Áreas protegidas en lineamientos departamentales de ordenamiento territorial
Metodologia para Diagnóstico Rápido de Áreas de Recarga de Aquíferos
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Metodologia para diagnóstico rápido de áreas de recarga de aquíferos
Vitor V. VasconcelosI; Paulo P. Martins JuniorII; Renato M. HadadIII
IDoutorando em Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Mestre em Geografia,
Especialista em Solos e Meio Ambiente, Bacharel em Filosofia, Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Informática, [email protected] IIUniversidade Federal de Ouro Preto (Professor), Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC-MG (Pesquisador Pleno), Geólogo, Doutor em Ciências da Terra,
[email protected] IIIPUC-MG (Pró-Reitor), Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação
Espacial (Professor), Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, CETEC-MG (Pesquisador
Pleno), Doutor em Ciência da Computação, Mestre em Ciência da Computação, Bacharel em Engenharia Mecânica, [email protected]
Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/165030048/Metodologia-para-Diagnostico-Rapido-de-Areas-de-Recarga-de-Aquiferos
Versão para língua portuguesa do original publicado em:
VASCONCELOS, Vitor Vieira; MARTINS JUNIOR, Paulo Pereira; HADAD, Renato Moreira. Methodology for rapid
assessment of aquifer recharge areas. Geologia USP, Série científica, São Paulo, v. 13, n. 2,jun. 2013 . Disponível em
<http://ppegeo.igc.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-874X2013000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 29 jun. 2013. http://dx.doi.org/10.5327/Z1519-874X2013000200005.
Vasconcelos, V. V. et al.
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Metodologia para diagnóstico rápido de áreas de recarga de aquíferos Methodology for rapid assessment of aquifer recharge areas
Vitor Vieira Vasconcelos
1, Paulo Pereira Martins Junior
2, Renato Moreira Hadad
3
1Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Rua Rodrigues Caldas 30, Santo Agostinho, CEP 30190-921, Belo Horizonte, MG,
BR ([email protected])
2Setor de Técnicas de Análise Ambiental, Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico, Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais - CETEC-MG, Belo Horizonte, MG, BR ([email protected]) 3Departamento de Geografia, Instituto de Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-MG, Belo
Horizonte, MG, BR ([email protected]) Recebido em 01 de junho de 2012; aceito em 11 de fevereiro de 2013
Resumo Os instrumentos ambientais de aplicação local, tais como fiscalização, autorizações de desmate e de uso da água, estudos de
impacto ambiental, de impacto local e averbações de reserva legal, demandam metodologias customizadas para o tratamento de
questões hidrogeológicas. Neste estudo, apresentou-se um método estruturado para o diagnóstico ambiental expedito visando à
segurança da recarga de aquíferos. Este constitui-se de avaliações qualitativas e quantitativas por meio de descrições textuais e
cartográficas, complementadas por planilhas ponderadas para análise rápida. Aplicações em estudos de caso foram realizadas em
locais selecionados na Bacia do Rio Paracatu. Os resultados mostraram potencial positivo para o conhecimento e a proteção de
aquíferos em microbacias.
Palavras-chave: Hidrogeologia; Diagnóstico expedito; Aquíferos; Meio ambiente; Recarga.
Abstract The environmental tools of local appliance, such as surveillance and permits of deforestations and water use, environmental
impact assessments of local scale, and delimitation of preservation areas, demand customized methodologies to deal with
hydrogeological issues. In this study, a structured one for rapid environmental assessment aiming at recharge of aquifers safety
was presented. This comprises qualitative and quantitative evaluations by means of textual and cartographical descriptions,
complemented by weighted spreadsheets for rapid assessment. Applications in case studies took place in sites selected in the
Paracatu River Basin. The results showed a positive potential for knowledge and protection of aquifers in micro-watersheds.
Keywords: Hydrogeology; Rapid assessment; Aquifers; Environment; Recharge.
Disponível on-line no endereço www.igc.usp.br/geologiausp
Vasconcelos, V. V. et al.
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INTRODUÇÃO Contexto de aplicação A recuperação e manutenção do equilíbrio
hidrológico, em termos quantitativos e qualitativos,
são dependentes do correto planejamento dos
impactos ambientais sobre o solo e a biota. Crucial
para a preservação dos recursos hídricos é a
manutenção da cobertura vegetal e o manejo do solo
nas áreas de predomínio de recarga dos aquíferos,
visto que isso irá viabilizar a percolação da água no
subsolo, assegurando uma vazão mais estável para os
corpos d’água superficiais, sobretudo, na estação das
secas. Conseguinte, a compactação e poluição de
solos apresentam impactos evidentes nos sistemas
hídricos. O reconhecimento do processo da recarga
dos aquíferos, portanto, apresenta-se como uma via
salutar para a integração entre a gestão de ocupação
do solo e a gestão dos recursos hídricos.
Apesar da consideração cada vez mais patente, por
parte do meio técnico, da imprescindibilidade da
análise hidrogeológica nos contextos de gestão hídrica
e ambiental, sua aplicação raramente se concretiza.
Em especial, a falta de capacitação básica em
hidrogeologia para muitos dos profissionais que
atuam nas equipes de estudos ambientais traz
dificuldades mesmo para atitudes iniciais de diálogo
nesse sentido.
Entretanto, nem sempre os métodos existentes
para estudos hidrogeológicos se mostram adequados
para execução nos contextos em que são demandados
para resolução das questões ambientais e de uso da
água. Tal inadequação pode se dar em diversos
aspectos, tais como [1] dados iniciais disponíveis, [2]
escala(s) de extensão espacial e de detalhe, [3]
profissionais disponíveis, [4] tempo e recursos
financeiros, [5] resposta demandada e [6] nível de
certeza demandado. Na execução dos instrumentos da
Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA – e da
Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH –, a
aplicação do conhecimento hidrogeológico, embora
necessária, apresenta contextos diferenciados dos
métodos tradicionais desenvolvidos em meio
acadêmico.
Relevantes à segurança da recarga de aquíferos
são os instrumentos da Política Nacional de Meio
Ambiente que envolvem atuação local por parte dos
agentes dos órgãos ambientais ou do técnico
responsável pelo relatório técnico. Entre esses
instrumentos, estão a fiscalização, as autorizações de
desmate, a averbação de reservas legais, os relatórios
técnicos para outorga de uso da água, entre outros. A
característica básica desses instrumentos é seu caráter
expedito (poucos dias), realizado usualmente por
apenas um profissional, com uma fase preparatória de
escritório, uma visita de campo e, por fim, a
apresentação de um relatório com as conclusões.
Diagnóstico Ambiental Expedito Os protocolos de diagnóstico expedito são parte dos
métodos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA),
um dos instrumentos da Política Nacional de Meio
Ambiente. Dentre os métodos de diagnósticos
expeditos aceitos na AIA, este estudo enfoca o de
planilhas de verificação ponderada (Lohani et al.,
1997). As planilhas de verificação (checklist) são uma
listagem de características ambientais e possíveis
impactos e riscos, a serem observados pelo
profissional de campo e descritos em uma tabela
padronizada. Nessa tabela, cada característica
observada remeterá a um peso numérico específico,
estabelecido em um gabarito anexo. Completado o
preenchimento das planilhas de verificação, um
cálculo matemático simples sobre os pesos numéricos
enquadra a localidade em determinado grau de
qualidade ou risco ambiental.
As planilhas de verificação ponderadas são de
fácil aprendizagem e aplicação em campo. Elas têm
como principal objetivo orientar a atuação dos
profissionais em campo, de forma a não olvidarem os
aspectos essenciais necessários de análise.
Adicionalmente, o fato de produzir informações
padronizadas possibilita futuros estudos comparativos,
por meio de programas de estatística, banco de dados
e Sistemas de Informação Geográfica – SIG. Além da
aplicação em casos concretos, técnicas de diagnóstico
ambiental expedito têm bom potencial de utilização
como instrumento de aprendizado para introduzir
profissionais e estudantes a contextos específicos de
avaliação ambiental (Callisto et al., 2002; Abreu et al.,
2006).
No Reino Unido, planilhas ponderadas de
verificação têm sido usadas sistematicamente como
instrumentos de avaliação para segurança de recarga
de aquíferos. Seu uso permite uma avaliação
preliminar a baixo custo, permitindo triar quais serão
os casos que merecem uma atenção especial para
atuação do poder público ou quanto à necessidade ou
não de estudos mais detalhados. A United Kingdom
Environmental Protection Agency (2008) utiliza
planilhas de verificação sistematizadas para
autorização de uso de água subterrânea, avaliação de
contaminação hidrogeológica por aterros sanitários e,
ainda, remediação de aquíferos contaminados.
