TRATADO DE AMIZADE E COOPERACAO NO SUDESTE RANGANE

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TRATADO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO NO SUDESTE ASIÁTICO Bali, 24 de fevereiro de 1976 PREÂMBULO As Altas Partes Contratantes: Conscientes dos laços históricos, geográficos e culturais existentes, que têm unido seus povos; Ansiando promover a paz e a estabilidade regionais por meio do respeito à justiça e ao estado de direito e por meio do aumento da vitalidade em suas relações; Desejando fortalecer a paz, a amizade e a cooperação mútua em assuntos que afetem o Sudeste Asiático, de forma consistente com o espírito e os princípios da Carta das Nações Unidas; dos Dez Princípios adotados pela Conferência de Bandung, em 25 de abril de 1955; da Declaração da Associação de Nações do Sudeste Asiático, assinada em Bangkok, em 08 de agosto de 1967; e da Declaração firmada em Kuala Lumpur, em 27 de novembro de 1971; Convencidas de que a solução de diferenças ou de controvérsias entre seus países deve ser regulada por procedimentos racionais, efetivos e suficientemente flexíveis, evitando-se atitudes negativas que possam prejudicar ou dificultar a cooperação; Acreditando na necessidade de cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro como de fora do Sudeste Asiático, na promoção da paz, da estabilidade e da harmonia mundiais; Concordam solenemente em assinar um Tratado de Amizade e Cooperação conforme se segue: CAPÍTULO I OBJETIVO E PRINCÍPIOS Artigo 1

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TRATADO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO NO SUDESTE ASIÁTICO

Bali, 24 de fevereiro de 1976

PREÂMBULO

As Altas Partes Contratantes:

Conscientes dos laços históricos, geográficos e culturais existentes, que têm unido seus povos;

Ansiando promover a paz e a estabilidade regionais por meio do respeito à justiça e ao estado de direito e por meio do aumento da vitalidade em suas relações;

Desejando fortalecer a paz, a amizade e a cooperação mútua em assuntos que afetem o Sudeste Asiático, de forma consistente com o espírito e os princípios da Carta das Nações Unidas; dos Dez Princípios adotados pela Conferência de Bandung, em 25 de abril de 1955; da Declaração da Associação de Nações do Sudeste Asiático, assinada em Bangkok, em 08 de agosto de 1967; e da Declaração firmada em Kuala Lumpur, em 27 de novembro de 1971;

Convencidas de que a solução de diferenças ou de controvérsias entre seus países deve ser regulada por procedimentos racionais, efetivos e suficientemente flexíveis, evitando-se atitudes negativas que possam prejudicar ou dificultar a cooperação;

Acreditando na necessidade de cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro como de fora do Sudeste Asiático,na promoção da paz, da estabilidade e da harmonia mundiais;

Concordam solenemente em assinar um Tratado de Amizade e Cooperação conforme se segue:

CAPÍTULO IOBJETIVO E PRINCÍPIOS

Artigo 1

O objetivo deste Tratado é promover a paz perpétua, a amizade eterna e a cooperação entre seus povos, o que contribuiria para sua força, para sua solidariedade e para o estreitamento de suas relações.

Artigo 2

Em suas relações mútuas, as Altas Partes Contratantes serão guiadas pelos seguintes princípios fundamentais:

a. respeito mútuo pela independência, pela soberania, pela igualdade, pela integridade territorial e pela identidade nacional de todas as nações;b. o direito de todo Estado de conduzir sua existência nacional livre de interferência, subversão ou coerção externas;c. não-interferência nos assuntos internos de cada país;d. solução de diferenças ou controvérsias por meios pacíficos;e. renúncia à ameaça ou ao uso da força;f. cooperação efetiva entre si.

CAPÍTULO IIAMIZADE

Artigo 3

Em busca do propósito deste Tratado, as Altas Partes Contratantesenvidarão esforços no sentido de ampliar e fortalecer os laços tradicionais, culturais e históricos de amizade, de boa-vizinhança e de cooperação que as unem e deverão cumprir, de boa-fé, as obrigações assumidas neste Tratado. Com vistas a promover maior entendimento mútuo, as Altas Partes Contratantes encorajarão e facilitarão contatos e trocas entre seus povos.

CAPÍTULO IIICOOPERAÇÃO

Artigo 4

As Altas Partes Contratantes promoverão cooperação ativa nos campos econômico, social, técnico, científico e administrativo,

bem como em assuntos relativos aos ideais e às aspirações comuns de paz e de estabilidade na região e em todos os outros temas de interesse mútuo.

Artigo 5

Nos termos do Artigo 4, as Altas Partes Contratantes envidarão todos os seus esforços no âmbito multilateral e no âmbito bilateral, com base na igualdade, na não-discriminação e no benefício mútuo.

