por ser

para si.— Como, por ser paia

mim ?...—Porque é o preço que

o senhor leva por cada lugar

paraouvil-o.—Ah! tem razão.. .Mes-

se caso dar-lhe-hei os de^

francos quando você me

trouxer íVum carro também

d'umaroda só.

Almanaque d'0 THEATRO

— Confessa o crime, que lhe imputam ?

Perfeitamente; confesso. Matei-os :

quatro, apenas. Dormi im. Fui deva-

crarinho, pé ante pé, sem o mínimo rui-

do sustando a respiração e apunhalei-os,

sem lhes dar tempo pira o^ gemido,

com esse punhal, que ahi esta, sobre a

mesa. Durante seis annos, o meu que-

rido companheiro esteve inactivo ; mas

quando lhe pedi soccorro, oh! - leriu

como um raio bemvindo

E de um salto, debruçou-se sobre a

arma, beijou-a, e voltou ao seu logar e

á mesma altitude de abandono.

O iuiz encarou-a Os lábios da infe 'z

tremiam, como se o frio do aço hou-

vesse provocado estranhas cnspações

Fale, intimou o juiz. Diga o motivo

nue a incitou ao crime.Falar? Não é preciso Basta-me

espremer o coração, no qual recalquei,

por seis annos excessivamente longos,

O ineffavel estimulo da vingança. Man-

de tirar-me o coração do peito, espre-

ma-o e saberá. „ ..A justiça não quer phrases. 1 ale,

"-Bem; falarei. Foi em Moscou, em

i8qo; o grão-duque Sérgio, iniciara seu

miserável governo de torturas espa-

lhaudo por toda a parte lagrimas e ver-

gonhas. Tem noticia disso í 1 al vez. na

i moral dos escravos nem sempre, e

igual á dos livres, o no cec da Rússia

não ha estrellas, ha manchas. O S . j

é uma dellas: serve o dfsPotl™°'b°,T„

quer dizer que serve o inferno. Abdicou

3a dignidade humana em prove,u, da

sociedade do estomago ! Emfim.eu

creio na predestinação .. O Sr. juue

um predestinado, e devo-lhe causar

h°"°Prohibo a divagação. Se insistir,

mandarei açoital-a. . .-Foi em Moscou, em 1899. U grâ

duque protector dos orphanatos, occu-

lpava-se principalmente de deshonrar as

hi

educandas. Uma dellas, vitima do sa-

tyro imperial, c mtou ao irmão, tenente

das guardas, a sua immensuravel desdi-

ta. O moço correu a palacio, desafiou o

príncipe, provocou-o a um duelo de

morte ; mas... o cobarde recusou bater-

se, e enviou para a Sibéria o vingador

da deshonrada !Os príncipes de sangue nao se batem,

infamam-se. .Nessa mesma época Sérgio decretou

I a expulsão dos judeus Meu pai fugiu ;

e eu fiquei, em companhia de minha

mãi paralyiica. Fita vamos mscnptos

no ignóbil registro. . .— Oue registro.?

Õ das meretrizes. Mas, peço per-

dão. Minha mãi era uma santa e eu era

uma virgem. . .O iuiz ergueu-se de súbito, como se

vira surgir, impávido, diante de seus

olhos, o espectro da amargura, e com os1 cabellos hirtos e a b^cca escancarada

tartamudeou :Não entendo! Juro por Deus que

não entendo!¦ ** *

— Ai ! O Sr. juiz tem alma? . .

Oue surpresa ! Eu me explico. O decre

to do grão-duque dispunha que os ju-

deus seri im expulsos; mas que as judias

seriam toleradas em Moscou, sob a con-

dição de se inscreverem 110 registro das

meretrizes... Comprehende agora . Para

nao deixar minha mSi !... inscrevi-me.

Não sahia de casa quasi nunca. As

mulheres eram agarradas nas ruas e

conduzidas ao primeiro posto policial...

para o exame medico... Um dia fui a

oharmacia buscar remedio para minha

mãi. . . Prenderam-me... oh! que coisa

cruel!.. . Levaram-me ao posto, e íui

brutalmente examinada. Minha virgin-

dade pareceu uma revolta. Levaram-me

à presença do grão-duque .... e

proprio, o sicario, examinou-me tam-

I

Almanaque d,10 THE ATRO

bem. Estava desmaiada. Quando recupe-

rei os sentidos, ouvi a voz cabritante

do grão-duque: "Levem-n'a ao posto

policial, e ordenem a cada um dos sol-

dados que torne effectiva a disposição

do decreto.O juiz aproximou-se da desventu-

rada, e insensivelmente tentava üespe-

daçar as algemas com as unhas. . .— Cheguei, tintando de pavor, ao

posto policial. A ordem de Sérgio, aco

lhida com applausos, devia ser cum-

prida... Perdi, novamente, a consci-

encia. Náo sei quanto tempo durou o

meu martyrio. Não sei! Deus quiz que

eu não morresse. Para que ? Para vin-

gar-me, vingando-o. Ao voltar a mim,

tinha o corpo crivado de dores e de

immundicies... Dentro de mim um

vazio. .. estava sem alma. De pé, baba-

dos pela embriaguez da luxuria e da

torpeza, quatro soldados.

Chamo-me Ivan Koroff, minha

bella...Eu sou Miguel Turgueft, meu

amor...Estanislau Ivryé, meu coração ..Pedro Sturm, passarinho . .Desvairada, as pernas tropegas e

mortificadas, inundada de coleras e de

asco, voei á casa: minha mãi tinha

i morrido...Queres fugir, filha ? — inquire o

juiz, rangendo os dentes e com at> pupi-Ias enormemente dilatadas, como as do

agonizante.Não, exclama Lina Petrowski ;

quero morrer. Vesti minha pobre mãi

com as suas melhores roupas ; fiz-lhe o

funeral, acompanhei-a ao cerniterio, e,

depois do coveiro terminar a sua obra

de eterno apagamento, cahi de bruços

sobre a terra frouxa da sepultura,collei a

bocca ao chão amigo e falei demorada-

mente para dentro do esquife. Proferi o

juramento de vingança. ..Queres fugir, martyr ? perguntou

ainda o juiz, roçando os Lbios febris nas

mãos geladas da assassina.Kão ; quero morrer so. Reuni as

ultimas moedas, comprei um punhal, e

comecei a minha dolorosa vida de som-

bra errante, nas imrnediações do palaciodo grão-duque.

Ninguém me olhava. Tingia o rosto

com lodo, dormia ao relento. no verão,

como no inverno, com medo de adoecer,

com medo de morrer, pedindo esmola

aos pobres, evitando os soldados, fugin-

do da luz, á espera do grão-duque. .

unicamente á espera de Sérgio.

Cinco annos, mais de cinco annos,

assim com um vulcão no peito e o pu-nhaljunto ao coração. . .

Uma vez ouvi una estrondo inaudito.

Sahi do meu esconderijo, aterrada, pre-sentindo que a minha vingança esca-

pava. . . A. bomba de Kalaieff justiçarao algoz da minha existencia. . . Era

vingança de Kalaieft que se exercia,

mas não era a minha vingança, oh !

não . Da sua sepultura longínqua mi-

nha mãi clamava . . Do seu desterro:gnorado meu pai me mandava acenos

incomprehensiveis Do catre do pos-to policial, minha virgindade ensan-

guentada,soluçava . Tive a visão fan-

tasticadofim do mundo! As migalhas

do corpo de Sérgio salpicavam o as-

phalto da praça publica, e a minha ma-v

ginação convulsa divisava, numa fenda

negra do sólo, o demonio immergir, le-

vando ao colo com carinhos extremos

a alma do grão-duque . . De repente,

como um dobre do finados, tiniramdentro de meu craneo quatro nomesmalditos. . Não lhe poderei dizer como

foi. . . Tenho uma lembrança vaga de

que andei fazendo perguntas .. Pren-deram-me. Estive oito mezes a apodre*cer num cárcere escuro e molhado; mas

não adoeci, apesar da ruminação ex-

haustiva dos Ímpetos de vingança, des-

locados, por vontade da sorte, do man-

dante para os seus bandidos .. Por

Almanaque d'0 THE ATRO

fim, enxotaram os mendigos das pri-sões .

A fuzilaria dos cossacos, que troava

nas ruas, alliviaria o thesouro imperial

do ônus de alimentar os presos. Sahi

com o meu punhal. Nunca me revis-

taram, por milagre!Na porta da prisão, um soldado arti-

culou meu nome .. Voltei-me rapida-

mente, e reconheci um dos quatro!Como te chamas?Estanislau Kryé. Vem commigc.

Temos sentido tua fa.ta. Os companhei-

ros também têm saudadesE foste ? indagou o juiz, ancioso

Fui. No mesmo posto. Estavam as

quatro. Prestei-me a tudo, com a condi-

ção de que me occultassem durante a

noite, porque tinha medo da fuzilaria..

Prometteram, Fechei os olhos e senti o

punhal palpitar, junto a minha carne,

com um intenso júbilo de paraiso. .

Minha sensibilidade evaporada não me

deixava a consciência do meu corpo. .

Não sei, não sei . . Prestei-me a tudo,

e quando a noite desceu, fingi que ador-

No que provaes ser bom actor é em

representar um personagem de feitio to-

talmente opposto ao vosso.

MoLiére

Se Dido e Ariadne forem feias o es-

pectador será da opinião de Enéas e

Theseu e não tera pena da amante

abandonada.Larive

Não se deve movimentar muito a phy-sionomia, transfigural-a sem descanso

porque se corre o risco de cahir no

ridículo ou em deformidade.

Cícero.

mecia. Os quatro, esses dormiam pro-fundamente.. . Logo, ao principio do

som no delles, tentei erguer-me. Pedro

Sturm resonou mais alto. Live sustos de

despertai-os, e recahi na sonolencia

simulada . Por fim, ah ! levantei-me, je o meu querido punhal remetteu para j

a companhia de Sérgio os quatro man-

datarios do inferno. Eis a minha histo- '

ria. E' triste, não é ? Açora preciso ;

morrer. Sabe por que ? Porque para

cumulo de miséria, tenho medo de. .

ser mãi !

O juiz inteiriçou o corpo, distendeu

os musculos num largo espreguiçamen-

to felino, tomou o punhal de Una, deu .

um grito de desespero e correu.delirante,

p lo corredor aíóra ..

— Quero matar o grão-duque...

quero reabilitar a dignidade humana... |

quero vingar o infortúnio da Rússia . |l

E brandia o punhal, com a fronte |

gotejando suor, os cabellos hirtos, a |

bocca cheia de escuma ...

Estava louco.

Um actor, no theatro torna-se grande

pelos defeitos que corrige, mais que„

pelas qualidades que adquire.

Fleury

Não entrem para o theatro sem paraelle terem recebido da natureza, todos

os dotes que elle exige ou pelo menos,

sem os recursos e a energia da vontade

precisos para achar, a força d arte e

de estudo, o equivalente d'aquillo que a

natureza lhes houver recusado.

Claikon.

O fraco de quasi todos os actores é o

abandonar-se ao seu proprio feitio.

STiCOTTi.

w

No ultimo plano(em pé) veem-se, daesquerda para a di-reita: actor Alexan-dre Poggio, pontoLicarião Diogenes,actores AntonioMar-

ques (actualmentena Companhia Mes-

quita), Roberto Gui-marães, João Bap-tista, Theophilo So-ares e Marques daSilva.

No segundo plano(no sophá) estão asactrizes: Laura Bra-zão, Dolores Lima

(ao centro) e Brancade Lima.

No terceiro plano(sentadas no chão): aactriz Cecília Silva ea menina Branca (nonome). W-i

^'rvpc de ari-isias da (Bom^çtiikia ^pamatisà ^•jsc-br-asiieira, em excursão

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vilhosas curas

nos casos de

hepatites chro-

nicas e agudas,

ictericia, ángio-

cotites, calcu-

los biliares,hy~

dropsias, con-

gestões, dispe-

psias biliosas,

hemorrhoidas ;

e como diz o Dr. Silva Araújo «abre as portas ás eliminações de

toxina».

Só soffrem do fígado aquelles que não fazem uso da

como está mais do que provado não só no paiz, como no Chile, no

Paraguay, no Estado independente do Congo e já na Europa.

^

Vende-se em todas as drogarias *e

pharmacias.

•-1»

Almanaque d'0 THE AT RO

R MflTHEMflTICft

(Monologo em verso, original do Dr. Campos;eiro. autor da «Flor do Tojo», «Segredo daMontei

¦ Morgada», etc

O actor entra vestido como quem vai casar. Ar triste e acabrunhado.

Desce vagarosamente

Emfim... tinha de ser... era fatal!Mas sinto dentro em mim o quer que seja

que brada, em vos potente e collossal,

que fuja delia... e que nao vá á Egreja...

E' por certo a saudade desta vida

de solteirão que eu vou deixar agora,

pondo na minha a mão da Margarida,

que desde hoje vai ser... minha senhora.

E' a saudade desse tempo amado,

da vida dos cafés, da borçja emjim,

em que eu andava sempre de penado,mas mais alegre e mais enthusiasmado

que em dias de eleições um galopim,

quando faz eleger um deputado. _Finalmente, essa vida de bohemio

de hoje em diante perdi-a.Do consorcio na grande loteria

\rou jogar... e oxalá que tire um prêmio...( pClllSClj

Tem vinte annos. E bella, um pouco pallida,como a alvorada das manhas de abi.il,

e tem na vista uma iiuaiice calida,

quando me envolve n um olhar gentil.O pai é Conselheiro... é um bom pai tido !

Já tenho ao menos quem me dè conselhos...

Devo passar a vida divertido¦ entre cila e os paes, um bom casal de velhos...

E quanto a milho ?(assobia)

... o pai tem trinta contos,

de dividas: mais nada.

Palavra de honra ! é o maior dos tontos

quem casar com donzella depennada !

Ella é bonita, é ! boa apparencia,

cheia, rosada, braço gordo, a mão

pequena e branca, como a flor da hoitensia

desabrochando em tardes deverão...

Emfim... um bom bocado. Eu gosto das

mulheres cheias de gracil belleza.

Lá por isso vou bem, isso vou, mas...

Sabe fallar tão pouco a língua ingleza .'Stava capaz de lhe dizer que não !

No fim de contas é uma grande asneira

Ir a gente ligar a sua mãoa uma menina, embora conselheira,

não tendo ella ao menos um milhão !

[Passeia, pcnsativo. Voltando-se afinal para o publico)

E a causa d'isto... (é uma coisa asnatica !)

a causa disto... foi a mathematica!Não se admirem! que eu vou já contar

como foi que a sciencia das sciencias

me perturbou a ponto de casar.

Peço a attenção de vossas excellencias.

Conhecia-a n'um baile. Era estudante

então de mathematica. E achei-a

galante, muito galante,inebriante como uma sereia.'Stava sentada junto da mamã,olhos semi-cerrados, a sonhar,branca e pendente, como um nenupharimmerso na frescura da manhã.Vou convidai-a p'ra dansar commigo.E então, ao enlaçal-a,

p'ra dizer qualquer coisa, só lhe digo :«Que lindo effeito produz esta sala !»

Ella só respondeu : — «E1 singularesta sala, de forma circular !» —

Eu disse, já com voz apaixonada :¦— «Era talvez melhor sendo quadrada.Talvez antes oval... que diz vocencia ?Vocencia gosta mais da circumf rencia ?

«Eu gosto mais!» — disse ella, radiantede graça vtrginal.

Eu contrapuz: — «Eu gosto mais da oval,acho mais elegante ! » —

Começou d'esta forma o nosso amor,

por uma discussãomathematica... e eu (pobre sonhador.)sentindo-me mais preso da paixão,chapei-lhe assim uma declaração:

«Se o peito fosse lousa e olhar giz —

já eu lhe tinha escripto uma equação

Almanaque cVO THEAIRO

de fácil solução,onde o amor seria igual a x... _Creia que a amo com amor maior

que a formula de Taylor, infinito \ ¦

como a serie dos nunVros primos. Sim !

este amor não tem fim,é maior que as pyramides do Egypto !

E1 incommensuravel este amor

como a raisz quadrada de vinte e um.

Aspiro só a termos, neste mundo,o mesmo divisor,um divisor commum.

Nunca vi sentimento tão profundo,Amor assim nunca senti nenhum! »—

Ella então respondeu, scepticamente,com um rir sanguinario :

«O seu amor o que é... é imaginario,

Assim como a raiz de menos um... » — -

Procurei convencer a bella. Expuz-lhe,

em linguagem algebrica, a paixão

que um doido que ha aqui dentro,

(indica o pei

o coração,

Sentiu por ella. Finalmente, puz-lheo caso em equação :

«Três sorrisos mais quatro olhares seus

igual a O % é o meu amor.

Crô vocencia a equação certa ? » —— « Meu Deus !

diz ella a rir — os homens mentem tanto

e é homem o senhor!... » —

Filei-a com espanto.Era uma tangente que ella achava

para não responder. E eu, hesitante,

achava já a conversa bem secante...

Voltei de novo á carga. _ Finalmente,

ella exclamou, com tragicas maneiras :

«Pois bem ! eu creio que esse amor frementetem raizes reaes e verdadeiras !... —

E assim principiou o namorico,

do qual conservo uma lembrança viva.

(desconsola

O diabo é o pai d^ella ser tão rico

que tem uma fortuna... negativa !

Almanaque (TO THEATRQ

Vamos semniar-nos logo em Seitiaes,

Vamos casar... é uma operação-

Porém... quando as parcellas sao iguaes

a somnia dá em multiplicação...

Mas prevejo um resultado fatal

a essa operação tão arriscada:tiro a prova real

e... vinte esetê, neves fora, nada...

Esteve lia tempos em Paris, Mr.

Bai 11 a to, chamado o rei de ouro como a

Rotschild cliamam o rei do dinheiro.

Mr. Barnato iniciou então uina viagem

a Berlim, Vienna e S. Petersburgo Õnde

abriu bancos destinados ao commercio

do ouró. O «Barnato Mining Bank» teve

a sua sé de em Londres, num magnífico

palacio da City.Barnato tinha 40 e tantos annos, alto,

de presença agradavel, energico, coitez

mas rigido nas maneiras, louro, usando

a risca do cabello ao meio e o chapèo

deitado para a nuca. Sempre em conte-

rencias de negocio dizia que suas minas

chegaram a produzir 50 milhões de ouro

num mez.Pois este Barnato, dispondo assim

de ouro aos milhões, era um pobre pa-

lhaço de circo, abandonado numa cidade

do Cabo com um burro e 32 shellings, por

uma companhia de circo que falliu e

fugiu. Passeando pelos arredores, obser-

vou casualmente que o terreno continha

palhetas de ouro, cavou, vendeu, formou

uma empreza e como Mackay, com a

prata, Barnato tornou-se millionario e

assim pôde a Europa conhecer seu nome

auriluzente.Que historia, hein 1

com expressão de mais fundo pezar, mas

em logar disso, Miss Oliphant, desata a

rir desesperada, nervosa e doidamente.

IV,ve de baixar-se o paimo. Levada para

casa um medico fez passar a crise, mas a

actriz cahiu então num somno lethargico

que durou 24 horas. Causa: uma rival

que havia polvilhado a coroa com um po

qualquer.

Miss Oliphant, actriz de mereci-

mento representava um drama intitulado

«A Viuva» uo Princess Theater de Mel-

bourne. No 2o acto, carregada de lueto

trazia na mão uma coiôa tunebre. l)u-

rante a declamarão e segundo a rubrica

ordenava, devia dar um beijo na coioa

TJin verdadeiro drama ria platéa.Um espectador disparou um revolver

contra uma actriz, ao mesmo tempo que

ingeria de um pequeno fiasco um ve-

neno que o matou de cliofre.Em Bruxellas, isto.

Marlc Twain o celebre humorista

americano, contractou com o emprezario

de ura theatro de NtW-York escrever an-

nualmente e durante ti es annos, uma co-

media alegre. As condições, por demais

excellentes : Mark Twain receberá 20.000

dollars.

Inventou-se em Inglaterra, um en-

genhoso apparelho : «The Joyce's Music

Leaf Turner». Serve pára virar as pa-

ginas da musica, durante a execução mu-

si cal. E' a p pl i cavei a todo o formato de

|musica e a todos os instrumentos. Está,

pois, removida a grande difficuldade queaté hoje existia em voltar com rapidez

as paginas da musica que se executa.Comprime-se uma pequena molla e

por meio de uns rodízios o apparelho

I fuucciona com toda a precisão.Disseram os jornaes inglezes.

Personagens : Ella— 3o annos.Elle — 40 »

Sala de extremo gosto, elegantemente5 ^r^bir^paiino, ellae a bengala 8oto o move,

que estiver proximo da porta E.

ella (deixando-se ficar sentada)

Em fim, chegou #•' eu.v. (consultando o relogio)

Cheguei na hora, justamente.

EI.I..V

Vè-se bem que o senhor não é muito impaciente.

ELLE

Porque rELLA.

Porque ? Se o fosse, ha muito que estaria

Aqui, para dizer...ÍÍLLE

Manda a gatanteria

Oue um homem nunca chegue, a visita aprasada,

Nem antes nem depois-da hora combuiad

V o convite fòr de uma dama, em tal case,'

Clíc"arccdò ou chegar tarde é sempre um desaso.

Ouça vossa excellencia üm homem de bcm siso .

O correcto é chegar no minuto preciso.ELLA

Conforme Se alguém quer mostrar que se interessa

Por alíuem a meu vér, não é assim que começa.

Checar antes, somente um pouco antes, da hora,

E' prova de affeição que muito nos penhoia.ELLE

E eu pensava que fosse uma desçortezia !

E se viesse mais tarde ?

ELLA

Eu não th'o perdoaria.

Obrigado, senhora; é muito lisongeira.

Perdão. .ella (indicando-lhe uma cadeira)

Queira sentar-se, aqui, nesta cadeira.

elle (sem obedecei)

Obrigado; estou bem.

ella (levant ando-se)

Ah ! quer que eu me levante ?

elle (sentando-se logo)

Oh! pelo amor de Deus, nem por um só instante !

ella (icontinuando depe)

E' gentil. Pode, pois, fallar ; estou attenta.

elle

Então V. Ex. agora não se senta ?

ELLA

Obrigada ; estou bem de pé; não se apoquente.

elle (levantando-se)

Nesse caso, de p.é [aliarei igualmente .

Sentado, não seria a posição idônea

Desde que eslã de pé...ELLA

Ora, sem cerimonia.

(,Sentando-se).

Eu sento-me também. Vá lá... Está satisfeito ?

Elle (sentando-se)

Aííora estou. (Pausa). Vou, pois, fallar-lhe com respeito

Mas franqueza. Se quer ouvir um homem franco,

Bacharel em direito e director de um banco,

Dir-lhe-hei desde já... {approxima á cadeira).

ella (levantando-se)Diga: sou toda ouvidos.

ELLE

Que não sou d'esses taes fatuos e corrompidos...

Mas... outra vez de pé! Porque ?

ELLA

Foi por acaso.

Não repare ; estou bem. Pros-ga.

Almanaque d'0 THEATRO

elle (levantando-se)Nesse caso...

ella (sentando-se)

Não... Ora! por favor ! Eis-me outra vez sentada.

elle (continuando de pé)

Parece-me que estou a dar-lhe uaia maçada...

ella (vivamente)

Pelo contrario; creia.

Elle

E se estou, vou-me embora...

ELLA

Mas queira reparar que estou sentada agora!

Se épreciso insistir com o senhor...

elle (sentando-se)Não insista.

(Pausa).

Quando hontem me :narcou esta doce entrevista...

ella (levantando-se)

Como ? Que diz, senhor ! Entrevista?

ELLENão vejo

Em que a moleste o termo, ou melindre o seu pejo.

Auctorisou-me a vir procural-a, rejlicta.

ELLA

Permitti-lhe fazer-me uma simples visita.

Bem vê que é differente. Entrevista, supponho

Ser outra coisa. Não ? Não acha ?

elle (levantando-se)Não me opponho...

ELLA

Vou recapitular os factos Em novembro

Viu-me no theatro, e... fez-me a corte...

ELLE

Bem me lembro.

Em recita do Centro Artistico.

ella

Seria...

ELLE

O Badejo, creio eu, Arthemis e Ironia.

Almanaque d'O THEATRO

EUA

Na platéa, o senhor, binoculo assestado

Para o meu camarote, olhava...

ELLE

Deslumbrado !

EI.LA

Foi assim toda a noite, escandalosamente !

EI-LE

E' verdade. Porém, sentemo-nos* consente?

EI,LA

Pois sim (sentam-se ambosj.Dias depois, o doutor Honorato.

Apresentou-o a mim e a meu pai.

ELLE

No entre-acto ; ,

Logo depois da Hóstia ' — o publico dormia.

Só eu velava...ELLA

E eu.

ELLÊ

Lembro-me d'esse dia...

ELLA

Ou d'essa noite.

ELLE

Não; porque naquelle instante

E' que eu de perto vi o sol mais fulgurante.Lembro-me d esse dia, insisto, com saudade.

ELLA

Depois, por toda a parte o via na cidade,Na rua do Ouvidor, pelas confeitarias,..

ELLE

Se eu ficava á sua espera alli, todos os dias!

ELLA

Até que hontem, no baile atroz do Conselheiro...

ELLE

Eu pude perseguil-a, e vèl-a o dia inteiro!

li Li A

A noite, se me faz favor.

Almanaque d'0 THEATRO

ÈLLE

Tenha paciência:Já o disse — quando estou junto a V. Ex.

E' sempre dia.ELLA

Ah ! sim. Ao terminar a festa,Fez-me o senhor—julgo eu —uma proposta honesta.

Um tanto embaraçada e, com franqueza, vendo

Que ao seuaffecto o meu ia correspondendo,Disse-lhe, sem temer nem sombra de perigo,

Que viesse hoje vêr-me e conversar commigo.

ELLE

Justo. Mas para que me disse que viesse ?

ELLA

Para que ? Para ouvil-o e ver se me conhece.

Sabe que sou viuva ?

ELLE

Ha dois annos e meio ;

Sem filhos.ELLA

E que não sou rica, sabe ?

ELLE

Seio-o,

Mas tem com que viver farta e decentemente.

Sei tudo, — como bom e honrado pretendente.Cabe-me agora a mim dizer...

ELLA

Não diga nada...

ELLE

Não quer saber?.ELLA

Estou plenamente informada.

ELLE

Pois folgo muito; que isso éprova de critério.

Sabe então quem eu sou?

ELLA

Sei que é um homem sério.

ELLE

De consciência leale coração ardente...

y #

Almanaque cTO 1 HEATRO

ELLA

Quanto a isso... :ulguei-o hontem muito mais quente.

Parece-me hoje frio... ou simula uma calma

Incompatível com o amor que encha uma alma.

Hontem, exuberante e arrebatado, disse> <Coisas de quem possue thesouros de meiguice.

Fez madrigaes, fallou de amor como um poeta...

E hoje... a sua conversa é pautada e discreta.

elle (levantaudo-se)

Tem razão. Vou dizer—ELLA

Sente-se.

ELLE

Não ; não devo

Confessar-lhe o que foi que esfriou meu enlevo.

Poderia offendel-a, e não quero

ella [levcintcindo-sc)E eu exijo.

Desculpe-me se acaso o aborreço e afjlijo*,

Mas, se o motivo pode offender-me, não temo

A offensa. Nem que fosse um insulto supremo,

Poderia ennodoar a immaculada alvura

De unia consciência sã, de uma alma forte e pura.

Diga, diga!ELLE

Perdão ! minha senhora, queiraDesculpar. Não se exalte assim cTessa maneira,

Que inda a não o|fendi. Vou dizer com franqueza

Que foi que me causou a notada frieza.Enamorado, mas realmente enamorado,

Aliciando por passar toda a vida a seu lado,

Sem deixar de julgal-a honesta, — eu lhe confesso,

Surprehendido fiquei, acabrunhado e oppresso,

Quando V. Ex., irreflectidamenteTalvez, me convidou, ao sahir, de repente,

A vir hoje a sua casa. Entrando nesta sala,

Mais suprezo fiquei— por sósinha encontral-a.

Veja que, para ouvir as minhas confidencias.

Já não fez uma só, mas duas imprudências...

ELI.A

Engana-se. Uma só — a de o ter convidado.

A outra não: meu pai estaria a meu lado.

bogo pela manhã fui confessar-lhe tudo ;

T

Almanaque cVO THE ATRO

E pedi-lhe que viesse... e ouvisse... e fosse mudo.

Não quiz aqui ficar quando o senhor entrava,

Disse que eu era livre e livre me deixava.

elle (mais alegre)

E elle está aqui?ELLA

Yá ver: alli naquella sala (aponta-llie a porta da D. A.).

Obrigado. Perdoe! Recomeço a admiral-a.

Sentemo-nos, se o quer... {senta-se).ELLA

Não quero.

EI-LEEstá nervosa ?

Olhe que me julgou bem pouco... escrupulosa !

ELLE

Perdão ! Não diga mais. Foram as apparencias.

ELLA

Vè que não commetti as duas imprudências...

ELLE

E' certo; inda uma ve- - perdão muil0'

E rogo-lhe que esqueça o jacto pelo inluil .

Sente-se...ELI.A

Não.ELLE

Porque? supplico-llVo.

ELLAPois seja (senta-se).

Dada esta explicação, diga-me o que planeja.

ELLE

Que planejo ? Depois do enlace, um bom passeio :

Partimos para a Europa em viagem de recreio.

ELLA

Le voyage de noces ; é uma maravilha !

elle (levantandose)*Bem.

Almanaque cVO THE ATRO

ella

Que faz n A \

elle (encaminhcindo:se para a porta D, A.)

Vou pedir ao pai a mão da [ilha.

ELLE

Não vá, que o não encontra.

ELI.A

Ora essa ! Falia sério

ella [solem ne)

Como se em minha bocca houvesse um cemiterio.

ELLE

Então, o que mç disse ainda agora...

ELLA

Mentia.

Eu só quis humilhar lhe a affrontosa ousadia»

EI.I.E

Não tinha aqui então quem viesse defendel-a (...

EntreUou-se somente á sua boa estreita i

ella (.levantando-se)

Quando honesta, a mulher — só se fòr uma lesma -

Não busca defensor, ¦— defende-se a si mesma.

E' certo que meu pai tudo sabe : avisei-o.

Mas não quis tel-o aqui; repugnou-me esse meio.

(Sentando-se .A minha dignidade é a única defesa

Que eu quero ter. Se assim lhe agrado...

elle isentando-se)

Com certeza,

Enormemente ! Assim a prefiro. E essa provaDe energia, a confiança e o amor me renova.

Mas diga : se fôsse eu desses desabusados ?...

ella (levantando-se)

Para esses tenho um apito, — e dois criados.

(Mostra o apito .

ELLE

Bravo ! Esplendidamente! E' um espirito forte.Vamos ligar-nos para a vida e para a morte,

Conhecendo-nos bem. Agora mais anceio

Pela hora felis de estreitai-a ao meu seio.

Almanaque d10 THE ATRO

(.Levanta-se).Vou iá tratar de tudo (toma-lhe a mão).

ITenta beiial-a na face). Oh ! meu amor bemdlto !

Um só penhor de affecto, um somente sl

brandamente com a mao e da-lli a a beijar).

ELLAOlhe o apito ! .

(Elle beija-lhe a mão e sae).

— Cae o panno —

Felinto de Almeida.

O movimento de expansão dos japo-

nezes alastra-se também pelo theatro.

Depois de Sada Yacco surge uma nova

actriz, Fuji-Hs, esperada em Londres

devendo representar alli, entre outras

peças, um drama intitulado «0^ amplio

de Nabescina».

Em Budapesth, no palco da Opera,

houve certa vez um tal barulho entre uma

cantora e o marido que o intendente ao

theatro, viu-se obrigado a mandar uma

circular aos maridos das cantoras, pio-

hibiodo-lhes a entrada no palco durante

os espectaculos e mesmo, durante os en-

saios. Apenas lhes é concedido acorapa-

nhal-as até â porta da caixa e esperal-as

no mesmo sitio; á sahida.Ahi está uma contrariedade de que

estão livres os nossos theatros, porque

rara é a actriz casada... que vive com o

seu marido!

O director da Opera de Indiano-

polis, onde devia representar-se a peça«Vida eterna», viu-se em sérios embaraços

ua noite da «première».Por demoras imprevistas, o scenario

acabava de chegar á «gare» do caminho

de ferro no momento em que a represen-

tação devia começar. O publico impa-

cientado, começou fazendo alarido e

dando pateada, muitos espectadores pe-diam o reembolço do dinheiro dos bi-

bilhetes.O director teve uma idéa. Apre-

sentou-se ao publiao e explicou a situa-

ção com a maior franqueza.__Para que não percam o seu tempo,

peço-lhes que assistam á montagem do

scenario. .O publico accedeu. Subiu o panno.

e o publico assistiu com interesse a esta

operação. Vio como as paysagens sè mon-

tam, as casas se constroem, num mO-

mento e as «ficolles» do machinismo.O publico, que raramente assiste a

um espectaculo tão attrahente, applaudiu

o director pela idéa que teve.

A larynge artificial. . ,

O correspondente' dp^ i«Time^)i em

Melbourne participou pelo telegrapho

a este jornal que o professor Andersen

Stuart, da Universidade de Sidney, in-

ventou o larynge artificial.Esta invenção obtém, ao que parece,

o maior êxito. O appareíhò pôde, gt-àçaSacertas modificações, fornecei voz de

tenor; d©barytono, debaixo, de soprano

e de contralto !Se for verdade e o preço não ex*>e;

der os limites do razoavel, devem-se aca-

bar as exigencias dos cantores e pode-

(remos ouvir opera barata.

Almanaque cTO 1HEATR0

pmilio }{emp

Quando se falia em theatro bra-

sileiro dizem os pessimistas: não

temos adores, nem autores.

Nada mais falso. A dramaturgia

não é parte enfezada da litteratura

brazileira. O conto e o romance não

lhe têm sido mais avantajados.

Temos na nossa dramaturgia

vultos como Antonio Jose, Mar-

tins Penna, Agrário de Menezes,

Domingos Maga-

Ihães, JoaquimManoel de Mace-do, José de Alen-

car, GonçalvesDias, França Ju-

nior, Arthur Aze-

vedo, Quintino Bo-

cayuva, PinheiroGuimarães, Ma-

chado de Assis,"para

não citar mui-

tos, que dão a me-

dida exacta do vi-

gor e da excellen-cia dessa províncialitteraria.

Entre os repre-

sentantes da nossa

actual geração lit-

teraria lia drama-

turgos e comediographos de valor,

que não foram ainda sagrados pelosapplausos da platéa porque se lhes

não abrem as portas dos theatros.

As emprezas preferem originaes

e traducções dos autores da outra

banda do Oceano, protegendo as-

sim os seus palricios :« A guerra,— já dissemos n'0

Theatro Brazileiro, — aue soffre o

autor brazileiro e a predilecção quedão as nossas emprezas (quasi todas

organizadas e dirigidas por estran-

geiros) aos escriptores de além-mar

são manifestas.»Como, pois triumpharem esses,

cujas peças não são sequer lidas pe-

Ias emprezas ?Não ha mínimo exagero no que

dizemos. Procurem o repertorio das

nossas companhias e verão que ajjir-

mamos uma verdade, uma triste ver-

dade.E isso acontece-nos porque

«nada neste paiz está organizado ,

tudo está á flor do solo, nada tem

raizes; nós poremquanto não te-mos patria.

Isto é ainda umaimmensa feitoria,onde as indus-trias, o commer-cio, as emprezas,todas as fontes eco-nomicas estão namão dos estrangei-ros.» E aidaquelle

que se insurge con-tra este estado decoisas ! Urge, po-rém, uma campa-nha corajosaem

favor dos homense das coisas brazi-leiras. Até quandohavemos de servir

de pasto á voracidade do parasi-tismo estrangeiro ?

Até quando havemos de consen-tir que se deixem aos brasileirosapenas a mendicidade e as fileirasda tropa de linha e o funccionatismopublico ?

E ninguém pode contestar o quedeixamos dito.

Cada um de nós sente a con-currencia, do estrangeiro em todosos ramos da actividade. Sente-a, po-jrém, sem a coragem precisa para

Almanaque d'O THEATRO

dizer bem alto a sua dor e a sua re-

volta. . . ,.Soffre, em silencio, a injustiça,

temendo a ira e castigo maior do

concurrente triumphador.Entre os comediographos da

geração actual está Emido Kemp.

Quando se falia em Emilio Kemp,

a tíente lembra-se immediatamente

do suave poeta lyrico e do chronista

fino e elegante. Pouca gente co-

nhece o comediographo ou antes, o

escriptor theatral.Posso delle [aliar. Conheço-o

desde o seu primeiro trabalho que é

também o meu primeiro trabalho.

E1 uma peça em 3 actos, ornada

de musica, A Rnssalka ou A Fada

Verde. Depois delia escrevemos um

«vaudeville» O Barão e uma po-

chade: Uma representação do Um

Tini, a única representada aqui, em

Fetropolis e em Friburgo.

Só sei que escreveu Matinal,

um idvliio, em bellos versos e o Sr.

Ministro, comedia em 3 actos, que

dizem magnificamente dialogada e

desligado da minha fraquissimacollaboração.

O dialogo da scena II da Ma-

tinaL bem que um pouco longo, e

encantador e de uma frescura que

embriaga. Traceja-o com mao jirme,

quasi direi, com mão de mestre.

Sem pretenção a psychologo,não deixa de esboçar com felicidadeo caracter de Alzira, a namorada

ingênua, porém de uma ingenuidade

sem pieguice, de uma ingenuidade

que se poderá chamar natural, nu-

mana. Hâ/allcis como estas.

ALZIRA

Mais galanteios ?... E' teima !D'aqui a pouco não ouço.

arthur (vehemente)Dizer verdade, acasoJá oífendeu algum dia ? !Escuta, Alzira, quem falia

E' o coração, nao sou eu.E quando quem falia é elleDeve-se ouvir com respeito.

ALZIRA

Mas, vamos; conte-me o resto ; .Ci mo pôde aqui entrar ?

Arthur conta como entrára no

sou jardim. EUa reprehende-o sua-

vemente. Arthur, lança mão de um

simples recurso para saber se e

amado:ARTHUR>

Dize-me, Alzira,Nao te agrada me veres a teu lado ?Be nao queresqueeu fique, eu parto...Escuta.Aqui só vim por tua causa, juro.

alzira (tímida)Querer que parta, nao; fique, eu lhe peço.Dá-me muito prazer nua presença.

Toda a peça e assim es cripta :

com finura, elegancia e em bellos

versos.A scena capital, porém, é a 3a,

em que Emilio Kemp se revela co-

nhecedor da techniea theatral.

Não creio que Emilio Kemp te-

nha o estofo de um dramaturgo, mas

o que elle é positivamente,é um co-

médiographo fino e de valor. A sua

psychologia é á maneira da de Mau-

rice Maeterlink, o psychologo das

emoções.O seu theatro não seria um es-

tudo de temperamentos, mas consti-

tuiria um estudo ligeiro, porémaqradavel, de sentimentos affecti-

vos. O lyrico triumpharua do psy-

chologo.Tivéssemos theatro, ou mesmo

empresas intelligentes, sem des-

amor ao Bra7.il, que entre os escn-

ptores applaudidos pelas plaleas es-

tava Emilio Kemp,quiçá o preditectodas nossas patricias que amam a de-

licadeza do sentimento e a sua-

vidade da phrase.Henrique Marinho'.

Almanaque d'0 THE ATRO

Demetrio Alvares.

(Recitada por Júlio de Oliveira, no Theatro Recreio Dramatico, na

noite de g de Setembro de igo3j

Dia a dia, a sciencia, o mundo inteiro invade,

Innundando o Universo, a jorros de Verdade !

Era o sidereo espaçoUm concavo infinito, mysterioso,Espremendo o Universo, n'um abraço

Inteiro e poderoso !Buscava, decifrar-lhe o pobre mundo

O semblante profundo...Ora todo risonho,

Envolvido no mais límpido azul,Como se fosse um tulle,

Sob o qual transparece lindo sonho...E onde as brancas nuvens muito bellas,

Pastam serenamente,Em meio de um cortejo resplendente

De lúcidas es Ire lias !Ora, fatal, vestindo atroz negror,

Ameaçando tudoNa cólera do luto e do pavor !

Era um mytho, afinal!Uma virgem fatal

Que a humanidade, inteira cobiçava,Douda por dominat-a!

Onde, porém, a espada, a lança a aljava

Que tentasse, sequer, ir conquistal-a ?...Ignorante do ethereo,

Curvou-se sempre o mundo em frente de um mysterio !Por isso ainda o céo é para nós um rito...Porque o céo é o nada... e o nada é o infinito!

Mas, ante a creação,Deus concedeu ao ser humano a perfeição.

Almanaque d'O THE AT RO

E até por isso á sua imagem, o creou !

Ao homem competia a archi-sublime empreza

Ingente, de domar a bruta natureza *

?* *

E domou! ?* *

Na America, u'm pendão se enfuna, santo, egregio,

Que sob um fundo astral, cor de ouro e de esperança,—Entre o qual se balança,

Como um prestito regio,

Um grupo sideral de estrellas, tem por lemma :—A ordem e o Progresso—esse dilemma puro

Que é, por si, um poema...E concretisa a fé n'um prospero futuro !

?* *

Foi Deus quem germinou, n'um momento inspirado

Esse pendão 'strellado,

Esse pendão bemdicto,

De um paiz que a esperança e a força em si encerra...

Onde a flora espesinha a robustez da terra...

Onde o sólo é esmagado a pezos de granito...Onde ha rios até que ousam estrassalhar

As correntes vitaes, energicas do mar !

Í

Nasceu ahijB fieróe!De sua patria herdár| a seiva ingente !

Vestiu sol%tjiemente _As vestes da scienci|... e lá se foi,

A' conquista do espaço !

Espionotfvlhe os planos, passo a passo .

A força lhe estudotji.. leu-lhe a fraqueja...E o estyjao completado,

Atravessou-lhe o péito? lado a lado !

í ** *

Ai! pobreptureza!

E' que—triste de ti—não conheces o som

Que produzem agora as tubas da sciencia !

Não percebes, emfim. que o gênio é presciencia...

Que o gênio innunda o mundo... e que ha Santos Dumon .

Almanaque d10 THEATRO

0S ^^^osoVvs no ^aVxcatvo

(Um episodio da vida de Pio IXtdè Luiz Pistarini.

Guando um dia, Pio IX, o papa extraordinário,

-Menos-homem que Deus, mais divino que humano,

Passeava, ao pôr ao-sol, seu vulto solitano

Pelos vastos jardins do immenso Vaticano,

E aqui, e ali, de quando em vez, cogilcd^undo

Junto a um canteiro azul, num sonho, se detinha

Talvez—quem sabe lá ?—com saudades do mune e,

De onde a imagem liriàldeuma mulher lhe vinha,

Certa dama gentil da Italia e da nobreza,V i K? 1 LU LlclLllcl XCinLt vtci, ^ #

Que, de longe o seguia, e de ha muito o observava,

Sorriu de natural curiosidade preza.Por que junto ao canteiro azul elle.parava .

Por que junto ao canteiro, ali, onde os myosotis

Pompeavam, — triste e só,— a scismar se prendia,

Elle, o papa glacial de tão severos dotes,

Cuja alma ser de gelo um bloco deveria . !

«Porque?» —E approximou-se, então, do Padre Santo.

—«Santo-Padre,—inqueriu—que magna ou que lembrança,

O myosotis vos traz, que vós o quereis tanto ?! » -

E o papa silenciou num gesto de esquivança.

«Dizei-me»...—proseguiu a dama.—Então, risonho,

Pio IX respondeu:—«Nada mais do que um culto!

E' um-symbolo esta (lôr... Traz-me aidéa de um sonho

Que no meu coração, de ha muito, jaz sepulto...

Era eu moço, qual sois... Era moço e trilhava

Nessa quadra feliz das armas a carreira...

E, homem, que para o amor e a vida despertava

Tive—não sei si o diga ! —uma paixão primeira...

Sim ! Amei. Esse amor foi um sonho r ^Mas foi, comtudo, amor! Amor sincero e forte,Desses que a gente traz estampados na face,

Que primeiro —dão vida, e que depois dão morte!

Amei... e amado fui! Muito amado... (E um suspiro

Dalma se lhe evolou). Mas, ai! de uma assentada,

Tendo de abandonar, um dia, o meu retiro,

Minha Patria querida, e minha doce Amada;

Almanaque d'O THE AT RO

Quando a Italia deixei,— a flôr dos meus encantos,

Me apertando de encontro aos seios, commovida,—«Não te esqueças de mim !» disse; e, desfeita em prantos,

Entregou-me uma flôr na hora da despedida...

...Que ternura ! Que olhar!—Era como um velludo

Que voz ! E que mãos feitas de rosa e paina !

Mas emfim, la se (oi... Tudo desfez-se... Tudo !

Porque a farda, afinal, troquei pela sotaina..;.

Nunca, emtanto, a esqueci! —E esta flor cuja historia

Desejáveis saber, e que eu cultivo e amanho, _,Lembra essa facto, só ! Guardo-a como memória

Desse amor infeliz, desse tempo de antanho...

Foi esta a ultima flor, que recebi, chorando, .Das mãos dessa mulher, que eu nunca mais veria...

(E uma funda emoção, Pio IX disfarçando, ^ .

Desviava o olhar, da dama, e, tremulo, entreabria

Num sorriso incolòr os descorados lábios, _

Oue eram—por bem dizer—duplo e delgado friso . _—Ninguém ao Rei dos Reis, nem o Sábio dos Sábios,

Traduzir poderia aquelle ideal sorriso .)

...Nunca mais !... Desde então, sempre, onde quer que eu

Vive esta flôr também, qual dest alma no fundo,

Ha de sempre viver a sombra fugitiva _Dessa que me não deixa e que eu deixei no mundo .

E' uma flòr que o universo inteiro anta e venera...

—Demais, si a sorte, um dia, os nossos sonhos trunca,

Ella só, vale mais que toda a primavera,

Quando dada por mãos que não se esquecem nunca .

F ahi tendes, nobre dama, a razão, sem rebuços,

Porque a cultivo aqui...»—Mas vendo, com tristeza,

Que ella, ainterlocutora, abafava os soluços,

De nervosa emoção naturalmente preza,

Loíto,—o papa, a fugir de lagrimas tão justas,—Menos homem que Deus, mais divino que humano-

Deu de andar e sumiu-se ao longo da*> vetustas

Alamedas floraes do immenso Vaticano...

Almanaque d'O THEATRO

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Almanaque d'0 THEATRO

Jettattira efi\ Styeatro

Como se sabe nm dos maiores pre-

juízos que existe no mundo theatral é a«jettatura, caiporismo, enguiço, guigne,má sorte, mau olhado» ou como lhe quei-ram chamar.

Os actores e as actrizes inglezas en-

tão levam o caso ao exagero.mo são capazes de dar uma pri-

meira representação á sexta feira e o di-

rector que se lembrasse de annunciar tal,

passaria um mau quarto de hora.Peça em que entrem 13 personagens

produz fatalmente a morte de um delles.

Em scena, por motivo algum devem

entrar pennas de pavão, do contrario, ha

desgraça certa.Nó Drury Lane, em 1890 montou-se

uma peça em que entrava Juno com o

seu pavão; revoltou-se o theatio todo e o

autor teve de sacrificar o pavão. Quandose inaugurou o theatro do Principe c,e

Galles, muito espectadores mostraram-se

indispostos.O que é, o que não é 1

Tinha sido umestofador que forrara

uma cadeira com uma fazenda em que

entravam, como desenho, pennas de pa-

vão. O director veiu á scena, espatifou

a cadeira e os espectadores sentiram-se

de novo satisfeitos. Actór que ponha o

guarda-chuva sobre a mesa do director

durante o ensaio d'uma peça acarreta

para elle fiasco certo. Peça que exija

que qualquer personagem entre em scena

com chapéo de chuva é irrepresentavel,.

porque actor inglez algum, se pres a a

tal praga. .Quem assobiar durante os ensaios

deseja aos emprezarios a casa sem nin-

guem. O que assobia uo seu camarim

chama doenças para oseuvismho.Actor que em peça nova,(calce botas

novas,estragará todos os eíteitos das sce-

nas em que entrar, a menos que não

calce a do pé direito no esquerdo e vice-

versa. E'esse caso terá um successo col-

lossal. As botas que serviram no «debute»

do artista são cousa sagrada. São ta-

lisrnans que o actor deve levar sempreem todas as peças novas. Teve por muitosannos esta superstição a Patti que todasas vezes que se apresentava a um pu-blíco novo, calçava sempre as botas quehouvera trazido na sua estréa artística.

E' muito bom signal o actor enga-

nar-se ao vestir-se para o primeiro acto

das peças novas, e Brooks,artista inglez,

nunca emendava um engano destes quesempre o fazia agradar nos seus papeis.

Clarinetti amarello,faz cahir a peçaem que tenha de tocar.

Com o pè esquerdo não se entra em

scena.Burro em scena mata a peça.Yer corcunda faz ir mal. Havia um

actor que sem desempatar olhando paraoutro marreco, não entrava em scena.

contra-regra chamava-o, o publico impa-

cientava se, mas, elle nada. Felizmente,

mesmo defronte do theatro, havia um de

respeitável mochila que ia mirar de ga

aperrada. Depois sim senhor, entrava em

scena e tinha successo.No Rio de Janeiro ha também uma

serie de cousas que os artistas reputam

«enguiço», como outras ha que são «mas-

cotte».Entre os enguiços figura a ex-actnz

Fanny Vernaut, cuja presença cons-

trange os artistas e emprezarios. Um bom

augurio para uma peça é a Empreza não

confiar nella '....Quanto disparate, santo

Deus !

Dr. Nlendes Tavares

<3 e)

Especialista em moléstias da pellc

e syphilis.

Consultório: Rua da Quitanda n. 40

RIO DE JANEIRO

Almanaque cTO THE ATRO

Monologo dmmabico

De Marcellino de Mesquita

(Extrahido do drama em 5 actos D. Leonor Telles)

RECITADO PELO ACTOR PORTUGUEZ BRAZÃO

D. FERNANDO [só)

Eil-a rebenta emfim, a lucta temerosa !

Hoje o povo! amanhã a nobreza orgulhosa,Virá também arcar commigo. frente a frente !

Hei de escutal-os, eu, assim, placidamente,Sem ousar perguntar a razão, o direito

Que os leva a profanar os sonhos do meu peito!Porque sou rei! e o throno e a coroa malfadada

Sustenta-a o seu valor, defende-a a sua espada !

Eis-me a saborear o humilhante travoDe apparentar de rei, sendo do fundo escravo !

(Pensa li oo)

Um beijo de mulher formosa e delicadaLevar-nos a razão, inerme, acorrentada,Atraz de um, doce olhar, do.ruge do vestido,A não ouvir a voz, de um povo embravecido,A voz da sã justiça, a voz da consciência !

Que cegueira fatal! Acabe-se a demencia

Que leva a escravidão em que sinto ferido !

Que a não veja, que parta em busca do marido

Esquecel-a-hei! (Senta-se)

Mulheres ! ha tantas que é precisoPoupar o galanteio e ser banal no riso'

(Docemente)Elle ha tanta mulher ! mas porque phantasiaEntre tantas, só uma a nossa sympathiaDistingue, escolhe e quer ! uma só avassalla,Nos dulcifica o olhar e nos perturba a falia !

Quando ella passa, o ar tem um perfume casto,Embriaga o sorrir! Quando nos olha, o vastoCampo negro do céo, cheio de tanta estrella,Nenhuma tem, com luz, que imite os olhos d'ella !Em tudo nos parece extraordinário ser:Na graça do andar, no mimo do dizer ;Tudo nella é tão bom, tão engraçado, illude,

Que a própria imperfeição transforma-se em virtude,

Quando apparece, a alma alegra-se, tao cheia

De luz, como ao domingo, o adro d'uma aldeia .

Quando foge, se afasta, o nosso pensamento.Vai atra:; d'ella louco e carinhoso e attento,

A recordar-lhe o ar, a graça, o todo bello,

O som da sua voz, a còr do seu cabello,

O que empresta á saudade essa doce tortura...

Quando ella chora, ó céos ! — que horrida amargura

E' como si o mar todo, em lagrimas desfeito

Cahisse, sem cessar, dentro do nosso peito !

Elle ha tanta mulher! mas porque phantasiaEntre tantas, só uma a nossa sympathia

Distingue, escolhe e quer !

(.Levanta-se com fogo) Ide dizer agora

A' alma que escolheu, ao coraçao que chora

Na alegria do amor sobre o collo adorado :

E' esse o teu enlevo ? O teu sonho dourado í

Tua dona gentil ? O teu sorrir na terra ?

Pois bem, deixa d1 amor, essa imagem desterra,

Faze do coraçao a tavolagem cega

Onde a mulher amada é a mulher que chega !

Ka arena de Kaposvar (Hungria)

um espectador depois de rir toda a noite

e sem descanço com uma comedia ingleza

que se representava, puxou de um revol-

ver quando o publico todo já se-retirava,

e deu um tiro nos miolos.Um suicidio alegre.

Uma joven pianista russa Mary1 Tate morreu ha pouco em ComvresA ille

(Estado de Indianopolis)sua ultima voatade foi exposta a piau»U

sobre o sni piano e ao passo que o padre

lhe psalmodiava as ultimas icz< ,

colieea da defunta acompanhai

mesmo piano uma oração fúnebre can-

tada por amigas da finada. ca,

ceremonia religiosa, levantou-se a tampa

sobre que repousava a moit , i

ram se as cordas do "Aumente tira

ram-se lho os pés e collocou-se (rlentr° e

caixa do piano o corpo de Miss Tate ^U

ueste caixão de novo genero foi enter

rada no cemiterio.

Seis mil francos tinha custado o

piano. E dizer—observa o jornal d'onde

extrahimos esta noticia - que Sebastião

Bach teve como sepultura uma miserave

tumba de 50 francos que os seus contem-

poram os ainda assim acharam luxuosa

| de mais para elle !

Oaruso foi escripturado por vinte

mil francos para duas ré citas em Ostende:

uma como «Rigoletto» eoutra com um

concerto. Durante o conceito, quando o

celebre tenor ia cantar, pela segunda vez,

uma das suas «romanzas», entra o Schah

da Pérsia. Não houve remedio senão

resignar-se o publico a ouvir, de pé, mais

uma v<z, o hymno persa. Mas logo que

o l.ymno acabou, ninguém mais quiz

saber do Schah. O que todos' fizeram foi

pedir, de novo, «bis» à Caruso, que do

melhor grado, o concedeu.