Em uma avaliação ambiental expedita de campo,
torna-se essencial a delimitação de áreas prováveis de
maior potencial de recarga. Em uma abordagem
voltada a contextos de recarga locais, a possibilidade
técnica de inferências sobre piezometria, recarga e
descarga dos aquíferos freáticos por meio do controle
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altimétrico de nascentes foi elucidada por Rennó e
Soares (2003). Souza e Fernandes (2000), em outra
abordagem consonante, propõem a delimitação de
áreas de recarga, transmissividade e descarga por
critérios de declividade e topologia altimétrica.
Entretanto, o conceito de transmissividade já é
utilizado convencionalmente em um contexto mais
estrito, como parâmetro hidráulico em testes de
aquífero. Ao passo que Souza e Fernandes (2000)
empregam o conceito de Zona de Transmissividade
em referência a uma interpretação bem mais
generalista do funcionamento dos sistemas aquíferos.
De forma a evitar imprecisões de interpretação,
propomos utilizar o termo Área de Transiência, em
lugar de Área de Transmissividade.
As proposições de Rennó e Soares (2003) e de
Souza e Fernandes (2000) ancoram-se no princípio de
que, em bacias de rios perenes, a movimentação da
água nos sistemas aquíferos existentes obedece a um
acentuado controle topográfico, com linhas de fluxo
convergentes em direção aos drenos principais,
indicando que os cursos d’água principais têm caráter
efluente, ou seja, recebem contribuições das águas
subterrâneas (CETEC, 1981).
O enfoque nas áreas de recarga altimetricamente
acima das surgências privilegia a gestão de aquíferos
rasos, em meso e micro escalas, apresentando grande
potencial para a resolução de conflitos. Lima (2010, p.
20) atenta que grande parte dos conflitos por uso da
água no Brasil encontram-se em sistemas hídricos de
microbacias, por serem mais sensíveis ao efeito das
práticas de uso e do solo sobre as reservas hídricas
limitadas, contrastando comumente com os leitos e
aquíferos aluviais dos grandes rios a jusante ainda
apresentando vazões disponíveis para novos usos.
Shah (2010, p. 18-19), na mesma linha de raciocínio
mostra que, na Índia, os programas de gestão de
infiltração e gerenciamento comunitário de águas
subterrâneas para irrigação alcançaram muito mais
êxito em aquíferos rasos localizados, do que nas áreas
de extensos aquíferos porosos. Nos aquíferos de
microescala, os usuários e a população observam mais
os efeitos do incremento das recargas na vazão das
surgências e na vazão disponível para os poços (Shah,
2010, p. 18-19; Lima, 2010, p. 20).
OBJETIVOS Este estudo consiste na proposição de uma
metodologia de delimitação e caracterização
ambiental expedita para áreas de recarga, que possa
ser utilizada na aplicação dos instrumentos de atuação
local presentes na PNMA e PNRH. São apresentados,
analisados e discutidos os resultados de estudos de
caso na Bacia do Rio Paracatu (SF7).
METODOLOGIA A metodologia apresentada procura ser factível ao
contexto de tempo, recursos técnicos e habilitações
técnicas existentes na aplicação dos instrumentos de
atuação local da PNMA e da PNRH. Portanto, parte-
se da pressuposição de que haverá apenas um
profissional, com um dia de escritório para preparação
do material de campo, um dia de campo para
observações, e mais um dia para preparação do
relatório conclusivo. A etapa de escritório consiste em
identificar o domínio geológico, delimitar as altitudes
das surgências e identificar as áreas planas que teriam
maior potencial de contribuição para a recarga dessas
surgências. A etapa de campo envolve a validação e
detalhamento dos produtos de escritório, seguidos de
um diagnóstico hidrogeológico e ambiental expedito a
partir de uma planilha de ponderação desenvolvida
especialmente para esse fim.
Inclui-se como pressuposto adicional que o
método deva ser útil tanto para o profissional com
experiência em Geologia e Hidrogeologia tanto como
ferramenta de aprendizado para os demais
profissionais de ciências ambientais,, mesmo que não
possuam conhecimentos de geoprocessamento. Dentro
dessas possibilidades, apresenta-se um método
adequado para a produção de diagnóstico ambiental
expedito de recarga de aquíferos em contextos locais.
Um fluxograma das etapas propostas dentro dessa
metodologia encontra-se na Figura 1.
Parte-se da premissa epistemológica de que, na
metodologia apresentada, em virtude das limitações
inerentes de aprofundamento das análises
hidrogeológicas, os maiores cuidados estarão
associados à possibilidade de aprendizado e aplicação
da metodologia por parte dos profissionais de meio
ambiente. Para tanto, foram tomados cuidados
didáticos e epistemológicos, para que a assimilação
dos raciocínios de escala espacial e temporal da
análise de campo (Compiani, 2007), bem como da
semiótica dos produtos cartográficos a serem
elaborados (Carvalho e Moura, 2008), sejam factíveis
com as habilidades, conhecimentos e limitações dos
usuários. Uma metodologia de difícil compreensão
não atenderia aos objetivos e ao contexto dos
instrumentos da PNMA, correndo o risco de não ser
aceita pelos agentes executores.
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Figura 1. Fluxograma da Metodologia de Avaliação de Recarga no contexto de Instrumentos de Atuação Local.
Vasconcelos, V. V. et al.
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Atividades de escritório
A primeira atividade de escritório consiste em
identificar qual o domínio das rochas portadoras de
aquíferos na área de estudo, a partir de um mapa
litoestratigráfico na escala disponível, ou de uma
indicação textual a partir de algum estudo ambiental
de referência. O objetivo é que se consiga diferenciar,
no mínimo, os contextos referentes a quatro
tipologias básicas hidrogeológicas: aquíferos
sedimentares, fraturados, basálticos e kársticos. Cada
um desses contextos direciona a avaliações
diferenciadas no que diz respeito ao reconhecimento
de geoformas superficiais significativas, das
pressuposições quanto aos processos hidrológicos
subterrâneos e da avaliação dos impactos ambientais.
Caso haja disponibilidade, acrescentam-se também
referências ao solo e à geomorfologia, por meio das
fontes bibliográficas disponíveis.
Ainda na etapa de escritório, é demandada como
insumo de informações a base cartográfica de
topografia e hidrografia. O meio de informação
poderá ser tanto a carta impressa, como a do IBGE,
bem como poderão ser utilizados dados em um SIG,
caso o profissional possua habilidade em seu
manuseio.
A delimitação, em escritório, da área de maior
favorabilidade de recarga inicia-se com a
interpretação da área topograficamente superior às
surgências, indicando as áreas com maior potencial
de contribuição para a recarga dos respectivos
aquíferos. Não se pretende ignorar que, para um
aquífero freático livre, toda a superfície de terreno
apresenta potencial de infiltração e percolação, em
menor ou maior grau. Todavia, em bacias de rios
perenes, as áreas topograficamente acima das
nascentes apresentam funções hidrogeológicas
distintas das áreas a jusante, em especial no que diz
respeito à predominância da função de recarga de
aquíferos. Dessa forma, essa modalidade de
mapeamento indica áreas com maior gradiente
hidráulico e menor umidade do solo no momento pré-
chuva, contribuindo para a infiltração e percolação
das águas.
Em seguida, essa análise é refinada pela
interpretação dos limites de ruptura entre as áreas
planas e encostas declivosas, haja vista que as áreas
aplainadas apresentam, por princípio, uma maior
favorabilidade preliminar na infiltração. Por exemplo,
em um relevo de tipo mesa ou chapada, os limites da
borda superior coincidiriam com a delimitação da
área preferencial de recarga. A delimitação sobre a
base de hidrografia e sobre a base de sensoriamento
remoto (se disponível) tornam-se importantes
materiais para localização, orientação e análise na
vistoria de campo.
Atividades de campo
Na etapa de campo, a primeira ação a ser tomada é a
avaliação e possível correção das informações
anteriormente auferidas em escritório. Algumas
observações visuais básicas permitem a verificação
preliminar quanto à veracidade da tipologia aquífera
indicada. Também será preciso observar se os dados
cartográficos de hidrografia e curvas de nível
correspondem à realidade de campo, visto que nem
sempre se dispõe de cartas com escala de detalhe para
o nível de ação desejado – além de não se excluir a
possibilidade de erros na elaboração dos produtos
cartográficos disponíveis. O momento de campo
também trará a oportunidade de verificar o tipo de
solo, a cobertura vegetal e o uso do solo das áreas de
maior interesse de recarga, bem como potenciais
fontes de poluição do aquífero. De posse do
mapeamento das áreas mais relevantes para a recarga,
a última atividade de campo será um diagnóstico
expedito do impacto e risco ambiental sobre as áreas
de recarga.
