2019_dis_gdescosta.pdf - Repositório Institucional UFC
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E
GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR – POLEDUC/UFC
GLAIRTA DE SOUZA COSTA
PROPOSTAS DE MELHORIA NAS AÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE, A
PARTIR DO DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA
À SAÚDE (IRAS) EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE FORTALEZA
FORTALEZA
2019
GLAIRTA DE SOUZA COSTA
PROPOSTAS DE MELHORIA NAS AÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE, A PARTIR
DO DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE
(IRAS) EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE FORTALEZA
Dissertação apresentada à coordenação do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre. Linha de Pesquisa: Políticas Públicas da Educação Superior.
Orientador: Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre
FORTALEZA
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca UniversitáriaGerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
C872p Costa, Glairta de Souza. Propostas de melhoria nas ações de cuidado ao paciente, a partir do diagnóstico de infecções relacionadas àassistência à saúde (IRAS) em um hospital universitário de Fortaleza / Glairta de Souza Costa. – 2019. 139 f. : il. color.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação,Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza, 2019. Orientação: Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre.
1. Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. 2. Epidemiologia. 3. Prevenção. I. Título. CDD 378
8
GLAIRTA DE SOUZA COSTA
PROPOSTAS DE MELHORIA NAS AÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE, A PARTIR
DO DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE
(IRAS) EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE FORTALEZA
Dissertação apresentada à coordenação do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre. Linha de Pesquisa: Políticas Públicas da Educação Superior.
Aprovada em: 28 /02 /2019.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________ Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro de Sousa Rodrigues
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Mabel Calina de França Paz
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
Aos meus pais (in memoriam), por todo amor
dedicado a mim.
Aos meus irmãos Bernardo e Gregório (in
memoriam), por serem minha inspiração na
construção deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me fortalecer ao longo desses dois anos de aprendizado.
Aos meus pais, por sempre apoiarem todas as minhas escolhas e pelo amor sem
medidas.
À minha família e amigos por entenderem a minha ausência e me encorajar a
prosseguir. Em especial minhas irmãs Ray, Suely e minha sobrinha Déborah.
À minha irmã Aline Canafístula por me ouvir e apoiar diariamente.
Ao meu orientador, Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre, que, desde o
início me incentivou e com grande competência, respeito e dedicação, conduziu este trabalho.
Sempre com observações e considerações valiosas.
À Prof.ª Dra. Maria do Socorro de Sousa Rodrigues e a Prof.ª Dra. Mabel Calina de
França Paz, pelas maravilhosas sugestões na qualificação. E pelo privilégio de tê-las novamente
nesta banca examinadora.
Aos colegas do Mestrado POLEDUC, por compartilharem as experiências,
conhecimentos, dificuldades e risos, tornando a caminhada mais leve.
Aos colegas do setor de Microbiologia do HUWC, em especial a Dra. Ila Fernanda
Nunes Lima que me incentivou e me inspirou a prosseguir.
Aos professores do POLEDUC, que propiciaram novos conhecimentos necessários
para a realização deste trabalho.
À Dra. Ana Paula Santos do Carmo, Chefe do Laboratório Central do HUWC, por
gentilmente autorizar a coleta de dados e principalmente por incentivar meu retorno à vida
acadêmica.
A todos que fazem a CCIH do HUWC, em especial o Dr. Jorge Luiz Rodrigues e as
Enfermeiras Geovania Maciel, Germana Perdigão e Luciana Vládia Fragoso por me acolherem
tão bem e me darem todas as condições para a coleta de dados.
Aos servidores da Universidade Federal do Ceará, que decididamente aceitaram
participar da pesquisa.
A todos, os meus sinceros agradecimentos.
―O primeiro requisito de um hospital é que ele
jamais deveria fazer mal ao doente.‖
Florence Nightingale
RESUMO
As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são consideradas um dos grandes
problemas de saúde pública, com impacto na mortalidade, tempo de internação e gastos com
procedimentos diagnósticos e terapêuticos. O aumento da resistência bacteriana e uso
métodos invasivos que auxiliam no diagnóstico e na terapêutica, são os maiores desafios ao
controle das IRAS. Estudos epidemiológicos na área de IRAS têm se tornado mais relevantes
e sofisticados nos últimos anos. O reconhecimento, a prevenção e o controle das IRAS são
fundamentais para a mediação sobre o risco em serviços de saúde, melhorando a qualidade da
assistência ao paciente. Este estudo visa responder à pergunta: Como direcionar ações de
prevenção e controle das IRAS de modo a fornecer subsídios que orientem melhorias na
qualidade da assistência ao paciente? A pesquisa tem como objetivo geral apresentar
propostas para a melhoria das ações de cuidado ao paciente a partir do diagnóstico das IRAS
num hospital universitário de Fortaleza. Trata-se de um estudo de caso, de natureza descritiva,
documental, com abordagem quali-quantitativa. A primeira etapa da pesquisa trata do
diagnóstico epidemiológico da IRAS, em pacientes internados no Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC), no período de jun/17 a maio/18. Já a segunda etapa compreendeu a
coleta de dados, por meio de observação estruturada das ações de assistência praticadas no
cotidiano hospitalar. A terceira etapa consiste na aplicação de entrevista estruturada à
especialistas da área de assistência à saúde, através do Método de Delphi. Como resultados,
obtivemos o perfil epidemiológico das IRAS no hospital em estudo, identificamos as
facilidades e dificuldades para o desenvolvimento das ações de prevenção e controle das
IRAS na visão dos colaboradores entrevistados. E como contribuição propomos notificar as
Infecções Primárias de Corrente Sanguínea (IPCS) associada ao Cateter Venoso Central
(CVC) na Clínica I, ampliar a discussão sobre os indicadores de IRAS entre os profissionais,
realizar treinamentos periódicos com os especialistas e orientar melhor os acompanhantes.
Concluímos que o HUWC apresentou, quanto ao diagnóstico global de indicadores
relacionados as infecções e qualidade hospitalar, taxas consideradas satisfatórias, exceto para
o parâmetro Densidade de IRAS, e dentre as necessidades principais para melhoria na
qualidade da assistência estão a educação continuada dos profissionais e melhor orientação
dos acompanhantes. Com efeito, almejamos que os resultados possam contribuir no aumento
da qualidade dos serviços oferecidos e na redução dos casos de IRAS no HUWC.
Palavras-chave: Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Epidemiologia. Prevenção.
ABSTRACT
Infections related to health care (IRHC) are considered to be one of the major public health
problems, with an impact on mortality, length of hospital stay, and spending on diagnostic
and therapeutic procedures. Increased bacterial resistance and the use of invasive methods that
aid in diagnosis and therapeutics are the major challenges to the control of IRHC.
Epidemiological studies in the area of IRHC have become more relevant and sophisticated in
recent years. Recognition, prevention, and control of IRHC are essential for mediation on risk
in health services, improving the quality of patient care. This study aims to answer the
following question: How to direct actions of prevention and control of IRHC in order to
provide subsidies that guide improvements in the quality of patient care? The research aims to
present proposals for the improvement of patient care actions based on the diagnosis of IRHC
in a university hospital in Fortaleza. It is a case study, descriptive in nature regarding the
objectives, documentary about technical procedures, with a qualitative-quantitative approach.
The first stage of the research consists of the epidemiological diagnosis of IRHC in
hospitalized patients at the Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), from June 2017
to May 2018. The second stage included the collection of data through structured observation
of the care actions practiced in the hospital routine. The third step consists in the application
of a structured interview to specialists in the area of health care, through the Delphi Method.
As results, we obtain the epidemiological profile of the IRHC in the hospital under study, we
identified the facilities and difficulties for the development of the actions of prevention and
control of IRHC in the view of the collaborators interviewed. And as a contribution we
propose to notify the Primary Bloodstream Infections (PBI) associated to the Central Venous
Catheter (CVC) in Clinic I, to broaden the discussion on the indicators of IRAS among the
professionals, to carry out periodic training with the specialists and to guide the companions
better. We conclude that the HUWC presented for the global diagnosis of indicators related to
infections and hospital quality, rates considered satisfactory, except for the IRHC Density
parameter, and among the main needs for improvement in the quality of care are the
professionals' continuing education and better guidance of the companions. In fact, we hope
that the results can contribute to the increase of the quality of services offered and the
reduction of cases of IRHC in the HUWC.
Keywords: Infections related to health care (IRHC). Epidemiology. Prevention.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 − Fatores relacionados à ação dos antimicrobianos ........................................ 29
Figura 2 − Posicionamento de cateter venoso central no sistema circulatório ............... 35
Figura 3 − Paciente em uso de suporte ventilatório ou VM ........................................... 36
Figura 4 − Paciente em uso de cateter ou sonda vesical ............................................... 37
Figura 5 − Paciente submetido à incisão cirúrgica ......................................................... 37
Figura 6 − Cultura de ponta de cateter .......................................................................... 39
Figura 7 − Frascos de hemocultura ................................................................................ 39
Figura 8 − Frasco para coleta de material respiratório ................................................... 41
Figura 9 − Placa de cultura positiva ............................................................................... 41
Figura 10 − Cateter urinário de longa permanência ......................................................... 42
Figura 11 − Frasco estéril para coleta de amostras destinadas à urinocultura ................. 42
Figura 12 − Dreno cirúrgico em aspiração ....................................................................... 43
Figura 13 − Os 5 momentos para higienização das mãos ................................................ 45
Figura 14 − Medidas de precaução padrão ...................................................................... 48
Figura 15 − Medidas de precaução de contato ................................................................ 48
Figura 16 − Fachada do HUWC no ano de 1988.............................................................. 52
Figura 17 − Fachada do HUWC no ano de 2018.............................................................. 52
Figura 18 − Total de transplantes no HUWC em 2017 .................................................... 53
Figura 19 − Complexo MEAC-HUWC/UFC: Estrutura de Governança da EBSERH .... 55
Figura 20 − Gerencia de atenção à saúde do HUWC/UFC .............................................. 57
Figura 21 − Processo de execução do Método de Delphi ................................................ 64
Figura 22 − Fluxograma da pesquisa................................................................................ 66
Figura 23 − Fórmula para o cálculo da taxa de densidade de incidência de IPCS
associada ao CVC (DIPCS).........................................................................
106
Figura 24 − Como ampliar a discussão sobre as IRAS e seus indicadores no HUWC.... 107
Figura 25 − Proposta de Educação continuada para os profissionais de saúde do
HUWC mediada pela CCIH.........................................................................
108
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Total de microrganismos (por espécie) isolados das amostras biológicas
dos pacientes internados no HUWC durante o período estudado 73
Gráfico 2 Comparação entre os isolados resistentes e sensíveis de Klebsiella
pneumoniae no HUWC 75
Gráfico 3 Comparação entre os isolados resistentes e sensíveis de Escherichia coli
no HUWC 76
Gráfico 4 - Comparação entre os isolados resistentes e sensíveis de Staphylococcus
aureus no HUWC 77
Gráfico 5 Distribuição das IRAS na Clínica I por sítios de infecção no HUWC. 87
Gráfico 6 Distribuição das IRAS na UTI Clínica por sítios de infecção no HUWC. 90
Gráfico 7 Comparação entre o nº de internações na Clínica I, UTI Clínica e Pediatria
do HUWC n período de jun/17 a mai/18 94
Gráfico 8 Comparação entre o percentual de ocupação (%) na Clínica I, UTI Clínica
e Pediatria. do HUWC n período de jun/17 a mai/18. 94
Gráfico 9 Comparação entre a média de permanência (dias) na Clínica I, UTI
Clínica e Pediatria do HUWC n período de jun/17 a mai/18 95
Gráfico10 Comparação entre o percentual de mortalidade (%) na Clínica I, UTI
Clínica e Pediatria do HUWC n período de jun/17 a mai/18 96
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 − Definição dos hospitais por nível de complexidade 25
Quadro 2 − Mecanismo de ação simplificado de importantes fármacos
antimicrobianos e antifúngicos
30
Quadro 3 − Classificação dos microrganismos multirresistentes (MR) 32
Quadro 4 − Conceitos relacionados ao crescimento microbiano em amostras
biológicas
34
Quadro 5 − Protocolos básicos de segurança do paciente 49
Quadro 6 − Enquadramento da pesquisa aplicada no HUWC 59
Quadro 7 − Conteúdo das questões do Instrumento de pesquisa aplicada no
HUWC 65
Quadro 8 − Antibióticos indicados no tratamento de infecções causadas por
microrganismos Gram negativos e sua classificação
74
Quadro 9 − Antibióticos indicados no tratamento de infecções causadas por
microrganismos Gram positivos e sua classificação
77
Quadro 10 − Medidas importantes para reduzir os riscos de infecções no HUWC . 109
Quadro 11 − Síntese dos resultados encontrados em cada etapa do estudo no
HUWC 111
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 − Capacidade de atendimento do HUWC em 2017.................................. 54
Tabela 2 − Distribuição dos leitos no HUWC por unidade hospitalar ....................... 56
Tabela 3 − Formação acadêmica e atividade profissional dos entrevistados no
HUWC.......................................................................................................
65
Tabela 4 − Correspondência entre as perguntas (Apêndice B) e respostas (Tabelas
do Apêndice C) .........................................................................................
68
Tabela 5 − Capacidade de atendimento do HUWC em 2017.................................. 72
Tabela 6 − Distribuição das IRAS por unidade hospitalar do HUWC no período de
jun/17 a mai/18 ...............................................................................
79
Tabela 7 − Distribuição das IRAS por sítios anatômicos de infecção no HUWC...... 80
Tabela 8 − Taxas de infecção e densidade de IRAS no HUWC durante o período
analisado (jun/17 a mai/18) .............................................................
81
Tabela 9 − Distribuição das IRAS na Clínica I por sítios de infecção no
HUWC......... ................................................................................
86
Tabela 10 − Distribuição das IRAS na UTI Clínica por sítios de infecção no
HUWC............................................................................................
90
Tabela 11 − Densidade de PAV e IPCS/CVS na UTI Clínica do HUWC do HUWC
no período de jun/17 a mai/18 ...........................................................
91
Tabela 12 − Distribuição das IRAS na Pediatria do HUWC por sítios de infecção do
HUWC no período de jun/17 a mai/18 ...............................................
92
Tabela 13 − Dados comparativos sobre internações, taxas de ocupação, média de
permanência e taxas de mortalidade na Clínica I, UTI clínica e Pediatria
do HUWC no período de jun/17 a mai/18...........................................
93
Tabela 14 − Conceito de IRAS segundo percepção dos profissionais do HUWC 99
Tabela 15 − IRAS mais prevalentes e importantes segundo percepção dos
profissionais do HUWC......................................................................
100
Tabela 16 − O Plano de segurança do paciente na concepção dos profissionais........ 101
Tabela 17 − Dificuldades de implementação do Plano de segurança do paciente do
HUWC ......................................................................................................
101
Tabela 18 − Ações mais importantes na redução das IRAS do
HUWC..............................................................................................
102
Tabela 19 − Efetividade de comunicação entre os profissionais do HUWC................. 103
Tabela 20 − Dificuldades enfrentadas no exercício da função no HUWC.................... 103
Tabela 21 − Sugestões de melhorias nas atividades de assistência ao paciente ........... 104
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CCIRAS Comissão de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
CT Centros de Treinamento
CVC Cateter Venoso Central
DNC Doenças de Notificação Compulsória
EPI Equipamento de Proteção Individual
GGTES Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde
GVIMS Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde
HD Hemodiálise
HM Higiene das Mãos
HUWC Hospital Universitário Walter Cantídio
IAV Infecção Associada ao Cateter Vascular
IAVC Infecção Associada ao Cateter Vascular Central
IAVP Infecção Associada ao Cateter Vascular Periférico
ICS Infecção de Corrente Sanguínea
IH Infecção Hospitalar
IRAS Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
IPCS Infecção Primária de Corrente Sanguínea
ISC Infecção de Sítio Cirúrgico
ITU Infecção do Trato Urinário
ITU-RAS Infecção do Trato Urinário Associada à Assistência à Saúde
KPC Klebsiella pneumoniae carbapenemase
MDR Multi Droga Resistentes
MR Multirresistentes
MS Ministério da Saúde
NPT Nutrição Parenteral
OMS Organização Mundial de Saúde
PAM Pressão Arterial Média
PAV Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica
PNCI Programa Nacional de Controle de Infecção
PNPCIRAS Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecção Relacionada à
Assistência à Saúde
RAM Resistência Antimicrobiana
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
SCIH Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
SNE Sonda Naso Enteral
SNG Sonda Naso Gástrica
SNVE Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
SVD Sonda Vesical de Demora
SUS Sistema Único de Saúde
TOT Tubo Orotraqueal
TQT Traqueostomia
UFC. Universidade Federal do Ceará
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VM Ventilação Mecânica
WHO World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 17
2 DESCREVENDO AS INFECÇÕES RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE (IRAS)
22
2.1 Políticas públicas em saúde coletiva e Epidemiologia 22
2.2 Legislação pertinente a criação da CCIH e controle de IRAS 26
2.3 Drogas antimicrobianas comumente utilizadas 28
2.4 Multirresistência e os principais microrganismos causadores de IRAS 31
2.5 Principais procedimentos invasivos de rotina 34
2.6 IRAS mais comuns 38
2.7 7Ações de prevenção e controle das IRAS 44
2.8 Conhecendo o lócus da pesquisa: O Hospital Universitário Walter
Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC/UFC
50
2.8.1 O contexto histórico do HUWC 50
2.8.2 Complexidade em relação às ações de assistência 53
2.8.3 Estrutura de Governança e Espaço Físico Hospitalar 54
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 58
3.1 Natureza (Tipificação) da pesquisa 58
3.2 Procedimentos para a realização de um estudo de caso 59
3.3 Procedimentos para a coleta e análise de dados 61
3.4 Definindo o Método de Delphi 63
3.4.1 Participantes da pesquisa 64
3.4.2 Instrumento e operacionalização da coleta de dados 65
3.4.2.1 Primeira sessão do Método de Delphi 67
3.4.2.2 Segunda sessão do Método de Delphi 68
3.5 Aspectos Éticos da Pesquisa 69
4 ANÁLISE DE RESULTADOS: O DIAGNÓSTICO DAS IRAS E O
PANORAMA DA REALIDADE DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE NO
HUWC
71
4.1 O diagnóstico das IRAS no HUWC 71
4.2 Observação estruturada das ações de assistência 83
4.3 Análise da entrevista estruturada através da Metodologia de Delphi 99
4.3.1 Análise conceitual
99
4.3.2 Investigação de procedimentos 102
4.3.3 Dificuldades enfrentadas e ações de melhorias 103
4.4 Propostas de melhoria nas ações de cuidado ao paciente 105
5 CONCLUSÃO 111
REFERÊNCIAS 114
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO
123
APÊNDICE B – PLANILHA (SEGUNDA ETAPA) OBSERVAÇÃO
ESTRUTURADA
125
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS
PROFISSIONAIS QUE PRESTAM ASSISTÊNCIA AOS
PACIENTES DO HUWC
126
APÊNDICE D - INVESTIGANDO A PERCEPÇÃO SOBRE AS
IRAS NO HUWC/UFC
128
APÊNDICE E - PRIMEIRA SESSÃO DO MÉTODO DELPHI 131
APÊNDICE F - INVESTIGANDO A PERCEPÇÃO SOBRE AS
IRAS NO HUWC/UFC
132
APÊNDICE G - SEGUNDA SESSÃO DO MÉTODO DELPHI 135
ANEXO A – FICHAS DE VIGILÂNCIA ATIVA DO HUWC 136
ANEXO B – AUTORIZAÇÃO CCIH 137
ANEXO C – AUTORIZAÇÃO LABORATÓRIO CENTRAL 138
17
1 INTRODUÇÃO
O termo Infecção Hospitalar (IH) foi, aos poucos, substituído por Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) porque este reflete melhor os riscos de aquisição,
sendo definida como a infecção adquirida durante a hospitalização e que não estava presente
ou em período de incubação por ocasião da admissão do paciente, diagnosticadas em geral, a
partir de quarenta e oito horas após a internação (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2016a).
Segundo Oliveira, Cardoso e Mascarenhas (2010), atualmente as IRAS são
consideradas um dos grandes problemas de saúde pública, com impacto na morbimortalidade
(índice de pessoas mortas em decorrência de uma doença específica dentro de determinado
grupo populacional), tempo de internação e gastos com procedimentos diagnósticos e
terapêuticos. Acrescenta-se a isso as repercussões para o paciente, sua família e a comunidade
em geral, tais como o afastamento da vida social e do trabalho, com consequente
comprometimento social, psicológico e econômico.
Essas infecções constituem um problema antigo e de extrema complexidade que
atinge todos os hospitais da rede pública e privada, apresentando, assim, um importante
impacto social em virtude da sobrecarga econômica imposta aos pacientes e instituições
hospitalares (BRASIL, 1998).
O risco de se adquirir infecções é determinado pela suscetibilidade do paciente e
pelos procedimentos clínicos e invasivos executados durante a hospitalização. O
conhecimento e a conscientização dos vários riscos de transmissão de infecções, das
limitações dos processos de desinfecção e de esterilização são imprescindíveis para que
profissionais e acompanhantes possam tomar sempre medidas preventivas durante as ações de
cuidado ao paciente.
Em Agência Nacional e Vigilância Sanitária (ANVISA) (2017e) vemos que os
hospitais são locais que podem apresentar alta prevalência de microrganismos
multirresistentes, o que, em geral, leva ao uso de antimicrobianos de amplo espectro e alto
custo, tornando imprescindível a implementação de um programa de gerenciamento do uso
desses medicamentos de forma a minimizar os danos decorrentes da resistência microbiana e
melhorar os desfechos clínicos.
Para Apolinário (2008) o ambiente hospitalar, além de selecionar agentes
infecciosos resistentes em decorrência do uso indiscriminado de antimicrobianos, e por reunir
pessoas com diferentes vulnerabilidades à infecção, apresenta intensa realização de
18
procedimentos invasivos, aspectos que o caracterizam como um ambiente favorável à
propagação das IRAS. Estas infecções também podem disseminar-se entre os profissionais de
enfermagem, destacadas como um dos motivos para o absenteísmo de profissionais.
Os procedimentos invasivos são aqueles que provocam o rompimento das
barreiras naturais, penetrando em cavidades ou abrindo uma ―porta‖ de acesso para o meio
externo. Exemplificando, podemos citar desde uma simples punção para coleta de sangue,
inserção de cateteres, sondas vesicais, ventilação mecânica, até os grandes procedimentos
cirúrgicos. Ademais, agentes infecciosos emergentes (exemplo: novas espécies bacterianas
causadoras de doenças), aumento da resistência bacteriana e uso de novos métodos invasivos
que auxiliam no diagnóstico e na terapêutica, constituem maior desafio ao controle das IRAS
(NOGUEIRA, 2009).
Outro aspecto relevante é o porte e a finalidade do hospital. Unidades hospitalares
com capacidade instalada de 151 a 500 leitos são consideradas de grande porte, já hospital
terciário é aquele especializado ou com especialidades, destinado a prestar assistência a
clientes em outras especialidades médicas além das básicas a saber: clínica médica, clínica
cirúrgica, clínica gineco-obstétrica e clínica pediátrica (BRASIL, 1985).
No Brasil os hospitais universitários são conhecidos como hospitais escola e
apresentam características de hospital terciário, no que se refere ao porte e também quanto à
capacidade de atender as mais variadas e complexas especialidades, desta maneira tornam-se,
muitas vezes, referência no tratamento de doenças graves. O atendimento não se limita apenas
a pacientes da região em que estão localizados, estas unidades hospitalares costumam receber
doentes de outros estados menos favorecidos.
Ampla gama de agentes infecciosos (como bactérias) tem desenvolvido
resistência aos antimicrobianos comumente utilizados na prática clínica. Tal fato tornou-se
ameaça crescente à saúde pública, despertando o interesse de múltiplos setores. Cada vez
mais, os governos de todo o mundo estão começando a prestar atenção neste problema tão
sério que ameaça as conquistas da medicina moderna. A era pós-antibiótico, na qual as
infecções comuns e pequenas lesões podem matar, está longe de ser uma ideia fantasiosa, em
vez disso, é uma possibilidade muito real para o século 21 (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2014).
Estudos epidemiológicos na área de IRAS têm se tornado mais relevantes e
sofisticados nos últimos anos. Dentre esses estudos, têm se destacado os de prevalência de
infecção hospitalar, que medem o estado de uma população com relação ao evento ou doença
de interesse (MOURA et al., 2007). Segundo Couto, Pedrosa e Nogueira (2003) a
19
epidemiologia é uma especialidade de Saúde Coletiva que estuda a distribuição das doenças e
agravos à saúde nas populações e o seu determinante. Esta considera que o conhecimento da
ocorrência e dos determinantes das doenças e agravos à saúde objetiva ações de prevenção.
Uma vigilância eficaz é fundamental para os esforços de controle nacionais e
internacionais da resistência antimicrobiana (RAM). O rastreamento do uso de
antimicrobianos, o surgimento e disseminação de cepas de bactérias resistentes são
informações e ferramentas necessárias para orientar a política e avaliar as ações realizadas
para promover o uso adequado de antimicrobianos em todos os níveis, do local ao global.
Estas informações ajudam a entender as consequências no atraso das ações de controle
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2012).
O reconhecimento, a prevenção e o controle das IRAS são fundamentos para a
mediação sobre o risco em serviços de saúde, antes do prejuízo alcançar o paciente. Dessa
soma de ações, priorizando a segurança do paciente, surgem expressões numéricas que
orientam o estabelecimento de medidas pessoais e comuns para prevenção e intervenção na
ocorrência de eventos adversos infecciosos e com risco para o paciente. A implementação dos
conceitos da vigilância epidemiológica a esses eventos evitáveis é a fundamentação para a sua
identificação e obtenção de informações de qualidade para a ação, orientados pela relevância,
gravidade, dimensão e o potencial de disseminação do evento infeccioso (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013c).
Nesse contexto, destaca-se a importância da Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH) em suas diversas atuações, dentre elas, a normativa, estabelecendo as
regras a serem seguidas pelos profissionais da saúde que exerçam suas atividades de forma a
minimizar os riscos de ocorrência de infecção hospitalar, a de vigilância e as ações
educativas. A CCIH cabe ainda, a difusão destes novos conhecimentos para os outros
profissionais, através de palestras, cursos ou comunicação impressa. Incluindo às ações
educativas, reuniões, palestras e o contato diário com os demais profissionais.
