A REVISTA DA AGROPECUÁRIA

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A REVISTA DA AGROPECUÁRIA Ano 5 - Nº 16 - 5,00€ janeiro | fevereiro | março 2015 (trimestral) Diretor: Nuno Marques www.revista-ruminantes.com NOVIDADES DE PRODUTO DA EUROTIER E EIMA “PRIMAMOS PELA GENÉTICA”, ENTREVISTA A UM PRODUTOR DE ABERDEEN-ANGUS OVELHAS EM LACTAÇÃO, UTILIZAÇÃO DA FIGUEIRA-DA-ÍNDIA

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A REVISTA DA AGROPECUÁRIAAno 5 - Nº 16 - 5,00€janeiro | fevereiro | março 2015 (trimestral)Diretor: Nuno Marques

www.revista-ruminantes.com

NOVIDADES DE PRODUTODA EUROTIER E EIMA

“PRIMAMOS PElA GENéTICA”,ENTREVISTA A UM PRODUTOR DE AbERDEEN-ANGUS

OVElhAS EM lACTAçãO,UTIlIzAçãO DA fIGUEIRA-DA-íNDIA

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ANO VNOVOS PROjETOS

eDitOriaL

Este ano, a Revista Ruminantes entrou no seu ano V de publicação. Foi em abril de 2011 que lançámos o primeiro número deste projeto, criado com o intuito de se tornar numa ferramenta de trabalho para todos os que participam no setor dos ruminantes, e em especial para os produtores que nela podem encontrar temas e ideias com interesse para aplicação no seu negócio.A Ruminantes tem como objetivo posicionar-se como um parceiro de todos os intervenientes, dando a conhecer o que de bom se faz em Portugal e lá fora, e impulsionando a divulgação de novos conceitos, produtos e serviços que ajudem os produtores a otimizar os seus fatores de produção, a diferenciar os seus produtos e a colocá-los no mercado ao melhor preço possível. Sempre com uma linguagem fácil e dirigida, a Ruminantes já é hoje uma referência no mercado nacional do setor, no Continente e nos Açores, onde é distribuída através de cooperativas, empresas locais, técnicos e feiras especializadas, mas também na versão digital, chegando muito além fronteiras.Para percorrer este trajeto foi indispensável o apoio de todos os investidores, que acreditaram em nós desde o primeiro dia, bem como o de todas as pessoas ligadas de uma ou outra forma ao setor que têm colaborado connosco com artigos e testemunhos.A todos, o nosso muito obrigado!

Na missão de contribuir para um reforço da rentabilidade da produção de leite e carne em Portugal, a Ruminantes vai lançar durante este ano o seu primeiro Concurso Nacional de Forragens, extensível a todos os produtores de forragens, com ou sem animais, e dar a conhecer aos intervenientes deste negócio a qualidade das forragens que por cá se fazem. O regulamento deste concurso pioneiro , que nesta primeira edição se centrará na categoria da silagem de erva, será apresentado na edição de abril da Ruminantes.Através da análise laboratorial das amostras enviadas pelos produtores, e de uma avaliação visual complementar feita por um júri credenciado, serão atribuídos prémios monetários aos três primeiros lugares. Com base nas análises realizadas será publicado anualmente um artigo sobre o nível qualitativo das forragens.Pretendemos, com esta iniciativa, medir e partilhar consigo aquilo que está a ser feito no nosso país, e incentivar a melhoria consistente da qualidade das forragens, fator considerado determinante para a sustentabilidade da produção pecuária de ruminantes. A silagem de erva talvez seja a menos “cuidada” pelos produtores, mas a otimização da sua produção contribui de forma importante para a redução de custos na exploração.

Nuno Marques

Diretor Nuno Marques| [email protected]

Colaboraram nesta edição António Cannas; António Moitinho; Bernardo Cortes; Bruno Moreira; Carla Paias; Carlos Reis; Carlos Vouzela; Dário Guerreiro; Elton Varela; Francisco Marques; Gonçalo Martins; Inês Pitacas; João D. Ferreira; João D. Silva; João P. Carneiro; João Paisana; José Caiado; José P. Lima; Marcio Garcia; Miguel Barros; Monica Battini; Pedro Castelo; Ricardo Bexiga; Rodrigo Garcia; Sara Poejo; Silvana Mattiello; Sofia Ferreira, Tereza Moreira.

PubliCiDaDe e assinaturasNuno Marques| [email protected]

reDaÇÃoÂngelo Delgado, Inês Ajuda e Maria Luísa Ferrão.

Design e PrÉ-imPressÃoSílvia Patrão| [email protected]

imPressÃoJorge Fernandes, LdaRua Quinta Conde de Mascarenhas,Nº9, Vale Fetal2825-259 Charneca da CaparicaTel. 212 548 320

esCritóriosRua Alexandre Herculano,nº 21, 5º Dto2780-051 OeirasTelm. 917 284 954| [email protected]

ProPrieDaDe / eDitorAghorizons, Lda / Nuno MarquesContribuinte nº 510 759 955Sede: Rua Alexandre Herculano,nº 21, 5º Dto2780-051 Oeiras

Tiragem: 6.000 exemplaresPeriodicidade: TrimestralRegisto nº: 126038Depósito legal nº: 325298/11

O editor não assume a responsabilidade por conceitos emitidos em artigos assinados, anúncios e imagens, sendo os mesmos da total responsabilidade dos seus autores e das empresas que autorizam a sua publicação.

Reprodução proibida sem autorização da Aghorizons, Lda.

Alguns autores nesta edição ainda não adotaram o novo acordo ortográfico.

janeiro | fevereiro | marÇo 2015

eDiçãO nº16

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“PRIMAMOS PElA GENéTICA”

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Entrevista a João Diogo Ferreira, produtor de Aberdeen-Angus.

Selecionámos alguns equipamentos premiados na Eurotier e na EIMA.

Como alimento para ovelhas em lactação.

Luzerna em alimentação de vacas leiteiras

Problemas podais em ovinos - A Peeira

Foque o seu esforço na transição

boletim De assinatura

NOVIDADES DE PRODUTO

UTILIZAÇÃO FIGUEIRA-DA-ÍNDIA

ALImENTAÇÃO

ÍnDice

Pagamento • Por transferência bancária:

NIB: 0032 0111 0020 0552 3997 7Enviar comprovativo para o email [email protected]

• Por cheque:À ordem de Aghorizons, Lda.

Portugal: 20,00 €

Europa: 60,00 €

1 ANO, 4 ExEmPLARES

Nome ............................................................................................................................................................................................

Morada .........................................................................................................................................................................................

............................................................................................................................................................................................................

CP ...........................................................................Localidade .............................................................................................

Email .............................................................................................................................................................................................

Tel. ..........................................................................NIF ................................................................................................................

morada para envio: Revista Ruminantes - Rua Alexandre Herculano, nº 21, 5º Dto, 2780-051 Oeiras.

DADOS PESSOAIS

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46 Gestão genética

Serbuvet, uma equipa de veterinários

ENTREVISTA

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36 Observatório de matérias primas

Observatório do leite

Índice VL e Índice VL-erva

ECONOmIA

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58 Demonstração em campo

Novidades de produto

EQUIPAmENTO

14 Estabelecimento de pastagem. Como proceder de forma adequada?

PASTAGENS

52 As dez razões mais comuns para a contaminação com antibiótico nos tanques de leite

Relação homem-animal em explorações de cabras leiteiras

SAÚDE E BEm-ESTAR ANImAL

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18 Conservantes e inoculantes para silagem

Novos e melhores meios para maximizar a cultura do milho

FORRAGENS

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48 Vigor híbrido vs consanguinidadeGENÉTICA

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atuaLiDaDes

Até 2050 as previsões apontam para um aumento da procura mundial de alimentos na ordem dos 70%. Não obstante, a União Europeia ser responsável por 18% das exportações mundiais de alimentos, o que se traduz em cerca de 76 milhões de euros, os resíduos agrícolas são um problema para os agricultores, e o seu tratamento custa, anualmente, ao contribuinte europeu entre 55 e 99 euros por tonelada. Pode este encargo ser mitigado? Parece que sim. O projeto de investigação NOSHAN tem como objectivo transformar os resíduos agrícolas em alimentos para animais, abrindo uma série de oportunidades de negócio verde no sector agrícola, ao mesmo tempo que reduz as importações europeias desses mesmos alimentos. Montse Jorba, a coordenadora científica do projecto NOSHAN do Centro Tecnológico LEITAT de Espanha, diz que um terço dos alimentos produzidos para consumo humano a nível mundial é desperdício, acrescentando que as frutas e as hortícolas ocupam o pódio dos alimentos desperdiçados. “Este valor equivale a uma grande perda de recursos, incluindo recursos hídricos, solos, energia, mão-de-obra e capital”. A utilização de bioresíduos como recurso reduzirá o impacto ambiental do desperdício, que passa a ser transformado em alimento. Outra questão relevante é o facto dos recursos alocados à produção de alimentos para consumo humano, como a terra e a água, aumentarem,

Projeto euroPeu visa transformar resíDuos agríColas em alimentos Para animais

eua finanCia Colónias De abelhasAgricultores e criadores de gado do Midwest vão receber cerca de três milhões e duzentos mil euros, verba destinada à manutenção das colónias de abelhas, consideradas agentes fundamentais na produção agrícola. Nos estados do Michigan, Minnesota, Dakota do Norte, Dakota do Sul e Wisconsin estima-se que o papel da polinização das abelhas no sector das colheitas e das frutas e hortícolas represente cerca de doze milhões de euros. O financiamento, concedido através do Programa de Incentivos à Qualidade Ambiental (EQIP), visa criar uma estratégia federal para promover a saúde das abelhas e outros polinizadores a partir da expansão da área plantada e do aumento do valor forrageiro nos programas de conservação.O secretário da agricultura, Tom Vilsack, defendeu que o fornecimento futuro de comida nos EUA dependerá do papel operacional das abelhas nos campos. “Este financiamento ajudar-nos-á a entender os motivos que estão na base do desaparecimento das colónias de abelhas, fenómeno conhecido como Colony Collapse Disorder, e a tomarmos medidas no sentido de melhorarmos a saúde das abelhas e evitarmos a sua extinção”, acrescenta Vilsack.Entre junho e setembro, o Midwest concentra cerca de 65% das abelhas que existem no país. Será necessário transmitir aos agricultores e criadores de gado a implementação de práticas de conservação da fauna e da flora no sentido de fixar as colónias de abelhas. Em termos operacionais, o programa prevê aconselhamento nas espécies de plantas de cobertura a semear, tendo em conta as características do solo, assim como, medidas adequadas à gestão da pastagem, por forma a proporcionar às abelhas qualidade de forragem e de habitat.A lei que regula o sector agrícola norte-americano nos próximos anos, Farm Bill 2014-2018, prioritiza a ação dos polinizadores, cabendo ao Ministério da Agricultura desenvolver programas que estimulem a fixação e a reprodução das abelhas.

dado que a produção de alimentos para animais deixa de competir por esses mesmos recursos.A equipa de investigação tem como objectivo conhecer as melhores tecnologias para extrair e melhorar cada tipo de resíduo, no sentido de trabalhar determinado ingrediente funcional, derivado, com o objetivo de promover a saúde do animal. A título de exemplo, os investigadores estão a identificar compostos químicos, como fibras e péptidos, para elaborarem alimentos especificamente adaptados à alimentação de suínos e de aves de capoeira. “A bioeconomia representa na Europa cerca de 2 mil milhões de euros, criando 22 milhões de postos de trabalho, pelo que é um elemento central do programa Horizonte 2020”, declarou Máire Geoghegan-Quinn, Comissária europeia responsável pela Investigação e Ciência, que salientou a importância de projectos como o NOSHAN. “Reúne os investigadores e as empresas para desenvolver a nossa economia e a nossa qualidade de vida de uma forma sustentável” concluiu. O projeto, que já beneficiou de cerca de 3 milhões de euros, foi apresentado na comemoração do Dia Mundial da Alimentação, cujo o tema central foi “Alimentar o planeta sem prejudicar o ambiente”.

Para mais informaÇõeshttp://noshan.eu/index.php/en/

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atuaLiDaDes

Existem outras formas de fixar micotoxinas

T5XMuito mais que um adsorvente de micotoxinas

T5X possui quatro ações principais:- Os componentes adsorventes do T5X foram selecionados num sofisticado

modelo “invivo”. As micotoxinas não passam pela parede intestinal.

- T5X estimula a produção de enzimas naturais especificas de neutralização /desintoxicação que catalisam a eliminação das micotoxinas.

- Os poderosos antioxidantes presentes no T5X inibem os radicais livres e previnem a degradação da membrana celular.

- T5X estimula o sistema imunitário não especifico, fortalecendo os animais.

Distribuído por INVIVONSA Portugal, SAZona Industrial de Murtede3060-372 Murtede CantanhedeTel: 231 209 900 – Fax: 231 209 [email protected]

a Próxima geraÇÃo De leiteSomos o que comemos, de acordo com o famoso provérbio. Uma equipa da Faculdade de Agricultura e Ciências Ambientais da Universidade canadiana McGill está a por em prática esta sabedoria, estudando os efeitos de dietas de vacas sobre a qualidade nutricional do seu leite. O objetivo desta investigação é ajudar agricultores do Quebec a produzirem leite mais saudável e a indústria de laticínios mais competitiva. “Queríamos ver a forma como as mudanças na alimentação das vacas leiteiras eram refletidas no leite, especialmente os ácidos gordos”, explica Kevin Wade, presidente do Departamento de Zootecnia e diretor do Dairy Information Systems Group. ”Estávamos à procura de uma forma de satisfazer as necessidades dos consumidores de hoje que, por motivos de saúde, querem alimentos de baixo teor de gordura com uma maior proporção de gorduras insaturadas.” Com o apoio de diversos parceiros, como a Novalait Inc., os responsáveis por este projeto da McGill apoiaram-se em dados

sobre a alimentação fornecida à maioria dos rebanhos leiteiros no Quebec, e posteriormente analisaram amostras de leite de 33 explorações para estabelecer os perfis nutricionais, especificamente no que se refere à composição química dos lípidos e proteínas do leite. À primeira vista, a ligação entre a composição do leite de vaca e aquilo que ela come pode parecer simples. Mas os ruminantes, tais como as vacas, utilizam bactérias na digestão que modificam consideravelmente a proteína ingerida, o que dificulta bastante a identificação das ligações entre a alimentação das vacas e o seu leite. Os resultados preliminares mostram possibilidades intrigantes. Por exemplo, a concentração de ácidos gordos ómega-3 no leite parece maior quando as vacas são alimentadas utilizando o sistema de TMR (rações completas) em vez de concentrados e forragens fornecidos separadamente. Mudar a forma de alimentação pode aumentar os níveis de leite de ácidos gordos ómega-3 e de

ácidos linoleicos conjugados (CLA) que se supõe serem benéficos para a saúde humana. A mesma estratégia poderá ajudar a reduzir os ácidos gordos trans, uma fonte de gordura menos saudável no leite.

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entrevista

PRIMAMOS PElA GENéTICA MAS A SAÚDE E O bEM ESTAR DOS ANIMAIS ESTãO SEMPRE PRESENTES Entrevista a João Diogo Ferreira.

A AGRIANGUS, Unipessoal, Lda está situada na Quinta da Mata, Linhaceira - concelho de Tomar. Esta empresa surge em 2012 no âmbito dos projetos de jovem agricultor do PRODER, quando João Diogo Ferreira estava no 3º ano do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Desde que entrou para a faculdade que criou uma grande ligação, inconsciente, com os bovinos. A raça Aberdeen-Angus sempre lhe suscitou interesse mesmo antes de a conhecer. Com o apoio incondicional do seu pai

informou-se do mercado, estudou várias raças, e visitou diferentes explorações em Portugal, da raça Aberdeen-Angus e de outras raças em linha pura. Depois de algumas viagens e de muito ler, decidiram importar os primeiros animais puros da raça Aberdeen-Angus da Dinamarca, dado o potencial genético e extraordinário estatuto sanitário desse país. O nome AGRIANGUS surge de acordo com a filosofia da empresa, que visa integrar a agricultura com a pecuária, neste caso, com os bovinos Aberdeen-Angus.

Esta empresa está inserida no Grupo CAÇABRAVA, que conta com mais de 25 anos de experiência, sendo atualmente líder ibérico na área cinegética. Estes dois negócios funcionam em simbiose no que toca à gestão da exploração. O facto de terem uma grande área dedicada à produção de fenos, feno-silagens e também pastagens, que podem ser utilizadas pelos bovinos, faz com que exista uma perfeita integração entre as duas empresas. No grupo CAÇABRAVA há um esforço para que tudo seja feito

Por ruminantes

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 9

da forma mais natural e sustentável possível, desde as adubações à alimentação dos animais. Toda a alimentação dos bovinos e das aves (milho, trigo, aveia, cevada e sorgo) é de produção própria, dado que acreditam que a rentabilidade da produção pecuária passa pela redução de custos na alimentação dos animais. Esta foi uma das razões pela qual escolheram a raça Angus. A grande capacidade de ingestão e adaptação destes animais é vista como uma vantagem muito grande no que diz respeito ao aproveitamento das forragens/pastagens, inegavelmente baratas, que servem de alimento a vacas e novilhos. O projeto é gerido por João Diogo Ferreira que conta com a ajuda imprescindível do seu pai, Fernando Jorge Ferreira, da sua mãe Ana Bernardo e do seu irmão António Miguel Ferreira. Refere que em situação alguma, o seu sonho sem eles se teria tornado realidade. Com um núcleo com 60 fêmeas puras adultas, todo o maneio é feito sem empregados a tempo inteiro, apenas eventuais, possibilitado pela grande facilidade de partos e pelo fácil maneio que são característicos desta raça. Em outra exploração têm cerca de 100 vacas comerciais (raças autóctones X raças continentais) que estão agora a ser cruzadas com touros Aberdeen-Angus. O núcleo puro está integrado na zona de caça turística de Santa Cita, tendo uma área com cerca de 200 hectares.

ruminantes – Qual o objetivo deste negócio, vender carne ou reprodutores?João Diogo F. – A qualidade da carne é a razão pela qual esta raça tem vindo a crescer na sua popularidade, sendo muitas vezes adjetivada como a melhor carne do Mundo. Esta foi um dos fatores que nos chamou à atenção e que influenciou a nossa decisão,

PRIMAMOS PElA GENéTICA MAS A SAÚDE E O bEM ESTAR DOS ANIMAIS ESTãO SEMPRE PRESENTES aughnamona hollY PerKins

Uma das fêmeas com melhores performances e pedigrees do rebanho, desmamou um bezerro com 53% do seu peso vivo, aos 6 meses.

visto que podemos atingir um nicho de mercado que vai primar pela qualidade em detrimento da quantidade. As suas qualidades reprodutivas e produtivas levaram-nos também a apostar na venda dos nossos melhores animais como reprodutores, depois de serem selecionados criteriosamente.

onde está a diferença na carne?Na gordura intramuscular que a carne produzida por esta raça tem, que dá o chamado marmoreio da carne (gordura entremeada que não pode ser separada). Este fator influencia as características sensoriais da carne, garantindo-lhe sucosidade e sabor. No fundo, esta gordura intramuscular são as reservas presentes para situações importantes como o pós-parto, fase de aleitamento e de escassez alimentar. A precocidade e a consequente facilidade de acabamento à base de erva, permite que a carne tenha uma composição nutritiva muito interessante, visto que ocorre uma deposição de ácidos gordos Ómega 3 e CLA (Ácido Linoleico Conjugado). A tenrura desta carne é proporcionada pela adequada gordura de cobertura das carcaças, que permite um

Carne aberDeen-angusA Associação desenvolveu uma rotulagem facultativa designada “Aberdeen-Angus Portugal - carne controlada”, potenciando assim a genética Angus em uso comercial. Esta rotulagem acrescenta valor ao produto, dado que existe um projeto com uma cadeia de hipermercados que utiliza a rotulagem e a certificação desta carne, detentora de atributos diferenciados. Este projeto está focado na qualidade da carne (marmoreio, sabor, sucosidade e tenrura) ajudando, assim, a promover a raça em Portugal.

rOtuLaGem

entrevista

arrefecimento gradual e potencia a maturação da carne. O temperamento dos animais tem-se mostrado um ponto crucial no processo de abate, visto que salvaguarda a tenrura da carne.

Qual o processo de seleção pelo qual irão passar os vossos reprodutores antes de serem vendidos?Teremos em conta os dados produtivos do animal (peso ao nascimento, aos 200, 400 e 600 dias), dados produtivos e reprodutivos dos seus ascendentes, estatuto sanitário do animal para além do que é exigido (BVD, IBR, principalmente), exame andrológico (opcional), e claro, tendo em conta que a parte fenotípica também é relevante, qualquer animal que não se inclua no estalão da raça, não será vendido, seguindo para abate. Em suma, apenas venderemos como reprodutores os animais que cumpram todos os requisitos por nós exigidos, procurando a excelência.

Quais as principais características desta raça?Para nós esta é a raça da “vaca mãe”, pois tem excelentes qualidades maternais: maravilhosa produção de leite, necessidade de manutenção

aberDeen-angusEsta raça está associada a um programa avançado de avaliação genética australiano, o BREEDPLAN, que é gerido pelo Livro Genealógico, em parceria com a Aberdeen-Angus Cattle Society (Reino Unido). Este avalia carateres produtivos: peso ao nascimento; peso aos 200/400/600 dias; capacidade aleitante; peso da carcaça e características da carne (área do lombo, rendimento na desmancha, gordura intramuscular e gordura de cobertura), assim como reprodutivos: facilidade de parto e fertilidade.

livro genealógiCoO livro genealógico da raça foi criado em 2007, neste momento conta com 1200 fêmeas e 170 machos oficialmente registados, sendo atualmente a 3ª raça exótica em Portugal. Este trabalho desenvolvido no nosso país, fez com que as associações europeias ligadas à raça tomassem a decisão (por unanimidade) de realizar, em 2016, o Fórum Europeu da raça Aberdeen-Angus em Portugal.

avaLiaçãO GenÉtica

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entrevista

moderada e grande facilidade de parto. Todas estas características asseguram-nos uma época de partos tranquila, reduzindo perdas de vitelos e cuidados médico-veterinários. Para quem não tem mão-de-obra especializada, como é o nosso caso, é muito vantajoso trabalhar com raças dóceis, reduzindo riscos e custos de mão-de-obra. A nossa procura ávida por um sistema de produção agropastoril com a alimentação dos animais à base de forragens (mais sustentável) faz-nos rever nesta raça a nossa filosofia. O tempo de gestação é em média, uma semana mais curto comparativamente com outras raças de carne. Esta é uma das razões pelas quais a raça tem facilidade de parto, contribuindo, assim, para uma rápida involução uterina e consequentemente para um anestro pós-parto reduzido. O facto de atingirem a maturidade por volta dos 15 meses possibilita-nos obter uma cria quando a vaca atinge os 2 anos de idade. Estes fatores aliados à longevidade destes animais, fazem da vaca Aberdeen-Angus um animal muito rentável, do nosso ponto de vista, fator preponderante na nova PAC 2014-2020.

Porque escolhe vacas com “profundidade”?É uma característica muito interessante que poderá indicar-nos uma maior capacidade de ingestão, fator que muitas

vezes é visto como uma desvantagem. Este aumento da capacidade de ingestão permite-nos alcançar o nosso maior objetivo, isto é, alimentar os animais com forragens (feno-silagem, feno e palha) e prados, garantindo um tempo de acabamento mais reduzido (possibilitado por dois fatores: capacidade de ingestão e gordura intramuscular). Tiramos proveito de serem ruminantes, transformando “fibra” (forragens) em carne e a profundidade aumenta drasticamente o peso de carcaça.

Como comercializa os animais?Todos os animais que cumprirem os requisitos por nós definidos (comentados anteriormente) serão vendidos como reprodutores. Os outros irão para a cadeia de distribuição com quem trabalhamos ou para canais de distribuição gourmet, sendo que ambos valorizam a qualidade da carne destes animais.

