NOSSO MANIFESTO

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NOSSO MANIFESTO NOSSO MANIFESTO Charles Haddon Spurgeon Digitalização: Levita Digital A cópia impressa deste livro, não contém os dados sobre edição, capa e ano de lançamento.

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NOSSO MANIFESTONOSSO MANIFESTOCharles Haddon Spurgeon

Digitalização: Levita Digital

A cópia impressa deste livro, não contém os dadossobre edição, capa e ano de lançamento.

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Nosso Manifesto"Mas faço-vos saber irmãos, que o

evangelho que por mim foi anunciado não ésegundo os homens." - Gálatas 1:11

Para mim é penoso ver Paulo sedefendendo como um apóstolo; e fazendo issonão contra um mundo de contradição, porémcontra membros de igreja de coração frio.Eles diziam que ele não era realmente umapóstolo, porque não tinha visto o Senhor;e eles proferiram muitas outras coisasdepreciativas contra ele. Para manter suareivindicação ao apostolado, ele foiimpelido a iniciar as suas Epístolas com"Paulo, um apóstolo de Jesus Cristo",embora o seu trabalho fosse uma prova auto-evidente do seu chamado. No nosso caso,

depois de Deus nos ter abençoado para aconversão de muitos, se alguns desseslevantarem uma dúvida quanto ao nossochamado ao ministério, classificaríamosisso como umaprova de fogo; porém nãoconcluiremos que algo estranho nosaconteceu.

_______________Nota. Porção das Escrituras lida antes do sermão - 2

Coríntios, capítulo 2

Há muito mais motivo para questionarnosso chamado ao ministério do que lançaruma dúvida sobre o apostolado de Paulo. Sefor lançada sobre nós essa indignidade,poderemos suportá-la com alegria por amorao nosso Mestre.

Não precisamos nos admirar, queridosirmãos, se o nosso ministério for sujeito aataques, porque essa tem sido a porçãodaqueles que nos antecederam; e nosfaltaria um grande selo de autenticidade danossa aceitação por Deus se nãorecebêssemos a inconsciente homenagem deinimizade que sempre é assacada aos fiéispelo mundo sem Deus. Quando o diabo não éincomodado por nós, ele não nos importuna.Se seu reino não é abalado, ele não se

importará com o nosso trabalho, mas deixaráque desfrutemos de inglorioso sossego.Confortemo-nos pela experiência do apóstolodos gentios: ele é particularmente nossoapóstolo, e podemos considerar a suaexperiência como um tipo do que podemosesperar enquanto labutamos entre os gentiosdos dias atuais.

O tratamento que tem sido dado aoshomens eminentes enquanto viveram foiprofético quanto ao tratamento da suareputação após sua morte. Este mundo mau éimutável em seu antagonismo contra osverdadeiros princípios, estejam seusdefensores mortos ou vivos. Mais de mil eoitocentos anos atrás disseram: "Paulo,quem é ele?" E eles falam assim ainda hoje.

Não é incomum ouvir pessoas duvidosasdeclararem que discordam do apóstolo, eelas até ousam dizer: "Aí eu não concordocom o apóstolo Paulo". Eu me lembro daprimeira vez que ouvi essa expressão;abismado olhei para o indivíduo. Admirei-meque um pigmeu tal como ele pudesse dizerisso do grande apóstolo. De modo geral, àparte da inspiração de Paulo, parecia comoum ratinho discordando de um querubim, ouum punhado de palha discutindo o veredicto

do fogo. Esse indivíduo estava tão longe deser notado que me admirei que seu orgulhopudesse ser externado sem se envergonhar.Apesar dessa objeção, mesmo quandosustentada por críticos versados, nós aindaconcordamos com o inspirado servo de Deus.E nossa firme convicção que, discordar dasEpístolas de Paulo, é discordar do EspíritoSanto e do Senhor Jesus Cristo, cujamentalidade Paulo plenamente expressou. Ede se admirar que os escritos de Paulofossem tão atacados; mas isso nos adverteque quando tivermos recebido a nossarecompensa, nossos nomes não estarão livresde crítica, nem o nosso ensino de oposição.Os mais nobres daqueles que já partiramainda são difamados. Não dê atenção aojulgamento humano a respeito de si mesmoquanto à morte ou à vida; pois que importa?Seu verdadeiro caráter nenhum homem podeferir a não ser você mesmo; se você estácapacitado a manter suas vestes limpas,tudo o mais não merece um só pensamento.

Aproximemo-nos mais de nosso texto.Não reivindicamos a capacidade de usar aspalavras de Paulo exatamente no plenosentido que ele podia; porém há um sentido,no qual, espero, que possamos dizer: "E vos

asseguro, irmãos, que o evangelho por mimpregado não foi segundo os homens".Poderemos não somente dizer isso, masdevemos dizê-lo com total veracidade. Aforma de expressão habitual de Paulo valecomo um juramento quando ele disse: "eu vosasseguro irmãos". Ele quer dizer, asseguro-lhes com certeza - eu desejaria queestivessem convictos disto -"que oevangelho que por mim foi anunciado não ésegundo os homens". Neste ponto, ele querque os gálatas fiquem convencidos disso semnenhuma dúvida.

Pelo contexto, temos certeza que Paulopretendeu primeiro asseverar que seuevangelho não foi recebido de homem algum. Seuacolhimento disso na sua própria mente nãoera conforme os homens. A seguir, eleasseverou, que o evangelho não foi invençãohumana. Se eu puder salientar estas duasafirmações, poderemos então tirar conclusõespráticas daí em diante.

IPARA NÓS O EVANGELHO NÃO É SEGUNDO OS

HOMENS, QUANTO A MANEIRA COMO O RECEBEMOS.

Em certo sentido nós o recebemos doshomens quanto ao recebimento externo, poisfomos chamados pela graça de Deus atravésda influência paternal, ou através doprofessor na escola dominical, ou peloministério da Palavra, ou pela leitura deum bom livro, ou por outra agênciadidática. Mas no caso de Paulo nenhumadessas coisas aconteceu. Ele foiespecificamente chamado pelo próprio SenhorJesus Cristo falando com ele dos céus, erevelando-Se a Si mesmo na Sua própria luz.Era necessário que Paulo não fosseendividado para com Pedro, ou Tiago, ou

João, do mesmo modo como muitos de nóssomos devedores à instrumentalidade; dessaforma ele pôde dizer em verdade, "eu não orecebi de homens, tampouco fui ensinado poreles, mas pela revelação de Jesus Cristo".Também podemos dizer isso em outro sentido.Nós também recebemos o evangelho de umaforma que fica além do poder do homem paratransmiti-lo a nós: os homens o trouxeramaos nossos ouvidos, porém foi o Senhor queo aplicou aos nossos corações, a fim deregenerá-los, convertê-los e santificá-los.Houve um ato preciso de Deus o EspíritoSanto, através do qual a instrumentalidadetornou-se eficaz, e a verdade se tornouefetiva nas nossas almas.