Almanaque d' Ó THÉATROI

PULMONAL

¦^r=^YT

Riffiidio pira- w"""Stile

vigital, J

cuuidiradQ ate H

kje o iilioi para ^

as affeapts do L

apparelo rtapira- y

t8FWf came sejai: H

branchiiea,asthma, 0

fr* tuberculose pilüa

enjoa

doente

traga Q estomago e

ah re 0STí

appetite

z

>

F

U

Impede os es-

carros de

sangue.

Cicatrisa as

cavernas dos

tuberculosos.

Cura a tuber-

culose.

Um vidro só

as vezes, basta

para curar

qualquer tosse

ou bronchite.

PULMONAL

Um 1/ÍírO 3$000 Vende-se ei qualquer Pharmacia

DEPOSITO - SILVA GOMES & C.

Almanaque d10 THEATRO

I

Dueltistas bras. GeraSdo e ^Sina

amanhã

Quando fòrmos dois trêmulos velhinhos,tu, tao formosa, sem nenhum encanto,e eu, tao forte, a chorar pelos caminhos,olhar-noa-hemos com profundo espanto.

Meu doido amor, meu cofre de carinhos,verei teu riso transformado em prantoindifferente á musica dos ninhos,e a outras coisas que adoramos tanto,

E o sangue em fogo que por nós circula,e este arrepio e este tremer de lábios ^e esta canção que a teu ouvido arrulaj

de tudo isto, a chorar pelos caminhos,sentiremos apenas os ressabios,quando formos dois trêmulos velhinhos.

Bruno Barbosa.

Não se embriaguem com os ap-

plausos, nem desanimem com a pateada.A. pateada só faz mal aos tolos; os ap-

plausos só entontecem os vaidosos.

Dugazon.

l)e Eustorgio Wanderley.

Musica da cançoneta italiana Coli-fila-fila

Duetto comico escripto especialmente para os apreciados duettistas brasileiros : Geraldo

e NlnàÓa3o com grande ««o no Thoatro Maiaoo Modem*.

I

Ella : —Não te esqueças, meu caro amigumho,

De quem nunca se esquece de ti,

E somente a gozar teu carinho

E' que veiu, contente, p ra aqui.

Ah ! Que felicidade,—em plena mocidade

Ser amado assim !...

Tua amizade,—somente p.'ra mim!

II

Elle Não te esqueço, querida, um momento,

No que eu digo, bem podes me crer.

Vives sempre no meu pensamento,Eu não posso de ti me esquecer.

J1

Ah1 Que felicidade,-em plena mocidadeSer

amado assim!-.-

Tua amizade—somente p'ra mim!

III

Mas, le esqueces, de que P^eUias>

Um annel de allumça p ra num,

Si eu ie desse uma flor que pedias

Certa noite, naquelle jardim.

Ah ' Que infelicidade,-em plena mocidadeA Não se ter amor!...

Tua amizade—durou como a |lor.

IV

-O que dizes, por ôeido.é brinquedo

Porque eu dei-te um annel d essa vez,

Fiz assim... e o puzeste no dedo.

Si o não 'stá,

já o perdeste, lalve*.

Ah' Que infelicidade - em plena mocidade,

Seres tu assim!...

Tua amizade-foi só no jardim!

V

•—Não ! Não foi; eu me lembro, a alliança

Foi de novo, ao Leu dedo parar

Tu ma deste, porém, sem tardam, a,

Eu senti que a tornaste tirar.

Ali i Que infelicidade,-em plena mocidade,

Assim se praticar !

Dar sem vontade,—pra depois tomar .

VI

•—Eu te peço perdão; foi brincando,

Oue a pequena alliança te dei,

1C depois, a sorrir, to enganando.

O annetzinho, depressa eu tu ei.

Ah' Que felicidade,-em plena mocidade

Ter o teu perdão !

Foi por vaidade; não foi por mal, não !...

VII

A ." -Eu te dou meu perdão, si tu juras,

Outro annel mais bonito me dar;

Almanaque d'0 THE ATRO

E que á noite, não vaes ás escuras,Sem que eu veja, de novo o tirar !

Ah ! Que felicidade,—em plena mocidadeMuitas jóias ter,

E por vaidade,—brincando as perder !

VII

Elle :—Eu te dou mesmo até, íVeste instante,Este annel que te vae muito bem.

(idá-lhe um annel)

Mas, repara que tem um brilhante,E eu não quero que o dès a ninguém !

Ah ! Que felicidade,—em plena mocidadeTer-se a quem amar!

E em quantidade,—caricias gozar !

IX

Ellà : Tu bem podes ficar descançado,Do meu dedo não ha de sahir.Só a ti eu darei, meu amado,

Quando tu nVo quizeres pedir.

(Ambos) Ah ! Que felicidade,—em plena mocidade,Vem agora a mim !

(Abraçados) Nossa amizade será sempre assim !...

Rio,—VII—1905.

SAUDADE

De José Cordeiro (Lisboa).

A saudade é tristeza que confortaE' um goso especial que faz chorar;E' viver de uma doce vida mortaOu ir morrendo em vida, devagar !

Dulçòr que 11a amargura se recorta,E' magua que nos custa abandonarRealidade que a vi*ta nâo comporta,Sonho que existe sempre em nosso olhar .

E' ter no que passou,todo o futuro:Uma resurreiçâo que desconsola;Uma restea de sol em poço escuro ! ..

E' ter o pensamento amortalhado;E' um beijo que nunca se descolia,Que o nosso coração dá no passado !

Lisfcz,o celebre pianista, entra 11'umhotel modesto.

A sua profissão ? pergunta-llie o

porteiro.Pianista.

Homem, ainda bem. Eu toco cia-rinete. Faremos um duetto.

Sei eu, por ser actor se tenho ta-lento ? Gomo posso sabel-o ? Traba-lho, estudo, observo,ensaio, applau-dem-me; mas, significa isso algumacousa? Vejo incensar idolos tão po-bres ! Perdido me julgaria eu senão

fosse mais difficil de contentar queo publico.

Fleury.

Almanaque d'O THEATRO

I ————Maxim as dc algumas actrizes; •

J

I A arvore^ corUKla^por

| ^

'

\

^

|

So daria o meu corac:ao -y. • ^

J a quoin me | i-esse uma ||¦ corte-real!... .. J|

IsMENIA M. II— ii

'' - ¦ i

Sou como Chrislo : dei-|

J.xae vir a mini os peque-1 Actor Eduardo Pereira

j nines...H EI. EN A C. ii===========^-——^ — " —

I A litteratura e a mac da matan-

, drarfem. S. Cjallini.

Quero aos animaes de ra$a por- : que sao os de mellior estampa. continuacao do cacliimbo faz

M. Mazza. L bocca torta; depois do Souza Bas-

I tos so a Luiza... ou o Dias Braga.

, ii Pepa R.A marinha portugueza

deu-mej

j o liome, a brazileira da-me... o a^ou-j ]?n[re um cirurgiao e um me- i

^ue' A IV, nHMV dlc0 opino... polos dois.A. Dei.orml. y[ DE Oliveira.

I!

Em terra de cegas quem tern um Ha filhos que alimentam as

olho e rainha. j maes! Nao Ihes parece ?

J. Many. P. Delgado.

i

d'0 THE AT ROAlmanaque

Maxim as de al»nnns actrizcs

ij A arvore cortada porbom machado fructijica,

II ainda que em terreno já

| muito explorado.

M. Lina.

Para os e('feitos nocivos

das « Ko 1 as Africanas»

nada conheço como a in-

fnsãn de folhas de no-

Os homens são como os

cães : quanto mais se lhes

bate, mais nos procuram.Carmen R-

Só daria o meu coraçao

quem me Jizesse uma

5i-/e-real!...Is.MENIA M.

Sou como Christo : dei

xae vir a mim os pequeninos...

Hei.ena C.

Actor Eduardo Pereira

A litteratura é a mãe da malan-

dragem. S. Gallini.

A continuação do cachimbo faz;i bocca torta: depois do Souza Bas-

i tos só a Luiza... ou o Dias Braga,Pepa R.

Quero aos animaes de raça poisão os de melhor estampa.

M. MAZ/.A.

Entre um cirurgião e um me

dico opino... pelos dois.M. de Oliveira.

nem tem um j Ha filhos que alimentam as

i mães! Não lhes parece ?

]. MANY. p- Delgado.

r

]

ã

«r

Almanaque d'O THE AT RO

ma àes$etv\\xta tvas a9evA\xta£ àa S)avaV..

Contou o New York Herald queem Quebec a grande Sarah Ber-

nhardt foi corrida a ovos. O publicocanadense parece que se estomagoucom as phrases attribuidas á actriz

numa entrevista publicada nos jor-naes.

Quando ella sahia do theatro

Auditorium, onde obtivera enorme

ovaçào, o povo que a esperava á

porta atirou-lhe muitos ovos. Sarah

não ficou molestada, porque se

metteu num trenó fechado. Mas o

actor Max ficou, parece, transfor-

mado numa verdadeira omelette.Eis o Registro que a este res-

peito escreveu o brilhante chronista

Olavo Bilac:Sarah Bernhardt foi apupada

em Quebec, no Canadá. Apupada

violentamente, e alvejada por um

tiroteio de ovos. Esperemos pelocommentario que ella naturalmente

consagrará a essa ovação, no ultimo

volume das suas memórias.O caso é deplorável e condem-

navel. Sarah é antes de tudo uma

mulher, e, como tal, deve merecer

consideração e respeito; além disso,

é uma grande artista, — e as suas

maluquices, o seu exagerado amor

da réclame, o seu hysterismo, o seu

orgulho tolo, a sua inveterada ma-

tedicencia não bastam, nao devem

bastar para annular o prestigio dessa

dupla aureola de mulher e de ar-

tista que ella possue. Atirar ovos,

bem ou mal conservados, a uma

mulher como Sarah é uma brutali-

dade que se não pode desculpar.

Assim não é para applaudir nem

para desculpar o feio acto dos cana-

denses, que passo este assumpto

para a columna do Registro, E sim,

para frisar este ponto : Sarah foimaltratada e apupada numa cidade

franceza e por motivo de paixão re-

ligiosa. No Canadá, onde vivem

pouco mais de cinco milhões de ho-

meus, quasi dois milhões desses

homens são franceses. Quebec,pnn-cipalmente, é uma cidade absolu-

tamente franceza. E, nessa cidade,

Sarah foi vaiada pelos catholicos,

que lhe não perdoaram o crime de

haver representadoLa Sorciére de

Sardou...Seria bom que Sarah, ao chegar

a Paris, contasse miudamente esse

caso aos seus amigos e incensadores

da imprensa parisiense, dizendo-

lhes : «Eu tinha offendido o Brasil,

c os brasileiros receberam-me com

palmas e flores, aquelles selvagens

não sabem o que é o rancor, e não

são capazes de offender uma mulher,

além disso, não sabem o que é o fa-natismo religioso: são catholicos

mas não interromperam a represen-

tação de La Sorciére, porque não

confundem o padre com o inquisi-

dor, e tiveram a inteltigencia e o bom

senso de não ver no drcinictlhão de

Sardou a menor offensa ás suas

crenças religiosas... Eis ahi está, ó

meus amigos da imprensa parisi-ense, o que me aconteceu entre os

selvagens brasileiros: fm compre-

hendida, fui perdoada, fui applau-

dida! E eis aqui está agora o queme aconteceu no Canadá, entre os

nossos compatriotas, entre os ho-

mens da nossa raça, da nossa civi-

lisação e do nosso sangue: metti-me

a representar La Sorciére, e elle.s

atiram-me tanto ovos, que durante

mais de uma semana não foi possi-vel cosinhar em Québec a mais in-

Almanaque d'O THEATRO

significante omektfe... por falta de

matéria prima V De onde se conclue,

ó meus amigos-, que é ás vezes mais

commodo e mais limpo viver

os selvagens do que viver entre

civilisados!...» ;Seria bom que Sarah contasse

isso aos seus amigos da imprensa

parisiense. Mas Sarah não tem m

moria... E nós, felizmente nao per-1 demos nada com isso. Baste-nos o

consolo e o prêmio de saber o que

fizemos a Sarah, e o que lhe fiz <

OS seus patrícios canadenses. Nos

somos tolerantes e bem educados,

aos nossos inimigos só offerecemos

ovos... em fritada.

Aclriz Maria da Piedade

Na Grécia, os actores eram ho-

mens livres ; a profissão nada tinha

de aviltante na opinião publica e nao1 impedia o actor de exercer qualquer

emprego honroso. Em Roma os

actores eram de ordinário escravos

estrangeiros, ou naturaes nascidos

escravos; foi pois, unicamente a ori-

deni vil da pessoa que aviltou a pro-w.issão.

Duclos.

í.

(Versos recitados pelo actorEerreira de Souza, por occa-sifto da despedida da compa-nhia Lucinda-Christiano, de

S. Paulo, em Janeiro de lJUb.)

«Meus caros senhores, esteChrisüano é uma pesteQuando lhe atacam manias,Creiain, 11&0 é brincadeira.HojP| disse elle : — Oh ! Ferreira,Esta noite lia poesias.

Tu vaes recitar ouviste ?Volvo que n8o. Elle insiste.Eu teimei... elle teimou...E houve scena... no scenario.

Mas elle é bom emprezario...Nilo ha remedio... aqui stou.

Sim aqui'stou. Mas p'ra que (Já nao tenho que lhes dêQue dado já lhes nao tenha!

Eu gosto do ÇhristianoDe ser seu «xará» me ufanoMas com outra igual nao venha.

O . Por... Nos... Assim olhadoJ'á me sinto encalistrado...Que é porém, que assim, me pea :Si versos d'outros nao tenho,Embora com pouco engenhoVou saudar a Paulicéa;

Saudar a melhor das terrasPara as artes. Tu que encerrasS. Paulo, oh! nobre cidadeTanto ardor no patriotismo,Tanta poesia e civismo,Tanta belleza e bondade,Eu te saudo ! E ao saudar-teDeixo um adeus, que outra parteVou ver, além de teus murosAdeus céo dos meus amores !

(á platéa)E digam lâ meus senhores,Si nao sahi dos apuros »

Uma actriz virtuosa faz honra

ao seu sexo e á sua arte e tudo pode

pretender \ e tcio ctmcidci como c\

ria: são duas rivaes que os grandescorações incensam sem que as torne

ciumentas, uma da outra.Sticotti

Qtosm 5ohb055e escreuer!...

Poesia de Campoamo», versão de Alberto Pimentel

Escreva-me unia carta, senhor cura.— Bem sei para quem é... amr*

_ Pois sabe ?! Ah ! sim ! porque uma noite escura

Foi dar comnosco...— Olé!...

Mas perdoe... — Gomprehendo... até de sobra !

A noite... a occasião... tDá me penna e papel. Bem! Mãos a obra.

Meu querido Romão.

Querido ? Vá ! — Se ficas descontente...Não, não vale emendar!...

Vivo triste. - Não é ? — Cuida que mente .

Sempre em ti a pensar.

E sinto um desalento, uma fadigaE' certo ! é tal e qual!!

Sou velho e o peito de uma rapariga,

P'ra um velho, é de crystat...

Comtigo me fugiu minha ventura.

Ai de quem a não tem —

-- Eu quero que elle entenda, senhor cura.

Escreva muito bem.

Se continuo a ter esta saudade,

Doente caliirei.Doente só?! nao e toda verdade....

Se não vens, motzerei.

Morrer ?! Que offensa a Deus ! Que desvario !

— Morrer. Diga morrer.Morrer, não ponho eu. — Que homem tao frio .

Quem. soubesse escrever ....

«Senhor cura, por Deus ! quanto me ralo !

«Não me tente illudir...

«Faça faltar as lettras, como eu falo,E, como eu, sentir...

«Diga-lhe tudo. Diga claramente«Que me sinto acabar.

«Que se inda não morri, é tão somente

«Porque posso chorar.

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* V " ¦ ' (*V¦ ..am.. ' .in ... •¦ ,.,f.fYl .. ¦¦¦*

«Que os meus lábios que sempre viu rosados,

Nunca se abriram mais.

«Que não têm. um sorriso; estão crestados

«De suspiros e ais !

«Que estes meus olhos já nem são aquelles,

«Que tanto me gabou.«Como não acham quem se mire nelles,

Uma névoa os cerrou.

«Que entre tantos tormentos já soffridos,«A ausência é o mais atroz.

Que sempre a ouvil-o trago nos ouvidos«O som de sua voz.

«Qne por elle a minha alma, noite e dia,

«Até goza em soffrer!...

«Deus meu! quantas mais coisas lhe diria,

«Se eu soubesse escrever!...»

Almanaque d10 THE ATRO

Ao deixar nossa Patria, eu te desejoTodos os mimos da felicidade,Desde a doçura do materno beijo,Até & completa ausência da maldade.

E' que me olvido a mim, e a ti te vejo,Embora na minh'alm,a a paixão brade,Num dolorido e fundo rumorejoNuma sombria-e tragica saudade !

Deus te proteja, ó formosura amada,Através dos jasmins d'essa varanda,Onde tu fonte o sol da minha estrada...

Que importa o resto, mesmo a minhamorte ?

! — Sou um pouco de Pó, que rasteja eanda;

— E's a Pureza respeitada e forte !

Jarbas Loretti.Actor Italo-brasileiro Marzullo

¦ -

I¦I

I

II

,

Existe 110 homem um podor dominador capa^

de fazer dos doentes-SÃOS, dos pobres-RICOS, dos tris

tes-SATISFEITOS, em uma palavra : dar a

DãDE completa em todos os sentidos.

Esse PODER que todos nós possuímos e não sabemos como nos u 1-

lisar delle, é a fonte perenne da saúde do amor e da ,

Procurai desenvolver o vosso fluido magnet cg, p

gem qoe se impOe e trinmphareis em todososivobSw negoc] ^

Pedi ao representante do Dr. MABXDOBK qne vm ^vie

p op .

culo que ensina o modo de qualquer um obter ?. orç g

o sello para a franquia.)

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— CA- fyw.O. 7MAA *T^ &C t-lr-y^taj.'

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§f$UNOO ÜMft G b- * \ C A T Ü R 'O E v)ORG E C <5 L,Ã Ç O

Almanaque d10 THE ATRO

§111111 CASTELLOES

FUNDADA, EM 1847

Avenida Central n.

^uqo fâastellões

líeapparece ao publico lluiniiionsc esta antiga e acreditada

confeitaria, (ic vcllias c honrosas tradições, ponto escolhido pela

sociedade fina e intellcctual para reuniões c passa-teinpo agiadavt ,

A CONFEITARIA CASTELLÕES, agora installada na Avenida

Centaln. 108, dispõe de uma magnilico salão, no I' andar, propno

para famílias que ahi podem estar ã vontade, gozando uma )e a

vista de toda a extensão da Avenida, além de servidas,especialmente,

cm doces linos, sorvetes variados e cuidadosamente preparados por

um profissional, vindo de S. Paulo. Serviço completo para LILV

CHEON. . ,Na loja eslá ã disposição do piihlico o mais completo e aper-

feieoado serviço «le confeitaria. A ultima palavra ! As pessoas que

visitarem a CONFEITARIA CASTELLÕES poderão certiflcar-sc do

que affirmámos, sem receio de contestaçao.

Salão para banquetes. Encarrega-»e de serviços para Usa-

mentos Baptisados, Bailes e Festas. Ceneros e Bebidas de primeira

qualidade.

RIO DE JANEIRO

!. .»A¦ ' ' "I

J. X Hi a. »vv^ — — j

| I

Rip

Tem unia figura de accòrdo com

o sobrenome : nobre no porte, nobre

no gesto, nobre no olhar.. .Já é al-

guma coisa cm theatro possuir-seuma figura qae impressione bem o

publico, e essa qualidade Adelina

Nobre a possue, podendo-se dizer

que é uma das actrizes mais em evi-

ciência da companhia «Águia de ^ „ Rua do Hos-

Ouro», do Porto. P^osa p^omeo -

pi0l0i 89.

Adelina Nobre trabalhou já no I! Mol.estias do pulmfto e coração — Consultas

Avenida e D. Maria, de Lisboa, de| deiás3h.

onde sahiu para ir ao norte do Bra-

sil ha poucos annos. O seu publico,

porém, é o do Porto e agora será

também o do Rio e dos Estados do

Brasil que a Companhia Alves da

Silva pretende visitar.

Almnnantlfi d'0 THEATRO

COMPANHIA "AGU1A DE OURO" Do PORTO

IplilS ¦ 1I>1 v ./ . \v fV v'. v '• '• •• •. , >¦ -v; ;

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Almanaque d'0 THEATRO

Antonio Vicente Ribeiro

Haverá quem freqüente rodas de

theatro e não conheça o Ribeiro . .

Pelo menos,todos conhecem a «Casa do

Ribeiro.» r \E todos a conhecem porque a «Casa,

do Ribeiro ¦> é o ponto obrigado tios

nossos actores, e como fica mesmo ao

meio da rua do Espirito-Santo calha a

quem freqüenta theatros ir alh tomar

um refresco ou um copo de cerveja.

E quem lá vai ouve coisas interes-

santes, fica sabendo os podres de mui-

tas actrizes e conhecendo os caracteres

dos nossos actores. ,E' na «Casa do Ribeiro» que o Colas

extravasa a sua bilis ao ver passar o

Olympio de braço com a Medina ; que

o França toma a sua _ cotréa para con-

servação do rheumatismo e poder me-

lhor estudar os papeis, que nunca sabe

de cór ; que o Leonardo se estorce de

ciúmes do Brandão, e vice-versa; que o

Tosé de Castro lastima ter sido amigo

do Tapajós ; que o Mesquita (Barbante)contracta os seus artistas, menos a

Snra. Carmen; que o Dias Braga e en-

grossado pelo Henrique Lima ; que a

Helena Cavalier ouve galanteios do

Mario Brandão; que o Eugênio de Ma-

tralhães se encontra com o Annibal,

que o Rangel joga bilhar na certa,

mas no fim paga as despezas. E la que

se discutem, entre outros, os seguintes

assumptos: os amores tilio-litteranos da

Sophia Gallini; as pazes feitas entre o

Borges e a Esther; a separação do.tno

Lucinda-Lucilia-Christiano; a castidade

da Ismenia Matteos; a xiphopagia da

Pepa Ruiz e da Luiza de Oliveira; os

b. nhos da Pepa Delgado, e outras

coisas mais que sahem no Rio Att.

E' alli que se indaga porque a Mana la-

vares conserva o couro de um Tigre;

porque a Maria Li na é estreita do "Car-

los Gomes" e o Machado tem a careca•

tão lisa, e até porque... nós esta-

mos a faz r de <Casa do Ribeiro» !

Arthur Azevedo e Jose Piza, autores

do Mambembe, celebrizaram-na num

quadro bem observado desta peça.A maior maravilha, porém, aqui vae:

ia «Casa do Ribeiro» é o único logar

em que o actor Francisco de Mesquita

pára!!! Antonio Vicente Ribeiro e um

bello specimeu de negociante : bonan-

chão,alegre, amável,enérgico e atilado;

empresta dinheiro ao sujeito mais calo-^ J 11 l-/ «-»• •»teiro deste mundo, e. . . consegue rece-

bel-o. E' maravilhoso!Mas não pensem que commettemos

esta indiscreção para fazer mal ao Ri-

beiro . . não ; se dizemos isto e porque

Ribeiro não é mais o dono da casa de

(bebidas da rua Espirito Santo, 22. Re-

tirou-se á vida privada, vae passeiar a

Europa, passando o negocio a outro

commerciante tão activo e gentil como

elle. E a prova é que os leitores encon-

trarão o Almanaque d'O Theatro a

venda na «Casa do Ribeiro».

Almanaque d'O THEATRO

RUA DO THE A. TIRO

Quando o Adhemar me pediu colla- Andando mais para diante e chegan-

boraQ&o para o Almanaque respondi do ao numero 29, que e um predio e

promptamente: — esta dito, escreverei dois andares, de solida construc^o, es-

algo sobre a rua do Theatro. tamos no ponto exacto onde em tempos

Fazendo a promessa, contava com os passados foi o afamado Hotel de Jr'ans,

«Apontamentcs para o Indicador do fundado pelo Desiree, e logar on e la

Districto Federal» nas noticias histori- jantar, todas as tardes a actriz Suzanna

cas, que acompanham o trabalho de Castera, cujo trem parava a porta u-

Noronha Santos; mas desta vez sahi rante as refeic^ies principescas, da entao'oarrado formosissima diva.

Apenas pude colher sobre o assum- A cantora alcazanna gostava de

pto, no dito livro, o seguinte: «Nella passar bem . . Nao tinha mau gosto .. .

existiram os theatros do Gymnasio, an- Por essa razSo, todas as lindas\ etoiles

I tigo de Sao Francisco, e de S&o Luiz, da rua da Valla, iao comer no afamado

este aberto em 1870, e aquelle cons- Paris, e foi d'ahi que o Desiree se

truido em 1832, por um francez». transferiu para o largo do Rocio (le-

Somente isto ; o que nos obriga a de- vando a sua freguezia de elite), para

clarar que a rua nao tem mais theatro montar com grande pompa o «Hotel

algum, que o nome do francez que dos Principes», na casa actualmente

construiu em 1832 o «S. Francisco» occupada pela esta^ao de bondes, da

ficou no tinteiro, e que a contar de 1 de companhia <<Villa Izabel».

WJunho

de 1874, a rua tem a denomi- Ainda ahi nao estacionou de uma vez

nagSo actual, de rua de Souza Franco, o homem, que tanto se relacionou

1 em memoria do finado senador do mes- n'aquella epoca com a arte e com os' mo nome. artistas theatraes.

Nao obstante hei-de cumprir a minha Revezes da fortuna afastaram 0 De-

! palavra e se algum leitor nao se der siree do largo do Rocio, a que afinal

I por satisfeito, queira ter a bondade de teve de voltar, para fundar como ge-i chegar ali ao numero onze da rua aci- rente a Maison Moderne, cujo nome e

La exarada, e conversando com o Snr. fama se conservam tradicionalmente

commcndador Silva Lima, que k, actual- ate nossos dias.

I rnente, o commerciante mais antigo, Digamos antes de passar adiante,

! que resta na referida rua, tera as in- que a cosinha franceza, na rua do

formates que desejar. Theatro, chegou a fazer sombra a ita-

A antiga loja de ferragens do N. 11, liana, que campeava nos afamados Man-

e o unico estabelecimento que resta gini e Console.

I destes aureos tempos. Nos seus dois an- ErSo estes, uma especie de—Elvas a' dares, foi outr'ora a residencia do Snr. frente, e Badajoz a vista - !

I commendador 1 orres Neves, pesscja O Mangini, que ainda la existe, sau-

I muito escimada da sociedade d'aquella doso e triste, a um canto, parece sem-: epoca. Pre prompto a relembrar seus dias glo-

Este predio, e o do lado, denominado riosos ; quanto ao Console, que lhe fica-

Casa Aluminio, sao os que ainda con- va fronteiro, e hoje uma loja de fazen-

servao a fei<;ao antiga ; todos os demais das denominada—Maison Rouge.—Nao

I tem sido reconstruidos ou edificados sabemos se neste predio ficou o micro-1 \ j novo. bio do rapto, porque d'ahi sahiu, ha pou-

\

Almanaque d'

cos annos, o libertador da actriz Me-dina..

No Mangini, é que o nosso JoãoCaetano, e outros actores celebres daépoca, costumavão ir ceiar.

As cozinhas, brasileira e portugueza,também estavão representadas combrio, na afamada rua.

N'um prédio de tres andares.que aindalá está, era o «Hotel D. Luiz» aonde ião

fazer as suas refeições, velhos capitalis-tas, negociantes retirados, e toda a sortede gourmets, que gostavão da palestra,e de passar bem . . .

Tinha este restaurant uma vitrine,em que expunha as guloseimas parasobremeza, e que constavão de covilhe-tes de doce, pasteis de nata, compotasde baba de moça e outras.

** *

Já dissemos muito acerca da arte culi-naria na grande rua, que por signal, e

bem pequena); agora trataremos dos

templos da outra arte, da de Talma, quenella existiram.

O «S. Luiz», que foi edificado porFurtado Coelho, tem agora dois prédiosem substituição, com os números 35e 35 A-

O «Gymnasio», primitivamente «São

Francisco», edificado pelo alludido fran-

cez, foi egualmente transformado n'ou-

tros dois prédios,—33 e 33 A

No primeiro trabalhárão : Emilia

Adelaide, Furtado Coelho, Lucinda Si-

mões, Ismenia dos Santos e outros lau-

reados artistas, inclusive E Brazão, em

peças de um repertorio de alto mereci-

mento.No Gymnasio, funccionou, durante

muitos annos, a Companhia Dramatica

Nacional, formada por uma associação

luso-brasileira, de que fazião parte:Vasques, Graça, Peregrino, Mondar,

Amoedo, Montani, etc.Os melhores autores dramaticos da

THEATRO

época escolhião este palco par exhibiçãode seus trabalhos.

Dizer que esses autores erâo: Alencar,

Joaquim Manoel de Macedo, AchillesVarejão, Quintino Bocayuva, e outros,é aíFrontar a decadencià actual!

Até uma senhora, D. Maria Ribeiro,escreveu um magnífico drama « Os can-cr os sociaes», que foi levado successi-vãmente á scena com geraes applausos.

Os principaes artistas portuguezes,que fazião parte da associação, chama-vão-se: Gusmão, Lisboa, Arêas e outrosde somenos importanciâ.

Mas Vasques era a figura predomi-nante; só o seu nome era um chamariz.Todos querião vel-o, nas suas scenascômicas: O Snr. Domingos fora doserio !!!; Ah ! como eu sou besta ! ; As

pitadas do Velho Cosme; O Rocamboleno Rib de Janeiro, e o Snr. Joaquimda Costa Brazil, em que elle finalisavacom a seguinte quadra :

Se gostaram d'esta scena,Se achão que não fui malDêem palmas ao Brazil

Qu'é filho de Portugal.As festas artísticas do Vasques e do

Graça erão verdadeiros acontecimentostheatraes, e não só os bilhetes, como

até as entradas, chegavão a andar porempenhos !

Só quem não se apertava, n'aquelle

tempo, era o celebre Castro Urso, queentrava sempre, por bem ou por mal;

mas no fim das festas as suas mãos, de

inchadas que ficavão, tomavão propor-ções assustadoras, por tal fôrma o ho-

mensinho tinha dispensado os seusapplausos, batendo-as com mais estron-do que dois pratos de banda marcial!

Antes de terminar, lembramos aoleitor que juntámos a arte culinaria coma arte dramatica, por uma razão muito

simples: n'aquelles bons tempos, eramoda, depois de um bom espectaculo, ir

á ceia !Leão Horacio.

Almanaque d'O THÈATRO

AS TRES IRMÃS

A mais moç» da. tres, a mais

Aauella que mais brilha,

Quando sorrindo aos seus encantos nos^cap-

Eu amo coiço filha.

A segunda, que tem da pallida açucena,Aberta de manha,

A fôrma, a cor, o cheiro, a languidez sere-

Eu amo como irmã.

A terceira é a-mulher que me attráC.e^fas-

E' a mulher que eu chamo

Entre toda» gentil, é a multar iUvma...E' a mulher que eu amo ...

11

A mais moça das tres é linda borboleta ;Entra, abre as azas, sáe...

Nfto comprehende bem, nfto nega, nemje-

O meu amor de pae.

A segunda é uma flôr de fôrma melindrosa,De rara perfeição ;

Nftosei se ella desdenha, ou comprehende eg U/.U,

O meu amor de irmfto...

A terceira <S a mulher... <">j0,m0n8tr0todra.

Encanto, seducçfto...Amo-a... nfto a conheço ; é verdad^m?ou

Nfto a conheço, nfto...

de LUIZ DELFINO

III

Se a primeira casasse, ó que alegria ®

Eu lhe diria : váe ,

Veria nella um anjo, um astro, uma rainh .

O meu amor de pae.

Se a segunda casasse, eu mesmo irto.í

Levai-a pela mfto... , .Dir-lhe-ia : o céo azul, virar-te aos pés deseja

O meu amor de írmfto .

Se a terceira casasse 6 minha inflicidade,A mais velha das tres,

No horror da escuridão fòra uma eternidade,A miuha viuvez !...

Ht

IV

Se a primeira morresse!... Ah 1 comoveu

A minha desventura !...

Com lagrimas de dôr, lavára, noite e dia,A sua sepultura!...

Se a segunda morresse !... OHranse amargu-

Eu choraria tanto

Que ella iria boiando em seu caixfto^doirado,Nas ondas do meu pranto.

Se a terceira morresse !... em seu caixão dei-

Sem que eu chorasse, iria...

Porque n'outro caixfto, ó minha morta ama-

Alguém te seguiria !...

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Almanaque d'0 THEATRO

AS TRES FÉRAS

A mais moça das tres, a mais raivosa e feia,A mais espevitada, .

Aquella que a discórdia em minha casa ateia—E' a mlnba cunhada.

A segunda, um horror, uma sarna constante,Ruim a mais nao ser ;

Que nao me deixa calmo e em

—E' a minha mulher.

A terceira é o diabo em figura de gente,Que enraivecer-me logra,

Que ha de acabar commigo, cedo, J^tíU-

—A leoa : minha sogra !

IL

A primeira é tal e qual uma gata assanhada;Amarga como um tcl.

Acha que ser cunhado é nao valer de nada .Nao liga ao meu papel.

A segunda é um cardo, um espinho^uma

Um incessante ardor ;Trata-me como um traste inútil, nao me

O minimo valor.

Parodia ás «TRES IRMÃS»

i t r

Se a primeira fugisse, ó luminosa idéia!Eu lhe diria :-vae!

diabo te dê uma fortuna cheiaE te sirva de pae.

Se a segunda fugisse, eu fechatia a portab ° Com a minha própria mao.

Dir-lhe-ia ;-b6 feliz e só me voltes morta ..

Ou nao me voltes, nao !1

|Be a terceira fugisse, ó minha flicidadeA mais velha das tres,

ÍEu podia aftirmar ser feliz, na verdade,Ter sorte d'essa vez !

IV

Se a primeira morresse!.. O' quanto eu

Por tamanha ventura !

üe todo o coração, eu mesmo cavariaA sua sepultura !

Se a segunda morresseUO' caso afortunado 1

Eu cantaria tanto, .

Que ella havia de ouvir, em seu caixaoje-

Os echos do meu canto !

A terceira é uma cobra, uma fUr'a' Trnõlse a terceira morre»,'em seu

Iria ao seu enterro ;E lá 110 cemiterio eu dansana um a

Que pagodeira ! ó ferro ....Nao tem definição !

Traz-me na roda viva, é um tonnento

Faz de mim o seu cao.-—' j"1 h

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Almanaque d'0 THE AT RO

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mente para esta antiga e conceituada casa.

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—— ji ' ; _ ' B / y$

Almanaque d'O THEATRO

[f\ "¦ ¦' ¦ • * ' •'{ ' I

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item

de

zil, fezpanhiaSampaiAccacio

Este joven actor,nascido em Lisboa _á22 de junho de 187Õ,entrou para o theai.roem 1897. A primeiracompanhia de que fez

parte foi a de Soaresde Medeiros, onde es-

treou no drama A

Probidade, de Césarde Lacerda. Jorge Al-

berto era empregadono commercio e o pro-

prio Soares de Medei-tos, que foi depois o

sen primeiro mestre,

procurou dissuadil-ode abraçar a carreiraartística, não confian-

do muito nas qual ida-

cies promissoras que a

revelando o novel ac-

tor.Pouco tempo depo-

is,o Medeiros se con-

vencia de que o rapa;

tinha decidida voca-

cão para o lheairo,

vendo-o trabalhar n.t

companhia da Lucin-

da e em seguida par-tir para Lisboa, ond

se contractou no Rea

Colyseu.Voltando ao B

parle das com-s Silva Pinto,'o

& Faria,Antunes & Machado Cor-

reia. Celestino & Mesquita, Edu-

ardo Victorino, Segreto & Souza,

etc.Jorge Alberto é um bom galan-

comico, desempenhando todos os

demais papeis, com critério e acerto.

E' uma figura utilissima em qual-

quer companhia, porque trabalha,

mais ou menos bem, em todos os gen<»ros.

Actor Jorge Alberto (na a c tu ali d ad 0)

Yae de cantar o Capitão Thom

pson, do Surcouf, aos disparos

perversidades do Conde Wilmore

do Robinson.Fez com successo vários pape

na revista Beijos de Burro, na Viuva

Clark, no Champignol, etc, porém

os seus mais sérios trabalhos

sido apreciados no repertorio

J dramas e comédias.

Almanaque (TO THEATRO

Um punhado de icelles

¦ • i j ||toda a emente achou um prazer enorme

Na sua excellente obra em assistir aos seus espectaculos.Dictionaire des coulisses,}ozchu\ Dutiot(

^ comQ nio ha nada perfeito, nada

fei

refere-se ás /icelles Infelizmente o espa-

ço restricto do seu livro, não lhe deixou

aprofundar um assumpto que exigiria

volumes.A Academia Franreza definiu assim

a palavro ücelle :

Ficcllc : subs fem: —corda pequena,

fitaCorda ou fita : aqui está uma defini-

ção clara, penso eu. Clara e cuncisa

Não ha nada a dizer-lhe. Por cousa al-

guma deste mundo eu insultaria um dic-

çionario qualquer ; precisamos muitas

I vezes d'alguem inferior a nós Entre-

tanto estou muito decidido a dizer a

verdade, toda a verdade, só a verdade,

destes documentos explicativos d uma

lingua que já não existeA verdade é, que já era tempo de

acabar corr. ellesTodas as manhãs a França vê surgir

um substantivo novo ou um verbo des-

conhecidoEssas palavras nascem n'um theatro,

n'um café, n'um passeio, oito dias depois

têm as suas cartas de naturalisaçãoN'um tempo em que se calumnia por

gosto, esta hypertrophia de linguagem

recebeu dos inimigos do progresso, o

pome de caluo. Banida e repudiada

eterno, o enthusiasmo desappareceu no

dia em que um espectador qualquer,

gritou :—E' bonito, mas vê-se o cordel . .

Dos bastidores dos fantoches o termo

passou para osdas marionettes humanas:

lá ficou por muito tempo e afinal cor-

reu a cidade sem autorisação previa de

Ponson du Terrail, o ultimo purista.Fóra do theatro ficelle significa uma

esperteza mal combinadaNo theatro exprime um meio já em-

pregado, conhecido e usado, que serve

para produzir uma stuação ou desen-

Lice qualquer, mas previsto. As /icelles,em theatro commoventes ou alegres,

são em menor numero. Para

empregal-jS e preciso ter uma grandehabilidade; para as inventar ser um

,gênio - „O homem que inventou uma ficelle

dramatica fez mais para o bem da hu-

manidade do que aquelle que inventou

o revolver ou a pistola.Vamos citar-lhes algumas das mais

celebres entre as ficeües dramaticas.Ficelle com mov enteO theatro representa o que se quizerE' meia-noite menos dez.O cynico está prestes a apoderar-se

um instante, a nova lingua francezaj|da immensa fortuna que cubiça desde

viveu onde e como pôde Mas, eis | as sete horas e um quarto: só lhe falta

que se opera uma reacção em se favor:

se não está ainda completamente reha-

bilitada está quasi admittida, o que é o

mesmo: sobretudo entendida o que è o

melhor. A origem do novo termo ficelle,vem dos theatros das marionettes

Quando os italianos trouxeram para a

França esses pequeninos bonecos de

madeira que ainda hoje fazem furor,

commetter um pequenino assassinio, e

está tudo prompto Emboscado, de

punhal na mão espera a sua victima . .

Nas sombras da noite não lhe ser i dif-

ficil reconhecel-a por causa da crinohneexagerada.

Nisto chega uma rapariga. . E' uma

operaria pobre que, para prestar um

serviço a uma fidalga perseguida, con-

Almanaque d'O THEATRO

sentiu em emprestar-lhe a sua saia dechita em. troca do balão.

O desejo de ser util e de - ter tour-mire vae custar-lhe a vida. O tyrannoavança e ergue o punhal . .

As mulheres soluçam : os homens,em voz baixa chamam-lhe «canalha» :jos garotos do poleiro preparam-se paraatirar-lhe batatas e talos de couve.A joven aproveita-se dos sentimentosdiversos que agitam a platóa : caed», joelhos, mesmo no meio da rua e faza sua oração

— Maldição ! exclama o tyranno, tereide lutar com o proprio Deus ? E avançaerguendo a sua arma homicida. Mas

1 •de repente empallidece, cambaleia. .o punhal cae-lhe das mãos tremulasAcaba de ver uma cruz de prata nasmãos de sua victima .

- Qne cruz é esta? que cruz é esta?-..E' um sonho ? Uma illusão dos senti-dos ? . Esta cruz . . quem te deu esta

cruz?...—Esta cruz, responde a joven entre

soluços, é a cruz de minha mãe, queestá lá em cima. . . no Ceu !

(Neste ponto pode haver na orches-

tra um tremolo sentimental)..¦Minha filha ! minha filha ! é minha

filha ! . »E' a filha deste maroto.O punhal cae, o panno cae, a peça

cae. . .Tableau!«Fieelie» geral.Todas as vezes que assistirem a um

drama em que no primeiro acto, haja

uma creança perdida ou uma creançaachada (o que é a mesma cousa), exa-minem-a bem. Se tiver um signal nobraço, como Gauthier d'Aulnay : umamedalha ao pescoço, como Esperanza ;ou um rozario, como Angelus ; voltemtranquillamente para casa e fiquem con-vencidos de que o rapazote ou a rapa-riga, encontra os paes antes do fim do

espectaculo. Algumas vezes succede,

que o pae é morto antes de encontrar o

filho e no momento em que ia ser

feliz... mas isso é muito raro, e, na duvi-

da, não vale a pena esperar.« Fieelle» ingênua

N 'uma peça de Leprévost uma crean-

ça achada em cueiros, era reconhecidadezoito annos depois. .. pela marca da

roupa ! (Historico).Na vida real o duello é um absurdo.No theatro é uma simples fieelle,

porque o seu resultado ê sempre ad-vinhado pelo espectador Uma comediade Scribe : La dcmoiselle d marier sebem me lembro, é notável pela fieellequeconstitue o seu ornamento principal.

Em todas as scenas o mesmo creado

pronuncia a mesma phrase :«Hei de me embebedar no dia do

casamento da menina «A primeira vez

que o espectador ouve esta declaraçãobacchica, diz comsigo .• «Aqui está umcreado que é bem amigo da ama ! «E

este servo torna-se sympathico, porquesendo os bons patrões que fazem osbons creados, os bons creados são raros.

K segunda vez o espectador acha

que o creado se repete.A' terceira parece-lhe que o rapaz

pôde muito bem ser um bebedo.A' quarta chama-lhe bebedo e cy-

nico.A' quinta, porém, principia a imagi-

nar que aquella insistência tem natu-

ral mente alguma significação.E é verdade Ha uma carta que vae

transtornar tudo, fazer falhar tudo, se

chegar ao seu destino: felizmente o

creado encarregado de a entregar, fiel

á sua promessa, embriaga-se a cair e

guarda-a na algibeira.E aqui está, como e porque se casa

a Demoiselle d viarier.«Fieelle » m assadora.A ücelle massadora encontra-se nas

obras de Scribe em geral, e nos Trois

Maupin, em particular. Consiste em

prolongar indefinidamente a acção, ba-

seada para esclarecel-a essa Palav™1 ^marquei:

^Comof marque.za! por

toda a gente a advinha, mas o auto ^jnarq

que a evitou, durante quatro actos, so a aq •¦ • b y da COndessa.

faz pronunciar no qninto. Para sermos j

Julg{contrariada): - A con-

justos, é preciso reconhecer que Scr.be o bailefaz uso d'uma louvayeldisc:reçao porq

q ^, _ QBi U^uuuma iwuv-.v. *

cousa alguma o impediria de escrever

urn sexto acto. .«.Ficelle» para fazer conhecimentos.

No Vaudeville ou no Gymnasio, os

cavallos da condessa desbocaram-se; a. r r . * 1 onondt

SSA 11 v »

A mmàrqu<m?-Nâo

me fa/grande

S-rs—:cavanos », • . morna ! .. (rf P^te) Parece que se per-

condessa não está ferida, entra apenas|!turbon, não me tinha enganado,

para descançar um momento e tran-1* .... .. .. J ~ „.,rfA ri 11D to\70 c Ficelle»

Estamos numa niasmorra ounum

dos segredos da Turre do Norte. A con-

dessa lertha, algemada com um ve -

tido pardo, esta estendida na palha

ihumida, (é sempre humida a palha j

d'uma prisão)A condessa Bertha:___ Senhor ! os vossos decretos sao

terríveis! Tenho supportado sem me

para. ucabauyui

quillisar-se do grande susto que teve

Na Gaité ou no Ambigü: a berlinda

quebra-se á porta do castello Algumas

vezes o incidente é premeditado ; neste

ultimo caso o galan dá 25 luizes (nunca

26) a um creado afim de que elle con-

, siga, que a carruagem não esteja con-

certada antes do dia seguinte.1

Entre futuros namorados o conheci

mento faz-se doutro feitio. Uma ama-

zona é arrebatada por un. umas, as u>iyo

jroso em que teimou montar, despre- me Senhor, o homem que meu coreto

zaudo os sensatos conselhos de toda a|arnavai e eu orei! apoderaste-vos

crente. Vae morrer sem duvida algu" meu filho bem amado e não blaspne-

ma .. Nisto um rapaz desconhecido md , Senhor! não estará ainda acai-

apparece de repente e, detem o corcel a ma(ja a vossa cólera! Senhor. Jenior.

beira d'um precipício. II que nova provação me reservaes ain-1

Se não fôr á beira d'um precipício ou K ?

ívuma ladeira perigosa, não tem impor- q çarceireiro (annunctando) O s»e'

tancia Só Bressant salvou desta ma-jjnhor de Maurevert !

neira mais de tresentas meninas, entre ^ condessa Ber>• ' , r I •» f 1 1 r I

- trillivy ^-M e doutro leino. 1 mcl ail,,L~ II queixar, as vossas vontades supremas,

zona é arrebatada por um cavallo fo-ll ^ aS forç,lS fallecem-me. . liraste-

ás 8 horas e a meia-noite: é em virtude

de uma modéstia que o honra, que elle

não usa as respectivas medalhas.

\ Fie elle» de sahida.

Perdão.... algumas ordens a dar. . .

/ PO g |X-Pesculpe-me . . umas cartas a es~

crever . . (sae)

ior Qeivwuibvu... .

A condessa Bertha {com horror)-

AdMaurevert - Basta de vãos queixa-

mes que são inúteis agora. Ah .a

condess., despresaste-me! Ah. em troca

ido amor que te offerecia so íves p

lavras desdenhosas. Estavas então lou-

ca? E' a minha vez agora. Agora sou

I eu que ordeno, não ha forças que pos-LU , ' Perten-1 eu que uiucnu, * »

john f John! . Olhem lá sc. elle sam arrancar-te ao meu poder . Perten

vera . • Sou o fidalgo mais -al serv^ ^e^es

rmnha. ^

de França e de Navarra. . . 1 erdoe hrindindo a espada): - Ainda não

me querida condessa, vou eu mesmo, ta^^-ndnjdo^£ ^

(saç)

Almanaque d1

«Ficelle» da loucura.

Ha no theatro tres remedios infalli-

veis para curar a loucura:1.° O amor.2.° Uma canção.

3° A alde:a onde nasceu o pobrealienado.

No momento supremo, quando olou-

co ou a louca vae recuperar a razão,

todos as personagens se agrupam aos

lados da scena e seguem com anciedadeas peripecias da cura

Quando já entrou o objecto amado (eo nome do heróe ou da heroina) quandose cantou a canção, quando se vê ao

fundo o scenario do i° acto. um delles

sáe do grupo correndo e grita para os

í outros;Chorou ! Está salvo !

«Ficclle» antes, durante c depois da

carta.

No palco não ha cartas fechadas. Or-

dinarLmente as mulheres perdem-n as,

os maridos acham-n'as, os creados

abrem-11'as, os patrões lêm-n'as. Ascar-

tas e em geral os papeis representam um

grande, senão único, papel nos dramas.

Às cartas servem para extorquir dinhei-

ro ou dominar os que a escreveram.

Os papeis importantes de que nunca

se conhece o conteúdo, desperta a cubi-

ça do tyranno que exclama de tempos

a tempos:«Oh ! esses papeis! esses papeis!»

Quando acontece queimar-se um do-

cumento 011 um escripto d'algum valor,

ou de absoluta necessidade para o des-

fecho da peça, não se inquietem porisso ; ha sempre uma cópia.

« Ficcllet> subhvie.

Uma obra prima ao acaso: Ruy-Blas,

se quizerem.Ruy-Blas, lacaio, apaixona-se pela

rainha : para lhe ser agradavel vae

todos os dias buscar-lhe, muito longe,

as flôresinhas azues da Allemanha, de

que ella gosta

THEATRO

Para que essas flores sejam encon-

tradas pela sua real amante, collocã-assobre um banco onde ella tem por cos-

tume sentar-se. Mas,para chegar a esse

banco é preciso escalar o muro do

parque:et l'on rencontre en haut

Os broussailles defer qu'on met surleeinuraillea..

Muitas vezes, o pobre louco lá deixa

pedaços de carne e das rendas dos pu-nhos.

A rainha que não é antropophaga,não meche na carne, mas guarda as ren-

das. Oh ! as mulheres! . .Mais tarde por um bamburrio da sor-

te, e por artes de D. Sallustio, Ruy-

B/as, feito fidalgo é encarregado pelorei de trazer uma mensagem á rainha.

Sein hesitar, a rainha reconhece o seu

namorado anor.ymo.Porque ?Por causa dos punhos— «E' a mesma renda !» murmura a

esposa do rei. Naquelle momento a

scena impressiona-nos, mas o interesse

que Ruy-Blas inspira, diminue um pou-co, quando nos lembramos de que para

justificar esta ficelle, é preciso que elle

traga vestida a mesma camisa de ha tres

annos, pelo menos.

(Extrahido)JULES NORIAC.

Quasi se pôde dizer que não é na

alta sociedade que o actor trágico po-derá ir buscar os seus modelos. As

grandes paixões, os grandes sobresaltos

d'alma são n'essa sociedade enfraqueci-

dos ou desnaturados. Entre o povo, o

desespero, o furor, a vingança, o ciúme,

o odio, o remorso, etc., manifestam-se

por signaes distinetos e inconfundíveis,

porque são verdadeiras e principal-mente energicos.

Carolina Van-Hove.

Almanaque d'0 THEATRO

* * ;^^^w^BKH^m9BSH99SS3^H

" •*1 "~-,i' >': s''"4,r- ''.'"'"'^^^R^^^^BSbdw

B&j< ; ., .;,• J, - [I ju. j $ x^!-•/

Actri/ I_i"o.cilia, Peres

Nasceu de uma familia (le artistas ]distinctos, pois que é filha da aotrizOlympia Montani e neta de Balbina |Maia.

Lucilia conta 24 annos, e a terra deseu berço foi a prospera cidade de Lorena,em S. Paulo.

E' talvez a nossa actriz dramaticamais em evidencia, no momento em quetracejamos estas linhas.

Dá lhe a isso direito, o seu belloe robusto talento.

Lamentamos com a maxima since-ridade não ter esta joven actriz umensaiado^! m mestre digno de seu talento,capaz de fazer delia uma grande actriz.

Não menos lamentamos que a criticanão faça reparos,apontando gentilmenteos seus defeitos, aconselhando com cri-terio e doçura.

Lucilia Peres deu um salto de disci-

pula A primeira dama.Tem feito papeis superiores ás suas

forças, trabalhando por inspiração,abor-dando todos os generos.

Sem mestre, envaidecida pelos elo-

gioa immoderados de uma critica amiga,

e, quiçá, pelos do seu ensaiador, con-fiante no seu talent) e nas suas incon-testaveis aptidões dramaticas, acceita

qualquer papel poi- maiores que sejamas responsabilidades que lhe advenhamdesse acto.

Decora-o em dias, representa-o, sem

que tivesse tido tempo necessário paraum estudo mais serio.

Talvez por temperamento, e, comcerteza, muito pela influencia do meioem que trabalha, Lucilia Peres é urna !

Iactriz romantica, uma actriz cônven-cional e por isso mesmo falsa...

— As personagens que representaa sympathica actriz sào formosas, são

poéticas, porém, não são verdadeiras,

por isso mesmo que não são humanas.Desejariamos poder dizer do traba-

lho da actriz de que ora nos occupamos,o que disse um distinctissimo escriptoritaliano do de Zacconi: «Zacconi en-carna os homens que nos rodeiam, osnossos parentes, os nossos concidadãos,nós mesmos e expressa as idéas que flu-ctuam no ar que respiramos e as dorese alegrias que vemos chorar e sorrir em

Almanaque d'O THEATRO"" §|

voHa de nos, as quaes soffremea e go- ~s, por^ «rto.

?r- «nos8a — . —

sangue... ^roceggo de representar eminentes actores. .— com o protessu u»

Nova e talentosa, sonha glorias du-

E^rfaSapKm°

Na°peUe de algnm delles dar uos-S esoola, sem o marasmatico e semi con-

uma caricatura ou cm retrato bello, po- renc^1e8™nlbem banir de 8ett reper-

r6m, innel e ialso. torio essa farandulagem romantica que

Como, por exemplo, reproduzir con. tono, eaa wra ^

B fco artistico e

verdade a loucura religiosae po 1 ica prejudicau(lo o robusto e invejavel ta-

Joanna d Arc! lpnto seeuindo o conselliode uin grande

.JWWJWSBSS SSjSar

deseje no seu r®Per*?"? qUe tf&o temOs nenlium escrupulo em

dos escriptores do Norte da k«™Pa acongelhar & futurosa aotriz,trilhar outrd

como do poeta italiano Gabriel d'An ^onsellm

a ¦ ^ ^ dft ver.

nunzio. , ,Como, porto, com o seu processo dade... fez

parte ultlma_ |romantico de representar, ha de i epro a companMa Lncinda-ChristianO

dnzir com verdade por exen.plo, .a neu- (U wrnp ^ ^ g

"do' pr'i-i" amante pelo intelligent publico da PanMa.

que ao abandonal-a, a arrojou no vicio, (Extr. de um estudo dt)

destruindo o manuscnpto que haveria Henrique Marinho.

feito a sua gloria. =============

ITT TT , cormltura de Gil Yi-1 N'uma cidade da America do NorteEpitaphio da sepnltura de W1

^ ^ bif,pando na platjSa 0 amantecente, escnpto por elle mesmo, ^

quein tiuba grandes ciumes, atiralhea cara um candieiro de petroleo que

O gran juizo esperando, havia em scena.