Porque utiliza esta raça em cruzamento industrial?A facilidade de parto da raça Aberdeen--Angus é fulcral para uma tranquila

época de partos, o que nos possibilita obter um maior número de vitelos vivos (os únicos com habilidade produtiva numa exploração). Este fator, associado à característica “mocha” (sem cornos) que domina na descendência, ajuda-nos a reduzir custos. Atualmente o cruzamento com Angus dá-nos acesso à carne mais bem paga do mercado, que não está sujeita às flutuações da bolsa da carne, garantindo o escoamento dos animais a um preço acima do preço corrente, o facto de produzirmos uma carne de reconhecimento global, dá-nos a garantida de valorização em 10%. Acreditamos nas potencialidades das fêmeas F1 (Angus x Autóctones/continentais), mantendo-as como fêmeas de reposição, pois conciliam a capacidade aleitante, precocidade, facilidade de parto, docilidade, e a característica “mocha” da raça Angus, com o poder de crescimento das raças continentais e adaptabilidade das raças autóctones. Posto isto, esta raça pode ser muito interessante como criadora de F1, graças ao vigor híbrido que proporciona.

recomenda o cruzamento das raças autóctones com reprodutores angus?Já existem vários casos de vacadas de Mertolengas e Alentejanas em cruzamento com Angus com resultados muito interessantes. A raça Angus melhora o temperamento das nossas raças autóctones, beneficia a qualidade da carne e aumenta a rentabilidade da carcaça, melhora a facilidade de parto, confere alguma precocidade e a descendência nascerá “mocha”. Com o fim das cotas a 200€ por vaca aleitante e o início do pagamento ligado à produção (parto há menos de 18 meses), os touros desta raça poderão ser uma hipótese economicamente interessante para muitas das grandes vacadas em extensivo, significando mais novilhos comercializáveis, boas fêmeas de reposição, menos mão-de-obra e menos preocupações.

Que grau de adaptabilidade tem esta raça às condições edafo-climáticas de Portugal Continental?Os EUA, um dos maiores produtores de carne do mundo, importaram o primeiro animal em 1873, têm neste momento quarenta vezes mais animais puros que Inglaterra, tendo condições edafo-climáticas mais difíceis que Portugal, em determinados estados. Aceito que devemos adaptar a linha genética ao

agriangus mulberrY g3766O primeiro bezerro vermelho obtido por transferência de embriões.

”a QualiDaDe Da Carne É a razÃo Pela Qual esta raÇa tem vinDo a CresCer na sua PoPulariDaDe, senDo muitas vezes aDjetivaDa Como a melhor Carne Do munDo. ”

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nosso país, porém tenho visto estes animais em diferentes condições, como por exemplo, nas pastagens luxuriantes de Inglaterra, ou em difíceis condições de Inverno na Escócia, e até à temperatura de 40ºC em alguns Estados da América. Desde 1998 que existem animais desta raça numa das regiões com condições climatéricas mais árduas de Portugal, Mértola.

Como está a desenvolver a genética na sua exploração?A aposta tem sido muito arrojada. Estamos a desenvolver e a testar a transferência embrionária como ferramenta principal para um melhoramento mais rápido, encurtando o número de gerações para seleção. Procuramos as melhores dadoras e o emparelhamento com touros testados e aprovados. No ano passado importámos embriões do Canadá e este ano iremos contar com cerca de 50 oriundos do Canadá e dos EUA. A seleção dos embriões foi feita escolhendo como principais caraterísticas: a qualidade de carcaça e da carne, a eficiência alimentar, a facilidade de parto e a capacidade aleitante, de forma a alavancar a performance aos 200, 400 e 600 dias. A aposta tem como enfoque a especialização nesta técnica, de modo a possibilitar a seleção, no futuro, das melhores fêmeas nascidas, como potenciais dadoras, assim como dos machos reprodutores que possuam um elevado valor genético, para uso em linha pura.Para nós, além de tudo o que já referi, são muito importantes os dados das mães. Ao vendermos um reprodutor é essencial que ele possua bons genes maternos, grande vantagem desta raça, quer seja para linha pura ou para cruzamento industrial (darão F1 extraordinárias e/ou animais para abate que correspondam às especificações do mercado).

Utiliza inseminação artificial (IA)?Fazemos inseminação artificial a tempo fixo e depois duas re-sincronizações para IA. Utilizamos cerca de 150 doses por ano. O sémen é de origem canadiana,

americana e inglesa, estando disponível no mercado Europeu. Tudo isto é efetuado de modo a ir ao encontro das características que referi anteriormente, apontando para o melhoramento genético dos nossos animais. Embora este trabalho possa parecer complexo, acaba por não o ser, devido à docilidade dos animais e à nossa manga/tronco que nos facilita o trabalho e nos poupa mão-de-obra.

Qual o plano alimentar utilizado?Os nossos animais pastoreiam, comem feno-silagens, fenos, palhas e têm acesso a suplementos vitamínicos e minerais, quando necessário. Normalmente fazemos um flushing alimentar, à base de feno-silagem de alta qualidade (misturas comerciais), antes da época reprodutiva.

utiliza indicadores de rentabilidade para gerir o negócio?Claro que utilizo! Sou obrigado a fazer uma agricultura de precisão. Para nós, a rentabilidade está no compromisso entre os bons pesos aos 200, 400 dias e os custos para os atingir (implícita capacidade aleitante das vacas), na facilidade de parto, no número de vitelos desmamados, no intervalo entre partos, nas caraterísticas da carcaça e na percentagem de peso vivo desmamado por vaca (i.e. Desmamando um bezerro com 300 Kg quando a mãe pesa 600Kg, dizemos que desmamou 50% do seu peso vivo), só obtendo valores bons nestes indicadores poderemos produzir com eficiência!

na fotoJoão Diogo Ferreira conta com a ajuda

imprescindível do seu pai, Fernando Jorge Ferreira.

Que perspetiva tem do negócio por ser futuro veterinário e produtor?Penso que é uma vantagem, porque como dizem os ingleses, consigo pensar “outside the box”. Não olho apenas para o peso final do animal, olho muito para as vacas, para o bem-estar animal, para a docilidade, para a facilidade de parto, e principalmente para os custos. Aposto muito na profilaxia, temos um programa vacinal com grande qualidade. Para além das vacinas mais usuais, utilizamos uma vacina marcada para IBR e uma vacina com proteção fetal para BVD. Este protocolo vacinal foi concebido com a ajuda do Dr. André Preto. Aquilo que recomendo como futuro veterinário, faço como produtor.

objetivos a cinco anos?Com a ajuda do meu pai e do meu irmão espero ter o meu mercado de reprodutores e de carne gourmet estabelecidos. Pensamos substituir a inseminação artificial por programas de transferência de embriões, utilizando as nossas melhores dadoras e, quem sabe, vir a exportar genética. Entre cruzadas e puras gostaríamos de atingir 200 vacas aleitantes.

O sucesso do programa deve-se, em parte, à colaboração da Faculdade de Medicina Veterinária, com a imprescindível ajuda do Professor João Nestor Chagas e Silva, ao Eng. Paulo Costa, Secretário Técnico do Livro Genealógico da Raça, com a sua astúcia e incansável apoio na seleção dos emparelhamentos, à Semex Portugal e ao Dr. Luís Pissarra e Dr. Rui D’orey Branco, impulsionadores do nosso programa reprodutivo.

notas

entrevista

14 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

pastaGens

ESTAbElECIMENTO DE PASTAGEM

COMO PROCEDERDE fORMA ADEqUADA?tradução livre e com introduções do note: 308, de agosto 2011, intitulado Pasture establishment – how to get it right, do dePartment of agriculture and food, government of western australia (www.agric.wa.gov.au), feita Por João Paulo carneiro, investigador do instituto nacional de investigação agrária e veterinária.

renúnCia imPortante

O diretor-presidente do departamento de Agricultura e Alimentação, e o Estado da Austrália Ocidental não assumem qualquer tipo de

responsabilidade devido a negligência ou resultante do uso ou divulgação

desta informação.

Esta Farmnote contém importantes considerações

para produtores agro-pecuários que pretendam

estabelecer novas pastagens. Pastagens de qualidade são

a força motriz de qualquer empresa pecuária. Para a existência de gado de

qualidade e saudável, é vital ter pastagens equilibradas,

significando, assim, animais saudáveis.

O estabelecimento de pastagens de sucesso é o resultado da preparação e planeamento adequados,

começando 12 meses antes da sua utilização. O maneio

de pastagens, em termos de pastoreio e adubação,

determina a sua longevidade, qualidade e interesse

contínuo.

manter as infestantes controladasO controlo de ervas daninhas em parcelas de terreno para pastagem é bastante importante. A incapacidade de as controlar adequadamente antes da sementeira da nova pastagem, aumenta significativamente o risco do seu estabelecimento não atingir os objetivos definidos.Muitas espécies de pastagem não conseguem competir com sucesso com ervas daninhas, em particular se estas forem gramíneas anuais. O controlo de plantas daninhas também aumenta significativamente o número de espécies perenes de pastagens que se conseguem estabelecer, até porque as plantas perenes de pastagens mediterrânicas quando germinam são muito pequenas e podem ser afetadas de forma negativa pela concorrência de infestantes indesejáveis. É absolutamente necessário que se faça, atempadamente, a identificação das ervas daninhas que existam na parcela a semear, para as poder controlar adequadamente, considerando as opções corretas e sustentáveis. Para tal, ter-se-á que determinar, em primeiro lugar, se existem daninhas de folha larga ou gramíneas, e se são anuais ou perenes. Estas características irão influenciar as estratégias de controlo disponíveis. Se as ervas daninhas perenes estiverem presentes, o sucesso do controlo poderá levar até dois anos antes que a

parcela de terreno esteja pronta para estabelecer novas pastagens. Será preciso aplicar ações físicas e químicas concertadas.A seguir estão conceitos, em destaque neste Farmnote, que devem ser conhecidos para controlar as infestantes.

aspersão de coberturaPulverização das infestantes de uma pastagem na fase de enchimento da semente para as matar antes de se tornarem viáveis. Também pode ser utilizada para preservar a boa qualidade de uma pastagem antes de amadurecer por parar o crescimento e evitar a acumulação de celulose e perda de digestibilidade.

aspersão de pastoreioPulverização da pastagem procurando atingir as ervas de folha largas infestantes e, de seguida, pastorear com grandes cargas pecuárias após ter deixado passar o período de segurança da substância ativa aplicada. O herbicida faz com que as ervas daninhas se tornem mais palatáveis. Se existe a certeza que o herbicida não provoca problemas de saúde aos animais, pode-se combinar o pastoreio com aplicações em doses baixas.

limpeza de invernoPulverizar as ervas daninhas anuais usando, em doses baixas, um herbicida de largo espectro.

alqueive químicoUso de um herbicida para matar todas as plantas presentes na área pulverizada.

tabela 1Formas de luta

segundo a época e a natureza da infestante.

DesiGnaçãO Da Luta ÉpOca DO anO infestante aLvO a eLiminar

Aspersão de cobertura Primavera Azevém anual, Vulpia, Bromus, Holcus lanatus

Aspersão de pastoreio Inverno Soagem, Asteráceas, Cardos

Limpeza de Inverno Inverno Azevém anual, Vulpia, Asteráceas

Alqueive químico Primavera Todas infestantes

Alta carga pastoreio Início chuva de Outono Todas infestantes

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 15

pastaGens

o que acontece no subsolo?Para oferecer às pastagens as circunstâncias ideais de estabelecimento, o seu solo precisa de estar nas melhores condições possíveis antes da sementeira.Uma análise de terra feita durante o Verão, que antecede a sementeira, permitirá realizar, de forma crítica, a melhoria das condições do solo atempadamente, para que no Outono se realize a sementeira da pastagem.Com as análises de terra, pretende-se conhecer a situação ou riqueza de nutrientes essenciais como o fósforo (P), o potássio (K) e o enxofre (S). Estes também indicam os níveis de pH do solo e de alumínio; dois fatores que são muito importantes para conhecer a aptidão para plantas como a alpista (Phalaris sp.).Quando o pH (CaCl2 - cloreto de cálcio) se situa abaixo de 4,5, será necessária calagem antes da operação de sementeira. São comuns quantidades de aplicação de calcário agrícola de cerca de 2,5 toneladas

por hectare, incorporado nos 5 centímetros superficiais de solo durante a preparação do terreno. As quantidades de calcário a aplicar dependem do valor inicial do pH, mas também do poder tampão do solo que, por sua vez, está relacionado com o teor da matéria orgânica.É vital fazer a colheita das amostras de terra em seco, ou seja no tempo seco, tendo duas opções: considerar, pelo menos, 20 sub-amostras de uma área que se considere homogénea desde a superfície até dez centímetros de profundidade; outra possibilidade tecnicamente aconselhável passa por marcar os pontos do terreno onde são retiradas as amostras de terra, para que se possa, no futuro, retirar para análise uma amostra precisamente no mesmo local e assim conhecer a evolução da fertilidade do solo; é, sem dúvida, uma pretensão que se justifica quando se quer conhecer a evolução da fertilidade, comparando resultados intermediados de vários anos, tendo o cuidado de que a recolha das amostras de terra se faça na mesma época do ano e em condição de humidade próxima.

É particularmente importante escolher um laboratório credenciado e pedir as determinações analíticas no mesmo espaço, para que os resultados sejam mais consistentemente comparáveis quando se fazem em duas distintas situações temporais. Será vantajoso discutir os resultados, a sua evolução e pedir o conselho de fertilização e de escolha das espécies da pastagem a um técnico conhecedor do assunto.

PreParar, aPontar... PastarCom a aproximação do início das chuvas de Outono dever-se-á retirar todo o pasto seco que há no campo e que se pretende vir a semear e facilitar a germinação das infestantes indesejáveis, para depois as matar; a germinação dá-se após as primeiras chuvas. Deve-se apontar para que não haja uma cobertura da superfície do terreno com vegetação de altura superior a dois centímetros. Para

16 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

pastaGens

isso, poderá ser necessário intensificar o pastoreio na parcela até ou durante o verão anterior à instalação da pastagem, para remover sobrantes de matéria seca e permitir que as ervas daninhas germinem depois da chuva. Este requisito pode ser conseguido através do pastoreio de animais ou, na sua ausência, com o arraste de grades ou cadeias pesadas sobre o terreno, medidas que após as chuvas irão produzir um incentivo na emergência das sementes do terreno.Cerca de duas semanas após a germinação das ervas daninhas, dever-se-á usar, com vantagem, um herbicida não seletivo, que elimina as ervas indesejáveis ou, em alternativa, mobilizar superficialmente o terreno para garantir que as daninhas não vão sobreviver para competir com as espécies da pastagem, que são mais interessantes para a produção animal. A opção de controlo de plantas menos desejadas a tomar nesta fase será provavelmente dependente se se pretende ou não semear a pastagem de forma convencional ou por sementeira direta.

opções de sementeiraSementeira convencional com preparação prévia do terreno, sementeira direta e sementeira aérea são os métodos recomendados para o estabelecimento de pastagens. Serão tratados os dois métodos que primeiro referimos.Mais plântulas germinam quando se usa a sementeira convencional, porque esta prática cria o mais adequado ambiente para a semente poder germinar; no entanto, incentiva mais ervas daninhas para germinarem com as sementes semeadas, criando maior concorrência com as jovens plantas desejadas. Com a sementeira direta menos sementes da pastagem conseguem germinar, mas menos ervas daninhas conseguem também germinar para competir com a pastagem alvo.É necessário estarmos certos de que os equipamentos de sementeira estão configurados adequadamente para a correta e precisa colocação de sementes no terreno. Se se estiver a usar equipamentos convencionais de sementeira, deve haver o cuidado com a profundidade de sementeira das espécies da pastagem; a profundidade ideal irá variar um pouco com espécies em causa, mas não pode ser maior do que três centímetros. O uso de rolo após a sementeira convencional é geralmente recomendado porque aumenta o

contacto entre as partículas do solo e a semente o que torna mais eficiente a germinação; deve haver imenso cuidado com a possibilidade de formação de crostas de superfície em solos pesados quando são rolados com muita humidade.Não há necessidade de usar grades ou rolos preparatórios quando se faz a sementeira direta com a terra nua.

teste de sementesÉ conveniente utilizar uma semente certificada, ou pelo menos com garantia de qualidade. De qualquer modo, é conveniente fazer a determinação do valor cultural da semente, que corresponde ao produto da capacidade germinativa efetiva e da pureza, ambas expressas em valor decimal.As sementes das leguminosas devem ser inoculadas com rizóbio específico para garantir a efetiva fixação simbiótica de azoto e são apresentadas na forma de pelets, ou seja, revestidas. Podem-se aplicar micronutrientes à semente como o Molibdénio, veiculados no pelet, com calcário e outro produto para dar adesividade entre os fatores introduzidos e a semente.

A sementeira é uma oportunidade para dar ao solo os nutrientes em falta. Deve-se ter em atenção os nutrientes já referidos neste trabalho. O azoto pode ser aplicado para avançar o crescimento; o quantitativo usado tem de ser moderado sob pena de afetar de forma negativa a germinação das leguminosas e a fixação simbiótica de azoto. Este elemento pode ser aplicado após o estabelecimento da pastagem, para aumentar a taxa de crescimento das plantas. Tem que se dizer que é um elemento caro para uma cultura constituída por plantas com possibilidade de fixação simbiótica de azoto.Corretas densidades de sementeira contribuem para o garante de uma pastagem densa e produtiva. Dever-se-á ter a noção que o bom resultado prático é uma questão de equilíbrio entre as várias espécies da mistura, especialmente as que asseguram a produção e a persistência da pastagem, não esquecendo que a existência de muitas sementes na superfície do terreno pode resultar em competição excessiva entre plântulas. Poderá ser prejudicial para as leguminosas, que são ávidas em luz, a forte concorrência de gramíneas, que são altas e têm crescimento inicial maior.

Para usufruirdo crescimentoÉ absolutamente necessário avaliar periodicamente a existência de pragas e possível efeito pejorativo de infestantes. A título de exemplo, os ácaros de patas vermelhas podem ser devastadores, numa fase inicial do estabelecimento da pastagem. A aplicação de pesticidas deverá ser absolutamente necessária, mas tem de ser feita com aconselhamento de quem tenha conhecimento dos efeitos que podem ser associados ao tratamento.As ervas daninhas podem ser muito prejudiciais para pastagens recém- semeadas. Muitas plântulas podem ser confundidas com as plantas interessantes, para um olho destreinado. Há publicações com a identificação de plantas daninhas que podem ser muito úteis para a finalidade de destrinçar quem tem de ser eliminado. As baterias, eliminadoras, têm de ser apontadas apenas para o indesejável.As ervas daninhas emergentes podem ser controladas com os herbicidas seletivos na perspetiva de proteção dos constituintes da pastagem.

oPções fundamentais• Evite a tentação de permitir o

pastoreio muito cedo de uma pastagem recém-criada ou recentemente instalada.

• Aguarde até que a altura das plantas da pastagem chegue a cerca de 10-15 centímetros de altura e seja certo que as plantas estão bem ancoradas no solo; as leguminosas devem ter cinco ou seis folhas verdadeiras; isto ocorre geralmente, cerca de seis a oito semanas após a germinação. O pastoreio rápido, no início da fase vegetativa, irá incentivar ainda mais o afilhamento e desenvolvimento da raiz, mas não se pode exagerar.

• Dar às espécies da pastagem as condições de produzir semente no primeiro ano, para constituir um bom banco de sementes no solo afastar a tentação de fazer feno com a vegetação da pastagem, são duas opções fundamentais que devem verificar-se em simultâneo.

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18 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

fOrraGens

CONSERVANTES E INOCUlANTESPARA SIlAGEMDada a difícil situação económica que atravessa o sector do leite, é necessário reduzir ainda mais os custos de produção. A chave para isso é controlar um fator muitas vezes esquecido, a qualidade da silagem, a base da alimentação de gado de leite.

Deve ser lembrado que a produção de silagem é conservar forragens húmidas e, portanto, para alcançar a máxima qualidade nutricional e sanitária assim como minimizar perdas de matéria seca, é necessário conseguir a ausência de oxigénio (anaeróbico), o máximo de tempo para a maior quantidade de forragem possível.Na ausência de oxigénio, as bactérias lácticas fermentam os açúcares e o amido da forragem e convertem em ácido láctico, ácido acético, etanol e dióxido de carbono, acidificando a silagem e impedindo assim a deterioração.

aeróbiCa

anaeróbiCa

POR DR. MÁRCIO GARCIA - 3FTRADuzIDO E ADAPTADO POR SOFIA [email protected]

Processode ensilagemo processo de ensilagem é composto por quatro etapas principais (Gráfico 1):

desde a colheita até que se alcance a anaerobiose. Esta fase deve ser o mais curta possível (no máximo 24 h). Quanto mais tempo fica a forragem sem atingir a anaerobiose, mais tempo está respirando e, portanto, maiores serão as perdas de matéria seca e energia.

Uma vez que a anaerobiose é alcançada, o silo fica estabilizado aproximadamente 14 dias após o seu fecho, isto se tudo correr bem. Nesta fase, as primeiras horas são críticas. De facto, para minimizar as perdas de matéria seca, é fundamental conseguir que o pH da massa de forragem diminua até obter o pH de conservação (4 ou menos), nas primeiras 48 horas após o fecho do silo.

estabilizaÇÃo

Se tudo correr bem, a forragem encontra-se no pH de conservação. Recomenda-se que esta fase não dure menos de 14 dias, e portanto que não se abra o silo durante um período de 28 dias após ter sido fechado.

abertura

Nesta fase, a massa de forragem é novamente exposta ao oxigénio, sendo a proliferação de leveduras e de fungos o maior risco, levando por sua vez a aquecimentos na forragem. Este crescimento fúngico é acompanhado por uma consequente perda de energia, proteína e de

matéria seca total de silagem, bem como a ocorrência de micotoxinas, com efeito direto no aparecimento de mamites, e de um aumento do número de células somáticas, bem como de uma deterioração dos parâmetros reprodutivos dos animais.

Embora, em teoria, o processo seja simples (colher, compactar e fechar), o seu bom desempenho na prática é muito mais complicado devido à multiplicidade de fatores envolvidos: tipo de forragem e variedade, matéria seca da forragem, condições climáticas no momento da ensilagem, altura do corte da forragem, grau de grãos esmagados e quebrados, fase de crescimento de forragem,

gráfiCo 1Dias desde o fecho do silo.

Fase Aeróbica

0 1 14 >28

ph ácido láctico

oxig

énio

Fase Anaeróbica Fase Estabilização Fase Abertura

Fonte: Pitty Shaver, 1990

compactação da forragem, tipo de silo, tipo de plástico, o grau de fecho do silo, a gestão da silagem, o tipo de conservantes e inoculantes assim como o seu modo de aplicação.Neste artigo, focar-nos-emos nos inoculantes e conservantes, que, repetidamente são falados sem fazer qualquer distinção entre eles.

inoculantes Os inoculantes são produtos baseados em combinações de diferentes bactérias lácticas que são adicionados à forragem para garantir e controlar a fermentação da silagem, que de outro modo,

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 19

fOrraGens

dependeria da flora que a forragem pode transportar e que nunca é suficiente para se obter o controle da fermentação adequada em todas as suas fases (Figura 1).Os inoculantes como seres vivos anaeróbicos que são, para poderem trabalhar requerem um substrato suficiente e adequado (amido e açúcares), e ausência total de oxigénio. Portanto, a aplicação de inoculantes não isenta de fazer as práticas adequadas na ensilagem. Num silo em que se fez corretamente o processo de ensilagem, a aplicação de inoculante controla a fermentação e melhora a qualidade, higiene, saúde e nutrientes da silagem, bem como minimiza a perda de matéria seca por processos prejudiciais, tais como, a respiração, a podridão ou

aquecimento produzido por fungos e leveduras.O produtor que investe dinheiro em sementes, fertilizantes, colheita, transporte, compactação, plásticos, etc., só pode garantir uma fermentação adequada em todas as fases da ensilagem se aplicar corretamente um inoculante adequado.

os aspectos-chave de um inoculante são os seguintes:

1. Uma alta concentração de bactérias lácticas por kg de silagem.

2. Obter uma rápida fermentação no início da fase anaeróbica. Por conseguinte, é importante que a inoculação tenha uma concentração elevada de bactérias lácticas homofermentativas

(Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium), com elevada produção de ácido láctico, e com pH óptimo de trabalho sequencial, de forma a que o pH baixe rapidamente nas primeiras horas, levando a massa forrageira rapidamente

ao pH de conservação, reduzindo drasticamente as perdas de matéria seca total (até 10%).