Portanto afirmo que nenhum de nós recebeuo evangelho pelo direito de nascimento ou herança.Podemos até ser filhos de pais santos, nãoobstante não somos os filhos de Deus. Paranós, fica claro que "o que nasceu da carneé carne," e nada mais. Somente "o que nascedo Espírito é espírito". No entanto ouvimosde pessoas que dizem que seus filhos nãoprecisam de conversão. Falam deles comosendo livres da corrupção e nascidos filhosde Deus, tendo a graça dentro deles, a qualsomente precisa ser desenvolvida. Lamento

dizer que o meu pai não me achava talcriança. Ele descobriu bem cedo na minhavida que eu nasci em pecado, fui concebidoem iniqüidade e que a tolice habitava emmeu coração. Amigos e professores cedoperceberam em mim uma depravação natural; ecertamente eu a descobri em mim mesmo: estatriste descoberta não precisou nem de umminuto de pesquisa, pois o efeito do mal seescancarava no perfil do meu caráter. Estatradição quanto a sermos nascidos com umanatureza santa está ganhando apoio naigreja professante, embora seja contrárioàs

Escrituras, e mesmo às confissões defé que, alegadamente, ainda são praticadas.Certos pregadores não ousam formulá-la comodoutrina; mas eles têm uma espécie deconvicção confusa de que pode haver frutosda carne que são muito superiores, eservirão suficientemente sem o novonascimento do Espírito.

Essa crença tácita conduz a membros deigreja por direito de nascimento; e isso éfatal a qualquer comunidade cristã, ondequer que exista essa regra. Sem conversão,em certas comunidades, os jovens ingressamna igreja como coisa natural, e a igreja se

torna uma parte do mundo, com o nome decristã afixada nela. Que nunca seja essa acondição de nossas igrejas!

Aquela religião que é um merosuplemento da família, é de pouca valia. Averdadeira semente são os "nascidos não dosangue, nem da vontade da carne, nem davontade do homem, mas de Deus". Nãorecebemos nossa fé pela tradição dos nossospais; e no entanto para alguns de nós, se averdadeira fé pudesse ser assim recebida,certamente a teríamos recebido, pois se nãosomos hebreus de hebreus, não obstante deacordo com nossa árvore genealógica somos"puritanos dos puritanos", descendendoatravés de muitas gerações de crentes. Aisso damos pouco valor diante de Deus,ainda que não nos envergonhemos do mesmodiante dos homens. Não temos nenhum pai navida espiritual, exceto o Senhor, e nãotemos recebido essa vida, ou o evangelho,através de parentesco carnal - e sim,somente da parte do Senhor.

Irmãos, não temos recebido oevangelho, nem agora o recebemos, por causado ensino de qualquer homem, ou grupo de homens.Vocês receberam alguma coisa porque Calvinoa ensinou? Se esse é o caso, então precisam

examinar os seus fundamentos. Vocês crêemnuma doutrina porque João Wesley a pregou?Nesse caso, vocês têm razão para avaliarsua situação. O modo de Deus pelo qualdevemos receber a verdade, é recebê-la peloEspírito Santo. E de valor para mim saber oque tal e tal ministro acreditava. Oconselho de um santo, de um piedoso, e devisão clara, com dons divinos, não é paraser desprezado; merece ter peso conosco. Eprovável que ele esteja tão certo como nós;e só devemos discordar - com bastanteprudência -de um homem que foi ensinadopela graça de Deus. Contudo, é algo bemdiferente dizer: "Eu creio nisso pelaautoridade desse bom homem".

Como novos cristãos, pode não serdanoso receber alguma verdade de pastores epais, e assim por diante; mas sepretendermos nos tornar homens em CristoJesus, e mestres de outros, precisaremosabandonar o hábito de criança de dependerdos outros, e começar a pesquisar por nósmesmos. Precisamos agora abandonar a cascado ovo, e livrar-nos dos pedaços de casca omais rápido possível. É o nosso deverexaminar as Escrituras para ver se ascoisas são assim mesmo; e mais, é coisa

sábia clamarmos por graça, a fim de nosapropriar de cada verdade e deixarmos queelas penetrem profundamente em nosso ser.Está na hora de sermos capazes de dizer:"Esta verdade é tão minha pessoalmente,como se nunca a tivesse recebido dos lábiosde algum homem. Eu a recebi porque foiescrita no meu coração diretamente peloSenhor. Ela veio para mim "não segundo oshomens".

Em certos círculos há uma opiniãocorrente que não se deve receber nada a nãoser que o tenha aprendido dos homens; apalavra "homens" não é mencionada,encontra-se escondida, mas está ali sob apalavra igreja. A igreja é colocada como agrande autoridade. Se ela o sancionou vocêentão não o questiona; se ela o decreta, éseu dever obedecer. Não obstante, isso éreceber o evangelho "segundo os homens"arbitrariamente. E o processo envolvidonisso é algo estranho. Deve-se traçar umdogma que procede através da continuidadede uma igreja visível, e isso o conduziráatravés do esgoto da velha Roma. Embora averdade se manifeste clara e pura, e seja aágua da vida para você, mesmo assim nãodeve ser aceita; porém você tem que ir à

corrente enlameada que foi trilhada atravésdo canal corrompido de uma igreja infiel, aqual durante séculos tem apostatado.

Meus queridos irmãos, acreditar numadoutrina porque a chamada "igreja" aensina, seja ela qual for, não é nenhumaval para tal crença; a maioria de nósquestionaria se realmente é verdadeiro oensino difundido por aquelas grandescorporações mundiais, que tem usurpado onome de "igrejas de Cristo". Certas seitasreivindicam para si a sucessão apostólica,e se alguns a possuem, os mais prováveisseriam os batistas, visto que praticam asordenanças como lhes foram entregues;todavia, nem tomamos o cuidado de traçarnossa linhagem através da longa sucessão demártires e homens odiados peloseclesiásticos.

