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UMA ANÁLISE SOBRE A NOVA SALA DE AULA: QUESTÕES SOBRE INTERAÇÃO E UM COMPUTADOR POR ALUNO EM CURSOS DE COMUNICAÇÃO E HISTÓRIA Prof a . Rosane da Conceição Pereira, DSc. 1 Resumo O presente artigo é uma análise possível sobre a nova sala de aula (interativa) no Brasil e sua relação com o projeto Um Computador por Aluno (UCA), proveniente de estudos do pesquisador Nicholas Negroponte, entre 2005 e 2006, pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Estuda exemplos em cursos de Comunicação e História no país, que utilizam tais recursos das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). É proveniente de uma pesquisa feita pela autora para a disciplina Recursos Tecnológicos em Educação, durante o Curso de Formação Docente (FORDOC) – UNIVERSO São Gonçalo, em 2013. Palavras-chave: análise; nova sala de aula; e cursos de Comunicação e História. Abstract This article is a possible analysis of the new classroom (interactive) in Brazil and its relation to the project A Computer per Student (UCA), from studies researcher Nicholas Negroponte, between 2005 and 2006, by the Institute of Technology Massachusetts (MIT). Study examples in Communication courses and History in the country, using such resources of New Information and Communication Technologies (ICTs). It is from a survey conducted by the author to the discipline Technological Resources in Education, during the Teacher Training Courses (FORDOC) - UNIVERSE São Gonçalo, in 2013. 1 A autora é Pós-doutora pela UNICAMP, docente e pesquisadora (CNPq e FAPERJ) na Universidade Salgado de Oliveira (cursos superiores de Comunicação Social e Educação Artística), Campus de Niterói, e na Fundação de Apoio à Escola Técnica - Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch (cursos técnicos de Publicidade e Marketing). Curriculum Vitae Lattes: http://lattes.cnpq.br/4992147359275113. Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - N o 01 - 1º semestre/2015

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UMA ANÁLISE SOBRE A NOVA SALA DE AULA:

QUESTÕES SOBRE INTERAÇÃO E UM COMPUTADOR

POR ALUNO EM CURSOS DE COMUNICAÇÃO E

HISTÓRIA

Profa. Rosane da Conceição Pereira, DSc.1

Resumo

O presente artigo é uma análise possível sobre a nova sala de aula (interativa) no Brasil

e sua relação com o projeto Um Computador por Aluno (UCA), proveniente de estudos

do pesquisador Nicholas Negroponte, entre 2005 e 2006, pelo Instituto de Tecnologia

de Massachusetts (MIT). Estuda exemplos em cursos de Comunicação e História no

país, que utilizam tais recursos das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

(TICs). É proveniente de uma pesquisa feita pela autora para a disciplina Recursos

Tecnológicos em Educação, durante o Curso de Formação Docente (FORDOC) –

UNIVERSO São Gonçalo, em 2013.

Palavras-chave: análise; nova sala de aula; e cursos de Comunicação e História.

Abstract

This article is a possible analysis of the new classroom (interactive) in Brazil and its

relation to the project A Computer per Student (UCA), from studies researcher Nicholas

Negroponte, between 2005 and 2006, by the Institute of Technology Massachusetts

(MIT). Study examples in Communication courses and History in the country, using

such resources of New Information and Communication Technologies (ICTs). It is from

a survey conducted by the author to the discipline Technological Resources in

Education, during the Teacher Training Courses (FORDOC) - UNIVERSE São

Gonçalo, in 2013.

                                                            1 A autora é Pós-doutora pela UNICAMP, docente e pesquisadora (CNPq e FAPERJ) na Universidade Salgado de Oliveira (cursos superiores de Comunicação Social e Educação Artística), Campus de Niterói, e na Fundação de Apoio à Escola Técnica - Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch (cursos técnicos de Publicidade e Marketing). Curriculum Vitae Lattes: http://lattes.cnpq.br/4992147359275113.

 

 

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Keywords: analysis; new classroom; and Communication and History courses.

Introdução

Sobre a questão da nova sala de aula acerca do uso individual do computador por aluno

em Cursos de Comunicação e História, pode-se iniciar respondendo a seguinte

pergunta: O que é uma nova sala de aula? Eis a questão.