Os critérios a serem observados para a avaliação
de impacto e risco ambiental das áreas de recarga
tomam por base as listas de verificação existentes
para o tema, propostas por Ousley (2003) e
Wilkerson (2007). A estruturação das tabelas e o
cálculo ponderado tomam como ponto de partida o
modelo convencional de diagnóstico expedito para
ecologia de bentos (Barbour et al., 1999; Callisto et
al., 2002; Rodrigues, 2008). Os itens de listagem e o
cálculo ponderado têm como objetivo caracterizar e
relacionar os aspectos de quantidade e qualidade da
água em recarga, os impactos ambientais presentes e
os riscos para os usos locais existentes ou
pretendidos. O critério de ponderação para qualidade
da água subterrânea segue o apresentado por métodos
de amplo uso, como DRASTIC (Aller et al., 1987),
POSH (Foster et al., 2003), SEEPAGE (Moore,
1988), RAVE (DeLuca e Johnson, 1990) e RZWQM
(Ma et al., 2000), bem como métodos ponderados
desenvolvidos para regiões específicas (Cates e
Madison, 1990; Hearne et al., 1992; Lemme et al.,
1989; Wisconsin, 1987). Os demais itens de
verificação seguem as orientações de avaliação
ambiental de aquíferos propostos por United States
Environmental Protection Agency – USEPA (1986,
1993, 1998, 2008) e European Communities (2003).
As classes de solos são ponderadas em função de
sua drenagem, em consonância com a tipologia
proposta pela Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo (Santos et al., 2005). Por se tratar de um atributo
generalista, com ênfase no resultado da circulação
hídrica, o conceito de drenagem incorpora os
processos realizados sob influência dos parâmetros
como permeabilidade, estrutura e condutividade;
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porém em uma escala de análise mais ampla que
incorpora a capacidade de armazenamento do perfil
de solo, a variação das linhas de saturação no perfil e
os processos de fluxo na bacia hidrogeológica.
Para os tipos de solo, a referência balizadora foi o
sistema Hydrology of Soil Types – HOST –
(Boorman, Hollis e Lilly, 1995), adotado no Reino
Unido, conjugando estimativas quantitativas aos
critérios de drenagem de solos, profundidade
permanente ou sazonal dos aquíferos freáticos e
presença de camada impermeável ou semipermeável.
Para uso no Brasil, realizou-se a correspondência
entre a tipologia HOST e o Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999), levando
em conta as estimativas de taxas de escoamento
superficial (Carvalho, 2009) e taxas de infiltração
(Rawls, Brakensiek e Saxton, 1982; Rocha e
Daltrozo, 2008; Mendonça et al., 2009). Quanto à
influência do potencial do aquífero (domínios
litoestratigráficos), foram consideradas,
preliminarmente, as correlações estatísticas entre
litoestratigrafia e fluxo de base de Bloomfield, Allen
e Griffith (2009), complementadas pelas estimativas
de vazão de poços em diversos sistemas de rochas
portadoras de aquíferos (Rebouças, 2008; Mente,
2008).
A influência do uso e cobertura do solo na recarga
se baseou nas classificações teóricas de Valente e
Gomes (2005) e Gomes (2008) e na sistematização
de experimentos aplicados por Bruijinzeel (2004),
Wickel (2009) e Wickel e Bruijinzeel (2009). Tais
estudos relacionam os processos de interceptação,
infiltração e evapotranspiração de diversos tipos de
vegetação, de acordo com sua influência para o ciclo
hidrogeológico. A ponderação quantitativa também
leva em conta a mesma base bibliográfica referente
às taxas de escoamento superficial e taxas de
infiltração utilizadas para avaliação do potencial de
recarga pelas classes de solo.
Para os critérios do diagnóstico expedito, toma-se
como referência um pequeno leque de modelos
visuais geomorfológicos esquemáticos das situações
clássicas de recarga e descarga de aquíferos com foco
em surgências (Custódio e Llamas, 1976; Valente e
Gomes, 2005; Junqueira Junior, 2006; Donovan,
Kistinger e Acheampon, 2007; Dahl e Hinsby, 2008;
Martins Junior, 2009). Os modelos relacionados para
análise de fluxo hídrico foram: (A) ressurgências
kársticas, (B) veredas, (C) contatos litopedológicos,
(D) surgências de fratura, (E) surgências
intermitentes. Para as questões de qualidade da água,
selecionaram-se (F) Tabuleiros, (G) Relevos
ondulados e montanhosos, (H) encostas, (I) Vales
Fluviais e (G) Várzeas. A identificação desses
modelos conceituais permite ao profissional inferir
uma compreensão geral dos processos gerais de
recarga e surgência, não se restringindo à ponderação
das planilhas.
Uma ressalva deve ser feita de que muitos dos
métodos de avaliação quanto à vulnerabilidade de
aquíferos à poluição (USEPA, 1993; Aller et al.,
1987; entre outros) remetem-se a contextos para
perfuração de poços. Nesses casos, a existência de
camadas impermeáveis ou restritivas ao fluxo é vista
como benéfica por isolar os aquíferos profundos da
percolação do poluente. No caso do presente método,
o enfoque encontra-se mais voltado para aquíferos
menos profundos (em geral livres), em comunicação
direta com as surgências. Nesse novo contexto, as
camadas impermeáveis ou restritivas ao fluxo
poderiam aumentar o escoamento superficial direto
do efluente para as os cursos de água, além de
dificultar o importante processo de autodepuração do
poluente.
Os totais parciais e final obtidos na lista de
ponderação, embora sejam a ponderações
quantitativas de interpretações qualitativas de campo,
não possuem correspondência direta a valores de
vazão ou de parâmetros físico-químicos das águas.
Tal comparação iria além das possibilidades de
detalhamento de um método simplificado (expedito).
Pretende-se apenas dar ao aplicador do método uma
noção da importância da área de recarga do aquífero,
em relação às áreas adjacentes do terreno. Por esse
mesmo motivo, optou-se por não incluir dados
climatológicos, visto que os dados da rede de
estações climatológicas não possuem escala de
detalhe suficiente para captar as variações nesses
contextos locais, além de que tornariam os métodos
bastante mais complexos.
Não se deixa de considerar, para aprimoramentos
futuros, que a inclusão de parâmetros de precipitação
e evapotranspiração poderia aproximar a
correspondência direta aos parâmetros de vazão nas
surgências. Todavia, para o contexto de aplicação
proposto, deve-se sopesar que justamente nos locais
de clima mais seco é que a recarga de aquíferos, por
menor que seja, pode apresentar uma utilidade crucial
para seus fins de uso humano e para a manutenção
dos atributos ecológicos. Em diversos casos,
portanto, o excesso de precipitação seria, em termo
práticos, inversamente proporcional à importância da
recarga para o uso humano local.
Os atributos utilizados no diagnóstico expedito, a
partir de listas de fatores ambientais e classificações
teóricas, bem como critérios de ponderação
conceituais ou empíricos, foram extraídos, da
bibliografia apontada nas Tabelas 1A e 1B. Para a
maioria dos atributos (exemplos: declividade,
drenagem de solos, vegetação, etc.), a ponderação
interna apresenta uma confiabilidade relativamente
satisfatória, visto ser estabelecida a partir de estudos
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especialistas, empíricos ou conceituais. Contudo, a
ponderação inter-atributos (i.e., quais devem
influenciar mais no índice total parcial e final) ainda
carece da existência de estudos científicos
consistentes. A maior parte dos métodos de
multiponderação, de forma a evitar tal
comprometimento, atribui o mesmo peso relativo a
cada um dos atributos (por exemplo, de 0 a 10).
Todavia, procurou-se alicerçar mais nos estudos que
procuraram critérios diferenciais, ainda que com
todas as ressalvas quanto a inseguranças e lacunas de
conhecimento científico consensual.
Para a avaliação quantitativa de recarga, foi dada
maior ponderação para o tipo de solo e o potencial do
aquífero, visto serem considerados pela literatura
consultada como os fatores mais importantes (além
da precipitação, a qual não foi incluída nesta
metodologia). Ao passo que, para a avaliação da
qualidade da água, foi atribuído peso maior à
autodepuração realizada pelos solos, visto que os
estudos especializados mostram que a zona vadosa
(ou de aeração) apresenta maior potencial de
eliminação de patógenos (FUNASA, 2006; USEPA,
2008), de quebra de cadeias químicas de insumos
agrícolas (DeLuca e Johnson, 1990; Ma et al., 2000)
e de depuração da poluição em geral (USEPA, 1993).
A profundidade relativa do nível freático pode ser
estimada indiretamente por critérios geomorfológico-
topográficos (National Park Service, 2008; Rennó e
Soares, 2003). O aquífero, por sua vez, foi avaliado
pela velocidade de transmissão. Os aquíferos
kársticos apresentaram classificações diferenciadas
em função da presença de sumidouros e
ressurgências, não só pelo significativo efeito na
circulação hídrica subterrânea, mas principalmente
como indicadores gerais do grau de evolução da
condutividade kárstica (Doerfliger, Jeannin e
Zwahlen, 1999; White, 2003). Foi atribuído menor
peso escalar aos processos de erosão e sedimentação,
por acarretarem menores riscos à saúde humana e à
dos demais seres vivos.