Se pudéssemos fazer isso seminterrupção, o resultado não teria nenhumvalor diante de nossos olhos, pois ofarrapo da "sucessão apostólica" não merecelugar em nosso armazém. Aqueles quesustentam essa ficção podem monopolizá-lase quiserem. Nós não recebemos a revelaçãode Deus porque foi recebida por umasucessão de pais, monges, abades, e bispos.

Alegramo-nos quando percebemos que algunsdeles abraçaram a verdade de Deus, e aensinaram; porém esse fato não a torna emverdade para nós. Todos nós diríamos, "euvos certifico, irmãos, que o evangelho pormim pregado não é segundo os homens". Nuncapensamos em citar a comunidade de homenschamados "a igreja" como a autoridade finalem relação à consciência.

"...não aprendemos assim a Cristo".

Além disso, eu espero poder falar portodos vocês aqui quando digo que temosrecebido a verdade pessoalmente por revelação às nossasalmas pelo Espírito do Senhor. No entanto numacongregação tão grande, receio que possahaver um Judas, perguntando: "Senhor, soueu?" Pode muito bem ser que alguém sintauma santa suspeita de si mesmo. Contudopodemos dizer que temos recebido no íntimoa verdade que pregamos pelo ensino doEspírito Santo - a não ser que sejamostristemente enganados. Consultemos asnossas agendas e constatemos as datas játão distantes. Verificaremos, então, quandoa luz penetrou em nós, revelando nosso

estado perdido e quando começou a base denosso ensinamento.

Oh, amigos, acaso não se lembramquando receberam com poder as doutrinasmais difíceis que compõem as jóiaspreciosíssimas do evangelho? Que eu eraculpado, eu sei, eu cria, pois fui ensinadoassim; entretanto naquele momento, eu sabiano fundo do meu ser que era verdade. Oh,como eu sabia! Culpado diante de Deus, "jácondenado", e debaixo da maldição de umalei quebrada, eu me encontrava atônito. Euavia escutado a lei de Deus pregada, eenquanto uvia, estremecia; mas agora eusentia uma íntima convicção de culpapessoal de modo mais penetrante. Eu me vium pecador; e que visão é essa! O medotomou conta de mim, como também a vergonhae o temor. Então percebi como é verdadeiraa doutrina da malignidade do pecado; e quecastigo isso deve acarretar. Essa doutrinaeu jamais recebi de homens.

A preciosa doutrina da paz mediante oprecioso sangue de Jesus, também conhecemosatravés do ensino íntimo e pessoal.Costumávamos ouvir e cantar sobre o grandesacrifício, e do amor dAquele que levounossos pecados no Seu próprio corpo, no

madeiro; mas, agora, ficamos ao pé da cruz.Por nós mesmos contemplamos Seu amadorosto, e vimos em Seus olhos tantamisericórdia, vimos as mãos e os péscravados na cruz por nossa causa. Ohirmãos, quando vimos o Senhor Jesus, comonosso Fiador, sofrendo por nossas ofensas,então recebemos a verdade da redenção eperdão de uma maneira que não era "segundoos homens"!

Sim, esses homens bondosos que forampara o céu, realmente nos pregaram oevangelho plena e fervorosamente, elabutaram para que Cristo fosse conhecidopor nós; porém para revelar o Filho de Deusem nós estava além do poder deles. Elespoderiam mais facilmente criar um mundo doque tornar estas verdades vitais para nós.Dizemos, portanto, cada um de nós, dasprofundezas da nossa alma: "Eu voscertifico, irmãos, que o evangelho que pormim foi anunciado não é segundo os homens",quanto ao modo pelo qual viemos a conhecê-lo e senti-lo em nossas almas.

Desde nossos primeiros dias, temosexperimentado uma abertura gradual doevangelho para nosso entendimento, mas emtodo esse processo nosso real progresso tem

sido da parte de Deus, e não dos homens.Irmãos, vocês lêem comentários - isto é, seseus próprios comentários valem a pena serouvidos; vocês lêem livros de homens deDeus - e por que não, se vocês mesmos àsvezes escrevem algo que merece ser lido? Noentanto, seu aprendizado espiritual, se forreal e verdadeiro, é concedido pelo Senhor.Porventura aprendemos alguma coisa nosentido enfático do aprendizado, a não serque sejamos ensinados pelo Senhor? Nãoseria essencial que Deus o Espírito apliquea você a verdade que lhe foi falada, mesmoque tenha sido explicada pelo instrutormais habilidoso? Vocês continuam a serestudantes desde que saíram do Seminário;porém o seu tutor tem sido o EspíritoSanto. Por nenhum outro método nossosespíritos podem aprender a verdade de Deusa não ser pelo ensinamento dado peloEspírito de Deus. Podemos receber casca e omolde exterior da teologia, mas a realPalavra do Senhor em si, vem pelo EspíritoSanto, que nos conduz a toda a verdade.

Quão agradavelmente o Espírito tem nosensinado em meditação! Você não teria sesurpreendido e superado prazerosamente àmedida que as Sagradas Escrituras se abrem

diante dos seus olhos, como se as portas dacidade de ouro tivessem sido abertas paravocê entrar? Tenho certeza que não adquiriusua sabedoria através dos homens, porquetudo era novo para você, à medida que seassentava sozinho sem nenhum livro diantede si, a não ser a Bíblia, e então,receptivo, raramente pensando em analisarassuntos, porém sorvendo-os conforme oSenhor os revelava para você. Uns poucosminutos silenciosos, abrindo a alma diantedo Senhor, têm nos trazido mais tesouros daverdade do que horas de diligentespesquisas.

A verdade é como cavernas deestalactites e grutas das quais temosouvido falar, na qual você precisa penetrare ver por si mesmo, para ver suasmaravilhas. Se você se aventurar ali semlanterna ou guia, correrá grandes riscos;mas com luz intensa e flamejante, e um guiainstruído, sua entrada será cheia deinteresse. Veja, seu guia o levou atravésde passagens estreitas, onde era necessáriorastejar ou prosseguir de joelhos dobrados!Afinal ele lhe trouxe à entrada de ummagnífico salão; e quando as tochas sãosuspensas, o teto alto brilha e reflete a

luz como de incontáveis jóias, de diversosmatizes! A luz disso, você contempla aarquitetura da natureza, e daqui em dianteas catedrais parecerão brinquedos paravocê. Enquanto está dentro desse paláciocom pilares e jóias, você percebe o quantodeve a esse guia e à tocha flamejante dele.Assim o Espírito Santo nos guia a toda averdade, e irradia Sua luz sobre o eterno eo misterioso. Isso Ele faz em certos casosde maneira muito pessoal. Então Ele nosenche de total esquecimento de tudo o quenos rodeia, e nos faz comungar somente coma verdade. Eu posso bem compreender como osfilósofos, enquanto trabalham num problemaabsorvente, parecem ser arrebatados, e terse esquecido do mundo. Acaso nunca sentiuuma santa absorção diante da verdade,enquanto o Espírito o encheu com umagloriosa visão dela? Foi assim com muitosservos de Deus enquanto Ele os ensinava.Eles não estão dispostos a abandonar,diante do clamor popular, aquilo que dessamaneira têm recebido.