O Projeto UCA ou Programa Um Computador por Aluno (PROUCA) é colocado em

andamento no Brasil a partir de 2010, com negociações do Governo Federal que

começaram em 2005, a partir de recomendação do Fórum Econômico Mundial em

Davos, Suíça, e tem como Objetivo ser um Projeto Educacional para inclusão digital e

estímulo à produção comercial de base tecnológica (Portal UCA – Um Computador por

Aluno, 2005).

Como propôs Nicholas Negroponte (1995) no Instituto de Tecnologia de Massachusetts

(MIT), entre 2005 e 2006, acontece uma parceria da Organização sem fins lucrativos

One Laptop per Child (OLPC) com a Fundação de Apoio à Capacitação em Tecnologia

da Informação (FacTI) – Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para o uso

pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nas escolas

brasileiras.

Em 2006, a FacIT se associou ao Centro de Pesquisa Renato Archer (CenPRA), a

Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) e o Laboratório

de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI) como grupo técnico para a solução OLPC .

Em 2007, cinco escolas em cinco estados (São Paulo-SP, Porto Alegre-RS, Palmas-TO,

Piraí-RJ e Brasília-DF) foram selecionadas como experimentais.

Em 2010, o pregão nº 107/2008 foi vencido pelo consórcio

CCE/DIGIBRAS/METASYS, para fornecer 150 mil laptops para alunos e professores,

com infraestrutura de acesso à internet, capacitação de gestores e professores, em cerca

de 300 escolas públicas nos estados e municípios selecionados. Destes, seis munícipios

ingressariam no UCA Total, ou seja, com todas as escolas atendidas: Barra dos

Coqueiros (SE), Caetés (PE), Santa Cecília do Pavão (PR), São João da Ponta (PA),

Terenos (MS) e Tiradentes (MG).

Foram criados Grupos de Trabalho do programa Um Computador por Aluno (GTUCA)

formados por especialistas no uso de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs)

na educação, tais como os GTs Formação, Avaliação e Pesquisa.

 

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Os Critérios de seleção das escolas, da parte das Secretarias de Educação Estadual ou

Municipal dos estados e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação

(UNDIME), requerem aproximadamente 300 escolas públicas que participaram do

Piloto do Projeto "PROUCA". Nos municípios indicados, seis foram selecionados com

base nos seguintes critérios: 500 alunos e professores; escolas com estrutura de rede

elétrica e armários para os laptops; escolas localizadas preferencialmente perto de

Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTEs) ou similares, Instituições de Educação

Superior públicas ou Escolas Técnicas Federais (pelo menos uma na capital e uma na

zona rural); a assinatura do termo de adesão com anuência do corpo docente das escolas

envolvidas, manifestando solidariedade responsável e comprometida com o Projeto

UCA, além de envio de ofício das Secretarias de Educação Estaduais ou Municipais de

cada uma das escolas ao Ministério da Educação (MEC).

Quanto às Escolas Beneficiadas, o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, possui 24

escolas atendidas, 394 professores e 6102 alunos: Angra dos Reis (1 escola), Arraial do

Cabo (1 escola), Casimiro de Abreu (1 escola), Duque de Caxias (2 escolas), Itaguaí (1

escola), Macaé (1 escola), Mesquita (2 escolas), Nova Friburgo (2 escolas), Nova

Iguaçu (2 escolas), Piraí (5 escolas), Rio das Flores (1 escola), Rio de Janeiro (2

escolas), São Gonçalo (2 escolas) e São Pedro da Aldeia (1 escola).

