SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REVISTA

450
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REVISTA TRIMESTRAL DE JURISPRUDENCIA Volume 116* ( Paginas 1 a 424) Abril de 1986

Transcript of SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REVISTA

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

REVISTA

TRIMESTRALDE

JURISPRUDENCIA

Volume 116* ( Paginas 1 a 424) Abril de 1986

FICHA CATALOGRAFICA

340.6 Brasil . Supremo Tribunal Federal.B823 Revista Trimestral de Jurisprudencla . Brasilia , S.T.F.,

1957.424 p.

1. Jurlsprud$ncia - Perl6dico. 2. Dlreito - Jurispru-d8ncia . I. Titulo.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ministro Jose Carlos MOREIRA ALVES (20-6-75), PresidenteMinistro Luiz RAFAEL MAYER (15-12-78), Vice-PresidenteMinistro DJACI Alves FALCAO (22-2-67)Ministro Jose NERI DA SILVEIRA (1-9-81)Ministro OSCAR Dias CORREA (26-4-82)Ministro ALDIR GuimarAes PASSARINHO (2-9-82)Ministro Jose FRANCISCO REZEK (24-3-83)Ministro SYDNEY SANCHES (31-8-84)Ministro Luiz OCTAVIO Pires e Albuquerque GALLOTTI (20-11-84)Ministro CARLOS Alberto MADEIRA ( 19-9-85)Ministro CELIO de Oliveira BORJA (17-4-86)

COMISSAO DE REGIMENTO

Ministro DJACI FALCAOMinistro CARLOS MADEIRAMinistro CELIO BORJAMinistro ALDIR PASSARINHO - Suplente

COMISSAO DE JURISPRUDENCIA

Ministro RAFAEL MAYERMinistro FRANCISCO REZEKMinistro SYDNEY SANCHES

COMISSAO DE DOCUMENTACAO

Ministro RAFAEL MAYERMinistro NERI DA SILVEIRAMinistro ALDIR PASSARINHO

COMISSAO DE COORDENACAO

Ministro NERI DA SILVEIRAMinistro OSCAR CORREAMinistro OCTAVIO GALLOTTI

PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA

Doutor Jos@ Paulo SEPCJLVEDA PERTENCE

COMPOSIGAO DAS TURMAS

Primeira Turma

Ministro Luiz RAFAEL MAYER, PresidenteMinistro Jose NERI DA SILVEIRAMinistro OSCAR Dias CORREAMinistro SYDNEY SANCHESMinistro Luiz OCTAVIO Pires e Albuquerque GALLOTTI

Segunda Turma

Ministro DJACI Alves FALCAO , PresidenteMinistro ALDIR Guimaraes PASSARINHOMinistro Jose FRANCISCO REZEKMinistro CARLOS Alberto MADEIRAMinistro CELIO de Oliveira BORJA

CONSELHO NACIONAL DA MAGISTRATURA

Ministro Jost; Carlos MOREIRA ALVES, PresidenteMinistro Luiz RAFAEL MAYER, Vice-PresidenteMinistro OSCAR Dias CORREAMinistro ALDIR GuimarAes PASSARINHOMinistro Jose FRANCISCO REZEKMinistro SYDNEY SANCHESMinistro Luiz OCTAVIO Pires e Albuquerque GALLOTTI

REVISTA

TRIMESTRALDE

JURISPRUDENCIA

RECLAMACAO N" 172 - SP(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho

Reclamante: Jacob Cardoso Lopes

Reclamado : Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo

Reciamacjo.

Liminar concedida pelo Presidente do Tribunal de Justlca de SaoPaulo, em mandado de seguranca . CassagAo da liminar Palo OrgdoEspecial daquela Corte.

ReclamaCAo Para o Supremo Tribunal Federal sob alega(Io deque o ato de cassacAo seria do Presidente dente dlUmo Tribunal e naodo OrgAo Especial da Corte paulista.

QuestAo de ordem : art. 70 do RI/STF.0 Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal A que deve

funclonar Como Relator em ReclamatAo ofereclda perante a Corte eque se fundamentou em nAo ser o OrgAo Especial do Tribunal de Jus-tlpa de Sao Paulo, man elm aquele Presidente , o competente Para cas-sar liminar que em mandado de seguranca, fora concedida pelo Pre-sldente do referido Tribunal de Justica.

AplicaSAo do art . 70 do RI/STF . QuestAo de ordem suscitada peloRelator so qual fora distribuida a ReclamaCAo, e acolhida pelo Plena-rio do Supremo Tribunal Federal . Llminar concedida por este 6ltlmoPara que ficasse em suspenso a declsao do OrgAo Especial da Cortepaullsta e que, pelo acolhlmento da questAo de ordem , flcou semefelto.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em SessAoPlena, por unanimidade de votos,acolher a questao de ordem , suscita-da pelo Relator, dando pela compe-tt ncia do Presidente Para funcionar

Como Relator do felto, ficando semefelto, em consequencla, os atos pra-ticados pelo atual Relator.

Brasilia, 13 de marco de 1985. -Moretra Alves, Presidente - AldirPassarinho , Relator.

RELATORIO0 Sr. Ministro Aldir Passarinho

(Relator): 0 Sr. Deputado Jacob

2 R.T.J. - 116

Cardoso Lopes, da Assembleia legis-lativa do Estado de Sao Paulo, porseu nobre advogado , Dr. RicardoArouca, ofereceu ReclamaCAo, pe-rante esta Corte , sob o fundamentode que tendo o Sr . DesembargadorVice-Presidente , em exercicio, do C.Tribunal de JustiCa de SAo Pauloconcedido liminar, em mandado deseguranCa impetrado por ele, oraReclamante , dita liminar fora cassa-da pelo OrgAo Especial da ]lustreCorte paulista , em face de agravo in-terposto pela Assembleia Legislati-va, quando , porem, a competenctapara decidir a respeito era do Sr.Ministro Presidente do Eg . SupremoTribunal Federal.

Teria, assim , havido usurpaCAo decompetencta inerente ao SupremoTribunal Federal, ensejando em con-segilencta a ReclamaCAo , dizendo 0Reclamante:

((Na especie , o ato reclamadoacolbe recurso inexistente na letrade seu pr6prio regimento e invadecompetencia do Supremo TribunalFederal , pots a inegAvel que 0agravo regimental de que cuida 0Inc. III , do it 1? do art. 357 do Regi-mento Intern do C. Tribunal re-clamado nAo pode se destinar se-nAo A correCAo de despachos ou-tros, nAo referentes A liminar, potspara a cassacAo de llminar conce-dida em mandado de seguranga desua competencta originArta ha ex-pressa previsAo entre as competen-cias desse Excelso Pret6rio.,>

Sob a alegaCAo de graves danos,pletteou fosse mantida a liminar cas-sada, e que fosse suspenso o cursodo processo referido.

Ouvida a douta Procuradoria-Geral da Republica , em parecer dalavra do Dr . Procurador-Geral daRepublica , Professor Inocencto Mar-tires Coelho , manifestou-se pelo de-ferimento da llminar de sustaCAo dainclusAo do Projeto de ResoluCAo n?20, de 1984 , na Ordem do Dia da Ses-

sAo, da Assembleia Legislativa, porconsiderar medida indispensavel Agarantia da eficAcia da ulterior decl-sAo da ReclamaCAo . E acrescentou oparecer:

uE que a liminar concedida nomandado de seguranCa consistiuprectsamente em suspender o cur-so do processo de votaCAo do aludi-do Projeto de ResoluCAo , de modoque se a augusta Assembleia Le-gislativa do Estado deliberar a res-petto, antes do pronunciamento doSupremo Tribunal Federal, a Re-clamaCAo estara trremediavel-mente preJudicada».

O Sr. Presidente deste Tribunal, Aepoca , o Sr. Ministro Cordetro Guer-ra, exarou , entAo, o seguinte despa-cho, ap6s sintetizar o objeto da Re-clamaCAo:

ulnvoca o peticionArto o art. 297do Regimento Interno do SupremoTribunal Federal, para concluir

\ser privativo de seu presidente amedida suspensiva de llminar, e,studs , considera que, no caso, severifica a lncidencia do art. 156 domesmo regimento interno , pelo queintitula a presente sfiplica comoReclamaCAo.

A douta Procuradoria-Geral daRepublica opina pela suspensAodos efeitos do ac6rdAo impugnado.

NAo se contests que compete aoPresidente do Supremo TribunalFederal suspender a execuCAo deliminar de mandado de seguranCaconcedida pelo Relator deste, po-rem,tal suspensAo a da concessaode medida llminar , e nAo de suarevogaCAo pelo Tribunal Pleno.Ainda que assim nAo se entendesse,o certo e que a suspensAo fica con-dicionada A ocorrencia de grave le-sAo A ordem , A saude, A seguranCae A economia pfblica.

Na especie , qualquer lesAo•pro-cessual, eventualmente ocorrente,

R.T.J. - 116 3

nAo atinge a magnitude regimentalexigida para a concessAo da medi-da pleiteada.

Em consegUencia , indefiro a sus-pensao postulada , com base noart. 297 do RI, e determino a distrl-buiCBo do feito como ReclamaC3on.(fls. 161)Foi, entao , a ReclamaCAo a mim

distribuida , e ante a urg6ncla de-monstrada pelo Reclamante , ap6s li-geiro resumo dos fatos e dos argu-mentos segundo as alegaC6es ofere-cidas, concedi a liminar, com os se-guintes fundamentos:

«Trata -se de ReclamaC6o ofere-cida perante este Tribunal pelo de-putado estadual Jacob Cardoso Lo-pes, atravis de seu nobre advoga-do, Dr . Ricardo Arouca , pois esta-ria ameaCado de ter cassado o seumandado eletivo.

0 Reclamante alega que emmandado de seguranCa impetradoperante o C. Tribunal de JustiCa deSao Paulo , contra o Sr . Presidenteda Assembl6ia Legislativa daque-le Estado, o Vice-Presidente daCorte , em exercicio , the coneedeua liminar, para que nAo fosse sub-metido a votaCao do Plenario 0Projeto da ResoluCao n? 20, de1984 , publicado no DOE de 18 denovembro de 1984 , e que objetiva acassavao do mandato daquele de-putado . Tendo havido recurso parso Plenario , tai liminar foi cassada,por maioria . Sustenta por6m, oReclamante que a compet6ncia Pa-ra cassar a liminar concedida peloVice-Presidente do Tribunal, noexercicio da Presid6ncia, 6 doExm? Sr . Presidente do SupremoTribunal Federal, na conformidadedo disposto no art . 297 do seu Regi-mento Interno , em harmonla como art . 4? da Lei n? 4.348, de 1964.

Assim , e considerando tamb6m odisposto no art . 357 do RegimentoInterno do C. Tribunal de Sao Pau-lo, afirma o Reclamante que houve

usurpaCao de atribuiCAo privativado Supremo Tribunal Federal, oque enseja a reclamaC6o.A douta Procuradoria-Geral da

Rep0blica , ouvida, entende que nodeferimento da liminar de susta-Cao da inclusAo do Projeto de Re-soluC6o n? 20, de 1984, na Ordem doDia da SessAo, da Assembl6ia Le-gislativa, constitut medida indis-pensavel para garantir a eficaciada ulterior decisao da Reclama-Cao». E acrescenta : «E que a limi-nar concedida no mandado de se-guranCa consistiu precisamenteem suspender o curso do processode votaCao do aludido Projeto deResoluCAo , de modo que se a au-gusta Assembl6ia Legislativa doEstado deliberar a respeito, antesdo pronunciamento do SupremoTribunal Federal , a ReclamaCAoestara irremediavelmente preiudi-cada».

0 Exm? Sr. Presidente deste Tri-bunal indeferiu o pedido de limi-nar, mas veto a seguir a se recon-siderar, transferindo a decisao dopedido de liminar ao Relator, peloque passo a examina -lo, eis que oprocesso me foi distribuido.

Na conformidade do disposto noart. 157 do RI do Supremo TribunalFederal, o Relator podera determi-nar a suspensAo do curso do pro-cesso em que se tenha verificado 0ato reclamado.

No caso , o Projeto de ResolucAon° 20, de 1984 , trata da cassaCao deum membro da Assembl6ia Legis-lativa do Estado de Sao Paulo, oque s6 por st diz da importAncia doato e de seus reflexos politicos, tor-nando desnecessarlos maiores co-mentarios.

De outra parte , a relevancia dosfundamentos 6 inegavel.

Assim, concedo a liminar pareque sejam suspensos os efeitos dadecisao do Plenario do C. Tribunal

4 R.T.J. - 116

de JustiCa de Sao Paulo, prevale-cendo , em consegUencia , a liminarconcedida no mandado de seguran-Ca pelo ilustre Vice-presidente, emexercicio , do C. Tribunal de Justi-Ca do Estado bandeirante, ate ojulgamento da presente Reclama-Cao, em consequencia do que deve-rA ficar em suspenso apreciaCAo evotaCAo do Projeto de Resolugao n?20, de 1984 , da Assembleia Legisla-tiva do Estadou . ( fis. 177/178)

Solicitei, na mesma oportunidade,informaC6es so Exm? Sr. Presidentedo Eg . Tribunal de JustiCa bandel-rante , que as prestou sustentando acompetencia do Orgao Especial da-quela Corte pars julgar o agravo ecassar a liminar deferlda pelo Presi-dente , em exercicio.

E o relat6rio.

QUESTAO DE ORDEM

0 Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): Senhor Presidente, antesde submeter A decisAo do Plenartodesta Corte a homologaCAo on nAoda liminar concedida, desejo subme-ter so Plenario questAo de ordemque poderA implicar em que sejaprejudicada a submissao da liminarpor mim concedtda, A apreciaCao daCorte.

E que, examinando o assunto, amim parece que a competencia paredecidir sobre a ReclamaCao e, naverdade, do Presidente deste Tribu-nal, e nao de um outro dos seus Mi-nistros.

De fato.Diz o art. 4? da Lei n" 4.348, de 20

de junho de 1964, in verbis:«Quando, a requerlmento de pes-

soa juridica de direito pnblico inte-ressada e para evitar grave lesAoA ordern, A saUde, A seguranCa e Aeconomia pfiblicas, o Presidente doTribunal, so qual couber o conhect-mento do respectivo recurso (veta-do) suspender, em despacho funda-

mentado, a execuCao da liminar eda sentenCa , dessa decisAo cabersagravo, sem efeito suspensivo, noprazo de dez ( 10) dias, contados dapublicaCao do ato.n

Ora, assim , em face do aludidodispositivo legal seria - e digo seriaevitando adentrar em questAo macstormentosa qual seja a da questAoda competencia - do Presidentedeste Tribunal a decisAo sobre a exe-cuCao da liminar concedida peloVice-Presidente, do C. Tribunal deJustiCa de SAO Paulo.

As ReclamaC6es, a certo, sao nor-malmente distribuldas a um Relator,segundo results do disposto no Cap.I, do Titulo V, do Regimento Internodesta Corte e, por isso mesmo, cer-tamente a que o Sr. Ministro Cordet-ro Guerra, entao na Presidencia doSTF, determinou que a ReclamaCaofosse distribuida a um dos Ministrosda Corte.Ocorre, porem , que, na conformi-

dade do art. 70 do RI/STF:

«A ReclamaCao sera distrtbuidaso Relator da causa principal.Na hip6tese , sem dtivida, ha de

ter-se como equiparado a causa prin-cipal , face so disposto no art. 4? daLei n? 4.348-64, o requerlmento soPresidente do Tribunal , so qual cou-ber o conhectmento do respectivo re-curso, para suspender a execuCao daliminar e, assim sendo , tenho que,em face do disposto no art. 70 donosso Regimento Interno , o RelatordeverA ser aquele so qual competirAa decisao do aludido requerimento,com mats razAo ate do que se fosseapenas o Relator da causa principal.

E esta a questAo de ordem quesubmeto A decisao plenAria, ma-nifestando-me no sentido de que se-ja o ilustre Presidente da Corte oRelator da presente ReclamaCao, fi-cando sem efeito a liminar pot mimconcedida.

E o men voto.

R.T.J. - 116

VOTO SOBRE QUESTAO DE ORDEM

O Sr. Ministro Moreira Alves,(Presidente ): Trata-se de materiaregimental . 0 problema , justamente,e determinar o sentido do art. 70 emface desta hip6tese concreta.

Tenho voto.

E como JA me manifestei no casolembrado pelo eminente Ministro Al-dir Passarinho , acompanho S. Ex',acolhendo a questAo de ordem.

EXTRATO DA ATA

Rcl 172-SP - Rel.: Ministro AldirPassarinho . Recte .: Jacob CardosoLopes (Advs.: Antonio Motta Ne-to, Ricardo Arouca e Cello Silva).Recldo .: Tribunal de Justica do Es-tado de Sao Paulo.

5

Decisao : Acolhida a questAo de or-dem, suscitada pelo Relator , dando-pela competencia do Presidentepars funclonar como Relator do fei-to, ficando sem efeito , em conse-g0encla, os atos pratlcados peloatual Relator. Decisao unAnime. Vo-tou o Presidente.Presidencia do Senhor Ministro

Moreira Alves. Presentes A SessAoos Senhores Ministros Djacl Falcao,Cordeiro Guerra, Decio Miranda,Rafael Mayer, Neri da Silveira, Os-car Correa, Aldir Passarinho, Fran-cisco Rezek , Sydney Sanches e Octa-vio Gallotti. Procurador-Geral daRepfiblica, o prof . Inoc@ncio MArti-res Coelho.

Brasilia, 13 de marco de 1985 -Dr. Alberto Veronese Aguilar , Secre-tario.

RECLAMACAO N° 187 - CE(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Moreira Alves.

Reclamante: Cesar Cals de Oliveira Neto - Reclamado: Presidente doTribunal de Justica do Estado do Ceara - Impugnante : Estado do CearA.

RecfamaCAO.

- Homologada a desistencla da medida judicial que den margemA reclamaSAo , esta perde seu objeto.

ReclamaCAo julgada prejudicada.ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessaoPlenAria, na conformidade da ata doJulgamento e das notas taquigrafl-cas, por unanimidade de votos, jul-gar prejudicada a reclamacao.

Brasilia, 25 de setembro de 1985- Moreira Alves , Presidente e Rela-tor.

RELATORIO

O Sr. Ministro Moreira Alves: Ce-sar Cals de Oliveira Neto apresentou

reclamaCao a esta Corte , alegandoque o Exmo . Sr. Presidente do Tri-bunal de Justica do Estado do CearAursurpara a competencia do Presi-dente desta Corte, ao suspender limi-nar que the fora concedida em Man-dado de SeguranCa impetrado pre-ventivamente pars impedir quefosse ele exonerado do cargo de Pre-feito da cidade de Fortaleza (CE).

Solicitadas informac6es , o Presi-dente daquele Tribunal assim se ma-nifestou ( fls. 32/33):

u<... 16 ...n

6 R.T.J. - 116

A fls. 37/40 , encontra-se impugna-v$o a reclamagAo apresentada peloEstado do Ceara por seu Procura-dor-Geral.

A Its. 42, deferi a laminar reque-rida com este despacho:

al. Em face das informaCbes afls. 32 e 33 , e tendo em vista que aquestAo em causa se adstringe acompetencia para suspender medi-da cautelar concedida em Manda-do de Seguranva por seu relator,defiro a liminar requerida, deter-minando - com base no artigo 158do Regimento Interno desta Corte- a suspensao do curso do proces-so relativo so ato do Exmo. Sr.Presidente do Tribunal de Justivado Ceara, objeto da presente recla-macAo.

2. Feita a comunlcavao destedespacho , e acrescentado na au-tuacAo o Estado do Ceara comoimpugnante , abra-se vista it Pro-curadoria-Geral da Republica,nos termos do artigo 160 do men-cionado Regimento.»

A f1s. 51, h3 o seguinte telex doPresidente do Tribunal de Justiva doCeara:

aTenho a honra de transmltir aVossa Excelencia o Interro teor dorequerimento que o VG nests dataVG me fol apresentado pelo Estadodo Ceara PT

aExmo . Sr. DesembargadorPresidente do Egreglo Tribunal deJustiva do Estado do Ceara BIpt oEstado do Ceara VG aqul devida-mente rppeesentado VG vem res-peitosamente VG ante Vossa Exce-lencia VG requerer a desistenctado pedido de suspensao da liminarVG concedida por despacho dessaPresldancla VG referente so Man-dado de Seguranva nr. 1.542/85 VGimpetrado pelo Deputado FederalCesar Cals de Oliveira Neto PTface so Exposto VG requer Bipt

A. A homologaSAo da pre-sente desistencia.B. A Imedlata comunicavao VGpor telex VG deste pedido VG anEstrin . Sr. Ministro Presidente doColendo Supremo Tribunal FederalPT Fortaleza VG 5 de Julho de 1985PT.Luis de Gonzaga Fonseca Mota

Governador do Estado.

Pedro Henrique Genova de Cas-tro Procurador do Estado.

Valmir Pontes Filho Procuradordo Estado» PT

Cordials SaudagOes.

A solicitavao que fiz no sentidode saber se o requerimento achnatranscrito havia sido decidido por a-quela autortdade, respondeu eta ne-gativamente, acentuando que, com aliminar que fora por mim concedida,entendera nAo mats ter competenciapars apreciar o pedido de desisten-cta (Its. 55).

A fas. 64, homologuei o referido pe-dido de desistencia.

E o relatorio.

VOTO

O Sr. Ministro Moreira Alves (Pre-sidente ): Com a homologavAo do pe-dido de desistencta da suspensAo dalaminar concedida pelo Presidente doTribunal de Justiva do Estado doCeara, concessAo essa que den mar-gem a presente reclamacAo, estaperdeu o seu objeto.

For isso , julgo-a prejudicada.

EXTRATO DA ATA

Rcl 187-CE - Rel .: Ministro Morel-ra Alves . Recite .: Cesar Cals de Oli-veira Neto ( Adv.: Firmino FerreiraPaz e outros ). Recldo .: Presidentedo Tribunal de Justiva do Estado doCeara . Impugnante : Estado do Cea-rA.

R.T.J. - 116 7

Decis&o : Julgou-se prejudicada aReclamaCAo , unanimemente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves, Presidente.

Presentes A SessAo os SenhoresMinistros Djaci FalcAo, CordelroGuerra, Rafael Mayer, NBri da Sil-veira, Oscar Correa, Aldir Passari-

nho, Francisco Resek , Sydney San-ches e Octavio Gallotti e Carlos Ma-deira . Procurador-Geral da Republi-ca, Dr . Jose Paulo Sepulveda Per-tence.

Brasilia , 25 de setembro de 1985 -Gilberto Veronese Agular , SecretA-rlo.

INQUERITO N? 223 (AgRg) - BA

(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Oscar Correa.

Agravante: Manoel Figuelredo Castro - Agravado: Affonso Camargo.

Inquerlto - ACAo Penal . Titularidade do Procurador-Geral da Re-publica , que requer o arqulvamento da representaCAo . NAo Cabe soTribunal examinar-Ihe o merito , senAo aceltar-lhe a decisAo , Como ti-tular que a da aCAo penal . Jurlaprudencla da Corte.

Agravo Regimental Improvido.

ACORDAO

Vistos e discutidos estes autos,acordam os Ministros do SupremoTribunal Federal, em SessAo PlenA-r1a Secrets , por unanimidade, emnegar provimento so agravo regi-mental.

1. An determinar o arquiva-mento do inquerito , sumariei no des-pacho o pedido , nestes termos (fl.18):

1. Manoel Figueiredo Castro,Prefeito Municipal de Salvador,representou contra Affonso Camar-go, Ministro de Estado dos Trans-portes , com fundamento no artigo119, I , a, da CF, Imputanto-lhe aprAtica do crime do art. 326 da Lein? 4.737, de 15-7-65 ( C6digo Eleito-ral u e disposiC6es correlatas doC6digo Penal» (fls. 2/5), per to-lochamado, em comicio de candida-to, de «mentirosoo>.

Juntou os documentos de fls.7/10.

2. A Procuradoria-Geral da Re-publica opinou pelo arqulvamentoda representaCAo ao argumento deque «o fato ... nAo pede a titulari-dade do Ministerio Publico pars apersecuCAo criminal . Constituir-se-ia em ofensa da honra subjetiva,portanto , envolvendo unicamente apr6pria pessoa de Manoel Figuei-redo Castro e nAo seu desempenhoadministrativo (fl. 14).

3. 0 RISTF, no artigo 231, § 4?,disp6e que oo relator tern compe-tencia pars determinar o arquiva-mento, quando o requerer o Pro-curador-Geral».

O dispositivo tem dais significa-dos: o de atribuir competencia soRelator, sera necessidade de au-diencla de corpo coleglado (Turmaon Pleno) para determinar o arqui-vamento.

E o de atribuir so Procurador-Geral da Republica o de requere-lo, sem que se the possam oporembargos.

8 R.T.J. - 116

Nestes termos , determino o ar-qulvamento do inquerlto , como re-querido pelo Procurador-Geral daRepublica , ressalvado , obviamen-te, ao representante o use das viasque a lei the descortina.»

2. Op6s4he o (lustre patrono doRequerente o agravo regimental deits. 21 /25, no qual , ap6s hlstorlar ahip6tese, pede a reforma da declsAoagravada .((por nAo encontrar proce-d@ncia juridica na fundamentaCAocontida no pronunciamento daProcuradorla -Geral da Republican(fls. 23).

Isto porque, salienta,

«por ter sido o vocabulo ofensi-vo - mentiroso , lancado a pessoado agravante , por orador emcomicio de propaganda elettoral, e,assim , claramente tipificado, nostermos do artigo 326 do C6digoEleltoral , como InjOrla, - tal in-fraCao penal & da aCao pfibllca -(vale dizer , de aCao pitblica incon-dicionada), - di-lo o artigo 355 domesmo C6dlgo.

Dal, a razao ante a qual nAo po-deria, d. v., 0 6rgao do Minist6rioPubllco escapar da titularfdade Pa-ra a apersecuCAo criminal Judi-cial" atrav6s de InstauraCAo daaCao penal piublica incondicionada,- pouco importando fosse a hip6-tese de ofensa a honra objetiva(calfinia ou dlfamaCAo) ou ofensa ahonra subjetiva ( inl(iria).

Pois, - enfatise-se - emquaisquer desses casos , em se tra-tando de quem quer que fosse e deinfraCAo penal prevista no C6digoEleltoral , presente estara a titula-ridade do Minlst6rio Publico, antea suspeita da pratica de crime, afim de intentar a aCao penal, emrazao mesmo do principlo daobrigatorledade que rege a suaatuaCAo.

Ora, E precisamente este o casodos autos , porquanto ofendido 0

agravante na sua dignidade e deco-ro, seja ate como simples cidadAo,quanto macs como titular de cargode Prefelto, quando , no desempe-nho de suas funC6es, pugnou contrao desatendimento a remessa de re-cursos financeiros convenlados Pa-ra enfrentar o augustiante proble-ma de transportes urbanos queatinge e aflige Salvador , e, por is-to, a titulo de resposta , vir a mere-cer o apodo de «mentirosos - nAosera a aCAo penal privada o rem6-dio compativel para salvaguardaraquela sua dignidade ferida, sim,por6m a aCao penal publlca , Incon-dicionada, definida pelo artigo 355do C6dlgo Eleitoral , por cuja ins-tauraCao, com a devida v6nta, seinsiste perante 0 Plenario do Ex-celso Supremo Tribunal Federal,atrav6s do presente recurso orafundamentado.»Decidlu o Tribunal negar provi-

mento ao agravo regimental.

3. A mat6rla suscltada no agravotem, ap6s os debates que, nestaCorte, se travaram , pacifico deslindeno sentfdo de que, como acentuava osaudoso e eminente Ministro AmaralSantos no IP-3 (RTJ 57/155), use o ti-tular do direito de aCao penal requero arquivamento , nada podemos fa-zer.»

4. Essa orientacAo firmou-se, emtodos os pronunciamentos posterio-res, que nAo precisamos relembrar.

Diga-se, apenas , que, no Inqu6rlton? 30, o entao eminente relator e sau-doso Ministro Lutz Gallotti acrescen-tava que, «pertencendo a aCao penal,no caso, ao Procurador-Geral da Re-publican ..., «NAo depende , a rigor,de deliberacao do Tribunal o arqui-vamento requerldo por S. Exa.n(RTJ 69/6).5. Em todas as oportunidades

renovou-se esse entendimento, aindaquando se nota que a Corte parece-ria mats conveniente , ou razoAvel, ainstauraCao do procedimento penal,

R.T.J. - 116 9

como se ve , v.g. dos debates no Inq.n? 38 (RTJ 73/1), nos quals prevale-ceu, contudo , a orlentaCao tradicio-nal, expressa na ementa do ac6rdao(Relator o eminente Ministro Cordei-ro Guerra ), de que «o Procurador-Geral da Republica , como Chefe doMinist6rlo Publico, 6 o titular daaCao penal , o dominos Iltls, e a leithe defere a disponibilidade da aCao;se conclul pela inexist6ncia de crimeou indicios suficfentes de autorla epede o arquivamento , nao h3 comonegA-lo."6. E verdade que, in casu, outro

foi o fundamento do pedido do emi-nente Procurador-Geral : o de que ofato «constitufr -se-ia em ofensivo dahonra subletlva , portanto envolvendounicamente a pr6pria pessoa de Ma-noel Figueiredo Castro , e nao seudesempenho administrativo ». ( fl. 14)

Se ponder3vels os argumentos doagravante , mas o titular da aCao pe-nal se considera desobrigado deprop6-la, nao cabe ao Tribunal senAoacolher-]he a decisao , que nAo exa-mina, e , menos ainda , iulga . Apenasaceita.Negou-se provimento.

Brasilia , 6 de novembro de 1985 -Moreira Alves , Presidente - Cor-

delro Guerra , N6rl da Stlveira, OscarCorrea , Aldir Passarinho, FranciscoRezek , Sydney Sanches , Octavio Gal-lotti , Carlos Madeira.

EXTRATO DA ATA

Inq. 223 (AgRg)-BA - Rel.: Minis-tro Oscar Correa. Agte .: Manoel Fi-gueiredo Castro (Adv.: Gilberto Gor-dilho Pedreira). Agdo.: AffonsoCamargo.

DecisAo : Negou -se provimento aoagravo regimental , unanimemente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves. Presentes A Sess$o asSenhores Mlnistros Cordeiro Guerra,Neri da Sllveira, Aldir Passarinho,Francisco Rezek , Sydney Sanches,Octavio Gallotti e Carlos Madeira.Ausentes, justificadamente, os Se-nhores Mlnistros Rafael Mayer eDlaci Falcao. Procurador-Geral daRepublica, Dr. Jose Paulo SepulvedaPertence.

Brasilia , 6 de novembro de 1985- Dr. Alberto Veronese Agular, Se-cretario.

ACAO PENAL N? 276 - DF(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro Moreira Alves.

Autor: MinistArio Publico Federal - R6u: Domingos de Freitas DinizNeto.

ACAo Penal . DesclassificacAo do fato denunclado como crime pre-vlsto no artigo 33 da Lei n" 6 .620/78 pare o delito definido no artigo 139do C6dlgo Penal . Em consegtiencla , declarou-se extinta a aCao penal,tendo em vista a Imunidade material assegurada pelo artigo 32,caput, da ConstituiCAo , as redaCAo dada pela Emenda Constitucionaln^ 11, vigente na 6poca do fato.

ACORDAO o Dr. Procurador-Geral da Republi-Vistos , relatados e discutidos estes ca e reu o ex-Deputado Domingos de

autos de ACAo Penal , em que 6 autor Freitas Diniz Neto.

10 R.T.J. - 116

Acordam os Ministros do SupremoTribunal Federal, em Sessao Plena-ria e secreta, e por unanimidade devotos , desclassificar o delito Para odo artigo 139 do Codigo Penal, e, emconsegUencia , declarar extinta aaCao penal, tendo em vista a imuni-dade material assegurada pelo arti-go 32, Caput , da ConstituiCao Fede-ral, na redaCao dada pela EmendaConstitucional n? 11, vigente na 6po-ca do fato.

1. E este o teor da denuncia fir-mada pelo Dr. Procurador-Geral daRepublica ( Its. 2/5):

«O Procurador-Geral da Re-p6bllca, no cumprimento de in-declinavel dever legal, apresentadenilncia contra Domingos de Frel-tas Diniz Neto , Deputado Federalpelo Maranhao, fllho de Silvio Frei-tas Diniz e Filomena Afonso deFreitas, podendo ser encontrado naCamara dos Deputados, a Pracados Tres Poderes, nesta Capital,pelos fatos a seguir descritos:

1. No dia 8 de setembro de 1981,proferiu o denunciado violento dis-curso, na Camara dos Deputados,a prop6sito de criticar determina-da autoridade eclesiastica que, noexercicio de seu minist6rio, desli-gara da Arquidiocese de Sao Luis opadre alienigena Marcos Passeri-ni.

2. Todavia, nesse mesmo dis-curso , ao solidarizar-se com o pa-dre que , segundo a imprensa daapoca ( publlcaC6es anexas) eraum radical , opunha-se as autorida-des constituidas e vinha insuflandoinvas6es de propriedades «pelaspopulaC6es sem casa» ( cf. Folhade Sao Paulo , de 8/9 e revista «Isto6)), de 16-9-81, recortes anexos), odenunciado , por manifesta motiva-Cao politico-subverslva , resultantede inconformismo politico-social,passou a ofender gratuitamente a

honra do Excelentissimo SenhorPresidente da Republica, com oobjetivo de indisp6-lo com a opt-niao publica.

3. Segundo consta das notas ta-quigraficas , distribuidas ((Para useexclusivo dos )ornalistas )>, decla-rou, a certa altura , o denunciado 0seguinte:

«Entao estamos aqui, nesta ho-ra, para nAo s6 protestar mas pa-ra avisar os representantes dopovo e desta NaOao que 6 exata-mente o Sr. Joao Figueiredo queat esta com esta tal de mao es-tendida, que esta mandando tro-pas para matar posseiros, mataro povo , expulsar o povo das ter-ras publicas e entrega -las aos la-dr6es de terras pOblicas. A res-ponsabilidade direta, portanto, edo Presidente da Republica. NAoadiantam os desmentidos do Mi-nistro Delio Jardim de Mattos,porque as tropas foram desloca-das para la . Nao satisfeito emprender padres e assinalando que13 existem tropas federais em va-rios quart6ls esta deslocando pa-ra massacrar posseiros e es-tamos sendo informados de queha determinaCao no sentido deprender padres e bispos , de mas-sacrar e assassinar os verdadei-ros brasileiros que 15 estAo tra-balhando para o futuro destePais.

Era o que queriamos registrarpara que todos saibam que o Pre-sidente da Republica Joao Bap-tista de Figueiredo 6 quem estadeslocando tropas , dando ordensdiretas por interm6dio do Sr.Otavio Medeiros para prenderpadres e bispos e matar possei-ros, (Doc . anexo).O Diario do Congresso Nacional,

de 9-9-81, publica esse discursocom retoques e algumas modifica-C6es, mas sem deixar de registraros t6picos caluniosos , in verbls:

R.T.J. - 116

aEstamos aqui , nesta hora, noso para protestar, mas para avi-sar os representantes do povo edesta NaCao que a exatamente oSr. Joao Figueiredo, que at estacom essa tal de mAo estendida,quem estA mandando tropas paraexpulsar o povo das terras publi-cas e entrega-las aos ladr6es deterras publicas. A responsabill-dade direta , portanto , 6 do Presi-dente da Republica . NAo adiam-tam os desmentidos do MinistroDelio Jardim de Mattos, porqueas tropas foram deslocadas parala. NAo satisfelto o Presidenteem prender padres - e assinala-mos que la existem tropas fede-rats em varios quartets , desloca-das para massacrar posselros -estamos sendo informados de queha determinagao no sentido deprender padres e bispos, de mas-sacrar e assassinar os verdadel-ros brasileiros que la estAo tra-balhando para o futuro dentePais.

Era o que queriamos registrar,para que lodes saibam que o Pre-sidente da Republica, Joao Bap-tista de Figueiredo , a quern estAdeslocando tropas , dando ordensdiretas nesse sentido por inter-m6dlo do Sr. Octavio Medelrospara prender padres e bfspos>>.( Doc. anexo).

4. Ante o exposto, per razOes deinconformismo politico-social, atri-buindo, de publico, ao Presidenteda Republica, citado nominal-mente , e a um Ministro de Estado,fates caluniosos ( mandar ... aexpul-sar o povo das terras publicas eentregA-las aos ladr6es» ..., man-dar ... ((prender padres e bispos ...massacrar e assassinar os verda-deiros brasileiros ...)), etc.), come-teu o Deputado em causa o crimedo art. 33, paragrafo unico, da Lein? 6.620 , de 17-12-78, pelo qual Picadenunciado.

11

5. Nestes termos, requer-se ainstauracao da respectiva aCao pe-nal, procedendo-se nos termos dosarts . 233 e segulntes do RegimentoInterno do Supremo Tribunal Fede-ral; e desde JA se pede que, recebi-da a denuncia, citado o acusado erealizada a instruCAo , seta o r6uaflnal condenado as penas docrime capitulado no item anterior,com a consegGente suspensAo deseus direitos politicos , dispen-sando-se pr6via licenCa da Ca-mara, nos termos da Lei e da Ju-risprud6ncia.

Protesta-se pela Juntada de no-vos documentos , pela realizaCao depericias , requisiCOes e outrosmeios de provas permitidos.

Termos em que

P. Deferimenton.

Apresentada resposta a denuncia,lot esta recebida a 5 de malo de 1982Per ac6rdao de fls. 71/85.

2. A fls. 114/118 , foi Julgada aquestAo de ordem levantada pelo re-lator, decidindo-se, per maforla devotos, que a aCao penal deveria pros-seguir nos termos em que foi recebi-da a denuncia, porquanto a imunl-dade material de que trata o caputdo artigo 32 da ConstitulCao, na re-daCao dada pela Emenda Constitu-tional n? 22, de 29 de Junho de 1982,nao alcanCa o crime previsto no artl-go 33 da Lei n? 6.620 , de 17 de dezem-bro de 1978, visto como a ressalva((salvo no case de crime contra ahonra )) 6 gen6rica, e abarca nao ape-nas os crimes contra a honra defini-dos no C6digo Penal, mas tamb6maqueles que leis especiais, inclusivea de n? 6.620, de 17 de dezembro de1978, prevC-em para a proteCao dahonra das pessoas , em razAo dasfunCOes publicas que exercem ou emvista do meio de divulgaCaoutilizadopara a prAtica do crime.

12 R.T.J. - 116

A essa decisao foram opostos em-bargos de declaraCao , que vieram aser reieitados , por nao haver a pre-tendida omissao ( fls. 126/128).

3. Interrogado o reu (fls. 150/152), apresentou ele defesa previa afls. 155/156.

Fot, entao, delegada competencla,observada a distribuicao que fosse ocaso, aos Juizes Federals de Goia-nia, de Sao Paulo e do Distrito Fede-ral, bem como aos Juizes Estadualsdas comarcas de Maraba (PA), Por-to National (GO) e Araguantins(GO), pars procederem a inqulriCaodas testemunhas arroladas pela de-fesa.

A 8-9-83, foi julgada outra questaode ordem , tendo sido decidido, porunanimidade de votos, que a Resolu-Cao n? 13/83 da Camara dos Deputa-dos, no que dizla respeito aos reus,era inconstitucional , devendo prosse-guir a acAo penal contra ele movida.

Finds a instruCao , com o cumpri-mento das cartas de ordem expedi-das anteriormente pars a inqulriCaodas testemunhas da defesa , apresen-taram as partes razoes finals. 0 Mt-nisterio PUblico requereu , prelimi-narmente , que se considerasse o reuincurso nas pens do art . 26 da Lein? 7.170/83, por ser mats benign; e,no merito , sustentou estarem prova-das a calunta e a difamaCao contra apessoa do Presidente da RepUbltcadescritas na den(mcia . Ja a defesa,voltando a sustentar , em preliminar,a necessaria desclassificaCao do de-lito pelo advento da Emenda Consti-tucional n? 22, arg0tu , tambem, pre-liminarmente , a inepcia da denUnciano tocante a ofensa a Ministro de Es-tado : e, no merito , sustentou a naoconfiguraCao de delito contra a segu-ranSa nacfonal pela inexistencia dedolo especifico , pedindo, afinal, a ab-solviCao.

4. Examinados os elementos pro-bat6rios constantes dos autos, deci-diu o Tribunal , por unanimidade devotos , que, no caso , nao se configu-rava o crime contra a seguranCaprevisto no artigo 33 da Lei n? 6.620,de 17 de dezembro de 1978 , mas, sim,o delito de difamacao definido no ar-tigo 139 do C6digo Penal . Fella essadesclassificaCao , a Corte, tambempor unanimidade de votos , declarouextinta a aCao penal, uma vez, porocasiao em que o fato objeto da de-nUncia ocorreu , estava em vigor aredaCao dada so artigo 32, Caput, daConstituiCao pela Emenda Constitu-ctonal n? 11, a qual s6 excluta a In-violabilidade dos deputados e sena-dores no exercicio do mandato, porsuas opini6es, palavras e votos, nocaso de crime contra a seguranCanacional , e nao de delito comum.

Brasilia , 30 de mato de 1984. -Cordeiro Guerra , Presidente. -Dlacf FalcAo - Morelra Alves -Soares Muf oz - Declo Miranda -Rafael Mayer - Oscar Correa - Al-dir Passarinho - Francisco Rezek.

EXTRATO DA ATA

AP 276-DF - Rel.: Ministro Morel-ra Alves. Autor: Minist6rio PUblicoFederal . Reu: Domingos de FreitasDiniz Neto (Advs.: Lutz EduardoGreenhalgh, Mario Hon6rto TeixeiraFllho e outros).

Decisao : 0 Tribunal decidtu des-classificar o delito para o do art. 139do C6digo Penal e , em consequencia,declarar extinta a aCao penal tendoem vista a imunidade material asse-gurada pelo art. 32 Caput da Consti-tuiCao , na redaCao dada pela Emen-da Constitucional n" 11, vigente aepoca do fato. Decisao unantme. Fa-lou pelo Reu o Dr. Lutz EduardoGreenhalgh.

Prestdencia do Senhor MinistroCordeiro Guerra. Presentes a SessAo

R.T.J. - 116 13

os Senhores Ministros Djaci FaicAo,Moreira Alves , Soares Mudoz, Decio

Miranda , Rafael Mayer , Alfredo Bu-zaid, Oscar Correa, Aldir Passarinho

e Francisco Rezek . Ausente , Justifi-cadamente , o Senhor Ministro Neri

da Silveira. Procurador- Geral da Re-publica, Professor Inocencio Martl-res Coelho.

Brasilia , 30 de mato de 1985. -Ant6nlo Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

EXTRADICAO N" 417 ( EDCI ) - REPUBLICA ARGENTINA(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Oscar Correa.

Embargante : Governo da Republica Argentina - Embargado: MartoEduardo Firmenich.

ExtradlcAo - Embargos de declaraCAo - Pedido em cartas ro-gat6rlas de Juizes Argentinos , sem a chancela do Governo respectivo.Inadmisslblldade . Jurlsprudencla do Tribunal.

Embargos de declaraCAo rejettados.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessaoPlenarla , na conformidade da ata doJulgamento e das notas taquigrAfi-cas, por unanimidade de votos, emrejeitar os embargos de declaraCAo.

Brasilia , 23 de outubro de 1985 -Morelra Alves , Presidente - OscarCorrea , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Oscar Correa: 1.Deferido, com ressalvas , em 20-6-84,o pedido de extradiCAo de MarioEduardo Firmenich , posteriormenteforam protocolizados, pelo Itamara-it, nesta Corte, «pedidos de autoriza-Cao formulados pelas Justicas da Ar-gentina pars o Julgamento naquelepats», do mesmo extraditado, «combase no artigo 14 do Tratado de Ex-tradiCAo vigente entre os dots paises(Decreto n? 62.679, de 11-7-68)».

2. Esses pedidos encaminha-ram quatro cartas rogat6rlas deJuizes argentinos ; e seguida a trami-

taCAo legal e regimental, foram Jul-gados em 11-9-1985, recebendo 0ac6rdAo esta Ementa (its. 282):

ExtradiCAo - Pedidos deextensAo para autorizar o proces-samento do fextradttado por outroscrimes, anteriores A extradiCAo.VedaCAo do artigo 91, I, da Lei n?6.815/80.

Demais disso, pedidos que nAo serevestem de legitimidade nAo par-Undo do Governo 4rgentino, masdiretamente de Juiz s deInstruCAo.

Pedidos nAo conhecidos.>>

3. A ele op6e o Governo da Repu-blica Argentina embargos de decla-raCAo, alegando, ap6s breve relatodos fatos: (fls. 831/833).

((Faca-se ligeira reflexAo sobre atematica, a comecar por pequenoretrospecto da IegislaCao pertl-nente.

Disp6e, com efeito, a Let n?6.815/80:

((Art. 80. A extradfeao serarequerida por via diplomatica ou,na falls de agente dlplomatico do

14 R.T.J. - 116

Estado que a requerer , direta-mente de Governo a Governo, de-vendo o pedido ser instruido...§ 1? 0 encaminhamento do

pedido por via diplomatica con-fere autenticidade aos documen-tos.» (grifos acrescentados).

Nao se pode dar, ao precitadodispositivo, interpretaCdo outraque nAo a de que, havendo relaclo-namento diplomatico entre paises,o encaminhamento de pedfdo deextradicAo far-se-a por via diplo-matica, ou seja, por mein da em-baixada do requerente; se nao hou-ver tai relacionamento , utilizar-se-a a formula variante, prevista nopreceito , de se fazer o pedido dire-tamente de Governo a Governo.

No caso dos autos , havendo nor-mal relacionamento diplomaticoentre a Republica da Argentina e aRepublica Federativa do Brasil, in-side a regra primeira , devendo ospedidos de extradlCdo solicttadospela primeira serem encaminha-dos por mein de sua Embaixada,cuja voz e, segundo Weida, exatacolocaCao contida em parecer doeminente Ministro Francisco Re-zek, quando de sua brilhante pas-sagem pela douta Procuradoria-Geral da Republica , «a voz do Go-verno ( requerente) dentro de nos-sas frontelrasn ( STF/Extradtgbes,vol. II , pag. 122 ). Ao ver de S. Exa.- opiniao , esta , acolhida A unani-midade no julgamento da Extradi-Cdo n? 343-7 - Portugal -, basta-rla que dos autos constasse «a notarequisit6ria , expedida, em termosusuais , pela Embaixada (...), parsque se desse como certo e pacificoque o Governo daquela Republica eo autor da demands extradicional))(op. cit . pag. 123).

Esta a questdo.

Ao v. acbrddo embargado pare-ceu terem sido os pedidos de exten-sdo formulados dlretamente por

juizes argentinos e por eles dirigi-dos ao Ministerio das RelaC6es Ex-teriores do Brasil.

Na real verdade , contudo, men-cionados pedidos tiveram trdmitediplomatico, como adiante se vert-ficara. E que as solicitac6es de ex-tradiCdo formuladas pelo Governoda Republica Argentina t6m ori-gem, comumente, em ato judicial,raramente partindo de autoridadegovernamental pertencente so Po-der Executivo. Prefalados atos ju-diclais constituem-se em «exhor-tos» (Cartas Rogatorias), que sdoremetidos pelo Juiz do «Mlnlsterlode Relaclones Exterlores y Culto,,,o qual , por sua vez , os envia A Em-baixada da Republica Argentina nopals de que se pretenda obter a ex-tradiCdo.

Na hip6tese dos autos , ocorreuesse mesmissimo procedimento:tanto os pedidos dirigidos contraMario Eduardo Firmenlch e apre-ciados pelo v. acbrddo que the con-cedeu extradiCdo , quanto os ende-reCados em desfavor de FernandoVaca Narvaja e nao examinadosem face da inocorrencia de suaprisAo , como ainda esses ultimos,nAo conhecidos , de extensAo da ex-tradlCdo de Firmenich, partlram,todos, sem exceCdo , de juizes ar-gentinos, via «exhortosn (cf. fls. 21,62, 120, 167, 183 e 191 ; f1s. 41, 82 e100; e fis. 645, 710, 755 e 785). Talspedidos , ap6s percorrerem os trd-mites regulares antes explicitados,foram encaminhados , por meto de«notas verbats », so Ministerio dasRelaC6es Exterlores do Brasil,que, por sua vez, os remeteu a esseEg. Supremo Tribunal Federal(Dots. 118).

Esclarecido o pormenor que le-vou o v. acbrddo embargado a ne-gar legitimidade ativa aos pedidosde extensdo em causa , pede o Go-verno da Republica Argentina, res-pettosamente, que V. Exa. 0 aco-

R.T.J. - 116

lhida aos presentee embargos dedeclaraCAO , a fim de que, pro-vendo-os, declare a legitimidadede que os mesmos se revestlraman serem encaminhados atravesde sua Embaixada neste Pais ami-go, deles vindo a conhecer , por con-seguinte.

A importancfa deste pedido,esclarece-se, transcende ao pre-sente caso, e diz respeito, funda-mentalmente, a sistematica inter-namente adotada pelo Governo ar-gentino, que dA ao Juiz, como an-tes se viu, poderes para pleitear,por meio de exhortos a serem en-caminhados por via diplomatica odeferimento de extradiCOes.

NAo 6 de hoje que essa dificul-dade se vem apresentando e no IU-turo ela havers de ressurgir como0 demonstra a ementa do ac6rdaoproferido no pedido de ExtradiCaon? 383 -6 - Republica Argentina,verbis:

aExtradiCAo. 1 - Carta rogat6-ria. Apesar de meio impr6prlopara a formalizaCao do pedido,sanou-se o defelto com a diligen-cla cumprida pela Embafxada,que representa o Estado reque-rente. 2 - Preenchimento dasexigencias legafs . 3 - Pedido de-ferido, com votos vencldos .o, (Ac.publ. DJ 18-9-81).

Finalmente , em reforCo da pre-sunCAo do embargante , hA que serelembrar hipoteses de deferimen-to, unanime , de pedido de extra dl-Cao formulado por Procurador-Geral da Republica requerente,ap6s a confirmacao , por meio dedilig6ncia, de que o pedido fora en-caminhado por via diplomAtica(ExtradiCao n? 411-5 - RepublicaPortuguesa - Ac. publ . DJ 30-3-84).»

15

Juntou os documentos de Its.83/842.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Oscar Correa (Rela-tor): 1. Como se viu, sustenta o em-bargante que:

I - Os pedidos tiveram tramita-Cao diplomAtica, pois as solicita-r6es de extradiCao do Governo Ar-gentino stem origem, comumente,em ato judicial, raramente partin-do de autoridade governamentalpertencente ao Poder Executivo».

II - No caso, todos os pedidospartfram, sem exceCAo , de juizesargentinos, via exhortos (rogat6-rias).

III - Isso mesmo ocorreu naExtradiCao n? 383-6 - RepublicaArgentina.

IV - HA hipOtese de deferlmen-to unanime de pedido de extradi-Cao formulado por Procurador-Geral da Republica Portuguesa,confirmado por meio de diligencia- ExtradiCao n? 411-5 - RepUblicaPortuguesa.

Examinemos os embargos.

2. Desde logo se saliente que an-tes que declarat6rios sao nitida-mente infringentes : pleiteiam o ree-xame de questao definida expressa-mente peia Corte, ao decidir, comoum dos fundamentos do ac6rdao re-corrido, que Gros pedidos nao se re-vestem de legitimidade , nao partin-do do Governo Argentino , mas dire-tamente de Juizes de InstruCaon,aplicando a jurisprudencfa Indispu-tAvel do Tribunal quanto so artigo 76da Let n? 6.815/80. E mais: juntandodocumentos que nao constavam dosautos ate o julgamento do embarga-do.

Nem alegam duvida, omissAo oucontradiCAo que exiglssem reexame.Pelo contrArlo, Implicitamente, reco-

16 R.T.J. - 116

nhecem que o Governo Requerente,comumente - 6 da petlCao - nAoatende a exigencia da lei brasileira,o que , se ocorrente, nao serviria deescusa , nem de fundamento a em-bargos de declaracao.

3. Apenas em obs6quio a nature-za do feito e an Requerente os exa-minamos.

Como se salientou na decisao em-bargada , exige-se , obviamente - e 0reconhece o embargante - que uha-vendo normal relacionamento diplo-matico» entre os paises , se fhCa oencaminhamento pela via diplomati-ca regular, que o embargante nAodesconhece e que, Como se v6 doitem 8 da pelican , ap0ia , ainda que onao tenha cumprido.

Nem demonstra que os pedidos -Cartas rogat6rtas de )uizes argenti-nos - e assim nomeados as f1s. 653,687, 754 e 784 - houvessem , em qual-quer momento , recebido a chancelado Governo Requerente, nao tendo,em absoluto, sido remetidos pelo Go-vern Requerente a representaCaodiplomatica da Republica Argentina,no Brasil , que, por sua vez, a haiaapresentado ao Itamaratf.

A afirmaCAo da petlCao , nesse sen-tido, 6 contestada pelos documentose pelos encaminhamentos feitos, Co-mo visto.

4. Diz o embarga-nte que essaasistematicaa 6 ua internamenteadotada pelo Governo argentino»(Rs. 833 ). Nao vem isso, data yenta,

ao caso , se nao 6 a exigida pela leibrasileira, a qual deve a Corte obe-diencia e a qual se conformam, nes-ses casos , as relaCbes internacionals.

Nao a preciso salientar que opedido de extradiCao se faz de Go-verno a Governo, enquanto a cartarogat6ria a mensagem de autoridadejudlciarla a autoridade )udiciarla ,que apenas transita pela via diplo-matica (subordinada ao Govern).

Nao se pode admitir, pots, queCarta rogat6ria possa ser compreen-dida como pedido de Governo estran-geiro , se este nao a chancela e as-sume.

Nenhuma autoridade judiciaria es-trangeira tem, por isso , a luz da or-dem juridica naclonal , qualidade Pa-ra formular , no piano internacional,pedido de extradiCao , ou de extensaodos efeitos de extradiCao ( como nocaso).

Nan ha recusa-lo.

5. Mas, que o Governo da Repu-blica Argentina requer , como Gover-n, extradiC6es, basta citar entremultas - e para fazer ruir, de vez, oargumento - esta - a de MarioEduardo Firmenich - expressa-mente requerida pelo Governo daRepublica Argentina ( fls. 2 e seguin-tes); bem como todas as que - aomesmo Governo references - cons-tam do 1? volume do uExtradiCdes»(Julgamentos e LegislacAo ), singela-mente enumeradas , apenas:

n? 271 - pag. 31 , n? 281 - pAg. 135;n? 286 - pag. 159 ; n? 287 - pag. 161;n? 295 - pag. 187; n? 300 - pig. 205;n° 314 - pag. 333; todas nas quaffs severffica o normal requerimento doGoverno Argentino.

6. E nas Extradic6es n?s 313 e 314- da mesma Republica Argentinanao se conheceu dos pedidos, nAoobedecidos os tramites legais , isto 6,((por via diplomatica» , como salien-taram os eminentes e saudosos Rela-tores , Ministros Lutz Gallottt e BilacPinto ( casos Walter Saretti e RaulOmar Sardon) - ( vol. citado pig.331 e 33).

7. Da mesma forma , na Extradl-cao n? 383-6 - citada pelo embar-gante , o Tribunal considerou a Cartarogat6ria melo impr6prio para a for-malizaCao do pedido; e s6 se usanouo defeito com a dilig6ncia cumpridapela Embaixada , que representa oEstado requerenten e que, atendendoa diligencia proposta pelo entAo Ilus-

R.T.J. - 116

tre Subprocurador e hoje eminenteMinistro Francisco Rezek , assumiu opedido , como se v@ do ac6rdao (RTJ99/1003).

8. Igualmente - e o reconheceexpressamente o embargante - naExtradicao n? 411 , da Republica Por-tuguesa, Relator o eminente Minis-tro Declo Miranda (RTJ 109/17).

Nesta, encaminhado o pedido dire-tamente pelo Procurador-Geral daRepublica de Portugal no nosso Mi-nist6rio da JustiCa , o pr6prio e (lus-tre subscritor desses embargos dedeclaraCao , desempenhando, comacerto e brllho , a defesa dativa doextraditando - como acentuou o Re-lator - levantou a preliminar, queeste Plenario acolheu . E s6 apes rati-ficado pelo Governo Portugu6s, o de-feriu (RTJ 109/22).

Frise-se, alias , que os embargos -como se disse , autenticamente in-fringentes - nao invalidariam, ain-da que acolhidos , a decisao da Corte,que teve outro fundamento sufl-ciente ; por si s6, o primeiro expressono ac6rdao: a vedacao do artigo 91,I, da Lei n? 6 .815/80.

Nestes termos , inacolhiveis os fun-damentos dos embargos declarat6-rios, rejelto-os.E o voto.

EXTRATO DA ATA

17

Extr . 417-(Edcl) - Republica Ar-gentina - Rel.: Ministro Oscar Cor-r@a. Embte.: Governo da RepublicaArgentina (Advs.: Josaphat Marinhoe Aluisio Xavier de Albuquerque).Embdo .: Mario Eduardo Firnenich(Adv.: Ant6nio Evaristo de MoralsFilho).

Decisao : Rejeitados os embargosde declaraCao, unanimemente. Vo-tou o Presidente. Impedido o Dr. Jo-se Paulo Sepulveda Pertence, Pro-curador-Geral da Republica, fun-clown o Dr. Francisco de Assis To-ledo , Procurador-Geral da Republi-ca, Substituto.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Djaci Falcao,Cordeiro Guerra , Rafael Mayer, N6rida Silveira, Oscar Correa, Aldir Pas-sarinho, Francisco Rezek , SydneySanches, Octavio Gallotti e CarlosMadeira.

Brasilia, 23 de outubro de 1985 -Dr. Alberto Veronese Agular, Secre-tario.

EXTRADIVAO N? 427 - CONFEDERAVAO SUtcA(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Cordeiro Guerra.

Requerente: Governo da ConfederaCao SulCa - Extraditando: Frances-co Dalla Zorza.

ExtradlcAo . Reu deflnltlvamente condenado por eatellonato ebancarrota.

Nao compete a tustica brasielra tulgar do acerto on desacerto dadlsciplina que o legislador suico apllcou pare o reconhecimento da re-velia ou das sancbes processuals dela decorrentes , do mesmo modoapreclarfundamentacAo dotulgado condenat6rlo , ou do acerto ou de-sacerto da Indlvidualizacao da pens aplicada.

Verificados os pressupostos e condicbes estatuldos na lei brasllel-ra, defere-se o pedido.

18 R.T .J. - 116

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em SessAoPlenaria, na conformidade da ata dejulgamento e das notas taquigrafi-cas, A unanimidade de votos, em de-ferir o pedido.

Brasilia, 2 de outubro de 1985 -Morelra Alves, Presidente -Cordelro Guerra, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra: 0Exmo . Sr. Ministro da JustiCa, peloAviso n? 218, de 9 de maio de 1985,encaminho A Presid@ncia destaCorte, de conformidade com o art. 84da Let n? 6.815/80, na redaCAo dadapela Let n? 6.964/81, os documentoslustificativos do pedido de extradi-CAo de Francesco Dalla Zorza, for-mulado pelo Governo SuiCo, atravesde Nota Verbal n? 59, de 12 de abrilde 1985, colocando o extraditando AdisposiCAo deste Tribunal, fls. 2.

O extraditando foi pronunciado e afinal condenado A pens de 5 ( cinco)anos de reclusAo e A pena acess6riade expulsAo do territ6rio suiCo, porum periodo de 15 ( quinze ) anos, fls.35v, como incurso nas pens do art.148 e 163 do C6digo Penal SuiCo -estelionato e bancarrota, tudo comose v@ da sentenCa de fls . 12/37.

Os prejuizos causados atingiramas cifras de 12 milhdes de francossuiCos e 8 .705.877 de francos sulCos,fls. 14 , dos quais se beneficiou, emmaior parte , o extraditando, fls. 14.

Realizado o interrogat6rio do ex-traditando pela Dra . Juiza Federaldo Rio de Janeiro, que recebeu dele-gaCAo para tanto , fls. 155.

Admittu ter noticia dos fatos deli-tuosos que the eram imputados, re-conhecendo a sua condiCAo de r6urevel, fls. 156, sustentando, por6m,desconhecer os fatos do processo eargumentando em sua defesa.

0 interrogando foi assistido de tra-dutor que prestou compromisso, f1s.158, bem como por advogado queconstituiu, fls. 189.

Apresentou defesa, fls. 163, susten-tando que a extradiCAo nao deve serconcedida porque nao teve o direitode ampla defesa no processo em quefoi condenado , pois nao teve defen-sor constituido ; que a citaCAo poredital nAo tot perfecta, porque delenAo constou a profissAo do citando;que a lei sutra, que prescinde de de-fensor dativo , viola o principio cons-titucional brasileiro da ampla defe-sa; que nAo foram trazidos aos autosos textos referentes A prescriCAo daarao penal , fls. 179; sustenta, ainda,o desacerto da pens imposts, querem face da lei suiCa, quer em faceda brasileira , fls. 183.

A douta Procuradorta -Geral daRepublica ssim se manifestou:

«O Governo da ConfederaCAo SuiCasolicita a extradlcAo de FrancescoDalla Zorza, presente o especificoTratado (menCao a f1s. 3 e 4), porassim fazer cumprir decisAo do Tri-bunal Supremo e de RevisAo Crimi-nal da Republica de CantAo de Tici-no - fls . 8 e v. - que negou provi-mento a recurso do extraditando,confirmando entao decisAo condena-t6ria proclamada pelo Tribunal Cri-minal do mesmo CantAo de Ticino,que o sancionou em 5 anos de reclu-sAo, com a pena acess6ria de expul-sAo do territ6rio suiCo por um perio-do de 15 anos ( fls. 35-v , in fine), pordelito de estelionato continuado e fa-18ncla fraudulenta ( fls. 13-v/14).

2. Cumpre-se o interrogat6rio dor6u a ( fls. 155/157).

3. Sua defesa - fls. 169/189 -,subscrita pelo ilustre advogado Mar-co Polo Del Nero sustenta:

a) a imperfeiCAo formal do pedi-do, por carecer da demonstracAodos textos normativos alusivos aprescriCAo;

R.T.J. - 116

b) cerceamento de defesa por-que o reu nao teve advogado noprocesso-crime que tramitou noTribunal Criminal do Cantao de Ti-cino;

c) ausencia de fundamentaCAona decisao condenat6rta e na san-Cao fixada, que se torna ((absurda-mente alta)) ( fls. 183);

d) nao comprovaCao do fato,porque Dalla Zorza simplesmenteadministrava na Su!Ca, heranCamaterna.

4. Em preliminar , tem razao adefesa quando suscita a imperfeiCaoformal do pedido.5. Nos autos, nao ha (4a c6pia do

texto legal sobre a prescriCao», Co-mo exigido pela parte final, doartigo 80 , do Estatuto do Estrange!-ro.

6. Ocorre, entretanto , que a faltae perfeitamente suprivel, nos termosdo 4 20, do arttgo 85, da legislaCaomencionada , de sorte que propomosa conversao do Julgamento em dili-gencia para que o Estado requerentesupre a apontada omissao.

Brasilia , 9 de agosto de 1985 -ClAudio Lemos Fonteles , Procuradorda Rep(iblica )). (fls. 219/220).

Convert! o Julgamento em diligen-cia para que o Estado requerente su-prisse a omissAo apontada , fls. 221:

Antecipou-se o extraditando ao Es-tado requerente juntando os textoslegais e respectiva tradugao aos au-tos, fls . 226/234.

A douta Procuradoria-Geral daRepublica, novamente ouvida, assimse pronunciou:

1. Cumprida a dilig@ncia manda-da observar pelo ilustrado Relator,Min. Cordeiro Guerra, tem -se a cer-teza de que ado aconteceu a prescri-Cao da condenaCao.

2. Condenado a 5 anos de reclu-sAo, em decisao final , acontecida aos

19

28 de maio de 1984 , a prescriCao dapretensao execut6ria da pena, pelalegislaCAo suiCa estA em 20 anos (fls.232-v ), e por nossa lei penal, em 12anos : artigo 109, III.

3. Tambem nAo ha que se cogitardesta causa extintiva para a prescri-Cao da pretensao punitiva, posto queJA a parttr de 1976 (fls. 30-v),desenvolve-se a trama estelionatariacontinuada.

4. A argumentaCAo alusiva AexasperaCao da pena imposta e a fa-zer valer nova interpretaCao para oevento - Dalla Zorza simplesmenteadministrava bens de sua genitora,na Su!Ca - nAo tern cabimento, nemtraduz a verdade.

5. 0 ac6rdao been destaca a proe-min@ncia de Dalla Zorza , no coman-do das acres, verbis:

«4.4. Ocorre neste ponto escla-recer os relacionamentos de depen-dencla entre todos os reus. Dada acomunhao que de fato existia entrea ICS e a CEPIM apareceu a Corteconvincente a tese acusat6ria Se-gundo o que , considerando a sltua-Cao especialmente no aspecto pe-nal, ocorre distinguir nao tanto en-tre os responsaveis milaneses e osluganeses , mas sobretudo entre ochefe no vertice desta organizaCaocriminosa e seus colaboradoresque formavam os quadros direcio-nais. Entre eles , Giuseppe Moreliaque e o mais pr6ximo a Dalla Zor-za e que era antes procurador declientes depots fiduciario com osdeveres administrativos e diretivosa desenvolver tambem em Luganocomo porta-voz e controlador. Erasubstancialmente o inspetor quevia tudo junto a ICS, favorecido nodesenvolvimento deste papel tam-bem Como motivo da sua relaCAopessoal com Giovanna Salmina,adjunta a organizaCao e A contabi-lidade da ICS. A pr6pria Salminacom Marazza e Tredwell assu-miam conscientes 0 papel de exe-

20 R.T.J. - 116

cutores, participando do desenvol-vimento do projeto criminal, potsque Juntos ou separados tomavamdecis6es importantes que eramexecutadas para tornar sempremats eficiente a estrutura idealiza-da para recolher depOsitos de mo-do enganador. Ocorre considerarque para a sua colaboracAo cons-tantemente dada a um patrao aICS conseguiu alcanCar um giro deneg6cios bem superior aos dozemilhbes de francos se se conside-rar tambem os reinvestimentos.Cada um dos tres segundo disposl-C6es de Dalla Zorza , dirigia no Am-bito da ICS, um setor pr6prio: Ma-razza o da clientela , Salmina o dacontabilidade e Tredwell, no Ultimoperiodo, o de operacOes de bolsa.Cada um agia com suficiente mar-gem de autonomia ao tomar asrespectivas decis6es no Ambito daICS. E de considerar que se Ma-razza, Salmina e Tredwell obede-clam a Dalla Zorza e ao seu lugartenente Moretta o faziam tambemcom a consciencla da autonomiaque a eles restava no papel de ad-ministradores de nome e de fato daICS S.A. Cada um deles sabia que,se de fato existiam as obscuras im-posiCbes do patrao estrangeiro,tambem existiam as responsabili-dades para com os terceiros adml-nlstradores de uma sociedade anb-nima suiCa . Marazza, Salmina eTredweli eram bern conscientesque a obediencia a Dalia Zorzacontrastava corn as suas obriga-Cbes como administradores. Matsque tutelar os interesses de tercei-ros (respeito A ICS) consciente-mente ( alguns mats, alguns me-nos) acettaram seguir os coman-dos de Dalla Zorza depots de terreconhecido o carater ilicitou.(vide: fis. 32 a v.)

6. E disto, redundou prejuizo fi-xado em 12 milhbes de francos a in-vestidores italianos - vide: Rs. 14 -,que crendo estarern investindo no

mercado suico , pela firma ICS, atra-ves da firma napolitana CEPIM, deDalla Zorza , na verdade tinham suasapllcaC6es na malor parte retidas naCEPIM, e desviadas ( fls. 30-v e 31).

7. For derradeiro, nAo ha o alega-do cerceamento de defesa.

8. Le-se a prop6slto , verbls:

((JA em sede instrut6ria ambosos ausentes eram asslstidos pelosrespectivos Defensores de con-flanCa . Moretta compareceu pesso-almente diante do Julz instrutor,em particular a 25-5-83 vez queelegia domicilio legal junto ao seudefensor depositando uma cauCAode fr. 200.000. - e obtendo a liber-dade provisbria ( VI pag . 53). A 6-12-83 vinha emitida ordem de pri-sao contra Moretta em TerrltOrioSu!Co (VI 521).

0 ato de acusaCao de 27-1-84 foltempestlvamente intimado aos dossdefensores de conflanca em pro-porCAo aos atos de que trata o art.58 CPP e a todas as Partes foi co-munlcado a data do debate alemda modalidade para o exame dosatos junto A Chancelaria penal.Corn Carta de 9-2-1984 ao Prest-dente da Camara criminal a Defe-sa de Moretta se reservava contes-tagbes cerca a intimaCAo do ato deacusaCao e pedia contemporanea-mente o nAo seg0estro de que trataa decisao de 13-4-84 do Pres. CC:mediante a qual remetia-se ACorte. No meio tempo era pen-dente junto A CRP a reclamaCAode Moretta contra o ato de acusa-Cao: esta reclamacao , em data de13-2-1984 desembocou na decisAo de24-4-81 que finalmente fixou o atode acusaCao tambem Moretta. Masantes, isto e, a 10-4 -84 (mats 20 dlasantes do debate JA programado apartir de 2-5-1984 ) o Presidente daCamara criminal intimou todas ascitaC6es a comparecer ao debate,mesmo os concernentes a Morettae Dalla Zorza , na forma da publi-

R.T.J. - 116

cacao motivo da reserva posta pe-la Defesa acerca da continuidadedo domicilio legal )). ( vide: fis.18-v/19 , grifamos)

9. Se o Tribunal Supremo de Re-visAo Criminal , ulteriormente anulouo processo -crime em relacAo so co-r6u Moretta , esta decisao nao impli-ca, necessariamente , reconhecimen-to de defesa cerceada para DallaZorza . Este permaneceu revel, todoo tempo.

10. Moretta - e estA visto natranscrirao Oltima feita -apresentou domicilio legal a reque-reu sua intimaCOo , em tal local, oque nao se cumpriu , ante a decisAodo Presidente da Camara Criminal,que o fez por publicaCao. Isto,considerou-o ilegal a Corte de Revi-sAo, mas isto nAo beneficia DallaZorza que , repita-se, permaneceusempre revel , de sorte que valida asintimaCOes a sua defesa constituida.

11. Pelo deferimento da extradi-Cao.

Brasilia , 12 de setembro de 1985 -a) Claudio Lemos Fonteles , Procura-dor da Repfblica )). ( fls. 237/242).

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra( Relator ): De conformidade com oart. 85 , § 14, da Lei de Estrangeiros,«A defesa versara sobre a identidadeda pessoa reclamada , defeito de for-ma dos documentos apresentados onilegalidade da extradigaw,.

Nao contesta o extradltando a suaidentidade e o defeito de forma apon-tado foi por ele mesmo suprido.

Subsiste , assim , apenas a legali-dade da extradiCao.

Trata-se de rcu definitivamentecondenado a pena de reclusao, portribunal suiCo , cuja competOncia naose impugns, e que observou as nor-

21

mas processuais suiCas , tendo a sen-tenCa condenat6ria resistido so crivode revisAo criminal.

NAo compete a justiCa brasileirajulgar do acerto ou desacerto da dis-ciplina que o legislador sulCO aplicoupars o reconhecimento da revelia oudas sanC6es processuals dela decor-rentes , do mesmo modo apreclarfundamentaCAo do julgado condena-t6rio , on do acerto on desacerto daindividualizaC3o da pena aplicada.

Os crimes de estellonato e falenciafraudulenta sao reconhecidos pela leibrasileira e, como salienta o parecerda douta Procuradoria -Geral da Re-p6blica, nAo estao prescritos.

Nessa conformidade , inexiste lie-galidade no pedido de extradiCao for-mulado, pelo que o defiro.

De fato , nao cabe no processo ex-tradit6rio qualquer debate sobre omerito da aCAo penal a cargo da jus-tiCa do Estado requerente , pots, «aose pronunclar sobre o pedido de ex-tradiCao, nAo cabe so STF examinaro mcrito da condenaCAo ou emitirjuizo a respeito de vicios que porven-tura tenham maculado o processo noEstado requerente ; o seu controle ju-risdicional se tinge A verificaCao dospressupostos e condiCOes estatuidosna lei brasileira )). ( Estatuto do Es-trangeiro , Yussef Said Cahali , Sarai-va, pAg . 374, Nota 208 , ExtradiCao324, Italia).

Se o Governo da ConfederaCaoSuiCa se rege por normas menos li-berals que as asseguradas pelo legis-lador brasileiro aos seus reus, nempor isso se pode impor ao legisladorestrangeiro a obedi@ncia a Constitui-Cao da Republica Federativa do Bra-sil.

Por esses motivos, reportando-me so parecer do tlustre ProcuradorClaudio Lemos Fontelles , defiro aextradlCao.

22

VOTO

R.T.J. - 116

O Sr. Ministro Carlos Madeira: Se-nhor Presidente , sendo induvidosa apratica do estellonato do extraditan-do em seu pass, perde relevo a ale-gaCAo de que estaria aqui sem haversido citad6 na sede do Juizo do seupals.

Assim , acompanho o eminente Re-lator , adotando as razbes do seu votoe as consideraC6es do parecer daProcuradoria -Geral da Republica,deferindo a extradiCao.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek: Alegalidade da extradiCSo mede-se avista do titulo pr6prio do Estatuto doEstrangelro . Quer-me parecer que oilustre advogado , no memorial queproduziu e na defesa oral, sustentaum ponto de vista inspirado no quese chamaria <degalidade lato sensu» ,a base nAo s6 dos parametros do Es-tatuto do Estrangeiro , mas tamb6mdas garantias do art. 153 da Consti-tulCao da Republica . Basicamente,lsso traduz a lnvocaCAo de um argu-mento de ordem publica, no sentidode que em hip6tese alguma se podeexcluir o extraditando - ou, quandomenos, o extraditando que nao 6 fu-gitivo recente, mas pessoa estabele-cida no Brasil - do pallo protetivoque o art . 153 da aos braslletros eaos estrangeiros aqui residentes.

Foi exatamente este o ponto devista sustentado pela defesa num ca-so de extradiCao originarto dos Esta-dos Unidos da America, pouco tempoatras ; e que contou , na ocasiao, como endosso do Minist6rio Publico. Foidito que o art. 153 da Carta veda aprls$o perpetua e, a conta dessa ve-daCao, afirmou -se que serla valldocondicionar a entrega do extradttan-

do a observancia , pelo Estado reque-rente , do limite de 30 anos de priva-Cao de liberdade , encontravel no C6-dlgo Penal brasileiro.

Sustentei , entAo, que nAo me pare-cia - visto que a tanto nAo nos con-duz o Estatuto pr6prio da materiaextradicional - valido buscar noart. 153 da ConstituicAo padroes deprocedimento Judictario , e pretenderop6-los ao Estado soberano que de-manda a extradiCao.

Para guardar coerencia com aqui-lo que sustentei no caso dos EstadosUnidos da America , so dizer que oart. 153 da Carta da Republica nAo 6invocavel em terra extradicional,acompanho o eminente relator. Aquestao Juridlca 6 exatamente amesma.

Deflro a extradiCao.

EXTRATO DA ATA

Extr . 427-0 - ConfederaCao SuiCa- Rel.: Ministro Cordeiro Guerra.Rqte .: Governo da ConfederaCaoSuiCa . Extrndo .: Franceso Dalla Zor-za (Advs .: Pedro Paes a Marco PoloDel Nero).

DecisAo : Deferiu-se a extradiCao,unanimemente. Falou pelo Extdo.: oDr. Daniel Azevedo.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves. Presentes a Sessaoos Senhores Ministros DJaci Falcao,Rafael Mayer , N6r1 da Silvetra, Os-car Correa , Aldir Passarinho, Fran-cisco Rezek , Sydney Sanches, Octa-vio Gallottl e Carlos Madeira. Au-sente , Justificadamente , o SenhorMinistro Cordeiro Guerra . Procura-dor-Geral da Republica , Dr. JosePaulo Sepulveda Pertence.

Brasilia, 2 de outubro de 1985 -Dr. Alberto Veronese Agular , Secre-tarlo.

R.T.J. - 116 23

REPRESENTAQAO N? 1.152 - AL

(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro DJacf FalcAo.

Representante : Procurador-Geral da Republica - Representados: Exce-lentissimo Senhor Governador e Assemblela Legislativa do Estado de Ala-goas.

Representadoo de Inconstituclonalidade da E.C. n? 4, de 21. 01-82,do Estado de Alagoas. RelteragAo da Representadoo sob n" 1.151. Pe-dido prejudicado.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal em SessAoPlenaria, a unanimidade de votos ena conformidade da ata do Julga-mento e das notas taquigraficas, jul-gar prejudicado o pedido.

Brasilia , 13 de novembro de 1985 -Moreira Alves , Presidente - DjactFaIcAo, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro DJact FaIcAo: AProcuradoria-Geral da Republica,com base no art. 119 , inc. I, letra 1,da ConstituiCAo Federal, submete aapreciaCao do Supremo Tribunal aarguiCAo de inconstitucionalidade daEmenda Constitucional n? 4, de 21 desetembro de 1982, do Estado de Ala-goas, segundo a qual os Auditores doTribunal de Comas do Estado, emnumero de sete , que substituem osConselheiros em suas aus8ncias eimpedimentos , serao nomeados inde-pendentemente de concurso pfiblicoe terao as mesmas garantias, prer-rogativas, vencimentos e impedi-mentos dos Desembargadores doTribunal de JustiCa (fls. 2 a 3).

A inicial vem instruida com os do-cumentos de fls. 4 a 14.

Prestadas informaC6es pelo Sr.Governador do Estado ( fls. 27 a 32) e.fluindo o prazo para as informaC6esda Assembl6ia Legislativa estadual

(fls. 47), a Procuradoria -Geral daRepublica pronunciou -se nos seguin-tes termos:

uA presente representaCao ar-gui inconstitucionalidade da Emen-da Constitucional n? 4, de 21-9-82,do Estado de Alagoas, tendo, por-tanto, 0 mesmo objeto da Repre-sentaCAo n? 1.151-AL, Julgada peloEgregio Plenario do Supremo Tri-bunal Federal em 26-6-85 e cujoac6rdAo, publicado no Dario daJustlCa da ultima sexta-feira, dia4-10-85 , traz a seguinte ementa:

`Representadoo de inconstitucio-nalidade da Emenda Constituclo-nal n? 4, de 21-9-82, que den novaredaCAo aos paragrafos 1? e 3? doart. 50 da ConstituiCAo do Estadode Alagoas , e revogou a Lei Esta-dual n? 4.305 , de 16- 12-81.

Procedencia , em parte, da Re-presentaCAo , declarando-se a in-constitucionalidade das locuc6esucom as mesmas garantias, prer-rogativas , direttos e impedimentosdos conselheiros», do § 1 ? do art.50, e ubem Como os Auditores», do§ 3? do referldo artigo da Constitui-CAo alagoana'.

0 parecer e, assim, no sentidode que seja Julgada prejudicada apresente representaCao , simplesrepetiCAo da anterior.

Brasilia , 11 de outubro de 1985- Moacir Antonio Machado daSilva, Subprocurador-Geral da Re-publica.

24 R.T .J. - 116

Aprovo : Jose Paulo Sepulveda EXTRATO DA ATAPertence, Procurador-Geral da Re-publica) ( fls. 48 a 49).E o relatorio, do qual devem ser

encaminhadas copias aos SenhoresMinistros.

Brasilia, 29 de outubro de 1985 -Ministro DJacl FalcSo , Relator.

VOTO

0 Sr. Ministro Djaci FalcAo (Rela-tor): Consoante been observa o pare-cer da Procuradoria-Geral da Repu-blica, esta representaCAo em tornoda EC n" 4/82, a retteraCAo da quetomou o n? 1.151, acolhida em parte,declarando-se a inconstitucionali-dade das locuCOes » com as mesmasgarantias , prerrogativas , direitos eimpedimentos dos Conselheiros» ebem como os Auditoresn , constan-

tes, respectivamente, dos 4f 1? e 3?do art . 50 da ConstituiCAo do Estadode Alagoas . Em conseqUencia, acha-se prejudicada . E o men voto.

Rp 1.152-AL - Rel.: Ministro DjaciFalcAo . Repte .: Procurador-Geral daRepublica . Rpdos .: ExcelentissimoSenhor Governador e Assembleia Le-gislativa do Estado de Alagoas.

DecisAo : Julgou-se prejudicado,• unanimemente . Votou o Presidente.

Presidencia do Senhor Moreira Al-ves. Presentes , A SessAo os SenhoresMinistros Djaci FaicAo, Rafael Ma-yer, Neri da Silveira , Oscar Correa,Aldir Passarinho , Francisco Rezek,Sydney Sanches , Octavio Gallotti eCarlos Madeira . Ausente, justifica-damente, o Senhor Ministro CordelroGuerra . Procurador-Geral da Repu-blica, Dr. Jose Paulo Sepulveda Per-tence.

Brasilia , 13 de novembro de 1985 -Dr. Alberto Veronese Agular , Secre-tArio.

AQAO RESCISORIA N? 1.179 - BA(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Minlstro Morelra Alves.Autor: Agnaldo Vasconcelos Andrade - Re: Rede FerroviAria Federal

S.A.

ACBo rescisdrla.- Inexistencla de literal violaCao do artigo 461 e seu # 2? da

C.L.T.- Sumula de Tribunal nAo a disposltlvo legal , mas crlstallzaCAo

de sua jurisprudencla.ACAo resclsorla improcedente.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessAoPlenAria , na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrAfi-cas, por unanimidade de votos, Jul-gar improcedente a aCao.

Brasilia , 31 de outubro de 1984 -Cordeiro Guerra, Presidente - Mo-reira Alves , Relator.

RELATORIO

O Sr. Minlstro Moreira Alves: Ag-naldo Vasconcelos de Andrade pro-poe aCAo rescisoria contra a Rede

R.T.J. - 116 25

FerrovlAria Federal S.A. para des-constituir o acOrdao da PrimeiraTurma desta Corte prolatado no RE94892, do qua] foi relator o Sr. Minis-tro Cunha Peixoto, e cuja ementatem o seguinte teor:

«EqulparaCAo salarial concedi-da sob o eufemismo de enquadra-mento nao pode substituir , por in-frlgencla dos arts . 153, ¢ 2?, e 85, I,da Constltu!CAo.

Recurso extraordinario conhe-cido e provido».

Alega o autor que, no caso, nAohouve eufemismo algum, pots que «oreclamante lamats pleiteou equipa-raCao salarlal , mas enquadramentodiante da existencia de quadro decarreira organizado na empresa» e((bem assim , a decisao que the aco-lhera a pretensAo , em nenhum mo-mento estivera de encontro a consti-tuiCao , exatamente porque reconhe-cera a existencia e validade do su-pracitado quadro de carreira)> (fls.4).

Sustenta , par isso , que ao ac6rdaorescindendo decldiu contra literaldisposiCAo de lei, ferindo grave-mente o artigo 461, e seu § 2?, berncomo a Sfimula 19 do TST, chocando-se, ainda , cam o s6lido entendimentodos pret6rios trabalhlstas », razAopor que requer as procedencia dapresente aCAo rescis6ria, a fim deque se the confira , na conformidadedos prectsos termos da peca vestibu-lar e ainda conforme a fundaments-Clio all contida , bern como em obe-dtencia a todos os elementos cons-tantes dos autos, ratificadores dapretensAo entAo firmada » ( fls. 6).

Citada, a re contestou a Its. 61/63,alegando que o disposto no § 2? doartigo 461 da CLT nAo foi violado,porquanto o ac6rdAo rescindendo seadstringiu a decidir que , no caso,nAo houvera enquadramento, masequiparaCao disfarCada em enqua-dramento ; ademais, a fundamenta-Cao do pedido 6 desarrazoada, pots o

caput do artigo 461 da CLT reza queasendo identica a funCAo , a todo tra-balho de igual valor , prestado somesmo empregador, na mesma loca-lidade, corresponderA tgual salarlo,sem dlstinCAo de sexo, nacionalidadeou idade» , o que implies dizer queele trata de equiparaCao salarlal,equiparaCao essa que 0 § 2? exclui,«quando o empregador fiver pessoalorganizado em quadro de carreira,hip6tese em que as promoC6es deve-rAo obedecer aos criterios de anti-guidade e merecimento» ( fls. 62).Por fim, acentua que violaCAo de sfi-mula nAo dA margem a aCAo rescis6-ria, pots nao_e dispositivo legal, massimples cristalizaCAo de lurispruden-cia.A fls. 78, encontra-se o despacho

saneador, verbis:

uPartes legitimas e devidamenterepresentadas . Nada ha que sa-near.

2. NAo ha provas que se devarnproduzir.

3. Abra-se vista, sucessiva-mente, as partes , por dez dias, Pa-ra o oferecimento de razoes fi-nais.

A fls. 80, a re se reportou aos ter-mos de sua contestaCao.

A fls. 83/85, assim se manifesta aProcuradoria-Geral da Republica,em parecer do Dr. Joao Boabaid deOliveira Itapary:

(Agnaldo Vasconcelos de An-drade move a Rede FerrovlarlaFederal S .A. aCAo em que postulaa rescisao do v. acOrdAo que estePret6rio Excelso proferlu no RE n?94.892-9 , do qual foi Relator o em1-nente Mintstro Cunha Peixoto.

A aCAo foi ajuizada em setembrode 1983. Na inicial, diz o autor:

«Sustenta-se esta rescis6ria noque dispde o art. 798 c do C6digo deProcesso Civil de 1939, na forma doque estabeleceu o PreJulgado 49,

26 R.T.J. - 116

hoje Sumula 169, que manteve aaCao rescis6ria no Ambito da esfe-ra trabalhista disciplinada no di-ploma legal supracitado.

Com efelto, prolatado conforme ofoi, o ac6rdao rescindendo decidtucontra literal disposiCao de let, fe-rindo gravemente o art . 461 e seu §2?, bern como a Sumula 19 do TST,chocando-se, ainda, com o s6lidoentendimento dos pret6rios traba-lhistas .» ( fls. 6).

A r6 contestou a aCao (fls. 61/3)e pediu sua improced@ncla porquenao estaria configurada a violaCAode literal disposiCao legal.

4. NAo houve provas a produzire somente a r8, a titulo de razOesfinals , reiterou os termos de suacontestaCao.

5. A leitura da longa inicial re-vela que , em verdade , pretende oautor que o seu pedido tenha fun-damento nas disposiC6es do artigo485, V, do vigente CPC, visto queassere ter o v. ac6rdao rescinden-do sido proferido contra as disposi-C6es do artfgo 461 e seu § 2?, daConsolidarAo das Leis do Trabalhoe contra a Sumula 19 do TST.

6. Evidente que a contrariedadeaos termos da mencionada Sumulanao daria oportunidade a rescisAodojulgado.

7. Quanto a violaCao das dispo-sic6es do artigo 461 e seu § 2?, daConsolldacao das Leis do Trabalho,desarrazoada 6 a alegacao. No vo-to condutor do v. ac6rdao rescin-dendo ( fls. 51/2), salientou o emi-nente Ministro Cunha Pefxoto queprovia so recurso em consonanciacom a orlentaCao fixada pelo Ple-narto desta Augusta Corte e porsuas Egr6gias Turmas.

8. NAo prosperam as alegaC6esdo autor . que pretende , em ver-dade, o reexame puro e simples doque fora apreciado no julgado res-cindendo . E para esse fim nao se

presta a aCao rescis6ria , que o de-cidiu, renovadas vezes, este Colen-do Tribunal.

9. Ao julgar o RE n? 94.892-9/BA, no qual foi proferido o r.ac6rdao rescindendo, verificou es-ta Excelsa Corte que , a pretexto deaplicar as disposiC6es do § 2?, artf-go 461 da ConsolidaCao das Leis doTrabalho , o r. aresto recorrido con-cedeu equipacao salarial em fla-grante desrespeito as regras dosartigos 85 , I e 153 , § 2? da MagnaCarta.

10. Assim , proveu ao recurso efez respeitados os ditames consti-tucionais.

Nests aSao , o autor retoma o te-ma, traz a consideracao da Corte oquanto ja fora apreciado.

11. Diante do exposto , opinamosno sentido de ser a aCao julgadaimprocedente, em consonanciacom a orlentaCao fixada nos ac6r-daos proferidos nas ACbes Rescis6-rias n?s 1 .121-0 - SP , 1.050-7-SP,1.034 -5 - SP e 576-7-RJ, dentre ou-tras.»

E o relat6rio , que submeto a apre-claCao do eminente Ministro Revi-sor. Brasilia , 25 de setembro de 1984.

VOTO

0 Sr. Ministro Morelra Alves: 1. 0que o ac6rdao rescindendo decidiufof que «equiparaCao salarial conce-dida sob o eufemismo de enquadra-mento nao pode subsistir , por infrin-g@ncia dos arts . 153, § 2?, e 85, I, daConstituiGao» ( fls. 48).

Do acbrdao rescindendo consta vo-to de vista do eminente Ministro Soa-red Munoz , onde S . Exa., apreciandoos fatos da causa, acentua:

«O Sr. Ministro Soares Mufioz -Sr. Presidente , pedi vista pare ve-rificar se a esp6cie apresenta se-melhanCa com os casos decididos,por esta Primeira Turma, nosRREE 93.959 e 94.364.

R.T.J. - 116 27

Nos mencionados precedentes,tratava-se de pedidos de retifica-cao de enquadramento , arrimadosna alegacao de que , em face doquadro do pessoal da RFFSA,aprovado pelo Ministerio do Traba-lho, houvera erro no enquadramen-to dos reclamantes.

Na especle , a pretensAo a outra:o recorrido , alegando desvio defuncao , obteve seu enquadramentono cargo de Radio-telegrafista,sem que , dentre as fungOes queexerce , encontre -se a de ooperar osaparelhos de recepcao e transmis-sao de radio e de telegrafsao, quecomp6e o elenco das atribuic6esdaquele cargo.

A decisao recorrida desconside-rou o quadro oficial da reclamadae, por via de consegnencia, ofen-deu o art . 85, I, da Constituicao Fe-deral.

Concordo , pois, com o eminenteMinistro Cunha Peixoto, para co-nhecer do recurso e dar-lhe provi-mento .,> ( fls. 54).

Inexiste , pois , a alegada violacao Aletra do artigo 461 e de seu § 2? daCLT, mas a sua observancia, pots,em verdade , o ac6rdao rescindendoafastou , no caso , a ocorrencia de hi-p6tese de retificacao de enquadra-mento , e entendeu que o que se pre-tendia, realmente , era equiparacaosalarial , o que nao era admissivelpor ter a entao recorrente quadrooficial de carreira. Ora, o § 2? do ar-tigo 461 da CLT exclui a equiparacaosalarial «quando o empregador liverpessoal organizado em quadro decarreira».

Por outro lado, sumula de Tribu-nal nAo a dispositivo de lei, mas cris-tallzacao de iurisprudencia, nao seprestando , pots, a dar margem arescis6ria com base no fundamentode literal violacao de lei.

2. Em face do exposto, iulgo im-procedente a presente acao rescis6-ria, condenando o autor nas custas eem honorArios de advogado que,atento aos criterios do § 4" do artigo20 do CPC, fixo em 20% do valoratrlbuido a causa . Se unanime a de-cisAo , reverters 0 dep6sito em favorda re.

VOTO

O Sr. Ministro Soares Mufioz(Revisor): Sr. Prestdente, acompa-nho inteiramente o eminente Minis-tro Relator, julgando improcedente apresente acao rescis6ria.

EXTRATO DA ATA

AR 1.179-BA - Rel .: Ministro Mo-reira Alves . Rev., Ministro SoaresMunoz . Autor .: Agnaldo VasconcelosAndrade ( Advs .: Rog6rio Ataide Cal-das Pinto , Antonio Alves Filho e ou-tros ). Re.: Bede Ferroviaria FederalS/A. (Advs.: Joao Laurindo da Silvae outros).

DecisAo : Julgou-se improcedente aacao , unanimemente.

Presidencia do Senhor MinistroCordeiro Guerra . Presentes, A Ses-sao os Senhores Ministros Diaci Fal-cAo, Moreira Alves, Soares Munoz,Rafael Mayer , Neri da Silveira, Al-dir Passarinho, Francisco Rezek eSydney Sanches . Ausente, licencia-do, o Senhor Ministro Declo Miran-da. Ausente , iustificadamente, o Sr.Ministro Oscar Correa . Procurador-Geral da Republica , o Prof . Inocen-cio Martires Coelho.

Brasilia, 31 de outubro de 1984 -Dr. Alberto Veronese Aguiar , Secre-tArio.

28 R.T .J. - 116

REPRESENTACAO N? 1.223 - RJ(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro Sydney Sanches.Representante : Procurador-Geral da Republica - Representados: Go-

vernador e Assemblela Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Municipi . CriaCAo de Italva , no Estado do Rio de Janeiro pelaLei Estadual n? 681 , de 11 -11-1983 . RepresentaCoo de inconstitucionali-dade por violaCAo dos artigos 14 da ConstltulCAo Federal , da Lei Com-plementar Federal n? 1, de 9-11-1967 ( artigos 2?, inciso IV, 3?, 5? a 6?)e 10 da Lei Complementar Estadual n ? 1, de 17-12-1975 . RepreaentaCAoacolhlda por infraCao aos dispositivos enfocados , dispensado, por6m,o exame de ofensa ao art. 6? da Lei Complementar Federal n? 1/67 eart. 10 da Let Complementar Estadual n? 1/75.

1. 0 requlsito previsto no inc. IV do art . 2? da Lei ComplementarFederal n? 1, de 9-11-67 ( arrecadaCAo tributAria minima ), deve seraferido no exerciclo anterior ao da lei de crlaCAo do Munlcipio.

2. 0 resultado favoravel A crlaCAo do Municipio precisa ser ex-presso pela malorla absoluta dos eleitores da 6poca (art. 5? da L.C.F.n? 1/67 ), nAo podendo ser acelto , para ease *quorum*, o contingenteelectoral de 12 anos atras, menos ainda quanto Ineficazmente realiza-da a consults popular , como no caso.

3. Viola o art. 14 da ConstltulCAo Federal a lei municipal criado-ra de municiplo, que nAo respelta os requisitos minimos de renda pu-blica e forma de consulta prevla A populaCAo , remetidas por essa nor-ma A Let Complementar Federal.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessAoPlenaria, na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrAft-cas, por unanimidade de votos, emjulgar procedente a representaCAo edeclarar a inconstitucionalidade daLei n? 681, de 11 de novembro de1983, do Estado do Rio de Janeiro.

Brasilia, 25 de setembro de 1985- Moreira Alves , Presidente -Sydney Sanches , Relator.

RELATORIO

0 O Sr . Ministro Sydney Sanches:1. A Camara Municipal de Campos,por seu Presidente , corn a petiCao deits. 4/7, acompanhada de documen-

tos de fls. 8/23 , solicitou ao Exmo.Sr. Procurador -Geral da Republica aarguiCAo de inconstitucionalidade daLei Estadual n? 681 , de 11-11-1983,que dispbs sobre a criaCAo do Mu-nicipio de Italva, por razOes assimresurnidas:

a) 0 plebiselto, de que trata oart. 3? da Lei Complementar n? 1, de9-11-1967, foot realizado em 19-12-1971,12 anos antes da lei criadora do mu-niciplo ( n? 681-11-11-1983);

b) a Lei Complementar esta-dual n? 1, de 17-12- 1975, lei organicados municipios do Estado do Rio deJaneiro , estabeleceu no art. 10 requi-sitos para sua criaCao , alam das pre-vistas na lei federal ; dentre eles, ode nao se interromper a continul-dade territorial do municiplo de quese desliga a nova unidade politico-

R.T.J. - 116

administrativa ; exigencia, no caso,nAo satisfeita porque , com a criaCaodo distrito de Paraiso pela Delibera-CAo n? 1.600 , de 13-11-1964 , da CAma-ra Municipal de Campos, o mu-nicipio de Italva iria interromper aunidade territorial deste ultimo(Campos);

C) nao foi respeltado o inciso IV doart. 2? da Lei Complementar federaln? 1, de 9-11 -1967 , que exige, paracriaCAo de municipio , que, na res-pectiva Area territorial , se arrecade,no exercicio anterior , 5 (cinco) mil6-simos da recelta estadual de impos-to, o que nAo aconteceu em 1982, anoanterior so da Lei n? 681/83;

d) desrespeitou -se, outrossim, oart. 5? da Lei Complementar federaln? 1/67, que exige , no plebiscito, votoda maloria absoluta dos eleitores fa-vorAvel A criaCAo do municipio, oque nAo ocorreu na hip6tese, potshouve grande aumento do Contin-gente eleitoral de Italva , de 1971 Pa-ra 1983 e , no entanto , se aproveitou orealizado em 1971;

e) o art . 6? da Let Complementarfederal n? 1/67 estatui que a criaCaoe alteraC6es territoriais de mu-nicipios somente poderAo ocorrerquadrienalmente , no ano anterior anda eleiCao municipal ; todavia, acriaCAo do municiplo de Italva sedeu no ano posterior, i.e., em 1983.

Invocou , ainda , 0 art. 14 daConstituiCAo Federal , segundo o qualCabe A lei complementar federales-tabelecer os requisltos minimos depopulaCao e renda pubiica, bem co-mo a forma de consulta previa AspopulaC6es , pars a criaCAo de mu-nicipios, impondo , ainda , para esta,a elaboraCAo de lei.

2. 0 entAo Procurador-Geral daRepublica , Professor Inocenclo MAr-tlres Coelho , encampou 0 pedido, for-mulando a representaCAo de fls. 2/3,com base na letra 1, inciso I, do art.

29

119 da ConstituiCAo Federal e doTitulo VI do Regimento Inferno doSupremo Tribunal Federal.

Assinalou que a Lei n ? 681, de 11-11-1983 , do Estado do Rio de Janeiro,nAo tendeu a todos os requisitos esta-belecidos no art. 2? da Lei Comple-mentar n? 1 /1967 , servindo-se de ple-biscito realizado dez (10) anos antes,sera que tivesse por finalidade aten-der so respectivo processo legislati-vo, especiflcamente , consoante dis-p6e o art . 3? do mesmo diploma.

Adotou, no mais , os fundamentos]uridicos deduzidos pela CAmaraMunicipal de Campos e, ainda cornbase na solicitaCAo desta, requereumedida cautelar de suspensAo daseleiC6es municipals de Italva marca-das pars 16-12-1984 , face so risen delesao A ordem e As finanCas publicas(despesas com a realizaCAo do plel-to), tudo com base na letra p do art.119, I, da ConstituiCAo Federal.

A suspensao cautelar (of deferidapelo Eg . Plenario da Corte, Como sev6 de its. 43/53.

3. 0 Exmo . Sr. Governador doEstado Leonel de Moura Brizolaprestou as lnformaC6es de fls . 55/62,com os documentos de fls. 63/158,destacando , em preAmbulo , os fatosque antecederarn a elaboraCAo da leiinqulnada de inconstituclonal, desde16-11 -1971 ( data ern que o Presidenteda Assembl6ia Legislativa do Estadodo Rio de Janeiro solicitou so Presi-dente do Tribunal Regional Eleitorala realizaCao do plebiscito ). E mesmoos posteriores , relativos As provid@n-cias para designaCAo de data parsas eleiCbes pelo Tribunal SuperiorEleitoral (v. Its . 55/58).

Em seguida , assim examinou omerito da representaCAo:

aAo contrArio do afirmado , resul-tou demonstrado que o processo deelaboraCAo da Lei n? 681/83 foi pre-cedido da verificaCAo e cumpri-mento de todos os pre-requisitos

30 R.T.J. - 116

estabelecidos na Lei ComplementarFederal n? 1/67, tanto quanto naLei Complementar Estadual n?1/75, que disp6s sobre a Let OrgA-nica dos Municipios, sendo certoque o teor do art . 6? da primeira,invocado na RepresentaCAo, a pro-p6sito de indispensavel anterlori-dade a eleiCAo municipal , esta hamulto tempo revogado pela LetComplementar n? 39, de 10-12-80,que remeteu tat tratamento ao quea prop6sito dispusesse a legislaCaoorgAnica dos Municipios em cadaEstado da FederaCAo. Aplicavel,entAo a regra estatuida no art. 3?da Lei Complementar n? 1/75, doEstado do Rio de Janeiro, com aredacAo que the deu a Let Comple-mentar n? 34, de 6 de setembro de1983, verbis:

«A crlacao e qualquer altera-CAo territorial de Municipio, so-mente podera ser feita no perio-do compreendido entre o segundoe o sexto ano anteriores a datada eleiCAo municipal».

Estando previstas eleic6es noMuniciplo pars 1986, a criaCAo deItalva atende, rigorosamente, anorma legal.

A verificaCAo dos pre-requisitose subseqUente consulta a popula-Cao, satisfeitas que sejam , consu-mam e esgotam etapas do proces-so de desmembramento territorial,traduzindo situaC6es de fato, infor-madas e aferidas por Poderescompetentes que se harmonizam,na forma da lei , sem margem parequestionamentos . Impugns-las, im-portaria em admitir que os pr6-prios Municipios , depots de cria-dos, pudesssem ser desconstituidosa merc@ de eventual verificacAo deque nAo macs cumpriam um, ou al-guns dos requisitos.Inexiste fundamento legal para

se reabrir uma etapa is selada pela manifestaCAo incontestada dosPoderes Estaduats , Legislativo e

Judiciario, na atividade que lhescompetia. no que concerne aospressupostos da elaboragAo legisla-tiva.

Uma palavra final sobre a argtti-da descontinuidade territorial facea criaCAo do Distrito Campista deParaiso. 0 argumento parece deli-beradamente inseguro , eis que oDistrito nunca foi instalado. Aocontrarlo , prevista sua criaCAo em1964 e ratificada em 1967, certa-mente esses diplomas se esvazia-ram de conteudo , pots, integrandoo Distrito de Paraiso o territOrio deItalva, comp6e necessariamente aarea do Municiplo recem-criado,acrescendo que sua popula¢Ao,tamb6m de Italva , foi participantedo plebiscito que afirmou o desejode emancipacao , por virtual unanl-midade.

A realizacAo do plebiscito, tantoquanto a previa verificaCAo dascondicdes necessarias so reconhe-cimento da maioridade, constituemelos encadeados que nAo cessaramde produzir efeitos e, mesmo tendodemorado o processo de elabora-Cao legislativa - por legitimocomportamento da Assembleia doEstado, como prociamado no man-dad6 de SeguranCa acima referido- dele nAo se desvinculou, soman-do elementos consegiientes para aformacao da nova celula da divi-sAo politica . ambicionada por umexpressivo n0mero de brasileirosque all aiudam a engrandecer aNaCao.

Confio em que o Egregio Supre-mo Tribunal Federal nao acolha arepresentac$o, para que nAo sefrustrem os cidadAos , que, IA, hatantos anos, confiam na emancipa-Cuo, em f6lego patrl6tico que muitobem traduziu o eminente Desem-bargador Sinezio de Aquino Pl-nheiro , do Egregio Tribunal Elec-toral, Relator do processo electoral(doc. 24)» ( fls. 59/61).

R.T.J. - 116 31

4. 0 Exmo. Sr. Presidente da As-semblefa Legislativa do Estado doRio de Janeiro, Deputado PauloRlbeiro , por sua vez, enviou as infor-maCOes de fls. 160/166, instruidascom os documentos de fls. 167/299,noticiando, inicialmente, haver to-rnado conhecimento de despacho doExmo. Sr. Ministro Octavio Gallotti,que indeferlu in limine mandado deseguranCa impetrado por Tales deAssis Noguelra , com vistas a des-constituiCao da decisAo do Eg. Ple-narlo que, nestes autos, deferira amedida cautelar de suspensAo daseleiC6es (fls. 164, Item 5).

Quanto ao macs, assim se manifes-tou:

aA Lei Estadual n° 681 , de 11-11-1983

6. Cabe, desde logo, assinalarque a Lei n? 681 6 de 11 de novem-bro de 1983 , e nAo de 14 denovembro , conforme consta na Re-presentaCao oferecida pelo Exmo.Sr. Procurador-Geral da Republi-ca, certamente induzido a erro pe-lo expediente da Camara Munici-pal de Campos pelo expediente daCamara Municipal de Campos. ApublicaCao da citada lei 6 que foifeita no DiArlo Oficfal , Parte I, de14 de novembro de 1983, do Estadodo Rio de Janeiro (Doc. Anexo n" 1

7. A Lei Estadual n? 681, de 11-11-83 , resultou da aprovaCAo doProjeto de Let n? 38 , de 5 de maiode 1983, que uCria o Municipio deItalva, a ser desmembrado do Mu-nictpio de Campos », de autorta daComlssAo de Assuntos Municipals,cuia tramitaCAo no Assembleia foia que consta na Ficha de Controle,remetida por c6pia xerox anexa aopresente officio (Doc. n? 2).

8. Estou , tambem , remetendo aVossa Excelencia c6pias xerox daspaglnas dos diversos Dtarlos Oft-clais, Parte II, do Estado do Rio deJaneiro, onde estAo publicados ospareceres de todas as ComissOes

sobre o citado Projeto de Let n? 38,de 1983 , as razoes do veto do Sr.Governador do Estado , o parecerda Comissao de ConstituiCao e Jus-tiCa concluindo pela manutengaodo veto, a publicaCao da redaCaofinal, been como os principals dis-cursos no Plenario e relativos aoassunto (Doc. Anexo n? 3).

Conclusao

9. Finalmente , para melhor es-clarecimento do assunto , estou re-metendo, tamb6m c6pia xerox dosprincipals documentos que figuramno processo existente , desde 1971,no Tribunal Regional Electoral doRio de Janeiro, sobre a criaCAo doMuniciplo de Italva, os quais con-firmam a correta e legal atuaCAoda Assembleta Legislativa.

10. Em conclusao , em face dasinformaCOes ova prestadas, estaPresidencia espera que seta Julga-da improcedente a argdiCAo de in-constltuclonalldade da Lei Esta-dual n? 681 , de 11 de novembro de1983 ». ( fls. 165/166).

5. 0 Minist6rio POblico federal,em parecer do Ilustre ProcuradorDr. Joao Paulo Alexandre de Barros,aprovado pelo entao Exmo . Sr. Pro-curador-Geral da Republica, Profes-sor InocBnclo Martlres Coelho, opi-nou pela proced@ncia da represen-taCAo (Us. 301/324).

Destaco os t6picos conclusivos:

«... o que consta dos autos e umacertidAo atualizada do 6rgAo fazen-dArio de que a arrecadaCao de im-postos na area territorial transfor-mada nAo alcanCa o limite minimodos 5 (cinco ) mllesimos da corres-pondente arrecadaCao estadual.Para ilidir tal lnformaCAo nAo e su-ficiente a presunCAo de que, A epo-ca da deflagraCao do processo,fo-ra comprovada arrecadaCao supe-rior; mesmo porque , do exame dosautos , resta-nos a conclusao de que- A epoca - tal requisito nao lotcomprovado.

32 R.T.J. - 116

Acima dessas consideraCoes,impSe-se a obediencla d Let. E aLet Complementar 56 admite acriaC6o de municipio desde que,entre outros requisitos , a arrecada-rAo no ultimo exercicio ( isto 6, noexercicio imedlatamente anterior)seta, no minimo , de 5 (clnco) mile-simos da receita estadual de im-postos . Assim sendo, mesmo quedevidamente comprovada a arre-cadacao em 1971, Para a criaC9odo municipio em 1983 Indispensavelseria nova verificaCao da arreca-daCAo, is entAo referente soexercicio de 1982.

Sem duvida - Para nos - quenovo plebiscito deveria ser realiza-do, tambem por imposiC9o legalporquanto essa exigencta, contidano artigo 3", s6 pode ser atendidaap6s cumpridos Os requisitos doart. 2?.

Desrespettados que foram Osmandamentos desses dispositivoslegals, mandamentos que comple-tam a ordem constitucional por de-terminaCBo contida no artigo 14 daCarta Politica , o parecer a pelaprocedencia da representaCao,lul-gando a Excelsa Corte inconstitu-cional a Lei n? 681 , de 14 de novem-bro de 1983 , do Estado do Rio deJaneiro , criadora do Municipto deItalva mediante desmembramentode area territorial do Municiplo deCampos.

ImpOe-se o esclarecimento deque Os demats fundamentos da sfi-plica e das InformaC6es deixaramde merecer consideravAo neste tra-balho a falta de alcance constitu-cional uns , e por resultar prejudi-cada a questAo da criaCAo do mu-nicipio em funcAo do calendartoelettorabn ( fls. 322/324).

6. Diante de certas duvidas queos autos suscitavam , inclusive as re-feridas so longo do parecer do Minis-terlo Publico ( fls. 301 /324), determi-ner, como Relator , pelo despacho de

fls. 328, a requlsigao dos autos doMandado de Seguranca n? 30.665 e1.744 ( Orgao Especial), ambos impe-trados , perante o Eg. Tribunal deJustiCa do Estado do Rio de Janeiro,contra o Presidente ou a AssembleiaLegislativa , 0 primeiro por Agos-tinho Fontes Botelho e outros, o Se-gundo pela ComissAo prb-emanci-pacAo de Italva.

E, ainda, os autos do Processo n?9.715/71, do Eg . Tribunal RegionalElectoral do mesmo Estado, nosquals preparados o plebiscito Para acriaCao do municipio de Italva e aseleic6es respectivas.

Do apensatriento foram cientlfica-das as partes ( fls. 354 e seguintes).

7. 0 Ministerio Publico federal,em parecer complementar do mes-mo ilustre Procurador , Dr. JoaoPaulo Alexandre de Barros, agoracom aprovac$o do atual Exmo. Sr.Procurador-Geral da Republica, Dr.Jose Paulo Sepulveda Pertence, de-pots de considerar as pecas daquelesprocessos , concluiu:

«Examinados os autos dos egre-gios Tribunal Regional Electoral(plebiscito ), do Tribunal de JustiCado antigo Estado do Rio de Janeiro(Mandado de Seguranca n? 30.655,denegado ) e do Orgao Especial doTribunal de JustiCa do Rio de Ja-neiro ( MS 1.744 ), deles nada conse-guimos colher que modificasse nos-sa conclusdo no parecer de fls. 301-324. Ao contrario , a verificaCAo deirregularidade na aferiCAo da ren-ds publica , constatada pela Assem-bleia Legislativa e demonstradanas Informae0es da autoridade im-petrada ( MS 30 .665), reforCam anossa convicCUo de que 0 processolegislativo que chegou a seu termo(nAo sabemos como chegou!) estaviciado pela insuficidncia dos nu-meros da renda publica denuncia-da nos autos do mandado de segu-ranCa, sobrelevando a tudo isto, atese que continuamos a sustentar

R.T.J. - 116

de que o encadeamento cronol6gicodas demonstraC6es de requtsitospars a criaCAo de municipio, esta-belecido na Lei Complementar Fe-deral n? 1, de 9 de novembro de1967, exige a criaCAo da nova unt-dade politica imedfatamente ap6sreferidas avaliae6es, sob pena de,transgredindo , formal e substan-cialmente, oportunissima ordemlegal , instituir -se municipio sem ascondiC6es minimas de autogovernoda comunidade aparentemente be-neficiada.

Sustenta -se, pots, a conclusAodo parecer referido no sentfdo deserJulgada procedente a represen-tacao, corn a conseg0ente declara-CAo de inconstituclonalidade da Lein? 681 , de 1983 , do Estado do Rio deJaneiro)) (f1s. 383/384).

E o relatbrio, do qual serAo reme-tidas c6pias aos Eminentes SenhoresMinistros , nos termos do art. 172 doRegimento Interno.

VOTO

O Senhor Minlstro Sydney Sanches(Relator ): B. Estatui o art. 14 daConstituiCAo Federal que let comple-mentar estabelecerA os requisitosminimos de populaCAo e renda publi-ca, bem como a forma de consultsprevia As populaC6es , para a criacaode Municlpios.

O parAgrafo unico acrescenta: aorganizaCAo municipal , variAvel se-gundo as peculiaridades locals, acriaCAo de Municipios e a respectivadivisAo em Distritos dependerao delet.

A Lei Complementar federal n? 1,de 09-11-1967 , cumprindo o manda-mento constitutional , disp6s no art.1": a criacao de municipio dependede Let Estadual que sera precedidade comprovaCAo dos requisitos esta-belecidos nesta lei e de consulta AspopulaC6es interessadas.

33

O parAgrafo Unico esclarece que oprocesso de criacao de municipio te-rA inicio mediante representaCAo di-rigida A Assembleia Legislativa, as-sinada, no minimo, por 100 (cem)eleitores , residentes e domiciliadosna Area que se deseja desmembrar,com as respectivas firmas reconhe-cidas.

O art . 2? proibe a criaCAo de mu-nlciplo sem a verlflcaCAo da existen-cla, na respectiva Area territorial,dos requisitos all enunclados , dentreos quals:

((IV - a arrecadaCAo, no ultimoexerciclo, de 5 (cinco) milesimos dareceita estadual de impostos)).

O § 2? determina que para isso seobtenha informaCAo do 6rgao fazen-dArio estadual.

S6 depots de atendidos todos os re-qutsitos do art . 2?, inclusive o da ar-recadaCAo minima no exerciclo ante-rior, a que a Assembleia LegislativapoderA deliberar sobre a reallzaCAode plebisctto.

E o que estA no art. 3?:((As Assembletas Legislativas,

atendidas as exigencias do artigoanterior , determinarao a realiza-CAo de plebiscito para consulta ApopulaCAo da Area territorial a serelevada A categoria de municipio)).O parAgrafo unico do art. 3? e seus

incisos tratam de forma da consultaplebiscitAria pela JustiCa Eleltoral.

O art. 5? esclarece: somente seraadmitida a elaboraCao de let quecrie o municipio, se o resultado doplebiscito the tiver sido favorAvel pe-lo voto da matorla absoluta dos elei-tores.

O art. 6?, com a redaCAo que thelot dada pela LCF n? 39, de 10-12-1980 , determina que a criaCAo e qual-quer alteraCAo territorial do Mu-nicipio somente serAo feitas noperiodo fixado na let que disp6e, em

34 R.T.J. - 116

cada Estado, sobre a organizaCaomunicipal (Lei OrgAnica dos Mu-nicipios).

(Anote-se, de passagem, que a LeiOrganica dos Municipios do Estadodo Rio de Janeiro - LC n? 1/75, coma redae&o que the deu a LC n? 34, de6-9-1983, estatui: a criaCAo e qual-quer alteraCao territorial de Mu-nicipio, somente poderA ser feita noperiodo compreendido entre 0 Se-gundo e o sexto ano anterlores A da-ta da elelCAo muncipal.

Os demais dispositivos (da LCF n?1/67) nAo guardam interesse para ojulgamento da representaCao.

Passo, agora, ao exame dos fatos.9. A 16 de novembro de 1971, 0

Exmo . Sr. Deputado Joaqulm deFreltas, Presidente da AssembleiaLegislativa do Estado do Rio de Ja-neiro, enviou ao Exmo. Sr. Presi-dente do Eg. Tribunal Regional Elec-toral o oficio reproduzido a fls. 63,informando que aquela augusta Ca-sa, por sua ComissAo de ConstituiCAoe Justica, entendera de conhecer dopedido de criaCAo do municipio deItalva. For isso, nos termos do art..34 da LCF n? 1/67, a Corte Electoraldeveria providenciar a realizaCao doPlebiscito.

Assinalo, desde logo , que o pedidode criaCAo do municiplo , como seviu, fora apreclado apenas pela Co-missAo de ConstltulCAo e Justiga enAo pelo PlenArlo da Assembleia.

E o art. 3? da Lei se refere AsAssemblelas Legislativas e nao a es-ta ou aquela ComissAo.

Isso, por conseguinte,JA caracteri-zou uma falha no processo de cria-eAo do municipio.

De qualquer maneira, o Eg. Tri-bunal Regional Electoral do Estadodo Rio de Janeiro a 19-11-1971, bat-xou as instrucOes para a realizaCAodo plebiscito, por ac6rdAo em quenao deixou de assinalar: o exame dopreenchimento dos requisitos exigi-

dos pela LCF n? 1/67 nao the estavaafeto mas A pr6pria Assembleia epor isso o pressupunha realizado(fls. 64/66 e 67/73).

A 08 de dezembro de 1971, o Sr. Se-cretArlo de FinanCas do Estado doRio de Janeiro oficiou ao Presidenteda Assembleia Legislativa, comuni-cando que o distrito de Italva nAopreenchera no exercicio anterior 0requisito da arrecadaCAo minima decinco milesimos da receita estadualde impostos.

Esclareceu, ainda, que informaCAoem contrArio fora prestada anterior-mente, por se haver incluido, indevi-damente, a arrecadaCAo do distritode Paraiso com a Italva.

Tudo nos termos de fls. 35/36 dosautos do Processo n? 9.715/71, do Tri-bunal Regional Electoral - Rio deJaneiro, em apenso.

Diante disso e invocando expressa-mente a esse fato, o Presidente daAssembleia Legislativa, a 10-12-71,enviou novo oficio ao Presidente doTribunal Regional Eleitoral (corn c6-pta da informaGao do SecretArio dasFinaneas), pedindo o cancelamentodo plebiscito, que antes havia solict-tado (fls. 34 do mesmo apenso -Processo n? 9.715/71).

0 Tribunal Regional Electoral, emface da informaCAo e da solicitaCao,a 13-12-1971, suspendeu a realizaCAoda consulta popular ifs. 74/77 dospresentes autos).

Todavfa, Agostlnho Fontes Botelhoe outros impetraram mandado de se-guranCa contra o ato do Presidenteda Assembleia Legislativa (que soli-citara o cancelamento, melhor seriasuspensao , do plebiscito), pleiteando,nao s6 a realizaCAo da consulta ple-biscitaria, mas, tambern, o prosse-gutmento do processo de emancipa-CAo politlca de Italva, como de direl-to (v. Its. 2/16 dos autos do Mandadode Seguranca n? 30.665, em apenso).

R.T.J. - 116

O Relator do Mandado de Seguran-Ca, Eminente Desembargador LutzSteele , deferiu a liminar a fim deque o Tribunal Regional Electoralrealizasse o plebiscito , oficiando sorespectivo Presidente para esse fim(fls. 96/97 e 99 do mesmo apenso -MS n?-30.655/71).

O Tribunal Regional Electoral, to-mande conhecimento desse oficio, a16-12-1971, voltou a determinar a rea-lizaCao da consulta popular (fls. 79dos presentes autos).

Esta foi realizada a 19-12-1971 eapurada a 20-12-1971, com resultadofavorAvel A emancipaCAo (fls. 80/83dos presentes autos).

Ocorreu, por6m, a 29 de agosto de1973, o julgamento definitivo do man-dado de seguranCa JA deferido.

Fol ele denegado pelo Eg . PlenAriodo Tribunal de JustiCa (RJ), contraapenas um voto, com as razoes de-duzidas pelo Eminente Relator, De-sembargador Lutz Steele, in verbis:

«Falece aos impetrantes o diret-to liquido e certo exigido para aconcessAo da seguranCa , tendo emvista os motivos que • determina-ram a pretendida suspensAo doplebiscito, manifestada pela autori-dade impetrada. E que , positivadaa inexist@ncia Jos pressupostos le-gals, indispengaveis A emancipa-CAo objetivada , sobretudo por faltade renda pr6pria para mantenCada unidade , uma vez emancipada,impossivel falar-se em concessAoda seguranCa, para o efeito da pos-tulaCAo impetrada.

A esse respeito, inegAvel se apre-senta a procedencia dos fundamen-tos arg0idos , nao apenas pela auto-ridade impetrada , mas pelas ilus-tradas representagoes da FazendaPublica Estadual e da Procurado-ria de Justica. Com efeito.

Como sustenta, com acerto, adouta Procuradorta dos Feitos daFazenda, nos termos da Lei Com-

35

plementar n? 1, de 09 de novembrode 1967 , a condiCao primeira paraa emancipaCvo e o recolhimentopara o erArio publico Estadual decinco milesimos da arrecadaCAotributAria do Estado no exerciclocorrespondente.

Os subscritores da Representa-Cao Popular , alegaram , pars terinicio o processo emancipativo, asatisfagao desse requisito , tendo 0ilustre SecretArio de FinanCas in-formado , pelo oficio de fls. 25, em26 de outubro de 1971, que a arre-cadaCAo do Distrito de Italva ultra-passou a cinco mil6simos, tendoatingido , precisamente , a 7,7 mtle-simos da receita orCamentAria doEstado, dal, certamente , ter sidodado o andamento regular ao alu-dido processo , designando , inclu-sive, o Egregio Tribunal Eleitoraldata para a realizaCAo do plebisci-to.

Contudo, dias antes do plebiscito,o Presidente da Comissao de Justi-Ca da Assembl6ia Legislativa doEstado do Rio de Janeiro , tomandoconhecimento de que a informaCaodada pelo SecretArio de FinanCasde fls . 25 nAo correspondia A reali-dade , no atinente ao percentual dearrecadaCAo , oficiou a autoridadeimpetrada pedindo a confirmarAoou nAo da Secretaria de FinanCasdesse dado ( fls. 30 ), o que foi feitopelo oficio cuja c6pia se encontraAs fls . 31 dos autos.

Comprovadamente , veriflcou-seque ocorreu erro enorme ao seimiscuir , na pretensao emancipa-cionista do distrito de Italva, a In-corporaCAo de outras Areas, paraefeito de consulta plebiscitAria. E,uma vez feita a dicotomia de taisAreas , dos distritos de Italva e Pa-raiso , ambos instituidos como duassubunidades , distintas entre si, doMunicipio de Campos , as autori-dades da Secretaria de Finan-Cas, advertidas de seu equivoco,

36 R.T.J. - 116

apressaram -se em comunicar aoPoder Legislativo a insubsistenciada informaCAo precedente quanto aarrecadaCao global do 8? distrito(Italva ) do Municiplo de Campos,a qual,'isoladamente , nAo atingidaa cinco ( 5) milesimos da arrecada-Cao tributaria do Estado no exer-cicto precedente.

Ante o exposto e evidenciado, as-sim, que a localidade «Paraiso»constitut um distrito, embora naotenha sido instalado , nao sendopossivel , dessarte , englobar-se asua receita na producao tributarlado distrito de Italva, a ponto dejustificar-se a concess$o de sua au-tonomla administrativa , het porbeen negar a seguranCa.

Acordam os Juizes que compoemo Tribunal Pleno deste Tribunal deJustiCa, por maloria de votos, de-negar a seguranCa , por nAo seacharem provadas , quantum sails,a liquidez e certeza do direlto sub-ietivw> (fls. 177/180).

Ora, corn o resultado do julgamen-to do mandado de seguranCa, que foldenegado , perdeu eficAcla a laminarque havia determinado a reallzaCAodo plebisclto.

For isso mesmo , este acabou setornando infttn para os fins do pro-cesso de craacAo do municiplo deItalva, remanescendo inc6lumes oato do Presidente da Assemblela quesolicltara seu cancelamento e o pr6-prlo ac6rdAo anterior do TribunalRegional Eleltoral , que determinousua suspensAo.

De tudo se extras o seguinte: o pro-cesso de criaCAo do municiplo deItalva, seguido na elaboraCAo da Lein? 681, de 11-11-1983, nAo preencheu orequisito da consulta plebiscltariaeficazmente realizada , violado, as-sim, o art . 3? da LCF n? 1, de 9-11-1967 e , por via de consegUencia, 0art. 14 da ConstituiCAo Federal.

Isso bastarla para o acolhimentoda representagAo de Inconstitucio-nalidade.

10. Informou o Exmo . Sr. Gover-nador do Estado as fls. 60 /61, quandotratou da descontinuidade do territ6-rio municipal de Campos , pela crla-CAo do municipfo de Italva, que odistrito de Paraiso nunca se instalou.

Se nunca se instalou e se o distritode Paralso fol criado, corn desmem-bramento do territorio de Italva,pode-se, em tese, sustentar que a ar-recadaCao ocorrida na area daquele(distrito de Paraiso ) continuou inte-grando a arrecadaCao deste ( distritode Italva).

Com isso, o requisito da arrecada-Cao minima no exercicio de 1970, te-ria sido satisfeito , ao contrario doque pareceu ao Eg . Tribunal de Jus-tiCa do Estado do Rio de Janeiro.

E ainda se havers de dizer que adenegaCao da seguranCa , nos termosis exposto , nem por isso impedlraque o Supremo Tribunal Federal,examinando a presente representa-CAo de inconstitucionalidade, digaque o plebiscito se fez valido e eficaze se os demats requisitos para aemancipaCAo politico-administrativade Italva foram atendidos.

De qualquer mantra, nAo se podeafirmar, corn seguranCa , que o dis-trito de Paralso nAo tenha realmentesido instalado.

Embora os impetrantes do Manda-do de Seguranca n? 30.665 ha}amprocurado demonstrar a inocorren-cia da instalacAo, com os documen-tos de fls. 39/92 e 134 /137 (daquelesautos ), ( o que 6 corroborado pelo do-cumento de fls. 21 dos presentes au-tos), por outro lado , os de fls. 166 e167 (do mesmo processo) eviden-ciam que, pelo menos para efeitosjudiciAnios, o distrito havia sido ins-talado, tanto que certas serventiasde Campos ficaram com as atribuf-Coes respectivas em Paralso (Tabe-

R.T.J. - 116

lionato, Escrlvania , Registro de Im6-vets), tudo conforme a ResolucAo n?1, de 29-9-1970 (C6digo de Organiza-Cfio Judiciarla do Estado do Rio deJaneiro).

E se, apesar de instalado o distritode Paraiso , foi sua arrecadaCao in-cluida no de Italva , o requisito da ar-recadaCfio minima restou insatisfei-to.

11. Por outro lado , ainda se admi-tindo que Paraiso 6 distrito criado,mas nAo instalado , outra questdosurge.

Fol ele desmembrado do distritode Italva ou do municiplo de Cam-pos?

Embora haja nos presentee autos enos apensados varias assertivas nosentido de que se desmembrou deItalva , 0 Unico documento oficlal arespeito 6 o de fls . 09, Segundo o qualo territ6rto do Distrito de Paraiso foidestacado , Para esse efeito, do mu-niciplo de Campos . E nfio de outrodistrlto : o de Italva.

Ora, se o territ6rio do distrito deParaiso nAo integrava antes o distri-to de Italva , deste nAo se desmem-brou.

E se nAo o Integrava, nAo podiasua arrecadaCao integrar a deItalva, Para efeitos de criaCfio domuniciplo ( de Italva).

12. Todas essas considerac6es sdofeitas Para se evidenctar que nem oplebiscito fol eflcazmente realizadoem 1971 ( dlante da cessaCfio da efi-cacla da liminar que o determinou),nem o requisito da arrecadaCaominima (of preenchido por Italva,mesmo em 1970 , Para se eriglr amuniciplo . Pelo menos, quanto a issonAo ha prova Segura.

13. Mas ainda que assim se fosse,restaria outro obstaculo intrans-ponivel a emancipacao.

37

E que o requfslto da arrecadaCaominima ha de ser verlflcado no anoanterior ao daquele em que se vatcriar o municipio.

Tanto que o art. 2? da LC n? 1/67diz:

«Nenhum municiplo sera criadosem a verlflcaCao da exlstPncia, narespectiva area territorial , dos se-guintes requisltos:I - ............................

II - ...........................

III - ..........................

IV - arrecadaCao, no Ultimoexerciclo, de 5 (cinco) milesimosda receita estadual de impostos)).

Ora, nfio teria o mintmo sentidoaceltar-se a criaCfio do municiplo deItalva , por uma lei de 1983, mediantea aferlCfio do que terta arrecadadono ano de 1970 (so inves de 1982).

Realce-se, ainda uma vez, quemesmo em relaCfio ao exercicto de1970, existem os entraves on, pelomenos, as duvidas, relacionadascom a inclusao da arrecadaCao dodistrito de Paraiso.

E, com referenda ao exercicio de1982 , anterior ao da lei (que 6 de1983 ), entao quanto a esse ha Infor-maCbes seguras , cabals e definitivasde que nao preencheu a arrecadaCaominima (v. documentos de its. 12, 13e 20), todas prestadas pela Secreta-ria da Fazenda do Estado.

14. Tambem nAo tem sentidoaceltar-se o plebisclto de 1971 (ade-mats lneflcazmente realizado, comose viu), Para se avalfar o preenchl-mento do requisito legal de votaCfiofavoravel da maloria absoluta doseleltores.

Se a lei complementar federalexige manifestaCao favoravel damalorla absoluta dos eleitores, Paraadmitir a crtaCbo do municiplo, porlei estadual, obviamente s6 pode es-tar levando em consideraCfio 0contingente eleltoral da epoca da

38 R.T.J. - 116

criaCAo do munlciplo (do mesmoano, on do ano anterior ). Nunca de12 anos antes.

Ate porque esse contingente podesofrer grandes alteraCbes pare matsou para menos , como salientou odouto Procurador da Republica Asfis. 316/7, modificando-se, tambem,em consegu@ncia, o numero necessa-rlo A formaCAo da maioria absoluta.

Alias, o requisito da arrecadaCaominima ha de ser verificado noexerciclo anterior ao da criaCAo domunicipio ( pela lei estadual) (art2?, inc. IV, da LCF n? 1/67).

E o plebiscito s6 a solicitado pelaAssemblela ao Tribunal RegionalElectoral depots de ela pr6pria vert-ficar o atendimento de todos os re-quisitos , inclusive aquele de arreca-daCAo minima no exerciclo anteriorso da lei.

For fsso mesmo o plebiscito h8 deser realizado ou no ano anterior soda let , ou no pr6prio ano de sua pro-mulgaCao.

Nunca 12 anos antes, repita-se,tambem quanta ao plebiscito.

15. Sendo assim , nem a necessa-rlo examinar as demais alegaC6esda Camara Municipal de Campos,encampadas na representaCAo daProcuradorta -Geral da Republica econtidas nas alineas b e e do item 1?do relat6rio ( quebra da continuidadeterritorial e antecedencia de urn anopara a criaCAo do municipio, em re-laCAo A eleiCao municipal).

Alias, diga-se de passagem, a con-tida no item b nAo alcanCarla nivelde questAo constitucional federal. Ea da letra e foi bem repelida no pa-recer do Ministerlo Publico.

16. De tudo se conclui : nAo foramobservadas pela Let n ? 681/83. do Es-tado do Rio de Janeiro, quanto aoplebiscito e A arrecadaCAo minima

no exerciclo anterior , as exigenciasdo art. 20, inciso IV e do art. 3? daLCF n? 1/67.

E como esta apenas completou anorma do art . 14 da ConstitulgAoFederal , nAo ha dfivida de que tam-bem a violou.

17. Nesses termos, julgo proce-dente a representaCAo de inconstitu-cionalidade, adotando , ainda, osmagnificos pareceres do Ilustre Pro-curador da Republica, Dr. Joao Pau-lo Alexandre de Barros , aprovadopelo anterior e pelo atual Pro-curador-Geral da Republica, Drs.Inocancio MArtires Coelho e JosePaulo Sepulveda Pertence (its. 301/324, 370/384).

EXTRATO DA ATA

Rp 1.223-RJ - Rel.: MinistroSydney Sanches. Rpte .: Procurador-Geral da Republica. Rpdos .: Gover-nador e Assemblefa Legislativa doEstado do Rio de Janeiro.

DecisAo : Julgou-se procedente aRepresentaCAo e declarou-se a in-constltucionalidade da Lei n? 681, de11 de novembro de 1983, do Estadodo Rio de Janeiro . Decisao unanime.Votou o Presidente . Falou pelo Go-vernador do Estado do Rio de Janei-ro o Dr . Dirceu Henrique Silva.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves , Presidente. Presen-ter a Sessao os Senhores MinistrosDjaci FalcAo , Cordeiro Guerra, Ra-fael Mayer , Nert da Silveira, OscarCorrea, Aldir Passarinho, FranciscoRezek , Sydney Sanches, Octavio Gal-lotti e Carlos Madeira . Procura-dor-Geral da Republica , Dr. JosePaulo Sepulveda Pertence.

Brasilia , 25 de setembro de 1985. -Dr. Alberto Veronese Agular, Secre-tArio.

R.T.J. - 116 39

REPRESENTACAO N? 1 .268 - SP(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.Representante : Procurador-Geral da Republica - Representado: As-

semblela Legislativa do Estado de SAO Paulo.

A Emenda n° 41, de 1984 , A Constituicao do Estado de Sao Paulo,que dispOs sobre salArio-familia do servidor , com aumento da despe-sa publica , s incompativel com os artlgos 6°, 13, III e 57 , II e V, todosda ConstltuiCAo Federal . Precedentes do Supremo Tribunal.

Representaclo Julgada procedente.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em SessAoPlenaria, na conformidade da ata doJulgamento e das notas taquigrAfi-cas, por unanimidade de votos, Jul-gar procedente a Representacao edeclarar a inconstitucionalidade daEmenda n? 41, de 21 de agosto de1984, A Constituicao do Estado deSAO Paulo.

Brasilia, 26 de setembro de 1985 -Rafael Mayer - Presidente -Octavio Gallotti, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti: Apresente RepresentaCAo foi oferecidapelo Exmo. Sr. Procurador-Geral daRepublica, mediante solicitacao doExmo. Sr. Governador do Estado deSao Paulo, com vistas so exame daconstitucionalidade da Emenda Cons-titutional n? 41, de 21 de agosto de1984, da mencionada unidade da fe-deracao, que baixou a seguinte dis-posiCao sobre o salario-familia doservidor:

«Artigo 1?. 0 inciso VI do arti-go 92 da Constituicao do Estado deSAO Paulo (Emenda Constitucionaln? 2, de 30 de outubro de 1969) pas-sa a vigorar com a seguinte reda-CAo:

"VI - retribuiCAo nunca inferiorao salario minimo da regiao da Ca-pital do Estado,,.

Artigo 2? E acrescido so artigo92 da Constituicao do Estado deSAO Paulo (Emenda Constitucionaln? 2, de 30 de outubro de 1969) o se-guinte Inciso:

<XIV - concessao de salario-familia por filho de qualquer condi-cAo, enteado on dependente econ6-mico, sem meios pr6prios de sub-sistencia , desde que menores dedezolto anos , on invalidos , indepen-dente de idade». ( fls. 12).

Tanto as raz6es do Governo paulis-ta como as da Assemblela Legislati-va estao been sintetizadas no parecerdo ilustre Procurador da RepublicaGllmar Ferreira Mendes, aprovadopelo eminente Procurador-Geral Jo-s6 Paulo Sepulveda Pertence:

2. «Sustenta o ]lustre Chefe doPoder Executivo Paulista, emsintese , que a disciplina Juridicada materia por emenda constitu-clonal de origem parlamentar im-portou na subtraCAo da Iniciativado processo legislativo , reservadapela Carta Magna so Presidenteda Republica , no Ambito federal(art. 57, Inclsos II e V ), e, por for-Ca do disposto no art. 13 , III, c/cartigo 200 , ao Governador do Esta-do, no Ambito estadual . Argumentsque, ao estabelecer no texto constl-tucionalos pressupostos da conces-

40 R.T.J. - 116

sao do beneficlo , a Emenda n?41/84 nAo reproduziu integralmentea disposiCao constante de lei ordi-naria , omitindo no inciso XIV, quefez acrescer ao artigo 92, a exig€n-cia no sentido de que os filhos, en-teados ou dependentes econdmicosvivam total ou parcialmente, Asexpensas do funcionarto titular davantagem . Nessas condiCoes, aEmenda em epigrafe teria provo-cado alterarAo do regime juridicodos servidores estaduals e acarre-tado acrescimo A despesa poblica.No tocante A modificacAo operadano Inciso VI do art . 92, ressaltou opeticlonArio que se tratava de mo-diflcaCAo de cunho t6cnico, a fimde que o salArlo -familia nAo figu-rasse em dots incisos daquele dis-positivo . Impugnou-se, dessarte,essa modificaCAo acess6ria, paraque prevalecesse a redaCAo ante-rior do inciso VI e nao se tivesse aexclusAo do salArio -familia do tex-to constitutional.

3. Solicitadas as informacdes(fl. 16 ), prestou-as o Presidente daAssembleia Legislativa do Estadode Sao Paulo, Deputado Luis Car-los Santos , sustentando , em resu-mo, que toda a materia de compe-tOncia legislativa dos Estados-membros pode ser objeto deEmenda Constitucional por inicia-tiva de qualquer deputado ou porproposta do Governador, de vezque se nao confunde 0 Poder deRevisAo com o Poder de Legislar(fls. 19/25)». (f1s. 31 a 32)

Opina a douta Procuradoria-Geralda Republica pela procedAncia daRepresentaCao , diante dos seguintesfundamentos:

4. «Ao dispor sobre salario-familta dos funcionArios pfiblicosestaduais , restringindo os requisi-tos anteriormente fixados para asua concessao , a Emenda Constitu-clonal n? 41/84 estabeleceu normasobre materia reservada A intctati-

va do Poder Executivo, na esferafederal, a teor do disposto no art,57, II e V, da ConstituiCao , aplica-vel so Estado ex vi da disposiCaoconstante do art. 13, inciso III. As-siste, portanto , intetra razao anChefe do Poder Executivo Paulistaquando afirma que «nao sendo deadmitir que a ConstituiCao do Es-tado rejeite ou altere a regra dareserva da iniciativa, de observan-cta obrigatOrla no Ambito estadual0 preciso , coerentemente , repelir,como inadmissivel qualquer emen-da constitutional que importe emdesconhece-la)) (fls. 8).

5. A interpretacAo sistematlcada Let Mator nAo admite outraconclusao senAo aquela afirmativada inconstitucionalidade da Emen-da A ConstituiCao estadual que, dis-pondo sobre mat@ria afeta , tecnt-camente , ao Ambito legislativo or-dinArfo , suprime ou substitut a ini-ciativa reservada ao Chefe do Po-der Executivo . Nesse sentido tem-se pronuncfado reiteradamente 0Excelso Pret6rto , affrmando anaopoder a Assembl6ia utilizar aEmends Constitutional , em substi-tuicAo A lei, em todos aqueles ca-sos em que a ConstituiCao reservaa iniciativa do Processo Legislati-vo so Poder Executlvo» ( Rp. n?1061, Rel. Min . N6ri da SRVetra,RTJ 102/474; Rp. n? 855, Rel.: Min.Barros Montetro , RTJ 57/384, Rp.n? 893 , Rel.: Min . Bnac Pinto, RTJ69/638; Rp. n? 940, Rel.: Mtn. Mo-refra Alves, RTJ 92/1.000; Rp. n?1.125, Rel.: Min . Cordeiro Guerra,RTJ 105/905; Rp . n? 982 , Rel.: Min.Soares Munoz, RTJ 97/36; Rp. n?1080, Rel.: Min. Soares Mutloz,RTJ 101 /65; Rp. n? 939, Rel.: Min.Moreira Alves, RTJ 88/13).

6. Nessas condiCoes, opina aProcuradoria-Geral da Republicapela procedencia da Representa-cAo, a fim de que seja julgada in-

R.T.J. - 116

constitucional a Emenda n? 41 AConstituiCAo do Estado de Sao Pau-lo)). (f1s . 32 a 33).

Distribuam-se, aos Senhores Mi-nistros, c6pias deste Relat6rio, naforma do art. 172 do Regimento In-terno.

Brasilia, 2 de setembro de 1985. -Ministro Octavio Gallotti , Relator.

VOTO

O Sr. Mlnistro Octavio Gallotti(Relator ): A emenda A ConstituiCAoestadual , resultante de proposta deDeputado , como instrumento de ma-joraCAo do estipendio do servidor eaumento da despesa pUblica , tern si-do refteradamente considerada, peloSupremo Tribunal , como incom-pativel com a Carta Federal, quersob o prisms de atentar contra a in-dependencla dos Poderes ( art. 6?),quer por desobediencia so processolegislativo , obrigat6rio para os Esta-dos (art . 13, III ), quer , finalmente,pela supressAo da iniciativa do Po-der Executivo (art. 57, II e V).

Atestam-no os ac6rdAos enumera-dos no parecer da douta Procura-doria-Geral da RepUblica e, maisrecentemente, o lavrado pelo emi-nente Mlnistro Francisco Rezek, co-mo Relator da RepresentaCAo n?1.196, do Rio Grande do Sul:

«RepresentaCAo por Inconstitu-cionalidade . FuncionArios Publi-cos. F6rias. Emenda Constitucio-nal n? 29, de 26-8-83, do Estado doRio Grande do Sul.

O cbmputo em dobro do periodode ferias nAo gozadas constitui te-ma relativo a servidores pUblicosdo Estado , implicando dimtnulCAodo tempo de sua aposentadoria econseqUente repercussao financei-ra sobre o erArio . Materia em cujo

41

dominio o processo legislativo s6pode ser deflagrado por iniciativado chefe do Executivo ( art. 57, II eV, combinado corn os arts . 13, III,e 200 da ConstituiCAo Federal);

- InobservAncia do principio daharmonia e independencia dos Po-deres do Estado (CF., arts. 6?, 13,I; e 10 , VII, c).

RepresentaCAoprocedente)>.(RTJ111/936).

Julgo procedente a Representa-CAo, para declarar inconstitucional aEmenda n? 41, de 1984, A Constitui-Clio do Estado de S. Paulo.

EXTRATO DA ATA

Rp 1.268-SP - Rel .: Ministro Octa -vio Gallotti . Repte .: Procurador-Geral da Republica . Repda .: Assem-bleia Legislativa do Estado de SAoPaulo.

Decis3o : Julgou-se procedente aRepresentaCAo e declarou-se a In-constitucionalidade da Emenda n?41, de 21 de agosto de 1984 , A Consti-tuiCAo do Estado de SAo Paulo. Deci-sAo unAnime. Votou o Presidente.Ausente , ocasionalmente , o SenhorMinistro Moreira Alves. Presidiu ojulgamento o Senhor Ministro RafaelMayer.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves . Presentes , A SessAoos Senhores Ministros Djaci FalcAo,Rafael Mayer, Neri da Silveira, Os-car Correa, Aldir Passarinho, Fran-cisco Rezek , Sydney Sanches, Octa-vio Gallotti e Carlos Madeira. Au-sente, justificadamente , o Senhor Mi-nistro Cordeiro Guerra . Procura-dor-Geral da RepUblica, Dr. JosePaulo Sepulveda Pertence.

Brasilia , 26 de setembro de 1985 -Dr. Alberto Veronese Aguilar, Secre-tArio.

42 R.T .J. - 116

REPRESENTACAO N? 1.277 - ( Medida Liminar) - ES(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Representante : Procurador-Geral da Rep6blica - Representados: Go-vernador e Assemblaia Leglslativa do Estado do Espirito Santo.

Representadoo por Inconstituclonalidade. Medida cautelar.Agrotoxlcos.

Ausencla de pressupostos pare concessAo de medida cautelar. HI-p6tese em que a observAncla dos prazos regimentals para o julga-mento da representaCAo nAo imports preluizo que credencle o deferl-mento da liminar.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em SessAoPlenarla, na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrafi-cas, por unanimidade de votos, inde-ferir o pedido de liminar.

Brasilia, 28 de agosto de 1985 -Declo Miranda , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Mlnlstro Francisco Rezak:Dizem os dots primeiros parAgrafosda peCa inicial:

aO Procurador-Geral da Rep6-blica, com fundamento no art. 119,inciso I, tetras I e p, da Constltut-Cao Federal, e na forma discipli-nada pelo Titulo VI, do RegimentoInterno dessa Suprema Corte ,vemoferecer Representadoo so Supre-mo Tribunal Federal , e, por essemeio, submeter a seu exame e Jul-gamento a argi)iCao de inconstitu-cionalidade dos artigos 1?, if 1?, 2?,3?, 4? e 5?; 2?; 3? e paragrafo 6nico;4?, H 1? e 2?; 5?, 6?, 8 ? e anexos I eII, da Let n? 3.706, de 28-12-84, doEstado do Espirito Santo , bern co-mo o pedido de medida cautelarnela contido.

A representaCAo atende a pro-moCAo da AssoclaCao Nacional de

Defensivos Agricolas-ANDEF, so-ciedade civil com Bede em SaoPaulo, e do Sindicato da IndUstriae Comerclo de Defensivos do Esta-do de Sao Paulo , contida no expe-diente anexo, onde se encontramexpostos os fundamentos da arg6i-cAo». (fls. 2).

A entidade lnteressada , com efei-to, exp6e no desfecho de seu arra-zoado as razdes do pedido cautelar:

«Quanto aos efeitos que JA se fa-zem sentir com o advento dessa ede outras leis estaduals semelhan-tes, cuja inconstitucionalidade vemsendo submetida so crivo do Colen-do Supremo Tribunal Federal, temsido dos mats nefastos para o co-mercio e a indUstria do Pals, no se-tor dos defensivos agricolas. Imen-sos estoques de organoclorados eoutros produtos , importados ounao, que Ja haviam sido liberadospelas autoridades federals compe-tentes, em condiCoes de atenderema demands , nAo podem ser vendl-dos no mercado daquele estado-membro . As perdas sao e continua-rAo a ser enormes para os empre-sarios e mesmo para os assalarla-dos, inclusive pela ameaCa de de-semprego . Mas o risco malor correpor conta da safra agricola, cuboplantio, se nao protegido por defen-sivos agricolas , estara sujeito a sa-nha das ervas daninhas e pragas

R.T.J. - 116

(gafanhotos , lagartas , fungos, etc.),que em pouco tempo a tudo des-troem.

A pr6pria UniAo Federal scabs-r3 respondendo por grande partedos prejuizos , corn as perdas daslavouras garantidas corn recursodo PROAGRO, ao ter de efetuar opagamento dos respectivos segu-ros.

( ...............................

Diante de tAo grave situagAo,urge suspender os efeitos da let el-vada de lnconstitucionalidade, Co-mo medida cautelar , nos termos doart. 119, inc. 1, letra p, da Constl-tutcAo Federal . Vale salientar queessa medida fol requerida pelaProcuradoria -Geral da Repfiblicanas RepresentaC6es dos Estados doParana , Santa Catarina , SAo Pau-lo, Rio de Janeiro , Bahia, Pernam-buco, Sergipe , Alagoas e MatoGrosso do Sul, ao tempo em que aEgregia Suprema Corte ainda nAohavia ultimado o julgamento daRepresentacAo n? 1.153, do RioGrande do Sul. Agora , porem, queja se conhece a posicAo daquela Al-ta Corte sobre a materia, os ar-guentes esperam que, desta feita,possam aguardar o julgamento soabrigo da liminar ». ( fls. 24).

E o relat6rio.

VOTO

0 Sr. Mintstro Francisco Rezek(Relator): Examinando igual mate-rla, em juizo sobre liminar na Re-presentacAo n? 1.247, de Mato Grossodo Sul, live ocasiAo de dizer nesteplenarlo:

((Sr. Presidente, quarta-feira pas-sada relates pedido de medidacautelar em representarAo, e estePlenario honrou-me ao abonar oentendimento de que a liminar erade ser indeferida, ainda que porum Unico motivo. Lembrel A Corteque os prazos normafs de nossoRegimento , em materta de repre-

43

sentacAo por inconstitucionalidade,nAo sao longos : trinta dias tern aautoridade responsavel pets eftlkoda lei pare informar - e muftasvezes se desincumbe desse encargoem menor tempo -; quinze diastern o Minist6rio Publico para oparecer de merito . Sao quarenta ecinco dias , que se estendertam,eventualmente , um pouco mats.Naquele caso , posto que vArios me-ses eram decorridos desde a edi-SAo da lei, nAo se justificava que oSupremo Tribunal Federal atrope-lasse seus prazos normafs a fim dedar satisfacAo A parte privada, quetanto tempo tomou pars meditar arespeito da perspectiva de provo-car, ou nAo, o Chefe do MinisterioP6blico.

Neste caso , a let discutida a denovembro de 1983. NAo veto emque o prejutzo dos possivets inte-ressados Iria aumentar , tao grave-mente , corn a observAncia dos pra-zos normafs no Supremo TribunalFederal . Se esse fundamento nAome fosse bastante , evocaria aque-les que , corn Canto brilho, desenvol-veu ontem o eminente Ministro Ne-ri da Silveira; lembrando ainda urnfator extrajuridico, mas da maiorimportAncla : nAo sAo os agriculto-res que protestam. Neste caso,uma das coisas que mats impres-sionam a ver que nenhum cultor docampo, nenhuma pessoa ou empre-ss dedicada As atividades agrariasentrou em cena para o protestocontra a referida legtslapao, emEstado algum . A agricultura nacio-nal, da faixa mats abastada A matshumilde, nAo disse uma silaba con-tra tal legislaGAo . Governos esta-duals nAo se manifestaram; oPROAGRO tampouco; sindicatosobreiros - ja que se fala em perl-go de desemprego - nAo disserampalavra . So os produtores de agro-t6xtcos carregam essa bandeira.Este e o fator evocado pelo Minis-tro Neri da Silveira, e que merece

44 R.T .J. - 116

absoluto endosso. Os fundamentosdo pedido de liminar sao inautenti-camente deduzidos , por quern nAoesta autorizado a falar em nomedaquelas entidades - algumas dedireito pfiblico - cujo interesse sepretende , alegadamente , proteger.

Por Ultimo, a pendencia de duasrepresentaCdes semelhantes nestePlenario, que Ja deram origem aum amplo debate, seria urn motivoa mats a recomendar o Indeferi-mento da medida que ora se postu-la».

Tr@s fundamentos, portanto, em-basaram no precedente o indeferi-mento da liminar. Um deles nAo valepara o caso presente , visto que JAconcluldo o julgamento das primei-ras representaC6es atinentes a mata-rla. Sobrevivem dots outros: o quedestaca a discutivel legitimidade dosprodutores de agrot6xicos para arro-lar argumentos de urgdncla que me-Ihor condizem corn o interesse de 6r-gAos do governo e de sindicatosobreiros, todos exemplarmente stlen-tes nesse contexto ; e o que se prendeao fator cronol6gico . A lei atacada ede dezembro de 1984, e faz variosmeses que esta Casa firmou seujuizo malorltArlo sobre a questao dosagrot6xicos, nos feitos originartos doRio Grande do Sul . S6 no recesso deJulho ultimo , por8m , a AssociaCAo

interessada dirigiu-se so Chefe doMinisterio PUblico. A representaCAoingressou no Supremo em 21 deagosto, e nao veto motivo por quenao se espere pelo Julgamento defini-tivo, ao cabo dos prazos regimentals.

Indefiro a medida liminar.

EXTRATO DA ATA

Rp 1.277-ES - Rel.: Minlstro Fran-cisco Rezek. Rpte .: Procurador-Geral da Republica . Rpdos.: Gover-nador e Assembloia Legislativa doEstado do Espirito Santo.

DecisAo : Indeferiu-se o pedido deliminar , unanimemente . Votou oPrestdente . PresidAncla do SenhorMinlstro Decio Miranda , Ausente,ocasionalmente o Senhor MinistroMoretra Alves.

Presidencia do Senhor MinlstroDecio Miranda. Presentes a SessAoos Senhores Ministros Djaci FatcA0Cordeiro Guerra , Rafael Mayer, N6-ri da Silveira, Oscar Corr@a, Al-dir Passarlnho , Francisco Rezek,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente, ocaslonalmente , o SenhorMintstro Moreira Alves. Procurador-Geral da Republica, Dr. Jose PauloSepulveda Pertence.

Brasilia, 28 de agosto de 1985 -Dr. Alberto Veronese Agular, Secre-tArio.

CONFLITO DE JURISDICAO N? 6.553 - AM(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.

Suscitante: Juiz Substituto da 11' Vara da Fazenda PUblica - Suscita-do: Tribunal Superior do Trabalho - Interessados : Laurinda de Souza Merise outros e Estado do Amazonas.

Conflito de JurlsdigAo.Controversla sobre gratiflcaCao concedida por Decreto de governo

estadual que nAo tem. o escopo de transformar a natureza , Uplca-mente trabalhlsta , do vhtculo do servidor , sujeito A C.L.T.

NAo estando configurado o regime especial, previsto no art. 106da ConstitulCAo Federal , A de ser reconhecida a competencla da Justl-Ca do Trabalho.

R.T.J. - 116 45

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em sessAoPlenaria, na conformidade da ata dojulgamento e das notas taqulgrAfi-cas, por unanlmidade de votos, co-nhecer do conflito e julgar compe-tente o Tribunal Superior do Traba-Iho.

Brasilia , 2 de outubro de 1985 -Morefra Alves , Presidente - Oc-tavio Gallotti , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallottl: AquestAo estA resumida , em sua intel-reza , pelo ]lustre Subprocurador-Geral Walter Jose de Medeiros, noparecer de fls. 417 /20, aprovado peloeminente Procurador-Geral da Re-publica, Doutor Jose Paulo Sepulve-da Pertence:

aPerante a Junta de Concilia-Cao e Julgamento de Manaus, Lau-rinda de Souza Meris e outros pro-puseram , contra o Estado do Ama-zonas, reclamasao trabalhista emque postularam , com fundamentonos Decretos Estaduals n?s1.254/63 e 1 .771/70, o pagamento dagratificaCao de risco de vida, cor-respondente a 40% (quarenta porcento ) do salarlo contratual, al6mdas parcelas acessbrias expressa-mente arroladas no pedido inlcialde cada reclamante.

Regularmente citado, ofereceuo Estado tempestiva contestaCAo,acentuando fundamentalmente queos destinatarios da referida gratifi-cacao cram tao-s6 aqueles servido-res culas atividades , desenvolvidasem hospitals pertecentes so Esta-do, estivessem relacionadas compacientes portadores de doengasinfecto-contagiosas ( fis. 148).Ap6s a instruCao probat6ria, so-

brevefo a sentenCa que julgou par-

cialmente procedentes as reclama-Cbes (fls. 281), tendo havido recur-so de ambas as partes (fls. 288 e291).

0 Tribunal do Trabalho da 8?ReglAo negou provimento so recur-so do reclamado e so do recla-mante por nome Generino Costa daSilva, mas deu provimento aos dosdemais, relativamente As horas ex-tras efetivamente trabalhadas,conforme fosse apurado em liqui-daCAo, respeitado o bienfo prescri-cional anterior ao aluizamento dasreclamat6rias (fls. 323).

Inconformado, o Estado do Ama-zonas interpbs recurso de revista(fls. 327), tendo o Tribunal Supe-rior do Trabalho declinado exofficio de sua competdncia e orde-nado a remessa dos autos A JustiCaComum, A luz do disposto no art.106 da ConstltuiCao Federal (fls.363).

Indeferidos os embargos opostospelos reclamantes (fls. 393), foramos autos encaminhados A delibera-Cao do MM. Juiz Substituto da 11'Vara da Fazenda Publica de Ma-naus, que em despacho fundamen-tado deu-se tamb6m por incompe-tente, suscitando em consequ@nciaconflito de compet@ncla perante oTribunal de JustiCa do Amazonas(fls. 396).

Reconhecida a incompetencia daCorte estadual para deslinde do in-cidente (fls. 410), veto este final-mente ter ao Supremo Tribunal, aquern cabe de fato dirimir conflitoque se trava entre Tribunal e Juiza ele nAo subordinado (C.F., art.119, I, e).

An ver do Minist6rio Publico Fe-deral, razao assiste so MM. JulzSubstituto da 11? Vara da FazendaPublica de Manaus (suscitante),pelo que a compet@ncia para tul-gar a causa, em grau de recurso, 6do Tribunal Superior do Trabalho(suscitado).

46 R.T.J. - 116

NAo pairs qualquer ditvida sobreo fato de que, na esp6cle , todos osreclamantes , indistintamente, saoservidores do Estado submetidos alegislaCAo trabalhlsta.

O Estado-Membro , contra quemfol proposta a aCAo e que poderiaquestlonar o regime juridico a quesujeitos seus servidores, nAo o fezem momento algum.

Por conseguinte , nAo hA como In-vocar o art . 106 da Carta, queelude a hip6tese de serviCos de ca-rater temporario ou de naturezattcnica especializada , quando en-tao 6 possivel por lei - que o Su-premo Tribunal entendeu ser tam-b6m a estadual - lnstituir regimeiuridico diverso do trabalhista.

Ora, no caso , os reclamantespostulavam vantagem que, pelasua pr6pria natureza - risco de vi-da - s6 poderla ser paga a quemestivesse , como eles, executandoserviCos de carater permanente et6enicos , embora nAo especiallza-dos.

Dal por que , a nosso ver , nAo fazsentido a InvocaCAo so art . 106, Im-pertinente so deslinde da causa.

Em conclusAo, opina -se pelo co-nheclmento do conflito , declaradocompetente o eg. Tribunal Superiordo Trabalho ( suscitado ). u (Fla. 417a 420)E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallotu(Relator ): Apreciando a esp6cie,acentuou , as fls . 407/8, a doutaProcuradoria -Geral da JustiCa doAmazonas:

aDestarte somente , quando setratar de servidor admitido emserviCo de carater temporarlo oucontratado Para funCAo de nature-za t6cnlca , com base em legislaCAoespecifica do Estado , estaremos

diante da hip6tese prevista no arti-go 106 da ConstitutrAo Federal, it-cando os litigios emergentes sujei-tos a jurisdiCAo da JustiCa Esta-dual Comum.

Ora, as o Estado do AmazonasnSo mant6m servidores no regimeespecial previsto no artlgo 106 daConstituiCAo Federal , mesmo por-que nAo editou let a respeito, forCa6 concluir pela competencla daJustiCa do Trabalho Para o )ulga-mento das reclamaC6es trabathls-tas apresentadas pelos reclaman-tes, sujeitas , segundo a prova dosautos , so regime da ConsolidaCAodas Leis do Trabalho». (fls. 407 a408).NAo se vislumbra , nos autos, a

configuracAo de relaCAo luridica deregencla administrativa , entre o Es-tado e os reclamantes , mas pelo con-trarlo , apura-se vinculo sujeito a Con-solidaCAo das Leis do Trabalho, quenAo flea desvirtuado pela simplescircunst$ncia de a gratificacAo vin-dicada decorrer de legislaCAo aplicA-vel, por igual , a funcionarios e em-pregados . Importa , sim, a naturezado regime , cuia natureza se revelstipicamente trabalhlsta.

A JustiCa especializada nAo estalmpedida de aplicar norms regula-mentar estadual , que, nAo tendo 0escopo de transmudar a indole dovinculo , deve ser recebida como atodo empregador , integrante do pactolaboral , com influencia na remune-raCAo a ser apreciada em coerenciacom o Direito do Trabalho.

Acolhendo o parecer do Minist6rioPUblico Federal , conheCo do Confli-to, Para declarar competente 0Egr6gio Tribunal Superior do Traba-Iho.

EXTRATO DA ATA

CJ 6.553-AM - Rel.: Ministro Oc-tavio Gallotti. Suscte .: Julz Substitu-to da 11? Vara da Fazenda PUblica.

R.T.J. - 116

Suscdo.: Tribunal Superior do Traba-lho. Interessados: Laurinda de SouzaMeris e outros (Advs.: No Evange-lista de Avila e outros). e Estado doAmazonas (Advs. Flavin CordeiroAntony e Ulysses Coelho de Souza).

Decfsao: Conheceu-se do conflito eJulgou-se competente o Tribunal Su-perior do Trabalho. Decisao unA-nlme. Votou o Presidente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves. Presentes, a SessAo

47

os Senhores Ministros DJaci FalcAo,Rafael Mayer , N6r) da Silveira, Os-car Correa , Aldir Passarinho, Fran-cisco Rezek , Sydney Sanches, Octa-vio Gallotti e Carlos Madeira. Au-sente, Justificadamente , o SenhorMinistro Cordeiro Guerra. Pro-curador-Geral da Republica, Dr. Jo-s6 Paulo Sepulveda Pertence.

Brasilia, 2 de outubro de 1985 -Alberto Veronese Agufar , Secretarlo.

MANDADO DE SEGURANGA N? 20.452 - DF

(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Impetrantes : Orestes Quercia e outros - Autoridade Coatora : Mesa do

Senado Federal.

Emenda Constltuclonal . Emenda uDante de Oliveira".nQuorumn de aprova¢Ao. Art. 48 da Constltulcao Federal, na re-

daclo que The deu a Emenda Constltucfonal n? 22, de Junho de 1982.0 «quorumn para aprovaSAo de emenda constituclonal e, segundo

o art. 48 da ConstitulgAo Federal , na redagAo da Emenda Constituclo-nal n? 22/82 , o de dots tercos de votos do total de membros de cadauma das Casas do Congresso Naclonal , e nAo o de dots tergos dosmembros de cada uma das Casas presentes , A sessAo.

AliAs, 6 da tradiSAo do nosso Direlto Constituclonal ser o equo-rump adotado para a aprovaSAo de emends constituctonal tornadosempre levando-se em conta o total de Deputados e Senadores, emconjunto on separadamente , por malorla on por dots tergos, mas sem-pre corn referencfa so total existente , e nAo dos presentes.

Re]eicAo da Emenda por nAo ter sido atingido o «quorum )) neces-sArlo a sua aprova¢Ao.

Altera¢Oes constltuclonals a respelto e manifestaCOes daDoutrina.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em SessaoPlenaria, na conformidade da ata doJulgamento e das notas taquigrafi-cas, por unanimldade de votos, ex-cluir da lide o impetrante OrestesQuercia por ilegitimidade de parte, edenegar a seguranCa.

Brasilia, 7 de novembro de 1984 -Cordetro Guerra, Presidente - AldirPassarinho , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): 0 ilustre Vice-Governadordo Estado de Sao Paulo, Dr. OrestesQuercia, nAo-s6 em tal qualidademas, igualmente , invocando a de

48 R.T.J. - 116

Prestdente da AssociaCAo Paulistados Municipios e de Coordenador Na-clonal da Frente Municipalista pelasDiretas, e os nobres Senador da Re-publica Severn Fagundes Gomes eDeputado Federal Airton SandovalSantana, por seus advogados, impe-tram mandado de seguranCa peranteeste Tribunal contra ato praticadopela Mesa do Senado Federal, exte-riorizado pela manifestaCAo de seuPrestdente , o eminente Senador Moa-cyr Dalla , em sessAo do Congres-so Nacional realizada nos Was 25e 26 de abril do ano em curso, poisaquele Prestdente , apos colher os vo-tos dos Srs . Deputados Federals quese encontravam presentes A aludidasessao, sobre o projeto da EmendaConstituctonal n? 5, de 1983, conheci-da Como «Emenda Dante de Olivel-ran, considerou-a rejettada por nAoalcanCados 320 votos favorAveis,dando, em consegUencia , Como en-cerrado o competente processo legis-latlvo.

Entendem os tmpetrantes , porem,que houve erro da Mesa do SenadoFederal na interpretaCAo juridlca so-bre o quorum necessarto A aprova-Cao do projeto de emenda constitu-clonal , posto que a Emenda mencio-nada obteve o numero de votos sufi-clente para ser considerada Comoaprovada , em face do que deverlaprosseguir o competente processo le-gislativo , submetendo-se ela a vota-Clio do Senado, em 1? Turno e nova-mente A Camara dos Deputados e aoSenado Federal em 2? Turno. Como,porem , foi encerrada a tramitaCAoleglslatlva da Emenda , fora violadodiretto liqutdo e certo dos impetran-tes, encontrando-se maculado o atoimpugnado com o vlcio de inconstitu-clonalidade.Sustentam os Impetrantes que,

face dos termos do art . 48 da Consti-tuiCAo da Repfiblica , que sendo de479 o numero total de deputados fe-derais, encontrando-se presentes Asessao mats da metade , e tendo ha-

vido 298 votos favorAveis A Emendae 65 contrArios a ela, foi ultrapassa-do o quorum de 2/3 dos votos proferl-dos, pois serlam necessArios apenas242 votos , isto e , dots terCos de 363.

As razOes que alicerCam o pedido,encontram-se deduzidas so longo dequarenta e nove pAginas, mas vemelas nuclearmente expostas no ca-pttulo da iniclal denominado: ((DosFundamentos do Pedido)), e queprefiro ler, ao inves de procurar re-sumi-lo, pelo receio de, fazendo-o,obscurecer por qualquer forma o ra-ciocinto all desenvolvtdo com Clare-za. Dizem os impetrantes, apes tetn-brarem que quorum de aprovaCAo deEmenda Constituctonal nao deve serconfundido corn quorum da instala-Cao e quorum de dellberaCAo (fls.5/10):

((Dal que, Como expos de modorigorosamente exato e claro o Ilus-tre Prof . Jose Paulo Cavalcanti emanexo parecer, tres silo os criterlosadotavets em relaCao ao quorumde aprovaCAo».

Pode-se computA-lo tomando porbase:

a) o numero de membros da cor-poraCao votante; isto e, dos titula-tes pars votar; on

b) o numero dos titulados paravotar presentee A sessao delibe-rante ; isto e, dos que a ela compa-recem ( mesmo que se recusem avotar), abrangendo tanto os quevotarn Como os que se abstem defaze-lo ou;

c) o numero de votos, ou seja, demantfestaCaes em favor on em des-favor da propositura ( desde quehaja ((quorum de deliberaCAo))).

II-3. Estes silo os criterlos paradeterminacao do ((quorum de apro-vaCao». Sobre estes criterlos - de-pendendo daquele que houver sidoestabelectdo - aplica-se 0 quanti-tativo pre-determinado pela regraregente da aprovaCAo : matoria,dots terCos, tres quartos, etc.

R.T.J. - 116

Toda a questao debatida nestemandado resolve -se, portanto, emsaber qual o ((quorum de aprova-Cao" estabelecido no Texto Consti-tutional para emends-lo e qual oquantitativo considerado necessA-r1o.

II-4. Ambas as questoes estaoperfeitamente desatadas no TextoMagno . NAo sofre a menor dflvidaque a maioria reputada necessariae de 2/3. Restaria, entAo, saber:Exige-se o voto de 2/3 dos mem-bros de cada Casa, ou 2/3 dos votosdos membros de cada Casa?

A Carta de 1969 , tal como a de1967 - rompendo deliberadamentecom o sistema da ConstituiCao de1946 - abandonaram o crlterio decorrelacionar o quantitativo de vo-tos ao numero de membros com di-reito a voto, e professaram o crlte-rio de correlacionar o quantitativonecessario a aprovaCao com o nu-mero de votos proferldos (situ onnao).

E o que literalmente - e a sa-bendas , como se demonstrara -dispoe o art. 48 da Carta do Pais:

((Art. 48. Em qualquer dos ca-sos do artigo anterior , a propostasera discutida e votada em ses-sAo conjunta do Congresso Nacio-nal, em dois turnos , conside-rando-se aprovada quando obti-ver, em ambas as votaCOes, dossterCos dos votos dos membros decada uma das Casas".

11-5. Nada importaria que fossecasual a dlcCao da regra, pois,uma vez formulada , ganha vidapropria e torna -se irrelevante a in-tencao dos que a expediram, comobern relembra o prof. Jose PauloCavalcantl em seu parecer , trazen-do a colaCao um racimo de vitas,ilustrativo do carater cediCo destanoCAo.

49

Contudo, ndo fol casual, a op-Cao do Constituinte por um((quorum de aprovaCao» reportadoso numero de votos e nao ao nome-ro de membros titulados para vo-tar. E facilimo demonstrA-lo e pordois caminhos que roboram incon-tendlvelmente tal assertiva.

A intencionalidade na adogaodeste crlterio a revelada : a) de umlado , pela ruptura com o regra-mento da ConstituiCao de 1946 so-bre a materia, tendo em vistaadapts -la nisto A tese de fortalecl-mento do Poder Executivo; b) deoutro lado , pela comparacao comoutros dispostivos da Carta de 1969atinentes a casos de ((quorum deaprovaCao", onde se ve a claraconsciencia sobre a distinCao decriterios para determinA -lo e as op-Coes , feitas e sabendas , ora por umora por outro.

11-6. Na ConstituiCao de 1946, alinguagem de regra correspon-dente deixava explicito que oquorum se determinava em funCaodo numero de membros (nAo devotos proferidos ), o que tornavamats dificeis - como a obvio - asalteraCoes constituctonals.

Dizia o art . 217, § 3?:

((¢ 3? Se a emenda obtiver nu-ma das CAmaras , em duas dis-cussoes , o voto de dois tergos dosseus membros , serA logo subme-tids a outra; e, sendo nests apro-vada pelo mesmo trAmite e porigual maioria, dar-se-a por acei-ta)>.

Vela-se que hole se diz no art. 48:((Considerando-se aprovada

quando obtiver dois terCos dosvotos dos membros de cada umadas casas,,.

A Carta de 1967 e todas as poste-Mores alteraCoes da materia (Car-ta de 1969 , auto denominada Emen-da n? 1 , Emenda n? 8, Emenda n?11 e Emenda n? 22, responsavel pe-

50 R.T.J. - 116

Is redaCao atual ) optaram por fa-cilltar as Emendas, tornando aoExecutivo menos arduo obte-las,sera preluizo de manter -se dificul-tado esteresultado quando a Int-clativa fosse do Legislativo.

E a via , habilmente concebidapara tanto , foi a de correlaclonarsempre o quorum de aprovaCao»an numero de votos e nao ao nume-ro de membros . Assim, corn umnumero de votos menor do que se-ria necessario se a aprovaCao esti-vesse correlaclonada so numero demembros, o Executivo - que dis-p6e de llberdade para inictatlva deEmendas Constitutionals - obte-ria sem grandes problemas as alte-raC6es que the parecessern oportu-nas.

De reves, o Legislativo ficariamacs travado na possibilidade depromove-las por s1 mesmo, dadoque a iniclativa de Emendas peloParlamento dependia tnicialmentede 1/4 ( um quarto ) dos membrosda Casa proponente ( art. 50, § 3?da Carta de 1967 ), depots de 1/3(um terco ) dos membros de umaou de outra Casa ( art. 47, § 3? daCarta de 1969 ), ulteriormente de1/3 (um terro ) dos membros daCamara conluntamente com 1/3(um terCo ) dos membros do Sena-do (art . 47, § 3? com a redaCao daEmenda n? 8 de 14 -4-77), tal comoainda a hole.

11-7. Em suma : coerentementecom a intenCAo de fortalecer oExecutivo , a quern se atributu lt-vre inlciativa pars a propositurade Emendas Constituclonais, det-xou-se facilitada a aprovaCao de-las reportando o ((quorum de apro-vaCAo » so numero de votos e nAoso numero de membros . Corn Igualcoerencta , no prop6sito ' de enfra-quecer o Legislativo , subordinou-sesua inictativa para Emendar aCarta a um numero de melnbrossempre crescente.

Assim , a expressiva mudanCa delinguagem atinente ao criterlo do((quorum de aprovaCao )), desde1967 ate os dias atuais e a progres-siva limitaCAo ao poder de inlcia-tiva parlamentar na materia, It-gando-a a um numero de mem-bros cada vez maior , revelam lu-minosamente que as dicc6es cons-tituclonais sabtam o que estavamdispondo e pretendiam relacto-nar o ((quorum de aprovaCao» deemendas ao numero de votos enao so numero de membros, potslsto atendia , com perfelCao , aos de-signios de fortalecer o Poder Exe-cutivo.

Esta e a razao pela qual desde1967 e nas sucessivas Emendas lanao mats se fala em «Voto de 2/3dos seus membros», como se fala-va em 1946 , vindo-se a falar ernmaioria absoluta dos votos ou dotsterCos dos votos , tat como holeconsta do art. 48.

11-8. De outra parte, se algumahesitaCao ainda pudesse prosperara respeito , ela se desfaria soconsiderar-se que a Carta de 1969,manlfesta, em diferentes dlspositi-vos, por sua diversa linguagem, aconsciencla nitida de que o quorumtanto pode estar reportado ao nu-mero de votos , quanto so numerode membros , optando em algunscasos por defini-lo corn base no nu-mero de votos proferidos e ern ou-tros no numero de membros do co-legio deliberante.

Dal a diferenCa clara de dicC6esentre o art . 48 - que regula 0((quorum de aprovaCao )) das emen-das - eos artigos 29, § 1", allneac; 53; 58, § 3?; 66, § 3?; 83; 113, § 3? e116.

11-9. Enquanto no art . 48 fala-seem dots terCos dos votos dos mem-bros", nos demais artigos citadosPala-se, respectivamente, em:

((doss teroos da Camara dos De-putados e do Senado Federal,

R.T.J. - 116

«malorla dos membros da comis-s8o ou um quanto da Camara dosDeputados ou do Senado Federal,,,((voto de dole terCos dos membrosde cada uma das Casas», ((um ter-co dos membros da Camara dosDeputados e mats um terco dosmembros do Senado Federal», ((vo-to de dots terCos de seasmembros)) , «voto de dots terCos deseus membros efetivosn, ((voto damalorla absoluta de seus mem-bros».

Mats do que sintomAtico, a con-clusivo que, so reger o (( quorum deaprovaCAo das emendas)) , a Cartado Pais fale em (dots terCos dosvotoa dos membros)) e em todos osdenials casos reporte-se aosmembros e nao aos votos. Em su-ma: numa dada hipOtese a lingua-gem do constituinte remete-se auma proporcAo de votos proferidospelos membros e nas outras todasa linguagem a diversa, potsreporta-se A manlfestaCAo de umaproporcAo dos membros do coleglodeliberante.

11-10 . 0 que se disse seria sufi-clente para exibir o cristalino dt-reito dos impetrantes . Sem embar-go, o carAter momentoso da ques-tAo ferida nestes autos e, mesmo, afeiCao surpreendente do feito antea magnitude do terra, exige umademonstraCAo completissima e ml-nuclosa do direito que se quer ga-rantir . E o que se farA , de seguida,pars espancar quaisquer dUvidasou entre duvidas, por minimas quesejam , quanto a inegAvel proce-dencla deste mandado.»

A seguir , passam os impetrantes aexaminar os criterios para as delibe-raC6es normals da Camara e do Se-nado, analisando o dlsposto no art.31 da Lei Maior e segundo o qual:

((salvo disposiCAo constituclonal,em contrario, as deliberaC6es de

51

cada CAmara serAo tomadas pormalorla de votos, presente a maio-ria de seus membros,))

pars, observando que a malorla edos votos, e nAo dos presentes, oudos membros, sustentar que:

((ease principto e o mesmo pars aaprovacAo da emenda constitucto-nal, que depende do nUmero devotos ,e nAo do nUmero de Deputa-dosn,

e Invocando agora o parecer anexodo Prof. Jose Paulo Cavalcanti:

((o que e, alias, do ststema do di-reito pUblico brasileiro, em que asmalortas eleltorais se apuram pelomimero de votos, e. nao pelo nume-ro dos eleitores)) (os grifos sao dainicial).

Passam, entAo, os impetrantes, pe-lo seu culto patrono, o Professor Cel-so Antonio Bandeira de Mello, a de-monstrar, a luz dos artigos 47 e 48 daConstltuicAo, que os dots terCos aque se refere este Ultimo artigo, necessartos pars a aprovacAo dasemendas constitucionais, devem sercalculados tomando-se o nUtnero devotos proferidos, e nAo o total dosmembros da Camara ou mesmo dosdeputados presentes a sessAo, asse-gurando que a comparaCAo do teordo aludido art. 48 com 0 § 3? do art.59 tambem da ConstitulCAo corrobo-ra ease entendimento, pots diz esteUltimo preceito:

((Comunicado o veto so Presi-dente do Senado Federal, este con-vocara as duas CAmaras pars, emsessAo conjunta, dele conhecerem,considerando-se aprovado o projetoque dentro de quarenta e cincodias, em votaCao pUbltca, obtiver ovoto de dots terCos dos membrosde cada uma das Casas. Nesse ca-so, serA o proJeto enviado, parspromulgaCao, so Prestdente da Re-pUblica.»

Declaram, ap6s, os requerentes,que quando a Carta Constituclonal

52 R.T.J. - 116

«quis exigtr que o quorum de apro-vaCAo fosse apurAvel em funCAo don(imero total de membros , assim es-tabeleceu)), como se via:

No artigo 29, § 1?, alinea c, quePala em ((por dots terCos da CAma-ra dos Deputados e do Senado Fe-deral)).

No artigo 53, que fats em (<amaiorta dos membros da comis-sAo)) e em "um quinto da Camarados Deputados e do Senado Fede-rab).

No artigo 58, § 3", que fala em((maiorta absoluta dos membros dequalquer das CAmaras)).

No artigo 66 , § 3", que fala emsum terCo dos membros da Cama-ra dos Deputados e mais um tercodos membros do Senado Federal)).

No artigo 83, que fala em «pelovoto de dots tercos de seus mem-bros».

No artigo 116, que fala em: ((So-mente pelo veto da maiorla absolu-ta de seus membros ou dos mem-bros do respectivo 6rgao especial(art. 144, V), poder5o os tribunalsdeclarar a inconstitucionalidade delet ou ato normativo do poder pA-blico )). RedaCao quase que identlcaA do § 3? do art . 59, nos quaffs a pa-lavra vote vem antes de ((dots ter-Cos dos membros» ou antes de((maioria absoluta de seus mem-bros».»

Fazem os impetrantes , em prosse-guimento, exame comparativo dospreceitos pertinentes A aprovaCSodas emendas constitucionais, quaffssejam, o art . 217 e seus parAgrafosda Carta Politics de 1946 ; art. 3? doAl n? 1, de 9 de abril de 1964; art. 2?,do Al n? 2, de 27 de outubro de 1965;art. 31 da Constituic5o de 1967;Emenda Constitucional n? 1, de 1969;e Emendas Constitucionals n? 8, 11 efinalmente 22 - a atual - mostran-do as variaC6es que tem havido noreferente A materia em debate, para

chegarem A conclusAo de que a teseque defendem e a correta. Aden-tram, outrossim, ainda com igual ob-jetivo, na anAlfse do quorum parsrejeiCAo do veto, na sustentaCAo, Co-mo JA antes assinalado , de que o cr1-terio havia de ser o mesmo: oquorum deveria ser consideradolevando-se em conta o nfimero de vo-tes, e nAo o nilmero de presentes AsessAo ou de membros das Casas doCongresso.

Por fim, Justificam 0 legltimo inte-resse dos impetrantes para a impe-tracAo e a competencia do SupremoTribunal Federal pars julga-la.

Foi, com a iniclal , requerida medi-da liminar a qual , contudo, nAo foideferida.

Solicitadas informaC6es , prestou-se o Sr . Presidente do Congresso Na-cional, Senador Moacyr Dalla, oqual , ap6s esclarecer sobre como serealizou a sessAo em que tot votadaa chamada Emenda Dante de Olivei-ra, declarou a respeito da questAoJuridica em debate: ( fls. 128/129).

((A Mesa do Senado considerourejeitada a proposta , em obedi@n-cia so que determina o art. 48 daConstituicAo , com a redacao dadapela Emenda Constitucional n? 22,de 1982, in verbis:

((Art. 48. Em qualquer dos ca-sos do artigo anterior , a propostasera discutida e votada em ses-s5o conjunta do Congresso Nacio-nal, em dots turnos , consideran-do-se aprovada quando obtiver,em ambas as votaC6es, doss ter-Cos dos votes dos membros decada uma das Casas)).

A votacao, em face do que deter-mina o art . 46 do Regimento Co-mum, procedeu -se, inicialmente,pela Camara dos Deputados.

Comp6em a Camara , presente-mente 479 Deputados.

R.T.J. - 116

Para que haja aprovaCao de umaProposta de Emenda a Constitui-cAo, nos termos do art . 48 aclmatranscrito , sao necessarlos , portan-to, 320 (trezentos e vinte) votos((sim)), correspondentes a dots ter-Cos dos votos dos membros da Ca-mara dos Deputados.

Com a proposta somente ob-teve 298 votos favoraveis , nao ten-do sido alcancados os dots terCosdos votos dos membros da Camara,a proposiCAo foi, sem duvida , rejel-tada.A decisao da Mesa calculou-se,

assim, no fiel cumprlmento do tex-to constituclonal vigente, que naodeixa margem , data yenta dos en-tendimentos contrarios que sus-tentarn o pedido de seguranCa, aqualquer outra tnterpretaCAo.))

Ouvida , manifestou-se a doutaProcuradorla -Geral da Republica pe-lo nao conhecimento do pedido emrelaCao ao ilustre Vice-Governadordo Estado de Sao Paulo , Dr. OrestesQu6rcia , pela competencia do Supre-mo Tribunal Federal pars o julga-mento do writ, porquanto o ato im-pugnado nao era intern corporis,pots se discutia a apllcaCao do art.48 da ConstitulCao Federal e, no m6-rito, pela denegacao da seguranCa,ao argumento de que correta fora alnterpretaCao da Mesa ao art. 48 daConstitulCao Federal , assinalando:(fls. 152/153).

((As diversas modificaC6es havi-das na ConstitulCao , a partir de1946 , referentemente ao procedi-mento Para a sua emenda , sempretiveram em vista a quantificaCaoon percentual dos votos favoraveisdos Membros da Camara e do Se-nado , separados ou conjuntamente,em relaCao ao nUmero de lntegran-tes das duas Casas do CongressoNacional , isto 6 , respectivamente,((maioria absoluta da Camara dosDeputados e do Senado Federal)),,(voto de dots terCos de seus mem-

53

bros)), ((maloria absoluta dog mem-bros das duas Casas do Congres-so)), ((maloria absoluta da Camarados Deputados e do Senado Fede-ral)), ((maioria absoluta dos votosdos membros das duas Casas doCongresso », ((dots terCos dos votosdos membros de suas Casas»,((maioria absoluta dos votos do to-tal de membros do Congresso Na-ctonal)), ((maioria absoluta dos vo-tos dos membros de cada uma dasCasas )), e, finalmente , a atual,,(dots terCos dos votos dos mem-bros de cada uma das Casas».

Nao somente o elemento hist6ri-co mas , tamb6m , o teleol6gico,conduzem a uma conclusAo fatal:seja por maioria absoluta , seta pordots terCos , a aprovaCao de emen-da a ConstitulCao se relaciona como nUmero de lntegrantes do Con-gresso Nacional , e, nAo, dos pre-sentes on votantes na sessAo.

Inclusive , nAo por demasia, maspara relembrar , quanto a expres-sao ((maioria absoluta )), em se tra-tando de tema politico , se ha al-gum tempo atras causou ou ense-Jou grande celeuma , hoje parece-nos haver concordancia geral nosentido de que se refere ao nUmerode lntegrantes on membros do or-gan, isto 6 , metade macs um doslntegrantes e, nao , dos participan-tes da dellberaCao.»E 0 relat6rio.

VOTO

O Senhor Ministro Aldir Pas-sarinho (Relator): Preliminarmen-te, endosso o parecer da douta Pro-curadoria-Geral da Republica, quan-do entende que nao possui o nobreVice-Governador do Estado de SaoPaulo, Dr. Orestes Quercia, legitimi-dade para lntegrar a relaCao proces-sual e considera competente estaCorte para julgar o writ.