Jaco aqui nesta morada; O petroleo incendeia-se o fogo alas-

TiZ da vida caasada *£ P'=¦ ^150

Descansando. casas via mesma rua.

Pergunta-me quern fui eu, =- ===:

Attenta beui pera mi, Nos bastidores de um theatro:

Porque tal fai com'a ti, - Boas horas i Pois agora 6 que o-p *. i rio c»r Prtm'pn- Sr. vem para o ensaio, quando sabe queE tal has de ser com eu, tem

#e e^trar logo ua primeira scena 1E pois tudo a isto vem q geuh0r n&o faz o papel de Arrepen-O lector, de meu conselho, dimento 1Toma-me por teu espellio, — Por isso mesmo demorei, o arre-

Olha-me e olha-te bem. pendimento sempre chega tarde.

Almanaque (TO THEATRO

O banqueiro lhe diz : «Mandei chamal-oTara ver que moléstia impertinente

Incommoda Leonor.Ella é muito nervosa: um forte abaloProstrou-a; sobreveio febre ardente.

Examine-a, doutor.

Queira entrar para a alcova.r. No aposentoEntre a espumosa alvura das cortinas

Cerradas por igual,Repousa um anjo lindo e somnolentoSobre o macio frouxel das rendas finas

Do leito virginal;

Havia ali, no recatado ambiente,Grato aroma de cravos e baunilha

E um tepido calor.Aftastando as cortinas levementeDiz o pae carinhoso : «Minha filha,

Aqui tens o doutor.»

Vermelhas de rubor as faces belias,Ella os olhos que ha pouco dornutavam

Abrindo á viva luzCasta e surpresa) confrangeu as telasSobre os seios (pie livres palpitavam

Formosamente níis...

Para ver se a moléstia era do peitoO medico auscultou-a gravemente

Sobre o dorso gentil,

U/r\a Visita Medica

De Damasceno Vieira

I Conchegando-a, com iní^orespeito,1 E ouvindo o forte coração ardente

A palpitar febril...

Auscultou-a, enlevado ao vêr nsPerfeição de mulher, lembrando a Venus

Que em Milo floresceu,A branca estatua altivamente bella _— A gloria de esculptura dos hellenos

Que o Louvre recolheu.

Colhido o ouvido <1 pelle setinosa! Da donzella que a medo estremecia

De cândido pudor,Elle escutava a musica nervosaDo peito, que cantava a melodia

De apaixonado amor.

Ah ! quanto desejara que a visitaFosse longa, bem longa, interminável

Em extasis assim !...Mas repellindo o sonho era que se agita,Tranquillisa o bom velho impressionável

E receita por fim.

|i Manda vir um calmante, e, prazenteiro,Y6 a febre ceder incontinente:

Sorri de orgulho então.I Mas ao saliir de casa do banqueiro,

!: Percebe dentro de si, novo doente— O proprio coração.

No lheatro das Artes,em Rouen.

um espectador leve a triste lem-J

brança de atirar uma moeda de L

cobre contra o artista que fazia o

papel de Lotaria, lia Migiion] este

não querendo ficar atraz, devolveu-!

lh'a,com a mesma força,porém, com

pesados insultos. Houve o diabo, ei

foi preciso suspender-se o especta-

culo. I

Este dito e o... resto é, na versãodos bastidores de Lisboa.; attribuidoâ aetriz Angela Pinto.

Uma dama muito conhecida em

Lisboa, que se deixou prender de amores

por um indivíduo de côr, sendo inter-

pellada sobre essa estranha preferencialdo coração, saiu-se com esta, que é de

truz: . ,— Sempre ouvi dizer que o futuro

jde Portugal .. estava nas coIonias!»

—- Quer ensaiar o beijo que te-

mos de daremscena?dizia um actorda velha guarda a uma nova recruta.

— O que ? O Sr. tão velho ainda

precisa de ensaiar uma coisa d'essas ?Pois olhe, eu que sou dehutanle

estou bem segura do que hei defazer.

A origem de se chamar pombal(gallinlieiro entre nós) ás ultimasbancadas do theatro vem de haver,antigamente um pombo desenhadonas senhas para esses logares.

Almanaque d'0 THEATRO

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— Por Atacado e a- Varejo HT <

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AYISO—Durante a construcção cio seu novo prédio,

5 cuias obras iá foram iniciadas neste mesmo local, <* *' t

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Jjeitão, ^rmãos ©. I

$ continuará a altender a sua avultada frcguezia com \

\ a prornptidão, excellencia de stock e preços do cos- *

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j Largo de Santa Rita, 8,10,12 e 14 j

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Almanaque (TO THE ATRO

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De ÜAMASCENO Vieira

O banqueiro lhe diz : «Mandei chamal-oTara ver que moléstia impertinente

Incommoda Leonor.Elia é muito nervosa: um forte abalo

Prostrou-a; sobreveiu febre ardente.Examine-a, doutor.

Queira entrar para a aieova^ No aposeuto

Entre a espnmoBa alvura tias cortinaCerradas por igual,

! Repousa um anjo lindo e somnolent'Sobre o macio frouxei das rendas fluas

Do leito virglnal;

Havia ali, no recatado ambiente,Grato aroma de cravos e baunilha

E um tepido calor.Aftastando as cortinas levementeDiz opae carinhoso : «Minha mba,

Aqui tens o doutor.»

• -Que o Louvre recolheu.

Cnllado o ouvido â pelle setinosa

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De apaixonado amor.I

I Ah ' auanto desejftra que a visita

I Fosse longa, bem longa, intermmaveEm extasis assim •

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Sorri de orgulho então.Mas ao sahir de casa do banqueiro,Percebe dentro de si, novo doente

— O proprio coração.

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Abrindo A viva luzii Casta e surpresa, confrangeu as telas

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Almanaque d'O THE AT RO

3?ae d.e... Oa"belleixa..

(MONOLOCiO)

0 Ponciano, rapag&o bonito,Guarda livros d« muita habilidade,Possuindo o invejável requesito

De uma calligraphiaA mais bella, talvez, que na cidade

E no commercio havia,Empregou-se na casa importadoraDe Praxede?, Coueeiro & Companhia,(-asa de todo Maranhão credora,Que, além de importadora, era importante,

E, si quebrasse um dia,Muitas outras comsigo arrastaria.

*Do commercio figura dominante,Praxedss. socio principal da casa,Tinha uma filha muito interessante.O guarda livros arrastava-lhe a aza.

*Começftra o romance, o romancete

N'um dia em que fez annosE os festejou Praxedes co'um banquete,N'un» bello sitio do Caminho Grande,Sob os frondosos galhos veteranosQue secular mangueira inda hoje expande.

*A mesa circular, sem cabeceira,Rodeando o grosso tronco da mangueira,Um belÜBíitno aspecto apresentava:

Reluzindo IA estavaO leitfto infallivel,Com seu sorriso irouico,Expressivo, sardonico.

Salteis de alguma coisa mais terrívelDo que o sorriso do leitfto assado ?

E nos olhos, coitado !Lhe havia o cosinneiro oollocadoI)uas rodellas de limão, pilhériaQue sempre faz sorrir a gente séria.Dois soberbos perfis de forno ; tortasDe camarfti», e um grande e magestosoCamorlm branco, peixe delicioso,Que abre ao giutfto do paraiso as portas;Tainhas ouriehocas recheadas,

Magníficas pescadas,E um presunto, um collosso,

Tendo enroladas, a enfeitar-lhe o osso,Tiras estreitas de papel dourado.Compoteiras de doce, encommendadoA' Calafate e á Papo Roto ; fructas ;

Vinho em garrafas brutas.Amêndoas, nozes-, aueijop, o diabo,Que se me metto a descrever aquillo,

Tao cedo nfto acabo !

*

O Ponciano fôra convidado:Quias o velho Praxedes distinguil-o.

Fazia gosto vel-oConvenientemente engravatado.De calças brancas e chapéo de pello,

E uma sobrecasacaQue estivera fechada um anno inteiroE espalhava em redor um vago cheiro

De camphora e alfavaca.*

Mal (pie o viu, Gabriella(Gubriella a menina se clamava)

Lançou-llie uma olhadelaQue a mais larga promessa lhe levava...

*Como que os olhos delle e os olhos delia

Apenas esperavamEncontrar se; uma vez que se encontravam,De modo tal os quatro se entendiamQue, com tanto que ver, nada mais viam !

*Apezar dos perigos,

Por ninguém o namoro foi notado.Pois que o demonio as coisas sempre arranja,

Praxedes, occupado,Fazia sala aos ávidos amigos ;A mulher de Praxedes, nas coshihas,Inspeecionava monstruosa canjaOnde lluctuavam cinco ou seis gallinhas

E um paio, um senhor paio — ,E os convivas, olhando de soslaioPara a mesa abundante eos seus thesouros,Nfto tinham attençfto para namoros.

*

Quando todos á mesa se assentaram,Elle e ella ficaram

Ao lado um do outro... por casualidade,E durante t.res horas, pois tres horasLevou comendo toda aquella gente,

| Entre phrases mais ternas e sonorasJuraram pertencer se mutuamente.

*Quando á mesa havia só destroços,Cascas, espinhas, ossos e caroços,

E o café fumeganteCirculou,— nesse instante,

Eram noivos Ponciano e Gabriella.*

— Como, perguntou ella,Nos poderemos escrever? Nfto vejoQue o possamos fazer, e o meu desejoE' ter noticias tuas diariamente.Respondeu elle : — Muito facilmente :Quando a casa teu pae volta & noitinhaTraz comsigo o Diário, por fortuna ;Escreverei com lettra miudinha,

Na ultima columna,

Almanaque d'0 THEATRO

Alguma coisa que ninguém ler possaQuaudo nao esteja prevenido. — Bravo !Que bella idéa e que ventura a nossa !

Porém si esse conchavoServe para me dar noticias tuas,Nao te dará, meu bem, noticias minhas.—Mas nao esteve com uma nem com duas

C namorado, e disse :Temos um meio. — Qual ? Nao advinhas'?

Teu pae usa chapéo... — Sim .. que tolice ! —Ouve o resto e verás que a idéa é boa,

Um pedacinho de papel á toaTu metterás por baixo da carneiraDo chapéo de teu pae ; dessa maneiraMe escreverás todos os dias... úteis

Oh, precauções imiteis !Durante um anuo inteiroO pae ludibriado

Serviu de inconsciente mensageiroAos amores da filha e do empregado— Até que um dia (tudo é transitorio,Até mesmo os chapéos) o negocianteEntrou de chapéo novo no escriptorio.

*Ponciano ficou febricitante !Como saber qual era o chapeleiroEm cujas mãos ficára o chapéo velho ?

Muito inquieto, o bregeiroAo espirito em vao pediu conselho ;

Dispunha-se, matreiro,

A saliir pelas ruas, indagandoDe chapeleiro em chapeleiro, quandoO chapeleiro appareceu !... TraziaO papelinho que encontrado havia !Atioára com tudo o impertinente

E indignado dizia :— Sou pae de filhas!... venho promptameuteDenunciar uma patifaria !

O hypocrita queriaMas era, bem se vê, cahir em graça

A um medalhão da praça.

O pae ficou furioso, e, francamente,Nao era o caso para menos ; houveIlalhoí», ataques, maldições, elccelra;

Mas, em fim, felizmenteAo céo bondoso approuve

(O rapaz tinha tfto bonita lettra!)Que nao fosse a menina p'r'o convento,E a comedia acabasse em casamento.

*Ponciano hoje 6 socioDo sogro, e faz negocio.Deu-lhe uma filha o céoQue é muita sua amigaE está casa nao casa;

Mas o ditoso pae nao sae de casa(Aquillo é balda antiga)

Sem revistar o forro do chapéo.

ARTHUR AZEVEDO

Actriz-cantora Medina de Souza

Entre duas cantoras da com-

panhia lyrica. Dizia a contralto :Não imaginas: O audi-

torio fez-me cantar tres vezes aminha ultima aria...

Respondeu a soprano, des-

peitada :Não admira;elle reconhe-

ceu que você precisava praticar.

O pae de Mozar-t, era en-cadernador; o de Verdi, era la-vrador; o de Schubert, mestre-escola; o de Handel, medicodaldêaio de Beethoven, corista;o de Palestrina, creado de mesa;o de Haydn, carpinteiro de car-ros; os de Bach, Rossini e deMascagni, padeiros.

Almanaque d'0 THE ATRO

O iP-A IDIEtlE CONFESSOB

(Dialogo para duas creanças)

Figuras — confessou e penitente

SCENA I

CONFESSOR

(ientrando com cir serapliicó)

Já farto de cantochão,Venho esperar aqui a horaEm que linda peccadora,Vou ouvir de confissão.

Tem a cabecinha oca,Mas é obra... olá se é !Ella até ao padre Zé

i Faz crescer agua na bocca !...

| Ora sendo eu inda moço...

j Sim... ás ve^es... é o diabo !

j Dos meus créditos, dou cabo...I Mas, se eu sou de carne e osso ?...

Psiul... Caluda... Ella ahi vem;!' Abafemos a paixão !1 Yfade retro a tentação!] Para sempre amen, arnen !t| ,

{senta-se)

SCENA li

CONFESSOR F PENITENTE

Penitente :

I Senhor padre Confessor,: Aqui venho arrependida,Confessar os meus peccados,Contar toda a minha vida!

Confessou :

Ajoelhe, minha filha,Ajoelhe assim... assim...

(cila ajoelha)

Diga tudo sem receioChegue-se mais para mim !...

Reze agora a confissãoDepois não me occulte nada!

Vamos reze, que no entanto

Vou tomar uma pitada !

Penitente : (depois de pausa)

Ai meu padre, eu pequei muitoPois pequei o anno inteiro.

Confessor :

N'esse caso vae por mezes:Comecemos por janeiro!

Penitente :

Em janeiro eu fui bem máCommetti mil desacatos...Tão má fui que achava graça,A' dor de dentes dos gatos!...

Confessor :

E em fevereiro peccou muito ?N^sse mez das noites frias?

Penitente :

Pequei menos...

Confessor :Sim ? Porque ?

Penitente:

Por ter s.ó vinte oito dias !

Confessor:

| Mas em março, não peccou?Penitente :

Como via os passarinhosAos beijinhos... também eu...

Confessor (tomando uma pitadTambém eu andei aos ninhos !

Teremos ainda em abrilAlgum peccado maior ?Vamos não occulte nadaAo seu padre confessor !

Penitente :

Em abril na primavera,Da natura, ao renascer,

Almanaque d/O THEATRO

Eu senti estranho anceio

Que o meu peito fez bater!

Desejei poder voarE subir até ao sol,Ser de dia, borboleta,E á noite, rouxinol.

Quis nos campos sergazella

Para andar sempre a correr,

Amar todos... ser amada...

Confessou :

Mas está no inferno a arder !

Estou vendo, que no maio

Teve alguma tentação !

E depois de tudo isto

Ha de q'rer a absolvição !

Penitente :

Ai no maio, mez das flores !

Tive inveja das abelhas,Das formigas, das cabrinhas,

Das cigarras, das ovelhas...

Confessou :

Apre, lá, com tanto bicho !

Irra ! Basta por quem é !

Uma bicharia assim

Só na arca de Noé !

Penitente :

Vae seguir-se agora o junho...

Confessou :

Faço idéia, faço idéia

Todo mez andou aos grillosSem cuidar de fazer meias .

Acabou a confissão !

Nada, nada... não tem geito .

Eu só posso absolvel-a

Dando-me um abraço estreito .

Penitente : (levantando-sé)

Um abraço, meu senhor ?

Confessou :

Pois então ? E tal e qual!

(,abraçam-sc)

Um abraço redemptor...

a o p u blico

Fica assim, salva a moral!

Querem saber a origem da pa-

lavra fiasco com que se exprime a

idéa do desagrado em que cae uma

peça ou um aclor ?

Assim nol-a contam :

Havia um certo Biancolelli, ar-

lequim de barraca, cuja arte consis-

tia em fazer monologos improvisa-

dos, de ante do publico e para os

quaes lhe servia de thema qualquerobjecto qne apanhava entre os bas-

tidores. Uni lenço algumas vezes;

outra,uma carta, que dizia pilhada a

ua amante; ainda outra, um leque,

etc."sempre objectos differentes que

lhe offereciam pretexto para fazer

rir o publico a bandeiras despre-

aadas. Uma vez trouxe um fiasco

(especie de garrafa) e, ou porque o

monologofosse insipido, ou o acto

não estivesse em veia, ou opubLico

indisposto, a verdade é, que nessa

noite não agradou.\r pop tua causa, disse e.tte, ao

fiasco, que esta noite não agrado.. .

|e quebrou-o de despeito.1

Desde então quando uma peça

não agradava, começou-se a dizei .

— E' o fiasco de arhquim — ou

por concisão—é um fiasco.

Em Alicante, um regente de or-

chestra, com tanto enlhusiasmo es-

tava regendo a Verbena de Ia I a lo-

ma, que, fugindo-lhe a batuta das

mâosfoi cravar-se n'um dos olhos da

tiple.

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i

I A 22 de junho de 1878,nasceu no Rio de Janeiro,Olympio Nogueira.

Estreiou-se em 1890, nointerior, fazendo o filho do sar-lento Guilherme do drama Osdois sargentos e depois, quan-do contava 12 annos, na mes-ma companhia do actor Boi-drini, fez um papel de meninano drama do actor Vasques —

Lagrimas de Maria.Mais tarde passou-se para

a companhia da aetriz Anna

I Chaves, que percorria o Es-tadode S. Paulo, fazendo uns

j galans jovens, com habi'idade.Coiitractado pelo empre-

nario Moreira de Vàsconcellosli fez papeis de maior responsa-

bilidade como os do Conde deCornisky na Ninichc e de Gon-zaga no Tiradentes.

Na Bahia desligou-sedessa companhia e percorreu,

|j com a sua família, o interior

j| desse Estado até que voltaram

| á capital da Republica.Escripturando-se na companhia

Dias Braga, principiou a fazer pe-l| quenospapeis,eapoder de seu bello

talento se foi impondo.E' assim que fez os papeis de

ij D. Sebastião, no drama do mesmonome, o tabellião da Roda da For-

jj tuna] Julot, da fíexic/osa; Loriot,da comedia Rua Pigalle 115 ; Blu-

I teau, no Juiz... sem juiato e Jesus' Christo, no Martyr do Calvario.

E' opinião de alguns entendi-dos em matéria theatral, que um dosmelhores trabalhos de Olympio No-iíuetra, é o papel de tabellião naRoda da fortuna; Arthur Azevedodisseque no Juiz... sem jni&o, coubea palma no desempenho ao jovenartista, apezar de um tanto exatferado. Para mim reputo que, no Julot

Actor Olympio Nogueira

da Bexiçjosa, Olympio Nogueira,mostrou-se um artista de grande fu-litro, pois tirou, com verdade, todoo partido desse papel.

E1 a nosso ver, dentre os novosartistas, uni dos de maior talento emais futuro. Por isso mesmo é queo estamos estudando mais minucio-samente.

Representando dois papeis his-toricos de valor desigual, um 110Quo Vadis? de pouco valor; nãolhe deu estímulos para o segundo

que era o Jesus, no Mártir do Cal-vario!

Quando os personagens são davida contemporânea o actor os es-tuda na grande livro da vida,mas noshistoricos, elle arca comas respon-sabitidades de recuar por esses secu-los além, afim de bem conhecel-os.

Almanaque d'0 THEATRO

Almanaque cTO THEATRO

Insistimos neste ponto para fa-jzer resaltar a importancia e justifi-car o nosso estudo sobre ainterpre-

tação dada pelo Sr. Olympio No-

gueira ao difficilimo papel de Jesus

Christo, do Martyr do Ca loa rio.Antes,porém, desse estudo tem-

bro que o trabalho do joven actor

na Honra merece todos os elogios,

já pela elevação porque o repren-

sentou, já por ter sido o papel bem

estudado e observado.Louvo-me na opinião de um ar-

tista, o Sr. Eugênio de Magalhães,

porque não tive o prazer de assistir

I ao drama de Sudermann.Diz-se que o papel de Jesus

Christo fora offerecido ao distincto

actor Eugênio de Magalhães, que se

recusou a fazel-o. Acceitou-o Olym-

pio Nogueira, ou porque não po-desse recusal-o, ou por não conhecer

a extensão da sua ousadia, da sua

temeridade.Já dissemos da difficuldade da

interpretação dos personagens his-

toricos. Essa difficuldade sobe de

ponto, tratando-se de Jesus Christo,

seja etle encarado como o Filho de

Deus ou o Santo dos Santos; seja

tido como o mais sábio philosophoda humanidade, ou olhado como «o

mestre ideal, o mais puro dos ho-

mens». .O primeiro defeito do trabalho

do Sr. Olympio é não ser pessoal. O

joven actor copiou o seu ensaiador,

o Sr. Dias Braga.Como declamou viciosa e mono-

tonamente! Quando entramos no

Recreio estava em scena o actor

Olympio. Ouvindo-o, sem ainda

vel-o, cuidamos estar representando

o actor Dias Braga. Isso é horrivel!

O Jesus do Recreio falava cho-

rosamente. piegamente, com voz

aflautada e melosa. Entretanto a

voz do Filho de Maria tinha estra-

riha suavidade: não é um catholico

que o diz, mas quem nega a sua mis-

são messianica, é Ernesto Renan.

O Jesus de Olympio parecia um

boneco de molas e corcunda. Aquel-

la posição defeituosa, de cabeça in-

clinada para frente e hombros levan-

tados é anti-esthetica e pouco natu-

ral.

Acreditamos que Olympio não

quiz fazer um Jesus como pre-tendia S. Cyrillo, pois fez um rosto |de boa apparencia. Aquella expres-

são de um vencido também é falsa.E' preciso não confundir a doçura

e a resignação com o desanimo ;Christo era humilde, prudente, obe-

diente, porém animoso.

Na scena jogada com Samuel

(que não é personagem historico,

mas lendário) quebra o actor a

lógica do personagem que repre-

senta. Jesus não podia ser brusco,

quasi brutal com Samuel por haver

este negado o banco em que dese-

java descançar, quando maiores

affrontas e insultos recebera sem se

revoltar.Em conclusão: o intelligente

actor não reproduziu nem physicanem moralmente o Messias.

Todavia, Olympio Nogueira é,

dentre os novos, um dos de mais ta-

lento. Promette ser um artista de

valor e que honrará a sua Patria.

Criterioso como é, não lhe será

difficil vér perto,o dia do seu trium-

pho completo.

(Ext. de um estudo de)

Henrique Marinho.

CASA NORDER — ^uvidor,oj-j — Especialidade em bonbons fi-nos, balas embrulhadas, caramel-

los, etc. — Proprios para theatros.

Almanaque d O THE ATRO

Conto - monólogo recitado pelo actor Eugênio dé Magalhães.

O Mathias, coitado,Vive sabe Deus como, <|iie é casado

E duzentos mil rí>ih mensaes apenas ganha,Pois llie ha siiiis tamanha

A ingratidão dos fados deshunianos,Que elle ainda hoje tem o parco vencimento

De quando começou,N'uma repartição ..

lia muitos annos,

. ** *

o mundo I

Caminho lentoPercorre o funccionario

Que se mostre rt niesura refractario,K, mettidu comsigo

De toda a gente nfto se fuça amigo,Nem serviços atiegue

E da sorte ao capricho apatbico seentrpgueFra assim o Mathias,E, passavam se dias,

Semanas, mezee, annos, sem queLlie ouvisse a menor queixa.

** *

De Catumby no fundo,N'unia vicia que a montanha fechaReside o pobivtflo em companhiaDa ema esposa <|iie, fazendo balas,Do casal as despezus auxilia,Porque, «e assim nfto fura,ambos de certo

He veriam em talas.*

* *Seria aquella casa uni lindo c£o abertoSi tivesse ocâsal um filho,um filho ao menos,

Sim, porque, nào ha duvida,os pequenosEspancam a tristeza

E tornam supportavei a pobrezaNo lar mais esquecido dos favoresDa eterna deusa cega e fugitiva

Que anda sobre uma roda e que nos faz se-nhores,

Andar a todos n'um& roda viva.*

* *No entanto, em casa havia

Um velho cfto que, a bem dizer, suppriaDe uma criança, a falta.

** *

Era um grande peraltaQue, si a porta da rua achava aberta,

Ia logo se embora,E eram dias e dias pela certa,

Que ficava lá fóra,E coisas taes fazia,Que ao regressar, trazia

Vestígios eloqüentesDe haver .lutado a dentes,

Disputando, talvez, uma gentil cadella,Qual cavalheiro antigo, a lança heróica em

riste,Disputaria a sua dama bella.

** *

O c&o dessas façanhas vinha triste,Cauda e orelhas cahidas, receioso

De ser mal recebido ('> era muito bem feito!);Portfm bastava um gesto carinhoso,

Um soi riso fagueiro,Uma bala roubada aotaboleiro,

Para vel-o de novo alegre e satisfeito.

** *

Ha dez annoso cflo apparecera um diaAli; ninguém sabia

De onde viera. Tinha fome o bicho.E, como lb'a matassemE llie dessem um nicho

Oniie nem sul nem chuva o inconim^dassemFoi-se ficando o magan&o tranquillo

Naquelle doce asylo.

** *Deram-lhe o nome feio

De Vagabundo, e o mesmo nome, creio(Digo-o em seu desabono).

Lhe havia dado o primitivo dono,Porque, á primeira vez que foi assim cha-

madoCorreu logo apressado.

** *

Jámais n'um cão fraldeiroEsse nome assentou com tanta propriedade ;Vagabundo, melhordoque o melhor carteiro,

Conhecia a cidadeDo Rio de Janeiro.

** *Ultimamente, lia dias, quando a nossa

Municipalidade! A guerra declarou, de morte aos cães vadios,; Mathias e a mulher tiveram c»lefrios

Por causa da patibular carroçaQue o bairro percorria

Engaiolando os caes, para matal-os.I ucessantes abalos

No piedoso casal o carro produzia.Que querem ? não haviaDinheiro para o imposto

Almanaque d

Que podia evitar-lhes o desgostoDe verem Vagabundo engaiolado...

** *

Um diaA carroça fatal passou de caos repleta,

Ea mulher do Matliias inquieta,Debalde procurou por Vagabundo:

Nao estava em casa, andava a correr mundo—Quem sabe se foi preso e vai ali ? mui

mura,E, fazendo tao triste conjectura,Viu a carroça .. e Vagabundo dentro .

** *

A mulher desespera !Em minúcias nao entro,

Que é difficil pintar-vos a sinceraDor que delia se apossa

Ao ver o cao querido 11a carroça,Que lembra uma carreta

No tempo da infeliz Maria Autonietta.* ,* 'f-

Mas.eis que o velho cao sahedebaixoda mesaAgitando a sorrir a cauda teza,Como se tudo houvera comprehendido;

Parecendo dizer:—Cá estou. nSo tenha medoEu me havia escondidoApenas por brinquedo —

***Não era Vagabundo, o cao engaiolado,

Porém outro comelle parecido,Que o nao ser c&o de raçaTem este inconveniente

De se nao distinguir de qualquer c8o que

A senhora ficou muito contente,Para outro susto nao soffrer, coitada,Foi buscar onde estava bem guardada

Uma velha pulseira,Joia numero um, do tempo de solteira,E empenhai-a mandou no Monte doSoccorro,

Para pagar o imposto do cachorro.

Artiiur Azevedo.

y >-Rua do Ouvidor 97

Fairv floss Gandy

CARAMELLO DESFLOCADO

por meio de electrieidade

Lata I $500

ALTA NOVIDADE

THEATRO

E' bem cVfficil a uma actriz bonita e

cuidau< sa de si, ter tanto juizo em seu

proceder que não a possam censurar.

GuiMAREST.

O artista generoso, não tem outra

miri. que a gloria da sua arte e o ap-

plauso da pouca ge 11 te instruída»

STICOTTI.

O BBASTL !

Soneto de OL \VO IULAC,recitado com ex-traordinario agrado,ppla distancia aeti 1 z

portu gueza M A RJ A I1' AIjC AO. •

Pifa ! Uma terra nova ao teu olhar fulgura !

Detém-te ! Aqui, de encontro a verdejant.esplagas

Fm oaricias se muda a inclemencia das va-gas... 1

liste é o reino da Luz,do Amor e da Bar-

Treme-te a voz, affeita ás blasphemias e Aspragas,

O' nauta ! E olha-a de pé, virgem morena epura,

Que aos teus beijos entrega, em plena for-niosura,

— Os dois seios que, ardendo em desejos,afagas...

Beii'1-a ! O sol tropical deu-lhe a pelle doi-rada

O barulho do ninho, o perfume da rosa,A frescura do rio, o esplendor da alvorada ..

Beiia a ' E' a mais bella íiôr da natureza im¦' teira!

E farta-te de amor 11'essa carne cheirosa,O' desvirginador da Terra Brasileira .

Com uma conduc.ta honesta e reser-

vada. oonscgue-se desfazer todas asin-

sultuotas familiaridades, que, a opinião

que toda a gente tem d'uma actriz, não

deixa nunca de lhe accarretar alguns

aborrecimentos,principalmente da^parte

da gente mal educada que não é rara

ern parte alguma do mundo.

DideroT. '

Almanaque d O THEATRO

**rg|W -•••; fHl" mES$

',K, • .{ 'wm^r^gã

i4»Actriz Palmyra Bastos

E' o nome de uma grande actrize cantora, da qual tomo a ousadiade tratar, por ser tão conhecida eapreciada uo publico d'esta capital,como de outros estados que tem per-corrido.

Nasceu a 3o de Maio de 1876em Aldeagavinha, em Portugal, esobrevindo pouco depois do seu nas-cimento o aesapparecimento de seu

pai, veiu para Lisboa, em compa-nhia de mãe e dois irmãos, nas mais

precarias condições.Ahi a pobre senhora costurava

de dia em casa de uma modista, paraá noite ir-se exhibir como coristanos theatros !

A principio esteve no Trindadee depois na rua dos Condes, aondea pequena Palmyra e sua irmã Au-

gusta, a acompanhavam, guardandoambas o maior empenho, escondi-das pelos bastidores, de assistiremnão só aos ensaios, como até aos es-espectaculos!

Uma vez em casa imitavam tudo

quanto viam fazer no theatro e queaprendiam iVum relance de olhos.

Quando Souza Bastos,seu actual

marido, poz em scenaa peça phan-tastica Reino das mulheres instou

com a mãe de Palmyra para deixal-a

entrar para o theatro, o que aconte-ceu.

Houve uma época que repre-

sentando-se a revista Tam-tanuadoeceram todas as actrizes, e foiPalmyra, quem as substituiu á ul-lima hora, fazendo com muita graçao papel de gatinha branca.

Deste theatro passou para otheatro do Rato, que é o mais popu-lar de Lisboa, depois para o da Ave-nida, onde então veiu mostrar quan-to valia.

Não nos cançaremos a enume-rar as bellas operetas que são co-nhecidos de todo o publico d'estacapital, e em que Palmyra, tantose salienta, tornando-se incgualavel.'

Veiu pela primeira vez ao Riode Janeiro, no elenco da com-

panhia do theatro D. Maria II, fa-zendo verdadeiros prodígios, por-que enfrentava com as primeiras ar-listas de Portugal!

De regresso a Lisboa, tornou avoltar para o genero alegre, em quecomeçara com tanta felicidade.

Em Maio de 1894 vamos encon-tral-a novamente no Trindade, es-treiando-se com muito agrado noBurro do Sr. Alcaide, já no final daépoca.

Foi n'esse mesmo anno, a 1 deJulho, que deu a mão de esposa aSouza Bastos, para se tornar igual-mente mãe de familia, modelo deesposas e exemplo de artistas.

Estas palavras fomos colhel-asna Catieira do Artista da lavra doseu marido, como encorajadora que

Almanaque d'0 THEATRO

foi, desse trabalho, que afinal lhe ^||Ç,0\eT\a

dedicado.

D aqui em diante é assaz, co-

nhecida a carreira brilhante da no-

tavel Palmyra e do seu sempre cre-

scenle repertorio, em que ella tem

sido a estreita, querida.Não nos tolhem a nós, os re-

ceios de Souza Bastos, que na quali-dade de marido se tornaria suspeito

ao aquilatar o seu alto valor artis-

tico, por isso concluímos jazendo-lhe os mais rasgados e merecidos

elogios, considerando-a mesmo a

aclriz mais completa de quantasexistem no mundo, porque Palmyra

Bastos trabalha bem em todos osge-

neros : comedia, vaudeville, drama,

tragédia, opereta, opera-comica,

comedia-lyrica, etc.

E qual a actriz ou actor nestas

condições ? Que o saibamos... nen-

hum. L. Horacio.

. Retribuímos os cumprimentos

de «Boas-festas» que de Lisboa nos

mandaram: o emprezario Souza

Bastos e sua esposa Palmyra Bastos,

a actriz Amélia Barros e o tenor Al-

me ida Cruz.

Dos artistas que aqui estiveram

em it)o5, estes dois últimos foram os

únicos que tiveram a delicadeza de

não esquecera nossa existencia.

(Monologo)

Sou francamente contra as loterias ;Para extinguil-as ! — Quem me dera um

meio ! —

C«us»»m-.Hie raiva as loucas gritar iasDos vendedores das diversas sortes,De guélas deshumánas, sempre fortes, _A annunciarem os prêmios de um sorteio...

Nâo t Miho idéia de uma vez, sequer,Ter comprado um bilhete desse jogo;K, se esbarro na rua com qualquerUm desses cabulosos arengueiros,Querendo me impingir meios e inteiros,Fico possesso, de odio pégo fogo!

Se 11 m dia for eleito, o <(ue ainda espeio,Senador federal ou deputado.Meu projecto de lei muito aevéro,Contrario á escandalosa jogatina,Apresento, alliviando toda á esquinaDos vagos que me causam grande eníado.

A prevençfto tamanha que alimentoContra o jogo loterico, ha tres mezes,Fez me fugir da noiva, i»o momentoQuasi do enlace, ouvindo essa theoriaQ,ue iguala o matrimonio ã loteria:—Ganha-se muito e perde-se, outras vezes...

Tal doutrina me poz nuirr serio apuro!...Quiz desistir do enlace, incontinente;Mudei de eôr, pensando no futuro,- No azar possível de uma sorte ingrata —Einquanto a noiva, a minha Liberata,Esperava-a na sala muita gente.

Quando surgiu emfim, minha futura,Metti o pé... fugi num só arranco !Toda de neve, a amada creatura,—Em pleno alvor, o meu sonhado ideal-Da loteria-oh ! céus ! - matrimonialEra um bilhete inteiramente branco.

E' opinião geralmente seguida

de que se pode, sem talento, crear re

putaçào em theatro ; mas, por mim,

não me acho nada inclinado a crer queumas machinas a que o uso da refle-

xão é desconhecido possam exercer com

êxito uma das artes em que elle é mais

nect ssario.

De Sainte-Albine,

Bahia.Alarico Cintra

Garrirk aperfeiçoou o seu grande ta-

lento, com investigações cheias de finu-

ra e de sublimidade. Andava sempre

envolvido na multidão, e foi ahi que elle

surprehendeu a natureza em tola sua

simplicidade e em toda a sua origina-lidade.

Grtmm

Almanaque d' O THEATRO

Ijj

Peixoto iniciou a sua vida ]

de artista no theatro S. Luiz, j

onde estreiou nas comediasA/iss .Suzana e Dois Surdos. ¦ 1

Seu nome per exlenso e

Antonio Peixoto Guimaraes. H|

Embora pareya urn joven JBI 'de vinte e poucos annos, Pei- |H 1 < Ixoto tern a mesma edade do W W* jnosso estimado mestre Arthiu *

Azevedo:meio seculo somenle... Ig*\ |||

ha outros menos moqos. fg^ -

^

^

|

delicado, d'tombem * attencioso, ~

' . ,

^

3ervi?al, modesto, intclligente Actor Peixoto

e correcto em todos os sens ||ser cUado como m0dei0 de uma mo-

Diremos mais, que o Peixoto raHnvejavel e irreprehensivel. ¦

nasceu em Portugal, la na bella ei- Estas hnhas ao ^lo

cla elffigte

dadede Guimaraes, por6m, e mais sympathica do Pcixoto, sao ol ri0c

um bocadinho brasileiro porque foi das pelo grande logar queoccupa no

aqui que elle se fez homem e e chefe;> coracao do publico que o estima a

de familia exemplar, cujo lar p6de|| toda prova.

Os actorcs devem tor so c sempre II A « «j ] ] r, p i« n j

por modelo, a natureza ; ella deve ser vdjJlUul ill &

o objecto constante dos scus estudos. Unico e infallivel

TALM^' TON1FICANTE

A arte do theatro e uma Sciencia; para a que da do cab alio

6 pois como Sciencia que c preciso es-J l)asa0ncello5 Sirias

tndal-a

Sticotti. 2 - PRftCft TIRADENTES - 2

Almanaque d' O THEATRO

Os actores devem ter só e sempre

por modelo, a natureza ; ella deve ser

o objecto constante dos seus estudos.

Talma. li

A arte do theatro é uma Scieticia ;

é pois como Sciencia que é preciso es-

tudal-aSticotti.

íH

Único e infaüivel

TONIFiCANTE

p a 1• a a cj u é d a d o c a b cll o

CT(Jasaoncellos jsinias.

2 - PRAÇA TIRADENTES - 2

Peixoto iniciou a sua vida

de artista no theatro S. Luiz,

onde estrelou nas comédias Miss

Suxana c Dois Surdes.Seu nome por extenso é

Antonio Peixoto Guimarães.Embora pareça um joven

de vinte e poucos annos, Pei-

xoto tem a mesma edade do

nosso estimado mestre Arthur

Azevedo:meio século sómente...

ha outros menos moços.

Conhece tanto o palco

quanto conhece o publico e ad-

aptando-se a todos os meios

sabe comprehender todos os pa-

peis por mais desiguaes que s,e-

jam.As emprezas theatraes fa-

zem empenho em possuir,o dis-

tineto actor, no seu elenco.

]nJo — «superlativo dos nos-

sos actores» — damos o Peixoto

como o mais delicado — e elle o

á de facto, mas, não sómente

delicado, é também attencioso,serviçal, modesto, intelligentee correcto em todos os seus

actos.Diremos mais, que o Peixoto

|nasceu em Portugal, lá na bella cí-h

dadede Guimarães, porém, é mais,

um bocadinho brasileiro porque foiaqui que elle se fez homem e é che|e

de família exemplar, cujo lar pôde

Actor Peixoto

ser citado como modelo de uma mo-

ral invejável e irreprehensivel.Estas Unhas ao lado da effigie

sympathica do Peixoto, sao obriga-

das pelo grande logar que occupa no

coraçao do publico cjtic o estima <1

toda prova.

Almanaque d'0 THEATRO

Quando cu for

grande...

(monologo para menino)

Quando eu for grande...Mas não sei porque é que a gente

Custa tanto a crescer ! Já repararam n isso ?

Lança-se um grão de milho a terra: e, de repente,

Surge a planta a crescer, como por um feitiço,E em seis dias está d'este tamanho, assim...

A gente, não ! somente um palmo de armo em anuo...

Nem tanto ! Eu, por exemplo: olhem bem para mim !

Quantos annos me dão ? Tenho, se não me engano,

Onze : e não chego a ter sete palmos de altura !

Sete palmos ? nem seis ! Estico as pernas, salto,

Puto, endireito o corpo, ando com impostura,

Endureço o pescoço, — e não fico mais alto !

Ah ! que quando eu fòr grande !...11 E1 desesperador!

Ninguém me diz ; «senhor !»... Ninguém me toma a serio !

Se estão falando, e eu chego, ha logo máu humor,

Calam-se, ou falam baixo e com ar de mysterio ,E ha um logo, que diz : «que é que você deseja,

Menino ? va brincar ! não seja entremettido!»

E ninguém me procura, e ninguém me corteja, *

Porque ? porque eu não sou um pouco mais comprido .

Meu Deus ! quando eu fòr grande . .E' um peccado, então

Ser pequenoo brilhante, é pequeno eco biilhante !

Então, para pensar para ter opinião,

E' preciso possuir o corpo doelephante?

Pois o valor, a força, a intelligencia, o senso

Medem-se porventura ás léguas, como a terra?

E um grande boi, um boi pesado, bruto, immcnso,

E' mais sábio do que eu, só porque é grande e berra?

Então, que é isso ? Então quanto maior, melhor ?

O tamanho tem mais valor que a intelligencia?...

Mas sempre ouvi dizer que o j rasquinho menor

E' sempre o que contem a mais preciosa essencia. . •.

Ora deixem-se d isso ! Ah ! que quando eu for grande ....

E, os nomes que me dão ?... Sou galopim, pirralho,Caroço de feijão, bola de assucar-candi,

Lasca de homem, petiz, formiguinha, retalho

De aente... que sei eu ?... #Como sou infeliz!

Se caio em discutir politica ou finanças,

Almanaque tVO THE ATRO

Diz papae: «Alto lá ! Recolha o seu nariz .

Onde falia seu pae, não faliam as crianças.»

Quando ás vezes, n'um baile, atravessando a sa .,

Vou pedir uma valsa a prinia Gabrietla, . ,

Ella diz, com desdem: «Pois nao ^

com q í^ 1

Pensa que eu vou dansar com um coto dt veta.

Côto de vela !... E então... fArrfrande'Quando eu for granuc..

Emfim,

Hei de ser grande um dia! hei de crescer, de certo .

E verei se inda alguém ha de zombar de mim !

Marcharei pela vida assim, f.mfarrice).

(põe o chapêo.na cabeça e começa a anda, >Ir (irme, coberto,

Atrevido, pisando o chão com seguranç x!

E, se um petiz qualquer andar por onde eu anc _ ,

Hei de gritar: «Petiz !¦ formiguinha !», por vingança.

— E ninguém ha de rir de mim, rf n jp i_quando eu |oi granae ....

(Do Theateo Infantil). Olavo Bilac.

Grande

A n rt ° e

Armazém de inuwauu®

LUIZ OA.Y &Z> O-

Camestiveis

%1B II'

e (Jenero8 cie Primeira Qualidade

FKEC;OS DffOI5lí'OS

:2ã - RUA DA CANDELARIA -

RIO DE JANEIRO

Façam-ss espectadores attentos dej

todas as acçõespopulares e domesticas;

ahi verào as phisionomias, os movimen-

tos, a acção real do amor, do furor, do

ciúme, do desespero, da cólera. Façam

da cabeça uma carteira de todas estas

impressões e fiquem certos de que,

quando as apresentarem em seena, to-

dos os hão de reconhecer e applaudir.

DlDEROT,

Mlle Oligny prestou um grande ser-

viço ás actrizes: provou-llics que os

simples proventos do theatro podem ga-

rantir uma aposentação agradavel e

decente.Goldont.

A rivalidade é-nos necessaria ; não

progrediríamos sem ella, mas, livremo-

nos dos erros da vaidade.ClaiRON.

rm

Almanaque d'0 THE ATRO

<

V

Publicando o retratoda illustre actriz brasi-leira Clelia de Araújo,

fallecida o anuo pas-sado, praticamos umacto de inteira justiça.

Clelia pertencia á

pleiade de artistas erni-nentementenacionaes,ein que figuravam Pe-regrino. Vasques, Mar-tinho, Xisto Bahia etantos outros, que des-appareceram antes derealizado o seu sonho,— antes do advento do

theatro brasileiro.

A sua longa exis-

tencia foi toda consa-

grada ao theatro e á fa-milia. Clelia conheceudias de gloria quando,contractada na Bahia

para representar no

Gymnasio do Rio de

Janeiro, entrou para a

companhia do bene-

mérito empresário Joa- Aclriz

quimHeleodoro. Opu-

blico estabeleceu logo a rivalidade

entre ella e Adelaide do Amaral, a

actriz festejada, a estrella de pri-meira grandeza, que deveria morrer,

velha e indigente, na Santa Casa..,

Clelia percorreu depois o Brazil,

fazendo-se applaudida em toda a par-

te aonde era levada pelo capricho das

excursões, e deu fundo na 1 henix,

onde encontrou em França Júnior o

comediographo que primeiro a apro-

veitou no genero de papeis em que

ella deveria mostrar-se inexcedivel.

a comedia Direito por linliczs tortas

foi para Clelia uma verdadeira re-

velação.

Quando a Phenix adoptou ex-

clusivamente o genero opereta, Cie-

lia, que não cantava, e nem ao me-

nos, como tantas outras, fingia quecantava, encontrou em Furtado Coe-

lho um emprezario intelligente que

fez valer as suas aptidões excepcio-

naes. Todos se lembram dos seus

papeis dramaticos de dama central

no repertorio do artista que mais fez

pelo theatro no Rio de Janeiro, —em

peças nimiamente litterarias, e de

successo mundial, como os Four-

chambaults, de Emile Augier, em

que Clelia foi simplesmente admira-

vel. Entretanto, o seu melhor papel,

na companhia de F urtado Coelho,foi

o de D. Francisca na Vespera de

Reis, em que ella e Xisto Bahia

jámais serão substituídos.

Almanaque dr0 THE AT RO

Depois dessa época feliz, veiua

tentativa do theatro brasileiro no

Recreio, quando França Júnior re-

surgiu com a sua peça Como se ja-stia um deputado. Nessa occasiao,

Clelia creou quatro ou cinco papeis

brasileiros, que bastariam para irn-

mòrtalisal-a n outro qualquer pai-

onde se prestasse alguma allençao|

á arte dramatica.Essa tentativa foi a ultima; d alu

por diante o theatro nacional viveu,

|| apenas da revista de anno, e de uma

| ou outra comedia, a que o publico,! não ligou a menor importancia. En

trélanto, mesmo na revista, Arinur

Azevedo, que era amigo e admira-

.dor da Clelia, talhou para elta a-

Uíuns papeis que foram admiravei-

nieàte representados, como o de

ÍJ).

For tu nata, do Tribofe, que o

i nosso coniediographo transformou!

mais em (lapilai hedeial.

K'üutro meio em que houvesse

um theatro organizado, Clelia dei-j

xaria um grande nome, seria uma

, celebridade; ainda assim, a sua me-

1! moria perdurara como a dos artistas'brasileiros

que mais se tornaram di-

gnos doapplauso e do respeito do

publico.

Aquelle que é actor, em toda larga

accepção da palavra/deve sab-r subju-

aar e submetter o seu feitio a qualquer

especie de personagem que represente.

D' Hannetaire

Num dos theatros de S. Peters-

burao, um espectador não conse-

guindo por boas palavras que duas

senhoras que estavam na suaJr nt!g

tirassem os chapéos disformes q

traziam, P°~ 0 seu cabeÇa' !T

Ichapéo alto também enorme e dei-'xou-se

ficar descançado; nao taidou

° *1 Os de traz começaram peu peu,

e as senhoras que não viam para

quem eram os péus julgando que

elles eram dirigidos tiraram os cru -

nelões e os collocaram sobre o coito.

Escusado será accrescentar, que,

por aquella fila de cadeiras ninguém

mais pôde passar.

O respeito que inspira o caracter do

actor, torna ainda mais interessante cada

uma 'das

palavras que parecem ditadas

pelo seu coração.Iffland.

CartaF

(Moriologo para rapaz)

|! Manne,. entra veetidn de npern.n, """ T*

""

De quem será "(De

minha m;ie'Lc J"" bençaolieminha mie: te-

jmestre entregou-,^I apenas : «E tua.» | »» a car)a com tristeza:) Quanta1 1

Aqui deve estar o meu nome.|c/A« aquU Todas as

Quem o lera esçripto: : u- cheias, as lettras aper-toiirflK dizem: Manoel Vi- unnas cbiau _n matta.

moimesuipiv.i Estas lettras dizem: Manoel Vi-

cenle ..e as outras? as que estão

dentro ? (Fica um momento-pensa-' tivo.

coisa deve navci avju .

linhas estão cheias, as lettras aper

tam-se como as arvores na matta.

Quanta noticia ! E eu ando corn os

olhos como dois cegos perdidos sen-

Almanaque d,10 THE AT RO

lindo a multidão, sem poder vel a e

saber o que faz. (Depois de uma

pausa). .Doença? Ah! meu Deus...estara

doente minha mãe ! ? (Fita aguda-

mente os olhos na carta). Ha, talvez,

nestas palavras,um chamado a|]licto

oara que eu vá immediatamente re-

ceber o derradeiro beijo eadetra-

deira benção. Oh ! minha mãe...

Mas não é possivel! meu cora-

cão teria advinhado. Tenho tido so-

nhos tão lindos e sempre com cila...

(Calmo :) Não, devem ser recados,

conselhos... (Olhando em tomo) Se

apparecesse alguém... Mas eu tenho

tanta vergonha de confessar que nao

sei ler,é tanto quasi como dizer que

não tenho alma, como os brutos. ^

E ha um collegio na minha

terra. Minha mãe quiz que eu apren-

desse, levou-me ao mestre', um velho

de qrandesbarbas brancas, i-ui.unui

vez á aula,mas certo menino,filho de

uma viuva que vivia a matar-se poi

elle, seduziu-me diz.ndo que desço-

brira na matta uma jaboticabeuacarregada. Fomos... depois, com

medo do castigo, nunca mais toma-

mos ao collegio.Sahiamos todos os dias, mas em

vez de irmos a aula seguíamos para

a matta a lá ficávamos ate a tatdc

procurando ninhos, armando a u-|

núcas e. . . (olhando a carta .) Que

dirão estas tettras ? Se eu fosse rico

dava, sem pena, metade da minha

fortuna para decifrar o mrhtÇrio

destas linhas. (Resignado, encc lhen-

do os hombrot:) Sou um infclii.

E lia tanta gente que sabe ler.

Quando eu vejo passar um menino

para o collegio, sinto os olhos hu ]

medecerem-se-me de "|veja. Ah .

aquetle vac para a |e dcuUdc,va

buscar a chave de todo _ . ©

dos e eu continuo a minha vida trist ,

na prisão estreita da ignorancia,

olhando a terra e o céu como o que

vè o mundo por entre os varões do

cárcere.Agora, por exemplo, aqui estou

sem saber se tenho na rnao uma boa

nova ou uma sentença, se ha aqui

sorrisos ou lagrimas.Seu como o escravo humilde

que depende de um senhor severo e

avaro — tenho de submelter-me ao

que sabe e, para andar na vida,

como nem sequer conheço o meu ro-

teiro, imploro aos que passam, a

misericórdia de me mostrarem o ca-

minho. Quem sabe lèr é como o pi-

l loto que conhece as estreitas do ceu1

e por ellas se orienta nos mares mais

desertos.. - Eu, pobre de mim, nem

posso mover-me de um logar paraíoutro sem soccorro. (Triste:) Minha

mãe. .. Será delia? De quem sera ?

Emlun... que fazer?Se vier algum segredo, outro o

saberá. Não posso viver livremente,

ter a minha independência, hei de

sempre andar rendido a outrem, a

quem saiba ler, ap ¦senhor.

Ella me perdoarão ter eu posto?

um terceiro entre a nossa ternura...

IISou tão infeliz que nem posso re-|

ceber directamente o suave carinho

de minha mãe.Sou como o aleijado que, para

<>'ozar o aroma de uma jlôr, tivesse

de pedir a alguém que acolhesse no

ramo. . , , _Pago para que interpretem as

cartas onde ha linhas cheias de bei-

ios, outras cheias de lagrimas, ou-

Iras cheias de benção. O homem le

á pressa porque não sente, porque

só tem em vista o dinheiro do ajuste

e eu, mais tarde, olhando a carta,

nem sei onde fica o nome de minha

mãe para beijal-o, tanto como bei-

iava outrora o rosto venerando. ^Será delia ?... Quem m a lera?

O homem da ferraria, mas e tao

Almanaque (TO THEATRO

a varo... pede tanto... ! (7 ir ando al-

guineis moedas do bolso '.) O que me

resta é tão pouco, mal chega para

jantar... (Encolhendo os hombros :)

Jantarei amanhã... hoje... que fa-ser? a carta é de minha mãe e eu

não sei ler... (tristemente, saliindo.)

não sei ler e o ferreiro é cruel...

(Do Theatro Infantil).

Coelho Netto.

Tenha verdade na personagem querepresentar; - è o que ninguém deve

cancar-se de dizer aos actores Nem-

uma sò personagem ha, de que não se

encontre modelo na scetia do mundo

Procure que acharáPRÊVlLLE.

(Monologo infantil)

I

Tenho um colleg», jrt crescido, o Eduardo—Que os mestres tifto se cançam de elogiar;Sempre contente elle carrega o fardoDos livros adoptados no seu curso ,A ponto de tornar-se um exemplarDo menino applicado.' «o bom modelo»,Conforme o director disse em discurso !

II

Parece.me que ainda estou a vel-o,Por todos estimado, Irt na escola,Desde o velhinho Ambrosio, o bom feitor,Até meu respeitável director;Nas férias, quanto prêmio o rapasolaRecebeu ! quantas'palmas de louvor !Eu vou contar a historia, n'um momento,Da estrondosa festança de espavento!

III

Era o dia das férias. O collegioApresentava aspecto festival ,Parecia, a meus olhos, salAo régio,Tac?s as pompas da sala principal,Onde o professorado reunido,Seria, então do director ouvidoSobre o alumno que melhor figuraTivesse feito, na frequencia annualDos cursos desde «escriptao até «pintura».

IV

Quem primeiro fallou foi um inglez&'ir John, professor de lingua pratica,A ffirmflimo: — O melhor figura fezEduarda que mostra muito tacticaDe pronuncia, com muito solidez.E sir. John, entregando ao EduardaUm livro encadernado e mui luxuoso,Deu-lhe um abraço solida, apertada,Exclamando:—E's menina futuroso....

Vi Depois disso mais cinco professoresPropuzeram que fosse distinguido

'Com prêmios, em discursos de louvores,

estudante applicado e tao querido.VI

Chegou, em fim, a vez da professora—Uma moça de encantos peregrinos!—

lE mais 6ssíi bcllissima oradoraExaltou as licçôes de outros meninos,Mas o primeiro prêmio mereceuEduardo, a quem ella o offereceu.