Diante do exposto percebemos que os problemas advindos das IRAS são bastante
desafiadores devido sua gravidade e complexidade. Uma vigilância eficaz torna-se relevante
para ações de controle das infecções e da resistência antimicrobiana. Estudos nessa temática
podem contribuir para o conhecimento e alerta para ações mais efetivas de prevenção e
controle das IRAS, por parte dos profissionais de saúde e comunidade acadêmica,
especialmente em hospitais universitários. Estes são unidades de saúde que apresentam
grande heterogeneidade quanto à sua capacidade instalada, incorporação tecnológica e
abrangência no atendimento, desempenhando papel de destaque na comunidade onde estão
20
inseridos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017).
Além disso, Allengrazi, Bagheri, Combescure, Graafmans, Attar, Donaldsonk,
Pittet (2011) corroboram com Pittet, Allengranzi, Storr, Bagheri, Dziekan, Leotsakos,
Donaldson, (2008) ao enfatizarem que os países em desenvolvimento como o Brasil sofrem
com maior carga de IRAS que podem chegar a ser 20 vezes superior se comparado aos países
desenvolvidos. Fatores associados à escassez e qualificação de recursos humanos, aliados à
estrutura física inadequada dos hospitais e outras unidades de saúde e ao desconhecimento de
medidas de controle de IRAS, contribuem para esse quadro.
Nesse universo e no exercício de nossa função como Técnica de Laboratório do
Setor de Microbiologia do Laboratório Central de Análises Clínicas do HUWC (com
Graduação em Ciências Biológicas), percebemos que investigar a qualidade na assistência
prestada aos pacientes no hospital em estudo deve ser uma constante, como forma de
oportunizar ações de melhoria continua que trazem benefícios aos profissionais, à instituição e
ao doente.
É, pois, nesse cenário que buscaremos responder ao questionamento central:
Como nortear ações de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde
(IRAS) de modo a fornecer subsídios que orientem melhorias na qualidade da assistência ao
paciente?
A pesquisa tem, portanto, como objetivo geral apresentar propostas para a
melhoria das ações de cuidado ao paciente a partir do diagnóstico das infecções relacionadas à
assistência à saúde (IRAS) em pacientes internados, num hospital universitário de Fortaleza.
Para atendimento de tal propósito apresentamos os objetivos específicos:
a) Caracterizar as IRAS de acordo com a distribuição nas unidades hospitalares,
local da infecção, tipo de agente infeccioso e antimicrobianos indicados para o
tratamento;
b) Identificar, na ótica dos profissionais de saúde envolvidos e a partir da
caracterização das IRAS, as facilidades e dificuldades para o desenvolvimento
das ações de prevenção e controle dessas infecções;
c) Sugerir, a partir da identificação das dificuldades encontradas, propostas para
melhoria das atividades de cuidado ao paciente à luz das políticas de controle
e prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
A literatura evidencia que as medidas para prevenção de IRAS devem ser
adotadas em todos os estabelecimentos de assistência à saúde. Pesquisas sobre infecção de
corrente sanguínea (ICS) mostram que, quando esses locais e suas equipes conhecem a
21
magnitude do problema das IRAS e aderem aos programas para prevenção e controle, pode
ocorrer redução de até 70% das infecções, como por exemplo, para as ICS (CENTRES OF
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2016).
Consideramos a pesquisa relevante visto que poderá sugerir, a partir dos dados
obtidos com a investigação, melhorias sob o ponto de vista das ações de assistência ao
paciente contribuindo para a redução dos agravos ocasionados pelas IRAS, podendo
apresentar implicações positivas quanto ao desfecho clínico do paciente, redução no tempo de
internação e dos custos financeiros para a instituição. Além disso, os resultados deste estudo
poderão, ainda, ter relevância para outros interessados nessa temática, seja no âmbito
acadêmico, de pesquisa ou mesmo de outras unidades hospitalares.
O texto está estruturado em cinco capítulos. No capítulo introdutório, para
fundamentar os argumentos, fomos buscar informações sobre o cenário sintético das IRAS no
Brasil e no contexto mundial, trazendo a justificativa da pesquisa, a problemática envolvida
com o tema, bem como seus objetivos e relevância. Como pôde ser visto anteriormente.
Prosseguindo, abordamos no segundo capítulo a contextualização das IRAS com
as seguintes temáticas: políticas públicas em saúde coletiva e epidemiologia, a legislação
pertinente ao controle das IRAS, drogas antimicrobianas comumente utilizadas,
multirresistência e os principais microrganismos causadores de IRAS, principais
procedimentos invasivos de rotina bem como as ações de prevenção e controle das IRAS.
Finalizamos o segundo capítulo com um breve contexto histórico acerca do lócus da pesquisa:
O Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC/UFC),
apresentamos o hospital a partir da complexidade das ações de assistência à saúde
desenvolvidas, além da sucinta descrição da Estrutura de Governança e Espaço Físico
Hospitalar. Os procedimentos metodológicos utilizados na elaboração da pesquisa são
apresentados no terceiro capítulo, sumariamente enfatizamos que a abordagem utilizada foi
quali - quantitativa onde aplicamos métodos estatísticos para tratamento dos dados,
observação estruturada e também o método de Delphi. No quarto capítulo é feita a análise dos
resultados onde mostramos o diagnóstico das IRAS, o panorama da realidade da assistência à
saúde a partir da observação estruturada, apresentamos também os resultados obtidos através
da aplicação da Entrevista estruturada aos especialistas selecionados utilizando a método de
Delphi. Finalmente discutimos as propostas para melhoria nas ações de cuidado ao paciente.
No quinto e último capítulo realizamos as conclusões, a partir da pergunta de partida da
pesquisa, dos objetivos propostos e dos resultados alcançados.
22
2 DESCREVENDO AS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE
(IRAS)
Neste capitulo abordaremos as infecções relacionadas à assistência à saúde no
contexto do cuidado ao paciente, mostrando a relação entre as políticas públicas em saúde
coletiva e epidemiologia, trazendo uma abordagem histórica sobre a legislação pertinente a
criação da Comissão de Controle da Infecção Hospitalar (CCIH) e ao controle das IRAS,
discorreremos também sobre os principais grupos de antibióticos utilizados na rotina
hospitalar, bem como os microrganismos mais prevalentes e relevantes, além de trazer
informações sobre os principais procedimentos invasivos aos quais os pacientes internados
são submetidos rotineiramente, as ações de prevenção e controle das IRAS e por fim, breve
contexto histórico acerca do HUWC/UFC.
2.1 Políticas públicas em saúde coletiva e Epidemiologia
Políticas públicas podem ser definidas como o conjunto de programas e atividades
desenvolvidas pelo poder público com o intuito de assegurar os direitos constitucionais
inerentes aos cidadãos, estas são executadas com o patrimônio público acumulado e cabe a
União o repasse de parte da verba adquirida aos Estados e Municípios, proporcionando
condições para execução de políticas públicas nos âmbitos estadual e municipal (BRASIL,
1988).
Nossa Carta Magna de 1988 assegura o acesso à saúde como sendo direito
fundamental e social do ser humano, amparado através do seu artigo 6°. Trata-se de uma
proteção ao direito à saúde, que deverá sempre ser resguardado como tutela do Estado Social
e Democrático Brasileiro. O direito à saúde está assegurado, também, no artigo 196 da
Constituição Brasileira:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988, p.153).
O artigo 196 da Constituição Federal de 1988 também assegura a implantação de
políticas públicas e econômicas como forma de efetivação do direito à saúde, com o objetivo
de diminuir o número de doenças de grave risco, o acesso igualitário e universal à saúde e a
promoção de políticas preventivas e de recuperação ao direito à saúde.
23
A garantia do direito à saúde se concretiza a partir de políticas sociais e
econômicas executadas pelo Estado, visando a diminuição do risco de doenças através do
acesso universal à saúde por meio de serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(SMANIO e BERTOLIN, 2013).
O Sistema Único de Saúde (SUS) implantado por meio da Lei nº 8.080/1990 é
uma forma de política pública que traz uma relação de princípios, objetivos e garantias
inerentes à efetivação da saúde, garantindo assim a aplicação do direito fundamental de
proteção à saúde. Os princípios descritos nesta Lei estão interligados aos princípios
estabelecidos na Constituição Federal de 1988.
A lei nº 8.080/1990, em seu artigo 2º e parágrafo 1°, elenca os princípios do
programa de proteção à saúde, instituídos no artigo 196 da Constituição Federal de 1988,
quais sejam:
Art. 2º: A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade‖ (BRASIL, 1990, p. 01).
Ao analisarmos a temática anteriormente discutida podemos destacar que o Brasil
apesar de possuir legislação que assegure a saúde como um direito fundamental do ser
humano, ainda oferece acesso restrito aos serviços de saúde. Nem todos os cidadãos
conseguem usufruir de serviços de qualidade, seja pela ausência destes na região em que
moram ou pelo fato das ações serem limitadas por motivos que vão desde a má distribuição de
recursos financeiros e até mesmo humanos ou ainda o mau uso dessas verbas.
Desta feita cabe ao cidadão comum cobrar ao poder público melhorias coletivas e
compete aos profissionais de saúde o exercício das suas funções da melhor forma possível,
comprometendo-se com a excelência dos serviços prestados, melhorias no atendimento e
melhor gestão dos recursos. Afinal ao passo que oferecemos os serviços também somos,
direta ou indiretamente, usuários.
No entanto, além de destacar a importância do acesso à uma saúde de qualidade,
vale salientar a relevância das pesquisas epidemiológicas de determinadas doenças.
Defendemos que o conhecimento pode ser útil na busca de melhorias. Em relação à temática
do nosso estudo consideramos válido o reconhecimento mais detalhado dos principais
microrganismos causadores de IRAS de modo a mostrar com clareza o perfil do problema nas
unidades de saúde. Estes dados, se organizados podem ser utilizados no desenvolvimento de
24
estratégias de combate ou prevenção mais eficazes através da construção ou melhor utilização
de ferramentas de prevenção e controle. Visto que muitas vezes os problemas podem ser
agravados por ações de natureza comportamental pois a própria microbiota dos usuários
(pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde) e do ambiente hospitalar pode vir a
disseminar infecções quando as ferramentas de prevenção são subutilizadas ou utilizadas de
forma inadequada.
Neste contexto, torna se importante o conhecimento do termo Epidemiologia.
Palavra de origem grega que significa ―estudo sobre a população‖.
Em Brasil (2005), tem-se que Epidemiologia se conceitua como a ciência que
estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição e os fatores
determinantes das doenças, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo
medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de
saúde.
A Epidemiologia tem como principais objetivos: descrever a distribuição e
magnitude dos problemas de saúde das populações humanas, gerar dados essenciais ao
planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das
doenças estabelecendo prioridades e por fim identificar os fatores causadores das doenças.
Assim a Epidemiologia trata de qualquer evento relacionado à saúde (ou doença) de uma
determinada população (BRASIL, 2005).
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica (SNVE) instituído pelo Ministério da Saúde, e definiu a vigilância
epidemiológica na Lei nº 8.080/90 como um conjunto de ações que proporciona o
conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as
medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (BRASIL, 1990).
Partindo do contexto exposto acima, é sabido que a Epidemiologia é um dos
pilares da Saúde Pública que, do final do século XX até os dias atuais, se firmou como
ciência, baseada em pesquisas e evidências científicas que visam à determinação das
condições de saúde da população e à busca sistemática dos agentes etiológicos das doenças ou
dos fatores de risco envolvidos no seu aparecimento, através de diferentes tipos de estudos
(ex.: estudos de coorte, caso-controle) e da avaliação de intervenções em saúde para o efetivo
controle das doenças que acometem a população (GOMES, 2015).
25
As possíveis relações entre Epidemiologia e políticas públicas são inúmeras.
Enquanto as políticas públicas podem produzir impactos no perfil epidemiológico, a
Epidemiologia pode ser usada na elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas
em saúde destacando dois dos compromissos atuais do campo da saúde coletiva: a redução
das desigualdades sociais em saúde através da atuação sobre os determinantes sociais e a
promoção da saúde (BARATA, 2013).
A portaria n° 2254/2010 do Ministério da Saúde institui a vigilância
epidemiológica em âmbito hospitalar, define as competências para a União, os Estados, o
Distrito Federal e Municípios, os critérios para a qualificação das unidades hospitalares de
referência nacional e define também o escopo das atividades a serem desenvolvidas pelos
núcleos hospitalares de Epidemiologia. Esta considera hospitais universitários ou de ensino
com mais de 100 e menos de 250 leitos como unidades de referência de nível II (Quadro 1)
em termos de complexidade. Categoria na qual o hospital estudado se enquadra (BRASIL,
2010).
Quadro 1 – Definição dos hospitais por níveis de complexidade
Níveis de complexidade
Características
Nível I
Hospital de referência regional com unidade emergência e leitos de UTI; Hospital de fronteira internacional com, no mínimo, 50 leitos; ou Hospital geral ou pediátrico, universitário ou de ensino com até 100 leitos.
Nível II
Hospital geral ou pediátrico, universitário ou de ensino com mais de 100 e menos de 250leitos; ou Hospital geral ou pediátrico com mais de 100 e até 250 leitos, com emergência e leitos de UTI; ou Hospital especializado em doenças infecciosas com menos de 100 leitos.
Nível III
Hospital especializado em doenças infecciosas, universitário ou de ensino com mais de 100 leitos; ou Hospital geral, universitário ou de ensino com mais de 250 leitos, com emergência e leitos de UTI.
Fonte: Brasil (2010).
A área assistencial apresenta um papel fundamental quanto a geração de
informações sobre as Doenças de Notificação Compulsória (DNC) visto que as doenças ou
agravos à saúde são notificados às autoridades sanitárias por meio dos profissionais de saúde.
Essas informações são repassadas por meio de relatórios do controle de infecção,
nos quais a metodologia estatística fornece as ferramentas para a coleta, consolidação e
interpretação de indicadores que permitem uma quantificação do risco de aquisição de
infecção e a melhor forma de apresentação destes resultados, dando instrumentos para
entendimento do problema, além da identificação de eventos que fujam da normalidade
(ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2000).
26
Ressaltamos ainda a importância da parceria com os profissionais de laboratórios
clínicos para o êxito das investigações, é possível através de notificação oportuna
implementar medidas de controle necessárias, segundo as normas de vigilância
epidemiológica. Assim, é fundamental o acesso aos resultados laboratoriais para o correto
preenchimento das fichas epidemiológicas. Quanto maior for a integração entre os setores do
hospital mais ampla será a sensibilidade do sistema da vigilância hospitalar, contribuindo para
a melhoria da qualidade dos serviços.
Lê-se em Anvisa (2000) que os sistemas de vigilância são ativos e passivos, os
sistemas passivos caracterizam-se pelo fato da identificação e notificação dos casos de IRAS
serem tarefas de responsabilidade da própria equipe de atendimento ao paciente. Já na busca
ativa os sistemas requerem um contato, com intervalos regulares, entre os profissionais que
fazem o controle de infecções e as fontes de informação, constituídas pelas equipes de
atendimento, laboratório e demais serviços de apoio. Assim permitem um melhor
conhecimento do comportamento dos agravos à saúde, em seus aspectos quantitativos e
qualitativos. No entanto, são mais dispendiosos, necessitando também de uma melhor
infraestrutura física e capacitação do material humano que atuam no serviço de controle.
2.2 Legislação pertinente a criação da CCIH e controle de IRAS
No Brasil, as primeiras referências ao controle da contaminação hospitalar, termo
utilizado na época, surgiram na década de 1950, aproximadamente em 1956, com
questionamentos quanto a medidas ambientais, práticas relativas aos procedimentos invasivos
como as técnicas assépticas, processos de esterilização de material hospitalar e o
aparecimento de microrganismos resistentes pelo uso indiscriminado de antibióticos
(RODRIGUES, 1997).
As primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) brasileiras
surgiram em meados da década de 1960 (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2013b). A partir de 1968 surgem as primeiras CCIH’s no país, vinculadas
inicialmente a instituições de ensino. Em 1976, o governo determina a necessidade de criação
de CCIH nos hospitais próprios da previdência, mas a medida não causa impactos pela falta
de fiscalização (MARUYAMA; OLIVEIRA, 2008).
O Decreto do Ministério da Saúde N° 77.052 de 19 de janeiro de 1976, em seu
Artigo 2°, Item IV, determinou que nenhuma instituição hospitalar pode funcionar no plano
27
administrativo se não dispuser de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde
dos agentes, pacientes e circunstantes (BRASIL, 1976).
No Brasil, o controle de infecção hospitalar foi regulamentado pelo Ministério da
Saúde, através da criação do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar em 1982.
Em 24 de junho de 1983, o Ministério da Saúde instituiu a Portaria 196, que determina que
todos os hospitais do país devem manter uma CCIH em suas dependências independente da
entidade mantenedora. Na ocasião, o Ministério da Saúde optou por treinar os profissionais de
saúde credenciando Centros de Treinamento (CTs) para ministrar o Curso de Introdução ao
Controle de Infecção Hospitalar (BRASIL, 2000).
Em 06 de janeiro de 1997 foi promulgada a Lei Federal 9.431, que obrigou todos
os hospitais brasileiros a constituírem uma CCIH, encarregada de executar tarefas
importantíssimas como detectar os casos de infecção hospitalar, elaborar normas de
padronização, colaborar com o treinamento de todos os profissionais de saúde, realizar
controle da prescrição de antibióticos e oferecer apoio técnico à administração hospitalar
(BRASIL, 1998).
Em 26 de janeiro de 1999, a Lei nº 9782 criou a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). Neste mesmo ano, o Programa Nacional de Controle de Infecção
Hospitalar (PNCI) passou a ser de responsabilidade da ANVISA. Hoje devido a mudança do
termo IH para IRAS o programa passou a ser denominado como Programa Nacional de
Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS)
passando a ser de responsabilidade da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços
de Saúde (GVIMS) da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da
Anvisa (BRASIL, 1999).
A Portaria N° 2616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde nos mostra
que a CCIH deverá ser composta por profissionais de nível superior da área da saúde
formalmente designados, sendo o presidente titulado pela direção do hospital. Os membros de
uma CCIH podem ser consultores e executores. Os consultores são representantes dos
seguintes serviços: serviço médico, de enfermagem, de farmácia, laboratório de microbiologia
e administração. Já os membros executores representam o Serviço de Controle de Infecção
Hospitalar e, portanto, são encarregados da execução das ações programadas de controle de
infecção hospitalar. Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro
(BRASIL, 1998).
A CCIH é um órgão de assessoria, planejamento e normatização das ações de
controle das infecções hospitalares, ou melhor, das IRAS (termo atual) sendo estas executadas
28
pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), tal serviço é implantado de acordo
com as normas da vigilância sanitária, sendo responsável por executar atividades definidas
pela CCIH. Ambos desenvolvem, em conjunto, ações visando prevenir ou reduzir a incidência
ou gravidade das infecções hospitalares. Ressaltamos ainda que a terminologia Comissão de
Controle das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde com sua respectiva sigla
(CCIRAS) já existe, mas ainda é pouco difundida, assim o termo CCIH continua bastante
utilizado nacionalmente (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).
Além dos profissionais consultores e executores, devemos citar que estes
trabalham em conjunto com outros setores e serviços como os de nutrição, lavanderia,
diagnóstico e imagem além de manutenção, recursos humanos, tecnologia da informação,
entre outros. Os setores que contribuem direta ou indiretamente com as ações da CCIH são
designados de acordo com a estrutura do hospital, considerando o porte, especialidades
médicas que abrange, número de pessoal, não descartando sequer os serviços terceirizados.
Quanto maior a complexidade, maior será a demanda de recursos financeiros, tecnológicos e
de pessoal qualificado.
A CCIH pode ser ampla, com a participação de muitos setores do hospital, como
também pode ser restrita a profissionais que estão mais diretamente ligados aos pacientes.
Uma comissão ampla é mais representativa, facilita as decisões, a divulgação e a implantação
de propostas e ações de melhoria (FERNANDES; FERNANDES, 2000).
2.3 Drogas antimicrobianas comumente utilizadas
A escolha terapêutica adequada tem fundamental importância para o sucesso do
tratamento dos pacientes, logo, o conhecimento dos princípios gerais que norteiam o uso de
antimicrobianos, assim como das propriedades e características básicas dessa classe de
drogas, são essenciais para a melhora e possível cura dos doentes. Em contrapartida, o mau
uso desses medicamentos pode ter efeito contrário impactando negativamente a saúde dos
pacientes e mesmo do ambiente, quando descartados sem critério.
Os antimicrobianos correspondem a uma classe de fármacos que é consumida
frequentemente em hospitais e na comunidade. Entretanto, são os únicos agentes
farmacológicos que não afetam somente aos pacientes que os utilizam, mas também
interferem de forma significativa no ambiente por alteração da ecologia microbiana. Muitos
são os problemas relacionados à qualidade do uso clínico dos antimicrobianos. Dentre estes
ressaltamos que diversos estudos têm demonstrado que aproximadamente 50% das
29
prescrições médicas de antimicrobianos são feitas de forma inadequada além disso, o uso
excessivo destes fármacos não apenas está associado à emergência e seleção de cepas de
bactérias resistentes, mas também a eventos adversos, elevação dos custos e das
morbimortalidades (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017a).
O tratamento com antimicrobianos é indicado quando existem dados clínicos que
evidenciem infecção (picos febris, presença de secreção purulenta), dados laboratoriais
(hemograma com aumento dos leucócitos) e exames de imagem (RX sugestivo de infecção).
A suspeita clinica pode ou não ser confirmada com cultura positiva para microrganismos,
preferivelmente isolados de materiais considerados estéreis. Definido sinais e sintomas
sugestivos de infecção, é necessária a procura de foco provável. A comprovação do sítio de
infecção auxiliará na escolha do antimicrobiano empírico baseado na colonização habitual,
patógenos mais comuns e penetração do antibiótico no sítio afetado (MOTA et al., 2010).
Observamos que a escolha de um antimicrobiano para o tratamento de qualquer
doença não é uma tarefa fácil, existe a necessidade do diagnóstico clínico, laboratorial,
conhecimento farmacológico, e sobre os agentes causadores da patologia. Portanto, essa
escolha deve ser feita por profissionais capacitados e qualificados, o que representa um
desafio e exige seriedade e atenção tanto de profissionais médicos quanto de farmacêuticos.
De acordo com Anvisa (2017a), para que o antimicrobiano exerça sua atividade,
primeiramente o fármaco deverá atingir uma concentração ideal no local da infecção, ser
capaz de atravessar, de forma passiva ou ativa, a parede celular, apresentar afinidade pelo sítio
de ligação no interior da bactéria e permanecer tempo suficiente para exercer seu efeito
inibitório, como esquematizado na Figura 1.
Figura 1 - Fatores relacionados à ação dos antimicrobianos
Fonte: Anvisa (2017a).
30
Os antibióticos são classificados de acordo com o seu mecanismo de ação.
Existem os bactericidas que destroem as bactérias, e os antibióticos bacteriostáticos que
evitam apenas que os microrganismos se multipliquem, permitindo que o organismo elimine
as bactérias resistentes. Para a maioria das infecções, ambos os tipos parecem igualmente
eficazes, porém, se o sistema imune do paciente está enfraquecido ou a pessoa já apresentou
infecção grave, como uma endocardite bacteriana ou uma meningite, um antibiótico
bactericida costuma ser mais eficaz (RANG; DALE; RITTER; FLOWER; HENDERSON,
2016).
Segundo os mesmos autores, essa classe de fármacos foi inicialmente definida
como substâncias químicas sintetizadas por várias espécies de microrganismos, vegetais e
animais, que dificultam o crescimento de outros. Com o advento da indústria farmacêutica a
produção de antibióticos de origem semi-sintética e sintética foi facilitada. Tais drogas
diferem umas das outras quanto às propriedades químicas, seus espectros e mecanismos de
ação e são classificados quimicamente como: derivados de aminoácidos, de açúcares, de
acetatos, propionatos, entre outros. O Quadro 2 mostra, simplificadamente, os mecanismos de
ação dos fármacos.
Quadro 2 – Mecanismos de ação, simplificados, de importantes fármacos antibacterianos e
antifúngicos
Mecanismo de ação Fármacos utilizados Inibição da síntese de parece celular 1 . Atividade antibacteriana Inibição das ligações cruzadas do peptideoglicano Inibição de outras etapas da síntese do pepitideoglicano 2 . Atividade antifúngica Inibição da síntese de β –glicano
Penicilinas, cefalosporinas, imipenem, aztreonam, vancomicina Cicloserina, bacitracina Caspofugina
Inibição da síntese proteica Ação sobre a subunidade ribossomal 50s Ação sobre a subunidade ribossomal 30s
Cloranfenicol, eritromicina, clindamicina, linezolide Tetraciclinas e aminoglicosídeos
Inibição da síntese de ácido nucléico Inibição da síntese de nucleotídeos Inibição da síntese de DNA Inibição da síntese de mRNA
Sulfonamidas, trimetoprim Quinolonas Rifampina
Alteração da função de membrana celular
Atividade antibacteriana Atividade antifúngica
Polimixina, daptomicina Anfotericina B, nistatina, cetoconazol
Outros mecanismos de ação 1 – Atividade antibacteriana 2 – Atividade antifúngica
Isoniaziada, metronidazol, etambutol, pirazinamida Griseofulvina, pentamidina
Fonte: Levinson (2010).
31
Neste cenário destacamos o profissional farmacêutico. Seus serviços têm
fundamental importância no combate ao uso irracional e indiscriminado de antibióticos, este
faz parte da cadeia que liga o usuário ao medicamento. Conscientizando a população quanto
ao uso correto de medicamentos, e em especial esta classe que tem seu uso controlado, e
possui como uma de suas consequências à resistência bacteriana, quando usado
indevidamente. Estes profissionais também devem cumprir o código de ética que rege a
profissão, minimizando assim os problemas causados pelo uso incorreto de medicamentos e
suas consequências (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2011).
Em maio de 2011 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
publicou, na edição do Diário Oficial da União a Resolução da diretoria colegiada (RDC) n°
20, uma nova norma que trata do controle da venda de antimicrobianos e acrescentando os
serviços prestados pelos farmacêuticos na dispensação desses produtos, não só nas farmácias
e drogarias particulares, como previa a versão original da Resolução, mas também nas
farmácias públicas inclusive hospitalares (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2011).
A seleção dos medicamentos constitui o eixo central da assistência farmacêutica
através de uma relação padronizada de medicamentos. Esta relação visa proporcionar ganhos
terapêuticos, como a promoção do uso racional e a melhoria da resolutividade terapêutica, e
econômicos, como a racionalização dos custos. A seleção pressupõe a instituição de uma
Comissão de Farmácia e Terapêutica, com caráter multidisciplinar, composta por médicos,
farmacêuticos, enfermeiros, farmacologistas clínicos, fármaco epidemiologistas e outros
(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2011).