Artigo 6

As Altas Partes Contratantes colaborarão em prol da aceleração docrescimento econômico na região com vistas a fortalecer os fundamentos para uma comunidade de nações no Sudeste Asiático próspera e pacífica. Com esse objetivo, elas promoverão a maior utilização de sua agricultura e de suas indústrias, a expansão deseu comércio e a melhoria de sua infraestrutura econômica para o benefício mútuo de seus povos. A esse respeito, continuarão a explorar todas as vias de cooperação próxima e benéfica com outros Estados, bem como com organizações internacionais e regionais fora do Sudeste Asiático.

Artigo 7

As Altas Partes Contratantes, com vistas a alcançar a justiça social e a elevar o padrão de vida dos povos da região, intensificarão a cooperação econômica. Com esse propósito, adotarão estratégias regionais apropriadas para o desenvolvimentoeconômico e a assistência mútua.

Artigo 8

As Altas Partes Contratantes empenhar-se-ão para alcançar a cooperação mais próxima na escala mais ampla e procurarão prover assistência mútua na forma de instituições de treinamento e de pesquisa nos campos social, cultural, técnico, científico e administrativo.

Artigo 9

As Altas Partes Contratantes envidarão esforços no sentido de estimular a cooperação para promover a causa da paz, da harmonia e da estabilidade na região. Com essa finalidade, as Altas PartesContratantes manterão contatos e consultas regulares entre si em assuntos internacionais e regionais, com vistas a coordenar suas posições, suas ações e suas políticas.

Artigo 10

Cada Alta Parte Contratante não participará de maneira ou forma alguma em qualquer atividade que constitua ameaça à estabilidade política e econômica, à soberania ou à integridade territorial deoutra Alta Parte Contratante.

Artigo 11

As Altas Partes Contratantes envidarão esforços no sentido de fortalecer as respectivas capacidades de resistência em seus campos políticos, econômicos, sócio-culturais e de segurança, comseus ideais e aspirações, livres de interferências externas, bem como de atividades subversivas internas, de modo a preservar suaspróprias identidades nacionais.

Artigo 12

As Altas Partes Contratantes, em seus esforços para alcançar a prosperidade e a segurança regionais, envidarão esforços no sentido de cooperar em todos os campos para a promoção da capacidade de resistência regional, baseadas nos princípios da autoconfiança, da autonomia, do respeito mútuo, da cooperação e da solidariedade, que constituirão o fundamento de uma comunidadede nações forte e viável no Sudeste Asiático.

CAPÍTULO IVRESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS

Artigo 13

As Altas Partes Contratantes terão a determinação e a boa fé de evitar o surgimento de conflitos. Caso surjam controvérsias em assuntos afetando-as de modo direto, especialmente as que possam perturbar a paz e a harmonia regionais, elas evitarão recorrer à ameaça ou ao uso da força e resolverão, em todas as ocasiões, essas diferenças entre si por meio de negociações amigáveis.

Artigo 14

Para resolver controvérsias por meio de processos regionais, as Altas Partes Contratantes constituirão, como organismo permanente, um Alto Conselho, que incluirá Representante de nívelministerial de cada Alta Parte Contratante, para tomar nota da existência de controvérsias ou de situações que possam perturbar a paz e a harmonia regionais.

Artigo 15

Caso não seja encontrada solução por meio de negociações diretas,o Alto Conselho tomará nota da controvérsia ou da situação e recomendará às partes em disputa modos apropriados de resolução, como bons ofícios, mediação, inquérito ou conciliação. O Alto Conselho poderá, no entanto, oferecer seus bons ofícios ou, mediante acordo entre as partes em disputa, constituir-se em comitê de mediação, de inquérito ou de conciliação. Quando considerado necessário, o Alto Conselho recomendará medidas apropriadas para evitar a deterioração da controvérsia ou da situação.

Artigo 16

As provisões deste Capítulo referidas acima não se aplicarão paraqualquer controvérsia a menos que as partes em disputa concordem com sua aplicação para ela. No entanto, isso não obstará a que asoutras Altas Partes Contratantes que não sejam partes da controvérsia ofereçam toda a assistência possível para resolver amencionada controvérsia. As partes em disputa deverão dispor-se favoravelmente no que se refere a essas ofertas de assistência.

Artigo 17

Nada neste Tratado obstará ao recurso aos modos de solução pacífica de controvérsias contidos no Artigo 33 (1) da Carta das Nações Unidas. As Altas Partes Contratantes que são partes em umacontrovérsia deverão ser encorajadas a tomar iniciativas para resolvê-la por meio de negociações amigáveis antes de recorrer a outros procedimentos previstos na Carta das Nações Unidas.

CAPÍTULO VPROVISÕES GERAIS

Artigo 18

Este Tratado será assinado pela República da Indonésia; pela Malásia; pela República das Filipinas; pela República de Cingapura; e pelo Reino da Tailândia. Ele será ratificado de acordo com os procedimentos constitucionais de cada Estado signatário.

Ele estará aberto à acessão por outros Estados no Sudeste Asiático.

Artigo 19

Este Tratado entrará em vigor na data do depósito do quinto instrumento de ratificação junto aos Governos dos Estados signatários que sejam designados Depositários deste Tratado e dosinstrumentos de ratificação ou de acessão.

