UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E DIREITO A GESTÃO...

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E DIREITO ROSELY DIAS DA SILVA A GESTÃO SECRETARIAL NA PERSPECTIVA DA ÉTICA DISCURSIVA NITERÓI - 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E DIREITO

ROSELY DIAS DA SILVA

A GESTÃO SECRETARIAL NA

PERSPECTIVA DA ÉTICA DISCURSIVA

NITERÓI - 2013

ROSELY DIAS DA SILVA

A GESTÃO SECRETARIAL NA PERSPECTIVA DA ÉTICA

DISCURSIVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Sociologia e Direito da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Jurídicas e Sociais.

Orientador: Prof. Dr. Gilvan Luiz Hansen

Niterói

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E DIREITO

Universidade Federal Fluminense

Superintendência de Documentação

Biblioteca da Faculdade de Direto

S586

Silva, Rosely Dias da.

A gestão secretarial na perspectiva da ética discursiva / Rosely Dias da

Silva. – Niterói, 2013.

181 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais) – Programa de

Pós-graduação em Sociologia e Direito, Universidade Federal Fluminense,

2013.

1. Ensino superior. 2. Secretário. 3. Secretariado. 4. Regulamentação

profissional. 5. Ética. I. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de

Direito, Instituição responsável. II. Título.

CDD 340.1

ROSELY DIAS DA SILVA

A GESTÃO SECRETARIAL NA PERSPECTIVA DA

ÉTICA DISCURSIVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Sociologia e Direito da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Jurídicas e Sociais.

Aprovada em ________________________.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Gilvan Luiz Hansen – UFF

Universidade Federal Fluminense

_________________________________________________________

Membro titular externo: Prof. Dr.Clodomiro José Bannwart Júnior

Universidade Estadual de Londrina

______________________________________________

Membro titular interno: Prof. Dr. Edson Alvisi Neves

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2013

Ao meu marido Ademir, ao meu filho Cyrus, à minha

filha Alessandra, pela compreensão nos momentos de

ausência, para estudar.

À minha mãe Deolinda de Souza Dias, que sem seu

amor, dedicação e sacrifício, eu jamais teria chegado

até aqui.

Ao meu pai Jorge Dias, que estaria orgulhoso neste

momento (in memoriam).

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador e eterno Mestre, Prof. Dr. Gilvan Luiz Hansen, ser humano

incomparável, que nos momentos de aflição, dúvidas, medos, estava sempre presente com um

conselho, uma palavra amiga, uma orientação e um sorriso nos lábios, mesmo quando seus

olhos espelhavam o esgotamento de suas energias por tantos compromissos assumidos.

Pessoa que não só delega sobre ética, mas mostra o que é ser ético com seu exemplo de “agir

de acordo com o que se fala.” Muito obrigado!

Aos Professores Doutores Clodomiro José Bannwart Junior e Edson Alvisi Neves,

por aceitarem o convite para serem membros da banca desta dissertação.

À amiga e parceira Tânia Marcia Kale, por tudo que vivemos nesses dois anos de

curso e ainda continuaremos vivendo.

À amiga Solange Machado Blanco, nossa querida “Sol”, pela amizade, incentivo,

todos os socorros prestados nas horas de dúvidas e por todos os sorrisos, quando nossa

vontade era de chorar.

Ao Sr.Valter Theodoro de Souza, de Olinda – PE, pessoa iluminada, por todo

incentivo, palavras positivas e incentivadoras, nas horas mais difíceis que passei durante

todo trajeto do mestrado

À Universidade Federal Fluminense, pela acolhida e possibilidade de crescimento

acadêmico.

Às Universidade Estadual de Londrina - UEL e Universidade Estadual do Paraná

– UNESPAR, Campus FECEA – Faculdade de Ciências Econômicas de Apucarana, por

me concederem a licença capacitação, oferecendo incentivo ao crescimento profissional e

intelectual, visto que sem o afastamento das atividades laborais, não haveria possibilidade do

desenvolvimento deste trabalho aqui apresentado.

Ao Programa de Pós Graduação em Sociologia e Direito e seus prezados

Professores, pelo conhecimento a mim proporcionado.

A todos que direta e indiretamente colaboraram e incentivaram na realização desse

trabalho. Vocês foram essenciais.

“Para fazer que a Humanidade avance moralmente

e intelectualmente, são precisos homens superiores

em inteligência e em moralidade.”

Alan Kardec

SILVA, Rosely Dias. A gestão secretarial na perspectiva da ética discursiva. 2013.180 f.

Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais) - Universidade Federal Fluminense,

Niterói. 2013.

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo discutir a gestão secretarial contemporânea e suas

implicações ético-jurídico-morais, tomando como referencial teórico-prático as concepções

discursivas do direito, da ética e da ação. Para o seu desenvolvimento, foram realizados

estudos de textos e bibliografias atinentes ao debate sobre os fundamentos da ética discursiva,

sobre as questões ético-jurídico-morais no âmbito institucional e sobre a gestão secretarial na

perspectiva discursiva. Num primeiro momento, fez-se a verificação, no âmbito institucional,

da facticidade das questões ético-jurídico-morais, analisando sua complexidade e como se dão

as relações no ambiente institucional universitário, no qual o secretário está inserido. Num

segundo momento, apresentou-se o secretário como profissional e como pessoa

(imageminstitucional e autoimagem), apresentando sua história, suas responsabilidades e

competências necessárias para desenvolvimento de suas atividades. Já num terceiro momento,

realizou-se uma análise dos documentos normativos (Códigos de Ética, Regimentos,

Legislação) adotados como orientação aos profissionais do Secretariado nas instituições, bem

como se apontou o que as principais lideranças sindicais estaduais e Federação Nacional das

Secretárias e Secretários - FENASSEC tem feito em prol dos secretários, para a garantia de

parâmetros e condutas sociais e institucionais esperadas destes profissionais. E, por fim,

apresentou-se a proposta da ética do Discurso em Habermas na gestão de secretaria, partindo

da premissa que o Secretário precisa estar sintonizado com o seu tempo, moralmente

comprometido com a instituição e com seus colaboradores, desempenhando papel decisivo de

articulação institucional e no engrandecimento moral no ambiente em que atua. Assim,

mostrou-se que a Ética do Discurso vem ao encontro do ideal de uma gestão secretarial de

respeito social e do direito dos cidadãos que fazem parte do contexto Institucional.

Palavras-chave: Universidade. Regulamentação profissional. Secretário. Ética do discurso.

Gestão secretarial.

SILVA, Rosely Dias da. The secretarial managemente in the perspectiver of discursive

ethic. 2013. 180 f. Dissertation (Master in Law and Social Sciences) Federal University

Fluminense, Niterói. 2013.

ABSTRACT

The present am of this work was to debate the secretarial management and this it ethical and

legal implications, taking the theoretical-practical reference the discursive conceptions of law,

ethic and action. To the development of it, studies of texts and referent bibliographies

secretarial management into discursive perspective. At first moment a checking was done,

into the institutional scope, of the facticity of the ethical-legal-moral questions, analysis its

complexity and how the relations are into the institutional university scope, in which the

secretary inserted as professional and as person (Institutional image and self-image),

presenting his history, responsibilities and competences which are necessary to the

development of his activities. In a third moment, an analysis of normative documents was

accomplished (Ethic Codes, Regiments, Legislation) adopted like orientation to the

professionals of secretariat in the institutions, as well as, some of the main as union

leaderships and National Federation of secretaries (man and women) FENASSEC has do one

in benefit of secretaries, to guarantee the social of parameters and behaviors expected of these

social and institutional professionals. And, at last, an ethic proposal to the Habermas's

Discourse in the secretarial management, starting from the principle that the Secretary needs

to be synchronized with his time, morally committed to the institution and his collaborators

developing a decisive role of institutional articulation and in the growing of moral in the

scope it acts. In this way, it was shown that the Discourse Ethicscomes to meet the ideal of a

secretarial management of social respect and the right of citizens who are part of the

institutional context.

Key-words: University. Professional regulation. Secretary. Discourse ethics. Secretarial

management.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10

CAPÍTULO 1 - ÉTICA, INSTITUIÇÃO E SECRETÁRIO:

COEXISTÊNCIA COMPLEXA ....................................................................... 12

1.1 UNIVERSIDADE, ÉTICA E IDENTIDADE INSTITUCIONAL ........................................... 12

1.1.1 Ética, Moral e Legitimidade ................................................................................ 14

1.1.2 Ética e Perspectivas Políticas: Liberalismo e Republicanismo.............................. 16

1.1.1.3 Universidade e moralidade .................................................................................. 21

1.2 UNIVERSIDADE, ÉTICA E SOCIEDADE .................................................................... 23

1.2.1 O CENÁRIO CONTEMPORÂNEO E A UNIVERSIDADE ............................................... 24

1.3 UNIVERSIDADE, ÉTICA E RELAÇÕES INTRA-INSTITUCIONAIS.................................. 31

1.4 UNIVERSIDADE, ÉTICA E PODER INSTITUCIONAL ................................................... 33

CAPÍTULO 2 - O PAPEL DO SECRETÁRIO ................................................ 36

2.1 O SECRETÁRIO COMO PROFISSIONAL E COMO PESSOA (IMAGEM

INSTITUCIONAL E AUTO-IMAGEM) ....................................................................... 36

2.1.1 Sobre a Origem da Profissão Secretário ............................................................... 36

2.1.2 O Profissional Secretário ..................................................................................... 38

2.1.3 O Secretário Enquanto Pessoa ............................................................................. 40

2.2 O SECRETÁRIO COMO GESTOR DE CONHECIMENTO ............................................... 42

2.3 O SECRETÁRIO COMO GESTOR DE RELACIONAMENTOS .......................................... 45

2.3.1 O Conflito ........................................................................................................... 49

2.3.1.1 Origem e dinâmica do conflito ............................................................................ 49

2.3.1.2 Visão negativa do conflito ................................................................................... 52

2.3.1.3 Visão positiva do conflito.............................................................................. ......... 53

2.4 O SECRETÁRIO COMO INSTÂNCIA DE ETICIDADE E MORALIDADE ........................... 55

CAPÍTULO 3 - AS DIRETRIZES NORMATIVAS E

INSTITUCIONAIS ........................................................................................... 60

3.1 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO SECRETÁRIO ................................................... 60

3.1.1 Histórico da Luta pela Regulamentação da Profissão do Secretário no Brasil ....... 60

3.1.2 Lei de Regulamentação da Profissão.................................................................... 63

3.1.3 O Código de Ética da Profissão do Secretario ...................................................... 68

3.2 HISTÓRICO DA LUTA PARA CRIAÇÃO DO CONSELHO PROFISSIONAL DE

SECRETARIADO .................................................................................................... 71

3.2.1 Projeto Conselho de Classe.................................................................................. 86

3.2.1.1 Alguns pontos do ante-projeto ............................................................................. 86

3.3 O TRABALHO REALIZADO PELOS SINDICATOS QUE REPRESENTAM A CLASSE

SECRETARIAL ...................................................................................................... 87

3.3.1 O SINSERJ - Sindicato dos Secretários e secretárias do Rio de Janeiro ............... 87

3.3.2 O SISDF - Sindicato das Secretárias e Secretários do Distrito Federal ................. 88

3.3.3 O SINSEPAR - SINDICATO DAS SECRETÁRIAS DO PARANÁ ...................................... 89

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS DIRETRIZES NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS............... 91

CAPÍTULO 4 - PROPOSTA DISCURSIVA DA GESTÃO DE

SECRETARIA .................................................................................................. 93

4.1 A ÉTICA DO DISCURSO DE HABERMAS .................................................................. 93

4.2 A GESTÃO SECRETARIAL NA PERSPECTIVA DA ÉTICA DO DISCURSO ...................... 100

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO ......................................................................... 103

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 105

ANEXOS ............................................................................................................ 109

ANEXO A - Portaria 3.103, de 29 de abril de 1987- DOU de 30.04.87 ................ 110

ANEXO B - Estatuto Social da FENASSEC........................................................ 111

ANEXO C - Lei 7.377, de 9 de setembro de 1985, modificada pela Lei 9262

de 10 ............................................................................................... 115

ANEXO D - Decreto nº 70274/1972 .................................................................... 117

ANEXO E - Código de Ética Profissional do Secretário ...................................... 155

ANEXO F- Decreto-Lei 3.688 de 3 de outubro de 1941, pelo exercício

ilegal da profissão ou atividade ....................................................... 159

ANEXO G- Projeto de Lei da criação do Conselho de Classe dos

Secretários e Secretárias .................................................................. 174

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento das sociedades contemporâneas traz uma crescente

complexificação nas relações institucionais e, no âmbito interno às instituições, gera a

necessidade de relações interpessoais a cada dia mais aprimoradas e sofisticadas quanto à sua

qualidade.

Em meio a isso, a atuação do profissional da área de Secretariado se torna sempre mais

desafiadora, pois a gestão secretarial implica a capacidade de gerenciamento de relações

interpessoais que atingem toda a instituição. Pela Secretaria, circulam informações,

conhecimentos, expectativas, demandas e interações dos diferentes setores que compõem a

instituição; da habilidade do secretário, por conseguinte, depende, direta ou indiretamente,

boa parte dos resultados institucionais.

Além disso, praticamente todas as ações, despachos e documentos que chegam ou

partem da secretaria de uma instituição têm implicações jurídico-legais. Dependendo da

natureza da Instituição, uma ação levada a efeito a partir da secretaria pode ter implicações no

âmbito de defesa do consumidor, do direito econômico, do direito civil e até mesmo do direito

penal. E, ainda que seja legal a ação, pode trazer em seu bojo consequências de disseminação

de injustiça social.

Diante de tal contexto, a gestão secretarial ganha importância estratégica decisiva na

vida das instituições, necessitando de especial atenção no que tange aos parâmetros que a

orientam em seu acontecer. E aqui é que se tornam fundamentais a presença e a discussão

acerca dos aspectos ético-morais e jurídicos da gestão secretarial.

O tema da ética, da moral e do direito na gestão secretarial apresenta, pois, pertinência

e relevância no horizonte das sociedades contemporâneas, razão pela qual o desenvolvimento

do trabalho aqui apresentado, voltado para a discussão deste assunto, encontra plena

justificativa e apresenta total viabilidade.

O objetivo deste trabalho foi discutir a gestão secretarial contemporânea e suas

implicações ético-jurídico-morais, tomando como referencial teórico-prático as concepções

discursivas do direito, da ética e da ação.

Uma de nossas inquietações foi perceber até que ponto há nas instituições hoje uma

preocupação no sentido de pautarem sua atuação social em parâmetros ético-morais e de

responsabilidade social, em atenção também a critérios de justiça juridicamente pautados, e

se há comprometimento efetivo das instituições com atitudes ético-jurídico-morais ou estas

são apenas elementos de um discurso estrategicamente necessário para a venda de uma

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imagem politicamente correta das instituições perante outros segmentos da sociedade.

Também desejamos verificar em que nível se dá o comprometimento das entidades

ligadas à gestão institucional (sindicatos, associações, Universidades) no sentido de promover

a reflexão sobre a dimensão ético-jurídico-moral nas instituições. Quais são os parâmetros

passados enquanto diretrizes normativas aos profissionais da área de secretariado? Como estes

parâmetros efetivamente incidem no cotidiano das relações estabelecidas no âmbito

institucional? Os parâmetros normativos são construídos e vivenciados em respeito aos

pressupostos de um Estado Democrático de Direito, ou são unilateralmente concebidos e

implantados, sem que haja participação democrática dos concernidos?

O profissional que atua como secretário das instituições e empresas tem noção das

implicações jurídicas que incidem sobre sua atuação e mesmo sobre as atividades

institucionais? Como se dá o conhecimento destas normas jurídicas? Ela é disseminada na

instituição? Qual o papel do gestor secretarial nesta disseminação?

É possível pensarmos os parâmetros normativos em bases de uma teoria da ação

comunicativa e de uma ética do discurso, a partir de uma plataforma habermasiana? Que

implicações isso traria tanto para o conteúdo dos parâmetros normativos, bem como para a

forma com que são estabelecidos como diretrizes e como são praticamente implementados nas

instituições?

A metodologia adotada foi estudos dos textos e da bibliografia atinentes ao debate

sobre os fundamentos da ética discursiva, sobre as questões ético-jurídico-morais no âmbito

institucional e sobre a gestão secretarial na perspectiva discursiva, análise dos documentos

normativos (Códigos de Ética, Regimentos, Legislação) adotados como orientação aos

profissionais de Secretariado nas instituições. Além disso, a verificação, no âmbito

institucional, através de sondagens, via entrevistas, da facticidade das questões ético-jurídico-

morais em algumas instituições da Região Norte do Paraná.

Para atingir os objetivos e discutir os problemas atinentes ao tema a que nos

propusemos, abordamos no primeiro momento, Ética, Instituição e Secretário: Coexistência

Complexa; no segundo momento, O Papel do Secretário; no terceiro, as Diretrizes Normativas

e Institucionais; e no quarto e ultimo momento, Proposta Discursiva da Gestão de Secretaria.

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CAPÍTULO 1

ÉTICA, INSTITUIÇÃO E SECRETÁRIO: COEXISTÊNCIA COMPLEXA

1.1 UNIVERSIDADE, ÉTICA E IDENTIDADE INSTITUCIONAL

Vivemos em uma sociedade complexa, e neste contexto estão inseridas as instituições

universitárias, que, por sua vez, tendem a ser complexas, visto que as pessoas que nelas atuam

vêm de diferentes formações sociais, religiosas e econômicas.

Na Universidade, há uma diversidade de pessoas com projetos, expectativas, desejos,

atitudes e opiniões diferentes, que muitas vezes são conflitantes e demonstram as divisões e as

contradições dessa esfera social. Observamos diferentes concepções éticas coexistindo no

ambiente universitário. Essa multiplicidade de concepções éticas, internalizadas nos atores

institucionais, é reveladora de uma complexidade da própria instituição.

Diante disso, certamente existem diferentes perspectivas de valor de interesses em

conflito.

Ao discutirmos a identidade da Universidade, não podemos ignorar que esta, enquanto

instituição social, é um reflexo da complexidade da sociedade na qual está inserida.

Habermas (1983, p. 77) comenta que:

A questão de saber se é possível que uma sociedade complexa, (como, por

exemplo, a nossa) forme uma identidade racional de si mesma remete ao

significado com que desejo usar a palavra “identidade”: uma sociedade possui uma identidade, a ela atribuída, num sentido diverso do trivial, ou

seja, não no sentido por exemplo, em que um objeto é identificado como o

mesmo objeto por diferentes observadores, ainda que esses o percebam e os descrevam de modo diferente.

O autor ilustra o conceito de identidade a partir da individualidade de cada pessoa. Na

medida em que afirmam sua própria identidade,

[...] elas têm uma identidade: uma identidade do Eu que não lhes é

meramente atribuída. Isso se manifesta sobretudo em situações críticas,

quando essa é confrontada com exigências, quando uma pessoa é confrontada com exigências que estão em contradição com as expectativas

surgidas são ao mesmo tempo e igualmente legítimas ou também com as

estruturas de expectativa experimentadas e assumidas no passado (HABERMAS, 1983, p. 78).

Advindas de suas experiências adquiridas ao longo da vida, bem como de relações

construídas durante toda sua caminhada, a pessoa forma sua identidade com base no

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aprendizado oriundo das experiências vividas e das relações construídas ao longo do tempo, o

que a faz um ser único no universo, mesmo que outras pessoas também tenham o mesmo

horizonte de compreensão histórica que elas.

É nessa identidade individual onde estão intrínsecos os desejos, valores, conceitos,

interesses, necessidades e expectativas, a partir dos quais cada pessoa se relaciona com o

mundo (HANSEN, 2013b).

Habermas (1983, p. 91) analisa a tese hegeliana a qual afirma que "o plano para as

sociedades complexas formarem sua identidade é a organização estatal”, e que a sociedade

moderna encontrou a sua identidade racional no estado soberano, cabendo à filosofia

representar essa identidade como racional.

O autor considera difícil imaginar que a filosofia, bem como a religião, seja capaz de

se tornar o bem comum de toda uma população, no tocante à legitimação do Estado.

Ao questionar se as sociedades complexas podem construir uma racionalidade de si

mesmas, Habermas (1983, p. 95) se reporta à tese de Luhmann1, na qual este afirma que “as

sociedades complexas não são mais capazes de produzir identidade através da consciência dos

membros de seu sistema” e “a evolução social foi além da situação na qual tenha sentido

referir o homem à relações sociais."

Habermas não concorda com as colocações de Luhmann e comenta que “uma

integração suficiente de sistema da sociedade não representa nenhum equivalente funcional

para a medida exigida de integração social”, afirmando que “não é possível conservar um

sistema social se não forem satisfeitas as condições de conservação de seus membros”

(HABERMAS, 1983, p. 95).

Nas relações humanas, ou mesmo entre grupos determinados grupos da sociedade,

existem atitudes, comportamentos e reações tidas como padrões entre os seus membros.

Para Habermas, em sociedades complexas, se uma identidade coletiva pudesse se

formar, ela teria a conformação de uma identidade própria da comunidade, das que formam

discursiva e experimentalmente o seu saber relacionado à identidade através de projeções de

identidade concorrentes entre si.

Portanto, em sociedades complexas, a identidade coletiva toma forma de uma

identidade não determinada.

1Niklas Luhmann (Lüneburg, 8 de dezembro de 1927 - Oerlinghausen, 6 de novembro de 1998) fo um sociólogo

alemão, sendo considerado, juntamente com Jürgen Habermas, um dos mais importantes representantes da

sociologia alemã atual.

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Assim como é difícil construir uma identidade social, é difícil construir uma

identidade na Universidade enquanto instituição, já que ela também é complexa, porque nela

há diferentes atores, que formam grupos sociais, muitas vezes atuando a partir perspectivas

éticas distintas, ou meramente estratégicas e às vezes até antiéticas.

Há diferentes éticas coexistindo em intenção. Trata-se de éticas que são geradoras de

projetos institucionais que têm uma dimensão política, dimensão jurídica e dimensão de

gestão. São projetos distintos, conforme ao grupo que chega ao poder, pois dependem da

concepção ética ou estratégica (o mais comum), ou por nomeação, como é o caso dos

assessores especiais que, alguns deles e em muitas circunstâncias, começam a realizar a

gestão e passam a agir numa perspectiva ética e não de moral.

Urge, todavia, que explicitemos o que queremos expressar quando falamos de ética e

de moral, a fim de que nossa exposição ganhe consistência e contornos mais definidos.

1.1.1 Ética, Moral e Legitimidade

Tomando por base o pensamento habermasiano, podemos entender que a ética é

composta de um conjunto de valores estabelecidos como válidos por uma coletividade

(comunidade, sociedade, empresa etc.), além de concepções sobre aquilo que esta coletividade

compreende para si como viver bem, ou bem viver.

De certo, os valores culturais transcendem o desenrolar factual da ação; eles

condensam-se nas síndromes históricas e biográficas das orientações

axiológicas à luz das quais os sujeitos podem distinguir o “bem viver” da reprodução de sua vida como “simples sobrevivência”. Mas as idéias do bem

viver não são representações que se tenham em vista como um dever

abstrato; elas marcam de tal modo a identidade de grupos e indivíduos que constituem uma parte integrante da respectiva cultura ou personalidade.

Assim, a formação do ponto de vista moral vai de mãos dadas com uma

diferenciação no interior da esfera prática – as questões morais que podem,

em princípio, ser decididas racionalmente do ponto de vista da possibilidade de universalização dos interesses ou da justiça, são distinguidas agora das

questões valorativas, que se apresentam sob o mais geral dos aspectos como

questões do bem viver (ou da auto-realização) e que só são acessíveis a um debate racional no interior do horizonte não-problemático de uma forma de

vida historicamente concreta ou de uma conduta de vida individual

(HABERMAS, 2003, p. 130-131).

Este conjunto de valores e de concepções de bem viver passa a definir e espelhar o

modo de ser e de pensar da coletividade a que pertencem e, quando não respeitados, geram

conflitos e provocam ações no sentido de coibir os desvios ou o desrespeito manifestado.

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[...] ética se refere a um conjunto de valores e de concepções de bem viver partilhados por uma coletividade, enquanto que a moral diz respeito a um

conjunto de princípios racionais auto-referentes (positivos ou negativos) que

devem orientar a definição de normas a partir de uma perspectiva universal, tendo como referencial a justiça. [...] Deste modo, a minha ação enquanto

servidor será moral quando, tomada como modelo, poderá ser imitada por

todos (universalizada) e isto gerará um ambiente melhor e uma sociedade

melhor; se, porém, a minha ação for universalizada e tal situação implicar a ameaça à sociabilidade ou à coexistência produtiva e pacífica, então ela não

será moral (HANSEN, 2013c, no prelo).

Observam-se na Universidade muitos grupos sociais que chegam ao poder dentro da

instituição e que, por terem estratégias e projetos de gestão institucional alicerçados num

modo de compreensão ético das coisas, acabam excluindo e deixando de lado outros projetos

éticos. Com isso, as decisões políticas, de gestão e de administração, muitas vezes enfrentam

um déficit de legitimação institucional, ou seja, as pessoas que fazem parte daquele contexto

não reconhecem as decisões tomadas pelos gestores como justas e, muitas vezes, não aderem

e passam a sabotar, mesmo que de forma discreta, os projetos propostos. Elas não se sentem

parte do processo.

Para Habermas (2002b, p. 344), “a legitimidade trata da existência de uma moral

convencional que, por determinar normas prévias, gerais e vinculantes para todos,

possibilitam o surgimento de um poder político que possa justificar a sua autoridade

coercitiva.”

De acordo com Hansen (2013b), um gestor, para adquirir reconhecimento público e

legitimidade institucional para exercer sua função, “deve estar tecnicamente preparado e

conhecer daquilo sobre o qual fala e sobre o qual define escolhas, caminhos, prioridades,

apontando-as aos demais.” Desta forma, ele terá condições de apontar caminhos e tarefas aos

seus colaboradores: “Somente assim adquirirá reconhecimento público e legitimidade

institucional para exercer sua função.”

Já a legitimação, no entendimento de Hansen, decorre da percepção por parte dos

cidadãos de que as instituições em que estão inseridos são justas, que agem para o bem de

todos, que atuam para o melhor interesse deles, merecendo ser apoiada e contar com sua

adesão e lealdade.

Quanto ao que chamamos anteriormente de déficit de legitimação, Habermas diria que

se trata de crise de legitimação, isto é, uma condição em que uma ordem política ou um

governo não é capaz de obter a adesão dos cidadãos e nem de investir-se de autoridade

suficiente para exercer seu governo (HABERMAS, 1975, p. 68-75).

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Quando acontecem altos índices de abstenção em uma eleição numa sociedade

democrática como a nossa, por exemplo, podemos considerar um indicador de crise de

legitimação; o que não é diferente do que ocorre na Universidade. Isso, porém, não acontece

só com o voto, mas na adesão a projetos de realização de mudanças: de um simples sistema a

ser implantado para a melhoria do fluxo de informação até a adoção de políticas acadêmicas

ou à criação de cursos, tudo se torna foco de controvérsia e palco onde as contendas advindas

do entrechoque ético-moral e do déficit de legitimidade se fazem presentes.

Quando os gestores decidem implementar qualquer mudança, os grupos que não

fizeram parte do processo decisório colocam obstáculos, resistem, e muitas vezes sabotam o

trabalho de quem aceitou o que foi determinado, mesmo que haja uma portaria ou resolução

que assegure legalidade à implementação.

Esses elementos acima colocados geram dificuldades institucionais, razão pela qual as

instituições universitárias, mesmo que sendo públicas, muitas vezes têm uma gestão

administrativa que não consegue implementar projetos, os quais acabam sofrendo uma

descontinuidade. Várias obras começam e, quando há troca de gestão, não são finalizadas,

principalmente quando grupos que faziam parte da oposição ganham a eleição e passam a ter

o poder de decidir.

1.1.2 Ética e Perspectivas Políticas: Liberalismo e Republicanismo

Embora existam diferentes concepções éticas na instituição, elas se reúnem

normalmente em duas compreensões políticas da sociedade, a liberal e a republicana.

Explicitemos, de maneira breve, as principais características de ambas e seus efeitos na gestão

das instituições universitárias:

A) A concepção liberal

A democracia liberal se revela diante dos elementos que nortearam a bandeira liberal:

igualdade, liberdade e fraternidade.

A teoria clássica da democracia liberal pode ser encaixada diante dos chamados

valores intrínsecos do liberalismo, ou seja, a defesa da propriedade privada, a noção de

cidadania, a igualdade formal pelas leis, o respeito às regras de civilidade, a postura do

profissional, a investidura do cargo, a formação e a escolha racional do sujeito diante de como

irá estabelecer suas relações em sociedade. Ser um sujeito probo, reto, que defende a vida e os

seus interesses mais imediatos, mas que se move na busca individualista do próprio sucesso

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(HABERMAS, 2002b, v.1, p. 114) e encontra na lei uma espécie de legitimação que o afasta

do fardo moral, já que basta cumprir a estrita legalidade para que este se sinta justificado em

sua conduta como gestor.

Tal peculiaridade no que tange à estrita legalidade faz com que se observe, no

contexto das instituições públicas onde tal perspectiva liberal se mostra presente, que as

pessoas que fazem parte do grupo político que está no poder apresentem um esforço e uma

pró-atividade em termos de atendimento às demandas dos aliados políticos (processos de

trabalho que envolva tempo; acesso ágil às informações, liberação de verbas, remanejamento

dos colaboradores para auxiliar nos setores etc.); em contrapartida, aqueles que não se

mostram aliados políticos no processo eleitoral, seja pelo fato de não se terem envolvido no

processo, seja por mostrarem pontos de vista opostos às propostas, ou mesmo por sua

insatisfação com a forma com que o candidato ao poder já havia trabalhado em outras épocas,

ficam, de certa forma, neutralizados, uma vez que são submetidos ao fluxo burocrático e ao

estrito esforço exigidos pelos prazos legais.

De acordo com Habermas (2002a, p. 19):

Na perspectiva liberal, o processo democrático se realiza exclusivamente na

forma de compromissos de interesses. E as regras da formação do

compromisso, que devem assegurar a equidade dos resultados, e que passam pelo direito igual e geral ao voto, pela composição representativa das

corporações parlamentares, pelo modo de decisão, pela ordem dos negócios

etc., são fundamentadas, em última instância, nos direitos fundamentais liberais.

Ainda conforme o mesmo autor:

Na concepção liberal o processo democrático cumpre a tarefa de programar

o Estado para que se volte ao interesse da sociedade: imagina-se o Estado como aparato da administração pública, e a sociedade como sistema de

circulação de pessoas em particular e do trabalho social dessas pessoas,

estruturada segundo as leis de mercado. A política sob essa perspectiva, e no sentido de formação política da vontade dos cidadãos, tem função de

congregar e impor interesses sociais em particular mediante um aparato

estatal já especializado no uso administrativo do poder político para fins

coletivos (HABERMAS, 2002a, p. 296).

Hansen (2013b) comenta que “nas instituições universitárias estatais, mantidas com

recursos governamentais, a concepção liberal mantém a mesma racionalidade instrumental,

variando apenas em parte a sua aplicação.”

O autor aponta alguns sintomas da visão liberal nas instituições estatais:

18

a) A condução da gestão a partir de práticas centralizadoras de decisão e de

controle da informação, posto que muitos gestores ajam como se fossem o CEO de uma corporação, cuja manifestação é lei inexorável e deve ser

cumprida imediatamente sem qualquer possibilidade de argumentação ou

questionamento, mesmo quando diz respeito a questões técnicas que não são de conhecimento, domínio ou compreensão do gestor.

b) Na ânsia de recursos para impulsionar projetos, pesquisas ou até mesmo

para complementar uma remuneração julgada insuficiente, alguns gestores se

lançam em empreendimentos cujo objetivo é muito mais a comercialização de produtos rentáveis do que a preocupação com o impacto daquela

atividade no âmbito da educação. Assim, proliferam cursos de pós-

graduação ou de extensão, cursos corporativos etc., que acabam por criar estruturas anômalas na instituição universitária para abrigá-los. É o caso de

algumas fundações, núcleos, laboratórios, centros de estudos, que acabam

direcionando suas atividades para a atuação empresarial mais ou menos explícita, trazendo sobre todos os demais organismos similares (fundações,

núcleos, laboratórios, centros de estudos), que não se desviaram dos

propósitos originários, a mesma desconfiança da opinião pública e dos

órgãos de fiscalização e controle (MEC, INEP, CAPES, CNPq, MP, TCE, TCU).

c) No âmbito jurídico, observam-se situações que alguns pesquisadores

denominam “baixa institucionalidade”, que são externadas nas condutas de gestores que tomam decisões e desenvolvem ações sem qualquer

preocupação com a previsão de legalidade exigida ao ato administrativo. E

mesmo quando tais gestores revelam esta preocupação, decidem e agem com base numa concepção de liberdade negativa, como no setor privado, fazendo

coisas com o argumento de que as mesmas não estão proibidas por lei e que,

portanto, estão inclusas no horizonte de discricionariedade previsto ao gestor

público. Estes gestores, de maneira equivocada, não se apercebem de que ao gestor público só é permitido fazer o que está estritamente previsto em lei e

que o campo da discricionariedade também é definido legalmente, com

previsão jurídica para os casos específicos aos quais se aplica. d) Persiste uma hierarquização e dicotomia funcional que é típica de

instituições privadas, mas inexplicável em instituições estatais. Os docentes

e os técnicos administrativos mantêm, em muitos setores, um

comportamento de estranhamento e de assimetria funcional, a qual não encontra respaldo legal, visto que todos são servidores públicos, submetidos

a dispositivos legais constitucionais e infraconstitucionais coincidentes,

ainda que exerçam atividades distintas. e) Em determinados gestores pode ser observada uma preocupação

exacerbada de análise institucional a partir de parâmetros quantitativos

característicos do ambiente mercadológico. Isso se reflete, por exemplo, na realização de cursos e treinamentos para servidores cuja preocupação é mais

voltada para a quantidade de pessoas atingidas do que para o teor de

qualidade de formação propiciada aos mesmos (HANSEN, 2013c).

B) A concepção republicana

Já na democracia republicana, parece-nos conduzir o indivíduo a uma dinâmica de

participação direta; é algo mais que a própria participação ou das formas de participação que o

indivíduo estabelecerá em sociedade, ou com os outros. Ela exige a formação, o

19

conhecimento, o respeito de si e do outro como se o maior desafio fosse garantir a vida em

sociedade, do próprio planeta, da política.

Na perspectiva republicana, a individualidade se constrói de forma contextual e

dialógica, nela não existe um sujeito abstrato e racional. Neste modelo, é sobrelevada a

virtude cívica, o pertencimento a uma comunidade: “Para o republicanismo, a política é o

modus vivendi: se o indivíduo se reconhece como um sujeito que pertence a uma comunidade,

participa da vida pública. A autonomia pública, o exercício da soberania popular, a cidadania

ativa, enfim, transformam-no em sujeito de direito” (MELO, 2013, p. 2).

Se na concepção liberal, a política parece ter uma função mediadora entre o Estado e a

sociedade, para fins coletivos, na concepção republicana, conforme Habermas (2002a, p. 269-

281):

[...] a política não se confunde com essa função mediadora; mais do que isso,

ela é constitutiva do processo de coletivação social como um todo. Concebe-se a política de forma de reflexão sobre um contexto de vida ético. Ela

constitui um médium em que os integrantes de comunidades solidárias

surgidas de forma natural se conscientizam de sua interdependência mútua e, como cidadãos, dão forma ao prosseguimento às relações pré-existentes de

reconhecimento mútuo, transformando-as de forma voluntária e consciente

em uma associação de juris consortes livres e iguais. Com isso, a

arquitetônica liberal do Estado e da sociedade sofre mudança importante. Ao lado da instância hierárquica reguladora do poder soberano estatal e da

instância reguladora descentralizada do mercado, ou seja, ao lado do poder

administrativo e dos interesses próprios, surge também a solidariedade como terceira fonte de integração social. [...] Segundo a concepção republicana, a

formação democrática da vontade tem a função essencialmente mais forte de

constituir a sociedade enquanto uma coletividade política e de manter viva a

cada eleição a lembrança desse ato fundador.

Observa-se que há uma maior incidência das concepções republicanas nas instituições

universitárias estatais, e nas instituições privadas elas aparecem menos frequentemente.

Hansen (2013a) exemplifica quais os sintomas republicanos mais presentes nas

instituições universitárias e aponta em quais circunstâncias se tornam explícitos:

a) No vetor político que orienta a gestão, de modo que os gestores

apresentam preocupação em prestar contas de suas ações aos atores

institucionais e aos diversos segmentos sociais (discentes, docentes, técnicos

administrativos, órgãos públicos, sociedade). Se, por um lado, esta face política da gestão é positiva, por outro lado pode gerar distorções, posto que

alguns gestores, no afã de sua continuidade no poder, razão pela qual

necessitam estar em constante evidência institucional, modulam sua atuação administrativa em parâmetros obtusos, onde o foco das iniciativas é mais

direcionado para a propaganda e promoção do gestor do que à valorização

do resultado institucional gerado pela iniciativa levada a cabo pelo mesmo.

20

b) Vinculado a isso, encontramos a necessidade de publicidade das ações do

gestor público e, com ela, a necessidade de fundamentar as decisões. Esse é

um elemento importante na gestão democrática de instituições universitárias estatais, porque gera transparência e confiabilidade. Entretanto, quando isso

não é bem compreendido ou aplicado por algum gestor, a fundamentação

dos atos se converte em justificação e os fins passam a justificar os meios

nem sempre ortodoxos ou convencionais utilizados. c) O exercício da cidadania na instituição universitária estatal ocorre em

diversas instâncias, seja pela participação dos diferentes atores institucionais

na escolha dos gestores em vários níveis, seja pela possibilidade de atuação, via representação, em órgãos colegiados de decisão ou pela participação em

eventos acadêmicos ou de formação continuada que permitem a

manifestação de opiniões e a assunção de posições políticas ou ideológicas.

Em determinadas oportunidades, contudo, ocorrem extrapolações derivadas de populismos, quando gestores institucionais dão legitimidade

representativa a grupos ou pessoas que se apresentam como vozes da

soberania popular, sem que efetivamente reúnam em si esses atributos. O risco, nestas circunstâncias, é de tornar a instituição refém dos interesses

particulares, em detrimento do bem comum e do interesse público.

d) O ordenamento jurídico a que está submetida a instituição universitária estatal é, em nível nacional, razoavelmente orgânica e articulada. No âmbito

interno, esta legislação deve estar coadunada às diretrizes gerais, mas

contemplar as particularidades e o ethos institucional, característica

republicana, sendo definida a partir de procedimentos de participação democrática e de um amplo debate institucional, privilegiando os canais já

instituídos e legitimados (conselhos, departamentos, colegiados, fóruns etc.).

Se, porém, em face do enrijecimento de posições quedar vencida a possibilidade de diálogo e se o gestor se conformar a esse resultado, sem

procurar incessantemente o restabelecimento dos canais democráticos de

discussão e de deliberação, haverá um esvaziamento das instâncias decisórias da Universidade, provocando como consequência em déficit de

legitimidade democrática das decisões. Ademais, as normas e a legislação

interna produzida a partir deste cenário tendem a ser casuísticas, pontuais e,

por isso mesmo, inorgânicas, por vezes contraditórias, impregnadas de lacunas e de casos omissos. Isso tudo tende a gerar uma dificuldade

crescente na gestão das questões rotineiras e cotidianas, cuja resolução

depende de um referencial normativo estável, consistente, congruente e sistemático (HANSEN, 2013b).

Desse embate de perspectivas, liberal e republicana, é que, de alguma maneira, surge o

contraste de identidade da instituição. Porém, a identidade da Universidade deve ser pautada

não somente em concepções éticas específicas, mas também numa concepção de moralidade

pública.

1.1.1.3 Universidade e moralidade

A moralidade pública é exigência Constitucional na legislação pátria, prevista

inicialmente para a administração pública, mas igualmente inspiradora das demais

21

instituições, especialmente quando elas são prestadoras de um serviço ligado a um bem

público, como é o caso de Universidades, que tratam de oferecer educação à sociedade.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, arejada pelo desejo de se

criar um verdadeiro Estado Democrático de Direito até então inexistente,

inseriu-se expressamente o princípio da moralidade e o constituinte o fez em dois momentos: no art. 5º, LXXIII, quando aborda o instituto da Ação

Popular, afirmando, inclusive, ser possível o ajuizamento desta importante

ação constitucional para zelar e tutelar a moralidade administrativa e com o propósito de anular ato lesivo ao patrimônio público; e no art. 37, caput,

quando talha os princípios basilares da Administração Pública, informando

ser um deles a moralidade (MOURA, 2008, p. 2).

Por se tratar de moralidade a respeito do que é inerente a uma instituição pública,

apresenta-se a seguir o Art. 37 da Constituição Federal de 1988, que aborda os princípios da

administração pública, consequentemente da Universidade publica.

Mas o que significa princípios? Reale (1986, p. 60) descreve princípios como:

[...] verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia

de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos

relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou

resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um

sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários.

Entendido o que é principio, apresentamos o que reza Artigo 37 da Constituição

Federal: “Art. 37- A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]” (BRASIL, 1991, p.

202).

Com base na descrição de Silva (2006), segue abaixo o significado de cada principio

disposto no art. 37 da Instituição:

a) Principio da legalidade - é fundamental no regime jurídico-administrativo, visto

que, além de ser essencial, específico e informador, submete o Estado à lei; a administração

pública só pode ser exercida se estiver na conformidade da lei; garante ao cidadão, proteção

de abusos dos agentes administrativos, bem como limita o Poder do Estado em interferir na

esfera das liberdades individuais; não está condicionado somente à atividade da

administração, estendendo-se também às demais atividades do Estado; visa beneficiar os

interesses da coletividade como um todo, que é o objetivo principal de toda atividade

22

administrativa; tem por finalidade evitar que os agentes públicos ajam com liberdade contra a

coletividade, sem seguir as normas especificadas em lei e se desviando do interesse coletivo.

b) Principio da impessoalidade - visa à neutralidade e à objetividade das atividades

administrativas no regime político, que tem como objetivo principal o interesse público; o

administrador que esteja no exercício de suas atividades deve trabalhar em prol do interesse

público e jamais usar a máquina administrativa na promoção pessoal ou política; sua

finalidade é evitar que os agentes públicos beneficiem alguém ou a si mesmos, ou

prejudiquem pessoas que não são de seu agrado.

c) Princípio da moralidade – o gestor deve ter um comportamento ético e jurídico

adequado; veta condutas eticamente inaceitáveis e transgressoras do senso moral da

sociedade; é condição para a Administração e seus agentes atuarem na conformidade de

princípios éticos; norteia a ação administrativa e controla o poder discricionário do

administrador; seu conteúdo objetivo é a boa-fé (obrigação de comportar-se honestamente) e

confiança (esta ligada à gestão pública), e o conteúdo subjetivo é o dever de probidade; a

finalidade desse principio é evitar o desvio do poder.

Habermas (1989 apud HANSEN, 2013b) comenta que:

A moralidade consiste na possibilidade de construirmos, intersubjetivamente, normas e princípios tais que se colocam como

imperativos nas nossas relações e que não podem ser descuidados, sob pena

de implicarem a instalação da injustiça e do ressentimento e, com eles, o

risco da aniquilação da espécie ou, no nosso caso, da instituição universitária.

d) Principio da publicidade - qualquer cidadão pode se dirigir ao Poder Público e

requerer cópias e certidões de atos e contratos; visa à transparência das atividades públicas,

para que os administrados possam ter conhecimento do que os administradores estão fazendo;

é um instrumento de verificação de princípios como legalidade, moralidade,

proporcionalidade, imparcialidade, impessoalidade e outros; deve tornar público todo ato

legal ou ação do Poder Público:

A constituição é explicita, mas de forma indireta, em enunciar o princípio

geral de que "todos os atos deverão ser públicos", condicionando

severamente as exceções, sempre em lei expressa, aos casos de possível

afronta ao direito de privacidade (protegido no mesmo artigo, inciso X) ou interesse social (o interesse social prevalece sobre o individual, pelo

princípio da solidariedade (SILVA, 2006).

23

e) Princípio da eficiência - é obrigação da Administração Pública atender bem, com

urbanidade, rapidez, transparência, segurança, imparcialidade e sem burocracia, sempre com

vistas à qualidade, ou seja, na exata medida de sua necessidade, satisfazendo às exigências

coletivas num regime de igualdade; a escolha da solução deve ser a mais adequada ao

interesse público, de modo a satisfazer plenamente a demanda social.