VII

Senti, porém, extranha commoçao,Quando a mestra formosa

!1 Que derramou dos lábios instrucçãoDurante um anuo inteiro, pressurosa,Abraçou meu collega assim [gesto indicam-i; do altura] rapaz,! (Pois para o rnez seus bons treze annos taz,

E dois beijos, eu vi, deixou cahirBem 110 rosto de Eduardo que enfiou,A cada estalo que se fez ouvir

Quando a moça o beijou;A cada beijo terno de affeiçfto,Nascidinlio das fontes de instrucção....

VIII

Saibam todos, porém, que aqui o dégasIITambém estuda, e nâo estuda pouco;

! Estimado 6 bastante dos collegas,IITem ganho boas notas já de entiada,

I E espera, este anno receber o trocoDos seus esforços, em moeda de ouro!...

í! ix

Estudo, e peço a Deus, do coração,Que até as férias seja conservada,Com suas doces fontes de instrucçü.0,—A professora de cabello louro...

BahiaAlarico Cintra.

O que me irrita é que seja tão raro

encontrar-se um actor homem de bem e

uma actriz mulher honesta.Diderot.

Almanaque d10

Trçucf fl^eafrçaes. Os rçuido$

sc^na.

O fragor da batalha obtem-se baten-

do com bengalas ou varas ocas, em col-

chões cheios de crina, o que reproduz a

fuzilariaCompletam o rumor, pistolas carrega-

das com polvora, emquanto pancadas,dadas sobre o bombo imitam o canhão.

Para o incêndio d'uma cidade ou

d'uma villa, um ou dois cartuchos de

fogos de Bengala, dão completa illusão.

O barulho das ondas, consegue-se,

fazendo rolar grãos de chumbo de caça

sobre a pelle d'um bombo ; o som dos

sinos por oito cylindros, ocos, nos quaes,bate-se com um martellosinho ; os so-

papos, são produzidos por uma matraca

que o proprio esbofeteador mane,a.

O rugido do leão, faz-se, como de-

vem-n'o saber, rosnando n'um vidro de

lampeão, e, quanto ao trovão, uma fo-

lha agitada violentamente, repercute

todas as vibrações.Conta-se a cerca do me*mo, um m

teressan^e caso.Um dia que Mounet-Sully representa-

va A mphytrion, peça em que a trovoa-

da deve resoar em um momento preci

so, ouviu-se um estrondo enorme, muito

antes d.o tempoMounet-Sully, embaraçado, ergueu a

cabeça e, escutou-se então, o machinista

que gritava, lá de dentro :—('Não foi por minha culpa ; foi o

outro, o verdadeiro trovão, que acaba

de reboar !.. .» , ,- Mas onde é sempre o reinado dos

trucs, é o Châtelet, de Paris !

Os heróes das peças representadas

n'este theatro não devem ficar immo-

veis; se não vão até á lua, ao centro da

terra ou ao pólo, ao menos antes do ul-

timo acto, precisam conhecer algum paiz

extraordinário. No fim do primeiro acto,

é indispensável haver um divertimento.

No meio do segundo, um grande bai-

lado e no fim da peça uma apotheose.

No meio do primeiro acto, deve haver

uma scena de grande effeito: a partidad'um vapor ou a passagem d'um trem,

por exemplo ; — no segundo, doisbellos

scenarios: o palacio dos brinquedos ou

a caverna das Maravilhas, - e 110 tercei-

rn, um ultimo quadro com uma figura-

ção que, se não for numerosa ao menos

seja desconhecida : o viveiro de passarosde Tom Pitt, por exemplo. . . I

Os personagens são os seguintes.

dois velhos senhores; duas damas edosas,

jcontrarias geralmente, porém, pouco

perigosas; um rapaz e uma rapariga;

dois moços e duas moças destinados

a serem esposos no fim da peça ; um

¦patife,um tanto ridículo que faça rir e não

cance muito, astucioso e estouvado; um

outrojoven personagem, commummente,

pouco sympathico que preste seu auxi-

lio ao patife, emfim, dois indispensáveis

typos de alto comico que mostrem todas

as situações e que estão encarregados

de fazer rir os jovens espectadores desde

o inicio da peça. Depois junta-se a este

pessoal artístico, mais oito inglezas,

cujos passos choreographicos asseguram

ainda mais o successo crescente da

peça. .Se os nossos emprezarios, cui-

dassem assim tanto do gosto do publico,

ficariam doidos antes de ficarem...pobres.

martyres do mundo

O devedor é martyr de credores.O assassino, de remorsos.O infeliz, de surpresas.O condemnado, de penas.O medico, de nervos e flatos.O incauto, de abusos.O sacerdote, do confessionário.O poeta, de illusões,O demandista, de litígios.O enfermo, de dôres.O estudante, de aulas.O cantor, de críticos.E .. oactor, de eusaios.

E' então na escola da delicadeza e

dos sentimentos que deve manifestar-se

j a depravaçâo dos costumes e os signaes

da mais baixa educação?!

D'HannetaiRE.

CASA NORDER — Ouvidor,

j 07— Especialidade em bonbons fi-

I nos, balas embrulhadas, caramel-

|los, etc. — Proprios para theatros.

Companhia "Aguia de Ouro", do Pcrto

——;111¦ :• • ^

Àctor Caetano Reis

Quem poderá conceber que um actor' querendo exprimir em ficção, uma pai-

i xào que apenas e um sonho, force a al-

ma a passar á idéa, a fazer-lhe empalli-• decer o rosto, a arrancar-lhe lagrimas

dos olhos, a encovar-lhe de desespero

j todos os traços, a fazer ouvir sons en-

trecortados, a moldar-se emfim, a todas

as formas que a occasiâo exige?!

Shakespeare.

i tenia flag

Jo&afraseliiag

Monologo de Urbano de Castro,

RECITADO COM EXTRAORD iNARlO

AGRADO PELO ACTOR EUGÊNIO DE

MAGAI HÃES.

Depois de èrear Eva, absorto o CreadorNaquella formosura, olhou-a com amor.Que fôrmas divinaes ! puras! harmoniosas._Que te darei mulher?... E Deus creou

as rosas.

! Ora ii'aquelle tempo o amor era innocenteComo o lírio do monte e como a agua cor-

rente,\ cor branca 6 a cor das al irias simples,

francas;Deus,nosso Senhor fez tis rosas todas brancas,Da brancura ideal da neve immaculada,Reflectindo alta noite a lua prateada.

Morrera o sol no occaso, Eva foi colherrosas ;

A noite era um docel de estrellas amorosas...Pendia para terra a fiôr do gyrasol;Ao loii^e, num choupal cantava um rou-

xinol

Adormecera Adão. De rosas mil toucada,Eva, sem mal cuidar, ao seu peito encostadaAdormeceu também. No céo. Deus das al-

turas,Recommeudoii silencio íis brutas creaturas.

Mas, no dia seguinte, ao romper da manha,Deixou-se Eva tentar; e acceitou a maç£lCom que o diabo a brindou, disfarçado em

serpente...Como conta Moysés e o sabe toda gente.

IJm fogo nbrazador morde-lhe o coração...N'uma doida corrida Eva procura Adfto...Sente dentro do peito um torpel de desejos,O sangue a latejar, a bocca a pedir beijos.

Desejosos, febris, apalparam o pômoAspiram-lhe o perfume, e logo n'um assomoDe tentação carnal, os lábios a tremer,Sugaram a maça com hausstos de prazer!

As rosas viram tudo, e, muito envergonha-das...

Foram mudando a côr fizeram-se encarnadas.O Creador, no céo, franziu as sobrancelhas,Mas, nunca mais deixou de haver rosas ver-

melhas.

e)(9

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CAIXA DO CORREIO 294

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^40?,1

Almanaque dO THEATRO

J3ovcagxe e> o &i entra

- José Maria Barbosa du Bocage

|l foi também um apaixonado da arte

I dramatica e como escriptor theatral te-'í ria colhido os mais virentes louros, se

! não fora o seu gênio irrequieto, a sua

| incerteza, vacillando em concluir bellis-

tsimos trabalhos começados.!' Com vehemencii e enthusiasmo,

déra inicio a quatro tragédias mas, da

; primeira, só escreveu um acto.da segun-

1 da dois, tres da terceira ea ultima,quan-

do apenas lhe faltava escrever o

final,rasgou-a e assim, a sua impacien-

cia fez prejudicar quatro tnimos littera-

rios da sua aurea penna.Os trabalhos theatraes de Bocage,

que o publico do seu tempo apreciou

e applaudiu, em seu maior numero

constavam de elogios em primo-rosos versos, commemorativos de qual-

uer f.icto historicoBocage foi bastante fecundo em

trabalhos deste genero, que serviam

aos artistas para manifestarem a sua

gratidão profunda e accedia, boamente,

aos constantes rogos dos mesmos, tra-

balhando sem remuneração alguma.

No numero dessis poesias, figura um

dialogo, recitado pela actriz Claudina

jj Rosa Botelho, e pelo actor Victor Por-

phyrio de Borja, em 1805, no antigo¦i theatro da rua dos Condes1 Claudina Rosa recitou n'outro seu

I beneficio, ao que parece, outra poesia! de Bocage, intitulada A gratidão.

Um dialogo do poeta, em que eram

interlocutores Thalia e o Actor, foi

recitado no theatro Salitre, em 1798, e

está impresso com o titulo 0 actor

agradecido d Benevolcncia Publica

Cedeu Bocage, a u;~a actriz chama-

da Leocadia Maria da Serra, que re-

presentava no Salitre, outro dialogo in-

titulado Ao publico, para a noite de seu

beneficio em 1799Recitaram-se também versos do

poeta, n'um theatro que existia no Por-

!to em 1802. para despedida de um actor

chamado Antonio José da Paula, ao pu-

blico d'aquelli cidade

Os prologos para a comedia O Fx-

Iiremos,o e o drama Nutio Alvares Pe-

\reira, foram feitos por Bocage, a

primeiro foi representada, em 1800 e o

Isegundo em 1801, ambos no tneatroda

rua dos Condes No palco dfste thea

litro, é que maior numero de versos

lido poeta portuguez foram recitados.

Foi ouvido em 1805,no Salitre,o dra-

ma em um acto.para musica, A virtude

laureada, cujos personagens são : Sei-

eu cia, Hospitalidade, índigencia, Poli-

cia, Libertinagem, e o Gemo Ltizitano

Outro drama, em um acto e ainda

para musica com o titulo, A concordia

entre o Amor e Fortuna, tem as se-

guintes figuras :

Amor, Vemis e Fortuna e coros de

Amores, Graças e Gênios alados, queacompanham a Fortuna.

As emprezas e artistas da rua dos

Condes e Salitre pediam constante-mente á Bocage, elogios dramaticos

pelos acontecimentos da corte e que o

poeta com a sua natural espontaneida-de e franqueza os compunha e cedia;todos com a respectiva dedicatória,eram demasiadamente applaudidos

pela intenção e opportunidade dos

versosDe Bocage, também se destacam

duas traducções em verso no seu thea-

tro: a do drama de Arnaud — Eufe-

mia, ou o triumfiho da religião, e o

da tragédia Ertcia ou a Vestal repre-

sentada em 1800, num theatro exis-

Almanaque d'O THEATRO

tente na rua de S José, pertencenteao morgado de Assentis, Francisco de

Paula Cardoso de Almeida Vascon-

cellos Amaral e Gaula, amigo intimo

de Bocage e seu companheiro de bo-

hemia.O morgado de Assentis gastara corn a

construcção do theatro da rua de S.

José a quantia de doze centos. ..fortes.

Bocage satyrisou muitos d^s drama-

turgos de sua época, immortalisando-os

ridiculamente nos seus inimitáveis so-

netcs Aqui vae um que o vate portu-

guez compoz na prisão e dedicou a

«certo sujeito, que, mal sabendo er,

dizia ter feito trinta tragédias, que mn-

guem viu». Para elle chamamos a atten-

ção do Snr. dramaturgo Fonseca Mo-

reira:

Tragédia de Tancrèo, rei de Disuria,Original em plano, atroz no enredo ,Tem actos dez, o herôe morre de medo,Depois de onze minutos de lamúria :

Tragédia dc Rum-rum, sultão da Incurm,Que honrar a patria ha de ir ura dia ceio,

Prégfto, baraço, açouteã, e degredoPilha o protagonista, e lambe a injuria .

Peca de Gorgorao, rei de Biôco,' Terra ao norte da Lybia, ao sul do mappa,

A acçao vem nos Annaes de Man d Coc o .

Eis com que ao Letlies o aranhiço escapa :

STSA sete em borra.,, que A.ntro^m

Aos zangâos do café irfto dar papa.

(Lenda)

Joanninha, a costureira— A maiü linda e gentil moça da aldeia m-

Amava desde a infancia um pastor — o Tho-111Í1Z—

Simples e rude, sim, mas muito bom rapaz.Nutria a costureira ,

Uma paixão intensa, ardente, verdadeiraPelo humilde pastor;

E este, atinai, também lhe tinha, tanto amorQue se um dia a 11 ao viaJá perdia a alegria.

Os homens soffrein todos as mesmas

affecções humanas ; em todos, ellas se

manifestam pelos mesmos signaes; re-

conhecem pois css-s signaes nos outros

homens, os seus semelhantesClCER.0.

Logo que a luz ideal, resplandecente e liavaDo Sol, purpurejava a ttmbria do horizonte,Com o rebanho, Thomaz, ia de monte

^em

E para o seu tugurio, á noite só voltava.

Aconteceu, porém, que um dia, o pastor-

A' noite, nao voltou...E foram-no encontrar, exangue, no caminho.Um sicario qualquer a vida lhe roubou.

Nunca mais, nunca mais, Joanninha^ajjos-

_ a mais linda e gentil moça da aldeia in-tGiríi"")

Se ouviu, como era usual, com outras rapa-rigcis,

Cantar doces cantigas !

Nunca mais, nunca mais, ao anmg^t£™

EUa pôde cantar uma canção bizarra,Uma suave, e formosa, e ideal oançao^de

D'aquellas que cantava ao lado do pastor !

Sua alma branca e puraOnde a flor da Illusao d'antes desabrochara,Tornou-se, como a noite, immensamente es-

L/li 1 W]

Pois faltou-lhe do Amor a luz fulgente e clara.v-,

Emquanto ella viveu _Era freqüente vêl-a, ou pelo cemitério,Ou pelos montes, só, fitando o azul do Céu,

O vasto azul ethereo.

Cicero dizia que o comediante Ros-

cius desenvolvia tanto talento no thea-

tro que não deveria nunca sahir d'elle,

e, que tinha tanta virtude, que não de-

veria nunca lá entrar.

E quando ella morreu, quando a Martela

Na aldeia, 6 voz geral que dentro de seu peitoElla tinha gravado o retrato perfeito ^Do pastor infeliz que tanto idolatiou .

S. Paulo - Janeiro de 1906.

A. Carlos Pimentel.

Almanaque cTO THEATRO

© ^rrnauo ^tamoTO —r"

Momilog() cle^lin ae

^Freitas^ __

^

:

I'm noivo, um namonulo. . ^ v *

# Brincava descuidosa, aniava oa meu^brin :.¦•'¦•:"

G$«tava de ettrrer mw^raiaB e no prado; ^

: 4 ' . HgjTT^ '|' .

J (|Je havia no Hallo, o'mais dtj^m^Eseolhi e. depois de algumas doers phrases,t .; . .

iFil-o

men namorado. 1:aWH|HHMBlBraaB^Maaa

oito dias a pus!... (Men Delia, quando eu me Emprczario Paschoal Segreto

Nem cgeroqueexiaUsaeease infeliz paaaado)! L o ietBrio <los Theatros: "Carlos Gomes,"

^Era em A goat o ? Nfto... Ah, Bim^e*r*be™

| -Vs. Jos6" e Maison Moderne."

Fueiu-me o namorado. I

I 8|bem porquefugiu? Naosabem com certeza: ]?u nunca fiz da minha arte urn offi-I A mama corao 6 boa, houvera convidado . ( vfi spmnre como a maior das

Almanaque çTO THEAFRO

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T\ttV ®VT 3iTV\ 0 T 0

Monologo de Júlio de Freitas Júnior.

Dez aunos eu passei gozando alegre a vidaUni riaonho viver tranquilio e descuidado... (Jâmais pensara em ter... (oh minha infanoia

querida I)1Um noivo, um namorado.

Brincava descuidosa, amava oa meus brinquedos

Gostava de correr nas praias e no prado;Pensava em coisas mil nos meus gracis foi

guedosMas. . nunca em namorado.

TJm dia havia festa, em casa um baile havia;Era o dia em que eu tinha oa quinze eom-|

pletado :Nflo sei como foi isso, mas veiu-me a mania

De arranjar um namorado.

K logo entre os gentis, muitisaimos rapnze',Qne havia no salfto, o mais desempenadoEscolhi e. depois de algumas dòc.e.8 phraacs,

Fil-o meu namorado.

1-

oito dias após!... (Meu Deus, quando ^me Emprezario Paschoal Segreto

Nem quero que existisse esse infeliz paaaado)! L ietBrio (los Theatros: "Carlos Gomes,"Era em Agosto ? Nfto... Ah, «impera

^1 Py

José>, e Maigon Moderne.'»

Fugiu-me o namorado.

8a|em porque fugiu? Nao sabem com certeza: ]íu nunca fiz da minha arte um offi-A mama como é boa, houvera convidado ÍQ. t; sernpre como a maior dasPara jantar comnosco e estava í\ nossa mesa r ., .

Jorge, o meu namorado. Jrecompensas.a honra de contribuir para

Jdivertir o publico, tanto quanto posso.Moço chio. a valer, amante da etiqueta, í Por isso elle tem sido indulgente paraIjogo se apresentou, correcto e bem trajado ;Levava, creio eu, sobrecasaca preta, comnugo .

Jorge, o meu namorado.

Servia ue o café. Eu tomo a cafeteira,K fremente, è subtil, com modo delicado,Fia questfto, já se vô, de dar logo a primeira... j

Chicara ao namorado.I

Mas.,, momento cruel! Coitadinho do moço !Quando eu ia a voltar-me um pouco, assim,

de lado,Derramo-lhe o caf6 fervendo 110 pescoço

E... foi-se o namorado.

TerenciO

O actor deve ter no espirito e no

olhar a sagacidade necessária ao mo-

ralista e ao pintor.Cakolina Van-Hove.

Único e infallivel

TON1FICANTE

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Vasconaellcs imas

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,A„ ter as prímicias do Kalendano de ! 907 tmlbora ^ tudo,

s&Msr --tisfcito9 como

»s«?sAlmanaque, é uma alta no\ m^ila-irismos do mez, traz todas as

dias da semana correspondentes aos jlg^nsmos^a^ ^ ^ E ^

festas moveis teriaclos ,dltS novidade—conseguimos orgamsar

rríuSMre u«r<.« «*». ^ "h*ro

^it: ««£J3% --

mais celebres de outras nações ai ^

< Kalendario nosso, em se-

niversarias passadas no ( Wk o. La estão n • actrizes, escriptores,

cuida aos dias da semana, os n ,mLS c'^ a conseguimos apparelhar.

Snetas contra-regras, em preza rins, etc, ele, que eonst & . d theatro.

ITo nomes de pessoas nra.s ou menos Radas a fre

Cr?m« qoe h»'* «m b"I" que assta^e poderão cor-

natalicios.

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A CONFEITARIA COLOMBO

Inaugurada em 17 de setembro de1891 lia quasi doze annos, portanto,a Confeitaria Colombo precedeu atodos os melhoramentos por que tem

passado a nossa querida cidade, re-

presentando, entretanto, por si só,um verdadeiro melhoramento, noépoca em que foi creàda.

A esse tempo, a cidade, saída a

pouco dos terríveis dias de uma luctafratricida, como que retomava contade si mesma e, readquirida a suaactividade de verdadeiro emporiceommercial, reclamava, a olhos vistos

por que a cuidassem, por que. tomando na consideração devida osseus tão assignalados dotes naturaes.a sua tão famosa )ialunU\-a, lhe d cs-sem em aperfeiçoamentos materiaestudo quanto ella precisava ter paraque pudesse, alíim, occupar o logar

que lhe competia, de direito, entreas grandes capitaes do sul da Ame-rica...

Numa palavra, a cidade queria, ásI tardes, lavar o rosto, mudar do rou-; pa, fazer loilelte queria começar a

viver... Queria porém não somentecomo uma cidade de trabalho, nemtampouco como uma cidade exclusi-vãmente de gozo; contentava-se em

, que, a par dos pesados encargosin'hcrentes á.. de primeira categoria,lhe dessem também, ainda que em

porção menor, os prazeres que sã<>

jí o séquito indispensável cias de se-

gunda. Em summa, queria trabalho,mas gozo também. Ruas pelas quaés

;l se pudesse andar e casas onde se pu1! desse estar, casas que se pudesse

freqüentar.Isso dizia a imprensa claramente,

abertamente, todos os dias, num efiro

| unanime—unanimidade digna de ser

;| registrar.Foi nesta situação sob essa 'tensão

1 de espirito, que a Confeitaria Colom-bo abriu suas portas ao grande pu-blico, ávido de uma casa que pudesse

THEATRO

ser um ponto, de uma casa que pu-desce ser o seu ponto predilecto.

A inauguração valeu por umlumbramento; a armação da casa, ae

raro estylo e ornada de espelhos -ca-

ros, e o modo por que as mercado-rias eram expostas aos compradores*tudo muito bem disposto e com muita

aite. fazia crer, desde logo, queaquelle não pequeno capital iria ser

perfeitamente com pensado._Dentro em pouco, aflirmaria o mais

inexperiente dos homens, a contei-taria Colombo havia de ser o pontoobrigado do Rio-Elegante e o que c

mais — o carioca, tão a Hei to a seus

hábitos regulares—de sair de casa

para o emprego e deste sair ás pres-sas para ca*a, á hora classica da sopa— tel os-hia alterados, mudaria de

vida. começaria a comprehender queentre o emprego e a sopa haveria um

dever dc elegância a cumprir, um

imposto chic a pagar—ir á Colombodar dois dedos de prosa, trocar idéas

comum amigo ou—quem sabe ?—

fechar mesmo um negocio já énta-bolado na vespera.

E foi o que se deu. .Por seu lado as famílias, as princi-

paes famílias de nossa sociedade,,também entenderam não dever dei-xar de levar o ^eu concurso ao pro-gresso daquella casa que era o marcoinicial de uma nova era da cidade,

precursora, indubitavelmente,, d.a

grande modificação que para melh,o.rse observa, comparando o-s nossos'hábitos de hoje cornos de quatorzeannos passados. Nossas pnncipaer?famílias, dizíamos, em vindo as cotai-'

pras ou saindo a passeio, acostuma-vam-se, na ida ou na voltav a fazer daColombo um ponto de descanço obri*

gado. Um sorvete ou um doce, quaseja, na Colombo—é indispensável,,sem o que não estarão totalmentefeitas as compras ou não estará conir

pleto o passeio. . .E foi assim que o carioca, em regra

pouco afiei to aos clubs e á vida debotequim, cujas relações de amizadeadquiriu, por apresentação, nas pou-

Alm.maqu: d'0 TIIEATRO

fe»

cas reuniões que frequentou ou nasrarissimas que em sua casa deu. foiassim que o carioca começou a com-

prehender que o comparecimentodiário a certos logares c um dever

para pessoas de certa ordem e fazparte das indiscutíveis regras do bomtom, regras que, distineto amigomeu num livro, ainda infelizmenteinédito, incluiu no capitulo a quepitorescamente intitulou : —Da l\sIhelica Sochl. ..

A freguezia da confeitaria Colombo,estabelecimento que. vé se bem, re-presenta agora um dos capítulos davida carioca, faz-se e retaz-se porcamadas, já odi^se e^criptor de nome;substitue-se, mudando ;i physiono-mia da casa conforme a horn.

Pela manhã, logo ás horas pri-meiras, a freguezia, que já não é pe-quena, pouco sc demora. E' gente}ue tem que fazei" e tanto assim que.

regra, nem almoça em casa, écsa ailuviâo de liomei s de negocios,das profissões libeiaes ou das cha-madas classes conservadoras, queenchem das nove da manhã ao meiodia cs hoteis da parte central da ci-dade. Industriaes, commerciantes.banqueiros, médicos, advogados, mi-litares, funccionarios, et • -ali entram ás pressas e ás pressas tomam oseu vermouth.

-E' a oração da manhã! disse meum dia conhecido banqueiro.

E retiram-se logo; o trabalho oschama. Bem dispensável era essechamado, aliás- de ha mu to queaquella gente toda está compene-trada de que time it t/tmwy. . .

Seguem sc as famílias. que se sue-cedem, umas após outras, até ásquatro c tanto da tarde, hora em quejá muda. outra vez, a physionomiada casa pela entrada e s.iida, rápidas,de uns Iv.mens em geral carregadosde embrulhos, que fazem algumascompras mais c tomam o seu ap-peritivo.

São, em geral, os mesmos apres-sados de pela manhã. São os homens

da familia; lá vão ellesa caminho dosencantos do lar feliz e venturoso. Nãoo fazem, porém, sem passar na Colombo.

—E' impossível deixar de vir aquifazer a oração ch tarde! dizia-me. hadias, notável

"advogado, notável por

seu saber e pelos importantes logares

que tem tido.Das cinco ou cinco e pouco da

tarde é que a mudança é mais com-

pleta. A transformaçãoé real. E'a ra-

paziada dos escriptorios, dos bancose das academias que chega para a

palraçào costumada; é a alta bohe-mia, a bohemia fina, elegante, queinici t ali suas diversões, que, nãoraro, vão pela noite a fora; rapaziada

que não respeita a chuva, que nãoliga ao sereno, pessoal que. resiste ásintemperies maiores, mocidade quesabe aproveitar esse bello tempo quenão volta mais.. .

E, então, enchem-se todos as me-sas daquella vasta sala, de duzentose cincoenta metros quadrados. Emcada uma ha pelo menos, a registrar,uma pilhéria, uma gargalhada, umdito de espirito. Uma alegria esfu-siante e sadia, sem exagero, póde-se

I dizer -domina, então,o espaço todo.' E' a h'.ra do ///; t.

Mas, que ò o Jlii t}O nosso Paulo Barreto, o popular

João do Rio, ainda ha dias tratouidelle em uma conferencia no Clubdos Diários, em Petropolis, mas—ao

i que li, não o definiu. E definir é sem; pre diflicil, maximé em se tratando! de uma coisa indefinivel como c, emI sua essencia, njlirl.

—E o amor. de mistura com omedo, li algures. Será

} E - não parar e, ao mesmo tempo,não recuar nem precipitar—ouvi

J ainda hontem de velho político damunarchia que, naturalmente, pro-curou accommodar aos negreios

I mundanos a fórmula de governo quej foi o programma de um dos últimosministérios do regimen que tanto

I amou.} Que é o Jlirl, então ?

Almanaque d'0

Uma palavra ingleza que o Gar-ret empregou... Somente isso? Não.Para mim quem o definiu foi o Hen-rique de Vasconcellos, um escriptor

portuguez ponco conhecido entre nósmas de real merecimente. Eil-o quefala:

O flirl? Que horrível c5isa. F'¦ asombra chineza do amor»...

I —E' melhor. E' o perfume. Os de-•j licados contenta-se. E' preciso co-

mer uma flor? Não; basta respirar-lhe o aroma. Ora, essas conversas,meio sentimentaes, a um canto, ditosem voz baixa, sublinhadas pelos olhos

que tnda alma illumina, são como oroçar de azas que fossem flores, lia oligeiro premir dos dedos sob os le-

ques. certos tremores de lábios, comoí se os beijos nelles esvoaçassem, uma

concentração de todo o ser que pa-rece boiar no ether, leve. .. As phra-

* ses não se arrastam num espasmo.•! Têm palpitações; lançam-se numa

j| curva larga, até desapparecer em es-trella. Todo o ser é livre e vai entre-

gar-se rendido. Cada palavra tomaum sentido mysterioso...

E' assim que elle define esses pe-daços de tarde, vividos de cinco assete, ali, na Colombo, em cujos ar-

' mazens passámos um dia inteiro, na

,! visita que fizemos.E quem o fizer, certo se impressio-

nará—não c- demais accentuar— pelaseleccào. naturalmente feita, no Ire-

¦ guezia que a freqüenta, podendo,como muito bem aflirma o Annvarioda casa, ha pouco distribuído, qual-quer mãi de família entrar no esta-belecimento, sem que suas filhas se

possam queixar de um mão encontrocom rapazes alegres ou com a figurasempre chocante de unfa deuu-vion-daine, menos sóbria nos seus gestose palavras.

Vem d'ahi também, sem duvida,a preferencia que á (Colombo tem sido

' sem pre dispensa d a pelos nossoshomens de letras, o que de melhortemos no mundo intellectual, ha-vendo até quem affirme que, se nãoíoi lá que se fundou a nossa Acade-

IMEATRO

mia de Letras, foi lá sem duvida quese pensou primeiro na idca de suafundação.

A Confeitaria Colombo occupa pre-sentemente os prédios ns. 32, 34 e 36da rua Gonçalves Dias e os de ns. ió e18da rua Treze de Maio.

Na rua Gonçalves Dias ns. 34 e 36estão magnilicamente instaladas aconfeitaria propriamente dita, a pas-telaria, o salão, de bebidas, o varejode genei os e na parte superior a salade refeição do pessoal e o dormitoriodos empregados. No n. 32 acha-se ogrande armazém cie molhados e co-mestiveis, armazém digno decompe-tir com os que melhor sejam.

Nas casas da rua Treze de Maioestão installadasas fabricas degeléas,marmeladas, goiabadas, pecegadas,amêndoas confeitadas, bonbons, com-potas, etc., verdadeiras especialida-desdacasa, e a refinação de assucar.

Merece especial carinho dos Srs.Lebrão & C., proprietários da Co-lombo, a secção de refinação, cer-cada de todos os elementos para queos processos de refinar sejam ali exe-cutados com o mais rigoroso asseio ca mais rigorosa perfeição. A clarili-cação é obtida por meio da albumiria,fornecida exclusivamente pela clarade ovo, conseguindo-se assim a lim-pidez extrema. Com a acção do fogoconsegue-se o resto—a extrema pureza.

Pelo que fica dito se inferirá, bella-menle, que a Confeitaria Colombú uma casa de primeira ordem, namais rigorosa accepçào da palavra.

Honra tanto a seus proprietáriosfque, graças ao methodo de negociaradoptado, conseguiram, em tão-curt >lapso de tempo, fazer delia um es-tabelecímento modelo, como honra,também, a cidade—que pôde con-tar como uma das unidades maisvalentes de seu alto commercio.

A. F.(Do Jornal do Commcrcio de iode

Abril de 1906).

Almanaque d'0 11 ILA I K(>

—'*%•'

• ' ' ''V/ V-'

,.'J

Guilhermino Sepulveda

Os que freqüentam theatro mo-dernamente, talvez o não conhe-cessem: ha 15 annos que nãotrabalhava no Rio de Janeiro!Entretanto era aqui que elle de-sejava morrer, como o conseguiu

graças á generosidade de Alvesda Silva, Germano e Rangel

Júnior; era esta a terra que es-condia os seus thesouros de glo-rias, as suas noites de triumpho,as suas horas de prazer... Erano Brasil que elle queria morrer,e no dia 30 de Abril deste anno,n'um modesto quarto da rua daConstituição, expirou o actorGuilhermino Sepulveda. Vieracom a Companhia do «Águia deOuro» e nem sequer estreiou,

porq ue já emba r cára muito

grave, presa de arterio-sclerosccardio-renal.

Sepulveda era natural doPorto, de onde sahiu para Lis-boa, em consequencia de umaaventura amorosa. Sempre foi ,uma figura bonita: vòde a photogra- nhia de Dolores Lima, percorrendo

phia. Fez-se actor em Lisboa, no com ella vanos Estados do Brasil,

theatro Príncipe Real; ahi só esteve Na tres annos galgara o oceano

uma temporada e veiu para o Brasil e íòra visitar a pati ia. La representou

com Furtado Coelho. Aqui licou. com agrado, ate que as saudades e a

passando desta companhia para a d< moléstia o li7,eram voltar ao Brasil.

Recreio, onde,ao lado de Guilherme Sepulveda era intelligente e dis-

da Silveira e Dias Braga, se conser- punha de exccllentes dotes para a

vou algum tempo. Por essa epocn scena: belio porte. «toç laigos, voz

creou o papel de Àdheniar, da come- dramatica, vestindo se i> m.

dia .4 Rosei Murcha de Moreira Sam I Quando esteve era Pernambuco

paio. Quando Guilherme da Silveira publicou um livro, intitulado Real,

«deixou o Recreio para montar Em- com o pseudonymo de l.upe Daves.

0ÊÊza,o Sepulveda acompanhou-o, E'um romance baseado sobre factos

l^baíhando primeiro na Phenix e verdadeiros da vida fluminense, e na

cígpois no Variedades, hoje S. José. dedicatória do livro elle inscreveu:

Xjtfte theatro fez todo o repertorio «Para os que amaram e amam...»,.de dramas, comédias e revistas, até Era um sonhador, o pobre Sepul-

que resolveu mambembjr em compa- veda !~

LIVRARIA BITTENCOURT

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O almanaque d'0 THEATR0 d venda nesta casa.

Almanaque d' O THE AT RO

Angela depois pediu desculpas. Tavei-ra, que tem um coração de ouro, per-doou-lhe, mesmo porque, ha uma con-fiança que sempre fica. . . e essa... o

Taveira lh'a déra.

0 Purgativo

Ideal

Pastilhas SaborosasDosagens para Crianças, Adultos e

pURGEN-

Forte.

O VESTIDO BRANCO

(monologo infantil)

Meu vestido comprido já está prompto ;Mama para o cortar deu que fazer !E eu tive de beijai-a a cada ponto,Que a cada ponto (juiz se arrepender...Mas que belleza está ! é todo branco;Tem lacinhos azues aqui e aqui, [gestos in-

dicando pontos]Um molde assim tfto lindo oh! nuncaeu vi'...rConvicta] As meninas da moda-oh sim! ¦

desbancoCom o meu vestido branco...

Na festa de hoje desejei vestil-o,Pois saia curta em mim já fica feio;Depois, salão da moda, isto ú do estylo:Pôde se achar completamente cheioDe mocinhas assim de curtas saias,Que nao as vae tirar um só rapaz;A;s moças, sim, destinam mil zumbaias;Meninas... Vêm dançar,num canto em paz...Fiquem, porém, sabendo, certos moços,Que hílo de curvar, á toa os seus pescoços,Quando amanhã correrem, num arranco,Ao me tirar, vendo o vestido de branco ! ..

As moças que segurem seus amores:Transformem seus namoros em noivados,Antes que cheguem mesmo a ser doutoresOs mancebos que estilo apaixonados...Si assim eu falo, tenho bem razão,Que certo vae brotar muita paixão,No alvor que me promette êxito franco,

Do meu vestido branco...

Até as noivas de enxoval completoCasar também precisam, sem demora, _Que eu tenho, cá, 110 peito, o meu projecto,E posso o executar em meia hora...O noivo de quem quer, eu nao arranco,Mas, para me casar, é só seguirA cauda... Pode muito bem servir

O meu vestido branco!...Bahia. Alarico Cintra,

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Almanaque d10 THE ATRO

FEIA-

VERSOS RECITADOS PELO AMADOR HEN-

fique de Albuquerque, no theatro

da rua dos Condes

_ nome... Vá, não é feio;"Mas a dona, francamente,

E' detestável! e eu creioNão ser eu só que a odeio;

'^uccede isto a toda a gente.

Quanto a mim, por mais que faço,LNão é possivel que vença

[Esta antipathia immensa,

parece-me que passodescompol-a na imprensa.

„ ella é mesmo os meus peccados !

lem uns olhos exquisitos !...

TastanhoS !... muito ensombrados)uns longos cilios curvados...>im... os olhos são bonitos.

(áesmo a bocca... não desgosto,_ bocca é muito engraçada...Também é o que tem!... mais nada!..

não ser a cor do rosto...Essa é muito delicada...

De resto é o frescor da idade,

[Certa expressão de candura,"ma certa ingenuidade,

£ue attrae, lá isso é verdade...E tem bonita figura...

O pé não pude bem vel-o,Mas ha-de ser pequenitoE bem feitinho, acredito...O que ella tem é o cabelloBonito, muito bonito...

Finalmente é horrorosa...A não ser a voz, que é pura,Toda sã, toda frescura...Uma voz deliciosa,Um primor de formosura...

Sim, a voz é encantadora...

E1 pena que ella se façaUm nadinha maçadora,

Quando se lhe pede a graçaDe cantar um quarto de hora.

Não tem mais nada bonito...

Quando encaro aquelle rosto

Sinto um desgosto infinito...

O que é realmente exquisito

E' gostar eu do desgosto.

Fernando Caldeira.

Capillannais

Único e infallivel

TON1FIOANTE

para a quèàa do cabello

Vasconcellos A? imãs

2 - PRAÇA TIRADENTES - 2

Conta-se que na Irlanda ha um

cemiterio com uma sepultura, cujo

epitaphio não deixa de ter certa ori-

ginalidade.Lê-se na pedra:«Debaixo desta lousa jaz Bravy-

nian, que, pelas virtudes da cerveja

preta, viveu i2oannos.Estava sempre ebrio, e seu es-

jtado era tão espantoso, que a própriamorte tinha medo. Um dia, por des-

graça sua, não teve tempo de beberbastante, e a morte, aproveitandoessa rarissima occasião, atacou-o eoôde vencer o incomparavel be-Dedo.»

[joteria pppaBfa é a melhor

das loterias

Almanaque d'O THEATRO

Para que os leitores de todo nao se queixem, damos os oito mezes finaes de I906,embora

este Almanaque seja de 1907, como pi-ova o «Kalendario» que publicamos eui outro local.

M A10 JUNHO JULHO AGOSTOo| rn AQ 31 D! AS31 D!AS 3 0 D1 AS 31 DI^S L

L" IT 3)S. Tliiago. ~ 11 8 s. 1'roculo, M. j> s. Aarao. 2

Q sUDemlata!! l"'

Q, st. Mafalda. 2 S s. Vecio. 2S Visit, de N. 8. 38 st.Lyiha.Q Des. do Brazil. 3 It Espirito-banto. 3T Muciano. 4B ® st. I'erpetua.'4 8 st. Monica. 4 s s. Ouirino. IQ s. Juriiiidiano. 5 I) s. Cantidio.8 s. Joviniano. 6 T s_ Marciano. 5 Q st. I liit..mena. "TIT", vi-t..D s. Ji'fto Damasc. 6 0 ® st. Paulina. 6 8 ® st. Domingas. 6 08 b. Xtsto._

A„„„st0 7 Q sT Sabiniano. 1 8 st. Pulcheria. \ T 8. JWhMttk Jts s. Au^usto. ^ Pol unci ft vt 1 ci Priscilla 8 Q s Kuul nno. <T ®s. Victor. ® ®

« KHimio — 9 Q s. Voriano.Q s. Geroncio. J ° 1tut. gg sUAmUn|ul. io 8 st. Astoria.

10 U s. Antunino. m i iihuiuc. jq t st. Amelia. 11 8 (£ st. Snzana.11 8 s. Anastacio. u a s< Fortunate, M. 11 Q st.Sidronia. 12 It st.Clara.12 8 s. Neri'U. 12 T st.Antoniiia 12 Q st. Marciain. * I, r-.«iniio13 H Lei Aurca. is 0 (T s. Antonio de I.. 13 8 £s. Aiiacloto. !a Is'V.,,s"': !US si. Hunctlina. M » am* »«¦ HJ USS.Sm.*15 T £st. Dimptna. r s j V,

' ill—1 16 Q s. RoqiTtf.

16 Q s. Ubaldo. ! ?. f J i' Hi 8 N. S.<!<> Carmo. 17 8 st.Jnli 11a.17 Q s. Possidonio. 17 T st. Ventina. 1H 8 s. Floro.18 8 s. Venancio. js 8 st. Isabel, V. 18 Q st. Marina. 19 » © s. Mariano.19 8 s. Ivo. 19 t s. Gervasio. 19 Q >t.Jnsta. —— :—20 1) Ladainhas. 20 0, st. Florentina. 2118 st.Severa. 8 ». • Jtwquw

> s. vjicnic. »«• ssrsr $ 5. sws* s I22 T s. Komao. " 5 •• ,, • • __ • 23 (J st.Davma.23 Q ©s Basilcu. ,, i f « il 23 8 st. Ilerundiiies. 24 8 st.Aurea.24 Q asc. do Senhor _ ' 1' '' 24 T st.Cliristin.i. gr> 8 st. Patricia.25 8 s. Melito. 25 8 st. Fobronia. 25 Q s. Oliristovan. 2fi I) § s. Simplicin.26 8 s. Prison. 21! T s. Virgilio. 26 (J Kant'A1111:.. —- ¦ ~27 l> <. Rannlpho. 27 0 s. Ladislan. 27 8 st. Natalia. 27 8 St. Kutlialia.

—77~^ 9w 0 < Ap'emiro. 28 8 1) •=¦ Nazari 28 T s. Agostmho.?^8 kGerma„°. i9 S ®s.iredroes.P.®

29 I) st. Bealriz • 29 Q st. Candida.29 T s. Eustasio. ® , =... 30 t.i s. Fiacno.3(1 Q s. Fernando. ' r 30 S st..Uiliti, M. 31 8 s. Araadc.31 Q 3>st.Petronilha. ^

,t t [s. Un-HeLov-'n. I

SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBROO, n,Ac 30 DIAS 31 DIAS30 DIAS 31 01 —-=== v "7

i.mi 1 O fe'lNal.osSant.0 lis S. Naliuin.K s. hKVifto. !. •' N •> s r>del'iiiadu.s.a 2 1> 1." do Advonto.1) ®s. Elpidio. - 1 I'Uino- <vhti

—I 3 Q s. llesyclno. 3 > st.. vnia. 3 g g.Tnbuno.8 s. Aristeu. 4 tj s. .Marcus. 4|1) s. daro. 4 T st.Barbara.T N. Sra. daPenba. 5 s st.Flavians. f) g s. Let,). ¦> Q S. Nitecio..Q s. Eudoxio. i! S st.Erntides. 6 T s' g,.VIT0. 6 Q st. Asella.Q s. Petronio. 7 1> s. A|mlelio. 7 n

's" I'luri'iicio. 7 S st. Pliara.

S Ind. do Brazil. — ^ s| 8

Q s" C'.laiuli.. 8 S ®rwc.<leN.S.I*it r'roSo

a"® y T s Dinnvs'io. 9 S £ s Orestes. ^^.m^lvento.,' 10 U Cs- Eii!aiii|iio. 10 S s. .Inst... 10 g st-Kulalia. ,10 8 ®s.NieolauTolen. 11 '1 s. Firmiano. 11 l> s. ver.iiio. u T s, Damaso. ' I .II T s. Paplmncio. 12 S Desc. d'Amer. j2 g s MaTtinlio. 12 0 s. Justino. 112 (} s. Guido. 13 S s. F.duardo. 13 T s' |jj(l„0. 13 Q St. Luzia. I13 « s. EiiloKio. 14.1) s. Calixto. ti n 14 S s. Nicacio. \14 8 s. Cornelio. TTTTt Th,.r,./idi' les 15 O Proc. da Hep. 15 S ® s. Inneu. \15 8 St. Militina. 16 T Flii'liio in S © s. Uniino. 1611) 3." do Advento. \ .¦

J6 I) vt.Lii(.ia. ^ @st. F.dwib'e;. 17 S s. A tru. g Calamico.

17 S st. Aiiadna. 18 11 st.Triloira. 18 l)[s. Odon. 18 T s_ flmciano.18 T © st. Mipliia. 19 S s. Pedro d'Alcan. 1H s s. Cliri-niiii. 19 Q st.Fausta.19 Q st. Pdinposa. 20 S st. Yria. „0 ^ V o,.t;,vj0. 20 Q s. Eugollio.20 a s. Evilasio. 21 l> >t.Celnna- 21 o s. Hi rio. 21, S s. Thome, apnst-21 S s. Pampliilo. —j T|ni|j,t

"" 22 O 3 • t-Cecilia. 22 S ® s. Honorato.

22 S st.Enicrita. 23 t s Pro'lo'. 23 S f Clemente. 23 I) i ° do Advento.jp sl- 1 becla. 2: 0 ®s. Fortnnato. 24 S st. Flora. 24 g Si Dolpliino.24 < s. Geraldo. 25 ti st. Dana. 25 l> s. M»vses. 25 T Nast.d« Jesus. ©9;, T J)s. Principio. 26 s s. Evaristo. . s Bellinn. 26 Q S. Zosiino.26 q s. Cvpriano. 27 8 s. Klesko. T F.u.mHi0. 27 Q S. Maximo.2? n s. Eleazar. 28 I) st.Cvrilia. 28 n s. Urbano. 28 S s- Castor.28 > st. l.ioba. 28 « s. Narnso. 29 Q s. Sismio. 29 S S.David.29 g s. Miguel Arch. 30 x «. feraii ao. 30 8 ® s. Troiano. 30 I) ®st. Anysia.

31 4 Sl-Ludlla- 7Tb17. Sylvestre.•• '

Almanaque d'0 THEATRO

s. Proculo, M.s. Vecio.Bspirito-Santos. Quirino.s. Marciano.® st. Paulina.s. Sabiuiano.st.Calypsa.s. Feliciano.SS. Trindade.

J)s. Tliiago.st. Mafalda.Des. do Brazil. íst. Monica.s. Joviniano.s. Jcào Daniasc.

Visit. de N. 8. ©s. Mnciano.s. Jucnndiano.st. I liiluiiiena.

tí ® st. Domingas.st. Pnlclieria.

1>| st. Priscilla.st.Anatulia.

10 st.Amélia.11 st. Sidroiiia.12 (i st. Mareiam.13 Cs. Aiiacleto.14 iS Lib. dos I'o\os. a15 I) s. Catnlino.16 N. S. (In Carmo.17 st. Ventina.18 st. Marina.19 st..Insta.20 st.Severa.21 © st. J ii li a.22 I) st. M. Mamlalena23 st. Ilerundines.24 st.Cliristina.25 (} s. (Jliristovao.2ti ti Ka 111' A11 na -27 8 st. Natalia.28 8 3) s. Nazari .29 l> st. Bealriz

s. Augusto.@ s. Victor.s. (ieroncio.s. Antiinino.s. Anastacio,s. Nereu.Lei Áurea.

s. Fortunato, M.st.Antonina

(£ s. Antônio de L.Corpo de Dens. ©st.Lvbia.st. Jülieta.

1> s. Manuel, M.

st. Henedina.(£ st. Dinipina,s. Ubaldo.s. Possidonio.s. Venancio.s. Ivo.Ladainhas.

st. Isabel, V.s. Gervasio.st. Florentina.© st. Demetrias. Albano, M.st. Agripina.s. J. Ba p ti st».

S. J(KK(Ulin.s. Pnv.ao.~t. Anthnsa.st. Daviua.vt. Áurea,st. Patrícia.3> s. Simpliciost. Euthalia.s. Agostinho,st. Candida.s. Fiacrio.s. Aniadc.

21 s. Valente.22 s. Ronião.23 © s Basileu.24 Ase. do Senhor ®25 s. Melito.26 s. Prisco.27 <¦ Raiiulplio.28 8 s. Germano.29 T s. Eustasio.3(1 Q s. Fernando.31 Q Jst.Petroniiha.

st. Febronia.s. Virgílio.s. Ladislan.

(J s. Argemiro.S 3|)s.Pedro es. P.®

st. Lucina.

dezembro31 DIAS

NOVEMBRO30 DIAS

O ® T<jd. os Saut.ljlS D a de FinaduS.aS st.Sylvia.l> s. Claro.

OUTUBRO31 DIAS

SETEMBRO30 DIAS

s. Nahum.l.o do Advento,s. Yeris-imo

(g) s. (ierino.s. Hesvcliio.s. Marcos,st. Flaviana.st. Erotidcs.

31S s. Tribuno.T st. Barbara.Q s. Nicecio.Q st. Asella.s st. Pitara.S (^Cwc.deN.S.g?|»|*2° iio Advento.

10 st. Kulalia. .11 s. Damaso. ' l12 s. Justino. I13 st. Luzia. \14 s. Nieacio. \15 ® s. Irineu.16 1» 3.° do Advento.

s. Aristeu.N. Sra. da Penha,s. Eudoxio.<. Petronio.1 íni. do Brazil. %Nat. de N. Sra.©s. Gorgonio.

s. l.eto.s. Sovcro.s. llorencio.s. ('.landi 1.gs. Crestes.

just'.s. Veraiio.s. Maitinho.s. Diogo.s. Jocnudo.Proc. (if Ucp.© s. Unliiio.s. A fcu.s. Odon.

st. Pelagia.s. Dionysio.g}s. Enlampiosr Firmiano.Desc. d Anicr.s. ICdnardo.s. Calixto.

gs.NicolauTolens. Papliuncio.s. tinido,s. Eulogio.s. Comelio.st. Militina.<t. Lúcia.

st.TlierezadeJes.-. Eliidiio.©st. Kdwige;.st.Triíoira.s. Pedro d'Al ca 11st. Yri 1.>t.Celinia.

s. Calamico.s. Graciano.st. Fausta,s. Eugênio,s. Thomé, apòst3>s. Honorato.4 ° do Advento.s. Delphino.Nasc. de Jesus.s. Zositno.s. Máximo,s. Castor.s. David.® st.Anysia.s. Sylvòstre.

st. Ariadna.© st. ^ ophia.st. Pomposa,s, Evilasio. as. Panipliilo.st. Emérita.st.Thecla.s. Geraldo.j)s. Principio,s. ('.ypriano.s. Eleazar.st. I.ioba.s. Miguel Arclis. Leopardo.

s. Cliri-pini.s. Octavio.s. llonorio.

st. Aloilias. Fortnnato

s. Belliuo.s. Facnndo.s. Urbano,s. Sisinio.@ s. Troiano

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t

Almanaque d'0 THE AT RO

OOMO O AE UMA pBÇA

Houve uma época na minha vida

em que eu, quando mal me precatava,

j| de dia ou de noite, de verão ou de in-

verno, achava-me no palco de um the-

atro.Em Lisboa não admirava tanto que

isso me acontecesse. Escrevia paraltodos os theatros, era natural que an- jdasse por todos elles. Nilo podia, com-

tudo, sahir d'alli para ir a qualquerterra do paiz, por mais insignificante

que ella fosse, que o acaso me não le-,

^vasse ao palco do theatro d'essa terra.I

Um dia visitei não sei que cidade dej

[secundaria importancia de uma das

orovincias do sul. Ignorava ate queíá houvesse theatro. O instincto — não

odia ser outra cousa — levou-me a

ma rua tortuosa e escura, onde encon-

ei um conhecido, que immediatamente

je me offereceu, antes de eu lhe dar

ios bons dias, para me mostrar o theatro

Iia localidade, armado n'um vasto bar

ração, si o na mesma rua — palavrasdo homemsinho Momentos depois

achava-me no palco a conversar com,os artistas.

Era fatal

Uma companhia de provínciaensaiava 110 improvisado colyseu, entre

Jputvas peças, a conhecida comedia:VjLAs pragas do Capitão, que o nosso

desventura do Santos, então 110 apogeu

da gloria, estava representando no Prin-

|l cipc Real com o applauso geral das

platéasO actor principal da companhia pro-

II vinciana que, era o que fazia o papeldo capitão, sabendo que eu era autor

dramatico,instou commigopara assistir

ao ensaio geral da comedia, e lhe fa-

zer as observações que, no seu enten-

der, merecessem o seu trabalho e o'%

da actriz que representava o outro

1 papel

íí!

Quiz esquivar-me, mas tive de ce-

dC Confesso que não esperava tanto de

artistas ambulantes. A parte uma ou

outra inflexão mais ou menos lalsa ae

calor que só dá a presença do pu-

blico, ambos os interpretes da comedia

desempenhavam com muita graça e

propriedade os seus papeisAugurei-lhes um êxito completo.

A ' noite fui assistir á recita. O es-

pectaculo começou justamente pelas

Pragas do capitão

O pannc subio depois de terminada

a longa symphonia executada pela

philarmonica do sitio. Os dois artistas

influídos pelas minhas palavras de sin-

j cero louvor, deram core animação ao

•! dialogo. Possuiram-se dos papeis, como

o publico diz, e desempenharam-os

com a maior perfeição relativa. Esta é

a verdade. Os espectadores, porem,não o entenderam assim. Receberam

peça e desempenho cotn a mais injusta

e cruel frieza. Nem um sorriso durante

dialogo, nem uma palma ao descer do

panno. As Pragas do capitão tinham

evidentemente cahido.No intervallo, encontrei-me com o

meu conhecido, que, no meio de um

grupo de espectadores dos mais gradose intelligentes, fazia coro com elles

dizendo todo o mal postivel da pobrecomedia.

Não pude deixar, interrogado sobre

o assumpto deemittirfrancamente opini-

ão contraria á d'aquelles respeitáveis

cavalheiros.— Uma peça tão ligeira, tão bem dialc-

gada, com uma interpretação acima tal-

vez do ras^avel não devia cahir tão de-

sastrosamente, sobretudo...Um dos circunstantes, inflammando

com as minhas palavras, interrompeu-

me exclamando :

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Actriz Angela Pinto

Esta festejada actriz portugueza, queo publico do Rio de Janeiro já tem

applaudido e este atino applaudira no

tCarlos Gomes», tem um nome escan-

daloso na historia do theatro, pelo seu

feitío ultra-original, confirmando cm

vida as theorias de Lombroso. . . An-

gela Pinto tem lampejos de gênio e in-

certezas de neophyta, tem blandicias

de mie e Ímpetos de fera, um coração

de pomba n'um corpo de leoa, possue o

amor nobre e o amor canalha, o amor

ideal c o amor interesseiro, pratica o

bem e o mal, simultaneamente . . An-

gela é. .. leiam o que diz Souza

Bastos:«Nasceu em Lisboa a 15 de Novem-

bro de 1869, a actriz Angela Pinto.

Talento de primeira ordem, dispondo

de esmerada educação e bastantes co-

nhecimentos, poderia subir a todas as

culminancias da arte, se não fora uma

desequilibrada.Começou em barracas de feira, deu

depois alguns espectaculos na rua dos

Condes, onde bastante agradou e con-

tractou-se em seguida para o Porto,

onde fez uma carreira brilhante.

