Previdenciario

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WEBAULA 1 Unidade 1 – Aposentadoria Especial: Aspectos Introdutórios Resumo: Trata-se de estudo sobre a legislação brasileira referente à aposentadoria especial. 1 Prestações previdenciárias. Noção. Divisão A Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 194 estabelece que a Seguridade Social é formada por um conjunto de ações integradas que abrangem a previdência social, a saúde e a assistência social. Para melhor compreensão do tema peço que você leia o artigo 194 da Constituição: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)”. A Constituição em seu artigo 195 também estabelece as regras para o financiamento da seguridade social: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e

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WEBAULA 1Unidade 1 – Aposentadoria Especial: Aspectos

Introdutórios

Resumo: Trata-se de estudo sobre a legislação brasileira referente àaposentadoria especial.

1 Prestações previdenciárias. Noção. DivisãoA Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 194

estabelece que a Seguridade Social é formada por um conjunto de açõesintegradas que abrangem a previdência social, a saúde e a assistênciasocial.

Para melhor compreensão do tema peço que você leia o artigo 194 daConstituição:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado deações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas aassegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistênciasocial.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais;III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e

serviços;IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;V - equidade na forma de participação no custeio;VI - diversidade da base de financiamento;VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante

gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 20, de 1998)”.

A Constituição em seu artigo 195 também estabelece as regras para ofinanciamento da seguridade social:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursosprovenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide EmendaConstitucional nº 20, de 1998).

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na formada lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos oucreditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,de 1998)

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº20, de 1998)

c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não

incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regimegeral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 20, de 1998)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a

ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, nãointegrando o orçamento da União.

§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada deforma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social eassistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas nalei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seusrecursos.

§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social,como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem delereceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (Vide MedidaProvisória nº 526, de 2011) (Vide Lei nº 12.453, de 2011)

§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir amanutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art.154, I.

§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá sercriado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderãoser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei queas houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto noart. 150, III, "b".

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social asentidades beneficentes de assistência social que atendam às exigênciasestabelecidas em lei.

8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e opescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suasatividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquotasobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefíciosnos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput desteartigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão daatividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte daempresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para osistema único de saúde e ações de assistência social da União para osEstados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para osMunicípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. (Incluídopela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuiçõessociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos emmontante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 20, de 1998)

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quaisas contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serãonão cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese desubstituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na formado inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.

A previdência social portanto está inserida dentro do sistema deseguridade social. Nesse tópico você terá a oportunidade de analisar aregulamentação jurídica da aposentadoria especial na República Federativado Brasil.

Espero que você consiga realizar um bom estudo!Antes de conversarmos sobre a aposentadoria especial, vamos bater um

papo sobre o significado da expressão “prestações previdenciárias”.A expressão “prestações previdenciárias” representa a designação

genérica das vantagens oferecidas pela Previdência Social aos seusbeneficiários.

Conforme o artigo 25 do Decreto no 3.048/99, as prestações do regimegeral da Previdência Social se dividem em benefícios e serviços:

Art. 25. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintesprestações, expressas em benefícios e serviços:

        I - quanto ao segurado:        a) aposentadoria por invalidez;        b) aposentadoria por idade;        c) aposentadoria por tempo de contribuição;        d) aposentadoria especial;        e) auxílio-doença;        f) salário-família;        g) salário-maternidade; e        h) auxílio-acidente;        II - quanto ao dependente:        a) pensão por morte; e        b) auxílio-reclusão; e        III - quanto ao segurado e dependente: reabilitação

profissional.O direito de usufruir as vantagens oferecidas pela Previdência Social

depende da ocorrência das condições específicas previstas na legislaçãoprevidenciária para cada prestação, e, também, quando previsto, daobservância de questões genéricas, como, por exemplo, o cumprimento deperíodo de carência.

É o que ocorre com a aposentadoria especial, que somente é devidaquando o segurado laborar em situações de exposição a condições especiaisde trabalho, como o trabalho em ambiente insalubre, ou o trabalho emsituações de periculosidade.

2 BenefíciosBenefícios são as prestações que representam a entrega de dinheiro,

pelo sistema, ao beneficiário. Para Oliveira (1998), “benefícios sãoprestações pecuniárias, devidas pela Previdência Social a pessoas por elaprotegidas, destinadas a prover-lhes a subsistência nas eventualidades queas impossibilitem de, por seu esforço, auferir recursos para isto, ou areforçar-lhes os ganhos para enfrentar encargos de família, ou amparar, emcaso de morte, os que delas dependiam economicamente”.

Como bem observa Martinez (1992), os benefícios constituem a razão deser dos sistemas de Previdência Social; seu primeiro e último objetivo. Ossistemas previdenciários existem especialmente para amparar seusbeneficiários, fornecendo-lhes meios de manutenção, diante da ocorrência decertas situações [eventualidades, contingências sociais] elencadas na lei.

A legislação brasileira classifica os benefícios de acordo com o seudestinatário, indicando, precisamente, quais as vantagens previstas para ossegurados e os dependentes; quais as espécies de benefícios devidos a um ea outro beneficiário.

Os benefícios privativos dos segurados são: aposentadoria porinvalidez; aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo decontribuição; aposentadoria especial; auxílio-doença; salário-família;salário-maternidade; auxílio-acidente, conforme os termos do Decretono 3.048/99, artigo 25, inciso I:

I - quanto ao segurado:a) aposentadoria por invalidez;b) aposentadoria por idade;c) aposentadoria por tempo de contribuição;d) aposentadoria especial;e) auxílio-doença;f) salário-família;g) salário-maternidade; eh) auxílio-acidente; [...]A aposentadoria especial que estamos estudando é um dos benefícios

devidos apenas aos segurados.Os benefícios devidos os dependentes são: pensão por morte e auxílio-

reclusão. Devido, ainda, a ambos, o abono anual¹; e, somente a determinadossegurados, as prestações vinculadas a acidentes de trabalho e o segurodesemprego.