De fato, diz o parecer, no parti-cular: (fls. 144/145)

54 R.T.J. - 116

A questAo se situa no Ambito in-terno do Congresso Nacional e osseus Membros 6 que possuem, emprincipio , por suas prerrogativas,interesse intrinseco para a lmpug-naCao de ato praticado no Parla-mento . 0 direito , acaso violado, 6exclusivo do Membro do CongressoNational , a quem compete oexame e votaCAo de emenda cons-titucional . NAo e o caso de aplica-Cao do art. 3? da Lei n? 1.533/51,porque, A evid6ncta , o Impetranteem causa nAo se encontra em con-diC6es id@nticas As do Membro doParlamento National , pots destenao 6 integrante . A lnvocaCao doac6rdAo proferldo no RE 86.013.Relator Ministro Thompson Flores,RTJ 87/258, bem Como do MS37/71, do Tribunal de JustiCa doParanA, RDA 111/313, nao socorreso primetro Impetrante , mas aosdots seguintes . Portanto , nAo 6 deser conhecido o pedido em relaCAoso seu Ilustre primetro Impe-trante.

Quanto aos dots seguintes, Sena-dor Severo Fagundes Gomes e De-putado Federal Airton SandovalSantana , parece-nos que demons-traram e comprovaram os requisi-tos e pressupostos para a impugna-Cao do ato tido Como violador deseus direttos de Membros do Con-gresso National . 0 ato em causanao a interne corporls , pots queaplicou o art . 48 da ConstituiCAo demaneira que os Impetrantes se jul-gam violados em seus direitos departicipaCao e votaCAo no processolegislativo de emenda constituclo-nal. 0 que estA em discussAo, por-tanto, 6 o pr6prio dispositivo cons-titucional em sus inteireza, em suaplenitude , e tal materia nao 6intern corporis do Poder Legisla-tivo, mas , sim, constitutional, ca-bendo A Suprema Corte 0 examede m6rito».

MERITO

DispensAvel ressaltar-se a impor-tAncta do tema discutido , pots, Comose viu do relat6rio,trata-se de saber,ao exame do art . 48 da ConstituiCAoFederal , na redaCdo que the deu aE.C. n? 22, de 1982, se o quorum paraaprovaCao de uma emends constitu-cional deve ser considerado levando-se em conta o nfimero de deputadospresentes A sessAo em que ela fol vo-tada, o nUmero de membros das Ca-sas do Congresso - sendo este oponto de vista adotado pela autort-dade apontada Como coatora - ou oMimero de votos apurados , criterioeste filtimo o defendido pelos impe-trantes.

Diz o art . 48 da Lei Mafor postoem debate , 6 referindo-se A propostade emenda da ConstltuiCao , seja etade iniciativa de membros da CAma-ra dos Deputados e do Senado Fede-ral, ou do Presidente da Republica:

((Em qualquer dos casos do arti-go anterior , a proposta serA discu-tida e votada em sessAo conjuntado Congresso Nacional , em dotsturnos, consfderando -se aprovadaquando obtiver , em ambas as vota-Cbes, dots tercos dos votos dosmembros de cada uma das Casas».NAo hA qualquer diferenCa de

quorum para a aprovaCAo da emen-ds por ser eta de inictativa de mem-bros da Camara e do Senado ou doPresidente da Republica . No primei-ro caso, a proposta deverA ter a assf-natura de um terno dos membros decada uma das Casas do Congresso.

Deste modo, tendo em vista o nfi-mero atual de membros da Camarados Deputados , 479, pars a apresen-taCao de uma proposta de emendaconstitutional sera necessario queseja eta assinada , pelos menos, por160 deputados.

A nossa vigente Carta Politica, so-bre o processo legislativo, dispos noseu artigo 46, que ele compreende a

R.T.J. - 116

elaboraCAo dos atos legislativos, pro-curando ordena -los segundo um cri-terlo de hlerarquizarAo - alias alvode algumas criticas -- e para o qualfoi levada em conta a origem e im-portancia de cada um deles.

Embora as emendas a Constitui-CAo nao advenham do Poder Consti-tuinte originario , mas sim do deriva-do ou constituido, reformador ou re-visor, segundo as diversas denomi-naC6es utilizadas , sua significaCAo elmportancia as colocam no primeiropiano do elenco hlerarquizado.

As ConstituiC6es, nAo apenas noseu todo, como no tocante aosprinciplos que ela consagra , necessi-tam de estabilidade , pots s6 estapode proporcionar a seguranCaluridica . Se a certo que o PoderConstituinte originario, - que chegaa ser considerado extrajuridico, co-mo pretende Paulo Bonavides (0 Po-der Constituinte , pag. 94 ), surge e seexercita em situaC6es transit6rias eexcepcionals , que imp6em mudaneasamplas , gerais , muitas vezes profun-das, institucionais , por forCa deacontecimentos politicos , esgotando-se ap6s a vigencia da nova CartaMagna , o Poder Constituinte deriva-do se encontra previsto na pr6priaConstituicao, para possibilitar alte-raC6es especificas que a dinamicados fatos socials , politicos ou econ6-micos possa exigir . Para estas alte-raC6es, porem, e como a decompreender -se, sao normalmenteestabelecidas exigencias de maior ri-gorismo que as adotadas para aaprovaCAo ou modificaCAo dos atoslegislativos que se seguem na ordemhierarquica preestabelecida ernnome mesmo daquela estabilidade,que a um dos caracteres de que sedevem revestir as ConstituiC6es, pos-to que as emendas , quando aprova-das, passam a ter eficacia igual Asnormas fixadas originariamente.

Os preceitos que disciplinam o pro-cesso legislativo , sera, entre n6s, um

55

dos que macs tern sofrido modifica-C6es, a partir da Carta de 1967, noreferente exatamente a aprovaCAode Emenda Constitutional, mas, naverdade, no pertinente ao quorumnecessario para tanto , e como asse-guram as informae6es , sempre foiele considerado em funCAo do nUme-ro de membros das Casas do Con-gresso e nAo de eventual n(imero deparlamentares presentes as sess6esem que ela a votada . Alias, J a assimera na Carta Magna de 1946, segun-do o seu artigo 217, § § 2? e 3?.

Diziam tais parAgrafos:§ 2? Dar-se-a por aceita a

emenda que for aprovada em duasdiscuss6es pela malorla absolutada Camara dos Deputados e do Se-nado Federal , em duas sess6es le-gislativas ordinarias e consecuti-vas.

§ 3? Se a emenda obtiver numadas Camaras, em duas discuss6es,o voto de doss terCos dos •seusmembros, sera logo submetida Aoutra; e, sendo nesta aprovada pe-1o mesmo tramite e por igualmaioria , dar-se-a por aceita».Como se observa , a clareza do tex-

to torn inequivoco que em qualquerdas duas hip6teses , o quorum have-ria de ser considerado em funCAo domimero de parlamentares , e nAo dospresentes As sessbes ou ao nUmerode votos dados.

No Ato Institucional n? 1, paragra-fo Unico do art. 3? , bem como no AtoInstitucional n? 2, art . 2?, § 2?, haviareferenda expressa , para a aprova-cAo, A maioria absoluta dos mem-bros das duas Casas do Congresso.

A Lei Fundamental de 1967, a suavez, disp6s no seu art. 51, ap6s exi-gencia de prazo e de apresentaCAoda emenda em duas sess6es , que se-ria ela aprovada quando obtivesse

oem ambas as votaC6es a maio-ria absoluta dos votos dos mem-bros das duas Casas do Congres-so».

56 R.T.J. - 116

Pontes de Miranda, ao examinartal precetto da Carta de 1967, sequerlembrou a possibilidade de que, parsveriftcaCAo do quorum, se computas-sem apenas os votos dos Deputados(ou dos Senadores ) presentes A ses-sAo, dizendo:

((A maiorla absoluta a dos mem-bros da Camara dos Deputadosmats a matoria absoluta dos mem-bros do Senado Federal , ou a mato-ria absoluta e a dos membros doCongresso Nacional? Uma vez quenao se falou de sessoes de cadauma das CAmaras, mas de duassessOes do Congresso Nacional, oque se hA de entender a que se so-mam o numero dos deputados e onumero dos senadores , para se sa-ber quantos sAo os membros doCongresso Naclonal e se apurar amaiorla absoluta dos votos deles?Sim, porque actma hA a referendaA sessAo coniuntau ( ComentArlos AConstltulCAo de 1967 , Tomo III, pAg.146). Grffet as expressoes : «para sesaber quantos silo os membros doCongresso Nacional>>.

Como se observa , a duvida discuti-da foi apenas quanto a saber-se se onumero de deputados deverta somar-se so de senadores , on deveriam elesser contados separadamente, masnem entreduvida fot suscftada sobreser a maioria absoluta cons ideradaante o numero de parlamentares quecompunham as Casas do Congresso.

Nelson de Souza Sampato, em seuProcesso Legislativo , tratando davotaCao de emenda constitucional,igualmente nao deixa duvidas sobrehaver de considerar-se a maiorla ab-soluta em relaGao so numero demembros que compoem a Camara eo Senado , tanto a certo que soreferir-se As lets complementares,em relaGao As quaffs o art . 53 da Car-ta de 1967 declarava que seriam ((vo-tadas por maioria absoluta dosmembros das duas Casas do Con-

gresso Nacional )), tal Como dizia emrelaCAo A votaCao de emenda consti-tuctonal , detxou expresso ( pag. 78):

((A votacAo necessArta paraaprovaCAo de let complementar u,como sabido , de pelo menos mato-ria absoluta da totalidade da Ca-mara dos Deputados e do Senado(art. 53))>.

De anotar que para os demals ca-sos, estabelecia o art. 33:

((Salvo disposiCao em contrArio,as dellberaCbes de cada CamaraserAo tomadas por matoria de vo-tos, presentes a matoria de seusmembros)).

Neste passo, a de anotar que o art.48 da Let Maior , na sua atual reda-C$o, apenas com elevaCAo de maio-rla absoluta para dots terCos, e quedevern os votos ser constderados emrazAo de cada uma das Casas doCongresso , guards, no que a funda-mental , a mesma redaCao, dizendo opreceito da Carta de 1967 (art. 51):

(<... quando obtiver em ambas asvotaCbes a maiorla absoluta dosvotos dos membros das dual Casasdo Congresso)),

e estabelecendo o discutido art. 48 naatual redaCAo:

«... quando obtiver , em ambas asvotaCbes , doss terCos dos votos dosmembros de cada uma das Casas».

Com a Emenda Constituctonal n?1, de 1969 , a exigencia para a apro-vaCao passou a ser de dots terCos,tal como agora , e conforme o seuart. 48, apenas tendo surgido duvidassobre se o numero de deputados e se-nadores deveria ser computado emconjunto ou separadamente , dispon-do o aludido dispositivo constitucto-nal, que a emenda era havida poraprovada.

«... quando obtlvesse , em ambasas votaCbes , doss terCos dos votosdos membros de suas Casas.»

R.T.J. - 116

Ainda at se ve que, no ponto ful-cral da controversia, ,nAo houve alte-raCAo da redaCao.

Pontes de Miranda, nos seusComentarlos a ConstltulCAo com aEmenda n° 1 , de 1969, repete a apre-ciaCao que Ja ftzera, sobre o mesmoterra, referentemente a Carta de1967, e pela qual se viu que deverfamser considerados Para a verificaCAodo quorum de aprovaCao de emen-das constitucionais o n0mero de par-lamentares que compunham as Ca-sas do Congresso, e nAo o nUmero depresentes as sessoes ou so nUmerode votantes. (Tomo III, pag. 149).

Rosah Russomano, em sua Ana-tomla da ConstltulCAo, tambEm co-mentando o mesmo art. 48 da EC n?1, anotou:

((A discussao processar-se-A emduas sessOes. 0 quorum antes exi-gido Para sua aprovaCao (maforiaabsoluta, metade macs um) lot df-latado. Requer-se, hole, em ambasas votaCOes, o pronunciamento dedots terCos dos membros do 6rgaolegiferante.))

E a seguir acentua que:

((Para a veriflcaCao do quorum,se deve somar o nUmero de todosos deputados e senadoresintegran-tes do 6rgao legislativo, paraapurar-se, entAo, a existencia dosvotos exigldos)) (pag. 90).

Posterlormente, A EC n? 1, antesde chegar-se A redaCao atual trazidapela EC n? 22, de 1982, duas outrasalteraC6es sofreu o art. 48: as trazt.das pelas Emendas Constitucionalsn?s 8 e 11. A de nUmero 8, de 1977,dizia que a emenda constituclonalera havida Como aprovada

(c... quando obtivesse, em ambasas sess6es, malorla absoluta dosvotos do total de membros do Con-gresso Naclonab).

encontrando-se assim bern expressoque o total a ser tornado era o dosmembros do Congresso. A alteraCao

57

baslca at fol quanto ao coeficientePara aprovaCAo que, de dois terCo,voltou a ser o da maforia - massempre com referencla so nUmerode parlamentares que compunharn oCongresso - e ficando explicitadoque a totalidade deverfa ser em rela-CAo as duas Casas, e nao a cada umadelas, Isoladamente.

No Congresso Nacional , so proporas alteraCOes que se faziam necessa-rlas Para a tramltaCAo de emendasconstitucionais ja tniciadas, o seuIlustre entao Presidente PetrOntoPortela, so dirigir-se aos congressls-tas a respeito , deixou bem claro oentendimento que all havia sobre oquorum so expllcitar : ((... 0 prazo detramitaCAo da materfa a dilatado pa-ra 90 dlas e o quorum de votaCAo re-duzido Para o da maforia absoluta>,.(Dlarlo do Congresso Nacional de 5-5-77, gags . 807 e 808, e ProcessoLeglslatlvo , de Sara Ramos de Fl-guelredo - 3' ed., publ . do SenadoFederal, pag . 74). Assim , no refe-rente so quorum ficou claro que ape-nas houvera reduCAo de dots terCospara malorla , sem haver , portanto,qualquer modificaCao quanto so nU-mero sobre o qual deveria ser consi-derada dita maforia.

A seguir , a EC n? 11 , de 1978,trouxe nova modlflcacao so discuti-do art. 48, vindo agora a referir-seeste (( a maforia absoluta dos votosdos membros de cada uma das Ca-sas)), e passando , ap6s , A redaCaoatual , corn a Emenda Constitucionaln? 22, de 1982 , Como la vimos, sendoconslderada a emenda constitucionalaprovada

c... quando obtivesse, em ambasas votaCOes , doss terCos dos votosdos membros de cada uma das Ca-sas».Sobre o art . 48, ap6s a EC n? 11, e

para que se vela que 0 criterlo deverificaCAo do quorum continuou aser mantido, levando-se em conta onUmero existente de Deputados e Se-nadores, e nAo o de presentes A sea-

58 R.T.J. - 116

sAo, on o nUmero de votantes, men-clono o Prof . Paulin Jacques, queem trabatho publicado na Revista deInformaCAo Legislativa ( Ano 16, n?63, pag . 50), anotou:

UEmbora haja sido aumentado 0prazo para discussAo e votaCAo daEmenda , de 60 para 90 dias,reduziu-se o quorum de aprovaCao,de 2/3 (dots terCos) para maiortaabsoluta ( metade da totalidade dosDeputados e Senadores mats um)."Na bem lancada Inicial, lembram

os nobres impetrantes , pelos seusllustres patrons, que «nada impor-tarta que fosse casual a dlcCao daregra, pots, uma vez formulada, ga-nha vida pr6pria e torna -se irrele-vante a intencAo dos que a expedi-ram», mas observa que, «contudo,nAo fol casual a opCAo do consti-tuinte por um quorum de aprovaCaoreportado so nfunero de votos e nAoso nUmero de membros titulados Pa-ra votar», acrescentando : «E facili-mo demonstra-lo e por dots cams-nhos que roboram tncontendivel-mente tal assertiva». A segutr procu-ra demonstrar a intencionalidade naadoCAo de tal criterio, conforme seencontra devtdamente exposto notrecho da peva vestibular transcritano relatOrto.

Entretanto, data vents , nao a as-sim.

A discussAo travada no Congressoa respetto da Emenda Constitucionalque veto a tomar o n? 22, e pela qualtot alterado o art . 48 da ConstttuicAo,mostra que nAo s6 era antes conside-rado o quorum , levando-se em contao nUmero de Deputados e Senadoresque compunham a Camara e o Sena-do, como tambem que a alteraCAoveto ainda a tornar mats : igido o crt-terto de aprovaCao de emendas aConstttutcao, elevando pars dots ter-Cos do total de parlamentares de ca-da umas das Casas do Congresso 0quorum para aprovaCao de qualqueremenda constltuclonal.

De fato . A Mensagem do Sr . Presi-dente da RepUbllca encaminhada soCongresso Nactonal e que deu orl-gem a EC n? 22, de 29 de )unho de1982 foi acompanhada da DM n? 225,do Sr . Mtntstro da JustiCa, na qualficou explicitado:

«Preconiza-se o aumento doquorum necessario a aprovaCao dePropostas de Emenda a Constltul-Cao, que a elevado pars dots terCosdos votos de cada uma das Casasdo Poder Legislativo.n

E o relator da materia , no Con-gresso , no seu parecer, delxou con-signado quanto a aplicaCAo doquorum pars a aprovaCao de emen-das constttucionats para 2/3:

«A Proposta atende, nesse parti-culara um imperativo imposto pe-la natureza das ConstituiCbes, asquaffs devem ser dotadas de umarelativa rtgidez que Ines assegureuma certa estabtlldade . A exigen-cia da ConstitutCAo vigente paraser emendada ( apenas malorla ab-soluta dos membros das duas Ca-sas do Congresso) Lorna o processode aprovaCao de emendas seme-lhante so das lets complementares.E da tradtCAo de nossas Constitut-Cites cercar de cautelas o poder deemendar o texto constttuclonaln(grifei).Como se ve, o entendimento era o

de que o que deverla ser considerado- comp la antes ocorria - era o nU-mero de membros das duas Casas doCongresso , enAo dos presentes AsessAo ou dos votos manifestados.Em Segundo turno. de votaCao 0

substitutivo aprovado em 1? turnoveto a ser manttdo, sem debates.

Assim , diferentemente do entendi-mento sustentado pelos impetrantes,nao houve a aprovaCao da EmendaDante de Oliveira na Camara dosDeputados , ets que o nUmero atingi-do dos votos que the foram favora-vets nAo atingtu dots terCos do totalde 479 deputados.

R.T.J. - 116

E, por fim , a de mencionar-se queo (lustre Prof. Manuel GonsalvesFerreira Filho, cuja autoridade,alias, ensejou fosse citado pelas Im-petrantes , ao comentar o art. 48, nasua redaCao atual , observou:

«Maioria de Dots TerCos. AEmenda n? 22 voltou a exigir amaioria de dots terCos para a apro-vaCao de emenda constitucional.Restabeleceu o previsto na Emen-da n? 1, pondo de lado o dispostona Emenda n? 8 que , esta, se con-tentava corn a maioria absoluta,como na redaCao primitiva da Car-ta Magna.

Malorta de cada Casa . A Emen-da n? 11 restabeleceu a tradiCaoque exige maioria qualificada emcada uma das Casas do CongressoNacional , para a aprovaCao deEmenda . A Emenda n? 8 romperaessa tradiCao ao reclamar a maio-ria absoluta dos membros do Con-gresso Nacional.»De sua parte , o Prof. Jose Celso de

Mello FlIho , em sua ConstltulCao Fe-deral Anotada , ediCao JA deste ano(Edit. Saralva , pag. 153), examinan-do o discutldo art. 48 da Constitui-Cao, JA corn a alteraCao da EC n? 22,anotou , em harmonia corn o entendi-mento geral:

(<A rigidez normativa dos precei-tos constitucionais manifesta-seneste artigo , que submete a pro-posta de emenda : a) - a doss tur-nos de discussao e de votaCao; b)- realizados em sessao conjuntado Congresso Nacional ; c) - de-vendo a votaCao, em cada turno,para efeito de aprovaCao, atingir a2/3 da totalldade dos membros decada uma das Casas . Grifel as ex-press6es : «2/3 da totalidade dosmembros de cada uma das Casas».

Deste modo se ve que o quorumpara aprovaCao de emenda constitu-cional fosse ele de dots terCos ou demetade mais um , sempre foi apura-do tomando-se para sua verificacao

59

o nOmero de membros das Casas doCongresso, cada uma Isoladamente,corno atualmente ocorre, ou em con-junto . E e este o entendimento ado-tado na doutrina , como no pratica,nas apurar6es das votaC6es no Con-gresso.

E de se observar que quando aConstituiCao quis referir-se a apura-Cao de quorum tomando por base onumero de parlamentares presentesa sessao, fe-lo claramente, sendomesmo esta a regra geral , expressano art . 31 da Lei Maior, segundo oqual:

aSalvo disposicAo constitucionalem contrarlo, as deltberaCOes decada Camara serao tomadas pormaioria de votos, presente a malo-rla de seus membros.»

Os nobres impetrantes , ainda emdefesa do ponto de vista que defen-dem, Invocam comentario de SahidMaluf sobre o quorum para o veto,dizendo:

aE importante verificar, ainda,que o Prof. Sahid Maluf, em seuDireito Constituclonal , 3? ediCao,1967, Sug. Literarias, afirmou apag. 229, a respeito do veto, Segun-do o disposto na Carta Constitucio-nal de 1967:

aO veto, total ou parcial, seracomunicado , dentro do decenio,ao Presidente do Senado , caben-do a este convocar as duas Ca-maras para , em sessAo conjunta,dele conhecerem, considerando-se aprovado o Projeto que obtt-ver o voto de doss terCos dos De-putados e Senadores presentes.Neste caso , sera o projeto envia-do para promulgaCao ao Presi-dente da Republica . S6 em ses-sao conjunta poderao as duas Ca-sas do Congresso Nacional discu-tir e deliberar sobre o veto presi-dencial . Funcionarao com amaloria absoluta dos seus mem-bros ( metade macs um), e s6 re-

60 R.T.J. - 116

JeitarAo o veto se assim for deli-berado por dois terCos dos pre-sentes.»

E ap6s essa transcrtCao dizem osimpetrantes:

«E exatamente o entendimentoque estamos defendendo. A Cama-ra e o Senado funcionam com amatoria absoluta de seus membros(quorum para dellberacbes), Se-gundo o disposto no art. 31 da Car-ta Constitutional vigente. Em ha-vendo essa presenCa minima, apro-vam emenda constitutional com amanifestaCao favoravel de 2/3 dosDeputados e Senadores votantes.»

Entretanto , nao da respaldo a pre-tensAo a pretendida comparacaocom disposiCao relativa so veto, naConstituiCao de 1967, redaCAo origi-nArla . E que all, de acordo corn oseu art . 60, § 3°, o veto do Sr . Prest-dente da Republica poderia set der-rubado, desde que 0 projeto obti-vesse o voto de dots terCos dos Depu-tados e Senadores presentes, en-quanto, atualmente , nao s6 o dispost-tivo relativo a votaCAo do veto (art.59, § 3?) nao considers o quorum co-mo obtido com dots terCos dos parla-mentares presentes , mas sim as ob-tiver o projeto vetado o voto de dotsterCos dos membros de cada umadas Casas , como ttualmente o art.48, que trata da emenda a Constitui-Cao, nao exige apenas , como vimos,dots terCos de votos dos parlamenta-res presentes . E o art . 31 da LeiMator invocado pelos impetrantes,de outra parte, nao Lem qualqueraplicaCao a especie , posto que trataele apenas da regra geral para asdeliberav6es de cada Camara, corn aexpressa menCAo : ((salvo disposiCaoconstitucional em contrario)), o queno caso ocorre.

Alias, a admitir -se o entendimentodefendido pelos impetrantes teria-mos que aceitar que poderta haver

aprovacao de uma emenda constitu-cional com nilmero inferior so exigi-do para a simples apresentaCAo daproposta . E que , para esta , A neces-sario que a tenham assinado um ter-Co dos membros da Camara dos De-putados e um terCo dos membros doSenado Federal, segundo dispbe o f3? do art . 47 da Lei Maior e; destemodo , se fosse necessarla apenas amalorta dos presentes para aprova-la, bastarla encontrar-se na sessAo ametade com mats um ou uns poucosmats , e entAo que os dots terCos dospresentes poderiam representar nfi-mero menor que o correspondente aum terCo do total de parlamentaresde cada Casa do Congresso, sendosuficiente para isso que houvesse al-gumas poucas absteneOes.

Assim , como se 0 , a tese adota-da na lmpetraC$o levarla a um para-doxo , tanto mats quando se sabe queo Deputado ou Senador, so assinar aproposta corn ela nao se encontracomprometido , segundo a praxe par-lamentar.

Nao foi, deste modo, adotado crite-rio novo ou casuistico pelo Exmo. Sr.Presidente do Congresso National sodecidir que a chamada EmendaDante de Oliveira nao fora aprova-da, mas sim ha de ter-se que a inter-pretaCao do art . 48 da ConstituirAo,na sua atual redaCao , segundo a qualerarn necessarios votos de dots ter-Cos dos membros da totalidade dosmembros da Camara dos Deputados,para que all fosse considerada apro-vada, em primetro turno , fol absolu-tamente correta , nao tendo , em con-segiiencia , sido ferido diretto dos im-petrantes.

Pelo exposto, considero excluidodo writ o ilustre Vice -Governador doEstado de Sao Paulo , Dr. OrestesQuercia , e denego a seguranca,quanto aos impetrantes subsistentes.

E o meu voto.

R.T.J. - 116 61

QUESTAO DE ORDEM

O Sr. Ministro Moreira Alves: Sr.Presidente , a meu ver , ha uma ques-tao preliminar a ser resolvida, e que6 a de saber se os impetrantes, naqualidade de parlamentares, sao ti-tulares de direitos subjetivos publi-cos que Ihes atribuam legitimacaopars impetrar a presente seguranCa.

VOTO SOBRE QUESTAO DE ORDEM

O Sr. Mlnlstro Aldir Passarlnho(Relator): Sr Presidente, endosso,no particular, a manifestaCao itsdouta Procuradoria-Geral its Repfi-blica. Entendo que , os parlamenta-res tem legitimidade para a impe-traCao, pots a dellberaCao adotadalhes retirou a possibilidade de semanifestarem atrav6s do voto. 0 de-putado, poderia ter oportunidade devotar ainda uma vez, aprovando ourejeitando a Emenda, e o Senadorainda poderia ter possibilidade demanifestar-se, em voto, duas vezes,tudo isso , 6 6bvio, se fosse considera-da Como err6nea a dellberaCao itsMesa do Senado sobre a contagemdos votos. Tem, assim, tanto o Sena-dor Como o Deputado, o direlto sub-jetivo de pleitear a revisao do ato daMesa , que 6 de indole constitucionale nAo de natureza interne corporis.

VOTO SOBRE QUESTAO DE ORDEM

O Sr. Mlnlstro Oscar Correa: Sr.Presidente, nAo tenho tanta trangfii-lidade quanto a legitimidade do par-lamentar pars esse tipo de atuaCaojurisdicional. Parece-me que se hou-vesse violaCao do direito de o par-lamentar participar da votaCao,caracterizar-se-ia, evidentemente,direito liquido e certo quanto a essapartictpaCao. No caso, nao me pa-rece tao tranquilo. Entretanto, Se-nhor Presidente, Como a materia 6muito importante e o artigo 1?, § 2?,da Lei n? 1.533, de 1951, diz que:

§ 2? oquando o direito ameaCa-do ou violado couber a varias pes-soas , qualquer delas podera reque-rer o mandado de seguranCa»,

com ressalva de futuro pronuncla-mento, em que possa analisar macsprofundamente a mat6ria , prefiroacolher a legitimidade , para que aCorte examine a mat6ria e a julgue,no merito, pondo fim a qualquer du-vida que a respeito paire.

Acompanho o eminente Relator,com ressalva do meu ponto de vista,que sera aprofundado ap6s o examemats pormenorizado da materia.

E o voto.

VOTO SOBRE QUESTAO DE ORDEM

VOTO SOBRE QUESTAO DE ORDEM

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Parece-me , Sr. Presidente , que o di-reito que tem o membro do parla-mento de participar do processo le-gislativo 6 de se afirmar , em face detoda contestacAo que ele ofereca aum ato da Mesa , no que concern soexato cumprimento da ConstitulCao.

De modo que tamb6m abono a tesedo Minist6rio Publico , admitindo alegitlmidade do segundo e de tercel-ro impetrantes.

O Sr. Ministro Moreira Alves: Sr.Presidente , de inicio , pareceu-meque, no caso , nao haveria , em favordos Impetrantes , legitlmidade parsimpetrar a presente seguranCa. Nosdebates , porem, evidenciou-se que,na especie , o direito subjetivo publi-co que se alega seria, pars os sena-dores, o direito de voto em primeiroturno , e pars o deputado o mesmodireito quanto so Segundo turno davotaCao.

Em face dessa circunstancia, tam-b6m acompanho o eminente relator.

62 R.T.J. - 116

VOTO SOBRE QUESTAO DE ORDEM

O Sr. Ministro Diacl FalcAo: Sr.Presidente , eu is havia elaboradoaqua um pequeno voto , quase umaementa , em que estA expresso: ha In-teresse do membro do Congresso Na-cional em ver o procedimento legis-lativo tramitar regularmente, exer-cendo ele o direito de voto por Intet-ro. No caso , parece-me ocorrer legi-timaCAo ativa . Pelo que conheCo dowrit.

VOTO MERITO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Sr. Presidente , a tese dos Impetran-tes funda-se numa distinCAo entre asexpressoes odots terCos dos votos» eao voto de dois terCos» , presentes,respectivamente, no art. 48, da Cons-tituiCAo Federal - que diz da emen-da a ConstitulCao - e, entre outros,no art. 59, que versa a derrubada doveto. Essa tese fol sustentada no pa-recer de urn jurists do mats altoporte . E na medida em que ela con-tou com semelhante respaldo, o ges-to dos membros do Congresso que atrouxeram a esta Corte, pars umadeflniCAo a respeito, tem incontesta-vel merlto civico.

Recelo, porem , que nAo haja comocontornar a absoluta correcAo do vo-to do Ministro relator . 0 consti-tulnte, so referir-se aos membros decada uma das casas do Congresso eaos membros do parlamento comaum todo, esta , no use da expressAo«membros» , tomando como ponto dereferenda o contingente total. Des-tarte, os membros da Camara dosDeputados sao 479 . Este a um nume-ro constitucionalmente fixo , que nAovarla so sabor dos indices de fre-g6encia . Refere-se , pots, o artlgo 48,pertinente A emenda constitucional,a dois terCos do total de membros daCamara dos Deputados , sendo inad-

missive] a tese que faz pensar emdots terCos da comunidade parla-mentar presente na Casa em certodia e hors.

Acompanhara o eminente re,.. rna preliminar . FaCo-o agora no me-rlto, denegando a seguranca.

VOTO MERITO

O Sr. Ministro Oscar CorrBa: Se-nhor Presidente, a materia me pa-rece da maior importancla. Desdelogo, declaro meu voto favoravelAquele enunclado pelo eminente Re-lator, mas considero que a de meudever, tambem, apresentar algumasbreves observaCdes, is que me delso cuidado de examinar nAo apenaso memorial apresentado, como tam-bem o parecer do eminente Profes-sor Jose Paulo Cavalcanti e os argu-mentos que all foram expendidos.

Baseta-se o mandado em que have-ria que distinguir entre 2/3 dosmembros de cada casa e 2/3 dosvotos dos membros de cada casa:aquela, expressando 2/3 de todos osDeputados e todos os Senadores; es-ta, 2/3 dos que emitissem voto, istoe, dos presentes A sessAo.

E valeria esta interpretaCAo,intenclonal , diz o mandado: (fis, 7)

u...de um lado, pela ruptura como regramento da ConstituiCAo de1946 sobre a materia, tendo em vis-ta adapts-la nisto A tese de fortale-cimento do Poder Executivo; (b)de outro lado, pela comparaCAocom outros dispositivos da Cartade 1969 atinentes a casos dequorum "de aprovaCao», onde seve a clara consefencia sobre a dis-tinCAo de criterios pars determina-lo e as ope6es, fettas a sabendas,ora por um ora por outro.»

Concluiu que se obietivou facilitara aprovaCAo das Emendas do Execu-tivo e diftcultar as do prbprio Legis-lativo.

R.T.J. - 116

1. Desde logo se diga que a tradi-Cao imemorial do Congresso, emmat6ria de votaCao de EmendasConstitucionais - e dou um testemu-nho de participaCao de 12 anos noCongresso Nacional e 8 na Assem-blela Legislativa de Minas Gerais -sempre foi a de 2 /3, ou malorlaabsoluta dos membros de cada umadas Casas do Congresso Nacional.Vale dizer - dois terCos, ou maloriaabsoluta do ntimero total dos mem-bros.

Esta 6 realidade que nao pode serdesprezada.

2. Seria paradoxal admitir que oCongresso votasse texto constitucio-nal facilitando a reforma pelo Exe-cutivo e dificultando as que ele pr6-prio pretendesse fazer. A (mica alte-raCao de importancia que se fez foi aautorizaCao de proposta de EmendaConstitucional so Presidente da Re-publica antes vedada, ou nao autori-zada , no texto de 1946 . Mao se leve aesse exagero o enfraquecimento doLegislativo, nem a esses limites atentativa de forrA-lo a abdicar desuas prerrogativas.

3. Acabar-se-ia por tornar a vota-Cao de emenda constitucional depen-dente de menor quorum do que a vo-taCao das leis complementares (arti-go 50 ). Porque para estas se exige amaloria absoluta dos votos dos mem-bros das duas Casas do CongressoNacional, vale dizer 240 deputados e35 senadores . E para emenda consti-tucional exiglr-se-lam 2/3 dos votosenunciados : admitindo-se que pre-sente a maloria absoluta da Camara- 240, bastariam 2/3 desse n6mero,ou 160 para aprovar a Emenda. Nocaso, presentes 363 deputados, dotsterCos serlam suficientes , ou seja,242 votos.

4. E se chegaria a esse raciocintoil6gico : o ndmero de votos pars aaprovaCao de Emenda Constitucto-

63

nal seria variavel ; e quanto menor ontimero dos presentes ( desde que su-perior a maloria ) menor o quorumde aprovaCao da emenda constitucio-nal. Pots como se viu , poderia che-gar a apenas 160, valido o ractociniodos impetrantes.

5. E mats ainda : chegar-se-ia aoutro Ilogismo : para apresentar aemenda exiglr-se-la a assinatura de1/3 dos membros da Camara e 1/3do Senado - ou seja , 160 deputadose 23 senadores . Para a aprovaCao, osmesmos 160 deputados - que serlamos 2/3 dos votos da malorla presentevotante e 24 senadores - dois terCosdos senadores presentes votantes.

6. No artigo 48 ha que entender2/3 dos votos de todos os membrosda Camara e 2/3 de todos os mem-bros do Senado.

Da mesma forma , o artigo 29, §1?, c.

Igualmente o artigo 53 . E o artigo58, § W. 0 66, § 3?. 0 83. 0 113, § W. E0 116.

Em todos, ha que se reportar somimero total dos membros , quer daCamara, quer do Senado , quer doTribunal . Embora pequenas diferen-Cas de enunclaCao do principio, quenao atingem a regra, sera qualquerdfivida seguida desde o primeiro ins-tante da vig@ncia dos textos.

7. Mao se tente confundir e bara-Ihar noC6es que o nosso direito - ]ade tal manelra perturbado porinter-pretac6es casuisticas - firmou seratergiversagao.

Assim , a prevalecerem os argu-mentos dos impetrantes, se presen-tes aquela sessao de votaCao 240 de-putados e 35 senadores , houvessemvotado slm 160 deputados , estariaaprovada a Emenda . E se passariaao Senado , bastando 24 senadores.

64 R.T.J. - 116

Mais ainda : se se abstivessem 20deputados , por exemplo , bastariam148, na Camara ; e se se abstivessem5 senadores , bastariam 20 senadores.E quanto maior o n0mero de absten-e6es , menor o quorum de aprovaCSo.

Convenhamos que esse apregoadocriterio 6 o reinado do descrit6rio;que coloca a modificaCAo substancialda pr6prla Constitu1CAo na depen-d6ncla de um dado variavel , incerto,e subordinado a inexpressiva vota-Cao, menos expressiva do que a doveto governamental e da votaCao deleis complementares e equivalente Adas leis ordinarias.

Nao nos consideramos , SenhorPresidente , autorizados a violentar atradiCao constitucional brasileiraimemorialmente sofrida, para aten-der a interpretacbes que corn ela naose compadecem . Antes considera-mos de nosso indeclinavel deverreprimi-las e recusa-las.

Cabe a Corte decidir a questao quese pee, neste mandado . Mas nao sepretends que, ao faze -lo, atenda a in-terpretaCao que destoa de toda aprecedente hlst6ria constitucional doPais e incorre em imperdoaveisvicios de ilogicidade , procurandocorrigir o que aos impetrantes pa-rece urn mal pratlcado pelo Congres-so - so recusar a emenda - cornurn mal maior , que seria o desobrepor-se o Supremo Tribunal Fe-deral ao poder de ernendar a Consti-tuicao , que the nao compete, mas soParlamento.

NAo se escusara a Corte de decidiras questbes que se incluam nas suasatribuic6es.

Mas so faze-lo ha de slender ape-nas, exclusivamente , aos altos inte-resses naclonais assegurados pelaConstituicao e as leis, imune a ca-suismos - partam de onde partlrem- no estrito exercicio de sua compe-tencla, sem interferir no Amblto da

atuacao constitucional dos demaispoderes e sem permitir que se va-Iham Bela interesses politicos ern lo-go.

E o Voto.

VOTO MERITO

O Sr. Ministro Rafael Mayer: Sr.Presidente , a fluencia e a eleganciado parecer do (lustre Professor JosePaulo Cavalcanti sao bastante suges-tivas, mas creio que S. Exa. ficou nopiano de interpretaCAo, inspirado pe-lo espirito de civilista, notavel civl-llsta que 6.

A interpretaCao do texto constitu-cional reclama a conslderaCao de fa-tores importantissimos, menciona-dos, agora , pelos votos dos eminen-tes Ministros Oscar Correa e Neri daSilveira . 0 regime politico constitu-cional a um dos criterios a serem ve-rificados na interpretaCao da Consti-tuicao, sobretudo quando a Constitui-cao, como a nossa , 6 mal escrita eda azo a que as suas palavras seiamequivocas e Interpretadas num senti-do ou noutro.

Ora, o nosso regime constitucionale o da rigidez da Constituicao. En-tAo, tradicionalmente, essa rigidezda Constituicao a assegurada por umquorum firme , estAvel , em defesa dapr6pria Constituicao. Nao devemosinterpretar essas normas constitu-cionais corn o objetivo de assegurarso Poder Executivo maior atuaCaono sentido da emenda constitucional,porque isto viria, pelo resultado des-as interpretaCao , a ter um prop6sitonao consentaneo corn os principiosconstitucionals.

No caso em exame - vela -se bern,quanto so resultado da interpretaCao- esta interpretaCao levaria a urnresultado correspondente a uma ex-pectativa razoavel , do povo brasilei-ro, de ter eleicoes diretas. Mas, ima-

R.T.J. - 116

ginemos a hip6tese de que a emendafosse restritiva dos direltos e garan-tias individuals . E por isso que en-tendo que esse principlo da rigidezconstitutional , segundo a tradiCAo dodirelto brasileiro, - que nao se devedesprezar na interpretaCAo, - mes-mo que as ConstltuiC6es sejam aut6-nomas, porque as ConstituiCdes re-fletem uma afirmaCAo politics do po-vo, aqui ou all, ontem ou hoje, - en-tendo que s6 essa interpretaCAo sls-temAtica e finalistica 6 condizentecom o texto constltucional.

Por Isso, data vents do ilustre pa-recerista aqui presente , acompanhoo eminente Relator, denegando a se-guranCa.

VOTO MERITO

O Sr. Ministro Morelra Alves: Sr.Presidente , ningu6m tem dUvida deque a ConstituiCAo brasfleira, desdea ImplantaCAo da repUblica , 6 rigida,o que implica dizer que a votaCAo deemenda constitutional exige quorumqualificado.

Ora, pela tese sustentada pelos im-petrantes , ter-se -la que o artigo 48da Carta Magna , na redaCAo dadapela Emenda Constitutional n? 11(«...considerando-se aprovada, quan-do obtiver , em ambas as votaC6es,maiorla absoluta dos votos dos mem-bros de cada uma das Casasn), re-quereria , apenas , a maiorla relativa,por haver empregado a expressAomaiorla absoluta dos votos . Sem queningu6m, ate entAo , se apercebesse,teriamos tido , de 1968 a 1972 ( periodoem que vigorou esse texto), umaConstituiCAo flexivel.

A diferenCa entre maforia absolutae maiorla relativa 6 que aquela s6 sealcanCa quando se atinge o primeironumero inteiro superior A metade datotalidade dos membros que consti-tuem uma assemblOia , so passo queesta apenas leva em consideraCAo

65

aqueles que efetivamente votaram.Por isso , ambas tern em comum ofato de exigirem nftmero superior ametade, diferindo , no entanto, noque diz respeito a base sobre a qualse faz o calculo : a totalidade dosmembros , ainda que nao tenham vo-tado todos (maioria absoluta), e s6aqueles que efetivamente votaram(maforia relativa).

Assim sendo, quando se qualifica,em texto constltucional, comoabsoluta a malorla , esta nAo podeser descaracterizada para malorlarelativa por impropriedade de reda-CAo do complemento que se the segue,ate porque nAo tem sentido que a ad-jetivaCAo especifica , e, por isso mes-mo, caracterizadora, sirva para sig-nificar o oposto do que ela exprimepela circunstancia de se dar uma in-terpretaCAo restritiva e forgada docomplemento . Corn efelto, nao teriasentido que a ConstituiCAo , para di-zer que se tratava de maiorlarelativa , empregasse expressao queencerra contradiCAo em termos -maioria absoluta dos votantes -uma vez que, se a maiorla 6 absolu-ta, nAo pode ela ter em conta so-mente os que hajam votado.

E por causa de interpretaCAo comoa sustentada pelos impetrantes que,vez por outra , se encontram esplen-dorosos pleonasmos no texto consti-tucional, como o da redaCAo dada aesse mesmo artigo 48 pela EmendaConstitucional n? 8/77: a...maloriaabsoluta dos votos do total dos mem-bros do Congresso Nacional ». 0 pleo-nasmo enfela o texto , mas afastaqualquer remota sombra de duvtda.

Corn essas consideraC6es , Sr. Pre-sidente, tamb6m indefiro o presentemandado de seguranCa.

VOTO

O Sr. Minlstro Djact FaIcAo: Emnosso Pais usa-se, com frequencia,

66 R.T.J. - 116

do exercicto do poder de reforms,em sentido generico , da legislaCAoordinSria e ate dos textos da Consti-tuiCAo da Republica , nem semprecom objetivos feltzes.

A materia objeto deste mandadode seguranea comports , sem dfivida,controle de constitucionalidade peloPoder Judiciarto , a compreender aalegaCAo dos impetrantes de desres-peito pela Mesa do Senado no que to-ca a aplicaCAo so art . 48 da Consti-tuiCAo , ou seja , so quorum estabele-cido para a votaCAo de EmendaConstitucional.

E claro que para a tramitacAo dosprojetos de emendas A ConstituiCAose Impte um procedimento especial,com exigencias mats rigorosas queas estabelecidas para as lets ordinA-rias. E uma decorrencia inerente AimportAncia e A supremacia da Cons-tituiCAo no ordenamento juridi-co-politico nacional . Dal as limita-cOes formats inseridas na pr6priaConstitulCAo ( arts . 46, 47 , 48 e 49).Para o processo de emends constitu-cional s8o estabelecidas regras deeficAcia plena e de incidencia ime-diata.

Tem-se at a eficAcia das normasde estabilizaCAo constitucional.

Veja-se que a EC n° 22, nesse vat-e-vem de emendas A ConstitulCAo,voltou a estabelecer a matorla de 2/3(dots terCos ) para a aprovaCAo deemenda constitucional restabelecen-do a EC n? 1 (art. 48).

A interpretaCAo dada pelo emi-nente relator , corresponde so sentidofinalistico do sistema constituclonal.Quer se trate de maioria absoluta,seja por dots terCos, a aprovaCAo daemenda A ConstituiCAo se relacionacom o numero de integrantes doCongresso Nacional , e, nAo , dos pre-sentes on votantes na sess&o.

O voto de 2/3 ( dots terCos) dosmembros de cada uma das Casas hAde corresponder a 2/3 dos componen-tes de cada uma. A exegese, a menver, irrefut8vel , estA em funCAo donfimero total de membros de cadauma das Casas , em resguardo mes-mo da estabilidade da pr6pria Cons-tituiCAo . Outro raciocinlo conduziriaaos exemplos apontados pelo emi-nente Ministro Oscar Correa, queilustra esta Casa , Inclusive com asua experiencia de ex -parlamentar.

NAo obstante o brilhante empenhodos juristas que colaboraram na Im-petraCAo , inclusive o Prof. Jose Pau-lo Cavalcanti , acompanho trangt'iila-mente o eminente relator.

EXTRATO DA ATA

MS 20 .452-DF - Rel.: Ministro Al-dir Passarinho. Impte.: OrestesQuercia e outros ( Advs .: Celso Anto-nio Bandeira de Mello e outros). Au-toridade coatora : Mesa do SenadoFederal.

DecisAo : Exclulu-se da lide o impe-trante Orestes Quercta por ilegitimi-dade de parte, e denegou-se a segu-ran0a , unantmemente . Votou o Pre-sidente . Falou pelo Impte . o Dr. JoseMachado de Campos Filho.

Presldencia do Senhor MinistroCordeiro Guerra . Presentes a SessAoos Senhores Ministros Djact Falcao,Moreira Alves , Rafael Mayer, Nerida Silveira , Oscar Correa, Aldir Pas-sarinho , Francisco Rezek e SydneySanches . Ausente, liCpnciado, o Se-nhor Ministro Decio Miranda. Pro-curador-Geral da Republica , o Prof.Inocenc to MArtiresCoelho.

Brasilia , 7 de novembro de 1984 -Alberto Veronese Agular , SecretArlo.

R.T.J. - 116 67

MANDADO DE SEGURANCA N? 20.509 - DF

(Tribunal Pleno)

Relator: 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.Impetrante: Marcelo Linhares - Aut. Coatora: Presidente da Camara

dos Deputados.

Mandado de SeguranCa contra deliberaCOes do Presidente da Ca-mara dos Deputados , relativas A composlCao de comissaes e a distri-buiCAo de tempo pare comunlcac6es em Plenario , atendendo a parla-mentares fundadores de Partido politico ainda nAo registrado.

Atos Intern corporls, proferidos nos limites da competencia daautoridade dada Como coatora , com eflcacia Interne , Iigados A conti-nuldade e disciplina dos trabaihos , sem que se alegue preterlCAo deformalldade , atacando-se, so inves , o merito da InterpretaCAo do Re-glmento , materia em cujo exame nao Cabe so Judiclario Ingressar.

Mandado de SeguranCa de que nao se conhece.ACORDAO Sustenta que, s6 com o registro no

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessAoPlenAria , na conformidade da ata doiulgamento e das notas taquigrAfi-cas, por unanimidade de votos, naoconhecer do mandado de seguranca.

Brasilia , 16 de outubro de 1985. -Moreira Alves , Presidente. - Octa-vio GallotU , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti:Trata-se de Mandado de Seguran-Ca impetrado pelo Dr. Marcelo Li-Mares , llustre Deputado Federal, pe-Ia legends do Partido DemocraticoSocial - PDS, contra atos do Ex-mo. Sr . Presidente da Camara dosDeputados que alteraram a composi-c$o das Comissbes Permanentes da-quela Casa do Congresso Nacional eos periodos de tempo destinados AsComunlcardes de Lideranca e a Or-dem do Dia , a tim de incluir repre-sentacAo do Partido da Frente Libe-ral - PFL, com alegado prejuizo pa-,ra o Requerente e seus companhei-.ros de Bancada, da qual se desliga-ram os parlamentares fundadores danova agremiacao.

Tribunal Superior Electoral, os parti-dos adquirem personalidade )uridica(art. 152 , § 1?, II, da ConstituiCao eart. 14 da Lei n? 5 . 682-71 ), o que folreconhecido por aquele Egregio Tri-bunal , por meco da ResoluCao n?12.072-85 . Por isso , nAo tendo sidoainda concedido o registro do partido- Como sucede com o PFL - os De-putados que a ele se filiarem ficamdesvinculados de qualquer legends,Como tambem JA deliberou a macsalta Corte Electoral ( ResoluCao n?11.921-84).

NAo tendo logrado soluCAo a recla-maCAo dirlgida , nesse sentido, A au-toridade impetrada, ingressa com opresente pedido, visando a «impedirseta mantida, naquela Casa do Con-gresso Nacional a representaCAo doachamado Partido da Frente Llbe-ralu, ainda sem registro no TribunalSuperior Eleitoraln.

Pelo despacho de as. 28, neguei aconcessAo de medida liminar.

As informacbes arguem , prelimi-narmente , a ilegitimidade do Impe-trante, uma vez que nAo representso seu Partido ou qualquer dos seus6rgAos e, por outro lado, nAo sofrerestriCao alguma so exerciclo domandado, visto que represents o

68 R.T .J. - 116

mesmo partido em Comissdes Tecn1-cas da CAmara : Primeiro Vice-Prestdente da COmissAo de RedaCAoe suplente da de Relardes Exterlo-res.

Invoca o art . 30 da ConstitulCAo,em face do qual a CAmara dos Depu-tados 6 competente para elaborarseu Regimento e destaca o art. 16deste que atribut , ao Presidente, asfunCbes de representaCAo da Casa ede supervisAo dos seus trabalhos eda sua ordem.

Informa que o Partido da FrenteLiberal enviou oficio a PresidAnciada Casa , comunicando a publicaCAo,no ((Diarto Oficial)) , dos seus atosconstitutivos e arrolando os deputa-dos que subscreveram o documentode fundaCAo . Posterlormente (em 6-3-85) requereu que fosse autorizada((a constltuiCAo da Bancada do Parti-do para , os efeitos regimentals)), oque mereceu despacho favoravel, nodia Imediato ( 7-3-85).

Cita a ResoluCAo n? 11.921 , relata-da, no Tribunal Superior Electoral,pelo eminente Ministro RafaelMayer , onde se declarou que «o par-lamentar que deixa o partido sob cu-la legenda fol eleito , para participarde fundaCao de novo partido politico,considerar-se-a nele automatica-mente filiado a partir da data domanifesto de laneamento desse par-tido.»

Recorda que , quando da extinCAodos partidos politicos , por forCa daLei n? 6.767-79, a Mesa da Camarabaixou o Ato n? 40-80, dispondo sobrea constitulCAo de blocos parlamenta-res, a prevalecerem ate o registro efunclonamento das novas agremia-c6es, cassando o seu funcionamentocom a eventual recusa de registropelo Tribunal Superior Eleitoral. E,assim , arremata as informacbesprestadas a esta Corte:

((Como se observa, a Presldanciaao reconbecer a bancada do Parti-do da Frente Liberal o fez com

apolo no Regimento Interno (art.8?) e da ResoluCdo n? 11.921, doTribunal Superior Electoral. Ate opresente momento nAo ha qualquernoticia de que essa Corte tenha in-deferido o pedido de Registro doPartido objeto de contestaCAo porparte do nobre Deputado MarceloLinhares.

A ResoluCAo n? 12.072, de 5 demarco de 1985 pelo reclamante emateria de natureza estritamentepartidaria e electoral, nAo cabendo,pots, a sua aplicaCAo na organiza-CAo das bancadas partidarlas naCAmara dos Deputados, materia,esta sim, do Regimento Interno.(RI, 8?).

A Presldancia, ao deferir o reco-nhecimento da bancada, o fez es-tritamente para os fins regimen-tals, com total amparo nas normasvigentes e seu despacho , de formaalguma , leva a reconhecimento doPartido , pots tal pertence A JustiCaEleitoral» (fls. 49/50).0 parecer do ilustre Procurador

JoAo Paulo Alexandre de Barros,aprovado pelo eminente Procurador-Geral Jose Paulo Sepfilveda Perten-ce, ap6s descrever minuctosamentea controv @rsia, afirma a competen-cia do Supremo Tribunal Federal(art. 119, I, t, da ConstitulCAo) e a le-gitimidade do Impetrante ( art. 1?, $2?, da Lei n? 1.533-51).

Nega a ocorrencia da lesAo de di-reito liquido e certo a amparar, por-quanto as medidas impugnadas vl-sam a dar espaco aos parlamentaresque deixaram o seu partido, comofundadores de urn novo , em condutapermitida pelo art. 152, § 5? (in fine),da ConstitulCAo , tendo sido a questAoda proporcionalidade de representa-CAo nas Comissbes resolvida peloTribunal Superior Eleitoral na Reso-luCAo n? 11.921, mencionada pela au-toridade coatora.

Esclarece , por6m , que essa mate-ria s6 seria objeto de consideraCAo

R.T.J. - 116

se ultrapassada outra preliminar cu-jo exame se impOe : a relativa A na-tureza do ato impugnado.

Discorre , entao, sobre a evoluCAodo quadro partidario, hole com inii-meras organizaCOes pendentes de re-gistro, e sobre o reflexo dessa situa-Clio na atividade parlamentar, tudopara concluir como segue:

aEsta , entretanto , 6 a previsaolegal com vistas so direito elelto-ral. E quanto aos parlamentaresque, tambOm legalmente , puderamassinar manifesto de lanCamentode novo partido politico? Aqui aquaestlo nAo O mais de organiza-Clio partidaria pars a participaCAoem eleiCOes e composiCAo ulteriordas Casas Legislativas ; trata-sede, numa Ease de transiCAo politi-ca, prover pars que os parlamen-tares optantes continuem partici-pando das atividades pars as quaffsforam investidos : as atividades le-gislativas Wm a garantia constitu-clonal da inviolabilidade do man-dato (CF, art. 32) e O dos parla-mentares , como seus membros,que continuara a depender cadaCamara para as suas deliberaCOes(art. 31). 0 problems desloca-se,entao, do Ambito externo e naclo-nal da criagAo de partidos politi-cos, com o objetivo de assegurar aautenticidade do regime represen-tativo, forma realizavel da demo-cracia , para o recinto do Poder Le-gislativo , cub funcionamento asse-gura a existOncia do regime demo-cr4tico representativo da naciona-lidade . A cada uma das CAmarascompete elaborar seu regimentointerno, dispor sobre sua organiza-CAo, policla e provimento de car-gos de seus serviCos (CF, art. 30).E nesse contexto que se lnsere oato malsinado : cuidou ele , pelo quese verifica do oficlo de fls. 10, deredistribuir vagas nas comissoesparlamentares de inquerito e decadeiras tendo em vista a compost-CAo das bancadas ; de redistribuir o

69

periodo destinado a ComunicaCOesde Liderancas e o tempo reservadoaos oradores indicados para faze-rem use da palavra durante operiodo destinado a Ordem'do Dia;de fixaCAo de datas para eleiCAodos Presidentes das ComissoesPermanentes e de constituiCAo deComissAo Interpartldaria , a fim depromover reforma do RegimentoInterno da Camara dos Deputados.Atividades parlamentares por ex-celOncla , tudo o que se proven foicom o objetivo de manter Integra acorporacAo de uma das CAmarasrepresentativas da nacionalidade,para esse fim cabendo so 6rgaocompetente - a Mesa da Camarados Deputados - interpretar asnormas regimentals uma vez que oRegimento nAo prev@ expressa-mente a questAo . Contou o ilustrePresidente da Camara com aorientaCAo do Tribunal SuperiorEleitoral , que preexistiu atravOsda ResoluCAo n? 11.921.

0 Supremo Tribunal Federalinadmite o mandado de seguranCapelo qual se buses enfrentar ques-tao intern corporls, como soemser as de InterpretaCao dos regi-mentos internos das Casas Legisla-tivas . No Mandado de SeguranCan? 20.471-1-DF, de que foi Relatoro Exmo . Sr. Ministro FranciscoRezek , decidiu unanimemente o co-lendo Plenarlo que a interpretaCAode normas de regimento legislativoO Imune A critics judiclarla, nAoconhecendo do pedido de seguran-Ca (DJ de 22-2-85 ). TambEm no MSno 20.415-0-DF , de que nAo conhe-ceu o Tribunal Pleno A unanimi-dade, assim lavrou a emenda o Ex-mo. Sr. Ministro Aldir Passarinho:

aConstltucional.Comissoes Parlamentares de

Inquerito.

SubstituiCAo do Presidente deCPI.

70 R.T .J. - 116

A ConstituiCAo Federal, quan-to a composiCAo dos CPI, ape-nas preve que deve ser assegu-rada, tanto quanto possivel, «arepresentaCAo proporcional dospartidos politicos que particl-pem da respectiva Camara)).NAo dispbe sobre a forma denomeaCAo ou afastamento deseus membros, dlferentementedo que ocorre com os compo-nentes da Mesa Diretora queexercem um mandado por pra-zo certo : dots anos . Os mem-bros da CPI representam osPartidos Politicos e , assim, sea estes nAo mats interessarmanter determinado represen-tante seu na Comissao , a ques-tao a Intern corporis e se oRegtmento nao prev@ expressa-mente Como resolver a questAo,cabe faze-lo o 6rgAo compe-tente para interpretar as nor-mas regimentals)) ( DJ de 19-4-85).

No epis6dlo trazldo nestes au-tos, nAo agiu de forma diferentea Prestdencia da Camara dos De-putados : diante do fato nAo pre-visto no Regimento e com o res-paldo de ResoluCAo do TribunalSuperior Eleftoral , decidiu pro-vendo a lacuna.

Em face do exposto o parecer epelo nao conhecimento do man-dado de seguranca)) ( f1s. 87/90).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallottl(Relator): Versando materia analo-ga, referente a constitutCAo de Co-missao da Camara dos Deputados(naquele caso , de ComissAo Parla-mentar de Inquerito ), este Tribunalis concluiu pela inviabilidade dowrit , para garantia do suposto dlrei-to ofendido , ao julgar o Mandado de

SeguranCa n? 20.415, relatado peloeminente Ministro Aldir Passarinho( DJ de 19-4-85).

No mesmo sentido e abordando te-ma vinculado so processo legislati-vo, tres outros precedentes abona-vam a essa conclusao : MS 20.247(RTJ 102/27, Rel .: Ministro MorelraAlves ), MS 20 .464 (RTJ 1112/598,Rel. Ministro Soares MuAoz) e MS20.471 ( RTJ 112/1023, Rel. Min.Francisco Rezek).

Indeferindo ilminarmente o Man-dado de SeguranCa n° 20.522, impe-trado por deputados , corn vistas aobter a repet (CAo da votaCAo deemenda a projeto de lei, o eminenteMinistro Rafael Mayer prolatou dou-to despacho de que reproduzo o se-gulnte trecho:

«Alem disso , os procedimentosque se cumprem no Amblto interndo Poder Legislattvo , momentos etramites dos trabalhos que seguemo respectivo Regtmento Interno,exaurem all o seu Campo de com-petencia , se dal nAo extravasampara afetar direitos subiettvos.

Sao os chamados atos Interncorporls , sem que deles resulte, pe-la descr (Cao mesma da Initial, aafetaCao do direito liquido e certoque calba assegurar na via her6i-ca.

Nessas condiC6es a incabtvelque, por essa via, intervenha o Po-der Judiclarlo, na intimidade doPoder Legislativo, para determi-nar que se proceda a uma novacontagem de votos, em razao ded(tvfda quanto a primeira que sefez, e tudo a base de alegaCdes ede noticias)) (DJ de 26-6-85).

Na mesma ltnha repels, de plano, oMandado de SeguranCa n° 20.253,com tdentica finalidade. (DJ de 31-10-80).

Tamb6m aqua se visa a Invalida-Cao de atos do Presidente da Cama-ra, proferidos nos limttes de sua

R.T.J. - 116

competencla , com eflcacla caracte-risticamente interns , ligados a cons-tituidade e disciplina dos trabalhosda casa , sem que se argiia preteri-Cao vestibular de formalidade algu-ma, atacando -se, so reves, 0 meritoda lnterpretacao dada so Regimen-to, materia em culo exame nao cabeso Poder Judiclarlo ingressar.

Nao conhepo, portanto , deste man-dado de seguranca.

EXTRATO DA ATA

MS 20.509-DF - Rel.: Ministro Oc-tavio Gallotti . Impte .: Marcelo Li-nhares (Advs.: Walter de CastroCoutinho e outra ). Autorldade Coato-ra: Presidente da Camara dos Depu-tados.

71

Decisao: NAo se conheceu do man-dado de seguranva , unanimemente.Votou o Presidente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves, Presidente . Presen-ces A Sessao os Senhores MinistrosDJaci Falcao, Cordeiro Guerra, Ra-fael Mayer, Nell da Silveira, OscarCorrea, Aldir Passarinho , FranciscoRezek, Octavio Gallotti e Carlos Ma-deira . Ausente, Justificadamente, oSenhor Ministro Sydney Sanches.Procurador-Geral da Republica, Dr.Jose Paulo Sepulveda Pertence.

Brasilia , 16 de outubro de 1985. -Dr. Alberto Veronese Agular , Secre-tarlo.

MANDADO DE SEGURANCA N? 20.533 - DF(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro DJaci Falcao.Impetrantes : Ilmar Gaze Holguin Velez e outros - Autoridade Coatora:

Presidente da Republica.

Mandado de SeguranSa Impetrado por servidores do Conselho Ad-ministrativo de Defesa Econ6mlca , contra decreto do Presidente daRepublica autorizando a transfer8ncla do 6rgAo pare Brasilia e desig-nando o Secretarlo-Geral do Minlsterlo da Justlsa para exercer, semremuneracAo, a sua Presid6ncla.

Ato normativo a depender de ato executOrlo , em relafAo a trans-ferbncla , quando podera se tornar passivel de afetar direlto subjetivode alguem . AplicasAo da SOmula 266.

No que toca A deslgnasao para a Presidencla do 6rgao em causa,Inexlste IndicaCAo de ofensa a direlto subjetivo dos Impetrantes.

Mandado de Seguranga nAo se confunde com agAo popular.NAo conhecimento do pedido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessaoPlena, A unanimidade de votos e naconformidade da ata do Julgamentoe das notas taquigraficas, em naoconhecer do pedido.

Brasilia, 9 de outubro de 1985 -Moreira Alves , Presidente - DJaclFalcao , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro DJacl FalcAo: OsImpetrantes do mandado de seguran-Ca,invocando a qualidade de funclo-

72 R.T.J. - 116

nkrlos celetistas do Conselho Admi-nistrativo de Defesa Econ6mica -CADE, sediada no Rio de Janeiro,ap6s hlst6ricos em torn do referido6rgAo, dizem por Interm6dlo do seuadvogado:

<,Dos Fatos0 Excelentissimo Senhor Presi-

dente da Republica, atraves do De-creto n" 91.293, de 31 de malo de1985, autorizou o Senhor Ministroda JustiCa a efetivar a transferen-cia do CADE pare Brasilia.

Ao expedir tal decreto, o Execu-tivo Invocou Como fundamento desua competencia o art. 81, incisosIII e V da ConstitulCAo Federal,verbis:

'Art. 81. ( omissis)

III - sancionar , promulgar efazer publicar as lets, expedir de-cretos e regulamentos pars a suafiel execuCao;

V - dispor sobre a estrutura-CAo, atribulC6es e funcionamentodos 6rgaos da administraCAo fe-deral;'

Ora, lA exaustivamente demons-trado que o CADE, embora vincu-lado so Minist6rio da JustiCa, porforCa da Reforms Administrativa,nAo faz parts do ndcleo centralnem estA subordinado nern subme-tido Aquele Mlnisterlo da JustiCa•

EstA tAo-somente vinculado, ees$a vinculaCao 6 de efeito admi-nistrativo classificat6rio pars 51-tuar e colocar o 6rgAo no quadrogeral da administraCAo , para osfins previstos no art . 20 do De-creto-lei n? 200/67 (supervisAo).

A estrutura , composiCAo , nature-za a poderes do CADE estao defini-dos na Let n" 4 . 137/62 , que 0 criou,aprovada pelo Congresso National.Evidentemente , s6 atraves de nova

lei votada pelo Poder Leglslativo 6que poderA ser modificado o 6rg6o.

NAo sendo o CADE 6rgAo do nti-cleo central do Ministerio da Justi-Ca, face aos preceftos do Decreton? 86.211 /81 (Doc. V), que sus-pendeu, por prazo indeterminado,a transfer6ncla , pare Brasilia, de6rgAos e entidades da Adnllnistra-Clio Federal Civil, direta e Idi-reta , o Decreto n" 91.293/85 6 irre-gular e contradlt6rlo. 0 menciona-do decreto que suspendeq a trans-ferencia para Brasilia dos brgaos eentidades nao integrantes do nfi-cleo central da AdministraCAo Fe-deral nAo eonsta Como 'tendo sidorevogado. Ainda subsiste, plena-mente, tanto que fol menclonadonos «Considerandos do aludido de-creto. ->

Da mesma forma, o decreto sentnumero , de 25-6-85, que deslgnou(?! !) o Sr. Secretario -Geral do Mi-nisterio da JustiCa, pare , sem pre-juizo de suas atribulCbes e em ca-rater nAo remunerado , exercer afunCAo de Presidente do CADE, 6inconstituclonal , porquanto Infrin-giu o art . 99, pardgrafos 1? e 2? daCarta Magna.

Na verdade , advem varias Incon-gruencias no citado decreto semnumero.

Primeiro, nAo he compatibilida-de de horarios . Ambos os cargos- Secretario-Geral do Mlniste-rio da JustiCa (local de trabalho;Brasilia-DF) e Presidente doCADE ( local de trabalho: Rio deJaneiro) - tern identicos horariosde trabalho , infringindo, portanto,o parAgrafo P. Segundo , porque aproibiCAo de acumular , do parA-grafo 2?, estende-se a cargos, fun-Cees on empregos . Tercelro, por-que porque a Let antitruste estabe-lece , no art . 23, a competencta doPresidente do CADE , bern diferen-

R.T.J. - 116

ciada da de SecretArio-Geral, cujomandato a been absorvente e de co-metimento Full Time.

Assam, o Decreto n? 92.293/85 e oInconsegCiente Decreto sera nume-ro suso apontados sao atos admi-nistrativos nulos de pleno diretto,que indubitavelmente serAo decre-tados por essa Colenda Corte deJustiCa como inconstituctonais.

Com efelto, dtz Hely Lopes Mel-reles ( In Direlto AdminlstrativoBrasilelro - RT - 41 EdiCAo -1976 - pag• 148).

'decretos , em sentido proprlo erestrito , sao sins administrativosda competencta exclusiva doschefes do Executivo , destinadosa prover situaCOes gerals on indi-viduals, abstratamente previstasde modo expresso explicito onimplicito pela legislaCAo. Comu-mente, o decreto a normativo egeral , podendo ser especifico onIndividual . Como ato administra-tivo o decreto esta sempre em si-tuaCAo inferior A da let, e, por is-so mesmo , nAo a pode contrariar.O decreto geral tem , entretanto,a mesma normativldade da lei,desde que nAo ultrapassar a alCa-da regulamentar de que dispoe oExecutivo.'

Os decretos impugnados seriam,A luz do grande administrativistaHely Lopes Mefreles , decretos ge-rats independentes ao aut6nomosque, portanto, neo poderlam Inva-dir o territOrlo reservado da lei.

Mesmo que se tratassem dedecretos-regulamento , suas null-dades seriam flagrantes, nAo s6por invadlrem o terrlt6rlo reserva-do da Lei n? 4.137/62, como tam-bAm por revogarem disposigOes ex-pressas em let, como JA demons-trado.

Por outro lado, o art. 2? da Let n?4.717/65 enumera as hip6teses de

73

presunCAo de lesividade dos atosadministrativos, quando estabele-ce, verbis:

'Art. 2?. SAo nulos os atos le-sivos so patrimOnio das entida-des publicas menclonadas no ar-tigo anterior , nos casos de:

a) incompetencla;c) Ilegalidade do objeto;

ParAgrafo unico. Para a con-ceituaCAo dos casos de nulidadeobserva-se-do as seguintes nor-mas:

a) a incompetencla fica carac-terizada quando ato nMo se In-clulr nas atribuiCOes legals doagente que o pratlcou; ( grifosapostos)Destarte, nAo hA duvida quanto A

incompetencia do Poder Executiveem poder alterar a Let n? 4.137/62,por meto de decretos , violando 0principio da hierarquia legal.

Ex Positis , cabe a essa ColendaCorte de Justtea dizer se o Exce-lentissimo Senhor Presidente daRepublica se manteve no Ambitode sua competencta , so promulgaro Decreto n? 92.293/85 e o Decretosem numero suso apontados, on setais atos sAo inconstituctonais e,portanto, contrariaram normas vA-lidas do sistema juridico do prin-cipio da legalidade do Estadode diretto, malferindo o direttoliquldo e certo dos impetrantes, to-dos funclonArios publicos, celetis-tas, do Conselho Administrativo deDefesa EconOmica - CADE, quepor sentirem na pr6pria carne odissabor das ilegalidades de quesao alvo, com o aCodamento na ex-tinCAo da Tabela Especial de Em-pregos , tomaram a liberdade deexorar o Mandamus contra os atospresidenclais que arguem de tIe-gais e que estao produzindo efei-tos lesivos dos impetrantes, e deoutras dezenas de servidores do

74 R.T.J. - 116

CADE, avldos do amparo iurisdi-cional e . do remedio iuridico com aconcessAo do writ , porque devida-mente comprovadas e assaz carac-terizadas as les6es a lei antitrustee A Carta Constitucional.

Pedindo a citacAo do Excelen-tissimo Senhor Presidente da Re-publica , na pessoa do Senhor Pro-curador-Geral da Republica, en-contrado em seu gabinete de tra-balho , a da Un1Ao Federal, por umde seus procuradores , face ao dis-posto no art . 12, Item I , do C6digode Processo Civil, requerem, ain-da, a concessAo de llminar, Paraque sejam , incontinent(, sustadosos efeitos dos mencionados decre-tos, ate que essa Alta Corte de Jus-tica aprecle e julgue o pedido deseguranca.Valor de Cr$ 100.000-

Ita Speratur». ( fls. 6 a 8).A inlcial vem instruida com os do-

cumentos de fls. 9 a 17.Prestadas as informaCOes de f1s.

23 a 43, manifestou-se a Procura-doria-Geral da Republica nos seguin-tes termos:

«A seguranca a requerida contracoaCbes atribuidas so Senhor Pre-sidente e consubstancladas em dossatos:

1?) no Decreto n? 91.293, de 31-5-85, que autorizou o Ministerio daJustica as efetivar a transfer6nciado Conselho Administratlvo de De-fesa Econ6mica Para Brasilia (fls.llv.);

2?) no decreto de 25-6-85, que de-signou «O Senhor Jose Paulo Ca-valcanti Filho, Secretarlo-Geral doMinisterto da Justica , Para sempreiuizo de suas atrlbulcOes e emcarAter nAo remunerado , exercer afunCAo de Presidente do ConselhoAdministrativo de Defesa Econ6-mica (CADE).Os impetrantes se quallfiquem

como ofuncionarlos p6blicos cele-

tistas» do CADE ( f. 2). E, parece(f. 8), pedem a declaracAo de nuli-dade dos atos Impugnados.

Quanto so primeiro - a autorl-zaCAo da transferencia do 6rgloPara Brasilia - porque o colegia-do, embora vinculado , Para efeitode supervisAo, a referida Pasta,«nlo faz parte do nficleo centralnem esta subordinado nem subme-tido so Ministerio da Justica» .

Seguir-se-la dal que 0 decretoquestionado teria ofendido o Decre-to n? 86 .211/81 , que suspendeu atransfer6ncia Para o Distrito Fede-ral de «6rglos e entidades da Ad-ministraCAO Federal Civil, Direta eIndireta» e a Lei n? 5.363/67, Se-gundo a qual (( devera localizar-sena Capital Federal o n6cleo centralda AdministracAo Federal».

Quanto ao segundo - designacAodo Secretario-Geral do Ministerioda Justica - Para exercer as fun-C6es de Presidente do CADE, por-que importaria em desrespefto asregras constituclonal proibitivas ourestritivas de acumulaCAo de car-gos p6blicos.

Informou a digna autoridade coa-tora ( f. 23).

II

E patente, data venla, a carenciada aCAo.

Os impetrantes sequer alegamque, da eventual invalidez dos atospresldenciais que argdem, Ihes ti-vesse derivado violaCAo ou ameaCade violaCAo de direito subjetivopr6prio.

Nem, de resto, Ihes serla pos-sivel alega-lo. A 6nica qualifica-CAo, que declinam (alias, semprova-la), e a de servidores contra-tados do CADE. Dispensa demons-tracAo que, dessa condiCAo, NoIhes advem direito subjetivo a quea entidade publica, a que servem,

R.T.J. - 116

continue funcionando em determi-nada cidade, a ndo em outra. Nempretende , nenhum dos requerentes,ter direlto ao exerciclo das funC6esda presidencia do 6rgAo , confiada,precariamente so SecretArio-Geraldo Ministerio da JustiCa , pelo Se-gundo decreto impugnado.

S6 incidentemente , so final dapetiCdo inicial , aludern os impe-trantes A circunstdncia de ((senti-rem na pr6pria carne o dissabordas ilegalidades de que sdo alvo,corn o atodamento na extinCdo daTabela Especial )). Juntam a res-peito noticia Jornalistica de ter oPresidente em exerciclo do CADEmanlfestado o prop6sito de dispen-sar parte dos servidores contrata-dos.

Claro , no entanto , que essa even-tualidade de dispensa - quando,ad argumentandum , fosse sus-ceptivel de ofensa a direlto, repa-ravel em mandado de seguranCa -seria imputavel ao dirigente do co-legiado , Jamals so Senhor Presi-dente da Republica.

De qualquer sorte, insista -se, cul-da-se de simples alusdo inciden-te: os Jmpetrantes nAo erigem es-sa ameaCa de dispensa em causade pedir.

Desse modo , nao se afirmando ti-tulares de qualquer direlto subleti-vo ofendido ou ameacado pelosatos coatores indicados, a patentea ilegitimidade ad causam dos re-querentes , dado que, «o mandadode seguranCa nao substituir a aCAopopular)> ( Sum. 101).

III

No merito, as informaC6es pres-tadas desvelam a Improcedenciadas alegaC6es dos Jmpetrantes.

Delas, quanto so Decreto n?91.293/85 , sdo IrretocAveis as const-

75

deraC6es da Consultoria Juridicado Ministerio da JustiCa , endossa-das pela autoridade coatora:

'0 CADE a 6rgAo da adminis-traCdo federal , cuja Bede foi fixa-da, por lei , no Distrito Federal.

Eis como dispee a Lei n? 4.137,de 10-9-62, que o criou:

(<Art . 8? E criado o ConselhoAdministrativo de defesa Econ6-mica, com cede no Distrito Fe-deral e JurisdiCdo em todo o ter-rit6rio nacional, diretamente vinculado A Presidencia do Conse-Iho de Ministros, com incum-bencia de apurar e reprimlr osabusos do poder econ6mlco, nostermos da leb>.

Assim, criado em 1962 quandoa Capital da Unido JA havia sidotransferida para o Planalto Cen-tral , o CADE nAo se inclui entreos antigos 6rgdos sediados no Riode Janeiro que deveriam sertransferidos para a Nova Capital,pots nests JA estava sediado porlei, e aqul deveria funcionar des-de a sua criaCdo.

Dizer-se que hA necessidade denova lei pars transferir o CADE,imp6e -se explicar para onde, poissua Bede JA e 0 Distrito Federal.

Instalado provisoriamente noRio de Janeiro , mas ate hole allpermanece, por motivos de pou-ca ou nenhuma importdncia pareestas informaC6es , decidiu o MI-nisterio da JustiCa , 6rgAo ao qual0 CADE estA administrativa-mente subordinado , reativar oseu funclonamento , operando suamudanca pars o Distrito Fede-ral, onde estA sedlado por let, oque se poderia fazer por simplesportaria , nao fora o disposto noart. 1? do Decreto n? 86.211, de15-7-81, que suspendeu a «transfe-rencla por prazo indeterminadode 6rgAos federais para Bra-silian.

76 R.T.J. - 116

For isso , por absoluto respeitoso principlo hierarquico das nor-mas legais, so contrArto do quedizem os impetrantes . 0 Ministe-rio da JustiCa solicitou e obte-ve autorizaCAo presidencial, me-diante o Decreto n? 91.293, de 21-5-85, para realizar a mudanCa.NAo veto como , por que e onde,ato baixado com tanto cuidado eobedtencia aos preceitos legaise constitucionais vigentes, podemerecer censura , maxime de tersido praticado com abuso de po-der)) . ( f. 28/29).

De igual modo , nada 6 precisoaditar so que all se disse, com re-laC9o A designaCAo questlonada:

'NAo se train de acumulaCAoremunerada de cargos e func6esvedada pelo art. 99 da Constitui-cao. Observe-se que a deslgnaCAoquando fetta em carAter nAo re-munerado e sem preluizo dasatribuiCbes inerentes a outro car-go, do qual o designado 6 titular,nao chega a constituir um ato deprovimento deflnitivo , mas ef6-mero, para evitar a acefalla dobrgAo , dar-Ihe condiCbes de fun-cionamento , ate a nomeaCAo doseu novo titular.' ( f. 29).

IV

O parecer, assim , 6 por que nAose conheca do pedido; conhecido,pelo indeferlmento da seguranCa.

SMJ.Brasilia, 13 de setembro de 1985

- Josh Paulo Sepulveda Pertence,Procurador-Geral da Republica)):(fls. 46 a 52).

VOTO

O Sr. Ministro DJaci FalcAo (Rela-tor): Os impetrantes, servidores ce-letistas do Conselho Administrativode Defesa Econbmica - CADE,insurgem-se contra o Decreto n?

91.293, de 31 de maio do correnteano, do Senhor Presidente da Repu-blica , que autorizou o Ministerio daJustira a efetivar a transferencia doreferido 6rgAo para Brasilia; bernassim, contra decreto de 25 de malodeste ano , que designou o Dr. JosePaulo Cavalcanti Filho pare, semprejuizo de suas atribuiCbes deSecretario -Geral do Ministerio daJustiCa , e sem remuneraC Ao, exer-cer a funCAo de Presidente do mes-mo 6rgAo.

Em relaCAo A transferencia emcausa , sustentam em sintese, quenAo obstante a vinculaCAo do CADEso Ministerio da Justiga , para efeitode supervisAo , nAo a ele 6rgAo do nfi-cleo central , nem estA subordina-do ao aludido Ministerio (Lei n?4.137/62). Outrossim , o decreto teriaofendido o Decreto n? 86.211 /81, quesuspendeu a transferencia para oDistrito Federal de «6rgaos e entida-des da AdministraCAo Federal Civil,Direta e Indireta».

Quanto A designaCAo do Secre-tArio-Geral do Ministerio da JustiCapara exercer as funCbes de Presi-dente do citado brgAo, o ato teria im-portado em ofensa A regras constitu-cionais, proibitivas de acumulaCAo,remunerada de cargos e funC6es pu-blicas ( art. 99 , §§ 1? e 2", da Consti-tuiCAo da Republica).

O Decreto do Senhor Presidente daRepublica apenas autoriza o Ministe-rio da JustiCa a efetivar a transfe-rencia do Conselho Administrativode Defesa Economlca para Brasilia.determinando que os atos e medidasnecessArios A transferencia serAopromovidos pelos Minist6rios da Jus-tiCa e da AdministraCAo. (f. llv.).

Tern-se at um ato normativo a de-pender de ato execut6rio , a cargodos Minist6rios competentes.

R.T.J. - 116

Somente quando houver ato admi-nistrativo individualizado , a que po-dera ser alegada ofensa a direitosubjetivo de alguem. 0 decreto emcausa se equipara a lei, em tese, porse apresentar como norms genericae abstrata , passive] de ato de execu-Cao, momento em que podera afetardirelto individual . Tanto assim queos impetrantes nao indicam qual-quer ato de execuCao , por parte dosMinlsterios competentes , capaz delesar o seu patrimdnio juridico. SemdOvida, insurgem -se apenas contraato de conteudo geral e abstrato,sem indicaCao de ameaga objetiva eatual , a direito prOprio.

Diz, com propriedade , Rely LopesMeirelles:

((as lets e os decretos gerais, en-quanto normas abstratas, sao in-suscetivels de lesar direltos Indivi-duals)) ( Mandado de SeguranCa eACao popular, 103 ed. pag. 14).

Na especie , como se viu , o decretosimplesmente autoriza o Ministerloda Justiga a efetivar a transferenciado CADE do Rio de Janeiro paraBrasilia , nao havendo , ate agora, atoconcreto , suscetivel da medida judi-cial do mandado de seguranga. Emconclusao , o Decreto nt 91.293/85,por si s6 , nAo lesa direito de nature-za individual . Aplica-se ao caso, emconseg66ncia, a Siimula 266.

No que Coca ao ato de designagaodo Secretario-Geral do Ministerlo daJustiga pars exercer em carAter nAoremunerado a fungao de Presidentedo CADE, a de se considerar queinexiste indicaCao de ofensa a direitosubjetivo dos impetrantes . Nan apon-tam eles vulneragao a direlto indivi-dual , a direito pr6prio, lesado ouameagado de lesAo . NAo mencionam,sequer , como decorrencia do ato im-

77

pugnado , a Iminencia de violagao adireito subjetivo. Nenhum deles pre-tende ter direito so exercicio dasfunC6es da presidencia do 6rgao.

Come e de saber correntio, o man-dado de seguranga nao se confundecom a agao popular, em que o bene-ficlarlo direto nao e, necessaria-mente, o seu autor , mas a coletivi-dade ( art. 153, It 31, da Constitulgaoda Republica , e Let n? 4 . 717, de 29-6-65). At, o cidadao no gozo dos seusdireitos politicos, e o sujeito ativo daagao . Enfim, o mandado de seguran-Ca nAo substitui a aCao popular (SU-mula 101). Portanto , Pala aos autoresuma das condigoes da agao, legitimi-dade para a causa (art. 267, VI, doCPC).

Ante o exposto, preliminarmente,nao conhego do mandado de segu-ranga.

EXTRATO DA ATA

MS 20.533-DF- Rel.: Ministro Dja-ci Falcao . Imptes .: Ilmar Gaze Hol-guin Velez e outros (Advs.: AchillesMariano de Azevedo Netto e outros).Autoridade Coatora: Presidente daRepublica.

Decisao : Nao se conheceu do man-dado de seguranCa unanimemente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves, Presidente , Presen-tes a Sessao cis Senhores MinistrosDjaci Falcao , Cordeiro Guerra, Ra-fael Mayer, Neri da Silveira, OscarCorrea, Aldir Passarinho , FranciscoRezek , Sydney Sanches.e OctavioGallotti e Carlos Madeira. Procu-rador-Geral da Republica, Dr. JosePaulo Sepulveda Pertence.

Brasilia , 9 de outubro de 1985 -Dr. Alberto Veronese Agular , Secre-tario.

78 R.T .J. - 116

RECURSO DE HABEAS CORPUS Nt 61.614 - RJ(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Moreira Alves.Recorrente : Nestor Haydt de Brito - Recorrido: Tribunal de JustiCa do

Estado do Rio de Janeiro.

Habeas corpus. Tentativa de estupro e atentado violento so pudor.ExtmCSo de punlbiidade.

- Inextstencia, no caso, de crime progresslvo.- NAo se aplica o Inciso IX do artigo 106 do Cbdigo penal quando,

nos crimes da natureza dos em causa , ha violencia real.Quanto a primefra questAo , conhece-se do pedido como habeas

corpus originario, mdeferlndo-o ; quanto a segunda questAo , nega-seprovimento so recurso ordinario.

ACORDAO

Vistos, relatados a discutidos estesautos, acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata doiulgamento e das notas taquigrA-ficas, por unanimidade de votos,quanto a prlmetra questAo, conhecerdo pedido como habeas corpus origi-nArio , mas indeferi-lo; quanto A se-gunda questAo, negar provimento sorecurso ordinArto.

Brasilia, 23 de outubro de 1984 -Dlaci FalcAo, Presidente - MoreiraAlves, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Moreira Alves: Eeste o teor do ac6rdao recorrido (fls.396/400):

((Acordam os Juizes da TerceiraCAmara Criminal do Tribunal deJustira do Estado do Rio de Janei-ro, por unanimidade de votos, emdenegar a ordem.

Cuida-se de habeas corpus emfavor de Nestor Haydt de Brito,que foi condenado a pens de 04anos de reclusao, como incurso no

art. 213, c/c o art 12, II , e 214, c/c oart. 51, $ 2?, todos do Cbdigo Penal,por sentenCa transitada em lulga-do do Juizo da 15? Vara Criminaldesta Capital.

Alega-se na impetraCAo que a) ahip6tese serla apenas de estuprotentado , que exige progressao cri-minosa, inexistindo , assim , a figu-ra do segundo crime, qual o deatentado violento so pudor , consi-derado naquela decisAo . Tal delitoconstituiria tAo-somente eventoabsorvtdo ; b) que teria ocorrido aextinCAo da punibilidade do agents,com base no art . 108, inciso IX, doCbdigo Penal , por acr6scimo daLei n? 6 . 416, de 24 de maio de 1977:a ofendida Maria Amelia RuizSchiavo contraiu matrimOnio comterceiro e a manifestaCAo da von-tade de ambos em ver prosseguidaa aCAo penal de que se trata foimanifestada quando la decorrido 0prazo de perempCAo de 60 dias,previsto naquela norma legal, pou-co imports quea nova causa de ex-tinCAo de punibtlidade fosse edita-da JA depots do cometimento doscrimes, se e de ver-se que ela ope-ra In mellius.

As informag6es do Juizo aponta-do como coator dAo conta de que

R.T.J. - 116

os fatos delituosos ocorreram em30 de dezembro de 1971; a denfinciarespectiva lot recebida em 17 desetembro de 1974 com sentenca de23 de dezembro de 1977 e transltoem Julgado no primeiro grau em 22de Junho de 1978 ( Its. 379).

As Its . 380, xerox dando conta deque a queixa da ofendida lot ratifi-cada por ela e seu marldo em 18 deJulho de 1977 , so passo que o casa-mento dos dots lot celebrado em 05de setembro de 1976, a teor da cer-tidAo de its. 382.

Em apenso , os autos da RevisaoCriminal 826, que teve curso no C.it Grupo de Camaras , sendo autoro ora paciente, com Julgado queconclul pela improeed@ncia do pe-dido so fundamento de que a con-denasAo revidenda cnAo atentoucontra a prova dos autos mas, mui-to so contrario, a ela se alustou»(Its. 69).

A ilustrada Procuradoria mani-festou-se, as fls. 391, pela denega-Sao da ordem.

E o relat6rlo.

Nada obstante o decisum emsede revisional supra-referido, acompetencla Para processar e Jul-gar o writ dos autos a deste 6rgao,pelo menos com respeito a alega-cAo sub b ) da Inicial , ou seja quan-to a extineAo da punibilidade dopaciente.

E que o Colendo Supremo Tribu-nal Federal Ja decidlu : «Se os ac6r-dAos proferldos nas revlsdes naocuidaram , sequer obliquamente, dotema do habeas corpus , razao ine-xlstla Para atribuir competenclaoriglnaria so STF, nos termos doart. 119, I e h, da ConstituiSao»(RTJ vol. 342).

Aqui, similarmente so exempladado, a questAo da perempgAo a to-

79

da nova, nao acontecendo o mes-mo, porem, no que toca so funda-mento sub a), qual seta so da pro-gressao criminosa, entAo repelidocom todas as tetras na revisao,verbis: «Por outro lado os delitossao aut6nomos e fndependentes co-mo assinala o Dr. Juiz a quo..."(Do ac6rdao de its. 69 do Apenso).

Desta sorte, a da competencla doSupremo Tribunal Federal o Julga-mento da ordem sob essa alega-cAO.

Mas sobre a outra alternativa dacompetencla do Tribunal de Justi-Sa 6 de se dizer o seguinte:

Como atras se frisou, a acAo pe-nal contra o paciente teve inicioem 17 de setembro de 1974; o casa-mento da ofendida e 5 de setembrode 1976 ; a lei que introduziu, nonosso direito positivo, a causa daperempSAo do Inciso IX do art. 108do C6digo Penal data de 24 demaio de 1977 ; a manifestasAo deMaria Amelia pelo prossegulmentoda mesma aCAo penal a de 18 deJulho de 1977; JA a sentenCa conde-nat6rla foi prolatada em 23 de se-tembro tambem de 1977.

Ora, do simples confronto de tatseventos extras -se a ila¢Ao segundoa qual Maria Amelia nAo deixouperimir o seu direito de ver o pa-ciente punido , pots a certo que an-tes da outorga de 24 de maio de1977 ela nAo estava obrigada a rati-ficar a representaGAo , se nada nomundo Juridico a jungia a isso. FoiPara abundar que ela, dentro doprazo de 60 dias contados da edi-cAo da Let n? 6.416, confirmou, empetiCAo conJunta com o marldo(fls. 380 ), o Jus persequendi, se eque so tempo da celebraSAo do seucasamento a exigencla do art. 108,inciso IX nao era requisito de legelata, repita-se.

80 R.T.J. -116

For derradeiro, ainda que se qui-sesse dar forCa vinculativa a Sfi-mula 388 do Supremo Tribunal Fe-deral, nem assim a invocaCao Inmelllus no caso presente teria apli-cacAo, pots tot cancelada em 16 deoutubro de 1975, portanto, no tem-po em que a ofendida era solteira.

Entao, t de denegar -se a or-demn.

Interposto recurso ordinario, sobreele assim se manifesta a Procu-radoria-Geral da Repfiblica, em pa-recer da Dra . Maria Alzira de Al-meida Martins ( Its. 418/421):

aO paciente, ora recorrente, Nes-tor Haydt de Brito fot condenado aquatro anos de reclusAo pela prAti-ca de estupro tentado ( art. 213, c/c12, II , do CP ) em continuidade(art. 51 , # 29, do CP ) corn o delitode atentado violento so pudor con-sumado ( art. 214 , do CP).

2. Os fundamentos do recursopodem ser assim sintetizados: a)houve crime progressivo , a conde-naCAo deve ser apenas por tentati-va de estupro ; b) extinCAo da puni-bilidade pela prescriCAo.

3. No tocante A primeira ques-tAo o Tribunal a quo dela nAo co-nheceu JA que em sede de revisAocriminal examinou tal aspecto.Dessarte , nesse ponto o conheci-mento da especte pela SupremaCorte deve ser Como pedido origi-nArlo.

passando-se pela realizaCAo do queetc contem » ( Magalhaes Noronha- D. Penal - vol. I . pAg. 14 -Saraiva - 1959).

7. A htp6tese vertente nAoencaixa no conceito supracitado,porquanto os atos libidinosos prati-cados pelo recorrente ( felaCAo etentativa de coito anal , etc.) nao seinserem no [ter crlminis do estu-pro, alto constituem etapas neces-sarias para a reallzaCAo da metaoptata ( con)unCAo carnal).

8. Nesse ponto nos valemos daliCAo de Hungria que so comentaro concurso entre esses delitos, as-sim se expressa:

(CO estupro pode concorrer comvarios outros crimes. Se oagente, alem da conlunCao car-nal, pratica outro ato de libidina-gem nao classificavel entre ospraeludla colti ( coito anal, ir-rumatlo in ore , etc.), haverAconcurso material de estupro eatentado vtolento ao pudorn.(ComentArlos so C6d1go Penal -Forense - 1981 - vol. III, pAg.118).

9. Logo, so que se ve, o MM.Juiz sentenciante fol ate compla'cente no apltcar a•pena , eis que ocorreto seria considerar os delitosem cfimulo material , como bemobservou o ilustrado Procurador deJustiCa no seu Parecer de fls.391/393, In verbis:

4. No mtrito, a nosso ver, naovinga a tese de ocorrencia decrime progressivo.

5. Vejamos.

6. Segundo a doutrina «crimeprogressivo se tem quando um tipoabstratamente considerado contemoutro, de modo que sua realiza-Cao nao se pode verificar, senAo

ocEntendemos , mesmo, que osautores das infraCOes foram inde-vidamente beneflciados , els queadmitida cont (nuaCAo delituosa.0 magistrado de primeiro graulimltou-se a aplicar uma 86 pena,aumentada da metade , xerox deits. 45 . Essa conclusAo t passivelde stria refutaCao , visto nao se-rem da mesma esptcle as infra-

R.T.J. - 116

C6es questionadas , como esta aexigir o art. 51, § 2?, do C6digoPenab> ).

10. Passemos agora so examedo Segundo fundamento - extinCAoda punibilidade.

11. Ao caso nAo se aplica a cau-se de extinCAo da punibilidade pre-vista no art . 108, IX, do C6digoPenal, introduzida pela Lei n?6.416/77, porquanto os crimes fo-ram praticados corn violencia real,consoante entendimento dessa Ex-celsa Instancia consubstanciadonos seguintes julgados : HC 58.360,RTJ 96/1090; HC 57065, RTJ 90/843,RF 269/325 e RT 528/427; RE92.102, RTJ 96/405 e RT 545/459.(Apud , Celso Delmanto - C6digoPenal Anotado - 1982 - pAg. 98).

O parecer 8, pots, pela denega-CAo da ordem e improvimento dorecurson.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Moreira Alves (Re-lator ): 1. ConheCo do pedido comohabeas corpus originario no tocanteA questao do crime progressivo, maso indefiro, uma vez que esta Cortetern entendido , em casos analogos sopresente, que nAo hA crime progres-sivo, mas concurso material de cri-mes; assim se decidiu , por exemplo,no RECr. 100.788 , de que fui Relator,e em cuja ementa se 16:

«Concurso material de crimes.Atentado violento so pudor (coitoanal e fellatio ou lrruminatlo inore) e tentativa de estupro.

Quando os atos libidinosos nAosAo daqueles que precedem so cot-to normal (praeludla coitus), hA

81

concurso material de atentado vio-lento so pudor corn tentativa de es-tupro, ainda que praticados contraa mesma vitima , e isso porque naosAo eles crimes da mesma espa-cle, requisito esse indispensAvel AconfiguraCao de crime continuado,que, por esse motivo , nAo ocorre.

Recurso extraordinArio conheci-do a provido.»

2. Quanto A questAo da extinCAoda punibilidade , conhego do recursoordinario como tai, mas the negoprovimento , uma vez que - comobem acentua o parecer da Pro-curadoria-Geral da Republica - ajurisprudencia desta Corte ja se fir-mou no sentido de que nao se apli-ca o inciso IX do artigo 108 do C6di-go Penal quando os crimes de natu-reza dos ora em exame foram prati-cados com violencia real.

EXTRATO DA ATA

RHC 61.614-RJ - Rel.: MinistroMoreira Alves. Recte.: Nestor Haydtde Brito (Adv.: Paulo Goldrajch).Recdo.: Tribunal de JustiCa do Esta-do do Rio de Janeiro.

Decisao: Conhecido em parte comopedido originario , mas indeferido, econhecido em parte como recurso,foi negado provimento . UnAnime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci FalcAo . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Moreira Alves,Aldir Passarlnho e Francisco Rezek.Licenciado o Senhor Ministro DecioMiranda . Subprocurador -Geral daRepublica , Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia, 23 de outubro de 1984 -HAlio Francisco Marques , SecretA-rio.

82 R.T .J. - 116

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 61.746 - BA

(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Nari da Silveira.

Recorrente: Osvaldo Barbosa Nogueira - Recorrldo: Tribunal de Justi-ga do Estado da Bahia.

Habeas Corpus. Crimes contra a bona . Vereador que faz acusa-gOes a Prefeito. In6pcia da denuncfa , que nAo 6 de acoiher-se, por-que nao desatende an art . 41 do CPP. DenUncia que precisa as fatos,no tempo , e refere os termos atribuldos an paciente, assacados contraa vitima, permitlndo-lhe , assim , de forma ampla , exercer sua defesa.Possivel equlvoco no enquadramento turidico dos fatos descritos nadenfincla, que constituem crime em tese , nao acarreta a sua ln6pcla,pots, a ele, nao esta adstrlto o Juiz (CPP, arts. 383 e 384). 0 acusado,alem disso , defende-se b dos fatos que the sao Imputados . Precedentesdo STF. Habeas corpus denegado . Recurso desprovldo.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata dejulgamento e notas taquigraflcas, aunanimidade , negar provimento aorecurso de Habeas Corpus.

Brasilia, 20 de marco de 1984 -Soares Mutioz, Presidente - Neil daSilveira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Nail da Silveira(Relator ): 0 bacharel Pedro Miltonde Brito , domiciliado em Salvador,Bahia , impetrou , perante a Cortebaiana, habeas corpus , em favor deOsvaldo Barbosa Nogueira , Verea-dor A CAmara Municipal de Camaga-rl, no referido Estado, em virtude dorecebimento , pela Dra. Juiza de Di-reito da mesma comarca , de dendn-cia contra o paciente , sob acusagAode ter ofendido , em sessbes da CAm-ra dos Vereadores , a honra do Pre-feito Municipal de Camacari.

O acOrdAo recorrido, que lndeferiua ordem , relatou a decidiu a esp6cfe,neste termos (fis. 25/26):

aO paciente estA sendo processa-do na Comarca de Camacarl, porter, em sessAo da Camara de Ve-readores , quando discursava, de-clarado ser o Prefeito HumbertoEllery um mentiroso», aincompe-tente., e «corrupto ., e, em outraoportunidade , no mesmo local, tertaxado o referido Prefeito de« frio., «covarde ., e «corrupto..

Entende o impetrante que adenoncia , da maneira como ofere-cida, sem indicar com precisAo osfatos que caracterizam cada tipopenal, desatendeu as recomenda-c6es do art . 41 do C6digo de Pro-cesso Penal e, assim , do seu rece-bimento decorreu um constrangi-mento (legal pars o paciente.

Dal pleitear , com a presente pos-tulagAo, o trancamento da agAoinstaurada contra o mesmo.

Acontece , por6m , que, como dizo Dr. Procurador da Justiga, im-prestavel nao a a pega acusat6rla,uta que narra os fatos que consti-tuem , em tese, crimes definidosem lei ., e os tipifica com detalha-da atribuigAo da cota de partlcipa-cao dos denunciados..

Em verdade, acusa -se o pacientede haver , em sessAo da CAmara de

R.T.J. - 116 83

Vereadores , onde, como represen-tante do povo, ter tratado o Prefei-to local com adjetivos desairososque comprometem a dignidade dequalquer cidadao: amentiroso", «in-competente". E, logo ap6s, nou-tra oportunidade e no mesmo dia-pasAo, atribuir-lhe, tambEm, fatodefinido como crime : «corrupto)).

Retrata a denuncta , ainda, que,em sessbes posteriores, alem dereproduzir as mesmas palavrasanteriormente proferidas , acusa oPrefeito de conduzir os Vereadoresde sua bancada no sentido de ofe-recer propina aos demais , e, ainda,ter compartilhado do rombo queseu irmAo den na Prefeltura do Es-tado do Ceara.

Portanto, nao se pode dizer que adenuncia seta inepta a ponto denAo permitir so paciente ter clen-cla da acusaCao e, em consequen-cla, ficar lmpedldo do exerclclo dadefesa.

Al6m de historiar as ofensas e osfatos atribuidos ao ofendido, a pe-Ca acusat6rla estA acompanhadade documentos.

Assim , o procedimento do pa-ciente, relatado na denuncia, bas-taria para Justificar a instauracAodo processo apurat6rio , como de-monstrado no parecer da Procura-dorfa da JustiCa , com invocaCAo deJurisprud6ncia, para, a final verl-ficar-se a procedencia, ou nao, daacusaCao, corrigindo-se, se for ocaso, a capitulaCAo dos delitos.

Como decidido pelo Supremo Tri-bunal Federal , ern ac6rdao invoca-do no parecer da Procuradoria,((nao se tranca a aCAo penal porimperfetcao da denuncia , quanto acapltulaCAo do delito" (Rev. Trim.Jurisprudencia vol. 77/134).

A Dra. Juiza , em suas informs-Cities Justlfica perfettamente o acer-to do recebimento da den(incia,

acerto que vem , afnda, demonstra-do com seguranCa , pelo Dr. Procu-rador da Justica.

E esta mesma Camara, diasatras, indeferiu identico pedido for-mulado em favor de outro Verea-dor que teria adotado ilegal proce-dimento.

Eis porque indeferiu-se o pedi-do."Irresignado , interpOs o paciente

recurso ordinarlo ( fls. 30/32). Insistena in6pcia da denUncla , que the im-puta a pratica dos crimes de calu-nia, difamacao e injuria (C. P., arts.138, 139 e 140 ), «mas, no caso, naothe 6 atribuido qualquer fato quepossa configurar os crimes de calu-nia ou difamaCAo ou qualquer outro,para o qual possa ser desclassifica-do" (fls . 31). E aduz ( fls. 32): ((5. Atese do v. ac6rdAo s6 poderia ser ad-mitida, portanto , se a determinadofato - fosse dada errOnea qualiflca-CAo juridica , mas nAo quando ne-nhum fato que possa caracterizardeterminado delito 6 articulado, nAoobstante , dele seta acusado o pa-ciente , pots se isso se verifica existein6pcla , ainda que partial.))

Pleiteia o provimento do apelo, Pa-ra que seta trancada , a aCao penal,ou, aha ptor das hip6teses , para darpela inepcia da denUnica no que tocaaos crimes de calUnia e difamacao".(fls. 32).

A douta Procuradorla -Geral daRepublica opinou no sentido do des-provimento do recurso.

E o relat6rlo.

VOTO

O Sr. Mlnlstro Neil da Silvers(Relator ): Foi o paciente denuncia-do, como incurso nos arts . 138, 139 e140, combinados com os arts . 141, V,e 51, todos do C6digo Penal, atri-buindo-Ihe a peca acusat6ria os fatosdelituosos , nestes termos ( fls. 6/7):

84 R.T.J. - 116

1. Consta dos presentes autosde representaCAo que, logo noprincipio da primeira sessAo ordi-naria da CAmara Municipal de Ve-readores de CamaFari , realizadaem 4 de abril do corrente ano osVereadores Jos6 Carlos Caetano eClemente Jos6 Dantas so fazer useda palavra trouxeram a bails eoEscandalo do Carro a Alcool envol-vendo o Prefelto de Camasari, Dr.Humberto Henrique Garcia Elle-1y,

2. Estimulado pelas palavrasdos seus companheiros edis, resol -veu o ora denunciado tambematentar contra a honorabllldade doaludido Prefeito Municipal e, pe-dindo a palavra , chamouo de: uMen-tiroso» «Incompetente» e <Corrup-to». (Ve doc. 02).

3. Tais ofensas nAo se cingiramAquela sessAo e, em datas posterlo-res e sessbes subsegiientes, novasafrontas foram praticadas pelo de-nunciado em relaCAo A sua vitima,chegando so auge de taxi-la deuFria,, «Covarde », e «Corrupta»,afirmando , outrossim , que o aludi-do representante municipal conduzos vereadores de sua bancada nosentido de oferecer propina aos de-mais, consoante se depreende dodoc. 07.

4. Prosseguindo nas suss inves-tidas, contra a multicitada vitima,0 ora denunciado , em data de 25 demaio de 1983, usando outra vez dapalavra em sessao da CAmara Mu-nicipal desta Cidade, asseverouque ouviu dizer que o PrefeitoEller' compartilhou do «rombonque o seu irmAo deu na Prefelturado Estado do CearA.n

Recusando a alegaCAo do pacientede inepcia da denuncia , observou oparecer da Dra . Haydevalda Apare-cida Sampalo , com a aprovaSAo doDr. Subprocurador-Geral da Repti-

blica, professor Francisco de AssisToledo ( fl. 43), ap6s acolher os ter-mos do acbrdao , verbls:

5. Com efeito , possivel equfvocodo enquadramento juridico dos fa-tos descritos na dentmcla, queconstituem crime em tese, nAoacarreta a sua inepcia , pots a elenAo estA adstrito 0 Jutz (artigos383 e 384 do C6digo de Processo Pe-nal).

6. 0 acusado , alem disso, sedefende a dos fatos que the sAo im-putados (v. RHC 55.807-SP, Rel.Ministro Moreira Alves, RTJ 89/57;RHC 56.847-RS, Rel. Ministro Soa-res Mufioz , RTJ 93/1.013; RHC58.743-ES, Rel: Ministro MoreiraAlves, RTJ 101/580).»E incontestavel que a peta acusa-

t6ria situa os ilicitos , no tempo, pre-cisando termos e fatos atrlbuidos sopaciente, que,assim , pode exercer,plenamente , sua defesa , em ordem aque, por fim, venha o magistrado, nasentenca apreciar sua responsabili-dade criminal . NAo hA falar, des-sarte, em dentincia inepta , sem aten-der so disposto no art . 41, do C6digode Processo Penal.

Correta, pots, estA a decisao recor-rida, As fls. 25/26, transcrita no Re-lat6rio.

Nego, assim , provimento so recur-so.

EXTRATO DA ATA

RHC 61.746-BA - Rel.: MinistroN6ri da Silveira . Recte .: OsvaldoBarbosa Nogueira (Adv.: Pedro Mil-ton de Brito ). Recdo .: Tribunal deJustiCa do Estado da Bahia.

DecisAo : Negou-se provimento sorecurso de habeas corpus . DecisAounanime.

Presidencia do Senhor MinistroSoares Munoz . Presentes A Sess9o osSenhores Ministros Rafael Mayer,Neri da Silveira, Alfredo Buzaid e

R.T.J. - 116 85

Oscar Correa. Subprocurador-Geral Brasilia, 20 de marco de 1984. -da Republica, Dr. Joao Boabaid de Antonio Carlos de Azevedo Braga,Oliveira Itapary . Secretarlo.

HABEAS CORPUS N? 61.776 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.

Paciente: Azarlas Nascimento dos Santos - Impetrante: 0 mesmo -Coator: Tribunal de AlCada Criminal do Estado de Sao Paulo.

Habeas Corpus. PrlsSo decorrente de procedimento criminal dl-verso daquele em que se pronuncfou a Corte estadual. NAo se trata,portanto , de o Tribunal local never sua pr6prla declsAo, so enaejo doJulgamento da apelaCAo , por mein de habeas corpus, mas, sim , Julgara ImpetraCAo, contra ato do Julz de primeiro gran, relativo A prlsAodo paclente, em outro felto. NAo conhecimento do habeas corpus peloSTF (ConstitulCAo , art. 119. I, letra «hn), determinando-se a remessados autos ao Tribunal de AlCada Criminal de SAo Paulo.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata deJulgamentos e notas taquigraficas, Auninimidade, nao conhecer do pedidode habeas corpus e determinar a re-messa dos autos ao Tribunal de Al-Cada Criminal do Estado de SaoPaulo.

Brasilia, 11 de malo de 1984 -Soares Muhoz , Presidente - Nerl daSilveira , Relator

RELATORIO

O Sr. Ministro Nerl da Silveira(Relator ): Perante o colendo Tribu-nal de AlCada Criminal do Estado deSao Paulo , Azarias Nascimento dosSantos, recolhido ao estabelecimentopenal de Carapicuiba , SP, desde 28-4-1981, acusado de infringir os arts.157 e 121 , do C6digo Penal ( fls. 2),impetrou, em causa pr6pria, habeascorpus , sustentando , em resumo, tersido injusta sua prisao , por se consJ-derar lnocente , em relaCAo aos fatos

que a determinaram, ressaltandoque a mesma se originou de imputa-CAo que the fol felts pelo co-acusadoJose Basillo Gomes, vulgo Basilio.Na inicial , hA referencla so Inqueri-to Policial n? 161 /81, em que Basilioteria envolvido o paciente.

No Julgamento do processo, deci-dlu o Tribunal paulista , em votaCAouniforme , nAo conhecer do pedido,determinando sua remessa, a esteSupremo Tribunal Federal , em ac6r-dAo que exibe a seguinte ementa(fls. 19):

aHavendo a Camara apreciado aprova dos autos , em grau de apela-CAo, nAo pode rever sua pr6priadecisao apreciando habeas corpusimpetrado pelo condenadon.

Solicitadas informaC6es, o ilustrePresidente do Colendo Tribunal deAlCada Criminal do Estado de SAoPaulo prestou-as, com 0 oficlo de as.29/30, nestes termos:

uAlega o paciente, em sintese,estar sofrendo constrangimento Ile-gal em virtude de se encontrarpreso, na Delegacia de Policia deBarueri , hA mals de 01 ano, em de-

86 R.T.J. - 116

correncla do Inquerito Policial n?161/81 (on Processo-Crime n?161/81 ?). Arg0l, Para demonstrar allegaltdade de sua detenCAo, quenAo participou do delito (roubo ehomicidio), vindo a ser preso combase tao-somente na imputacAoque the fez o co-acusado JoseBasilio Gomes.

Cabe-me, a prop6sito , e em aten-CAo so oftcio de Vossa Excelencla,transmitir as tnformaCbes que se-guem.

E de esclarecer, a principio, que,nests Corte, constam , em nome dortu, recursos referentes aos Pro-cessos n?s 274 /81 e 30/80, da Co-marca de Baruerl , em que o acusa-do foi condenado , respectivamente,por delito de roubo e de furto.

Compulsados os Autos de n?274/81, verlficou-se a fls . 38 (doen" 1) despacho decretando a prl-sAo prevent(va do acusado, querestou cumprido ( fls. 42 e 45v.,doe. n? 2).

Finds a fase indlciAria (fls.34/35, doe. n? 3), por roubo oeorrl-do em 27 de abril de 1981 , contraJoAo Batista Dias Moreira e LutzAntonio Ferreira de Oliveira, o pa-ciente e o co-acusado Paulo Gon-Calves de Lima foram denuncladosperante o Juizo da Segunda Varada Comarca de Baruert ( Its. 2v.,doe. n? 4).

Apes o interrogat6rio do acusadoMs. 49v., doc. n? 5), o processoteve regular instruCAo , sobrevindodecisAo condenat6ria, que apenou opaclente , por incurso no art. 157, 420, I e II , do C6digo Penal, a 05anos e 04 meses de reclusAo is aCri 8 .000,00 de multa ( fis. 82/85,doe. n? 6).

Desta decis9o apelou a defesa,tendo a E . Quints CAmara destaCorte negado provimento ao recur-so (ns . 118/119, doe. n? 7).

O transito em julgado tot certi-flcado nos autos Ms. 120 , doe. n?8), e, a seguir , elaborada a liquids-Clio de Pena Ms. 124 , doe. n? 9).

EsclareCo , ainda, a Vossa Ex-celencla que , consultados , por viatelefonica , os Cart6rios da Comar-ca de Baruerl , a prop6sito de pro-cesso a que • estarla respondendo 0acusado por latrocinlo Ms. 25/26,doe. n" 10), a informacAo obtida tota de que so reu, nos Autos 291/80,lmputou-se referido delito , resul-tando , no entanto , sentenCa absolu-t6ria.

Por derradeiro, anexo As pre-sentes InformaCbes a folha de ante-cedentes do paclente ( doe. n? 41).»Opinou a douta Procuradorla-

Geral da RepUbllca , no parecer defls. 59/61, pelo nAo conheclmento dopedido , bem assim pela remessa dosautos so Tribunal de ortgem.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Mintstro Nerl da Stlveir(Relator ): Conforme resulta das informaCbes , as f1s . 29/30 , a condenaClio do paclente , no Juizo da 2! Vanda Comarca de Baruerl, lot decorrente de crime de roubo, a 27-4-1981em que vitimas JoAo Batista DialMoreira e Lutz Antonio Ferreira dOliveira , sendo ainda , co-reu PauliGonsalves de Lima . Imp6s-se-lhePena de 05 anos e 04 meses de reclusilo e multa de Cri 8.000,00, come, incurso no art . 157, $ 2?, I e II , do Cod!go Penal.

Em face da apelaCAo do ora paclente, a Qulnta CAmara do Tribunde AlCada Criminal de SAo Pauldesproveu-lhe 0 recurso ( ApelaCAn? 309 .417). A esse feito , referem-sa sentenca , de fls . 41/44, e 0.ac6rdAde f1s . 45/46.Ao n8o conhecer do presente

bees corpus , a colenda Corte d

R.T.J. - 116

Alcada , no ac6rdao , As fls . 19/21,teve em conta o Julgamento da Ape-lacAo n? 309.417, do que resultaria ainviabilidade « de rever sua pr6priadecisAo».

Acontece , porem , que, em reali-dade, na inicial, se queixa o pacientede prisAo decretada , em virtude deoutro processo , em que co-reu JoseBasillo Gomes , vulgo "Basilioo, es-tando c6pia do relat6rio respectivo,da autoridade policial , is f1s . 49/50,datado de 9.3.1981 . Culda-se, at, de((apuracAo do roubo corn morte,ocorrido em data de 14 de abril de1980 )), sendo vitimas Euripedes Izl-doro e Joaquim Barbosa de Souza,funcionarlos da empress AtacadAodo Livro. ))

No habeas corpus impugns , pots, opaciente a cust6dia , que the foi im-posts, em virtude desse procedimen-to, em que co-acusado Jose BasilloGomes.Logra , dessa maneira, razAo o pa-

recer da ilustrada Procuradoria-Geral da Republica , so registrar( ils. 60/61):

4. A apelacAo apreciada peloTribunal a quo nAo diz respeito atal fato, mas, sim , o outro assalto,tambem de autoria do paciente, elsque as vitimas sAo JoAo BatistaDias Moreira e Lutz Antonio Fer-reira de Oliveira, funcionArios daSouza Cruz , conforme consta dasentenca recorrida ( fls. 41/44).»

87

Diante disso , o presente habeascorpus deve ser processado e Julga-do pelo colendo Tribunal de AlcadaCriminal de Sdo Paulo, porque, nele,alega constrangimento ilegal, porprisAo nAo decorrente do Julgado dareferida Corte paulista ( ApelacAo n?309.417 ), mas de fato outro, em queco-r6u Jose Basillo Gomes, descrito,outrossim , no documento, por c6pia,As fls . 49/50.

Do exposto , nAo conheco do habeascorpus , determinando a remessa dosautos so colendo Tribunal de AlcadaCriminal de SAo Paulo.

EXTRATO DA ATAHC 61.776-SP - Rel.: Ministro Neri

da Silveira . Pcte.: Azarias Nasci-mento dos Santos. Impte .: o mesmo.Coator: Tribunal de Alcada Criminaldo Estado de SAo Paulo.

DecisAo : NAo se conheceu do pedi-do e se determinou a remessa dosautos ao Tribunal de Alcada Crimi-nal do Estado de Sao Paulo . DecisAounAnime.

PresidOncia do Senhor MinistroSoares Munoz . Presentes A sessAo osSenhores Ministros Rafael Mayer,Neri da Silveira e Alfredo Buzaid.Ausente, Justificadamente , o SenhorMinistro Oscar Correa . Subprocu-rador-Geral da Republica , Dr. Fran-cisco de Assts Toledo.

Brasilia , 11 de malo de 1984 -AntOnlo Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 62.034 - RJ(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.Recorrente : Antonio Alves de Arafijo - Recorrido : 2? Tribunal de Alca-

da do Estado do Rio de Janeiro.

Apelac&o Criminal . Flanca. Sendo aflancavel a lnfracAo, prestadaa flanca , tern o rtu direlto de apelar em liberdade , se nAo fol a flancacauada, independentemente da verlficacAo de seus antecedentes.C6digo de Processo Penal , arts. 594 , 675, 338 e 393, I. Recurso provldo,para conceder o habeas corpus , assegurando so paciente , aflansado,apelar em liberdade.

88

ACORDAO

R.T.J. - 116

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-metra Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taquigrAficas, Aunanlmidade, dar provimento so re-curso de habeas corpus.

Brasilia, 22 de junho de 1984 -Snares Muifoz , Presidente - Neil daSilveira, Relator.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Nert da Sllveira(Relator): 0 advogado Odarico Car-vatho impetrou habeas corpus pre-ventlvo, perante o Segundo Tribunalde AlCada do Estado do Rio de Ja-neiro, em favor de Antbnlo Alves deAraulo, brasileiro, solteiro, carpin-teiro, residente na Rua Lidia, n"1.367, Nova Iguaeu-RJ, corn o obleti-vo de revogar-se o mandado de pri-sAo expedido pelo Dr. Juiz de Direitoda 251 Vara Criminal da comarca doRio de Janeiro, argumentando que,por se achar afianCado, na forma dadecisAo proferida no HC 3.749 - 28TA-RJ-(fls. 4/5), o r6u tern o direltode apelar em liberdade. 0 pacientefoi preso em flagrante pela praticada contravenCAo definida no art. 19,da Lei das das Contravene6es Pe-nats, e condenado a cinco meses deprisAo simples por sentenCa do Juizreferido. Em requerimento dlrigidoAquela autoridade, solicitou a revo-gaCAo do mandado de prisAo, sob omesmo fundamento da prestaCAo defianCa, mas dita supllca fol indeferi-da por falta de amparo legal e porser o sentenciado albergado, nos ter-mos do despacho por c6pia As fls. 10.

Ao julgar o writ, o Tribunal a quo,por sua 1' CAmara Criminal, dene-gou o pedido, em votaCAo unAnime,exibindo o ac6rdAo esta ementa (fig.26):

Habeas Corpus - impetrado parapaciente apelar em liberdade em

funcAo de ter pago fianCa no cursoda aCAo penal. Descabe fundamentoso pedido se de seus pessimos ante-cedentes nAo the adveio direito sosursis e de apelar em liberdade, be-neficios nAo alcanCados pela fianCa.»

Inconformado, recorre ordinarla-mente o paciente, corn a petiCAo deRs. 30/34, onde, insistindo no direitode apelar em liberdade, em razAo deprestaCAo da fianCa, no curso do pro-cesso, invoca liCAo de EduardoEs'pinola Filho e Magalhdes Noro-nha, acerca da materla, e impugns oac6rdAo recorrido, em face do dis-posto no art. 594, do C6digo de Pro-cesso Penal„a despeito dos seus an-tecedentes penis.

Pronunciou-se a douta Procurado-ria-Geral da Republica, As as. 41/44,no sentido do provimento do recurso.

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Mlnistro Ned da Silvelra(Relator ): Reza o art. 594, do CPP,verbis:

((Art . 594. 0 reu nao poderAapelar , sem recolher-se A prisAo,on prestar fianCa , salvo se for pri-mArio e de bons antecedentes as-stm reconhecido na sentenCa con-denat6ria , ou condenado por crimede que se livre solto».

Ao pronunciar-se pelo provimentodo recurso , a Procuradora da Repu-blica, Dra. Maria Alzira de AlmeidaMartins, em parecer aprovado peloqustre Subprocurador -Geral da Re-publica , professor Francisco de As-sis Toledo , assim analisou a especie(ifs. 42/44):

«4. Ante a extensa folha de an-tecedentes criminals de AntonioAlves de Araujo ( fis. 17/20), nossopritneiro impeto a inadmitir possaele apelar em llberdade.

R.T.J. - 116

5. Contudo, uma leitura matsatenta do art. 594 do C6digo deProcesso Penal nos convence que,in casu, assiste razao so recor-rente, eis que no mencionado dis-positivo ha a expressao ((on prestarfianCa)).

6. Como ressaltamos linhasatras o recorrente prestou fianCa,ja que a infraCAo pela qual estavasendo processado a uma contra-venCao aflanCavel.

7. Se estava afianCado nao de-veria ter sido expedido mandadode prisAo contra ele, ap6s a conde-naCao , ainda que se tratasse desentenclado albergado.

8. Tourinho Filho, comentandoa liberdade provis6ria mediantefianCa , preleciona:

<Prestada a cauCao , o indicia-do ou r6u obtera a sua liberdadeprovis6ria , ate 0 pronunclamentofinal da causa , em declsao passa-da em julgado , dando a garantiade que cumprira as obrigaC6es fi-xadas pela lei, atendera as notifi-ca4;6es para os atos do inqu6rlto,da instruCao criminal e do julga-mento , sujettar-se-a a execuCaoda condenaCao, se the for impos-ta, e satisfara as obrigaC6es pe-cuniarlas, cuja responsabilidade,em tai caso , The for atribuida.n(Processo Penal , vol. 3, Ed. Jalo-vi, 1977, pag. 344).

9. Assim, Como na hip6tese oraexaminada a fianCa nAo fol cassa-da e nem houve quebramento damesma, 6 forcoso admitir-se que aliberdade provis6ria do ora recor-rente deve permanecer ate senten-ca final transitada em julgado.

10. Tal entendimento tambemderiva da primeira parte do Caputdo art. 675, do C6digo de ProcessoPenal, verbis:

((Art. 675. No caso de aindanAo ter sido expedido mandadode prisAo por tratar-se de infra-

89

Cao penal em que o rC-u se livrasolto on por estar aflanCado...( grifos nossos).

11. H611o Tornaghi, In Curso deProcesso Penal , vol. 2, Saraiva -1980, pag. 338, deixa claro que emse tratando do r6u que prestoufianCa pode ele apelar em liber-dade . Anota o mestre:

«Recolhimento a prisao.

b) ter sido condenado por in-fraCao de que Cabe fianCa. Nessecaso 0 juiz , na sentenCa, devearbitra-la, a menos que o r6u es-teja afianCado . Prestada a fianCaele apela em liberdade» (grifa-mos).

12. Quanto so aspecto de ser orecorrente albergado , a nossa letadjetiva nao faz qualquer restriCaoa esse respeito.

13. De observar-se, que, para osefeitos do art. 594 do C6digo deProcesso Penal , a aferiCao dos an-tecedentes s6 deve ser levada emconta quando se trata de crimeinafianCavel , o que nao 6 o casodos autos.

14. Concluindo, opinamos peloprovimento do recurso.»

Efetivamente, Como preceitua oart. 675, do CPP, em se tratando deinfraCao penal em que o r6u se livrasolto ou por estar afianCado , o julz,ou o presidente da Camara ou Tribu-nal, se liver havido recurso, faro ex-pedir o mandado de prisao, logo quese transite em julgado a sentenCacondenat6ria.

Tratando-se, no caso, da contra-venCao de porte ilegal de arms. utart. 19, da LCP, que admite fianCa, eesta foi concedida ao recorrente, nocurso do processo, por decisAo da co-lenda Corte a quo (fls. 4/5), semquebramento da fianCa, on sua cas-

90 R.T.J. - 116

saCAo, a expediCAo do mandado depris$o somente se far& logo transiteem Julgado a declsAo condenat6ria.Dal o direito a apelar em liberdade,Independentemente do exame deseus antecedentes.

Releva, na esp6cle , notar que oTribunal a quo, so conceder ordemde habeas corpus e garantir so pa-ciente prestar flanCa , recusou a exi-g6ncia do magistrado , quanto aaguardar-se a folha penal , nestestermos ( fls. 5 ): «Ora, tai exig@nclareiteradamente feita, nos Suizos cri-mtnais, 6 absurda e incabivel. Con-denaCAo anterior s6 torna impos-sivel a concessSo da flanCa na hi-p6tese do art. 323, III , do C6digo deProcesso Penal , e, assim mesmo, seestiver desde logo evidenciada. NAoestando, concede -se a flanCa e, aposteriori , opera-se sua cassaCAo.nOra, beneficiado com a flanCa o pa-cfente, nAo veto ela a ser cassada,em qualquer momento.

Se, dessa sorte, prestou flanCa opactente e essa nao foi cassada, nostermos do art . 338, do CPP, por naocabivel, nem houve quebramento dafianCa , disso the decorre o direito deapelar, sem recolher -se a prisAo.Reconheceu-se ao condenado poderapelar, sem recolher-se a prisAo ouprestar fianCa, quando for primarioe de bons antecedentes , assim reco-nhecido na sentenCa condenat6ria,ou condenado por crime de que se Ii-vre solto . Tat o que results do art.594, do CPP. Opera a fianCa, nAocassada ou quebrada , at6 transitoem Julgado da sentenCa condenat6-ria, de referencta ao processo emque o reu aflancado.

De outra parte, o art. 393, I, doCPP, disp6e:

«Art. 393. Sao efettos da senten-Ca condenat6ria recorrivel:

I - ser o reu preso ou conser-vado na prisAo , assim nas infra-

C6es inafianCAveis , como nasaflanCaveis enquanto nAo prestarfianCa.»

Nem caberia entender que a cas-saCAo da fianCa operou , em conse-gticncia da sentenCa condenat6ria.NAo s6 o magistrado de primeirograu a ela nAo se referiu , como nAocaberia , desde logo, revoga-la. Nessesentido, decidiu a Segunda Turma,no RHC n? 57.367-SP , a 16-10-1979,Relator o eminente Ministro LettAode Abreu , estando o aresto assimementado : «ApelaCAo criminal. Flan-Ca. Sendo afianCavel a infraCAo,prestada a flanCa, nAo se tratandode caso que imp6e a sua cassaCAo,tern o rC-u o direito de apelar em It-berdade ( CPP, art . 594). Recurso dehabeas corpus provido . Ordem esten-dida a co-r6u .» ( RTJ, vol . 93/1061).

Do exposto , dou provimento soapelo , pars conceder o habeascorpus , assegurando, assim, so pa-ciente, apelar em liberdade e, nessasituaCAo , aguardar o Julgamento dorecurso pelo Tribunal a quo.

EXTRATO DA ATA

RHC 62 .034-RJ - Rel.: MinistroN6rl da Silveira . Recte .: Antonio Al-ves de Araujo (Adv.: Odarico Carva-Iho). Recdo.: 2? Tribunal de A14;adado Estado do Rio de Janeiro).

DecisAo : Deu-se provimento so re-curso de habeas corpus . DecisAounAnime.

Presidencla do Senhor MinistroSoares Munoz. Presentes A Sess$o osSenhores Ministros , Rafael Mayer,N6ri da Silveira , Alfredo Buzaid eOscar Corr6a. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sts Toledo.

Brasilia, 22 de junho de 1984 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretarto.

R.T.J. - 116 91

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 62.738 - MG(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Sydney Sanches.Recorrente : Jos6 Coelho Junior - Recorrido : Tribunal de Alcada do Es-

tado de Minas Gerais.

Dendncla . Indpcla . Crime contra a honra . Denuncla que, so ense-Jo da exposlCBo dos fatos caracterizadores do delito , se reports soteor da declaraeAo subscrita por urn dos r6us , elaborada pelo outro eentranhada nos autos de Inqu6rito pollcial , que a instruiram . Faiha deexposlCAo ( art. 41 do CPP ) que pode ser suprida ate o momento dasenten¢a ( art. 569) e que , no caso , JA flcou sanada , diante dos termosdos Interrogat6rlos dos denunciados e da defesa prevla que apresenta-ram, sem sacriflclo so princlplo da ampla defesa (art. 153, ; 15 daC.F.). Habeas corpus Indeferido . Recurso de habeas corpus Impro-vido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos esterautos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dojulgamento e das notas taqulgrafi-cas, por unanimidade de votos, emnegar provimento so recurso dehabeas corpus.

Brasilia , 11 de outubro de 1985. -Rafael Mayer, Presidente - SydneySanches , Relator.

RELATORIO

O Sr. Minlstro Sydney Sanches: 1.Jos6 Coelho Junior e Dario Sales deMagalhaes foram denunciados, naComarca de Minas Novas (MinasGerais ), por infracao do art. 139,combinado com o art . 141, inciso IIdo C6digo Penal , por ter o primeiroredigido e o segundo assinado decla-racao de teor difamat6rlo A Promo-tora Piffilica da Comarca , Dra. Ge-ralda Pereira dos Santos.A denuncia , na parte que interes-

sa, tem o seguinte teor:

aConforme consta das investiga-COes policlats anexas , em data de19 de fevereiro de 1982, foi assina-da pelo segundo denunciado e redl-

gida pelo primeiro , uma declara-cao cujo teor deixa bem clara aintencdo de ambos, que sdo useirose vezeiros em agar de tal forma, dedifamarem a digna Promotora deJustica desta Comarca, Dra. Ge-ralda Pereira dos Santos , declara-Cao essa cuja c6pia xerox encon-tra-se as fls . 4 e desta flea fazendoparte integrante.

Ainda nao satisfeitos , voltam osdenunciados a atacar a reputacaoda nobre representante do Mlnist6-rio Ptiblico , conforme se v6 desuas malsinadas declaraCOes pres-tadas na Policia ( fls. 11 e 12)» (fls.4).

Jose Coelho Junior impetrou ha-beas corpus em seu favor e em be-neficlo do co-reu, sustentando inexis-tir justa causa para a aCao penal ein6pcia da denuncia , que nAo descre-veu o fato delituoso.

A egr6gia Primeira Camara Cri-minal do Tribunal de AlCada de Mi-nas Gerais , pelo v . ac6rdao de fls.12/15, nao conheceu da lmpetraCao,quanto ao primeiro fundamento (fal-ta de justa causa ), por se tratar derenovaCao de pedido anterior,ja de-

92 R.T .J. - 116

negado , e indefertu a ordem quantoA alegaCAo de inepcla da inicial (as.12/15).No recurso ordinarlo interposto,

insiste o impetrante na concessAo dowrit (Pls . 17/19).

A ilustre Procuradora Laurita Hi-larlo Vaz, em parecer aprovado peloeminente Subprocurador da Repfibli-ca, Francisco de Assis Toledo, opi-nou pelo nAo conheclmento do recur-so, no tocante ao primeiro funda-mento , e pelo improvimento quantoao segundo (fls. 45/47).

For ordem do Relator foram requl-sitados e apensados os autos do pro-cesso criminal.

Ouvido novamente o Minist6rioPubllco federal se manifestou peloimprovimento ( fls. 58/59).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Sydney Sanches(Relator ): 2. NAo hA dfivida de que adenuncta deve conter a exposiCAo dofato criminoso , com todas as suascircunstAnclas.E exigencia expressa do art. 41 do

CPP.

Corn ela se visa propiciar ampladefesa ao denunciado , garantida atu-almente pelo § 15 do art. 153 daConstituiCAo Federal.

Importa saber , entAo, se a exposi-CAo foi satisfat6ria ou nAo, se ocor-reu omissAo e se ficou prejudicada adefesa.Pela leitura do t6pico, reproduzido

no relat6rio, se ve que a exposlCAonAo foi completa , pots, ao loves deindicar os fatos caracterizadores docrime contra a honra da Dra. Pro-motora de Justica , o denunciante fezremissAo a certa peCa dos autos deinqu6rito policial , incorporando-a Ademincia.

Em principlo , esse expediente naodeve ser adotado , JA que pode dift-

cultar e ate impedir o exercicio dadefesa do denunciado.Mas o cerceamento nAo deve ser

declarado sempre e desde logo, pareefeito deanulaCAo do processo, potsa falha pode ser suprida a todo otempo , antes da sentenCa final.

A menos que ele se caracterize depronto , logo no momento de o riu sedefender.

3. No caso dos autos , a den6ncia,embora adotando o expediente inad-misslvel de incorporar o teor de cer-ta peCa dos autos do inqu6rito poll-cial, nAo delxou de o fazer expressa-mente.

Tern o documento all referido o se.guinte texto:

«DeclaraCAo.

Eu, abaixo-assinado , DArio SalesMagalhAes , braslleiro , casado, mo-torista e Vereador, residente e do-micnlado nesta cidade , declaro, delivre e espontAnea vontade que aDra. Geralda Pereira dos Santos,que 6 a promotora de JustiCa, naogosta do Dr. Jos6 Coelho Junior oumesmo de quern seta contra apolitica situaciontsta local, fazendoela o possivel e at6 o impossivelpara pre)udicA-los.

Declaro , ainda macs , que ela an-da, constantemente , on vArias ve-zes ao dia, em contacto pessoal edireto com varios cabos eleitoraise, especialmente , com SebastlAoFernandes Barbosa, chegando-seao ponto de ate fazer viagens emsua companhia.

Declaro , finalmente , que a Dra.Geralda Pereira dos Santos faztanta politica na profissAo que atechega ao absurdo ponto de, a pedi-do dos cabos elettorats, deixar detomar s6rias providencias legalsem se tratando de varlos crimes demorte que certas pessoas cometeme ficam Impunes por nem seremdenunciados a pedido de terceiros.

R.T.J. - 116

Minas Novas, 19 de fevereiro de1982. - Dario Sales MagalhAes,Vereador» (its. 8 dos autos princi-pals em apenso).

4. A denuncla, so Incorporar otexto desse documento, ainda escla-receu:

aConforme consta das tnvestiga-e6es policials anexas, em data de19 de fevereiro de 1982, fol assina-da pelo segundo denunciado e redi-gida pelo primeiro, uma declara-Cao cujo teor deixa bern clara a In-tenCAo de ambos, que sao useiros evezeiros em agirde tal forma, dedifamarem a digna Promotora deJustlea desta Comarca, Dra. Ge-ralda Pereira dos Santos, declara-CAo essa cuja c6pia xerox en-contra-se as as. 4 e desta fica fa-zendo parte integrante.

Ainda nAo satisfeltos, voltam osdenunciados a atacar a reputaCAoda nobre representante do Mlniste-rio PUblico, conforme se v6 desuas malsinadas declaraCOes pres-tadas na Policia (its. 11 e 12).

Assim, tendo os denunciados in-corrido nas sanCOes dos arts. 139c/c art. 141, II, c/c art. 25 do C6di-go Penal, requer esta Promotoriade Justiva sejam os mesmos devi-damente citados pars interrogat6-rio e apresentarem as defesas quetlverem, ouvidas as testemunhasabaixo arroladas, cumpridas as de-mats formalidades de let, e, afinal,condenados nas referidas sanCOes,a pagamento de custas e dematscominaCOes legais» (its. 4/5 dospresentes autos e 2/3 dos princi-pals apensados).

5. Os reus, nos interrogat6rios,nao negaram a autoria ou co-autoriada declaraCAo, discorrendo longa-mente sobre as circunstAnclas e osmotivos de sua elaboraCao. E o im-petrante, que a um dos co-reus, atese deteve sobre a lntenCAo com queagiram (v. its. 51/52 e 54/v?, dos au-tos apensados).

93

E a f1s . 55 daquele processo, o im-petrante , em causa pr6pria e tam-b6m se manifestando pelo co-r6u, soensejo da defesa previa, anotou:

rtO injustamente denunclado, nAose conformando com a denUncia defolhas, vem corn o macs elevadograu de respetto, por seu advoga-do, so final assinado , na presentefase por questAo de economia pro-cessual requerer a absolviCao por-que nAo ha de se falar em crimeuma vez que , alem do conte6dodas declaraCOes ser verdadelro, asmesmas nao foram divulgadas aterceiro, nAo tendo portanto havidovontade de ofensa.

Entretanto , se V. Exa . asslm naoentender , o que alias 6 bastantedificil de se acreditar , vem reque-rer a V. Exa. que se digne de intl-mar as testemunhas abaixo arrola-das que deverao ser ouvidas nainstruCAo criminal >> ( Segue-se o rotde testemunhas , a data e a assina-tura, na defesa previa - its. 55/v?dos autos apensados).

6. Ora, se os reus tomaram co-nheclmento do teor da declaraCAo,que foi incorporada a denUncia, ad-mitiram comp deles emanada e atethe confirmaram o conteUdo, emboraprocurando explicar as raz6es que oinspiraram e as circunstancias docaso , nao se v6 como se possa reco-nhecer o cerceamento de defesa quea falha da denUncia poderia ter pro-vocada.

Alias, as testemunhas arroladaspelo Ministerlo PUbllco ja foram ou-vidas , com a presenCa e participa-Cao dos reus e o processo esta emfase de lnquiriCAo de testemunhas dedefesa.

NAo vejo, pots , razAo para decla-rar a Inepcia da dencncia ,ja que afalha, alem de suprivel a todo o tem-po, antes da sentenCa final ( art. 569do CPP), esta, no caso, sanada coma amplitude da defesa apresentadaate aqua.

94 R.T .J. - 116

Assim , nao 6 de ser provido o re- EXTRATO DA ATAcurso. Inclusive no ponto em que in-siste na concessAo de habeas corpus,Invocando falta de justa causa, potso v. ac6rdAo recorrido se negou aaprectar esse fundamento porqueconsiderou caracterizada a reltera-Cao e o recorrente nAo demonstrou ocontrArlo. Nem pode o Supremo Tri-bunal Federal examinar em grau derecurso materias que a pr6pria ins-tAncia a quo estava impedida de con-siderar. Nem 6 caso de habeascorpus de oficio pelo que se viu.

Por tudo lsso e pelo macs que ficoudito nos pareceres do Mlnisterio Pfi-bllco a its. 45/47 e 58/59 , nego provi-mento so recurso.

E meu voto.

RHC 62 .738-MG - Rel.: Mir ;troSydney Sanches. Recte .: Jose' 'hoJunior (Adv.: Em causa p1.- t).Recdo .: Tribunal de AlCada do E:do de Minas Gerais.

Decisao : Negou-se provimento sorecurso de habeas corpus . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Oscar Corr6a,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente Justificadamente , o Sr. Mi-nistro N6ri da Silveira . Subprocu-rador-Geral da Republica, Dr. JoseArnaldo Gonsalves de Oliveira.

Brasilia , 11 de outubro de 1985. -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 62.913 - SP

(Segunda Turma)

Relator para o Ac6rdAo: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Oswaldo Correia - Recorrido: Tribunal de JustiCa do Esta-

do de Sao Paulo.

Habeas Corpus. Exame de sanidade mental. DeficlPncla.Deve repetir-se o exame de sanidade mental se o laudo anterior

deixou sem resposta quesitos essenclals.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigrA-ficas, dar provimento so Recurso deHabeas Corpus.

Brasilia, 9 de agosto de 1985 -DJacl FalcAo, Presidente - Fran-cisco Rezek, Relator pars o AcOr-dAo.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Declo Miranda: Nodia 4 de setembro de 1984 , por volts

das 21 : 10 horas, na sala dos guardasde seguranCa da EstaCAo Sorocaba-na, em Sao Paulo , o ora recorrentesacou de uma garrucha que portavae desferiu disparo contra o agente deseguranCa Joao Batista Gomes, pro-duzindo ferimentos , que the causa-ram a morte.

Segundo o acusado, assim proce-deu,involuntariamente , so sacar daarms para defender-se de cadelradanuma briga entre terceiros , quandoa arms disparou . ( Fis. 16v.).

No relato das testemunhas, o reusimplesmente sacou da arma e ati-rou, produzindo a morte do agentede seguranCa , sem qualquer motivoaparente.

R.T.J. - 116

Submetido a exame de sanldademental , foi o r6u considerado Inca-paz de entender o carater criminosodo fato ou de acordo corn esse enten-dimento.

Em consegUencla , fol absolvidosumariamente , impondo-se-lhe medi-da de seguranCa pelo prazo minlmode 6 anos, a ser cumprido em mani-c6mloJudiciario . ( F1s.38).

Dirigindo-se em pedido de habeascorpus ao Colendo Tribunal de Justi-Ca, os advogados impetrantes sus-tentam que a sentenca 6 nula, por-que: a ) o exame medico nao foi feltono manicbmio Judiciario, Como de-termina o art. 150 do C6digo de Pro-cesso Penal ; b) analfabeto o pa-clente, nao vale sua renuncla so dl-retto de apelar , manifestada no ter-mo que se v6 a fl . 40 dos autos; c)nAo podia o fato ter sido subtraido aoJulgamento do Tribunal do Jurt.

Houve por bem a Camara Crimi-nal denegar a ordem , saltentandoque, interposto pelo Juiz o recursoex officio de que culda o art. 411 doC6digo de Processo Penal , havia queaguardar a manifestaCao da Corte aesse respeito . ( Fis. 67/8).

Recorre, por seu advogado, o pa-ciente, sustentando que nao tem ra-zAo de ser sua permanencia no ma-nic6mio judictarto e que all apenasdeveria ser realizado seu exame psi-qutatrico para em seguida ser julga-do pelo tribunal popular e nao pelofutz singular . ( Fis. 72/3).

Atendendo a requertmento do Dr.Subprocurador -Geral da Republica( fls. 83 ), informs 0 Colendo Tribunalde JustiCa do Estado de Sao Pauloque a 2! Camara Criminal , por una-nimidade de votos, com recomenda-CAo que consta do ac6rdAo , mantevea decisAo de primelro grau, que forade absolvicAo sumaria do paclente,cominando-se-lhe, por6m , medida deseguranCa pelo prazo minimo de setsanos . ( Fis. 88/9 e 90/92).

95

A Procuradoria -Geral da Republi-ca, em parecer do Dr . A. G. ValimTeixeira , oficia pelo improvimentodo recurso, nestes termos:

«l. Pede o recorrente a reformsdo julgado recorrido , de vez quenao praticara o delito pelo qual re-sultou condenado , pois agira emlegitima defesa ; o exame que derao paclente Como penalmente irres-ponsavel fora efetivado irregular-mente e que existe em seu favorrecurso de oficio , com efelto sus-pensivo , permanecendo , entretan-to, preso.

2. Sem razao o paciente . Se pra-ticou, ou nao , a infraCAo penal emestado de legitima defesa, cuida-sede alegavao que envolve o exameprofundo da prova , descabendo 0seu deslinde no Ambito do habeascorpus . No tocante a aftrmaCAo dairregularidade da pericia efetiva-da, trata-se , outra vez, de questAoque exige o exame profundo daprova . No caso dos autos , todavia,a segunda instAncia la examinou amat6ria e considerou que, na rea-lidade, nenhuma irregularidadeexistlu no bem-elaborado laudomedico, constante de fls . Aflrma-ram os peritos, Drs. Jose Robertode Paiva e Ricard Van Curtis, queo paclente possul lntelig6ncia emnivel inferior a normalidade; tnca-paz de pequenas operaC6es de arit-m6tica ; 6 desortentado , temporal-mente, por deficit intelectual. Sobduplo aspecto , seu circulo ideativoe limitado pela dificuldade na ela-boraCAo de juizos abstratos, aindaque referentes a assuntos simples.Possui subversAo do senso critico,nAo estabelecendo nexos entre ospianos objetivos e subjetivos; vidaafetivo-instlntiva primaria.

3. Verifica-se pelo referido lau-do medico que as conclus6es dosperitos foram resultantes de exa-mes somatopsiquiatricos, asso-ctados a anallse clinics e m6dicas

96 R.T.J. - 116

legais , por isso que escorreltas. Noque se refere aos beneficios que 0recurso de oficto , com efeito sus-pensivo, pudesse trazer ao acusa-do, a questao Ja.foi superada, potsJa Julgado o feito em segunda ins-tAncia e confirmada a decisao quecominou ao r6u medida de segu-ranCa pelo prazo de dots anos,acentuando-se , all, que no tocantea internaCAo no Manicbmlo Judi-ciario podera ele , no Juizo da exe-cuCoes, requerer o que for de direl-to, nos termos da Let n? 7.209/84.

4. Somos, pelo exposto , pelo nAoprovimento do presente recurso.»(FIs. 94/5).E o relatOrto.

VOTO

O Sr. Ministro Declo Miranda (Re-lator): 0 paciente desfechou tiromortal em pessoa que nao conheciae que nenhum mat the causara ousequer praticara qualquer ato que olevasse a supor detrimento a suapessoa.

S6 0 laudo psiquiatrico (cujo textoo recorrente muito de fndfistria nAotrouxe a estes autos) pode explica-lo.

Segundo refere a sentenCa, nesseexame o paciente tot ((consideradointeiramente incapaz de entender ocarater criminoso do fato on dedeterminar-se de acordo corn esseentendimento)). (Fls. 38 medlo).

Dal, a soluCAo da sentenCa de pri-metro grau, absolvendo o paciente,mas submetendo-o A medida de se-guranCa pelo prazo mintmo de setsanos, a ser cumprida mediante inter-naCAo em ManicOmto Judlciario.(Fls. 38 fine).

CominaCAo curial ao inimputavelque praticou fato previsto comocrime e reconhecido portador de ina-ta periculosidade.

A mat6ria nAo chega a comportarcontrov6rsia. Absolvido o r6u pela

excludente da incapacidade de en-tender o carater ilicito do fato, toda-via a sociedade adota medida pre-ventiva contra o agente, para quenao repita o gesto imotivado.

Tal medida nao a pena , mas sim-ples expediente de defesa social, quese sustenta,na necessidade de preve-nir a pratica de novas infraCbes pelor6u.

Isto posto , nego provimento ao re-curso.

E o meu voto.

EXTRATO DA ATA

RHC 62.913-SP - Rel.: MinistroDeclo Miranda. Recte.. Oswaldo Cor-reia (Advs.: Hello Dejtiar e outra).Recdo.: Tribunal de JustiCa do Esta-do de Sao Paulo.

Decisao: Adiado o julgamento porhaver pedido vista o Ministro Fran-cisco Rezek, depots do voto do Rela-tor que negava provimento ao recur-so. Falou pelo Recte.: Dr. Hello Dej-tiar.

Prestdencia do Senhor MinlstroDJaci FalcAo. Presentes a SessAo osSenhores Ministros Declo Miranda,Aldir Passarinho e Francisco Rezek.Ausente, Justificadamente, o Sr. Mi-nistro Cordeiro Guerra. Subprocura-dor-Geral da Rep6blica, Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 6 de agosto de 1985 -Hello Francisco Marques, Secreta-rio.

VOTO ( VISTA)

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Sr. Presidente, peso yenta so emi-nente Ministro Relator para conce-der a ordem de habeas corpus, a timde que se proceda ao exame de sant-dade mental do paciente, nos termosdo art. 150 do C6digo de ProcessoPenal.

R.T.J. - 116 97

Realizado que fot o exame em cir-cunstancias que nao as previstas na-quele artigo , tal alvitre teve comoresultado a nao resposta a qualquerdos nove quesitos ponderadamentededuzidos pelo Ministerio Pfiblico, eabonados pela defesa.

Nestes termos, concedo a ordemde habeas corpus.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarlnho:Sr. Presidente , entendo eu que o art.150 do C6digo de Processo Penal es-tabelece uma regra de conduta paraos exames pericials , mas que deveser Segundo penso , entendida emseus verdadeiros objetivos . Diz eleque, «para o efeito do exame, 0 acu-sado , se estiver preso, serA Interns-do em manic6mio j udiciario, ondehouver, ou , se estiver solto, e o re-quererem os peritos , em estabeleci-mento adequado que o juiz desig-nar». EntAo , dai se tem que o C6digoadmite como perfeitamente vAlidosquer o exame feito no manicomio ju-diciario, quer fora dele, porque, ses6 se compreendesse como valido osexames feitos em manicomio judi-ciario, evidentenlente que, mesmopara os reus que estivessem soltos,os exames all tambem deveriam serrealizados , embora nao ficassemeles recolhidos , mas seriam atendi-das as exigenclas que os medicosconsiderassem necessArias para oexame.

Parece-me , assim , que o sentidoda lei e o de que, estando o reu pre-so, deverA fazer os exames no ma-nicomio judiciario. Encontrando-se,porem , solto , seria um Onus exagera-do manta-lo detido em manicomiojudiciario para tal exame , se fossepossivel faze-lo em estabelecimentosque nAo tivessem o mesmo caratercoativo que tem a detenCAo, no ma-nicOmlo judiciario.

Assim , entendo que a diferenCa fi-xada na lei visa basicamente a evi-tar que fique no manicomio quem es-teja solto , mas nao por considerarque o exame , embora realizado emestabelecimento apropriado nao pos-sa ser valido.Se, no caso concreto , o exame, em-

bora o reu estivesse preso, fosse rea-lizado em outro estabelecimento quedispusesse dos requisitos necessAriospars a exata verificacao do seu esta-do de sanidade mental, a mim pare-ceria Induvidosa a validade de taiexame . 0 que ocorreu , porem, Se-gundo o voto do Sr . Ministro Fran-cisco Rezek , a que houve deficiencianos exames pericials que foram fei-tos. E em casos dessa natureza, a in-dispensavel que haja perfecta segu-ranca quanto A questAo da sanidademental do acusado , a fim de que naofique ele sujecto a medida de segu-ranCa, que a modiflcaCao atual dalegislaCAo s6 assegura para os inim-putaveis , por um periodo longo, jun-to com insanos mentais, sem que,comprovadamente , se encontre aco-metido de doenca mental.

Assim, acompanho o eminente Mi-nistro Francisco Rezek , nAo por tersido o exame efetuado fora do manc-cOmco , mas sim pela deficiencia quefoi verificada por S . Exa., na suarealizaCao.

VOTO

O Sr. Ministro Djacl FalcAo (Pre-sidente): Tambem concedo a ordemde habeas corpus , ante a deficienciaon realizaCao do exame, ecs que osperitos deixaram de responder aosquesitos formulados, o que a da es-sencia do laudo pericial respectivo.

De modo que nAo defiro a ordemconsiderando a realizaCao de examepericial na pr6prla penitenciaria, emvez da sua realizaCao em manicomiojudiciario (art. 150 do C6digo deProcesso Penal).

98 R.T.J. - 116

A deficiencia do exame efetuado 6que justifies o deferimento do pedi-do.

EXTRATO DA ATARHC 62 .913-SP - Rel.: Ministro

Decto Miranda . Recte .: Oswaldo Cor-reia (Advs.: Hello Deitlar e outra).Recdo .: Tribunal de JustlCa do Esta-do de Sao Paulo).

DecisAo : Provldo o recurso nos ter-mos do voto do Ministro FranciscoRezek , vencido o Relator.

Presldencia do Senhor MinlstroDJaci FalcAo. Presentes a Sess9o osSenhores Ministros Declo Miranda,Aldir Passarinho e Francisco Rezek.Ausentes , Justificadamente , o Sr. Mi-nistro Cordeiro Guerra. Subprocura-dor-Geral da Republica, Dr. MauroLette Snares.

Brasilia, 9 de agosto de 1985 -Hello Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 62.931 - MT

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.

Recorrentes : Antonio Eder Fernandes e outros - Recorrido : Tribunal deJustlCa do Estado de Mato Grosso.

Processual penal.Dendncla. Crime muitltudinario.

Exigencias atendidas.Nos crimes multltudlnarlos nAo 6 de exiglr -se que da denfincia

constem malores minticlas quanto so exato comportamento de cadaum, desde que nela se encontrern devldamente narrados as fatos e asparticlpacaes dos denunclados nas ocorrbncias . Na InstruCAo probat6-Ha as diferencas de comportamento de cada um, a malor on menorintensidade do dolo e outros elementos diferencladores entre eles po-derAo surgir , proporelonando a absolvicfio on a diferenclacAo das pe-nas, no caso de condenaCAo . Incablvel pretender-se a nulificac&o daaCAo penal per pretender -se major minOcla , na peca acusat6rla, se setern como satlsfeitas as exigencies previstas no art . 41 do C6d. Proc.Penal.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Minlstros do Su-premo Tribunal Federal , por sua Se-gunda Turma, na conformidade daata do julgamento e das notas taqui-graficas , por unanimidade de votos,negar provimento so recurso.

Brasilia, 30 de abril de 19855. DJaciFalcAo, Presidente - Aldir Passa-rinho , Relator.

RELATORIO

O Sr. Mlnlstro Aldir Passarinho,(Relator): Trata-se de recurso dehabeas corpus , pelo qual se insurgeo impetrante , o Dr. William Rodri-gues Dias, contra o v. ac6rdAo do C.Tribunal de JustlCa do ParanA, pelasua CAmara Especial, que denegou owrit hue requerera em favor de An-tonio Eder Fernandes e outros.

R.T.J. - 116

No C. Tribunal de JustiCa local, oilustre Relator, Desembargador Odi-les Freitas Souza, assim expde a es-pacie ( f1s. 93/94):

((O Dr. William Rodrigues Dias,combativo advogado militante naComarca de Rondon6polls, impe-trou ordem de habeas corpus emfavor de Ant6nio Eder Fernandes,AdAo Fernandes Pereira, AmauriFagundes de Freitas , EuripedesFernandes da Silva, Luciano Rosada Silva, Aparecido Lutz da Silva,Odir Rosa da Silva, Odair Rosa daSilva , Marto Jorge Fernandes Pe-reira, Adauto Fernandes Pereira,Lutz Carlos Regitan , Narcizo Bor-ges de Rezende e Jeronimo Inaciode Oliveira , dizendo que os pacien-tes sofrem constrangimento ilegalem virtude de decreto de prisAopreventiva da lavra do Exmo. Sr.Dr. Juiz de Direito da Comarca deJacfara.

Alega 0 impetrante , como moti-vos de ilegalidade da prisAo dospacientes , a in6pcia da denuneia(Us. 18 - a 20) e o seu aditamento(fls. 21 ) que, segundo afirma, nAodescreve a particlpaCAo de cadaum dos raus na pratica dos crimesde que sao acusados , fato que difi-culta a defesa dos pacientes.

Como razao , para a anulacao doprocesso crime a partir da fls. 164,diz 0 ilustre impetrante que o acu-sado Ant6nio Eder Fernandes afir-mou no seu interrogat6rio ter ape-nas 19 ( dezenove ) anos de idade e,mesmo assim , nao The fora dadocurador . Verificando 0 Juiz, aocorr@ncla As as . 343 dos autos, de-signou novo interrogat6rio do me-nor, ato renovado sem a presenCado seu defensor , surpreendido cama sua realizaCAo , quando instado aoferecer outra defesa pr6via. En-tende o impetrante que, realizadonovo interrogat6rio de um dosr6us, deveria ocorrer o refazimen-to de toda instrucao.

99

Com esses argumentos o impe-trante pede, finalmente, a decreta-CAo da nulidade do processo a par-tir do aditamento da denfincia,pietteando a extensAo dos be-neficios do artigo 580 do C6digo deProcesso Penal aos demais acusa-dos e, verificado o excesso de pra-zo, Ja que todos os atos nulos terAoque ser refettos e sejam expedidosalvaras de soltura em favor dosacusados.

A autoridade apontada comocoatora, o Exmo. Sr. Dr. Juiz deDireito da Comarca de Jacfara,prestou informacOes, As fls. 72,Juntando c6pta da sentenga de pro-nuncia prolatada no Processo n?1.039/84, fls. 73/78-TJ.

A Procuradoria, em parecer doilustre Procurador, Dr. BeneditoEloy Vasco de Toledo, se manifes-ts , em preliminar, que o processonao pode ser anulado via dehabeas corpus uma vez que os acu-sados foram pronunciados, caben-do recurso daquela decisAo.

Caso se conlteCa do pedido, en-tende o ilustre parecerista que de-va ser concedida, em parte, a or-dem Para que outro aditamento se-ta proposto, refazendo-se os atosprocessuais referentes aos impe-trantes Amauri Fernandes de Frei-tas, Adao Fernandes Pereira e An-tonio Eder Fernandes da Silva.>>

A fundamentaCao precipua do v.ac6rdAo do C. Tribunal vem espelha-da na sua ementa, assim enunclada(fls. 102):

((Habeas Corpus. Impetrado parase anular processocrime por faitade fundamentaCAo da denfmcia eseu aditamento ou para anular alnstruCAo criminal por falta de cu-rador a flu menor, embora refefto0 ato, ap6s ouvida das testemu-nhas.

Ordem denegada uma vez que oC6digo de Processo Penal adotou o

100 R.T.J. - 116

princtpio de que sem prejuizo, nAose anula nenhum ato processual,sendo certo tambem , que a anula-cAo do processo sb se verifica se aparte defeituosa nAo puder sersubstitulda.»

Inconformado , recorre para estaCorte o impetrante , insistindo emque a denuncla a Inepta porquantoem se tratando de denuncia refe-rente a crime de autoria coletiva, eindlspensavel que descreva ela, cir-cunstancladamente, sob pens deinepcla , os fatos tipicos atrlbuidos acada um , a fim de que possa cadaum produzir sua defesa . Em relacAoa tres dos acusados que foram in-cluldos na denuncia , via aditamento,sustenta que ele a carente dos ele-mentos essenctats exigidos na letprocessual , e transcreve dito adita-mento , o qual considers tao falho co-mo a peca acusatbrla Inicial. 0 adi-tamento se encontra nestes termos(its 113/114):

«Conhecamos os termos da sopl-nlo delictlu , verbis:

«O Promotor de Justlca que aesta subscreve, no use de suasatribulebes legais, vem respeito-samente a presenca de V. Exa.,no prazo de lei aditar a denun-cia oferecida nos autos de n?1.039/84-I, que a Justlca Pbblicamove contra Euripedes Fernan-des da Silva e outros, para queseta na mesma , incluido o nomedos indictados: Amauri Fagundesde Freltas , qualificado As fls.,AdAo Fernandes Pereira , qualtfi-cado As f1s. e Antonio Eder Fer-nandes da Silva, qualificado Asfls., pots segundo os depolmentosde fls., do incluso caderno Infor-mativo, os mesmos confessaramna policta , as particlpacbes noevento criminoso, dos fatos per-petrados no dia 20 de mato de1984 , fatos esses JA articulados nadenfincia que ora se adita» .

Eis at o suporte fActico da acAopenal publica intentada contra osrecorrentes.»Propugna, deste modo , o recor-

rente que seta anulado 0 processo apartir da denuncla , por inepta, e seuaditamento , sem preiutzo , embora,de outra poder ser oferecida.

Ouvida, manifestou-se a douta Pro-curadoria-Geral da Republica peloimprovimento do recurso.

E o relatbrio.

VOTO

O Sr. Mlnlstro Aldir Passarinho,(Relator ): 0 parecer da douta Pro-curadoria-Geral da Republica, dalavra do llustre Subprocurador-Ge-ral da Republica, Prof. Franciscode Assts Toledo , a contrarlo so pro-vimento do recurso pelas razbes se-gulntes: (its. 171/173).

((A denuncla , Inlclalmente ofere-cida contra 10 acusados e logo adt-tada para incluir mats tres , relatagraves crimes praticados em con-curso de varlas pessoas, In verbls:

«... segundo consta do laboriosotrabalho apresentado pela Secre-tarla de Seguranca Pbblica desteEstado , os denunclados acima,na noite do dia 20 do mes demalo do corrente ano, por voltadas 24 :00 horns, em acAo conjun-ta e Identica , a tttulo de exclusi-va vingansa , praticaram os cri-mes:

a arrebatamento de preso -corn emprego de vlolencla, arre-bataram a vitima Jose Anton!Mendes, das dependenclas da Delegacla de Policia da vtzinha cidade de Jusclmelra . Este, forpreso e autuado em flagrante,por ter praticado crime de hmicidlo , na pessoa de Jose Ed!var Rosa , no dia 7 de main, nestcidade , estando inclusive, denunciado, conforme processo-trim

R.T.J. - 116

n" 954/84, JA A disposicao da Jus-tlCa. Os denunciados , IA chega-ram com tres veiculos e , forte-mente armados , rendendo os po-llcfals que se encontravam deplantao.

b) homlcidlo - Os denuncia-dos, por meio cruel , reprovAvel,transportararn a vitima , a um lu-gar ermo , aproximadamente 10qufl6metros da cidade de Jusci-meira e Ilk, tudo, conforme inter-rogat6rio dos pr6prios denuncia-dos, efetuaram quase 40 ( quaren-ta) tiros de rev6lver na pessoa deJose AntOnlo Mendes , caracteri-zando antes, um verdadetro lin-chamento seguldo de um hedlon-do homicidio.

c) ocultaCao de cadaver -ainda , nao se conformando com abrutal eliminaCao da vitima, na-quele local escuro e afastado dacidade,os denunciados , transpor-taram o corpo crivado de balas,ate a cidade de Rondon6polls,jogando-o no rio Itiqulra,ocultan-do o cadaver.

A autoria, mats que evidente,ressal dos autos, face a nitidaconfissao dos acusados , aos dell-tos acima descritos , praticados,em concurso material e, em co-autoria.

Pelo exposto , denuncio-os comoincursos 'nas sanvdes do art. 353(arrebatamento de preso), com-binado corn os seguintes arts. 121(homlcidlo ), § 2?, incisos III (pormeto cruel ) e IV (mediante re-curso que tornou impossivel a de-fesa da vitima ), art. 211 ( oculta-Cao de cadaver ), art. 51 Caput(concurso material ) e art. 25 (emco-autoria ), todos do C6digo Pe-nab). (fls . 18/20).

0 aditamento impugnado repor-ta-se a essa descriCao , acrescen-tando que os novos denunciados

101

confessaram na Policia a partici-paCao nos fatos objeto da dentln-cfa.

Parece-nos que nos crimes multi-tudinArios , como os de que cuidamestes autos, cometidos por infime-ras pessoas , com o disparo de cer-ca de 40 tiros de rev6lver, ficamulto dificil , senAo impossivel,lndividuar-se de modo preciso e de-talhado a participaCao de cada um.No caso, atribulu -se o fato prin-cipal a todos os acusados eesclareceu-se, tanto na denfinclacomo no aditamento , que tais acu-sados confessararn a execuCao doscrimes . Sendo assim , em torndessa imputaCao deverA desen-volver-se a acusaCao , e, obvia-mente, nao havers dificuldadePara 0 bom desempenho da defesa,que podera opor a retratarAo dasconfissdes em juizo e os alibis deque dispuser pars demonstraCAoda inoc@ncia dos acusados , se for ocaso.

O argumento da nulidade da ins-truCao, por falta de curador a umdos reus , fof abandonado no recur-so. Salta aos olhos, porem , sua im-procedencia , por ter sido sanadapelo Julz a eventual falha com a re-petivao do ato, pars o qual nAo seexige a presenca do defensor quenada pode fazer (art. 187 do CPP).

O parecer , em conclusao, a peloimprovimento.»

A meu ver a razAo estA com o v.ac6rdao, agora reforCado corn asconsideraCdes expedidas 'no parecerda ilustrada Procuradorla -Geral daRepublica . Os fatos estao devida-mente narrados ; corn a participaCaode todos nas ocorrencias . Na instru-Cao probat6ria as dlferenCas lie com-portamento de cada um, a malor in-tensidade do dolo e outros elementosdiferenciadores poderao surgir, pro-porcionando a absolviCao das pens,no caso de condenaCao . Exigir-se,porem , com malor min6cia , na peCa

102 R.T.J. - 116

acusat6ria, a exata participaCAo decada um dos pacientes nao pode nu-liflcar a aCao penal.

Pelo exposto , nego provimento sorecurso.

E o men voto.EXTRATO DA ATA

RHC.62.931-MT - Rel.: MinistroAldir Passarinho . Rectes .: AntonioEder Fernandes e outros (Adv.: Wil-11am Rodrigues Dias). Recdo.: Tri-bunal de JustiCa do Estado de MatoGrosso.

Decisao : Negado provimento. UnA-nime.

Presidencia do Senhor MinistroDjacl Falcao. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guer-ra, Decio Miranda , Aldir Passarinhoe Francisco Rezek . Subproourador-Geral da Repbbllca , Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasiia, 30 de abril de 1985 - H6-Ito Francisco Marques , SecretArto.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N° 62.960 - PB(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Severino LUcio de Oliveira, vulgo oBiu LUcio* - Recorri-

do: Tribunal de JustiCa do Estado da Paraiba.

Habeas Corpus.

CItaCBo. NWldade. SdmWa 366.E nula a citacAo edital que nAo resume os fatos Imputados an pa-

clente nem indlca o disposltivo de let penal em que A dado como In-curso.

Recurso ordin8rlo provido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal, de conformidade com a atade iulgamentos e as notas taquigrafi-cas, a unanimidade de votos, darprovimento so Recurso de HabeasCorpus , nos termos do voto do Rela-tor.

Brasilia, 24 de maio de 1985 -Dtaci FaIcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek: 0paciente tot condenado a dez anos dereclusAo , somados a um ano de me-

dida de seguranCa, por lesbes corpo-rats de nature"ta grave que, na com-panhia de um co-reu, provocou emcerto magistrado e em outra pessoa.

Houve pedido de habeas corpus soTribunal de JustiCa da Paraiba, de-nunciando diversas irregularidadesno processo , decorrentes , segundo oImpetrante , de um tulgamento par-cial. Denegada a ordem, sobreveio 0recurso ordinArlo.

Alega o Impetrante que a denunciae Inepta por nAo precisar a condutado paciente.

Diz que a citaCAo editalicta a tnvAlids, porque o paciente nAo fora procurado nos endereCos constantes do

R.T.J. - 116 103

autos , nao sendo observadas as for-malidades legais relativas a esse it-po de chamamento a juizo.

Sustenta que a defesa dativa serealizou com extrema desidia, e queo advogado dativo nAo apelou do de-creto condenatOrto como deveria.

Aponta desfundamentaCao no esta-belecimento da pens, acentuada-mente acima do minimo legal.

Denuncia , por fim , irregularidadesno edital de lntimaCao da sentenCa.

Pelo Ministerio PUblico Federal,opinou a Procuradora Maria ElianeFarias nos seguintes termos (fls.100/102):

Improcede a pretensAo.

A citaCAo por edital s6 foi feitadepois que o oficial de Justira cer-tificou, as fls. 15v., que o r6u se en-contrava em lugar incerto e naosabido. A16m da be pfiblica de seusubscritor, que tem em seu favoruma presunCAo Jurls tantum deverdade, se aduz o fato de que erado conhecimento de todos quantosmoravam na comarca de Itabala-na, que o paciente, ap6s ter atingi-do gravemente a pessoa do JuizReginaldo Antonio de Oliveira, fu-giu para local Ignorado, ate quan-do foi preso pela policia em 1-11-84(72 dlas ap6s o termino do edital).Veja-se oficio da Secretariat de Se-guranCa Publica as fls. 72. Na suaausencia, foi elaborado auto dequaliflcaCao indireta, com basenas informa4;6es prestadas peloseu genitor. Tudo isso vem corro-borar, induvidosamente, a existen-cia da fuga. Mesmo admitindo-sead argumentandum que o manda-do nAo estava suficientementecompleto, esta foi a razAo pelaqual o paciente foi condenado a re-vella, como quer fazer crer. A hi-p6tese 6 de aplicar a Sumula 366dessa Corte.

Quanto so Segundo fundamento- inepcia da denuncia - tamb6mnao ha prosperar a argumentaCao.A peCa vestibular, as. 11/ 13, gravaimputaCao so paciente de praticade crime, por haver produzido feri-mentos graves na pessoa do Dr.Reginaldo Antonio de Oliveira, uti-lizando revolver calibre 38.

Os fatos nao silo controversos eexiste infraCao penal a ser apura-da. A denuncia, assim , nao 6 inep-ta, els que descreve suficiente-mente os fatos , de modo a permitiro regular exercicio de defesa.

Essa Suprema Corte, Ja deci-diu que «nao 6 inepta a denunciaque dando cumprimento aos requi-sitos constantes do art . 41 do CPP,descreve um crime em tese, com ademonstraCAo , embora sucinta, daparticipaCao de cada co-denun-ciado» (RHC 57.825-0-RJ, Rel. Min.Cunha Peixoto, DJ de 25-4-80, pag.2805).

Por ultimo, a Sumula 523 disp6eque a defici6ncia de defesa s6 anu-la o processo se houver prova depreiuizo Para o r6u.

Segundo consta dos autos, o pa-ciente foi assistido por dots defen-sores dativos: um que permaneceuate a defesa pr6via , e outro quecompareceu ate o final da instru-Cao. De salientar que o ultimo, nomomento oportuno e na medidapermitida pela prova dos autos,apresentou alegac6es em seu prol;arrolou duas testemunhas que fo-ram ouvidas por precat6ria, parti-cipando, dessa forma, efetiva-mente , de todos os atos da instru-Cao criminal , tendo sido inclusiveintimado da sentenCa condenat6-rla.

E certo , portanto, que o pa-ciente nao ficou Indefeso, e, seocorreu defici6ncia da defesa, naothe trouxe preiuizo, ou pelo menosisso nAo restou demonstrado.

104 R.T.J. - 116

Opinamos, em face do exposto,pelo desprovimento do recurso».E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): A assertiva de inepcla dadenUncia, sobre ser extemporanea,porque suscitada ap6s a condenaCAo,nAo tern merito, visto que a pecavestibular do processo-crime narra,corn a precisAo necessArla so exer-cicio da defesa, os fatos atribuldosaos reus.

A citaCAo editalicia , por seu lado,lmpunha-se em face do not6rlo esta-do de foragido do paciente . Dillgen-cias policlals foram desenvolvidaspars determinar seu paradetro, semexlto . 0 pr6prlo official de iustica,afinal, dA o reu por inencontravel.

Estimo, todavia, que a citaCAo edi-talicia Incorreu em vicio de formaessential . Corn efetto , o edital nAomencionou os fatos Imputados so pa-ciente , nem, so menos , os disposlti-vos legals pertlnentes. A convocaCaopfblica estA expressa de forma par-ticularmente nebulosa . Limita-se darnotlcia de que os rtus respondem«aos termos de uma ACAo penalnmovida pela JustlCa PUblica e a im-por o comparectmento so ((F6rum lo-cal, no dia 13 (treze) de abril pr6xl-mo, pelas 9 :30 horas, pare serem In-terrogados no aludido processo ...(fls. 17).

NAo me parece que a Sfimula 366possa conferir valla so ato, como su-gere o Ministtrto PUblico. A inter-pretaCAo a contratto do verbete da)urisprudencia consolidada, ao re-ves, destaca a nulldade da citaCAo,que deixou de observar o disposto noart. 365, III, do C6digo de ProcessoPenal. 0 vicio repercute, natural-mente, sobre os atos processuaissubsegUentes.

Releva assinalar que esta Turma,apreciando o HC n? 61.468, que rela-ter em 30 de marco de 1984 , acompa-nhou identlco entendimento . Sumulelo precedente nestes dizeres:

«CitaCAo. Nulidade . SUrnula 366.

E nula a citaCAo por edital quenAo resume os fatos lmputados sopaciente nem indica o dispositivoda legislacAo penal em que 6 dadocomo incurso.Ordem concedida.»

Provejo, dessarte, o recurso ordi-nario, pars anular o processo abinitlo.

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra:Sr. Presidente , nAo sou formalistnas citacoes por edital , porque epr6prlo reu quern loge A aCAoJustiCa, se foragido . Mas, na realldade, pelo menos deve constarqualificaCAo do dellto de que o reuacusado.

Assim , acompanho o eminente Relator.

EXTRATO DA ATA

RHC 62.960-PB - Rel.: MinistrFrancisco Rezek . Recte .: SeverinLUcio de Oliveira , vulgo «Biu Lilcio(Adv.: JoAo Bosco Travassos). Recdo: Tribunal de Justira do Estado dParaiba.

Dectsao: Provido 0 recurso nos tomos do voto do Relator . UnAnime.

Presidencia do Senhor MinistrDiaci Falcao . Presentes A Sessao 0Senhores Ministros Cordeiro Guerra,Decto Miranda, Aldir PassarinhoFrancisco Rezek . Subprocurado -Geral da RepUbllca , Dr. Mauro LettSoares.

Brasilia , 24 de maio de 1985Hello Francisco Marques , Secretarl .

R.T.J. - 116 105

HABEAS CORPUS N? 63.110 - RJ

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro DJacl FalcAo.Paciente : Gilson GonCalves Arruda - Impetrante : Isak Reich - Coator:

2? Tribunal de Alsada do Estado do Rio de Janeiro.

1. Competencla . Nulidade . Incompetlncia radon Joel 6 nuildaderelativa, segundo a doutrlna e a Jurtsprudencla. NAo tendo sido ar-guida opportuno tempore opera-se a preclusAo , pelo que nAo hi matsque cogitar-se de nulidade.

2. ApelaCAo interposta pelo paciente visando sua absolviCAo econdenaCAo do co -r*u. NAo conhecimento pelo Tribunal a quo quantoa Oltima pretensAo , so fundamento de ilegitlmldade pare recorrer.Inidoneldade do habeas corpus. QuestAo que nAo se coaduna com anatureza do wr14 sabidamente remedlo para corrigir os males queafetam a liberdade individual, Jamais para buscar a condenaCAo dealguem.

3. Pedido de habeas corpus conhecido em parte e indeferldo.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal , A unanimidadede votos e na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigrA-ficas, em conhecer do pedido, emparte , mas indeferi-lo.

Brasilia, 13 de setembro de 1985 -DJacl FalcAo , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro DJacl FaIcAO:Trata -se de pedido de habeas corpusformulado por Gilson Gonsalves Ar-ruda , que, por lntermedio do seu ad-vogado expoe e pede:

((Na ApelacAo Criminal no 22.289,a Eg. 3? CAmara Criminal do 2?Tribunal de Alsada do Estado doRio de Janeiro negou provimentoso agravo interposto , rejeitou aspreliminares suscitadas pelo ape-lante , ora paciente , nAo tomou co-nhecimento do pedido de condena-CAo do co-reu absolvido, provendoem parte o recurso para julgar ex-tinta a punibilidade do crime de le-

saes corporals, mantendo a conde-nacAo pelo art . 121 § 3? que a 8?Vara Criminal da Comarca da Ca-pital antes imputara so paclente.

Cuidam os autos da ApelacAoCriminal n? 22.289 , de acidente detrAnsito ocorrido em 28 de agostode 1981 ( apesar que a den(incia e ar. sentenca recorrida mencionemoutra data ) na estrada do GaleAo,Ilha do Governador, envolvendo aKombi de propriedade de uma fir-ma comercial , dirigida pelo co-r6uabsolvido, e a Variant de proprie-dade e dirigida pelo paciente, queresultou no ferimento de ambosmotoristas e na morte do passagei-ro da Kombi.

Diz o v. ac6rdAo nas its. 160,referindo-se A arg0icAo de incom-petencia do MM . Dr. Juiz da 8? Va-ra Criminal da Comarca da Capi-tal suscitada pelo paciente, que en-tendia ser competente para Julgaro feito o Juizo de uma das VarasCriminals Regionals da Ilha do Go-vernador que JA estavam instala-das quando aconteceram os fatos,In verbis:

'A segunda nAo 6 menos impro-cedente. 0 feito foi distribuido A

106 R.T.J. - 116

8! Vara Criminal quando Ja foracriada a instalada a Vara Regio-nal Criminal da Ilha do Governa-dor, que seria a competente,ratlone loci , para o processo.Acontece que o rt u nada alegou,a proposito , em nenhum momen-to anterior a sentenCa, nemquando o Mu falou em alegaCOesprellminares (RS. 90 ), nem quan-do fez as alegaCOes finals (fls.113/114), motivo por que dada arelatividade da competencia ter-ritorial, houve no caso prorro-gatio fort em favor do Juizo da 8'Vara Criminal, nAo havendo pots,como falar em anulaCao da sen-tenCa.'

Com a devida v8nia, a competen-cia de Vara Regional a de naturezaabsoluta , e, uma vez verificada alncompetencia , pode ser declaradaem qualquer tempo e grau de ju-risdlCao.

Em acOrdao unanime, a Eg. 4°Camara Civel do Tribunal de Justi-Ca do Estado do Rio de Janeiro noJulgamento do Conflito de Compe-tencia n? 797 da Capital, sendo Re-lator o Des. Jorge Lorettf, assimdecidiu:

'Competencia de Vara Regio-nal. Natureza Absoluta. Conflitonegativo de competencia. Reudomiciliado na JurisdlCao de Va-ra Regional. Competencia de faroe de atrlbulCbes. As caracteristi-cas absolutas das competenclasfixadas na leglslaCao de Organi-zaCao e Divisao Judiciarias. Pro-cedencia do conflito.

NAo se prorroga, na forma doart. 114 do CPC, competencia deJuizo de Vara Civel desta Capitalse a mesma, conforme explicita-mente consigna aLei de Organi-zaCao e DivisAo Judicidrias, a deVara Regional, em virtude dacompetencia desta $er absoluta,

decorrer de explicitas atrlbuiCbesditadas por superiores Interessesde ordem pfiblica'.

Dessa maneira, mutatis mutan-dls, o mesmo ocorre na hip6tesedos autos, dal porque a r. sen-tenCa apelada haveria de ser anu-lada e remetidos os autos so Julzcompetente, uma das Varas Regio-nals Criminals da Ilha do Governa-dor para o qual fosse o feito distri-buido.

Diz ainda o v. acerdao , fls. 162,in verbis:

'0 Oltimo pedido - o de conde-naCao do co-reu absolvido - nAoe menos do que absurdo. Comonao se Ignora, o co-reu condena-do tem legitimidade para recor-der visando a obter sua absolvi-Cao - como o fez o apelante -,mas nAo tem legitimidade pararecorrer como vitima, pletteandoa condenacao do outro rau. Nocaso dos autos , o outro partlci-pante fol absolvido sem recursodo Ministerio POblico, de modoque a inatacavel , porque imodifi-cavel, sua situaCao . Dele portan-to, a Camara nAo toma conheci-mento.

Observe-se que o paciente a tam-Mm vitima, conforme proclamamos peritos no auto de exame de cor-ps de delito de fls . 108 e v?, e nessaqualidade, na forma do que estabe-lece o art. 598 do CPP, tem- legiti-midade para interpor recurso, seda sentenCa nAo for interposta ape-laCao pelo Ministerio POblico (v.S(Imulas nos 210 e 448).

Posto isto.

Considerando que restou configu-rada a coaCAo (legal preconizadano art . 648, VI CPP, de vez que a r.sentenCa foi proferida pelo Juiz de8' Vara Criminal da Capital, quan-do competente era um dos Juizesdas Varas Regionals da I1ha do Go-vernador em decorrencla da natu-

R.T.J. - 116

reza absoluta de competencia fixa-da pela Lei de OrganizaCAo e Divi-sSo Judiciarlas;

Considerando que o v. ac6rdAoda Eg . 3° CAmara Criminal do Se-gundo Tribunal de AlCada do Esta-do do Rio de Janeiro na Ap. Cr.22.289 nao tomou conbecimento dopedido do paclente para condena-CAo do co-reu por isso que, Segundoo v. aresto , nao tinha o paclente naqualidade de vitima legitimidadepara recorrer , Infringindo assim odisposto no art . 598 e Paragrafounico do CPP , que estabelece ser oofendido parte legitima para ape-lar, alnda que o M. P. nao interpo-nha recurso , consubstanciando cer-ceamento de defesa;

Espera o paciente que apes asformaiidades legais o Pret6rlo Ex-celso haja por bern conceder a pre-sente ordern de habeas corpus"(fls. 2 a 4).

O pedido vem instruido com os do-cumentos de fls . 5 a 26 . Prestadas asinformaCOes de (Is . 35 a 37, opinou aProcuradoria da Republica pelo seulndeferimento.

VOTO

O Sr. Mlnistro DJaci FalCAo (Rela-tor): 0 pedido basela -se na nulidadedo processo por incompetencia abso-luta do juizo, bern assim em virtudede coaCAo ilegal decorrente do recur-so do paciente , na qualidade de viti-ma (art . 598, paragrafo unlco, doCPP), objetivando a condenaCAo doco-reu.

As mat6rias suscitadas ficarambem examinadas no parecer da Pro-curadora Maria Alzira de AlmeidaMartins , aprovado pelo eminenteSubprocurador Francisco de AssisToledo, que diz:

a3 Pelo primeiro fundamento,a ordem nAo hA que ser concedida.

107

4. Analisando a argfilCAo de in-competencia frisou o aresto impug-nado:

'0 feito foi distribuido A 8? Va-ra Criminal, quando JA fora cria-da e instalada a Vara RegionalCriminal da Ilha do Governador,que seria a competente rationloci, para o processo. Aconteceque o reu nada alegou, a prop6sl-to, em nenhum momento anteriorA sentenCa, nem quando o reu fa-lou em alegaCOes preliminares(fis. 113/114), motivo por que da-da a relatividade da competen-cia territorial, houve no casoprorrogatlo fort em favor doJuizo da 8! Vara Criminal, nAohavendo, pois, como falar emanulaCAo da sentenCa' (fls.23/24).

5. Tats conclus6es nAo mere-cem reparos, porquanto em conso-nAncla, nAo s6 com a doutrina, co-mo tambOm com a Jurisprudencia,notadamente do Pret6rlo Excelso,sobre ser, a competencia ratloneloci, de natureza relativa. Nessesentido anotamos:

'A competencia no processo pe-nal, 6 de regra absoluta . Apenasem se tratando de competenciade foro 6 que se tem admitido aprorrogatlo fors , em virtude danAo-argiiicao da declinat6ria dofoio ' (Frederico Marques - Dacompetencia em Materia Penal,pAgs . 176/177).

'Processual penal . Competen-cia em razAo do lugar . Varas dis-trltais e centrals , situadas dentrodo mesmo Municipio. Nulidaderelativa . Competencia justificadapela consideraCAo de que nAo 6absoluta a regra ratlone loci'(HC n? 60 . 397, Rel .: Min. DecioMiranda, RTJ 104/643).

6. Desse modo , tratando-se denulidade relativa que nAo tot argfil-

108 R.T.J. - 116

da opportuno tempore , a questaotornou•se preclusa , nao sendo macspossivel sua alegacao.

7. Quanto so segundo funda-mento , preliminarmente, somosque nAo deve ser o writ conhecido.

8. 0 inconformismo do impe-trante compreende questao ati-nente a condenacao do co-reu, plei-teada pelo paciente nas razOes derecurso . Ora, constitui o habeascorpus remedio Para corrigir osmales que afetarn a liberdade indi-vidual , Jamais Para buscar a con-denacao de alguem . Logo, a viaeleita nAo serve so que se pre-tende.

9. No merito, nesse ponto, a de-clsAo colegiada se houve com acer-to. 0 art. 598, do Cod. Proc. Penal,confere so ofendido legitimidadePara recorrer . Contudo, essa quali-dade tem que resultar extreme deduvidas . Nao basta que o recor-rente se entenda vitima . E neces-sario que o contexto probatorlo istoevidencie . Ao contrarlo , como dei-xa clam a sentenca ( fls. 7/8), aprova existente nos autos a toda nosentido de que foi Gilson o causa-dor do acidente ( colisAo de veicu-los), do qual resultou a morte deum Jovem e ferimentos no irmAodeste ( co-reu ) e no proprio pa-ciente.

Por todo o exposto , opinamos,preliminarmente , pelo conheci-

mento parcial do pedido ; e, no me-rito, pela sua denegacaon (fls. 40 a42).

Sem duvida , desde que se train deIncompetencia relativa , nAo levanta-da opportuno tempore, operou-se aprorrogacao de foro . Nao a dado aparte tirar provelto da sua inercia,ou mesmo de sua malicia . Por outrolado, alem de inidOneo o habeascorpus Para alcancar a condenacaode alguem , o impetrante nAo com-provou legitimidade Para recorrer,na qualidade de vitima.

De acordo corn o parecer conhecoem pane do pedido , mas indeflro.

EXTRATO DA ATA

HC 63 . 110-RJ - Rel.: Ministro Dja-ci FalcAo . Pacte .: Gilson GonsalvesArruda . Impte .: Isak Reich . Coator:2? Tribunal de Alcada do Estado doRio de Janeiro.

Decisao : Conhecido em parte, masindeferido. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDJaci Falcao . Presentes a SessAo osSenhores Ministros Aldir Passarinhoe Francisco Rezek . Ausente, Justifi-cadamente o Sr. Ministro CordeiroGuerra. Subprocurador-Geral da Re-publica, o Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia , 13 de setembro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

HABEAS CORPUS N? 63.131 - RJ(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Paclente: Florenclo Luiz Noguelra - Impetrante: Kleber Mesqulta -

Coator: Tribunal de Justica do Estado do Rio de Janeiro.