Mesmo havendo uma legislação clara a ser seguida, nem sempre ela é posta em prática

como se propõe.

A instituição Universidade, que já tem os seus problemas de construção de identidade

em função da sua complexidade interna, ainda se vê impactada pelas demandas externas, na

medida em que ela não está isolada. Ela também está em relação com outras instituições da

sociedade e recebe uma influência sempre forte e presente da política, da economia, do

mercado. Dessas áreas da existência humana, dessas esferas que passam também a pressionar

a Universidade e exigir dessa instituição o cumprimento de determinadas funções sociais.

Essas pressões também não são únicas. A Universidade recebe pressões e interesses distintos,

que interferem sobre a vida institucional.

1.2 UNIVERSIDADE, ÉTICA E SOCIEDADE

Atualmente, a Universidade tem enfrentado grandes desafios com relação à sociedade

como um todo, especialmente no âmbito do mercado, tendo em vista que a Universidade

possui comprometimento com o desenvolvimento e transformação social, política, econômica

e cultural em âmbito local, estadual e nacional. Mas, será que seu universo vai realmente até

as fronteiras do país ou, visto que hoje vivemos num mundo globalizado, onde as fronteiras já

foram ultrapassadas, o compromisso da Universidade se tornou igualmente global?

A Universidade enfrenta também uma tensão na sua relação com a sociedade, que é

uma relação, de novo, pautada eticamente, ou seja, ela se move a partir de um conjunto de

valores, que não necessariamente são os mesmos valores de segmentos da sociedade com a

qual está se relacionando. E isso também é gerador de problemas. Passemos, pois, a analisar

os problemas principais da relação Universidade-Sociedade e suas implicações éticas.

24

1.2.1 O Cenário Contemporâneo e a Universidade

Vivemos numa era tecnológica que, a cada dia que passa, torna-se mais avançada, o

que atinge a indústria, a educação, a informação, entre tantas outras instâncias.

Os governos, por sua vez, se veem enredados em burocracias excessivas e razões

estratégicas de operação, em hierarquias de cargos pensados de forma engessada e produzindo

excesso de normas e regulamentos.

Diante dos avanços tecnológicos, não mais são comportáveis ações, por governos ou

instituições públicas, que não sejam cada vez mais baseadas em conhecimentos e

informações. Se isso pode trazer melhorias aos cidadãos dentro das nações, o que tem sido

observado, no entanto, como consequência, são desigualdades nas condições de vida das

pessoas, diante de transformações constantes e de uma rapidez assustadora para as quais elas

não são preparadas, sensibilizadas ou educadas.

Isso tudo tem sido reunido num termo amplo, multifacetado e, por isso mesmo, sujeito

a muitas controvérsias: globalização.

A globalização está reestruturando o modo como vivemos, e de uma maneira

muito profunda. Ela é conduzida pelo Ocidente, carrega a forte marca do

poder político e econômico americano e extremamente desigual em suas consequências. Mas a globalização não é apenas o domínio do Ocidente

sobre os demais; afeta os Estados Unidos tanto quanto outros países. Além

disso, a globalização influencia a vida cotidiana tanto quanto eventos que ocorrem numa escala global (GIDDENS, 2010, p. 15).

A globalização nos lança diante de um paradoxo, posto que nos tornou de algum modo

planetários e ouvidos por todos, mas ao mesmo tempo insignificantes. Se a tecnologia e os

transportes nos permitiram estar em todos os lugares do planeta, física ou virtualmente,

ganhamos força e potencial de expressão internacional, pois nossas ações e palavras podem

ser vistas e seguidas por todos; em contrapartida, somos mais um entre milhões de potenciais

usuários de sistemas de informações, consumidores de produtos e tecnologias, e a nossa

manifestação, especialmente via redes sociais, é condição para a movimentação do mercado e

da máquina de consumo; e aquilo que manifestamos tem a relevância de alguns segundos,

pois imediatamente os nossos proferimentos se confinam ao anonimato do esquecimento

virtual.

As verdades que antes pareciam sólidas estão cada vez mais fluidas e submetidas a

torrente de crises econômicas e políticas, de recursos finitos, de uma população cada vez

25

maior. Tudo isso recai sobre a Universidade, visto que ela é uma instituição de grande

importância para o desenvolvimento da sociedade como um todo.

De acordo com Hansen (2013b):

A humanidade vive um momento crucial de sua história, pois se vê diante de profundas transformações em todos os campos da existência, numa

intensidade e velocidade jamais vistas. Diante deste contexto, inúmeros são

os riscos e as oportunidades, mas cresce a importância do papel institucional e social da Universidade; conhecer o contexto onde estamos inseridos e

traçar um panorama do nosso tempo se torna imprescindível.

A partir do século XX, houve uma expansão demográfica que causou um grande

impacto na vida em sociedade, tornando-se uma característica marcante dessa época para os

dias de hoje.

Habermas, em sua obra Constelação Pós-Nacional (2001), aponta para três problemas

característicos do século XX:

1) Crescimento populacional:

Houve um aumento populacional muito rápido a partir do século XIX, em

consequência do avanço da medicina, para tratar enfermidades que até então eram

consideradas fatais.

Já no século XX, para termos uma ideia, a população mundial, até meados de 1920, já

havia atingido o primeiro bilhão de pessoas no mundo. De acordo com dados da Wikipédia,

nos 10 anos seguintes, 1930, já éramos dois bilhões de habitantes no planeta. Dessa época

para a atualidade, já somos quase sete bilhões e, conforme Hansen (2013b), “[...] a previsão

da ONU é que até meados do século XXI sejamos nove bilhões de seres humanos neste

planeta.”

Em 1950, cinco anos após a criação das Nações Unidas, a população

mundial era estimada em cerca de 2,6 bilhões de pessoas. De acordo com

estimativas da ONU, a população mundial chegou a 5 bilhões em 11 de julho de 1987, e atingiu a marca de 6 bilhões de pessoas em 12 de outubro de

1999. Agora, 10 anos depois, ela é estimada em aproximadamente 7 bilhões.

Esta expansão rápida e contínua da impressão humana num planeta que parece cada vez menor tem sérias implicações em quase todos os aspectos da

vida. Questões estas que dizem respeito à saúde e ao envelhecimento, à

migração em massa e à urbanização, à demanda por habitação, ao

abastecimento inadequado de alimentos, ao acesso à água potável, entre outras. O rápido aumento da população expõe problemas como o crime

transnacional, a interdependência econômica, mudanças climáticas, a

disseminação de doenças como HIV/AIDS e outras pandemias, e assuntos

26

sociais como igualdade de gêneros, saúde reprodutiva, maternidade segura,

direitos humanos, situações de emergência, e outras (ONU, 2013).

Esse crescimento foi causado pela transformação do homem, com a industrialização,

urbanização, agricultura e, como já dito acima, pelos avanços na área da saúde. Mas, ao

mesmo tempo, surgem novas doenças, novos desafios para a medicina.

Apesar dessa transformação, ainda nos encontramos diante do fato de que é muita

gente para pouco recurso, e aí temos conflitos de territórios de interesse, que envolvem

recursos escassos.

Diante desse contexto, a Universidade deve estar atenta a esses grandes desafios

consequentes de uma população cada vez maior, com um território mundial cujo espaço

habitável tem-se tornado cada vez menor para acomodar tantas pessoas, com uma sociedade

cujas características são diversas.

Cabe à Universidade, enquanto instituição formadora, o desafio de acompanhar essas

velozes transformações em que a sociedade está envolvida. Percebe-se que, se houve

planejamento populacional e/ou acompanhamento, por parte do Estado e da Universidade,

estes não foram eficientes; não houve uma discussão ou reflexão, em face dos recursos

existentes.

Como consequência, observam-se problemas sociais gritantes, como pessoas passando

fome, morando em condições subumanas. Há miséria e exclusão social.

Hansen (2013b) observa que esse contingente populacional passa a ser interpretado e

tratado pelas instituições políticas, governamentais e acadêmicas como massa.

Habermas (2001, p. 54) comenta que:

[...] desde o início do século XX, um rápido aumento populacional. A

explosão demográfica foi a princípio percebida na figura social da “massa”.

Antes de Psicologia das Massas (Le Bond), já se conhecia a concentração das massas nos burgos, e também a mobilização em massa de trabalhadores

e emigrantes, manifestantes, grevistas e revolucionários. Mas apenas no

início do século XX fluxos de pessoas, organizações e ações em massa,

concentraram-se em manifestações ameaçadoras que provocaram a visão da Rebelião das Massas (Ortega e Gasset). Na manifestação em massa da

Segunda Guerra Mundial, no sofrimento em massa dos campos de

concentração, assim, como no caos em massa do pós-guerra, descobriu-se o coletivismo, que já se anunciara na capa do Leviatã de Hobbes: já aí os

indivíduos encontram-se anônimos, fundidos na figura de um macro-sujeito

que age coletivamente.

A Universidade enfrenta hoje uma tensão na sua relação com a sociedade, que é uma

relação, novamente, pautada eticamente, ou seja, ela se move a partir de um conjunto de

27

valores, que não necessariamente são os mesmos valores de segmentos da sociedade com a

qual a Universidade está se relacionando. E isso também é gerador de problemas.

Como a instituição universitária consegue dar resposta, hoje, aos desafios da

tecnologia, da globalização, das formas de aprendizado, da fluidez das verdades, ao mesmo

tempo em que consegue se preservar, para não virar capacho do sistema financeiro, não virar

mais um grande colégio e preservar certo papel social, como geradora de critica, geradora de

novas perspectivas?

Diante do que vem ocorrendo desde o século XX e no atual século XXI, a

Universidade tem por obrigação repensar como as grades curriculares dos cursos oferecidos

pela instituição têm sido construídas, quais atividades e programas envolvem a comunidade

para tratar dos problemas que se apresentam e qual a melhor forma de buscar soluções em

conjunto com servidores, discentes e comunidade.

2) Mudança estrutural do trabalho

Por conta do aumento do crescimento populacional, vieram outras necessidades, outros

desafios, como o da introdução de novos métodos de produção para aumentar a produtividade,

minimizando a necessidade de trabalho. Houve um grande êxodo rural.

As pessoas que migraram da zona rural para as cidades criaram a necessidade de uma

ampliação das atividades laborais e novos conhecimentos foram essenciais para lidar com

máquinas e equipamentos das fábricas. Outras necessidades no mercado foram aparecendo,

como: novos produtos para atender à nova realidade, bens, oferta de emprego, de serviços,

entre outros.

Atualmente, tanto nos grandes centros como nas áreas rurais, novos conhecimentos

são indispensáveis para lidar com máquinas e equipamentos sofisticados e tecnologicamente

complexos, com moderníssimos sistemas e programas. Além disso, os trabalhadores rurais

que vieram pra a cidade passaram a disputar vagas “num mercado de trabalho voltado cada

vez menos para os setores primários e secundários da economia, mas fortemente orientado

para o setor terciário (comércio e serviços) e quaternário (informações, pesquisa e inovação).”

Diante dessa nova tendência de mercado, “houve uma verdadeira revolução educacional, já

que a formação de ensino fundamental e médio são pré-requisitos para a obtenção de vagas

menos remuneradas, enquanto vagas com maior remuneração exigem formação universitária

em nível de graduação e pós-graduação” (HABERMAS, 2001, p. 55).

28

Diante de tanta mudança e necessidade de novos conhecimentos, tornou-se crescente a

busca por cursos universitários, pois as pessoas se interessam por maior qualificação, a fim de

conseguirem um espaço no mercado cada vez mais competitivo e exigente.

Hansen (2013b) comenta que:

[...] a preocupação destas pessoas, em sua maioria, é com a obtenção de um

treinamento que as habilite a operar tecnicamente e manipular equipamentos, sem qualquer preocupação de ordem epistemológico-cognitiva que se volte à

produção de um novo significado para o próprio trabalho na sociedade.

Individualizado e separado pela mídia de massas, cada um corre atrás do próprio sucesso, pensado em termos exclusivistas, enquanto auto-realização

fundada num egoísmo racional.

A Universidade sofre pressão diante da necessidade do mercado e do imediatismo das

pessoas em possuírem um curso superior, para dar um retorno imediato aos interessados em

conseguir um certificado de graduado, a fim de obterem um trabalho mais bem remunerado.

Infelizmente, o que o público quer é um tipo de educação fast food para atender suas

necessidades imediatas. Não há uma preocupação com o seu desenvolvimento intelectual,

cultural, e sim um adestramento técnico necessário para sua atuação no mercado.

Hansen (2013b) chama a atenção no sentido de que a Universidade não acabe cedendo

à pressão social massificada por uma transformação do ensino superior em uma fábrica de

soluções mágicas e miraculosas. Para o autor, “o maior problema se encontra no eco e guarida

que este discurso falacioso e reducionista encontra nos atores das instituições universitárias,

especialmente quando assimilados e assumidos por gestores universitários” (HANSEN,

2013b). Para ele, preparar o acadêmico para o mercado vai muito além de um treinamento das

habilidades técnicas para se operar um equipamento ou sistemas no desempenho das funções

no trabalho. A preparação “exige cada vez mais uma atenção para o trabalho enquanto

dimensão constitutiva da produção do sentido da espécie humana, pelos processos de

interação e comunicação a ele inerentes.”

3) Dos progressos cientifico-tecnológicos

Desde que o homem existe e evolui, vêm ocorrendo avanços tecnológicos,

atravessando os séculos e, a partir do século XX, revolucionou-se o modo de viver e agir da

sociedade. Houve um avanço nas tecnologias industriais, militares e no campo da medicina,

bem como no transporte e meios de comunicação.

Novos equipamentos digitais são implementados nas indústrias, que reduzem a

necessidade de mão de obra e ao mesmo tempo exigem mão de obra especializada para operá-

29

los, em razão de se tratar de equipamentos delicados e altamente precisos. Também na

medicina, surgiram equipamentos cirúrgicos e laboratoriais de qualidade impecável.

As distâncias não são mais desafios incontornáveis. Houve um avanço incrível com

transportes, que oferecem conforto, segurança e rapidez.

O efeito de aceleração advindo das técnicas avançadas de comunicação e de transporte possui uma importância totalmente diferente para a modificação a

longo prazo do horizonte cotidiano de experiências. [...] A consciência do

espaço e do tempo é afetada de um outro modo pelas novas técnicas de transmissão, armazenamento e elaboração de informações. [...] As distâncias

espaciais e temporais não são mais “vencidas”; elas desaparecem sem deixar

marcas na presença ubíqua de realidades duplicadas. A comunicação digital

finalmente ultrapassa em alcance e em capacidade todas as outras mídias. Mais pessoas podem conseguir e manipular quantidades maiores de

informações múltiplas e trocá-las em um mesmo tempo que independe das

distâncias. Ainda é difícil de se avaliarem as consequências mentais da Internet, cuja aclimatação no nosso mundo da vida resiste de um modo mais

enérgico do que a de um novo utensílio doméstico (HABERMAS, 2001, p.

57-58).

As informações, através de aparelhos de comunicação e internet, chegam em questão

de segundos, a qualquer lugar do planeta. Tudo isso tem atendido à sede insaciável de

consumo das pessoas; através de tecnologias e de um forte marketing, conquistam-se novos

clientes de forma massiva.

Habermas (apud HANSEN, 2013b) “chama a atenção para o fato de que a tecnologia

entrou de uma forma tão avassaladora no nosso dia a dia que já não conseguimos mais nos

desvencilhar dela, já que nos tornamos tecno-dependentes.”

Observa-se um número cada vez maior de pessoas (adolescentes, jovens e adultos) nas

ruas, nos restaurantes, na escola etc., com seus celulares, comunicando-se com outras pessoas

ou conversando, ou mandando torpedos, ou mesmo utilizando internet, em aparelhos cada vez

mais sofisticados. Se perguntássemos a elas se sobrevivem sem essa tecnologia, fatalmente a

resposta seria não, pois já foi incorporada ao seu cotidiano. Outro exemplo é o computador,

utilizado para a produção de textos, rotinas administrativas que atualmente são realizadas

através de sistemas de informações gerencias implantados, internet e outros tantos programas

para agilizar os processos no trabalho. Sem isso, o trabalho fica engessado e o processo para.

As estruturas do mundo da vida carregadas de tecnologia exigem de nós,

laicos, agora como antes, a relação inocente com aparelhos e dispositivos

enigmáticos, uma confiança habitual no funcionar de técnicas e computadores opacos. Em sociedades complexas todo especialista torna-se

30

um laico diante de todos os demais especialistas (HABERMAS, 2001, p.

57).

As novas tecnologias nos trazem inúmeros benefícios, que realmente agilizam e dão

qualidade ao trabalho e na vida fora dele, oferecendo conforto.

Contudo, Hansen (2013b) nos alerta para os riscos que acompanham a benesses que as

tecnologias trazem para nosso cotidiano.

[...] estamos hoje sendo formatados e reformatados nos nossos hábitos;

adequamos preferências às máquinas e aos aparelhos tecnológicos que

possuímos (ou que nos possuem!). Somos controlados no nosso tempo e no

nosso espaço, monitorados por GPS, celulares e outros aparelhos conectados a satélites. Em muitos casos, já não temos separação entre tempo livre e

tempo de trabalho, vida social e vida privada; estamos num constante “big

alguma coisa”, aparecendo e sendo controlados. Inclusive nossas manifestações começam a ser padronizadas, pois devemos raciocinar e nos

manifestar em 140 caracteres, se é que se possa argumentar em tão ínfimo

espaço. Nossas palavras atingem o mundo, graças à internet e às redes

sociais, mas tem a visibilidade de pouco mais que um segundo, já que logo é suplantada pela torrente de novas mensagens de tantos outros ciosos por

também grunhir algumas palavras, tornando obsoleta nossa manifestação.

A Universidade hoje tem mais que obrigação não só de acompanhar os avanços

tecnológicos, como o acesso digital via rede, com sistemas de informações que abrangem todo

o processo de operacionalização de serviços da instituição, como de abrir novos espaços e

conhecimentos para o desenvolvimento tecnológico.

A tecnologia desenvolvida e aplicada precisa ser disponibilizada para facilitar o

desenvolvimento das atividades das pessoas que compõem a universidade como um todo e

também oferecer acesso às informações da comunidade, quando precisam recorrer à

universidade por motivos acadêmicos ou acompanhamento do que lhe é oferecido, para novos

conhecimentos, cursos, lazer, entre outras atividades.

Ainda não se pode deixar de destacar que tecnologia na universidade é um instrumento

necessário para o ensino-aprendizagem. Os quadros negros podem, e isso já acontece em

algumas instituições de ensino superior, ser substituídos por modernos quadros digitais

interativos, multimídias e outros tantos equipamentos que auxiliam no ensino-aprendizagem.

Além disso, por meio dos avanços tecnológicos, é possível realizar teleconferências com

celebridades do meio educacional, via satélite. Sem contar que, com os avanços tecnológicos,

tornou-se possível o ensino a longa distância – EAD, que leva conhecimento aos acadêmicos

que podem fazer seus cursos sem sair de casa, administrando seu tempo para estudar.

31

Entrementes, as sociedades modernas pós-industriais são caracterizadas por

setor quaternário de trabalho baseado no saber, como as indústrias high-tech

ou os serviços de saúde, os bancos ou a administração pública, que depende da influência de novas informações e, em última análise, de pesquisa e

inovação. Essa, por sua vez, deve-se a uma “revolução na educação”.

Enquanto a formação superior perdeu o status elitista, as Universidades

tornaram-se frequentemente o foco de agitações políticas (HABERMAS, 2001, p. 55).

1.3 UNIVERSIDADE, ÉTICA E RELAÇÕES INTRA-INSTITUCIONAIS

Observa-se na Universidade o predomínio de uma eticidadede em grupos que chegam

ao poder e querem realizar os seus valores de interesse.

Numa instituição, observa-se esse tipo de comportamento acontecendo, com uma certa

constância, seja por gestores de instâncias superiores ou mesmo de instâncias administrativas

ou acadêmicas distribuídas nesse complexo ambiente universitário.

Os conflitos de interesse e de perspectivas éticas que se colocam, a cada mudança de

gestão, seja em qual estância for, geram por um lado desmotivação de pessoas, perseguição a

outras pessoas, subutilização da capacidade de produção e, também, tentativas de

neutralização daqueles que são vistos como potenciais rivais ou que representam concepções

éticas distintas do grupo que entra.

Ações como as acima citadas geram uma descontinuidade de processos, certa

intransparência dos atos administrativos e acadêmicos.

Se o grupo que trabalha num setor ou um órgão da instituição passa a ter como gestor

a pessoa que recebeu seu apoio, tem condições de realizar seu trabalho com certa

tranquilidade. Se este gestor era da oposição de quem estava à frente dos trabalhos, até o

momento, certamente vai tentar mudar tudo que já foi realizado e querer imprimir sua marca,

descontinuando o trabalho anterior.

O contrário também pode acontecer: o gestor eleito ser aliado do gestor anterior, e dar

continuidade a alguns projetos. Mas, com certeza, ainda assim, vai mudar alguma coisa para

imprimir sua marca.

Porém, se ocorrer o caso de o gestor nomeado para o cargo não ser aquele que o grupo

apoiava ou esperava, fatalmente terá dificuldades de obter informações e colaboração dos

demais. Sofrerá com a desmotivação e resistência do grupo do qual será o líder, mas mesmo

assim desejará e imprimirá sua marca, descontinuando os processos e impondo novos, ou seja,

parará tudo que se estava fazendo e começará outro trabalho do zero, com ou sem o apoio do

grupo.

32

Em função dos interesses privados e de valores de grupos, éticas específicas, ou

mesmo por questões meramente estratégicas, onde a ética passa longe, também existe a

questão de servidores, sejam gestores, colaboradores ou docentes, que simplesmente se

apropriam de informações institucionais, de dados e projetos institucionais para benefício

próprio, seja para pleitear um cargo em outras instituições governamentais, ou outras

instituições de ensino, ou mesmo para uma carreira política.

Percebe-se, diante do que foi acima exposto, que aqueles que possam significar um

risco à realização desse tipo de projeto de poder, tendem a ser afastados, oprimidos,

neutralizados, perseguidos e até excluídos da participação, competentes ou não. Pois o que

vale é fazer parte do grupo de interesses, caso contrário “está fora”.

Ao mesmo tempo, observa-se que existem outros grupos que se movem

estrategicamente, na direção de criar vínculos de domínio, ou seja, vínculos baseados no

cargo, em função gratificada, em privilegiar determinados grupos comprando adesões. Essas

relações são assimétricas, isto é, não são relações de confiança, de credibilidade; ao contrário,

essas pessoas que se vendem hoje passam, de gestão em gestão, a pleitear um cargo e o

conseguem, porque sempre se vendem para o grupo de que às vezes são rivais, porém é

aquele que está no poder.

Grupos como os acima citados não agem por simpatia política, por adesão política ou

algo do gênero. Agem no auto-interesse, por egoísmo racional. É nesse contexto que muitos

viram cabo eleitoral do candidato que prometer um cargo e oferecer vantagens. E, caso outro

candidato ofereça algo melhor, o mesmo grupo que apoiava o candidato oposto deixa de

apoiá-lo e migra, sem nenhum escrúpulo, para aquele que oferece mais regalias. É meramente

uma adesão estratégica assimétrica.

Em muitos casos, só há uma colaboração enquanto for possível levar vantagem.

Não podemos também deixar de frisar que existem grupos pautados em éticas

diferentes, nos quais não há a intenção de vantagens, ao contrário, cumprem seu papel com

profissionalismo, colaboram com a instituição, independente de quem esteja no poder,

pensam na instituição e no que ela representa na sociedade.

Entre eles há um profissional, cuja formação é pautada num comportamento ético-

moral em que seu agir tem por obrigação ser em prol do bem comum e de colaboração, com

atuação imparcial e ações, respeito e simetria para com todos os atores institucionais, o

Secretário Executivo.

33

1.4 UNIVERSIDADE, ÉTICA E PODER INSTITUCIONAL

Desde que surgiu o planeta Terra e com ele os seres humanos, estes se viram

impelidos a se relacionar, ou seja, desde que o mundo é mundo, seres humanos relacionam-se

uns com os outros.

Hansen (1994, p. 54) comenta que as relações estabelecidas entre os humanos têm

“uma razão de ser, um valor, não é meramente algo sem sentido” e que “a ação de dar um

sentido a um ser, transformando-o num „algo‟. Comenta o autor que “a possibilidade de agir

sobre outrem, de sorte a determinar suas reações; a capacidade de manipular objetos e

fenômenos a partir de nossa vontade”. Podemos entender que nesse contexto convencionou-se

a denominação "poder", que “visto sob este prisma, revela-se, de fato, como um elemento

constitutivo da própria substancialidade humana e, neste sentido, ser homem implica

necessariamente construir relações, e relações de poder.”

Na Universidade, ambiente em que as pessoas interagem constantemente, não é

diferente se construir relações e relações de poder.

Muitas situações acontecem nas relações institucionais, como já apresentado no tópico

anterior, e nelas observam-se pessoas que buscam, de alguma forma, estar no poder, ou ao

lado dele.

O papel assumido neste trabalho é justamente colocar em discussão inquietações sobre

como se dá o poder dentro da instituição, de acordo com o que se observa no dia a dia vivido

nela.

Observam-se ações de busca pelo poder por meio de comportamentos nem sempre

considerados éticos, mas sim antiéticos.

Quando pessoas, para conquistar um determinado status na instituição, lançam mão de

mecanismos nada convencionais, como, por exemplo, agir com relação ao outro de forma

ameaçadora, ou seja, „caso você não faça parte do meu grupo, suas chances de continuar

trabalhando no setor que hoje atua são mínimas‟, elas estão, nesta relação de poder,

exercitando o poder que pressupõem ter sobre o outro.

Foucault (1994, p. 237) denomina o exercício do poder como:

[...] um conjunto de ações sobre ações possíveis; ele opera sobre o campo de

possibilidade onde se inscreve o comportamento dos sujeitos ativos; ele incita, induz, desvia, facilita ou torna mais difícil, amplia ou limita, torna

mais ou menos provável; no limite, ele coage ou impede absolutamente, mas

é sempre uma maneira de agir sobre um ou vários sujeitos ativos, e o quanto

eles agem ou são suscetíveis de agir. [...] O exercício do poder consiste em

34

“conduzir condutas” e em ordenar probabilidades. O poder, no fundo, é

menos da ordem do afrontamento entre dois adversários, ou do vínculo de

um com relação ao outro, do que da ordem do „governo‟.

A partir da definição de poder estabelecida acima, bem como da obra Microfísica do

Poder (1989), de Foucault, dois aspectos nos parecem provocadores no que tange à reflexão

sobre o poder exercido nas instituições universitárias: a) o primeiro diz respeito ao exercício

do poder no que concerne às suas finalidades; b) o segundo diz respeito aos atores que

exercem este poder na instituição.

a) Exercício do poder no que concerne às suas finalidades

Na sociedade em geral e mais especificamente também nas instituições universitárias,

o poder é compreendido e exercido como uma finalidade em si mesmo ou como um meio para

a realização e um projeto institucional. No primeiro caso, aqueles que exercem o poder tem

como finalidade exclusiva a manutenção do mesmo e tendem a agir no sentido da

conservação status quo, via de regra pela imobilização de todo e qualquer processo

institucional que possa significar risco de transformação da mesma. E quando ameaças

institucionais ocorrem no sentido da rebelião são promovidas pseudomodificações, de sorte

que as pessoas tenham a sensação de que as coisas mudaram sem que efetivamente nada

mude. Exemplo desta postura nas instituições universitárias é a criação de setores, divisões, e

órgãos, sem a devida infraestrutura para que haja o seu funcionamento. Deste modo,

modifica-se sem gerar transformação, nem tampouco ameaça o poder instituído. No segundo

caso, o poder é encarado como um meio para a realização de um projeto institucional baseado

em valores e concepções de bem viver. Sob este prisma, o exercício do poder se volta para a

transformação da instituição no sentido da realização de um projeto politico partilhado por

uma coletividade. E quanto maior for esta coletividade a se reconhecer no projeto politico

construído e nos valores a ele vinculados, tanto maior será a legitimidade do exercício desse

poder na instituição, posto que os atores institucionais se reconhecem no projeto efetivado e

sentem seus valores e interesses representados naqueles que exercem o poder. Mesmo aqueles

que não partilham daqueles valores, mas desde que tratados a partir princípios republicanos

como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tendem a cooperar

com a consecução do projeto, por reconhecerem a forma justa com que se da exercício do

poder.

35

b) Os atores que exercem o poder na instituição

Embora as instituições sejam organizadas em níveis hierárquicos de poder, o exercício

do mesmo se dá microfisicamente, o que significa na prática, embora o Conselho

Universitário, CEPE ou a reitoria tenham em exercício de poder mais concentrado, estes não

possuem controle absoluto sobre o modo como cada um dos atores institucionais (docentes,

técnico administrativo, discentes) exerce a porção de poder que lhes cabe no setor esse o

exercício específico onde atuam. E o exercício deste poder microfísico e por vezes sub-

reptício e clandestino se volta em muitas situações numa direção diferente daquela

intencionada pelos atores de poder mais concentrado e qualificado.

Na facticidade do viver e conviver institucional da Universidade, diversos aspectos

interferem no seu acontecer. Ao longo deste primeiro capítulo, nossa intenção foi chamar a

atenção de alguns desses aspectos, especialmente no que tange aos aspectos éticos, morais,

estratégicos, presentes nas relações e na gestão universitária. Neste contexto, também

procuramos pontuar as influências externas sofridas pela Universidade, em cenário de

globalização e de avanços tecnológicos acentuados.

Apontamos, na sequência, as implicações ético-morais nas relações interinstitucionais,

e mostramos, finalmente, que a Universidade vê o seu acontecer clivado e cravejado de

influências políticas.

No entanto, considerando os propósitos deste trabalho, passaremos a nos debruçar

mais especificamente sobre o segmento de atores institucionais, que contribuem, através do

seu modo de ser e da característica de sua formação profissional, para que a Universidade

tenha hoje virtudes e patologias no seu acontecer. Este segmento é o dos secretários.

36

CAPÍTULO 2

O PAPEL DO SECRETÁRIO

2.1 O SECRETÁRIO COMO PROFISSIONAL E COMO PESSOA (IMAGEM INSTITUCIONAL E AUTO-

IMAGEM)

2.1.1 Sobre a Origem da Profissão Secretário

Não se tem a data exata em que surgiu a profissão secretário, mas, segundo

pesquisadores, em meados de 5000 a 3000 a.C., surgiram pessoas que desempenhavam

atividades muito parecidas com as dos secretários de hoje.

Para Ribeiro (2005, p. 34), há pelo menos 5000 a.C. surgiram os escribas, o que parece

dever-se ao fato de que no Egito e na Mesopotâmia foram desenvolvidos sistemas de

represamento e irrigação, o que aumentou o crescimento populacional e fez com isso surgir a

necessidade de um órgão de controle social, tornando necessários os registros do que era

realizado.

Segundo a autora, nessa época, havia um número significativo de escribas que eram

encarregados de todos os registros dos acontecimentos da população: uns registravam

colheita, outros fiscalizavam impostos, outros eram responsáveis em registrar a produção

agrícola e dos artefatos. Também havia escribas para o registro administrativo, que anotavam

as ações e decisões de mandatários e membros da nobreza, muito semelhante com a função de

secretários em dias atuais.

De acordo com Natalense (1998 apud RIBEIRO, 2005, p. 35):

Percebe-se que o “antepassado” do secretário foi o escriba: profissional que,

em tempos remotos, realizava tarefas bastante semelhantes às do secretário:

“o escriba oriental é o homem que domina a escrita, faz contas, classifica os

arquivos, redige as ordens, aquele que é capaz de recebê-las por escrito e que, por conseguinte, é naturalmente encarregado da sua execução.”

O escriba profissional era uma figura importante nos vários aspectos da administração

do antigo Egito, tanto no civil, militar e religioso. A maioria não sabia escrever e, quando uma

pessoa que não dominava a escrita precisava redigir ou ler um documento, pagava o serviço a

um escriba.

37

Figueiredo (1987, p. 13) comenta que:

O termo „Secretário‟, de origem latina, significa „o que guarda segredos‟, e

até nossos dias não se pode imaginar um profissional da categoria que não seja capaz de manter o mais absoluto sigilo sobre os assuntos do Chefe e da

empresa. Curioso observar, também, que a profissão surgiu com

características de ser especificamente masculina.

Na idade média, a função de secretário era restrita aos monges, que tinham dentro da

sua ordem religiosa a função de secretários, visto que eles dominavam a escrita e, por isso,

tinham a responsabilidade de ser os guardiões dos documentos e escritos importantes daquela

época. Conhecidos como copistas, esses monges também redigiam ordens.

Um episódio interessante é comentado por Sabino e Rocha (2004, p. 7), de quando se

tem registro da primeira aparição da mulher como secretária. Foi em 1812, quando Napoleão

Bonaparte já no posto de General do Exercito Francês, “entre seus assessores diretos, valeu-se

de uma secretária (cujo nome a história não registra) para escrever seus feitos.” Porém, isto

não agradou a sua esposa Josefina, que não aceitou sua decisão e o fez trocar de secretário.

Assim, Napoleão contratou um homem para secretariá-lo nos seus feitos, Jean François

Champollion, considerado grande gênio linguístico e decifrador de hieróglifos, habilidades

estas exigidas na época para um secretário.

[...] houve épocas que marcaram mais a necessidade desses profissionais, como por exemplo: (1) na Revolução Comercial (1400-1700); (2) na

Revolução Industrial na Inglaterra, a partir de 1760 e (3) após as duas

grandes Guerras Mundiais (1914 a 1918 e 1939 a 1945), em função da

escassez de mão-de-obra masculina é que surge a necessidade das mulheres

ocuparem esta função (SABINO; ROCHA, 2004, p. 7).

Pode-se dizer que da década de 30 até o final da década de 80 do século passado, a

profissão passou a ser exercida, em sua vasta maioria, por mulheres. Somente a partir da

década de 90 os homens reaparecem exercendo a função de secretário, o que é fácil entender,

uma vez que esta profissão foi considerada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em

1997, como uma das que mais cresce no mundo (ALONSO, 2002, p. 18).

Assim, surge a profissão num mercado carente de secretários capacitados e preparados

para lidar com informações, processos, tecnologias e pessoas. A parte histórica sobre a luta da

categoria será abordada no próximo capítulo deste trabalho, na parte da luta pela

regulamentação da profissão.

38

2.1.2 O Profissional Secretário

Com o passar do tempo, a globalização e as novas tecnologias, tem-se exigido do

secretário conhecimentos que vão além de técnicas secretariais. Foi preciso desenvolver novas

competências, como: boa comunicação, adaptação, criatividade, pró-atividade, liderança,

flexibilidade e comprometimento.

O secretário é muito mais que um assessor, é um formador de opinião no qual o

executivo deposita toda a sua confiança.

O secretário atual construiu uma sólida ponte para transpor o abismo intelectual que o

separava do executivo ou gestor superior. Na prática, é tão culto, inteligente, preparado e

ousado quanto eles.

Medeiros e Hernandes (1999, p. 17) comentam que, em suas atividades diárias, o

profissional de secretariado deve ser mais do que uma pessoa encarregada de digitação de

correspondência, é, pois, nesse momento, verdadeiro assessor, profissional altamente

qualificado.

É visível a diferença entre um secretário moderno e o secretário antigo. O secretário

moderno (executivo) tem uma preparação diferenciada. Hoje os cursos de secretariado

executivo, oferecem em suas grades disciplinas como: administração, marketing, comércio

exterior, sociologia geral, sociologia empresarial, psicologia nas relações de trabalho,

contabilidade, matemática financeira, gestão de projetos, economia, processamento de dados

(informática), noções de direito e direito comercial, ética profissional, além das técnicas

secretariais, gestão de secretaria, português e idiomas.

A secretária moderna atua como elo entre clientes internos e externos, parceiros e

fornecedores, e para que essa possa auxiliar o executivo, precisa conhecer o funcionamento o

funcionamento da instituição como um todo. Para tanto, precisa ter um excelente

relacionamento interpessoal e buscar atualização constante.

A profissão secretário exige discrição. Embora cheguem a seu conhecimento notícias

sobre o que acontece em toda a instituição, e mesmo de fora dela, muitas informações que lhe

são confiadas não podem ser divulgadas.2

Para manter alto grau de profissionalismo e a estima de todos, deve manter-se calada

sobre tais notícias, garantindo a confiança de todos, inclusive do executivo ou gestor superior.

2Em respeito ao Capítulo IV - Do Sigilo Profissional Art.6º. - A Secretária e o Secretário, no exercício de sua

profissão, deve guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados.

39

Além dos princípios básicos como educação, gentileza, simpatia, o perfil de um bom

profissional em secretariado é ser: inovador, negociador, polivalente, criativo, participativo,

responsável, organizada, proativo, competente, eficiente, eficaz, flexível, determinado, gestor,

amistoso, empreendedor, programador de soluções, assessor, motivador, comunicável,

discreto, atencioso, facilitador, além dos conhecimentos técnicos.

Ao mesclar competências técnicas e comportamentais, ela reúne o „fazer” e

o “assessorar‟, escolhe ferramentas tecnológicas e exercita habilidades de relacionamento, comunicação, administração de conflitos, acompanhamento

de objetivos e metas. Em resumo, exercita seu profissionalismo (GARCIA

2005, p. 20).

O secretário executivo deve agir como agente de mudanças, agente de resultados,

agente facilitador e agente de qualidade.

Precisou desenvolver novas competências como: boa comunicação, adaptação,

criatividade, pró-atividade, liderança, flexibilidade e comprometimento.

Conforme Neiva e D´Elia (2009, p. 19):

Mudou o perfil. Ampliaram-se as competências. Cresceram a dimensão e o

nível de responsabilidade. Aliada a todos essas mudanças, há também a

constatação da nossa importância no cenário mundial. A profissão secretarial situa-se entre as três profissões que mais cresce na atualidade.

O secretário atual é um profissional multifuncional e sua atuação na instituição torna-

se cada dia mais necessário. Porém, para suprir as necessidades do âmbito organizacional,

esse profissional precisa apresentar uma série de competências que contribuam na resolução

de situações, seja para a tomada de decisão, seja para gerar conhecimentos, seja para lidar

com relacionamento interpessoal.

A imagem do Secretário está relacionada com seu comprometimento e suas

responsabilidades, com o desenvolvimento de suas competências, no contexto institucional e

social.

O secretário moderno conectado com o mundo globalizado, segundo Neiva e D´Elia

(2009, p. 29), atua como elo entre os clientes internos e externos, parceiros e fornecedores;

gerencia as informações; administra processos de trabalho; prepara e organiza o „meio de

campo‟ para que soluções e decisões sejam tomadas com qualidade. Ele é um agente

facilitador e, como tal, vai revelando o seu desempenho na rede de relações interpessoais que

administra. É neste contexto que vai imprimindo sua marca.

40

Hoje não basta o profissional saber redigir um excelente relatório, assessorar na

elaboração de um projeto, ter comprometimento e responsabilidade naquilo que foi proposto a

desenvolver: ele precisa atualizar-se constantemente para atender às exigências das

atualizações tecnológicas (equipamentos cada vez mais complexos e precisos).

Segundo Bond e Oliveira (2009, p. 14), “o mercado está exigindo muito mais de

qualquer profissional, o que gera atualizações constantes nas funções exercidas dentro da

organização.”

Se o secretário não souber como se relacionar com todos que fazem parte da empresa

ou instituição, de nada adianta todo um conhecimento técnico sofisticado.

Assim como na vida, não estamos sozinhos no trabalho. Vivemos numa sociedade,

seja no ambiente de trabalho, no ambiente familiar, religioso ou social. E, para lidar com o

todo social, o secretário deve buscar conhecimentos que mostrem a ele o melhor caminho para

lidar com gente.

E, para lidar com as pessoas, o secretário precisa saber ouvi-las, buscar entender seus

argumentos, se for o caso, apresentar os próprios argumentos também, ou seja, pautar-se no

diálogo.

2.1.3 O Secretário Enquanto Pessoa

Refletir sobre a própria profissão, sobre seu próprio desempenho profissional não é

tarefa fácil. Imagine então fazer uma autocrítica de suas atitudes no ambiente profissional, que

de certa maneira é uma extensão da sua casa, visto que, enquanto secretário, a

responsabilidade e comprometimento exigidos tomam mais tempo de sua vida do que ele

percebe.

A autocrítica refere-se à capacidade interna do indivíduo de realizar uma

crítica de si mesmo. Ela implica na análise de seus atos, da sua maneira de

agir, dos erros cometidos e das possibilidades de realizar uma autocorreção.

Desta forma o sujeito se aprimora. Esse mecanismo é inerente ao processo de autoconhecimento – o ser conhece a si mesmo, identifica seus pontos

fortes e fracos, suas potencialidades, e a partir daí corrige os rumos de sua

jornada existencial, e se aplica também a um grupo social e a uma instituição (SANTANA, 2013).

Quando se pensa em um encontro consigo mesmo, é que acontece a autocrítica, uma

sucessão de movimentos psíquicos que são muito mais complexos do que se imagina.

41

Podemos apresentar duas formas diferentes de secretariado, no que se refere a se

autoavaliar:

1ª) O Secretário que vive mergulhado na rotina de trabalho, preocupado em dar conta

de suas responsabilidades, preocupado em corrigir as falhas dos colaboradores, ou mesmo

preocupado em ver o defeito alheio e buscar corrigi-lo, infelizmente, percebendo o

semelhante e não a si mesmo, pode incorrer na falha de não se voltar a si mesmo e fazer uma

autoavaliação, se autoexaminar como pessoa, como profissional, verificando suas atitudes.

2ª) O secretário, mesmo mergulhado na rotina diária, com muitos afazeres, pode ser

uma pessoa extremamente perfeccionista, que acaba cobrando muito de si mesmo, e exagera

na sua autoavaliação, julgando-se apenas uma pessoa com muitos defeitos, sofrendo no seu

íntimo com a forma com que age no dia a dia.

Há que se contemplar os dois lados do próprio comportamento: 1) o positivo – os

êxitos, os méritos, as competências desenvolvidas, as conquistas; 2) o negativo – reconhecer

as deficiências, as fraquezas, os fracassos e as frustações.

Para se repensar como pessoa e como profissional, um elemento se faz necessário: o

autoconhecimento.

É preciso ter consciência de si mesmo, de quem é, e o que pretende; como são suas

reações diante das situações e das relações com o outro.

Bond e Oliveira (2009, p. 23) elucidam que “precisamos mergulhar na descoberta de

nós mesmos, para tomar consciência dos nossos pontos fortes, das nossas qualidades como

seres humanos. Precisamos também, olhar para nós mesmos, com toda humildade, e

reconhecer nossos pontos fracos e nossas necessidades.”

Quando o secretário passa a reconhecer quais são os seus pontos fracos e passa ter

consciência de que seus atos são reflexos de quem é enquanto ser humano, poderá corrigir

cada um deles. O mesmo acontece com seus pontos fortes, tendo em vista que se sentirá mais

confiante em si mesmo, em sua capacidade de conseguir alcançar suas metas de forma

positiva.

A partir desse processo interno, há que se refletir sobre qual a melhor forma de agir

perante a si mesmo e com o outro. Neste sentido, buscaremos, no quarto e último capítulo

deste trabalho, apontar como proceder enquanto profissional e pessoa humana, sob a

perspectiva da ética discursiva.

42

2.2 O SECRETÁRIO COMO GESTOR DE CONHECIMENTO

Diante de um cenário globalizado, de tantas mudanças acontecendo em questão de

segundos no mundo inteiro, o profissional de Secretariado Executivo também precisa

acompanhar o que acontece, obtendo informações e também as repassando de uma forma

ética e profissional.

Além das técnicas secretariais convencionais, este profissional desenvolveu e ainda

está em constante desenvolvimento de novas competências.

Dentre tantas competências está a gestão do conhecimento, que, de acordo com o

Relatório Consolidado do Comitê Executivo do Governo Eletrônico (BRASIL, 2004, p. 17),

trata-se de:

[...] um conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais,

capazes de incrementara habilidade dos gestores públicos em criar, coletar,

organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos estratégicos que podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de

políticas públicas e para inclusão do cidadão como produtor de

conhecimento coletivo.

No Brasil, desde os anos 90 o termo gestão do conhecimento já era utilizado no meio

empresarial, contudo, nas instituições públicas, sua discussão surgiu com o Decreto de 28 de

outubro de 2003, que criou 8 (oito) Comitês Técnicos, no âmbito do Comitê Executivo do

Governo Eletrônico3, com a finalidade de coordenar e articular o planejamento e a

implementação de projetos e ações nas respectivas áreas de competência, dentre eles a Gestão

de Conhecimento (GC) e Informação Estratégica. Mas, somente em 2004, o assunto realmente

teve sua implementação, com discussões e pesquisas realizadas junto ao IPEA - Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (BRASIL, 2004).