II - quanto ao dependente:a) pensão por morte; eb) auxílio-reclusão; eIII - quanto ao segurado e dependente: reabilitação profissional.Trataremos neste texto especificamente sobre a aposentadoria especial.As principais fontes que tratam da aposentadoria especial são: Lei

no 8.213/1991; Decreto no3.048/1999; Lei no 10.666/2003; Instrução Normativano 45/2010 do INSS; Norma Regulamentadora no 15 do MTE [Ministério doTrabalho e do Emprego]; Súmulas dos Tribunais.

¹Cf. Decreto no 3.048/99, artigo 120: art. 120.  Será devido abono anual ao segurado e ao dependente que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, salário-maternidade, pensão por morte ou auxílio-reclusão.(Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001).

§ 1º. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a gratificação natalina dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano. (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001). § 2º. O valor do abono anual correspondente ao período de duração do salário-maternidade será pago, em cada exercício, juntamente com a última parcela do benefício nele devida. (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001).

3 Aposentadoria especialA aposentadoria especial é o benefício devido a determinados segurados

que, por terem trabalhado de forma permanente sujeitos a condiçõesespeciais que prejudiquem a saúde (insalubridade) ou a integridade física(periculosidade), têm o direito de se aposentar com um tempo menor detrabalho ou de contribuição (25, 20 ou 15 anos, dependendo do tipo deagente nocivo).

O benefício é devido, em regra, em condições de exposição permanente aagentes nocivos durante 25 anos. Apenas em trabalhos vinculados à mineraçãosubterrânea, ou em contato com asbestos/amianto, é que o tempo de exposiçãoé reduzido para 20 ou 15 anos, conforme o caso.

O artigo 201 da Constituição Federal estabelece que:§ 1º. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a

concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdênciasocial, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condiçõesespeciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando setratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em leicomplementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

O Decreto no 3.048/1999 prevê que:Art. 64.  A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência

exigida, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso econtribuinte individual, este somente quando cooperado filiado àcooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durantequinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condiçõesespeciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Redação dadapelo Decreto nº 4.729, de 2003) [...]

O artigo 64 do Decreto no 3.048/1999 apresenta os elementos quejustificam a concessão do benefício: a carência (180 contribuições mensaisa partir de 2011); os segurados beneficiários (segurado empregado [exceto odoméstico], trabalhador avulso e cooperado filiado à cooperativa detrabalho ou de produção); a necessidade de comprovação do trabalhopermanente sujeito a condições especiais; os períodos de exposição (quinze,vinte ou vinte e cinco anos).

Recente alteração legislativa alterou a redação do artigo 64 doDecreto no 3.048/1999:

§ 1o  - A concessão da aposentadoria especial prevista neste artigodependerá da comprovação, durante o período mínimo fixadono caput:  (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

I - do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente;e  (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

II - da exposição do segurado aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou a associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridadefísica.   (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 2o  - Consideram-se condições especiais que prejudiquem a saúde e aintegridade física aquelas nas quais a exposição ao agente nocivo ouassociação de agentes presentes no ambiente de trabalho esteja acima doslimites de tolerância estabelecidos segundo critérios quantitativos ouesteja caracterizada segundo os critérios da avaliação qualitativadispostos no § 2º do art. 68.  (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de2013)

REQUISITOS:- carência [180 contribuições mensais, art. 25, II; art. 142, tabela

progressiva até 2011]- trabalho sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física- 15 [mineração subterrânea], 20 [mineração subterrânea,

asbestos/amianto] ou 25 anos de trabalho em condições especiais- segurado empregado [exceto o doméstico], trabalhador avulso e

contribuinte individual quando cooperado filiado à cooperativa de trabalhoou de produção [Decreto no 3.048/1999, art. 64]

Não se exige idade mínima dos segurados. Nesse sentido:Súmula 33 do Tribunal Regional Federal da 1a. Região: Aposentadoria

especial decorrente do exercício de atividade perigosa, insalubre ou penosanão exige idade mínima do segurado.

A atividade doméstica não é considerada insalubre ou perigosa, nãotendo esse tipo de empregado direito ao adicional de insalubridade ou depericulosidade, conforme os termos do artigo 7o., parágrafo único, daConstituição Federal. Nesse sentido:

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Não faz jus o reclamante, empregadodoméstico, ao pagamento de adicional de insalubridade, face à ausência deamparo legal. Inteligência do parágrafo único do art. 7º da ConstituiçãoFederal [Tribunal: 4ª Região, Decisão: 28 06 2000, Tipo: RO/RA, Num:00064.004/97-0, Ano: 1997].

Essa ideia não foi alterada com a edição da Emenda Constitucionalno 72/2013, que modificou os direitos dos empregados domésticos.

Existem decisões que já estenderam o direito à aposentadoria especiala segurados não indicados no artigo 64 do Decreto no 3.048/1999. É o caso adecisão a seguir reproduzida, que estendeu o direito da aposentadoriaespecial a segurada contribuinte individual não cooperada, em “atividade decirurgiã-dentista e protética”, com indicação de precedentes envolvendo“empresário ou autônomo”.

AGRAVO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA.ATIVIDADE ESPECIAL DE CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. 1. O Decreto no 3.048/99, aolimitar a possibilidade de concessão de aposentadoria especial aocontribuinte individual apenas na hipótese de tratar-se de cooperadofiliado à cooperativa de trabalho ou de produção, vai além da Leino 8.213/91, que, em seu artigo 57 prevê a concessão de aposentadoriaespecial "ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiaisque prejudiquem a saúde ou a integridade física", não restringindo a umtipo de segurado. Precedente desta Corte. [...] [TRF da 4ª. Região, Agravode Instrumento Nº 5003583-70.2011.404.0000/RS]

Ocorreu uma alteração do critério normativo porque antigamente alegislação se referia a “atividades profissionais” prejudiciais à saúde ouintegridade física, e após passou a indicar a “relação dos agentes nocivosquímicos, físicos e biológicos ou associação de agentes” prejudiciais àsaúde ou à integridade física.