Veiu mais tarde para Lisboa. Aqui

dispoz de innumeras sympathi is, e na

época passada contractou-se ainda uma

| vez para o Porto.Salienta-se em todos os papeis que

faz, pois para tudo tem talento.

Se quizesse, poderia abordar a tra-

gedia, pois nem para isso lhe faltam

dotes.O seu trabalho por vezes é irregular,

mas pelas razões que já apontei. Noites

ha em que desempenha detestavelmen-

te o mesmo papel que na noite anterior,

fizera com todo o brilhantismo !

Umas vezes desapparece á hora do

espectaculo, obrigando as emprezas a

fecharem as portas do theatro, outras,

sem se importar com os contractos quefirmou, deixa de os cumprir ; é uma

verdadeira desequilibrada, sendo ao mes-

mo tempo uma excellente rapariga.De pequenina a conheço ; sempre

doida, mas sempre cheia de talento. Po-

deria ser no theatro uma verdadeira 110-

tabilidade.

Tara citar as peças em que se tem

distinguido, seria preciso citar muitas

do seu repertorio».Angela ganhou esporas de actriz no-

tavel na Zazd, na Lagartixa e na Se-

vera, tres peças em que ella fez furor

em Portugal e aqui, embora nas duas

primeiras não conseguisse apagar a im-

pressão deixado por esse outro gênio

que se chama Lucilia Simões.Angela Pinto ficou celebre, na caixa

do theatro Apollo, pela tremenda bo-

lacha que pregou no seu emprezario, o

nosso querido Affonso Taveira, a quem

Almanaque d'0 THEATRO

Uma borracheira tão completa,'

tão bem acabada o que não devia era

agradar em parte alguma. Já vejo

que o paladar dos lisboetas é muito di

verso do nosso.Uma peça que não se entende !

Não se entende ? !Não se entende,não senhor Aonde

vê o senhor justificado o titulo d'essa

comedia, não me dirá ?Em toda ella.Essa è boa. Então explique-me,

onde appareceram as pregas, ou mes-

mo se fatiou das pregas do capitão ?Das pregas ? !Das pregas, das pregas..

E cornos olhos injectados de sangue,

apontou-me para o cartaz.Effectivamente o typographo errára

o titulo á peça. O cartaz intitulava-a —

As pregas do capitão. E o publico quea todo o momento estivera á espera de

ouvir fallar das pregas do heróe, não

comprehendeu a comedia.Aquelles eram dos que não admit-

tem que haja peça sem titulo nem titulo

sem peça.Eu, na minha ingenuidade de autor

dramatico, e certo como estava, e

ainda estou, de que o êxito de uma

peça depende de qualquer coisa, nunca

mais deixei representar nenhuma das

minhas sem primeiro examinar mi nu-

ciosamente o cartaz.Não obstante, cahiram-me algumas.

Rangel de Lima.

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de cdade

Max Darenskei é uma criança de

io annos que em outubro do anno

passado, dirigia uma orcliestra com

5.ooo figuras no «Crystal Palaee»,

de Londres.Mau grado a sua pouca edade,

este precoce musico não experi-

menta alteração alguma do systema

nervoso.—(.Quando eu tinha dezoito me-

-es—conta elle—mamãe já me ensi-I liava a marcar compasso. _ Com

cinco annos, dirigi a minha primeiraorcliestra que se compunha de 70músicos.

Depois dessa vez, regi numerosas

crcliestras em toda Inglaterra. Co-

nlieço de cór, quasi todas as parti-turas e verdadeiramente não sei

como aprendi a reger com tanta se-

gurança; nada aprendi, parecendo

que esse dom nasceu comniigo.»

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II

Almanaque d'

Águas de Lamba

Tornar o publico de lodo o Brasil,

bem como a humanidade em peso,conhecedora das virtudes therapeuti-

cas das aguasde Lambary e Cambuqui-

ra, é tarefa que deveria competir não

só a Iodos os nossos clínicos como

áquetles que já experimentaram as

vantagens das referidas águas,110 tra-

lamento das moléstias dos rins, be-

xiga, uretbra, eslomago, e fígado.

Os brasileiros bafejados pela fortu-

na procuram no estrangeiro allivio

para os seus males: Gonlrexeville,

Baden, Vichy e outras est:ições de

aguas européas têm sido visitada por

innumeros compatriotas nossts, os

quaes esquecem que 110 seu próprio

paiz em con lições muito in^iis vanta-

josas para elles, existe : Poços de Cal-

das, Gaxambú, Lambary e Cambu-

I quira!Caldas tem a sua especialidade ms

moléstias de pelle.syphilis e rlteuma-

tismos de causas diversas. Gaxambú,

embora de aguas sobrecarregadas de

ferro,tem ainda qualidades salutares.

Lambary e Cambuquira, são fontes de

inesgotável thesouro therapeutico,pe-

Ias suas propriedades diureticas que

provocam a fácil eliminação das to-

xinas endogenase cxogenas accumu-

ladas em nosso organismo.

Um facto incontestável e compro-

vadissimo éeste: os doentes em Lam-

bary urinam extraordinariamente.

Pois esta diurése abundante é um

beneficio prodigioso para as pessoas

em geral, porque todos nós ao cabo

de algum tempo de ingestão alimen-

tar diaria, com todos os seus vicios

THEATRO

ry e Cambuquira

inherentes á cozinha e aos cozinhei-

ros, lemos accumuladas em nosso

organismo toxinas diversas, provo-cando a symplomatologia esquisita e

incommoda da neurasihenia e suas

modalidades clinicas! Com o uso dia-

rio das aguis de Lambary, ou s< j.a juma estação destas aguas de 50 a 60.

dias, o doente sente-se expurgado,

por via renal, dos maus humores,

como os chamava Pae Hyppocrates,

eliminando, com as toxinas, os pro-

prios micro-organismos que as lan-

çavam na economia do homem.

Quem, como nós, tem testemunha-

do a cura de nephrites, urcthrites

chron:cas,eideriles muco-membranosas,

(como a do illustre escriptor Coelho

Netto, que a adquiriu no Amazonas)

gnslrites de causa alimentar, blenor-

rhogias antigas e outras moléstias

congeneres, não têm o direito de se

furtar ao dever humanitario de re-

commendar aos quesoffrem as aguas

de Lambary e Cambuquira, especial-

mente agora depois da captação das

aguas, que as tornou uma bebida

agradabilissima ao paladar e auxili-

ar da fácil digestão.

Rio, 31 de Março de 1906. — Dr.

A. Barbosa ííomôo.»

Além destas linhas,pelas quaes pó-dem os leitores avaliar dos méritos das'aguas de Lambary e Cambuquira, dão

testemunho da excellencia das refe-

ridas aguas e da salubridade do clima

em que ellas se encontram os Srs.

Drs. Edmundo Silva, Satlamini,

Almanaque d'0 THEATRO

Dr, Theodulo Soares de Meirelles

MEDICO

Consultorio: fyia do hospício n, 30 (esquina da rua da Quitanda)CONSULTAS : DE i A'S 2 HORAS

Lima Castro, Barbosa Uomêo, Mario meras pessoas que já lém ido á CasaSalles, Arthur França, Joviano Me- Clausen, á rua dos Ourives n, 20,deiros, Rego Monteiro, A. Sto.kler, onde os leitores encontrarão quemJoão Braulio e outros conceituados lhes preste todas as informações con-clínicos qi\ô já estiveram em Lam- cernentes ás aguas de Lambary ebary, a fazer uso das suas aguas. \ Cambuquira.

Para se ir a Lambary ouCambuquira toma-se passa-gem na Estrada de FerroCentral.no expresso de S. Pau-lo, ás 7 horas da manhã; ás9 h. e 20 ra., almoça-se naBarra dj Pirahy; ás h. e'25

m. da manhã chega-se aCruzeiro, onde se passa paraos carros da E. de F Minas eHÍO; chega-se ás 4 h. e 5(3 m.da tarde em Freitas, onde sebaldeia de novo para a Muzam-binho, que chega a Lambary ás6 h. e 48 m. da tarde.

Gasta-se, pois, na viagem 12horas apenas.

As passagens de ida e volta,

que dão direito a 40 dias de

prazo, têm grande abatimentode preço.

Lambary e Cambuquira têmmagníficos hotéis, dentre os

quaes se destacam os dos Srs.Mello e Bibiano.

No theatro não basta entreter aA estação este anno promette es- vista ; é em vão que alguns se fiam

tar magnífica, a julgar pelas innu- no frágil poder da belleza. Bonilly

)\dor brasileiro LsUIZ FRAjMÇA

Almanaque d10 THEATRO " •

0 SAPO E A ESTRELLA

(UM EPISODIO DA VIDâ DE ORLANDO TEIXEIRA;

Poetas... Poetas sãocomo as abelhas quebuscam apenas na flôra substancia com quefazem o mel. Que lhesimporta que, depois davisita ao nectario, aflôr murche e feneça ?outras ha pelo bosque

perfumado e para essasoutras vão ellas aligei-rando as azas.

Donzellas, que daesouvidos ás canções do

poeta, julgaes inge-nuamente que elle vos

pertence, que nuncamais se apartará do ju-ramento feito aos vos- culPJ u r -

sos pés, com os olhos / ^ saposnos vossos olhos pro-curando, talvez, surprehender a vossaj

alma? engano vosso—para que elle

vos abandone basta que uma outra ap-

pareça.Foi Zeuxis, se me não trahe a me-

moria, que, para realizar na tela um

typo de belleza, reuniu no seu atcliêv

varias donzellas aproveitando de cada

uma a linha ou a côr mais pura, o garboou a languidez, a esbelteza e a curva

graciosa, e depois de rematada a figura,

era um complexo maravilhoso e as

moças, que se haviam prestado a ser

modelos, deixaram no painel do artista

um pouco do proprio corpo. D esta fi-

caram os olhos, d'aquella ficou a fronte,

os cabellos d'uma despenhavam-se on-

dulando sobre os alvissimos e redondos

hombros d'outra, as mãos eram de tal,

os pés d'uma outra, era a bocca d um

rosto, o nariz d'outro e assim a obra

perfeita era como o mel das abelhas

r.ro, (SDrlaníio ióxaiii, t $i%mar $omto

que adorava^ a mesma EST"RELaL>A..,)

o conjuncto do sabor de múltiplas co-

rollas. Fazem assim os poetas.

Um conheço eu que, depois de me

haver lido uma admiravel composição

em sonoros alexandrinos, toda consa-

grada á gloria de uma mulher ideal,

dizendo lhe eu o nome da creatura in-

spiradora, fez um momo dobrando len-

tamente o papel em que fulguravam os

lindos versos :Estás louco. A bocca, efíectiva-

mente, é delia, mas os olhos... Ahl se

visses os olhos de... Duas violetas,meu amigo ! Duas violetas ! nunca vi

olhos daquella côr...Mas Fulana, objectei, tem uns

pés de saloia...Sim, os pés são hediondos... mas

eu na poesia refiro-me aos pés imper-

ceptiveis da Cesira. Conheces Cesira?ah! meu caro...

Almanaque d1

»De sorte que tia tua poesia ha

quatro mulheres...?Cinco, aliás: a graça éda Olym-

pia; ninguém anda como a Olympia ;é uma deusa.

Mas isso é um gyneceu em ale-xandrinos, homem.

O poeta não ama a mulher, amaa belle?.a, concluiu o meu amigo comsolemnidade.

Não pensava assim o que morreuentre as arvores amigas. Foi um amo-roso fiel e calado, não gemia oseutor-mento, continha-o no coração e, de

quando em quando, lá o exhalava emestrophes.

Emquanto a creatura amada viveu namesma cidade em que elle morria, aba-fou medrosamente o seu segredo, comoArvers; ella, porém, partiu para ou-tros climas, para outros braços e o so-litario, n'um derradeiro esforço, dei-xou o seu retiro e publicou a sua his-

.toria dolorosa.No frontespicio do livro, como a le-

genda sinistra, poz elle uns versos doCancioneiro de D. Diniz que resumiatoda a sua agonia :

Quizo bem, amigos, e quero e querreyHunha mulher que me quiz, e quer mal,E querrá; mays non vos direy en qual

A mulher; mays tamo vos direy,Que quis ben,qr.ero, e querrey tal mulherQue me quis mal sempre, querrá, e quer.

Fomos companheiros em Lambary.Ella também lá estava. Uma vez, átarde, conversávamos 110 cottage doparque, ouvindo as cigarras, quandoelle se poz a fallar no fallecimento desua velha mãe, uma boa e resignadavelhinha, que era o seu amparo moralno mundo. Nunca pensára na morteemquanto ella vivera mas, na mesmatarde do enterro, voltando do cemite-rio, começou a ser perseguido poraquella idéa fatal.

Sabia que estava perdido, era como

THEATRO

um edifício que ia, aos poucos, cahindoe, na sua qualidade de ruina, só acolhi-tristezas. Emfim! e, resignado, enco-lheu os hombros.

— Mas tu tens aproveitado muitoaqui, com asaguas. Voltou para o meurosto os olhes tristes e, com um sor-riso melancholico, disse com a sua vozrouca :

—Com as aguas... Súbito um risocrystallinorompeu alegremente osilen-cio crepuscular,elle ergueu-se de olhoscravados num caminho que seiaenchen-do d'um festivo barulho; um bando

garrulo de moças apparece e, entre el-Ias, esbelta e loura, com uns olhos

que fulguravam, uma bocca mais ver-melha que as rosas sanguineas, ondeum sorriso tinha residencia, ella a mys-teriosa creatura amada.

Como se quizesse martyrisar o des-

graçado, chamou-o, a rir, tomou-lhe obraço e lá o foi levando por entre as flôres, a inebrial-o com o seu perfumede mancenilha.

Nessa noite no salão do hotel, o po-eta recitou um apologo: «O sapo e a es-trella».

Era uma vez uma estrella...E vae um sapo, o idiota,Logo apaixonou se ao vel-a

O apologo foi recebido com applau-sos geraes mas, n'um vão de janella,houve quem murmurasse, disfarçan-do um sorriso: «O sapo... coitado! éelle...»

E a estrella andavatrefegamente pe-la sala reunindo pares para uma qua-drilha.

E elle, triste, do fundo da sua me-lancholia de moribundo, ficava-se acontemplal-a, como o sapo contempla-va Sirius. Não lhe falava do seu amore que lhe havia de dizer se ella era aprópria imagem da Vida e elle...sem-

Almanaque d'O THE ATRO

pre a tossir, ouvindo as lastimas dos

que auguravam a sua morte próxima.

Que, ao menos a deixassem alli, per-

to ~d'elle.

«E' a luz da minha ultima

hora», suspirou,uma vez,disfarçando a

magua num sorriso.A' volta no trem, elle queixou se:

«Vai recomeçar o meu soffrimento...»

E voltou os olhos marejados para o

banco em que ella estava —era o apar-

tamento. No hotel viam-se a toda ho-

ra e elle estava sempre a ouvir-lhe a

voz, mesmo quando adoeceu pediu quelhe conservassem a porta entreaberta

e, como se alvoroçava quando, pelocorredor vibrava o riso crytalino da

formosa indifferente! No Rio viu-a

uma tarde na rua do Ouvidor, toda

vestida de azul.

Chapéu azul,vestido azul,de azul boi dado,Azues o para-sol e as luvas, Senhorita,Como um lotus azul por um deus amn^"

Passa, toda de azul, por mil boccas bem-dita.

Vendo-a nâo"se vê mais nada que o azultonteia...

Como num sonho azul logo nos vêm á idéia

Um pedaço de ceu azul passeiando a ter-I"cl*

Um dia ella partiu para o campo e

de lá, a cruel, escrevendo a uma ami-

ga, pedia-lhe que dissesse ao poeta que

certamente elle ficaria curado com

aquelles puros ares da serra, bebendo

aquellas frias aguas,que manavam das

penhas e o leite gordo que uma boa

mulher trazia . todas as manhãs, a

porta do hotel. Elle que fosse,que a

fosse vêr para convencer-se: estava

outra, ella mesma achava-se bonita.

E o misero, sofírendo, lançou-se

afoitamente ao trabalho: em oito dias

concluiu uma peça, entregou-a ao em-

prezario e partiu. Ea esteve e,emquan

to a sentiu perto, louvou a terra e os

ares, falando "èm resurreição «revivo

aqui—sinto-me outro».Ella, porém, desceu e, desde logo,

todas as virtudes dos ares puros e das

aguas limpidas desappareceram: volta-

ram os soffrimentos—a febre, a insom-

nia, os suores nocturnos até que, um

dia, os jornaes annunciaram a partidada bem amada para a Europa.

Esse amor era uma misericórdia, a

presença da creatura era o amparo

d'aquella vida, tanto que ella partiucomeçou a destruição. A. Morte,encon-

trando o coração ferido, foi abalando

as ultimas resistências, uma poremreagia — era a esperança de que ella

voltasse.

| Mas não, deixou-se ficar em outras

terras, nos braços de outro...Bem que a sua Musa presaga solu-

çára:

Ella nunca terás nem sen amor.

Desequilibrado, sem esse arrimo for-

te, o poeta cahiu. Tornou-se-lhe, en-

tão, a vida um rosário de dores e as

que menos o torturavam eram as quelhe pungiam o corpo—a alma, essa

soÊEria mais acerbamente.E começou o desfallecimento—o so-

litario achou-se sem o seu «sonho», tu-

do era deserto em torno: nem o seu

faceiro sorriso, que era a alegria deI seus olhos, nem a sua voz que era a

I sua melodia predilecta, nem o aroma

que ella esparzia coi\io se deixasse no

ar um sulco de perfume. Lá longe !

Como chegar até lá?...

Esses poetas, têm, as vezes, sonhos

extravagantes... Quem sabe?! _ _Abatido, quiz ainda voltar ao sitio

que ella lhe recommendara como sen-

do um logar de belleza e saúde, foi,

apeou a porta do mesmo hotel rústico

que ella habitara, percorreu vagarosa-

mente os caminhos que ella percorre-ra, agasalhou-se á sombra da sua ar

vore predilecta e teve visOes de amor,

Almanaque cTO THEATRO

viu-a ao longe, sentiu-a^entre as floressylvestres:

Tudo de luz se inunda e,dominando tudoCheio da própria luz, sobresahe na paiza-

gemO correcto perfil d'essa que me não ama.

Esse perfil não estava na paisagem- estava no coração, era uma miragempassional mas...esses poetas, esses poe-tas! quando amam são capazes de tudoe quem sabe se o desgraçado, sem es-

perança de tornar a vel-a, não fez comoaquella escrava do conto que para seajuntar ao filho morto cravou um pu-nhal no coração?

Elle não precizava lançar mão deuma arma para realizar esse desejo si-nistro—a Morte estava dentro d'elle ebastou que deixasse a fera saliir da

jaula onde a continham os cuidadospara que, em um momento, o martyriofindasse. E agora...?

Talvez que, em breve (não vem I011-

ge a primaveraj a ingrata, que habitaum velho castello de França, receba avisita da alma peregrina.

Uma noite, apoiada ao balcão, olhan-do para o ceu, ouvirá cantar um rouxinol nos roseiraes em flôr.

Será tão lindo e tão sentido o canto

que ella,apezar de indifferente,voltaráo rosto para ouvil-o e ouvindo-o nãoimaginará que no passaro dolente,

palpita a alma saudosa do que viveu

por ella, do que morreu de amor.Ah! o soneto d'Arvers...o soneto

d'Arvers...E' bem possivel que, quando che-

gar á França a noticia da morte do poe-ta seguida doscommentarios sobre sua

paixão funesta, ella,deixando no colloa carta annunciadora,exclame, penali-sada, na lingua que adoptou:

«Quelle est donc cette femme f» et necompreiidra pas.

Coelho Netto.

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Almanaque d10 THE AT RO

Nascido no Rio de

Janeiro em 1858, en-

Irou João Rocha para

otheatroemÍ881e,ao

que parece, era elie

aclor de mambembes,

vicioqae ainda conser

V& para sustento da vi-

da,como dizia o versi-

nhodohomem que co-

miacasca deferid a.Em

theatro,no Rio de Ja-

neiro, o seu nome co-

meço u a ser conhecido

depoisquefezo Duque

de Vira e Mexe, na

mágica O Diabo Côjc >,

que a Ismenia mon-

tou no antigo Varie-

dades. João Rocha

agradou bastante nes-

se papel pelos tregei-

tos que dava ás na-

degas, quando mexia .— -,-wã-n -r^^r-uaftctor comico 10)\0 fòOCH$\

a parte que virava. /vv.wi ^ j / v j /

Não era, aliás, preci-

so tal recurso: no Duque deVira e Mexe

a graça abunda. .

Antes, Rocha fizera o Bcljihogor do

Frei Satanaz e outros papeis com cri-

terio e moderação. Depois percorreu 0

Norte do Brasil e agora está no «Carlos

Gomes» acompanhando o successo do

Maxixe.

DR. ÜMBERTO AULETTAHomoepatha

m

Almanaque d'0 THE ATRO

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Actriz porlugueza Georgina Cardoso

OEOY ..

de DEMETRIO ALVARES.

La 110 Amazonas, a vi,N'umacasa sobre o l io,Como um oi valho no estioA cabocliniia Cecy !Era uma aurora ridente !Entre nuvens a brilhar!Cutis cor d'ouro explendente !Olhos de sombra ao luar !

Vi-a na ponte, a esperarNo mais amemso afan,O noivo que, de manha,Tinha partido a pescar...E lrt, quando, entre os abrolhos,Via a barca que o traziaBrilhavam seus lindos olhos...E toda ella sorria !...

Porém um dia a barquinhaFoi-se para nao voltar...E na praia a caboclinhaEstava sempre a esperar...Passou se um dia... outro dia.E a barquinha nao chegava..E a triste já nao sorria...Noite e dia só chorava !

Entre o mattagal mauiulioN'uma clareira isolada,Hoje se vê levantadaUma. cruzinha de pinho !Essa cruzinha relataQue a meiga e doce Cecy,A linda virgem da matta.Já nao chora, nem sorri!

Almanaque d' O THEATRO

L

(Lcver de rideau)® S®

De Demetrio Alvares.

PERSONAGENS:ELÍ-E. EL L A.

UMA CRIADAActualidade.

Um gabinete elegante. A. D., toilette. A'. E., a mesma dscoraçfto, Mesa ao C. com livros,um nçnfate ou caixa de costura, etc. Sobre cadeiras, uma eobrecasaea, collete, punhos,oollarinnos, gravatas, etc... Nas cadeiras da E. Um chapéu de senhora, luvas, uma(sombrinha, etc.SCENA I

EI.LE, HLLA E A CRIADA

CRIADA

{Entrando E. A.)Senhora ! eis aqui esta camelia !

ELI.A

{apontando a mesa do mesa do C )

C RIADA

(ao marido)K as violetas...

Pòe aqui ?

IiLLE

Sim deixa-as lambem ahi!(Aponta a mesp do C. A criada sae. Pause. Continuam-se a pre-

perceber K]A[:- fitando-a de reocz ei.i.a que finge, nãoperceber esse olhar, w a mesa, lomamio cs violetas we cheira ner-Vosamente. Intencionalmente, com uma alegria irônica lfalsa.)

Formoso este bouquet! Delicioso aroma !...Nem o mais teve traço, o minimo symptomaDe orgulho, pn de vaidade ! A virgindade em flòr!Uni ambiente doce, a trescalar amor...Uns bafos de pureza... uns philtros de candura,ii/stas flores subtis, roxas, cor da amargura...— Mas da amargura etherea e sã que deliciali o espirito nos leva em santa romaria,Até junto de Deus — ressumam !

(I ae ao espelho, deixando o bouquet sobre a mesa).ELI. " .

j que se tem approximado da mesa, pegando na camelia)

Que formosa

Almanaque cVO THEATRO

Camelia ! Com.razão, ostentas orgulhosa,Na fronte augusta e nobre, o diadema real,E a coroa subtil da flora universal!Vè-se na placidez soberba aristocrataDestas pet'las dc neve, a distincçãoDa tua gerarchia... Existe no teu seioA lymplia triumphal e o resplendente veio

Que alimenta a altivez e gera a dignidade !

ELLE

(sorrindo ironicamente e collocando os botões na camisa)Bellissima figura... ideal!

1ÍLLA

Na verdade ?...

ELLE

Soberba de vigor!

ELI. A

Muitíssimo obrigada!Mas a sua, também, ás violetas, nadaLhe fica a dever...

ELLE

Sim?...

ELLA

Soberba!

EI.Llí

E1 muito amavet!

(Fazem um ao outro um cumprimento ironicamente ceremoniosodão-se as costas indo cada qual tratar da sua toilette.)

ELLE

Vae ao Lyrico ?

ELLA

(desprend idam ente)Não.

ELLE

E' artista notávelA Darclée!... Vale a pena...

ELLA

Eu sei... hoje, porém,Tenho que ir a soirée de Alice... Não convém

Que eu falte. Tudo que ha de mais fina e distinetoNa nossa sociedade, ali se reúne... E sinto,Porque queria ver, pela Darclée, a Aida!

Almanaque d'0 THEATRO

(Pausa cm tom indifferente emquanto se prepara)E o senhor ?... Vae ao club?...

ELLE

Ao club. Aborrecida~.ousa e isto 5 mas não convém faltar! Que quer?Ja não é só um uso... é quasi que um dever!

(frisando)E o ponto obrigatorio, o centro de recreioDe tudo que ha distincto e chic em nosso meio,I>a nossa alta finança e na diplomacia !

EL LA(irônica)

Vae tudo então ?

ELLE(forma Usando)

Vae tudo... o que a aristocraciaDe mérito ou do sangue, em si mesmo contem...

EL LA

(com indiffcrença)

O mesmo exactamente acontece tambémMas reuniões de Alice...

para m-ranjal-a)!'eSCMC 1aal1»<?r gravata, dispor,dose

ELLE

p ,Um pouco inconseqüentelv leviana a Alice...

gesto de eli.a)

r, Ah ! perdão ! certamenteLatcula que eu não tenho a mínima intenção

e ojjender, nem de longe, a sua amiga; óh ! não!Kcpito unicamente aquillo que o marido,Por vezes me tem dito... Agora éjá sabido :J^ste La oral foi sempre um pouco pessimista.,uu por outra, apparenta isso á primeira vista...

1 orque todo aquelle ar mordas e zombeteiro,Aquelle agro desdem que ostenta, sobranceiro,ror aquillo que o cerca, é tudo finalmente,Apenas uma capa — involucro apparente,

coração mais bello e meigo que eu conheço !—ELLA

As apparencias são ás vezes — eu confessoEnganadoras; tanto assim, que com Alice

Almanaque d10 THE ATRO

Esse caso se dá. Notam-lhe garridice;Notam-lhe coque ttismo... e lavram-lhe a sentença :«E' tola ! é leviana !... e por fim ninguém pensaEm prescrutar o que ha de fictício ou sinceroN'aquelle exterior... Que tribunal austeroE justo, este do mundo ! E entretanto, só quemA conhece de perto e com ella entretémIntimas relações, sabe quanta doçura...

Que dose colossal de límpida ternuraE de virtude sã, envolve esse fallazE transparente véo que afivellado traz,De supremo desdem e eterna garridice.

ELLE

Oh ! creio piamente ! E veja que tolice :O louco do Cabral acha que...

(Outro tom. dando voltas á gravata)E' singular!

Não consigo fazer um laço regular !

ELLA

Ora! O senhor que sempre os faz tão bem !

ÉLLE

Que quer !Não estou hoje em veia... Ora deixe-me verO seu... Chie a valer !

ELLA

(.desprendi dam en te)Sahiu... assim... assim...

ELLE

Em que pese ao bichinho homem, o certo emfirn,E' que para o que exija uma tal subtileza,Certa harmonia, gosto; emfim delicadeza,Só existe no mundo a mão leve e mimosa,Os dedos de marfim, os dedos cor de rosaDe uma mulher gentil...

ELLA

Qual! também pôde haverA mão experiente e hábil de qualquerHomem de gosto... como...

fingindo excitação)um homem como... sem

Ir mais longe — o senhor !

ELLE

Obrigado !

Almanaque d'O THE AT RO

EI, LA

Não temDe quê!...

Pausa. Voltam ao espelho depois de um gesto de desaponta-mento í/'Ei.i.e, que acaba de fazer o laço)

EI.LE

Não imagina o quanto é massadorO Cabral. Chega a ser ridículo. E o jreiorE que, como sou eu o seu melhor amigo,Entende que ha de vir desabafar commigoE dar-me uma (aclara intima, diariamente !...X uma palavra*, |az de mim seu confidente !...«Porque Alice é vaidosa, é le\'iana, é cheiaDe caprichos... não tem sequer noção, idéiaDo que seja o dever de uma mulher honesta,De mais a mais casada... E porque não me presta,Se quer satisfação dos seus actos... O diaE a noite, por ahi; sem qualquer companhia,Em passeios, soirees, bailes; sem consciênciaDesafiando o mundo e até a maledicencia !...E porque Alice é isto, e porque Alice é aquillo...»As queixas, afinal que já são quasi eslylo !

EI.LA

E muito curioso... Em nada é differenteO que entre nós se dá... QuotidianamenteSe queixa a mim também a Alice da maneiraPorque a trata o marido; «Esphinge sobranceira,Sardonica, e soberba, embalsamada em pose,Vasia de expansões, envolta numa doseIrritante de orgulho... Até quando acarinhaE d uma forma—diz elia —aspera, escarninhaE fria que revolta... Assim como quem dizAhi tens uma esmola...

EI.LE

Ih ! meu Deus ! por um trizQue exagera...

ELLA

E depois, nem um momento ao ladoDa mísera mulher; todo o dia, occupadoNa repartiçao; á noite no club, ou querQue seja costumando apenas recolherFora de horas, e até mesmo de madrugada,Muitas vezes. E'justo isto ?... Que diz>...

Almanaque cVO THEA1R0

ELLE

Eu... nada.

A minha bòa amiga é bastante sensata

E sabe muito bem como é que o mundo trata

liste assumpto. Isso que é natural, raso ave 1

N'um homem, já não é, nem mesmo desculpayel

N'uma mulher.., Eu sei que isto são preconceitosEstúpidos, sem senso, absurdos e mal feitos...

Mas que fazer ? São leis do monstro sociedade !...

E contra suas leis nao tem a humanidade

Poder para insurgir-se...EI. LA

A sociedade ? Ah ! sim !

A sociedade ! E que é a sociedade, em(im ?...

Irônica irrisão... sarcasmo ultra-pungente,

Forjado a bel-prazer pelos homens, somente

Para mostrar melhor, a superioridade

Que creem ter sobre nós ! — Como esta sociedade

E1 providencial e, justa !... «O cidadão

Fulano é um perdulário...um doido sem noção

Do que seja dever... arrasta peta lama

O que, por ironia, ou simples graça, chama

O decoro e a vergonha? Espesinha, se bem

Lhe apraz, as affeições mais santas ? O que tem

Isso?... que malfaz? Mio é homem? E . 1 ortar.to

È' muito natural e justo tudo quantoFaz... Mas uma mulher... Fulana honlem sorrtu-se

Pará Beltrano ? Horror ! Hediondo crime ! Viu-se

Nunca descaramento igual?.., Pois afinal

O que é uma mulher ?... Apenas um vital

Objecto de bom gosto, um biscuit fallanle,Depura phantasia, o qual, a seu talante,

Para recreio e uso um homem vae comprar

A um clérigo qualquer em frente de um altar,

Como compra uma flor para por na lapélla !

Pode lá aquillo ter sequer uma parcella,De sentimento, ou mesmo amor proprio !... Oia qualTirando-the a belleza o resto nada vale...

ELLE

Oh ! com que exaltação a senhora profligaOs homens, Santo Deus ! Mas nóte minha amiga

Que apenas repeli o que Cabral me disse...

ELLA

muito ingenuamente)

Também eu só repito o que me disse Alice!

Almanaque cTO THEATRO

iELLE . i

(Vestindo o fraque)O que me parece, é que esta desuniãoEntre os dois não é mais que uma exageraçãoDe orgulho !... e peftso assim, porque o Cabral — garanto —

E' um bello coração... Esquisito, algum tanto,Sim, mas...

(icabe-lhe 110 chão um botão do fraque)Foi-se um botão do fraque, que massada !

Como hei-de arranjar isto ?

ELLA ,

Ora ! eu chamo a creadaPara lh'o pregar.

ELLE

Não, espere... Quando eu eraCreança; em nossa casa havia... Ai quem me deraNesse tempo ! — uma serva antiga, muito minhaAmiga que me viu ao nascer. Ora tinhaA pobre da velhota a mania engraçada...— Visto que não podia ensinar-me mais nada —De me ensinar costura. Em um mez, eu sabiaFazer meia, coser... fazer crochet... não ria,Estou faltando sério.., e, se não, já vae ver...

(tem tirado o fraque. Vae á mesa e tira agulha e linha)

Ih! que buraco estreito... Ah! mas hei de metterA linha...

(enfia a linha)

Ora aqui está .. Se não me engano, em mimPerdeu-se uma modista eximia...

ELLA

(rindo)Acho que sim!

(pregando o botão)

Mas como ia dizendo : Aquillo é um coraçãoDe pomba, terno e meigo... Ha uma alma de poeta,Sob aquelta apparencia, esphingiça e concretaDe sceptico «enragé»... Chega ás vezes a terataques de um lyrismo eólico, em que sonhaCom idyllios sem fim e a placidez risonhaDe uma vida isolada, alegre, descuidosa,Ao lado de uma esposa amante e carinhosa !...Hontem mesmo elle estava em pleno bucolismo !Tive que lhe aturar tres horas de lyrismo...

Almanaque d'0 THE ATRO

(exageradaniente lírico a principio)

Sonhava uma casinha, erguida a beira mar,

Em meio de um jardim ! O dia ia expirar !

Ao longe, no occidente, o sol fulgente e louro

Esvahia-se já n'uma agonia de ouro...

N'um magoado adeus de moribundo.. Então,

De labutar exhausto, elle chega... Ao portão,

(commovendo-se pouco a pouco)

Espera-o um sorriso amante que o acalma,

Que lhe penetra o peito, o coração e a alma...

E as forças lhe avigóra, assim como ás roseiras

No estio reanima o orvalho ! Feiticeiras,Duas pupillas, dois portaes illuminados,Como pharóes de amor, astraes, apaixonados,

Fitam-no docemente, a rejlectir anhelos...

Por um sol que morreu, nascem dois soes mais bellos !

Trocsi-se um beijo quente... e depois n'um abraço,

Apertados, vão indo até a casa...

[rindo nervosamente)Quer traço

De lyrismo. —ou melhor —de creancice mais

Completo?.'.. Olhe que são bastantes originaes

Estes scepticos!...

ELLA

(que tem executado como que abstrahida)

Sim; mas como é que dois gênios,Sendo assim tão irmãos, sendo tão homogeneos,

Não se coadunam ?... Qual o rispido travão

Que gera a dissidência e transtorna a união

D'um tão digno casal?... Não comprehendo ! Alice

Symbolisa a virtude, o senso e a meiguice !

Ha dentro d'aquella alma, exteriormente dura,

Infinitos de amor, oceanos de ternura !

Tem o seu amor proprio e o seu orgulho... Tem...

Mas quem os não terá entre nós todos ? Quem ?!

]v grandioso, sublime o grande quadro, ingente

Que nos mostra Jesus, dando serenamente

A outra face, depois de ser esbofeteado !

Mas esse exemplo quem, jamais ha imitado ?

O seu ideal seria uma existencia calma

Serena, recolhida, aprisionada a alma,

N'um cárcere perpetuo, eterno de delicias,

Construído de amor, de beijos e caricias.

Seria consagrar todos os seus cuidados,

Disvellos mil, sem fim, ternos, apaixonados,

Almanaque d'O THE ATRO

Ao ente que o destino—a sábia Providencia—Lhe deu por companheiro... Uma doce existenciaBranca como a pureza angélica da aurora,Durante a primavera... Uma audição sonoraE ininterrupta de um concerto de carinhos...Dentro dos corações, dois palpitantes ninhosDe amor, ambos contendo apenas uma imagemÚnica... um culto só... Que dulcida miragem!Uma existencia assim, como seria bella !...

limpa furtivamente uma lagrima,—Ei.\.e fita-a assombrado,vae a fatiar, mas, Eu,a interrompe-o, rindo nervosamente.)

E uma paletasita idealista aquellaAlice, não acha ?

EF.LE

Eu ?...

ELI,A

... ,, E'sim, é uma pateta!Ai !... que la me esquecia o lenço !...

(vae a gaveta forçejando por abril-a.j

n Oh! que gavetaPerra!... 4 - 10

(faz um esforço. Fitando-c) '¦

Qual não consigo abril-a...

EI.I.E

(ironico) Para que,

Incommodar-se ? Eu chamo a criada...

El. I.A

,, , Não éPreciso... abri...

(abre a gaveta, tira o lenço e depois examina-se ao espelho)ELl.E

Ah! bom!...

(vai tomara bengala)

EI, LA

, ,, Prompta!...(ao espelho)

EI.I.E

Prompto lambem.(vae á mesa toma as violetas)

Almanaque d10 THE ATRO

As violetas ? Cá estão...

(aspira-as)Ah ! como sabe bem

Aspirar este odor tão doce...

EL LA

Agora a minha

Camelia.

(vae a mesa toma a camelia, muito desconsolada)

Ora!...

F.LLE

Que foi ?

ELLA

Murchou!

ELLE

(ironico) .Oh! coitadmha !

ELLA

E1 o defeilo que tem estas {lôres... QualquerContaclo as mancha... não se lhes pode mexer

Que murcham togo!

ELLE

São como a vaidade humana...

Na sua insensatez, na sua febre insana

De brilho e ostentação, a creatura gyra,Vertiginosamente, em volta da mentira, ^Da intriga e da calumnia... O que quer é brilhar...

Ser vista, ser notada... Kmjim, gozar, gozar,^Sem ver quanto é fictício esse brilho... e é vao

Esse goso... Para ella, a vida, é uma illusão...

E' assim como o percurso ephemero e fallaz.D1 um rc Iam pago... Brilha, illumina, arde. . e fazDeslumbrar um segundo, eu sei; porém, passadoEsse instante fugaz, morre sem ter deixado

Vestigio al(4um... E só depois, mais tarde, quandoChega o cansaço, e ella então, reconcentrando

O espirito, em logar d'um coração, só sente

Um musculo vasio... em lugar da fulgenteSeiva da mocidade, um desconforto horrível,

Só, então, comprehen.de a jónna atroz, incrível,

Porque tudoimmolou ás pompas triumphaes

Da apparencia... e então, vè que não viveu jamais;Porque a vida é a paz que nunca ella gozou !...

Porque-a vida e o amor, quando ella nunca amou !

Alma

TIIEATMO CARLOS GO.V

Adolpho Faria - ensaiador

naque d'0 THE ATRO

Olhe repare bem nestas violetas... Comoòao recatadas, nem o mais ligeiro assomo

líl-io n¦ sãosemPre assim, meigas, singelas...Hun Que esposa exemplar daria qualquer dellas !...

Om oi qUG u1 , f, dlscuta, O encanto e a pureza,Ou as manche ! ellas têm na sua singeleza,

A aureola do pudor— a immacula—estampada...

[vendo que ella não pode conter o pranto)Mas que ú isso ? que (em ?p

ELLA

Nada, não tenho nada...A CRIADA

Estão promptos á porta a caléça e o coupé !

ra d^rt^arX) á cHadü

I ara onde temos que ir, nos vamos mesmo a pé !

^ajoelha no sopliá, abraçando ella).

THEATHO APOLLO

Almanaque d' O THE ATRO

ííGazeta de Noticias

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25T

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Almanaque cTO THÉATRO

Vovô...

de DEMETRIO ALVARES.

— «Anda ! "Accoda p'ra cuspir/'Vovô !» —cheio de carinho,Mal o.sol se erguia a rir,Balbuciava o netinho!

Que pirmlhilo engraçadoOlhar azul, muito puro....Louro cabello annellsdo,Da cor do trigo maduro !

E que vivo, o pequenino !Nas faces sumimos de cravo !Um nariz fluo, aquilino...Olhar energico, bravo...

Era a imagem rija e vivaDe um Quixote em perspectiva !

Nem eras uma creanga !Lembravas, de esperto que eras...Um raminho de esperançaFeito de tres primaveras !

Mal o dia despertavaNo leito do avô nrir'O pequenito pulava!...«Anda, accoda p'ra cuspir !»

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"!" Actor brasileiro Fránklin Rocha

E fingindo zanga, o velho--"Mas que falta de respeitoVenha cít eom que direitoVem accordar-me, fedelho?...

Colérico, então, um pouco,O petiz, como a reagir :—«Que vôvô tao dorminhôco,!Nem accóda p'ra cuspir ! »

Era então, ver o velhinho iVoltar-se muito depressa,Juntando a sua cabeçaA'cabeça do netinho !

Para tal quadro esboçar,Nem tem tintas o arrebol...Lembrava blocos de sol,Brilhando em meio aò luar K

Era o zenith apagado,Junto ao fogo do nadir !Era a neve do passado,Ardendo á luz do porvir !

Porém, um dia o menino,Nao foi chamar o Vôvô:Porque o pobre pequenino,Também nao mais accordou !

E o Vôvô—fados'd'aléna !—Também ficou a dormir !E' que já nao tinha quemO accordasse "p'nv cuspir!"

Num baile :Uma menina para o seu garboso par :— O' Bnr. alferes, o senhor 6 tenente ou

capitão ?

Actor Affonso de Oliveira

Almanaque d'0 THE ATRO

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Tlaeatxo Carlos Gomes

Actor MACHADO (careca)

Almanaque d'0 THE ATRO

Una estudante de medi-cina faz exame em Marcoe sáe reprovado.

Passa no mesmo dia oseguinte seguinte tele-

gramma a sua família,que reside em Goyaz:

«Exame explendido! Oslentes ficaram satisfeitose tão enlhusiasmados quereclamam repetição doexame ena Novembro ! Parabens !»

A verdade aconselha e

não gaba.Dorat.

I Aclriz Carmen Ruiz

Actor Jorge Alberto iQuando usavabigode)

Amostra de um diccionariotheatral:

Actor:—Profissão da moda.Cokmsta: (macho)— Machina

conslante, sena exigencia de

plastica.Figurante: — Verbo de en-

cher.Scena i/effeito: — Prato.de

resislencia.Paxno [>e hocca;—Traço de

união entre dois mundos.Reprise :— Maneira dos em-

presa rio s dizerem que não

querem originaes.Syli.abada:— Certificado ar-

tis tico.

Um mancebo apaixonadodiz á uma nossa formosa actriz:

—Juro-lhe que seria feliz em

lhe consagrar a minha vida !— Não vale a pena,diz ella,

a bolsa é sufficiente.

I

Almanaque tTO THEATRO

0 Theatro, pilherioucom muitos artistas e emtodos viu a sua pilhériarecebida com sorriso.

Apenas nossos inimi-

gos ficaram: a Cinira Po-lonio, por intermédio doseu secretario particular,um tal Snr. Eduardo Ma-

galhães e o actor Fran-cisco Mesquita, a quemcomparámos ás andori-nhas de mudança, por-que o Chico não pára emEmprera nenhuma.

O Chico zangou-se e

quando nos vê em casado Ribeiro, disfarça, dámeia volta e vae sahindo

para não nos falar.Ingenuidade ouingra-

tidão, seo Chico ?

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Papelaria, Tinta, e muitos outros; Phantasias, Brinquedos, Objectos

[para presente, e. annexo um

Lindo Bazar de Bonecas

que até faz lembrar o Bazar do Mestra Hilário da linda opereta " ABONECA

" e <|ue é o enlevo das creanças ! Brindes a todos os com-

pradores !

Uma visita, pois, ao BAZAR NACIONAL

Almanaque cTO THE AT RO

Joao Caelano

Não só a Argentina nos invejae deprime, leiam o que escreveuErnesto Biester na «Revista Con-temporanea Portugueza» quandoem 1860 o nosso glorioso patrícioJoão Caetano dos Santos, debutouno theatro Normal de Lisboa. Diz o

j chronista Biester:«Resta-nos inscrever na chro-

:: nica os acontecimentos theatraes.

| Foi um deites a apresentação deJoão Caetano dos Santos, na scenado theatro Normal.

Não lhe pertencem as honras

que se conferem ás grandes ceie-bridades artisticas, mas, cabem-lheos louvores com que se animam asboas vocações.

Aquetlas tributam-se única-mente ás Alboni,ás Ristori,ás Stoltz,aos Listz,aos Levassor,aos Thalbeg,

por que manifestam o esplendor do

gênio e symbolizam a perfeição.E' portanto uma distancia que a cri-tica deve reconhecer e acatar. Se onão faz prejudica-se e prejudicamuita vez o artista.

João Caetano dos Santos é umactor de talento e o publico applau-diu-o sinceramente porque lh'o re-conheceu.

j Depois", era um hospede, e umhospede que havia prestado rele-vantes serviços aos nossos irmãosno Brasil. Todas essas condiçõesasseguravam-lhe o triumpho, e ob-teve-o completo.

Diremos agora as nossas irn-

pressões, francamente.João Caetano dos Santos é, re-

petimos, um actor de talento, masda mesma escola a que pertence odrama que escolheu para se apre-

sentar entre nós, que foi a Dama de. 1 rapes,.

Na data desta producção, queé muito antiga,está a data da escoladrama tica de João Caetano dos San-tos. Apezar do theatro no nosso

paiz não haver chegado ao aperfei-çoamento da escola moderna emFrança, apresenta já um reflexodessa escola,ostentando muito lison-

geiro adiantamento, que bastanteconcorreu para mais sensível tornara declamação do artista brasileiro.

No desempenho da Dama deS. Tropez, teve João Caetano beltosmomentos e excedentes rasgos, quelhe promoveram espontâneos ap-

plausos,e justificaram o seu incon-testavel talento. Falta-lhe, porém, anaturalidade na palavra, a justezanas intenções, o mimo na diccão.>Nos lances afflictivos e nas situa-

ções violentas é que mais brilha; nodialogo tem pouca verdade e muitasincorrecções.

Depois de lhe notar os defeitose as qualidades, concluiremos sus-tentando o que dissemos, queJoão Caetano dos Santos é umavocação brilhante e um talento ver-dadeiro, mas está longe de ser umartista modelo».

Felizmente o tempo não confir-mou o prognostico desairoso deErnesto Biester e todos que o viramtrabalhar,portuguezes e brasileiros,dizem—una você — que não se tra-tava de — um artista, mas de — um

gênio!

Um tenente do marinha escreveu á filhad'um contra almirante o seguinte bilhete:

«Gentilissima senhora : poderei içar aminha bandeira na ilha divina de .seu cora-çao ?>

A moça respondeu :— Mil vezes obrigada. Essa ilha já está

eob o protectorado de meu primo, o capitãoRoberto.

Almanaque d'0 THEATRÒ

^11"

Todas as Senhoras

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Almanaque d'O THE ATRO

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il^^^MjWBff^HaPgMWafe.jWPSl^afe^^A-' ;*

IH ¦ ;i, !(*%¦; -

Algarotti, antigo com-

positor veneziano, conta

alguns dos costumes do

seu tempo, que não dei-

xam de ser curiosos.

Assim diz-nos elle,

que o publico de Ve-neza aristocrático e pa-tricio, ia a Opera mas-

carado e disfarçado«para ter maior liber-dade» e para mais á vou-

tade fazer barulho ou o

que lhe aprouvesse.

Quem estava nos ca-

I marotes, tomando comoalvo os chapéos dos da

platéa.fazia bolas com ocebo das vellas da illu-minação, e, rompia umtiroteio em regra. Ou-tros, entretinham-secuspindo sobre os hom-bros das senhoras ou ascarecas dos homens queestavam em logar maisbaixo.

Prompto a enthusias-mar-se entretanto, este

publico, em vez de ap-

plaudir gritava aos ar- ============listas:

Bravo... Anda-me assim!...Deus te abençoe filho... Bemditossejam, os teus progenitores !...

Os actores respondiam com sor-risos a estas invectivas e postos á

vontade com taes manifestações, co-meçavam de cavaco com o ponto e

com o regente de orchestra. Acon-teceu mesmo um dia, um actor to-mar a sua pitada e offerecer rape a

um espectador amigo...

Que se diria, santo Deus, se

1 hoje ainda se usassem taes costu-

mes ?!...

p flntonio Rflarques

Para a declamação cômica, toda

a habilidade consiste na naturali-

dade e na pratica do mundo ; ora a

naturalidade não se ensina e a pra-tica da sociedade não se estuda.

Marmontel.

Feliz d aquelle de quem tanto se

espera, que merece conselhos e quenão tem o tolo orgulho de crer quenunca se engana.

Clairon.

Almanaque d10 THE ATRO

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Almanaque d'0 THE AT RO

Prophecias

Dizem de Londres :

«Temos aqui um concurrente do fa-moso «Old Moore», o autor do Alma-

nacli Prophetico: chama-se Zadkiel, e

quiz antecipar o seu rival para o anno de

1906. Num prefacio que redigiu, paraapresentar aos seus leitores o seu alma-

nach A vos, dos àsiros, recorda que foielle o primeiro que antecipadamente an-

nunciou a guerra russo-japoneza.

Eis o que elle annuncia agora por or-

dem chronologica:Janeiro — O espirito revolucionário

tomará um desenvolvimento inquieta-

dor no exercito e na marinha russos.

Fevereiro—Agitação poliüca na Gran-

Bretanha.Março — Situação politica bastante

tensa em França.Abril—Os soberanos da Rússia e da

Prússia terão de atravessar uma crise

gravissima.Maio — Discussões religiosas entre

Londres,a Bélgica e os Estados Unidos.

Junho—A discórdia afflige a Áustria.

Podem produzir-se scenas violentas na

Hungria. A família dos Habsbourgex-

perimentará algumas perdas.Julho—Guilherme II terá a sua saúde

alterada e os seus projectos serão con-

trariados pela influencia da lua nova.

Agosto—Os homens de Estado ingle-

zes podem esperar um acontecimento

Setembro — Dão-se scenas violentas

na Turquia. O czar e o rei da Hespanha

experimentarão a má fortuna.Outubro—Accidentes terriveis de ca-

minhos de ferro e de automoveis.

Novembro—O planeta Marte desola

os soberanos da Allemanha, da Áustria-

Hungria e da Rússia,

Dezembro—Grande agitação na Bolsa

de New-Yoik por causa das acções dos

caminhos de Ferro.»

S- PAULO

José Vieira Pontes

O propagandista d 'O The-

atro em S. Paulo. Intelligenteescriptor,fanatico por tudo quediz respeito ao theatro,o Pontesé também um rapaz honestis-simo e a alma da importante li-vraria Teixeira d^quelta for-mosa cidade. Foi elle o pacientee hábil organisador da Lyra7 heatral, Lyra popular brasi-leira e desse interessante livri-

nho O Theatro das creanças,verdadeiro repositorio do queha de mais precioso no assum-

pto.Agradecendo ao Pontes o

exemplar que nos enviou,_ re-

commendamol-o ao publico,que o poderá obter fazendo o

pedido para a Livraria Teixeira

da rua S. João 4, S. Paulo.

Almanaque d'0 THEATRO

Aetor BRANDAO

(Mo no logo para crianças, original de Pedro Bandeira)Fazer unnoa ê toliceQue uinguem deve fuzcr IE a mama — a meu ver ! —'inda menos que uinguem !Podiam todos crescerE ter todos muita idade...Mas a mamfte, na verdadeFicava assim muito bem!

No ella parasse e ficasseSempre assim nova e bonita,K se Deus lhe désse a ditaD'a88im estar, até morrer...Que bom ! Que bom que seriaTinha graça... Era ratão !...Ella assim... E eu entãoSempre a crescer, a crescer.

E depois — passados annos —D'aqui a trinta ou quarenta,Eu, já velha rabugentn,Eila sempre sem crescer !...Eu seria então rnâe d'ella.Depois avó — se pudesse ! —E eiítao ?... Se Deus quizessePodia muito bem ,ser !

Eu trazia-a sempre ao collo..Dava-lhe doces .. «bombonsE vestidos muito bons...Dava-lhe IHjos sem fim !...Mas,se ella fosse máE me faltasse ao respeito...Levava surras, aeito,Como ella, me faz a mim !.

m

Almanaque d10 THE AT RO

Digo *?..

(Monologo de Pedro Bandeira, repertcrio do actor Ignagio Peixoto)

Actor Brandão Sobrinho

Digo?... Digo?... Não! Não digo !

Mas... se querem promêlter,

Que nem mesmo a um amigo,

A ninguém, o vão dizer...

Escuso de estar com medo ?

Não correrei nenhum perigo ?

Promettem guardar segredo?...

Pois então... sempre lhes digo:

«Hontem o»... — Emfim, eu creio,

Que não farão trapalhada !... —.

Eu 'stou com certo receio !

Não-digo ! Não digo nada !

Eu sei lá, se alguém ahi,

Que seja meu inimigo,

Irá dizer: «Eu ouvi!

Foi Fulano !» Não ! Nao digo !

Mas que idéia! Que tolice

O que estou eu a dizer !

Quem teria a pateticeDe me ir compro me ttcr ?...

Em gente de educação

E todos tão bem, commigo...

Devo dizer ! Porque não !

Vão sabei-o ! Já lhes digo !

«Hontem o»...—Parece peta

E isto até custa a crer ! —

Então ?... Então ?.'.. Seu pateta !

Yocè o que vae dizer ?

E se depois lh'o dissessem ?...

Vinha logo ter commigo !...

Pois gostava que o soubessem !

Digo ?... Digo ?... Não ! Não digo !

Actor Samuel Rosalvo

I

¦*>

Almanaque d'O THEATRO

ELLE E ELLA

(Monologo de PedroBandeira, recitado peloactor Campos )

Elle c elta...

Poesia bem singelanephelibata,muito sensata;

Que sahiu sem vaidade,da mioleirado meu confrade,Pedro Bandeira...

Elle e ella...historia tão singela!...Elle e ella,

olharam...Gostaram...Casaram!...

Viveram algum tempo, semsombra d'azedume

como de costume...

Mas numa bella manhã por umbom sol de estio

ella... fugiu !...E elle ficou sósinho, mudo e

quedo,— como um penedo —a chuchar no dedo !

Mulher infame!Oh ! Ninguém a ame,

pra que não gramealgum vexame

que o diffame !Mulher infame!