O critério de cálculo de totais parciais se dá por
multiplicação dos índices de cada atributo. A
modelagem multiatributo por multiplicação segue as
recomendações de Clarke (2009), Tucci (2009) e
Naghettini e Pinto (2007) para a análise do efeito de
variáveis em estudos hidrogeológicos e hidrológicos.
Parte-se do pressuposto teórico de que se modela um
fluxo contínuo de água (da precipitação à surgência),
que será potencializado ou restringido quantitativa e
qualitativamente pelas características ambientais,
incluindo efeitos iterativos (USEPA, 1986).
O modelo multiplicativo apresenta ainda a
vantagem de tornar possível a retirada e o acréscimo
de variáveis, aumentando a flexibilidade de uso.
Propõe-se que a média geral de um atributo seja 1 (na
medida do conhecimento científico disponível).
Portanto, caso não seja possível auferir um dos
atributos ou, mesmo, caso esse atributo não se
aplique a um contexto específico, basta colocar o
índice 1 na coluna da direita, asseverando assim que
não se enviese o resultado. Por exemplo, a
ponderação para qualidade da recarga, em um local
onde não há fontes de poluição, pode ser adaptada
para refletir a sensibilidade do aquífero a futuras
ocupações, bastando retirar as variáveis não
utilizadas (igualar a peso 1).
A proposta de diagnóstico estruturado é
apresentada nas Tabelas 2 e 3.
Consolidando os dados de campo, realiza-se uma
breve descrição textual da situação encontrada,
complementada por produtos cartográficos, na forma
de uma apresentação integrada de três mapas: (A)
altimetria e hidrografia; (B) imagem de
sensoriamento remoto; e (C) mapeamento da
cobertura vegetal e uso do solo. Em todos os mapas,
é apresentada a delimitação da área de maior
favorabilidade de recarga, como referência para a
análise espacial. Acompanhando o mapa, também é
apresentada uma fotografia representativa da
paisagem da área de estudo.
A metodologia apresentada nos estudos de caso
deste artigo tem como foco a delimitação e a
caracterização de uma área com maior favorabilidade
de recarga dos aquíferos, a ser priorizada para uma
melhor conservação do solo e da água por meio dos
instrumentos das políticas de meio ambiente e de
recursos hídricos. É essa área de maior favorabilidade
que será o foco dos mapeamentos, da avaliação da
planilha de ponderação e do relatório textual em cada
um dos estudos de caso.
Ademais, o método proposto de diagnóstico
expedito, tanto no quesito quantidade quanto
qualidade, pode ser utilizado em mapeamentos mais
extensivos e detalhados, caracterizando áreas internas
e externas à delimitação de maior favorabilidade de
recarga. Assim, pode-se diferenciar
cartograficamente os diferentes geotopos
(subsistemas englobando rocha, solo, relevo e
vegetação) de toda uma microbacia hidrográfica, em
diferentes classes de potencial de recarga e de
vulnerabilidade à contaminação, obtendo mapas com
classes calculadas por meio das planilhas de
ponderação, complementados pelas interpretações
textuais e fotográficas de campo correspondentes.
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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- 76 - Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013
Tabela 1A. Atributos para avaliação ambiental expedita de áreas de recarga de aquíferos
Atributo Estudos de Referência (ver fontes na legenda)
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
PO
TE
NC
IAL
IDA
DE
DE
RE
CA
RG
A (
Quan
tid
ade)
Vegetação na área de
recarga (infiltração
menos
evapotranspiração)
x x x x x x x x
Declividade
(infiltração) x x x x x x x x x x x x
Solos (drenagem) x x x x x x x x x x x x x
Domínio
litoestratigráfico
(potencial hídrico do
aquífero)
x x x x x x x x
Tipologia de Recarga e
Surgência x x
Uso do Solo
(compactação e
impermeabilização)
x x x x x x x x x
Técnicas de
conservação do solo e
da água
x x x x
RIS
CO
SO
BR
E A
RE
CA
RG
A (
Qu
alid
ade
da
água)
Fontes de poluição x x x x x x x
Distância da fonte de
poluição à surgência
(autodepuração
superficial e
subterrânea)
x x x x
Transmissão no solo
(autodepuração
subsuperficial)
x x x x x x x x
Posição topográfica da
fonte de poluição em
relação à surgência
(profundidade do nível
freático)
x x
Transmissão do
aquífero (autodepuração
subterrânea)
x x x x
Processos Erosivos x x x x
Assoreamento x x x
Vegetação no entorno
da surgência (função
tampão e filtragem
biológica)
x x x
Técnicas de
conservação do solo e
da água
x x x
Fontes: A: Valente e Gomes (2005); B: Gomes (2008); C: Wickel (2009); D: Wickel e Bruijinzeel (2009); E: Carvalho (2009); F: USDA (1972); G: Tucci (2009) H: Ottoni Filho (2003) I: Borges et al. (2005); J: Gomes et al. (2002); K: CETESB (1986); L: Foster et al. (2003) M: Aller et al. (1987) N: FUNASA (2006); O: Rawls, Brakensiek e Saxton (1982); P: Tucci (2002); Q: Custódio e Llamas (1976); R: Mendonça et al. (2009); S: Azooz e Arshad (1996); T: Rebouças (2008); U: Mente (2008); V: Silva (2002); W: USEPA (1993) X: Hearne et al. (1992). Y: Berg, Kempton e Cartwright. (1984) Z: Moore (1988).
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Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013 - 77-
Tabela 1B. Continuação.
Atributo Estudos de Referência (ver fontes na legenda)
A1 B1 C1 D1 E1 F1 G1 H1 I1 J1 K1 L1 M1 N1 O1 P1 Q1 R1
PO
TE
NC
IAL
IDA
DE
DE
RE
CA
RG
A (
Qu
anti
dad
e)
Vegetação na área de
recarga (infiltração
menos
evapotranspiração)
x x x
Declividade
(infiltração) x x x x x x x
Solos (drenagem) x x x x x x x x
Domínio
litoestratigráfico
(potencial hídrico do
aquífero)
x x x x x x
Tipologia de Recarga e
Surgência x x x
Uso do Solo
(compactação e
impermeabilização)
x x
Técnicas de
conservação do solo e
da água
x
RIS
CO
SO
BR
E A
RE
CA
RG
A (
Qual
idad
e da
águ
a)
Fontes de poluição x x x x x x x x
Distância da fonte de
poluição à surgência
(autodepuração
superficial e
subterrânea)
x x x x x
Transmissão no solo
(autodepuração
subsuperficial)
x x x x x x x x x x
Posição topográfica da
fonte de poluição em
relação à surgência
(profundidade do nível
freático)
x x x x x x x
Transmissão do
aquífero (autodepuração
subterrânea)
x x x x x x
Processos Erosivos x
Assoreamento x x
Vegetação no entorno
da surgência (função
tampão e filtragem
biológica)
x x x
Técnicas de
conservação do solo e
da água
x x x
Fontes: A1: Cates e Madison (1990); B1: Lemme et al. (1989); C1: Wisconsin (1987); D1: DeLuca e Johnson (1990); E1: Ma et al. (2000); F1: Latuf (2007); G1: Callisto et al. (2002); H1: Blanchard (2002); I1: USEPA (1986); J1: USEPA (2008); K1: Paris (2007); L1: Evans e Myers (1990); M1: Donovan, Kistinger e Acheampon (2007); N1: National Park Service (2008); O1: Dahl e Hinsby (2008); P1: Bruijinzeel (2004); Q1: Farquharson et al. (1978); R1: Boorman, Hollis e Lilly (1995).