Ainda conforme o artigo 64 do Decreto no 3.048/1999, a concessão daaposentadoria especial ao segurado dependerá de comprovação, junto aoInstituto Nacional do Seguro Social, do tempo de trabalho permanente, nãoocasional nem intermitente¹, exercido em condições especiais queprejudiquem a saúde ou a integridade física, durante um dos períodosfixados em lei (quinze, vinte ou vinte e cinco anos), conforme cada casoconcreto [parágrafo 1o.].

Segundo o artigo 65 do Decreto no 3.048/1999, entende-se por trabalhoque justifique a concessão da aposentadoria especial, aquele que “éexercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição doempregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo sejaindissociável da produção do bem ou da prestação do serviço” [tempo detrabalho permanente].

A ideia de permanência é a de:[...] trabalho não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte

ou vinte cinco anos, no qual a exposição do empregado, do trabalhadoravulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção dobem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica aqual se submete [Instrução Normativa no 45/2010 do INSS, art. 236, II].

São considerados como tempo de trabalho em condições especiais osperíodos de descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive otempo das férias do trabalhador; os de afastamento decorrentes de gozo debenefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários(decorrentes de acidente de trabalho e não de doença ou acidente comum); osperíodos de percepção de salário-maternidade; desde que, em todas ashipóteses citadas, à data do afastamento, o segurado estiver exercendoatividade considerada especial.

O artigo 66 do Decreto no 3.048/1999 permite a conversão e a soma deperíodos de trabalho sucessivos em condições especiais. Assim, se umempregado trabalhou 5 anos em atividade especial em que o tempo necessáriopara a aposentadoria é de 20 anos de exposição e depois passa a laborar ematividade especial em que o tempo necessário para a aposentadoria é de 25anos de exposição, o tempo anterior (5 anos) deve ser multiplicado pelomultiplicador 1,25, o que resultará em 6,25 anos. Esse tempo (6,25 anos)será somado aos anos de exposição em atividade especial em que o temponecessário para a aposentadoria é de 25 anos, para fins de apuração econcessão de aposentadoria especial.

Art. 66.  Para o segurado que houver exercido duas ou mais atividadessujeitas a condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridadefísica, sem completar em qualquer delas o prazo mínimo exigido para aaposentadoria especial, os respectivos períodos de exercício serão somadosapós conversão, devendo ser considerada a atividade preponderante paraefeito de enquadramento. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 1o - Para fins do disposto no caput, não serão considerados osperíodos em que a atividade exercida não estava sujeita a condiçõesespeciais, observado, nesse caso, o disposto no art. 70. (Redação dada peloDecreto nº 8.123, de 2013)

§ 2o - A conversão de que trata o caput será feita segundo a tabelaabaixo: (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES

  PARA 15 PARA 20 PARA 25

DE 15 ANOS - 1,33 1,67

DE 20 ANOS 0,75 - 1,25

DE 25 ANOS 0,60 0,80 -

Os demais artigos do Decreto no 3.048/1999 tratam da renda mensal (67)(100% do salário de benefício); das questões pertinentes à relação dosagentes nocivos químicos, físicos ou biológicos (68, caput e parágrafo 1o.).

Com relação aos agentes nocivos, destacamos alguns exemplos constantesno anexo IV do Decreto:

AGENTE QUÍMICO: chumboATIVIDADE: fabricação de tintas, esmaltes e vernizes à base de

compostos de chumbo.TEMPO DE EXPOSIÇÃO PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA: 25 anosAGENTE QUÍMICO: fósforo e seus compostos tóxicosATIVIDADE: fabricação de munições e armamentos explosivosTEMPO DE EXPOSIÇÃO PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA: 25 anosAGENTE QUÍMICO: petróleo, xisto betuminoso, gás natural e seus

derivadosATIVIDADE: extração, processamento, beneficiamento e atividades de

manutenção realizadas em unidades de extração, plantas petrolíferas epetroquímicas.

TEMPO DE EXPOSIÇÃO PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA: 25 anosAGENTE FÍSICO: vibraçõesATIVIDADE: trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticosTEMPO DE EXPOSIÇÃO PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA: 25 anosAGENTE FÍSICO: temperaturas anormaisATIVIDADE: trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de

tolerância estabelecidos na NR-15, da Portaria no 3.214/78TEMPO DE EXPOSIÇÃO PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA: 25 anosAGENTE BIOLÓGICO: micro-organismos e parasitas infectocontagiosos

vivos e suas toxinasATIVIDADE: trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com

pacientes portadores de doenças infectocontagiosas ou com manuseio demateriais contaminados; trabalhos com animais infectados para tratamento oupara o preparo de soro, vacinas e outros produtos; trabalhos emlaboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-histologia; trabalho deexumação de corpos e manipulação de resíduos de animais deteriorados;trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto; esvaziamento debiodigestores; coleta e industrialização do lixo.

TEMPO DE EXPOSIÇÃO PARA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA: 25 anos.Essa relação de agentes nocivos que consta no anexo IV do Decreto não

é exaustiva, conforme indicam as seguintes normas e súmula:As dúvidas sobre o enquadramento dos agentes de que trata o caput,

para efeito do disposto nesta Subseção, serão resolvidas pelo Ministério doTrabalho e Emprego e pelo Ministério da Previdência e Assistência Social[Decreto no 3.048/1999, art. 68, par. 1º.]

Serão consideradas as atividades e os agentes arrolados em outros atosadministrativos, decretos ou leis previdenciárias que determinem oenquadramento por atividade para fins de concessão de aposentadoriaespecial [Instrução Normativa no 45/2010 do INSS, art. 263].