3. Assegurar que, durante a fase de estabilização, a própria massa da forragem produza conservantes químicos, tais como ácido

figura 1Redução de pH e estabilização aeróbica de um inoculante na silagem.

2 14

4

6

ph

dias

20 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

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conclusÃoUma correta silagem de forragem requer um substrato adequado, uma total ausência de oxigénio, e para obtê-lo você tem que trabalhar o melhor possível em todas as fases de produção (desde a sementeira até à sua utilização diária).

Os inoculantes e conservantes são uma ferramenta fundamental para alcançar uma boa qualidade nutricional e sanitária da forragem, bem como para reduzir as perdas globais de matéria seca, que podem vir a ser muito grandes.

Os Inoculantes garantem a fermentação quando as condições são adequadas, minimizando perdas de matéria seca, melhorando a qualidade nutricional e sanitária da forragem.

Os conservantes químicos são imprescindíveis quando as condições não são apropriadas, ajudando na obtenção do pH de conservação quando o substrato é fraco, minimizando o risco de podridão. Também evitam a deterioração fúngica da forragem quando a anaerobiose não está completa.

A correta aplicação de inoculantes e conservantes permite reduzir o custo da alimentação ao melhorar a qualidade nutricional da forragem.

Por outro lado, os conservantes, são aditivos compostos por diferentes moléculas químicas, cuja utilização na silagem é necessária quando alguns fatores não são os adequados e impeçam os inoculantes de poderem funcionar corretamente.

1. Pouco substracto na forragem: se a silagem é produzida com excesso de humidade (>28%), ou com uma forragem num baixo estado de maturação, ou com uma forragem com poucos açúcares (por exemplo: ray-grass, trevo ou luzerna), as bactérias lácticas têm pouco substrato onde trabalhar,

e portanto demorarão muito tempo para atingir o pH de conservação, o que resultará em perdas globais de matéria seca, energia, proteína e em alto risco de podridão. Sob tais circunstâncias, é recomendável adicionar conservantes químicos compostos principalmente em ácido fórmico para obter diretamente o pH de conservação. Hoje em dia existem formulações comerciais de baixa toxicidade e volatilidade, que permitem a adição na forragem de forma controlada de produtos de alta concentração de ingrediente ativo.

Com uma dosagem de ingrediente ativo de igual dose, são sempre mais eficazes as formulações líquidas que as sólidas.

2. Anaerobiose não plenamente alcançada: quando a forragem não está devidamente compactada (lotes de pequenos silos, enchimento de silo muito rápido, trator compactador com pouco peso, feno muito seco (parte superior e laterais dos silos), ou a frente da silagem é consumida lentamente. Em tais casos, existe oxigénio na massa da forragem, e portanto o risco de crescimento de fungos, de aparecimento de zonas de aquecimento e de produção de micotoxinas. Sob tais circunstâncias, os silos devem ser tratados com conservantes químicos baseados principalmente em ácido propiónico, que controlam diretamente o crescimento de leveduras e fungos. Assim, em lotes de pequenos silos, ou quando se tem recolhido o excesso de forragem de matéria seca, convém aplicar conservante químico em toda a massa de forragem em vez de aplicar inoculante. Em todos os silos, antes do fecho, devemos aplicar um conservante químico nas últimas três camadas, uma vez que é uma zona aeróbica de risco por falta de compactação. Além disso, se observarmos aquecimento na parte da frente quando a silagem é consumida, deve-se pulverizar com estes conservantes na frente correspondente à porção consumida em cada dia. Existem formulações comerciais de baixo risco e volatilidade, que permitem a adição na forragem de forma controlada de produtos de alta concentração

acético e ácido propiónico, que controlem o crescimento de fungos e leveduras a partir do interior. Este inoculante deve incluir na sua composição bactérias lácticas heterofermentativas (Lactobacillus buchneri), que além de produzir ácido lático, produzem estes conservantes químicos. Estas bactérias heterofermentativas, são fundamentais para os inoculantes destinados à produção de Pastone, que devido às circunstâncias especiais de produção (mais matéria seca e amido), o maior risco são os aquecimentos por crescimento de fungos.

4. Além disso, o sistema de medição dos inoculantes deve ser adequado para a obtenção de uma homogeneidade razoável, pelo que se recomenda que a dose mínima de solução aquosa que o inoculante contém, não seja inferior a 0,5 litros por tonelada de forragem.

figura 2Aquecimento de uma silagem por crescimento fungos = Perda de nutrientes e produção de micotoxinas.

micotoxinas

nutrientes

de ingrediente ativo. Com uma dosagem de ingrediente ativo igual à dose, são sempre mais eficazes as formulações líquidas que as sólidas.

conservantes

referênCias bibliográfiCasNão foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponibilizam bastando enviar um email para [email protected].

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22 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

fOrraGens

NOVOS E MElhORES MEIOS PARA MAxIMIzAR

A CUlTURA DO MIlhOO que significa para um produtor de leite alcançar os rendimentos máximos possíveis nos seus campos de milho?

serviços técnicos alltech Portugal

antecedentesÉ sabido que a produção de milho varia muito de lugar para lugar, inclusivamente na mesma área geográfica. Os estudiosos das tendências agrícolas mundiais referem-se a este facto como “a disparidade de resultados”, que é a diferença entre um dado rendimento e os melhores resultados possíveis obtidos. Frequentemente, estas diferenças de rendimento podem ser explicadas por uma fertilização inadequada, por falta de água ou pelas perdas causadas por pragas ou doenças. Mas se nos fosse possível resolver esta “disparidade de resultados” de outro modo? E se o rendimento pudesse aumentar sem ser necessário recorrer à utilização de mais produtos de origem química? Produzir mais com menos pode parecer demasiado bom para ser verdade mas os agricultores de todo o mundo têm milhares de potenciais parceiros que podem ajudar a atingir este objetivo ambicioso. Estes parceiros são os microrganismos do solo.Com efeito, os microrganismos contribuem para melhorar a fitossanidade através do aumento da disponibilidade de nutrientes, que aumentam o crescimento das raízes das plantas e a neutralização de compostos tóxicos no solo, conseguindo que as plantas sejam mais resistentes às doenças, ao

Aprofundar a modulação do agrobioma das culturas e a potenciação das funções basais das plantas é o paradigma onde se desenvolvem as tecnologias pioneiras da Alltech Crop Science. Trata-se de uma empresa líder na criação de alternativas de origem natural para melhorar o rendimento das culturas, focada na procura de soluções sustentáveis para as pessoas, plantas e animais. Fundada em 1994, a Alltech Crop Science é a única empresa agronómica que sintetiza produtos inovadores para o mundo vegetal, que têm como origem a fermentação das leveduras. A sua

empresa-mãe, a Alltech®, assenta a base do seu negócio precisamente no conhecimento dos processos fermentativos da levedura Saccharomyces cerevisiae, e na síntese de partes concretas de estirpes específicas desta levedura que entram na composição de produtos aplicados à nutrição e saúde animal desde 1980.As soluções Alltech Crop Science agrupam-se em quatro áreas: Saúde do solo, Nutrição da planta, Melhoria de rendimentos e Proteção da cultura. Até ao momento, todas estas soluções estão a ser utilizadas com pleno êxito em inúmeras culturas distintas e em mais de 30 países.

teCnologias inovaDoras allteCh® CroP sCienCe

Programas Da allteCh CroP sCienCe Para a Cultura Do milho

Para o caso concreto do milho, a Alltech Crop Science desenvolveu um programa específico de tratamentos com o objetivo de aumentar o rendimento e a qualidade da cultura. Este programa contempla dois tratamentos, um para aplicação no solo com Soil-Set® Aid e outro para aplicação foliar sobre a cultura com Impro-Grain®.

soil-set® aid

O Soil-Set® Aid é um produto de aplicação no solo. Trata-se de conseguir um agrobioma saudável do solo como condição para que as culturas alcancem o seu pleno potencial genético. O Soil-Set® Aid contém enzimas naturais que degradam a matéria orgânica em conjunto com outras substâncias, que assim fortalecem os microrganismos benéficos existentes no solo (Imagem 1). Desta forma, graças ao Soil-Set® Aid, aumenta a disponibilidade de nutrientes

calor, à seca e aos agentes patogénicos e predadores. Os microrganismos e as plantas são parceiros íntimos em praticamente todos os processos de vida.Historicamente, a seleção natural e a engenharia genética, a rega e os tratamentos químicos, tais como fertilizantes e pesticidas, têm sido utilizados para melhorar a produtividade das culturas. O foco ecológico que as próprias plantas têm vindo a utilizar para superar os desafios ambientais (a simbiose com os microrganismos do seu ambiente, o seu agrobioma) foi até agora quase completamente ignorado.

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 23

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NOVOS E MElhORES MEIOS PARA MAxIMIzAR

A CUlTURA DO MIlhO

que alimentam a planta e ativam a microflora do solo, favorecendo assim o desenvolvimento dos sistemas radiculares (as raízes) que contribuem para melhorar o crescimento da planta. Isto é muito importante sobretudo nos solos submetidos à compactação, a trabalhos excessivos, à repetição da mesma cultura sem rotação, etc.

imPro-grain®

Impro-Grain® é o segundo tratamento do programa da Alltech Crop Science para milho. Trata-se de uma combinação de micronutrientes e produtos de fermentação única no seu género, formulada especialmente para utilização no cultivo de cereais. Impro-Grain® otimiza a captação de nutrientes e reforça o metabolismo da planta, especialmente a fotossíntese (Imagem 3).Graças ao Impro-Grain®, a planta é capaz de sintetizar mais açúcar através do processo fotossintético. Isto traduz-se em mais

O Soil-Set® Aid é aplicado diretamente no solo antes da sementeira. Se tivermos em conta as nossas condições, com matérias orgânicas elevadas no solo, superiores em muitos casos a 5%, o Soil-Set® Aid apresenta-se como uma ferramenta estratégica para racionalizar a utilização dos fertilizantes químicos. Foram verificados aumentos sensíveis da disponibilidade de N, P, K, Ca e Mg aos 40 e 80 dias depois da sua aplicação, o que garante uma nutrição mais precisa e adequada para a cultura. A dose efetiva é de 2 litros de Soil-Set® Aid por hectare (ha) aplicado antes da semen- teira do milho.

imagem 2Impro-GrainComparação de raízes de milho. As da esquerda com Impro-Grain (melhor desenvolvimento das raízes secundárias) e as da direita sem tratamento.

imagem 1Modo de ação e resultados da aplicação do Soil-Set Aid.

Um agrobioma saudável do solo com níveis elevados de matéria orgânica e minerais biodisponíveis é fundamental para que as culturas alcancem o seu pleno potencial genético.

As enzimas naturais de Soil-Set® Aid degradam os restos vegetais do solo.

A matéria vegetal degradada é uma fonte de nutrientes e de outras substâncias para a sustentabilidade dos microrganismos benéficos e para o crescimento da planta.

• repOsiçãO De nutrientes

• DispOnibiLiDaDe DOs nutrientes

• ambiente sauDáveL para as raÍzes

Um solo saudável mantém-se num equilíbrio adequado e com uma carga microbiana abundante.

Micróbios benéficos

Micróbios patogénicos

Micróbios benéficos

Micróbios patogénicos

Micróbios benéficos

Micróbios patogénicos

A tecnologia biodiscrecional de Soil-Set® Aid contribui para um agrobioma saudável do solo.

Mas, tendo em conta o modo de ação do produto, a melhor opção é empregar 1 litro por ha antes da sementeira do milho e 1 litro depois da colheita, antes da sementeira do prado. Desta forma a microbiologia do solo é melhorada e, tendo em conta que as contribuições de matéria orgânica se repetem com frequência, enfrentamos de modo mais eficiente a sua decomposição.

Especialmente formulado para grãos e forragens, Impro-Grain® otimiza a captação de nutrientes e reforça os processos metabólicos da planta, tais como a fotossíntese.

Isto traduz-se em mais energia para a planta. Mais energia implica…

... o aumento da síntese de grão, o crescimento da espiga e do enchimento do grão. ... a redução dos efeitos

nas situações de stress.

... a melhoria do crescimento das folhas e talos.

imagem 3Efeitos e resultados da

aplicação do Impro-Grain na planta.

• aumentO DO renDimentO

• mais prOteÍna

• mais amiDO

• meLhOra a DiGestibiLiDaDe

• meLhOra a quaLiDaDe DOs aLimentOs e fOrraGens

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24 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

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O programa aqui apresentado pela Alltech Crop Science para o milho foi profusamente testado nas principais áreas de produção de milho por todo o mundo. Como é natural, as condições edafoclimáticas foram muito variadas. Apesar disso, pudemos verificar aumentos de produção que, regra geral, ultrapassaram os 10% em relação à referência. Falamos assim de uma nova forma de enfrentar o desafio da “disparidade de resultados” a que nos referimos no princípio: alcançar os rendimentos máximos possíveis na cultura, trabalhando de forma harmoniosa com os nossos “aliados naturais” (os microrganismos do solo), otimizando as funções da planta, sem recorrer à utilização dos meios tradicionais menos amigos do ambiente.

O que significa para um produtor de leite alcançar os rendimentos máximos possíveis nos seus campos de milho?

Significa que ao produzir mais matéria vegetal, mais digestível, com mais amidos e mais açúcares, aumentamos a energia disponibilizada nas dietas fornecidas às vacas leiteiras, para uma produção de leite mais eficiente e rentável. O mesmo é dizer que baixam o custo unitário da energia necessária à produção de leite.As tecnologias Alltech Crop Science contribuem assim, de forma inovadora e decisiva, para a sustentabilidade das explorações leiteiras em Portugal, num momento em que o sector vai enfrentar fortes desafios à sua rentabilidade.

as tecnOLOGiasaLLtech crOp science aJuDam a uma prODuçãO De Leite mais rentáveL

energia disponível para a planta que a utiliza para aumentar o tamanho da espiga, atenuar os efeitos de situações de stress, aumentar o desenvolvimento da raiz ou melhorar o crescimento de talos e folhas, aumentando também a digestibilidade da fibra (Imagens 2 e 4).Impro-Grain® é aplicado entre os estados V3 e V6 (quando o milho alcança uma altura de 30 cm) (Imagem 5). É neste estado que o milho define o número de filas por espiga. O seu sistema radicular também se desenvolve de modo importante. A falta de energia nesta altura do seu desenvolvimento compromete de forma definitiva o rendimento e a qualidade da cultura, mesmo se as condições agroclimáticas de que possa disfrutar a partir daqui sejam as ideais. A dose de aplicação de Impro-Grain® é de 0,6 litros

imagem 4Comparação entre milho tratado com e sem Impro-Grain. Maior uniformidade e melhor preenchimento da espiga no grupo tratado.

imagem 5Programa Alltech Crop Science para a cultura do milho.

soil-set® aidimpro-grain®

trat.* germinação v3 v6

* Tratamento das sementeiras

v9 v12 v15 v18 maturação

por ha. Tal como o Soil-Set® Aid, pode ser misturado com qualquer produto herbicida ou inseticida.

26 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

lUzERNAEM AlIMENTAçãO DE VACAS lEITEIRAS

engº agrónomo, reagro [email protected]

A procura de um nível elevado de autonomia alimentar da exploração leiteira e a exigência de qualidade desses produtos, têm privilegiado a utilização de forragens produzidas na exploração e/ou pelo proprietário. No entanto existem alguns pontos interessantes a ter em conta.

PeDro Castelo

Pontos a ter em contaNo que diz respeito ao solo, a luzerna deve ser cultivada num solo bem estruturado. Não é tolerável a solos hidromorficos (Solos minerais sem características aluviais, relacionados com situações de drenagem interna e externa muito limitadas, com inundação temporária à superfície e encharcamento quase permanente ou apenas temporário dos níveis superiores do perfil) Diniz, 2005. O pH do solo deve estar próximo da neutralidade (6 a 6,5). O sistema radicular da luzerna apresenta um forte desenvolvimento, podendo ser superior a 2 metros. Isto favorece o seu fornecimento em água e melhora a estrutura do solo em profundidade. Além disto, esta cultura é um bom precedente cultural pois pode ser usado como rotação de culturas e fornecer, através dos nódulos, azoto para a cultura seguinte.

utilizaçãoA luzerna é uma forragem que se complementa com a silagem de milho, uma vez que é rica em proteína e tem um nível energético médio. A sua incorporação na ração sob a forma de feno ou de

feno-silagem contribui para melhorar a autonomia, quer proteica quer forrageira, da exploração. Devido à volatilidade dos preços dos subprodutos provenientes das indústrias extratoras de óleo das oleaginosas (Bagaço de Soja, B. Colza e B. Girassol), existe cada vez mais a preocupação por parte dos produtores em serem menos dependentes

destes. Assim, o feno ou feno-silagem de luzerna podem ser um complemento à silagem de milho para reduzir a utilização destes produtos na alimentação animal, no entanto esta alteração deve ser criteriosa para garantir tanto uma produção de leite em quantidade, bem como com uma boa proporção de aminoácidos essenciais à produção de leite.

aLimentaçãO

tabela 1Composição Quimica das forragens (valores médios indicativos exprimidos em kg de MS).

ms%

prOteina bruta%/kg ms

ufL pDin(g)

pDie(g)

pDia(g)

Feno Luzerna 87 17,00 0,67 114,00 91,00 47,00

Fenosilagem Luzerna 46 18,10 0,80 118,25 82,48 34,66

Palha 90 4,40 0,42 22,00 44,00 11,00

três arraÇoamentos Possíveis

Tendo como objectivo demonstrar o interesse da utilização desta leguminosa fizemos três arraçoamentos possíveis adequados para um grupo de vacas Holstein com 6 meses de lactação médios (Dias de Lactação Médios (DIM) – 180 dias) para produções médias teóricas de, aproximadamente, 34 litros.

PreçosNo que diz respeito às forragens utilizámos valores que facilmente encontramos em Portugal (tabela 1) e em relação aos preços das

A – Silagem de milho + palhaB – Silagem de milho + feno luzernaC – Silagem de milho + feno-silagem de luzerna + palha

matérias-primas, considerámos preços atuais de mercado. De acordo com o nosso caderno de encargos para o objetivo de produção definido fizemos três arraçoamentos (tabela 2).

Proteína Relativamente à proteína verificamos que no arraçoamento com palha a quantidade de proteínas alimentares não degradáveis no rúmen e disponíveis ao nível intestinal (PDIA) é ligeiramente superior em relação aos outros arraçoamentos. A proteína bruta (PB) representa a matéria azotada total, enquanto a DT representa a proporção de matéria azotada total degradada no rúmen, que contribuirá para a proteossíntese microbiana depois da degradação em amoníaco. A produção de proteínas microbianas no rúmen (PDIM) poderá ser limitada pela energia fermentescível (PDIME) ou pela proteína degradável (PDIMN). Além disto, para otimizar o

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 27

aLimentaçãO

a - siLaGem miLhO + paLha

matÉria-primapreçO

(€/tOn)

quantiDaDe DistribuÍDa caracterÍsticas nutriciOnais (/Kg ms)

Kgms ufL

pDin pDie pDia ca p

mb ms g g g g g

Silagem de Milho PB7 AMD31 45 34,00 10,54 31,00 0,92 52,00 66,00 18,00 2,20 1,80

Palha 70 1,90 1,71 90,00 0,42 22,00 44,00 11,00 3,50 1,30

Massa Cerveja 38 7,00 1,85 26,50 0,92 208,43 188,20 135,39 3,15 5,84

Milho 190 3,42 2,97 87,00 1,26 76,16 115,70 56,98 0,29 2,91

Bagaço Soja 44 405 2,38 2,09 88,00 1,20 371,59 256,82 196,59 3,41 6,82

Bagaço Colza 260 2,30 2,04 88,50 0,94 248,59 162,71 109,60 10,06 11,30

Núcleo VL 35 Litros 670 0,80 0,79 99,37 0,78 202,13 193,31 211,43 138,45 7,12

total - 51,79 22,00 42,38 0,95 120,12 113,00 65,07 7,89 3,80

Custo por animal/Dia= 4,67 € (90 €/ton MB) (212 €/ton MS)

tabela 2Três arraçoamentos isonutricionais.

b - siLaGem miLhO + fenO Luzerna

matÉria-primapreçO

(€/tOn)

quantiDaDe DistribuÍDa caracterÍsticas nutriciOnais (/Kg ms)

Kgms ufL

pDin pDie pDia ca p

mb ms g g g g g

Silagem de Milho PB7 AMD31 45 32,02 9,93 31,00 0,92 52,00 66,00 18,00 2,20 1,80

Feno Luzerna PB17 170 3,70 3,22 87,00 0,67 114,00 91,00 47,00 9,00 2,40

Massa Cerveja 38 7,00 1,85 26,50 0,92 208,43 188,20 135,39 3,15 5,84

Milho 190 3,76 3,27 87,00 1,26 76,16 115,70 56,98 0,29 2,91

Bagaço Soja 44 405 2,00 1,76 88,00 1,20 371,59 256,82 196,59 3,41 6,82

Bagaço Colza 260 1,38 1,22 88,50 0,94 248,59 162,71 109,60 10,06 11,30

Núcleo VL 35 Litros 690 0,76 0,75 99,28 0,71 217,66 213,19 233,17 127,51 15,82

total 50,61 22,00 43,47 0,95 119,98 113,00 64,65 7,80 3,80

Custo por animal/Dia= 4,74 € (94 €/ton MB) (216 €/ton MS)

c - siLaGem miLhO + fenOsiLaGem Luzerna + paLha

matÉria-primapreçO

(€/tOn)

quantiDaDe DistribuÍDa caracterÍsticas nutriciOnais (/Kg ms)

Kgms ufL

pDin pDie pDia ca p

mb ms g g g g g

Silagem de Milho PB7 AMD31 45 27,00 8,37 31,00 0,92 52,00 66,00 18,00 2,20 1,80

Palha 70 1,50 1,35 90,00 0,42 22,00 44,00 11,00 3,50 1,30

Fenosilagem Luzerna 18PB 100 6,00 2,78 46,26 0,80 118,25 82,48 34,66 12,80 2,60

Massa Cerveja 38 7,00 1,85 26,50 0,92 208,43 188,20 135,39 3,15 5,84

Milho 190 4,39 3,82 87,00 1,26 76,16 115,70 56,98 0,29 2,91

Bagaço Soja 44 405 2,23 1,96 88,00 1,20 371,59 256,82 196,59 3,41 6,82

Bagaço Colza 260 1,33 1,17 88,50 0,94 248,59 162,71 109,60 10,06 11,30

Núcleo VL 35 Litros 695 0,70 0,70 99,27 0,64 213,75 229,54 251,06 125,51 15,78

total 50,15 22,00 43,57 0,95 119,98 113,00 64,52 7,80 3,80

Custo por animal/Dia= 4,75 € (95 €/ton MB) (216 €/ton MS)

funcionamento do rúmen e a produção de proteínas ruminais, os microrganismos do rúmen necessitam de energia fermentescível e de proteína degradável. Assim, há que ter em conta a quantidade aportada por dia de proteínas degradáveis ao nível do rúmen [PDD= MAT (%) x DT (%) x MSI kg)]. Assim, em termos teóricos, todos

os arraçoamentos permitem produzir a mesma quantidade de leite, considerando o nível proteico (Tabela 3), no entanto a proteína degradável por dia é superior nos arraçoamentos com luzerna, primeiro no que possui feno-silagem, seguido do arraçoamento que possui feno. Por último encontra-se o arraçoamento A (palha).

baLançO azOtaDO arraçOamentO

uniDaDe a b c

Produção leiteira por PDIN Litros 48,49 49,42 48,42

Produção leiteira por PDIE Litros 45,07 45,07 45,07

PDIN g/Kg MS 120,12 119,98 119,98

PDIE g/Kg MS 113,00 113,00 113,00

PDIA g/Kg MS 65,07 64,65 64,52

Proteina Bruta % MS 16,00 16,00 16,00

DT % 63,77 64,04 64,16

LYSDI/PDIE % PDIE 6,52 6,54 6,54

METDI/PDIE % PDIE 1,80 1,79 1,83

Proteina Digestível por Dia Kg/dia 2,24 2,25 2,26

tabela 3Balanço

Azotado dos arraçoamentos.