Com quanta freqüência o Senhor ensinouSua própria verdade aos Seus servos na escolada tribulação! Falamos bem da meditação, é comoa prata; porém a tribulação é como ouro

refinado. A tribulação não somente opera apaciência, porém a paciência trazexperiência, e na experiência há umprofundo e íntimo conhecimento das coisasde Deus que não pode nos vir por nenhumoutro meio. Será que você já conheceu umador tão intensa que não suportaria nem maisuma virada do parafuso, e achou-se entãodesmaiando ao cair sobre seu travesseiro,que mesmo assim, não poderia sentir-se maisfeliz a não ser que fosse arrebatado aoterceiro céu? Aí alguns de nós têmverificado que podemos todas as coisas pormeio dAquele que nos fortalece.

Enquanto você estava passivamentedeitado em paz, é possível que tenha vistouma passagem das Escrituras surgir como umaestrela surge entre frestas de nuvens detempestade, a qual brilhou com talintensidade que evidentemente apenas oSenhor Deus poderia ter-lhe dado aquilo. Adepressão espiritual e a tortura física,foram esquecidas, enquanto o esplendor dapromessa enchia plenamente de luz a suaalma. Há um lugar lá atrás no deserto quevocê nunca deve esquecer. Ali cresce umasarça. Ela não é muito promissora, a talsarça; mas é sagrada para você; porque foi

ali que o Senhor Se revelou à você, e asarça ardia porém não se consumia. Nuncadesaprenderá a lição da sarça em chamas.

Porventura conhecemos alguma verdadeantes que o Espírito a acenda dentro denós, e grave-a em nossas almas com uma penade ferro, e com a ponta de diamante?Existem meios de aprender pelos quais somosmuito gratos; não obstante, a maneira maissegura de aprender a verdade divina é tê-la"gravada" de maneira que ela tome possecompletamente da alma. Aí então, nãosomente cremos como também damos a nossavida por ela; ela vive em nós, e ao mesmotempo, vivemos dela. Tal verdade lateja emcada pulsar, pois acelera o coração. Não oquestionamos, não podemos, pois que vive emnós e molda o nosso ser. O diabo insinuaperguntas, mas nós não somos responsáveispelo que ele tem prazer em fazer, e pouconos importamos, pois ele sussurra numouvido surdo. Uma vez que a alma temrecebido a verdade, e a verdade tempermeado todo o ser, não nos tornamosacessíveis a essas dúvidas, as quais antesnos espetavam como flechas envenenadas.

A seguir acrescentarei, a respeito dasmuitas verdades de Deus e de todo o sistema

do evangelho, que temos aprendido a verdadeno campo do sacrifício e do serviço com nosso Senhor;portanto, para nós não é "segundo oshomens". Se você não acredita na depravaçãohumana, então aceite o pastorado nestaperversa cidade de Londres (São Paulo), ese você for fiel à sua comissão, nunca maisterá dúvidas quanto a essa verdade! Se nãocrê na necessidade do Espírito Santo pararegenerar, assuma então o encargo de umacongregação culta e polida, que ouvirá todaa sua eloqüência, e permanecerá tão mundanae frívola como era antes. Se não acreditarno poder do sangue expiador, então nuncaassista a morte dos crentes, poisdescobrirá que eles não confiam em outracoisa. A morte de Cristo é o único recursodo crente.

Tudo pode na terra falhar, Ele, porém, é minha forçae sustentação." Se não crê na eleição pelagraça, então vá morar onde poderá observaras multidões (as quais chamarão suaatenção) e perceberá que pessoas, as maisimprováveis, são chamadas desse meio, demaneiras surpreendentes, e paulatinamentecrerá nessa doutrina. Vem um que diz, "eunão tenho nem mãe nem pai ou irmãos, nemamigos, que entram num lugar de culto".

"Como foi que você veio a crer?" "Eu ouviuma palavra na rua, quase por acidente, queme fez tremer diante de Deus". Aí está aeleição da graça. Agora vem outra, menteobscurecida, de alma perturbada, e ela fazparte de uma família da qual todos sãomembros de igreja, todos felizes e seregozijando no Senhor; e no entanto estapobre criatura não consegue crer em Cristopela fé. Para sua maior alegria, você expõeCristo para ela, em toda a Sua plenitude degraça, e ela se torna a mais entendida detoda a família. Ninguém conhecia as trevascomo ela conhecia, e por isso eles nãopoderiam se regozijar na luz assim comoela.

Para achar um santo que muito ama,você precisa encontrar alguém a quem muitofoi perdoado. A mulher pecadora é a únicaque vai lavar os pés de Cristo. Nopublicano existe matéria bruta queraramente é vista num fariseu. Um fariseupode ter o polimento de um cristãohabitual; mas de algum modo, há algo numpecador perdoado que está ausente nofariseu. Há uma eleição da graça, e não sepode deixar de perceber na vida diária comocertos crentes entram num relacionamento

íntimo, enquanto que outros ficam à margemdisso tudo. O Senhor é soberano nos Seusdons, e faz como Lhe apraz; e somoschamados para nos curvar diante do Seucetro dentro da Igreja como no portal.Quanto mais eu vivo, mais certeza tenho quea salvação é pela graça, e que essa graça édada pelo Senhor de acordo com Sua vontadee propósito.

Alguns de nós têm recebido oevangelho, por causa da maravilhosa unção que oacompanha às nossas almas. Espero que nenhum denós jamais caia no engano de seguir aorientação de impressões recebidas por meiode textos que surgiram em nossas mentes.Vocês têm mentes e não devem pô-las de ladopara que sejam guiados por impressõesacidentais. Mas apesar disso tudo, não háum homem aqui que tenha conduzido a suavida de maneira útil e diligente que nãoprecisa confessar que diversos atos de suavida, sobre a qual toda sua história sevincula, estão ligados à influências queforam produzidas na sua mente, conforme elecrê, através de uma agência sobrenatural.Uma passagem das Escrituras, que lemos umacentena de vezes antes, nos cativou, e setornou mestra de todo nosso pensamento.