Processual Penal. JUri. Desaforamento. Meras conjeturas sobrea imparcialidade dos Jurados nAo autorizam a medlda , tanto matsquando contrarladas pelas Informal do Juiz da Comarca.

R.T.J. - 116 109

ACORDAo

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigrA-fleas, por maforia de votos, em defe-rir o pedido de habeas corpus.

Brasilia, 1? de outubro de 1985 -DJaci FaIcAo, Presidente - CarlosMadeira, Relator.

RELATORIO

O Minlatro Carlos Madeira: Emprocesso criminal da competencla doJON, instaurada na Comarca de Ca-choeiras de Macacu , a PromotoraPOblica pedlu o desaforamento paraa Comarca de Niter6l , no que fofatendida pelo Egregfo Tribunal deJustiCa do Rio de Janeiro , ao funda-mento de que a documentaCAo apre-sentada a bastante para Justificar amedida , eis que o reu , pertencente afamilia influente e ramlficada na co-marca, esta , pessoalmente e por in-termedfo de terceiros ou familiares,pressionando Jurados no sentido dasua absolviCAo , o que tem motivadopedidos de dispensa de Juizes de fatointimados.

Insurge-se o r6u , Florencio LutzNogueira , por via deste HabeasCorpus , contra o desaforamento, ale-gando constrangimento (legal de-fluente da falta de justa causa paraa derrogaCAo da garantla constitu-cional do Juiz Natural.

Prestadas as informaC6es solicita-das ao Desembargador Presidentedo Tribunal de JustiCa , opinou aProcuradoria -Geral da RepUbllca pe-la concessAo da ordem , com a deter-minaCao do reaforamento do Julga-mento pars o Tribunal do JUrt da co-marca do delito, ressalvada a possi-bilidade de novo desaforamento, seocorrentes. as hlp6teses legais.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator ): Eis os fundamentos do pe-dido da Promotora Publics:

«A Comarca de Cachoefras deMacacu , como qualquer pequenacidade do interior , viu-se sacudidapor barbaro e covarde crime noqual se envolveram como reu e viti-ma dots conhecidos fazendeiros daregiao, pertencentes ambos A mes-ma famllfa , JA que primos diretos.

Desde o inicfo da instruCAo, JAcirculavam pelos corredores doForum comentarios acerca docrime e da tensAo deixada na at-mosfera da cidade , JA que afamilia envolvida a bastante co-nhecida e com enormes ramifica-C6es.

Encerrada a instruCAo criminal,pronunciado o reu e lncluido o pro-cesso em pauta de Julgamento, fo-ram os «comentArios » se alastran-do a respelto da certeza da absolvi-CAo do reu , dada a pressao exerci-da por ele -e por seus familiares so-bre a comunidade local , com refle-xo nos jurados que viessem a Julgar a causa , mas o certo a que oterror das pessoas envolvidas asimpede de atestar o que sabem.Porem , ap6s o adiamento do Jul-gamento, logrou-se conseguir umdepoimento acima de suspeitas (a-nexo) que, apesar do medo, repro-duziu as conversas paralelas que,ha meses, vinham chegando so co-nhectmento desta Promotoria, re-velando agora, sem sombra de dU-vida, inexistir clima para um Jul-gamento sereno e imparcial.» (its.92-93).

Nas informaCeos prestadas so Tri-bunal , disse o Juiz de Direito da Co-marca:

"Os pedidos de dispensa demembros do corpo de jurados pormotivos diversos nao sao fatos ex-clusivos deste processo.

110 R.T.J. - 116

Alias, a dificil haver um julga-mento em que nAo ocorra mais.umpedido de dispensa . Assam a que noproc. n? 1.581/79,julgando em 304-84, houve cinco pedidos de dispen-sa de jurados . E o processo nao ti-nba nada de terrivel , pots, no jul-gamento, 0 MP pediu a desclasstfi-caCao para lesoes corporals.

Houve, realmente, jurados quepediram dispensa «por razoes pes-soais» ( fls. 194 /201) nao declaradasou por razoes declaradas ( fis. 236)ou por motivo de saUde ( fls. 225).

Para a sessao do corrente ano,pediram dispensa por motivo desaUde tr@s jurados que juntaramatestado medico, dots dos quaffsmencionando expressamente o malde que sofrem. Uma jurada pediudispensa por ja ter comprado pas-sagem para viagem a Bahia. Ne-nn,,m dudes pedlu dispensa por mo-ti os particulares , nao menciona-dos, ou mesmo sem menctonar osmotivos.

A maior parte dos jurados quepediram dispensa, vteram pessoal-mente a presenra do Jutz, justift-car o pedido. Apenas um jurado,na sessao anterior , se declarou impedido por ser amigo de um irmaodo reu e por ser sua esposa colegae amiga de uma filha da vitima(fls. 236).

Assim sendo, fora os dots pedi-dos fettos na sessao do ano passa-do, de dispensa apor razoes pes-soais,,, nAo ha nenhuma evid@nciade que os pedidos fettos neste ano,por motivo de saUde ou por motivode viagem nao tivessem autentici-dade, ou fossem resultado de me-do.

No din designado para o julga-mento, suspenso em razao do pre-sente pedido, compareceram aoForum 17 jurados que ignoravam,ate entAo, o adiamento. Como es-perava o comparectmento de born

numero deles, submeti aos juradosurn questionario escrito, solicitan-do que respondessem ao mesmocom a maior sinceridade e serle-dade, dispensando-os de assinar asrespostas para que nao se sentis-sem constrangidos no caso de te-rem de apontar algum colega co-mo suspeito para julgar esse caso.

Pots bem: dos 17 jurados quecompareceram , apenas doss disse-ram ter conhecimento de um abal-xo assinado a favor do reu. Nin-guem teve conhecimento de abaixoassinado contra o reu. 15 juradosresponderam nao ter tornado co-nhecimento de abaixo assinado al-gum.

Dos 17 jurados presentes, 16 de-clararam nao ter ouvido quaisquercomentarios sobre certeza de ab-solviCao do reu . Apenas um falouem ter ouvido comentario nessesentido (porem, indagado se ouviucomentarios a respelto da condena-Cao do reu, disse que nao, mas afir-mou tambem que os comentariospela absolv (Cao.e pela condenaCAose equivalem , demonstrando assimnao ter entendido hem a pergunta.

Dos 17 jurados presentes, dezdisseram nao ter recebido pedidoalgum . 5 dizem ter recebido pedi-do, tanto no sentido de condenar,como no de absolver.

Dos 17 jurados, nenhum disse terrecebido pressoes para condenarou para absolver , 14 acharam queos demais jurados tinham condi-Coes para julgar com imparciall-dade . Um entendeu que haverlaum jurado suspeito , outro entendeuque haverla tres suspeitos e outroentendeu que haverla sete suspei-tos.)> (Fls. 104-107).

Das hipoteses autortzadoras do de-saforamento - interesse da ordempfiblica; dUvida sobre a Imparciall-dade do jUri, ou sobre a seguranCado reu, e nao realizaCao do julga-

R.T.J. - 116

mento no periodo de um ano -, a t6-nlca do pedido sub examen foi na du-vida sobre a responsabilidade dos Ju-rados.

Embora haja referenda de tensAolocal , decorrente do choque de opi-ni6es em torno dos fatos , tal aspectonAo impressiona , pots o que caracte-riza a instituiCAo do Juri 6 exata-mente o Julgamento por aqueles queformam o ambience , que exprimema reaCao do melo social em que ocor-reu delito.

Quanto A duvida sobre a imparcia-lidade do Juri , ante as press6es de-correntes de posiCAo social da vitimae do acusado , s6 quando fundada emfatos incontestaveis , em circunstAn-cias induvidosas , que ganhem a dt-mensAo de anormalidade , 6 que sedeve desprezar a garantia dodireitoso Julz Natural , adotando-se a ex-cepcional medida do desaforamento.

Dots ac6rdAos deste Colendo Tri-bunal dao as linhas gerais desse en-tendimento . 0 do Habeas Corpus n?47.037-ES, Relator o Ministro BarrosMonteiro , com a seguinte ementa:

«Desaforamento . Inserindo-se odesaforamento e derrogagAo da re-gra fundamental de que o reu deveser Julgado no distrito da culpa,nAo 6 de ser deferido atendendo avagas suspeltas acerca da impar-cialidade do Awl, refutadas aque-las por ponderosas informaC6es doM. Julz da Comarca , sobre o altogabarito e equilibrio social dosque constituern o respectivo corpode Jurados. Habeas Corpus deferi-do." (RTJ 51/671).

0 segundo a da lavra do MinistroEvandro Lins , no HC n? 43.196, e suaementa foi citada no voto do Minis-tro Barros Monteiro no primeiroac6rdao acima referido e esta assimconcebida:

«Desaforamento. A regra 6 quetodo crime deve ser Julgado no lu-gar em que lot cometido. A vaga

111

arguiCAo de duvida sobre a impar-cialidade do JON nao a motivo suft-ciente para deslocar o Julgamentode uma comarca para outra. Valo-rosas informaC6es das autoridadespublicas, sobre a competencia edignidade dos Jurados . HabeasCorpus concedido.»

Ajusto-me a essas linhas gerais e,acolbendo o parecer da Procurado-ria-Geral da Republica concedo 0Habeas Corpus para que o pactentevenha a ser Julgado no foro do delito.

E 0 voto.

VOTO

O Sr. Ministro. Cordelro Guerra:Sr. Presidente , em principio , mante-nho o desaforamento dos Tribunals,porque acho que eles tern mats co-nhecimento dos fatos do que o Supre-mo Tribunal Federal. Tenho ac6r-dAos nesse sentido , que nAo se deve- no meu entender , a claro; - de-sassistir de razAo os Tribunals,quando sem um motivo multo forte.Na especie, a Promotora Publica re-comendou o desaforamento. 0 am-biente, segundo ela conta, Ja estavaate pela comemoraCao antecjpadada absolviCao.

Assim sendo , mantenho a minhaorientaCAo e nao me sentindo autorl-zado a dissentir do Tribunal , indefiroo habeas corpus , data venha , do emi-nente Ministro Relator.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho:Sr. Presidente , quanto ao desafora-mento , a verdade 6 que nAo se podefixar padrao para defers-lo, on nAo.Tudo hA de ser decidido ante o casoconcreto e as peculiaridades que oenvolvem. Havendo elementos fortesque possam por em duvida a impar-cialidade do Corpo de Jurados, sedeve permitir o desaforamento. Mas,

112 R.T.J. - 116

de outra parte, nao se h8 de esque-cer que a medida tambem a excep-cional . Elementos ponderaveis, seexistentes , a que devem aconselharque ha) a a transferencia do foro dejulgamento . 0 Senhor Ministro Rela-tor mencionou a possibilidade de ha-ver certa influencia , na Comarca, defamiliares do acusado . NAo me pare-ceu, contudo , tao nitidamente carac-terizada tal influencla sobre julga-mento, influindo na imparcialidadedo JUri . Alias, deflui dos autos quetambem a familia da vitima feriapossibilidade de alguma influencia.

Como salientou o Ministro CarlosMadeira, na analise que fez, os fato-res apontados como aconselhando odesaforamento , nao parece tao for-tes que justificasssem a medida ex-ceptional.

Assim , apesar da abalisada mani-festaCao do Sr . Ministro CordeiroGuerra , cuja experfencia em ques-tSes referentes a julgamentos peloTribunal do Jliri imprime em seuspronunciamentos redobrada autort-dade , prefiro ficar com o Sr. Minis-tro Relator , concedendo a ordem dehabeas corpus.

E o meu voto.

VOTO0 Sr. Ministro Djaci Falcao: Tam-

bem acompanho o Relator a conside-raCao de que, no caso, consoante de-monstrou S. Exa ., nao ha elementosconcretos que demonstrem a possibi-lidade evidente de parcialidade dos

jurados . Em outras ocastdes tenhome orlentado , evidentemente, nosentido de que devemos valorizar amanlfestacao das autoridades locals:do Promotor e do Jutz, bem asslmdo julgamento pelo Tribunal local,que, via de regra , mats pr6ximo dosfatos, melhor podera fazer uma ate-riCao mats exata da questao. Toda-via, nem todos os casos sao iguais.Neste, como disse o Sr . Ministro Re-lator , nAo ha elementos concretosque demonstrem a necessidade deaplicaCao da medida excepcional,que e o desaforamento.

Defiro a ordem , data venla, do vo-to do eminente Ministro CordeiroGuerra.

EXTRATO DA ATA

HC 63 . 131-RJ - Rel.: Ministro Car-los Madeira . Pacte .: Florenclo LutzNogueira . Impte .: Kleber Mesquita.Coator : Tribunal de JustiCa do Esta-do do Rio de Janeiro.

Dectsao: Deferido o pedido dehabeas corpus nos termos do voto doRelator , vencido 0 Ministro CordeiroGuerra.

Presidencia do Senhor MinistroDjacf Falcao. Presentes a SessAo osSenhores Ministros Cordetro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezeke Carlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Snares.

Brasilia , 1? de outubro de 1985 -Hello Francisco Marques , SecretA-rio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.160 - RJ

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Roberto de Assis Valory - Recorrldo: 2? Tribunal de AlCa-

da do Estado do Rio de Janeiro.

ApelaCdo em llberdade . Antecedentes.

NAo cabe em habeas corpus cotejar a sentenCa , que apontoumans antecedentes do reu, corn declaracbes supervenientes em senti-do contrario.

R.T.J. - 116 113

ACORDAO 4. Reiteramos o Improvimento.

Vistos, relatados e discutldos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, ne-gar provimento so Recurso de Ha-beas Corpus.

Brasilia , 27 de agosto de 1985 -DJaci FalcAo, Presidente - Fran-cisco Rezek, Relator.

RELATORIO

0 Sr. Mintstro Francisco Rezek:Pelo Ministerto Pfiblico Federal, aProcuradora Laurita HllArto VazlanGou nos autos o seguinte parecer:

1. (4Em favor de Roberto de As-sis Valory, condenado como Incur-so nas sanG6es do artigo 155 1 4?,inciso IV e 155 Caput, do C6digoPenal, so cumprimento da pens deseas ( 6) anos de reclusao , susten-tando que o paciente, que se encon-tra preso , por forCa da senteneacondenat6rla , tem o direito deaguardar em liberdade o julga-mento da apelavao interposta, por-quanto 6 primario e tem bons ante-cedentes.

2. A ordem fol denegada no co-legiado estadual, pelas razbes sin-tetizadas na ementa do Julgado,verbis:

Ementa : Habeas Corpus. Direi-to a recorrer em liberdade. Pro-va de bons antecedentes. 0 Juizpode entender , corn base nas cir-cunstAncias do fato e na persona-lidade do agente , que este naotem bons antecedentes, motivopor que, mesmo sendo primario enAo registrando outros fatos, nAopode recorrer em liberdade. Pre-cedentes do STF)) ( its. 103).

3. Dal 0 recurso, no qual se rel-teram o direito so paciente deaguardar o julgamento da apela-cao interposta.

5. 0 paciente nao faz Jus so be-neficio pleiteado , em razAo de seusantecedentes que nAo sao bons, co-mo restou demonstrado na senten-ca condenat6rla pelo MM. Juiz:

((Roberto Valory , homem ((en-rolado,>, de ma fama na regiao,como informam os autos , emborade sltuacao econ6mlca privilegia-da, nutria dentro de si a vontadelivre e consciente de trazer parao seu patrim6nio a coisa alhela.Valendo-se sempre de seus em-pregados , para que, se fosse pre-ciso , como o foi, dizer ((nao set denada)), «nada fiz>,, use houve fur-to 6 coisa de meu empregado)). Eo poder econ6mico proporcionan-do o Tonga manus para a reallza-sao do crime. E o use do ((testa-de-ferro)) (fls. 61/62). E, al6m,explicita o digno sentenciador:

((Por Ultimo, examinando osantecedentes dos rims, os consi-dero ruins . Valory , embora pri-mario, al6m de ((enrolado,>, dema fama na regiAo, sua folha re-gistra antecedente criminal ,) ( fls.65).

6. As consideraG6es transcritaspor s1 s6, bastariam para repelir osuposto direito do recorrente deaguardar em liberdade o julga-mento da apelapao interposta,diante da disposiGao contida no ar-tigo 594, do C6digo de Processo Pe-nal.

7. V6-se que, so contrario doque se exige na disposlCAo eviden-ciada - reconhecimento da prima-riedade e dos bons antecedentes nasentenCa condenat6ria -, o Julga-dor fez foi repudiar a admissAo debons antecedentes do recorrente.

8. De outra pane, vale ressal-tar que, as condIC6es pessoais dorecorrente - ((situaGao econ6micaprivllegiada ), e o ((poder econ6mi-co,, por ele representado -, sao Ir-

114 R.T.J. - 116

relevantes, em face do entendi-mento firmado na sentenCa conde-nat6rla.

9. E a Suprema Corte , no julga-mento do RHC n? 63.016-2-SP, deci-diu que a vertflcaCAo de bons onmans antecedentes depende deprova , de dificll apuraCAo no Julzosumarlo do habeas corpus.

10. Em face do exposto , sugerl-mos o improvimento do recurso»(fls. 141/144).No recurso ordinarto , arguments o

impetrante que a (pica anotaCAo nafolha de antecedentes do reu dlz comdentincta arquivada . Junta aos autosdtversas declaraCdes abonadoras desua conduta na sociedade.

E o relat6rlo.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator ): 0 caso do processocrlmearquivado , a que se refere o recurso,teve tal desfecho porque aos indicia-dos (o pactente e comparsa ) nAo int-claram a execuCAo do crime demorte que vtsavam praticar contraHenrique Soares, (...) llmitando-seos indiciados A aquisiCAo de rev6lve-res por duas vezes, a emboscada e a`diligdnclas ' no local onde reside avitima Henrique» ( fls. 128v .). Essespreparativos , se nAo constituemcrime, decerto que nao depdem emfavor da reputaCAo do pactente. Aocontrario , concorrem pars a com-preensAo do ]uizo que o magistradosingular formou sobre o r6u.De todo modo , a sentenCa se abs-

teve de reconhecer bons anteceden-tes so reu , e nao o fez de modo imo-tlvado . 0 habeas corpus nAo a viaadequada pare confrontar a senten-Ca corn declaraCdes outras, agoraanexadas so processo.

Acolhendo o parecer do Minist6rioPfiblico, nego provimento so recur-so.

EXPLICACAO

O Sr. Ministro Francisco Rezak(Relator ): Sr. Presidents , proferindoa sentenCa condenat6ria , o Julz decl-diu sobre a aplicaCAo do artigo doCbdigo de Processo Penal , resultantsda Lei Fleury , a base da considera-CAo de que o reu 6 pessoa de mA fa-ma na reglAo - o que teria sido in-formado nos autos, por uma teste-munha -, e alegou tamb6m que,embora tecnicamente primario, re-gistrava ele um antecedente crimi-nal. Esse antecedente , que a Impe-traCao lembra ser caso de den(mciaarqulvada , estA registrado nos autosdo habeas corpus mediante certidAoda Comarca de Porcl(incula . Cuidou-se de um compld denunciado pelaPromotoria , no sentido de matar de-terminada pessoa. A acusaCAo quepesou sobre Roberto Valory fol a deter sido o mandante , enquanto que ocidadao de nome Paulo Leandro se-ria o projetado executor . 0 Mlniste-rlo P(iblico , afinal , requereu o arqui-vamento , dizendo o seguinte:

(demos neste caso provado queos indlciados Paulo e Roberto Va-lory nAo iniciaram a execuCAo docrime de morte que visavam apraticar contra Henrique Soares,eis que a vida daquele nAo chegoua correr perigo direto, devido sofato de nAo ter sido Inlciada a aCAode matar, que no caso , seria oaponte e engatilhamento da armsde toga , limitando-se os indlciadosa aqulsiCAo de rev6lveres , por duesvezes, a emboscada e a adillg6n-cia» no local onde reside a vitimaHenrique . Tudo sem Bomar-se o fa-to de que o segundo indiciado, Pau-lo, declarou textualmente ( (Is. 96),que em momento algum passou pe-Ia sua cabeCa consumar o crime dehomlcidio contra Henrique, dquem gosta muito , visando tosomente a receber do primeiro Indiciado o valor da peita.))

R.T.J. - 116 115

Em tats clrcunst3nclas , o Promo-tor sentiu-se no dever de considerarque nAo lot adentrada a fase da exe-cucAo. For Isso pediu o arquivamen-to, que o Juiz deferiu . Enfim , cuida-se de uma acusacAo de homlcidio.Meu voto considers essa circuns-

tAncia e lembra 0 fato de que, nojutzo de habeas corpus , onde se invo-ca o art. 594 do C6digo de ProcessoCivil, nao Cabe so Supremo TribunalFederal a substituicao do juizo pro-cessante.

Nao se cuida de saber o que as in-tegrantes do Supremo formulariamcomo juizo, se no lugar estivessemdo Julz singular . A questao 6 bemoutra : cuida-se de saber se o Jutzsingular , decidlndo como decidlu so-bre o art. 594, cometeu Ilegalidadeou abuso de poder . De sorte que, naeventualidade de esta Corte procla-mar que ele nAo cometeu ilegalldadeon abuso de poder, isto seguramentenao signifies que as membros do Tri-bunal, em primeira instAncia, e nouse da limitada subjetividad6 de cri-terios que permite o art . 594, chega-riam a igual conclusAo.

Lembrou o advogado do recorrenteque o fato em questAo 6 um fato dis-tante no tempo . A prova da ma Tamado paciente ado tem robustez exem-plar, em absoluto . Outros magistra-dos criminals , em clrcunstanciasidenticas, teriam decidido de mododlverso , a respeito da apelacao emliberdade . Mas nAo hA como procla-mar, em juizo de habeas corpus, queo julz processante tenha cometidoIlegalldade ou abuso de poder soadotar uma postura particularmenteen6rgica , estlmando que o r6u naotem bons antecedentes, e recusando-the o beneficto previsto no art. 594 doC6digo de Processo Penal.

VOTO

O O Sr. Ministro Aldir Passarlnho:Sr. Presidente, faco uma lndagacAo:

no arquivamento da denUncia houve,realmente , declaracdo de que nAoocorreu a execuCAo?

O O Sr. Ministro Francisco Rezek:A denfincia d9 como pacifico quehouve uma trams homicida, que nAopassou da fase dos atos preparat6-rios. Presumo que ha de ter havldodefesa e negativa da realidade dosfatos, no que concern so pacienteRoberto Valory. Ja 0 co-reu Paulodeclara a pelts; tanto que diz, emsua defesa , que chegava a simpati-zar com a vitima; nAo tenha a inten-cAo sincera de matar Henrique, masaspirava a receber o dinhelro pro-metido, ap6s o que nao cometerla odellto . Essa 6 a defesa do co-r6uPaulo.

O promotor estA absolutamenteconvencido de que houve a pelts, deque houve a trams, e de que nao sepassou da fase dos autos preparat6-rios. Contudo , sua narrativa delxaClara que nAo se chegou A execucAonAo porque Roberto Valory nao o de-sejasse, mas em razao de circuns-tanclas outras, tendo a ver , sobretu-do, com a conduta do co-reu Paulo.

O Sr. Ministro Aldir Passarlnho:Sr. Presidente, diz o art. 594 do C6di-go de Processo Penal que o reuaguardara na prisao , declarando 0Julz que ele nAo possul bons antece-dentes . Nao se exige que seta reinci-dente ou JA tenha cometido crimeanterior e 'par ele condenado. Nabbasta que seja apenas primarlo; 6preciso que seus antecedentes, real-mente, sejam bons e reconhecidosna sentenca . No caso, o contrarlo 6 0que ocorre : houve denuncia de umcrime, e nAo se discute que o pa-ciente se encontre lsento de qualquerparcels de responsabllidade ; apenaso homicidio nao chegou a se consu-mar. Fat fetta uma avallacAo, peloJuiz, dos antecedentes do ora pa-ciente , e nAo podemos - hi variosjulgados nesse sentido - realizar, navia sumarlssima do habeas corpus,

116 R.T.J. - 116

uma avallaCAo subjetiva maior, rea-preclando aquela realizada pelo JuizA base daqueles elementos que theforam presentes, salvo se flagrante-mente errdneo o entendimento domagistrado de primeiro gran.

Em principio , sou contra a perma-n6ncia em prisao de cidadAo que nAoofereca major perigo A sociedade.Mas, no caso presente , em face dodlsposto na lei , nAo posso contrariara declsAo do Juiz, endossada peloTribunal.

Acompanho o eminente MinistroRelator, negando provimento so re-curso.

VOTO

O Sr. Minlstro Cordeiro Guerra:Acompanho o eminente Relator, por-que a acusaCao 6 de um fato grave:furto qualificado , furto de gado. E is-so numa sociedade rural, de urn ho-mem que tern born concetto financet-ro, mas que o Juiz tern sinceras du-vidas de ter ele sido capaz de prati-car ease crime . Acho que - e hitmulto tempo que manifesto este pon-to de vista - tot um erro a LetFleury , ou pelo menos como se vemaplicando indlscriminadamente. Masquando o pr6prio fato revels uma te-mibilidade do delinquente, - ladisse isso - por exemplo : o caso dosrapazes que assaltaram a mao ar-

mada, em Belo Horizonte, um agio-ta. S6 o fato de usarem armas e to-marem o dlnhelro de algu6m que su-punham rico revels que 6 gente quenAo tem bons antecedentes , porquenao baste que deixem vestigios, bas-te que seiam temiveis . NAo dou essaexpressao A Lei Fleury ( hoje em dia6 voz corrente que ela tem que serrevogada ); 6 uma interpretaCAo res-tritiva, de uma lei equivocada.

Nego provimento so recurso.

EXTRATO DA ATA

RHC 63 . 160-RJ - Rel.: MinistroFrancisco Rezek . Recte .: Roberto deAssis Valory ( Advs .: Josh MauroCouto de Assis e outros ). Recdo.: Se-gundo Tribunal de AlCada do Estadodo Rio de Janeiro.

Decisao : Negado provimento. Unit-nime . Falou pelo Recte .: o Dr. JoshMauro Couto de Assis . Ausente, oca-sionalmente o Sr. Ministro Declo Mi-randa.Presid6ncia do Senhor Ministro

D]act Falcao . Presentes A SessAo osSenhores Mintstros Cordeiro Guerra,Declo Miranda , Aldir Passarinho eFrancisco Rezek . Subprocurador-Geral da Republica, Dr. Mauro LetteSoares.

Brasilia, 7 de agosto de 1985 -H611o Francisco Marques, SecretArio

HABEAS CORPUS Nt 63.189 - PE(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.

Paciente : Genildo de Andrade Lima - Coator : Tribunal de JustiCa doEstado de Pernambuco.

LesOes corporals graves ( art. 129, f it, 1, do C6digo Penal ). Nula,por falta de fundamento , 6 a condenaCAo que, ausente 0 exame com-plementar , impOe a qualiflcadora, corn base na 36 palavra da vitima.

Habeas corpus concedido para anular a sentenCa e o ac6rdAo,sem prejuizo de nova declsAo Isenta dessa falha.

R.T.J. - 116 117

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Primei-ra Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, de-ferir o pedido de habeas corpus.

Brasilia, 11 de outubro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente - OctavioGallottl, Relator.

RELATORIO

O Sr. Minlstro Octavio Gallotti: Amateria estA perfeitamente resumi-da no parecer do eminente Subpro-curador-Geral Francisco de AssisToledo:

Genildo de Andrade Lima foicondenado por lesdes graves, art.129, § 1?, I (incapacidade para asocupaC6es habituals por mats deTrinta dias), nAo obstante o Juiz te-nha declarado, expressamente, nasentenCa nAo ter sido realizado 0exame complementar das lesdesMs. 12 ), valendo-se pars a consta-taCAo da incapacidade das declara-Cdes da pr6prias vitima.

Confirmada essa decisao emgrau de apelaCAo , ingressa o Dr.B6ris Trindade com pedido dehabeas corpus , em favor do pa-ciente, arg(lindo falta de justa cau-sa pars a condenaCAo por aus@nciade exame pericial complementar,indispensavel A caracterizacao dagravidade da lesAo, na hip6tese do§ 1?, I, do art. 129.

Tern razAo , a nosso ver , o impe-trante.

0 conceito de incapacidade, ado-tado pelo C6digo, e funcional e naoecondmico e deve ser real, nAoapenas dependente da vontade dolesado (v. Nelson Hungria, Comen-tArios , 31 ed., vol . V, pag . 319). As-sim, para sua caracterizaCao, nao

basis a palavra da vitima, mastorna-se indispensAvel o examemedico pericial complementar. E oque se infere da Jurisprud encia no-ticiada por Celso Delmanto, Inverbis:

«E obrigat6rio o exame com-plementar , nAo sendo suprido pe-lo progn6stico do exame de corpode delito efetuado logo apes ocrime ( STF, RE n? 86.398, RTJ84/658 e RT 512/477; TARJ, Ap.16.610, RT 523/461)> (C6d. PenalAnotado , 4? ed., pag. 152).

Assim , coma a aust?ncia doexame em foco estA expressa-mente reconhecida na sentenCa(f1s. 12 ) e no ac6rdao ( voto do revi-sor, fls . 48), baseando -se a conde-nacao na so palavra da vitima (its.10/11 ), pois nenhum outro elemen-to de prova a indicado pelo juiz, so-mos pelo deferimento da ordempars anulaCao da sentenCa e doac6rdao, por falta de fundamentoquanto A condenaCao porlesdes denatureza grave . Tudo .sem prejuizode nova decisao , sem a falha apon-tads.

E o parecer .>, ( fls. 51/2).E o relat6rlo.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti(Relator ): Decidiu 0 Juiz singular, notocante A questao suscitada no pre-sente habeas corpus:

rc - Nao fol procedido o examecomplementar , todavia, essa omis-sAo nao preiudica a classificaCaoda lesAo comp grave, uma vez quea incapacidade estA sobejamentedemonstrada nos autos , inclusivepela pr6pria vitima que s6 corn aperna enfaixada passou quatro me-ses». Ms. 12).O acOrdAo proferido em grau de

apelaCAo tem, sobre a materia, umas6 refer@ncia , situada no voto doilustre Desembargador-Revisor:

118 R.T.J. - 116

Sem o exame complementar desanidade , ha, contudo , informe se-guro de ter a vitima passado matsde quatro meses acamada, com aperna ferida e engessada ». ( fls.48).O § 3? do art. 168 do C6digo de Pro-

cesso Penal deixa certo que o examecomplementar das lesbes no 6 ofmico meto de prova admitido parsserem as mesmas consideradas denatureza grave ( art. 129, ¢ 1?, I).

O reexame de prova produzidanesse sentido nAo 6 tema consentidopela via do habeas corpus, masserve este a veriflcaCao de que, nasentenCa e no ac6rdao , nenhum ou-tro elemento de prova 6 indicado Pa-ra justificar o reconhecimento daqualtficadora , salvo as declaracoesda pr6pria vitima, o que revels ser acondenaCao carente de fundamenta-Cao suficiente.

Acolhendo o parecer , defiro a or-dem, para anular a sentenCa e oac6rdao, por falta de fundamento pa-

ra a condenacao por lesbes de natu-reza grave, sem prejuizo de nova de-cisao Isenta da falha apontada.

EXTRATO DA ATA

HC 63 . 189-PE - Rel.: Ministro Oc-tavio Gallotti : Pte.: Genildo de An-drade Lima . Impte .: B6ris Trindade.Coator : Tribunal de Justica do Esta-do de Pernambuco.

Decisao : Deferiu-se o pedido deHabeas Corpus, nos termos do vo-to do Mlnistro Relator . Unanime.

Presid6ncia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Oscar Correa,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente lustificadamente, o SenhorMinistro Neri da Silveira. Subprocu-rador-Geral da Repfiblica, Dr. JoshArnaldo GonCalves de Oliveira.

Brasilia , 11 de outubro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

HABEAS CORPUS N? 63.250 - SP

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.Paciente: Jorge de Jesus ou Antonio de Jesus ou Antonio Roberto de Je-

sus - Impetrantes: 0 mesmo e Boanerges Tessarl - Coator: Tribunal deJustiga do Estado de Sao Paulo.

Habeas corpus. CassaCBo de prlado -albergue. Inexlsttncla de 1114to constrangimento , de vez que a declsao da egrpgla Camara Crimi-nal est8 devidamente fundamentada . DenegagAo do pedido.

ACORDAO RELATORIO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal , a unanimidadede votos, e na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-flcas, em indeferir o pedido.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -Diaci Falcao, Presidente e Relator.

O Sr. Ministro Djaci Falcao:Trata-se de pedido de habeas corpusem favor de Jorge de Jesus ou Anto-nio Roberto de Jesus, condenado porhomicidio quaflficado e furto, queviu cassado pelo Tribunal de JustiCao beneficio da prisao-albergue domi-ciliar , concedida pelo luizo de primetro gran , sob alegaCao de ilegaconstrangimento (fls. 2 a 4)..

R.T.J. - 116

Prestadas as informaCdes de fls.27 a 28, manifestou-se a Procurado-ria da Republica pela denegaCdo dopedido.

VOTO

0 Sr. Ministro DJaci FaIcAo (Rela-tor): 0 ac6rddo que cassou a conces-sdo da prisdo-albergue diz:

((Segundo se observa do todo con-tido nos autos , o apelado fol conde-nado a 13 anos de reclusAo devendodescontar 2 anos de medida de pe-guranCa detentiva , devido.haverpraticado delito de homicidio quall-ficado , bern como foi apenado amaisj ano de reclusdo do crime defurto.

Levado so IPA de SAO Jose doRio Preto, dali se evadiu, a de-monstrar que ndo entendeu 0 al-cance do beneficlo que the foi con-cedido, qual seta 0 de cumprirparte do apenamento em regimeaberto.

Dal haver a assistente tecnicaque subscreve o ((Estado Social )de fls . 37/9, na sua ((AnBlise Con-clusiva)) de its . 39, deixado afirma-do que ((reincidente, o apenado JAteve oportunldade para cumprirpena em regime aberto a ndo cor-respondeu >> e por ndo haver «eloafetivo entre os membros do grupofamiliar)) e que a ((conduta anti-social do requerente a precoce)),torna-se dificil ((formular progn6s-tico favorAvel de ressoclalizaCao>>( mesma folha 39).

Alem do mats , como alerta a re-corrente, em suas razOes recur-sais, ((A lei Estadual n? 1.819/78,em seu art. 1?, disp6e que as penasde reclusdo e de detenCao serAocumpridas em regime aberto,semi-aberto e fechado , especifican-do as hip6teses nos arts . 53, 40 e 34,respectivamente.Ocorre, contudo, que o regime

semi-aberto , a um periodo de tran-siCdo, obrigat6rio ( o grifo ndo 6 do

119

texto) entre os regimes fechado eaberto, pars os sentenciados compenas superiores a 8 anos, tra-tando-se efetivamente de um estA-gio da pena )) ( v. f1s. 58).

E nessa sorte de ideia prosse-guem no sentido de demonstrarque a execuCdo de pena nAo se pro-cede de modo a ndo seguir os estA-glos mandados pela lei, sob penade desviar o seu aplicador do estu-do felto pelo legislador , no sentidode dar so sentenciado as condiC6esde sua readaptaCdo social.

Diz a recorrente , com proprie-dade, que existe nas mudanCasdos estAgios , uma verdadeira pro-moCAo , e que ((em vArlas locall-dades e, principalmente, em SaoPaulo, ndo hA Casa do Albergado.A semiliberdade que decorre daprisdo-albergue e mormente, dadomicillar , fica, necessariamente,transformada em liberdade total.O sentenciado ndo a fiscalizado,nem e assistido e , multo menos,orientado . Sua saida abrupta deum regime fechado para as ruasvem se refletindo e se espelhandono grande percentual de ((susta-C6es (( e de ((revogaC6es )) desse be-neficio, tendo em vista a pratica denovos delitos no curso dessa espe-cie de cumprimento de pena» (cf.ifs. 59).

Ainda, como fez notar o doutoProcurador de JustiCa oficiante, oapelado ainda tem ((doss anos demedida de seguranCa por cumprir,face sua periculosidade presumi-dan e que ((tambem ndo faz provade efetiva proposta de emprego))(cf. f1s. 68).

Por tudo isso fica provida a ape-laCAo, nos termos JA enunciados,expedindo -se mandado de prisdo»(ifs. 33 a 35).

Como se ve , nAo ha que falar emcoaCao ilegal . A declsdo da egreglaPrlmelra Camara Criminal esta de-vidamente fundamentada.

120 R .T.J. - 116

No que toca A medida de segu-ransa , a sua extineAo deve ser re-querida nos termos dos arts . 65, inc.I e 194 da Let das ExecuSbes Penats.

Ante o exposto Indefiro o ' pedido.

EXTRATO DA ATA

HC 63.250-SP - Rel.: Ministro Dla-cl FalcAo . Recdo .: Jorge de Jesus onAntonio de Jesus on Antonio Robertode Jesus . Imptes .: 0-mesmo e Boa-nerges Tessarl . Coator: Tribunal deJustiCa do Estado de SAo Paulo.

DecisAo: Indeferldo o pedido, Aunanimidade de votos.

Presid8ncia do Senhor MinistroDlact FalcAo. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Gemral da Republica, o Dr. Mauro Lei-te Soares.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -H611o Francisco Marques, SecretA-rio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.251 - SC(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Recorrentes : Taltiblo del Valle y Arau)o e outros - Recorrido : Tribunal

de Justisa do Estado de Santa Catarina.

Habeas Corpus. Exame de prove. Falta de Justa cause . Indpciada Inlclal. Concesslo de oficlo.

Correta 6 a fundamentaGAo do ac6rdAo recorrido ao escusar-de se imiscufr no sopesamento e avallasAo de Indlctos e da prova do-cumental, para efeito de trancar a aCAo penal , pals serfs transmudaro Habeas Corpus em InstAncia do contradit6rio, que se esteja diantede evldAnclas.

Entretanto, tao manifesta A a In6pcla da denuncla , por nAo conter a descriglo do comportamento dos paclentes na indlgltada aedelltiva, que se ImpOe conceder a ordem de oficlo , tendo por nulapese acusat6rla.

Recurso de Habeas Corpus improvido. Concedido, entretanto,Habeas Corpus de oficlo.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-metra Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata delulgamentos e notas taquigrAficas, Aunanimidade , negar-se provimentoso recurso , mas conceder-se deoficlo o habeas corpus.

Brasilia , 4 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Rafael Mayer:ac6rdAo denegat6rio do pedido dhabeas corpus , ora sob exame, estassim deduzido:

«Cuida-se de habeas corpimpetrado em causa pr6pria pelDr. Taltibio Del Valle y Arauioem favor de seus colegas, Drs. Mrilo Sampalo Canto e Rog6rlo dSilva, todos advogados, sob a al

R.T.J. - 116 121

gaCao de estarem sofrendo coaCaoilegal por pane do MM . Julz de Di-reito da 11 Vara da Comarca deSao Joaquim , que recebeu denUn-cia que Ihes imputa a pratica dosdelitos previstos nos artigos 171,caput , item I e 173, combinadoscom os artigos 25 e 51, todos do C6-digo Penal.

Pretendem o trancamento daaCao penal por falta de justa cau-se, argumentando que os elemen-tos de prova coligidos no processonao caracterizam , em momento al-gum, os ilicitos que ihes sao lmpu-tados . Sob outro enfoque, aflrmamque no selo da aCao penal quepretendem trancada «violentas eserissimas sao as acusaCOes for-muladas contra Juizes e Promoto-res. aque atuaram , em diversasocasioes , nos autos dos inventariosque deram origem ao processo, fa-to que torna o Juizo daquela Co-mares incompetente para o exameda questao penal , posto que, con-cretizadas essas acusaCOes contratais autoridades , seria o Tribunalde JustiCa ( art. 87 , do CPP) o com-petente para o processamento eJulgamento do feho», que devertaenfeixar tambem aquelas pessoas.

Da impetraCSo Instruida com osautos da indigitada aCao penal,teve vista a douta ProcuradoriaGeral de JustiCa que, em estudadoparecer , opinou pela denegacao daordem.

A denOncla deflagladora do pro-cesso cujo trancamento se pede es-ta vazada nos seguintes termos:

«Consta da notitia criminis ane-xa e dos documentos que a acom-panham , que, Otillo Antonio Ra-mos, Ja falecido , em 27 de abril de1979, atraves do instrumento deprocuraCao , outorgou poderes aosdenunciados Taltiblo del Valle yArafujo, Murilo Sampaio Canto eRogerio da Silva para que con-cluissem o inventarlo dos bens del-

xados por falecimento de sua mu-lher Maria Amelia Borges Ramos,ocorrido em 19 de abril de 1978,que JA se encontrava em andamen-to.Tao logo constituidos, os tres

procuradores passaram a venderbens e a sacar valores depositadosna conta do esp6lio.

Com a morte de Otllio Ant6nioRamos, ocorrido em 12 de setem-bro de 1979, assumiu o cargo de in-ventariante o denunciado ValentimPezzenti, que contitulu novamenteos tres procuradores denunciadospara concluirem , agora, os dois in-ventarios reunidos num s6 proces-so.0 denunciado Valentin Pezzen-

t1, alem do cargo de inventariantedos esp6lios , exercia tambem ocargo de «Curadoru de tres her-deiros-interditos e do «amentab>Dimas Borges do Amaral proprieta-rlos de ricas glebas de terras, po-voado com pinheiros que estao emcondominio , ou em comunhAo comos bens a serem inventariados.

«Assumindo a dlreCao do inven-tario dos esp6lios ( processo n?549/78), Valentim Pezzenti e ostres procuradores deram inicto adilapidaCao do patrimOniodos es-p6lios, vendendo indiscriminada-mente os bens m6veis semoventes,gado vacum e cavalares . Insatis-feitos , promoveram a venda deuma enorme fazenda localizada nomunlcipio de Planalto, comarca deCapanema , Estado do Parana.

Diante das reclamacoes dos her-deiros , por determinaCao do MM.Juiz de Direito da Vara Civel, em17-11-80, o Contador Judicial Anto-nio Ramos Godoy procedeu so le-vantamento do montante de ven-das realizadas no processo de in-ventario, registrando a importan-cia de Cr$ 5.490.356.Da importancia encontrada no

levantamento foram sacados irre-gularmente da conta bancaria dos

122 R.T.J. - 116

esp6lios pelos denunciados os se-guintes valores: Valentim Pezzenti,Cr; 221.217, Rogerio da Silva, Cr$11.186 , Murilo Sampaio Canto, Cr$1.150.000 e Taltibio Del Valle yAraujo, Cr$. 2.230.000.

Os valores sacados pelos denun-ciados, foram diluidos em presta-C6es de contas frias.

Do total apurado com vendas,que foi totalmente pulverizado pe-los denunciados, nenhum centavofoi depositado em nome dos tresherdeiros-interditos.

0 Inventario, apesar de conter 5(cinco ) volumes, nada foi feito, anao ser a claro as vendas e os sa-ques de numerArios.

Tal era o desmantelamento dopatrim6nio dos esp6lios e a iniusti-Ca que faziam aos herdeiros-in-terditos, que assim se manifestouo Promotor de Justiga, Dr. Vi-tor Cani nos autos do inventarto549/78.

«Senhor Juiz:

1. 0 presente processo de in-ventario a urn verdadeiro pan-dem6nio: petir6es, saques de di-nheiro, substabelecimento de pro-curag6es, prestag6es de eleva-das importancias , herdeiro bri-gando um contra o outro, macsde 6 advogados constituidos e to-dos peticionando e sacando dl-nheiro , herdeiros interditados,pedidos de corte de pinheiros esua vends, pedidos de venda degado e lavantamento de dinheiro,fnterditos sem seu curador , inter-ditos somente assistindo o des-mantelamento de sua fortunasem nada poderem fazer, umafortuna em dinheiro ja sacada etotalmente gasta, etc... etc...n

0 denunctado Valentin Pezzentifol destituido do cargo de inventa-riante, por sentenca exarada em 17de novembro de 1981 , nos autos n?6.155/80.

Taltibio Del Valle y Araujo, re-nunciou o mantato outorgado porValentin Pezzenti , em 11 de junhode 1981 , sendo que os outros dossdenunciados , guardam sil@ncio.

Entretanto, enquanto isso acon-tecia no inventario n? 549 , ValentinPezzenti e os tres procuradores de-nunciados, mais Rogerio TarzanAntunes da Silva , desmantelaramos pinheirais existentes nas terraspertencentes aos esp6lios e DimaBorges do Amaral (interdito), ex-traindo uma quantia superior acinco mil pes de pinheiros adultos.

Rogerio Tarzan Antunes da Silvade posse de urn contrato de extra-Cio de pinheiros em parceria, fir-mado por Otilio A. Ramos e suamulher e Dimas Borges do Amaral(louco de nascimento sic) com aMadetreira Sao Jeronimo Lida.(contrato nulo ), que the foi transfe-rido, extraiu todos os pinheirosexistentes numa area de terrascom 5.151.617 ,00 m', de proprie-dade do Interdito Dimas Borges doAmaral , em condominio com ter-ras dos esp6lios.A16m de se utilizarem de um

contrato nulo , pots os acusados naodesconheciam este fato, extrairamos pinheiros existentes de umaarea , que nao estava vinculada aocontrato , e nem estava transcrltano registro de im6veis, o que tornaa ilicitude mais grave.

Para encobrirem os atos ilicitospraticados contra as indefesas viti-mas a maloria loucos de nascimen-to, Rogerio Tarzan Antunes da Sil-va contando com a colaboraCao deValentin Pezzenti , ocurador dos in-felizes», e a intelig@ncia de Taltiblodel Valle y Araujo, procederam oregistro da area onde extralram ospinheiros , registrando-as em nomede Dimas , denegando a parte quepertence aos esp6lios.

Os registros das areas de Dimasocorreram em 11 de marco de 1980

R.T.J. - 116

e consta dos autos n? 1.616 de Sus-citaCao de Divida, que tramitouneste Juizo.

Simultaneamente, os denuncla-dos para darem um desfecho nogolpe articulado, ingressaram emJuizo corn uma ACao de Permutan? 1.612, propondo a permuta detodas as terras do amental Dimaspor uma misera sala na cidade deLages, oferecida por Rogerio T.Antunes da Silva.

A trama diabOlica foidenunciadana esfera civil, sendo a permutadesfeita em face da destituiCao deValentim do cargo de «curador»,ocorrida ern 6 de maio de 1981.

Rogerio Tarzan Antunes da Silvaextraiu pinheiros ilegalmente dasterras do amental Dimas e dos es-polios ate Janeiro de 1981, quandofoi compelido a paralisar o cortepor determinaCao judicial.

Assim agindo, os acusados obti-verarn vantagem ilicita, causandoserlos prejuizos ao patrimonfo dosespOlios-vitimas, conseqUentemen-te aos herdeiros incapazes e soamental Dimas Borges do Amaral,corn a utllizaCao de meios fraudu-lentos, vendendo, permutando e in-duzindo os alienados a pratica deatos capazes de produzirem efeitosJuridicos.

Tendo os acusados, em face doexposto, incidindo nas sanCOes dosartigos 171 caput , item I e 173 c/c oartigo 25 e 51 caput do Codigo Pe-nal (concurso material), requer aV. Exa., que A, e recebida estacorn a noticia criminis e os docu-mentos que a informa, sejam osmesmos acusados devidamente ci-tados para o interrogatorio e a de-fesa que tiverem, assim como paraos demais termos do processo, sobas penas da lei f1s. 2 a 5).

Como se ve, as acusae6es saomuitas e, sobretudo, graves, emer-gindo da vasta documentaCao cole-

123

tada nos autos condiCOes para ooferecimento da denuncia contraos pacientes , merce da existenciade veementes indicios incrimina-dores.

Basta citar , por oportuno, tOpicodo v. acOrdao proferido pela Egre-gia Segunda Camara Civil desteTribunal, na ApelaCao Civel n?17.582, de Sao Joaquim , ( medidacautelar de sequestro que ternpertinencia corn a imputaCao)onde o ilustre relator, preocupado,consignou:

aCom tal quadro , a evidente quea medida cautelar se impoe, mes-mo que nao seja ela tecnicamenteo seqUestro. A providencia a aindamais necessaria se considerarmosque Valentin Pezzenti Ja fof afasta-do, em primeira instancia, da cu-ratela do interdito (fls. 56).

So nos autos da interdiCao on daaCao de remoCao de curador a quese podera melhor apreciar a quetitulo foram feitas as derrubadas eextrag6es de pinheiros.

Por sua vez, salta aos olhos quea reparaCao dos danosJa causadose dos que viessem a ser causadosdificlimente serao reparados, por-quanto ja se entreve , na contesta-Cao, inumeras pessoas envolvjdasas quail , como sOi acontencer nes-ses casos , procuram assacar umasas outras a responsabilidade.

E 0 que e de estarrecer: que asimportancias havidas com a extra-Cao dos pinheiros, vultosas por cer-to, nao estao revertendo , nem um-centavo, para o proprietario. Ateparece que pessoas inescrupulosasestao -se valendo da demencia dointerdito , aproveitando-se do seupatrimonio.

Ante tal quadro a recomendaCaodo eminente Desembargador:

«Cumpre, finalmente, ao Dr.Juiz de Direito, se Ja nao o fez, de-

124 R.T.J. - 116

terminar as providencias cabiveisao melhor esclarecimento dos fatose a punicAo dos responsavels.

Justamente o que se fez.uPor outro lado, o exame deta-

lhado da prova indiciaria nao podeser feito no restrito ambito dohabeas corpus , conforme tantasvezes decidido, com supedaneo emvaliosas manifestar6es do ExcelsoPret6rio. Somente quando evidenteo descompasso entre a denuncia eos elementos informativos do in-querito a que tal analise se tornapossivel , mas esse nao e o caso dosautos.

Por derradeiro, inviavel, tam-bem o almejado trancamento pelosegundo enfoque . Como acentuadopelo ilustrado parecerista da doutaProcuradoria -Geral, as autorida-des judiciais bern Como aquelasque integram o Ministerio PublicoEstadual que atuaram nos inventa-rios que geraram toda a controver-sia penal nao sao, ate o momento.partes integrantes da lide, nao ha-vendo, pois, Como se deslocar acompetencia para o Egregio Tribu-nal de JustiCa.

Denegou-se a ordem.» (fis. 162/169).Esse ac6rdao tomou a seguinte

ementa:uHabeas Corpus . ACao penal.

Falta de junta causa . Inocorren-cia. Trancamento negado.

Somente quando os fatos narra-dos na denuncia nao encontramrespaldo dos elementos informa-tivos colhidos no Inquerito a queCabe o trancamento da aCao pe-nal."

Embargos de declaraCao opostospelos impetrantes foram rejeitados,corn a fundamentaCao seguinte:

«Argilindo ma apreciaCao dos fa-tos trazidos a exame, bern ComoIndesculpavets omiss6es do ac6r-dao lavrado nos autos de habeas

corpus em que sao pacientes,Taltibio Del Valle y Araujo, Muri-lo Sampaio Canto e Rogerlo da Sil-va, mediante embargos de declara-Cao, habil e tempestivamente in-terpostos, pretendem, em resumo:

a) que sejam apontadas, no cor-po do 1? volume do processo-crimen? 2.379 , as provas ( documentaise/ou testemunhas) dos crimes deestelionato nele existentes, segun-do o que esta dito na decisao de fis.162/169):

b) que sejam apontadas, no cor-po do 1? volume do processo-crimen? 2.379, as provas (documentalse/ou testemunhais ) dos crimes deabuso de incapaz nele existentes,segundo o que esta dito na decisaode fis . 162/169;

c) que sejam apontados , no cor-po do 1? volume do processo-crimen? 2.379, os indicios ( documentaise/ou testemunhais) suficientes deautorla (nexo causal ) que levem apresuncAo de que os pacientes pra-ticaram os crimes de estellonato,segundo o que esta dito na decisAode fis. 162/169;

d) que sejam apontados, no cor-po do 1? volume do processo-crimen? 2.379 , os indicios ( documentaise/ou testemunhais ) suficientes deautoria (nexo causal) que le-vem a presunCao de que os pacien-tes praticaram os crimes de abusode incapaz, segundo o que estA ditona decisao de fis. 162/169: e

e) que sejam apontados , no cor-

po do 1? volume do processo-crimen? 2.379, os veementes indicios In-criminadores existentes contra ospaclentes, segundo o que esta ditona decisAo de fis. 162/169.»

Em sintese, desejam que o ac6r-d5o aponte quaffs os crimes cometi-dos e a respectiva comprovaCAo decada um, o que, no minimo , impli-caria na supressao de uma instan-cia, pots examinando , detalhada-

R.T.J. - 116 125

mente, cada acusaCao estar-se-iajulgando a causa no ambito restri-to do habeas corpus.

Claro que, pela via eleita, sepode determinar o trancamento daacao penal , mais isso s6 a possivelquando a atipicidade se mostre, deimediato, evidente e nitida, o quenao e o caso dos autos, onde acomplexidade a uma constante quechega e envolver inclusive a atua-Cao de magistrados e promotoressendo, portanto, do maior interessepara prOpria justiCa que todos osfatos sejam devida e definitiva-mente esclarecidos para que essaspessoas tambem sejam responsabi-lizadas, se for o caso.

((De ponderar , ainda, que a alar-deada atipicidade penal se escora,inclusive , em notas , recibos e tam-bem autorizap6es acolmadas de«frias», sendo a instruCao o cami-nho adequado e legal para resolvermateria de tamanha importancia.

Nao ha, pois, como se acolher ospresentes embargos que, a rigor,pretendem uma reapreciaCao doselementos informativos do proces-so e nao simples suprimento depossiveis omiss6es do ac6rdao.

Ao rejeita-los, debita-se o lingua-jar candente e nada escorreito emque vazados, a natural falta deisencAo emocional, que decorre daversao apaixonada dos fatos,oriunda da atuagao em causa pr6-pria .» (fls. 241/243).

Tempestivamente se interp6e o re-curso ordinario, com a renovaCaodos argumentos e pedido de proce-dencia do pleito , e caso nao seja aco-Ihido o entendimento , que a Corte,conceda a ordem vex officio, porinepcia da denuncia , ja que naoatendidos os requisitos do art. 41 doCPP, sem prejuizo do oferecimentode outra peCa exordial de acusaCao".(fls. 279).

Nesta instancia, o eminente Sub-procurador-Geral, Prof. Assis Tole-do, exp6e e opina pelo improvimentonesses termos:

,<Em favor dos advogados MuriloSampaio Canto e Rogerio da Silva,processados criminalmente pelaacusaCao de prAtica de esteliona-tos, Impetra-se ordem de habeascorpus para trancamento da aCaopenal , por falta de justa causa, oupara remessa do feito ao Tribunalde JustiCa a fim de que nele sejamigualmente acusados juizes e pro-motores que atuaram no inventarioem que se praticaram os atos refe-ridos na denuncia.

Denegada a ordem pelo Tribunalde JustiCa (ac6rdao de fls. 162/169,1? vol.) e rejeitados embargosde declaraCao (ac6rdao de f1s.241/243 ), vem o recurso de its.256/279, contendo Impressos e do-cumentos compostos de mais dequatrocentas folhas , exigindo parasua autuaCAo a formaCao de matsdots pesados volumes.

Nao ha dUvida que o recorrente,como ocorrera na impetraCao, pre-tende na via sumaria do writ exa-me aprofundado de vasta e com-plexa prova documental para comisso obter o reconhecimento dainexistencia de justa causa, emjulgamento antecipado da aCao pe-nal a que respondem os pacientes.

A denuncia , transcrita no ac6r-dao (fls. 163/168), descreve a ven-da de bens do esp6lio , pelos acusa-dos e a apropriaCao , desvio e dila-pidaCao dos respectivos valores,em prejuizo de herdeiros-interdi-tos. Refere-se, ainda, a denuncia aac6rdao da 29 Camara Civil do Tri-bunal de JustiCa em medida cau-telar, determinando i<o esclareci-mento dos fatos e a puniCao dosresponsaveis», pois, ao ver doac6rdao:

(< ............................

126 R.T.J. - 116

Ate parece que pessoas ines-crupulosas estao-se valendo dademencia do interdito, aprovei-tando-se do seu patrim6nio». His.168).

Isso, a nosso ver, basta para au-torizar ainstauraCao daaCao pe-nal, devendo a questAo de meritosolucionar-se com a sentenCa final.Ajustam-se so caso os seguintesjulgados do Pretbrio Excelso:

aEmenta: - Trancamento daACAo Penal.

So a possivel por via de habeascorpus se o fato descrito naoconstitui crime e, portanto, naohA evidentemente justa causa Pa-ra o processo . " ( RHC 51 . 824-SP,Rel.: Ministro Aliomar Balleiro,STF, DJ de 7-6-74, pAg. 3933).

((EMENTA : Habeas corpus.Falta de justa causa. Nao setranca a aCao penal por falta dejusta causa , sob pretexto de naoprovados os fatos que dependemda instruCAo criminal . Para a de-nuncia , satisfettas as demais con-dlC6es, bastam os indicios sufi-cientes de autoria e nao o juizode certeza exigivel para a conde-naCao . Recurso de habeas corpusimprovido". (RHC 58.545-SP, Re-lator Ministro Rafael Mayer,STF, DJ de 27-2-81, pAg. 1305).

aEMENTA: Descrevendo a de-nuncia fato que constitui crime,nao pode o Juiz trancar o proces-so por meio de habeas corpus, apretexto de nao estar provadoaquilo que o Ministerio Publicose prop6e a demonstrar atravesda instruCAo. RHC improvido.(STF, RHC 55.855-MA, RelatorMinistro Cordeiro Guerra, DJ 3-3-78, pAg. 968). (RHC 59.024-SP,Relator Ministro Cordeiro Guer-ra, STF, DJ de 28-8-81, pAg.8264)."

A pretensao de se deslocar acompetencia para o Tribunal nao

tem procedencia, corno bem se de-cidiu, enquanto nao constar da de-nuncia alguma autoridade que fixeaquela competencia por prerroga-tiva da funcao.

0 parecer, em conclusao, a peloimprovimento ". ( fls. 1074 / 1077).E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator): Impressiona, sem duvida, aargumentaCao dos Recorrentes embusca de demonstrar a ausencia decorrelaCao entre as provas existen-tes no inquArito policial e a incrimi-naCao constante da peCa acusat6ria,com a conclusAo de falta de justacausa para a prossecuCAo penal porado constituirem crimes os fatos aque se reporta aquela peCa informa-tiva.

O exame das peCas do intueritoevidencia que o que nele se contemsao traslados de documentos, emgrande numero e amontoadamente,tirados de processo de inventario, es6, dos quais a denuncia quer tirarindicios ou razbes de suspeita para almputavAo de crimes aos acusados.

Entretanto, avaliar os indicios e osentido probatOrio desses documen-tos, pars negar-se a existencia dequalquer atividade delitiva, a justift-car a repressao penal, seriaImiscuir-se no exame de provas, oque 6 na verdade incabivel emhabeas corpus , do modo 'como pre-tendido pelos Recorrentes.

E incabivel a porque esse examesignificarfa a transformaCao dohabeas corpus numa instancia docontradit6rio, para sopesar as pro-vas que sao boas e as que sao mAs.0 que se permite solver em habeascorpus sao os aspectos factuals queprescindem de apuracao e de de-monstraCao, incontroversos e evi-dentes.

R.T.J. - 116

No caso, a complexidade dos ele-mentos probat6rios demanda esforgode interpretagao e mesmo que se.orientasse em determinado sentido,nao se justificaria que alcangassedesate neste quadro processual.

Tern assim razao o venerandoac6rdao recorrido, tanto quanto oIlustrado parecer, ao pugnar peloimprovimento.

Entretanto, a analise a que se de-veu proceder nos autos, na aferigaodos doutos argumentos da impetra-gao, sente-se de certo modo embara-gada pelos pr6prios termos em queesta posta a denuncia, o que naopode deixar de ser considerado, mes-mo de oficio, Como sugerido pelosRecorrentes, pots manifesta a inter-relagao dos temas.

E que em se tratando de uma Ton-ga narrativa e de fatos apresentadosComo complexos , a denuncia nao sedetern em um so passo, a relatar, ocomportamento dos pacientes no his-t6rico das ilicitudes que se pretendeocorrentes, Como se pode apreenderda leltura da pega acusat6ria, trans-crita no relatorio. As meng6es a elessao ligeiras , nem sequer nomeadossenao Como qs procuradores, e numaposigao acess6ria sem destaque Paraa conduta de cada um.

Essa omissao descritiva ja de siserfa bastante Para demonstar ainepcia da incial, pela consequentedificultagao a defesa dos acusados.

Mas nao a s6 , e nesse ponto a inep-cia raja pela falta de justa causa,pois, embora capitulando a condutados denunciados, de modo geral, emtres tipificagoes do estelionato (art.171, Caput , 171, I, a 173 do CP), a de-nuncia nao indica nem descrevecomportamento de qualquer dos acu-sados que se possa subsumir nos ele-mentos constitutivos dos menciona-dos tipos criminals.

Notadamente nada se diz quantoao meio fraudulento empregado e a

127

manutengao da vitima em erro onengano Para obter-se o proveito ilici-to; nada se diz, de fato , referente avenda de coisa alhela Como se fossepr6pria; nern se descreve ato a que oincapaz tenha sido induzido a prati-car.

Na verdade, tudo o que se diz, nadenuncia, a esse prop6sito, a umaproposlgao abstrata, repetitiva dostextos legais , ou seja , «assim agindo,os acusados obtiveram vantagernilicita , causando serios prejuizos aopatrim6nio dos esp6lios-vitimas, con-setibentemente dos herdeiros Inca-pazes e ao amental Dimas Borges doAmaral, corn a utilizagao de meiosfraudulentos, vendendo, permutandoe induzindo os alienados a pratica deatos capazes de produzir efeltosjuridicos» (fls.), mas sem que se fa-ca qualquer relacionamento das hi-p6teses legais com as situag6es con-cretas.

Trata-se, portanto, de denuncia aque falta o suporte legal reclamadopelo art . 41 do CPP , Para embasar aagao penal, sendo portanto nula. Ou-tra denuncia ha de se propor, expun-gida dos defeitos, e atenta as nobrespreocupac6es do Egregio Tribunalrecorrido que quer ver esclarecida aatuacAo de magistrados e promoto-res que estao envolvidos nas medi-das tomadas no inventario (fls. 243),e decerto resguardada, se for o caso,a indivisibilidade da agao penal.

Ainda, embora negue provimentoao recurso ordinario, nos termos doart. 193, II, do Regimento Interno,concedo a ordern de oficio, Para anu-lar a denuncia, por inepta, a fim deque outra se oferega.

EXTRATO DA ATA

RHC 63.251-SC - Rel.: MinistroRafael Mayer . Rectes .: TaltibioDel'Valle y Araujo e outros (Adv.:Hugo M6sca ). Recdo.: Tribunal deJustiga do Estado de Santa Catarina.

128 R.T.J. - 116

DecisAo: Negou-se provimento aorecurso, mas concedeu-se de oficio ohabeas corpus , nos termos do votodo Ministro Relator. Unanime. Faloupelos Rectes.: Dr. Hugo M6sca.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a SessAo osSenhores Ministros N@ri da Sfiveira,

Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Repfiblica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 4 de outubro de 1985 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.274 - SP

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente : Benjamin Pereira Leite - Recorrido : Tribunal de JustiCa

do Estado de Sin Paulo.

Habeas Corpus.

Dendncla. Emendatio Libeili (C.P.P., art. 383). PrisAo preventl-va. ApelaCAo em liberdade. Regime de prlsAo.

I - A emendatlo libelll n$o reclama a providbncia estatuldano art . 384 do C.P.P., visto que regida pelo artigo precedente.

II - Rbu preso preventivamente so tempo da sentenSa condena-t6ria nSo faz jus a apelar em Uberdade.

III - O habeas corpus nSo a mein idOneo pare o reexame dascondiCdes subjetivas que determinam o regime de prisAo do reu.

Ordem indeferida.

ACORDAO

Vlstos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigrA-ficas , por unanimidade de votos, ne-gar provimento ao Recurso de Ha-beas Corpus.

Brasilia, 20 de agosto de 1985. -Djact FaIcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Minlstro Francisco Rezek:Adoto como relat6rio o parecer daDra. Laurita Hilario Vaz, que opinoupela Procuradoria Geral da Republi-ca:

«O advogado FlAvlo AugustoPaulino impetrou habeas corpus,perante o Egregio Tribunal de Jus-tiCa do Estado de SAo Paulo, emfavor de Benjamin Pereira Leite,pleiteando a nulidade da sentencaque condenou o paciente A pena detres anos e nove meses de reclu-sAo, sob a argumentaCAo de terocorrido a alteraCao do libelo, semque fosse observada a norma doartigo 384 e paragrafo fmico do C6-digo de Processo Penal.

Sustenta, ainda, o impetrante,ter o paciente o direito de cumprira pena que the foi aplicada em re-gime aberto, desde o inicio, hajavisto que se trataria de condenadoacom bons antecedentes, primArio,agente delitivo ocasional, despidode periculosidade latente», bem Co-mo, o direito de apelar em liber-

R.T.J. - 116

dade , nos termos do art . 594, doC6digo de Processo Penal, nAo seJustificando , tambcm, os motivosdenegat6rios de tal beneficlo.Denegada a ordem no colegiado

estadual , faz-se 0 recurso, onde seretomam os argumentos inicial-mente deduzidos , passando, tam-Wm, a evidenciar , que a pena foiilegalmente exacerbada.

Retteramos o improvimento.De inicio , verifica-se que o MM.

Julz de Direito prolator da decisao,ao condenar o paciente Como in-curso nas sanCbes dos artigos 299 e171 do C6digo Penal, no invcs dosartigos 304 e 171 do mesmo estatu-to, limttou-se a dar aos fatos nar-rados na denilncia definiCao diver-sa da que the fol dada na inicialacusat6ria e, ainda, sem que im-portasse na aplicaCao de penamats grave ao paciente.

Nao ocorreu , assim a alteraCaodo libelo, mas simples corrigendadeste ( emendatio libell i ) , perfeita-mente cabivel no ambito do artigo383 do C6digo de Processo Penal,sem a aplicaCao da disposiCao con-tida no art . 384, do estatuto refert-do.

Sendo certo que o rcu nao se de-fende da capitulaCao do fato, masslm da imputaCao do cometimentodeste , a defesa do paciente ne-nhum prejuizo sofreu , com a per-feita sentenCa , emprestando ao fa-to narrado outra classificaC3o.

No que concern ao diretto deapelar em liberdade , a decisao de1? grau , acertadamente colocou aquestao, verbis:

«Nao faz o rcu per merecer osbeneficios do art. 594 do CPP,consoante orientacao do SupremoTribunal Federal , tendo em vistaa anterior decretacao da primei-ra preventiva». ( fls. 56).Realmente, a disposiCao do arti-

go 594 do C6digo de Processo Pe-

129

nal, segundo entendimento pacificoda Suprema Corte, nao se aplica arcu preso em razao de flagrante onpreventiva, uma vez que ela visaapenas abrandar o principio de elerecolher-se a prisao para apelar.

Se assim sucede, nao se vislum-bra nenhum constrangimento Ile-gal em razao de ter sido negado aopaciente a faculdade de recorrerem liberdade.

Quanto ao regime de prisao dopaciente, Ja estabelecido na sen-tenca, nao c o habeas corpus metoidOneo para o reexame das condl-cOes, inclusive subjetivas, para aconcessao, on nao, do regime deprisao aberta, negado pelo Juiz nasentenCa condenatOria.

Finalmente, a razao feita a pro-pOsito, de que a pena foi exacerba-dada injuridicamente, c de Gitimahora; inova, assim , 0 pedido e, portal motivo, nao Cabe ser apreciada,Como 6 sabido.

Ao teor do exposto, somos peloimprovimento do recurso» (fis.104/107).

E o relatorio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator ): 0 parecer ft a exata so-luCao a espccie.

Nao vinga a alegaCao de nulidadeda sentenCa , certo que all nao sepromoveu mutatlo ilbelli , mas tao-s6emendatio libelli , que prescinde daobservancia da norma expressa noart. 384 do COdigo de Processo Pe-nal.

O direito de apelar em liberdadefoi denegado na origem , com remis-sao a precedentes do STF em casosanalogos.Acolho, ainda , o parecer ao desta-

car que os argumentos em torno doregime de prisao estabelecido e dadosimetria da pena nao asseguramcxito a impetracao.

130 R.T.J. - 116

Nego provimento ao recurso ordi-nArio.

EXTRATO DA ATA

RHC 63 .274-SP - Rel.: MinistroFrancisco Rezek . Recte .: BenjaminPereira Leite ( Adv.: FlAvio AugustoPaulino ). Recdo .: Tribunal de Justi-Ca do Estado de Sao Paulo.

Decisao: Negado provimento. Una-Wine.Presidencia do Senhor Ministro

Djaci Falcao. Presentes 9 Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Decio Miranda, Aldir Passarinhoe Francisco Rezek. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 20 de agosto de 1985 -Hello Francisco Marques , Secret6rio

HABEAS CORPUS N? 63.313 - MG

(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Sydney Sanches.Pactentes: Josh Marcillo Pereira Branquinho e outro - Impetrante:

Ariosvaldo de Campos Pires - Coator: Tribunal de JustiCa do Estado de Mi-nas Gerais.

Homicidlo . Tentatfva. Possibilidade de desclassificaC$o pare le-Wes corporals alnda na fase que se desenvolve perante o Julz singu -lar. ManifestaCilo da defesa a respeito , Interpretada erroneamente peto julz como alegaCbes finals . Supressflo dos arts . 499 e 500 do C.P.P.violaCao do art . 410 do mesmo C6digo. Ac6rdAo e sentenga anuladpara que se observe este ultimo dispositfvo.

Habeas corpus deferido. 7ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrafi-cas, por unanimidade de votos, emdeferir o pedido de habeas corpusnos termos do voto do Ministro Rela-tor.

Brasilia, 11 de outubro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente - SydneySanches, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Sydney Sanches:0 ilustre Procurador Dr. CarlosEduardo Vasconcelos , em pareceraprovado pelo eminente Subprocura-dor-Geral da Republica, Dr. Fran-

cisco de Assis Toledo, assim relatoa hip6tese e opinou nos presentes au-tos de habeas corpus, verbis:

«1. 0 Professor Artosvaldo deCampos Pires impetrou uma or-dem de habeas corpus , em favorde Jose Marcilio Pereira Branqui-nho e Paulo Roberto Pereira Bran-quinho , visando desconstituir ac6r-dao do Tribunal de JustiCa do Es-tado de Minas Gerais que, conhe-cendo da apelaCao dos pacientes,repeliu a preliminar de nulidadepor cerceamento de defesa, consubstanclado na supressao, em 1?Instincts , de fmportantes faseprocedimentais.

2. Narra o fmpetrante que opacientes foram denunciados pelpratica de duas tentativas de ho

R.T.J. - 116

micidio e lesbes corporals leves,em concurso material ( denuncia,fls. 06/09). Nas alegaC6es finals,oplnou o 6rgao do MP pela desclas-sificaCAo das tentativas de ho-micidio para lesbes corporals gra-ves, mantidas as lesbes leves (fls.58/59). Em face disso , 0 juiz profe-riu o seguinte despacho:

'<Como he possibilidade de no-va tipificagao do fato delituoso,na forma legal , abro vista A defe-sa para manifestaCAo e, queren-do, apresentar novas testemu-nhas, prazo de oito dias (art. 384,do CPP) - I.)) (fl. 60).

As fls. 18 diz a defesa efalo' emseparado)), em alusAo por certo aoart. 384 . Nessa manifestaCAo a de-fesa concorda em que nAo houvemesmo a tentativa ( ate porque adesclassificaCAo para lesbes gra-ves era mais favorAvel aos reus) einsiste na sua tese de rixa,propondo-se a prova -la medtante ainquiriCAo dos subscritores de lau-dos pericials , que requer ( fls. 63).

3. Foi entao que o juiz , inusita-damente , proferiu sentenCa conde-nat6ria ( fls. 64 /66) de acordo comas alegaC6es finals do MP , indefe-rindo a prova da defesa e supri-mindo a fase de diligencias queainda the tocava.

4. 0 ac6rdao da apelaCAo rejei-tou a nulidade pleiteada sob o se-guinte argumento:

((Desprezo a nulidade da des-classificaCAo do crime de tentati-va de homicidio para lesao cor-poral , sem reabertura de prazopara a defesa , uma vez que a pe-na prevlsta para o primeiro deli-to a bem mator do que a do Se-gundo , nao advindo da desclassi-ficaCAo prejuizo para os reus.Ademais, sobre a desclassifica-CAo, manifestou -se a douta defe-sa ampla e oportunamente)) (fls.94).

131

5. Aderimos As raz6es do impe-trante. NAo hA como quallficar a`fala' da defesa como alegaC6es fi-nais ,so porque nela se adlantou al-gumas linhas de defesa. Os limitesdesse ato processual foram traCa-dos pelo prdprio juiz ao abrir vistaA defesa (fls. 60 ), que s6 para osfins do art. 384 do CPP foi Intima-da (fls . 45). Tambem improcededata venta , o argumento de que adesclassificaCAo foi benefica anreu, inexistindo prejuizo. 0 art. 384caput destina -se A mutattlo libellipara infraC6es de penas iguais oumals leves que as do fato narradona denuncia . E o art. 410, maisadequado A especie, ordena a rea-bertura de prazo ao acusado paradefesa e indicacdo de testemunhaspara , depots, prosseguir -se na for-ma dos arts . 499 e 500. Flnalmente,houve cerceamento de defesa noindeferimento da prova testemu-nhal, s6 justificavel se se tratassede testemunhas jA ouvidas.

6. A possivel intempestividadeda fala havida como alegaC6es fi-nals nao prejudica os pacientes,por se tratar de ato essencial doprocesso.

7. Nestes termos, nosso parecere pela concessAo da ordem,anulando-se o acOrdao e o proces-so, a partir da sentenCa, a fim deque se proceda na forma do art.410 do CPP» ( fls. 98/101).

E o relat6rlo.

VOTO

O Sr. Ministro Sydney Sanches(Relator ): Nos termos do parecer doMinisterio Publico Federal, que aco-lho in totum, defiro a ordem paraanular o ac6rdao e o processo, a par-tir da sentenCa , a firn de que se pro-ceda na forma do art . 410 do C6digode Processo Penal.

132 R.T.J. - 116

EXTRATO DA ATA Presid@ncia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Oscar Correa,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente justificadamente, o SenhorMinistro Nerl da Silveira . Subpro-curador-Geral da Republica, Dr.Jose Arnaldo Gonsalves de Oliveira.

HC 63.313-MG - Rel.: MinistroSydney Sanches . Ptes .: Jose MarcilloPereira Branquinho e outro . Impte.:Artosvaldo de Campos Pires. Coator:Tribunal de JustiCa do Estado de Mi-nas Gerais.

Decfsao : Deferlu-se o pedido dehabeas corpus , nos termos do votodo Ministro Relator . Unanime.

Brasilia, 11 de outubro de 1985 -Antbnlo Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63. 318 - RJ

(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.

Recorrente : David Gomes AraGjo - Recorrido : Tribunal de Justlca doEstado do Rio de Janeiro.

O lnquerito pollcial , mera peCa informativa , nAo constitul elemen-toindlspensavel so oferecimento de denuncia. Precedentes do Supre-mo Tribunal Federal.

Recurso de Habeas Corpus a que se nega provimento.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em primet-ra Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, ne-gar provimento so recurso de ha-beas corpus.

Brasilia, 1? de outubro de 1985. -Rafael Mayer, Presidente. - Octa-vio Gallotti, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti: Aespecie esta contida, com precisao,no parecer do ilustre ProcuradorClaudio Lemos Fonteles, aprovadopelo eminente Subprocurador-GeralFrancisco de Assts Toledo:

1. David Gomes Aratjo, por seuadvogado, impetrou habeas corpusno qual pedfu nulidade da denuncia

e de seu recebimento been como,de qualquer forma, fosse assegura-do o dfrelto de retirada dos autospelo defensor , nos termos da Lei n?4.215, art . 89, XVII.

2. Deferida parcialmente a or-dem, pelo acordao de fls . 95/97, Pa-ra anular o processo a partir defls. 286 e permitir-se ao defensorconstituido a retirada dos autos,vein o recurso no qual fnsiste o Im-petrante no primefro fundamento,ou seja , nulidade da denuncia.

3. Alega, para tanto , em sin-tese, que o paciente figurava noinquerlto como testemunha. Assimnao seria possivel so Promotormudar essa posicAo processual,transformando-o em reu, sem an-tes promover a instauraCao de ou-tro inquerlto policial . Corn o prosdimento adotado , onto traicoeiro))que pegou o paciente de surpresa, «foram-lhe cassados todos o

R.T.J. - 116 133

melos de promover sua defesa nafase policial , com graves repercus-s6es na Ease Judicial) ( fis. 101).

4. Nao ha razAo no que almeja.

5. 0 trabalho pre-processual doinquerito policial, no rito comum,ha de ser vasto, sem qualquer limi-taCao, e vigorante o principle in-quisit6rio - artlgo 14 , do CPP, Jus-to pars que se dote a InstituiCAo,que represents a Sociedade na per-secuCao judicial das infraC6es pe-nais, que e o Minist6rio Publico, detoda a visAo possivel sobre o fato.

6. For isso 6 que na avaliaCaodo apurado ; no enunciar o Juizo devalor sobre o diligenciado , fazendo-o positivamente pela denuncia, onnegativamente, pelo arquivamen-to, o Minist6rio Publico nao sofrelimites pelo posicionamento dosque figuraram no inquerito em talou qual situaCao de indiciado, ontestemunha.

7. 0 inqu6rito apura . 0 Minist6-rio Publico, e s6 ele, define, por talou qual modo, o que apurado fol.

8. Assim, sem sentido, e ln-Juridico, data maxima venia,pretender-se impedir que seta acu-sado, quem declarag6es prestou noinqu6rito, coma testemunha; on s6permitir sua acusaCao, respaldadaem outro inqu6rito em que passe afigurar como indiciado.

9. Nao ha o ato de ilicito cons-trangimento , portanto.

10. Ainda breve nota, necessa-ria a informaCao a fls. 109, quandose diz que, verbls:

((Como Vossa Excelencia pode-ra verificar, o processo epigrafa-do guarda estreita relaCao comos de n(imeros 201-1 e 208-9, emcurso neste Egr6gio Tribunal:cuidam todos os delitos imputa-dos a David Gomes de ArauJo eao Deputado Sebastiao Nery, iso-ladamente ou em co-autoria)( vide: fls. 109).

11. Efetivamente os Inquaritosn?s 201 e 208 existem para apurar oenvolvimento do Deputado Sebas-tiao Nery nAo exatamente nos fa-tos imputados a David Gomes deArauio, como o foram na sinteseque se pode ter a fis. 29, mas empossivel use de documento falso ecaltinia contra servidor adminis-trativo.

12. De toda a sorte, este fatoainda esta sob apuraCao policial, equando muito poderia identificar-se pela co-autoria, como o Ja de-nunciado use de documento falsopor parte do recorrente, mas esteevento 0 1 (hum ), da s6rie de 6(sets), atribuidos pela acusaCaopubllca a David Gomes de Araujo.Nao ha por que, de momento,cogitar-se de foro estadual incorn-petente.

13. Pelo improvimento do re-curso ) ( fls. 127/9).

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti(Relator): Tern decidido, este Tribu-nal, que a aCao penal nao a afetadapor eventuais vicios do inqu6rito po-licial, mera peCa informativa, quenao 6 indispensavel so oferecimentoda denuncia.

E o que se verifica nos ac6rdaosabaixo arrolados , de cuJas ementasdestacamos os t6picos de interessepara a soluCAo do presente HabeasCorpus:

«Nao f• essencial ao oferecimentoda denuncia a instauraCao de in-qu6rito policial , desde que a peCaacusat6ria esteja sustentada pordocumentos suficientes a caracte-rizaCao da materialidade do crimee de indicios suficientes de auto-ria» (RHC 53.959, Rel.: Min. CunhaPelxoto , RTJ 76/741).

134 R.T.J. - 116

((Habeas Corpus . Irregularidadesacaso existentes no inquerito poll-cial nAo afetam a aCeo penal, potsa JustiCa pode prescindir de taiselementos , ou mesmo repudia-los))(RHC 52.286, Rel .: Min. CordeiroGuerra , DJ de 23-5-76 , p5g. 3.508).

aEventuais vicios do inquerttonao atingem a aCeo penal, mesmoporque esta pode ser instauradasem aquelen RHC 53. 042, Rel. Mtn.Bilac Pinto , DJ de 8-1-75, pSg. 70).Dentro dessa mesma linha de

principaos foram julgados, mats re-centemente , nesta Turma, o Recursode Habeas Corpus n? 61.139, relatadopelo eminente Ministro Nerl daSnvetra (RTJ 110/99) e o HabeasCorpus n? 62.745 , de que ful Relator(RTJ 113/126).

Procede, tambem , a observaCaodo parecer , sobre os Inqueritos n?s201 e 208, que nAo constituem mate-ria do Recurso, mas vieram mencio-nados, As fls . 109, pela Procuradoria-Geral da JustiCa do Rio de Janeiro.

Acolhendo 0 pronunctamento doMinisterio Pilblico Federal, negoprovimento ao Recurso.

EXTRATO DA ATA

RHC 63.318-RJ - Rel.: MtnistroOctavio Gallotti. Recte.: David Go-mes Arauio (Adv.: Tito Livio de Fi-gueiredo Junior). Recdo.: Tribunalde JustiCa do Estado do Rio de Ja-neiro.

DecisAo : Negou-se provimento sorecurso de habeas corpus . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes a SessAo osSenhores Ministros Nert da Silveira,Oscar Correa , Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 1? de outubro de 1985 -AntOnio Carlos de Azevedo Braga,Secretarlo.

HABEAS CORPUS N? 63.324 - RJ

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Mtnistro Carlos Madeira.Pacientes: Marcos Antonio de Andrade e outro - Impetrante : Dinizar de

Araujo - Coator: Tribunal de Justiga do Estado do Rio de Janeiro.

Criminal . Jurl. Desconformidade entre a pronuncia e o libelo e osquesitos nAo configurada , uma vez que ester foram feltos em tomodos dots fatos principals noticiados na denuncia e relatados naquelasentenCa e na acusaCao.

Quesitos sobre a prStica dos crimes sob o dominio de violentaemocAo e quanto a exist@ncia de excesso culposo , claramente enun-cfados , nao dAo margem 8 anulacAo do julgamento.

Somente a de reconhecer-se nulidade do julgamento do Tribunaldo JGri , por vlclo de quesitos , quando estes nao permitam se conheCaa vontade dos jurados . Precedente do STF (RTJ 96/590).

NSo anula o processo a atuaC Ao de assistente da acusa4;9o inablll-tado pare a advocacia , se dela nao ficou demonstrado prejuizo.

ACORDAO premo Tribunal Federal, em segun-Vistos, relatados e discutidos estes da Turma, na conformidade da ata

autos, acordam os Ministros do Su - do julgamento e das notas taquigra-

R.T.J. - 116

ficas , por unanimidade de votos, emdenegar o pedido

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -DJaci FalcAo , Presidente - CarlosMadeira, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Carlos Madeira:Marcos Antonio de Andrade e LutzCarlos Martins Freitas foram denun-ciados , Como incursos , o primeiro,nas sanC6es do art. 121, § 2?, incisosII e III , dual vezes , na forma do art.51, Caput, do C6digo Penal, e o Se-gundo , nas penas do art. 121, § 2?, in-clsos II e III , duas vezes , tamb6mpor forCa do art . 51, Caput , combina-do com o artigo 25, do mesmo C6di-go.

Na sentenCa de prontincla, o Julzaludiu, no relat6rlo a dupla sanCaoque recaia sobre os reus, mas no dis-positivo, apenas referiu as normaslegais constantes da denuncia, naoreiterando a dupla incldencia.

De igual modo, os libelos acusat6-rios apenas referiram, em relaCaoa cada um dos r6us, os dispositivoslegais , sem sublimar a duplicidadede delitos.

Entretanto, no questionario, o Pre-sidente do JUN em PetrOpolis formu-lou, nao uma s6 bateria de quesitospara cada r6u, mas sim duas, con-cernentes aos dots homicidios.

Os r6us, foram condenados, res-pectivamente, as penas de 24 anosde reclusao, com base no art. 121,III, duas vezes , e a 18 anos de reclu-sAo, pela lnfraCao do art . 121, III, eart. 121, combinado com o art. 25, naforma do Caput do art . 51, do C6digoPenal, sendo a ambos aplicada, pordoss anos, a medida de seguranga deinternaCao em colonia agricola ouem lnstituto de trabalho.

A apelaCao interposta foi providaparcialmente , para excluir da conde-naCao a medida de seguranCa.

135

O advogado dos r6us impetraramhabeas corpus, a 3® Camara Crimi-nal do Tribunal de JustiCa do Estadodo Rio de Janeiro , que nAo foi conhe-cido.

Na presente petiCao de habeascorpus , argul o impetrante a nulidadedo Julgamento do tribunal popular,em virtude da desconformidade doquestionario com a pronfincla e o 11-belo acusat6rio , al6m da aus6ncia dequesito quanto a pratica do delitosob o dominio de violenta emoCao edo nao desdobramento de outro, Pa-ra apurar 0 excesso culposo. A pardisso , alega que o assistente da acu-saCao nao a advogado inscrito na Ordem, o que macula de nulidade todo0 processo.

Objetiva o writ a anulaCAo do Jul-gamento , com a permissao de que ospacientes respondam a novo Juri emliberdade.

O ilustre Desembargador-Presi-dente do Tribunal de JustiCa do Es-tado do Rio de Janeiro prestou Infor-mag6es, e a Procuradoria-Geral daRepublica opinou pelo indeferimentodo writ.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Minlstro Carlos Madeira(Relator). As vitimas eram RivaldoGomes de Brito e seu filho Jos6 Ro-berto Gomes de Brito.

Na sentenCa de pronUncia, dlz oJuiz que «Rivaldo foi o primeiro aser esfaqueado mortalmente, caindologo ap6s , e quando a outra vitimase afastava, foi agarrada pelas cos-tas por um dos acusados , enquanto,pela frente, o outro o esfaqueava,tamb6m mortalmente, razao por queessa vitima estava calda a vinte ecinco metros do local onde tombou aprimeira vitima".

Caracteriza-se, nessa passagem dasentenCa , o duplo homicidio.

136 R .T.J. - 116

E curial que, como duas eram asvitimas , duas tinham de ser as bate-rias de quesitos, cada uma com duasseries,correspondente a cada reu.

0 fato de, no dispositivo da senten-Ca, nao constar a expressa referen-cia A dupla cominacAo , nao induz se-ja a proniincla apenas por urn crime,quando doss claramente cram julga-dos. Note-se que 0 dispositivo julgou,apelos motivos expostos , procedentea deniincla , inclusive quanto As qua-lificadoras apontadas » - o que fazIntegrar aos seas termos o da acusa-CAo intclal quanto ao duplo ho-mlcidto.

NAo hA , assim , contradiCao entre apronuncia e 0 libelo e os questtos,pots, nestes, nao houve desdobra-mento do fato principal , mas simplesconsideravao de que dots eram eles.

Leto a sua formulaCAo:

a0 reu Marcos Ant6nio deAndrade , no dia vinte e tres de ju-nho de mil novecentos e ottenta,por volta das vtnte e duas horas etrinta minutos , pr6ximo A biroscade Joao Damasceno Fontes, noMorro da Gloria , em Correas,neste municiplo , com uma facacom que se achava armado e cornauxilto de terceiro, produziu navitima - Jose Roberto Gomes deBrito as les6es descritas no laudode f.? (fl. 162)

Identica indagaGao foi feita em re-lacAo A vitima Rivaldo Gomes deBrito, As its. 164.

JA corn relaCAo ao Segundo pa-clente, o queslto tot assim concebido:

«O reu Lutz Carlos MartinsFreltas, - no dia vinte e tres dejunho de mil novecentos e oitenta,cerca das vinte e duas horas e trin-ta minutos , pr6ximo A btrosca deJoao Damasceno Fontes, no Morroda G16ria , em Correas , neste mu-nlciplo, corn gesto de segurar avitima - Josh Roberto Gomes deBrito - concorreu pars que tercei-

ra pessoa, com uma faca com quese achava armada, produzisse navitima as les6es descritas no laudode f.? (its. 166)

Igual pergunta foi felts relativa-mente A vitima Rivaldo Gomes deBrito, As f1s. 168.

Sobre cada fato principal , uma ba-teria de quesitos foi feita, de confor-midade com o libelo . Dal entender adouta Procuradoria-Geral da Repb-blica , que a nAo-capitulaCao dos fa-tos narrados no art . 51, Caput, consti-tui mera irregularidade , que naotem o condAo de produzir o efeltopretendido pelo impetrante, mesmoporque a ponto pacifico na jurispru-dencia dos tribunals , inclusive da Su-prema Corte, que <(o reu nao se de-fende da capitulaCao dada aos fatose sfm da narrativa destes)).

Acrescenta - que os jurados res-pondem sobre fatos, de forma poslti-va ou negativa - art. 485, do C.P.Penal, e era evldente, na ocasiAo,que havia dots fatos principals.

Quanto A omissAo relativamente, apratica do delito sob o dominto deviolenta emoGao , ve-se que o decimoquesito a exatamente sobre esse as-pecto . Relativamente ao paclenteMarcos Ant6nio de Andrade, per-guntou-se aos •jurados se ao reucometeu o crime sob o dominto deviolenta emoGao, logo em seguida Ainjusta provocaCao da vitima». E so-bre o paclente Lutz Carlos MartinsFreitas, indagou-se se ao reu concor-reu pars o comettmento do crimesob o dominto de violenta emoGao,logo em seguida A injusta provoca-CAou. ( f. 56 e 58, 60/63).

No que Coca ao excesso culposo, Co-das as baterlas contern o quesito IX,sobre se o reu excedeu culposamente^os limites da defesa.

Os quesitos sao claros e pertinentes, nao rendendo ensejo A anulaCA

R.T.J. - 116

do julgamento . A prop6sito, JA dect-diu esta Corte, por sua Primeira Tur-ma, Relator o Ministro Soares Mu-tloz , que osomente a de reconhecer-se nulidade do Julgamento do Tribu-nal do Juri, por vicio de quesitos,quando estes nao permitam se conheCa a vontade dos Jurados". (RTJ96/590).

Por derradeiro , estou de acordocom o parecer da Procuradorla-Geral da Republica, no sentido deque a inabilitacAo do advogado assis-tente da acusaCao nenhum prejuizoacarretou a defesa . E sem demons-traCao de prejuizo nao se anula pro-cesso.

Denego a ordem.

EXTRATO DA ATA

137

HC 63 . 324-RJ - Rel.: Ministro Car-los Madeira . Pactes .: Marcos Anto-nio de Andrade e outro . Impte .: Dini-zar de Araujo . Coator : Tribunal deJustira do Estado do Rio de Janeiro.

Decisao: Denegado o pedido pordecisao unanime.Presidencia do Senhor Ministro

Djaci Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Republica , o Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -H611o Francisco Marques, Secreta-rio.

HABEAS CORPUS N? 63.345 - RS

(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.Paciente : Paulo Rogerio Pereira de Jesus - Coator : Tribunal Militar do

Estado do Rio Grande do Sul.

Crime contra o patrlm6nio da Policta Mllltar nAo configura ahip6tese a que se refere o art . 129, f 1?, da ConstituiCAo. Compet8nclada JustlCa estadual comum . Precedentes do Supremo Tribunal. Or-dem concedida.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Primei-ra Turma , na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, de-ferir o pedido de «habeas corpus)).

Brasilia , 18 de outubro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente - OctavioGallottl , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti: Amat6ria esta been exposta no pare-cer da ilustre Procuradora da Repu-

blica Laurita Hilarlo Vaz, com apro-vaCao do ilustre Subprocurador-Geral da Republica Francisco de As-sts Toledo:

1. aTrata-se de pedido de Ha-beas Corpus Impetrado em fa-vor de Paulo Rogerio Pereira deJesus , apontando como autoridadecoatora o Egregio Tribunal Militardo Estado do Rio Grande do Sul.

2. 0 paciente foi denunciadoperante a 2e Auditoria da JustiCaMilitar do Estado do Rio Grandedo Sul , sob a acusaGao de ter efe-tuado disparos de arms de, Pogocontra viatura da Brigada Militar,causando-ihe danos.

138 R.T.J. - 116

3. Segundo as peCas que ins-truem o pedido, o fato delituoso,ocorreu durante a troca de tirosenvolvendo 0 ora paciente e com-ponentes de uma patrulha da Bri-gada Militar, no momento em queesta perseguia o veiculo furtadopor Paulo Rog6rio, em parceriacorn outros civis.

4. Apresentada a inicial acusa-t6ria contra o paciente , rejeitou-a oMM. - Juiz-Auditor, considerandoser incompetente a JustiCa Cas-trense para julgar o fato, sob os se-guintes fundamentos verbls:

<<No crime de dano, o agente,corn a aCAo de <<destruir, inutili-zar, deteriorar ou fazer desapa-recer coisa alheia ' visa causarum prejuizo ao sujeito passivo.For isso, o crime so 6 punivel atitulo de dolo , em principio, noCPM. Ora, na aCao do denuncia-do, segundo noticiam os autos,vislumbra-se, em tese, o dellto deresist6ncia ( art. 329, CPB Bras1-lelro ). 0 denunciado pretendiafugir da patrulha policial militar,nAo causar dano, no sentidojuridlco-penal .' ( fls. 42).5. Interposto recurso em senti-

do estrito ao Egr6gio Tribunal Mi-lttar Estadual , este, por maioria devotos, deu-the provimento para quefosse a denuncia recebida, pelasraz6es sintetizadas na ementa dojulgado, verbis:

AcusaCAo por crime doloso dedano cometido por civil contrapatrim6nio - sob- admintstraCAomilitar , do artigo 259 , parAgrafofinico, do C6digo Penal Militar -Compet6ncfa da JustiCa MilttarEstadual.

Na forma do artigo 90 , incisoIII, letras a e d, do C6digo PenalMilitar, Cabe a Justica especial ojulgamento de civil que, ap6snegar-se a estacionar seu auto-m6vel, foge em disparada a acio-na arma de logo contra os

policiais-militares em serviCo,danificando a viatura da ForCa es6 por sorte nao os ferindo oumatando.

Recurso em sentido estrito pro-vido por maioria )). ( fls. 53).

7. Dal o presente pedido, impe-trado pelo advogado Cleomir deOliveira Carrao , sustentando a in-compet6ncia da Justica Militar Es-tadual para processar e julgar opaciente , sob o argumento de quenao estA configurado nenhum doscasos previstos no art . 9?, incisoIII, do C6digo Penal Militar.

8. A nosso ver , procede o recla-mo.

9. Pesa sobre o paciente a acu-saCAo de ter desferido tiros contrapoliciais militares em serviCo depoliciamento ostensivo , vindo, po-r6m, a produzir somente danos naviatura que conduzia os agentes dalei.

10. 0 art. 129 e seu parAgrafo1?, da ConstituiCao Federal esta-belecem:

<<Art. 129. A Justlga Milttarcompete processar e julgar, noscrimes militares definidos emlei, os militares e as pessoas queflies sAo assemelhadas.

§ 1? Esse foro especial es-tender-se-A aos civis, nos casosexpressos em lei, para repressAode crimes contra a seguranca na-cional ou as institulCbes mlllta-res.'

11. 0 texto constitucional citadoestende a compet6ncia da JustiCaMilttar aos civis em casos quemenciona crimes contra a seguran-Ca nacional e crimes contra as ins-titulC6es militares.

12. Sucede que, o PlenSrio doSupremo Tribunal Federal, pormaioria, JA firmou orientacAo nosentido de que as Policfas Mllita-res ou seus membros nAo consti-

R.T.J. - 116

tuem , instituiCOes militares, nosentido do artigo 129 , § 1°, da Cons-tituiCao Federal (vide Recursos deHabeas Corpus n? 50.571 , 50.577,53.091 , 53.081 , 52.743 e 59. 005 publi-cados nas Revistas Trimestrais deJurisprudencia n?s 65 /328, 65/70,79/23, 79/56, 77/112 e 103 /571, res-pectivamente.

13. Assim sendo , entendemos queos crimes atribuidos ao paci-ente deverao ser apurados pelaJustiCa Comum , conforme , reltera-damente , vem decidindo a Supre-ma Corte.

14. Ao teor do exposto , sugeri-mos o deferimento do pedido.)) (fls.82/5)

E o relat6rio.VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallottl(Relator ): A competencia da JustiCacomum estadual esta demonstrada,a saciedade , pelo parecer da doutaProcuradoria -Geral da Republica.

Acrescento que, em recente ac6r-dAo relatado pelo eminente MinistroNArl da Silvelra , relativamente a im-putaCao de dano causado em im,6ve1sob a jurisdicao do Terceiro Esqua-drAo do Quinto Regimento de Ca-valaria Mecanizado do Exurcito,aquartelado em Passo Fundo, RioGrande do Sul, decidiu esta Turma,

139

entre outras quest6es conexas allversadas , pela competencia da Justi-Ca Federal comum ( nao da JustiCaMilitar da Uniao ), Para o processo ejulgamento em apreCo , na forma doart. 125 , IV, da ConstituiCao.

Pela mesma on com maior razao,o delito de que tratam estes autos,mesmo se capitulado como de danoso patrimonio estadual , deve serapurado pela JustiCa comum local.

Ante o exposto , defiro a ordem,nos termos do parecer do MlnisterioPiiblico Federal.

EXTRATO DA ATAHC 63 . 345-RS - Rel.: Ministro Oc-

tavio Gallotti . Pte.: Paulo RogerioPereira de Jesus . Impte .: Cleomir deOliveira CarrAo . Coator : TribunalMilitar do Estado do Rio Grande doSul.Decisao: Deferiu-se o pedido de

habeas corpus . UnAnime.Presidencia do Senhor Ministro

Rafael Mayer . Presentes a Sessao osSenhores Ministros N6ri da Silvelra,Oscar Correa e Octavio Gallotti. Au-sente , justificadamente , o SenhorMinistro Sydney Sanches . Subpro-curador-Geral da Republica, Dr.Francisco de Assis Toledo.

Brasilia , 18 de outubro de 1985 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.379 - MS(Prlmelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Recorrente : Dimas Martins de Castro - Recorrido : Tribunal de JustiCa

do Estado de Mato Grosso do Sul.

FianCa . Pressupostos . Dlrefto do rcu. art. 324, IV do CPP.Satisfeitos os pressupostos legais, a prestaCao de flan- ,a a direlto

do reu e nAo faculdade do Julz.

Ha de exlgir fundamentaCao coerente o despacho que denega aflanCa por ocorrentes os motivos que autorizam a decretaSao da prl-sao preventiva ( art. 324 , IV do CPP ), nao menos do que o exlge o de-creto mesmo da pris$o.

Recurso de Habeas Corpus provldo em parte.

140

ACORDAO

R.T.J. - 116

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taquigraftcas, Aunanimidade , em dar provimento,em parte , ao recurso.

Brasilia, 3 de dezembro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Rafael Mayer:Consta do relatOrio apresentado nainstAncia recorrida:

«Juli6o de Freitas e Marco Ant6-nio Ferreira Castello, advogadosmilltantes neste Estado , impetramordem de habeas corpus em favorde Dimas Martins de Castro, adu-zindo em sintese:

1. que o paciente foi autuadoem flagrante em 5 de julho ultimopor pretensa prfitica de receptacAodolosa , estando at6 hoje preso nacadeia pOblica de CorumbA;

2. que a comunicacAo do fla-grante so ocorreu tres dias depotsda prisAo e porque o crime a aftan-cfivel, requereu a defesa arbitra-mento de fianca , negado pelo Juiza quo por entender presentes osmotivos autorizadores da cust6diapreventiva;

3. que nAo procede o entendi-mento acima conforme se de-preende dos documentos que ins-truem a impetracao, pois o pa-ciente, alem de primArio e porta-dor de bons antecedentes, a chefede familia com resid@ncia fixa eatividade laboral definida;

4. que ademats o veiculo queconduzia e pertencente a terceirofora adquirido legalmente nao sen-do produto de furto;

5. que, alem dos motivos act-ma, a coacfio ilegal imposta ao pa-

ciente decorre ainda da nulidadedo flagrante e tambem do examepericial eivado de nulidade;

6. que assim o paciente faz jusA liberdade provis6ria desoneradaon mediante flanca » ( fls. 98/99)

O pedido foi indeferido pelo Egr6-gio Tribunal , por matoria de votos,vencido o ilustre DesembargadorRelator, tomando o ac6rdAo a emen-ta seguinte:

((Habeas Corpus - Prfsao emflagrante - Auto formalmente per-feito - Nulidade inexistente -Fianca - Arbitramento indeferido- Falta de vinculo do pactente andistrito da culpa - Ordem denega-da.

NAo ho que falar em nulidade doauto de prisao em flagrante se estAele revestido das formalfdades le-gals.

O indeferimento do pedido de ar-bitramento de flanca com base nafalta de vinculo do paciente que 0prenda ao distrito da culpa naoconstitut constrangimento ilegal Asua liberdade de locomocAo.

Ordem denegada» (fls. 103)

Interposto o recurso ordinfirio,nesta instfincia opinou a doutaProcuradoria-Geral da Republica,pelo Improvimento, In verbis:

((Irresignado , o paciente, por seuadvogado , manifestou o presenterecurso, pugnando pela reforma dojulgado , de vez que ocorrera exces-so de prazo na comunicacAo do fla-grante A autoridade judicial; o fla-grante seria nulo ; a prova pericialseria viciada e que o ora recor-rente fazia jus ao beneficio da fian-ca.

A nosso ver, nao assiste razao aorecorrente. As pretendidas nulfda-des do flagrante poderao ser supri-das a todo tempo, antes da senten-ca final. For outro lado, a exlst6n-cia, ou nAo , do Lando, pericial pars

R.T.J. - 116 141

a lavratura do flagrante nao equestao necessaria para aqueleato. No tocante ao favor legal daprestaCao de fianra , ressaltou adecisAo recorrida que aquele be-neficio nao fol deferido ao acusadopor nao ter ele vinculo ao dtstritode culpa , nao havendo , assim, ga-rantia de sua permanencia no Lu-gar em que responde ao processo.For ultimo , a de ponderar -se que,se algum excesso de prazo existeno andamento do feito , tal circuns-tAncia a devida a defesa , que naotern comparecido as audiencias de-signadas , conforme esclarecem asinformacoes complementares ofe-recidas.

Somos , pelo exposto , pelo nAoprovimento do presente recursw,(Its. 173/174).

Os autos me vieram conclusos a29-11-1985.

E o relatOrio.

VOTO

O Minlstro Rafael Mayer (Rela-tor): Conquanto nao procedam os ar-gumentos da impetraCao , no perti-nence ao excesso de prazo no comu-nicacao da prisao em flagrante, anulidade do auto de prisAo, ou anvicio da prova pericial , pelas razoesmesmo invocadas no douto parecer,e de se acolher , todavia, o funda-mento referente a prestaCao de flan-ca.

Com efetto , a prestaCao de fianca,se ocorrentes os seus pressupostos, eum direito do reu, nao dependenteda discricionariedade do Juiz.

Pretende -se, no caso , se oporiam aconcessao , nos termos do art . 324, IVdo CPP , motivos que autorizam adecretaCao da prisao preventiva.

Todavia , a fundamentaCao que atse ap6ia nao a suficiente , pots nao sehaveria de exigir para a denegaCaoda fianca razao menor do que a exi-

gida para a decretaCao da prisao pre-ventiva. Ora, nao estar vinculado aodistrito da culpa nAo a bastante paralegitimar a cust6dta preventiva, se oreu tem residencia comprovada,exercicio de profissao, familia cons-tituida, nao resultando daquela unicacircunstancia negativa venha ele afurtar-se a aplicaCao da lei penal, ouseja, uma necessidade da instruCaocriminal.

Razao completa asslste ao doutovoto do ilustre Relator, vencido, nes-ses termos:

((Deduz-se do auto de prisao emflagrante lavrado contra o pacienteque este fora incumbido por umamigo e compadre residente noRio de Janeiro, onde tambem re-side, de conduzir ate Corumba umveiculo Volkswagen Sedan placaXP-8715, modelo 82, e entrega-lo auma moCa que trabalhava comoenfermeira ern um estabelecimen-to hospitalar daquela cidade.

Para as despesas e remuneraCaodo seu trabalho, recebera a quan-tia de Cr$ 1.000.000.

Entretanto, antes de chegar aoseu destino, em determinado tre-cho da rodovia Corumba-Morrtnho,foi interceptado por agentes poll-ciais. Tendo a vistoria constatadoadulteraCao e remarcaCao danu-meraCao do chassis, foi preso e au-tuado em flagrante por pratica dereceptacAo. Estes os fatos.

Como primeiro fundamento dopedido alega a impetraCao a viola-Cao do art. 153, § 12, da CF, por-quanto a comunicaCao da prisao s6ocorrera tres dias depols.

Com a devida yenta , lsso naoaconteceu, pois tendo-se dado a la-vratura do auto as 17 h do dla 5 dejulho, uma sexta-feira, a com-preensivel que a comunicaCao daprisao s6 pudesse chegar ao conhe-cimento do Juiz na segunda-feiraseguinte, dia 8 de julho.

142 R.T.J. - 116

No que tange d pretendida null-dade do auto de prisAo, igualmentenao procede a impetraCAo, potseste a formalmente legal, e o seuconteudo descreve , em tese,condu-ta que se amolda a figura do art.180 do CP . Se nao esta evidenciadaa autoria do furto , pelo menosdiante da adulteraCao e remarca-CAo da numeraCAo do chassis (oque foi apurado por pericia vAlidae subscrita por dots experts devi-damente compromissados , Segundoesclarece o relat6rio policial (fls.59) tudo indica que 0 uFusquinha»adquirido de uma firma especialt-zada em comerclo de veiculos peloamigo e compadre dopaclente, denome Nelson Peixoto , em data de27 de Janeiro, era produto de ilicitopenal.

NAo hA, por conseguinte , a alega-da nulidade do auto.Entretanto , no que concern so

pedido de arbitramento de fianCaprocede a postulaCAo . Alem de aimpetraCao comprovar que o pa-ciente a r6u primario e portador debons antecedentes , atrav6s de cer-tid6es negativas criminals, tendoemprego definido e residencla fixa,e portanto ausentes os motivos en-se}adores da prisao cautelar, ocrime peto qual estA sendo proces-sado 6 ananCAvel.

Concedo, pots, a ordem Impetra-da, fixando desde logo a fianCa emCry 120.000, e prestada esta noJuizo a quo, deverA ser expedidoalvara de soltura em favor do pa-ciente.

t Como voto» ( fls. 99/100)No suposto de que ainda se]a tem-

pestivo, nos termos do douto votovencido , na instAncia a quo , dou pro-vimento, em parte, so recurso, parsconceder a ordem impetrada, pres-tada a fianCa e-expedido o alvara desoltura.

EXTRATO DA ATARHC 63.379-MS - Rel.: Ministro

Rafael Mayer. Recte .: Dimas Mar-tins de Castro (Advs .: JuliAo de Frei-tas e outros). Recdo.: Tribunal deJustiCa do Estado de Mato Grosso doSul.

DecisAo : Deu-se provimento emparte ao recurso de habeas corpus,nos termos do voto do MinistroRelator. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes .a SessAo osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sts Toledo.

Brasilia , 3 de dezembro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,SecretArto.

RECURSO DE HABEAS CORPUS n? 63.380 - MG(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Diaci Falcao.Recorrente : Eduardo de Souza Rocha - Recorrido : Tribunal de JustiCa

do Estado de Minas Gerais.

Habeas corpus e apelaCAo pendente . Nulidade do julgamento peloJfiri, por ter havido contradiCAo entre as respostas dadas aos quest-tos. Questoes examinaveis na via do writ, porquanto fndepende deanAllse da prova. Recurso de apelaCAo pendente de Julgamento, emprlncipto , nMo obsta o conhecimento do habeas corpus, desde queneste se argda constrangimento niclto , no caso, nulidade processual(art. 648, VI, do CPC). Parecer pelo deferfinento para que 0 Tribunalconhega da tmpetraCAo e a Juigue no seu merlto.

R.T.J. - 116 143

ACORDAO

Vistos , relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal , a unanimidadede votos e na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas , dar provimento an recurso.

Brasilia , 4 de outubro de 1985 -Diacl FalcAo , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Djaci Faic Ao: Deci-diu o Egregio Tribunal de JustiCa:

aVistos, etc...Acorda a Camara Especial do

Tribunal de JustiCa do Estado deMinas Gerais, na conformidade daata do julgamento e do despachoproferido pelo Des . Relator, emnAo conhecer do pedido.

Belo Horizonte , 23 de lulho de1985 - Des. Milton Fernandes,Presidente - Des. Anibal Pacheco,Relator . (fl. 47)

a0 Sr. Des. Presidente: (Da apalavra ao Dr. Jair Leonardo Lo-pes, pars sustentaeAo oral, pelopaciente).

O Sr. Des. Anibal Pacheco: Emi-nente Presidente.

Ouvi, com toda atenCao , a pala-vra abalizada, esclarecida e fluen-te, proferida pelo Prof. Jair Leo-nardo Lopes, Procurador do impe-trante, neste pedido de habeascorpus.

Estudei a materia e tenho votoescrito que passo a ter:

O Prof. Jair Leonardo Lopes re-quer a presente ordem de habeascorpus em favor do pacienteEduardo de Souza Rocha , alegandoter ocorrido contradiCao do Conse -Iho de SentenCa , ao negar a cir-cunstancla de relevante valor mo-ral Como integrante do homicidlo

privilegiado e a seguir vindo aadmiti-la Como simples atenuante,o que, segundo afirma , fulmina denulidade o j ulgamento realizado,nos termos do art. 648, inciso VI,c/c o art. 564, paragrafo unico, am-bos do Cod. Proc. Penal, por fla-grante contradiCao entre as respos-tas dadas aos quesitos formulados.

Assim, por se tratar de nulidadeevidente e insanavel, no sentido decessar, desde logo, a ilegalidadeapontada e mesmo por economiaprocessual, a fim de abreviar oterceiro julgamento do paciente,pronunclado Como incurso nas san-Coes do art. 121, § 2?, inciso IV, doCod. Penal, sob acusaCao de havermatado a prOpria esposa , citandojurisprudencia do Supremo Tribu-nal e de outros Tribunals do Pais,impetra o presente mandamus,apesar de haver apelado da deci-sao do Juri, na qual invoca todosos fundamentos do art . 593, inclsoIII, letras a b e d , do Cod. Proc.Penal, conseqUentemente a mesmaalegaCao de nulidade , bem Como oproblema relativo a aplicaCao dapena , conforme se v@ as fl. 18 des-tes autos , tudo sob argumento deque se pode cassar de imediato adecisao proferida , por simplesexame do termo de votaCao dosquesitos , nao se ha de esperar, emgrau de recurso , o exame de meri-to da questAo.

Em cuidadoso e bem lanCado pa-recer, opina o Dr. Antonio Carlosde Barros, douto Procurador deJustiCa, pela denegaCao do pedido,porquanto as materta sera discuti-da com mais amplitude e com umamelhor visao da causa no julga-mento da apelagAo pela EgregiaCamara, nao tratando de casos se-melhantes a respeitavel jurispru-dencia citada pelo requerente enAo se mostrando apropriada parao caso, a via estreita do habeascorpus , ainda macs por estar emjogo tambem o principio da sobe-

144 R.T.J. - 116

rania das decis6es do Jfiri», rcalemdo mail, o paciente Eduardo deSouza Rocha responde ao processoem liberdade, assim nao se poden-do falar que a simples espera dojulgamento da apelacao por ele in-terposta possa representar cons-trangimento ilegal».

Examinando a especie, registroque a Jurisprudencia tem firmadoo seguinte:

uEm principio pode ser impetra-do habeas corpus na pendencla deapelacao. Sendo, porem, identicosos elementos de ambos, nAo eaconselhavel o habeas corpus, poisnele nAo se admite o exame apro-fundado da prova. Recurso dehabeas corpus a que se nega provl-mento» (RHC n? 60.069-7-MG, 1?Turma do Supremo Tribunal Fede-ral, In RT, 574/460);

((Na iminencia de julgamento dorecurso ordinario interposto pelopaciente nAo ha razao para que sethe anteceda o remedlo her6lco.NAo a no Campo do mandamus quese resolvem problemas complexosde nulidade ou de fato, salvo se es-tes forem evidentes e demands-rem, por natureza, providenclaimediata da Justica» (HC n?s 4.667-3 e 4.729-3, Santo Andre, 2? CamaraCriminal do TJSP in RT 554/347);

«Nao a atraves de habeas corpusque o Tribunal de Justica ha de re-ver decisAo proferida em 1? Instan-cia. Estando o processo em graude recurso aguardando providen-cias pelas quais o prbprio impe-trante protestou nAo se conhece daordem impetrada» (HC 424/79 inRT, 532/391);

«Existindo apelacao de defesapendente de Julgamento, nAo se co-nhece do pedido de habeas corpus,salvo se fundado em nulidade apre-ctavel a primeira vista,> (HC59.688-SP in RT, 487/340).

No recurso do HC 61.294 do RJ,public-ado na Rev. Trimestral de

Jurisprudencia , volume 109, pag.542, sobre o assunto , o Mintstro Al-fredo Buzaid , do qual foi relator,assim Sc manifestou:aNao a vedado impetrar habeas

corpus na pendencia do recurso deapelacao, mas a indispensavel quea materia submetida a apreciaGaojudicial nao seja a mesma. Se ofor, principio fundamental aconse-lha que seja julgada; em primeirolugar , a apelaCao , porque ela de-volve ao segundo grau de lurisdi-cAo o conhecimento das quest6esdecididas e do exame aprofundadoda provau.

Assam, em principio , dlz o citadoac6rdao supra referido , que no HCa materia submetida a apreciaGaojudicial, nAo seja a mesma da ape-lacao.

Porem , se for, a aconselhavelqqe seja julgado em primeiro pia-no a apelacao , porque ela devolveao segundo grau o conhecimentoamplo da materia de direlto e defato.

Ora, no caso sub judice , alem danulidade argiiida, que tambem es-ta enfatizada na apelaCao interpos-ta, ha, poroutro . lado, no recursoproposto ao Tribunal outros aspec-tos da questao , tal Como o relativoa aplcaCao da pena.

Consequentemente , sem entrarno merito da questAo suscitada,porque alem da nulidade evocadanao ser apreciavel a primeira vis-ta, no Campo do mandamus nao seresolvem problemas complexos,acrescendo , ademais, que o pa-ciente responde a processo em It-berdade, nAo se podendo assim fa-lar em constrangimento ilegal, pe-la simples espera do julgamentoda apelacao interposta , nAo conhe-co do presente pedido do habeascorpus , isto em preliminar destejulgamento.

0 Sr. Jose de Barros : Corn o Re-lator.

R.T.J. - 116 145

O Sr. Des . Milton Fernandes: Ou-vi com atene5o a palavra do emi-nence colega , Dr. Jair LeonardoLopes. JA li, alias, o memorial quenao foi acrescentado pelas pala-vras ora proferidas. A pesquisa ju-risprudencial que fiz apes recebidoeste memorial, levou-me a conclu-sao de que, efetivamente a osci-lante a jurisprudencia , nao apenasdo Supremo Tribunal Federal Co-mo de Tribunals deJustiCa de va-rios Estados.

No que concern ao ac6rdao cita-do nas duas oportunidades, verificoque se trata de votos do eminenteMinistro Orozimo Nonato , ja faleci-do pars tristeza das letras juridi-cas desse pats e Min. Xavier de Al-buquerque , ja aposentado , que ti-vera depois varios pronunciamen-tos diferentes no pr6prio SupremoTribunal Federal.

No ac6rdao citado , ja agora deautoria do eminente Presldente doSupremo Tribunal Federal, verifi-Co que se trata de paciente preso, 0que nao @ a hipOtese em julgamen-to.

Vejo mais, e li no memorial, quefoi interposta oportunamente apelaCao para apreciar precisamenteesta especie. Parece-me que, o quese pretende, data vents , a anteci-par o julgamento do recurso, ondese podera em via macs ampla, comprova melhor, julgar o merito daquestao.

Sob estes fundamentos , ponho-me de acordo com o eminente Re-lator.

0 Sr. Des . Rubens Lacerda:

das, alem de outran, as alegaC6esaduzidas pelo paciente neste ha-beas corpus.

0 Sr. Des. Presidente: Denega-ram a Ordem , a unanimldade.»(fls. 39 a 44).

Irresignado, o reu interp6s o re-curso de fls. 58 a 63, que leio.

Perante esta Corte manifestou-se aProcuradoria da Republica pelo pro-vimento, em parte, do recurso, a fimde que o Tribunal a quo aprecie omerito da impetraCao (fls. 111 a113).

VOTO

O Sr. Ministro Djact Falc Ao (Rela-tor): A decisao recorrida deixou deconhecer do writ, a consideraCao deque a materia suscitada sera discuti-da com mais amplitude no julga-mento da apelaCao, onde se alegatambem nulidade decorrente de con-tradiCao entre as respostas dadasaos quesitos, pelos jurados. Aconteceque o simples fato de pender apela-Clo nao afasta o habeas corpusquando na invocaCao de qualquerdas hip6teses previstas no art. 648 doC6digo de Processo Penal, entre asquais se inclui a alegaCao de nuli-dade manifests , quandonao ha con-troversia em torno de fatos res-tringindo-se 0 pedido a materiade direito. Na especie, alega-se con-tradlCao entre as respostas dadasaos quesitos (paragrafo Unico do art.564 do C6digo de Processo Penal).

Segundo bem ponders o parecerda Procuradora Maria Alzira de Al-melds Martins:

VOTO

Sr. Presidente.

a5. A nulidade argdida 6 examf-navel na via do mandamus, potsindepende de analise de proVa.Basta tao-s6 verificar se as res-

Tambem nao conheCo do pedido , postas aos quesitos apontadossaoacompanhando os votos proferidos, ou nao contradit6rios. Alias, a pr6-por ja ter sido interposto o recurso pria jurisprudencia do Supremode apelaCao , onde foram invoca - Tribunal Federal isso demonstra,

146 R.T.J. - 116

pots registra inumeros habeascorpus que versam sobre tal ques-tao.

6. A circunstAncia de pender re-curso de apelasAo que trata damesma nulidade, por outro lado,nAo obsta em principfo , o conheci-mento do writ se nele se arg0iconstrangimento llegal , esse 8 0entendimento assente do ExcelsoPret6rio. In casu , nAo se pode con-cluir que nAo estando o reu presoinexiste coacAo ilegal, por quanto 0art. 648, do C6digo de Processo Pe-nal, ao enumerar as hip6teses deconstrangimento ilicito coloca noseu inciso VI: «quando o processofor manifestamente nulon.

Opinamos , em face do exposto,no sentido do provitnento do recur-so, a fim de que o Tribunal a quoaprecie o merito da impetraCAo.n(fls. 112 a 113).

Ante o exposto provejo o recurso,para que o Tribunal a quo, aprecie opedido, no seu merito.

EXTRATO DA ATA

RHC 63.380-MG - Rel.: MinistroDjaci Falcao . Recte .: Eduardo deSouza Rocha (Adv.: Marcelo Leonar-do e outro). Recdo.: Tribunal de Jus-tiCa do Estado de Minas Gerais.

DecisAo : Provido o recurso nos ter-mos do voto do Relator. Unanime.

Presldencla do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezeke Carlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Snares.

Brasilia, 4 de outubro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

HABEAS CORPUS N? 63.400 - SP(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Pacfente : Dorival Vegas - Impetrante : Jesuino Neves Porto - Coator:

Tribunal de JustiCa do Estado de Sao Paulo.

Pollclal-mllltar. Crime de extorsAo em co-autoria com civis e con-tra clvis. Competencia da Justica comum.

Crime cometido por pollcial-militar fora do exercicto de sua fun-cAo regular nAo caracteriza cri^e militar impr6prio, nos termos doart. 90, 11, do CPM , e se submete competencia da Justica Comum.

Habeas Corpus conhecido em parte mas indeferido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos esterautos, acordamos Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taqufgraficas, Aunanimidade, em conhecer em partedo pedido, mas indeferi-lo.

Brasilia, 22 de novembro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Rafael Mayer: AProcuradoria-Geral da Republica,em parecer da ilustre Procuradora,Maria Alzira de Almeida Martins,expoe e opina , In verbis:

«Trata-se de pettrAo de habeascorpus em favor de Dorival Vegas,condenado pela prAtica do crimede extorsao a 6 anos, 7 meses e 10

R.T.J. - 116

dias de reclusao , apenacao essaimposta em ac6rdao que reformouparcialmente a sentenCa de pri-meiro grau.

Inobstante a obscuridade da ini-cial, infere-se do seu texto que 0tmpetrante argui nulidade do pro-cesso por incompetencia do Juizo,eis que ao seu ver competiria o Jul-gamento do feito ao foro militarpor ter ao paciente supostamentecometido delito contra uma insti-tuicao militar , pots a sua adminis-traCao estava subordinadon. Prell-minarmente , somos que o conheci-mento do pedido deve ser parcial.

Com efeito, nao ocorre o 6blce doart. 119, II, letra C , da ConstitulCaoFederal , que veda a substituiCaodo recurso ordinarlo por pedidooriginarlo, porquanto tal recurso 6cabivel quando denegat6ria a deci-sao de unica on ultima, o que nocaso nao se veriflca, pots o Tribu-nal a quo simplesmente nAo conhe-ceu da impetraCao ajuizada sob omesmo fundamento da ora exami-nada , Como esclarecem as infoma-C6es de estilo.

Por outro lado, 0 writ deve serconhecido parcialmente , porquantono que diz respeito ao nAo recolhi-mento do paciente em dependenciaseparada da Penitenciaria, seocorrente o constrangimento ilici-to, esse dimana deJuiz de primel-ro grau Was execuC6es criminals).Dessarte , tal questao nAo estA noamblto competencial da SupremaCorte, Como delimitado no art. 119,I, c, da Carta Magna , portanto,nao ha que ser conhecida. No meri-to, nao se veriflca a alegada null-dade processual.

Como salientado na denuncia (v.fls. 14), Dorival Vegas, ao tempodos fatos nela noticiados , era sol-dado da Policia Militar , lotado naSecretaria de Seguranca Publicado Estado de Sao Paulo.

147

Ap6s a narrativa minuciosa doseventos, a peca acusat6ria resumiua participacao do paciente e dosdemais co-r6us nos mesmos da se-guinte forma:

((Como decorre de todos os fa-tos descritos, os qulnze denuncia-dos, sob a coordenaCao dos poll-ciais, principalmente do investi-gador de policia Benedito Domin-gues, associaram-se em quadrl-Iha, para o fim de extorqulr di-nheiro de medicos e parteirasque eram por eles ameaCados deprisao e de outras medidas poll-ctais relaclonadas com efetivosou supostos delitos de aborto, queas vitimas teriam praticado.

Em todos os casos, os denun-ciados, com intuito de obterempara siindevidas vantagens eco-n6micas, constrangeram - ou,em alguns casos, tentaram cons-tranger as vitimas a Ihes entre-gar importanclas em dinhelro, apretexto de se safarem das aludi-das medidas policiais)) ((Is. 43).

Ao que se ve, o crime de extor-sao acima descrito, nAo lot pratica-do contra uma institu!Cao militar,eis que as vitimas eram medicos eparteiras.

De observar-se ainda que a aCaodelituosa nao se den no exercicloregular da funeao de pollclamento,ou seja, nAo estava 0 paciente emcumprimento de missao a seu car-go, por ocasiAo dos fatos, de moldea que tal circunstancia ensejasse acompetencia da justica castrense,Como deflnida no paragrafo 1°, Te-tra d, do art. 144, da ConstitulCaoFederal, combinado com o art. 9?,II, C, do Estatuto Penal Militar.

No sentido de que, para ser con-siderado crime militar, a necessa-rio que o agente, no caso de poll-ciamento, ao praticar o delito, es-teja no exerciclo regular de suas

148 R .T.J. - 116

funCdes, trazemos a colaCao o se-guinte aresto dessa Excelsa Corte,assim ementado:

«Ementa : Policlal-militar. Cri-me militar . Policiamento exclusi-vo. Poltetamento civil regular.Art. 9?, II do CPM.

- Quer no exercicio do policia-mento que a exclusivo da policiamilitar , quer no do policiamentocivil que em decorrencia de suafunCao the seta . regularmenteatribuido , 0 policial-militar res-ponde por crime militar , verifi-cados os requlsitos do art. 9?, IIdo C6digo Penal Militar. - «Re-curso de Habeas Corpus improvi-do)> (RHC n? 61.367-5-SP, Rel.:Min. Rafael Mayer, DJ de 30-3-84,pag. 4586).

aDestacamos, a seguir, ementada lavra do eminente Ministro Nerida Silveira, que versa hip6tese queguarda certa similitude com a queaqua se examina:

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator ): Acolho o douto parecer, pots,Como se evidencia , a conduta deliti-va pela qual resultou condenado 0paciente , num contexto de co-deling0encia com elementos civis,nao revels uma conotacao qualquerque a faCa subsumir , Como crimemilitar impr6prio , nas especies cata-logadas no art. 9?, II, do C6digo Pe-nal Militar . Coin efefto , ao praticar,em co-autoria , o crime de extorsAo,o acusado nao aglu na qualidade depolicial-militar nem estava no exer-ciclo de funCao que fosse ine-rente a essa condiCao , nAo podendoresultar competente a JustiCa Mni-tar pars proceder , nem consequente-mente nulo o processo e a condena-Cao subsequente que tiveram cursona JustlCa Comoro.

Pelo exposto, e de acordo com osfundamentos do douto parecer, co-nheCo , em parte, do pedido, mas oindefiro.

EMENTA: Habeas Corpus. Po-licial Militar. Competencia. Cri-me praticado na execuGao de di-ligencia nAo afeta a sell setorde trabalho , mas, apenas , a titulode colaboracAo com outra autori-dade policial . Inocorrencia dosrequisitos do art . 9?, do C6digoPenal Militar , para a configura-Cao de crime militar . Incompe-tencla da JustlCa Militar esta-dual. Concessao do habeas cor-pus Para anular a sentenca eo processo . determinando a re-messa dos autos a Justica Co-mum> (HC n°59.862-5 -ES, DJ de8-10-82, pag. 10189).

((Opinamos , em face do exposto,pelo conhecimento parcial e indefe-rimento do writ.))

E o relat6rio.

EXTRATO DA ATA

HC 63.400 - SP - Rel.: MinistroRafael Mayer . Pte.: Dorival Vegas.Impte .: Jesuino Neves Porto . Coator:Tribunal de JustlCa do Estado deSao Paulo.

Decisao : Conheceram em parte dopedido, mas o indeferiram , nos ter-mos do voto do Ministro Relator.Unanime.

Presidencia do Senhor MlntstroRafael Mayer . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Neri da Silveira,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente justificadamente o MinistroOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 22 de novembro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

R.T.J. - 116 149

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.406 - PE

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro DJaci Falcao.

Recorrente: Francisco Jose Viana de Melo - Recorrido: Tribunal deJustiCa do Estado de Pernambuco.

Dentincla. Inepc/a. Co-autoria. Denancia que narra conduta att-pica sob a 6tlca do conCurso de agentes . 0 ter conhecimento previo docrime e se omitir na pratica de atos tendentes a Impedir o resultadonMo configura qualbuer das formas de co-participacAo menclonadasno art . 29, do C6d. Penal.

Provimento do recurso para excluir da denOncla o ora recorrente,sem prejulzo de posterior e regular aditamento.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal, 6 unanimidadede votos e na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas , em conhecer e the dar provi-mento , nos termos do voto do Rela-tor.

Brasilia, 4 de outubro de 1985 -DJaci Falcdo , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro DJaci Falcao: 0ac6rdao objeto do presente recursoguarda o seguinte teor:

«Materia de fato, como norma,nAo deve ser examinada em pedi-do de Habeas Corpus . Excepcio-nalmente, pode-se faze-lo quandoo writ tem Como motivaCao, faltade Justa causa.Vistos, relatados e discutidos es-

tes autos de Habeas Corpus n?346/84, Passira, impetrante, osBeis. Ruy da Costa Antunes e Ma-noel Arthur Cavalcanti de Albu-querque, paciente, Francisco JoseViana de Melo.

Acorda a SeCao Criminal do Tri-bunal de JustiCa de Pernambuco,denegar a ordem , por malorta de

votos, tudo de acordo com as notastaquigr8ftcas, anexas , que passama tntegrar a decisAo.

Custas, ex lege.

Recife, 25, abril, 1985 - (a.)Ilegivel - Des. Presidente -Ilegivel - Des. Relator.

Fut presente - Ilegivel - (a.)Ilegivel - Vencido.

aftelat6rio

Os Bets. Ruy da Costa Antunes eManoel Arthur Cavalcanti de Albu-querque impetram ordem de ha-beas corpus em favor de Fran-cisco Jose Viana de Melo, para ofim de alcanCar trancada a acAopenal pfiblica instaurada contra opaciente e outros.

Diz a lmpetraCao: (fis. 2).

`Aos 8 ( oito) Was do mes deagosto p/p o Dr. Promotor deJustiCa da Comarca de Passiraofereceu denancia contra CiceroLima dos Santos, apontando-o co-mo autor de homlcidto qualifica-do (art. 121, § 2?, incisos I e IV,CP) praticado contra DeoclaudioPereira da Silva, enquanto ca-racterizava Abelardo dos ReisBeltrAo , Jose Ramos de Oliveirae 0 paciente, Francisco Jose Via-na de Melo Como co-autores (art.121, § 2?, incisos I e IV, c/c o art.25, CP). Descrevendo a atividade

150 R.T.J. - 116

dos pretensos co-autores, afirmaa Promotoria: «O denunciado nU-mero um (01), inquirido pela au-toridade policial em suas decla-rac6es de f1s. 21 /23, negou a auto-ria e na reinquirtcao, por duasvezes , confessou a sua participa-Cao direta no fato delituoso, afir-mando corn detalhes como ocor-reu a triste cena sangrenta, queenlutou a sociedade trabalhadorade Passira, corn a morte do seurepresentante, afirmando, tam-b6m, haver sido contratado paratal finalidade e apontando comomandante o Sr. Abelardo dosReis Beltrao, corn o conheclmen-to do Sr . Francisco Jose Viana deMelo e partlcipaCao de Jose Ra-mos de Oliveira , conhecido por«Zezinho,, , administrador da Fa-zenda Santa Marta . Segundo aprova testemunhal e a prOpriaconfessoo do autor material, haindicios quase provaveis que po-derao Incriminar mandante oumandantes e participante indire-to, dada a natureza corno se de-senrolou e culminou 0 intentocrltnlnoso . Em face de exposto,estao os denunciados incursosnas seguintes penas : a) - 0 pri-metro denunciado , art. 121, § 2?,Incisos I e IV; b) - Os demaisdenunciados, art. 121, § 2?, inci-sor I e IV, c/c o art. 25, todos doC6d. Penal Brasileiro ( grifos nos-sos). ('doc. n. I). Na mesma data,atraves de despacho exarado norosto da aludida peca preambu-lar, oMM . Dr. Juiz da Comarcade Passira recebeu a den0ncia,para logo designando data para olnterrogat6rio dos revs (doc. n.1). A toda evidencia, entretanto,dita denfinc)a, oferecida, commanifesta afronta as exigenciasdo art . 41, CPP, era de ser rejei-tada, por inepta . Realmente. Co-mo preleciona Jose FredericoMarques ( cfr. Da acusaCao deco-autorla , In «Estudos de DireitoProcessual Penal )), Forense, Rio,

1960, pags. 150/1), ((se a condutado autor deve ser exposta na de-n6ncia corn todas as suas cir-cunstancias, corn maior razaoa do co-autor . E imprescindivelque este safba qual o ato por elepraticado que, embora nAo en-quadravel na descriCao legal dequalquer crime, seja qualificadocomo delituoso pelo nexo queapresenta corn uma conduta deoutrem de carAter tipico. A de-ntincia em crime de homicidionunca se limita a diner que oacusado matou algu6in . Naquelapeca inicial da acusaCao, o quese diz a que o reu atirou em al-guetn, ou o esfaqueou, causando-Ihe a morte. Como, pots, admitir-se que, tratando-se de co-autoria,venha dito, tao-s6 que o acusadoconcorreu para a pratica docrime? Na co-autoria, a denonciapara nao ser inepta tern de escla-recer em que consistiu a partict-paCao ou concurso do acusadopara a pratica do crime que eatribuido ao autor. De outra for-ma, a acusaCao sera inepta por-que tothe e limita o exercicto dodireito de defesan. No mesmosentido disserta Damaslo E. deJesus (in Da co -delingUencia emface do novo C6digo Penal, Edf-tora Revista dos Tribunals, SaoPaulo, 1976, pag. 181): «O art. 41do C6digo de Processo Penal de-termina que a denflncia ou quei-xa contera a exposiCao do fatocriminoso , com todas as suas cir-cunstancias ...» Em se tratandodo autor, a peca inicial da aCaopenal deve descrever a sua con-duta e demais circunstanctais,sob pena de inepcia. E na partlcl-pacao? A questAo a macs comple-xa. Alem de narrar o comporta-mento tipico do autor, deve des-crever os fatos cometidos peloparticipe, fatos inicialmente ati-picos que se tornam tipicos emface da norma de extensAo conti-da na Parte Geral do C6digo Pe-

R.T.J. - 116

nal (art . 25). Assim, inepta e adenuncia que, ap6s descrever ocomportamento delituoso do au-tor principal , apenas diz que oparticipe concorreu Para a prati-ca do fato tipico . E necessarioque narre o fato constitutivo domodo da concorrencia ( aquem,de qualquer modo ... n). As formasde participaSao devem ser des-critas pormenorizadamente (de-terminaCao , instigaCAo , ajuste,auxilio , etc.). Isso porque oconcorrer , sem narraCAo da ardoou omissao que o constitui, a fatoatipico, passivel de ensejar a re-jeiCao da peCa initial da aSao pe-nal (art . 42, n? I, do C6digo deProcesso Penal). Robusta juris-prudencia endossa os ensinamen-tos doutrinarios acima reporta-dos. <cTratando-se de crime compluralidade de agentes , a denun-cia deve descrever, minuciosa-mente , de modo claro e preclso,a participacAo real e efetiva decada um na produCAo do eventocriminoso , metos utilizados, ma-leficios produzidos , modo de exe-cuCAo , motivo determinante, lo-cal e tempo correlatos, a flmde proporcionar-Ihes o direito deampla defesa . E inepta a denun-cia carente de tats requisitosu(TJMT, In 514/394). eCo-autorianAo se presume . Deve ser tradu-zida em atos sensiveis e Insplra-dos por vinculos subjetivos eaferiveis entre os delingUentes,que, por tal circunstAncia, pas-sam a ser co-delingiientes»(Cams. Conjs. Crim. do TJSP,in RT 461/317). ccTratando-se de co-autoria, a indispen-savel ao seu reconhecimento,sob Pena de inepcia, conte-nha a denuncia oil queixa naos6 a descriCAo pormenorizada daconduta de cada acusado, como,ainda, referenda descritiva donexo subjetivo entre a participa-CAo individual e a pratica delituo-sa (Ac. Un. da 18. Cam. Crim. T.

151

A. Crim. SP, In RT 471/338). En-fim, o Supremo Tribunal Fede-ral, reiterando numerosos pro-nunciamentos anteriores , assen-tou: aA denuncia, em crime deautoria coletiva , deve especificara conduta de cada acusado, sobPena de inepcia« ( Ac. un. da 2•Turma . Rel. Min. Xavier de Al-buquerque , in RT 507/486). Ora,no caso em debate, qual visto dot6pico da denuncia Iiteralmentetranscrito no item 2 do presentepedido, remotamente sequer des-creveu a Promotoria qual a ativi-dade desenvolvida pelo paciente,a modo de dever ser consideradoco-autor na pretensa empreitadacriminosa contra a vitima. De fa-to: limitando -se, como se limltoua denuncia , a sustentar que o pa-ciente tivera aconhecimentw> deum imaginario mandato promo-vido por Abelardo dos Reis Bel-trao , nao significa descreverconduta caracteristica de com-participaCAo criminosa . A inse-guranCa e claudicaCAo da denun-cia chega ao extremo de sus-tentar a existencia de aindiciosquase provaveis que poderao in-criminar mandante ou mandan-tes e participante indireto, dadaa natureza como se desenvolveue culminou o intento criminoso».Mao se poderia cogitar de exote-rismo maior , o que vem a seraindicios quase provaveisn? Mais:sustenta a denuncia que os (dn-dicios quase provaveis )) «pode-rAo incriminar» mmandante oumandantes e participante indire-to.» Como? For que? Como serrigorosamente inepta, a dentin-eta, principalmente , consubstan-cia autentico abuso de poder, eisque imports em sujeitar aos ve-xames de um processo criminalalguem por crime inexistente.Realmente . Atribuindo an pa-ciente o crime de homicidio emcomparticipaCao, simplesmentepelo fato - tAo-somente suposto

152 R.T.J. - 116

pela Promotorla e sem qualquerprova nos autos - de haver to-mado (( conhecimento , u a denunciacria uma figura inexistente emnossa legislaCao penal - a dainstigacao por omissao , robusta-mente repelida pela melhor dou-trina, como se v@, por exemplo,na monografia de Nilo Batista(((Concurso de agentes)), LlberJuris, Rio, 1979, pAg . 133): ((Nao epossivel construir uma instigacaopor omissao . Este ponto de parti-da a aceito ate mesmo por auto-res que admitem , segundo a opi-nlao dominante , participaCao noscrimes omissivos . Assam, Jes-check: ((elne Anstlftung durchUnterlassen ist rechtlich nichtglic . Entre n6s , Heleno Fragoso:((a instigacao por omissAo 6 in-concebivel )). E inimaglnavel 0doloso processo de convencimen-to a resolucao criminosa que senAo estruture numa atuaCao post-tiva: nesse campo , poder-se-laate abrir mao de palavras, po-rem nunca de uma acao. Essa ea tese indiscrepantemente manti-da pela jurisprudencia : "0 meroconhecimento de que alguem es-ta prestes a cometer urn crime,ou a nao denuncia as autoridadesde um delito que vai ser pratica-do,naoconfiguraco-participaCao»(TACrSP, in Julgados)) , 72/31).((A mera ciencia , ou mesmo aconcordancia, difere da instiga-Cao punivelo (TJSP, in RT425/284 ). Els at esta: se o pa-ciente houvesse mesmo , a indiscu-tivelmente , comprovadamente, to-mado « conhecimento» de umaqualquer empreitada criminosa ese mantivesse silente em tornodo fato , tal conduta omissiva ja-mats tipificarla co-autoria, postoque inexistente , para ele, o deverde denunciar . A Promotoria,pots, fincou a denuncia contra opaciente em fato atipico. Mas ede ser acrescentado e mutto rele-vantemente , que esse conhect-

mento ((atribuido an paciente naoencontra respaldo algum nas pro-vas colhidas ao longo do inqueri-to policial , sendo certo , tambem,que, no sumarlo, ouvidas ja todasas testemunhas da acusaC9o,nenhuma , sequer , deu bordao aoimaginado pelo Ministerio Pitbli-Co.

E outros julgados que eu deixode ler , ten a mesma argumenta-Cao.

Submetido a injusto ve-xame, como amplamente de-monstrado, seja porque criminal-mente processado con base emdenuncia inepta , seja, principal-mente porque processado por fa-to que sequer constitui crime emtese (a famosa co-autoria poromissao de denuncia ), o pacientesomente alcancara restabelecidoo seu ins libertatls , mediante aconcessao, ora requerida, do pre-sente writ para o fim de ser ex-cluido da acao penal acima deba-tida.

A impetracao, juntou-se docu-mentacao , consistente na c6pia dadenuncia da Promotoria da Comar-ca de Passira , o ftnico documentoanexado a impetracao.

Solicitadas informac6es a autori-dade apontada coatora, o juiz daComarca de Passira, S . Exa. infor-mou que deixava de atender a soli-citacao do relator porque os autosse encontravam no Tribunal deJustiCa, por forCa de requisiCao Pa-ra apreciacao de urn outro habeascorpus.

Mandel entao , logo que fossepossivel , se fizesse a juntada doprocesso ao requerimento.

0 processo esta aqul acostado aimpetracao e em seguida eu pediparecer da douta Procuradoria.

Passo a ler o parecer (U)Esta concluido o relat6rio.

R.T.J. - 116

Voto do Relator

Senhor Presidente.

Senhores Desembargadores.A denuncia que a impetraCao

ataca e tida no parecer do doutoProcurador por inepta em relaCaoao paciente , oferecida foi em 8 deagosto de 1984 a recebida pelo Juizno mesmo dia.0 paciente , interrogado aos 16

dias do mes de agosto de 1984.No triduo legal , requereu os seus

melos de prova , inquiriCao de oitotestemunhas , reservando-se paraapresentaCao da defesa uma vezconcluido o sumario.Teve no processo , o paciente, a

sua prisao preventiva decretadapelo julz. Neste passo , acrescento:o decreto da cust6dla preventivafoi cassado atraves de ordem con-cessiva no habeas corpus n" 260/84de que fui relator , julgamento rea-lizado perante esta egregia SeCaoCriminal.A decisao em causa teve como

estelo , teve por base , a desfunda-mentaCeo do decreto de cust6dia.

No processo-crime , iniciado foi osumario de culpa , com inquiriCaoja de oito testemunhas.

S6 ap6s a pratica de atos de tan-is importancia no processo a quese ve a inepcia da denuncia.

Em geral , a junta causa se mani-festa inicialmente com a apresen-taCao da denuncia , mas, em algu-mas vezes , ela pode se apresentarquando no processo se coletemsubsidios que permitam afirmar,sem duvida , a sua ocorrencia.

Sabe -se que, em regra, no proce-dimento de habeas corpus nAocabe examinar mat6ria de fain,mas uma vez que a lei propicia aconcessao do babes corpus na faltade junta causa , excepciona nessescasos ; porque e o 6bvio, nao sepode examinar a existencia de jus-ta causa sem o exme da prova.Faco-o entao.

153

you ler trechos de depoimentosde testemunhas prestados no su-mario ( fls. 269):

`Jose Manoel de Santana (fls.250v )'... que o . povo do povoadode Cutias se encontra com medoem virtude de os acusados Abe-lardo Beltrao , Francisco Melo eJose Ramos estarem em liberda-deu; Severino Soares da Silva(fls. 251 )»... que corria o comen-tarlo no povoado onde mora queos acusados Abelardo BeltrAo eFrancisco Melo nao gostavam davitima porque esta encaminhavaos trabalhadores rurais demiti-dos por aqueles , para a JustiCaTrabalhista ; que o depoente teveconhecimento como descobriramo assassino, porque uma crianCade nome Antonio reconheceu edisse a esposa da vitima que oassassino , ela ja tinha-o visto naFazenda de Francisco Melo; queouviu dizer que o reu Cicero eravigia na Fazenda do acusadoFrancisco Melo ; que Cicero teriavindo do Estado de Alagoas; quesabe informar que as pessoas naVila Cutias estao com medo emvirtude do poderio econbmico dosreus Abelardo Beltrao e Francis-co Melo , que Babe dizer que todasas pessoas arroladas pelo Minis-terio Publico estao com medo dedepor contra os acusados, inclu-sive o depoente ; Jose Snares daSilva ( fls. 252V e 253) «... que ou-viu dizer ter o acusado Cicerovindo de Alagoas para trabalharnesta regiao : que quando o me-nor disse que o assassino se en-contrava na Fazenda de ChicoMelo , estavam presentes a espo-sa da vitima , Marines, MariaNilda e Severino Soares da Silva;que nunca ouviu dizer o que oacusado Cicero fazia como em-pregado on na Fazenda de Abe-lardo ou na de Francisco Melo;que o povo de Cutias sente medoem virtude de os acusados Abe-

154 R.T.J. - 116

lardo Beltrao, Francisco Melo eJose Ramos de Oliveira estaremem liberdade ; Paulo Franciscoda Silva (fl. 254) `... que pelo co-nhecimento do depoente, naoexistem outras pessoas que pos-sam ser acusadas pelo assassina-to da vitlma, que nAo as denun-ciadas neste processo ; que o povode Cutlas anda com medo emvirtude de se encontrarem em ii-berdade todos os acusados, jaque poderia mandar matar nova-mente; que ouviu dizer que o acu-sado Cicero esta preso em Li-moeiro; Samuel Pedro da Silva(fls. 255) «... que o depoente ou-viu de que o criminoso foi desco-berto por causa do menor Anto-nio, filho de Antonio Lau, quedisse que a pessoa que estava fa-lando corn Deoclaudio e fez osdisparos, morava na Fazenda deFrancisco Melo; que ouviu mui-tas pessoas em Cutlas falaremque estAo com medo em virtudede se encontrarem em liberdade,os acusados Abelardo Beltrao,Francisco Melo e Jose Ramos;Antonio Pereira Freire (ifs.256v.) «... que o depoente tem umfilho menor de nome Antonio Pe-reira Filho, que foi quem reco-nheceu a pessoa que estava con-versando com Deoclaudio antesde este ser atingido pelos dispa-ros de revolver; que o depoentesempre via o acusado Cicero Li-ma dos Santos na fazenda do Za-ca (pertencente a Francisco Me-lo); que 0 depoente reconhece oacusado Cicero Lima, aqul pre-sente, como a mesma pessoa queele depoente, via na fazenda San-ta Marta de propriedade do r8uFrancisco Melo'.

Ha no processo muita prova am-da a ser colhida , posto que o suma-rio ainda nao foi concluido.

As razoes invocadas para 0 tran-camento da aCAo penal publica ins-taurada contra o paciente depen-

dem de prova e ha, como disse,muita ainda a ser produzida , inclu-sive a arrolada por ele proprio.

A aus@ncia de dolo @ elemento deculpabilidade que se apura no finalda aCAo penal.

Com essas consideraCOes , senhorPresidente, meu voto, data yenta doentendimento da douta Procurado-ria, a pela denegaCAo da ordem.Desembargador Augusto Duque:

Esta em discussAo o voto do rela-tor, que a no sentido da denegaCAoda ordem.

Desembargador : Geraldo Cam-pos: De acordo corn o relator.

Desembargador Otilto Nelva: Se-nhor Presidente. Senhores Desem-bargadores A respeito da denon-cia, que esta sendo objeto de im-pugnaCAo pelo habeas corpus, jame manifestei ao conceder habeascorpus dos r8us no processo. Na-quela ocasiAo , declares que formal-mente a denuncia era defeituosa.

JA faz algum tempo que manu-seei os autos, mas, recordo-me,quanto so paciente a den(mcia nAoo colocou,.a rigor, como co-autor enAo podia ser diferente , porque aprova nAo revela ter o pacienteparticipado, de qualquer modo,na execuCAo do crime, e nern se-quer concorrido para que ele fossecometido.

0 que se pode sentir consuitandoos autos, eu nao sei se veridica. ainformaCao, a somente que o pa-ciente tivera conhecimento que ocrime fa ser praticado . A informa-Cao, 6 evidente, nao podia, por siso, justificar a inclusao do pacientena denuncia.

Quero crer, que por essa razAo, opaciente sofre coaCAo que deve seridentificada como ilegal.

Com essas consideraCoes e apre-sentando as minhas escusas soeminente desembargador relator,eu concedo a ordem.

R.T.T. - 116 155

Desembargador Augusto Duque:Ouvi falar , inclusive, salvo enganoda minha parte , no parecer da dou-ta Procuradoria, de que a denUnciaera inepta e agora nAo percebicorn que fundamento poderia sechegar a essa conclusao , segundo aalegaCAo que foi feita.

Desembargador Joao David deSouza Fllho : Declarou o Procuradoro seguinte ( fl. 19 ): aProcedem asalegac6es do impetrante - e a de-nuncia, em relaCao ao paclente,ineptau.

Acrescentou: ((Na parte (Mica,referindo-se ao paclente , apenasrelata que o autor material docrime - outro co-autor intelectuallot denunciado - informa que, opaclente era conhecedor da aem-preitada » criminosa . Muito poucopara ensejar procedimento penalcontra o paciente".

Desembargador Augusto Duque:0 processo JA com a ouvida dastestemunhas arroladas , apesar doaspecto sintetico e impreciso dadenuncia , nao deixa de se deduzirde forma indireta , on descricao dofato criminoso , a participaceo dopaciente.

A justa causa , Como ja se terndecidido , a aquela que esta deacordo com o direlto. 0 que a quenao esta de acordo com o direltono recebimento da denuncia? Seriaa infraCAo ao artigo 43 do C6digode Processo Penal, que dlz:

'A denuncia ou queixa sera re-jeitada quando : I - o fato narra-do evidentemente nao constituircrime ; II - JA estiver extinta apunibilidade , pela prescrlCao ououtra causa ; III - for manifestaa ilegitimidade da parte ou faltarcondiCAo exigida pela lei para oexercicio da acao penal'.

Apesar da imprecisao da denun-cia, evidentemente muito mal for-mulada , imprecisa em relaCao a li-gacao detalhada , objetiva e Clara,

pode se deduzir o prop6sito de as-sociar o paclente Como co-autorem relaCao ao fato objeto do pro-cesso. A deducAo contrarla a'esseentendimento, atraves do voto doeminente relator , Implica numaapreclacao quase total da provatestemunhal . Se essa forma se tor-nar habitual , poucos processos de-verAo chegar a julgamento normalpelos juizes, porque atraves dohabeas corpus poderia ser julgadaantecipadamente a hip6tese , inclu-sive com a possibilidade de elimi-nar uma instancia.

Por isso, considerando que noque for decidido ainda Cabe ao re-curso , eu, data venia do entendi-mento em sentido contrario, inclu-sive o parecer da douta Procurado-ria, acompanho o voto do relator.

Decisao:Denegada a ordem contra o voto

do Des . Otillo Nelvan . (fls. 22 a 37).

Em tempo habil foi Interposto o re-eurso de fls. 41 usque 56, que leio.

Manifestou-se o Minlsterio P6blicolocal pelo provimento do recurso (fl.58).

Perante esta Corte opinou o Procu-rador da Republica nos seguintestermos:

«Trata-se de habeas corpus, jaem Ease recursal , ajuizado em fa-vor de Francisco Jose Viana deMelo, processado Como incurso naspenas do art. 121, § 2?, inclso I eIV, c/c art. 25 do C6digo Penal, vi-sando a exclusao do paciente do re-ferido processo , por ser inapta adenuncia no tocante ao mesmo.

2. A increpaCao que se faz e ade que a peea acusatoria nao des-creve qual a atividade desenvolvi-da pelo paciente de molde a serconsiderado co-autor, limitando-seas sustentar que o paciente tivera'conhecimento' de um imaginariomandato promovido por Abelardo

156 R .T.J. - 116

dos Reis BeltrSo », conduta essaque nMo caracteriza comparticipa-CAo criminosa.

3. Assiste razao 8o recorrente.4. 0 Promotor PGblico ao impu-

tar o crime de homicidio aos de-nuncfados descreveu sintetica-mente a forma de atuaCAo de cadaum.

5. Em relaCAo a Francisco JoseViana de Melo especificou que estetinha conhecimento do acordo en-tabulado entre o mandante Abelar-do dos Reis BeltrSo e o autor mate-rial Cicero Lima dos Santos, paraa efetivaCAo do delito que ceffou avida do presidente do Sindicato dosTrabalhadores de Passlra.

6. A nosso ver, a Inicial acusa-t6ria nesse t6ptco padece de inep-cta, pots tai conduta a atipica, pornAo configurar a co-autorla nosmoldes do nosso Estatuto Penal. 0conhecimento pr6vio do crime e aomissAo do sujeito quanto a atostendentes a impedir o resultadonMo se identifica com qualquer dasformas de co-participacAo menclo-nadas no art . 27, do C6digo PenalBrasileiro.

7. Sobre o tema anota o mestreAnibal Bruno:

'Uma atitude totalmente nega-tiva, como a simples presenca noato de consumaCAo ou a nAo de-nuncia A autoridade publica deum fato delituoso de que se temconhecimento nMo pode constituirparticipaCAo punivel . E chamadaconivencia ' (Direfto Penal - Fo-rense - Parte Geral - Tomo 11- 1967 - pAg. 278).8. No mesmo sentido sAo as 11-

Cbes de Heleno Fragoso ( in LiCBesde Direfto Penal - Parte Geral -Forense - 1980 - pAg. 263), Da-mAsfo E . de Jesus ( in DireftoPenal- 1? vol. Parte Geral - Sa-raiva - 1983 - p8g. 389) e NiloBatista, citado na inicial.

9. Em face do exposto, o pare-cer a pelo provimento do recurso,a fim de que se declare a inepciada denuncia no tocante ao recor-rente, sem prejuizo de posterioraditamento, caso surjam provasque o lncriminem.

Brasilia, 30 de setembro de 1985- Maria Aizira de Almelda Mar-tins, Procuradora da Repilblica.

Aprovo: Francisco de AssisToledo, Subprocurador-Geral daRepublica n ( fIs. 65 a 67).

VOTO

O Sr. Ministro Dlacl FalcAo (Rela-tor): Afigura -se-me inepta a peCaacusat6ria inicial em relaCAo so pa-ciente Francisco Jose Vfana de Me-lo, ora recorrente.

Foram denunciados por homicidioqualificado, de que fot vitima CiceroLima dos Santos , Abelardo dos ReisBeltrdo, Francisco Jose Viana deMelo e Jose Ramos de Oliveira (fls.9 a 11 ). Segundo a denuncia , CiceroLima dos Santos ( primetro denuncia-do), apOs negar a autoria, veto aconfessar presente a autoridade poll-cial, a sua participaCAo direta no fa-to delituoso, afirmando haver sidocontratado por Abelardo dos ReisBeltrSo, «com o conhecimento do Sr.Francisco Jose Viana de Melo» (fl.10).

A afirmaCdo de conhecimento pre-vlo do crime, por si, nMo justificaforma de co-autorla, nos termos doart. 25 (hole 29), do C6digo Penal. AdenGncia nAo descreve particlpaCAo,de algum modo , do ora recorrente,pars a prAtica do delito.

A materia ficou bem colocada novoto do ilustre Des. Otilio Nelva Coe-lho, ao dizer:

«JA faz aigum tempo que manu-seei os autos, mas, recordo-me,quanta ao paciente a denuncia naoo colocou, a rigor , como co-autor e

R.T.J..- 116 157

nao podia ser diferente , porque aprova nao revela ter o pacienteparticipado, de qualquer modo, naexecucao do crime, e nem sequerconcorrido Para que ele fosse co-metido.

0 que se pode sentir consultandoos autos, eu nao set se veridica ainformacao , 6 somente que o pa-ciente tivera conhecimento que ocrime is ser praticado. A informa-cao, 6 evidente, nao podia, por sls6, justificar a inclusao do pacientena denuncia.

Quero crer que, por essa razao, opaciente sofre coacao que deve seridentificada como ilegal » ( iis. 34 a35).

A meu ver, a denuncia noticia umaconduta atipica . Para efeito de con-curso de agente no crime narrado. 0recorrente nao a indicado como inte-grante de concurso eventual deagentes. Conforme diz Damasio deJesus:

«... participe 6 o agente queacede sua conduta a realizac3o docrime, praticando atos diversosdos do autor. Assim, se A instiga Ba matar C, 0 primeiro 6 participe e

o segundo autor» ( Comentarios soC6digo Penal , 1985, 1? vol., pag.519).

E Obvio que, se novas provas saocolhidas, a denuncia podera ser adi-tada.

Ante o exposto e de acordo com oparecer dou provimento no recurso,Para excluir da denuncia, FranciscoJose Viana de Melo, ora recorrente.

EXTRATO DA ATA

RHC 63.406-PE - Rel.: MinistroDjaci Falcao . Recte .: Francisco Jos6Viana de Melo ( Adv.: Buy da CostaAntunes ). Recdo.: Tribunal de Justi-ca do Estado de Pernambuco.

Decisao : Provido o recurso nos ter-mos do voto do Relator . Unanime.

Presid6ncia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek eCarlos Madeira . Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Snares.

Brasilia , 4 de outubro de 1985 -Hello Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.411 - AP

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.

Recorrente: Jos6 Ferreira do Amaral Filho - Recorrido: Tribunal deJustica do Distrito Federal.

Processual Penal. Nova definicilo juridlca dos fatos . ExtorsAo.Pode 0 julz dar nova definicAo juridica dos fatos constantes da denGn-cla. Narra mlhl factum dado tibl Jus.

Se Para obter vantagem econamica , algumm constrange outrem afazer , tolerar ou defxar de fazer alguma coisa , configura-se a extor-sAo, e nao o routs.

ACORDAO da Turma , na conformidade da ataVistos , relatados e discutidos estes do julgamento e das notas taquigra-

autos , acordam os Ministros do Su - fleas , por unanimidade de votos, empremo Tribunal Federal , em Segun - negar provimento ao recurso.

158 R.T.J. - 116

Brasilia , 8 de outubro de 1985 -Djact Falcao , Presidente - CarlosMadeira , Relator.

RELATORIO

O Ministro Carlos Madeira: NaTurma Criminal do Tribunal de Jus-tiCa do Distrito Federal , assim rela-tou a especte o ilustre Desembarga-dor Paulo Garcia:

«O Dr. Guaracy da Silva Freitas,advogado militante nesta Capital,impetrou a presente ordem dehabeas corpus em favor de JoseFerreira do Amaral Fllho , devida-mente qualificado na inicial, ale-gando estar o mesmo sofrendoconstrangimento ilegal pelos dotsmotivos seguintes:

Prlmelro - foi o pactente conde-nado pelo MM. Juiz da Vara Crimi-nal de Macap3 (AP), como incursonas pens do art . )a58, $ 1? do C6di-go Penal , por fato ocorrido na ma-drugada do dia 16 de matode 1984,na Cidade de Macapa , e do qual foivitima Darciman Alexandre Pi-nbelro.Apesar de ser primario e de bons

antecedentes , o MM. Juiz the ne-gou o direito de recorrer em liber-dade, porque , sem fundamento naprova, o referido Juiz entendeu es-tar o pactente sendo processado naComarca pela pratica de crime defurto, fato ease, Segundo a inicial,nao verdadeiro.

Assim, sendo prlmario e nAo ten-do antecedentes criminals, con-forme se pode ver de sua folha deantecedentes , tem o direito de re-correr em liberdade.

0 segundo motivo da impetracaose prende a alegacao de nulidadeda sentenCa porque, denunctado,juntamente com dois outros acusa-dos, Como incursos nas penas doart. 157, § 2?, 1 e II do Cod. Penal,tot condenado como infrator do art.158, § 1? do mesmo C6digo. Coma

acusacdo de roubo - relata a inl-cial -, se desenvolveu a lnstrucaocriminal , desde a citaCdo e de taiacusacao se defendeu , ate final,havendo, podem, a sentenCa lavra-do condenacdo por crime de extor-sao.

Conclui pedindo o deferimento daordem para se the reconhecer o di-retto de recorrer em liberdade on,entao que se decrete a nulidade dasentenca.

Veio a inicial Instruida com osdocumentos de ns . 9 a 27, estando,dentre ele, c6pias xerograficas dasentenCa Impugnada , da denfinciae certidao referente a seus antece-denies.

Pelo telex de fls . 32, o MM. Juizinformou que o Paciente teve suaprisao preventiva decretada no dia30 de maio de 1984 por pratica emcompanhia de outros-co-reus de as-salto contra um motorista de taxi,sendo o mesmo condenado, porsentenCa de 11 de outubro de 1984,juntamente com outro co-reu, d pe-na de cinco anos e quatro meses dereclusAo, por pratica de crime deextorsAo, sendo aplicada a regrado art. 383 do CPP.

Pelo bem elaborado parecer defls. 34/37, da lavra do Ilustre Dr.Jose de Nicodemos Alves Ramos, aDouta Procuradoria opinou pelo in-deferimento da ordem.

Esclareco que, conforme constada inicial , o paciente apelou dsentenCa condenatOria, aqua tmando ela o n? 6.840 , distribut 1em 16-5-65 ao Exm? Sr . Des. IraJPimentel e redistribuida a mim e23 do mesmo mess (fls. 42/43).

A ordem tot denegada , ficandodecisdo da Turma com a seguintementa:

«Sentenca - Emendatlo libelli.

Liberdade provis6ria e prisApreventiva.

R.T.J. - 116 159

InformaCOes do Juiz: seu valorprobante.

A sentenCa pode dar no fato defi-niCao diversa dos que constar dadenuncia, ainda que, em conse-giiencia, tenha de aplicar penamais grave.

0 reu a citado para se defenderda pratica do fato narrado na de-n(ncia e nao da capitulaCao nelainserida Nana mthl factum dabotibi jus.

Examinar se em determinadoprocesso ocorreu o crime de rouboon de extorsao, a materia que es-capa ao ambito do writ.

Se o reu, ao tempo da publlcaCaoda sentenCa, JA estava preso emvirtude de prisao preventiva, naotendo diretto de apelar em liber-dade, se persistem os motivos de-cretadores da prisao cautelar)) His.41)

Interposto recurso ordinario, pro-nunctou-se a Procuradoria-Geral daRepublica pelo improvimento.

E o relatOrlo.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator ): No parecer do Procuradorda Republica Joao Antonio Desid6riode Oliveira , aprovado pelo Prof.Francisco de Assis Toledo , flcou as-sirn descrita a aCao delituosa:

uConsta da denuncia , as fls. 23 a25, que o recorrente e seus cumpli-ces, ap6s imobilizarem a vitima(um motorista de praCa , as 02:30h., na Capital daquele Territ6rioFederal ), inclusive , corn o empre-go de uma arma branca , exigiram-the a renda do carro , sendo atendi-dos, quando a vitima Ines entregoua Importancia de Cri 20.000.

Com acerto, entendeu o MM.Juiz que a aCao descrita , apesarde tipificada Como roubo quail-ficado, na verdade, tratava-se de

extorsao , pois fora a pr6pria vi-tima quem entregou a vantagernecon6mica . Passando a decidir emconsonancia corn o artigo 383, doCPP.

Assim, nao procede a argumen-taCao desenvolvida de que a espe-cie aplicar-se-la o artigo 384, domesmo Diploma )). ( Fls. 60/61)E nao se aplica porque o Julz den

nova definiCao juridica em conse-g0encia de circunstancia contida nadenuncia , sem que tal definiCao te-nha Importado apllcaCao de penamais grave . A pena de reclusao porextorsao a igual a aplicavel ao rou-bo.

Nem a nova definiCao gerou maio-res consequencias, pois , como acen-tuava Hungria : «ha entre a extorsaoe o roubo ( aos quaffs a cominada pe-ns identica ), uma tal afinidade que,em certos casos , praticamente seconfundern . Conceitualmente, po-rem, a distinCao esta ern que, na ex-torsao , diversamente do roubo, e apr6pria vitima que, coagida , se des-poja em favor do agente )) ( Comen-tarlos , vol. VII, pag. 66).

Na extorsAo , ha o constrangimentovisando a que algu6m faca , tolere oudelxe de fazer alguma coisa com ointulto de obter vantagem economi-ca. 0 crime se consuma por viadesse constrangimento.

Isto vislumbrou o Juiz , ao dar no-va definiCao Juridica do fato descritona denuncia.Nao ha constrangimento ilegal

nesse procedimento , nern se preteriua defesa com a nova definiCao.

Nego provimento ao recurso.

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra: Sr.Presidente , na realidade , o que o reudeseja a satisfazer a pr6pria curiosi-dade - saber se praticou uma extor-sao, ou um roubo . Mas essa curlosi-

160 R.T.J. - 116

dade nao encontra apoto no principiodo processo legal , porque , num casoou noutro , a pena e a mesma.

Acompanho o eminente Relator,negando provimento ao recurso.

EXTRATO DA ATA

RHC n? 63 .411-AP - Rel.: MinistroCarlos Madeira . Recte .: Jose Ferrei-ra do Amaral Filho (Adv.: Guaracyda Silva Freitas ). Recdo.: Tribunalde Justica do Distrito Federal.

Decisao : Negado provimento. Una-nime. Falou pelo Recte . o Dr. Gua-racy da Silva Freitas.

Presidencia do Senhor MinistroDiaci Falcao . Presentes a Sess4o asSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezeke Carlos Madeira . Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Soares.Brasilia, 8 de outubro de 1985 -

Hello Francisco Marques Secret5-rio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.413 - RJ(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Rafael MayerRecorrente: Walmir Vieira de Azevedo - Recorrido: Tribunal de Justica

do Estado do Rio de Janeiro.

Crime de falsidade. CIC e Cartelra da OAB. Competencla da Jus-tlca Federal.

Se o crime a praticado em detrimento dos servicos federais, com-petente e a JusUSa Federal, nos termos do art. 125, IV da Constitul-Sao.

Recurso de Habeas Corpus provido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taquigraficas. Aunanimidade, em dar provimento aorecurso.

Brasilia, 29 de novembro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Rafael Mayer: 0ac6rdao de que se recorre extraordi-nariamente esta assim deduzido:

(CO paciente tot condenado, porsentenca da Dra . Juiza em exer-cicio na 16? Vara Criminal da Co-marca da Capital , documentada

as fls . 37/39, a pena de cinco anos eseis meses de reclusao , como in-frator do art. 297 do CP.

Impetra-se o presente writ, ale-gando-se que o paciente sofreconstrangimento ilegal em razaode nulidade da sentenca em apre-co:

a) por incompetencia absolutada ilustre Juiza prolatora;

b) por lastrear -se a sentenca emdispositivo da lei penal diverso doque seria aplicavel;

c) por falta de operacao dosime-trica e fundamentacao da, penaexacerbada.

InformaCdes da autoridade Judi-ciaria apontada como coatora, afls. 55.

A.T.J. - 116 161

Parecer do Dr. Procurador daJustica as f1s. 56 / 57, pela denega-cao da ordem.

E o relat6rlo.

Inexiste a primeira nulidade ar-guida.

((No crime de falsificaCao de do-cumento publico , apenado no art.297 do CP, o bem Juridico lesado ea fe publica ( Titulo X da Parte Es-pecial do C6digo em apreCo) e naoo patrim6nio ou complexo adminis-trativo ou de interesses da UniaoFederal, nao se Justificando assima aplicaCao do art. 125, inciso IV,da ConstituiCao Federal.

Nesse sentido , JA decidlu ante-riormente este Tribunal , em acbr-dao de sua Segunda Camara Cri-minal, de 19 de Junho de 1984, noHC n? 9.405.

Assim, a circunstAncla de se tra-tar de falsificaCao tendo por objetoum cartAo do CIC e cedula de iden-tidade da OAB nao a de molde aestabelecer a competencia da Jus-tica Federal para o processo e Jul-gamento do crime de que se tratae a consequente nulidade da sen-tenca condenatbria impugnada, porincompetencia absoluta da ilustreJuiza prolatora.

For outra parte , se a sentencaem apreCo fol ou nAo lastreada emdispositivo da lei penal diverso doque deveria ser aplicado ou, emoutras palavras , se se tratava, naespecie , de crime de falsa Identi-dade , e nAo de falsificaCao de do-cumento publico, isso a questao demerito a ser apreciada em face daprova dos autos em apelacao cri-minal , que nao f0i interposta, ou,no maximo , em revisao criminal(art. 621, I, do CPP), refugindo aoprocesso sumArio do habeas cor-pus.

Por fim, nao hA nulidade algumaa considerar , na sentenca impug-nada, quanto a aplicaCao da pena,

verificando-se da leitura daquela(fls. 39 ) que a Dr' Juiza prolatorafundamentou quantum sans, embo-ra de forma sucinta , quer a fixa-cao da pena-base , considerando ascircunstAncias Judicfais do art. 42do CP ( redaCao entAo vigente) eexacerbando a mesma em razaoda reincid@ncla do paclente.

For tais razbes, denega-se a or-dem impetrada » ( fls. 61/62).

Eis sua ementa:((Habeas corpus . Paciente conde-

nado por falsificaCao de documentop6blico.

AlegaCao de constrangimento lle-gal, por nulidade da sentenca con-denatbrla de que se trata , que nAoprocede.

A circunstAncia de ter a falsifi-caCao imputada ao paciente porobjeto-cedula de identidade da Or-dem dos Advogados do Brasil eCIC nao estabelece a competenciaration materiae da JustiCa Fede-ral para o processo e Julgamentodo crime de falso material de quese trata, acarretando , em conse-giiencia a nulidade por incompe-tencia absoluta do Juiz prolator doJulgado impugnado , integrante damagistratura estadual , eis que obem Juridico lesado, na especfe, ea it publica (Titulo X da Porte Es-pecial do COdigo Penal) e nao o pa-trimbnio, a administracao ou com-plexo de interesses da Uniao Fede-ral (art . 125, IV, da ConstituiCAoFederal).

A questAo ventilada no writ deter sido a sentenca lastreada emdispositivo legal diverso do infrin-gido, eis que terfa ocorrido apenaso delito de falsa identidade (art.307 do CP) a de merito e deveriaser suscitada em apelacao, no ma-ximo em revisao criminal, refugin-do entretanto ao processo sumariodo habeas corpus.

162 R.T.J. - 116

SentenCa que tambem nAo 6 nulapor falta de fundamentaCao da do-simetria da pena , eis que, a talrespeito, embora sucinta , contemfundamentaCao suftclente. Ordemdenegadao ( fls 60/61).0 parecer emitido, nesta tnstancia,

pelo eminente Subprocurador -Geral,Valim Teixeira , expOe e oplnan Inverbis:

«Pretende o recorrente ver refor-mado o ac6rdao recorrido, susten-tando que sofre constrangimentoilegal que decorre da sentenCa pro-ferida por Juizo incompetente, eisque o crime cuja pratica the foraatribuida 6 da compet@ncia fede-ral.

«Alega o paciente , para tanto,que os fatos que praticara : falsifi-caCAo de carteira da Ordem dosAdvogados e CIC, constltuem deli-to cuja competencia cabe A JustiCaFederal processar e Julgar.A nosso ver , assiste razao an re-

corrente , devendo , conseqUente-mente , ser reformado o julgadoproferido para o fim de ser prola-tada outra decisAo , entAo pela Jus-tiCa Federal . No caso dos autos, osdelitos descritos se amoldam naprevisAo contida no inciso IV, doart 125 , da Constitulcao Federalpois praticados em detrimento deserviCos da UnlAo Federal ( falstfi-caCao de CIC ) e de uma autarquiafederal ( falsificaCAo de carteirada Ordem dos Advogados do Bra-sil).

Somos , pelo exposto , pelo provi-mento do presente recurso, paraque, anulada a sentenCa condena-t6ria , outra seta proferida, pelaJustiCa Federal de 1? gran (fls.108/109).

E o relat6rio.

VOTO

O Mtntstro Rafael Mayer (Rela-tor): Assiste razao ao douto parecer,

pots o crime de falsidade de docu-mentos pfiblicos contt=m dano poten-cial aos serviCos federals, que td m aprivatividade de sua expediCAo, es-tando a eles necessariamente vincu-lados.

E certo que esta Turma , no HC n?59.109, por mim relatado, entendeunAo ter qualquer influancia, para fir-mar a compet@ncta da JustiCa Fede-ral, a ctrcunstAncia de o agente usarfalsa qualidade de servidor pfibllcofederal, como meio para a prAticado crime de estelionato (RTJ100/682).

Do mesmo modo , no RECr. n?90.456 , relatado pelo eminente Mints-tm Cunha Peixoto , entendeu compe-tence a JustiCa Estadual no crime deextorsao praticado por militar, con-tra particular , sob falsa identtdadede agente da seguranCa do exercitonacional, sem incidencia do art. 125,IV da ConstituiCAo.

No caso , desclassificar o crime defalsidade para o de falsa identtdadedependeria de incomportavel examede prova, e somente nesse prisma sepoderia cogitar da aplicaCao daque-les precedentes.

Tenho, portanto , como mats aJus-tavel A espAcie o julgado no RECr n?94.790 , relatado pelo eminente Minis-tro N6ri da Silveira , onde se reco-nheceu a competencia da JustiCa Fe-deral, nos termos do art . 125, IV, nodelito de falsificaCAo do documentorelativo A arrecadaCAo da Taxa Ro-doviAria Unica ( RTJ 106/281).

For isso, nos termos do parecer,dou provimento para que, anulada asentenCa condenat6ria , os autos se-jam remetidos A JustiCa Federal.

EXTRATO DA ATA

RHC 63.413-RJ - Rel.: MinistroRafael Mayer . Recte .: Walmir Viel-ra de Azevedo (Advs.: Lutz OtAvtoCavalcanti Sena e outro ). Recdo.:Tribunal de JustiCa do Estado do Riode Janeiro.

R.T.J. - 116 163

Decisao: Deu-se provimento so re-curso de habeas corpus , nos termosdo voto do Ministro Relator. Una-nime. Falou pelo Recte.: Dr. J. Ca-valcanti Sena.Presidencia do Senhor Ministro

Rafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Nari da Silveira,

Oscar Corr@a, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 29 de novembro de 19&5 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

HABEAS CORPUS N? 63.415 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Paciente: Walmir Vieira de Azevedo - Impetrante: Henrique Fonseca

de Araujo - Coator: Tribunal de Justiea do Estado de Sao Paulo.

Habeas Corpus. Crime de quadrilha. Crime plurlssubjetivo. no-mero minlmo de agentes. ExtinCao de punibilidade de alguns agentes.Irrelevancla.

- A extinClio da punlbilldade corn relaCao a particlpantes docrime de quadrllha ou bando , reduzindo a apenas tres o nffinero dosque restam condenados , nAo repercute para desflgurar o tipo criminalque se consubstanclou, no momento de sua consumaCAo , pela atuaCaocoletiva de agentes em numero alem do minimo exigido.

- Habeas Corpus indeferido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , em conformidade com aata de julgamentos e notas taquigra-ficas , a unanimidade , em indeferir opedido.

Brasilia , 19 de novembro de 1985- Rafael Mayer , Presidente e Rela-tor.

RELATORIO

O Sr. Ministro Rafael Mayer: 0ilustre advogado , Prof . HenriqueFonseca de Araujo , impetra ordemde habeas corpus em favor de Wal-mir Vieira de Azevedo, visando acessaCao de constrangimento ilegaladvindo da condenaCao do paciente,dentre outras , por crime de quadri-

Iha ou bando , definido no art. 288 doC6digo Penal , a pena de um ano etrios meses de reclusao, pedindo sejaexcluida do montante das que the fo-ram aplicadas , em concurso mate-rial, tambem pelos crimes de falsi-dade ideol6gica , falsidade material eestelionato.

Diz a inicial no tOpico referenteaos fatos:

«O Paciente , com mais onze pes-soas, foi denunciado pela praticados crimes de quadrilha ou bando(CP art. 228), falsidade ideol6gica(CP art. 297, § 2?) falsidade mate-rial (CP art. 299) e estilonato (CPart. 171).

For ser o Paciente o Qnico dosreus que se encontrava preso, foiquanto a ele desmembrado o pro-cesso, vindo a ser condenado porsentenCa do MM . Juiz de Direito a

164 R.T.J. - 116

Pena total de 5 (cinco ) anos de re-clusao, por todas as apontadas in-fraC6es,em concurso material, sen-do 1(um ) ano pelo crime de qua-drilha on bando definido no art. 288do C6digo penal.

Provendo apelagAo do Minlst6rioPUiblico , a pena total foi aumenta-da para 6 anos e 3 meses de reclu-sao, mantido o concurso material,sendo, no que diz respeito an crimede quadrilha on bando , aumentadapara 1 ( um) ano e 3 ( tr@s) mesesde reclusao.

aNao a portanto uma impossi-bilidade on uma heresia juridicaque em aCao Penal que @ movidacontra doze acusados , inclusivepor crime de quadrilha ou ban-do, alias , sob a chefia do pa-ciente , venha a ser fella a incri-minaCAo em processo legitima-mente separado, onde se teve co-too configurado, diante das pro-vas, o tipo criminal, pela existen-cia do nilmero legal dos quadri-lheiros , ainda que os demaisparticipes nao se encontrern nomomento processual de terem assuas condutas aquilatadas.

Inconformado com a condena-Cao, nos termos em que fol proferl-da, impetrou Paciente ordem deHabeas Corpus a esse colendo Su-premo Tribunal Federal, pleitean-do, preliminarmente, a nulidade doprocesso , com fundamento no des-membramento que se operara,uma vez que um dos crimes que ademincia the Imputava , exigia, Co-mo elemento integrativo do tipo, aparticipaCao de, pelo menos., qua-tro pessoas , acabando por ser elecondenado , sem se saber a queconclusAo chegara o processo con-tra os demais r6us , e, nao acolhidaa nulidade , a exclusAo , pelo mes-mo fundamento , da condenaCao pe-lo crime de quadrilha on bando.Corn relaCao aos demais crimessustentou a nao configuraSao dofalso ideol6gico , mas, tao-somente,de falso material, e a ocorrenciade concurso formal entre estecrime e o de estelionato, nos ter-mos da Jurisprud@ncia do ExcelsoPret6rio.

Julgando o pedido , a egregia 1'Turma houve or bem denegar In-teiramente o pedido, dizendo o v.ac6rdAo em relaCao ao crime dequadrilha on bando - o unico queInteressa A presente impetraCAo -o seguinte , verbis:

aO que pode ocorrer , de futuro,e a contradiCao dos Julgadds quea norma da simultaneidade visaa evitar, mas essa circunstAnciaestA na natureza das coisas e naoA uma anomalia incur8vel. (osgrifos nao sAo do original))). (Its.3/4)

Narra a inicial que, entretanto, osonze restantes acusados Ja haviamsidoJulgados , em sentenca que tran-sitou em julgado , separadamente doprocesso que fora desmembrado eem que foi condenado o paciente, ab-solvendo uns e condenando outrosdos crimes que the foram imputados.Foram entao condenados , inclusivepelo crime de quadrilha . Clarismun-do Cassiano, Douglas Calmon, Rena-to Woll da Silva , Emerson Dias daCruz , Maria Cristina Lopes Lima eDario Inacio Alvares de Castro Me-nezes.

Em habeas corpus concedido peloEgregto Tribunal de JustiCa de SaoPaulo ficou reconhecida , por exten-sao a extinCAo da punibilidade, combase na S6mula 146 , corn relaCao aosque foram condenados , nao estendf-do o beneficio a Clarismundo Cassia-no e Douglas Calmon e o paciente.

R.T.J. - 116

Dessas circunstancias a impetra-CAo tira a sua fundamentaCdo juridi-ca nesse t6pico:

'<Em consegtt6ncia, permane-ceram condenados pelo crime dequadrilha ou bando, definido noart. 288 do CP, somente WalmirVieira de Azevedo (o paclente)Clarismundo Cassiano e DouglasCalmon.

((Ora, A toda evidencia, nao po-de subsistir a condenaCao do pa-ciente, Walmir Vieira de Aze-vedo, pelo crime de bando onquadrilha , definido no art. 288 doC6digo Penal, uma vez que 6 ele-mento do tipo a participaCAo de,pelo menos , quatro pessoas, e, naesp6cie, terminaram por ser con-denados apenas tres dos dozer6us aos quais o mesmo crimeera imputado.

Se se tratasse de prescriCaoapenas da pretensAo executOrla,permaneceriam todos os demalsefeitos da condenaCAo , e, conse-quentemente , no caso, subsistiria0 crime de quadrilha ou bando.Tratando-se, porem, de prescri-cdo da aCAo penal , que importsem renuncla A pretensAo punitivado Estado, desaparecern todos equaisquer efettos da condenaCAo,se esta, chegando a ser proteri-da, e, com base na pena imposts,foi declarada extinta a punlbllt-dade.

NAo cabe reabrir, nests altura, adiscussao sobre a Sumula 146, is-to e, sobre seu acerto on desacer-to, pots JS superada, para o hnu-ro, em face da nova Parte Geraldo C6digo Penal (Lei n? 7. 209, de11-7-1984). Trata-se, tAo somente,de aplicA -la, macs uma vez, emrelaCAo ao passado, corn a exten-sso que sempre se the empres-tou, a ponto de se reconhecer.aelegibilidade de quem JA fora

165

condenado por crime contra aadministraCAo pUblica, mas tive-ra reconhecida em seu favor aprescrlCAo da aCAo penal combase na Sumula 146.

Aqul, tamb6m, se a prescriCAoda aCAo penal , reconhecida emfavor de alguns co-r6us, que, porimportar na renuncia A preten-sAo punitiva do Estado, antecedee impede a pr6pria apreciaCAo domerito da acusacdo , nAo podeter 0 door de permitir fique pro-duzindo o efeito de considerar,qualquer dos beneficiados, comoparticipe de um crime plurissub-Jetivo , que exlge para sua confi-guraCAo determinado numero departicipantes.

<<Veio a ocorrer, asslm , aquiloque o eminente Relator do ante-rior pedido de habeas corpus, Mi-nlstro Rafael Mayer, admitirat:omo possivel, em face do des-membramento do processo, acontradiCAo dos Julgados, queSua Excelencla quallficou de oa-nomalia ,>, mas para proclamarque nAo seria incur8vel.

Pede -se aqui, Justamente, a re-paraCao da anomalia que gerou,diante da contradlCAo dos Julga-dos, que terminaram pela conde-naCAode tres r6us pela prAticade um crime que exige, comoelemento do tipo , a participaCaode, pelo menos , quatro pessoaso.( fls. 7/9)

As InformaCdes foram prestadaspelo ilustre Vice-Presidente, Des.Prestes Barra , a as . 71/72.

A Procuradorta -Geral da Republi-ca, em parecer do ilustre Procura-dor, Carlos Eduardo Vasconcellos,devidamente aprovado pelo emi-nence Subprocurador-Geral, Prof.Assis Toledo , opina pela denegaCAo,In verbis:

166 R.T.J. - 116

rt0 Dr. Henrique Fonseca deAraujo impetrou ordem de habeascorpus em favor de Walmir Vleirade Azevedo, pleiteando a insubsis-t6ncia de sua condenaCao pelocrime de quadrilha porque, tendosido decretada a prescriCAo da pre-tensAo punitiva corn base na penaem concreto , em favor de outrosco-r6us , nao mats se poder6 admi-tir o tipo do art . 288 do C6digo Pe-nal, que se perfaz corn o minimode quatro pessoas.