2.4 Multirresistência e os principais microrganismos causadores de IRAS
O aparecimento da resistência antimicrobiana é uma consequência da utilização
irracional destas drogas, que ocorre de forma natural e tem resultado no desenvolvimento de
microrganismos resistentes à maior parte dos antimicrobianos indicados para o seu
tratamento. O que antes era eficaz passa a não apresentar o mesmo resultado. Esse problema
inicia-se na prescrição, através da conduta médica, passa pela educação em saúde da
população, chegando até o profissional farmacêutico.
Gottesman et al. (2009) afirmam que a associação entre o uso de antimicrobianos
e o desenvolvimento de resistência bacteriana ocorre desde a introdução da penicilina, e vem
sendo sistematicamente confirmada após a descoberta de diferentes classes farmacológicas e
32
de seus mecanismos de ação. A cada dia os pesquisadores se deparam com novas estratégias
microbiológicas que garantem o sucesso destes no hospedeiro.
As bactérias são consideradas multirresistentes (MR) observando critérios
epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Considerando a classificação do Hospital
Universitário de Maringá (2014) os microrganismos MR estão divididos em três categorias
observadas no Quadro3.
Quadro 3 – Classificação dos microrganismos multirresistentes (MR)
Classificação Características
MDR (―Multidrug-resistant‖) São resistentes a um ou mais antimicrobianos de três ou mais categorias testadas
XDR (―Extensivelydrug- resistant‖) São resistentes a um ou mais antimicrobianos em quase todas as categorias (exceto uma ou duas)
PDR (―Pandrug-resistant‖)
São resistente a todos os agentes antimicrobianos testados
Fonte: Hospital Universitário de Maringá (2014).
Algumas estratégias podem ser adotadas para evitar o desenvolvimento de
resistência bacteriana como: prevenção de infecções bacterianas com o uso de vacinas, uso
racional de antibióticos, controle e prevenção da disseminação de microrganismos resistentes
por meio de cuidados de higiene pessoal e nos ambientes, descoberta e desenvolvimento de
novos antibióticos. Além disso, a caracterização dos genes responsáveis pela resistência,
assim como sua localização e diversidade são de grande importância para o entendimento dos
fatores envolvidos no desenvolvimento da resistência (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO,
2010).
De acordo com Rang, Dale, Ritter, Flower e Henderson (2016) existem quatro
mecanismos principais que medeiam a resistência das bactérias aos fármacos:
1. Produção de enzimas que inativam os fármacos;
2. Síntese de alvos modificados, contra os quais os fármacos não tem efeito;
3. Redução da permeabilidade da parede celular de modo que a concentração
intracelular do fármaco não é obtida;
4. Exportação ativa de fármacos através de uma ―bomba de resistência à
múltiplos fármacos‖.
Os perfis epidemiológicos dos microrganismos causadores de IRAS podem variar
de uma unidade hospitalar para outra, ou mesmo dentro dela de acordo com o período,
podendo haver surtos pontuais de um ou outro microrganismo. Contudo existem aquelas
espécies mais prevalentes e incidentes, tais como podemos exemplificar:
Klebsiella pneumoniae, enterobactéria causadora de pneumonias e outras
patologias. Essa bactéria vem apresentando mecanismos de resistência que dificultam a
33
terapêutica das infecções por ela causadas, pois codificam enzimas conhecidas como
betalactamases, gerando resistência as drogas betalactâmicas. Tem sido observado que as
cepas produtoras de betalactamases também apresentam resistência a outras drogas
antimicrobianas. Esta situação gera preocupação à saúde pública por conta de possíveis surtos
epidêmicos no ambiente hospitalar (BARBERINO, 2018).
Outros microrganismos que vem gerando preocupação à comunidade científica no
mundo inteiro são as bactérias da espécie Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC)
conhecida popularmente como ―superbactérias‖. Esta espécie possui um mecanismo
importante de resistência antimicrobiana. As KPCs produzem a enzima carbapenemase que a
torna resistente aos carbapenêmicos importante classe de antimicrobianos até então
empregados em tratamentos de infecções envolvendo a família
Enterobacteriaceae multirresistentes. Lembrando que outras espécies bacterianas como
Escherichia coli, já vem apresentando mecanismo de resistência semelhante (BARBERINO,
2018).
O Staphylococcus aureus é considerado o primeiro microrganismo a desenvolver
resistência antimicrobiana. Bastante relevante nos casos de IRAS visto que possui como
principal reservatório o homem, esta bactéria pode colonizar várias partes do corpo humano
incluindo a microbiota nasal. As mãos tem sido uns dos principais meios de transmissão da
bactéria no ambiente hospitalar, de um paciente infectado para outro suscetível, de um
paciente infectado para o executor dos cuidados e do executor dos cuidados para o paciente
suscetível, assim contribuindo sensivelmente para o aumento de bactérias resistentes
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013e).
A resistência do Staphylococcus aureus aos antimicrobianos é denominada pela
aquisição de genes de resistência de outras bactérias da mesma espécie ou eventualmente, de
outras espécies e/ou por mutações em seus genes. Por exemplo, a resistência a penicilina é
conferida pela produção de enzimas, as betalactamases, capazes de inativar essas drogas. O
primeiro espécime de Staphylococcus aureus resistente foi isolado da microbiota nasal
humana. Estima-se que a referida bactéria pode ser encontrada em 40 a 50% da população sã
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2015).
É importante também ressaltar que nem todo paciente que apresenta crescimento
de microrganismos em exames de cultura de materiais biológicos (amostras de sangue,
líquidos intracavitários, urina, fezes, pele etc.) apresenta um quadro clínico de infecção. É
preciso analisar cada caso individualmente, conhecer um pouco a clínica do paciente, os
pacientes contactantes (que dividem o mesmo espaço físico ou são assistidos pelos mesmos
34
profissionais) e muitas vezes confrontar com outros exames laboratoriais. Todavia os
cuidados com pacientes em ambiente hospitalar devem ser criteriosos pois ainda hoje é
comum a disseminação de microrganismos causadores de infecção entre os pacientes.
Para diferenciar os termos colonização, contaminação e infecção, utilizamos os
conceitos aplicáveis, em relação ao crescimento de microrganismos em materiais biológicos,
elencados por Mota (2010) que podem ser vistos no Quadro 4.
Quadro 4 – Conceitos relacionados ao crescimento microbiano em amostras biológicas
Classificação Características
Colonização Presença de microrganismos com multiplicação no hospedeiro sem manifestações clínicas ou resposta imunológica
Contaminação presença de microrganismo em cultura sem que signifique colonização ou infecção, ou presença de microrganismos em objetos inanimados
Infecção fenômeno causado pela replicação de microrganismo no hospedeiro levando a resposta imunológica
Fonte: Mota (2010).
Por fim vale lembrar que um paciente que está colonizado por determinado
microrganismo pode vir a apresentar um quadro de infecção se estes agentes chegarem a
outros sítios anatômicos, como por exemplo das fezes para a corrente sanguínea. Mais um
dado que fortalece a importância dos cuidados nas ações de assistência assim como da
realização de exames periódicos para rastreio e vigilância de possíveis infecções.
2.5 Principais procedimentos invasivos de rotina
Discorreremos a seguir sobre os principais procedimentos invasivos de rotina aos
quais os pacientes internados eventualmente podem ser submetidos, estes são utilizados em
ações de monitoramento, administração de medicamentos, eliminação de excretas e até
mesmo manutenção da vida do paciente.
As técnicas para inserção e manutenção de dispositivos invasivos utilizados na
rotina hospitalar (cateteres, sondas, drenos etc.) bem como a adoção dos pacotes de
intervenção estabelecidos pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) devem
ser seguidas pela equipe assistencial para a prevenção dos tipos de IRAS mais comuns
(infecção primária da corrente sanguínea associada a um cateter venoso central, pneumonia,
infecção urinária e infecção cirúrgica). Ressalta-se que a higiene adequada das mãos do
profissional sempre precede uma técnica bem-feita e bem-sucedida (AGÊNCIA NACIONAL
DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017c).
Os procedimentos invasivos comumente utilizados são descritos abaixo:
35
a) Cateteres centrais: inclui cateteres inseridos no coração ou próximo dele
posicionados no sistema circulatório central (Figura 2), incluindo os seguintes
grandes vasos: artérias pulmonares, aorta ascendente, artérias coronárias,
artéria carótida primitiva, artéria carótida interna, artéria carótida externa,
artérias cerebrais, tronco braquiocefálico, veias cardíacas, veias pulmonares,
veia cava superior e veia cava inferior. Utilizados para infusão de
medicamentos ou nutrição, coleta de sangue ou monitorização hemodinâmica.
Em unidades de pacientes imunodeprimidos, a CCIH poderá calcular a
densidade de incidência de Infecções Primárias da Corrente Sanguínea (IPCS)
em pacientes com cateteres de longa permanência (AGÊNCIA NACIONAL
DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013c).
Figura 2 – Posicionamento de cateter venoso no sistema circulatório
Fonte: Enfermagem novidade.com.br (2018).
b) Ventilação Mecânica (VM): A VM ou suporte ventilatório, consiste em um
método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência
respiratória aguda ou crônica agudizada (Figura 3). Tem por objetivos, além
da manutenção das trocas gasosas, ou seja, correção da hipoxemia e da
acidose respiratória associada à hipercapnia (aumento do gás carbônico no
sangue arterial): aliviar o trabalho da musculatura respiratória que, em
situações agudas de alta demanda metabólica, está elevado; reverter ou evitar
a fadiga da musculatura respiratória; diminuir o consumo de oxigênio, dessa
forma reduzindo o desconforto respiratório; e permitir a aplicação de
terapêuticas específicas. Atualmente, classifica-se o suporte ventilatório em
36
dois grandes grupos, Ventilação mecânica invasiva; e Ventilação não invasiva
(CARVALHO; TOUFEN JÚNIOR; FRANCA, 2017).
Figura 3 – Paciente em uso de suporte ventilatório ou VM
Fonte: ANGOMED ([2014?]).
c) Cateterismo Vesical: quando o processo de micção não torna-se possível,
existe uma necessidade de drenagem da mesma através de cateteres, que
podem ser introduzidos diretamente na bexiga urinária, ureter ou na pelve
renal. O cateterismo vesical nada mais é do que uma introdução de uma sonda
ou cateter na bexiga, que pode ser realizada através da uretra ou por via supra
púbica, com o objetivo de remoção da urina. Esse tipo de cateterismo é muito
utilizado a nível hospitalar, em uma gama de procedimentos, incluindo:
obtenção de urina asséptica para exames; esvaziamento da bexiga em
pacientes com retenção urinária; preparação cirúrgica e pós-cirurgia; em
pacientes com bexiga neurogênica. O cateterismo vesical pode ser
denominado de duas maneiras, que são de acordo com sua função e tempo de
permanência: de alívio quando existe uma retirada da sonda após o
procedimento ou de demora: quando há necessidade de estender por no
máximo 15 dias a permanência da do cateter (FALCÃO; COSTA ;
AMARAL, 2010). A Figura 4 apresenta o desenho esquemático da inserção
de um cateter vesical.
37
Figura 4 – Paciente em uso de cateter ou sonda vesical
Fonte: [SONDA vesical], ([2017?]).
d) Procedimentos Cirúrgicos: para definição dos pacientes com necessidade de
procedimentos cirúrgicos e vigilância epidemiológica de rotina faz-se
necessário conhecer alguns tipos de procedimentos e suas peculiaridades.
Cirurgia em paciente internado em serviço de saúde: ocorre quando o paciente
é submetido a um procedimento dentro do centro cirúrgico, que consista em
pelo menos uma incisão (Figura 5) e uma sutura, em regime de internação
superior a 24 horas. Já a cirurgia ambulatorial é aquela em que o paciente será
submetido a um procedimento cirúrgico em regime ambulatorial (hospital-dia)
ou com permanência no serviço de saúde inferior a 24 horas que consista em,
pelo menos, uma incisão e uma sutura (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2009).
Figura 5 – Paciente submetido a incisão cirúrgica
Fonte: Dicionário da Saúde (2018).
As infecções relacionadas aos procedimentos invasivos descritos a saber: uso de
cateteres centrais, suporte ventilatório, cateterismo vesical e procedimentos cirúrgicos serão
discutidos mais detalhadamente na seção seguinte.
38
2.6 IRAS mais comuns
Discorreremos nesta seção sobre as IRAS que comumente afetam pacientes em
ambiente hospitalar e se classificam como Infecções da corrente sanguínea, Pneumonia
associada à ventilação mecânica, Infecção do trato urinário e Infecção do sítio cirúrgico. Estas
estão relacionadas aos procedimentos invasivos de rotina que foram descritos anteriormente.
a) Infecções da corrente sanguínea: segundo Anvisa (2013c), as infecções da
corrente sanguínea podem ser divididas naquelas com hemocultura positiva
(presença de microrganismos no sangue), e naquelas descritas somente por
critérios clínicos. Há grande debate quanto à necessidade de vigilância de uma
ou ambas as variedades visto que, infecções primárias de corrente sanguínea
(IPCS) são aquelas infecções de consequências sistêmicas graves, bacteremia
ou sepse, sem foco primário identificável.
Essas consequências sistêmicas ou sepse se caracterizam por um conjunto de
manifestações em todo o organismo produzidas por uma infecção de alta gravidade. A sepse
antigamente era conhecida como septicemia ou infecção no sangue, atualmente é mais
conhecida como infecção generalizada. Mas na verdade, a infecção nem sempre acomete
todos o corpo do paciente, por vezes, pode estar localizada em apenas um órgão e provocar
em todo o organismo uma resposta inflamatória exacerbada na tentativa de combater o agente
infeccioso e desta forma comprometer o funcionamento de vários dos órgãos do paciente
(INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE, 2018).
Conforme Anvisa (2013c), determinar o envolvimento do cateter central na
ocorrência da IPCS é uma tarefa difícil. Com finalidade prática, as IPCS serão associadas ao
cateter, se este estiver presente ao diagnóstico como descrito adiante: Infecções relacionadas
ao acesso vascular (IAV), que são infecções que ocorrem no sítio de inserção do cateter, sem
repercussões sistêmicas. A maioria das infecções dessa natureza são infecções relacionadas ao
acesso vascular central (IAVC), entretanto, em algumas instituições pode ser importante o
acompanhamento de infecções relacionadas ao acesso vascular periférico (IAVP).
Para relacionar a infecção do cateter à infecção na corrente sanguínea é necessário
que a coleta das amostras ocorra concomitantemente. Uma cultura de ponta de cateter (Figura
6) sozinha não representa valor preditivo para casos de infecção. Se faz necessária a
investigação através da coleta de hemoculturas (Figura 7) para então inferir se o paciente
apresenta infecção de corrente sanguínea ou apenas colonização no local do cateter.
39
Figura 6 - Cultura de ponta de cateter
Fonte: Saúde Direta (2018)
Figura 7 - Frascos de hemocultura
Fonte: Biomérieux (2018).
Destacamos que na prática pacientes imunossuprimidos são tratados com mais
cuidados pois uma simples colonização por bactérias comuns à microbiota da pele, por
exemplo, pode atingir a corrente sanguínea implicando no agravamento do estado de saúde do
paciente.
Em 2014, no Brasil, foram divulgados dados ―referentes às Unidades de Terapia
Intensiva - UTI’s de 1.692 hospitais [que] evidenciaram a densidade de incidência de
Infecção Primária da Corrente Sanguínea Laboratorial (IPCSL) em UTI adulto como sendo de
5,1 infecções a cada 1.000 cateter venoso central por dia (CVC-dia) ‖. Tais dados demonstram
40
a vulnerabilidade dos pacientes no ambiente hospitalar em especial, em UTI’s e centros
cirúrgicos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2016a).
b) Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV): Para Anvisa (2013c) a
PAV é caracterizada pela infecção diagnosticada após 48h de ventilação
mecânica até a sua suspensão. Pode ser definida clinicamente após a
observação de critérios como paciente com doença de base com dois ou mais
―raio x‖ seriados, temperatura axilar acima de 37.8ºC (febre) sem outra causa
e nos exames de sangue mostrar leucopenia (leucócitos abaixo de 4000 cel.
/mm3) ou leucocitose (leucócitos acima de 12000 cel./mm3). Por fim,
surgimento de secreção purulenta ou mudança das características da secreção
ou aumento da secreção ou aumento da necessidade de aspiração ou ainda
aumento da necessidade de oxigênio.
Para a pneumonia definida microbiologicamente, além dos critérios acima o
paciente deve apresentar pelo menos uma hemocultura positiva (presença de microrganismos
no sangue), sem outro foco de infecção ou cultura positiva do líquido pleural ou lavado
bronco alveolar maior ou igual a 104 UFC/ml (Unidades formadoras de colônia por mL) ou
aspirado traqueal com contagem de colônias maior ou igual a 106 UFC/ml ou exame
histopatológico com evidência de infecção pulmonar, e ainda outros testes laboratoriais
positivos para patógenos respiratórios (sorologia, pesquisa direta e cultura) (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013c).
Os materiais biológicos são coletados preferencialmente por médicos, enfermeiros
ou fisioterapeutas respiratórios diretamente em frascos estéreis destinados a esse fim (Figura
8), o material é semeado em placas (Figura 9) e a positividade é determinada de acordo com
as quantidades de microrganismos descritas no parágrafo anterior. Considerando também a
vulnerabilidade do paciente à infecção, podemos analisar amostras com contagens inferiores
as relatadas.
41
Figura 8 – Frascos para coleta de material respiratório
Fonte: Bisturi Material Hospitalar (2018).
Figura 9 – Placas de cultura positiva
Fonte: Fisher Scientific (2018).
c) Infecção do trato urinário relacionada à assistência à saúde (ITU-RAS): Estas
infecções podem ser classificadas em: Infecção do trato urinário (ITU)
relacionada a procedimento urológico (cateterismo vesical); ITU não
relacionada a procedimento urológico; ITU sintomática e ITU assintomática.
Assim, ITU-RAS é definida como: qualquer infecção ITU relacionada a
procedimento urológico; e ITU não relacionada a procedimento urológico
diagnosticada após a admissão em serviço de saúde e para a qual não são
observadas quaisquer evidências clínicas no momento da admissão
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013c).
O diagnóstico clínico precoce, associado aos exames complementares (qualitativo
e quantitativo de urina e urocultura), fornece evidencia para uma adequada terapêutica, apesar
dos casos de bacteriúria assintomática e candidúria, que podem induzir tratamentos
desnecessários (BODE; KLUYTMANS; WERTHEIM; BOGAERS; VANDENBROUCKE-
42
GRAULS; ROOSENDAAL; TROELSTRA; BOX; VOSS; VAN DER TWEELL, VAN
BELKUM; VERBRUGH; VOS, 2010).
Segundo Anvisa (2013c), quando for necessária a coleta de urina em paciente com
cateter de longa permanência (Figura 10), deve-se realizar a troca do dispositivo antes do
procedimento de coleta. Se não for possível, a amostra deverá ser obtida do local de aspiração
do cateter e nunca da bolsa de drenagem visto que está pode estar colonizada por
microrganismos. Ressaltamos ainda a importância da higienização prévia a coleta de urina,
destinadas à exame de urinocultura, em pacientes que não utilizam cateteres assim como a
utilização de frascos de coleta destinados a esse fim (Figura 11) e estéreis, preferencialmente.
Figura 10 - Cateter urinário de longa permanência
Fonte: Equipe Enfermagem (2018).
Figura 11- Frasco estéril para coleta de amostras destinadas a urinocultura
Fonte: Magazine Médica (2018).
Na prática as técnicas para exame de urinocultura também são padronizadas e
levamos em consideração a quantificação, contudo fortalecemos a importância de considerar
valores menores no caso de pacientes em fase de imunossupressão.
43
d) Infecção do sítio cirúrgico (ISC): é a infecção que acomete a incisão ou
qualquer tecido manipulado durante a operação, inclusive órgãos ou cavidades
naturais, e se inicia até 30 dias após a realização do procedimento. Em
cirurgias onde foram implantadas próteses, a ISC pode ser diagnosticada até
um ano após a data do implante, ou até a retirada do mesmo, se está se der
num período inferior a um ano (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2013c).
Para alguns procedimentos cirúrgicos o uso de drenos é necessário. Estes são
dispositivos utilizados para a saída de ar e secreções de uma ferida para um curativo ou
aspirador portátil (Figura 12). Em linhas gerais, são utilizados para remover exsudato
purulento, sangue ou outros, em decorrência de procedimento cirúrgico. Apesar de não ser
responsável por promover cicatrização da ferida ou impedir a infecção, seu uso é necessário
quando existe excesso de líquidos no sítio cirúrgico, que pode acumular-se em si próprio e se
tornar um foco de infecção. Especialmente para evitar o desenvolvimento de infecções
profundas nas incisões. A inserção dos drenos ocorre no momento da cirurgia, diretamente na
incisão ou por meio de uma pequena abertura separada (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2009).
Figura 12 - Dreno cirúrgico em aspiração
Fonte: Reis (2016).
A Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC) é uma das principais infecções relacionadas à
assistência à saúde no Brasil, ocupando a terceira posição entre todas as infecções em serviços
de saúde e compreendendo 14% a 16% daquelas encontradas em pacientes hospitalizados.
Estudo nacional realizado pelo Ministério da Saúde no ano de 1999 encontrou uma taxa de
ISC de 11% do total de procedimentos cirúrgicos analisados. Esta taxa atinge maior
relevância em razão de fatores relacionados à população atendida e procedimentos realizados
nos serviços de saúde. Estudos norte-americanos mostram: acréscimo de 6,5 dias de
internação; custo adicional de mais de 3 mil dólares; pacientes apresentam cinco vezes mais
44
chances de reinternação após alta hospitalar; 60% maior possibilidade de internação em UTI e
maior risco de morte (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2009;
2013c).
De acordo com Cabral e Silva (2013), existem alguns tipos de infecção que se
mostram mais presentes, ou apresentam maior índice de surgimento dentro do ambiente
hospitalar: as infecções respiratórias, que ocorrem em aproximadamente 19% dos casos; as
infecções por cateter, que ocorrem em 13% das hipóteses; as infecções urinárias, que
correspondem ao maior índice de incidência, ocorrendo em 34% dos casos; e, por fim, as
infecções por sutura, que ocorrem em 17% dos casos.
2.7Ações de prevenção e controle das IRAS
A disseminação da infecção dentro do ambiente hospitalar é, sem dúvida alguma,
um dos grandes problemas atualmente enfrentados por um hospital. Encontrar formas de
combater esse problema vai muito além de seguir preceitos legais: mostra-se principalmente
como uma necessidade, uma vez que ignorar tal problema pode até tornar inócuo o trabalho
dos profissionais da saúde. As principais medidas de prevenção das IRAS consideradas pela
Anvisa (2017c) são descritas a seguir:
a) Higiene das mãos (HM): A importância da higiene das mãos se dá porque a
maioria das infecções é transmitida pelas mãos. Assim, a higiene das mãos
com água e sabonete ou com preparação alcoólica (líquido, espuma ou gel) é
uma das medidas mais importantes que o paciente, familiar, acompanhante e
visitante pode fazer para aumentar a segurança do paciente e prevenir a
infecção relacionada à assistência. As mãos possuem um papel fundamental
na transmissão de doenças. Recomenda-se, portanto, que ao tocar os
equipamentos e as superfícies próximas ao paciente, as mãos devem ser
higienizadas (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA,
2017c).
Reconhecendo a relevância de estabelecer estratégias mundiais para a promoção
da HM e contribuir para a segurança do paciente e do trabalhador, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) lançou, em 2007, o programa Cuidado Limpo é Cuidado Seguro e recomenda,
entre outras estratégias, a observação da adesão e das condições estruturais para a HM. O
Programa enfatiza cinco momentos (Figura 13) que representam as oportunidades mais
frequentes no contexto assistencial para a HM e são: antes de contato com paciente
45
(oportunidade 1), antes da realização de procedimento asséptico (oportunidade 2), após
exposição a fluidos corporais (oportunidade 3), após contato com paciente (oportunidade 4), e
após contato com ambiente próximo ao paciente (oportunidade 5). Uma oportunidade
determina a necessidade de higienizar as mãos e, frente a uma oportunidade, indicação é a
razão pela qual essa prática é necessária e ação é o que se faz, ou não, diante da indicação.
Deste modo, a adesão é expressa por meio da taxa de ações e oportunidades (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2009).
Figura 13 - Os 5 momentos para higienização das mãos
Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde (2018).
b) Técnica correta de inserção e manutenção de dispositivos invasivos: a
utilização de técnica correta e manutenção de cateteres, sondas, drenos e etc.,
bem como a adoção dos pacotes de intervenção estabelecidos pela CCIH
devem ser seguidas pela equipe assistencial para a prevenção dos principais
tipos de IRAS (ICS associada ao CVC, pneumonia, infecção urinária e
infecção cirúrgica). A técnica bem-feita sempre deverá ser precedida pela
realização da higiene das mãos do profissional. Em Anvisa (2013a) é relatada
a importância das medidas de prevenção e controle, além do conhecimento das
técnicas corretas. A troca dos dispositivos respeitando os prazos
preestabelecidos e o conhecimento do risco das mãos dos profissionais de
saúde serem responsáveis pela contaminação ou colonização dos pacientes por
microrganismos devem ser levados em consideração, pois é conhecendo os
riscos que os erros podem ser minimizados. Logo é regra que a manipulação
desses dispositivos deve ocorrer em ambiente estéril por mãos previamente
higienizadas.
46
c) Limpeza do ambiente e equipamentos: microrganismos multirresistentes ou
não, podem contaminar as superfícies e equipamentos (mesas de cabeceira,
bombas de infusão, grades das camas, estetoscópio e outros) mais
frequentemente manuseados pelos profissionais e pacientes. Os processos de
limpeza e desinfecção previnem a disseminação e a transferência de
microrganismos nos ambientes dos serviços de saúde, contribuindo para a
segurança dos pacientes e dos profissionais que atuam nesses serviços
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017c). Anvisa
(2013a) determina por exemplo, que a limpeza e desinfecção da superfície e
do painel das bombas de infusão devem ser realizadas a cada 24 horas e na
troca de paciente, utilizando produto conforme recomendação do fabricante. E
considera desinfecção processo físico ou químico que destrói todos os
microrganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com
exceção de esporos. Assim constatamos que a limpeza não se restringe aquilo
que entra diretamente em contato com o paciente, mas também sua região de
entrono.
d) Precaução de contato: pacientes transferidos de outros hospitais ou que
estejam com algum microrganismo que possa ser propagado pelo serviço de
saúde ou a outros pacientes (colonização ou infecção) devem ser colocados
em ―precaução de contato‖. As precauções de contato são instituídas pela
equipe de saúde para evitar que a infecção seja transmitida para outros
pacientes ou colonize outras pessoas. Essa precaução inclui o uso de capotes e
luvas descartáveis pelos profissionais e acompanhantes sempre que for entrar
em contato com o paciente. Os pacientes com esse tipo de precaução podem
ser identificados com pulseiras de cor diferente e/ou com uma placa próxima
ao leito ou na porta do quarto (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2017c).
Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são apropriados para cada caso. A
troca de curativos de feridas contaminadas ou infectadas exigem, além de luvas e máscara, o
uso de óculos de proteção e capote. Em casos de precaução por contato, respiratório ou
aerossol, utilizar os EPIs indicados para cada um deles, tendo o cuidado de utilizar a máscara
correta de acordo com o indicado pelos fabricantes (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013a).
e) Uso correto de antimicrobianos: estes cuidados são importantes dentro e fora
47
das unidades de saúde. Os profissionais devem passar informações aos
pacientes sobre o tipo de medicamento, forma de consumo, o intervalo de
administração, dose correta e o tempo de duração do tratamento.
Antimicrobianos nunca devem ser usados sem a prescrição do médico ou
dentista e o tratamento deve seguir a prescrição (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017c).
Resumindo, algumas medidas específicas de prevenção e controle incluem a)
enfatizar a importância da higienização das mãos para todos os profissionais de saúde,
visitantes e acompanhantes; b) reforçar a aplicação de precauções de contato em adição às
precauções-padrão para profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes; c) avaliar a
necessidade de implementar medidas de isolamento em relação a profissionais de saúde e
pacientes; d) considerar a necessidade de implantar coleta de culturas de vigilância, de acordo
com o perfil epidemiológico da instituição; e) ressaltar as medidas gerais de prevenção de
IRAS no manuseio de dispositivos invasivos; f) evidenciar as medidas gerais de higiene do
ambiente; g) aplicar, durante o transporte intra-institucional e inter-institucional, as medidas
de precauções de contato, em adição às precauções-padrão para os profissionais que entram
em contato direto com o paciente, incluindo o reforço nas medidas de higiene do ambiente; h)
comunicar, no caso de transferência intra-institucional e inter-institucional, se o paciente é
infectado ou colonizado por microrganismos multirresistentes (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2010).
A Figura 14, traz as principais medidas de precaução padrão que devem ser
adotadas durantes as ações de cuidado ao paciente independente da suspeita de infecção.
Dentre as medidas destacam-se a higienização das mãos com água, sabonete e solução
alcoólica a 70%, uso de luvas imediatamente antes do contato com o paciente, uso de óculos,
máscara e avental quando houver risco de contato com sangue, mucosas e secreções e por fim,
descarte de seringas e agulhas em recipientes apropriados (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017c).
Através da análise da Figura 15, destacamos além das medidas de precaução
padrão, àquelas acrescidas aos pacientes que se necessitam de isolamento de contato. Estes
pacientes já se encontram infectados ou colonizados por microrganismos patogênicos e
critérios mais rígidos como a utilização de material exclusivo (termômetro, aparelho de medir
pressão) e quarto privativo (quando possível), precisam ser acrescentados a fim de se evitar a
disseminação dos patógenos para outros pacientes (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017c).
48
Figura 14 – Medidas de precaução padrão
Fonte: Anvisa (2017c).
Figura 15 – Medidas de precaução de contato
Fonte: Anvisa (2017c).
A atividade da Anvisa no âmbito da regulação tem sido intensiva desde sua
criação. A regulação de produtos comercializados, como saneantes e produtos para saúde
(incluindo equipamentos), é uma das áreas de forte atuação, bem como a normatização
referente as áreas físicas dos serviços de saúde. No entanto, diante da temática estudada
destacamos a importância das atividades regulatórias que visam aumentar a segurança do
paciente e reduzir os casos de IRAS.
Desta feita nos remetemos à portaria nº 529 do Ministério da Saúde (MS), de 1º de
abril de 2013 que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) e à RDC N°
36 da ANVISA, de 20 de julho de 2013 que institui ações para a segurança do paciente em
serviços de saúde e dá outras providências. Os protocolos básicos de segurança ao paciente
podem ser vistos resumidamente no Quadro 5 assim como o endereço de acesso aos
documentos originais, hospedados no site do MS. Tais procedimentos foram elaborados pelo
49
MS em parceria com a ANVISA e Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e integram o PNSP
(BRASIL, 2013; AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013d).
Quadro 5 – Protocolos básicos de segurança do paciente
N°
Atividade desenvolvida Link do documento
Identificação do paciente
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/03/Protocolo---Identifica----o-do-Paciente.pdf
Higienização das mãos
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/03/PROTOCOLO-HIGIENE-DAS-M--OS.pdf
Cirurgia segura
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/03/PROTOCOLO-CIRURGIA-SEGURA.pdf
Segurança na prescrição, uso e adm. de medicamentos
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/03/Protocolo-Medicamentos.pdf
Prevenção de úlceras por pressão
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/03/PROTOCOLO-ULCERA-POR-PRESS--O.pdf
Prevenção de quedas
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/ulcera-por-pressao
Fonte: Adaptado de Brasil (2013); Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2013d).
Os referidos protocolos têm como funções básicas promover a melhoria da
comunicação entre os profissionais, oportunizar a vivência do trabalho em equipe,
constituindo-se como instrumentos para a prática assistencial segura e gerenciamento de
riscos que visam a prevenção e controle de eventos adversos como as IRAS (BRASIL, 2013;
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013d).
Nos quesitos comunicação e trabalho em equipe, destacamos a importância da
participação do laboratório de análises clínicas. Esta é fundamental para a detecção oportuna
de surtos infecciosos, de modo a orientar a adoção de medidas de prevenção e controle da
disseminação do agente etiológico envolvido. Uma vez detectado um microrganismo
multirresistente a informação deverá ser comunicada imediatamente aos responsáveis pela
tomada de decisão no âmbito do serviço de saúde, em geral ao profissional assistente e à
CCIH, que deverá adotar as medidas de prevenção e controle, e às Coordenações de Controle
de Infecção Hospitalar do Estado (CECIH), Município (CMCIH), Distrito Federal e à Anvisa
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2013b).
O CDC (2016) relata que as Infecções de Corrente Sanguínea (ICS), podem ter
redução de até 70% quando os estabelecimentos de assistência à saúde e suas equipes
conhecem a magnitude do problema das infecções e passam a aderir aos programas para
prevenção e controle de IRAS. Resultados como esse implicam na redução do tempo de
internação, consumo de medicamentos antimicrobianos e diminuição dos custos hospitalares.
50
Ao discutirmos sobre as ações de prevenção e controle das IRAS entendemos a
importância de ressaltar que estamos em plena vigência do novo Programa Nacional de
Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNCPIRAS). O
referido programa foi instituído pela ANVISA, através da Gerência Geral de Tecnologia em
Serviços de Saúde (GGTES) e abrange o período de 2016 a 2020, trazendo metas que vão
desde a redução dos índices de infecção, mecanismos de controle da resistência microbiana
até o alcance de índices de prevenção e controle de infecções segundo os critérios da
organização mundial de saúde - OMS (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2016a).
As metas estabelecidas no atual PNCPIRAS corroboram com os objetivos do
presente estudo visto que para a implementação de melhorias, primeiro se faz necessário
conhecer a realidade do Hospital estudado. Assim, um diagnóstico epidemiológico das
infecções e a identificação das deficiências na área de assistência, podem trazer relevante
contribuição para a redução das IRAS.
2.8 Conhecendo o lócus da pesquisa: O Hospital Universitário Walter Cantídio da
Universidade Federal do Ceará (HUWC/UFC)
Conheceremos, brevemente, o nosso lócus de pesquisa: O Hospital Universitário
Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC/UFC) abordando o contexto
histórico da sua criação, complexidade das ações de assistência à saúde desenvolvidas e
detalhamento de sua estrutura de governança e espaço físico hospitalar.
2.8.1 O contexto histórico do HUWC
De acordo com o portal eletrônico do Ministério da Educação (BRASIL, 2018a),
o Brasil conta atualmente com 45 hospitais universitários dos quais 16 estão localizados na
Região Sudeste (sendo 8 destes pertencentes a Universidade Federal do Rio de Janeiro), 15 na
Região Nordeste, 6 na Região Sul, 5 na Região Centro-Oeste e apenas 3 na Região Norte. O
Ceará conta com duas unidades a saber: Hospital Universitário Walter Cantídio e Maternidade
Escola Assis Chateaubriand.
Em meados de 1939 o professor Antônio Austragésilo, destacado nome da
Medicina Nacional, em visita ao seu antigo aluno e colega Doutor Jurandir Morais Picanço,
relatou sobre a necessidade de implantação de uma Faculdade de Medicina em Fortaleza.
51
Somente em 1947, por legado do I Congresso de Médicos Católicos realizado em Fortaleza,
foi fundada a "Sociedade Promotora da Faculdade de Medicina do Ceará", posteriormente a
―Sociedade‖ foi transformada em Instituto de Ensino Médico, passando a atuar como órgão
com os encargos jurídicos de manutenção da Faculdade (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
CEARÁ, 2017).
O complemento natural da nova escola foi um Hospital de Clínicas que começou
a ser construído a partir da obra do Hospital Carneiro de Mendonça, interrompida por falta de
recursos, assim os custos da obra foram transferidos para a Faculdade de Medicina (FAMED)
e com ajuda da União as obras tiveram continuidade. A construção da primeira unidade do
hospital iniciou-se em 1952, era destinada à Medicina Interna e Doenças Infectocontagiosas
(isolamento). Essa unidade foi concluída e constituiu o núcleo embrionário do atual Hospital
Universitário. Em 1954 a Faculdade de medicina integrou-se à UFC, as obras do hospital
foram retomadas em 1956 e conduzidas daí em diante com determinação e rapidez. Em 1957
a Faculdade de Medicina foi transferida para as adjacências do hospital (UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
Conforme UFC (2017), em 1959 foi inaugurado oficialmente o Hospital das
Clínicas. De 1958 a 1966 a administração da Faculdade de Medicina dirigia também o
hospital. A partir de 1967 a estrutura administrativa do hospital foi redefinida, mas continuou
subordinada à Faculdade de Medicina. Em 1974, pelo convênio assinado entre a Universidade
Federal do Ceará e a Sociedade de Assistência à Maternidade Escola Assis Chateaubriand, o
gerenciamento do hospital passou à responsabilidade desta Sociedade.
Posteriormente o hospital passou por sucessivas reformas e ampliações na área
física, contanto também com a renovação e aquisição de novos equipamentos que aos poucos
foram garantindo o aumento no número de leitos além da oferta de novos serviços e
especialidades, motivos pelos quais o hospital foi aos poucos reconhecido como unidade de
referência para a Capital e interior do Estado.
Apenas no início da década de 1980, passou a ser chamado Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC), em homenagem ao professor doutor Walter de Moura Cantídio,
um de seus fundadores. A história do HUWC/UFC confunde-se com a história da Faculdade
de Medicina no Ceará. A diretoria atual (de 2018) do HUWC/UFC compartilha a
responsabilidade de ser a unidade de saúde de referência local e regional com todos que o
fazem (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
As Figuras 16 e 17 retratam as fachadas do HUWC nos anos de 1988 e 2018,
respectivamente. Por fora pouca coisa parece ter mudado, contudo, o Hospital Universitário
52
conta com serviços de alta complexidade, aparato tecnológico atualizado além de alta
qualidade e expertise dos seus colaboradores. Desta forma atende pacientes da Capital,
interior do Estado, outros estados da Região Nordeste e contempla inclusive o atendimento de
pacientes advindos de outras regiões brasileiras como a Região Norte por exemplo.
Figura 16 – Fachada do HUWC no ano de 1998
Fonte: Memorial da Universidade Federal do Ceará (2017).
Figura 17 – Fachada do HUWC no ano de 2018
Fonte: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (2017).
Destacamos que a região de entorno ao prédio principal que abriga o hospital,
também compõe edificações que fazem parte do complexo HUWC/UFC. Nestas construções
encontram-se os blocos didáticos das faculdades de Medicina, Odontologia, Farmácia,
Fisioterapia e Enfermagem, além dos ambulatórios especializados (atenção ao idoso,
pneumologia, reumatologia etc.), farmácias e consultórios odontológicos, que passaram por
ampliação e reformas ao logo da história do HUWC e constituem o Campus de Porangabussu
da UFC.
53
2.8.2 Complexidade em relação às ações de assistência
O HUWC/UFC é um centro de referência para a formação de recursos humanos e
o desenvolvimento de pesquisas na área da saúde, funciona como campo de estágio para os
alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de Medicina, Enfermagem e Farmácia da
UFC recebendo também alunos de outras universidades. Possui qualificados profissionais que
desenvolvem conhecimentos na área de pesquisa clínica, cirurgia e farmacologia clínica.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
Por conseguinte, o HUWC/UFC tem a missão de promover o ensino, a pesquisa e
a assistência terciária à saúde, atuando de forma integrada e como suporte aos demais níveis
de atenção do modelo de saúde vigente, com a visão em ser modelo de gestão, com gestores,
preceptores e colaboradores preparados para a excelência no ensino, pesquisa e assistência
terciária à saúde. Tendo como valores a ética, legalidade, moralidade, impessoalidade,
publicidade, eficiência, equidade, humanização, segurança do paciente, valorização
profissional e profissionalismo (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
O HUWC/UFC está integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS) desempenhado
importante papel na assistência em nosso Estado, é uma unidade de assistência de alta
complexidade à saúde, realizando desde transplantes renal, hepático e de medula, até
pesquisas clínicas vinculadas a diversos programas de pós-graduação regionais e nacionais,
além de participação em estudos multicêntricos em protocolos de pesquisa clínica avançada.
Logo, o HUWC se destaca como a maior sala de aula e centro de pesquisas clínicas da UFC e
do Estado. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017). A Figura 20 mostra o total de
transplantes realizados em 2017 onde percebemos que transplantes renais, de medula óssea e
hepáticos estão em maior número.
Figura 18 – Total de Transplantes do HUWC em 2017
Fonte: Universidade Federal do Ceará ( 2018a).
74
67
34
25
1
0 20 40 60 80
Renal
Medula Óssea
Hepático
Córnea
Pâncreas
54
Na Tabela 1 podemos observar a dimensão da capacidade de atendimento aos
pacientes, ambulatoriais e internados, do HUWC em apenas um ano (2017) e assim perceber a
magnitude e importância desta unidade hospitalar, de atenção terciária à saúde, para o nosso
Estado (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁa).
Tabela 1 – Capacidade de atendimento do HUWC em 2017
Serviços hospitalares Total/2017
Exames 618.034 Consultas 251.609 Internações 19.730 Cirurgias 13.388 Usuários de medicação de alto custo 9.255 Número de leitos ativos 197
Fonte: Universidade Federal do Ceara (2018a).
O HUWC juntamente com a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC) e
ambulatórios especializados, formam o complexo hospitalar vinculado à UFC. Estas unidades
hospitalares passaram a ser gerenciadas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(EBSERH) a partir de 2014. E garantiram no ano de 2017 mais R$ 9,5 milhões para custeio
dos atendimentos oferecidos à população usuária do SUS. Os recursos foram autorizados pelo
Ministério da Educação (ME), através do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais
Universitários Federais (REHUF) (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
Até o ano de 2018 a EBSERH tornou-se responsável pela gestão de 40 hospitais
universitários federais, em que suas respectivas universidades optaram por assinar contrato
com a estatal dentre elas a UFC. A criação da EBSERH integra um conjunto de medidas
adotadas pelo Governo Federal para a reestruturação dos hospitais vinculados às instituições
federais de ensino superior, por meio do REHUF. Entre as atribuições assumidas pela
empresa, estão a coordenação e avaliação da execução das atividades dos hospitais; o apoio
técnico à elaboração de instrumentos de melhoria da gestão e a elaboração da matriz de
distribuição de recursos para os hospitais (BRASIL, 2018b).
2.8.3 Estrutura de Governança e Espaço Físico Hospitalar
A partir do organograma da Estrutura de Governança disponibilizado no portal do
HUWC (Figura 19) podemos observar que a Superintendência do HUWC e da MEAC é uma
só, por tratar-se do Complexo Hospitalar MEAC-HUWC/UFC. Acima da Superintendência
encontram-se a Auditoria, o Colegiado Executivo e o Conselho Consultivo. Logo abaixo estão
as Ouvidorias do HUWC e MEAC ligadas ao setor de Planejamento, em seguida estão as
55
Unidades de Comunicação Social dos dois hospitais ligadas ao Setor Jurídico e ao Setor de
Gestão de Processos e de Tecnologia da Informação. À Unidade de Apoio Corporativo do
complexo está ligada à secretaria e comissões. Já o Setor de Gestão de Processos e de
Tecnologia da Informação está ligado à Unidade de Gestão, Infraestrutura e Comunicação e
também à Unidade de Gestão da Informação. As Unidades de Gerência de Atenção à Saúde,
Gerência de Ensino e Pesquisa e Gerência Administrativa estão ligadas diretamente ao
Superintendente (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
Figura 19 – Complexo MEAC- HUWC/ UFC: Estrutura de Governança da EBSERH
Fonte: Universidade Federal do Ceará (2017).
Em nosso estudo nos deteremos à Gerência de Atenção à Saúde do HUWC, que é
composta pelas seguintes divisões: Gestão do Cuidado, Médica e de Enfermagem. Estas três
divisões estão ligadas à doze unidades a saber: unidade de cabeça e pescoço, do sistema
cardiovascular, de clínica médica, do aparelho respiratório, do sistema digestivo, de cirurgia
geral, do sistema urinário, de atenção psicossocial, de oncologia/hematologia, do sistema
endócrino, de atenção à saúde da criança e do adolescente e unidade de sistema
neuromuscular. À Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico estão ligados às unidades de
Diagnóstico por Imagem, Laboratório de Análises Clínicas, Laboratório de Anatomia
Patológica, Unidade de Diagnóstico por Endoscopia, unidade de reabilitação, Unidade de
Cuidados Intensivos e Semi Intensivos, Unidade de Processamentos de Materiais
Esterilizados, Unidade de Nutrição Clínica e Unidade de Cirurgia. O Setor de Vigilância em
Saúde e Segurança do Paciente conta com as Unidades de Vigilância em Saúde e de Gestão
de Riscos Assistenciais. Já o Setor de regulação e Avaliação em Saúde é composto pelas
unidades de Processamento de Informação Assistencial, Monitoramento e Avaliação e
56
Regulação Assistencial. E por fim a Gerência de Atenção à Saúde do HUWC tem o Setor de
Farmácia com a unidade de Farmácia Clínica e Unidade de Abastecimento e Dispensação
Farmacêutica (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2017).
Quanto à sua estrutura física, o HUWC dispõe em 2017/2018, de 195 leitos distribuídos nas
Unidades Clínicas e Cirúrgicas, além de ambulatórios gerais e especializados e oferece todos
os serviços de alta complexidade, incluindo transplantes. As unidades hospitalares e o
quantitativo de leitos podem ser vistos na Tabela 2:
Tabela 2 - Distribuição dos leitos no HUWC por Unidade Hospitalar
Unidade Hospitalar Número de Leitos
Unidade Hospitalar Número de Leitos
Clínica Cirúrgica (cirurgia I) 24 Clínica Médica (clínica II A) 32
Clínica Cirúrgica (cirurgia II) 24 Clínica Médica (clínica II B) 37
Clínica Cirúrgica (cirurgia III) 20 Pediatria (clínica IV) 20
Clínica Hemato / Reumatológica (clínica I) 18 UTI Clínica 08
Transplante de Medula Óssea (TMO) 04 UTI Cirúrgica (SR) 08
TOTAL : 195
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018d).
Através das informações acima podemos perceber o quanto a estrutura do HUWC
é complexa e que cada Divisão, Unidades e Setores estão direta ou indiretamente interligados,
visto que apenas por meio de esforços conjuntos é possível atender as demandas dos pacientes
e oferecer um serviço que caminhe sempre em busca da excelência e com melhorias,
especialmente no que diz respeito às ações de assistência à saúde. O organograma referente a
Gerência de Atenção à Saúde, estruturada pela EBSERH, pode ser visto na Figura 20.
58
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta seção apresentamos os fundamentos metodológicos que delinearam o
processo de pesquisa. Inicialmente com a base teórica quanto à tipologia do estudo e seu
detalhamento, em seguida descrevemos a forma de coleta, análise de dados e o tipo de
instrumento utilizado, as particularidades da metodologia de Delphi, e por fim, os aspectos
éticos imprescindíveis à pesquisa. A metodologia selecionada foi um estudo de caso único,
desenvolvido no Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC.
3.1 Natureza (Tipificação) da pesquisa
O estudo quanto aos objetivos, se caracteriza como pesquisa descritiva pois o
pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir. Visa a descrever as
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas
características, causas e relações com outros fatos. Nas pesquisas descritivas, os fatos são
observados, registrados, analisados (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa foi documental, de modo que os
documentos da instituição foram analisados após autorização dos setores que detém essas
informações. Para Gil (2008) a pesquisa documental baseia-se em materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa.
A abordagem foi quali-quantitativa (pesquisa mista). Este tipo de pesquisa
envolve métodos quantitativos e qualitativos, de modo a obter uma compreensão e explicação
mais ampla do tema estudado. Onde o pesquisador mantém contato direto com o objeto de
estudo, as questões são estudadas no ambiente em que elas se apresentam sem qualquer
manipulação intencional do pesquisador, mas também são utilizados recursos e técnicas
estatísticas para o tratamento dos dados (PRODANOV; FREITAS, 2013). A coleta
quantitativa de dados ocorreu na primeira etapa do estudo, momento em que as IRAS foram
caracterizadas. Já a coleta qualitativa ocorreu na segunda e terceira etapas por meio de
observação estruturada das ações de assistência e aplicação de entrevista estruturada aos
profissionais que executam tais ações, respectivamente.
Em relação aos resultados esperados, caracteriza-se como pesquisa aplicada, pois
buscamos identificar dificuldades, facilidades, problemas, sugestões de melhorias e
59
aplicabilidade destas (MARCONI; LAKATOS, 2010), em meio ao ambiente hospitalar e
porque não dizer acadêmico/ profissional partilhado pelos sujeitos da pesquisa, a saber:
pacientes, estudantes e profissionais envolvidos nas ações de assistência ao paciente.
A pesquisa aplicada concentra-se em torno dos problemas presentes nas atividades
das instituições, organizações, grupos ou atores sociais. Ela está empenhada na elaboração de
diagnósticos, identificação de problemas e busca de soluções. Responde a uma demanda
formulada por ―clientes, atores sociais ou instituições‖ (THIOLLENT, 2009).
O meio de investigação compreendido como mais adequado para abordar a
pesquisa, respeitando os limites de tempo e recursos do pesquisador e tendo em vista
responder às questões em estudo colocadas por ele, foi o estudo de caso. Vergana (2007),
classifica o estudo de caso como um meio de investigação, sendo este, de acordo com o autor,
caracterizado pela profundidade e detalhamento, e podendo ser realizado em campo ou não.
Limitando-se a uma ou poucas unidades observadas.
O Quadro 6 apresenta resumidamente o enquadramento da pesquisa.
Quadro 6 – Enquadramento da pesquisa aplicada no HUWC
Parâmetro Enquadramento Objetivos Descritiva
Procedimentos técnicos Documental Abordagem Quali-quantitativa
Resultados esperados Aplicada Meio de investigação Estudo de caso
Fonte: Gil (2008); Vergana (2007); Marconi e Lakatos (2010); Prodanov e Freitas (2013); Thiollant (2009).
De acordo com Prodanov e Freitas (2013) o estudo de caso consiste em coletar e
analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma
comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da
pesquisa. É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria
de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma aprofundada,
podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma comunidade etc. São
necessários alguns requisitos básicos para sua realização, entre os quais, rigor, objetivação,
originalidade e coerência.
3.2 Procedimentos para a realização de um estudo de caso
Para Yin (2015), uma pesquisa delineada como estudo de caso compreende um
método que abrange tudo, com a lógica de planejamento, incorporando abordagens
específicas à coleta e à análise de dados. Desse modo, então, o estudo de caso não se
60
caracteriza como uma maneira específica para a coleta de dados nem simplesmente uma
característica do planejamento de pesquisa em si. O que o torna uma estratégia de pesquisa
abrangente.
Dito isso, o autor supracitado destaca que o estudo de caso vem sendo utilizado
com frequência pelos pesquisadores sociais, por servir a pesquisas com diferentes propósitos,
como:
a) Explorar situações da vida real cujos limites não estejam claramente definidos;
b) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada
investigação;
c) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito
complexas que não possibilitem a utilização de levantamentos e experimentos.
Para Yin (2015) o propósito do estudo de caso pode ser exploratório ou descritivo.
Neste último caso ajuda na compreensão de acontecimentos, centra-se nas questões "Como" e
"Por quê". Possuem objetivos bem definidos, com procedimentos formais estruturados e
dirigidos para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de cursos de ação. A
descrição visa a compreensão completa do fenômeno.
Diante da complexidade na investigação de estudo de caso, para realizar esse
desafio, com êxito, o pesquisador deve estar preparado para fazer uso de várias fontes de
evidências, que precisam convergir, oferecendo, desse modo, condições para que haja
fidedignidade e validade dos achados por meio de triangulações de informações, de dados, de
evidências e mesmo de teorias (MARTINS, 2008).
De acordo com André (2005), o desenvolvimento do estudo de caso possui três
fases: a fase exploratória - momento em que o pesquisador entra em contato com a situação a
ser investigada para definir o caso, confirmar ou não as questões iniciais, estabelecer os
contatos, localizar os sujeitos e definir os procedimentos e instrumentos de coleta de dados; a
fase de coleta dos dados e a fase de análise sistemática dos dados. As fases podem em algum
momento conjugar-se, ou até mesmo se sobrepor, variando de acordo com a necessidade e
criatividade surgidas no desenrolar da pesquisa. Dessa forma seguimos descrevendo os
procedimentos de coleta de dados.
61
3.3 Procedimentos para a coleta e análise de dados
Na fase da coleta de dados podem ser utilizadas diversas técnicas, as mais comuns
são: entrevistas, questionários, observação, pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. A
coleta de dados do presente estudo ocorreu em três etapas:
a) A primeira etapa da pesquisa se deteve à coleta de dados secundários por meio
de informações obtidas a partir do portal eletrônico, sistemas operacionais,
fichas de vigilância ativa da CCIH e outras bases de dados do próprio hospital
em estudo.
Prodanov e Freitas (2013) caracterizam como dados secundários aqueles que já se
encontram disponíveis e acessíveis mediante pesquisa bibliográfica e/ou documental e que
não foram produzidos especificamente para o estudo em particular.