Projeto UCA - Um Computador por Aluno

O Projeto UCA, apresentou um projeto Pré-piloto, em 2007, em cinco de dez escolas

pela Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC), para

avaliar o uso dos laptops em aula. Fabricantes doaram modelos para as escolas: a Intel

doou o Classmate para escolas de Palmas (TO) e Pirai (RJ); a OLPC doou o XO para

escolas de Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) e a empresa Indiana Encore doou o

Mobilis para escola de Brasília (DF). Foram selecionadas as escolas: Escola Municipal

Ernani Bruno de São Paulo (SP)/ XO (OLPC); Escola Estadual Luciana de Abreu de

Porto Alegre (RS)/ XO (OLPC); Colégio Estadual Dom Alano Marie Du Noday de

Palmas (TO)/ ClassMate PC (Intel); CIEP Municipal Profª Rosa Conceição Guedes de

Piraí (RJ)/ ClassMate PC (Intel); e Centro de Ensino Fundamental nº 1 do Planalto de

Brasília (DF)/ Mobilis (Encore). Sobre o Pré-piloto do Projeto UCA nessas cinco

escolas foram feitos Relatórios de Sistematização, sobre a Síntese das avaliações dos

experimentos UCA iniciais, as Orientações a gestores para o plano de expansão e Guia

de implementação, monitoramento e avaliação.

 

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Com base nos resultados positivos desses Relatórios foi colocado em prática o Projeto

piloto do Projeto UCA (fase 2) no ano de 2010, em de 300 escolas públicas das redes de

ensino estaduais e municipais, em todas as unidades do país e selecionadas sob critérios

do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), da União

Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), da Secretaria de

Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC) e da Presidência da

República.

Fica estabelecido, então, que o processo de Formação do Projeto UCA se dará em três

níveis ou ações e abrangerá universidades ou Instituições de Ensino Superior (IESs),

Secretarias de Educação (SEs) e Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs), além das

escolas participantes. A formação será semipresencial e dividida em módulos,

envolvendo teoria, tecnologia e pedagogia. O Projeto UCA também possui ações de

Avaliação formativa ao longo de sua realização e uma avaliação de impacto. As ações

de Monitoramento do Projeto UCA correspondem ao dois aspectos: conjunto de

ferramentas de monitoria e sala de monitoramento, com pessoal capacitado para

acompanhar o projeto em funcionamento.

Assim, o Suporte Técnico do Projeto UCA passa a ser constituído por Cartilha

PROUCA produzida pela RNP (06/08/2010), Página de suporte ao laptop educacional -

Digibras (19/08/2010) e Banda larga nas escolas (08/10/2010).

O Projeto UCA possui ainda seu Contato no site, que envia mensagem para: a

Secretaria de Educação à Distância (SEED), Ministério da Educação, Esplanada dos

Ministérios, Bloco L, Ed. Sede e Anexos, Brasília (DF), CEP: 70.047-900, Telefone:

(0xx 61) 0800 616161, E-mail: [email protected].

Sala de Aula Interativa: algumas questões sobre interação

O Portal Sala de Aula Interativa (cf. http://www.saladeaulainterativa.pro.br/index.html)

é um site de autoria do professor Marco Silva, Sociólogo, Doutor em Educação, além de

Docente na Universidade Estadual do Rio de janeiro (UERJ) e da Universidade Estácio

de Sá (UNESA). Este Portal contém conteúdos denominados “Convite”,

“Interatividade”, “Livro”, “Textos”, “Entrevistas”, “Links”, “Fórum” e “Chat”. Nele,

Silva acrescenta a “Plataforma Moodle” , na qual é possível encontrar links para o

curso aberto de “Formação de Professores para Docência Online”, entre outros cursos

na Graduação e no Mestrado da UERJ.

 

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No próprio Portal e no vídeo “Interatividade na Educação” (cf.

https://www.youtube.com/watch?v=ShRODbkFIJ0), Marco Silva afirma que o

professor de uma sala de aula interativa precisa promover, por exemplo, cinco

habilidades: 1ª pressupor a participação-intervenção dos alunos, indo além de respostas

dicotômicas, fechadas, quantitativas e dadas a priori ("sim" ou "não"), atuando na

construção da Comunicação e do Conhecimento; 2ª garantir a bidirecionalidade da

emissão e recepção, sabendo que Aprendizagem e Comunicação são produzidas em

conjunto entre professor e alunos; 3ª disponibilizar múltiplas redes articulatórias,

oferecendo informações em redes de conexões, permitindo aos alunos (público receptor)

ampla liberdade de associações e significações, sem que se proponha uma mensagem

fechada; 4ª engendrar a cooperação, como Cocriação (Prahalad; Ramaswamy, 2004

apud Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2010) entre professor e aluno e não no trabalho

solitário de ambos, para a Construção do Conhecimento e da Comunicação; e 5ª suscitar

a expressão e a confrontação das subjetividades, supondo que a construção da

democracia e da tolerância está relacionada à fala livre e plural de ambas as partes

(professor e alunos).