Efetivamente, doze pessoas fo-ram denunciadas, dentre as quaffso paciente , pela prAtica de varioscrimes, sempre em quadrllha. Des-membrados o processo e o julga-mento corn relaCAo ao paciente,viu-se condenado , no tocante Aquadrllha, A pena de um ano de re-clusao ( sentenga a fls . 8/94), au-mentada para um ano e trios mesesem grau de, apelaCAo (as. 102/5).Posteriormente, os demais onze co-reus foram Igualmente julgados,sendo cinco absolvidos e sets con-denados , dos quaffs no tocante aquadrilha, doss sofreram tres anose quatro sofreram um ano de re-clusAo ( sentenea fls . 73/79), inalte-radas pela apelacdo ( fls. 95/99).Seguidamente pelo habeas corpusn? 26.161 ( fls. 100/101), 0 Tribunalcoator reconheceu a prescriCAo dapretensao punitiva, corn base napena aplicada , ern favor de quatrodos co-reus condenados . Destarte,persistiu a condenaCao do pacientee de macs dots co-reus ao passoque o minimo exigido para tipifi-car a quadrilha e a associaCao dequatro pessoas.

Com o devido respeito , nao pro-cede o pleito do tmpetrante porque,a prescriCao , ainda que da preten-sAo punitiva , nao se equipara A ab-solviCAo por inocencfa , nao apagao crime e nao invalida a condena-

CAo de quern teve os elementos dotipo validamente apreciados na res-pectiva sentenga.

Embora na doutrina alienigenatal entendimento nao seja pacifico,no Brasil,o nbmero minimo de qua-tro associados 6 considerado obje-tivamente pela lei . Assim pontifi-cam MagalhAes Noronha (DireltoPenal, 1965, 4/127) Damasio Evan-gelista de Jesus (Direlto Penal,1983, 3/413-414), Nelson Hungria(Coment6rlos, 1959 IX/174). Todoseles exemplificam corn a figura doinimputavel , e Hungria acrescentaos « nAo puniveisu, caso de quern sebeneficia da prescriCAo. Celso Del-manto menciona jurisprudencia es-tadual segundo a qual ate a impos-sibilidade de identificar um delesnao exclul o tipo (CP Anotado,1984, p . 375). 0 pr6prio SupremoTribunal JA teve ensejo de afirmarque aA circunstAncia de um dos In-tegrantes do bando sofrer das fa-culdades mentais nao descaracteri-za o crime de que se trata)) (RHC50.966/SP, Relator o Ministro Bar-ros Monteiro, RTJ 65/349 e 353).

Fosse o caso de se ter a prescri-Cao como excludente da antijuridi-cidade , razao assistirla ao Impe-trante. Aquf, ele nao nega a parti-cipaCAo do paciente - alias, liderdo bando a apenado corn macs be-nevolencia que os dots nAo beneft-ciados pela prescriCao -, e neminvoca alguma das excludentesprevistas ern lei, quer em seu fa-vor on no dos comparsas cuja aCAoprescreveu. Mesmo que o fizesse,excluindo assim o tfpo , nao seria ohabeas corpus apto a reconhec6-la.

Nestes termos, pela denegaCAon.(as. 107/109)E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator): A eventualldade de contradi-

R.T.J. - 116

cdo de julgados , a que se reportou oacOrdao desta Turma , por mim rela-tado, no HC n? 62.153, Como possivelresultado da separapao de processoe julgamento cuja unidade as cir-cunstancias, em principio, indica-vam, nao veto, na verdade, aconfigurar-se.

Nao assume , com efetto , tal carac-teristica a situaCao em que assenta apretensao , e que da a conotaCao datese nuclear da impetraCao , a saber,a impossibilidade juridica da acon-denaCao de tres reus pela pratica deum crime que exige, Como elementodo tipo, a participaCao de, pelo me-nos, quatro pessoas ) ( fls.).

A realidade dos autos da aCao pe-nal nada tern a ver com a alegaCaodos elementos constitutivos do crimede quadrilha ou bando , quanto ao nU-mero minlmo de agentes para a con-figuraCao do seu lado plurissubjeti-vo.

O que ocorre , na verdade , a que namesma aCao penal, ainda que comseparaCao de processos , dos onzeacusados por crime de quadrilha oubando , cinco foram por sua praticacondenados , inclusive o paciente.Posteriormente , por apllcaCao daprescrlCao penal retroativa , nos ter-mos da SUmula 146, dois dos conde-nados foram beneficiados pela extin-Cao da punibilidade.

Logo nao se pode dizer tenha sidodesatendido o requisito do nUmerominimo de agentes, reclamado pelotipo criminal, no momento de suarealizaCao factica, Pots cinco foramtidos como integrantes da socletasscelerls.

E de ver que a circunstancia pos-terior da extingao da punibilidadepela prescrlCao retroativa, pots,mesmo tornada em toda a amplitudeque the atribul a SUmula n? 146, nAo

167

tem Como consequencia desmentir ocrime que se configurou , mas so-mente anular o Interesse estatal narepressao.

E liCao prestante do mestre AnibalBruno:

«Nao se pode tomar a pena pormomento constitutivo do atuar cri-minoso, mas ver nela somente asua consegii(?ncia juridica especifi-ca. E um dado posterior a existen-cia do crime e exige pars ma-nifestar-se que este se tenha in-teiramente constituido . Quando sechega ao tempo de aplicar a san-Cao, a que o crime se acha com oseu conceito total perfeitamente in-tegrado e nAo sera a InaplicaCaoda sanCao que podera reduzi-lo anada)>. (in Direfto Penal), 111/196).

Por at se ve que sob nenhum as-pecto a causa extintiva de punibili-dade de algum dos agentes poderlarepercutir no desfazimento da tipifi-cacao do crime de quadrilha ou ban-do, pots nesse sentido e alem cami-nham a doutrina e a jurisprudenciabrasileiras ao considerar que nernmesmo a inimputabilidade , e nAo s6a razao de impunibilidade e demolde a impedir , pelo cbmputo doagente em tats condic6es , da realiza-Cao da figura criminal , conforme es-it[ corretamente documentado nodouto parecer.

A rica doutrina penal itallana, aoexame da figura penal correspon-dente de seu ordenamento juridico -assoclazlone er delinquere (art. 416,417, 418 do CPI), tem 0 entendimentode que «nenhuma dUvida a possfvellevantar sobre a existencla da asso-claCao quando concorra uma causade nao punibilidade a respeito de al-gum dos sujeitos que dela tenhamparticipado» (in Arturo Santoro,Manuale di D.P., 111/193; Cfr . Manzi-

162 R.T.J. - 116

ni, Trattato , 9a ed. VI/109); LuigiConti, Manuale, 7a ed. Parte. Esp.11/682; Ranieri, Manuale ; IV/213).

Diz em profundidade a doutrina deFilipo Grispignl sobre os crimes plu-rissubletivos que

«.. ... Is prima conseguenza these trae. della natura del nostro istt-tuto, E' quells per cut essendo tuttlg1l agent) autort, Is punlbllltA di-clascuno a bensl dipendente dal!'eslstenza delta condotta degll altri,ma non gift delta punibilltA In con-creto del medeslmi , vale a dire theper 1'esistenza del reato plurisog-getivo, di regola , basta the Is con-dotta di taluni del coagenti presen-ts l'aspetto oggettivo dell' antigiurl-dicitA penale, e cioa: Is conformitAal tlpo e ' la mancanza di cause digiustlficazsone . Non 6 invece lndis-pensabile the tuttl siano imputabilie tutti punibill, cosicch6 11 reatoesiste tanto se taluno del partlci-pantl sia immaturo penalmente oinfermo di mente , quanto se nonsla punibile per mancanza de col-pevolezza ( errore , necessitA e vio-lenza ), o per esenzione da pens, oImunttA penale. Cost pure 1'estln-zione del reato per una delle causethe possono valer solo net confron-t! de uno degli agent! ,. come:morte, clemenza sovrana, ecc.,non far ventr meno I1 reato pluris-soggettivo net confronts degil altrlagent) ove anche per east non stastverificata Is stessa causa diestlnztone .» (in «Diritto Penale Ita-liano)), 11 /252-253).

Com essa preciosa e pertinente It-CAo se perfaz o entendimento da !na-ceitabilidade da tese da ImpetraCao,em busca de demonstrar desfeita aconflguraCao do tipo criminal que asentenra reconhecera existente nomomento da aCao delitiva.

Pelo exposto, com inteira acolhtdaaos termos do douto parecer, indefi-ro o pedido de habeas corpus.

ANTECIPACAO AO VOTO

O Sr. Mlnistro Rafael Mayer (Pre-sidente): No Julgamento do habeascorpus anterior - essa menCao 6 fel-ta pelo !lustre advogado da tribuna- me reportel a eventualidade deuma contradiCao nos Julgados futu-ros, porque havia uma clrcunstanciaprocessual : quebrara-se a unidadede processo e Julgamento , pela cone-xao, unidade que tem em mira, nossabemos, em mat@ria de processo,evitar precisamente a contradiCaodos Julgamentos . Entao, disse que,eventualmente , por aquela separa-Cao de processos, e havendo, no ca-so, um julgamento , pela comissao,do crime de quadrilha , poderia ha-ver uma contradiCao nos Julgamen-tos futuros . Esta contradiCao, obvla-mente nAo ocorre.

A contradiCao so ocorreria se o pa-ciente , condenado pelo crime de qua-drilha , se visse num contexto em queos demais comparsas fossem absol-vidos pela inexist@ncia do crime.Quer dizer , esta seria a contradiCaoa que se referia , no trecho em quecite!, o pr6prio Frederico Marques,pondo em contraste a s!tuaCAo emque fosse a extensao de um beneficioaos co-reus e, no caso , ele se pergun-tava qual seria a soluCAo se os co-reus 6 que fossem antes beneficiadoe nAo aqueles que tinham a condena-cao.

Tamb(m me veto na situaCao,Igualmente como fez o (lustre Procurador-Geral, de contraditar o argu -mento do eminente Advogado quan

-do ele p0ea soluCao fazendo refereecia A doutrina, unanime no Brasilcontrovertida na ItAlia, sobre o problema da participaCao do doentmental, do inlmputavel no crime dbando. Ora, so contrarto do que diS. Exa . penso que se se admite quepresenCa do lnimputavel nao desfi

R.T.J. - 116

gura o crime de bando , com muitomalor razAo a daquele que lot bene-ficiado pela extinCao da punibili-dade, em relaCao a qual exige umaquestAo objetiva da renuncla do Es-tado a pretensao punitiva ; enquantocom relaCao ao inimputavel o queha, realmente , a urna inexistencta dapr6prla culpabilldade , e, no entanto,ele comp6e o contexto de urn crimede bando.

Louvo a inteligencia e a cultura doeminente Advogado , que tem condi-Cbes para tornar brilhante a susten-taCao de uma tese , que a meu ver einsustentavel.

Digo eu , no meu voto:

((A eventualidade de contradiCaode julgados , a que se reportou oac6rdao desta Turma, por mirn re-latado, no HC 62 . 153, como possivelresultado da separacao de proces-so e julgamento cuja unidade ascircunstancias , em principio, indl-cavam , nao veto, na verdade, aconfigurar-se.

<(Nao assume , com efeito , tal ca-racteristica a situacAo em que as-senta a pretensao , a que di a cono-tacao da tese nuclear da impetra-Cao, a saber a Impossibilidade ju-ridica da (<condenaCao de tres reuspela pratica de urn crime queexige, como elemento do tipo, aparticipacao de, pelo menos quatropessoas » ( fis. ).

A realidade dos autos da aCaopenal nada tem a ver corn aalegacao dos elementos constituti-vos do crime de quadrilha ou ban-do, quanto ao numero minimo deagentes para a conflguraCao do seulado plurissubjetivo.

O que ocorre, na verdade, a quena mesma aCao penal , ainda que-com separaCao de processos, dosonze acusados por crime de qua-

169

drilha ou bando, cinco foram porsua prAtica condenados , Inclusive opaciente . Posteriormente , por apli-caCao da prescriCao penal retroati-va, nos termos da Sumula 146, dotsdos condenados foram beneficiadospela extinCao da puniblltdade.

Logo nao se pode dizer tenha si-do desatendido o requisito do nu-mero minimo de agentes, reclama-do pelo tlpo criminal, no momentode sua realizaCao factica, pots cin-co foram tidos como integrantes dasocletas scelerls.

E de ver que a circunstanciaposterior da extinCao da punibili-dade pela prescriCao retroativa,pots, mesmo tomada em toda aamplitude que the atribui a Sumulan? 146, nao tem como consegtienctadesmentir o crime que se configu-rou, mas somente anular o inte-resse estatal na repressao.

E liCao prestante do mestre Ani-bal Bruno:

«Nao se pode tomar a pena pormomento constitutivo do atuarcriminoso, mas ver nela somentea sua consegiiencia juridica es-pecifica . E um dado posterior aexistencia do crime e exige paramanifestar-se que este se tenhainteiramente consituido. Quandose chega ao tempo de aplicar asanCao , a que o crime se achacom o seu concerto total perfeita-mente integrado e nAo sera a ina-pltcaCAo da sanCao que poderareduzi-lo a nada ), ( in ((Direito Pe-nal)), 111/196).

<Por at se ve que sob nenhurn as-pecto a causa extintiva de punibili-dade de algum dos agentes poderiarepercutir no desfazimento da tipi-ficaCao do crime de quadrilha oubando , pols nesse sentido e alemcaminham a doutrina e a jurispru-dencia braslleiras ao considerar

170 R.T.J. - 116

que nem mesmo a inimputabili-dade, e nao so a razao de impunibi-lidade a de molde a impedir, pelocomputo do agente em tats condt-Cbes, da realizaCao da figura cri-minal , conforme estA corretamentedocumentado no douto parecer.

A rica doutrina penal italiana, soexame da figura penal correspon-dente de seu ordenamento luridlco- associazione per delinquere(art. 416, 417, 418 do CPI), tern oentendimento de que «nenhuma du-vida a possivel levantar sobre aexistencia da associaCAo quandoconcorra uma causa de nao punibl-lldade a respeito de algum dos su-jeitos que dela tenham participa-don (in Arturo Santoro , ((Manuale,di DP., 111/193; Cfr. Manzinl,Trattato , 90 ed. VI/109); Luigi Con-ti, Manuale , 7P ed. Parte. Esp.11/682 ; Ranieri, Manuale ;IV/213).

Diz em profundidade a doutrinade Flilpo Grispigni sabre os crimesplurissubjetivos que:

violenza ), o per essenzlone da Pe-na, o imunit8 penale. Cost pureI'estlnzlone del reato per unadelle cause the possono valer so-lo net o confront) de uno degliagenti , come : morte clemenza so-vrana , ecc. non farvenir meno 11reato plurissoggettivo net con-fronti degli altrl agent) ove ancheper essl non slast verificata Isstessa causa dt estlnzione». (inKDirltto Penale Italian)), 11/252-253).

((Corn essa preciosa e pertinenteliCao se perfaz o entendimento dainaceitabllidade da tese da impe-traCAo, em busca de demonstrardesfeita a configuraCao do tipo cri-minal que a sentenCa reconheceraexlstente no momento da aCAo deli-tlva. Pelo exposto, corn inteira aco-lhlda aos termos do douto parecer,indefiro o pedido de habeas cor-pus.))

EXTRATO DA ATA

«... Is prima conseguenza these trae delta natura del nostro is-tituto , a quells per cut essendotuttl gl1 agentlautori , la punibllitbdi ciscuno a bens) dipendentedall'esistenza delta condotta de-gll altri , ma non gla delta punibi-litA In concreto del medesimi,vale a dire the perl'esistenza delreato plurisoggetivo, di regola,basta the la condotta di talunidel coagente presentil'aspetto og-gettivo dell' antigiuri dicitA pe-nale, e cioe: Is conformitA al tipoe la mancanza di cause di glusti-ficazione . Non a invece indispen-sabile the tutti slano lmputabill etuttl punibili, cosicche it reatoestate tanto se taluno del partici-pantisia immaturo penalmente oinfermo dl mente , quanto se nonsta punibile per mancanza de col-pevollezza (errore, neeessitA e

HC 63 . 415-SP - Rel.: Ministro Ra-fael Mayer . pte.: Walmir Vielra deAzevedo . Impte .: Henrique Fonsecade Arauj0 . Coator : Tribunal de Justi-Ca do Estado de SAo Paulo.Decisao : Indeferiu -se o pedido de

habeas corpus . Unanime . Falararnpelo Pte. Dr . Henrique Fonseca deArauio e pelo Ministerto Publico Fe-deral o Dr . Francisco de Assis Tole-do Subprocurador-Geral da Repfibll-ca.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa , Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 19 de novembro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

R.T.J. - 116 171

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.421 - PR(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro DJaci Falcao.Recorrente: Jose Bernardo Alves

Recorrido: Tribunal de JustiCa do Estado do Parana.

Recurso de habeas corpus . Primarledade definitlva. Falta de Pe-na base e de Justa causa . Cerceamento de defesa . PrescriCao. Argu-mentos, na sua malorla, improcedentes . CertidAo junta aos autos pro-va condenacao anterior com transito em julgado e os novos crimesderam-se antes de decorrerem cinco anos (art. 64, I, do CPB). Penafixada e expressa na sentenCa como base , decorrente da consideracaodas circunstancias Judiclals e da legal de relncldtncfa, simultanea-mente apreciadas . NAo especlflcacao do quantum decorrente da agra-vante , mas, facilmente , dedutivel com urn simples exerciclo mentalde aritmetlca. OJtiva de testemunha por precat6rla sem a presencados defeiisores do reu . devidamente intimados da expediCAo da carte,mas que contou com a participacao de defensor Indicado pelo Juizodeprecado . Inocorrencia , ate mesmo , de nulidade relatlva . Extempo-raneldade em atacar a denfincla, com sentenca JA transitada, alemdo macs que a apreclaCAo da questAo da falta de Justa causa, Como lotposte ( alegando inexistencla do crime ), impllcaria em exame de pro-va, o que a imprOprlo so processatnento do habeas corpus . PrescrlCAoque se verifies somente com relaCAo A pena de sete meses de deten-c$o. Mas , a questAo que deva ser remetida so Julz das ExecuC6es, exvi do art. 66, II , da Let de ExecucAo Penal.

ACORDAO Acordam, os Juizes do Grupo de

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal , a unanimidadede votos e na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, negar-provimento ao recurso.

Brasilia , 15 de outubro de 1985 -DJacl Falcao , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro DJaci FaIcAo:Insurge-se o recorrente contra oac6rdao de as. 191 a 197, lanCado nosseguintes termos:

«Vistos, relatados e discutidosestes autos de habeas corpus n?58/85, de Cidade GaUcha, em que eimpetrante o Bacharel Elio Narezi,em favor de Jose Bernardo Alves:

CAmaras Criminals do Tribunal deJustiCa do Parana , por unanimi-dade de votos , denegar a ordem.

1. Trata-se de habeas corpusimpetrado pelo Bacharel Elio Na-rezi, em favor de Jose BernardoAlves, que esta preso na CadefaPUblica de Londrina a disposiCaodo Juizo de Cidade GaUcha, ten-dente a obter a liberaCao do pa-ciente em face da alegada existen-cia de nulidades na aCao penal querespondeu perante o referido Juizo,as quals estariam a erigir-se emcoacao ilegal.

Pelo que dos autos consta, o pa-ciente foi denunciado , processado econdenado por infracao aos artigos171 caput do C6digo Penal e 16, daLei n? 6 .368, de 21 -10-76, sendo ape-nado, respectivamente , com 1 anoe 2 meses de reclusao e 7 meses e20 dias de detenCao , mais multa e

172 R.T.J. - 116

custas, tendo-]he sido negado 0sursts e o beneficlo da prisAo al-bergue.

Constou da denuncia que ele,juntamente com terceiro, induziraa vitima Eduardo Guerino Mes-chial a retirar Cr$ 28.000, da suaconta corrente bancaria e depotsde conduzi-la a lugar ermo, usandodo ardil de trocar a bolas contendodinheiro por outra contendo papel,confundindo o lesado, obtivera van-tagem ilicits em prejuizo deste,al6m de ter sido encontrada, emseu automovel, certa quantidadede maconha, a qual, apreendida,fora submetida a exame quimicotoxicolbgico, comprovador de cau-sar dependencia psiquica.

Na impetraCAo alega-se estar ex-tinta a punibilidade em relagao apena aplicada pelo crime de portede substancia entorpecente, porqueentre o despacho de recebimentoda denuncia, datado de 21-11-78 e aprolaCao da sentenCa, em 28-2-83,transcorreram 4 anos, 3 meses esete dias. Desse modo, por estarcumprindo a referida pens, carac-terizada estarfa a coacao ilegal,autorizando a concessAo do writ,com base no artigo 648, VII do C6-digo de Processo Penal.

Por outro prisms, tambEm asse-vera estar extinta a punibilidadeem relaCAo so crime de esteliona-to, de vez que o Juiz reconheceu nasentenCa reincidencia nao exis-tente, destarte contrariando o dis-posto no artigo 64, I, do C6digo Pe-nal, o qual, corn sua redaCAo atua-lizada, dispOe em tema de reinci-dencfa, nao prevalecer a condena-Cao anterior se entre a data documprimento ou extinCao da penae a infragao posterior, tiver decor-rido periodo superior a cinco anos,computado o periodo de prova dasuspensao ou do livramento condi-cional, se nao ocorrer revogagao.No caso, segundo aduz, o paciente

sofrer anterior condenaCao decre-tada pelo Juizo da 3' Vara Crimi-nal de Curitiba , sendo no entantotndultado por Decreto do Presi-dente da Republica . Embora exis-tente no processo referenda a ou-tra condenaCao antecedente, peloJuizo de Sao Joaquim da Barra,Estado de Sao Paulo, nao se junta-ra nos autos , como de rigor , certi-d6es da sentenCa condenat6ria, es-sencial A verificacdo ou nAo daocorrencia, destarte , nao tipifican-do a reincidencia, posto nao se sa-ber se a condenaCao fora anteriorou posterior so fato agora punido.

Desse modo, restaria a de-terminA-la, apenas a condenaCaooriunda da 3! Vara Criminal de Cu-ritiba, a qual , no entanto, pelosefeitos do indulto , que nada macs edo que a renuncia pelo Estado dapretensao punitiva , tal comoocorre na prescriCAo retroativa,eliminando as antecedentes , nao tt-pificaria a figura da refncld6ncia,para os efeitos legais . Nessa hip6-tese, como o paciente deve ser con-siderado tecnlcamente primario,com exclusao da reincldencia dasentenCa, tem-se que, por aplicadaa pens de 1 ano e 2 meses de reclu-sao pela prAtica reconhecida docrime de estelionato, a agao penalestaria prescrita , com base naprescriCao retroativa , efs que estase operaria em 4 anos, havendo to-davia decorrido entre o despachode recebimento da denuncia e adata de prolaCao da sentenCa, otempo de 4 anos, 3 meses e 7 dias.

De outro modo , alega-se nula asentenCa , por haver reconhecido arefncidencia sem nenhum elementovalido a concretize-la, acrescen-tando, demals disso, terem ocorri-do outras nulidades no processo,decorrentes da inobservdncla dodisposto nos artigos 261, 263, 353,354 e 370 do C6digo de Processo Pe-nal, pois os defensores constituidospelo paciente nao foram intimados

R.T.J. - 116

para a oitiva de uma testemunhadeprecada , nao sendo nomeadoqualquer defensor para o ato antea ausencia daqueles.

Finalmente , enfatiza haver faltade justa causa para a acao penal,dado que a denuncia nao descre-veu, com fatos, ainda que de modoligeiro , os elementos especiais aconfiguracAo do estelionato, tra-tando-se pois de condenaCao sem 1t-belo valido.

Pede entao a concessAo da or-dem, com expedicao de alvara desoltura.

0 pedido veio devidamente ins-truido corn os documentos de fls. efls.

Com vista dos autos, a doutaProcuradoria-Geral da Justica ma-nifestou-se pela conversao do jul-gamento em diligencia, a fim deser esclarecido pelo Juiz do pro-cesso se houve transito em julgadoda sentenCa, tratando-se de infor-maCao , que por ser indispensavel aapreciaCao do writ , nao foram pro-duzidas com o pedido.Cumprida a diligencia, com a

juntada , pelo impetrante , de certi-dao do transito em julgado da sen-tenCa condenatoria , manifestou-senovamente a Procuradoria no sen-tido da denegaCao plena do writ.

2. For adotados como razao dedecidir, merecem transcriCao osargumentos alinhados no parecerde fls. 178/181, do Ilustre represen-tante do Ministerio Pfiblico dealsSuperior Instancia.

Efetivamente , consoante se coiheda aludida manifestaCao,

.. 0 exame da apregoada ex-tinCao do punibilidade , pela pres-crtrAo retroativa , em relaCao aosdoss crimes (art. 171 CP e art. 16da Lei n? 6.368/76), nao comportaconhecimento , posto que, haven-do transito em julgado , a compe-tencia e, em primeiro , do Julz da

173

execuCao penal, nos temos doart. 66 , II, da Lei n? 7.210/84 (Leide ExecuCao Penal) e de acordocorn prejulgados deste eg. Gru-po de Camaras Criminals (v.Habeas Corpus n? 21/85 e Revi-sao Criminal n? 2/84 ). Com efei-to, se esta eg. Corte apreciasse adiscutida prescricao, subtrairiada acusacao um grau de recurso(art. 581 , VIII, CPP). 0 Juiz daexecuCao penal, alem do mais,concentra na Vara as informa-Coes sobre a vida pregressa docondenado e poderA, com segu-ranCa, apreciar a existencia onnao de causas interruptivas ouimpeditivas da prescriCao.

Sustenta o impetrante, em se-guida , a nulidade da sentenCa pe-lo fato do juiz reconhecer a rein-cidencia , a seu ver inexistente.Ignorou-se a existencia nos autos

de pelo menos uma certidao queassegura a reincidencfa. As fls. 101ha uma certidAo do escrivao da 34Vara Criminal de Curitiba dandoconta de que o paciente foi conde-nado por tentativa de roubo qualifi-cado (1 ano, 9 meses e 20 dias dereclusao, alem de multa), cujasentenCa transitou em julgado 4-1-77, antes, portanto, da pratica doscrimes tratados nestes autos. A es-sa condenaCao passada em julga-do, faz expressa referencfa o juizda la Vara Criminal de Londrina,no oficio de fls. 86.

For outro lado - apenas paraargumentar-se a reincidencfa naoestivesse comprovada, nao have-ria, no caso , necessidade de anu-'lar-se a sentenCa, bastando exclu-ir-se do quantum ' das penas osacrescimos dela decorrentes, cla-ramente identificados pelo magis-trado , reduzindo-as aos minimoslegais.

Acrescentamos, ainda, que o in-dulto concedido ao paciente, quan-to a condenaCao pela 31 Vara Crl-

174 R.T.J. - 116

minal de Curitiba ( ifs. 86), con-forme o Decreto n? 78.800, de 23 denovembro de 1976 (RT, 493/393),nAo interfere na reincid6ncia, socontrarto do que afirma o impe-trante. A respeito, 6 trangtfila a ju-risprudencia ( v. Celso Delmanto,C6digo Penal Anotado , p. 116, 5?ed., 1984 ) e a doutrina (HelenoClaudlo Fragoso , LiCbes de DireltoPenal - Parte Geral, pag. 419, 7aed., 1985 ; Damasfo E . de Jesus, Di-reito Penal - Parte Geral, 1/596,10? ed., 1985; Anibal Bruno , DireltoPenal , tomo 3?, p. 205, 3? ed., 1976,entre outros). A 11Cao de Damasfo6 incisiva: «Quais os efeftos da gra-Ca e do indulto ? Somente extin-guem a punibilidade , subsistindo ocrime , a condenacAo Irrecorrivel eseus efeftos secundarios ( salvo o ca-so de o indulto ser concedido antesdo translto em julgado da sentenCacondenat6ria ). Assim, vindo 0 su-jeito agraciado on Indultado a co-meter novo crime, sera considers-do reincidente'>.

Por certo, o impetrante confun-dlu os efeftos do indulto com os daanistia.

Outra nulidade ventilada refere-se a falta de intlmaCao dos advoga-dos constituidos da data designadapara inqulriCao da testemunhaWanderlei Fingolo Rascado, no jut-zo deprecado da la Vara Criminalde Curitiba.

Os advogados constituidos pelopaciente, Drs. Abis Evaristo Docee Annita Carvalho ( ils. 94), comescrit6rio em Londrina , foram de-vidamente intimados da expediCaode precat6rfa para audlencia daaludida testemunha em Curitiba(fls. 118v).

Ora, 6 macs do que sabido que,nos termos do art. 222 CPP e daSlimula n? 155-STF, imprescindivel6 a intimaCoo da expediCAo da pre-cat6rfa, nao da data designada pa-ra a audiencia no juizo deprecado.

Damasfo E . de Jesus , citando vA-rios julgados , inclusive do Pret6rioExcelso, proclama : clntimada adefesa da expediCao de precat6rfa,desnecessaria nova intimaCoo dadata designada pars a realizaCAoda audl6ncia no juizo deprecado.Essa providencia nAo 6 tida por leicomo essencial ao exercicio da de-fesa, por considerar que, primor-dialmente, cabe ao defensorinteirar-se naquele juizo sobre adata escolhida para a realizaCAoda prova'> ( C6dfgo de Processo Pe-nal Anotado, pag. 142-143, 4a ed.,1984).

Afirma-se, ainda , que essa teste-munha foi inquirida sem o acom-panhamento de advogado dativo naaus(!ncia daqueles constituidos.

Verificamos , por6m, que houvesimples irregularidade em nAoconstar da assentada o nome dadefensora designada para o ato,pots o respectivo termo fol assina-do pela Drs . Nildred B . Sobocinskl,que todos sabem ser advogada doEstado ( fls. 132v.).

Finalmente , o impetrante atacaa exposicAo da dentincia, no to-cante so crime de estelionato, pro-clamando, que nAo descreve os ele-mentos especificos do tipo penal.

0 defeito - se existisse - constl-tuiria tn6pcia da inictal acusat6rla,e nao falta de justa causa. Mas aleitura da denfincia evidencla a im-procedencla da tese Invocada.

De qualquer forma, 6 invariavela jurisprudencfa , a comeCar pela

eg. Suprema Corte, no sentido deque, ap6s a sentenCa , torna-se ino-portuna e impertinente qualquercensura A denimcia (RTJ, 84/425,

105/558; RT, 451/340, 538 /464). De-

pots da sentenCa , s6 esta pode ser

Impugnada'.

Diante de tats fundamentos,denega-se a ordem.

R.T.J. - 116

Curitiba, 12 de Junho de 1985 -Des. Mario Lopes , Presidente -Des. Lima Lopes, Relator). (fls.191 a 197).

0 suplicante insiste no pedido ini-cial, como se ve das razOes de fls.201 a 202.

Perante esta Corte a Procuradoriada Republica opinou pelo nao provi-mento do recurso (fls. 210 a 216).

VOTO

0 Sr. Mlnlstro Djac1 FaIcAo (Rela-tor): 0 parecer do ilustre Procura-dor da Republica Joao Antonio Desi-derio de Oliveira bem demonstra aInviabilidade do pedido . Diz na suaparte essenciai:

«Sem fundamento e a alegagaode ser reu-primarlo.

A certidao de fls . 101, da comade condenaCao anterior do recor-rente a pena de um ano e nove me-ses de reclusAo e a multa, pelapratica do crime de roubo qualifl-cado (art. 157, § 2?, I. 11 , do CPB),com o transito em Julgado em 4-5-76.

Apes, pouco macs de dois anos,i.e., em 10-7-78, comete o recor-rente novos crimes , pelos quais econdenado e, ora, afirma prescri-tos.

Engana-se pots, a teor das dispo-siCoes penais aplicavel ( art. 46, seuparagrafo unlco, ou artigos 63 e 64,I, do CPB, vigentes ). Os novos cri-mes se deram em menos de cincoanos, da condenaCao anterior tran-sitada em Julgado.

Nao lmporta, pars ilidir a reinci-dencia, a circunstancia de haver orecorrente sido indultado ainda em1976 , porque o beneficio , como atode clemencta que a do Estado,refere-se tao-somente a execuCaoda pena imposta, nAo tendo o con-dao de influenciar nas denials con-seg0encias da condenaCao , na rein-cidencia, por exemplo.

175

E assim que entendem os doutos,e assim que nos afigura o be-neficio.

No tocante a extinCao da punibi-lidade pela prescriCao da aCao ouda pretensao punitiva, Ictus oculi,parece ocorrer somente com rela-Cao a pena de detenpao.

Recebida a denuncia em 21-11-78(fis. 66 ), pela pena In concreto desete meses de detenCao, mesmose tratando de reu-reincidente, en-contra-se prescrita ( art. 110, if1? e 2?, do CPB), uma vez que odecreto condenatOrio sobreveio hA28-2-83 ( fls. 156/159), ha macs dequatro anos , portanto.

Contudo, entendemos ser questaoque deva ser remetida so MM Juizdas Execugoes Criminals, ex vi doartigo 66 , II, da Lei da ExecuCaoPenal.

A argiiiCao de falta de fixaCao depena-base , referente so crime deestelionato, tambem, improcede.

A sentenCa, como mostram f1s.158/159, por impor so recorrente apena de um ano e dois meses dereclusao , portanto , acima do mini-mo legal previsto ao crime de este-lionato, a expressa em afirmar,com motivacAo sobeja, que a penaimposta seria a pena-base fixada.Alem do que , a ela, nao se somouqualquer aumento ou acrescimo.

A pena imposta decorre da consi-deraGao das clrcunstanclas dos ar-tigos 42 e 44, I , do CPB, entao vi-gente , simultaneamente aprecia-das, segundo o metodo de fixaCaoda pena de Roberto Lyra. Mesmodevesse haver especificaCao da pe-na decorrente da reincidencia,mesmo assim , mocorre nulidadeou prejulzo , porque a ela dedutivelmediante simples exercicio mentalde aritmetica (pena minima culml-nada a infraCao: um ano; pena im-posta : um ano e dois meses de re-clusao).

176 R.T.J. - 116

O almeiado cerceamento de de-fesa, decorrente da ausencia e danao nomeaCao de defensor ao reu,quando da oftiva de uma testemu-nha atraves de carts precat6ria, ede todo impertinente.

Finalmente , o ultimo argumentode falls de justa causa , de defeitoda incial-acusat6ria e de que ocrime nao existiu , entendemos Co-mo impr6prio ao processo sumArfodo habeas corpus.

Sequer, aplicavel e a Sumula 155,desse Pret6rio Excelso , como seconstata.

A certidao de fls . 118, verso, emclareza meridiana , testifica a inti-macao dos defensores do r6u, orarecorrente , da expediCAo da preca-t6ria, para os fins aquf enunciados,i.e., oftiva de testemunha.

Estes nao compareceram so ato,que ora querem Como nulo. Sendoevidente o desinteresse dos defen-sores em estarem presentes Aquelaoftiva , nao podendo , agora, operemnulidade, como essencial soexercicio de defesa.

Alem de nao demonstrado oumesmo argUido que prejuizo decor-rera da pretensa nulidade, nadapode opor a qualquer dos Juizes (odeprecante e o deprecado), porqueno termo de assentada da testemu-nha Wanderley Fingolo Rasgado, asfls. 132/verso, ha a subscriCAo daAdvogada, que a dada por demaisconhecida no luizo deprecado.

NAo seria a simples omissAo damenCao , na assentada , da defenso-ra indicada a oftiva, que esta JA setorna nula ou constitua cerceamen-to de defesa.

Outrossim , a majestade da Justi-Ca nos obriga , a priori , repelir a in-slnuaCAo do recorrente de que asubscricao da doutora Advogada,no final do termo de assentada,deu-se depois , apenas , pars for-malizar «uma defesa que nuncahouve».

O argumento , alem de envolverquest6es eminentemente de prova,ainda, extemporaneamente, abrediscussao contra a denuncia, quan-do, ate, la h5 sentenCa com trAnsi-to em julgado.

Sem macs delongas , manifesta-seo Ministerio Pfiblico Federal peloimprovimento do recurso.

E a manifestaCAo, sub censura.

Brasilia , 10 de outubro de 1985 -JoAo AntOnio Desiderlo de Olivei-ra, Procurador da Republica (ils.212 a 216).

Adotando as consideraC6es expen-didas pelo nobre representante doMinisterio PUblico nego provimentoao recurs .

EXTRATO DA ATA

RHC 63.421-PR - Rel.: MinistroDjaci Falcao. Recte.: Jose BernardoAlves (Adv.: Elio Narezi). Recdo.:Tribunal de JustiCa do Estado do Pa-rana.

DecisAo: Negado provimento. UnA-nime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek eCarlos Madeira . Subprocurador-Ge-ral da Republica, o Dr. Mauro Lei-te Soares.

Brasilia, 10 de novembro de 1985 -Helio Francisco Marques , SecretA-rio.

R.T.J. - 116 177

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.428 - SC(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrentes: Tasso Crespo de Aquino e outros - Recorrido: Tribunal de

JustiCa do Estado de Santa Catarina.

Habeas Corpus. Sendo descritos na dertmcia fatos que configu-ram crime em tese , nao cabe o trancamento da aCAo penal sob alega-CAo de falta de justa causa..

A causalidade , nos crimes comisslvos por omissAO, nAo a fatica,mas juridica , consistente em neo haver atuado o omitente , como de-via e podia , para impedlr o resultado.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, emnegar provimento so recurso.

Brasilia, 25 de outubro de 1985. -DJacl FalcAo , Presidente. - CarlosMadeira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Carlos Madeira: AE. Segunda Camara Criminal do Tri-bunal de JustiCa do Estado de SantaCatarina assim expos a suplica:

«Demonstra o processo que nodia 10 de setembro de 1984, cercadas cinco horas da manhA, ocorreuviolenta explosAo na mina Santa-na, vitimando trinta e um opera-rios.

Deflagrado o competente inque-rlto policial para a puraCao dos fa-tos, mediante portaria da autori-dade competente, colheu-se fartomaterial , incluindo-se pericia, ou-vida de testemunhas , e outros da-dos necessarios a elucidaCAo do si-nistro.Remetido a Juizo o caderno indi-

ciario, os representantes do Minis-terio Publico , Drs. Jose Francisco

Hoepers e Guido Feuser , designa-dos pelo Dr. Procurador Geral deJustiCa para o feito, denunciaramTasso Crespo de Aquino, MarcoAntonio da Silva Nunes, Armandode Bona Sartor , Jose Edu Durante,Luiz Geraldo da Silva , Geraldo Al-ves CAndido e Claudio Jose Men-des, todos como incursos nas san-COes do art . 121, if 3? e 4? , na for-ma do art. 70 e 29, todos do COdlgoPenal.

A peCa exordia ] foi recebida de-vidamente.

Sob a alegaCao de constrangi-mento ilegal , representado pelodespacho judicial acolhedor da de-n(incla , os Drs . Plinio de OliveiraCorrea e JAnio Mozart Correa im-petram a presente ordem dehabeas corpus, aduzindo, emsintese , que o procedimento penalinstaurado contra os pacientes ca-rece de Justa causa , isto porque:

1?) a causa real do acidente a in-certa ou ignorada;2?) denuncia resultante de supo-

siCOes;

3?) o acidente ocorreu fora daJornada de trabalho dos pacientes;

4?) os pacientes nAo deram cau-sa so evento.

Chamada a falar sobre aquaestio , a douta Procuradoria-Ge-ral da JustiCa opinou pela denega-

178 R.T.J. - 116

Cao da ordem , porque, verbls, ((Co-mo se observa , ha, nos levanta-mentos t6cnicos efetuados , indiciossuficientes a deflagraCAo da aCaopenal . Nao existem , 6 verdade,provas definitivas , mesmo porqueo laudo pericial enumera uma s6-rie de hip6teses pars explicar aocorr6ncia . Nenhuma 6 perempt6-ria. Podem , at6, algumas delas,ter concorrido entre si . As provasque, certamente serao produzidasna instruCao criminal , darao matsluz ao Julgador , iluminando o ca-minho que o levara , fatalmente, auma conclusao definitiva acercada ocorrenciau His. 32-3).

A Camara Julgadora denegou a or-dem, desacoihendo a alegaCao de ca-r6ncta de justa causa pars a acAocriminal , a vista do desempenho de-sidioso dos indiciados no cuidadocom a seguranCa da mina, e em faceda noticia de crime em tese descritona dentincia.

Recorreu o impetrante , reportan-do-se aos fundamentos da inicial.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator): Sete sao os pacientes e aeles imputa a denuncia a seguinteconduta:

1. Tasso Crespo de Aquino - en-genhetro superintendente da mina,que nAo tomou as medidas e precau-C6es que o cargo the impunha;

2. Marco Antonio da Silva Nunes,engenheiro chefe da producao, quedeixou de fiscalizar os supervtsoresde seguranCa, 0 transporte e guardade dinamite, bem como cutdar daventilaCao das galertas;

3. Armando de Bona Sartor, fei-tor, encarregado geral, omittu-setamb6m quanto a fiscalizacao da

ventilaCAo e aos cuidados no manu-seto de dinamite, e dos instrumentosde trabalho e protecao dos operarios;

4. Jose Edu Durante, supervisorde seguranCa da mina, que sequercuidou de descer a mina antes dosoperarios , para medir 0 gas metanoe verificar as condiCbes de seguran-

Ca;

5. Lutz Geraldo da Silva, tamb6msupervisor de seguranCa da mina,que nAo compareceu so trabalho nodia do sinistro , contribuindo , assim,para as omiss6es que resultaram nosinistro;6. Geraldo Alves Candido;

7. Claudio Josh Mendes , tamb6msupervisores de seguranCa , que de-monstraram desletxo com a dina-mite e ornitiram suas atribuic6es.

Como anota o parecer do Prof.Francisco de Assis Toledo, doutoSubprocurador Geral da Republica,"ha imputaCao certa, a cada um dosacusados , de comportamento omissi-vo culposo ( vtolarAo do dever de cut-dado), suficiente a configuraeAo emtese de uma hip6tese de co-autortaem crime culposo, hole admitida pe-la doutrina e pela Jurisprudencia»(ifs. 67).

Salienta ainda o parecer que:«A causalidade , nos crimes co-

missivos por omissao , nAo 6 urnacausalidade fisica mas antes umacausalidade Juridica, consistenteno fato de nao ter o omitente atua-do, Como devia e podia, para impe-dir o resultado . A violaCao dessedever 6 erigida pelo direito emcausa do resultado . E, no caso, talvlolaCao 6 atribuida, casuistica-mente , aos denunciados.

4. 0 mats, como bem se deci-diu, constitui mat6ria de prova aser deslindada com a instruCao cri-minal . Assim, a causa real do act-dente , a posiCao exata de cada urnface so evento , quern contribuludecisivamente e em que medida

R.T.J. - 116

para ease evento , tudo issocircunscreve -se no Ambito exclusi-vo da materia de prova, insus-cetivel de exame aprofundado noAmbito do writ.

5. 0 fato de a denfincia, comose sugere , basear-se em indiclos,nao deve ser motivo para perplexi-dades, pots, conforme JA se deci-diu:

((Para oferecimento da denun-cla nAo exige a lei prova manl-festa da autoria e do fato crimi-noso . Basta a suspeita on aopinfo dellcti ( RHC 48 .989, Rel.Min. Bairos Monteiro , DJ de 27-8-71, pag . 4430 ).)) ( Fla. 67-68).

Nos termos do parecer , nego pro-vimento so recurso.

E o men voto.

EXTRATO DA ATA

179

RHC 63.428-SC - Rel.: MinistroCarlos Madeira . Rectes.: Tasso Cres-po de Aquino e outros ( Adv.: Pliniode Oliveira Coma). Recdo .: Tribunalde JustlCa do Estado de Santa Cata-rina.

DecisAo: Negado provimento. UnA-nime . 2' Turma, 25-10-85.

Presidencia do Senhor MinistroDJaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Repciblica, Dr. Mauro LelteSoares.

Brasilia, 25 de outubro de 1985. -He11o Francisco Marques, SecretA-rio.

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63.487 - DF(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.

Recgrrente: Jawad Mohammad Rashed - Recorrido: Tribunal de Justi-ca do Distrito Federal.

Mao penal . Habeas corpus sob alegaCAo de falls de justa causa.DecisAo absolutbria de co-rau, baseado no exame e aferlcao da prova.Inidoneidade do meto judicial Invocado , restando o prossegulmento daasao perante o juizo competente . Recurso Improvido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal , A unanimidadede votos e na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, negar provimento so recurso.

Brasilia, 5 de novembro de 1985 -Djaci Falcao , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Djaci Falcao: Deci-diu o egregio Tribunal de Justica doDistrito Federal:

((Habeas corpus - Justa causa- A falta de Justa causa traduzideia de inexistencia dos pressu-postos de constituiCAo e desenvolvi-mento do processo. Na area crimi-nal: inexistencia on atipicidade dofato imputado on excludente de ili-citude. NAo se confunde com a ab-solvicao por deficiencia de provas.

Urn dos reus, porque o outro foiabsolvido ao fundamento de as pro-vas nao serem suficientes, nAopode, em habeas corpus, preten-der, com bonsucesso, trancar aaCAo penal. Urge aguardar a sen-tenSa que apreciara 0 merltumcausae.

180 R.T.J. - 116

Ac6rdaoAcordam os Desembargadores

do Conselho da Magistratura doTribunal de JustiCa do Distrito Fe-deral: Ant6nio Hon6rio Pires, Ma-ria Thereza Braga e Lutz VicenteCernicchiaro, em conhecer do pe-dido , por unanimidade , reconhecera competencia do Conselho parajulga-lo , por maforta , e reformar orespeitavel despacho do MM. Dr.Juiz de Diretto da 2" Vara Crimi-nal,de Brasilia , com relaCao a pa-ralisacAo do processo, pars o fimde se determinar seu prossegul-mento , em relaCAo ao paciente Ja-wad Mohammad Rashed , tambempor malorta de votos e tudo deacordo com a ata de julgamento.

Brasilia , 24 de julho de 1985. S.AntOnio Hon6rlo Pires - Pr at-dente, Des. Lutz Vicente Cer-nicchlaro - Relator Designs o))(fl. 90).

Le-se na parte essencial a aprecia-Cao deste recurso:

((A Senhora DesembargadoraMaria Thereza Braga

No julgamento anterior, pormaioria, como se viu , o HC nAo totconcedido, seta porque impetradopor estrangeiro expulso do pals, se-ta porque as motivaC6es versavamsobre materia de alta indagaCao.

Conhecendo do pedido , verificoque a sentenCa que absolveu o co-reu dicidiu nao estar provado o fa-to criminoso , origem da imputa-Cao:

'As lnvestigaCdes policiais con-duziram a tomada de inumerosdepoimentos . Varias pessoas ou-vidas evidenciaram a atuaoao daItau Seguradora na tentativa decolher dados no sentido de que oincendio fora criminoso . Afora aconfissao inicial , retratada, e de-pots repetida , do segundo acusa-do, nenhuma indicaCao concretatot colhida no sentido de desmen-

tir o laudo oficial . Ponto de refe-rencia relevante, a chave de for-Ca do predio nao serviria parsesclarecer os fatos pois , sabida-mente, uma das primeiras provi-dencias em caso de incendio e oseu desligamento, sendo evidenteque se nao poderia comprovaraquela lnformaCao do segundoacusado de que desligara achave. Ora, tivesse ele realizadoesse ato e certamente o laudo offi-cial estaria desmentido . Todavia,no aspecto tecnico, nAo ha meiosde demonstrar aquela afirmacaoda confissao. Relativamente apr6pria confissao , a interessante,e interessante notar que a pr6-pria indefinicAo do acusado tor-nou sua paiavra de pouca valia,em qualquer sentido, isso porquedepots de confessar , retratar-se eretornar aos termos de suas de-claraC6es iniciais, voltaria naaCao privada a negativa. Ade-mats , o comportamento denseacusado parece sugerir especiaiscautelas na valoraCao de sua pa-lavra . Veja-se que a pessoa cujasatividades levaram o GovernoBrasileiro a adotar a severs pro-videncia da expulsao . De qual-quer modo a iinica prova da cri-minosidade do incendio ficou lt-mitada a fase policial, na fase daaCao penal nada surgiu com for-Ca bastante para opor-se so lau-do do Corpo de Bombeiros aindaque todo o desenrolar do eventopossa gerar alguma dUvida, en-tre a confissao retratada e o lau-do official , com os firmatariosdeste deve ffcar o julgador.

Por tais fundamentos , absolvoSubhi Shehadeh Mohd , qualities-do nos autos , da imputaeAo feltsna inicial e julgo improcedente aaCao penal proposta . Sem custas.Publique-se . Registre-se. Inti-mem-se.'

Assim , nao havendo fato crimi-noso a ser apurado, concedo a or-

R.T.J. - 116

dem para trancar a aCao penal(processo n? 4.265 /80), fundada noart. 648, I , do C. P. Penal.

0 Senhor Desembargador LutzVicente Cernlcchiaro

A ilustre advogada ImmacolataCasella impetrou habeas corpusem favor de Jawad MohammadRashed, visando so trancamentode aCao penal contra ele proposta,acusado da pratica do crime defi-nido no art . 250 § 1?, I do C6digoPenal. Argui falta de justa causaporque o co-reu Subht ShehadehMohd foi absolvido da imputaCao.Acrescenta que o Paciente foi ex-pulso do territ6rio nacional e, porisso, o MM . Juiz determinou a pa-ralisaCao do processo contra ele.A eminente Relatora, superada a

preliminar de incompetencia doEgregio Conselho de Magistratura,concedeu a ordem , escorando-se nodisposto no art . 648, I, do CPP, onseja, falta de justa causa para aaCao penal.A falta de justa causa, data

yenta, traduz 1d61a de inexist6nctados pressupostos para a constitui-Cao e desenvolvimento do proces-so: possibilidade juridica da pre-tensao punitiva e legitimidade pa-ra a aCao . No processo penal, des-ptciendo falar em interesse de agirporque somente o judiclarto, esempre, analisa a imputaCao dedelito a algu6m.

A possibilidade juridlca, on seja,a exist6ncia de modelo legal ense-jador da imputaCao, nessa area, 6o tipo legal de crime (on de contra-venCao penal ), revestido dos requi-sitos de exist6ncia , em tese, da in-fraCao penal . Essa possibilidadedesaparece , no entanto, se ocorrerfato de exclusao on extintivo de pu-nibilidade . A legitimidade paraagir se refere a titularidade daaCao penal , ou seja , quem postulaso judiciarlo , a formaCao do pro-cesso . A aCao, na esp6cte , 6 pUbli-ca incondicionada.

181

No caso dos autos , o fato imputa-do so Paciente 6 crime-inc@ndio(art. 250 ) com a causa especial deaumento de pens : crime cometidocom intuito de obter pecuniAria emproveito pr6prio on alheio.

A hip6tese em exame enquadra-se perfettamente as condlC6es daaCao . Nao houve, pots, falls de jun-ta causa para a imputaCao. Podeter ocorrido injustiCa da acusaCao.A primeira 6 relativa so aspectoformal, so passo que a segunda to-ca o m6rito.

A jurisprudencia do STF abonaa distinCao . No HC n? 60.984, aementa 6 a seguinte : HabeasCorpus . Falta de justa causa.Crime de falsidade documental.Fotoc6pia nao autenticada de car-teira de identidade. A par de ca-racterizada a inidoneidade do su-posto documents , para llaquear af6 pUblica, dada a grosseria da fal-sificaCao de carteira de identidade,dada a circunstancla de tratar-sede reproduCao nao autenticada,nao contempla, no ordenamentojuridico, como documento , denotaa impossibilidade de ser objeto decrime de falsidade documental. HCconcedido» (RTJ-108/152). Na fun-damentaCao o eminente Relator,Min. Rafael Mayer, escreveu: «as-sim foi o Paciente condenado, Co-mo autor de crime inexlstente. SenAo havia documento algum, pots atal fotoc6pia , inaut6ntica, nao sepodia dar o nomen turfs de adocu-ment6,), evidentemente , tamb6mnAo havia nenhum «documento fal-so» e menos ainda «uso de instru-mento falso ,) (pag. 154).

0 HC 60.934, por sua vez, estam-pa ementa , de que ressalto: ((HC.Nao 6 o habeas corpus via adequa-da para discutir as provas conside-radas na dectsao desfavoravel sopaciente, sem a alegaCAo, em facedos fatos , de tratamento desigual,na sentenga e co-reu absolvido,). 7

182 R.T.J. - 116

- 0 CPP bent estabelece oprlncipto do llvre convencimentojudicial - art. 157 - significandonao sofrer o magistrado qualquerlimitagAo na avaliaCao da provaproduzida , fazendo-o coerente-mente . 8 - No caso, o MM. Julga-dor a quo been marcou que o co-r6u absolvido, em momento algumadmitiu dedicar-se ao trafico, aopasso que Marco Antonio admitira-o na fase extrajudicial , na presen-Ca de advogado-curador; depois,retratando-se em juizo, buscou co-locar a culpa em terceira pessoa -fls. 70, to fine 71 - ...,, Prossegue oeminente Min. N6ri da Silveira:«Quanto aos aspectos gerafs daconduta do paciente , constituemmat6ria de fato insuscetivel deexame na via do HC)) ... (RTJ110/1.040).

A Impetrante , em Ultima ana-lise, pretende estender ao Pacientea sentenCa absolut6ria que benefi-ciou o co-r6u. Nogg-se, todavia, queessa decisao nao proclamou a faltade justa causa . An contrario,rastreou-se na falls de prova cate-g6rica . Lein a motivaCao, da sen-tenga (fls. 479/481). Ressalto aindaesta passagem : «De qualquer mo-do a (mica prova da criminosidadedo incendio ficou limitada na fasepolicial ; na fase da aCao penal na-da surgiu com forra bastante paraopor-se ao laudo do Corpo de Bom-beiros. Ainda que todo o desenrolarde evento possa gerar alguma dU-vida entre a confissAo retratada eo laudo official, com os firmat6riosdeste deve ficar o julgador" (fls.481).Assim, a sentenCa nao negou o

fato descrito na denUncia , nAo pro-clamou que ele nao constitul infra-Cao penal , nem reconheceu causaexcludente da ilicitude. ConsiderounAo haver prova bastante de auto-ria do crime.

Diga-se , para reforCo de argu-mentaCao , a impetraCao mesma

nAo lanCou o dardo On longe. Mere-cem realce os seguintes trechos:«... sendo que o paciente foi ampla-mente interrogado na fase policial,ora confessando o suposto crime,ora negando-o, 0 que a plausivel,por encontrar-se na epoca emgrande confusAo mental ...,, ( fls.03). «...nao surgindo nenhuma pro-va substantial no curso da aCaopenal que pudesse opor-se ao laudopericial do Corpo de Bombeiros"(fls. 03 ). u... 0 elemento subjetivoinexiste, o prop6sito , a vontade.li-vre e consciente de cometer ocrime ...,, (fls. 4). «... que nAo haelementos suftcientes de convicCaopara autorizar a conclusao , Segun-do a qual os agentes incriminadosagiram com a intenedo generica depraticar o crime..." (fl. 4).

Data yenta , nao posso conceder aordem pela causa solicitada.

O tema nao a meramente acade-mico . A decisao criminal que reco-nhece a falta de justa causa daacusaCao vale como prejudicial naarea civil, onde os acusados , certa-mente pleitearam o pagamento doseguro on discuttram o valor a queteriam direito . Tat como a pa-ciente postula, indiretamente, es-tar-se-a a conferir declaraCao deque a conduta imputada nAo re-veste as caracteristicas de ilici-tude.

O HC descreve que a aCao penalcontra o Paciente teve suspenso 0curso do processo porque expulsodo pals, pormenor confirmado nasentenCa lida ha pouco.

Narra mthi factum , dabo tibi his.A paralizaCao do feito a significati-va e nao se justifica . Mesmo no ex-terior, o reu pode ser processadono Brasil . A aus@ncia nao confereimunidade a jurisdiCao national.Deve prosseguir , observadas asnormas do procedimento, obe-diente ao disposto no art. 42 doCPP, que so impedir o Mfnisterio

R.T.J. - 116

Publico de desistir da aCao, lmpbeque o processo va ate final senten-Ca. Sere duvida a decisao quantaso co-reu devera repercutir no jul-gamento, entretanto, s6 o juiz dalnstancla originaria podera faze-1o,pena de ser suprimido em grau dejurlsdicao.

Concede o HC pars o processoretomar o curse normal.

Custas ex lege.O Senhor Desembargador Ant6-

nio Hon6rlo Pires.

ConheCo do presente HC, pertempestivo e cabivel na especie.Corn relaCao ao pedido, denego-o,pots entendo que ha nos autosindicios e provas suficientes deque, em tese, o Paciente deve res-ponder per lnfrasao ao art. 250 41", do CP.

A conflssao Initial feita pelo co-r6u, quando indiciado, hem assim,sua posterior retrataCao, e logoap6s, em fases outras, confirma-Cao partial do fato tido e havidocome criminoso, demonstram deforma precisa a existencia, datavenia, de justa cause para o pros-seguimento da aCao.

0 MM. Juiz, em sua respeitavelsentenCa, entendeu inexlstirem nosautos provas suficientes para acondenaCao do primeiro denuncia-do, Subhi Shehadeh Mohd, daihouve per bem absolve-lo, as-sinale-se, per julgar insuficientesas provas para a sua condenaCao.Corn referencia so paciente JawadMohammad Bashed, tao-s6 pelo fa-to deste ter sido expulso do Brasil,entendeu de determinar a paralisa-Cao do processo no que the fosseafeto.

Assim, a de se ver que o MM.Juiz nAo apreciou, corn relaCao so2? paciente, o seu comportamento,se legal ou ilegal, criminoso ounao. 0 Conselho da Magistraturaquando da apreciaCao anterior do

183

presente case entendeu , per malo-ria, que o Paciente, pelo fate de tersido expulso do Pals, nao terla di-relto so conhecimento do recursointerposto, atraves do HC. A Su-prema Corte , em recente decisAo,determinou que fosse o meritoapreciado per esta Egregla Corte.

Pelo exposto , a de se ver quedeve a respeitavel decisao do MM.Dr. Julz ser parcialmente reforma-da, para o fire de dar prossegui-mento so processo corn relaCao aopaciente.

Nesse sentido e o meu veto, re-formando , de officio, parcialmente,o respeitavel despacho do Dr. Juize determiner que se aprecle, cornrelaCao an paciente Jawad Mo-hammad Rashed , os termos da de-nuncia oferecida.

0 meu veto desvirtua -se apenasnesse sentido do eminente Des.Lutz Vicente Cernicchiaro, datayenta do entendimento sustentadopela eminente Desa . Relatora, naparte em que S . Exa., para atingiros mesmos objetivos, entende quese deve conceder a ordem .» (fls. 94a 99).

Em tempo oportuno foi interpostoo recurso ordlnario de fls. 104 a 108,que leio . Admitido pelo despacho deits. 110 a 111, tramltou regular-mente.

Nesta Corte recebeu o seguinte pa-recer:

«Impetrou -se, em favor do cida-dao jordaniano Jawad MohammadBashed, habeas corpus no qual seformulou dois pedidos alternatives:,a) trancamento do processo perausencia de justa causa; b) exten-sao dos efeitos da sentenCa que ab-solves o co-reu Subhi ShehadehMohd.

2. 0 Egregio Tribunal de Justi-Ca do Distrito Federal conheceu domerito da impetraCao por forra doac6rdao desse Excelso Pret6rio in-

184 R.T.J. - 116

serto As fls. 68/81. Decidiu aqueleColegiado, por maioria, inacolhertais pedidos, determinando o pros-seguimento do processo em rela-Clo ao paciente, em aresto assimementado:

'Habeas corpus - Justa Causa- A falta de justa causa traduzid6ta de inexistencia dos pressu-postos de constituiCAo a desenvol-vimento do processo. Na Areacriminal: inexistencta on atipici-dade do fato imputado ou exclu-dente de ilicitude. Nao se confun-de com a absolviCAo por deficten-cia de provas.

Um dos reus, porque o outro foiabsolvido ao fundamento de asprovas nao serem suficientes,nao pode, em habeas corpus, pre-tender, com bonsucesso , trancara aCAo penal.

Urge aguardar a sentenCa, queapreciarA o tneritum causae,>(fls. 90).

3. Dal, a interposiCAo do pre-sente recurso visando a concessAoda ordem nos termos postulados nainitial.

4. Examinando a especte temosque a razao estA com o voto venct-do da lavra da ilustre Desembar-gadora Maria Thereza Braga (fls.94/95 ). Assim, a ordem deve serconcedida, a fim de que seja tran-cado o processo.

5. Em nosso pronunciamentoanterior ( fls. 58/60), nos manifesta-mos nesse mesmo sentido, pelosfundamentos abaixo transcritos,que ora reiteramos integralmente:

'Se o processo tivesse ficadoapenas suspenso, em raz6es daimpossibilidade de se observar odevido processo legal , sem qual-quer outra ocorrencia, nao seconfiguraria coaCao (legal. Con-tudo , seu desfecho favoravelquanto ao co-reu, acusado comomandante, absolvido por motivo,

nAo de carater exclusivamentepessoal, mas, sim , de inexlsten-cia de crime a punir , muds total-mente o quadro, nos levando Aconclusao de que nAo h9 justacausa para existencla do proces-so, JA que o fato que o ensejou lotconsiderado pelo Poder JudiciA-rio como nAo criminoso, impon-do-se, pots, o seu trancamento.

Essa e a nosso ver a soluCAoadequada e, nAo , a extensAo dosefeitos da sentenCa absolut6ria,porquanto , com a paralisaCAo dofeito, o paciente nAo se encontrana mesma situaCAo processualque o absolvtdo , cujo processoteve tramitaCAo normal'

6. Bern a prop6sito 6 a liCAo doprocessualista Josh Frederico Mar-ques, quando comenta sobre osefeitos secundarios da sentenCa ab-solut6ria decorrentes do seu carA-ter de fato juridico processual.Anota o mestre:

'Na esfera do Direito Penal, haa registrar em primetro lugar, osefeitos da absolviCao do autorprincipal, na co-autoria, em rela-Cao aos participantes do crime,desde que fundada em motivosque nao sejam de carater exclu-sivamente pessoal (cf. C6d. deProcesso Penal, art. 580). Se oautor a absolvtdo por ter agidoem legitima defesa, ou porque asentenCa entendeu nAo provada apratica do fato delituoso, crimealgurn existe no tocante aos sim-ples participantes'. ( Elementosde Diretto Processual Penal -Forense - 1980 - vol. III - pag.64).

7. De observar-se, quanto A so-luCAo adotada no ac6rdao recorddo, de se dar prosseguimento aprocesso, ser a mesma inviavel.

8. A citaCAo por rogat6ria mencionada no voto vencedor Win pod(ser intentada, pots citaCAo corn

R.T.J. - 116 1&5

preende chamamento de alguem ajuizo para se ver processar. Ora,como chamar Jawad MohammadRashed a juizo , se o mesmo nAopode ingressar no Brasil , em razAodo decreto expuls6rio , ato esse quese efetivou um ano antes do recebi-mento da den6ncia? (cf. fls. 10 a27).

9. Discordamos , ainda, do ilus-trado voto condutor do ac6rdAo,quando afirma que a sentenca ab-solveu o co-reu por nao haver pro-va sufictente quanto A autoria. Daleitura do decisorio ( fls. 13/15), seinfere que o Magistrado , acolhendoas conclusoes do laudo pericial,que apurou ter o incendio se origi-nado de urn termo-eletrico , o absol-veu nas circunstAncias do art. 386,inciso I, do C6digo de Processo Pe-nal, on seja, por estar provada ainexistencia do fato , e, nAo, por sera prova insuficiente para a conde-nacao. inciso VI do mesmo disposi-tivo.

Oplnamos , em face do exposto,pelo provimento do recurso, paraque a ordem seJa deferida con-forme o segundo pedido - tranca-mento do processo por falls de jus-ta causa.

Brasilia , 29 de outubro de 1985 -Maria Alzira de Almelda Martins,Procuradora da Republica.

Aprovo : Francisco de AssisToledo , Subprocurador -Geral daRep(iblica .)) ( fls. 117 a 120).

VOTO

0 Sr. Ministro Djaci FalcAo (Rela-tor): A men ver , a declsao recorridanao merece reforma . Ao absolver oco-reu Subbi Mohd a sentenca nAo seapegou ao fundamento de falta dejusta causa para a aCAo penal. Cote-jou a prova e conclulu pela inexis-tencia de elementos suficientes paraa condenacAo do co-reu.14-se na decisAo absolut6ria:

«De qualquer modo a ilnica pro-va da criminalidade do incendio fi-cou limitada A fase policial, naEase da aCao penal nada surgiucorn forCa bastante para opor-se solaudo do Corpo de Bombeiros. Ain-da que todo o desenrolar do eventopossa gerar alguma duvida, entrea confissao retratada e o laudo oft-cial, com os firmatarios deste deveficar o julgador.

For tats fundamentos , absolvoSubhi Shehadeh Mohd , qualificadonos autos , da imputagAo feita nainlclal e julgo improcedente a aCaopenal proposta .» ( fls. 15).

NAo houve uma afirmaeAo, pe-rempt6ria, de que o fato descrito nadenuncia nAo constitui crime, nemconheceu a existencia de causa ex-cludente dasua ilicitude penal.

A sentenca baseou-se na insufi-ciencia de prova pars a condenaCao.Ora, nAo Cabe o habeas corpus parso exame e aferiCao da prova.

Resta o prosseguimento da aCaopenal perante o juizo competente,em relaCao so paciente.

Nego provimento so recurso dehabeas corpus.

EXTRATO DA ATA

RHC 63.487-DF - Rel.: MinistroDjaci Falcao. Recte.: Jawad Mo-hammad Rashed (Adv.: ImmacolataCasella). Recdo.: Tribunal de Justi-ca do Distrito Federal.

DeclsAo: Negado provimento. Una-nime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes A Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Republica, o Dr. Mauro Lel-te Soares.

Brasilia, 5 de novembro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

186 R.T.J. - 116

RECURSO DE HABEAS CORPUS N? 63. 513 - RS(Prlmeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Sydney Sanches.Recorrente : Euclides Machado on Oclides Machado - Recorrido : Tribu-

nal de AlCada do Estado do Rio Grande do Sul.

Llvramento Condicional - Requisitos.0 paragrafo Onlco do art . 83 do Cddlgo Penal , que fixa seus novos

requlsltos ( Lei 7.209/84), embora nAo exga , tambem nAo impedeexame psiqufatrico para constataCAo de condiCOes pessoais que facampresumir nAo volte 0 sentenclado a delingdir . Trata-se de mefo deprova legitimo , para formaCao do convencimento do Julz , que naopode ser obstado , se nao se mostra desarrazoado nem conflgura cons-trangimento Ilegal . Habeas corpus denegado.

Recurso de habeas corpus improvido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dolulgamento e das notas taquigrafi-cas, por unanimidade de votos, emnegar provimento ao recurso dehabeas corpus.

Brasilia, 22 de novembro de 1985 -Rafael Mayer, Presidente - SydneySanches, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Sydney Sanches: Ailustre Procuradora Dra. Maria Alzf-ra de Almelda Martins , em pare-cer aprovado pelo eminence Sub-procurador-Geral da Republica,Dr. Francisco de Assis Toledo, as-sim relatou a hip6tese e opinou nes-ter autos de habeas corpus, verbis:

«O Egregio Tribunal de Alcadado Estado do Rio Grande do Suldenegou habeas corpus ajuizadoem prof de Euclides Machado, noqual fnquinou-se de ilegal ato doJuizo da Vara de ExecuC6es Crimi-nals que, no incidente de concessaode livramento condicional , deter-minou fosse o paciente submetido

a exame criminol6gico , com funda-mento no § unico, do art . 83, do C6-digo Penal vigente.

Contra esse aresto 6 o presenterecurso ordinario constitucional,que reitera os argumentos aduzi-dos na inicial.

3. A tese do recorrente a deque, em razao dos principlos da le-galidade e da lex mitior , o aludidodispositivo da atual let repressiva6 inapllcavel aos casos de senten-ciados cuja apenaCao foi impostsno regime legal anterior CP, de1940, art. 62 - que impOe esseexame tao-s6 aos detentos corn pe-riculosidade reconhecida.

4. NAo colhe o alegado.

5. Sobre a questao, a SupremaCorte, pela sua Egr6gia PrimelraTurma, em ac6rdao unAnime, dalavra do eminedte Ministro-Relatordeste recurso, is se pronunciou nosentido de nao haver constrangi-mento ilicito . Eis a ementa:

uEmenta : Livramento con-dicional . Requisitos . 0 paragra-fo 6nico do art. 83 do C6digo Pe-nal, que fixa seus novos requi-sitos ( Lei n? 7.209/84), emboranAo exija , tamb6m nao impedeexame psiqufatrico pars consta-

R.T.J. - 116 187

taCaode condiCoes pessoafs quefaCam presumir nao volte o sen-tenciado a deling0ir . Trata-se demeto de prova legitimo , para for-maCao do convencimento do juiz,que nao pode ser obstado, se nAose mostra desarrazoado nem con-figura constrangimento ilegal.Habeas corpus improvido».(RHC 63.439-7-RS, Rel.: Min.Sydney Sanches, DJ de 8-10-85,pag. 20.104).

6. Como bem anotou o ilustradoSubprocurador-Geral da Repfblica,Dr. Francisco de Assis Toledo, soexarar parecer no aludido proces-so, in verbis:

aNao hA, pois , que cogitar-se,no caso , de lex mitlor ou lexgravior: primeiro , porque as nor-mas de processo nao se subme-tem a todas as limitaC6es do de-nominado principlo da reservalegal ( o § 16 do art . 153 da Consti-tuiCao restringe -se As normas dedireito material, ou seta, so«crime e a pena)): segundo, por-que a reforms penal nada alterouno tocante aos modos de produ-Cao e de apreciaCao das provas.

Correto pois, se nos aflgura opronunciamento do Dr . Lutz Fe-lipe Azevedo Games , sobre o te-rra, in verbls:

UPodemos concordar com JulioFabbini Mirabete , quando afir-ma, so comentar o dispositivo dalei transcrito:

aDispensavel, pots, 6 a pericia,formando-se a convicCao do Julzquanto As condic6es pessoafs dosentenciado diante dos elementosdo processo de execucAo, em es-pecial do pr6prio procedimentoincidental referente so pedido dobeneficio .» (Manual de DlreltoPenal , vol. I, 1985 , pag. 327).»

Vale dizer que, nos termos dalet, Cabe so Juiz deduzir funda-mentalmente seu convencimento,

calcado nos elementos que esti-verem ao seu alcance e sujeito AreapreciaCao recursal , nos ter-mos do art . 581, XII , do C6digode Processo Penal.

Da circunstancia de ser apericia dispensAvel a formaCaodo convencimento judicial nao sepode concluir , entretanto, seta amesma proibida legalmente.

0 recurso A pericia , psiquiAtri-ca, ou sua dispensa, ha deorientar-se pelas circunstanciasde cada caso , constituindo mat6-ria posts , pelo legislador, na es-fera de discricionariedade doJuizo.

Descabe, assim, a pretensao deobstA-la, por via de habeas cor-pus.))7. Cabe observar que, o pronun-

ciamento do representante doparquet estadual invocado pelo pa-recerista , neste processo , estA Asfls. 35/36 (parecer).

10. A tao lucidos argumentos,os quais endossamos tnteiramente,pouco temos a acrescentar , tao-s6,que, vigorando no processo penal oprinciplo do livre convencimento, oMagistrado pode determinar dill-g6ncias que entender necessArias AformaCao de sua convicCao.Em conclusao, opinamos pelo

desprovimento do recurso» (fls.42/45).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Sydney Sanches(Relator): Nos termos do parecer dailustrada Procuradoria da Republicae do precedente por ela indicado, deque fui Relator, nego provimento sorecurso.

EXTRATO DA ATA

RHC 63 . 513-RS - Rel.: MinlstroSydney Sanches . Recte .: Euclides

188 R.T.J. - 116

Machado ou Oclides Machado (Adv.:Antonio Carlos Cavalheiro Junior).Recdo .: Tribunal de AlCada do Esta-do do Rio Grande do Sul.

Decisao: Negou-se provimento aorecurso de habeas corpus . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao os

Senhores Ministros Neri da SilveiraSydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente justificadamente o MinistrOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de Assis Toledo.

Brasilia, 22 de novembro de 1985Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

AGRAVO DE INSTRUMENTO N? 91.836 (AgRg) - PE(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Agravantes: Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Acucar no Estado

de Pernambuco e outro - Agravados: Sindicato dos Trabalhadores Ruraisde Carpina e outros.

Trabalhista. Recurso extraordingrlo.Materla constituclonai: necessidade de seu prequestionamento.

Em face do disposto no art. 143 da Lei Malor , das decisbes do C.Tribunal Superior do Trabalho so cabe recurso extraordinarto no casode maltrato a precelto constitutional.

A necessidade de prequestionamento do fundamento constituclo-nal que embasar o exceptional a indeclinavel . Se este tot omitido noacordAo lmpugnado , deverla a parte assim prejudicada Interpor em-bargos de declaraCao ( SUmula 356 ), para ve-lo examinado. NAo podeser acelta a justlficaC&o do recorrente para nilo te-los interposto aalega¢Ao de que a alta Corte trabalhista se limlta a declarar que nAohouve violaCSo a preceltos constitutionals , pots fixou-se a jurispru-doncia do Supremo Tribunal Federal que se considera existente o pre-questionamento , se, provocado o Tribunal ea quo )) sobre o tema, ain-da assim nao o discute . Ademals, no caso de dissidlo coletlvo de tra-balho , a ordinario o recurso para o T.S.T.

ACORDAO res de Cana-de-Acucar no Estado 6Vistos, relatados e discutidos estes Pernambuco e outro interpusera

autos, acordam os os Ministros do agravo regimental , mostrando-se in-Supremo Tribunal Federal, por suaSegunda Turma , na conformidade daata de julgamento e das notas taqui-graficas, por unanim idade de votos,negar provimento ao agravo regi-mental.

Brasilia , 27 de marCo de 1984 -Djaci Falcao , Presidente - AldirPassarinho , Relator.

RELATORIO

conformados corn o despacho pormim exarado em agravo de instru-mento, pelo qual confirmel decisAoque indeferira o processamento derecurso extraordinarfo por eles ma-nifestado . Os termos do despachoora impugnado sao os seguintes:

aTrata-se de recurso extraordi-nario manifestado contra decisaoljprolatada pelo Egregio TribunalSuperior do Trabalho em recursd

O Sr. Ministro Aldir Passarinho ordinarlo em dissidto coletivo, cuja^(Relator ): 0 Sindicato dos Cultivado- ementa dispoe:

R.T.J. - 116 189

ttI - Recurso do Sindicato dosCultivadores de cana-de-acucarno Estado de Pernambuco. DS-separcial provimento para restrin-gir a aplicando da clausula con-cernente an desconto da contri-buicao social mensal, aos asso-ciados do Sindicato.

II - Recurso da CompanhlaAgro-Pecuaria Santa Helena.NAo se conhece dorecurso porfalta de legitimidade para recor-rer em dissidio coletivo.

III - Recurso do Sindicato daIndustria de Acucar no Estado dePernambuco . «Lei do Sitio> - Apropriedade de acordo com o art.160, III, da CF, deve exerceruma FunCAo Social.

A reivindicacao foi deferidanos exatos e restritos termos dalegislacao especifica.

Nega-se Provimento so Recur-SO.

IV - Recurso da Procurado-ria.

Prejudicado.

0 apelo derradeiro fot indeferidoem razao da falta de presquestio-namento das questoes constituclo-nats argiitdas , bem Como pela au-sencia de amparo legal na Interpo-sicAo do recurso ( S(imulas n?s 282e 356 e art. 321 Caput , do Regimen-to Intern). Os termos da decisAoagravada sao os seguintes:

ulnsurgem -se os Suscitadoscontra as clausulas deferidas emDissidio Coletivo, relativas a uni-ficac3o salarial, pagamento, pe-lo empregador, dos primeirosquinze dias de afastamento doempregado, por motivo de doen-ca, e a aplicando da Let do Sitio,manifestando recurso extraordi-narto , com fulcro no art . 541 e se-guintes do CPC.

Alegam que 0 «piso salarialnconcedido representa verdadelro

apiso profissionalb , condenadopelo Colendo Supremo TribunalFederal, e cuja concessAo atentacontra os artigos 142 , 4 1?, 165,XVII, 153, 44 2?, 3", 6?, paragrafounico , 8? XVII, b e 43 da Consti-tuicao Federal.

No tangente ao salario -doenca,as mesmas violacoes se repetem,exclusive o art. 165, XVII, o mes-mo acontecendo quanto a aplica-Cao da Lei do Sitio. Prellminar-mente, a de se esclarecer que noconcernente a Lei do Sitio, nAohouve recurso ordinario, porparte do Sindicato dos Cultivado-res de Cana -de-Acucar , embora,neste apelo , em conjunto corn oSindicato da Industria do Acucarpeca a reforma daquela clausula.

Ainda preliminarmente, a de seressaltar que as imimeras vulne-racbes de dispositivos constitucio-nais invocadas no recurso, nAoforam ventiladas no ac6rdao re-corrido , aplicando-se as SUmulasn?s 282 e 356 do Supremo Tribu-nal Federal , nao se indicando,por outro lado, qual o preceito daConstituicao em que se apoia orecurso , nao bastando a referen-cia so art . 541 do CPC , sem o tex-to constitucional que preve o re-curso das decis6es do TribunalSuperior do Trabalho.

Ainda , porem , que ultrapassa-das as preliminares, razao des-cabe aos Recorrentes , no merito.

E que tabela salarlal Ja existia,por concenso dos litigantes,desde o ano de 1979, para as duasregioes em que se subdividia aArea de influencia dos Suscita-dos, pars efeito de salArio mini-mo. Unificadas aquelas Areas,sendo igual o salArio minimo, In-justo seria a disparidade sala-

190 R.T.J. - 116

rial, para trabalho igual presta-do, As vezes, ao mesmo emprega-dor.

Tanto no referente ao auxilio-doenca, quanto A Lei do Sitio, apreexistencla das clAusulas acon-selham sua manuteneao, mor-mente quando tats vantagens de-rivam de sentencas normativasque homologaram acordos cele-brados entre as partes.

Quer pela falta de prequestio-namento da questAo constitucio-nal, quer pelo desamparo legaldo recurso , hei por bern deindeferi-lo" (Us. 65).

Pelo exposto , adotando como ra-zbes de decidir os fundamentos norespeitavel despacho impugnado,nego seguimento ao presente agra-vo de instrumento .» ( fls. 83/84).No seu agravo regimental , susten-

tam os agravantes , prellminar-mente, que nAo seriam aplicaveis osenunciados 282 e 356 da Sumula,quando se trata, no caso , de recursoordinArio , cuja violacAo orfgtnariaderive de ac6rdao do Egregio Tribu-nal Superior do Trabalho , e que o Su-premo Tribunal Federal deveria pbrfim ((A inutil interposicAo de embar-gos de declaracao que nAo sAo ver-dadeiramente apreciadosn , devendo,por isso, «considerar desnecessarioo prequestionamento se a violacAoconstitucional vat ser argiitda contraa instAncia recursal ordinaria traba-Ihista que a praticoun.

Aduzem que a citada Sumula n?282 nAo diz respeito A violacAo deindole constitucional , e sim a ques-tAo federal, e, de resto, as invocadasforam todas prequestionadas noac6rdao recorrido.

Alegam, ainda , os agravantes, re-batendo os fundamentos deduzidosno despacho presidencial, e por mimadotanos, que o recurso de uma daspartes aproveitaria a outra ; e ser su-flciente para embasar o recurso 0art. 541 do CPC. E, no merito, que a

decisAo agravada, ao julgar justo oaresto recorrido nAo leva a coisa al-guma ; e que nAo hA preexistencia declAusulas de auxillo-doenca, e <Letdo Sitio».

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator ): Sem embargo de reconhe-cer a valia das potideracdes do doutopatrono do agravante , ao agravo 6de ser negado provinento.

Em materia trabalhista , conformeresulta do art. 143 da ConstituicAoFederal, somente havendo violacAoa preceito desta a possivel o recur-so extraordinArio . De outra par-te, firmou-se a jurisprudencia destaCorte no sentido de que, mesmo emse tratando de terra constitucional oinvocado em suporte de recurso ex-traordinArlo hA ele que ser preques-tionado , a teor das Sumulas n?s 282 e356. Nesse sentido e como exemplos:Ag. 91 .720-9 ( AgRg ), sessAo de 24-4-83; RE 96.621-8, sessAo de 30-11-82;RE 97.358-3, em sessAo de 5-8-83; RE98.955 -2, sessAo 8-2-83.

Sustenta o agravante a tese de queexamidando 0 C. Tribunal Superiordo Trabalho, em grau de recurso or-dinArio , a materia sujefta ao seu ree-xame, a qual the a devolvida inte-gralmente , e ocorrendo no julgamento, all, maltrato As normas constitucionais , nAo a de se exigir da parte,ique Interponha embargos declarat6lrios para ve-las debatidas, mormente em se sabendo que aquela alto Corte trabalhista «se limita a dizer que nAo houve violacAo constituclonal alguma , ate porque esta nafora prequestionada no recurso ordinArlou. E acrescenta que, em conegUencia, a interposicab de embargode declaracao se tornou notoriamente desnecessAria e ate mesmprotelat6ria do feito.

R.T.J. - 116

Na verdade , em se tratando de re-curso ordinarlo , a materia estrita-mente de direito a de ser examinadapelo Tribunal , aplicando ele a con-troversia - a igualdade do que cabe-ria ao Juiz fazer - as normas legaispertinentes , embora possam ter sidoelas omitidas na primeira instancia,segundo o principio Tura novit curia.

Entretanto , se o Tribunal nAo apli-ca os dispositovos legais que a parteentende serem aquelas que dao su-perficie a pretensao aluizada, Cabeao assim prejudicado promover se-Jam examinadas , pela via dos em-bargos declaratbrios , para que possaser interposto o recurso extraordina-rlo se o suporte deste foram aquelespreceitos omitidos no ac6rdao recor-rido.

Nao importa que - como alega oagravante - possa o C . Tribunal Su-perior do Trabalho no Julgamentodos embargos de declaraCao apenasdizer que os artigos da ConstltuiCAonAo foram violados , pots 0 que seexige a que pelo menos seu exametenha sido provocado.

Quanto as demais razoes expostasno agravo , desnecessario discuti-las

191

se inexistiu o pressuposto basico eincontornavel do prequestionamentodo tema constituclonal.Pelo exposto , nego provimento ao

agravo.

E o meu voto.EXTRATO DA ATA

Ag 91 . 836 (AgRg)-PE - Rel.: Mi-nistro Aldir Passarinho . Agtes.: Sin-dicato dos Cultivadores de Cana-de-AC6car no Estado de Pernambuco eoutro (Advs.: Harleine Gueiros Ber-nardes Dias, Hugo Gueiros Bernar-des e outros). Agdos.: Sindicato dosTrabalhadores Rurais da Carpina eoutros (Adv.: Ulisses Riedel de Re-sende).DecisAo : Negado provimento so

agravo regimental . UnAnime.Presldencia do Senhor Ministro

Djaci Falcao . Presentes a SessAo osSenhores Ministros Moreira Alves,Decio Miranda, Aldir Passinho eFrancisco Rezek. Subprocurador-Geral da Rep6blica, Dr. Mauro Let-te,Soares.

Brasilia , 27 de marco de 1984 -Hello Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 93.016 - SE(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.Recorrentes : Olavo Maia Franca e s/mulher - Recorrida: Aliete Teodo-

ro dos Santos.

ACSo de adjudlcaCao compulsdrla. Promessa de compra e venda,irretratAvel . Asao de relntegraCao de posse movida , anterlormente,contra o promitente comprador , tendo como objeto o mesmo im6vel,por fllhos e genro da promitente vendedora . Na aCao possessSrla, tolJulgado nulo o contrato de promessa de compra e venda . Ac6rdao quedeu pela extinCAo do processo de adjudicaCAo compuls6rla, sem Julga-mento do merlto , invocando-se colsa Julgada. C6digo de Processo Ci-vil, art . 267, V. AlegaCao procedente de negativa de vigencla dos arts.469, I e III , e 472. do CPC . Inocorrencla de colsa Julgada a ser acolhl-da na presente demands , em virtude da aCAo possessorla anterior. Aspartes, o pedido e a causa de pedir nAo sao os mesmos , em ambas asaCOes . Recurso extraordlnarto conhecldo e provido , pare atastar acolsa Julgada e determinar Julgue o Tribunal a quo o recurso do au-tor, em seu merito.

192

ACORDAO

R.T.J. - 116

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taquigrAficas, Aunanimidade, conhecer do recurso ethe dar provimento.

Brasilia, 13 de abril de 1984 -Snares Muhoz, Presidente - Ned daSilveira, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Nerl da Silveira (Re-lator): Olavo Mala Franca e sua mu-iher, brasileiros , casados, advogados,residentes na Rua Maria Quiteria, 56,apto . 101, Ipanema , Rio de Janeiro-RJ, ajuizaram ardo de adjudicacaocompuls6ria contra Aliete Teodorodos Santos , perante o Dr. Juiz de Di-reito da Comarca de Nossa Senhoradas Dores , Estado de Sergipe, combase em contrato de promessa decompra e venda de im6vel rural,com clausula de irretratabilidade(Its. 20/21). Julgada improcedente aacao , o MM. Juiz ressalvou aos auto-res o direito de pleitearem da re in-denizac6es , em face do inadimple-mento de obrigacao contratual,acrescidas das cominac6es legais, econdenou os vencidos em 10% de ho-norarios , mats custas processuafs(Its. 184/192).

Apreciando a apelaGAo dos auto-res, a Camara Civil, do Tribunal deJustlca do Estado de Sergipe deci-diu, por unanimidade , acolher a pre-liminar de coisa julgada , extinguin-do o processo , sem apreciacAo domerito, em ac6rdao que guarda a se-guinte ementa ( fls. 230):

«Adjudlcacao Cumpuls6rla. Pedi-do de AdjudicacAo que versa sobreo mesmo im6vel , em razAo de Pr6-Contrato de Compra e Venda, cujoato juridico que o constitui, ja foideclarado nulo ipso jure por unani-

midade pela Camara Civil desteTribunal no Ac6rdAo n? 2.660/79.Aceita unanimemente a preliminarde Coisa Julgada, com a extlncaodo processo».

Irresignados , Olavo Mala Franco esua mulher interpuseram 0 presenterecurso extraordinario , fundamenta-do no art . 119, inciso III, alineas a ed, da Constituicao Federal. Alegamque o aresto recorrido negou vigen-cia ao art . 469, incisos I e III, do C6-digo de Processo Civil, alem de dis-crepar da jurisprudencia do Tribu-nal de Alcada de Minas Gerais, doTribunal de Justlca do Rio Grandedo Sul e deste Tribunal . Sustentamos recorrentes , em resumo, que oacordAo recorrido - ao julgar ex-tinto o processo - deu forca de coisajulgada a declaraCao de nulidade daescritura de promessa de compra evenda do im6vel , a qual s6 serviupara motivar o julgamento da acaode reintegracao de posse , julgadaprocedente e versando sobre o mes-mo im6vel . Ainda que, por isso, naose desse pela inexistencia de coisajulgada - a teor da norma prece-dentemente indicada - forcoso serareconhecer que o ac6rdao recorridonao podia dar eficacia preclusiva aoac6rdao 2.660 /79, que apreciou, comoprejudicial , a questao da nulidade dopre-contrato , sem contrariar o art.469, inciso III , do C(5digo de ProcessoCivil (Its. 237/250).

Ap6s a impugnacao , o ilustre Pre-sidente do Tribunal de Justlca do Es-tado de Sergipe considerou vAlfdosos doffs fundamentos apresentados edeu seguimento ao recurso de (fls.264/265).

Razbes dos recorrentes As fls. 267,reportando-se A sustentacAo do ex-traordinario , apresentando a recorri-da as contra-raz6es de Its. 270/272.

Opina a douta Procuradoria-Geralda Republica , As its . 276/279, pelo

R.T.J. - 116 193

nAo conhecimento do recurso on,acaso conhecido , pelo nao provimen-to.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Neil da Stlvetra(Relator ): A douta Procuradoria-Geral da Republica assim apreciou aespecie (Its. 276/278):

1. Olavo Mats Franca e suamulher propuseram acao de adju-dicacao compuls6ria a Aliete Teo-doro dos Santos par terem adquiri-do desta uma Area da Fazenda«Tingub; hoje «Olinda,,, no Mu-nicipio de Nossa Senhora das Do-res, Estado de Sergipe , mediantecontrato de promessa de compra evenda com clAusula de irrevogabi-lidade . Que satisfelta a condicaoinicial, on seja, o pagamento decem mil cruzetros, adentraram napropriedade de comum acordo coma promltente vendedora , ora recor-rida, que delimitou a faixa de terraobjeto da transacao. Acontece quea recorrida s6 possuja 40% na refe-rida propriedade adquirlda par tes-tamento e inventArio que A epOcado contrato se achava em julga-mento . No processo divis6rio nAocoube A promitente vendedora aterra alienada . Houve acao dereintegracao de posse por parte dosdemais cond6minos e a escriturade promessa de compra e vendafoi declarada nula.

2. Decidlu-se na primeira ins-tancia julgar-se improcedente aacao , ressalvando -se aos autores odireito de pleitearem da re, ora re-corrida , indenizacdes, acrescidasde cominacdes legais, em face doinadimplemento da obrigacao con-tratual.

3. Por seu turno , o ac6rdAoimpugnado , acolhendo preliminarde coisa julgada , extingutu o pro-cesso sera aprectacao do merito,fls. 230 , verbis:

«Adjudicacao Cumpuls6rla -Pedido de Adjudicacao Compul-s6ria que versa sobre o mesmoimOvel, em razAo de Pre-contratode compra e venda, cujo atojuridico que o constituiu, JA foideclarado nulo ipso jure por una-nimidade pela Camara Civildeste Tribunal no AcOrdAo n?2.660/79. Aceita unanimemente apreliminar de coisa julgada, coma extincao do processo».

4. Em recurso extraordinAriopelas letra a e d, apontam os re-correntes como violado o art. 469,I, III , do C6digo de Processo Civil,e alegam que o ac6rdao impugna-do deu eficAcia de coisa julgada AmotivacAo , nao A parte dispositiva,de ac6rdAo proferido ern outro pro-cesso . E ainda divergiu de variosjulgados, inclusive , do SupremoTribunal Federal.

5. Inicialmente , temos que em-bora proposta a acao sob o rito su-marissimo , nAo se aplica no recur-so o obstAculo do art. 308, do ante-rior Regimento Interno, tendo emvista que a acao nAo comportavatal procedimento e, assim, a con-trario senso, se naquelas a que orito sumarissimo a obrigat6rio, aparte nao pode escolher o comum,da mesma forma tal entendimentoincide no caso presente , fsto 6, pre-visto o rito ordinario pars a causa,esta nao poderaobedecer ao ritosumarissimo . Alias, este, nAo foirealmente obedecido , conforme de-monstram os autos.

6. No merito, nao se verificaofensa ao art. 469, I, III , do C6digode Processo Civil. 0 pedldo de ad-judicacao compuls6ria versa sobreo mesmo im6vel e fundamentou-seno mesmo contrato de compra evenda , cujo ato juridico que o cons-tituiu JA foi declarado nulo em ra-zAo do pr6prio direito, sendo, as-sim, a acao, em juizo , materia jul-gada . E mats, a afirmativa de que

194 R.T.J. - 116

a colsa julgada se restringe apenasa parte dispositiva da sentenCadeve ser entendida em sentidosubstancial e nao formalistico, demodo que compreenda nao apenasa fase final da sentenCa, mas tam-bem tudo quanto o julz porventurahaja considerado e resolvido acer-ca do pedido feito pelas partes. Osmotivos constituem indispensavelelemento para determinar comexatidao o significado e o alcancedo dispositivo.

7. Ademais, fundada a aCao noart. 639 do C6digo de Processo Ci-vil, verbis, «Se aquele que secomprometeu a concluir um con-trato nAo cumpriu a obrigaCao, aoutra parte, sendo isso possivel enao excluido pelo titulo , podera ob-ter uma sentenCa que produza omesmo efeito do contrato a ser fir-mado>>. - Temos, sem ditvida, queinviavel era mesmo a aCao potsque o titulo em causa , contrato depromessa de compra e venda, JAfora declarado nulo por sentenCajudicial. Portanto, nAo haveria quese Invocar adjudicaCAo compuls6-ria baseada em contrato nulo, titu-lo Inexistente.

8. Depois, decisao que deu ra-zoavelinterpretaCAo A lei nao auto-riza recurso extraordinArio pela Te-tra a , Sumula 400.

9. Pelos mesmos fundamentossupramencionados , as decisoes tra-zidas a confronto nao se aplicam Aespecie, nos termos da Sumula291».

Imitido na posse de terras, objetode contrato de promessa de comprae venda, irretratAvel, veto o autor aperder a posse respectiva , em vir-tude de aCao de reintegracAo deposse que the moveram fflhos e gen-ro dar promitente vendedora.No contrato de promessa de com-

pra e venda , avencara-se assinar adefinitiva escritura de compra e ven-da, logo ap6s o trAnsito em julgado

da sentenCa de partilha dos bens dei-xados por FlAvio de Menezes Prado,que legara 40% de sua fortuna, portestamento, a promitente vendedora.A imissao de posse do autor nasduas mil tarefas sergipanas , objetoda promessa de compra e venda,ocorreu, nas terras da Fazenda Tin-gui, ap6s «delimitada pr6via e parti-cularmente a Area,), vindo a, nas ter-ras, fazer benfeitorias.

Na sentenCa, decidiu -se, as its.190/192:

«Ao lado desses requisitos esta-belecidos pelo Decreto-lei n? 58/37e suas alteraC6es , operam -se os re-quisitos gerais para a validade donegOcio juridico que, em verdade,nAo foram observados no caso emjulgamento , colhendo, substancial-mente , os seus efeitos e, em conse-giiencia , invalidando a sua eficAciapars o fim pretendtdo , nesta aCao,vez que, na esp6cie , nAo se podenegar vigencia dos arts . 82 e 633,do C6digo Civil.

E que, aqua, conforme de-preende-se da leitura do proces-so, a promitente vendedora, oraR6, ao tempo da celebraCAo docontrato, nao possuia o bem pro-metido a venda como proprietarfaexclusiva, visto que o possuia jun-tamente com outros, em con-dominio, em comunhao, hipoteseem que nao poderia dar posse, useou gozo da propriedade para estra-nhos, sem pr6vto consenso dos ou-tros , tal como , alias, expressa-mfnte disp6e o art. 633, do C6digoCivil, circunstAncla essa nao des-conhecida da R6 , que foi advertidapelo seu ex-advogado , conformeexpressa o depoimento de fls. 162,assumindo , por@m , o risco para aconsecaCAo do neg6cio , imaginan-do contar com a aquiesc@ncia dosdemais condominos , posterlormen-te, o que nao ocorreu, em absolu-to, conforme mostram os autos e es-clarecido no seu depolmento pes-

R.T.J. - 116

soal ( fls. 111 ), quando afirma queimitiu os Autores na posse da arealitigiosa, sem o previo consenti-mento dos seus filhos , que, inclu-sive, nem tomaram conhecimentodas demarcaC6es.

Proibindo, a lei, que o cond6minotransfira a estranhos a posse, o useou o gozo da propriedade, sem oprevio consentimento dos outroscondominos, nao a licito so Judi-ciario substituir a promitente ven-dedora em obrigaCao que nAo eperfeitamente fungivel , porquantodepende de condigao: 0 consenti-mento previo dos demais con-d6minos, pelo que a adjudicaCaocompulsoria e inviavel.

Atnda, mesmo que os condOmi-nos houvessern consentido , previa-mente, corn a efetivaCAo do negO-cio juridico, de que trata o menclo-nado contrato , a adjudlcaCAO com-puis6ria postulada nao poderia serdeferida, porque, no processo divi-s6rio a promitente vendedora nAoficou aquinhgada com o im6vel, ob-jeto do contrato, registrando-se, al,que a Re assumiu outro risco naconsecuCAo do ato juridico, isso,alias, assinalado na pr6pria contes-taCAo , quando afirma que suporiade que a area prometida a vendaintegralizaria o seu quinhao comolegataria de Flavio de MenezesPrado, valendo ressaltar que, Imi-tindo os autores na posse transa-cionada, obrigou-se corn a repara-Cao dos danos que poderiam sercausados corn a nao realizaCao de-fintiva do contratado , levando-seem conta que as benfeitorias, poreles, produzidas no im6vel, foramde boa ft, desde que tinham con-vicCAo do cumprimento integral dopacto, conforme , sobejamente, de-monstrado nos autos.

Com efeito, a doutrina firmou po-siCao no sentido de que - «a ven-

195

da, em tats condiC6es , s6 prevalecese, eventualmente , no decorrer doprocesso divis6rio , o quinhao docondomino vendedor vier a cons-tituir-se precisamente da parteobjetivada no contrato de com-pra e venda. A alienaCAo sera, por-tanto , condicional: subsistira se,na divisao ulterior, coincidir oquinhao atribuido so vendedor como que havia alienado so adqui-rente. Na hip6tese inversa, o neg6-cio ficara desfeito» - Washingtonde Barros Monteiro , in Curso deDiretto Civil , 3? vol., pag. 204.

Assim , desde que haja condiC6esImpostas pela Lei, fica afastada ahip6tese de poder o Juiz, em subs-titulCAo a promitente vendedora,mandar expedir ordem para adju-dicaCAo compuls6ria.

Diante do exposto, jingo impro-cedente a aCAo, ressalvando aosAutores, no entanto, como ; alias,nao podia deixar de ser , o direitode pleltearem daRe indenizaC6es,acrescidas das cominaC6es legais,em face do inadimplemento daobrigaCao contratual , pagos pelosvencidos honorarios de dez porcento sobre o valor da causa, macscustasn.

O ac6rdao acolheu prellminar decoisa julgada , extinguindo o proces-so, sem apreciaCao do merlto. Fe-lo,com estes fundamentos (fis. 235/236):

cFeito o relatOrio , cabe-nos nestsoportunidade , levantar a prelimi-nar de Coisa Julgada, na forma doque dispOe o art . 267, V, do C6digode Processo Civil, de vez que deveo julgador, quando se apresentar ocaso de extinCao do processo,declara -lo. SenAo vejamos: Ante-riormente a presente ACAo de Ad-judicaSao Compuls6rla , os filhos egenro da ora apelada intentaram

196 R.T.J. - 116

uma ACao de ReintegraCao dePosse, do im6vel sobre o qual osapelantes ocupavam em virtude deum Contrato de Promessa de Com-pra e Venda firmado entre a apela-da, promitente vendedora, e osapelantes . A referida ACao deReintegraCao de Posse, foijulgadaprocedente, tendo os autores dapresente ACao de AdjudicaCaoCompuls6ria apelado daquele jul-gamento, que ensejou o Ac6rdao n?2.660 /79, que teve Como Relator, oDes. Jose Fernandes Prado Vas-concelos; a para melhor comprova-cAo do alegado e da preliminar,ora levantada, vale seja transcritaa conclusao do Ac6rdao em apreCo:

<<Os apelados, diante da nuli-dade do ato , pleitearam e obtive-ram a reintegraCAo do im6vel.Possibilidade Juridica contra aqual se rebelam os apelantes porentenderem que, para tanto, eranecessario aCao anulat6ria docontrato . Nao vislumbraram,contudo , a nulidade absoluta doato juridico.

Ora, da forma Como foi proce-dida a transaCao , indiscutivel e asua nulidade. A hip6tese se ajus-ta a um daqueles casos enumera-dos no art. 145, do C6digo Civil, Ie IV.

Com uma agravante. A de que,sendo um dos cond6minos menore conflitando os seus interessescom o de sua genitora inventa-riante, a promessa de venda ja-mais poderia ser realizada daforma Como se procedeu. Ato nu-lo ipso jure , Como o define Marti-nho Garcez, que qualquer pessoaon interessado, inclusive o Minis-terio Publico pode alegar - Nel-son Godai Dower - Curso Reno-vado de Direlto Civil - parte ge-ral.

Alem do macs, se permissive]fosse, aos condbminos assistiriaa preferencia em Igualdade decondie6es.

Procedendo Como procedeu ainventariante, genitora dos me-nores, ensejou a nulidade quenao pode deixar de ser reconheci-da nesta Superior InstAncia>).

Pelo exposto, a Camara Civet, Aunanimidade , reconheceu a nuli-dade, de pleno direito, do Contratode Promessa de Compra e Vendafirmado entre os apelantes da pre-sente aCao e a apelada.

Na coisa julgada , sua extensAo,sao seus limites objettvos e subjeti-vos que devem ser considerados.Rattans, cita Pedro Martins Batis-ta quando diz: «Ao Juiz em cadacaso concreto delegou a lei a impor-tante e delicada tarefa de averi-guar se a questao que se suscita seacha on nao implicitamente decidi-da noutro processo. Mats adiantediz Raitani no seu 1? vol. dePratica de Processo Civil - «Nao6, portanto, a natureza da aCao quedarA os elementos necessSrios pa-ra que se afirme on negue a forma-Cao da res judicata , ado as rela-C6es juridicas que nelas sao debati-das e decididas, com base nas pro-vas oferecidas que the conformamo vinculo; e cita Gogliolo, paraquem», quando a relaCAo juridicapedida na causa 6 ldentica A rela-cAo anteriormente julgada e ambas nascem do mesmo fato, Cabe aexceCAo da Coisa Julgada'>.

Assim, quando um determinadodocumento JA foi constderado vAll-do ou nulo, em sentenCa anterior-mente' prolatada , nao se pode dis-cutir a respeito do valor do mesmoem outro processo.

O presente pedido de Adjudica-Cao Compuls6ria versa sobre o

R.T.J. - 116

mesmo imOvel , e fundamentando-se no mesmo contrato de compra evenda, cujo ato juridico que o cons-tltulu ja foi declarado nulo ipsoJura, constituindo , assim, a aCaosub judice , materia julgada ense-jando na forma do art . 267, item V,do C6digo de Processo Civil, a pre-Iiminar suscitada e em consegnen-cia a extinCAo do pedido , sem jul-gamento de merito.

Isto posto;

Acordam, a unanimidade, osmembros da Camara Civil, acolhera preliminar de Colsa Julgada, fi-cando em consequencia extinto 0processo , sem apreciaGAo do meri-to)).

No apelo extremo , alega-se negatf-va de vigencia do art . 469, I e III, doCPC, verbis:

((Art. 469. NAo fazem coisa jul-gada:

I - os motivos , ainda que im-portantes para determinar o al-cance da parte dispositiva da sen-tenCa;

III - a aprecfaCAo da questaoprejudicial, decidida incidente-mente no processo)).

Invocada a coisa julgada , no ac6r-dAo, originariamente , nAo ha, no ca-so, como exigir pr6vio prequesttona-mento dos dispositivos , acerca dacoisa julgada , que se tem como vul-nerados pelo ac6rdao.

Inocorre , entretanto , Coisa julgadaa ser acolhida, na aCao ora emexame. De fato, segundo o artigo472, do CPC, a sentenCa faz coisa jul-gada as partes entre as quais 6 da-da, nao beneflciando nem prejudi-cando terceiros. E certo que os re-correntes foram reus na aCao derelntegraCao de posse movida pelosfllhos e genro da ora re e recorrida.Assim , as partes nao sao as mesmasnas duas aCOes . Desde logo, pots,

197

nao haveria falar em coisa julgada.Tamb6m o pedido nao 6 o mesmo.Na aCao de relntegraCao , o felto erapossessbrio ; na presente aCao, vindi-cam os autores adjudicaCao compul-s6ria , em razao da promessa decompra e venda , irretratAvel.Colima-se, assim , o dominio sobre otrato de terras, objeto da aCao pos-sess6ria . A causa petendi , na aCaorefntegrat6ria , era o esbulho, NaaCao ora proposta , pretende-se cum-pra a r6 obrigaCao de fazer , ut art.639, do CPC. NAo ha, dessarte, falarem identidade das duas causal; pornao concorrerem os elementos a tan-to.

NAo 6 possivel , dessa maneira,deixar de admitir que o ac6rdao, emdecidlndo como fez, negou vigenciaso art . 472 do CPC e been assim aoart. 469. I e III, do mesmo diplomaprocessual.

ConheCo do recurso e the dou pro-vimento, para afastar a coisa julga-da e determinar julgue o Tribunal aquo o recurso , em seu merito.

EXTRATO DA ATA

RE 93 .016-SE - Rel.: Ministro Ne-rl da Stlveira . Rectes .: Olavo MalaFranca e s/mulher (Advs.: Jose Au-gusto Siqueira e outros). Recdo.:Aliete Teodoro dos Santos (Adv.: Ne-tonlo B. Machado).

Decisao : Conheceu-se do recurso ese the den provimento. DecisAo unA-nime.

Presidencla do Senhor MinistroSnares Munoz . Presentes a Sessao osSenhores Ministro, Rafael Mayer,Ned da Silveira , Alfredo Buzaid eOscar Correa. Subprocurador-Ge-ral da Republica, Dr. Francisco deAssis Toledo.

Brasilia, 13 de abril de 1984 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

198 R.T.J. - 116

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 94.219 - SP(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.Recorrente: Litocromo Aries Graficas Lida . - Recorrido : Estado de SAo

Paulo.

ISS e 1CM. Ficam sujeltos , apenas, so ISS e nAo so ICM , os servi-cos de tlpograffas e empresas graficas, que confeccionam impressospor encomenda de fregues e individualizados para use dente . Prece-dences do STF. NAo cabe , tambem , distincAo entre Eases de composi-cAo e ImpressAo graficas , na defmicAo do tributo devido . Precedentesdo STF. Caso concreto , entretanto , em que o ac6rdAo, examinando asatividades da empresa , teve em conta tratar-se de producAo Indus-trial, nAo havendo prova de dedicar -se, apenas , a prestacAo de servl-cos de composicAo e impressAo graficas , por encomenda de fregue-ses, considerando , ainda , ser a execucAo fiscal concernente a ICM de-clarado pela firma, nao cabendo , segundo o aresto , afastar, desde lo-go, a possib111dade de ester a empress executando atividades sujeltasso ICM . Hip6tese em que, dlante das conclusbes do ac6rdAo , baseadanas provas , nao a possivel acolher alegacAo de ofensa so art . 24, II,da ConstitulcAo , e negatlva de vigencia do art . 8?, do Decreto-let n?406/1968 , na redacAo do Decreto-lel n° 834 /1969 . Precedentes do STF,acerca dos limites da exciusiva mcldencla do ISS , na especle. (RREE94.052-RJ e 94.375-DF). SUmula 279. Recurso extraordmarlo nMoconhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taqulgraficas, aunanimidade, nAo conhecer do recur-so extraordinarlo.

Brasilia, 24 de marco de 1983 -Soares Mufloz Presidente -Nerl daSilveira, Relator.

RELATORIO

O Senhor Ministro Nerl da Silveira(Relator): Litocromo Aries GrAficasLida. opds embargos a execucao fis-cal ajuizada pela Fazenda do Estadode Sao Paulo, que pretendia recebero valor de Cr8 78.582,14, relativo adeblto da empresa resultante de inci-dencia do Imposto de Clrculacao deMercadorias , conforme certidao dedivida ativa na folha 03 do apenso.

Sustentou a embargante ser ine-xlgivel o mencionado tributo, de vezque, dedicada ao ramo das graficas,deve, exclusivamente , ao fisco, o Im-posto sobre Servisos.

Os embargos foram julgados im-procedentes, por sentenga do MM.Juiz de Direlto da 5' Vara Privativados Feltos da Fazenda Estadual (fls.163/168, do 1? vol.).

A Sexta Camara do Primeiro Tri-bunal de Algada Civil negou provi-mento a apelaSao da empresa, man-tendo a sentenca de 1? grau, emac6rdao que esta as fls. 210/213.

Inconformada com essa decisaocoleglada , interp6s a apelante recur-so extraordinario ( fls. 215/216), combase no art . 119, item III, alines a ed, da ConstituiGao Federal, susten-tando que o ac6rdao recorrido violoua regra do art . 24, item II , da Constf-tulsao Federal , bem assim o art. 8?,

R.T.J. - 116

do Decreto-lel n? 406, de 31-12-68, naredaCao dada pelo Decreto -let n? 384,de 8-9-69.

Impugnado o apelo pela Fazendado Estado ( fls. 218/220), restou inad-mitido o recurso , por despacho dollustre Vice-Presidente daquela Cor-te estadual , com base nas Sumu-las 279 e 400, afirmando , ainda, que ovalor dado a causa nao autorizava aabertura da inst6ncia extraordinA-ria, inocorrendo qualquer das ressal-vas do Caput do art . 308, do Regi-mento Interno anterior, aplicavel Aespecie, nao havendo, tambem, a re-corrente demonstrado dissidio preto-riano , na forma regimental (fls.222/224).

For despacho do eminente Minis-tro Leltao de Abreu , no Agravo deInstrumento n? 80.652, em apenso,subiu o apelo , devidamente proces-sado , Paramelhor exame - f1s. 96.Raz6es da recorrente As f1s. 235,

apresentando a recorrida suas con-tra-razbes de f1s .239/241.

Oficiando no feito, opinou a doutaProcuradoria -Geral da Republica, Asfls. 246/248, pelo conhecimento e pro-vimento do recurso, em face do JAdecidido por este Tribunal no RE95.185, . do qual ful relator, e no REn? 95.954, Relator o eminente Mints-tro Cordeiro Guerra.

E o relat6rio.

VOTO

0 Sr. Ministro Nert da Sliveira(Relator ): E certo , como proclamouo parecer da douta Procuradorla-Geral da Republica , que este Tribu-nal firmou entendimento de os servl-Cos de tipografias on empresas grAfl-cas, que confeccionam impressospor encomenda de fregues e indivi-duallzados pars use deste , ficaremsujeitos apenas so ISS e nao ao ICM.

Examinando a especie , live ensejode asslm votar no RE 95 . 185-7, comoRelator:

199

<ConheCo do recurso e the douprovimento.

FaCo-o na conformidade daorlentaCAo adotada pelo SupremoTribunal Federal , que nao consa-gra a dlstinCao estabelecida noac6rdao recorrido , entre compost-Cao e impressao grAficas.

Em verdade , JA a 18-6-1976, noRE n? 84 . 387/SP , indicado comoparadigms , a colenda SegundaTurma, Relator o eminente Minis-tro Thompson Flores, recusou essadlstlnCao, entAo pretendida no pa-recer da Procuradorla -Geral daRepublica , afirmando:

2. Penso nAo assistir razaoso parecer transcrlto da doutaProcuradoria-Geral da Republi-ca. Introduz ele distinCbes aoprocesso da composiCAo graflca,estatuindo fases pars Justiftcar,tambem , a incidencia do ICM.

Todavia, a lei nao fez,nem ex-pressa, nem implicitamente, e ocriterio adotado pelo legislador,atraves do Decreto-lei n? 406/1968, art. 1? alterando o C6digoTributArio Nacional, afastou apossibilidade, salvo quando ex-cepcionar.

3. Corn efeito.

A ConstltuiCao , em seu art. 24,II, atribui dito imposto ao Mu-nicipio, com as ressalvas finalsque introduziu.

Dispbe 0 citado art. 8?, $ 1":((Art. 8? 0 imposto , de compe-

tencia dos Municipios , sobre ser-viCos de qualquer natureza, terncomo fato gerador a prestaCAo,por empresa ou profissional autb-nomo , com on sem estabeleci-mento fixo , de servlCo da listaanexa.

§ 1? Os servigos Incluidos nalista ficam sujeitos apenas so im-posto previsto neste art., aindaque sua prestaCAo envolva forne-cimento de mercadorias.»

200 R.T.J. - 116

«Adveio o Decreto-lei n? 634/-1969, alterando a lista dos ser-viCos, prevista no Decreto-lei n?406/1968.

Eta a taxativa , nao tolerandoISS, a nao ser nas hip6teses quecontempla, com a exclusao deoutros . Quando o admitia, se fa-zia expressa, como sucedia na ta-bela primitiva , Itens X e XXI, pe-to fornecimento de alimentos ebebidas e outras mercadorias pe-las casas de divers6es, hotels ehospedarias . A vigente relaCAo janao introduz as ressalvas , melho-rando a posiCao do Municiplo(Baleetro, Direlto TrlbutarloBrasilelro , ed. 7?, 1975, pag. 264).Assam , nos casos de tipografia,posto que empreguem nos seusserviCos tinta, papel e ingredien-tes outros , ficam eles absorvidoscom a impressao realizada; per-dem o seu valor comercial; nAosao eles vendidos como bens cor-p6reos, merecendo , pots, tributa-do o serviCo prestado , o qual, Co-mo a expressa a lei, afasta a in-cidencia de outros » ( in RTJ, vol84, pags. 582 e 573).

NAo fot objeto de discussAo noac6rdao recorrido , outrossim, se acomposiCao e lmpressAo graficasse fazem medtante encomendas defregues e impressos tndividualiza-dos para use deste , mas nestestermos, esta o pedido as inictal eassim conslderou a concessAo dowrit a sentenCa.

No particular , a orlentaCAo deambas as Turmas deste colendoTribunal firmou-se no sentido deque os serviCos de composiCao gra-fica, compreendendo a impressaode notas fiscais, fichas, talOes, car-Wes etc ., feitos sobre encomenda,nAo estao sujettos ao ICM, mas,apenas, ao ISS (RREE n?s, 91.562,92.161, 92.927, dentre outros).

A mesma linha de entendimento,tambem , esta mantida no RE n?

94.052-RJ, cujo ac6rdAo, de que Re-lator o eminente Ministro ' DecfoMiranda, tem esta ementa:

uTriburarto. Imposto sobre Cir-culaSao de Mercadorlas . ImpostosobreServlgos. Somente a esteultimo, nao ao primeiro , estAosujeltos os serviCos de tipograEtas ou empresas graficas, queconfeccionam impressos por en-comenda do fregues e indlvidua-lizados para use deste . Entendi-mento e aplicaCao do art . 8?, § 1?,do Decreto-lei n? 406, de 31 -12-68,c/c o n? 53 da lista de serviCosanexa ao Decreto-lei n? 834, de 8-9-969.»For igual , decidiu a colenda Se-

gunda Turma, no RE n? 92.481, a 8-9-1981 ( DJ, de 2-10-1981 , pag. 9776)e no RE n ? 94.959-RJ , a 28-8-1981,Relator o Ministro Moreira Alves,in DJ, de 9-10-1981, pags . 10058.

Adotando identica compreensAoda especie , assim votei nos Recur-sos Extraordinarlos n? 94.498,94.805 e 94 .939 todos do Rio de Ja-neiro.))

No caso concreto , todavia , o ac6r-dao, embora reconhecendo a exclusi-va lncidencia do ISS, nos serviCos detipografia e composiCao grafica, naoacolheu o recurso da embargante,pelos seguintes fundamentos, a par-tir das pecultaridades de fato eviden-ciadas pela prova ( fls. 210/212):

«Duvida nao ha de que as ativi-dades relacionadas a composiCaografica , envolvendo uma tipicaprestaCao de serviCos , estAo sujef-tas ao imposto municipal tao-somente ( item 53 da lista anexa aoDecreto-lei n? 406, de 31 -12-68, comas modiftcaCOes introduzidas peloDecreto-let n? 834 , de 8-9-69).

Todavia , em se tratando de em^presas que,alem da prestaCao de'serviCos concernentes ao ramo datipografia, exercern concomitants

{mente outras atividades de carater

R.T.J. - 116 201

comercial ou industrial , exigivel eo tributo pelas opera06es caracte-rizadoras da circulaCao de merca-dorias.

Na especie , nAo ficou perfeita-mente demarcado o tipo de ativi-dade a que a apelante se dedica.Alem de prestar serviCos a tercei-ros, aceitando encomendas paraa confecedo de impressos (fls.70/77), verifica-se pelo instrumentode constituiCao da sociedade que oseu objeto e a ((exploraedo do ramode indfistria grafica )) ( fls. 8), ex-press6es de sentido amplo que po-dem compreender as atos de co-mercio em geral, dos quaffs resultea saida de produtos sujeitos aoICM e ao IPI.

Enquanto no primeiro caso, pe-los serviCos prestados a terceiros,6 sempre possivel a identificaCaoda figura do contratante , no casode produCao industrial de merca-dorias , o beneficiario Ultimo do im-presso nAo 6 conhecido ou identifi-cavel.

((As maiores dificuldades de se-paraCao adv@m, portanto , da gran-de variedade das hip6teses inter-ligadas de prestaCao de serviCose fornecimento de mercadorias,sem que se tenha encontrado na le-gislaCao uma norma perfeita dedlstinCao ou prevalecimento. 0exame casuistico se apresenta in-dispensavel a opCao por um ou ou-tro dos tributos , uma vez que a in-cid@ncia de um exclua a do outro,nos termos do citado art. 8?, doDecreto-lei n? 834 , de 1969)) (RT n?495/133).

Ora, nao obstante tenha a periciaconcluido que, no caso dos autos, aapelante preste serviCos de compo-siCao grafica , nao ficou positivadoque as atividades por ela executa-das sejam exclusivamente de com-posiCao grafica . Faltou o esclareci-mento em torno de outras opera-cUes eventualmente realizadas pe-

la apelante, que a possam sujeitarao ICM , como sugeriu a Fazendaao impugnar os embargos ( fls. 39).

E verdade que nenhuma indaga-Cao a respeito foi formulada pelaspartes ao perito. Mas con-siderando-se a certidao de djvi-da, alusiva ao debito declarado doICM, nao se pode descartar apriori a possibilidade de estar aapelante executando operaC6es re-lativas a circulaCao de mercado-rias.

Em suma , porque nao provada aatividade exclusiva de prestaCaode serviCos a terceiros, deve a ape-lante recolher o ICM no periodo as-sinalado na certidao.

Outrossim, como nenhuma ale-gaCao contraria a pretensAo fiscalfol argilida nos embargos , acerta-da foi a decisao que os rejeitou.

Para confirmar a r. sentenCa re-corrida , embora por outros funda-mentos , negam provimento ao ape-10.n

Reconheceu, ademais, explicita-mente, no caso o voto condutor doac6rdao, as f1s. 213:

((Exerce a apelante atividade ti-picamente industrial , sobre a qualincide o tributo estadual (ICM),objeto de execuCao fiscal, e ado 0imposto municipal ( ISS).»

Embora nao caiba a distinrAo en-tre as fases de composiCao e impres-sao graficas, na definiedo do tributodevido, como se tern afirmado nestsCorte (RREE n?s 84.387, RTJ 84/582;94.498, 94.805 , 94.939 , 94.052 e 95.185-7/RJ, dentre outros), certo 6 que,tambem, se vem decidindo no senti-do de reconhecer que somente ao ISSestao sujeitos os serviCos de tipogra-fias ou empresas graficas, que con-fecclonam impressos por encomendado fregues e individualizados parause deste ( RREE nos 95.185/RJ,91.562, 92.161, 92.927 e 94.052, dentreoutros).

202 R .T.J. - 116

No caso concreto , como referido, oac6rdao, examinando as atividadesda recorrente , teve em conta tratar-se de produCAo industrial , nAo ha-vendo prova de dedicar-se, apenas, aprestaCao de serviCos de composicaoe impressao graficas , por encomen-da dos fregueses, hip6tese em que oISS seria o tributo a cobrar-se e naoo ICM . Considerou , tambem, que aexecuCao a alusiva a d6bito declara-do do ICM , nao se podendo, assim,descartar a priori a possibilidade

de estar a apelante executando ope-racoes relativas a circulacao demercadorias». Anotou , ainda, o ac6r-dao que , nos embargos , nenhumaalegacao contraria A pretensAo fiscalfoi argiiida . Dai a confirmaCao dasentenca . Em face da Sumula n? 279,nao cabe reexaminar esses fatos eprovas em torno das atividades darecorrente e sua forma de atuaCao.

Assim como postos os fatos noaresto recorrido , nao cabe conhecerdo recurso , alegando-se ofensa aoart. 24, II, da ConstituiCAo , e negati-va de vig@ncia do art . 8?, do Decreto-lei n? 406/ 1968 , na redacao doDecreto-lei n? 834/1969.

Em realidade no RE n ? 94.052/RJ,a Segunda Turma, Relator o Minis-tro Decio Miranda teve ensejo de de-monstrar os limites da exclusiva in-cidencia do ISS, na especie , ao ano-tar:

«A jurisprudencia desta Corte seatem a que , na confecCao de im-pressos sob encomenda e para usepr6prio e exclusivo do comprador,ocorre operaCao sejeita an ISS, emque o fornecimento de material,nela envolvido , e dispensado doICM.

E claro que a concessao da segu-ranca a feita em tats termos e as-sim nAo impede a taxaCao peloICM das operacbes tipicas de ven-das de impressos de, use geral. Amesma empresa pode ter as duasespecies de operaCao , a da confec-

Cao de impressos sob encomenda epara use pr6prio do encomendante,operaCao sujeita a ISS e imune aoICM quanto ao material emprega-do, a da confecCao e venda de Im-pressos para use geral, aqui apli-cavel o ICM sobre o valor total doproduto final , envolvendo tanto 0custo de materials , quanto o damao-de-obra nele aplicada.»

Na mesma linha , esta Turma deci-diu no RE 94 .375-7/DF, de que fulRelator , a 3-11 -1981, constando daementa do aresto os seguintes pas-sos:

"Caso em que as instancias ordi-narias concluiram nao se tratarapenas de prestaCao de servicos,reconhecendo a iliquidez dos fatos.E certo que nem toda operaCao dasindustrias graficas esta sujeita,tao-s6 , ao imposto sobre serviCos,como ficou reconhecido nos RREEn?s 94 . 052 e 92 . 481/RJ . Tern o Su-premo Tribunal Federal decididoque estao sujeitas somente ao ISSos servicos de tipografias ou em-presas graficas , que confeccionamimpressos por encomenda do fre-gues e individualizados para usedeste . Na hip6tese dos autos, emface das particularidades aponta-das nas decisoes das instancias or-dinarlas, a via mandamental naose entremostra como adequada,efetivamente , a dirimir a contro-versia.,,

De outra parte , a alegacao deofensa a Constituicdo (art. 24, II)nAo foi ventilada no ac6rd5o recorri-do (fls . 210/212 ), nem em embargosde declaraCao , aplicando-se, assim,as SUmulas n? s 282 e 356.

Afastado o tema constitucional enao havendo sequer argfiiCao de re-levAncia da questao federal , o recur-so extraordinario encontra bbice noart. 308 , VIII , do anterior RegimentoInterno, aplicAvel an caso. 0 va-lor da causa ( Cr$ 78 . 582,14 ) a inferi-or a cem vezes o MSMVP (Cr$

R.T.J. - 116

110.640,00 ), A data do aforamento daaCSo , em 30-9-1977 , quando em vigoro Decreto n? 79.610 /1977 , sendo uni-formes as decisOes das instancias or-dinarias.

Do exposto , nao conheeo do recur-so.

EXTRATO DA ATA

RE 94 .219-SP - Rel.: Min . Neri daSilveira. Recte.: Litocromo AriesGraficas Lida. (Advs.: Benedicto daSilveira Godoy e outros). Recdo.: Es-tado de Sao Paulo. (Adv.: Heloisa deMello Eigenneer).

203

Decisao : Nao se conheceu do re-curso extraordin5rio . Decisao una-nime.

Presidencia do Senhor MinistroSoares Munoz. Presentes A Sessao osSenhores Ministros, Rafael Mayer,Neri da Silveira e Oscar Correa. Au-sente, justificadamente, o SenhorMinistro Alfredo Buzaid . Subpro-curador-Geral da Republica, Dr.Francisco de Assis Toledo.

Brasilia , 24 de marCo de 1983 -AntOnlo Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 96.058 - PR(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Recorrentes: Dante Salvadori e outros - Recorridos: Lirlo Maggionl e

sua mulher.

Civil.Relvindicatdrla . Loteamento rural.Ilegltimidade dos relvindlcantes.

RelvindicacAo do proprletArto de um lote de parte do lote vizinho,sob o tundamento de que , no loteamento , the fora vendida Area malor.Veriflcat Ao pericial de que o lote vizinho tambAm nao possuta a Areaque constara da venda feita . Descabimento da eliminagAo do prejuizode um com o aumento do prejuizo do outro, o vizlnho . NAo hA quefalar-se em precedencla no registro de titulos de um lote sobre o outrose a venda de cada um foi felts , indlvidualizadamente , com partes au-tOnomas de um loteamento. E se sequer foi citado pare a agAo o pro-prietArio do lote contlguo , resultante de subdivisAo do prlmitivo lotedos reus, nao poderla atingi-lo, sentenga em agao da qual ele nao par-ticipara.

AcordAos trazidos a confronto , pare dar base ao extraordinArlo,pela letra o& do art . 119, III , da C.F ., nao podem ser considerados senao dlscutem a tese dos autos.

ACORDAO gunda Turma , na conformidade daVistos, relatados e discutidos estes ata do julgamento e das notas taqui-

autos , acordam os Ministros do Su- graficas , por unanimidade de votos,premo Tribunal Federal , por sua Se- nao conhecer do recurso.

204 R.T.J. - 116

Brasilia, 9 de abril de 1985 - DjaclFaIcAo , Presidente - Aldir Pas-sarinho , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator ): Trata -se de aCao reivindi-cat6ria cumulada com aCao de inde-nizaCao aforada por Dante Salvadorte outros contra Lirio Maggioni e suamulher , com vistas a restituiCao deuma area integrante de sua proprie-dade , ocupada pelos reus , segundoentendeu, indevidamente, e com res-sarcimento dos prejuizos que lhes te-ria causado tal ocupac5o.

O MM. Juiz a quo julgou proce-dente, em parte, a aCao, concedendoa reivindicat6ria, com base no artigo524 do C6digo Civil, a fim de que osautores possam usar, gozar e disporde seus bens. Negou o pedido cumula-do a consideraCao de que nao havia,nos autos, prova de dano sofrido pe-los autores, e nao havendo, na espe-cie, presuncao legal de dano. 0 ale-gado prejuizo dos autores, on o quedeixaram de ganhar dependeriasempre de provas cabals. Ademais, aposse dos reus nao tinha sido injusta,o que os pr6prios autores reconhece-ram, ao dizerem sobre a aCao pos-sess6ria em que haviam lido vitorto-sos os reus e sucumbentes os auto-res. Entendeu, por6m, o MM. Juizque outro aspecto era o da responsa-bilidade dos reus por perdas e danos,em face de ausencia de nomeaCao aautoria, conforme o disposto no art.69, do C6digo de Processo Civil.

Assim, a sentenCa, embora tenhajulgado procedente a reivindicat6ria,negou o pedido de indenizaCao, masadmitiu que os reus respondessempor perdas e danos, Segundo o pre-visto no aludido dispositivo da lei

processual, sendo proporcional acondenaCao em custas e honorarlosde advogado.

Nao se conformando com a senten-Ca, apelaram os reus. A 1' CamaraCivel do Tribunal de JustiCa do Esta-do do Parana deu provimento aoapelo , para julgar totalmente impro-cedente a aCao e condenar os auto-res ao pagamento das despesas doprocesso e honorarios advocaticios,fixados em 20% sobre o. valor daaCao.

0 ac6rdao guarda a seguinteementa (fls. 236):

((ACao reivindicat6ria.

Loteamento rural . Adquirente delote que, verificando falta de areaem seu im6vel , reivindica o equi-valente do proprietarto de lote vizi-nho. Verificacao pericial da ocor-rencla de falta de area tamb6mnesse im6vel.

As imperfeiC6es de traCado doslotes, as faltas de area resultantesde erro na conducao das linhas di-vis6rias, nao se resolvem entre osadquiregtes, pela atribui0ao a unsda area adquirida pelos outros. AsoluCao para o caso e a que seacha prevista nos artigos 1.136,1.114 e 1.105 do C6digo Civil».

Inconformados, recorreram ex-traordinariamente os autores, comamparo nas tetras a e d da permis-sao constitucional , alegando que o v.ac6rdao recorrido negou vigenciaaos artigos 524 e 859 , ambos do C6di-go Civil, e divergiu de julgado deltaCorte, bem Como de outros Tribunalsque indicam.

Afirmam os recorrentes que nosautos ficou plenamente provada aanterioridade da aquisiCao da areareivindicanda , eis que obtiveram atranscriCAo de seu titulo em 15-2-71,

R.T.J. -- 116 205

enquanto os recorridos , somente nocurso da acao , 15-12-76, a que conse-guiram transcrever o seu titulo aqui-sitivo . Assim , deixando de acolher apretensao inicial , a despetto de pro-vado a saciedade e dominio dos rei-vindicantes , e provada ainda a posseinjusta dos recorridos ate por inspe-cao judicial, o v. aresto, negou, evi-dentemnte , vigencla aos dispositivoslegais aludidos.

Inadmitido o recurso , agravaramos recorrentes. Provido o agravo, su-biram os autos a esta Corte.

Ouvida, manifestou-se a Douta Pro-curadoria-Geral da Republica pe-to nAo conhecimento do recurso.

E este o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): Como salientado na parteexpositiva do v. ac6rdao Impugnado,os autores reivindicam uma area de34 hectares de que se encontrariadesfalcado o lote n? 512 do im6velFazenda Santa Maria, adquirldo deSalvadori S.A. - Industria e Comer-cio de Madeiras que, por sua vez, oadquirira de L. Liscio & Cia. Ltda.,sucessora de Industrias Cama Pa-tente L. Liscio S.A. 0 tote 512 teriasido adquirldo pelos autores , Ora re-correntes, com a area de 150 alquei-res e teria sido Invadido pelos reus,ora recorridos , possuidores do lotecontiguo n? 511, subdividido em tres,um dos quaffs , o identificado por 511-B, se acha na divisa com a area dosautores.

propor a acao reivindicat6ria, os au-tores deverlam ter certeza de que os34 hectares faltantes do seu tote 512sobravam do lote conttguo. Sem essacerteza, o que Ihes cabia era promo-verem a(;ao demarcat6ria , e o que seevidenciara da acao era aus@nciadessa certeza . A pericia, ao contra-rio, demonstrara que a condicao ba-sica para a procedencia do pedidonao se verificara , pots a area reivin-dicanda nao se encontrava no lote vi-zinho , pelo que a demanda haveriade ser julgada improcedente. 0 con-trario considerara a sentenca, sob oargumento de que havia prioridadeno registro do titulo dos autores emrelacao ao do vizinho, mas, no casotal antecedencia era irrelevante,pots em se tratando de loteamento,nAo havia titulo prevalence , pots to-dos provinham de um mesmo tituloanterior , o do loteador . A solucaoera a rescisao do contrato de com-pra e venda ou o abatimento do pre-co da coisa ( arts . 1.136 , 1.114 e 1.105,do Cod. Civil) em Ittigios entre ovendedor e o comprador , nao caben-do a outro comprador , que sofreraigual prejuizo , ver o seu ampliadopara que atenuasse o do outro.

No seu recurso extraordinarto,fundamentando-o pela letra a do art.119, III , da CF, alegam os recorren-tes que lot violado o art . 524 do C6d.Civil pelo v . ac6rdao , pots sao requi-sitos unicos e suficientes para oexercicto da acao reivindicat6ria: a)a prova de dominio do im6vel reivin-dicando ; e b) a posse Injusta do reu.E colocando como motivo lmpeditivoda reivindicat6ria o fato de a areareivindicanda , um loteamento rural,criara o ac6rdao um requisito, denatureza negativa , nao prevista noaludido preceito da lei civil.

O v. ac6rdao recorrido se funda-mentou, pars julgar a acao total-mente improcedente, que havia ilegi-timidade dos autores , a qual resulta-va da pr6pria sentenca . 8 que para

E que , igualmente fora violado oart. 859 , tambour do Cod. Civil, postoqueficara provada a anterioridadeda aquisicao , pelos recorrentes, da

206 R.T.J. - 116

Area reivindicanda , pois a segundatranScriCAo envolvia parte da Areado im6vel dos recorrentes.

Entretanto, a deficiencia recursale patente , porquanto , e como bernressaltou o parecer da doutaProcuradoria-Geral da Republica,da lavra da culta Dra. Anadyr deMendonca Rodrigues , o v. ac6rdaosustentou que a Area reivindicandanao se encontrava no lote contiguo,eis que a pericia verificou que igual-mente neste ultimo a Area nAo cor-respondla Aquela vendida pelo pro-prietArio do loteamento . E de fatosequer discutiu o recorrente as ra-z6es de direlto pelos quais aqueleTote vizinho, que igualmente ficaracom Area menor, deveria sofrermator diminuicAo na sua, se a certoque os lotes foram vendidos indivi-dualizadamente , e cada um com di-mens6es predeterminadas , nao ha-vendo, deste modo , que falar-se em

No referente A letra d do permissi-vo constitutional , nao setvem osarestos trazidos a confronto parafundamentar o apelo excepcional. Eque, pelas simples ementas transcri-tas - ou pelo t6pico reproduzido deum deles , em relacAo ao qual nAo ecitado o numero da apelacao -, nAose torna passivel de ver-se a diver-gencia que justificaria o extraordi-nario , ante os fundamentos postos nov. ac6rdAo impugnado , pois as tesesaludidas nas ementas lembradas pe-lo recorrente nao sao as mesmas. Defato. Os fundamentos foram outros esequer entenebreeldos pelos arestosinvocados como dissidentes.

Pelo exposto , nAo conheco do re-curso.

E o meu voto.

superposicao de titulos sobre a mes- EXTRATO DA ATAma gleba , quando entao poderia ha-ver ensejo sobre a questAo ventiladada precedencia no registro dos titu-los de propriedade . Este fundamentodo v. ac6rdAo restou , asslm , inataca-do.

Ademais , destacou o ac6rdAo quea gleba atingida seria a de GenaroLutz Riva, que ficara com o lotecontiguo , o de n ? 511-B , resultante dasubdivisAo do lote 511 , mas ele nAofora citado para a acAo , nao poden-do, assim , atingl-lo a sentenca quethe fosse desfavoravel.

Por filtimo , e como ainda observa-do no parecer da ilustrada Procurado-ria-Geral da Republica, tudo teriaainda de situar-se na questao proba-t6ria, na qual se encontrava impossi-bilitado de adentrar-se o exame doextraordinArio, ante a Sumula 279-STF.

RE 96 .058-PR - Rel.: Ministro Al-dir Passarinho . Rectes.: Dante Sal-vadori e outros (Advs.: Miguel LutzConte, Eulello Muniz , Fernando Os-trowski e outros ). Recdos.: LirioMaggioni e sua mulher (Adv.: AldoJose Kaul).

Decisao : NAo conhecido . UnAnime.

Presid@ncia do Senhor MinistroDjaci FalcAo . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Decio Miranda e Aldir Passarinho.Ausente , justlficadamente , o SenhorMinistro Francisco Rezek. Subpro-curador-Geral da Republica, Dr.Mauro Leite Snares.

Brasilia, 9 de maio de 1985 - H611oFrancisco Marques , Secretario.

R.T.J. - 116 207

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 98.062 - BA

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Recorrente : Rede Ferroviarla Federal S.A. -- Recorrida : Roselita Noe-

lla dos Santos.

Trabalhista.Recurso extraordlnarlo.Velo a decidir o Supremo Tribunal Federal , pelo seu Plen9rlo,

que, no caso de recurso extraordin8rlo interposto pela parte vencida,na instancfa regional , a invocaOAo do tema constitutional 18 deverlafazer-se quando do recurso de revista para o T .S.T., sendo tardia eposterior (RE n" 99 .911-6-BA, sessAo do dia 10 de novenibro de 1983).Ressalva do ponto de vista do relator que, embora se curvando 8orientaSao que prevaleceu , entende que, se embora trazidos 8 baihapreceitos constitucionais dados como malferidos , posteriormente anrecurso de revista , o T.S.T . declarou nAo terem sldo eles violados -an inves de simplesmente declarar que nilo poderlam ser examina-dos, por tardlos - e de se considerar terem eles sido apreclados, nAocabendo , em face dlsso, dizer o S.T.F. que nao foram prequestiona-dos. E que , assim fazendo , impllcarla isso em reapreclar o pr6prioJulgamento do T.S .T., no particular , o que the seria defeso , no enselodo extraordinerio, ate porque a materfa la se encontraria preclusa, 9falta de embargos de declaraC Ao para que o T .S.T. explicitasse se otema Hilo fora apreclado on, na verdade , como referldo na decfsAo, osdispositivos constitutionals nAo haviam sido violados , o que signfflca-va obvlamente , terem sido examinados.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordarn os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, por sua Se-gunda Turma, na conformidade daata do iulgamento e das notas taqul-graficas, por unanimidade de votos,nao conhecer do recurso.

Brasilia, 27 de marco de 1984. -Djaci Falcao, Presidente. - AldirPassarlnho, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator ): A Reclamante , ora recor-rida, pleiteou corres$o do seu enqua-dramento na Rede Ferroviaria Fede-ral, mas a r . sentenea de 1? grau lul-gou a aGao improcedente , entenden-do que a situaeao dela, Reclamante,

nAo se identificava com a de colegasua, inyocada como paradigma. Es-ta illtima ocupava cargo em comis-s3o, o que fora levado em conta noenquadramento , e tal clrcunstfncianao se verificava com a postulante.

0 v. ac6rdao do C. Tribunal Regio-nal do Trabalho , contudo, reformoua sentenva e julgou a acao proce-dente, vindo, entao , a Rede Ferro-viaria Federal S.A. a interpor recur-so de revista alegando divergenciado julgado corn outro aresto do mes-mo Tribunal , mas a revista foi nega-da seguimento , por nAo fundamenta-da. Ao agravo de instrumento comque veto , entao, a ingressar a Rede,foi negado provimento , em razao doque, nao desanimada , interp6s a Re-clamada os embargos do art . 894, te-tra b , da CLT, alegando violaCao aoart. 896 da mesma Consolidapao,

208 R .T.J. - 116

bem Como dos arts . 461, § 2? do mes-mo diploma legal, dos arts. 85, I, c/co art. 153, § 2?, da ConstituiCao Fede-ral.

Nao violados os preceitos consti-tucionais invocados, indefiro o re-curso».

O ilustre Presidente da C. 31 Tur-ma do TST, por considerar nao con-figuradas as violac6es e divergen-cias suscitadas , indeferiu o segui-mento dos embargos , provocandoagravo regimental, que veto a serimprovido, assim sendo decididocom os fundamentos do despachoagravado, uma vez que a agravantenao conseguira demonstrar que osembargos tinham condiCao de ad-missibilidade , na forma exigida peloart. 894 da CLT. Dal o recurso ex-traordinSrlo , no qual , a par de Invo-caCao de diversos ac6rdfios desteTribunal , em sentido contrario, ale-gou a recorrente violaCao aos arts.153, § 2? e do art . 85, I, da Lei Funda-mental.

Ao extraordinArio lot negado se-guimento, pelo despacho que se all-cerCou nestas consideraC6es: (fis.153)

((Em primeiro lugar, porque in-deferido o recurso de revista, pornao caracterizadas as hip6teses doart. 896 da CLT, e mantido aqueledespacho indeferit6rio , pelo ndoprovimento do agravo , a 6nica ma-t6ria a ser discutida neste recurso6 a relativa a preliminar de conhe-cimento da revista , e nao o meritoda causa , sob pena de incidir a es-p6cie em falta de prequestlona-mento.

Em segundo lugar , porque aaCAo lot fundada em enquadramen-to irregular , como se ve da initial,as f1s. 6, nas dects6es proferidas,nao se tratando , em absoluto deequiparaCao salarial disfarradaem enquadramento.

Veio, porem , a subir o extraordi-n8rio a esta Corte, por assim haverdeterminado o men eminente ante-cessor , o Sr. Ministro Firmino Paz,ante agravo de instrumento da Rede.

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): A mat6ria em lide J6bastante conhecida desta Corte.

Em hip6tese que, no seu aspectofundamental , se identifica com opresente , no tocante 6 preambularde conhecimento do extraordin3rto,assim vim a manifestar-me (RE99.911 , sessao do dla 10 de novembrode 1983):

«Tenho que, no caso, hA de seconsiderar a mat@ria constitucto-nal como prequestionada . Foi eladiscutida na ocasiao dos embargosperante o PlenArio do TST, do art.894, b , da CLT ( e nao quando da in-terposigao do recurso de revista),mas o certo e que fdt ela examina-da, como o declarou expressa-mente o v. ac6rddo nos embargosdeclarat6rios opostos pela Rede,exatamente para que ficasse escla-recido a respetto.

Se o v. ac6rdAo declara que ndohouve violaCAo dos preceitos cons-titucionais referidos , sem d0vidaha de se considerar como tendo si-do eles objeto do exame naquelaCorte, ate porque , como referido,foram invocados quando dos em-bargos do art. 894 , tanto a certoque os embargos declarat6rios fo-ram recebidos em parte, exata-mente para que houvesse aquelaexplicitaCao.

R.T.J. - 116

Penso que nao cabe, que naopode , no extraordinario, adentraresta Corte na intimidade do Julga-mento dos embargos declarat6riosdo Tribunal trabalhista, parasaber-se se deveria, ou nao , naque-la altura, ter o Plenario do TSTexaminado os temas constitucio-nais, pots o que se ha de ver e seeles foram ventilados e, portanto,prequestionados , como o exigern asSlimulas 282 e 356 do Supremo Tri-bunal Federal.

Os embargos declarat6rios ex-pressamente foram recebidos, co-mo mencionado , e o v. ac6rdao queas Julgou declarou taxativamentenao terem sido violados os invoca-dos preceitos constitucionais, peloque a materia ficou iniludivel-mente preclusa , insuscetivel de al-teragao na via do excepcional, ateporque sequer houve recurso dosreclamantes para v6 -la anulada.

Coloco o problema do prequestlo-namento sob dois aspectos: um,quando o Tribunal trabalhista de-clara , expressamente , que nao fo-ram examinados os temas consti-tucionais por nao oportunamentesuscitados perante aquela Corte.Em tats casos , tendo-se em vistaque o TST nao examinou o temaconstitucional , porque nao the ca-beria faze-lo, a de se ter como naoprequestionada a materia . A situa-gao difere, inclusive , daquelas hi-p6teses em que adequadamentesao interpostos embargos de decla-ragao e, apesar disso , o TribunalnAo examina os temas discutidos,quando, entao , se tem consideradohaver o prequestionamento. Pensoque nesse sentido a que deveentender-se o voto do Sr. MinistroOscar Correa, e o do Sr. MinistroSoares Munoz , por exemplo, quan-do ao ensejo do Julgamento dos

209

RREE n?s 97.352, DJ de 24-6-83 e98.451, respectivamente , conside-rou nao prequestionada a materiaconstitucional. E que o tema, en-tao, nAo foi ventilado no C. Tribu-nal Superior do Trabalho, como re-sulta desse tbpico do voto do Sr.Ministro Oscar Correa ao dizer emface de s6 nos embargos declarat6-rios haver sido debatido o temaconstitucional: «e isso mesmo lem-brou o r. despacho indeferit6rio deits. 183/184, concluindo constituirtal arguigao «verdadeira inovagaoprocessual». Outro o aspecto, po-rem, quando o Tribunal trabalhistadiz, tambem, expressamente - eeste e o caso -, recebendo embar-gos declarat6rios, sobre o Julga-mento dos embargos do art. 894, bda CLT, que os preceitos constitu-cionais nao foram violados, o quesignifica obviamente como tendosido eles examinados.

E, ainda por isso , a que certa-mente tambem o Sr. Ministro Os-car Correa , no RE 99 . 620-6 , consi-derou como prequestionamento 0tema constitucional , pots a certoque, no seu relatOrio , historiando atramitagao do feito na esfera tra-balhista , mencionou:

((0 recurso de revista (fls.29/33) teve negado o seguimento(fls. 34): o agravo de instrumento(fls. 103) foi improvido ( fls. 106);opostos embargos ( Its. 108/118),foram indeferidos ( fls. 146); e oagravo regimental ( fls. 142/150)foi improvido (fls. 152); embar-gos de declaragao ( fls. 156/158)foram acolhidos « para declararque incorreram as alegadas vio-lag6es aos arts. 461, § 2? da CLT;2? § 3", da Lei 4.564/64; 34 doDec.-lei 5/66, alterado pelo art. 3?do Dec.-lei 12/66; 85 , I e 153 daCF)) (fls. 160).

210 R.T.J. - 116

Deste modo , e reiterando, tendoo C. Tribunal Superior do Trabalhodeclarado que recebia os embargosdeclaratorios exatamente para di-zer que os temas constitucionaisnao foram violados - do que resul-ta a declaraCao implicita de queforam examinados - quando dadecisao do art. 894, b da CLT, oprequestionamento ha de con-siderar-se como feito, havendo pre-clusao quanto ao decidido. So-bre esse aspecto processual a de-manda se oferece igual a multasoutras decididas por esta Corte, Co-mo a do conhecimento de todos,em algumas mesmo nao se vendodo relatbrio se chegou a ter sidodiscutida no Plenario do TST, nojulgamento do agravo, a materiaconstitucional e nem mesmo sechegou a haver interposicao deembargos de declaraCao. Comoexemplo, o RE n? 97.596-9-1? Tur-ma - e, ainda, o RE 99.623, quan-do ficou bem esclarecido no julga-mento dos embargos de declaraCaotnterpostos, tambem na C. P Tur-ma. Tambem no RE 99 .775 ficoubern assente o ponto em discussao,conforme se ve do voto do ilustreRelator, Ministro Rafael Mayer, aodizer (ver fls. 3 do voto). Assim,nao se pode dizer que os aspectosora discutidos nao foram examina-dos. 0 mesmo no RE 100.079, Rela-tor Ministro Soares Munoz.

Assim, tendo por prequestionadaa materia constitutional , discutidaque foi, conforme expressamenteexplicitado nos embargos de decla-raCao, conheCo do recurso e thedou provimentou.

Ora, no caso dos autos , ao decidiro Sr. Ministro Presidente da C. 3'Turma do TST, sobre o seguimentodos embargos do art . 894, b , da CLT,deixou expresso que assim o fazia«por nao verificadas a divergencia e

as violaCbes apontadas », e o Plena-rio do TST, ao i ulgar 0 agravo regi-mental contra tal despacho interpos-to, deixou expresso que assim deci-dia com base , tambem, nos funda-mentos do despacho Impugnado.

Tenho , assim, para mim, que se edeclarado que nao houve violaCao deprecettos constitucionais, a deentender-se terem eles sido exami-nados , pelo que, no particular , igual-mente tem cabida aquelas ressalvasque fiz quando , naquele caso ante-rior , proferi o meu voto que , entre-tanto , nao prevaleceu.

Assim sendo , com ressalva do meuponto de vista , nao conheco do recur-so.

E o meu voto.

EXTRATO DA ATA

RE 98 .062-BA - Rel.: Ministro Al-dir Passarinho . Recte .: Rede Ferro-viaria Federal S.A. (Advs.: ValeriaMedeiros de Albuquerque e outros).Recda .: Roselita Noelia dos Santos(Adv.: Angelo Sao Paulo).

DecisAo : Nao conhecido . Unanime.Falou, pela Recda. Dr. Marcio Gon-tijo.

Presidencia do Senhor MinistroDjact Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Moreira Alves,Decio Miranda , Aldir Passarinho eFrancisco Rezek. Subprocurador-Geral da Republica, Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasilia, 27 de marco de 1984. -Hello Francisco Marques , SecretA-rio.

R.T.J. - 116 211

EMBARGOS NO RECURSO EXTRAORDINARIO N? 99.113 (AgRg) - RJ(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Mintstro Aldir Passarinho.

Agravante : Duarte Rosa S . A. - Corretora de CAmbio e Valores - Agra-vado: Carlos Alberto Alves Ferreira.

Embargos de dlvergtncla.Ac6rdAo da mesma Turma , trazido como divergente.Dlvergencla nSo comprovada : dects6es que partiram de pressu-

postos diferentes.NAo Cabe aceltar-se, como prova da dlvergencla, ac6rdAo da mes-

ma Turma , salvo se houve, na sua composlclo, alterasAo substanclal.Se no ac6rdAo trazido a confronto fol admltldo que ordem A Corre-

tora para operagAo na Bolsa pudesse ser verbal , mas tendo como cer-to que tal ordem ficara comprovada , nMo hA de tb-lo como divergentede outro - o embargado - no qual nAo fol negado que a ordem nMopudesse ser verbal , mas slm que nAo ficara provado que ela foradada.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em SessAoPlena, na conformidade da ata dejulgamento e das notas taquigran-cas, por unanimidade de votos, ne-gar provimento so agravo regimen-tal.

Brasilia , 9 de maio de 1985 -Moreira Alves , Presidente - AldirPassarinho , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): No agravo regimental orasubmetldo A decisAo plenaria, mant-festa Duarte Rosa S .A. - Corretorade Camblo e Valores embargos dedivergencia, mostrando-se inconfor-mado com o despacho que exaref,nos autos dos embargos de diverg6n-cia por aquela sociedade interpostos,e pelo qual inadmiti tal recurso.

O ac6rdAo embargado, e do qualfoi relator o Sr. Ministro Alfredo Bu-zaid, postou a seguinte ementa:

ul. Bolsa de valores . OperaC6esa futuro . As corretoras s6 podemexecutor as ordens recebidas, aseu exclusivo crittrlo, quando ex-pressamente autorizadas por escri-to (ResoluCAo n? 39/66 do BancoCentral art. 76).

2. Compete so autor alegar eprovar , como fato constitutivo doseu direito, a autorizaCAo por es-crito para operar a seu exclusivocriterlo.

3. O exame das quest6es de fatoargtiidas no processo , inclusive dedocumentos , nao envolve questAode direito federal . Dal a aplicaCAoda Sumula n? 279.

4. InaplicaCAo do art . 122, II eIII do C6digo Comercial . 0 contra-to de mediacAo entre o corretor equem o procura prova-se por todosos melos de direito. 0 corretor 1f-vre nAo tem it- publics.

5. 0 art . 131 do C6digo de Pro-cesso Civil, que dispde sobre oGnus objetivo do prova , nAo se apli-ca A esp6cie, porque 6 defeso emrecurso extraordfnario o exame demeras quest6es de fato (Sumula n?279).

212 R.T.J. - 116

6. NAo comprovacao do dissidfojurisprudencial.7. Recurso extraordinario nAo

conhecido».

No despacho ora impugnado, sus-tentei a inexistencia da divergenciaentre o ac6rd5o embargado e os tra-zidos a confronto . Estes foram emnumero de doss. Quanto ao primeiro- RE 100 .732-0 - entendi que naocabia considerA-1o por ser da mesmaC. 11 Turma e, embora fosse certoque a jurisprudencia venha admitin-do possivel de ser examinado ac6r-dAo da mesma Turma quando tenhahavido alteraCAo substancial nacomposiCao anterior , tal nAoocorre-ra, mas , ainda que isso se admitisse,os embargos nao poderiam prospe-rar, porquanto - e tal como ocorriano outro Igualmente vindo a balhapara o mesmo fim (RE n? 79.141) -fora admitido como certo que houve-ra ordem, embora verbal , para asoperaC6es realizadas, enquanto queno aresto impugnado tendo o r6u naaCao , e entao embargado , declaradoque nao dera ordem , nem por escri-to, nem verbalmente , para a opera-Cao ruinosa , o contrario nao ficaraprovado, e por Isso mesmo a que,corn relacAo Aquele outro precedenteapontado - 0 RE 79 . 141 - o Sr. Mi-nistro Alfredo Buzaid declarara ino-correr Identidade ou semelhanCa en-tre as hipoteses . E assinalei , entao,que era exatamente o que ocorriaem relacAo ao aresto trazido As testi-lhas ao ensejo dos embargos de di-vergencia - o do RE 100 . 752-0.

Agora, no agravo regimental, sus-tenta o agravante nao ter sido a me-lhor a soluCao dada no despacho pormim exarado , porquanto a dlvergen-cia de fato ocorrera.

Diz a petiCao recursal que, porbem situar o entendimento que de-fende , prefiro reproduzir na integra:

(( Dois os pontos pelos quaffs V.Exa. resolveu rejeitar liminar-mente o recurso oferecido:

a) porque o aresto trazido a con-fronto, sendo oriundo da mesma 1?Turma, nAo se prestava a alicer-Car a divergencia , por nao ser di-versa a sua composiCao majoritA-ria;

b) porque o aresto divergentedera como provada a autorizaCAoverbal , enquanto o embargado,nAo.

Quanto ao prlmeiro fundamento,cuidou a embargante de antecipar-se A possivel objeCao , procurandodemonstrar que a composiCao ma-joritAria , nos dots julgamentos, foidiferente , embora tornados pelamesma Turma.

Invocou , como respaldo , duas de-cls6es , sendo que uma delas a for-maCao majoritAria nAo ocorrera,em consegiiencla de aposentadoriade vArios Ministros a alterar intei-ramente a composiCao da Turma,que e a regra geral, mas, em subs-tAncia, porque houvera mudanCade votos de forma que as duas de-cis6es foram adotadas por compo-siCao majoritAria diferente.

Corn efeito, ao julgar o RE78.252 , o seu relator , para afastar apreliminar de se originarem damesma Turma os dois ac6rdaosapontados como divergentes, assi-nalou:

«Todavia, o julgamento em quefoi prolatado esse aresto -padraoresultou de votos dos MinistrosLutz Gallotti, Amaral Santos,Barros Monteiro , Djaci Falcao eOswaldo Trigueiro , ao passo queo do ac6rdAo embargado proveiodos votos proferidos pelos Minls-tros Rodrigues Alckmin, DjaciFalcAo, Aliomar Baleeiro e Os-waldo Trigueiro, pots o MinistroLutz Gallotti foi vencido> . (RTJvol. 82 , pAg. 777, 1 ? Col.).

Porque se proclamou a nao coin-cldencia do composiCao majoritA-rla? Exatamente porque os Minis-

R.T.J. - 116

tros Lutz Gallotti , Djaci Falcao eOswaldo Trigueiro , que concorre-ram pars formar a matoria emambos os julgamentos JA que osoutros Ministros nao participaramnem de um nem de outro - que-braram essa maioria, quando ficouvencido o Ministro Lutz Gallotti.

Tat qual a hip6tese dos autos.

Os Ministros Soares Munoz, Ra-fael Mayer e Oscar Correa compu-seram a decisao majoritaria (nocaso , unanime ) que fol proferidano julgamento do RE 100 .732-0,pots os Ministros N6ri da Silveira eAlfredo Buzaid nao estiverarn pre-sentes a esse julgamento.

Ja no proferido no aresto embar-gado , a composiCAo majoritaria,presentes todos os Ministros,tornou-se diferente , porque o Mi-nistro Oscar Correa, dfssentindo deseus pares , votou vencido, Comoacontecera corn o Ministro LuizGallotti na decisao trazida a con-fronto, restando vencedores apenasos Ministros Soares Munoz e Ra-fael Mayer.

E se aos dots votos que permane-ceram vencedores, sem constituir,pots , maioria, acrescentarmos osdos Ministros que estavam ausen-tes ao primeiro julgamento, acen-tuar-se-a ainda mats a composiCaodiferente entre os dots julgamen-tos.

Assim, data venla , a dlverg6nciaestA caracterizada e se presta aembasar os embargos de divergen-cia, de acordo corn a Jurispruden-cia do Colendo Supremo TribunalFederal.

Quanto ao segundo fundamento,o simples fato de V. Exa., corn ocuidado de sempre , refutar a apon-tada divergencia dos ac6rdaos, emlongo e minucioso despacho , estA aindlcar que melhor seria fosse amateria afetada ao Pleno, para

213

que, na fase de conhecimento,aquilate o conflito entre os embar-gos.

Na verdade, ainda corn a ma-xima venia , o porno de diverg6n-cia 6 manifesto. 0 que esta em cau-sa 6 saber-se se a ordem verbalvale para as operaC6es em Bolsa,ou se somente a ordem expressa eescrita. Se apenas esta tem efica-cia, dispensavel se torna a verift-caCao dos livros comerciais e deoutros documentos.

Para comprovaCao do fato cons-titutivo do direito, a divergenciaesta em que para um - o acordaoembargado - unicamente a autori-zaCao escrita tem eficacia, enquan-to para o outro - o paradigma -se chega a ele pela prova indiretados livros e documentaCao comer-cial.

Vale insistir, o ac6rdao diver-gente considerou, Como fato cons-titutivo do direito, a autoriza-Cao verbal provada pelas notas dacorretagem; JA o ac6rd5o impugna-do somente admite, Como prova dofato constitutivo do direito - e nis-so reside a discrepancia - a escri-ta e, por isso, absteve-se de exami-nar a prova exuberante constantedos autos: extratos de conta cor-rente (fls. 10 a 17); notas de corre-tagem (fls. 18 a 22 e fls. 25 a 31),envolvendo essas ultimas o periodocritico da queda do preCo dasaC6es. A16m disso, os uAvisos deNegoclaCao ern Bolsa - ANA)),exibidos pelo pr6prio recorrido(fls. 57 e 58 e 84 a 87), dandonoticia de operaC6es que nunca im-pugnou.

E macs. Fato raro - Ja que des-necessario -, documento do pr6-prio cunho do recorrido, pedindopara «rolar» a sua posiCao.

Rolar a divida significa ter co-nhecimento de sttuaCao anterior apedir que seu vencimento seja di-largado.

214 R.T.J. - 116

For Codas essas raz6es , espera-seque V. Exa., reexaminando a hip6-tese,reconsidere o V. despacho Pa-ra admitir os embargos , on, entao,que submeta a presente, comoagravo, ao Pleno , que, em dele co-nhecendo , certamente o proverspara aprecia -lo em julgamento it-nab) (its . 465/467).E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator ): Sem embargo de reconhe-cer a dilig@ncla e cuidado do nobrepatrono do embargante - o que the6 habitual - entendo que ao agravonao a de ser dado provimento.

Poderta ate deixar de lado, o pri-metro fundamento pelo qual declaresque nao poderia conhecer do primet-ro aresto trazido a confronto por serda mesma 1 '. Turma, apesar das mo-dificac6es havidas em sua compost-Clio, ja que , no pr6prio cerne da con-troversia, entendi que nAo se confi-gurava a diverg6ncia , no que, alias,insisto.

Entretanto , ainda sobre o primeiroponto, pertinente a composicao daTurma , creio nAo ter razao 0 oraagravante.Antes , porem , cabe observar que,

sob esse aspecto proemial, trata-sede questao t6cnica referente a co-nhectmento do recurso , o que JA porsi nao ensejaria os embargos. Masvale examinar a alegacao do oraagravante , pars que se dissipem d6-vidas , no particular, e ate pelo tnte-resse que a materia suscita sobre apossibilidade de considerar -se ac6r-dao apontado como divergente, em-bora da mesma Turma.

A hip6tese do caso trazido aexame , pelo agravante , no referentea questao da composicao da Turmanao 6 Igual . Naquele por ele invoca-do (ERE 78 . 252-R .1), haviam votadono ac6rdao os Ministros Luiz Gallot-

ti, Amaral Santos, Barros Monteiro,Djaci Falcao e Oswaldo Trigueiro.No ac6rdao tido como divergente vo-taram os Srs. Ministros RodriguesAlckmin, Djaci FalcAo, Aliomar Ba-leeiro e Oswaldo Triguelro, ficando,entAo, no julgamento do ac6rdao alllevado a confronto , vencido o Sr. Mt-nistro Luiz Gallotti.

Verifica-se, deste modo, que nosegundo RE nAo participaram do seujulgamento os Srs . Ministros AmaralSantos e Barros Monteiro, e, emseus lugares , figuraram os Srs. Mi-nistros Aliomar Baleeiro e Rodri-gues Alckmin. Ora, como a Turma ecomposta de cinco membros, e tendoficado vencido no segundo RE o Sr.Ministro Gallotti, a nao participacaono julgamento do primeiro RE, dedois Ministros que nao integravam acomposicao da mesma Turma, nojulgamento do segundo RE, aileronde fato, influentemente , no results-do. E, por isso mesmo e que, compropriedade , assinalou o eminenteMinistro Antonio Neder, an entenderser possivel de consideracao, parsconfronto da diverg@ncia, o ac6rdaolevado a exame, com aquele fim:

uConslderando que a maforla jul-gadora de um caso a diferente damaforia que decidiu o segundo,concluo que sao confrontaveis osdots arestos, porquanto se firmounesta Corte o entendimento de que,para o efeito previsto no art. 309 doseu Regimento Interno, se podemcomparar ac6rdaos da mesmaTurma se provierem de votacaomajorltaria emitida por Ministrosdiferentes».

NAo 6, porem , o que ocorre na hi-p6tese ora em exame. Aqui, no ares-to trazido a confronto (RE 100 .732-0),e como acentuado no despacho oraagravado , votaram os Srs. MinistrosOscar Correa, como Relator, SoaresMufloz e Rafael Mayer, encontrando-se ausentes os Srs. Ministros N6ri daSilveira e Alfredo Buzaid . J5 no jul-

R.T.J. - 116

gamento do ac6rdAo embargado,agora objeto do presente agravo re-gimental, a composiCAo da Turmaera exatamente a mesma. Ora, nojulgamento dente ultimo RE e sabre0 qual se debate, votaram os tresMinistros que igualmente votaramno primeiro ( o RE 100 .732-0), pots Asessao em que foi julgado todos com-pareceram , pelo que nao se pode di-zer que a composiCao se tenha alte-rado.

Assim, enquanto naqueles anterio-res julgamentos - aqueles em rela-Cao aos quats o ora agravante procu-rou identificar corn a hip6tese emexame, no tocante A composiCao daTurma - dots Ministros que integra-ram o julgamento do primeiro RE eque participaram da assentada JAado figuraram no julgamento do RE,passando a dele participar dots no-vas Ministros , na hip6tese presente AcomposiCao do RE dots Ministrosque nao Integraram o julgamento doprimetro.

De qualquer sorte, e como disse euno V. despacho, o que 6 fundamental6 que a desldentificaCAo das hip6te-ses 6 flagrante , pots partiram depressupostos diversos. Disse eu, en-tao:

«Nao fosse isso, ainda assim, osembargos nao poderiam prosperar,basicamente porque no ac6rdAotrazido as testilhas foi admitido co-mo certo - e tal como ocorreu na-quele outro precedente, o RE79.141 - que houvera ordem, em-bora verbal , para as opera4;6esrealizadas , enquanto que no arestoora em exame tendo o r6u na aCaoe ora embargado declarado quenao dera ordem , nem por escritonem verbalmente , pars a operarAorufnosa, e que o contrario nAo fica-ra provado . E o que resulta dos vo-tos dos Srs . Ministros Alfredo Bu-zald e Rafael Mayer que merece-ram o plAcito dos Srs . MinistrosSoares Munoz e N6ri da Silveira.

215

For isso mesmo 6 que com relaCaoAquele outro precedente apontado- o RE 79.141 - o Sr. Ministro Al-fredo Buzaid, Relator , declarouinocorrer semelhanCa on identi-dade, afirmando:

«A derradeira alegaCAo 6 que ov. ac6rdao recorrido divergiu doentendimento dado pela Egr6giaSegunda Turma no Recurso Ex-traordinario n" 79.414 - (RTJ72/250). A recorrente transcreveutrechos do v. ac6rdao recorrido edo v. ac(5rdao confrontado mas odtssidio nao ficou comprovado,porque os dots julgados partiramde fatos diversos. No v. ac6rdaoda Egr6gia Segunda Turma, oque consta da ementa e estb emconcordancia corn o voto condu-tor do eminente Ministro Relator6 que a autorizaCao verbal paraa venda ficou provada. For Issofoi restabelecida a sentenCa deprimeiro grau , que lot incorpora-da no relat6rio.

O fundamento do v. acbrdao re-corrido 6 que a autora nao pro-vou o fato constitutivo do seu di-reito (fls. 313/314).

Os ac6rdaos postos em confron-to. nao guardam entre si nemidentidade nem semelhanCa» (fls.395).

E o eminente Sr. Ministro RafaelMayer, igualmente examinando 0recurso alegado sob o p51io da Te-tra d do permissivo constitutional,asseverou, a seu turn, no seuvoto-vista:

«Sem duvida, tais provas es-pecificas Inexistern nos autos, demodo a Justificar uma revalora-CAo da prova, tal como ocorreu,no ac6rdao paradigma, em quecom base nelas se modificou ojulgado da instancia ordinAria.

Essa menCAo ja introduz naconsideraCao da invfabilidade dodissidio jurisprudential, face A

216 R.T.J. - 116

disparidade das circunstanclasem que se ap6iam os julgadosem confronto. All, com efeito, acorretora sustentou ter havidoordem verbal de venda , registra-da em formulArto pr6prio nostermos da ResoluCAo n? 39/66, aque o ac6rdao paradigma atri-buiu valor probante , de acordocom o art . 122, III, do C6digo Co-mercial . Ali teve-se como prova-da a existencia de autorizaCAoprevia, que aqui nao se tem. Allse tratava de ae6es custodiadaspela corretora, para determinadofim, discutindo-se sobre a ordemde venda dada posteriormente,aqui se trata de operaC6es decompra e venda , no mercado afuturo, em que se teve como apli-cAvel o art . 76 da ResoluCao, naocogitada naquele » ( fls. 406/407).

E exatamente o que ocorre entreo aresto agora vindo A balha, o doRE 100 . 752-0 , em 8-11-83, e o emexame . E certo que lot menciona-da neste 6ltimo a regra contida noart. 76 da ResoluCAo n? 39/66 doBanco Central , cuja vigencia foisustentada nos votos vencedores, esegundo o qual « quando expressa-mente autorizados por escrito, osmembros da Bolsa de Valores p0-derAo executar as ordens recebi-das a seu exclusivo criterio,,, masnao lot apenas ante uma interpre-taCAo rigida dessa norma que lotdecidido o recurso , mas sim, tam-bem, que nao ficara provado quetivesse havido ordem, ainda queverbal, para as controvertidas ope-raC6es provocadoras do prejuizo,tanto assim que lot entendtdo ine-xistir o dissidio com o ac6rdao noRE 79 . 141, porque all ficara prova-da a autorizaCAo verbal para avenda , o que aqui nao ocorrera, co-mo acima ficou explicitado, no vo-to transcrito do Sr . Ministro Bu-zaid e o mesmo resultando do votodo Sr . Ministro Rafael Mayer, con-forme o t6pico antes transcrito.

E, enquanto no ac6rdao tido co-mo divergente - no RE 100.732 -foi considerado que houvera acom-plementagao comprobat6rta dasautorizae6es verbais para as ope-raC6es», na especie dos autos, estanAo foi considerada como exls-tente, assim ficando assinalado novoto do Sr. Ministro Relator, a fls.388: «O v. ac6rdAo recorrido deci-diu uma questao de fato a luz dasprovas , inclusive do documento, aque a recorrente atribui grandeimportAncia para o deslinde dacontroversia. NAo ha at nenhumaquestao de diretto federal . Ora, Se-gundo o verbete n? 279 da Silmula,para simples reexame de provanao cabe recurso extraordtnhrio».

As hip6teses nao sao simeis, nasquest6es faticas, portanto , no pontofulcral , a ensejar a admissibilt-dade dos embargos e, assim, aindapor esta razao , que alias se fariadesnecessario acrescentar , inadmi-to os embargos >> ( fls. 461/463).

Ora, como se verifica , e diferente-mente do que sustenta o ora agra-vante , o que esta em causa nAo esaber-se ase a ordem verbal vale Pa-ra as operaC6es em Bolsa, ou se so-mente vale a ordem expressa e es-crita> . Se valer tambem a autoriza-Cao verbal - como entendera oac6rdao trazido a confronto - a elase poderta chegar pela prova indire-ta dos livros e documentaCAo comer-cial.

Entretanto , nao a esta a colocaCAoque se ha de considerar , data venla,porquanto o v. ac6rd5o embargadonao negou que valesse a autorizaCAoverbal . 0 que ficou decidido e por is-so mesmo nao conheceu a Turma dorecurso , por nAo ver demonstrada adivergencia - e que , na hip6tese dosautos , nao ficara comprovada a au-torizaCao verbal, e no aresto, peloqual o recorrente procura provar odissidio , ficara provado que a autorl-zaCAo - embora verbal existira.

R.T.J. - 116 217

Pelo exposto , so ensejo dos embar-gos de divergencia , nao vi encontrar-se ela comprovada como procureilongamente fazer so ensejo do des-pacho que exarei inadmitindo aquelerecurso e novamente agora, ante oagravo regimental , e, assim , the ne-go provimento.

E o men voto.

EXTRATO DA ATA

ERE 99 . 113-(AgRg )-RJ - Rel.: Mi-nistro Aldir Passarinho . Agte.:Duarte Rosa S .A Corretora de CAm-bio e Valores (Adv.: A. C. Sigmarin-ga Seixas ). Agdo .: Carlos Alberto Al-

ves Ferreira (Adv.: Nelson RibefroAlves Filho eoutros).

DecisAo: Negou-se provimento soagravo regimental , unanimemente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves. Presentes A SessAoos Senhores Ministros Djaci FalcAo,Decfo Miranda, Rafael Mayer, Nerida Silveira, Oscar Correa, AldirPas-sarinho, Francisco Rezek, SydneySanches e Octavio Gallotti. Ausente,justificadamente, o Senhor MinistroCordeiro Guerra. Procurador-Gera)da Republica , Dr. Jose Paulo Sepul-veda Pertence.

Brasilia, 9 de mafo de 1985 - Dr.Alberto Veronese Agular , Secretarlo.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 99.316 - RS(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrente: Banco de Investimento Sul Brasileiro S/A - Recorrido:

Banco de Credito Nacional S/A.

DaeJo em pagamento de cre<dito hipotecario . Penhora posteriordo bem.

A daCAo em pagamento lnclul-se entre as formas de desapareci-mento da obrlgaCAo principal , previstas no artigo 849 , I, do Cbdio Ci-vi. Averbada regularmente, cancela-se a hipoteca que recala soge obeen dado em pagamento.

Se a penhora do mesmo been se deu posteriormente A averbaCAodo datlo in solutio, em virtude do exegllente nAo haver arrematado obem de Iniclo penhorado , ensejando a arremataCAo por oUtro credor,nao participante do processo , nAo rests configurada a fraude A execu-CAo, uma vez que na epoca dessa soluCAo , nAo se caracterizara a In-solvencla do devedor.

ACORDAO RELATORIO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em segun-da turma. na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas , por unanimidade de votos, emnao conhecer do recurso.

Brasilia , 8 de outubro de 1985 -Djaci FalcAo , Presidente - CarlosMadeira , Relator.

O Sr. Ministro Carlos Madeira: NaSegunda Camara Civel do Tribunalde AlCada do Rio Grande do Sul, aespecie foi assim relatada pelo ilus-tre Juiz Adroaldo Furtado Fabriclo:

«Banco de Credito Nacional S.A.opos embargos de terceiro contra oBanco de Investimentos Sul Brasi-letro S.A.

218 R .T.J. - 116

Em 6-9-78 o embargante recebeuem hipoteca de Arthur Ernesto Ro-drigues Soares e sua mulher, Ma-ria Aparecida Valle Soares, o pre-dio n? 172, situado na rua JoAoMendes Ouriques , nesta capital.Em 4-9-79 os hipotecantes outorga-ram ao Banco de Cr6dito Nacional- credor com garantia hipotecAria- escritura definitiva de daCao empagamento daquele im6vel, potsnao puderam resgatar a divida.

Em 8-8-79, hA mats de um anoap6s a constituiCAo daquela garan-tia real , o embargado ajuizou pro-cesso de execuCao contra ArthurErnesto Rodrigues Soares e YaraFlores Schmidt e apontou o predion? 172 da rua Joao Mendes Ouri-ques A penhora, a qual se efetivouem 18-6-80.

Anteriormente havia sido penho-rado outro bem do executado Ar-thur Ernesto Rodrigues Soares oqual foi avaliado em importAnciamator que o cr6dito reclamado, novalor de Cr$ 336.880,48. Levado Ahasta pCblica este im6vel lot arre-matado por Sul Brasileiro Cr6ditoImobiliario S.A., o qual nega-se aexibir o preCo forte no § 2? do art.690 do C6digo de Processo Civil.

Improcederia 0 ato de constriCaosobre o im6vel que tem direito realde garantfa desde a data em quefora constituida a hipoteca e porforCa da dacAo em pagamento aele se transmitiram a posse e odominto . Ilustram a inicial os do-cumentos de Its. 7/10.

Ao impugnar o embargado ale-gou que em 6-9-78 o im6vel cujosdireitos e a0es foram penhoradosno processo de execuCao por eleajuizado fora dado em garantia hi-potecaria pelo casal Arthur Ernes-to Rodrigues Soares ao embar-gante simultaneamente A escriturade confissao de divida no valor deCr$ 3.250.000,00. Em 23-10-78 aspartes ajustaram a complementa-

Cao daquela hipoteca sobre outroim6vel, dos mesmos devedores, emArea contigua A daquele que JA es-tava hipotecada e veto a ser penho-rado em 18-6-80 . Na ocasiAo dacomplementaCao da hipoteca foidado como valor do hem a impor-tAncia de Cr1 3.400.000,00.

Sets meses ap6s o vencimento oprazo estipulado na hipoteca o em-bargante e os devedores resolve-ram extinguir a obrigaCAo atrav6sde daCao em pagamento dos im6-vets entAo hipotecados ao Banco deCredito Nacional S.A., sendo lavra-da a respectiva escritura em 4-9-79.

Os im6veis foram avalia-dos, nessa oportunidade, em Cr$4.079.000,00 e a divida correspondiaa Cr$ 3.770.000, 00. 0 valor da daCaoem pagamento foi de Cr$ 309.000,00a menos que a avaliaCao fiscal.Um daqueles im6veis - objeto dadaCao em pagamento - ao seravaliado judicialmente no processode execuCao atingiu a cifra de Cr$5.360.000,00 . 0 embargado ajuizarao processo de execuCao antes dadata em que lot realizada a daCaoem pagamento , efetivando-se a ci-taCAo naquele processo em 20-8-79.Na mesma epoca foram ajuizadosdots outios processos de execuCaocontra o casal Arthur Ernesto Ro-drigues Soares . Em um destes, ou-tro im6vel se achava hipotecado ACaixa Econ6mica Estadual queveto a ser por ela arrematadoquando da hasta publtca.

Em decorrencia da existencia devarios processos de execuCao con-tra o casal Arthur Ernesto Rodri-gues Soares , que teve bens arre-matados nas aludidas exccuCOes,estaria configurada a sua insolven-cia. A liberalldade praticada emfavor do embargante no abrir moode Cr$ 309.000 ,00 estaria a eviden-ciar fraude A execuCao , pots o pri-vilegio do credor hipotecArio nAo

R.T.J. - 116

pode ultrapassar os limites de seupr6prio cr6dito. For outro lado, ou-tro im6vel na execuCao aforada pe-lo ora embargado de propriedadeda co-executada Yara Schmidt Flo-res e arrematado por Sul Brasilei-ro Credito ImobiliArfo S.A., pessoajuridica diversa do embargadoBanco de Investimentos Sul Brasi-leiro S.A. que nao estA obrigado aexibir preCo pelo qual arrematarao im6vel.

0 embargante ofereceu replicaas fls. 40/42.

Sentenciou o magistrado a quo(fls. 72/74) a improcedencia dapresente aCao commando ao em-bargante os encargos da sucum-bencia. Em sintese, entendeu queexiste fraude A execuCao decor-rente da daCAo em pagamento rea-lizada entre o embargante e o ca-sal Arthur Ernesto Rodrigues Soa-res JA que pendente execuCao con-tra estes na epoca da extlnCAo da-quela obrigaCAo pela datto insoluto , incidindo na especie a nor-ma do art. 765 do C6dlgo de Pro-cesso Civil. A circunstAncia de ine-xistir registro da penhora nAo im-pede o reconhecimento da fraudeou sua existencia pressuposto paratal. A penhora, por sua vez, tornalneficaz perante aquele processo(execuCao ) qualquer ato de dispo-sicAo praticado pelo devedor emdesrespeito a constriCAo judicial))(fls. 111-113).

A E. Camara deu provimento AapelaCao , para julgar procedentes osembargos , de sorte a lfberar-se dapenhora o bem im6vel descrito nainitial.

Houve embargos de declaraCAo,opostos pelo Banco embargado, osquaffs foram desacolhidos.

Dai o recurso extraordinArio, comfundamento nas tetras a e d do inci-so III do art . 119 da ConstituiCao, emvirtude de negativa de vigencia doart. 593, II, do C6digo de Processo

219

Civil e dissidio j urisprudential, tra-zendo a confronto dots acOrdaos doTribunal de AlCada Civil de Sao Pau-lo, em prol da tese da desnecessi-dade da exibiCao do preCo, pejo cre-dor hipotecario arrematante.

0 recurso lot admitido , pelos dossfundamentos invocados , nAo se pro-cessando a argOiCAo de relevAnciapor nAo recair sobre a especie qual-quer vedaCao do art . 325, do Regi-mento Interno do STF.

Recorrente e recorrido apresenta-ram suas razOes.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Minlstro Carlos Madeira(Relator): Preliminarmente, naoprocede a argficao do recorridoquanto ao descabimento do recurso,em virtude do valor atribuido a cau-sa nos embargos de terceiro, em ou-tubro de 1980, ser inferior A alCadado Supremo Tribunal. E que, nAo setratando de decis6es uniformes nasinstancias ordlnarias, mas ao con-trArlo, de decis6es divergentes, o va-lor da alCada a correspondente a 50salarios minimos.

O valor do salarlo minimo, em ou-tubro de 1980, data do ajuizamentodos embargos era de Cr$ 4.149,60, 0que multiplicado por 50, a teor doart. 325, VIII, do Regimento Interno,results em Cr$ 207.480,00. 0 valordado A causa, nos embargos, a deCr$ 336.880.

A hip6tese pode ser assim resumi-da:

O Banco de Investimento Sul Bra-sileiro S .A. moveu execuCao contraArthur Ernesto Rodrigues Soares eYara Flores Schimidt, em 30-8-79.Nesse processo , foi penhorado 0apartamento n? 202 da rua CoronetMassoti 315. 0 im6vel foi levado ApraCa em 11 de abril de 1980 e arre-matado pelo Banco Sul Brasileiro

220 A.T.J. - 116

Credito Imobiliario , por Cr$ 362.000,valor superior a divida executada,que era de Cr; 336.880, naotendo 0arrematante depositado o preCo.

Em face disso , o Banco de Investi-mento , autor da execucAo , indicououtro im6vel dos devedores, tendo si-do efetuada a penhora em 18-7-80.

Esse outro im6vel , casa residen-tial na rua Joao Mendes Ourlques n?172, fora dado em hipoteca ao Bancode Credito Nacional S.A., em setem-bro de 1978, e dado em pagamentoao credor , em 4 de setembro de 1979.Dal as embargos de terceiro, em

face da penhora feita em julho de1980.

Ve-se. assim , que ao ser outorgadoa escritura de daCao em pagamento,o im6vel hipotecado nAo fora objetode constriCao na execuCao movidapelo Banco de Investimento. 0 queensejou a nova penhora fof o fato dehaver sido arrematado o apartamen-to de inicio penhorado , nAo pelo exe-giiente , mas por outro Banco, quenao ezibiu o preCo.0 Juiz Relator da apelaCao anotou

muito bem que, «nao fora a Ilegali-dade cometida no processo de execu-Cao, com respeito A inutilizaCao prA-tica da primetra penhora, o pressu-posto da insolvencia do devedor, aque teria sido conduzido pela daCaoem pagamento , nao se definiria».

«Com efeiton - prossegue o Rela-tor - «pelo menos no que dlz respei-to ao credor-exegtlente , ora embar-gado, nao haveria como falar-se deinsolvencia do devedor , eis que aalienaCao do bem penhorado por pri-metro teria produzido dinheiro suft-cfente para satisfaze -lo" (f1s. 124).

De fato , a dispensa do dep6sito dopreCo pelo arrematante do bern deinicio penhorado , malfertu o § 2? doart. 690 do C6digo de Processo Civil,ja que nAo era ele o exequente. 0 fa-to de ser tambem credor , nAo o dis-pensaria da exigencia do dispositivoprocessual.

De outro lado, s6 se configurefraude de que trata o art. 593, II, dCPC, se ao tempo da alienaCao dhem correr demanda capaz dreduzi-lo a insolvencia.Em 1979, quando foi outorgada

escritura de daCao de pagamento efavor do ora recorrido, nao se configurava esse quadro, nAo podendo seihavida por fraudulenta a daCao epagamento. Nem pesava sobreim6vel objeto do neg6cio juridicqualquer outra limitaCao de directque nao a hipoteca ao banco recorrido.

Cabe realCar que a daCao em pagamento inclui-se entre as formas ddesaparecimento da obrigacao principal, previstas no art. 849, I, do C6digo Civil, que, enseja a extinCao dhipoteca. (cfr. Pontes de MirandaTratado, Tomo 20, pag. 277). Averbada a datio in soluto, cancelada estAhipoteca).

NAo se afigura, assim, a negattyde vigencia do inciso II, do art. 593do CPC. Tampouco ficou devidamente caracterizado o dissidio jurisprudencial, eis que nao foram atendidos os requisitos da Sumula n? 291.

Nao conheCo do recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 99.316-RS - Rel.: MinistrCarlos Madeira. Recte.: Banco de Investimento Sul Brasiletro S.A(Advs.: Fernando Chagas CarvalhNeto e outros). Recda.: Banco dCredito Nacional S.A. (Adv.: JamiA. Aiquel e outros).Decisdo: Nao conhecido. UnAnime.

Presidencia do Senhor MinistrDjaci FaicAo. Presentes a Sessdo 0Senhores Ministros Cordeiro GuerraAldir Passarinho, Francisco RezekCarlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. Mauro LeitSoares.

Brasilia, 8 de outubro de 1985Hello Francisco Marques, Secretrio.

R.T.J. - 116 221

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 100 .135 - MG(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrente : Rede Ferroviaria Federal S.A. - Recorridos : Altino Feli-

ciano e outros.

Recurso Extraordlnarlo de natureza trabalhlsta Principio da le-galidade . A otensa a Constituicao hi de ser especitica. em concreto,e nAo de forma generlca ou por via reflexa . NAo tem abrigo na via ex-traordinarla o exame da negativa de vigencia da let (artigo 143 daConstitulcAO).

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em segun-da turma, na conformidade da atado iulgamento e das notas taquigra-flcas, por unanimidade de votos, emnAo conhecer do recurso.

Brasilia, 8 de outubro de 1985 -Dfacl FalcAo, Presidente - CarlosMadeira, Relator.

RELATORIO

cedidos a empress ferroviaria. Porigual, afronta a coisa iulgada, da de-cisAo adotada em dissidio coletivo,bem como a norma que veda vincu-laCAo on equiparaCAo de qualquernatureza , para efeito de remunera-CAo de pessoal do servigo pilblico(art. 153, § 3? e paragrafo unico doart. 98 da Carta).

0 recurso fol admitido apenas pelacontrariedade an § 2? do art. 153 daConstituiCAo e negativa de vigenciado art . 5? da Lei n ? 4.345/64.

E o relat6rio.