28 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

aLimentaçãO

DINIZ, A. Castanheira, (2005), Grandes Bacias Hidrográficas de Angola - Recursos em terras com aptidão para o regadio – Rio Cunene, IPAD, Lisboa.

referênCiasbibliográfiCas

energiaNo que concerne à energia (tabela 4), ambos os arraçoamentos têm o mesmo nível energético. Em relação aos Glúcidos totais disponíveis (GTD – representa a totalidade de glúcidos degradáveis no rúmen = Açúcares, amido, pectinas e fibra neutro detergente (NDF) degradável) o arraçoamento que permite um melhor funcionamento ruminal e eficácia leiteira é o B (com feno de luzerna, seguido do arraçoamento C com feno-silagem de luzerna e, por fim o A, com palha).

baLançO enerGÉticO arraçOamentO

uniDaDe a b c

PL por UFL Litros 34,74 35,13 34,83

UFL UFL/Kg MS 0,95 0,95 0,95

Amido + Açucar % MS 28,60 28,60 28,01

Glucidos Rápidos % MS 13,99 13,71 12,67

GTD % MS 49,52 49,72 49,93

Matéria Gorda Bruta

% MS 4,09 3,92 3,85

tabela 4Balanço energético dos arraçoamentos.

fibraNo que à fibra diz respeito (tabela 5), as paredes vegetais são o substrato privilegiado das populações celulolíticas, produtoras de ácido acético (AGV C2), que contribui à regulação do pH e à formação do teor butiroso (TB) do leite. Ambos os arraçoamentos contêm níveis de fibra que asseguram o bom funcionamento do rúmen. No entanto, em relação ao índice de fibrosidade (IF – exprime-se em minutos de ingestão e de ruminação por kg de matéria seca; obviamente que este critério também depende da apresentação do tamanho global das partículas da mistura fornecida aos animais, o que permite uma melhor ou menor valorização) o arraçoamento que apresenta um valor teórico mais correto é aquele composto por feno de luzerna seguido do que contém feno-silagem e por último aquele que tem palha. O valor de IF deve ser entre 35 e 40 minutos, sendo o ótimo entre 38 e 40,5 minutos. Valores de IF abaixo de 35 minutos poderão dar origem a falta de ruminação, risco de acidose, má valorização da ração e diminuição do TB do leite.

baLançO fibra arraçOamentO

uniDaDe a b c

Fibra Bruta % MS 18,03 18,63 17,97

NDF % MS 37,78 37,03 36,17

ADF % MS 20,14 19,80 19,92

ADL % MS 2,06 2,40 2,50

IF min/Kg MS 35,12 40,17 37,45

tabela 5Balanço de Fibrosidade dos arraçoamentos.

balanço ruminalO balanço ruminal (tabela 6) é outro parâmetro a ter em conta, principalmente na alimentação de vacas leiteiras. Ambos os arraçoamentos contêm mais de 55 % de forragens no arraçoamento total. O pH é um parâmetro bioquímico essencial da digestão e da nutrição do ruminante, que reflete as condições de fermentação do rúmen. Este valor de pH ruminal é determinado por uma equação que tem em conta: o teor de NDF da ração, o teor de amido degradável no rúmen, a taxa de concentrado da ração e a quantidade de «fator tampão» incorporado na ração. O pH baixo poderá indicar risco de acidose, queda

baLançO rúmen arraçOamentO

uniDaDe a b c

Forragem % MS 55,68 59,75 56,80

Concentrado % MS 44,32 40,25 43,20

pH - 6,16 6,18 6,16

MSR 4 % MS 37,23 39,51 38,26

MSR 4 (kg/dia) Kg/dia 8,19 8,69 8,42

tabela 6Balanço Ruminal dos arraçoamentos.

análise económica Finalmente, uma análise económica torna-se imprescindível para comparar a importância da utilização destas forragens na alimentação de vacas leiteiras. Através da observação da tabela 7, podemos concluir que o arraçoamento com feno de luzerna permite obter um resultado económico vantajoso de 7,38 €/vaca/dia, quando comparado com os outros (benefício de 0,07 €/vaca/dia em relação ao arraçoamento A e de 0,12 €/vaca/dia quando comparado com o C). Este cálculo foi baseado no custo por animal e por dia, com os preços de mercado quer para as forragens, quer para o concentrado e para o leite pago ao produtor a 0,345 €/litro. No entanto, neste benefício está a ser considerada apenas a diferença de preço de cada arraçoamento para a produção teórica prevista. No entanto, como vimos anteriormente, o arraçoamento com feno de luzerna poderá ter uma valorização superior por parte do animal e, por consequência, melhor qualidade de leite obtido (valor que poderá ser interessante pois o leite pago aos produtores para valores acima ou abaixo de TB=37g/l e TP=32g/l pode ser valorizado ou penalizado, respetivamente).

anáLise ecOnómica arraçOamentO

uniDaDe a b c

Custo Total €/animal 4,67 4,74 4,75

Custo Concentrado

€/animal 3,01 2,67 2,83

Custo Concentrado/1000 L

€/1000 L 86,69 76,07 81,39

Margem bruta/dia

€/animal 7,31 7,38 7,26

tabela 7Análise Económica.

do TB do leite, perturbações metabólicas, baixa digestibilidade da fibra e uma má valorização alimentar. A densificação energética das rações traduz regularmente um aumento do teor de elementos rapidamente degradáveis, conduzindo a situações de acidose ou sub-acidose nas vacas. Assim, a TECHNA juntamente com o INRA (Institut National de la Recherche Agronomique) desenvolveu o MSR 4 – critério de diferenciação técnica que permite determinar a parte de matéria seca degradada após 4 horas no rúmen. O MSR 4 deve ser inferior a 10 kg/vaca/dia, pois acima deste valor existe o risco de acidose, queda do TB do leite, perda de eficácia da ração e desordens metabólicas.

30 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

aLimentaçãO

introduçÃoNa Beira Interior Sul, região com clima marcadamente mediterrânico onde a produção de leite de pequenos ruminantes é uma atividade empresarial importante, as ovelhas parem normalmente no final do verão / início do outono coincidindo com o final do período mais quente e seco do ano. Naquela altura a pastagem natural, além de escassa, apresenta baixo valor nutricional. Para ultrapassar estes recorrentes períodos de escassez alimentar, os produtores suplementam os animais com feno, palha e alimento composto. A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica (L.) Miller) poderá ser um alimento alternativo a utilizar no período quente e seco.Vários estudos têm evidenciado o interesse da figueira-da-índia como alimento para ovinos (Costa et al., 2012; Rekik et al., 2010; Tegegne et al., 2007; Ben Salem et al., 2005). É considerado um alimento rico em água, com elevada digestibilidade in vitro, pobre em fibra e em proteína bruta (Silva e Santos, 2007) mas com boa palatibilidade (Suñigiga, 1980).Com este trabalho pretendemos mostrar que a figueira-da-índia pode ser um alimento forrageiro alternativo para pequenos ruminantes.

material e métodosCom o objetivo de avaliar a produção de biomassa e o valor nutricional de 16 ecótipos nacionais e duas variedades melhoradas de figueira-da-índia, em maio de 2012 foi instalado um campo experimental (Figura 1) na Quinta da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESA-IPCB) com cladódios maduros colhidos em vários pontos do país. No Laboratório de Nutrição e Alimentação Animal da ESA-IPCB (LNAA) foram analisados cladódios de um ano provenientes de plantas de cinco ecótipos diferentes e de uma variedade melhorada existente no campo experimental. As 6 populações analisadas (N=36) conjugaram dois fatores fundamentais

UTIlIzAçãO DA fIGUEIRA-DA-íNDIA COMO AlIMENTO PARA OVElhAS EM lACTAçãOroDrigues, a. m.1, 2

1Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de

Castelo Branco, Qta. Sr.ª de Mércules, 6001-909

castelo branco

2CERNAS-IPCB financiado por Fundos Nacionais através

da FCT (Projeto PEst-OE/AGR/UI0681/2014)

quando pretendemos utilizar a figueira-da-índia como forragem: reduzida ou nula presença de espinhos nos cladódios; maior produção de matéria verde (MV) por planta (produção média 11,96 kgMV/planta (±0,947); máxima 14,20 kgMV/planta; mínima 9,62 kgMV/planta).Para cada amostra foram determinados os teores em matéria seca total (MS), cinzas, proteína bruta (PB), gordura bruta (GB) (AOAC, 2000), fibra em detergente neutro (NDF), fibra em detergente ácido (ADF), lenhina em detergente ácido (ADL) (Van Soest et al., 1991), hidratos de carbono não fibrosos (NFC) (NRC, 2001), nutrientes digestíveis totais (TDN) (Coppock, 1997) e energia metabolizável (EM) (NRC, 2007).Para a análise estatística utilizou-se o programa informático IBM SPSS.

resultadosOs valores médios obtidos para as 36 amostras analisadas (5 ecótipos e 1 variedade) foram os seguintes: MS 13,75% (±1,24); EM 11,20 MJ/kgMS (±0,21); TDN 74,34% (±1,43); PB 73,99 g/kgMS (±8,26) (P<0,05); GB 14,70 g/kgMS (±1,77); NDF 185,15 g/kgMS (±26,33); ADF 107,04 g/kgMS (±18,99); ADL 8,85 g/kgMS (±3,01); NFC 637,99 g/kgMS (±32,87);

PitaCas, f. i.1

reis, C. g.1, 2

figura 1Campo experimental de figueira-da-índia na

ESA-IPCB. Aspeto das plantas no final do período seco.

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 31

cinzas 88,18 g/kgMS (±9,49) (P<0,05) (Tabela 1). Na Campina de Idanha, uma das raças ovinas mais utilizadas para produção de leite é a raça Assaf e seus cruzamentos. Segundo de la Fuente et al. (2006), existem em Portugal cerca de 15.000 ovelhas Assaf que produzem em média 359 litros de leite com 7,2% de gordura e 5,5% de proteína em 220 dias de lactação (média de 1,632 litros/dia). Para este estudo considerámos uma ovelha tipo com 70 kg de peso vivo, 4 semanas de lactação, a produzir 1,8 kg/dia de leite com 7% de gordura. As necessidades diárias de um ovino com aquelas características são as seguintes: EM ≥19,27MJ/dia; PB ≥213,2 g/dia; GB≤102,5 g/dia; NDF≥820,0 g/dia; NFC≤738,0 g/dia; ingestão de MS ≤2,05 kg/dia (ARC, 1981; AFRC, 1993, NRC, 2007). Como tal, o regime alimentar deverá ter a seguinte concentração em nutrientes: EM ≥9,4 MJ/kgMS; PB ≥104,0 g/kgMS; GB ≤50,0 g/kgMS; NDF ≥400,0 g/kgMS; NFC ≤360 g/kgMS; MS ≥40%. Comparando o valor nutricional dos cladódios da figueira-da-índia (Tabela 1) com as concentrações que deverá ter o regime alimentar, verificamos que os cladódios apenas permitem satisfazer 71,1% das necessidades diárias em PB, 46,3% das necessidades diárias em NDF e 34,4% da MS mínima que o regime alimentar deve ter. Pelo contrário, a utilização de figueira-da-índia permite ultrapassar em 11,9% as necessidades em EM e em 17,7% as necessidades máximas de NFC. Os valores anteriores indicam-nos que, para além da figueira-da-índia, devem ser incluídos no regime alimentar alimentos compostos como fonte de PB e alimentos forrageiros para aumentar o NDF e a MS reduzindo, ao mesmo tempo, o teor em NFC do regime alimentar. O alimento

aLimentaçãO

composto proposto neste estudo apresenta a seguinte composição: EM 12,5 MJ/kgMS; PB 228,1 g/kgMS; GB 37,4 g/kgMS; NDF 257,5 g/kgMS; NFC 400,0 g/kgMS; MS 89,5% (valores médios obtidos no LNAA). Como forragem seca propomos um feno de aveia com a seguinte composição nutricional: EM 8,37 MJ/kgMS; PB 100 g/kgMS; GB 23 g/kgMS; NDF 630 g/kgMS; NFC 167 g/kgMS; MS 90% (NRC, 2007). Para satisfazer as necessidades nutricionais individuais de uma ovelha em lactação propomos o seguinte regime alimentar: 3,636 kg de cladódios por dia (0,50 kgMS/dia); 1,436 kg de feno de aveia por dia (1,35 kgMS/dia); 0,223 kg de concentrado por dia (0,20 kgMS/dia). Este regime alimentar com 69% de figueira-da-índia, 27% de feno e 4% de alimento composto satisfaz as necessidades da ovelha sem ultrapassar a sua capacidade de ingestão diária de MS (2,05 kgMS/dia).Os cladódios da figueira-da-índia podem ser consumidos em pastoreio direto ou na manjedoura depois de fracionados de forma rápida e eficiente utilizando um equipamento mecânico (Figura 2) (ICARDA, sd) acionado por um motor elétrico, de explosão ou pela tomada de força do trator.

parâmetrOs anaLisaDOs

mÉDia dp vaLOr mÍnimO

vaLOr máximO

MS (%) 13,75ns ±1,24 11,06 15,81

EM (MJ/kgMS) 11,20ns ±0,21 10,66 11,56

TDN (%) 74,34ns ±1,43 70,80 76,77

PB (g/kgMS) 73,99* ±8,26 62,06 95,13

GB (g/kgMS) 14,70ns ±1,77 12,13 19,60

NDF (g/kgMS) 185,15ns ±26,33 137,76 239,09

ADF (g/kgMS) 107,04ns ±18,99 74,67 154,05

ADL (g/kgMS) 8,85ns ±3,01 4,60 16,93

NFC (g/kgMS) 637,99ns ±32,87 548,64 684,94

Cinzas (g/kgMS) 88,18* ±9,49 73,70 111,40

Peso verde (kg/planta) 11,96ns ±0,947 9,62 14,20

tabela 1Composição nutricional dos cladódios de 5 ecótipos e da uma variedade melhorada de figueira-da-índia (N=36).

dp – desvio padrão da amostra;

* – diferenças significativas entre médias para P<0,05;

ns – não ocorreram diferenças entre médias (P≥0,05).

conclusõesAs análises laboratoriais realizadas no Laboratório de Nutrição e Alimentação Animal da ESA-IPCB permitiram concluir que a figueira-da-índia apresenta baixo teor em MS, PB e NDF e elevado teor em NFC e em EM. Tendo em consideração a importância que a EM, a PB e o NDF têm para a nutrição e alimentação de ruminantes conclui-se que a figueira-da-índia pode ser utilizada na alimentação de ovelhas em lactação desde que os animais tenham acesso a uma forragem seca e a um alimento composto com teor em PB elevado. Utilizada como forragem, a figueira-da-índia parece ser uma opção alimentar interessante para ovelhas em lactação no período mais seco do ano.

figura 2Equipamento mecânico para fracionar os cladódios de figueira-da-índia antes da distribuição à manjedoura (ICARDA, sd).

Não foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponibilizam bastando enviar um email para [email protected].

referênCias bibliográfiCas

32 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

aLimentaçãO

PROblEMAS PODAISEM OVINOS - A PEEIRA

gestor de Produto, esPecialidades Zooté[email protected]

A peeira é uma doença infeciosa e uma das principais causas de claudicação em ovinos, sendo responsável por grandes percas económicas e colocando em causa o bem-estar animal.

gonÇalo martins

etiologiaAltamente disseminada pelo nosso país, esta doença é causada pela interação sinérgica de dois agentes bacterianos, Fusobacterium necrophorum e Dichelobacter nodosus.O Fusobacterium necrophorum é um habitante do aparelho digestivo dos ovinos e em locais com acumulação de dejetos e valores elevados de humidade, pode interagir com outros agentes bacterianos e provocar inflamação da região interdigital. Efetuada a colonização dos tecidos profundos, o F. necrophorum exerce a sua ação patogénica, ocasionando inflamação e destruição desses mesmos tecidos, predispondo à infeção por Dichelobacter nodosus, que se encontra no solo. As patas afetadas são a principal fonte de infeção, disseminando os agentes responsáveis pela doença no solo dos pastos e nas camas dos animais.

sintomatologiaAs manifestações clínicas da peeira dependem da fase de evolução do processo.

Assim, a claudicação de apoio das extremidades afetadas é o primeiro sinal apreciável da doença. Outro sinal é a manifestação típica de um processo infecioso destas características: calor, inflamação e vermelhidão da zona afetada. Estas são as manifestações de um processo inicial de peeira.Se o processo continua, aparece um exsudado acinzentado nas zonas afetadas, acompanhado de processos necróticos dos tecidos profundos. A claudicação de apoio torna-se mais acentuada, causando ao animal enormes dificuldades na sua deslocação.

fatores PreDisPonentesPara além da presença dos agentes etiológicos da doença, no desenvolvimento da peeira temos que ter em conta alguns fatores predisponentes:• Carências na dieta de

determinadas vitaminas (Vitamina A) e minerais (Zinco) atuam como factos coadjuvantes. A vitamina A protege os epitélios e favorece a sua regeneração sendo que

o deficit desta vitamina leva a um amolecimento do casco, facilitando a penetração dos agentes patogénicos. A carência de zinco leva ao aparecimento de paraqueratose e lesões descamativas nas extremidades, tornando-as mais frágeis. Para além disso, deficiências neste mineral originam uma diminuição dos níveis séricos de vitamina A, pois o zinco está implicado nos mecanismos que intervêm na mobilização desta vitamina desde as reservas hepáticas até à corrente sanguínea.

• má conformação dos cascos e lesões produzidas por traumatismos ao nível dos cascos, nomeadamente em animais que pastam em locais cujo solo tem muitas pedras

• a humidade do solo constitui um fator muito importante para o desenvolvimento da doença. Em primeiro lugar, pelo facto de ajudar ao desenvolvimento dos agentes patogénicos, mas também de levar a um amolecimento do casco,

imPortÂnCia eConómiCaA peeira é uma doença de elevada importância económica. As percas ocasionadas pela peeira residem no facto de os animais, principalmente os de pastoreio, terem dificuldade em alimentar-se. Um animal cuja alimentação não seja a adequada diminui a sua produção, tanto de carne como de leite. A diminuição da produção de leite tem um efeito direto nas ovelhas destinadas à produção de leite e um efeito indireto naquelas que amamentam borregos destinados à produção de carne, já que ao receberem menos leite o seu crescimento também é menor. Temos que ainda ter em conta gastos com tratamento dos animais afetados.

fazendo com que este seja menos resistente ao ataque desses mesmos agentes.

• elevada densidade de animais e portadores crónicos, levam a uma perpetuação dos agentes.

34 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

aLimentaçãO

PrevenÇÃoe Controlo

Sendo que as bactérias responsáveis pela doença são ubiquitárias, a peeira pode apenas ser controlada e nunca erradicada, exigindo assim, uma constante atenção por parte do criador.Qualquer programa de prevenção deve incluir:• Vigilância do estado

dos cascos dos animais e o corte periódico dos mesmos, de forma a evitar o crescimento excessivo.

• Alimentação adequada dos animais, evitando carências em vitaminas e minerais.

• Refugo dos animais crónicos da exploração, pois são um foco de propagação da doença.

• Pedilúvios preventivos periódicos em épocas de maior risco de infeção, com produtos adequados a todos os animais do rebanho.

• Vacinação do efetivo.

vitas Portugal

Tendo em conta o impacto que a peeira tem nas explorações ovinas, o Grupo Roullier tem disponível duas soluções para o controlo e prevenção das afeções podais em ovinos: o CALSEAMOuTON e o PODOCUR S.

Calseamouton

O CALSEAMOuTON é um bloco mineral da gama EUROBLOC desenvolvido exclusivamente para ovinos. Como em toda a gama, o CALSEAMOuTON tem na sua composição componentes extraídos do fundo do mar, o CALSEAGRIT (obtido a partir do Lithothamne, naturalmente rico em cálcio, magnésio e 32 oligoelementos) e o BIOTECH (extratos de algas castanhas, fonte de nutrientes de elevado valor para os microrganismos do rúmen)A composição do CALSEAMOuTON tem como objetivo o fornecimento dos minerais e vitaminas necessários ao bom desenvolvimento dos animais, com especial atenção aos problemas de imunidade (Vitamina E e Selénio) bem como aos problemas podais (Zinco).

PoDoCur s

O PODOCUR S é um produto especificamente formulado para a prevenção e controle de infeções podais estando especialmente indicado para pedilúvios, podendo ainda ser utilizado em aplicação direta após limpeza dos cascos.Os diferentes componentes de PODOCUR S, devido à sua ação conjunta, conferem--lhe características especiais que possibilitam uma grande eficácia no combate e prevenção de problemas de patas:• PENETRANTE - Devido à

ação dos tensioativos de natureza orgânica, com uma potente atividade, facilita a separação da sujidade, melhorando a penetração das restantes substâncias ativas.

• DESINFECTANTE - A combinação das diferentes substâncias com ação desinfetante (complexo orgânico desinfetante),

conferem-lhe um alto poder frente a bactérias Gram+ e Gram-, esporos de bactérias, fungos, algumas leveduras e vírus.

• CICATRIzANTE - PODOCUR S possui um elevado poder cicatrizante devido à combinação de vários sulfatos metálicos que associados ao poder desinfetante lhe conferem uma alta eficácia para fechar pequenas feridas.

• ENDURECEDOR - O complexo orgânico endurecedor, confere a PODOCUR S um forte poder endurecedor do casco melhorando a resistência dos tecidos às erosões, ao mesmo tempo que acelera a recuperação dos tecidos afetados.

• ISOLANTE - PODOCUR S tem a capacidade de formar uma capa protetora e isolante, na zona do casco, ajudando a evitar a entrada de microrganismos e de sujidade nas feridas ou em zonas especialmente sensíveis, como o espaço interdigital.

• PERSISTENTE - Devido à sua formulação, PODOCUR S mantém as suas características durante mais tempo, mesmo em presença de matéria orgânica, que os produtos tradicionalmente utilizados (sulfato de cobre + formol).

as soluÇões

A Vitas Portugal continua a defender uma busca permanente de novas e mais adequadas soluções para os nossos clientes.

notasPara mais informações e esclarecimentos, não hesite em contactar o técnico Vitas mais próximo de si.

A AJAP (Associação de Jovens Agricultores de Portugal) foi fundada com o propósito de representar os jovens agricultores de Portugal, bem como de alertar para a importância do associativismo na agricultura. Esta associação tem vindo a crescer, e lança agora uma novidade que promete impulsionar a agricultura portuguesa para um novo patamar. A AGRINOV é uma plataforma para a “INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NA FORMAÇÃO DA AGRICuLTuRA”, onde é possível encontrar informação (em formato de manual ou diapositivos) sobre vários assuntos ligados à agricultura. Existem vários separadores com informações sobre boas condições agrícolas e ambientais, saúde pública e animal, segurança no trabalho, entre outros. Após a leitura dos manuais é ainda possível testar os conhecimentos adquiridos, ou aceder a diretórios com mais informação.

informaÇÃo e inovaÇÃo na agriCultura Portuguesa

Para mais informaÇõesO endereço da nova plataforma é:http://agrinov.ajap.pt

Definitivamente um site a visitar.