No livro “Sala de aula interativa” (2000) que originou o site homônimo, Marco Silva

alerta para o fato de que “Interatividade” é antes um conceito de Comunicação que de

Informática, usado para significar a comunicação entre interlocutores humanos, entre

homens e máquinas, e entre usuários e serviços. Mas, em todos os casos, para que a

Interatividade se dê é necessário que haja uma disposição dialógica associando emissão

e recepção como pólos complementares e antagônicos na co-criação da Comunicação; e

uma disposição da intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da mensagem ou do

programa, abertos a modificações e manipulações futuras. Por um lado, é possível

pensar como na definição hegeliana de tese ou afirmação e antítese ou crítica e, por

outro lado, que a tecnologia de hoje nem sempre tem aplicação técnica ainda, dada a

limitação do intelecto humano, como no passado ocorreu com desenhos de Leonardo Da

Vinci, de Santos Dummont etc. O autor critica a criação de graus de interatividade, tais

como: “grau zero” para videocassete e livro pela disposição linear e sequencial do filme

e do texto; “grau um” para videogame pelo movimento de imagens e roteiros

predefinidos; “grau dois” pela seleção em banco de dados a partir de menu arborescente

com ramificações obrigatórias; “grau três” para a interatividade de imersão em

ambientes virtuais de Aprendizagem ou 3D pela navegação sem mudança de conteúdos;

 

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e “grau quatro” com interatividade de conteúdo, incluindo os graus anteriores e com a

possibilidade de mudar o conteúdo da mensagem de texto, imagem e som. O “grau

quatro” contém aspectos básicos da interatividade em sua complexidade na arquitetura

do hipertexto de um computador no ciberespaço ubíquo (unindo espaço e tempo). Na

Publicidade, por exemplo, o computador como multimídia, anuncia e vende espaço (de

mídia impressa) e tempo (de mídia eletrônica) ao mesmo tempo. Esses aspectos básicos

da Interatividade, segundo Silva, seriam: a Participação-intervenção (intervenção na

mensagem de modo sensório-corporal e semântico (não responder sim e não); a

Bidirecionalidade-hibridação (Comunicação como produto da emissão e da recepção

conjunta entre professor e aluno, co-criação, codificação e decodificação dos dois

pólos); e Permutabilidade-potencialidade (Comunicação supõe múltiplas redes

articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significações potenciais

de todo ser humano). É o caso da arte "participacionista" da década de 1960, que

conforme Silva retira da Interatividade o caráter de novidade da era digital, pois essa

manifestação artística também é definida como "obra aberta" (Pop Arte dos quadrinhos

e meios de comunicação).

Marco Silva apresenta também o conceito de “Pedagogia do Parangolé”, em referência

a obras de Hélio Oiticica (1937-1980), ou seja, o professor propõe o conhecimento e

não simplesmente o transmite, sem fazê-lo à distância para a recepção audiovisual dos

alunos ou sedentária e passiva, "bancária", como criticou o educador Paulo Freire. O

professor propõe conhecimentos como o artista propõe sua obra em potência ao público,

ambos a serem construídos ou modelados pelos atores sociais envolvidos. Dessa forma,

a sala de aula interativa, “infopobre ou inforrica” de experiências, supõe que o professor

se dê conta do hipertexto, apesar das dificuldades de cada um (falta de conhecimento

sobre o uso de uma Lousa e de Portais Interativos, apesar de todo o conhecimento de

sua Formação). Para isso, Silva oferece “três sugestões apresentadas por Martín-Barbero