O Sr. Ministro Carlos Madeira:Servidores pflblicos cedidos A RedeFerroviaria Federal tiveram reco-nhecido, pelas instAncias ordinArtaso direito no reajustamento de 110%,concedido pelo art . 5? da Lei n?4.345/64.

Inconformada , a empresa interp6srecurso de revista , cujo seguimentofoi denegado pelo Presldente do Tri-bunal Regional do Trabalho da 31ReglAO . NAo logrando exito no agra-vo de instrumento , bem como nosembargos infringentes e no agravoregimental, mantfestou recurso ex-traordinArto , com suporte nos arts.143 e 119, a, da ConstitulCAo.

A declsao das instancias ordina-rias - alega a recorrente - contra-ria o § 2? do art . 153 da ConstltulCao,por isso que imp6e a concessAo dereajustamento que nao foi prevtstona let para os funcionArlos pfiblicos

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator ): No recurso de revista,apenas foi argUida a contrariedadeao principio da legalidade (§ 2? doart. 153 da ConstituiCao ). A materiaconstitucional fica , assim, restrita aessa ponto, uma vez que s6 a ad-missive) a que for levantada ateaquela oportunidade ( RE 89 . 643-RS,Relator Ministro Aldir Passarinho eRE 101 .661-SP, Relator Ministro Sid-ney Sanches).

No RE 97 . 616-MG, o Ministro Al-fredo Buzaid fixou o alcance da ar-gfiiCAo de contrartedade an § 2? doart. 153 da Carta por declsao da jus-tlCa trabalhista , verbis:

«... no recurso extraordinario, denatureza trabalhista , a ofensa hAde atingir diretamente precelto daConstitutCao e nao por via reflexa,

222 R.T.J. - 116

dizendo-se com base no art. 153, §2? da Constituicao que o julgadoobriga algumm a fazer alguma cot-sa que nao esta prevista em lei. 0art. 143 da Constituicao exclui ne-gativa de vigencia e so admite re-curso extraordinario, quando o Jul-gado contrariar «esta Constitul-cao». 0 que assentou a jurispru-dencia delta Corte foi que o recur-so extraordinario nao prescinde daargiiicao de ofensa constitucionalespecifica». (RTJ 109/703).

Tambem o eminente MinistroFrancisco Rezek, no RE 100 .171-2-BA, assim votou:

((No tocante ao art . 153 § 2? da leifundamental , cumpre observarque, conforme a jurisprudenciadesta Casa, a duvidosa ou erroneainterpretacao de lei comum naogarante exito ao recurso extraordt-nario trabalhista, que busque apoiona arguicao genirica de maltratoao principio da legalidade». (RTJ110/896)

A fundamentacao do recurso, noque toca ao principio da legalidade,nao vence o crivo desse entendimen-to, pacifico nesta Casa.

De outra parte , o recurso extraor-dinario trabalhista nao comporta oexame de negativa de vigencia dalet, a teor do art. 143 da Constitut-cao.

Nao conheco do recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 100.135-MG - Rel.: MinistroCarlos Madeira. Recte.: Rede Ferro-viaria Federal S.A. (Advs.: CarlosRoberto O. Costa e outros). Recdos.:Altino Feliciano e outros (Advs.:Evaldo Roberto Rodrigues Viegas eoutros).

Decisao: Nao conhecido. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao oslSenhores Ministros Cordeiro Guerra,lAldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. SubprocuradorGeral da Republica, o Dr. MaurLeite Soares.

Brasilia , 8 de outubro de 1985Hello Francisco Marques, Secreta^rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 100 .316 (EDcI) - SP

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.

Embargante : Banco Bradesco de Investimento S.A. - Embargado: Ban-co de Investimento Lar Brasileiro S.A., na qualidade de Sindico da MassalFalida de Silos do Brasil Tecno Comercial Ltda.

Processual CIvi. Embargos de DeclaraS Ao. NAo ha cuidar de Julgamento de embargos do devedor, se este sequer foi citado pareexecuceo . As aches ou execusdesindividuais dos credores sobre dlreltos e Interesses da massa fallda s3o suspensas desde a declaracao dsfalencia ate o seu encerramento ( art. 24 , Caput da Lei de Falencias).Embargos rejeitados , por inocorrencia de d6vlda ou omiss9o.

ACORDAO ma, na conformidade da ata do July

Vistos, relatados e discutidos estes gamento e das notas taquigraficas

autos , acordam os Ministros do Su - por unanimidade de votos, em rejeipremo Tribunal Federal, em 2' tur - tar os embargos de declaracao.

R.T.J. - 116

Brasilia, 18 de outubro de 1985 -Djact Fal llo , Presidente- CarlosMadeira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Carlos Madeira: AquestAo pode ser resumida nos dotsprimeiros t6picos do ac6rdAo da Prl-meira Camara Civil do Tribunal deJustiCa do Estado de Sao Paulo:

(CO Banco Bradesco de Investi-mento S . A. instaurou processoexecut6rio contra Silos do BrasilTecno Comercial Lida ., com funda-mento em escritura de repasse deemprestimos do exterior , com ou-torga , dentre outras , de garantiahipotecarla . No dia imedlato, lotdecretada a falencia da executada.

0 ponto fundamental do dissidioestA na apllcagao do artigo 24,parAgrafo 2?, inciso I, da Lei deFaltnclas . Nele 6 exclulda a sus-pensividade das aCOes e execuC6esiniciadas antes da falencia, peloscredores por titulos nao sujeitos aratelo .» ( fls. 120).

A Egr6gla Camara decidiu que,«apesar da anterioridade da aCAoexecut6ria , a ela se aplica a exceCAoao principio da suspensividade, oque determina o provimento do re-curso , para o fim de ser sustada aexecuCao.

Interposto recurso extraordinArio,nao foifo mesmo conhecido , em ac6r-dao com a seguinte ementa:

«Comercial . Falencia . Credito hi-potecArio . ExecucAO promovidaantes da abertura da falencia dodevedor . Suspensao da execuCaoindividual . Inexist6ncia de ofensaso art . 24, § 2?, I, da Lei de Falen-cias, em face da legislaCAo atual.Precedentes do Supremo TribunalFederal, que tornam superado 0dissidio . ( RE 100.322, DJ de 16-12-83).

Recurso extraordinArio nao co-nhecido.»

223

Op6e o Banco Bradesco de Investi-mento S/A embargos declarat6rlos,deduzindo que ase acha irresignado,data v6nia , 6 com a suspens&odasua execuCao antes do julgamentodos embargos a ela opostos , JA que,somente assim, estaria julgada a le-gitimidade do seu cr6dito , visto quenao pretende receber de imediatoseu cr6dito preferencial em relaCaoaos credores quirografarios, mas,para estar em condiC6es de recebe-lo, se depots de satisfeitos os credi-tos privilegiados , ainda sobejar re-cursos.

E questions : ate quando deverA ft-car suspensa a execuCao e como ficao seu credito, diante dessa situaCAo?

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator ): Segundo se 16 da inicial, aexecuCao foi distribuida pela ora em-bargante no dia 29 de junho de 1978.No dia 30 seguinte , foi declarada eaberta a falencia do executado.

NAo houve , pots, cltaCAo para aexecuCao . Consequentemente, nao hAque falar em julgamento de embar-gos do devedor , pots sequer se ins-taurou o processo execut6rio. Salien-te-se que, pars serem opostos em-bargos do devedor, havia de ser se-guro o julzo pela penhora , o que a In-viAvel, sem a citaCAo.

Quanto A indagaCao sobre atequando perdurarA a suspensao daexecuCao , a resposta estA na lei: asaC6es ou execuCOes individuals doscredores sobre direitos e Interessesda massa falida, ficam suspensasdesde a declaraCao da falencia ate oseu encerramento ( art. 24 , caput, daLei de Falencias).

NAO hA, assim , omissao on dividaa afastar por via dos embargos dedeclaraCao.

Rejelto os embargos.

224 R.T.J. - 116

EXTRATO DA ATA

RE 100 .316 (EDCI)-SP - Rel.: Mi-nistro Carlos Madeira . Embte.: Ban-co Bradesco de Investimento S.A.(Advs.: Matilde Gonsalves de Olivei-ra, Jost Jacques de Oliveira, JairoRibeiro da Silva e outros ). Embdo.:Banco de Investimento Lar Brasilel-ro S.A., na qualidade de Sindico daMassa Falida de Silos do Brasil Tec-no Comercial Ltda. (Adv.: Jayme Vi-ta Roso).

Decisao : Rejeitados os embargosde declaracao. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Republica, o Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasilia, 18 de outubro de 1985 -HMIo Francisco Marques , Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 100.620 - RJ(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Recorrente : Aristides Saldanha - Recorrido : Estado do Rio de Janeiro.

Adminlstrativo.Servldor publlco. TabellAo.ConstltulCAo Federal: art. 206, j 1? (reda(!Ao da E. C. n? 7 e antes

da E.C. n? 22). ProlblcJo de nomeaCAo no perlodo all prevlsto. Inter-pretaCAo. Lei n.? 489, de 1964, revogada pela de n.? 2.085, de 1975.

A vedaCAo do 4 2? do art . 206 da ConstltulcAo Federal (na redacAoda E.C. n? 7, de 1977 e, portanto, antes da alteracAo advinda da E.C.n? 22, de 1982) e pela qual nAo era possivel qualquer nomeaCAo, emcarater efetivo, para as serventias nAo-remuneradas pelos cofres pu-bllcos, nAo compreendla formas de provimento derivado, para serven-ttas nAo-oficiallzadas pelos cofres publicos , limitando-se , apenas, AsnomeaCbes str/ctu sensu. Precedentes.

0 disposto no art. 206 da ConstltuiCAo, na redaCAo da E.C. n? 7/77,nAo era auto-executavel. conforme results do seu 4 1?, cabendo aosEstados, ate que passasse tal artigo, caput, a vlgorar , reger-se, no

particular, pelas suas leis de organizaCAo 7udiciaria , ante o dispostono art. 13 da Let Maior; mas o 4 2? do mesmo art. 206 , pela sua natu-reza, teve vfgencia Imediata.

NAo a possivel ter-se como existindo direito adquirido A nomeaCAode serventuarlo se antes da abertura de vaga que a permitira (Lei n?489/64 ), tot esta revogada ( Lei 2.085/72).

ACORDAO

Vistos , relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, por sua 2?Turma , na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrafi-cas, por unanimidade de votos, naoconhecer do recurso.

Brasilia , 7 de de maio de 1985 -Djaci FalcAo , Presidente - AldirPassarinho , Relator.

RELATORTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): Adoto, como relat6rlo, aparte expositiva do parecer da douta

R.T.J. - 116 225

Procuradoria-Geral da Republica,da autoria do Dr. Antonio Machadoda Silva, verbis:

((Aristides Saldanha , serventuA-rio da JustiCa , impetrou segurangacontra ato do Governador do Esta-do, que transferlu Marcello Beirbde Miranda do cargo de EscrivAoda 8? Vara Civet Para o de Tabe-liAo do 9? Oficlo de Notas da mes-ma Comarca, vago em decorrenclada aposentadoria , por implementode idade , de Jose Monteiro de Cas-tro, ao mesmo tempo em que de-terminou a oficfallzaCAo desta ser-ventia, nos termos do art . 72 da Letest. n? 2.085-A, de 5-9-72.

Pleiteou o impetrante que thefosse reconhecido o direito de per-manecer no exercicio do cargo deTabellAo do aludido 9? Oficio deNotas, em substituiCao, ate o ad-vento da lei complementar previs-ta no art . 206, § 1?, da ConstituiCAoFederal , continuando a percebercustas e emolumentos , assegura-dos no § 3? do mesmo dispositivoconstitutional , ou, se ) ulgada cons-titutional a oficializacao da ser-ventia , que fosse provido , por efeti-vaCAo, no cargo de Tabeliao, porhaver preenchido os requisitos doart. 46 da Lei est. n ? 489, de 1964.

0 egr(!glo OrgAo Especial do Tri-bunal de JustiCa do Estado dene-gou, por6m , a seguran0a , conside-rando vAlida a transfer@ncia, palsa vedaCao do art . 206, § 2?, da LeiMaior, so se dirige As nomeaC6es,nAo abrangendo as formas deriva-das de provimento de cargo publi-co, e conclui pela inexistencia dedireito adquirido fundado no art. 46da Lei est. n? 489 , de 1964, pots avaga surglu quando esse disposlti-voJA havia sido revogado pela Lein? 2.085-A, de 5-9-72.

Recorre o impetrante, pela letraa do permissivo constitutional,sustentandovtolaCao do art. 206 eseus parAgrafos da ConstltulCAo

Federal, bem Como do § 2? do art.6? da Lei de Intr. ao C6digo Civil.Alega o recorrente , em resumo,que: a ) todas as serventlas do Paisforam oficializadas , por forCa daEC n? 7, de 1977, ressalvando-seapenas a situaCAo dos entAo titula-res nas serventias nao-remune-radas pelos cofres publicos; b) de-corre do art. 206 e seus parAgra-fos a proibiCAo aos Estados e Mu-niciplos de aplicarem sua pr6-pria leglslaCAo relativa As serven-tias, bem como de nomearemqualsquer funcionArios Para asnAo-remuneradas pelos cofres pu-blicos ; c) se 6 possivel aplicar leilocal sobre serventias, haver-se-Ade reconhecer seu direito adquiridoA efetivaCAo no cargo, por forCa dodispost6 no art . 46 da Lei est. n?489, de 1964, pots embora a vaga ti-vesse ocorrido na vigencia da Lein? 2.085-A, de 1972; o exercicio dodireito do recorrente dependia ape-nas de um termo, que deveria serexercido quando ocorresse a va-cancia, que era fato previsivel einfalivel .» ( fis. 178/179).

Inadmitido o recurso, agravou orecorrente. Mandel subir o recursoPara melhor exame da demanda.

Manifestando-se a respetto , opinoua Procuradoria-Geral da Republicapelo nao conhecimento do recursoextraordlnArio.

E este o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldlr Passarinho(Relator): 0 recorrente pretende serefetivado no cargo de titular, do 9?Oflcto de Notas, dizendo-se ampara-do pela Lei n? 489, de 1964 , na confor-midade do seu art. 46, combinadocom o art. 6?, § 2?, da Lei de Introdu-CAo so C6digo Civil e que seta torna-da sem efeito a oficializaCao daqueleCart6rio.

226 R .T.J. - 116

O parecer da douta Procuradoria-Geral da Republica, da iavra do Dr.Moacir Antonio Machado da Silva, edo seguinte teor, na sua parte con-clusiva, em que se manifestou pelonao conhecimento do recurso: (fls.180/181)

«Em primeiro lugar, se a Leiest. n? 489, de 1964, que dispunhasobre efetivaCao de serventuarios,com macs de vinte e cinco anos deserviCo, nos cargos que estivessemocupando em substituiCao, lot revo-gada pela Lei n? 2.085, de 1972, Co-mo decidlu a JustiCa do Estado, ea vaga so surgiu na vigencia desteultimo diploma, inexiste direito ad-quirido a aludida efetivaCao.Acrescente-se que no art. 46 da Letn? 489 nao estabeleceu nenhum ter-mo, nada disp6s sobre a ocorrenciade vaga ahem do periodo de vigen-cia da let revogada. Dat porque oacordao considerou que, entre osrequisitos pars a efetivaCao, se in-cluia necessariamente o da, ocor-rencia da vaga na vigencia dessalei estadual.

No tocante a validade da transfe-rencia em si, observa-se, de inicio,que a vedaeao do art. 206, § 2?, daConstituiCao Federal, nao com-preende formas de provimento de-rivado das serventias nao-remu-neradas pelos cofres publicos, Ii-mitando-se apenas as nomeag6es,stricto sensu , como tem decidido 0Supremo Tribunal Federal (RE92.350, RTJ 96/1380; RE 92.327, DJde 19-12-80; e Rp 1073, RTJ103/916).

Resta saber, portanto, se a vali-da a oficializaCao do Tabelionatodo 9? Oficlo de Notas, para o qualse operou a transferencia do titulardo cargo de EscrivAo da 88 VaraCivet, remunerado pelos cofres pu-blicos.

Cumpre notar, a propOsito, que oart. 206 da Lei Maior, na redaeaodaEC n? 7, de 1977, nao operou a

estatizaCAo automatica das serven-tias nao-remuneradas pelos cofrespublicos . Era claro o § 1? do mes-mo artigo quando Impunha aos Es-tados e ao Distrito Federal o de-sencadeamento do processo de ofi-cializaCao, com observancia dasnormas gerals que viessem a serfixadas em lei complementar, deiniciativa do Presidente da Repu-blica.

Parece-nos, porem, que o cita-do preceito constitucional nAo pa-ralisou a eficacfa de regra de di-refto local que dispunha sobre aoficializaCao das serventias. Se le-gislaCao estadual nesse sentido eravAlida no regime anterior ao daEmenda n? 7, de 1977, com matoriade razAo havers de prevalecer navigencia de seu art. 206 e parAgra-fos, que impuseram a oficializa-Cao.

Cumpre acrescentar, alias, quea competencia deferlda a UniAopara editar normas gerals naoanula o poder legiferante dos Esta-dos para dispor sobre a materia.Esse e o princlpio observado, semvacilaC6es, no que se refere a defi-niCao da competencia dos-Estadospara legislar sobre as materiasdas alineas c e q do art. 8?, XVII,da Lei Fundamental, prevista noparAgrafo ilnico do mesmo artigo.

E certo que a Emenda Constitu-cional n? 22, de 1982, em seu art.208, assegurou aos substitutos dasserventias extrajudiciafs e do forojudicial , na vacancia , a efetivaCaono cargo de titular , desde que, in-vestidos na forma da let , contemou venharn a contar cinco anos deexercicio nessa condiCao e na mes-ma serventia , ate 31 de dezembrode 1983 . Ocorre, porem, que esseprecelto constitucional nao temefeito retroativo, nao Invalidando alegislagao estadual em sentido dl-verso, mas compativel com aEmenda n? 1 , de 1969, e com aEmenda n? 7, de 1977.))

R.T.J. - 116

Entendo que , tal como parece ailustrada Procuradoria -Geral da Re-publica , nao tem razao o impetrant,.

Velamos.Dizem o art . 206 e seus paragrafos

1", 2? e 3 ? da Lei Maior , acrescidospela Emenda Constitutional n? 7, de1977, in verbis:

((Art . 206. Ficam oficializadasas serventlas do foro judicial e ex-trajudicial , medfante remunerarAode seus servidores exclusivamentepelos cofres pUblicos, ressalvada asituaeAo dos atuals titulares, vi-talicios ou nomeados em carAterefetivo.§ 1? Lei complementar , de inf-

ciativa do Presidente da RepUbli-ca, disporA sobre normas gerais aserem observadas pelos Estados,Distrito Federal e Territ6rios naoftcializaeao dessas serventias.

§ 2? Flea vedada , ate a entradaem vigor da lei complementar aqUe alude o paragrafo anterior,qualquer nomeaeAo em carAterefetivo para as serventias nao-remuneradas pelos cofres pUblicos.

§ 3? Enquanto nao fixados pelosEstados e pelo Distrito Federal osvencimentos dos funclonArios dasmencionadas serventias , continua-rAo eles a perceber as custas eemolumentos estabelecidos nosrespectivos regimentos.))

NAo podem subsistir duvidas quan-to a nAo ser auto-executavels o dis-posto no Caput do transcrito art. 206da Constituieao , se let complemen-tar, Segundo o seu § 1?, 6 que dlspo-ria sobre as pr6prias normas gerafsa serem observadas pelos Estados,Distrito Federal e Territ6rios , na ofi-cializaeAo dessas serventlas.

Entretanto , nao significa isso quefiquem ern suspenso ou revogadas asleis estaduais JA existentes , que este-Jam disciplinando a materia, postoque enquanto nao vigorar a normaconstitutional tem os Estados de

227

reger-se pelas suas leis de organiza-eao, conforme resulta do art. 13 daConstituieao . Tern, 6 certo , de res-peitar , com relaeao aos servidorespUblicos, os principios nela estabele-cidos, mas naquilo em que nao hou-ver disciplina federal em normaconstitucional prevalece a legislaeaoestadual , e esta e a hip6tese dos au-tos.

JA antes da EC 7/77, a Lei esta-dual dispunha sobre a oficfalizaeAodas serventias , inclusive quanto asua oficializaeao das serventias, enao ha como considerar-se revogadatal legislaeao antes que entrasse emvigor o art. 206, Caput, da CF.

Entretanto , o § 2? do mesmo art.206 6 da vigencia imediata, determi-nando ele , em norma de carAtertransit6rio , que ficava vedada, ate aentrada em vigor da lei complemen-tar, «qualquer nomeaeAo em carAterefetivo para as serventias nao remu-neradas pelos cofres pUblicos».

Neste ponto , 6 de saber-se se anomeaeAo referida no texto do pre-ceito constitutional aludido , deve tercarAter estrito , abrangendo , portan-to, apenas provimento originArio doscargos , ou se envolve , igualmente,as demais formas de provimentos:aproveitamento , reversAo ou transfe-rencia.

A respelto , JA decidiu este Tribu-nal, em mais de uma oportunidade,que em se tratando de aproveita-mento , nAo incidirta a proibieaoconstituclonal , do que resulta que aship6teses de provimento derivadonao se encontram abrangidos pelarestrieao em exame . HA de ser to-mado assim o termo nomeaeAo nasua conceituaeao tecnica , estrita,significando provimento initial ouoriginario , na diferenciaeao que fazo ilustre Hely Lopes Meirelles, aodistingui -lo do derivado ( Direfto Ad-ministratlvo Brasflelro , 11? ed., pag.355). E hi de , se considerar havervinculaeAo entre o cargo anterior

228 R.T.J. - 116

exercido pelo serventuario que toitransferido para o 9? Oficio de Notasse a lei estadual dispunha de tal vin-culaCao para fins de transferencia,at6 porque eles se incluem no siste-ma de organizaCao judiciaria do Es-tado. Quanto a tal aspecto, cabe ob-servar nao ser cabivel discuti-lo, naos6 por nao ter sido colocado o ex-traordinArio sob o fundamento da te-tra c do permissivo constitucional,coma porque nao chegou sequer ahaver impugnaCAo no referente a talvinculaCao.

No RE n? 92.327-SP, decidido nestaC. 21 Turma, Relator o Sr. MinistroLettao de Abreu, assinalou S. Exa.,ao concluir seu voto, no qual, a parde outras consideraCOes, transcreveuo parecer da ilustrada Procuradoria-Geral da Republica:

«Nao se cuida em tal caso, de no-meaCao para cargos dessa nature-za, mas de provimento, por outraforma , ou seja , mediante aprovei-tamento de serventuario posto emdisponibilidade , em razao da extin-Cao do cargo que ocupava. ComonAo vejo, na esp@cie, a alegadaofensa ao § 2? do art . 206, da Cons-tituiCAo Federal , nao conhero dorecurso.n

Decisao no mesmo sentido veto aser ainda desta Corte , no RE 92.350-1, Relator o Sr. Ministro ThompsonFlores , que no seu voto assinalou, in-terpretando o § 2? do art . 206, daCF.:

«Nao conheco do recurso.

Seu prosseguimento e melhormeditaCAo sol5re a legitima exe-gese do art . 206, § 2?, da Constitui-cao, convenceu-me de que o ac6r-dAo recorrido , antes de contrartA-lo, deu-lhe correta compreensao.

Assim tamb6m se orientou o pa-recer transcrito , seguindo rumoid8ntico aquele emitido As fls. 84/5,pelo Procurador da JustiCa.

E realmente assirn tinha que ser.0 recorrido JA era titular vitaliclode cart6rio . Com a extlnCao de seuoficio, satisfeitas as condiCOes le-gais, postulou o aproveitamentoem serventia outran

E concluiu , deste modo, o seu votoo ilustre entao relator , deixando cer-to que o termo onomeaCOesn do § 2?,do art . 206, da CF havia de ser consi-derado em acepCAo estrita:

<(Dita forma de provimento,preexistente A prolbiCao constitu-cional , limitada provas ( sic) no-meaCOes , certo nao o afetava faceA interpretacao restritiva que me-rece ser dada como reconheceu,corn acerto , o decis6rio impugna-do.n (Naturalmente onde se 10provas deve-se ler novas , pois pa-rece evidente 0 erro de fmpres-SAo).

Outrossim, ao ensejo do julgamen-to da RepresentaCao de Inconstitu-clonalidade n? 1073-RS, o PlenAriodesta Corte, Relator o Sr. MinistroRafael Mayer , decidlu que, con-forme expresso na ementa da res-pectiva ementa:

«A vedaCao do art . 206, § 2?, daConstituiCAo Federal nao com-preende provimentos outros, quenao a nomeaCAo , para o preechi-mento das serventias nao remune-radas pelos cofres p0blicos.»

E disse o Sr . Ministro Rafael Ma-yer, no seu voto:

«Se nao se desume , pois, do textoconstitutional a proibiCao de provi-mentos outros , que nao a nomea-Cao, para o preenchimento de ser-ventias nAo remuneradas pelos co-fres publlcos , nAo ha de ver-se in-constitucionalidades na impugnadaressalva do dispositivo estadual, sopermitir a movlmentaCAo dos anti-gos titulares , com as respectivassituaCOes resguardadas pelo textoconstitutional , Segundo as formas

R.T.J. - 116

de provtmento secundario admitt-das pela let de organizaCao judicia-rta.» (RTJ, 103/920).

Deste modo, ante a Jurisprudenciadesta Corte , espectalmente em facedo Julgamento plenarto sobre o te-ma, els que all , particularizada-mente , se examinava a questao deprovimentos derivados: remoCAo,permuta ou promoCao , em frente adiscutida norma constitucional (g 2?do art. 206) nAo ha mats comosustentar-se a tese de que o termo«nomeaCao » all inserido abrangeambas as modalidades de provimen-to: original e derivado.

Resta, entao examinar-se o direitodo autor, diretto subjetivo que pode-ria possuir, em virtude do dispostono art. 46 da Lei n? 489/64:

«Os serventuarios que tenhammats de 25 anos de serviCo serAoefetivados nos cargos que estejamocupando em substttulCao.»

Alega o recorrente que a Lei n?2.085/72 nao revogou o art . 46 acimatranscrito mas que, de qualquersorte, JA possuia ele , a data da vi-gencia daquela de 1972, 27 anos deservico.

A respeito , declarou o v. ac6rdaoImpugnado : ( fls. 86)

«A Lei n? 2.085-A, veio a regularinteiramente o Regime Juridicodos Servidores e ao refertr-se a Lein? 489, ressalvou , tao-s6, aos direl-tos de promoCao e transferencia detitulares , nomeados ate a data daentrada em vigor da referida leb>(art. 338).

Pouco importa o tempo de servi-Co do impetrante a data do ato queimportou na oficializaCao do Cart6-rio em que entAo exercia «as fun-C6es de Responsavel pelo Expe-diente» ou ainda , na vigencia daLei n? 489 . Se na vigencia desta leiviesse a vagar o cargo de Titulardo Cart6rlo, o que nao ocorreu, atsim poderta assistir ao impetrante

229

direito a promoCao . Entretanto 0cargo somente vagou-se pela apo-sentadoria compuls6rta do titular,em 20-6-79 (fls . 35). Ha muito del-xara de vigorar o art . 46 da citadaLei n? 489, por forCa da Lei Estadual n? 2 .085-A.n

E o Sr . Desembargador BasileuRlbeiro Filho, em declaraCao de vo-to, cujas raz6es foram endossadasexpressamente por dots outros deseus i;ustres pares acentuou, com re-laCao a invocaCao de direito adquiri-do, embora reconhecendo o aspectomoral favoravel do impetrante queentretanto , nao possuia o direito vin-dicado por inocorrencia de vaga soba vigencia da lei antiga : ( fls. 88)

«Quanto ao argumento extraidodo art. 6?, § 2?, da Lei de Introdu-Cao que considera adquirido o di-reito sujeito a termo ou cowllcao,entendo , data yenta , que essa nor-ma, relativa as modalidades apos-tas a atos juridicos, nao pode seraplicada a relaCao estatutaria dofuncionario publico com a adminis-traCao . For isto a que, por ex.Waline , Traite elementaire deDrolt Adminlstratlf, pag. 573, esegs . da 5a ed., trata das modalida-des e dos vicios de consentimento emesmo, em particular , das condt-Cdes potestativas , apenas em rela-Cao aos contratos da admintstra-Cao, com particulares.

For essas raz6es a que lamentan-do nao ter encontrado uma conct-liaCao entre o aspecto moral. daquestao e sua soluCao juridica, de-neguei a seguranCa.»

De fato, incabivel pretender-se oaprovettamento do impetrante, orarecorrido , se na vigencia da lei que oamparava nAo se abriu vaga quepermitisse sua efetivaooo no cargo.

Pelo exposto, e anotando que ou-tros dispositivos legais invocados noextraordinario , nao podem ser exa-

230 R.T.J. - 116

minados por falta do indispensavelprequestionamento (SUmulas n?s 282e 356), nao conheCo do recurso.

E o meu voto.EXTRATO DA ATA

RE 100.620-RJ - Rel.: Min. AldirPassarinho. Recte.: Aristides Sal-danha (Adv.: Cid Sucena MartinsTeixeira). Recdo.: Estado do Rio deJaneiro (Adv.: Ricardo Cesar Perei-ra Lira).

DecisAo: Nao conhecido. Unanime.

Presldencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Decio Miranda,Aldir Passarinho e Francisco RezekAusente, justificadamente, o SenhorMinistro Cordeiro Guerra. Subpro-curador-Geral da Republica, Dr.Mauro Leite Soares.

Brasilia, 7 de malo de 1985 - HelloFrancisco Marques, Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 100. 688 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Recorrente: FEPASA - Ferrovia Paulista S.A. - Recorridas: Acacia

Rodrigues Gaspar e outras.

FEPASA.

FerroviSrlos. Dependentes: pensio.

Incabivel examinar-se o direito de pensionistas de ferroviArios daFEPASA ante a restrlCao contida no 4 2? do art . 102, da ConstitulgAoFederal, se tal norma nAo tot examinada no acbrdao recorrido e nemnos embargos declaratbrlos interpostos pela recorrente , na instAnciaa quo, veto eta a baths . E as Sufnulas 38 e 339 , Invocadas como su-porte so recurso pela letra d do art. 119, III, da C.F. sao inaplica-vets a hipbtese, pots, no caso , trata-se de complementacAo de pens8o,decorrente de aumentos de vencimentos daqueles de quem eram asautoras dependentes , temas de que nAo tratam as sumulas aludidas.A correCao monetaria passou a incldir segundo os ditames da Let6.899/81, a partlr de sua vigbncia.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, por sua Se-gunda Turma, na conformidade daata do julgamento e das notas taqui-graficas, por unanimidade de votos,nao conhecer do recurso.

Brasilia, 12 de marCo de 1985 -Djaci Falcao , Presidente - AldirPassarinho , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): Trata-se de aCao ordina-

ria proposta por Acacia RodriguesGaspar e outras, viuvas pensionistasde ferroviarios aposentados, contraa FEPASA-Ferrovia Paulista S/A,objetivando o recebimento de au-mentos gerais de vencimentos, esta-belecidos pars 1977, em 41% e, pars1978 em 40%, reajustes estes consi-derados na complementaCao de pen-soes e proventos a que fazem jus.

A sentenCa de Its . julgou a aCaoimprocedente . Em grau de apelaCao,a sentenCa tot reformada para julgarprocedente a aCao, desconsideradasas parcelas alcancadas pela prescrl-Cao giiinquenal.

R.T.J. - 116

Dessa decisao recorreu extraordi-nariamente a Ferrovia , com espequenas letras a e d da previsAo constitu-cional , alegando maltrato ao artigo102, ¢ 2?, da Constituisao Federal edissenso Jurisprudencial , Inclusivecom manifesta divergencia com asSumulas 339 e 38 desta Corte . Argui,ainda, relevancia da questao federal.

Foi o recurso inadmitido . Todavia,acolhida a relevAncia da questAo fe-deral , sublram os autos a esta Corte.

E este o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho,(Relator): Em face do acolhimentoda argiiicao de relevancia , os 6bicesregimentals ficam ultrapassados,em atencao so disposto no Caput doart. 325 do RI/STF.

No seu recurso extraordinario, in-voca a FEPASA maltrato ao dispos-to no art. 102, § 2?, da ConstituicaoFederal, mas nao foi ventilada anorma constitucional no v. ac6rdaorecorrido, e nem para ve-la discuti-da interp6s a Ferrovia embargos dedeclaraCio , eis que estes apenas vi-saram a esclarecimento quanto A da-ta da incldencia da correcao monetA-ria sobre as prestar6es vencidas eque ficasse igualmente expresso se ov. ac6rdao considerara as autorasComo servidores estatutarios, o quedeve ser compreendido quanto aosservidores de que silo dependentesos autores . Alias, quanto A correcAomonetaria , ficou dito, no v . acOrdaodos embargos , que a sua incidenciase fazia a partir da data da entradaem vigor da Lei n? 6. 899/81, e quantoA natureza Juridica dos servidores,nAo chegou a dize-lo expressamente,mas a de ter -se que os considerou

231

servidores estatutarios pela referen-cia an art . 193 do Estatuto dos Ferro-viArios.

O ac6rdAo nao pode ser reexami-nado nesta instancia excepcional,pots, na hip6tese , Inaplicavels as Su-mulas 38 e 339, invocadas em respal-do do apelo ultimo . Quanto A primes-ra, nao se trata de reclassificacao,mas Sim de extensao de aumentos devencimentos , que abrangeria os ina-tivos e, quanto so Segundo, nAo haaplicacao ao principio da isonomia,mas Sim interpretaCAo do art. 193 doEstatuto dos Ferroviarios.

Poderia ser reexaminada a de-manda , nesta via, se posta sob ou-tros enfoques , mas nao sob os trazi-dos a debate.

Pelo exposto , nao conhe0o do re-curso.

E o meu voto.

EXTRATO DA ATA

RE 100 . 688-SP - Rel.: Ministro Al-dir Passarinho . Recte.: FEPASA -Ferrovia Paulista S/A (Advs.: Ebe-nezer Moreira Vital e outros). Rec-das: Acacla Rodrigues Gaspar e ou-tras (Adv.: Nair Fatima Madani).

Decisao : Nao conhecido . UnAnime.Ausente, ocasionalmente, o SenhorMinistro Decio Miranda.

Presidencia do Senhor MinistroDjacl Falcao. Presentes A Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Decio Miranda, Aldir Passarinho eFrancisco Rezek. Subprocurador-Geral da Republica, Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasilia , 12 de marco de 1985 -Hello Francisco Marques , Secretario.

232 R.T.J. - 116

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 100.748 - SP

(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Nerl da Silveira.

Recorrente: Neire Lygia Egydio de Souza - Recorrido: Prefeitura Muni-cipal de Pindamonhangaba.

DesaproprlaCao indireta. Correi0o monetarla . Lei n" 6 .899/1981.Anteriormente a Let n° 6.899/1981 , a jurisprudencia do STF ja garan-tia correCao monetarla do valor da indentzaCao , em desaproprlaCaoindlreta , seguindo os principfos aplicaveis , no particular , as aCbes dedesaproprlaCdes (Decreto-lei n? 3.365/1941 , art. 26, 1 2?). A norms doart. 153, 122, da ConstitulCao , a tnvocSvel, tambem , em desaproprla-Cao Indireta . Recurso extraordinarlo conhecido e provido , pare que acorreCao monetaria do valor da indenizaCao se faCa , a partir da datada avaliagAo , anterior , no caso , a Let n? 6.899/1981 , e nAo a contar davigencia deste diploma legal.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgarnentos e notas taquigraficas, aunanimidade, conhecer do recursoextraordinario e the dar provimento.

Brasilia, 8 de junho de 1984 -Soares Munoz, Presidente - Nerl daSilveira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Nert da Silveira(Relator): 0 Dr. Juiz de DireitoSubstituto da comarca de Pinda-monhangaba -SP Julgou procedenteaCao expropriat6ria indireta pro-posta por Neire Lygia Egydio deSouza , contra a Prefeitura Municipalda referida comarca, e condenou aexpropriante a pagar indenlzaCao novalor de Cr3 1.756. 648,80, mais juroscompensat6rios a razao de 12% a.a.,contados a partir de 15-6-73, honora-rios advocaticios fixados em 10%, in-cidindo sobre o valor da indenizarAocorrigida monetarlamente com osjuros sobre ela contados , a partir doajuizamento da aCao (art. 1? e § 2?,

da Lei n? 6.899, de 8-4-81 ), custas edespesas processuais (fls. 153/158 e166/167).

Submetida ao duplo grau de juris-diflo e ern decorrencia de apelaCaointerposta pela Municipalidade, subt-ram os autos ao colendo Tribunal deJustica do Estado de Sao Paulo que,por sua D6cima Terceira CamaraCivil, ern votaCao uniforme, deu pro-virnento parcial ao recurso apenaspara fazer incidir a correCao mone-taria a partir da data em que entrouem vigor ^a Lei n? 6. 899, de 8-4-81, ad-mitindo , ainda, se culda de divida devalor (fls. 194/195).

Inconformada,interp6s a autora opresente recurso extraordinarlo,com fundamento no art . 119, incisoIII, alinea a e d, da ConstitulCao Fe-deral. Sustentou que o aresto recor-rido violou o art. 153, § 22, da CartaMagna , negou vigencia ao art. 1?, daLei n? 4.686, de 21-6-1965 e art. 1?, §2?, da Lei n? 6.899, de 8-4-81, alemde se apresentar em divergenciacom julgados desta Corte e do Tribu-nal Federal de Recursos (fls.197/204).

Admitido o processamento do ape-lo derradeiro , pelo despacho de Its.207/208 , tAo-somente pelo fundamen-

R.T.J. - 116

to da letra a da norma constitucto-nal, a recorrente apresentou as ra-zdes de its . 213/222, manifestando arecorrida as contra -razbes de its.225/233.

Manifestou -se a douta Procurado-ria-Geral da Republica, As f1s.238/240 , pelo conhecimento e provi-mento do recurso.E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Nerl da Silvelra(Relator): Desde epoca anterior aoadvento da Let n? 6.899, de 1981, jase concedia , na jurisprudencla doSTF, correCao monetaria do valor daindenizaCao, nas expropriaC6es indi-retas , seguindo-se , no particular, oregime da aCao desapropriat6rla, is-to e, decorrido o prazo de um ano apartir da avallaC6o ( Decreto-lei n?3.365 /1941, art. 26, § 2?). A norma doartigo 153 , § 22, da ConstituiCAo, a in-vocAvel , tambem , em desapropria-Clio lndireta.

No caso, a avaliaCao ocorreu em1978. Nao cabia, dessarte, deferir acorreC6o monet5ria , a partir da Lein? 6.899/1981 . Em assim determinan-do, ofendeu o aresto recorrido a nor-ma maior , que garante a justa inde-nizapao . A sentenCa, de outra parte,concedera a correCAo monet5ria, acontar do ajuizamento da aCao,invo-cando o art . 1? § 2?, da Lei n? 6.899,de 1981 (11s. 157). Na apelaCao da orarecorrida , Prefeltura Municipal dePindamonhangaba ( fls 171 ), impug-nara esta a parte da sentenCa, noque concern ao termo a quo da cor-reCao monetarla, sustentando os6 Be-ver incidir um ano ap6s o laudo enao do ajuizamento da demanda».Nao hA, assim , deixar de reconhecero prequestionamento do terra, ao en-sejo do ac6rdAo recorrido, que optoupor soluCao ainda mats favoravel Arecorrida.

233

Bern anotou , portanto , o parecerda ilustrada Procuradorfa-Geral daRepublica , As Its . 238/239, verbls:

«COnsoante remansosa jurispru-dencla, cristalizada na Sumula n?561 da Excelsa Corte, o pagamentodo valor do im6vel desapropriadoodeve ser amplo , operando-se essaatuallzaCao como ate o momentoem que se efetive o integral paga-mento do preCo, com juros e corre-Cao monetAria , ficando, deste mo-do, observado o principio insertono art . 153, § 22, da ConstltuiCAoFederal , da justa indenizaCAo emdinheirou ( Exmo . Sr. Ministro Al-fredo Buzaid, no RE n? 97.575/PR,julgado na 1° Turma, RTJ105/426).

0 tema, de piano se ve, tem al-cance constitucional e a venerandadecisAo recorrida discrepa frontal-mente da Sumula , calcada esta naLei n? 4 . 686, de 21 de junho de 1965.

Merece, pois , ser o recurso ex-traordin5rio conhecido . E provido.NAo a caso de incidencia da Lei n?6.899, de promulgaCao bem macsrecente, 8 de abril de 1981, que vetosuprlrlacuna no piano da atualiza-Cao monetAria, qua] seja o de suaincidencia sobre qualquer debitoresultante de decisAo judicial. Re-ferido diploma atendeu aos an-seios de justiCa daqueles que,indoem busca de provimento jurisdiclo-nal'para recebimento de haveresem especie, sentiam minguaremseus creditos em razAo da espiralinflacionAria sem a contrapartidada lei que a neutralizasse. Maseste nao era , entAo , o problemados que faziam jus a indenizaCaopor desapropriaCao desde que jAvigente a Lei n? 4. 686 que , pars fa-zer observar o principio da justaindenizagAo insculpido no § 22, doart. 153, da ConstituiCAo Federal,estabelecera a incidencia da corre-C5o monet5ria do valor apuradodesde que decorrido prazo superiora um ano a partir da avaliaCAo.»

234 R.T.J. - 116

Do exposto, conheCo do recurso ethe dou provimento, para que a cor-reCao monetaria, na presente expro-priaCao indireta, se de a partir dadata da avaliaCao, e nao a contar davigencia da Lei n ? 6.899/1981, comodeterminou o ac6rdao.

EXTRATO DA ATARE 100.748-SP - Rel.: Ministro

Neil da Silveira. Recte.: Neire LygiaEgydio de Souza (Advs.: Lutz Fer-nando Ferreira de Souza e outros).Recdos : Prefeitura Municipal dePindamonhangaba (Advs.: EniltonFernandes Nogueira e outro).

Decisao: Conheceu-se do recurso ese the deu provimento . Decisao una-nime. Falou pelo Recte.: Dr. LutzFernando Ferreira de Souza.

Presidencia do Senhor MinistroSoares Munoz. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Rafael Mayer,Neri da Silveira, Alfredo Buzaid eOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 8 de junho de 1984 -Antbnio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 100 .993 (EDc1) - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.

Embargante: Jose Guy de Carvalho Pinto e outros - Embargados: Es-tado de Sao Paulo.

Embargos de declaraCAo em embargos de declaraCao . Impossibi-lidade de relteraCdo de novos embargos declarat6rios objetivandoatacar aspectos JA solucionados na decisAo dos primitivos embargos,e, multo menos , quest6es decididas nos embargos declarat6riosrejeitados.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal, a unanimidadede votos e na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, rejeitar os embargos de decla-ragao.

Brasilia, 3 de outubro de 1985 -Djacl Falcao, Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Djaci Falcao:Culda-se de embargos de declaracaoopostos ao ae6rdao de fis. 21.224 a2.232, proferido em embargos decla-rat6rios, que traz o seguinte teor:

«Relat6rioO Sr. Ministro Djacl Falcao:

Trata-se de embargos declarat6-rios interpostos, tempestivamente,contra o seguinte ac6rdao:

«Vistos, relatados e discutidosestes autos de ApelaCao Civel n?'6.314-11, da comarca de SaoPaulo, em que a apelante aFazenda do Estado de Sao Paulo,sendo apelados Jose Guy de Car-valho Pinto e outros:

Acordam, em Terceira CamaraCivel do Tribunal de Justine doEstado de Sao Paulo, por votacaounanime, adotados os relat6rfoslanCados nos autos, negar provi-mento a apelacao.

A r. sentenca de fls. 1.712/1.713homologou a conta de liquidaCao

R.T.J. - 116

de fls. 1.262/1.705, em que se pro-cedeu an cAlculo da correCao mo-netSria desde o ajuizamento daagao.

Irresignada , a Fazenda do Es-tado apelou , sustando , em rette-raCao, que a correCao monetArianao podia ser concedida, porquedesse beneficio nao havia cogita-do a r. decisAo exeg0enda, comoa ele nAo se referira o pedido ini-cial; e, de qualquer forma, aduziu,a correCao monetAria nao seriacabivel na especie, que ndo con-templa divida de natureza all-mentar.

O Egregio Plenarlo, dirimindo,em Incidente de UniformizaCaoda Jurisprudencia, as dfividassuscitadas nos autos, deixou as-sentado , por matorta de votos,que, em razAo de lei superve-niente (Lei n? 6. 899, de 8-4-1981),a correCAo podia ser concedidaem execuCAo Independentementeda falta de pedido lncial, e gue acorreCao devia incidir a partirdo ajuizamento da acao (fls.2.021/2.072).

A luz dessa r. orientaCao, a ir-resignaCAo da Fazenda nao podeprosperar.

Isto posto , negam provimento AapelaCao , para confirmar a r.sentenea.

Custas, em repostrAo pela Fa-zenda do Estado ( artigo 2?, § 2?do Regimento de Custas).

O julgamento lot presidldo peloSr. Desembargador RodriguesPorto e dele tambAm participouo Sr. Desembargador PinheiroFranco , ambos com votos vence-dores.

Sao Paulo, 3 de agosto de1982 - Cesar de Moraes, Rela-tor. (fls. 2.079/2.080).

'Irresignado o Estado de SaoPaulo interpOs recurso extaordt-nArio com fundamento na alinea

235

a do permissivo constitucionalalegando ofensa ao art . 153, § 3?da C. Federal e violaCao dosarts. 1? da Lei n? 5.670/71, 3? daLei n? 6.899/81 , 610, 462 e 741, V,do CPC ( its. 2083 a 2096).

Pelo despacho de fls. 2139 a2140 foi o recurso admitido.

0 recorrente nao reiterou o pe-dido de processamento da rele-vAncia na forma do art . 329, 1, doRI/STF (fls. 2165).

Com as razoes de fls. 2143 a2146 e contra -razoes de fls. 2.148a 2.160, subiram os autos a estaCorte.

Voto0 Sr. Ministro Djacl Falcdo

(Relator): Trata-se de aCao ordi-naria - em face de liqulda(;ao -movida por magistrados paulis-tas objetivando recAlculo de seusvencimentos.

Incidem , em principio , os obs-taculos previstos no art. 325, in-cis. IV, d e Cl, do RI/STF.

EsclareCo que embora a rele-vancia nao tenha sido processadaem face do falta de reiteraCAo dopedido (fls. 2.165); alegou o re-corrente ofensa an art. 153, § 3",da C.F., que prescreve a retroatl-vidade das leis, pelo que passo aexaminar a questAo sobre esteAngulo.

Na verdade, o aresto recorridotomou como razao de decidir oincidente de uniformizaCdo de ju-risprudencia onde ficou assenta-do que a Lei n? 6.899/81 tem lnci-d@ncia sobre periodo anterior aoinicio da sua vigencia, nao sendopossivel falar em efelto retroatl-vo vedado (fls. 2.026 a 2.027).

Tenho , portanto , como pres-questlonada a ofensa ao art. 153,§ 3", da ConstitulCao Federal.Por outro lado o aresto an deter-minar A aplicacao da correCAo

236 R.T.J. - 116

monetaria a partir do ajuizamen-to da apao, de modo retroativo,divergiu da orientaCao pacificadesta Corte, consoante os segutn-tes precedentes : AR (AgRg) 948,relatado pelo eminente MinistroXavier de Albuquerque, peranteo Pleno (RTJ 99/539), e os RREE99.154 e 99 . 913, por mim relata-dos.

Imp6em-se a correCao moneta-ria, porem a partir da Let n?6.899/81.

Em face do exposto, conhecodo recurso e the dou provimentopara determinar que a correCaomonetaria Incida a partir da vi-gencia da Lei n? 6.899/81.'Sustentam em sintese os embar-

gantes:a) 0 v. ac6rdao proferido na

apelaCao confirmou a r. sentenCade primeira instancia , que im-ports dizer que vale, para todosefeitos legais , a parte dispositivada sentenCa;

b) A sentenCa proferida emmaio de 1980 , antes , portanto, davigencia da Lei n? 6.899/81 esta-beleceu crit6rio pr6prio a corre-Cao monetaria;

c) A superveniente Lei n?6.899/81 s6 foi apreciada e decidi-da no julgamento do incidente deuniformizaCao de jurisprudencia,cuja decisao nao comporta recur-so extraordinarto;

d) Confirmados os fundamen-tos contidos na sentenCa do anode 1980 pelo v. ac6rdao recorrido,somente se poderia devolver aoExcelso Pret6rio a materla conti-da na sentenCa;

e) Havia e ha impossiblidadeabsoluta de se vislumbrar infra-cao constitucional (retroativi-dade de lei federal ) porque ine-xistia a Lei 6.899 /81 quando asentenCa foi prolatada , adotandomotivo outros ( que nao os da Lei

n? 6.899/81), para conceder a cor-reCao monetaria ( its. 2 . 187); eque

f) a materia constitucional sus-citada no recurso nao Lot pre-questionada no ac6rdao recorri-do. (fls . 21.197).

VotoO Sr. Ministro Djaci FalcAo (Re-

lator): 0 acOrdao proferido na ape-laCao a vista da orientaCao firma-da pelo Tribunal Pleno, dirimindoincidente de uniformizaCao da ju-risprudencia, concluiu que a corre-Cao monetaria podia ser concedidaem execuCAo, independentementede pedido initial , e «que a correCaodevia incidir a partir do ajuiza-mento da aeao» Ms. 2.080).

Na verdade, a sentenCa que a de1980 , nao deu correCao base na Lein? 6.899 /81. Foi, portanto, em faceda inexistencia de lei sobre correCao monetaria que o Estado apelousobre o fundamento de que nao ha-via suporte legal para tal cones-Sao.

Os ora embargantes interpuse-pedidode uniformizaCao delram

jurisprudencia (fls. 1.783 a 1790),reiterado as fls . 1891 a 1876 sob offundamento de que a incidencia dalcorreCao monetaria deve ser salpartir do ajuizamento da aCao Co-mo estabelece a Lei n? 6.899/81»(sic. its . 1876).

Pelo ac6rdao de fls. 1.944 a 1.950Lot deferido o pedido de uniform!zacao de jurisprudencia , para subjmeter ao Plenario seguintes teses: 'i

a) Nas causas pendentes, eque magistrados reclamam diferenCa de vencimentos, a correCao monetaria, disciplinada petarttgo 3? da Lei n? 6.899, ;k a-41981, 6 devida a partir do ajuizaamento da aCao ou da vigencia ddrefertdo diploma?b) A correCao monetaria, con

cedida por lei superveniente aq

R.T.J. - 116

ajuizamento da aCAo, pode serconcedida em execuCAo, quandonao ha pedido inictal de sua inci-dencia? (fls. 1949),

No incidente de uniformizaCao,debateu-se amplamente sobre aaplicaCao retroativa da Lei, con-cluindo o ac6rdao , por maloria devotos , pela aplicaCao da correCaomonetaria a partir do ajuizamentoda causa ( fls. 2 .021 a 2.072).

Nao ha que falar em falta deprequestionamento do art. 153, §3?, da ConstitutCao da Repfiblica,porquanto o aresto da apelaCaoconfirmou a sentenCa que admitlua correCao monetaria desde o ajui-zamento da aCao, na linha adotadapela decisAo do incidente uniformi-zacAo da jurisprudencia ( fis. 2.079a 2.082 ). Portanto, o ac6rdao daapelaCao retomou 0 julgamentosuspenso e adotou a interpretaCaofixada pelo Tribunal Pleno.

Por sua vez, a decisao embarga-da de acordo corn a jurisprudenciada Corte deu provimento so recur-so em razao de afronta aoprincipio constitucional da irre-troatividade (art. 153, § 3?), deter-minando que a correCao monetariaincida a partir da vigencia da Lein? 6.899/81.

Diante do exposto nao ha que fa-lar em obscuridade , duvida on con-tradiCao , e omissgo, a justificar adevida declaraCao. Pelo que rejeltoos embargos. (fls. 2224 a 2229).

aEmenta: Correcio monetaria acontar da vtgencia da Lei n?6.899/81. Ac6rdAo em que nao hAobscuridade , duvida ou contradi-Cio, e omissao . Embargos de de-claraCao rejeitados ,, ( its. 2 . 232).»

Novos embargos de declaraCao fo-ram opostos , renovando as conside-raCbes expendidas nos embargos an-teriormente formulados , nos termosde its . 2.236 a 2 . 244, que assim con-clui:

237

"Em apertada sintese, verifica-se dos autos que:

a) Em 16-5 -1980, foi concedida acorreCao monetaria das difereneasde vencimentos devidas aos auto-res - recorridos, ora embargan-tes, por se entender tratar-se dedivida de valor , carAter alimentarda divida , equivalencia do que setern de pagar;

b) 0 apelo manifestado pela Fa-zenda limitou-se a pedir a exclusaoda correCao monetAria porque nAopedida na inictal e nem concedidano julgado exequendo , alem dedescabida porque «nao contempladtvida de natureza alimentar,,. As-sim, no apelo , nada se falou a res-peito de «retroatividade,, ou nao delei federal , uma vez que os funda-mentos contidos na sentenCa foramoutros;

C) Sobrevindo a Let n? 6 .899/81 esuscitado Incidente de Uniformiza-CAo de Jurlsprudencta pela Cama-ra prolatora do v. ac6rdao recorri-do, foram firmadas duas teses arespeito da aplicaCao da Lei n?6.899/81;

d) Julgando o apelo manifestadopela Fazenda, a douta Camaraprolatora do v. ac6rdao recorrido,negou-lhe provimento ,' conflrman-do, asstm , a r. decisao de primelramstancla , que havia concedido acorrerao monetAria de todas as di-ferenCas devidas , por outrosfundamentos (divida de valor, decarater alimentar ), que nao aque-les decorrentes da Lei n? 6.899/81;

e) De fato, lendo-se o v. ac6rdaodo Tribunal a quo , encontramos:

'0 Egreglo Plenarlo , dirimin-do, em Incidente de Uniformiza-Cao da Jurisprudencia , as dfivi-das suscitadas nos autos , delxouassentado , por maioria de votos,que, em razio de Lei superve-niente ( Lei n? 6.899, de 8-4 -1981),

238 R .T.J. - 116

a correCao podia ser concedidaem execucao, independentementeda falta de pedido initial, e que acorreCao devia incidir a partirdo ajuizamento da acao. (fls.2.021/2.072).

A luz dessa r. orientaCao, a ir-resignacao da Fazenda nAo podeprosperar.

Isto posto, negam provimento aapelaCao, Para confirmar a r.sentencas,

f) Verifica-se, assim, que o v.acordAo recorrido decidiu:

. a irresignaCao da Fazendanao pode prosperar'.

'Isto posto, negam provimento,a apelaCao, Para confirmar a r.sentenCa'.

g) Nao ha se falar, assim, datavenia, em prequestlonamento demat6rfa constituclonal porque naoprosperou a irresignaCao da Fa-zenda, improvida a apelaCao e con-firmada a r. decisao de primeirainstancia;

h) A contradiCao entre a decisaono Incidente e a conclusao do Jul-gamento da ApelaCAo:

'A luz dessa orientaCao, a irre-signacao da Fazenda nao podeprosperar'.

'Into posto, negam provimento,a apela(;ao, Para confirmar a r.sentenca'.

nao foi objeto de Embargos Decla-rat6rios na instancia ordinaria. As-sim sendo, nao a licito afastar acontradiCao e o erro no ExcelsoPret6rio, porque, como JA se deci-diu, a de compet@ncia exclusiva doTribunal local (RTJ. 61/141).

i) S6 seria possivel admitir-seque o v. acordao recorrido hou-vesse adotado a decisao do Inci-dente se tivesse acolhido parcial-mente 0 apelo Para limitar a inci-dencia da correCao monetaria a

partir da data do ajuizamento daacao , com fundamento na Lei n?6.899/81.

j) Como a Fazenda do EstadonAo ingressou com Embargos De-clarat6rios Para obter o provimen-to partial do seu recurso, comon6o foi afastada a contradiCao eeliminado o erro, Para que preva-lecesse a lnterpretacAo de que acorreCao monetaria havia sido con-cedida com fundamento na Lei n?6.899/81 e a partir do ajuizamentoda acao, ao inves do que ficara de-cidido em primeira instancia (cor-recao de todas as diferencas, desde5 anos anteriores an ajuizamentoda acao , com fundamento na jurisprudencia ), e 6bvio que inexistiqualquer possibilidade de ser conhecido 0 Recurso Extraordtnarlo.

7. Flnalmente

a) Negar nao se pode que o vacordao que julgou os anterioreembargos declarat6rios de flsomitlu ponto sobre o qual devipronunciar-se, com o que, datmaxima venia dos eminentes Julgadores - nAo se completou a devida prestacao jurisdicional:

b) Igualmente ha de se reconhecer que houve erro ao se considerar o v . acOrdAo do Incidente Uniformizacao de Jurisprudencia ainv(!s daquele proferido no apelopor ocasiao da admissao , conhecimento e julgamento do rem6dio extremo;

c) Tamb6m ha de se admitirfalta de prequestionamento da l esao constitutional , Para autorizaa interposiCao de rem6dio extrmo, uma vez que o V . acordao rcorrido negou provimento a apel -Cao, confirmando a r. sentenca d1? Instancia que concedeu a cornCao monetaria de todas as difere -cas devidas com fundamento na j -risprudencia.

Ante o exposto, e Para que scomplete a prestacao jurisdiciona ,

R.T.J. - 116 239

e que os ora embargantes voltammats uma vez a Mats Alta Corte deJustica do Pais , na derradeira es-peranCa de que, com o recebimen-to dos presentes Embargos de De-claraCao , nao seja conhecido oRecurso Extraordlnarto n? 100.993-4, pedindo venia para solicitaremseja considerado parte integrantedestes Embargos o inteiro Teordositens1-2-3-4-5 - 6-7-8-9-10 e 11 dos anteriores EmbargosDeclarat6rios , bern como as vene-randas decisoes relatadas peloeminente Djaci Falcao nos Embar-gos Declarat6rios n? 94.710-8-SP(DJU de 16-3 -84, pag . 3444), n?97.585-3-BA (DJU de 4-5-84, pag.6679).

Termos em que, J. esta aos au-tos, processados os Embargos naforma da lei e a final recebidos Pa-ra, sanando-se as omissoes eafastando -se os erros de decisao efalsa premissa , proporcionarem aconsegtiencia inafastavel , isto e, amesma que figurou na oportuni-dade do julgamento de semelhan-tes embargos.

((Ementa : Embargos de Decla-raCao . Seu recebimento, paraque nao se conheCa do recurso,por nao se caracterizar vulnera-Cao de preceito constitutional))(EDcI no RE n? 94.710-8 - SP,Relator Ministro Djaci Falcao, inDJU de 16-3-84, pag . 3444). ( fls.2.240 a 2 .244).»

VOTO

O Sr. Ministro Djaci FalcAo (Rela-tor): EsclareCo , de inicio que a ape-laCao foi julgada a 3-8-82 ( fls. 2.080),ap6s dirimido , em incidente de uni-formlzaCao da jurisprudencia, ques-toes atinentes a correCao monetaria.E com base na referida decisao doPlenario do Tribunal de JustiCa, to-rnado por maioria de votos , entendeuo ac6rdao objeto do recurso extraor-dlnario que a correCao monetaria po-

dia ser concedida em execuCao, in-dependente de pedido initial , lncidin-do a partir do ajuizamento da aCao(fls. 2 . 079 a 2.080).

0 julgamento , que se completoucom a decisao proferida na apelaCaoversou o tema da fixaCao do termo aquo da Lei n? 6.898/81, desde queprevaleceu no incidente de uniformi-zaCao de jurisprudencia a sua apli-caCao a partir do ajuizamento dacausa, contra o voto da minoria queadotou a tese da correCao monetAriaa partir da vigencla da let que a ins-tituiu , sob pena de conflitar com oprincipio da nao retroatividade, cominvocacAo de julgados do SupremoTribunal Federal (fls. 2 . 034 a 2.072).Dal, a admissao do recurso extraor-dinario ( ver Us . 2.139 a 2.140).

Consoante vimos do relat6rio a re-petiCao dos embargos declarat6riostem carater infringente , porquantoseu objetivo nao a sanar omissao,duvida , contradiCao ou obscuridadeno ac6rdao embargado , mas cassara decisao proferida no recurso ex-traordinario , sob o fundamento prin-cipal de que caberia ao Estado oporembargos declarat6rios no ac6rdaoda apelaCao , para que ficasse escla-recido se a correCao monetaria inci-dira a partir do ajuizamento daaCao , com base na Lei n ? 6.899/81.Estas e as demais questoes apresen-tadas ja foram resolvidas na decisaodo apelo extremo , bern como nos pri-mitivos embargos declarat6rios.

For outro lado , o ambito dos novosembargos declarat6rios e a decisaoque tem por objetivo esclarecer ma-teria dos primitivos embargos, enao, o ac6rd5o proferido no apelo ex-tremo.

Atlas , esta e a orientaCao destaCorte, consoante se ve da decisaoproferida no RE ( EDcI) 104.963, re-latados pelo eminente Ministro Ra-fael Mayer , onde cita outros proce-denies e que guarda a seguinteementa:

240 R.T.J. - 116

«Embargos de declaraCao emembargos de declaraCao . Limites.Impossibilidade de atacar, me-diante novos embargos de declara-cAo, aspectos ja soluclonados nadecisao declarat6ria precedente, emuito menos questoes que residemno ac6rd5o primitivamente embar-gado. Embargos de DeclaraCao re-jeitados.»For conseguinte , nao havendo du-

vida, obscuridade , contradiCao ouomissao a sanar ( art. 337 doRI/STF) rejeito os presentes embar-go/.

EXTRATO DA ATARE 100 . 993-(EDCl )-SP - Rel.: Mi-

nistro Djaci Falcao . Embtes.: Jose

Guy de Carvalho Pinto e outros(Advs.: Lucio Salomone e EdsonCarvalho Vidigal ). Embdo .: Estadode Sao Paulo ( Adv.: Jost Augusto M.Figueiredo).

becisao: Rejeitados os Embargosde DeclaraCao . Unanime.

Presidtncia do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Republica , o Dr. Mauro LeiteSnares.

Brasilia, I de outubro de 1985 -Htlio Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101.092 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.Recorrente: Odilon Mario Pereira Machado - Recorrido: Departamento

de Aguas e Energia Elttrica-DAEE.

Servidor PfIblico . Mandado de seguranca . AnulaCAo de ato admi-nistrativo que cassou vantagem de funCAo gratificada percebida peloseu impetrante . Afronta a direito incorporado ao patrimOnio do servl-dor, intangivel pela administraCAo . Recurso extraordinarlo provido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal, a unanimidadede votos e na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-flcas, em conhecer do recurso e thedar provimento, nos termos do untodo Relator.

Brasilia, 15 de outubro de 1985. -Djact Falcao , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Djacl Falcao: Deci-diu o egregio Tribunal de Justiga deSao Paulo:

«Vistos, relatados e discutidosiestes autos de ApelaCAo Civel n?14.459-1, da comarca de Silo Paulo,em que t recorrente o Juizo «ExiiOfficio)) , sendo apelante o Sr. Supe-i,rintendente do Departamento deliAguas e Energia Elttrica - DAEEie apelado Odilon Mario PereiraMachado:

Adotado o relat6rfo de fls . 187,acordam , em Quinta Camara Civildo Tribunal de JustlCa do Estadode Sao Paulo , dar provimento aoslrecursos para cassar a seguranCa,contra o voto do relator sorteado.

Custas pelo impetrante.

A sentenCa concedeu a seguran^Ca para anular a Portarfa de 7 del

R.T.J. - 116

mato de 1980, do Superintendentedo Departamento de Aguas e Ener-gla Eletrica , que declarou «anwa-da a Portaria de 20, publicada noDlarlo Ofictal de 21 de iunho de1977, que designara o funcionarioOdilon Mario Pereira Machado Pa-ra exercer a funCao gratificada deChefe de SeCAo (AdministraCAo),criada pelo Decreto n? 28.851, de 1?de iulho de 1957, que integrou nopatrim6nio do referido funcion8rioa vantagern pecuniariacorrespon-dente» ( fls. 11).

Mas nao pode subsistir pelas ra-z6es apontadas pelo apelante (fls.156/160 ). E o que demonstra o parecerdo Dr . Geraldo MascarenhasFllho, Promotor de Justica.

A Portaria de 20 de junho de1977, hem Como a apostila de 16 deagosto de 1978, «nao tern embasa-mento Juridico, nao padecendo dequalquer vicio a sua anulacao peloexpediente de 7 de Maio de 1980. Aprevisao do art . 12 do Decreto-lein? 161 /69 ficou atendida com o De-creto s/n. de 17-9-70. Nem se ha fa-lar tambem que as funC6es gratifi-cadas ou as gratificaC6es de fun-Clio no DAEE foram criadas porlei, insuscetiveis entao de seremextintas por decreto . A extlnCAoocorreu efetivamente com oDecreto-lei n? 11, de 2-3-70. Sendotais Portarias e apostilas de 1977 e1978 , posteriores , portanto , aos di-plomas legais que extinguiram tatsgratiflcac6es , faltou-lhessustenta-culo legal . E o ato adminlstratlvoilegal tot reformado por outroortundo de autoridade hierarquica-mente superior , Como se ve desuas c6piasu (f1s. 179 e 1780).

Como as funC6es gratificadas ia-haviam sido extintas no Ambito doDAEE, nao podia o impetrante serdesignado para exerce-las. Nulo oato nesse sentido e a posterioraposttla que considerou a tunCaogratiflcada incorporada a seu pa-

241

trim6nio . Ato nulo nao gera efeftose, menos ainda , direitos adquiri-dos. Pode ser invalidado pela Ad-ministracao , por ter sido praticadocontra a lei.

Por isso, nao era caso de serconcedida a seguranca , que e cas-sada.

0 Julgamento lot presidido peloSr. Desembargador FelizardoCalil , com voto vencido e dele tam-bem participou o Sr. Desembarga-dor Noguetra Garcez , com votovencedor.

Sao Paulo, 12 de agosto de 1982.Edgard de Souza , Relator desig-

nado.

DeclaraCAo de Voto Vencido.

Data venta da douta maioria, ne-gava provimento aos recursos, pa-gas as custas na forma da lei.

1. A Let n? 1.350/51, que organi-zou 0 Departamento de Aguas eEnergia Eletrica, previu funC6esgratificadas . 0 impetrante, escrt-turario, lot designado , por portarlade 26-7-74, para exercer a funCaogratiflcada de chefe de secCAo (fls.8). Tal ato lot revigorado por ou-tras portarias baixadas em 26-6-77e 16-8-78 ( fls. 9/10). Em 7 de Matode 1980 outra portaria declarou nu-la a primeira , hem Como a apostilaque Integrou no patrim6nio do ape-lado a vantagem pecuniaria cor-respondente , por entender a impe-trada extintas as funcbes gratifiea-das, transformadas em cargos peloDecreto-lel n? 161 , de 11 de novem-bro de 1969. Efetivamente esseDecreto-lel n? 161 /69, culo objetivofoi reestruturar a organizaCao doservico pfiblico, transformou emcargos as funC6es gratificadas.Quanto a Isso nAo pairs qualquerduvida . Mas a sua ExposiCao deMotivos, transcrita em parte pelopr6prio impetrado as fls . 27 de suacontestaCAo, respeitando os diret-tos adquiridos, esclareceu que `... a

242 R.T.J. - 116

proposiCao extingue as funCoesgratificadas daqueles Quadros, ga-rantindo , porem, aos seus titula-res. como vantagern pessoal, oquantum da respectiva gratifica-CAo, caso JA se encontre incorpora-da ao seu patrim6nio'.

O impetrante-apelado JA tinhainsita ao seu patrim6nio, comovantagern pessoal, essa gratifica-Clo de cargo de chefia. Sua rees-truturaCao em outro cargo, ex vido Decreto-lel n? 161/69, nAo podiaofender o seu direito adquirido, co-mo tambem reconhecido pela Co-lenda Quarta Camara Civil desteTribunal, na ApelaCao n? 11.120-1(its. 174/175).

2. Do exposto, negava provi-mento aos recursos , data venla dadouta matoria.

Felizardo Celli ( fls. 191 a 194).'>

Em tempo oportuno o vencido in-gressou com recurso extraordinAriocom base na tetra a, do inc . III, doart. 119 , do Lei Magna , alegandoafronta a direito adquirido, con-soante se ve das seguintes considera-C6es:

«O recorrente exerceu a FunCdoGratificada desde 7-74. Aos 4-7-77 otitulo de nomeaCao do recorrentefoi apostilado para the ser incorpo-rada a vantagem pecuniarta cor-respondente A FunCdo Gratificadaexercida.

Entendeu, entretanto, o ven.ac6rdao recorrido que a nomeaCaoe a incorporaCao acima apontadasocorreram ap6s a ediCao doDecreto-let n? 161/69 considerando-a ilicita pois aquele diploma extfn-gulu as FunC6es Gratificadas.

0 Decreto-lei n? 161/69 extinguiuas FunC6es Gratificadas, apenasno Ambito da AdministraCAo Cen-tralizada e ao faze-lo , transformou-as em cargos , possibflttando aosservidores a opCAo pela manuten-

CAo da vantagem da FunCdo Gratl-ficada ou sua investidura no cargocriado ( its. 26).

Com relaCao A administraCAodescentralizada, dentre elas a au-tarquia recorrida, possibilitou a leia formulaCAo do projeto de decre-tos dispondo sobre a transforma-CAo ou extinoao das FunC6es Gratt-ficadas.

Contudo, isto nAo ocorreu cornrelaCao A recorrida que, jamais,extinguiu as Funr6es Gratificadasou as transformou em cargos. Poresta razao a que o recorrente conti-nuou no exercicto da FunCdo Grati-ficada ate 1978 ,> ( fls. 198 a 199).Admitido pelo despacho de its. 209

a 212, transitou regularmente (its.216 a 217, 224 a 227 e 229 a 230).

Manifestou-se a Procuradoria daRepublica pelo provimento do recur-so, Para que seja restabelecida asentenCa (fls. 237 a 240).

VOTO

O Sr. Ministro Djacl FalcAo (Rela-tor): Tenho para mim que o recursomerece provimento, restabelecendo-se a sentenCa concessiva do manda-do de seguranCa ; segundo bern pon-dera o parecer do ilustre ProcuradorJoAo Paulo Alexandre de Barros, inverbis:

«O recorrente obteve mandadode seguranCa para continuar per-cebendo vantagern pecuniarta cor-respondente a funCAo gratificadaque the fora apostilada em razAoda legislaCao local , ap6s longoexercicto da mesma, mediante ex-pressa designaCao.

A Administracao suspendera-lheo pagamento ao argumento de quea designaCao constitula -se em atonulo uma vez que o Decreto -lei Es-tadual n? 161, de 11-11-69, ex-tensivel As autarqulas , extinguira,antes, as funCoes gratificadas e, ao

R.T.J. - 116 243

prestar as lnformaC6es , sustentoua validade de seu ato de anulaCaoA consideraCao de que A Admtnie-traCao incumbe declarar a nuli-dade de seus pr6prios atos.

Para afirmar a existencia do di-relto adquirido, enfatizou o R.Juizo de 1? Grau:

Tom efelto , as copias de fis.46/139 , extraidas do Processo Ad-ministrativo G. G. 1750/77, de-monstram que a direCao doDAEE , lastreada em conclusoesde sua assessoria , entendeu naoser apltcAvel o Decreto -lei n? 161,de 11-11 -69, por falta de decretoespecifico para a Autarquia.

Igualmente no tocante A Lei daParidade , Decreto-let Comple-mentar n? 11, de 2-3-70 , persistluo entendimento de subsistenciadas funC6es gratificadas.

Adotada pela Autarquia a siste-matica anterior , continuaram asdesignaC6es para funC6es gratifi-cadas , procedendo-se, como nocaso do autor , a incorporaCAo,preenchidos os requisitos da le-gislaCAo que as Instituiu.

Onze anos ap6s a ediCao doDecreto-lel n? 161 /69 a Adminls-traCao centralizada emitiu pare-cer contrArto , reputando nulas Co-das as designaC6es e vantagensoutorgadas.

E certo que ao Administrador econferido o poder de anular seuspr6prios atos desde que inquina-dos de nulidade . Nem hi direitoadquirido a interpretaCao de umanorma legal.

Todavia o Decreto-lei n? 161/69deixou uma condicionante, paraa aplicaCAo is autarquias no seuartigo 12 , paragrafo unico, semnoticia de seu implemento atra-ves de decreto . Ap6s o adventoda Lei PartidAria persistlu a si-

tuaCao sem disciplinamento datransformaCAo ou extinCao dasfunC6es gratificadas.

Ora, constituindo-se o DAEEem autarqufa com personalidadejuridica e patrim6nio pr6prioscontinuou, dentro de sua compe-tencia, a fazer designaC6es eatribuir a vantagem. Se naoatendeu ao disposto no citado pa-ragrafo 6nico do artigo 12 doDecreto-lei n? 161 /69, nao podehaver, como conseg0encia, fnva-lidaCao de atos em ofensa a direi-to subjetivo de seus servidores.

Assim o ato que incorporou afunCao gratificada ao patrim6niodo Impetrante, revestido de lega-lidade, gerou direito adquiridoliquido e certo, intangivel pelaAdministraCao.' (PAgs. 150-151).

A fundamentacAo do venerandoac6rdAo recorrido, para cessar aseguranCa , afigura-se -nos frAgil nopretender ilidir a configuraCao dodireito adquirido, quando assinala:

'A Portaria de 20 de junho de1977, bem como a apostila de 16de agosto de 1978, 'nao tfm em-basamento juridico, nAo padecen-do de qualquer vicio a sua anula-CAo pelo expediente de 7 de maiode 1980. A previsao do artigo 12do Decreto-lei n? 161/69 ficouatendida com o decreto s/n" de17-9-70. Nem se hA de falar tam-bem que as funC6es gratificadasou as gratificaC6es de funC6es noDAEE foram criadas por let, in-susceptiveis enteo de serem ex-tintas por decreto. A extinCaoocorreu efetivamente com oDecreto-lel n? 11, de 2-3-70.

.......................(pAg. 192).

E que, ao ser designado o impe-trante para a funCao gratlficada,estava 0 Decreto-lei n? 161/69 adepender de sua implementaCAo,na AdmtnistraCao Descentralizada,por forCa do disposto em seu art.

244 R.T.J. - 116

12. E os estudos da assessoria aca-tados pela DlreCao do DAEE, de-monstraram nao ser aplicavel odecreto-lei referido. Assim, ao Lon-go dos anos , o impetrante exerceua funCao por designaCao da Admi-nistraCao mediante interpretacaodesta aos textos legais pertinentes.E registrou o Exmo . Sr. Desem-bargador Felizardo Calil, em seudouto voto vencido, que as Exposi-Cao de Motivos (do citado Decreto-let n? 161/69), ... respeitando os dt-reitos adquiridos, esclareceu que

a proposiCao extingue as fun-COes gratiflcadas daqueles Qua-dros, garantindo, porem, aos seustitulares . como vantagern pessoal,o quantum da respectiva gratifica-Cao, caso is se encontre incorpora-do ao seu patrimonio.

Se a lei extinguindo as gratiflca-COes nao era auto-executavel nasAutarquias e se a prOpria Adminis-traCao do DAEE, cuidadosamente,examinou e conclulu que poderiadesignar ocupantes de funcoes gra-tificadas, nao poderia - depots -desconstituir o ato sem consideraros efeitos patrimoniais que ele, en-tao,)a havia gerado.

Face ao exposto, o parecer a pe-lo conhecfinento e provimento dorecurso extraordinario, a fim deque, restabelecida a seguranCa,se-ja garantido ao recorrente o rece-bimento da vantagem pecuniariacorrespondente a funCao gratifica-da por ele exercida» ( fls. 237 a240).

Na verdade, o recorrente funciona-rio do Departamento de Aguas eEnergia E16trica tinha incorporadaa sua remuneraCao a gratificaCao deChefe de SecAo ( administraCao),criada pelo Decreto-lei n? 28.851/57,sendo apostilado o seu titulo com areferida vantagem pecuniaria a 4-7-77. Sobrevindo o Decreto- let Esta-

dual n? 161/69 foram extintas as fun-Cdes gratiflcadas na esfera da Admi-

nistraCao Direta, com previsao dasua extensao as autarquias. Ato dosuperintendente do DAEE anulou an-terior portaria, de 20-6-77, na qual folatribuida a questionada gratificaCao.Todavia, acentua a sentenCa, «oDecreto-lei 161/69 deixou uma condi-cionante, para a aplicaCao as autar-qulas no seu art. 12 § Unico, semnoticia de seu implemento atravosde decreto. Apes 0 advento da LetParitarla persistiu a situaCao semdisciplinamento da transformaCaoou extincao das funooes gratificadas.

Ora, constituindo -se o DAEE emautarquia , com personalidade ]uridi-ca e patrimonio prOprios continuou,dentro de sua competencia, a fazerdeslgnaCoes e atribuir vantagem. Senao atendeu ao disposto no citado §Unico do art. 12, do Decreto-lei n?161/69, nao pode haver , como conse-gUencia, invalidaCao de atos emofensa a direito subjetfvo de seusservidores.

Assim o.ato que incorporou a fun-Cao gratificada ao patrimonio do Im-petrante , revestido de legalidade, ge-rou direito adquirldo e certo, in-tangivel pela AdministraeAo (Its.151).

Inexistindo norma especifica es-tendendo o Decreto-lei n? 11/70 aos

funcionarios autarquicos , era de ser

respeitada a situaCao i uridica conso-

lidada, «decorrente de atos adminis-trativos- praticados em consonanciacom as regras vigentes para o enteautarquiao », consoante observa 0Procurador de Justica BensaUde

Branquinho Maracaja ( (ls. 230).

Ante o exposto e de acordo com oparecer da Procuradoria da Republi-ca dou provimento ao recurso, para

restabelecer a sentenCa concessivado writ.

EXTRATO DA ATA

RE 101 .092-SP - Rel.: MinistroDiact Falcao . Recte.: Odilon Mario

R.T.J. - 116

Pereira Machado (Advs.: Fued Mi-guel Temer e outros ). Recdo.: De-partamento de Aguas e Energia Ele-trica - DAEE (Advs.: William JoaoTrabulsi).

Decisao : Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.UnAnime.

245

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes A Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezeke Carlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 15 de outubro de 1985. -Hello Francisco Marques, SecretA-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101 .236 - PA(Primefra Turana)

Relator: 0 Sr. Ministro Neri da Silvelra.Recorrente: Empress Brasileira de Correios e Telegrafos - ECT - Re-

corridos: Nelson Santiago e outros.

ECT. Servidores do ex-DCT, que optaram pelo regime da CLT.Lei n? 6.184, de 11 -12-1974. QAingtlenlos por tempo de serviso: vanta-gem pr6pria do regime estatutArlo . Fetta a opCAo do servidor por no-vo regime iuridlco de trabalho , desvincula-se do anterior, passando ater seu tratamento pecuniArio , direltos e vantagens , na conformidadedo sistema novo, nAo podendo , simultaneamente , beneflclar-se dasduas disciplinas legals , salvo se a let , que dlspbe sobre a alteraCAo doregime do servidor , ou preve a opCAo por novo slstema , de,expliclto,resguardar situaCAo luridica constituida A sombra da disciplina de re-gencla do emprego , antes segulda . E certo que se hA de ter como im-plicitamente resguardada contraprestaCAo nAo inferior; nMo, porem, asubsistencia de vantagens especials do regime anterior . A nAo Inci-dencia dos dots slstemas legais sobre a mesma relaCAo empregaticlaresults da dlferenCa na enumeraCAo dos direltos e obrlgaCbes , em vir-tude da legislaCAo especifica de cads qual . QAfng(lenios , por tempo deserviCo anterior , nMo subsistem , apos a opCAo pela disciplina da CLT.Precedentes do STF. Recurso extraordinario conhecido e provido.

ACORDAO traordinario, com arg0iCao de rele-

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , no conformidade da ata deiulgamentos e notas taquigraficas, Aunanimidadade , conhecer do recursoe the dar provimento.

Brasilia, 16 de marco de 1984 -Soares Mufoz, Presidente - Nerl daSilveira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Nerl da Silveira(Relator): Trata-se de recurso ex-

vAncla da questao federal , interpostopela Empresa Brasilelra de Correiose Telegrafos , fundamentado no art.119, inciso III , alinea a, da Constitul-rAo Federal, contra acOrdAo da Ter-ceira Turma , do Tribunal Federal deRecursos , que exibe esta ementa(fls. 75):

uTrabalhista - Servidor Estatu-tArio - OpCAo pelo Regime Cele-tista - Lei n? 6.184/74 - St mulan? 90 do TFR.

Ao servidor estatutArio que optoupelo regime celetista, na forma daLei n? 6.184, de 1974, 6 assegurado

246 R.T.J. - 116

o direito a participacao adicionalpor tempo de serviCo correspon-dente aos periodos anteriores a op-Cao.Recurso improvido.

Sentenca mantida».

Sustenta a recorrente que o ac6r-dao recorrido negou vigencia a Lein? 6.184, de 11-12-74, e contrariou oart. 153, §§ 2? e 3", da Carta Magna(fls. 78/91).

Admitido o processamento do ape-lo extremo , pelo despacho de fis. 143,e acolhida a ArgiiiCao de Relevancian? 22.015-8/PR, por decisao de Conse-Iho, certificada fis. 64 , do apenso,subiram os autos a este Tribunal,com as razdes da recorrente as fls.149/157 , nao apresentando os recorri-dos as contra-razoes, embora intima-dos regularmente f1s. 168.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro NErl da Silveira(Relator ): Subiram os autos a esteTribunal , em face do acolhimento daargiiicao de relevancia da questaofederal ( fls. 64 dos autos apensos).

Questionada a mat! ria, no acbr-dao, a luz da Lei n? 6.184/1974,reconhecendo-se a exist@ncia de di-reito adquirido , por parte do recla-mante , aos quinqu@nios anteriores aopCao, conheco do recurso extraordi-nario , afastados que se fizeram os6bices regimentals , em face do aco-lhimento da argiicao de relevanciada questao federal.

Dele conhecendo , dou-lhe provi-mento , para julgar improcedente areclamacao trabalhista.

FaCo-o, na conformidade da juris-prudt ncia da Turma, assentada nojulgamento dos Recursos Extraordi-narios n? s 97.868 , 98.402 e 97 . 868-2,concluidos a 4-3-1983.

Nessa oportunidade , assim mepronunciel:

«2. Assegurou-se ao servidor es-tatutario, que optou pelo regime daCLT, de acordo com a Lei n? 6.184,de 1974 , o direito a gratlficaCaoadicional por tempo de serviCo, ad-quirido antes da opCao.

0 eminente Ministro Aldir Pas-sarinho, no julgamento do ERO n?3.317/MG, no TFR , a que fiz men-Cao, reportando-se a pronuncia-mento anterior , assim se mantles-tou:

<Os reclamantes eram funcio-narios publicos da UniAo, servin-do no Departamento Nacionaldos Correios e Tel6grafos. Extin-to o DCT, em virtude da criaCaoda Empresa Brasileira de Cor-reios e Tel6grafos , vieram eles aoptar pelo regime da CLT, queveto a ser o implantado na novaentidade, em decorr6ncla mesmode sua natureza de empresa pu-blica.

Pretendem os postulantes sejaacrescido aos seus salarios o va-lor do adicional de tempo de ser-vico que ja vinham percebendoquando funcionarios pfiblicos. Atal nao tern direito contudo, comobem decidiu o nobre julgador aquo. A Lei n? 6.184/74, que dlsci-plinou a mat6ria, nao ihes asse-gurou a manutencao da vanta-gem. Por outro lado , nAo tiverameles reducao de seus ganhos, masantes significative aumento, con-forme relaCao apresentada pelareclamada. Tal aumento superouo que percebiam como funclona-rios publicos, inclusive conside-rando-se os adicionais a que fa-ziam jus.Em alguns casos o aumento tot

bastante substancial ate. Nao 6possivel, assim , atender-se a pre-tensao que visa soma de vanta-gens de doss regimes diferentes.Nao 6 de esquecer-se, por exem-plo, que os servidores sob o re-gime de legislaCao laboral conso-

R.T.J. - 116

lidada percebem 13% salario,vantagern que nao possuiamquando funcfonarios publlcos. So-mente seria, deste modo , cabivelconceder-se o vindicado se a leihouvesse expressamente autori-zado a permanencia dos adicio-nais , mas tal nao ocorreu».Noutro passo de seu douto voto,

anotou o Senhor Ministro AldirPassarinho:

aQuando me refers que a LeinAo previa a concessAo dos qGi-quenios quis com isso significarque vela nAo poderia embasar-sea pretensao , mas nao que elaIhes retirava o direlto de obte-rem o valor dos giiinquenios JaalcanCados . Entretanto , sendo 0valor dos salArios malor que o to-tal, nao lhes podia ser concedidonovo acr6scimo a esse novo sala-rio.

A especie , Sr. Presidente, deum certo modo , se assemelba aquestAo dos militares reforms-dos, que reiteradamente na Tur-ma e Ja no Supremo Tribunal Fe-deral nbs temos enfrentado: eles,a base de um sistema legal fixa-do em C6digo de Vencimentos eVantagens , recebem determina-das gratificaC6es . Quando vemum novo C6digo , eles passam aperceber as gratificaC6es do re-gime novo e sempre se tern reco-nhecido que, sendo esse C6digonovo de maiores vantagens, Ihese proporcionada uma remunera-Cao de malor vulto . Eles nao po-dem e isto nao tem sido admltido- ficar vinculados so regime an-terior percebendo determinadasvantagens e, a base do regimenovo, recebendo outras . Semprejulgou-se incabivel esse somat6-rto de vantagens . Isso a trangGiloneste Tribunal como no Egr6gioSupremo Tribunal Federal.

Eles teriam direlto adquirido apermanecer dentro do'sisterna do

247

C6digo anterior, mas nAo lhes 6possivel integrarem-se no novoC6digo , recebendo as vantagense gratificaC6es nele previstas econtlnuarem a receber tambemaquelas , Ja revogadas , do C6digoanterior , em soma de vantagens.N6s sabemos, inclusive, que osC6digos de Vencimentos e Vanta-gens dos Militares se tern alters-do com alguma frequencla e, en-tAo, a admitirmos a possibilidadetie serem somadas as vantagensde todos eles , teriamos militaresintegrados no ultimo C6digo, masrecebendo a soma daquelas todasprevistas nos C6digos anteriores.

Na hip6tese dos autos , se o ser-vidor estatutario deixa a discipli-na da Let n? 1.711 /52 e passa Pa-ra a da CLT, deve enquadrar-sena slsistematica desse novo re-gime. Certo que nao poderia terqualquer prejuizo financeiro - enisso tem e tern direito adquirido- mas se com a mudanCa pars oregime celetista se tem que o no-vo salarlo foi superior a soma deseus vencimentos com o valordos quinquenios , entao foi ele be-neficiado e nao prejudicado. Sehouvesse diferenCa para menorteria ele direlto pelo menos acomplementaCAo agora, e a teriano futuro , mas nAo a isto o queocorreu.

3. Compreendo , da mesma for-ma, na linha do entendimento su-pra e no do voto do ilustre Relator.

Feita a opCao do servidor por no-vo regime Juridico de trabalho,desvincula-se do anterior , passan-do a ter seu tratamento pecuniario,direitos e vantagens , na conformi-dade do sistema novo, nao poden-do, simultaneamente , beneficiar-sedas duas disciplinas legais, salvose a lei , que estabelece a alteraCaodo regime ou preve a opCao por no-vo sistema , de explicito , resguar-dar, no piano novo , situaCAo Juridi-

248 R.T.J. - 116

ca constituida a sombra da disci-plina de regencia do emprego, an-tes seguida . E certo que se ha deter como implicitamente resguar-dada a auferiCao de contrapresta-Cao nao inferior, nao, porem, asubsistencia de vantagens espe-ciais do regime anterior , na hip6-tese de a retribuiCao pecuniarfa,segundo o sistema adotado , impli-car soma malor remunerat6ria.

A nao-Incidencia dos dois siste-mas legais sobre a mesma relaCaoempregaticia resulta da diferenCana enumeracdo dos direitos a obri-gaC6es , em virtude da legislaCaoespecifica de cada qual.

No caso, a modificaCao do re-gime juridico, a que voluntaria-mente se submeteram os recorri-dos, traz como consegiiencla, amingua de norma expressa, res-guardando-se tais vantagens, naovenham a perceber os qufngiie-nios por tempo de serviCo, pr6-prios do regime estatutario, bemasslm o salario -familia, nos moldesprevistos para os servidores sub-metidos so Estatuto do Funcfona-rio Civil da Unlao. De outra parte,explicita-se, na sentenCa , que o no-vo salario dos recorridos, no re-gime da CLT, restou superior soque perceblam, no montante desuas vantagens , segundo os para-metros estatutArios. Quanto aosalario -familia , ha disciplina espe-cial para os que se encontram regi-dos pela CLT.E de ressaltar que a Lei n? 6.184,

de 11-12-1974 , em seu art . 2? e para-grafo unico , de expresso, disp6sque seria computado , para o gozodos direitos assegurados na legisla-Cao trabalhista e de previdenciasocial, inclusive para efeito de ca-rencfa, o tempo de serviCo ante-riormente prestado a Administra-Cao Publica pelo funcionarlo, que,por motivo de que trata o art. 1?,integre ou venha a integrar quadrode pessoal de sociedade de econo-

mia mists, empresa publica oufundaCao, nada prevendo quanto agtiinqiienios por tempo de serviCo,direito que nao se comp6e no elen-co da disciplina celetista. Alemdisso, dispondo, afnda , sobre a con-tagem de tempo de serviCo ante-rior, para os efeitos dos direitos as-segurados na legislaCao trabalhistae de previdencia social, tambem,de forma expressa, no paragrafounico do referido art. 1?, a Lei n?6.184 determinou que data conta-gem se desse, ((segundo as normaspertinentes ao regime estatutario,inclusive computando-se em dobro,para fins de aposentadoria, osperiodos de licenCa especial naogozada, cujo direito tenha sido ad-quirido sob o mesmo regime)). Aevidencia, estivesse no espirito daLei em apreco resguardar os giiin-quenios por tempo de serviCo, a is-so teria disciplinado ou, ao menos,feito expressa menCao.

Do exposto, acompanho o emianente Relator, conhecendo do redcurso da ECT e the dando proviimento, pars julgar Improcedente ij'reclamaCao , quanto a essa parteJnos termos da sentenca,,.

Posteriormente , esta Turma, nmesma linha , decidiu, dentre outrosno RE n? 97.870-4-PB, de que fui Relator.

EXTRATO DA ATA

RE 101 .236-PB - Rel.: MinistrNeri da Silveira . Recte .: EmpresBrasileira de Correios e TelBgrafo- ECT (Advs.: Ginaldo de Vasconcelos e outros ). Recdos .: Nelson Santiago e outros (Advs.: Jose MarlPorto e outro).DeclsAo : Conheceu -se do recurso

se the deu provimento . Decisao unanime.

Presidencia do Senhor MinistrSoares Munoz . Presentes a Sessao oSenhores Ministros Rafael Maye rNeri da Silveira, Alfredo Buzaid

R.T.J. - 116 249

Oscar Correa . Subprocurador-Geral Brasilia , 16 de marCo de 1984 -da Rep6blica , Dr. Francisco de As- Antonio Carlos de Azevedo Braga,

sis Toledo. Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101 .541 - SP(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Neri da Sllveira.Recorrente : Estado de Sao Paulo - Recorrida : Frigapene - ImportaCAo

e Comercio de Frutas Ltda.

ICM. Isencio . Revoga(!Ao. Convenlo aprovado nos termos da LetComplementar n" 24, de 7-1-1975 . RatlflcaSAo pelo Estado-membro.Legitimidade da revogaCAo de Isen4Ao nao onerosa , a qualquer tem-po, sendo possivel a Imediata cobranCa do tributo . Precedentes doSTF. Recurso extraordtnario conhecldo e provido , para cassar aseguranca.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamento e notas taquigraficas, aunanimidade, conhecer do recursoextraordinario e The dar provimento,para cassar a seguranca.

Brasilia , 16 de marCo de 1984 -Soares Mufoz , Presidente - Neil da3Bveira , Relator.

RELATORIO

O Sr.. Ministro Nerl da SBveira(Relator ): Ao admitir o presente re-curso extraordinario , o (lustre De-sembargador Gentil do Carmo Pinto;4? Vice-Presidente do Tribunal deJustiCa do Estado de Sao Paulo, as-sim expbs a controversia (Bs.194/197):

«l. Trata-se de Mandado de Se-guranCa impetrado para liberaCAode ICM sobre entrada e saida demercadortas importadas de palsintegrante da ALALC, tendo emvista a isenCao prevista no Regula-mento do ICM.

A ordern foi concedida pela Ca-mara sob o fundamento de que oDecreto Estadual n? 15.461, de 4 deagosto de 1980, ratificador do Con-venlo ICM 07/80, que revogou aisenCao, so poderia produzir efeitosa partir de I? de J aneiro de 1981.

A Fazenda do Estado recorre ex-traordinariamente , apoiando-se noartigo 119 , inciso III, letras a e d,da ConstituiCAo Federal, alegandoque o julgado, exigindo o respeltoso principto da anualidade tam-bem para as revogaCbes de isen-Cbes, ofendeu o referido preceito,como tambem negou a competen-cia atribuida pelo artigo 23, II, daCarta Magna , dando so terra inter-pretaCAo diversa daquela dada poroutros Tribunals.

2. 0 entendimento do Ac6rdAo,praticamente unAnime entre as CA-maras deste Tribunal, funda-se noartigo 153 , § 29, da Carta Magna,que consagra o principio da anuali-dade em materia tributAria.A aplicaCao desse principio so

ICM nAo estaria afastada pelocaput do artigo 104 do Cbdigo Tri-butario Nacional , cula limltaCAO,consignada pela clausula «referen-tes a . impostos sobre o patrimOnlo

250 R.T.J. - 116

e a renda», nao a mais de ser con-siderada, porque anterior a Consti-tuiCao da Republica de 24 de Janei-ro de 1967, pots a Lei n? 5.172 (C6-digo Tributario Nacional) a de 25de outubro de 1966.

Assim, quando o § 29, do artigo153, disp6e que nenhum tributo se-ra cobrado, em cada exercicio,sem que a lei que o houver insti-tuido on aumentado esteja em vi-gor antes do inicio do exercicio fi-nanceiro, nAo excepciona ao 1CM,tal como faz, na parte final do dis

-positivo, com a tarifa alfandegarlae de transportes, o imposto sobreprodutos industrializados e outrosespecialmente indicados em leicomplementar, alem do impostolanCado por motivo de guerra e de-mais casos nela previstos.

Entretanto, diversa e a atualorlentaCao da Colenda SuprernaCorte.

Em Julgados recentes, o Supre-mo Tribunal Federal, por suasduas Turmas, firmou entendimentode que «nao se aplica a revogaCaode isenCao o principio constitucto-nal da anualidade. A revogaCaonAo cria tributo novo. 0 fisco tem odireito de cobrar, logo ap6s a revo-gaCao, o ICM autorizado no orCa-mento e previsto em lei anteriorcuja exigibilidade se achava ape-nas suspensa pela isenCao (RE n?99.430-1-RJ - Relator MinistroSoares Munoz - DJ de 1 -3-83 - laTurma )» e de que ose na isenCaoexiste o tributo, a sua revogaCaonao importa na criaCao de tributonovo: A exigibilidade acha-se sus-pensa pela isenCao . Em consequen-cia, nao se aplica ao principloconstitutional da anualidade (RE99.873-0-SP. - Relator MinistroDjaci Falcao DJ de 19-4-83 - 2aTurma )». No mesmo sentido: RMS14.473 (PlenArio), In RTJ 34/111,.15.466, in RTJ 39/64; 14.204, in RTJ

35/535;, 14.174, in RTJ 33/177; beenassim nos RREE n?s 57.567, in RTJ35/249; 97.482, 99.346, 99.560.

Assim, sequer a razoabilidade dainterpretaCao dada pelojulgado se-ria possivel, face aos termos dasdecisoes citadas, sendo de admitir-se a irresignaCao da Fazenda doEstado , com fundamento na alineaa do permissivo constitutional.

3. Defiro o processamento dorecurso extraordinario interposto.»

Raz6es da recorrente As its.200/212, manifestando a recorrida ascontra-razoes de fls. 225/227.

)J o relatorio.

VOTO

O Sr. Ministro Merl da Silvelra(Relator): Cuida-se de hipOtese derevogaCao de isenCao do ICM, emdecorrencia do Convenio ICM07/1980, ratificado, em Sao Paulo,pelo Decreto estadual n? 15.251, de25-6-1980, relativamente a peras fres-cas.

O Ac6rdao reformou a sentenCa econcedeu o writ , em favor da impor-tadora; ao fundamento de que a re-vogaCao de isenCao do ICM fica su-jeita ao principio da anualidade(ConstituiCao Federal, art. 153, § 29).

Afirmou a sentenCa, As Its. 59,verbis: «E, na especie, segundo severifica, a impetrante importou asmercadorias ap6s a data presques-tionada no aludido Decreto», re-ferindo-se ao Decreto estadual n?15.251, de 25-6-1980.

Em ambas as instancias , assim, adecisao nao se tomou, em' face doanterior Decreto n? 14.737, de 15-2-1980, Inobstante referido pa initial,els que JA em vigor o subsequenteDecreto n? 15.251, de 25-6-1980, qualsinalou a sentenCa, a data..da ocor-rencia do fato gerador.

0 Ac6rdao, ao invocar oart...153, §29, da ConstituiCao, para deferir o

R.T.J. - 116 251

writ, ofendeu o disposto na referidanorma maior. De fato, a jurispru-dencia desta Corte ja se consolidou,em sentido contrario ao do julgadoem apreCo, entendendo-se que revo-gaCao de isenCao de ICM nao se su-jeita so principio da anualidade.

Bem anotou, no particular, o des-pacho presidential, ao admitir o re-curso extraordinario, as Its. 196,verbis:

«Em julgados recentes , o Supre-mo Tribunal Federal, por suasduas Turmas , afirmou entendimen-to de que anao se aplica a revoga-cao de isenCao o principio constitu-cional da anualidade . A revogaCaonao cria tributo novo . 0 fisco tem odireito de cobrar , logo ap6s a revo-gacao , o ICM autorizado no orCa-mento e previsto em lei anteriorcuja exigibilidade se achava apenassuspensa pela isenCao (RE n?99.430-1 -RJ - Relator MinistroSoares Munoz DJ de 1-3-83 - 1'Turma )» e de que use na isenCaoexiste o tributo , a sua revogaCaonao importa a criacao de tributonovo . A exigibilidade acha-se sus-pensa pela isenCao . Em consegG@n-eta, nao se aplica o principio cons-titucional da anualidade (RE99.873-0-SP - Relator MinistroDjaci Falcab - DJ de 19-4-83 - 2?Turma )». No mesmo sentido: RMS14.473 ( Plenario ), in RTJ 34/111;15.466 , in RTJ 39/64; 14 . 204, in RTJ32/535 ; 14.174 , in RTJ 33/177; bemassim nos RREE n?s 57.567, In RTJ35/249 ; 97.482 , 99.346 , 99.560.»

No RE 100 . 205-1 -RS, de que fui Re-lator , dentre outros , esta Turma afir-mou:

«ICM. IsenCao . RevogaCao. Con-venio aprovado nos termos da LeiComplementar n? 24, de 7 -1-1975.RatificaCao pelo Estado-membro.Legitimidade da revogaCao deisenCao nAo onerosa , a qualquertempo , sendo possivel a imediata

cobranCa do tributo . Precedentesdo STF . RecUrso extraordinarionao conhecido.>>No mesmo sentido, as decisoes nos

RREE n?s 97.456-3, 97.482-2 e 99.648-6, todos do Rio Grande do Sul.

No RE 99.430-1-RJ, Relator gemi-nente. Ministro Soares Munoz, estaTurma decidiu,em Ac6rdao, namesma linha de entendimento, comesta ementa:

«ICM. RevogacAo de IsenCao.

Nao se aplica a revogaCao daisencao do ICM o principio consti-tucional da anualidade.A.revoga-Cao nao cria tributo novo. 0 fiscotem o diretto de cobrar, logo ap6sa revogaCao, o ICM autortzado nooreamento e previsto em lei ante-rior cuja exigibilidadese achavaapenas suspensa pela isenCao. Re-curso extraordinario :conhecido eprovido.»Em seu voto, registrou o ilustre

Relator:aPor igual, nao favorece a recor-

rida o art. 153, § 29, da Constitui-Cao Federal, porquanto essa normaveda, simplesmente, a exigenciade tributos sem que a lei os estabe-leca e sua cobranCa em cadaexercicio sem que a lei queos hou-ver instituido esteja em vigor an-tes do inicio do exercicio financei-ro.

Ora, e incontroverso que existelei estabelecendo o ICM coma de-vida antecedenola- Sua.eficacia.seachava suspensa em consegpnnclada isenCao. Revogada esta,a leiretomou a sua exigibilidade inte-gral. 0 contribuinte sabia que, emse tratando de isenCao sem encar-gos, a todo o tempo o estado pode-ria revoga-la.

Alias, o Ac6rdaodo Supremo Tri-bunal Federal,, indicado como pa-radigma, proferido no RMS 13.947,do qual foi Relator o eminente Mi-nistro Prado Kelly, den a especieexata solucao, verbis: -

252 R.T.J. - 116

((Na isenCao o tributo 6 origina-riamente devido , mas fica dis-pensado o pagamento (...). Ora,se na isenCao existe o tributo, arevogaCao do favor legal, comoocorre no presente caso, nao criaimposto novo: limita-se a restau-rar para 0 fisco o direlto, queexistia antes da isenCao, de co-brar o tributo. Logo, essa revoga-CAo nAo cria tributo novo, nAotem cabido o apelo ao disposto no§ 34 do art. 141 da ConstituivAoFederal que nao veda, quer dire-ta ou indiretamente , ao fisco o di-reito de cobrar , logo ap6s a revo-gaCao, o tributo autorizado no or-Camento e cuJa exigibilidade seencontrava apenas suspensa emvirtude da isenCao" ( fls. 79).,>

Em erudito voto-vista que proferiuno RE n? 97.482-RS , o ilustre Minis-tro Oscar Corr6a acentuou:

"Na doutrina , considerou-se, namaioria dos doutores , que regra 6a revogabilidade da isenCao, res-salvando Baleeiro "a exceCaoquando pelas condiC6es de sua ou-torga conduziu o contribuinte auma atividade de que ele nAo em-preenderia se estivesse sujeito aostributos da 6poca >>. EntAo, concluiao mestre tributarista, ela foi onero-sa para o beneficiArio . Nesses ca-sos, a revogabilidade, total ou par-cial, seria um ludibrio A boa f6 dosque confiaram nos lncentivos ace-nados pelo Estado. A doutrina bra-sileira pronunciou -se nesse sentido,seguindo rumo aberto por Cooley))("Direito TrlbutArto Braslleiro)) 10'ed., revista e atualizada por FlAvioBauer Novella , Forense, 1981, pag.592).

Quanto A ressalva da anualidade,fella por Baleeiro relativamente aoart. 104 , III, do CTN , cremos devaentender -se nos estritos limitesdessa disposiCao legal , ou seta nosimpostos sobre o patrim6nio e arenda.

Mesmo porque analisando os Julgados dente Egr6glo Supremo Trlbunal Federal compendiava ele:

c(Esses Julgados sustentam tr6principios : a) a isenCao purasimples pode ser revogada llvremente pelo legislador em qualquer tempo; b) mas o legisladonao pode revogar ou reduzirisenCao onerosa , condicionadapor prazo certo; c) a autoridadadministrativa pode cancelarato pelo qual concedeu, em canespecial , a isenCao , se verificafundamentadamente que o beneficiArio nAo preencheu ou nAcumpriu as condiC6es estabelecldas na lei, que autortzou aqueldispensa do tmposto» ( ob. citpag. 593).((Facto impeditlvo , aut6nomo

orlginarlo>,, Como diz Alberto Xavier ("Manual de Direito Fiscal,Lisboa, 1974, I, pag . 282), o direitA isenCao extinguese pelo decursdo prazo - no caso de isenC6etemporarias - ou pela verificaCAde condiCAo resolutiva . Nests ulti-ma hip6tese Pala-se em caducidadeda isenCao a qual dA lugar A ime-diata constituiCao da obrigaCao detmposto, posto 0 facto tributarioter readquirido a sua eficacla ple-na pelo desaparecimento do factoimpeditivon ( Id., pag. 294).

4. Nesta Colenda Corte, nas ve-zes em que a questAo foi posta,nessa linha se decidiu. Lembrou oeminente Relator o "leading casesRMS 13.947-SP, Relator 0 Emi-nente Ministro Prado Kelly (RTJ39/64). E, no mesmo sentido, noROMS 14-204 ( Relator Exmo. Mi-nistro Hermes Lima, RTJ 32/535);RMS 14.174 (Relator Exmo . Minis-tro Victor Nunes - RTJ 33/177);RE 57.567 (Relator Exmo . MinistroVictor Nunes - RTJ 35/249).>>Do exposto, conheco do recurso e

the dou provimento, para cassar aseguranca concedida pelo Ac6rdaorecorrido, restabelecendo a senten-ca.

R.T.J. - 116 253

EXTRATO DA ATA

RE 101 .541-SP - Rel.: 0 Sr. Min.Neil da Silveira. Recte .: Estado deSao Paulo (Adva: Celia Marisa Pren-des). Recdo .: Frigapene - Importa-cao e Comercio de Frutas Lida.(Advs.: Waldyr SimOes e outro).

Decisao : Conheceu-se do recurso ese the deu provimento . Decisao una-nime.

Presldencia do Senhor MinistroSoares Munoz . Presentes a Sessilo osSenhores Mtnistros Rafael Mayer,Neil da Silveira , Alfredo Buzaid eOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 16 de marCo de 1984 -AntOnio Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101. 616 - BA(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.Recorrentes : Antonio Oliveira da Silva e outros - Recorrido: Rede Fer-

roviaria Federal S.A.

ReclamaCiio trabalhista . Empregados da Rede Ferroviaria Fede-ral S/A., da Bahia , que pleiteam equfparaCAo salarlal aos servidoresda mesma empress , dos Sistemas Regionals Centro e Centro -Sul. Pe-dido de restabelecimento da tabela anica . Plano de Classificasao deCargos . Nao houve lnfraCao contratual . AdocAo do zoneamento na ela-boracao das tabelas salariais da RFFSA ., segundo reglbes geo-econOmicas . Let n° 4 .564, de 11-12-1964 , art. 2? e; 2?; CLT , art. 461 e 12?. EqulparaCao salarial a empregados de localidade diversa . Equipa-racao salarial vedada . Ofensa aos arts . 85, I, e 153, i 2?, da Constitul-Cao. Precedentes do STF . Recurso extraordinarto dos empregadosnAo conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Pri-mefra Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata delulgamentos e notas taquigraflcas, aunanimidade , nAo conhecer do recur-so extraordlnario.

Brasilia, 27 de marCo de 1984 -Soares Muftzoz , Presidente - Neilda Silveira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Minlstro Nerl da Silveira(Relator): Antonio Oliveira da Silvae outros ferroviarios moveram recla-maCao trabalhista contra a RedeFerrovlaria Federal S.A., visando,

em resumo, so restabeleclmento databela (mica de salarios , a partir de1-5-76, que equiparara todos os servi-dores do Sistema Regional Nordesteaos seus colegas dos Sistemas Regfo-nais, Centro e Centro-Sul , ao argu-mento de que a adoCao de tabelascorn salarios diferenciados pare asvarlas regiOes do pals, por parte dareclamada infringiu os artigos 468 e3?, paragrafo Unlco , da CLT, e 153, 13?, da ConstltuiCao Federal . Postula-ram, por Ultimo, diferenCas sala-riais, com iuros e correCAo moneta-ria (fls. 1/4).

Julgada procedente a demands,por sentenea da 10? Junta de Conci-liaCao , e Julgamento de Salvador-BA( fls. 37/39), recorreu a reclamadapara o Tribunal Regional do Traba-

254 R .T.J. - 116

lho da 5' Regiao , que, por unanimi-dade de votos , negou provimentoao recurso , mantendo inalterada areferida sentenGa ( fls. 64/66).

Examinando o recurso de revistainterposto pela empresa - que foraprocessado em razao do provimentode agravo de instrumento (fls. 46/47,dos autos apensos ) -, a PrimeiraTurma do Tribunal Superior do Tra-balho , em decisao unanime , dele co-nheceu e the deu provimento parajulgar improcedente a reclamagAo,em acbrdao encimado pela seguinteementa (fls. 100):

«Aumento salarial - 1. A interfe-rencia do Judiciario na organiza-cao empresarial apenas resta justi-ficada frente a prova inequivocade ilegalidade perpetrada contraos empregados.

2. Incumbe ao empregador,frente as exigenctas do mercado, aoutorga de aumentos . O fato destesserem estipulados em relaoao eapenas empregados de determina-da reglAo nao implica em se afir-marilegal.

3. A uniformidade salarial on-.trora existence , nao leva s conclu-silo de ter os empregados direitoadquirido a respeito de sua manu-tencAo.)>

Inadmitidos os embargos opostospeios autores pelo despacho , de Yls.112/113 , negou o Plenario do TSTprovimento ao agravo regimental,que se the segulu ( fls. 139).

Daf oil. recurso extraordinario defls. 141 / 147, interposto por AntonioOliveira da Silva e outros , corn fun-damento no art . 119, inciso III,alineas a e d, e art. 143 , da Constitui-cao Federal , em que se sustentamaltrato aos artigos 894, letra b, e896, letra a , da CLT, e infringenciaao art . 153, §§ 3? e 4?, da Lei Maior.

Admitido o processamento do re-curso, pelo despacho de f1s . 166, subi-ram os autos a este Tribunal, corn as

raz6es dos recorrentes as fls167/172, apresentando a recorrida a:contra -raz6es de its. 175/181.

E o relatbrio.

VOTO

O Sr. Ministro Nerl da Silvelr(Relator ): Determinou-se, no julgaddo TRT - 5a Regiao, ( fls. 64/65),equiparaGAo salarial dos empregados da RFFSA , da Bahia , ao pessoados Sistemas Regionals CentroCentro -Sul, que percebia salariomats elevados , deixando , assim,margem , a disciplina salarial estabelecida no Plano de ClassificarAde Cargos , e assegurando o pedidinicial de restabelecimento da tabelunica e equiparasao salarial (fls. 3conforme fora vigente ate 30-1-1976.

O fundamento da decisao regionalnao pode prevalecer . Esta no ac6rdao His . 65): «Pleiteiam os rec)amantes o restabelecimento da tabelunica de salario que resultara d imodificafao , por via da qual a reclamada , que tinha duas tabelas - AB, extinguiu aquela e permanececorn estauniformizando , assim, osalarios . Ao instituir a reclamadacrit6rio antigo das diversas tabelasse julgam os reclamantes prejudicados e , invocando direito adquiridpleiteiam a unificaCao . Wm razao 0reclamantes . Os argumentos da empresa, em sustentaCAo da legalldadda diversificaoao de tabelas salrials de seu pessoal, em decorrencida divisao regional que estabelecenao procede com relacAo aos rechmantes que ja perceblam , anterio imente , remunerae&o em igualdadde condir6es , sem que houvesse prvllegios regionals de qualquer espcie. 0 Quadro de Cargos e TabelaSalariais comp6e o Regulamento dEmpresa , que Integra o contrato dtrabalho . Qualquer alteraGAo quocorra, seja no Quadro de Cargos onas Tabelas de Salario , prejudicl 1aos empregados , se constituf em a j-

A.T.J. - 116 255

teraCao contratual proibida. Destemodo, se a Empresa se obrigou a or-ganizar o modo de redistribuiCao deseus serviCosdentro do criterio dospadr6es nacionais. de salario, nAopode fugir no mesmo , para institulrtratamento diversificado, pots istoconstitut alteraCao proibida do con-trato de trabalho . Tal. alteraCao Ja-mats poderia atingir os reclamantes,conforme jurisprudencia hole conso-lidada na. SUmula n? 51 do E. Tribu-nalSuperior do Trabalho. Neste ca-so, ha que se manter ar. sentenrarecorrida que been examinou a ma-teria e aplicou o direito , inclusivequanto a prescricAo argiiida. Negoprovimento so reeurso.»

Em.realldade , disp6em o art. 461 e2", da CLT:.

uArt. 461. Sendo fdentica a fun-Clio, a todo trabalho de igual valor,prestado so mesmo empregador,na mesma localidade , corresponde-ra igual salario, sem distincito desexo, nacionalidade ou idade.

§ 2? Os dispositivos deste artigondo prevalecerno quando o empre-Bador tiver pessoal organizado emquadro de carreira, hip6tese emqueas promoC6esdeveraoobede-cer aos criteriosde antigtifdade emerecimento. u

No caso concreto , sequer o Caputdo art . 461, da CLT, ampararia apretensao , pots foram eles equipara-dos salartalmente a empregados daRFFSA: de localfdade diverse.

be outra parte, a .'adof'ao de zonea-mento, na elaboracdo das tabelas sa-larials da Empress, segundo as re-gides geoeconbmicas abrangidas porseu6 servlCos, decorre do disposto noart. 2?, da Let 4.564, de 11-12-1964,verbis:

#Art. 2? Na elaboraCAo das no-vas tabelas salarlais , a RFFSAadotarA criterio de zoneamento se-gundo regiOes geoecon6micasabrangidas pelos seus serviros, le-

vando em consideraCao a desigual-dade de evoluCao das despesas depessoal nas diversas Estradas,ocorridas de Janeiro de 1963 a maiode 1964, nao podendoo maior valordessas tabelas, excetuados os car-gos em comissao, ultrapassar o ft-xado pars o nivel 22 do art. 1? da,Lei n? 4.345, de 28 de Janeiro de1964)).

No § 2? dense artigo esta:§ 2? As tabelas referidas neste

artigo deverao ser submetfdas pelaRFFSA a homologaCao do Ministe-rio da ViaCAo e Obras PUbllcas)).

Disp6e, a sua vez , o art. 85, I, daConstituiCao:

Art. 85. Compete ao Ministrode Estado, alem das atribuiC6esque a ConstituiCao a as leis estabe-lecem:

I - exercer a orientacao, coor-denaCao e supervisao dos orgaos eentidades da administraCAo federalna nrea de sua competencia e refe-rendar os atos e decretos assinadospelo Presidente. ))

Ve-se, dessa sorte, que a decisAoregional ofendia aesse disposltivoconstitucional, determinando pa-gasse a RFFSA, por via de equlpara-Cao, a margern da tabela homologa-da pela autoridade ministerial, odeacordo com disciplina definida emlet.

No RE n° 92.594-5-RJ, o TribunalPleno, a 6-8-1980, assentou:

«AplicaCao do § 2? do art. 461.daCLT, nAo obstante aexistencla dequadro organizado em carreira, ho-mologado pelo Ministro dos Trans-portes .

Ofensa aos arts . 85, I e 153, § 2?,da ConstituiCao Federal; em con-formidade com a Jurisprudenclafirmada pelo STF.

Recurso extraordinario conheci-do e provido ..( DJ de 5-9-80, peg.66/2).u

256 R .T.J. - 116

No mesmo sentido , nos RREE n?s90.533-MG, 92 .412-MG , 92.414-MG,92.420-RS e 94.367-6-RJ.

No iulgamento do RE n? 95.803-7-MG, tive ensejo de referir, em meuVoto, precedentes do Tribunal, nes-tes termos:

aEm decisAo plenarta, a 19-11-1980, o Supremo Tribunal Federal,no RE n ? 92.420-RS, examinando si-tuaCAo semelhante , assentou, emaresto assim ementado:

aEquiparaCAo salarial concedi-da, sob o eufemismo de enqua-dramento , nao pode subsistir porinfrin@ncla dos arts . 153, 9 2? e85, I, da ConstituiCAo Federalante o disposto no art. 461, § 2",da CLT. DesatenCao A lurispru-d6ncla assente do Suprenlo Tri-bunal Federal . Precedente: RE n?90.533-MG ( 04.6.1980).

RE conhecido e provido.»

Em seu voto, o ilustre MinistroCordeiro Guerra , Relator, obser-vou: «Tem razAo o parecer que ve-nho de ler. 0 Egr6glo Tribunal Su-perior do Trabalho , pelo ac6rdAode its . 45, entendeu tratar-se de en-quadramento , o que, na realidade,6 uma equiparaCao salarial, obri-gando a recorrente a fazer algoque a let nAo manda , com ofensa,portanto , ao art 153 , § 2?, da Cons-tituiCAo Federal . For outro lado,decidindo , como decidiu , violou oquadro que organizou a carrelrada empress , infringindo o art. 85,I, da ConstituiCao Federal, con-forme reiterada jurisprudenciadesta Corte . A circunstAncia deque o ac6rdAo recorrido nAo tinhaconfessado o desrespeito A normaconstitucional e A lurisprudenciadesta Corte, nAo afasta a realidadede haver assim procedido, pots atese foi prequestionada , e sobera-namente carreada . Houve, a meuver, prequestlonamento . ConheCodo recurso e the dou provimento.

No voto-vista proferido no men-cionado lulgamento , o ilustre Mi-nistro Soares Munoz anotou: «Oart. 461, da COnsolidaCAo das Leisdo Trabalho, assegura , sendo id6n-tica a funCdo, igual salArio a traba-Iho de igual valor, mas, quando 0empregador fiver pessoal organi-zado em quadro de carreira, excluta equiparaCao , pots, nessa hip6-tese, as promoC6es deverAo obede-cer aos crit6rios de antigilidade emerecimento . A recorrente tern oseu pessoal organizado em quadrode carreira, devidamente aprova-do. Portanto, o reenquadramento,deferido aos reclamantes , impor-tou em negativa implicita do qua-dro e por via de consegU6ncta, navulneraCAo do art. 85, I, da Consti-tuiCAo Federal, corn base no qual oquadro foi aprovado e adquirtu vi-g6ncia.

A sua vez, o eminente MinistroThompson Flores, ao votar, afir-mou: ((II Pero v6nia aos que naoconhecem do recurso para , dele co-nhecendo , prove-lo, Julgando, tam-bem, improcedente a reclamaCAo.I - Penso que a esp6cie guar-da semelhanCa corn a do RE n?80.533-MG , do qual fui relator, lul-gado em 4-6-80.

Sua ementa dispOe : «Reclama-Clio trabalhista. Empregados daRede FerroviAria Federal S.A.Existencia de Quadro de Pessoalcriado em let ( Decreto-Let n? 5/66,art. 34) e respetivo Regulamento.Remanejamento ou reclassifica-CAo. Substituto que nAo se tornoutitular por nAo atender As exlg6n-cias regulamentares . II - A elesse sobrepondo os decisbrlos impug-nados para operar com os crlt6riosde egUidade sob a invocaCAo doCaput do art . 461, da CLT, afronta-ram o art . 153, § 2?, da Constitui-Cao, c/c o art. 85, I. Recurso ex-traordinArio conhecido e provido. 2- All, como aqui , a JustiCa do

R.T.J. - 116 257

Trabaiho , posto que reconhecessea existencia do Quadro e normasdisciplinadoras do acesso , despre-zou-as, sob a invocaCao de desviode poder, processando o enquadra-mento em desatenGAo As dispost-Cdes reguladoras do acesso.»

Nesse julgamento , assim torna-do, quedaram vencidos os Srs. Mi-nistros Xavier de Albuquerque,Rafael Mayer e LeitAo de Abreu.

Anteriormente , a 25-6-1980, noRE n? 92 . 594, Relator o Senhor Ml-nistro Moreira Alves, o P1enAriodesta Corte , decidira , em arestoassim ementado:

«Apllcacao do § 2? do art. 461,da CLT, nAo obstante a existen-cia de quadro organizado em car-reira, homologado pelo Mlnistrodos Transportes.

Ofensa aos arts . 85, I, e 153, §2?, da ConstituiCAo Federal, emctonformidade com a iurlspruden-cia firmada pelo STF.

RE conhecido e provido» (DJde 5-9-1980 , p. 6612).Nesse sentldo , tambem , a segulr,

a decisAo da colenda 22 Turma, noRE n? 93 .586, a 13-2-1981; e daEgregla 1° Turma , no RE n?93.587 , a 12-12-1980 , estando o acOr-dAo com a seguinte ementa:

«ReclamarAo trabalhlsta. Pedi-do de reclasslflcaCAo : Agente deEstaCAo para Radlotelegraftsta,fundado em desvio de funCAo.

II - dispondo a empregadorade Quadro prOprlo com a regularaprovaCAo e regulamento disct-pllnando as funCOes e classlflca-cAo, nao poderta desconsiderA-las, fundado no mesmo desvto defunCAo, contestado sempre.III - Contrarledade ao art.

153, § 2?, c/c o art . 85, I, ambosda ConstituiCAo , Justificando 0conhecimento e o provimento dorecurso.

Precedentes do STF (RREEn?s 90 .553-MG, 91.665-RJ e92.412).

Tambem , as decisOes no RE n?93.536-GO, Relator o Senhor Ml-nistro Cunha Peixoto, a 2 -2-1981,e no RE n ? 92.704 , a 26-11-1980,Relator o Sr. Ministro Djaci Fal-cao.»

Tratando-se inequlvocamente, naespecie, de hipOtese de equiparaCAosalarlal vedada, tal como assegura-da nas instAncias trabalhistas Infe-riores, tenho que se verificava , efett-vamente, ofensa aos arts . 85, I, e153, § 2?, da ConstituiCAo , na soluCAodo TRT.

0 TST, dessa mantra, bem dect-dlu a hipOtese , ao reformar o acOr-dAo regional , com estes fundamen-tos, As fls. 101:

uTenho sustentado que a interfe-rencia do JudiciArlo na organi2a-CAo empresarlal apenas resta justi-ficada diante de prova manifestade ilegalidade praticada em detri-mento dos empregados.

Na hipotese dos autos , atenden-do, ate mesmo , As exigencias domercado de mao-de-obra, a recor-rente outorgou aumento setorlal.

Tal procedimento mostrou-se noAmbito do lus varlandl do empre-gador, valendo notar que o fato dehaver existido , anteriormente, ta-bela salarlal , uinica , nao Implfchem tlaCAo da exlstencia do direitoA manutenCAo da mesma.Dou provimento ao recurso para,

na esteira de inumeros preceden-tes desta Turma, e tambem doPret6rio Excelso, julgar improce-dente a reclamaCAo trabalhlstaalufzada.»

NAo hA ver , assim , em face da mo-tlvaCAo invocada pelo TST e dianteda lurlsprudencla desta Turma,ofensa ao art. 153, §§ 3° e 4?, daConstituiCAo . No que concerne ao ffl-timo dispositivo malor , forCa a en-

258 R.T.J. - 116

tender nao se verificar sua vulnera-Cao. A Corte Superior do Trabalhonao negou provimento Jurisdicionalaos recorrentes. A tanto, evidente-mepte, nao pode corresponder a s6circunstancia da decisao desfavora-vel. 0 TST apreciou a pretensao dosrecorrentes e Julgou a reclamaCAo,como entendeu de direito.

Tamb@m nao ha ver ofensa ao art.153, § 3?, da ConstituiCao. Na Juris-prudencia desta Turma se tem afir-mado que, hipOtese como a dos au-tos, naose situa no piano do art. 468,da CLT, mas, sim, do art. 461 e seu §2?, tratando-se de equlparaCAo sala-rial . Nao ocorre , na especie , viola-CAo a direito decorrente do contrato.Deste , nao resulta garantia, em vir-tude da qual a RFFSA, sociedade deeconomia mista , com controle acio-nario da Uniao Federal, venha a setornar impedida de cumprir a legis-laCAo federal , quanto a regionaliza-Cao da AdministraCAo e a organiza-caode seus Quadros de Pessoal, eestabelecimento de zoneamento na

elaboraCao das tabelas salariais, utart. 2? e seu § 2?, da Lei n? 4.564/1964.

Do exposto , nao conheco do recur-so extraordinArio.

EXTRATO DA ATA

RE 101.616-BA - Rel.: Ministro Ne-ri da Silveira . Rectes .: Antonio Oli-veira da Silva e outros. (Advs.:Francisco Porto a outros ). Recda.:Rede Ferroviaria Federal S.A.(Advs.: Roberto Benatar e outros).

Decisao: Nab se conheceu do re-curso extraordinario . Decisao unA-nime.

Presidencia do Senhor MinistroSoares Munoz. PresentesASessao osSenhores Ministros Rafael Mayer,Neri da Stlveira, Alfredo Buzaid eOscar Correa. Suborocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 27 de marCo de 1984 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101. 651 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.

Recorrente: Banco Bamerindus do Brasil S/A - Recorrida: Regina Jen-ni Rocabado Gimenez.

Recurso extraordlnArlo. Ac6rdAo do TST, que Inadmitlu embargoscontra decisAo de Turma, em agravo de instrumento. Nao hS ofensaaos arts . 6?, 8?, XVII, letra ub», 141, 14?, 142, 153, #1 1?, 2?, 3?, 4? e 36,da ConstitulgAo . Recurso nAo conhecldo.

ACORDAO RELATORIO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamentos e notas taquigraficas, aunanimidade , nao conhecer do recur-so extraordinario.

Brasilia , 3 de abril de . 1984 -Soares Munoz , Presidente - Neri daSilveira , Relator.

O Sr. Ministro Neri da Silvetra(Relator ): Trata-se de recurso ex-traordinario; interposto pelo BancoBamerindus do Brasil S.A., funda-mentado nos arts . 119, 111 , alinea a,e 143, da ConstituiCao Federal, con-tra ac6rdao proferido, por malariade votos, pelo Plenario do TribunalSuperior do Trabalho, com a se-guinte ementa ( fls. 68).

R.T.J. - 116 259

«Embargos em Agravo de Ins-trumento.For nao estar o Agravo de Instru-

mento revestido de natureza ex-traordinAria e possuir contornos derecurso de procedimento sumArio,impertinentes os embargos inter-postos contra decisao nele proferi-da. Embargos nao conhecidos».

Sustenta o recorrente que o ac6r-dao recorrido contrariou os arts. 6? eparAgrafo unico , 142 e 153, §§ 1° 2? ,3", 4? e 36 , da Let Maior ( fls. 77/86).

Negado seguimento no apelo extre-me, pelo despacho de f15 . 92/93, subi-ram os autos a este Tribunal, porforca do provimento do Agravo deInstrumento n? 93 . 917/SP , em apen-so.

Raz6es do recorrente As fls.100/106 , manifestando a recorrida ascontra -raz6es de fis. 108/109.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Neri da Silvetra( Relator ): Atendido o reclamanteem sua pretensao de ver integrado 0valor correspondente a horas extrasno cAlculo dos repousos semanais re-munerados , no recurso de revistasustentou o reclamado ofensa peloac6rdAo regional an art . 153, § 2?, daConstituicAo e vulneraCAo do art. 7?,alinea a, da Lei n? 605 /1949, e do art.10, do Decreto n? 27.048/1949. Inad-mitido o apelo , reafirmou essa fun-damentaCAo o reclamado , no agravode lnstrumento desprovldo pela Tur-ma Julgadora do TST , que teve porimpossivel a revista, pots consagra-da a materia no Prejulgado 52, daCorte ( fls. 44).

Ao ensejo dos embargos para oPlenArio , o reclamado sustentou ocabimento da revista , ao fundamen-to, tao-s6 , de existir dlvergencla dojulgado regional com a jurlspruden-cia do TST ( SUmula 113 ), no que con-

cerne a nAo inclusAo das horas ex-tras nocalculo do repouso semanalrelativo aos sabados (fls. 54). NAomats se discutlu, de tal maneira,nesse ensejo, o tema constituclonalinvocado na revista.

NAo conhecidos os embargos, pornAo caberem contra decisao de Tur-ma, em agravo de Instrumento (11s.68), sobreveio o recurso extraordinA-rio (fls. 77/86), alegando-se contra-riedade aos arts. 153, §¢ 4?, 2?, 1?, 36e 3?; 142 e 6° e seu parAgrafo unico,todos da Constitutcao Federal. Noapelo extremo, nao se retomou, dequalquer sorte, a controversta, emseu merito.

Assim sendo, o recurso extraordi-nArio nao pode prosperar.

Com efeito, no RE 101.625-6-SP, deque fui relator, reafirmando a orien-taCAo jA assentada em ambas asTurmas do STF, afirmei:

"Ora, no particular, JA se firmoua jurispruddncia do STF no sentidode nao reconhecer vulneraCAo, Aregra do art. 153, § 4?, da LeiMalor, pela inadmissao dos embar-gos, ut art. 894, b, da CLT. E certo,como afirmou a Segunda Turma,Relator o Ilustre Ministro MoreiraAlves, no Ag. 94.133-9 (AgRg), a27-9-1983, que a admissao, ou nAo,de embargos, na hip6tese, consti-tuindo, em st, debate, acerca decabimento de recurso, com base noart. 894, letra b, da CLT, a quaestiojurls, de natureza meramente pro-cessual, sera ofensa ao art. 153, §4?, da Lei Maior, que pressupdeexclusAo de apreciaCAo judiciab>.

De outra parte, identico entendi-mento se relterou no RE n? 101.358-3/MG, destacando do voto que, en-tAo, proferi, os segulntespassos:

((De acordo com ajurlsprudenciado STF jA firmado, acerca daquaestio jurts, nao se reconhece,nesses casos, ofensa ao art. 153, §4?, da Lei Malor. Saber se cabe,

260 R .T.J. - 116

ou nao, recurso de embargos, emateria de natureza processual ese comports nos limites de exegesedo art . 894, letra b, da CLT. NAo hanegativa de prestaCdo lurisdicto-nal, quando a Corte entende quedeterminado recurso nAo a cabivel.No RE 101 .209-9/AM, a Segunda

Turma proclamou : cTrabalhista.Embargos. Questao de seu cabi-mento contra decisao em agravode instrumento oposto contra des-pacho denegat6rlo de revista. Na-tureza puramente processual daquestAo . Inocorrencia de ofensa AConstituiCAo Federal. Recurso ex-traordinario nAo conhecidoa. Ain-da, nessa linha , a decisao da Se-gunda Turma , no RE 101 .326-5/AM.No mesmo sentido , decidlu estaTurma, dentre outros, no RecursoExtraordlnario n? 101 .210-2/AM eno Ag. 96.714-1-( AgRg)-AM.

Neste ultimo precedente, de quefui Relator , antes , em meu voto:

(<De referenda As normas cons-titucionals , que se apontam comoofendidas , a materia JA se tran-gdilizou na ]urlsprudencia de am-bas as Turmas da Corte, desacon-selhando-se a alegaCao.

No Ag. 97.083-5 /BA, ap6s rea-firmar a inocorrencla de vlolaCaoso art . 153, § 4?, da Let Maior,pelo ac6rdao do TST, que inadml-tlu embargos de decisAo de Tur-ma, em agravo de instrumento,observes:

u4. De qualquer sorte, nAoha ver na declsAo que inadmiteos embargos ofensa aos arts.8?, XVII, letra b, e 153 , § 3", daConstituiCAo, porque o lulgado,situando-se no Ambito de exe-gete e apllcaCao de normas or-dlnarlas , somente por via refle-xa se poderia pretender vul-neraCao a esses disposltivosmaiores , o que nAo se admite,pars os efeltos do recurso ex-traordinarto , ut art . 143, da Lei

Magna, em que a ofensa so Es-tatuto Supremo hA de ser diretae nao por via obilqua),.

No que concern so art. 6?, daLei Malor , por igual , nAo hA verafronta A independencia e har-monia dos Poderes , pots a deci-sao do TST nao importou em le-gislar sobre direito do trabalho,qual acima restou sinalado.

0 pretendido descumprimentodo artigo 141 , § 4?, da Constltut-Clio, da mesma maneira, nAo ede merecer acolhida, porque asolugAo do aresto do TST suce-deu, em face da interpretaCao denorms ordinaria consolidada,tendo-se em conta a natureza dosrecursos de embargos e agravode instrumento.

Do exposto, nego seguimentoso agravo regimental'>.

Nao houve , outrossim , ofensa aoart. 153, §§ 1?, 2? e 36 , bem como soart. 142 , todos da Let Maior, na espe-cle. De fato , o TST nao deixa deexercitar sua competencia , ut art.142 referido , ao nAo conhecer dosembargos , dando so art . 894, letra b,da CLT, a exegese que the parecemacs consentanea com a naturezados recursos em confronto , so inad-mltir embargos contra ac6rdAo deTurma em agravo de instrumento.Tambem, nAo ha ofensa aosprincipfos da isonomia e da legali-dade, nem ao disposto no § 36, doart. 153 predito , com a indamissaodos embargos , dado que a Corte Su-perior do Trabalho o faz, em em-prestando so dispositivo legal, de na-tureza processual , a interpretaCaoque the parece adequada.

Nessa mesma linha, dentre outras,as declsdes da Prlmeira Turma, nosAg (AgRg ) n?s 96 . 643-9, 96 . 666-8,96.693-5, 96 .727-3 e 96 .730-3, todos doAmazonas.

Do exposto , em face da lurfspru-dencia deste Tribunal JA assentada,

R.T.J. - 116

quanto aos temas invocados no apeloextremo, em desfavor da pretensAodo recorrente , nao conheCo do recur-so extraordinario.

EXTRATO DA ATA

RE 101 .651 - SP - Rel.: MinistroNeri da Silveira. Recte.: Banco Ba-merindus do Brasil S.A. (Advs.:MArclo Gontijo e outros). Recdo.:Regina Jenni Rocabado Gimenez(Advs.: Jose Torres das Neves e ou-tros).

261

Decisao : NAo se conheceu do re-curso . DecisAo unAnime.

Presidencia do Senhor MinistroSoares Munoz. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Rafael Mayer,Nerl da Silvelra, Alfredo Buzaid eOscar Correa. Subprocurador-Geralda Rep6blica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 3 de abril de 1984 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101 .711 (EDCI) - SP(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Embargantes : Lutz Cassto dos Santos Werneck e outros - Embargado:

Sergio Lunardelli.

Embargos declaratbrlos.Rejeltam-se as embargos declaratbrlos que visam a dlseussAO ve-

tada por razOes formals.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, re-Jeitar os embargos de declaraCao.

Brasilia. 25 de Junho de 1985 -Djaci FalcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Mlnistro Francisco Rezek:Nestes embargos declarat6rlos, osrecorrentes alegam que o aresto,que deu parcial provimento so ex-traordinArio , deixou de apreciar pe-dido para que fosse cassada do deci-sOrto do Primeiro Tribunal de Alca-da de Sao Paulo a verba de correCAomonetaria.

Lembram que , no apelo extremo,destacaram ter sido exclulda a atua-lizaCAo da divida quando do pactoque uniu as partes e deu ortgem Apendencia . Sustentam , par tsso, serinexigivel a quantla, mesmo ap6s oadvento da Let n? 6.899/81, sob Penade maltrato dos arts . 153, ¢ 3? daConstltulCAo , 6? da Let de IntroduCAoao C6digo Civil e 82 do C6digo Civil.

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Mlnistro Francisco Rezek(Relator ): 0 recurso extraordinartologrou 6xlto tao-s6 para que fosseafastada , da condenaCao de LutzWerneck e outros, a multa impostspor embargos de declaraCao protela-t6rlos . Outros temas deixaram deser conhecidos por falls de preques-tionamento on em face da improce-dencla da tese advogada.

262 R.T.J. - 116

Entre os dispositivos que nao se vi-ram prequestionar estao os que con-cernem, no apelo raro, a correcaomonetaria.

Sustentam os embargantes ter sidoimpossivel suprir o requisito de ad-missibilidade porque o vicio ocorreuno aresto impugnado , que concedeua verba sponte sua.

Improcede o argumento.

Foram opostos embargos declara-t6rios ao aresto do tribunal paulistacom a expressa motivacao de aten-der a exigencia do prequestionamen-to de certas materias . NAo se bus-cou, entretanto , pronunciamento dacorte recorrida a respeito da atuali-zarAo da moeda, sob o enfoque de-senvolvido no extraordinario.

Vale acrescer que os embargantesalegam que o contrato objeto da dis-cussao entre as partes , exclula acorrecao monetaria . 0 ac6rdao pau-lista nada falou sobre esse t6pico dopacto, nem para tanto foi provocado.Assim, tambem por conta dessa cir-cusntAncia o extraordinario , no par-

ticular , nao tinha como lograr exito,certo que esta Corte nao pode descerao exame de clausulas contratuais.

Rejeito os embargos de declara-cao.

EXTRATO DA ATA

RE 101.711-SP - Rel.: MinistroFrancisco Rezek. Embtes.: Lutz Cas-sia dos Santos Werneck e outros(Advs.: Roberto Mortari Cardillo eoutros). Embdo.: Sergio Lunardelli(Advs.: Hello Helene e outros).

Decisao: Rejeitados os Embargosde Declaracao. Unanime. Ausente,ocasionalmente, o Sr. Ministro Cor-deiro Guerra.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Declo Miranda, Aldir Passarinho eFrancisco Rezek. Subprocurador-Geral da Republica, Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasilia, 25 de junho de 1985 -Hello Francisco Marques, Secreta-

rio.

AGRAVO DE INSTRUMENTO N? 101.867 (AgRg) - ES

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr: Ministro Moreira Alves.'Agravante: Companhia Vale do Rio Doce -- Agravado: Joaquim Correa.

Recurso extraordinario contra decisAo trabalhista.- JA se firmou o entendimento Siesta Corte que, para dar mar-

gem a recurso extraordinario contra decisAo trabalhista , a misterque a ofensa A Constitulcao seja direta , o que nao ocorre quando -como no caso presente - se faz necessArto , para resolver a questAo, oexame da legislacao ordinArla.

Agravo regimental a que se nega provimento.

ACORDAOVistos, relatados e discutidos estes

autos , acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrAfi-

cas, por unanimidade de votos, negar provimento ao agravo regimental.

Brasilia, 13 de dezembro de 1984Djaci Falcao , Presidente - MoreirAlves, Relator.

R.T.J. - 116

RELATORIO

0 Sr. Ministro Moreira Alves: Eeste o teor do despacho que nao ad-mitiu o recurso extraordinario ills.41):

«0 r. Ac6rdao de fls . 140/141 ne-gou provimento ao recurso de re-vista empresarial , determinando,em sintese , o pagamento do adicio-nal de insalubridade , nao excepcio-nando os periodos em que o recla-mante , de forma intermitente, naose encontra imediatamente subme -tido as condic6es insalubres.

Interposto recurso de embargos(fls. 143/146), fol o mesmo indeferi-do polo r . despacho de fls . 147, ten-do sido negado provimento soagravo regimental subsegUiente(fls. 148/152).

Visa, o presente recurso extraor-dinario, Interposto com fulcro noart. 143 , demonstrar violacao doart. 153 , § 2?, ambos da Constltui-cao Federal . Afirma , para tal fim,em suma , que inexistirla obrigacaoprevista em let no tocante so paga-mento do mencionado adicional,nos momentos em que nao verifi-cados os fatores de insalubridade.

Observa-se , contudo, que a mate-r1a, esgotando-se no ambito de le-gislacao estritamente ordinaria,apresenta , ainda mats , carater in-terpretativo . Impossivel e, por viade consegii ncia, concluir -se tenhahavido , In casu , violagao , direta docitado dispositivo constitucional,conforme necessario e indispensa-vel seria a admissao do recurso ex-traordln5rio etn materia trabalhis-ta:

Nao caracterizado , assim, opressuposto especifico de admissi-bilidade do recurso extremo,indefiro-o.

Publique -sen.Ao agravo de instrumento neguei

seguimento corno seguinte despacho(fls. 63) :

263

al. Correto o despacho que naoadmitlu o recurso extraordinario.Para dar margem a recurso dessanatureza contra decisao trabalhis-ta a mister que a ofensa a Consti-tuicao seja direta , o que nao ocorrequando para resolver a questao sefaz necessario o exame da legisla-cao ordinaria.

2. Em face do exposto, nego se-guimento so presente agravo».

Contraessa decisAo opoe -se agra-vo regimental em que se sustentaque, violando a lei, ofendeu o TST o§ 2? do artigo 153 da Constituicao Fe-deral.

Havendo mantido o despacho agra-vado , trago o feito ' alulgamento daTurma.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. MinistroMoreira Alves (Re-lator ): JA se firmou o entendimentodesta Corte que, para dar margem arecurso extraordinariocontra deci-sao trabalhista , a mister que a ofen-sa a Constitufcao seta direta, o quenao ocorre quando como no caso pre-sente - se faz necessario , para re-solver a questAo , o exame da legisla-cao ordinaria.

Em face do exposto, nego provi-mento ao agravo.

EXTRATO DA ATA

Ag 101 . 867 (AgRg)-ES - Rel.:Min. Moreira Alves . Agte.: Com-panhia Vale do Rio Doce ( Adv.: LutzInacio Barbosa Carvalho ). Agdo.:Joaquim Corr@a (Advs .: Ulisses Bor-ges de Resende e outros).

Declsao : Negado provimento soagravo regimental . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDJaci Falcao. Presentes a SessaoosSenhores Ministros Moreira Alves;Declo Miranda , Aldir Passarinho e

264 R .T.J. -116

Francisco Rezek . Subprocurador-Ge- Brasilia , 13 de dezembro de 1984ral da Republica, Dr. Mauro Leite H611o Francisco Marques , SecreteSoares. rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101.891 - PR(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Cordeiro Guerra.

Recorrente : Marco Aur6llo Fagundes - Recorrido : Mlnist6rlo PublicEstadual.

Tbxlco. Forneclmento gratulto a vlclados. AplicacAo do art. 16nAo do art. 12 da Lei de Tbxicos.

NAo merece censura o Lutz que aplica a lei tal como nelacont6m . Dissidio jurisprudenctal ado demonstrado , Sumula 291. ApltcacAo da Sumula 279.

RE nAo conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata deiulgamento e das notas taqutgrifi-cas, A unanimidade de votos, em adoconhecer do recurso.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -Diact FalcAo, Presidente - CordelroGuerra, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Cordelro Guerra:Condenado a 3 (trios ) anos de prisAopor fornecer maconha, a titulo gra-tuito a seus companheiros , que comele foram presos, tendo tamb6m omesmo entorpecente em sua resid6n-cia, benefictado com prisAo alber-gue, apelou pletteando a absolvicAo,por ser infima a quantidade que fu-mou com seus companheiros e, napior das hip6teses , a desclas5ifica-cAo do delito , para as penas do usuA-rio de t6xico.

O v. ac6rdao impugnado confir-mou a sentenca , fls. 163, nestes ter-mos:

aO delito 6 tipico. A lei pune, pelexpressa alusAo no texto da normpenal incriminadora inserida na Lede T6xicos, o ato de - oferecerfornecer, ainda que gratuitamentesubstancia entorpecente ou que determine depend6ncia fisica o tpsiquica , sem autorizacAo ou em desacordo com determinaCAo legal o tregulamentar.

Quanto a pretendida desclassificacao do delito, esta nAo poderA ser conhecida , pois, nAo rests , nenhumdUvtda ou alternativa, que so ser flagrado , o agente estava fornecendoterceiros, mesmo que gratuitamenta maconha.

NAo se trata, in casu , 6 6bvio dtraficante ou vendedor. Constata-spessoa viciada , que al6m de adqulrfe guardar , trazia tamb6m a maconha, nao so pars use pr6prio, matambem, ao fornecimento A tercetros, oferecendo , na oportunidade aconsurno coletivo a droga, emboracomo diz a lei, mesmo que gratuftamente.» (Fls. 164).

0 recurso extraordinArto foi admitido por ambos permissivos do ar t119, III, da ConstituicAo.A douta Procuradoria-Geral d

Republica assim opina:

R.T.J. - 116 265

«Pretende o recorrente , no pre-sente recurso extraordinurio , ver re-conhecido , em sintese , que teria pra-ticado a infraCao penal descrita noartlgo 16 , da Lei de T6xicos e nao areferente ao artigo 12, daquele diplo-ma legal.

2. Tal pretensao , a toda eviden-cia, demanda reexame de materiade prova , o que descabe no ambitodo recurso extraordinurio , nos ter-mos do que disp6e a Slimula 279 doExcelso PretOrio . No tocante ao ace-nado dissidio jurisprudencial, osarestos trazidos a confronto nao ser-vem pars dirimir a especie, pots fo-ram proferidos , tambem, com baseno exame profundo da prova.

3. Opinamos , pelo exposto, pelonao conhecimento do presente recur-so extraordinurio.

Brasilia , 1 de outubro de 1985 - A.G. Valim Teixeira - Subprocurador-Geral da Republica " ( Fls. 211).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra(Relator ): Os fatos que justificam a

condenaCao nao podem ser revistos,Slimula 279, e o dissidio jurisprudencial Invocado nao se configura, potsas conclus6es dos ac6rdaos trazidosa colaCao se baseiam em outros fa-tos.

E preciso lembrar que nao pode ojuiz corrigir o rigor da lei, que se ba-seia no interesse social da prevenCaodo crime.

Nao conhero do recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 101 . 891-PR - Rel .: MinistroCordeiro Guerra . Recte .: Marco Au-relio Fagundes (Advs.: Rogerio Fa-gundes e outros ). Recdo .: MinisterioPublico Estadual.

Decisao : Nao conhecido . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes A Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezeke Carlos Madeira . Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 101 .979 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Neri da Silveira.

Recorrente: Ministerio Publico Estadual - Recorrido: Augusto JesusGreg6rio de Oliveira.

PrescrlCao penal. C6digo Penal , art. 110, §4 1? e 2?. Desde a Let n?6.416/1977, culda-se, em face desses dispositivos penis, de prescriCSoda pretensAo execut6rla do Estado e nao da prescrlCao da pretensAopunitiva . Precedentes do STF . Recurso extraordinurio conhecido eprovide , para , cassando o ac6rdao , determinar que o Tribunal a quojulgue a apelaCao do itu e , se mantida a condenaCao , decrete , sendo ocaso , a extinCao da punibilidade pela prescriCAo da pretensAo execu-t6ria , unica admissivel , na esp6cle.

ACORDAO meira Turma do Supremo TribunalVistos, relatados e discutidos estes Federal, na conformidade da ata de

autos, acordam os Ministros da Pri- julgamentos e notas taquigraftcas a

266 R .T.J. - 116

unanimidade, conhecer do recurso ethe dar provimento.

Brasilia , 6 de abril de 1984 -Soares Mufioz , Presidente - Nerl daSilvelra , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Nerl da Silvelra(Relator): Trata-se de recurso ex-traordinario, com arguiCao de rele-vancia da questAo federal, interpostopelo Procurador-Geral da JustiCa doEstado de Sao Paulo, fundamentadono art. 119, item III, alineas a e d, daConstituiCao Federal, contra o ac6r-dao de fls. 71/72, do Colendo Tribu-nal de AlCada Criminal do Estado deSao Paulo, que julgou extinta a puni-bilidade, pela prescriCao intercor-rente, ocorrida entre a sentenCa con-denatoria e o acordao, na acao penalInstaurada por infraCao ao art. 129,Caput do C6digo Penal, contra Au-gusto Jesus Greg6rio de Oliveira,condenado a tres meses de detenCao.Sustenta o recorrente que o ac6rdaorecorrido negou vigencia ao art. 110,if 1? e 2?, do C6digo Penal,encontrando-se, ainda, em dissensocom julgados dente e de outros Tri-bunals, tendo em vista que os men-cionados dispositivos, na vigencia daLei n? 6.416, de 1977, dizem respelto,apenas, a renuncia do Estado emexecutar a pena principal (fls.74/85).

O apelo derradeiro, assim articula-do, veto a ser processado em razaodo acolhimento da argiiiCao de rele-vAncia da questao federal, em ses-sao de Conselho (fls. 44, dos autosapensos).

Razoes do recorrente as fls.106/107, apresentando o recorrido ascontra-razoes de its. 110/112.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Ned da Sllveira(Relator ): Acolhida a argiiiCao de

relevancia da questAo federal, estaafastado 0 6bice do art. 325, I, do Re-gimento Interno.

Cuida-se de crime ocorrido, ap6s apublicaCao da Lei n ? 6.416, de 24-5-1977, que introduziu no art . 110, doC6digo Penal , os if 1? e 2?, em subs-tituieao ao parAgrafo unico. Rezamos aludidos dispositivos:

Ǥ 1? A prescriCao, depois dasentenCa condenat6ria com transi-to em julgado para a acusaCao,regula -se, tamb6m, pela pena apli-cada e verifica-se nos mesmos pra-zos.

§ 2? A prescriCao, de que tratao parAgrafo anterior, importa, tao-somente , em renuncia do Estado apretensAo executOria da pena prin-cipal , nao podendo , em qualquerhip6tese, ter por termo inicial dataanterior a do recebimento da de-nuncia».

Ora, o ac6rdao proclamou a pres-criCao da acao penal , na especle,considerando que, entre a data dapublicagao da sentenCa condenat6-ria, de que a acusaCao nao apelou, eo julgamento do recurso do r6u,fluira prazo superior a dois anos,aplicando a hipotese o art. 110, § 1?,combinado com o art. 109, VI, ambosdo C6digo Penal.

Compreendo que se faz caracteri-zada a negativa de vigencia do art.110, f 1? e 2?, do C6digo Penal, naredaCao introduzida pela Lei n"6.416/1977, pots, da incidencia dessasnormal , o que resulta e a renunciado Estado a execuCao da pena prin-cipal. Nao ha falar em prescriCao daaCao , mas, tao-so , da pretensao exe-cutoria da pena.

No RECr. n? 100.227-1/SP, Relatoro ilustre Ministro Moreira Alves, aSegunda Turma do STF decidiu, emac6rdao assim ementado, a 24-6-1983:

«PrescriCao penal . Os §§ 1? e 2?do art. 110 do C6digo Penal, intro-duzidos pela Lei n? 6 . 416/77, dizem

R.T.J. - 116

respeito A prescriC6o da pretensaoexecut6ria, e nao A prescriC6o dapretensao punitiva . Precedentes doSTF. Recurso extraordinario co-nhecido e provido,,.

Em seu douto voto, anotou o emi-nente Relator:

«Ambas as Turmas desta CorteJA firmaram lurisprudencia no sen-tido de que os §§ 1? e 2? do art. 110do C6digo Penal, introduzidos pelaLei n? 6.416/77, dizem respeito AprescriCao da pretensao execut6-ria, e nao A prescriCao da preten-sao punitiva (RHC n" 56.855, RTJ91/824 e segs ., 2" Turma , relator oSr. Ministro DJact Falcao; RE98.949 , la Turma , relator o Sr. Mi-nistro Soares Mudoz))).

Nesse sentido, silo, dentre outras,tambem , as decis6es nos RREE n?s101.504 , 101.506 , 101.529 , 101.248,101.516 a 101.536.

Do exposto , conhero do recurso,por ambos os fundamentos , eis quetenho como comprovado , devida-mente , o dissidto pretoriano , As fls.77/82, a negada vigencia, pelo ac6r-dao, aos §§ 1 ? e 2?, do art . 110, do C6-digo Penal, considerando, no parti-cular , que o fato delituoso ocorreu

267

depois da entrada em vigor da Lei n?6.416/77.

Conhecendo do apelo, dou-lhe pro-vimento, para cassar 0 ac6rdao re-corrido e determinar que o Tribunala quo Julgue o merito da apelaCao doreu, e, se mantida a condenaCAo, de-Crete, se for o caso, a extinCao dapunibilidade pela prescriC6o da pre-tensao execut6ria, unica cabivel.

EXTRATO DA ATA

RE 101.979-SP - Rel.: MinistroNeri da Silveira. Recte.: Ministe-rio Publlco Estadual . Recdo.: Augus-to Jesus Greg6rlo de Oliveira (Adv.:Orlando Calvielli).

Decis6o: Conheceu- se do recurso ese the deu provimento. Decis6o un6-nime.

Presidencia do Senhor MinistroSoares Mufoz . Presentes A Sessao osSenhores Ministros Rafael Mayer,Neri da Silveira, Alfredo Buzaid eOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 6 de abril de 1984 -AntOnio Carlos de Azevedo Braga,SecretArto.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102.141 - RJ(Segunda Turma)

Relator para o Ac6rdAo: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrente: Encyclopaedia Britannica Editores Ltda. - Recorrida: Pre-

feltura Municipal do Rio de Janeiro.

Imunldade Trlbutaria. Ltvro. ConstltutgAo, artigo 19, III, ailneaado.

Em se tratando de norma constitucional relatlva As imunldadestributArias genericas , admite-se a lnterpretaCAo ampla , de modo atransparecerem os prlnciplos e postulados nela consagrados.

0 livro, como objeto da lmunldade tributaria , nAo a apenas o pro-duto acabado , mas o conjunto de servit os que o realiza , desde a reda-CAo, ate a revlsAo da obra , sem restriCAo dos valores que o formame que a ConstltuiCAo protege.

268

ACORDAO

R.T.J. - 116

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-fleas, por matoria de votos, em co-nhecer do recurso e the dar provi-mento.Brasilia, 18 de outubro de 1985. -

Djaci Falcao , Presidente. - CarlosMadeira, Relator para o Ac6rdao.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): Trata-se de mandado deseguranca preventivo requerido porEncyclopaedia Britannica EditoresLtda.. receosa de ato do Diretor doDepartamento de Tributos Mobilla-rios, da CoordenaCAo de TributosMunicipals , da Secretaria Municipalde Fazenda da Prefeitura da Cidadedo Rio de Janeiro, que the possa co-brar Imposto sobre ServiCos dequalquer Natureza. Entende que naoincide tal tributo sobre os serviCosde produCao editorial que contratourealizar com a Empresa Encyclo-paedia Britannica do BrasilPublica-C6es S.A. para publicaCao das obrasEnciclop@dia Barsa e Enciclop6diaMirador International, servicos es-ses consistentes na redaCao, compo-siCao, atualizaCao, correCao e revi-sao das aludidas obras, em face daimunidade constitutional de que go-za o livro; e tambom que nao estaobrigada a reter o imposto na fonte,do total por ela pago, pelos referidosserviCos, a profissionais autdnomosque nao fizerem prova de sua inscri-Cao no cadastro fiscal do Municipio.

Esclareceu a Impetrante que o va-lor do imposto por ela nao recothidoe o valor que nao reteve na fonte, apartir de 15-3-75, data da entrada emvigor do Decreto-Lei n? 6/75, que ins-tituira o Cod. Trib. do Municipio doRio de Janeiro montavam, respecti-

vamente, a Cr$ 4.812.803,78 e Cr$50.297 , 60. Invoca o amparo do art. 19,III, alinea d da CF, segundo o qual 6vedado a Uniao, aos Estados e aosMunicipios instituir imposto sobre «olivro , o jornal e os periodicos, assimcomo o papel destinado a sua im-pressao». Observa que se trata deimunidade destinada a colsas. Invo-ca, outrossim , ensinamento de PauloRoberto Cabral Nogueira, parecerpublicado na RDA 108/446; o qual,referindo-se ao ISS, declara:

(dX - Feitas essas considera-C6es a facil entender que a proibi-Cao de instituir impostos sobre osjornais se estende a todos os im-postos que gravam objetiva e dire-tamente este bem, coisa ou merca-doria)).

uAssim , por exemplo , o impostode compet6ncia estadual sobreoperaC6es relativas a circulaCao demercadorias ( ICM) nao incide so-bre a venda de jornais ou a saidadestes , do estabelecimento. Os ii-vros, jornais e per16dicos protegi-dos pela imunidade objetiva naosao alcanCados por este impostoreal e indireto.

Identica razao imuniza-o de to-dos os impostos baseados na pro-duCao , consumo ou circulaCao des-tes bens".

Invoca , ainda , outros especlalistaspara dar respaldo ao entendimentode que a imunidade abrange os ser-viCos que ela executa.

A seu turn, a Prefeitura Munici-pal do Rio de Janeiro observa que aimpetrante nao edita livros, nem oscomercializa, consistindo sua ativi-dade em prestar serviCos atinentes atrabalhos de redaCao, composiCao,atualizaCao , correCao e revisao dotexto das obras enciclopedicas Barsae Mirador Internacional , de acordocom o contrato que firmou , nao rea-lizando segundo resulta desse mes-mo contrato, a impressao , divulga-Cao e comercializacao dessas obras

R.T.J. - 116 269

literarias . Nao poderia tirar provef-to, deste modo, da imunidade consti-tucional que protege de tributaCAo oslivros, revistas e peri6dicos. A imu-nidade, por@m , era objetiva, naoabrangendo os tributos que recaiamsobre a pessoa de quem os produz oucomercializa ; os. tributos que inci-dem sobre quaisquer materials onserviCos fornecidos on prestados emetapas anteriores a sua produCAo oucomercializaCao, salvo o papel desti-nado a sua impressAo . Adianta, ain-da, que a impetrante obrigou-se auma empreitada , um trabalho sobencomenda ( prestaCoo de serviCos),etais serviCos se encontram previs-tos no Decreto-Lei n? 6/75.

A seguranCa lot concedida par en-tender o nobre juiz sentenciante quea imunidade constitutional t ampla,e seu elevado objetivo e o de retirara incidencia de qualquer Imposto so-bre a industria do livro, de modo acoloca-lo ao alcance das classes me-nos favorecidas,difundindo a culturaem todo territ6rio national.

Em grau de apelaCao , a sentenCaveto a ser reformada , em ac6rd3oconsubstanciado nesta ementa:

«Imposto sobre serviCos. NAo 6alcanCado pela imunidade fiscal deque goza o livro, bem como o papelutilizado na sua feitura, o serviCode produCao editorial de enciclop6-dias, abrangendo a redaCAo, com-posiCAo, atuallzaCAo, correCAo e re-visao de suas obras. A imunidadeconstitucional s6 pode ser interpre-tada estritamente, nao admitindoampllaC6es. Provimento da apela-CAo, para denegar o mandado deseguranoa impetrado».

Contra esse dectsum, manifestou aImpetrante recurso extraordinario,lastreado nas tetras a e d da previ-s9o constitucional, argulndo, ainda,relevancia da questAo federal. Argotcontrariedade ao artigo 19, III, d, daConstituicao Federal, pots os servi-

Cos prestados por ela nao estao su-jeitos ao ISS, como entendeu o v.ac6rdao impugnado.

Pelo fundamento da letra d traz acotejo julgados que aponta.

Admitido o recurso , subiram osautos a esta Corte.

Ouvida , manifestou-se a doutaProcuradoria -Geral da Republica pe-lo conhecimento e provimento doapelo excepcional.

Finalmente , observo que a impe-trante desistiu expressamente da ar-giilCao de relevAncia da questAo fe-deral ( fls. 289).

E este o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator ): Inicialmente. No RE86.026-SP ( 2? Turma) se discutiu aincid@ncia da imunidade sobre revis-tas t6cnicas ou cientificas (RTJ84/270 ); no RE 91 . 662 examinou-se sea imunidade abrangla os anunclos epublicidade em jornal ( RTJ 98/802);no RE 87 .049 (Plenario ), iualmentetot debatida a mesma quest3o. Ne-nhum dos precedentes , deste modo,inclui a especle dos autos.

No caso , discute-se se os serviCosde produCAo editorial de enciclop6-dias, abrangendo a redaC3o , compo-siCAo, atualizaCAo , correCAo e revl-s3o de suas obras se encontramabrangidos pela isenCAo.

Sustenta -se e, sem duvida, comsubstanciosas raz0es, que todososserviCos realizados para sua elabo-raCAo devem ser consideradosabrangidos pelo beneficio fiscal.

Entretanto , sem embargo de reco-nhecer a valta dos argumentos quemilitam em favor do recorrente, nAome parece que assim seja.

A norma constitucional mentioncomo abrangida pela imun idadeolt-

270 R.T.J. - 116

vro, e nao os serviCos que sequercorrespondem a sua impressao ma-terial.

Extraio essa conclusAo do pr6priotexto constitutional que, na confor-midade do disposto no art. 19, Inc.III, alinea d, declara ser vedado aUnIAo, aos Estados , ao Distrito Fe-deral e aos Municipios instituir im-posto sobre:

ad) o livro, o Jornal e os peri6di-cos, assim Como o papel destinadoa sua impressao'.

Ora, se considerassemos o sentidoamplo pretendido , por certo que opapel destinado a impressao do livronao prectsarta ser destacado Comotamb6m imune , pots se ele e elemen-to essential do livro, pots no papel 6que se encontra ele impresso, porcerto seria absolutamente ociosa, ex-pletiva , referenda individualizadaaquele material , pots d0vida nao po-deria haver que os livros sao impres-sos em papel . A meu ver 6 isso ele-mento de alta significaCao na Inter-pretaCao da abrangencia pretendidapela norma constitutional.

NAo se pode ignorar , ate por se-rem 6bvios, os motivos que levaramo legislador constituinte a concedera imunidade ao livro , ao Jornal e aosper16dicos ; e Aliomar Baleetro, socomentar a respeito (Direlto Tribu-t8rio Brasilelro , 2? ed., Forense,pAg. 94 ), lembra ser o objetivo cons-titucional o de proteCao a educaCAo,A cultura e a liberdade de comunica-Cao e de pensamento.

Entretanto, ha de ver os limites daimunidade . Se o texto menciona o li-vro, tenho que se ha de compreen-der, no seu sentido pr6prio , Como umproduto acabado , ate porque, Comomencionado , no referente ao papelem que ele a impresso , houve es-pecifica referencia, para igualmenteabrange-lo.

Na verdade, anterlormente a Cons-tituiCao Federal de 1967, a imuni-

dade dizia respeito apenas ao papeldestinado a impressao de livros, Jor-nais e peri6dicos e, por Isso, 6 que oCTN, no seu art. 9 ?, Inc. IV , letra d,por ser o C6dlgo anterior a CartaPolitica de 1967, apenas estipulava avedaCao de cobranCa de papel desti-nado exclusivamente a impressao deJornais, peri6dicos e livros e , entao,0 obietivo era igualmente o mesmode agora , inserto no art. 119, III, d,da EC n? 1. Mas a restriCAo era, Co-mo se viu , limitada ao papel de im-pressao dos livros, peri6dicos e Jor-nais e, agora , pela ConstltulCao de1967 ampliou-se ao livro, permane-cendo aquela Ja existente referenteao papel.

Ruy Barbosa Nogueira , cuja auto-ridade todos reconhecemos, ao co-mentar os institutos tributArlos daisenCAo e da imunidade, observa, emseu livro de Direito Tributario, pag.144:

«Tambem 6 preciso notar quesendo a obrigaCao fiscal ex lege,de natureza publica, nAo sao per-mitidos os processos de integraCAo(art. 108, do CTN) para ampliaCaoou reduCAo do Campo da lnciden-cia. A lnterpretaCAo 6 estrita noque se refere a alteraCAo , criaCAoou extinCao da obrigaCao , Como seve do art. 111. do CTN.

Como a isenCAo 6 vinculada,igualmente nAo se pode julgarisenta uma situaCAo fora dos ter-mos estritos da let.

Ja a imunidade 6 problema deconstitucionalidade e prefixada naConstltulCao'.

Ainda 6 de ver-se que as dispost-C6es que dizem com a exclusao docr6dito tributario devem ser inter-pretados literalmente , Como se en-contra previsto no art . 111, do CTN.

Ademals a de anotar que a inter-pretaCAo anal6gica e admitida Comonorma de interpretarAo da leglsla-Cao tributaria, mas nao a interpreta-

R.T.J. - 116 271

Clio extensiva e esta seria , entao, ahip6tese Incabivel, ainda por isso,atender-se ao pleiteado , JA nAo fossea clara disposiCao do art . 19, III, d,da ConstituiCao Federal, que bemdemonstra que os serviCos de com-posiCao do livro nao se encontramabrangidos pela isenCAo.

Pelo exposto , e porque tambem osac6rdaos invocados nAo dize com ahip6tese dos autos, nao conhe$,o dorecurso.

E o men voto.

EXTRATO DA ATA

RE 102 .141-RJ - Rel.: Ministro Al-dir Passarinho . Recte.: Encyclopae-dia Britannlca Editores Lida.(Advs.: Sergio Bermudes e outros).Reeda.: Prefeitura Municipal do Riode Janeiro (Adva.: Helena CardosoTeixeira).

DecisAo: Adiado o julgamento porhaver pedido vista o Ministro CarlosMadeira, depois do voto do Relatorque nao conhecia do recurso. Faloupelo Recte.: o Dr. Sergio Bermudes.

Prestdencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezeke Carlos Madeira . Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia , 1 de outubro de 1985. -Hello Francisco Marques, SecretA-rio.

VOTO (VISTA)

O Sr. Ministro Carlos Madeira: 0mandado de seguranCa foi impetra-do pars garantir a editors contra acobranCa , pelo Municipio do Rio deJaneiro , do imposto sobre serviCosconsistentes na redaCao , composi-CAo, atualizaCAo , correCao e revisaodas Enclclopedias Barsa e MiradorInternational.

O E. Tribunal de Justica entendeuque nao 6 alcanCado pela imunidadefiscal de que goza o livro e o papelutilizado na sua feitura , - o serviCode produCao editorial, compreenden-do a redaCao, composiCAo, atualiza-Cao, correCao e revisao da obra. Aimunidade a tal serviCo importartaampliaCao do norma constitucional.

O eminente Ministro Relator sufra-ga tai entendimento , ao dizer que anorma constituclonal menclona Co-mo abranglda pela imunidade o Ii-vro, e nao os serviCos que sequercorrespondem A sua impressAo ma-terial.

Embora acentue que o objetivoconstituclonal da imunidade tributA-ria e a proteCAo A educaCAo , A cultu-ra e A liberdade de comunicaCAoepensamento , ressalva o ilustre Rela-tor que mencionando a norma o li-vro, ha de se entender como tat umproduto acabado, ate porque , nore-ferente so papel em que a impresso,houve especifica referencia, paraigualmente abrange-lo.

Pew venia a S. Exa . pars divergirda interpretaCAo restritiva da nor-ma.

0 art . 111 do CTN impde a inter-pretaeAo literal da IegislaCAo tribu-taria relativa a suspensao on exclu-sAo do credito tributario , a outorgade isenCAo e A dispensa do cumpri-mento de obrigaCOes tributariasacessOrtas . Essa regra metodolOgicanao diz respeito , porem , as normasconstituclonais tributArias, mor-mente em se tratando de imunidadesgen6ricas , que correspondem,A nAoincidencia, em virtude da supressAodo competencia impositiva . ou do po-der de tributar certos fatos , ou sltua-c6es . Nao hA credito tributArio a sus-pender on excluir, porque ele sim-plesmente nAo pode ser criado.

Dal porque a interpretaCAo dasnormas constitucionais de imunidadetributAria, a ampla , no sentldo deque todos os metodos, inclusive o sis-

272 R .T.J. - 116

tematico, o teleol6gico, etc., sao ad-mitidos», como anota Amilcar deAraujo Falcao (RDA, 66/372).

A interpretaCao sistematica danorma constitucional leva a conclu-sao de que o que caracteriza as imu-nidades e « a circunstancia de quecom etas o legislador constituinteprocura resguardar, assegurar oumanter inc6lume certos principios,ideias- forCa ou postulados que consa-gra como preceitos basicos do re-gime politico , a incolumidade de va-lores eticos e culturais que o ordena-mento positivo consagra e pretendemanter livres de eventuais interfe-rencias ou perturbaC6es, inclusivepela via obliqua ou indireta da tribu-taCao. <'As imunidades , diz ainda oautor acima citado - como as de-mais limitaCdes ao poder de tribu-tar, consoante o ensinamento deAliomar Baleeiro, tem assim a ca-racteristica de deixar « transparecersua indole nitidamente politica», oque imp6e ao interprete a necessi-dade de fazer os imprescindiveisconfrontos e as necessarfas conota-C6es de ordem teleol6gica , toda vezque concretamente liver de dedicar-se a exegese dosdispositivos consti-tucionais instituidores de tatsprincipios» (Revista citada, pag.369).

Ora, segundo tal orientagao, bem ede ver que, << ao falar o constituinteem livro, jornal , perl6dico a papel deimprensa, pretendeu exclusivamentetornar imunes atividades destinadasa formar culturalmente ou Informarisentamente o povo brasileiron. A ob-servaCao a de Ives Gandra da SilvaMartins , na sua obra Teoria da Im-poslCAo Tributarla ( Saralva , 1983).«Pretendeu - prossegue o autor -inequivocamente , impedir o Estado,por melo da imposiCao tributaria,manipulasse a verdade cultural ou ainformatica notlciosa , dificultandoao povo receber imparcfalmentenoticias e culturas» (ob. cit. pag.357).

O livro, como objeto da imunidade,nao pode ser, portanto, apenas umproduto acabado , mas o conjunto deserviCos que nele se realiza , ou seja,os componentes de sua produCao,tats como, a redaCao, a editoraCao, acomposiCao, a correCao e a revisAoda obra. Todos esses serviCos reali-zam o livro e sao protegidos pela naoincidencia qualificada. Ate mesmoas operaC6es relativas a circulaCaodo livro sao imunes a tributaCAo in-direta ( IPI e ICM ). S6 os lucros de-correntes da sua exploraCao a quesao fato gerador do imposto de ren-da.

Considerar imune apenas o livrocomo produto acabado, seria restrin-gir exatamente os valores que o for-mam e que a ConstituiCao protege.

PeCo venia ao nobre Ministro Re-lator, para conhecer do recurso e thedar provimento.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Sr. Presidente, o meu voto acompa-nha o do Ministro Carlos Madeira,corn a devida venia do Ministro Re-lator.

A norma constitucional em exameestabelece imunidade em favor do I1-vro e de todos os labores que circun-dam sua produCao. A fonte de produ-Cao do livro, o lugar, ou o conjuntode lugares oficinais de onde sat oproduto acabado, tudo isso a alcan-Cado pela imunidade constitucional.

O papel, todavia, a materia-primaque vem de fora; e por isso mereceumenCao especial. E produzido alhu-res, razao por que o constituinte esti-mou necessario deixar claro que,mesmo antes de adentrar os localsde produCao do livro, o papel estaimune a tributos, em razAo do seudestino.

ConheCo, pots, do recurso, e thedou provimento.

R.T.J. - 116 273

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra:Sr. Presidente , distingo hem a imu-nidade constitucional da isenCao. Aimunidade visa proteger , na mals al-ta extensao , livros, peri6dicos etc., eja estendemos Isso tamb6m as tele-comunicaC6es - ha ac6rdaos meus edo Ministro Cunha Peixoto.

De modo que, se fdssemos reduzira imunidade , estariamos reduzindo aConstituiCao apenas para consagrara isenCao do ICM nas vendas de ii-vros.

A finalidade da ConstituiCao 6 pro-piciar o desenvolvimento da circula-Cao das id6ias, da cultura e a expan-sao dos meios de educaCao.

Com a devida v6nia, acompanho ovoto do eminente Ministro CarlosMadeira , conhecendo do recurso ethe dando provimento.

VOTO

O Sr. Ministro Djaci ' Falcao (Pre-sidente): PeCo venia so eminenteRelator, para acompanhar o primei-ro voto discrepante, do eminente Mi-nistro Carlos Madeira , a considera-Cao de que, realmente, nao se con-fundem isenCao a imunidade.

A imunidade , prevista na Consti-tuiCdo , ( art. 19 , inciso III , letra d),nao pode merecer interpretagao res-tritiva.

No meu entender , a exegese quedai deflui 6 a de que, onde nao hacr6dito tributario , e e o caso, con-sidera-se o produto (o livro) comoacabado.

De modo que , com a devida veniado eminente Relator , conheCo do re-curso e the dou provimento.

EXTRATO DA ATA

RE 102 .141-RJ - Rel.: Ministro Al-dir Passarinho . Recte.: Encyclopae-dia Britannica Editores Lida.(Advs.: Sergio Bermudes e outros).Recda .: Prefeitura Municipal do Riode Janeiro (Adva.: Helena CardosoTeixeira).

DecisAo : Conhecido e provido, ven-cido o Ministro Relator.Presidencia do Senhor Ministro

Djaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezeke Carlos Madeira . Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia , 18 de outubro de 1985. -H611o Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102.212 - RJ(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Recorrente: Adam Appel - Recorrido: Edgard Baptista Carmo (Esp6liode).

Llquldac9o de sentensa. Obice regimental ao recurso extremo.QuestAo constitucional.

Nib se configura afronta a garantia , constitucional da coisa julga-da na sentensa que, em llquidaC9o , Interpretou de modo razoavel adecisAo liquidanda , sem contrariar qualquer de suas prescritbesexpressas.

274

ACORDAO

R.T.J. - 116

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal, de conformidade com a atade julgamentos e as notas taquigrafi-cas, a unanimidade de votos, naoconhecer do recurso.

Brasilia, 12 de marco de 1985 -Djacl FalcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Este recurso extraordinario tem ori-gem em autos de liquidaCao, por ar-tigos, de sentenCa que determinara oressarcimento de danos causados anlocador pelo man use da coisa loca-da.

A sentenCa de liquidaCao fol ataca-da ante o iuizo de segundo grau sobo argumento de que violara , por infi-delidade as prescriC6es da decisao Ii-quidanda , o art. 610 do C6dlgo deProcesso Civil, bem assim a tutelaconstitutional da coisa j ulgada e dodireito adquirido. Esta argumenta-cao, que nao teve exito na origem,reproduz-se agora num recurso ex-traordinario a que foi negado transi-to, e que subiu sob o impulso de urnagravo provido.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): Desde o iulgamento, peloPlenario, do RE n? 85.013, em setem-bro de 1977 (RTJ 86/248), dissipou-seCoda dQvida acerca do veto regimen-tal ao apelo extremo em liquidaCaode sentega. 0 recorrente, entretanto,pretende contornar o 6bfce mediantea invocaCao do § 34 do rot constitu-cional de garantias.A decisao liquidanda atribuira ao

recorrente, pelos danos sofridos,

vinte e nove salarios minimos, a16mde outras compensaC6es. A sentenGade Iiquidal.ao, vendo que nAo foradeterminado o momento de aferigaodo valor do salArio , torna-o contem-porAneo do laudo t6cnico , e nao doefetivo pagamento , como pretendidopelo recorrente . Nao ha falar emafronta a coisa iulgada , a falta dedeterminaCao anterior em sentidocontrario. Impunha-se interpretar,de algum modo razoavel , o iulgadoprincipal , para garantir-lhe cumpri-mento. Medida desta exata especietot convalidada pela Segunda Tur-ma, com relarAo a multa cominat6-ria, no RE 85.263, relatado em agos-to de 1977 pelo Ministro Leitao deAbreu.

Quanto ao mais, a certo que a sen-tenCa liquidanda nao cogitou de ju-ros, de modo que nao cabia inova-losna liquidaCao . E tambemcerto que,quando a decisao ora recorrida abo-na a divisao do Gnus das custas pelametade , refere-se as custas devidasna liquidaCao por artigos, e naoaquelas do processo principal - co-mo, em manifesto equivoco , sup6e orecorrente.

NAo vendo , na esp6cie , qualquersinal de afronta an art . 153 § 3? daCarta da Republica, nAo conheco doextraordinArio.

EXTRATO DA ATA

RE 102 . 212-RJ - Rel .: MinistroFrancisco Rezek. Recte.: Adam Ap-pel (Adv.: em causa pr6pria). Rec-do.: Edgard Baptista Carmo (Esp6-lio de) (Adv.: Benedicto MachadoSao Christ6vao).

Decisao : Nao conhecido . Unanime.Ausente , ocasionalmente , o SenhorMinistro Decio Miranda.

Presid@ncia do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Decio Miranda , Aldir Passarinho e

R.T.J. - 116 275

Francisco Rezek. Subprocurador- Brasilia, 12 de marco de 1985 -Geral da Rep6blica, Dr. Mauro Leite Hello Francisco Marques, SecretA-Snares. rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102 .214 - AM

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Aldir Passarinho.Recorrente : Jose Paiva Batista e sua mulher - Recorrido: Cassiano Cl-

rilo Anunciacao.

Mandado de Seguranca.aColsa Julgada )) material. SdmWa 208.Dlvergencla Jurlsprudenclal alegada , corn lnvocacAo de S6mula.

ApreclacAo ante os arts. 322 e 102, f 4? do RI/STF.Se transitou em iulgado ac6rdAo do Tribunal local , incabivel de

atacA-lo atrav6s de mandado de seguran¢a, segundo a lurlsprud6nciado S.T . F. Ja sumulada : S(mula 208.

Ante o disposto no f 4? do art . 102 do RI/STF , Segundo o qual uacitacAo da uS6mulan, pelo n6mero correspondente , dispensara, pe-rante o Tribunal, a referencia a outros julgados no mesmo sentido))leva a que se dispense a an8llse a que se refere o art. 322 do mesmoRegimento , se o tema central em debate se choca trontalmente corn opr6prio enunclado da sumula , sem necessidade de outras lndagag6es.E 6 o que ocorre quando, apesar do enunclado da S6mula 208, o ac6r-dAo entende que o mandado de seguranca pode ser utlllzado para anu-lar aresto , corn trAnsito em )ulgado . Diferente serla se o enunclado daS6mula pudesse oferecer espectro mats amplo , ensejando considerar-se aspectos nAo abrangidos pela lurisprudencla nela consubstanclada.

Insuscetivel de exame , outrossim, por falta de prequestionamen-to, a asseveracAo inserts somente no parecer da Procuradorla-Geralda Rep6blica sobre Inocorrer ucolsa lulgada )), se ela tot admltldalmplicltamente pelo prbprlo recorrente , e o Tribunal as quo )) decidiua demands considerando-a existente.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, por sua Se-gunda Turma, na conformidade daata de julgamento e das notas taqui-graficas, por unanimidade de votos,conhecer do recurso para the darprovimento.

Brasilia, 16 de abril de 1985 -Dlact FalcAo , Presidente - AldirPassarinho . Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Aldir Passarlnho(Relator ): Cassiano Cirilo Anuncla-cAo impetrou Mandado de Segurancaperante o C. Tribunal de Justica doEstado do Amazonas, impugnando 0v. Ac6rdAo da 2° CAmara Civil da-quela mesma Corte.

O ilustre Presidente da 2? CAmaraCivil, prestou as suas informacdesso Sr . Presidente do Tribunal Ama-zonense, declarando:

276 R.T.J. - 116

((Visa o impetrante Casslano Cl-rllo AnunclaCAo , atraves daqueleremedlo juridico, a suspensao dosefeitos do Ac6rdao proferido no jul-gamento da ApelaCao Civet inter-posta por Jose Palva Batista e suamulher, tendo por apelado o mes-mo impetrante.

A evidencia dos fatos expostos edo direito aplicavel a especie, aoconfronto dos documentos exibidos,nao ha como justificar o lamenta-vel equivoco dos membros destaCamara, atribuindo-o tao-s6 ao ele-vado mimero de julgamentos emcada sessao, a lmpermitir umaparticipaCAo mais acurada dos jul-gadores que neles tomam parte.

Em verdade, como sabe VossaExcelencia, alem dos argumentosdo impetrante , a simples omissao,ou troca de urn preceito legal poroutro , nao constitul motivo sequerpara emendar a petiCao , multo me-nos para sua anulabilidade ap6s aprolaCao da sentenCa definitiva.

Por outro lado, a provavel que o(lustre Desembargador Raimundoda Costa Santos nao tivesse pre-sente, na ocasiao do julgamento, ofato de haver julgado a causaapontada pelo impetrante , pots, docontrario , estou certo, ter-se-ia de-clarado impedido.

Adianto a Vossa Excelencia queesta Presidencia estaria de acordocom os termos do pedido, se o emi-nente patrono do impetrante nao it-vesse tido o intuito malevolo decriticar os componentes desta Ca-mara, como se nao fossem tam-bern suscetiveis de falhas na arduae dificil missao de julgar.

Reconhecendo , portanto , o enga-no cometido, esperam ve-lo corri-gido no julgamento do ((manda-mus)), para que prevaleCa a justicaem Coda a sua plenitude.

Sao essas, Senhor Relator, as in-formaC6es que tenho a prestar emnome desta Camara.)) (fls. 78/79).

A seguranCa fot concedida pelTribunal de JustiCa local, para fornar sem efeito 0 Ac6rdao atacadodeterminando que outra decisaofosse proferida.

A ementa do Ac6rd5o estA redigidanestes termos:

Mandado de SeguranCa. Cabimento.

Decisao Judicial corn transitem julgado : hipdteses em que podser atacada pelo ((mandamus>).Entendimento da Sfimula n? 268 dSTF.Seguranga conhecida e admitida.

E admissivel mandado de seguranCa contra decisao judicial serecurso dela decorrentenao toefeito suspensivo , acarretandorisco de dano irreparavel.

Mesmo que a decisao judicial jtenha transitado em julgado, admite-se a concessAo da seguranCa em casos excepcionais, como nhip6tese de o ato acarretar prejuizo manifesto e irreparavel e sucorrefao , pelos melos normats, fodemorada, nAo impedindo a concretizacio daquele dano latente.

NAo ha aplicaCao do preceitcontido na SGmula n? 268 do STdesde que se verifique ofensa a dtrecto liquido e certo pela ilegalidade da decisao impugnada e irreparabilidade do dano por ela produzido.Toma-se conheclmento do Man

dado de SeguranCa interposto contra decisao judicial eivada de ilegalidade concedendo -o, sobretudporque incabivel , no caso, aCarescisoria , visto nao ter havidsentenCa de merito, multo menopossibilfdade de recurso extraordinario , por se tratar de decisao proferida em aCAo de despejo.» (fl162).

Dal o recursoextraordinario manfestado por Jose Paiva Batista, co

R.T.J. - 116

fundamento nas tetras a e d da per-missao constitucional , alegando mal-trato so § 3? do art . 153 da Constitui-Cao, e que o v. Ac6rdao recorrido en-trara em testilha com a Sumula 268deste Pret6rio Excelso, bem Comonegara vigf?ncia ao art. 6? da Lei deIntroduCAO ao C6digo Civil, e aosarts . 467 e 468, ambos do C6digo deProcesso Civil, porque o Ac6rdAo ousentenCa transitados em julgadosnAo podem ser vulnerados por Man-dados de SeguranCa.

E este o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho(Relator): A douta Procuradoria-Ge-ral da Republica assim veto amanifestar-se sobre o extraordina-rio:

((O Recurso Extraordinarto 6 in-terposto com fundamento nasalineas a e d do permissivo consti-tucional , fazendo alegaCao deofensa aos artigos 153, j 3? daConstituiCao, 6?, § 3?, da Let de In-troduCao so C6digo Civil e 467 e 468do C6digo de Processo Civil, bernComo de discrepAncia do Julgadoem relaCao a Sumula 268.

2. Trata-se de Mandado de Se-guranca orlundo de ACao de Despe-Jo, que atacou o Ac6rdAo prolata-do pela E. 2? Camara Civel do Co-lendo Tribunal a quo.