Artigo 20

Este Tratado foi redigido nos idiomas oficiais das Altas Partes Contratantes, sendo todas as versões igualmente autênticas. Será acordada tradução comum dos documentos na língua inglesa. Qualquer interpretação divergente do texto comum será resolvida por negociação.

Em fé do que, as Altas Partes Contratantes assinaram e selaram o presente Tratado.

Feito em Denpasar, Bali, no vigésimo quarto dia de fevereiro do ano de mil novecentos e setenta e seis.

PROTOCOLO DE EMENDA AO TRATADO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO NO SUDESTEASIÁTICO

Manila, 15 de dezembro de 1987

O Governo de Brunei DarussalamO Governo da República da IndonésiaO Governo da MalásiaO Governo da República das FilipinasO Governo da República de Cingapura, eO Governo do Reino da Tailândia

Desejando aprimorar ainda mais a cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro como de fora do Sudeste Asiático,e, em particular, com estados vizinhos a essa região;

Considerando o Parágrafo 5 do Preâmbulo ao Tratado de Amizade e Cooperação no Sudeste Asiático, feito em Denpasar, Bali, em 24 defevereiro de 1976 (doravante referido como Tratado de Amizade), que menciona a necessidade de cooperação de todas as nações amantes da paz, tanto dentro como fora do Sudeste Asiático, para a promoção da paz, da estabilidade e da harmonia mundiais;

Por meio deste acordam o seguinte:

Artigo 1

O Artigo 18 do Tratado de Amizade será emendado para ter a seguinte redação:

“Este Tratado será assinado pela República da Indonésia; pela Malásia; pela República das Filipinas; pela República de Cingapura; e pelo Reino da Tailândia. Ele será ratificado de acordo com os procedimentos constitucionais de cada Estado signatário.

Ele estará aberto à acessão por outros Estados no Sudeste Asiático.

Estados de fora do Sudeste Asiático também poderão aceder a este Tratado com o consentimento de todos os Estados do Sudeste

Asiático que são signatários deste Tratado e por Brunei Darussalam.”

Artigo 2

O Artigo 14 do Tratado de Amizade será emendado para ter a seguinte redação:

“Para resolver controvérsias por meio de processos regionais, as Altas Partes Contratantes constituirão, como organismo permanente, um Alto Conselho, que incluirá Representante de nívelministerial de cada Alta Parte Contratante, para tomar nota da existência de controvérsias ou de situações que possam perturbar a paz e a harmonia regionais.

No entanto, este Artigo se aplicará a quaisquer Estados de fora do Sudeste Asiático que tenham acedido ao Tratado somente em casos nos quais o Estado está, diretamente, envolvido em controvérsia a ser resolvida por meio de processos regionais.”

Artigo 3

Este Protocolo estará sujeito a ratificação e entrará em vigor nadata em que o último instrumento de ratificação das Altas Partes Contratantes for depositado.

Feito em Manila, em quinze de dezembro de mil novecentos e oitenta e nove.

SEGUNDO PROTOCOLO DE EMENDA AO TRATADO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO NOSUDESTE ASIÁTICO

Manila, 25 de julho de 1998

O Governo de Brunei DarussalamO Governo do Reino do CambojaO Governo da República da IndonésiaO Governo da República Democrática Popular do LaosO Governo da MalásiaO Governo da União de MyanmarO Governo da República das Filipinas

O Governo da República de CingapuraO Governo do Reino da TailândiaO Governo da República Socialista do VietnãO Governo da Papua-Nova Guiné

Doravante denominados Altas Partes Contratantes:

Desejando assegurar que haja a apropriado aprimoramento da cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro quanto de fora do Sudeste Asiático e, em particular, Estados vizinhos da região do Sudeste Asiático;

Considerando o Parágrafo 5 do preâmbulo do Tratado de Amizade e Cooperação no Sudeste Asiático, feito em Denpasar, Bali, em 24 defevereiro de 1976 (doravante denominado Tratado de Amizade), o qual se refere à necessidade de cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro quanto de fora do Sudeste Asiático, no fomento à paz, à estabilidade e à harmonia mundiais;

Acordam o seguinte:

Artigo 1

O Artigo 18, Parágrafo 3º, do Tratado de Amizade será emendado para ter a seguinte redação:

“Estados de fora do Sudeste Asiático também poderão aceder a esteTratado com o consentimento de todos os Estados no Sudeste Asiático, a saber: Brunei Darussalam; o Reino do Camboja; a República da Indonésia; a República Democrática Popular do Laos; a Malásia; a União de Myanmar; a República das Filipinas; a República de Cingapura; o Reino da Tailândia; e a República Socialista do Vietnã.”

Artigo 2

Este Protocolo estará sujeito a ratificação e entrará em vigor nadata em que o último instrumento de ratificação das Altas Partes Contratantes for depositado.

Feito em Manila, no vigésimo quinto dia de julho do ano de mil novecentos e noventa e oito.