Atualmente vivemos num mundo complexo, onde fazemos parte de uma sociedade

complexa, e o Secretário Executivo, que atua numa universidade que também é complexa,

precisa desenvolver seu trabalho com maestria perante esse contexto.

O profissional em secretariado atua em um ambiente repleto de informações, sejam

documentais ou virtuais, advindas de e-mail, notícias, redes sociais e tantas outras formas que

3O Comitê Executivo do Governo Eletrônico tem o objetivo de formular políticas, estabelecer diretrizes,

coordenar e articular as ações de implantação do Governo Eletrônico, voltado para a prestação de serviços e

informações ao cidadão (BRASIL, 2004).

43

a tecnologia proporciona. Além de tudo isso, seu trabalho envolve, principalmente,

relacionamento interpessoal, ou seja, relaciona-se o tempo todo com pessoas.

Lidar com pessoas exige realizar trabalhos que vão além das técnicas operacionais,

exige saber como passar as informações, transformando-as em conhecimento.

De acordo com Nonato Junior (2009, p. 226-227), a partir do século XX novas teorias

passaram a demandar a Gestão do Conhecimento mais humana e aliada à prática: “Passou a

ser necessário entender toda a dimensão simbólica que cerca os objetivos, situações e

profissões”. Segundo Baudrillard (apud NONATO JUNIOR, 2009, p. 22), esse valor

simbólico atribuído ao conhecimento é o chamado valor signo, no qual a valoração do objeto

não está mais associada à sua utilidade, mas ao sistema psicossocial que ele representa.

No âmbito das profissões, este valor se incorpora ainda mais intensamente,

pois passa-se a valorizar a atuação simbólica de cada profissional e não

apenas o trabalho físico que este realiza, por isso Gestão do conhecimento precisa invadir o espaço das organizações e universidades, instaurando novas

formas de conceber a atuação acadêmica dos profissionais e intelectuais. A

mudança do conhecimento na contemporaneidade remete às várias

reformulações que ocorrem no cenário social. As principais transformações que abordam a necessidade de uma nova abordagem no trato com o

Conhecimento são: 1. A consciência dos direitos humanos; 2. A consciência

da paz mundial e da política internacional; 3. A consciência ecológica ambiental; Os novos desafios da Ciência e das Profissões; Revolução na

Gestão do Potencial Humano e Informacional. É nessa perspectiva que a

Gestão do Conhecimento chega às organizações (NONATO JUNIOR, 2009, p. 227).

Conforme Nonato Junior (2009, p. 243), o Secretário Executivo é capaz de atuar como

um intelectual em seu campo de trabalho, „lendo-o, interpretando-o, analisando e teorizando-

o‟ e, nessa perspectiva, pode tanto aprender, como fazer a Gestão do conhecimento.

Pelo secretário passam todas as informações referentes não só ao órgão onde atua

como à instituição como um todo, além das informações externas. Cabe a esse profissional

realizar o gerenciamento das informações, sejam elas verbais ou documentais.

Com os avanços tecnológicos, o gerenciamento, o armazenamento e a

transmissão de informações ficaram mais simples para quem domina a

informática e os demais aparelhos eletrônicos. Com isso em vista globalização e das exigências do mercado, o fluxo de informações tende a

ser maior. “Saber gerenciar o fluxo de informações pode resultar na

transformação de simples dados ou informações em conhecimento, o que influencia indiretamente nos resultados da empresa.” Fazer a gestão do

conhecimento não é simplesmente repassar informações, há que saber a

quem, quais e como serão distribuídas (BOND; OLIVEIRA, 2009, p. 23).

44

No ambiente secretarial, é uma constante relacionar-se com o gestor superior,

colaboradores e demais gestores e servidores de outros setores e órgãos institucionais.

O secretário sabe quais os caminhos das informações, ou seja, para quais pessoas

devem ser repassadas, em que momentos e qual urgência em fazê-los.

Toda informação, quando transformada em conhecimento, melhora o desempenho de

todos os seus colaboradores, que também aprendem e consequentemente também podem

gerar novos conhecimentos, e assim sucessivamente.

Contudo, para o secretário atuar com excelência, precisa saber de que forma, neste

caso, que tipo de comportamento é necessário para que o conhecimento realmente surta

efeitos positivos no transcorrer das atividades desempenhadas por todos.

Bond e Oliveira (2009, p. 82) descrevem dois tipos de conhecimento, considerados

importantes na gestão do conhecimento: conhecimento tácito e o conhecimento explícito.

Conhecimento tácito – esse tipo de conhecimento está ligado às capacidades, às habilidades, às experiências e até à intuição das pessoas, ou

seja, refere-se ao conhecimento implícito. São as deduções feitas a partir das

entrelinhas, ou aquilo que uma pessoa consegue entender somente pelo

comportamento ou pela fala, isto é, não exatamente pelas frases que são ditas, mas pelo modo como são emitidas (grifo nosso).

O secretário, cujo perfil vai além de atividades técnicas operacionais, e que atua

diretamente com o público interno e externo da instituição, que busca informações,

orientações do ambiente público, deve possuir uma percepção aguçada, para raciocinar e

entender em determinada situação ou situações; ser capaz de armazenar informações, para

saber usá-las ou repassá-las no momento necessário. Isso é ter conhecimento tácito.

Para Bond e Oliveira (2009, p. 82), “os valores pessoais também são considerados

conhecimento tácito – transparência, honestidade, respeito [...] esses valores são percebidos

pelas suas atitudes e comportamentos, e também, estão implícitos, ou seja, são descobertos na

convivência.”

Conhecimento explícito – como o próprio nome já diz, é o conhecimento

que é explicitado verbalmente, por desenho, gráficos, planilhas, documentos, entre outros formas de expressão. É o conhecimento expresso formalmente

para uma ou mais pessoas. Deve ser comunicado de forma clara pois o

receptor da mensagem deve compreender corretamente a informação

passada (BOND; OLIVEIRA, 2009, p. 82, grifo nosso).

Para as autoras, o conhecimento explícito pode ser desenvolvido para ser visualizado,

comunicado, compreendido e assimilado por qualquer pessoa, o que é muito importante para

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o profissional de secretariado entender sua dinâmica, visto que é por meio deste que se dá a

comunicação entre o secretário e demais colaboradores ou parceiros na instituição, quando

estes enviam documentos como planilhas, relatórios, dialogando a respeito de algum assunto

profissional, por exemplo.

Dos dois conhecimentos apresentados, o tácito nos parece ser o mais difícil de ser

articulado formalmente, ou seja, na linguagem formal, visto que é de cunho pessoal

incorporado à experiência individual de cada membro, envolvendo fatores intangíveis,

provenientes de valores, perspectivas, sentimentos, crenças, habilidades e emoções, entre

outros. É uma fonte importante de competição entre os envolvidos na instituição e só pode ser

avaliado através da ação.

Em toda instituição, o conhecimento é condição sine qua non no desempenho das

atividades secretariais e no relacionamento entre todos os concernidos, ou seja, entre todos os

membros que a compõem.

De acordo com Batista (2012, p. 43):

O servidor público que participa das iniciativas de GC4 amplia seus

conhecimentos e habilidades. Isso acontece em função do aprendizado e da inovação que ocorrem nos processos de GC. Por meio dos processos de GC,

o servidor público pode assumir atitudes positivas em relação à

aprendizagem e adotar importantes valores éticos e morais.

De nada adianta receber inúmeras informações e ter oportunidade de aumentar os

conhecimentos de uma equipe de trabalho, se não houver abertura para isso.

Gerenciar o conhecimento é tão importante quanto sua aquisição, ou seja, é preciso

saber aproveitá-lo, canalizá-lo e explorá-lo.

Nesse sentido, é que a ética discursiva habermasiana é uma perspectiva inteligente

para o secretário realizar a gestão do conhecimento, bem como outras, haja vista que sua

proposta é para o envolvimento de todos os concernidos, com direito a se expressar,

colocarem seus argumentos, sem coação e, juntos, chegarem a um consenso, construindo um

conhecimento válido para todos.

2.3 O SECRETÁRIO COMO GESTOR DE RELACIONAMENTOS

Com a aceleração da economia mundial e as novas demandas da sociedade, muitas

mudanças no Brasil e no mundo têm sido impulsionadas. Consequentemente, houve

4 O autor utiliza a sigla CG para Gestão do Conhecimento.

46

mudanças que ainda não temos como mensurar, mas, olhando com otimismo, observa-se que

a produtividade aumentou e, com isso, a economia cresceu.

De acordo com Zinn (2012), ainda não há possibilidade de se mensurar todos os

efeitos da globalização, mas essas alterações certamente já afetaram significativamente o

trabalho e “um dos desafios é a nova estrutura organizacional que enxugou as hierarquias,

dando espaço para a autonomia e fazendo com que as funções delegadas somente aos gestores

fizessem parte fizessem parte do cotidiano de qualquer profissional.” Essa nova realidade nas

organizações vem exigindo dos profissionais de secretariado o desenvolvimento cada vez

mais subjetivo no trabalho, como temperamento pessoal, aprendizado contínuo, visão

sistêmica e participação nos resultados.

Observa-se, nesse contexto da informação, tecnologia e dinamismo econômico, que os

resultados dependerão muito das relações profissionais, dos conhecimentos e habilidades

pessoais do que do próprio capital.

Tanto no mercado privado como nas instituições públicas, com a necessidade de suprir

as novas exigências do milênio, o profissional de secretariado precisa acompanhar as

necessidades de sua época e, assim, deixar de ser somente um assessor para assumir o papel

de gestor, tendo em vista que é de sua responsabilidade administrar o fluxo das informações,

realizar a gestão das informações, transformando-a em conhecimento, mostrar criatividade,

ser empreendedor, ter visão sistêmica estratégica do processo de trabalho para priorizar suas

atividades, ou seja, ele precisa cumprir satisfatoriamente várias habilidades gerenciais para

dar suporte ao executivo ou gestor superior, proporcionando a ele mais tempo para dedicar-se

a questões mais estratégicas e políticas na instituição.

Cabe ao secretário somar forças respeitando a hierarquia. E, diante dessa

multifuncionalidade, está a gestão de relacionamento que, neste propósito, não tem igual

intenção da gestão de relacionamento aplicado ao marketing, do CRM (Customer

Relationship Management), que, de acordo com Medeiros (apud CAMARANO, 2002, p. 10-

18):

[...] está intimamente ligada ao compartilhamento e reutilização de

conhecimento, gerenciamento de processos e qualidade de comunicação e

relacionamento, visando um aumento na produtividade das pessoas e, conseqüentemente, da organização. [...] busca criar o melhor relacionamento

possível com o cliente, em todo o ciclo de vida deste cliente com a empresa,

e não apenas na venda. Não é, em absoluto, uma ideia nova, uma vez que muitas empresas sempre buscaram criar um bom relacionamento com seus

clientes.

47

O objetivo do CRM (Customer Relationship Management) é estratégico e busca

monitorar os hábitos de compra dos clientes e estabelecer um relacionamento com foco na

produtividade dos colaboradores, no aumento das vendas e, consequentemente, no lucro.

Já gestão de relacionamento a qual nos referimos é a forma como um secretário, numa

perspectiva edificadora, pode gerenciar as relações interpessoais na instituição e com a

comunidade externa.

Em um ambiente institucional, há uma diversidade de pessoas com expectativas,

desejos, projetos, necessidades diferentes uma das outras. E é com estas pessoas que o

secretário se relaciona todos os dias, às vezes mais tempo com elas do que com a própria

família, sejam elas colaboradores, gestores superiores, parceiros de trabalho, pessoal

responsável pela higiene, a pessoa que trabalha na portaria da instituição, o pessoal que

trabalha manutenção, entre tantos outros que atuam na complexidade da instituição onde ele

atua.

É próprio da profissão do Secretário conhecer o todo, conhecer, se não todo mundo, a

maior parte dos indivíduos que atuam na instituição. Ele não se limita apenas a uma sala, uma

escrivaninha e um telefone. Suas competências ultrapassam esses limites. Por isso, saber se

relacionar é indispensável ao Secretário. Ele realmente faz jus ao clichê “relacionamento é

tudo”.

Apesar de a tecnologia estar bastante avançada e todos ouvirem os rumores de que o

robô brevemente substituirá o homem, devemos lembrar que a organização é formada por

pessoas, sendo necessário, pois, dar mais atenção especial aos seres humanos que compõem a

instituição: “Atualmente, as empresas estão valorizando mais as habilidades de relacionar-se

bem com os colegas do que especialidades técnicas” (BOND; OLIVEIRA, 2009, p. 72).

O secretário atual é proativo, trabalha em equipe, seja equipe de dois, com seu gestor

superior, seja com seus colaboradores, seja com seus parceiros nas relações intra-

institucionais, seja como público externo.

Na relação entre gestor superior e secretária, “é fundamental, ainda, transformar a

subordinação em pró-ação e desenvolver tarefas conjuntas para a melhoria do trabalho e a

obtenção de sucesso na equipe” (BOND; OLIVEIRA, 2009, p. 57).

O comportamento de um secretário se revela ao trabalhar em grupo. Conforme

comentam Bond e Oliveira (2009, p. 61), “indivíduos que conseguem realizar um bom

trabalho em grupo, geralmente são flexíveis a ponto de aceitar a opinião dos outros e

convictos o suficiente para expor opiniões quando necessário.”

48

Em qualquer tipo de relacionamento é preciso saber ouvir o outro e, nas relações de

parceria, não é diferente.

Neiva e D‟Elia (2003 apud BOND; OLIVEIRA, 2009, p. 62) apresentam as atitudes

que um Secretário pode desenvolver numa parceria positiva:

1. Prestar atenção às idéias sugeridas pelo outro, saber escutá-las e avaliá-las;

2. Aceitar o parceiro como ele é, mesmo não concordando com todas suas

ideias, pois uma pessoa é muito mais que isso; 3. Ter tolerância na medida certa, sem ser atingido pelo comportamento ou

comentários de outros;

4. Adaptar-se às situações;

5. Ter bom comportamento na relação com os parceiros; 6. Assumir as responsabilidades e nunca colocar a culpa em outra pessoa;

7. Cooperar e interagir com a equipe;

8. Evitar colocar em evidência 'eu' quando possível, pois numa parceria ela não deve existir.

Também é importante que o Secretário busque o autoconhecimento, elemento que

pode conduzi-lo ao desenvolvimento da humildade, que o leve ao outro controle, à empatia,

elementos considerados essenciais para resolução de conflitos.

Cada vez mais aumenta a necessidade de trabalhos em equipe, e isso é um fator

determinante para o sucesso, tanto pessoal como profissional. Mas, conforme aumenta o

número de interrelacionamentos, aumentam também as chances de conflito com elas.

(ALONSO, 2002, p. 23).

Realizar a gestão de relacionamentos não é tarefa fácil para um Secretário, mas um

desafio diário objetivando os melhores resultados nas relações de trabalho.

Pichering (1998, apud ALONSO, 2002, p. 23-24) comentam que:

Administrar conflitos com sucesso requer o desenvolvimento da

competência em 5 áreas: entender os ingredientes críticos do pensamento dos colaboradores; 2) Alinhar as responsabilidades às necessidades dos

outros; 3) Trazer as interações diárias às práticas necessárias para o suporte;

4) Desenvolver técnicas para a solução de conflitos para a negociação a fim de vencer os vários tipos e desafios; 5) Começar a desenvolve ferramentas e

sistemas pessoais para lidar com tensões e pressões.[...] Partindo do

princípio e de que cada indivíduo tem seu modo de pensar e agir de acordo

com suas experiências passadas na vida, fica fácil imaginar o quanto é complicado, complexo, juntar vários, ou simplesmente dois indivíduos em

torno de uma mesma meta/objetivo.

49

Na gestão de relacionamento, a situação com a qual o Secretário mais se deparará é a

de conflitos. Sejam quais forem, é este profissional que acaba incumbido de resolver o

impasse.

Entendamos então o que seja o conflito.

2.3.1 O Conflito

Desde o começo da humanidade, o conflito é uma constante na convivência em

sociedade. Os indivíduos, já na pré-história, se confrontavam entre si pela disputa do território

ou dos alimentos. O conflito está presente na vida em sociedade, em todos os seus segmentos;

ele integra o cotidiano humano.

A palavra conflito vem do latim 'conflictu', que significa embate dos que lutam;

desavença; guerra; luta; combate; colisão ou choque (FERREIRA, 1986, p. 363).

2.3.1.1 Origem e dinâmica do conflito

Os seres humanos, desde a sua concepção, já começam a interagir com outro ser da

sua espécie. Primeiramente com a mãe; após o nascimento, com as pessoas que estão à sua

volta e, no decorrer de sua existência, com parentes, amigos, colegas de escola, trabalho e

outros tantos que participam da sua caminhada durante a vida. Ele é um ser que tem por

característica conviver em grupo, ou seja, com outros seres iguais a ele.

A espécie humana se caracterizou, sob a perspectiva da etologia, ao longo da sua presença no planeta terra, como uma espécie gregária, cuja

sobrevivência dependeu sempre da capacidade dos indivíduos de atuar em

conjunto e de colaborar entre si para a manutenção de todos. [...] no interior dos grupos humanos, ao longo do tempo, surgiram divergências e contendas

advindas da discrepância de perspectivas, projetos, expectativas, desejos e

necessidades (HANSEN, 2010, p. 11).

Por se tratar de um ser humano, este se diferencia de outros animais, por ser

considerado o único dotado de razão, ou seja, capaz de pensar e agir. É um ser que tem

necessidades, desejos, expectativas e projetos. Possuindo tais necessidades, ele corre o risco

de tê-las frustradas em algum momento de sua jornada, e isso pode gerar para si ou para

outrem um conflito. Nesse último caso, há possibilidade também de frustrar a expectativa do

outro.

50

O conflito surge porque as pessoas têm conhecimentos, expectativas, desejos, projetos,

necessidades e interesses distintos sobre determinadas questões, e isso as leva, muitas vezes, a

se contrapor.

Machado (2011, p. 5) comenta que:

Para um entendimento mais preciso sobre a dinâmica dos conflitos, devemos ter uma visão mais abrangente de suas inúmeras possibilidades, pois, para

algumas pessoas o termo conflito pode ocasionar um medo intenso, no

entanto, se faz necessário reconhecer que existe um modo destrutivo e um modo construtivo de proceder.

Ainda segundo o autor, um conflito pode surgir como uma pequena divergência de

opinião e, muitas vezes, toma proporções maiores, quando pode tornar-se uma hostilidade

franca, que leve a um conflito destrutivo entre pessoas ou grupo. Mas nem todas as

divergências podem seguir esse triste trajeto, muitas levam a entendimento e resoluções

positivas.

Na concepção de Faria (2012), o conflito pode ter origem em uma de três dimensões, a

saber:

Percepção: quando você percebe que suas necessidades, desejos ou interesses tornam-se incompatíveis pela presença ou atitude de uma outra

pessoa;

Sensação: quando você tem uma reação emocional frente a uma situação ou

interação que aponta para um sentimento de medo, tristeza, amargura, raiva, etc.

Ação: quando você torna explícito para a outra parte, ou outras partes, as

suas percepções, os seus sentimentos ou age no sentido de ter uma sua necessidade satisfeita, mas essa sua ação interfere na satisfação de

necessidades de outras pessoas (grifo do autor).

Diante das colocações do autor, após estas dimensões podemos considerar o conflito

instaurado.

Já, para Habermas (2003, p. 64), pautando-se na fenomenologia de Strawson, o

conflito tem sua origem a partir de:

[...] uma reação emotiva, por causa de seu caráter insistente, é adequada para

demonstrar que até mesmo ao mais empedernido dos homens, por assim

dizer, o teor de realidade das experiências morais; ele parte a saber, da indignação com que reagimos às injúrias. Essa reação sem ambiguidades

consolida-se e pereniza num ressentimento que fica a arder escondido, se a

ofensa não for de alguma maneira „reparada‟. Esse ressentimento persistente revela a dimensão moral da injúria sofrida, porque não reage imediatamente,

como o susto ou raiva, a um ato de ofensa, mas à injustiça, a um ato que o

51

outro comete contra mim. O ressentimento é a expressão condenação moral

(que se caracteriza antes pela impotência).

Nesse sentido, o conflito se instaura quando alguém fere de alguma forma a dignidade

do outro, causando mágoa, raiva, entre outros sentimentos negativos.

Quando o conflito se instaura, segundo Hodgson (1996, p. 212), passa por diversos

níveis, que se apresentam a seguir:

Nível 1: Discussão – normalmente é racional, aberta e objetiva.

Nível 2: Debate – neste estágio, as pessoas podem começar a fazer

generalizações e buscar padrões de comportamento. O grau de objetividade começa a se reduzir.

Nível 3: Façanhas – as duas partes demonstram uma grande falta de

confiança no caminho pela outra parte. Nível 4: Imagens Fixas – são estabelecidas imagens pré concebidas da outra

parte.

Nível 5: “Loss of face” – torna-se difícil para cada uma das partes retirar-se,

pois isso caracterizaria “ficar com a cara no chão”. Nível 6: Estratégias – a comunicação se restringe a ameaças, demandas e

punições.

Nível 7: Falta de Humanidade – frequentemente começam a acontecer os comportamentos destrutivos. Os grupos começam a sentir-se e ver-se como

menos humanos.

Nível 8: Ataques de nervos – a autopreservação passa a ser a única

motivação. Indivíduos ou grupos preparam-se para atacar e serem atacados. Nível 9: Ataques generalizados – não há outro caminho a não ser um lado

vencendo e o outro perdendo.

Os níveis apresentados pelo autor podem referir-se a qualquer tipo de conflito, seja ele

uma pequena discussão entre duas pessoas ou uma guerra entre países.

Quanto maior o nível que o conflito atinja, seja qual for o tipo do conflito, mais difícil

será para solucioná-lo. Quando o conflito é ignorado, ele tende a crescer e se agravar.

Entretanto, se ele é reconhecido e são tomadas ações construtivas, ele pode ser resolvido mais

facilmente e até tornar-se uma força positiva para a mudança.

O que normalmente acontece é que nós temos uma formação cultural que tende a

encarar o conflito de uma forma negativa, pois nós viemos de uma tradição de pensamento

cultural que trabalha a noção de verdade como propriedade e como algo objetivo.

Os conflitos podem ser vistos de duas maneiras pelo indivíduo. A primeira, negativa,

que vê o conflito como algo apenas prejudicial, evitando-o a todo custo e, não se podendo

evitá-lo, procura, pelo menos, ter seus efeitos minimizados; a segunda, positiva, que procura

verificar os benefícios de um conflito, benefícios estes que podem identificar-se nas

diferenças de opiniões e visões, e até mesmo nas possibilidades de aprendizagem e

52

enriquecimento em termos pessoais e culturais: “o conflito, quando estabelecido, pode gerar

diferentes consequências, que vão da aniquilação dos envolvidos nele à superação do mesmo

e a conciliação dos litigantes” (HANSEN, 2013a).

2.3.1.2 Visão negativa do conflito

Temos uma formação cultural que tende a encarar o conflito de uma forma negativa,

pois nós viemos de uma tradição de pensamento cultural que trabalha a noção de verdade

como propriedade e como algo objetivo. Nessa formação, a verdade já está em nós e, se temos

a verdade, temos interesses, expectativas, desejos, necessidades e nos chocamos com outro e

não temos dúvida de que ele esteja errado.

Nesse sentido, o outro tem que ser eliminado ou convencido, de algum modo, passado

por cima, para aceitar as nossas necessidades desejos e expectativas, porque elas são os

interesses verdadeiros e nós somos os donos da verdade, ela está em nós, e se ela está em nós,

aquilo que fazemos é verdadeiro, justo, bom etc., logo, somos o lado bom do conflito e o

conflito tem que ser eliminado, através da eliminação do outro, com austeridade a aquele que

ousa nos contrapor.

Essa é uma base totalitária e uma base absolutista, e em cima dessa base foi construída

a cultura ocidental cristã, de eliminação do conflito pela eliminação do outro, como, por

exemplo: na fogueira da inquisição, ou porque é considerado bárbaro ou herege, ou porque

não era considerado gente. Também a ideia de raça pura: somos melhores que o outro. Isso é

que está na base, hoje, do discurso do racismo e exclusão pelos espalhados pelo mundo. Essa

perspectiva leva o conflito como algo negativo e algo que tem que ser eliminado,

normalmente pela eliminação do outro.

Como se percebe, “o conflito envolve aspectos psicológicos. A definição de conflito

como um desentendimento ou luta expressa, estabelecida entre pessoas, que percebem a

incompatibilidade e a impossibilidade de transposição das diferenças e o atendimento de seus

interesses e necessidades [...]” (PASSOS, 2011, p. 2).

Só há conflito porque existem diferenças. E se formos reinterpretar a própria ideia de

conflito veremos que “se todo mundo pensasse igual, fosse igual, e agisse igual não haveria

conflito. Só há conflito porque existem expectativas desejos e necessidades dissonantes, e isso

é uma afirmação do eu e do outro, nessa relação” (HANSEN, 2013a).

Como temos interesses e necessidades diferentes e o conflito se dá justamente pela

incompatibilidade do que pensamos da forma que agimos e do que esperamos do outro,

53

estamos na iminência de que nossas expectativas sejam frustradas, o que geraria em nós o

ressentimento, ou vice-versa, o que é negativo nas relações.

Na vida cotidiana, quando nos relacionamos com pessoas de formação diferente da

nossa, histórias de vida diferentes, visão de mundos diferentes etc., um simples gesto

grosseiro, uma palavra mal colocada, um tratamento agressivo, pode gerar um conflito, e

deste também o sentimento angustiante do ressentimento, pois nossas expectativas de um

tratamento de respeito são quebradas, frustradas.

O mesmo pode acontecer num ambiente institucional. Por exemplo: percebem-se as

expectativas quebradas e o conflito instaurado num simples comentário maldoso sobre um

trabalho que se faz bem feito e o outro coloca defeito, criticando-o pelo simples gosto de

contrariar; num tratamento grosseiro por parte de um colega de trabalho; pela chefia, quando a

pessoa se dedica dias, às vezes finais de semana, feriados, deixando de lado lazer, família,

para realizar um trabalho e este não é reconhecido; quando o funcionário se dedica, cumpre

seu trabalho com competência e honestidade e é avaliado pela chefia, com péssimas notas.

Tudo pelo fato de o chefe querer mostrar que é melhor e tem o poder.

O ressentimento causa, nas pessoas afetadas, mágoas, inconformidade, sensação de

impotência, sentimento de vingança, redução da autoestima e até depressão profunda.

Dependendo da situação, afeta não só psicológico da pessoa, como causa sérios problemas na

sua saúde física.

Nesse contexto é que surge a questão de um resgate da própria ideia de conflito. Não

se cria, portanto, a partir de um conflito o consenso, cria-se a partir dele uniformidade de

pensamento pela eliminação das diferenças.

2.3.1.3 Visão positiva do conflito

O conflito visto na atualidade também possui um lado positivo, que pode contribuir

para o fortalecimento e enriquecimento das relações sociais. O conflito é fonte de ideias

novas, podendo levar a discussões abertas sobre determinados assuntos, o que se revela

positivo, permitindo a expressão e exploração de diferentes pontos de vista, interesses e

valores.

Para Nascimento e El Sayed (2012, p. 48):

Em alguns momentos, e em determinados níveis, o conflito pode ser

considerado como necessário; caso contrário entra-se na estagnação. Então, podemos analisar que os conflitos não são necessariamente negativos; e sim,

54

a maneira como lidamos com eles é que pode manifestar algumas reações. A

administração de conflitos consiste exatamente na escolha implementação

das estratégias mais adequadas para se lidar com cada tipo de situação.

De acordo com Hansen (2013a), “um conflito encontra sua superação quando,

reconhecidos os três elementos pressupostos nele (subjetividade, alteridade, relação) por parte

dos litigantes, é respeitado o processo dialógico na busca de resolução da contenda. Daí será

possível a obtenção de dois resultados: o dissenso e o consenso.”

Hansen ainda comenta que o “dissenso é o resultado da diferenciação dos participantes

de um processo social qualquer no que tange a concepções, necessidades, expectativas,

valores ou desejos, fator que vai implicar na presença de interesses dissonantes ou divergentes

entre os mesmos num caso ou situação específica.”, ou seja, as pessoas, por pensarem

diferente, agirem diferente, podem não concordar com seu semelhante, que também possui

ideias e atitudes diferentes das dela. Daí que podemos observar a todo momento diferentes

opiniões e posturas na vida social, profissional, política, econômica, religiosa, entre outras.

O autor ainda observa que “diante do dissenso, a reação da coletividade pode ser

bárbara, levando à aniquilação (eliminação, tortura, banimento) do dissidente com sequelas

terríveis para o grupo social, ou pode ser de busca da superação do dissenso pela construção

de consenso” (HANSEN, 2013b).

Se pensarmos no conflito como espaço do dissenso, isto é, um dissenso que está

colocado não na perspectiva ontológica metafísica da verdade, mas sim na perspectiva

linguístico-discursiva da verdade, logo, a verdade é uma construção intersubjetiva e

cooperativa e está ligada a uma pretensão de validade da nossa linguagem, que diz que,

quando falo do que sinto, não se trata de saber se é verdadeiro ou falso, mas sim, se é sincero

ou não sincero.

Esta é uma pretensão de validade expressiva. E, da mesma maneira, se falamos das

relações sociais, falamos num mundo intersubjetivo, portanto, numa pretensão de validade de

regras, normas. E nós transitamos por esse ambiente.

Então, a ideia de conflito pode ser pensada a partir desse ambiente linguístico-

discursivo, em que somos atores sociais, em inter-relação, construindo linguístico-

discursivamente os significados, para que se possa chegar ao consenso.

Para Habermas, o consenso deriva da ação comunicativa, isto é, se dá pelo

entendimento mútuo, se dá pela intersubjetividade entre os concernidos.

Chamo de comunicativas às interações nas quais as pessoas envolvidas se põem de acordo para coordenar seus planos de ação, o acordo alcançado em

cada caso medindo-se pelo reconhecimento intersubjetivo das pretensões de

55

validez. No caso de processos e entendimento mútuo linguísticos, os atores

erguem com seus atos de fala, ao se entenderem uns com os outros sobre

algo, pretensões de validez, mais precisamente de pretensões de verdade, pretensões de correção e pretensões de sinceridade, conforme se refiram a

algo no mundo objetivo (enquanto totalidade do estado de coisas existentes),

a algo no mundo social comum (enquanto totalidade relações interpessoais

legitimamente reguladas de um grupo social) ou a algo no mundo subjetivo próprio (enquanto totalidade das vivências a que te acesso privilegiado)

(HABERMAS, 2003, p. 79).

Hansen (2013a) explica que “o consenso é concebido comumente como um acordo de

várias pessoas em torno de ações, atitudes e condutas, advindas da convicção partilhada por

estas de que as referidas ações sejam as mais adequadas num contexto específico.”

Nesse viés, o conflito, ao invés de ser encarado como algo prejudicial, algo que deva

ser extirpado e exorcizado, passa a ser um objeto de crescimento, uma forma pedagógica, um

aprendizado: “o conflito pode ser um momento de aprendizado, maturação das relações

institucionais, sejam estas instituições: namorado x namorada, marido x esposa;

universidades, empresas privadas ou instituições do poder público” (HANSEN, 2013a).

Dessa forma, então, podemos entender que o conflito não pode ser visto apenas como

destrutivo, violência verbal ou física, rivalidades, mas sim como um processo que começa na

nossa percepção e termina com a adoção de uma ação adequada e positiva; nesse caso, uma

construção pedagógica construtiva. Esta construção pode-se dar a partir do pensamento de

Habermas e a sua proposta da Ética do Discurso que apresentaremos no quarto capítulo deste

trabalho.

Acreditamos que o Secretário é um profissional que possui a capacidade de

entendimento do conflito, pode contribuir de maneira positiva na resolução dos conflitos que

por ventura se desencadeiem no ambiente institucional, poupando seu gestor superior dessa

tarefa.

2.4 O SECRETÁRIO COMO INSTÂNCIA DE ETICIDADE E MORALIDADE

Ser secretário do terceiro milênio, no papel de gestor de secretaria nas instituições, é

um desafio, pois se lida com um ambiente complexo, em face dos intrincados meandros

político-sociais, econômico-mercadológicos, jurídico-burocráticos e até mesmo ambientais,

nos quais estas Instituições estão inseridas.

56

Na gestão de secretaria, observam-se dois modelos éticos coexistindo, a Ética

Fundamentalista e a Ética Utilitarista, sendo estes os que mais se destacam no ambiente de

atuação do Secretário:

A Ética Fundamentalista parte do princípio de que Deus Criou o mundo e

que agir eticamente é cumprir a vida dentro dos parâmetros substanciais

divinos. Ou seja, nossas ações devem seguir os mandamentos de Deus. Ele é o ser maior. Assim, seguindo seus preceitos, estamos agindo eticamente para

com nossos semelhantes (HANSEN & SILVA, 2009, p. 74).

Se o secretário pensar somente por esse ângulo, aplicará aos seus subordinados (pois

não serão vistos como colaboradores) que sua verdade é inquestionável, pois no seu papel de

gestor, suas atitudes e decisões são indiscutíveis enquanto responsável pelo setor. Da mesma

forma, a sua visão diante de seu gestor superior (ou chefia) também não pode ser contestada,

ou seja, tudo que se ordenar é verdade absoluta e só resta aos subalternos acatar as ordens.

Haverá um dogmatismo no relacionamento com os demais servidores da instituição,

haja vista que a tendência será repassar aos mesmos que a forma de tratamento aplicada é

verdadeira e indiscutível. Sendo assim, as decisões tomadas serão unilaterais, atendendo

apenas aos interesses de quem faz a gestão e com foco na tradição de sua atuação: “Sempre

foi assim”.

Já a Ética Utilitarista é definida por Hansen e Silva (2009, p. 75) como aquela em que:

[...] predomina a racionalidade instrumental, o individualismo, em que o

valor da pessoa é medido pela utilidade. Quanto mais posses e mais domínio, mais o ser humano se realiza. Não importa o meio para conseguir o que se

deseja. Neste contexto cada parte envolvida se importa apenas com suas

necessidades e interesses e não se preocupa com a necessidade ou interesse

do outro, pois o que vale é conseguir o que se almeja enquanto que o outro se torna um meio para que o objetivo seja alcançado. Não importa o outro,

mas sim o resultado almejado.

Nesse sentido, se um Secretário agir de forma instrumental àqueles que fazem parte do

seu ambiente de trabalho, constantemente, tratando-os como se fossem um objeto, um

instrumento para alcançar seus objetivos e interesses, enfatizando a eficiência do outro a todo

tempo, querendo resultados que sejam para seu próprio beneficio e interesses egoístas,

fatalmente chegará um determinado momento em que não mais terá a confiança e o respeito

de todos, visto que nenhum ser humano gosta ou aceita ser tratado como um objeto, que se

usa e descarta.

57

Em muitas situações, principalmente naquelas em que o secretário não tem a formação

profissional adequada para assumir a responsabilidade de conduzir uma secretaria executiva,

seu comportamento cotidiano não é destoante de outros atores institucionais, que igualmente

se movem nesta perspectiva.

No entanto, em que pese esta conduta predominante, o fato é que as relações

institucionais só conseguem gerar uma instituição promissora e socialmente realizadora de

seus propósitos (educação, no caso das universidades) se são construídas em torno de relações

de credibilidade e de confiança, que ficam prejudicadas quando sistematicamente o secretário

se move pelos modelos éticos acima mencionados.

Conforme Hansen e Silva (2009, p. 76):

Nesse contexto cambiante, são exigidas decisões rápidas e ações precisas,

pois disso depende o sucesso e a continuidade da própria Instituição. Todavia, tais decisões e ações necessitam estar fundadas em informações

corretas e em procedimentos absolutamente irretocáveis, de sorte que

exigem credibilidade nos mesmos que é oriunda da confiabilidade em quem as presta ou executa. E aí é que encontramos o espaço de atuação do

secretário na gestão Institucional. A atuação do secretário nas Instituições,

portanto, é hoje, e mais do que nunca, marcada pela confiança e pela ética, pois se espera dele o compromisso com a fidedignidade da informação, com

a lisura nos procedimentos, com a retidão nas atitudes e com a qualidade

solidária nos relacionamentos.

O Secretário é um profissional de confiança que deve primar pelo sigilo no que

concerne ao conhecimento detido em suas mãos e que não podem ser socializados aos demais

membros da instituição.

A confiança é elemento decisivo na construção das relações sociais e, na atuação do

secretário, esta se torna condição de possibilidade do seu atuar profissional.

Nesse sentido, buscamos em Giddens, a partir do prisma habermasiano (que coloca a

razão comunicativa como base para que se possa falar sequer em ação estratégica) entender o

que seja a confiança.

Simmel (apud GIDDENS, 1991, p. 29) esclarece que confiança existe,

[...] quando “acreditamos" em alguém ou em algum princípio; "Ela exprime

a sensação de que existe entre a nossa ideia de um ser e o próprio ser uma conexão e unidade definidas, uma certa consistência em nossa concepção

dele, uma convicção e falta de resistência na rendição do Ego a esta

concepção, que pode repousar em razões específicas, mas não é explicada

por elas".

58

O Secretário é profissional que deve ser respeitado, pela confiança que inspira nas

pessoas, pelo seu exemplo de virtude, de postura ética, de ação simétrica com o outro.

Além disso, ele pode ser enquadrado no que comenta Freidson (apud GIDDENS,

1991, p. 30) “que por sistemas peritos quero me referir a sistemas de excelência técnica ou

competência profissional que organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que

vivemos hoje.”

O secretário é um profissional que pode ser considerado um perito no que se refere à

sua capacidade técnica e ética de atuação na instituição, visto que muitos dependem de seu

conhecimento técnico para tomar decisões e de sua postura ética perante situações cotidianas

que acontecem continuamente no seu trabalho.

Giddens (1991, p. 30) ainda ressalta que “a maioria das pessoas leigas consulta

„profissionais‟ - advogados, arquitetos, médicos etc., - apenas de modo periódico ou irregular.

Mas os sistemas nos quais está integrado o conhecimento dos peritos influencia muitos

aspectos do que fazemos de uma maneira contínua.”

Ao mesmo tempo em que se promove uma quebra das tradições pelo debate reflexivo

gerado pela radicalização da modernidade, houve maior promoção da autonomia do sujeito e

a fé cega no homem e na ciência, herdada do iluminismo (racionalidade), trazendo riscos e

incertezas ao colocar em cheque a humanidade. Nesses termos, o autor enfatiza que a vida

moderna vem sendo caracterizada por várias descontinuidades.

Para o autor, todos os mecanismos de desencaixe dependem da confiança, considerada

como artigo de fé, que se baseia na experiência que estes sistemas geralmente funcionam

conforme as nossas expectativas.

Sendo assim, cumpre ao Secretário uma grande responsabilidade em conquistar e

manter a confiança no seu trabalho, no que concerne ao atendimento das expectativas

depositadas no seu profissionalismo e como pessoa humana.

Entendamos que ser Secretário não é só cumprir as responsabilidades características

de sua atividade. Para além dos desafios institucionais impingidos a ele, há também um

conjunto de diretrizes normativas que balizam a sua atuação.

As diretrizes normativas são, por um lado, garantidoras de parâmetros e condutas

sociais e institucionais esperadas do profissional. Porém, muitas vezes, são o retrato de

concepções políticas (liberais, republicanas, utilitaristas, fundamentalistas etc.) que afetam a

própria legitimidade desta legalidade, necessitando de constante e permanente discussão, a

fim de que se mantenha atual, eivada de moralidade e garantidora de democracia, tanto na sua

elaboração quanto na sua implantação e aprimoramento, via fiscalização e debate (sindical,

59

institucional, social). É sobre essas diretrizes que regulam a profissão Secretário que

abordaremos a seguir.

60

CAPÍTULO 3

AS DIRETRIZES NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS

3.1 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO SECRETÁRIO

3.1.1 Histórico da Luta pela Regulamentação da Profissão do Secretário no Brasil

A partir dos anos 50, a atuação da secretária começa a ser percebida na estrutura

empresarial brasileira, com a chegada das multinacionais, visto que esta executava apenas

algumas atividades técnicas secretariais, como anotar recados, receber as pessoas que

visitavam a empresa, datilografia, taquigrafia, atendimento telefônico e organização de

arquivos. Ainda era vista como uma pessoa servente e disponível, isto é, que obedecia e não

pensava e podia trabalhar o número de horas que fosse para atender sua chefia.

A luta pelo reconhecimento e normatização da profissão teve início no Brasil a partir

dos anos 60. Época em que iniciaram os treinamentos específicos para as secretárias, até então

atividade exercida por mulheres, com maior exigência dos executivos de que tivessem uma

postura mais de assessoria.

Muitos anos antes de existir uma lei que regulamentasse a profissão, a primeira organização de Secretárias foi fundada, sob a denominação de

Clube das Secretárias Executivas do Rio de Janeiro, em Porto Alegre, Rio

Grande do Sul, como Associação das Secretárias do Rio Grande do Sul. [...]

ASERGS, que iniciou o processo de formalização para transformar a entidade em Associação Profissional das Secretárias, com o objetivo de

fundar um sindicato da categoria (SABINO; ROCHA, 2004, p. 16).

Cabe aqui informar que, no dia 15 de dezembro de 1970, o clube das Secretárias do

Rio de Janeiro transformou-se em “Associação das Secretárias do Rio de Janeiro”, que foi a

primeira Associação civil que surgiu com o objetivo de reunir e agrupar a classe, visando à

conscientização e ao aprimoramento profissional.

A ideia tomou proporções tais que associações análogas foram surgindo no Estado; em

pouco espaço de tempo, “quase todas as Unidades da Federação, inclusive o Território do

Amapá, já possuíam as suas entidades de classe, e foi sentida a necessidade de se criar um

órgão que as coordenasse e as representasse a nível nacional” (FIGUEIREDO, 1987 apud

LIEUTHIER, 2013).

61

A autora ainda comenta que no dia “7 setembro de 1976, foi criada, então, a ABES -

Associação Brasileira de Entidades de Secretárias, participando do ato as associações dos

seguintes Estados: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e

Sergipe.”

Entre os anos 60 até os anos 70, todas as discussões de problemas e interesses da

classe secretarial eram realizadas na ASERGS, e as secretárias já debatiam em nível nacional

“a importância do reconhecimento formal da profissão de Secretariado”. Iniciava-se então um

movimento sindical, organizado, determinado, que vencendo as resistências, teve seu pleito

atendido pela Lei 6.556 de 5 de setembro de 1978, primeira lei que regulamentava a profissão

(SABINO; ROCHA, 2004, p. 16).

A lei então já deixava claro que o exercício da profissão de secretário deveria se dar

apenas por profissionais que atendessem as suas prerrogativas. Observa-se que nessa época o

secretário precisava apenas ter o certificado de 2º Grau, Técnico em Secretariado.

De acordo com a Lei 6.556 de 5 de setembro de 1978:

Art. 1º O exercício da atividade de Secretário, com as atribuições previstas

nesta Lei, será permitido ao portador de certificado de conclusão do curso regular de Secretariado, a nível de 2º grau.

Art. 2º Poderá beneficiar-se da prerrogativa do artigo anterior o profissional

que conte dois ou mais anos de atividades próprias de Secretário, na data da

vigência desta Lei, e que apresente certificado de curso a nível de 2º grau. Art. 3º São atribuições do Secretário:

a) executar tarefas relativas à anotação e redação, inclusive em idiomas

estrangeiros; b) datilografar e organizar documentos;

c) outros serviços de escritório, tais como: recepção, registro de

compromissos e informações, principalmente junto a cargos diretivos da organização (BRASIL, 1978, grifo do autor).

Conforme Alonso (2002, p.18) “o primeiro curso Técnico em Secretariado. Teve

inicio em São Paulo, na Fundação „Escola e Comércio Álvares Penteado‟, e 1943, embora

tenha sido aprovado em 27 de março de 1973 e reconhecido apenas em 4 de julho de 1979.

Já a criação do primeiro Curso Superior em Secretariado Executivo no Brasil se deu

na Universidade Federal da Bahia, na cidade de Salvador, no ano de 1969, porém só

reconhecido em 1998. De acordo informações extraídas da FENASSEC – Federação

Nacional dos Secretários e Secretárias (apud RIBEIRO, 2005, p. 36), “o primeiro curso

superior reconhecido no Brasil foi o da Universidade Federal de Pernambuco, criado em 1970

e reconhecido em 1978.”