3. Havendo a E. Camara impe-trada reconhecido que praticara auegalidade imputada (fls. 78/79),toda a controversia se cingiu aquestAo de saber se cabia a impe-traCAo contra o ato Judicialimpgu-nado, em face de seu transito emJulgado, dado o que reza a Sundan? 268:

«Nao Cabe Mandado de Segu-ranCa contra decisao judicialcom transito em Julgado.»

277

4. 0 Colendo Tribunal a quo en-tendeu possivel a impetraSao, aosseguintes fundamentos , bern resu-midos na ementa do Julgado recor-rido:

aMandado de SeguranCa. Cabl-mento . Decisao judicial comtrAnsito em Julgado : hip6tesesem que pode ser atacada pelo((mandamus»;

Entendimento da Sumula n?268 do STF.

SeguranCa conhecida e admi-tida.

E admissivel Mandado de Se-guranCa contra decisao judicialse o recurso dela decorrente naotem efelto suspensivo , acarretan-do o risco de dano irreparavel.

Mesmo que a decisao judicialJa tenha transitado emJulgado,admite-se a concessAo da segu-ranCa em casos excepcionais, Co-mo na hip6tese de o ato acarre-tar prejuizo manifesto e irrepa-ravel e sua correCao, pelos meiosnormafs, for demorada, nao im-pedindo a concretizagAo daqueledano latente.

NAO ha aplicaCAo do preceitocontido na Sumula n? 268 do STFdesde que se verifique ofensa adireito liquido e certo pela ilega-lidade da*decisao impugnada eirreparabilidade do dano por elaproduzido.

Toma-se conhecimento do Man-dado de SeguranCa interpostocontra decisao judicial eivada deilegalidade, concedendo-o, sobre-tudo porque incabivel , no caso,a4Ao rescis6ria , visto nao ter ha-vido sentenCa de m@rito, multomends possibilidade de recursoextraordinario , por se tratar dedecisao proferida em aCao dedespeJo». ( Us. 162)

5. Dal a irresignaCao extraordi-naria que, sobre afirmar o disstdio

278 R.T.J. - 116

com a Sumula 268, ainda asseverao v. Ac6rdao recorrido maculou osdispositivos indicados.

6. Ocorre, todavia, que em ne-nhum momento o v. aresto sobexame decidiu-se a analise da apli-caCao de qualquer das disposiQ6esWas como violadas, ja que so exa-minou a esp6cie a luz do enunciadona Sumula n? 268.

7. Como omitiu-se o recorrenteem opor os Embargos de Declara-Cao aptos a fazer sanar a eventualomissao do julgado, resultam ple-namente incidentes, no particular,as Siimulas 282 e 356, a obstar aadmissibilidade do apelo extremo,com fundamento na alinea a da au-torizaCao constitutional.

8. Observe-se que a circunstan-cia de versar o tema em debate so-bre a colsa julgada nao supre aexigdncia do prequestionamento,que demanda a explicita discussaosobre a aplicaCao do dispositivocontrariado:

«Prequestionamento. Exige-setenha sido explicito na decisaorecorrida o prequestionamentoda aplicabilidade da norma indi-cada (S(imula 282 e 356).» (Ag.93.831-1-AgRg-SP, Rel.: Min. De-cio Miranda In DJ de 9-12-83,pag. 19418).

<O Supremo Tribunal Federalnao aceita a alegaCao de pre-questionamento implicitor>. (Ag.91.957-1-AgRg-RJ. Rel.: Min. Al-fredo Buzaid In DJ de 17-6-83,pag. 8960).

9. Pela alinea d do permissivoconstitutional, deu-se que, paracomprovar a argUida divergenciajurisprudencial, nenhum julgadoem caso concreto exibfu o recor-rente, o qual se limitou a buscararrimo na Sumula n? 268.

10. Ora, o art. 322 do RegimentoInterno - em consonancia com aSumula n? 291 - estabelece:

«A divergencia indicada no re-curso extraordinario devera sercomprovada por certidao ou c6-pia autenticada, ou mediante ci-taCao do reposit6rlo, oficial ouautorizado, com a transcriCaodos trechos que configurem odissidio, mencionadas as circuns-tancias que identifiquem ou asse-melhem os CaSOS confrontados».(grifamos)

11. Assim, conquanto a Sumulase preste a outras funC6es, entre asquais a de afastar os 6bices regi-mentals a admissao do recursoderradeiro (art. 325 caput, do Regi-mento Interno), nao serve a confi-guraCao do dissidio jurispruden-cial.

12. E isso porque, se o confron-to nao se fizer entre casosconfrontados, estar-se-a inserindoa Sumula no Direito Positivo, o quenao e a sua funeao , assim como fi-cara desviada a finalidade daalinea d da autorizaCao constitucio-nal, ja que tem por escopo harmo-nizar julgados com diferente inter-pretaCao da lei federal.

13. Veja-se, sob outro Angulo,que nao conflita , como o que aquise sustenta, a dispositvo contidano § 4? do art. 102 do Regimento In-terno:

<(A citaCao da SOmula pelo nu-mero correspondente, dispensa-ra, perante o Tribunal, a refer@n-cia a outros julgados no mesmosentido.))

14. E nao conflita porquanto osdots dispositivos regimentals coe-xistem em sua eficacla e, assim,nAo se anulam reciprocamente, oque ocorreria, se se admitisse queum 6 excepcionado pelo outro.

15. Vale lembrar , alias, que es-sa Excelsa Corte ja acolheu o en-tendimento ora defendido , ao jul-gar o RE 96 .596-3-SP:

R.T.J. - 116

«Nao basta a simples alegaCaode diverg6ncia corn a Sumula,desacompanhada da demonstra-Cao do dissidio , com a identiflca-cAo ou assemelhaCao das hip6te-ses, pars o conhecimento do re-curso .» ( Rel.: Min . Oscar Corr6a,in DJ de 2-3-84 , pig. 2785).

16. Em tais circunstAncias, por-tanto , 6 de ter por nao configuradoo alegado dissidio jurisprudencial.

17. Finalmente , nao se pode dei-xar de consignar que, nao obstanteesteja toda a controversia girandoem torno do presssuposto de que adecisAo judicial enfrentada com ouse do Mandado de SeguranCa tl-nha trAnsito em julgado , tal naoocorreu : a certidAo de f1s . 148 ates-ta, cabalmente , que o Ac6rdao im-pugnado via mandamus fol publi-cado a 21 de setembro de 1982 e aImpetraCao se viu ajuizada a 6 deoutubro de 1982 ( Segundo carimboaposto a Its . 3), ou seja , no 15? diasubsegtlente , quando ainda flula oprazo para eventual interposiCAode Recurso Extraordinirlo impe-dindo , at6 entAo , formacao da resjudicata.

18. Com Isso, prejudicado esta-ria 0recurso derradeiro , ainda quefosse suscetivel de conhecimento,mesmo porque a irresignaCao 6restrita a tal questao preliminar dem6rito, deixando de impugnar o v.Ac6rdao recorrido , quanto A suaparte merlt6ria em si.19. 0 parecer 6, por conse-

guinte, de que o Recurso Extraor-dinirio nao comporta conhecimen-to.» (fls . 218/223)

No caso, dizendo respeito o Man-dado de SeguranCa a aCAO de despe-jo sofre ele o 6bice previsto no art.325, inc . V, letra c do RI do STF, pe-lo que , somente na ocorr6ncia de al-guma das hip6teses previstas nocaput daquele mesmo precelto regi-mental, 6 que caberia o processa-mento do extraordlnario.

279

No caso, 6 certo que, embora o ex-traordinirio tenha sido interpostocom fundamento nAo-s6 na Tetra d,mas tamb6m na letra a, do art. 119,III, da CF , e sido alegada violaCAoao artigo 153, § 3? da mesma LeiMajor, 6 de ver que dela nao culdouo v. Ac6rdao ora impugnado, queapenas discutlu o tema frente A pos-sibilidade de ser a decisao judicialatacada pela via do Mandado de Se-guranca, pelo que faltou , entAo, o ne-cessArlo prequestionamento, que ajurisprudencla desta Corte tem con-siderado indispensavel , ainda que setrate de mat6ria constitucional, nAosendo, outrossim , de considerar-seprequestionamento implicito , cabivela aplicacao, deste modo, das Sumu-las n?s 282 e 356.

No referente a Sumula n? 268, Se-gundo a qual «nao cabe Mandado deSeguranCa contra decisao judicialcom trinsito em julgado», a sua ci-taCAo , no caso , a mim parece bas-tante, diferentemente do que entendea douta Procuradorfa-Geral da Re-publica , pots, na conformidade dodisposto no art . 102, § 4? do RI/STF,verbls:

rtA citacao da «Sumula» pelo nu-mero correspondente , dispensari,perante o Tribunal , a referencia aoutros julgados no mesmo senti-do."

Nao ha necessidade , deste modo,da anAlise entre julgados de que tra-ta o art . 322 do mesmo Regimento,desde que a tese do Ac6rdao se con-flite diretamente com a jurispruden-cia sintetizada no enunciado da pr6-pria Sumula.

Alias, no caso , o v. Ac6rdAo do C.Tribunal de JustlCa do Amazonas In-vocou a prOpria Sumula no 208 aqual , por6m, nao considerau aplicA-vel a esp6cie.

Ora, assegura , entretanto , a doutaProcuradorfa -Geral da Republica,que, no caso , nao ocorreu a «colsa

280 R.T.J. - 116

julgadau, como se viu pela lelturaque fiz do parecer da Dra. Anadyrde MendonCa Rodrigues.

Ocorre , por0m , que tal aspecto nAoe possivel de ser considerado, naoportunidade.

E que o v . Ac6rdAo decidiu oMandado de SeguranCa consideran-do a ocorrencia da ocoisa julgada>e, assim, dentro desse Angulo 6que h3 de ser considerado o extraor-dinario sob pena de examinar-se oapelo exceptional sob aspecto sequerobjeto de consideraCAo no C. Tribu-nal a quo . E se nAo prequestionada amateria no aresto impugnado , insus-cetivel de ve-la debatida na oportuni-dade do julgamento do extraordina-rio.

Pelo exposto , conheco do recursopor considerar haver divergenciacom o enunciado da Siimula n? 268 ethe dou provimento para, reforman-do o v . Ac6rdAo do C. Tribunal de

JustiCa do Estado do Amazonas, cas-sar a seguranca.E o meu voto.

EXTRATO DA ATA

RE 102.214-AM - Rel.: Min. Al-dir Passarinho. Rectes.: Josh Paf-va Batista e sua mulher (Adv.: Ant6-nio Alexandre Pereira Trindade).Recdo.: Cassiano Cirilo AnunciaCAo(Advs.: Oldeney de Carvalho e Ro-berto Rosas).

Decisao: Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.UnAnime.Presidencia do Senhor Ministro

Djact Falcao. Presentes a SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Decio Miranda, Aldir Passarinho eFrancisco Rezek. Subprocurador-Geral da Repfiblica, Dr. Mauro LelteSoares.

Brasilia, 16 de abril de 1985 -H611o Francisco Marques , Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102 .393 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.

Recorrente : Minist@rlo Pitblico Estadual - Recorrido: Edson Alves ouEres Alves.

Delito de roubo , desclassiflcado para simples tentativa , diante decircunstAnclas , admitidas pelo ac6rdAo recorrido, que nAo ensejampleno confronto de teses com os ac6rdAos dados corno paradigmas.

Recurso ExtraordinArio pela letra d , do qual nAo se conhece.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Primei-ra Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, naoconhecer do recurso.

Brasilia, 29 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OctavioGallotti , Relator.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Octavio GallottL 0acordao da Sexta Camara do Tribu-nal de AlCada Criminal, no ponto queinteressa a soluCao do presente Re-curso Extraordinario, desclassificou,para a figura de roubo tentado, ocrime imputado , pela sentenCa deprimeira instancia, ao ora Recorri-do, diante das seguintes considera^C6es:

R.T.J. - 116 281

aAo que se depreende da provacoligida , a res furtlva nao ficou naposse trangtiila do assaltante, vistoque foi perseguido imediatamenteap6s o roubo.

Realmente, tanto o policial comoo dono do estabelecimento fizeramreferencia so deslocamento deuma Perua Kombi em perseguiCAodos meliantes , os quaffs foram deti-dos a 500 metros de distAncta do lo-cal dos fatos.

Assim a imperiosa a desciassifl-cacAo pars a figura de roubo tents-do.

Impondo-se a Edson a pens nominimo legal , seguindo , dessa for-ma, o criterlo do MM . Juiz senten-ciante, results a pena definitivaem 1 ano, 9 meses e 10 dias de re-clusAo e multa de Cry 2.000,00.

Preenchendo o apelante, Edson,os requisitos do art. 57 do C6digoPenal, concede -se-lhe o sursis, peloprazo de 2 anos , sem condiC6es es-pecials.>, (fls. 212/3)

Recorre o Ministerio PUblico esta-dual, com fundamento na letra d dopermissivo constitucional, sustentan-do ser extreme de dUvida a consu-maCAo do delito, postulando 0 resta-belecimento da pens de cinco anos equatro meses de reclusAo , e multade oito mil cruzeiros e apontando,comd divergentes os ac6rdaos desteTribunal no Habeas Corpus n? 53.335e nos Recursos ExtraordinArios Cri-minais n? 90.426 (RTJ 93/413); 93.133,RTJ 97/903; 95.040, DJ 18-12-81;97.629, RT 569/434 e RE 97.500, RT567/411.

O apelo fol admitido pelo llustrePresidente do Tribunal a quo emdespacho arrematado com a se-guinte conclusAo:

«E manifesto o dissidio Jurispru-dential, )A que, para o ven. ac6r-dAo recorrido, o fato de o crimino-so ter sido detido, pouco depots,nas imediaC6es do local do crime- nAo tendo tido, portanto , a posse

trangfiila da res furtiva - caracte-riza o crime tentado, enquantoque, pars os julgados referidos Asits. 220/223, o momento da consu-maCAo do roubo e aquele em quese efetiva a subtraCao com empre-go de violencia , sendo irrelevantea circunstAncia de o agente nAo seter locupletado com a coisa rouba-da.

Pelo exposto , admito o recurso.Processe -se.'> (fls. 227)

Ap6s resumir a controversia, opt-na, As its. 240/1, o eminente Subpro-curador-Geral Valim Teixeira:

((A nosso ver , o presente recursoextraordinArio deverA ser conheci-do e provido. 0 ac6rdao recorrido,entendendo que ocorrera mera ten-tativa e nAo crime consumado, pe-lo fato do acusado ter sido detido,pouco depots , nas lmediaC6es do lo-cal do crime , colocou-se em desa-cordo com a trang0ila Jurispruden-cia do Colendo Supremo TribunalFederal , como bem demonstradopelo recorrente.

«Roubo . Roubo consumado (ca-racterizapao ). Proveito do agen-te. A Jurisprudencia do STF eno sentido de que o momentoda consumaCAo do roubo a aqueleem que se efetiva a subtraCAocom emprego de vtolencia ongrave ameaCa , sendo irrelevantea circunstAncia de o agente seter locupletado com a coisa rou-bada.>> (RECr. n? 93.133-3/SP.v.u. 1' Turma , Relator : o Minis-tro Rafael Mayer , DJU de 6-2-81,pig. 28.516).

Opinamos , pelo exposto , pelo co-nhecimento a provimento do pre-sente recurso extraordinario.» (fls.240/1)

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallottl(Relator): A sentenCa de primeira

282 R.T.J. - 116

instancia , ao dar pela consumacaodo delito , considerou que os acusa-dos «tiveram , embora por poucotempo , posse mansa e pacifica dares, on seja, o dinheiro da vitima.Foram detidos logo ap6s , quando seretiravam atranquilamentea, numademonstracao inequivoca de que seencontravam livres de eventual per-seguicao .n (fls. 154).

Nas contra razoes de apelacao(fis. 103), o Ministerfo Publico esta-dual insistiu na ausencia de perse-guicao imediata . Na peticao de inter-posicao de recurso extraordinario(fls. 219 ), porfia em assegura-lo,com remissao as delcaraCOes da viti-ma e ao depolmento das testemu-nhas de acusacao.

Sucede que o ac6rdao recorrido, aoreformar em parte a sentenca, paradesclassificar 0 delito, repeliu a as-sertiva, dando como certo que a resfurtiva nao ficou na posse tranqOilado rOu que foi perseguido imediata-mente ap6s o roubon.

Esses fatos , proclamados pela de-cisAo final de instancia ordinaria,sao suficientes para comprometer aconfiguracao do dissidio jurispruden-cfal, por falta de demonstracao deperfeita analogia das situacoes pos-tas em confronto.

No julgamento do Recurso Ex-traordinario n? 93.133 ( um dos para-digmas citados pelo Recorrente), in-fluiu a circunstancia de que os benssubtraidos , embora por curto espacode tempo , haviam permanecido forada esfera de vfgtlancia da vitima.Salientou-o V. Exa., Sr. PresidenteRafael Mayer , ao comentar o prece-dente, ja entAo como Relator do Re-curso Extraordinario n? 100.771, estedotado da seguinte ementa:

<<Crime de roubo. Tentativa. Fla-grante.

Se o agente foi de imediato per-seguldo e preso em flagrante, reto-mado o bem, nao se efetivou a sub-

traCao da coisa a esfera de vigilAn-cia do dono, tratando-se, pois, decrime tentado.,> (RTJ 108/909)

Na mesma linha, haviam sido de-cididos, entre outros, os RecursosExtraordinarios n? 93.099, Relator oeminente Ministro Nerl da Silvetra(RTJ 100/794) e n? 102.762. Relator oeminente Ministro Oscar Correa,com ressalva de ponto de vista pes-soal em contrario (DJ de 24-8-84).De ambos os Recursos, esta Turmanao conheceu.

Assim, se o nao locupletamento doagente e a recuperacio da coisa ternsido considerados irrelevantes parater-se o roubo como consumado, aperman@ncia do bem na esfera de vigilancia da vitima, como consegUOn7cia de perseguicao imediata, tern sido causa do reconhecimento da ocorrencfa de simples tentativa.

No caso concreto, a prova, comapreciada pelo ac6rdao recorridonao enseja plena confrontacao coos arestos que concluem pela consumaCao do crime.

Em especies da natureza da presente, por umenor a diferenca no fato, repercute na incidencia da norm(minima facts , maxima jurls)>>, como recordou V. Exa., Sr. Presidentena assentada do citado Recurso Extraordinario n? 100.771.

Ante o exposto, nAo conheco do Recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 102 . 393-SP - Rel.: Ministro Octavio Gallotti . Recte .: MinistErio Publico Estadual . Recdo .: Edson Alveon Eres Alves (Adv.: Gerson Jos6 dOliveira).

Decisao : Recurso nAo conhecidoUnanime.

Presidencia do Senhor MinistrRafael Mayer. Presentes a Sessao 0Senhores Ministros Neri da SilveirSydney Sanches e Octavio GallottAusente justificadamente o Minlstr

R.T.J. - 116 283

Oscar Correa. Subprocurador-Geral Brasilia, 29 de outubro de 1985 -da Republica, Dr. Francisco de As- AntOnio Carlos de Azevedo Braga,sis Toledo. Secretarto.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102.537 SP(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Estado de Sao Paulo - Recorrido: Henkel do Brasil Indus-

trias Quimicas Lida.

Mandado de SeguranSa.Sdmula 266.Nao hi como abonar uma InterpretaCSo abusivamente extensiva

da Sumula 266, mediante a qual se poderia frustrar todo e qualquermandado de seguranCa preventivo . Neste , a tmpetrar ao nAo se voltacontra a lei em tese, mas contra o procedimento que fundadamente sereceia venha a autoridade a assumir , em razAo de praticas ou pro-nunciamentos antertores.

Hip6tese de naoconhecimento do recurso extraordinarto doEstado.

ACORDAO

Vistos , relatados e discutidos estesautos , acordarn os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal , de conformidade corn a atade julgamentos e as notas taquigrafi-cas, a unanimidade de votos , nAo co-nhecer do recurso.

Brasilia , 15 de margo de 1985 -Djaci FalcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Na origem , a empress ajuizou man-dado de Seguranga para preservardireito de credito em materia deICM, nos termos que entao explici-tou. Decisao singular den por extintoo processo sem juizo de merito, aoentendimento de que indemonstradaqualquer perspectiva de afronta a di-relto liquido e certo.

Houve apelo da empress, que oTribunal proveu por decfsao una-

nime , mandando que o juiz juigue omerito do pedido de seguranca, comestes fundamentos:

«Nao existe qualquer controver-sia sobre o fato de que a impe-trante do ramo de industriasquimicas , importa materia-primado Exterior, cobertas as operae6espor isencao do ICM , para fabricarprodutos cuja saida esta sujeita aoreferido tributo.

NAo ha necessidade de provar oque e incontroverso e, ademais, aimpetrante so pretende que se re-conheca o seu direito a credito comrelacAo a tais operac6es, nao a ou-tras que nao fossem cobertas petsIsenGao ou nao autorizassem o cre-ditamento.

E nao se busca efeito patrimo-nial preterito. Permite a lei que olancamento do credito possa serefetuado com atraso, desde que seexplique 0 retardamento . Mas, se 0fizer , a Impetranteestara sujeita Aautua¢ao e a ordem de estorno, em

284 R.T.J. - 116

face da orientacao fiscal diver-gente, amplamente definida emrespostas a consultas em casosidenticos.S6 as operaC6es anteriores a cin-

co anos da impetraCAo , obvia-mente , nao poderiam ser conside-radas porque decorrtdo o prazoprescricional . Mas foram as mes-mas expressamente excluidas pelalmpetraCao.

Nao se entende , outrossim, a alu-sAo a Sumula n? 546 . 0 caso nao ede restituiCao de tributo pago e naose haveria de considerar para de-negar o writ a te6rica hip6tese deque os valores , cujo credito a im-petrante postula , hajam sido in-cluldos no prero de seus produtos.A presuncAo , obviamente , a de quenao o foram , ju$tamente em faceda isenCAo ». (fls. 356-357).

0 Estado apresentou entao este re-curso extraordinArio, alegando afron-ta aos arts. 1? e 6? - § unico daLet do Mandado deSeguranca, bemcomo divergencia da Sumula n? 266 ede ac6rdao do Tribunal de AlcadaCivil de S . Paulo . Afirma que nao hAdireito demonstrado de piano nestesautos , e que a seguranCa fol Impe-trada contra lei em tese . 0 recursofoi admitido na origem , e a empresa,em contra-raz6es, lnvocou jurispru-dencia do Supremo Tribunal.

E o relat6rio.

0 argumento do Estado e o de quo processo fol extinto, em juizo sin-gular, porque incerto o direito alegado pela empresa, a falta de provdas suas alegaC6es. 0 Tribunal, adeclarar a desnecessidade de provaporque incontroverso os fatos, teriadmitido o mandamus contra a leem tese.

E certo, porem, que na inicialempress narrou fatos , e motivos dtemor de afronta iminente a seu direito de credito fiscal . 0 Tribunal fosensivel ao pedido, estimando correto sua deduCao , ante o que qualificocomo a «...orientaCAo fiscal divergente , amplamente definida em respostas a consultas em casos identicos'>. Entendeu que se a impetrantrealizar o credito do ICM relativo AoperaC6es isentas, ainda que combeneplacito da lei, estarA sujeltoautuaCAo e ordem de estorno. Por isso afastou a idela da carencia e determinou o juizo de merito.

Parece -me seguro que o acolhlmento da tese aqua deduzida pelo Estado recorrente importaria patrocinar a extincAo da clAssica figura d cmandado de seguranCa preventivevez que , em presenca de toda tropetracao desse genero poderia a autoridade invocar a inocorrencia de fatos consumados, e Identificar o recelo de que ocorram A insurreiCacontra a lei em tese.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): Este recurso enfrenta 06bice do art. 325 - III do RegimentoInterno, pois cuida-se de mandadode SeguranCa, e nAo hA decisAo demerito. 0 Estado nao insistlu no pro-cessamento da argiliCao de relevAn-cia. HA que examinar, de todo modo,a alegada afronta ao principio que seestampa na Sumula n? 266, qual sejao do descabimento do mandado deseguranca contra lei em tese.

Nao vejo, em conclusao , onde teenha o ac6rdao em exame destoadqda Sumula n? 266. Nao conheco ddrecurso extraordinario.

EXTRATO DA ATA

RE 102 .537-SP - Rel.: MinistrFrancisco Rezek . Recte .: Estado dSao Paulo (Adva.: Elsa Bierrenbacde Lima ). Recda .: Henkel do BrasiIndustrias Quimicas Lida . (Advs.Silvio Carlos Pereira Lima e outros)

R.T.J. - 116 285

Decisao : Nao conhecido . Unanime. Francisco Rezek . Subprocurador-Geral da Republica , Dr. Mauro Leite

Presidencia do Senhor Ministro Soares.Djaci Falcao. Presentes a Sessao os Brasilia , 15 de marco de 1985 -Senhores Ministros Cordeiro Guerra, H61fo Francisco Marques , Secreta-Decio Miranda , Aldir Passarinho e rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102.649 - PR(Primelra Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Sydney Sanches.Recorrentes: Julio Cezar Muller e sua mulher - Recorridos: Eros Aldo

Silveira Lepca e sua mulher.

Compra e Venda - ResIIICAo - ACAo proposta pelos vendedores,sob alegaCAo de inadimplemento dos compradores , desacolhida, po-r6m, no acArdAo local . InvocaCAo , em recurso extraordinario , pela Te-tra va n, de negativa de vigencia do art . 1.092 do C. Civil. Recurso ex-traordinArlo nAo conhecido.

Como estabelece o art . 1.092 do C . Civil , nos contratos bilaterals,nenhum dos contraentes , antes de cumprlda a sua obrigaCAo, podeexigir o implemento da do outro.

Se um dos contratantes , ainda que de boa-f6 , pretende cumprirsua obrigaCAo de modo errOneo , nAo estA o outro obrigado a aceltar oerro. For isso mesmo , enquanto aquele nao a cumprir de modo ade-quado , nao estA este obrigado a adimplir a sua.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrAfi-cas, por unanimidade de votos, emnao conhecer do recurso.

Brasilia, 10 de setembro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - SydneySanches , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Sydney Sanches:Dr. Julio Cezar Muller e sua mulherDa. Elizabeth Doni Muller ajuiza-ram contra o Dr. Eros Aldo da Sil-vetra Lepca e sua mulher , Da. Ma-ria de Lourdes Villela Lepca, aCAode reslliCao de contrato de compra evenda de im6vel , por falta de paga-

mento do preCo, com pedido cumula-do de reintegracAO na posse respectl-va e de perda , pelos r6us , das quan-tias pagas (fls. 2/7).

Estes contestaram e reconvieram,pleiteando a condenaCAo dos autores-reconvindos a complementarem aarea faltante , com regularizaCAo dasdimensOes do tote, ou, nao sendopossivel , so abatimento proporcionaldo preCo, com reparaCAo de perdas edanos ( fls. 34/43 e 61/64).

A respeitAvel sentenCa de fls.122/126 julgou os r6us ereconvlntescarecedores da reconvenCAo e proce-dente a aCao.

Em grau de apelaCAo , a E. 3' CA-mara Civet do Tribunal de JustiCado Estado do ParanA , por unanimi-dade de votos, manteve a carenciada reconvenCao . E, por maioria, re-

286 R.T.J. - 116

formou, em parte, a sentenCa, paradeclarar a improcedencia da aCAo(fls. 167/176).

Embargos infringentes opostos pe-los autores-apelantes foram rejeita-dos, por votacdo unanime , pelo E.Segundo Grupo de Camaras Civeis(fls. 209/215 e 218/220).

Repelidos seus embargos declara-t6rios (fls. 231/233), os autores-apelantes e embargantes interpuse-ram recurso extraordinArio, cornbase na alinea a do permissivo cons-titucional, alegando negativa de vi-gencia do art. 1.092 do C6digo Civil(f15. 235/238).

O Ilustre Presidente em exerciciodaquela E. Corte JudiciAria, emboraentendendo que o RE havia sido in-terposto tamb6m com base na alinead, somente o deferiu pela a (ifs.248/251).

O recurso foi arrazoado a fls.257/259 e contra-arrazoado a fls.261/267.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Mlnistro Sydney Sanches(Relator): 2. Assinalo, em primeirolugar, que o recurso se interp6s cornbase na alinea a do inciso III do art.119 da CF, Como, alias, estA bern cla-ro na petiCAo de fls. 235.

Alegou, tao-s6, o recorrente, viola-CAo do art. 1.092 do C. Civil.

A reproduCao, por ementa, de al-guns julgados, fol apenas em reforCoda tese de negativa de vigencia.

E nAo Para possibilitar confrontocorn o julgado recorrido.Ate porque, pars conhecimento,

pela letra d (que nao foi invocada),seria necessario, ainda , que os re-correntes transcrevessem o trecho

que configura a divergencia, menclo-nadas as circunstanclas identificado-ras ou assemelhadoras dos casos

confrontados, Como exigern o art. 322do Regimento Interno e a Sumula291 do Supremo Tribunal Federal.

E isso nAo foi feito.

3. Imports saber , pots, se o julga-do negou vigencia ao art. 1.092 do C.

Civil, Segundo o qual, nos contratobilaterais, nenhum dos contraentes,antes de cumprida a sua obrigaCao,pode exigir o implemento da do ou-tro.

Entendeu o v. ac6rdAo recorridque os autores , Como vendedores,nao podiam exigir dos compradoreo pagamento do prepo estipulado nescritura de venda e compra, enquanto nao cumprissem, por suvez, a obrigaCao assumida, em ante -rior escritura de declaragAo, de promover averbaCAo, no registro imobili6rio, de considerAvel aumento dedificaCAo, inclusive mediante confecCAo de nova planta por engenheino.

Eis o t6pico do julgado, que maiinteressa:

((III - Como se ve, duas teseigualmente respeitaveis se confrontam.

Considera-se, entretanto, merecer confirmaCao o v. ac6rdAo embargado, pois que melhor situaposiCAo das partes em relaCAo Aprovas colhldas.

E que a rescisao contratual, nesto altura do neg6cio, traria serloprejuizos aos reus compradoreque somente seriam responsaveipelo inadimplemento do neg6ciavenCado, por falta de pagamentde algumas prestaC6es, se a outr,parte tivesse cumprido com a suobrigaCao.

E a obrigaCao principal seriade realizarem, os autores-vendedores, a confecCao de nova planto com a metragem certa do im6vel e a sua averbaCAo no registro imobiliArio. For isso, nAo tendos autores cumprido a obrigagA

R.T.J. - 116

que Ihes dizia respefto n$o pode-riam exlgir o implemento da dosr6us, segundo estabelece o artigo1.092 do C6digo Civil), (fls. 220).0 texto da a entender que a turma

julgadora considerou nao haveremos autores-vendedores, ora recorri-dos, apresentado a planta da amplia-Cao da construCao, subscrita por en-genheiro, bem como providenciado aaverbaCao respectiva no registroimobiliario, como se haviam obriga-do na escritura de declaraCao de f1s.18.

No recurso extraordinario nao seataca a afirmaCao do ac6rdao nosentido de falta de planta assinadapor engenheiro, de sorte que essefundamento, aut6nomo e suficiente,permanece inatacado, com a conse-gUente lncid6ncia da Stimula 283.

4. Limitam-se os recorrentes aenfrentar a questao relativa a faltade averbaCao no registro imobiliario.

Mas, mesmo que se pudesse exa-minar essa alegaCao, como se um s6fosse o fundamento do julgado recor-rido, ainda assim melhor sorte naoterfam os recorrentes, eis que, naverdade, nao se negou vigencia soart. 1.092 do C. Civil.

Alegam eles que a averbaCao doaumento da edlflcaGao nao foi feitano registro imobiliario porque issoestava na dependencia de escriturade retificaCao e ratificarAo da devenda e compra, como lhes Informso Tabeliao (fls. 10).

Alias, ao ensejo da interposiCaodos embargos infringentes julgadosno v. ac6rdao recorrido, apresenta-ram nova e mats pormenorizada de-clararAo do Serventuario no sentidode que fora mesmo nesse sentido aorientaCao que lhes dera (fls. 193).

Sucede que a orientaCao nAo eracorreta e nao pode militar em favordos vendedores, em prejuizo doscompradores, que Ja haviam pagoconsideravel parte do prego.

287

Se a transcriCao aquisitiva dos au-tores ainda se referia a um pr6diocom 143 ml de construCao ( matriculan? R-1 /6102 do Cart6rio do Registrode Im6veis da 21 CircunscriCao destaComarca), como, alias , esta expres-so na escritura de venda e compracelebrada entre as partes ( fls. 16), ese, na verdade , na data desta ( 16-11-81), a area construida JA era de383,77m' diante da ampliaCao que so-freu, a primeira provid6ncia a sertomada , antes mesmo da retificaCaodessa escritura , seria a averbaCao,no registro imobiliario , desse au-mento da area edificada.

Para isso bastaria que os vendedo-res, obtendo a aprovaCao da Prefei-tura para a ampliaCao , regulari-zando-a, requeressem , em seguida,ao Oficial do Registro de Im6veis es-sa providencia.

Nao precisariam antes celebrar aescritura de retificaCao da de vendae compra , como pareceu ao Tabe-liao.

Mas, ainda que esta pudesse serlevada a registro concomitante-mente com a averbaCAo do aumentoda construCao, o que mais importa-que a obrigaCao assumida pelos ventdedores , ora recorrentes , perante oscompradores , ora recorridos, foi ade promover tal averbaCao noRegis-tro de Im6veis.

E pars isso nAo dependiam de pr6-via retificaCao da escritura de vendacelebrada com os r6us.

Pondere -se ainda que, antes daaverbaCao do aumento de constru-Cao, nAo se poderia dizer , pars efei-tos de direito , que tal escritura esti-vesse errada , nesse ponto , edeman-dasse retificaCao.

Ademais , o autor-varAo , ora recor-rente , 6 advogado e sabe que a possi-bilidade de averbaCao haveria de serobjeto de consults ao Oficial de Re-gistro de Im6veis e nAo so Tabeliaode Notas.

288 R.T.J. - 116

De qualquer maneira, mesmo emse considerando compreensivel e deboa-fe a atitude que tomou, preferin-do primeiro preparar a escritura deretificacao, sem antes proceder aaverbacao, essa escolha err6nea, setivesse de trazer algum prejuizo aalguem haveria de ser a si mesmo enAo aos compradores.

Ate porque estes nao estavamobrigados a retificacao da escriturade compra e sem se assegurar deque a ampliacao fora regularizadaperante a Municipalidade e levadaao Registro Imobiliario.

A1em disso, os termos da escriturade declaracao, que precedeu a devenda e compra, nao deixam dUvidasobre essa obrigacoo dos vendedo-res, ficando ressalvado aos compra-dores o direito de suspender os novospagamentos ate que ela se cum-prisse (fls. 18 v?).

Se os autores agiram de boa-f6, osreus tambem agiram.

E se os autores escolheram viainadequada para cumprir sua obrl-gacao e por isso mesmo nao a cum-priram, de seu erro podem agora ex-trair consequencias favoraveis, emdetrimento do outro contraente.

Se nao cumpriram sua obrigadoo,nao podem exigir que os reus cum-pram a deles.

Tanto menos para pleitear resili-cao do contrato por inadimplementodestes, com as graves consequencias

que disso decorrem ( perda do quefoi pago, restituicao da posse, verbasacess6rias).

Ja se ve, por conseguinte , que o v.ac6rd5o recorrido, ao inves de negarvigencia ao art. 1.092 do C. Civil, ]hefez correta aplicacao.

E se o Julgado den correta inter-pretacao as provas , on nao, nAo 6mat6ria que se ponha ao conheci-mento do Supremo Tribunal Federal,em recurso extraordinario , nos ter-mos da Sumula 279.

Por Ludo isso, nao conheco do re-curso.

EXTRATO DA ATA

RE 102.649-PR - Rel.: MinistroSydney Sanches. Rectes.: Julio Ce-zar Muller e sua mulher (Advs.: LutzCarlos Bettiol e outros). Recdos.:Eros Aldo Silveira Lepca e sua mu-lher (Adv.: Newton Jose de Sisti).

Decisao: Nao se conheceu do re-curso. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Nerl da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sts Toledo.

Brasilia, 10 de setembro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretarto.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102 .666 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Recorrente: Alba Quimica Indfistria e Comercio Lida, nova denomina-cao de Alba Quimica S.A. Industria e Comercio - Recorrida: Transportado-ra Perola Lida.

Rito Sumarissimo . Causa oriunda de transporte . Conheclmento deembarque . Incidencla do art . 325-V-b do Regimento Interno.

Recurso extraordinario nAo conhecido , a vista do 6blceregimental.

R.T.J. - 116 289

ACORDAO

Vistos , relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma , na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas , por unanimidade de votos, naoconhecer do recurso.

Brasilia, 23 de agosto de 1985 -Djaci FaIcAo, Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Adoto como relat6rio o despachoque, na origem , negou seguimentoao extraordinarlo, assim sintetizan-do a controv6rsia:

«Cuida-se de acao de indeniza-cao, sob procedimento ordinario,impulsionada por exportadora vi-sando a responsabilizar a transpor-tadora pelo nao recebimento daimportancia referente a exporta-cAo, devida pela importadora.

A sentenca de primeiro grau Jul-gou improcedente a acao , conde-nando a autora a pagar custas pro-cessuats , custas em restltulcao (re-colhidas pela re) e honorarios ad-vocaticios, arbitrados em Cr$156.000, 00, nos termos do artigo 20,§ 4?, do C6digo de Processo Civil(aproxlmadamente 10% do valoratribuido a causa ), Incidente a cor-recao monetaria sobre as custas (apartir do recolhimento ) e sobre ho-norarlos ( a partir do ajuizamentoda acao ) ( fis. 103/110).

Apelou a exportadora alegandodesidia por parte da transportado-ra no cumprimento da lei e na con-dicao aposta no pr6prio conhecl-mento, so entregar a mercadoriasem esse documento.

A Egregia Oltava Camara, aunanimidade , negou provimento aorecurso ( fis. 139/140).

Inconformada , a vencida op6sembargos declarat6rios , rejeitadospor votacao unanime ( fis. 147/148).

Dal, ela recorre extraordlnarla-mente com suporte no artigo 119,III, alinea a, da Constituicao Fede-ral, sob alegacao de infring@nclaaos Decretos n?s 19 .473/30,19.754/31, 20.454/31 e 21.736/32, aoartigo 101 do C6digo Comercial einterpretacao diversa ao artigo 159do C6digo Civil. Cita ensinamentosdoutrinarloS para amparar suapretensao, insertos In Comentarlosa Constituisao de 1967 (RT IV, pag.83), Dos Recursos no C6digo deProcesso Civil (RF II edicao, pag.428/429 ) e no mesmo sentido RFCXV, pag . 76, o RE n ? 91.467 (LEX20/202 ). Menciona RTJ 86/691 e516/228. Sustenta que a transporta-dora so entregar as mercadoriassem exigir os conhecimentos deembarque , entregou -as a quemnAo tinha titulo , obstando oexercicio da recorrida de haver opreco das mercadorias por todomeio efetivo , JA que o importadornao as pagou.

Recurso impugnado as its.159/163.

Sem fundamento a assertiva deInfringencia aos Decretos e ao dis-positivo de direlto material lnvoca-dos.

Quanto ao artigo 101 do C6digoComercial nao foi abordado pelo v.ac6rdao, faltando -lhe o requisltodo prequestionamento ( Sflmula n?282).

A sentenca , corroborado o enten-dimento pelo v. ac6rdao, assim as-sentou:

«A re, pelos termos do conheci-mento rodovlario e da guia de ex-portacAo , s6 foi contratada paratransportar a mercadoria at6Foz do Iguacu.

A entrega da mercadoria aolmportador dependia de atos do

290 R.T.J. - 116

pr6prio importador , e nao datransportadora. Um dos requisi-tos necessarios an desembaraCo,tratando-se de neg6cio a vista(vela-se , item 9 das gulas de ex-porta(;ao ), seria a apresentaCao,pelo importador , as autoridadesalfandegarias paraguafas, dasvias originals negociaveis de f1s.59/70, as quaffs se encontravarnno Banco do Estado de Sao PauloS.A., em Assuncion, para cobran-Ca.

Em outras palavras : o impor-tador somente poderia obter odesembaraCo se pagasse o preco,previamente , no Banco do Esta-do de Sao Paulo S.A., obtendo as-sim as vias originals do conheci-mento de transporte , que 6 repre-sentativo das mercadorias.

0 transporte das mercadorias,da aduana de Puerto P. Stroesse-ner at6 o destino , podia ser feltopela r6 on por qualquer outratransportadora , que fosse contra-tada pelo importador.

Nao ha elementos nos autosque Indiquem que foi a r6 quernfez esse transporte . Mas, mesmoque houvesse , a situaCao nao fi-carla alterada , porquanto tratar-se-ia de um outro contrato, entrea rt e o importador , que nadatem a ver com o contrato entre ar6 e a autora.

Em suma, as mercadorias fo-ram entregues ao importadornao pela r6 e Sim pela alfandegaparaguafa.

Se houve alguma fraude no de-sembaraCo da mercadoria, me-diante a qual o importador conse-guiu receb@-la sem apresentar asdocumentos necessarios, nadatem a re a ver com isso.

A r6 nao pode ser responsabili-zada civilmente pela falta decautelas por parte da exportado-

ra, nem pela eventual culpa dasautoridades alfandegarias do vi-zinho Pais.

Alem disso, Segundo verifiquel,nao a de praxe que as transporta-doras se encarreguem de fiscali-zar aatuagao dos funcionarios daalfandega ou que exijam a apre-sentaCao de qualquer documentopelo importador . Mesmo porquea mercadoria nao @ entregue di-retamente ao importador e Simaos armazens da alfandega.

Nao demonstrada , portanto, aocorrencia de qualquer culpa ci-vil por parte da re, nao tem cabi-mento a exig@ ncia da indeniza-Cao» (fls . 108/109).

A razoabilidade de interpretaCaoas leis pertinentes an caso emexame impede o prosseguimentodo apelo extremo pela letra a (Sfi-mula n? 400).

Finalizando , o recurso nao foi in-terposto pela alinea d do permissi-vo constitutional , portanto , nao Saopassiveis de analise as transcri-C6es de julgados insertos em repo-sit6rios jurisprudenclais, apresen-tadas pela peticionaria.Diante do exposto , nego segui-

mento ad recurso extraordlnarion.(fls. 165/168).

Rejeltel o agravo de instrumento,invocando o 6bice do art. 325-V-b doRegimento Interno, mas vim a re-considerar esse despacho , em razAode recurso regimental.

0 Mlnlst6rio Pirbiico Federal, emparecer do Dr. Joao Paulo Alexan-dre de Barros , opina pelo nAo conhe-cimento do extraordlnario.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Minlstro Francisco Reze(Relator): Examinado com maloapuro 0 tema do 6bice do art. 325.V-do Regimento Interno - taus

R.T.J. - 116

ortunda de transporte , hip6tese emque previsto o rito sumarissimo, deacordo com o art . 275-II-h do C6digode Processo Civil -, chego a conclu-sao de que , realmente , ele 6 aplica-vel a esp6cie.

A discussao nos autos versa sobreconhecimento de embarque, mastem origem no contrato de trans-porte, enquadrando -se, em conse-g06ncia, no art. 275-II-h do C6digo deProcesso Civil, que prev6 o rito su-marissimo pars esse tipo de aGao.

Calmon de Passos , ao comentar areferida norma processual, diz:

«Contrato de transporte 6 aquelepelo qual algu6m se obriga, me-diante retribuiCao, a transportarde um Lugar para o outro pessoasou coisas . A4;6es dele ortundas saotodas as que se relacionam com aexist6ncia ou nao do contrato, suavalidade ou invalidade , ou dlzemrespelto a obrigatdes dele deriva-das, quer para o transportador,quer para a pessoa transportada,quer pars o carregador, expedidorou remetente,>. ( Comentarios soC6digo de Processo Civil: Rio, Fo-rense , 19-vol. III, pag. 77).

Ademais, o Supremo Tribunal temestatuido que o acordo tacito entre

291

as partes nao afasta o impedimentoprevisto no art. 325-V-b do Regimen-to, visto que o rito sumarissimo seprev6 para feitos que o Regimentoquis excluir da apreclasao da InstAn-cia extraordinaria ratione materlae( RREE n ? 89.998 a 99 .967 (Ag. Reg.) ).

Ante o exposto, nAo conheGo do ex-traordinario.

EXTRATO DA ATA

RE 102 . 666-SP - Rel.: MinistroFrancisco Rezek. Recte.: AlbaQuimica Indfistria e Com6rcio Lida.,nova denominasao de Alba QuimicaS. A. Ind0strta e Com6rcio (Advs.:Francisco Stela Netto e outros). Rec-da.: Transportadora P6rola Lida.(Advs.: Carlos Augusto TibiriCa Ra-mos e outro).Decisao: Nao conhecido . Unanlme.

Presidencia do Senhor MinistroDlaci Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Declo Miranda , Aldir Passarinho eFrancisco Rezek . Subprocurador-Geral da Republica , o Dr. MauroLeite Snares.

Brasilia , 23 de agosto de 1985 -H61to Francisco Marques, Secretario.

EMBARGOS NO RECURSO EXTRAORDINARIO N? 102.734 (AgRg) - SP(Tribunal Pleno)

Relator : 0 Sr. Ministro Cordeiro Guerra.Agravante : Belco Indfistrla TBxtil Lida. - Agravada : Adela Compania

de Inversions (Panama) S/A.

NAo evidenciado o dissidfo jurisprudencial , descabem os embar-gos de divergencia.

AgRg improvido.

ACORDAOVistos, relatados e discutidos estes

autos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em SessfoPlenarla , na conformidade da ata doiulgamento e das notas taquigrafi-

cas, a unanimidade de votos, em ne-gar provimento so agravo regimen-tal.

Brasilia, 25 de setembro de 1985. -Moreira Alves, Presidente. -Cordetro Guerra, Relator.

292

RELATORIO

R.T.J. - 116

O Sr. Mlnistro Cordeiro Guerra: 0despacho agravado 6 do seguinteteor:

«Despacho: 0 v. ac6rdao embarga-do estA resumido em sua ementa:

ACao declarat6ria. Ao seu ambitorefoge a mera interpretacao da lei(art. 4? do C6d. Proc. Civil).

Recurso ExtraordinArio de quenao se conhece >) (fls. 421).

Em seu douto voto o eminente Mi-nlstro Octavio Ga ilotti estabelece co-mo premissa que ((a questAo relativaao art . 213 da Lei de Fal6ncias nAochegou a ser apreciada na fase ordi-naria, em virtude de haver sido de-cretada a carencia da aCao . NAo ha,pots, como alegar -se a negativa devlgencia do dispositivo)) ( Its. 412).

E acrescenta:

A prop6sito do art . 4?, tamb6m dalei adjetiva, observou , com lucidez, oilustre Subprocurador-Geral WalterJos6 de Medelros , As fls. 400/2:

((Ora, na especle, o direlto da auto-ra prescinde de qualquer acertamen-to, pots preexiste relacao juridicarepresentada por contrato de mftuo,sobre cuja exist6ncia, validade e efi-cAcia nAo pairs qualquer incerteza.

0 que se deseja, portanto, nao 6 adeclaraCao da exist6ncia da relacaojuridica, mas a obtenCao da senten-Ca que , interpretando o art. 213 daLei de Fal6ncias, llbere a autora dopagamento que reputa indevldo, corna conseg0ente extinCao de sua obrl-gacAo contraida com a r6.

At, porem, trata-se de questao dedirelto, insusceptivel de ser declara-da por sentenca no procedimentoelelto, consoante o magist6rlo, entren6s, de Celso Agricola Barbi que, de-pots de incursionar na doutrina ale-mA sobre a interpretacao do que se-ja relacao juridica, leciona:

«Delimitado, assim, 0 objetivo daagao, conclui-se que nao pode eleversar sobre uma simples questaode direito, como se o arrendamento6 rUstico on urban, nem sobre aexist6ncia futura de uma relacao,como a declaraCao sobre direito su-cess6rlo em testamento de pessoaainda nao falecida. Igualmente, naose pode usar da agao para declararsobre lei em abstrato, nem sobresimples fato , como para declarar sehouve coabitacao entre Caio e Tician(AcAo Declarat6ria , 4a ed., Forense,1976, pag. 93))).

Dal haver afirmado o MM. Juizprolator da sentenga de primeirograu que ca declaraCao pleiteada pe-la autora nao 6, de forma alguma,de exist6ncia ou inexistencia de rela-Cao juridica corn a r6» (fls. 193),pots esta realmente existe entre aspartes e consiste no contrato de miu-tuo, «sobre o qual nenhuma dflvida

foi suscltadau, acrescentando S.Exa. que, por tratar-se de questaode direlto, nAo poderia a pretensAoresolver-se no ambito da aCAo decla-

rat6ria, de que a autora era carece-dora (fls. 194).

Na mesma trilha se orientou o v.ac6rdao recorrido que, lembrando as1iC6es ainda validas de AlfredoBuzald e Jos6 Frederlco Marques,assinalou com grande propriedade:

<<A mera lnterpretaCAo da lei re-foge ao Ambito da aCao declarat6-ria...» (11. 257).

Essa assertiva lot reforgada ao en-sejo do julgamento dos embargos de-clarat6rios, onde o eminente Relatordo ac6rdao embargado , Desembar-gador Aniceto Allende, conclulu:

«... nao obstante 0 r6tulo dado pelaautora, a aCAo envolvia uma decla-raCao nao sobre a exist6ncia ou ine-xist6ncia de relacAo juridica; masuma Indagagao sobre se a relacAojuridica ja existente (a do contratode mUtuo, inquestionado), sujeltava-se a efeltos da concordata e A restri-

R.T.J. - 116

Cao do art. 213 da Lei de Falencias.IndagaCio , pois, sobre questAo de di-reito incabivel na declarat6ria tipi-can Ms. 272).

Quer-nos parecer, assim , que a v.decisao recorrida deu a controversiasoluCao correta, interpretando a leicumgrano salts , circunstAncia que, ateor da Jurisprudencia dominantenests Excelsa Corte, nAo rende ense-Jo ao cabimento do recurso extraor-din3rio ( S(imula 400 ))) ( (Is. 400/2).

Os ac6rdaos que - mesmo sendo aletra a o fundamento do Recurso -vieram com as raz6es da Recor-rente , em nada aproveitam a suatese. Referem-se a viabilidade daaCao declarat6ria pars interpretarclausula contratual e declarar-]he anulidade e pars o exerclcio do con-trole de constitucfonalidade de lei

Ante o exposto , e considerados osfundamentos do parecer, acimatranscritos, nao conheCo do RecursoExtraordinario,> ( fls. 412/15).

O eminente Ministro SydneySanches ap6s pedido de vista, assimse manifestou:

«Pedi vista dos autos Para exameda mat6ria, impressionado com adouta sustentaCio oral da recor-rente.

Mas me convenci de que razao as-siste so Eminente Relator em suaconclusao : nao se trata de incertezasobre a existencia ou inexist6ncia derelacao Juridica, nem sobre autenti-cidade ou falsidade de documento,mas de mera quaestlo furls decor-rente de tal relacao , a ser dlrimidaIncidentalmente quando for o caso enAo em carater principal por aCaodeclarat6ria ( art. 4? do CPC)>> (fls.417).

E ainda:«Quanto so dissidio Jurispruden-

clal , assinalou mufto bem o ilustreRelator : aos ac6rdaos que - mesmo

293

sendo a letra a do fundamento do re-curso - vieram com as raz6es darecorrente, em nada aproveitarn asua tese. Referem -se a viabilidadeda aCao declarat6ria para interpre-tar clausula contratual e declarar-the a nulidade e para o exercicio docontrole de constitucionalidade delel>,.

Portanto , a16m de nAo ter sido in-vocada a letra d do permissivo cons-titucional , quando da interposlCAo dorecurso, os arestos lembrados, soensejo das raz6es, nao estariam emdissidio com o v. ac6rdao recorrido,que nao tratou de InterpretaCao, va-lidade ou nulidade da clausula con-tratual nem de constitucfonalidadede lei>, (fls. 417/18).

Nesta oportunidade , traz o embar-gante ,. por sua ilustre advogada, osmesmos ac6rdaos que foram invoca-dos no apelo extraordin6rio - RE78.946 , 85.486-MG, RE 93. 181, 89.533 eRE 92 .347, todos repelidos no ac6r-dao embargado como inabeis a de-monstracao do dissidlo Jurispruden-ctal.

Tern aplicacao a esp6cfe o para-grafo Unico do art. 331 do RI e a SU-mula 598.

«Nao serve para comprovar diver-gancia ac6rdao JA invocado parademonstra-la, mas repelido comonao dissidente no Julgamento do re-curso extraordinario,, (f1s. 437/439).

Contra ele se insurge a agravantena consideraCoo de que o recurso to-ra interposto com fundamento na Te-tra a do permissivo constitucional, etinha como pressuposto a negativade vig@ncia do art . 213 da Lei de Fa-lencias e 20 do CPC e 955 e 1.531 doC6digo Civil e, consegUentemente,tnaplicavel a esp6cfe a SUmula 598.

Insiste, assim , na admissao dosembargos com base no acOrdao doRE n? 92 .347-RJ.

E o relat6rio.

294 R.T.J. - 116

VOTO

O Sr. Mlnistro Cordeiro Guerra(Relator ): 0 excelente esforco dosilustres advogados da agravante naome afastam da conclusao do despa-cho agravado.

De fato , somente insistem nodissidio quanto ao RE 92 . 347-RJ, po-rem, como pondera o despacho agra-vado. nao serve an confronto preten-dido, pots:

«Observo, ainda , que o RE n?92.347-RJ , nao tem aplicacAo a espe-cie, pots foi prolatado em recurso ex-traordinario de julgado em acao exe-cutiva , e nao em acao declarat6riasobre a inteligencia do art. 213 daLei de Falencias.

Ora, na especie , como foi salienta-do de inicio , o ac6rd5o embargadonAo a apreciou em virtude de ter si-do declarada a carencia da acao.

Divergente seria um acOrdao queafirmasse a tese contraria a ementado ac6rdao embargado , isto e, quecabe acao declarat6ria para merainterpretacao da lei.

Entretanto , nenhum julgado nessesentido a trazido a colacao.

For esses motivos, inadmito osembargos, por seu nitido carater deinfringentesu (its. 439).

Assim sendo , nego provimento aoagravo.

EXTRATO DA ATA

ERE 102 . 734-(AgRg ) - SP - Rel.:Ministro Cordelro Guerra. Agte.:Belco Industria Textil Lida. (Adva.:Maria Cristina Paixao Cortes). Ag-da.: Adela Compania de Inversiones(Panama ) S.A. (Advs .: Antonio Ur-bino Pena Jr ., Rubens de BarrosBrisola e outros).

Decisao : Negou -se provimento noagravo regimental , unanimemente.

Presidencia do Senhor MinistroMoreira Alves , Presidente. Presen-ter a Sessao os Senhores MinistrosDjaci Falcao , Cordeiro Guerra, Ra-fael Mayer , Neri da Silveira, OscarCorrea , Aldir Passarinho , FranciscoRezek , Sydney Sanches , Octavio Gal-lotti e Carlos Madeira . Procurador-Geral da Republica, Dr. Jose PauloSepulveda Pertence.

Brasilia , 25 de setembro de 1985. -Dr. Alberto Veronese Agular , Secre-tario.

RECURSO EXTRAORDINARIO CRIMINAL N? 102. 862 - SP

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrente: Ministerio Publico Estadual - Recorrido: Benedito Ribeiro.

Penal. Medida de seguransa . A decisAo que cancela medida de se-guranca a reincidente , nAo pode ser posta em confronto com julgadosque anteriormente a auspiclaram , em face da revogacAo pela Lei n?7.209/84, dos criterlos que presidlam a sua aplicacAo.

ACORDAO do julgamento e das notas taquigra-ficas , por unanimidade de votos, em

h d ursorecVistos, relatados e discutidos estes nao con ecer oautos, acordam os Ministros do Su- Brasilia, 18 de outubro de 1985 -premo Tribunal Federal, em Segun- Djaci FalcAo, Presidente - Carlos

da Turma, na conformidade da ata Madeira , Relator.

R.T.J. - 116 295

RELATORIO

O Sr. Ministro Carlos Madeira:Por sentenCa confirmada pela E.Primeira Camara do Tribunal de Al-Cada de Sao Paulo , tot Benedito Rt-beiro condenado a cinco anos e qua-tro meses de reclusao, por crime defurto qualificado , com imposiCao demedida de seguranCa pelo prazominimo de doss anos.

O reu requereu revisao e 0 Tercei-ro Grupo de Camaras daquele Tribu-nal a deferiu em parte , para cance-lar a medida de seguranCa aplicada.

Recorreu extraordinariamente oMinisterio PGblico, com invocacaodas tetras a e d do inciso III do art.119 da ConstituiCao , apontando nega-tiva de vigencia de dispositivos doC6digo Penal e do C6digo de Proces-so Penal , alem de dissidio Jurispru-dencial.

O recurso foi admitido pela alinead, uma vez afastada a arguida nega-tiva de vigencia de let federal, pelarazoabilidade da interpretacao dadsaos dispositivos indicados.

O parecer da Procuradoria -Geralepelo provimento do recurso.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator): Em abono a aplicaCao damedida de seguranCa ao reincidente,alinhou o ilustre representante doMinisterio PGblico Estadual variosac6rdaos, entre os quais o lavradonesta Egregia Turma, Relator Ml-nistro LeitAo de Abreu, no HC 53.156-SP. (RTJ 74/36). Todos porem, ante-riores a Lei n? 7.209/84.

A condenacao do recorrido tam-bem ocorreu em marco de 1974.

A Let n? 7. 209/84 extingutu a medi-da de seguranCa so imputavel. E Co-mo o parAgrafo Gnico do art. 2? danova parte geral do C6digo Penalmanda aplicar a lei posterior matsbenigna aos fatos anteriores, aindaque decididos por sentenCa condena-t6rta transitada em Julgado , Ja deci-diu esta Corte, por sua PrimeiraTurma, Relator Ministro Rafael Ma-yer, que a de cancelar-se, desde lo-go, a medida de seguranCa impostsao paciente com base na legislaCaoanterior, segundo criterios revoga-dos pela lei nova . (HC 62.947-4-SP,DJU 13-9-85, pAg . 15455).

A medida de seguranCa imposta soreu foi cancelada, em sede revisio-nal, em outubro de 1983, com baseem afronta a garantias constltuclo-nais . Tal cancelamento nao podemats ser posto em confronto com ou-tros julgados que sustentaram a me-dida, em face da revogaCao dos cri-terios que a presldiam.

Nao conheCo do recurso.

EXTRATO DA ATA

RECr 102.862-SP - Rel.: MinistroCarlos Madeira. Recte.: MinisterioPGblico Estadual. Recdo .: BeneditoRibeiro (Adv.: Euclydes Martins).

DecisAo: Nao conhecido. Una-nime.

Presidencia do Senhor MinistroDJaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia , 18 de outubro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

296 R.T.J. - 116

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 103 .624 - AM(Primelra Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.

Recorrente: Moto Importadora Lida. - Recorrida: Empresa de Portosdo Brasil S/A - PORTOBRAS.

Taxa de Melhoramento dos Portos . E exigivel em razAo do de-sembarque , na Zona Franca de Manaus , de mercadorias oriundas depalsesintegrantes do GATT, segundo relterada Jurisprudencia do Su-premo Tribunal.

Art. 21, 1 2?, I da ConstitulcAo, cli usula III , 12?, do Tratado e, emespecial, Decreto-let n? 1.859 -81, art . 1?, nAo prequestionados ( S(Imu-las 282 e 356).

Recurso Extraordinarlo Incabivel.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Primet-ra Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, naose conhecer do recurso.

Brasilia, 18 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OctavioGallotti , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti:Tratando-se de mandado de seguran-Ca preventive, impetrado em 2 de Ju-Iho de 1982 , pela on Recorrente,contra a exigencia do pagamento daTaxa de Melhoramento dos Portos,de que trata o art. 3? da Lei n?3.421/58 (alterado pelo Decreto-lei n?1.507/76). A exigencia em questaodiz respeito a incidencia do gravamesobre o valor das mercadorias es-trangeiras que, oriundas de paisessignatarios do GATT, tem o seu de-sembarque efetuado na Zona Francade Manaus.

Sustentou a Inicial que, na formado citado Decreto-lei n? 1.507, da Ta-xa de Melhoramentos dos Portos naodeveria ser cobrada em relaCao asmercadorias que dessem eritrada no

Porto de Manaus . Sucede que, emvirtude do art. 3? e § 2? do AcordoGeral de Tarifas e Comercio -GATT, os paises signatarios deveraogarantir, as mercadorias importadasde outros paises-membros, um trata-mento em condiCOes de igualdadecom os produtos naclonais similares.De tal sorte, a isenpao criada peloDecreto-lei n? 1.507/76, sendo o Bra-sil signatario do GATT, serla igual-mente abrangente das mercadoriasorlginarias de paises vinculados aotratado ora citado.

Decidiu, o Juiz de Primeiro grau,denegar a ordem, com base no en-tendimento desta Corte , segundo oqual a exigencia em discussaonaotem natureza tributaria, nem consti-tul adicional do imposto de importa-CAo (RREE n? 80.025-SC e n? 83.196-AM). A finalidade da cobranCa, dadaa sua natureza de preCo ptiblico, se-ria somente a remuneraCao dos ser-viCos portuarios, nao sendo , portan-to, cabivel invocar a disciplina dasisenCOes, restritas as especies de ca-rater tributario.

A sentenCa foi confirmada peloEgr@gio Tribunal Federal de Recur-sos, mediante acordao cola ementaguarda o seguinte teor:

aTributarlo e Financeiro. Taxade melhoramento de portos. Zona

R.T.J. - 116

Franca de Manaus . Tratado doGATT e ALALC.

Devida a TMP nas mercadoriasdesembarcadas e entradas na ZonaFranca de Manaus ; desinfluenciados tratados do GATT e ALALC.

Precedentes deste Tribunal e doSTF.

Nego provimento ao recurso vo-luntArio .» ( fls. 399).

Recorreu , extraordinariamente, aImpetrante , com fundamento nasalineas a e d do permissivo constitu-cional , alegando que o ac6rdao re-corrido haveria contrarlado o art. 21,§ 2?, I, da ConstttuiCao Federal, oart. 3? e seu § 2? do Tratado Interna-clonal e o art. 1? do Decreto-lei n?1.859/81. Alegou , ainda, dissidio Ju-risprudencial com outras decis6esdesta Corte ( RREE n? 94.771-0-SP en? 94.644-SP ), bent como arguiu a re-levancla da questao federal.

Sustenta que a Taxa de Melhora-mentos dos Portos - TMP a verda-deiro tributo, em analogia com o de-cidido pelo Supremo Tribunal, a pro-p6sito do Adicional ao Frete paraRenovaCao da Marinha Mercante -AFRM: uma e outra nso constituemsanCAo de ato Ilicito e sao ambas co-bradas mediante atividade adminis-trativa plenamente vinculada.

Frisa que a discussao sobre a na-tureza da TMP ficou ilidida com aediCao do Decreto-let n? 1.859-81 que,extinguindo o Fundo Nacional de De-senvolvimento , determinou que oproduto da arrecadaSao em causapassasse a constituir receita daUniao , sem qualquer vinculaCao a6rgAo, programa , fundo on despesa.

Transcreve o art . 3? do GATT, ale-ga que a clausula de igualdade como tratamento nacional a uma exten-sao da clausula de naCao mais favo-recida e que ambas integram o tex-to, tanto do Tratado de Montevid6u(ALALC) como o GATT. Diz aindaque, segundo entendimento de am-

297

bas as Turmas deste Tribunal, aTMP estA sujeita aos tratados inter-nacionais entre cujos signatarios ft-gura 0 Brasil. Cita, a proposito, osac6rdaos da Segunda Turma no Re-curso ExtraordinArio n? 94.644 e des-ta Primeira Turma no Recurso Ex-traordinArio n" 94.771, este com a se-guinte ementa:

«Taxa de Melhoramentos dosPortos. ALALC. ClAusula de Trata-mento de naCao mais favorecida.

Essa clausula do Tratado per-mite que ao importador que se va-leu da isenCao do imposto de im-portaCao, concedida generica-mente pela ResoluCAo n? 820/72 doCPA, aproveltar simultaneamentea aliquota de 1% para a Taxa deMelhoramento dos Portos fixadosna Lista Nacional do Brasil anexaso Decreto n? 65.223 de 24-9-69.Precedentes: RREE n? 93.213 e92.987. Recurso extraordinario co-nhecido e provido (DJ de 28-8-81,pig. 8268).»

Sustenta que os arestos do Supre-mo Tribunal, invocados pelo ac6rdaorecorrido, sao todos anteriores aoDecreto-let n? 1.859-81, pelo que esta-ria desatualizada a decisao impug-nada.

0 Recurso foi indeferido pelo ilus-tre Vice-Presidente do Tribunal Fe-deral de Recursos, mas sublu emvirtude de determinaCao exarada, noAgravo de Instrumento n? 98.611, pe-lo eminente Ministro Soares Muftoz emereceu o seguinte parecer do ilus-tre Procurador da Republica MiguelFrauzino Pereira, aprovado peloeminente Subprocurador Mauro Lel-te Scares:

«Pretende, a Recorrente, reavi-var o debate sobre questao JA paci-ficada no Pret6rio Excelso nature-za Juridica da taxa de melhora-mentos de portos trazendo argu-mentos diferentes, mas, sem subs-tancia.

298 R.T.J. - 116

O apelo extremo arg0i ofensa aoart. 121, § 2?, inciso I, da Constitui-cao, negativa de vigencia do art. 1"do Decreto-lei n? 1 . 859, de 17-2-81, adivergencia corn julgados do Pre-t6rio Excelso.

O dissidio jurisprudencfal nao foidemonstrado , porque os ac6rdaostrazidos a colacao nao culdaramde caso semelhante.

A orientacao jurisprudencfalfirmou-se no sentido de que a taxade melhoramento de portos a con-tribuicao destinada a cobrir despe-sas portuarias, dal ser legitima asua cobranca mesmo quando hajaimunidade on isencao tributaria.

Opinamos , assim , que nao sejaconhecido o recurso , de acordocorn a Sumula n? 286 ." ( ifs.439/440)

E o relat6rlo.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti(Relator ): Nenhurn dos dispositfvosdados Como violados , seja o da Cons-titulCao ( art. 21 , § 24, I), seja 0 doDecreto-lei n? 1.859-81 ( art. 1"), sejao do Tratado ( clausula III, § 2?), foiventilado no ac6rdao recorrido.

Quanto ao Decreto-let n? 1.859-81, 6total e absoluta a ausencia de pre-questionamento . Nao foi invocado nairnpetraCao inicial ( its. 2/15). versa-do na sentenca denegat6ria (f1s.275/8 ), mencionado na apelacao (fls.286/95 ), nem objeto de apreciaCao noac6rdao recorrido ( fls. 388/9). Naohouve embargos de declaracao e 0dispositivo , cola vlgencia teria sidonegada , veto indicado , vez primeira,quando da interposicao do recursoextraordinario.

0 art . 21, § 2?, I. da Constituicao ea ciausula III, § 2 ?, do Tratado ha-viam sido apontados , nas lnstanciasordinarias , mas a patente que naoforam , um e outro violados, pois a

exigencia em questao possui um ca-rater de preco ou sobrepreco publi-co, consoante reiterada jurlspruden-cis deste Tribunal , e nao a naturezade contribuicao ou tributo, capaz deajustar-se a isencao prevista noacordo. Nesse sentido , formam osac6rdaos em que se fundaram e asdecis6es de primeiro e segundo grau,proferidas nestes autos : RREE n?s80.025, 75 . 338, 75.580 e 87.097.

0 dissidio jurisprudencfal nao seencontra igualmente evidenciado. Osac6rdaos , oferecidos Como paradig-mas, admitem a possibilidade daacumulacao de isencao generica,concedida pelo Conselho de PoliticaAduaneira , corn reducao da Taxa deMelhoramento dos Portos: nAo ernface do suposto caracter tributariodesta, sempre recusado pelo Supre-mo Tribunal , mas por ter sido nego-ciada a reducao , no ambito daALALC, Como faz claro o douto votodo eminente Ministro Dec1o Miranda,no Recurso Extraordinario n? 89.381(RTJ 93/367).

Nao procede , tambem, a asseme-lhacao, que se pretende estabelecer,entre a Taxa de Melhoramento dosPortos e o Adicional ao Frete para aRenovaCao da Marinha Mercante,enquadrado , em precedentes desteTribunal , Como contribuicao paraffs-cal especifica , decorrente de inter-venCao do dominio econ6mico (art.21, § 2?, I , da Constituicao) a destina-da ao incremento da iniciattva priva-da (RE 89 . 413, RTJ 93 / 1219 ), pressu-postos que em nada se aproximamda caracterizacao de urn preco pu-blico , dirfgido a remuneracao de ser-vico portuario , Como continua sendoconsiderada , nesta Corte a Taxa deMelhoramento dos Portos.

Ainda recentemente, voltando aapreciar a hip6tese de Ingresso, naZona Franca de Manaus , de merca-dorias originarias de paises inte-grantes do GATT ou da ALALC, de-

R.T.J. - 116

cidlu a Segunda Turma, na esteirado voto do Relator, eminente Minis-tro Francisco Rezek:

UPela letra a, a certo que o ares-to impugnado deu, no minimo, ra-zoAvel interpretaCAo a lei (SUmulan? 400), tendo em vista que em to-tal harmonia com a lurisprudenciadeste Tribunal. Embora haja di-versidade de entendimento quantoa natureza juridica da taxa de me-Ihoramento dos portos, a pacifica aorlentaCAo do Supremo no sentidoda sua constitucionalidade, e da le-gitimidade de sua cobranCa, mes-mo em relaCAo aos que gozam deimunidade ou isenedo.

Pela letra d nao ficou comprova-da a divergencla, pois o unicoac6rdao colacionado culda do Adi-clonal so Frete para RenovaCAo daMarinha Mercante.)) (RE 104.534-5-AM)

O unico aspecto novo levantado pe-la Recorrente e, pois, o referente aoDecreto-lei n? 1.859-81, cujo acesso, avia do recurso extraordinario, estabarrado pelo entendimento consoli-dado nas Sumulas n?s 282 e 356, dadaa completa falta de prequestiona-mento.

299

Ausentes os requisitos constitucio-nais (alineas a e d do art . 119, III, daConstitu!CAo), nao conhero do recur-so extraordinario.

EXTRATO DA ATA

RE 103 . 624-AM - Rel.: MinistroOctavio Gallotti. Recte .: Moto-Importadora Lida. (Advs.: Luiz Car-los Bettiol e outros ). Recda .: Empre-sa de Portos do Brasil S/A. - POR-TOBRAS (Advs.: Jos6 Gil de Carva-Iho e outros).

Declsao: Nao se conheceu do re-curso. UnAnime. Falou pela Recte.:Dr. Luiz Carlos de Carvalho RibeiroViegas.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Neri da Stlveira,Oscar Correa e Octavio Gallotti. Au-sente , iustificadamente , o SenhorMinistro Sydney Sanches. Subpro-curador-Geral da Republica, Dr.Francisco de Assis Toledo.

Brasilia, 18 de outubro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 103 .649 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Oscar Correa.Recorrente: Prefeitura Municipal de SAo Bernardo do Campo - Recorri-

do: Augusto Antonio Cruz Nunes.

Artigo 117 da ConstltuiCAo Federal - SegUestro de rendas munici-pals para atender A condenaCAo da correSAo monetArla de precat6rlo- em ORTNs - embora pago este , regularmente , no valor singelo,em cruzelros.

InterpretaCAo do artlgo 117 da C.F., em face da lnflaCAo , da flxa-cAo do valor em ORTNs e das atuallzae6es . PreterigAo inocorrenteno direlto de preced8ncia . SoluSAo no quadro juridico vigente.

Recurso extraordinario conhecido e provido.

300

ACORDAO

R.T.J. - 116

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigrAfi-cas, por unanimidade de votos, emconhecer do recurso e dar-]he provi-mento.

Brasilia , 22 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OscarCorrea , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Oscar Correa: 1. 0despacho de fls. 173/177 sumariou ahip6tese, nestes termos:

«l. Trata-se de execucdo emaCAo expropriat6ria em que, esgo-tados os recursos ordin3rios,expediu-se oficio requisit6rfo con-tra Prefeitura Municipal de SaoBernardo do Campo, determinan-do-se dep6sito atualizado , na epocado pagamento, com base na varia-CAo nominal das ObrigaC6es Rea-justAveis do Tesouro Nacional.Ocorre que a executada s6 pagou ovalor correspondente A 6poca daconta, sem a corrigenda ordenadano precat6rio, dando ensejo a pedi-do do segiiestro previsto no artigo117, § 29, da Constituigao Federal eartigo 731 do C6digo de ProcessoCivil.

Indeferido o pedido, manifestou oexeqUente agravo regimental aco-lhido, por votaCdo unAnime, peloPlenArio desta Corte.

Irresignada, interp6e a executa-da recurso extraordinArio corn fun-damento na alinea a do permissivoconstitucional , sustentando, em re-sumo , que o julgado recorridoafrontou os artigos 15 e 117, § 2?,da Carta Magna e negou vigenciaa diversos dispositivos de leis ordi-nArlas que menciona » (fls. 173).

2. Os textos dados como ofendi-dos sao os arts. 15, II, a, e 117, § 2?,da ConstituiCao Federal e arts. 463,468, 503, 535 e 731 do CPC (fls.100/113).

3. Inadmitido o recurso , mas aco-lhida a relevAncia , devidamente, ar-razoada, vieram os autos A Corte.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Oscar Correa (Rela-tor): 1. As questOes suscitadas nesterecurso jA foram detidamente exa-minadas no RE 103.684, no Pleno,decidindo-se, naquele caso, pelo co-nhecimento e provimento da irresig-naCAo.

2. Ve-se dos autos , pela conta deliquidagao de fls. 9 (atuallzaC3o dade fls. 170), que se trata de novaatualizaCAo do restante do pagamen-to, jA efetuados dep6sitos anteriores(fls. 17 e segs). E que a atual 6 dorestante atualizado e que correspon-deria a 113,88 ORTNs ( fls. 10).

3. A Prefeitura depositou a quan-tia singela dessa conta - Cr146.943 ,97 (fls . 11).

E solicitadas informaC6es , prestou-as detidamente (fls. 17/21), verifi-cando-se:

((A postulaCao tem origem naApelaCao de n? 34 .403, do egregioSegundo Tribunal de AlCada Civil,em que fol julgada, pelo merito,ACAo de DesapropriavAo propostapelo Municipio contra Augusto An-tonio Cruz Nunes e que teve seuencaminhamento perante o DignoJuizo da Primeira Vara Civel daComarca de Sao Bernardo do Cam-po (Processo n? 852/73).

Superados os trAmites do proces-so de conhecimento, sobrevelo aexecuedo de sentenCa . ComeCouela pela Conta de LiquidaCAo (fls.140/140-v4 do processo ), elaboradaem 29 de abril de 1976. Ap6s a com-

R.T.J. - 116

petente homologaCao , deprecarAopara pagamento e dep6slto, o ex-propriado levantou a ImportAnciacorrespondente , requerendo a voltados autos ao Contador para atuall-zaCao.

Segunda Conta de LiquidaCao (a-tualizaCao da Conta de fls. 140), foielaborada ( fls. 154/154 v? do pro-cesso ) em 12 de dezembro de 1977.Ap6s a competente homologaCao,deprecaCAo para pagamento e de-p6sito , o expropriado levantou aimportancia correspondente, re-querendo a volta dos autos an Con-tador para atualizaCAo.

Terceira Conta de LiquidaCao (a-tualizaCao da Conta de fls. 154) folelaborada (fls. 170 do processo) em23 de outubro de 1979 . Ap6s a mani-festaCao das partes , houve porbern o Meritissimo Julz , pelo res-peitavel despacho de fls . 174, deter-minar o retorno dos autos no Con-tador para elaboraCao de novaConta.

Quarta Conta de LiquidaCao (a-tualizaCao da conta de fls. 170) foielaborada (fls. 178 do processo) em27 de fevereiro de 1980. Ap6s a ma-nifestaCao das partes, houve porbern o Meritissimo Juiz, pelo res-peitavel despacho de fls. 182-v?, de-terminar o retorno dos autos aoContador para elaboraCao de novaConta.

Quinta Conta de LlquidaCao (a-tualizaCAo da Conta de fls. 170) folelaborada ( fls. 183 do processo) em21 de maio de 1980 . Ap6s a mani-festaCAo das partes ( fls. 185/186)houve por bern o Meritissimo Juiz,pelo respeitavel despacho exaradono pedido de fls. 186 , determinar aremessa dos autos ao Contador Pa-ra elaboraCao de nova Conta (fls.188) para nela constar a conversAodas suas verbas em ObrlgaCbesreajustavels do Tesouro Naclonal(ORTN).

301

Essa Sexta Conta de LiquidaCao(fls. 188 do processo) elaborada em23 de junho de 1980 , cujo total mon-tou em Cr$ 46.943,97 ( quarenta esets mil, novecentos e quarenta etres cruzelros e noventa e sete cen-tavos), al6m de nAo haver sidosubmetldo a aprectaCAo e manifes-taCAo das partes , recebeu Ele-mento Novo (conversAo de suas par-celas em ORTN), tendo sido in-juridlcamente homologada pelarespeitavel senten¢a de fls. 189 doprocesso.

Mesmo assim, houve por bem oEgreglo Julzo da Primeira VaraCivel em expedir a deprecaCAo Pa-ra pagamento , expressa no oficlorequisit6rio de fls . 190 do processo,determinando o dep6sito, emdlnheiro , no valor correspondentea 13,88 ORTNs , bem como suaatualtzaCAo automatlca quanto dopagamento . Desse ato o Municipioagravou ( Agravo ((nao conhecido)))e impetrou Seguranga ((< concedidaem parte))). Em razao disso, inten-tou Recurso Extraordinario, comArgQtCAo de Relevante Questao Fe-deral (ainda nAo julgados).

Em 3 de dezembro de 1981, o Mu-niciplo depositou , a conta judicial,o valor de Cr$ 46.943,97 ( quarenta esets mil, novecentos e quarenta etr@s cruzeiros e noventa e sete cen-tavos), que corresponde a6 conte6-do, em moeda corrente , da Contade LiquidaCao de fls . 188 do proces-so.

0 Expropriado, ato continuo, le-vantou essa verba e, inconforma-do, movimentou-se junto ao Egre-gio Tribunal de JustiCa, com o pe-dido de SegOestro de verba)). (fls.17/19).4. 0 pedido de seqUestro foi inde-

ferido pelo Presidente do Tribunalde JustiCa (its. 31); mas, interpostoagravo regimental da decisao (fls.33/39), lot provido pelo ac6rdao re-corrido ( fls. 64 /65), como no RE103.684.

302 R.T.J. - 116

5. Embargos declaratOrios foramrejeitados (fls. 87/89) e determinou osequestro, sobrevindo extraordina-rio.

Desta forma, a hip6tese 0 identicaa julgada pelo Pleno, quando se deci-diu que:

((Artigo 117 da ConstituiCao Fede-ral - Segiiestro de rendas municl-pais para atender a condenacao dacorrecao monetaria de precat6rio- em ORTNs - embora pago este,regularmente, no valor singelo, emcruzeiros.

Interpretacao do artigo 117 daCF, em face da inflacao da fixaCaodo valor em ORTNs e das atualiza-C6es. Pretericao inocorrente no di-reito de precedencia. SoluCao noquadro juridico vigente.

Recurso extraordinario conheci-do e provido)).

6. Peco venia, apenas, a Turma,para algumas breves consideraC6esa respeito do voto que no RE 103.684-2 proferiu o eminente MinistroSydney Sanches nao conhecendo dorecurso, em condic6es semelhantes aeste, por dois fundamentos:

(<1?) porque ha coisa julgada ma-terial sobre a conversao do d6bitoem ORTNs que deve ser cumprido;

2?) porque a conversao nao violaas normas constitucionais e da leiprocessual focalizadas» .

Quanto a coisa julgada JA afirma-mos que, data yenta , nao so naoexiste em favor do credor,como, pe-lo contrario, se teria constituido emfavor do devedor, na conta primiti-vamente homologada.

Quanto a segunda afirmacao, amateria foi, em tese , resolvida pelaCorte na Representacao: de que asimples conversAo nao viola o textoconstitucional. A obrigatoriedade dopagamento em ORTNs no vencimen-to (! que com ele nao se coaduna.

7. 0 eminente Ministro SydneySanches, no seu substancioso pro-nunciamento, examinou, em profun-didade, a natureza do orcamento, as-sinalando que (<o sistema orcamenta-rio brasileiro

seja do ponto de vista do direitoconstitucional, seja da legislacaoordinaria, sob o aspecto econdmicoou financeiro, nao repele a td@ia deflxaCao da despesa , com verbasmeramente estimadas.

E nem poderia repelir, potsorCamento A substanclalmenteuma previsAo.

A verba estimada , que se lnclutno orCamento , nAo detxa de ser ft-xa s6 por ser estimada.

A estimatlva se expressa emquantia flxa, embora se valha decalculos de probabilidade'>.

A esta afirmaCao, nesses termos,nada temos que opor. Com efeito,nAo se ha de negar que toda a ativi-dade e nao s6 a econ6mica se subor-dina a previsao.

Mas, nests, sobretudo: com basenela se desenvolve toda a atividadeecon6mica, a medida que, em facedos elementos conhecidos, se formu-lam as projeC6es desses elementos eas previsbes que induzem a atuar, ounao.

8. Evidentemente que nao se tra-ta de profetizar, mas de prever: comos dados existentes, em exameretrospectivo , formular projeC6es,prospectivamente, de modo queorien e a aCao. Isto caracteriza opens mento cientifico : science, d'oi)prey ance ; prevoyance, d'ot) action(A. C mte).

E m base nela que se desenvoletoda4atividade humana e, em espe-cial, 'a econ6mica: 0 com base naprevisao de boa colheita que se plan-ta, prevendo bom preco para o pro-duto, prevendo boa distribuiCAo ebom consumo; e bom salario, e bomlucro, e bom investimento e boa pou-

R.T.J. - 116

pan0a ; etc., etc ., e 6 prevendo cienti-ficamente - tanto quanto possivel -os fen6menos econ6micos, que seIhes previnem os efeitos e conse-gGencias . E 6 porque nem sempre sepreveem corretamente , ou se podemprevenir , que nao Se resolvem as cri-ses econ6micas Como se desejaria.

Mas este 6 capitulo dos mais inte-ressantes da ciOncia econOmica emais pr6prio de uma tese do quedeste voto.

9. Prevendo-se, dir-se-A, estfma-se. E estimando-se, fixa-se . A Consti-tuiCAo determina que a despesa setafixada : porque se apenas se podeprever o que se vai recolher Comoreceita, usando esses m6todos, corno que se estima a recelta ; no que serefere A despesa determina-se queseja nao so prevista Como fixada.Porque a menos surjam fatos Impre-vistos nao pode ser excedida. Claroque essa fixaCao envolve tamb6muma previsao : de custos , em geral,de ampliaGao ou reducao de ativida-des, e , Como o Orramento espelhaum programa , delineia uma politica,a despesa marca rumos, defineorienta0ao , estabelece roteiro. Pelasrubricas da despesa se conhece o ru-mo do governo : verbal malores oumenores para atividades definidasindicam opcAo da politica governa-mental.

10. Cita o eminente Ministro auto-res varios , entre eles Manoel Gon-calves Ferreira Filho e Jost Afonsoda Silva . NAo destoam eles de toda adoutrina nacional que s6 pode inter-pretar o texto do art . 60 da CF Comoele, Clara e expressamente , dispUe: afixacAo da despesa e a previsao darecelta.

Manoel Gonsalves Ferreira Filho,por exemplo, diz:

«Compreende a despesa pUblicatodo dispOndio efetuado pelo Esta-do...>>

u... Esse disptndio 6,, predeter-minado no orsamento , no sentido

303

de que o Poder PUblico nao pode,ordinarfamente , despender malsdo que esta autorizado a faze-lo nalet orGamentarla .» ( Comentarios AConstitulSAo Brasileira , Saraiva -3P ed., 1983 - pAg. 323) (grifos nos-SOS).E Jost Afonso da Silva (Orsa-

mento - Programa no Brasil - RT,1972 - pAgs. 37 e segs.), ao iniciar oexame da «estrutura do orgamento- programa», assinala:

aA lei or0amentAria nao conterAdispositivo estranho A flxat.So dadespesa e A prevlsAo da recelta ...E logo adiante:

((0 orgamento tradlclonal limita-va-se, fundamentalmente, a umarelasao das receitas e fixaCdo dasdespesas».Mas nAO hA por que insistlr nessa

afirmacAo, que 6 do texto constitu-cional.

11. Mas, hA um limite que sepode chamar de conveniencla A pu-blicidade dessa fixasao da despesa,num regime inflacionArio aberto,agudo, quase hiperinflacionario Co-mo o em que vivemos: 6 a pressao-inflacionAria que a previsao da infla-CAo envolve: se se preve, oficial-mente, grande indice de inflaGAo, oprimeiro efeito do anUncio dessa pre-visAo t o agravamento do pressAoinflacionaria, que acaba por excedO-lo. Porque todas as pessoas, em to-das as suas atividades, comesam aoperar com base nesse indice, desdelogo, com o irremediAvel ultrapassa-mento no c6mputo final.

Milo 6 aqui lugar senao de enuncia-lo, para justificar Como se torna in-viAvel prever que precat6rios expe-didos em cruzeiros e ORTNs possamter, no momento em que deverAo sercumpridos, correspondOncia na rea-lidade da verba orCamentAria fixadapara o seu pagamento.

12. Claro que, Como salientou oeminente Ministro Sydney Sanches,

304 R.T.J. - 116

se insuficientes, poderAo ser supri-das as deficiencias por creditos su-plementares. Mas, e Isto nAo e me-nos 6bvio, apenas nas forvas do ErA-rio. E ate que ponto vao essas forCasnao nos a dado prever, e, em conse-gtlencia, julgar. Tanto macs quanto Areceita tem limites que nAo serAo ul-trapassados, e a despesa tende acrescer ilimitadamente, se nAo secontiver. E s6 pode ser atendida namedida da receita, que nao cresceapenas com o desejo de aumentA-la.

13. Invoca o eminente MinistroSydney Sanches o exemplo do Im-posto de Renda e das restituiC6escom correCao monetAria. Pots bem.As diferenCas, entretanto, sAo funda-mentals, desde o fato inicial: as res-tituiC6es s6 existern porque houveprestaCao alem do devido, pagamen-to a maior, que se restitui, e do quala Uniao se utiliza durante o periodoem que aumentou, engrossou sua re-ceita, e s6 restitui com a correCao apartir da declaraCao - evidente-mente multo depots de recolhido elargo tempo sem correCao utilizadapelo Tesouro.

Alem disso, a Uniao e a Uniao: dis-p6e do poder de emitir e, infeltz-mente, sem controle: a qualquer difi-culdade intransponivel, por outrosprocessos (como o do atraso das res-tituiC6es, que hole se verifica) serAfacilmente (desculpe-se o adverbio)pela emissao de dinhetro que pagarAas restitui4;6es (ainda que com efei-tos graves posteriormente).

For isso mesmo os precat6rios daUniao - que nAo sAo, alias, pagosem ORTNs, mas com as corree6essucessivas podem (em tese) ser pa-gos.

14. 0 Estado de Sao Paulo nAodisp6e dessa prerrogativa. Nao sepretende, com essa afirmagAo, enco-rajar o Estado a nao cumprir os pre-cat6rios, ou incluir verbas insuficlen-tea no orCamento para cumpri-los.Pelo contrArlo.

A ConstitulCao determina a inclu-sao de verbas para pagamento dosprecat6rios e ao Govern cabe dosarseus dispendios de modo que possasatisfaze-los. Nao se the hA de dardireito a descumprir os deveres quetem e que a ConstitulCao the imp6e.

A um Governo responsAvel nAopassarAo despercebidos esses deve-res e seu cumprimento. Se nao se thehA de exigir que preveja com exati-dao as correcbes a que estarA obri-gado meses depots, nem se the podecobrar que consiga receita suficientepara cobri-las, imp6e-se-lhe saibaponderar receitas e despesas, bemcomo atribuir As rubricas referentesaos precat6rios importincias condi-zentes com seus quantitativos pre-visiveis, para nao estabelecer 0 re-gime do calote oficlal, que desmora-liza e subverte.

15. 0 que a ConstitulCao procurougarantir foi a ordem dos precat6rios,fugindo ao clientelismo anterior e as-segurando a moralizacAo dos paga-mentos.

Mas, determinou a inclusAo obri-gat6ria, no orCamento das entfdadesde direito pfiblico, de verba necessA-ria ao pagamento dos debitos cons-tantes de precat6rios iudiciAriosapresentados ate primeiro de lulho(art. 117, § 1?).

Tern a entidade devedora a obriga-CAo de incluir no OrCamento essesquantitativos. Se o nao faz, a medidaa tomar nao e o sequestro de recei-tas outras, atribuidas a rubricas d1-versas, mas outras que a Constitul-Cao preve.

0 sequestro justifica-se se nas pos-sibilidades do dep6sito, hi preterlCAode credor, no seu direlto de pre-cedencla.

NAo e o caso dos autos, como seviu.

Nestes termos, reafirmando nossovoto no RE 103.684, d. v. do voto do

R.T.J. - 116

eminente Ministro Sydney Sanches,conheco do recurso e dou-lhe provi-mento.

E o voto.VOTO

0 Sr. Ministro Sydney Sanches: Sr.Presidente, com ressalva do menponto de vista pessoal, em contrario,defendido em Plenilrio no Julgamen-to do RE n? 103.684-2, acompanho 0voto do eminente Relator face so en-tendimento que entAo prevaleceu,por dez votos contra um.

Conheco do recurso e ]he dou pro-vimento.

EXTRATO DA ATA

RE 103 . 649-SP - Rel.: Ministro Os-car Correa . Recte .: Prefeitura Muni-

305

cipal de Silo Bernardo do Campo(Advs.: Paulo Roberto Pinto Montet-ro e outro). Recdo.: Augusto AntonioCruz Nunes (Adv.: Roberto Teixei-ra).

DecisAo: Recurso conhecido e pro-vido . Unilnime.

Prestdencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Merl da Silveira,Oscar Correa , Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sts Toledo.

Brasilia , 22 de outubro de 1985 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

AGRAVO DE INSTRUMENTO N? 103. 808 (AgRg) - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Agravante: Banco do Brasil S.A. - Agravado: Comercio e Ind(tstria Ca-dima de Auto Pecas Lida. (Massa Falida de).

Recurso ExtraordlnArfo Adesivo. Pressupostos de Admisslblll-dade. Obice Regimental.

- Aplicam-se so recurso extraordinArlo adesivo as mesmas re-gras do recurso principal , quanto As condicOes de admissibilidade. As-sim, pare afastar qualquer veto do art . 325 do Regimento Interno, Apreciso que so pr6prlo recurso adesivo aproveite uma das ressalvasdo caput daquela norma regimental.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taquigrA-ficas , par unanimidade de votos, ne-gar provimento so agravo regimen-tal.

Brasilia, 13 de agosto de 1985 -Declo Miranda , Presidente - Fran-cisco Rezek, Relator.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Francisco Rezek:Neguel seguimento a agravo com oseguinte despacho:

«Trata-se de recurso extraordi-nario adesivo interposto pelo Ban-co do Brasil , pelas letras a e d,contra ac6rdilo em agravo de ins-trumento , em autos de falencia.Fala o Banco em afronta aos arts.153, if 2? e 4? da ConstltuiCAo, e 175do Decreto-lel n? 7.661/45 ( na reda-cAo da Lei n? 4.983/66); alem desuscitar dissidto de Jurisprudencla.

306 R .T.J. - 116

Devem prevalecer as raz6es dodespacho impugnado, que negouseguimento ao extraordinario.

Os temas constitutionals nao fo-ram ventilados no aresto recorrido(SUmula 282).

Afastada a ressalva regimental,incide, na especie, 0 6bice do art.325-V-c do Regimento Interno, pois,segundo o entendimento deste Tri-bunal,

aao recurso adesivo se aplicamas mesmas regras do recurso in-dependente, quanto as condic6esde admissibilidade ( art. 500, pa-ragrafo unico, do C6digo de Pro-cesso Civil). Assim , para afastarqualquer dos 6bices do art. 308 doRegimento Interno, @ mister que,com relacao ao recurso adesivo,ocorra uma das excec6es docaput do citado artigo ( alegacaode ofensa a Constituicao on aco-lhimento de arguicao de relevan-cia da questao federal))). (RE87.928, rel. Min. Moreira Alves-RTJ 96/750).

Nego seguimento ao agravo.

Arquive-se". (fls. 97).

adesivo versa exatamente o mesmotema, entre as mesmas partes.

E o relatOrio.VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): Nada ha que acrescentarao despacho impugnado . 0 trechotranscrito do RE 87 .928, relator o Mi-nistro Moreira Alves, a claro sobre aquestao , e o agravo regimental naoabalou seus fundamentos.

Nego provimento ao agravo.EXTRATO DA ATA

Ag 103.808 (AgRg)-SP - Rel.: Mi-nistro Francisco Rezek. Agte.: Ban-co do Brasil S.A. (Adv.: Mauro An-gelo Bottesini . Walter do Carron Bar-letta e outros). Agdo.: Com6rcio eIndustria Cadima de Auto PecasLida . ( Massa falida de) (Advs.: Ma-rio Fernandes Assumpcao e outros).

Decisao: Negado provimento aoagravo regimental. UnAnime.

Presidencia do Senhor MinistroDecio Miranda. Presentes a Sessaoos Senhores Ministros Aldir Passari-nho e Francisco Rezek . Ausentes,justificadamente os Srs. MinistrosDjaci FalcAo, Presidente e Cordeiro

0 agravo regimental insiste em Guerra. Subprocurador-Geral da Re-que o 6bice regimental estA supera- publica, Dr. Mauro Lette Soares.do por ter sido acolhida a relevancia Brasilia, 13 de agosto de 1985 -do recurso extraordinario principal , H611o Francisco Marques, SecretA-e porque o recurso extraordinArio rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 103. 952 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Estado de Sao Paulo - Recorrido: Claudionor de Souza Ca-

valcante.

Honore'rlos do defensor dativo em processo criminal . Lei n.°4.215/63, art. 30. Responsabilidade do erSrio.

Procede a acao de cobranca intentada contra o Estado para re-clamar honor Arios correspondentes A defensoria dativa de reu pobreem processo criminal.

Prove-se apenas em parte o recurso do Estado , para que o mon-tante da condenacAo se venha a liquidar por arbitramento.

Precedente do plenario ( RE 103.950).

R.T.J. - 116 307

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e the dar provi-mento parcialmente , nos termos dovoto do Ministro Relator.

Brasilia , 13 de setembro de 1985 -Djaci FalcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Cuida-se de acAo intentada por pro-fissional da advocacia para recla-mar A Fazenda do Estado os honora-rios correspondentes aos servigosque, em feitos criminals, prestaracomo defensor dativo de r6us po-bres.

A aCAo foijulgada procedente nasinstAncias ordinarias. 0 Estado in-terpbe recurso extraordinArio, cornargulCAo de relevAncla. Estimaafrontados os artigos 153, § 2? daConstituiCao, 14 da Lei n? 1.060/50 e92 da Lei n? 4.215/63. Suscita, ainda,dissidlo de jurisprudbncia.

Subiu o extraordinario porque re-conhecida, em Conselho a relevAnclada questAo federal.

E o relat6rio.

VOTO

didade a mat6ria nos autos do RE103.950, e concluiu , por matoria, que0 artigo 30 do Estatuto da Ordem(Lei n? 4.215/63) torna devido o pa-gamento de honorarios ao defensordativo do r6u pobre, a cargo do era-rio.

Ficou decidido , entretanto , nos ter-mos do voto vencedor do MinistroSydney Sanches , que, Como as Fa-zenda Publica estadual nao foraparte, nem , a rigor, representadaenquanto tal, nos autos dos proces-sor criminals em que arbitrados oshonorarios do auton>, esse arbitra-mento deveria ser feito «em liquida-CAo de sentenCa , com exame e valo-raCAo de todo o trabalho do advoga-do nos processos criminals, observan-do-se, tamb6m, a modicidade neces-saria e nunca se podendo exceder ovalor jA fixado nos autos)).

Corn base no precedente , provejoem parte o recurso extraordinario,para que o montante da condenaCaose venha a liquidar por arbitramen-to.

EXTRATO DA ATA

RE 103 .952-SP - Rel.: MinistroFrancisco Rezek . Recte .: Estado deSao Paulo ( Advs .: Jose Carlos de To-ledo e outro ). Recdo .: Claudionor deSouza Cavalcante ( Adv.: Renato An-tonio Micali).

Decisao : Conhecido e provido par-cialmente , nos termos do voto do Re-lator . Unanime.

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): Pondero, de inicio que o6blce regimental fica afastado peloacolhimento da argiiiCao de relevan-cia: e que o conhecimento do recur-so extremo, pela letra d, 6 impositi-vo em face do dissidio pretorlano.

Sucede que o Supremo TribunalFederal, na sessao plenAria de 14 deagosto ultimo , examinou em profun-

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes A Sessao osSenhores Ministros Aldir Passarinhoe Francisco Rezek . Ausente, justifi-cadamente o Sr. Ministro CordeiroGuerra. Subprocurador-Geral da Re-publica , o Dr. Mauro Lette Soares.

Brasilia. 13 de setembro de 1985 -Who Francisco Marques, SecretA-rio.

308 R .T.J. - 116

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 104.048 - DF(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.Recorrente: Ministerio Pfiblico Federal - Recorridos: Sergio Aracjo dos

Santos e outros.

PrisAo administrativa . 0 Decreto-lei n? 3.415-41 n$o 6 incom-pativel com o art. 153, 117 , da ConstituiCAo.

Recurso Extraordin8rto provido , em parte pare que, afastada es-sa questAo , prosslga o julgamento do pedido de uhabeas corpus)).

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Primel-ra Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ffcas , por unanimidade, de votos, oo-nhecer do recurso e dar-lhe provi-mento em parte.

Brasilia , 22 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OctavioGallotti , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti: Osora Recorridos tiveram a sua prisAoadministrativa decretada por meiode Portaria do Ministro da Fazenda,nos termos do Decreto -lei n? 3 .415-41,em razao de participatao direta nodesvio de bens pelo qual foi respon-sabilizado o entao chefe do Dep6sitode Mercadorlas Apreendidas da De-legacia da Receita Federal em SaoPaulo ( Us. 18).

Impetraram habeas corpus, ale-gando, em sintese:

a) ter sido ordenada a ' prisao,sem que se lhes houvesse sido en-sejada oportunidade de defesa;

b) encontrarem -se em liberdadeprovis6ria , medfante fianGa facul-tada no processo criminal , que ternprevalencia sobre o administrati-vo;

c) carencia de fundamentapaoda Portaria Ministerial , no esclarecer em que consistiu a sua participaC6o, bem como ausencia dquantificatao do prejuizo e delimltarAo das responsabilidades;

d) entrega , jA concretizada dmercadoria desviada , a ReceitFederal;

e) ilegalidade da prisAo, por serem, os pacientes , estranhos aservico pitblico.

A ordem foi deferlda, por malorfde votos , em sessAo plenaria do Trbunal Federal de Recursos, sendRelator, pars o ac6rdao , o eminentMinistro Carlos Augusto ThibaGulmaraes , que o lavrou com aguinte ementa:

((Constitutional - Administratvo - Penal - PrisAo Administrat -va - Decreto-lei n? 3.415, de 1941.

Inexistencia de prisao civil podivida, no direito constitution Ibrasileiro, salvo nos casos previ -tos no artigo 153, § 17, da Constitu -Cao. Revogada, na ordem juridicbrasileira , a prisAo administratty,que tem por finalidade compelirpessoas que tenham se apropriade bens pfiblicos a reparar o danHC. deferidou ( Us. 107)Recorre, extraordinariamente,

Ministerio Ptiblico Federal, cobase nas alineas a e d do permissiconstitutional , por contrariedade§ 17 do art. 153 da ConstituiGao; n -gativa de vigencia dos artigos 1? o

R.T.J. - 116 309

Decreto-lei n? 3.415-41; 319, I, do C6-digo de Processo Penal e 214 da Lein? 1.711-52 e per dissidio com osac6rdAos do Supremo Tribunal, nosRecursos ExtraordinArios n?s 87.129(RTJ 85/673) e 85. 290 (RTJ 86/588).Persegue a «Reforma da decisAo,para que sejam executadas as pri-s6es administrativas dos ora recorri-dos que foram regularmente decre-tadas>> (fls. 117).

Cotejando veto vencido do RelatororiginArio , eminente Ministro Geral-do Sobral , com o vencedor do emi-nente Ministro Carlos Marto Velloso,o ilustre Vice-Presidente , MinistroLauro LeitAo, admitiu o apelo dianteda seguinte consideraCdo:

((A mat@ria , come visto , 6 de altaindaga(;ao juridica, e, por isso, 6aconselhAvel que sobre ela o Pret6-rio Excelso se pronuncie em defini-tivo.

Ante o exposto , admito o recur-so>> (fls. 122)

As raz6es do Recorrente estAo Asfis. 124 /5, e nao vieram aos autoscontra -raz6es dos Recorridos, a des-peito de regular intimaCao ( cert. defls. 127).

Ap6s resumir a controversia, opt-na, come segue , a ilustre Procurado-ra da Republica Laurita Hilarlo Vaz,com aprovaGao do eminente Subpro-curador-Geral Assis Toledo:

3. ((A nosso ver, a suplica maxi-ma se afigura admissivel.

4. 0 6bice constante no art. 325,inciso II, do Regimento Interno doSupremo Tribunal Federal, ficaafastado, em face da incorreta in-terpretaGao dada pelo v. ac6rdAorecorrido ao § 17 do art . 153, daCarta Magna.

5. Com efeito, o Egregio Tribu-nal Federal de Recursos, datavents , nao foi feliz , so interpretar

o evidenciado dispositivo , em cote-jo corn o art . 1? do Decreto-lei n?3.415/41.

6. Adotou o v. ac6rddo impug-nado , acatando o veto do eminenteMinistro Carlos Mario Velloso, oentendimento , de que a prisAo ad-mimistrativa 6 mera esp6cle deprisao civil, e assim admissivel,apenas, nos termos do § 17 do art.153, da ConstituigAo Federal, noscasos de depositario infiel e do res-ponsAvel pelo inadimplemento deobrigacao alimentar.

7. Anota Pontes de Miranda, aoexaminar o parAgrafo 17 do art.150 da ConstituirAo de 1967, identl-co so dispositivo hoje em vigor, en-sinando que:

((NAo ofende a ConstituitAo de1967, art. 150, § 17, a regra juridi-ca sobre prisAo civil por se recu-sar o depositArio, extrajudicialou judicial , a devolver o que re-cebeu , ou aquilo que the foi, persucessAo, As suas mans; cometamb6m nao a infringe a regrajuridica , que a crie ou mantenha,para aqueles casos em que o pos-suldor ou tenedor de colsa alheiaresponde come o depositArio..Natecnica legislativa, responde co-mo depositArlo que recusa entre-ga do been alheioo . ( in ComentA-rios A Constituigao de 1967, tomoV, pAg• 252).

8. A prop6sito, a Suprema Cor-te, no julgamento do RHC n?62.933-4-DF, Relator Eminente Mi-nistro Jose N6ri da Silveira, in DJde 30-4-85, pAg . 14.346, assim deci-diu, verbis:

aEmenta : Habeas corpus. Pri-sAo administrativa. Nao 6 incons-titucional 0 Decreto-let n?3.415/ 1941 . Constituigao, art. 153,§ 17. Recurso desprovidou.

9. Sobressal do veto do Emi-nente Ministro Relator, verbis:

310 R .T.J. - 116

((Nem prosperaria a argfficAode inconstitucionalidade em foco,se visualizada a materia, A luz doart. 153 , § 17, da ConstituiCAo de1967 , porque as hip6teses de pri-sdo administrativa definidas noart. 1? do Decreto-let n? 3 . 415/41,e no item I, do art. 319, do C. Pr.Pen., ndo constituem , em si, ca-ses de prisAo civil por divida. Das6 leltura dos dispositivos legisem foco isso se depreenden.

10. Logo, a interpretacao dadapelo v. ac6rdAo recorrido ao evi-denciado dispositivo constitucional(art. 153 , § 17), nAo tem respaldona jurisprud@ncia da Corte Maior ena doutrlna , restando caracteriza-da a contrariedade do texto consti-tucional.

11. No que concern a argUidanegativa de vigencia aos artigos 1?do Decreto-lei n? 3 . 415/41, 319, inci-so I, do C6digo de Processo Penale 214 da Lei n? 1 .711/52 , cremos,tamb6m , ter razao o recorrente,haja visto que, a prisdo adminis-trativa nao foi revogada pela Cons-titutgAo Federal, como tambemnao (! inconstituclonal o citadoDecreto-lei , consoante decfdiu re-centemente o Supremo TribunalFederal.

12. Quanto ao argiiido dissidiopretoriano , nAo cuidou 0 recorrentede demonstra-lo, como exigido peloart. 322 , do Reglmento Intern doSupremo Tribunal Federal e SOmu-la 291.

13. Ao teor do exposto , opina-mos pelo conhecimento e provi-mento do recurso como suporte naalinea a do permissivo constituclo-nal, Para os fins evidenciados napetirAo do apelo extremon (Us.132/134).

E o relat6rio.

VOTO

0 Sr. Ministro Octavio Gallotti(Relator ): A decisao recorrida con-

traria o § 17 do art. 153 da Constitui-Gao, com o entendimento que thedeu, recentemente , esta Turma, emac6rddo no Recurso de habeascorpus n? 62.933, dotado da seguinteementa:

((Habeas corpus . PrisAo adminis-trativa. Ndo a inconstituclonal oDecreto-lei n? 3 .415/1941. Constltuf-Cdo art . 153, § 17. Recurso despro-vido)). ( DJ de 30-8-85).Friso que, na hipotese versada pe

lo precedente acima indicado e dfversamente do que sucede nestes autos, o paciente era funclonario pOblico, alias o mesmo chefe de Dep6sitcom que se envolveram , na acusardo de peculato , os ora Recorridos.

A amplitude da fundamentaGaadotada pelo eminente Relator, Ministro Neri da Silveira , Lorna, segundo penso,irrelevante a distinGAo.

Na verdade , reportando-se, a brilhante voto anterior , proferido nRECr 67 . 668 (RTJ 59/732 e 733), reafirmou S. Exa.:

«Nem prosperaria a argGlGAo dinconstitucionalidade em loco,visualizada a materia , A luz do art15'x, § 17, da Emenda Constituclonal n? 1, ou do art. 150, § 17, dConstituicAo de 1967, porque as hip6teses de prisdo administrativdefinidas no art . 1?, do Decreto-len? 3.415/41, e no item I, do art. 319do C. Pr. Pen., nao constituem, esl, casos de prisdo civil por dividaDa sb leitura dos dispositivos legem foco isso se depreende».

Cita, ademais , o magisterioPontes de Miranda:

d

aO que a ConstituirAo proibe epena de prisdo por nAo -pagamentde dividas , de multas ou de custae nao a prisdo como meio para 1pedlr que o que tem a posse imdiata de algum bem se furte A etrega delesu ( ComentArlos A ContitulSAo de 1967, ed. Revista dTribunals, 1968, tomo V, pag. 251)

R.T.J. - 116

Assim , a prisao do co-autor de pe-culato , ( sendo ou nao funcionario),em cujo poder se achem bens des-viados do erario federal, configurameio coercitivo , autorizado peloDecreto-lei n? 3.415-41 , que nao seconfunde com a prisao por divida,proibida pela ConstituiCao.

0 Recurso merece, portanto, co-nhecimento e provimento , mas naocom a finalidade e a extensao postu-ladas pelo Recorrente.

Com efeito , dentre os fundamentosdo pedido , somente foi apreciado 0relativo a compatibilidade da legis-laCao ordinaria com o texto constitu-cional vigente.

Quatro dos quatorze votos vence-dores levaram em conta o relaxa-mento , da prisao , mediante fianCa,no juizo criminal.

Mas parece certo que a apreciaCaodesse fundamento , Como os demaisinvocados na impetraCao , nao lot ob-jet0 de apreciaCao da maloria, ante0 exxto da alegaCao prejudicial de in-subsistencia do texto legal em que searrimara a Portaria ministerial im-pugnada.

311

Em face do exposto , conhego doRecurso , pela letra a e dou-lhe provi-mento parcial , para cassar o ac6r-dao recorrido , no sentido de que ou-tro se profira , apreciando os demaisfundamentos de impetraCao, e abs-traido o que diz respeito de incompa-tibilidade da legislaCao autorizativada prisao com a norma constitucio-nalvigente.

EXTRATO DA ATARE 104.048-DF - Rel.: Ministro

Octavio Gallotti. Recte.: MinisterioPublico Federal. Recdos.: SergioAraujo dos Santos e outros (Adv.:Antonio Joaquim Sanches).

Dectsao: Recurso conhecido e pro-vido em parte. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -AntOnio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 104. 425 - MS(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Cordeiro Guerra.Recorrente : Jose Carlos Correa de Castro Alvim - Recorrido : Tribunal

de JustiCa do Estado de Mato Grosso do Sul.

Art. 185 da Constituigao Estadual de Mato Grosso do Sul.Averbagao de contagem de tempo de servico.Validade do ¢ 1? do art . 3? da Let Estadual n ? 355/82 que dispde:

aO tempo de serviso prestado a empress privada s6 podera sercomputado , na forma deste artigo , pars efeito de aposentadoria on re-forma , em nOmero de anos, meses e dias que sejam , no maximo,iguals so tempo de serviCo pfiblico do servidor , civil ou militar.»

RE nAo conbecido.

ACORDAO gunda Turma do Supremo TribunalVistos, relatados e discutidos estes Federal , na conformidade da ata de

autos , acordam os Ministros da Se- julgamento e das notas taquigrafi-

312 R.T.J. - 116

cas, a unanimidade de votos, em nAoconhecer do recurso.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -Djact FalcAo , Presidente - CordeiroGuerra , Relator.

RELATORIO

O Sr. Mlnlstro Cordeiro Guerra: 0v. ac6rdao a do seguinte teor:

«Jos6 Carlos Correa de CastroAlvim, luiz de direito da 9? varacivel da comarca de CampoGrande , com fundamento no art.153, § 21, da ConstituiCAo Federal,c.c. o artigo 1? da Lei n? 1.533/51,impetra o presente mandado de se-guranCa contra decisao adminis-trativa proferida pelo TribunalPleno do egregio Tribunal de Justi-Ca do Estado de Mato Grosso doSul, em que se indeferiu parcial-mente averbaCAO de contagem detempo de serviCo, arguindo as se-guintes razoes de fato e de direito:

1. Os fatos.I.I. em olto de novembro de

1983 o impetrante requereu ao Pre-sidente do egr@gio Tribunal de Jus-tiCa do Estado de Mato Grosso doSul a averbaCao de tempo de servi-Co no total de 22 anos , 1 m6s e 17dias, consubstanciando a pretensaoem certldAo expedida pelo InstitutoNacional de Previdencia Social;

1.2. o egregio Tribunal Pleno,apreciando , proferiu a seguinte de-cisao:

«Por unanimidade de votos,com o parecer , deferiram a aver-baCAo de apenas 09a, 07m e lad,nos termos do Decreto n?1.837/82,»;

1.3. deferindo apenas em parteo requerimento , violou o egregloTribunal de JustiCa direito liquidoe certo previsto na ConstituiCAo eem leis de nivel federal e estadualcomo a seguir se expOe.

2. Os fundamentos da decisaoobjurgada.

2.1. como se constata na pr6-pria decisao , o Tribunal entendeuaplicavel a esp6cie o Decreto n?1.837 , de 28 de outubro de 1982, doEstado de Mato Grosso do Sul, quedisp6e sobre a regulamentaCAo dacontagem reciproca de tempo deserviCo para efeito de aposentado-ria prevista na Lei Estadual n?355/82, artigo 1?, § 3?, in verbis:

"Art. 1? Para efeito de apo-sentadoria ou reforma de servi-dores civis ou militares seracomputado , pelo funclonario es-tatutario e pelo militar da ativaou da reserva remunerada a em-presa privada , vinculada ao re-gime da previd@ncia social Urba-na, na forma da legislaCAo fede-ral especificada.»

Ǥ 3? 0 tempo de serviCoprestado a empresa privada s6podera ser cumputado , na formadeste artigo , para efeito de apo-sentadoria ou reforma , em nUme-ros de anos , meses e dias que se-jam, no maximo , iguals ao tempode serviCo piiblico do servidor,civil ou mllitar.u;2.2. a Lei n? 355/82 foi expedida

a titulo de assegurar aos servido-res estaduais e municipals os mes-mos direitos de nivel federal dos6rgAos da AdministraCao Direta eAutarquias , consoante o dispostona Lei Federal n? 6.864, de- 1? dedezembro de 1980, que em seu arti-go 1?, deu nova redaCAo ao artigo3? da Lei n? 6.226, de 14 de julhode 1975, assim dispondo:

«Art. 3? 0 disposto nesta Leiestender-se-A aos servidores pu-blicos civis e militares , inclusiveautarquicos , dos Estados e Mu-nicipios que assegurem, me-diante legislaCAo pr6pria, a con-tagem do tempo de serviCo pres-tado em atividade regida pelaLei n? 3.807, de 26 de agosto d

R.T.J. - 116

1960 , para efeito de aposentado-rla por invalidez , por tempo deserviCo e compuls6ria , pelos co-fres estaduais e municipals.))

2.3. ora , a Lei n? 6 . 226/75, emnenhum momento de seus disposi-tivos restringiu a contagem detempo em mimero de anos, dias emeses , como fez o § 3? do artigo 1?da Lei Estadual n? 355/82.

0 deferimento da averbaCAo deapenas 9 anos, 7 meses e 18 dias sedeveu A aplicaCAo do § 3? do artigo1? da Lei Estadual n? 355 /82 e seuregulamento ( Decreto n? 1.837/82)que previram uma restriCao nAoexistente na Lei Federal n?6.226/75, e muito menos na LeiComplementar n? 2, de 18 de Janei-ro de 1980 e no Decreto n? 700 am-bos do Estado de Mato Grosso doSul que tratam especificamente dacontagem de tempo de serviCo.

3. 0 direito liqufdo a certo doImpetrante.

3.1. conforme o artigo 185 daConstituiCao Estadual,

((Aos funcionarios publicos ci-vis da administraCao estadual di-reta e das autarquias estaduaissao assegurados , naquilo quecouber, em seus termos, os be-nefictos da Lei Federal n? 6.226,de 14 de julho de 1975));

3.2 a ConstituiCao Estadual, Co-mo se ve , assegurou aos servidoresos beneficios da Let Federal n?6.226/75, valendo-se o legisladorconstituinte do que dispoe o artigo3? deste diploma legal, e a lei esta-dual nAo pode prever restriCao naocontida na lei federal especifica;

3.3. assim , tern o impetrante odireito adquirido de ver o tempo deservice, prestado ao Banco da La-voura de Minas Gerais S . A. (2.139dias ); Banco Hipotecario do Esta-do de Minas Gerais ( 543 dias),Banco do Estado do ParanA (514dias) e o tempo de trabalho aut6-

313

nomo , como advogado ( 4.881 dias),totalizando 8.077 dias, on vinte edoss anos , um mes e dezessetedias;

3.4. a let nao prejudicarA o di-reito adquirido , o ato juridico per-fecto e a coisa julgada (art. 153, §3", da ConstituiCao Federal);

3.5. as leis novas nao devematingir os direitos adquiridos - es6 por isso o artigo 3? da Lei n?355/82 6 inconstituclonal -, por ou-tro temos qua a lei nova ado temefelto retroativo;

3.6. disso inevitavelmente de-corre duas situaC6es : a) se o artigo1?, § 3? da Lei Estadual n? 355/82,equivalente ao mesmo artigo e pa-r3grafo do Decreto n? 1.837/82,fosse considerado legal, constitu-tional , ainda assim ele s6 teriaaplicaCao a partir de 28 de outubrode 1982 ( lei nova nao tem efeito re-troativo ). A consegfi6ncia que sededuz imedlatamente 6 a de que oImpetrante tern direito ao tempode serviCo decorrido at6 aquela da-ta, pelo menos , porque nAo se tratade expectativa de direito, mas simde declaraGao de existencia de umfato JA ocorrido , qual seja, o tempode serviCo JA prestado antes da Leinova ; b) mas , na esp6cie , a situa-Cao a macs grave porque a Lei no-va (355 /82) nao s6 veio a atingir di-reito adquirido , o que 6 vedado pe-lo artigo 153 , § 2?, como tamb6mcontrartou legislaCao federal es-pecifica a qual estava subordinadapela hierarquia inerente ao siste-ma juridico.

a) Da violaCao do direito adqui-rido.

3.7. com fundamento em CarlosMaximilian e Gabba, sustenta oImpetrante que em 28 de outubrode 1982 , data da expedt¢ao da LeiEstadual 355 e de seu regulamento,Decreto n? 1.837, ja tinha adquiridoo direlto de averbar o tempo de22a, Olm e 17d, porquanto esse di-

314 R .T.J. - 116

retto era assegurado: a) pela Cons-titulCao Estadual (art. 185); b) pe-la Lei Complementar n? 2, com aredaCAo que the foi dada pelo arti-go 1? da Lei Complementar n? 3, de10 de novembro de 1980; c) pela LeiFederal n? 6.226, de 14 de julho de1975, (art. 3°, com a redaCAo dadapelo artigo 1? da Lei Federal n?6.864, de 1? de dezembro de 1980);

b) Da ilegalidade ao art. 3", § 1?,da Lei n? 355/82, e do art. 3", § 1?,do Decreto n? 1.837/82.

3.8. nao bastasse o direito ad-qutrido assegurado pela Constitut-Cao Federal, outra circunstancta erelevante para a concessao dowrit. E que a Lei Estadual subcensura contrartou o texto da LetFederal a que estava vinculada(Let n? 6.226/75) porque a Consti-tuiCAo Estadual, em seu artigo 185,assegurou a sua aplicaCdo «emseus termos» o que significa con-forme as dispostCoes da let;

3.9. o legislador estadual totalem do que the a permitido legal-mente: restringiu dlreitos assegu-rados em sua plenitude pela Cons-titutCAo Estadual e na Lei Federal.Alias, nem se entende por que ra-zAo existe a pr6pria Let n? 355 eseu decreto, porquanto o artigo 185da ConstituiCAo Estadual a auto-e-xecutavel por ser uma norma cons-tttucional de eficAcia plena, combase na doutrina de Cle6menes Nu-nes da Cunha, in Revtsta daProcuradoria-Geral do Estado, n?3, ano 1981, pAg. 55/61;

3.10. aplicando A especte a Lein? 355/82 e seu regulamento, oegregto Tribunal Pleno do Tribunalde JusttCa do Estado de MatoGrosso do Sul violou direito liquidoe certo do impetrante.

Pediu a concessao de writ paraque se determine a averbaCAo dotempo de serviCo de vinte e dotsanos, um mes e dezessete dias.

Instruiu o pedtdo com os docu-mentos de f.12-28-Ti.

Pelo despacho de f.31-TJ, deter-minet a notiflcaCAo do Sr. Presi-dente do Tribunal de JustlCa paraprestar as informae0es.

Atraves do officio de f.34-TJ, o Sr.Presidente prestou as informaC6es,argUindo expressamente a incons-titucionalidade do art. 185 da Cons-tituiCAo Estadual do Estado de Ma-to Grosso do Sul porque fere o arti-go 103 da ConstituiCAo Federal, in-dicando Como precedente o 7ulga-mento da RepresentaCao n? 990-MT, Tribunal Pleno do SupremoTribunal Federal - In RTJ 99/24.

Acrescenta que, se o artigo 18da ConstituiCAo Estadual a inconstttucional , vigora a Let n? 355/82o Decreto n? 1.937/82, que sao,alias, os Untcos preceitos vAlidona especte elidindo a alegacdo ddireito adquirido.No que se refere A ilegalidade d

Lei n? 355/82, porque esta nAo poderia prever a restriCAo nao Contida na Lei federal especifica, sustenta a autoridade informante quinexiste subordinaCAo da norma 1cal A federal.

Ao exigir a norma federal quebeneficto se estenda aos EstadosMunicipios , desde que por forca ddisposiCao pr6pria , delegou ao legislador local -competencta pardtsciplinar a materia.

Se inextstisse a autonornia cnorma estadual em relaCao A norma federal, nAo haveria necesstdade de o Estado regular a formde contagem de tempo de serviCde que se trata , porque seria aplicAvel desde logo ao Estado a LeFederal de n? 6 . 226/75.

Pede que a seguranea seta denegada.

A douta Procuradoria-Geral dJustiea opina pela denegaCAo dmandamus.

R.T.J. - 116

Extraiam-se c6pias do relat6riopara serem enviadas aos eminen-tes desembargadores.

E o relat6rio.

Peco dia.VotoO Sr. Des. Gerval Bernardino de

Souza (Relator): 1. ArgfiiCao de in-constitucionalidade do artigo 185da ConstituiCao Estadual.

1.1. Examino em primeiro lu-gar a argilicao de inconstitucionali-dade do artigo 185 da ConstituiCaodo Estado de Mato Grosso do Sul,com a seguinte redaCao:

((Aos funcionarios piublicos ci-vis da administracao estadual di-reta e das autarquias estaduaissao assegurados, naquilo quecouber, em seus termos, os be-neficlos da Lei Federal n? 6.226,de 14 de julho de 1975.))

A Lei n? 6.226/75 disp6e sobre acontagern reciproca de tempo deservico p0blico federal e de ativi-dade privada, para efelto de apo-sentadoria, estabelecendo no seuartigo 1? que:

«Os funcionarios publicos civisde 6rgao da Administracao Fede-ral Direta e das Autarquias Fe-derais que houverem completado5 (cinco) anos de efetivo exer-cicio terao computado, para efei-to de aposentadoria por invali-dez, por tempo de servico ecompuls6ria, na forma da Lei n?1.711, de 28 de outubro de 1952, otempo de servico prestado ematividade vinculada ao regime daLei n? 3.807, de 26 de agosto de1960 e legislaCao subsegfiente.»

0 artigo 3? da Lei n? 6.226/75,com a redaCao que the foi dada pe-lo artigo 1? da Lei n? 6.864/80, diz:

aO disposto nests lei estender-se-a aos servidores pliblicos civise militares, inclusive autarquias,dos Estados e Municipios que as-

315

segurem, mediante legislaCaopr6pria, a contagem do tempo deservico prestado em atividade re-gida pela Lei n? 3.807, de 26 deagosto de 1960 , para efeito deaposentadoria por invalidez, portempo de serviCo e compuls6ria,pelos cofres estaduals e munici-pais.>>

Diante do simples altnhamentodos dispositivos, nAo se pode negarque o artigo 185 da ConstituiCaoEstadual , so assegurar os be-neficos da Let Federal n? 6.226, de14 de julho de 1975, aos functona-rios piublicos civis da administra-Cao estadual direta e das autarquiasestaduais , legislou concedendo in-diretamente a reducao do tempode aposentadoria fixado pela Cons-tituiCao Federal e pela pr6priaConstituiCao Estadual , reducao es-sa que somente pode ser feita atra-ves da Let Complementar de int-ciativa do Presidente da Republi-ca, e a ambito estadual por let or-dinaria de iniciativa do Governa-dor.

Essa conclusao Ja fol proclama-da pelo STF ao decidir as repre-sentac6es 983-SP e 990-MT, in RTJ91/761-771 a 99/24-28, que substan-cialmente tern o mesmo teor daproposta de inconstituclonalidadesubmetida a exame, valendo deinicio a transcriedo das respecti-vas ementas:

((Funcionalismo. Aposentado-ria. Ementa Constitutional n?7/77-SP. Tempo de serviCo (redu-Cao). 1. A adiCao do tempo deserviCo prestado a entidade par-ticular importa em reducao detempo de servico para aposenta-doria, s6 permitida atrav6s de leicomplementar, de iniciativa doPresidente da Republica. A cons-tituiCao do Estado que excepcio-na as normas estabelecidas violao precelto do artigo 103 da Cons-tituiCao Federal.

316 R.T.J. - 116

2. Tempo de serviCo anteriorso advento da CF/67. NAo com-pete A ConstituiCao estadual qua-lificar retroativamente o tempopassado sob o imperio de outranorms, pots que extravasantesdo seu Ambito .» (RTJ 91/761).

aFuncionario Publico. EmendaConstitucional n? 16/77, do Esta-do de Mato Grosso . Inconstitucio-nalidade.

A adlCAo do tempo de serviCoprestado a entidade particularImporta em reduCao de tempo deserviCo pars aposentadorla, s6permitida mediante let comple-mentar , de inictativa do Presi-dente da Republica.

NAo compete A ConstituiCaoEstadual qualificar retroativa-mente o tempo de serviCo consu-mado sob o imp6rio de outra nor-ma, pots que extravagante no seuambito .u (RTJ 99/24).

Os artigos 101, IIi, 57 , V, e 103 daConstituiCao Federal estabelecem,In verbis:

«O funclonArto sera aposenta-do:

III - voluntariamente ap6strinta e cinco anos de serviCo,ressalvando o disposto no artigo165, item XXv.

«E de compet@ncia exclusivado Presidente da Republica a ini-ciativa das leis que:

V - disponham sobre servido-res piiblicos da UniAo, seu re-gime juridico , provlmento decargos publicos , estabilidade eaposentadoria de functonarios ci-vis, reforms e transfer@ncia demilitares para a inatividade.»«Lei complementar , de iniciati-

va exclusiva do Presidente daRepublica , indicarA quaffs as ex-ceC6es As regras estabelecidas,quanto so tempo e natureza deserviCo para a aposentadoria, re

forma, transferencia para a Inatividade e disponibilidade.»Ad argumentandum , em respeita

so principio da reserva legislatlvalla ConstituiCao Estadual nomela, niseu artigo 31, quais as leis que s$de inictativa do Governador do Esttado.

Sem diivida que o sentido bAsic dddos dispositlvos da ConstituiCadFederal, transcritos, 6 de explici+tar que o Estado-membro, nCexercicto de sua autonomia , Isto 6na edieAo da ConstituiCao, est8obrigado a respeitar determinado4principios da ConstituiCao Federal.

No mesmo sentido leclonaRaul Machado Horta, In aDa Autonomla do Estado - Membro no D1relto Constituclonal Brasllelro,pAg. 241 , a Anna CAndida da CunhFerraz, In «Poder ConstituinteEstado-Metribro ,» pag. 65-66, 1verbis:

«... a autonomia constitucionado Estado-membro reclamaatividade de 6rgao constltulnte,qual nAo disp6e , todavia, da pienitude originAria do criador dConstituiCao Federal.

Os Estados - Federados existem e nascem em virtude dConstituiCao Federal, de modque a existencia do Poder Constituinte estadual nasce e se dimensiona nos preceitos e normas dConstituiCao geral , que ademaifixarA os limites adequadoscoexistencia das partes e dp todsubordinando aquelas a este.

O Poder Constituinte Decorrente, em contraposiCAo so Poder Constituinte OriginArio, inicial na sua concepCAo, 6 um poder secundArio ou derivado, o iseja, ele nao se crla a si pr6priomas e criado por outro Poder.

O segundo trago distintivo dPoder Constituinte Decorrente

R.T.J. - 116

a subordinaCAo ao Poder Consti-tulnte Originario e a sua obra, aConstltuiCAo Federal. Em regrao carater subordinado adv6m dapr6pria ConstltuiCAo Federal, namedida em que esta impoe liml-tes an seu exerciclo , limites defundo , expressos on implicitos.»JA flcou evidenciado que a esp6-

cie submetida a julgamento 6 iden-tica As representacbes 983-SP e990-MT , valendo registrar os argu-mentos firmados pelo eminenteMin. Relator Rafael Mayer, na re-presentaCAo de SAO Paulo , onde se16:

«O problema ha de ser coloca-do sob o aspecto material onsubstantivo , a saber se o conteu-do das normas estaduals esta emcontradlCAo, antinomia on disfor-midade com o mandamento dasnormas constitucionais federais.

O que ora se discute tem osmesmos componentes essencials,pois a ofensa an texto constitucio-nal pode resultar de maneira in-direta, quando a norma estadualpersegue resultados que estAoem conflito com aquele . Assim seos dispositivos inqulnados impor-tam em reduzlr , de algum modo,o tempo de serviCo para a apo-sentadoria , estabelecido na Cons-tltuiCAo, estarao maculados deinconstitucionalidade , porque s6lei complementar , de exclusivainiciativa do Presidente da Repu-blica, pode reduzi-lo, a teor doart. 103, inclusive no tocante Anatureza do serviCo, condiclo-nante da mesma reduCAo.

Se o que se conta para a apo-sentadoria , nos limltes estabele-cidos no art . 101, 6 o tempo deserviCo publico federal, estaduale municipal, parece 6bvio que oc6mputo de serviCo outro, quenAo o prestado As entidades dostrios pianos da federaCAo, maspertinente ao setor privado, esta-

317

ra reduzindo o tempo, alias emproporCAo consideravel , do mes-mo modo que esta dispondo, paraesse efeito , sobre a natureza doserviCo, o que somente competeA via prevista no art. 103.

De qualquer modo, o argumen-to, este on aquele, nao aproveltapara legitimar a disposiCAo cons-titucional do Estado , que, pelalargueza e extensAo, conferemaior expressoo temporal aoserviCo privado que an serviCopublico , na composiCAo da apo-sentadoria publica . De qualquermodo, dispondo sobre tempo e so-bre natureza de serviCo , excep-cionando as normas estabeleci-das, desafiou o preceito do art.103, que institulu reserva de leicomplementar , justamente quan-to a esses dois itens.n

Esses argumentos t@m perfeitaaplicaCAo A proposta de inconstitu-cionalidade em debate , indireta-mente o dispositivo da ConstituiCAoEstadual violou o principio de re-serva legal atribuido ao Presidenteda Republica.

Pelos motivos expostos , acolho aarguiCAo de inconsti tucionalidadepara declarar inconstitucional oartigo 185 da ConstituiCAo do Esta-do de Mato Grosso do Sul, por vto-IaCAo ao artigo 103 da ConstltuiCAoFederal . Consequentemente, ficamafetados os demais dispositivoselaborados com fundamento no ci-tado artigo da ConstltuiCAo Esta-dual.

2. Direito liquido e certo.

2.1. A primeira consequ6ncia doJulgamento de inconstitucionall-dade 6 a de que 0 Impetrante n3otem o direito liquido e certo nacontagem de seu tempo de acordocorn o artigo 185 da ConstltuiCAoEstadual e Lei n? 6.226/75.

3. ViolaCAo do direito adquirido.

318 R.T.J. - 116

3.1 Com fundamento na doutri-na de Carlos Maximilian e Gabba- In uDirelto Intertemporal» 2®EdtCao, 1955, ( pag. 43 ) afirma oImpetrante que em 28 de outubrode 1982, data da expedtCao da LetEstadual n? 355 e de seu regula-mento, Decreto n? 1837, Ja tinhaadquirido o direito de averbar otempo de 22a Olm e 17d porquantoesse direito era assegurado: a) pe-lo artigo 185 da ConstitutCao Esta-dual ; b) Let Complementar n? 2, de18 de J aneiro de 1980 ( Let Esta-dual ), artigo 76, inciso XI, cuJa re-daCao foi dada pelo artigo 1? daLet Complementar Estadual n? 3,de 10 de novembro de 1980; c) LeiFederal n? 6.226/75.

Ora, com a declaraSao de incons-titucionalidade do artigo 185 daConstituiCao Estadual , os demaisdtspositivos que determinam aaplicaCao do citado artigo por viade consegfiencia padecem do mes-mo vicio, nao gerando diretto ad-quirido a norma que afronta pre-ceito constitucional.

E tambem indiscutivel que o ar-tigo 3? da Lei n? 6.226/75, com re-daCao que the foi dada pelo artigo1? da Lei n? 6.864 , nAo gerou direitoadquirido para o impetrante, potsassegurou beneficio mediante le-gtslaCao prOpria e , so fixar que adespesa seria feita pelos cofres es-taduats ou municipals, preservou aautonomia do Estado -membro,prtncipalmente no que se refere aocusteio da despesa pilblica.

Dessa forma , o dtreito adquiridodo impetrante tem assentamentonos precisos termos da Let Esta-dual n? 355, de 28 de outubro de1982.

4. A questao da ilegalidade doartigo 3", § 1?, da Let n? 355/82, edo artigo 3°, § 1?, do Decreto n?1.837/82.

4.1. Nesse ponto, arguments oimpetrante que a Let Estadual con-

trariou a Lei Federal n? 6.226/75 aque estava vinculada, e que a LeiEstadual nao pode prever restriCaonao contida na Let Federal es-pecifica.

Cumpre acentuar que sao despi-ciendos os argumentos doutrina-rios quanto a auto-execuCao do ar-tigo 185 da ConstituiCao Estadual.

O que importa examinar e a le-galidade do § 3? do artigo 1? da Lein? 355, com a segutnte redaCao:

«O tempo de serviCo prestado aempresa privada so podera sercomputado , na forma deste arti-go, Para efeito de aposentadoriaou reforma, em nilmero de anos,meses e dias que selam, no ma-xtmo , iguais ao tempo de serviCopiublico do servidor, civil ou mili-tar.»

No nosso sistema federativo acompetencia estadual e a regra, osEstados-membros tern todos os po-deres que normalmente exerce umgoverno finico no Estado unitario,com exceCao daqueles poderesque, expressa ou implicitamente,foram reservados ao Govern daUniAo, excluidos tambem os queforam reservados a competenctamunicipal e os que foram expres-samente vedados na ConstituiCao(Sahid Maluf - Direito Constitu-clonal - pag. 134).

A Lei n? 6. 226, no seu artigo 1?,exigiu para a contagem do tempode serviCo prestado em attvtdadesvtnculadas ao regime da Previden-cia Social que os funcionarios pii-blicos civis de Orgaos da Adminis-traCao Federal Direta e das Autar-quias tivessem completado 5 (cin-co) anos de efetivo exerciclo.

A Lei Estadual n? 355, ¢ 3", doartigo 1?, estabeleceu que o tempode serviCo prestado a empress pri-vada so podera ser computado, naforma deste artigo, pars efeito deaposentadorta ou reforma, em nO

R.T.J. - 116 319

mero de anos , meses e dias que se-jam, no mAximo iguais ao tempode servivo ptiblico do servidor, ci-vil ou militar.

Quando o legislador federal pro-clamou que os servidores civis dosEstados s6 estariam asseguradosmediante legislavao pr6pria, fe-loem respeito ao principlo da autono-mia legislativa do Estado-membro,que nAo pode conceder benefictoacima de sua capacidade financei-ra, dai a inquestionavel conclusaode que nao pode existir subordina-cao da let estadual a federal emmateria que cuida de aumento dadespesa publica.

E preciso considerar a diversi-dade das situav6es para estabele-cer a reciprocidade, pois a Unia0participa diretamente do ststemaprevidenciario, 6 a Instituidora emantenedora , podendo fixar o tem-po de contribuivao do segurado, en-quanto que o Estado -membro, pornao ser instituidor e mantenedordo sistema , nao tem capacidade deabsorvao do Onus da aposentado-ria, pelo tempo de servivo prestadoem atividade de natureza privada,sem o condicionamento fixado naLei Estadual n? 355 e seu respecti-vo regulamento.

Fundado nesse argumento, naopode o Estado-membro conferirmator expressao temporal ao ser-vivo privado que ao servivo publi-co, na composivao da aposentado-ria publica (RTJ 91/768).

Sem resquicio de duvida, a pre-tensAo de subordinavao da Lei Es-tadual a Lei Federal Pere a autono-mia legislativa do Estado-membro,impedtndo-o de determinar-se deconformidade com o seu peculiarinteresse.

E inaceitavel o argumento deque a Lei Estadual a restrittva. Pe-lo contrario, apltcou ela a recipro-cidade no seu exato sentido deequivalencla temporal , sendo faria

originar sobrecarga unilateral ecom resultados imediatos e impre-visiveis aos cofres publicos, (ariapagar uma aposentadoria em quea efetiva prestavao do servivo pit-blico foi minima em comparavaoan prestado a atividade privada.

Nessa linha de raciocinio naoexiste ilegalidade na let estadual eseu decreto.

Pelos motivos expostos, denego 0mandamus.

E como voto.» (fls. 66/78).A douta Procuradoria-Geral da

Republica assim ressume e apreclaa especie.

((2. Irresignado, manifestou orecorrente o apelo extremo aoabrigo das alineas a e c do permis-sivo constitucional, alegando, emsintese, que:

a) quando da promulgavao daConstitufvao Estadual, que, no seuartigo 185, assegurou aos funciona-rios civis da administravao esta-dual dtreta e das autarquias esta-duals os beneficios da Lei Federaln? 6.226/75, o impetrante, Juiz deDireito da 9? Vara Civet da Comar-ca de Campo Grande - MS, conta-va 22 anos, t mils e 17 dias de efe-tivo servivo prestado a entidadesprivadas;

b) a norma constitucional esta-dual, sendo de eficacia plena eaplicavao imediata, gerou efeitosindestrutiveis, integrando-se deftni-tivamente no seu patrim6nlo, porforva do disposto no art. 153, § 3?da Constituivao Federal;

c) tendo a let federal estendido apossibilidade da contagem recipro-ca aos servidores estaduais e mu-nicipals (Lei n? 6.226/75, art. W.com a redavao que the deu a Let n?6.864, de 1980), nao poderia o legts-lador estadual limitar a sua aplica-cAo, sem incorrer em flagranteofensa a seu texto;

320 R.T.J. - 116

d) o julgamento dando como vA-lida uma lei estadual , que adere auma let federal , contestando, alte-rando, subordinando ou restringin-do sua aplicabilidade a hip6tese,que desafia o recurso extraordinA-rio, na forma determinada peloart. 119, III, alinea c, da Constitui-Cao Federal;

e) o v. aresto recorrido, ao jul-gar inconstitucional o artigo 185 daConstituiCao Estadual , entendendoque concedta (( indiretamente a re-duCao do tempo de aposentadoriafixado pela ConstituiCao Federal,nao atentou ao fato de que a Lei n?355 de 28-10-82, e seu regulamento(Decreto n? 1.837/82) igualmenteconcederam Indiretamente redu-Cao do tempo de aposentadoria 11-xado pela ConstituiCao Federal;

f) a discussao do direfto adquiri-do violado abrangeu nAo s6 o arti-go 185 da ConstituiCao Estadual,como tambem o disposto no artigo76, inciso XI, da Lei ComplementarEstadual n? 2, de 1980 , com a reda-Cao dada pela Lei Complementarn? 3, de 1980;

3. 0 recurso foi admitido pelodespacho de fls . 110/113.

4. 0 apelo merece prosperar.

0 Supremo Tribunal tem afirma-do que a ad!Cao de tempo de servi-Co prestado a entidade particularimporta em reduCao do tempo deserviCo para aposentadoria , s6 per-mitida atraves de lei complemen-tar de iniclativa do Presidente daRepublica ( Rp, n? 983, Rel.: Mtn.Rafael Mayer, RTJ 98/761; Rp. n?1.096, Rel.: Min . Djaci Falcao;RTJ 111/47). A questao nao lotapreciada , porem , em face da con-tagern reciproca de tempo de ser-viCo, tendo o eminence Relator, naRp n? 983 , deixado assente que o((diploma federal estabelece a reci-procidade, tendo em vista, primor-dialmente , a condiCAo especifica eo tempo de contribulCao do segura-

do, enquanto tal, do sistema prevl-denciArio, do qual a Uniao partici-pa como instituidora e mantenedo-ra (RTJ 91/768)". Tambem na Rpn? 1.096, anotou o Ministro DjaciFalcao que:

((A rigor, nAo se cogita propria-mente de reduCao do tempo deserviCo para aposentadoria. Con-tudo, conforme JA ficou esclareci-do, nao se achava em vigor antempo da lei malsinada, a LeiFederal que veto a permitir a ex-tensao aos servidores estaduals emunicipals , a contagem recipro-ca de tempo de serviCo para apo-sentadoria . Nao havia paradigmana legislaCAo federal adequada,lei complementar on lei extraor-dinAria.))

5. Assim, nao parece haver du-vtda de que a contagem de tempode serviCo para aposentadoria as-sumiu novos contornos com o ad-vento da Lei da Contagem Recipro-ca do Tempo de Servivo (Lei n?6.226, de 14 -7-75), que imprimluuma nova concepCao ao institutode aposentadorla , enquanto be-neficto previdenciArio e assisten-cial , sem provocar , contudo, comoJA observara o Ministro Djaci Fal-cao, qualquer reduCao no tempo deaposentadoria . Em verdade, a pro-videncia legislativa em apreCoteve por escopo tao-somente a va-lorizaCao do tempo de serviCo efe-tivamente prestado , sem qualquerconslderaCao quanto A sua nature-za ou especificidade.

6. Na mensagem que encami-nhou o Projeto que veto resultar noreferido diploma legal , o Chefe doPoder Executivo ressaltou o seuobjetivo escopo nos seguintes ter-mos:

(A contagem reciproca do tem-po de serviCo p(iblico e privado,de que JA houve, em Governospassados , tentativas de institu-clonalizaCao , a providencia que

R.T.J. - 116

se impoe por motivos de ordemao mesmo tempo doutrinarto, ad-ministrativa e humana.

Doutrinariamente , a de consi-derar que os dois esquemas fede-rais de proteCao , o estatutario e oprevidenciario, constituern moda-lidades paralelas da previdenclasocial, regimes diferentes de urnPlano geral de seguridade social,e que por isso mesmo carece desentido a sua nao intercomunica-bilidade.

Em termos da administraCaogeral do Pais e do Mercado detrabalho , a inovagAo permitirAum movirnento de Mao-dupla en-tre a Area da iniciativa privada ea do serviCo pUblico , movimentotanto mais auspicioso quando asnovas teenicas de administraCaopUblica diferern cada vez menosdas que caracterizam a livre em-presa.

0 aspecto human tmediato damedida ressalta de serem holenumerosos os casos de seguradosda previdencia social com tempode serviCo pfiblico que, agregadoao da atividade privada, lhespermitirA entrar em gozo da an-siada aposentadoria por tempode serviCo. E 0 mesmo se poderAdizer, mutatis mutandis, de ou-tros tantos servidores pfiblicosoriundos da Area da inciativa pri-vada.

Qualquer que seta o aspectopor que se encare a questao,vale observar que a contagemreciproca do tempo de serviCo es-tatutarlo e previdenciArio acele-rarA a renovaCao dos quadros depessoal nas dual Areas, cornreals vantagens inclusive no quese refere A ampliaCao do hori-zonte de trabalho Para as novasgeraCbes.))

7. Em face dessas considera-Cdes, a facil de ver que a Lei deContagem Reciproca nao acarre-

321

tou verdadeiramente qualquer re-duCao do tempo de serviCo. Nessesentido , vale notar ainda que,apreciando a questAo no Tribunalde Contas, observou o Ministro Oc-tavio Gallotti, com acuidade:

uSobre a constitucionalidade dacomputaCao do tempo de ativi-dade privada Para a aposenta-doria no serviCo pfiblico antes daEmenda n? 1, de 1969, JA havia euanotado , em parecer proferido naqualidade de procurador junto aeste Tribunal: «Nao a isenta deduvida a constitucionalidade deleis, como a cltada , que equipa-ram a tempo de serviCo pUblico,periodo de trabalho cumpridoem atividade privada (Constitui-Cao de 1946, art. 192 ; ConstituiCaode 1967, art. 101, § in. Todavla, oSupremo Tribunal Federal, em-bora recusando a possibilidadede ser tal tempo mandado contarPara aquisiCao de estabilidade(RMS 15 . 258, in RTJ 40/188), ad-mitiu, em pelo menus duas opor-tunidades , a constitucionalidadeda contagem Para outros efeitos(RE 57.370, RTJ 33.839; Rp 612.RTJ 33.850)))

Sob atual regime, assim se ex-primtu, em voto acolhido peloPlenArio, o eminente MinistroGlauco Lessa, ao pareciar a leiordinAria que autorizou, Paracertas categorias de Magistrado,a contagern do tempo de advoca-cia.

«Quando a Lei n? 6.044/74 fa-culta aos Magistrados a conta-gem do tempo de advocacia Paraefeito de aposentadoria a evi-dente que nao estA fazendo exce-Cao As regras estabelecidas naConstituiCao, uma vez que nao setrata , como entendeu o Mlniste-rio Pfiblico, de reduCAo de tempode serviCo. A lei manda compu-tar um tempo de serviCo que foirealmente prestado.

322 A.T.J. - 116

Ja no caso das aposentadortasespectais ha uma reduCao dotempo minfmo, configurando ahfp6tese do art. 103 da Constitul-Cao.

Outro nAo 6 o entendimento doPret6rto Excelso, tanto assimque concedeu o beneficio objetodo presente processo («Revistado TCU». v. II, pag. 68).

Tambem no caso presente, nAoveto reducAo do tempo de serviCoreservada a lei complementar,mas valoraCAo de trabalho exer-cido em outra Area de atividade,pelo funcionario pflblico federalabrigado na Lei n? 6 .226/75, cujasdisposiCees nao considero incom-pativeis com o disposto no art.103 da ConstitulCao». (RDA129/177).

8. NAo obstante , a soluCao ado-tada no ambito Federal nao se es-tendeu, de imediato, aos servidoresestaduais e dos Municipfos, tendoem vista inclusive eventuais difi-culdades decorrentes da autonomiados entes federados e municipals.A Lei n? 6.864, de 1-12-80, veto es-tender o beneficio previsto na Lein? 6.226/75 aos servidores dos es-tados e Municipfos que, em contra-partida, assegurem medlante legts-laCAo pr6pria, a contagem do tem-po de serviCo prestado em ativi-dade regida pela Lei n? 3.807, de26-8-80 . Sem desrespeitar osprincipios preservadores da auto-nomia estadual e municipal paralegislar sobre a previdencta deseus servidores , o diploma legalem apreCo concedeu a possibtlt-dade de os Estados e Municipfosadotarem o modelo previsto na LetFederal, contemplando o tempo deatividade privada de seus servido-res e permitindo que o tempo deserviCo p0blico seta computado,para efeito de aposentadoria, ematividade vinculada ao regime daprevidencia social.

9 No tocante A hip6tese dos au-tos, vale observar que a Constitui-Cao do Estado de Mato Grosso doSul estabeleceu a possibilidade decontagem do tempo de atividadeprivada , para efeito de aposentado-ria, nos seguintes termos:

((Art. 185. Aos funclonarlospftblicos ctvis da AdminlstraCaoestadual e das autarquias esta-duals sao assegurados , naquiloque couber, em seus termos, osbenefictos da Lei n? 6 . 226, de 14de Julho de 1975.))Como se depreende , a formula

adotada pelo constituinte estadualnao afastou a necessfdade de regu-lamentaCAo infraconstftucfonal doinstituto , inferlndo -se de seus pr6-prtos termos a imprescindibilldadede auxilto supletivo de let que dis-ciplinasse a sua aplicaCao na esfe-ra estadual (Cfr. a prop6sito, JoseAfonso da Silva, Aplicabilidade dasNormas Constituctonais , 1982, pAg.107/126).

10. Todavta , a Lei Complemen-tar estadual n? 2, de 1980, com aredaCAo que the den a Lei Comple-mentar n? 3, de 10-11-80, fixou a se-guinte regra sobre a contagemreciproca , na esfera estadual:

"Art. 76. Para efeito de apo-sentadoria ou disponibllidade se-ra computado;

XI - nos termos do artigo 185,da ConstitulCAo Federal, o tempode serviCo pelo funcionario a em-presa privada.

1?) A contagem do tempo deserviCo prestado pelo funcionarioa atividade prtvada, para efeitodeaposentadorta , na forma pre-vista no artigo 185 da Constitui-CAo do estado, sera adotadaquando a lei federal permitir oreconhecimento, pela entidade deprevidencia social mantida pelaUniAo de contagem de tempo deserviCo prestado aos Estados.»

R.T.J. - 116

11. Embora a Lei Complemen-tar n? 3, de 10-11-80 , seta anterior aLei Federal n? 6.864 de 1980, nao sepode negar que , nesse particular, olegislador estadual ateve-se estri-tamente ao modelo entao vigenteda Lei n? 6.226, de 1975. E, maisque isso , a legislaCao em apreeosubordinou a adoCao da contagemdo tempo de atividade privada, naesfera estadual , a autorizaSao,atraves de lei federal, do reconhe-ctmento, pela entidade de previ-dencia social mantida pela Uniao,do tempo de serviCo prestado aosEstados . Afigura-se evidente, as-sim, a plena compattbilidade da leiestadual corn o sistema estabeleci-do na legislaCao federal.

12. Poder-se-la afirmar que,tendo sido a Let Complementar n?3/80 promulgada antes do adventoda Lei n? 6.864 , de 1980 , nAo have-ria de se invocar em arrimo de suavalidade a existencia do diplomafederal . Ora, como restou demons-trado, a let estadual condicionou aaplicaCao do beneficio a disctplinada materla na lei federal , inexls-tindo qualquer ofensa as normasbasicas ftxadas na ConstituiCao(art. 13, V, e 103, etc.)

13. Nessas condiC6es, afirmadaa constitucionalidade do preceitoconstante da lei complementar es-tadual , nao ha negar que, verifica-da a situaCao nela prevista , confi-gurado esta o direito do servidorestadual a contagern do tempo deatividade privada, nos seus exatostermos . Nesse sentido pronunciou-se o Excelso Preturio no RE n?85.517, Rel.: Min . Cunha Petxoto,DJ 1-7-77, afirmando que, ((estabe-lecido na lei que determinado ser-viCo considera-se como tempo deserviCo publico para efeitos neleprevistos, do fato inteiramente rea-lizado nasce o direito que se incor-pora imediatamente ao patrimOniodo servidor.))

323

14. Sustenta o recorrente que,tendo a Lei Federal estendido apossibilidade de contagem recipro-ca aos servidores estaduals e mu-nicipals ( Lei n? 6 . 226, art . 3°, coma redaCdo que the deu a Lei n? 6.864,de 1980 ), nao poderia o legisladorestadual limitar a sua aplicaCaosem incorrer em flagrante ofensaa seu texto. Em verdade , o Estadodispoe de competencia para legis-lar supletivamente sobre previden-cia social ( ConstituiCAo Federal,art. 8?, paragrafo unico ), desdeque respeitada a legislaCao fede-ral. E, no tocante a contagemreciproca , 0 Estado poderia nAoadotar o sistema contemplado noartigo 34 da Let n? 6.226, de 1975,com a redaCdo que the deu a Lei n?6.864, de 1980 . Mas, an faze-lo, nAopoderia restrtngir a sua aplicaCaono ambito do serviCo publico esta-dual sem ferir o equllibrio inerenteao modelo , tsto e, a pr6priareciprocldade.

15. Vale notar que tal entendi-mento JA estava assente na Exposi-Cao de Motivos n? 17 , de 25-6-80,que encamtnhou o Anteprojeto deLei, in verbis:

((Ap6s profundos estudos reali-zados neste Ministerio , creio tersido contornado este obstaculocom o estabelecimento de que osestados e Municipios poderio dis-por, medtante legislaCao pr6pria,sobre a contagem de tempo deserviCo prestado em atividadeabrangida pela Lei n? 3.807, de26-8-60, e alteraC6es postertores,para efetto de aposentadorta porinvalidez , por tempo de serviCo ecompuls6ria pelos cofres esta-duals e municipals , ficando, as-sim estendida a eles a contagernreciproca de que trata a referidaLei n? 6.226/75.))

Em relaCao an custeio , parte opresente anteprojeto da premissade que o fluxo de segurados entre

324 R.T.J. - 116

a previdencia social urbana e osregimes estaduais ou municipalssera equivalente . Desta forma, 0aumento de despesas relativo soingresso de novos segurados naprevidencia social urbana seraidentico a diminutgAo do Onus emfunCao da saida desses seguradospara os regimes estaduais e mu-nicipats, nao sobrecarregando,assim, o custeio.n

16. Em face do exposto, opina oMinisterio Pilblico Federal peloprovimento do recurso extraordi-nario.

Brasilia, 30 de setembro de 1985- Gilmar Ferreira Mendes , Procu-rador da Republica" (fls. 148/158).

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra(Relator): 0 art. 185 da ConstituiCAoEstadual, em que se funda a preten-sao do recorrente, foi declarado in-constitucional, porque legislou con-cedendo indlretamente a reduCao dotempo de aposentadorta fixado pelaConstltulCao Federal e pela pr6priaConstltulCao Estadual reduCao essaque somente pode ser feita atravesde Lei Complementar de inicfativado Presidente da Republica e a am-bito estadual por let ordinaria de inl-clativa do Governador.

Tal conclusao encontra apoio nojulgado nas RepresentaCOes n?s 983-SP e 990-MT, RTJ 91/761 e 99/24, re-latadas pelos eminentes MinistrosRafael Mayer e Djacl FaIcAo.

For outro lado, o art. 185 da Cons-titutpao Estadual aumentava despe-sas sem iniciativa do Poder Executf-vo.Sustenta o recorrente, com apoio

no parecer da douta Procuradoria-Geral da Republica, que nAo se tratade reduzir o prazo de aposentadorta,mas de contagem Reciproca de

Tempo de Servigo, autorizada por letfederal , o que nao e a mesma coisa,como decidiu o Tribunal de Contas.

Entretanto , a Let Federal n?6.226/75, por forCa da Let n? 6.824, de1.12.80, estendeu o beneficio da con-tagem reciproca aos servidores dosEstados e dos Municipios , mas con-dlcionou a extensAo a legislaCoo pr6-pria estadual , pois nem mesmo aUnlao pode impor aos Estados Onusfinanceiros , por forCa da autonomiaestadual reconhecida pela Constitui-Cao Federal.

Assim , licito era , a meu ver, res-tringir o legislador estadual o al-cance da contagem reciproca detempo de serviCo , em materia de suacompetencia financeira , o que fezpelo art . 3?, $ 1?, da Lei n? 355/82 epelo art . 3?, § 1?, do Decreto n?1.837/82 como bem saltenta o ac6r-dao recorrido:

4.1. Nesse ponto, argumenta 0impetrante que a Let Estadual con-trariou a Lei Federal n? 6.226/75 aque estava vinculada , e que a LeiEstadual nAo pode prever restriCaonao contida na Let Federal especifi-ca.Cumpre acentuar que sao despi-

ciendos os argumentos doutrinariosquanto a auto-execuCao do artigo 185da ConstltulCao Estadual.

0 que imports examinar e a legali-dade do ¢ 3", do artigo 1? da Let n?355,. com a seguinte redaCao:

«O tempo de servigo prestado aempresa privada so podera sercomputado , na forma deste artigo,para efeito de aposentadoria ou re-forma, em numero de anon, mesese dias que sejam , no maximo,iguais so tempo de servigo publtcodo servidor , civil ou militar..»

No nosso sistema federativo acompetencia estadual e a regra, osEstados-membros tem todos os pode-res que normalmente exerce um go-verno (inico no Estado unitario, com

R.T.J. - 116

exceCao daqueles poderes que, ex-pressa on implicitamente , foram re-servados ao Govern da Untao, ex-cluidos tambem os que foram reser-vados A competencia municipal e osque foram expressamente vedadosna ConstituicAo ( Sahid Maluf - Di-relto Constituclonal - pag. 134).

A Let n? 6.226 , no seu artigo 1?,exigiu para a contagem do tempo deservico prestado em atividades vin-culadas ao regime da PrevidenciaSocial que os funcionarios publicoscivis de 6rgaos da Administrae&oFederal Direta e das Autarquias ti-vessem completado 5 (cinco) anosde efetivo exercicto.

A Lei Estadual n? 355, § 3", do arti-go 1?, estabeleceu que o tempo deservico prestado a empress privadas6 podera ser computado , na formadeste artigo , para efeito de aposenta-doria ou reforma , em numero deanos , meses e Was que sejam, nomaximo iguats ao tempo de serviCopublico do servidor , civil on militar.

Quando o legislador federal procla-mou que os servidores civis dos Es-tados s6 estariam assegurados me-diante legisladoo pr6pria , f6-lo emrespelto ao principio da autonomialegislativa do Estado -membro quenao pode conceder beneficio aclmade sua capacidade financeira, dai ainquestionavel conclusAo de que naopode existir subordinacAo da let es-tadual a federal em materia que cut-da de aumento da despesa publics.

E preciso considerar a diversidadedas situasdes para estabelecer a re-ciprocidade , pots a UniAo participadiretamente do sistema previdencia-rio, e a instituidora e mantenedora,podendo fixar o tempo de contribui-C o do segurado , enquanto que oEstado-membro , por nao ser institui-dor e mantenedor do sistema, nAotem capacidade de absortao do Gnusda aposentadoria , pelo tempo de ser-vico prestado em atividade de natu-

325

reza privada , sem o condicionamen-to fixado na Lei Estadual n? 355 eseu respectivo regulamento.

Fundado nesse argumento, nAopode o Estado-membro conferirmator expressao temporal so servicoprivado que an servico publico, nacomposivao da aposentadoria publi-ca (RTJ 91/768).

Sem resquiclo de duvida , a preten-sAo de subordinacao da Let Estaduala Lei Federal fere a autonomia le-gislativa do Estado-membro, impe-dindo-o de determinar-se de confor-midade com o seu peculiar interesse.

E inacettavel o argumento de quea Let Estadual a restritiva. Pelo con-trArio, aplicou eta a reciprocidade noseu exato sentido de equivalenciatemporal , senao faria originar sobre-carga unilateral e com resultadosImediatos e imprevisiveis aos cofrespublicos, faria pagar uma aposenta-doria em que a efetiva prestapao doserviCo publico foi minima em com-paracAo so prestado A atividade pri-vada.

Nessa linha de raciocinio nAoexiste ilegalidade na lei estadual eseu decreto.

Pelos motivos expostos , denego 0mandamus.

E comp voto» (its. 77/78).O acerto do j ulgado resulta dos

prOprios fatos.

O recorrente tinha, somente, 9(nove) anos , 7 (sete) meses e 18 (de-zoito) dias de servico publico e igualprazo the tot contado de servico pri-vado, por forca da lei local.

O que pretende a computar 22(vinte e dots) anos, 1 (um) mes e 17(dezessete ) dias, que, acrescidos aos9 (nove) anos, 7 (sete) meses e 18(dezoito) dias de servico publico, theassegurariam tranquilamente a apo-sentadoria, constltuctonalmente fa-cultada somente aos 30 (trinta) anosde servtso.

326 R.T.J. - 116

Nao se poderA, pots, dtstingulr pa- EXTRATO DA ATAra Infringir o art . 103 da ConstituiCAoFederal.

Acresce a isso que esta Corte tementendimento que nAo pode o legisla-dor estadual, por emenda a Consti-tu1CAo do Estado , legislar valida-mente sobre mattria em que a Cons-tituiCao Federal exige a intciativa doPoder Executivo.

For esses motivos, data venla doparecer da douta Procuradoria-Geral acolho os bern laneados funda-mentos do AcOrdAo relatado peloilustre Desembargador Gerval Ber-nardino de Souza.

Nesses termos , nAo conheCo do re-curso.

E o meu voto.

RE 104.425-0 - MS Rel.: Min.Cordeiro Guerra. Reqte.: Jost CarlosCorreia de Castro Alvim (Advs.:Paulo Tadeu Jaendchen e outros).Recdo.: Tribunal de JustiCa do Esta-do de Mato Grosso do Sul.

DecisAo. NAo conhecido. Unanime.

Presidtncia do Senhor MinistroDiacl FalcAo. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezeke Carlos Madeira. SubprocuradorGeral da Republica, o Dr. MauroLette Soares.

Brasilia, 22 de outubro de 1985 -Hello Francisco Marques, SecretA-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 104 .633 - SP(Primelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Octavio Galiotti.Recorrentes: Antonio Fausto Gonzaga Gaspar e outro - Recorrido:

DERSA - Desenvolvimento RodoviArio S/A.

DesaproprlaCAo . Juros da mora Julgados indevidos , porquanto in-cluidos em simples atuallzaCAo de cAlculo anterior , Ja homologado,que nAo os contemplava . PreclusAo.

Divergtncia nAo configurada com a Sumula n" 254 e prevaltnclado 6bice previsto nos hens V, c e VI do Regimento Interno.

Recurso ExtraordlnArlo sem cabimento.ACORDAO

Vistos , relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Primei-ra Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, nAoconhecer do recurso.

Brasilia, 29 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OctavioGaliotti, Relator.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Octavio Galiotti: Aquestao estA meticulosamente expos-

to no despacho do ilustre Desembar-gador Sylvlo do Amaral , QuartoVice-Presidente do Tribunal de Jus-tira de Sao Paulo , ao admitir o Re-curso Extraordinario:

«l. Trata-se de recurso extra-ordinario contra ac6rdao que,mantendo declsAo homologat6riade conta de liquidaCAo em aCAo ex-propriat6ria , inadmitiu inclusAo nocAlculo de juros morat6rios. Interposto pelas tetras a e d do artig119, III da ConstitulCao , nele sustentam os expropriados negattyde vigencia dos artigos 1.064, dC6digo Civil , e 293, do de Process

R.T.J. - 116

Civil. Arguem, ainda, afronta a Su-mula 254. Dizem que os juros demora seriam sempre devidos, ain-da quando omissos o pedido inicialou a condenaCao.

2. Pela letra a o recurso naopode ser admitido. Nele nao argGl-da afronta a ConstituiCAo, incidernos vetos do artigo 325, V, c e VI, doRegimento Interno. Trata-se dearAo contenciosa de rito especial,nao excepcionada na norma regi-mental. 0 veto relativo a execuCaode sentenCa, por outro lado, segun-do o Supremo Tribunal Federalaplica-se tamb6m A sua liquidaCao(RTJ 86/248, 88/520, 90/212, 90/494,95/668, 95/672), inclusive em desa-propriaCbes (RTJ 87/316, 89/602,94/449, 95/670, RT 515/252, 536/219).

3. Pela letra d, todavia, merecea mat6ria mais acurado exame. Osjuros moratdrios , segundo a Sumu-la 254, devem ser incluidos na It-quidaCao «embora omisso o pedidoinicial ou a condenaCam".

4. Deve a orientaCao sumularser entendida em termos . Ou seja,quando se tratar de simplesatualizaCao de calculo jahomologado - e no cAlculo ante-rior nao tiver havido a inclusao dosmorat6rios -, tal inclusao naomais poderA ser procedida. Fixadona primeira conta, 0 crit6rlojuridico de cAlculo, sera ele imutA-vel e a materia estara preclusa.

5. Confiram-se, nesse sentido,arestos do Supremo Tribunal Fede-ral nos RREE 102.053.9-SP - (rel.Min. Djaci FalcAo, 2? T., v.u., J. 4-5-84, DJU 1-6-84, pag. 8735) e101.672-8-SP (rel. Min. FranciscoRezek, 2? T., v., J. 12-6-84, DJU 29-6-84 pag. 10.757), bern como no AI75.246-3-AgRg-SP (j. 25-9-79, rel.Min. Leitao de Abreu) onde, sobesse fundamento, os morat6riosnao foram admitidos.

6. Se se tratar do primeiro cal-culo, contudo, a inclusAo de que secogita sera possivel com base naSumula 254. Nesse sentido os

327

RREE 99.616-7 rel. Min. MoreiraAlves, 2? T., j. 29-4-83, DJU 17-6-83, pag. 8.965), 99.876-4-MG (rel.Min. Decio Miranda, j. 26-4-83, 2?T., v.u., DJU 20-5-83, pAg. 7.060) e102.208-6-SP (rel. Min. Oscar Cor-rea, 1? T., v.u., j. 15-5-84, DJU 8-6-84, pag. 9.264).

7. Na esp@cie, como se verificade fls. 346, calculo anterior de 11-quida4;ao ja havia (cf. homologa-Cio fls. 353 v. e levantamento fls.365 e v.) onde nao se havia proce-dido a inclusao dos morat6rios. 0calculo subsegUente era de meraatualizaCao do primitivo (fls. 366).Dos juros nao incluidos, portanto,em principlo nao haveria mais co-gitar. E o recurso, em conseg0en-cia, nao haveria que ser admitido.

8. Ocorre, no entanto, o se-guinte. Verifica-se, do aresto defls. 489/494, que muito embora a li-quidaCAo primitiva se tivesse pro-cedido sem os morat6rios, forameles afinal concedidos pela Supre-ma Corte. Consta do ac6rdao - e aesse trecho os recorrentes fazemexpressa remissAo no recurso, fls.486, satisfatoriamente demonstran-do o dissidlo - que,

«Ao ensejo da ltquidagAo nAoforam contados juros de mora ea correCAo monetaria se fez deacordo com os indices dasORTNs, e tal crtt®rio ficoumantidon (fls. 492).9. Se tal criterio ficou mantido,

em principio nao mats poderia vira ser modificado depois. Se, en-tretanto, admitiu o Supremo Tribu-nal Federal sua modificaCAo, combase na Sumula 254 (fls. 489), a ri-gor a divergencia se acha paten-teada, ainda que atrav6s de umunico precedente. E, em tais condi-C6es, ha o recurso que ser admiti-do.

Patenteada a divergencia com asumula os vetos regimentals naotem aplicaCAo como se verifica doaresto de fls. 498 . Correta, pots aargumentaCao dos recorrentes de

328 R.T.J. - 116

fls. 478 In fine 479. 0 recurso as-sim, h6 que ser deferido, ao menospela letra d.

10. Pela letra d, pots, defiro 0processamento do recurso extraor-dlnario. Tenho-o por indeferidoquanto a letra a, manifestando-seos recorrentes para os fins do arti-go 329, I, do Regimento Interno(fls. 509/512).))Nas raz6es de fls. 519/25, o Recor-

rente insiste na divergencta com aSumula n? 254 e com o ac6rdao noRecurso Extraordinarlo n? 100.804, aque se refere o despacho de admis-sAo.As contra-raz6es ( fls. 528/9) sus-

tentam que a pretensao do Recor-rente esbarra frontalmente noprinciple da coisa julgada, ressen-tindo-se ainda , da falta de preques-tionamento.

E o relatOrlo.

VOTO

O Sr. Mlnlstro Octavio Gallotti(Relator): Decidiu o ac6rdAo recorri-do, de que fof Relator o eminenteDesembargador Aquino Machado:

(Acordam, em D6cfma CamaraCivil do Tribunal de JustiCa do Es-tado de Sao Paulo, por votaCaounanime, considerado como parteintegrante deste o relat6rlo de fl.467 v., indeferir o pedido de suscl-taCAo do incidente de uniformiza-CAo de jurisprudencta , uma vezque se cuida de mera atualfzacaode conta, negando provimento sorecurso , ja que esta Camara, demaneira unfforme e reiterada vementendendo e decidindo em casosanAlogos ao presente que, se a sen-tenCa nao concedeu juros morat6-rios, corn isso concordando a parteInteressada , deixando de recorrerem relaCAo a essa parte , e se o V.Ac6rdAo que se the seguiu foi si-lente a respetto , tncabivel era a in-clusAo na conta, maxlme por se

cuidar de mera atualizaCAo do d6-bito (cfr. Revista dos Tribunals,vol. 566, pag. 75)» (fls. 47).

Podera haver dissidio, alias vir-tual ou implicito, corn o ac6rdaoapontado pelo ilustre Vice-Presi-dente do Tribunal a quo (RE 100.804,fls. 489/4), mas nao diverg@ncia,muito menos manifesta, entre o Julgado recorrido e a Sumula n? 254.

Esta ultima (a Sumula 254) releva omissAo dos juros morat6rios nsentenCa condenat6ria, nAo naqueloutra transitada em julgado, quhomologou o calculo, aqul sujeitosimples atualizaCao.

Afina-se, ademais, a decisao recorrida, ab entendimento piedomlnante deste Tribunal.

«Processo Civil. DesaproprlaCAoJuros de mora. Preclusao. Sumuln? 254.

Juros de mora pedidos ap6stransito em julgado da sentenChomologat6ria da conta de llquldaCao. Inocorr6ncia de diverg6ncicom a Sumula n? 254.

Recurso nao conhecldo» (RI101.672, Rel.: Min . Franc)Rezek , RTJ 110/1254).

a DesapropriacAo. LiquldaCAJuros morat6rios . Ocorr6ncia dpreclusao, porquanto s6 foram pdidos ap6s o transito em julgada sentenCa homologat6ria do ca -culo . Inexlst6ncla de diverg6ncicom a Sumula 254. Recurso E -traordinarlo nao conhecldo» (R102.053, Rel. Min . Djacl FaIcARTJ 110/430).

Afastada a alegaCAo de diverg6 -cia com a Sumula, prevalece 0 6biprevisto no art . 325, hens V, c e Vdo Regimento Interno.

NAo conheCo do Recurso Extrao -dinario.

R.T.J. - 116

EXTRATO DA ATA

RE 104.633 - SP - Rel.: MinistroOctavio Gallotti. Rectes.: AntonioFausto Gonzaga Gaspar e outro(Advs.: LUcto Salomone e outros).Recdo. DERSA - DesenvolvimentoRodoviario S.A. (Advs.: Eloisa Pa-checo Lima de Araujo Costa e ou-tros).

DecisAo : Nao se conheceu do re-curso. Unanime.

329

Presldencla do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes a Sessao osSenhores Ministros N6rl da Silveira,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente justificadamente o MinistroOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 29 de outubro de 1985. -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 104 . 969 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Recorrente: Ministerio Publico Estadual - Recorrido: Gent Alves Pires.

Prescrlsao Penal.

Reconhecimento da prescrizao da pretensAo punitiva , em vista dapena concretizada , dado o curso de tempo hi bil entre o delito de tran-sito e a sentenpa condenat6ria.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, jul-gar prejudicado o recurso.

Brasilia, 20 de agosto de 1985 -Djaci Falcao, Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Por delito de transito, Geni Pires foicondenado em primeira instancia atres meses de detencao, obtendo, to-davia, o perdao judicial. Apelou,pleiteando a absolvicao ou o reco-nhecimento da prescricao.

O Tribunal de Alcada de Sao Paulodecretou prescrita a acao penal nostermos do art. 109-V do c6digo re-pressivo, estimando que a sentencaconcessiva do perdao nao produz

qualquer efeito condenat6rio, e naointerrompe, dessarte, o curso pres-cricional.

O Ministerio Publico recorre ex-traordinariamente, alegando ofensaao art. 117-IV do C6digo Penal edissidio pretoriano quanto a nature-za do perdao judicial.

A arguicao de relevancia foi aco-lhida.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): A jurisprudencia destaCasa abona o entendimento de que operdao judicial pressupoe condena-cao, permanecendo integros os efei-tos secundarios desta. Nessa diretrizos RAC n? 57.798 e RE 92.907 - cita-dos pelo recorrente - alem dosRREE n?s 104.978 e 104,989, julgadosja na vigencia da Lei n? 7.210/84.Certa a natureza condenatbria da

330 R.T.J. - 116

sentenca que consagra o favor, naohA como recusar-]he efeito interrup-tivo da prescriCao.

Sucede que o fato tipico ocorreuem 9 de setembro de 1978 e a senten-ca data de 19 de abril de 1982. A de-nuncia, em face do tipo do processoem causa, nAo interrompe o curso doprazo prescricional. A nova redacAodo art. 110 § 2? do C6digo Penal Lor-na legitimo que se apure a ocorren-cia da prescriCao da pretensAo punt-tiva, segundo a pena concretizada, atomada por termo initial a data dofato (cf. RE n? 104.163, relator o Mi-nistro Sidney Sanches). Sobre essaspremissas, cumpre reconhecer pres-crita a aCao penal, eis que macs dedois anos mediaram entre o delito ea sentenca que fixou a pena detenti-va de trios meses.

Julgo prejudicado o extraordinA-rio.

EXTRATO DA ATA

RE 104.969-SP - Rel.: MinistroFrancisco Rezek. Recte.: Minist6rloPublico Estadual. Recdo.: Gent Al-ves Pires (Adv.: Helcio da Silva).

Decisao: Julgado prejudicado.Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci FalcAo. Presentes A SessAo osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Declo Miranda , Aldir Passarinho eFrancisco Rezek. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia , 20 de agosto de 1985 -HAlio Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 105.156 - SP

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrentes : Yoshio Nakano e outros - Recorridos : Auto Posto Barao

de Maua Lida . e Shell Brasil S/A (Petr6leo).

Locacio Comercial. Retomada que se negou , ao principal funda-mento do disposto no art. 8?, ue», paragrafo (inico do Decreto24.150/34. Inexistencia , nesse ponto , de diverggncia com a SOmula 485.Obice do art. 325, V, « b), do Regimento Interno . Recurso nAo conheci-do.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigrA-flcas, por unanimidade de votos, emnAo conhecer do recurso.

Brasilia, 25 de outubro de 1985 -Djacl Falcao, Presidente - CarlosMadeira , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Carlos Madeira: Odespacho que admitiu o recurso ex-traordinArio assim apresenta aquestao em debate:

«ACao renovat6ria de contrato dlocacao julgada procedente. comdesacolhimento da excecao de retomada . Fulcrados agora. nos permissivos das Tetras a e d da Constltuicao Federal , insistem os locado

R.T.J. - 116

res e retomantes, afirmando que oac6rdao de f1s. 279/281 afrontou oenunciado da Sumula n? 485, namedida em que exiglu prova robus-ta da sinceridade do pedido de des-pejo, desprezando presunCao que aabona. Anotou, por outro lado,transferencia onerosa do fundo deeomercio, com o impedimento doartigo 8", e, paragrafo unico do De-creto n? 24. 150, dispositivo que, nahip6tese, nao incide.

Recurso bern processado.

Versando sobre aCao especial eelencada no artigo 1 . 218 do C6dfgode Processo Civil, avultam os 6bi-ces do artigo 325, V, c e f doRISTF . A impugnaCao , com vistasA letra a (negativa de vigencia dalei federal ), nao ha como prospe-rar, mesmo porque nao posts acompetente arguiCao de relevan-cia.

Os recorrentes, em contestaCao,pediram o predto locado para usepr6prio, declinado que ali preten-deriam exercer o mesmo ramo deatividade desempenhado pela loca-taria. Desde que o im6vel tinhadestinaCAo especifica , com fundode comercio constituido pelos loca-dores e cedido a locatAria e sublo-catarla, com todos os seus perten-ces (cf. clausula 11 contrato de fl.27; clausula 6' contrato de fl. 19),nao incidia a restriCao do artigo 8?,letra e e paragrafo unico do Decre-to n? 24 . 150, nos exatos e precisostermos da Sumula n? 481.

O julgado sub censura , nada obs-tante, desconheceu a inexistenciado proibitivo; e, mais: ignorou apresunCao relativa de sinceridadeque a Sumula n? 485 consagra, aoexibir dos retomantes prova diretae concludente de que no local, real-mente, viriam a instalar-se. Veja-se o seguinte t6pico: «E que, comovein decidindo reiteradamente este

331

E. sodalicio, nao basta a presunCaode sinceridade a envolver o pedido.Faz-se necessario que venha am-parada por convincentes elementosde prova, ja que nio se train depresunCao absoluta (ApelaC6es n?s137.978 - 31 Camara; 86.297 - 4'Camara; 133.452 - 9a Camara;126.793 - 1a Camara; EmbargosInfringentes n? 137.096 - 2? Grupo;etc.). No caso vertente , no entanto,nao produziram os apelantes provasatisfat6ria da sinceridade do pedi-do, cingindo-se a dois depoimentostestemunhais pouco elucidadores.

Alem disso, e o que a mats im-portante, a retomada nao poderiaser mesmo deferida porquanto 0retomante havia transferido, atitulo oneroso , o fundo de comercioque anteriormente explorava no lo-cal, incidindo , destarte , na veda-Cao do art. 8?, letra e, paragrafounico , do Decreto n? 24.150/34.»(cf. fls. 279/280).

Violentada, destarte, a Sumulan? 485, visto como nao reconhecidapresunCao que ela assegura -diante da inexistencia de prova re-versiva - o extraordinario merecejuizo de acolhimento , mas apenaspela letra d.

Pouco importa, em face da desti-naCao (mica da propriedade, jaaparelhada para um posto de gaso-lina , que o fundo de com6rcio te-nha sido cedido onerosamente (cf.Sumula n? 481). Entender o contrA-rio seria o mesmo que perpetuar oarrendamento, sem possibilidadedo exerctcto da retomada e emgrave comprometimento ao pro-prio direito de propriedade. Evi-dente que a transferencia de quo-tas de uma sociedade limitada 6uma das formas pelas quaffs o fun-do de comercio pode ser cedido aolocatario, para que este 0 desem-penhe e valorize com o fruto de seutrabalho.

332 A.T.J. - 116

Defiro o apelo , pela letra d (dis-sonancia com a S1imula n? 485).Processe -o.>) (FIs . 295-97)Nas razoes , firmam -se os recor-

rentes nos fundamentos do despachoque admitiu o recurso , transcreven-do-o em largos trains.

Os recorridos insistern na aplica-Clo dos 6bices constantes do art. 325,V, c e f do Regimento Interno deltaSuprema Corte , acenando tambEmpara a aplicaCao da SUmula n? 279,que se estaria a infringir.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator ): Nao tem razAo os recor-rentes, quando acenam para a diver-gencia com a Sumula n? 485, Comounico fundamento a afastar o 6bicedo art . 325, V, f, do Regimento Inter-no, uma vez que se trata de aCao re-novat6ria delocaCao.

O ac6rdao recorrido poderia serconsiderado divergente da Sumulan? 485 , quando diz:

aE que, Como vem decidindoreinteradamente este E . sodalicto,nao basta a presunCao de sinceri-dade a envolver o pedido . Faz-senecessarfo que venha amparadapor convincentes elementos de pro-va,iA que nao se trata de presun=CAo absoluta ( Apelac6es n?s 137.978- 3? Camara ; 86.297 - 4? Camara;133.452 - 9? Camara ; 126.793 - 1?Camara ; Embargos Infringentes n?137.096 - 2? Grupo ; etc.). No casovertente , no entanto , nao produzi-ram os apelantes prova satisfat6-ria da sinceridade do pedido,cingindo-se a doss depotmentos tes-temunhais pouco elucidadores».(Fis. 279 fine 280).

Outro fundamento , entretanto, foiaduzido, e o pr6prio ac6rdAo o consi-dera preponderante , ao dizer:

((A16m disso, e o que 6 mais im-portante, a retomada nao poderiaser mesmo deferlda porquanto, oretomante havia transferido, atitulo oneroso , o fundo de comercioque anteriormente explorava, nolocal incidindo , destarte , na veda-Cao do art. 8?, letra e, paragrafounico, do Decreto n? 24.150/34)).(Fls. 280).

Este segundo fundamento, «maisimportante», afasta -se de todo damat6ria sumulada ; por 6le negou-sea retomada, porque, a vista da pro-va, considerou-se transferido, pelosretomantes , a titulo oneroso , o fundode comerclo, e nao se podia pedir aretomada para o exercicio do mes-mo ramo de com6rcio do inquilino,Como prescreve o art . 8?, e, par6lgra-fo linico, citado pelo ac6rdAo.

Aplicando 0 6bice regimental, naoconheCo do recurso.

E o voto.

EXTRATO DA ATA

RE 105.156-SP - Rel.: MinistroCarlos Madeira . Recte.: Yoshio Na-kano e outros (Adv.: Ruth LouzadaZampol ). Recdos.: Auto Posto Baraode MauA Ltda . (Advs.: WladimiCassani e Sergio Gonzaga Dutra),Shell Brasil S.A. (Petr6leo) (Advs.:Aristio Serra e outros).

Decisao : Nao conhecido. UnAnime.Falou pelo Recte.: o Dr. Luiz Lopese pelos Recdos .: o Dr. Sergio Gonza-ga Dutra.

Presidencia do Senhor MinistrD]aci Falcao. Presentes A Sessao 0Senhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco RezekCarlos Madeira . SubprocuradorGeral da Republica, o Dr. MaurLeite Soares.

Brasilia , 25 de outubro de 1985H61lo Francisco Marques , SecretArto.

R.T.J. - 116 333

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 105 .178 - RJ(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Recorrente : Carlos Eduardo Fernandes Bomilcar - Recorrido : Ministe-rio Publico Estadual.

Intima(Io . Minlsterio Publico.A intimacao do Ministerlo Publico se perfaz no momento em que,

comprovadamente , o promotor recebe do escrivilo , para ciencia, a de-cisao de seu interesse - e nAo na data em que se dispee a compulsaro processo , lanCando o clente sobre a sentenCa.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e the dar provi-mento, nos termos do voto do Minis-tro Relator.

Brasilia, 9 de agosto de 1985 -Djact Falcao , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Tomo por relat6rio o despacho doPresidente do Tribunal de JustiCa doRio de Janeiro , que assegurou trAn-sito so recurso extremo:

«Cufda-se de recurso extraordi-nArio (fls . 105/109) interposto, comfincas na alinea a do permissivoconstituctonal , de ac6rdao (fls.99/101) da Egregia Terceira Cama-ra Criminal.

Sustenta o recorrente que o ac6r-dao hostilizado negou vigencia soartigo 798, § 5?, letra c, do C6digode Processo Penal.

A recorrida ofertou impugnaCao(fls. 111/112).

A Douta Procuradoria (fls.114/116 ) se manifestou no sentidoda inadmissao do apelo extremo.

Cifra-se que o representante doMinisterio Publico lanCou so finalda sentenCa de primeiro grau osseguintes dizeres: «Recebido em 7.abril. Ciente em 11.abril (fls. 76),ofertando recurso de apela@ao en-tregue em Cart6rio a 13-4-83 (fls.80).

0 ac6rdao recorrido, ao julgar oapelo ordinario, acolheu-o paraexasperar a pena do ora recor-rente, decidindo: «A data do ucien-te» lanCado pelo Promotor na sen-tenCa assinala o inicio do prazo re-cursal.

Ve-se, facilmente , que o acOrdao,em tese, afrontou dispositivo de leifederal (artigo 798, § 5?, letra C, doC6digo de Processo Penal), potsconheceu de apelaCaointerposta nosexto dia seguinte aquele em que oapelante diz ter recebido os autos.

Por esta razao, admito o recur-so.)) (fls. 118).

E o relat6rio.

VOTO

0 Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator ): Segundo o art. 798-§5?, ealineas, do C6digo de Processo Pe-nal, correm os prazos alternativa-mente da intimaCao , da audiencia ouda sessAo em que proferldo decis6rioa que esteve presente a parte, ou dodia em que esta manifestar nos au-tos inequivoca ciencia da sentenCaou do despacho.

334 R.T.J. - 116

A Let Complementar n? 40/81 (LeiOrganica do Ministerio Publico dosEstados), no art. 20-V, assegura somembro do parquet a prerrogativade ureceber intimaCao pessoal emqualquer processo e grau de J urisdi-Caon. 0 termo inicial do prazo parao Ministerio Publico recorrer, na es-pecie, portanto, ha de ser o dia emque recebeu a intimaCao pessoal.