Súmula do Tribunal Federal de Recursos (extinto pela ConstituiçãoFederal de 1988):

Súmula 198 - Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoriaespecial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelosegurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita emregulamento.

A Instrução Normativa no 45/2010 do INSS trata de situações específicasde exposição ocupacional a: ruído [art. 239]; temperaturas anormais,oriundas de fontes artificiais [câmaras frigoríficas etc.] [art. 240];radiações ionizantes [raio-X em serviços de radiologia; reatores nucleares][art. 241]; agentes químicos e a poeiras minerais [Anexo IV do Decretono 3.048/1999] [art. 243]: carvão mineral, cloro, mercúrio, petróleo, gásnatural etc.; vibrações localizadas ou no corpo inteiro [art. 242]; pressãoatmosférica anormal [art. 245]: operações de mergulho; em túneis sob arcomprimido; agentes nocivos de natureza biológica infectocontagiosa [art.244] [trabalhadores expostos ao contato com doentes ou materiaisinfectocontagiantes, de assistência médica, odontológica, hospitalar ououtras atividades afins]: micro-organismos e parasitas infectocontagiosos.

O artigo 68 do Decreto no 3.048/1999 prevê, ainda, a obrigação daempresa de elaborar laudo técnico de condições ambientais do trabalho, quedeve ser realizado por profissional qualificado (médico do trabalho ouengenheiro de segurança do trabalho).

§ 2o - A avaliação qualitativa de riscos e agentes nocivos serácomprovada mediante descrição: (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de2013)

I - das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agentenocivo ou associação de agentes nocivos presentes no ambiente de trabalhodurante toda a jornada; (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

II - de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentesmencionados no inciso I; e (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

III - dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias deabsorção, a intensidade da exposição, a frequência e a duração docontato.  (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 3o - A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentesnocivos será feita mediante formulário emitido pela empresa ou seupreposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do

trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança dotrabalho. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 4o - A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade deexposição a ser apurada na forma dos §§ 2o e 3o, de agentes nocivosreconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério doTrabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva exposiçãodo trabalhador. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 5o - No laudo técnico referido no § 3o, deverão constar informaçõessobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual, e desua eficácia, e deverá ser elaborado com observância das normas editadaspelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos procedimentos estabelecidospelo INSS. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 6o - A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado comreferência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seustrabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposiçãoem desacordo com o respectivo laudo estará sujeita às penalidades previstasna legislação. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 7o - O INSS estabelecerá os procedimentos para fins de concessão deaposentadoria especial, podendo, se necessário, confirmar as informaçõescontidas nos documentos mencionados nos § 2o e 3o.

§ 8o  - A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfilprofissiográfico do trabalhador, contemplando as atividades desenvolvidasdurante o período laboral, documento que a ele deverá ser fornecido, porcópia autêntica, no prazo de trinta dias da rescisão do seu contrato detrabalho, sob pena de sujeição às sanções previstas na legislaçãoaplicável. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 9o  - Considera-se perfil profissiográfico, para os efeitos do § 8o,o documento com o historicolaboral do trabalhador, segundo modeloinstituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter oresultado das avaliações ambientais, o nome dos responsáveis pelamonitoração biológica e das avaliações ambientais, os resultados demonitoração biológica e os dados administrativos correspondentes. (Redaçãodada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 10.  O trabalhador ou seu preposto terá acesso às informaçõesprestadas pela empresa sobre o seu perfil profissiográfico, podendoinclusive solicitar a retificação de informações quando em desacordo com arealidade do ambiente de trabalho, conforme orientação estabelecida em atodo Ministro de Estado da Previdência Social. (Redação dada pelo Decreto nº8.123, de 2013)

§ 11.  A cooperativa de trabalho e a empresa contratada para prestarserviços mediante cessão ou empreitada de mão de obra atenderão ao dispostonos §§ 3o, 4o e 5o com base nos laudos técnicos de condições ambientais detrabalho emitidos pela empresa contratante, quando o serviço for prestado

em estabelecimento da contratante. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de2013)

§ 12.  Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além dodisposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliaçãoestabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicinado Trabalho - FUNDACENTRO. (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 13.  Na hipótese de não terem sido estabelecidos pela FUNDACENTRO ametodologia e procedimentos de avaliação, cabe ao Ministério do Trabalho eEmprego definir outras instituições que os estabeleçam.  (Incluído peloDecreto nº 8.123, de 2013)

Esse laudo servirá de base para a elaboração do documento denominadoperfil profissiográfico do trabalhador, que é o “documento com ohistoricolaboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que,entre outras informações, deve conter o resultado das avaliaçõesambientais, o nome dos responsáveis pela monitoração biológica e dasavaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dadosadministrativos correspondentes” (parágrafo 9o.).

A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aosagentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ouque emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita a penalidades [Decreto no 3.048/1999, artigo68, parágrafo 6o.].

O Instituto Nacional do Seguro Social poderá inspecionar o local detrabalho do segurado para confirmar as informações contidas no perfilprofissiográfico previdenciário ou no laudo técnico de condições ambientaisdo trabalho [Decreto no 3.048/1999, artigo 68, parágrafo 5o.].

 A data de início do benefício é tratada no artigo 52, aplicando-se a

mesma regra da aposentadoria por idade [artigo 69 do Decreto no 3.048/1999].SEGURADO EMPREGADO [URBANO OU RURAL]: a) o início do benefício será a

partir da data de desligamento do emprego, quando o requerimento do benefício for feito até 90 dias após o desligamento; b) a partir da data dorequerimento administrativo, quando não houver desligamento do emprego¹, ouo requerimento do benefício for feito após 90 dias do desligamento;

TRABALHADOR AVULSO E COOPERADO: a contar da data do início dorequerimento.