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 35

atuaLiDaDes

Num inquérito efetuado pela Rabobank Rural aos produtores Neozelandeses de carne de ovino e bovino, foi registado um aumento no otimismo dos mesmos quanto aos lucros a obter no ano de 2015. Três quartos dos produtores mostraram-se otimistas, afirmando que esperam um crescimento maior das suas explorações no próximo ano. Este otimismo deve-se não só aos preços da carne de bovino e ovino vigentes no final do ano de 2014, mas também a uma maior demanda de proteína animal a nível mundial, bem como ao aumento de importação de carne por parte dos Estados Unidos da América. Já na produção de leite o

leite e ProDuÇÃoDe Carne De ovino aumentam no País De gales

Pelo quarto ano consecutivo verificou-se uma subida na produção de carne de ovino e de leite de vaca no País de Gales, ao contrário da produção de carne de bovino, que voltou a descer. Numa sondagem efetuada pelo governo Galês, a produção de ovinos apresentou uma subida de 3%, valor que não era atingido desde 2002. Na produção de leite, o número de vacas adultas aumentou 4%, o que levou a um aumento de 1% da totalidade de bovinos de leite (bovinos adultos e vitelos), atingindo os valores mais altos dos últimos oito anos. O cenário na produção de carne de bovino não foi tão favorável, sendo que o número de animais com menos de dois anos decaiu 3 pontos percentuais, enquanto o número de fêmeas adultas apresentou uma descida na ordem dos 6.4%.

Os produtores procuram sempre melhorar o maneio das suas explorações, rentabilizando as técnicas do dia-a-dia, reduzindo assim os custos. Foi segundo esta tendência que um projeto fundado pela União Europeia e sedeado na Autoridade para a Agricultura e Desenvolvimento Alimentar Irlandesa, deu os primeiros passos no desenvolvimento de uma ordenha automática que pode ser conjugada com um regime de pastoreio. Esta ordenha faz parte de uma abordagem multidisciplinar a este tipo de sistema de produção.

Entre as diversas ferramentas associadas a este projeto, encontra-se a GrassHopper que permite uma análise detalhada da erva no pasto, fornecendo ao produtor informações sobre os melhores locais de pastagem para as suas vacas. A ordenha serve então como “porta de entrada” para a nova pastagem, e as vacas, atraídas pela boa qualidade da nova erva, passam através da ordenha para chegarem ao novo pasto. Este projeto visa aumentar a rentabilidade da exploração, bem como o bem-estar animal.

ProDutores De Carne neozelanDeses mais otimistas

orDenha automátiCa aDaPtaDa a um regime De Pastoreio

cenário muda completamente, com metade dos produtores a acreditar que a sua produção vai piorar no próximo ano. Segundo a Radobank Rural, este pessimismo deve-se essencialmente ao preço do leite pago ao produtor. Devido a este panorama, as perspetivas de investimento por parte dos produtores de carne são muito mais elevadas.

36 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

As bases nos mercados de matérias primas agrícolas parecem mais equilibradas para 2015. No mais recente relatório do Rabobank Agri Commodities Markets Research (ACMR), publicado no final do ano, os analistas esperam menores oscilações de preços para a maioria das matérias primas, em comparação com 2014. Do lado da procura, o crescimento abrandou nos últimos anos. No entanto, os níveis de preços mais baixos deverão agora incentivar o crescimento do consumo, o que poderá ajudar a sustentar os preços. As variáveis-chave a observar no próximo ano incluem o reforço do dólar norte-americano, a incerteza do crescimento da procura chinesa, a desaceleração da procura de biocombustíveis e a quebra dos preços do petróleo.Stefan Vogel, diretor global do Rabobank (ACMR) disse: “Globalmente, 2015 será um ano interessante para as matérias primas agrícolas. Os fatores-chave continuarão em jogo e os choques resultantes das oscilações de preços da oferta e procura são ainda prováveis, uma vez que os stocks para a maioria das matérias primas ainda não estão nos níveis necessários para proporcionar uma margem de segurança confortável”.

O ritmo de crescimento da economia mundial foi dececionante durante 2014, particularmente na zona do euro, onde os embargos da Rússia têm dificultado a recuperação económica O Reino Unido e os EUA são os “pontos de luz” para 2015, mas o seu ritmo de expansão vai ser moderado por crescimentos lentos noutros lugares. Significativamente, em 2015 o Rabobank espera uma revisão em baixa da taxa de crescimento da China em cerca de 7,5 por cento.A procura global, os riscos associados às condições meteorológicas e as decisões de sementeira e comercialização por parte dos agricultores continuarão a ser os principais fatores de crescimento em 2015. Considerando que existirão condições normais de crescimento, aumentos moderados na procura permitirão a reposição dos stocks para a maioria das matérias-primas.No entanto, os preços mais baixos projetados para este ano, também constituem um grande incentivo para que o consumo exceda os níveis previstos. Em particular, a procura de importação por parte da China vai continuar a ser uma das variáveis mais importantes para muitos mercados de matérias-primas agrícolas.Do lado da oferta, as anomalias de produção relacionadas com o clima vão

ter impacto nos preços das matérias-primas agrícolas. As condições climáticas em 2014 favoreceram a produção de matérias-primas agrícolas, com boas produções na maioria das regiões. A única exceção foram as regiões central e sudeste do Brasil e a costa leste da Austrália, devido às condições de seca persistente. Apesar dos stocks iniciais mais elevados em 2015, ameaças climáticas, incluindo o risco de um El Nino fraco a moderado, poderão fazer com que os preços possam sofrer oscilações.

Previsões do rabobankpara 2015Trigo: os preços deverão aumentar após uma estabilização no início do ano, uma vez que os riscos de fornecimento permanecem e, mesmo sem riscos, a oferta e a procura devem manter-se equilibradas.Milho: os preços deverão aumentar ligeiramente, já que o armazenamento generalizado de milho pelos agricultores e o decréscimo das áreas semeadas deverão fornecer algum suporte aos preços.Farinha de soja: os preços deverão ficar abaixo dos elevados preços dos últimos dois anos, mas serão suportados por uma forte procura global.

PREVISõES PARA 2015

ObSERVATóRIOfonte: rabobank

Esperam-se menores oscilações de preços para a maioria das matérias primas em comparação com 2014.

ecOnOmia

matÉrias Primas

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 37

EvOlUçãO dO prEçO dE MAtérIAS prIMAS (EM EUrOS/tOnElAdA)Preços médios semanais no porto de Lisboa (2011 a 2014)

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ecOnOmia

Os analistas do Rabobank inclinam-se para um crescimento da oferta de leite ao longo dos próximos 12 meses. Os preços internacionais deverão começar a recuperar apenas no terceiro trimestre de 2015 devido ao regresso da China ao mercado e ao anunciado fim do embargo russo às importações. O relatório do U.S. Department of Agriculture (USDA), indica que haverá um abrandamento das exportações de leite por parte dos principais exportadores e uma redução das margens à produção.

estaDos uniDosDa amÉriCaSegundo os analistas do Rabobank, o preço do leite na produção tende a manter-se baixo nos mercados internacionais e nacionais, verificando-se uma queda substancial do preço no mercado norte-americano, no início de 2015.Este cenário pode atribuir-se a duas grandes causas que afetam o mercado internacional: a retração da procura de leite e produtos lácteos por parte da China e o embargo russo às importações de leite e derivados. Estes dois factos contribuíram, ainda em 2014, para que houvesse uma inundação de leite no mercado global, e, segundo os analistas do Rabobank, parece que a solução para o problema passa por manter o preço do leite baixo, durante algum tempo, de maneira a que o mercado internacional fique limpo do excedente. No segundo trimestre, os 7 grandes países

exportadores de leite aumentaram a oferta em 4,3%, enquanto a procura se manteve fraca. No segundo trimestre de 2014, as importações chinesas reduziram 75%, face ao mesmo período em 2013, situação que prevê manter-se até meados de 2015. No terceiro trimestre de 2014, os preços do queijo e do soro de leite caíram cerca de 15%, verificando-se uma queda abrupta no preço da manteiga que desvalorizou cerca de 30%. No último trimestre de 2014, nos EuA, o leite foi pago acima dos valores registados no mercado internacional, assim como a manteiga, cujo valor transacionado foi o dobro do preço do produto na Austrália. Provavelmente, este cenário, que colocou os EUA à margem da realidade global logo no início de 2014, deveu-se a uma oferta de leite no mercado interno comprometida, devido a um inverno frio, bem como, a problemas verificados na qualidade da alimentação fornecida aos animais. A estas duas ameaças, que poderão ser olhadas como oportunidades, os EUA apostou forte nas exportações com o objetivo de manter os preços do leite e produtos lácteos elevados. No entanto, segundo os especialistas, este cenário não vai durar muito tempo. Em 2015, estima-se um aumento da produção de leite na ordem dos 3,5%, uma procura interna a crescer lentamente, as exportações a caírem face aos anos anteriores e as importações a aumentarem. No segundo trimestre de

2015, o relatório do Rabobank, prevê uma queda de 50% no preço da manteiga, enquanto o preço do queijo descerá na ordem dos 30%.

uniÃo euroPeiaApesar do crescimento do número de vacas, verificado em 2013, fruto de uma crescente procura global de leite, não houve até agora, um aumento significativo da produção de leite na Europa. Esse aumento é esperado após o fim do sistema de quotas, previsto para o dia 1 de Abril de 2015, onde uma maior disponibilidade de leite no mercado europeu permitirá apostar nas exportações, num mercado global de novas oportunidades, especialmente precisado de leite em pó e queijo.No último ano do regime de quotas 2014/2015, os Estados Membros que já atingiram o nível de produção estipulado, deverão mantê-lo, desde que o preço do leite continue elevado e que os preços dos alimentos para os animais não sofram oscilações. Quer a França, quer o Reino Unido poderão produzir substancialmente mais leite, dado que não atingiram o nível da quota que lhe foi atribuída. Apesar do rendimento por vaca leiteira ter diminuído em 2013, devido às más condições climatéricas e ao alto preço dos alimentos, prevê-se que esse rendimento sofra um aumento em 2014 e 2015. O número de vacas leiteiras estima-se estável em 2014 havendo uma tendência ligeira para diminuir em 2015.

ObSERVATóRIO

Fontes: uSDA, RABOBANK, EDA, AGRIMONEY, APROLEP, LTO.

POR MARIA LUÍSA FERRÃO

leite

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 39

ecOnOmia

ChinaOlhando para 2014, a China assistiu a algumas alterações no que respeita à regulamentação do funcionamento das indústrias de laticínios. O estado adotou um conjunto de políticas que visaram garantir a qualidade e a segurança do leite em pó. Verificou-se que, devido ao declínio do preço do leite, e a uma consequente diminuição dos custos de produção, o rendimento das indústrias de processamento aumentou. Assistiu-se a um aumento das importações de leite processado da Alemanha e da Austrália que impactou o mercado interno do leite pasteurizado. Verificou-se, ainda, uma cooperação entre empresas nacionais e estrangeiras dentro da própria China e um aumento do investimento chinês no exterior, quer a nível da indústria de lacticínios, quer a nível de explorações leiteiras. Para 2015, o “China Dairy Industry Analysis and Forecast Report (2014-2015)” traça as tendências do mercado; uma indústria de lacticínios em expansão; importação e consumo de leite e derivados a aumentar; indústria infantil do leite em pó com tendência a reorganizar-se em polos industriais.

nova zelÂnDia e austráliaEm 2014, na Austrália a produção de leite foi beneficiada por condições climatéricas favoráveis. As boas margens já verificadas estão a incentivar os produtores a tirarem proveito da situação e a estenderem a temporada de ordenha, até porque parece que existe um alerta de El Nino que, ao verificar-se, irá condicionar a atividade agrícola em 2015 dada a probabilidade de existência de seca.A Nova Zelândia, maior exportador de leite do mundo, deverá ver a sua produção de leite reduzida em 1,8%. Segundo fonte da Fonterra, responsável por 90% do leite processado na Nova Zelândia, os

paÍses cOmpanhia preçO DO Leite (€/100KG)

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34,21 38,25

Sodiaal 42,04 38,09

inglaterra

Dairy Crest (Davidstow)

40,55 39,92

First Milk 32,40 37,56

irlanDaGlanbia 30,50 36,07

Kerry 32,02 36,57

itália Granarolo (North) 43,87 44,71

holanDaDOC Kaas 30,65 39,75

Friesland Campina 35,99 43,10

prEçO MédIO lEItE (2) 35,76 39,70

nova zelÂnDia

Fonterra 26,45 34,88

eua EuA (3) 46,63 40,63

PreÇo Do leite stanDarDizaDo (1)

(1) Preços sem IVA, pagos ao produtor; Preço do leite de diferentes empresas

leiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico • (2) Média aritmética

(3) Ajustado para 4,2% gordura, 3,4% proteina e contagem de células

somáticas 249,999/ml • (4) Inclui o pagamento suplementar mais recente

Fonte: LTO

leite à ProDuÇÃoPreços médios mensais em 2014

Fonte: SIMA

Gabinete de Planeamento e Políticas

meses eur/KG teOr mÉDiO De matÉria

GOrDa (%)

teOr prOteicO (%)

Contin. Açores Contin. Açores Contin. Açores

2013 outubro 0,360 0,343 3,78 3,92 3,28 3,24

novembro 0,375 0,340 3,92 3,83 3,29 3,17

Dezembro 0,377 0,354 3,98 3,82 3,36 3,19

2014

janeiro 0,372 0,349 3,89 3,75 3,31 3,28

fevereiro 0,372 0,350 3,85 3,74 3,31 3,19

marÇo 0,372 0,349 3,78 3,62 3,33 3,24

abril 0,391 0,349 3,79 3,64 3,29 3,26

maio 0,346 0,348 3,78 3,60 3,28 3,22

junho 0,343 0,346 3,78 3,63 3,26 3,16

julho 0,328 0,344 3,74 3,67 3,23 3,10

agosto 0,329 0,343 3,77 3,68 3,25 3,07

setembro 0,329 0,348 3,80 3,74 3,28 3,16

outubro 0,339 0,347 3,84 3,72 3,30 3,25

produtores estão sob pressão uma vez que esta associação prevê pagar menos 40% do preço do leite ao produtor.

argentinaSegundo relatório emitido pelo USDA, a produção de leite na Argentina em 2015 cairá cerca de 3%. Ainda assim falamos de uma produção de cerca de 11,7 milhões de toneladas. A indústria láctea está atenta à oportunidade de entrar no mercado russo, fechado às importações de produtos provenientes dos Estados Unidos da América, da União Europeia, da Austrália e do Canadá, devido à disputa diplomática pela Ucrânia. Dos derivados do leite, o queijo é o produto mais procurado no mercado russo.

PortugalCom o fim das quotas leiteiras, Portugal, posicionado entre os países com menor produção, pode sair prejudicado. No entanto, verifica-se que existe um trabalho prévio feito pelos produtores que consiste na adoção de medidas a contemplar já o início de um novo ciclo. Estas passam pelo aumento dos efetivos e pela melhoria da eficiência da produção de leite, através de várias ações: redução de custos na alimentação, através da produção de forragens na própria exploração (silagem de milho, erva, pastagem), melhoria dos parâmetros reprodutivos e da qualidade do leite produzido, inclusão de vacas crossbreeding no efetivo, engorda de novilhos até aos 10-12 meses e recria de novilhas para venda. Com o objetivo de ajudar o sector, que esteve ligado a um sistema de quotas durante 30 anos, a Comissão Europeia criou o Observatório do Mercado do Leite. Aumentar a transparência e fornecer dados precisos ao mercado, por forma que os agentes da cadeia produtiva de leite possam tomar decisões de negócio na posse de mais e melhor informação. No site do Observatório o produtor pode acompanhar as tendências de mercado na União Europeia e no resto do mundo. Esta é uma ferramenta que se pretende que seja útil aos produtores de leite em Portugal.

40 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

ecOnOmia

íNDICE Vl e íNDICE Vl-ERVA

Analisamos neste número da Ruminantes os Índices VL e VL - erva para os meses de agosto, setembro e outubro de 2014. Durante este período, o preço do leite pago ao produtor individual no continente manteve-se entre 0,329 e 0,339 €/kg e o preço pago ao produtor nos Açores variou entre 0,343 e 0,348 €/kg (SIMA, 2014). Em ambos os casos foram valores muito inferiores ao preço médio pago por kg de leite aos produtores europeus que variou entre 0,352 €/kg e 0,369 €/kg (MMO, 2014). O preço das principais matérias-primas utilizadas no fabrico dos alimentos compostos apresentou uma pequena variação relativamente ao trimestre anterior. A título de exemplo, nos meses de agosto, setembro e outubro, o milho grão, a cevada, o bagaço de soja 44, o bagaço de colza e o bagaço de girassol

apresentaram os preços médios mais baixos do ano, respetivamente, 0,169 €/kg, 0,173 €/kg, 0,385 €/kg, 0,224 €/kg e 0,203 €/kg. A evolução de preços do leite e dos alimentos refletiu-se no Índice VL e no Índice VL - erva que em outubro de 2014 foi, respetivamente, de 1,837 e de 2,540. De referir que em outubro de 2013 o Índice VL havia sido de 1,833 e o Índice VL - erva de 2,398. Se considerarmos que o valor 1,5 é um valor moderado, representando um negócio saudável e 2 um valor elevado muito favorável para o sucesso económico da exploração (Schröer-Merker et al., 2012), concluímos que os produtores de leite do continente continuam a trabalhar numa zona de conforto financeiro e que os produtores de leite dos Açores estão a viver momentos muito favoráveis para o sucesso económico das explorações.

Por antónio moitinho rodrigues, docente/investigador, escola suPerior agrária do instituto Politécnico de castelo brancocarlos vouZela, docente/investigador, dePartamento de ciências agrárias da universidade dos açoresNUNO MARQUES, REvISTA RUMINANTES

Valor do Índice VL Limiar de rentabilidade Negócio saudável Forte ameaça para a rentabilidade da exploração

evOLuçãO DO ÍnDice vL

O Índice VL é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor no continente e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (concentrado 9,5 kg/dia; silagem de milho 33 kg/dia; palha de cevada 2 kg/dia).

DE jULhO DE 2012A OUTUBRO DE 2014

1,0

val

ore

s d

o ín

dic

e v

l

1,5

2,0

outubro 2014julho 2012

evOLuçãO DOÍnDice vL e ÍnDive vL-erva

úLtimOs 13 meses ÍnDice vL ÍnDice vL erva

2013

outubro 1,833 2,398

novembro 1,905 2,368

Dezembro 1,904 2,445

2014

janeiro 1,923 1,923

fevereiro 1,879 1,879

marÇo 1,826 1,826

abril 1,912 2,383

maio 1,750 2,443

junho 1,766 2,476

julho 1,767 2,535

agosto 1,770 2,521

setembro 1,815 2,619

outubro 1,837 2,540

O valor é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor individual no continente (Índice VL) e na Região Autónoma dos Açores (Índice VL-erva) e pelas variações mensais dos preços dos 5 alimentos mais importantes para a formulação do concentrado utilizado.

DE OUTUBRO DE 2013 A OUTUBRO DE 2014

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 41

referênCias bibliográfia:

Não foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponíbilizam bastando enviar um email para [email protected].

notas:Relativamente ao preço do leite, neste trimestre, o preço médio pago aos produtores individuais do continente (0,332 €/kg) foi ligeiramente inferior ao do trimestre anterior (0,339 €/kg). O mesmo ocorreu com o preço pago aos produtores individuais da Região Autónoma dos Açores que passou de

0,348 €/kg para 0,345 €/kg de leite. Para comparação, apresenta-se o preço médio do leite pago aos produtores da UE28 no trimestre agosto / setembro / outubro que foi de 0,361 €/kg;O preço médio das 5 principais matérias-primas que entram na formulação do alimento composto teve uma tendência decrescente;

Os preços dos alimentos forrageiros utilizados na formulação do regime alimentar não apresentaram diferença representativa relativamente ao trimestre anterior;Os 3 aspetos acabados de indicar refletem-se nos valores anteriormente apresentados para os Índice VL e Índice VL - erva de outubro de 2014.

ecOnOmia

Valor do Índice VL - erva Limiar de rentabilidade

Negócio saudável Forte ameaça para a rentabilidade da exploração

evOLuçãO DO ÍnDice vL-erva

O Índice VL – erva é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor na Região Autónoma dos Açores e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (primavera/verão 60 kg/dia de pastagem verde, 10 kg/dia de silagem de erva e de milho, 5,6 kg/dia de concentrado; outono/inverno 47 kg/dia de pastagem verde, 23,3 kg/dia de silagem de erva e de milho, 6,7 kg/dia de concentrado).

DE jULhO DE 2013A OUTUBRO DE 2014

1,0

val

ore

s d

o ín

dic

e v

l e

rva

1,5

3,0

outubro 2014julho 2013

2,0

42 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

fOqUE O SEU ESfORçONA TRANSIçãO

dvm, Ph.d., techmix global – technical service ruminants

O maneio da transição nas vacas leiteiras é um fator chave para a rentabilidade das explorações leiteiras.

roDrigo garCia

O investimento num programa de alimentação e maneio antes e depois do parto terá um impacto a longo termo na saúde, produção de leite e desempenho reprodutivo das vacas leiteiras.As vacas recém-paridas representam o maior ganho potencial das explorações leiteiras. Mas todas elas estão num balanço instável uma vez que, enquanto estão a tentar atingir o pico de produção de leite estão igualmente em grande risco de ficarem doentes e fracassar. Deste modo, um correto maneio da fase de transição é crucial para o sucesso e rentabilidade da exploração leiteira.

Quando planeamos estes programas devemos ter em atenção alguns conceitos chave: • Boa nutrição para minimizar

a depressão da ingestão de alimento durante a transição.

• Monitorização cuidada, deteção e tratamento precoce de doenças.

ingestão dematéria secaAs vacas necessitam de ser alimentadas e geridas de forma a minimizar o decréscimo na ingestão “voluntária” de alimento no período antes do parto, e recuperar os níveis de ingestão o mais rápido possível depois do parto. Isto vai reduzir o nível e a extensão do balanço energético negativo (BEN) que ocorre normalmente no início da lactação. A ingestão de matéria seca durante este período de tempo é o fator mais importante no controlo da mobilização do tecido adiposo, resultando em concentrações sanguíneas mais baixas de ácidos gordos não esterificados (NEFA’s) e corpos cetónicos, um melhor funcionamento hepático e consequentemente uma melhor produção de leite. O papel do fígado é muito significativo neste período, dado que a sua função normal deveria ser a produção de glicose (necessária para a produção de lactose) e não o

aLimentaçãO

processamento do excesso de ácidos gordos do sangue.