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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- 78 - Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013
Tabela 2. Ficha de Diagnóstico Ambiental Expedito para Recarga de Aquíferos (Quantidade)
Atributo Índice P
OT
EN
CIA
LID
AD
E D
E R
EC
AR
GA
(Q
UA
NT
IDA
DE
DE
ÁG
UA
)
Vegetação na área de recarga (infiltração menos evapotranspiração)
Caatinga;
Campo;
Cerrado
Cerradão;
Floresta;
Decídua;
Caatinga
arbórea
Cultura
permanente;
Cultura
temporária
Área
desmatada;
Floresta
semidecídua
Mata ciliar;
Vegetação
higrófita ou
hidrófila;
Floresta
ombrófila
1,3 1,1 0,9 0,8 0,7
Declividade (infiltração)
Plano
0-3%
Suave-
Ondulado
3-8%
Ondulado
8-20%
Forte-
Ondulado
20-45%
Escarpado
> 45%
2,5 1,5 1 0,5 0,25
Solos (drenagem)
Neossolos
quartzarênicos
(solos arenosos
profundos)
Latossolos
(solos
profundos não
arenosos)
Cambissolos
(solos rasos);
Solos de
horizonte B
textural (solos
com camada
argilosa) ou
plíntico
(enrijecida)
Neossolos
litólicos
(solos muito
rasos, com
afloramentos
rochosos)
Solos
hidromórficos
e aluviais
6 2,5 1 0,6 0,3
Rochas (potencial hídrico do aquífero)
Arenito
(porosos
profundos)
Acamamento
detrito-
laterítico
(porosos rasos)
Karst Basáltico Fissurado
3 2,2 1,4 0,9 0,7
Tipologia de Recarga e Surgência
Sumidouros e
ressurgência
kárstica
Vereda;
Dolinas
Nascente de
contato litológico
ou artesiana
Nascente de
fratura
Nascente
intermitente
1,5 1,3 1,2 0,8 0,4
Uso do Solo (compactação e impermeabilização)
Vegetação
nativa
Cultura
permanente
Cultura
temporária
Pastagem Solo exposto Urbano;
Industrial
1,5 0,8 0,5 0,3 0,1
Técnicas de conservação do solo e da água
Barragens de
captação de
água da chuva
Terraceamento
Camalhões em
curvas de nível
Plantio direto
Sem técnicas
3 1,5 1,4 1,2 1
TOTAL
_____________________________________________________________________________________________
Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013 - 79-
Tabela 3. Ficha de Diagnóstico Ambiental Expedito para Recarga de Aquíferos (Qualidade)
Atributo Índice P
RO
TE
ÇÃ
O S
OB
RE
A R
EC
AR
GA
(Q
UA
LID
AD
E D
A Á
GU
A)
Fontes de poluição
Esgoto não tratado
Esgoto tratado;
Fossa negra;
Lixão;
Mineração
(metais)
Fossa séptica;
Aterro sanitário
Pocilga;
Curral;
Granja;
Mineração (não-
metais)
Pastagem;
Plantação
0,1 0,3 0,5 0,7 0,9
Distância da fonte de poluição à surgência (autodepuração subsuperficial e subterrânea)
Despejo direto 1-5 metros 6-25 metros 26-50 metros ou
Poluição Difusa
> 50 metros
0,1 0,2 0,5 0,8 1
Posição topográfica da fonte de poluição em relação à surgência (Profundidade do nível freático)
Várzea Vale fluvial Encosta
Topo de elevação
(relevo ondulado
ou montanhoso)
Tabuleiro em
altitude
0,2 0,4 1 4 10
Transmissão no solo (autodepuração subsuperficial)
Solos hidromórficos e
aluviais
Neossolos
litólicos
(solos muito
rasos, com
afloramentos
rochosos)
Neossolos
quartzarênicos
(solos arenosos
profundos)
Cambissolos (solos
rasos);
Solos de horizonte
B textural (solos
com camada
argilosa) ou
plíntico
(enrijecida)
Latossolos
(solos profundos
não arenosos)
0,1 0,3 0,5 1 3
Transmissão do aquífero (autodepuração subterrânea)
Kárstico (sumidouros
e ressurgências)
Kárstico (dutos)
Basáltico
Aluvial Fraturado Poroso
0,3 0,5 0,6 1 3
Processos Erosivos
Voçorocas Ravinas Sulcos Laminar Sem erosão
0,8 0,85 0,9 0,95 1
Assoreamento
Sedimentos não
permitem a água
aflorar
Mais de 50% da
largura do leito
com sedimentos
aflorantes
Bancos de
sedimento
aflorando no leito
Sedimentos no
fundo do leito
Sem
assoreamento
(menos de 5% do
fundo do leito)
0,6 0,75 0,9 1 1,2
Vegetação no entorno da surgência (função tampão e filtragem biológica)
Sem vegetação, com
solo impermeabilizado
ou compactado
Sem vegetação,
com solo
permeável
Campo;
Até 5 metros de
floresta;
Até 10 metros de
cerrado
5-30 metros de
florestas;
> 10 metros de
cerrado
> 30 metros de
floresta
0,25 0,5 0,75 1 1,5
Técnicas de conservação do solo e da água
Sem técnicas Plantio direto Camalhões em
curvas de nível
Terraceamento Barragens de
captação de água
da chuva
1 1,3 1,7 2 3
TOTAL
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Essa possibilidade de mapeamento integral para
uma bacia será executada para uma das áreas de
estudo, a título de exemplo. Como critério de
diferenciação, os resultados de potencial de recarga
(quantidade de água) para as os geotopos externos à
área delimitada de maior favorabilidade de recarga
foram diminuídos em uma ordem de grandeza
(divisão por dez), tomando como referência em
estudos extensivos realizados em encostas, referentes
a padrões de condutividade hidráulica (Lewis et al.,
2011), umidade superficial pré-chuva (Crave e
Gascuel-Odoux, 1997; Famiglietti et al., 1998;
Brocca et al., 2007) e profundidade do nível freático
(Nobre et al., 2011). A planilha de ponderação para
segurança de recarga (qualidade da água) já leva em
consideração a posição topográfica relativa do
geotopo.
Estudo de Caso
A Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, tributária do
Rio São Francisco, possui 45.154 km2 e localiza-se
quase integralmente no Estado de Minas Gerais
(Região Noroeste), com pequenas áreas de topo
adentrando no Estado de Goiás e no Distrito Federal
(mapas da Figura 2). Foram selecionadas 9 áreas de
estudo para a Bacia do Rio Paracatu (Figura 3),
procurando abarcar as diversas tipologias de recarga
de aquífero, bem como diferentes cenários de uso do
solo e da água, associados a distintos potenciais de
impactos ambientais. Dessa maneira, selecionaram-se
áreas com diferentes combinações de: litoestratigrafia
fraturada (metamórfica), cárstica e sedimentar
terrígena; latossolos, neossolos quartzarênicos,
cambissolos, litossolos e solos hidromórficos; áreas
planas, onduladas e declivosas; chapadas, vales e
veredas; cobertura vegetal de floresta, cerrado, campo
nativo, pastagens, silvicultura e agricultura
mecanizada; áreas de uso da água para irrigação,
dessedentação animal e humana; contaminação
potencial por insumos agropecuários e esgotamento
sanitário urbano. Os trabalhos de campo foram
realizados de julho a outubro de 2011.
Um dos sítios de estudo (Serrinha) recebeu
abordagem cartográfica alternativa, de modo a avaliar
a possibilidade de aplicação desta metodologia por
usuários sem capacitação para utilização de sistemas
de informação geográfica – SIG. Nesse caso,
utilizou-se a carta topográfica padrão do IBGE como
mapa de altimetria, por sobre onde foi desenhada a
delimitação da área de maior favorabilidade de
recarga. Para a carta de sensoriamento remoto, foi
utilizada a imagem do satélite Quickbird, de 2008,
obtida pelo programa Google Earth. O mapa de
cobertura vegetal e uso do solo foi desenhado por
meio da sobreposição de papel vegetal
semitransparente por sobre a imagem de satélite,
auxiliada pelo reconhecimento de campo, o qual
demonstrou não ter havido alterações significativas
de 2008 até 2011.
O Córrego da Areia foi escolhido para receber o
mapeamento extensivo para a área de estudo,
abarcado toda a sub-bacia e não só a área de maior
favorabilidade de recarga. Para essa sub-bacia, são
apresentados e avaliados mapas com as classes das
categorias de quantidade e qualidade de recarga, para
cada geotopo.
Figura 2. Localização da Bacia do Rio Paracatu, inserida na Bacia do Rio São Francisco, destacando os Estados brasileiros.
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Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013 - 81-
Figura 3. Localização das áreas de estudo. 1 – Vale do Rio da Areia; 2 – Serrinha; 3 – Chapada da Serra do Boqueirão; 4 – Serra do Sabão; 5 – Serra das Araras; 6 – Lagoas do Rio da Prata; 7 – Captação do Córrego da Bica; 8 – Captação do Ribeirão dos Órfãos; 9 – Chapadão do Pau Terra.
RESULTADOS
A seguir são apresentados os produtos obtidos pela
aplicação do método de diagnóstico expedito nas
áreas de estudo selecionadas, consistindo de [A]
Descrição textual das áreas de estudo, [B] Produtos
Cartográficos e Fotográficos e [C] Planilha
Ponderada de Diagnóstico Expedito.
Descrição das áreas de Estudo Vale do Rio da Areia A área de estudo constitui-se em dois
compartimentos geoambientais distintos quanto à
recarga de aquíferos, sendo analisados em separado
pelo diagnóstico expedito: a chapada, nas cabeceiras,
e o karst, no vale. Sotoposto a esses dois
compartimentos geoambientais, encontra-se uma
estrutura sinclinal onde predominam siltitos, com
lentes de arenito e de argilito (Furuhashi et al.,
2005a). O esquema estrutural é apresentado na Figura
4.
Na área superior, acima de 1.000m de altitude,
apresentam-se latossolos vermelho-amarelos na
forma de um relevo tabular plano a suave ondulado,
constituído pelo processo de pedimentação de
sedimentos terciário-quaternários laterizados
(CETEC, 1981; Furuhashi et al., 2005a) anteriores à
dissecação da Bacia do Paracatu. Toda a chapada
encontra-se ocupada por agricultura mecanizada de
alto nível tecnológico, incluindo alguns pivôs de
irrigação. Nessa área distinguem-se também lagoas
temporárias, conectadas hidrogeologicamente às
principais nascentes de encosta do vale por meio de
estruturas lineares bastante evidentes.