62

De acordo com Sabino e Rocha (2004, p. 16), “a ampliação do conceito e a distinção

entre o Secretariado técnico e o executivo veio somente em 30 de setembro de 1985, quando

foi assinada a Lei 7.377.” Lei esta que sofreu alterações na sua redação, quando em 10 de

janeiro de 1996, foi a Lei 9.261 que “estabeleceu o secretariado com profissão e não simples

função.” Além disso, “a legislação preservou os direitos dos secretários que já atuavam na

área.”

Com a regulamentação da profissão, houve a possibilidade de se criar órgãos que

defendessem os interesses da classe, ou seja, os sindicatos.

Assim, através da Portaria 3.103, de 29 de abril de 1987 (Anexo A), publicada no

diário oficial da União, a profissão passou a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho,

como categoria diferenciada.

O enquadramento sindical deixa claro que o Secretariado compõe uma

“categoria diferenciada”, ou seja, a categoria independe do ramo de

atividade da empresa em que o secretário atua. O Artigo 511 da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas, em seu parágrafo 3º define: “categoria

Profissional Diferenciada é a que se forma por empregados que exerçam

profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional

especial ou em consequência de vida singulares” (SABINO; ROCHA, 2004, p. 17).

Isso significa que os secretários, qual seja a empresa ou instituição que atuem, como

compõem uma categoria diferenciada, podem ser representados pelo sindicato específico da

sua classe.

A partir de então, vários sindicatos foram criados no país, sendo que o primeiro a ser

oficializado foi o SISERGS – Sindicato das Secretárias e Secretários do Rio Grande do Sul,

em 30 de abril de 1987, vigorando a partir 01 de maio do mesmo ano.

Com vários sindicatos estaduais representando a classe, surgiu a necessidade de um

órgão de representação nacional, assim, em 31 de agosto de 1988, foi criada a FENASSEC –

Federação Nacional das Secretárias e Secretários.

A FENASSEC, como órgão de maior representatividade da classe no país, de acordo

com o seu Artigo 1º do Estatuto Social, registrado em Cartório sob nº 00105856, é

legalmente reconhecida na forma da legislação vigente pelo Ministério do Trabalho (Anexo

B).

De acordo com dados extraídos do site da FENASSEC, os sindicatos estão divididos

por Regiões:

63

Região Norte: SINSEAM - Sindicato das Secretárias do Estado do Amazonas,

SINSEPA – Sindicato das Secretárias do Estado do Pará, SINSERR – Sindicato das

Secretárias do Estado de Roraima,

Região Nordeste: SINSEAL - Sindicato das Secretarias do Estado de Alagoas,

SINDSEB - Sindicato Das Secretárias (os) Do Estado Da Bahia, SINDSECE – Sindicato das

Secretárias do Estado do Ceará, SINDSEMA – Sindicato dos Secretários do Estado do

Maranhão, SINSEPB – Sindicato das Secretárias do Estado da Paraíba, SINSEPE – Sindicato

das Secretárias do Estado de Pernambuco, SINSEPI – Sindicato das Secretárias do Estado do

Piauí , SINSERN – Sindicato das Secretárias do Estado do Rio Grande do Norte, SINSESE –

Sindicato das Secretárias do Estado de Sergipe.

Região Centro Oeste: SISDF – Sindicato das Secretárias e Secretários do Distrito

Federal, SINDSEMS Sindicato das Secretárias do Mato Grosso do Sul, SISEMAT – Sindicato

das Secretarias do Mato Grosso;

Região Sudeste: SINDESEC/ES - Sindicato das Secretárias do Estado do Espírito

Santo, SINDSEMG – Sindicato das Secretárias do Estado de Minas Gerais, SINSERJ –

Sindicato das Secretárias do Estado do Rio de Janeiro, SINSESP – Sindicato das Secretárias

do Estado de São Paulo, SINSEC-ABC – Sindicato dos Profissionais de Secretariado da

Região do Grande ABC, SINSECAMP – Sindicato das Secretárias do Município de

Campinas e Região;

Região Sul: SINSEPAR – Sindicato das Secretárias do Estado do Paraná, SINSESC –

Sindicato das Secretárias do Estado de Santa Catarina, SISERGS – Sindicato das Secretárias

do Estado do Rio Grande do Sul.

Com a união dos sindicatos, foi criado o Código de Ética Profissional dos Secretários,

publicado, em 07 e julho de 1989, no Diário Oficial da União,

3.1.2 Lei de Regulamentação da Profissão

Conforme consta no site do Ministério do Trabalho e Emprego, na Classificação

Brasileira de Ocupações – CBO – Listagem das Profissões Regulamentadas: normas

regulamentadoras, a Profissão Secretário e Técnico em Secretariado consta na posição 58 na

classificação numérica.

A profissão do Secretário foi regulamentada pela Lei 7.377, de 30 de setembro de

1985 e foi modificada pela Lei 9.261 de 10/01/1996 (Anexo C).

64

A modificação consta: A lei 7.377 de 1985, dispõe sobre o Exercício da Profissão de

Secretário (BRASIL, 1985), e Lei 9.261, modificou alguns artigos da lei 7.377. (Altera a

redação dos incisos I e II do art. 2º, o caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo

único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985).

Hoje, quando se acessa a lei 7.377, esta aparece com a redação já modificada pela lei

9.261 de 10/01/1996.

A título de exemplo, a redação do art. 2o. da Lei 7.377 antes de ser modificada pela lei

9.261 era:

Art. 2º - Para os efeitos desta lei, é considerado: I - Secretário-Executivo o profissional diplomado no Brasil por Curso

Superior de Secretariado, reconhecido na forma da lei, ou diplomado no

exterior por curso superior de Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma da lei;

II - Técnico em Secretariado o profissional portador de certificado de

conclusão de curso de Secretariado, em nível de 2º grau (BRASIL, 1985).

A Lei atual contempla dois níveis de Secretário:

I - Secretário Executivo

a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado,

reconhecido na forma de Lei, ou diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma de Lei.

b) o portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de vigência

desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições

mencionados no Art.4º. desta Lei.

II - Técnico em Secretariado

a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado em nível de 2º. Grau.

b) portador de certificado de conclusão do 2º. grau que, na data de início da

vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses,

das atribuições mencionados no Art.5º. desta Lei.

“Art. 3º. É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos termos do artigo anterior, contém pelo menos cinco anos

ininterruptos ou dez anos intercalados de exercício de atividades próprias de

secretaria na data de vigência desta Lei” (FENASSEC, 2012).

Devido ao tempo que a Lei foi alterada, poucas são as pessoas que ainda se beneficiam

do item b) para Secretário Executivo e item b) para Técnico em Secretariado. Hoje é

necessário ser portador de diploma tanto na primeira como na segunda categoria.

Neiva e D‟Elia (2009, p. 267) orientam que o profissional de Secretariado recém-

formado “para exercer suas atividades, em conformidade com a lei em tela”, “é preciso ter o

65

registro na SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e do Emprego. [...] Antiga DRT –

Delegacia Regional do Trabalho.”

Há Superintendências espalhadas em todo país, basta que o interessado procure a mais

próxima na sua Cidade ou Estado, observando que “a entrada no processo pode ser por um

portador, mas só o requerente ou parente de primeiro grau pode retirar o registro. Após a

entrada na documentação, o requerente deve retornar após 15 dias úteis, com carteira de

trabalho e protocolo do processo” (NEIVA; D‟ELIA, 2009, p. 267).

Os documentos necessários para o registro na SRTE podem ser verificados junto aos

respectivos sites dos Sindicatos da classe secretarial no Estado do requerente, visto que em

todos eles, inclusive no site da FENASSEC, estão disponibilizadas instruções e modelos da

documentação a ser preenchida e apresentada.

No que se refere ao Art. 4º da Lei, são atribuições Secretário Executivo:

“I – Planejamento, organização e direção dos serviços de secretaria”; discriminamos o que são

cada uma das partes:

Planejamento: é planejar de forma profissional, estabelecendo objetivos, prevendo

positivamente suas metas, podendo também estabelecer várias formas de chegar ao resultado

esperado, se este for pensado estrategicamente. Trata-se também de um processo que pode

constantemente ser realimentado de situações, de soluções e resultados. Planejar é um

processo dinâmico, com base em uma multidisciplinaridade, interatividade, visto que a

tomada de decisão é um processo contínuo dentro de uma instituição ou organização. A partir

do planejamento, também se estabelece os procedimentos de controle.

De acordo com Machado et al. (2012, p. 106), planejamento é:

O processo contínuo e dinâmico voltado à identificação das melhores

alternativas para o alcance da missão institucional, incluindo a definição de

objetivos, metas, meios, metodologia, prazos de execução, custos e responsabilidade materializados em planos hierarquicamente interligados:

o conjunto de documentos elaborados com finalidade de materializar o

planejamento por meio de programas e ações, compreendendo desde o nível estratégico até o nível operacional, bem como propiciar a avaliação e a

instrumentalização do controle.

Organização – palavra originada do Grego “organon”, que significa instrumento,

utensílio, órgão ou aquilo com que se trabalha, ou seja, é a forma como se dispõe um sistema

para atingir os resultados que se pretende alcançar.

66

Neiva e D‟Elia (2009, p. 54) comentam que “ser organizado implica estabelecer

objetivos, fazer planos e cumprir programas. É, portanto, o ato de reunir uma estrutura

ordenada e pronta para alcançar os objetivos da empresa.”

Direção: estar a frente do trabalho, contando com pessoas para buscarem juntos o

resultado que foi estabelecido no planejamento, com eficiência máxima. Bond e Oliveira

(2009, p. 15) afirmam que “é nessa etapa que se mede a eficiência da equipe, cujo objetivo é

atingir todas as metas planejadas.”

“II – Assistência e Assessoramento Direto a Executivos”

Assistência e assessoramento: dar assistência e assessoramento, não é como muitos

ainda imaginam ser um secretário servente, submisso, que servia cafezinho e passava recados.

O sentido claro ao que está colocado na Lei em tela é prestar assistência em projetos,

atividades administrativas, assessorar com informações e documentos que auxiliem na tomada

de decisão e, por muitas vezes, realizar atividades que desonerem o executivo, para que ele

possa realizar outras tarefas que exigem mais tempo, mais concentração e conquista de novos

negócios ou novas parcerias, novos projetos importantes na instituição. É ser o braço direito e

esquerdo, os olhos; é parceria com serviços de qualidade, eficiência e que realmente dê

tranquilidade para o executivo alcançar a eficácia, no que tange à sua responsabilidade de

conquista e tomada de decisões.

“III – Coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de empresas”

Aqui, cabe a responsabilidade de coletar informações e organizá-las, sejam impressas

ou digitalizadas. A documentação pode ser em forma de correspondências, relatórios, vídeos,

planilhas eletrônicas ou outros necessários para as tomadas de decisão do executivo, ou

mesmo para melhorar o desempenho das pessoas envolvidas na empresa ou instituição,

facilitando nas negociações realizadas no contexto.

“IV – Redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro”

Mesmo que o executivo seja um profissional que redija muito bem seus textos, há

outras atividades importantes que lhe tomam um tempo precioso. Para que ele tenha espaço

67

para pensar e realizar outras tarefas gerenciais, o secretário tem a competência e obrigação

profissional para redigir textos especializados, mesmo em idioma estrangeiro.

“V – Interpretação e sintetização de textos e documentos”

Esta é outra atividade que poupa o tempo do executivo, que já recebe a informação já

interpretada e sintetizada para se posicionar sobre o assunto relativo ao documento recebido,

ou seja, seu tempo mais uma vez é poupado para que realiza outras atividades que demandam

sua responsabilidade efetiva.

“VI – Taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em

idioma estrangeiro”

Este item nos parece um tanto ultrapassado e que deveria ser revisto na lei, visto que,

com as tecnologias atuais, seria uma perda de tempo utilizar da taquigrafia; muito menos o

secretário moderno e atual ainda precisa que se dite o que deve ser escrito.

Quanto aos discursos, conferências palestras de explanações, há equipamentos de

múltiplas funcionalidades para gravar e fazer a tradução deste tipo de evento.

“VII – Versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de

comunicação da empresa”

“VIII – Registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas”

“IX – Orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento à

chefia”

Com referência aos itens VII, VIII, IX, o Secretário, como gestor responsável de uma

secretaria executiva, hoje não só traduz documentos de idioma estrangeiro, registra e distribui

documentação e informação formal e informal que circula no ambiente institucional ou

organizacional. Suas atividades vão além disso. Hoje ele faz a gestão da informação que, de

acordo com Neiva e D‟elia (2009, p.64), “em um mundo em que a era do conhecimento

imensurável”, é agente de “responsabilidade social”, pois agrega ao seu papel profissional a

missão de cidadão, usando da sua influência “para disseminar atitudes éticas e saudáveis, em

68

prol da sustentabilidade do planeta”. Também o secretário executivo é um gestor de

resultados, porque assessora os “níveis decisórios”, monitorando objetivos, metas, fazendo a

“gestão de pessoas e processos de trabalho”, bem como faz a gestão de relacionamentos.

“X – Conhecimentos protocolares”

A palavra protocolo (2010, p. 363), que vem do latim protocollum, conforme o

dicionário Houaiss, significa: 1.registro de atos oficiais, 2.registro de uma conferência

internacional ou negociação diplomática, 3.livro de registro das correspondências oficiais de

uma empresa, repartição pública etc., 4.comprovante do que foi registrado. 5.conjunto de

normas reguladoras de atos públicos especialmente no governo e na diplomacia; cerimonial.

O Secretário Executivo, além do conhecimento técnico de protocolo, conforme os

significados de 1 a 4, acima discriminados, precisa conhecer muito bem as normas que

regulam os atos públicos. Os conhecimentos protocolares são importantíssimos. Há que se

saber como receber e se comportar profissionalmente, na recepção de autoridades municipais,

Estaduais, Federais e estrangeiros. Um exemplo é conhecer e obedecer à ordem geral de

precedência em solenidades oficiais, reguladas pelo Decreto nº 70.274\1972 (Anexo D), da

Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, que aprova as

normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência.

Já o Art.5º. trata das atribuições do Técnico em Secretariado:

I – organização e manutenção dos arquivos da secretária; II – classificação,

registro e distribuição de correspondência; III – redação e datilografia de

correspondência ou documentos de rotina, inclusive em idioma estrangeiro; IV – execução de serviços típicos de escritório, tais como recepção, registro

de compromissos, informações e atendimento telefônico.

O Técnico em Secretariado é um profissional que tem atribuições mais operacionais, e

talvez fosse interessante fazer uma revisão e readequação das atribuições no que se refere ao

item III de suas atribuições.

3.1.3 O Código de Ética da Profissão do Secretario

O Código de Ética da Profissão do Secretário foi publicado no Diário Oficial da União

de 7 de julho de 1989 (LIEUTHIER, 2013) (Anexo E). É composto de VIII Capítulos e 20

artigos, dos quais, neste trabalho específico, abordaremos alguns considerados fundamentais.

69

“Art.1º. – Considera-se Secretário ou Secretária, com direito ao exercício da profissão,

a pessoa legalmente credenciada nos termos da lei em vigor.”

Neste artigo, fica claro que só será considerado Secretário ou Secretária quem se

enquadrar na Lei 7.377, de 30 de setembro de 1985, modificada pela Lei 9.261 de 10\01\1996,

já apresentada no item anterior.

“Art.3º. – Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão,

tratando-a sempre como um dos bens mais nobres, contribuindo, através do exemplo de seus

atos, para elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais.”

Neste artigo, observa-se a preocupação de mostrar ao secretário o quanto é

responsável pela sua imagem profissional e que deve haver um cuidado com seus

comportamentos, e que seu atos devem servir de bom exemplo a todos de sua categoria. Deve

cuidar para que suas atitudes jamais denigram a imagem profissional. Para tanto, deve

obedecer aos preceitos morais, ou seja, adotar atitudes e comportamento honesto, justo e

legal, atendendo às normas comportamentais estabelecidas pela empresa, sendo uma pessoa

de confidencialidade.

Capítulo III

Dos Deveres Fundamentais

“Art.5º. – Constituem-se deveres fundamentais das Secretárias e Secretários: a) considerar a

profissão como um fim para a realização profissional; b) direcionar seu comportamento

profissional, sempre a bem da verdade, da moral e da ética; c) respeitar sua profissão e

exercer suas atividades, sempre procurando aperfeiçoamento; d) operacionalizar e canalizar

adequadamente o processo de comunicação com o público; e) ser positivo em seus

pronunciamentos e tomadas de decisões, sabendo colocar e expressar suas atividades; f)

procurar informar-se de todos os assuntos a respeito de sua profissão e dos avanços

tecnológicos, que poderão facilitar o desempenho de suas atividades; g) lutar pelo progresso

da profissão; h) combater o exercício ilegal da profissão; i) colaborar com as instituições que

ministram cursos específicos, oferecendo-lhes subsídios e orientações.”

Capítulo IV

Do Sigilo Profissional

70

“Art.6º. – A Secretária e o Secretário, no exercício de sua profissão, deve guardar absoluto

sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados” (grifo nosso).

Este artigo que se refere ao sigilo está pautado na Constituição Federal e consta do

título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo I – Dos Direitos e Deveres

Individuais e Coletivos:

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações

telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins

de investigação criminal ou instrução processual; XVI – é assegurado a

todos o acesso à Informação e resguardado o sigilo da fonte, quando

necessário ao exercício profissional (grifo nosso).

O que impede para determinados tipos de profissão expor o conhecimento detido.

Significa que o profissional deve manter sempre o segredo a ele confiado, de informações,

acontecimentos, documentação que estão sob sua responsabilidade e lhes foram confiados.

Há, neste contexto, uma responsabilidade muito grande, uma vez que ao secretário são

confiados domínio e manipulação da informação.

Capítulo V - Das Relações entre Profissionais Secretários

“Art.8º. – Compete às Secretárias e Secretários: a) manter entre si a solidariedade e o

intercâmbio, como forma de fortalecimento da categoria; b) estabelecer e manter um clima

profissional cortês, no ambiente de trabalho, não alimentando discórdia e desentendimento

profissionais; c) respeitar a capacidade e as limitações individuais, sem preconceito de cor,

religião, cunho político ou posição social; d) estabelecer um clima de respeito à hierarquia

com liderança e competência.”

Neste artigo, cumpre observar que o secretário deve respeitar a dignidade da pessoa

humana em si e nas relações que estabelece com colegas, com pessoas que recebem o serviço

de sua profissão etc.

Conforme Silva (2012, p. 73):

Neste princípio está implícita a ideia de que o profissional deve manter um

tratamento respeitoso e educado com as pessoas com as quais se relaciona, com colegas de trabalho, com subordinados e superiores hierárquicos, ou

seja, para ser ético, um profissional não pode nunca se acomodar e acreditar

que já sabe tudo; ao contrário, deve buscar constantemente aperfeiçoamento de si próprio e da profissão que exerce [...].

71

“Art. 9º. – É vedado aos profissionais: a) usar de amizades, posição e influências obtidas no

exercício de sua função, para conseguir qualquer tipo de favoritismo pessoal ou facilidades,

em detrimento de outros profissionais; b) prejudicar deliberadamente a reputação profissional

de outro secretário; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro,

contravenção penal ou infração a este Código de Ética” (grifo nosso).

Capítulo VII

Das Relações com as Entidades da Categoria

“Art.20º. – Constituem infrações: a) transgredir preceitos deste Código; b) exercer a

profissão sem que esteja devidamente habilitado nos termos da legislação específica

(grifo nosso); c) utilizar o nome da Categoria Profissional das Secretárias e/ou Secretários

para quaisquer fins, sem o endosso dos Sindicatos de Classe, em nível Estadual e da

Federação Nacional nas localidades inorganizadas em Sindicatos e/ou em nível Nacional.”

O trabalhador na área de secretariado que não atua com o registro profissional – de

acordo com as Leis 7.377/85 e 9.261/96 – exerce a profissão ILEGALMENTE.

Exercer ilegalmente uma profissão regulamentada, no caso o Secretariado, por

exemplo, constitui contravenção penal capitulada no artigo 47 da Lei das Contravenções

Penais, Decreto-Lei 3.688 de 03 de outubro de 1941, pelo exercício ilegal de profissão ou

atividade. (ANEXO F)

"Art. 47 - Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher

as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena - prisão simples, de quinze

dias a três meses, ou multa.”

3.2 HISTÓRICO DA LUTA PARA CRIAÇÃO DO CONSELHO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO5

Conforme Lieuthier (2013), a luta pelo Conselho Profissional de Secretariado vem de

uma longa caminhada.

Para os profissionais de Secretariado a constituição do Conselho Profissional irá fortalecer a categoria com o aumento do número de vagas no mercado de

trabalho. Além de fiscalizar o exercício profissional irá instituir o sigilo

5Todo histórico tem por base informações, via e-mail, gentilmente, fornecidas pela atual presidente da Fenassec,

Srª Maria Bernadete Lira Lieuthier.

72

profissional, para coibir os abusos cometidos contra esses profissionais e

possibilitará o aprimoramento e a formação de mão-de-obra especializada,

com o aumento do nível de instrução dos profissionais, que sentirão a necessidade cada vez maior de especialização em suas áreas de atuação, o

que gerará retornos relevantes para o governo e para a sociedade como um

todo (LIEUTHIER, 2013).

Em 1997, a luta pela criação do Conselho de Secretariado iniciou através da presidente

da FENASSEC, na época presidida por Leida Maria Mordenti Borba de Morais, que começou

uma grande campanha que contou com a adesão da massa do secretariado brasileiro.

Em 1998, Senadora Regina Assumpção (PTB/MG), atendendo a uma solicitação da

Federação, apresentou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei do Senado nº. 91, de 1998,

para a Criação do Conselho Federal de Secretariado e também dos Conselhos Regionais.

De acordo a Srª. Maria Bernadete Lira Lieuthier, atual presidente da FENASSEC, foi

realizado “um trabalho intenso, ininterrupto e simultâneo por parte das presidentes de

sindicatos junto aos parlamentares de seus Estados”; foi realizado um abaixo-assinado,

colhendo assinatura dos profissionais de secretariado favoráveis à criação do conselho em

todo o País e o “plantão no Congresso em Brasília, acompanhando o projeto pelas diversas

comissões da Câmara e do Senado, por onde o Projeto tramitou até chegar à sanção em 10 de

maio de 2000, pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.”

Porém, o projeto de Lei foi apresentado na vigência da Lei 9.649/98 que, em seu art.

58, transformava os Conselhos Profissionais de autarquia de Direito Público em pessoa

jurídica de direito privado.

Esta Lei teve vigência até o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade-

ADIN que havia contra ela, ocorrida antes da sanção do projeto de lei, fato que levou o

presidente a vetá-lo sob o fundamento de que a iniciativa para criação de autarquia era

privativa do Chefe do Poder Executivo. Tanto isto é verdade que no período de vigência da

referida MP foi criado por lei de iniciativa de parlamentar o Conselho Nacional de Educação

Física, cujo autor foi o ex-deputado Eduardo Mascarenhas (RJ).

Dessa forma, o Conselho que já estava aprovado pelo Congresso Nacional não recebeu

sanção presidencial, sendo vetado, mesmo com todo o trabalho realizado, com o apoio

político de diversos parlamentares da Câmara e do Senado, e horas e horas de trabalho e

ausência de nossas famílias. Em 2003, a ADIN é julgada e derruba o parágrafo 58 da Lei

9.649/98.

No dia 26 de fevereiro de 2003, a Presidente da FENASSEC, Maria Bernadete Lira

Lieuthier, a Vice-Presidente da Região 3, Maria Antonieta Ferreira Mariano e a Diretora

73

Administrativa, Maria do Carmo Assis Todorov, estiveram reunidas com o Secretário

Adjunto do Trabalho, Dr. Marco Antonio de Oliveira, onde entregaram o pedido para que o

Ministério do Trabalho tomasse a iniciativa de apresentação de um novo Projeto de Criação

dos Conselhos Federal e Regionais de Secretariado. Tal pedido só foi oficialmente

protocolado no dia 7/10/2003, sob no. 46.003854/2003-08.

Desde então, o Ministério do Trabalho e Emprego criou um Grupo de Trabalho sobre

Conselhos de Fiscalização Profissional, formado nos termos do Memo-Circular nº.

62/SE/MTE, para estudar todos os pedidos de criação de Conselhos Profissionais. Entretanto,

durante todo esse período nenhum conselho foi criado.

A luta da FENASSEC e dos Sindicatos filiados é agilizar os trabalhos desse Grupo

para que o projeto seja encaminhado ao Congresso Nacional para começar novamente a

percorrer todas as Comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

No dia 08/11/2005, foi realizada audiência com o Ministro do Trabalho, Luiz

Marinho, na sede do Ministério do Trabalho em Brasília. Na ocasião, a presidente da

FENASSEC, Maria Bernadete Lira Lieuthier, reivindicou ao Ministro a agilização do trâmite

do processo que foi protocolado naquele Ministério desde o ano de 2003.

No dia 03 de maio de 2006, no auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional, em

Brasília/DF, foi realizado um Ato Político, principal atividade do IV Encontro de Secretariado

do Distrito Federal e Região, para buscar apoio dos parlamentares da Casa para a criação do

Conselho Federal de Secretariado.

O Ato foi prestigiado por diversos parlamentares que falaram sobre a importância do

profissional de secretariado para o país e assinaram lista de apoio à luta pela criação do

Conselho. Marcaram presença os deputados: Daniel Almeida (PCdoB/BA); Fernando Ferro

(PT/PE – líder do partido na Câmara); Arlindo Chinaglia (PT/SP - líder do governo); Carlos

Mota (PSB/MG); Paulo Pimenta (PT/RS); Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP); Marco Maia

(PT/RS); André Figueiredo (PDT/CE); José Múcio Monteiro (PTB/PE – líder do partido na

Câmara); José Eduardo Cardoso (PT/SP); Selma Schons (PT/PR); Dra. Clair (PT/PR); o

Deputado Estadual Simão Pedro (PT/SP); e o Senador Paulo Paim (PT/RS).

O Ato teve início na tarde do dia 02/05/06, com visitas das presidentes e

representantes dos sindicatos de secretárias e secretários de todo o país, filiados à

FENASSEC, aos gabinetes dos presidentes de comissões e demais deputados e senadores,

reforçando o convite à participação na abertura do Encontro e pedindo apoio para a criação do

Conselho Federal de Secretariado.

74

Pela primeira vez, os profissionais, estudantes e docentes de secretariado estiveram

juntos num grande movimento político pela criação do Conselho da Categoria. O público foi

de 210 participantes vindos de todos os Estados do Brasil, além de expressiva delegação de

Angola e de Moçambique.

O Sr. Antônio Alves de Almeida, Presidente da CNTC – Confederação Nacional dos

Trabalhadores no Comércio, abriu o encontro ressaltando aspectos importantes da missão do

profissional de secretariado e o estímulo à luta que a FENASSEC proporciona aos seus

filiados através de encontros e reuniões nacionais e regionais. O Sr José Carlos Perret Schulte,

1º Secretário da CNTC, afirmou que o apoio dos parlamentares revela a força do movimento e

exortou a todos que se unam para lutar junto ao Congresso Nacional. A Srª Maria Bernadete

Lira Lieuthier lembrou que o Ato político é um marco na história da Federação e da categoria,

e que os presentes passarão a fazer parte daquela história. A Sra. Normélia Nogueira ressaltou

que cabe aos secretários e secretárias do Brasil o empenho e concentração de esforços

conjuntos para a criação do Conselho Federal de Secretariado. No decorrer dos trabalhos, as

Presidentes de Sindicatos deram seus testemunhos de luta pela valorização e engrandecimento

da profissão.

Ao final do Ato, o Senador Paulo Paim (PT/RS), ao se comprometer com a luta da

categoria pela criação do Conselho Federal de Secretariado, lembrou a força da união que

garantiu a vitória dos estudantes e sindicalistas franceses sobre o governo.

A presidente da FENASSEC, Maria Bernadete Lira Lieuthier, enfatizou que a luta pela

criação do Conselho da profissão continua, sendo necessário muito empenho de todos para a

sua concretização.

O próximo passo foram os Atos Solenes em homenagem a profissão e pela criação do

Conselho de Secretariado nas Assembleias Estaduais de todo o Território Brasileiro,

começando por São Paulo, no dia 26 de maio de 2006, no plenário Franco Montoro, da

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Iniciativa do Deputado Estadual Simão

Pedro (PT/SP) e apoio da FENASSEC, do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo,

Sindicato das Secretárias de Campinas e Região e Sindicato dos Profissionais de Secretariado

de Santo André e Região. Participaram mais de 170 pessoas, entre estudantes da Unifai, São

Judas, PUC/SP, Uninove, UNIP, Ítalo e as escolas técnicas Aprígio Gonzaga e Camargo

Aranha. Em final de junho de 2006, a presidente da FENASSEC, Bernadete Lieuthier, reuni-

se pela segunda vez com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em Brasília. Na

oportunidade, foi entregue um documento sobre a importância da entidade para a profissão. O

ministro informou que existe da comissão que tem como objetivo criar critérios e um

75

regimento para normatizar, até o final do ano, o processo de criação dos Conselhos.

Participaram também do encontro o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT/SP), Osvaldo

Bargas, Chefe do Gabinete do Ministro, Solange, assessora jurídica do Ministério, o advogado

da FENASSEC, Marco Antonio Rocha Junior, a vice-presidente da FENASSEC, Stela Pudo

Basiuk (SP), e as diretoras da FENASSEC Rita de Cassia Moreira (BA) e Normélia Nogueira

(DF).

No dia 23/10/2007, acontece na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço

Público da Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, a Audiência Pública para debater a

criação do Conselho Federal de Secretariado.

A importância do profissional Secretário para as empresas e para a sociedade, a

valorização da profissão, a luta da categoria pela criação do seu Conselho próprio e,

consequentemente, a importância do Conselho Federal para a categoria foram temas

ressaltados por todos os oradores da audiência.

A audiência teve início às 14h08, e foi presidida pelo Deputado Nelson Marquezelli

(PTB-SP), Presidente da CTASP, convidando para compor a Mesa o Sr. Eudes Carneiro,

representante do Ministro do Trabalho e Emprego, Maria Bernadete Lira Lieuthier,

representando na ocasião a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC,

e o Dr. Marco Antonio Oliveira Rocha da Silva Jr, Assessor e representante da Federação

Nacional das Secretárias e Secretários (FENASSEC).

O Deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) saudou os profissionais e representantes da

categoria e parabenizou a iniciativa do Dep. Vicentinho para a instalação daquela Audiência

Pública. Ressaltou que as Secretárias e Secretários estão muito presentes na vida dos

brasileiros, dos executivos, gestores e organizações, atuando com ética nas pequenas e

grandes empresas, tanto públicas quanto privadas, e que são de fundamental importância

fazendo o elo com a sociedade brasileira.

O presidente da Câmara dos Deputados, Dep. Arlindo Chinaglia (PT-SP), honrou a

categoria participando da abertura dos trabalhos. Falou da importância dos profissionais terem

o seu conselho próprio para uma maior valorização da profissão, bem como para definir

funções e responsabilidades. Registrou que já acompanhou um evento da categoria na

Assembleia Legislativa de São Paulo e que não esqueceu a luta das Secretárias. Colocando-se

a disposição, como Presidente da Câmara, para ajudar no que pudesse.

O Dr. Eudes Carneiro, na condição de representante do Excelentíssimo Ministro do

Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, disse que o Ministério do Trabalho (MT) entende que

76

devem ser criados os conselhos para uma maior cobrança dos filiados e melhor qualificação

de mão-de-obra para o mercado.

Afirmou que o ministro Carlos Lupi está sensível às causas dessa categoria, que atua

em todos os segmentos. E em seu nome, do Senhor Ministro e do Secretário das Relações do

Trabalho, agradeceu o convite e se colocou à disposição na SRT para aprofundar a discussão

em prol da criação do conselho.

Maria Bernadete Lira Lieuthier, presidente da Federação Nacional das Secretárias e

Secretários (FENASSEC) e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores no

Comércio (CNTC), disse que a profissão já está consolidada o suficiente para se

autorregulamentar, e se autofiscalizar de maneira eficiente e madura, por meio de um

conselho. E que aquela audiência representava um grande passo na história da profissão.

Ressaltou o apoio da CNTC para a criação do Conselho Federal de Secretariado e

agradeceu a feliz iniciativa do deputado Vicentinho e aos demais parlamentares presentes,

bem como o importantíssimo apoio do Presidente daquela Casa, o deputado Arlindo

Chinaglia: “Certamente a audiência foi um passo importante para a concretização de um dos

sonhos há tanto tempo acalentado pela categoria: a criação do seu Conselho Federal de

Secretariado.”

O Dr. Marco Antonio Oliveira Rocha da Silva Júnior, assessor da FENASSEC,

lembrou que a atividade é regida por lei (7377/85) e um código de ética, que é de 1989, mas

que a Federação não tem como fiscalizar essa atividade, nem punir os maus profissionais.

A criação do Conselho dará à profissão condições de aprimorar suas atividades, além

de proporcionar-lhes melhores condições de fiscalização da categoria; que a profissão de

Secretário por ser uma função de confiança, o Conselho poderá assegurar o sigilo profissional

e a fidelidade das informações; que o exercício profissional exige qualificação e

confiabilidade.

Disse ainda que secretária é uma função de confiança em razão de suas atribuições,

sendo a confiabilidade intrínseca à profissão, que ser secretária é coisa séria e que exige

principalmente formação específica e conhecimentos técnicos.

Solicitou ao representante do Ministério do Trabalho e Emprego empenho na análise

do processo, por se tratar de uma reivindicação muito justa da categoria. Márcia Siqueira

assessora da Federação Nacional das Secretárias e Secretários (FENASSEC), convidada para

aquela audiência, disse que: “com o achatamento da estrutura organizacional os profissionais

Secretários passaram a ter mais atribuições e maior responsabilidade, atuando como co-

77

gestores. E para tanto devem conhecer e entender das questões que envolvem as empresas e as

decisões que irão tomar naquela célula organizacional.”

Ressaltou que o profissional Secretário atua com um grande poder, em razão do

volume de informações que passa por ele. E, se esse profissional não tiver pleno

conhecimento de como gerenciar essas informações, ele pode cometer um grave erro com

prejuízos irreparáveis à organização. Por isso, exige-se sólida formação técnica e qualificação

específica desse profissional. Portanto, o cargo deve ser sempre ocupado por um Secretário ou

Secretária devidamente habilitada.

A presidente Maria Bernadete Lira Lieuthier comentou que:

Atualmente, existem cerca de dois milhões de Secretárias e Secretários no

Brasil e a categoria representada pela FENASSEC vem dando grandes avanços. Discutindo níveis de atuação da profissão por meio de fóruns em

quase todo o Brasil; trabalhando com o Ministério da Educação para a

melhoria da formação dos profissionais Secretários, tendo inclusive contribuído para a criação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Curso de Secretariado Executivo. Fato que mereceu registro no texto legal.

Ela ainda reforça que o trabalho mostra que a categoria tem maturidade suficiente para

saber o que deve decidir e fazer pela profissão. Mas é necessária a criação de um Conselho

para efetivamente cobrar e aplicar a sua lei de regulamentação e a atuação plena da profissão.

O deputado Vicentinho (PT-SP), que propôs o debate, assumiu a presidência dos

trabalhos salientando a importância das discussões para a compreensão da necessidade do

conselho para a categoria, categoria esta que tem demonstrado condições de caminhar com

suas próprias pernas, de se autofiscalizar e de definir regras, de defender o direito ao sigilo, de

atuar com ética. Disse que, sendo uma categoria reconhecida, então nada mais justo que seja

criado o seu Conselho próprio.

O Deputado Vicentinho (PT-SP) acredita que a criação do conselho dará aos

secretários “condições de aprimorar suas atividades, além de proporcionar-lhes melhores

condições de fiscalização da categoria”.

O Deputado Barbosa Neto (PDT-PR) cumprimentou o Dep. Vicentinho pela

sensibilidade por esse processo que é extremamente justo ao Secretariado do País, pois vai

melhorar a sua qualificação. Disse que a categoria pode contar com o seu apoio.

O Deputado Pinto Itamaraty (PSDB-MA) também louvou a iniciativa do Dep.

Vicentinho, quando busca debater a criação do Conselho Federal dos Secretários e

Secretárias, pessoas que completam o trabalho de cada executivo, cada empresário, cada

78

gestor etc., contribuindo com o seu trabalho para o crescimento econômico e social do país.

Disse que qualquer caminhada em benefício dessa importante classe contaria com a sua

disposição para impulsionar essa luta.

Parabenizou a Sra. Nilzenir Ribeiro, professora universitária e presidente do Sindicato

das Secretárias e Secretários do Maranhão, pela luta desenvolvida no seu Estado.

O Presidente dos trabalhos fez leitura da mensagem enviada pelo Senador Paulo Paim

(PT/RS), informando que por razão de compromisso assumido anteriormente, não seria

possível comparecer à audiência, entretanto, entendia que a criação do Conselho Federal de

Secretariado é de extrema importância para a categoria. Podem contar com o seu apoio no

Senado Federal.

Finalizando os trabalhos, o Dep. Vicentinho (PT-SP), que propôs a realização da

audiência, registrou a presença do Dep. Rômulo Gouveia (PSDB/PB), agradeceu aos

expositores e convidados pelo aprofundamento do debate, aos parlamentares e aos

profissionais presentes, e disse que, a partir de então, seriam realizadas reuniões de trabalho

sobre o tema, e deveriam ocorrer ainda encontros nos Ministérios do Planejamento, da

Fazenda e da Casa Civil. E que a luta continuava.

Participaram da audiência: Profissionais, Coordenadores e Estudantes de Secretariado,

além das Diretoras da FENASSEC e dos Sindicatos dos Estados: Bahia, Maranhão, Rio de

Janeiro, Piauí, São Paulo (Estadual), Sindicato do ABC, Sergipe, Distrito Federal,

Pernambuco, Minas Gerais e Paraná.

Em 30/01/2008, foi realizada Audiência com o Ministro do Trabalho e Emprego,

Carlos Lupi, em Brasília. Durante a audiência, a Presidente da FENASSEC, Maria Bernadete

Lira Lieuthier, reapresentou ao Ministro um anteprojeto de Lei atualizado em que

normatizava o sigilo profissional para a categoria, para o exercício pleno da profissão,

pedindo ainda que o anteprojeto fosse tramitado em regime de urgência. O Ministro

demonstrou interesse em resolver a questão jurídica e autorizou, a pedido da FENASSEC, a

criação de um Grupo de Trabalho no Ministério, para estudar com profundidade a temática. O

ministro concordou quanto à necessidade do sigilo profissional e afirmou que iria colaborar.

Estavam presentes os assessores técnicos da Federação Marco Antonio de Oliveira Rocha

Júnior e Márcia Siqueira.

Nos dias 19 e 20/02/2008, foi instalado o Grupo de Trabalho do Ministério do

Trabalho (MT) e com representantes do próprio Ministério e da FENASSEC. Após discutida

e analisada a conveniência pública e a legalidade da criação do Conselho, deveria o

requerimento ser encaminhado à Casa Civil e, posteriormente, ao Congresso Nacional.

79

Entretanto, para surpresa do Dr. Marco Antonio de Oliveira Júnior, representante da

FENASSEC no GT (Grupo de Trabalho), o assessor da SRTE, Eudes Carneiro, anunciou que

dependeria de um decreto Presidencial para poder responder ao nosso requerimento de análise

de conveniência pública para a criação do Conselho. A FENASSEC entendia que essa posição

revestia-se de excesso de burocracia, posto que o Ministério é um órgão do Poder Executivo e

a solicitação da Federação era para que o MTE apenas analisasse o pedido de análise quanto à

conveniência pública, para que o requerimento pudesse ser encaminhado à Casa Civil. Essa

informação do assessor Eudes Carneiro causou surpresa à FENASSEC, uma vez que o mesmo

na Audiência Pública do dia 23 de outubro de 2007, na Câmara dos Deputados, representando

o TEM, afirmou em alto e bom som para todos os presentes que a SRTE – Secretaria

Regional do Trabalho e Emprego era favorável à criação do nosso Conselho, demonstrando

interesse em resolver o problema.

Com esse impasse, em 12 de Março/2008, a presidente da FENASSEC, Maria

Bernadete Lira Lieuthier, foi à Casa Civil para audiência com o Sr. Marcos de Castro Lima,

Subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência

da República, e no dia 13/03/2008, com o Sr. Marivaldo de Castro Pereira, Chefe de Gabinete

da Subchefia para Assuntos Jurídicos.

No dia 26/03/2008, aconteceu audiência com o Chefe do Gabinete da Presidência da

República, Senhor Gilberto Carvalho. A Presidente Maria Bernadete Lira Lieuthier, a diretora

Normélia Nogueira, Presidente do SISDF, e o assessor Marco Antonio de Oliveira Rocha

Silva Júnior foram recebidos pelo assessor do Sr. Gilberto Carvalho, ocasião em que foi

protocolizado requerimento ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República para a criação

do Conselho de Secretariado, com o envio de projeto de lei ao Congresso Nacional.

Em 10/04/2008, por meio do Ofício 389-Supar/SRI, o Sr. Marcos de Castro Lima,

Subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência

da República, comunicou a FENASSEC que, de ordem do Senhor Ministro de Estado Chefe

da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, o nosso requerimento

teria sido encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego, para análise e providências

cabíveis.

Em 03/04/2008, o Estado de São Paulo deu mais um importante passo para agilizar a

criação dos Conselhos Regionais e Federal de Secretariado. No dia 03/04/2008, a Moção de

Apelo ao Presidente da República, pela Criação dos Conselhos Regionais e Federal de

Secretariado, proposta pelo Deputado Simão Pedro (PT/SP), foi aprovada conclusivamente,

80

por unanimidade, pela Comissão de Relações do Trabalho da Assembleia Legislativa do

Estado de São Paulo, sendo encaminhada ao Senhor Presidente da República.

Em 10/04/2008, foi a vez do Estado de Maranhão. Em Sessão da Assembleia

Legislativa, o Deputado Estadual Edivaldo Holanda (PTC/MA) colheu assinaturas de apoio a

criação do Conselho Federal. Na Câmara, o Vereador José Joaquim Ramos, também

manifestou o apoio da Casa.

Em 20/05/2008, a Presidente da FENASSEC e o assessor Marco Antonio de Oliveira

Rocha Silva Júnior estiveram reunidos com a Dra. Hébe, Chefe de Gabinete do Advogado

Geral da União - AGU, em Brasília, para tratar sobre o posicionamento do MTE sobre sua

atribuição para analisar o requerimento de criação do conselho, sendo informados na ocasião

que aquele Ministério é o competente, sim, para tratar da temática.

Em 21/05/2008, o Líder do Governo no Senado, Senador Romero Jucá (PMDB-RR),

recebeu em seu gabinete a Vice-presidente Regional II da FENASSEC, Aurilena Fagundes,

de RR, a Vice-Presidente Executiva da FENASSEC, Stela PudoBasiuk, a Presidente do

Sindicato de AL, Aurivane Alexandre, e o assessor Marco Antonio de Oliveira Rocha Silva

Júnior, e prometeu empenhar-se para a criação do nosso Conselho Federal.

Em 23/05/2008, os mais de 800 congressistas do XVI Congresso Nacional de

Secretariado-Consec deram uma importante contribuição à criação do conselho profissional.

Seguiram em caravana ao Congresso Nacional e foram recebidos no auditório Nereu Ramos,

em Brasília, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Ghinaglia. Todos vestiam

camisetas com o slogan: “Eu defendo sim a criação do Conselho Federal de Secretariado”.

Sensibilizado com a mobilização da categoria, o parlamentar ressaltou que é inquestionável a

importância do secretário para o efetivo funcionamento das organizações. O deputado

Vicentinho (PT/SP), autor da indicação Parlamentar de nº. 1899 ao Governo Federal para

instituir o Conselho de Secretariado, salientou que os secretários têm uma responsabilidade

muito grande, pois lidam com informações e sigilo profissional, devendo ser respeitados na

sua dignidade como profissionais. Ficou patente a força de mobilização da categoria pela

criação do seu conselho.

Em 26/05/2008, O Estado de RR junta-se a luta pelo Conselho com a:

“MOÇÃO APELO Nº 006/08 A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE

RORAIMA faz saber que o Plenário aprovou e a Mesa Diretora torna pública a seguinte: -

Moção de Apelo ao Exmo. Sr. Presidente da República, para que determine ao Ministério do

Trabalho e Emprego a adoção de providências para análise e aprovação do Requerimento que

originou o Processo Administrativo nº 46.003854/2003-08, proposto pela FENASSEC –

81

Federação Nacional das Secretárias e Secretários, e que objetiva a criação do Conselho

Federal de Secretariado

Palácio Antônio Martins, 26 de maio de 2008.