Somos guiados por ela, como os homensconfiam na estrela polar, e descobrimos quea nossa viagem foi facilitada desse modo.

Certos textos são, para nossa memória,tão doces como biscoitos feitos com mel,pois sabemos o que fizeram para nós nopassado, e sua lembrança é refrescante.Temos sido despertados de um desmaio,encorajados para um esforço total eestimulados para um sacrifício, por umversículo que se tornou não apenas umapalavra num livro, e sim a própria voz deDeus à nossa alma - a viva voz do Senhor,tão cheia de majestade. Já notou como, àsvezes, uma percepção diferente de um textotorna-o muito mais apropriado para você?Parecia um pormenor insignificante, porémera essencial para tal efeito, tanto quantouma cavidade na chave se faz necessáriapara que ela se ajuste à fechadura.

Quanta coisa pode estar vinculada comaquilo que - para os não espirituais -parece ser nada mais que niquice em relaçãoa uma ligeira distinção verbal ou umanuança irrelevante! Um pensamento deimportância fundamental pode estar imbutidono singular ou plural de uma única palavra.Se for uma palavra grega, não se pode

calcular a sua importância; mas, mesmo umapalavra em inglês, na sua tradução pode tersemelhante força, à medida que a palavratraduzida seja fiel ao original. Muitos,que só podem ler a nossa Bíblia inglesa,apreciam suas palavras porque o Senhor asabençoou às suas almas. Um amigo muitosimples, acreditava que osso Senhor deviaser galês, "porque" dizia ele, 'Ele semprefala comigo em galês". Para mim,freqüentemente tem me parecido que o Bem-amado da minha alma, nasceu no meuvilarejo, freqüentou a mesma escola, epassou por todas s minhas experiênciaspessoais; pois Ele me onhece melhor do queeu me conheço a mim mesmo.

Apesar de saber que Ele era de Belémda judéia, ainda assim, Ele parece ser deLondres (ou de São Paulo). Mais que isso,eu vejo nEle nais do que a masculinidadepoderia torná-lo; eu discirno nEle umanatureza mais do que de homem, pois Elepenetra no âmago da minha alma, Ele me lêcomo uma página aberta, Ele e conforta comoalguém criado comigo, Ele enetra nasprofundezas dos meus pesares e participadas minhas maiores alegrias. Eu tenhosegredos em meu coração que só Ele sabe.

Oxalá os Seus segredos estivessem comigo,até a minha capacidade máxima, como os meusstão com Ele! E por causa desse maravilhosooder que    o Senhor Jesus tem sobre nós,através da Sua santa Palavra, que recebemosdEle essa Palavra, e a recebemos não"segundo os homens".

O que é unção, meus irmãos? Receio queninguém possa me dar uma definição. Quem apode definir? Todavia sabemos quando elaestá presente, e certamente sentimos quandoela não está presente. Quando a unçãoperfuma a Palavra, ela é seu própriointéprete, é seu próprio apologista, é suaprópria confirmação e prova, para a menteregenerada. Então a Palavra de Deus trataconosco como nenhuma palavra de homemjamais fez ou poderá fazer. Portanto não arecebemos de homens. Recebendo constan-temente a Palavra divina como a recebemos,ela vem para nós como uma energiarefrescante e poderosa. Ela nos vemespecialmente com um poder santificador,que é a melhor prova que provém do Deustriúno. As palavras dos filósofos podemensinar-nos o que é a santidade, porém aPalavra de Deus nos torna santos. Ouvimos osnossos irmãos nos exortando à aspirar

níveis mais altos da graça, mas a Palavrade Deus é que nos eleva a eles.

A Palavra não é meramente uminstrumento para o bem, é algo que oEspírito Santo usa para produzir umaenergia ativa dentro da alma para purificaro coração do pecado, a fim de que se possadizer: "Vós estais limpos pela palavra queeu vos tenho falado". Uma vez assim,limpos, se sabe que a Palavra é a verdade.Você tem certeza disso, e não precisa maisler os livros mais poderosos de"evidências". Você tem em si mesmo otestemunho, a evidência de coisas que nãose vêem, o selo da eterna verdade.

Eu tomei todo esse tempo para explicarcomo receber o evangelho, e portanto, souobrigado a ser breve no ponto seguinte.

2PARA NÓS, A VERDADE NÃO É SEGUNDO OS HOMENS

Eu desejo afirmar isso com clareza. Sealguém pensa que o evangelho é apenas maisuma de muitas religiões, então deixo-ocomparar, honestamente, a Palavra de Deuscom outras pretensas revelações. Vocês já ofizeram alguma vez? Programei isso como umexercício para os alunos no Colégio dePastores. Tenho dito a vocês: vamos ler umcapítulo do Alcorão. Este é o livro sagradodos muçulmanos. Um homem precisa ter umamentalidade muito estranha para confundiressa baboseira com declarações inspiradas.Se ele está familiarizado com o Velho e oNovo Testamentos, quando ele ouve um trechodo Alcorão, sente-se como se estivessediante de um autor estrangeiro; o Deus quenos deu o Pentateuco nada tem a ver com asporções do Alcorão.

Uma das maiores pretensões modernas àinspiração, é o livro dos Mórmons. Eu nãoos culparia se gargalhassem enquanto leioem voz alta uma página dessa mixórdia. Quemsabe vocês conhecem o protoevangelho, eoutros livros apócrifos do Novo Testamento.Seria um insulto ao julgamento do menor no

reino dos céus, supor que ele seconfundiria entre a linguagem dessasfalsificações, e a linguagem do EspíritoSanto. Várias dessas pretensas revelaçõestêm sido submetidas a mim para apreciaçãopelos seus autores. De fato, existe muitomais do clã profético por aí, do que muitagente pensa; mas, nenhum deles imprimiu naminha mente a mais leve suspeita de estarcompartilhando algo da inspiração de João,ou de Paulo. Não há como se equivocarquanto aos livros inspirados, se tiverqualquer discernimento espiritual. Uma vezque a divina luz surge em sua alma, vocêperceberá o colorido e o estilo no produtode inspiração que não é possível para merohomem produzir. Será que aquele que duvidadisso pode escrever o quinto Evangelho?