Figura 4: Estratigrafia do Vale do Rio da Areia – baseado em Furuhashi et al. (2005a). Unidade de medida em metros.
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Ao passo que no interior do vale, entre as cotas de
840m e 880m, encontram-se litossomas kársticos de
afloramentos dolomíticos bastante evoluídos, com
sumidouros, cavernas (algumas com mais de dois
quilômetros de extensão), maciços e lapiás
(Furuhashi et al., 2005b), integrando a Formação
Vazante (CPRM, 2003). Uma floresta estacional
semidecidual bastante preservada recobre esse
compartimento geoambiental, sobre neossolos
litólicos ou praticamente sobre a rocha carbonática
aflorante.
Serrinha Essa área de estudo apresenta a geomorfologia de
cristas estruturais de direção sudeste-noroeste, com
vertentes ravinadas e vales encaixados (CETEC,
1981), circunscrita em um geodomínio maior de
superfícies aplainadas e de solos profundos da
Depressão São Franciscana (IGAM, 2006). Seus
pontos de sela encontram-se a aproximadamente
620m de altitude, com linhas de cumeada variando
entre 720 e 760 metros. Encontra-se sobre a
Formação Paraopeba, do Grupo Bambuí (CPRM,
2003). Em meio aos afloramentos rochosos
frequentes, encontram-se cambissolos eutróficos
chernossólicos ou típicos sobre o domínio litológico
de meta-calcários e margas nas encostas florestadas,
contrastando com neossolos litólicos distróficos sobre
argilitos e meta-siltitos nas manchas de cerrado. As
manchas de cerrado são utilizadas para pastagem
extensiva. A ocorrência de nascentes é pouco
frequente, embora seja usual a construção de açudes
nos leitos de escoamento temporário e o acesso ao
aquífero livre por cisternas nos latossolos do entorno
da Serrinha, predominantemente para pecuária
extensiva.
Chapada da Serra do Boqueirão Trata-se de uma chapada em cuja superfície tabular, a
840 metros de altitude, apresentam-se neossolos
quartzarênicos sobrepostos a arenitos da Formação
Urucuia (CETEC, 1981; CPRM, 2003). O topo da
chapada encontra-se em quase totalidade recoberto
por formação de cerrado strictu sensu, com pequenas
manchas de pastagem. Circundando as bordas
superiores da chapada, na ruptura de relevo, estratos
lateríticos férricos agem como soleiras geomórficas.
Ao sopé da chapada faz-se o contato litológico com
os arcósios e siltitos arcoseanos da Formação Três
Marias, sob uma geomorfologia de vertentes de
pedimentação colúvio-aluviais provenientes do
arenito a montante (CETEC, 1981). É justamente
nesse contato, devido à relativa menor
permeabilidade dos arcósios e siltitos arcoseanos, que
ocorrem as surgências de contato. A jusante das
surgências, ainda sobre o domínio dos arcósios da
Formação Três Marias e circunjacente à chapada,
encontram-se superfícies de dissecação fluvial
ravinadas com vertentes encaixadas (CETEC, 1981).
No entorno sudoeste da chapada, a exsudação se dá
por meio de veredas.
Serra do Sabão Geomorfologicamente, trata-se de uma crista de
direção norte-sul, de variação altimétrica de 680 a
760 metros, com ravinas e vertentes encaixadas. A
oeste encontram-se vertentes litólicas em chevron,
por influência do dobramento. A leste as encostas
transitam para superfícies onduladas, ainda que mais
aplainadas a sudeste. A litoestratigrafia predominante
refere-se a calcários e margas da Formação
Paraopeba (CETEC, 1981), cobertos por floresta
estacional semidecidual. Em áreas localizadas em que
aumenta a influência de litologias sedimentares
terrígenas, seja na composição da rocha carbonática
ou na presença de lentes, a floresta semidecidual
transita para a fitofisionomia de cerrados strictu
sensu. Os solos são rasos, porém eutróficos,
predominando neossolos litólicos nas encostas,
embora haja ocorrência de cambissolo nas curvaturas
de topos da crista. A vegetação da crista encontra-se
bem preservada, embora o entorno regional,
originalmente de floresta semidecidual em solo
eutrófico sobre calcários e cherts, encontre-se quase
totalmente desmatado para pecuária e, em menor
escala, agricultura.
Na metade superior da crista, a maior
drenabilidade dos solos e o rebaixamento do nível
freático se faz sentir pela maior caducifoliedade da
vegetação, evidenciando o predomínio da função
hidrogeológica de recarga. Na metade inferior, as
vertentes encaixadas mais verdejantes demonstram a
presença de maior umidade do solo, inclusive quanto
a aquíferos aflorando como nascentes. Há a presença
de trilhas arqueológicas por meio das quais escravos
e quilombolas buscavam água para suas moradias
nessas vertentes.
Serra das Araras Encontra-se em um morfodomínio de superfícies
aplainadas de sobre estratigrafia de sericita-filito, de
onde afloram cristas esparsas. Localmente, trata-se de
uma crista de direção sudoeste-nordeste, com sopé a
720m de altitude e cumeada a aproximadamente 920
metros, com topo levemente aplainado e com
vertentes ravinadas de vales encaixados, na base dos
quais se encontram as nascentes. A litologia da crista
consiste em estratos metamorfizados com predomínio
_____________________________________________________________________________________________
Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013 - 83-
de quartzito na vertente inferior e de sericita-filito na
vertente superior. Em sua base, encontram-se
sericita-filito carbonosa e quartzito da Formação
Paracatu (CPRM, 2003). É coberta por neossolos
litólicos distróficos com significativa ocorrência de
afloramentos. A vegetação consiste de campo
cerrado, transitando para cerrado strictu senso na
base dos vales encaixados.
Lagoas do Rio da Prata De acordo com CETEC (1981), Oliveira, Valle e
Féboli (2002), CPRM (2003) e Almeida et al. (2010),
a área de estudo encontra-se sobre sedimentos
terciário-quaternários inconsolidados detrito-
lateríticos ferruginosos, formados do processo de
transporte e deposição proveniente principalmente do
retrabalhamento do Grupo Aerado. Almeida (2009)
indica que esse estrato encontra-se sobreposto à
litoestratigrafia kárstico-fissurada do Grupo Bambuí.
Em relação ao contexto geomorfológico, a região
se encontra na depressão correspondente às baixadas
do médio Paracatu, na altitude entre 560 a 590
metros. CETEC (1981) a classifica como depressão
rasa de fundo plano, destacando-a como área de má
drenagem com rebaixamento pouco pronunciado,
ocorrência de solos hidromórficos e concentração de
lagoas temporárias. Sua evolução se deu por
exsudação, na medida em que as áreas circundantes
(ainda sobre os sedimentos inconsolidados) sofreram
dissecação fluvial e pedimentação.
Os solos predominantes encontrados se referem a
latossolos vermelho-amarelos distróficos com
horizonte plíntico argiloso (CETEC, 1981). Em
virtude da herança sedimentar do Grupo Areado, a
textura dos solos transita variavelmente para
neossolos quartzarênicos. Os solos são bem drenados
durante os períodos de estiagem (salvo margens de
lagoas e veredas), porém tornam-se encharcados
durante os períodos de maior pluviosidade.
A área de estudo foi ocupada para
silvicultura, na década de 1970, sendo abandonada
em 1983. Em sua maior parte regenerou-se a
vegetação de campos nativos, ademais de núcleos
esparsos de cerrado. Posteriormente, algumas áreas
voltaram a ser ocupadas para pastagens plantadas,
silvicultura e agricultura.
Os solos apresentam permeabilidade
superficial elevada, favorecida ainda pelo relevo
plano. Não obstante, o principal controle
hidrogeológico é exercido pelo horizonte plíntico
argiloso, o qual impede a percolação direta das águas
e direciona a drenagem para processos
subsuperficiais, rumo às lagoas da área de estudo e,
principalmente, rumo às veredas circundantes.
As lagoas existentes, além de caracterizar
áreas de acumulação do nível freático acima do
horizonte plíntico, também podem indicar pontos
preferencias de percolação profunda, tal qual dolinas
em um contexto kárstico ou pseudo-kárstico.
Almeida (2009) apresenta a hipótese de que as lagoas
poderiam ser associadas às drenagens preferencias no
aquífero kárstico-fissurado sotoposto aos sedimentos
inconsolidados. Todavia, não foi possível obter
evidências que comprovem essa hipótese, deixando
em aberta também a possibilidade de que a drenagem
das lagoas se dê apenas por um acesso preferencial
pelo horizonte plíntico, abastecendo o aquífero
sedimentar superficial regional terciário-quaternário
em contexto pseudo-kárstico.