O artigo 69 do Decreto também impõe ao aposentado especial queretornar ao exercício de atividade ou operações que o sujeite a agentesnocivos, a cessação de sua aposentadoria. Assim, verifica-se que oaposentado especial não pode mais laborar em atividades insalubres ouperigosas, embora possa retornar novamente a exercer atividade laborativa.

O artigo 70 prevê a conversão de tempo de atividade sob condiçõesespeciais em tempo de atividade comum. Esse artigo passou por algumasmodificações nos últimos anos, razão pela qual se recomenda muita atençãona utilização de textos legais desatualizados.

Art. 70.  A conversão de tempo de atividade sob condições especiais emtempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (Redaçãodada pelo Decreto nº 4.827, de 2003)

TEMPO A CONVERTER

MULTIPLICADORES

MULHER (PARA 30)

HOMEM (PARA 35)

DE 15 ANOS 2,00 2,33

DE 20 ANOS 1,50 1,75

DE 25 ANOS 1,20 1,40

§ 1o. A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiaisobedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. (Incluído peloDecreto nº 4.827, de 2003)

§ 2o. As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo deatividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.(Incluído pelo Decreto nº 4.827, de 2003)

A Lei no 10.666/2003 estendeu as disposições legais sobre aposentadoriaespecial do segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social aocooperado filiado à cooperativa de trabalho e de produção que trabalharsujeito a condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou a suaintegridade física.

A perda da qualidade de segurado, como regra, faz com que cessem asobrigações do Regime Geral da Previdência Social para com o(a) segurado(a).No caso da aposentadoria especial, essa mesma Lei no 10.666/2003 estabeleceuque a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessãodas aposentadorias por tempo de contribuição e especial. Será concedido obenefício, independentemente da manutenção da qualidade de segurado(a),desde que se tenham cumprido as exigências legais antes da perda dacondição de segurado(a). Por exemplo: quando a prova do tempo de trabalhoem condições especiais somente ocorre após a perda da condição desegurado(a).

Espero que eu possa ter colaborado com a construção do seuconhecimento até agora. Na próxima unidade você continuará estudando aaposentadoria especial de acordo com a legislação vigente na RepúblicaFederativa do Brasil.

QUESTÃO PARA O FÓRUM DE DISCUSSÃO

O que é possível fazer quando a empresa não possui o laudo técnico de condições ambientais do trabalho ou não emite para o trabalhador o perfil profissiográfico?

¹O empregado, em tese, pode até continuar trabalhando no mesmo emprego, mas em outra função, pois não poderá mais laborar em condições especiais.

WEBAULA 1Unidade 2 – Aposentadoria Especial. Observações

Gerais. Súmulas. Jurisprudência

Gostaria de começar o estudo demonstrando um quadro com os requisitospara a concessão da aposentadoria especial:

“APOSENTADORIA ESPECIALBeneficiário: segurado [segurado empregado, exceto o doméstico,

trabalhador avulso e cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou deprodução].

Contingência: tempo de serviço sujeito a condições especiaisRequisitos: trabalhar de forma permanente sujeito a condições

especiais que prejudiquem a saúde (insalubridade) ou a integridade física(periculosidade), durante 25, 20 ou 15 anos, dependendo do tipo de agentenocivo.

Carência: 180 contribuições mensaisRenda mensal: 100% do salário de benefícioData do início do benefício: I) ao segurado empregado, inclusive o

doméstico: a) a partir da data do desligamento do emprego, quando requeridoaté 90 dias depois dessa data; ou b) a partir da data do requerimento,quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerido após 90dias da data do desligamento do emprego; e, II - para os demais segurados,a partir da data da entrada do requerimento”.

Agora, gostaria de conversar com você sobre algumas súmulas queabordam questões vinculadas à aposentadoria especial. Essas súmulas forameditadas pela Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais (TNU)

A primeira súmula faz referência ao uso de equipamento de proteçãoindividual. Ressalta-se que tal uso, ainda que elimine a insalubridade, nocaso de exposição a ruído não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado.

Observe a redação da Súmula:Súmula 9 - O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda

que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

OBSERVAÇÃO: Súmula específica à exposição a ruído.

Gostaria de conversar com você sobre a Súmula 16 da Turma Nacional deUniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU). Elaestabelece que a conversão em tempo de serviço comum, considerando operíodo trabalhado em condições especiais, somente será possívelrelativamente à atividade exercida até o dia vinte e oito de maio do ano dehum mil novecentos e noventa e oito.

Leia atentamente a redação da Súmula:Súmula 16 - A conversão em tempo de serviço comum, do período

trabalhado em condições especiais, somente é possível relativamente àatividade exercida até 28 de maio de 1998 (art. 28 da Lei nº 9.711/98).

OBSERVAÇÃO: Essa súmula trata de questão de aplicação da lei geradapela alteração normativa sobre a possibilidade de conversão de tempo deserviço em condições especiais para tempo de serviço comum.

A Súmula 26 da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais (TNU) consagra o entendimento que a atividadede vigilante enquadra-se como especial, sendo equiparada à de guarda.

Súmula 26 - A atividade de vigilante enquadra-se como especial,equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7. do Anexo III do Decretono 53.831/64.

OBSERVAÇÃO: Trata de aplicação da lei na época em que a aposentadoriaespecial era estabelecida em razão das atividades profissionais.

Agora vamos conversar com a Súmula nº 32 da Turma Nacional deUniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU). Elaconsagra o entendimento de que o tempo de trabalho com exposição a ruído éconsiderado especial considerando-se alguns níveis.

Observe atentamente a Súmula:Súmula 32 - O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é

considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintesníveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto no53.831/64 (1.1.6);superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência doDecreto no 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decretono 4.882, de 18 de novembro de 2003.

OBSERVAÇÃO: Essa súmula trata dos limites estabelecidos quanto aoagente “ruído”, conforme alterações normativas.