De outro lado , a obvio que a inti-maCao leva an conhecimento de al-guem certo ato processual. Diz Ma-galhaes Noronha que o termo desig-na uciencla dada a alguem da prati-ca de um ato, despacho ou sentenca,(Curso de Direlto Processual Penal)Sao Paulo, Saraiva ,1974, pag. 181).E Jose Frederico Marques, assina-lando que no C6digo adjetivo a inti-maCao cumpre naos6 o papel quethe e pr6prio Como tambem o da noti-ficaCao, abona o seguinte magisteriode Camara Leal: uNotificaoao e oato pelo qual se leva an conhecimen-to de alguem o despacho ou decisaodo Julz , pelo qual este ordena que fa-ca ou deixe de fazer alguma coisa.IntimaCao e o ato pelo qual se diciencia a alguem dos atos e termosdo processo.» (Frederico Marques,Elementos de Direlto ProcessualPenal , Rio, Forense, 1965, vol. II,pag. 220).

Parece claro, pots, que a intima-Cao do Ministerio Publico se realizano momento em que , inequivoca-mente, o membro do parquet recebedo escrivao, pars ciencia, a decisaode seu interesse - e nao no instanteem que se dispoe a leitura do texto.

0 promotor a intimado , dessarte,na data em que reconhece ter rece-bidoos autos, e nao na data em queresolve compulsar o processo lan-Cando o clente sobre a sentenCa. AaposiCao do ciente , alias nao consti-tui formalidade essencial do ato inti-matbrio em apreco, vez que o repre-sentante do Ministerio Publico afir-mou que antes Ja se cumprira a im-posiGao da lei de the ser apresentadaa decisao.

A propbsito, cumpre lembrar questa Casa entende despicienda a apsiCao do ciente se outro elemento dprocesso torna induvidosa a realizaCao do ato intimat6rlo . Assim, nRECr. 89.219 (RTJ 89/310), destacoto Ministro Xavier de Albuquerquque «... Nenhum preceito legsexige, nas intimaC6es, a nota d'eiente'. Pode faze-las o escrivaocertificando-as nos autos , como dispee o paragrafo Unico do art. 370 dC6digo de Processo Penal.))

Essa inteligencia, sobre encontraramparo na lei, a ditada pelo matselementar bom senso, a que repugnaa possibilidade de que Pique aqarbitrio do Ministerio Publico a determinaCao do momento de dar-spor intimado.

Obvlar abusos desse genero topreocupaCao manifesta do legisladoan versar o tema. Baslleu Garcia,propbsito, comentando o artigo 301do C6digo de Processo Penalreporta-se a Eduardo Espinola FiIho, que louva o preceito a...pela circunstancia de que porn `termo aabuso de alguns representantes d (Ministerio Publico, que protelavarnclente , para apresentarem recursoas vezes, meses depots do seu conhecimento, de fato, da sentenCa'.» (Basileu Garcia, Comentartos ao C6digde Processo Penal ; Rio, Forense1945, vol. III, p. 556).

Na especie, tenho Como certo qua intimaCao consumou em 7 de abride 1983 - data em que o promoto iafirmou nos autos ter recebido o processo do escrivao. 0 apelo apresentado no dia 13 seguinte e, pots, extemporaneo.

Conhepo do recurso e the dou provimento, para anular o ac6rdao Impugnado, restabelecendo a autorldade da sentenCa de primeiro grau.

EXTRATO DA ATA

RE 105 .178-RJ - Rel.: MinistrFrancisco Rezek . Recte .: Carlo

R.T.J. - 116

Eduardo Fernandes Bomilcar (Adv.:Rovane Tavares Guimaraes). Rec-do.: Minist6rio Publico Estadual.

Decisao: Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.UnAnime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci FalcAo . Presente A SessAo os

335

Senhores Ministros Decio Miranda,Aldir Passarinho, e Francisco Re-zek. Ausente, Justificadamente o Sr.Ministro Cordeiro Guerra. Subprocu-rador-Geral da Republica, Dr. Mau-ro Leite Soares.

Brasilia , 9 de agosto de 1985 -H61io Francisco Marques , SecretA-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 105. 538 - RS(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Recorrente: Dart da Costa Dias - Recorridos: Agenor Lima e outros.

ASAo de InvestlgagJo de Paternidade. Testamento . C6digo Civil,art. 1.750.

- A proced6ncia da aCAo de investigagAo de paternidade nAoimports no rompimento do testamento deixado pelo investigado, seeste nao ignorava que o investigante era seu ftlho: tese razoavel, Avista do art . 1.750 do C6digo Civil.

- Falta de prequestlonamento da mat6ria relativa aos arts. 515do C6digo de Processo Civil e 82 e 86 do C6digo Civil (Stimulas 282 e356);

- Dissidio de Jurisprud6ncia superado ( Stlmula 286).Recurso extraordinArio nao conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados a discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado Julgamento e das notas taqulgrA-ficas, por unanimidade de votos, naoconhecer do recurso.

Brasilia , 03 de setembro de 1985 -DJacl Falcao , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

aI - Recorre extraordinariamen-te Dart da Costa Dias , inconfor-mado corn aresto deste Tribunalde JustiCa que, em Embargos In-fringentes manteve , A unanimi-dade, a procedencia da aCAo inves-tigat6ria de paternidade (its. 2/7),conforme sentenCa de 1? grau (Its.316/322) e, por maforia de votos,reformou a decisAo para reconhe-cer subsistente o testamento emrelaCao A porCAo disponivel do he-reditando , em consonAncia comac6rdao proferido no recurso deapelaCAo (fls. 406).

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Na origem, este recurso extraordi-nArio foi indeferido por despacho doDesembargador Bonorino Buttelli,onde se ve descrever a esp6cie, nostermos seguintes:

O decisum hostilizado, exaradopelo 2? Grupo de Camaras Civeis,consigna a ementa, in verbis (fl.473):

«Embargos Infringentes.

336 R.T.J. - 116

RestriCao do objeto do recursoa mat6ria em torno da qual semanifestos a diverg6ncia no jul-gamento da apelaCao . Preliminarrejeitada.

A procedencia da aCao de in-vestigagaode paternidade naoimporta no rompimento do testa-mento deixado pelo investigado,se este nao ignorava que o inves-tigante era_seu filho. Testamentoque permanece valido no que res-peita a parte disponivel.

InterpretaCao do art. 1.750 doCbdigo Civil.

Recurso desacolhido.

Votos vencidos.n

Arrimando o apelo extremo noart. .119, 111 , alineas a e d, da CF,sustenta negativa de vigancia a leifederal - art. 515, do CPC e arts.82, 86 e 1750, do CCB. Para de-monstrar dissidio pretoriano traz acolapao arestos do Tribunal de Jus-tiCa de Sao Paulo , In Revista dosTribunals 181/207, do STF In Archi-vo Judiciario 80/35 e 76/371, bemcomo parecer da Procuradorla-Geral da JustiCa ( fls. 484/493).

Decorre o prazo legal sem im-pugnaCao dos recorridos (11. 508).Opina o douto Procurador-Geral daJustiCa pela inadmissibilidade doapelo extremo (fls. 510/514).

II - 0 recurso nao pode ter se-guimento quer pela letra a, querpela letra d do permissivo constitu-cional.

A alegada violaCao ao art. 515,do CPC, pela apreciaCao em 2?grau de mat6ria nao suscitada naapelaCao, nao mais pode ser objetode questionamento, porque, mate-ria decidida por unanimidade noac6rdao, nao foi , oportunamente,objeto de RE. Tal entendimentoencontra -se cristalizado no verbete355 da Sumula do STF: uEm casode Embargos Infringentes par-ciais, 6 tardio o recursoextraordi-

nario interposto ap6s o julgamentodos embargos quanto a parte dadecisao embargada que nao forapor eles abrangidan.

Igualmente , no que diz respeitoaos arts. 82 e 86, do CCB, fncidemas SOmulas 282.e 356, de vez que osinvocados dispositivos em momen-to algum foram examinados peloTribunal recorrido e sequer servi-ram de fundamento a decisao re-corrida, faltando-1he o requisito doprequestionamento.

Quanto a violaCao do art. 1.750,destituida de fundamento a preten-sao de acesso a via extraordinariasob tai enfoque , pots a Colenda Ca-mara Julgadora , ante o caso con-creto, deu ao texto legal interpre-tacao consagrada tanto na doutri-na quando na jurisprudencia, o queabriga o dectsum sob o palio da ra-zoabilidade erigida pela Sumula400 do PretOrlo Excelso , o que obs-ta o curso do RE pela tetra a.

Pelaletra d, tamb6m nao restouconfigurada a diverg@ncia juris-prudenclal . Os arestos colaciona-dos versam situaCOes diversas dasenfocadas no caso sub judice: - doTribunal Paulista, in RT 181/207,refere testamento em favor de fi-lhos adulterinos , enquanto que oRE do STF, In Archivo Judiciario76/371 e 80/38, versa hip6tese emque o filho ilegitimo nao era conhe-cido do de cujus.

III - Pelo exposto, nego segul-mento ao RE .)) (fis. 515/518).

Estimei , nao obstante , valido 0melhor exame dos autos , e provi,dessarte, agravo de instrumento.Por que o recurso nao seja conheci-do opinou, ainda na origem, oProcurador-Geral da JustiCa do RioGrande . Igual sentido tem o pareceraqua lancado pela Procuradorla-Geral da Republica.

E o relat6rio.

R.T.J. - 116 337

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): 0 parecer do MinisterioPublico Federal lot lavrado pelaProcuradora Anadyr Rodrigues, eassim examina a controversia:

a(..............................

2. Desde logo verifica-se que,dos dispositivos tidos como vulne-rados, apenas o art. 1.750 do C6di-go Civil 6 ventilado no V. Ac6rdAorecorrido (fls. 484/493), ao qualnao foram opostos os Embargos deDeclaraCao aptos a fazer sanar aeventual omissao do Julgado, como que as Sumulas 282 e 356 impe-dem o conhecimento das demaisquaestiones Juris suscitadas.

3. Corr respeito ao art. 1.750 doC6digo Civil, lembre-se que o mes-mo reza:

«Sobrevindo descendente su-cessivel ao testador, que o nAo ti-nha, ou nao o conhecia, quandotestou, rompe-se o testamentoem todas as suas disposic6es, seesse descendente sobreviver sotestador,,.

D5-se que em acao de investi-gaceo de paternidade, cumuladacom petiCao de heranCa, julgadaprocedente, houve por bern o E.Tribunal a quo negar-se a declararrompido o testamento feito pelo in-vestigado, na parte disponivel, soargumento de que o testador naoignorava que o investigante eraseu filho. A ementa do Julgado bemespelha o decidido:

«Embargos Infringentes.

RestriCao do objeto do recursoa mat6ria em torn da qual semanifestou a diverg6ncia no Jul-gamento da apelaCAo. Preliminarrejeitada.

A procedencia da acao de in-vestigacao de paternidade naoimporta no rompimento do testa-mento deixado pelo investigado,

se este nao ignorava que o inves-tigante era seu filho. Testamentoque permanece valldo no que res-peita a parte disponivel. Inter-pretaCao do art. 1750 do COdigoCivil.

Recurso desacolhido.

Votos vencidos.» (fls. 473).

5. 0 apelo extremo, a prop6sitode tal terra, sustenta que taldecisum violou o art. 1.750 do C6di-go Civil, porque

«... a condiCao de sucessiblil-dade, vale dizer, a qualidade deherdeiro necessarlo, a superve-niente ao estado natural de filhoreconhecido pelo investigado. Sereconhecia a condiCao de filho,ignorava-se a condiCao de herdei-ro. Aquela preexistente. Esta su-pervenience a declaraCao de pa-ternidade.

Sobreveio, portanto, a condiCaode herdeiro sucessivel e que o in-vestigante nao tinha ate o mo-mento da declaraCao de paterni-dade. E so confundir o vinculobiol6gico com a relacao Juridico-parental emanada da sentencadeclarat6ria de paternidade, doque sobreveio a condiCao de her-deiro, a decisdo recorrida enten-dendo parcialmente rompida acarts testamentaria negou a vi-g6ncia ao artigo 1.750 do C6digoCivil.,) (fls. 489/490).

6. Tudo posto, vale ressaltarque se trata de questao pol6micaentre os doutrinadores, como lem-bra Washington de Barros Monte-ro, In Corso de Direito Civil, Direi-to das SucessOes, ed. 1956, pag.219/220, ao esposar entendimentofavoravel a rutura do testamento,em tais circunstancias:

uQuestao mats delicada 6 a re-lativa ao reconhecimento forcadodo filho, atraves de sentenca pro-ferida em acao de investigacaode paternidade.

338 R.T.J. - 116

Temos para n6s que tal reco-nhecimento induz o rompimentodo ato de ultima vontade, nos ter-mos do art . 1.750. Mas essa opi-nlAo esta mutto longe de serpacifica , sustentando-se tambem,ao Inverso , com bons fundamen-tos, que o testamento ficarA ontoapenas quanto a parte que exce-da a legitlma , que de direito per-tence aos herdeiros necessarios,prevalecendo, contudo, quanto AporCAo disponivel , de que o testa-dor pode livre a desembaraCada-mente dispor.»

7. A palavra dessa SupremaCorte, todavia , JA se fez ouvir,atrav6s do E. Tribunal 'Pleno, emmemoravel aresto no qual, ap6spesados todos argumentos em prolde uma e outra tese, optou-se pelamanutenCAO do testamento, mere-cendo tal Julgado a seguinte emen-ta, que bem o espelha:

al. C6digo Civil, art. 1.750. Seo ac6rdAo impugnado em aCAorescis6ria ffxou o ponto segundoo qual , ao testar, o testador sabiaque sua companheira se achavagravida , e que , por isso, nao erade: ser rompido 0 testamento queele fizera quando tomou conheci-mento de tal gravidez da suaconcubina , se foi assim e por es-sa razao que sobredito ac6rdaojulgou pela eficacia do testamen-to, nAo se tem como aceitar atese de que o mencionado arestofoi proferido contra a letra doart. 1.750 do C6digo Civil, pots ecerto que taljulgado afastou essaregra pelo considerar configura-da na esp6cie a clausula exclu-dente de sua incidencia e redigi-da corn estas palavras ou nAo 0conhecla.

2. InterpretaCAo do art. 1.750do C6digo Civil. A doutrina que oinspirou.

3. ACAo rescis6ria Julgada fm-procedente pelo Supremo Tribu-

nal.n (ACAo RescisOria n? 912-SP,Rel.: Min . Antonio Neder, julga-mento de 17-8-77, In RTJ 83/677)

8. Bern se ve , portanto , que, seessa Excelsa Corte preserva o tes-tamento na hip6tese de conheci-mento, pelo testador, ate da exls-tencia de nascituro, com muftomaior razao ha de tambem orde-nar o respetto As ultimas vontadesquando, como In hoc casu , o filhoveto A luz e sobreviveu ao pat, quedessa descendencia tinha conheci -mento - como expressamente as-severou o E. Tribunal a quo, sobe-rano no exame da prova (S(mula279) -, embora o descendente s6viesse a ser reconhecido judicial-mente e post mortem.

9. Resulta incabivel , assim, ainconformaCAo extraordinarta pelaalinea a da autorizaCao constftucto-nal e, sob o enfoque da alinea d,melhor sorte nao deverA merecer,visto como, em face do pronuncia-mento desse Supremo Sodalicto,por sua composiCAo plena, 0dissidfo Jurisprudencial , alnda queconfigurado, nao se prestaria afundamentar o recurso derradeiro,porque superado . a teor da Sumula286.

10. 0 parecer 6, por conse-guinte, de que o Recurso Extraor-dinarionAo comporta conhecfinen-to.)) (fls . 564/568)

0 parecer prop6e para a esp6ciesoluCAo correta - e, de resto, a uni-ca possivel. So ha aqua um terra pre-questionado , qual seta o que diz res-peito ao art . 1.750 do C6d1go Civil.Para essa norma, contudo, ha deentender-se, no minimo, como razoA-vel a tnterpretaCAo alvitrada na ori-gem, e que chega a ter o abono dedecisAo desta Corte em plenario.

No que concerne A letra d do permissivo, a aventada divergencia viuse superar pela declsao plenari, la^

R.T.J. - 116

vrada em sintonla com o ac6rdao re-corrido , o que faz pertinente a Sumu-la 286.

Tais as circunstanclas, nao conhe-co do recurso extraordinArio.

EXTRATO DA ATARE 105 . 538-RS - Rel.: Ministro

Francisco Rezek . Recte .: Dari daCosta Dias (Advs.: Greg6rio AntonioBonilla e outro ). Recdos .: Agenor Li-ma e outros (Advs.: Nelson A. Jobime outros).

339

Decisao : Nao conhecido . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho e Francisco Rezek.Subprocurador -Geral da Republica,o Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia, 3 de setembro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 105.612 - PA(Prlmelra Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Recorrente : Banco da Amazonia S.A. - BASA - Recorridos: Sabin S.A.

Brasileira de Industria Madeireira - Nelson Barrionuevo , na qualidade desindico da massa falida de Sabim S.A. Braslleira de Industria Madeireira.

Sentenca . Requlsltos . Unldade . Nulidade. PrestaCao de contas.Nula e a sentenea que defere aos peritos a flxat.ao da responsabi-

lldade pelo alcance na prestagao de contas , julgada desde logo impro-cedente , e em um segundo momento , ap6s a reallzagao da pericla,considera o julzo tecnico , sem qualquer apreclaSao , como lntegrantedojulgado.

Recurso Extraordlnario conhecido e provido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, no cohformidade da ata dejulgamentos e notas taquigrAficas, aunanimidade, em conhecer do recur-so e dar-lhe provimento.

Brasilia, 6 de dezembro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente e Relator.

BIM,, - Sociedade Anonlma Bras.de Industria Madeireira ,, permane-cendo corn esse munus publico atemaio de 1980 , quando foi destituidodo encargo pelo Juizo falimentar.Em conseg0encia , apresentou, cornbase no art . 69 do Decreto-lei n?7.661/45, sua prestaCAo de contas queveto a ser rejeitada por aquele Juizo,sendo o «BASA» condenado a ressar-cir a massa falida pelo alcance co-metido.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Rafael Mayer: Osautos dao noticia de que o Banco doAmazonia S.A. «BASAu, atraves deseu representante legal , prestou emabril de 1970 , compromisso de sindi-co da massa falida da empresa «SA-

O central fundamento dessa rejet-cao foi que , verbts (fls. 275):

aAs contas apresentadas nAocondizem com a realidade ; limita-se o ex-sindico a descrever o quedispendeu ern diligoncias infrutife-ras, na apuracao dos haveres da

340 R.T.J. - 116

Massa, esquecendo-se, que a prefa-lada prestaCAo de contas, nao secircunscreve, apenas e tAo-somen-te a esse fato, mas a tudo que te-nha felto dentro do processo fall-mentar no decorrer de sua gestao,o que deixou de fazer e os moti-vos.n

<(Assim constatamos , que o rela-t6rlo que se esperava do encargoassumido, por quase um decenio,nao satisfaz ; e nao satisfaz porque,o pr6prio ex -sindico confessa quenunca conseguiu imitir-se na possedos bens , o que s6 era possivel coma ajuda de representante da fall-da. Mera justlflcatfva , sem apelo,sem base legal . Se houvesse exer-cido o encargo com denodo e dedi-caCao, certamente teria localizadoe arrecadado os bens, e para esseflm teria so seu dlspor todos osmecanismos legals, bastarfa re-querer e qualquer dlligf ncfa serlalouvavel , com ou sern a presenCado rep . da falida . E se.nada localf-zasse e arrecadasse da mesmamaneira deveria ser conclufda.

A prud@ncia com que se houve,no caso em exame , foi demaslada,s6 prejudicou , com dispersAo debens, hoje macs dlflcil de convergi-rem so Monte ; e se isso por ventu-ra ainda acontecer , sera deprecla-do no seu valor e imprest2vel suafinalfdade . u (fl. 275).

Ao excluir o ex-sindico de respon-sabilidade pela perda da Area indus-trial de Icoaracl , assim arguments asentenCa ( f1s. 274):

nE preciso esclarecer por oportu-no, que o processo originarfo era«Concordata Preventlvau, onde aconcordataria e comissarlo eramos responsAvets diretos, exercendoconjuntamente a administraCao dopatrim6nio. Ao ser transformadaern falencia , aquele auxilfar nAoprestou contas de sua gestao. Por-tanto, se se clama por justiCa,

faCamo-la conscientemente e nosexatos termos ern que deve ser dis-tribulda.

HA muita coisa que se atrlbui adesidia do ex-sindico , que se bemanalisada , loge A sua responsabili-dade: entre essas , encontra-se aallenaCAo do im6vel , destinado soparque industrial da falida, emIcoaracl , pars pagamento de divi-da trabalhista . Esse im6vel vendi-do em leilAo p6blico na JustiCa deTrabalho , aos 3- 10-69 ( fls. 98 a 109),ainda sob o regime de concordata,nAo deve figurar , no elenco que seassoma, como de responsabilidadedo ex-sindico; pelo contrArto, essaresponsabilidade era exclusiva daconcordatAria e comissarlo, queestavam na posse e administraCaodos bens , competindo-lhes zelar pe-lo patrlm6nio , tomando as medidasnecessArias para evftar a execu-CAo. Assim , o im6vel ern aprego eas benfeitorias nele existentes, di-go, e as benfeitorias a ele incorpo-radas, foram allenados judicial-mente por negllgencfa da entaoconcordatAria e seu comissarlo,que nAo se houverarn com o neces-sArio empenjio , na administraCao edefesa do seu patrimdnio . Exclui-se, pols , de qualquer responsabili-dade , o ex-sindico , pela perda dobern menclonado .» ( its. 274)

No atinente A controv6rsia sobre aretenCao indevida , no Banco, de va-lores , relativos a incentivos fiscafs,manifesta -se a sentenCa ( fl. 275):

aSobre os incentivos fiscafs, di-reftos e aC6es , nada foi cogitado noprocesso falimentar . Durante todosesses anos nAo houve nos autos defalencia , apuravAo de valores. Issos6 foi cogitado , ap6s a destituiCaodo sindico, e agora , nos autos deprestaCAo de contas.

E preciso nao esquecer , que a fa-lida a uma sociedade comercial.E sumamente impossivel afir-

mar se houve na sindicatura ante-

R.T.J. - 116

rior. apuraCao de valores on debens ; quanto ao prejuizo causado amassa , nao ha duvida em decor-rencia da ma administracao jacomprovada ; porem a locupletaCaodo alheio , nAo ha elemento deter-minativo , s6 a posteriori, ap6s asbuscas nos setores competentes,podera ser constatado . Isso porqueo capital social expresso nominal-mente no contrato on nos estatutos,constitui a garantia inicial dos cre-dores , avolumando o patrim6niosocial ; e como sabido , que o capitalpode ser integralizado a vista, noato de formaCao da sociedade, on aprazo , nao ha melos de avaliar onafirmar se houve o ualcance>. En-tretanto , nao pode permanecer ad6vida, quanto a isso ate porque, 6um dos requisitos da decisao judi-cial «... Se fiver sido evidenciadoter o sindico se apropriado de valo-res ou de bens da massa , on prati-cado aqualquer alcance ,,, sera inti-mado a devolve -lo dentro de qua-renta e otto horas , sob pens de pri-sao ate sessenta dias...o

A fim de que se tenha conheci-mento da realidade quer quanto asag6es , capital social e incentivosfiscais, ou mesmo sobre bens damassa ( m6veis e im6veis), de-terminando-ihes o «alcance>> secomprovado , ha necessidade deurn levantamento acurado, por tec-nico em Cienclas Contabels e cornamplo conhecimento de DireitoTributario, e um Engenheiro Civil,os quais em minucioso relat6rio,oferecerao suas conclus6es , que in-tegrara esta decisao.

Para desenvolver o trabalho en-focado , nomeio os tecnicos: JoseLancry e Jose Maria Monteiro Da-vid, o primeiro Bacharel em Direi-to e Ciencias Contabeis e o segundoEngenheiro Civil, sob compromis-so>>. (fls . 275/276).

Entendendo que a decisao singulars6 excluiu o ex-sindico da responsa-

341

bilidade pela perda do terreno indus-trial em razao de equivoco na datado compromisso daquele, a falida in-terp6s embargos declarat6rios queforam rejeitados (fls. 337 a 339 - 2?Vol.).

Apresentados os laudos perictais,cum as conclus6es dos peritos sobreo aalcanceu, foram estes integradosa sentenCa por despacho da Juiza aquo (fls. 434).

As partes apelaram e o Tribunalde JustiCa, assim se manifestouquanto ao recurso do «BASA» (fls.980/981):

((Duas quest6es emergern daanalise procedida pela doutoraJuiza a quo na apreciaCao da Pres-taCao de Contas feita pelo sindico((Banco da Amaz6nia S.A.n.

1? a indefectivel constataCAo deenorme prejuizo causado a Massapela ma admintstraCao, pela tncu-ria e a desidta do ex-sindico;

2? a suposiCAo de apropriaCao devalores ou de bens , enfim , de locu-pletaCao do alheio, fato a ser apu-rado e quantificado atraves deexame pericial procedido por pes-soa versada em Contabilidade. eDirelto TributArlo.

A sentenCa da forma pela qualfoi prolatada pode nAo constituirum modelo de tecntca juridica, po-rem, nao se pode acoima-la denula , pots nao contem um erro in-sanAvel; a doutora Juiza poderlater esperado a elaboraCao dos lau-dos tecnicos para inserir a conclu-sao dos mesmos na decisao queiria prolatar; este, semduvida, se-ria 0 caminho mais usual e tecni-camente mais adequado . Porem,utilizando a forma pela qual o fez amagistrada nao delegou aos douto-res peritos missao alem da previs-ta na lei processual e nem biparttua sentenCa . Aglu como se a ques-

342 R .T.J. - 116

tdo apresentasse uma parte liquidae outra iliquida a ser apurada naexecuCdo.

As provas carreadas para os au-tos constataram , de pronto, umprejuizo causado a Massa Falidapela ma administraCdo do ex-sindico ((Banco da Amazonia S.A.)).Tal fato de responsabilidade exclu-siva do BASA constitul a parteliquida da questdo , se nos for per-mitido usar de uma analogia pro-cessual.

Ainda utilizando dessa analogiapoder-se-a dizer que a questao re-ferente a um possivel ((alcance)),Isto t , a apropriaCao de valores ebens em provelto de terceiros, ca-racterizando apropriaCao indebita,enriquecimento ilicito on. outroqualquer procedlmento doloso apu-ravel atraves de perlcia eminente-mente tecnica procedida por pes-soas versadas em assuntos conta-bels e Diretto Tributario ou Fiscal,constituiria a parte iliquida daquestao apuravel na execuCdo. Co-mo se ve a analogia nao a forgadae ajusta-se , perfeltamente , ao casoem Julgamento . Assfm , a respeita-vel sentenga apelada nao tem acontamina-la a nulidade insanavelvlslumbrada pelo ((Banco da Ama-zOnia S .A.)) (ns. 980/981)

Quanto ao recurso adesivo do atualsindico da Massa Falida - (SABIM>)- Nelson Barrionuevo , a Colenda 1'Camara Civet Julgadora deu provi-mento (( pars efelto de atribuir aoBanco da Amazonia - ((BASA)) osprelulzos causados pela perda doterreno situado na Vila de Icoaraci,devendo o valor do mesmo ser Incor-porado ao (( alcance)> de responsabili-dade do BASA)) ( fls. 992 ). 0 acOrddotraz esta ementa ( fls. 972):

((PrestaCdo de Contas de ex-sindico. I - Preliminar de null-dade da senteneapor desprezar a

prova dos autos falimentares. Aprestagdo de contas da administra-Ceo do sindico destituldo a proces-so autonomo nao estando o magls-trado obrigado a se socorrer dasprovas contidas no bolo dos autosfalimentares . Preliminar rejeitada. II - Preliminar de nulidade dasentenga por falta de fundamenta-Cdo. Ndo a passivel dessa critlca asentenga que analisou as provascoletadas e, assim , fundamentou adecisdo : Preliminar re)eltada. III- Preliminar de nulidade da sen-tenga por bipartida da mesma. AconstataCdo de preluizo causado aMassa nao se confunde com suposi-Cdo de locupletaCdo do alhelo cujoquantum so podera ser apuradoatraves de perlcia . Preliminar re-Jeitada. Merlto - Ndo merece re-paro a decisao prolatada de acordocom a lei e as provas dos autos.A apelaCdo improvida . Recursoadesivo. - A alienaCdode um bemnao se consuma com a realizaCaoda hasta publica mas com a assi-natura da Carta de arremataCdo.Recurso provido. Recurso de ape-laCao . Preliminar de ndoconhect-mento . Ndo a de ser conhecido orecurso interposto a destempo.Preliminar acolhlda.»

Recorre extraordlnariamente o((BASA)) pelas letras a e d do permis-sivo constituclonal , apontando nega-tiva de vig@ncia dos arts . 1?, 125, 130,131, 458, incisos I, II e III ; 463; 431Caput ; 421, 425, 435, todos do CPC;art. 153, § 2°, 3", 4?; art. 15, 36, 112,114, da CF, arts. 69, if 2?, 3°, 6?; 157,III; 167, 24, § 1?; 70, § 4?, 68, 69, todosda Lei de Falencias ( Decreto-lei n?7.661/45).

Indeferido o recurso subtu por for-Ca da argiiiCdo de relevdncia acolhl-da. Nesta instdncia a douta Procu-radoria-Geral da Republica, em pa-recer da ilustre Dra. Iduna E. Wel-nert, opina:

R.T.J. - 116

(( Mostra-se evidente o equivocoem que laborou a v. decisao recor-rida porquanto nula e a sentenCasingular, proferida em ofensa a va-rios preceitos do diploma proces-sual em vigor, como se verb.

8. Com efeito , tem-se que o v.Juizo singular , antecipando-se arealizaCao das provas periciais in-dispensaveis a elucidacao da ques-tAo levantada , em contestaCao, pe-la firma falida , relativa a retencAoindevida , no Banco , de quantiascorrespondentes a incentivosfis-cais , proferiu decisao desfunda-mentada sobre a materia, comoexpressamente o admite , transfe-rindo aos peritos , entao designa-dos, a funCao jurisdicional que ]heera peculiar e intransferivel, dedecidir sobre o tema , em ofensa aoart. 458 , incisos II e III, do CPC.

9. Nota-se que , a fl. 434 (2?vol.), o Juizo de 11 instancia despa-chou no sentido de que ficavam in-tegrados a sentenCa os laudos pert-ciais oferecidos , ((com as conclu-sbes dos peritos sobre o (( alcance)),sem nada decidir a respeito , intro-duzindo , na sentenCa , alterae6esposteriores , ao arrepio do dispostono art . 463, do CPC.

10. Moacyr Amaral Santos, ancomentar o art. 436, do CPC, Se-gundo o qual (m Juiz nao esta ads-trito ao laudo pericial , podendo for-mar a sua convicCao com outroselementos on fatos provados nosautos )), assinala que:

((Segundo a regra consagradano artigo que se comenta - oJuiz nao esta adstrito ao laudopericial , a prova pericial, comaas demais provas , sera livre-mente apreciada pelo Juiz. Abem dizer , esse dispositivo a me-ra consegd ncia on desenvolvi-mento do principio agasalhado

343

pelo art . 131, na conformidade doqual oo Juiz apreciara livrementea prova atendendo aos fatose ascircunstancias constantes dos au-tos)).

Deixando de constituir umJuizo tecnico, como o considera-va velha e ja superada doutrina,para ser apenas um parecer detecnicos, o laudo nao fornece « aprovan,isto e, as conclusbes dosperitos nao se vincula o Juiz,mas fornece tao-somente elemen-tos que livremente examinados eapreciados por este, contribui-rao para que ele forme convicCaoquanta` aos fatos da causa. ((Asconclusbes dos peritos - ensinaNortara sao apresentadas ao ma-gistrado para que este , Segundoseu criterio, as confronte corn to-das as peCas de instruCao quenao pertencam a categoria dasprovas legais)). Traduzindo a sll-mula de doutrina , Chiovenda en-sina que , nao obstante manifestaseja a utilidade da pericia, quan-to macs tecnica a questao discutl-da em Juizo, (( em caso algum aopiniAo do perito podera subs-tituir-se a do Juiz, vinculando-lhe juridicamente a convicCao)).

Defendendo a excelencia desseprincipio , Lessona pondera que,((se a certo que 0 perito tecnica-mente sabe mats do que o Juiz,preciso a se advirta que a avalia-Cao juridica do fato tecnicamenteapreciado a tambem sempre ne-cessaria , e esta avaliacao nAopode ser senAo funCao soberanado Juiz)).

Mas, ao reves, por nAo estarvinculado as conclusbes do laudonao decorre possa o Juiz arbitra-riamente repeli-las, mas instaque mul fortes razbes tenha; e

344 R.T.J. - 116

perfeltamente justificadas, paradeixar de acatb-las . Vem a pro-p6sito liCao de Lessona , citandoStoppato , conforme a qual nao sedeve presumir que auln Juiz cut-to, Inteligente e sabio negue aqui-lo que se acha clentifica e logica-mente demonstrado , on que repi-la o que estiver iniludivelmenteassegurado , ou se subtraia arbi-trariamente aos resultados de co-nhecimentos especificos , quandoa estes correspondarn os fatosu.(ComentArlos ao C6digo de Pro-cesso Civil - vol. IV, pigs.374/375 - Forense , Rio, 1977 - 2'ed.)

11. Comentando o capitulo re-lativo as nulidades , E. D. Moniz deAragao reporta-se a classificaCaodos atos processuais segundo Car-nelutti para, macs adiante , Incluin-do a sentenca na categoria dosatos simples , singulares ou unita-rios, afirmar que os atos simplesnao podem ser objeto da regra con-tida no art. 248, do CPC, do que de-corre conclusAo no sentido de que«anulada a sentenCa , outra hA deser proferida por inteiro,»... (Co-mentArios an C6digo de Proces-so Civil - vol. II, pigs . 307/308 -Forense, Rio, le ed.).

12. Aplicados esses principios Ahip6tese versada nestes autos,tem-se que, nula a sentenCa de 1°Instancia ( f1s. 265/276 - 1? vol.),por falta de fundamentacao e dis-positivo quanto a uma das quest6eslevantadas, em contestaCao, pelaparte, imp6e-se a declaraCao desua nulidade para que, remetidosos autos A instancia de origem, no-va decisao seja proferida, levadasem conta as provas periciais pro-duzidas ap6s a sua prolacAo.

13. Da declaraCao da nulidadeda sentenCa de le instancia decor-

rera, necessariamente , a perda dosefeltos de todos os atos decis6riossubsegiientes , nos termos ao art.248, do CPC.

ConclusAoNestes termos o parecer, em

conclusao , a por que seta declara-da a nulidade da r. sentenCa de as.265/276 - 1? vol., com o que ficamsem efeito os atos decis6rios subse-gtlentes , devendo os autos retornarA instancia de origem , para quenova decisAo seja proferida ». ( fls.1235/1238)E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator ): E incontornavel o argumentoposto no douto parecer da Procurado-ria-Geral da Republica, sobre a nuli-dade da sentenca de primeiro gran,materia proposta primordialmenteno recurso extraordinarto e ampla-mente prequestionada no ac6rdAo re-corrido.

Sob ease aspecto, a questAo seapresenta com clareza e simplici-dade.

Em aCao de prestaCao de contasproposta pelo BASA, obrigado aprestA-las como ex-sindico da falen-cia, a MM . Juiza, dispensa a audien-cia de instruCAo , proferiu sentenCaque conclulu pela improcedencia daprestaCAo , declarando mas as contasapresentadas , contem duas determl-naCbes ou proposirbes essenciais, asaber : a) de que nao hA duvida doprejuizo causado A Massa pela mAadministracAo do sindico, de que re-sulta a sua responsabilidade civil; b)de que o alcance nao pode ser afir-mado se houve, ou se nao houve, e«entretanto , nao pode permanecer a

duvida , quanto a isso , ate porque, eum dos requisitos da decisao Judi-cial)) ( fls. 276).

R.T.J. - 116

A respeito dessa segunda proposi-CAo vem a seguinte determinaCdo nocontexto da sentenCa:

((A tim de que se tenha conheci-mento da realidade , quer quantoAs aC6es , capital social e incenti-vos fiscais , ou mesmo sobre bensda Massa ( m6vefs a im6veis),determinando -lhes o (( alcance)) secomprovado , hA necessidade deum levantamento acurado , por tec-nico em Ciencias ContAbeis e comamplo conhecimento de DireitoTributario , e um Engenheiro Civil,os quais em minucioso relat6rfo,oferecerao suas conclus6es , que in-tegrarA esta decfsao.

Para desenvolver o trabalho en-focado, nomeio os tecnicos: Jos6Lancry e Jose Maria MontelroDavid, o primeiro Bacharel emDireito e Ci@ncias Cont6beis e o Se-gundo Engenheiro Civil, sob com-promisso».

0 BASA interpbs recurso de apela-Cao e a sociedade falida op6s embar-gos de declaraCAo, que foram rejei-tados, e recurso adesivo (2? vol., f1s.283 e segs).

Enquanto isso, os peritos nomea-dos pelo Juiz realizaram os seus lau-dos, fixando o alcance imputAvel aoBASA, pelo valor de im6veis, m6veise incentivos fiscais (fls. 354/393).

Em seguida , As f1s . 434, veio o des-pacho judicial em que se diz:

((Apresentados os laudos peri-ciais, com as conclus6es dos peri-tos sobre o «alcance », os quais in-tegram a sentenCa de f1s . prossiga-se».

Aqui incide a argumentaCao doRecorrente so ter por nula a senten-Ca, notadamente em razao de faltade seus requisitos essencials e daocorrencia de delegaCao da funCAojudicante.

345

Destaco, no venerando acbrdao re-corrido, o t6pico em que se repele,sob color de rejelCao de ((preliminarda nulidade da sentenCa por erro det6cnica)), in verbis:

((Duas quest6es emergem daanAllse procedida pela doutoraJuiza a quo ha apreciaCAo da Pres-taCAo de Contas felts pelo ex-sindico (( Banco da Amazonia S. A.»

1? a indefectivel ConstataCAode enorme prejuizo causado AMassa pela ma administraCao,pela inciurfa e desidia do ex-sindico;

2? a SuposiCAo da aproprlaCAode valores ou de bens, enfim, delocupletaCao do alheio, fato a serapurado e quantificado atrav6sde exame pericial procedido porpessoa versada em Contabilidadee Direito Tributario.

A sentenCa da forma pela qualfoi prolatada pode nao constituirum modelo de t6cnica juridica, po-rem nao se pode acoima-la denula, pois nao contem um erro in-sanAvel; a doutora Juiza poderiater esperado a elaboraCao dos lau-dos tecnicos para inserir a conclu-sAo dos mesmos na decisAo queiria prolatar; este, sem duvida se-ria o caminho mais usual e tecni-camente mais adequado . Porem,utilizando a forma pela qual o fez amagistrada nao delegou aos douto-res peritos missao alem da previs-ta na lei processual a nem bipartfua sentenCa . Agiu como se a ques-tao apresentasse uma parte liquidse outra iliqulda a ser apurada naexecuCAo.

As proyas carreadas pars os au-tos constataram de pronto, umprejuizo causado A Massa Falidapela mA administraCao do ex-sindico ((Banco da Amaz6nia S. A.))Tal fato de responsabilidade exclu-

346 R.T.J. - 116

siva do BASA constitul a paneliqulda da questdo, se nos for per-mitido usar de uma analogia pro-cessual.

Ainda utilizando dessa analogiapoder-se -a dizer que a questao devalores e bens em provelto de ter-ceiros, caracterizando aproprlaCaoind6bita, enriquecimento llicito ououtro qualquer procedimento dolo-so apuravel atraves de periciaeminentemente t6cnica procedidapor pessoas versadas em assuntoscontabefs e Direito TributArio ouFiscal , constituirfa a paneiliqulda da questao apuravel naexecuCao. - Como se v@ a analo-gic nao 6 forCada e ajusta-se, per-feitamente , ao caso em julgamen-to. Assim , a respeitavel sentenCaapelada nAo tem, a contaminA-la anulldade insanSvel vislumbradapelo (( Banco da Amaz6nia S.A.. n

A partir dai , no m6rito , o veneran-do ac6rdao recorrido, trata come,sentenCa o primeiro e o segundo atosjudiciais afirmando que ((da mesmamaneira que a doutora Juiza a quolouvou-se nos laudos apresentados,n6s tamb6m assirn o fazemos...)) eque aos assuntos tecnicos , especiali-zados, foram deferidos a peritos queapresentararn os laudos pericialsque passararn a integrar a respeita-vel sentenCa apelada>. ( fIs.998).

Data yenta , tats os defeitos que en-volvem a sentenCa de primefro grau,que nao se cingern a urn excusavelerro de tecnica , mas vao a nulifica-Cao do decis6rfo.

Com efeito , quer seja ato de intelf-g2ncla, quer seja ato de vontade, asentenCa 6 o resultado de uma mani-festaCao do Jufz, que somente eleexerce a jurisdicao. N ao se pode de-ferlr aos peritos a flxarAo das res-ponsabilidades e a soluCao das ques-tbes, demttindo-se o Juiz de sua fun-4;$o jurisdicional , e incorporando AdecisAo as conclusbes de outrem seraa sua critica , o que priva de funda-

mentaCao o julgado . Al6m do mais,contendo dois dispositivos que se se-param no tempo, tem razao o Recor-rente em chama-la uma sentenCa bi-partida, o que tambem estA em con-tradiCao essencial com a necessariaunidade de uma declaraCAo jurisdi-cional , que compile uma lide, apli-cando o direito aos fatos deduzidosna causa.

Privada assim da estrutura sen-tencial, a vista de tais aspectos, co-nheCo do recurso e dou-lhe provi-mento para declarar nulos a senten-Ca proferida as fls . 265/276 dos autos,datada de 12-1-81, e os demajs atossubsegUentes, inclusive o venerandoac6rdao recorrido, devendo os autosretornar A instancia de origem paraque o processo retome o seu curso.

EXTRATO DA ATA

RE 105 .612-PA - Rel.: MinistroRafael Mayer . Recte .: Banco daAmaz6nia S /A - BASA (Advs.: An-tonio da Silva Passos e outros). Rec-dos.: Salim S/A Braslleira de IndUs-tria Madelreira (Advs.: Cyro PiresDomingues e outra ), Nelson Barrio-nuevo, na qualidade de Sindico daMassa Falida de Sabim S/A Brasilei-ra. de Industria Madeireira (Adv.:Benedito Jos6 Barreto Fonseca).

Decisao : Conheceu-se do recurso ese the deu provimento , nos termosdo voto do Ministro -Relator. UnA-nime . Falou pela Reeds .: Massa Fa-lida de Sabim S/A o Dr. BenedttoJos6 Barreto Fonseca.

Presid6ncia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Mfnistros N6ri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches eOctavio Gallotti. Subprocurador-Ge-ral da Republica , Dr. Francisco deAssis Toledo.

Brasilia, 6 de dezembro de 1985 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

R.T.J. - 116 347

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 105.634 - PR

(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: HabitaCao S/A - Construcoes e Empreendimentos - Re-

corrido: Estado do Parana.

Licenga para construir . RevogaCao. Obra nao iniciada . LeglslaCaoestadual posterior.

I. Competencla do Estado federado para legislar sabre Areas elocals de interesse turistico , visando A proteCAo do patrimOnlo pal-sagistico ( C.F., art . 180). Inocorrr ncia de ofensa so art . 15 da Consti-tuiCAo Federal;

U. Antes de inlclada a obra , a licenga para construir pode serrevogada por conveniencia da administraCAo ptlbllca , sem que valbao argumento do direito adquirido . Precedentes do Supremo Tribunal.

Recurso extraordlnario nAo conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma , na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, nAoconhecer do recurso.

Brasilia , 20 de setembro de 1985 -Djaci Falcao, Presidente - Francis-co Rezek, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek: 0ae6rdAo recorrido a do teor seguinte:

(Q. Alega a impetrante, emsintese, que obteve da PrefeituraMunicipal de Matinhos, atraves deseu Departamento competente, au-torizacAo para construir osEdificios Marques de Valenta eMarques de Caravelas , autorizaCaoesta consubstanciada pelos alvarasn?s 1.554 e 1.555, respectivamente,motivo pelo qual, por se consti-tuirem em atos juridicos perfeitos,atrfbutivos de direitos a impe-trante, ilegal e o veto As constru-CSes, em decorrencia so DecretoEstadual n? 5.732/82. Frisando que

o ato praticado pela autoridadeatinge ato juridico perfeito e direi-to adquirido , argumenta ainda aimpetrante contrariar o principioconstitucional da autonomia domuniciplo , pugnando , in fine, pelaconcessao liminar e posterior pro-cedencia definitiva do mandamus.

Concedida a liminar , face a pos-sibilidade de prejuizo com o retar-damento da obra , a autoridadeapontada como coatora , prestou asinformaC6es devidas , alegandoprincipal e fundamentalmente naoexistir direito liquido e certo feri-do, e que o ato inquinado comoabusivo nAo o e, visto encontraramparo na legislacao e atender aointeresse da coletividade.

As fis . 105 usque 109, manifestou-se a douta Procuradoria da Justi-Ca, opinando no sentido de ser de-negada a ordem.

2. AcOrdam os Desembargado-res do Primeiro Grupo de CamarasCiveis do Tribunal de JustiCa doEstado do Parana, por unanimi-dade de votos , denegar a seguran-Ca, cassando a liminar concedida,visto Inexistir a alegada ofensa adireito liquido e certo.

348 R.T.J. - 116

3. A ordem laminar, deferidacom o intuito preventivo de cotbirprejuizos, JA nao encontra macs ra-zao para prevalecer.

Conforme consta dos autos, o di-reito da impetrante funda-se nosalvarAs n?s 1.554 e 1.555, da Prefei-tura Municipal de Matinhos. Eprincipto 16gico que, tendo em vis-ta tratarem-se de alvaras de natu-reza administrativa , devem osmesmos, ou a licenCa que autorl-zam, coincidir com o Interesse daAdministraCao Publica. Tal inte-resse JA se encontrava expresso naLei n? 7.389, de 12 de novembro de1980, que limitava o use de certasareas, entre as quaffs , justamente,a objeto de discussao nestes autos.

Verifica-se, assim, que os referi-dos alvaras foram expedldos ao ar-repio da referida Lei n? 7. 389/80, javigente a epoca, e que, embora re-gulamentada somente em 3-12-82atrav8s do Decreto n? 5.732, Ja fri-sava, em seu artigo 2?, que haveriaespecificacao das condirbes para 0aproveitamento das areas e localsde que tratava. Ademais, a funCaodo regulamento a apenas explicitaro que a lei JA objetivou, dentrodos limites por ela traCados. En-contrava-se ela perfecta e em vi-gencia plena . E de se frisar, ou-trossim , que a melhor conduta damunicipalidade que expediu os re-feridos alvaras , que sob alegaCaonenhuma poderia argilir ignoran-cia da lei, seria a pravia consulta aFAMEPAR, a quern cabia aanu@ncia prl;vla para os projetosde aproveitamento do solo urbano,das areas declaradas de interesseespecial.

E de se sallentar , ainda, que aadministracao publica resguardouo direito de terceiros ao estabele-cer no art . 19, do regulamento n?5.732/82, que «os projetos licencia-dos pelo Municipio , cujas obrasnAo estejam em execuCao, serAo

apreciados, caso por caso, pelo 6r-gao estadual competente, medianterequerimento dos interessados, 0qual podera aprova-los utilizandocrit6rios especificos, desde que suaexecuCao nao prejudique grave-mente o patrimbnio paisaglstico daarea , acrescentando , em seu pa-ragrafo unico, que o prazo paraexercicio da faculdade estabelecidanaquele artigo seria de seas meses,a contar da data da publicagao da-quele regulamento . Destarte, a va -lidade dos alvaras expirou em 7-6-83, sendo que a sua revalidaeAodeu-se em data posterior a publica-Cao do decreto que regulamentou aLet n? 7. 389/80, de onde evidente ailegalidade dos mesmos.

Isto nao bastasse , acresce ponde -rar que os referidos alvaras atri -buiram a impetrante tao-somenta faculdade de construlr, que somente poderia acobertar-se comforCa do dlreito adquirido, se Jiniciada a obra no momento dcassaCao dos mesmos.

Neste entendimento , assim decidiu o Supremo Tribunal Federalno Recurso Extraordinario n.85.002 , de Sao Paulo:

LicenCa de construC9o - RevogaCao - Fere dlreito adquirida revogaCao de licenCa de construcao por motivo de conventencia, quando a obra JA foi iniciad- Em tais casos, nao se atingapenas faculdade juridica -denominado adirelto de construir» - que integra o contenddo direlto de propriedade, maviola o direito de propriedadque o dono do solo adquiriu conrelaCao ao que JA tot construidocom base na autorizaCAo validdo Poder PUblico - Ha, portanto, em tats hipoteses , inequivocdireito adquirido , nos termos dSumula n? 473 - Recurso extraordinario conhecido e provldon.

R.T.J. - 116

Desta feita, a contrarfo sensu, seainda nao iniciada a obra, a revo-gaCao do ato administrativo, pormotivo de convenlencia, nao feriuo direito adquirido.

Frise-se, ainda, que a Sumula n?473 firma, em sua parte inicial,que as administraCao pode anularseus pr6prios atos quando eivadosde vicios que o tornam ilegais, por-que deles nao se originam direi-tos». E, como JA se salientou,existe ilegalidade nos alvaras, vis-to que expedidos ao arrepio de leipreexistente. Assim , na decorren-cia da interpretaCao literal , dos re-feridos atos , direito algum se origi-nou. Esta, macs uma razao, a con-clusao de inexlstencia do direitoreclamado.

Quanto a intervenCao na autono-mia municipal , tambem alegadapela impetrante na peCa vestibu-lar, nAo se afigura, no caso, vistotratar-se de materia de interessequer do Municipio, quanto do Esta-do on da Untao. Assim a que ex-pressa a pr6pria ConstltuiCao Fe-deral , verbis:

<<Art. 180. 0 amparo a culturae dever do Estado.

Paragrafo unico: Ficam sobproteCao especial do Poder Pdbli-co os documentos. as obras e oslocals de valor hist6rico onartistico, os monumentos e aspatsagens naturals notavets, bemcomo as jazidas arqueol6gicas>>.

Desta feita, o ato tachado comoabusivo, nao o 6, visto que encon-tra embasamento em Lei Esta-dual , cujo conteudo esta autorizadopela Lei Federal n? 6.513, de 20-12-77, que dispels, em seu artigo 21,verbis : «Poderao ser instituldasareas especiais de interesse turisti-co, complementarmente, a nivelestadual , metropolitano ou munici-pal, nos termos da legislaCao prO-pria, observadas as diretrizes fixa-das na presente let>>.

349

Isto posto , o ato impugnado temrespaldo legal , nAo ferindo direitoliquido e certo da impetrante, peloque improcede o mandamus .)> ( Us.141/145).

A construtora ap6fa seu recursoextraordinario nas letras a, c e d dopermissivo pr6prio. Entende quehouve afronta aos artigos 15-II e 156,§ 3", da Carta da Republica, e 6? daLei de IntroduCao ao C6digo Civil;dizendo ainda que o aresto emexame prestigiou lei e ato adminis-trativo locals contrarios a lei maior,e suscitando dissidto de jurispruden-cia.

Admitido na origem , o recurso me-receu parecer desfavoravel do Mi-nisterio Publico Federal, firmado pe-la Procuradora Iduna Weinert, ondese 16:

................................

4. No que tange ao primeiro dosfundamentos do recurso, de ofensaao direito adquirido e ao ato juridi-co perfecto, de cuja proteCao cuidao art . 153, § 3°, da ConstltuiCao Fe-deral , ve-se que o mesmo se encon-tra plenamente respondido, pelo v.acOrdAo impugnado.» ( fls. 218)

................................

5. Inexistente , ainda , qualquerquebra da autonomla municipal,com ofensa ao art. 15, inciso II, daConstltuiCao Federal, porquanto aLei estadual n? 7.389/ 80 fot editadacom amparo no art . 180, paragrafounico, da ConstltuiCao Federal eem consonancia com a Lei federaln? 6.513, de 20-12-77, como bem as-slnala 0 v. ac6rdao recorrido. (fl.145).

6. Ve-se, portanto, que a revo-gaCao dos alvaras concedidos arecorrente baseou-se. exclusiva-mente, em dispositivos de lei esta-dual, o que inviabiliza o apelo ex-tremo a teor da Sumula n? 280,desse Colendo Supremo TribunalFederal.

350 R.T.J. - 116

7. A inexistencia das alegadasofensas a ConstituiCao Federal es-vazia , conseg0entemente , a funda-mentaCao do apelo corn base na Te-tra c, do permissivo constitucional,de todo Improcedente, como visto.

8. Os Julgados trazidos a con-fronto pela recorrente, como sepercebe da leitura de suas emen-tas, versam hip6teses cujas cir-cunstanclas faticas sao distintasdas que cuidarn estes autos, nao seprestando, pois, a demonstrar opretendido dissidio.

9. Por fim, cumpre salientarque a v . decisao impugnada, soafastar a alegaCao de ofensa a di-reito adqufrldo face a circunstAn-cia de nao estar ainda iniciada aconstrucao , harmoniza-se corn oentendimento esposado por essePret6rio Excelso, expressado nAoapenas no Julgamento do RE85.002 , citado, a contrario senso,pelo v. ac6rd5o recorrido (fl. 144),como, ainda, no Julgamento do REn? 90.159/SP, valendo destacar oseguinte trecho do voto do seu emi-nente Relator, Ministro Rafael Ma-yer:

(<O ac6rdao recorrido nao con-tem ofensa ao art. 153, § 3., daConstitulCao, mesmo que se su-pere a questao de nAo haver sidoprequestionado. E que, comobem acentua o ac6rdao proferidopela Egregia Segunda Turma, noRE n? 85.002, na linha de doutri-na indiscrepante , nao se pode re-vogar a licenra para a constru-Cao, quando esta Ja se tenha lni-ciado, pois entao Ja se configurouum direito adquirido.)) (RTJ95/312)

10. Sendo certo que, no caso dosautos , a impetrante ainda nao ha-via iniciado as obras autorizadaspelas licenCas revogadas, lnexisteo direito liquido e certo pela mes-ma sustentado.

ConclusAo

11. Parecer, em conclusao, pelonao conhecimento do presente re-curso extraordinarlo, ante a aus6n-cia dos seus pressupostos cons-titucionais e regimentals.)) ( fls.220/222)

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): Tenho como certa, deinicio, a competencia do Estado fe-derado para legislar sabre areas elocals de interesse turistico, visandoa proteCao do patrimdnio paisagisti-co. Quando o paragrafo iunico do art.180 da ConstituiCao Federal determi-na que as palsagens naturals ficarnsob a proteCao do Poder Pflblico,istosignifica que tanto a Uniao quanto osEstados e os Municipios tern quall-dade para garantir tal salvaguarda.

O Professor Hely Lopes Meirellesensina:

((As limitaC6es urbanisticas saoda competencia slmultanea dastr@s entidades estatais (Uniao,Estados-membros e Municipios)porque a todas elas interessa a pla-nificaCao fisico-social do territ6rlonacional . Compete a Uniao elabo-rar o Plano Nacional de Urbanis-mo e editar as normas gerais deurbanismo; cabe aos Estados-membros organizar o Plano Esta-dual de Urbanismo e estabeleceras normas urbanisticas regionals,supletivas e complementares dasfederais; e, finalmente , competeaos Municipios elaborar e executaro Plano Diretor do Municipfo e pro-mover o ordenamento urban.))(Dlrelto de Construir ; Sao Paulo,RT, 1983, pAg. 92).

O ato da autoridade impetrada, naesp6cie, fundou-se ern legislaCAo doEstado do Parana, expressiva denormas urbanisticas regionals, por-que atinentes a uma faixa litoranea

R.T.J. - 116 351

compreensiva de munlcipios diver-sos. Sobre este exato tema estatuiu oplenArlo do Supremo Tribunal na Re-presentaCao n? 1.048 , do Estado daParaiba . 0 Relator , Ministro DjaciFalcao , assim resumiu o ac6rdao:

«ConstituiCAo do Estado da Pa-raiba . Sao acoimados de lnconsti-tucionais os seus arts . 164 e 165,que rezam:

'Art. 164. E vedada a concessaode licenca para construCao de pre-dio corn mats de dots pavimentos,na avenida da orla maritima,desde a praia da Penha ate a praiaFormosa.

Paragrafo unico. E, igual-mSnte, vedada a concessao de It-cenca para construr5o de prediocom mats de tres pavimentos, nacapital do Estado e na cidade deCampina Grande , sem que tenha omesmo Area nunca inferior a deum pavimento , destinado A gara-gern.'

'Art. 165. Nas avenidas ou ruasresidenclais da Capital do Estado eda cidade de Campina Grande so-mente serA permitida a construCAode edificlos que sejam lsolados edistem , pelo menos , cinco metrospara cada lado, do limite do seuterreno.

Paragrafo unico. Os edificios deque trata este artigo nao poderaoter menos de vinte metros defrente.

As regras em causa, sem diuvidade elevado alcance, visam salva-guardar e preservar valores que sesobrep6em ao interesse mera-mente Municipal , constituindo,sim, um interesse comum ao Mu-nicipio e ao Estado , que colaboramno planejamento integrado do de-senvolvimento econ6mico e social,tendo em vista a safide, a seguran-Ca, a comodidade da populaCao, opatrim6nio ecol6gico e paisagisti-

co, etc., atendidas as peculiarida-des nao somente locals, Como dapr6pria reglao.

0 valor politico-admtnisteativodessas regras a abrangente dos in-teresses do Municipio e do Estado.For isso mesmo transcendem ochamado peculiar interesse do Mu-niciplo (art. 15, inc. II, da Consti-tuiCao Federal).

Improcedencta da representa-Cao. Decisao tomada por maioriade votos.» (RTJ 101/474).

Havia eu opinado nos autos dessarepresentacao, Como Subprocurador-Geral da Republica; e dissera, a cer-ta altura, comentando certo prece-dente dos anos sessenta - ora trazi-do A baila, tambern, pela construtorarecorrente:

«A anAlise do precedente es-pecifico, qual seja a Representa-Cao n? 775-ES, julgada pelo Tribu-nal Pleno em 24 de outubro de 1968,sob a relaCAo do Ministro Lafa-yette de Andrada (Representa-Cdes ..., Tomo I, pp. 123 a 125), im-presslona, antes de tudo, pela bre-vidade de debate travado em ple-nArio, se @ que se pode reputarocorrido urn debate. Ao Tribunal,na epoca, a questao hA de terparecido Isenta de malor complexi-dade: posturas municipals atinernao peculiar interesse das comunas,nessa Area nAo se devendo insinuaro legislador, ou mesmo o consti-tuinte, do Estado federado. Ease,alias, o enfoque sugerido pelaProcuradoria-Geral da Republica,que,falando nos autos, dissera naover '...o que macs diretamente digado peculiar interesse da comuna,do que o seu ordenamento ur-banistico'.

Desperta particular interesse, noestudo do precedente, a hesitaCAoque foi marca do atitude do Minis-tro Victor Nunes. Sua Excelencia,havendo destacado que aEm al-guns casos, o exercicio da compe-

352 R.T.J. - 116

tencia da Uniao ou dos Estadospode envolver limitaC6es da natu-reza das que estamos examinan-do», resolve pedir vista dos autos.Na sessao seguinte, votaria elecom o Relator e seus demais pa-res, nAo sem buscar arrimo nascaracteristicas pr6prias no casoconcreto . Esta foi sua observaCaofinal:

'Ressalvo , porem, o exame, emcada caso , de normas legais quevenham a ser baixadas, pelaUniao, ou pelos Estados, noexercicto de sua competencla cons-titucional, e que porventura Impor-tern restric6es a compet6ncia dosMunicipios em materta de edifica-4;6es urbanas.'

No presente caso , o Minist6rioPublico conduziu seu estudo a luzde duas consideraC6es prelimina-res. A primelra foi a lembranCa deuma diretriz lapidar, forjada noselo dessa egregia Corte ao tempodo saudoso Ministro Lutz Gallotti:a inconstitucionalidade nao sepresume ; deve ela resultar de umavisivel incompatibilidade entre aLei Major e o texto atacado. A se-gunda consideraCao , tAo oportunaquanto inquietante , resulta do fatode que aqua se traz a julgamento aConstituicao de um Estado Federa-do, numa epoca em que a doutrinase pergunta , com razAo , o que res-tou, entre n6s, do principio federa-tivo que os fundadores da Republi-ca assimilaram da experi@ncianorte -americana . Torna-se cadavez mats dificil, no melo unlversi-tArio e noutros foros de culturajuridica, explicar em que consistea decantada autonomia dosEstados-membros . Qual se nAo fo-ra bastante , para limitar-lhes o es-paco de atuaCAo , a imensuravelcompetencia legislativa da UniaoFederal , defrontam -se as Unidadefederadas, por outro lado, com aslimitaC6es resultantes da chamadaautonomia municipal . Sobre esta

ultima , recolhe -se As vezes a im-pressao de que ela pouco serve, defato, ao proveito do prOprio mu-nicipio, mats se prestando a funCAoingl6ria de fustigar a autonomlados Estados -membros , pelo flancooposto aquele em que a Uniao, pro-gressiva e sistematicamente, ga-nha terreno desde a reforms cons-titucional de 1926.

0 douto Presidente da Assem-bleia Legislativa paraibana pres-tou informar6es , na especle , As f1s.36/45. Buscando subsidios na dou-trina, e comentando o precedentejudicial, dA ele por legitima a edi-Cao, a nivel de Assemblefa esta-dual constituinte, das normas oraatacadas , nAo vendo nelas afrontaalguma a regra superior da auto-nomia dos municipios . Destaca oinformante o valor politico-ad-ministrativo de tais regras, pelobeneficio importado ao patrim6nioecol6gico e paisagistico do Estado.Entende , enfim , que a defesa detais valores , hole ameaCados emtoda parte, pela especulaCAo imo-bilfaria, nao pode sofrer cfsao, que-dando sob o alvltre Isolado das mu-nicipalidades.

Assiste-lhe inteira razAo . Quandomuito, poder-se-la dar por ofensivaa autonomla dos municiplos a le-gislaCao estadual que imotivada-mente adentrasse a esfera das pos-turas urbanas, versando tema que,via de regra , nao ultrapassa o puroe peculiar interesse das comunas.

Parece-me certo que a transce-dencia 6 nesse contexto , a pedra detoque . Ninguem jamals se escan-dalizou pelo fato de nao possuiremos moradores de Ouro Preto a ele-mentar prerrogativa de repintarsuas janelas, ou de eliminar suasgoteiras , sem o assentimento e ocontrole do Patrim6nfo Hist6rlco.Nada existe , all, de circunscrito aopeculiar Interesse municipal, desdeque a antiga Vila-Rica, superando

R.T.J. - 116

o Ambito da provincia, e agora oda pr6pria nacionalidade , viu-seproclamar, pela Unesco, objeto dolnteresse universal . A amplitudeda autonomia da comuna, com seuprefeito , edis e municipes, costumaser, por paradoxo , inversamenteproporcional a sua qualidade parsse ver altar a um nivel superior dedisciplina legislativa e de preser-vaCAo.

Guardadas as proporC6es, 6 cer-to que, ha dez anos , os represen-tantes do povo parafbano, reunidosem assembleia constituinte , houve-ram por bem manifestar lnteresse,no piano estadual , pela salvaguar-da de certos padr6es de urbanismonos doss malores centros demogra-ficos daquela Unidade, bern comopela preservacao paisagistica de'certa porcAo, especialmente For-mosa , da orla maritima . Ninguemmacs habIl que o legislador esta-dual para a assuncao de seme-lhante iniciativa , por forca da qualas areas visadas transcenderam,legitimamente , do «peculiar lnte-resse » dos municipios envolvidosno contexto . NAo houve ai qualquerespecie de ultraje A Lei Fun-damental da Republican. (RTJ101/476-477).

Excluo pots, corn invocaCAo doprecedente , a Ideia de que possa terocorrido, na especie , qualquer ul-traje A autonomia municipal, garan-tida pelo artigo 15 da ConstituiCao daRepublica.

NAo me parece , tampouco, que arecorrente tenha visto desprezar al-gum direito por ela adquirido, e co-berto pela garantia do art . 153 $ 3?da Carta . A tai prop6sito o ac6rdaoem exame rejeitou corn seguranCaos argumentos da impetracao, e emseu prol concorrem decis6es diver-sas desta Casa . Quero destacar, noRE 93 . 108, parte do voto do Relator,Ministro Moreira Alves:

353

«De fato, como salientei no votoque proferi no RE 85 .002, o denomi-nado direito de construir 6 simplesfaculdade juridica - e nao direitosubjetivo -,faculdade essa que In-tegra o conteUdo do direito subjeti-vo de propriedade , e que, pars serexercida, depende da autorizacao(licenCa de construCao ) pelo Po-der PUblico competente. A licenCa,portanto , a mera autorizacao parao exercicio dessa faculdade Juridi-ca, e, enquanto esta nao for exerci-tada , com o inicio da construCao,daquela nao nasce direito subjetivo- ate porque nao ha direito subje-tivo ao exercicio de uma faculdadeque Integra outro direito subjetivo(o de propriedade ) - pressupostoindispensavel a existencia de direi-to adquirido . Dal a razAo pela quala licenCa como simples autoriza-CAo que a para o exercicio de umafaculdade juridica, pode ser revo-gada por conveniencia da Adminis-traCAo PUblica ; sem 0 obstAculo dodireito adquirido ( que e o 6biceprevisto na SUmula 473 ), emborase admita a reparaCAo do dano so-frido pelo particular.» (RTJ100/356-357).

Nao caracterizado o disssidio deJurisprudencia, e visto que nenhumdos dispositivos de direito federaldestacados pela recorrente sofreuafronta no ac6rdao do Tribunal deJustica do Parana , nao conheCo dorecurso extraordinario.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira: Se-nhor Presidente , tambem entendo,como 0 Ministro Relator, que o alva-ra a mera autorizacao e, como tai,nao faz direito adquirido.

Em terra de construcao , o alvaraS6 gera direito oponivel A adminis-traCAo depois de iniciada a constru-CAo. No caso , como relatou o nobre

354 R .T.J. - 116

Ministro Francisco Rezek, parece VOTO (PRELIMINAR)que a obra dos pr6dios ainda nao ha-via sido iniciada.

De modo que me alinho ao entendi-mento esposado por S . Exa. e tam-bem nAo conheCo do recurso.

VOTO ( PRELIMINAR)

O Sr. Ministro Aldir Passarinho:Sr. Presidente . Tinha notado umponto, alias enfocado pelo ilustre Re-lator , que me parece suficlente paraeliminar qualquer pretensAo do orarecorrente , entao impetrante, qualseta, o referente a renovaCao do al-vara.

Lelo, no pr6prio memorial do re-corrente , que este pediu a renovaCaodo alvara.

0 decreto regulamentador da Lein? 7.389/80 6 de 3 de dezembro de1982 . S6 se renova aquilo que se ex-tinguiu ou esta prestes a extinguir,sen&o nao ha o que renovar, e a vi-gencia do alvara inicial permanece-ria. EntAo , pela parte final do votode S. Exa ., apes essas consideracoestodas sobre diretto adquirido, ounAo, em virtude da expediC6o dos al-varas , o que me pareceu 6 que,quando da lei nova, que estabeleceumaiores restriCBes , o prazo inicial-mente fixado is se havia exaurido.Assinalo que o memorial afirmouque, em 10 de fevereiro de 1984, parssurpresa do recorrente, seus alva-ras, expedidos pela autoridade muni-cipal, tinham sido revogados. Acon-tece que nao foram revogados, pots oque diz o despacho 6 o seguinte: ((In-defiro a pretensAo do interessado)).Mas a pretensao era de renovaCaodos alvaras porque nao fora iniciadaa obra dentro do prazo . Nao se trata-va, deste modo, de revogadoo do al-vara, mas de negativa de renovaCao,o que a bem diferente.

Nao conheco do recurso.

O Sr. Ministro Cordeiro GuerraSr. Presidente, dois sao os tema:trazidos a baila pelo ilustre Advogado da impetrante, ora recorrente. Cprimeiro 6 o do direito adquirido e <Segundo o da inconstitucionalidaddda lei estadual , dispondo sobre materia de ordenamento urbanistico na:zonas de interesse turistico. Creicque a argfii@ao de inconstitucionalidade da lei estadual prefere.

Ja decidimos else tema em representaCao da Paraiba , de que VExa., Sr . Presidente , tot RelatorAcompanhei o seu voto , porque a:quest6es paisagisticas nAo sao de estrito interesse municipal . Quando strata de valorizar a costa de um Estado, o interesse politico , sociol6gicoecon6mico e higienico imp6e umapreciacao , generalizada, nao s6 pra uma certa e determinada praluma determinada Serra, mas, parpreservar as condicoes de vida dapopulaC6es de toda a regiao. De mdo que me pareceu legitima a dispsiCao da ConstituiC6o Paraibana.

Havia, 6 verdade , um precedentdo eminente e saudoso MinlstrLafayette de Andrada , e era curioscporque, naquela epoca , ainda nao svalorizava a ecologia , Como hoje sfair no mundo todo . E a questAo fcconsiderada sob o ponto de vista it(nico.

Creio que V. Exa., Sr . Presidentt ,no seu voto, salientou que, se o Est -do quisesse dizer Como urbanizarmiolo da cidade . at poderiamos vl -lumbrar ser o fen6meno exclusiv -mente local , municipal e urband .Mas no caso o interesse 6 de maf rgrandeza , mafor amplitude

De modo que, interpretandoConstituiCao Como um todo, nao v -$o, na lei estadual , que procura pr -servar valores superlores da cole -

R.T.J. - 116

vidade num determinado Estado, In-fring6ncia ao principio da autonomiamunicipal.

0 segundo ponto e o do direito ad-quirido de quem teve a sua licenCaconcedida pelas autoridades munici-pals. Como fui, durante multos anos,advogado de empresa construtora efive a oportunidade, tambem, de sercomprador de apartamentos, consi-dero o alvara uma coisa muito seria.Dado de conformidade corn as leisvigentes, nao pode ser revogado aoalvedrio do alcaide, porque, de posseda planta aprovada, fazem-se plane-jamentos econ6micos, gastos, calcu-los e propaganda. NAo pode vir umalei, no din seguinte, tornar sem efel-to a licenCa.

Num caso em que a construCAo ti-nha sido iniciada, o Ministro MoreiraAlves e eu concluimos que devia serfeita a desapropriaCAo, porque nAopoderia revogar, ja que a licenCa ti-nha sido concedida de conformidadecom a lei.

Como Procurador-Geral da Justicado antigo Estado da Guanabara, sus-tentei a tese de que o alvara obtidoem fraude a lei, pela transigenciaefetiva ou monetaria dos funciona-rios nao gera direito algum , porqueversa uma coisa ilicita.

No caso vertente , houve uma licen-Ca concedida de acordo com as leismunicipals . Mas nao posso deixar delevar em consideraCAo a circunstAn-cia de que , conflando s6 nessas leis,o emprelteiro nao iniciou as constru-c6es , por uma margern de tempo ra-zoAvel . E ele nao exerceu a licenCaque the tot dada legitimamente. Ago-ra, sobrevindo legislaGao nova e re-conhecida a sua legitimidade , validafoi a negativa de renovaCAo da Iicen-ca.

SAO esses motivos pelos quais pro-curo preservar a minha coerencia,embora nao perseverando no erro.

355

Acompanho o eminente Relator,nao conhecendo do recurso extraor-dinArio.

ADITAMENTO AO VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho:Sr. Presidente, compulsando os au-tos, que pedi enquanto eram proferi-dos outros votos, vejo, nos mesmos,alvara de autorizaCao da construvaodatada de 20 de fevereiro de 1981,em cujo verso se encontra a aprova-cAo da Prefeitura Municipal de Mati-nhos.

Normalmente, esses alvaras saoconcedidos com prazo certo para oinicio e o termino da obra . Caso nAosejarn obedecidos tais prazos, deve-se pedir renovaCao.

No caso, os prazos nao foram cum-pridos , pots a obra nao teve inicio noprazo prefixado e dal porque se jus-tificava a renovaCao . Mas, entao, naepoca, ja havia legislaGao nova. 0infederimento do pedido de renova-CAo se encontra , por isso, sem qual-quer eiva de ilegalidade on de abusode poder.

VOTO

O Sr. Ministro Djact Falcdo (Pre-sidente ): Tambem acompanho oeminente Relator, a consideraCAo,em primeiro lugar, de que naoocorre afronta a autonomia munici-pal, uma vez que o interesse em cau-sa transcende o mero Interesse si-tuado na 6rbita do municipao - a se-melhanCa daquele caso , ao qual sereferiu o nobre Relator : representa-CAo do Estado da Paraiba , de que fuio Relator perante o Pleno da Corte.

No que toca a figura do direlto ad-quirido , evidencia-se a existencia deuma nova legislaGao , que sobrevelolegitimamente , ressaltando agoraem seu voto , o eminente Ministro Al-dir Passarinho , que se trata de reno-vaCAo de licenCa , ocorrida ja na vi-gencia da nova let estadual

356 R.T.J. - 116

Diante dessas consideraC6es,estoude inteiro acordo com o eminenteRelator, nao conhecendo do recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 105 . 634-PR - Rel.: MinistroFrancisco Rezek . Recte .: HabltaCaoS/A - Construc6es e Empreendi-mentos (Advs.: Joao Casillo e ou-tros ) Recdo .: Estado do Parana(Advs .: Jose Manoel de Macedo Ca-ron, Rubens de Barros Brisolla e ou-tros).

Decisao: Nao conhecido. UnAnime.Falou pelo Recte . o Dr. Joao Casillo.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 20 de setembro de 1985 -Hello Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 105.846 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.

Recorrente: Banco do Comercio e Industria de Sao Paulo - Recorri-dos: Elson Zangiroiami e sua mulher.

Embargos de Tercelros. Fraude 9 execuCao. Cbdigo de ProcessoCivil, art. 593-11.

I - Para que se configure fraude a execuCao nao a suficiente oajuizamento da demanda, mas a cltaCao valida.

II - Aventada afronta aos artigos 135 e 530 do C6digo Civil e 167-1-9 e 172 da Lei 6 .015/73 : falta de prequestionamento ( SOmulas 282 e356).

Recurso extraordinarlo conhecido , mas Improvido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma, na conformidade da atado )ulgamento e das notas taqulgra-ficas, por unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e the negar provi-mento.

Brasilia , 20 de agosto de 1985 -Djaci Faicao , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek: 0ac6rdao impugnado assim decidiu acontroversla:

aCuida a hip6tese de embargosde terceiro ajuizados por ElsonZangirolami e sua mulher na exe-cuCao que o Banco do Comercio eIndustria de Sao Paulo move con-tra Hugo Alves Bahia Monteiro.

0 pr6prio embargado , ao verifl-car que o im6vel penhorado haviasido vendido pelos devedores a ter-ceiros mediante compromisso par-ticular de venda e compra , inclu-sive corn anuencia da credora hi-potecaria , requereu o levantamen-to da penhora efetuada ( fls. 40 dosautos da execuCao).Nao ocorre, portanto , ao contra-

rio do que sustenta o apelante,fraude a execuCao na forma pre-vista no artigo 593 do CPC.

R.T.J. - 116

Sallente-se , por ultimo, que oaresto trazido a colaCAo pelo ape-lante em seu recurso nao tern apli-caCAo a especle, porque a aliena-CAo ocorreu antes que houvesselide pendente.

0 simples ajuizamento da execu-Cao nao configura Ilde pendente,cumprindo notar que na epoca dacelebraCao do neg6cio nao haviamainda tornado conhecimento daexecuCao que Ihes era promovida.Incensuravel a r. sentenca, ne-

garn provimento ao recurso .» ( fls.107-108).

O Banco do Comercio e Industriade Sao Paulo recorre extraordinarfa-mente , pelas tetras a e d, falando emafronta aos arts . 593 do C6digo deProcesso Civil; 135 e 530 do C6digoCivil; 167-1-9 e 172 da Lei de Regis-tros Publicos ; e suscitando dissidiode jurisprudencia . Alega que houvefraude a execuCao , e que o compro-misso de compra e venda nao foraregistrado , de modo que n5o produzefeitos contra terceiros.

O extraordinarlo subiu por causado acolhimento da relevAncia. 0 Mi-nist6rio P6blico Federal , em parecerda Dra . Iduna Welnert , opina peloconhecimento e provimento.

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator ): Culda-se, como visto, deembargos de terceiros , interpostospor promitentes compradores deim6vel penhorado em processo deexecuCao.

O ac6rdao recorrido entendeu quenao ocorrera fraude A execuCao, naforma prevista no art . 593, estatuin-do que o simples ajuizamento daexecuCao nao configura lide pen-dente , e que A epoca da celebracAodo negOcio nao haviam os reus torna-do conhecimento da execuCao queIhes era promovida.

357

Sustenta o recorrente que houvenegativa de vigencfa dos arts. 135 e530 do C6digo Civil, 167-1-9 e 172 daLei n? 6.015/73, argumentando que apropriedade se adquire pela trans-cricAo , sem a qual 0 contrato nAoproduz efeltos contra terceirosi eque, no caso , 0 compromisso de com-pra e venda nAo foi registrado, naosendo , assim, oponivel ao Banco.

No entanto , o aresto impugnadonao tratou de tal materia, faltando-Ihe o requlsito essencial do preques-tionamento (SUmula 282 e 356).

O Banco alega, em seguida, quehouve negativa de vigencia do artigo593 do C6digo de Processo Civil e di-vergencia pretoriana, visto que a re-ferida norma estatul «que a fraudeprocessual se caracteriza pela exis-tencia da demanda, o que in casuacontecia>,. (fls. 111).

O parecer do Ministerio PublicoFederal assim opina sobre a mate-ria:

«4. Ve-se, por conseguinte, queembora o v. decis6rio recorridomencione ter sido o Im6vel penho-rado vendido pelos devedores aosembargantes amediante compro-misso particular de venda e com-pran ((Is. 107), entendeu, corn invo-caCAo do art. 593, do CPC, que ine-xistira fraude A execuCao porquan-to o embargado, ora recorrente,teve conhecimento da allenaCAotendo, mesmo , requerido o levanta-mento da penhora , segundo docu-mento de fls. 40, dos autos da exe-cuCao, apensos.

5. Sucede que , nos termos doart. 593, do CPC , que embasa o v.ac6rdAo impugnado , a caracteriza-C5o de fraude a execuCao inde-pende do conhecimento ou nao, pe-los credores, da alienacao ou one-raCAo de bens pelo devedor,configurando-se, na conformidadedo Inciso II , do dispositivo legal emtela , «quando, ao tempo da aliena-

358 R.T.J. - 116

Cao ou oneracao, corria contra odevedor demanda capaz de reduzi-to A insolv6nciau.

6. Sendo fatos incontroversos,nestes autos , que a execuCao foiajuizada contra os devedores em15-4-80 ( autos apensos ); que o com-promisso particular de compra evenda foi pelos mesmos firmado,com os embargantes , em 23-4-80(fls. 14 ) nao tendo sido objeto doimprescindivel registro imobilia-rio, para que houvesse a transmis-sao do dominlo (C6digo Civil, art.530, I), e, ainda , que a tnsolv@nciados devedores foi expressamenteadmitida pelos embargantes, emsua petiCAo inicial ( fls. 3 ), nAo hacoma deixar de reconhecer que aaludida transaCao deu-se em frau-de a credores.

7. No que tange aos pressupos-tos de caracterizaCao de fraude acredores, esse Pret6rio Excelso jadecidiu que:

aEmbargos de terceiros. Frau-de da execuCao. Para que seconfigure a fraude de execuCaobasta a exist@ncia de demandapendente . NAo se requer que emtal demanda haja penhora, emuito menos que tenha sido ins-crita, basta a existencta da lidependente e a situaCAo de insol-v@ncia do acionista (Ac. UnA-nime do RE 83 .515-SP, rel. Minis-tro Cordeiro Guerra, RTJ v.79/621).»

8. For fim, cumpre lembrarque, ao editar a Sumula n? 621,esse Colendo STF p6s fim a longacontrov6rsia existente em torno damat6ria que se discute nestes au-tos, tendo assentado que

((NAo enseja embargos de ter-ceiros a penhora a promessa decompra e venda nao inscrita noregistro de im6veis.))

Conclusao

9. Parecer, em conclusAo, peloprovimento do presente recurso ex-traordinario , por negativa de vi-gencia do art . 593, lnclso II, doCPC. > ( fls. 186-187).Penso, entretanto , que a melhor

ortentaCao esta no ac6rdAo recorri-do.

Imp6e-se 0 conhecimento do ex-traordinArio pela letra d, dado o con-traste com o RE 83.515. Nao obs-tante , entendo que o simples ajuiza-mento da aCAo nao 6 suficiente paracaracterizar a fraude a execuCao,sendo imprescindivel o ato citat6riovalido.

O art . 593 do C6digo de ProcessoCivil dispde:

aConsidera-se em fraude de exe-cuCao a alienaCao ou onerarAo debens:

...............................

II - quando , ao tempo da alie-naCAo ou oneracio, corria contra odevedor demanda capaz de reduzi-lo a insolvencia.)>O aresto impugnado entendeu que

o osimples ajuizamento da execuCaonAo configura tide pendente )), ressal-tando que a 6poca da celebraCAo doneg6cio os reus «nao haviam tomadoconhecimento da execuCao )>. Ora, senao houvera citaCao, nos termos doart. 263, combinado com o art. 219 dalei processual , nao se poderia consi-derar a lide pendente , e a coisa liti-giosa . Amaral Santos a este respettoensina:

«Uma vez feita a citaCao , a coisaobjeto da pretensao , e, pots , da lidependente , se torna litigiosa. Do fa-to da coisa ser litigiosa resultamconseg0@ncias que afetarn a vali-dade de atos concernentes a suadisposiCAo, reguladas , inclusive,por leis de natureza processual(C6d. Proc . Civil , arts . 592, n? V, e593).» (Primeiras Linhas de Dlrei-to Processual Civil ; S. Paulo, Sa-raiva, 1977, 2? vol ., pag. 144).

R.T.J. - 116

Nesse sentido os RREE 83 . 762 (re-lator o Ministro Leltao de Abreu,RTJ 89/899) e 85 . 169 (relator o Minis-tro Soares Munoz, RTJ 93/625).

Reporto-me ao voto de vista profe-rido pelo Ministro Moreira Alves noprimeiro dos ac6rdaos mencionados(RTJ 89/903):

a( ..............................)

Para que ocorra a fraude a exe-cuCao, na hip6tese prevista no inci-so II do artigo 593 do C6digo deProcesso Civil, mister se faz que,antes da alienaCao , Ja corressecontra o devedor demands capazde reduzi-lo a insolvencia.

Ora, para a demanda correr naobasta o ajuizamento da aCao; emister a citaCao valida, pots a par-tir de entao a que ha a litlspenden-cia (ou seja, a pendencia da lide,da demanda ). For isso , acentuaPontes de Miranda ( Comentariosao C6digo de Processo Civil, vol.IX, pag. 462, Ed. Forense, Rio deJaneiro, 1976) que, no tocante aocitado inciso It, as insolvencia naobasta para que se componha a fi-gura da fraude a execuCao. Outropressuposto e o de existir litispen-dencia.

Sob o imperio do C6digo de Pro-cesso Civil de 1939, em que essa hi-p6tese era disciplinada no inciso IIdo artigo 895, Arruda Alvim(Direito Processual Civil - TeoriaGeral do Processo de Conheci-mento, vol. II, pag. 216, Ed. Rev.dos Tribunals, Sao Paulo, 1972), ci-tando em nota passagem de votode Orozimbo Nonato (Rev. Forense140-180), salientava:

aPara a aplicabilidade do art.895, n? II, do C6digo de ProcessoCivil, a imprescindivel que a alie-naCao ocorra depois de iniciada alitispendencia . Nesse sentido, tem

359

a nossa jurisprudencia entendidoque somente podera incidir o art.895, n? II, na hip6tese de a aliena-Cao dar-se depois de realizada a ci-tagao validamente.»

Essa, a interpretaCao que, a meuver, se Imp6e com relaCao ao arti-go 593 , II, do C6digo atual, ate por-que o inciso I do mesmo dispositivoalude inequivocamente a colsa liti-gioss ( e esta s6 surge com a litis-pendencia cujo marco initial e acitaCao - art. 219, Caput , do C6di-go de Processo Civil) com a ex-pressao spender aCao», em quem,como bem observa Amllcar deCastro ( Comentarlos ao C6digo deProcesso Civil, vol. VIII, pag. 86,n? 124, Rev. dos Tribunals, SaoPaulo , 1974), a palavra «aCao» estaempregada «como sin6nimo de de-manda, Tide , procedimento».u

Ante o exposto, conheCo do ex-traordinario , mas nego-lhe provi-mento.

EXTRATO DA ATA

RE 105 .846-SP - Rel.: MinistroFrancisco. Rezek. Recte.: Banco doComerclo e IndUstria de Sao PauloS/A. (Advs.: Martial Barreto Casa-bona e outros). Recdos .: Elson Zan-girolami e sua mulher (Adv.: Anto-nio Furtado da Rocha Frota).

Decisao: Conheceram do recurso,mas the negaram provimento. Una-nime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Decio Miranda, Aldir Passarinho eFrancisco Rezek . Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 20 de agosto de 1985 -Hello Francisco Marques, Secreta-rio.

360 R .T.J. - 116

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 .065 - RJ(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro - Recorrida: Socie

dade Brasileira de AdministraCAo de Conferencias de Frete - SOBRACON.

Imposto sobre Servicos . Sociedade Civil sem fins lucrativos.- Artigo 8" do Decreto-Lel n" 406/68: materia nao prequestlonads

(Sumula 282 e 356);- Dissidlo de jurisprud8ncia nAo comprovado , pots a tese juridi;

ca do acordoo padr$o nao conflita senao com parte do embasament jdo acordoo recorrido ( S(tmula 283).

Recurso extraordinarlo nAo conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taguigra-flcas, por unanimidade de votos, naoconhecer do recurso.

Brasilia, 13 de setembro de 1985 -Djacl FalcAo , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek: ASociedade Brasileira de Administra-Cao de Conferencias de Frete - SO-BRACON - propels aCao ordinAriade anulaCao de declsao administrati-va contra a Prefeitura do Rio de Ja-neiro, para ver reconhecida a nAo-tncidencia do ISS sobre suas ativida-des, e conseg0entemente anuladocerto auto de infraCAo , por inocor-rencia de fato gerador . Destacou aaurora sua condiCao de sociedade ci-vil, que tem por objeto

((proporcionar As Sec6es e Or-gAos sediados no Brasil de Confe-rencias de Frete e Acordos deTransporte Maritimo, cujos mem-bros sejam assoclados destasociedade , todas as facilidades Pa-ra as reunites, deliberaC6es, con-

sultas e dlvulgaCbes, tendo em visto a realizaCao dos objetivos daquelas Conferencias e Acordos, ebeneficio do trafego maritimo entre o Brasil e os passes servidoslas empresas de navegaCao maritima partlcipantes das mesmas Conferencias e Acordos, o que tudo serA felto sem remuneraCAo , nAo tendo a Sociedade nenhum intuito dlucro» lfls. 3);

e afirmou-se, dessarte, imune aISS, JA que nao C- empress , nao presto qualquer serviCo a terceiros,nAo tern preCo os serviCos que proporciona a seus associados.Afirmou ainda que, se assim na

fosse, estaria isenta do ISS, nos tomos do art . 51-11 da Lei Municipal n206/80, que concede tal beneficio AassoclaCtes de classe.

0 magistrado singular Julgou prcedente a demanda , dizendo, no esencial:

«2.1. A autora nao 8 uma epresa; a uma associaCao de class %como JA reconhecida na esfera aministrativa e na Judiciaria, e diciplina e coordena a atividade daconferencias de frete e acordos dtransporte maritimo cujos men -bros dela sejam associados.

2.2. Por outro lado nAo prestserviSos a terceiros, mas exclus -

R.T.J. - 116

vamente aos associados e, quandoo faz, nAo a mediante remunera-cio.

2.3. Assim, inexistindo os pres-supostos legais que Justificarlam acobranCa do ISS, a pretensAo daautora deve ser acolhida intotumu. (fls. 87)

A decisao de primeiro grau foiprestigiada por ac6rdao que levouesta sumula:

oPagamento de Imposto SobreServiCo . IsenCao: - EstAo isentosdo pagamento do Imposto sobreserviCo as entidades que nao ternfins lucrativos e prestam servi-Cos apenas a seus associados. Aobrigacao de pagar tem como fa-to gerador o lucro pela prestarAode servicos a terceiros. E nulaqualquer cobranca por 6rgao pu-blico, sem observancia deste pre-ceito.» ( fls. 106)

A Prefeitura do Rio op6e recursoextraordinario a ease ac6rdao, falan-do em afronta so art. 8? do Decreto-lei n? 406/68, e suscitando dissidio dejurisprudencia . Parece-lhe que aocorrencia do fato gerador do ISS in-depende de intutto de lucro, Ja quedisso nao cogita o art . 8? do- referidoDecreto-lei.Admitido, na origem , pela letra d,

o recurso fol assim visto pelo Minis-terio Publico, em parecer da Procu-radora Edylcea de Paula:

«O dispositivo federal invocadonao fo1 prequestionado , merecendose apliquem as Sumulas 282 e 356.E nAo se diga que houve ventilacaoimplicita , por Isso que esta nAo au-toriza o cabimento do apelo extre-mo, consoante inumeras decisoesdesta Corte: AgRg 98 . 080-6-SP,Rel.: Min . Rafael Mayer , publ. noDJ 10-8-84, pig . 12448; AgRg101.844-5-DF, Rel.: Min. Oscar Cor-rea, publ . no DJ de 12-4-85, pig.4937; e AgRg 90 .211-2-SP, Rel.: Min.Oscar Correa, publ . no DJ de 8-4-83, pig. 4149.

361

As decisoes trazidas a confrontopara demonstrar o dissidio nao seprestam so terra discutido, quenao se subsume a questao do lucrona assistencia as companhias.

Ja Julgou esta Corte:

«Ementa : Recurso extraordini-rio.Ausencia de pressuposto pa-ra seu conhecimento.

Outrossim, nao surge possibill-dade de conhecer-se do extraor-dinario pela letra d se no ac6rdaotrazido a confronto , pars provada divergencia , nao se encon-tram os mesmos aspectos parti-culares existentes no aresto oraimpugnado.

Recurso extraordinario de quenao se conhece.» (RE 77.980-9-RJ, Rel. Min. Aldir Passarinho,publ . no DJ de 10-06-83, pAg.8469).

Pelo nAo conhecimento do apeloextremo.» (fls. 153/154).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Francisco Rezek(Relator): Ao propor a demands,sustentou a Sociedade:

I - a inocorrencia , no quadro desuas atividades, de fato gerador doISS, eis que nao a empresa, naopresta servico algum a terceiros, eado cobra preCos pelos servicos queoferece a seus associados; e

II - aut6noma e alternativa-mente - a isenCao de que devefruir, no tocante ao ISS, e enquantoassoetacao de classe , nos termos delei municipal.

O acdrdio impugnado , a exemploda sentenCa de primeiro grau, esti-mou vilida essa dupla linha de argu-mentaCao, enfatizando , no perfil darecorrida , a qualidade de assoctaCao

362 R.T.J. - 116

de classe , e observando que nAo EXTRATO DA ATApresta ela qualquer serviCo que thecarreie proveito econ6mico.

O recurso extremo se deduz demodo incompleto na critica ao arestolocal, els que traz A mesa, singular-mente, o artigo 8? do Decreto-lei n?406. A Sumula 283 opera sobre estecaso tao bern quanto as de numeros282 e 356 , vez que o dispositivo de leifederal citado nao se viu questionarno aresto , a que nao foram opostosembargos de declaraCAo.

Pela letra d, a unica decisao trazi-da a confronto estatui, efetivamente,que a falta do intuito de lucro naoexclui a incidencia do ISS . Como fi-cou visto , contudo, essa tese juridicanAo conflita senao com parte do em-basamento do ac6rdAo recorrido.

Tais as circunstancias , nao conhe-Co do recurso extraordinario.

RE 106 .065-RJ - Rel.: MinistroFrancisco Rezek . Recte .: PrefeituraMunicipal do Rio de Janeiro (Adv.:Arthur Jose Faveret Cavalcanti).Recda.: Sociedade Brasileira de Ad-ministraCAo de Conferencias deFrete - SOBRACON (Advs.: Ar-mando Redig de Campos e outros).

Decisao : NAo conhecido . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci FalcAo. Presentes A Sessao osSenhores Ministros Aldir Passarinhoe Francisco Rezek . Ausente, justifi-cadamente o Sr. Ministro CordelroGuerra. Subprocurador-Geral da Re-publica, o Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia, 13 de setembro de 1985 -Hello Francisco Marques, Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 . 193 - PR(Segunda Turma)

Relator para o Ac6rdao: 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente: Ministerio PUblico Estadual - Recorrido: Arquimedes Ma-

ria Alvaristo.

Trafico de Entorpecentes . PrisAo albergue.A condenacAo por traflco nAo impede, em principto,

do beneficio da prisAo albergue.ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma, na conformidade da atado )ulgamento e das notas taquigrA-ficas, nao conhecer do recurso.

Brasilia, 6 de setembro de 1985 -Djacl Falco, Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator para o Ac6r-dAo.

RELATORIO

O Sr. Ministro Cordelro Guerra: 0v. ac6rdao recorrido deferiu a prfsao

a concessAo

aberta a traficante de entorpecente,que oferecia A venda um «tiiolo» demaconha e tinlta dois outros 11/ arda-dos em casa para vender, na consi-deraCao de que a sentenCa reconhe-ceu ser ele primario , nAo perigoso,presumfdo que nAo voltara a delfn-gUir, lA que teria assim agido por df-ficuldades econ6micas.

0 Ministerio PUblico em embargosde declaraCao prequestionou que, emface do art . 35 da Lei n? 6 .368, de 21de outubro de 1978, ha incompatlbilf-dade entre a presunCAo legal de peri-culosidade e o beneficio da prfsao al-bergue.

R.T.J. - 116

Rejeitados os embargos, o recursoextraordinario foi admitido pelo des-pacho de its. 126/127:

«Porque a egr6gia Segunda Cama-ra Criminal desta Corte , em acolhen-do parcialmente a apelaCao oposta asentenca , propiciou ( por malaria devotos ) a Arqulmedes Maria Alvaris-to - condenado pelo julz a quo a 3anos de reclusao e ao pagamento de50 dias-multa - cumprisse sua penaem regime aberto , o Ministerto P6-blico manifesta , dentro do prazo le-gal, recurso extraordinario embasa-do nas letras a e d da norms consti-tucional permissiva.

Nesse apelo , regularmente Impug-nado, o 6rg5o do parquet afirma queo ac6rdao recorrido negou vig@nciaaos artigos 12 e 35 da Let de T6xicose aos artigos 30, § 5?, I , do C6digoPenal de 1 .940 e 33 , § 2?, letra c, doNovo C6digo Penal , alterado pelaLei n? 7.209/84, e, ainda , diverglu dejulgados do Tribunal de AlCada deSao Paulo e da mais alta Corte.

A tese, magistralmente posts norecurso sub examen , e a da total im-posslbilidade de se conceder, abInitio , a prisao aberta ao individuocondenado por trafico de entorpecen-tes, tal como ocorreu in casu.

Em sua declaraCao de voto (ifs.87-89 ), o culto Des . Negi Calixto con-signou existir incompatibilidade en-tre o albergamento e a traficAncia edisse que aalbergamento de presocondenado por delito de t6xico nasua modalidade de traficancia inde-pende da declaraCao do julz na sen-tenCa de ser ou nao perigoso, poisainda que assim fique reconhecidona sentenCa , ainda que primario e debons antecedentes , a ameaCa por elerepresentada @ decorrente da pro-pria natureza da infragao,, ( ifs. 88).

Nada podendo acrescentar aos s6-lidos fundamentos do apelo extremo,que traz interessantissimo enfoqueda questao sub judice , ou seja, dainaplicabilidade , so traficante, da le-

363

tra c do § 2? do artigo 33 do novo C6-digo Penal , em funCao do confrontoentre as artigos 35 da Lei de T6xicos(estabelece uma presunCao de peri-culosidade do agente ) e 12 do mesmoC6digo penal ( manda se apliquemsuas regras aos crimes reguladospor lei especial , se esta nAo dispuserde modo diverso ), entendo deva estaPresidencia recebe-lo, ensejando so-fra a materia aqui discutida a abali-zada apreciaCao da suprema Corte.

Assim sendo, admito , pelos pr6-prios fundamentos nele aduzidos, aosquaffs me reporto, o presente recursoextraordinario.

Publique-se e prossiga-se. Curiti-ba, 16 de maio de 1985 . ArmandoJorge de Oliveira Carneiro , Prest-denten.

A douta Procuradoria-Geral daRepublica assim opina:

«1. 0 Dr. Juiz da 88 Vara Crimi-nal de Curitiba condenou o acusadoArquimedes Maria Alvaristo a penafinal de 3 anos de reclusao e paga-.mento de cinquenta dias-multa, porinfringencia do artigo 12 da Lei n?6.368, de 21 de outubro de 1976, adu-zindo as seguintes consideraCOes:

((Face ao exposto e so que dos au-tos consta , julgo procedente a inicialpars condenar Arqulmedes MariaAlvaristo , acima qualificado, comoincurso nas penas do artigo 12, daLei n? 6.368 de 21 de outubro de 1976e considerando o disposto no art. 42,do C6digo Penal, isto e, ser o r6u pri-mario, de personalidade normal, naoapresentando periculosidade , presu-mindo-se que nao voltara a delin-quir, ser-lhe adversa a intensida-de do dolo, ser relevance o motivo,visto afirmar o reu de que assimagiu por se encontrar sua situaCaode desempregado , desfavorecer-theas circunstancias e nao ter havidoconsegOi ncias graves do delito, fixoa pena base em trios anos de reclu-sao e pagamento de clnq(lenta Wasmulta, no valor diario de duzentos

364 R.T.J. - 116

cruzelros , pens essa que na ausenclade circunstAncia modificadora, e adefinitiva , a ser cumprida na Peni-tenciaria Central do Estado». (f1.57).

2. Inconformado , o acusado mani-festouapelagao , pleiteando a refor-ma do julgado , pois, segundo alegoudeveria ser absolvido on, em casocontrarto , ser colocado em regimede prisao albergue.

0 Tribunal de Justica do Estadodo Parana . por sua 2? Camara Cri-minal, deu provimento parctal ao re-curso para assegurar an apelante dodireito de gozar do beneficto do re-gime aberto de prisao albergue, me-diante as condic6es a serem estabe-lecidas no Juizo monocratico, emac6rdao assim ementado:

«Prtsao Albergue - Traficante det6xico - Beneflclo em face da suaprimarledade e do reconhectmento,na sentenSa da ausencia de periculo-sidade - pena , outrosslm , inferior aquatro anos - recurso parcialmenteprovido.

A let nao exclui do regime abertode prisao albergue , o condenado porcrime de trAfico de tbxico, excetuan-do apenas aqueles que a sentenCadeclarar reincidentes e assim pert-gosos ou incompativeis com o citadoregime)).

4. Opostos embargos de declara-Cao so julgado, foram os mesmos re-jeitados, de vez que objetivavam im-portar em modificaCao de sua essen-cia ou substancia.

5. Irresignada , a Procuradoria-

Geral da Justiga do Parana manifes-tou o presente recurso extraordina-rio, sustentando que o julgado recor-rido, deferindo ao acusado o be-neficio do cumprimento de sua penaem regime aberto, negara vtgenctaaos artigos 12 e 35 da Lei de T6xicos

e aos artigos 30, § W. I, do C6digo

Penal de 1940 e 33, § 2?, letra c, do

novo C6digo Penal, alterado pela Lei

n? 7.209/84, e, ainda divergiu de Julgados do Tribunal de AlCada de SaPaulo e do excelso Pret6rto.

6. A nosso ver, o presente recurso, se conhecido nao devera ser provido. A questao referente a periculosidade, on nao , do acusado, 6 questao que exige reexame de mat6rlde fato , terra incomportavel no ambito restrito do apelo extremo.acOrdao contra o qual foi interposo recurso extraordinario, considerotque se tratava de acusado prtmarie a sua personalidade como sendum elemento correto e trabalhadorque praticara o fato por necessidadeAdemais, o colendo Supremo Tribunal Federal JA decidiu:

Embora nAo esteja expressa elet a vedaCao de prisao albergue, equalquer caso, 0 condenado pel tcrime do art . 12 da Lei n? 6.368/1976certo 6, na especie, que a sentenCnao negou seja o paciente perigoso>(RHC 60.354 - SP, Relator MinistrN6ri da Silvelra).

E assentou , posteriormente, queregime de prisao albergue pode serecusado ao traficante de entorpecentes , nAo simplesmente porque como tal tenha sido condenado, mapor concorrer na hip6tese examinada, circunstancia impeditiva: a pertculosidade do pleiteante. (R102.424-1 - GO - Rel.: Min. DeckMiranda - DJ, 17-5-85, pag. 7325).

7. Opinamos, pelo exposto, peltnao-conhecimento on nao-provimentdo presente recurso extraordinario.

Brasilia , 19 de agosto de 1985 - AG. Valim Teixeira , SubprocuradorGeral da Republica ». ( fls. 139/141).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Cordelro Guerr(Relator): 0 v. ac6rdao recorrido, nparticular, esta assim fundamentdo:

R.T.J. - 116 365

((Todavia, quanto a prisao alber-gue, cujo beneficio 6 tambem busca-do no recurso em caso de confirma-Sao do condenat6ria , tern razao oapelante quando adverte, com baseem orientacao jurisprudencial, serpossivel a sua concessao ao condena-do por infratao do artigo 12, da Leiantit6xico, se a periculosidade naotot afirmada na sentenga.

De fato, inexiste na legislaGao an-tit6xico qualquer dispositivo queprotba a tal esp6cie de condenadousufruir do regime em causa. A res-pelto , 6 de se assinalar que haenorme corrente jurisprudential fa-voravel a concessao do beneficio,sendo exato que o pr6prio SupremoTribunal Federal tambem se pronun-ciou em tal sentido quando , no julga-mento do Recurso de Habeas Corpusn? 60.354-8, de Sao Paulo, sendorelator o Ministro NErl da Stivetra,reconheceu nao vedar a let o deferi-mento da prisao albergue ao trafi-cante». (fls. 84/85).

E, ainda:«Na especie , verifica-se que ao pu-

nir o apelante , a Dra . Juiza aplicou-lhe a pena no minimo legal , afirman-do sua primartedade e a aus@ncia depericulosidade , deixando de decla-rar, outrossim , a sua incompatibilt-dade com o regime aberto . Nesse ca-so, nao ha que se falar em periculo-sidade decorrente de acao desenvol-vida, posto que, como leciona CelsoDelmanto , a periculosidade nao de-corre unicamente da mantra e dascircunstanctas que rodetam o come-timento do delito , sendo necessarioque se considerem outros elementos,principalmente os que digam respei-to a formaGao social e cultural doacusado , o exame do mein em quevive, suas reae6es nesse meio, suamanefra de se comportar no am-biente de trabalho , na vida familiar,enfim fatores capazes de retratarsua personalidade sob as mais diver-sas facetas. Demais disso , a let, co-

mo se viu, nAo exclui do regimeaberto o condenado por este ouaquele crime , mas o que a sentengadeclarar perigoso ou incompativelcom a prisao albergue.

De todo o exposto decorre que oapelante esta a gozar do direito deiniciar o cumprimento da pena emregime aberto. (fls. 85/86).

Nao obstante , 6 contradit6rio que alei, art. 35, nao permita apelar o tra-ficante em liberdade e o submeta,uma vez definitivamente condenado,ao regime de prisao aberta.

Creio que procede a critica do ilus-tre Desembargador Negi Callxto, novoto vencido:

«A mim me parece que alberga-mento de preso condenado por delitode t6xico na sua modalidade de trafi-cancia independe da declaraFao dojuiz na sentensa de ser ou nAo peri-goso, pots ainda que assim fique re-conhecido na sentenCa , ainda queprimario e de bons antecedentes, aameaea por ele representada a de-corrente da pr6pria natureza da in-fracao.

Quando um magistrado declaranao perigoso um traficante, seraapoto em qualquer elemento clentifi-co ou estudo psicol6gico , esta apenaspretendendo afirmar, dentro das cir-cunstancias do processo, essa condi-Cao pessoal do acusado , pots nAo se-ria possivel definir num primeirolance aquela condicAo, tanto quemesmo com a declaracao judicial danAo-periculosidade a lei antit6xicoproibe o recurso de condenado solto(arts. 12 e 13).

O albergamento e a traficanciasao incompativeis.

O principio do albergamento vigo-ra desde que haja compatibilidadecom os objetivos da pena.

Note-se, afnda, que Codas as leis doindulto, principalmente as ultimas,sempre vedaram o beneficio da pri-

366 R .T.J. - 116

sao albergue ou do indulto a traft-cantes, e nem por isso se considerouessas leis como radicalizantes.

3. For todas estas raz6es, datavenia da matoria que flrmou o res-peft5vel ac6rdao, indefiro a preten-sAo do apelante so beneficio da pri-sao albergue" . ( fls. 88/89).

E, nesses termos , acolhendo as ra-z6es bern lancadas do recorrente, co-nheco do recurso e the dou provi-mento, data venia dos que pensamde modo diverso.

VOTO PRELIMINAR

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Sr. Presidente, peso venia ao Minis-tro Guerra pars, nos termos do pre-cedente que relate !, estimar que hacompatibilidade em principio - por-que a lei nao diz o contrArio - entrea prisAo albergue e qualquer delito.No que concern so beneficio da pri-sao albergue , cumpre considerar ospressupostos que a lei penal estabe-lece, e nao o tipo penal em quehajaincidido o reu.

NAo conheCo do recurso.

VOTO PRELIMINAR

samente estabelecido as excecdes,tal como ocorria na lei anterior. Alei nova nao fixou excec6es e, assim,nos nao poderemos alterar aqulloque o legislador realmente nao quisfazer . Tenho, deixo claro, as mes-mas preocupag6es do Ministro Cor-deiro Guerra . De fato, um dos cri-mes macs graves 6, por certo, o detrAfico de entorpecentes, pelos seusefeitos deleterfos , envolvendo, prin-cipalmente , a mocldade . Mas naoposso it alem do que a let permite.

Assim, acompanho o eminente Mi-nistro Francisco Rezek , data veniado eminente Ministro Cordetro Guer-ra.

VOTO PRELIMINAR

O Sr. Ministro Djact FalcAo (Pre-sidente): NAo obstante a preocupa-Cao de todos nos com respetto a estaespecfe de delito, tambem entendoque a let nao autoriza o entendimen-to esposado pelo eminente Relator,e, par isso, peso venia a S. Ex! pars,acompanhando os eminentes Minis-tros Francisco Rezek e Aldir Passa-rinho, nao conhecer do recurso doMinisterio Pfiblico.

O Sr. Ministro Aldir Passarinho:Sr. Presidente, em data recentemanifestei-me sobre o tema, em jul-gamento desta Turma. Lembro-mede ter sldo relator o eminente Minis-tro Francisco Rezek.

A lei nao preve como perigoso pre-sumido um delingilente em face dotipo do crime. Pela lei, outros fato-res devem ser considerados , emboraa jurisprudencia desta Corte tam-bem venha admitindo que as pr6-prias circunstancias que cercaram apratica do ilicito podem justificar aprisao preventiva. Entretanto, pelasimples configuracao penal do tlict-to, a lei nao preve como implicandoele em presunCAo de periculosidade.Caso contrArio , assim teria expres-

EXTRATO DA ATA

RE 106 . 193-PR - Rel.: MinistroCordeiro Guerra. Recte .: MinisterioPilblico Estadual . Recdo .: Arquime-des Maria Alvaristo (Adv.: Valde-mar Andreatta e outra).DecisAo: NAo conhecido , vencido 0

Relator.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci FalcAo. Presentes A Sessao 0Senhores Ministros Cordetro Guerra,Aldir Passarinho e Francisco Rezek.Subprocurador-Geral da Repfibllca,o Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia, 6 de setembro de 1985,Hello Francisco Marques , Secretsrio.

A.T.J. - 116 367

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 .377 - SP

(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.Recorrente : Minist6rio Pfiblico Estadual - Recorrido : Henrique Barba-

nera.

PrescriCjio de crime falimentar. Interrompe-se, o prazo respecti-vo, pelo despacho que oferece a denfmcia . SGmula 592 e HC 63.238.

Recurso Extraordinario provido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Primei-ra Turma , na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas , por unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e dar-the provi-mento.

Brasilia , 29 de outubro de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OctavioGallotti , Relator.

RELATORIO0 Sr. Ministro Octavio Gallotti: 0

ac6rdao recorrido esta redigido Co-mo segue:

«Acordam , em Quarta CamaraCriminal do Tribunal de JustiCa deSao Paulo , por votaCao unanime,dar provimento ao apelo , Para de-clarar a prescriCao da aCao penalestendendo os efeltos desta decisdoaos co-reus nao apelantes.

Custas na forma da lei.1. Da-se provimento Para se de-

cretar a prescriCao da aCao penalestendendo os efeitos desta decisdoaos co-r6us nao apelantes.

2. 0 apelante Henrique Barba-nera e os co-reus Faiad Jorge eMarcilia de Sousa foram denun-ciados por infraCao aos arts. 186,III, da Lei de Falencias (empre-go de meios ruinosos e retarda-mento a declaraCao de falencia),186, VII ( falta de rubrica judicial

no balango ), 188, III (desvio debens ) e 188 , VIII ( supressao de li-vros) porque, sendo eles os respon-savels pela firma ((Confece6esFrancar Lida.)), sita a Rua CarmoCintra n? 55, sala 21, Born Retiro,nesta Capital, tinham requeridoconcordata depois convolada emfalencia decretada em 11 de no-vembro de 1977, tendo aqueles fa-tos concorrido com a falencia. AsentenCa os condenou igualmente aum ano de reclusao e Pena acess^6-ria de interdiCao de comercio pordots anos , mediante sursis. TalsentenCa transitou em julgado Pa-ra os co-reus (fls. 288 ). Mas o re-corrente apela visando , em preli-minar, nulidade do felto por inob-servAncia da intimaCao do falidoPara os fins do art. 106 da Let Fali-mentar Para contrariar o inqu8ritojudicial, alem de que tambem terlahavido prescriCao da aCao penal(prescriCao punitiva ), pois a que-bra se dera em 11 de novembro de1977, pelo que o quadrienio estariaatingido em 11 de novembro de1981 , sendo a sentenCa de 1? de ju-lho de 1981 , ou seja um ano e secsmeses ap6s o prazo prescricional.No merito quer absolviCao. A Pro-curadorta de JustiCa opina peloprovimento em parte Para rejeita-das as preliminares cancelar-separte das condenaC6es mantidaapenas a condenaCAo pelo desviode bens e pelo emprego de meiosruinosos com vendas abaixo docusto.

368 R.T.J. - 116

3. A denUncia fol recebida em10 de novembro de 1981 (Us. 113),sendo que a quebra se deu em 11de novembro de 1977, pelo que oquadriennio se.completou em 11 denovembro de 1981 . A sentenCa, sentrecurso do Ministerio PUblico, foiproferida em 1? de julho de 1983.Alias de outra parte o bienio pres-cricional JA havia comeCado a cor-rer desde o dia 11 de novembro de1979. Assim declara-se prescrita aaCao penal em relacao so apelante,estendendo tal decisao aos demaisnAo apelantes .)) ( fls. 264/5)

O Recurso do Minist6rlo PUblicoestadual a interposto com base na Te-tra d do permissivo constitutional,por divergencia corn a SUmula n? 592do Supremo Tribunal e com o ac6rdaodesta Turma no Recurso de HabeasCorpus n? 61.577, relatado pelo emi-nente Ministro Alfredo Buzaid:

«Recurso de habeas corpus.Crime falimentar. A prescriCao decrime falimentar comeca a correrda data em que deveria estar en-cerrada a falencia ou do transitoen}Julgado da sentenCa que a en-cerrar (Sumula 147). Todavla, orecebimento da denuncia inter-rompe o prazo prescricional (Su-mula 592 ), consoante o art . 117, 1,do CP. Nega-se provimento so re-curso» - (RHC 61,577-5-SP, 1' T.,v. un., Rel . Min. Alfredo Buzaid,em 24-2-84, DJU de 23-3-84, RT584/452 ). ( its. 278).

Postula que ((afastado o entendi-mento de que teria ocorrido a pres-criCao da aCao penal , seta restabele-cida a sentenCa de primeira instan-cia com relacao aos acusados naoapelantes e seta determinado so Tri-bunal a quo que proceda so julga-mento de merito do recurso de Hen-rique Barbanera, como for de direi-to)) (fls. 279).

Eis o despacho de admissao doapelo, em sua parte decis6ria:

(<Resume -se a controversia, naespecle, a interrupCao do lapsoprescricional pelo despacho que re-cebe a denuncia em processo-crime falimentar, por forCa doenunciado da Silmula 592: "Nos cri-mes falimentares , aplicant-se ascausasinterruptivas da prescriCao,previstas no C6digo Penal)).

Na peticao de fls . 273/279, apre-sentada em tempo habil , o ilustrerecorrente consegulu dernonstrar,com bastante propriedade , a mant-festa divyxgencia do julgado - quenAo considerou nenhuma causa in-terruptiva da prescriCao - com aaludida Sumula:

Justificado, pois, o fundamentoda alinea d do permissivo constitu-cional, defiro o processamento doextrordinario. u (fls . 281/2)

As fls. 294/5, apOs transcrever otrecho essential do ac6rdao recorri-do, opina o ilustre Procurador JoaoAntonio Deslderio de Oliveira, comaprovaCao do eminente Subprocu-rador-Geral Assis Toledo:

«Da transcriCao retro, infere-seque o v . acOrdao recorrido nAo con-siderou o recebimento da denun-cia, em 10 de novembro de 1981,como causa interruptiva da pres-criCao (art. 117, I do CPB).

Com a declaraCao da quebra em11-11-77, ate 11-11 -79 ocorreu o pra-zo em que deveria se encerrar oprocesso falencial (artigo 132, § 1?,do Decreto-lei n? 7.661, de 21 de ju-nho de 1945).

Nos dois anos seguintes , por for-Ca do artigo 199, do mesmoDecreto-lei, corria o prazo da pres-criCao, no qual haveria de se ope-rar a extinCao da punibilidade,se

R.T.J. - 116

corresse In albis, sem o surgimentode qualquer causa interruptiva daprescriCao, o que nao se deu. Eisque, a um dia daquela se consu-mar, i.e., em 10-11-81, e a den(nciarecebida (Pls. 113).

Desta forma, a sentenga que sesucedeu, ha 25-7-83, nao pode serfulminada com a prescriCao queproclamou o v. ac6rdao, datavenia.

Mas o fazendo , por considerarque o decreto condenat6rio s6 po-deria ocorrer ate 11 -11-81 , esta ig-norando o recebimento da dentin-cia em 10-11-81, como causa inter-ruptiva da prescriCao.

Assim , o r. aresto destoa , eviden-temente , da Sumula 592 e da juris-prudencia desse Pret6rio Excelsoque, como sustenta o ilustrado re-corrente , a do entendimento de que«nos crimes falimentares , aplica-se as causas de interrupCao daprescriCao , previstas no C6digo Pe-nal.)) (Art. 117, I).

Destarte, sem mats delongas so-mos pelo conhecimento e provi-mento do Recurso , por termos co-mo incidente a alinea d, III, do ar-tigo 119, da CF.

E a manifestaCao do MinisterioPublico Federal.)) (Pis. 294/5)

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti(Relator): 0 dissidlo jurisprudenciale manifesto e merece prevalencia aorfentaCao sumulada pelo SupremoTribunal Federal, ainda recente-mente renovada pela Turma, aoapreciar o Recurso de HabeasCorpus n? 63.238, de que foi Relator oeminente Ministro Sydney Sanches:

«1. Crime falimentar . Intima-Cao a advogado do representante

369

legal da falida para se manifestarsabre o inquerito judicial. Desne-cessidade de intimaCao pessoal doconstituinte , ja que o prazo parscontestar corre em cartOrio (arts.106 e 204 da Lei de Falencias).

2. PrescriCao de aCao penal porcrimes falimentares . Contagem doprazo a partir da data em que de-veria estar encerrada a Palencia.

Interrupgao da prescriCao pelorecebimento da denuncia (Sumulasn?s 147 e 592). Habeas corpus de-negado.

Recurso de habeas corpus Impro-vido.» (DJ, 4-10-85).

ConheCo do Recurso e dou-lhe pro-vlmento, para restabelecer a senten-Ca de primeira instancia em relaCaoaos reus que dela nao apelaram edeterminar que a Colenda Camara aquo prossiga no julgamento daapelaCao do ora Recorrido , afastadaadecretaCao da prescriCao.

EXTRATO DA ATA

RE 106.377-SP - Rel.: Ministro Oc-tavio Gallotti. Recte .: Ministerio Pu-blico Estadual . Recdo.: HenriqueBarbanera ( Advs .: Evelcor FortesSalzano e outro).

Decisao : Conheceram do recurso ese the deram provimento . Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes a Sessao osSenhores Ministros Nert da Silveira,Sydney Sanches e Octavio Gallotti.Ausente justificadamente 0 MinistroOscar Correa. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 29 de outubro de 1985Antbnfo Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

370 R .T.J. - 116

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106.435 - RS(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Octavio Gallotti.Recorrente: Gilberto Bassi - Recorridos: Prefeitura Municipal de Santa

Maria e Luiz Weber & Cia. Lida.

ACAo popular . Prerrogativa constitutional a que nao se apllca obblce previsto nos incisos V, c e VII do Regimento Intern, nao caben-do, igualmente , a condenaC&o do Autor em honorarios de advogado.Precedentes do Supremo Tribunal.

Dispositivos do ordenamento federal nAo prequestlonados e de letlocal, cuja alegada ofensa nAo d8 ensejo ao cabimento de Recurso Ex-traordinarlo ( S(imulas 280, 282 e 356).

Recurso de que se conhece , em parte , e se the d8 provimento,tambem parcial , para exclulr a condenaCAo em honorgrlos.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Primei-ra Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taqulgra-ficas , por unanlmidade de votos, co-nhecer do recurso em parte e nessaparte dar-the provimento , nos ter-mos do voto do Ministro Relator.

Brasilia, 25 de outurbo de 1985 -Rafael Mayer , Presidente - OctavioGallotti , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Octavio Gallotti: Aesp6cie esta bern resumida no despa-cho de admissao do Recurso Ex-traordinario , subscrito pelo (lustreJuiz Pedro Henrique Rodrigues, Pre-sidente do Colendo Tribunal de A1Ca-da do Rio Grande do Sul:

«1. Gilberto Bassi ajuizou aCaopopular contra o Municipio de San-ta Maria e a firma Lutz Weber &Cia. Ltda., visando anular acordocelebrado entre os demandados Pa-ra pagamento de divida fiscal, por-que amoral e lesivo aos interessesdo erArio municipal.

Julgada procedente a acaopelojuizo de 1? grau mas repelida, por

maioria de votos , pelo 2? GrupoCivet, com o ac6rdao assim emen-tado:

((ACao Popular.TransaC6o feita em execucao

fiscal.

Honorarios de advogado emaCao popular.))

Contra este ac6rdao a interpostorecurso extraordinarlo, fundadonas tetras a e d do art . 119, III, daConstituiCao Federal . Aponta viola-Cao ao art. 153, § 31, da Lei Maior;art. 2? da Lei Federal n? 4.717/65;os arts . 2?, § 2`, e 6?, 4 3?, da Lei deIntroduCao so C6digo Civil, berncomo das Leis Municipals n?s2.179/81 e 222/80.2. Pela letra a o recurso nao

merece seguimento.

0 ac6rdao recorrido nao decidlusobre a possibilidade juridica dopedido e slm sobre o m6rito dacausa.

Descabida a invocaCAo de normaconstitucional pars o caso.

A mat6ria constitutional invocada tambcm nao foi prequestionad(Sumulas 282 e 356 do SupremTribunal Federal).

Quanta a alegada violaCao dodispositivos da Lei de IntroduCa

R.T.J. - 116

ao C6digoCivil , incidem as Sumu-las 282 e 284 do Supremo TribunalFederal.

A vlolaCao do art . 2? da Let Fe-deral n? 4.717/65, inocorreu, ulnavez que a decisao recorrida enten-deu nao se vislumbrar lesividadede transaCao ao patrim6nio publicodo municiplo , o que resultou doexame das provas , insuscetiveis dereexame na via extraordinAria, Su-mula 279 do Supremo Tribunal Fe-deral.

Da interpretacao de leis munici-pals nao Cabe extraordinario, Su-mula 280 do Pret6rio Excelso.

3. Pela letra d, entretanto, oRecorrente argul diverg6ncia comdecisao do Supremo Tribunal Fe-deral proferida no Recurso Ex-traordinario 78.831.

Consigna o voto do Ministro Alto-mar Baleeiro:

((Na ACao Popular, tanto pelosil@nclo da lei especifica , quantopelo alto interesse publico e socialque a caracteriza , como direito edever do cidadao , nao cabe acondenaCao do autor a honorA-rios em caso de sucumb@ncia.»

Pela letra d, a diverg6ncia Juris-prudencial , enseja a admissao dorecurso.

Apesar do 6bice regimental cons-tante no inciso V, c e VII do art.325 do Regimento Interno do Su-premo Tribunal Federal, o STFnao vinha aplicando As aches popu-lares a restriCao do inciso VIII(RTJ-89/240; RF 265/20), e inciso'VII (RTJ-78/540). Por igual raza6podera deixar de aplicar agora ada alinea c do inciso V a ditasaC6es.

Isso posto , admito o recurso pelatetra -d do permissivo constitucio-nal. 0 preparo serA efetuado noprazo do art . 545 do CPC. (fls.253/5)

371

O parecer da douta Procuradoria-Geral da Republica 6 da autoria dailustre Procuradora Anadyr de Men-donca Rodrigues , com aprovaCao doeminente Subprocurador-Geral Mau-ro Leite Soares:

eO Recurso Extraordinario 6 in-terposto com fundamento nasalineas a e d do permisslvo constl-tucional , fazendo alegacao de ofen-sa aos artigos 1?, § 1?, e 153, § 31,da Let Malor, 2? § 2?, e 6?, § 3°, daLei de IntroduCao ao C6digo Civil,2? C, 3? e 14, § 1?, da Let Federal n?4.717, de 1965, e As Leis Municipalsn?s. 222, de 1980 , e 2.179, de 1981,bem como de diverg(Incla do julga-do em relaCao aos arestos aponta-dos a fls . 239/240.

2. Mesmo desprezando-se os6bices instituidos pelo art . 325, V,c, e VIII, do Regimento Interno,por se tratar de ACao Popular, oapelo extremo nao ( suscetivel deconhecimento A luz da alinea a daautorizagao constitutional, Angulosob o qual discute-se o meritumcausae.

3. Com efeito, nenhum dos dis-positivos tidos por violados jamaisfoi ventilado no V. Ac6rdao recor-rido, ao qual nao se opuseram osEmbargos deDeclaraCao aptos afazer sanar a eventual omissao doJulgado , com o que resulta plena aincidencia das previs6es das Silmu-las 282 e 356.

4. Cogitou o E. Tribunal a quo,6 verdade, da Lei Municipal n?2.179, de 1981, mas a Sumula 280torna inadmissivel o recurso derra-deiro a tal titulo.

5. Restou ao exame, portanto, aimputacao de dissidio J urispruden-tial, sob o manto da qual insurge-se 0 Recorrente exclusivamentecontra a condenaCao ao pagamentode honorarlos advocaticios , que thefoi imposta.6. E de se reconhecer que esta

configurada a discrepancia-argul-

372 R .T.J. - 116

da, a qual deve ser dirimida emprol dos arestos trazidos a cotejo,.que repudiam tal condenaCAo doAutor sucumbente, em se tratandode Mao Popular.

7. 0 parecer 6, por conseguinte,de que o Recurso ExtraordinAriocomports conhecimento e provi-mento, exclusivamente no tocanteA questao dos honorArios advo-caticios .» (fls. 273/4).

E o relat6rio.

2. Essa aCAo popular, por suanatureza especifica , fol regulada,inclusive quanto As custas , despe-sas e honorarlos pela Let n?4.717/65, que nao imp6s a condena-CAo do Autor a honorarlos se venci-do, tanto mats quanto esSe diplomae posterior A Lei n? 4.632/65. A Letn? 4.717 6 silente quando a sucum-bencia 6 do Autor, estabelecendo,entretanto , expressamente, a con-denaCAo do reu nessa mesma hip6-tese.

VOTO

O Sr. Mlnlstro Octavio Gallottl(Relator ): An apreciar o RecursoExtraordinArio n? 87.052 (RTJ89/240, citado no despacho de admis-sAo do presente ), decidlu a SegundaTurma, a respeito da inctdencia do6bice regimental, em tema de ataopopular:

«ACao popular. Capacidade parapostular em juizo.

0 6bice do inciso VIII do art. 308do Regimento Interno nAo se apli-ca A aCao popular, uma vez que setrata de prerrogativa constitucfo-nal concedida ao cidadAo, para adefesa, nAo de seu interesse parti-cular mas de comum ( transcrlCaoparcial da ementa, RE, 87. 052, Rel.Min. Moretra Alves)."

Pela mesma razao, penso nAooponivel , na especie, o veto de quetratam os incisos V, c e VII do Regi-mento em vigor.

Para demonstrar o dissidio )ur(s-prudencial , o Recorrente invocou osos ac6rdaos deste Tribunal, relata-dos pelo eminente Ministro AliomarBaleeiro, cujas ementas reproduzo:

«l. Na aCAo popular, tanto pelosil@ncio da lei especfflcaquanto pe-so interesse pfiblico e social que acaracteriza, como direfto e deverdo cidadao , nao cabe a condenaCaodo Autor a honorarlos em caso desucumb@ncia.

3. Vencido na aCAo popular, oAutor pagara custas simples, salvoem caso de lide temeraria, quandodevera ser condenado a custas emdecuplo (Lei n? 4.717 arts . 12, 13 e22, combinados com o art . 1? do C.Pr. Civil).>' (RE 78.831, RTJ 73/913)

«ACAo Popular - 1. A atuaCAo doMinisterlo Publico a obrigat6rfoem todos os termos da aCAo popu-lar pelo art . 6?, § 4? da Let n? 4.717,de 1965 , mas nAo se anula o efeitopor nAo ter sido dado vista so Pro-curador da JustiCa na 21 InstAncia,se, sobre a apelaCAo , falou o Pro-motor na primeira e 6 de regra apresenca daquele Procuradorb onseu substituto , nos julgamentos dosTribunals.

2. Dado que a aCao popular, porsua natureza especifica foi regula-da, inclusive quanto As custas, des-pesas e honorarlos , pela Lei n?4.717/65, nAo cabe a condenacao doautor a honorarlos se vencido, tan-to mats quanto esse diploma a pos-terior A Lei n? 4.632/65.

3. Vencido na aCAo popular,autor pagara custas simples, saleem caso de lade temeraria, quanddevera ser condenado a custas edecuplo (Let n? 4.717, arts. 12, 1322, combinados com o art. 1° do CPr. Civil).)> (RE 70.679-SP, RT57/878)

R.T.J. - 116

A Procuradoria-Geral do Estado,as fls . 252, anotou a existencia, nomesmo sentido , de ac6rdao relatadopelo eminente Ministro MoreiraAlves , ao apreciar-se o Recurso Ex-traordinario n? 81.054 (RTJ 78/540.

Tenho, assim, como evidenciado, opressuposto do cabimento do Recur-so, no pertinente A verbs de honora-rios de advogado.

No tocante, so principal da postu-laC6o, ressente-se, a tese do Recor-rente, do indispensAvel prequestiona-mento , porquanto nao ventilado, noac6rdao recorrido, nenhum dos dis-positivos dados como violados (S(j-mulas 282 a 356).

A respeito da interpretaCao do di-reito local, a via extraordinaria ebarrada pela SGmula n? 280.

Para prevalencia da orlentagao doSupremo Tribunal, conheco emparte, do Recurso e dou-lhe provi-mento, nessa parte , para excluir acondenacao em honorarios advo-caticlos.

EXTRATO DA ATA

373

RE 106 .435-RS - Rel.: MinistroOctavio Gallotti. Recte .: GilbertoBassi (Adv.: Luiz Francisco Lovato).Recdos.: Prefeitura Municipal deSanta Maria (Adv.: Pedro AnselmoSantini ) e Lutz Weber & Cia. Lida.(Advs.: Jose Lutz de Moura e ou-tros).

DecisAo : Conheceram do recursoem parte e nessa parte the deramprovimento , nos termos do voto doMinistro Relator . Unanime. Faloupela Recda (Prefeitura Munipipal deSanta Maria ) o Sr. Pedro AnselmoSantini.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a SessAo osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geraldo Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 25 de outubro de 1985 -Antlinio Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 .436 - MG(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.Recorrentes: Paraiso de Jesus e sua muiher - Recorrida : Ceres Augus-

ta de Oliveira Guedes.

CIvll. NAo se tratando de promesssa de compra e venda de im6-vel, mas de verdadelro contrato de compra e venda , celebrado comreserva de dominto , nAo ha culdar de dlssidio jurlsprudencial em ter-mo da validade daquele compromisso , com a consegQente obrigaG9ode fazer , a ensejar perdas e danos , em caso de descumprlmento.

NAo cabe recurso extraordinarto de decisfto que se limits a inter-pretar contrato ( SGmula 454).

ACORDAO Brasilia, 25 de outubro de 1985 -Vistos, relatados e discutidos estes Djaci FalcAo, Presidente - Carlos

autos, acordam os Ministros do Madeira , Relator.Supremo Tribunal Federal, em Se-gunda Turma , na conformidade daata do julgamento e das notas taqui-

RELATORIO

grAficas, por unanimidade de votos, 0 Sr. Minlstro Carlos Madeira: 0em nao conhecer do recurso. despacho que admitiu o recurso (fis.

374 R.T.J. - 116

272/273), assim sintetiza a controver-sia:

c(Trata-se de aCao de anulaCao enulidade de compromisso de com-pra e venda de um apartamento,cumulada com a de reintegraCAode posse , aforada pela recorridacontra os recorrentes, Julgada im-procedente em primeira instancia.

Mas, em grau de embargos in-fringentes , tal sentenra fora refor-mada, dando-se, assim , pela proce-dencfa da mesma demanda e osvencidos, inconformados , aviaramtempestivo e impugnado RE, comfundamento nas Tetras a e d, dopermissivo constitutional , alegan-do nAo 96 divergencla Jurispruden-cial , mas, tamb6m , negativa de vi-gencia do artigo 235, do CC.

Consta dos autos que o maridoda recorrida prometeu vender aosrecorrentes um apartamento, atra-ves de contrato nAo inscrito no re-gistro imobiliarlo e sem a sua ou-torga , cfrcunstAncia essa, a da fal-ta de outorga ux6ria, que levou ovenerando aresto recorrido a de-cretar a procedencla da aCAo cu-mulada.

Os recorrentes, a meu ver, temalguma razao , quando alegam avulneragao do artigo 235 , I, do CC,porquanto , segundo argumentam,nAo ha, na esp6cte , qualquer alie-naCAo , mas, tao-s6, mera obriga-CAo de fazer , que, na impossibtli-dade decorrente da falta daquelaoutorga , se resolve em perdas edanos, nAo sendo nulo, como se de-cretou, dito contrato.

Creio, alem disso, que os recor-rentes conseguiram demonstrar odissidio pretoriano , invocando, Pa-ra tanto , ate um Julgado da Excel-sa Corte, inserto na RTJ, v. 87/596.

Tal entendimento parece tran-gtlflo no Excelso Pret6rio: cPro-messa de compra e venda. Faltade outorga ux6rta . Nulidade susci-

tada pela mulher desacolhtda.ObrigaCao pessoal assumida pelomarido que se resolve em perdase danos. RE nAo conhecido» (RE97.506-3/RJ, Rel.: Mtn. SoaresMufloz , unanlme , IT Turma, 24-8-82, DJU de 3-9-83 8.503).

No mesmo sentido foi a dectsaoproferida no RE 99 .887-0/SP, Rel.:Min. Neri da Stlverla, unanlme, 1?Turma. 22-6-84, DJU de 19-10-84/17. 481 e na Rp . 1.121-6/GO, Rel.:Min. Moreira Alves , unAnime,PlenArio, 9-11-83, DJU de 13-4-84/5.629, onde cuidando-se de in-constitucionalidade de lei, asseve-rou-se que ((o compromisso de com-pra e venda, no sistema juridicobrasileiro, nao transmite direitosreais nem configura cessAo de di-reitos a aquisiCAo deles...)).

Em face do exposto e conside-rando que se trata de materia pole-mica, quer na doutrina , quer na Ju-rfsprudencfa , admlto o recurso in-terposto , mandando que se o pro-cesse na forma da let.)>

Raz6es dos recorrentes As Rs.280/282 , pelo conhecimento do recur-so e seu orovimento para manter ar sentenga (fis. 162/164-TJ), refor-mando-se o v. ac6rdAo recorrido.

Contra-raz6es da recorrida As f1s.285/286.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator ): No Julgamento dos em-bargos infringentes , assim votou oDesmbargador Walter Veado:

((Nao tendo duvidas em filiar-meAqueles que , na linha da doutrinamacs acelte e da Jurisprudencia do-minante, entendem que a promes-sa de compra e venda de im6velcontrata sem outorga da mulher,sendo casado o promitehte vende-dor, nAo 6 nula e corresponde a

R.T.J. - 116 375

uma obrigaCAo de fazer, a qual, sedescumprida , ense]a pedido deperdas e danos pelo promissartocomprador . Dispenso-me , por ocio-so, de reproduzir aqui as opini6esque se acumulam em favor de talposlCAo, tanto entre os autores co-mo nos tribunals , porque extensa-mente analisadas no magnifico vo-to proferido pelo ilustre Relator.

Ocorre que , o exame, por mimfeito . do titulo particular de fls. 34,dos autos da aCao de consignaCaoem pagamento , apensados a estes,nao me sinto inclinado , data venia,a conclusao de que o mesmo me-rece a classificaCAo de contrato depromessa de compra e venda, cu-Jos requisitos , mencionados no votodo em . Revisor, nele nao se , encon-tram.

E, em verdade , uma compra evenda do im6vel em Tide, celebra-da em impresso destinado a rece-ber um contrato de compra e ven-da com reserva de dominlo, assi-nado apenas pelo vendedor e se-quer com seus claros preenchidos.

Decididamente , e com renovadavenia, nao vejo como enxergar emtat instrumento um contrato depromessa de compra e venda deim6vel , aduzindo, ainda, que atransacAo exigia instrumento pQ-blico, porque de valor superior aCr$ 10.000.00.

NAo se tratando de promessa decompra e venda, mostram-se ina-plicaveis a especie os conceitos re-lativos a execuCao da obrigaCAoque dele nasceria.

Por nAo conter a outorga ux6riae nao ter sido formalizado em Ins-trumento pfiblico , o contrato emquestao nao tem validade e podeser declarado nulo o pedido da mu-lher, cujo interesse a manifesto elegitimo , porque o patrim6nio co-mum foi por ele alienado sem seuconsentimento.

O pacto de reserva de dominlotem como objeto, normalmente,bens m6veis e nunca poderia pro-duzir o efeito de transferencia daposse de im6vel ao comprador, co-mo acontece no presente caso.,,(Fls. 225/227)

Colocada nestes termos a questAo,0 ilustre Desembargador Relator re-formulou seu voto, reieitando-se osembargos por unanimidade.

O recurso extraordlnario , porem,traz a lume a dlscussao sobre a vall-dade e eficacia do compromisso decompra e venda, sem outorga damulher , a que corresponde uma obri-gaCAo de fazer que ense]aria pedidode perdas e danos , se descumpridaos acOrdaos colacionados visam ademonstrar 0 dissidio em torno Bes-se terra.

Mas o ac6rdao recorrido se fundsem mera interpretaCao do contrato,nao enselando o extraordlnarlo, ateor da Sumula 454. Nem se configu-ra o dissidio , pois nAo ha identidadeentre as circunstancias consideradasno ac6rdAo , com as versadas nosacOrdaos invocados. Com efeito, oque o ac6rdao recorrido entendeu eque se trata de uma verdadeira com-pra e venda de 1m6vel, celebrada emimpresso , destinado a contrato decompra e venda com reserva dedominlo , nao se podendo ver em taiinstrumento um contrato de promes-sa de venda . Em tats condiC6es, saolnaplicaveis as deduC6es concernen-tes a execuCao da obrigaCAo que nas-ceria desse ultimo contrato.

NAo conheCo do recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 106 . 436-MG - Rel.: MinistroCarlos Madeira . Rectes.: Paratso de

376 R .T.J. - 116

Jesus e sua mulher (Advs.: GetulloBarbosa de Queiroz e outro ). Recda.:Ceres Augusta de Oliveira Guedes(Advs.: Rubens R . Hadad, Ivan JoseRamos Alvaro e outros).

Decisao : Nao conhecido . Unanime.Falou pela Recda.: o Dr. Ivan JoseRamos Alvaro.

Presidencia do Senhor MinistroD)aci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Republica, o Dr. Mauro LeiteSoares.

Brasilia, 25 de outubro de 1985 -Who Francisco Marques , Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106.457 - SP(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente : Instituto de AdministraCao Financeira da Previd@ncia e As-

sistencia Social - IAPAS - Recorrido : Rubens Gusmao Martins.

ContribulC9o prevldenclSrla destinada a Assistencla Medics.Decreto-Le! 1.910, de 1981 , art. 2?.

Nao ha , no caso de aposentadoria anterior ao Decreto-Lei n"1.910/81, direlto adquirido a continuidade da desobrigaCao de contri-buir para o custeio da asslstdncia medica previdenciArla.

Precedentes do S.T.F.

ACORDAO

Vistos, relatados a discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma, na conformidade da atado iulgamento e das notas taquigra-ficas, por unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e the dar provi-mento, nos termos do voto do Minis-tro Relator.

Brasilia , 20 de agosto de 1985 -D)aci Falcao , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco Rezek:Trata-se de mandado de seguranCaimpetrado por Rubens Gusmao Mar-tins contra ato do Superintendentedo Instituto de Administravao Finan-ceira da Previdencia e AssistenclaSocial - IAPAS, visando a que se sus-pendesse o desconto relativo a con-trtbuiCao para custeio de assistencta

m0dica, instituida pelo art. 2? doDecreto-lel n? 1.910/ 81. Sustenta qutal exigf?ncia violou seu direito adqufrido , pois quando de sua aposentadoria inexistia tal desconto.

A seguranCa foi concedida, mantada a decisao singular pelo TribunaFederal de Recursos , em acordaque assim se viu resumir:

«Previdenclario . ContribuiCaoCusteto de Assistencla Medica.

E regal a cobranqa de contribuiCao do inativo, destinada ao custeio de assist@ncla medica, desdque a aposentadoria seta posterior a vigencia do Decreto-lei n1.910/81.

SeguranCa que se confirms; improvimento da apelaCao e da rmessa ex officio (fls. 75).»

0 IAPAS recorre extraordfnarlmente, pelas letras a e d, com argilCao de relevancia , alegando afrontao art . 153-§ 3? da ConstituiCao Fed -ral.

R.T.J. - 116 377

O extraordinario foi processadoem virtude do provimento de agra-vo; rejeitada a arguiCao de relevAn-cia.

E o relat6rio.

VOTO

0 Sr. Ministro FranciscoRezek(Relator): 0 impetrante, orarecorrido, inativou-se pela Previden-cia Social quando ainda nao obriga-t6rio o recolhimento de qualquercontribuiCao previdenciaria ap6s aaposentadoria . Corn a promulgaCaodo Decreto-lei n? 1.910/81, passou aser descontada de seus proventos acontribuiCao para custeio de assis-tencia medica.

A seguranga foi concedida, enten-dendo o aresto impugnado, que o art.2? do Decreto-lei n? 1.910/81 nao podiaalcanCar o impetrante , por forCa doart. 153-§ 3? da ConstituiCao Federal,incidindo , assim , somente sobre osbeneficios concedidos ap6s sua vi-gencia.

O Supremo Tribunal ja teve opor-tunidade de julgar casos iguais.

Reporto -me so voto proferido peloMin. Djaci Falcao , e adotado porunanimidade , no Mandado de Segu-ranCa 20.351 (RTJ 108/548).

Diz, no essencial:(<Improcede , a meu juizo, a ale-

gaCao de que os aposentados ante-riormente so Decreto-lei n?1.910/81 nao estao sujeitos a sua in-cidencia a vista da existencia dedirelto adquirido (§ 3? do art. 153da Lei Maior).

Na esp6cie , a lei nova alcanCauma situaCao em curso, relativa acontribuiCao previdenciaria parafins de assistencia medica. 0 quenao se confunde com proventos dainatividade , regulados pela lei vi-gente ao tempo em que o servidorreuniu os requisitos necessarios aobtenCao da aposentadoria (SUmu-

la 359 ). No caso da Sumularesguarda -se no momento da apo-sentadoria , o direito adquirido, su-bordinado a uma condiCao inalte-ravel. Ora, proventos nada tern emcomum corn a contribuiCao previ-denciAria para fins de assistenciamedica . A contribuiCao do aposen-tado se justifica pela contrapresta-Cao de serviCo de assistencia medi-ca.

NAo se trata, no caso sub judicedo exercicio de urn direito prefixa-do e imutavel . Havia, sim, urn di-reito vAlido ate o momento da suarevogaCao pela let nova, que operaex tune.

A circunstAncia do serviCo de as-sistencia medica ter sido gratuitopara o aposentado , durante certoperiodo , nao impede que lei novavenha a admitir ( no caso , readmi-tir) contribuiC6es a cargo dos apo-sentados em geral. Como 6 sabido,entre nos nao ha a gratuidade daassistencia medica . A ConstituiCao,ao tratar da previdencia social,deixou claro obrigatoriedade dacontribuiCao do empregado, paratal fim (art. 165, inc. XVI).

As leis especiais cabe estabeleceras condiC6es de organizaCao e fun-cionamento dos serviCos de assis-tencia ao servidor publico, em ati-vidade , on inativo , estabelecendodescontos em seus vencimentos ouproventos (arts. 157 e 163 do Esta-tuto dos FuncionArios Publicos Ci-vis da UniAo).

Pondera, corn propriedade, o pa-recer do Dr. Mauro Leite Soares:

«A assistencia medica nao evantagem ou prerrogativa doservidor publico em geral, mas,sim, obrigaCao do Estado e estenecessita de correspondente con-traprestaCao financeira da pes-soa assistida , a questao se re-sume em simples politica de go-verno. Assim como, anterior-mente , foi instituida a ap6s reti-

378 R.T.J. - 116

rada , pode ser novamente insti- EXTRATO DA ATAtuida, sem ferimento de qualquerdireito em relaCao a qualquer ti-po de segurado .» ( fls. 55).Ademais, nao se pode perder de

vista que a relaCao juridica entre oPoder PCiblico e o funcionario, ati-vo ou inativo, a de natureza legalou estatutaria, tornando-se sus-cetivel de modificaCao pelo legisla-dor, de acordo com o interesse pu-blico. Ressalva-se, a claro , a modi-ficaCao que venha a afetar uma si-tuaCAo juridica definitivamenteconstituida, incorporada as patri-mdnio do seu titular , a configurardireito adquirido. Isso, contudo,nao ocorre no caso consoante JA fi-cou demonstrado.n

No mesmo sentido decidiu esta Ca-sa o MS 20.350.

A vista dos precedentes , dou provi-mento an recurso para cassar a se-guranCa.

RE 106 .457-SP - Rel.: MiniStrFrancisco Rezek . Recte.: Institute dAdministraCao Financeira da Prev1dencia e Assistencia Social - IAPA(Adv.: Antonio Rodrigues da Silva).Recdo.: Rubens Gusmao Martins.(Advs.: Cirilo Oliveira e outros).

Decisao: Conhecido e provido noshtermos do voto do Ministro Relator.)Unanime.

Presidencia do Senhor Ministr cDjacl FaIcAo. Presentes a SessAo wSenhores Ministros Cordeiro GuerraDeclo Miranda, Aldir PassarinhoFrancisco Rezek. SubprocuradorGera) da Republica , o Dr. MaurLeite Snares.

Brasilia , 20 de agosto de 1985Hello Francisco Marques, Secretsrio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 .492 - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.

Recorrente: Banco do Brasil S.A. - Recorridos: Uniao Federal, IrmaoBrindilatti Lida. ( Massa Falida de).

Sociedade por quotas . Conferlmento de Imbveis A formaCAo do capital social . TranscriCAo do titulo translativo . Art. 530 do CC. Art. 178,b, III e 179 do Decreto n? 4.857/39. Arts. 46 e 54, parag. Gnico dDecreto-1 el 2. 627/40.

0 conferlmento dos bens imOvels para a constltuigao do capitasocial nAo opera , de acordo com a IegislaCAo questlonada a transferencla do dominlo do patrim6nio dos socios Para o da pessoa juridicsenAo pela transcriCAo do titulo translativo no reglstro de Imbveis.

Recurso Extraordinarfo conhecido e provido.ACORDAO Brasilia , 6 de dezembro de 1985

Rafael Mayer , Ministro Relator.Vistos, relatados e discutidos estes

autos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo Tribunal

RELATORIO

Federal , na conformidade da ata de 0 Sr. Ministro Rafael Mayerjulgamentos e notas taquigraficas , A Trata-se de embargos de terceirunanimidade , em conhecer do recur- opostos peso Banco do Brasil visandso e dar-Ihe provimento. a obstar a alientacao judicial do

R.T.J. - 116

bens penhorados a firma IrmAosBrindilattt Ltda, pela Fazenda Na-cional e Estadual, no processo deexecuCao por esta requerida contraaquela, e para que, afinal, sobre osmesmos bens possa o Embarganteexcutir a garantia assumida pelosseus proprietarios, s6clos daquelafirma.

A causa teve curso perante a Jus-tiga Comum Estadual, tendo sido jul-gados procedentes os embargos emsentenCa que veio a ser anulada emac6rdao do Egr6gio Tribunal Fede-ral de Recursos, com a remessa dosautos em que 6 Embargada a Uniaoao Juizo Federal.

At os embargos foram julgadosimprocedentes.

Apelou o Banco do Brasil, improvi-do o seu apelo em ac6rdao conduzidopelo respeitavel voto a seguir:

«A r. decisao recorrida, ao jul-gar improcedentes esses embargosde terceiro, fe-lo sob essas conside-raCOes (fls. 157):

«Em que pese o esforCo de argu-mentaCao da embargante, entendoque a razao esta com a embarga-da.

Isso porque, tratando-se de meraalteraCao do contrato social de em-presa, como ocorreu de fato na es-pecie, na qual se promova tambemo aumento do capital social me-diante incorporaCao de bens im6-veis, o ihstrumento particular quepromova tal alteraCao nao precisa,necessariamente, ser objeto detranscriCio no registro imobiliario.

Para que se tenha tais im6veiscomo transferidos definitivamentepara a pessoa juridica, pelos s6ciosconferentes, basta a averbaCao docontrato a margem do registroimobiliarlo.

E que na conferencia de bensim6veis ao capital social da pessoajuridica pelos seus s6cios inocorrea operaCao de venda e compra a

379

que se refere a liCao de EunapioBorges His. 03 ) e a qual seriamaplicaveis aqueles principlos doC6digo Civil ( arts . 530 e seguintes)relativos a transcriCao.O ac6rdao citado pela embarga-

da as fls . 142 versa hip6tese distin-ta desta ; all 6 a incorporaCao deempresa por uma outra , aqua a in-corporaCao de bens ao patrimoniode uma empresa pelos seus s6cios,subscrevendo-1he o capital socialcom valor desses bens.

Mas a ratio essendi e a mesma.Tal como na incorporaCao de em-presas , tambEm na confer@ncia debens im6veis ao capital social deempresa de que faCam parte os so-cios conferentes inocorre operardode venda e compra.

Entram os bens para o patrimb-nio da empresa a os s6cios rece-bem, em proporrAo , cocas do capi-tal social assim aumentado. Naoha pagamento de preCO nem a bila-teralidade , tipicos do ato de vendae compra . Ha sim mera delibera-Cao dos s6cios em aumentar o ca-pital da empresa , sem que se pos-sa vislumbrar at eventual consensode partes sobre o objeto de umapretendida transaCao imobliaria.

Os bens silo substituidos ; os im6-veis dos s6cios pelas cotas do capi-tal social da empresa ; o patrimO-nio de ambos , da empresa e dos so-cios restam intocados . A empresanada deve aos s6cios , a titulo de hi-potetico preCo , porque nao existiutransaCao alguma com os s6cios.Estes recebem apenas as cotas re-presentativas da parte que detemno capital social da empresa, me-xistindo qualquer credito a seu fa-vor a titulo de prego.

Tambem nao a de se acolher afalta de outorga ux6ria como argu-mento bastante para impugnar aregularidade do instrumento de al-teraCao contratual em questao. Asmulheres dos s6cios da ora embar-

380 R.T.J. - 116

gada compareceram para ratificA-lo, quando na averbaCAo do instru-mento (Its. 9 verso) firmaram-lheo requerimento. Convalidaram,com isso , pleno lure , o ato inicialde alteraCAo do contrato societarioe, vindo elas a aceder A averbaCAorespectiva , supriram a nulidade,cuja arguiCAo, diga-se , cabta ape-nas a etas e nAo a terceirds, postotratar-se de direito pessoal.>

Confirmo a decisAo recorrida,cujo fundamento responde vantajo-samente As razbes de apelaCAo.

Nego provimento ao recurso vo-luntArto.n (its. 194/95).

O Banco do Brasil opbs entAo em-bargos de declaraCAo pleiteando pro-nunciamento sobre pontos da apela-CAo omitidos no ac6rdAo , tais os quese referem ao art . 530, I, do CC eart. 178, b, III do Decreto 4 . 857/39,vigente A epoca . Os embargos foramrejeitados , dizendo o eminente Rela-tor em seu voto:

«Paralelamente a sentenCa a quese reportou o voto condutor dearesto recorrido , ao Julgar impro-cedente os embargos , fe-lo sob asconsiderac6es queleio.

De outro lado, o fato de o votoproferido haver-se louvado na sen-tenCa de primeiro grau, por si s6,nAo importa na omissao arg0idas,as razbes de apelaCAo nao inovamo debate posto perante o juizo aquo e a decisAo recorrida respon-deu adequadamente aquelas.

Nesse contexto , nao veld omis-sAo, obscuridade ou duvida noac6rdao embargado.

Releito os embargos.» ( its.207/208).O Banco do Brasil interp6e recurso

extraordinario pelo letra a, dandocomo violados os segutntes disposti-vos da lei federal : a) arts . 530, 531 e533 do CC; b) arts. 178, b, III e 179do Decreto 4.857/39; c) art . 153, § 3?

da Constitutcao.

Indeferido em razAo de 6btce regi-mental pelo valor da causa , o recur-so foi processado por acolhtda a ar-guiCAo de relevAncia.

Nesta instAncta a douta Procura-doria-Geral da Republica opina pelonao-conhecimento, In verbis:

uA alegada ofensa ao art. 153, §3? da Lei Major, constitui temanAo ventilado na v. decisAo recorri-da, faltando-]he, pots, o requfsitoimpresctndivel do prequestiona-mento, a que se refere a SOmula n?282, desse Pret6rio Excelso.

No que tange A negativa de vi-gencia dos preceitos indicados, doC6digo Civil e da Let de RegistrosPubllcos vigentes A epoca, ve-seque a incidencia dos mesmos, A hi-p6tese dos autos foi corretamenteafastada pelas instancias ordinA-rias consoante se ve do v. ac6rdAorecorrido , porquanto nAo se cuidade aquisiCao de im6vel , por qual-quer das formas previstas no art.530, do C6digo Civil, mas de altera-CAo do contrato de empresa comer-cial, com o aumento do seu capital,atravOs da incorporaCAo de bensim6veis, operaCAo que prescinde,para sua validade , de escritura pu-blica, consoante disp6e o art. 46, doDecreto-lei n? 2.627/40, vigente Aepoca:

«Ainda que se trate de bensim6veis, de valor superior a Ncr$1,00, a sua tncorporaCAo na socie-dade, para a constitutCAo de todoo capital ou parte dele, nAo im-p6e a forma da escritura publi-ca.>>

JoAo Eunapio Borges leciona, so-bre a materta:

«NAo a indispensavel, porem, aescritura publica para a trans-missao A sociedade dos im6vetsque a ela se devem incorporarpara a formaCAo de seu capital.

R.T.J. - 116

Tanto por ocasiao da constituiCaoda sociedade , como nos casos deaumento do capital.

Ainda que se trate de bens im6-veis de valor superior a Cr$10.000 ,00, a sua incorporaCao nasociedade para a constituiCao detodo o capital on de parte dele,nao imp6e a forma da escriturapublica , disp6e o art. 46 doDecreto-lei 2.627.

Dispensa -se, pots , a escriturapublica. Mas, a trascriCao dotitulo translativo da propriedadeno registro de im6veis 6 indispen-sAvel.

Se nao existir, por6m, a escri-tura publica , qual o documento aser transcrito? A resposta 6 dadapelo paragrafo unico do art. 54 doDecreto-lei n? 2.627 : «a certidAodos atos constitutivos da socieda-da e, ser for caso, da reforma onalteraCao dos estatutos , passadapelo Registro do Com6rcio, emque foram arquivados , e o docu-mento habit para a tranferenciaou a transcriCAo no Registro Pu-blico competente, dos bens comque o subscritor contribuir paraa formaCao do capital social.(Curso de Direito ComercialTerrestre - Forense, Rio, 1967,pigs . 403/4)

Sendo fato incontroverso, nos au-tos, que o ato de alteraCao do con-trato societario fol averbado noCart6rio do Registro de Im6veis,constando da averbaCao, ainda, asassinaturas das mulheres dos s6-clos subscritores (fls. 9 , verso e10), nao ha como vislumbrar as ir-regularidades apontadas pelo re-corrente , que fundamentam osseus embargos de terceiro , corre-tamente rejeitados.

Parecer, em conclusao, pelo nao-conhecimento do presente recursoextraordinarto , ante a ausencia dos

381

seus pressupostos constitucionais eregimentals )). (fls. 236/239).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator): NAo foi, decerto, prequestlo-namento o art. 153, § 3? da Constitui-Cao, nAo havendo, de conseguinte,apreciaCao a ser feita sob o prismaconstituclonal.

Entretanto os dispositivos do C6d1-go Civil e da Lei de Registro Publi-cos que estao invocados foram pre-questionados , e constituem o cerneda controv6rsia, a saber, da trans-crlCao no registro imobiliario comoato consumativo da transferencia dodominto.

E incontroverso que os s6cios daRecorrida subscreveram o aumentode capital da sociedade, medianteconferencia de bens im6veis, con-forme estipulado em instrumentoparticular de alteraCao do contratosocial, datado de 6-9-66, arquivadona Junta Comercial. Entretanto,esse contrato nao foi passado em es-critura publica, nem objeto de trans-criCAo, mas de simples averbaCao noregistro imobiliario , mediante reque-rimento tamb6m das esposas dos s6-cios.

Em contrato de fiananciamento doRecorrente com a Recorrida, me-diante cedula de credito industrial,em termo de aditamento as celulasanteriores , os s6cios e suas mulheresderam em garantia ao credor os re-feridos im6veis em hipoteca, em 23-11-1973.

Com a decretaCao da quebra daRecorrida tais im6veis foram arre-cadados pelo Sindico e penhorados,em seguida, nas execuC6es fiscais,por d6bitos tributarios da sociedade.

0 fundamento da pretensAo do Re-corrente de livrar os im6veis daconstriCAo judicial e no resguardo da

382 R .T.J. - 116

garantia real instituida sobre eles, eo de que tais bens nao pertencem Asociedade porque nao operada atransferencia deles pela transcriCAono registro imobili6rio, a tear dosarts . 530, 531 e 533 do C6digo Civil e178, b, III do Decreto n9 4.857/39.

Entendo que ao admiti -los comopertinentes ao patrim6nio social erespondendo em execuCao movidacontra a sociedade , Pura e simples, oac6rdAo recorrido contrariou essesdispositivos legais e o slstema deque eles constituern as linhas funda-mentals.

Ora, 6 verdade inafastavel em nos-so ordenamento luridico que so-mente a transcriCAo no registro imo-blllSrio, e por efefto dele, se opera atransferencia de im6vel de um a ou-tro patrim6nio, nAo bastando o neg6-c1o juridico em que se estipule atransmissAo do bem. A tanto nAo sealea a simples averbaCao , em colunapr6pria, que reflete apenas a altera-CAo na sltuaCao juridica da coisa oudo titular , sem a transferencia doml-nial , como se ve da clara dtsciplinado Decreto n? 4.857/39 (arts . 178, c e283).

Nao ha dilvida de ser inexigivel,no caso , Para que se estipule a incor-poraCAo do bern A sociedade, e emrazAo do valor , a formalizaCAo ernescritura pfblica, em face do dispos-to no art . 46 da antiga Lei de Socle-dades Anbnimas, aplicAvel subsidia-riamente As sociedades de responsa-bilidade limitada.

A dispensa da escritura publlcanao dispensa , por6m , da transcriCAocomo dizia, em comento ao referidodlspositivo , o clAssico Trajano de Mi-randa Valverde.Ap6s assegurar que a exigencia de

escritura publica, constante do art.134, II, do CC, nao tern aplicaCAo aocaso, aporquanto a transmiss3o detats bens se opera consoante regrasespecials », e de que strata-se deuma forma especial de transmissAo

de propriedade , verdadeira aliena-CAo, sem ditvida , nao sujetta, por6mao principio consagrado no citadodispositivo do C6digo Civil)), destacao Insigne jurista:

<dndlspensAvel e, entretanto, atranscriCAo dos atos constitutivosno Registro de Im6vefs competente(art. 54, parAg . unico ). Formameles o titulo de transferencia, mass6 pela sua transcriCAo no respecti-vo registro publico adquire legal -mente a sociedade a propriedadedos Im6vefs» ( In Socledade porAC6es, 1/308).Este 6 tamb6m o entendimento de'..

Eunapto Borges, transcrito no doutoparecer , nesse sentido:

«Dispensa-se, pots, a escriturap6bllca, mas a transcriCAo do titu-lo translativo no registro de im6-vets a indispensAvel» ( fls. 238).E o que tamb6m registram Cunha

Peixoto ( Socledade por AC6es 11/87),Waldemar Ferreira ( Tratado, IV112), Fran Martins ( Curso, 9?ed./385 ) e Campos Batalha( ComentSrlos A Lei dos Reg.Pttbllcos , 2? ed., 11 /842), somente Pa-ra exemplfficar , mesmo porque o en-tendimento resulta da clara interpre-taCAo do art . 54, paragrafo iinlco doDecreto-lei n? 2.627/40, reiterado noart. 98, § 2? da vigente Lei das Socle-dades An6nimas , onde se ve que acertidAo dos atog constitutivos da so-ciedade, passado pelo registro de co-m6rcio, e o titulo h8bil Para a trans-criCAo, no registro publico compe-tente dos bens subscritos Para forma-ci o do capital social.

Nao hA dOvida, portanto , de que,nos termos da precettuaCAo Indica-da, o conferimento de bens Im6vefsPara a constitutCao do capital socialnao opera , por si, a transferencia dodominto do patrim6nio dos s6cios para o patrim6nio distinto da pessoalurfdfca da sociedade, pots a transferencia da propriedade im6vel somente se dA pela transcriCAo do titu

R.T.J. - 116

to translativo no Competente registrode im6veis. E nem ha negar que sema transcriCao do tituto a sociedadenao e , como pessoa juridica distintada pessoa dos sOcios , a proprietariados bens im6veis , pois o dominio res-pective nao saiu do patrimbnio indivi-dual destes.

0 desconhecimento dessa reali-dade juridica importa em negar vi-gencia aos arts . 530, 531 e 533 do C6-digo Civil, been assim dos arts. 178,b, III e 179 do Decreto n? 4.857 /39, to-dos que fazem depender da transcri-Cao no registro competente a trans-ferencia do dominio do im6vel emrazao de acordo de transmissao.

ConheCo , portanto , do recurso edou-lhe provimento , para julgar pro-cedentes os embargos de terceiro,condenados os Recorridos ao paga-mento de honorarios na base de umsalario minimo mensal, cada, comos demais Onus da sucumbencia quecouberem.

EXTRATO DA ATA

383

RE 106.492-SP - Rel.: MinistroRafael Mayer . Recte.: Banco do Bra-sil S.A. (Advs.: Cleber Jose da Silvae outros ). Recdos.: Uniao Federal eIrmaos Brindilatti Ltda. ( Massa Fa-lida de ) (Adv.: Attilio Santoro).

Declsao: Conheceu-se do recurso ese the deu provimento. Unanime. Fa-lou pelo Recte .: Dr. Afranio Palha-res.

PresidOncia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Galloti. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia , 6 de dezembro de 1985 -Antonio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106.585 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.Recorrente: Estado de Sao Paulo - Recorrido: Rubens Teixeira Branco.

Proventos de Oftctal da Policia Militar . MajoraCao de proventos eabsorCao de vantagens . Lei Complementar Estadual n? 255/81. Inexis-tencla de direito adquirido . Recurso extraordinario provido, para res-tabelecer a sentenCa de primeiro grau.

ACORDAOVistos, relatados e discutidos estes

autos , acordam os Ministros Compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal , a unanimidadede votos e na conformidade da atado julgamento , conhecer do recursoe dar-lhe provimento nos termos dovoto do Ministro Relator.

Brasilia , 17 de setembro de 1985 -Djact Falcao , Presidente e Relator.

RELATORIO0 Sr. Ministro Djaci Falcao: 0

ac6rdao recorrido guarda o seguinteteor:

«Vistos, relatados e discutidosestes autos de ApelarAo Civel n?39.968-1 , da Comarca de Sao Paulo,em que a apelante Rubens TeixeiraBranco, sendo apelada a Fazendado Estado de Sao Paulo:

Acordam , em Oitava Camara Ci-vil do Tribunal de Justica do Esta-do de Sao Paulo, por votaCao una-nime, dar provimento ao recurso.

1. 0 digno Magistrado julgouimprocedente a aCao movida porRubens Teixeira Branco , coronelda reserva da Policia Militar, queobjetiva obter a manutenCao dagratificaCao especial a que fizera

384 R.T.J. - 116

jus, por ter exercido antes da re-forma as funCoes de ComandanteGeral da Milicia Estadual. A r.sentenCa fundou-se na exist(nciade alteraCilo do regime estatutario,absorvidas as vantagens anterio-res, pelas atuals sempre mats be-n6ficas ao interesse que nao optoupelo regime anterior . Cominou-lhea honoraria de trinta mil cruzetros.

0 apelo do vencido aduz a titulode preliminar que a r . sentenCanAo examinara todas as suas ar-guiC6es e quanto ao merito nao le-vara na devida conta a existencia,de direito adquirido assegurado pe-la via judicial , restrita a vantagemque quer ver mantida a um cara-ter personalissimo , dada a situa-CAo muito peculiar do investimentoem cargo Onico.Com a resposta e o preparo, su-

biram.

2. Decorreu a remota obtenCAojudicial do conhecimento da vanta-gem do dispositivo do art . 1? da Letn? 3.040 de 30 de junho de 1955, es-tatuto anterior A sua reforma, queatribula a quem passasse no cargode Comandante Geral Para a re-serva a permanenCia da gratifica-CAo percebida pelo exercido dessafunC$o.

Como se pode observar, a vanta-gem era realmente personalissi-ma, destituida de qualquer caraterestatutario . NAo se aplicava ou seestendia aos ofictats , em geral.Apenas Aquele que viesse a alcan-Car o Comando Geral e nesse car-go viesse a passar Para a reserva.

E os requisitos Para que fossemantida a gratificaCAo muito espe-cial seria a de haver alcanCado 0Comando Geral e haver nessa fun-CAo passado Para a reserva. Semantida so passar Para a reservae porque existia a gratificaCAo, quenAo foram em consegiiencia criadapor legislacdo ulterior, mas foradiferentemente disciplinada, o que

nao the poderia realmente retirar odireito a obtenCAo dessa gratifica-CAo em bases atualizadas, o quefaz com que deva fazer jus na for-ma pedida a contlnuaCilo a percep-CAo da gratificaCAo correspondentea uma vez o padrdo num6rico P-7,com os acr6scimos pleiteados nainicial.

A honoraria a cargo da Fazendafica arbitrada em 10% sobre o va-lor da condenaCAo.

Ante o exposto, da-se provimen-to.

0 julgamento foi presidido peloSr. Desembargador Jurandyr Nils-son e dele tambem participou o Sr.Desembargador Villa da Costa,ambos com votos vencedores.

Silo Paulo, 1? de fevereiro de1984 - Fonseca Tavares , Relator))His. 89/90).Inconformada , a Fazenda Esta-

dual interp6s o recurso extraordinA-rio de fls . 93 a 99 , com base nas Te-tras a e d do permissivo constitucio-nal, cumulando -o com argfiiCAo derelevancia, alegando que o aresto re-corrido nao s6 violou os arts . 6?, pa-ragrafo Onico , e 153 f 1? e 3?, daCarta Magna, como tamb6m dissen-tiu da SOmula 359, alem de contra-riar o Decreto-lei n? 667/69, art. 24, eLei Complementar Estadual n?255/81, art. 6?. Pela letra d, apontaac6rdilos tidos como divergentes.

Inadmito o apelo atraves do despa-cho de fls. 105 a 107, determines seuprocessamento ao prover o Ag.101.279, em apenso . A argfiiCAo derelevancia foi rejeitada ( Proc. n?27.020, em apenso).Regularmente instruido com as ra-

z6es de f1s . 120 a 122 e contra-raz6esde f1s. 124 a 126, vieram os autos aesta Corte.

VOTO

0 Sr. Ministro Djact Falcao (Rela-tor): Como se viu do relat6rio, o orarecorrido , policial militar , foi trans-ferido Para a inatividade de 1957,

R.T.J. - 116 385

tendo lido beneficiado, A 6poca desseevento, com a incorporacao em seusproventos da chamada GratificaCAode RepresentacAo de Comando Ge-ral, nos termos da Lei n? 3.040/55, doEstado de Sao Paulo.

Sobrevindo a Lei ComplementarEstadual n? 255/81, nao so aquelaGratificaCao, como tamb6m outrasvantagens pecuniArias, vieram a serabsorvidas por esse novo diplomalegal, introduzindo-se, conseg0ente-mente, a partir de entao, um novosistema remunerat6rio para os inati-vos.

Julgando-se com direito adqufridoAquela GratificaCao de Representa-CAo, juntamente com outras de novatabela remunerat6ria, ingressou eleem juizo com a presente aCAo, tendologrado exito na fnstancia ordinAria,em grau de apelaCao.

A meu ver, o recorrido nao podeser beneficiado com as vantagens dalei anterior, principalmente porque aatual manteve o montante da sua re-muneraCAo, nao podendo se falar ernlesAo a direito adquirido do funcionA-rio, consoante jA decidiu o STF aojulgar os ERE 89.516, relatados peloeminente Ministro Cordefro Guerra,e cuja ementa estA assirn redigida:

((Os proventos dos oficiais daPolicia Militar ern inatividade naopodem exceder aos vencimentosdos offciais da ativa, nem tampou-co ser superiores A remuneraCAodos Oficiais do Ex6rcito - art. 102,?f¢ 1? e 2?, e art. 13, § 4? da Consti-tuiCAo Federal. ERE conhecidos eprovidosu. (RTJ 94/767).Na realidade, aquela vantagern

pretendida continua the sendo paga,embora sob rotulagem diversa, ouseja, nos termos preconizados pelalei Complementar Estadual n? 255/81.

Conforme dispos o seu art. 6?:((Ficam absorvidas nos valores

dos padrdes e nos cAlculos de quetratam os artigos 2? e 3? e, conse-gUentemente, extintas quaisquer

gratificacdes ou vantagens pecuni-Arias, que nao as mencionadas nosartigos 3 ", 4? e 5?, inclusive suas ex-tensdes e aplicaCdes, atribuidasaos componentes da Policia Militardo Estado de Sao Paulo, por le-gislacao anterior a esta lei com-plementar.u (fls. 43 a 44).

Segundo ressalta a sentenca:Nao demonstrou o interessado a

opCao pelo regime retribuit6rio an-terior , como the facultava aquelediploma legal ( arts . 8, 9 e 10). NAopode, agora , sob o manto do direitoadquirido on da coisa julgada, pre-tender a manutenCAo do beneficfoque s6 teria na sistematica da le-gislaCAo anterior , da qual, volunta-riamente se afastou.

Na verdade o autor quer a manu-tencao de um beneficfo que foi ex-pressamente substituido pela novalei. Acolher a pretensao implicarianao a interpretaCAo ou reconheci-mento de direito adquirido e simern modificaCao da pr6pria Lei, oque a impossivel.

Nesse sentido 6 a jurisprudencia(Ac. un. de 13-5-82, da 58 CC doTJ/SP na Ap. n. 22.166-1 Rel. Des.Noguetra Garcez.

Pela nova legislaCAo houve signi-ficativa majoraCAo de preventose absorCao de vantagens: E im-possivel o restabelecimento dasgratificacdes ap6s a vigencfa daLei Complementar n. 255, de 1981."(fls. 58 a 59).

Na verdade, nao cabe acumularbeneficios de dois regimes diversos.

Em face do exposto , conheCo e douprovimento ao recurso , para resta-belecer a sentenca de primeiro grau(fls. 57 a 59).

EXTRATO DA ATA

RE 106.585-SP - Rel.: MinistroDjaci Falcao. Recte.: Estado de SaoPaulo (Advs.: Naide Azevedo de Al-meida e Andr6 Nabarrete Neto).

386 R.T.J. - 116

Recdo .: Rubens Teixeira Branco(Adv.: Reynaldo Morelra de Miran-da).

DecisAo : Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.UnAnime.Presidencla do Senhor Ministro

Djaci Falcao . Presentes A Sessao os

Senhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho e Francisco Rezek.Subprocurador -Geral da Republica,o Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia, 17 de setembro de 1985 -H61lo Francisco Marques , SecretA-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 .642 - RJ(Primeira Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Recorrente : Margarida Rodrigues de Vasconcellos Corsi di Bosnasco -

Recorrido : Carlo Corsi de Bosnasco.Traslado no registro civil de certldAo de casamento contraldo no

exterior. Art. 32, ¢ I? da Lei 6. 015/73. Procedimento especial de Juris-dicAo voluntaria . Veto regimental . (art. 325, V, e).

Ainda que envolvendo controvCrsla sobre questAo jurldica de fun-do, o feito que tem por objeto o pedido de traslado , no registro civil,de certldAo de casamento contraido no exterior , constitul tipico pro-cedlmento de jurisdlcAo voluntarla , cujo acesso extraordlnarlo vemobstado pelo art . 325, V , a do RI.

Recurso Extraordinarlo nAo conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata dejulgamentos e notas taquigraficas,por maioria , em nao conhecer do re-curso.Brasilia, 25 de outubro de 1985 -

Rafael Mayer, Presidente e Relator.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Rafael Mayer:Trata-se de requerimento ao Juiz deDireito da Vara do Registro Civil,pedindo a transcricAo da certldAo docasamento do requerente , itallano,realizado cam brasileira , no Mexico.

A mulher, cuja citacdo nao forarequerida , compareceu e ingressouna controvorsia sobre o regime debens do casamento , que fora suscita-da pelo Ministerio Publico Estadual,ao ser intimado para falar sobre orequerimento de transcricAo.

Assim decidiu o ilustre Magistradode primeiro grau:

Carlo Corsi Di Bosnasco , italia-no, requereu perante este Juizo, atranscricAo do termo do seu casa-mento corn a cidadA brasileiraMargarida Rodrigues de Vasconcel-los, efetuado aos 29 de junho de1970, em Puerto Vallarta, Jalisco,Estados Unidos Mexicanos.

Ouvido o ilustre representante doMinisterio PUblico, este opinou Asfls. 62 pela transcricAo do casa-mento, pelo regime de separacAode bens, face ao primelro domlcilioconjugal do casal ter sido em Lon-dres, ou em Napoles.

Outras peticdes e esclarecimen-tos foram feitos por ambos os cOn-juges, atraves de seus procurado-res constituidos , tendo o douto Pro-motor de Justica As f1s. 92 e 116 ra-tificado sua promogAo de fls. 62.

Tudo been examinado , decido:Acolher o pedido de transcricAo

do termo de casamento de CarloCorsi Di Bosnasco e Margarida Ro-driguez de Vasconcellos , de acordocom os artigos 32 da Let n? 6.015 de

R.T.J. - 116

31 de dezembro de 1973, com as al-tera4;6es introduzidas pela Lei n?6.216 , de 30 de junho de 1975,averbando -se A margern deste o re-gime da separaGao de bens, aplicA-vel, na forma do artigo 7? § 4? daLet de IntroduGAo do C6digo Civil,em face da inexist6ncia de pactoantenupcial exigido pelo artigo 185do C6digo Civil do Mexico (fls.29/31 ) e das legislac6es inglesas eitalianas.

Custas ex-lege.A apelacao do Requerente foi pro-

vida , em parte , aparadeterminar se-ja averbada , como regime de bensdo casamento , o da separaGao par-cial de bens ) >, assim deduzido o votocondutor do ac6rdao , in verbis:

cAssim decidem , porque tem ra-zAo, em parte , o Apelante.

E que , celebrado o casamento noEstado de Jalisco, no Mexico, osnubentes eram domiciliados em lu-gares diversos ; ele, em Milao, Ita-lia; ela , no Cairo , Egito ( fls. 11).

Significa que o regime de bensteria de obedecer, segundo o § 4?do art . 7? da Let de IntroduGao soC6digo Civil, ao regime vigente nalei do pats onde ocorreu o primeirodomicilio conjugal.

0 Requerente da transcriGao, ini-cialmente , afirmou ter sido esseprimeiro domicilio conjugal o daInglaterra , apontando Como ende-reco do casal o da Rua 12 S.W. 6,em Londres , f1s. 17 , para depots, Asf1s. 42, sustentar ter sido a cidadede Milao , na Italia, no Largo do Ri-chini 4, acabando por admitir queo casal teve residencia em ambasas cidades - fls: 63, n? 1.

A ora Apelada , sempre sustentouo domicilio conjugal primeiro emLondres - f1s. 69.

Significa que qualquer que tenhasido esse primeiro domicilio -Londres , Inglaterra ou Milao, Ita-lia - o regime, segundo tats legis-

387

lac6es e o da separaGao, admi-tindo, ambas as convenG6es pra-nupcials, como esclarecido pelosrespectivos consulados - f1s. 51 e61, informando a douta Procura-doria , sem indtcaGao da fonte, quequanto A lei inglesa , para os bensim6vels, determinar -se-ia a aplica-cAo da lei brasileira, que, por suavez tamb6m admite o pacto ante-nupcial.

Resumindo , sendo o regime legalo da separaGao , em ambos ospaises, Italia (MilAo) e Inglaterra(Londres ), admissive) se tornava oda comunhAo , se houvesse pactoantenupcial , mesmo em relacaoaos bens im6veis ( Brasil).

Cresce, pois, de tmportAncia, oque se registrou no termo do casa-mento e o seu significado perante alei do pats dele celebrante.

O que se registrou no termo estAAs f1s . 11 - os nubentes durante acerlmOnia optaram consciente edeliberadamente pelo regime dasocledade legal, como Ihes faculta-va o art. 87, n? V do C6digo Civilde Jalisco Ms. 50).

O seu significado estA traduzidoAs f1s. 29, encerrado no art.178,quando se verifica que a lei mexi-cana admite doss regimes de bens,apenas , o da sociedade conjugal,ou da comunhao de bens, e o daseparaGao de bens.Sendo o da sociedade conjugal o

da comunhao , teria sido o regimeadotado sem restriFdes?

0 art. 180 eselarece, na traducaode f1s. 29, que as convenc6es matri-moniais poderiam ser outorgadasantes on durante 0 casamento, po-dendo compreender os bens de quesejam donos no momento do pactoou os que adquiram depols (comu-ntcacAo de aquestos).

Os nubentes , no caso, flzeram aopcao durante o casamento, mani-festando oralmente sua vontade,

388 R .T.J. - 116

its. 11, vale dizer, nao houve escri-tura publica relativa ao pacto ante-nupcial . E isto 6 importante, emface do que dispde o art . 185, tra-duzido as its. 29.

Isto porque, 6 de sua essenclaa escritura ptlblica quando acomunicacAo se fizer dos bens queJa sao dons (art. 180 c/c 185), se-ja, dos bens Ja possuidos antes docasamento , «quando os esposospactuem fazer-se co-particlpesn(art. 185, its. 29v) ou quando a co-munhAo deva incidir sobre os bensim6veis, JA que para a transmissaodesses bens se exige forma espe-cial - «quando os esposos pac-tuem... transferir-se a propriedadede bens que exiiam tal requisitopara que o transpasse seta vAlido»(art. 185, its. 29v).

Ai esta.0 regime adotado foi o da comu-

nhAo dos que adquirlssem ap6s ocasamento , JA que para que se tor-nassem comunhelros dos bens JApossuidos no momento do casa-mento era necessarta a escriturapbbllca, mormente se tats bens fos-sem Im6vels.

Isto significa que o regime ado-tado foi o da comunhao parelal doart. 269 do C6digo Civil, o que con-fere com o declarado As its. 102,que exclut os bens referidos nasalineas I a IV.

Correto, pots, o douto parecer deits. 151 em sua conclusao.

Dal o provimento parcial ao ape-lo, para que seta averbado , quantoao regime de bens do casamentotranscrito , o da comunhAo parcial.

Inconformada , o c6njuge mulherInterp6e recurso extraordinario, pelaletra a, com a alegaCAo de quehouve negativa de vigencia do art.7?, § 4? da LICC, art. 188 do C6digoBustamante , pots o regime de bens

ha de ser o da separacao, vigentenos lugares onde o casal teve do-micilio ap6s as bodas.

Admitido e processado o recurso,nesta instancia emitiu parecer ailustre Doutora Anadyr de MendoncaRodrigues , pelo nao conhectmento,In verbls:

«O Recurso Extraordinarlo 6 in-terposto exclusivamente com fun-damento na alinea a do permissivoconstitucional, fazendo alegaCAo deofensa ao art. 7?, § 4?, da Let de In-troduCAo ao C6digo Civil.

Estes autos tiveram origem empeticAo formulada ao Juiz de Diret-to em exercicto na Circunscricaodo Registro Civil, para que defe-risse a transcricAo do casamentocivil contratdo no M6xico, combrasileira , pelo Requerente , italta-no domiciliado em Londres , Ingla-terra.

E o quanto basta, ao que parece,pars se deduzir que a postulaCAose fundamenta na Lei de RegistrosPGblicos (Lei n? 6.015, de 1973, comas alteracoes da Lei n? 6.140, de1974, e 6.216,1975):

"Art. 32. Os assentos de nas-cfinento , bbito e de casamento debrasileiros em pats estrangeiroserao considerados aut6nticosnos termos da lei do lugar emque forem feitos , legalizadas ascertid6es pelos c6nsules ou, quan-do por estes tomados, nos ter-mos, do regulamento consular.

§ 1?. Os assentos de que trataeste artigo serAo , por6m, trasla-dados nos cart6rlos do 1? Ofictodo domicilio do registrado ou no1? Oficio do Distrito Federal, emfalta do domicilio conhecido,quando tiverem de produzir efet-to no Pais , ou, antes, por meto desegunda via que os c6nsules se-rAo obrigados a remeter por in-term6dio do MinistErio das Rela-C6esExteriores .» (grifamos)

R.T.J. - 116

O procedimento utilizado Para seobter tal traslado , em consegGen-cla, nao constitui procedimento Ju-risdlcional , na acepCao Juridica dotermo, mas , tao-s6, procedimen-to administrativo , tal Como sucedecom os chamados procedimentos<<de duvida», que nao dAo ensejoa Recurso Extraordinario, confor-me pacifico entendimento dessaExcelsa Corte:

nRegistro Publico. Registro Imo-biliario.

Processo administrativo de du-vida.Firmou-se a Jurisprudencia do

STF, no sentido de que nAo hacabida Para o recurso extraordi-narlo se versa ele sobre processoadministrativo de duvida.

Precedentes». ( RE 94 .270-0-PR,Rel.: Min . Aldir Passarinho, InDJ, de 26-10-84, pag . 17.998)

<DUvida. Recurso Extraordina-rio. Inadmissibilidade . No proce-dimento de duvida , de naturezapuramente adminlstrativa, naoCabe recurso extraordinario pre-visto Para o processo J urisdicto-nabu . (RE 102 .463-1 -PR, Rel.:Min. Sydney Sanches, in DJ, de15-3-84, pag. 3.144).Ainda que nao constituisse proce-

dimento puramente administrativoaquele de que cogitam estes autos,de qualquer sorte s6 poderia serclassificado Como procedimento es-pecial de JurisdiCao voluntaria, re-gido pelos artigos 1 . 103 e seguintesdo C6digo de Processo Civil, e, emtal caso, estaria a especie submeti-da ao 6bice instituido pelo art. 325,V, e do Regimento Interno.

E, Como 0 apelo extremo nao ar-gui a presenca de qualquer exclu-dente a protbiCao regimental, restada mesma forma inadmissivel.0 parecer e, por conseguinte, de

que o Recurso Extraordinario naocomports conhecimento,,.

E o relat6rio.

EXTRATO DA ATA

389

RE 106 .642-RJ - Rel.: MinistroRafael Mayer . Recte .: MargaridaRodrigues de Vasconcellos Corsi DiBosnasco (Advs.: Stelio Bastos Bel-chior e outros ). Recdo.: Carlo Corsidi Bosnasco (Advs.: Milton Barbosae outros).

DecisAo : Ap6s a leitura do relat6-rio e da sustentacao oral proferidapelo Dr . Stelio Bastos Belchior, pelaRecte, o Julgamento fol adiado a pe;dido do Ministro Relator.

Presldencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a SessAo osSenhores Ministro Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.Brasilia , 4 de outubro de 1985 -

Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator ): o pedido de que o assento decasamento de brasileiro , contraidono estrangeiro, perante a autoridadee Segundo a let local , seta trasladadono cart6rio do registro civil nacionalcompetente , se subordina , sem duvi-da, a denominada Jurisdicao volunta-ria, e se realiza em um tipico proce-dimento especial de JurisdiCao volun-taria, com as caracteristicas que Thesao inerentes.