Dep. FRANCISCO DE SALES GUERRA NETO - Presidente em exercício Dep.

MARÍLIA PINTO - 1ª Secretário, Dep. REMÍDIO MONAI - 2º Secretário JUSTIFICATIVA

Tramita no Ministério do Trabalho e Emprego o Processo Administrativo n°

46.003854/2003-08, proposto pela Federação Nacional das Secretárias e Secretários -

FENASSEC. Tal propositura visa a análise, por parte do Ministério do Trabalho e Emprego,

da legalidade e da conveniência pública da criação do Conselho Federal de Secretariado, que

se constituirá como autarquia federal, que deve ser criada por lei cujo projeto é de iniciativa

exclusiva do Poder Executivo. A análise da legalidade fica a cargo de técnicos jurídicos que,

certamente, emitirão parecer favorável, posto que não há obstáculo algum em nosso

ordenamento jurídico à criação de autarquia federal especial - Conselho Profissional, para

que, uma categoria profissional que possui nível de formação técnico e superior se

autorregulamente e fiscalize, assim como acontece com os Conselhos de Contabilidade,

Enfermagem, Odontologia etc. A análise da conveniência pública depende da vontade política

de se abordar e estudar a questão, levando em conta os anseios da categoria e os benefícios

para a sociedade, que passamos a expor:

O profissional de secretariado exerce função de confiança, em razão de suas

atribuições (Leis Federais 7.377/85 e 9.261/96). Por conta disso, muitos patrões ou dirigentes

acabam por contratar pessoas que não possuem a formação profissional adequada, mas que

gozam de sua confiança, o que faz com que, muitas vezes, as empresas suprimam a

qualificação profissional em razão da confiança. Para reverter este quadro, é necessário que os

empregadores sintam-se seguros com relação à aplicação efetiva de um código de ética e,

ainda, que essa relação de emprego esteja amparada por institutos que lhe garantam segurança

jurídica, como o do sigilo profissional. O Conselho de Secretariado, luta antiga da categoria,

traz a possibilidade de que a profissão seja regulamentada e fiscalizada pelos próprios

profissionais de secretariado, através de seus eleitos, que deverão, inclusive, defender as

prerrogativas profissionais indispensáveis à garantia de maior espaço no mercado de trabalho

e melhoria salarial.

O aumento da profissionalização beneficiará a sociedade, pois, sem sombra de

dúvidas, trará maior agilidade e versatilidade às empresas, com segurança jurídica em relação

à confidenciabilidade e fidelidade das informações, algo indispensável para o crescimento e

maior geração de empregos. Além do que, somente por meio da institucionalização e da

82

confidenciabilidade das informações, por meio da instituição de sigilo profissional, será

possível a efetiva profissionalização desta função: “secretariar”, que existe desde as primeiras

organizações sociais e que, historicamente, infelizmente, tem sido vista mais sob o prisma da

confiança pessoal do que pela formação profissional, muito embora tenhamos avanços por

conta das ações dos sindicatos que representam a categoria e de sua Federação Nacional.

Assim, por todo o exposto, a Assembleia Legislativa do Estado de Roraima apela ao Exmo.

Sr. Presidente da República para que determine ao Ministério do Trabalho e Emprego a

adoção de providências para análise e aprovação do requerimento que originou o processo

administrativo nº 46.003854/2003-08, proposto pela FENASSEC – Federação Nacional das

Secretárias e Secretários e que objetiva a criação do Conselho Federal de Secretariado, pois é

de latente interesse público que o Conselho Federal de Secretariado seja criado.”

Em 23/07/2008, a presidente foi recebida pelo Ministro das Relações Institucionais,

José Múcio Monteiro, que, conhecedor da importância da profissão e da nossa luta constante

pela criação do Conselho Profissional, prontificou-se a ajudar no sentido de agilizar o

processo na Casa Civil.

30/9/2008 – Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Estado de Santa

Catarina.

06/10/2008 – Sessão Solene na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Conheça a íntegra da Sessão Solene.

11/10/2008 – Estudantes e professores do Curso de Secretariado Trilíngue das

Faculdades Claretianas do Município de Rio Claro/SP debatem a criação do Conselho em

painel composto pela presidente do Sindicato de Campinas-Sinsecamp, Ondina Fratini, Stela

Pudo, vice-presidente da FENASSEC, Dr. Marco Antonio, assessor da FENASSEC e o

Deputado Paulo Teixeira-PT/SP.

Outubro/2008 – Universidade Católica de Goiana debate Conselho no IX Seminário

Curricular – Palestraram sobre o tema o coordenador do curso – prof. Roque Toscano e o

assessor técnico da FENASSEC, Dr. Marco Antonio.

29/10/2008 - Audiência às 15h30min, no Ministério do Trabalho, para tratar sobre o

encaminhamento do parecer da SRTE, para a Casa Civil.

FENASSEC pressiona ministro do Trabalho e Emprego pela criação do Conselho

Federal de Secretariado

Em audiência com o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, a presidente da

Federação Nacional das Secretárias e Secretários (FENASSEC), Bernadete Lieuthier, foi

reforçar pessoalmente a importância da criação do Conselho Federal de Secretariado para a

83

categoria. O encontro foi realizado no dia 30 de Janeiro, em Brasília. Estavam presentes os

assessores técnicos da federação, Marco Antônio de Oliveira Rocha da Silva Júnior e Márcia

Siqueira, e o assessor especial do ministério, Ezequiel Sousa do Nascimento. No ano passado,

a categoria foi ao Congresso Nacional, com o mesmo objetivo de pressionar os parlamentares.

Ocasião em que foi realizada uma audiência pública na Comissão de Trabalho e Serviços

Públicos da Câmara dos Deputados.

Durante a reunião, Bernadete Lieuthier reapresentou ao ministro um anteprojeto de

Lei, já atualizado, pois o anterior se encontrava no ministério desde 2003: “Nossa luta pelo

Conselho é antiga e pedimos que seja tramitado em regime de urgência, para que logo depois

seja emitido parecer favorável à propositura do projeto de lei pelo presidente da República,

por meio da Casa Civil”.

No projeto reformulado, ela informou que foi normatizado o sigilo profissional: “Há

uma necessidade de instituição do sigilo profissional para a categoria, como meio de exercício

pleno da profissão, o que só será possível com a criação do Conselho”.

Ela também enfatizou que o profissional de Secretariado exerce função de confiança

em razão de suas atribuições: “Na atualidade, a detenção de informações e, principalmente,

seu caráter confidencial são vitais para que se obtenha êxito em determinada atividade

econômica e poucos empregados detêm como o profissional de Secretariado”.

A presidente requereu que juntasse ao processo anterior toda a documentação

apresentada, incluindo a transcrição da audiência pública, realizada no dia 23 de outubro do

ano passado, realizada na Comissão de Trabalho e Serviços Públicos da Câmara Federal, na

presença do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O evento

contou com o total apoio de deputados e senadores presentes, além da presença maciça de

profissionais.

O ministro demonstrou interesse em resolver a questão jurídica e autorizou, a pedido

da FENASSEC, a criação de um Grupo de Trabalho no Ministério para estudar com

profundidade a temática. Para Carlos Lupi, demonstrou sensibilidade quanto à necessidade do

sigilo profissional e afirmou que iria colaborar: “Agora depende de uma análise da Secretaria

de Relações do Trabalho e do departamento jurídico do Ministério.”

30/10/2008 – O Sindicato de Santa Catarina, juntamente com a categoria secretarial de

Santa Catarina, realizou Audiência Pública e fez Moção de Apoio para a criação do Conselho.

A iniciativa partiu da Dep. Odete de Jesus (PRB/SC). A presidente do Sinsesc, Ana Maria

Neto, e o assessor da FENASSEC, Dr. Marco Antonio, participaram do evento.

84

Em 06/01/2009, O Ministério do Trabalho encaminhou à Casa Civil uma exposição de

Motivo Interministerial a qual tomou o nº EMI – 01/2009. Esta exposição teve por finalidade

expor à apreciação proposta de anteprojeto de lei que dispõe normas para apreciação de

minutas de anteprojeto de lei que visam a criação de conselhos de fiscalização de profissões

regulamentadas.

Em 21/01/2009, a EMI seguiu para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

e foi protocolada sob nº de processo: 03000.000226/2009-45. O Processo foi submetido à

equipe técnica do MP e, após análise, devolvido com sugestão de encaminhamento ao

Ministério do Trabalho e Emprego para conhecimento e reexame da proposta.

Em 08/06/2010, a presidente da FENASSEC, Bernadete Lieuthier, tomou

conhecimento de que a matéria já havia sido revista pelo Ministério do Trabalho e que o

Ministério do Planejamento já havia devolvido o processo à Casa Civil.

A presidente da FENASSEC continuou confiante no sucesso da luta da criação do

Conselho da profissão. Disse que os entraves foram até então ultrapassados, e que a proposta

do anteprojeto encaminhado pelo Ministro do Trabalho ao Senhor Presidente da República

para criar Decreto, instituindo critérios para a criação de conselhos profissionais de profissões

já regulamentadas, foi uma grande vitória da categoria, e que o Decreto era, definitivamente,

o que faltava para a concretização do anseio da classe e que viria, sem sobra de dúvidas,

valorizar a profissão do Secretariado no Brasil.

As ações para criação dos Conselhos continuaram tanto no Congresso quanto no

âmbito do Executivo. Conforme histórico do site, na última audiência ocorrida com o

Ministro do Trabalho, o então Ministro Carlos Lupi, fomos informadas de que o MT

encaminhou à Casa Civil uma Exposição de Motivos Interministeriais (EMI 01/2009 –

Processo nº 03000.000226/2009-45) com a proposta de um anteprojeto de lei dispondo sobre

a competência do MT, para a criação de conselhos de fiscalização de profissões

regulamentadas, disciplinando os procedimentos do Ministério e determinando os requisitos a

serem seguidos pelos interessados na criação de um conselho.

Nesse sentido, grupos de estudos foram formados com técnicos do MT, Casa Civil e

MP para definir os parâmetros para criação de conselhos profissionais e regulamentação de

profissões.

Em 14.12.2012, para surpresa da FENASSEC, tomaram conhecimento de que o

Processo nº 03000.000226/2009-45 (proposta de anteprojeto de Lei que dispõe sobre normas

para apreciação de minutas de anteprojeto de lei que visam à criação de conselhos de

85

fiscalização de profissões regulamentadas) se encontrava arquivado desde 31.01.2012, no

Ministério do Planejamento,

No início do mês de fevereiro de 2012, o Processo foi devolvido ao Ministério do

Trabalho, e a FENASSEC solicitou vistas do processo para saber o motivo do arquivamento

pelo Ministério do Planejamento, bem como as alegações para a devolução do processo ao

Ministério do Trabalho.

A FENASSEC, em 08 de janeiro de 2013 verificou que o secretário executivo

adjunto do Ministério do Planejamento despachou no sentido do Ministério do Trabalho dizer

se ainda havia interesse na tramitação da matéria. Dizia ainda o despacho que caso existisse

interesse do MTE, no prosseguimento da matéria, que atualizasse a proposta via SIDOF,

considerando as manifestações da então SEGES e da CONJUR/MP constantes dos autos.

Em 18/02/2013, a Sra. Maria da Glória Bittencourt AFT/SIT/MTE emitiu a Nota

Técnica 29/2013 – MGB/SIT/TEM, em que, após breves considerações, ressaltava que, como

o anteprojeto originou-se no âmbito da Secretaria de Relações do Trabalho, cabia a ela se

posicionar acerca da conveniência e oportunidade no prosseguimento da matéria e apresentar

subsídios ao Gabinete do Ministro para resposta à solicitação do Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão.

A FENASSEC tem envidado todos os esforços para que haja prosseguimento do

processo, com a manifestação favorável do Ministério do Trabalho (MT). Entretanto, como é

público, está acontecendo uma série de mudanças no Ministério do Trabalho, inclusive com o

próprio chefe da pasta, que, em pouquíssimos meses, mudou por duas vezes, e, com a

mudança de Ministros, sofreu alteração toda estrutura interna do ministério, fato que tem

dificultado as ações empreendidas pela federação.

A FENASSEC está buscando o apoio imprescindível dos Senhores Parlamentares,

principalmente os da base do governo, para dar impulso ao processo e, consequentemente, à

justa luta dos profissionais de Secretariado pela criação do seu Conselho de Classe, tão

importante e necessário para a consolidação da profissão.

Infelizmente, nem todas as informações são divulgadas, para não criarem falsas

expectativas.

Pelo exposto até o momento, a FENASSEC, juntamente como os Sindicatos dos

Secretários dos Estados, não mediram esforços para dar sequência ao processo.

A seguir, apresentamos o Projeto de Lei da Criação do Conselho de Classe, recebido

da presidente da FENASSEC, Srª Maria Bernadete Lira Lieuthier.

86

3.2.1 Projeto Conselho de Classe

Projeto de Lei da Criação do Conselho de Classe dos Secretários e Secretárias (Anexo

H).

3.2.1.1 Alguns pontos do anteprojeto

Neste item, apresentamos somente os pontos do Anteprojeto considerados mais

importantes:

. Atribuições – O Conselho Federal de Secretariado e os conselhos regionais têm por

atribuição orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão, bem como supervisionar o

cumprimento e aplicação do Código de Ética Profissional.

• Sigilo – O sigilo profissional poderá ser oposto em juízo ou fora dele pelo prazo de

10 anos, após o término do contrato de prestação de serviços profissionais.

• Inscritos – Apenas serão inscritos os profissionais:

1- Com diploma em Curso de Secretariado, oficialmente autorizado.

2- Com diploma obtido por instituição de ensino superior estrangeira, revalidado na

forma da legislação em vigor.

3- Os profissionais inscritos nos quadros do Conselho que tenham concluído o ensino

médio e tenham comprovadamente exercido atividades próprias dos profissionais,

pelo tempo mínimo de 10 anos, anteriores à criação da lei.

• Direção – O dirigente não poderá ocupar cargo no mesmo órgão por mais de dois

mandatos, tendo a duração de quatro anos.

• Conselho Deliberativo – As instituições superiores de ensino farão parte do

Conselho Deliberativo dos Conselhos Regionais, com a composição de quatro representantes.

• Anuidade – A primeira anuidade será paga integralmente ao Conselho Federal, para

promover a estruturação do mesmo e dos Conselhos Regionais. O valor da primeira anuidade

não poderá ultrapassar 10% do valor do piso salarial para um mês de trabalho.

A seguir, apresentamos o que o que alguns Sindicatos têm feito pela classe secretarial,

as quais representam.

Esclarecemos que foram escolhidos apenas alguns sindicatos, devido ao universo

destes serem muitos, não dando para obter respostas de todos a tempo.

87

Assim, apresentaremos os relatos do SINSERJ – Sindicato dos Secretários do Rio de

Janeiro, por ser responsável por Secretários de uns dos maiores mercados de trabalho para

estes profissionais; SISDEF – Sindicato das Secretárias e Secretários do Distrito Federal, por

ser responsável pelo profissionais que atuam no mercado da Capital do país; e SINSEPAR –

Sindicato das Secretárias do Estado do Paraná, por ser responsável pelo mercado do Estado

onde atuo como docente na área secretarial. Esses sindicatos responderam prontamente à

solicitação de informações sobre o trabalho realizado pelos sindicatos em prol da classe.

3.3 O TRABALHO REALIZADO PELOS SINDICATOS QUE REPRESENTAM A CLASSE SECRETARIAL

3.3.1 O SINSERJ – Sindicato dos Secretários e secretárias do Rio de Janeiro6

De acordo com Freitas (2013), o SINSERJ foi fundado em 04 de fevereiro de 1988. A

Carta Sindical o credencia como entidade legalmente constituída, para representar a categoria

profissional no estado do Rio de Janeiro. Mas os destinos da entidade estão bem alicerçados

no Estatuto Social – qual uma carta magna das entidades sindicais – atualizado, fixando

diretrizes para o fiel cumprimento dos direitos e deveres da Categoria, dos associados, dos

integrantes da Diretoria Executiva e dos representantes junto à Federação, em consonância

com as suas prerrogativas.

Desde a sua fundação, a entidade vem lutando incansavelmente pela defesa dos

interesses da categoria, seja no sentido do reconhecimento de seu trabalho no mercado, seja

investindo em sua valorização profissional.

Consciente de que a educação é a mola mestra do crescimento profissional e humano,

o SINSERJ vem investindo nela o melhor dos seus esforços. A sua luta tem sido amplamente

compensada, porque já ofereceu a 11.200 trabalhadores, registro de Técnico em Secretariado,

formados pelo SINSERJ.

Também, devidamente habilitados como secretários executivos, existem atualmente

9.300 profissionais, entre eles os detentores de registro, após a conclusão do Curso de Pós-

Graduação, Gestão em Secretariado Executivo, em parceria com Universidade do Grande Rio

– Unigranrio, hoje, lamentavelmente extinto, após ter formado alunos de sete (7) turmas.

Mesmo tendo escolhido a educação como sua prioridade número um, o SINSERJ não

deixa de agir em outros campos.

6 As informações contidas neste tópico foram encaminhadas, gentilmente, pela presidente do SINSERJ, Srª

Gerarda Freitas.

88

O SINSERJ tem sido salvaguarda na defesa da integridade moral da secretária. Em

duas ocasiões, ingressou no Ministério Público com processo contra órgãos da imprensa

escrita, por ter veiculado em suas edições, matérias ofensivas à imagem do profissional. E foi

bem sucedido.

Participa dos processos de negociação coletiva de empresas públicas e privadas,

levando para o debate as cláusulas sociais e econômicas, bem como as sadias questões que

dizem respeito à valorização profissional.

No âmbito do governo do Estado, esteve presente nas discussões do reajuste dos pisos

estaduais e conseguiu que, na lei promulgada em 08 de março de 2013, o profissional de

secretariado integrasse o rol das categorias estaduais, com os seus respectivos pisos

referendados.

A visão modernista das atividades sindicais é nossa meta. O sistema sindical está preso

a antigas práticas que emperram o desenvolvimento de forma sustentável e autêntica, de

acordo com os primados da ética e da moral.

3.3.2 O SISDF – Sindicato das Secretárias e Secretários do Distrito Federal 7

De acordo com Nogueira (2013), o que sindicato tem a mais, além do já exigido na

legislação, são as Convenções Coletivas de Trabalho assinadas com a Fecomercio,

Sindicondomínio, Secovi e o Sescon (cuja abrangência são as Empresas e Escritórios de

Serviços Contábeis, de Advogados, de Assessoria e uma série de outros segmentos), que

exigem, desde 2006, o Registro Profissional.

Isso obriga os empregadores a só contratarem profissionais devidamente habilitados,

de acordo com a lei de regulamentação, e implica que, como o sindicato não tem a

prerrogativa de fiscalizar o exercício da profissão, posto que esta é do conselho, quando

alguma empresa não cumpre o que está acordado nas Convenções Coletivas (CCTs) esta

entidade faz denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) por descumprimento de

cláusula convencional.

Como exemplo, transcrevemos abaixo a cláusula da CCT assinada, já este ano, com o

segmento da Terceirização (Seac/DF) e informamos que a íntegra desta e das últimas CCTs,

assinadas com as entidades patronais citadas acima, podem ser visualizadas na página desta

entidade: <www.sisdf.com.br> em Convenções Coletivas Trabalhistas.

7 Informações, gentilmente, fornecidas pela presidente do SISDF, Srª Maria Normélia Alves Nogueira

89

Nogueira (2013) apresenta as cláusulas sobre a obrigação do registro profissional do

Secretário para atuar nas empresas de Brasília:

CLÁUSULA DÉCIMA NONA - REGISTRO PROFISSIONAL

As empresas ficam, terminantemente, proibidas de contratar para as

funções de Técnico em Secretariado e/ou Secretário Executivo, profissionais sem o Registro Profissional, obtido nas SRTEs/MTE, exigido

pela legislação vigente.

Parágrafo Primeiro – Os trabalhadores já contratados como Secretários Técnicos, embora sem o registro profissional, que estejam,

comprovadamente, matriculados em algum curso profissionalizante de

Técnico em Secretariado, até 31/12/2012, terão o prazo de seis meses, a partir de 1º de janeiro de 2013, para apresentar o Registro Profissional.

Parágrafo Segundo – Os trabalhadores já contratados, como Secretários

Executivos, embora sem o registro profissional, que estejam,

comprovadamente, matriculados em algum curso tecnólogo e/ou de

graduação em secretariado executivo, até 31/12/2012, deverão

apresentar semestralmente a declaração de escolaridade da Instituição de

Ensino (grifo do autor).

A cláusula acima exposta faz parte de uma conquista do sindicato em prol das

Secretárias e Secretários do Distrito Federal apenas.

3.3.3 O SINSEPAR – Sindicato Das Secretárias Do Paraná

Conforme Maina (2013), a atuação do SINSEPAR luta pela valorização do

profissional de Secretariado desde a formação profissional e nas normas coletivas de trabalho

junto aos sindicatos patronais que representam diversos setores.

De acordo com a atual presidente do SINSEPAR, Srtª. Neuralice Cesar Maina, desde a

sua fundação em 1987, por Denize Carneiro de Campos, este sindicato vem atuando na defesa

individual e coletiva dos profissionais e estudantes de Secretariado, participando de atividades

sociais e sindicais e de atividades educacionais nos estabelecimentos de ensino, como reunião

com professores, coordenadores, palestras aos estudantes e entrevistas para os cursos EAD,

socializando as informações sobre carreira e mercado de trabalho, legislação profissional,

legislação trabalhista, legislações que protegem trabalhadores contra discriminações e

violências no mercado de trabalho e na sociedade, registro profissional, conselho de classe,

empreendedorismo, sindicalismo, políticas de gênero, globalização profissional etc.

Participou da construção inicial do Projeto de Criação do Conselho Federal de

Secretariado, bem como da mobilização nacional pelo conselho, no Congresso e no Senado

90

Federal, onde contou com o apoio de parlamentares do Paraná, tanto em Brasília, como na

Assembleia Legislativa com uma moção de apoio.

O SINSEPAR desde a sua criação vem atuando na defesa da categoria profissional de

Secretariado nas negociações coletivas de trabalho e atualizando anualmente os Acordos e

Convenções, os quais estão disponíveis no sistema mediador do Ministério do Trabalho:

<www.mte.gov.br> (FIEP - FECOMÉRCIO - SINAPRO - SINAEES - COPEL - SANEPAR

E SESCAP), onde, além do piso salarial e conquistas econômicas, temos algumas cláusulas

sobre a legislação profissional e estágios.

No blog, no site e no Facebook, para disponibilizar informações que possam chegar ao

maior número de secretários no Estado e no país, o sindicato divulga suas atividades e

eventos, bem como promove campanhas de sindicalização, abaixo-assinados, como a Petição

Pública, que será posteriormente encaminhado ao Ministro do Trabalho e Emprego, Dr.

Maoel Dias, solicitando apoio na liberação do Conselho de Classe

(http://www.peticaopublica.com.br/?pi=CFS2013).

Também, como para melhor comunicação com os membros da classe, disponibiliza os

seguintes endereços online: www.jornaldassecretarias.blogspot.com, www.sinsepar.com.br,

www.facebook.com/neuralicemaina) e www.fsindical.org.br.

O SINSEPAR mantém parcerias com demais sindicatos da área de secretariado, a

exemplo do SINSESP, que pela sua Presidente ISABEL CRISTINA BAPTISTA, na troca de

informações sobre negociações coletivas e em parcerias em eventos, ministra palestras e

entrevistas no Paraná.

O SINSEPAR firmou parceria com o SINSESP na realização do Congresso

Internacional de Secretariado, que será realizado dias 21 a 24 de novembro de 2013, em

Campos do Jordão - ver programa em www.coins.sinsesp.com.br e com o SESC TURISMO,

para que o Paraná tenha uma maior delegação para o COINS.

No sindicalismo, o SINSEPAR está filiado na Central Força Sindical (mais de 1.700

entidades sindicais) e participa ativamente das atividades Estaduais e Nacionais (Congresso

Estadual da Força Sindical do Paraná será realizado dia 19 de junho de 2013, na Associação

Banestado no Litoral do Paraná, com os temas: I) A Agenda Programática da Central para os

próximos quatro anos; II) Propostas Políticas de incentivo ao crescimento da economia e ao

desenvolvimento do país; III) A reforma da legislação trabalhista e da organização sindical;

IV) A política internacional da Força Sindical; V) As iniciativas orientadas ao fortalecimento

da Força Sindical; VI) Proposta de novo estatuto da Força Sindical; VII) As diretrizes

políticas e organizacionais específicas da Força PR; VIII) Eleição e posse da diretoria

91

estadual, conselho fiscais e respectivos suplentes da Força PR; IX) Eleger os Delegados do

PR ao 7º Congresso da Força Sindical Nacional. Inscrições até 11/06/2013 no site:

www.fsindical.com.br/congresso.

Ainda no primeiro semestre de 2013, o SINSEPAR realizará um encontro de

Coordenadores, Docentes, Estudantes e Profissionais de Secretariado junto com as Secretarias

de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia e Administração, para uma avaliação conjunta

dos cursos técnicos, e superiores: tecnologia e bacharelado, no Paraná.

Muito já se fez, mas muito ainda tem que ser feito para o alcance dos objetivos

propostos pelo SINSEPAR, e somente com a maior conscientização, participação,

sindicalização e integração profissional da classe junto às instituições e unidade nas ações, a

curto prazo, pode-se obter algum avanço, e o mais importante no momento será a provação do

PL que cria o Conselho Federal e Regionais de Secretariado.

Assim, caminha-se em busca de uma maior valorização profissional e de conquistas

para a nossa nobre profissão de Secretariado, superando dificuldades e desejando que os

desafios se transformem em oportunidades de crescimento, comprometimento, valorização,

inovação, unidade e grandes realizações, e que tudo isso nos motive sempre a seguir em

frente.

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS DIRETRIZES NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS

Verificando o conjunto de diretrizes normativas que balizam a atuação do Secretário,

observamos que estas não estão imunes às influencias sociais e políticas.

Tendo como referência o histórico das lutas pela regulamentação da profissão do

secretário, pelo Conselho Federal de Secretariado e pelos Conselhos Regionais da classe

secretarial, observamos a necessidade de um processo permanente de avaliação e de crítica

tanto aos dispositivos normativos (que com o passar dos anos e com as inovações

tecnológicas, precisam de uma revisão e atualização) quanto às práticas secretariais nas

instituições, nas representações sindicais e corporativas, no parlamento.

Percebemos que as instituições representativas não têm medido esforços para a

aprovação dos conselhos fiscalizadores que efetivamente atuem e garantam o espaço de

atuação do secretário, conforme rege a Lei 7.377, de 30 de setembro de 1985.

92

Ademais, há um “dever ser” democrático e moral que serve de referência para um

projeto profissional e de universidade a ser construído, que passa por um diapasão discursivo

que abordaremos no último capítulo deste estudo, o capítulo 4.

93

CAPÍTULO 4

PROPOSTA DISCURSIVA DA GESTÃO DE SECRETARIA

Verificando que a atuação do Secretário nas Instituições públicas, como, por exemplo,

numa Universidade, é mais do que nunca, marcada pela confiança e pela ética,

compromissada com a fidedignidade das informações, retidão nas atitudes e qualidade

solidária nos relacionamentos, percebemos que há uma perspectiva ética que se identifica com

as exigências da atuação desse profissional, a Ética do Discurso de Habermas, apresentada a

seguir.

4.1 A ÉTICA DO DISCURSO DE HABERMAS

Os alicerces da Ética do Discurso são apresentados por Habermas em sua obra

Consciência Moral e Agir Comunicativo, no capítulo que o autor intitula de “Notas

Programáticas para a Fundamentação de Uma Ética do Discurso”.

A Ética do discurso significa a ética do apresentar razões, o que presume um ambiente

crítico, ou seja, termos razões para questionar. Quando se tem uma atitude que não é tida

como normal, a reação do outro é perguntar: por quê? Ou seja, é questionar. No momento em

que se questiona, está se promovendo uma situação de discurso, e a pessoa que apresentar

suas razões ou argumentos do por que disse ou fez, está realizando o diálogo que leva, para

Habermas, ao discurso.

O discurso pressupõe a participação simétrica dos concernidos competentes na comunicação isenta de qualquer coação. Participante competente na

comunicação é aquele com a capacidade de distinguir confiadamente entre

ser e aparência, essência e fenômeno, ser e dever-ser (DUTRA, 2002, p.

165).

Em sua proposta de discurso, Habermas, segundo Hansen (2010, p. 34), “adota uma

estratégia de fundamentação da mesma mediante a construção de argumentos que conduzam

uns possíveis oponentes, céticos participantes do discurso, à atitude de não poder negar o que

é afirmado sob pena de cair em contradição performativa.”8

8 Contradição performativa, segundo Hansen éaquela que surge quando alguém afirma algo (conteúdo), mas o

ato do seu proferimento contradiz o conteúdo que ele afirmou. Ex.: quando alguém fala, por exemplo, a frase

“eu sou mudo”, o ato (falar) contradiz o conteúdo afirmado (“eu sou mudo”).

94

Ou seja, como se fosse um jogo de xadrez9, Habermas procura conduzir seu “oponente

argumentativo” à situação de não ter saída, o que o obriga a concordar incondicionalmente

com os argumentos e conclusões a que chega o debate.

Habermas considera a Ética do Discurso inicialmente desenvolvida por Karl

Otto Apel como a abordagem mais promissora na atualidade. Assim, buscará

apresentar sua proposta em consonância ao programa de fundamentação apeliano, aperfeiçoando-o, sem perder o referencial kantiano contido na obra

de seu colega frankfurtiano (SILVA, 2005, p. 36).

O itinerário habermasiano, nesse prisma, passa pelo enfrentamento de possíveis

objeções formuladas pelo cético na tentativa que este faz de inviabilizar qualquer ética em

bases racionais.

A primeira objeção apresentada pelo cético é a de que a ética não pode ser tematizada

a partir da razão, e diz que “a razão é calculadora. Ela pode avaliar verdade de fato e relações

matemáticas e nada mais. No âmbito da prática, só pode falar de meios. Sobre os fins ela tem

que calar”, e ainda argumenta que, desde Kant, isto é contestado pelas éticas cognitivas, e que

as questões práticas são “passíveis de verdade” (HABERMAS, 2003, p. 62).

Para essa objeção cética, Habermas contrapõe, introduzindo a fenomenologia moral de

Strawson, dizendo que quando alguém nos ofende e não repara a ofensa, ficamos ressentidos,

com a sensação de mágoa, de dor, de decepção, de impotências, e até de vingança. Porém, não

é um mero ressentimento de caráter psicológico, mas também passa a ter um caráter moral,

pois o agredido se sente ofendido se sente injuriado enquanto ser humano, que possui um

espaço social, no qual se vê atingido na sua dignidade e respeito público.

De acordo com Habermas (2003, p. 64), “Strawson parte da reação emotiva que por

causa de seu caráter insistente, é adequada pra demonstrar até para o mais empedernido dos

homens, por assim dizer o teor de realidade das experiências morais; ele parte, a saber, da

indignação com que reagimos às injúrias.”

Uma pessoa em face à injúria sente-se agredida, e esta se pereniza num ressentimento

que, caso não haja de alguma maneira a reparação da ofensa recebida, fica escondido,

internalizado em seu ser.

Nós, seres humanos, temos expectativas na relação com os outros e tais expectativas

vão depender do tipo de relação mantida.

9 O objetivo do jogo de xadrez é mover as peças no sentido de capturar a peça central do jogo, qual seja, o rei.

Para isso, cada jogador move as peças para se proteger do ataque do outro e também para atacar as peças do

adversário, cercando-as de sorte a inviabilizar o movimento destas e, uma vez isso conseguido, capturá-las e

eliminá-las, tornando mais fácil a empreitada de captura do rei adversário.

95

Caso uma ofensa recebida pelo agredido sofra uma reparação do agressor (ex. pedido

de desculpas), este mesmo que ainda esteja magoado, o ressentimento moral tende a ser

suprimido.

Hansen (2010, p. 54) observa que:

Outro elemento que pode eventualmente gerar o efeito da superação do ressentimento moral é a constatação, por parte do agredido, de que o

agressor protagonizou a ofensa sem estar de posse das plenas condições

mentais ou de domínio da razão, por possuir debilidade mental ou estar em estados psicológicos de descontrole extremo (embriaguez, drogas, psicose,

surto, alucinações medicamentosas etc.). Deste modo, a ofensa não teve

motivação ligada ao desrespeito específico ao agredido, mas surgiu como

produto do destempero e do descontrole irascível de quem ataca a qualquer um que esteja próximo naquele momento.

Diante desse contexto, Habemas (2003) apresenta quatro observações feitas por

Strawson:

1) Para as ações que insultarem a integridade do outro, e quem o fez, se desculpar. Tão

logo suas desculpas sejam aceitas, o ofendido não se sentirá mais tão injuriado ou

diminuído.

2) Os diferentes sentimentos morais estão entrelaçados uns aos outros em relações

internas, só os sentimentos pessoais do ofendido é que podem ser compensados por

um pedido de desculpas daquele que ofendeu, bem como somente quem foi

ofendido é que pode aceitar as desculpas e perdoar a injustiça que sofreu;

3) Somente a pessoa que feriu a integridade do outro deverá receber a indignação e o

ressentimento de quem magoou. Todavia, essa indignação não deve seu caráter

moral à circunstância de que a interação entre duas pessoas particulares tenha sido

perturbada, mas antes à infração de uma expectativa normativa que tenha validez

para todos os membros do grupo social.

[...] se nas relações afetivas, em situações determinadas contra pessoas

particulares, não estivesse associadas a essa forma impessoal de indignação, dirigida contra a violação de expectativas de comportamento generalizadas

ou normas, elas seriam destituídas de caráter moral. É só pretensão a uma

validez universal que vem conferir a um interesse, a uma vontade ou uma norma a dignidade de uma autoridade moral (STRAWSON apud

HABERMAS, 2003, p. 68).

4) Há notória conexão interna entre a autoridade de normas e mandamentos vigentes, o

dever em que os destinatários das normas se encontram de fazer o que é deliberado

96

e deixar fazer o que é proibido, e, por outro lado, aquela pretensão impessoal com

que apresentam as normas de ação e mandamentos. A saber, mostrar que são

legítimos. A indignação e a censura contra a violação das normas só podem se

apoiar, em uma última análise, num conteúdo de raciocínio pessoal. Quem faz tal

censura quer dizer que o culpado pode eventualmente se justificar – por exemplo,

recusando como injustificada a expectativa normativa à qual apela a pessoa tomada

de indignação. “Dever fazer algo” significa “ter razões para fazer algo”. “O que

devemos fazer?” aponta à questão técnica da produção social quanto à adequação

dos meios aos fins, de efeitos desejáveis.

Nesta última observaçãstao, Habermas (2003, p. 69) diz que:

Strawson reúne suas diferentes observações, insiste na ideia de que só podermos evitar que o sentido das justificações moral-práticas das maneiras

de agir nos escape, se não perdermos de vista a rede de sentimentos morais

tecida na prática comunicativa quotidiana e se localizarmos corretamente a questão: „O que devo fazer? O que devemos fazer?

Assim, de acordo com Habermas (2003, p. 70), a fenomenologia dos fatos morais

propo por Strawson chega aos seguintes resultados:

a) que o mundo dos fenômenos morais só é descoberto a partir da atitude

performativa dos participantes em interações;

b) que as reações e ressentimentos afetivos em geral remetem a critérios

suprapessoais para a avaliação de normas, ou seja, pessoas têm expectativas de

conduta com relação a outras e, quando frustradas, geram ressentimento, raiva,

desejo de vingança.

c) que a justificação prático-moral de um modo de agir ocorre via aspecto diferente da

avaliação afetivamente neutra de relações meio-fim, mesmo que esta possa ser

derivada de pontos de vista de bem-estar social.

Quando nossa relação é de primeira e segunda pessoas (Eu-Tu), a

expectativa é moral; quando a relação é de terceira pessoa (Eu-Ele ou Eu-

Isso), nossa atitude é objetivante; a ciência tem essa última atitude, pois trata as cobaias como objetos, assimétricos, portanto, e não como simétricos. As

empresas também, pois o que interessa é o lucro, e você como pessoa é

apenas um isso, um meio para chegar lá (SILVA, 2005, p. 38).

97

Mais uma vez Habermas consegue provar ao cético que, nas expectativas recíprocas

de convivência ligadas a um tipo de relacionamento, existem elementos morais. Logo, o

cético não pode alegar que ética e moral são devaneios.

O cético afirmará que pode existir ética e moral, mas cada um tem a sua, o que é

subjetivismo ético; também pode alegar que existem valores morais verdadeiros e eternos,

aqueles dados por Deus, ou pelos genes, o que é objetivismo ético.

Contrapondo o cético, Habermas (2003) argumenta o seguinte:

a) contra o subjetivismo, argumentará que se as pessoas têm expectativas morais

mútuas somente é porque existem valores partilhados e fundados

intersubjetivamente. Então, quando cada um tem seus valores e sua ética, cai-se

num relativismo, o que significa que não tem ética alguma. Postura essa que não

pode ser defendida, visto que é equivocada, posto que não tem sentido alguém

fundar valores que só valem para si e para mais ninguém;

b) contra o objetivismo, argumentará que só se pode falar em moral ou ética porque

existe a possibilidade de escolha de valores (ética) ou normas (moral). Sem isto,

sequer poderemos falar de ética e moral. Assim, defender valores colocados na

natureza ou revelados por entidade externa à razão humana significa inviabilizar a

própria discussão sobre a ética. E, como já observamos que existem os conflitos e

expectativas mútuos no campo da ética, conclui-se que a postura objetiva está

equivocada.

Hansen (2010, p. 46) comenta que a refutação das posturas objetivistas e subjetivistas

à universalização é capaz de dar validade e objetividade (aceitação por todos) aos valores e

normas.

Na procura de um princípio-ponte para garantir a universalização de normas,

Habermas toma por referência os preceitos do Imperativo Categórico de Kant.

A interpretação de Habermas ao Imperativo categórico de Kant é: “um principio que

exige a possibilidade de universalizar as maneiras de agir e as máximas, ou antes, os

interesses que elas levam em conta (por conseguinte, tomam corpo nas normas da ação)

(HABERMAS, 2003, p. 84).

Contudo, Habermas observa que o Imperativo Categórico de Kant possui dificuldade

para ser considerado princípio-ponte e apresenta dois motivos básicos, que, de acordo com

Hansen (2000, p. 17):

98

[...] a) pelo fato de gerar mal entendidos ao propor o critério de

universalização das máximas como garantia para a comprovação da

legitimidade destas no sentido de serem tidas como leis morais. O que no entender de não é condição suficiente, para garantir o caráter moral de uma

máxima; b) por apresentar uma perspectiva monológica quanto à sua

aplicação: eu posso, em qualquer local onde esteja, aplicar o Imperativo

Categórico sobre quaisquer máximas e chegar sozinho à conclusão acerca da validade das mesmas como leis morais ou não, sem que os concernidos pelas

normas tenham que estar presentes ou opinar sobre a legitimidade das

mesmas. Isso pode nos conduzir à absolutização do nosso ponto de vista moral e levar-nos a cometer uma falácia etnocêntrica.

Mediante as dificuldades acima colocadas, Habermas vê a necessidade da

reformulação do Imperativo Categórico, concordando com McCarthy quando comenta que “a

ética discursiva pode ser compreendida como uma reconstrução da ética Kantiana”

(BORGES; DALL‟AGNOL; DUTRA, 2002, p. 101).

A tese de McCarthy é deduzida do texto “Trabalho e Interação”, no qual Habermas

afirma:

Kant pressupõe o caso o limite de uma sintonização preestabelecida dos

sujeitos agentes [...] As leis morais são absolutamente universais no sentido de que, ao valerem para mim como gerais, eo ipso, é preciso pensá-las como

válidas para todos os seres racionais. Por conseguinte, sob tais leis, a

interação dissolve-se em ações de sujeitos solitários e autossuficientes, cada

um dos quais deve agir como se fora a única consciência existente e, no entanto, ter, ao mesmo tempo, a certeza de que todas as suas ações sujeitas a

leis morais concordam, necessariamente e de antemão, com todas as ações

morais de todos os outros sujeitos possíveis (HABERMAS apud BORGES; DALL‟AGNOL; DUTRA, 2002, p. 102).

Para Freitag (1992, p. 245), a ética discursiva de Habermas é uma teoria moral

cognitivista que procura dar continuidade ao princípio moral enunciado por Kant.

Habermas dirá que podemos e devemos fundamentar as normas morais através de

discursos práticos.

Neste contexto é que Habermas apresenta em sua obra Consciência Moral e agir

comunicativo os pressupostos que “se apresentam como condições e possibilidades para atos

de fala livres de coação e, por conseguinte, potencialmente realizados das expectativas

coletivas manifestas pelos participantes de situações reais de fala.” (HANSEN, 2010, p. 49).

Nas situações reais de fala, porém, temos uma situação ideal como uma espécie de

pano de fundo, situação essa racional. São os pressupostos racionais presentes em cada

discurso que Habermas (2003, p. 110-112) desenvolverá, com base no seu discípulo, Robert

Alexy;

99

[...] tais são de caráter lógico-semântico, procedural ou processual.

Esses pressupostos lógico-semânticos (1), procedurais (2) e

processuais (3) podem ser assim exemplificados: (1.1) A nenhum falante é lícito contradizer-se;

(1.2) Todo o falante que aplicar um predicado F a um objeto A tem que estar disposto a aplicar F a qualquer outro objeto que se assemelhe a A sob todos

os aspectos relevantes.

(1.3) Não é lícito aos diferentes falantes usar a mesma expressão em sentidos diferentes [...]

(2.1) A todo o falante só é lícito afirmar aquilo em que ele próprio acredita.

(2.2) Quem atacar um enunciado ou norma que não for objeto da discussão tem que indicar uma razão para isso [...]

(3.1) É lícito a todo o sujeito capaz de falar e agir participar de Discursos.

(3.2) a. É lícito a qualquer um problematizar qualquer asserção.

b. É lícito a qualquer um introduzir qualquer asserção no Discurso. c. É lícito a qualquer um manifestar suas atitudes, desejos e necessidades.

(3.3) Não é lícito impedir falante algum, por uma coerção exercida dentro ou

fora do Discurso, de valer-se de seus direitos estabelecidos em (3.1) e (3.2).

Segundo Freitag (1992, p. 244), o modelo de Alexy apresenta três regras discursivas

básicas a serem observadas:

1) Todo e qualquer sujeito capaz de agir e falar pode participar de discursos. Esta

primeira regra fixa os critérios de inclusão dos participantes, reais ou potenciais, de

um discurso.

2) Todo e qualquer participante de um discurso pode problematizar qualquer

afirmação, introduzir novas afirmações no discurso, exprimir suas necessidades,

desejos e convicções. Aqui percebemos que esta regra assegura a todos os

participantes direitos e oportunidades iguais para dar sua contribuição na base da

argumentação.

3) Nenhum interlocutor pode ser impedido, por forças internas ou externas ao

discurso, de fazer uso pleno de seus direitos assegurados nas regras 1 e 2. Esta

última esclarece as condições das relações, livre de violência ou coação.

Essas regras aqui apresentadas correspondem às condições para o que Habermas

denomina como a situação ideal de fala.

Conforme Hansen (apud SILVA, 2005, p. 41):

[...] a partir desses pressupostos, e ainda da incorporação reconstrutiva do

Princípio de Universalização (U) proposto por Karl O. Apel, com o

acréscimo que faz do Princípio do Discurso (D), Habermas conclui que é fundamental que qualquer regra por estabelecer precise ser discutida entre

100

todos os concernidos por ela, ou seja, a totalidade daqueles que forem

possivelmente afetados devem participar desse processo de definição de

normas sociais. Essa é uma condição, além das já mencionadas na citação de Habermas acima, que devem ser respeitadas quando da definição do que

sejam condições quantitativa e qualitativamente satisfatórias de vida

individual e coletiva no ambiente onde estão situadas (espaço-tempo).

Com esses argumentos, Habermas alinhava seu projeto de ética discursiva, projeto que

nos parece consistente e que a profissão Secretário em suas atividades profissionais se

identifica.