Os dados, secundários, analisados para fins do diagnóstico epidemiológico
compreendem o período de junho de 2017 a maio de 2018, dos quais foram selecionadas
informações referentes a pacientes internados e excluídas aquelas relativas a pacientes em
atendimento ambulatorial.
Os achados sobre os agentes infecciosos mais prevalentes, o percentual de
incidência, respectivos antibiogramas (que podem auxiliar na escolha do tratamento) e perfil
de resistência dos microrganismos foram reunidos a partir dos resultados disponíveis no
banco de dados do equipamento ― VITEK®
2 Compact‖ da empresa ―Biomérieux‖. Estas
analises foram realizadas pelo setor de microbiologia pertencente ao laboratório central de
análises clínicas da unidade de saúde estudada. Outras informações relevantes como número
de internações, média de permanência e taxas de ocupação hospitalar foram retiradas dos
estudos estatísticos realizados na própria instituição (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
CEARÁ, 2018d).
Os dados sobre a distribuição das IRAS no HUWC e locais de infecção mais
frequentes foram coletados a partir da análise das fichas de vigilância ativa (Anexo A) e das
planilhas de notificação de IRAS disponibilizadas pela CCIH do HUWC (UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ, 2017, 2018e).
Após a coleta das informações sobre o hospital, sobre as IRAS e os dados
epidemiológicos dos pacientes atendidos durante o período de um ano estabelecido no
trabalho, o banco de dados obtido foi organizado em planilhas, gráficos e tabelas. Utilizamos
o Microsoft Office Excel para a descrição, tabulação e sumarização dos dados. Estes foram
elaborados para fins de tratamento estatístico, substanciando a etapa quantitativa da pesquisa.
62
b) Já a segunda etapa da pesquisa compreendeu a coleta de dados primários por
meio de observação estruturada, onde a pesquisadora analisou, ainda que
parcialmente, ações de assistência praticadas no cotidiano hospitalar e
confrontou com os resultados detalhados obtidos na primeira etapa acerca das
unidades clínicas que apresentaram os maiores e menores números de IRAS.
Gil (2008) define dados primários como aqueles que não receberam qualquer
tratamento analítico, como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos,
diários, filmes, fotografias, gravações etc.
A pesquisadora analisou como são direcionadas as ações de assistência praticadas
no cotidiano hospitalar e registrou os resultados encontrados numa planilha elaborada
previamente (Apêndice B). A análise ocorreu durante as visitas de rotina realizada pelas
equipes da CCIH do HUWC. A pesquisadora apenas observou e tomou nota dos dados
considerados pertinentes, sem interferir no trabalho. Foram selecionadas duas unidades
hospitalares com maior número de casos de IRAS e a unidade com o menor número,
resultados gerados na primeira etapa do estudo. Buscou-se compreender as peculiaridades de
cada unidade hospitalar quanto a gravidade das doenças, taxas de ocupação, média de
permanência e procedimentos invasivos necessários ao tratamento dos pacientes. Além disso
foi observado também a dinâmica do serviço prestado pela CCIH no referido hospital.
A abordagem qualitativa da segunda etapa compreendeu a coleta de dados
primários por meio de observação estruturada no período de 08 a 31 de janeiro de 2019
totalizando oito visitas.
c) A terceira etapa compreendeu a coleta de dados primários através da aplicação
de uma entrevista estruturada a especialistas da área de assistência à saúde do
HUWC.
A abordagem da terceira etapa também foi qualitativa, o período da coleta de
dados primários por meio de entrevista estruturada ocorreu no período de 08 a 31 de janeiro
de 2019, em dois momentos distintos.
Os resultados obtidos nas sessões de entrevistas foram analisados através do
método de Delphi. O referido método será apresentado detalhadamente na seção seguinte.
A pesquisa documental proporcionou a base para a construção do Capítulo 4 desta
dissertação, através das informações obtidas nas fontes de dados primários e secundários foi
possível conhecer o hospital pesquisado e compilar dados específicos na busca de satisfazer
os objetivos propostos no estudo.
63
3.4 Definindo o Método de Delphi
Na enfermagem brasileira, o primeiro trabalho aplicando a metodologia de
Delphi foi realizado em 1995, com a finalidade de identificar diagnósticos e condutas de
enfermagem aplicáveis a lesados medulares atendidos em programa de reabilitação (FARO,
1995).
A técnica Delphi foi originalmente desenvolvida pela RAND Corporation na
década de 1950. O propósito inicial era eliminar as interações pessoais entre estrategistas na
tomada de decisão da Guerra Fria, tornando-se bastante popular em pesquisas na área de
saúde devido a sua flexibilidade no tratamento de dados, eficácia na tomada de decisão e
previsão de cenários futuros (VERKADE, 2010).
Para Vianna (1982) em linhas gerais o método de Delphi aborda os seguintes
elementos:
a) Número de Especialistas - não existe uma regra fixa para a determinação da
quantidade de pessoas a serem entrevistadas, usualmente a quantidade pode variar
entre 10 (dez) e 20 (vinte) entrevistados para temas restritos e 50 (cinquenta) ou mais
entrevistados para questões abrangentes.
b) Número de Sessões - Em geral 3 (três) sessões de entrevistas são suficientes para que
se visualize a possibilidade de uma convergência de pensamentos ou a inviabilidade
do mesmo. Antes de cada sessão subsequente, cada entrevistado toma conhecimento
de sua resposta da sessão anterior e de sua posição em relação às respostas dos outros
entrevistados – ―feedback” controlado. Não há interação entre os entrevistados.
c) Estabilidade entre as Sessões - Será atingida quando uma nova sessão não trouxer
contribuições ao estudo. A estabilidade entre as sessões e o consenso nas respostas
entre os entrevistados são condições de parada deste método.
Para a tabulação das respostas com objetivos de ―feedback‖ para a seção seguinte, são
utilizados padrões estatísticos quanto ao número de observações, menor e maior observação,
média, desvio padrão, etc. Das premissas implícitas ao método destacamos:
a) O nível de informações (agregadas) relevantes possuído pelo grupo é superior ao
individual;
b) O nível de desinformação agregada do grupo é inferior ao individual;
c) Encontros face-a-face implicam viés, em virtude das características de liderança
de alguns especialistas frente aos demais;
d) Grupos anônimos desenvolvem consenso e permitem corrigir viés individual.
64
Pereira e Alvim (2015) dizem que o uso da técnica em pesquisas desenvolvidas no
âmbito da enfermagem aponta tendência para o nível terciário, especialmente, voltado à
validação de práticas assistenciais em instituições hospitalares. A Figura 21 apresenta de
forma sintética o Método de Delphi utilizado no estudo.
Figura 21 – Processo de execução do Método de Delphi
Fonte: adaptado de Vianna (1982).
Assim os dados obtidos através da aplicação da entrevista estruturada aos
profissionais que prestam assistência aos pacientes do HUWC foram analisados através do
Método de Delphi, pelo fato de desejarmos obter respostas consensuais capazes de refletir a
opinião dos entrevistados em conformidade com os objetivos pesquisados (SCARPARO;
LAUS; AZEVEDO; FREITAS; GABRIEL, 2012).
3.4.1 Participantes da pesquisa
Foram entrevistados 12 (doze) especialistas que compõem as equipes de
65
profissionais que prestam assistência aos pacientes do HUWC (médicos, enfermeiros,
técnicos e auxiliares de enfermagem e técnicos de laboratório) escolhidos nas unidades
clínicas do hospital, considerando a facilidade de contato e disponibilidade para responder aos
questionamentos. Na Tabela 3 observamos a formação acadêmica e atividade profissional dos
participantes da pesquisa.
Tabela 3 – Formação acadêmica e atividade profissional dos entrevistados no HUWC
Entrevistados Formação Acadêmica Atividade Profissional 01 Enfermagem Enfermeiro/Nefrologia 02 Ensino Médio/ profissionalizante Auxiliar de Enfermagem 03 Enfermagem Enfermeiro/Oncologia 04 Enfermagem Enfermeiro/Assistencial 05 Medicina Médico Residente 06 Enfermagem Enfermeiro/Assistencial 07 Administração Hospitalar Técnico em Enfermagem 08 Farmácia Técnico em Enfermagem 09 Gestão Hospitalar Técnico em Enfermagem 10 Química Técnico de Laboratório 11 Enfermagem Enfermeiro/Assistencial 12 Enfermagem Enfermeiro/Assistencial
Fonte: dados da autora.
3.4.2 Instrumento e operacionalização da coleta de dados
Como método de pesquisa utilizamos entrevistas estruturadas, contendo questões
previamente formuladas, porém abertas, com período de execução entre 08 e 31 de janeiro de
2019. Buscamos absorver a perspectiva do entrevistado com relação aos pontos de
investigação. Neste sentido, o limite de extensão das respostas foi definido pelo próprio
entrevistado. É, portanto, uma abordagem de pesquisa qualitativa.
As questões foram elaboradas a partir da classificação estabelecida por Bryman
(1989) para uma entrevista estruturada, este é um tipo de questionário objetivo onde as
perguntas são elaboradas previamente. As questões aplicadas foram exatamente iguais,
eliminando variações das respostas em decorrência da ordem ou formato.
O referido instrumento de pesquisa (Apêndice C) foi entregue em mãos aos
respondentes pela pesquisadora, durante dois momentos distintos. A ferramenta foi composta
por seis questões, detalhadas quanto ao conteúdo das perguntas, no Quadro 7.
Quadro 7 - Conteúdo das questões do instrumento de pesquisa aplicado no HUWC
Questão Nº Conteúdo 01 e 02 Análise conceitual 03 e 04 Investigação de procedimentos 05 e 06 Dificuldades enfrentadas e ações de melhorias
Fonte: dados da autora.
66
Através da opinião dos profissionais e das impressões da autora durante a
observação estruturada, objetivamos identificar as facilidades e dificuldades para o
desenvolvimento das ações de prevenção e controle das IRAS como também encontrar
sugestões de melhorias nas ações de cuidado ao paciente à luz das políticas de prevenção e
controle das IRAS considerando a relevância da opinião desses especialistas. Apresentamos
resumidamente, o fluxograma da pesquisa na Figura 22.
Figura 22 – Fluxograma da pesquisa
Etapa 1
Coleta de dados secundários
Banco de dados, fichas de vigilância ativa e outras bases.
Diagnostico epidemiológico
das IRAS
Etapa 2
Coleta de dados primários
Etapa 3
Coleta de dados primários
Observação Estruturada
Entrevista estruturada. Método de Delphi
Análise das ações de
assistência praticadas no cotidiano hospitalar
Identificação das dificuldades e sugestões de
melhorias
Fonte: dados da autora.
Ao aplicarmos a entrevista apenas uma parcela de profissionais que prestam
assistência aos pacientes do HUWC, nos amparamos em Fering (1987), o autor relata que
para a técnica escolhida, a saber o Método de Delphi, não há consenso no que tange ao
número de especialistas que poderão compor o grupo, uma vez que os resultados obtidos não
dependem de uma extensa fonte de dados. Esta metodologia é detalhada na seção a seguir.
Resultados
Propostas de melhoria nas ações de cuidado ao paciente
67
3.4.2.1 Primeira sessão do Método de Delphi
O primeiro contato com os especialistas ocorreu pessoalmente. Na ocasião
fizemos o convite e explicamos em linhas gerais como seria aplicada a pesquisa. Todos os
participantes preferiram ficar com uma cópia da entrevista (Apêndice C) e o referido Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice A) para leitura prévia antes de
confirmar a participação nesta etapa do estudo.
Dentre os 12 (doze) entrevistados apenas 2 (dois) deles (profissionais de números
2 (dois) e 7 (sete) da Tabela 6), responderam as questões na presença da pesquisadora. Os
outros 10 (dez) profissionais solicitaram o questionário para respondê-lo por escrito e
devolvê-lo uma semana depois. Esta atitude poderia levar a um vício nas respostas, estas
deveriam ser dadas considerando o grau de conhecimento do entrevistado até o momento da
entrevista, o que se consegue com uma entrevista direta, sem considerar o conhecimento
adquirido ―a posteriori‖ a leitura do conteúdo do questionário. Para controlar e/ou reduzir este
vício foi solicitado a estes profissionais que: a pesquisa e o conteúdo do questionário não
fossem comentados ou discutidos com outras pessoas. Os entrevistados também foram
orientados a não recorrer a nenhuma pesquisa que os auxiliasse nas respostas, considerando
que a opinião de cada especialista e seus conhecimentos sobre a temática são, de fato,
relevantes para o desenvolvimento desta etapa.
Os resultados desta primeira sessão de entrevistas estão nos Apêndices D e E. As
respostas foram agrupadas em categorias segundo o desenvolvimento teórico dos capítulos
anteriores. No Apêndice D estão inseridas as respostas dos entrevistados referentes aos pontos
de investigação da primeira sessão de entrevistas da pesquisa, distribuídos em 9 (nove)
tabelas; no Apêndice E identificamos a resposta de cada entrevistado em cada tabela descrita
no Apêndice D e sua posição com relação às respostas dos outros entrevistados. Para melhor
esclarecimento é citada a seguinte ilustração: de acordo com o Apêndice E o entrevistado de
número 6 respondeu os itens 4,6,7,8 (cruzamento da linha referente a tabela 2 do Apêndice D
com a coluna referente ao especialista 6 do Apêndice E).
Descrevemos na Tabela 4 a relação entre os pontos de investigação, representados
pelas perguntas do questionário (Apêndice C), e os resultados, inseridos nas tabelas do
Apêndice D.
68
Tabela 4 – Correspondência entre perguntas (Apêndice C) e respostas (Tabelas do Apêndice
D).
Perguntas (Apêndice C) Tabelas (Apêndice D) 1 1 e 2 2 3e 4 3 5 4 6 5 7 6 8 e 9
Fonte: dados da autora.
3.4.2.2 Segunda sessão do Método de Delphi
Os resultados obtidos na primeira sessão de entrevistas foram entregues
pessoalmente aos entrevistados a fim de que eles tomassem conhecimento de suas respostas e
de suas posições frente ao grupo. Todos os especialistas aceitaram participar da segunda
sessão do método de Delphi.
Depois deste feedback controlado de informações o questionamento central que se
seguiu foi se ―eles mantinham suas respostas anteriores ou se gostariam de acrescentar ou
modificar algumas respostas”. O objetivo aqui concentrou-se em:
Buscar o consenso nas respostas dos entrevistados e a estabilidade destas
respostas entre as sessões.
Eliminar ou reduzir erros que possam ter ocorrido, por parte do pesquisador, no
agrupamento das respostas dos entrevistados, decorrentes de falhas na compreensão das
respostas.
Para a obtenção das respostas desta sessão foi solicitado a cada entrevistado que
fizesse uma análise detalhada de suas respostas e de sua posição dentro do quadro geral de
respostas. Nesse sentido foi concedido o tempo que o entrevistado julgasse suficiente.
O intervalo de tempo para o retorno das respostas variou entre 20 (vinte) minutos - entrega
imediata - à 07 (sete) dias. Os fatores que contribuíram para isto foram a limitação de tempo
dos entrevistados devido as atividades profissionais e o sentimento de fornecer uma resposta o
mais consciente e precisa possível. Nesta segunda sessão 07 (sete) entre os 12 (doze)
entrevistados optaram por responder imediatamente na presença da pesquisadora,
esclarecendo possíveis dúvidas. Os outros cinco especialistas que optaram por entregar as
respostas em outro momento também tiveram suas dúvidas esclarecidas.
Os resultados obtidos nesta segunda sessão de entrevista podem ser visualizados
nos Apêndices F e G. Analisando as sessões, percebemos que somente um entrevistado optou
69
por não modificar seus resultados. As respostas assinaladas em vermelho no Apêndice G,
correspondem as mudanças nas respostas dos entrevistados da primeira para a segunda
sessões.
A seguinte ilustração é citada para melhor entendimento: de acordo com o
Apêndice E, na primeira sessão de entrevistas o entrevistado número 6 respondeu os itens
4,6,7,8 (cruzamento da linha referente a Tabela 2 do Apêndice D com a coluna referente ao
especialista 6 do Apêndice E). Contudo, para a segunda sessão de entrevistas este especialista
modificou seu quadro de respostas para os itens 2, 4, 6, 7,8 (cruzamento da linha referente a
Tabela 2 do Apêndice F com a coluna referente ao especialista 6 do Apêndice G).
Optamos pela execução de apenas duas sessões de entrevistas devido à grande
demanda de tempo para a execução do método, uma certa desmotivação ou falta de tempo de
alguns entrevistados sentida pela pesquisadora - fatores que comprometeriam as respostas de
uma nova sessão de entrevistas e, principalmente, pela mudança apresentada nas respostas
verificadas da primeira para a segunda sessão, ocasião em que até aqueles que não souberam
ou não responderam alguns itens acabaram compartilhando de ideias semelhantes às dos
outros especialistas - o que pode significar estabilidade entre as sessões. No próximo
capítulo será feita uma análise mais detalhada desta terceira etapa da pesquisa.
3.5 Aspectos Éticos da Pesquisa
O início da coleta de dados se deu após aprovação por parte do Comitê Ético
Científico do HUWC/ UFC.
Para a coleta direta aos servidores, através de entrevista, foi respeitado o
consentimento informado do profissional pesquisado, salvaguardando seus interesses. Os
profissionais também foram informados sobre o direito de recusa à participação desta
pesquisa, assim como do direito de desistência no decorrer da mesma.
As demais informações captadas a partir do banco de dados do equipamento
“ VITEK®
2 Compact da Biomérieux”, das fichas de vigilância ativa e das planilhas de
notificação de IRAS (disponibilizadas pela CCIH) foram coletadas após o aceite dos
responsáveis pelos setores onde foi realizada a pesquisa conforme Anexos B e C.
Assim foram garantidas a confiabilidade, privacidade e o anonimato das
informações coletadas. Os servidores participantes leram e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Estes documentos se apresentam na forma impressa, pois
são partes obrigatórias do projeto de pesquisa submetido ao referido comitê, que utiliza dados
70
da Plataforma Brasil (sistema eletrônico criado pelo Governo Federal para sistematizar o
recebimento dos projetos de pesquisa que envolvam seres humanos nos Comitês de Ética em
todo o país). Mas também mantém arquivo próprio referente aos dados dos projetos e de seus
pesquisadores.
Destacamos que todos os preceitos éticos estarão em conformidade com a
Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013a).
71
4 ANÁLISE DE RESULTADOS: O DIAGNÓSTICO DAS IRAS E O PANORAMA DA
REALIDADE DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE NO HUWC
Neste capítulo apresentamos os dados referentes ao diagnóstico das IRAS e o
tratamento estatístico dessas informações. Esta etapa é útil para entendermos o cenário em
que se encontra o hospital fortalecendo a importância da temática investigada.
Além disso discorreremos brevemente sobre as ações de assistência prestadas ao
paciente e atuação da CCIH do HUWC na busca de relacionar sob ponto de vista prático,
como são desenvolvidas essas atividades.
Prosseguimos apresentando os resultados obtidos nas entrevistas, através do
Método de Delphi, aplicadas junto aos especialistas, a saber: médicos, enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem e técnicos de laboratório que prestam assistência ao paciente.
Após a análise de todos esses dados, finalizamos com as propostas para melhoria
das ações de cuidado ao paciente no âmbito do HUWC.
4. 1 O diagnóstico das IRAS no HUWC
O diagnóstico das IRAS configura a primeira etapa da análise de dados. O
período selecionado para a coleta de dados desta etapa foi de 01 de junho de 2017 a 31 de
maio de 2018. O propósito foi trabalhar um conjunto de dados, relativos a 12 meses, o mais
recente possível a partir da anuência para acessar tais informações. Tornando exequível a
análise, no período de um ano, da dinâmica das internações bem como diagnosticar as IRAS
no HUWC.
Inicialmente verificamos a capacidade de atendimento do HUWC durante o
período estudado. A Tabela 5 traz informações sobre o número de internações, leitos
disponíveis, média de permanência dos pacientes e percentual de ocupação do HUWC.
Revela que o HUWC manteve a média de 195 leitos ativos durante o período do estudo. A
média (durante o período estudado) anual de internações foi de 544 pacientes (por mês),
registrando o menor valor em dezembro de 2017 com 377 e o maior valor em maio de 2018
com 646 internações.
Ao relacionarmos os dados acima (referentes a Tabela 5) com a portaria
2254/2010 do MS e com as informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE, (2018), inferimos que
o HUWC é um hospital de nível II quanto ao porte e complexidade, levando-se em conta o
72
número de leitos ativos e execução de atividades hospitalares de média a alta complexidade.
Tabela 5 – Capacidade de atendimento do HUWC (período: junho/17 a maio/18)
Mês N° de leitos Internações Pacientes-dia Méd. de perm. (dias) Ocupação (%) jun/17 195 560 4646 10,73 79,42 jul/17 195 548 4654 11,68 76,99 ago/17 195 611 4911 10,11 81,24 set/17 195 534 4500 11,29 76,92 out/17 195 589 5028 09,98 83,18 nov/17 195 480 4446 09,95 76,00 dez/17 195 377 3852 10,00 63,72 jan/18 195 600 4680 10,48 77,42 fev/18 195 497 4045 10,47 74,08 mar/18 195 496 4765 10,20 78,83 abr/18 192 594 4791 10,33 71,67 mai/18 192 646 4923 11,15 80,21 Médias 195 544 4603 10,53 76,64
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018a).
Ainda em relação a Tabela 5, definimos o parâmetro Paciente-dia como o
somatório de dias que cada paciente permaneceu internado no período considerado. Esse
parâmetro apresentou o valor médio de 4603 pacientes-dia. Já a média de permanência (no
período avaliado) anual teve valor médio de 10,53 dias com maior medida igual a 11,68 dias,
em julho de 2017. Valores estes que se mostram superiores aos estabelecidos pela Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANB) (BRASIL, 2013b). A ANS (2013) estabelece que a
média de permanência superior a 7 dias está associada ao aumento do risco de IRAS, este
parâmetro é um indicador clássico de desempenho hospitalar relacionado às boas práticas de
cuidado ao paciente.
Quanto a taxa de ocupação, a média foi de 76,64% (por mês), com percentual
máximo de 83,18% em outubro de 2017 e mínimo de 63, 72% em dezembro do mesmo ano.
Neste quesito o HUWC mostrou conformidade com a média preconizada pela ANS que é de
75% a 85% em eficiência, exceto durante os meses de dezembro de 2017, fevereiro e abril de
2018 que apresentaram taxas de 63,72%, 74,08% e 71,67%, respectivamente e abaixo da
média mínima estabelecida. Apesar desses resultados, o HUWC ainda apresentou, para o
período, eficiência percentual superior se comparado com as informações do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CADASTRO NACIONAL DE
ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE, [2018?]) sobre a taxa de ocupação média dos hospitais
de Porte II que foi de apenas 40% enquanto que para os hospitais públicos, independente do
porte, apresentaram percentuais médios de 51,2% de ocupação. Ressaltamos que taxas de
ocupação acima do preconizado estão relacionadas com aumento de eventos adversos,
infecção hospitalar e diminuição da segurança no ambiente assistencial. Já as taxas abaixo de
73
75% podem indicar baixa utilização e ineficiência na gestão do hospital. Manter-se de acordo
com os parâmetros estabelecidos são metas do HUWC.
Após o detalhamento sobre a capacidade de atendimento do HUWC, investigamos
os dados disponíveis no setor de Microbiologia do Laboratório Central de Análises Clínicas
pertencente ao Complexo Hospitalar HUWC/MEAC da UFC no mesmo intervalo de tempo
(junho de 2017 a maio de 2018). O referido setor identificou 921 espécimes de
microrganismos nas amostras biológicas, dos diversos sítios anatômicos (corrente sanguínea,
trato respiratório, trato urinário, sítio cirúrgico etc.) dos pacientes internados no HUWC
utilizando o equipamento ―VITEK®
2 Compact da Biomérieux”. Foram identificadas 50
(cinquenta) espécies diferentes entre bactérias e fungos leveduriformes. O Gráfico 1 mostra o
número relativo às 18 (dezoito) espécies que apresentaram incidência de 19,7% a 1,0 %
representando 91,1% em relação ao total. As 32 (trinta e duas) espécies restantes
apresentaram taxas de incidência entre 0,7% e 0,1% totalizando apenas 8,9 % dos casos.
Gráfico 1 – Total de microrganismos (por espécie) isolados das amostras biológicas dos
pacientes internados no HUWC durante o período estudado
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
A partir da análise do Gráfico 1 destacamos as espécies Klebsiella pneumoniae e
Escherichia coli, bactérias gram-negativas com 181 e 173 espécimes isolados e taxas de
incidência de 19,7% e 18,8%, respectivamente. Enfatizamos também a presença da bactéria
Staphylococcus aureus, bactéria gram-positiva, comum a microbiota de humanos saudáveis,
que foi isolada 39 vezes, apresentando 4,2% de incidência. Este microrganismo apesar de
estar presente na microbiota da pele e também no trato respiratório de humanos saudáveis sem
020406080
100120140160180200
Nº
de m
icro
rgan
ism
os
Espécies
74
causar infecções, tem sido encontrado em outras regiões do corpo como por exemplo a
corrente sanguínea, causando prejuízos ao paciente.
Os resultados acima corroboram com os achados de Oliveira et al (2016) nos
quais os autores afirmam que dois gêneros da família Enterobacteriaceae: a Escherichia coli e
a Klebsiella pneumoniae e a espécie gram-positiva Staphylococcus aureus são comumente
isolados nos laboratórios de microbiologia clínica, causando infecções nosocomiais,
apresentando elevada taxa de resistência aos antimicrobianos. No período de um ano os
autores identificaram 584 espécimes bacterianos a partir de amostras biológicas de pacientes
internados dos quais 129, 77 e 55 eram das espécies: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae
e Staphylococcus aureus, respectivamente. Fortalecendo o fato de que os perfis
epidemiológicos dos agentes causadores de IRAS podem variar de uma unidade hospitalar
para outra, contudo existem aquelas espécies mais prevalentes.
A elevada taxa de resistência aos antimicrobianos é outro fator preocupante
quanto ao combate as IRAS nos pacientes acometidos. Os antibióticos atualmente sugeridos
pela Anvisa (2017d) para o tratamento de infecções causadas por bactérias gram-negativas e
testados no Laboratório de Microbiologia do HUWC são apresentados no Quadro 8, com
objetivo de facilitar o entendimento quanto aos perfis de resistência antimicrobiana das
espécies de microrganismos mais prevalentes no HUWC (Klebsiella pneumoniae e
Escherichia coli).