TERCEIRO PROTOCOLO DE EMENDA AO TRATADO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO NO SUDESTE ASIÁTICO

Hanói, 23 de julho de 2010

Brunei DarussalamO Reino do CambojaA República da IndonésiaA República Democrática Popular do LaosA MalásiaA União de MyanmarA República das FilipinasA República de CingapuraO Reino da TailândiaA República Socialista do VietnãA Comunidade da AustráliaA República Popular de BangladeshA República Popular da ChinaA República Popular Democrática da CoreiaA República FrancesaA República da ÍndiaO JapãoA MongóliaA Nova ZelândiaA República Islâmica do PaquistãoA Papua-Nova GuinéA República da CoreiaA Federação RussaA República Democrática Socialista do Sri LankaA República Democrática do Timor-LesteA República da TurquiaOs Estados Unidos da América

Doravante denominados Altas Partes Contratantes:

Desejando assegurar que haja o apropriado aprimoramento da cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro

quanto de fora do Sudeste Asiático, em particular Estados vizinhos da região do Sudeste Asiático, bem como com organizaçõesregionais cujos membros sejam apenas Estados soberanos;

Considerando o Parágrafo 5 do preâmbulo do Tratado de Amizade e Cooperação no Sudeste Asiático, feito em Denpasar, Bali, em 24 defevereiro de 1976 (doravante denominado Tratado de Amizade), o qual se refere à necessidade de cooperação com todas as nações amantes da paz, tanto de dentro quanto de fora do Sudeste Asiático, no fomento à paz, à estabilidade e à harmonia mundiais;

Por meio deste acordam o seguinte:

Artigo 1

O Artigo 18, Parágrafo 3, do Tratado de Amizade será emendado para ter a seguinte redação:

“Este Tratado estará aberto à acessão de Estados de fora do Sudeste Asiático e de organizações regionais cujos membros sejam,apenas, Estados soberanos, sujeito ao consentimento de todos os Estados do Sudeste Asiático, a saber: Brunei Darussalam; o Reino do Camboja; a República da Indonésia; a República Democrática Popular do Laos; a Malásia; a União de Myanmar; a República das Filipinas; a República de Cingapura; o Reino da Tailândia; e a República Socialista do Vietnã.”

Artigo 2

O Artigo 14, Parágrafo 2º, do Tratado de Amizade será emendado para ter a seguinte redação:

“No entanto, este Artigo se aplicará a quaisquer das Altas PartesContratantes de fora do Sudeste Asiático somente em casos nos quais a Alta Parte Contratante em questão esteja, diretamente, envolvida na controvérsia a ser resolvida por meio de processos regionais.”

Artigo 3

Este Protocolo estará sujeito a ratificação e entrará em vigor nadata em que o último instrumento de ratificação das Altas Partes Contratantes for depositado.

Feito em Hanói, Vietnã, no vigésimo terceiro dia de julho do ano de dois mil e dez, em uma única cópia, na língua inglesa.

A crise na Península Coreana, iniciada em março de 2013, após aadoção de uma nova rodada de sanções contra a Coreia do Norte,desencadeou uma escalada das tensões na região a um nível similarao da Guerra da Coreia. Essa crise inseriu-se no processo dereformulações políticas e estratégicas por que vem passando oLeste Asiático. No âmbito político, China, Coreia do Sul e Japãopassaram por processos eleitorais marcados pela vitória de grupostradicionalmente conservadores. No âmbito estratégico, o testenuclear norte-coreano, os exercícios militares entre Coreia doSul e Estados Unidos e a atuação chinesa mais assertiva em buscade uma resolução pacífica do conflito denotaram o alto nível deinstabilidade regional.

A crise na península coreana teve suas origens no teste nuclearrealizado pela Coreia do Norte em fevereiro de 2013, o que levoua uma nova rodada de sanções por parte da ONU. As novas sanções,aliadas à suspensão da ajuda japonesa, levaram à Coreia do Norteao limite das suas capacidades, reforçando a crise humanitária.Em março, após o início dos exercícios militares conjuntos entreEstados Unidos e Coreia do Sul (Exercício Key Resolve), a Coreiado Norte suspendeu o armistício que vigorava desde o final daGuerra da Coreia (1953). A partir disso, houve uma escaladaacentuada das tensões, que deixou a península muito próxima deuma conflagração, em um nível de tensionamento que não ocorriadesde os anos 1950. A crise deixou claro que a estabilidaderegional é sensível, e que os vizinhos (Japão, Coreia do Sul e,especialmente, China), em que pesem as particularidades, buscarampreservar o equilíbrio, dado que agiram no intuito de evitar oaprofundamento das tensões.