4.2 A GESTÃO SECRETARIAL NA PERSPECTIVA DA ÉTICA DO DISCURSO

Dentre os requisitos que se mostram imprescindíveis a um secretário na atualidade,

estão elementos como discrição e sigilo, capacidade de relacionamento multicultural e de

respeito aos seus interlocutores, domínio de informações e gerenciamento a partir de critérios,

habilidade na solução de problemas, na administração de vaidades e no gerenciamento de

conflitos.

Para atender essas exigências, o profissional de secretariado não pode mais tomar

como referência absoluta os parâmetros pretéritos de conduta moral e os valores exclusivos de

seu grupo social. A globalização e a diversificação cultural, religiosa, étnica e valorativa hoje

presentes implicam a necessidade de novos paradigmas éticos. É nesse contexto que se insere

a Ética do Discurso.

Entre as exigências ao Secretário, para uma boa atuação profissional, acreditamos que

seja importante destacar a gestão do relacionamento, a gestão do conhecimento, a gestão com

conflitos, tendo em vista que este profissional, em seu ambiente profissional, está em

constante contado com pessoas.

Se o secretário atua diariamente com pessoas e se relaciona com todos, é

certo que, além de detentor de informações importantes e sigilosas é uma pessoa que vive em contato verbal constante com os membros que atuam na

instituição. Assim, necessita de uma grande capacidade de entender a

diversidade cultural que há entre seus interlocutores, pois cada um vem de um ambiente diferente, uma educação diferente e vivem situações pessoais e

profissionais do cotidiano diferentes e, principalmente, são pessoas humanas

(HANSEN; SILVA, 2009, p. 81).

101

Entender a diversidade cultural não é tarefa fácil, pois cada um tem uma história de

vida, um modo de ver o mundo, foi educado de maneira diferente, portanto, o secretário é um

profissional preparado para esta realidade.

No papel de gestor secretarial e trabalhando com um grupo de colaboradores, sua

atuação dentro dos parâmetros éticos discursivos, servirá de exemplo na construção de um

ambiente agradável, onde as pessoas passam a se respeitar, e, a partir daí, constrói uma

imagem de credibilidade e respeito. Isso refletirá positivamente na instituição com certeza.

A ação do secretário a partir da ética discursiva na prática pode conquistar harmonia e

comprometimento de todos os concernidos, principalmente se tratar seus parceiros com

simetria (atitude onde a relação é eu-tu e não eu-isso), ou seja, tratar o outro como pessoa

humana e não como um mero objeto que pode ser usado e descartado. Numa relação de

respeito ao outro, é possível criar um ambiente em que todos colaborem com todos.

Ao aplicar as regras básicas discursivas propostas por Alexy, dos quais já comentamos

anteriormente, o secretário poderá fazê-lo proporcionando aos seus colaboradores e parceiros

de trabalho o direito de participar nas reuniões, ou mesmo nas conversas informais que

tenham objetivos institucionais, com sugestões e argumentos para buscar a melhor solução

para o assunto colocado em discussão, sem contradição, sem atribuir predicados diferentes

para o que está em discussão, com sinceridade, argumentando sobre a opinião dada, sem

coação. Nesse sentido, estará incluindo-os na situação real de fala, do discurso que neste

espaço de comunicação se formou.

Quando as pessoas se sentem incluídas no processo da conversa, se sentem livres para

expor suas sugestões e argumentos, contribuindo com o que se está discutindo e procurando

soluções. Sendo tratado com simetria e respeito, elas se sentem parte do processo. Neste

contexto é que acontece o real direito de participação no discurso.

Uma vez os concernidos participantes do discurso se sentem parte do processo, estarão

assim comprometidos com a solução dada, a decisão tomada e, comprometidos, realizarão

suas tarefas dentro do que foi combinado por todos, ou seja, do consenso a que chegaram e,

também, não terão constrangimento ao lembrar ou ser lembrado quando, por ventura, estejam

se desviando daquilo que foi estabelecido por todos os concernidos.

De acordo com Hansen e Silva (2009, p. 82): “Quando todos participam do diálogo

buscando soluções e resultados na gestão secretarial, sentem-se envolvidos no processo, são

parte dele, o que certamente pode proporcionar um comprometimento maior com o trabalho

em seu ambiente, consenso, comprometimento e cobrança mútua.”

102

Ao agir de forma comunicativa, adotando parâmetros éticos, não só na secretaria sob

sua responsabilidade, mas também nas relações interinstitucionais, além de exemplo

(confuso), pode semear a proposta de estabelecimento de normas e procedimentos em

parcerias e, a partir daí, que estes sejam cumpridos e cobrados, por todos os concernidos, sem

medos ou sentimentos de ofensa.

O secretário do século XXI deve se preocupar com seu perfil técnico, atualizando-se

sempre, fazendo cursos para dominar conhecimentos sobre as novas tecnologias e as novas

estratégias de gestão. Porém, jamais deixar de primar pela postura ética profissional e pessoal.

Sempre que se deparar com uma situação de conflito, tomadas de decisão que reflitam

no ambiente de trabalho, deve procurar a melhor solução junto aos demais concernidos,

buscando o consenso, através do diálogo, em que todos se sintam no direito de argumentar

sobre o assunto e, com isso, chegar a um resultado que seja considerado pelos envolvidos o

melhor possível a todos.

103

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO

Assumimos nesta dissertação de mestrado destacar o Secretário Executivo e sua

atuação nas instituições universitárias a partir da perspectiva da Ética do Discurso em

Habermas.

Para cumprir o que nos propusemos, realizamos primeiramente um estudo sobre a

complexidade da instituição pública universitária, observando quais são as perspectivas

democráticas nela presentes. Pudemos perceber que tais perspectivas são a liberal e

republicana, explicitando as suas principais características e efeitos numa universidade.

Também analisamos os problemas mais destacados na relação Universidade-Sociedade e suas

implicações éticas. Além disso, observamos o modo pelo qual se dão as relações intra e extra

institucionais na gestão universitária.

A intenção, no primeiro capítulo, foi chamar a atenção sobre os aspectos éticos, morais

e estratégicos presentes nas relações e na gestão universitária. Neste cenário, o secretário tem

participação ativa no que acontece na Universidade, buscando apontar as influências externas

sofridas pela instituição frente à globalização e à tecnologia, que avançam num ritmo veloz.

No segundo capítulo, apresentamos o secretário enquanto profissional, sua história,

seu perfil, sua multifuncionalidade e, enquanto pessoa, sua autoimagem. Elucidamos suas

responsabilidades como gestor de conhecimento e gestor de relacionamentos, já apontando

para a ética proposta por Habermas, tendo em vista uma identificação da profissão secretário,

por estar em constante contato com as pessoas, com o agir comunicativo.

Já no terceiro capítulo desta dissertação, orientamos nossa reflexão movidos pela

hipótese de que os órgãos ligados à gestão institucional (sindicatos, associações de classe, e

até mesmo Universidades) promovem muitas discussões sobre a ética, a moral e os aspectos

jurídicos nas instituições. Todavia, os parâmetros propostos nos pareciam baseados em

modelos conservadores de gestão, em que predomina a visão centralizada, monocrática e

impregnada de características autoritárias, situando-se, via de regra, aquém das exigências

ético-morais-jurídicas atinentes a um Estado Democrático de Direito. Tornou-se muito

interessante realizar um estudo sobre o efetivo comprometimento destes órgãos na promoção

da reflexão sobre a dimensão ético-moral-jurídica, com adoção de parâmetros normativos que

sejam construídos e vivenciados em respeito aos pressupostos de um Estado Democrático de

Direito e de forma participativa.

Assim, no terceiro capítulo, procuramos mostrar as diretrizes normativas e

institucionais, apresentando um breve histórico da luta pela regulamentação da profissão do

104

secretário, discorrendo sobre as leis e o código de ética que regem a atuação e a conduta do

secretário, comentando alguns destes documentos por nós considerados importantes para o

seu entendimento. Além disso, apresentamos o histórico da luta pela criação do Conselho de

Federal e Conselhos Regionais da classe secretarial, além de evidenciar o que a Federação

Nacional das Secretárias e Secretários – FENASSEC e os Sindicatos Estaduais não têm

medido esforços, para garantir os direitos dos secretários e fazer cumprir o que foi

estabelecido na Lei 7.377, de 30 de setembro de 1985, e no Código de Ética da Profissão do

Secretário, publicado no Diário Oficial da União de 7 de julho de 1989.

Com referência ao acima exposto, há necessidade, até em função dos avanços

tecnológicos e a velocidade das informações que chegam devido à globalização, de um

permanente processo de avaliação e crítica das competências do secretário e suas práticas nas

instituições, tanto nos dispositivos normativos quanto nas representações sindicais e

corporativas, no parlamento.

Finalmente, apresentamos a Ética do Discurso em Habermas, onde expusemos os

principais elementos contidos na proposta desse filósofo, que alinhava seu projeto de ética

discursiva, projeto que nos parece o mais consistente com uma nova perspectiva ético-moral-

jurídica para o profissional em secretariado, e como este pode contribuir para melhorá-la

através do estabelecimento de diretrizes e sua implantação nas instituições. Nesse sentido,

apontamos situações práticas em que a ética do discurso pode ser aplicada, o que certamente

servirá de exemplo, estabelecendo uma nova forma de agir intersubjetivamente, com

comprometimento moral junto a todos os concernidos e à instituição.

105

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a história, a evolução e as competências do Secretariado no 3º milênio. Rio de Janeiro,

Brasport: 2004.

SANTANA, Ana Lucia. Autocrítica. Disponível em:

<http://www.infoescola.com/psicologia/autocritica/> Acesso em: 20 jun. 2013.

SILVA, Flavia Martins André. Poderes basilares da administração pública: artigo 37 da

Constituição Federal. 2006. Disponível em:

<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2636/Poderes-basilares-da-Administracao-

Publica-Artigo-37-da-Constituicao-Federal>. Acesso em: 15 fev. 2013.

SILVA, Rosely Dias. Ética do discurso em Habermas: uma perspectiva contemporânea.

2005. 39 f.Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Filosofia Moderna e

Contemporânea: aspectos éticos) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2005.

______. Reestruturação das atividades da secretaria executiva da editora da UEL. 1999.

66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Secretariado Executivo) - Centro de

Estudos Sociais Aplicados, Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 1999.

SILVA, Édison Gonzague Brito. Ética profissional. Alegrete: Instituto Federal Farroupilha,

2012.

ZINN, Luciane Müller Freitas. Secretário como gestor de pessoas. Disponível em:

<http://www.gestaoplanob.com.br/?p=147>. Acesso em: 10 maio 2013.

109

ANEXOS

110

Anexo A

Portaria Nº 3.103, de 29.04.87 - DOU de 30.04.87

Secretárias - Enquadramento Sindical

O Ministro de Estado do Trabalho, no uso das atribuições legais que lhe confere o artigo 570

da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº. 5.452, de 1º de maio de

1945, tendo em vista o que consta do Processo nº. 24.130.001361/85;

Considerando as condições singulares de vida das secretárias, no exercício de suas

atividades profissionais, fato que as diferencia das demais atividades;

Considerando o disposto na Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985, que criou o estatuto

profissional dos integrantes da categoria em questão,

Resolve:

Criar no 2º grupo - Empregados de Agentes Autônomos do Comércio - do plano da

Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio - a categoria profissional

diferenciada "SECRETÁRIAS".

Esta portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Almir Pazzianotto Pinto

111

ANEXO B

Artigo 1º do Estatuto Social da Fenassec - Federação Nacional dos Secretários e

Secretárias , registrado em Cartório sobe o nº 00105856

A FEDERAÇÃO NACIONAL DAS SECRETÁRIAS E SECRETÁRIOS, legalmente

reconhecida na forma da legislação vigente pelo Ministério do Trabalho em 07 de março de

l.990, com sede, foro e domicílio no Distrito Federal em Brasília, no SCS Quadra 1, Edifício

Ceará, sala 407 – CEP 70303-900, entidade sindical de segundo grau, de direito privado, sem

fins lucrativos, constituída por tempo e prazo indeterminados, com base territorial em todo o

território nacional, é constituída para fins de estudo, coordenação, proteção, defesa e

orientação geral e legal da categoria profissional de secretariado com formação em Técnico

em Secretariado, Tecnologia em Secretariado, Bacharel em Secretariado Executivo e todos os

profissionais que atuem em áreas de Secretariado, como Assessores, Assistentes, Auxiliares,

de todos os ramos e áreas de conhecimento dessa atividade no primeiro, segundo e terceiro

setores, conforme atribuições constantes nos artigos 4º e 5º da Lei 7.377/85, modificada pela

Lei 9.261/96, que regulamenta a Profissão de Secretariado, independente da denominação

anotada na ficha de registro e CTPS do empregado, bem como aquelas decorrentes de atos

publicados no órgão oficial, na forma do contido na legislação regulamentar, mais

especificamente na Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), das entidades com

representação na categoria profissional diferenciada de secretariado com formação em

Técnico em Secretariado, Tecnologia em Secretariado e Bacharel em Secretariado Executivo

e todos os profissionais que atuem em áreas de Secretariado, como Assessores, Assistentes,

Auxiliares, de todos os ramos e áreas de conhecimento dessa atividade no primeiro, segundo e

terceiro setores, conforme atribuições constantes nos artigos 4º e 5º da Lei 7.377/85,

modificada pela Lei 9.261/96, que regulamenta a Profissão de Secretariado, independente da

denominação anotada na ficha de registro e CTPS do empregado, bem como aquelas

decorrentes de atos publicados no órgão oficial, na forma do contido na legislação

regulamentar, mais especificamente na Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), sob sua

jurisdição no território nacional, integrada no 2º Grupo dos Trabalhadores Autônomos do

Comércio a que se refere o Artigo 577, da Consolidação das Leis do Trabalho, de

conformidade com a Portaria 3103/87 do Ministério do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei

nº 5.452/43, tendo como princípio básico a liberdade e a autonomia, preservando a unicidade

sindical, a solidariedade profissional e social e reger-se-á pelo presente Estatuto.

Artigo 2º - São prerrogativas da Federação:-

a) representar perante os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, no âmbito nacional, e

empresas dos setores públicos e privados, os interesses individuais ou coletivos dos

Sindicatos Filiados, e de igual forma os interesses da categoria nas localidades onde não

exista Sindicato representativo da Categoria Profissional diferenciada legalmente

reconhecido;

b) defender e ampliar com todos os meios ao seu alcance, os direitos e interesses da Categoria

Profissional reconhecida pela Portaria nº 3.103/87, do Ministério do Trabalho, perante as

autoridades constituídas;

c) defender os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria

profissional representada, inclusive como substituto processual;

d) impetrar mandado de segurança coletivo (Art. 5º, LXX da Constituição Federal), impetrar

mandado de injunção (Art. 5º, LXXI da Constituição Federal) e ajuizar ações coletivas ou

individuais (Art. 8º, III da Constituição Federal), em nome dos integrantes da categoria

112

profissional de secretariado com formação em Técnico em Secretariado, Tecnologia em

Secretariado e Bacharel em Secretariado Executivo;

e) celebrar convenções, acordos, contratos coletivos de trabalho ou instaurar dissídio em favor

dos profissionais inorganizados em Sindicato, assistir ou representar os Sindicatos federados,

nas ações de idêntica natureza, quando solicitada ou autorizada;

f) atuar junto ao Estado, como órgão técnico e consultivo, no estudo e solução dos problemas

que se relacionem com a Categoria Profissional diferenciada representada pela Federação;

g) atuar junto às autoridades competentes, administrativa, judiciária e legislativa, e empresas

do setor público e privado, no sentido do rápido andamento e da solução de tudo que direta ou

indiretamente diga respeito aos interesses da categoria;

h) eleger ou designar representantes da classe coordenada, para assuntos de interesse da

Federação e dos Sindicatos federados;

i) fazer cumprir as determinações do Código de Ética da profissão, fiscalizando a prática

exercida pelos profissionais, instituições, organizações e empresas diversas, zelando pela

observância dos princípios e diretrizes do Código, funcionando como órgão julgador;

j) assegurar o direito de greve, competindo à categoria decidir em assembléia específica para

esse fim, sobre a oportunidade de exercê-lo, e os interesses que devam por meio dele

defender;

k) criar Fundações ou firmar convênios com Fundações que se relacionem com assuntos de

interesse da categoria que representa.

l) fixar contribuições as entidades federadas.

m) impor contribuições a todos os trabalhadores integrantes da categoria profissional não

representados por entidades sindicais, através de acordos, convenções, contratos coletivos e

dissídios coletivos de trabalho.

n) Representar a categoria profissional a nível internacional, podendo firmar convênios de

cooperação técnica e intercâmbios culturais com entidades estrangeiras.

o) incentivar, promover e desenvolver ações e atividades de responsabilidade social nas áreas

de esporte, cultura e lazer.

Artigo 3º - São deveres da Federação:

a) criar serviços de consultoria técnica em assuntos jurídicos, econômicos, sociais,

educacionais e culturais para os Sindicatos federados;

b) manter serviço de assistência judiciária, atendendo, quando requerido, consultas ou

prestando essa assistência sempre que aconselhável e oportuno aos federados, quando

requerido ou diretamente aos profissionais da categoria, nas localidades onde não exista

Sindicato legalmente organizado;

c) promover a conciliação nas convenções, acordos ou dissídios coletivos de trabalho, de

interesse dos Sindicatos federados e dos profissionais inorganizados;

d) coordenar, orientar e/ou criar associações e/ou Sindicatos pertencentes à Categoria

Profissional diferenciada que representa;

e) zelar pela fiel observância das leis sociais vigentes e que dizem respeito à Categoria

Profissional;

f) defender os direitos da classe, nas questões em que fizerem parte os federados, quando

solicitada;

113

g) tomar iniciativa perante os poderes competentes, pleiteando a instituição de legislação

específica, de interesse da classe;

h) elaborar pareceres sobre projetos de qualquer natureza que se relacionem direta ou

indiretamente, com os interesses da categoria;

i) promover bienalmente o Congresso Nacional da categoria, organizado pelas entidades

federadas e quadrienalmente o Simpósio Internacional;

j) promover e organizar, eventos nacionais e/ou internacionais da categoria com a participação

dos federados;

k) apoiar, quando solicitado, os eventos estaduais e interestaduais dos federados;

l) colaborar com os órgãos competentes na criação e/ou melhoria dos cursos de formação,

qualificação, aperfeiçoamento, complementação, e extensão inerentes à profissão;

m) colaborar para a melhoria das condições de segurança e saúde dos integrantes da categoria

a nível nacional, nelas compreendidas as de ambiente de trabalho e dos serviços prestados à

classe, bem como outras que tenham reflexo em seu bem estar físico, mental e social;

n) colaborar com os órgãos da Previdência Social, nos assuntos que se relacionem direta ou

indiretamente com os interesses da categoria;

o) elaborar e coordenar a produção e circulação das publicações de divulgação da Federação;

p) enviar aos federados até o décimo quinto dia seguinte da respectiva aprovação, um quadro

demonstrativo de suas atividades, acompanhado de relatório, com a indicação do número de

associados e balanço anual demonstrando sua situação econômico-financeira;

q) enviar aos federados até o décimo dia útil do mês subsequente a posição financeira de

forma sucinta;

r) elaborar projetos de qualquer natureza que direta ou indiretamente se relacionem com os

interesses da categoria;

s) repassar aos sindicatos filiados que estejam quites com suas obrigações estatutárias, o

percentual de 20% (vinte por cento) do resultado financeiro final, distribuídos em valores

iguais dos eventos promovidos e organizados pela federação, no prazo de até 60 (sessenta)

dias após a realização do evento;

t) Após 30 (trinta) dias do recebimento das mensalidades de que trata o artigo 9º, letra "a",

desse Estatuto, a Federação poderá repassar às Vice-Presidências Regionais, em proporção de

igualdade, até 30% (trinta por cento) do montante efetivamente recebido; condicionado ainda

o repasse à comprovação de efetiva necessidade.

Artigo 4º - São condições para o funcionamento da Federação:-

a) observância rigorosa das leis e do princípio de moral e compreensão dos deveres cívicos;

b) abstenção de qualquer propaganda político-partidária, como também de candidatura a

cargos eletivos estranhos à Federação;

c) inexistência do exercício de cargo eletivo cumulativamente com o de emprego remunerado

pela Federação;

d) gratuidade no exercício de cargo eletivo, ressalvada a hipótese do afastamento do trabalho

para o desempenho do mandato ou da representação sindical, de conformidade com o Artigo

521, Parágrafo Único da CLT;

e) proibição da cessão gratuita ou remunerada da sede da Federação à entidade de índole

político-partidária.

114

DA ADMINISTRAÇÃO

Artigo 11 – A Federação compreende os seguintes órgãos institucionais:

a) Conselho de Representantes.

b) Diretoria.

c) Conselho Fiscal.

d) Delegados Representantes no conselho da Confederação.

A diretoria (Diretoria Administrativa/Executiva) é composta de 10 (dez) membros, um

Conselho de Representantes junto à Confederação e um Conselho Fiscal, eleitos juntamente

com igual número de suplentes e terá o seu mandato por 04 (quatro) anos, a saber:

Presidência, Vice Presidência Executiva, Vice Presidência da Região I, Vice Presidência da

Região II, Vice Presidência da Região III, Diretoria Administrativa, Diretoria Financeira e de

Captação de Recursos, Diretoria de Assuntos Técnicos e Profissionais, Diretoria de

Seguridade Social e Assuntos Jurídicos e Diretoria de Planejamento e Marketing.

A Vice-Presidência da Região I compreende os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará,

Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

A Vice-Presidência da Região II compreende o Distrito Federal e os Estados do Espírito

Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa

Catarina.

A Vice-Presidência da Região III compreende os Estados do Acre, Amapá, Amazonas,

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Artigo 23 - À Diretoria Administrativa/Executiva compete:

a) dirigir a Federação de acordo com o presente Estatuto, administrar o patrimônio social e

promover o bem geral dos Sindicatos Federados e da Categoria Profissional diferenciada

representada;

b) elaborar os regimentos de prestação e execução de serviços internos, sociais e assistenciais

necessários, subordinados a este Estatuto;

c) cumprir e fazer cumprir as leis em vigor, bem como o Estatuto, regimentos e resoluções

próprias das Assembleias Gerais;

d) elaborar até 30 (trinta) de novembro de cada ano e submeter à Votação da Assembleia

Geral do Conselho de Representantes, com parecer do Conselho Fiscal, a proposta do

orçamento, de receita e despesas para o exercício seguinte, observada a Legislação em vigor;

e) elaborar até 30 de junho de cada ano e submeter à votação da Assembleia Geral do

Conselho de Representantes, com parecer do Conselho Fiscal, um Relatório de Atividades do

ano anterior e respectivo balanço, nos termos da lei e instruções em vigor;

f) ao término do mandato a Diretoria Administrativa/Executiva fará prestação de contas de

sua gestão no exercício financeiro correspondente, levantando para esse fim, por contabilista

legalmente habilitado, os balanços de receita e despesa, nos livros Diário e Caixa, em cujos

balanços, além da assinatura do contabilista, constarão as do Presidente e do Diretor

Financeiro, nos termos da Lei e do regulamento em vigor;

g) reunir-se em sessão ordinária bimestralmente com a presença obrigatória da Presidência,

Vice Presidência Executiva e Vice Presidências Regionais. Caso a Diretora efetiva não possa

comparecer, deverá representá-la sua suplente ou um membro da diretoria da Federação,

designado pela substituída;

h) nas reuniões mencionadas na alínea anterior, o Presidente poderá convocar outros membros

da diretoria, não citados;

i) aplicar as penalidades previstas neste Estatuto;

Parágrafo Único:- As decisões serão tomadas pelo critério da maioria dos presentes.

115

ANEXO C

Lei 7.377, de 30 de setembro de 1985 e foi modificada pela Lei 9.261 de 10\01\1996.

Lei de Regulamentação da Profissão

Lei 7377, de 30/09/85 e Lei 9261, de 11/01/96

Dispõe sobre o exercício da profissão de secretário e dá outras providências

O Presidente da República.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art.1º. O exercício da profissão de secretário é regulado pela presente Lei.

Art.2º. Para os efeitos desta Lei, é considerado:

I - Secretário Executivo

a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, reconhecido na

forma de Lei, ou diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma seja

revalidado no Brasil, na forma de Lei.

b) o portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de vigência desta Lei, houver

comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos

trinta e seis meses, das atribuições mencionados no Art.4º. desta Lei.

II - Técnico em Secretariado

a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado em nível de 2º.

grau

b) portador de certificado de conclusão do 2º. grau que, na data de início da vigência desta

Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante

pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionados no Art.5º. desta Lei.

Art. 3º. É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos

termos do artigo anterior, contém pelo menos cinco anos ininterruptos ou dez anos

intercalados de exercício de atividades próprias de secretaria na data de vigência desta Lei.

Art.4º. São atribuições do Secretário Executivo:

I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria;

II - assistência e assessoramento direto a executivos;

III - coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de empresas;

IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro;

116

V - interpretação e sintetização de textos e documentos;

VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em

idioma estrangeiro;

VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação

da empresa;

VIII - registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas;

IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento a

chefia;

X - conhecimentos protocolares.

Art.5º. São atribuições do Técnico em Secretariado:

I - organização e manutenção dos arquivos da secretaria;

II - classificação, registro e distribuição de correspondência;

III - redação e datilografia de correspondência ou documentos de rotina, inclusive em idioma

estrangeiro;

IV - execução de serviços típicos de escritório, tais como recepção, registro de compromissos,

informações e atendimento telefônico.

Art.6º. O exercício da profissão de Secretário requer prévio registro na Delegacia Regional do

Trabalho do Ministério do Trabalho e far-se-á mediante a apresentação de documento

comprobatório de conclusão dos cursos previstos nos incisos I e II do Art.2º. desta Lei e da

Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS.

Parágrafo Único - No caso dos profissionais incluídos no Art.3º., a prova da atuação será

feita por meio de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social e através de

declarações das empresas nas quais os profissionais tenham desenvolvido suas respectivas

atividades, discriminando as atribuições a serem confrontadas com os elencos especificados

nos Arts.4º. e 5º.

Art.7º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art.8º. Revogam-se as disposições em contrário.

José Sarney

AlmirPazzianotto

Fernando Henrique Cardoso

Paulo Paiva

117

ANEXO D

Decreto nº 70.274\1972

Ordem geral de precedência em solenidades oficiais.

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO No 70.274, DE 9 DE MARÇO DE 1972.

Aprova as normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o artigo 81, item

III, da Constituição,

DECRETA:

Art . 1º São aprovadas as normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência, anexas ao

presente Decreto, que se deverão observar nas solenidades oficiais realizadas na Capital da República,

nos Estados, nos Territórios Federais e nas Missões diplomáticas do Brasil.

Art . 2º Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

Brasília, 9 de março de 1972; 151º da Independência e 84º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI

Alfredo Buzaid Adalberto de Barros Nunes

Orlando Geisel

Mário Gibson Barboza

Antônio Delfim Netto Mario David Andreazza

L. F. Cirne Lima

Jarbas G. Passarinho Julio Barata

J. Araripe Macêdo

F. Rocha Macêdo

F. Rocha Lagôa

Marcus Vinícius Pratini de Moraes

Benjamim Mário Baptista

João Paulo dos Reis Velloso

José Costa Cavalcanti

Hiygino C. Corsetti

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.3.1972 e Retificado no DOU de 16.03.72

DAS NORMAS DO CERIMONIAL PÚBLICO

118

CAPÍTULO I

Da Precedência

Art . 1º O Presidente da República presidirá sempre a cerimônia a que comparecer.

Parágrafo único. Os antigos Chefes de Estado passarão logo após o Presidente do Supremo

Tribunal Federal, desde que não exerçam qualquer função pública. Neste caso, a sua precedência será

determinada pela função que estiverem exercendo.

Art . 2º Não comparecendo o Presidente da República, o Vice-Presidente da República presidirá a

cerimônia a que estiver presente.

Parágrafo único. Os antigos Vice-Presidente da República, passarão logo após os antigos Chefes

de Estado, com a ressalva prevista no parágrafo único do artigo 1º.

Art . 3º Os Ministros de Estado presidirão as solenidades promovidas pelos respectivos

Ministérios.

Art . 4º A precedência entre os Ministros de Estado, ainda que interinos, é determinada pelo

critério histórico de criação do respectivo Ministério, na seguinte ordem: Justiça; Marinha; Exército;

Relações Exteriores; Fazenda; Transportes; Agricultura; Educação e Cultura; Trabalho e Previdência

Social, Aeronáutica; Saúde, Indústria e Comércio; Minas e Energia; Planejamento e Coordenação

Geral; Interior; e Comunicações.

§ 1º Quando estiverem presentes personalidades estrangeiras, o Ministro de Estado das Relações Exteriores terá precedência sobre seus colegas, observando-se critério análogo com relação ao

Secretário-Geral de Política Exterior do Ministério das Relações Exteriores, que terá precedência

sobre os Chefes dos Estados-Maior da Armada e do Exército. O disposto no presente parágrafo não se

aplica ao Ministro de Estado em cuja jurisdição ocorrer a cerimônia.

§ 2º Tem honras, prerrogativas e direitos de Ministro de Estado o Chefe de Gabinete Militar da

Presidência da República, o Chefe do Gabinete Civil da Presidência, o Chefe do Serviço Nacional de

Informações e o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e, nessa ordem, passarão após os

Ministros de Estado.

§ 3º O Consultor-Geral da República tem para efeitos protocolares e de correspondência, o

tratamento devido aos Ministros de Estado.

§ 4º Os antigos Ministros de Estado, Chefes do Gabinete Militar da Presidência da República,

Chefes do Gabinete Civil da Presidência da República, Chefes do Serviço Nacional de Informações e

Chefes do Estado Maior das Forças Armadas, que hajam exercido as funções em caráter efetivo,

passarão logo após os titulares em exercício, desde que não exerçam qualquer função pública, sendo,

neste caso, a sua precedência determinada pela função que estiverem exercendo.

§ 5º A precedência entre os diferentes postos e cargos da mesmas categoria corresponde à ordem

de precedência histórica dos Ministérios.

Art . 5º Nas missões diplomáticas, os Oficiais-Generais passarão logo depois do Ministro-

Conselheiro que for o substituto do Chefe da Missão e os Capitães-de-Mar-e-Guerra, Coronéis e Coronéis-Aviadores, depois do Conselheiro ou do Primeiro Secretário que for o substituto do Chefe da

Missão. Parágrafo único. A precedência entre Adidos Militares será regulada pelo Cerimonial militar.

119

Da Precedência nos Estados Distrito Federal e Territórios

Art . 6º Nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, o Governador presidirá às solenidades

a que comparecer, salvo as dos Poderes Legislativo e Judiciário e as de caráter exclusivamente militar,

nas quais será observado o respectivo cerimonial.

Parágrafo único. Quando para as cerimônias militares for convidado o Governador, ser-lhe-á

dado o lugar de honra.

Art . 7º No respectivo Estado, o Governador, o Vice-Governador, o Presidente da Assembléia legislativa e o Presidente do Tribunal de Justiça terão, nessa ordem, precedência sobre as autoridades

federais.

Parágrafo único. Tal determinação não se aplica aos Presidentes do Congresso Nacional da

Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal, aos Ministros de Estado, ao Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, ao Chefe do Gabinete Civil da Presidência da

República, ao Chefe do Serviço Nacional de Informações, ao Chefe do Estado-Maior das Forças

Armadas e ao Consultor-Geral da República, que passarão logo após o Governador.

Art . 8º A precedência entre os Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios é

determinada pela ordem de constituição histórica dessas entidades, a saber: Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul,

Ceará, Paraíba, Espirito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Alagoas, Sergipe,

Amazonas, Paraná, Guanabara (Excluído pelo Decreto nº 83.186, de 1979), Acre, Mato Grosso do Sul

(Incluído pelo Decreto nº 83.186, de 1979), Distrito Federal, e Territórios: Amapá, Fernando de

Noronha, Rondônia e Roraima.

Art . 9º A precedência entre membros do Congresso Nacional e entre membros das Assembléias Legislativas é determinada pela ordem de criação da unidade federativa a que pertençam e, dentro da

mesma unidade, sucessivamente, pela data da diplomação ou pela idade.

Art . 10. Nos Municípios, o Prefeito presidirá as solenidades municipais.

Art . 11. Em igualdade de categoria, a precedência, em cerimônias de caráter federal, será a

seguinte:

1º Os estrangeiros;

2º As autoridades e os funcionários da União.

3º As autoridades e os funcionários estaduais e municipais.

Art . 12 Quando o funcionário da carreira de diplomata ou o militar da ativa exercer função

administrativa civil ou militar, observar-se-á a precedência que o beneficiar.

Art . 13. Os inativos passarão logo após os funcionários em serviço ativo de igual categoria,

observado o disposto no parágrafo 4º do artigo 4º.

Da precedência de Personalidades Nacionais e Estrangeiras

Art . 14. Os Cardeais da Igreja Católica, como possíveis sucessores do Papa, tem situação

correspondente à dos Príncipes herdeiros.

120

Art . 15. Para colocação de personalidades nacionais e estrangeiras, sem função oficial, o Chefe

do Cerimonial levará em consideração a sua posição social, idade, cargos ou funções que ocupem ou

tenham desempenhado ou a sua posição na hierarquia eclesiástica.

Parágrafo único. O chefe do Cerimonial poderá intercalar entre as altas autoridades da República

o Corpo Diplomático e personalidades estrangeiras.

Casos Omissos

Art . 16. Nos casos omissos, o Chefe do Cerimonial, quando solicitado, prestará esclarecimentos de natureza protocolar bem como determinará a colocação de autoridades e personalidades que não

constem da Ordem Geral de Precedência.

Da Representação

Art . 17. Em jantares e almoços, nenhum convidado poderá fazer-se representar.

Art . 18. Quando o Presidente da República se fizer representar em solenidade ou cerimônias, o

lugar que compete a seu representante é à direita da autoridade que as presidir.

§ 1º Do mesmo modo, os representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, quando membros

dos referidos Poderes, terão a colocação que compete aos respectivos Presidentes..

§ 2º Nenhum convidado poderá fazer-se representar nas cerimônias a que comparecer o

Presidente da República.

Dos Desfiles

Art . 19. Por ocasião dos desfiles civis o militares, o Presidente da República terá a seu lado os

Ministros de Estado a que estiverem subordinados as corporações que desfilam.

Do Hino Nacional

Art . 20. A execução do Hino Nacional sé terá início depois que o Presidente da República

houver ocupado o lugar que lhe estiver reservado, salvo nas cerimônias sujeitas a regulamentos

especiais.

Parágrafo único. Nas cerimônias em que se tenha de executar Hino Nacional estrangeiro, este

precederá, em virtude do princípio de cortesia, o Hino Nacional Brasileiro.

Do Pavilhão Presidencial

Art . 21. Na sede do Governo, deverão estar hasteados a Bandeira Nacional e o Pavilhão

Presidencial, quando o Chefe de Estado estiver presente.

Parágrafo único. O Pavilhão Presidencial será igualmente astreado: I - Nos Ministérios e demais repartições federais, estaduais e municipais, sempre que o Chefe de

Estado a eles comparecer; e

II - Nos locais onde estiver residindo o Chefe de Estado.

Art. 21. O Pavilhão Presidencial será hasteado, observado o disposto no art. 27, caput e § 1o: (Redação

dada pelo Decreto nº 7.419, de 2010)

121

I - na sede do Governo e no local em que o Presidente da República residir, quando ele estiver no

Distrito Federal; e (Redação dada pelo Decreto nº 7.419, de 2010)

II - nos órgãos, autarquias e fundações federais, estaduais e municipais, sempre que o Presidente da

República a eles comparecer. (Redação dada pelo Decreto nº 7.419, de 2010)

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo ao Pavilhão do Vice-Presidente da República.

(Redação dada pelo Decreto nº 7.419, de 2010)

Da Bandeira Nacional

Art . 22. A Bandeira Nacional pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico

dos brasileiros, de caráter oficial ou particular.

Art . 23. A Bandeira Nacional pode ser apresentada:

I - Hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares, templos, campos de

esporte escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas e praças, em qualquer lugar em que lhe

seja assegurado o devido respeito.

II - Distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves ou balões, aplicada sobre parede ou presa

a um cabo horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mastros;

III - Reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças veículos e aeronaves;

IV - Compondo com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças semelhantes;

V - Conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo individualmente;

VI - Distendida sobre ataúdes até a ocasião do sepultamento.

Art . 24. A Bandeira Nacional estará permanentemente no topo de um mastro especial plantado

na Praça dos Três Poderes de Brasília,no Distrito Federal, como símbolo perene da Pátria e sob a

guarda do povo brasileiro.

§ 1º. A substituição dessa Bandeira será feita com solenidades especiais no 1º Domingo de cada

mês, devendo o novo exemplar atingir o topo do mastro antes que o exemplar substituído comece a ser

arriado.

§ 2º. Na base do mastro especial estarão inscritos exclusivamente os seguintes dizeres:

Sob a guarda do povo brasileiro, nesta Praça dos Três Poderes, a Bandeira Sempre no alto.

- visão permanente da Pátria.

Art . 25. Hasteia-se diariamente a Bandeira Nacional:

I - No Palácio da Presidência da República;

II - Nos edifícios sede dos Ministérios;

III - Nas Casas do Congresso Nacional;

122

IV - No Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores e nos Tribunais Federais de

Recursos;

V - Nos edifícios sede dos poderes executivo, legislativo e judiciário dos Estados, Territórios e

Distrito Federal;

VI - Nas prefeituras e Câmaras Municipais;

VII - Nas repartições federais, estaduais e municipais situadas na faixa de fronteira;

VIII - Nas missões Diplomáticas, Delegação junto a Organismos Internacionais e Repartições

Consulares de carreira, respeitados os usos locais dos países em que tiverem sede;

IX - Nas unidades da Marinha Mercante, de acordo com as leis e Regulamentos de navegaçã,

polícia naval e praxes internacionais.

Art . 26. Hasteia-se obrigatoriamente, a Bandeira Nacional, nos dias de festa ou de luto nacional

em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos.

Parágrafo único. Nas escolas públicas ou particulares, é obrigatório o hasteamento solene da

Bandeira Nacional, durante o ano letivo, pelo menos uma vez por semana.

Art . 27 A Bandeira Nacional pode ser hasteada e arriada a qualquer hora do dia ou da noite.

§ 1º. Normalmente faz-se o hasteamento às 8 horas e o arriamento às 18 horas.

§ 2º. No dia 19 de novembro, Dia da Bandeira o hasteamento, é realizado às 12 horas, com

solenidades especiais.

§ 3º. Durante a noite a Bandeira deve estar devidamente iluminada.

Art . 28. Quando várias bandeiras são hasteadas ou arriadas simultaneamente, a Bandeira

Nacional é a primeira a atingir o tope e a última a dele descer.

Art . 29. Quando em funeral, a Bandeira fica a meio-mastro ou a meia adriça. Nesse caso no

hasteamento ou arriamento, deve ser levada inicialmente até o tope.

Parágrafo único Quando conduzida em marcha, indica-se o luto por um laço de crepe atado junto

à lança.

Art . 30. Hasteia-se a Bandeira Nacional em funeral nas seguintes situações:

I - Em todo o País quando o Presidente da República decretar luto oficial;

II - Nos edifícios-sede dos poderes legislativos federais, estaduais ou municipais, quando

determinado pelos respectivos presidentes, por motivos de falecimento de um de seus membros;

III - No Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores, nos Tribunais Federais de Recursos e nos Tribunais de Justiça estaduais, quando determinado pelos respectivos presidentes, pelo

falecimento de um de seus ministros ou desembargadores;

123

IV - Nos edifícios-sede dos Governos dos Estados, Territórios, Distrito Federal e Municípios por

motivo do falecimento do Governador ou Prefeito, quando determinado luto oficial para autoridade

que o substituir;

V - Nas sedes de Missões Diplomáticas, segundo as normas e usos do país em que estão situadas.

Art . 31. A Bandeira Nacional em todas as apresentações no território nacional, ocupa lugar de

honra, compreendido como uma posição:

I - Central ou a mais próxima do centro e à direita deste, quando com outras bandeiras pavilhões

ou estandartes, em linha de mastros, panóplias, escudos ou peças semelhantes;

II - Destacada à frente de outras bandeiras, quando conduzida em formaturas ou desfiles;

III - À direita de tribunais, púlpitos, mesas de reunião ou de trabalho.

Parágrafo único. Considera-se direita de um dispositivo de bandeira as direita de uma pessoa

colocada junto a ele e voltada para a rua, para a platéia ou de modo geral, para o público que observa o

dispositivo.

Art . 32. A Bandeira Nacional, quando não estiver em uso, deve ser guardada em local digno.

Art . 33. Nas repartições públicas e organizações militares, quando a Bandeira é hasteada em

mastro colocada no solo, sua largura não deve ser maior que 1/5 (um quinto) nem menor que 1/7 (um

sétimo) da altura do respectivo mastro.

Art . 34 Quando distendida e sem mastro, coloca-se a Bandeira de modo que o lado maior fique

na horizontal e estrela isolada em cima não podendo se ocultada, mesmo parcialmente por pessoas

sentadas em suas imediações.

Art . 35. A Bandeira Nacional nunca se abate em continência.

Das Honras Militares

Art . 36. Além das autoridades especificadas no cerimonial militar, serão prestadas honras

militares aos Embaixadores e Ministros Plenipotenciários que vierem a falecer no exercício de suas

funções no exterior.

Parágrafo único. O Governo pode determinar que honras militares sejam excepcionalmente

prestadas a outras autoridades.

CAPíTULO II

Da Posse do Presidente da República

Art . 37. O Presidente da República eleito, tendo a sua esquerda o Vice-Presidente e, na frente, o

chefe do Gabinete Militar e o Chefe do Gabinete Civil dirigir-se-á em carro do Estado, ao Palácio do

Congresso Nacional, a fim de prestar o compromisso constitucional.

Art . 38. Compete ao Congresso Nacional organizar e executar a cerimônia do compromisso constitucional. O Chefe do Cerimonial receberá do Presidente do Congresso esclarecimentos sobre a

cerimônia bem como sobre a participação na mesma das Missões Especiais e do Corpo Diplomático.

124

Art . 39. Prestado o compromisso, o Presidente da República, com os seus acompanhantes,

deixará o Palácio do Congresso dirigindo-se para o Palácio do Planalto.

Art . 40. O Presidente da República será recebido, à porta principal do Palácio do Planalto, pelo

Presidente cujo, mandato findou. Estarão presentes os integrantes do antigo Ministério, bem como os

Chefes do Gabinete Militar, Civil, Serviço Nacional de Informações e Estado-Maior das Forças

Armadas.

Estarão, igualmente, presentes os componentes do futuro Ministério, bem como os novos Chefes

do Serviço Nacional de informações e do Estado-Maior das Forças Armadas.

Art . 41. Após os cumprimentos, ambos os Presidentes acompanhados pelos Vices-Presidentes

acompanhados pelos Vices-Presidentes Chefes do Gabinete Militar e Chefes do Gabinete Civil, se encaminharão par ao Gabinete Presidencial e dali para o local onde o Presidente da República receberá

de seu antecessor a Faixa Presidencial. Em seguida o Presidente da República conduzirá o ex-

presidente até a porta principal do Palácio do Planalto.

Art . 42. Feitas as despedidas, o ex-Presidente será acompanhado até sua residência ou ponto de

embarque pelo Chefe do Gabinete Militar e por um Ajudante-de-Ordens ou Oficial de Gabinete do

Presidente da República empossado.

Art . 43. Caberá ao Chefe do Cerimonial planejar e executar as cerimônias da posse presidencial.

Da nomeação dos Ministros de Estado, Membros dos Gabinetes Civil e Militar da Presidência da

República e Chefes do Serviço Nacional de Informações e do Estado-Maior das Forças Armadas.

Art . 44. Os decretos de nomeação dos novos Ministros de Estado, do Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, do Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, do Chefe do

Serviço Nacional de Informações e do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas serão assinados no

Salão de Despachos.

§ 1º O primeiro decreto a ser assinado será o de nomeação do Ministro de Estado da Justiça, a

quem caberá referendar os decretos de nomeação dos demais Ministros de Estado, do Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, do Chefe do Gabinete Civil da Presidência da

República, do Chefe do Serviço Nacional de Informações e do Chefe do Estado Maior das Forças

Armadas.

§ 2º Compete ao Chefe do Cerimonial da Presidência da República organizar a cerimônia acima

referida.

Dos Cumprimentos

Art . 45. No mesmo dia, o Presidente da República receberá, em audiência solene, as Missões

Especiais estrangeiras que houverem sido designadas para sua posse.

Art . 46. Logo após, o Presidente receberá os cumprimentos das altas autoridades da República,

que para esse fim se hajam previamente inscrito.