Quadro 8 – Antibióticos indicados no tratamento de infecções causadas por microrganismos
gram-negativos e sua classificação
Antimicrobiano Classe
Antimicrobiano Classe 1 Amicacina Aminoglicosídeo 13 Colistina Polimixina 2 Amoxicilina/Ác.clavulânico Penicilina 14 Ertapenem Carbapenêmico 3 Ampicilina Penicilina 15 Gentamicina Aminoglicosídeo 4 Ampicilina/sulbactam Penicilina 16 Imipenem Carbapenêmico 5 Cefalotina Cefalosporina (1ªgeração) 17 Meropenem Carbapenêmico 6 Cefepima Cefalosporina (4ª geração) 18 Nitrofurantoína Nitrofurano 7 Cefoxitina Cefalosporina (2ª geração) 19 Norfloxacina Quinolona (2ª geração) 8 Ceftazidima Cefalosporina (3 ªgeração) 20 Piperacilina/Tazobactam Penicilina 9 Ceftriaxona Cefalosporina (3 ªgeração) 21 Tigeciclina Glicilciclina 10 Cefuroxima Cefalosporina (2ª geração) 22 Trimetoprim/Sulfametoxazol Sulfonamida 11 Cefuroxima Axetil Cefalosporina (2ª geração) 23 Ácido Nalidixico Quinolona ( 1ªgeração) 12 Ciprofloxacina Quinolona (2ª geração)
Fonte: Rang, Dale, Ritter, Flower e Henderson (2016).
Através do Gráfico 2 fazemos a comparação entre a quantidade de espécimes
resistentes e sensíveis de Klebsiella pneumoniae, em relação aos 23 antimicrobianos
(enumerados e classificados no Quadro 8), testados no Laboratório de Microbiologia do
HUWC.
75
Gráfico 2 - Comparação entre os isolados resistentes e
sensíveis de Klebsiella pneumoniae no HUWC
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
A análise do Gráfico 2 mostra que dos 23 antimicrobianos testados em
laboratório, os isolados de Klebsiella pneumoniae apresentaram um quantitativo de
microrganismos resistentes superior ao quantitativo de sensíveis em 16 dos fármacos testados.
Ao associarmos os fármacos numerados no Gráfico 2 com sua respectiva
identificação e classificação no Quadro 8 podemos constatar que a espécie bacteriana em
análise tem se mostrado resistente à antimicrobianos que são considerados modernos, potentes
e de amplo espectro como as Cefalosporinas de 2ª e 4ª geração (antimicrobianos 6 a 11) além
de apresentar um número significativo de isolados resistentes a Imipenem e Meropenem
(antimicrobianos 16 e 17). A partir dessas informações, podemos inferir então que, entre os
espécimes de Klebsiella pneumoniae circulantes no HUWC, podem existir as recém
descobertas ―KPCs‖, que segundo Barberino (2018) são bactérias produtoras de enzimas que
a tornam resistentes aos Carbapenêmicos, importante classe de drogas utilizadas no combate
às IRAS causadas por bactérias multirresistentes da família Enterobacteriaceae.
Prosseguindo, apresentamos no Gráfico 3 a comparação entre a quantidade de
espécimes resistentes e sensíveis de Escherichia coli, em relação aos 23 antimicrobianos
(enumerados e classificados no Quadro 8), testados no Laboratório de Microbiologia do
HUWC.
0
50
100
150
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223
Nº
de m
icor
gani
smos
Antimicrobianos sugeridos
Total de sensíveis
Total de resistentes
76
Gráfico 3 - Comparação entre os Isolados resistentes e sensíveis de
Escherichia coli no HUWC
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
A análise do Gráfico 3 mostra que dos 23 antimicrobianos testados em
laboratório, os isolados de Escherichia coli apresentaram um quantitativo de microrganismos
resistentes superior ao quantitativo de sensíveis em 12 dos fármacos testados.
Ao associarmos os fármacos numerados no Gráfico 3 com sua respectiva
identificação e classificação no Quadro 8 podemos constatar que a espécie bacteriana em
análise tem se mostrado resistente às Penicilinas (antimicrobianos 2 a 4) e Cefalosporinas de
1ª geração (antimicrobiano 5), além de apresentar um significativo número de isolados
resistentes às Cefalosporinas de 2ª a 4ª geração (antimicrobianos 6 a 11) com alguns isolados
resistentes inclusive aos Carbapenêmicos (antimicrobianos 16 e 17). Tal fato revela que os
espécimes de Escherichia coli circulantes no HUWC também merecem atenção visto que,
ainda que em menor número se comparado à Klebsiella pneumoniae, também vem
apresentando mecanismos de resistência aos fármacos ofertados no tratamento. O aumento do
perfil de resistência desses microrganismos ocorre por diversos fatores dentre eles os mais
importantes são: o uso indiscriminado de antibióticos pela população através da
automedicação, dosagem e dias de tratamento inferiores ao que seria recomendado pelos
médicos. Propiciando assim, a seleção de microrganismos resistentes.
Os antibióticos atualmente sugeridos pela Anvisa (2017d) no tratamento de
infecções causadas por bactérias gram-positivas e testados no Laboratório de Microbiologia
do HUWC são apresentados no Quadro 9, também com objetivo de facilitar o entendimento
quanto ao perfil de resistência antimicrobiana, desta vez para a espécie Staphylococcus aureus
circulante no HUWC.
0
50
100
150
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223
Nº
de m
icor
gani
smos
Antimicrobianos sugeridos
Total de sensíveis
Total de resistentes
77
Quadro 9 – Antibióticos indicados no tratamento de infecções causadas por microrganismos
gram-positivos e sua classificação
Antimicrobiano Classe
Antimicrobiano Classe 1 Benzilpenicilina Penicilina 10 Norfloxacina Quinolona 2 Ciprofloxacina Quinolona 11 Oxacilina Penicilina 3 Clindamicina Lincosamina 12 Rifampicina Macrolídeo 4 Daptomicina Lipopeptídeo 13 Teicoplanina Glicopeptídeo 5 Eritromicina Macrolídeo 14 Tetraciclina Tetraciclina 6 Gentamicina Aminoglicosídeo 15 Tigeciclina Glicilciclina 7 Linezolid Oxazolidinona 16 Trimetoprim/Sulfametoxazol Sulfonamidas 8 Moxifloxacina Quinolona (3 ªgeração) 17 Vancomicina Glicopeptídeo 9 Nitrofurantoína Nitrofurano 18 Ácido Fusídico Terpenóide
Fonte: Rang, Dale, Ritter, Flower e Henderson (2016).
A importância de verificarmos também as infecções causadas por microrganismos
gram-positivos se dá pelo fato relatado por Barberino (2018) de que essas infecções
apresentaram aumento nos últimos anos, particularmente aquelas de origem nosocomial
(hospitalar), prioritariamente isoladas em pacientes com infecção de corrente sanguínea, que
podem levar ao uso amplo de antimicrobianos com atividade contra esses patógenos.
No Gráfico 4 vemos a comparação entre a quantidade de espécimes resistentes e
sensíveis de Staphylococcus aureus, em relação aos 18 antimicrobianos (enumerados e
classificados no Quadro 9), testados no Laboratório de Microbiologia do HUWC.
Gráfico 4 - Comparação entre os Isolados resistentes e sensíveis de Staphylococcus aureus
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
Ao associarmos os fármacos numerados no Gráfico 4 com sua respectiva
identificação e classificação no Quadro 9 podemos constatar que a espécie bacteriana em
análise tem se mostrado sensível a quase todos os antimicrobianos sugeridos, mostrando um
total de espécimes resistentes superior ao total de sensíveis apenas em 01 dos antimicrobianos
testados, a saber a Benzilpenicilina. Tal fato revela que os espécimes de Staphylococcus
aureus circulantes no HUWC são considerados sensíveis e de fácil tratamento. Contudo,
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
N° d
e m
icro
gani
smos
Antimicrobianos sugeridos
Total de sensíveis
Total de resistentes
78
destacamos que a vigilância deve ser continuada a fim de evitar prejuízos aos pacientes,
especialmente aos imunossuprimidos, já que essa bactéria é comumente encontrada na
microbiota da pele e trato respiratório de humanos saudáveis.
Reforçamos, a partir da análise dos perfis de resistência dos microrganismos
circulantes no HUWC, que infecções causadas por bactérias resistentes podem exigir
cuidados como: ação de controle mais rápida, isolamento do paciente e uso de
antimicrobianos alternativos mais caros, que podem causar efeitos colaterais graves como
hepatotoxicidade e nefrotoxicidade (efeito danoso ao fígado e rim respectivamente).
A chave para abordar o problema da resistência microbiana e a necessidade de
melhoria nos mecanismos de controle do uso de antimicrobianos se dá por meio de programas
de gerenciamento do uso desses medicamentos. Um deles o ―Antimicrobial Stewardship
Program (ASP) ‖ foi definido no Protocolo da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas
(IDSA) em 2016.
O HUWC implantou o Programa Stewardship em fevereiro de 2017 com
objetivos de racionalizar o uso de antibióticos no hospital. A equipe responsável acredita
obter com a implantação do programa: melhorias nos resultados clínicos, microbiológicos,
farmacoterapêuticos e econômicos; além de minimizar a toxicidade, as reações adversas e a
resistência a antibióticos nos pacientes e facilitar a interdisciplinaridade entre as áreas
envolvidas. Na prática as atividades desenvolvidas exigem: o preenchimento do formulário de
restrição/pré-autorização para dispensação de antimicrobianos, terapia antimicrobiana guiada
por cultura/antibiograma; diretriz e gestão do tempo de tratamento; entre outros mecanismos
de racionalização. Acreditamos que essa pode ser uma ferramenta de grande contribuição
quanto a redução do uso indiscriminado de antimicrobianos.
Após o reconhecimento das espécies bacterianas causadoras de infecções mais
comuns no HUWC e análise simplificada dos perfis de resistência aos antimicrobianos
sugeridos, prosseguimos a pesquisa investigando a distribuição das IRAS em todas as
unidades (Clínicas) de internação do hospital, desde a UTI clínica até a unidade Pediátrica.
As IRAS foram contabilizadas a partir dos dados contidos nas fichas de vigilância
ativa (Anexo A) e nas planilhas de notificação de IRAS disponibilizadas pela CCIH do
HUWC relativos ao período de junho de 2017 a maio de 2018.
A Tabela 6 sintetiza informações sobre a distribuição das IRAS. Ao todo o
HUWC apresentou 358 notificações de IRAS no período estudado. Podemos perceber que
esse número é bem inferior se comparado aos 921 espécimes de microrganismos isolados pelo
setor de microbiologia do hospital (total de microrganismos especificados no Gráfico 1), nas
79
amostras biológicas dos pacientes internados, no mesmo intervalo de tempo. Essa diferença
pode ser explicada pelo fato do mesmo paciente, em um mesmo episódio infeccioso, ter
amostras coletadas repetidas vezes a fim de se verificar a eficiência dos antimicrobianos
utilizados para sanar a IRA notificada ou mesmo a capacidade do seu sistema imune em
debelar a infecção. Em alguns casos as amostras são coletadas e testadas até não apresentarem
mais nenhum crescimento microbiano indicativo de infecção.
Tabela 6 – Distribuição das IRAS por unidade hospitalar no HUWC no período de junho de
2017 a maio de 2018
Unidade Hospitalar Número de Leitos
Ativos Total de
IRAS/Unidade Percentual
(%) Clínica Hemato/ Reumatológica (Clínica I)
18 49 14
UTI Clínica 08 43 12
Clínica Cirúrgica II (Cli. Cir II) 24 43 12
Clínica Médica IIB (IIB) 37 37 10
Transplante Renal (TX-Renal) 10 36 10
Clínica Médica IIA (IA) 32 34 09
Clínica Cirúrgica I (Cli. Cir I) 24 33 09
Transplante Hepático (TX-Hepático) 10 30 08
Transplante de Medula Óssea (TMO) 04 29 08
UTI Cirúrgica (Sala de Recuperação) 08 21 06
Pediatria (Clí IV) 20 03 01 Total geral 195 358 100
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
Percebemos a ocorrência de IRAS em todas as unidades do HUWC durante os
meses estudados, contudo destacamos a Clínica I que apresentou o maior número de IRAS
com 14% do total de notificações, seguidos da UTI clínica que mesmo possuindo apenas 08
leitos ativos ficou com 12% do total de notificações, enquanto que a Pediatria apresentou um
percentual de IRAS de apenas 1% em relação ao total notificado. As peculiaridades de cada
uma das unidades hospitalares destacadas serão analisadas durante a segunda etapa do desse
estudo na tentativa de se compreender as possíveis causas dessa distribuição.
Através das informações das fichas de vigilância ativa e planilhas de notificação
de IRAS disponibilizadas pela CCIH do HUWC, também elencamos outro dado de suma
importância: a distribuição das IRAS quanto ao local de infecção (região do corpo ou sistema
acometido). Essas informações podem contribuir para correlacionarmos as IRAS com os
procedimentos invasivos de rotina necessários ao tratamento dos doentes, gravidade das
doenças que acometem os pacientes ou mesmo inferir sobre possíveis problemas que podem
vir a reduzir a qualidade da assistência prestada.
A Tabela 7 mostra a distribuição das IRAS de acordo com o local (região do
80
corpo ou sistema acometido) de infecção.
Tabela 7 – Distribuição das IRAS por sítios anatômicos no HUWC
Local de Infecção Total Percentual (%)
ICS (Infecção de corrente sanguínea) 114 32
PNM (Pneumonia) 76 21
ITU (Infecção do trato urinário) 61 17
OUTRAS (líquidos de cavidade etc.) 60 17
ISC (Infecção do sítio cirúrgico) 30 08
SEPSE (Infecção generalizada) 17 05
Total geral 358 100 Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
As ICS ocorreram em 32 % dos casos notificados, seguidos de PNM com 21%.
As ITU e OUTRAS representaram 17%, enquanto ISC e SEPSE registraram 8% e 5% das
notificações, respectivamente. Discorreremos durante a segunda etapa desse estudo sobre as
particularidades de cada um dos locais de infecção apontados mais comumente nas
notificações das unidades em destaque: Clínica I e UTI Clínica (por apresentarem os maiores
números de casos) e Pediatria (por apresentar o menor número de casos de IRAS), visto que
fatores como complexidade das patologias, tempo de internação e necessidade de
procedimentos invasivos podem estar relacionados a aquisição dessas IRAS, reforçando a
necessidade de uma discussão mais detalhada.
Finalizamos a primeira etapa da análise de dados com as informações da Tabela 8.
As taxas apresentadas abaixo, juntamente com os dados relativos ao percentual de ocupação
hospitalar (expostos anteriormente) são indicadores, ou seja, ferramentas que nos permitem
obter informações sobre determinada realidade.
81
Tabela 8 – Taxa de infecção e densidade de IRAS no HUWC durante o período analisado
(jun/17 a mai/18)
Mês Total de
IRAS/Mês Taxa Global
de Infecção (%) Densidade de IRAS
(IH/1000 pacientes-dia) Taxa de Mortalidade
Institucional (%)
jun/17 23 3,0 5,00 3,44
jul/17 27 4,2 5,00 4,69
ago/17 41 5,3 8,10 3,56
set/17 24 3,8 5,00 3,85
out/17 35 5,4 7,00 4,55
nov/17 25 3,6 5,00 3,02
dez/17 28 5,0 7,00 3,12
jan/18 20 3,1 4,00 3,21
fev/18 34 5,9 8,16 4,45
mar/18 31 5,1 6,51 4,26
abr/18 27 4,7 5,64 2,06
mai/18 43 6,4 8,55 2,79
Média 30 5,4 6,24 3,60 Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018h).
A Taxa Global de Infecção (%) é o percentual de episódios de infecção hospitalar
por mês. A Densidade de IRAS (IH/1000 pacientes-dia) é a razão entre o número de casos de
IH e 1000 pacientes - dia. Ambas têm relevância na detecção de surtos e sinalizam a
necessidade de treinamento dos profissionais de saúde, podem subsidiar processos de
planejamento, gestão e avaliação da vigilância epidemiológica da infecção hospitalar, em
Unidades clínicas específicas e no hospital como um todo.
A meta do HUWC em relação a Taxa Global de Infecção (%) é menor ou igual a
7%, meta que foi cumprida durante todo o período analisado (Tabela 8). Em relação a
Densidade de IRAS (IH/1000 pacientes-dia) a meta é menor ou igual a 8 (IH/1000 pacientes-
dia) de acordo com os preceitos do MS e com o contrato firmado com a Secretaria Municipal
de Saúde - SMS. Analisando a Tabela 8 verificamos que a meta da Densidade de IRAS não
foi atingida nos meses de agosto/17, fevereiro e maio/18.
Se compararmos os resultados do HUWC com os dados divulgados pelo
Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) percebemos que o hospital em
estudo, apesar de ter cumprido a meta preconizada pela ANVISA, apresentou Taxas Globais
de Infecção superiores aos 18 hospitais gerais, com mais de 50 leitos, públicos e privados
avaliados pelo Programa. O CQH (2018) apresentou Taxa Global de Infecção (%) média de
1,96%, com uma variação de 0,35% a 4,41%. Já em relação a Densidade de IRAS, o HUWC
apresentou valores semelhantes e por vezes inferiores já que a variação apresentada pelo CQH
(2018) para a Densidade de IRAS foi de 4,74 a 10,73 (IH/1000 pacientes-dia) em relação ao
82
mesmo conjunto de dados. Estas variáveis estimam o risco de os pacientes atendidos virem a
contrair uma infecção hospitalar, refletindo a qualidade do cuidado prestado ao paciente.
A Taxa de Mortalidade Institucional (%) é definida como a relação percentual
entre o número de óbitos após pelo menos 24 horas da admissão hospitalar do paciente, em
um mês, e o número de pacientes que tiveram saída do hospital (por alta, evasão, desistência
do tratamento, transferência externa ou óbito). A meta do HUWC é manter a Taxa de
Mortalidade Institucional inferior a 5%. Seguindo com a análise da Tabela 8 percebemos o
cumprimento da meta durante todo o período analisado. Ressaltamos que os resultados do
HUWC para a Taxa de Mortalidade Institucional, apesar de se apresentarem relativamente
superiores, corroboram com aqueles mais recentemente apresentados pelo programa CQH
(2012), referentes ao quarto trimestre de 2012, onde a Taxa de Mortalidade Institucional
média foi de 2,78%, com uma variação de 0,48% a 6,49%. Esta variedade provavelmente é
decorrente de diferenças na especialização de atendimento, porte e nível de complexidade das
instituições notificadas. Vale lembrar que em relação a mortalidade é desejável atingir valores
mais baixos possíveis, contudo, altas Taxas de Mortalidade Institucional não refletem
necessariamente problemas na qualidade da assistência hospitalar prestada ao paciente, tendo
em vista que diferenças podem ser atribuídas ao conjunto de serviços disponibilizados e aos
distintos perfis de complexidade clínica dos pacientes admitidos. Os pacientes também podem
vir à óbito em decorrência da gravidade das doenças, logo os índices de mortalidade nem
sempre estão relacionados com as taxas de IRAS.
Além da obrigatoriedade de seguir as metas preconizadas pelo MS e ANVISA, o
HUWC no ano de 2016 firmou contrato com a SMS (FORTALEZA, 2016), com objetivos de
promover a qualificação da assistência e da gestão hospitalar, ampliar o financiamento e
induzir a expansão do acesso a ações e serviços de saúde na atenção hospitalar. O Hospital
possui responsabilidades nos seguintes eixos: assistência, gestão, ensino e pesquisa e
avaliação. Recebe mensalmente recursos financeiros do Fundo Nacional de Saúde de acordo
com as condições estabelecidas no contrato. A execução do contrato é monitorada e avaliada
pela Comissão de Acompanhamento da Contratualização (CAC) mediante análise de
documentos, de dados produzidos pelo Hospital e registrados nos sistemas nacionais de
informação e de supervisão in loco. A CAC é formada por representantes do HUWC e da
Secretaria de Saúde de Fortaleza. Para o cumprimento do contrato e o recebimento dos
recursos financeiros, é necessário que as unidades do Hospital cumpram metas quantitativas e
qualitativas. O não cumprimento das metas implica no recebimento inferior a 100% da
remuneração prevista em contrato, o que pode trazer prejuízos para a manutenção de seus
83
serviços.
O HUWC no período estudado apresentou, na análise global, indicadores com
taxas satisfatórias, exceto para a Densidade de IRAS em três dos doze meses investigados a
saber, agosto/17, fevereiro e maio/18. Esse achado revela a necessidade do constante
monitoramento da tendência de incidência de infecção e avaliação da qualidade do cuidado
prestado ao paciente de maneira mais detalhada. Na busca por melhoria constante nas
unidades de saúde, especialmente aquelas tidas como Unidades de referência.
Assim seguimos com a segunda etapa da análise de dados, investigando como a
CCIH tem atuado no HUWC e as peculiaridades das unidades produtoras dos maiores e
menores números de notificações de IRAS.
4. 2 Observação estruturada das ações de assistência
A observação estruturada das ações de assistência configura a segunda etapa da
análise de dados. A coleta de dados desta etapa ocorreu entre os dias 08 e 31 de janeiro de
2019 estes foram analisados e discutidos em paralelo com o conjunto de informações
específicas para cada Unidade Clínica selecionada (Clínica I, UTI Clínica e Pediatria) a partir
dos dados retrospectivos, do período de junho de 2017 a maio de 2018, da primeira etapa.
Reforçamos que várias foram as dificuldades encontradas pela pesquisadora
(Técnica de Laboratório no Setor de Microbiologia do Laboratório Central do HUWC e
Bióloga) para acompanhar detalhadamente tais ações visto que: os protocolos das ações de
cuidado ao paciente são inúmeros, a análise detalhada dessas ações de assistência demanda
tempo, expertise no assunto e disponibilidade em estar na Unidade Clínica no momento em
que essas ações ocorrem. Além disso, a pesquisadora não solicitou em seu projeto de pesquisa
o contato direto com os pacientes. E por razões éticas, limitou sua investigação ao
delineamento aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUWC.
Desta forma, inicialmente observamos como atua a CCIH do HUWC. A equipe
conta com quatro médicos infectologistas, três enfermeiras, um farmacêutico, uma técnica de
enfermagem e uma secretária. Estes profissionais têm vínculos variados (servidores da UFC,
colaboradores da EBSERH e empregados terceirizados) com a instituição. A comissão tem
uma rotina bastante dinâmica quanto a assessoria, planejamento e normatização das ações de
controle das IRAS. Tem comunicação direta com todas as unidades clínicas do HUWC, além
de outros setores como Laboratório de Análises e Setor de Radiologia. Faz a busca ativa das
IRAS, notifica, informa à Unidade Clínica na qual se encontra o paciente acometido, além de
84
discutir com outros profissionais a conduta a ser tomada (através de reuniões semanais),
estando sempre disponível a qualquer solicitação das equipes assistenciais.
Concomitante a isso fomenta ações de prevenção e controle, visitando
semanalmente todas as unidades clínicas do hospital. Além de realizar reuniões mensais com
profissionais gestores, consultores e executores dos diversos setores do HUWC, na ocasião
são apresentados os indicadores das IRAS para aquele mês e discutidos assuntos diversos
como a conduta medicamentosa, alterações nos fluxos de procedimentos e outras
deliberações. Todas as ações seguem as diretrizes do MS, ANVISA e SMS com objetivos de
manter assistência segura aos pacientes.
Enfatizamos que segundo a UFC (2016), o HUWC possui o seu próprio Plano de
Segurança do Paciente (PSP) que é compreendido como ferramenta essencial à adoção de
uma política de segurança do paciente, focada na redução, a um mínimo aceitável, do risco de
dano desnecessário, associado à atenção à saúde. Um dos objetivos do PSP é a prevenção e
controle de eventos adversos em serviços de saúde, incluindo as IRAS. Uma das estratégias
consiste no monitoramento e implementação dos protocolos básicos de segurança do paciente
estabelecidos pela ANVISA e MS assim como dos resultados obtidos.
A análise desta segunda etapa ocorreu durante as visitas de rotina realizada pelas
equipes da CCIH nas clínicas de interesse. As visitas semanais da Comissão têm como
objetivo discutir com a equipe de assistência (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
farmacêuticos, acadêmicos de medicina etc.) a situação individual dos pacientes em relação
ao quadro clínico e sugerir diretrizes para a continuidade do tratamento, como ajuste das
drogas em uso, antibioticoterapia, manutenção ou remoção de dispositivos invasivos, presença
ou ausência de IRAS, necessidade de isolamento de contato, necessidade de exames
laboratoriais e exames de imagem que auxiliem no diagnóstico dos doenças. Ressaltamos que
os profissionais da CCIH se encontram disponíveis diariamente para discussão de casos
emergenciais e dialogam constantemente com as equipes de assistência.
Os dados quantitativos expostos durante esta segunda etapa são frutos da primeira
etapa, enquanto nela fizemos a análise global do diagnóstico da IRAS no HUWC, aqui iremos
confrontar as informações individualizadas a respeito de cada clinica selecionada a saber:
Clínica I, UTI Clínica e Pediatria (Unidades que apresentaram os maiores e menores números
de IRAS), com a análise da observação estruturada. Ressaltamos que esta pesquisadora
(Técnica de Laboratório na área de Microbiologia e conhecedora da importância do controle
de IRAS) apenas observou e tomou nota dos dados considerados pertinentes na planilha
elaborada para tal finalidade (Apêndice B), sem interferir diretamente ou expor opinião acerca
85
de qualquer atividade exercida pelos profissionais.
Os campos elaborados na referida planilha foram preenchidos de acordo com a
percepção desta pesquisadora quanto as taxas de ocupação, média de permanência dos
pacientes, causa das internações e gravidades das doenças em cada uma das três clínicas
investigadas. Além disso espaços foram criados para o relato de quais eram os procedimentos
invasivos mais utilizados pelos pacientes como por exemplo: Cateter Venoso Central (CVC),
Sonda Vesical de Demora (SVD) e Ventilação Mecânica (VM), siglas comumente utilizadas e
reconhecidas pelos profissionais de saúde. Ademais, outro campo foi construído para
anotações quanto a descrição da rotina dos pacientes e observações relacionadas aos
procedimentos invasivos com objetivos de facilitar a coleta do maior número de informações
possíveis, durante a discussão feita pela equipe multidisciplinar (médicos, farmacêuticos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem etc.) guiada pelas equipes da CCIH.
ACOMPANHAMENTO DA VISITA DA CCIH À CLÍNICA I
A primeira unidade visitada foi a Clínica I, esta recebe especificamente pacientes
previamente diagnosticados com doenças hematológicas (como leucemias, anemias aplasicas
e linfomas) e reumatológicas (como lúpus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide).
Doenças geralmente crônicas ou agudas de alta gravidade. A Clínica I conta atualmente com
18 leitos ativos e durante o período estudado na primeira etapa (junho de 2017 a maio de
2018) foi a Unidade Hospitalar do HUWC que apresentou o maior número de notificações de
IRAS.