Atendendo a essa realidade, a quea instAncia a quo nem mesmo confe-r1u ao felto os tramltes pr6prios aocontencioso e ao contradlt6rio, pecu-Ilares ao litigio que no caso inexiste."Em procedimento voluntario, alias,- Como afirma MendonCa Lima, -pode haver controversta , mas Comoincidente do fim comum pretendido»( in «Comentarios», XII/18).Em principio , desde que ocorren-

tes os pressupostos constitucionals e

390 R .T.J. - 116

regimentals , a decisao em filtlmainstAncia , sobre procedimento de ju-risdiCao voluntaria, 6 passive] de re-curso extraordinario , se consubstan-cia uma causa . Entende, com razao,S6rgio Bermudes, que a palavracausa deve ser tomada num sentidoamplo , de modo a abranger qualquerprocedimento em que se profira de-cisao que contenha julgamento sabreo direito da parte, ainda que o proce-dimento no qual a decisAo 6 proferi-da, seja de jurisdiCao volunt6ria» (in«Comentartos», 2' ed., VII/258). E oilustre Autor transcreve notavel tre-cho de Castro Nunes, de que destacoesse t6pico:

«Qualquer processo , seja de quenatureza for, se nele for proferfdadecisao de que resulte comprome-tida uma lei federal , 6 uma causapara os efeitos do recurso extraor-dinario. Alfas, 6 essa acepCAo quecorresponde A palavra causas naterminologia forense - processosjudiciarios, seja qual for sua natu-reza ou fim . ( Ibidem)

Corn essa doutrina se conforma ajurisprudencia da Corte, referida nodouto parecer, no pertinente a recor-ribilidade extraordinaria no processode dfivida no registro pitblico, quenAo 6 senao uma esp6cie de procedi-mento de jurisdiCao voluntaria. Osprecedentes falam no sentido de quesomente 6 admissive] o recursoquando h8 controv6rsia entre os inte-ressados, e nao somente entre o tnte-ressado e o serventuario ou o Juiz(Cfr. RE 89.868 - RTJ - 90/676).Sob tal prisma nao se excluiria doacesso ultimo a esp6cie , alias nAo re-dutivel ao procedimento tipico da dfi-vida. Corn efeito, hA controvArsianos autos e sobre lei federal que adecisao recorrida aplicou.

S6 por isso , no entanto , nao se sa-tisfazern os pressupostos de vtabill-dade do recurso extraordinarto, poisnos termos do art. 325, V, e, do RI,estAo sujeitos ao veto os procedimen-

tos especiais de jurisdiCao volunta-ria, salvo os relativos A tutela e Cu-ratela. De modo igual ao que se d8corn o veto regimental sobre os pro-cedimentos especiais de jurisdiCao]contenciosa, 0 preceito obstativocompreende nAo apenas os procedlmentos disciplinados no C6digo deProcesso Civil mas todos os demaisprevistos em diplomas especiais.

Nao basta, portanto, a ocorr@nciade questAo federal para viabilizar orecurso extraordinarto, pots 6 indis-pensAvel que ocorra uma das excep

-cionantes do 6bice, - ofensa a ConstitutrAo, divergencia corn a Sflmulou relevancia da questao federal, nnhuma das quais intentada.

HA decerto uma extrapolaCao dodoutos julgadores ao it al6m do situpies deferimento , nos termos do art32, § 1?, da Lei nt 6.015/73 do traslado do assento matrimonial no registro civil, para decidir sobre o regimde bens que nao estava em causaEssa mat6rla diz respeito ao mtritde uma fide que, na verdade, nAotravou nos autos, nao sendo , de outrlado, bastantes os dados indtcadorede urn litigio ajuizado sobre um im6vel no Brasil , ou a notfcta sobreSentenga Estrangeira n? 3.319, eque se homologou a decisAo Italiansobre a separaCao judicial dos c6njuges, verificada pelo Tribunal de MilAo, em 1978 (RTJ - 112/1.004).

De qualquer modo, nao se tratandde uma lide e de jurisdiCao conteciosa, no sentido exato, a decisaque manda trasladar o assento mtrimontal no registro civil e fazeraverbacao de determinado regimde bens, faz cotsa julgada apenaformal , nAo coisa julgada material.

Pelo exposto, a vista do veto reg -mental nao transposto , nAo conheCdo pedido.

EXTRATO DA ATA

RE 106.642-RJ - Rel.: MlnistrRafael- Mayer. Recte.: Margarid

R.T.J. - 116

Rodrigues de Vasconcellos Corsi diBosnasco (Advs.: Stelio Basins Bel-chior e outros ). Recdo.: Carlos Corsidi Bosnasco (Advs.: Milton Barbosae outros).

Decisao : Ap6s os votos dos Minis-tros Relatores , Octavio Gallottf eSydney Sanches, que nAo conheciamdo recurso , o julgamento lot adiadopelo pedido de vista do Ministro Os-car Correa.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes a SessAo osSenhores Ministro Nerl da Silveira,Oscar Correa , Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 8 de outubro de 1985 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

VOTO (VISTA)

O Sr. Ministro Oscar Correa: Ap6sdetido relat6rio da especie, o emi-nente Relator examinou-a, em pro-fundidade , e concluiu pelo nAo co-nhecimento , ao argumento de que in-cidente 0 veto do artigo 325, V, e doRISTF - procedimentos especiaisde jurisdicao voluntaria , salvo os re-lativos a tutela e curatela

Saliento de seu, Como de habito,lucido pronunciamento , este trecho:(le)

2. Verifica-se, pots, que emboraS. Exa. admita que, em principio,o recurso extraordinario possa via-bilizar-se use consubstancia umacausa» - tomada num sentido am-plo, de modo a abranger qualquerprocedimento em que se profira de-cisao que contenha julgamento sobreo direito da parte, ainda que o proce-dimento no qual a decisao 6 proferi-da, seja de jurlsdicao voluntaria (ci-tando Sergio Bermudes - uComen-tarios», etc...) in casu , conclulu que"ha decerto uma extrapolasao dosdoutos julgadores ao it alem do sim-

391

pies deferimento , nos termos do arti-go 32, § 1?, da Let n? 6 .015/73 do tras-lado do assento matrimonial no re-gistro civil , para decidir sobre o re-gime de bens que nAo estava emcausa . Essa materia diz respeito anmerito de uma Tide que , na verdade,nAo se travou nos autos , nAo sendo,de outro lado, bastantes os dados in-dicadores de um litigio ajuizado so-bre um im6vel no Brasil, ou anoticia sobre a Sentensa Estrangeiran? 3.319, em que se homologou a de-cisao italiana sobre a separacAo ju-dicial dos c6njuges , verificada peloTribunal de Milao , em 1978 (RTJ112/1. 004)».3. Aqui reside, data yenta desse

notavel pronunciamento , nossa dis-cordancla.

Primeiro, quanto aos fatos, Comoposta a questao na inicial ( fls. 2), naqual o ora Recorrido requer a trans-cricao de seu casamento civil reali-zado com a Recorrente etc., casa-mento esse realizado no dia 29 de ju-nho de 1970 , em Puerto Vallarta, Ja-lisco, Estados Unidos Mexicanos,pelo regime legal , Como tudo se veri-flca pela inclusa certidao ... etc. (gri-fos nossos).

0 Julz despachou «A. ao MP)), ape-nas. Este, em cota, disse ( Its. 16):

«Provados ( 1) o domicilio dosc6njuges anterior ao casamento, e,se diversos, o primeiro do casal e(2) declaracao consular quanto aoregime legal de bens, principal-mente quanto ao artigo 91 , do C6d1-go Civil mencionado a Its. 11, me-Ihor podera dizer o MP".

4. Iniciou-se , entao , largo contra-dit6rlo, que pode ser resumido:

a Its . 17, o advogado do ora Recorri-do explicita que s6 ha doss regimespara 0 contrato de matrim6nio, noMexico - o da socledade conjugal(comunhao de bens no Brasil) e o daseparaCao de bens -ao mesmo noBrasil, e Indica Como domicilio do

392 R.T.J. - 116

casal, apbs o casamento , a rua 12SW. 6, - Londres , juntando traduCAodo texto dos artigos 178 e 97 do C6di-go Civil mexicano ( fls. 18);

- a ifs. 22 , nova cota do MP recla-mando a nao comprovaCAo oficlal do1? domicilio na Inglaterra e de queos domfcilios eram diversos;

- nova resposta do advogado, es-clarecendo que o 1? domicilio foi aInglaterra e que, antes do casamen-to, residfa ele em Milao e ela no Cai-ro (fls . 23/25):

- nova cota do MP. ( fls. 26 e v.),pondo em d(tvida os documentosapresentados e sobre o que seja oregime de sociedade legal, etc.;- nova petlCAo e novos documen-

tos do advogado (trad. dos artigos178 e 206 do C6digo Civil mexicano eoriginal);

- de novo o MP. pede prova doprimeiro domicilio dos conjuges (fls.38 v.). que vem nas certfdoes de ifs.44 e seguintes etc., com o texto doC6digo Civil itallano, quanto so Re-corrido;

- e ante nova cots, a respefto dodomicillo da Recorrente , informa oRecorrido, per seu novo advogado,que o 1? domicillo foi MilAo e nAoLondres (fls. 56) e junta certificadoquanto A lei inglesa ( fls. 58/61).

5. S6 entao o Promoter opina,nestes termos ( fls. 62):

«1. De acordo core 0 artigo 185do C6digo Civil do Mexico (fls.29/31 ), o regime da socledade con-jugal exige 0 pacto antenupclal,que nao foi celebrado.

2. Assim, o regime legal sera odo primeiro domicilio conjugal, deacordo com o art . V. paragrafo 4?,da Lei de IntroduCao ao C6digo Ci-vil. Na hip6tese , quer o primeirodomicilio conjugal do casal tenhasido em Londres (fls. 17), quer te-nha sido em MilAo, Italia (fls.42/43 ), o regime legal e o de sepa-raCAo de bens.

3. Isto posto, opino pela trans-criCAo do casamento , adotado o re-gime de separaCAo de bens.

Rio, 26-8-81».

Em face disso , nova petiCao doRequerente -Recorrido ( ifs. 63/67),pelo que protesta 0 MP. per novavista ( fls. 68).6. Ingressa, entao , nos autos, a

ora Recorrente ( fls. 69/75) e docu-mentos de ifs 77/78.

Novas petiCoes , em verdadeirocontradit6rio , entre os ora Recor-rente e Recorrido , core as novas co-tas do MP e, afinal , a fls. 117 profereo Juiz a decisAo : ja transcrita no vo-to do eminente Relator.

Dal em diante, 0 veto do eminenteRelator explicita a tramitaCAo dacausa , no ac6rdao da apelaCAo e,nesta instancia , no parecer da Pro-curadoria -Geral da Republica.

Este invoca o RE 94 . 270 e o RE102.463 , Relatores , respectivamente,os eminentes Ministros Aldir Passa-rinho e Sydney Sanches.

7. Feita essa recapitulaCAo dosfates para nos possibilitar nos situe-mos juridicamente em fate deles,renovamos nosso pedidos de ventpara discordar.

Em nenhuma passagem dos autoa questao se p6s em termos dditvida que devesse obedecer a Len? 6.015 /73, nem se invocou o artig32 - que apenas surge, sem convocacao da parte - no parecer dProcuradoria -Geral da Republica eparece-nos , sem atinencia a especle.

Nem o artigo 32 a de tranquila interpretacdo ou de aplicaCao ao case(A Wilson de Souza Campos Batalhap. ex. (Comentarios a Lei de Registros P(ibilcos , Forense, 1979, 2t ediCAo rev . e ampliada , I - artigo 32pag. 134 ) parece que

«ao Ines de referir-se a braslleiros, devera o preceito referir-sepessoas domicilladas no Brasil

R.T.J. - 116 393

posto que a Let de IntrodurAo aoC6digo Civil abandonou o crit6rioda nacionalidade , para admitir ocriterio do domicilio como definl-dor da lei pessoal...»E como se viu , nesta Corte , dos de-

bates no RE 86.264, Relator para oacbrdao o eminente Ministro RafaelMayer ( RTJ 101/654).

8. Como , igualmente - e corn orespeito que proclamo as doutas opi-ni6es do eminente Relator e da ilus-tre parecerista da Procuradorla-Geral da Republica - nada dizemrespeito a hip6tese os ac6rdaos invo-cados , totalmente diversos dela:

- 0 RE 94 . 280 - Relator MinistroAldir Passarinho (RTJ 112/671) -duvida de registro imobiliario , consi-derado processo administrativo, nalinha de precedentes que invocou:como o RE 77 . 966 (RTJ 107 /628), domesmo e eminente Relator e reno-vando a citaCao dos mesmos prece-dentes.

- No mesmo sentido , o RE 102.463Relator o eminente Ministro

Sydney Sanches, no qual se cuidoude registro de varios im6veis e dopagamento de imposto de transmis-sao Inter-vivos , suscitando duvidados interessados . Nele se convoca aorientaCao de precedentes: o primei-ro 6 0 RE 91 . 236 - RTJ 97 /1.250 -do qual Relator o mesmo e eminenteMinistro Rafael Mayer - afirmandoque o processo de duvida em regis-tro imobiliario se reveste ((de nature-za puramente administrativa, naopossui o carater de causa, o que otorna insuscetivel de recurso ex-traordinario»; o segundo, no RE85.606 - Relator Ministro D6cio Mi-randa ( RTJ 90/913) tamb6m sobreduvida suscitada pelo Oflclal do Re-gistro de Im6veis.

9. No caso decidido com o votocondutor do eminente Ministro Sy-dney Sanches, nao houve contro-v6rsia senAo entre os requerentes e oserventuario e o salientou S. Exa.

Do caso tratado no RE 85 . 606, po-r6m, vale salientar este trecho dovoto do eminente Ministro Decio Mi-randa:

((Sera que haja disputa e desen-tendimento entre as pessoas a quese dirige o poder administrativo doJuiz, nao se firma, para a esp6cie,a natureza de ocausa ),, a que se re-fere a ConstituiCao , ao estabeleceras hip6teses de recurso extraordl-nario uartigo 199 , III» (RTJ 90/915).

10. Flrme-se, portanto , desde logoque:

I - nao se disse , em qualquerpassagem dos autos , que se tratassede duvida , levantada quer pelo Offi-cial de Registro , quer pelo reque-rente;

II - nao foi , nesse sentido, sub-metida ao Juiz para decisao;III - nao tem qualquer simili-

tude , longingua que seta , com as hi-p6teses indicadas no parecer daProcuradoria -Geral da Republica.

Lembre-se , alias , em honra aoeminente Relator, que S. Exa., compropriedade e correCao , afirma:

((Os precedentes falam no senti-do de que somente 6 admissivel orecurso quando ha controv6rsia en-tre os interessados , e nAo somenteentre o interessado e o serventua-rio ou o Juiz ( CFr. RE n? 89.868 -RTJ 90/676). Sob tal prisma nAo seexclulrla do acesso Ultimo a esp6-cle, alias nAo redutivel ao procedi-mento tipico de duvida . Com efeltohA controversta nos autos e sobrelet federal que a decisao recorridaapllcow).11. S. Exa., contudo , considerou

essa condiCao insuficiente, por setratar de processo de Jurisdir6o vo-luntaria , a s6 excluidos do veto doartigo 325 , V, e os relativos a tutela ecuratela.

Diz S. Exa . que houve fextrapola-Cao dos doutos Julgadores ao it al6m

394 R .T.J. - 116

do simples deferimento , nos termosdo artigo 32 , § 1", da Lei n? 6.015/73do traslado do assento matrimonialno registro civil, para decidir sobreo regime de bens que nao estava emcausa».

Aqui, data venia, o ponto centralde nossa divergencia : em nenhummomento se colocou a questao comosimples deferimento de traslado doassento matrimonial, nos termos doartigo 32, § 1?, da Lei n? 6.015/73,mas, desde logo, clara, evidente eexpressa a pretensao do requerentede fixar no registro o regime debens , como salientamos de inicio: lo-go na lntclal, fls . 2 - casamento...pelo regime legal ... e juntando certi-dAo (original fls. 5 ) e traduCao (fls.11) ((pelo regime da sociedade le-gab).

12. Esta , alias - depois de acla-rar - a finalidade do requerimen-to de transcriCao e Ja objetivando(mesmo os autos dao noticia)preparar-se pars a disputa de bemim6vei.

0 fato, ressalte-se, assume aindamaior importancia , quando se verifi-ca que - e isto esta no voto do emi-nente Relator, ainda que sem a con-clusAo - que o pedido de transcriCaodo casamento e do seu regime debens 6 de 6 de Janeiro de 1981 Ms.2), epoca em que ja se dera a sepa-raCAo judicial dos c6njuges, pelaJustiCa italiana , averificada peloTribunal de Milao, em 1978» - comodiz o eminence Relator e se ve daSentenCa Estrangeira n? 3.319 -RTJ 112/ 1004 - autos fls. 243/263.

13. Cerca de trios anos , portanto,depois de homologada a separaCaojudicial - sentenCa de 21-2-1978 -vem o c6njuge varao ja separado re-querer transcriCao do casamento edo regime de bens, fato significativodemais para nAo ser acentuado.

E, obviamente , que a transcriCaos6 the interessava pelo regime debens que pieiteou , e a prop6sito do

qual, exclusivamente , se estabeleceua controv6rsia entre requerente e M.P6blico e, depots, o contradit6rio,com o ingresso nos autos do conjugemulher.

A questAo levou, entAo, a amplocontradit6rio sobre o regime de bensque deveria prevalecer - excluslva-mente - com o exame aprofundadopelas partes, pelo MP e pelos doutosjulgadores , da legislaCao aplicavel.

14. Nao posso convir em que istose configure como procedimento es-pecial de jurisdicao voluntaria, e, co-mo tai , Incidente o 6bice regimentalindicado, se o que amplissimamentese questions a mat6ria da malor sig-nificaCao - regime de bens do casa-mento , inequlparavel a simples pro-cedimento administrativo de duvida.

Nem 6 univoco o conceito de pro-cedimentos de jurisdicao voluntaria,ou de geral aceftaCao , que permitaesse rigor na aplicaeAo do veto esurgiria inequivocamente na hip6tsedos autos.

Pelo contrArio , neles se consubs-tanciou uma causa , como o pr6prio eeminente Relator a caracterizou, re-petindo Sergio Bermudes e CastroNunes.

15. Na verdade - e apesar de Co-das as tergiversaC6es da teoria, quenascem na pr6pria discussao a res-peito da nomenclatura e atingem ocerne do problema , sem alcanCarnunca nitidez e seguranCa nAo ha Co-mo, in casu , vislumbrar JurlsdiCAovoluntaria , com os interesses emconflito , com autentico e inegavelcontradit6rio , nao Inter volentes -jurisdlctio voluntaria est quae intervolentes exercetur (Pothier), mas ininvictos , significando conflito, con-testaCao , oposiCao , contradlCao.

Apliquem -se a hip6tese todos oscaracteres dtstintivos que os douto-res formularam para extremar a ju-risdiCAo contenciosa da voluntaria, enao prevalecerao:

R.T.J. - 116

a contrarledade - aqua existe;

a exlstencia de partes - que aqui sefirmou;a oposlcAo do contradit6rlo - evi-dente.

16. Na parte final de seu voto as-sinalou , com a habitual competen-cia, o eminente Relator que, Jurls-disSAo voluntArla , nao constituiria adecisao coisa julgada material. Comisso concordamos: a precisamenteesta a distincao que se pode ressal-tar entre uma e outra Jurisdicao, co-mo dito pelos doutores. Mas exata-mente por isso ha que saber que a Ju-risdicao 6 contenciosa on volunta-ria... e, cal-se no circulo vicioso da du-vida...

Esta conclusao , de ratificar-se: onse trata de-Jurisdicao contenclosa,pelo carater que assumiu o conflito,entre partes, com o contradltOrtoamplo e a prestacao Jurisdicional -e se configurara a colsa julgadamaterial na decisao que se proferlu;on se trata de Jurisdicao volutAria,nao havendo propriamente uma cau-sa, a Ilde, e s6 se configurara coi-sa julgada formal e nao material.

Nessa preliminar, considero quenos termos em que posta a questao,inegavel o contencioso do conflito.Pelo que nAo aplico o veto regimen-tal do artigo 325, V, e, do RISTF.

E o voto.

CONFIRMA(AO DE VOTOPRELIMINAR

O Sr. Mlnistro Octavio Gallotti:Conffrmo o voto JA antecipado, coma devida venla do eminente MinistroOscar Correa e sem prejuizo de re-conhecer o brilho que the a habitual.

Convenceu -me o lucido entendi-mento de V . Exa., Sr . Presidente, deque estamos diante de um procedi-mento especial de Jurisdicao volun-taria , porque a transcricao em causanAo tem outra finalidade, que nAo a

395

facilidade de prova e o efeito de pu-blicidade, no Brasil , de um ato cele-brado no Exterior.

Penso que o veto regimental dizrespeito A esp6cie on a natureza dacausa em si , nAo estando a dependerdas vicissitudes da tramitacAo efeti-va do processo , da posicao que neleeventualmente assumam os interes-sados, do comportamento do Minis-t(!rio Publico , ou mesmo da extensaoe do sentido do julgado recorrido.

For isso , vendo presente o 6biceregimental e confortado com a con-clusao de V. Exa ., de que nao hauma coisa julgada material e, porconseguinte , nAo se estaria diante deum possivel equivoco , de correCAoformalmente irreparavel , acompa-nho o voto de V. Exa ., Sr. PresidenteRafael Mayer.

CONFIRMACAO DE VOTOPRELIMINAR

O Sr. Mlnistro Sydney Sanches: Sr.Presidente , eu Ja havia adiantado 0men voto, mas entendo que o devoconfirmar agora.

Por maior controv6rsia que haja,num processo como este , nAo me pa-rece que isso o transforme em con-tencioso . Ele teve curso perante au-toridade administrativa , o Julz daVara de Registros Publicos, se nAome engano , que 6 o competente paraautorizar registros dessa esp6cie.Nao set como sera no Rio de Janei-ro, mas, em Sao Paulo , quando sediscute o regime de bens , contencio-samente , o competente e o Juiz deVara de Familia . Acredito que noRio de Janeiro deva ser assim tam-bem.

EntAo , essa autorizacao do Juizpara o registro foi dada como autori-dade corregedora do cart6rio, querdizer, como autoridade administrati-va. 0 fato de haver exorbitancia, in-clusive com discussAo do regime debens , determinando-se que a conclu-

396 R.T.J. - 116

sao a respeito fique constando do re-gistro , a men ver, nao transforms oprocesso de jurisdicAo voluntaria onadministrativa em processo de jurts-dicAo contenciosa.

Nao havendo o risco de coisa jul-gada material , que ficou hem ressal-tado nos votos de V. Exa ., Sr. Presi-dente Rafael Mayer e de S. Exa. oEminente Ministro Octavio Gallotti,o excesso sempre pode ser corrigido.E claro que isso pode causar con-

tratempos , mas o perigo da posicAocontraria esta na tese, an admitir:toda vez que houver discussAo, d6vi-da on controversta em processo dejurisdicao voluntaria , s6 por essa di-vergencia o processo se torna con-tencioso . Acho a tese muito arroja-da, senao incorreta , nAo se podendoesquecer , quanto so procedlmento dejurisdicAo voluntaria da existenciade 6bice regimental para o recursoextraordinario . 0 Sr. Ministro OscarCorrea mencionou aquele precedente(estou hem lembrado do caso, nAodos pormenores).

Concluindo , Sr. Presidente, nao ve-jo a possibilidade de que as circuns-tAnclas deste processo , fniciado pe-rante a autoridade administrativa,perante corregedor do cart6rio deregistros e com competencia paraa jurisdicAo voluntaria , o possamtransformar em processo de jurisdi-cao contenciosa.

Como ficou bern claro no voto deV. Exa. e do eminente MinistroOctavio Gallotl que nao havers col-sa julgada material a respeito do te-ma regime de bens, o maximo quese pode prever e que haja algumcontratempo , mas nunca de se reco-nhecer eficacia de colas julgada ma-terial a esse prop6sito.

Mantenho o voto que havia proferi-do e acompanho o de V. Exa., datavenia do Sr . Ministro Oscar Correa.

EXTRATO DA ATA

RE 106 . 642-RJ - Rel.: MinistroRafael Mayer . Recte .: MargaridaRodrigues de Vasconcellos Corsi dlBosnasco (Advs.: Stelio Basins Bel-chior e outros ). Recdo.: Carlos Corsidi Bosnasco (Advs.: Milton Barbosae outros).DecisAo : Nao conheceram do re-

curso , vencidos os Ministros OscarCorrea e N6ri da Silveira que deleconheciam e proviam.

Presidencla do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes A SessAo osSenhores Ministros N6r) da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti . Subprocurador-Geralda Republica , Dr. Francisco de As-sis Toledo.Brasilia, 25 de outubro de 1985 -

Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

RECURSO EXTRAORDiNARIO N? 106.688 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Cordeiro Guerra.Recorrente: Instituto de Administracao Financeira da Previdencla e As-

sistencia Social - IAPAS - Recorrido: SebastlAo Cunha Martins.

- Contrlbuicao previdenciaria prevista no art. 2" do Decreto-leln? 1.910, de 29-12-81 . Servidor aposentado que vinha contrlbuindo parao antigo IPASE, ate que ficou isento por forca da Lei 6.439 , de 1-9-77.Revogada a isencAo em virtude do Decreto-lel 1.910/81, nAo ha quefalar em diretto adquirido (13? do art. 153 da ConstituicAo Federal).Mandado de Seguranca denegado.

RE conhecido e provido.

R.T.J. - 116 397

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal, na conformidade da ata dejulgamento e das notas taquigrafi-cas, a unanimidade de votos, em co-nhecer do recurso e the dar provi-mento.

Brasilia , 24 de setembro de 1985 -Djaci Falcao , Presidente - CordeiroGuerra , Relator.

RELATORIO

O Sr. Minlstro Cordeiro Guerra: 0despacho que admitiu o apelo extre-mo bem esclarece a controversla:

«Ao apreclar , em grau de recur-so, mandado de seguranCa onde sediscute a constitucionalidade doart. 2? do Decreto-lei n? 1 .910, de1981 , que exige dos aposentados epensionistas da Previdencia Socialo recolhimento de contribuiCoes, atitulo de assistencia medica, a 4@Turma desta Egregia Corte deci-diu, verbis:

«Constitucional e Administra-tivo-Fiscal.

ContribuiCbes instituidas porlei posterior a aposentadoria pre-videnciaria.

Inexigibilidade, em face de con-tribuintes e beneficiarios ja ante-riormente aposentados.

I - 0 Tribunal Federal de Re-cursos, em SessAo Plenaria, re-peliu a inconstitucionalidade doart. 2? do Decreto-lel n? 1 . 910/81(Arg. de Inconstitucionalidade naAC n? 85.544-MG).

II - Inaplicabilidade do citadoDecreto-lei n? 1.910, de 1981, asaposentadorias concedidas ante-rlormente a sua vigencia , porqueestas consubstanciam situaCaosubjetiva pre-constituida, imunea eficacla retroativa daquele di-ploma legal.

III - Mandado de seguranCadeferido. Recurso do IAPAS des-provido.u (fls. 92).

Dessa decisao, inconformado, oIAPAS manifesta recurso extraor-dinario contra a parte do ac6rd5o,que considerou ofensivo ao prin-cipio constitucional do direito ad-quirido, a aplicacdo do diplomaem referencia as aposentadoriasconcedidas anteriormente a sua vi-gencia. Sustenta, em sintese, que oaresto impugnado teria violado os¢§ 1? a 2? do art. 153 da Constitui-Cso Federal, alem de divergir dejulgados que indica.

De fato, o Plenario do ColendoSupremo Tribunal Federal ja sepronunclou no sentido de nao aten-tar contra o direito adquirido acontribuiCao prevista no art. 2? doDecreto-lei n? 1.910, de 1981.

Com efelto, proclamou a CorteSuprema:

<"ContrlbulCAo previdenclaria.Contribulcao dos aposentados.Assistencla medica . Direlto ad-quirldo . Decreto-lei n? 1.910/81,art. 20, I, d. A contrlbuiCao previ-denciaria de que train o art. 2?,I, d, do Decreto-lei n? 1 .910/81, edevida pelos aposentados e pen-sionistas para o custeio de assis-tencia medica. Nao tem qualquersimilitude corn os proventos deaposentadoria, que permanecemInalterados, pois corresponde acontraprestacao financeira depessoa assistida, podendo ser ins-tituida, on retirada pelo Estado,sem que isso constitua ofensa adireito adquirido.

Mandado de seguranCa indefe-rido.u (MS 20.350-1-DF, in DJ de10-2-84, pag. 1015).

Assim, dispenso-me de maioresconsiderav6es, para admitir o re-curso.

Quanto a argUiCao de relevaneia,aguarde-se a iniciativa do susci-

398 R.T.J. - 116

tante , nos termos do art. 329, I, doRegimento Interno do Egr6gio Su-premo Tribunal Federal.

Publique-se.Brasilia, 27 de marco de 1985 -

Ministro Lauro LeitAo , Vice-Presi-denten (f1. 102/103).

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Cordelro Guerra(Relator ): De fato, fixou-se a Juris-prud6ncia desta Corte no sentido doacbrdao trazido U colacao como di-vergente.

Ainda recentemente , o eminenteMinistro DJacf Falcao , em Plenflrio,salientou:

«Improcede , a meu juizo, a ale-gaCdo de que os aposentados an-teriormente ao Decreto-lei n?1.910/81 nao estao sujeitos a sua-in-cid6ncia 6 vista da exist6ncia dedireito adquirido (§ 3? do art. 153da Lei Maior).

Na especfe , a lei nova alcanoauma situaGao em curso, relativa 6contribuir o previdenci aria parafins de assist@ncia m6dica. 0 quenao se confunde com proventos dainatividade , regulados pela let vi-gente so tempo em que o servldorreuniu os requisitos necess6rios 6obtencAo da aposentadoria (SUmu-la 359 ). No caso da sumula, res-guardar-se , no momento da apo-sentadoria , odireito adquirido, su-bordinado a uma condiOAo inalte-ravel . Ora, proventos nada tem emcomum com a contribuicAo previ-denclarfa para fins de assistenciam6dlca . A contribuiG3o do aposen-tado se justlfica pela contrapresta-qSo de servico de assistencfa m6di-ca.

Nao se trata, no caso sub judice,do exerciclo de um direito prefixa-do e imutavel. Havia, sim, um di-

recto vAlido ate o momento da suarevogaCao pela lei nova, que operaex tunc.

A circunstancia do serviCo de as-slst6ncia m6dica ter sido gratuitopara o aposentado, durante certoperiodo, nao impede que lei novavenha a admitir ( no caso, readmi-tir) contribuir6es a cargo dos apo-sentados em geral . Como 6 sabido,entre nos nAo h6 a gratuidade daassistencia medica . A ConstituicAo,ao tratar da previd6ncia social,deixou claro obrigatoriedade dacontribuiGSo do empregado, paratal fim (art. 165, inc. XVI).

As leis especlals cabe estabele-cer as condicbes de organlzacao efuncionamento dos servitos de as-sist6ncia so servidor pUblico, ematividade , ou inativo , estabelecen-do descontos em seus vencimentosou proventos ( arts . 157 e 163 do Es-tatuto dos Funcionarios PubllcosCivis da Uniao).

Pondera , com propriedade, o pa-recer do Dr . Mauro Leite Soares:

((A agsistencla m6dica nao 6vantagern ou prerrogativa doservidor p6blico em geral, mas,sim, obrigaedo do Estado e seeste necessita de correspondentecontraprestacao financeira dapessoa assistida , a questao se re-sume em simples politica de go-verno. Assim coma, anterior-mente , foi instituida e ap6s reti-rada , pode ser novamente insti-tuida , sem frimento de qualquerdireito em relagao a qualquer ti-po de segurado». (f. 55).

Ademais, nao se pode perder devista que a relacao Juridica entre 0Poder Pnblico e o funclon8rio, atf-vo ou inativo, 6 de natureza legalou estatutaria , tornando-se sus-cetivel de modificacAo pelo legisla-dor, de acordo com o interesse pU-blico . Ressalva-se, 6 claro , a modl-ficaSao que venha a afetar umasituaSao Juridica definitivamente

R.T.J. - 116

constituida , incorporada ao patri-mbnio do seu titular, a configurardireito adquirido . Isso , contudo,nao ocorre no caso consoante JA fi-cou demonstrado.

Ex posltls , indefiro o mandadode seguranca )). (RTJ n? 108/552-553).

0 ac6rdao ficou assim ementado:nContribuicao previdencfarla

prevista no art. 2? do Decreto-leln? 1.910, de 29-12-81. Servidorcontribuindo para o antigoIPASE, ate que ficou isento porforca da Lei n? 6.439, de 1-9-77.Revogada a isencao em virtudedo Decreto-lei n? 1.910/81, nao haque falar em direito adquirido ($3P, do art. 153, da ConstituicaoFederal).

Mandado de seguranca denega-do)) (RTJ 108/548).

Conheco, pois, do recurso e the douprovimento.

EXTRATO DA ATA

399

RE 106 . 688-SP - Rel.: MinistroCordeiro Guerra . Recte .: Instituto deAdministraCao Financeira da Previ-dencia e Assistencia Social - IAPAS(Adv.: J . A. Cardoso Monteiro). Rec-do.: Sebastiao Cunha Martins (Advs.:Marcos Aurelio da Costa Milani eoutros).

Decisao : Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroDJaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Ge-ral da Republica, o Dr. Mauro Lei-te Soares.

Brasilia , 24 de setembro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106.742 - RJ(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Cordeiro Guerra.

Recorrentes: Ricardo Franco Pedreschi e sua mulher - Recorridos:George Pessoa de Lucena Mello e sua mulher.

Embargos infringentes . Impugnacdo extraordinarla que nao seconhece por visar a reforma do que lot decidido a unanimidade emapelaCaq.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Se-gunda Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata dejulgamento e das notas taquigrafi-cas, a unanimidade de votos, em naose conhecer do recurso.

Brasilia , 1? de outubro de 1985 -DJacf Falcao , Presidente - CordeiroGuerra , Relator.

RELATORIO

O Sr. Mlnistro Cordefro Guerra. Osrecorrentes moveram contra os re-

corridos aCao de rescisao de compro-misso de compra e venda de im6velcom reintegracao de posse, com per-da das importancias pagas.

Os recorridos moveram, contra osrecorridos, aCao de consignacao dopreco avenCado.

A sentenCa de primelro grau Jul-gou procedente a aCao rescis6ria eimprocedente a consignat6ria, fl.267, perdendo os recorridos a posse eas quantias JA pagas, como previstona Clausula V do Contrato.

Em apelacao foi a sentenCa refor-mada por acdrdao assim ementado:

400 R.T.J. - 116

nPromessa de Compra e Venda.RescisAo . ConsignaCAo em Paga-mento . InterpelaCao. Carbncla deACAo . A InterpelaCao exigida peloDecreto-lei n? 745, de 1969, a impres-cindivel pars constltulCao em mora,mesmo que conste clAusula resolutb-ria expressa do contrato de promes-sa de compra e venda. Essa interpe-laSao deve, precisamente , expressarexigencia de pagamento de quantialiquids e certa, Como sendo a devi-da, para efeito de pagamento no pra-zo fixado no aludido diploma, cujapromulgaCao criou um sistema dedisctplina das promessas de comprae venda motivado por um sentido so-cial que nao se concilia com a disci-plina puramente individualistica damateria , Como expressa no C6digoCivil. Imposta na InterpelaCao corre-CAo monetArla com base na Lei n?6.899, de 1981 , de modo a tornar duvi-dosa a expressao do debito exigido,nao se configura a constituigao emmora do promitente comprador.Rescindir, em tal caso, a promessade venda, com perda da malor partedo preCo , JA liquidado , importarfaem consagrar enriquecimento semcausa, que o legislador procurou pro-fligar com a promulgaCao dessa leiespecial . Procedencia da aCao con-signat6ria e carencia da aCao de res-cisAo do contratoo ( fls. 309).

A decisao, Como consta do ac6r-dAo, fol tomada por matorta de vo-tos, nestes termos:

Acordam , por maioria de votos osjuizes que compdem a 8? CAmaraCivil do Tribunal de JustiCa do Esta-do do Rio de Janeiro , em Julgar pro-cedente a aCao de consignaCao empagamento e, em consegUencla, ex-Unto o processo da aCao ordinaria,por carencia de aCao, condenados osapelantes so pagamento das custas ede honorArios de advogado, fixadosem Cr$ 500.000 ,00 (quinhentos milcruzeiros), vencido o voto do emf-nente Des. Relator , que deu provi-mento parcial so recurso , para de-

terminar a devoluCAo, com correCAomonetArla, da metade do que pagouo apelante » (fls. 309/310).

0 voto vencido a expresso:

«Destarte, incensuravel a r. sen-tenCa recorrida que, rescindindo 0contrato, defertu a reintegrat6ria eJulgou improcedente a consignat6ria.Passivel, entretanto, de censura,data venla, a so atender Integral-mente o pedido de perda do que foipago . 0 comprador pagou partesubstancial da divida, porquanto,al6m do que deu na escritura, pagoumats da metade da sexta parcels, oumelhor, a quase totalidade do preCo.Note-se que, em 1982, as prestagbes,em ORTN, ultrapassavam a dossmilhbes de cruzeiros . Assim, o ven-dedor recebeu quantfa vultosa e como desfecho da aCao receberA , ainda,o im6vel supervalorfzado com a des-valorizaCao da moeda . E certo que ocontrato preve a perda do que pagouo comprador no caso de inadimple-mento . Mas, tambem a certo que onosso legislador de 1916, antes dacrise de 29 e da atualmente tragica,com os altos indices de inflaCao, dAao juiz a faculdade de reduzir a penaquando cumprida for em parte aobrlgaCao ( art. 924 do cc). No pre-sente caso, o devedor pagou quase atotalidade da divida. Por isso, deveser criteriosamente estabelecida areduCao da pens . Razoavel e a devo-luCao , nAo integral , por ter a possedo im6vel, o promitente comprador,mas da metade do que efetivamentefoi pago ao promitente -vendedor,corn correCAo monetArla e Juros demora a partir do transito em Julga-do. Para tal fim dava provlmentoparcial A apelaCao para condenar oautor a devolver com correCAo mo-netaria , a metade do que efetiva-mente recebeu em cruzeiros do com-prador, com juros de mora a partirdo transito em Julgado». Ms.316/317).

R.T.J. - 116

Contra ease ac6rdao interpuseramos recorrentes recurso extraordina-rio, fls. 371.

Fundados no voto vencido, os re-correntes apresentaram embargosinfringentes que foram recebidos aunanimidade , nestes termos:

uAcordam os ]uizes que integrama Sexta Camara Civet do Tribunal deJustiCa do Estado do Rio de Janeiro,em sessao de 28-3-84, per unanimi-dade , em receber os embargos.

Considere-se, de iniclo , que os pro-mitentes compradores foram porduas vezes interpelados ( fls. 16-41 e42-45) e em ambas as oportuntdadesefetuaram pagamento com chequedevolvido por insuficiencia de fun-dos, i.e ., nao tinham fundos no mo-mento de sua apresentaCao.

A segunda notificaCao , de fls. 42-45, registrava, realmente , quantiaIndevida, por isso que exigia o paga-mento da parcela vencida corrigida,sujetta por sua vez a correcAo mone-tSda, unos termos da let 6 . 899>> e ho-norarios de advogado a razao de 20%(vinte por cento) sobre o total)) (fls.45).

Ocorre que os promitentes vende-dores, ora embargados atenderam aa interpelacao , fizeram o cAlculocorreto da quantia devida, que osora embargantes consideraram cer-ta, tanto assim que receberam o che-que correspondente - cheque, toda-via, a que faltava provisao.

Nao se pode assim afirmar que ainterpelaCao houvesse sido ineficaz.Produziu efeitos , houve a entrega docheque, que registrava a quantiacorreta e aceitaram-na os credores.Foram, mediante a interpelaCaoconstituidos em mora os devedores.NAo obstante, pagamento nao houve.

Irrelevante o fato de que o chequevir a ter fundos dentro do prazo dainterpelacao uma vez que, obvia-mente, nao tinham os credores o Be-ver de o reapresentar.

401

Demais, quando excessiva a quan-tia indicada a interpelaCao a vAlida,nao obstante , devendo o interpeladodepositar a quantia que deve, sem oexcesso.

V31ida a eflcaz a notifica(;ao, im-procedente a acAo consignat6ria, quefoi ajuizada fora do prazo legal, umavez que os autores dela foram inter-pelados em 18 de fevereiro de 1982 es6 ingressaram com a acao em 19 deabril de 1982 , ap6s haverem os em-bargantes Intentado a sua acao. Eprocedente a acao de reintegraCao.

Rio de Janeiro, 29 de marco de1984 - Des. Ebert Chamoun , Presi-dente e Relator )) (fls. 351/352).

Assim apreciou o Ilustre Presi-dente do Tribunal de Justica os re-cursos extraordinArios:

uCuida-se de acao ordinaria derescisao de contrato , cumulada comacao de reintegraCao de posse, afo-rada por Ricardo Franco Pedreshi esua mulher, em face de George Pes-soa de Lucena Mello e sua mulher,que a sentenCa de primeiro grau(fls. 261 /267) decldiu concomitante-mente com a acao de consignaCaoem pagamento entre as mesmaspartes, em ordem inversa.

A eg. Oitava Camara Civil, pormaioria , reformou a decisao proferi-da na instancia singela, atraves deac6rdao ( fls. 309/317) assim ementa-do:

uEmenta : Promessa de Compra eVenda. Resclsao . ConsignaCao empagamento . InterpelaCao . Carenciade ACAo . A interpelaCao exigida peloDecreto-lei n? 745, de 1969 , a impres-cindivel para constituiCao em mora,mesmo que conste clAusula resolut6-ria expressa do contrato de promes-sa de compra a venda . Essa interpe-laCao deve, precisamente, expressarexigencia de pagamento de quantialiquids e certa , como sendo a devi-da, pars efeito de pagamento no pra-zo fixado no aludido diploma, cuja

402 R .T.J. - 116

promulgaCAo crlou um sisterna dedisciplina das promessas de comprae venda motivado por um sentido so-cial que nAo se concilia com a disci-plina puramente individualistica damateria, como expressa no C6digoCivil. Imposta na interpelaCAo corre-CAo monetaria com base na Let n?6.899, de 1981, de modo a tornar duvi-dosa a expressAo do d6bito exigido,nAo se configura a constituiCAo emmora do promltente comprador.Rescindfr , em tai caso, a promessade venda, com perda da mafor partedo preCo, i s liquidado, importariaem consagrar enriquecimento semcausa, que o legislador procurou pro-fligar com a promulgaCAo dessa letespecial . Procedencta da aCAo con-sfgnat6rta e carencia da aCAo de res-cisAo de contrato».

Os vencidos , irresignados, mant-festaram embargos infringentes, es-tribados no voto vencido , e recursoextraordinarfo que ffcou sobrestado.

O eg. Terceiro Grupo de CamarasCivets, em declsao unanime, recebeuos embargos , na forma do ac6rdAo(fls. 351 / /352) asslm sintettzado:

Ementa:InterpelaCAo para a cons-tituiCAo em mora promovida duasvezes, e por duas vezes , pagamentocom cheque sem fundos.

InterpelaCAo eficaz e valida, porisso que o devedor ofereceu a quan-ita certa, mas sem que o pagamentohouvesse , por causa da falta de pro-vlsAo do cheque».

Acolhidos que foram os embargosinfringentes prejudicado ffcou o re-curso extraordinarfo sobrestado, elsque a inconformaCAo encontrou re-m6dlo na instAncia ordinaria.

Ambas as partes recorreram ex-traordfnariamente ( fls. 373 /390 e fls.399/407).

0 prtmetro recurso, tnterposto porRicardo Franco Pedreschf e sua mu-lher , procura escora na alinea d dafranquta constituctonal . 0 segundo,

interposto por George Pessoa de Lu-cena Mello e sua mulher, esta estri-bado na alinea a da licenCa constitu-cional.

Os recorridos ofertaram impugna-CAo (its . 409/417 e fls. 419/423).

Quanto ao primeiro apelo , enten-dem os recorrentes que incide o6bice do artigo 325 , V, f do RISTF,tanto que manifestaram argiiiCao derelevancla de questAo federal, cuboexame 6 da competencla privatlvado Pret6rio Excelso.

Entanto, ainda que afastado 0 obs-taculo, o apelo nao refine os pressu-postos de admissibilidade , ets que aalegaCAo de divergenciaJurispruden-cial veto desacompanhada da lndis-pensavel demonstraCAo analitica aque alude o artigo 322 do RISTF, de-sensejando , conseguintemente, a su-plica derradeira.

Quanto ao segundo recurso , enten-dem os recorrentes que o ac6rdaoagredido malferiu o dtsposto no arti-go 1? do Decreto-let 745/69.

Tendo a declsao hostilizada enten-dido de dar validade a interpelaCAofeita aos recorrentes, emprestou, pe-las circunstancias da causa, razoA-velinterpretaGao so dispositivo legalinvocado . Ve-se, pots, que nAo culdaa questAo de inexistencia de interpe-laCAo, mas de validade da interpela-CAo, materla que envolve o exameda prova . Incidem , ern consegGen-cia, os vetos da s(umula ( verbetes 279e 400).

Por estas razoes:a) inadmito os recursos;b) forme -se o instrumento de rele-

vAncia.

Rio de Janeiro, 31 de main de 1984- Des. Abeylard Pereira Gomes,Terceiro Vice-Presldente». (fls.426/428).

Os recorrentes agravaram so-mente do despacho que indefertu osegundo recurso extraordinarfo, co-

R.T.J. - 116

mo se ve dos autos em apenso, potssao expressos em indicar a petiCdode fls . 373/390 (fls. 2 do Ag).

Provido o agravo regimental, paramelhor exame , a processado o pre-sente recurso pelas letras a e d dopermissivo constitucional.

Nele postulam os recorrentes orestabelecimento da sentenCa de pri-metro grau , f. 452, e os recorridos aconfirmacao do julgado , f1s. 463, pelonAo conhecimento do recurso.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Cordeiro Guerra(Relator ): Os votes vencedores, ernapelaCAo , concluiram pela Improce-dencia da aCao rescis6ria e da rein-tegrat6ria e pela procedencia daconsignat6ria.

O voto vencido julgava improce-dente a consignat6ria e procedente arescis6ria , porem limitava a perdadas quantias pagas A metade.

O ac6rdao recorrido , em grau deembargos , recebeu-os nos termos dovoto vencido , pots ((nos embargos sehA de pleitear a adoCAo do veto ven-cido, nos termos em que foi formula-do)) (S6rgio Bermudes , ComentAriosao CPC , RT, Vol . VII, pag . 230, 2-ed.).Em consequencia, forCoso sera re-

conhecer que, se na apelaCAo, dossvotes concluiram pela integral im-procedencia da aCao rescis6ria, e ovote vencido julgava-a procedenteem parte, pots limitava a perda dasquantias pagas a metade , o certo 6que, neste passo , a aCao foi julgadaA unanimidade , ja que o todo com-preende a parte.

Assim , indeferldo o primetro apeloextraordinario , nao havia porque,transitado em julgado 0 despacho in-deferit6rlo do primetro recurso, serinterposto o segundo recurso doac6rdAo prolatado nos embargos in-

403

fringentes , pois os recorrentes sat-ram Integralmente vencedores, nostermos do veto vencido.Nao ha , portanto , como conhecer

do presente recurso, que envolvemateria discutida no ac6rdao daapelaCAo, neste ponto unAnime, e ir-recorrido , nos termos do voto venci-do.

E o meu vote.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira: Se-nhor Presidente , entendo que, aoembargar de infringencia , os recor-rentes pretenderam a prevalencia doveto vencido e a obtiveram . Agora,depots de obtida essa vit6ria, elesnao poderiam macs recorrer par viade outro recurso extraordinario.

Assim, tamb6m acompanho o emt-nente Ministro Relator, nao conhe-cendo do recurso.

VOTO (PRELIMINAR)

O Sr. Ministro Aldir Passarinho:Sr. Presidente , estive examinando oprocesso e verifiquel 0 seguinte:houve o recurso extraordinArio cornrelaCao ao primeiro ac6rdao, o perti-nente ao julgamento da apelaCAo, ehouve outro recurso extraordinariocom relaCao ao.decidido nos embar-gos infringentes . 0 Sr. Presidente doTribunal achou que o primetro esta-va prejudicado e negou seguimentoao segundo . 0 agravo Interposto fol,porem , apenas com relaCao ao se-gundo.

Sem dUvida que o prtmeiro recur-so nAo era de ser julgado prejudicado.Devta ele ter persistido e ser apre-clado pelo ilustre Presidente do Tri-bunal de JustiCa , ap6s o julgamentodos embargos infringentes e faze-lojuntamente com aquele que fora In-terposto contra o' ac6rdao referentea tais embargos . De fato , o primeirorecurso- extraordinario havia- de

404 R.T.J. - 116

conjugar-se depois , com o Segundo , EXTRATO DA ATAsubslstindo o primeiro na parte emque se reivindica o total , que nao thefoi dado nos embargos infringentes.

Entretanto , tendo o primeiro re-curso extraordinario sido, - emboraequivocadamente - consideradoprejudicado , e dai resultando que fi-cou subsistindo apenas o recurso ex-traordinArio interposto em relaCaoao ac6rdao referente aos embargosinfringentes , temos que o primeiroac6rdao - qual aquele objeto do jul-gamento da apelaCao e em quehouve unanimidade - transitou emjulgado naquela parte sobre a qualhouve unanimidade.

Assim , afastadas as duvidas queme assaltavam , ante a leitura dosautos , acompanho o eminente Rela-tor, nAo conhecendo do recurso.

RE 106 .742-RJ - Rel.: MinistroCordeiro Guerra. Rectes.: RicardoFranco Pedreschi e sua mulher(Advs.: Pedro Augusto Guimaraes,Antonio Carlos Sigmaringa Seixas eoutros ). Recdos .: George Pessoa deLucena Mello e sua mulher (Advs.:Celso Augusto Fontenelle e outros).

Decisao: Nao conhecido . Unanime.Falou pelos Rectes.: o Dr. Pedro Au-gusto Guimares.

Presidencia do Senhor MinistroDjaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordetro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Geral do Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 1? de outubro de 1985H61to Francisco Marques , Secretsrio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106.743 - SP

(Segunda Turma)

Relator : 0 Sr. Ministro Francisco Rezek.Recorrente : Estado de Sao Paulo - Recorrtda : Graval - Acrllico e Me

tal Industria e Com@rcio Ltda.

Juros de mora. ExecuVJo fiscal.Os juros de mora em obrlgagao positiva e liquida contam-se

partir do vencimento do deblto.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal , em Segun-da Turma, na conformidade da atado julgamento e das notas taqulgr--ficas, por unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e the dar provi-mento , nos termos do voto do Minis-tro Relator.

Brasilia , 6 de setembro de 1985 -Djaci Falcao , Presidente - Fran-cisco Rezek , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Francisco RezekTrata-se de recurso extraordtnarlem autos de execuCao fiscal, ondeEstado de Sao Paulo assevera que ojuros de mora devem fluir desdevencimento da obrigaCao , e nao apenas a partir da citaCao inicial, conforme determinou o Tribunal de JustiCa. Fala o Estado em afronta aart. 161 do C6digo Tributario Nactonal e em desrespeito a coisa julgada

R.T.J. - 116

A argfiicao de relevancia foi aco-Ihida.

E o relatbrio.

VOTO0 Sr. Ministro Francisco Rezek

(Relator): 0 terra do desrespeito acoisa julgada carece , por intelro, deprevlo debate na origem , nao ense-Jando , por isso, exame nesta instAn-cia excepcional.

Sobre os juros de mora , a materiaJa foi deslindada nesta Casa em sen-tido diverso do entendimento rei-nante no tribunal de origem . Na ses-sao de 20 de agosto ultimo, nestaTurma, relatei o RE 106. 607, de igualindole , ficando entendido que os ju-ros de mora devem ser contados apartir do vencimento do debito. Nodia seguinte, o Tribunal Pleno ado-tou a mesma diretriz, no RE 106.281,relator o Ministro Oscar Correa.

Reportando-me a tais precedentes,conheco do recurso e the dou provi-

405

mento para determinar que os jurosde mora comecem a fluir a partir dovencimento da obrigagao tributArla.

EXTRATO DA ATA

RE 106.743-SP - Rel.: MinistroFrancisco Rezek. Recte.: Estado deSao Paulo (Advs.: Dagoberto Lourei-ro a outro). Reeds.: Graval - Acrili-co e Metal Industria e ComercioLtda. (Advs.: Jose Juvencio Silva eoutros).

Decisao: Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.Unanlme.

Presidencia do Senhor MinistroDJaci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho e Francisco Rezek.Subprocurador-Geral da Republica,o Dr. Mauro Leite Soares.

Brasilia, 6 de setembro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 . 794 (EDCI) - SP(Prlmeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Embargante: Estado de Sao Paulo - Embargado : Marco Antonio Cola-

grossi.

Embargos de declarasao. Contradisao com outro ac6rdao do STF.ImpertinEncla. ReJeisao.

- Reieitam-se os embargos de declaracao que estAo desenfoca-dos do conteudo do acordAo embargado , e que tem como pressupostonao a contradiCAo do pr6prlo julgado , mas a que ocorre com um outrojulgado.

- Embargos de declaracao rejeltados.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , em conformidade com aata de Julgamentos e notas taquigra-ficas , a unanimidade , em rejeitar osembargos.

Brasilia, 6 de dezembro de 1985- Rafael Mayer, Presidente e Rela-tor.

RELATORIO

0 Sr. Ministro Rafael Mayer: Diz orelat6rio do acOrdao ora embargadoHis. 92):

406 R.T.J. - 116

aTrata-se de avAo ordinAria decobranca proposta contra a Fazen-da do Estado , objetivando o autor,profissional da advocacia, o recebi-mento de honorarios per serviCosprestados na defesa de r6us po-bres.

A r. sentenCa de primeiro graujulgou procedente a acao, condenan-do o R6u ao pagamento dos hono-rArtos arbitrados pelo Juiz Crimi-nal, nos autos em que prestada adefensoria , o que veto a ser confir-mado em grau de apelaCAo (Its.72).

Recorre extraordinariamente oEstado , pelas tetras a e d, alegan-do ofensa aos arts . 90 e 95 da Lein? 4.215/63 e 14 da Lei n? 1.060/50,alem de dissidio jurisprudencial.

0 recurso foi indeferido A vistade 6bice regimental ( procedimentosumarissimo e valor da causa),mas afinal processado em razao deargiiicao de relevAncia.

E o relat6rio.n

E o voto do Relator, acolhido Aunanimidade pela Turma, deduz (fls.93):

Em julgamento no PlenArio doRE 103 .950, esta Corte admittu alegitimidade do arbitramento dehonorarios , a serem pagos pelo Es-tado, aos advogados que, nos ter-mos do art . 30 da Lei n? 4.215/63,tenham sido nomeados para exer-citarem a defesa de r6u pobreem processo criminal , suprindo aomissao do poder publlco em cum-prir o munus que the incumbe.

0 ac6rdAo em referencia tomoua ementa seguinte:

«Honorarios de Advogado. De-fensor Dativo de reus pobres emprocessos criminals.

Inexistindo, junto ao 6rgaojudiciArio, serviCo oficial de as-sist6ncia gratuita a rbus pobres,em processo crime , 6 cabivel o

pagamento , nesses casos, pelaFazenda Estadual, de verba ho-noraria aos advogados nomeadospelo juiz , para tal fim . FixaCAoque, no caso , 6 relegada , por6m,para a liquidaC6o por arbitra-mento . InterpretaC6o dos arts.153, § 32, da ConstltuiCAo Federale 30 da Lei n? 4.215/63.

Recurso extraordinArio par-cialmente conhecido.>»

0 recurso vem, coma visto, pelastetras a e d, mas o dissidio naocont6m o minimo de observAncia ASumula 291 e ao art. 322 do RI.

Quanto A letra a, 6 de ver que oentendimento adotado pelo PlenA-rio, nos termos acima, e refteradopelas Turmas, confere razoabili-dade ao julgado recorrido (Sumula400).

Pelo exposto, nao conheCo do re-curso.>,

0 Estado op6e embargos de decla-raCao, dizendo-se na peticAo respec-tiva (fls. 98/99):

((0 v. ac6rdao de its . 92 a 95, se-guindo a linha de entendimento jurisprudencial alcanCado no R103.950, conclulu que:

«... cabe ao Estado o pagamento dos honorarios arbitrados efavor do advogado nomeado, eprocesso criminal , para exercitaa defensoria do r6u pobre, notermos do art. 30 da Let n.4.215/63, em vista da omissao dpoder poblico em oferecer a assistencia que the incumbe.»

Entretanto , o assim chamado arbitramento de honorarios, a cargdo juiz criminal , arbitramento na6 no presente caso porque, conforme exsurge do voto do MinistrSydney Sanches, no citado R103.950, o Estado de Sao Paulo nalot parte nas aC6es criminals eque se deu a fixacAo dos honorArios, nem se atenderam as disposiCoes dos arts. 603 a 606, do CPC.

R.T.J. - 116

Assim, concorda-se que ha ra-zoabilidade no Julgamento do RE103.950, mas nao se pode deixar deverberar que o r. ac6rdao proferi-do nestes autos nao estA conformeaquele Julgamento , eis que atrtbuiefeitos Juridicos ao «arbitramento»realizado pelo Juizo criminal no bo-lo de processo que nao teve o oraembargante como parte.

Evidencia -se contradiCAo entre afundamentaCAo do ac6rdao em-bargado, que se arrimou no RE103.950, e a decisao que estabele-ceu o nao conhecimento do recur-so, concedendo definitividade aodecis6rio local determinando o pa-gamento de obrigaCao iliquida.

Imp6e-se , por conseguinte, setasanada a contradiCao, com o rece-bimento dos presentes embargos eprolaCao de nova decisao.»

E o relatOrio.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator): Bern se ve que a petiCAo dosembargos nao enfoca com exatldao oconteudo dects6rio do ac6rdAo quepretende ver declarado.

Basta ver que a conclusao do ac6r-dao 6 o de nao conhecimento, tendovindo o recurso extraordinario pelaletra a e pela letra d, inviAvel porqualquer desses itens.

A conferencia do ac6rdAo proferi-do pelo Pleno, no RE 103.950, Rel. oeminente Ministro Sydney Sanches,veto a servir de apoio A conotaCao darazoabilidade , e nao de exato figuri-no ao julgado ora embargado. Issoporque na decisao do Pleno, o recur-so fora conhecido pela letra d, facul-tando que , em julgamento da causa,se permitisse o provimento parcial

407

para o firn de mandar proceder aoarbitramento , e no presente caso 0dissidio nao se demonstrou nos ter-mos da Siimula 291.

No caso ora embargado, o temanAo foi prequestionado adequada-mente , pela letra a, nern seria, por-tanto , razAo para conhecimento econsegUente provimento.

Adernals , a contradiCAO que autori-za os embargos de declaraCAo 6 0que ocorre no pr6prio ac6rdao a quese visa integrar pela declaraCAo, nAoo que se verifica entre Julgado daTurma e do Pleno que enseja recur-so que 6 o de embargos de divergen-cia, a partir do dissidio de tesesJuridicas ern busca de uniformiza-cAo.

A fundamentagao equivoca, pre-sente em casos identicos, deixa Amostra o Intuito protelat6rio.

Rejeito , portanto , os embargos.

EXTRATO DA ATA

RE 106.794- SP (EDcl) - Rel.: Mi-nistro Rafael Mayer . Enable .: Esta-do de Sao Paulo (Advs.: FernandoDavid Fonseca Gonsalves e Adalber-to Oz6rio Ribeiro). Embdo .: MarcoAntonio Colagrossl (Advs.: MauroRocha e outros).

Decisao: Rejeitaram os embargosde declaraCAo. UnAnime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presen tes a SessAo osSenhores Ministros N6ri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 06 de dezembro de 1985 -Ant6nio Carlos de Azevedo Braga,Secretarlo.

408 R.T.J. - 116

AGRAVO DE INSTRUMENTO N? 106 .920 (AgRg) - SP(Primeira Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Rafael Mayer.Agravante: Amazonas Produtos para Calgados S.A. - Agravado : Estado

de Sao Paulo.

ICM. ImportacAo Isenta . Creditamento. AcAo declaratf)rla. Prova.- Se nAo demonstrado o Cato da importaCAo , pelo estabelecimen-

to, de mat6ria-prima em gozo de lsenOAo , nAo h9 declarar o conse-q(lente direfto ao creditamento na operacAo de saida do produto In-dustriallzado.

- Agravo Regimental Improvldo.

ACORDAO Carta Magna, 1?, V, da Lei Com-

Vistos , relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal, em conformidade com aata de julgamentos e notas taquigrS-ficas, A unanimidade , em negar pro-vimento ao agravo.Brasilia, 6 de dezembro de 1985 -

Rafael Mayer , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Rafael Mayer: 0 re-curso extraordinArio lot indeferidoem despacho do ilustre Desembarga-dor. Macedo Costa Junior , nessestermos:

aTrata-se de avao declarat6riaajuizada por Amazonas Produtospara Calvados S.A. contra a Fazen-da do Estado, pretendendo ver de-clarado seu direito ao cr6dito deICM sobre o valor de mat6rias-primas importadas e isentas.

A demanda fol julgada improce-dente em primeira instAncia, porsentenCa confirmada pela EgregiaD6cima Segunda CAmara Civildeste Tribunal.

Irresignada, a autora recorre ex-traordinariamente , com fundamen-to no artigo 119, III, letras a e d,da Constituigao Federal , sustentan-do ofensa aos artigos 23, II, da

plementar 4/69, III, I, e 175, I, ambos do C6digo Tribut9rio National,al6m de dissidlo pretorlano.

((HouveimpugnasAo.A mattria constitucional e os dis

positivos legais apontados comviolados no recurso nAo foraapreclados pelo aresto impugnadoFaltando o prequestionamento viabilizador da InstAncia excepcionalque deve ser explicito (Ag. n97.715-5-SP, Rel., Sydney SanchesDJU de 11-10-84), e 6 exigivel tamb6m em questbes da Lei Maio(RTJ 87/619 e 95/670), incidem aSitmulas 282 e 356.

NAo se discute a jurisprudentda Colenda Suprema Corte, firmno sentido de que «havendo isencado tributo em qualquer das Easede circulacAo da mercadoria, cabseu credltamento na operaCAo su tseqUente , sob pena de ferfr-seprincipio constitucional da nA -cumulatividade e de estar-se rev -gando isenCao legalmente conced -da,> (RE 99 .354-1-RJ , in DJU de 2 -5-84). Nesse sentido, JA houve m -nlfestaGao do Plen3rio, por ocasido julgamento do ERE 94.177SP, in RTJ 106/636.No caso em exame, todavia,

ac6rdAo foi been claro ao assenta

«A autora, para ver sua ac oacolhida teria de provar, co o

R.T.J. - 116

bern o salienta a sentenga de pri-metro grau , a importaCao demateria -prima , sua entrada emseu estabelecimento , onde teriasido usada na fabricagao de pro-duto industrial sujeito ao paga-mento do ICM . Ausente essa pro-va nao pode ser a aCao acolhida;e a autora prova alguma produ-ziu; ao contrario , por ela se de-sinteressou , expressamente (Us.213) e , mesmo depots do sanea-dor, que consignou ser a provapericial necessaria , nAo tomou asprovidencias para a sua realiza-Cao (fl. 226)' ( fls. 430).

Nao pode prosperar o apelo ex-tremo, por se tratar de materia ex-clusivamente de fato, que faz «inci-dir a SUmula 279, muito embora onegue a recorrente , ao sustentar,sem razao , que se trata , no parti-cular, de examinar o criterio legalda valorizagao da prova existenteno processo , e nao de mera apre-ciaCAo desta.

Pelos mesmos motivos , a invi8-vel o recurso pela letra d do per-missivo constitucional.

Indefiro o extraordinario ». ( fls.71/72)

Neguei seguimento ao agravo quedal se interpbs em despacho com ofundamento a seguir : ( fls. 119)

O recurso extraordinario susci-ta controversia sobre dispositivosconstitucionais e legais que, toda-via nao foram prequestionados,nem haveria como serem equacio-nados , pois o nUcleo da controver-sia reside na questao de prova dopressuposto factual que daria nas-cida ao pretendido credito de ICM.Nego , pots, provimento ao agra-vo».

Em longa petigao , a Agravante in-siste em sua pretensAo, sendopossivel resumi -lo em doffs tbpicosessenciais:

409

(<15. Evidente que houve pre-questionamento dos dispositivos le-gais salientados e discutidos no re-curso extremo , posto como o v.aresto @ expresso em menciona-los, como acima demonstrado.

16. Ademais, por ser a aCao denatureza declaratbria, prescinde amesma de produgao probatbria,posto como se busca , tao-somente,a declaraCao de um direito, pormeio de decisao judiciab). (fls. 135)

Mantido o despacho por seus fun-damentos , vem o feito a julgamentoda Egregia Turma.

E o relatbrio.

VOTO

O Sr. Ministro Rafael Mayer (Re-lator ): Em que pese a bern elabora-da argumentacao do agravo regi-mental , nao logra a Agravante infir-mar os fundamentos do despachoagravado , tal como foram postos.

Bastante a para desfazer o seu ar-gumento remontar ao proprio acbr-dao extraordinariamente recorrido,o qual esta assim deduzido:

«A autora pretende declaragaode the caber direito de creditar-sedo valor do ICM nao recolhidonas importaCOes de materia -prima,usadas em seu processo industrial,por isentas . Na contestagao susten-tou a Fazenda do Estado ser neces-saria prova da materia de fato e aautora , na audiencia certificada at1s. 127 consignou que «reitera o re-querimento de realizagao de provapericial , por indispensavel para so'luCao da lide ». Entretanto, pelo re-querimento de fl . 213 pediu o julga-mento antecipado da lide susten-tando ser a materia unicamente dedireito , independendo da produgaoprobatbria.

No despacho saneador foi deter-minada a realizagao de pericia,por ser essa prova necessaria, com

410 A.T.J. - 116

nomeaCAo do vistor judicial, assi-nado o prazo de dez dias para de-p6sito da importancia necessariapara as despesas da diligencla. AFazenda do Estado indicou assis-tente e apresentou quesitos ; entre-tanto a autora nao tomou as provi-d6ncias necessarias pars a provat6cnica , que fol Julgada preJudica-da, face ao desinteresse da autora(fl. 226).

aA aCAo lot Julgada improce-dente, porfalta de prova dos fatosnecessarios para reconhecimentodo direito ao credito, condenada aautora nos Onus da sucumb@ncia.

A vencida , inconformada, apelasustentando ser desnecess5rfa pro-duCAo de prova e alegando ter sidovulnerado o principio da nao cumu-latividade, bern como as normasdos arts . 334 e 330 , I, do C6digo deProcesso Civil e a dos artigos 4? dalei processual e 75 do C6digo Civil.

0 recurso 6 tempestivo , bern pro-cessado, foi respondido e prepara-do; mas desmerece provimento. Aautora, para ver sua aCao acolhidaferia de provar , como bern o sa-lienta a sentenra de primeiro grau,a importaCAo de mattrla -prima,sua entrada em seu estabelecimen-to, onde teria sido usada na fabri-caCAo de produto industrial suJeitoao pagamento do ICM. Ausente es-sa prova nAo pode ser a aCAo aco-lhida ; e a autora prova algumaproduziu ; ao contrarfo , por ela sedesinteressou , expressamente (fls.213) e, mesmo depots do saneador,que consignou ser a prova pericialnecessaria , nAo tomou as provid6n-clas para a sua realizaCAo (fls.226).

Ausente prova dos fatos sobre osquals se ap61a a pretensAo aJufza-da, bern andou o Magistrado Jul-gando a aCAo improcedente. A ale-gaCAo de terem sido vulneradosdispositivos da lei processual, dalei civil , e da ConstituiCAo Federal,

constitui verdadeira irrisao, a dis-pensar maiores comentarios. Naofoi vulnerado o artigo 330 , I, do C6-digo de Processo Civil por nAo sera mat6rfa submetida a Julgamentoexclusivamente de dlrelto, multomenos o artigo 334 da mesma leipor inexistir notoriedade quantoaos produtos fabricados pela auto-ra, com as materias-primas impor-tadas que, salienta -se, pelos ele-mentos constantes do processo naose sabe, sequer , quais sao. A nor-ma da lei civil , de que a todo direi-to corresponde uma aCAo que o as-segura , Jamais poderia ter sidoviolada ; so contrario , foi a aCao es-colhida pela autora assegurada,sendo-Ihe facultados os menos deprova necessArfos pars demons-trar os fatos sobre os quais seap61a o direito invocado. E, final-mente nao ha como falar-se emvlolaCio do principio da nao-cumulatividade , na incid6ncia doICM, por nAo ter a autora fefto aprova necessaria para o fim porela almeJado.Ante essas razOes, tendo o douto

Magistrado decidido a causa cominteiro acerto e conforme os ele-mentos de prova existentes, fica aapelaCAo desprovida para que sub-sista , pelos seus fundamentos, adecisAo recorrida».

Ora, al se tern claramente que nAoocorreu o pretendido prequestlona-mento.Ademais, 0 que 6 de magna Impor-

tAncia, nele estA acentuado que oAutor se eximiu de provar o pressu-posto de fato de que decorreria opretendido direito.

Ora, a aCAo declarat6rfa nao ternpor obJeto a declaraCao da lei emtese , nem de um direito hipot6tico,mas a existencia ou inexistencla deuma relaCAo Juridica, em concreto,que impende ser demonstrada.

Se nao se demonstra que hA Impor-taCao de mat6rfa-prima isenta, e o

R.T.J. - 116

seu ingresso no estabelecimento,mesmo em condiCao de iminencia,como declarar o conseg0ente direitoao creditamento?

Nego, pois, provimento ao agravo.

EXTRATO DA ATAAg 106.920-SP (AgRg) - Rel.: Mi-

nistro Rafael Mayer. Agte.: Amazo-nas Produtos para CalCados S.A(Advs.: Alberto Borges Quelroz Mer-gulhao e outro). Agdo.: Estado deSao Paulo (Advs.: Sandra Maria Sot-tano Myczowski e outra).

411

Decisao: Negaram provimento anagravo regimental. Unanime.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti. Subprocurador-Geralda Republica, Dr. Francisco de As-sis Toledo.

Brasilia, 6 de dezembro de 1985 -Ant6nlo Carlos de Azevedo Braga,Secretario.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 106 .997 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Carlos Madeira.

Recorrente: Estado de Sao Paulo - Recorrido: VELBRAS S.A. - Indi s-tria Brasileira de Veludos.

Recurso Extraordlnarlo. Intempestividade . Transitada em julga-do a decisAo , ndo tern os embargos de declaraCAo , admitidos an arre-pio da lei, o condao de suspender o prazo pars o recurso.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros do Su-premo Tribunal Federal, em Segun-da Turma , na conformidade da atade julgamentos e das notas taquigra-ficas , por unanimidade de votos, emnao conhecer do recurso.

Brasilia, 11 de outubro de 1985 -Djact Falc9o, Presidente - CarlosMadeira, Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Carlos Madeira: ANona Camara Civil do Tribunal deJustica de Sao Paulo deu parcialprovimento a apelaCao interpostaem processo de execuCao fiscal, Pa-ra substituir o acrescimo morat6rioinstituido por lei estadual pelos jurosde mora, bern como reduzir a verbahonoraria.

A Fazenda do Estado op6s, vinte eum dias ap6s a publicaCao do ac6r-dao, embargos de declaracao, visan-do an esclarecimento de que os jurosmorat6rios incident a partir do ven-cimento da obrigaCao trtbutaria.

Sustentou a embargante que, ateor do art. 25 da Lei das ExecuC6esFiscals, aqualquer intimaCao an re-presentante judicial da Fazenda Pu-blica sera felta pessoalmente ,, dis-pondo ainda o paragrafo finico do ar-tigo que a intimaCao podera ser feltamedlante vista dos autos, corn ime-diata remessa Aquele representante.Dal porque , desprezada a publicaCaono 6rgao oficial, foi contado o prazodos embargos a partir de 24 de feve-reiro de 1984 , quando o represen-tante da Fazenda teve vista dos au-tos, sera embargo de haver sido pu-blicado o ac6rdao na apelaCao em 8de fevereiro.

412 R .T.J. - 116

Os embargos foram opostos a 2 demarco.

A E. Camara julgadora nao exa-min6u a tempestividade dos embar-gos, mas os desacolheu no que res-peita ao termo inicial da incidenciados juros de mora.

Publicado os ac6rdaos dos embar-gos declarat6rios em 24 de maio, in-terp6s a Fazenda recurso extraordi-nario no dia 15 de junho . 0 recursorepousa na alinea a do inciso III daConstituiCao, por negativa de vigen-cia de lei federal.

Houve argOiCao de relevancia, quefoi acolhida , pelo que , embora inde-ferido o processamento do extraordi-nario, foi o mesmo remetido.

E o relat6rio.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Madeira(Relator): L6-se no despacho que In-deferiu o processamento do recurso:

«O recurso 6 Intempestivo.

Realmente , publicado o ac6rdaoda apelaCao em 8 de fevereiro de1984 (fls. 46), em 2 de marco se-guinte, a Fazenda do Estado op6sembargos declarat6rios, suspen-dendo-se o prazo para a interposi-Cao do apelo extremo. Julgados osembargos, o ac6rdao correspon-dente tot publicado em 24 de maioMs. 53 v.). 0 recurso foi protocola-do na Secretaria deste Tribunal so-mente em 15 de junho (fls. 54). E,portanto, extemporaneo, por exce-der o prazo legal, ainda que conta-do em dobro. ex vi do artigo 188 doC6digo de Processo Civil.

0 artigo 25 da Lei n? 6.830/80«nao revogou a forma de intima-Cao da Fazenda Publica previstano C6digo de Processo Civil, alemdo que a intimaSao pela imprensaatendeu ao exigido pelo artigo 27,

paragrafo unico, da mesma lei>(Ag. 95.497-0-SP, Rel.: Min. AldiPassarinho , julgado em 15-12-83)."Com efeito, a Lei n? 6.830/80 regu

la a cobranCa judicial da Divida Attva da Fazenda Publica, apenas nprimeira instancia : Em tema recursal, regula somente os embargos infringentes e os de declaraCao perante o mesmo juizo, e edita regrasobre a dispensa de revisor, nas apelaC6es ( arts . 34 e 35).

A intimaCao a que se refere o art.25 da lei 6 a feita pelo Juizo, no processo de execuCAo, e nao a do ac6rdao proferido na apelaCao, que esempre pela publlcaCao de suas conclus6es, no 6rgao oficial ( art. 564 dCPC). Nem Cabe ao Tribunal reme-ter autos ao representante da Fazen-da Publica, para intima -lo do ac6rdao.

Foi, assim, ao arrepio da lei, a ad-missao dos embargos de declaraCao,vinte e um dias ap6s a publlcaSao doac6rdao na apelaCao quando ha mui-to estava vencido 0 prazo em dobropara o recurso.

A E. Camara julgadora , admitindoos embargos , tacitamente , acolheu oargumento da Fazenda Publica deque seu prazo para recorrer tiverainiclo em 24 de fevereiro , quando ti-vera vista do acOrdao.

Na realidade , nao cabiam macs osembargos . Se admitidos , nao tinhamo condao de suspender o prazo do ex-traordinario . Esse prazo correu paraa Fazenda Estadual de 9 de feverei-ro de 1984, quinta-feira, ate 9 demarco seguinte.

Interpos o recurso em 15 de junho,6 irrecusavel a sua tntempestivi-dade.

Nao reconheCo do recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 106.997-SP - Rel.: MinistrcCarlos Madeira. Recte.: Estado d

R.T.J. - 116

Sao Paulo (Adv.: Maria Inez V. D.Teixeira). Recda.: Velbras S.A. In-dustria Brasileira de Veludos (Advs.:Abrao Biskier e outros).

Decisao: Nao conhecido. Unanime.

Presidt ncia do Senhor MinistroDjaci Falcao . Presentes a Sessao os

413

Senhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Geral da Repfiblica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 11 de outubro de 1985 -WHO Francisco Marques, Secreta-rio.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 107. 103 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.Recorrente: Thais Avancini Monteiro de SA - Recorrido: Banco Itau

S.A.

Embargos de terceiro apresentados por mulher casada contra pe-nhora de imOvel de propriedade do casal , para excluir a quota equiva-lente a sua meaCao . Na espOcle , o aval nao constitui obrigaCao de fa-vor, de vez que o avalista t; soclo e diretor da empress avaltzada,desta retirando o necessSrlo A manutenCAo da sua familia . CorretainteligAncla do art . 246, parAgrafo unico , do C. Civil ( redaCao do art.3? da Let n? 4.121/62).

Dissldto jurlsprudenclal nAo comprovado.Recurso extraordjnArlo nao conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal, A unanimidadede votos e na conformidade da atado julgamento e das notas taquigrA-flcas , em nao conhecer do recurso.

Brasilia, 12 de novembro de 1985 -Djacl Falcao , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Djacl Falcao: Cut-da-se de embargos de tercelroopostos por mulher casada objetl-vando livrar de constriCao judicialsua meaCAo , em execuCao com baseno aval firmado por seu marido emfavor de sociedade comercial de queera detentor de aCOes, nao auferindoa familia beneficio em razAo do em-prEstlmo contraido.

O aresto recorrido guarda o se-guinte teor:

«Vistos, relatados e discutidosestes autos de ApelaCAo n? 338.096da Comarca de SAO Paulo, sendoapelante Banco Itad S.A. e apeladaThais Avanclnl Monteiro de SA.

Acordam , em Quarta Camara doPrlmeiro Tribunal de Alcada Civil,por votaCAo unAnime, adotado o re-latOrlo de Its. 199, dar provimentoso apelo.1. Data yenta do respettavel en-

tendimento sufragado pelo dignoMagistrado , com apolo , alias, emnao menos douta corrente jurispru-dencial, forCoso convir que suabem elaborada sentenra nao podeprevalecer.

E que as solidas razOes deduzi-das no apelo convencem do desa-certo da conclusAo a que se chegouem primeiro grau.

414 R.T.J. - 116

A controversia gira em torno datormentosa questAo do comprome-timento , ou nao, da mearAo da mu-lher casada nas execuC6es que en-volvam o patrimbnio comum docasal, aqul , especificamente, poraval concedido pelo marido a so-cledade da qual participa como s6-cto e diretor.

Nestes casos , 6 dominante a ju-risprudencia , inclusive do Pret6rioExcelso , no sentido de que cabe amulher o Gnus de provar que adivida do marido nao foi contraidaem beneficio da familia (RTJ80/510 ), corn o temperamento deque, nas hip6teses de aval, ern ha-vendo presun0ao contraria, talOnus se inverte para o credor.

Todavia, tamb6m estA assentadaa jurfsprudencia no sentido de que,em se tratando de aval dado pelovarao em prol de sociedade daqual participe, existe uma presun-Clio juris tantum , de que a obriga-Cao resultou em beneficio da socie-dade conjugal, cabendo a mulher aprova concludente de que o fato ne-nhuma repercussao econOmica re-sultou para o sustento e manuten-Cao do lar (RTJ 90/1075 e RT571/268).

Nesse particular , nao se poderlaargumentar corn a pura aplicaCaodo art . 3", da Lei n? 4.141 /62, por-quanto, na forma do que reza oart. 246, paragrafo <inico, do C. Ci-vil, ate os bens reservados da mu-lher se sujeitam a responder pelasdividas do marido , contraidas embeneficlo da familia. Asslm, paraos comuns , irrefutavel e l6gico 0dever que tem ela de demonstrar aausencia do referldo beneficlo.

Alem disso , na interpretaCao doaludido art. 3? do Estatuto da Mu-lher Casada , a Suprema Corte, emdiversas oportuntdades , tem pro-clamado que, em principio, pre-sume-se que as dividas contraidaspelo marido visam so beneficio do

casal . E, consequentemente, paraque tats d6bitos nao possam atin-gir o patrimbnio comum , incum-be a mulher o Gnus de provar o con-trArio (RTJ 81/564). E em id6n-tico sentido tem decidido e Excel-so Pret6rio nos casos de aval da-do a sociedade de que o marido par-ticipa como s6cio e diretor, delaretirando seus rendimentos para 0sustento pr6prio e da familia, comaplicaCao, na esp6cie, do principioInserido no art. 246, paragrafo ilnl-co, do C. Civil (RTJ 74/132).

Ora, esse a exatamente o casoversado nos autos.

Inaceitavel, portanto , como con-cluiu a sentenCa, se transfira parso credor, evidentemente impossfbi-litado de conhecer profundamenteaquilo que , de ordinario , se passano ambito privado da economia in-terna do lar conjugal , um Onus quecompete integralmente a embar-gante. E isso, nem mesmo sob ofundamento de ser tmpossivel, Pa-ra ela , a prova de fato negativo,absolutamente inocorrente na es-p6cle, pots a recorrida bastaria de-monstrar que os rendimentos per-cebidos pelo marido em razao dasatividades exercidas junto a em-presa avalizada nunca se destina-ram, pelos mats variados motivos,a manutenCao e ao sustento dafamilia.

Alias, a pr6prla sentenCa admi-tiu esta incontestavel circunstAn-cia, so afirmar ser verdadeiro«que o marido da embargante tira-va o seu sustento , bem como o desua familia da empress avalizada»

E, de resto , ha nos autos provadocumental indesmentivel dessefato , porquanto , a16m dos polpudoshonorarlos recebidos pelas funCbesde engenheiro , o varao auferia, atitulo de pro labore e em decorr6n-

R.T.J. - 116

cia do exercicio do cargo de Dire-tor T6cnico, elevada verbs mensal(fls. 84 e 105).

Obvio, conseg0entemente, que oaval prestado pelo marido, nao Co-mo simples favor ou liberalidade,mas interessadamente, com o pro-p6sito de propiciar maior sucessono desempenho financeiro da em-presa de que s6cio e diretor, certa-mente haveria de redundar,indire-tamente, na melhoria de seus ren-dimentos mensais e, assim, da pr6-pria economia do lar, pars a qualinegavelmente destinados.

2. Pouco importa considerar,ademais, fosse pequena a partici-paCao societarfa do marldo da ape-lada , ou, ainda, que a cambial ava-lizada fora emltida como garantlasubsidiaria. 0 que conta 6 que daempresa, efetivamente, provinhamos seus principals rendimentos, ne-cessarios a manutenCao da fami-lla.

Anote-se, no particular, para bemrealCar a importAncia que repre-sentava o bom sucesso financeiroda sociedade na vida do casal, quea pr6pria apelada, para garantiro mesmo e elevado empr6stimo ob-tido pela empresa avalizada, nAodeixou de conceder hipoteca departe de outro bem im6vel de suatitulariedade.

For outro lado, o fato de ter sidoa cambial emitida em garantiasubsidiAria dessa divida em nadaalteraria a sftuacao, pots o aval foiprestado Interessadamente, em fa-vor de sociedade comercial de ques6clo o marido da recorrida.

Alias, o aresto a esse prop6sitopor ela trazido A colaCAo (RT505/127), que culdou de hip6tesescompletamente diversa, na qual oaval fora firmado como mera Iibe-ralidade, em nada favorece sua po-s1CAo ficando all tamb6m expressl-vamente assentado: ((NAo hA d0vl-da de que a meaCAo da mulher res-

415

ponde pelas dividas contraidas pe-lo marldo a beneficlo da familla;pars obstar a comunicaCao, cabe Amulher a prova de que as dividasnio beneficiaram o canal)).

3. Estabelecidas essas premis-sas,forcoso concluir que a apeladanAo fez a demonstracao inconcussado que the competia.

Afora a contundencia da provadocumental exibida nos autos, arevelar exatamente o contrArto, astestemunhas ouvidas na instruCAonada contribuiram para confirmarque o marido da embargante ne-nhum rendimento auferia da em-presa ; ou que , embora os perce-bendo, nAo os destinasse ao susten-to da esposa e filhos ; on final-mente, que sempre lot a embar-gante , unicamente , que se incum-bfa, com o seu exclusivo trabalho,de tao relevante mister . Positivou-se, tAo-somente , que a recorrida,certamente para a melhoria dascondlC6es de vida e ate socials docasal , tamb6m colaborava, com apratica de trabalhos artesanats,para a economia do lar , em encar-go de familla que a lei civil naodeixa de cometer-lhe (art. 240,CC).

Nem convence , por fim , o argu-mento, de todo sentimental e semqualquer respaldo legal , de que oIm6vel penhorado , (Inico bem docasal , foi adquirldo anterlormenteA contraCAo da divida, ou , mesmo,de que o seu valor estimativo serlareduzidissimo em relaCAo ao cr6di-to do apelante .'Obviamente nao sepode exlgir que o fato da assunCAodo d6blto pelo marldo venha, ne-cessarlamente , a acarretar aumen-to do patrim6nlo do casal , senao,simplesmente , que tenha implfca-do, ainda que indiretamente, e ten-do em conta os rendimentos auferl-dos da empresa avalizada, na efe-tiva destinaCAo destes para o sus-tento da familla, estabelecldo, de

416 R .T.J. - 116

resto, que, por infimos que sejam,todos os bens do devedor semprerespondern pelos d6bitos contra-idos.

4. For todos esses fundamentos,imp6e-se reforma da r. sentenCarecorrida, com o conseg6ente de-creto de improcedencia dos em-bargos e a inversAo dos Gnus de su-cumb6ncia, fixados, por6m, os ho-norarios advocaticios da parte ven-cedora em Cr$ 500.000 (quinhentosmil cruzeiros), na forma do art. 20,§ 4?, do CPC, verba essa moneta-riamente corrigivel a contar da da-ta deste ac6rd5o.

Para esses fins, dao provimentoao apelo.

Presidiu o ,tulgamento o Juiz Be-nini Cabral (com voto) e deleparticippu o Juiz Olavo Stiveira(Revisor).

Sao Paulo, 3 de abril de 1965 -Jos6 Bedran , Relator. - Benini Ca-bral,- VencedorcomdeclaraCBodevoto em separaCao.

DeclaraCgo de Voto Vencedor

I - Tormentosa tem sido a ques-tao da exclusao da meac4o da mu-lher em divida contraida pelo marl-do, a que se alia a comunhao univer-sal de bens.D'ebatendo -se parte da jurispru-

dencia, de ha algum tempo, emdefender a posiC3o da mulher,posicionou-se, em arralgada cons-truqAo pretoriana , o Colendo Su-premo Tribunal Federal, para im-por a defensora de sua meac6o 0Gnus de provar, limpidamente, quea assunCAo da divida nenhurn be-neficio carreou a familia, resul-tante de obrigacAo assumida pelomarido.

Apesar de soar, a primetra vista,rigorosa a exegese tratada , tem-sepor certo que o carater real da pe-nhora e o direito do credor se vol-tam contra o casal , cujo patrim6-nlo 6 comum . Erige-se este como

responsavel a cobertura do d6bito,salvo, quanto a meaGao da mulher,se se provar, escorreitamente, quevantagem alguma auferiu, par siou sua familia.

0 aval do executado - diga-se -nao se apresenta, no caso dos au-tos, como ato de mero favor. A16mde s6cio, sendo irrelevante a fra-Cao de participaCao na empresa,funcionava como engenhetro dela,part passu acertado em usufruir domelhor desempenho e evolucAo so-cietaria.

A embargante, ainda, nao com-provou nenhum beneficio familiar,que resulta implicito.

A questao tratada nao secompa-tibiliza , ademais , com o trabalhoda mulher , remunerado na condu-CSo do patrim6nio, seta para cria-lo ou mant6 -lo, nem a penhora sevolta sobre bens de sua exclusivapropriedade. Nao resulta , pois, si-militude quanto ao que se deta-lhou, condescendentemente, no v.aresto citado (Rev. Trib. 580/148).All, a aplicabilidade do entendi-mento subsumiu -se aos contornosdo caso , em clrcunstancias been es-pecificas.

Acolhe-se o provimento do recur-so, nas formulac6es esposadas pe-sos Srs . Relator e Revisor - BenintCabral (ns. 203/210).

A recorrente interp6s recurso ex-traordinario com fundamento nasalineas a e d do permisstvo constitu-cional, alegando ofensa ao art. 1.046,§ 3? do CPC, art. 3? da Lei n? 4. 121/62e 146 , paragrafo finico, do C. Civil,alem de dissidio jurisprudencial queaponta ( fls. 212/222).

Peso despacho de fls . 232/233, foiadmitido o recurso pelo dissidio lu-risprudencial com o AgRg n? 86.761.

Com as raz6es de ns . 237/244 econtra-raz6es de fls . 256/264, subi-ram os autos a esta Corte.

R.T.J. - 116 417

VOTO

O Sr. Ministro Djaci Falcao (Rela-tor): Consoante vimos do relat6rio, oaresto recorrido fundamentou-se nafirme jurisprudencia desta Corte nosentido de que a muiher para preser-var a sua meagio em caso de penho-ra devera provar que a divida naotrouxe beneficio a familia e que ogravame atingiu a meapao.

No caso, demonstrou o v. arestoque as pr6pria sentenga admitiu estaincontestavel circunstancia, ao afir-mar ser verdadeiro `que o maridoda embargante tirava o seu sustento,bem como o de sua familia da em-presa avalizada'".

aE, de resto, ha nos autos provadocumental indesmentivel desse fa-to, porquanto, alem dos polpudoshonorarios recebidos pelas funC6esde engenheiro, o varao auferia, a ti-tulo de pro labore e em decorren-cia do exercicio do cargo de DiretorTecnico, elevada verba mensal" (fls.84/105).

uObvio, consegUentemente, que oaval prestado pelo marido, nAo co-mo simples favor ou liberalidade,mas Interessadamente , com o prop6-sito de propiciar maior sucesso nodesempenho financeiro da empresade que a s6cio e diretor, certamentehaverfa de redundar , indiretamente,na melhoria de seus rendimentosmensais e, assim, da pr6pria econo-mia do lar, para a qual inegavel-mente destinados " ( fls. 205/206).

0 aresto,recorrldo, A luz da provaemergente dos autos entendeu que oaval fol constituido em beneficio dopatrim6nio da familia . Ora, a im-possivel rediscutir a materia fAtica(SUmula n? 279).

Alias, em caso similar decidlu a 1'Turma no RE 97.158, relatado peloeminente Ministro Rafael Mayer, cu-ja ementa guarda o seguinte teor:

aExecuCAo . Penhora . Embargosde terceiro . Aval do marido. Be-neficto do casal (Onus da prova). 0aval dado pelo marido A sociedadeda qual participa , pressuposto defato que nao se pode reinverternesta instancia , induz a presunCAode que a obrigaCAo beneficia afamilia, cabendo a muiher elidiressa presunCAO . Recurso extra-ordinario nao conhecido" (RTJ105/779).

NAo hA que falar em negativa devig@ncia ao art . 1.046, § 3", do CPC,nem tampouco do art . 3? da Lei n?4.121 /62, interpretado em harmoniacom a jurisprudencia predominante.

No tocante ao dissidio jurispruden-cial, algumas decisbes nAo se pres-tam para a colimada divergencia,vez que sao ac6rdaos do mesmo tri-bunal (SUmula n? 369), enquanto ou-tras foram transcritas apenas asementas ( SUmula n? 291).

Com relaCAo ao AgRg 86 .719, tam-bem melhor sorte nao socorre o re-corrente , porquanto naquela decisaoem face da materia fatica conclul-seque 0 aval era de favor , e, no caso, aconclusao do ac6rdAo recorrido a in-versa , on seja , o aval nAo se apre-senta como de favor.

NAo se acha configurada o dissen-so interpretativo ( SUmula n? 291).

Em face do exposto, nAo conheCodo presente recurso.

EXTRATO DA ATA

RE 107 . 103-SP - Rel.: MinistroDjaci FalcAo . Recte .: Thais AvanciniMonteiro de Sa (Advs.: Luis Olavode SA e outro ). Recdo .: Banco ItaUS.A. (Advs.: Maria Adelaide dos San-tos Vicente e outros).Decisao : NAo conhecido . UnAnime.Presldencla do Senbor Ministro

Djaci FalcAo . Presentes A Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho , Francisco Rezek e

418 R .T.J. - 116

Carlos Madeira. Subprocurador-Ge- Brasilia, 12 de novembro de 1985 -ral da Republica, o Dr. Mauro Lei- Hello Francisco Marques , Secrete-te Soares. ho.

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 107.322 - RJ(Primelra Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Oscar Correa.Recorrente: Estado do Rio de Janeiro - Recorrido: Produtos All-

menticios Tijuca Comercio Industria Lida.

ExecucAo fiscal . Bens particulares de s6clo de socledade por quo-tas de responsabilldade limitada . NAo se exige a lnscriceo do nome dos6cio-gerente , ou respons8vel para que contra ele se exerca a acAofiscal . Mas s6 se admite a responsabllizacAo do s6cio-gerente ou res-ponsavel ; principalmente se agiu corn excesso de poderes ou lnfraciiode lei, contrato social ou estatutos ( artigo 135 , III, do CTN ). Orienta-cSo da Corte.

Recurso extraordin3rio n9o conhecido.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos , acordam os Ministros da Pri-meira Turma do Supremo TribunalFederal , na conformidade da ata dojulgamento e das notas taquigri fi-cas, por unanimidade de votos, emndo conhecer do recurso.

Brasilia, 22 de outubro de 1985. -Rafael Mayer , Presidente . - OscarCorrea , Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Oscar Correa: 0ac6rdeo recorrido apreclou a hip6-tese, nestes termos ( fls. 37/39):

aAcordam , por maioria de votos,os Desembargadores que compdema Segunda Camara Civet do Tribu-nal de Justica do Estado, em negarprovimento so recurso , vencido oeminente Des . Relator, que the da-va provimento.

Trata-se de agravo de instru-mento interposto pelo Estado doRio de Janeiro , contra despacho doilustre Dr. Jutz de Dtreito da 7'Vara da Fazenda Publica que, nos

autos da execucio fiscal contra afirma Produtos Allmenticlos TiJu-ca Comercio Industria Limitada,denegou-lhe a pretensao a citacAodos s6cios da requerida como litfs-consortes passivos , solidariamenteresponsAveis e a anotacao de seusnomes no 10? Oficio do Registro deDistribuiciio, bem como a penhorade seus bens , em razao da dissolu-ctto irregular da socledade.

O recurso foi regularmente pro-cessado, tendo o MM. Juiz mantidoo despacho agravado ( fls. 31), semresposta da agravada que foi inti-mada por editais ( fls. 22).

O 6rgeo do MP em prlmeira ins-tencla excusou-se de proferir opi-niAo, mas a douta Procuradoria daJustica opinou pelo provimento dorecurso no parecer de fls. 34/35.

Ate aqui o relatbrio.

Entendeu a maioria deste Eg. or-gao julgador , so analisar o merito,que carece de amparo na lei a pre-tenseo da Fazenda Publlca de quese considerem os s6cios da socle-dade por cotas de responsabilidadelimitada como co-responsAvels trl-

R.T.J. - 116

butarios, sujeitos passivos da obri-gaCao fiscal , no mesmo pe deigualdade com a sociedade (quetem personalidade distinta daquelade seus s6cios ), e substitutos na re-laCAo processual , independente-mente da inclusao de seus nomesna inscriCao da divida ativa.

Para que se pudesse to -los comoresponsaveis tributarios teriamque ter alguma relaCAo com o fatogerador da obrigaCao de pagamen-to do tributo, nos atos em que in-terviessern ou pelas omiss6es deque fossem responsaveis , segundoo disposto no art. 134 do C6digoTributArio Nacional.

Esse artigo da lei tributaria,alias, trata da subsidiariedade enao de solidariedade.

A ilustrada representaCao do Es-tado-agravante, quer colocar es-ses s6cios de sociedade de capital,na posiCAo de responsaveis tributa-rios e converte-los em sujeitos pas-sivos da obrigaCao, mas, ao que seve do teor do artigo 135 do citadoC6digo Tributario Nacional, paraque isso acontecesse , teria que ha-ver prova da prAtica de atos comexcesso de poderes on infraCao dalei, do contrato social ou estatutos,agindo como gerentes.

Ora, sem pre-constituir essa pro-va, mas tao-somente com a sim-ples. afirmativa de que teria ocorrl-do uma dissolurAo irregular da so-ciedade, e ainda sem que os nomesdos s6clos constem da certidao dedivida ativa nao pode o agravant(lograr exito na tese que vem sus-tentando , e que nestes autos reite-ra.

NAo tem tido, porem, sucesso,eis que, em contrario A tese do Fis-co estadual, podem ser menclona-das, alem de outras, as decis6esproferidas pelo Eg . Supremo Tri-bunal Federal no RE 99.959-MG

419

(DJ de 20-2-83, pig . 7061), no REn? 95.117-RJ (DJ de 16-9-83, pig.14010 ), no RE 94 .962/3-RJ julgadopela colenda 21 Turma daquelePret6rio em 12-02 -82, e no RE94.926-RJ (RTJ 103/1022).»

2. Vencido o Estado interp6s re-curso extraordinirio , pelas alineas.ae d, alegando negativa de vigenciados artigos 134, VII, e 135, III, doCTN, bern como 568, V, do CPC, di-vergindo, demais disso , de decisOesdeste STF, que indica (fls. 45/47).

3. Deferido o recurso, veio A Cor-te, com as raz6es do Recorrente.

E o Relat6rlo.

VOTO

O Sr. Mlnistro Oscar Correa (Rela-tor): 0 despacho que deferiu o ex-traordinirio , acentuou , ao final:

((Como o recurso do Estado, hAmuito , e o mesmo, e as decis6es Asvezes sao divergentes , imp6e-seconsiderar , em tese , que hA possi-bilidade de violaCAo das normas di-tas malferidas , com exceCAo do te-ma do artigo 568 do CPC, que naofoi submetido ao indispensavel pre-questionamento.

0 inconformado evidenciou a e -xistencia de dissidio, ao indicar o jul-gado de fis. 46/47.)) (fls. 54).

2. JA tivemos oportunidade de.examinar a materia , procedendo alevantamento das decis6es a respeltoneste STF e demonstrando que,

ana verdade , nAo hA terglversa-Cao najurisprudencia da Corte, co-mo pode parecer , A primeira vista,do r. despacho . E que os recursosdo Estado , como salientou - aco-mo o recurso do Estado hi muito eo mesmo)) - ora espelham a espe-cie em exame neste STF e sao aco-Ihidos, ora dela se distanciam, erepelidos.

420 R .T.J. - 116

NAo se trata, pots, de d6vida daCorte, ou menos ainda , divergen-cia; decorrem as decis6es, num ounoutro sentido, da hip6tese empauta , vale dizer: das circunst5n-cias da especie , da ocorr(ncla doprequestionamento da mat6ria ju-ridica e de sua incidencia sobredados de fato perfeitamente defini-dos na decisdo recorrida. 0 sim-ples exame dos arestos invocadosd6 comprovacao disso.»

3. Completando aquela aprecia-cao, Cabe-nos, resumidamente, assi-nalar a orientaCao atual.

Guerra, citando ainda os RREE76.538, 79.249, 80 .249, 81 .827, 83.857 e85.463).

5. NAo configurado , in casu, essepressuposto , repudla-se a legitima-cAo pars a cobranCa . Nem colhe ainvocarAo do RE 99 . 551 e do nele in-vocado RE 93 .491: neles a legitima-cAo passiva para a execuGAo fiscaloriginou-se da aplicacao do artigo135, III , do CTN - serem diretores,gerentes ou representantes de pes-soas juridicas de direito prtvado e,como tais, sujeitos passivos da obri-gaFAo tributAria.

A Corte tern decidido , ao contrAriodo que afirmou o ac6rdao recorrido,que nAo se exige a inscriCao do nomedos s6cios - gerente ou responsAvel- para que contra ele se exerca aacAo fiscal ( v.g. RREE 95 .393-RJ(RTJ 102/823 - Relator Ministro Ra-fael Mayer ); 96.944-RJ (RTJ 109/681,Relator Ministro Neri da Silveira);95.392-RJ (RTJ 109/ 1054, Relator Mi-nistro Neri da Silveira ); 96.095-RJ(RTJ 109/ 1079 , Relator Ministro Al-dir Passarinho ); 95.028-RJ (RTJ103/782 - Relator Mlnistro SoaresMufioz ); RE 96 . 097 (RTJ 110/205 -Relator Ministro Neri da Silveira).

4. Quanto aos s6clos gerente ourespons9vel , admite respondam peladivida fiscal , principalmente prova-do que agiram com abuso de poder,ou violacAo do contrato social ou dalei: v.g. RREE 95.393-RJ (RTJ102/823, Relator Mlnistro Rafael. Ma-yer); 96 . 099-RJ ( RTJ 105 /334, Rela-tor Mlnistro Moretra Alves, onde ci-tados tambem os RREE 93 . 491 de 16-12-80 - Segunda Turma ); 95.028-RJ(RTJ 103/782 - Relator MinistroSoares Muftoz ); 96.097-RJ (RTJ110/205 - Relator Ministro Neri daSilveira ), citando ainda os RREE95.011-7 ( RTJ 107/1080 ) e 95.392-2,dos quaffs Relator; 94 . 697-RJ (RTJ101/1263 - Relator Ministro Cordeiro

Tudo de acordo com a Jurispruden-cia pacificada da Corte, que acimacompendiamos, nas suas linhasmalores.

Nestes termos , diversa a hip6tesedestes autos , nao conheGo do recur-so.

E o voto.

EXTRATO DA ATA

RE 107 . 322-RJ - Rel.: Minlstro Os-car Correa. Recte.: Estado do Rio deJaneiro (Adv.: A. Hermano Braem).Recdo .: Produtos Alimenticlos TtJu-ca Com6rcio e Indiistrla Lida.

DeclsAo: Recurso nAo conhecido.UnAnlme.

Presidencia do Senhor MinistroRafael Mayer . Presentes A SessAo osSenhores Ministros Neri da Silveira,Oscar Correa, Sydney Sanches e Oc-tavio Gallotti.

Subprocurador -Geral da Republi-ca, Dr . Francisco de Assis Toledo.

Brasilia, 22 de outubro de 1985. -Ant6nlo Carlos de Azevedo Braga,SecretArio.

R.T.J. - 116 421

RECURSO EXTRAORDINARIO N? 107. 494 - SP(Segunda Turma)

Relator: 0 Sr. Ministro Djaci Falcao.

Recorrente: Estado de Sao Paulo - Recorrido: Jose Wilson Capeletto.

Servidor PUblico. Art. 106 da ConstitulcAo da RepUbllca e Let n?500/74, do Estado de Sao Paulo . InexistAncla de adlreito adquirido aregime juridico de servidor pfiblico cuja modificaGAo decorre de tex-to constitucionab». Servldores alcansados Pella referida lei estadualpassam a ser regidos pela nova disciplina . Precedentes do S.T.F. Re-curso extraordinArlo provido , dando-se pela incompetencia da Justisado Trabalho e pela competencia da Justisa Estadual.

ACORDAO

Vistos, relatados e discutidos estesautos, acordam os Ministros compo-nentes da Segunda Turma do Supre-mo Tribunal Federal, a unanimidadede votos e na conformidade da atado julgamento e das notas taquigra-ficas, em conhecer do recurso e thedar provimento nos termos do votodo Ministro Relator.

Brasilia, 12 de novembro de 1985 -Djaci Falcao , Presidente e Relator.

RELATORIO

O Sr. Ministro Djaci Falcao: 0ac6rdao proferido no recurso de re-vista guarda o seguinte teor:

«RelaCAo Juridica - Regencla.Impossivel 6 falar na pertinenciade SUmula n? 123, do Tribunal Su-perior do Trabalbo, em hip6teseem que socorre ao Reclamantesentenga transitada em julgado,concluindo pela reg6ncia de rela-cao juridica pela ConsolidaGaodas Leis do Trabalho.

1. Relat6rioNa forma regimental 6 o do ilus-

tre Relator.

Vistos, relatados e discutidos es-tes autos de Recurso de Revista n.TST-RR-1287/84, em que sao Re-corrente Fazenda PUblica do Esta-do de SAO Paulo e Recorrido JoseWilson Capeletto.

Trata, a hip6tese, de reclamasaode professor da Rede de EnsinoEstadual contra a Secretaria deEnsino e a Fazenda PUblica do Es-tado de Sao Paulo , fundada no arti-go 4?, da Lei n? 201/78 (estatuto doMagisterio).

A Junta julgou a reclamacaoprocedente (fls. 71/73).

Entendeu o TRT, ser competenteesta Justica Para apreciar a. agaoporque em demanda anterior, comdecisao transitada em julgado, foireconhecida a relacio de empregoentre as partes, sendo o regimejuridico do reclamante o da legis-lacao trabalhista. 0 Regional deuprovimento partial ao recurso Pa-ra reconhecer ao reclamante o di-reito ao mesmo numero de aulasque vinha ministrando na mesmalocalidade , e 0 direito a correspon-dente complementaCao salarlal, sethe forem atribuidas aulas em nU-mero inferior, mantida, no mail ar. sententa recorrida ( fls. 92/93).

Na Revista, discute a FazendaPUblica a compentencia da JustiGado Trabalho Para apreciar aGao deprofessor , sustentando que sua ad-missao e a incidencia da Lei Esta-dual 500/74 desloca a competenciaPara a Justica Comum do Estadode Sao Paulo. Cita diverg(!ncia ju-risprudencial ( fls. 96/99).

Denegado seguimento ao recursode revista His. 100), subiu face .aprovimento de Agravo.

422 R.T.J. - 116

Sem contra-razoes, As f1s. 112/113,opina a douta Procuradoria pe-lo provimento.

2. FundamentaCAo:0 recurso nao est6 a merecer,

conhecimento, mediante sentencatransitada em iulgado, cujo pro-cesso em que prolatado passou pe-1o crivo do pr6prio Pret6rio Ex-celso , restou assegurado so Recor-rido o direito de ver a relaCAoiuridica mantida com a Recorrentereconhecida como regida pela Con-solidaCAo das Leis do Trabalho.

Assim, nAo pertine A hip6tese overbete de Sumula n? 123, nao sepodendo falar , tamb6m , em violan-cta perpetrada pelo Regional aqualquer preceito de lei.NAo conheCo o recurso Interpos-

to.

3. ConclusAo

Acordam os Ministros da Primel-ra Turma do Tribunal Superior doTrabalho, por maforia , nao conhe-cer da revista, vencido o Exce-lentissimo Senhor Ministro Fernan-do Franco.

Brasilia , 6 de agosto de 1984 -Ild6lio Martins Presfdente da Pri-meira Turma - Marco Aur6ltoMendes de Farias Mello , Redatordesignado.Ciente: p/Vicente Vanderlel No-

guetra de Brito , Procurador» (ifs.121 a 123).

Pelo despacho de fls. 131 foi indefe-rido os embargos.

Interposto agravo regimental, oPlenario do TST, negou provimentopara manter o despacho agravo (if.137).

0 recorrente interpbs recurso ex-traordln8rio com fundamento nasalineas a e d do art . 119. inc . III, daCF., alegando ofensa so art. 106 daConstituiCao Federal, al6m de dis-sidioiurisprudencial que aponta (ifs.140 a 143).

Pelo despacho de ifs . 165 foi o re-curso admitido.

Com as razoes de fls . 166 a 170 econtra -razoes de fis. 172 a 174, subl-ram os autos a esta Corte.

VOTO

O Sr. Ministro Diaci FaIcAo (Rela-tor): Acentuou, com propriedade, oeminente Ministro Coquetio Costa,so admitir o recurso extraordin5rio:

«A controv6rsia gira em torno daaplicacao da Sumula 123 do TSTquando existente colsa julgada.For um lado temos que, «conformea pacifica )urisprudencia do Supre-mo Tribunal Federal , competente6 a JustiCa Estadual para conhecerdos litigios entre o Estado e profes-soras regidas pela Let Paulista n?500» (RE 101 . 206-4-SP, Rel. Min.Rafael Mayer, DJU 2-3-84). For ou-tro, entende o Pret6rio Excelso que«coisa j ulgada nao impede que alei nova passe a reger doutro modoos fatos ocorridos a partir de suavig@ncia» (RE 92 .313-RJ, Rel.:Min. Leltao de Abreu, DJU 3-7-81).Nesses termos , o fato de existirsentenca transitada em julgado,reconhecendo o regime celetfstapara o Recorrido , nao constitul6bice para que se aplique a Sumu-Ia n? 123 e se tenha por incompe-tente a JustiCa do Trabalho, Incasu» ( fls. 165).

Esclareco que o reclamante alegaalteraCao contratual de trabalho, apartir de outubro de 1980 , relativa aminlstraCao de aulas como profes-sor, com o seu retorno an sistemaanterior Aquela data . Bern assim,obteve @xlto em reclamacAo aluiza-da em 1973, em torn de salArto-familia, adiclonal noturno, repousosemanal remunerado e 13? salArto.

An recorrer para o TRT o Estadoalegou a incompetencia da JustiCado Trabalho , dizendo textualmente:

R.T.J. - 116 423

«Com efeito, desde o advento da «Artigo 106 da Emenda Constitu-Let Estadual n? 500 , de 13- 11-74 , cional n? 1/69.editada corn fulcra no artigo 106 daConstitutCao Federal, os servidorestemporarios do Estado de Sao Pau-lo passaram a ser regidos pelasnormas da referida lei, tipica-mente de natureza administrativa.

ConsegUentemente, a Justiga doTrabalho se tornou incompetente,ratlone materlae , para apreciar asquestoes suscitadas por tats servi-dores, mesmo quando admitidosantertormente a vigencia da lei emcausa e mesmo na hlp6tese de ser-vidores com vinculo trabalhista re-conhecido por decisao judicialtransitada em julgado.

Tats afirmag6es sao feitas combase na jurisprudencia predomi-nante na Suprema Corte (Cf. RE90.305-4-SP; RE 90.391.7-SP; RE90.523-PR; RE 90.061-SP, que JAvem sendo acolhida pelo EgregioTST e pelos 6rgaos de primeirainstancia)) (fls. 80).

A materia atinente a coisa julgadafoi, sem dUvida, prequestionada nocurso de todo o processo.

E de ver que nao prevalece o ale-gado direito adquirido de professorcontratado pela CLT sob a legislagaoque estatula esse regime, a vista deinexistir direito adquirido a regimede servidor publico, modlficado portexto constitucional. E macs, os ser-vidores cujo vinculo trabalhista JAfora reconhecldo pela JustiCa doTrabalho, por decisao transitada emJulgado, passavam a ser regidos pe-las normas da superveniente lei es-tadual n? 500/74. Alias, a primelrareclamaCao foi ajuizada antes da Lein? 500/74, do Estado de Sao Paulo,nao havendo 6bice que impega a in-cidencia da lei nova. Nao ofensa a

- Inocorrencia no caso , de coisajulgada , ate porque , na reclama-Cao anterior, proposta antes da Lei500/74 do Estado de Sao Paulo, es-sa Lei nao foi levada em conta noexame da relaCao juridica entre oEstado e a ora recorrida , do qualresultou o reconhecimento , entao,da competencia da JustiCa Traba-Ihista.

- Em se tratando de servidoradmitido , por Estado -membro, emservigos de carater temporario, onpor ele contratado para funCbes denatureza tecnica especializada, alei especial que estabelece seu re-gime jurtdico ( art. 106 da EmendaConstitucional n? 1/69) e a estadual(no caso, a Lei n? 500, de 13-11-74,do Estado de Sao Paulo ). Em con-seg0encia, a relagao juridica exis-tente entre o Estado -membro e oservidor a de natureza administra-tiva, e nao trabalhista.

- Inexistencia de direito adqut-rido a regime juridico de servidorpUblico cuja modlficagao decorredc texto constitucional.

- Competente para processar ejulgar quest6es relativas a essa re-lagao juridica administrativa e aJustiga Estadual comum, e nao aJustiga do Trabalho.

Recurso extraordinario conheci-do a provido» (fls. 144).

Ante o exposto, dou provimento anrecurso , para julgar incompetente aJustiga do Trabalho a competente aJustiga Estadual.

VOTO

coisa Julgada , conforme ja decidtu 0 Sr. Mlnistro Aldir Passarinho:esta Corte ( RE 90 . 391, 100 .144 e Sr. Presidente, concordo corn o voto105.568 ). 0 RE 100 .144 ficou assim de V. Exa., tendo em vista jurispru-ementado: dencia assente no particular, mas

424 R .T.J. - 116

com ressalva do men ponto de vista.E que a mim nao parece haver feri-mento ao art . 106 da ConstituiCao,por nele apenas se encontrar previs-ta a possibilidade de haver lei esti-pulando m outro regime para as re-laCOes entre o Estado e seus servido-res. Apenas a prevista a possibili-dade de lei instituindo o regime deque trata o art . 106, da ConstituiCao,mas ele nao diz peremptoriamente quetal regime deva ser instituido, e tan-to Isso a certo que os outros Estadosnao possuem leis dessa natureza.Entretanto , como o Supremo Tribu-nal Federal tem entendimento fir-mado no sentido do voto de V. Exa.,eu o acompanho , conhecendo do re-curso e the dando provimento, mascom ressalva do meu entendimentopessoal.

EXTRATO DA ATA

RE 107.494-SP - Rel.: MinistroDjaci Falcao. Recte.: Estado de SaoPaulo (Adv.: Paula Nelly Dionigi).Recdo.: Jose Wilson Capeletto (Advs.:Pedro Luiz Leao Velloso Eberte outros).

Decisao: Conhecido e provido nostermos do voto do Ministro Relator.UnAnime.Presldencia do Senhor Ministro

D]aci Falcao. Presentes a Sessao osSenhores Ministros Cordeiro Guerra,Aldir Passarinho, Francisco Rezek eCarlos Madeira. Subprocurador-Geral da Republica, o Dr. MauroLeite Soares.

Brasilia, 12 de novembro de 1985 -Hello Francisco Marques , Secreta-rio.

INDICE ALFABETICO

A

PrCv Acao de adjudicaCao compulsOria e aCao de reintegraGao de posse ante-rior (...) Coisa Julgada . RE 93.016 RTJ 116/191

Trbt ACao declarat6ria (...) ICM. Ag 106.920 (AgRg) RTJ 116/408

Cv ACao de investigaeao de paternidade (...) Sucessao . RE 105.538 RTJ116/335

PrPn ACao penal . ExtinCao . Desclassifica @ao de crime contra a seguranca na-cional para delito comum . ConstituiCao Federal , art. 32 , Caput ( na reda-Cao do EC 11/78). APn 276 RTJ 116/9

PrPn ACao penal (...) Inquerito policial . RHC 63.318 RTJ 116/132PrPn ACao penal lnquerito policial . Arquivamento . Procurador-Geral da Repu-

blica (titularidade). Inq. 223 (AgRg) RTJ 116/7PrCv ACao popular (...) Honorarlos de advogado. RE 106.435 RTJ 116/370PrSTF ACao popular L..) Recurso extraordinarlo . RE 106 .435 RTJ 116/370Cv ACao refvlndicat6rla . Loteamento rural. Ilegitimidade dos reivindicantes.

Reexame de prova. S(mula 279. RE 96 .058 RTJ 116/203PrGr ACao rescis6ria . ViolaCao literal ao art . 461 e § 2" da CLT ( inocorrencia).

ACao rescisOria improcedente. AR 1.179 RTJ 116/24

PrGr ACao rescis6ria improcedente (.. J ACao rescls6rla . AR 1.179 RTJ 116/24PrCv Ac6rdao da mesma turma (.. J Embargos de divergencla . ERE 99.113

RTJ 116/211PrCv AcOrdao que extinguiu processo de adjudicaCao compuls6ria L.J Coisa

Julgada . RE 93.016 RTJ 116/191

Ct Agrotdxicos L..) RepresentaCao de inconstitucionalldade . Rp 1.277 RTJ116/42

PrPn Alega@Oes de nulidades improcedentes L.J Habeas corpus. RHC 63.421RTJ 116/171

Cv Alvara nao renovado (...) ConstruCao . RE 105.634 RTJ 116/347PrPn Antecedentes (...) ApelaCao em liberdade . RHC 63.160 RTJ 116/112TrGr Antigos funcionarlos do DCT L.J Empregados optantes (ECT). RE

101.236 RTJ 116/245PrPn ApelaCao . InterposiCao visando condenaCao de co -reu. Ilegitimidade para

recorrer. Habeas corpus (inidoneidade). HC 63.110 RTJ 116/105

PrPn ApelaCao . PrisAo do reu. Maus antecedentes . COdigo de Processo Penal,art. 594 ( lnaplicaCao ). RHC 63 . 160 RTJ 116/112

II Ape-Cla - INDICE ALFABETICO

PrPn ApelaCAo. R6u preso . Prisao preventiva . C6digo de Processo Penal, art.594 (inaplicacao ). RHC 63 .274 RTJ 116/128

PrPn ApelaCAo criminal . FianCa . SentenCa condenat6ria . C6digo de ProcessoPenal , art. 594 , 675 338 e 393, I . RHC 62 .034 RTJ 116/87

PrPn Ape/aCJo em Ilberdade . Antecedentes . Habeas corpus ( inidoneidade).RHC 63.160 RTJ 116/112

PrPn ApelaCAo pendente (...) Habeas corpus . RHC 63 . 380 RTJ 116/142

PrSTF Argui@ao gen6rica de ofensa so principio da legalidade (...) Recursoextraordlnarlo . RE 100.135 RTJ 116/221

PrPn Arquivamento (...) ACAo penal . Inq 223 ( AgRg ) RTJ 116/7

Ct ArrecadaCao minima (.. J Municipio . Rp 1.223 RTJ 116/28

Adm Assistencta medics (.. J ContrlbuiCao prevldenclArla . RE 106.457 RTJ116/376 - RE 106 .688 RTJ 116/396

PrPn Assistente da acusacao Inabilitado pars a advocacia (...) Jfirl. HC 63.324RTJ 116/134

Trbt AssociaCao de classe (...) ISS. RE 106 . 065 RTJ 116/360

PrSTF Ato de juiz de primeiro grau (...) Habeas corpus . HC 61 .776 RTJ 116/85

PrGr Ato da Mesa do Senado Federal (...) Mandado de segurangs . MS 20.452RTJ 116/47

PrCv Ato normativo em tese (...) Mandado de seguranCa . MS 20 . 533 RTJ 116/71

Ct Atos do Presidente da Camara dos Deputados (.. J Mandado deseguranCa . MS 20 . 509 RTJ 116/67

Ct Aumento da despesa pablica (...) Funclonalismo estadual . Rp 1.268 RTJ116/39

PrCv Aval do marido (...) ExecuCAo. RE 107 . 103 RTJ 116/413

B

PrCv Bens do casal ( meacAo ) (...) ExecuCao . RE 107 . 103 RTJ 116/413

Trbt Bens particulares de s6cio gerente (.. J ExecugJo fiscal . RE 107 . 322 RTJ116/418

CPrPn Cablmento do ((writ. (...) Habeas corpus. RHC 63.380 RTJ 116/142

Pn Cancelamento ( ...) Med/da de seguranCa . RECr 102.862 RTJ 116/294

PrSTF Carater de embargos infringentes L..) Embargos de divergencla. ERE102.734 (AgRg) RTJ 116/291

Int Carta rogat6ria ( ...) ExtradlCAo. Extr 417 (Extensao) (EDc1) RTJ 116/13

Pn Casamento da ofendida (...) Estupro. RHC 61.614 RTJ 116/78

Ct CIC e cartelra da OAB (...) Competencla. RHC 63.413 RTJ 116/160

PrPn CircunstAncla contida na denuncia (..J ClasslflcaCAo do crime. RHC63.411 RTJ 116/157

PrPn CItaCAo-edltal. Nulidade. SOmula 366. RHC 62.960 RTJ 116/102PrPn ClasslficaCAo do crime . Lesao corporal grave. Exame complementar (au-

s6ncia). Nulidade da sentenCa. HC 63.189 RTJ 116/116

PrPn ClassiflcaCAo do crime. Nova deflnlCao juridica. ((Emendatio Ilbellb", C6di-go de Processo Penal, art. 383 (aplicaCao). RHC 63.274 RTJ 116/128

PrPn ClasslflcacAo do crime. Nova defini0ao iuridlca. Roubo e extorsao. Cir-cunstancia contida na denuncia. RHC 63.411 RTJ 116/157

INDICE ALFABETICO - Cia-Conl III

PrPn Classificacao erronea do delito (...) Dendncla . RHC 61.746 RTJ 116/82

TrGr CLT, art. 461, § 20 (...) ReclamaCAo trabaihlsta . RE 101 .616 RTJ 116/253PrPn Co-autoria (...) Den6ncla . RHC 63.406 RTJ 116/149

PrPn Co-autoria de militar com civis (... ) Competencla . HC 63.400 RTJ 116/146Cm Codigo Civil, art. 530 (...) Sociedade per cotas. RE 106 .492 RTJ 116/378Cv Codigo Civil, art. 1.092 (apllcacao ) (...) Compra e venda . RE 102.649 RTJ

116/285

Cv Codigo Civil, art. 1.750 i..J Sucessao. RE 105.538 RTJ 116/335

Pn Codigo Penal, art. 83, paragrafo Onico , na redaCao do Lei n? 7.209/84 L..)Llvramento conditional. RHC 63.513 RTJ 116/186

Pn COdigo Penal, art. 108, IX (...) Estupro . RHC 61.614 RTJ 116/78Pn Codigo Penal, art. 110, §§ 10 e 2?, na redaCao da Lei n" 6.416/77 L..)

PrescriCAo penal . RE 101.979 RTJ 116/265

Pn Codigo Penal, art. 110, § 2? na redaCao da Lei n? 7.209/84 L..) PrescrlCSo.RE 104.969 RTJ 116/329

PrCv C6digo de Processo Civil, art. 462, I e III e 472 ( negativa de vfgencia) (...)Coisa Julgada . RE 93.016 RTJ 116/191

PrCv Cddigo de Processo Civil, art. 593, II ( interpretaCao ) (...) ExecuCAo. RE10.5.846 RTJ 116/356

PrPn Cddigo de Processo Penal , art. 41 L..) Den6ncla . RHC 62.931 RTJ 116/98PrPn Codigo de Processo Penal, arts. 41 e 569 L..) Den6ncla . RHC 62.738 RTJ

116/91

PrPn Codigo de Processo Penal, art. 324, IV (..J FlanCa. RHC' 63.379 RTJ116/139

PrPn Codigo de Processo Penal, art. 383 ( apllcacAo ) (...) Classlfleacao docrime . RHC 63.274 RTJ 116/128

PrPn Codigo de Processo Penal, arts. 383 e 384 (...) Den6ncla . RHC 61.746 RTJ116/82

PrPn Codigo de Processo Penal, art. 410 (violaCao ) L..) Defesa. HC 63.313 RTJ116/130

PrPn Codigo de Processo Penal, art. 594 ( inapllcaCao ) (...) ApelaCao. RHC63.160 RTJ 116/112 - RHC 63.274 RTJ 116/128

PrPn C6digo de Processo Penal, art. 594, 675, 338 e 393, I L.. ) Apelacaocriminal . RHC 62.034 RTJ 116/87

Trbt Codigo Tributario Nacional , art. 135, III (...) ExecuCao fiscal . RE 107.322RTJ 116/418

PrCv Coisa Julgada . Inocorrencia. ACao de adjudicaCAo compulsoria e acao dereintegra@ao de posse anterior . Acordao que extinguiu processo de adjudi-cacao compulsoria . Partes, pedido e «causa petendin diversas . Codigo deProcesso Civil, art. 462, 1 e III e 472 (negativa de vigencia ). RE 93.016RTJ 116/191

PrSTF Coisa julgada material (...) Mandado de seguranga . RE 102 .214 RTJ116/275

Ct Competencla . Crime de falsidade. CIC e carteira da OAB . JustiCa Fede-ral. ConstituiCao Federal , art. 125, IV. RHC 63.413 RTJ 116/160

Ct Competencla . Estado federado . LeglslaCao sobre Areas e locals de inte-resse turistico. ConstituiCao Federal , art. 180 . RE 105.634 RTJ 116/347

PrPn Competencla . Juizo das Execucoes Criminals . Prescricao do pena de de-tenCao. Lei de ExecuCao Penal , art. 66 , II. RHC 63.421 RTJ 116/171

IV Com-Con - INDICE ALFABETICO

Ct CompetOncla . JustiCa comum . Crime praticado por civil contra patrimbnioda policia militar. ConstitulCiio Federal , art. 129, § IF ( inapllcacAo). HC63.345 RTJ 116/137

PrPn Competencla . JustiCa comum. Policial militar . Crime de extorsAo contracivis. Co-autoria de militar com civis. HC 63.400 RTJ 116/146

PrCv Compet@ncla . JustiCa comum . Servidores temporarios. Regime iuridico(altera(;ao). Direito adqulrido (inexist@ncia ). Let n? 500/74-SP. Constitui-Cao Federal, art. 106. RE 107.494 RTJ 116/421

PrTr Competencla . JustiCa do trabalho . ReclamaCao trabalhista. GratlficaCAode risco de vida. CJ 6.553 RTJ 116/44

PrPn Compet8ncla . Lugar da infraCAo . Nulidade relativa ( preclusao ). HC 63.110RTJ 116/105

PrSTF Compet@ncia (...) ReclamaCao. Rcl 172 RTJ 116/1

Adm Complementagao de pensao ( ...) Ferrovlarlo . RE 100.688 RTJ 116/230

Cv Compra e venda . ResiliCAO. C6digo Civil, art. 1.092 ( aplicaCAO ). RE 102.649RTJ 116/285

PrCv Compromisso particular de compra e venda anterior (..J Execucao. RE105.846 RTJ 116/356

Pn Concessao do beneficio L..) PrlsAO albergue . RE 106 .193 RTJ 116/362PrPn Concessao de oficio (...) Habeas corpus . RHC 63.251 RTJ 116/120

PrCv CondenaCao do autor (exclusao) 1...) Honorarlos de advogado. RE 106.435RTJ 116/370

Ct Constituigao Estadual-MS, art . 185 (...) Funclonallsmo . RE 104.425 RTJ116/311

(...)Trbt Constituigao Federal, art. 19, III, d (interpretaCAo extensiva)Imunldade trlbutArla . RE 102.141 RTJ 116/267

PrPn ConstituiCAo Federal, art. 32 , caput ( na redaCAo da EC 11 /78) (...) Adopenal . APn 276 RTJ 116/9

Cl ConstituiCAo Federal, art. 48, na redaCAo da EC 22/ 1982 (.. J Emendaconstltuclonal. MS 20.452 RTJ 116/47

TrGr ConstituiCao Federal, arts. 85, 1 e 153, § 2? (ofensa ) (...) ReclamaCaotrabalhista . RE 101 .616 RTJ 116/253

PrCv ConstituiCAo Federal, art. 106 ( ...) Competencla . RE 107.494 RTJ 116/421

PrCv Constituigao Federal, art. 117 (interpretaCAo ) (...) Precatorlos . RE 103.649RTJ 116/299

PrSTF ConstituiCAo Federal, art. 119, I, h (...) Habeas corpus . HC 61.776 RTJ116/85

Ct ConstituiCAo Federal, art. 125, IV (...) Competancla . RHC 63.413 RTJ116/160

Ct ConstituiCAo Federal , art. 129 , § IF (inaplicacAo) (.. J Competencla. HC63.345 RTJ 116/137

PrTr Constituigao Federal, arts . 141, § 4?, 142, 153, if IF, 2", 3", 4? e 36 (...)Recurso extraordinarlo . RE 101 .651 RTJ 116/258

PrSTF ConstituiCAo Federal, art. 143 l ...) Recurso extraordmarlo . RE 100.135RTJ 116/221

Ct Constituigao Federal, art. 180 L..) Competdncla . RE 105 .634 RTJ 116/347

Adm ConstituiCao Federal, art. 206, § 2? (exegese ) (...) Serventuarlo da JustlCa.RE 100.620 RTJ 116/224

PrPn Constrangimento ilegal (mexist @ncia) (...) Habeas corpus. HC 63.250 RTJ116/118

INDICE ALFABETICO - Con-Dee V

PrPn Constrangimento ilicito (C6digo de Processo Penal , art. 648, VI) (...)Habeas corpus. RHC 63.380 RTJ 116/142

Cv Construcao. Alvara nAo renovado . Obra nao Iniciada . Legislacao estadualposterior. Direlto adquirido ( inexist@ncia ). RE 105.634 RTJ 116/347

PrCv Contradicao com outro ac6rdao do STF (...) Embargos de dec/aracao. RE106.794 (EDCI) RTJ 116/405

Cv Contrato de compra e venda (...) Recurso extraordlnarlo . RE 106 .436 RTJ116/373

Adm Contribuicao dos aposentados (...) Contrlbuicao prevldenclarla. RE106.457 RTJ 116/376 - RE 106 . 688 RTJ 116/396

Adrn Contrlbulcao prevldenclarla . Contribuicao dos aposentados . AssistOnciamedics. Direito adquirido . Decreto-lei n? 1.910/81, art . 2?, 1, d. RE 106.457RTJ 116/376 - RE 106.688 RTJ 116/396

Trbt Convenio ( nos termos da LC 24/75) (...) 1CM. RE 101 . 541 RTJ 116/249PrCv Conversao ern ORTN's (...) Precat6rios . RE 103.649 RTJ 116/299Cv Correcao monetaria . Termo inicial ( data da avaliacao ). Desapropriacao

indireta. Lei n? 6.899/81. RE 100 .748 RTJ 116/232Trbt Creditamento (...) ICM. Ag 106 .920 (AgRg ) RTJ 116/408PrCv Credito hipotecArio (...) Dacao em pagamento . RE 99 .316 RTJ 116/217Ct Cria@ao de municipio (...) Municiplo . Rp 1.223 RTJ 116/28PrPn Crime comissivo por omissao ( causalidade ) (.. J DenUncia . RHC 63.428

RTJ 116/177

PrPn Crime em tese L..) Dendncia . RHC 63.428 RTJ 116/177PrPn Crime de extorsao contra civis (...) Competencla . HC 63 .400 RTJ 116/146Cm Crime fallmentar . Prescricao ( interrupcao ). Den(ncla . Sumula 592. RE

106.377 RTJ 116/367

Ct Crime de talsidade (...) Compet6nela . RHC 63.413 RTJ 116/160PrPn Crime multitudinario L..) Dendncla . RHC 62.931 RTJ 116/98Pn Crime plurisubjetivo ( nUmero minimo de agentes ) (...) Crime de

quadrllha . HC 63.415 RTJ 116/163

Ct Crime praticado por civil contra patrimOnio da policia militar (...)Competdncla . HC 63.345 RTJ 116/137

Pn Crime de quadrllha . Crime plurisubjetivo ( nUmero minimo de agentes)Extincao da punibilidade de alguns agentes. Irrelevancia . HC 63 .415 RTJ116/163

D

PrCv Dacao em pagamento . Credito hipotecario. Penhor posterior do bem. RE99.316 RTJ 116/217

PrPn Decisao absolutbria de co-reu (...) Habeas corpus. RHC 63.487 RTJ 116/179PrTr Decisao trabalhista (...) Recurso extraordinarlo. Ag 101.867 (AgRg) RTJ

116/262

PrTr Decisao do TST (...) Recurso extraordlnario . RE 101 .651 RTJ 116/258PrPn Decisao unanime em apelacao (.. J Embargos infringentes . RE 106.742

RTJ 116/399

Cm Decreto n? 4.857/39, art . 178, b, III e 179 (...) Soeledade por colas. RE106.492 RTJ 116/378

VI Dec-Dis - MICE ALFABETICO

Cv Decreto n? 24.150/34, art. 8", e, paragrafo unico (..J LocasAo comercial.RE 105.156 RTJ 116/330

Adm Decreto-lei n" 1.910/81, art. 2 I, d L..) Contribulvdo prevldenclarla. RE106.457 RTJ 116/376 - RE 106.688 RTJ 116/396

Cm Decreto-lei n? 2.627/40, arts. 46 e 54, paragrafo unico L.J Socledade porcotas. RE 106.492 RTJ 116/378

PrPn Decreto-lei n? 3.415/41 e ConstituiCao Federal, art. 153, § 17 (compatibili-dade) (...) Prlsao adminlstrativa (legalidade). RE 104.048 RTJ 116/308

PrCv Decreto do Presidente da Republica (...) Mandado de seguranCa. MS20.533 RTJ 116/71

PrPn Defensor dativo L..) Honorarlos de advogado. RE 103.952 RTJ 116/306Int Deferimento (...) Extradlgao. Extr 427 RTJ 116/17PrPn Defesa . Homicidlo (tentativa). DesclassificaCa0 do crime. Manifestacao

da defesa (interpretaCao errOnea). C6digo de Processo Penal, art. 410(violacAo). HC 63.313 RTJ 116/130

PrSTF DemonstracAo analitica da divergencia ( dispensa ) (.. J Mandado deseguranCa . RE 102.214 RTJ 116/275

PrPn Dendncla . Crime em tese. Crime comissivo por omissao ( causalidade).RHC 63.428 RTJ 116/177

Cm Denuncla (...) Crime falimentar. RE 106.377 RTJ 116/367PrPn Dendncla . DescriCao Insuficlente. Irregularidade sanavel. Inepcia (inocor-

rencia). C6digo de Processo Penal, arts. 41 e 569. RHC 62.738 RTJ 116/91PrPn Dendncla . Inepcia lfnocorrencla). ClassificaCao err6nea do delito. C6digo

de Processo Penal, arts. 383 e 384. RHC 61.746 RTJ 116/82PrPn Dendncla . Inepcia. Co-autoria. RHC 63.406 RTJ 116/149PrPn Dendncla . Inepcia inocorrente. Crime multitudinario. DescriCao sufi-

clente. C6digo de Processo Penal, art. 41. RHC 62.931 RTJ 116/98

PrPn Desaforamento (...) Jdrl. HC 63.131 RTJ 116/108PrCv 'Desaproprlacao. Juros de mora. Preclusao. SUmula 254. RE 104 .633 RTJ

116/326Cv DesapropriaCao Indireta (..J CorreCAo monetarla . RE 100.748 RTJ 116/232

PrPn DesclassificaCao do crime (...) Defesa . HC 63.313 RTJ 116/130

PrPn DesclassificaCao do crime contra a seguranca national pars delito comum( ...) ASJo penal. APn 276 RTJ 116/9

PrPn DescriCao insuficiente (...) Dendncla . RHC 62.738 RTJ 116/91

PrPn DescriCao suficiente (...) Dendncla . RHC 62.931 RTJ 116/98

PrSTF Desistencla da medida judicial (homologaCao) (.. J ReclamaCao . Rcl 187RTJ 116/5

PrCv Devedor nao citado para a execuCao (...) Embargos do devedor. RE100.316 (EDCD RTJ 116/222

PrCv Direito adquirido (inexistencia) (..J Competencla. RE 107.494 RTJ 116/421

Cv Direito adquirido (inexistencia) (...) ConstruCao . RE 105.634 RTJ 116/347

Adm Direito adquirido (...) ContrlbuiCao previdenclarla . RE 106.457 RTJ116/376 - RE 106.688 RTJ 116/396

PrCv Direlto adquirido (...) Mandado de seguranca . RE 101.092 RTJ 116/240

Adm Direito adquirldo Unexistencia) ( ...) Proventos . RE 106.585 RTJ 116/383

PrPn Direito do r6u (...) F/anca . RHC 63.379 RTJ 116/139

PrSTF Dissldio jurisprudential nao comprovado (...) Embargos de divergencia.ERE 102.734 (AgRg) RTJ 116/291

INDICE ALFABETICO - Div-Est VII

PrSTF Divergencia Jurisprudencial mediante citaCao da sOmula (...) Mandado deseguranca . RE 102.214 RTJ 116/275

PrPn Dfivida sabre a imparcialidade dos Jurados (...) MIrl. HC 63.131 RTJ116/108

E

Pn Efeitos secundarios da condenacao (...) PerdAO Judicial . RE 104.969 RTJ116/329

PrTr Embargos de decisao de Turma em agravo de instrumento (...) Recursoextraordlnario . RE 101.651 RTJ 116/258

PrCv Embargos de declaraCao . Contradicao com outro acOrdao do STF. Imper-tinencia. RejeiCao. RE 106.794 (EDCI) RTJ 116/405

PrSTF Embargos de declaraCao . Prequestionamento ( ausencia ). Exame de clau-sulas contratuais (Inadmissibilidade). RE 101.711 (EDcI) RTJ 116/261

PrSTF Embargos de declaraCao (...) Recurso extraordlnArlo . RE 106 .997 RTJ116/411

PrCv Embargos de declaraCao em embargos de declaraCao . Limites. RE100.993 (EDcI) RTJ 116/234

PrCv Embargos do devedor. Devedor nao citado para a execucao . Lei de Falen-cias, art. 24, Caput . RE 100 .316 (EDCD RTJ 116/222

PrCv Embargos de divergencla . Ac6rdao da mesma turma . ERE 99 .113 RTJ116/211

PrSTF Embargos de divergencla . Carater de embargos Infringentes . Dissidlo ju-risprudencial naocomprovado . ERE 102.734 (AgRg) RTJ 116/291

PrPn Embargos Intringentes . Decisao unanime em apelaCao . Embargos infrin-gentes nao conhecidos. RE 106.742 RTJ 116/399

PrPn Embargos infringentes nao conhecidos (...) Embargos Intringentes. RE106.742 RTJ 116/399

PrCv Embargos de terceiro (.. J Execugao . RE 105.846 RTJ 116/356 - RE107.103 RTJ 116/413

Ct Emenda constltucional. (Quorums de aprovacao. Emenda Dante de Oli-veira. Constituicao Federal, art. 48, na redaCao da EC 22/ 1982 . MS 20.452RTJ 116/47

Ct Emenda Constitucional n? 4/82-AL (...) RepresentaCao deinconstituclonalidade . Rp 1.152 RTJ 116/23

Ct Emenda Constitucional n? 41/84-SP (inconstltucionalidade) (..JFunclonalismo estadual. Rp 1.268 RTJ 116/39

Ct Emenda Dante de Oliveira L..) Emenda constltuclonal . MS 20 .452 RTJ116/47

PrPn <(Emendatfo libellin (...) Classlflcacao do crime . RHC 63.274 RTJ 116/128TrGr Empregados optantes (ECT). Antigos funcionarios do DCT. QUlnquenlos

(impossibilidade). Lei n? 6.184/74. RE 101.236 RTJ 116/245TrGr Empregados da RFFSA (...) Reciamacao trabaihlsta . RE 101 .616 RTJ

116/253

PrSTF Entorpecente (.. J Recurso extraordhlario . RE 101 .891 RTJ 116/264TrGr Equiparacao salarial (...) ReclamacJo trabaihlsta . RE 101.616 RTJ

116/253

Ct Estado federado L..) Competencla . RE 105 .634 RTJ 116/347

VIII Est-For - INDICE ALFABETICO

Adm Estatuto dos ferroviarios, art. 193 (interpretacAo) (...) Ferrovlarlo. RE100.688 RTJ 116/230

Int Estelionato e bancarrota (..J ExtradlCao. Extr 427 RTJ 116/17

Pn Estupro. Tentativa. Casamento da ofendida. ExtinCao da punibilidade.Violencia real. C6digo Penal, art. 108, IX. RHC 61.614 RTJ 116/78

PrSTF Exame de clausulas contratuais ( inadmissibilidade ) (...) Embargos dedeclaraCao . RE 101.711 (EDCI) RTJ 116/261

PrPn Exame complementar ( aust.ncia) (...) ClassiflcaCao do crime . HC 63.189RTJ 116/116

PrSTF Exame de negativa de vigencia de lei (inadmissibilidade) (...) Recursoextraordlnarlo . RE 100.135 RTJ 116/221

PrPn Exame de prova (.. J Habeas corpus. RHC 63.251 RTJ 116/120 - RHC63.421 RTJ 116/171

Pn Exame psiquiAtrico (livre convencimento do juiz ) (...) Livramentocondicional. RHC 63.513 RTJ 116/186

PrPn Exame de sanidade mental ( deficiencia ) (...) Habeas corpus . RHC 62.913RTJ 116/94

PrCv Execucao . Embargos de terceiro . Penhora . Fraude A execuCao ( lnocor-rencia ). Compromisso particular de compra e venda anterior . C6digo deProcesso Civil, art. 593, II (interpretaCao ). RE 105.846 RTJ 116/356

PrCv ExecucAo. Penhora. Embargos de terceiro ( mulher casada ). Aval do ma-rido. Bens do casal (mea(;ao). RE 107.103 RTJ 116/413

Trbt ExecuCao fiscal . Juros moratOrios ( termo inicial ). RE 106 .743 RTJ 116/404

Trbt ExecuCao fiscal . Sociedade por cocas de responsabilidade Lida . Bens parti-culares de socio gerente . C6digo TributArio Naclonal , art. 135, III. RE107.322 RTJ 116/418

PrPn ExtinCao (...) ACao penal . APn 276 RTJ 116/9

Pn ExtinCao da punibilidade (...) Estupro . RHC 61 . 614 RTJ 116/78Pn ExtinCao da punibilidade de alguns agentes L..) Crime de quadrllha. HC

63.415 RTJ 116/163

Int ExtradlCao . Estelionato e bancarrota . Extraditando revel . Prisao perpe-tua. Deferimento. Extr 427 RTJ 116/17

Int ExtradlCao, Pedido de extensao . FormalizaCao do pedido . Carta rogat6ria.Extr 417 (Extensao ) (EDCD RTJ 116/13

Int Extraditando revel (...) ExtradlCao . Extr 427 RTJ 116/17

FPrPn Falta de justa causa ( ...) Habeas corpus . RHC 63.251 RTJ 116/120 - RHC

63.421 RTJ 116/171 - RHC 63.487 RTJ 116/179

Adm FEPASA (...) Ferrovlarlo. RE 100.668 RTJ 116/230

Adm Ferrovlarlo. FEPASA. ComplementaCao de pensAo . Estatuto dos ferrovia-rios, art. 193 (InterpretacAo). Sumulas 38 e 339 (InaplicaCao ). RE 100.688RTJ 116/230

PrPn Fianca (...) Apelacao criminal . RHC 62.034 RTJ 116/87PrPn FlanCa. Pressupostos. Direito do r6u. C6digo de Processo Penal, art. 324,

IV. RHC 63.379 RTJ 116/139

Pn Flagrante (...) Roubo. RE 102.393 RTJ 116/280

Cm FormaCao de capital (...) Sociedade por cocas. RE 106.492 RTJ 116/378

INDICE ALFABETICO - For-Hon IX

Int Formalizapao do pedido (...) ExtradiCAo . Extr 417 ( Extensao ) ( EDCI)RTJ 116/13

PrSTF Fornecimento gratuito (...) Recurso extraordlnarlo . RE 101.891 RTJ116/264

PrCv Fraude a execucao (inocorrencia) (...) ExecucAo. RE 105.846 RTJ 116/356PrCv FunCao gratificada (vantagem cassada) (...) Mandado de seguranCa. RE

101.092 RTJ 116/240

Ct Funclonalismo . Tempo de servico prestado a empresa privada (averba-Cao). ConstituiCao Estadual-MS, art. 185. Lei Estadual 355/82-MS, art. 3",§ 1" (validade). RE 104.425 RTJ 116/311

Ct Funclonallsmo estadual . Salario familia (filho de qualquer condicao). Au-mento da despesa p0blica. Iniclativa legislativa. Emenda ConstitucionalnP 41/84-SP (inconstitucionalidade). Rp 1.268 RTJ 116/39

Cv Fundo de com@rcio (...) LocacAo comercial . RE 105.156 RTJ 116/330

GPrTr GratificaCao de risco de vida (...) Competencia . CJ 6.553 RTJ 116/44

HPrPn Habeas corpus . AlegaCOes de nulidades improcedentes . RHC 63.421 RTJ

116/171

PrPn Habeas corpus ( inidoneidade ) (...) Apelagao . HC 63.110 RTJ 116/105

PrPn Habeas corpus finidoneidade ) (..J ApelaCAo em 11berdade . RHC 63.160RTJ 116/112

PrPn Habeas corpus . ApelacAo pendente. Cabimento do <<writ". RHC 63.380 RTJ116/142

PrPn Habeas corpus . Apelacao pendente . Marl ( nulidade ). Constrangimentoilicito (C6digo de Processo Penal , art. 648 , VI). Habeas corpus deferido.RHC 63.380 RTJ 116/142

PrPn Habeas corpus . Exame de prova . Falls de justa causa . Inbpcia do inicial.Concessao de oficlo . RHC 63.251 RTJ 116/120

PrPn Habeas corpus. Exame de sanidade mental ( deficiencia ). RHC 62.913 RTJ116/94

PrPn Habeas corpus . Falta de justa causa (alegaCao ). Decisao absolut6ria deco-reu. Inidoneidade . RHC 63.487 RTJ 116/179

PrPn Habeas corpus. Falta de justa causa . Exame de prova . RHC 63.421 RTJ116/171

PrPn Habeas corpus. Prisao ( regime ). Prova. Inidoneidade . RHC 63.274 RTJ116/128

PrPn Habeas corpus . Prisao-albergue ( cassaCao ). Constrangimento ilegal (ine-xistencia ). HC 63.250 RTJ 116/118

PrSTF Habeas corpus . Prisao do paciente em outro feito . Ato de juiz de primeirograu. ConstituiCao Federal, art. 119 . I, ah». HC 61.776 RTJ 116/85

PrPn Habeas corpus deferido (.:.) Habeas corpus . RHC 63.380 RTJ 116/142Cv Herdeiro superveniente t...) Sucessao . RE 105.538 RTJ 116/335

PrPn Homicidio (tentatfva) (...) Defesa . HC 63.313 RTJ 116/130PrCv Honorarlos de advogado . ACao popular. CondenaCAO do autor ( exclusAo).

Lei n? 4.717/ 65. RE 106.435 RTJ 116/370

X Hon-ISS - INDICE ALFABETICO

PrPn Honorarlos de advogado . Defensor dativo. Processo criminal . Responsabi-lidade do erario. Lei n? 4.215/63, art. 30. RE 103.952 RTJ 116/306

I

Trbt 1CM. ImportaCao isenta. Creditamento. ACAo declaratOrla. Prova. Ag106.920 (AgRg) RTJ 116/408

Trbt ICM. IsenCao nao onerosa (revogaCAo). RatificaCAo pelo Estado-membro.Conv@nio (nos termos da LC 24/75). RE 101.541 RTJ 116/249

PrPn Ilegitimidade para recorrer ( ...) ApelaCAo. HC 63.110 RTJ 116/105

PrGr Ilegitimidade de parte (...) Mandado de seguranca . MS 20.452 RTJ 116/47

Cv Ilegitimidade dos reivindicantes (...) ACAo reivindicatdr/a. RE 96.058 RTJ116/203

PrCv Impertin&ncla 1...) Embargos de declaraCAo. RE 106.794 (EDcI) RTJ116/405

Trbt ImportaCao isenta 1...) ICM. Ag 106.920 (AgRg) RTJ 116/408

Trbt ImportaCao de pass membro do GATT (...) Tara de melhoramento dosportos. RE 103.624 RTJ 116/296

Trbt Imunidade trlbutarla. Livro (servicos de composicAo graflca). Constitul-Qdo Federal, art. 19, III, «dn (interpretaCAo extensiva). RE 102.141 RTJ116/267

Cm Incorporacao de im6veis (...) Socledade per rotas . RE 106.492 RTJ 116/378

PrSTF Indenizacao por acidente de transporte (...) Recurso extraordlnario. RE102.666 RTJ 116/288

PrPn Inepcla ( ...) Dendncla . RHC 61.746 RTJ 116/82 - RHC 62.738 RTJ 116/91- RHC 63.406 RTJ 116/149

PrPn InOpcia da inicial ( ...) Habeas corpus . RHC 63.251 RTJ 116/120

PrPn Inepcia inocorrente (...) Dendncla . RHC 62.931 RTJ 116/98

Ct Iniciativa legislativa (...) Funclonallsmo estaduai . Rp 1.268 RTJ 116/39

PrPn Inidoneidade (...) Habeas corpus. RHC 63.274 RTJ 116/128 - RHC 63.487RTJ 116/179

PrCv InocorrOncia (...) Colsa luigada . RE 93.016 RTJ 116/191

PrPn InquBrito policial ( ...) ACAo penal. Inq 223 (AgRg) RTJ 116/7

PrPn InquBrito pollclal. Vicios. ACAo penal. RHC 63.318 RTJ 116/132

PrGr InstAncla da revista (...) Recurso extraordlnArlo trabaihista . RE 98.062RTJ 116/207

PrSTF Intempestividade (...) Recurso extraordlnario. RE 106.997 RTJ 116/411

PrPn Interposicao visando condenaCAo de co-reu (...) ApelaCAo. HC 63.110 RTJ116/10.5

PrPn Intimae5o pelo escrivAo f...) Prazo (contagem). RE 105.178 RTJ 116/333

PrPn Irregularidade sanavel (...) DenUnc/a . RHC 62.738 RTJ 116/91

Pn Irrelevancia (...) Crime de quadrllha . HC 63.415 RTJ 116/163

Trbt IsenCao (...) ISS. RE 106.065 RTJ 116/360

Trbt IsenCao nao onerosa (revogaCAO) (...) 1CM. RE 101.541 RTJ 116/249

PrSTF IsenCao tributarla ( ...) Recurso extraordinarlo. RE 106.065 RTJ 116/360

Trbt ISS. IsenCao. Socledade civil sem fins lucrativos. AssociaCAo de classe.RE 106.065 RTJ 116/360

PrSTF ISS e ICM (...) Recurso extraod/nario. RE 94.219 RTJ 116/198

INDICE ALFABETICO - Jul-Les xi

JPrPn Juizo das ExecuCOes Criminals ( ...) Competencla . RHC 63.421 RTJ 116/171PrPn JOrl. Assistente da acusacao Inabilitado para a advocacia . Prejuizo (au-

sencia). Nulidade (inocorrencia). HC 63.324 RTJ 116/134PrPn 3url. Desaforamento. Duvida sobre a Imparcialidade dos jurados. HC

63.131 RTJ 116/108

PrPn Juri ( nulidade ) ( ...) Habeas corpus . RAC 63.380 RTJ 116/142PrPn Jurl. Quesitos sobre homlcidio duplo. Pronuncia e libelo (desconformidade

nao configurada). Nulldade ( inocorrencia ). HC 63.324 RTJ 116/134PrPn Jurl. Quesitos sobre violenta emocao e excesso culposo. Nulidade (inocor-

rencia). HC 63.324 RTJ 116/134PrCv Juros de mora ( ...) Desaproprlacao . RE 104.633 RTJ 116/326Trbt Juros moratorios (termo inicial). (.. J Execucao fiscal . RE 106.743 RTJ

116/404PrGr Justica comum L.J CompetJncia. HC 63.345 RTJ 116/137 - HC 63.400 RTJ

116/146 - RE 107.494 RTJ 116/421

Ct JustiCa Federal (...) Competencla . RHC 63.413 RTJ 116/160TrGr JustiCa do trabalho L..) Competencla . CJ 6.553 RTJ 116/44

LCv Legisla(;ao estadual posterior ( ...) ConstrucAo . RE 105.634 RTJ 116/347Ct Legislacao sobre areas e locals de interesse turistico (..J Competencla.

RE 105.634 RTJ 116/347

PrCv Lei n? 500/74 -SP I ...) Competencla , RE 107.494 RTJ 116/421PrPn Lei n? 4.215/63, art. 30 (...) Honorarlos de advogado . RE 103.952 RTJ

116/306

PrCv Lei n° 4.717/65 1...) HonorArlos de advogado . RE 106 .435 RTJ 116/370PrSTF Lei n? 6.015/73, art. 32 1...) Recurso extraordinarlo. RE 106 .642 RTJ

116/386

TrGr Lei n° 6.184/ 74 1...) Empregados optantes (ECT). RE 101.236 RTJ 116/245Cv Let n? 6.899 /81 I ...) CorreSAO monetaria . RE 100 .748 RTJ 116/232Pn Lei n? 7.209/ 84 (...) Medida de seguranca . RECr 102.862 RTJ 116/294Adm Lei Complementar estadual n? 255/81- SP (...) Proventos . RE 106.585 RTJ

116/383

Ct Lei Estadual n" 355/82-MS, art. 3", § 1? (validade) (...) Funclonalismo. RE104.425 RTJ 116/311

Ct Lei Estadual n? 681 /83-RJ (inconstitucionalidade) (...) Municlplo . Rp 1.223RTJ 116/28

Adm Lei Estadual n? 2.085-A/72-RJ (...) Serventuario da Justica . RE 100.620RTJ 116/224

PrPn Lei de Execue5o Penal , art. 66 , II 1...) Competencla . RHC 63.421 RTJ116/171

PrCv Let de.Falencias, art. 24, caput (.. J Embargos do devedor. RE 100.316(EDcI) RTJ 116/222

Pn Lei nova ( ...) Medida de seguranca . RECr 102.862 RTJ 116/294PrSTF Lei de TOxicos, art. 16 I...) Recurso extraordlnarlo , RE 101 .891 RTJ

116/264

PrPn Lesao corporal grave (...) ClassltlcaCdo do crime. HC 63.189 RTJ 116/116

XII Lim-Nov - INDICE ALFABETICO

PrCv Limites (...) Embargos de declaraCao em embargos de declaraCBo. RE100.993 (EDCI) RTJ 116/234

PrSTF LiquldaCao de sentenCa (...) Recurso extraordlnario . RE 102.212 RTJ116/273

Pn Llvramento condicional. Requlsitos. Exame psiquidtrico (livre convenci-mento do juiz). C6digo Penal, art. 83, pardgrafo unico, na redacdo da Lein" 7.209/84. RHC 63.513 RTJ 116/186

Trbt Livro (serviCos de composlCdo grdfica) c...) Imunidade trlbutarla. RE102.141 RTJ 116/267

Cv LocaCao comerclal . Retomada . Fundo de comercio. Decreto n?24.150/34, art. 8°, aen, pardgrafo Unico. RE 105.156 RTJ 116/330

Cv Loteamento rural (...) ACao relvlndlcatbr/a. RE 96 .058 RTJ 116/203

PrPn Lugar da infracdo (...) Compelencla . HC 63.110 RTJ 116/105

MAdm MajoraCdo (...) Proventos . RE 106.585 RTJ 116/383

PrGr Mandado de seguranca . Ato da Mesa do Senado Federal. Ilegitimidade departe . MS 20 .452 RTJ 116/47

Ct Mandado de seguranCa . Atos do Presidente da Camara dos Deputados.Regimento Intern (interpretae5o). Questdo «interna corporisa. MS 20.509RTJ 116/67

PrSTF Mandado de seguranCa . Coisa julgada material . Sumula 208 . Divergenciajurisprudencial mediante citaGao de sumula . DemonstraCdo analitica dadivergencia (dispensa). Regimento Interno do STF/80, arts . 102, § 4? e 322.RE 102.214 RTJ 116/275

PrCv Mandado de seguranCa. Decreto do Presidente da Republica. Transferen-cia do CADE para Brasilia. Ato normative em tese . Sumula 266. MS 20.533RTJ 116/71

PrCv Mandado de seguranCa . Servidor publico. Funpdo gratificada (vantagemcassada). Direito adquirido. RE 101.092 RTJ 116/240

PrSTF Mandado de seguranCa preventivo . Sumula 266 (interpretaCao restritiva).RE 102.537 RTJ 116/283

PrPn ManifestaCao da defesa (Interpretac o errOnea) (..J Detest HC 63.313RTJ 116/130

PrSTF Materia trabalhista (...) Recurso extraordlnarlo. Ag 91.836 (AgRg) RTJ116/188 - RE 100.135 RTJ 116/221

PrPn Maus antecedentes (... ) ApelaCao. RHC 63.160 RTJ 116/112

Ct Medida cautelar (...) Representacao de Inconstitucionallade . Rp 1.277 RTJ116/42

Pn Medida de seguranCa . Cancelamento . Let nova. Lei n? 7. 209/84. RECr102.862 RTJ 116/294

Trbt Mercadoria isenta pelo CPA (..J Taxa de melhoramento dos portos. RE103.624 RTJ 116/296

PrPn Ministerlo Publico L..) Prazo (contagem ). RE 105.178 RTJ 116/333

Ct Munlcipio . Criacdo de municipio . ArrecadaCdo minima . Plebiscito. Let es-tadual 681 /83-RJ ( inconstituclonalidade ). Rp 1.223 RTJ 116/28

N

PrPn Nova definiCdo juridlca (...) CiassiflcaCao do crime. RHC 63.274 RTJ116/128 - RHC 63.411 RTJ 116/157

INDICE ALFABETICO - Nul-Pre XIII

PrPn Nulidade (...) CitaCao-edltal . RHC 62.960 RTJ 116/102PrPn Nulidade ( inocorrencia ) ( ...) J6r1. HC 63.324 RTJ 116/134PrCv Nulidade ( ...) Sentenga . RE 105.612 RTJ 116/339PrPn Nulidade relativa ( preclusao ) (...) Competencla . HC 63.110 RTJ 116/105PrPn Nulidade da sentenca (.. J ClassiflcacAo do crime. HC 63.189 RTJ 116/116

0

PrSTF Obice regimental (...) Recurso extraordinarlo . RE 102.212 RTJ 116/273PrSTF Obice regimental (...) Recurso extraordinarlo adesivo . Ag 103.808 (AgRg)

RTJ 116/305

Cv Obra nao iniciada (..J ConstruCao. RE 105.634 RTJ 116/347Cv ObrigaCao de fazer (...) Recurso extraordin8rlo . RE 106 ,436 RTJ 116/373PrGr Ofensa a ConstituiCao de forma direta (exigibilidade ) L..) Recurso

extraordinario . Ag 91.836 (AgRg) RTJ 116/188PrTr Ofensa direta a preceito constitucional (exigibilidade) (..J Recurso

extraordlnario . Ag 101.867 (AgRg) RTJ 116/262PrGr Orientacao do STF (...) Recurso extraordinarlo trabaihlsta . RE 98.062

RTJ 116/207

PPrCv Pagamento ( atualizaCao ) ( ...) Precatdrlos . RE 103.649 RTJ 116/299PrCv Partes, pedido e « causa petendb diversas (...) Coisa Julgada . RE 93.016

RTJ 116/191

PrPn Peculato (co-autoria) (...) Prisilo administrativa (legalldade). RE 104.048RTJ 116/308

Int Pedido de extensao (...) ExtradiCao . Extr 417 ( Extensao ) (EDCI) RTJ116/13

Pn Pena concretizada L..) PrescriCao. RE 104.969 RTJ 116/329PrCv Penhora (...) Execu0Ao . RE 105.846 RTJ 116/356 - RE 107.103 RTJ 116/413PrCv Penhora posterior do been (...) Dacao em pagamento . RE 99 .316 RTJ

116/217Pn Perdao Judicial . Efeitos secundarios da condenaCao. RE 104.969 RTJ

116/329

Cv Perdas e danos (...) Recurso extraordinario . RE 106.436 RTJ 116/373Ct Plebiscito ( ...) Munlciplo. Rp 1.223 RTJ 116/28PrPn Policial militar (...) Competencia . HC 63.400 RTJ 116/146Adm Policial militar inativo ( ...) Proventos . RE 106.585 RTJ 116/383PrPn Prazo (contagem ). Recurso criminal. Ministtrio Publico. lntlmaCao pelo

escrivao. Termo inicial . RE 105.178 RTJ 116/333PrSTF Prazo (...) Recurso extraordinarlo . RE 106.997 RTJ 116/411Pn Prazo entre o fato e a denfincia (...) PrescriCao. RE 104.969 RTJ 116/329PrCv Precatorlos. Pagamento (atualizaCao). ConverCao em ORTN's. SegOestro

de rendas municipals . ConstituiCao Federal, art. 117 ( interpreta(;ao). RE103.649 RTJ 116/299

PrCv preclusao (...) DesaproprlaCao . RE 104 .633 RTJ 116/326PrPn Prejuizo (ausencia) ( ...) JOrl. HC 63.324 RTJ 116/134

XIV Pre-Pro - INDICE ALFABETICO

PrSTF Prequestionamento (ausencia) (...) Embargos de declaraCAo . RE 101.711(EDCD RTJ 116/261

PrSTF Prequestionamento i...) Recurso extraordlnarlo . Ag 91.836 (AgRg) RTJ116/188 - RE 106.06.5 RTJ 116/360 - RE 106.435 RTJ 116/370

PrGr Prequestionamento (..J Recurso extraordlnarlo trabalhlsta . RE 98.062RTJ 116/207

Cm PrescriCao (interrupCao ) (...) Crime fallmentar. RE 106 .377 RTJ 116/367

Pn PrescriCao. Pretensao punitiva. Pena concretizada. Prazo entre o fato e adenUncia. C6digo Penal, art. 110, § 2? na redaCao da Lei n? 7.209/84. RE104.969 RTJ 116/329

PrPn PrescriCao da pena de detenCao (..J Competenela. RHC 63.421 RTJ116/171

Pn PrescrlCAo penal . PrescriCao da pretensao executoria. C6digo Penal, art.110, §§ 1? e 2?, na redaCao da Lei n? 6.416/77. RE 101.979 RTJ 116/265

Pn PrescriCao da pretensao execut6ria (... 1 PrescriCao penal . RE 101.979 RTJ116/265

PrPn Pressupostos (...) Flanca . RHC 63.379 RTJ 116/139Ct Pressupostos (ausencia) L..) RepresentaCao de lnconstltuclonaildade. Rp

1.277 RTJ 116/42

PrSTF Pressupostos de admissibilidade i...) Recurso extraordlnario adesivo. Ag103.808 (AgRg) RTJ 116/305

PrCv PrestaCao de contas (...) SentenCa . RE 105.612 RTJ 116/339

Pn Pretensao punitiva (...) PrescriCao. RE 104.969 RTJ 116/329

PrPn Prisao (regime) ( ...) Habeas corpus . RHC 63.274 RTJ 116/128

PrPn Prisao administrativa (legalidade). Peculato (co-autoria) Decreto-lel n?3.415/41 e ConstltuicAo Federal, art. 153, § 17 ( compatibilidade). RE104.048 RTJ 116/308

PrPn Prisao-albergue (cassaCao) (...) Habeas corpus. HC 63.250 RTJ 116/118

Pn Prisao albergue. Trafico de entorpecente. Concessao do beneficio. RE106.193 RTJ 116/362

PrSTF Prisao do paciente em outro feito (.. J Habeas corpus . HC 61.776 RTJ116/85

Int Prisao perpetua (...) ExtradlCao . Extr 427 RTJ 116/17

PrPn Prisao preventiva (...) ApelaCAo. RHC 63.274 RTJ 116/128

PrPn Prisao do reu (... 1 ApelaCao. RHC 63.160 RTJ 116/112

PrSTF Procedimento especial de jurisdicao voluntaria (...) Recursoextraordlnarlo . RE 106.642 RTJ 116/386

PrPn Processo criminal (...) Honorarlos de advogado. RE 103.952 RTJ 116/306

PrPn Procurador-Geral da Republica ( titularidade ) (...) ACao penal . Inq 223(AgRg) RTJ 116/7

PrPn Prononcia e libelo (desconformidade nao configurada) (...) Jdrl. HC63.324 RTJ 116/134

PrPn Prova (...) Habeas corpus. RHC 63.274 RTJ 116/128

Trbt Prova (...) 1CM. Ag 106.920 (AgRg) RTJ 116/408

Adm Proventos. MajoraCao . Policial militar inativo . Direito adquirido ( inexis-tencia). Lei Complementar estadual 255/81-SP. RE 106.585 RTJ 116/383

Adm Provimento em serventia vaga (...) Serventuarlo da JustlCa . RE 100.620RTJ 116/224

INDICE ALFABETICO - Que-Rec XV

Q

PrPn Quesitos sobre homicidio duplo ( ...) Jdrl. HC 63.324 RTJ 116/134PrPn Quesitos sobre violenta emoCao e excesso culposo (...) Jorn. HC 63.324 RTJ

116/134

PrSTF Questao constitucional (inexistencia) (...) Recurso extraordlnarlo. RE102.212 RTJ 116/273

Ct Questao (interns corporis» L..) Mandado de seguranga . MS 20.509 RTJ116/67

TrGr Quinquenios (impossibilldade) (.. J Empregados optantes (ECT). RE101.236 RTJ 116/245

Ct ((Quorum,) de aprovaCao L..) Emenda constitucional . MS 20 .452 RTJ116/47

R

Trbt RatificaCao pelo Estado-membro (...) 1CM. RE 101.541 RTJ 116/249PrSTF ReclamaCao . Desistencia da medida judicial (homologacdo). ReclamaCao

prejudicada. Rel 187 RTJ 116/5PrSTF ReclamaCao . Suspensao de liminar concedida em mandado de seguranca.

Competencia. Rcl 172 RTJ 116/1

PrSTF ReclamaCao prejudicada (...) ReclamaCao . Rel 187 RTJ 116/5PrTr ReclamaCao trabalhista L.J Competencia. CJ 6.553 RTJ 116/44TrGr ReclamaCao trabalhista . EquiparaCao salarial . Empregados da RFFSA.

CLT, art. 461, § 2?. ConstituiCao Federal, arts. 85, I e 153, § 2? (ofensa).RE 101.616 RTJ 116/253

PrPn Recurso criminal (...) Prazo (contagem ). RE 105.178 RTJ 116/333PrSTF Recurso extraordinario . Mao popular. Prequestionamento ( ausencla).

Regimento Interno do STF, art. 325, V, c e VII. Sumulas 282 e 356. RE106.435 RTJ 116/370

Cv Recurso exlraordinario. Contrato de compra e venda. ObrlgaCao de fazer.Perdas e danos. Sumula 454 (aplicae5o). RE 106.436 RTJ 116/373

PrTr Recurso extraordinarlo . Decisao trabalhista . Ofensa direta a preceitoconstitucional ( exigibilidade ). Ag 101.867 (AgRg) RTJ 116/262

PrTr Recurso extraordinario . Decisao do TST. Embargos de decisao de Turmaem agravo de instrumento . ConstituiCao Federal, arts . 141, § 4?, 142, 153,§§ 1°, 2?, 3.1, 49, e 36. RE 101.651 RTJ 116/258

PrSTF Recurso extraordinario . Entorpecente . Fornecimento gratuito . Lei de texi-cos, art. 16. SOmulas 279 e 291. RE 101.891 RTJ 116/264

PrSTF Recurso extraordinario . IndenizaCao por acidente de transporte. Rito su-marissimo (inobservancia). Regimento Interno do STF, art. 325, V, b. RE102.666 RTJ 116/288

PrSTF Recurso exlraordinario . ISS e ICM. Servicos de composiCao grafica. Su-main 279. RE 94.219 RTJ 116/198

PrSTF Recurso exlraordinario . LigOida(;ao de sentenCa. Obice regimental. Ques-tao constitucional (inexistencia). RE 102.212 RTJ 116/273

PrSTF Recurso extraordlnarlo . Materia trabalhista. ArguiCao generica de ofensaao principio da legalidade . RE 100.135 RTJ 116/221

PrSTF Recurso extraordlnarlo . Materia trabalhista. Exame de negativa de vi-gencia de lei (inadmissibilidade). ConstituiCao Federal, art. 143. RE100.135 RTJ 116/221

XVI Roc-ROU - INDICE ALFABETICO

PrGr Recurso extraordlnarlo . Materia trabalhista. Ofensa a Constituicao de for-ma direta (exigibilidade). Prequestionamento (falta). Ag 91. 836 (AgRg)RTJ 116/188

PrSTF Recurso extraordlnario . Prazo. Embargos de declaraCao . Intempestivi-dade. RE 106.997 RTJ 116/411

PrSTF Recurso extraordlnarlo . Prequestionamento ( ausencia ). IsenCao tributA-ria. SOmulas 282 e 356. RE 106.065 RTJ 116/360

PrSTF Recurso extraordinarlo . Traslado no registro civil de certidAo de casa-mento contraido no exterior. Lei n^ 6.015/73, art. 32. Procedimento espe-cial de jurisdiCAo voluntaria. Veto regimental. RE 106 .642 RTJ 116/386

PrSTF Recurso extraordinArlo adesivo. Pressupostos de admissibilidade. Obiceregimental. Regimento Intern do STF/80, art. 325, V, c. Ag 103.808(AgRg) RTJ 116/305

PrGr Recurso extraordinarlo trabalhista . Prequestionamento. Instancia da re-vista. OrientaCAo do STF. RE 98 .062 RTJ 116/207

Cv Reexame de prova (...) ACao relvindicatbria . RE 96.058 RTJ 116/203

PrCv Regime juridico (altera(;ao) (...) Compelencla . RE 107.494 RTJ 116/421

Ct Regimento Interno (interpreta(;Ao) (.. J Mandado de seguranca . MS 20.509RTJ 116/67

PrSTF Regimento Interno do STF/80, arts . 102, § 4? e 322 (...) Mandado deseguranCa . RE 102.214 RTJ 116/275

PrSTF Regimento Inferno do STF, art. 325, V, b (...) Recurso extraordinarlo. RE102.666 RTJ 116/288

PrSTF Regimento Interno do STF/80, art. 325, V, c L..) Recurso extraordinArioadesivo. Ag 103.808 (AgRg) RTJ 116/305

PrSTF Regimento Interno do STF, art. 325, V, c e VII (..J Recursoextraordlnario . RE 106 .435 RTJ 116/370

Ct ReiteraCao (...) RepresentaCao de Inconstituclonalidade . Rp 1.152 RTJ116/23

PrCv RejeiCAo (...) Embargos de declaraCao. RE 106 .794 (EDcI) RTJ 116/405

Ct RepresentaCao de Inconstltuclonalidade . Emenda Constitucional n? 4/82-AL. ReiteraCao. RepresentaCao prejudicada . Rp 1.152 RTJ 116/23

Ct RepresentaCao de Inconstituclonalidade . Medida cautelar . Agrot6xicos.Pressupostos (aus@ncfa ). Rp 1.277 RTJ 116/42

Ct RepresentaCao prejudicada (...) RepresentaCao de inconstituclonalidade.Rp 1.152 RTJ 116/23

Pn Requisites (...) Livramento condicional. RHC 63.513 RTJ 116/186

PrCv Requisitos (...) SentenCa . RE 105.612 RTJ 116/339

Cv Resilicao (...) Compra e venda . RE 102 .649 RTJ 116/285

PrPn Responsabilidade do erArio (...) Honorarios de advogado . RE 103.952 RTJ116/306

Cv Retomada (..J Locacao comercial . RE 105.156 RTJ 116/330

PrPn Reu preso (...) ApelaCao. RHC 63.274 RTJ 116/128

PrSTF Rite sumarissimo ( inobservincia ) (...) Recurso extraord/narlo. RE102.666 RTJ 116/288

Pn Roubo. Tentativa. Flagrante. RE 102 .393 RTJ 116/280

PrPn Roubo e extorsao (...) Ciasslficacao do crime. RHC 63.411 RTJ 116/157

INDICE ALFABETICO - Sal-Tax XVII

SCt Salario familia ( filho de qualquer condicao ) (.. J Funclonallsmo estadual.

Rp 1.268 RTJ 116/39

PrCv SentenCa . Requisitos . Unidade . Nulidade . PrestaCao de contas. RE 105.612RTJ 116/339

PrPn SentenCa condenatoria (.. J ApelaCao criminal . RHC 62 .034 RTJ 116/87PrCv SegUestro de rendas municipals ( ...) Precatorlos . RE 103 . 649 RTJ 116/299Adm Serventia nao oficializada (vacancia) L..) Serventuarlo da justica. RE

100.620 RTJ 116/224

Adm Serventuario da JustlCa . Serventia nAo oficializada ( vacAncla ). Provimen-to em serventia vaga. ConstitulcAo Federal, art. 206, § 2? (exegese). LeiEstadual 2.085 /A/72-RJ. RE 100 . 620 RTJ 116/224

PrSTF ServiCos de composlCao grafica L..) Recurso extraordlnario. RE 94.219RTJ 116/198

PrCv Servidor publico L..) Mandado de seguranCa . RE 101 .092 RTJ 116/240PrCv Servidores temporarios (...) CompetAncla . RE 107 . 494 RTJ 116/421Trbt Sociedade civil sem fins lucrativos L..) ISS. RE 106.065 RTJ 116/360Cm Sociedade por cocas . FormaCao do capital . IncorporaCao de imoveis.

TranscriCao do titulo translativo. Codigo Civil, art. 530. Decreto n?4.857/ 39, art . 178, b, III e 179 . Decreto-Lei n ? 2.627/40, arts . 46 e 54, para-grafo (inico . RE 106 .492 RTJ 116/378

Trbt Sociedade por cocas de responsabilidade Lida . L..) Execupao fiscal. RE107.322 RTJ 116/418

Cv Sucessao . Sucessao testamentaria . ACao de investigaCao de paternidade.Herdeiro superveniente . Testamento ( ruptura ). Codigo Civil , art. 1.750.RE 105.538 RTJ 116/335

Cv Sucessao testamentaria (...) Sucessao. RE 105.538 RTJ 116/335Adm Sumulas 38 e 339 ( inaplicacao) (...) Ferroviarlo . RE 100 . 688 RTJ 116/230PrSTF S6mula 208 (...) Mandado de seguranga . RE 102 . 214 RTJ 116/275PrCv Sumula 254 L..) DesapropriaCao . RE 104 . 633 RTJ 116/326PrCv Sumula 266 (...) Mandado de seguranpa . MS 20 .533 RTJ 116/71PrSTF S6mula 266 (interpretaCao restritiva) (...) Mandado de seguranCa

preventivo. RE 102.537 RTJ 116/283

Cv Sumula 279 L..) ACao relvindlcatdrla . RE 96 .058 RTJ 116/203PrSTF S6mula 279 (...) Recurso extraordinarlo . RE 94 .219 RTJ 116/198PrSTF Silmulas 279 e 291 (...) Recurso extraord/narlo . RE 101.891 RTJ 116/264PrSTF SUmulas 282 e 356 (...) Recurso extraordinario . RE 106 .065 RTJ 116/360 -

RE 106.435 RTJ 116/370

PrPn S(Imula 366 (...) CltaCao-edltal . RHC 62 . 960 RTJ 116/102Cv Sumula 454 ( aplicacao) (...) Recurso extraordlnArlo . RE 106 .436 RTJ

116/373

Cm Sumula 592 L..) Crime fallmentar. RE 106.377 RTJ 116/367PrSTF Suspensao de liminar concedida em mandado de seguranCa (..J

ReclamaCao . Rcl 172 RTJ 116/1

TTrbt Taxa de melhoramento dos portos. ImportaCao de pals membro do GATT.

Mercadorla isenta pelo CPA. RE 103. 624 RTJ 116/296

XVIII Tern-Vio - INDICE ALFABETICO

Ct Tempo de serviCo prestado a empresa privada (averbacao) (..JFunclonallsrno . RE 104.425 RTJ 116/311

Pn Tentativa (..J Estupro. RHC 61.614 RTJ 116/78

Pn Tentativa (...) Roubo. RE 102.393 RTJ 116/280

Cv Termo inicial (data da avaliacdo ) (...) CorreCSo monetarla . RE 100.748RTJ 116/232

PrPn Termo inicial L..) Prazo (contagem ). RE 105.178 RTJ 116/333

Cv Testamento (ruptura) ( ...) SucessAo. RE 105.538 RTJ 116/335

Pn Trafico de entorpecente (...) PrlsAo albergue . RE 106 . 193 RTJ 116/362

Cm Transcricao do titulo translativo (...) Socledade pot rotas. RE 106 .492 RTJ116/378

PrCv Transferencia doCADE para Brasilia (.. J Mandado de seguranCa. MS20.533 RTJ 116/71

PrSTF Traslado no reglstro civil de certidao de casamento contraldo no exterior(...) Recurso extraordlnSrlo . RE 106 . 642 RTJ 116/386

U

PrCv Unidade (.. J Sentenga . RE 105.612 RTJ 116/339

VPrSTF Veto regimental ( ...) Recurso extraordlnarlo . RE 106 .642 RTJ 116/386

PrPn Vicios ( ...) InquErlto pollclal . RHC 63.318 RTJ 116/132

PrGr ViolaCao literal an art. 461 e § 2? da CLT ( inocorrencia ) L..) ACAorescis6rla . AR 1.179 RTJ 116/24

Pn Violencia real (...) Estupro . RHC 61.614 RTJ 116/78

INDICE NUMERICO

Vol./pag.172 (Rcl) Rel.: Min. Aldir Passarinho .................... 116/1187 (RCD Rel.: Min. Moreira Alves ....................... 116/5223 (Inq-AgRg) Rel.: Min . Oscar Correa ....................... 116/7276 (APn) Rel.: Min . Moreira Alves ....................... 116/9417 (Extr-EDc!) Rel.: Min. Oscar Correa ....................... 116/13427 (Extr) Rel.: Min. Cordeiro Guerra .................... 116/17

1.152 (Rp) Rel.: Min. DJaci Falcao ........................ 116/231.179 (AR) Rel.: Min. Moreira Alves ....................... 116/241.223 (Rp) Rel.: Min . Sydney Sanches ..................... 116/281.268 (Rp) Rel.: Min. Octavio Gallotti ..................... 116/391.277 (Rp-Liminar) Rel.: Min. Francisco Rezek .................... 116/426.553 (CJ) Rel.: Min. Octavio Gallotti ..................... 116/44

20.452 (MS) Rel.: Min. Aldir Passarinho .................... 116/4720.509 (MS) Rel.: Min. Octavio Gallotti ..................... 116/6720.533 (MS) Rel.: Min. Djaci Falcao ........................ 116/7161.614 (RHC) Rel.: Min. Moreira Alves ....................... 116/7861.746 (RHC) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/8261.776 (HC) Rel.: Min . Nerl da Silveira ..................... 116/8562.034 (RHC) Rel.: Min. Neri da Silveira .................... 116/8762.738 (RHC)- Rel.: Min. Sydney Sanches ..................... 116/9162.913 (RHC) Rel.: Min. Francisco Rezek .................... 116/9462.931 (RHC) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/9862.960 (RHC) Rel.: Min. Francisco Rezek .................... 116/10263.110 (HC) Rel.: Min. DJaci Falcao ........................ 116/10563.131 (HC) Rel.: Min. Carlos Madeira ..................... 116/10863.160 (RHC) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/11263.189 (HC) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/11663.250 (HC) Re!.: Min. DJact Falcao ........................ 116/11863.251 (HC) Rel.: Min. Rafael Mayer ....................... 116/12063.274 (RHC) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/12863.313 (HC) Rel.: Min . Sydney Sanches .................... 116/13063.318 (RHC) Rel.: Min. Octavio Gallotti ..................... 116/13263.324 (HC) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/13463.345 (HC) Rel.: Mtn. Octavio Gallotti ..................... 116/13763.379 (RHC) Rel.: Min . Rafael Mayer ....................... 116/13963.380 (RHC) Rel.: Min. DJaci Falcao ........................ 116/14263.400 (HC) , Rel.: Min. Rafael Mayer ....................... 116/14663.406 (RHC) Rel.: Min . DJaci Falcao ........................ 116/14963.411 (RHC) Rel.: Min. Carlos Madeira ..................... 116/15763.413 (RHC) Rel.: Min. Rafael Mayer ....................... 116/16063.415 (HC) Rel.: Min . Rafael Mayer ....................... 116/163

xx INDICE NUMERICO

Vol./Pdg.

63.421 (RHC) Rel.: Min. Djaci Falcao ........................ 116/17163.428 (RHC) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/17763.487 (RHC) Rel.: Min . Djaci Falcao ........................ 116/17963.513 (RHC) Rel.: Min . Sydney Sanches ..................... 116/18691.836 ( Ag-AgRg) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/18893.016 (RE) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/19194.219 (RE) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/19896.058 (RE) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/20398.062 (RE) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/20799.113 ( ERE-AgRg) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/21199.316 (RE) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/217

100.135 (RE) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/221100.316 (RE-EDcI) Rel.: Min. Carlos Madeira ..................... 116/222100.620 (RE) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/224100.688 (RE) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/230100.748 (RE) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/232100.993 ( RE-EDcI) Rel.: Min . Djaci Falcao ........................ 116/234101.092 (RE) Rel.: Min . Djaci Falcao ........................ 116/240101.236 (RE) Ret.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/245101.541 (RE) Rel.: Mtn . Neri da Silveira ..................... 116/249101.616 (RE) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/253101.651 (RE) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/258101.711 ( RE-EDcI) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/261101.867 ( Ag-AgRg) Rel.: Min . Moreira Alves ....................... 116/262101.891 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/264101.979 (RE) Rel.: Min . Neri da Silveira ..................... 116/265102.141 (RE) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/267102.212 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/273102.214 (RE) Rel.: Min . Aldir Passarinho .................... 116/275102.393 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/280102.537 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/283102.649 (RE) Rel.: Min . Sydney Sanches ..................... 116/285102.666 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/288102.734 ( ERE-AgRg) Rel.: Min . Cordeiro Guerra .................... 116/291102.862 (RECr) Rel.: Min . Carlos Madeira ...................... 116/294103.624 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/296103.649 (RE) Rel.: Min . Oscar Correa ....................... 116/299103.808 ( Ag-AgRg) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/305103.952 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/306104.048 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/308104.425 (RE) Rel.: Min . Cordeiro Guerra .................... 116/311104.633 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/326104.969 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/329105.156 (RE) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/330105.178 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/333105.538 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/335105.612 (RE) Rel.: Min . Rafael Mayer ....................... 116/339105.634 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/347105.846 (RE) Rel.: Min . Francesco Rezek .................... 116/356106.065 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/360106.193 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/362106.377 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/367106.435 (RE) Rel.: Min . Octavio Gallotti ..................... 116/370106.436 (RE) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/373106.457 (RE) Rel.: Min . Francesco Rezek .................... 116/376106.492 (RE) Rel.: Min. Rafael Mayer ....................... 116/378106.585 (RE) Rel.: Min . Djaci Falcao ........................ 116/383

INDICE NUMERICO XXI

Vol./pag.

106.642 (RE) Rel.: Min . Rafael Mayer ........................ 116/386106.688 (RE) Rel.: Min . Cordeiro Guerra .................... 116/396106.742 (RE) Rel.: Min . Cordeiro Guerra .................... 116/399106.74:3 (RE) Rel.: Min . Francisco Rezek .................... 116/404106.794 (RE-EDCI) Rel.: Min . Rafael Mayer ....................... 116/405106.920 (Ag-AgRg) Rel.: Min . Rafael Mayer ....................... 116/408106.997 (RE) Rel.: Min . Carlos Madeira ..................... 116/411107.103 (RE) Rel.: Min . Diaci Falcilo ........................ 116/413107.322 (RE) Rel.: Min . Oscar Correa ....................... 116/418107.494 (RE) Rel.: Min . Diaci Fa!cAo ........................ 116/421