As eleições na China, Coreia do Sul e Japão, no final de 2012,foram marcadas pela vitória dos grupos conservadores dessespaíses. Na China, o Grupo de Xangai, representado por Xi Jinping,

desbancou a Juventude do Partido Comunista, passando a ocupar aampla maioria dos assentos no Comitê Permanente do Politburo doPartido Comunista Chinês. Na Coreia do Sul, único dos três paísesem que os conservadores já estavam no poder, Park Geun-hye, doPartido Saenuri, foi eleita para a Presidência. No Japão,utilizando-se de uma retórica anti-China, Shinzō Abe foi eleitoPrimeiro-Ministro, representando a volta do Partido LiberalDemocrata (PLD) ao poder e um enfraquecimento do PartidoDemocrático do Japão (PDJ). Apesar de em um primeiro momento,essa nova onda de governos conservadores indicar um acirramentode tensões, durante a crise os governos conservadores agiram deforma prudente, e, especialmente, no caso de Xi Jinping,contribuíram para o arrefecimento das tensões.

Estes três países adquiriram um peso político e econômicocrescente no cenário internacional, marcado pela ascensão doLeste Asiático, a reestruturação das dinâmicas globais e aconsolidação da multipolaridade. Esta ascensão da Ásia se destacatambém pela emergência do Pacífico como centro do comércio e dageopolítica global, em detrimento da estagnação relativa doAtlântico. Este processo vem favorecendo as mudanças na PolíticaExterna estadunidense para a região da Ásia-Pacífico, marcadapelo balanceamento global, denominado como movimento de “pivô” noPacífico. Este balanceamento tem se materializado na forma dainstitucionalização de uma rede de tratados entre os EUA e osgovernos do Leste Asiático visando ao fortalecimento estratégicoda posição estadunidense no Pacífico.

As consequências da ascensão do Leste Asiático para outrasregiões, como a América do Sul, também são significativas. Nocaso do Brasil, destaca-se que o país já vivencia os efeitos daascensão econômica da Ásia, mas ainda não se adaptoucompletamente a este processo em termos político-estratégicos. AÁsia representa atualmente cerca 31% do fluxo comercialbrasileiro, um aumento expressivo se considerarmos que estaregião representava entre 12 e 15% da corrente comercial doBrasil nos anos 1990. Como pode ser visualizado a partir dosdados da tabela a seguir, o Leste Asiático consolidou uma posiçãode grande relevância comercial para o Brasil:

Destaca-se que a China se consolidou como maior parceirocomercial do Brasil, ultrapassando inclusive a Argentina e os EUAcomo maior importador de produtos brasileiros. O Japão tornou-seo quinto maior parceiro comercial do Brasil, enquanto a Coreia doSul passou a ocupar a sétima posição, à frente de parceirostradicionais como a França e o Reino Unido.

Entretanto, o aumento da relevância econômica e comercial da Ásiapara o Brasil é apenas uma parcela dos efeitos globais dareemergência asiática. Esse reposicionamento da Ásia afeta tambémas disputas políticas e estratégicas mundiais, ampliandosignificativamente a necessidade de se aprofundar a capacidadeanalítica e conjuntural dos eventos políticos domésticos dospaíses daquela região.

Analisando os processos políticos nos quatro países nota-se queno caso da Coreia do Sul, desde o início de 2012, a tendência foide um enfraquecimento do partido do então Presidente Lee Myung-Bak, já que nas eleições legislativas nacionais o partidogovernista perdeu parte dos assentos que mantinha no legislativo,reduzindo o número de cadeiras no Plenário Nacional de 165 para152 de um total de 300. Esse panorama sugeria que as eleiçõesPresidenciais de dezembro seriam vencidas pela oposiçãoprogressista. No entanto,ao longo da campanha eleitoral, cresceua aceitação pública à candidata Park Geun-hye, também do partidoSaenuri, à medida que ela adotava uma retórica similar à do

candidato de oposição, Moon Jae In (Partido Democrático Unido).Ou seja, os liberais acabaram aderindo ao discurso progressistade conciliação com os vizinhos do norte, de crítica às políticasde favorecimento dos grandes conglomerados sul-coreanos, oschaebols, e de fomento do crescimento equilibrado entre asdiferentes regiões do país.

Nos primeiros meses de governo, Park tem se mantido afastada dasprincipais tensões regionais. Basicamente, manteve a política dogoverno Lee Myung-Bak de alinhamento à política externa dosEstados Unidos para a região. Isso ficou evidente quando da crisecom a Coreia do Norte, em que o governo sul-coreano deu suporte àpostura estadunidense, entretanto, não tomou nenhuma atitude quepromovesse a escalada das tensões. A principal preocupação sul-coreana no momento parece ser a de assegurar um bom ambiente paraa economia, que não impeça o fluxo de investimentos e asexportações. Em relação à Coreia do Norte, tudo indica que apolítica deve se manter cautelosa, apesar de existirem tímidossinais de aproximação, mas em um ritmo muito menos acelerado doque nos tempos da Sunshine Policy. Em relação a China e Japão, aCoreia do Sul deve continuar empreendendo sua política externapendular para o Leste Asiático, com sua tradicional política debarganha diplomática. Nesse sentido, nota-se que a Coreia do Suldeve continuar evitando maiores aprofundamentos dos laçosregionais, ao menos enquanto não alcançar uma posição maisfavorecida para sua economia, especialmente para sua indústria,diante da competição face aos gigantes vizinhos. A manutençãodesse perfil conservador – em termos regionais – passa pelacapacidade da nova Presidente eleita de mobilizar o Congressocoreano, onde possui frágil maioria.