Pré-partoO maneio das vacas mais próximas do parto deve ser focado na redução de todo o tipo de stress (sobrepovoamento, mudanças de parque, mistura de novilhas com vacas, más instalações…). Também é importante evitar a diminuição na função imunitária que tipicamente ocorre neste período, e claro, manter o equilíbrio do metabolismo de cálcio, também ele está desafiado neste período. Relativamente ao maneio antes do parto, a recomendação é fornecer quantidades de energia adequadas e não excessivas. Vacas secas gordas comem menos antes de parir o que as torna mais propensas a doenças metabólicas como fígado gordo ou cetose. Adicionar leveduras vivas, extratos fúngicos e vitaminas (TriMic®) às dietas das vacas em transição, demonstrou estimular o consumo de

ácido láctico pelas bactérias do rúmen. Dado que normalmente a dieta no período de transição varia de alimento não fermentado rico em fibra para uma dieta altamente fermentada após o parto, TriMic® vai ajudar a preparar as bactérias a suportarem estas mudanças (investigações mostram uma melhoria em 97% no consumo de ácido láctico pelas bactérias do rúmen). Para além disso, as investigações com diferentes períodos de tempo da transição demonstraram menor perda de condição corporal, melhoria na produção de leite e nos seus componentes, e menor quantidade de patogéneos nas fezes. Adicionalmente, a redução do risco de distócia vai ter um impacto na próxima lactação e saúde do vitelo. Esta redução pode ser atingida ao alimentar e gerir as novilhas de forma a parirem aos 22-24 meses de idade com uma condição corporal adequada e não em excesso de peso, com uma maternidade seca e limpa, com formação

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 43

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aLimentaçãO

dos funcionários sobre assistência durante o parto, e finalmente com a utilização de touros de partos fáceis.

vacas recém-paridasSempre que possível, as vacas após o parto devem ser agrupadas durante 2 a 4 semanas num grupo à parte. Isto reduz o tempo de maneio e os gastos com mão de obra, instalações, recursos alimentares, e outros recursos financeiros, para este grupo de vacas. Uma vez que as alterações normais de dieta criam um stress adicional, é fundamental reduzir outras fontes de stress. Instalações separadas das restantes (com espaço suficiente), ventoinhas e aspersores adequados para reduzir o stress térmico, e espaços de

repouso adequados, serão desejáveis para as vacas recém-paridas. Alguns estudos demonstraram que as vacas recém-paridas, ao serem ordenhadas o dobro do que ocorre normalmente (4 vezes ao dia) nos primeiros 21 dias de lactação, dão mais leite ao longo de todo o período de lactação (mesmo após as ordenhas adicionais serem suspensas). Mas o tempo despendido na sala de espera não deve ser mais longo do que 2 a 2,5 horas diariamente. Para além disso, o sistema imune das vacas pós-parto está normalmente deprimido, então estes animais não devem ser agrupados com as vacas doentes, e as vacas em sistema freestall devem ser mantidas limpas e com boas camas.

A utilização de um drench (Fresh Cow YMCP®) tão rápido quanto possível após o parto, é importantíssimo para evitar problemas metabólicos e patologias relacionadas com este período, e para obter um início suave da lactação. Adicionalmente, é uma boa prática estimular a atividade ruminal quando necessário (TriStart®), seja após o parto ou durante a lactação.

Diagnóstico e tratamento precoce de doenças metabólicasA observação diária cuidada durante os primeiros 10 dias após o parto pode ajudar no diagnóstico e intervenção precoce de doenças, de forma a minimizar os efeitos prejudiciais na ingestão de matéria seca e o risco de refugo de uma vaca numa exploração leiteira.

O protocolo de monitorização da vaca recém-parida deve ser organizado juntamente com o veterinário assistente. Esta avaliação deve incluir a observação da zona anterior da vaca (frente da vaca), observando a sua atitude e também tendo em conta se está a comer e/ou a ruminar convenientemente. Observar

“aDiCionar trimiC às Dietas Das vaCas em transiÇÃo Demonstrou estimular o Consumo De áCiDo látiCo no rúmen.”

44 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

igualmente descargas dos ouvidos, olhos e nariz, de forma a descartar a presença de problemas respiratórios. Por detrás da vaca, devemos monitorizar diariamente a temperatura durante 10 dias para detetar vacas com metrite que devem ser tratadas. Também devemos avaliar a cor e odor da descarga uterina, avaliar ambos os lados da vaca para pesquisa de deslocamento de abomaso, e avaliar as fezes e o enchimento do úbere. Testes rápidos permitem detetar os níveis de corpos cetónicos no sangue (BHBA) e detetar se as vacas estão em cetose clínica ou subclínica. Novas tecnologias permitem monitorizar e registar a

Outro estudo da Universidade de Illinois demonstrou que as vacas que sofrem de retenção de placenta/metrite tiveram entre 1,8 a 6,4 kg menos ingestão de matéria seca por animal do que as vacas saudáveis, com uma consequente baixa de produção de leite. O desempenho manteve-se semelhante até ao 3º-4º dia pós-parto, sendo que as vacas doentes baixaram a produção logo a seguir, nunca alcançando as vacas saudáveis numa avaliação a 20 dias.

mOrtes pOr casO

%

refuGO pOr casO

%

LeiteperDiDOKg/casO

Leite DescartaDO

Kg/casO

Dias em abertO

Dias/casO

trabaLhO prODutOr

hOras/casO

vet emeDicamentOs

€/casO

custO/casO€

mamites 1.1 7 125 136 0 1 12 €153

ClauDiCaÇÃo 1 12 150 30 12 0.5 21 €201

Dae1 2 8 381 35 12 1 69 €289

Cetose 0.5 5 230 0 10 0.67 15 €143

rP2/metrites 1.5 6 249 112 15 0.67 16 €204

hiPoCalCemia 4 5 130 0 13 0.5 20 €167

DistoCia 1 2.2 177 41 12 1 35 €150

QuaDro 1Estimativa de custos de problemas pós-parto.

Adaptado de Guard, C., 2008. Taxa de conversão uS$ para €: 0.804 (12/12/2014)1Deslocamento de Abomaso à Esquerda2Retenção placentária

aLimentaçãO

uma vez estabeleCiDo o Programa De vaCa PariDa, PouCas exPloraÇões o retiram.

alguns Dos benefíCios sÃo:

• Redução de doenças metabólicas e de vacas recém-paridas que falham no arranque

• Menos doenças secundárias como cetose e deslocamento de abomaso

• Redução acentuada do refugo involuntário

• Menores custos com medicamentos

• Aumento na produção de leite (pico de lactação mais alto)

• Melhores índices reprodutivos

• Aumento de receitas

Guard, Charles. “The costs of common diseases of dairy cattle (Proceedings).” (2008)

referênCiasbibliográfiCas

temperatura corporal, tempo de descanso e de alimentação e tempos de ruminação, ajudando a identificar as vacas que necessitam de uma observação extra. Estes sistemas não substituem a necessidade do produtor/técnico observar as vacas diariamente, mas ajudam a identificar as vacas que necessitam de uma maior atenção.

alto custo de problemas pós-partoQuando as vacas ficam doentes, as explorações começam a perder dinheiro em serviços veterinários, custos de tratamento, perdas de produção de leite, leite descartado, aumento de refugo, custos de reposição e mais dias em aberto. De facto, cerca de 30% dos refugos involuntários ocorrem nos primeiros 60 dias em lactação.Chuck Guard, professor de Medicina Veterinária na Universidade de Cornell, estimou o custo de diversos problemas pós-parto. Estes podem variar continuamente e depender do tipo de exploração e da região onde esta se insere, no entanto é possível estimar quanto

“a utilizaÇÃo De fresh Cow YmCP É imPortantíssimo Para evitar Problemas metabóliCos e Patologias no Pós-Parto”

todos os problemas pós-parto podem custar. As estimativas presentes no quadro 1 são calculadas numa base de custo por episódio, ou custo por ocorrência.

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 45

atuaLiDaDes

será Que as Cabras na sua exPloraÇÃo estÃo felizes?Hoje em dia, no que toca ao bem-estar dos animais de produção, há uma nova linha de pensamento que defende que, para além de evitar que os animais estejam num estado mental negativo (ausência de bem-estar), deve também ser promovido um estado mental positivo dos mesmos. Foi com este raciocínio que Alan McElligott e mais dois investigadores submeteram várias cabras a diferentes situações que lhes provocariam sentimentos positivos (expectativa de receber alimento) ou negativos (separação do grupo). Durante os testes várias informações sobre o comportamento destes animais foram registadas. Os investigadores concluíram que cabras “mais felizes” têm as orelhas mais vezes voltadas para a frente e uma vocalização mais estável. Num estado mental negativo, as cabras apresentam uma vocalização com mais alterações na frequência, e geralmente posicionam as orelhas mais voltadas para baixo. Estes investigadores também descobriram que uma cabra num estado mental positivo apresenta mais vezes a cauda levantada.

lePtosPiroseum inimigo Da ProDuÇÃoNa Universidade de Massey, Nova Zelândia, tem vindo a ser investigado o impacto da leptospirose na produção. Os investigadores concluíram que a leptospirose pode resultar numa baixa de peso na produção de carne de ovino e de veado, bem como numa baixa dos índices reprodutivos em bovinos. Sobre a alçada do projeto foi também encontrada uma prevalência de leptospirose na Nova Zelândia, mais elevada do que a esperada. Esta surpresa deve-se ao facto de a doença ter deixado de ser considerada na lista de diagnósticos, uma vez que a prevenção contra a Leptospirose é efetuada

através de vacinação desde os anos 70. Segundo os investigadores deste projeto, esta prevalência pode dever-se à vacinação de animais após estarem infetados. Estes animais, devido à imunidade fornecida pela vacina, podem permanecer na exploração sem qualquer sinal característico de doença, apesar de continuarem a excretar o agente. Uma vez que a Leptospirose é uma zoonose, uma animal infetado e que não apresente sinais clínicos, representa um perigo não só para os animais da exploração, mas também para os trabalhadores que contactam diariamente com ele.

46 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

entrevista

João Diogo Silva formou-se em Engenharia Zootécnica, na Escola Superior Agrária de Viseu, em 2002. Desde logo começou a trabalhar em explorações leiteiras e, em Outubro de 2009 entrou como diretor de exploração na Fonte de Leite - Exploração Agrícola e Pecuária, SA, localizada na Azambuja, que faz parte do grupo Ortigão Costa. A exploração utiliza um sistema de gestão genética há muitos anos, que a Ruminantes foi conhecer.

Que genética utiliza na exploração? Porquê?João Diogo - Há cerca de 50 anos que o grupo Ortigão Costa tem uma vacaria que sempre trabalhou com a raça Holstein-Frísia e com genética

da empresa ABS. A razão prende-se principalmente com o mercado onde estamos inseridos, que valoriza mais a quantidade que a qualidade.

Quando pensa na genética que deve utilizar na exploração, que raciocínio faz?Penso em vários fatores, que levam a um programa que tem sempre em vista a melhoria. Trabalhamos com emparelhamento genético para obter maior uniformidade dos animais, mais adaptados ao regime intensivo e à produção de leite. Hoje temos uma média de 2,3 lactações por vaca, o que demonstra que são animais que se desgastam bastante, logo precisamos de animais mais duradouros e muito

orientados para elevadas produções de leite – “queremos vacas operárias e não de concurso”. A uniformidade (principalmente ao nível do tamanho do animal e dos úberes) é muito importante, porque facilita o maneio dos animais na exploração e torna a concorrência pelos alimentos mais equilibrada.

Como faz a “gestão” da genética?Nós apoiamo-nos muito na empresa com quem trabalhamos atualmente, a Nutrigenetik. esta empresa é a representante da ABS em Portugal, pelo que recorremos aos seus técnicos. Basicamente, estamos atentos às novas provas de touros e a cada 4 a 6 meses procuramos touros melhoradores que nos possam interessar, pensando

GESTãO GENéTICAEntrevista a João Diogo Silva, diretor de exploração na Fonte de Leite Exploração Agrícola e Pecuária, SA

Por ruminantes

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 47

entrevista

em durabilidade e produção de leite. Tudo isto é feito com o GMS®, que é o programa de emparelhamento da ABS.

o gms® tem em conta o tipo de exploração quando decide a “orientação” genética da exploração?Sim, claro! Fazemos o emparelhamento genético a pensar nas diversas variáveis da exploração e que nos possam interessar melhorar. Por exemplo, como temos piso de cimento damos prioridade a uma genética que melhora as pernas e unhas.

Como utiliza este programa?É um programa muito simples, em que o custo está incorporado no preço de cada palhinha. No caso de o produtor ser cliente da ABS em mais de 60%, o programa pode ser utilizado com touros que não são da ABS. Basicamente nós definimos os touros que queremos utilizar, os parâmetros e os níveis que queremos melhorar em cada variável, por exemplo facilidade de parto e fertilidade. O responsável da Nutrigenetik introduz os dados do emparelhamento e envia o relatório para os escritórios centrais da ABS, que “correm” o programa e nos enviam diretamente o emparelhamento recomendado. Para cada vaca vêm sempre duas opções de touro, a primeira é a mais recomendada.

Como mede os resultados obtidos?O programa regista os resultados atuais, os objetivos e o histórico da exploração. Com base nestes dados enviam-nos o relatório de como está a exploração nesse momento e quais foram os melhoramentos conseguidos com cada GMS®. Também nos dá o melhoramento por touro.

há quantos anos utiliza o gms®?Quando cá cheguei em 2009 já era utlizado. Eu penso que desde o início do GMS®, daí termos aqui muitas gerações de animais resultantes do GMS®.

É um melhoramento vaca a vaca ou global?Nós nunca usamos mais de seis touros diferentes, por questões de facilidade de maneio. Trabalhamos num melhoramento vaca a vaca, definido previamente para chegar a um “melhoramento animal da exploração”.

Quantos fatores são considerados neste programa? É de fácil introdução de dados? e quanto à manutenção?São muitos os fatores que se podem considerar, como pernas e unhas, úberes, quantidade leite, vida produtiva, células somáticas, índice de prenhez das filhas... O programa é relativamente simples. É necessário fazer uma prévia classificação de cada vaca, de acordo com os parâmetros da raça frísia (feito por uma pessoa da própria exploração ou da empresa Nutrigentik). Além disto, são igualmente classificadas as novilhas que vão parindo. Com base nesta classificação e juntamente com os dados do contraste leiteiro, ficamos com os dados produtivos e morfológicos de cada animal presente na exploração. Adicionando a esta classificação os objetivos de melhoramento e a seleção dos touros pretendidos, sem ultrapassar o limite dos seis touros, dispomos de todas as variáveis necessárias. No entanto, o programa pode correr livre, ou seja sem nenhuma restrição do número de touros, indo buscar aqueles que melhor se adequam aos nossos requisitos. O nível de trabalho que o produtor tem que realizar é quase zero, apenas tem de

DADOS DA ExPLORAÇÃO

nº animais: 1463

nº vacas em produção: 710

vacas secas: 10%

Percentagem vacas gestantes efetivas: 55% (40,6 a 65,4%)

Produção de leite por vaca presente: 39 l (37 a 41 litros)

litros de leite/dia: cerca 28.000 l (25000 a 31000 l)

nº empregados: 22

forragens: compradas; não produzem

verificar o que quer melhorar no efetivo e selecionar os touros (caso pretenda restringir o número de touros utilizados na exploração).

Ao fim de quanto tempo vê resultados?Nunca antes dos dois anos e nove meses.

o que é o gms®?Desde 1968, o GMS® (Sistema de Gestão Genética®) fornece ferramentas para auxiliar os produtores de leite a atingirem as suas metas em Produção, Melhoramento Genético e Rentabilidade.

O GMS® é um amplo sistema de gestão que otimiza o progresso genético e simplifica o processo na exploração, oferecendo recomendações de emparelhamento sólidas e não tendenciosas, baseando-se em características de produção e tipo com importância económica, para obter vacas mais duradouras e rentáveis.

Os benefícios do GMS® a longo prazo incluem, maior rentabilidade, pelo aumento das médias de produção do efetivo, maior longevidade e valorização dos descendentes. O Sistema de Gestão Genética® , tal como os programas nutricionais ou mesmo os sanitários, contribui para o sucesso geral da exploração.

Fonte Leite Exploração Agricola e Pecuária S.AQuinta Fonte do Pinheiro 2050-306 Azambuja

mais informaÇões

48 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

GenÉtica

Através dos tempos a nossa civilização tem sabido adaptar--se e tem vindo a recorrer a novas formas e tecnologias para melhorar o rendimento e a qualidade dos produtos alimentares, com o objetivo de alimentar a população Humana. Este processo de adaptação pode ser por vezes moroso, tanto nos alimentos de origem vegetal, como nos alimentos de origem animal (aves, peixes e carne), sendo que em algumas espécies com intervalos geracionais mais curtos, o progresso revelou-se fenomenal. Toda esta evolução tem levado a uma maior produção, com melhor qualidade.

O percurso que levou a este progresso foi constituído por diversas alterações técnicas ao longo do tempo. Hoje em dia ninguém pensa seguramente em produzir um produto sem recorrer à utilização do Vigor Híbrido, tanto nos vegetais, como nas aves, peixes, bovinos de carne, ovinos, suínos e mais recentemente nos bovinos de produção leiteira.Hoje em dia todos os bens alimentares necessários à sobrevivência da humanidade e produzidos em larga escala, partilham na sua técnica de produção a utilização do Vigor Híbrido a fim de evitar a consanguinidade (requisito fundamental).

VIGOR híbRIDO VERSUS CONSANGUINIDADE

Por serviços técnicos da ugenes,lda.

CROSSbREEDING

o Que É a ConsanguiniDaDe?

Hoje em dia todos os bens alimentares necessários à sobrevivência da humanidade e produzidos em larga escala, partilham na sua técnica de produção a utilização do vigor híbrido, a fim de evitar a consanguinidade.

É o grau de parentesco entre indivíduos ou organismos que estão estreitamente relacionados geneticamente, sendo que o grau de consanguinidade é a medida que expressa o quanto um determinado indivíduo é consanguíneo. Quanto maior o grau de consanguinidade maior é a depressão na expressão genética, principalmente nas características da condição física dos indivíduos.

o Que É o vigor híbriDo?É o oposto da consanguinidade, sendo o cruzamento de indivíduos não relacionados, podendo estes ser da mesma raça, desde que não estejam relacionados geneticamente. O Vigor Híbrido é bastante utilizado para o melhoramento e controlo qualitativo das características determinadas por mais de um gene (poligénicas)

como o tamanho, a velocidade, a produtividade, a resistividade, a longevidade, o temperamento e a fertilidade do animal. Em oposição aos animais com elevada consanguinidade, os indivíduos híbridos têm uma melhor condição física.

o Que É o CrossbreeDing?Um híbrido geralmente refere-se a um indivíduo ou organismo cujos ascendentes são de duas raças, variedades, ou populações diferentes, geneticamente não relacionadas. O termo crossbreeding refere-se ao processo de criação desse indivíduo ou organismo, com a intenção de criar um novo indivíduo que compartilhe as melhores características de ambas as linhagens parentais, ou seja um organismo com Vigor Híbrido. Este processo pode também ser utilizado para manter e melhorar a saúde e a viabilidade dos organismos. O crossbreeding não é um melhoramento nem seleção de espécies ou raças puras, mas sim um complemento deste melhoramento que tira proveito do bónus adicional que a mãe natureza nos oferece, o Vigor Híbrido. Cruzamentos irresponsáveis podem também produzir organismos de qualidade inferior ou diluir um conjunto de genes de raça pura, a ponto de poder pôr em risco a existência da mesma.

Um dos tipos mais utilizados de crossbreeding na produção animal é o crossbreeding rotacional. Exemplos ilustrativos deste tipo de crossbreeding podem ser encontrados nas figuras 1, 2 e 3.

figura 1Exemplo de crossbreeding rotacional em suínos, adaptado de www.globalswine.com.

machos

Porcos para venda

leitoas de reposição

vara de fêmeas

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 49

GenÉtica

nível De vigor híbriDo( %)

Geração 2 Raças 3 Raças 4 Raças

1 100 100 100

2 50 100 100

3 75 75 100

4 63 88 88

5 69 88 94

6 66 84 94

7 67 86 94

8 67 86 93

figura 2Exemplo de crossbreeding com duas raças de bovinos, adaptado de www.futurebeef.com.au.

raça a

raça b

Descendência 50% A / 50% B

touro bDescendência 25% A / 75% B

touro aDescendência 62,5% A / 32,5% B

touro bDescendência 31,2% A / 68,8% B

touro aDescendência 65,5% A / 34,4% B

touro bDescendência 32,8% A / 67,2% B

figura 3Exemplo de crossbreeding com três raças, comumente utilizado em bovinos, adaptado de www.extension.missouri.edu

raça a raça b

raça C

tabela 1Nível de Vigor Híbrido (%) de crossbreeding com diferente número de raças ao longo de várias gerações

O nivel de Vigor Híbrido através das gerações, em diferentes tipos de crosbreeding com diferentes números de raças, está representada na tabela 1.Os produtores de leite a nível mundial estão a explorar o potencial dos cruzamentos de raças mais do que alguma vez o fizeram. O maior interesse nesta área é o resultado da insatisfação com diversas características das vacas leiteiras como a dificuldade de parto, as taxas de reprodução, o pós-parto, a longevidade e a saúde em geral, sobretudo na raça predominante de aptidão leiteira, a Holstein.

Hoje em dia esta raça é já reconhecida como uma raça mundial, é altamente especializada, possuindo uma capacidade incomparável para a produção de leite, com uma conformação de úbere adequada, um tamanho grande e angularidade perfeita para este fim. O cruzamento desta raça especializada de vaca com outras raças geneticamente melhoradas também para a produção leiteira, tem resultado em vacas leiteiras com uma alta produtividade e funcionalidade superior às de raça pura. Esta abordagem vem também combater o aumento da consanguinidade na raça Holstein nas últimas décadas (gráfico 1).

gráfiCo 1Evolução da consanguinidade na raça Holstein, adaptado de www.thebullvine.com.

Mundial

0%

América do Norte

Co

efici

ente

de

con

san

gu

inid

ade

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

1982 1987 1992 1997 2002 2007 2012

Data de nascimento

0,14%/ano0,13%/ano

0,30%/ano0,35%/ano

0,18%/ano0,28%/ano

0,08%/ano0,04%/ano

0,08%/ano-0,01%/ano

0,36%/ano0,33%/ano

EFEITOS DA DEPRESSÃO CONSANGUÍNEA DERIVADO DO AUmENTO DA CONSANGUINIDADEInvestigadores concluíram que por cada 1% de aumento da consanguinidade numa exploração,existem as seguintes perdas economicas:

-24 pontos NM$ (Net Merit) na vida produtiva

+ 0,36 dias na idade ao 1º parto

- 13 dias de vida produtiva

- 360 Kg de leite na vida produtiva

- 11,36 Kg de proteína na vida produtiva

+ 0,26 meses ao 1º intervalo entre partos

Estes acontecimentos devem-se à evolução do nível de consanguinidade conforme representado no gráfico 1.

Car

acte

rístic

a av

alia

da

gráfiCo 2Contribuição do Vigor Híbrido no melhoramento das características da descendência (Raça X).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Vigor Híbrido

raç

a a

raç

a b

raç

a C

*

* Descendência resultante do Cruzamento entre Raça A e Raça B

Média dos pais

50 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

GenÉtica

vantagens Da utilizaÇÃo Do vigor híbriDo na ProDuÇÃo leiteira Da vaCa ProCross

ColostroA qualidade do colostro melhora. Por diversas análises já efectuadas confirmou-se que o colostro das vacas PROCROSS tem uma densidade mais alta de nutrientes.

faCiliDaDe Partos e sobrevivênCiaDevido à utilização da raça “Sueca Vermelha” (SRB) e às diferentes características morfológicas dos vitelos Procross, a facilidade nos partos melhora e o número de nados mortos diminui substancialmente.

vaCas transiÇÃoOs estábulos das vacas Procross prescindem da utilização de parques diferentes para o pré e pós parto.

estaDo Da ConDiÇÃo CorPoralO nível da condição corporal é muito mais adequado nas

vacas PROCROSS. Estes animais não entram em balaço energético negativo após o parto e a condição corporal que apresentam, advém das características das raças complementares Montbeliarde e SRB.

DeteÇÃo De CiosOs ciclos de cio naturais com poucas semanas após o parto estão presentes, e a necessidade de utilização de hormonas praticamente deixa de existir.

taxas De gestaÇÃo/ConCeÇÃoA reprodução é o fator económico número um numa exploração leiteira. Nas vacas Procross os índices reprodutivos melhoram drasticamente.

mastites e CÉlulas SOMÁtICAS (CS)Tem-se confirmado que as CS baixam substancialmente com

gráfiCo 3 Relação de o que sobra depois pagar

alimentação e dias no leite.

a entrada dos animais da 2ª geração e posteriormente com os da 3ª. Estes animais não deixam de ter mastites mas o que se nota é que respondem muito melhor e mais rapidamente aos tratamentos.