(1998), um crítico da utilização das velhas e novas tecnologias na educação”: 1ª o

professor terá que se dar conta do hipertexto (modelo não-sequencial, montagem de

conexões em rede para uma multiplicidade de recorrências de diálogo e participação; 2ª

o professor terá que saber que o hipertexto potencializa sua autoria, não a substitui; 3ª o

professor deverá saber que não se trata de endeusar o hipertexto que modifica

protocolos e processos de leitura, mas sim de colocá-lo em interação com o modelo

tradicional, pois o livro de papel convive com o e-book virtual, corroborando

 

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perspectivas de teóricos da Comunicação Social, como Mac Luhann, Pierre Lévy, Paul

Virlio, Muniz Sodré etc. Afinal, a interatividade e o hipertexto convidam o professor,

inspirando-se no designer de software, a pensar que é preciso transformar a

Comunicação centrada na emissão deste como um contador de história.

Para Silva, o novo espectador ou "geração net", conforme as últimas conclusões do

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica do MEC (SAEB) confirmam uma

grave tendência que não se restringe ao ensino básico, mas está no ensino médio e

superior também, a saber que o modelo antigo de Aprendizagem Escolar (apresentação

oral e fixação escrita) constitui o "efeito chatice", cujas “causas” são: a sensação de

poder absoluto do professor que reproduz conceitos sem, muitas vezes, saber interagir

com os alunos, com contéudos distantes de sua realidade a serem decorados e avaliados

em provas; e a maior e melhor oferta de Informação e Conhecimento fora de sala de

aula, com novos recursos tecnológicos fomentados pela multimídia interativa e a

internet. Ocorre uma defasagem da escola e da universidade públicas na “era digital”,

enquanto empresários e gestores do setor educacional passam a investir em novas

tecnologias informáticas para suas instituições privadas, às vezes, sem atentarem para a

necessidade de modificar a sala de aula centralizada na pedagogia da transmissão. No

entanto, as feiras de educação e informática apresentam soluções para situações

concretas, tais como: melhorar a performance dos processos de gestão minimizando

custos; capacitar professores e funcionários para otimizar trabalhos de administração e

ensino-aprendizagem; preparar novas gerações para exigências atuais e futuras do

mercado de trabalho, onde o maior valor é a capacidade de aprender, comunicar e criar

usando as tecnologias digitais de informação e comunicação; e instaurar o "ensino a

distância" como extensão inevitável da sala de aula "presencial" e inevitavelmente como

mais uma opção de negócio da sociedade capitalista em que vivemos.

Concordando com Edgar Morin (1998), Marco Silva finaliza defendendo a ideia de que

o essencial não é a tecnologia e sim um novo estilo de pedagogia, embasado por uma

modalidade comunicacional fundamentada na interatividade, ou seja, em participação,

cooperação, bidirecionalidade e multiplicidade de conexões entre informações e

professor, aluno, empresário e governo.

Projeto UCA e Projeto Sala de Aula Interativa em Ciências Sociais Aplicadas:

Estudo da História e da Comunicação Social

 

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1º) Projeto UCA no Rio de Janeiro: caso da primeira escola a implantá-lo, a Escola

Municipal Madrid

Localizada na Rua Maxwell, nº 8, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, a Escola Municipal

Madrid (EMM) é a primeira do município a participar do Projeto UCA, em 2010 (cf.

http://escolamadrid.blogspot.com.br/). De acordo com a professora Renata Carvalho (cf.

Twitter @tatarcrj; e-mail [email protected]), representante do Rioeduca na

2ª Comissão Regional de Educação (CRE), o Projeto UCA foi efetivado na escola em

2011, com os “Uquinhas”, a forma carinhosa como são conhecidos os computadores

nas turmas. A escola passou por Capacitação da Secretaria Municipal de Educação

(SME), com acompanhamentos parciais pela Mídia Educação, antes disso. Durante o

processo, uma professora capacitou cerca de 15 alunos por turma para serem monitores

que auxiliassem colegas e professores envolvidos no Projeto UCA. Em 2012, o projeto

e segundo a professora Paula Martins (Portal Rio Educa.Net, 2012): “Caminhamos

“sobre pedras” e ainda passamos por cima de algumas! Já temos um número maior de

professores que utilizam os “Uquinhas” nas turmas. Os alunos adoram pesquisar

assuntos pedagógicos na internet, digitar seus trabalhos e utilizar as ferramentas

pedagógicas que o netbook oferece. Resumindo, é muito bom ter o Projeto UCA na

Madrid. Estamos gostando muito dos avanços e sabemos que poderemos ir bem mais

adiante”. Na EMM o computador destinado a um aluno o acompanha nos anos

seguintes, com seus arquivos e personalização da área de trabalho. A Universidade do