Desde a morte de Kim Jong-Il, a Coreia do Norte vem passando porum processo de reformulação política orientado para a realizaçãode reformas econômicas. A escolha de Kim Jong-Un para governar opaís trouxe a perspectiva de alteração dos pilares quesustentavam política e economicamente o governo de seu pai.Algumas atitudes ilustram esse novo perfil: a troca de algunsgenerais de alta patente e o resgate de figuras políticas comperfil reformista, que haviam, aparentemente, caído no

ostracismo, como o novo premiê Pak Pong-ju. Em relatório de 2013do Congressional Research Service, que presta consultoria aoCongresso Norte-Americano, Kim Jong-un é descrito como umreformista, cujas ações se baseiam, por um lado, na busca deafirmação política interna e, por outro, na costura de um acordoque permita a revitalização econômica do país. Os testesbalísticos de abril e dezembro de 2012 e o teste nuclear defevereiro de 2013 serviram para o novo líder se afirmarinternamente e, mais uma vez, tentar restabelecer uma rodada denegociações, especialmente com os EUA. A nova rodada de sanções eo agravamento da crise humanitária que assola o país colocaram aCoreia do Norte diante de uma encruzilhada: ou se obtém um acordode paz com os Estados Unidos¹ ou o país poderá, de fato,colapsar. Nesse sentido, o governo norte-coreano parece terelevado as tensões ao máximo nível possível, mesmo com apossibilidade de isso conduzir a uma conflagração.

No caso do Japão pode-se observar uma polarização maior do que aexperienciada pelos coreanos, quadro que tende a se aprofundar. OPartido Liberal Democrático japonês, que governou o país por maisde meio século, perdeu as eleições de 2009 para o PDJ, entãoliderado por Yukio Hatoyama. Hatoyama foi eleito Primeiro-Ministro com uma plataforma de defesa da distribuição de renda,de fomento às instituições democráticas, de aproximação com osvizinhos asiáticos e, especialmente, de maior autonomia naPolítica Externa frente aos Estados Unidos. As dificuldades parasuperar a crise econômica agravaram ainda mais a crise políticano Japão. Após fracassar no intento de remover a baseestadunidense de Futenma em Okinawa, Hatoyama renunciou ao cargode Primeiro-Ministro, em 2010, visando preservar seu projetopolítico progressista. Entretanto, o desastre nuclear deFukushima agravou o quadro, que enfraqueceu o partidoenormemente, com dissidentes mudando de partido ou migrando parao PLD.

Aproveitando-se dessa situação e das tensões com a Chinaenvolvendo as ilhas Senkaku/Diaoyu, o PLD adotou uma retóricaextremada, utilizando-se de um discurso em tom anti-China, o quegarantiu o apoio necessário para eleger seu candidato Primeiro-

Ministro, Shinzō Abe. Em dezembro de 2012, nas eleições para aCâmara Baixa do Legislativo japonês, o PLD conseguiu maioriaavassaladora, com 294 assentos de 480 cadeiras. Em uma coalizãocom o Partido Novo Kōmeitō, o PLD terá dois terços dos votos,suficiente para vetar decisões da Câmara Alta, a Câmara dosConselheiros, onde o PDJ ainda possui força. Com apenas 57assentos na Câmara Baixa, o PDJ fica com apenas 3 cadeiras a maisdo que o recém-criado Partido da Restauração Nacional (PRN), decunho nacionalista radical. Uma possível aliança entre o PDJ e oPRN seria uma das poucas formas daquele partido conseguir levaradiante parte da sua plataforma política em um cenário dominadopelos liberais.

O tensionamento recente das relações sino-japonesas, decorrentedas disputas territoriais marítimas reposicionou a polarização dodebate político interno no Japão. A visita de Hatoyama à China,no mês de dezembro, cujo objetivo era abrandar as relações sino-japonesas, reforçou a ideia de que havia uma polarização intensano Japão em torno da Política Externa, demonstrando que o PDJainda busca salvar seu projeto político regionalista para a Ásia.A crise coreana redimensionou a importância das questõesregionais dentro do debate político interno. Após o início dacrise coreana, as tensões entre China e Japão pelas ilhasSenkaku/Diaoyu ficaram em segundo plano. Em relação à questãocoreana, a opção do Japão por suspender o auxílio alimentar àCoreia do Norte foi fundamental para desencadear o agravamento dacrise humanitária e, por consequência, a escalada das tensões. Noepicentro da crise, o Japão adotou medidas protetivas, como oposicionamento e ativamento dos sistemas antimísseis e, por outrolado, se distanciou do debate político acerca da crise.