E elle choraainda agora !E elle choraa toda hora!E s'elle choraé porque a adora!...E emquanto chora..Eu vou me embora,

por aqui fora!

enctv\es ào

sÊÉ$>€8Hk«

Dragão - o reformador

Um actor entra num botequim e diz melodra-maticamente :

De irie um copo de Lethes, d'um vinho emque eu possa afogar minha memória.

N'essa nfto caio eu, a primeira coisa deque se esquecia era de me pagar.

Almanaque d'O THE ATRO

Martins Penna e Teixeira de Freitas

Ao leitor surprehenderá, talvez,

a juneção daquelles dous nomes no

alto de um artigo.Na biographia do grande júris-

consumo brasileiro, que acaba de

ser publicada pelo Dr. Manoel Al-

varo de Souza Sá Vianna, figuramas seguintes tinhas :

«Narrando em amistosa pales-tra, ao Dr. Tristão de Alencar Ara-

ripe Júnior, esta interessante nota

do caracter do Dr. Teixeira de

Freitas (1), segundo versão de pes-soas que com elle sempre privaram,

foi ella confirmada pela informação

que em seguida transcrevemos. Pe-

dimos ao itlustre homem de lettras

que por escripto dissesse aquillo

que de viva voz nos contava.Accedeu boamente,sem descon-

fiar ao menos de, certos da sua pro-messa, estarmos já na intenção de

enriquecer este livro com uma pa-

gina devida á sua esmerada pennae ao seu brilhante talento.

Eis o que nos disse o Dr. Ara-

ripe Júnior:«A informação me foi fornecida

pelo fallecido actor Francisco \ as-

ques.Fatlava-se deMartinhoVasques,

que deixara o theatro para empre-

gar-se como cobrador de uma casa

commercial, desta praça. O irmão

Francisco exaltava as altas quali-dades cômicas de Martinho, de

quem, dizia elle, não sabia o quemais admirasse, s>i a vis comi ca, si

a grande sympathia, que o tornavaindispensável á platéa fluminense.

(1) A nota é a seguinte : «Rir para elle(Teixeira de Freitas) era unia necessidade,um desafogo ã aridez dos trabalhos, umrepouso ás aturadas meditações e longasvigílias.

— O poder desse actor, accres-centava, sobre o publico era tama-nho,que bastava vêrem-lhe apontaro pé dentre os bastidores para queos espectadores rompessem numa

hilaridade inextinguivel.Martinho Vasques desempe-

nhava quasi todo o repertorio de

Martins Penna: o Irmão das almas,

o Judas cm sabbado de Alleluia, o

Noviço e outras peças, que fizeramo encanto da passada geração.

Ora, no Rio de Janeiro havia

devotos, não só d'aquelle comedio-

grapho, como do actor, o qual ex-

cedia a todos nos monologos e nas

scenas cômicas, em que se retra-

tavam typos das ruas, conhecidissi-

mos do theatro.

Teixeira de Freitas, referiu-me

o dito Francisco Vasques, pertenciaao numero d'aquelles devotos.

Apezar de occupadissimo_ e

completamente estranho á vida

theatral, apezar de viver recluso,

em sua casa, entregue aos árduos

estudos de jurisprudência, o grande

jurisconsulto, toda a vez que via

annunciadas as peças de Martins

Penna por Martinho Vasques, lá

estava na platéa,antecipando o pra-zer, que lhe davam as forças do

autor nacional executadas pelo ar-

tista que mais lhe agradava.

E era tal o effeito produzido

petos gestos daquelle comico, quedava escandalo na platéa, rindo-se

estrondosamente, até ás lagrimas.

Não conheci Teixeira de Frei-

tas,mas por outras informações rela-

tivas á sua indole, julgo que teria

sido dotado de um caracter simples,

tolerante, prazenteiro, senão inge-

nuo nas suas relações particulares.Esta sua predilecção peta farça,

junta, a disposições infantis para a

hilaridade franca e descomposta,

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Almanaque d'0 THEATRO

Aclriz Vittorina Cesana

Uma historia verdadeira, ainda

|| que inverosimil acerca do fallecido|j actor inglez Henry Howe e que, for-|j

ma um contraste frisante com o que|| se sabe dos sala rios exagerados quereclamam os actores de mérito me-diocre:

Pouco tempo depois de Henry

( Howe enviuvar, este foi ter com Ir-

;| ving o grande trágico - emprezario

|l (que não ha muito tempo também,foi-| se para a mansão celeste) e declarou-

lhe singelamente, que sendo muitoI restrictas as suas necessidades, en-|| tendia que os seus serviços eram de-I masiadamente remunerados.

J; Reduza á metade o meu orde-j| nado lhe disse elle, e ainda ficareiíj muito bem pago,para os serviços que| presto. Henry Irvingrespondeu-lhe.

j| Ha só um homem em toda In-I glaterra que possa avaliar em pouco,

j| o mérito de Henry Howe e esse ho-

Actor comico Leonardo .mem á 0 próprio Henry Howe. Porisso o teu salario será sempre o mes-

... , ... ~ ijmc?' ao dia em que o pannod» rHHn»

'U p 6 il autoridade caia.s°bre o ultimo acto da tua exis-¦tf tencia... E foi jeito como disse o lealf rancisquh 3arcky J| interprete de Shakespeare.

n um homem de hábitos sedentáriose austeros e de tanta respeitabi-lidade, obrigam-me a crer que elletinha um coração cheio de bondadee recto, como sempre se mostrou oseu espirito na orientação jurídica.»

As gargalhadas do autor daConsolidação das leis são títulos degloria para Martins Penna.

A . A .

Almanaque d'0 THEATRO

da minha Estrella !

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• A'martaque cTO THEATRO

/./A

Maria Falcão

jEm Lisboa, a 4 de Novembro

de 1874, nasceu a actriz Maria Fal-cão.

Ainda muito nova, fez a suaestréa no theatro Príncipe Real, na

peça Os Lazaristas, salientando-sedepois, na Dali/a^ Noites da índia.e no «Delfim» da Maria Aníonietta.

Apenas com i4annos, veio aoBrazil, fazendo parte da companhiado Príncipe Real, e desempenhandonesse iournée, o repertorio de Ade-Una Abranches.

Voltando para o D. Maria, emLisboa, salientou-se principalmenteno Velho Thema e Leonor Telles,pe-

ças de Marcellino Mesquita, Casa-meti to dc Olympia, e muitas outras.

Passou tres annos entre nós e

quando voltou para o seu paiz acom-

panhou os Rosas e Brazão, na suaida para o 1). Amélia.

Em 1900, voltou ao Rio, indotrabalhar no theatro Lucinda, comos seus collegas do «D. Amélia» eentre outros papeis dignos de desta-

que figura ode Emilliinha dos Ve-

Ihos, em que Maria Falcão mereceudo publico e da imprensa os mais

justos e merecidos louvores.Ainda nessa época fez o reper-

torio da mallograda Georgina Pinto,

jque se desligara da companhia se-duzida por Carlos de Oliveira para

ja companhia de Lucinda Simões.Depois desta temporada, Maria;

I Falcão tem vindo seguidamente aoBrazil como primeira dama das Em-

presas que Eduardo Victorino orga-nisa. Ainda este an.no será ella alestrellà que brilhará ao lado de1 Eduardo Brazão, no Apollo.

- —:• ~ ¦ ==

j Umbomactor, com bons cos-tumes, deve ser considerado como

j um ente apreciavel e tão agradavel|á sociedade como necessário a ella.

De Vaurií.

Capiilarina I

Único e infallivel

TONIFICANTE

para a queda do cabeilo

üasaoncellos >5^ fêimas

Receber dinheiro do publico esubmetter-se ao seu juízo não é coisa

que humilhe. Não ha mais vergonhaem fazer pagar os logares no theatrodo que as tribunas nas igrejas.

P. A. Lavai.

Entre cem bons actores talvezapenas se encontre um bom comme-diante.

D'H ANNET A IRE.

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Atmanaque (TO THEATRO

(inosso predilecfo actor fiingir-se de jjtao remo^ado, que quem o nao co- j

JJ|p jnhecesse tet-o-hia por tun rapa-

Souza Bastos da-nos a data pre- ;

ty/ cisa do sell nascimento, que foi em

Jjr 1839, e explica-nos que todos 0 jut-I gavam velhissimo, tal qttal o vinho

[do Porto do Macedo, por ter side

1 mo<^a na utiprensa chamar-lhe de

fay \wvM\l) velho, para 0 arreliar.

yl \y j I'/' Vottou ao Rio de Janeiro em

7f / igo3, fazendo parte da companhia

I / IJose Ricardo, que trabalhou no

7 yr -theatro S. Jos£, mas como possuia

aqui grande numero de admiradoresfez 0 seu beneficio no theatro de SaoPedro de Alcantara, que entao se en-

WH* Silva Pereira cheu a cimhn.r 01 um bom artista e um homem

NSo eram propriamente tra^os ds bem.biographicos que aqui deveria- Paz a sua alma. L. H.mos deixar, mas umas tagrimasde saudade, sobre a campa que fe- cchou para sempre os restos mortaes . eLl acreditasse que a arte dra-

de Francisco Teixeira da Silva Pe- era incompativel com os sen-: reira. timentos de honra e de lealdade com

Quem ha por ahi que contando 9ue *9^° 0 homem honesto se deve

| mais de quarenta annos de idade, H|°yillcar? abandonat-a-hia imme-

| nao se lembre do Silva Pereira, dlatamente.

! d'aquelle que ao lado do Valle nos Preville.,i deutao boas noitadas no Gymnasia? ¦

Do actor Silva Pereira, nscado CASA NORDER — Ouvidor,actualmente do rot dos vivos,nao con- qy— Especialidade em bonbons fi-senteque falemosoacanhadoespa^o n0Si balas embrulhadas, caramel-deque dispomos. da sua estrea, do os e[Ci — Proprios para theatres,micio da sua carreira de artista, di-zendo apenas que a sua ultima ere-

r""~ • —

39^0, antes de regressara patria, foi Certos actores nao sao mais doo Piper I in, representado no Re- que machinas bem construidas, de

I creio Dramatico. que um homem habil sabt- fa^er mo-Quando estivemos em Lisboa, ver todas as molas e cordelinhos.

em 1902, fomos propositalmente ao Nao seise taes machinas bem diri-theatro da rua dos Condes, para gidas sao ainda assim preferiveis a

| vel-o, no Cao do Inglez. alguns actores indoceis que por guiaEstava casado,sua mulher,111093 so tem um orgulho tolo e uma tei-

e bonita, entrava igualmente em mosia ridicula.! scena, mas metteu-nos pena vero| D'Hannetaire.

II

Almanaque d'0 THE AT 110

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Almanaque cTO THEATRO

Actriz Pepa Ruiz

E1 tão conhecida do nosso pu-blico, esta artista, que só o seu nomevale uma biographia!

Quando nos seus tempos au-reos, mais corações conquistava,chegaram a cognominal-a ae archi-graciosa.

Dos seus traços biographicos,algures publicados, consta que nas-ceu em Badajoz (na Hespanha), po-rém aos seis annos de idade vierapara Lisboa, em companhia de suamãe e de sua irmã Mathilde, con-tractada como corista da companhiade zarzuela «Zamacois^>, e depoispassou ao theatro da Trindade.

A sua apparição em scenacomo actriz data de 1875, fazendouns pequenos papeis n uma revistade Souza Bastos, montada no thea-tro da rua dos Condes.

Representou ainda aili numamagica e algumas comédias, se-guindo depois para o Porto.

Em 1879 reappareceu em Lis-

boa e como tivesse feito bastantes

progressos foi muito applaudida e

festejada nas revistas de 1879 e 1880,além de diversas operetas e vaude-villes em que tomou parte.

Em 1881 partiu para o Rio deJaneiro, fazendo grande successo naMascotte e outras operetas,voltandonovamente a Lisboa em 1884.

De 1885 para cá, em que per-correu todo o sul do Brazil, até 1894,

fez Pepa constantes viagens, an-dando nos transatlanticos da car-reira, repetidas vezes, até que n'esteultimo anuo, fazendo do Tim-Tim,o seu cavallo de batalha, por aquise tem conservado.

Pepa é ainda uma bella actrizde revista : veste com muito gosto,,tem boa plastica e diz o couplet com

(a dose sufficiente de sale pimenta,únicos ingredientes que explora amaioria dos autores d^iquelle ge-nero de peças.

O piano foi inventado pelo padreWood, monge inglez que vivia emRomano anno de 1711. Depois deárduo trabalho conseguiu construirum instrumento quasi perfeito quevendeu a Samuel Grispi, o afamadoauctor da Virgínia. Crispi por suavez, vendeu-o a Faulke Greville (oconde Carli diz que foi a Bartho-lomeu Christofori) de Padua, em1714. Os francezes reclamam a in-venção do piano para o seu compa-triota Marins de Paris, que, dizemelles, o inventou em 1716. Os alie-mães querem para si a invenção queattribuem a um tal Schroeder queapresentou o primeiro piano aper-

jfeiçoadono anno de 1717, quando

[apenas tinha 18 annos de idade.

Almanaque cTO THEATROMf.- òft {,U

(Bompan\ia u^guia

de ©yro" do ^Popío

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Actor Carlos Shore

Nasceu em Lisboa a 2 de Junhode 1871; estreiou-seno Porto na peçaBicha de Sete Cabeças,passando-sedepois para os theatros Avenida eGymnasio de Lisboa. Veiu já porduas vezes ao Brazil e agora fazendoparte do theatro Águia de Ouro, doPorto,foi contractado pelo actor-em-

prezario Rangel Júnior, a acompa-hal-o na presente tournèe ao Brazil.

Poucas mulheres sabem conservar notheatro a nobreza de sentimentos queaffasta as tentações baixas, e, perden-do-se fazem reviver um prejuízo ao qualellas são as primeiras a dar razão.

Carolina Van-Hove

Actor José d'Almeida

Nasceu em Lisboa a 14 de Ou-tubro de 187b e estreiou-se no thea-tro Príncipe Real, de Lisboa na peçaOs piratas de Savana. Passandodepoispara oGymnasioahiesteve atéterminar a empreza de José JoaquimPinto. Veiu ao norte do Brazil em1903 e em 1904,com Lucinda Simões.Voltando a Portugal, foi fazer parteda Companhia Águia de Ouro, doPorto, que o actor Rangel Júniorcontractou para vir ao Brazil.

Os que apenas»são aprendizes na ar-te de declamar, não deveriam expor-nos a que os ouçamos, porque,se possi-vel fosse, dever-se-ia ser mestre logo á

primeira vez que se falia em publico.L. Riccoboni.

JENS SAND & Ç.Telephone 1.352

Cestas, Ramos e Grinaldas de Flores Naturaes, feitas com apurado

gosto para Casamentos, Bailes, Festas e Theatros. Coroas e Grinaldas

para enterros, finados. Encarregam-se de ornamentações para mesas dejantar, festas, salões, banquetes, ruas, etc., etc.

45, RUA DO OUVIDOR, 45 — Rio de Janeiro

Almanaque d'0 THEATRO

Thealro Infantil

CftBRfí CÉGA

Adaptação brasileira da opereta "Mosca Cieca'1 em 1 acto original italiano de Alberto

Çriacomeli musica de Emiho Biancni.Adaptayâo de Raul Pederneiras

1897PERSONAGENS

Procopio — dono do hotel "Flor do PirahyJoão — creado do hotelLord Waterproof — inglez ludambulo. ^Justina estudantil de direito, irniâ de GalenoPythagoras — estudante de engenhariaGaleno — estudante de medicinaI Camarada2' CamaradaCoro de matutos, tropeiros, camaradas, etc.

ACTO ÚNICO

Sitio proximo de Piraliy, <1 direita o hotel "Flor do Pirahy'', á esquerda, me.su rústica

6 bancos. Ao fundo o rio Parahyba. - E' manha, ouv-se o chiar dos carros de

bois — Vozes ao longe.

Ml.. IImb

SCENA I

Côro interno

Accorda rapaziada,Kasta de somno, que 6 dia;E esta vida reinadiaToca, toca a começar.Pela fresca madrugadaNfto lia maior alegriaDo que ir íi hospedariaQualquer cousa manducar.

SCENA II

Lord Waterproof (acompanhado porum camarada que lhe traz as bagagens).

Lord {sotaque inglez) Aôh ! kstar

vc-ry esplendida natureza Brazil! Faz

sempre uni sol e uma calor de torra

perriquites! Caminhos cheios de covas,

pontes cheias de caminho ! Goddam !

Minha pobre caballo foi n'um poça e —

patatra/.! —quebrou um costella e eu. . .

também estar com espinhela cabida !

(Ao camarada) Onde estar eu ? (lendoa taboleta) <?IIotel Flôr do Pirahy» —

Very Well ! — Ao menos mim pôdedescançar emquanto espera cura caballo— dá cá tudo iste [dá gorgeta ao cama-

rada que deixa as bagagens e sae) —

I (bale d porta) O' de casa! Inda estardormindo? — Ninguém responde? Eh!

I Alberguiste! Hoteleiro! Não ouve?Isto estar Instituta Surda Muda ? {ouve-se proximo o ciliar de um carro) Sho-cking! Esto nào estar harmonia nature-za Brazil, esto estar pior que piano vi-sinha em minha terre !

SCENA III

O mesmo e o Coro de camaradas e, tropeiros que vão d feira, levando gene-ros; depois Procopio e João,

Coro

Tocar para a feira a sec coNão convém a um povo rico;Antes de chegar ao beccoVamos já molhar o bico.

(¦vendo Lord)

Meu senhor, muito bom dia.Lord (/aliando) Yess, good mor-

ning.Coro

(Quem será ?)Lord (td) — Do Vou speak english?

Almanaque d10 THE AT RO

Coro

(Ave Maria !

Que cara ! O que quererá?)i.° Camarada

Vemos que sois illustre figurão

Senhor inglez, senhor do beefsteack

E aqui fazemos a saudaçãoNum bem curvado salamaleque.

Coro v

Vemos que sois illustre figurãoetc.

Lord — Oh yess! yess, perfeitamen-te.. . . mas mim querer. . . aquella ho-

mem, aquella individua que estar dentro«Flor» (indica o hotel).

i,° Camarada—O que? Poeta?Lord-Nô. Como chama você o ho-

mem que dá. . (signal de comer e beber)

20 Camarada—Ah! Percebo--Querfallar ao Procopio.

Lord—Procope, Procope (toma nota

ri um canhenho), não sabia que tinha

esse nome.i° Camarada— Procopio é o nome do

taverneiro.I.ord—Oh! Yess, mim querer taver-

neire./.° Camarada —Vae ser servido.

Procopio ! ó seu João !/•-* ^toro

Procopio ! ó seu João !

i.° Camarada

O viajante chama!-—O malandro patrãoInda estará na cama?!

Côro

O malandro patrãoInda estará na cama?—Mas para um dorminhoco,Receita um bom doutor,Não ha despertadorMelhor do que um bom sôcco!

(Dão soecos d porta do hotel Gritaria.—Lord afflige-se e tapa os ouvidos).

Procopio (abrindo a portei) Cá estou,cá estou

João (apparecendo) Cá está e cá estou.Procopio (puxando-lhe a orelha)

O que fazias, patife.João— Uê! Eu dormia. E o patrão ?

Também . .L^rocopio — Alto lá ! Commigo outro

gallo canta. Eu sou patrão e tu simplescreado ..

João — Uê ! A lei é egual p'ra todos,o senhor não sabe d'isso ? Isso está es-cripto nos papeis do escrivão do tribu-ná, não se alembra ?

Procopio - Sim, . . sim,. . . não falle-mos n'isso.

João—E eu era testemunha, o patrãoera accusado

Procopio—Cousa á toa, bagatela, ni-

nharia.

João -Uê ! Ninharia ?! Zurrapa é queaquillo era, que vosmecê queria impin-

gir como vinho. — esprito, agua, assu-

era, tinta roxa e outra droga de nome

arrevezado. . . e era vinho aquillo,

ahn ?Procopio — Era uma esplendida in-

venção, uma descoberta digna de re-

gistro na junta. . .

João—Correccional ?Procopio — Bom, bom, deixemos de

palavrorio.I^ord (approximando-se) Yess, se-

tihor patrão.Procopio —Vosmecê manda ? Madei-

ra, Porto, Campeche, —que vinho ?

Lord—Só bebo agua ?

João—Uê 1 Querem ver que é aquelle

padre allamão disfarçado? Aquelle quecura com agua e que faz guerra ás be-

bidas ?Procopio — Cala-te, que, se a moda

péga, fico arruinado.Lord — Deixa elle fallar ! (batendo-lhe

110 hombro) Mim ser membro da so-

ciedade protectora dos animaes. Eu não

bebe vinho, mas já bebi muito, ó yess,muitissimo, e agora fiz voto aquatique...

Almanaque d' O THEATRO

Procopio 'aparte)

Que voto aguado !Lord—. . . voto de sobriedade, por-

que mim pertence á sociedade de tem-

perança...Procopio {aparte) Que destempero !Lord—...o. como mim pertence á

sociedade de temperança só bebe aguae chá temperado.

Procopio (coçando o queixo,d parte)Máu negocio — (a/to) Mas, afinal, o quedeseja ?

Lord — Quero descançar emquantocavallo está se curando, quero ainde

{signal de comer) e um chicara de chá.Procopio — Muito bem. (a J.) João,

acompanha este senhor e prepara o cháJoão {baixo, a Procopio) Uê ! Bonito!

Onde vou arranjar chá ? Só se for chá.de. . .

Procopio {baixo, fazendo signal de secalar) Bico ! O verdadeiro chá nasce naChina; aqui se dà chá de tilia ou de sa-bugueiro, palerma !

Lord — Antes de tudo, eu querer so-cego e presteza serviço.

Prccopio — Fique descançado, estemeu creado saberá entretel-o, ê muitodivertido, conversador; .. faz rir as

pedras.Lord—Eu não rir.João-Uê.L^ord— Eu não rir nunca mais ! Va-

; mrs, sinhorr John (entra no hotel. Joãoleva as bagagens).

SCENA IV

Procopio e coro.

1.° Camarada — (j' seu Procopio, en-tão nós não somos da mesma massa doinglez, hein? Não se pensa na gente,não se falia com os pobres.. .

Procopio — Perdão, perdão, estavadistrahido. Estou ás suas ordens

2.° Camarada — Depressa, vinho doPorto, feito em casa. Temos de ir áfeira do Quiririm vender alguma cousae é um pouco longe ; precisamos molhara palavra.

Procopio — E' n'um pulo {entra e vol-ta com uma garrafa de vinho e algunscopos).

Coro

Patrão, enche o martellinhoDe balsarnico licor,Pois se grande é o caminhoNossa sede inda é maior!Um codorio de bom vinhoDá-nos força e dá vigor ;Este então é bem feitinho,— Feito cá pelo Senhor —E' beber mais um pinguinhoDo balsarnico licorPois se extenso é o caminhoNossa sede inda é maior.

( bebem )(apregoando)

Vae cajú, jacú, jacaVae cajá, vae gurumguba,Vae chuchu, xumby, jacuba,Vae muqueca e mungunzá!

Procopio — Muito bem, muito bem,...mas—aquillo? {signal de dinheiro).

i.° Camarada — Aquillo o que ?Procopio — Aquillo com que se com-

pram melões.2°. Camarada—Aquillo com melões?!

Não temos para vender.i.° Camarada — Só vendemos melões

sem ser a kiloProcopio—Fallo do quibuscumque.1.° Camarada — Só temos qui ..m-

gombô.Procopio - Perdão, fallo do cobre do

vinho.2.° Camarada — Ah ! O vinho tem

cobre ? Pois. . .Procopio — Dinheiro pelo vinho que

beberam./ 0 Camarada — Ah ! ComprehendoNa volta, na volta, depois da feira2.° Camarada — Depois da segunda

feira . .

Coro (sahmdo a cantar em pregão)Vae cajú, jacú, jacá, etc

Almanaque d'0 THEATRO

SCENA V

Procopio, depois Jmtim, Galieno ePylhagoras

Procopio — Sim senhor, começa bemo negocio hoje ! Um inglez ,que bebeagua e esta tropa que bebe vinhofiado . . —Se eu fosse desconfiado..Mas esperemos negocios magros porora, depois o dinheiro roda a rodo(ouve-se a voz dos estudantes que can-tam acompanhados de violão e guitaira)

Somos tres garrulosBons estudantes,Bellos instantesA approveitar.

A féria célereNossa alma adoça,

E pela roçaVamos folgar !

Gosando o interminoRio Parahyba,Na pindahybaCá estamos nós.

—Gosar bohemioEm liberdade,

Que a mocidadeCorre veloz !

(entram, trazendo os instrumentos atiracolo)

Somos tres garrulos{Etc. até o 8.° verse)

Pylliagoras—Emfim, cá estamos| J as tina - No Cairo ? Em Jafta ? Em

Macacú ? Na China ?i Galeno- Pobre menina ! — No hotel

Flor do Pirahy.Justina—Tanto melhor. O ar tepido

e balsamico despertou-me o buccolis-mo. . .

Pytliagoras — Despertou-me o appe-tite. . .

Galeno Uma fome. . .Justina - Uma sede ..Procopio'(alto) Sede... bemvindos!

baixo) freguezia nova! {alto) O que

ordenaes, vou já á cosinha {d parte)não me parecem capadocios, devem serviajantes alegres que não olhatn a des-pezas (vae a sahir, apressado)

Galeno- O' moço.Prccnpio - Com licença, é um instan-

tinho; mando cá o creado (entra nohospedaria).

SCENA VI

Os mesmcs, menos Procopio

Gahno—O' moço, ó moço ! Então ..Pylliagoras—Deixal-o ir, ouvio fallar

em fome e sede . .Justina— E comprehendeu que que-

riamos merendar.Pytha goras— Provavelmente.Justina—Por fallar em probabilidade:

vamos á prova . . dos nove, (a Galeno)ó mano, quanto temos em caixa ?

Gale?io— Ahi é que pega o carro, acaixa está . . ou por outra, a caixaé. . ou melhor a caixa .. foi-se.—Está na razão inversa do appettite, esteé máximo e a caixa é minima, ou me-lhor : zero, redondamente zero. [dra-ma tico) «E' horrível ! Mas é a puraverdade !»

Trio

Somos tres caiporissimos!Somos tres quebradeiras!A tres vazios estomagosVazias algibeiras !

Um tal suplício TantaloPudéra supportar ?!

Este problema algebrico:Comer sem ter pataca,Torna nossa alma tetrica !Ao ver tanta macacaCaem por terra os cálculos !Para quem tppellar ?!

Pytliagoras

Porém se falta á bolsaÜ reluzente bago,

Almanaque d'0 rl

HE ATRO

üii d-MlIr—jr

Caso tão aziagoConvém afugentar. . .A fome não tem regras,Em paz fique o bestunto.—Um naco.de presuntoVirá mesmo ao pintar !

Frio

Porém se falta á bolsa, etc.

SCENA VII

Os mesmos e Joâo

Jcão (foliando para dentro) — Sim,senhor; perfeitamente, não ha duvida

(vindo ao proscênio). O patrão me re-commenda olho vivo. Uê! Por causade uns gajos que foram á feira. . . (ou-tro tom) Preparemos aqui a matolota-

ge do milord inglez que qu^r comerao ar livre. Mania de inglez . . {vaedepor na mesa uma bandeja com me-renda completa).

Pythagoras — Com licença, cidadão,

para quem é isso? —Permitte? (tira umsandwich c come),

Galeno - Se não lhe causo incommo-do . . (mesmo jogo)

¦ladina—E se não causo transtorno.

(mesmo jogo)J< &•> — Uê ! Meus senhores, é licito

pedir e perguntar, mas esperem a res-

posta ! Esta liambrada é para um se-nhor milord inglez.

Pythagoras — Chame-a de Sandwich,é mais elegante, mais correcto.

João—Menos correcto é o seu proce-dimento !

fustiiui — Ora!—Nada custa voltar áCosinha e preparar n'um ápice outra

porção de sandwich para o senhor

I inglez . .

João— Tem razão, tem razão, (outro

j tom) aqui para nós, é um esquisitão oi| tal inglez, não ri nem a cacete ! Pro-! metteu uma libra a quem conseguir fa-

| zd-o rir e promette uma quantia enor-¦i me a quem conseguir fazel-o beber um

gole de vinho.

Galeno - Deve ser um homem

curioso !

Pythagoras —(baixo) Uma iiéa lumi-

nosn, transcendente !

Juslina — (jdem) O que é?Pi/lhagorna —(alto ) Eureka ! Eureka !João— Eureka nêo senhor, João Eu-

rico para servil-o.¥ 1'yihagoras— Cala-te, alma ingênua!

Eureka é palavra estranha para teu bes-

tunto . .João— (bai.ro. áparte) Pia de ser tur-

co, com certeza. Já temos um inglez,agora um turco . poem-me grego !Isto ha de ser a Toire de Babel de quefalia o padre-mestre.

Galeno — [« Pi/lhar/oras] O que ha,hein ?

Pi/thago> fíS - [bai.ro a Galeno] Depoiste direi, deixa tudo por minha conta erisco (a João) Humana creatura ! E's ohomem que eu procurava ! Vejo es-cripto em tua fronte !. . .

João— [passando a mão pela testa'] Uê!Pi/lhaç/orfis—Vae e prepara um opipa-

ro cardapio, alguma cousa substanciosae abundante, não como estes mesqui-nhos sandwiches que apenas excitam oappetite. Traze fritada de qualquer cou-sa, salada, rosbife, queijo e dize ao pa-trão que mande duas garrafas de Cha-teau La Pipe, o rei dos vinhos destaredondeza . . Depressa, vae.

João - Bem. E depois ?Pythagoras — Depois terás a paga da

nossa generosidade.João - [olhando para os instrumentos de

musica] Comtanto que não me dêmnotas . . d'essas.

SCENA VIII

Os mesmos e Lord Waterproif

Lnrd—Senhor John, traga o chá.João—O patrão está preparando . .Lord—Minhas sandwiches.João— D'aqui a um momento (saé)

Almanaque d'0 THE ATRO

PffiJwfjoras — (á partf) Tel-as-ha em2.a edição.

Lord-Ande com isso (senta-se a lero Times, olhando de soslaio para os es-tudantes, com ar desconjiado)

Galeno—(baixo a Pgthagoras) Dize-me cá, que idéa a tua. ..

Justma - (/í/) Mandaste vir um lautobanquete principesco e. . . quem pa-gará?.. .

Pgtha goras — (apontando Lord)Aquelle.

Lord — ( abotoandc-se, desconfiado,aparte) Saltimbanques, cantores ambu-lantes, capadocios . .

Galeno — ( a Pytha goras baixo )Aquelle ? Como ?

Fgthagoras — (id.) Não advinhaste ?O Lord prometteu não rir nem bebervinho, vamos fazer uma aposta e ven-ceremos de qualquer modo ; a merenda

portanto será paga.Justina— (id.) E' difficit. O lord pare-

ce-me pouco communicativo.Lord—(desconfiado, baixo) Quem ser

estes tres ? Gatunes ? Salteadores dis-farçades? Hum ! Ha muito cont© viga-rio no Brazile. Olho vivo ! (João volta)

Pgthagoras - (a lord) Milord.L trd — [voltando lh°> as costas] Deus o

favoreça, não tem trocado.G leno — (a lord) Dá me o prazer

de. . .Lord —(como acima) Non gostar de

musica, não quer cantories . .

Justina—(a lord) Bom dia, cavalhei-ro. . .

Lord - (como acima) Non fallar comdesconhecidos.

Pgthagoras—Ah ! E' isso ? Façamosuma apresentação em regra. (a João)Vem cá, apresenta-nos . .

João—Uê! Senhor milord, apresen-to-lhe tres senhores que não sei quemsão ; apresento-lhes este senhor milordinglez que não sei como se chama

(Lord inclina-se gravemente, os tres

estendem a mão e desatam a rir).Pgfhac/oras- Ah! ah ! ah! Bella apre-

sentação.João¦—Uê !G<ilrvo—O mister não ri ? Ah ! Ah !

Ah ! Se não ri, acho que ficará sendo

um / tacho de lagrymas.lord-Não me rir, muito menos de

tolos.Justina—Tolo é forte ! Mas... a

apresentação deixou-nos na mesma.

Convém remendar o acto, mister toma-

nos por cantores, saltimbancos, char-

latães.Lord- Oh yess ! Ob yess !

Galeno—Engana-se, somos tres estu-

dantes pacatos.Justma-(baixo) e sem patacos.Pt/tlia goras—Estudiosos.Lord— Para mim é o mesmo. O que

faz a menina ?Justina—Estudo direito.Lord—Também se estudasse errado,..

Justina—Perdão, milord, estudo ju-risprudencia.

Lord Oh ! Oh ! Também ha disso

por aqui ?...Justina—D'isso o que? Jurispru-

dencia ?Lord,— Non ! Estudanta de Escola

Superior.Justina—Pois não. Aqui estou eu a

quem meu pae deu a livre faculdade de

ir estudar onde quizesse, escolhi a L^a-

culdade Livre de Direito.Lord—]STo Brazil tudo é livre ?. ..

Pglhagoras—Sim, milord. E' livre o

ensino, o pensamento, o preto, a itn-

prensa, e isso muito antes da lei la-

xante.

Lord— Que lei laxante ?de 28 de Setembro.

Lord—Laxante? Porque ?

Galeno — Porque declarou o ventre

livre.Lord—hh !

Almanaque d'G THEATRO

Pyth — Agora é que a apresentação

péga:Sou Pythagoras Tabella,Rapaz galante e sympathico,— Resolvo sem mais aquella,

Qualquer caso mathematico.

(idá-lhe o cartão de visita)

Esta c Justina da Graça,Litterata em embryão.Faz vibrar a populaçaQuando deita fallação.

Galeno

Um seu criado sou, Galeno Semicupio

Que um prêmio abiscoitou na esculapi-na escola

Pela invenção feliz que ci desta cacholaSahio. Que descoberta! Esplendorosa

idóa:Tenho para todo o mal receita bem se-

guraQualquer moléstia, achaque, o vinho

sara, cura,Eu descobri no vinho a Grande Pana-

11- céaLord - Tode ser, mas não estar de

accordoGal— Como ? Duvida ?Lord, - O vinho ser um veneno . ,

— Não diga tal despropósito!Lord Eu pertenço á Sociedade de

Temperança-pertencia antes á do In-temperança.

Pyth (a parte) Esta tem muitos so-cios (a/to). Estabeleçamos uma discus-sio scientifica, mas em jejum não serve.(dJoão) Então? Ficas ahi, como umaestatua ? Traze-nos os comestíveis ebebestiveis.

Jcão — E' já, senhor, é já.Pyth—Verá o senhor, o mister. . .i* 7

como é a graça ?

L^ord (.Dando-lhe um cartão) Lo?dWaterproof.

Pyth — Waterproof ! Bonito nomemais um pouco difficil de pronuncia;..(outro tom) mais de resto, caro senhor

| Waterproof, convenha que o vinho dáalegria, bom humor, provoca o riso.,.

Lord— Eu não rir maisI (Os tres) Oh ! oh ! oh !

Lord — Desque não bebe, não rio,está claro

Justina — Consequencia inevitável !Pyth — E quem o fizer beber e rir ?Lord— Impossível.Pyth — E quem o fizer rir e beber?L^ord — Ainda mais impossível.Pyth — Então é impossível ? Apos-

temosL.ord — Perdem.Os tres — Apostemos.

L.ord — Está feito. Quanto ?Pyth — A nossa merenda contra a

vossa.Lord — Very well.Pyth — Começa a aposta ?L.ord Ali right. Quanto tempo ?Pyth — Uma horaL.ord — (mostrando o relogio) Uma

hora.Pyth — São oito, ás nove terá bebi-

do um bom copo de vinho e terá ridoao menos uma vez.

Lord - (com firmeza) Veremos.Justma — Mas coni tanto fallatorio

prejudicamos milord, o seu chá deve jáestar frio.

I^ord— Eu beber sempre chá frio.pyth — (para dentro) Estes comes-

tiveis vêm ou não vêm ?

(batem a porta)

SCENA IX

Os mesmo?, Prc copio e João com os pratos,garrafas, etc.

Lord —Aqui, aqui, mim ser umadversario gentil, eu querer minhasinimigas no meu pequeno meza.

Gal iPyth/Graças, cavalheiro (P ocopio eJust João appareceni)Pr ocopio — (d parte) Estes tratam-se

Almanaque d'O THE AT RO

bem; comem e bebem do bom e do me-

lhor... olho vivo João.João (baixo a Procopió) Uê! O patrão

toma-me por tolo ? a mim não me pas-sam a perna. (.Lord e os estudantes

sentam-se a meza).Pyth Ora muito bem .Comecemos o

assalto.Gal - Alto lá! As honras da mesa

cabem a milord, vou-lhe servir o chá

(serve).Lord - Está sempre quente !Pyth — Eu não posso estar ocioso,

façamos honra a esta garrafa de Cha-teau La Pipe.

Justma — O chá não quer esfriar.

Gal Manda vir geloJustina— João ,que é do gelo ?

João— Uê ! Si esperam gelo, estão

geladosGal IPyth

| Ah ! ah ! ah !

J ust \Lord— (serio) Stupid, very stupid !

Gal — (baixo a Pb th) Hum ! JohnBuli esta duro.

Fyth— (id) Espera! (a Lord) Per-mitte que esfrie o seu chá ?

Lord- (comendo sandwiches) Yess,yess

(deita olhares furtivos a garrafa)Gal — (levantando o copo) A' sua

saúde, milord.Pyth — Não. E' melhor brindal-o

com chá. Viva a velha Albion! old En-

gland! (bebe o chá e faz uma careta,á parte) Ai! Que tisana é esta? O in-

glez beberá vinho, com certeza ..Lord — Thank you... Viva Brasil !

| (começa a beber o ch , faz uma gran-

| de careta) Puah! Isto não ser chá !Isto ser veneno! Shocking ! meu pobre

| estomago está in revolucion. Soccorro !soccorro! Envenenade! Quer agua! con-traveneno, qualquer cousa beber !

[mostra-se agitado).Pyth (á parte) Aproveitemos, (dan-

do-lhe vinho) Prompto cá está.

Lord - (distrahidos de olhos fechadosbebe um pouco de vinho) Ah!

Gal ^Pyth (¦ Victoria !Just \Lord— (furioso) Ein ! non ser agua ?Pyth — Não. E' puro Chateau la

Pipe,Lord— Ser traição / (ameaçando Jcão)

por culpa você, patife ! envenenar-me? !João— Uê ! Pernas p'ra que vos que-

ro (foge).Lord — (desconsolado) Eu bebi vi-

nho ! ! (aparte) Bem bom !

Irio

Infeliz^ o veneno bebesteE a aposta firmada perdeste,Bebe e paga o remedio gostosoQue a moderna sciencia te dà,

(Dão-lhe o copo e garrafa)Deita mais este gole na gola,Pagae bebe que o vinho consolaProporciona-te o sonho num

goso !

Paga e bebe esta pinga, vá lá.

Lord— Oh, no thank you ! obrigado,

obrigado, (á farte) o vinho estar provocando mim ! (alto) Eu bebi, mastra-

hido ! Faltar ainda a 25 parte da apos-ta. Ainda não ri. Não voltar atraz mi-

nha palavra, mas faltar ainda a 2a parteaposta. E eu não rir, garante ! Eu es-

tar terrivelmente enraivecideü . ..

Pyth — Oh! mas perdoamos a 2a

parte se declarar-se já vencido.

Lord - Non. Non. Eu acceitei propos-ta, manter palavra não rir, e vocês pa-

gar minhas comestíveis . .Os tres Eh !Lord Yess !Just — (baixos aos outros) E agora?

Pyth (id) E' preciso fazei- o rir a

todo o custo ! Bebamos inspiração (be•beme conversam baixo).

Lord — Uma conjuração ? (escon-dendo a garrafa) Chateau la Pipe!

Almanaque cTO THEATRO

L1

r

Bem bom indeed! {acariciando a gar-rafa) Ora elles não, estar vendo.,minha eston ago estar arruinade pelomaldito chá veninoso.. . bebi uma vez,

pôde beber duas (bebe a furto). Estarsalva patria . . ninguém viu, ninguémviu .. very good ..

Pt,th— [baixo aos outros) Approvammeus planos de guerra ? E' um meioestrategico...

òvst — (id) Em desespero da cau-sa.. .

Gal— (id) Ultima cartada !. . .

(Lord obre o Times" e lê graverhent<comendo sandwiche' s.)

JU8t—{(jantando e deela/.ando emquau-to o8 outros ci inem e bebem. )

— «0,s epühelon, ode nephclibaia»

Caliginoso e tepido,Aurifulgente stractus,Purpuritano cactus.Olhar celestial!Olhar rneridiatiico,Ajaboticabado,Olhar opalioado,Olhar de castiçal!

Lord—(serio) Very well, very well,muito bem !

Gai—[baixo) Qual não péga.Pvth Também, versos destes ins-

piram mais compaixão do que riso,nepheli... botas...

Gal— [baixo) Hum ! John Buli estáduro !

Just - (id) Eis um reforço. . .

SCENAX

Os mesmos e João

Jylh— João, se nossa lingua fossepapel o que escreverias ?

João— Uê ! a conta do hotel, está!visto.

Ga/— -João ! Porque é que o cão en-tra na egreja ?

João — Ue ! Porque acha a portaa berta.

Lord— Irra Que falta de espirito !

Pvth— Fomos vencidos. Vamos pa-gar,todos os recursos foram baldados...

Just e Gal — Ainda não. . .Lord— Olhem, falta apenas iX4 de

de hora . . .Pvth (a João) Faça a conta.João—Vinte e dous mil réis e mais...

a promessa que me fezPyth — Vinte e um mil réis (mette a

mão no bolso).Just — Não, senhor, não consinto

{mesmo fogo).Gal — Perdão, hoje toca a minha

vez (id).Just — Absolutamente não consin-

to. . .Gal — Não me faça esta desfeita. ..

eu è que devo ..João (aparte) Uê ! Que gente de-

licada, quanta cerimonia !

Just— Eu é que devo saldar. . .Pvth — Já que não chegamos a um

accordo, proponho que se decida á sorte

qnem deverá pagar Recorramos a um

jogo innocente, pueril: á cabra céga —

0 que for agarrado pagará.Just — Perfeitamente; quem se ven-

da ?Gal— O mais ingênuo e simples dos

mortaes, o João.João—Não, não muito obrigado, eu

não mereço tanto;são finezas (aparte)corntanto que um delles pague. . hum !olho vivo, João !

Pvth — Ora, uma brincadeira atoa,não faz mal, não tenha receio, milordserá juiz.

Galeno— e a gorgeta será de juizo !João— Como é para bem de todos e

felicidade geral. . .Just— Então, estamos entendidos, o

que for apanhado pagará.Pvth— A-q-u-i, qui, Menéres.

João — Menéres, não senhor. João,Eurico para os servir. . .

(a Lord) confio no senhor milord.

(Pvth põe-lhe a venda)

Almanaque d' O THEATRO

IV th — (solemnemente comico)

Vá, neste banco fique sentadoDe venda aos olhos, muito ca-

lado,7Muito quietinho,o rosto não vire,Pondo as narinas assim, pVo ar;Durante o jogo a venda não tire..—Prompto, podemos já começar.

João

Sim, neste banco fico, sentadoDe venda aos olhos muito ca-

lado

(Tenho certeza que a cabra cégaAlguma espiga certo me prega)As suas ordens a executar,Prompto, podemos jà começar.

Os tres— Vê qualquer cousa ?João Não vejo um furo!Os ires— Nem um só palmo ?João — S'tá tudo escuro !

Pbth — Começaojogo da cabra céga,Veja quem paga sem ver

quem pega.João — Prompto, lá vou como po-

bre cégoA ver quem paga sem ver

quem pego.(Irra não vejo bicho-care-

ta !

Que isto compense gordagorgêta!)

Os tres— (á parte) Se apezar dissomister não rir.

Cebo ás canellas toca afugir !

{Durante o quarteto, Lord bebe a furtomoütrando-se alegre. PyUi amarra umacorda no pé de João e liga-o a mesa.)

Gal - Bom. Attenção ! E' chegado

o supremo momento.Lord — Oh yess ! muito supremo

{alegre) não querem beber antes de

começar jogo?Pyth (treparando) Oh ! Esta garrafa

está mais leve.

Lord— Leve ? ! Riria se não tivesseapostado.

Just— Sò se houve evaporação.

Lord— Yess ! Muito evaporato. (ostres bebem).

Pyth — (baixo) Parece que os vapo-res foram á cabeça do bife.

João — Uê! E, eu não bebo gente ?Lord— Silencio !Pvth—Attenção! [bate palmas) Um!

(chama de parte, milord) para o jogoser mais divertido, vamos nos escon-der.

Lord— Non fugir? Deixar garantia ?Penhor ?

Pvth— Não me lembrava. Que coi-sa quer? a bolsa ou a vida ? Dá cà

(tira-a de Gale?ió).Gal—(a Pyth baixo) Cuidáo! Esfá

vazia e tem umas apostillas da ma-na.

Pyth— (id) Não te assustes. E' anecessidade. . . mas tudo acabar»!bem.

Lord— Very well, (tomando a bolsa)estar muito leve ! (vendo um caderno)E' livros cheques, bank-notes ?

Pvth— Üm livro chie notas, (baixo)... de aula.

Lord — Prompto ?Os tres —Prompto.

L,ord—Dois ! (bate palmas. Pausa du-rante a qual os tres estudantes escon-dem-se, pé ante pé) Procure agora.

John ! (bebendo) Muito bom, muitobom. . .

(João tosse impaciente )Lord—Tres ! (bate patvias e retira-se

para um canto bebendo a farto)João (tacteandó) Uê ! Que silencio !

Mudos como um peixe ! Esperemos quealguém passe perto. Ahn 1 Ahn!

L.ord (baixo bebendo) Bem bom ! Ai!Ai !

João— Ouvi suspirar d'este lado, se ésuspiro é por força a moça; attenção...

1¦ hAlmanaque d' O THEATRO

SCENA XII

Os mesmos e Procopio

Lord (deixando a garrafa, baixo)Adeus intemperança ! ..

João — Então ? ! Está tudo morto ?i Eu . . (faz mensão de tirar a venda)

Lord — Quieto ! Quietinho ! Eu serjuiz !

JoCxo — Pois eu já estou fóra dojuizo.

Procopio (apparecendo d poria) 0 queserá isso? o João feito cabra cega?.. .

João — Vem gente. Áttenção.Procopio (avançando) O que é isto ?...Joâu (lançandofM 8<>bi e elJe, abraça o, a

corda estica-se, Procopio debote-se e a meu-cae com tudo móis.) Peguei ! Peguei! E'você quem paga o pato ! Apanhei-tecavaquinho !

Procopio (debatendo-sc) Eticavacadoestou eu ! Larga-me í. ..

Lord— {às gargalhadas) ah ! ah ! ah!

JL Muito pândego Very |droll, indeed !

João (procurando livrar-se < as mãosd Procopio qnc o segura pelo braço)Deixe-me tirar a venda, quero ver aquem toca pagar o pato . .

Procopio— Sou eu! Pedaço d'asno !(itira-lhe a venda.)

João — Uê ! Livra! E' o patrão ! ! !Procopio - Eu sim !

{Lord ri-se a bandeiras despregadasdas duas figuras grotescas : Procopio debraços cruzados e -Iodo perplexo)

SCENA XII

Os mesmos e depois os camaradas.

P th — Então, milord, riu ou não ?Lord — Ah ! Ah! perco a respira-

ção ! ah ! ah! Quero beber.Gal. Ganhamos a aposta.•¦/ns. A' hora {mostra o relogio)Os tres — Ganhamos !

Lord - Leve a bréca a aposta! Pagotudo, mas quer beber a e rir á vontade !

Procopio — Ah ! Agora riu, tudovae bem.

João — Menos mal; cuidava que estaembrulhada não tivesse fim.

Lord — Este tolo abrio-me garrafa eabrio-me sede !

(Entram os camaradas que voltam da

feira) Pago para todos.J< ào — O que ? Chá ?Lord — Chá ? ! Chá ser chacota,

chapado animal! Non querer chá cho-cho, chá de chuchu ! chi!

Querer vinho ! Traz vinte garrafas !Todos — Bravos ! Viva a Inglater-

ra ! (Lord dá dinheiro a Procopio, gor-geta a João que pula de contente. Tra-zem copos e garrafas)

João ¦canta)

Amigos, a fortuna,Si acaso aqui não pegaJoguem a cabra cêga

Que logo pegará

(Os Estudantes)

Amigos, a fortuna,Quasi desasocéga!Mas com a cabra cégaCahiu como maná!

João (aos Camaradas)

Quero uma cantarolaReplecta de alegriaQue toda a gente riaN'um bello diapasão

Quero um concerto harmonico.Pandeiros e violas,Gaitas e castanholasE:-? grande profusão!

Curo de Camaradas

Quer um concerto harmonico etc.L<ord \{exaltado, tomando uma gar-

rafa e bebendo, finge tocar trompd)

Mim non conhece musicaMas com esta instrumentoFaço acompanhamento,E trato de afinar {bebe)

Almanaque d'0 THE ATRO

—Tocando a solo . . ingleseCom muito sentimento,'Marco

compasso lento,¦—Vamos—toca a cantar ! (bebe)

(To'o dansa fazendo soar as libras da

gorgeta—Procopio faz soar a bolsa— Os

estudantes tocam e cantam com os ca-

maradas, batendo palmas)Côro Final

Um bom concerto harmonico •*Pandeiros e violasGaitas e costanholasEm grande profusão !Vive milord explendido!O rei desta folia !Hurrah pela alegria,Do bife folgasão!

(cae o panno)

rr~— ————-— ;—t

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Actriz Sophia Gallini

Nasceu em Lisboa no anno em que aTerra produzio mais chá, bebida quefaz de Sophia Gallini a mais excentrica

das actrizes que fazem ninho nos thea-tros do Brasil.

Debutou em Lisboa no D. Maria, aomesmo tempo que Lucilia Simões. Estaum astro de primeira grandeza, Sophiaum satellite de. .. espirilp.

Veiu ha tres annos para o Norte doBras;l com a Companhia Amélia Vieirae depois para o Rio de Janeiro, indotrabalhar no Recreio com o Dias Braga.Até ahi não conseguiu apparecer, talvezper falta de bons papeis.

Foi então a Campinas, Bello-Hori-zonte, Juiz de Fóra, etc., e fez a proto-gonista da Lagartixa, do Outro eu, doCastello Historico e perpretou aindaoutros sacrilégios sob a responsabilidadedo actor Francisco Santos.

Sophia Gallini estava ultimamente naCompanhia que o Dias Braga reorga-nisou e—disse nos ella-só tinha prazerem abordar o theatro moderno: — souurna actriz moderna. . . gosto de tudo ,moderno. . .

Sophia Gallini é uma miniatura daAngela Pinto nos dias de moderação:é intelligente, tem cultivo de espirito,ama os litteratos.. . mas obriga-os afazer chá em sua casa.

Só nos pareceu ter um defeito, aliáscommum a todas as mulheres : negar aedade, ou antes, occulta!-a.

E' um erro julgar que o theatro emsi, tenha qualquer cousa de censurável e

que os actores sejam menos dignosde estima do que outra qualquer pessoa.

Entendo por actores os que vivemmoralmente bem e que poderiam passarna sociedade por pessoas da mais alta

posição.Cmapuzeau.

CASA NORDER — Ouvidor,c)7 — Especialidade em bonbons fi-nos, balas embrulhadas, caramel-os, etc. — Proprios para theatros.

J|r Henry

Irving

||U_j 0 celebre actor in-

<©> glez,fallecido em a noite

de 14 de Outubro de

1905, subitamente, n'um

Jjjr hotel de Bredfort, apos

lima representa9ao do

Thomas Becket de Ten-

nysson. Os seus dois

maiores triumphos fo-ram: o Hamlete 0 Ma-

this, do Judeo Polaco.

Dizenvn'o 0 methor in-

terprete de Shakes-

peare.

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Henry Irving

O celebre actor in-

glez,fallecido em a noite

de 14 de Outubro de

1905, subitamente, n'um

hotel de Bredfort, após

uma representação do

Thomas Becket de Ten-

nysson. Os seus dois

maiores triumphos fo-rani: o Hamlet e o Ma-

tliis, do Judeo Polaco.

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terprete de Shakes-

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Almanaque d'O THE ATRO

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Almanaque d' O THE ATRO

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de janeiro

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actdirdaSo<est.^.a. -ac uas uumeuias voia ae saoao Acolhida nessa cidade com bastante

S°Z annu™° A seguir fez a carinho nao p6de a distincta artista en-Mascotte, Gtan-Duqueza e outras pe- trar logo para o genero em que deseja-?as de responsabilidade e de tal modo va ser apreciada e teve que submetter-as ez, que foi logo contractada como se ainda a uma revista no theatro Ave-actriz para o Porto, onde estreiou no nida. Conseguindo entrar para o Prin-

Iheatro

Chalet, aos 16 annos de eda- cipe Real de Lisboa, fez-se applaudirSU °

?a ffT]j !hereza em todo repertorio de Adelina Ruas eMattos, noEspelho da Verdade. Pas- Amelia Vieira Passou-se depois para*21 T

° Para o Principe Real, o D Maria e dalli voltoi a chamadodepois de io annos de trabalho no insistente da empreza Ruas, para o1 necitro Chalet,como uma das principa- Principe Reales figuras, esob a direcgao de Antonio Rosa de Oliveira trabalhou em se-

Nn°Pri aqU'p

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-r • ?uida no theatro da rua dos CondesPrincipe Real, empreza Iaveira, onde fez a opereta D Juantta. a revistapouco se demorou, passando a traba- Nicies! e o drama Joanna, a doida. Quelhar no theatro Carlos Alberto, onde repertorio ecclectico !

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de Oliveira

Almanaque d'0 THE ATRO

COMPANHIA "AGUIA DE OURO" Do PORTO

Actriz Rosa

continuou a cultivar o gênero opereta.—Depois a voz foi-lhe faltando, maispor fadiga que por edade, e a cantorase fez actriz dramatica, indo para Lis-boa.

Acolhida nessa cidade com bastantecarinho não pôde a distineta artista en-trar logo para o genero em que deseja-va ser apreciada e teve que submetter-se ainda a uma revista no theatro Ave-nida. Conseguindo entrar para o Prin-cipe Real de Lisboa, fez-se applaudirem todo repertorio de Adelina Ruas eAmélia Vieira Passou-se depois parao D Maria e dalli volto i a chamadoinsistente da empreza Ruas, para oPríncipe Real

Rosa de Oliveira trabalhou em se-guida no theatro da rua dos Condesonde fez a opereta D Jiianita, a revistaNicles\ e o drama Joanna, a doida. Querepertorio ecclectico!