Ao visitarmos a referida Unidade percebemos que os pacientes têm uma
característica comum: a imunossupressão, inerente ao tratamento quimioterápico ou uso de
corticoides e imunossupressores, tornando-os ainda mais susceptíveis a contrair infecções.
Observamos que a maioria das enfermarias se encontravam totalmente ocupadas
no momento da visita nos levando a inferir sobre uma alta taxa de ocupação. Quanto aos
procedimentos invasivos, esta pesquisadora constatou que muitos pacientes fazem uso do
dispositivo chamado ―Bomba de infusão‖ que é utilizado para infundir medicamentos ou
nutrientes em volumes e dosagens controladas pelas vias venosa, arterial ou esofágica, através
de cateteres centrais (dispositivo invasivo mais comum na Clínica I que pode ser uma das
fontes de para a aquisição de IRAS). As enfermarias são divididas em masculinas e femininas
e existem aquelas destinadas à pacientes em isolamento, que pode ocorrer em duas
circunstancias distintas: no isolamento reverso quando o sistema imune do paciente está
86
extremamente debilitado e este precisa de medidas de prevenção adicionais e no isolamento
de contato quando o paciente já apresenta colonização ou infecção causada por bactérias
multirresistentes de modo a tentar evitar a disseminação desses microrganismos. Um dos
problemas identificados foi o fato dos pacientes isolados compartilharem o mesmo banheiro
(interno as enfermarias), o mesmo ocorre com os pacientes internados nas enfermarias
comuns, pacientes do sexo masculino fazem uso de um banheiro coletivo e as pacientes do
sexo feminino fazem uso do outro.
A discussão guiada pela CCIH juntamente com a equipe multidisciplinar na
referida Clínica tratou sobre antibioticoterapia profilática, manutenção ou retirada de cateteres
de acordo com o tempo de inserção e a necessidade de cada paciente, ajuste de
antimicrobianos de acordo com a resposta aos tratamentos já iniciados, além dos cuidados
adicionais aos pacientes com mucosites e GVHD (graft-versus-host disease) que em
português significa Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro e trata-se de uma síndrome
sistêmica que acomete pacientes submetidos a transplante de medula óssea.
As informações descritas até aqui reforçam os dados encontrados durante o
período de investigação da primeira etapa (junho de 2017 a maio de 2018). Na Tabela 9
podemos observar como se comportou a distribuição das IRAS na Clínica I por sítios
anatômicos.
Tabela 9 – Distribuição de IRAS na Clínica I por sítios anatômicos analisados no HUWC
Local de Infecção Total
ICS (Infecção de corrente sanguínea) 31
PNM (Pneumonia) 01
ITU (Infecção do trato urinário) 03
OUTRAS (materiais biológicos diversos) 11
ISC (Infecção do sítio cirúrgico) 02
SEPSE (Infecção generalizada) 01
Total geral 49 Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceara (2018a).
Já o Gráfico 5 mostra a distribuição de IRAS na Clínica I por sítios de infecção,
relativo ao mesmo conjunto de dados da Tabela 9, em números percentuais para melhor
visualização desta distribuição.
87
Gráfico 5 - Distribuição de IRAS na Clínica I por sítios de infecção no HUWC
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceara (2018a).
Percebemos um destaque em termos de maiores percentuais para as ICS (quadro
de sepse), seguido da IRA denominada como ―OUTRAS‖, como este termo foi estabelecido
para materiais diversos desde líquidos de cavidade, fragmentos de tecido, próteses etc., nos
deteremos a discutir as ICS que estiveram presentes em 63% das IRAS notificadas nesta
clínica.
Identificar as ICS como as principais causas de IRAS na Clínica I mostrou-se
coerente com a especialidade das doenças tratadas nessa Unidade, a vulnerabilidade dos
pacientes em contrair essas infecções e também com o tipo de procedimento invasivo mais
utilizado pelos pacientes. Entretanto, apesar da ICS ser a IRAS com maior número de casos
na Clínica I não observamos na análise das fichas de vigilância ativa e planilhas de
notificação de IRAS disponibilizadas pela CCIH do HUWC uma associação entre ICS e
infecções de Cateter Venoso Central (CVC).
Constatamos que os profissionais do HUWC, especificamente na Clínica I, têm se
amparado no conceito de Infecção Primaria de Corrente Sanguínea (IPCS) laboratorialmente
confirmada associada a dano de barreira mucosa estabelecido pela Anvisa (2016) para
diagnosticar as ICS de seus pacientes. Isso porque a ocorrência de ICS nesses pacientes pode
estar associada a mucosite ocasionada por alguns tipos de quimioterapia ou à ocorrência de
Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro torna o paciente suscetível a ICS por translocação
bacteriana.
Para inferirmos sobre ICS associadas ao CVC faz-se necessário checar os exames
de hemocultura, sinais sistêmicos de infecção, presença ou ausência de foco primário,
presença ou ausência de cateter vascular e possibilidade de remoção do mesmo se houver
sinais locais de infecção no cateter.
63%
2%
6% 2%
4%
23% ICS
PNM
ITU
SEPSE
ISC
OUTRAS
88
Durante o exercício de sua função, esta pesquisadora afirma que muitas vezes as
culturas de ponta de cateter enviadas para o Setor de Microbiologia do HUWC para fins de
análise microbiológica, chegam ao setor sem as respectivas hemoculturas pareadas (amostras
de sangue periférico coletados no mesmo dia e horário da retirada do cateter), assim o
resultado obtido para a amostra denominada ponta de cateter não representa valor preditivo
para as ICS associadas ao CVC.
Por não se tratar de uma Unidade de Terapia Intensiva, o desfecho acima não
precisa, obrigatoriamente, ser incluído nas taxas de IPCS laboratorialmente confirmadas.
Contudo, recomendamos que esta vigilância seja realizada separadamente, para avaliação
interna da fração das IPCS que poderia ser realmente prevenida com medidas destinadas à
promoção de boas práticas nos cuidados com os dispositivos vasculares como o CVC.
Destacamos que o PNPCIRAS em ANVISA (2016a), orienta que os hospitais
notifiquem ao MS apenas as IPCS associadas ao CVC de unidades fechadas como UTI
Clínica, UTI Cirúrgica e UTI Neonatal, o mesmo ocorre para outras IRAS como Pneumonias
associadas à Ventilação Mecânica (PAV). Contudo a vigilância mais criteriosa e notificação
interna de IPCS associada ao CVC na Clínica I pode se tornar um diferencial com objetivos
de elevar ainda mais a qualidade da assistência prestada a esses pacientes tão vulneráveis à
aquisição de IRAS.
ACOMPANHAMENTO DA VISITA DA CCIH À UTI CLÍNICA
A segunda unidade visitada foi a UTI Clínica, esta recebe pacientes que
necessitam de cuidados intensivos ocasionados por patologias diversas sendo considerada
uma unidade com perfil clínico geral de pacientes (não especializado). Os pacientes
admitidos na UTI Clínica podem vir das outras unidades do próprio HUWC, MEAC ou
mesmo de outros hospitais de Fortaleza ou do Estado do Ceará. Possui apenas 08 leitos ativos
e ainda assim foi a unidade apresentou o segundo maior número de notificações de IRAS
durante o período estudado na primeira etapa (junho de 2017 a maio de 2018).
Ao visitarmos a referida unidade percebemos que os pacientes têm características
em comum (além da gravidade do quadro clínico): a internação prévia em outra Unidade
Clínica, Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) ou mesmo outro hospital antes da
necessidade de cuidados intensivos, ou seja já se encontram vulneráveis à aquisição de IRAS,
possuem alguma infecção ou foram tratados previamente. Todos os pacientes internados na
UTI Clínica fazem uso de um ou mais dispositivos invasivos como: cateteres centrais,
89
ventilação mecânica, traqueostomos, sondas (nasográstrica, nasoenteral) e cateterismo vesical.
A referida unidade conta com apenas oito leitos e durante a visita foi constatado
que apenas um deles estava desocupado, já aguardando um novo paciente. Existe uma
pequena acomodação destinada ao isolamento de contato, esta comporta apenas um paciente e
mesmo assim essa estrutura não possui filtros de ar, impossibilitando a internação de
pacientes com infecções que podem ser transmitidas por vias aéreas. A necessidade de
isolamento ocorre rotineiramente em UTI’s seja porque os pacientes apresentam colonização
por microrganismos multirresistentes ou mesmo alguma IRAS. Notamos durante a visita que
essa identificação é feita por meio de placas que sinalizam a necessidade de isolamento e
aplicação de protocolos específicos durante as ações de cuidados a esses pacientes, como
exemplo podemos citar a divisão de tarefas entre os profissionais de enfermagem de modo
que os enfermeiros e técnicos que atendem um paciente em isolamento não prestem serviço a
outro paciente durante o plantão ou turno de trabalho, o que muitas vezes demanda aumento
das equipes.
Apesar das limitações verificadas, a UTI Clínica do HUWC de acordo com UFC
(2018) tem ido de encontro a essas dificuldades, e atualmente trabalha com uma equipe
considerada de alta performance no controle das IRAS. A UTI Clínica ingressou em 2018 no
programa chamado ―120 Contra a Infecção‖ do MS, que tem como objetivo central reduzir
em 30%, até 2019, e em 50%, até 2020, as seguintes infecções: trato urinário associada ao uso
de cateter vesical de demora (ITU/CVD), primária de corrente sanguínea associada ao cateter
venoso central (IPCS/CVC) e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). Para o
alcance dessas metas a equipe vem reforçando as estratégias de prevenção e controle das
IRAS.
A discussão guiada pela CCIH juntamente com a equipe multidisciplinar na UTI
Clínica tratou sobre antibioticoterapia profilática, manutenção ou retirada de dispositivos
invasivos especialmente a Ventilação Mecânica (VM), ajuste de antimicrobianos, além dos
cuidados adicionais com pacientes em isolamento de contato por apresentarem colonização
por microrganismos multirresistentes identificados através das culturas dos swabs de
vigilância realizas semanalmente e sobre procedimentos a serem realizados em pacientes
portadores de úlceras por pressão. Além disso foi discutida a conduta em relação a um
paciente com quadro de morte encefálica confirmada, onde a orientação é aguardar e respeitar
a decisão dos familiares em relação à doação dos órgãos.
As características dos pacientes internados na UTI Clínica do HUWC descritas até
aqui reforçam os dados encontrados durante o período de investigação da primeira etapa
90
(junho de 2017 a maio de 2018). Na Tabela 10 podemos observar como se comportou a
distribuição das IRAS na UTI Clínica por local de infecção.
Tabela 10 - Distribuição de IRAS na UTI Clínica por sítios de infecção no HUWC
Local de Infecção Total
ICS (Infecção de corrente sanguínea) 11
PNM (Pneumonia) 15
ITU (Infecção do trato urinário) 05
OUTRAS (materiais biológicos diversos) 10
SEPSE (Infecção generalizada) 02
Total geral 43 Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceara (2018a).
Já o Gráfico 6 mostra a distribuição de IRAS na UTI Clínica por local de infecção
relativo ao mesmo conjunto de dados da Tabela 10, em números percentuais para melhor
visualização dessa distribuição.
Gráfico 6 - Distribuição de IRAS na UTI Clínica por sítios de infecção no HUWC
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceara (2018a).
Percebemos um destaque para as PNM e ICS, seguido da IRA denominada como
―OUTRAS‖, como este termo foi estabelecido para materiais diversos desde líquidos de
cavidade, fragmentos de tecido, próteses etc., nos deteremos a discutir as PNM e ICS que
estiveram presentes em 35% e 25% das IRAS notificadas nesta clínica, respectivamente.
Na UTI Clínica as PNM e ICS são geralmente associadas a Ventilação Mecânica
(VM) e ao Cateter Venoso Central (CVC), respectivamente. Estas IRAS são de difícil
controle especialmente em pacientes internados por longos períodos e que necessitam desses
procedimentos invasivos para a manutenção de suas vidas.
Enfatizamos que em Unidades fechadas como a UTI Clínica, a notificação de
Pneumonia Associada a Ventilação (PAV) e Infecções Primárias de Corrente Sanguínea
25%
35%
12%
5%
23% ICS
PNM
ITU
SEPSE
OUTRAS
91
Associadas ao Cateter Venoso Central (IPCS/CVC) ao PNPCIRAS é obrigatório de acordo
com Anvisa (2016a), e o HUWC vem cumprindo corretamente essa determinação.
Na Tabela 11 podemos observar como se comportou a UTI clínica em relação a
densidade de PAV e IPCS/CVC durante o período referente à primeira etapa da pesquisa
(junho de 2017 a maio de 2018).
Tabela 11 - Densidades de PAV e IPCS/CVC na UTI Clínica do
HUWC no período de jun/17 a mai/18
Mês PAV/1000 Ventilações-dia ICS/1000CVC-dia jun/ 17 07,30 00,00 jul/17 05,00 00,00 ago/17 12,30 05,20 set/17 14,80 04,20 out/17 10,60 04,80 nov/17 05,40 05,10 dez/17 00,00 00,00 jan/18 04,50 04,00 fev/18 22,22 11,80 mar/18 00,00 05,90 abr/18 07,60 04,60 mai/18 00,00 08,40
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceara (2018a).
Analisando a Tabela 11 vemos que a PAV apresentou densidade igual a zero em
três dos doze meses analisados (dezembro/17, março e maio/18), mas também apontou
densidade de PAV igual a 22,22 (PAV/1000 Ventilações-dia) em fevereiro de 2018. Já as
IPCS/CVC tiveram densidades variando de zero em três dos doze meses estudados (junho,
julho e dezembro/17) a 11,8 ICS/1000CVC-dia igualmente em fevereiro de 2018.
A meta de densidade PAV (PAV/1000 Ventilações-dia) e IPCS (ICS/1000CVC-
dia) em pacientes de UTI segundo Ebserh (2015) deve ser < 8 para os dois indicadores.
Através dos resultados acima percebemos a necessidade da vigilância constante especialmente
em unidades que tratam pacientes graves, com patologias complexas, por um longo período
de tempo como as unidades de terapia intensiva.
As altas taxas de densidade das infecções notificadas pontualmente não
necessariamente significam má qualidade da assistência sobretudo em UTI’s, mas reforçam a
necessidade de investigações adicionais e implantação de pacotes (bundles) de medidas de
alto impacto na prevenção das infecções como já vêm ocorrendo na UTI Clínica do HUWC
apesar das limitações estruturais encontradas.
92
ACOMPANHAMENTO DA VISITA DA CCIH À PEDIATRIA
A terceira unidade visitada foi a Pediatria, esta recebe crianças acometidas por
patologias diversas. Os pacientes admitidos na Pediatria são encaminhados por outros
hospitais de Fortaleza ou do interior do Estado do Ceará e Região Metropolitana. A unidade
conta com 20 leitos ativos e apresentou o menor número de notificações de IRAS durante o
período analisado na primeira etapa (junho de 2017 a maio de 2018).
A visita da CCIH na referida clínica discutiu dois casos importantes de pacientes
que ainda não tinham o diagnóstico esclarecido requerendo uma investigação mais detalhada
que norteie seus tratamentos, contudo as crianças se apresentam estáveis sem necessidade de
muitos procedimentos invasivos até o momento do encontro. Ademais as crianças internadas
na Unidade Pediátrica do HUWC apresentam patologias como doenças metabólicas, do
sistema endócrino como diabetes descompensada, ou viroses comuns na infância, podendo
ainda ter passado por procedimentos cirúrgicos como remoção de amigdalas ou adenoides.
Essas enfermidades requerem cuidados rápidos e intensivos sem, contudo, implicar em longos
períodos de internação ou agravamento das doenças. Ressaltamos ainda que o HUWC não
dispõe de UTI pediátrica, o que impossibilita o hospital de manter crianças com patologias
consideradas mais graves.
A Tabela 12 mostra a distribuição das IRAS na Pediatria por local de infecção
de acordo com o período referente a primeira etapa da análise de dados (junho de 2017 a
maio de 2018).
Tabela 12 - Distribuição de IRAS na Pediatria do HUWC por sítios
de infecção no período de jun/17 a mai/18
Local de Infecção Total
ICS (Infecção de corrente sanguínea) 01
PNM (Pneumonia) 01
ITU (Infecção do trato urinário) 01
OUTRAS (líquidos de cavidade) 00
ISC (Infecção do sítio cirúrgico) 00
SEPSE (Infecção generalizada) 00
Total geral 03 Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceara (2018a).
Analisando a Tabela 12 podemos observar que no período de um ano de pesquisas
(primeira etapa) a Pediatria só notificou três casos de IRAS: uma ICS, uma PNM e uma ITU.
Em conversa com a CCIH foi esclarecido que infecções notificadas em outras unidades de
saúde, ou seja, aquelas que já chegaram com os pacientes, não são contabilizadas como novos
93
casos de IRAS para o hospital em estudo, estas IRAS são apenas tratadas adequadamente. Os
pacientes oriundos de outros hospitais ficam, inclusive, em isolamento empírico para
investigação prévia de infecções através de análise microbiológica de materiais biológicos
diversos como: swabs de vigilância (material fecal), hemoculturas, urinocultura, cultura de
aspirado traqueal ou lavado bronco alveolar etc.).
Com base nos resultados encontrados e na análise das peculiaridades de cada uma
das três unidades clínicas destacadas, nos deteremos agora à investigação comparativa de
alguns indicadores importantes que podem continuar auxiliando no entendimento da
distribuição de IRAS encontradas nas unidades analisadas no período de junho de 2017 a
maio de 2018. Estes dados também serão confrontados com outras observações realizadas
durante as visitas referentes à segunda etapa desse estudo (08 a 31de janeiro de 2019). A
Tabela 13 traz dados relativos à número de internações, taxas de ocupação, média de
permanência e taxas de mortalidade dessas unidades no período do estudo.
Ao analisarmos a Tabela 13 percebemos quanto ao parâmetro Internações que a
UTI Clínica chegou a internar no máximo 10 pacientes mensalmente, enquanto a Clínica I
internou até 37 pacientes por mês e a Pediatria alcançou o número de 67 crianças internadas
em um único mês. Sendo a capacidade máxima de cada clínica igual a 08, 18 e 20 leitos,
respectivamente.
Tabela 13 – Dados comparativos sobre internações, taxa de ocupação, média de permanência
e taxas de mortalidade na Clínica I, UTI Clínica e Pediatria do HUWC no período de jun/17 a
mai/18
Nº de Internações Taxa de ocupação (%) Média de permanêcia Mortalidade (%) Mês Clí I UTI Clí Ped Clí I UTI Clí Ped Clí I UTI Clí Ped Clí I UTI Clí Ped
jun/17 34,0 10,0 66,0 91,7 96,4 60,8 8,7 8,0 5,7 0,0 37,9 0,0 jul/17 26,0 5,0 54,0 83,9 94,4 56,6 10,2 13,8 6,4 4,4 35,3 0,0 ago/17 32,0 3,0 64,0 88,2 98,4 65,3 11,2 10,6 6,0 0,0 43,5 0,0 set/17 32,0 5,0 67,0 84,1 97,1 57,2 13,0 13,7 5,0 0,0 41,2 0,0 out/17 36,0 7,0 53,0 88,4 98,0 64,7 10,1 10,1 7,6 8,2 33,3 0,0 nov/17 22,0 10,0 61,0 83,5 97,1 60,0 15,0 11,1 5,3 0,0 38,1 0,0 dez/17 21,0 6,0 34,0 84,6 98,0 31,8 15,7 10,1 4,8 3,3 37,5 0,0 jan/18 32,0 6,0 58,0 89,8 97,6 49,4 11,1 15,1 6,1 2,2 25,0 0,0 fev/18 32,0 2,0 53,0 81,4 98,7 51,1 11,7 18,4 5,4 2,9 33,3 0,0 mar/18 21,0 1,0 57,0 82,3 99,2 59,8 12,8 11,7 6,0 5,6 42,9 0,0 abr/18 37,0 4,0 63,0 85,2 97,9 66,2 10,0 8,1 6,4 6,5 17,2 0,0 mai/18 26,0 8,0 66,0 92,8 96,4 56,6 14,0 10,6 5,1 2,7 26,1 0,0
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018d).
O Gráfico 7 retrata a comparação entre o número de internações na Clínica I, UTI
Clínica e Pediatria.
94
Gráfico 7 – Comparação entre o n° de internações na Clínica I, UTI
clínica e Pediatria do HUWC no período de jun/17 a mai/18
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018d).
Continuando a análise dos dados da Tabela 13 observamos, entretanto que apesar
da Pediatria internar até sete vezes mais pacientes em relação ao número absoluto máximo da
UTI Clínica, esta unidade apresentou Taxas de ocupação acima de 95% durante todo o
período estudado na primeira etapa, chegando a taxa máxima de 99,2% em março de 2018.
Enquanto a Clínica I apresentou taxas de ocupação em torno dos 80% chegando ao máximo
de 92,8% em maio de 2018 e a Pediatria por sua vez, não chegou a atingir os 70% de
ocupação nos doze meses avaliados, tendo taxa mínima de 31,8% em dezembro de 2017. O
Gráfico 8 traz a comparação entre os percentuais de ocupação das três unidades clínicas
destacadas no período do estudo.
Gráfico 8 – Comparação entre o percentual de ocupação (%) na Clínica
I, UTI Clínica e Pediatria do HUWC no período de jun/17 a mai/18
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018d).
Os dados relativos as Taxas de ocupação (%) encontrados nas três Unidades
Clínicas destacadas durante o período referente a primeira etapa da análise de dados foram
0,010,020,030,040,050,060,070,080,0
jun/
17
jul/
17
ago/
17
set/
17
out/
17
nov/
17
dez/
17
jan/
18
fev/
18
mar
/18
abr/
18
mai
/18
Nº
de in
tern
açõe
s
Mês/Ano
Clí I
UTI Clí
Ped
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
jun/
17
jul/
17
ago/
17
set/
17
out/
17
nov/
17
dez/
17
jan/
18
fev/
18
mar
/18
abr/
18
mai
/18
Per
cent
ual d
e O
cupa
ção
(%)
Mês/Ano
Clí I
UTI Clí
Ped
95
constatados por esta pesquisadora durante essa segunda etapa ( 08 a 31 de janeiro/19) no
tocante a observação estruturada, onde a Clínica I encontrou-se com as enfermarias quase que
totalmente preenchidas, a UTI Clínica só dispunha de um leito desocupado e já aguardava um
novo paciente, enquanto que a pediatria apresentava algumas enfermarias completamente
vazias e até mesmo em reforma.
Outro parâmetro observado na Tabela 13 foi a Média de permanência (dias) dos
pacientes em internação. Os pacientes da UTI Clínica nunca estiveram em média menos de 8
dias internados e chegaram a permanecer na unidade por um tempo médio de até 18,4 dias. O
mesmo ocorreu na Clínica I que apresentou médias de internação entre 8,7 e 15, 7 dias. Já na
Pediatria a média de permanência foi significativamente menor e variou de 4,8 a 7,6 dias em
média. No Gráfico 9 trazemos a comparação entre as médias de permanência das três
unidades clínicas em destaque.
Gráfico 9 – Comparação entre a média de permanência (Dias) na
Clínica I, UTI clínica e Pediatria do HUWC no período de jun/17 a
mai/18
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018d).
Os dados relativos as Médias de permanência (dias) encontrados nas três
Unidades Clínicas destacadas também corroboraram com os achados desta segunda etapa, ao
passo que os pacientes internados na Clínica I e UTI Clínica eram exatamente os mesmos
acompanhados pela CCIH na visita da semana anterior, os pacientes da Pediatria já eram
outros, salvo o caso das duas crianças que ainda estavam com diagnósticos inconclusivos, o
que revela em média que as crianças da Unidade Pediátrica do HUWC ficaram internadas por
um período inferior a 07 dias. Enquanto nas outras Unidades o tempo de internação realmente
é maior.
0,02,04,06,08,0
10,012,014,016,018,020,0
jun/
17
jul/
17
ago/
17
set/
17
out/
17
nov/
17
dez/
17
jan/
18
fev/
18
mar
/18
abr/
18
mai
/18
Méd
ia d
e pe
rman
enci
a (D
ias)
Mês/Ano
Clí I
UTI Clí
Ped
96
E por fim, analisamos o percentual de mortalidade nas três Unidades, enquanto na
Pediatria não foi registrado nenhum óbito durante todo o período analisado (primeira, segunda
e terceira etapas), a Clínica I apresentou taxas de mortalidade variando entre 0% e 8,2 % em
outubro de 2017 e na UTI Clínica os percentuais de mortalidade variaram entre 17,2 e 43,5%.
O Gráfico 10 retrata comparativamente os percentuais de mortalidade na UTI Clínica, Clínica
I e Pediatria do HUWC.
Gráfico 10 – Comparação entre o percentual de mortalidade (%) na
Clínica I, UTI clínica e Pediatria do HUWC no período de jun/17 a
mai/18
Fonte: adaptado de Universidade Federal do Ceará (2018d).
Apesar do número de leitos ativos das três unidades clínicas estudadas nessa etapa
variarem, contando a UTI Clínica com apenas 08 leitos, Pediatria e Clínica I com 20 e 18
leitos, respectivamente, podemos inferir que os dados da Tabela 13 e os Gráficos 7 a 10,
apresentam correlação. O número de internações foi maior naquela clínica que apresentou as
menores médias de permanência visto que a rotatividade dos pacientes acabou sendo maior
pelo fato das doenças a serem tratadas possuírem em geral menor gravidade. Além disso
podemos depreender que as unidades com maiores taxas de ocupação possuíram menor
rotatividade de pacientes porque estas recebem doentes acometidos por patologias mais
graves que permaneceram internados por maior período de tempo, chegando inclusive a
apresentar como desfecho clínico o óbito e consequentemente maior probabilidade de
aquisição das IRAS.
Contudo faz-se necessário uma melhor investigação sobre as razões das baixas
taxas de ocupação encontradas na Pediatria e das altas taxas encontradas na UTI Clínica.
Taxas de ocupação muito baixa podem indicar inadequação do número de leitos à região ou
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,045,050,0
jun/
17
jul/
17
ago/
17
set/
17
out/
17
nov/
17
dez/
17
jan/
18
fev/
18
mar
/18
abr/
18
mai
/18
Per
cent
ual d
e M
ortl
idad
e (%
)
Mês/Ano
Clí I
UTI Clí
Ped
97
baixa integração do hospital à rede de saúde com dificuldade de acesso. Já as taxas de
ocupação muito altas apontam para a insuficiência do quantitativo de leitos em relação à
demanda, podendo ainda estar relacionada com aumento de eventos adversos, infecção
hospitalar e diminuição da segurança no ambiente assistencial. Segundo EBSERH (2015) o
leito hospitalar deve ser gerenciado com um recurso caro e complexo, o qual deverá ser
utilizado de forma racional e com indicação mais apropriada de forma a estar disponível para
os indivíduos que necessitem deste recurso para recuperação da saúde. O MS recomenda uma
taxa de ocupação entre 75% e 85%. A meta do HUWC segundo Contrato com a SMS é
manter a ocupação entre 80 e 85%.