Será que alguém entre nossos poetas seatreveria a escrever um novo salmo, quepudesse ser tomado por um salmo de Davi? Eunão vejo porque ele não pode, mas tenho acerteza que não seria capaz disso. Podemosproduzir novos salmos, pois é instintivo navida do cristão cantar louvores a Deus,porém tais salmos não poderão igualar aglória da canção divinamente inspirada.Portanto recebemos as Escrituras, e

conseqüentemente o evangelho, como nãosendo "segundo os homens".

Quem sabe alguém pode dizer: "vocêestá comparando livros, e esquecendo queseu tema é o evangelho". Mas isso é só naaparência. Não quero gastar o seu tempo,pedindo-lhe que compare o evangelhos doshomens. Não existe nenhum outro evangelhoque eu saiba que valha a pena comparar, nempor um minuto. "Oh," eles dizem, "mas há umevangelho mais amplo que o vosso." Sim, eusei que é mais amplo que o meu; contudo, aoque conduz? Eles dizem que aquilo que éapelidado de calvinismo, tem uma portamuito estreita. Há uma passagem nasEscrituras sobre uma porta estreita e umcaminho apertado; e portanto, eu não ficoalarmado pela acusação. Mas além disso,você descobre que há pastos ricos, uma vezque penetra, e isso faz com que valha apena entrar pela porta estreita. Certosoutros sistemas têm portas bem amplas,todavia conduzem a pequenos privilégios, ea precários títulos de posse. Eu ouço falarde certos convites que são mais ou menosassim: "Venham, vocês que estãodesconsolados; mas, se vierem, ainda assimcontinuarão desconsolados, pois não haverá

nenhuma vida eterna garantida a vocês eterão que preservar suas próprias almas, oumorrerão ao final". Contudo, não fareicomparações, pois neste caso são odiosas.

O evangelho, nosso evangelho, está além doesforço e alcance do pensamento humano.Quando os homens tiverem se esforçado aomáximo em concepções originais, aindaassim, não terão assimilado o verdadeiroevangelho. Se é uma coisa tão comum como oscríticos querem que acreditemos, por queentão isso não surgiu nas mentes dosegípcios ou chineses? Grandes intelectosfreqüentemente correm no mesmo sulco;porque, outras mentes grandes não correramnos mesmos sulcos que Moisés, ou Isaías, ouPaulo? Eu creio ser justo dizer que, se éalgo tão comum na sua forma de ensino,poderia ter surgido entre os persas ouhindus; ou, certamente, poderíamos terachado algo semelhante entre os grandesmestres da Grécia. Acaso algum dessesconseguiu descobrir a doutrina da livre esoberana graça? Eles teriam cogitado sobrea encarnação e o sacrifício do Filho deDeus? Não, mesmo com o auxílio do nossoinspirado Livro, nenhum muçulmano, pelo meuconhecimento, tem ensinado um sistema da

graça na qual Deus é glorificado quanto aSua justiça, Seu amor, e Sua soberania.Essa religião tem proclamado um certo tipode predestinação que ela transformou numfatalismo cego; mas mesmo com isso para osajudar, e a vinculação com a divindade comouma luz poderosa para os guiar, nuncaconseguiram elaborar um plano de salvaçãotão justo para Deus, e tão pacificador parauma consciência perturbada, como o métodode redenção baseado na substituição vicáriado nosso Senhor Jesus Cristo.

Vou dar-lhes outra prova, que para mimé conclusiva, que nosso evangelho não é"segundo os homens". E isto: o evangelho éimutável, e nada que o homem pode produzir pode serassim chamado.

Se um homem faz um evangelho - e elegosta de fazer isso tanto como uma criançagosta de construir brinquedos - o que elefaz? Ele se encanta com o brinquedo poralguns momentos, logo após arranca ospedaços do brinquedo, e o forma de outramaneira. Faz isso continuamente. Asreligiões do "pensamento moderno" são tãomutáveis como a névoa das montanhas. Vejacom que freqüência a ciência alterou suaspróprias bases! A ciência é notoriamente

conhecida por ser muito científica na suadestruição de todo conhecimento científicoque antes existiu.

As vezes tenho me saciado, em momentosde lazer, lendo história natural antiga, enada pode ser mais cômico. No entanto, issonão é de maneira alguma uma ciênciaenigmática. Dentro de vinte anos,provavelmente alguns de nós achem grandedivertimento nos ensinos sérios da ciênciada hora atual, semelhante ao que achamosagora nos sistemas do século passado. Podeacontecer que, em pouco tempo, a doutrinada evolução se torne numa galhofa paracolegiais. O mesmo é verdade sobre amoderna devoção que dobra seus joelhos emcega idolatria da falsamente chamadaciência. Agora declaramos, de todo coração,que o evangelho que pregamos quarenta anosatrás continuaremos a pregar por maisquarenta, se ainda estivermos vivos. Aindamais, afirmamos que o evangelho ensinadopor nosso Senhor e os Seus apóstolos, é oúnico evangelho que existe na face daterra. Os eclesiásticos alteraram oevangelho, e se ele não viesse de Deus,teria sido sufocado pela falsidade há muitotempo; mas, visto que o Senhor é o autor do

evangelho, ele perdura para sempre. Todoser humano é lunático; desse modo ele mudacom cada fase da lua, porém a Palavra doSenhor não é "segundo os homens" pois ela éa mesma ontem, hoje, e para sempre.

Reiteramos, não pode ser "segundo os homens"porque ela se opõe ao orgulho humano. Outrossistemas envaidecem os homens, mas estefala a verdade. Ouça os sonhadores de hojeproclamando a dignidade da natureza humana!Quão sublime é o homem! No entanto, mostre-me uma sílaba sequer na qual a Palavra deDeus se envolve na exaltação do homem. Aocontrário, coloca-o no próprio pó e revelaa sua condenação.

Onde está a jactância? E excluída: aporta fecha-se na sua cara. A auto-glorificação da natureza humana é alheia àsEscrituras, cujo principal objetivo é aglória de Deus. Deus é tudo no evangelhoque eu prego, e creio que Ele é supremo noministério de você também. Existe umevangelho na qual a obra e a glória sãodivididas entre Deus e o homem, e asalvação não é inteiramente pela graça;porém, em nosso evangelho "a salvaçãoprovém do Senhor".

O homem jamais poderia inventar umevangelho que o humilhasse deveras, e queatribuísse toda a glória, honra, e louvorao Senhor Deus. Jamais planejaria talevangelho. Isso me parece ser claro, alémde toda questão; portanto, nosso evangelhonão é "segundo os homens".