Patas e PernasOs pisos de cimento são sempre um desafio para qualquer vaca, no entanto as vacas Procross são muito mais resistentes, devido aos cascos maioritariamente pretos e à solidez dos mesmos.

ProDuÇõesAs produções na vida útil (4 anos de vida após 1º parto) são superiores às das raças puras. Os componentes do leite aumentam consideravelmente.

substituiÇões e refugoO número de vacas PROCROSS nos estábulos cresce naturalmente (sem necessidade de sémen sexado), fornecendo a possibilidade de efetuar um refugo voluntário.

seleÇÃo Dos reProDutoresPara se atingir o melhor rendimento da efeito da mais valia do Vigor Híbrido na vaca

gráfiCo 4 Relação entre eficiência alimentar e dias

no leite.

ProCROSS, é recomendado que se utilize os melhores reprodutores dos índices económicos das raças integrantes do programa, as Holstein, as Montbeliarde e a Sueca Vermelha.

efiCiênCia alimentarCom a drástica melhoria dos dados reprodutivos nos rebanhos Procross, a eficiência alimentar melhora conforme ilustrado nos gráficos 3 e 4.

A utilização das vantagens do Vigor Híbrido deve ser muito bem ponderada tecnicamente e obedecer a um plano de utilização correto e duradouro. O programa da vaca Procross é o mais progressivo, profissional e rentável que está a disposição dos produtores nacionais.Uma vaca excelente é aquela que “olha pelo seu dono”. Para conseguirmos esta vaca temos sempre que ter em mente aquando da selecção, os resultados que queremos e evitar ao máximo os que não queremos.

conclusÃo

“Após analise em detalhe dos prós e contras da alteração do nosso programa Genético,

iniciámos á alguns meses a utilização do programa de valorização do vígor híbrido “

ProCROSS” na nossa exploração de Bovinos de Leite da Ráça Holstein Frísia. Com o

decorrer dos anos constatámos que estes animais puros que têm uma boa produção de

leite, mas em todos os outros factores económicos tais como reprodução, saúde,

durabilidade, entre outros, estão muito aquém do necessário para a sustentabílidade e fu-

turo do nosso negócio.” Eugénio e Helena Tabanez. Sócios Gerentes da Agro - Tabanez,

Lda Sanguinheira - Cantanhede

“É bem visível que as vacas resultantes do cruzamento Holstein x Montbeliard, perdem

menos peso após o parto, comparativamente às Holstein puras. Como é evidente isto tem

uma infl uência marcante na melhoria dos resultados reprodutivos e na redução dos

problemas metabólicos. O recurso ao cross breeding pode representar um benefício

adicional principalmente nas explorações com um histórico de intervalos entre partos

demasiado longo e com taxas elevadas de refugo.” Eng. Abilio Pompeu. Nutriconsult,

Lda. Ovar – Aveiro

”Após visualizar os animais Procross e me aperceber da rentabilidade que se conseguiria

alcançar com intervalos de parto mais curtos, decidimos criar um ensaio correspondente a

20% do efetivo (22 CN) em produção. A nossa experiencia é mais baseada na 1ª

geração com Sueca Vermelha (SRB), existindo animais entre a 1ª e a 4ª lactaçoes, todas

elas sempre inseminadas com a raça Montbeliard. Como resultado este grupo tem

menos 86 dias no IPP, com menos 1,5 serviços de IA e com produçoes diarias identicas

aos restantes animais. Nosso objetivo é crescer o rebanho em cerca de 25%, em que a

redução do IPP e o aumento da Longevidade serão o compromisso a alcançar. Um outro

objetivo é valorizar mais as vacas de refugo (que ainda não temos dados) e os vitelos

machos, dos quais, os de raça Montbeliard tem sido mais procurados.” Filipe Vendeiro

Sociedade. Agricola Estrela do Alto Minho. Fonte Boa – Esposende

WWW.PROCROSS.INFO

TESTEMUNHOS DE TÉCNICOS E PRODUTORES SOBRE AS VACAS PROCROSS

Neste momento das 500 vacas que temos à ordenha 32 são cruzadas. Encontram-se

todas juntas, logo sujeitas ao mesmo maneio reprodutivo, sanitário e nutricional. Com um

número tão reduzido de animais cruzados o seu peso nos dados gerais da exploração é

ainda pequeno, no entanto, quando isolamos os dados deste grupo de animais podemos

concluir que reprodutivamente são mais efi cazes que a média da manada, têm um

intervalo P-1ª IA 15 dias mais baixo, o intervalo P-IA Fec. é cerca de 35 dias menor, a nível

de média de produção este grupo apresenta normalmente 2-3 litros menos que a média

geral da exploração. Relativamente à saúde do ubere a média de CCS destes animais é

ligeiramente mais baixa que a da média da exploração. Em nosso entender o vigor hibrido

pode ser uma mais valia. Promilker, Pecuária de Leite Unipessoal, Lda. Francisco

Caseiro, Tiago Silva Técnicos da Exploração.

Contactos

+351 917 534 617

+351 211 978 627

[email protected]

“Após analise em detalhe dos prós e contras da alteração do nosso programa Genético,

iniciámos á alguns meses a utilização do programa de valorização do vígor híbrido “

“Após analise em detalhe dos prós e contras da alteração do nosso programa Genético,

iniciámos á alguns meses a utilização do programa de valorização do vígor híbrido “

Eugénio e Helena Tabanez. Sócios Gerentes da Agro - Tabanez, Eugénio e Helena Tabanez. Sócios Gerentes da Agro - Tabanez,

”Após visualizar os animais Procross e me aperceber da rentabilidade que se conseguiria

alcançar com intervalos de parto mais curtos, decidimos criar um ensaio correspondente a

”Após visualizar os animais Procross e me aperceber da rentabilidade que se conseguiria

alcançar com intervalos de parto mais curtos, decidimos criar um ensaio correspondente a

objetivo é valorizar mais as vacas de refugo (que ainda não temos dados) e os vitelos

Filipe Vendeiro

Eng. Abilio Pompeu. Nutriconsult,

“É bem visível que as vacas resultantes do cruzamento Holstein x Montbeliard, perdem

menos peso após o parto, comparativamente às Holstein puras. Como é evidente isto tem

“É bem visível que as vacas resultantes do cruzamento Holstein x Montbeliard, perdem

menos peso após o parto, comparativamente às Holstein puras. Como é evidente isto tem

Neste momento das 500 vacas que temos à ordenha 32 são cruzadas. Encontram-se

todas juntas, logo sujeitas ao mesmo maneio reprodutivo, sanitário e nutricional. Com um

Neste momento das 500 vacas que temos à ordenha 32 são cruzadas. Encontram-se

todas juntas, logo sujeitas ao mesmo maneio reprodutivo, sanitário e nutricional. Com um

ligeiramente mais baixa que a da média da exploração. Em nosso entender o vigor hibrido ligeiramente mais baixa que a da média da exploração. Em nosso entender o vigor hibrido

52 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

vaCas sujeitas a tratamentos Off-lABEl (SEM

inDiCaÇÃo na pOSOlOGIA)

vaCa seCa Que anteCiPa o Parto

falta De DesinfeCÇÃo Da uniDaDe De orDenha,

utilizaDa Por animais em tratamento Com antibiótiCo e

animais nÃo sujeitos a tratamento

saúDe e bem-estar animaL 10Dicas...

AS DEz RAzõES MAIS COMUNS PARA A CONTAMINAçãO COM ANTIbIóTICO

NOS TANqUES DE lEITE

Por Tereza Moreira - tradução e adaptação do The Minnesota Department of Agriculture Dairy and Food Inspection Division, the University of Minnesota, College of Veteinary Medicine, Department of Clinical and Population Scences, the Minnesota Milk Producer’s Associatio, and the Minnesota Veterinary Medical Association.

01

Acidentes e erros sempre acontecem, devemos encontrar uma forma de gerir e reduzir o risco.

o leite De uma vaCa em tratamento É aCiDentalmente enCaminhaDo Para o tanQue

02

Pelo menos duas formas diferentes de identificação por animal devem ser utilizadas.

as vaCas em tratamento nÃo estÃo CorreCtamente iDentifiCaDas e assinalaDas

03

Considerar a possibilidade, além de sinalizar os animais em tratamento, de afixar uma lista na sala de ordenha com a identificação destes animais (brinco, n.º de casa, etc).

erros De ComuniCaÇÃo entre a eQuiPa Que faz a orDenha e a eQuiPa Que aPliCa os tratamentos

04

Separação física e efectiva dos lotes de secagem/produção, de forma a reduzir a possibilidade de se

misturarem.

orDenha aCiDental De

uma vaCa seCa Previamente

sujeita a antibioteraPia

De seCagem

05

Ordenhar SEMPRE em ultimo lugar os animais em tratamento ou utilizar uma unidade de ordenha em separado.

06

Quando se compram animais, deve testar-se o leite em primeiro lugar.

ComPra De animais em laCtaÇÃo, DesConheCenDo se foram ou nÃo sujeitos a tratamento Com antibiótiCo

07

Apesar de algumas teorias, o mais seguro e mais correcto, é descartar o leite dos restantes tetos.

nos Casos em Que se trata aPenas um teto DeviDo a mastite, aProveitar o leite Dos outros 3 tetos

08A utilização de pedilúvios medicados faz sentido do ponto de

vista da prevenção e controlo de algumas patologias podais, mas o mais correcto, para evitar potenciais resíduos, será

considerar a utilização individual de spray/bandagens.

ingestÃo aCiDental De água meDiCaDa Do PeDilúvio

09Além da consulta dos registos dos tratamentos aplicados e respectivos I.S., o leite destes animais deve ser previamente testado antes de ser “aproveitado” para o tanque.

10

O leite destes animais deve ser SEMPRE sujeito a prévia

pesquisa de inibidores.

54 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

entrevista

SERbUVET, UMA EqUIPADE VETERINÁRIOSPara responder às urgências de forma rápida, trabalhar com qualidade e ter tempo para a família.

Por ruminantes

A Serbuvet inclui os médicos-veterinários Bernardo Cortes, Dário Guerreiro, José Pedro Lima, João Paisana e Ricardo Bexiga. Inclui ainda Bruno Moreira, que está a terminar o mestrado integrado em medicina veterinária, e como consultor fora do país, Nuno Gaspar, e “surgiu em primeiro lugar da amizade e da partilha de trabalho entre colegas que trabalhavam na mesma área geográfica e que há muito tempo se entreajudavam e partilhavam trabalho entre si. Para responder às urgências de forma rápida, fazermos um trabalho com qualidade e, mesmo assim, podermos passar tempo em família, cremos que é essencial trabalhar em equipa. À medida que os anos foram passando, foram também sendo desenvolvidas competências específicas em determinadas áreas, que foram alargando o espetro dos serviços que fornecemos

imagem 1A equipa Serbuvet: Bernardo Cortes, João Paisana, José Pedro Lima, Ricardo Bexiga, Dário Guerreiro e Bruno Moreira, faltando

apenas o Nuno Gaspar.

imagem 2Dário Guerreiro realizando

diagnóstico ecográfico de gestação.

aos nossos parceiros. Na Serbuvet partilhamos um conjunto de valores que nos faz agir da mesma forma, com os interesses dos produtores a ditarem as opções a tomar, e com respeito pelos colegas fora da equipa”.

ruminantes - Quais são as mais valias para os produtores deste tipo de associação? Serbuvet - Resposta rápida e multidisciplinar. Hoje em dia não basta ser um clínico que chega rapidamente para realizar uma cesariana a meio da noite. É importante podermos contribuir para a viabilidade das explorações como um todo, seja na área da reprodução, da qualidade de leite, das doenças dos vitelos ou das claudicações. A gestão das explorações deve ser abordada como um todo para se perceber em que áreas o produtor está a perder dinheiro, ou em que áreas existem oportunidades para obter mais valias do que é produzido. A alternância nas visitas entre os vários membros da Serbuvet, contribui também para que consigamos identificar mais eficazmente áreas que precisem de ações corretivas nas explorações que apoiamos.

a divisão das tarefas obedece a algum protocolo ou é feita aleatoriamente?Existem áreas de trabalho mais específicas de alguns membros da equipa e outras áreas em que todos colaboram de igual forma. O Bernardo Cortes realiza sobretudo trabalho na área da reprodução, clínica e cirurgia, com especial foco em explorações leiteiras. É o membro do grupo que mais trabalho realiza com vitelos e com a recria em geral. O Dário Guerreiro realiza bastante trabalho de reprodução em vacas aleitantes, sendo também o cirurgião mais completo e aquele que aborda outras espécies para além dos bovinos com mais à vontade. O José Pedro Lima também se ocupa da reprodução, clínica e cirurgia em explorações leiteiras, sendo o elemento que mais se dedica a problemas podais. O João Paisana gere a sua própria exploração leiteira, sendo por isso uma mais valia para a

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 55

equipa na assessoria que prestamos aos produtores com quem colaboramos. Está igualmente à vontade com a clínica e cirurgia, como está a analisar dados do software das explorações. O Ricardo Bexiga trabalha na área da qualidade de leite, que combina com o trabalho que realiza na Faculdade de Medicina Veterinária. O Bruno Moreira por enquanto dedica-se sobretudo à gestão económica dos efetivos, seja em explorações leiteiras seja com vacas aleitantes. O Nuno Gaspar, agora a viver nos Estados Unidos da América, continua a fazer parte da equipa, contribuindo principalmente com conhecimentos na área da nutrição de bovinos.

Discutem casos clínicos? existe espírito de entreajuda?A amizade e o espírito de entreajuda são a base da Serbuvet. Os casos clínicos e as situações que vamos encontrando nas explorações são discutidas em reuniões regulares entre os membros da equipa. Para resolver um problema reprodutivo, podemos ter que intervir na área nutricional, em problemas podais e nas mamites. Procuramos definir protocolos comuns de atuação, mas individualizados para cada exploração, de forma a atuarmos de maneira coerente.

existe uma repartição por tema/espécie ou área geográfica ou algum tipo de especialização inerente aos diferentes médicos-veterinários que constituem a equipa?Sim, como dissemos anteriormente, há áreas de trabalho mais abordadas por alguns membros da equipa. Em termos

entrevista

imagem 4O trabalho em qualidade de leite inclui o diagnóstico laboratorial e a realização de testes de sensibilidade a antibióticos.

imagem 3José Pedro Lima a trazer um novo

vitelo ao mundo.

imagem 5Dário Guerreiro durante a resolução cirúrgica de uma torsão de ceco.

ContaCtosSede da SerbuvetQuinta de CimaCasével2000-465 Santarém E-mail: [email protected]

de distribuição geográfica, não existe uma verdadeira repartição dos elementos. Para haver alternância entre os vários membros da equipa, todos temos de passar pelas mesmas explorações, a não ser no caso de produtores que apenas têm connosco um certo tipo de serviço. Hoje em dia todos realizamos trabalho no Ribatejo, Oeste e Alentejo.

É frequente entre os veterinários da associação, realizarem sessões de atualização sobre determinado tema?Sim, tentamos que os produtores com quem colaboramos tenham acesso a conhecimentos técnicos que permitam que as suas explorações vão melhorando. Achamos que para além dos conhecimentos técnicos, é importante também mostrar exemplos de boas decisões de negócio, que podem ser

importantes no futuro das explorações. O evento que estamos a promover em fevereiro é disso um bom exemplo.Para além disso, periodicamente encontramo-nos para discutir com outros colegas algumas novidades no mercado. Se temos oportunidade de assistir a um congresso internacional, fazêmo-lo de forma rotativa para todos terem oportunidade de contactar com as últimas novidades técnicas e científicas.

em termos pessoais, quais são as vantagens de trabalhar com outros colegas?Para além de conseguirmos atuar em várias áreas (maneio reprodutivo, qualidade de leite, recria, problemas podais, explorações leiteiras e explorações de vacas aleitantes) podemos dividir as urgências entre todos para termos algum tempo para as nossas famílias. Há outras vantagens em trabalhar com amigos – é mais fácil mantermos uma atitude positiva num setor que está em crise há tanto tempo.

É de opinião que este tipo de equipa constitui uma solução de trabalho válida para os veterinários da chamada “clinica de grandes”. neste sentido, prevê o aparecimento de novas associações deste género?Este tipo de equipa é o que faz sentido para nós, porque mesmo antes de trabalharmos juntos, a equipa já existia no fundo. Achamos que prestamos um serviço melhor aos produtores com quem colaboramos, e a verdade é que existem outros exemplos no país de equipas de trabalho na área das espécies pecuárias. Admitimos no entanto, que não seja a solução para todos os colegas, e por isso também colaboramos com outros médicos-veterinários nos seus clientes, em áreas específicas em que considerem que o nosso apoio é necessário.

56 janeiro . fevereiro . março 2015 ruminantes

saúDe e bem-estar animaL

RElAçãO hOMEM-ANIMAlEM ExPlORAçõES DE CAbRAS lEITEIRAS Uma boa relação entre homem e animal é muito importante na prática quotidiana da exploração, permitindo um melhor maneio das cabras que se tornam mais dóceis e mais produtivas .

o que entendemos por relação entre homem-animal?A relação entre homem-animal é comumente referida como o grau de proximidade ou distância que se desenvolve entre os homens e os animais (Waiblinger et al., 2006). A qualidade desta relação é determinada pelo número, a duração e o tipo de interações diárias entre os animais e os trabalhadores na exploração (ordenhador, produtor; Hemsworth e Coleman, 1998). Muitos estudos, de fato, confirmam que o comportamento e a atitude do produtor e seus colaboradores podem influenciar fortemente a reação dos animais em confronto com os humanos (Lensink et al., 2000).Apesar dos animais que criamos serem domésticos há muitas gerações, o homem continua a ser percebido como um predador e, portanto, pode estimular reações de medo (Boissy, 1998). Essa percepção é agravada porque durante a rotina diária da exploração, os animais quase não têm contatos positivos com os homens (à exceção da distribuição do alimento), enquanto muito mais frequentemente são submetidos a experiências negativas: muitas práticas, de facto, são dolorosas ou

Por monica battini, silvana mattielloawin – animal welfare indicators, università degli studi di milano, divet (italia)[email protected]

stressantes, como a descorna ou o corte das unhas. No caso de animais leiteiros, uma atitude inadequada durante a ordenha pode provocar medo nos animais e causar stresse: por exemplo, um ordenhador que continuamente grita ou bate nos animais para que eles se movam, terá animais mais relutantes, irritáveis e que produzem menos.Estabelecer uma boa relação com os seus animais ajuda a reduzir a aversão que eles adquirem contra determinadas práticas, e ter, portanto, animais mais dóceis, calmos e fáceis de manusear (Boivin et al., 2000). Pelo contrário, uma má relação com os seus animais pode piorar a percepção das práticas na exploração e afetar negativamente tanto o seu bem-estar (Rousing e Waiblinger, 2004) como a produção de leite (Lyons, 1989).Vários estudos têm demonstrado que os níveis de certas hormonas podem ser afectados pelo stress. O cortisol, por exemplo, é produzido de forma continuada por animais com medo acabando por ter um efeito muito nefasto sobre a saúde (causa imunodepressão) e produção (reduz a produção leiteira). Igualmente a produção de ocitocina, que garante a

descida do leite e aumenta a velocidade e eficácia de ordenha, pode ser inibida em animais assustados. Ou seja, um animal leiteiro que tem medo de entrar na ordenha ou ser ordenhado, será um animal sub-produtivo e mais sujeito a infecções (.g. mastites).

Como podemos avaliar a qualidadeda relação?

testes comportamentaisem caprinos Os testes comportamentais são utilizados para avaliar o efeito da experiência na qualidade da relação entre o homem e os animais, e permitir que obtenhamos informações sobre o nível de medo dos animais para com os humanos (Waiblinger et al., 2006). Estes testes são comumente usados em várias espécies animais durante as avaliações do bem-estar na exploração (Waiblinger et al., 2006), por exemplo em ovinos (Napolitano et al., 2011), em bubalinos (de Rosa et al., 2005) e em vacas leiteiras (Rousing e Waiblinger, 2004). Embora a pesquisa

no campo do bem-estar em cabras leiteiras possa ter começado há muitos anos, ainda há pouca informação disponível sobre a relação entre homem e cabra. Um dos objectivos do projecto AWIN é encontrar testes que possam ser facilmente realizados por veterinários, técnicos ou mesmo pelo produtor, minimizando o desconforto causado aos animais, as alterações na rotina da exploração e o incômodo provocado ao produtor. Os testes identificados até agora na literatura, são divididos em duas categorias principais: a reacção para com uma pessoa parada e a reacção perante uma pessoa que se move. O tempo de latência para o contato de uma pessoa parada já foi utilizado em bovinos de leite por diversos autores, enquanto que em caprinos apenas foi utilizado por Jackson e Hackett (2007) para avaliar o efeito das interacções positivas. A pesquisa mostrou que os animais se aproximam mais rápido de um homem se tiveram contatos positivos com pessoas e se acostumam mais facilmente à sua presença, reduzindo as reações de medo (Jackson e Hackett, 2007). As cabras tratadas com carinho

testes

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 57

figura 1Teste de reacção para uma pessoa parada.

saúDe e bem-estar animaL

são menos stressadas e apresentam maiores índices de saúde com taxas de crescimento mais elevadas (Jackson e Hackett, 2007). O grupo de trabalho do projeto AWIN, inspirado nos resultados obtidos na pesquisa de Jackson e Hackett (2007), identificou um teste simples e útil que pode fornecer informações sobre a relação entre homem e animal (Battini et al., 2013). A latência para o primeiro contato estabelece que um operador, com cronómetro, deve entrar no recinto e posicionar-se a meio da extensão do parque,

de costas para uma parede, e medir, em segundos, o tempo que decorre até que a primeira cabra lhe toque em qualquer parte do corpo (Fig. 1). O teste termina após 300 segundos, mesmo se nenhuma cabra entrou em contato com o operador. Numa amostra de 12 explorações, as 6 explorações classificadas como uma boa relação homem-animal mostraram uma latência de 8,0 ± 11,6 segundos, em comparação com 136,3 ± 135,8 segundos das 6 explorações classificadas como tendo má relação entre homem e animal. Este teste é útil para avaliar o comportamento das cabras perante os seres humanos, é fácil, rápido de aplicar e requer pouco treino.

testes da avaliação da distância de fuga em caprinos O teste da avaliação da “distância de fuga” para uma pessoa em movimento tem sido desenvolvido em bovinos e adaptado e validado por Mattiello et al. (2010) em cabras. Este teste é capaz de identificar diferentes reações das cabras que dependem do maneio na exploração. Também como parte do projeto AWIN,

a pesquisa proposta por Mattiello et al. (2010) foi modificada para ter em conta a maior curiosidade e confiança que as cabras leiteiras têm para com os humanos comparado com os bovinos (Battini et al., 2013). No teste de distância da evitação de fuga, um operador entra no curral e anda com uma certa postura e velocidade em direcção a cada cabra, observando se o animal vai embora, pode ser tocado por menos de 3 segundos ou pode ser acariciado por mais de 3 segundos. Na mesma amostra de 12 explorações, as 6 explorações classificadas como uma boa relação homem-animal mostraram 19,0% de cabras que se deixaram tocar e 13,8% que poderão ser acariciadas, em comparação com 2,7% tocadas e 0,3% acariciadas nas 6 explorações classificadas como tendo má relação entre humanos e animal. Este teste é mais difícil de aplicar, porque exige um período de treino, mas permite-nos obter informações bastante fidedignas sobre cada animal.