Nasceu em Extremoz esta distinetaactriz, primeira figura da companhiadirigida pelo actor Alves da Silva. Ain-da jovem seguiu para Elvas, onde umaSociedade Dramatica Particular, fel-aestreiar-se nas comédias Bola de sabãoc Casar pot annuncio A seguir fez aMascotte, Gran-Duqucza e outras pe-ças de responsabilidade e de tal modoas fez, que foi lugo contractada comoactriz para o Porto, onde estreiou noTheatro Chalet, aos 16 annos de eda-de, em substituição da actriz TherezaMattos, no Espelho da Verdade. Pas-sou se mais tarde para o Príncipe Real,depois de io annos de trabalho noTheatro Chalet,como uma das principa-es figuras, e sob a direcção de AntonioPedro e Joaquim de Almeida.

Mo Principe Real, empreza Taveira,pouco se demorou, passando a traba-lhar no theatro Carlos Alberto, onde

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Almanaque d'O THEATRO ~ ~~~ =

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Retirando-se deste theatro mais uma ft Y3q+,jx -a -rvez, foi para o Principe Real de Lisbca *

Band<llZa »WlI

e ahi fez a Tosca, Zazd, Rosa Engeita- Hvmnn 1da. Maria AntonUUaa MwgaMnha, da municipalidade. Os verses' StoltoDama das Camehas, Ignez de Castro, notavel poeta Olavo Bilao :0 etc

Por um especial favor, a empreza do lalve, symbSo"augusto^TpalTPrincipe Real, dispensou-lhe o mez que Tua nob re presen^a & lembran^aainda faltava para termina^o de seu A grandeza da Patria nos traz ..

contracto afim de poder acompanhar Recebe o affecto que se encerracompanhia do «Aguia de Ouro» do QSrWoTymbobXt^raPorto, na sua excursao ao Brasil. Rosa Da amada terra do Brazil, !de Oliveira ja havia estado no Para Em ten seio formoso retratase em Manaos e satisfeita com o acolhi- ^sfce purissimo azul,

. i * i. j • • n "¦ veraura sem par destas mattasmento que la teve, desejou vir ao Rio. E 0 e8plendor do Cruzeiro do Sul..Aqui se acha t&o encantada que nos Recebe etc

disse : - que s6 desejaria agradar tanto (;„„teml)land'„ „ te„ vuUo sagmdoao nosso publico, quanto ella esta Comprehendemos o nosso dever ;agradada d'elle. 0 Brazil, por seus filhos amado,

Rosa estreiou no Conselho de Guer- ocle™so efeliz lia de de ser.

ra, mas a sua verdadeira estreia foi na ecebe, etc-

Rosa Engeitada no typo leviano kVLomeSTI'sto oudeS,

apaixonado da desgra<;ada rameira de Pair a sempre, adorada bandeira,Ij'sboa em que se fez appl&udir calo- Pavilhao da Justiga e do amor !rosamente. Recebe, etc.

B. T. A musica e do illustre maestro Fran¬cisco Braga.

DR. BARBOSA ROMEO Rua Companhia "Aguia de Ouro" do Portodo Hospicio, 39—Cons, de 1 as 3.

^^santa

commu^^ /

Sonho as vezes com Amor: no pensamento

Outras vezes meu sonho 6 meu tormento.

Ora triste—morrendo de agonias.»

reis carvalho (Oscar d'Aiva) Actriz Emilia Sarmento

mm 1

Almanaque d'O THE ATRO

Actriz Lucinda Simões

A 17 de Dezembro de 1850, nasceuem Lisboa, a grande actriz LucindaSimões

Paraphraseando Souza Bastos, dire-mos que é pequeno este almanaquepara conter a sua historia, bastantelonga e talvez um pouco escabrosaDe pouco espaço dispomos e por mais

que se queira synthetisar não se pôdefallar de Lucinda Simões, assim ligei-ramente

Lucinda como todos os seus irmãos,recebeu uma educação esmerada e de-senvolwJa que seu pae, o velho actorSimõt s, não se cançava em lhes pro-por< ionar. O velho Simões não desti-nava suas filhas para o theatro, mas,levianamente, andou fazendo-as repre-sentar como amadoras no theatroGymnasio a que elle pertencia Lucin-da tomou gosto pelo palco, e inquietaficou, a'.é que seu pae se resolveu dei-xal-a estreiar como actriz na peçaoriginal de Manoel Domingues Santos,Bemvinda ou a noite de Natal, em que

Lucinda fez o principal papel e, desdeentão ficou firmada a sua vocação

para a scena.De 1867 a 1870, representou os pri-

meiros papeis do repertorio do theatroGymnasio. Por esse tempo, o actorValle começou a sentir por ella uma

paixomte, parecendo ser correspondi-do, o que obrigou o velho Simões aleval-a, juntamente com sua irmã, parao Porto.

Lá também havia lume—diz SouzaBastos - e se Lucinda escapou de

queimar-se com o Valle, queimou-se airmã casando com um emprezario quefôraactcr. Receiando o velho actorSimões outros casos imprevistos, re-,solveu vir para o Rio de Janeiro, tra-zendo em sua companhia a filha Lu-cinda, mas, se lá em sua terra atemo-rizava-o alguns perigos, não menostremendos foram os que aqui se depa-raram. Ainda cá estava o actor Valle!...

Simões, porém, não deixava a filha,em abandono, um só momento e quan-do menos esperava era ella depositada

judicialmente para casar com o em-

prezario, escriptor, ensaiador e actorFurtado Coelho.

O que valia este artista n'esse tem-

po ninguém o ignora e nas suas mãos,Lucinda aprimorou, consideravelmente,os seus dotes artísticos.

Lucinda Simões ao lado do marido»

passou a ser uma actriz verdadeira-mente moderna. Poz de lado quasitodo o repertorio formado pelos dra-mas românticos e começou a interpre-tar com a maior distincção, as peçasdos autores mais em evidencia.

Voltou a Europa, depois de ter al-cançado no palco brasileiro um justoe laureado renome, indo visitar Parise Londres, e como em Lisboa nãohouvesse na occasião theatro para po-der reapparecer, foi fazer no Porto umaépoca com Furtado Coelho, seu espo-

Almanaque d'0 THE AT RO

so, tendo ambos, ali, agradado immen-samente.

Lucinda e Furtado ganharam muitodinheiro em constantes toumées aoBrasil e a Portugal, mas tudo esban-

jaram por ser a mulher caprichosa, omarido libidinoso e ambos. . . mega-lomaniacos.

Foi um delirio que passou : Furta-do arrependeu-se antes de morrer eLucinda é hoje uma candidata a mãede familia. . . Lucinda —, diz aindaSouza Bastos—«é instruída, intelligen-tissima, mas leviana, inconstante e

prejudicando-se sempre pelos passoserrados que dá. Tem a mania epistolar.A proposito de qualquer coisa mandacartas para os jornaes.que a indispõemcom pessoas que depois acceita paraconviver. Sente-se bem onde não estáe sempre mal onde está!

Como artista, tem inquestionável-mente grande valor Os que affirmam

que no seu repertorio ha apenas a lou-var o Demi-Monde, é porque não aviram na Dalila, tia Thereza Raquin,no Sapatinho de Setim, na Estatua deCarne, na Mademoíselle de la Seigli-ére e em muitas outras peças.»

Lucinda actualmente, pode-se consi-derar installada no Brasil, onde, áfrente de uma companhia que luctouem vão,no Carlos Gomes eno Recreio,

pela regeneração da arte, percorre al-

guns dos Estados do Sul. Fez boatemporada em S. Paulo eé bem pro-vavel que também a faça em Pcrt@-Alegre.

Acompanha-a, como societário, ocorrecto artista Dr. Christiano deSouza.

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Almanaque d'O THE ATRO

H

flníonío J0$é Paula

O almanaque d'0 Theatro" tem tra-tado de tantos actores contemporâneos,que nâo nos levarão a mal, os leitores,fallando-lhes de um actor do séculoXVIII.

No dia 19 de Maio de 1907, comple-tam-se 104 annos, que morreu em l is-boa, este celebrisado actor, que por oc-casião do ultimo centenário de Bocage,tanto deu que fallar.

E o caso que Bocage e Paula foramamigos intin os de cama e meza—e porfim desavieram-se de tal fôrma, (nun-ca se chegando a averiguar os moti-vos) que Bocage satyrisou-o impla-cavelmente.

Vieira Fazenda, o Visconde de Bar-bacena, da nossa Imprensa,—num dosseus folhetins d "A Noticidy— muito sereferio ao mesmo, insinuando-nos queelle gozava de protecção regia, e portal modo, que o theatro de S. João,hoje S. Pedro de Alcantara, lhe foi ad-judicado de preferencia.

Vieira fazenda, diz-nos claramenteque Antonio José de Paula, era mula-to, mas parece ignorar que o mesmo

I não era brazileiro.A sua verdadeira naturalidade era

africana, pois nascera em uma das ilhasdo Cabo Verde e vindo para Lisboa,cr-meçou a sua carreira artística no famo-so theatro do Bairro Alto, onde con-quistou um logar de preferencia.

Mais tarde, com uma companhia or-ganisada em Lisboa e no Porto, tornou-se director de theatro e percorreu asprincipaes cidades do Brazil, ganhandomuito dinheiro.

Falíamos nisto para demonstrar quenão e cousa nova a vinda de companhiiportuguezas ao Brazil.

No século XVIII, apezar das difficuldades que havia nos meios de trans-Pnr'e» aqui aportavam os artistas do

Reino, quando todos indistinctamenteéramos portuguezes, porque formava-mos uma só nação.

Quando a corte da monarchia "

seestabeleceu em 1808 no Rio de Janei-ro, aqui o veio encontrar o príncipe re-gente D João, e parece-nos que a sor-te de Paula não era de todo má

E' que em 1794, estando em Lisboa,Antonio Jose de Paula, fez-se empre-zario do theatro do Salitre, e organi-zou a companhia com cs seguintes ac-tores: Antonio Felippede S.Thiago, Vic-torino José Leite José Felix da Costa,Ma-n°el Baptista dos Reis, João Anacletode Souza, Jose Martins, João Ignacio,Antonio de Borja Garrido, José da Cu-nha e José dos Santos

Não havia actrizes, pois como sesabe, nesse tempo as mulheres não ti-nham licença de representar

Os papeis de dama eram represen-tados por Victorino José Leite João Ig-nacio e outros.

Antonio Jose de Paula não era so-mente actor: também ensaiava e escre-via peças que foram representadas comêxito, pelos seus artista.

Entre as suas obras contam-se odrama A gratidão',a comedia em 3 actosrrederico II, rei da Prússia. TraduziuO Cid, tragédia de Voltaire e Mafomatambém dei Voltaire.

Damos estes nomes porque com cer-teza estes artistas trabalharam no ¦ SãoJoão no Rio de janeiro.

Não se queixem tanto da sorte oshomens de cor, porque de longa dataquando elles têm merecimento realsão devidamente aquilatados, assim'tenham boas Qualidades

Julgo que Noronha Santos, nas in-dicações históricas do seu < Indicadorde Districto Federal, também nos faliamuito em Antonio de Paula.

Almanaque d'O THEATRO

Se este almanaque continuar a ser ^ f 'i ' I 11>publicado, no que muito confiamos, I flfl PIT/IPI5I flP i/IPnri/liremos additando aquillo que venha ao UUII GIlQIIu UU VluiillQnosso conhecimento e que possa inte-ressar os leitores amantes de velhariastheatraes. L H. "

Sill swum Ciiitirt

pUBGEiV-0

PS"™ " Un "

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Fone. Travessa de 8. Francisco lie Paula

GIL 10

0 meigo e intelligente Carlos Lenoir ^ ^ ^ vv, w ^merece algumas linhas neste alrnana- *** %%¦* ^

que. Gil era o seu pseudonymo e com ?elle firmou interess-intes paginas de * a0 C01nmum e ae 5

charges i.aseried'0 Theatro. fantasia. >Gil morreu tuberculoso, o terrivel 5

morbus que se alastra pelo mundo in- MOLHADOS ESPEGIAES |teiro. e morreu trabalhando. produzindo „ i $sempre, para as paginas do Malho ,/ Pructas e doces S

outros jornaes de caricatura que dispu- t0das as qualidades $tavam a sua collaboragao. Era muito * *ioven ainda, talvez 2^ annos 5 *** *** w w *J . */%% \W WW \\\ W*

As homenagens que podemos pres-tar a Gil sao: reproduzir duas das suas • 1 1 1 a 1 • 1 1ultimas caricaturas, Henrique Chaves e Bebldas dc 1. qualldatleSilva Paranhos, que os leitores podem SorvelGS especiacsadmirar neste almanaque, e transcrever Empadas, saildwchs, Croquettes,0 suavissimo soneto que Bastos Tigre sjrvs e ovos recheiados,lhededicou: '

elc., etc.Musa ! Cala urn momento o riso ; veste

Qu?u\'rprrito^uCSr1Sapreste Attende-se com promptidao e ex-Ao fiuo poeta da caricatura pellencia a todo Q qua qiKTAo calor de teu pranto a fl&r se creste servi^O para Baplisados, Bailcs,Do riso alacre ; e uma ora^ao murruura Casamentos e festas.A' sombra cariciosa de um cyprestePlantado fl beira de uma sepultura. *8eja um psalmo de paz e de saudade Pona pcnpr'hos rlo VipniviAoque se foi & plaga nunca vista Faes> esptUdtbUL VieiJIldEm pleno borbulhar da mocidade Que a Arte de luto o negro traje vista ^Por ti, talento gemeo da Bondade, RIO DE ti A j\ E I R ONobre Gil, nobre Auiigo, nobre Artista !

Almanaque d' O THEATRO

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BRANDÃO ALVES &C.

Hio de

$ aneiro

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Almanaque (TO THEATRO

Nasceu João Augusto Soa-res Brandão, na ilha de S. Mi-

guel, nos Açores, a 19 de Junhode 184b e veiu para o Rio de Ja-neiro em 1856 dedicar-se ao com-mercio, arrepiando carreira em

pouco tempo. Em 1862, fez-seactor, estreiando no drama Ca-ravagio no theatro S. Januario,

que existia na rua D. Manoel, e

que um incêndio fez desappare-cer. Seguiu depois para o interiordos Estados de S. Paulo, Minase Rio e mais tarde reappareceuaqui na Viagem ao Parnaso ouno Tribofe, de Arthur Azevedo,agradando logo ao Zé povinho.

O Brandão é incontestável-mente o actor comico mais popu-lar dos nossos theatros. Desta-ca-se dos demais collegas, porum processo que agrada a muitose surprehende aos que o julgamexagerado, por fazer umas tantascoisas extraordinarias,como :en-terrar o chapéoatéas orelhas,dei-xar cahir as calças, deitar parafó-raa fralda da camisa, esbugalharos olhos, escancarara bocca, gritar,gesticular, tudo emfim, insupporta-vel em outro qualquer e que n'elle,no emtanto, provoca o riso, porquetudo aquillo que o Brandão faz,como que por indole artística, torna-lhe natural o trabalho scenico.

Com algumas alternativas, temo Brandão 28 annos de mambembee isso talvez muito a contra gosto,pois que| tendo filhos e aos quaesadora, não pôde ficar esperando asoccasiões em que as marés façamcheias.

O Brandão é o actor compadrede revista por excellencia. E' no Rioe em S. Paulo o que foi JoaquimSilva e é Alfredo de Carvalho, emLisboa, Oliveira no Porto, etc. NoTribofe, na Viagem ao Parnaso,

otor Brandão (o popularissimo)

Abacaxi, Esfolado, Rio Nú, Ba-dalo,Guanabarina,e outras revistas,o Brandão tem cincoenta por centodo successo. Possue rara mobili-dade physionomica. Foi o creadordo seu Ozebio. da Capital Federale já figurou como protogonista napeça Mambembe, de Arthur Aze-vedo e José Piza, sob o personagemde Frazão, mambetnbeiro-chefe.

Brandão é um apaixonado pelaarte que professa e se não é comosuppõe — o primus inter pares— é,:>elos menos, o melhor actor de bi-heteria, como dizem os empreza-

rios.

DR. BARBOSA ROMEO-Rua

do Hospício, 3g—Cons. de 1 ás 3.

Almanaque d'0 THE ATRO

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Actriz Lucilia Simões

Nasceu nesta capital,a 2 de Abril1879, a actriz Lucilia Simões, consi-deràda, actualmente, a primeiraactriz da lingua portugueza. Filha deLucinda Simões e de iIlustre advo-

gado do tempo do Império,vê-se queherdou dos paes a matéria prima dotalento. Educada em Lisboa, repre-sentou pela primeira vez em Coim-hra, a 4 de Maio de 1895, fazendo aparte de D. Maria de Noronha, noFrei Luiz de Souza, ao lado do seuavô materno, o actor Simões, quedesempenhou a parte de Teimo Paes.Representou depois no theatro darua dos Condes, n'uma empreza desua mãe, fazendo Francillon e ou-tras peças. Foi em seguida ao Porto,voltou a Lisboa e veiu, então, ao Riode Janeiro, onde foi posto em evi-dencia todo o seu valor artístico, te-cendo lhe a nossa imprensa os maisrasgados elogios, os quaes a im-prensa portugueza de hoje corroboracom enlhusiasmo.

Ultimamente, quizeram obri-gal-a a renegar a sua patria para en-trar como societaria do theatroD. Maria. Um telegramma de suamãe, evitou-lhe a heresia. Mas paraque ? Lucilia ainda se lembrará deque é brazileira, agora que ella éaprimeira actriz portugueza/...

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RIO DE JANEIRO

Almanaque d'0 THEATRO

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AVISO : Prevenimos ao publicopara se acautellar contra uma malta derefinados vagabundos e passadores doConto do Vigário, que percorrem estaCapital e os estados do Brasil a illudiro publieocom anneis falsificados muitossemelhantes aos legítimos anneis ele-ctricos americanos, porem sem nen-huma Àcção Electrica por nao conte-rem os saes e os metaes puros que pos-suem os legitimos anneis electricos ame-ricanos que o Dr. FLONFLER tãosabiamente inventou para curar as mo-lestias nervosas que tanto afligem a hu-manidade, conforme 2.000 e tantosattestados que obtivemos no espaço deum anno firmados por pessoas idôneas.

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Almanaque d' O THEATRO

Não se sabe â data, — que à

occulta só por ser mulher, vistoque ainda é moça.e fresca, — emque nasceu Olympia Montani,actriz que viu a luz em Guaratin-guetá,. presidencial cidade de SãoPaulo.

Olympia é filha da nossa me-lhor actriz caricata, a BalbinaMaia e mãe da nossa actriz demais futuro, Lucitia Peres. Se nomeio é que está a virtude, Olyin-pia deve-se julgar bem collocada.

A sua entrada em theatro foide leão: substituir a Rosa Villiotna opereta Tricoche e Cacolé. nostempos em que a Villiot era aestzella do Heller. Olympia nãose sahiu mal e continuou traba-lhando ao lado de Guilherme deAguiar, Vasques, Áreas, Mattos,Lisboa, Henry, Delsol, Massart eoutros festejados artistas, que com-punham o saudoso elenco que noSant'Anna fez da opereta uma reli-gião na arte !...

A varias emprezas tem perten-cido Olympia, exhibindo-se com

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Actrtz Olympia Montani

agrado no drama e na comedia. E'uma actriz digna de ser aproveitada

para a Companhia Nacional que anossa municipalidade ha de manterno dia em que um Prefeito quizeroccupar um logar no coração deArthur Azevedo e... no nosso.

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de janeiro

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Almanaque d'0 THEATRO

Actor Eduardo Brazão

Este illustre actor, nasceu emLisboa a 6 de Fevereiro de 1851.Seu pae era,nesse tempo,alfaiate aliestabelecido. Brazão seguia a car-reira da marinha e n'essa qualidadechegou a fazer uma viagem, porém,seduzido pelo theatro depressadeixou a farda da gloriosa armadaluzitana e foi para a companhia doPrincipe Real, incumbindo-se en-tão de pequenos papeis em quepouco ou nada se salientou.

D'aquelletheatro passou-se parao da Trindade, onde representoumelhores papeis e alguns até contra-rios á sua índole artística. Estevedepois no Gymnasio e veiu ao Bra-zil mais tarde, onde deixou um nomeconsiderado e um publico deverassaudoso das bellas noites que o

grande actor lhe proporcionára.

Brazão conquistou verdadeiro lo-

gar no theatro e por demais proemi-nente, quando começou trabalhan-do sob a direcção do grande actorSantos, que deixou na scena dotheatro portuguez provas eloqüentesde um alto valor, como mestre, nosillustres discípulos: — Antonio Pe-dro, Virgínia, Brazão, Amélia Vi-eira, Augusto Mello e outros.

Brazão é dos actores dramati-cos portuguezes, talvez o mais bri-lhante, e, apezar dos defeitos quemuitos lhe querem notar, tem dotesbem apreciaveis, muito estudo e de-nodo, quando chega a embrenhar-seno grande repertorio, em que porvezes sae vencedor L

E' bastante considerável o nu-mero dos seus papeis e se já erroualguma vez, quantas victorias temobtido?... Póde-se-lhe disputarpri-mazias na correcção das phrases,e nodesenho das linhas de algum perso-nagem, mas, o que não se. lhe pôdenegar é a verdadeira, sincera e en-cantadora interpretação que dáaos papeis a força' do seu. robustotalento. O nosso publico vai nova-mente vibrar de enthusiasmo aovel-o interpretar o repertorio eccle-tico que Eduardo Victorino esco-lheu para o brilhante actor apresen-tar-se desta vez ao Rio, no palco doApollo. B, j.

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Almanaque d'0 THEATRO

Antonio Joaquim de Mattos

Se dissessemos simplesmente o«actor Mattos» talvez fosse melhor,porque não ha neste Rio de Janeiroquem o não conheça e o deixe deapreciar.

Nascido em Lisboa em 1849,filho do velho Mattos, que era o fieldo governo, no theatro D. Maria II,ahi viveu na caixa do theatro Nor-mal, até a idade de 14 annos prote-gido e afagado pelos primeiros ar-tistas portuguezes.

Acabando a administração dogoverno, o velho Mattos, sahiu dotheatro e com elle o pequeno,'que foidepois freqüentar as aulas e apren-der esculptura.

Grandes disposições para anova arte que abraçára, não lhe fal-tavam, mas lá podia elle esquecer otheatro ?!

Assim, n'um bello dia, dirigiu-se á Trindade pediu um togar dediscípulo e obteve-o.

Entrava novamente no seu ele-mentoe estreiava-se a i5 de Setem-bro de 1869 num pequeno papel damagica A gata Borralheíra.

Depois de entrar em muitas pe-ças do repertorio daquelle theatro,partiu em 1878 para os Açores,n'umacompanhia organizada pela actrizEmitia Adelaide, e dahipara o Bra-zil, onde viveu durante muitos annose onde chegou a conquistar o logarde primeiro actor comico do Rio deJaneiro.

Nos primeiros tempos trabalhouaqui no theatro Phenix Dramatica,que ainda hoje se pôde vér, aban-aonado, nos fundos da chacara daFloresta.

Foi ahi que ao lado de Guilher-me de Aguiar, Vasques, Arêas, Lis-boa, e alguns outros, cantores eestrangeiros, como Villa Real e Pol-lero, o actor Mattos conquistouvirentes louros, em um grande e va-riado repertorio, de magicas, ope-retas, revistas, etc.

Não nos levam a mal fazer duasperguntasinhas ? Ha por ahi alguémque não se lembre mais do velhoChrispim, da Mascotte ?

— E o Jacaré, do Surcoufl Ha-verá creação mais perfeita ?

Mattos hoje é actor de Portugal,se bem que quasi todos os annosnos visite, como ainda o fará agorana companhia de Angela e LuizPinto. ¦

s

Se como artista o Mattos é con-siderado, como particular não o émenos: até S. M. Fidelissima já oagraciou e dahi o tratarem-lhe todosde commendador Mattos.

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picio, 39.Moléstias do pulmão e coração — Consultas

de 1 As 3 h.

Almanaque d'O THE AT RO

Esta distincta actriz, filhade um modesto artista, teve porberço a formosa cidade que o

Tejo acaricia, a florida Lisboa,

aos 20 de Março ae 1848.Ficando orphã de pae aos

5 annos e com mais cinco irmão-

sinhos, sua mãe, a Sra. D. Eu-

genia Mafra, bastante trabalhoue de todos cuidou com o carinho

e sacrifícios que só sabe empre-

gar uma boa e desvelada mãe, e

que Barbara depois pagou-lheem solicitude, affectos extremos 1

e dedicação suprema até a morte

d'esse ente que tanto adorava.

Verdadeiros exemplos de affe-

cto reflectiam-se em mãe e filha.Os seis filhos da viuva,

como então lhes chamavam, co-

meçaram logo muito creanças aapparecer na figuração das peças doGymnasio.

Assim Barbara e seus irmãos,

foram crescendo e cada qual consa-

grando, com mais ou menos satisfa-

ção, os seus esforços em prol do

theatro.Barbara tinha quatro irmãs e

um irmão e quasi todos trabalharamem theatro.

Em i863, appareceu Barbara

em um theatro particular, o dos In-j

glezinhos, sendo recebida com mui-

tos applausos e até admiração,pois,

que n'esse theatro eram impagaveis

as recitas, principalmente pelo bur-

lesco desempenho que davam aos

dramas e comédias. As damas eram

recebidas com risotas e grandes tro-

ças, mas, quando Barbara veiu á

scena o caso mudou e n'aquella

noite recebeu uma enorme ovação.

Continuou ella representandocom amadores até que em 1867, en-

trou definitivamente para o theatro,

escripturando-se na rua dos Con-

Actriz Barbara Volckart

des, na empreza de José Romano e

Villar Coelho e aliestreiou no papelde Venus da zarzuela OJoven Tele-

maco. Possuia n'esse tempo uma

bonita e sonorosa voz. Andou de-

pois de theatro em theatro, até queassentou arraiaes no Gymnasio,

tendo sido ali um dos melhores es-

teios da empreza e querida do pu-blico freqüentador d'esse theatro.

D'ahi para cá tem tido uma serie

ininterrupta de successos,nas peçasdo seu vasto repertorio.

Veiu ao Brazil pela primeira vez

com a companhia do actor Valie, ha

muitos annos, e depois voltou-nos

em 1900 na empreza que Luiz Pe-

reira teve no Lucinda e na qual vi-

nha também a mallograda Georgina

Pinto.

Desta vez a Barbara virá ao lado

do Brazão, que trabalhará no Apollo

por conta ae Eduardo Victorino.Barbara é, actualmente, a cari

cata mais correcta das que abordam

a comedia. B. J.

Almanaque d'O THEATRO

^'I

l-. - '"r^ffi']) JB|flBffB&ffffffijf pffijafcyffiffi **- '*k.

CAPILLARINAÚnico e infallivel tonificante

para a quéda do cabello

üasaonáellos 2x^ fêimas

Estudem o accentuado das paixões!cada uma tem o seu—e tão podero-sas são, que quasi S3 apoderam de nóssem auxilio da palavra. E' a linguagemprimitiva da natureza. Diderot.

Nasceu em Penafiel, a 11de Setembro de 1864 estesympathico actor, actual-mente emprezario da Com-panhia do theatro «Águia deOuro», do Porto.

Rangel veiu em 1879 Parao Rio de Janeiro, afim deseguir o commercio (istoquasi que é chapa em se tra-tando de portugueses que sefazem actores no Brasil). Em1885, achando-seem S.Joãod'El-Rey, o actor Brandãoconvidou-o para fazer o ga-lan da comedia Novella èmacção e o nosso Rangel pas-sou a ser actor, estreiandono Rio de Janeiro na revistaCresça eappareça. Guilher-me da Silveira, que enxer-gava longe, contractou-onara o Variedades, onde oRangel foi subindo, subindoaté chegar a ser, no Apollo,o nosso primeiro galan co-mico. Tem alguns papeisque valem por creações, acitar: o Miguel, do Fanfan,em que era soberbo de na tu-ralidade e graça, e o Cas- Actor-emprezario Rangel Júniorcaia, da Zazá, em que a pro-pria Réjane que o viu fazer noApollo, o elogiou.

Methodico e feliz, juntou algunscobres e foi para Lisboa; de lá vol-tou-nos com algumas companhiascomo actor e agora só nos volta comoemprezario, fazendo-nos agua nabocca por vel-o moço, forte e bo-

nito... e com tanta preguiça de irpara a scena alegrar-nos com o seutalento e com a sua arte.

c A/r^a-^- -^nior é agraciado de

S. M. Fidelissima; é portanto do Sr.Commendador Rangel Júnior o re-trato que o nosso almanaque gosto-samente estampa.

_ _ ¦ ¦¦¦.

Almanaque d'0 THEATRO

COMPANHIA «AGUIA DE OURO», Do PORTO

Actor-cmprezario Alves da Silva

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«Nasceu a 15 de Junho de 1867, 110

Concelho de Tondella e estreiou-se no

papel de «Felippe», da peça «Lobos Ma-rinhosf, em 28 de Março de 1893, noBrasil».pistas linhas,por demais simples,acompanham a effigie de Alves da Silva,impressa em cartões postaes.

Entr.tanto, sede espaço dispuzes-

semos, era de justiça consagrar muitas

linhas contando a historia deste actor

que, estreiando modestamente notheatro

Casino, em Petropolis, é hoje um arro-

jado interprete do «D. Oesar de Bazan»,«Kean» e outros personagens destinados

Almanaque cTO THEATRO

TI!

a iramortalizar os interpretes. Alves daSilva trabalhou nesta capital, pela pri-meira vez, nô theatro Lucinda, n'umacompanhia da actriz Clementina dosSantos e da qual era Io actor o nossoquerido Peixoto.

Esta companhia estreiou com as«Noivas do Enéas», representando emseguida «O Tio Celestino» e outros «vau-devilles».

Alves da Silva revelou-se logo umexcellente galã, vantajosamente auxi-liado pela sua figura esbelta e juvenil.Com taes disposições para a scena nãotardou ser convidado para outra Erapreza, elá se foi o Alves para o Apollo,fazer o «Jasmim», do «Gato Preto» eoutros galãs de magicas e opere tas.

Um bello dia, desappareceu.Foi pelo Estados do Brasil afora,

á frente de companhias dramaticas e,com o seu inseparavel irmão e amigoGermano Alves e a distincta actriz bra-sileira Apollonia Pinto, conseguiu crearboa nomeada, impondo se ás principaesplatéas do Norte. Todos gostavam devel-o no «Máximo Odiot», do «Romancede um moço pobre», no «Luiz Fernandes»da «Morgadinha» e outros papeis, emque a sua figura sympathicae insinuanteimpressionava os homens e apaixonavaas mulheres... fáceis de se apaixonar !

Mas o Alves não ligava importanciaa conquista de olhares; preferia osapplausos e a fortuna. Esta não lhe feznegaças e no Pará e em Manáos reuniualgum pecúlio, partindo para a suapatria e organizando no Porto a compa-nhia que ora dirige e com a qual pre-tende percorrer quasi todos os Estadosdo Brasil.

Alves da Silva é um actor intelli-gente e trabalhador; está um tanto gor-dinho para os «galãs piegas», mas a suavoz é pastosa, o seu olhar é doce, o seugesto é delicado, e estes dotes reunidosfazem delle um fructo raro de se en-contrar em theatro: o galã, o legitimogalã dos tempos antigos, de apaixonara valer, as actrizes e as espectadoras...

IDe Ciiapéo...

(Monologo)«APRESENTA-SE U\I CAVALHEIRO DE

CHAPÈO NA CABEÇAPor prudência consorvo-me coberto,Oheguei da rua, ura tanto ou quanto buado,E quando súo eme descubro, é certo:Fugir-me do nariz farto punhadoDe espirros : é terrível o escarcéoQuando transpiro assim, e sou forçado

A tirar o eliapéo ..Mas agora é que vejo 110 auditorio,Muita menina encantadora e bella ! !Santo Deus ! vou perder o palanfrorioDesta fôrma nao posso ter cautella...Todo esse senhorismo é grande emporioDas taes constipações, nao é baléla ;Parece, até, descida lá do céo,A elite que esta sala toda estrélla,

De tirar o eliapéo ! [descobre-se]Ob ! que milagre ! nem um espirro ? !Será possível ? Isto é caso raro !Com taes nicas, senhores, muito embirro,Mas o que fiz... me tem custado caro!...Nomez passado,em vinte ou vinte e quatro,Espantou um marido ao povaréoQ,ue ouvia attento o«Guarany» n'um theatro,Quando entrei, transpirando, e o seu reparovez das «torres» o povo gritar : — Féol ..Não quiz satisfazer essa exigência,Mas, a grita crescendo eu accediPara castigo, nâo por deferenciaA' corja das «toninhas» que lá vi...Sem demora das ventas a eloquenciaIrrompeu me ; da peça... nada ouvi;Perdeu as estribeiras a regencia:—A batuta agitava-a, em frenesi".Biilhante como a faca de algum réo,O maestro, uma faria em evidencia,

Mal tirei o chapéo...Fila por fila, então, foi desertando;iHigiu do palco um imbecil cantor,Lumo se vaia lhe estivessem dando ..Lontra mim levantou.a tal clamorQue amigos me cercaram, e espirrando,tijxhausto desmaiei, perdendo a côr-Emquanto me bradavam: Tabarêo !iuasi me esmaga o povo, com furor

Mal tirei o chapéo... '

Mói?™ ?°ÍS <lueProced° hoje cora juizo,Mantendo agazalhada esta cabeça-Comtudo si uma prova fôr precisoDo que affirmo, talvez inda a forneçaO meu nariz -Respondam- - E' preciso ?Soltem o grito theatral:-Péo!-Péo!L m gesto apenas,, vamos— um aviso-(nawsa)

Querem?... tiro o chapéo ?...Bahia

Alarico Cintra

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Almanaque d'O THEATRO

BORDEAUX

85, Chemin des Cossus

BOUSCAL

FKÉS ffi©K.©1EÂUX

GOMES

COMPANHIA «AGUIA DE OURO», Do PORTO

Nasceu no Porto, a 19 deJa-

neiro de 1873, este esperançoso aetor

comico, actualinente contractado na

companhia dirigida por Alves da

Silva.

Sarmento estreiou nó Gymnasio,de Lisboa, onde se conservou por es-

paço de 12 annos, o que e uma boa

recommendação para o artista, visto

que não ha pessoal mais inconstante

que o de tbeatros. Com a companhiado Gymnasio fez Sarmento varias

«tournées» pelas principaes cidades

de Portugal e já aqui esteve o anno

atrazadó na empreza de Eduardo Vi-

ctorino, que trabalhou no mesmo

theatro onde elle tem sido tão applau-

dido este anno: o S. .Tosé.

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TELEPHONE 2117

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mourão&

GRANDS VINS DE

Sarmento dedica-se ao generocomico. para o qual tem incontesta-vel quéda, embora, ás vezes, pareçasuggestionado pelo feitio de repre-

sentar do actor Carlos Leal, a quem

procura imitar, até na voz ronque-

iiha que lhe empana o brilho dos

papeis.Antonio Sarmento é casado com

a joven actriz Emilia Sarmento, nas-

cida em Santarém (Portugal) e cujo

retrato inserimos em outra pagina. Emi-

lia Sarmènto estreiou no theatro da rua

dos Condes, sob a direcção da distincta

actriz Lucinda Simões, fazendo partemais tarde da companhia do Gymnasio,

Actor ÂsüQrsiü Sarmento

com a qual percorreu varias cidades por-tuguezas. Emilia Sarmento faz as «in-

genuas» da companhia «Águia de Ouro»,

do Porto, não sendo esta a primeira vez

que vem ao Brasil.

' . '' • , • S> ¦¦ d ' •' ' ' V MB

THEATRO JAlmanaque d' O

RIO DE JANEIRO

W~ COMPANHIA "AGUIA DE OURO", Do PORTO

Actriz Augusta Guerreiro

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E' uma bella caricata: feia,cies- '

pretenciosa, engraçada e util.Augusta Guerreiro nasceu a 27

de Agosto de 1850, em Valença, doMinho. Não é dessas que negam aidade e já não pensa em conquistarcorações: trata de agradar ao pu-blico, o que sempre tem conseguido,e de prestar auxilio aos collegas,custurando-lhes as roupas.

Tem trabalhado em quasi todosos theatros de Portugal e do Brasil je a critica — una voce — consi-dera a uma excellente caricata.

|O publico, eese, farta-se de rir 1

com ella no "Cerco de Paris" na"Kosa Engeitada", 110 "Papão'',

para tó fallar das peças que destavez tem representado no theatro S.José, na Companhia «Águia de Ou-ro», da qual faz parte.

Almanaque d'0 THEATROi

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COMPANHIA «AGUIA DE OURO», Do DOURO

Âctor Antonio Soares

Nasceu no Porto, a 29 de Junhode 1856, o actor Antonio Soares, da

Companhia Alves da Silva.Estreiou aos 23 annos de idade

notheatro Variedades, que já nãoexiste, no drama historie© "Sam-

são", ao lado dos fallecidos actoresDias e Samuel.

Soares era esculptor, antes de seractor. Esteve durante seis annos noPríncipe Real, do Porto, tendovindo ao Brazil em 1895, com a

Companhia do Taveira, que estreiouno Apollo com a ' 'Bibi & 0."

Por essa época, mereceu de Ar-

thur Azevedo elogiosas referenciasna peça

''Pescador de Baleias."O seu genero predilecto é o reper-

torio de dramas e comédias, ajus-

tandose por isso perfeitamente á

Companhia Alves da Silva, quenélle tem um bom auxiliar.

CHARLES ItOMVH A

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Actriz Virgínia Lima

Esta novel actriz nasceu em

Lisboa em 1874, representando pela

primeira vez em Lisboa no theatio

Principe Real e sendo depois eserí-

pturada para o theatro da rua dos

Condes. Ultimamente estava no

Águia de Ouro do Porto em cuja

companhia veiu ao Rio de Janeiro.

Como principiante é digna de esti-

mulo, dispondo de uma figurinha

assâs, graciosa.

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Almanaque d'0 THEATRO

COMPANHIA «AGUIA DE OURO», Do PORTO

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theátros, bailes, casamentos e baptisados. Fazem-se de todos os gostos

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tanda, 33, esquina da rua Sete de Setembro.

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Àctor H^ppoSito Costa

Nasceu em Lisboa, a 26 de No-

vernbro de 1857.Estreiou no theatro Chalet cia

rua do3 Condes; a seguir trabalhou,

escripturado, nos tlieatros: Avenida,

Principe Real e Apollo, de Lisboa;

nos Açores, e ultimamente, 110 Car-

los Alberto e Águia de Gero, do

Porto. .. .E' um actor um tanto trio em

scena, tendo a dicção algo defeituo-

sa, saliindo-lhe as syllabas em yo-

mitos seccos.Ainda assim, fez uma scena

que vale por muito papeis : a do'•hemiplegico" no 2°acto do ' Cerco

de Paris".; Hyppolilo Costa e uma figura de

respeito fora de scena. e tem algum

preparo intellectual. E' a piimeiravez que vem ao Brasil, como uma

das principaos figurus da Compa-

nhia do actor Alves da Silva.

Almanaque d'0 THEATRO

COMPANHIA «AGUIA DE OURO», Do PORTO

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Actor Thomaz Vieira

E' ainda muito joven este actor,

nascido a 24 de Junho de!87S, no

Concelho de Estarroja. Era empre-

gado no commercio quando entrou

para o palco, estreiando-se no the-

atro Carlos Alberto, do Porto, na

peça de grande ef-pectaculo ' 'A mu-

lher do bandido", no dia 15 de Ou-

tubro de 1903. Foi em seguida ás

Ilhas dos Açores,na Companhia Er-

nesto do Valle c ao voltar contra-

ctou-sc no Águia de Ouro, vindo

agora ao Brasil pela primeira vez.

Tem habilidade e boa figura paraa acena. E' um actor que promette,se estudar.

^0^

Carla aberta a uma mulher loira

Nfio esperas, fie certo, o madrigal calçadoD'ouro e seda,nervoso, excesãivo e ardente,Porque não podes ter, incontestável mente,A estranha pretensão de me ter conquistado.Tu, quearranjasteumolhardemiílher perigosaPreciosíssimo ar, irritantissimo ar,Cravando-me no peito as garras côr de rosa,Nem tiveste poder para me apaixonar !Pedir-te amor, não peço,—embora reconheçaQue não o tens negado a muita gente peior...Masbem vés:nem o amor écoisa que se peça,Nem eu me baixaria a mendigar amor.Sendo tu irritante, a mais não poder ser,Desde a bocca pintada até o braço nú,Eu tenho, minha filha, o exquisito poderDe ser ipais irritante ainda do que tu.Noamorproprio que tens,alguma coisa falta,Especie de boneca, especie de rainha :Porque a tua vaidade, apezar de ser alta,Tem muito que subir, para alcançar a minha!

Júlio Dantas.

NO THEATROEntraem scenaoactor.E' admiravel de graça,Faz rir toda a platéa a mais não poder ser;Entretanto,não faz um esgár,não apalhaça,Mas o publico ri só de o ouvir dizer.

Todos ao vêl-o rejubilam. EsvoaçaAli, bem perto d'elle, a arv61oa do Prazer;Ninguém,oraafolgar,se lembra da Desgraça,Que o coinico é genial, faz a Dôr esquecer !

Afinal, salie da scena. Os seus admiradoresChamam-no sem cessar, e, surdo a taes cha-

madas,O artista permanece atraz dos bastidores.Insistem. Elle vem. Dobram as gargalhadas.Vae-se. Chamam-no ainda. E', pois, mister

voltar...Mas os espectadores,Nao sabem que elle tem atraz dos bastidoresA filha n'um caixão e a esposa a soluçar!

A. Carvalho Pimentel.S.Paulo—1906.

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III®4

Almanaque d'O THE AT RO

Os amadores

Vamos finalmente cuidar da par-

te mais difficil (!) deste Almanaque,

da que nos deu mais trabalho (pa-

rece incrivel!) e da que foi., própria-mente, a causa da publicação deste

livro. Havíamos aberto um concurso

entre os amadores para saber-se

qual deites — em S. Paulo, em Ni-

ctheroy e aqui —era o preferido do

publico freqüentador de sociedades

dramalicas e o successo desta idea

não se fez esperar: os votos cho-

veram na redacçao d O Tln-att o...

como choveu no começo deste

anno !

Tivemos momentos de des-j

animo e pensamos muitas veies em

desistir de publicar esie Almanaque,

tantos foram os empecilhos que siu-

dram, mas a nossa palavra estava

empenhada, tudo em S. Paulo cor-

rera com tanta ordem e enthusiasmo

que senliriamos vexame de retro-

ceder. Antes tivéssemos feito isso.

As difficuldades aqui no Rio e

em Nictheroy começaram petas ir-

resularidades de votação e acaba-

ram na recusa — por modéstia que

absolutamente não acreditamos sm-

cera — dos retratos dos Srs. ama-

dores de ambos os sexos. Apenas

conseguimos, e aqui agradecemos,

as photographias que a seguir es-

tampamos. Corramos a cortina e dl-

Carnes do

Amadoras desta Capital

NOMES

1?2?3!4*5*6?

Constança Teixeira...

Leonor Cerqueira....Anna Coulomb Costa.

Therezina Pereira

Hortencia Leal

Nair de Almeida

CONCURSO DE AiftDOBES

cuio resultado, no tocante ao sexo

masculino, foi depurado das mil

e uma irregularidades inevitáveis

quando entra cm jogo o interesse e

um pouco de vaidade.A apuração que fizemos deu o

seguinte resultado :

VOTOS

, V 392341234203187184

183178165153

143138

01 ga PrudenteArgentina FontesOarmelia Thibau

Orrainda Franco ^Margarida Taborda

Luiza EsperançaRosa Netto.... ^Lydia de Mello

^Carlota Catão

inLâurâi Cunhâ. 108Aracy Teixeira 'Dalila Braga •'1 gg

Virgínia de Moraes ^Eponina PaivaLeopoldina de Oliveira ^

Amélia de Carvalho

Eduarda E. da Ondina de Carvalho

[Sarah de Castro

I Bdith Sá RegoEponina PintoHilda NoldingEvangelina Cardoso

Olga Alvares...Isabel MedeirosLeocadia RosaRita Leal Adriana Li-boaCelina Rosai Judith CarvalhoVirgínia Simas

Violeta SaldanhaCarmen GomesIHaydée de Carvalho

5143363431

242319191816110

Almanaque d'0 THEATRO

Pode-se dizer quehouve justiça nesta vi-ctoria da distincta ama-dora do Club Flurni-nense. A senhoritaConstança Teixeira,nascida nesta Capital,è filha do estimadocommerciante Sr. JoséLuiz Teixeira Júnior ede D. Delphina Tei-xeira.

Estreiou no ClubGymnastico Portuguezn'uma pequena come-dia, fazendo logo a se-

guir a velha Pulcheria,da Helena, de PinheiroChagas.

Quando amadorado Elite Club, de sem-

penhou,com elogios doautor e de toda a im-

prensa, a idéat ingênuado Badejo, de ArthurAzevedo ; a sala do SãoPedro de Alcantara,onde o Centro Artisticorealizava as suas reci-tas, applaudiu-a comenthusiasmo na inter-

retaçào da Ambrosina.

No palco do Elite Club foi longaa serie de papeis creados pela se-nhorita Constança, desde a ingênuaAnna Damby, do Kean,á caricata

}Ame. Chambaudet, podendo-seaffirmar que tomou parte em maisde cincoenta peças differentes. En-tre os seus melhores papeis figuramem destaque: a Athanais, do Mes-

tre de forjas, traducção de seu di-

gno pae, em que a talentosa ama-dora triumphou em toda a linha, a

ponto de alguns criticos julgarem-na, neste papel, superior ás demais

interpretes dos theatros do Rio de

VENCEDORA - i°. LOGAR

Senhorita Constança Teixeira

Janeiro ! Presentemente a senhoritaConstança Teixeira illumina o palcodo Club Fluminense, ao lado dos

amadores do extincto Elite-Ctub, eali já creou brilhantemente a Baro-nezade Vanhart,do Marques, de La

Seigliére, em que, prejudicada peloseu physico elegante e flexivel, en-cantou a platéa peta maneira de di-zer, de detalhar uns pequeninosnadas — que são tudo.

Melhor que ninguém, disse JoãoLuso, da senhorita Constança Tei-xeira, no seguinte soneto que o pri-moroso poeta e escriptor lhe dedi-cou e que se destaca no salão de

Almanaque d10 THE ATRO

honra de Teixeira Júnior, n'um qua-

dro artisticamente illustrado por Ju-

tião Machado. E' este o bello soneto

de João Luso:

«^4' senhoriía Constança Teixeiia»

Essa que a Historia aponta, a formosa Constança

Esposa amante e fiel de Pedro, o justiceiro,Beinou n'um grande throno, e foi, a Historia o afiança,

Adorada d'um povo, entre os povos, primeiro.

Certo dia, porém, Ignez com a loura trança

Do Monarclia prendeu o coração ligeiro.Pobre rainha então, sem throno, sem esperança,

Morreu de ingratidão no negro captivciro.

E' Constança o ti u nome, e és tu tamb m r

Mas d'um reino melhor, n'um throno onde aeaninba

Quanto de bello e bom ire ou a natureza:

0 talento, a bondade, o ideal supremo (1'artc.. .

Não ha no mundo Ignez que possa deslhronar-teSoberana gentil da graça e da belleza.

tem já um vasto repertorio: A or-

phã de O grito de conscieii-

cia, O poder do ouro, Abençoadas

lagrimas, Poria falsa, Mosquitos

por cordas, antes do baile, O telc-

phone, etc. ' . ,D. Nair estreou em Maio de 1901

na comedia em 3 actos Porta falsa-,no extincto Grêmio Dramatico Es-

perança.

Amadores desta Capital

VENCEDORA — 6? LOGAR

/

'/

1 ' ' ?•-S&'K' W

, Aqui é que pega o carro. O es-ninlia I candalo na cabala foi evidente, ene-

^ando-nos ás mãos completamente

viciados muitos votos de amadores.

Fizemos o nosso dever ! separar o

triío do joio. Ainda assim, ò resul-

tado é fantastico, sahindo vencedor

o Sr. Humberto Miranda, que e hoje

actor da companhia Dias Braga,

onde os leitores poderão aprecial-o

gal-o melhor...Eis o que conseguimos apurar:

VOTOS

jult,<-

NOMES

Humberto Miranda 384

O liverio Travassos ^Castro Vianna ^ "

Geraiuiano de AlmeidaWilton Morgado • •Manoel Loureiro......

296251

D. Nair de Almeida

E' brasileira, nascida nesta Ca-j

pitai, esta applaudida amadora do

Club do Campinho, onde trabalha

ao lado de seu esposo, o conceitua o

amador Geminiano de Almeida. Jo-

ven ainda, contando apenas 21 an

nos de edade, D. Nair de Almei a

243241222203

Pinto de AbreuFrederic> Costa.José GrilloJúlio de Freitas Júnior[ndalecio Cunha gAdhemar Romêo ^'29Oscar Cardoso de Lucena -Carlos de Freitas..Antonio Santos....Aristeu LeiteLuiz Alves Vieira.Delamare Paiva...Peres Machado...Estevão Ferrão...Oscar Alvarenga..Augusto Teixeira.Manoel Valladfto.

119116

9492908281747368

Almanac

pfefy,1 *• *.-v '- --• •••>•;•' 4

" :

!«1

«V /( .S -\ T ' *! '

K

rue d'0 THEATRO

Manoel d'Oliveira Lopes, 5 cada um;

Accacio de Faria, Eduardo Clerc,

Numa P. da Silva, Ascanio Possas,

M. de Oliveira Mendes, Armando

de Andrade, Lupercio Garcia, 3

cada um; Firmo da Silva. Affonso

Cerqueira, Henrique Leal, Mucio

Vaz, 2 cada um ; Antonio C. de Ma-

galhães, Caetano Gonzaga, Louri-

vai Fonseca, A. Cruz, Pimentel Pe-

reira, Francisco Rogério, J. M. Bor-

ges e Arlhur de Castro, um cada

um.

Frederico Cardoso de Menezes 57Eduardo Almeida e Silva 50Manoel Parauhos Simões 41Luiz Gouveia ™Eduardo CamposJob6 de Medeiros ^José Basto ^Américo AzevedoPaulo AguiarJosé Carlos d>)s Bautos 1Edgard Vidnl °Alfredo Romário °RotxiÊo Silvares iFirmitio Simas 'José de Queiroz, E. Nunes da Silva,

J. Real Lopes, Lino do Nascimento,

VENCEDOR (?) i? — LOGARvendo entre adores, traba-1 ha nd o seguidamente emclubs de amadores, era de es-

perar que Humberto Miran-da abraçasse a carreira thea-trai, o que fez em começodeste anno, indo figurar noelenco da Associação diri-

gida pelo actor Dias Braga.No Recreio ainda não

pôde apparecer em papei queo recommendasse á attençãodo publico, a não ser na iini-tação feliz do actor José Ri-cardo, scena encaixada áultima hora na reprise do Cá

; e lá ...i Nascido a 3o de Setem-

| bro de 18<So, o joven actor por-tuense estreiou-se como ama-dor no Club Gymnastico Por-tuguez, em 5 de Fevereiro de

i N()(). Ali se conservou duran-te alguns annos, trabalhandoalternativamente, nos clubs :S. Christovão, Gymnasio deBotafogo, Elite, Eugênio daSilveira, Cassino Conimer-

Humberto Miranda ciai, etc. Como actor, estreouno papel de Jose de Arima-

E' portuguéz e até bem pouco thea, em 19 de Janeiro deste anno,

tempo estava no commercio. Vi- na reprise do Martyr do Calvario.

Almanaque d'O THE AT RO

Humberto promette, não ha du-

vida, e tem disposições para a scena.

boa figura, vos quente e muita von-

tade de progredir. Mas... quem o ha

de ensinar?!...

VENCEDOR —' 2? LOGAR

illÉif:

VENCEDOR — 4- LOGAR

M

mx:

' #13 v> \

w~.

Oliverlü Travassos

E1 bastante conhecido e es ti-

mado este amador. Nos ctubs clra-

malicos em que apparece, OUverio

Travassos deixa nos assistentes c

impressão de um bom comediante

vestindo bem, pisando melhor e

dizendo com justeza o seu papel,

sempre estudado com carinho.

Tem um repertorio magnífico de

dramas e dramalhões. ^Dizem que se o Dias Bra a o

apanhasse,não sentiria saudades do

Ferreira. . „Não se pode dizer coisa melhor

de um amador.

Geminiano de âlimesda

E' também' muito joven este

amador: 25 annos de edade, brazi-

Estreiou em Janeiro de. 1902, no

drama em 3 acto.s Diclola, no ex-

tineto Grêmio Dramalico Esperança.

E'casado com a amadora D. JNaii

de Almeida.Geminiano tem trabalhado em

cirande'numero de sociedades dra-

matieas desta capital e em algumas

do Estado do Rio. Entrê outras,tem

tomado parte nas seguintes peças ;

Abençoadas lagrimas, Podei do

Ouro' Gênio Gale, Como se fama

um deputado,Mosquitos por coidas.

Dar lenha para se queimar, ele.

Geminiano de Almeida nasceu

n'esta capital.

Amadores de fôiclhercy

Na Capital do Estado do Rio

o «concurso» correu friamente, en-

tretanto o theatro de amadores e,

por assim dizer, o único diverti-

mento de que dispõem os morado-

res de Nictheroy.

-—.—I

. ! f

I j

'''' „c^'

_ ,."'!' ..

Almanaque d'

Não obtivemos as photogra-

phias dos amadores, mas damos em

compensação o retrato do maestro

Brito Fernandes, alma dos Clubs

dramaticos de Nictheroy.Apuramos os seguintes votos :

Ia AMADORÀ

Io Regina Schultz 482o Isabel Loureiro 323o Rpjjina Sá 214' AnniUi Calheiros 185o Laura Calheiros lã6o Isabel Graef 4

Dalila gá 1

O THEATRO

I? AMADOR

1® Augusto Machado 462o Francisco Valente 293" Homero Sampaio 214a Martins Teixeira Júnior. 175o Raul Quaresma **G° Eurico Brundflo 8

Jonathas Botelho ®Gregorio Dantas ®Arlhur Duarte.