Estado do Rio de Janeiro (UERJ), acatando norma do Projeto UCA, é parceira da escola

junto aos professores, com o edital d Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq). A escola associou ao Projeto UCA, a Educopédia, os Cadernos

Pedagógicos e a Educoteca. A Educopédia (cf. http://educopedia2010.blogspot.com.br/

e http://www.educopedia.com.br/), por exemplo, foi usada pela professora Glória, de

História, para os alunos do 7 ano, sobre o Feudalismo e a aula foi complementada com

os Cadernos Pedagógicos (cf. http://www.rio.rj.gov.br/web/sme/exibeconteudo?article-

id=3083910) formulados pela SME. Os alunos utilizaram seus netbooks para pesquisar

o assunto e escrever suas conclusões sobre este. Eles também podem baixar ou ler livros

de vários gêneros literários e paradidáticos na Educoteca (cf.

http://educoteca.educopedia.com.br/Default.aspx). No ano anterior (2011), a Maratona

de Histórias da escola teve colaboração do Projeto UCA, pois os alunos pesquisaram

 

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sobre a vida de Nelson do Cavaquinho, ouvir suas músicas e criar apresentações em

forma de slides.

2º) Facilitadores de uma sala de aula interativa: alguns portais sobre Educação e

Comunicação Social.

É possível considerar como facilitadores de uma sala de aula interativa o uso de Portais,

tais como: Domínio Público, Educação e Educação Pública.

Domínio Público é um portal que possui o link de “Publicações sobre educação” (cf.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&

skip=0&ds_titulo=&co_autor=&no_autor=&co_categoria=44&pagina=1&select_action

=Submit&co_midia=2&co_obra=&co_idioma=&colunaOrdenar=null&ordem=null),

dentre outros, como o “Vídeo Paulo Freire Contemporâneo”, partes 1 e 2 com LIBRAS

(cf.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_

obra=99982;

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_

obra=99983), além do “Plano de desenvolvimento da educação”, obras literárias,

musicais, teses, dissertações etc.

O Portal Educação é uma plataforma repositória de cursos, artigos, palestras e vídeo-

aulas, por exemplo, sobre Teóricos da Aprendizagem, como Célestin Freinet, Lev

Vygotsky e Jean Piaget (cf. http://www.youtube.com/watch?v=m4UWL0-MKxU),

sendo necessário comprar alguns conteúdos.

Já o Portal Educação Pública possui revista própria e links diversos, como um sobre

“Formação de professores” (cf.

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0000_formacao.htm) e outro

sobre “Comunicação” (cf.

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/comunicacao/0000.htm), a área de

formação da autora deste texto.

Outro recurso para uma sala de aula interativa é a lousa digital (Costa, 2009 apud Portal

Nova Escola, 2013) que funciona como uma grande tela de computador, sensível ao

toque. Assim, ela possibilita todos os recursos (audiovisuais) de um computador, de

multimídia, simulação de imagens e navegação na internet. A lousa digital torna

possível fazer apresentações tridimensionais do corpo humano, e estudar geografia com

auxílio de mapas de satélite, disponíveis em sites, como o Google Maps ou Google

 

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Earth. A dificuldade inicial é que, embora muitos alunos sejam “nativos digitais”, os

professores são “migrantes digitais” e muitos precisam ser treinados para operar a lousa

digital, enquanto outros a utilizam intuitivamente. Com essa ferramenta da Educação é

possível também simular projetos antes de pô-los em prática e esse tipo de criação é

sempre coletiva, entre os alunos e o professor orientador dos estudos, como é o caso da

horta digital do ensino fundamental da Escola Lumiar em Lageado. Com a lousa digital

as aulas podem ser salvas e compartilhadas.