A China, por sua vez, assistiu à alternância de poderrepresentada pela saída da ala progressista de Hu Jintao, daJuventude do Partido Comunista, e a ascensão ao poder dorepresentante da facção conservadora do partido, Xi Jinping,ligado ao Grupo de Xangai. O Grupo de Xangai é alinhado aosinteresses do capital financeiro e representa, politicamente, aelite empresarial chinesa polarizada pela região de Xangai. Aocontrário da sua contraparte progressista, a Juventude do Partido

Comunista ou Grupo da Harmonia, o Grupo de Xangai não se mostrainteressado na distribuição mais equânime dos recursos advindosda industrialização do país, tanto em termos sociais quantogeográficos. No plano externo, defendem a manutenção do fomentodas exportações, calcada na competição com os países vizinhos,vislumbrando que a relação com estes deve se focar na mera buscade vantagens comerciais para a China, em contraposição ao grupode Hu Jintao, que pregava o aumento da margem decomplementaridade com mercados vizinhos. Em discursos logo apóssua posse como Secretário-Geral do Partido, Xi Jinping defendeu acontinuação do modelo mais liberal de crescimento, voltado paraas exportações, defendido pela facção de Xangai.

Ao longo do período, entretanto, Xi alterou sensivelmente seudiscurso, passando a defender abertamente pontos presentes naplataforma da Juventude Comunista, como demonstrado por seudiscurso no Fórum Boao para a Ásia de 2013, realizado em abril.Durante a crise na Península Coreana, o Presidente chinês foi umdos principais interessados em amenizar as tensões. A crise foisintomática para a mudança da postura chinesa com relação àCoreia do Norte. Primeiramente, porque a China aprovou a rodadade sanções contra o país de Kim Jong-un. Segundo, porque condenoua postura agressiva dos antigos aliados e o que ficou nítido,inclusive, pela mobilização de forças na fronteira entre os doispaíses. De certo modo, pode-se dizer que Xi Jinping teve deassumir a “máscara do comando” e conduziu a China a agir enquantopotência responsável: como mediador das tensões regionais,reivindicando um comportamento moderado por parte dos paísesenvolvidos.

Ainda, dentro do contexto chinês é importante mencionar também oresultado das eleições em Taiwan, que, mesmo não sendo um Estadoindependente, é carregado de importância para o contexto depolítica regional, especialmente devido ao sistema político-partidário autônomo. Ma Ying-jeou, do Kuomintang, foi reeleito noinício de 2012. O Kuomintang sempre defendeu a existência deapenas uma China, e Ma inseriu no seu programa eleitoral acontinuação da aproximação e eventual reunificação com o governocontinental, em contraposição ao conservador Partido Democrático

Popular, que defende a independência formal da ilha. Apreferência do eleitorado pela plataforma de reunificação daChina ganhou ímpeto em uma década em que predominaram governosfavoráveis a projetos de Integração Regional no Leste Asiático.Ao mesmo tempo cresceu ainda mais a interdependência com a Chinacontinental, principalmente no contexto posterior à assinatura doacordo de livre comércio entre China e Taiwan, de 2010. Nestecontexto de reaproximação, os governos da China e de Taiwan,inclusive, concordaram nas questões de soberania marítima contrao Japão.

As negociações entre China e Taiwan dos últimos anos envolverambasicamente a questão do futuro status da ilha, que seria similarao de Hong Kong na atualidade, ou seja, com a manutenção de todasas prerrogativas de autonomia possíveis, exceto nas áreas deDefesa e Política Externa. Taiwan se beneficiaria da integraçãoplena com a segunda maior economia do mundo e a China conseguiriaenfim concluir seu longo processo de reunificação política.

Esta análise permite apontar alguns dos indicadores maisrelevantes para a compreensão da conjuntura política da ÁsiaOriental. Primeiramente, a concomitância de grupos conservadoresno poder desses três países pode atrapalhar o aprofundamento daintegração regional, mas, não se traduz, necessariamente, emretrocessos ou outras alterações bruscas nas linhas observadasaté agora, devido à elevada interdependência econômica ecomercial já alcançada entre China, Japão e Coreia do Sul. Apolarização interna nos sistemas políticos dos três paísesdificulta uma desconstrução plena dos ímpetos integracionistasalcançados na última década. Assim, mesmo que iniciativasintegracionistas não avancem significativamente, não serãototalmente inviabilizadas. Entretanto, a facilidade com que acrise na Península levou a região à beira da guerra mostra que aestabilidade regional é frágil. Ou seja, modificações bruscas numpadrão de cooperação e conflito podem ocorrer inesperadamente.