Outra coisa, não é "segundo os homens"porque ele não dá nenhum abrigo ao pecado. Ouvifalar de um inglês que se professoumuçulmano porque ficou encantado com apoligamia que o profeta árabe permite aosseus seguidores. Sem dúvida a perspectivade ter quatro esposas ganharia convertidosque não se sentiriam atraídos porconsiderações espirituais. Se alguém pregarum evangelho que faz concessões à naturezahumana, e trata do pecado como se fosse umengano em vez de grande ofensa contra Deus,encontrará ouvintes ávidos. Se vocêprovidenciar absolvição a um pequeno custo,e aliviar a consciência com um pouco deauto-renúncia, não seria de admirar se suareligião entrasse em moda. Mas o nossoevangelho declara que o salário do pecado éa morte, e que só podemos ter vida eternacomo dom de Deus; e esse dom sempre traz

tristeza pelo pecado, ódio a ele e oapartar-se dele.

O nosso evangelho nos ensina que ohomem precisa nascer de novo, e que sem onovo nascimento ele estará perdido parasempre, ao passo que, com ele, obterásalvação eterna. O nosso evangelho nãooferece desculpa ou cobertura para opecado, porém o condena completamente. Nãoapresenta perdão, exceto através daexpiação, e não oferece segurança nenhumapara o homem que abriga qualquer pecadodentro de si. Cristo morreu pelo pecado, enós precisamos morrer para o pecado, oumorreremos eternamente. Se formos pregar oevangelho com fidelidade, então devemostambém pregar a Lei. Não se pode pregarplenamente a salvação mediante o SenhorJesus Cristo, sem colocar o Sinai como panode fundo e o Calvário na frente. Os homensprecisam sentir a malignidade do pecado,antes que possam apreciar o grandesacrifício que é o ápice e o cerne do nossoevangelho. Isso não é agradável para estaou qualquer outra época; por conseguinte,eu tenho certeza que não foi inventado porhomem algum.

Sabemos que o evangelho de nossoSenhor Jesus Cristo não é "segundo oshomens" porque o nosso evangelho é tão apropriadopara os pobres e iletrados. Os pobres, de acordocom sistema dos homens, são ignorados. Oparlamento tem cercado todas as áreaslivres, de maneira que um homem pobre nãopode manter sequer uma ave. Não duvido que,se fosse viável e eficaz, logo teríamosnotícia de uma concorrência para distribuirtítulos de posse das estrelas entre certossenhores de renome. É evidente que hápropriedades excelentes nas regiõescelestiais que ainda não se encontramregistradas nos cartórios da terra. Bem,seria mais fácil noticiar o sol, a lua, eas estrelas do que o evangelho do SenhorJesus. Este é o terreno do homem pobre."Aos pobres é pregado o evangelho". Noentanto, não são poucos os que desprezam umevangelho que os pobres podem ouvir ecompreender; e podemos ter certeza que oevangelho simples não veio deles, pois asua inclinação não pende para essa direção.Eles querem algo obscuro, ou, como elesdizem, "reflexivo". Acaso não ouvimos estetipo de comentário: "Nós somosintelectuais, e precisamos de um ministério

culto. Esses pregadores evangelistas,servem muito bem para assembléiaspopulares, mas nós sempre fomos seletos, erequeremos aquela pregação que está em diacom os tempos atuais"? Sim, sim, e aescolha deles será alguém que não vaipregar o evangelho, a não ser de umamaneira nebulosa; pois se ele realmenteproclamar o evangelho de Jesus, os pobrescom certeza se farão presentes, eespantarão os grã-finos.

Irmãos, nosso evangelho não tem nadacom alto e baixo, rico ou pobre, negro ebranco, culto ou inculto. Se faz algumadiferença, ele prefere os pobres eoprimidos. O grande Fundador diz: "Graçaste dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra,porque ocultaste estas coisas aos sábios eentendidos, e as revelaste aos pequeninos".Louvamos a Deus que escolheu as coisassimples, e as desprezadas. Eu ouço que oministério de um homem tem sido elogiado -embora sua congregação esteja diminuindogradualmente -pois tal homem tem feito umgrande trabalho entre os jovensintelectuais. Confesso que não creio naexistência de tais jovens intelectuais;tenho visto que aqueles que se enganam com

coisas assim, geralmente podem ser conside-rados mais presunçosos do que intelectuais.Os homens jovens são todos muito bons, comotambém as jovens mulheres, e mesmo asmulheres idosas; mas eu fui enviado parapregar o evangelho a toda criatura, e nãoposso limitar-me aos jovens intelectuais.Eu certifico-lhes que o evangelho que tenhopregado não é "segundo os homens", poisdesconhece a seleção e exclusividade,porém, valorizo a alma do varredor ou dolixeiro tanto como a do primeiro ministroou a da sua majestade, a rainha.

Finalmente, temos certeza que oevangelho pregado por nós não é "segundo oshomens" porque eles não o levam em consideração.Ele é combatido até hoje.

Se existe algo amargamente odiado, é opuro evangelho da graça de Deus,especialmente se for mencionada adetestável palavra "soberania". Atreva-se adizer: "Ele terá misericórdia de quem tivermisericórdia, e Ele terá compaixão de quemtiver compaixão," e os críticos furiososvão lhe revidar sem se pouparem. Oreligioso moderno não só odeia a doutrinada graça soberana, mas ele ruge e seenfurece só em ouvi-la mencionada. Na

verdade, ele preferiria ouvir alguémblasfemar a ouvi-lo pregar a eleição peloPai, expiação pelo Filho, e regeneraçãopelo Espírito Santo. Se quiser ver um homemtranstornado até que o satânico predomine,deixe que alguns dos neófitos eclesiásticosouçam você pregar um sermão sobre a livregraça. Um evangelho "segundo os homens"será bem vindo pelos homens; porém, precisade uma operação divina no coração e namente para tornar um homem disposto areceber, no fundo de sua alma, esteindigesto evangelho da graça de Deus.