Da Recepção

Art . 47. À noite, o Presidente da República recepcionará, no Palácio do Itamarati, as Missões

Especiais estrangeiras e altas autoridades da República.

Da Comunicação da Posse do Presidente da República

125

Art . 48. O Presidente da República enviará Cartas de Chancelaria aos Chefes de Estado dos

países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas, comunicando-lhes sua posse.

§ 1º As referidas Cartas serão preparadas pelo Ministério das Relações Exteriores.

§ 2º O Ministério da Justiça comunicará a posse do Presidente da República aos Governadores

dos Estados da União, do Distrito Federal e dos Territórios e o das Relações Exteriores às Missões

diplomáticas e Repartições consulares de carreira brasileiras no exterior, bem como às Missões

brasileiras junto a Organismos Internacionais.

Do Traje

Art . 49. O traje das cerimônias de posse será estabelecido pelo Chefe do Cerimonial, após

consulta ao Presidente da República.

Da Transmissão Temporária do Poder

Art . 50. A transmissão temporária do Poder, por motivo de impedimento do Presidente da

República, se realizará no Palácio do Planalto, sem solenidade, perante seus substitutos eventuais, os

Ministros de Estado, o Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, o Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e os demais

membros dos Gabinetes Militar e Civil da Presidência da República.

CAPíTULO III

Das visitas do Presidente da República e seu comparecimento a solenidades oficiais.

Art . 51. O Presidente da República não retribui pessoalmente visitas, exceto as de Chefes de

Estado.

Art . 52. Quando o Presidente da República comparecer, em caráter oficial, a festas e solenidades ou fizer qualquer visita, o programa será submetido à sua aprovação, por intermédio do Chefe do

Cerimonial da Presidência da República.

Das Cerimônias da Presidência da República

Art . 53. Os convites para as cerimônias da Presidência da República serão feitos por intermédio

do Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores ou do Cerimonial da Presidência da República,

conforme o local onde as mesmas se realizarem.

Parágrafo único. Os cartões de convite do Presidente da República terão as Armas Nacionais gravadas a ouro, prerrogativas essa que se estende exclusivamente aos Embaixadores Extraordinários

e Plenipotenciários do Brasil, no exterior.

Da Faixa Presidencial

Art . 54. Nas cerimônias oficiais para as quais se exijam casaca ou primeiro uniforme, o

Presidente da República usará, sobre o colete da casaca ou sobre o uniforme, a Faixa Presidencial.

Parágrafo único. Na presença de Chefe de Estado, o Presidente da República poderá substituir a

Faixa Presidencial por condecoração do referido Estado.

Das Audiências

126

Art . 55. As audiências dos Chefes de Missão diplomática com o Presidente da República serão

solicitadas por intermédio do Cerimonial do Ministro das Relações Exteriores.

Parágrafo único. O Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores encaminhará também, em

caráter excepcional, pedidos de audiências formulados por altas personalidades estrangeiras.

Livro de Visitas

Art . 56. Haverá, permanentemente, no Palácio do Planalto, livro destinado a receber as

assinaturas das pessoas que forem levar cumprimentos ao Presidente da República e a Sua Senhora.

Das Datas Nacionais

Art . 57. No dia 7 de Setembro, o Chefe do Cerimonial da Presidência, acompanhado de um dos Ajudantes de Ordens do Presidente da República, receberá os Chefes de Missão diplomática que

desejarem deixar registrados no livro para esse fim existentes, seus cumprimentos ao Chefe do

Governo.

Parágrafo único. O Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores notificará com

antecedência, os Chefes de Missão diplomática do horário que houver sido fixado para esse ato.

Art . 58. Os cumprimentos do Presidente da República e do Ministro das Relações Exteriores pelo dia da Festa Nacional dos países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas serão

enviados por intermédio do Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores.

CAPíTULO IV

Das Visitas Oficiais

Art . 59. Quando o Presidente da República visitar oficialmente Estado ou Território da

Federação, competirá à Presidência da República, em entendimento com as autoridades locais,

coordenar o planejamento e a execução da visita, observando-se o seguinte cerimonial:

§ 1º O Presidente da República será recebido, no local da chegada, pelo Governador do Estado ou

do Território e por um Oficial-General de cada Ministério Militar, de acordo com o cerimonial Militar.

§ 2º Após as honras militares, o Governador apresentará ao Presidente da República as

autoridades presentes.

§ 3º Havendo conveniência, as autoridades civis e eclesiásticas e as autoridades militares poderão

formar separadamente.

§ 4º Deverão comparecer à chegada do Presidente da República, o Vice-Governador do Estado. O Presidente da Assembléia Legislativa, Presidente do Tribunal de Justiça, Secretários de Governo e o

Prefeito Municipal observada a ordem de precedência estabelecida neste Decreto.

§ 5º Ao Gabinete Militar da Presidência da República, ouvido o Cerimonial da Presidência da

República, competirá organizar o cortejo de automóveis da comitiva presidencial bem como o das

autoridades militares a que se refere o parágrafo 1º deste artigo.

§ 6º As autoridades estaduais encarregar-se-ão de organizar o cortejo de automóveis das demais

autoridades presentes ao desembarque presidencial.

127

§ 7º O Presidente da República tomará o carro do Estado, tendo à sua esquerda o Chefe do Poder

Executivo Estadual e, na frente, seu Ajudante-Ordens.

§ 8º Haverá, no Palácio do Governo, um livro onde se inscreverão as pessoas que forem visitar o

Chefe de Estado.

Art . 60. Por ocasião da partida do Presidente da República, observar-se-á procedimento análogo

ao da chegada.

Art . 61. Quando indicado por circunstâncias especiais da visita, a Presidência da República poderá dispensar ou reduzir as honras militares e a presença das autoridades previstas nos §§ 1º, 2º e 4º

do artigo 59.

Art . 62. Caberá ao Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores elaborar o projeto do

programa das visitas oficiais do Presidente da República e do Ministro de Estado das Relações

Exteriores ao estrangeiro.

Art . 63. Quando em visita oficial a um Estado ou a um Território, o Vice-Presidente da

República, o Presidente do Congresso Nacional, o Presidente da Câmara dos Deputados e o Presidente

do Supremo Tribunal Federal serão recebidos, à chegada, pelo Governador, conforme o caso, pelo

Vice-Governador, pelo Presidente do Poder Judiciário Estaduais.

Art . 64. A comunicação de visitas oficiais de Chefes de Missão diplomáticas acreditados junto ao Governo brasileiro aos Estados da União e Territórios deverá ser feita aos respectivos Cerimoniais

pelo Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores, que também fornecerá os elementos do

programa a ser elaborado.

Art . 65. O Governador do Estado ou Território far-se-á representar à chegada do Chefe de

Missão diplomática estrangeira em visita oficial.

Art . 66. O Chefe de Missão diplomática estrangeira, quando em viagem oficial, visitará o Governador, o Vice-Governador, os Presidentes da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Justiça e

demais autoridades que desejar.

CAPíTULO V

Das Visitas de Chefes de Estado Estrangeiros

Art . 67. As visitas de Chefes de Estado estrangeiros ao Brasil começarão, oficialmente, sempre

que possível, na Capital Federal.

Art . 68. Na Capital Federal, a visita oficial de Chefe de Estado estrangeiro ao Brasil iniciar-se-á com o recebimento do visitante pelo Presidente da República. Comparecerão ao desembarque as

seguintes autoridades: Vice-Presidente da República, Decano do Corpo Diplomático, Chefe da Missão

do país do visitante, Ministros de Estado, Chefe do Gabinete Militar da Presidência Da República,

Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Chefe do Serviço Nacional de Informações, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Governador do Distrito Federal, Secretário Geral de

Política Exterior do Ministério das Relações Exteriores, Chefes dos Estados Maiores da Armada, do

Exército, e da Aeronáutica, Comandante Naval de Brasília, Comandante Militar do Planalto, Secretário-Geral Adjunto para Assuntos que incluem os dos país do visitante, Comandante da VI Zona

Aérea, Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal, Chefe da Divisão política que trata de

assuntos do pais do visitante, além de todos os acompanhantes brasileiros do visitante. O chefe do

Cerimonial da Presidência da República, os membros da comitiva e os funcionários diplomáticos da

Missão do país do visitante.

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Parágrafo único. Vindo o Chefe de Estado acompanhado de sua Senhora, o Presidente da

República e as autoridades acima indicadas far-se-ão acompanhar das respectivas Senhoras.

Art . 69. Nas visitas aos Estados e Territórios, será o Chefe de Estado estrangeiro recebido, no

local de desembarque, pelo Governador, pelo Vice-Governador, pelos Presidentes da Assembléia

Legislativa e do Tribunal de Justiça, pelo Prefeito Municipal e pelas autoridades militares previstas no § 1º do artigo 59, além do Decano do Corpo Consular, do Cônsul do país do visitante e das altas

autoridades civis e militares especialmente convidadas.

CAPíTULO VI

Da chegada dos Chefes de Missão Diplomática e entrega de credenciais

Art . 70. Ao chegar ao Aeroporto da Capital Federal, o novo Chefe de Missão será recebido pelo

Introdutor Diplomático do Ministro de Estado das Relações Exteriores.

§ 1º O Encarregado de Negócios pedirá ao Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores dia

e hora para a primeira visita ao novo Chefe de Missão ao Ministro de Estado das Relações Exteriores.

§ 2º Ao visitar o Ministro de Estado das Relações Exteriores, o novo Chefe de Missão solicitará a audiência de estilo com o Presidente da República para a entrega de suas credenciais e, se for o caso,

da Revogatória de seu antecessor. Nessa visita, o novo Chefe de Missão deixará em mãos do Ministro

de Estado a cópia figurada das Credenciais.

§ 3º Após a primeira audiência com o Ministro de Estado das Relações Exteriores, o novo Chefe de Missão visitará, em data marcada pelo Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores, o

Secretário-Geral Adjunto da área do país que representa e outros Chefes de Departamento.

§ 4º Por intermédio do Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores, o novo Chefe de

Missão solicitará data para visitar o Vice-Presidente da República, o Presidente do Congresso

Nacional, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, os Ministros de Estado e o Governador do Distrito Federal. Poderão igualmente ser marcadas audiências

com outras altas autoridades federais.

Art . 71. No dia e hora marcados para a audiência solene com o Presidente da República, o

Introdutor Diplomático conduzirá, em carro do Estado, o novo chefe de Missão de sua residência, até o Palácio do Planalto. Serão igualmente postos à disposição os membros da Missão Diplomática

carros de Estado.

§ 1º Dirigindo-se ao Palácio Presidencial, os carros dos membros da Missão diplomática

precederão o do chefe de Missão.

§ 2º O Chefe de Missão subira a rampa tendo, a direita o introdutor Diplomático e, a esquerda, o

membro mais antigo de sua Missão; os demais membros da Missão serão dispostos em grupos de três,

atrás dos primeiros

§ 3º A porta do Palácio Presidencial, o chefe do Cerimonial da Presidência e por Ajudante-de-

Ordens do Presidente da República, os quais o conduzirão ao Salão Nobre.

§ 4º Em seguida, o Chefe do Cerimonial da Presidência da República entrará, sozinho, no Salão

de Credenciais, onde se encontra o Presidente da República, ladeado, à direita, pelo Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, e, à esquerda pelos Ministros de Estado das Relações Exteriores e

129

pelo Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, e pedirá permissão para introduzir o novo

chefe de Missão.

§ 5º Quando o Chefe de Missão for Embaixador, os membros dos Gabinetes Militar e Civil da

Presidência da República estarão presentes e serão colocados, respectivamente, por ordem de

precedência, à direita e à esquerda do Salão de Credenciais.

§ 6º Quando o Chefe de Missão for Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário, estarão

presentes somente as autoridades mencionadas no § 4º.

§ 7º Ladeado, à direita, pelo Chefe do Cerimonial da Presidência e, à esquerda, pelo Ajudante-de-

Ordens do Presidente da República, o Chefe de Missão penetrará no recinto, seguido do Introdutor

Diplomático e dos membros da Missão. À entrada do Salão de Credenciais, deter-se-á para saudar o

Presidente da República com leve inclinação de cabeça.

§ 8º Aproximando-se do ponto em que se encontrar o Presidente da República, o Chefe de

Missão, ao deter-se, fará nova saudação, após o que o Chefe do Cerimonial da Presidência da

República se adiantará e fará a necessária apresentação. Em seguida, o Chefe de Missão apresentará as

Cartas Credenciais ao Presidente da República, que as passará às mãos do Ministro de Estado das

Relações Exteriores. Não haverá discursos.

§ 9º O Presidente da República convidará o Chefe de Missão a sentar-se e com ele conversar.

§ 10. Terminada a palestra por iniciativa do Presidente da República, o Chefe de Missão

cumprimentará o Ministro de Estado das Relações Exteriores e será apresentado pelo Presidente da

República ao Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República e a Chefe do Gabinete Civil da

Presidência da República.

§ 11. Em seguida, o Chefe de Missão apresentará o pessoal de sua comitiva; cada um dos

membros da Missão se adiantará, será apresentado e voltará à posição anterior.

§ 12 Findas as apresentações, o Chefe de Missão se despedirá do Presidente da República e se

retirará precedido pelos membros da Missão e pelo Introdutor Diplomático e acompanhado do Chefe

do Cerimonial da Presidência e do Ajudante-de-Ordens do Presidente da República. Parando no fim

do Salão, todos se voltarão para cumprimentar o Presidente da República com novo aceno de cabeça.

§ 13. Quando chegar ao topo da rampa, ouvir-se-ão os dois Hinos Nacionais.

§ 14. O chefe de Missão, o Chefe do Cerimonial da Presidência e o Ajudante-de-Ordens do

Presidente da República descerão a rampa dirigindo-se à testa da Guarda de Honra, onde se encontra o

Comandante que convidará o Chefe de Missão a passá-la em revista. O Chefe do Cerimonial da

Presidência e o Ajudante-de-Ordens do Presidente da República passarão por trás da Guarda de Honra, enquanto os membros da Missão e o Introdutor Diplomático se encaminharão para o segundo

automóvel.

§ 15. O Chefe da Missão, ao passar em revista a Guarda de Honra, cumprimentará de cabeça a

Bandeira Nacional, conduzida pela tropa, e despedir-se-á do Comandante, na cauda da Guarda de

Honra, sem apertar-lhe o mão.

§ 16. Terminada a cerimônia, o Chefe de Missão se despedirá do Chefe do Cerimonial da

Presidência e do Ajudante-de-Ordens do Presidente da República, entrando no primeiro automóvel,

que conduzirá, na frente do cortejo, à sua residência onde cessam as funções do Introdutor

Diplomático.

130

§ 17. O Chefe do Cerimonial da Presidência da República fixará o traje para a cerimônia de

apresentação de Cartas Credenciais, após consulta ao Presidente da República.

§ 18. O Diário Oficial publicará a notícia da apresentação de Cartas Credenciais.

Art . 72. Os Encarregados de Negócios serão recebidos pelo Ministro de Estado das Relações

Exteriores em audiência, na qual farão entrega das Cartas de Gabinete, que os acreditam.

Art . 73. O novo Chefe de Missão solicitará, por intermédio do Cerimonial do Ministério das

Relações Exteriores, que sejam marcados dia e hora para que a sua esposa visite a Senhora do

Presidente da República, não estando essa visita sujeita a protocolo especial.

CAPíTULO VII

Do Falecimento do Presidente da República.

Art . 74. Falecendo o Presidente da República, o seu substituto legal, logo que assumir o cargo,

assinará decreto de luto oficial por oito dias.

Art . 75. O Ministério da Justiça fará as necessárias comunicações aos Governadores dos Estados

da União do Distrito Federal e dos Territórios, no sentido de ser executado o decreto de luto,

encerrado o expediente nas repartições públicas e fechado o comércio no dia do funeral.

Art . 76. O Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores fará as devidas comunicações às Missões diplomáticas acreditadas junto ao Governo brasileiro, às Missões diplomáticas e Repartições

consulares de carreira brasileiras no exterior às Missões brasileiras junto a Organismos Internacionais.

Art . 77. O Chefe do Cerimonial da Presidência da República providenciará a ornamentação

fúnebre do Salão de Honra do Palácio Presidencial, transformado em câmara ardente.

Das Honras Fúnebres

Art . 78. Chefe do Cerimonial coordenará a execução das cerimônias fúnebres.

Art . 79. As honras fúnebres serão prestadas de acordo com o cerimonial militar.

Art . 80. Transportado o corpo para a câmara ardente, terá início a visitação oficial e pública, de

acordo com o que for determinado pelo Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores.

Do Funeral

Art . 81. As cerimônias religiosas serão realizadas na câmara ardente por Ministro da religião do

Presidente falecido, depois de terminada a visitação pública.

Art . 82. Em dia e hora marcados para o funeral, em presença de Chefes de Estado estrangeiros,

dos Chefes dos Poderes da Nação, Decano do Corpo Diplomático, dos Representantes especiais dos

Chefes de Estado estrangeiros designados para as cerimônias e das altas autoridades da República, o

Presidente da República, em exercício, fechará a urna funerária.

Parágrafo único. A seguir, o Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República e o Chefe do

Gabinete Civil Presidência da República cobrirão a urna com o Pavilhão Nacional.

131

Art . 83. A urna funerária será conduzida da câmara ardente para a carreta por praças das Forças

Armadas.

Da Escolta

Art . 84. A escolta será constituída de acordo com o cerimonial militar.

Do Cortejo

Art . 85. Até a entrada do cemitério, o cortejo será organizado da seguinte forma:

- Carreta funerária;

- Carro do Ministro da Religião do Finado; (Se assim for a vontade da família);

- Carro do Presidente da República, em exercício;

- Carro da família;

- Carros de Chefes de Estado estrangeiros;

- Carro do Decano do Corpo Diplomático;

- Carro do Presidente do Congresso Nacional;

- Carro do Presidente da Câmara dos Deputados;

-Carro do Presidente do Supremo Tribunal Federal;

- Carros dos Representantes Especiais dos Chefes de Estado Estrangeiros designados para as

cerimônias;

- Carro do Ministro de Estado das Relações Exteriores;

- Carro dos demais Ministros de Estado;

- Carros dos Chefes do Gabinete Militar da Presidência da República, do Chefe do Gabinete Civil

da Presidência da República, do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;

- Carros dos Governadores do Distrito Federal, dos Estados da União e dos Territórios;

- Carros dos membros dos Gabinetes Militar e Civil da Presidência da República.

§ 1º Ao chegar ao cemitério, os acompanhantes deixarão seus automóveis e farão o cortejo a pé.

A urna será retirada da carreta por praças das Forças Armadas que a levarão ao local do sepultamento.

§ 2º Aguardarão o féretro, junto à sepultura, os Chefes de Missão diplomática acreditados junto

ao Governo brasileiro e altas autoridades civis e militares, que serão colocados, segundo a Ordem

Geral de Precedência, pelo Chefe do Cerimonial.

Art . 86. O traje será previamente indicado pelo Chefe do Cerimonial.

132

Art . 87. Realizando-se o sepultamento fora da Capital da República, o mesmo cerimonial será

observado até o ponto de embarque do féretro.

Parágrafo único. Acompanharão os despojos autoridades especialmente indicadas pelo Governo

Federal cabendo ao Governo do Estado da União ou do Território, onde der a ser efetuado o

sepultamento, realizar o funeral com a colaboração das autoridades federais.

CAPÍTULO VIII

Do Falecimento de Autoridades

Art . 88. No caso de falecimento de autoridades civis ou militares, o Governo poderá decretar as

honras fúnebres a serem prestadas, não devendo o prazo de luto ultrapassar três dias.

§ 1o O disposto neste artigo aplica-se à situação de desaparecimento de autoridades civis ou

militares, quando haja indícios veementes de morte por acidente.(Renumerado do parágrafo único para 1º pelo Decreto nº 3.780, de 2.4.2001)

§ 2o Em face de notáveis e relevantes serviços prestados ao País pela autoridade falecida, o

período de luto a que se refere o caput poderá ser estendido, excepcionalmente, por até sete dias.

(Redação dada pelo Decreto nº 3.780, de 2.4.2001)

CAPÍTULO IX

Do Falecimento de Chefe de Estado Estrangeiro

Art . 89. Falecendo o Chefe de Estado de um país com representação diplomática no Brasil e

recebida pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores a comunicação oficial desse fato, o Presidente da República apresentará pêsames ao Chefe da Missão, por intermédio do Chefe do

Cerimonial da Presidência da República.

§ 1º O Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores providenciará para que sejam enviadas

mensagens telegráficas de pêsames, em nome do Presidente da República, ao sucessor e à família do

falecido.

§ 2º O Ministro de Estado das Relações Exteriores enviará pêsames, por telegrama, ao Ministro das Relações Exteriores do referido país e visitará, por intermédio do Introdutor Diplomático, o Chefe

da Nação.

§ 3º O Chefe da Missão brasileira acreditado no país enlutado apresentará condolências em nome

do Governo e associar-se-á às manifestações de pesar que nele se realizarem. A critério do Presidente

da República, poderá ser igualmente designado um Representante Especial ou uma missão

extraordinária para assistir às exéquias.

§ 4º O decreto de luto oficial será assinado na pasta da Justiça, a qual fará as competentes

comunicações aos Governadores de Estado da União e dos Territórios. O Ministério das Relações

Exteriores fará a devida comunicação às Missões diplomáticas brasileiras no exterior.

§ 5º A Missão diplomática brasileira no país do Chefe de Estado falecido poderá hastear a Bandeira Nacional a meio pau, independentemente do recebimento da comunicação de que trata o

parágrafo anterior.

133

CAPÍTULO X

Do Falecimento do Chefe de Missão Diplomática Estrangeira

Art . 90. Falecendo no Brasil um Chefe de Missão diplomática acreditado junto ao Governo

brasileiro o Ministério das Relações Exteriores comunicará o fato, por telegrama, ao representante

diplomático brasileiro no país do finado, instruindo-o a apresentar pêsames ao respectivo Governo. O

Chefe do Cerimonial concertará com o Decano do Corpo Diplomático e com o substituto imediato do

falecido as providências relativas ao funeral.

§ 1º Achando-se no Brasil a família do finado, o Chefe do Cerimonial da Presidência da

República e o Introdutor Diplomático deixarão em sua residência, cartões de pêsames,

respectivamente, em nome do Presidente da República e do Ministro de Estado das Relações

Exteriores.

§ 2º Quando o Chefe de Missão for Embaixador, o Presidente da República comparecerá à

câmara mortuária ou enviará representante.

§ 3º À saída do féretro, estarão presentes o Representante do Presidente da República, os Chefes

de Missões diplomáticas estrangeiras, o Ministro de Estado das Relações Exteriores e o Chefe do

Cerimonial.

§ 4º O caixão será transportado para o carro fúnebre por praças das Forças Armadas.

§ 5º O corteja obedecerá à seguinte precedência:

- Escolta fúnebre;

- Carro fúnebre;

- Carro do Ministro da religião do finado;

- Carro da família;

- Carro do Representante do Presidente da República;

- Carro do Decano do Corpo Diplomático;

- Carros dos Embaixadores estrangeiros acreditados perante o Presidente da República;

- Carros de Ministros de Estado;

- Carros dos Enviados Extraordinários e Ministros Plenipotenciários acreditados junto ao

Governo brasileiro;

- Carro do substituto do Chefe de Missão falecido;

- Carro dos Encarregados de Negócios Estrangeiros;

- Carros do pessoal da Missão diplomática estrangeira enlutada;

§ 6º O traje da cerimônia será fixado pelo Chefe do Cerimonial.

134

Art . 91. Quando o Chefe de Missão diplomática não for sepultado no Brasil, o Ministro das

Relações Exteriores, com anuência da família do finado, mandará celebrar ofício religioso, para o qual

serão convidados os Chefes de Missão diplomática acreditados junto ao Governo brasileiro e altas

autoridades da República.

Art . 92. As honras fúnebres serão prestadas de acordo com o cerimonial militar.

Art . 93. Quando falecer, no exterior, um Chefe de Missão diplomática acreditado no Brasil, o Presidente da República e o Ministro das Relações Exteriores enviarão, por intermédio do Cerimonial

do Ministério das Relações Exteriores, mensagens telegráficas de pêsames, respectivamente, ao Chefe

de Estado e ao Ministro das Relações Exteriores do país do finado, e instruções telegráficas ao representante diplomático nele acreditado para apresentar, em nome do Governo brasileiro,

condolências à família enlutada. O Introdutor Diplomático, em nome do Ministro de Estado das

Relações Exteriores, apresentará pêsames ao Encarregado de Negócios do mesmo país.

CAPÍTULO XII

Das Condecorações

Art . 94. Em solenidades promovidas pelo Governo da União só poderão ser usadas

condecorações e medalhas conferidas pelo Governo federal, ou condecorações e medalhas conferidas

por Governos estrangeiros.

Parágrafo único. Os militares usarão as condecorações estabelecidas pelos regulamentos de cada

Força Armada.

Ordem Geral de Procedência

A ordem de procedência nas cerimônias oficiais de caráter federal na Capital da República, será a

seguinte:

1 - Presidente da República

2 - Vice-Presidente da República

Cardeais

Embaixadores estrangeiros

3- Presidente do Congresso Nacional

Presidente da Câmara dos Deputados

Presidente do Supremo Tribunal Federal

4- Ministros de Estado (*1)

Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República

Chefe do Serviço Nacional de Informações

135

Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas

Consultor-Geral da República

Enviados Extraordinários e Ministros Plenipotenciários estrangeiros

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral

Ministros do Supremo Tribunal Federal

Procurador-Geral da República

Governador do Distrito Federal

Governadores dos Estados da União (*2)

Senadores

Deputados Federais (*3)

Almirantes

Marechais

Marechais-do-Ar.

Chefe do Estado-Maior da Armada

Chefe do Estado-Maior do Exército

Secretário-Geral de Política Exterior (*4)

Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica

(*1) Vide artigo 4º e seus parágrafos das Normas do Cerimonial Público

(*2) Vide artigo 8º das Normas do Cerimonial Público

(*3) Vide artigo 9º das Normas do Cerimonial Público

(*4) Vide artigo 4º § 1º das Normas do Cerimonial Público

5 - Almirantes-de-Esquadra

Generais-de-Exército

Embaixadores Extraordinários e Plenipotenciários (Ministros de 1 a classe) (*5)

Tenentes-Brigadeiros

Presidente do Tribunal Federal de Recursos

136

Presidente do Superior Tribunal Militar

Presidente do Tribunal Superior do Trabalho

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral

Encarregados de Negócios estrangeiros

6 - Ministros do Tribunal Federal de Recursos

Ministros do Superior Tribunal Militar

Ministros do Tribunal Superior do Trabalho

Vice-Almirantes

Generais-de-Divisão

Embaixadores (Ministros de 1 a classe)

Majores-Brigadeiros

Chefes de Igreja sediados no Brasil

Arcebispos católicos ou equivalentes de outras religiões

Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal

Presidente do Tribunal de Contas da União

(*5) Considerem-se apenas os Embaixadores que chefiam ou tenham chefiado Missão

diplomática no exterior, tendo apresentado, nessa condição, Cartas Credenciais a Governo estrangeiro. Quando estiverem presente diplomatas estrangeiros, os Embaixadores em apreço terão precedência

sobre Almirantes-de-Esquadra e Generais-de-Exército. Em caso de visita de chefe de Estado, Chefe do

Governo ou Ministros das Relações Exteriores estrangeiros, o Chefe da Missão diplomática brasileira no país do visitante, sendo Ministro de 1 a classe, terá precedência sobre seus colegas, com exceção do

Secretário-Geral de Política Exterior.

Presidente do Tribunal Marítimo

Diretores-Gerais das Secretarias do Senado Federal e da Câmara dos Deputados

Procuradores-Gerais da Justiça Militar, Justiça do Trabalho e do Tribunal de Contas da União

Substitutos eventuais dos Ministros de Estado

Secretários-Gerais dos Ministérios

Reitores das Universidades Federais

Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal

137

Presidente do Banco Central do Brasil

Presidente do Banco do Brasil

Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Presidente do Banco Nacional de Habitação

Secretário da Receita Federal

Ministros do Tribunal de Contas da União

Juízes do Tribunal Superior do Trabalho

Subprocuradores Gerais da República

Personalidades inscritas no Livro do Mérito

Prefeitos das cidades de mais de um milhão (1.000.000) de habitantes

Presidente da Caixa Econômica Federal

Ministros-Conselheiros estrangeiros

Adidos Militares estrangeiros (Oficiais-Generais)

7 - Contra-Almirantes

Generais-de-Brigada

Embaixadores Comissionados ou Ministros de 2 a classe

Brigadeiros-do-Ar.

Vice-Governadores dos Estados da União

Presidentes das Assembléias Legislativas dos Estados da União

Presidentes dos Tribunais de Justiça dos Estados da União

Diretor-Geral do Departamento Administrativo do Pessoal Civil

Chefe do Gabinete da Vice-Presidência da República

Subchefes dos Gabinetes Militar e Civil da Presidência da República

Assessor Especial da Presidência da República

Assessor-Chefe da Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República

Assistente-Secretário do Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

138

Secretários Particulares do Presidente da República

Chefe do Cerimonial da Presidência da República

Secretários de Imprensa da Presidência da República.

Diretor-Geral da Agência Nacional

Presidente da Central de Medicamentos

Chefe do Gabinete da Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional

Chefe de Informações

Chefe do Gabinete do Estado-Maior das Forças Armadas

Chefe Nacional de Informações

Chefes dos Gabinetes dos Ministros de Estado

Presidente do Conselho Nacional de Pesquisas

Presidente do Conselho Federal de Educação

Presidente do Conselho Federal de Cultura

Governadores dos Territórios

Chanceler da Ordem Nacional do Mérito

Presidente da Academia Brasileira de Letras

Presidente da Academia Brasileira de Ciências

Presidente da Associação Brasileira de Imprensa

Diretores do Gabinete Civil da Presidência da República

Diretores-Gerais de Departamento dos Ministérios

Superintendentes de Órgãos Federais

Presidentes dos Institutos e Fundações Nacionais

Presidentes dos Conselhos e Comissões Federais

Presidentes das Entidades Autárquicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas de

âmbito nacional

Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais

Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho

139

Presidentes dos Tribunais de Contas do Distrito Federal e dos Estados da União

Presidentes dos Tribunais de Alçada dos Estados da União

Reitores das Universidades Estaduais e Particulares

Membros do Conselho Nacional de Pesquisas

Membros do Conselho Nacional de Educação

Membros do Conselho Federal de Cultura

Secretários de Estado do Governo do Distrito Federal

Bispos católicos ou equivalentes de outras religiões

Conselheiros estrangeiros

Cônsules-Gerais estrangeiros

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-de-Mar-e-Guerra, Coronéis-Aviadores)

8 - Presidente das Confederações Patronais e de Trabalhadores de âmbito nacional

Consultores Jurídicos dos Ministérios

Membros da Academia Brasileira de Letras

Membros da Academia Brasileira de Ciências

Diretores do Banco Central do Brasil

Diretores do Banco do Brasil

Diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Diretores do Banco Nacional de Habitação

Capitães-de-Mar-e-Guerra

Coronéis

Conselheiros

Coronéis-Aviadores

Secretários de Estado dos Governos dos Estados da União

Deputados Estaduais

Desembargadores dos Tribunais de Justiça do Distrito Federal e dos Estados da União

140

Adjuntos dos Gabinetes Militares e Civil da Presidência da República

Procuradores-Gerais do Distrito Federal e dos Estados da União

Prefeitos das Capitais dos Estados da União e das cidades de mais de quinhentos mil (500.000)

habitantes.

Primeiros Secretários estrangeiros

Procuradores da República nos Estados da União

Consultores-Gerais do Distrito Federal e dos Estados da União

Juizes do Tribunal Marítimo

Juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais

Juizes dos Tribunais Regionais do Trabalho

Presidentes das Câmaras Municipais das cidades de mais de um milhão (1.000.000) de habitantes

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-de-Fragata, Tenentes-Coronéis e

Tenentes-Coronéis-Aviadores)

9 - Juizes dos Tribunais de Contas do Distrito Federal e dos Estados da União.

Juizes dos Tribunais de Alçadas dos Estados da União

Delegados dos Ministérios nos Estados da União

Presidentes dos Institutos e Fundações Regionais e Estaduais

Presidentes das Entidades Autárquicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas de

âmbito regional ou estadual.

Monsenhores católicos ou equivalentes de outras regiões.

Ajudantes-de-Ordem do Presidente da República (Majores)

Capitães-de-Fragata

Tenentes-Coronéis

Primeiros Secretários

Tenentes-Coronéis-Aviadores

Chefes do Serviço da Presidência da República

Presidentes das Federações Patronais e de Trabalhadores de âmbito regional ou estadual

141

Presidentes das Câmaras Municipais das Capitais dos Estados da União e das cidades de mais de

quinhentos mil (500.000) habitantes

Juizes de Direito

Procuradores Regionais do Trabalho

Diretores de Repartições Federais

Auditores da Justiça Militar

Auditores do Tribunal de Contas

Promotores Públicos

Procuradores Adjuntos da República

Diretores das Faculdades Estaduais Particulares

Segundos Secretários

Cônsules estrangeiros

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-de-Corveta, Majores e Majores-Aviadores

10 - Ajudantes-de-Ordem do Presidente da República (Capitães)

Adjuntos dos Serviços da Presidência da República

Oficiais do Gabinete Civil da Presidência da República

Chefes de Departamento das Universidades Federais

Diretores de Divisão dos Ministérios

Prefeitos das cidades de mais de cem mil (100.000) habitantes

Capitães-de-Corveta

Majores

Segundos Secretários

Majores-Aviadores

Secretários-Gerais dos Territórios

Diretores de Departamento das Secretarias do Distrito Federal e dos Estados da União

Presidente dos Conselhos Estaduais

Chefes de Departamento das Universidades Estaduais e Particulares

142

Presidentes das Câmaras Municipais das cidades de mais de cem mil (100.000) habitantes

Terceiros Secretários estrangeiros

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-Tenentes, Capitães e Capitães-Aviadores).

11 - Professores de Universidade

Prefeitos Municipais

Cônegos católicos ou "equivalentes" de outras religiões

Capitães-Tenentes

Capitães

Terceiros Secretários

Capitães-Aviadores

Presidentes das Câmaras Municipais

Diretores de Repartições do Distrito Federal, dos Estados da União e Territórios

Diretores de Escolas de Ensino Secundário

Vereadores Municipais

A ordem de precedência, nas cerimonias oficiais, nos Estados da União, com a presença de

autoridades federais, será a seguinte:

1 - Presidente da República

2 - Vice-Presidente da República (*1)

Governador do Estado da União em que se processa a cerimônia

Cardeais

Embaixadores estrangeiros

3 - Presidente do Congresso Nacional

Presidente da Câmara dos Deputados

Presidente do Supremo Tribunal Federal

4 - Ministros de Estado (*2)

Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República

143

Presidência da República

Chefe de Serviço Nacional de Informações

Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas

Consultor-Geral da República

Vice-Governador do Estado da União em que se processa a cerimônia

Presidente da Assembléia Legislativa do Estado da União em que se processa a cerimonia

Presidente do Tribunal de Justiça do Estado em que se processa a cerimônia

Enviados Extraordinários e Ministros Plenipotenciários estrangeiros

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral

Ministro do Supremo Tribunal Federal

Procurador-Geral da República

Governadores dos outros Estados da União e do Distrito Federal (*3)

Senadores

(*1) Vide artigo 2º das Normas do Cerimonial Público

(*2) Vide artigo 4º e seus parágrafos das Normas do Cerimonial

(*3) Vide artigo 8º, artigo 9º e artigo 10 das Normas do Cerimonial Público

Deputados Federais (*4)

Almirantes

Marechais

Marechais-do-Ar

Chefe do Estado-Maior da Armada

Chefe do Estado-Maior do Exercíto

Secretário-Geral da Polílica Exterior (*5)

Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica

5 - Almirantes-de-Esquadra

Generais-de-Exército

144

Embaixadores Extraordinário e Plenipotenciários (Ministros de 1ª classe) (*6)

Tenentes-Brigadeiros

Presidente do Tribunal Federal de Recursos

Presidente do Tribunal Superior Militar

Presidente do Tribunal Superior do Trabalho

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral

Prefeito da Capital estadual em que se processa a cerimônia

Encarregos de Negócios estrangeiros

6 - Ministros do Tribunal Federal de Recursos

Ministros do Superior Tribunal Militar

(*4) Vide artigo 9º das Normas do Cerimonial Público

(*5) Vide artigo 4º § 1º das Normas do Cerimonial Público

(*6) Consideram-se apenas os Embaixadores que chefiam ou tenham chefiado Missão

diplomática no exterior, tendo apresentado, nessa condição, Cartas Credenciais a Governador Estrangeiro. Quando estiverem presentes diplomatas estrangeiros, os Embaixadores em apreço terão

precedência sobre Almirantes-de-Esquadra e Generais-de-Exército. Em caso de visita de Chefe de

Estado, Chefe do Governo ou Ministro das Relações Exteriores estrangeiros, o Chefe da Missão diplomática brasileira no país do visitante, sendo Ministro de 1º classe, terá precedência sobre seus

colegas, com exceção do Secretário-Geral de Política Exterior.

Ministros do Tribunal Superior do Trabalho

Vice-Almirante

Generais-de-Divisão

Embaixadores (Ministros de 1ª classe)

Majores-Brigadeiros

Chefes de Igreja sediados no Brasil

Arcebispos católicos ou equivalentes de outras religiões

Presidente do Tribunal de Contas da União

Presidente do Tribunal Marítimo

Diretores-Gerais das Secretarias do Senado Federal e da Câmara dos Deputados

145

Substitutos eventuais dos Ministros de Estado

Secretários-Gerais dos Ministérios

Reitores da universidades Federais

Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal

Presidente do Banco Central do Brasil

Presidente do Banco do Brasil

Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Presidente do Banco Nacional de Habilitação

Ministros do Tribunal de Contas da União

Juízes do Tribunal Superior do Trabalho

Subprocuradores-Gerais da República

Procuradores-Gerais da Justiça Militar

Procuradores-Gerai da Justiça do Trabalho

Procuradores-Gerais do Tribunal de Contas da União

Vice-Governadores de outros Estados da União

Secretário da Receita Federal

Personalidades inscritas no Livro do Mérito

Prefeitos da cidade em que se processa a cerimônia

Presidente da Câmara Municipal da cidade em que se processa a cerimônia

Juiz de Direito da Comarca em que se processa a cerimonia

Prefeitos das cidades de mais de um milhão (1.000.000) de habitantes

Presidente da Caixa Econômica Federal

Ministros-Conselheiros estrangeiros

Cônsules-Gerais estrangeiros

Adidos Militares estrangeiros

(Oficiais Generais)

146

7 - Contra-Almirantes

Generais-de-Brigada

Embaixadores Comissionados ou Ministros de 2ª classe

Brigadeiros-do-Ar.

Direito-Geral do Departamento Administrativo do Pessoal Civil

Chefe do Gabinete da Vice-Presidência da República

Subchefes dos Gabinetes Militar e Civil da Presidência da República

Assessor Especial da Presidência da República

Assessor-Chefe da Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República.

Assistente-Secretário do Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

Secretários Particulares do Presidente da República

Chefe do Cerimonial da Presidência da República

Secretários de Imprensa da Presidência da República

Diretor-Geral da Agência Nacional

Presidente da Central de Medicamentos

Chefe do Gabinete da Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional

Chefe do Gabinete do Serviço Nacional de Informações

Chefe do Gabinete do Estado-Maior das Forças Armadas

Chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações

Presidente do Tribunal Regional Eleitoral

Governadores dos Territórios

Procurador da República no Estado

Procurador-Geral do Estado

Presidente do Tribunal Regional do Trabalho

Presidente do Tribunal de Contas do Estado

Presidente do Tribunal de Alçado do Estado

147

Presidente do Conselho Nacional de Pesquisas

Presidente do Conselho Federal de Educação

Presidente do conselho Federal de Cultura

Chanceler da Ordem Nacional do Mérito

Presidente da Academia Brasileira de Letras

Presidente da Academia Brasileira de Ciências

Presidente da Associação Brasileira de Imprensa

Diretores do Gabinete Civil da Presidência da República

Diretores-Gerais dos Departamentos de Ministérios

Superintendentes de Órgãos Federais

Presidentes dos Institutos e Fundações Nacionais

Presidentes dos Conselhos e Comissões Federais

Presidentes das Entidades Autárquicas, Sociedade de Economia Mista e Empresas Públicas de

âmbito nacional

Chefes dos Gabinetes dos Ministros de Estado

Reitores das Universidades Estaduais e Particulares

Membros do Conselho Nacional de Pesquisas

Membros do Conselho Federal de Educação

Membros do Conselhos Federal de Cultura

Secretários do Governo do Estado em que se processa a cerimônia

Bispos católicos ou equivalentes de outras religiões

Conselheiros estrangeiros

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-de-Mar-e-Guerra, Coronéis e Coronéis-

Aviadores)

Presidentes das Confederações Patronais e de Trabalhadores de âmbito nacional

Consultores Jurídicos dos Ministérios

Membros da Academia Brasileira de Letras

148

Membros da Academia Brasileira de Ciências

Diretores do Banco Central do Brasil

Diretores do Banco do Brasil

Diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Diretores do Banco Nacional de Habitação

Capitães-de-Mar-e-Guerra

Coronéis

Conselheiros

Coronéis-Aviadores

Deputados do Estado em que se processa a cerimônia

Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado em que se processa a cerimônia

Adjuntos dos Gabinetes Militar e Civil da Presidência da República

Prefeitos das cidades de mais de quinhentos mil (500.000) habitantes

Delegados dos Ministérios no Estado em que se processa a cerimônia

Primeiros Secretários estrangeiros

Cônsules estrangeiros

Consultor-Geral do Estado em que se processa a cerimônia Juízes do Tribunal Marítimo Juizes do

Tribunal Regional Eleitoral do Estado em que se processa a cerimônia

Juizes do Tribunal Regional do Trabalho do Estado em que se processa a cerimônia

Presidentes das Câmaras Municipais da Capital e das cidades de mais de um milhão (1.000.000)

de habitantes.