O processo de integração regional no Leste Asiático pode serconsiderado um processo histórico de longa duração, que apesar deoscilações entre períodos de maiores avanços ou estagnação, vemse consolidando lentamente. Apesar das rivalidades regionais

ainda vigentes, os esforços políticos orientados para acooperação regional vem se estruturando através de iniciativascomo a de Chiang Mai (2000), a aproximação entre as Coreias quemarcou a Sunshine Policy (1998-2008), a cooperação em bloco dostrês países nas negociações com a ASEAN, que funcionaefetivamente a mais de uma década, o projeto da Comunidade doLeste Asiático, lançado em 2009 nos governos de Hatoyama e HuJintao, ou a formalização do acordo financeiro entre China eJapão de 2011. Por outro lado, a crise na Península Coreanamostrou que a resolução da questão norte-coreana está no cerne doequilíbrio regional. Nesse sentido, a dissolução do problemacoreano pode ser o elo para o avanço da integração regional oupara o definitivo acirramento das rivalidades históricas.

As eleições de 2012 não representaram, até agora, alteraçõesfundamentais para a formulação da política externa dos países daÁsia oriental. A China firmou com o Japão, ainda em 2009, ocompromisso de desnuclearizar a Península Coreana, duranteencontro entre os ministros de relações exteriores. Com a mudançade governo nos dois países, este compromisso foi confirmado,mesmo diante da crise na Península Coreana e na ocasião da visitado Secretário de Estado norte-americano, John Kerry (2013). Issodemonstra a continuidade da política externa dos dois países,mesmo com a mudança de governos. Entretanto, no plano interno, aseleições representam um ponto de inflexão de tendênciasconservadoras.

Todavia, considerando os empecilhos para se aprofundar de formasignificativa os processos de integração regional no LesteAsiático, é provável que a perspectiva de consolidação de umbloco na região continue sendo adiada, permanecendo, ao menos porenquanto, a polarização tradicional na região. Neste sentido,China, Japão e Coréia do Sul continuam sendo polos regionais depoder de relevância principalmente no contexto da Ásia Oriental,cujas rivalidades históricas continuam passíveis de manipulação eacirramento, o que não descarta possíveis escaladas de tensãoentre os vizinhos asiáticos, como mostrou a recente crise.

Neste contexto, os Estados Unidos continuam sendo um atorfundamental e de grande influência nos rumos da política da Ásia-

Pacífico. A atual política de contenção da China implica emfomentar as rivalidades entre os países asiáticos, incidindodiretamente sobre o perfil das relações entre a China, as Coreiase o Japão. A instabilidade na Península decorreu, em grandeparte, da postura ofensiva norte-americana, exemplificada pelostestes com o bombardeiro estratégico B-2. A estratégiaestadunidense acaba por interferir, também, nos rumos da políticadoméstica destes países, em que pese as grandes diferenças deresultados possíveis em cada um. Enquanto a China é o país menossuscetível a tais influências externas, a Coréia do Sul pareceser o país da região com menor autonomia frente às pressõesestadunidenses.

Tudo indica, que a China deve se tornar uma das principaisgrandes potências do Sistema Internacional. Entretanto, enquantoprevalecer a instabilidade marcada por rivalidades edesconfianças na região, dificilmente a China será forte osuficiente para ser considerada um desafiante crível para opoderio estadunidense na Ásia-Pacífico. Os processos deintegração regional vigentes representam, assim, uma das poucasvariáveis que podem alterar esta realidade.

Por fim, nota-se que a ascensão ou reemergência da Ásia acelera oprocesso de reestruturação do padrão de distribuição de poder noSistema Internacional, que se manifesta através da consolidaçãode um sistema mais nitidamente multipolar, o que pode serdenominado como recomposição hegemônica (MARTINS, 2013). O atualpadrão de multipolaridade continua sendo bastante desigual,especialmente em termos de distribuição das capacidadesestratégicas entre os diferentes polos de poder. O processo deintegração regional no Leste Asiático está inserido, portanto, emum processo mais abrangente, de (re) emergência de novaspotências e de mudanças na polarização sistêmica, que podem vir aalterar a polaridade do sistema internacional. Dessa forma, asrespostas acerca do padrão de cooperação e conflito das relaçõesentre a China, as Coreias e o Japão estão, em grande medida,atreladas aos desdobramentos do sistema internacional.

Notas[1] – O acordo de paz com os Estados Unidos é premissa

fundamental para que a República Democrática Popular da Coreiapossa atrair investimentos externos e promover a reaberturaeconômica do país. Isso se deve ao Ato de Comércio com o Inimigo,que restringe transações econômicas com países em Estado deGuerra com os Estados Unidos. No caso da Coreia do Norte, desde1953, apenas um armistício regulamenta o fim das hostilidades naPenínsula.

Expediente | Responsáveis: Lucas Kerr de Oliveira, Pedro ViniciusPereira Brites, Rômulo Barizon Pitt, Athos Munhoz Moreira daSilva, Bruno Magno | Pesquisadores: Bruno Gomes Guimarães, GiovanaEsther Zucatto, Gustavo Feddersen, Igor Castellano da Silva, JoãoArthur da Silva Reis, João Gabriel Burmann da Costa, Luíza CostaLima Correa | Colaboradores: Alexandre Arns Gonzales, EduardoUrbanski Bueno, Thiago Borne Ferreira, Yasmin Ornelas

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