Agora vamos trabalhar com as Súmulas do antigo Tribunal Federal deRecursos. Escrevi antigo porque o mesmo foi extinto pela Constituição daRepública Federativa do Brasil de 1988:

A primeira Súmula é a de número 198. Ela estabelece que será devida aaposentadoria especial, se da perícia judicial ficar constatado que aatividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa. Ainda quetal atividade não esteja inscrita em regulamento.

Súmula 198 - Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoriaespecial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelosegurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita emregulamento.

OBSERVAÇÃO: Em termos atuais a súmula indica que a relação de agentesnocivos prevista em lei não é exaustiva.

Agora vamos trabalhar com a Súmula nº 33 do Tribunal Regional Federalda 1a. Região. Ela estabelece que para a aposentadoria especial decorrentede exercício de atividade perigosa, insalubre ou penosa não se exige idademínima do segurado.

Observe a citação da Súmula:Súmula 33: Aposentadoria especial decorrente do exercício de atividade

perigosa, insalubre ou penosa não exige idade mínima do segurado.OBSERVAÇÃO: A súmula indica que a idade mínima não é requisito.Agora vamos trabalhar com algumas jurisprudências:APOSENTADORIA ESPECIAL. SERVIÇOS DE LIMPEZA. FAXINA. AGENTES NOCIVOS.

NÃO CONFIGURAÇÃO. REMESSA OFICIAL PROVIDA PARA JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDODA AUTORA. Pela própria descrição da atividade desenvolvida pela segurada(servente de limpeza em escritório), conclui-se que a exposição aos agentesnocivos indicados (produtos químicos) não se dava de forma habitual epermanente, considerando que realizava outras tarefas que não a expunhamdiretamente a produtos químicos durante sua jornada diária de trabalho.[TRF 4a. Região, processo 0008757-24.2011.404.9999, Data da Decisão:31/01/2012]

OBSERVAÇÃO: Trata de situação em que se constatou que o trabalho emcondições especiais era apenas esporádico.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL REQUISITOS PREENCHIDOS.CONCESSÃO. [...] 3. O enquadramento do tempo de atividade especial porcategoria profissional prevalece somente até 28-04-1995 (Lei no 9.032/95), apartir de quando se exige a efetiva comprovação da exposição a algum agentenocivo, químico, físico ou biológico. 4. Exige-se laudo técnico paracomprovação da efetiva sujeição do segurado a agentes agressivos somente emrelação à atividade prestada a partir de 06/03/1997 (Decreto no 2.172/97),exceto quanto aos agentes que se exige aferição técnica (ruído), para osquais imprescindível aquela prova também no período anterior. [...] 6.Comprovado que o segurado na DER computava mais de 25 anos de tempo deserviço especial exclusivamente, faz jus à aposentadoria especialrequerida. [TRF 4a. Região, processo 0004388-84.2011.404.9999, Data daDecisão: 14/12/2011]

OBSERVAÇÃO: Trata de situação que discute a aposentadoria especial porprofissões ou por exposição a agentes nocivos.

"O MM. Juízo da 22ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, através da r.sentença de f. 89/90, julgou procedente o pedido formulado pelo reclamantepara condenar a reclamada a fornecer o formulário Perfil ProfissiográficoPrevidenciário (PPP) devidamente preenchido com os reais fatores depericulosidade, relativamente ao período apurado, sob pena de fixação demulta diária". [TRT da 3a. Região, processo 01367-2011-022-03-00-2 RO]

OBSERVAÇÃO: Trata de ação trabalhista para impor ao empregador aobrigação de dar [entregar] o formulário Perfil Profissiográfico dotrabalhador.

Pedido de fornecimento do perfil profissiográfico previdenciário (ppp)– comprovação de trabalho perigoso junto ao inss para fins de contagemespecial do tempo de serviço – ausência de prescrição, conforme art. 11,§1º, da CLT. Verificando-se que a pretensão formulada pelo reclamante visouapenas imputar à reclamada a obrigação de lhe conceder o PerfilProfissiográfico Previdenciário – PPP para fins de comprovação, junto aoINSS, da prestação de serviços em condições perigosas e, assim, requerersua aposentadoria especial, nos termos do art. 58 da Lei no8.213/91, impõe-se a aplicação ao caso do disposto no parág. 1º do art. 11 da CLT, segundoo qual são imprescritíveis as ações que tenham por objeto anotações parafins de prova junto à Previdência Social. [TRT da 3a. Região, processo01552-2010-019-03-00-3 RO]

OBSERVAÇÃO: Trata de ação trabalhista para impor ao empregador aobrigação de dar [entregar] o formulário Perfil ProfissiográficoPrevidenciário, esclarecendo que esse tipo de ação é imprescritível.

APOSENTADORIA ESPECIAL – EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO –PERTINÊNCIA.  Em se tratando de trabalhador com aposentadoria especial deque cogita o art. 57 da Lei no 8.213/91, porque equiparada à aposentadoriapor invalidez (Lei no 8.213/91, artigos 57, § 8º e art. 46), inviável a suapermanência no emprego, trabalhando na mesma função, porque a contagemprivilegiada do tempo serviço, em razão da insalubridade e/ou

periculosidade, tem por fundamento afastá-la do meio ambiente de trabalho.Em caso de permanecer trabalhando, o empregador é obrigado a comunicar àPrevidência Social, para suspensão do benefício (I.N. INSS n. 49, de 3 demaio de 2001, “Art. 36). Inexistência de ofensa ao § 2º do art. 102 daCF/88. Recurso Conhecido e provido. [...]

Logo, sendo beneficiário da aposentadoria especial equiparado àaposentadoria por invalidez, é inviável a sua continuidade no emprego e ojubilamento acarreta, em exceção à regra geral, a extinção do contrato detrabalho. [...]