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-de-Fragata, Tenentes-Coronéis e Tenentes-

Coronéis-Aviadores)

9 - Juiz Federal

Juizes do Tribunal de Contas do Estado em que se processa a cerimônia

Juizes do Tribunal de Alçada do Estado em que se processa a cerimônia

Presidentes dos Institutos e Fundações Regionais e Estaduais

149

Presidentes das Entidades Autárquicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas de

âmbito regional ou Estadual Diretores das Faculdades Federais

Monsenhores católicos ou equivalentes de outras religiões

Ajudantes-de-Ordem do Presidente da República (Majores)

Capitães-de-Fragata

Tenentes-Coroneis

Primeiros-Secretários

Tenentes-Coronéis-Aviadores

Chefes de Serviço da Presidência da República

Presidentes das Federações Patrimoniais e de Trabalhadores de âmbito regional ou estadual

Presidentes das Câmaras Municipais das Capitais dos Estados da união e das cidades de mais de

quinhentos mil (500.000) habitantes

Juizes de Direito

Procuradores Regionais do Trabalho

Diretores de Repartições Federais

Auditores da Justiça Militar

Auditores do Tribunal de Contas

Promotores Públicos

Procuradores Adjuntos da República

Diretores das Faculdades Estaduais e Particulares

Segundos Secretários estrangeiros

Vice-Cônsules estrangeiros

Adidos e Adjuntos Militares Militares estrangeiros (Capitães-de-Corveta, Majores e Majores-

Aviadores)

10 - Ajudante-de-Ordem do Presidente da República (Capitães)

Adjuntos dos Serviços da Presidência da República

Oficiais do Gabinete Civil da Presidência da República

Chefes de Departamento das Universidades Federais

150

Diretores de Divisão dos Ministérios

Prefeitos das cidades de mais de cem mil (100.000) habitantes Capitães-de-Corveta

Majores

Segundos Secretários

Majores-Aviadores

Secretários-Gerais dos Territórios

Diretores de Departamento das Secretarias do Estado em que se processa a cerimônia

Presidentes dos Conselhos Estaduais

Chefes de Departamento das Universidades Estaduais e Particulares

Presidentes das Câmaras Municipais das cidades de mais de cem mil (100.000) habitantes

Terceiros Secretários estrangeiros

Adidos e Adjuntos Militares estrangeiros (Capitães-Tenentes, Capitães e Capitães-Aviadores)

11 - Professores de Universidade e demais Prefeitos Municipais

Cônegos católicos ou equivalentes de outras religiões

Capitães-Tenentes

Capitães

Terceiros Secretários

Capitães-Aviadores

Presidentes das demais Câmaras Municiais

Diretores de Repartições do Estado em que se processa a cerimônia

Diretores de Escolas de Ensino Secundário

Vereadores Municipais

A ordem de precedência nas cerimônias oficiais, de caráter estadual, será a seguinte:

1 - Governador

Cardeais

2 - Vice-Governador

151

3 - Presidente da Assembléia Legislativa

Presidente do Tribunal de Justiça

4 - Almirante-de-Esquadra

Generais-de-Exército

Tententes-Brigadeiros

Prefeito da Capital estadual em que se processa a cerimônia

5 - Vice-Almirantes

Generais-de-Divisão

Majores-Brigadeiros

Chefes de Igreja sediados no Brasil

Arcebispos católicos ou equivalentes em outras religiões

Reitores das Universidades Federais

Personalidades inscritas no Livro do Mérito

Prefeito da cidade em que se processa a cerimônia

Presidente da Câmara Municipal da cidade em que se processa a cerimônia

Juiz de Direito da Comarca em que se processa a cerimônia

Prefeitos das cidades de mais de um milhão (1.000.000) de habitantes

6 - Contra-Almirantes

Generais-de-Brigada

Brigadeiros-do-Ar

Presidente do Tribunal Regional Eleitoral

Procurador Regional da República no Estado

Procurador-Geral do Estado

Presidente do Tribunal Regional do Trabalho

Prasidente do Tribunal de Contas

Presidente do Tribunal de Alçada

152

Chefe da Agência do Serviço Nacional de Informações

Superintendentes de Órgãos Federais

Presidentes dos Institutos e Fundações Nacionais

Presidentes dos Conselhos e Comissões Federais

Presidentes das Entidades Autárquicas, sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas de

âmbito nacional

Reitores das Universidades Estaduais e Particulares

Membros do Conselho Nacional de Pesquisas

Membros do Conselho Federal de Educação

Membros do Conselho Federal de Cultura

Secretários de Estado

Bispo católicos ou equivalentes de outras religiões

7 - Presidentes das Confederações Patronais e de Trabalhadores de âmbito nacional

Membros da Academia Brasileira de Letras

Membros da Academia Brasileira de Ciências

Diretores do Banco Central do Brasil

Diretores do Banco do Brasil

Diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

Diretores do Banco Nacional de Habitação

Capitães-de-Mar-e-Guerra

Coronéis

Coronéis-Aviadores

Deputados Estaduais

Desembargadores do Tribunal de Justiça

Prefeitos das cidades de mais de quinhentos mil (500.000) habitantes

Delegados dos Ministérios

Cônsules estrangeiros

153

Consultor-Geral do Estado

Juizes do Tribunal Regional Eleitoral

Juizes do Tribunal Regional do Trabalho

Presidentes das Câmaras Municipais da Capital e das cidades de mais de um milhão (1.000.000)

habitantes

8 - Juiz Federal

Juiz do Tribunal de Contas

Juizes do Tribunal de Alçada

Presidentes dos Institutos e Fundações Regionais e Estaduais

Presidentes das Entidades Autarquicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas de

âmbito regional ou estadual

Diretores das Faculdades Federais

Monsenhores católicos ou equivalentes de outras religiões

Capitães-de-Fragata

Tenentes-Coroneis

Tenentes-Coroneis-Aviadores

Presidentes das Federações Patronais e de Trabalhadores de âmbito regional ou estadual

Presidentes das Câmaras Municipais das cidades de mais de quinhentos mil (500.000) habitantes

Juizes de Direito

Procurador Regional do Trabalho

Auditores da Justiça Militar

Auditores do Tribunal de Contas

Promotores Públicos

Diretores das Faculdades Estaduais e Particulares

Vice-Cônsules estrangeiros

9 - Chefes de Departamento das Universidades Federais Prefeitos das cidades de mais de cem mil

(100.000) habitantes

Capitães-de-Coverta

154

Majores

Majores-Aviadores

Diretores de Departamento das Secretarias

Presidentes dos Conselhos Estaduais

Chefes de Departamento das Universidades Estaduais e Particulares

Presidentes das Câmaras Municipais das cidades de mais de cem mil (100.000) habitantes

10 - Professores de Universidade Demais Prefeitos Municipais

Cônegos católicos ou equivalentes de outras religiões

Capitães-Tenentes

Capitães

Capitães-Aviadores

Presidentes das demais Câmaras Municipais

Diretores de Repartição

Diretores de Escolas de Ensino Secundário

Vereadores Municipais

155

ANEXO E

Código de Ética Profissional do Secretário

Publicado no Diário Oficial da União de sete de julho de 1989.

CÓDIGO DE ÉTICA

Publicado no Diário Oficial da União de sete de julho de 1989.

Capítulo I

Dos Princípios Fundamentais

Art.1º. - Considera-se Secretário ou Secretária, com direito ao exercício da

profissão, a pessoa legalmente credenciada nos termos da lei em vigor.

Art.2º. - O presente Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar

normas de procedimentos dos Profissionais quando no exercício de sua profissão, regulando-

lhes as relações com a própria categoria, com os poderes públicos e com a sociedade.

Art.3º. - Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua

profissão, tratando-a sempre como um dos bens mais nobres, contribuindo, através do

exemplo de seus atos, para elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais.

Capítulo II

Dos Direitos

Art.4º. - Constituem-se direitos dos Secretários e Secretárias: a) garantir e

defender as atribuições estabelecidas na Lei de Regulamentação; b) participar de entidades

representativas da categoria; c) participar de atividades públicas ou não, que visem defender

os direitos da categoria; d) defender a integridade moral e social da profissão, denunciando às

entidades da categoria qualquer tipo de alusão desmoralizadora; e) receber remuneração

equiparada à dos profissionais de seu nível de escolaridade; f) ter acesso a cursos de

treinamento e a outros Eventos/Cursos cuja finalidade seja o aprimoramento profissional; g)

jornada de trabalho compatível com a legislação trabalhista em vigor.

156

Capítulo III

Dos Deveres Fundamentais

Art.5º. - Constituem-se deveres fundamentais das Secretárias e Secretários:

a) considerar a profissão como um fim para a realização profissional; b) direcionar seu

comportamento profissional, sempre a bem da verdade, da moral e da ética; c) respeitar sua

profissão e exercer suas atividades, sempre procurando aperfeiçoamento; d) operacionalizar e

canalizar adequadamente o processo de comunicação com o público; e) ser positivo em seus

pronunciamentos e tomadas de decisões, sabendo colocar e expressar suas atividades; f)

procurar informar-se de todos os assuntos a respeito de sua profissão e dos avanços

tecnológicos, que poderão facilitar o desempenho de suas atividades; g) lutar pelo progresso

da profissão; h) combater o exercício ilegal da profissão; i) colaborar com as instituições que

ministram cursos específicos, oferecendo-lhes subsídios e orientações.

Capítulo IV

Do Sigilo Profissional

Art.6º. - A Secretária e o Secretário, no exercício de sua profissão, deve

guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados.

Art.7º. - É vedado ao Profissional assinar documentos que possam resultar

no comprometimento da dignidade profissional da categoria.

Capítulo V

Das Relações entre Profissionais Secretários

Art.8º. - Compete às Secretárias e Secretários: a) manter entre si a

solidariedade e o intercâmbio, como forma de fortalecimento da categoria; b) estabelecer e

manter um clima profissional cortês, no ambiente de trabalho, não alimentando discórdia e

desentendimento profissionais; c) respeitar a capacidade e as limitações individuais, sem

preconceito de cor, religião, cunho político ou posição social; d) estabelecer um clima de

respeito à hierarquia com liderança e competência.

Art.9º. - É vedado aos profissionais: a) usar de amizades, posição e

influências obtidas no exercício de sua função, para conseguir qualquer tipo de favoritismo

pessoal ou facilidades, em detrimento de outros profissionais; b) prejudicar deliberadamente a

157

reputação profissional de outro secretário; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,

conivente com erro, contravenção penal ou infração a este Código de Ética.

Capítulo VI

Das Relações com a Empresa

Art.10º. - Compete ao Profissional, no pleno exercício de suas atividades: a)

identificar-se com a filosofia empresarial, sendo um agente facilitador e colaborador na

implantação de mudanças administrativas e políticas; b) agir como elemento facilitador das

relações interpessoais na sua área de atuação; c) atuar como figura-chave no fluxo de

informações desenvolvendo e mantendo de forma dinâmica e contínua os sistemas de

comunicação.

Art.11º. - É vedado aos Profissionais: a) utilizar-se da proximidade com o

superior imediato para obter favores pessoais ou estabelecer uma rotina de trabalho

diferenciada em relação aos demais; b) prejudicar deliberadamente outros profissionais, no

ambiente de trabalho.

Capítulo VII

Das Relações com as Entidades da Categoria

Art.12º. - A Secretária e o Secretário devem participar ativamente de suas

entidades representativas, colaborando e apoiando os movimentos que tenham por finalidade

defender os direitos profissionais.

Art.13º. - Acatar as resoluções aprovadas pelas entidades de classe.

Art.14º. - Quando no desempenho de qualquer cargo diretivo, em entidades

da categoria, não se utilizar dessa posição em proveito próprio.

Art.15º. - Participar dos movimentos sociais e/ou estudos que se relacionem

com o seu campo de atividade profissional.

Art.16º. - As Secretárias e Secretários deverão cumprir suas obrigações, tais

como mensalidades e taxas, legalmente estabelecidas, junto às entidades de classes a que

pertencem.

158

Capítulo VIII

Da Obediência, Aplicação e Vigência do Código de Ética

Art.17º. - Cumprir e fazer cumprir este Código é dever de todo Secretário.

Art.18º. - Cabe aos Secretários docentes informar, esclarecer e orientar os

estudantes, quanto aos princípios e normas contidas neste Código.

Art.19º. - As infrações deste Código de Ética Profissional acarretarão

penalidades, desde a advertência à cassação do Registro Profissional na forma dos

dispositivos legais e/ou regimentais, através da Federação Nacional das Secretárias e

Secretários.

Art.20º. - Constituem infrações: a) transgredir preceitos deste Código; b)

exercer a profissão sem que esteja devidamente habilitado nos termos da legislação

específica; c) utilizar o nome da Categoria Profissional das Secretárias e/ou Secretários para

quaisquer fins, sem o endosso dos Sindicatos de Classe, em nível Estadual e da Federação

Nacional nas localidades inorganizadas em Sindicatos e/ou em nível Nacional.

159

ANEXO F

DECRETO-LEI Nº 3.688 - DE 03 DE OUTUBRO DE 1941 –

CLBR 31/12/1941

- LEIS DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS

Alterado pela LEI Nº 11.983, DE 16 DE JULHO DE 2009 - DOU DE 17/07/2009

Alterado pela LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003 - DOU DE 03/10/2003

Alterado pela LEI Nº 6.815, DE 19 DE AGOSTO DE 1980 - DOU DE 21/08/1980

Alterado pela LEI Nº 6.416, DE 24 DE MAIO DE 1977 - DOU DE 25/05/1977

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o art. 180

da Constituição, decreta:

PARTE GERAL -

APLICAÇÃO DAS REGRAS DO CÓDIGO PENAL

Art. 1º Aplicam-se às contravenções as regras gerais do Código Penal, sempre que a

presente Lei não disponha de modo diverso.

TERRITORIALIDADE

Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.

VOLUNTARIEDADE. DOLO E CULPA

Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se,

todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra,

qualquer efeito jurídico.

TENTATIVA

Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.

PENAS PRINCIPAIS

Art. 5º As penas principais são:

I - prisão simples;

II - multa.

PRISÃO SIMPLES

Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em

estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto

ou aberto.

§ 1º O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à

pena de reclusão ou de detenção.

160

§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias.

REINCIDÊNCIA

Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de

passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por

qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.

ERRO DE DIREITO

Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a

pena pode deixar de ser aplicada.

CONVERSÃO DA MULTA EM PRISÃO SIMPLES

Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com o que dispõe o Código

Penal sobre a conversão de multa em detenção.

Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a conversão em prisão simples se

faz entre os limites de 15 (quinze) dias e 3 (três) meses.

LIMITES DAS PENAS

Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a 5

(cinco) anos, nem a importância das multas ultrapassar cinqüenta contosde réis.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA DE PRISÃO SIMPLES

Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender, por tempo não

inferior a 1 (um) ano nem superior a 3 (três), a execução da pena de prisão simples,

bem como conceder livramento condicional.

PENAS ACESSÓRIAS

Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as seguintes interdições de

direitos:

I - a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de

habilitação especial, licença ou autorização do poder público;

II - a suspensão dos direitos políticos.

Parágrafo único. Incorrem:

a) na interdição sob nº I, por 1 (um) mês a 2 (dois) anos, o condenado por motivo de

contravenção cometida com abuso de profissão ou atividade ou com infração de dever a

ela inerente;

b) na interdição sob nº II, o condenado à pena privativa de liberdade, enquanto dure a

execução da pena ou a aplicação da medida de segurança detentiva.

161

MEDIDAS DE SEGURANÇA

Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas de segurança

estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio local.

PRESUNÇÃO DE PERICULOSIDADE

Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se referem os nºs I e II do

art. 78 do Código Penal:

I - o condenado por motivo de contravenção cometida em estado de embriaguez pelo

álcool ou substância de efeitos análogos, quando habitual a embriaguez;

II - o condenado por vadiagem ou mendicância;

III - (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24/05/77).

IV - (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24/05/77).

INTERNAÇÃO EM COLÔNIA AGRÍCULA OU EM INSTITUTO DE

TRABALHO, DE REEDUCAÇÃO OU DE ENSINO PROFISSIONAL

Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto de trabalho, de reeducação

ou de ensino profissional, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano:

I - o condenado por vadiagem (art. 59).

II - o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo).

III - (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24/05/77).

INTERNAÇÃO E MANICÔMIO JUDICIÁRIO OUEM CASA DE CUSTÓDIA E

TRATAMENTO

Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em manicômio judiciário ou em

casa de custódia e tratamento é de 6 (seis) meses.

Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a internação, submeter o

indivíduo a liberdade vigiada.

AÇÃO PENAL

Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício.

PARTE ESPECIAL

CAPÍTULO I -

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA

FABRICO, COMÉRCIO, OU DETENÇÃO DE ARMAS OU MUNIÇÃO

Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da

autoridade, arma ou munição:

162

Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, ou ambas

cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a ordem política ou social.

PORTE DE ARMA

Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da

autoridade:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa, ou ambas

cumulativamente.

§ 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente já foi condenado, em

sentença irrecorrível, por violência contra pessoa.

§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa,

quem, possuindo arma ou munição:

a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determina;

b) permite que alienado, menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa inexperiente no manejo

de arma a tenha consigo;

c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado,

menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa inexperiente em manejá-la.

ANÚNCIO DE MEIO ABORTIVO

Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto:

Pena - multa.

VIAS DE FATO

Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não

constitui crime.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior

de 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 1º /10/2003 - DOU DE 03/10/2003)

INTERNAÇÃO IRREGULAR EM ESTABELECIMENTO PSIQUIÁTRICO

Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formalidades

legais, pessoa apresentada como doente mental.

Pena - multa.

§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar à autoridade competente, no

prazo legal, internação que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as

formalidades legais.

163

§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa,

aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou despede de

estabelecimento psiquiátrico pessoa nele internada.

INDEVIDA CUSTÓDIA DE DOENTE MENTAL

Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no artigo

anterior, sem autorização de quem de direito:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

CAPÍTULO II -

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO

INSTRUMENTO DE EMPREGO USUAL NA PRÁTICA DE FURTO

Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado usualmente na

prática de crime de furto:

Pena - prisão simples, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

POSSE NÃO JUSTIFICA DE INSTRUMENTO DE EMPREGO SAL NA

PRÁTICA DE FURTO

Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado por crime de furto ou roubo,

ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo,

gazus, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de

crime de furto, desde que não prove destinação legítima:

Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, e multa.

VIOLAÇÃO DE LUGAR OU OBJETO

Art. 26. Abrir, alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou ofício análogo, a

pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado

previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou

objeto:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

EXPLORAÇÃO DE CREDULIDADE PÚBLICA

Art. 27. Explorar a credulidade pública mediante sortilégios, predição do futuro,

explicação de sonho, ou práticas congêneres:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.

164

CAPÍTULO III -

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE

PÚBLICA

Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via

pública ou em direção a ela:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois)

meses, ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou

em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo

de artifício ou solta balão aceso.

DESABAMENTO DE CONSTRUÇÃO

Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou na execução,

dar-lhe causa:

Pena - multa, se o fato não constitui crime contra a incolumidade pública.

PERIGO DE DESABAMENTO

Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo estado ruinoso de construção que

lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe:

Pena - multa.

OMISSÃO DE CAUTELA NA GUARDA OU CONDUÇÃO DE ANIMAIS

Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar

com a devida cautela animal perigoso:

Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa

inexperiente;

b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;

c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia.

FALTA DE HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO

Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a

motor em águas públicas:

Pena - multa.

165

DIREÇÃO NÃO LICENCIADA DE AERONAVE

Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa.

DIREÇÃO PERIGOSA DE VEÍCULO NA VIA PÚBLICA

Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em

perigo a segurança alheia:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

ABUSO NA PRÁTICA DA AVIAÇÃO

Art. 35. Entregar-se, na prática da aviação, a acrobacias ou a vôos baixos, fora da zona

em que a lei o permite, ou fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados a esse

fim:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

SINAIS DE PERIGO

Art. 36. Deixar de colocar na via pública sinal ou obstáculo, determinado em lei ou

pela autoridade e destinado a evitar perigo a transeuntes:

Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra natureza ou obstáculo

destinado a evitar perigo a transeuntes;

b) remove qualquer outro sinal de serviço público.

ARREMESSO OU COLOCAÇÃO PERIGOSA

Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum, ou de uso

alheio, coisa que possa ofender, sujar ou molestar alguém:

Pena - multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem as devidas cautelas, coloca

ou deixa suspensa coisa que, caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou de

uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém.

EMISSÃO DE FUMAÇA, VAPOR OU GÁS

Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender

ou molestar alguém:

166

Pena - multa.

CAPÍTULO IV -

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA

ASSOCIAÇÃO SECRETA

Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pessoas, que se reúnam

periodicamente, sob compromisso de ocultar à autoridade a existência, objetivo,

organização ou administração da associação:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante de prédio que o cede, no todo

ou em parte, para reunião de associação que saiba ser de caráter secreto.

§ 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar de aplicar a pena, quando

lícito o objeto da associação.

PROVOCAÇÃO DE TUMULTO. CONDUTA INCONVENIENTE

Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em

solenidade ou ato oficial, em assembléia ou espetáculo público, se o fato não constitui

infração penal mais grave:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.

FALSO ALARMA

Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar

qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.

PERTURBAÇÃO DO TRABALHO OU DO SOSSEGO ALHEIOS

Art. 42. Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios:

I - com gritaria ou algazarra;

II - exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais;

III - abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;

IV - provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem

guarda:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

CAPÍTULO V -

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA

RECUSA DE MOEDA DE CURSO LEGAL

167

Art. 43. Recusar-se a receber pelo seu valor, moeda de curso legal do País:

Pena - multa.

IMITAÇÃO DE MOEDA PARA PROPAGANDA

Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que pessoa inexperiente ou

rústica possa confundir com moeda:

Pena - multa.

SIMULAÇÃO DA QUALIDADE DE FUNCIONÁRIO

Art. 45. Fingir-se funcionário público:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

USO ILEGÍTIMO DE UNIFORME OU DISTINTIVO

Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de função pública que não

exercer; usar, indevidamente, de sinal, distintivo ou denominação cujo emprego seja

regulado por lei.

Pena - multa, se o fato não constitui infração penal mais grave.

CAPÍTULO VI - DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

EXERCÍCIO ILEGAL DE PROFISSÃO OU ATIVIDADE

Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem

preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

EXERCÍCIO ILEGAL DO COMÉRCIO DE COISAS ANTIGAS E OBRAS DE

ARTE

Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, comércio de antigüidades, de

obras de arte, ou de manuscritos e livros antigos ou raros:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

MATRÍCULA OU ESCRITURAÇÃO DE INDÚSTRIA E PROFISSÃO

Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à escrituração de indústria,

de comércio, ou de outra atividade:

168

Pena - multa.

CAPÍTULO VII -

DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLICIA DE COSTUMES

JOGO DE AZAR

Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público,

mediante o pagamento de entrada ou sem ele:

Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, estendendo-se os

efeitos da condenação à perda dos móveis e objetos de decoração do local.

§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre os empregados ou participa do

jogo pessoa menor de 18 (dezoito) anos.

§ 2º Incorre na pena de multa, quem é encontrado a participar do jogo, como ponteiro

ou apostador.

§ 3º Consideram-se jogos de azar:

a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte;

b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam

autorizadas;

c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva.

§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível ao público:

a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando deles habitualmente

participam pessoas que não sejam da família de quem a ocupa;

b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e moradores se proporciona

jogo de azar;

c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que se realiza jogo de azar;

d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar, ainda que se dissimule

esse destino.

LOTERIA NÃO AUTORIZADA

Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autorização legal:

Pena - prisão simples, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, estendendo-se os

efeitos da condenação à perda dos móveis existentes no local.

§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou expõe à venda, tem sob sua guarda,

para o fim de venda, introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de loteria não

autorizada.

§ 2º Considera-se loteria toda ocupação que, mediante a distribuição de bilhete, listas,

cupões, vales, sinais, símbolos ou meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção

de prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza.

§ 3º Não se compreendem na definição do parágrafo anterior os sorteios autorizados na

legislação especial.

LOTERIA ESTRANGEIRA

169

Art. 52. Introduzir, no País, para o fim de comércio, bilhete de loteria, rifa ou tômbola

estrangeiras:

Pena - prisão simples, de 4 (quatro) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à venda, tem sob sua

guarda, para o fim de venda, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de

loteria estrangeira.

LOTERIA ESTADUAL

Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria estadual em território

onde não possa legalmente circular:

Pena - prisão simples, de 2 (dois) a 6 (seis) meses, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à venda, tem sob sua

guarda, para o fim de venda, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de

loteria estadual, em território onde não possa legalmente circular.

EXIBIÇÃO OU GUARDA DE LISTA DE SORTEIO

Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de loteria estrangeira:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três) meses, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou tem sob sua guarda lista de

sorteio de loteria estadual, em território onde esta não possa legalmente circular.

IMPRESSÃO DE BILHETES, LISTA OU ANÚNCIOS

Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura de bilhetes, lista de sorteio,

avisos ou cartazes relativos a loteria, em lugar onde ela não possa legalmente circular:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.

DISTRIBUIÇÃO OU TRANSPORTE DE LISTAS OU AVISOS

Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sorteio ou avisos de loteria, onde

ela não possa legalmente circular:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três) meses, e multa.

PUBLICIDADE DE SORTEIO

Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, de rádio, cinema, ou qualquer

outra forma, ainda que disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de extração de

loteria, onde a circulação dos seus bilhetes não seja legal:

170

Pena - multa.

JOGO DE BICHO

Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, ou praticar qualquer

ato relativo à sua realização ou exploração:

Pena - prisão simples, de 4 (quatro) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre na pena de multa aquele que participa da loteria, visando a

obtenção de prêmio, para si ou para terceiro.

VADIAGEM

Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho,

sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover a própria

subsistência mediante ocupação ilícita:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses.

Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios

bastantes de subsistência, extingue a pena.

MENDICÂNCIA

Art. 60 . Revogado pela LEI Nº 11.983, DE 16 DE JULHO DE 2009 - DOU DE

17/07/2009

Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3

(três) meses.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um sexto

a um terço, se a contravenção é praticada:

a) de modo vexatório, ameaçador ou

fraudulento;

b) mediante simulação de moléstia ou

deformidade;

c) em companhia de alienado ou de menor de 18

(dezoito) anos.

IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR

Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo

ofensivo ao pudor:

Pena - multa.

171

EMBRIAGUEZ

Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause

escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.

Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é internado em casa de

custódia e tratamento.

BEBIDAS ALCOÓLICAS

Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:

I - a menor de 18 (dezoito) anos;

II - a quem se acha em estado de embriaguez;

III - a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;

IV - a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de freqüentar lugares onde

se consome bebida de tal natureza:

Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.

CRUELDADE CONTRA ANIMAIS

Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo:

Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 1 (um) mês, ou multa.

§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos,

realiza, em lugar público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em

animal vivo.

§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho

excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público.

PERTURBAÇÃO DA TRANQUILIDADE

Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranqüilidade, por acidente ou por motivo

reprovável:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

172

CAPÍTULO VIII -

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE CRIME

Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:

I - crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública,

desde que a ação penal não dependa de representação;

II - crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de

outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a

comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal:

Pena - multa.

INUMAÇÃO OU EXUMAÇÃO DE CADÁVER

Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais:

Pena - prisão simples, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.

RECUSA DE DADOS SOBRE PRÓPRIA IDENTIDADE OU QUALIFICAÇÃO

Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta justificadamente solicitados ou

exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão,

domicílio e residência:

Pena - multa.

Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa,

se o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz

declarações inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão,

domicílio e residência.

PROIBIÇÃO DE ATIVIDADE REMUNERADA A ESTRANGEIRO

Art. 69. (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19/08/80.)

VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO POSTAL DA UNIÃO

Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do monopólio postal da União:

Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, ou ambas

cumulativamente.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas, caça e pesca, revogam-se as

disposições em contrário.

173

Art. 72. Esta Lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.

Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120º da Independência e 53º da República.

GETÚLIO VARGAS

174

ANEXO G

Projeto de Lei de criação do Conselho de Classe dos Secretários e Secretárias

PROJETO DE LEI

“Cria o Conselho Federal e os

Conselhos Regionais de

Secretariado e dá outras

providências”.

O Presidente da República Federativa do Brasil:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Capítulo I - Da Criação e Atribuições dos

Conselhos Federal e Regionais de Secretariado

Artigo. 1o - Ficam criados o Conselho Federal de Secretariado e os Conselhos Regionais de

Secretariado, dotados de personalidade jurídica de direito público, com autonomia financeira,

organizacional e administrativa.

Artigo 2° - O Conselho Federal de Secretariado (CFS) e os Conselhos Regionais de

Secretariado (CRS) têm por atribuição orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da

Profissão de Secretário, bem como supervisionar o cumprimento e aplicação do Código de

Ética Profissional, dos profissionais habilitados e inscritos nos Conselhos regionais

Artigo 3° - A designação de Profissional de Secretariado é prerrogativa dos profissionais

regularmente inscritos nos Conselhos Regionais de Secretariado, ficando instituído o sigilo

profissional a todos os profissionais regularmente inscritos.

Parágrafo único – O sigilo Profissional poderá ser oposto em juízo ou fora dele pelo prazo de

10 (dez) anos após o término do contrato de prestação de serviços profissionais.

Artigo 4° - Apenas serão inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais de Secretariado os

seguintes profissionais:

I – os possuidores de diploma obtido em curso de secretariado, oficialmente autorizado ou

reconhecido;

II - os possuidores de diploma em secretariado expedido por instituição de ensino superior

estrangeira, revalidado na forma da legislação em vigor;

III – os que, até a data do início da vigência desta Lei, tenham concluído o ensino médio e

tenham comprovadamente exercido atividades próprias dos Profissionais de Secretariado,

pelo tempo mínimo de 10 (dez) anos anteriores a propositura desta Lei.

175

Capítulo II - Do Conselho Federal

Artigo 5° - O Conselho Federal de Secretariado terá jurisdição em todo o Território Nacional

e sede e foro no Distrito Federal e será composto por brasileiros natos e naturalizados,

devidamente habilitados nos termos da presente lei.

Parágrafo único - O Conselho Federal de Secretariado (CFS) poderá, quando necessário,

instalar unidades regionais, com a devida anuência da diretoria do Conselho Regional de

Secretariado (CRS) respectivo.

Artigo 6° - Compete ao Conselho Federal de Secretariado(CFS):

I – zelar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização do Profissional de

Secretariado;

II – representar em Juízo, ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais relativos às

prerrogativas da profissão de secretariado, ressalvadas as competências privativas da

Federação e Sindicatos representativos da categoria;

III - elaborar e alterar o seu Regimento Interno;

IV - aprovar os Regimentos Internos organizados pelos Conselhos Regionais, modificando o

que se tornar necessário, a fim de manter a respectiva unidade de ação;

V – supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o território nacional;

VI– elaborar e alterar o Código de Ética do profissional de Secretariado, quando for o caso e

publicar suas alterações;

VII – cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos Profissionais de Secretariado;

VIII - aplicar multas e penalidades;

IX – editar e alterar resoluções, portarias e provimentos;

X - tomar conhecimento de quaisquer dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais de

Secretariado e dirimí-las;

XI - reexaminar, em grau de recurso, as decisões dos Conselhos Regionais de

Secretariado(CRS);

XII - publicar o relatório anual de seus trabalhos, em que deverá figurar a relação dos

profissionais registrados;

XIII - instituir e alterar modelos de Carteira de Identidade Profissional, Certificado de

Inscrição, insígnias da profissão e demais impressos;

176

XIV - elaborar e deliberar sobre o Balanço Financeiro, o Relatório Anual de Atividades, a

Previsão Orçamentária e enviar cópia para os Conselhos Regionais de Secretariado até 30

(trinta) dias após a aprovação dos mesmos;

XV - homologar, suprir ou anular atos dos Conselhos Regionais de Secretariado;

XVI - promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;

XVII – colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos de Secretariado;

XVII – estabelecer as condições para a criação e funcionamento das seções dos Conselhos

Regionais;

XIX - convocar e realizar eleições para sua Diretoria;

XX – promover diligências, inquéritos ou verificações sobre o funcionamento dos Conselhos

Regionais em todo o Território Nacional e adotar medidas para a melhoria de sua gestão;

XXI - exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por Lei;

Artigo 7° - O Conselho Federal de Secretariado (CFS) será composto por:

I - Diretoria - composta por 1(um) Presidente, 2 (dois) Vice-Presidentes, 1 (um) Secretário

Geral, 1 um Secretário Adjunto e 1 Tesoureiro, com igual número de suplentes.

II - Conselho Fiscal - composto por três membros efetivos e igual número de suplentes;

III - Pleno - composto por dois representantes de cada Conselho Regional, eleitos entre seus

membros;

IV - Comissões e Grupos de Trabalho - a critério de cada Conselho respectivo.

Parágrafo Único – As competências dos órgãos de que trata este artigo e as atribuições dos

cargos serão definidas no regimento interno.

Artigo 8° - A eleição dos dirigentes se dará por meio de chapas, compostas por profissionais

inscritos por no mínimo 5 (cinco) anos nos Conselhos Regionais, sendo considerada vitoriosa

a chapa que obtiver o maior numero de votos dos componentes do pleno.

Parágrafo único – O dirigente não poderá ocupar cargo no mesmo órgão por mais de dois

mandatos.

Artigo 9° - O mandato terá a duração de 4 (quatro) anos e as eleições ocorrerão nos meses de

setembro.

Artigo 10 - O patrimônio do Conselho Federal de Secretariado constituir-se-a:

I – doações,

II - legados,

III – subvenções e

IV – aquisições

177

Artigo 11 - A renda do Conselho Federal de Secretariado será composta por:

I- 20% (vinte por cento) da renda bruta de cada Conselho Regional, nela não se

compreendendo doações e legados;

II- quantia arrecadada pela promoção de cursos e eventos.

CAPITULO III – Dos Conselhos Regionais

Artigo 12 - Cada Conselho Regional de Secretariado (CRS) terá sede e foro na Capital do

Estado ou de um dos Estados de sua jurisdição, a critério do Conselho Federal de Secretariado

(CFS).

Artigo 13 - Compete aos Conselhos Regionais de Secretariado (CRS):

I- elaborar seu Regimento Interno e submetê-lo à aprovação do Conselho Federal de

Secretariado;

II- editar Resoluções, Portarias e Provimentos;

III- deliberar sobre os pedidos de inscrição, cancelamento e suspensão da inscrição dos

Profissionais de Secretariado, bem como de revisão dos registros existentes;

IV-organizar o registro Profissional e expedir a Carteira de Identidade Profissional,

indispensável ao exercício da profissão, a qual terá fé pública, em todo o território nacional e

servirá de documento de identidade;

V- examinar reclamações e representações escritas acerca dos serviços de registro e das

infrações dos dispositivos legais vigentes, relativos ao exercício da profissão de secretário,

decidindo a respeito;

VI- fiscalizar o exercício da profissão de secretário, impedindo e punindo as infrações, bem

como enviando às autoridades competentes minucioso relatório documentado, sobre fatos

que se apurarem e cuja solução não seja de sua alçada;

VII– publicar relatório anual de seus trabalhos;

VIII– manter cadastro atualizado dos Secretários inscritos na sua respectiva jurisdição;

IX- cumprir, pontualmente, suas obrigações financeiras junto ao Conselho Federal de

Secretariado(CFS);

X- credenciar as pessoas físicas e jurídicas que queiram explorar o nome da profissão sob

qualquer pretexto e através de qualquer meio;

XI-elaborar e aprovar o Balanço Financeiro e o Relatório Anual de Atividades e a Previsão

Orçamentária e enviar cópia para o Conselho Federal de Secretariado até 30 (trinta) dias

após a aprovação dos mesmos;

XII- conhecer e decidir os assuntos atinentes à Ética Profissional, impondo as penalidades

cabíveis;

178

XIII- fixar o valor da anuidade, da taxa de expedição de Carteira de Identidade Profissional e

demais taxas administrativas;

XIV- eleger a sua Diretoria e Representantes no Pleno do Conselho Federal de Secretariado;

XV- propor ao Conselho Federal de Secretariado medidas visando melhorias ao exercício

profissional;

XVI- pagar pontualmente a respectiva taxa do Conselho Federal de Secretariado;

XVII- definir o valor da hora técnica profissional;

XVIII- exercer as demais atribuições que lhes forem conferidas por esta Lei e pelo Conselho

Federal de Secretariado.

Parágrafo Único: ao CRS exercerão supletivamente, nas respectivas jurisdições, as

competências e funções atribuídas ao CFS nesta lei, nas resoluções e nos provimentos.

Artigo 14 - O Conselho Regional de Secretariado (CRS) terá a seguinte composição:

I - Diretoria - composta por 1(um) Presidente, 2 (dois) Vice-Presidentes, 1 (um) Secretário

Geral, 1 um Secretário Adjunto e 1 Tesoureiro, com igual número de suplentes.

II - Conselho Fiscal - composto por três membros efetivos e igual número de suplentes;

III - Conselho Deliberativo - composto por 4 (quatro) representantes das entidades

representativas de Profissionais de Secretariado, criadas nos termos da Constituição Federal,

com personalidade jurídica própria, 4 (quatro) das instituições superiores de ensino de

Secretariado, oficialmente autorizadas ou reconhecidas e 5 (cinco) profissionais de

secretariado sem qualquer vinculo com as instituições supramencionadas de cada Conselho

Regional, eleitos pela categoria profissional;

IV - Comissões e Grupos de Trabalho - a critério de cada Conselho respectivo.

Artigo 15 – Aos Conselhos Regionais aplicar-se – á o disposto nos artigos 8° e 9° desta lei.

Artigo. 16 - A renda dos Conselhos Regionais de Secretariado será composta por:

I - taxa de expedição de carteiras de identidade profissional;

II - pagamento de anuidades;

III - doações,

IV - legados e

V – rendas eventuais.

CAPITULO IV – Do Registro

Artigo 17 - O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Secretariado manterão,

devidamente atualizados, por ordem alfabética e numérica, os registros profissionais,

classificados conforme os títulos de habilitação, para facilitar o atendimento de consultas

diversas, publicando relação no Diário Oficial da União, sempre que entenderem necessário.

179

Artigo 18 - A todo profissional devidamente habilitado e registrado no Conselho Regional, de

acordo com esta Lei, será entregue Carteira de Identidade Profissional, numerada, registrada e

visada a qual conterá:

I - seu nome por extenso;

II - sua filiação;

III - sua nacionalidade e naturalidade;

IV – data de formatura, ou declaração de sua categoria de provisório;

V - natureza do título de habilitação;

VI - número de Registro no Conselho Regional de Secretariado;

VII - sua fotografia de frente (3 x 4) datada e impressão datiloscópica do polegar;

VIII - sua assinatura;

IX - assinatura do representante do Conselho Regional de Secretariado;

X - data de expedição da Carteira de Identidade Profissional;

XI – numero do Registro Geral (RG);

XII – numero do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF);

XIII – numero do Título de Eleitor

Parágrafo Único - A expedição da Carteira de Identidade Profissional fica sujeita a pagamento

de taxa, a ser definida no Regimento Interno.

Artigo 19 - A Carteira de Identidade Profissional substituirá o diploma ou o título de

provisionamento para os efeitos legais, servirá de carteira de identidade para qualquer

finalidade e terá fé pública.

Artigo 20 – O procedimento relativo aos processos administrativos, bem como as penalidades

a serem aplicadas serão estabelecidos no regimento interno, garantindo-se sempre a ampla

defesa e o contraditório.

CAPITULO V – Das Disposições Transitórias

Artigo 21 - Os primeiros membros efetivos e suplentes do Conselho Federal de Secretariado

serão eleitos para um mandato provisório de dois anos, em reunião das entidades

representativas de Profissionais de Secretariado, criadas nos termos da Constituição Federal,

com personalidade jurídica própria, e das instituições superiores de ensino de Secretariado,

oficialmente autorizadas ou reconhecidas, que serão convocadas pela Federação Nacional das

Secretárias e Secretários - FENASSEC, no prazo de até noventa dias após a promulgação

desta.

§ 1º – Os diretores eleitos para o mandato provisório receberão apenas ajuda de custo;

§ 2º - O exercício do mandato provisório não será computado para efeitos do parágrafo único

do artigo 8º desta lei.

Artigo 22 – Para a eleição referente ao mandato provisório e segunda eleição do Conselho

federal, bem como para a 1° eleição dos Conselhos Regionais, serão dispensadas as

exigências do artigo 8°

Artigo 23 – A diretoria provisória terá o prazo de 18 (dezoito) meses para estruturar os

Conselhos Regionais.

180

Artigo 24 – O Regimento Interno do CFS, bem como o Código de Ética, serão criados dentro

do prazo de 3 (três) meses após a eleição da diretoria provisória

Artigo 25 – O Conselho Federal de Secretariado cadastrará provisoriamente todos os

profissionais de que trata o artigo 4º até que seja criado o respectivo Conselho Regional.

Artigo 26 – A primeira anuidade será paga integralmente ao Conselho Federal para promover

a estruturação do mesmo e dos Conselhos Regionais.

Parágrafo Único – O valor da primeira anuidade não poderá ultrapassar 10% (dez por cento)

do valor do piso salarial para um mês de trabalho, em consonância com a titulação junto ao

conselho.

Artigo 27 - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Artigo 28 - Revogam-se as disposições em contrário.

JUSTIFICATIVA

A categoria dos profissionais de secretariado está organizada há mais de 30 anos,

sendo que o seu reconhecimento data de 1978, através da Lei 6556, tendo sido devidamente

regulamentada no ano de 1985 por meio da Lei 7.377.

A representatividade da categoria se dá única e exclusivamente por sindicatos

distribuídos por todo o Brasil, num total de 24 entidades, que embora bastante atuantes em

benefício da categoria são carentes de poder disciplinador e fiscalizador, poder este que só

pode ser exercido, pela criação, pelo Governo Federal, do Conselho Federal da respectiva

categoria.

No decorrer de quase trinta anos de organização houvera um grande movimento de

profissionalização de secretárias e secretários em todo o território nacional com o surgimento

de cursos específicos de técnicos e de nível superior em secretariado (bacharelado),

tecnológico e de pós-graduação (latu-sensu) que passaram a fornecer subsídios técnicos,

fundamentos científicos e filosóficos.

Esta profissionalização se deu em razão das mudanças e progressos da economia

mundial, exigindo maiores responsabilidades, habilidades e eficiência por parte dos

secretários e secretárias não havendo mais espaço para o amadorismo decorrente de uma

simples função.

O profissional de Secretariado exerce função de confiança em razão de suas

atribuições. Ele tem acesso à quase todas as informações da empresa ou departamento onde

trabalha, sendo certo que deve administrar estas informações reproduzindo-as de maneira fiel

181

a seus destinatários, mantendo-as sob sigilo e organizando-as de modo a garantir versatilidade

ao distribuir ou recuperar tais informações.

Na atualidade, a detenção de informações e, principalmente, a sua

confiadenciabilidade são vitais para que se obtenha êxito em determinada atividade

econômica e poucos empregados as detém como o profissional de secretariado.

Por conta disso, muitos patrões ou dirigentes acabam por contratar pessoas que não

possuem a formação profissional adequada, mas que gozam de sua confiança, o que faz com

que, muitas vezes, as empresas suprimam a qualificação profissional em razão da confiança.

Para reverter este quadro, é necessário que os empregadores sintam-se seguros com

relação a aplicação efetiva de um código de ética e, ainda, que esta relação de emprego esteja

amparada por institutos que lhe garantam segurança jurídica como o do sigilo profissional.

Outro problema, freqüentemente enfrentado pela categoria é o desvio de função,

situação em que o profissional de secretariado, embora exerça as funções definidas pela lei de

regulamentação da categoria, é registrado sob outra denominação, perdendo rendimentos e

benefícios conquistados por seus sindicatos.

É difícil e oneroso, para as Delegacias Regionais do Trabalho, fiscalizar os direitos das

categorias diferenciadas como a dos profissionais de secretariado e com a criação de um

Conselho Profissional, encarregado, por delegação da administração pública direta, da

fiscalização do exercício profissional, certamente teremos uma fiscalização efetiva dos

direitos e deveres inerentes ao profissional de secretariado, desonerando o Ministério do

Trabalho e Emprego e beneficiando a sociedade.

Somando-se esse quadro as peculiaridades da profissão de secretário cuja

característica de difusão de profissionais em todos os ramos de atividades e em decorrência do

princípio da eficiência trazido pelo Art. 37 da Constituição Federal, acreditamos que a criação

de autarquia para este fim vai colaborar e muito para a maior efetividade da fiscalização e o

conseqüente incentivo a qualificação profissional, no que consiste em questão de interesse

público como passaremos a demonstrar:

A profissão de secretário(a) consiste em função de confiança em razão de suas

atribuições, exigindo um profissional consciente de suas responsabilidades e obediente a um

código de ética, principalmente por gerenciar informações de importância vital para empresas

e órgãos. De tal monta uma autarquia especial direcionada à fiscalização e maior

representação de classe viria a não só incentivar a qualificação profissional como também

coibir, através do poder disciplinar, a geração de danos ao patrimônio e a integridade moral de

empresas e pessoas através de vazamento de informações.

182

Também cumpre ressaltar que as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de

graduação em secretariado executivo (anexo 2), dos tecnólogos e dos técnicos em secretariado

fornecem ferramentas para contribuir com o melhor desempenho de todas as atividades

exercidas em nosso país, cabendo aqui referência ao princípio da isonomia.

No Ministério do Trabalho e Emprego existem inúmeros requerimentos de criação de

conselhos.

Muitos pleiteiam Conselhos sem qualquer embasamento ou finalidade, apenas por

interesses pessoais, existindo requerimentos em nome de categorias que sequer estão

regulamentadas ou, se estão, ainda não possuem nenhuma necessidade.

Alguns requerimentos são feitos por entidades sérias, que buscam com tal, melhorias

para o pleno exercício da profissão e para a sociedade como um todo.

Outros poucos buscam a criação dos Conselhos, porque sem eles é inviável o pleno

exercício da profissão e praticamente impossível a fiscalização do exercício profissional, além

de ser do maior interesse público.

Este é, sem dúvida alguma, o caso dos profissionais de secretariado.

Ao se contratar um advogado, um contador, um administrador de empresas, que são

profissões que também exigem confiabilidade, além de conhecimentos técnicos, o

empregador possui a segurança de que as informações confiadas a estes profissionais está

protegida por um código de ética instituído por lei e que a fiscalização do exercício da

profissão é específica e eficiente.

Muitas vezes os profissionais de secretariado têm as informações que os três nobres

profissionais acima citados possuem juntos, porém sem qualquer proteção destas informações

através de um código de ética e da prerrogativa do sigilo profissional.

Tal deficiência do pleno exercício profissional, faz com que o profissional de

secretariado, habilitado tecnicamente, tenha sua vaga, no mercado de trabalho, ocupada por

pessoas de baixa qualidade técnica, mas que gozam da confiança pessoal do empregador.

Por todo o exposto, e porque se trata de pleito da categoria profissional, demonstrado

pela resolução, anexa, da Federação Nacional dos Secretários e Secretárias é que entendemos

que a criação deste conselho profissional é essencial à categoria e do maior interesse da

sociedade.

Brasília,