Ribeirão dos Órfãos e Córrego da Bica As áreas de recarga do Ribeirão dos Órfãos e do
Córrego da Bica situam-se nas imediações da cidade
de João Pinheiro, entre as cotas de 800 e 900m de
altitude, e apresentam esquema hidrogeológico
semelhante, ainda que em escalas espaciais bem
distintas. Ademais, ambos os mananciais são
empregados para abastecimento urbano, o que
justifica a sua importância para a população local.
As duas áreas de recarga caracterizam-se por
arenitos da Formação Areado, com solos de variação
textural entre latossolos típicos a neossolos
quartzarênicos, sob vegetação de cerrado strictu
sensu em relevo ondulado a forte ondulado (CETEC,
1981). A exsudação na vertente ocorre no ponto de
contato com estratos mais pelíticos, caracterizados
por transição dos processos de eluviação para
aluviação. A exsudação marca o ponto em que se
inicia a presença de floresta perenifólia ciliar em
solos eutróficos aluviais de predomínio argiloso e
siltoso.
No Ribeirão dos Órfãos, as surgências se dão em
contexto de veredas. Em certos trechos da área de
recarga à montante da surgência do Ribeirão dos
Órfãos, uma camada superficial de lateritas férricas
botroidais de granulometria cascalho atua como
soleira geomórfica de escarpas mais abruptas. Nos
pontos em que essas lateritas foram mineradas para
extração de cascalho, rompeu-se o equilíbrio
geomórfico local e iniciou-se a formação de
processos erosivos de voçorocamento sobre o solo
profundo de matriz arenosa com baixa coesão. Para
estabilizar a atividade erosiva e prevenir quanto ao
assoreamento dos cursos de água, a COPASA realiza,
a partir de 2004, ações de revitalização da Bacia do
Ribeirão dos Órfãos, com foco especial na construção
de pequenas barragens de retenção de escoamento
superficial nas áreas de maior instabilidade do
terreno. As barragens de retenção encontram-se em
estado mediano de conservação.
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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- 84 - Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 6-96, Junho 2013
A área de recarga à montante da surgência
do Córrego da Bica apresenta-se circunscrita na área
urbana da cidade de João Pinheiro, cujos loteamentos
ocupam uma porção de sua vertente de drenagem
leste. De 2009 a 2011, em uma parceria entre a
COPASA, a ONG GreenJop e o Poder Público, a
bacia foi revitalizada e os lançamentos de esgotos
foram interceptados para o sistema de coleta
municipal. A área de recarga é cortada pela BR-040,
que a separa em metades superior e inferior
topograficamente. A metade inferior encontra-se
cercada, com visitação proibida. O escoamento da
metade superior encontra obstáculo sobre o camalhão
construído para a rodovia, concentrando-se nas
passagens canalizadas.
Chapadão do Pau Terra
Chapada com borda superior a 960 metros de altitude
e sopé entre 720 e 800 metros de altitude, constituída
de sedimentos inconsolidados detrito-laterítico
ferruginosos do Terciário-Quaternário, coberta por
latossolos vermelhos distróficos típicos (CETEC,
1981). Os sedimentos do Terciário-Quaternário estão
sobrepostos estratigraficamente a quartzitos e
sericita-filito carbonoso do Grupo Canastra (CETEC,
1981) ou Formação Paracatu (CPRM, 2003), os quais
funcionam como barreira para o fluxo
hidrogeológico, forçando a exsudação por contato. A
superfície tabular plana é circundada por nascentes
que drenam em um contexto geomorfológico de
vertentes ravinadas e vales encaixados com cristas
esparsas (CETEC, 1981). A superfície da chapada foi
toda ocupada para agricultura mecanizada não
irrigada e para silvicultura.
Produtos Cartográficos e Resultado das Planilhas de Diagnóstico Expedito As Figuras 5 a 13 apresentam os produtos
cartográficos da metodologia de diagnóstico expedito
para cada sítio de estudo. A consolidação dos
diagnósticos expeditos de recarga encontra-se nas
Tabela 4 e 5.
DISCUSSÃO SOBRE O MÉTODO E OS RESULTADOS Ponderação sobre áreas heterogêneas
Nos casos em que um atributo não se encontra
homogêneo na área de estudo, foi realizada uma
ponderação em seu respectivo índice. Na ocorrência
de uma adjacência espacial de classes de atributos
(por exemplo, dois tipos distintos de solos), a
ponderação se guiou por proporção de áreas. De
modo distinto, na constatação de atributos com
transição gradual (por exemplo, um latossolo com
textura significativamente arenosa, transitando para
um neossolo quartzarênico), a ponderação se realizou
em termos de predominância qualitativa. Nesse
último caso, o nível de proficiência técnica do
profissional de campo torna-se um fator mais
expressivo.
Quanto a distância a eventuais focos de poluição Em todos os estudos de caso, não foi aplicado o
critério “Distância da Fonte de Poluição”, seja por
esta ser inexistente ou por ser espacialmente difusa.
Todavia, optou-se por manter esse critério no método
apresentado, por poder ser útil em trabalhos futuros e
seus critérios de ponderação estarem bem
fundamentados pela literatura consultada. Sem
embargo, a possibilidade de exclusão de critérios é
uma das características que traz flexibilidade a esta
metodologia.
Planilha de verificação ponderada (Tabelas 4 e 5) A chapada com neossolos quartzarênicos (Serra do
Boqueirão) apresentou o maior potencial de recarga,
enquanto as duas chapadas com latossolos (Chapada
do Rio da Areia e Chapadão do Pau Terra)
apresentaram a maior proteção de recarga. Os
menores potenciais de recarga se deram nas áreas
declivosas com predominância de aquíferos
fraturados (Serra das Araras), mesmo quando
associadas parcialmente a rochas kársticas (como na
Serrinha). Ao passo que a menor proteção de
qualidade da água na recarga se deu nos campos
hidromórficos (Lagoas do Rio da Prata) e vales
kársticos (Vale do Rio da Areia). Os demais pontos
de estudo apresentaram graduações intermediárias
consistentes com os seus atributos atinentes ao ciclo
hidrogeológico. Os contrastes marcantes entre os
índices das áreas de estudos apontam sobre a
necessidade de estratégias e políticas públicas
diferenciadas para a gestão dos recursos hídricos em
cada uma delas, no que toca à recarga dos aquíferos.
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Figura 5. Caracterização cartográfica das áreas maior favorabilidade de recarga no Vale do Córrego da Areia
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Figura 6. Diagnóstico Expedito de Recarga de Aquíferos para a Bacia do Córrego da Areia.
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Figura 7. Caracterização cartográfica com delimitação manual (sem auxílio de SIG) das áreas de maior favorabilidade de recarga na Serrinha, como exemplo
prático dessa possibilidade metodológica.
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Figura 8. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga na Chapada da Serra do Boqueirão.
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Figura 9. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga na Serra do Sabão.
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Figura 10. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga na Serra das Araras.
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Figura 11. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga na região das Lagoas do Rio da Prata.
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Figura 12. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga do Córrego da Bica.
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Figura 13. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga do Ribeirão dos Órfãos
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Figura 14. Caracterização cartográfica das áreas de maior favorabilidade de recarga do Chapadão do Pau Terra.