Por tudo quanto foi dito acima, a reclamante não poderia continuartrabalhando em ambiente insalubre e/ou periculoso, sob pena de suspensão dobenefício. Logo, para percebê-lo teve que desvincular-se da reclamada. Areclamada não estaria obrigada a adaptá-la para função diversa daquela quelhe favoreceu para obter o benefício com tempo cronológico inferior,benefício da redução temporal ficta criada pela lei, exatamente paraafastá-la do ambiente nefasto à sua saúde. [TRT da 15a. Região, processo0000058-10.2010.5.15.0131]

OBSERVAÇÃO: Trata de conflito entre empregado e empregador quanto àextinção do contrato ou permanência no emprego com a concessão daaposentadoria especial.

Destaco, por fim, uma questão de natureza processual interessante, queaborda a revogação posterior de tutela antecipada em ação previdenciária ea possibilidade ou não de devolução dos valores que foram recebidos pelobeneficiário durante a vigência da antecipação. No caso de concessão deaposentadoria especial por meio de tutela antecipada, o segurado seráobrigado a devolver os valores recebidos na vigência da liminar se ela forrevogada?

Parte da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem decididopelo não cabimento da devolução, pelos segurados do Regime Geral daPrevidência Social, de valores recebidos por força de decisão judicialantecipatória dos efeitos da tutela posteriormente revogada, em razão,especialmente: a) da atuação com boa-fé do segurado; b) de sua condição dehipossuficiente; c) da natureza alimentar dos benefícios previdenciários[princípio da irrepetibilidade dos alimentos]. Nesse sentido: AgRg no Ag1138706/RS, n. 2009/0008116-3, Ministro Felix Fischer, DJe 03/08/2009; EDclno REsp 996850/RS, n. 2007/0239827-3, Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJe24/11/2008.

Quanto à irrepetibilidade dos alimentos, dada a natureza alimentar daverba paga, situação idêntica ocorre nos dissídios coletivos, quando oprovimento do recurso, em questão de reajuste salarial, “não importará narestituição dos salários ou vantagens pagos, em execução do julgado” [Leino 4.725, de 13 de3 julho de 1965]. Nessa hipótese, como o apelo é recebidono efeito meramente devolutivo, o pagamento poderá ocorrer antes do

provimento do recurso. O Tribunal Superior do Trabalho também já decidiu,em situação análoga, que: “Recebido o crédito em execução definitivadecorrente de decisão judicial transitada em julgado, quando ainda pendentede julgamento ação rescisória fulcrada no art. 485, V, do CPC (violarliteral disposição de lei), o trabalhador não pode ser compelido arestituir o que lhe era devido no momento do recebimento, haja vista osprincípios que informam o Direito do Trabalho, em especial o da proteção eda boa-fé, os quais justificam aplicar, nessa situação, efeito ex nunc àdecisão de procedência do corte rescisório” [RR n. 137500-41.1999.5.10.0002, Relator Ministro José Simpliciano Fontes de F.Fernandes, data de julgamento: 01/04/2009, 2ª Turma].

Algumas decisões do Superior Tribunal de Justiça, entretanto, admitema devolução de valores, com base no pagamento além do devido, quando oressarcimento à Previdência Social será efetuado por meio de parcelas.Assim, “tendo em vista a natureza alimentar do benefício previdenciário e acondição de hipossuficiência do segurado, reputa-se razoável o desconto de10% sobre o valor líquido da prestação do benefício, a fim de restituir osvalores pagos a mais, decorrente da tutela antecipada posteriormenterevogada” [AgRg no REsp 984135/RS, n. 2007/0217642-2. Ministro NapoleãoNunes Maia Filho, DJ 07/02/2008 p. 482].

A possibilidade de devolução de valores já foi decidida pelo TribunalRegional Federal da 3ª. Região, que considerou obrigatório o ressarcimentodos cofres públicos, no caso de revogação da tutela antecipada, porinterpretação dos artigos 273, parágrafo 3º. e 588, ambos do Código deProcesso Civil. A devolução dos valores também foi aplicada por analogia aoartigo 154 do Decreto no 3.048/1999: “Tratando-se de benefícioprevidenciário, de indiscutível caráter alimentar, a devolução de valorespor conta da revogação da tutela antecipada deve ser feita de forma menosgravosa para o segurado, que na espécie é o parcelamento autorizado pelo §2º do artigo 154 do Decreto nº 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto nº5.699/2006. É bem verdade que o dispositivo faz alusão à restituição debenefício indevidamente recebido, nos casos de comprovada má-fé, fraude oudolo, todavia com muito maior razão deve ter sua aplicabilidade ampliadapara abranger aquele que recebeu o benefício por ordem judicial que foiposteriormente revogada ou reformada, porquanto não se pode impor maiorônus a quem agiu com menor intensidade lesiva” [Agravo De Instrumento n.247941, processo 2005.03.00.075969-3, Desembargador Federal Jediael Galvão,DJU, 30/06/2006, p. 884].

Na jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região impera aideia da não devolução de valores pelos beneficiários: a) por tratar-se deverba alimentícia recebida em boa fé [Processo 008.71.09.000899-9, QuintaTurma, decisão em 17/11/2009; Relatora Desembargadora Federal Maria IsabelPezzi Klein]; b) por existir presunção de legitimidade da decisão judicialconcessória, sem qualquer mácula de ilegalidade ou de fraude praticada pelosegurado [Processo 2009.71.99.003743-1, Turma Suplementar, decisão em

19/08/2009; Relatora Desembargador Federal Luís Alberto D'azevedoAurvalle].

Também a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 5ª. Regiãosegue pela não restituição de valores: “Previdenciário. Processual CivilPensão por Morte. Tutela Antecipada Revogada. Repetição dos ValoresPercebidos. Impossibilidade. Verba de Natureza Alimentar. Boa-Fé da Parte.Sentença Mantida. 1 - Hipótese em que o INSS cobra a devolução da quantiade R$ 15.348,53, recebida de boa-fé pela apelada, em face da tutelaantecipada concedida na ação ordinária n. 2000.81.00.000055-0. 2 - Osvalores percebidos de benefício previdenciário não podem ser repetidos,haja vista a natureza alimentar da verba. Precedentes do STJ. [...]”[Apelação, processo 0014988-53.2007.4.05.8100; 1ª. Turma, julgado em05/11/2009, Relator Desembargador Federal Francisco Cavalcanti].