ConClusõesO bem-estar animal é um conceito muito amplo, mas muitas vezes na prática de gestão da exploração algumas situações provocam mais atenção, enquanto outras são ignoradas. Muitas vezes, a relação entre o produtor/tratador e seus animais não é um factor tido em alta consideração, ao contrário da presença de animais coxos ou muito magros. É importante, no entanto, começar a mudar alguns comportamentos: pequenas ações quotidianas podem melhorar a relação animal-humano, melhorando o bem-estar dos animais, mas também a sua saúde e a produtividade e, logo, a eficiência e economia da exploração.

figura 1Teste de distância da evitação de fuga.

“muitos estuDos Confirmam Que o ComPortamento e a atituDe Do ProDutor e seus ColaboraDores PoDem influenCiar fortemente a reaÇÃo Dos animais em Confronto Com os humanos .”

Não foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponibilizam bastando enviar um email para [email protected].

referênCiasbibliográfiCas

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equipamentO

A exploração do Paúl do Trejoito (Benavente), propriedade de Carlos França, acolheu em dezembro uma demonstração de equipamentos da marca Kuhn para a produção pecuária. Este evento foi organizado pela empresa OVS, revendedora oficial de Tratores Ibéricos. Em campo estiveram o novo picador distribuidor de forragens Primor 4260 m Cut Control e o unifeed automotriz Confort SPV 12. Assistiram a esta ação vários produtores de leite e carne da região.

O picador distribuidor de forragens Primor 4260 Cut Control completa a gama Kuhn neste tipo de equipamentos, com uma função adicional: a possibilidade de ativar a função do triturador de forragem. Graças a esta função, com a mesma máquina pode-se distribuir forragem de diferentes tamanhos.Este modelo tem uma caixa mais larga para facilitar os carregamentos. O tapete da caixa tem um regulador de velocidade em função da quantidade de palha que

se quer enviar para o rotor, regulável a partir da cabina. Este está equipado com facas para cortar a palha e com contra-facas que permitem ajustar o comprimento até uma dimensão máxima de 4 cm. Esta característica permite a utilização desta máquina para fazer camas de aviários, de bovinos (evitando que a palha fique presa nas grelhas), assim como com pré-misturas.A turbina tem duas velocidades, com 270 ou 540 rpm. Utilizando a velocidade mais baixa da tomada de força e

DEMONSTRAçãOEM CAMPO

PrinCiPais CaraterístiCas

Capacidade (m3) 4,2

Tipo de engate rebocável

Nº picadores 1 Polydrive

Largura (m) 2,46

Comprimento (m) 4,6

Peso (kg) 2 960

Potência necessária (hp) 100

Por ruminantes

NOVIDADES KUhNPARA A PECUÁRIA

Kuhn Primor 4260 m Cut Control

regulando a direção da boca de descarga para baixo consegue-se obter cordões de alimentação diretamente no comedouro. Na rotação mais alta, faz uma cama uniforme até 18 metros de distância (a palha cai tipo chuveiro).Este modelo rebocado tem 4 metros cúbicos de capacidade, permite utilizar fardos redondos ou retangulares e exige um trator com a potência mínima de 100 cv. Todas as funções podem ser controladas desde a cabine do trator através do bloco eletroválvulas. Um dos opcionais possíveis é uma tremonha para adicionar alimentos à forragem.

figura 2O rotor do sistema que desfaz

o fardo funciona com uma transmissão Polydrive (sistema

patenteado pela Kuhn) e é independente da rotação da turbina. Quando se aciona a

tomada de força, a turbina fica em funcionamento, mas o destruidor

do fardo não. Esta opção é muito importante para evitar

“empapamentos”.

figura 3Regulador do tamanho de

corte da forragem.

ruminantes janeiro . fevereiro . março 2015 59

equipamentO

figura 4Camas dos vitelos.

Kuhn sPv 12 Confort

O modelo em demonstração na Herdade do Paúl do Trejoito foi a versão Confort da Kuhn SPV 12 já apresentada no número anterior da Ruminantes. Destacamos do trabalho então realizado, a capacidade da fresa de carregamento que consegue processar duas toneladas de silagem de milho por minuto. Tem dois metros de largura e 68 cm de diâmetro permitindo cortar uma faixa de silagem de 23 cm de profundidade. Como tal, evitam-se empapamentos em carregamentos com fibras longas, bem como a

destruição da estrutura da silagem. O motor hidráulico da fresa tem 123 hp e a operação de corte/carga é gerida eletronicamente. Bombas hidráulicas independentes acionam as diversas funções da máquina, impedindo assim que a potência da fresa retire potência à tracção ou à direcção. Todos os ingredientes são carregados com a fresa, exceto os minerais que são carregados através de uma tampa diretamente no tapete de carga. Por questões de segurança, sempre que o operador sai

vElOCIdAdE MáxIMA dE 40 kM/hORAfigura 5

Fresa de carregamento.

figura 6Tegão quinado.

figura 7Distribuição.

da cabine, a fresa deixa de trabalhar mas o tapete não.Para uma boa mistura o tegão é “quinado”, pois isto faz com que os alimentos não andem à velocidade do sem-fim permitindo uma verdadeira mistura. A distribuição do alimento é rápida e homogénea graças ao tamanho da porta (1,20 m) e do tapete (0,80 m).Dentro do tipo de opcionais encontramos vários tipos balança, todas têm 3 sensores, como por exemplo com impressora e transferência de dados, faróis suplementares de trabalho, ar condicionado, autorrádio.

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prODutO

O bem-estar animal tem vindo a tornar-se um assunto importante nas explorações leiteiras. A Urban GmbH & Co. KG foi destacada pela Eurotier pela inovação do seu novo sistema de alimentação com baldes para vitelos. Este sistema permite monitorizar os vitelos desde o primeiro dia, recolhendo dados relacionados com o animal como, o número de visitas ao balde, comportamento de consumo de leite (velocidade ao beber, numero de interrupções), ou até mesmo dados sobre o reagrupamento. Os resultados são resumidos num relatório que documenta não só os controlos na exploração, bem como providencia uma visão geral e fiável da situação dos vitelos alimentados a balde.

bem-estar monitorizaDo no viteleiro

A GEA Farm Technologies lançou um novo sistema de arrefecimento para as zonas de descanso nos parques das vacas leiteiras. O sistema de arrefecimento funciona à base de condução e é regulado pelo calor do estábulo, sendo instalado numa estrutura de camadas múltiplas, em camas de areia ou material composto. uma vaca leiteira necessita no mínimo de 14 horas de descanso, que podem ficar reduzidas em dias de muito calor. Este novo sistema representa uma optimização da área de descanso, uma vez que permite aos animais permanecerem deitados mesmo num dia de elevadas temperaturas.

Conforto tÉrmiCona hora De rePouso

NOVIDADES DE PRODUTOSelecionámos alguns equipamentos premiados em duas das principais feiras internacionais dedicadas ao setor dos equipamentos para a agricultura e a pecuária: a Eurotier e a Eima, que decorreram respetivamente em Hanôver, e em Bolonha, em novembro passado, e o Sima que terá lugar em Paris, em fevereiro próximo.

Qualquer produtor que faça recria de vitelos através de um esquema de alimentação com tetinas, sabe a importância da limpeza destas para a saúde do vitelo. Sem uma limpeza regular as tetinas tornam-se um ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias, aumentando a probabilidade de o vitelo contactar com microorganismos nefastos. Muitas vezes esta limpeza não é efetuada com mais regularidade, devido à dificuldade de remover as tetinas. Com a solução apresentada pela Kerbl, a dificuldade de remoção das tetinas é ultrapassada. A válvula FixClip, possuí uma válvula removível, bem como um sistema de clip que permite fixar a válvula e a tetina ao balde de uma forma mais rápida e prática.

fixCliP - a PrátiCa válvula Para o sistema De alimentaÇÃo De vitelos

Para mais informaÇõeshttp://www.kerbl.com

Para mais informaÇõeswww.gea-farmtechnologies.com

Para mais informaÇõeswww.urbanonline.de

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prODutO

Para mais informaÇõeswww.lwk.nrw.de ou através do email: [email protected]

O tempo e a facilidade de execução das operações na exploração são cada vez mais imperativos na escolha dos sistemas a adotar, e a produção de leite caprino não é uma exceção a esta regra. Com o número de animais por rebanho a aumentar, o sistema de ordenha em carrossel apresentado pela Dairy Master, encaixa-se na perfeição nas exigências da produção atual. O design rotativo do sistema facilita o acesso aos animais, bem como providencia condições de trabalho mais ergonómicas aos ordenhadores. A precisão da ordenha permite um posicionamento correcto das cabras, bem como uma colocação correta das tetinas, evitando também que os fios se emaranhem. Para além do sistema automático de limpeza e desinfeção das tetinas após a ordenha, o Dairymaster Swiftflo Goat Rotary possuí um sistema intermédio de desinfeção entre cada ordenha, melhorando assim a saúde do úbere das cabras da exploração.

orDenha em Carrossel Para Cabras leiteiras. “swiftflo goat rotarY”

nova aborDagem à monitorizaÇÃo De vaCas leiteiras. “Cows anD more”A Landwirtschaftskammer Nordrhein-Westfalen (camara da agricultura de Nordrhein-Westfalen) é uma empresa pública no norte da Alemanha, formada pelo governo da agricultura do estado de Nordrhein-Westfalen. Esta empresa foi criada não só para gerir a agricultura local, mas também para instruir quem pertence ao setor, e para trazer inovação ao mesmo. Foi tendo em vista este último objetivo que recentemente, a empresa foi destacada pela criação do software “cows and more”. Este software é bastante intuitivo e faz uma análise sistemática dos pontos fracos das explorações de vacas leiteiras, promovendo o seu melhoramento. É possível registar os comportamentos das vacas dentro dos parques, a evolução da limpeza dos animais, lesões dos

animais, e até chegar a conclusões quanto a possíveis ameaças no material utilizado na exploração ou até mesmo no próprio maneio desta. A análise é efetuada através de seleção de imagens, ou esquemas representativos dos diferentes níveis de cada um dos indicadores avaliados. Tanto o armazenamento de dados, bem como a análise, não exigem qualquer tipo de ligação à internet, podendo ser efetuados offline. Baseando-se na análise dos dados inseridos, o “cows and more” gera sugestões para melhoramento, fornecendo também uma visualização dos pontos fracos da exploração de uma forma gráfica e fácil de interpretar. É também possível a exportação de dados para outros softwares.

A Agreto lançou o medidor HFM II para uma medição profissional do nível de humidade em feno e palha enfardados. O instrumento de medição é constituído por uma sonda de aço inoxidável e uma pega ergonómica de madeira, conferindo-lhe uma estrutura robusta e de alta qualidade. As medições são efetuadas continuamente, permitindo obter o nível de humidade em tempo real, de várias zonas do fardo ou de vários fardos, sem ter que pressionar qualquer tipo de botão. Com o HFM II é possível assegurar a qualidade do alimento durante a colheita e durante o processo de secagem, prevenindo perdas devido à presença de bolor ou ao apodrecimento do fardo. Com este medidor é também possível examinar fardos na compra/venda, sendo uma boa ferramenta tanto para o comprador como para o vendedor.

meDiÇÃo Da humiDaDe Dos farDos em temPo real

Para mais informaÇõesConsultar o site da empresa, onde existe um vídeo da ordenha em pleno funcionamento: www.dairymaster.com

Para mais informaÇõeshttp://www.agreto.com/en/moisture-meters/agreto-hfm-ii-hay-straw-moisture-meter.html

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prODutO

A empresa Holm&Laue dedica-se a ajudar o produtor a obter um colostro de excelente qualidade. É com isto em vista que criou o coloQuick, um sistema de gestão de colostro que permite não só conservá-lo nas condições adequadas, como descongela-lo e administra-lo da forma mais correta e prática. O processo passa por analisar o colostro, pasteuriza-lo e armazena-lo em sacos próprios para congelação e posteriormente quando necessário, coloca-lo em bolsas para uma descongelação mais uniforme e uma administração de colostro mais prática e higiénica.

Colostroo ouro líQuiDo

Para mais informaÇõesPara ficar a conhecer melhor este produto, assista ao vídeo sobre mesmo neste link: http://www.holm-laue.de/coloquick_video.php.

Um equipamento ligado lateralmente a uma ceifeira-debulhadora, recolhe por aspiração a palha que resulta da debulha, e comprime-a em fardos cilíndricos. O VMP adapta-se a qualquer ceifeira através de duas ligações, e possui posição de transporte. Tem o seu próprio motor e é controlado a partir da cabina através de uma consola. Os fardos são envolvidos num filme de polietileno atado em cada ponta, para que se mantenham firmes durante o transporte. A palha pode ser utilizada para alimento dos animais, para malhada, ou para produzir energia. A recolha da palha reduz o uso de herbicidas e as intervenções para matar as infestantes, já que estas não são ressemeadas durante a debulha.

valorizaÇÃo De Palha vmP

A palha expelida por uma ceifeira-debulhadora costuma ficar no campo para ser posteriormente enfardada ou então incorporada no solo. Mas a Thierart desenvolveu um acessório para recuperação de palha e aponta as vantagens de se trabalhar de um outro modo. Se a palha ficar espalhada, há o inconveniente de devolver à terra a semente das ervas infestantes. Mas se for recolhida diretamente, irá verificar-se uma diminuição gradual das infestantes. Como consequência, a prazo, isto traduz-se também numa diminuição da quantidade de herbicida que é necessário aplicar. Além disso, este método permite um melhor aproveitamento do material recolhido, de maneira a que seja incluído na ração dos animais. Este acessório é fixado no chassis da máquina e o seu peso varia entre os 800 e os 1.100 kg, consoante possua revestimento de lona ou de chapa. Permite recuperar entre uma a duas toneladas de palha por hectare, sendo o despejo feito por acionamento hidráulico. Demora cerca de 15 a 20 minutos a encher, o que permite que se deposite a palha na margem das parcelas.

reCuPeraDor De Palha Para Ceifeiras

A Vicon lançou uma enfardadeira-embaladora de nova geração provida de dispositivo de fucionamento sem paragens. A Fastbale, como foi denominada, resolve as duas operações sem parar, combinando duas câmaras de rolos e a embalagem numa só passagem, o que representa um ganho de produtividade que pode alcançar os 50%. A embaladora de plástico integra a tecnologia de duplo satélite , pela primeira vez em posição horizontal, para um ganho de precisão e rapidez.

CombinaDa enfarDaDeira-embalaDora non-stoP

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prODutO

Com função de embaladora, esta enfardadeira possui um novo sistema para enrolar e apertar o filme plástico e dispensa o uso de rede ou fio. Assim que a formação do fardo é terminada, o sistema de ligação aplica-lhe várias camadas de filme plástico ainda na câmara de prensagem, dando origem a um invólucro uniforme. Isto resulta em fardos mais apertados e que não perdem densidade. Em consequência, o processo de fermentação inicia-se mais cedo, obtendo-se assim uma maior qualidade da forragem.

enfarDaDeira fusion 3 Plus

É uma inovação engenhosa que tem dado que falar, até porque permite não só pesar a carga ainda no campo, mesmo em terrenos declivosos, bem como armazenar dados via ISOBUS relativos a uma parcela de onde se está por exemplo a recolher cereal. O modelo da marca alemã que agora destacamos envolve menos tecnologia mas não deixa de ser interessante. Trata-se de um reboque para carregar fardos que dispensa a colocação de cintas de aperto, pois tem de ambos os lados um gradeamento acionado por comando hidráulico que sustém os fardos dentro do compartimento. Está disponível em versões de 2 ou 3 eixos tandem, comprimento entre 5,4 e 12 m, e carga máxima entre as 8 e as 24 toneladas, dependendo dos modelos.

reboQue Com graDeamento De amParo

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prODutO

No passado mês de Dezembro a Harker XXI / DeLaval colocou em funcionamento 6 robots de ordenha VMS na Exploração Agrícola Teixeira do Batel em Vila do Conde, a maior do Norte do país com 630 vacas em ordenha. Esta exploração familiar é propriedade dos irmãos José Luís e Jorge Filipe Teixeira e seu pai José Teixeira, produtor de leite desde os anos 70.Até à data ordenhavam numa sala paralela 2x20/40 DeLaval com identificação e porta de separação automática. Com o Robot VMS, esperam livrar-se de dez horas de ordenha diárias, optimizar a mão-de-obra e efectuar três ordenhas nas suas melhores vacas. O Tráfico eleito foi o “Tráfico Inverso”: as vacas ao saírem das Camas vão para a Manjedoura e ao regressarem passam nas Portas Inteligentes; se têm permissão de ordenha entram no Parque de Espera para serem ordenhadas, senão vão de novo repousar para as camas.Neste momento vão-se iniciar as obras de remodelação da outra nave e uma vez terminadas, instalar-se-ão mais 4 robots VMS para outras 240 vacas. A Exploração Agrícola Teixeira do Batel será assim a maior exploração de vacas com Robots de Ordenha no Sul da Europa – 10 VMS.

ColoCou em funCionamento os Primeiros6 robots na exPloraÇÃo agríCola teixeiraDo batel em vila Do ConDe

hARKER xxI / Delaval

imagem 2Passagem das camas para manjedoura com porta anti-retorno.

imagem 1Parque de espera, escritório e casa das máquinas.

na Próxima Primavera, DePois De remoDelarem as naves aCtuais, serÃo instalaDos mais 4 robots vms e será a maior exPloraÇÃo De vaCas Com robots De orDenha no sul Da euroPa.as aCtuais 630 vaCas PassarÃo a ser orDenhaDas Com 10 vms.

imagem 4 Layout 6 Robots com tanque tipo silo.

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prODutO

Em 2014, a Harker/DeLaval apresentou novidades na sua linha de soluções para a qualidade do leite e reforçou a sua imagem de empresa inovadora que investe em soluções para optimizar a produção de leite, no sentido de melhorar a qualidade do leite, saúde dos tetos e produtividade. A camisa é a única parte do equipamento de ordenha que está em contacto directo com a vaca, influenciando a qualidade do leite, o desempenho da ordenha, a produtividade e rentabilidade da exploração. A camisa deve proporcionar uma massagem eficaz para o máximo rendimento da ordenha e tratamento suave aos tetos dos animais. A nova camisa DeLaval Clover™ possui um design exclusivo e inovador, em formato de trevo, que proporciona um encaixe perfeito nos tetos das vacas. Este novo design, único no mercado, contribui para reduzir os níveis de deslizamentos, massagem suave e níveis de vácuo estáveis na ponta e base do teto durante toda a ordenha, resultando numa ordenha rápida, eficiente e saudável para o rebanho.A secção em forma de trevo com lados côncavos, esquinas arredondadas e paredes de espessura variável, asseguram um contacto completo com o teto e eliminam canais de ar e elevado nível de vácuo.

ConheÇa a nova Camisa Delaval Clover™

No passado dia 28.11.2014 a reunião iniciou-se com um primeiro painel técnico dedicado à Nutrição, com as palestras do Dr. Nuno Palma e da Dra. Adelaide Pereira. A questão económica dos custos da alimentação foi o fio condutor para as palestras do segundo painel, dedicado aos Novos Apoios Comunitários. Este painel contou com a presença do presidente da Aprolep, Carlos Neves, que moderou as palestras lideradas pela CAP e pela DRAP Norte. Pela CAP esteve presente Engª Luisa Regadas e pela DRAP, o Diretor Regional, Dr. Manuel Cardoso e a Engª Manuela Condado. Na parte da tarde, os convidados assistiram ao Workshop da Harker XXI/DeLaval, na exploração Pena & Martins, em Areias de Vilar, em que o Veterinário Dr. José Pedro Ferrão deu uma palestra prática sobre o programa DelPro™. Foi uma oportunidade para todos os interessados visitarem uma exploração com equipamentos DeLaval e assistirem ao funcionamento dos mesmos.

É o sistema ideal para Produtores de Leite que pretendem uma Gestão Profissional da Exploração uma vez que controla, regista e analisa dados das diferentes áreas da exploração com o objectivo de o ajudar numa melhor tomada de decisões. DelPro ™ Farm Manager reúne os diferentes elementos da exploração num sistema centralizado. Oferece um armazenamento de dados incomparável e ferramentas de relatórios e análises que simplificam a tomada de decisões diária. Este sistema é muito flexível, sendo indicado para o Robot de Ordenha VMS, Sala de Ordenha Rotativa e Salas tradicionais. Isto significa que pode alterar ou actualizar os seus equipamentos de ordenha sem ter que trocar o software de gestão da exploração, mantendo assim a base de dados do rebanho existente. Para explorações de maior dimensão, podem conectar-se múltiplos controladores a uma unidade de controlo central, ou seja, é possível controlar todas as operações, independentemente da quantidade de sistemas de ordenha ou número de vacas existentes, a partir de um só ponto da exploração. Proporciona também uma ligação segura à Internet, que permite automatizar a troca de dados com as autoridades, outras explorações, veterinários ou nutricionistas, o que reduz as tarefas administrativas consideravelmente.

jornaDa sobre nutriÇÃo reúne CerCa De 100 Pessoas em braga

DeLprO™ farm manaGer

premiaDa na eurOtier cOmO inOvaçãO DO anO na cateGOria tecnOLOGia De OrDenha

vantagens:

• Melhora a saúde do úbere - menos mamites e hiperqueratose;• Ordenha mais rápida e completa;• Menos deslizamentos.

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nãO Deixe De...

formaÇÃo

7as jornadas hospital veterinário muralha de Évora

3 a 5 de fevereiro, 2015Moscovo - Rússiawww.agrofarm.org

agrofarmexPosiÇÃo internaCional De PeCuária e gestÃo animal

feiras

10 a 12 fevereiro, 2015Califórnia - EUAwww.worldagexpo.com

worlD ag exPo

17 a 20 março, 2015Saragoça – Espanhawww.feriazaragoza.com

figan

27 abril a 1 maio, 2015Ribeirão Preto – S. Paulo - Brasilwww.agrishow.com.br

agrishow

6 e 7 marÇo 2015Évora hotel

neste evento serão abordados temas como:Enfrentar o futuro da produção pecuária - “Desafios e Oportunidades”; Técnicas de reabilitação equina.

mais informações: www.hvetmuralha.pt

“Pastagens permanentes de sequeiro” 2, 13 e 14 marÇo 2015esa - elvas

formação: 25 horas para profissionais da área da agropecuária, produtores rurais e outros.

objetivo: Capacitar os participantes sobre instalação e gestão de pastagens permanentes de sequeiro de modo a contribuir para uma produção animal sustentável nos sistemas agro-pecuários de sequeiro. As pastagens no cumprimento do greenning da nova PAC.

mais informações: T: +351 268 628 528 E: [email protected]

1º encontro técnico de Produção de leite

16, 17 e 18 abril 2015esa, em refóios - Ponte De lima

A Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica (APEZ) e a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC) organizarão o XIX Congresso Nacional de Zootecnia. Neste evento serão abordados temas como a Nutrição e Alimentação Animal, Melhoramento Genético, Reprodução e Bem-estar, Tecnologia Alimentar e as diferentes produções animais, abordando as questões mais relevantes ao nível de produção, comercialização e competitividade, contando para tal com a presença de oradores de renome internacional.Tendo como referência as organizações anteriores, estimamos a presença de aproximadamente 200 congressistas e esperamos que este evento seja um importante meio de contacto entre empresários, produtores, técnicos, investigadores e estudantes.

mais informações: http://zootec2015.esa.ipvc.pt

Dia 13 fevereiro 2015hotel viP exeCutive santa iria Da azóia

neste evento serão abordados temas como: Perspectivas do mercado das matérias-primas para os próximos anos; Do prado ao rúmen, optimização da utilização da forragem; Erros mais frequentes na alimentação de vacas leiteiras; Perspectivas da nova PAC com impacto no sector leiteiro; Soluções de gestão de pessoal em explorações leiteiras; Riscos de utilização de leite de desperdício na alimentação de vitelos; Onde ganhamos e onde perdemos – análise de dados em explorações leiteiras; Como adicionar valor ao leite.

mais informações: [email protected] ou por telefone: 961061464 ou 961105512

xix Congresso nacional de zootecnia