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Tabela 4. Consolidação dos Diagnósticos Expeditos de Recarga de Aquíferos nos sítios de estudo selecionados
Área de Estudo Potencial de Recarga (Quantidade de Água) Proteção sobre a Recarga (Qualidade da Água)
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Lagoas do Rio da Prata 0,8 2,5 1 2,2 1,3 0,7 1 0,95 1 0,2 0,8 3 0,95 1 1 1 4 0,43
Vale do Areia – Chapada 0,9 2 2,5 2,2 0,8 0,8 1,4 0,9 1 10 3 2,5 0,95 1 1 1,7 8,87 109,01
Vale do Areia – Karst 0,8 0,35 0,6 1,4 1,5 1,5 1 - - 4 0,3 0,3 1 1 1,5 1 0,53 0,54
Serra do Sabão 0,9 0,5 0,8 1,2 - 1,5 1 - - 4 0,6 0,6 1 1 1,5 1 0,65 2,16
Captação do Córrego da Bica 1,3 0,75 4 3 1,2 1 1 0,5 1 2,5 1,7 3 0,9 0,9 1 1 14,04 5,16
Captação do Ribeirão dos Órfãos 1,3 0,75 4 3 1,3 1,2 1,5 0,95 1 2,5 1,7 3 0,8 0,9 0,8 1,5 27,38 10,46
Chapadão do Pau Terra 0,9 2,5 2,5 2,2 1,2 0,8 1,2 0,9 1 10 3 3 0,95 1 1 1,3 14,26 100,04
Serra das Araras 1,3 0,4 0,6 0,7 0,8 1,5 1 - - 4 0,3 1 0,95 1 1 1 0,26 1,14
Serrinha 0,9 0,35 0,9 1,1 - 1,3 1 0,95 1 4 0,8 0,75 1 - 0,75 1 0,41 1,71
Chapada da Serra do Boqueirão 1,3 2,5 6 3 1,25 1,3 1 0,95 1 10 0,5 3 1 1 0,75 1 90,31 10,69
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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Tabela 5. Consolidação do Diagnóstico Expedito de Recarga de Aquíferos na Bacia do Córrego da Areia P
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Potencial de Recarga (Quantidade de Água) Proteção sobre a Recarga (Qualidade da Água)
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Agricultura na Chapada 0,9 2 2,5 2,2 0,8 0,8 1,4 0,9 1 10 3 2,5 0,95 1 1 1,7 8,87 109,01
Cerrado na Chapada 1,3 2 2,5 2,2 0,8 1,5 1 0,9 1 10 3 2,5 1 1,2 1 1 17,16 90
Campos Hidromóficos na
Chapada 0,7 2 0,3 2,2 0,8 1,5 1 0,9 1 10 0,1 2 1 1 1 1 1,11 2
Pastagem no Karste 1 0,75 1,5 1,4 1,5 0,5 1 0,9 1 4 2 0,3 0,95 1 1,5 1 1.18 3.78
Floresta Semidecídua no
Karste 0,8 0,35 0,6 1,4 1,5 1,5 1 - - 4 0,3 0,3 1 1 1,5 1 0.53 0.54
Mineração - Karste 0,8 0,5 0,6 1,4 1,5 0,3 1,25 0,7 1 2,5 0,3 0,3 0,9 1 1 1,5 0.19 0.21
Exte
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Cerrado na Encosta 1,3 0,5 1 1 0,8 1,5 1 0,9 1 1 1 1,5 0,95 1 1 1 0,08 1,28
Campo Nativo na Encosta 1,3 0,25 1 1 0,8 1,5 1 0,9 1 1 1 1,5 0,95 1 0,75 1 0,04 0,96
Cerrado no Vale 1,3 1 1,5 1 1 1,5 1 - - 4 2 1,5 0,95 1 1 1 0,29 11,4
Floresta Semidecídua 0,8 0,5 1 1 1 1,5 1 - - 0,7 1 1,5 1 1 1,5 1 0,06 1,57
Pastagem no Karste 1 0,75 1,5 1,4 1,5 0,5 1 0,9 1 4 2 0,3 0,95 1 1,5 1 0,12 3.78
Pastagem 1 0,5 1,5 1 1 0,5 1 0,9 1 1 2 1,5 0,95 1 0,75 1 0.04 1.92
Mineração 0,8 0,5 0,6 1,4 1,5 0,3 1,25 0,7 1 2,5 0,3 0,3 0,9 1 1 1,5 0.02 0.21
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Em relação ao mapeamento extensivo da Bacia do
Córrego da Areia (Tabela 5), a mineração apresentou
os piores valores para potencial de recarga e para a
sua proteção qualitativa. As áreas kársticas e as áreas
de encosta sobre litologia terrígena fraturada também
apresentaram baixos valores para potencial de recarga
e proteção. As áreas de chapada (excetuados os
campos hidromórficos) apresentaram os maiores
valores para ambas as ponderações. Os resultados são
coerentes com um diretriz de gestão da bacia em que
se preocupe mais com a sensibilidade à contaminação
nas áreas kársticas, com a propensão à degradação do
solo nas encostas; ao passo que a chapada apresenta a
maior capacidade de potencializar manejos que
busquem aumentar a infiltração para assegurar a
vazão das nascentes da bacia.
Potencialidades e Limitações
Uma das restrições de aplicação se refere à escala de
detalhe disponível para a cartografia de altimetria,
hidrografia a das imagens de sensoriamento remoto
para a área de estudo. Inobstante, a existência de uma
imagem de sensoriamento remoto com maior escala
de detalhe pode servir como base de interpretação
para as inferências de relevo e de hidrografia
necessárias à delimitação e caracterização da área de
favorabilidade de recarga do aquífero.
Reconhece-se que a metodologia proposta para
instrumentos de ação local não pretende prescindir
ou, mais ainda, competir com a qualidade da
avaliação de campo de um hidrogeólogo experiente.
Uma análise mais detalhada tecnicamente poderia
adaptar o peso de cada atributo à especificidade dos
processos hidrogeológicos locais. Inferências locais
sobre aquicludes e aquífugos potenciais, bem como
sobre os gradientes hidráulicos verticais e horizontais
prováveis, requerem uma expertise considerável, mas
trariam uma consistência muito maior quanto à
delimitação e caracterização de zonas de recarga de
descarga de aquíferos. O conhecimento sobre
permeabilidade e transmissividade nos solos e nas
rochas portadoras de aquíferos também pode desvelar
elementos importantes de análise, os quais são
desconsiderados ou simplificados pela metodologia
de ponderação. O mesmo se ressalva em relação a
fatores não considerados na lista de atributos, tais
como interconexão de aquíferos, infiltração para
aquíferos profundos e recarga artificial (a exemplo,
por irrigação). Os próprios relatórios finais e
cartografia descritiva, propostos na presente
metodologia, serão tão mais completos e confiáveis
conforme a expertise do executante em
Hidrogeologia e Cartografia.
Ainda no que se refere aos fatores não
considerados, o modelo de diagnóstico expedito para
proteção de recarga apresenta um índice geral que
não incorpora o volume e a constância do despejo dos
poluentes, bem como seu comportamento
hidrogeológico, a toxidade e a meia vida de
elementos bioquímicos específicos. Conforme
conceituação de Vrba e Zaporozec (2004), o
diagnóstico expedito pretende tratar da
vulnerabilidade intrínseca (potencial) de uma
localidade, mais que de sua vulnerabilidade
específica (a certas fontes de contaminação).
O fato de o método apresentado focar em
avaliações locais vem a dificultar que processos
hidrogeológicos de escalas mais amplas sejam
tomados em melhor caracterização. A existência de
fluxos regionais, bem como redes kársticas
complexas mais extensas são exemplos de fenômenos
que escapam a esta metodologia. Quanto à escala
temporal de análise, o fato de se restringir a poucos
dias de campo não permite uma segurança maior nas
considerações sobre as variações sazonais de fluxos
hidrológicos, relativamente comuns em áreas
kársticas e/ou semiáridas.
CONCLUSÕES
O desenvolvimento de métodos factíveis aos
instrumentos de gestão ambiental e de recursos
hídricos deve ter em conta as limitações de tempo,
recursos humanos, fontes de informação e
possibilidades legais inerentes a seus respectivos
contextos de aplicação. Os desenvolvimentos
metodológicos propostos neste estudo procuram
justamente adequar-se a essas possibilidades de
atuação.
Os estudos de caso na Bacia do Rio Paracatu
evidenciaram um leque de situações diferenciadas
para o trato da conservação dos aquíferos. O método
proposto evidenciou essas diferenças, apresentando
produtos consistentes para caracterização dessas
áreas. Os resultados podem ser utilizados para
recomendações quanto a técnicas de conservação do
solo e da água, seja no contexto de planejamento
ambiental microrregional, seja na seleção de sítios
para a aplicação de políticas públicas com o fito de
um melhor custo-benefício para o equilíbrio hídrico
regional da bacia hidrográfica.
O exemplo de diagnóstico para a Serrinha
mostrou que é possível realizar o diagnóstico
expedito mesmo sem habilidades prévias de
geoprocessamento e sensoriamento remoto. Ao
passo que o exemplo de mapeamento extensivo, para
a Bacia do Córrego da Areia, mostrou como esse
heterogeneidade de recarga pode ser avaliada ao
longo de uma bacia hidrográfica.
As limitações e restrições quanto à aplicação
Metodologia para diagnóstico rápido de recarga de aquíferos
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desta metodologia se remetem principalmente ao
contexto de aplicação e aos instrumentos utilizados.
Não obstante, o ponto positivo principal do método
apresentado é o de servir como um fio condutor para
profissionais e estudantes de diversos graus de
capacitação em Hidrogeologia e Cartografia. O
emprego desse método possibilita que o aplicador
iniciante aproveite e aprenda ao longo de sua prática,
obtendo um produto consistente ao fim das
atividades. Ao passo que, para o profissional
experiente, a metodologia apresenta flexibilidade o
suficiente para incorporar análises mais complexas,
ou mesmo adaptações para contextos específicos ou
com restrição de acesso a dados e informações.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Marcela Camargo Matteuzzo, João
Tatão, Renaud Albernaz, Christiane Pereira dos
Santos, Cleuton Roberto Dias Rodrigues, Anderson
Rodrigues Costa, Davi Mourão Vasconcelos,
Marilane Gonzaga de Melo, Rafael Grudka e o grupo
de espeleologia GREGEO, por suas valiosas
colaborações nas campanhas de campo.
Agradecemos também à FAPEMIG, FINEP, CAPES
e CNPq pelo financiamento dos projetos que
possibilitaram a elaboração deste artigo.
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