Defendemos a ideia de que não é possível a devolução de valores pelobeneficiário, em caso de revogação posterior de tutela antecipada, em razãodas regras e princípios que já foram destacados pela jurisprudênciapredominante nos Tribunais brasileiros: boa-fé e hipossuficiência dobeneficiário; princípio da irrepetibilidade dos alimentos; presunção delegitimidade da decisão judicial; não caracterização de ilegalidade oufraude praticada pelo segurado.

Entendemos não ser cabível a aplicação, por analogia, do parágrafo 2ºdo artigo 154 do Decreto no3.048/99, por tal dispositivo tratar darestituição administrativa de “importância recebida indevidamente porbeneficiário [...] nos casos comprovados de dolo, fraude ou má-fé”.Equiparar a decisão de tutela antecipada e o recebimento de valores pelobeneficiário às hipóteses de “dolo, fraude ou má-fé” nos parece afrontar oprincípio da segurança jurídica. Nesse aspecto, destacamos a lição de J. J.Gomes Canotilho: “Os princípios da proteção da confiança e da segurançajurídica podem formular-se assim: o cidadão deve poder confiar em que aosseus atos ou às decisões públicas incidentes sobre os seus direitos,posições jurídicas e relações, praticados ou tomadas de acordo com asnormas jurídicas vigentes, se ligam os efeitos jurídicos duradouros,previstos ou calculados com base nessas mesmas normas”. Os cidadãosnecessitam ter segurança de que os efeitos jurídicos dos atos decisóriosdas tutelas de urgência serão preservados mesmo em caso de sua eventualrevogação ou cassação, pois tais atos foram praticados “de acordo com asnormas jurídicas vigentes”.

Em qualquer caso, mostra-se razoável e irreparável o fundamento de quenão há devolução de valores, quando a revogação da tutela antecipadadecorrer de mudança do entendimento jurisprudencial dominante. Nessesentido: “Antecipação da Tutela. Restituição de Valores. JurisprudênciaDominante. Modificação. Não são restituíveis os valores recebidos por forçade antecipação de tutela concedida ao abrigo da jurisprudência dominante detribunal superior, que veio a ser modificada pelo Plenário do Supremo

Tribunal Federal” [TRF da 4ª. Região, Apelação Cível Nº 2006.71.00.031223-5/RS, Relator Des. Federal Rômulo Pizzolatti].

Agora chegou o momento de conversarmos um pouco sobre os servidorespúblicos. Claro que trataremos sobre a questão da aposentadoria especial,mas antes é necessário sair um pouco do direito previdenciário e entrar nasnoções de direito administrativo assim como nas de direito constitucional,pois é necessário encontrar um conceito de servidor público.

A Constituição de 1988 determinou que os cargos, empregos e funçõespúblicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitosestabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.Determinou também que a investidura em cargo ou emprego público depende deaprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, deacordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na formaprevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declaradoem lei de livre nomeação e exoneração, sendo que o prazo de validade doconcurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igualperíodo;

Segundo o artigo 37, IV da Constituição da República Federativa doBrasil durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação,aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos seráconvocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ouemprego, na carreira (BRASIL, 2012).

Para sua comodidade cito o artigo 37, inciso IV: Art. 37. Aadministração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípiosde legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas sãoacessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos emlei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura emcargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público deprovas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade docargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações paracargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; III - oprazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogáveluma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto noedital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou deprovas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados paraassumir cargo ou emprego, na carreira;

É preciso que você saiba a diferença entre agente público e servidorpúblico.

Agentes públicos são todas as pessoas que, de forma permanente ou não,exercem algum tipo de função estatal. Com efeito, o Estado age por meio depessoas: são os agentes públicos.

Nessa categoria estão abrangidos os servidores públicos (ocupantes decargos públicos, que podem ser efetivos ou em comissão). Portanto existesim diferença entre os termos “agente público” e “servidor público”.

Para ser servidor público é preciso ser agente público, mas o inversonão ocorre pois nem todo agente público é servidor público. O servidorpúblico exerce uma função pública e ocupa um cargo público; já o agentepúblico nem sempre ocupará um cargo público.

Sobre a aposentadoria especial do servidor público recentemente oSupremo Tribunal Federal publicou uma súmula vinculante que possui oseguinte conteúdo:

Súmula Vinculante nº 33: “APLICAM-SE AO SERVIDOR PÚBLICO, NO QUECOUBER, AS REGRAS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SOBRE APOSENTADORIAESPECIAL DE QUE TRATA O ARTIGO 40, § 4º, INCISO III DA CONSTITUIÇÃOFEDERAL, ATÉ A EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR ESPECÍFICA”.

Como você sabe as súmulas vinculantes devem ser obedecidas pelaadministração pública e também pelos órgãos do Poder Judiciário.

Cito para sua apreciação o artigo 103 “A” da Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil que trata sobre as Súmulas Vinculantes:

“Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou porprovocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, apósreiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, apartir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante emrelação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração públicadireta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem comoproceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1ºA súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia denormas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãosjudiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete graveinsegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questãoidêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, aaprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada poraqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.§ 3º Do atoadministrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou queindevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisãojudicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem aaplicação da súmula, conforme o caso.

Espero que eu possa ter colaborado com a construção do seuconhecimento.

Muito obrigado pela sua atenção.QUESTÃO PARA O FÓRUM DE DISCUSSÃO

Como você analisa a atuação dos Tribunais na interpretação das normas relativas à aposentadoria especial: as posições dos Tribunais são favoráveis aos trabalhadores/segurados e favorecem o Estado, o sistema previdenciário?