Meus queridos irmãos, não tentem fazero evangelho aceitável às mentes carnais.Não escondam a ofensa da cruz ou vocês atornarão sem efeito. Os ângulos e os cantosdo evangelho são sua força, privá-lo destesé tirar o seu poder. Disfarçá-lo não éaumentar sua força, e sim, levá--lo àmorte. Ora, mesmo entre as seitas, vocês jádevem ter notado que seus pontosdistintivos são os braços de seu poder, equando esses pontos são praticamenteomitidos a seita perde seu poder. Aprendam,então, que se tirarem Cristo docristianismo, o cristianismo estará morto.Se removerem a graça do evangelho, o

evangelho deixa de existir. Se as pessoasnão gostam da doutrina da graça, dê-lhesisso intensamente. Mesmo quando osopositores reclamam sobre um certo tipo dearma, um poder militar sábio proverá muitomais dessa espécie de artilharia. Um grandegeneral, aproximando-se de seu rei tropeçouem sua própria espada. "Eu vejo", disse orei, "sua espada está lhe atrapalhando". Oguerreiro respondeu: "Os inimigos de suamajestade freqüentemente sentem o mesmo". Ofato de nosso evangelho ofender os inimigosdo Rei não nos entristece.

Queridos amigos, se realmente nãorecebemos nosso evangelho de homens mas deDeus, então continuemos recebendo a verdadeatravés do divinamente designado canal da fé .Porventura têm certeza que um dia realmenteentenderão a Palavra de Deus? Para amaioria de nós o entendimento é como umestreito portão de entrada para a "cidadeda Alma Humana", e as grandes coisas deDeus não podem ser diminuídas para poderempassar por aquela entrada. A porta não ébastante larga. Todavia, nossa cidade temum grande portão chamado fé, através doqual até o infinito e o eterno podem seradmitidos. Pare com este esforço inútil de

trazer à mente, pela razão, aquilo que tãofacilmente pode habitar em você peloEspírito Santo através da fé.

Nós que falamos contra o racionalismosomos inclinados a ser demasiadamenteracionais; e não há nada tão irracionalquanto esperar receber as coisas de Deusatravés da razão. Creiamos nelas através dotestemunho divino, e quando elas nosprovarem ou mesmo parecerem ofender nossasensibilidade humana, ainda assim que asrecebamos por serem divinas. Não devemosopinar sobre o que deve ser a verdade deDeus; temos que aceitá-la como Deus arevela.

A seguir, que cada um de nós aguarde oposiçãose ele receber a verdade do Senhor, e especialmenteoposição de uma pessoa que é próxima equerida por ele - a saber - ele mesmo. Háum velho homem que ainda vive, e que não éum amante da verdade, mas, pelo contrário,ele é um parceiro da falsidade. Ouvi umpolicial dizer que quando esteve emTrafalgar Square, e uns sujeitosdesprezíveis o agrediam, assim como a outropolicial, ele sentia um osso do velho homemmexendo dentro dele. Ah, sentimos esse ossomuito freqüentemente! A natureza carnal se

opõe à verdade, pois ela não estáreconciliada com Deus, e nem, na verdade,poderia estar. Oremos ao Senhor para vencernosso orgulho, para que a verdade nosdomine, apesar de nosso coração mau. Quantoà oposição do mundo exterior, não devemosestar alarmados com os fatos, pois fomosensinados a aguardá-los. Agora as oposiçõesnão nos preocupam. O capitão de um navionão se importa se um borrifo d’água cairsobre ele.

Lembre-se, se você não recebeu a verdade senãopelo poder do Espírito de Deus, não pode esperar que osoutros a recebam. Eles não crerão em seusrelatos a não ser que o braço do Senhorlhes seja revelado. Mas depois, se a fé foroperada pelo Espírito Santo, não precisamostemer que os homens possam destruí-la.Aqueles que tentarem mudar a nossa crençabem podem ter dúvidas quanto ao seu sucessonessa proeza! Se a fé for operadadivinamente em nossas almas, podemos vencertodos os sofismas, elogios, tentações eameaças. Seremos divinamente obstinados;aqueles que tentarem nos perverter terão dedesistir. Possivelmente eles nos chamem defanáticos, ou intolerantes, ou mesmo

idiotas; mas isso significa pouco se nossosnomes estiverem escritos no céu.

Em conclusão podemos deduzir do nossotexto que se estas coisas nos vierem da parte de Deus,podemos descansar completamente nelas. Se elasvieram de homens, provavelmente nosfalharão em meio a uma crise. Você algumavez confiou em homens sem ter searrependido antes mesmo que o sol sepusesse? Alguma vez você se apoiou numbraço de carne sem descobrir que osmelhores dos homens são apenas homens nomelhor dos casos? Mas se estas coisas vemde Deus elas são eternas e totalmentesuficientes. Podemos viver e morrerconfiando no evangelho eterno. Vamos vivermais e mais com Deus, e com Ele somente. Setemos recebido luz dEle há mais bênçãos aserem alcançadas. Vamos àquele Mestre paraaprendermos mais das coisas profundas deDeus. Creiamos corajosamente no sucesso doevangelho que temos recebido. Cremos nele,creiamos por ele. Não nos desesperaremosembora a Igreja visível, como um todo,possa apostatar. Quando os invasorescercaram Roma, e toda a região ficou àmercê deles, um terreno estava à venda, eum romano o comprou por um valor justo. O

inimigo estava lá, mas ele seriadesalojado. Talvez o inimigo destruísse oEstado romano. Deixe-o tentar! Tenha você amesma firmeza. O Deus de Jacó é o seurefúgio, e ninguém pode resistir Seu eternopoder e deidade. O evangelho eterno é nossabandeira, e com Jeová para sustentá-lo,nosso padrão nunca baixará. No poder doEspírito Santo a verdade é invencível.Venham, hostes do inferno e exército doinimigo! Que a sutileza, a destreza, oracionalismo e o sacerdócio façam o piorque puderem!

A Palavra do Senhor dura para sempre -aquela mesma Palavra a qual pelo evangelhoé pregada entre os homens.

NOSSO MANIFESTONeste sermão o famoso pastor do

Tabernáculo Metropolitano (Londres)posiciona-se firmemente do lado do gloriosoevangelho vindo de Deus e salienta aincapacidade do homem para produzir tal

evangelho ou mesmo para recebê-lo por suaspróprias forças. O evangelho é algototalmente além do intelecto do homem epode ser recebido somente através dapoderosa operação do Espírito de Deus.

Spurgeon deleitou-se em proclamar asboas novas da livre, soberana graça de Deus-mesmo em face a crítica e a oposição dosseus contemporâneos - pois sabia queunicamente essa mensagem era adequada paraas necessidades de almas perdidas earruinadas pelo pecado. Louvado seja Deus,o evangelho é inteiramente confiável!

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