3º) Questão de concurso – IFRN-Concurso Público-Grupo Magistério-Novas

Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação (Portal IFRN,

2012): Observe atentamente a charge e, em seguida, assinale a opção que melhor se

relaciona com a situação apresentada por ela.

Figura 1: Charge Gaturrô Escuela

Fonte: www.gaturro.com

A) As TICs são muitas vezes usadas para reforçar crenças existentes sobre ambientes de

ensino em que ensinar é explicar e aprender é escutar.

B) A contribuição mais significativa das tecnologias da informação e da comunicação é

a capacidade para intervir como mediadoras nos processos de aprendizagem.

C) As escolas planejam a utilização dos recursos tecnológicos como um investimento na

capacidade dos alunos de adquirir sua própria educação.

D) A utilização das TIC na escola é resultado de decisões colegiadas que respondam, de

forma satisfatória, às iniciativas dos professores.

Análise e Reflexão

A professora está presa à concepção primeira de ensino fundamentado na exposição oral

e na fixação escrita e segundo a qual o recurso tecnológico só pode corroborar essa

 

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prática, em que ela é a emissora absoluta e os alunos os receptores absolutos, sem a

interação de ambos que é possibilitada pelo meio de comunicação da lousa digital.

Portanto, a opção “A” é a correta, pois aponta essa concepção criticada. O discurso

verbal da professora vista pelo vidro da porta da sala de aula, conversando com outro

professor é, justamente: “E... é um pouco incômodo, mas é a única forma das crianças

prestarem um pouco de atenção em nós, durante a aula...”.

O discurso não verbal da imagem (Pereira, 2009) também salienta que a professora

antes que o assunto de aula (sujeito e predicado), atrás de um monitor de televisão e

apontando para o antigo quadro escrito com giz, é a fonte privilegiada do saber (poder)

nesse contexto material de produção do discurso didático de ensino e aprendizagem, o

qual é possível criticar pela análise dessa charge.

Conclusão

O importante é saber que o professor pode fazer um uso enriquecedor das Tecnologias

de Informação e Comunicação, associadas a Projetos, Portais e Recursos como a lousa

digital em sala de aula, não sendo o meio de Comunicação e interação um mero

acréscimo a mais de informações do mesmo tipo, no dizer de Marco Silva (2011), mas

sim um recurso que possibilita aos alunos pensarem diferentemente.

É um desafio para o professor modificar a Comunicação na Educação e em sala de aula,

pois se trata de pensar um novo modelo de educação baseado na co-autoria entre

professor e aluno, orientada pelo primeiro.

Modificar sua autoria enquanto docente e inventar um novo modelo de educação, na era

da cibercultura ou digital, da sociedade conectada em rede, da sociedade da informação,

que sofre a limitação humana de não assimilar a totalidade e velocidade de transmissão

desta.

Referências

COSTA, Renata. Como funciona uma lousa digital? (setembro, 2009). Portal Nova

Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-

avaliacao/planejamento/como-funciona-lousa-digital-tecnologia-501324.shtml. Acesso

em: 6 de abril de 2013.

ESCOLA MUNICIPAL MADRID. Disponível em:

http://escolamadrid.blogspot.com.br/. Acesso em: 6 de abril de 2013.

 

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MORIN, Edgard. Os países latinos têm culturas vivas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,

05, set., 1998. p. 4. Caderno Idéias/Livros.

NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

PEREIRA, Rosane da Conceição. Subjetividade e política de língua no discurso

publicitário para o ensino de português no Brasil. In: INDURSKY, Freda; FERREIRA,

Maria Cristina Leandro; MITTMANN, Solange. O discurso na contemporaneidade:

materialidades e fronteiras. São Carlos: Claraluz, 2009, p. 169-182.

________. Pesquisa: Projeto UCA e Sala de Aula Interativa. Avaliação apresentada a

JESUS, Janaína de. Docente do FORDOC – Curso de Formação Docente, da Turma

1301 – 1º/2013, na Universidade Salgado de Oliveira – Universo São Gonçalo.

Disciplina Recursos Tecnológicos em Educação.

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