Francisco Valente, votado neste

«Concurso», é o malogrado repórter

do Jornal do Brcizil, perecido no

desastre do Aquidaban.

Maestro Brito Fernandes

E' filho de Nictheroyeste nosso joven compa-triota, cujos estudos musi-caes foram iniciados na pro-pria cidade que lhe serviude berço.

Brito Fernandes é hojeum maestro, e quem já o viureger as pequenas orches-tras dos clubs de amado-re.s de Nictheroy, reconhecenelle uma bella promessade musicista. As suas com-

posições, leves e despreten-ciosas, confirmam essa pre-visão.

O Theatro num dos ulti-mos números da ia serie,

publicou o duetto de amordo 2o acto da opereta O Tro-vador, levada á scena emNictheroy, obtendo a parti-tura de Brito Fernandes es-

pecial agrado.Estas linhas justificam

a inclusão do retrato do jo-ven maestro entre os ama-dores de sua terra.

LIVRARIA BITTENCOURT — Jornaes illustrados e figurinos.O Almanaque d'0 Theatro acha-se á venda nesta casa — Avenida

Passos. 11, Rio de Janeiro.

' companhia Lucinda-

¦ Chrisliano, desempe-

S& ' nhando alguns papeis

Fausta ^ so^0te« a auxil!^||

D. Fausta Polloni

Fausta Italia Pol-

loni, nasceu em Ve-

rona, a patria de Ro-

meu e Julieta, vindo da

Itália em companhia

de sua familia para o

Brazil ainda menina.

Desde muito cedo |

Fausta Poloni mostrou

grande vocação pai a o

theatro, e, não tardou

muito em cultivar, pri—meiro como amadora,

a ing-ata arte de Tha-

lia.

Nos primeiros pas-,sos, teve a auxilial-a |

Almanaque d'0 THEATRO

Amadoras de S. Paulo

Como sempre, a formosa cidade

nrestou continência ás manifesta-

çòes de arte; S. Paulo brilhou no

«Concurso» organizado pelo lJiea~

tro, enviando-nos perfeitamente do-

cumentados, uma alluvião devotos

que bem mostram o grão de adian-

lamento intellectual^ dos paulistas.Houve cabála — lá isso houve — e

nesse sentido poderíamos indagar

dos Srs. Manoel Cruz, Miguel Mi-

lano J. Parente e Moutmho Mtho,

como se faz o trabalhinho... porem

melhor será convidal-os a continua-

rem animando os progressos da arte

dramatica em S. Paulo, quejapos-

VENCEDORA—i? LOGAR

sue um Conservatorio Dramatico,

emquanto que nós temos o de...

musica. Eis a apuração completa

dos votos recebidos de S. 1 auto .

PRIMEIRA AMADORA

Fauta Itália Polloni -Felicidade de SouzaElvira UamilliOarm^lla PolloniAlice V- rtugalElvira Costa

Olivia IBranca B:itín.<ni *Fraiicis-ca cSil * *'

Como se vè o resultado foi bri-

jlhante e —pela segunda

Theatro estampa o retrato de uma

amadora que já é artista, refenmo-

n,s á Fausta Polloni,

actualmente rio Rio

Grande do Sul com a

companhia Lucinda-

Christiano, desempe-

nhando alguns papeisde Lucilia Peres e ou-

tros de Guilhermma

Rocha.

: ¦

¦' : ¦¦ - 3

—¦>. I~~ Almanaque

d'O THEATRO |

distinctos efestejados artistas ita-1 VENCEDORA — 4- LOGAR

lianos e portuguezes. que viam na v -j

graciosa joven, talvez. uma jutura fjgloria da arte dramatica. A sua es- J-' ,trea como amadora, foi no Eden-

| - "

vClub, onde agradou immensa- |\ >

>, _

mente. Fez parte tambem dos se- j ;• ¦ \guintes clubs: Gymnasio Portu- /

fM ISuez, Almeida Garrett, Alumnos

™ -jd e a l^m a ia ^ i I e^i r o, o 1 \ d e

'

''

-r ¦ *'7

^'' ^ ^ ^

j) Carmella Polloni I

,. 1 2' Antonio dsCarvalho Pimentel 396

|:j -1 Maaoel PonUs (o car6ca) 257

I'- Sp ,f '' |

j sS Marques da Silva 123'

pffi \y | Antonio Jacintho Alves 94

f'CuSX4?.T& j Antonio Perrira Marques 44

S:<£¦*_;

| Mario de ("astro 32

[:'• •' ' if" i Antonio Santos 27' Alfredo Monies 25

j Hyp pop. to Alves 20: . Fas-choal ('orona 18[.; . \ i tl'Uir v'ai'vfclho 15

Gustavo (!«ldas . I5¦ ./ - --4 Jayme de Curnpus 13

Faria Rocba 12D. Felicidade de Souza e <jutros menos votados. ||

Almanaque d'0 THEATRO

VENCEDORA —4- LOGAR

Wmmmmm * íMÈÊm

LOGARVENCEDORA

PRIMEIRO AMADOR

Io Sylvio Lage2' Antônio d*s Carvalho Pimentel3' Manoel Cruz4" Manoel fontes (o caréca)5o Luiz '! ino6" Miguel Mi lano

J s6 Marques da SilvaAntonio .lacintho AlvesJoaquim Pa renteMoutinho FilhoAntonio Peivira MarquesMario de ("astroAntonio SantosAlfredo MoraesHyppolito AlvesFas-choal Corona\rthur rnrvbliio

Gustavo ('.-IdasJayrrie de Curnpos

j Fiaria Rocha •'e outros menos votados.D. Felicidade de Souza

I

Almanaque

L ... ¦g-'r-fHiT 1"

^^^MlK-: 0 *¦ -m j ¦' WB^mmmaam

mSI^BBBmBm^S^^mll^^m^^m'^^^KaBBSB^SSSBSi

r

d'0 THEATRO

VENCEDOR- i? LOGAR

Sylvio Lage

O nosso biographado, nasceu noI

Rio de Janeiro, a 26 de novembro

de 1877, tendo portanto, vinte e nove

annos incomptetos.E' filho do saudoso e conhecido

José Antônio Fernandes Lage —

o Lage velho—como era conhecido,

portuguez ha muitos annos entre

nós domiciliado,Sylvio Lage era

por affinidade, pri-mo do pranteadoactor Guilhermede Aguiar.

Vindo para São

Paulo, matriculou-se Lage no Lyceudo Sagrado Cora-

ção de Jesus, diri-

gido pelos Salesia-nos e onde deu os

primeiros passos,as primeiras invés-

tidas pelo caminhoda arte, e foi

"nesse

palco de jovensamadores que vi-

mos o Lage pela

primeira vez,tendoapenas nove annos

de idade, crear o

papel de Mirocle-to, pastorzinho de

um drama sacro

do qual não nos

occorre o titulo.

Foi esse dramaensaiado e postoem scena pelo fal-lecido desembar-

gador AurelianoSouza e OliveiraCoutinho, de sau-

dosissima memo-ria. D'ahi para"cá,datam os succes-

sos do Lage em cada papel que des-

empenha,—e são innumeros os que

tem feito—; e se não é hoje um ar-

tista, se não seguiu a carreira de

actor, é simplesmente pelo motivo

de ter contrahido matrimonio muito

cedo. E' pena, porque esta ali o ta-

lhe para um verdadeiro artista.

Almanaque d'0 THE ATRO

Sahindo do Lyceu, Lage tem

trabalhado sempre entre os nossos

melhores amadores, nas nossas me-

lhores sociedades dramatieas e sob

a direcção de excellentes ensaiado-

res como sejam: o distiricto actor

Eugênio de Magalhães, das actrizes

Judith Rodrigues, Adelina Nunes,Julia Gobert, já fallecida; e do co-

nhecidissimo ensaiador capitão An-

tonio Corrêa Vasques, pae do dis-

tincto tenor brazileiro José Corrêa

Vasques, actualmente na Italia.

José Vasques e Lage debu"ram com muito agrado, no ora ex-

tincto Grêmio Dramatico «6 de Ja-neiro».

J» Lage foi um dos amadores quecomesse Grêmio inaugurou o nossotheatro SanfAnna.

Tem feito magníficas creaçõcsentre amadores, nas seguintes pe-ças que ora nos occorrem : Abel eCaim, de Mendes Leal; Helena, dePinheiro Chagas; íntimos, de Sar-dou, Mimi, Casamento Escanda-loso, Consequencia de incoiisequen-cia, Dominós cor de rosa, Ghigi,Tosca e outras muitas que de mo-menlo não nos Dodemos recordar.i.

Conhecidissimo e muito esti-mado por todos que com elle pri -

vam, Lage, faz sentir sempre a sua

falta, quando não pôde tomar par-te em qualquer peça.

Typo elegante, sem affectação,

phvsico agradavel, em nada exage-rado, boa dicção; consegue, muitonaturalmente, encarnar-se em todosos papeis pelos quaes se responsa-bilisa.

Bom esposo, optimo pae e me-lhor amigo...

Só tem a meu ver, um pequenosenão—e quem os não tem ?— adoraa todas as mulheres...

Actualmente, é director scenico

do Congresso Dramatico«Carlos Go-

mes», cLub ainda novo, mas que dis-

põe do melhor corpo -scenico entre

todas as sociedades congeneres.Os mais sinceros parabens ao

sympathico Lage peta sua merecida

victoria.Mario Carvalho.

S. Paulo—1906.

VENCEDOR-2? LOGAR

Antonio de Carvalho Pimentel

Uma grande alma e um excel-lente coração. .. E' portuguez, natu-ral de Coimbra, terra tão decantada

pelos poetas da lusitania...Tem 23 annos apenas. E1 extre-

mamente distrahido, ao ponto de secomprometter a tomar parte em doisespectaculos na mesma noite se lh'o

forem pedir !Nunca diz que não, quando se

lhe pede qualquer obséquio... temlogo a phrase prompta — «Eu te ar-ranjo isso...» Depois, já se sabe,

falta sempre! Quantas vezes terá

Almanaque d'O THE AT RO

¥

elle passado sem jantar por distrac

ção! Ainda hamezes,tomavaelle par

ten'um espectaculo organizado peloCongresso Dramalico «Carlos Leal»

O espectaculo estava marcado paia

as 9 horas; já todos os amadores

estavam preparados, faltando uni-

camente o Pimentel. — Onde estara

Sr. Pimentel, que ainda não appa-

receu?— pergunta o director de

scena. Naturalmente esqueceu-se

de que havia espectaculo, ou esta

ainda estudando o papel! — respon-

deu um dos amadores. Passai am-se

io minutos, e ahi chega elle muito

do seu vagar... — Sr. Pimentel, sao

01 /4 ! — Que queres, filho, estive a

estudar um monologo, que por si-

tfnal ainda o não sei bem...

De resto é um excellente rapaz

(e aqui muito segredo, — um excel-

lente poeta). .Actualmente faz parte de dois

grupos dramaticos, o «Centro Lit-

terario i° de Dezembro» Sociedade

Recreativa e de Instrucção, da qualelle é o principal sustentaculo, e do

Congresso Dramatico «Carlos Leal»

sociedade recentemente fundadanesta Capital.

São innumeras as peças onde

se tem salientado, occorrendo-me

neste momento apenas as seguintes.

Maria Joanna, Filhos da La-

iiallia,Pcobidade, Unia expeziencia,

O Cveado Distiahido, Dois surdos,

Tio Padie, Condèssa de Marsay,

Uma chaoena de chá, Um dnelloa

espeto, Simplicio Castanha

Pena de Morte, Alegrias do lar, etc.

A sua estréa como amador, foi,

se bem me lembro,ha (i annos no ex-

tincto Centro Litterario Portuguez,

fazendo o sachristão da velha come-

dia de Baptisla Machado A hxpe-

riencia em que agradou muitíssimo.

D'ahi para cá tem feito muito

progresso, salientando-se sempre

nos typos de vegete, que lhe vao

[como uma luva ! J. \ . 1 ontes.

TFuenãrnaT^RARIft FRANCISCO ALUES

Minha Historia Sagrada, tradu^°d° colhidas! obra approvada

tetrado de ,o5Janeiro. 3$ooo

pelo Exmo. Sr. Cardeal ai ccdi conforme o programmaCurso Superior de Geograp va

Qcrosonpi i vol. com numerosas illus-dos Gymnasios, por Horacio Scrosoppi, i voi.

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Bilac e C0elh0^Nett0j_l_W—Sono. EstêXvro foi íipprovado e prePoesias Infantis, por Olavo 11 vo

rnStruccao Publica da Capital Federal miado pelo Conselho —

maes, por Coelho Netto (da ac publicado, por Guima-

^sUeira,; :;volum,

de ^

pa^as

in-i6 fr., cart

Almanaque d'O THEATRO

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Manoel Cruz

E aqui termina o «Concurso de amadores», tevado a termo pela

("orga de vontade que nos domina.

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\ Séria uma injustiça,uma ingratidão

dà nossa parte, deixar de estampar neste

«Almanaque», como umsignal de agra-

decimento, a figura sympathica de Ar-

mando PORTELLA.,o esforçado e activo

chefe da Papelaria a que dá o nome e na

qual se fez a impressão deste livro.

Tinliamos o direito de exigir muito

cuidado e muita limpeza no preparodeste « Almanaque» e, — força é confes-

sar,— no tocante a estas qualidades a

Papelaria PORTELLA excedeo a nossaexpectativa, dando-nos este trabalhomagnífico, que o leitor conscenciosa-mente poderá julgar do seu valor.

De resto, a surpreza não foi tão

grande: a REVISTA. MODERNA e um

recente livro «O Poder Magnético» do

Dr. Marx Doris, deixaram vêr a indis-

cutivel nitidez e perfeição dos trabalhos

que sahem da typographia da Rua do

Rosário.

Armando Mendes PORTELLA,quea dirige ha alguns annos, é muito jovenainda: nasceo nesta capital a 5 de Junho

de 1882. Seo pae fôra estabelecido com

acreditada Papelaria e o filho é hoje um

digno e estimado continuador do nome

honrado de José Martins Portella.

Se não bastassem tantas provas de

recommendação á Papelaria PORTEL-

L â, como casa de primeira ordem no

seo genero, havia uma outra, que e a me-

lhor de quantas o publico aprecia: a mo-

dicidade dos preços. A. Papelaria POR-

TELIA é, relativamente a mais baia-

teira de quantas existem no Brasil e d' ahi

se explica o extraordinário movimento

que se opera 110 limitado espaço que oc-

cupa á Rua do Rosário, 107.

Ao PORTELLA e a todos os seus

auxiliares, renovamos os nossos agrade-

cimentos pelo carinho, boa vontade e m-

telligencia, despendidos na confecção

deste «Almanaque».

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RIO DE JANEIRO

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Almanaque d'0 THEATRO

Teatros ^Particulares

CAPITAL FEDERAL

Não nos é possível dar, como deseja-

vamos, uma resenha de cada uma das

Sociedades dramaticas particulares, pre-cedendo a publicação do respectivo

elenco, visto que nem todos se digna-

ram de enviar-nos as respectivas notas.

Outrosim, declaramos so haver mo-

dificadò os elencos de amadores dos

Clubs que nos remetteram as altera-

ções; por isso muitos virão com os elen-

cos publicados em o n.° 20 d'6> Theatro

e nos quaes o Altndwxch Theãtvãl

muito ídisfarçadamente foi passandothesoura e a gomma. ..

Club da. Gavea—(Séde: Rua Mar-

quez de S. Vicente, 59)-E; 0 vôvôdos

clubs áramaticos d'esta Capital. Ja la se

vae o tempo de sua fundação; talvez seja

muito mais velho do que muito dos seus

actuaes amadores ! Comtudo, apos a ra-

dical reforma por que vae pasçar, ficara

talvez mais janota que muitos novmhos

d'outro dia. ,Exulte o Ferrão para quem aquillo e

uma verdadeira loucura. Actualmente

é o se*guinte o seu corpo scenico.

amadoras:

D D. ttrnestina Macedo e Helena de A!3reP'

Senhoritas: Calypso Gonçalven Aspasia de

Mello Moraes e Adelina Pires Ferrão.

AMADORES:

Bstevfto Pires Ferrto, 'Macedo,Guilherme de lambuja Neves José >.

do, Raul Guimarães, J. Carlos de d

Cunha, A. Demby <Je Corrêa Clodoaldo de

Mello Moraes, H. W. de Brito Cunha e

berto Yianna.

Club Fluminense - (Campo de São

ChristovSo, 17-B)-Força é confessar

que é este o Club de amadores que esta

na fonta ! O Club Flnminense e filho]

do Elite-Club, da sociedade que na rua

Mariz eBarros tanto impulso deu ao

movimento de amadores, apurando-lhes

o gosto e educando-os no palco, con-

correndo brilhantemente nos especta-

culos do «Centro Artístico» e obtendo

uma victoria estrondosa com a mterpre-

tação do Badejo.Pois, se o Elite era um foco de arte,

o Fluminense é outro foco, porem de

intensidade maior, onde se sacrifica a

Melpomene e a Thalia, sem abandonar

Terpsychore. Ha ainda quem afirme

haver ali o domínio de um outro deus,

mas quer-nos parecer que se trata de

um Santo com as virtudes de Sao Gon.

calo de Amarante e de Santo Antonio...

O Club Fluminense é o corpo de uma

alma : José Luiz Teixeira Júnior ! Já o

Elite-Club também o era e a alma ainda

não se separou do corpo...

Na secção «bailes» formou-se o grupo

Art-nouveau, dirigido por sócias do r u-

minense e organisando festas encan-

tâdofííSi •O actual presidente do Club Flumi-

aense é o Snr. Teixeira Júnior, interi-

namente, sendo secretario o Snr. Major

César de Albuquerque e thesoureiro o

Snr. Leão de Castro. Exerce as funcções

de director de scena o Snr. Jose Bas-

to e o de ensaiador o provecto ama-

dor Snr. Frederico Costa.

Em Maio, na data da fundação do

Club procede-se annualmente á eleição

de nova directoria.E' regente da orchestra, composta de

amadores, o insigne violinista Snr. Je-

ronymo Silva Júnior.E' este o seu actual corpo scenico:

AMADORAS:

Mmes " Anna Coulomb Costa, OrmindaFranco dê Andrade, Margarida Teixeira Ta-

Almanaque d'0 THEATRO

borda, Therezina Pereira e Esmeraldina SáRego ; Senhoritas : Constança Teixeira Mar-th a Corrêa d'Ávila, Day-Natha Teixeira,Lúcia Teixeira e Aurelina Ramos.

AMADORES:

Snrs. : Frederico Costa, Armando de Andrade, Carlos de Freitas, Codrato Vilhena.Humberto Taborda, José Basto, RodolpboAmaral, Alvares Vianna, Francisco Vianna,Antonio Santos, Pinto de Abreu, Albertode Almeida, Adalberto Guimarães, ManoelPaim Pamplona, Zoroastro Vasconcellos.Domingos Fonseca (contra regra), Pedro Pa-redes (contra regra), Alberto Barroso (ponto), Luiz Leal, Frederico Lôbrs de Almeida,Elysio Amaral, Carlos Barbosa, AugustoSantos, Oscar Barbosa, Guilherme Rodri-gues dos Santos, J. Campos e Alfredo deMoraes (Director de harmonia).

Hodierno Club — (Praça da Repu-blica, 47)—O Hodierno não e das maisantigas sociedades dramaticas de ama-dores d'esta Capital. Sua fundação dataapenas de Janeiro de 1902.

Não obstante a serie de contra-tempose dissabores por que tem passado, man-tem ainda em seu seio espiritos arroja-dos, perseverantes e dedicados, os quaestêm luctado para conservar o Hodierno>i'um plano igual áquelle em que estãocollocadas as suas mais altas co-irmãs

Manoel Vaz do Valle foi o fundadordo Hodierno, ajudado por mais algunscompanheiros que levaram a sua bellaidéia avante, e mezes depois de sua ins-tallação deram a primeira recita noantigo theatro Phenix Dramatica, onde

por muito tempo foi a sède social do» lub.

Marinonio Piedade, Jose Maria da Cos-

ta, Manoel A. Rodrigues Ferreira e Dr.

Henrique Venerando foram os extre-

mados batalhadores na campanha queencetaram de rehabilitação do Hodierno,

que esteve prestes a sossobrar pelo de-

sanimo e má vontade que dia a dia aug-

mentava entre os consocios.

Guilhermina Rocha, a talentosa actriz,

que é hoje uma esperança na arte dra-

matica brasileira, pisou como amadora,

muitas vezes, o palco do Hodierno Club,

e foi alli que começou a sentir sincera

aífeição e devotamento pela comedia e

pelo drama.Damos em seguida o corpo scenico

de que é composto o Club.

AMADORA-' :

Senhoritas: Laura Cunha,Ondina de Car-valho, Hercilia de Pinho, Zulmira Veneran-do, Isabel Delgado, Adelina Cestari, CeciliaTionconi e D. Guilhermina Carvalho.

AMADORES:

Manoel Vaz do Valle (fundador), JoaquimPereira de Mello, Oliverio Travassos, Feman ¦do Gil, Eduardo Clerc, Eugênio PolycarpoMarques da Silva, Bernardino de Magalhães,Carlos Santos, Francisco de Alcantara Go-mes, Adelino de Mattos, Augusto do Amaral,Antonio Augusto Vaz, Francisco José Gou-lart, José de Siqueira Montes, Vasco Ra-phael, João Duarte Coelho, Nelson AlvaresArmando, Arnaldo Tronconi.

INFANTIL :

Meninas: Adelina Venerando, Isabel Vene-rando, Virgínia Pinto Soares, Candida Pinto

| Soares, Marietta Pinto Soares, Erothides

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Machado, Beatriz Caminha Gurgel, Ernes-tina Goulart, Odilia Goulart.

Meninos; Armando Rebello, Octavio Joa-quim Corrêa, Armando M. de Tavora, Ar-lindo Ferreira Venerando.

ORCHESTRA : .

Regente.- Maestro-Raffaelo Perrotta-

AMADORES :

João Roberto Seixas,EustorgioWanderleyiLáfayette de Menezes, Felix Sans, TiberioCancelli, Francisco Teixeira Marques, Gui-Iherme Perrota, Luiz Diamantino, HeitorVillíi*Lobop, Francisco Galvao de Almeida,Silvestre Machado, Gabriel de Almeida, l)yo-nisio Agapito Pereira, Vicente CaminhaSampaio, Gentil Isaias de Oliveira.

COMMISSÃO DIRECTORA;

Dr. Henrique Auto da Rocha Venerando,Marinonio Jayme da Piedade, Domingos JoséRibeiro. ,

Director de scena e ensaiador — boiuarcJúnior.

Contra-regra — Maméde Ribeiro.Ponto — Henrique Oestari.Scenographos—Busto rgio Wanderley, Ar-

mando Magalhães Corrêa. _Carpinteiro — José Narciso Soares.Gazista — B slmiro Salgado.

RE-vL SOCIEDADE CLUB GYMNASTICOPORTUGUÊS

Esta Real Sociedade que ate hoje

vem cercada da aureola fulgurante de

suas tradicionaes glorias e do prestigiovaloroso emanado da fraternidade de

seus socios, pcssúe uma Escola Drama-

tica ha cerca de vinte annos, e, em cujo

palco se têm apresentado os mais dis-

tinctos amadores

Estes, applicados e estudiosos, ]têmprocurado manter o justo renome em

que é tido o conjuncto de fieis e intelli-

gentes interpretes das peças difficeis e

apreciadas do repertorio de muitas em-

prezas theatraes.

O actual director da Escola Drama-

tica é o Sr. J. M. Motta, um incansavel

no interesse de que nâo diminúa, uma

só linha, o conceito elevado em que é

tido o corpo scenico do theatrinho quetão habilmente dirige.

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O elenco do club Gymnástico Portú-

guez é o seguinte, salvo erro ou omis-

são.amadoras:

DD. Adelina Nunes e Olga Prudente.

SENHORITAS :

Adélina de Souza, Leonor Cerqueira,Luiza de Moraes e Dinah Bocha.

AMADORES :

A. Santos, A. Albuquerque, Arthur Cas-

tro, A. Barbosa, Silvino Fonseca, D. Ko-

cha, C. Gonçalves, J. Borges.

Cassino Commercial (Rua dos An-

dradas, 25)

Um grupo de socios que assistiu á

derrocada da Sociedade «Estrella d Au-

rora» fundou na rua da Alfandega n.

138, com uns v inte ou trinta socios, o Cas-

sino Commercial», em cujassaccadasdes-

dòbrou pela primeira vez o seu pavilhãoverde-branco—em 14 de Novembro de

1895, sendo Medina, Simões, Ferreira

da Fonseca e outros os seus primeirosdirectores.

Dois annos após, mudou-se para a rua

do Hospicio n. 168 onde começou a ser

freqüentado por familias distinctas, tendo

já então para cima de 200 socios quites.Ahi permaneceu durante uns quatro

annos de luctas gloriosas—uma phasebrilhantíssima—em que assumiu um de-

senvolvimento admiravel, rivalizando

mesmo com as primeiras sociedades con-

generes.Ahi appareceu o primeiro jornal o

«Sorriso», dirigido por José Francisco

MartinseLuiz deSottomayor,o qual,re-cebido com saudações enthusiasticas,te-ve no emtanto' uma duração ephemera.

Quatro annos depois fez juncçao com

o «Club Euterpe», denominando-se a so-

ciedade assim constituida, « Arcadia

Dramatica», que durou mezes apnas,

pois que logo o Cassino se emancipou

e foi installar-se n'um salão da rua da

Uruguayana, canto da Rua Theephilo

Ottoni.D'ahi, passado pouco mais de um anno,

mudou-se para o largo do Capim n. 158

onde permaneceu pouco tempo, vindo

depois para a rua dos Andradas n, 25,

onde está montado desde 1902—e onde

tem havido festas brilhantíssimas-sen-

do a seguinte a sua actual Direciona :

Presidente, Manoel Ennes Vianna; Vice-

presidente Ventura Lopes da SilYJA Be

cretario, Francisco da Motta , 2 decretar ,Luiz de Sottomayor; 1* Thezourei o, Car d do

A Pires ¦ 2o Thezoureiro, Manoel RodriguesPereira Io Procurador, Ulysses de ®en-

donça ; 2° Procurador, Manoel Gomes da Cos-

ta • Io Director de salão, Abel de Sá Pereira ,2o Director de salfto, Esmeraldino d Oliveira.

ESCOLA dramattca:

Director de scena, José de Medeiros ; Io Se-cretario Sérgio Ortiz ; 2o Secretario, ^»g«9toVaz; Ensaiador, Alfredo Eosario,Eloy Pontes, Contra-regra, Manoel Pizarro,Oabelleireiro, Oscar Alvarenga.

AMADORAS:

Nicolina Eosario, Zilda Couto, Luiza Es-

perança, Odette Couto, Celina Eosario, Ju-aith Carvalho e Izabel Medeiros#

AMADORES :

Aurélio Martins, J. E. Fonseca, FranciscoGuimarftes, Manoel Peixoto, Lindolpho M -

galhaes, Francisco Rogério, José MonteiroFrança, Francisco Costa, Valentim Machado,Eduardo Gomes, José Moreira, HenriqueMartins, Nicolino Sarly, Aífonso Cerqueira eManoel Lopes.

Club Dramat i co Eugênio S1 lve 1 -

ra - [Rua do Hospicio 168]—Fundado

a 12 de Maio de 1901.

Corpo scenico:

Io Director de scena. A, Pinto de Almeida;2o Director de scena J. Lopes Netto, Ensaia-dor, A. Pinto de Almeida, Ponto, Eduardode Magalhães, Contra-regra, Alves da Silva,e Auxiliar Vicente N. Ferreira.

AMADORAS :

D. BosaNetto, Marietta Borges; e MariaM. da Silva.

C

Almanaque d'0 THEATRO

AMADORES :

A Pinto de Almeida, José M. Queiroz,J. Lopes Netto Vilhena Torres, João Pimen-tà Antonio Sampaio, Manoel F. Maciel,Eduardo M. e Silva, Affonso Cerqueira,Eduardo Gomes, J. F. Paula Aguiar, J. Mario de Almeida, Arthur Gaspar, Arthur Mda Silva e Domingos Abràntes.

Club Dramatico Amélia Vieira

—(Praça da Republica, 47-sobrado).

Corpo Scenico

amadoras :Mello,

e JuliaDD.: Ottilia Loureiro, LydiaAmélia Carvalho, Maria PiedadeSoares.

Menina: Amélia Vieira.

AMADORES:

Snrs.: Luiz A. Vieira, Álvaro Souza, Fer-reira dos Santos, Carlos de Carvalho, LuizGouveia, José Fonseca, Alfredo Medina, Car-doso Lucena, Albino Mesquita,Cunha, Gonçalves de Souza, João Dutrae J. Grillo. .

Ensaiador: Indalecio Cunha.

I tbesoureiro, Manuel da Cunha Simas Júnior

procurador, Alziro Machado.

CONSELHO FISCAL:

, José de Oliveira Graça, Francisco Justino

I de Almeida e Francisco Váz.

SUPPLENTES:

Octavio Jacobina, Thomaz Monteiro Cas-tro e Luiz Berutti. .

Director de scena, Firmino himas; ensai *

dor, actor Felippe Lima; contra-regra, A.Costa Moreira ; regente da orchestra, maes-tro Francisco Nunes.

AMADORAS:

Senhoritas: Virgínia Simas [Bibi], CeoiliaSimas, Maria Travassos, Haydée Carvaino,Maria Berutti, Adelaide Dias e Edith rires,Senhoras : D. D. Renê Simas e Mana Gou-lart.

AMADORES:

Snrs: Roberto Carrapatoso, Firmino Si-mas, Alexandre Pinto, João de Arruda ca-mera, Mario Pontes, Ernesto Berutti, n-mentel Pereira, Alberto Tornaghy,AlmanzorChaves e Thomaz M. de Castro.

Meninas: Julieta Bittencourt, Odette Berutti, Olga Bittencourt, Laura Berutti e z-e-lina Carvalho ; meninos: Antonio Pimentei,e Carlos Pires.

Grêmio Dramatico Bibi—(Rua do

Uruguay, 22).

directoria:

Prpqi dente alferes Francisco J. Monteiro

Chaves^ vice-presidente, Dr. Franklin Pires;

1 • secretario, Antonio Alves ^

Fonseca ,

2.° secretario, João Marques de Carvalho ,

SCENOGRAPHOS:

Snrs : Ramos Lobão e Almino Reis.

Grêmio Dramatico Furtado

Coelho — (Sede social, rua Visconde

de Sapucahy n. 103).

amadores :

Rodolpho de Souza, Constantino Fernan-

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Almanaque d' O THE AT RO

des, José Monteiro de Queiroz, Cardoso deMello, Antonio Gomes, Octavio Rangel,Firmino Lopes, Sabino dos Santos, LuizDias, Antonio da Costa Oliveira.

MENINOSAntonio Cardoso, Luçiano Cardoso,Cons

tantino Nunes Fernandes, Alexandre Tavares.

AMADORAS:DD. Leoeadia Rozas e Guilhermina dt

Souza.Chefe — Justo Brandão, ajudante — Ma-

noel da Silva Junior, contra-regra — Kubem Tumba, ensaiador. — aetor Francisco

« Menezes Costa.

DiRECToR S DE SCENA /

Director, —Cardoso de Mello, 1* secreta-rio, José Firmino Lopes. — 2- secratario,Octavio Rangel.

Club Dramat.ico ds São Ciiris-ToyAo (Rua Senador Alencar 42 G).

I» corpo scenicoDirector de scena: G. Luz, Regente : J.' G. Christo.

AMADORAS :D. Innocencia Ferreira, senhorita Joa-

quina Faria.

AMADORES !Boccacio, P. Barroso, Oliverio Travassos,

Caetano Gonzaga, J. C. Santos, H. The-berg, A. Cruz, Pinto de Abreu, ManoelSantos, João Lopes, Paula Costa, AltivoSilva.

Club Dramatjco do Ouro ( ruaGuilhermina n. 3).

Corp > scenico :Augusto Cony (director scenico), Anto-

Lobo (ensaiador), L. Souza (secretario descena).

AMADORAS:DD.Ernestina Cony, Christina Gomes, Ju-

yentina de Menezes, Idalina Fontes, Jose-phina Machado, Albertina Cony.

SENHORITAS ;

i Aurora Pimenta, Ambrosina Silva, Ar>I gèiitina Fontes, Luiza Fontes, Luizá San-

tos, Leonilla Santos, Carolina Mattos, Ma-

ria Luiza Santos, Zulmira Sains, CarmenGomes, Ida Santos. , ,.. ?

MENINAS.:.

Nair Santos, Maria Carlota Lobo

amadqres :

Ernesto Cony, Frederico Cardoso de Me-nezes, Pedro Gomes Peres Machado, Almei-da e Silva, João Fontes, Carlos T. Silvei-ra, Aracymir Dias, Mucio Vaz, AlexandreDias, João Miraeaya, Luiz.

MENINOS :

Ernesto Cony Filho, Jorge Gomes.

Grêmio Drama;tico Quat.ro deNovembro (rua General Gurjão n.12. , ,

Corpo scenicoDirector de scena e ensaiador, Sr. Hono-

rio Lobo. ,AMADORAS I

Maria Silva, Dulce.

SENHOR ITAS :Julieta Ferreira da Silva, Maria Angelina

Ferreira da Silva,.

AMADORES IAleixo de Souza, Arthur Marinho, Joel

Braga, L Magalhães. João Braga, Sá Pe-reira, Leolindo Lobo, Guilherme Silva, Al-cides de Barros, Antonio Miranda , JoãoFreitas, Palvino Rocha, José Machado.

The atro S.J0Ã0, Particular — (rüaD. Anna Nery n. 151 A' "Grupo Ge^raldo Fernandes". —Diversões Intimas.

Orchesha

AMADORES:Pianista, HenriqueVogeler,Violinista,An-

tonio de Almeida Cunha, Ponto, João LuizMartins, Contra-regra, Luciano Netto, en-saiador e director de scena, José Fortes,scenographo, Laurindo Silva, aderecista,Máximo de Almeida, Costureira, senhoritaMaria de Gloria.

Corpo sceMco

AMADORAS:DD, Albertina Gomes, Amalia Fortes, Se-

bastiana Vogeler e Christina Rocha.

Almanaque d'0 THE ATRO

^ SENHOR ITAS

Carmelina Alves, Djanira Alves, Magda-lena Ramos. -

AMADORES:

Manoel Oliveira, Morato Valente, Gui-lherme Vogeler, -(Carlos Vogeier, José For-tes .Álvaro Rocha, Máximo cTAlmeida,Cândido Gonçalves, Marcello Sebrao.

CORPO INFANTIL

Maria Assumpção Brito, Dinoca SilvaiSantinha Silva, Luiz Gomes, Octavio Mar-tins, Luiz Florenço.

ESCRlPTORES DO GRUPO

Geraldo Fernandes (fallecido), Dr. Anto-nio Moreira dos Santos, Alfredo ítatiayade Mattos, Benjamin áe Magalhães, oradorofflcial, Peruando Gomes,

danha, Herminia Saldanha, Orlinda deMagalhães, Hortencia Mello, Leonor Braga,Còriiía AlVes.

A.MAOORES :

Carlos Peixoto, Alberto Vieira, OscarRocha, Bernardo Castello Branco, Oc-tavio Lessa, José Torelli, Heitor Por-tella, José Gonçalves Borlido, LeonardoLaponte, Manoel Amorim, Alfredo CastelloBranco, Oswaldo Pinto Fernandes, AlfredoRocha, Ignacio Saldanha.

Club Dramatico Villa Isabel

(Boulevard 28 de Setembro n. 130)

Corpo scmico

Director de scena, Carlos Alberto Peixo-to. Director de harmonia, maestro Brito Bei;nandes, ensaidor, Felippe Lm. a, Scenogra-

pho amador,Carlos Alves, Contra-.regra, Hei-tor Portella, archivista Álvaro Rocha, PontoGustavo Machado.

AMADORAS ;

DD. Alice Peixoto e Henedina Rocha.

SENHORITAS:

Maria de Lourdes C. Branco, Violeta Sal

Directoria :

Presidente, coronel José Bandeira Mello,vice-presidente, Honorio Ribeiro dos Santos,I- secretario capitão Bento Alves, 2- secre-tario professor Dantas, 1* thesoureiro Fran-íisco Domingues. 2' thesoureiro, AntonioPinheiro de Magalhães, 1' procurador Ldu-irdo Lopes, 2- procurador, Armando a ello

ponto Álvaro Peres,

Thkatro-Ci UB. Boulevard de Villa

IzabelCorpo scênico

Director de scena, capitão Silveira, ensai-idor, Arthur Magalhães.

AMA' ORAS :

D. EDgenia Vidal.

Senhoritas: Isabel Delgado, Carolina Me-deiros, Trindade Medeiros, D. Eugenia Vi-dal.

ugàm-se. ternos casaca

^

Fundada em 1822

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Nl i'iasv auwiiui

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Rio de Janeiro''

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Almanaque d'O THEATRO _

AMinABirQ. Fontes, senhoritas : Noemia Silvares e Be-A>'ADORES. _ lick da Costa.

Oscar Azevedo. Edgard Vidal, Silveira, A m adores-Jos6 Medeiros, Manoel Medeiros, RomeuFeital, Antonio Quintiliano. Ascanio P6ssas, Romeu Silvares, Jofto,

Franco, A. Pires, Olegario Ribeiro, An-tonio Garcia, E. Campos, Oscar Lemos,

Rosas Junior, Honorio de Carvalho, A.

Club RlACHUELENSE Vtarinho Cimha.

Rua D Anna Nery, 222; (Riachu-do)

Corpo scenico Gymnasio de Botafogo

Benhoritas:m-u Cor bo scenico

Olga Alvares, Carmelia Tibau, Aracy *Teixeira, America Aguiar, Francisca Ri- Amadoras :ke*r°" Amadoras

Senhoritas : Sarah' de Castro, Lucilia de

D.D. Therezina Pereira, Evangelina Car- Castro. Amadores:

doso.Amadores : Eduardo Costa, Jos6 Moreira( Joaquim

Manoel Joaquiin Valladfto,(ensaiador),Cas> Fernandes, Manuel Avila, Antonio Fer-

tro Vianna, (ensaiador effectivo), Augusto reira Feliciano, Antonio Ribeiro, Jose .ber.Teixeira Paim Pamplona, Wilton Morga- nandes, J. dos Santos, contra-regra, Ar-do Miranda Reis, Louren?o Freire, LeonJ thur Aguidr, machinista, Jos6 Medeiros,cio' Almeida, Bastos Junior, Mario Teixei-j Arthur Diogenes de Miranda, Arthur Neves,ra, Travassos, Didimo Agapito, Odilonj

I Campos, Honorio de Carvalho, Romeu Bil- vares, ponto Alfredo C. Vianna, contra-regra Joaquim Navarro.

ClAJB Do CAMPiNHo:Rua do Cam-

pinho 72, Cascadura

Gremio Dramatico DO Meyer Corpo scenico :

Rua Archias Cordeiro, (Meyer) Director de scena, Jos6 Tavares, ensaiadorPiv/rtnrin M, Deveza e Jos6 Fernandes Machado, Se-

iretario de scena, Geminiano de Almeida,J. Pontes,presidente; Ascanio P&ssas, vice- contra-regra, Genesio Souto Maior, ajudante

presldente; Frederico Rabello, 1* secretario; Paulo Barroso, chefe do movimento fcurtadoJ. Teixeira Pinto, 2- secretario; J. Silva, je Mello.thesoureiro.

Corpo scenico ============^^

J. A. Pontes, director de scena, Adolpho Systemas de Urnas C EsphcrasMiranda, ensaiador, Justiniano Martin?, sorteados 0S bilhetes da. Loteriacontra-regra, J. Ribeiro, ponto, F. Gar- p-nt>rn„^ncia, chefe do movimento. c,s>pti uiilu.

Amadoras: ¦ —¦ ¦¦ -==

D. Idalina Fontes, senhorita Argentina T . . TR.., * .Liuraria Ditte^eohrt

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AMADORAS:

DD. Nair de Almeida, Clara Santa, ZinliaT.pitg 0 Odette Vi^nn^i. i-v

Senhoritas : Ida Souto Major, Mar a Pe-

reira da Silva, Luiza Andrade, Altina Ia

vares.AMADORES

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Numa Pompilio da Silva, Jacintlio de

Almeida João Pedro Camacho, Eu rico Foi -

seca, Antonio Alves, Paula Aguiar, Aristeu

Thompsrin, Arthur Marques Gaspar, Joel

Braga, Luiz Andrade, Castello Negro

fslICTHEROYESTADO DO RIO

FLUMINENSE CLUB

DiRECToRiA;

Dr. Bormann Borges, presidente;

Virgílio Valentim, thesouniro; Der me-

vai Rosa, secretario; Maurício Elmond,

director de s:ena; Dr. Tavares Macedo;

director de concertos; Eduardo oouto,

director de orchestra; Oswaldo silva,

scenographoCorfio scênico

AMADORAS:

Doralice Valentim, Nair Santos. An-

tonina Graça, Eponina Santos, Isabel

Machado da S:lva

AMADORES:

Maurício Helmond,Virgílio Valentim,

Oswaldo Silva, Luiz Santos, Luiz Vi

eira, Leite de Castro, Roberto Gomes.

ESCOLA DRAMATICA ARTHUR

AZEVEDO

Presidente de honra, Sr. Arthur Aze-

vedo; vice-presidente capttlo Alfredo

Ramos- i° secretario, Adelino S. Fint ,

2® secretario, Romulo Canto; thesoufei-

rn Paulino R. Encarnação; director de

Icèna de honra, Gnrgel de 01iv«ra;

director de scena, Armando;'JTjindó

Francisco de Almeida; ponto, Arltndo

Guimarães; contra- egra, Francisco Lo-

pes; secretario de scena, Horacio Brito.

Corpo scenico

amadoras:

Senhoritas; Maria Graeff, Olgagraeff,

Kdmea Regassi, Isabel Graeff, Tn®^®za

corudi Olga Prati, Alcide Graeff Olga

Conadi! Nogemezia de

rida Pin o, Alzira Costa, Cecília de

veira.AMADORES:

Romulo R. Canto, Adelino S. Pinto,

João Cardoso, Luiz Sandim; Ascendino

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qualquer trabalho graphico, com Qg Re|atorioS> pamphletos, Revistas, Me-

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Donadio Arlindo de Carvalho, Fausto

Fonseca, Theodoro Silva, Antonio Bra-

ga, Antonio Machado, Carlos Chrismati,

Joaquim Costa, Antonio Goulart., Euri-

pedes Ribeiro, Carlos Pinto Júnior, Ame-

rico Diniz.

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Maestros : Brito Fernandes e Bene-

dioto Montes; ensaiador, Sebastião Lis-

boa; ponto, Alfredo Arruda Ribeiro;

scenographo, Rodolpho Souza

AMADORAS : »

Senhoritas: Regina Sá, Isabel La-

meira, Regina Schultz, Haydéa Bastos,

Dalila Sá, Evangelina Baptista, Isiura

Leite, Lormelia Alvarenga, Maria Can-

did* Brandão, Cephisa Alvarenga, Mar-

garida Briggs Nunes, Maria da Concei-

çio Bastos,CorinaBriggs Nunes, Carme-

lia Durão, Olga Prata, Carminda Darão,

Maria Buptista, Dalila Macedo, Ivette

Alvarenga.AMADORES

Snrs. Homero Sampaio, Augusto Ma-

chado,Francisco Leite Bastos Netto, Ro-

dolphoF da Silva, Manuel Bastos, Eu-

clydt» F. da Silva, Mario Sá, OlavoBastos, Cicero Costa, José de MenezesFróes, Mario Briggs, Dr. Henrique Ja-cutinga, Oscar Coelho, Francisco Ma-chado Netto, Osiris Colombo, Jorge Mon-

teiro, Frederico Pardo,Leopoldino Prata,

Aldrovando Machado, Wenceslau Cor-

deiro, Getulio Pereira Macedo, Clau-

dionor Prata, Mario Lameira, Romeu de

Seixas Mattos, Renato Macedo e Arge-

miro Barbosa.

ESTADO DE S. PAULO

NA CAPITAL

Grêmio Dramático Recreativo«Taborda> - (Rua Conselheiro To-

biag, 92)

Presidente, Henrique Mullenmeister;ensaiador, Antonio Ferreira Marques

AMADORES:

Snrs.: Raymundo de Paula e Silva,Domingos Moutinho, Gastão de Orle-ansjoão Francisco de Souza, Paulo Al-

berto de Faria, Manuel Francisco Xa-íier, João Fernandes, Augusto JoaquimFerreira, Eurico Freitas, Eduardo dos

Santos, Alfredo Pagliuchi, João Boaven-ventura de Menezes, Agostinho da SilvaCouto, Manuel Tavares, Messias dosSantos, Manoel Pereira da Fonseca, Sal-vador Moraes, Álvaro Martins Neto,Cândido Ramos.

Club Gymnastico Portuguez—(RuaMarechal Deodoro, 21)

Presidente Dr. João da Matta.

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Ensaiador,- Capitão Antonio CorrêaVasques.

AMADORES:

Manoel Pontes, Armando Godoy, Ar-thur Andrade, Sylvio Lage, Luiz Fon-tes, Francisco de Toledo, Alfredo deMoraes, Antonio Jacinto Alves, Anto-nio Santos.

Ponto, Hugo Gama; contra-regra, Mi-

guel Camargo.

Congresso Dramatico «CarlosLeal»

Ensaiador, Capitão Antonio CorrêaVasques. 1

amadores :

Pedro Quedinho, Sylvio Lage, Anto-nio de Carvalho Pimentel, Arthur An-drade, Antonio Santos, Alberto V anna,Orlando Prado, Manoel Cruz, J. V. Pon-tes.

AMADORAS :

Felicidade de Souza, Elvira Costa

Grupo Dramatico Alumnos deTalma—(R. Brigadeiro Machado, 3)

DlRECTORl A:

Presidente, Paulino Galvão: vice-pre-sidente, José da Graça Reis Cardoso, i°

secretario; Antonio Marcello ; 20 secre*tario, Mario Alves ; i9 theseureiro, BPinto Moreno; 20 thesoureiro, ManuelCruz; director scenico e ensaiador, Pas-choal Corona.

AMADORES :

Sylvio Lage, M. Pontes, Alfredo Mo-raes, Hyppolito Alves, Manuel Cruz,Justiniano de Souza, A. Ancede, MarioCastro, Ernesto Evans, Manuel Maia,João Martins, Américo Martins, Manu-el Moniz Barreto, Manuel de Andrade.

amadoras:

Senhoritas: Carmella Polloni, AlicePortugal.

Archivista, Ernesto Evans: machi-nista, Francisco Tavares; contra-regra,Manuel Cruz: ponto, Salvador Coelho;aderec.ista, J. de Souza.

Centro Dramatico e Recr fativoIInternacional. Rua da Conceiçãon.5

Ensaiador, Antonio Raymundo dosSantos; Ponto, Manoel Lima; Contraregra, Joaquim S. Fava.

Amado es:

Snrs. Francisco Crespo. J. B. Mouti-nho. Luiz Colangelo, AntonioRodrigues. Arnaldo Pinto Nunes,Calixto Portella, Manoel Lima,Manoel Medeiros,Máximo Gomes, Luiz

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Amadoras ;

DD. Alice Portugal, Olivia Malafaiae Mathilde Raymundo.

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QUADRO IX

(Monologo de Judas)

Consciência infame, que a dormir ficasteQuando a traição eu meditei covarde,Porque é que ?ó agora despertaste,Se para o crime afugentar é tarde ?Do fundo abysmo já me encontra á beira !...Lançam-me os homens'um olhar que aterraCommigo em guerra estão ! Commigo em

guerraEu cuido estar a natureza inteira !Tremem, ao vêr-me, os animaes ferozes...As aves, loucas, pelo espaço voam!Os echos, meus ouvidos atordoam,Chamando-me traid(* em roucas vozes !O horror que aos mais infundo,em mim pro-

voco;Da minha sombra até fujo e me espanto,E tudo quanto vejo ou ouço,ou tocoE' para mim, sem vida, sem encanto!Quanto me cerca, me olha de revez...Em furações bravíssimos, violentos,A fúria, "outra mim, soltam os ventos !O solo queima em que eu assento os pés !N'um mar de sangue vejo transmudadaDa ridente campina a verde alfombra, ,E, em toda parte, de Jesus a sombra,Ante os meus olhos se apresenta iradaE só eu vou ficar, bem só 110 mundo!

Cruel destino, mas justo castigo,Sem lar, sem pão, talvez... sem peito amigo !A consolar-me no pezar profundo !Do remorso no liorrivel sofírimento,E do irieu peito em chammas de um vulcS.o,O fogo a devorar-me o coração,Verei fugir meu derradeiro alento !A es céos, embalde envio os meus gemidos...Embalde o seu perdão obter procuro,Que a supplica de um vil, a Deus perjuro,Nunca pôde cliegar a seus ouvidos !Perdão jámais terei; que o nfio mereço !Acabe, pois, na terra, o meu supplicio !

(Tirando a corda que tem atada á túnica.)

Corda, tira-me a vida que aborreço,Conduz-me depressa ao precipício...Fujamos, Sim; fujamos deste mundo,E o corpo do traidor ao fogo eterno !Luzbel ! Surge do barathro profundo,Vem minh'alma buscar, ó rei do inferno !

Enforca-se)

F.nu \ rd') Gakrid ).

, —Papai, me compra unia boneca.—Amanhã ; agora é muito tarde ; a loja

está fechada. Olha, vae dormir : dá cá umbeijo.

—E' muito tarde, papae, minha boccatambém já está fechada.

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FADUE NOSSO

(,Recitado com grande successo pelo actor Brasão, na mimosa

comedia de Fernando Caldeira A Madrugada)

Padre nosso que estais no céo, profundo, immenso

Tendo a todo o infinito em vosso olhar suspenso.

Santificado seja o vosso nome, ó Deus;Venha nós o vosso reino, o reino ideal dos céos 5Seja feita, Senhor, vossa vontade, assimNa terra, humilde pó, como nos céos, sem fim.0pão de cada dia; ó Padre, nos daelioje,Perdoae-nos, Senhor emquanto a paz não foge,Nossa divida, assim como, por vosso amor,Nós pezdoamos também ao nosso devedor,Não nos deixeis, Senhor, da vida no certarneiíCair em tentação; livrae-nos domai. .. Ameii.

ROMPIMENTO

Ah ! como está Maria tílo mudada!Fez-se moça h menina, está crescida,Tem um ar de senhora... já casada,Olhando-nos assim meio atrevida.

Nfto lhe posso fazer mais caçoada,Nem mais chamar lhe posso de Querida...Pois, Maria, de outr'ora n&o tem nada,Até mesmo se fez mais retrahida.

As llôres que me deu quando criança,E os beijos que me deu criança ainda,Trago-os guardados sempre... na lembrança.

Cala-te bocca ! Que dizias, tonta ?Os teus clamores, imprudente, finda !...Maria, já de mim, não faz mais conta!

Levi Autran.

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Para sc ganhar superioridade nollieatro a primeira coisa que é precisaó agradar á vista; para isso è, pois,forçoso ter presença pelo menosagradavel, estatura regular e esbelta,adaptavel a todos os ger.eros e atodos papeis.

Carolinr Van-Hove.

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Almanaque cTO THEATRO

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FINCA PÊ NA ARTE

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Calüda JoséNapoleüo em Santa Helena...0 meu CasamentoOs CamarõesMissa Campal.FandanguassÚDas 8 ás 10Sempre SentadoO DefeitoCaridade e Justiça..Um SonhoA RomaO noivo em eocégasTudo cresceO meu caeamento (parodia)....O infinitoCi-ri-bi-ri-biA ValentonaO' ciei di parahybaBarba nfto é documentoA cabra, o carneiro e o cevado.

KlLs e EllaA valsa dos SinosLa partidaA rolinba do mattoUh ! lá ! lá P'ra cera do SantíssimoO maxixe aristocrático,0 meirinho e a pobre

Pepa RUÍzEugênio de MagalhfiesBrandãoPeixotoMachado CarécaLeonardoMattosAffunso de OliveiraOolásFerreira de SouzaLeiteAdelaide CoutinhoFrançaGabriella MontaniEsther Be^geratCardoso da MottaJoanita ManyMaria AugustaMedina de SouzaCoí-ta MaiaChabyA. CamposJofto AyresE. OyangurenA. BerraJudith RodriguesAlberto PiresAlfredo Silva e P. DelgadoMachado e.. .Buzana !

»-

A TITULO DE ERRATA

Chegados a este ponto os leitores,depois de tão longa jornada, exclamarão :XJff! ainda mais, seu «peroba ?!...« Masé preciso uma ligeira «errata» queridosleitores, embora confiemos demasiado nasvossas luzes e intelligencia; por issomesmo vamos incluir uesta«eirata»muito

pouca cousa, deixando o resto ao vossocritério e tolerancia.

Assim, na poesia «Morta Galante))"sahio : Não «viste» algum dia o olhard'um morto, etc, quando o certo é: Mo«vistes» algum dia, etc. No final da no-ticia biographioa da saudosa actriz Cleliana parte referente ao papel de «D. For-tunata», sábio : que o nosso couiedio-

I grapho transformou «mais em CapitalFederal» (ahi comeo se um «tarde»)qnan-do é assim : transformou «mais tarde emCapital Federal». Na entrevista de Vam-

pirão Sobrinho com o diabo, quando

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aquelle se refere ao grupo de A. Esta-nislau, sahio : «dos engrossados do bancofrente» em vez de: «dos engrossadoresdo banco da frente». No hymno da ban-deira, de Bilac, no quarto verso da 3?1estrophe, houve repetição da partícula«de», saliindo:

Poderoso e feliz ha «de de» ser,em vez de:

Poderoso e feliz ha de ser.Escaparam-nos também alguns erros

de pontuação, felizmente inoffensivos.Ha outros enganos porém, que convémcorrigir, por exemplo : abellissima lendaem verso <x Joanninha » é original domimoso poeta A. Carvalho Pimentel, deS. Paulo, e não A. Carlos'Pimentel,comosahio ; O Snr. Justiniano de Souza ama-dor de S. Paulo, teve no respectivo «con-curso» 5L votos e o seu nome foi engolidopela typographia jetc.

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