Quanto a média de permanência geral (dias) o Contrato da SMS com HUWC
estabelece como meta o intervalo de 4 a 8 dias. Já a ANS (2013) apresenta meta o tempo de 2
a 3 dias em hospitais de Porte II e especificamente em UTI a meta de 4,5 a 5,3 dias em média.
Desta forma apenas a Pediatria estaria atingindo a meta designada para o HUWC. Mas na
prática esse parâmetro deve ser ajustado de acordo com a complexidade das ações de
assistência pois fatores como idade, co-morbidades e complicações associadas as doenças são
alguns dos fatores que influenciam no tempo de permanência. O ideal seria fazer a análise por
grupos homogêneos de diagnósticos.
Em relação ao percentual de mortalidade (Tabela 13) é desejável que este seja o
mais baixo possível. Como discutido anteriormente o HUWC possui a meta de manter a taxa
de mortalidade institucional inferior a 5%. A Clínica I esteve por nove meses em
conformidade com a meta, mas a complexidade das doenças hematológicas pode ser
responsável pela elevação dessas taxas em três dos doze meses do estudados (outubro/17,
março e abril/18). Já a meta para UTI Clínica deve ser inferior a 40% dada a gravidade dos
pacientes anteriormente à internação na UTI. No período analisado a UTI Clínica do HUWC
esteve por três meses acima da meta estabelecida (agosto e setembro/17 e março/18).
Ao final desta etapa enfatizamos que de acordo com UFC (2018) o HUWC possui
diversos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) que seguem os Protocolos Básicos de
Segurança do Paciente estabelecidos pela ANVISA e MS com intuito de prevenir a ocorrência
de IRAS durante as ações de assistência (ação desenvolvida pelo Núcleo de Segurança do
Paciente), como por exemplo: POP para punção de cateter venoso central, cirurgia, lavagem
de mãos etc. Além disso conta também com fluxogramas e protocolos que em caso de
suspeita de IRAS que objetivam controlar e tratar essas infecções, como exemplo temos: o
protocolo sepse e protocolo para IPCS/CVC. Cópias desses documentos devem ser mantidas
em cada uma das Unidades Clínicas do hospital e encontram-se disponíveis também na
98
Intranet do Complexo Hospitalar podendo ser acessados por qualquer profissional do Hospital
no ambiente de trabalho. No entanto, apenas a existência dos documentos não é suficiente, o
imprescindível neste caso é a adesão de todos os profissionais quanto ao desenvolvimento de
suas atividades de acordo com as normas designadas.
Fortalecendo a ideia apresentada acima, podemos citar a Campanha Adorno Zero
lançada em agosto de 2016. A referida ação surgiu de uma demanda identificada pela
Vigilância Sanitária que observou o uso de adornos (relógios, brincos, pulseiras, colares etc.)
por parte dos colaboradores, um levantamento mostrou, por exemplo, que 70% dos
colaboradores do HUWC lotados nas áreas de assistência usavam um ou mais tipos de
adorno, especialmente brincos. Apesar da campanha maciça e da redução considerável do uso
de adornos que podem ser responsáveis pela propagação das IRAS, atualmente ainda é
possível ver alguns colaboradores de todos os níveis de formação (médicos, enfermeiros,
técnicos e auxiliares) descumprindo a determinação. Ademais, a referida campanha não foi
estendida aos acompanhantes e esses circulam rotineiramente nas áreas assistenciais, tem
contado direto com os pacientes e podem ser veículos de disseminação de IRAS se não forem
devidamente orientados.
Diante do exporto reafirmamos a importância da terceira e última etapa da
pesquisa (Metodologia de Delphi), momento em que a opinião dos especialistas quanto a
facilidades e dificuldades enfrentadas no o exercício de suas funções assim como a detecção
de problemas e sugestão de melhorias foi levada em consideração objetivando sempre elevar a
qualidade do atendimento que possivelmente beneficiará nosso principal sujeito e motivo do
nosso trabalho: o paciente. Além de promover a segurança de todos, sejam estes profissionais,
pacientes, acompanhantes ou mesmo familiares.
4. 3 Análise da entrevista estruturada através da Metodologia de Delphi
Conforme descrito na seção 3.4 esta etapa da pesquisa, que configura a terceira
etapa da análise de dados, teve como finalidade identificar as facilidades e dificuldades,
como também encontrar sugestões de melhorias nas ações de cuidado ao paciente à luz das
políticas de prevenção e controle das IRAS considerando a opinião dos especialistas. A coleta
de dados desta etapa também ocorreu entre os dias 08 e 31 de janeiro de 2019. As análises e
comentários que se seguem decorrem dos resultados contidos nas tabelas do Apêndice F
(segunda sessão de entrevistas) e das percepções observadas junto aos entrevistados. Para
facilitar a leitura e compreensão das análises estas tabelas foram inseridas nesta seção.
99
Realçamos que a soma das respostas em cada tabela não totaliza 12 especialistas (total de
entrevistados), em virtude de que esses puderam apresentar mais de uma resposta.
4.3.1 Análise conceitual
As Tabelas 14 e 15 foram construídas tendo como referência a primeira pergunta
da entrevista: 1 - Como você conceituaria as Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde
(IRAS)? Quais são as IRAS mais prevalentes deste Hospital? Quais merecem mais atenção?
(Apêndice C).
Tabela 14 – Conceito de IRAS segundo percepção dos profissionais do HUWC
Nº CONCEITOS Nº de respostas 01 Infecções cruzadas de um paciente para outro 06 02 Infecções vindas de outras instituições 04 03 Infecções causadas pela exposição do paciente a agentes patogênicos 04 04 Infecções causadas pelo uso indiscriminado de medicamentos 01 05 Infecções relacionadas ao cuidado do paciente em ambiente hospitalar 10
Fonte: dados da autora.
A partir da análise da Tabela 14, auferimos o conceito de IRAS mais citado pelos
participantes da pesquisa foi o n° 05: Infecções relacionadas ao cuidado do paciente em
ambiente hospitalar (resposta de 10 dentre os 12 especialistas). Já o conceito de n° 04:
Infecções causadas pelo uso indiscriminado de medicamentos, foi citado por apenas um dos
profissionais entrevistados.
Houve uma pequena diversidade nas respostas da Tabela 14, no entanto todos os
itens elencados pelos especialistas podem estar relacionados com a aquisição de IRAS, além
de existir correlação entre eles.
A partir da análise da Tabela 15 quanto as IRAS mais prevalentes, importantes e
que merecem ação de controle mais rápida, observamos que as opções de n° 02 e 04:
infecções causadas por bactérias multirresistentes (sem identificação do local da infecção) e
infecções respiratórias, respectivamente, foram as mais citadas (ambas respostas de 08 dentre
os 12 especialistas).
100
Tabela 15 – IRAS mais prevalentes e importantes segundo percepção dos profissionais do
HUWC
Nº IRAS Nº de respostas 01 Infecção de acesso venoso periférico 06 02 Infecções causadas por bactérias multirresistentes 08 03 Infecções gástricas 02 04 Infecções respiratórias 08 05 Infecções de pele 02 06 Infecções de corrente sanguínea 07 07 Infecções do trato urinário 05 08 Infecções do sítio cirúrgico 03 09 Não soube responder 01
Fonte: dados da autora.
Conforme a Tabela 15, apesar da ICS ser a IRAS mais notificada no HUWC, no
período do estudo, esta foi reconhecida pelos especialistas como a segunda IRAS mais
prevalente e importante (resposta de 7 dentre os 12 entrevistados). Tivemos ainda um
profissional que não soube responder ao questionamento, este não se sentiu apto a elencar as
IRAS alegando trabalhar em setor fechado a saber, a central de materiais responsável pela
esterilização de equipamentos, utensílios e materiais cirúrgicos. Durante a entrevista
percebemos que alguns profissionais associaram erroneamente as ICS apenas a infecções
causadas por microrganismos multirresistentes, quando na verdade microrganismos sensíveis
aos antimicrobianos também podem causar infecções. Ressaltamos que a ICS pode trazer
consequências sistêmicas para o organismo do paciente, produzindo infecção de alta
gravidade.
As Tabelas 16 e 17 foram elaboradas tendo como referência a segunda pergunta
da entrevista: 2 - Na sua opinião como é possível definir o Plano de Segurança do Paciente
deste hospital? Quais as dificuldades de implementação? Quais as finalidades do Plano?
(Apêndice C).
A partir da análise da Tabela 16 que trata da percepção dos profissionais quanto
ao Plano de Segurança do Paciente utilizado no HUWC, observamos que 11 dentre os 12
especialistas ressaltaram que o referido plano visa: Promover a boa qualidade da assistência e
reduzir os riscos de infecções, promovendo também a segurança do paciente e dos
profissionais (respostas de n° 02 e 03, respectivamente).
101
Tabela 16 – O Plano de segurança do paciente na percepção dos profissionais do HUWC
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas
01 Baseado em protocolos padronizados 1 09
02 Promove a boa qualidade da assistência e redução dos riscos de infecções 11
03 Promove a segurança do paciente e dos profissionais 11
04 Reduz a ocorrência de eventos adversos relacionados aos cuidados em saúde 07
Fonte: dados da autora. 1.Protocolos que seguem diretrizes da ANVISA e MS.
Nesse quesito a diversidade das respostas também foi pequena. Todos os itens
elencados pelos especialistas, além de estarem correlacionados, fazem parte do Plano de
segurança do paciente em vigência no HUWC. Desta forma inferimos que os profissionais
conhecem bem essa ferramenta.
Quanto as dificuldades de implementação do Plano, a Tabela 17 revela que
segundo os especialistas, as principais dificuldades encontradas foram relativas as respostas
n° 01 e 04: Profissionais que não seguem os protocolos e quantidade insuficiente de leitos
para isolamento de contato e respiratório (ambas respostas de 9 dentre os 12 profissionais).
Seguido pela resposta de nº 05: falta ou baixa orientação dada aos acompanhantes (resposta
de 7 dentre os 12 especialistas).
Tabela 17 – Dificuldades de implementação do Plano de segurança do paciente do HUWC
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Profissionais que não seguem os protocolos 09 02 Falta de infraestrutura física nas enfermarias 06 03 Falta de fiscalização das atividades práticas 04 04 Quantidade insuficiente de leitos para isolamento de contato e respiratório 09 05 Falta ou baixa orientação aos acompanhantes 07 06 Duas especialidades médicas atendidas na mesma unidade clínica 04
Fonte: dados da autora.
Quanto aos problemas de infraestrutura (resposta de nº 02), reconhecidos por 06
dentre os 12 especialistas e intimamente relacionados com a resposta de nº 04 relatada
anteriormente, reconhecemos a complexidade da temática visto que para ampliação, reforma e
reestruturação das instalações é necessário investimento do Governo Federal. Algumas
instalações do HUWC já foram melhoradas, outras estão em reforma, mas o que se observa na
prática é a lentidão ou mesmo paralização das obras.
Em relação a não adesão por parte de alguns profissionais quanto aos protocolos
estabelecidos (resposta nº 01) e baixa orientação dos acompanhantes (resposta nº 05),
reconhecemos que parte dos problemas é de natureza comportamental, mas também ocorre
por desconhecimento quanto aos riscos de propagação das infecções. Esses podem ser
102
minimizados através de ações contínuas de capacitação, orientação e conscientização tanto de
profissionais como dos acompanhantes.
4.3.2 Investigação de procedimentos
A Tabelas 18 foi elaborada tendo como referência a terceira pergunta da
entrevista: 3 - Você poderia citar as ações mais importantes realizadas pelas equipes de
assistência que visem minimizar o nível de IRAS aos pacientes deste hospital? (Apêndice C).
Esta trata das ações mais importantes para a redução das IRAS no HUWC.
Tabela 18 – Ações mais importantes na redução das IRAS no HUWC Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Troca periódica de acesso venoso periférico 06 02 Cumprir as normas padronizadas para isolamento de contato 10 03 Uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 08 04 Lavagem correta das mãos 12 05 Desinfecção, manuseio e armazenamento adequado de equipamentos 05 06 Orientação contínua aos acompanhantes 09 07 Realização das atividades de acordo com os protocolos padronizados 08 08 Avaliação e divulgação das ações de assistência através de indicadores 06 09 Não utilização de adornos (brincos, anéis, pulseiras, relógios, gravatas etc.) 06 10 Higienização adequada do ambiente e roupas de cama dos pacientes 04 11 Educação continuada dos colaboradores 07 12 Melhorias quanto a prescrição dos medicamentos 01 13 Visitas de monitorização das ações de assistência 02
Fonte: dados da autora.
As respostas, relativas a redução de IRAS, foram bastante diversificadas.
Analisando a Tabela 18 vemos que as opções: cumprir as normas padronizadas para
isolamento de contato (resposta nº 02, escolha de 10 dentre 12 entrevistados), orientar
continuamente os acompanhantes (resposta nº 06, escolha de 09 dentre 12 entrevistados), usar
corretamente os EPI’s (resposta nº 03, escolha de 08 dentre 12 entrevistados) e cumprimento
de protocolos durante a execução das atividades ( resposta nº 07, escolha de 08 dentre 12
entrevistados) estiveram entre as respostas mais citadas pelos especialistas . Observamos
também que a lavagem correta das mãos (resposta de nº 04) foi a ação citada com
unanimidade pelos profissionais, corroborando perfeitamente com o conhecimento desses
especialistas sobre a higiene das mãos preceder toda e qualquer técnica segura em relação à
assistência aos pacientes.
Além disso, percebemos que as respostas menos referidas estão relacionadas com
o cumprimento de normas e protocolos e também conectadas com ações educativas e
informativas. Desta feita, apesar da diversidade, a opinião dos especialistas culmina para o
mesmo ponto: o fato dos profissionais reconhecerem que as ações mais importantes para a
redução das IRAS consistem em cumprir os procedimentos padronizados, visto que estes
103
foram construídos visando a segurança do paciente, dos profissionais, resultando na melhor
qualidade das ações de assistência.
A Tabela 19 foi elaborada tendo como referência a quarta pergunta da entrevista:
4 - Como as equipes assistenciais se comunicam com os demais setores deste hospital? Você
considera essa comunicação efetiva? (Apêndice C). A pergunta trata a respeito da efetividade
da comunicação entre os profissionais das equipes assistenciais.
Tabela 19 – Efetividade da comunicação entre os profissionais do HUWC
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Comunicação totalmente efetiva 06 02 Comunicação parcialmente efetiva 05 03 Não soube responder 01 TOTAL 12
Fonte: dados da autora.
Nesse quesito os participantes se mostraram divididos entre comunicação
totalmente efetiva (resposta nº 01) e parcialmente efetiva (resposta nº 02). Durante as
entrevistas encontramos relatos positivos quanto aos equipamentos e documentos utilizados
(telefones, rádio, e-mails, memorandos, protocolos padronizados e etc.). Os relatos negativos
apontados fizeram referência a intercomunicação entre as equipes multiprofissionais. Os
especialistas consideraram que apesar das dificuldades relacionadas ao porte do hospital
estudado, a melhor relação interpessoal entre os profissionais pode refletir na melhoria da
qualidade da assistência prestada ao paciente, implicando também na boa comunicação desses
com acompanhantes, familiares e pacientes.
4.3.3 Dificuldades enfrentadas e ações de melhorias
A Tabela 20 foi elaborada tendo como referência a quinta pergunta da entrevista:
5 - Quais as principais dificuldades enfrentadas no exercício da sua função? Que
sugestões você daria para minimizá-las? (Apêndice C). Essa pergunta trata das dificuldades
enfrentadas pelos profissionais no exercício de suas funções.
Tabela 20 – Dificuldades enfrentadas no exercício da função no HUWC Nº DIFICULDADES Nº de respostas 01 Aumento inesperado na demanda de pacientes 02 02 Precária estrutura física das enfermarias, comprometendo o isolamento 07 03 Baixa orientação sobre os protocolos a serem utilizados 03
04 Resistencia de alguns profissionais quanto ao cumprimento de normas e protocolos estabelecidos (Ex: Adorno zero, lavagem das mãos e uso de EPIs)
07
05 Duas especialidades médicas atendidas na mesma unidade clínica 02 06 Baixa interação entre as equipes multiprofissional 04 07 Dificuldades de humanização no momento do atendimento ao paciente 01
Fonte: dados da autora.
104
As dificuldades em destaque foram apresentadas nas respostas de n° 02 e 04:
precária estrutura física das enfermarias que compromete o isolamento efetivo dos pacientes
portadores de infecções ou colonizações por microrganismos multirresistentes e a resistência
de alguns profissionais quanto ao cumprimento das normas e protocolos estabelecidos (ambas
foram respostas de 7 dentre os 12 participantes).
Vale ressaltar que alguns itens enumerados para esse quesito estão diretamente
relacionados aos itens elencados na Tabela 17 sobre as dificuldades de implementação do
Plano de segurança do paciente. Sendo então percebidas pelos profissionais durante suas
atividades assistenciais de rotina.
A Tabela 21 foi elaborada tendo como referência a sexta e última pergunta da
entrevista: 6 - À luz das políticas de prevenção e controle das IRAS quais sugestões de
melhorias durante as atividades de assistência ao paciente você consegue citar? Quem pode
contribuir para esse progresso? (Apêndice C).
A partir da análise da Tabela 21 quanto as sugestões de melhorias nas atividades
de assistência ao paciente, as principais necessidades elencadas pelos profissionais foram:
treinamento e qualificação contínua dos profissionais (resposta nº 01, escolha de 10 dentre os
12 entrevistados), orientação dos acompanhantes (resposta nº 02, escolha de 9 dentre os 12
especialistas). Seguidos de melhoria das estruturas físicas das enfermarias e reuniões para
exposição de dificuldades, indicadores e discussão de estratégias para a prevenção de IRAS
(respostas de n° 05 e 08, respectivamente com 8 e 7 respostas dentre os 12 especialistas).
Tabela 21 – Sugestões de melhorias nas atividades de assistência ao paciente no HUWC
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Treinamento e qualificação contínua dos profissionais 10 02 Orientação aos acompanhantes quanto a prevenção de IRAS 09 03 Separação dos pacientes infectados daqueles em pós operatório 05
04 Redução no tempo de internação de pacientes que estão aguardando apenas resultados de exames
05
05 Melhoria na estrutura física das enfermarias com construção de mais banheiros para possibilitar isolamento entre os pacientes
08
06 Agilidade nos resultados dos exames 04 07 Higienização adequada das mãos 05
08 Reuniões para exposição de dificuldades, indicadores e discussão de estratégias para prevenção das IRAS
07
09 Não soube responder ou não respondeu 01 Fonte: dados da autora.
Percebemos que alguns itens enumerados pelos profissionais como sugestões de
melhorias estão diretamente relacionados aos itens elencados na Tabela 18 sobre as ações
mais importantes para a redução das IRAS. Especialmente aqueles relativos a educação
continuada dos profissionais, orientação de acompanhantes e divulgação de indicadores com
objetivo de discutir estratégias para a prevenção e o controle das IRAS.
105
E por fim, ainda em relação a sexta pergunta do questionário, observamos que foi
unânime a opinião dos especialistas em considerar que a contribuição para o progresso da
qualidade da assistência prestada ao paciente é responsabilidade de todos os profissionais que
prestam serviço ao paciente e até mesmo dos acompanhantes.
Para tanto, o empenho de todos os profissionais (ligados diretamente a assistência
ou não) se faz necessário, desde o cumprimento de suas atividades de acordo com os
protocolos padronizados discutidos previamente, quanto no incentivo dos outros
colaboradores através da boa intercomunicação entre as equipes multiprofissionais e também
no repasse de informações e orientações corretas aos acompanhantes, familiares e até mesmo
aos próprios pacientes.
4. 4 Propostas de melhoria nas ações de cuidado ao paciente
Através da análise das três etapas detalhadas anteriormente, percebemos que o
HUWC não apresentou grandes problemas quanto ao controle e prevenção das IRAS. O
Hospital notificou alguns problemas pontuais como a densidade de IRAS acima do valor
preconizado que é menor ou igual a 8 (IH/1000 pacientes -dia), em três dos doze meses
investigados a saber, agosto/17, fevereiro e maio/18 com densidades de IRAS de 8,10; 8,16 e
8,55 (IH/1000 pacientes -dia), respectivamente. Contudo manteve a maioria dos indicadores
de qualidade com taxas satisfatórias durante o período estudado.
Alguns problemas relacionados a infraestrutura das unidades clínicas foram
reconhecidos nas observações feitas pelos especialistas, problemas esses inerentes à rede
pública hospitalar de todo o Brasil. Ações de melhoria neste âmbito dependem de instancias
maiores como o repasse de verbas pelo Governo Federal e não serão discutidas nessa seção.
Todavia identificamos quatro pontos que, se melhor trabalhados, podem implicar
na melhoria das ações de cuidado ao paciente. E sua exequibilidade depende primariamente
do empenho e motivação dos profissionais que fazem o HUWC.
1 - A primeira ação faz referência a Clínica I, esta apresentou o maior número de
notificações de IRAS, sendo a ICS a principal causa de infecção. Durante a segunda etapa da
pesquisa, detalhada na seção 4.2 deste capítulo, verificamos que as notificações realizadas na
referida Unidade não mostram uma associação entre ICS e infecções de CVC.
Apesar do PNPCIRAS orientar que os hospitais notifiquem ao MS apenas as IPCS
associadas ao CVC de unidades fechadas como UTI’s, uma vigilância mais criteriosa e
106
notificação interna de IPCS associada ao CVC na referida Clínica pode se tornar um
diferencial, elevando a qualidade da assistência prestada.
Para tanto será necessário implementar na rotina dos profissionais a
contabilização dessas notificações de maneira semelhante ao serviço até então realizado
apenas nas UTI’s do HUWC através da fórmula descrita na Figura 23:
Figura 23 – Fórmula para cálculo da taxa de densidade de incidência de IPCS
associada ao CVC (DIPCS)
Onde definimos:
Numerador: é o somatório de IPCS detectadas no período e deve ser obtido pela
busca ativa de infecções com confirmação microbiológica.
Denominador: é o somatório de CVC- dia na clínica, no período determinado.
Fonte: EBSERH (2015).
A coleta de dados para cálculo do denominador deve ser realizada diariamente,
em horário pré-definido pela CCIH. EBSERH (2015) recomenda coletar os dados necessários
para determinar o tempo de exposição de cada paciente em particular ao dispositivo (CVC),
sendo para isso fundamental obter a data de inserção do cateter e a data de retirada do cateter,
além obviamente da data de confirmação diagnóstica da IPCS. O número total de dias em que
todos os pacientes foram expostos ao dispositivo será calculado a partir destes dados
individuais. Será considerada a data de inserção do primeiro CVC e a data de retirada do
último CVC, no caso de pacientes em uso de mais de um CVC.
Através do reconhecimento desse indicador, conseguiremos avaliar internamente a
fração das IPCS que poderiam ser realmente prevenidas com medidas destinadas à promoção
de boas práticas nos cuidados com os dispositivos vasculares como o CVC, prevenindo surtos
de ICS, dando mais condições aos pacientes hematológicos de obterem sucesso em seus
tratamentos.
2 - A segunda ação faz referência a divulgação de indicadores aos profissionais
que prestam assistência ao paciente com objetivo de discutir estratégias para a prevenção e o
controle das IRAS. Durante a segunda etapa, detalhada na seção 4.2 deste capítulo,
verificamos que a CCIH do HUWC é bastante atuante e se comunica bem com todos os
setores do hospital, no entanto por ser uma equipe pequena, não consegue chegar a todos os
profissionais de maneira direta. Assim sugerimos um trabalho de melhor divulgação dessas
DIPCS= Nº de casos novos de IPCS no período
X 1000 Nº de CVC - dia no período
107
informações conforme o fluxograma apresentado na Figura 24, onde as setas em vermelho
representam o repasse de informações e as setas em verde a discussão destas.
Figura 24 – Como ampliar a discussão sobre as IRAS e seus indicadores no HUWC
Fonte: dados da autora.
A CCIH divulga mensalmente os indicadores e taxas das IRAS através de reunião
com as chefias dos diversos setores do HUWC além de disponibiliza-las na Intranet da
referida unidade hospitalar. Contudo o repasse e discussão dessas informações com os demais
profissionais, especialmente aqueles que prestam assistência direta ao paciente ainda é
deficiente, o que foi comprovado na análise da terceira etapa, na seção 4.3 deste capítulo,
através da opinião dos especialistas desta pesquisa. Deste modo, compartilhar as informações
de maneira direta com os demais colaboradores, fomentará a discussão quanto a problemática
das IRAS notificadas mensalmente no HUWC.
3 - A terceira ação também faz referência a percepção dos especialistas analisada
na terceira etapa, na seção 4.3 do presente capítulo. Pois além de reconhecerem os indicadores
e o panorama das IRAS no hospital, os profissionais relataram a necessidade de educação
continuada dos colaboradores como uma das ações mais importantes para a redução das
IRAS. Reconhecemos que palestras e minicursos que detalhem e esclareçam a importância
do cumprimento das normas relacionadas a segurança do paciente e dos profissionais como:
Apresentação das Taxas e Indicadores de IRAS (CCIH)
Enfermeiros (Unid. Clínicas)
Gestores (Atenção à saúde)
Farmacêuticos (Farmácia Hospitalar)
Farmacêuticos (Laboratório)
Médicos (Professor)
Outros farmacêuticos,
técnicos e auxiliares de laboratório
Outros Gestores (Demais
gerencias)
Outros farmacêuticos,
residentes, técnicos
Outros enfermeiros,
técnicos e auxiliares de enfermagem
Outros médicos,
residentes e internos de medicina
108
Reconhece a necessidade de
Educação Continuada
Seleciona os temas a serem trabalhados
Realizam os treinamentos
lavagem correta das mãos, uso de equipamentos de proteção individuais, adesão ao programa
adorno zero, regras de isolamento de contato, desinfecção e manuseio de equipamentos etc.,
devam ser ofertados com maior frequência e não pontualmente em eventos anuais, como
ocorre no hospital estudado. Recomendamos que a organização e promoção dessas atividades
seja mediada pela CCIH. Assim sugerimos no fluxograma apresentado na Figura 25 a
proposta de educação continuada para os profissionais de saúde do HUWC.
Figura 25 – Proposta de educação continuada para os profissionais de saúde do
HUWC mediada pela CCIH
Fonte: dados da autora.
Como a CCIH é a comissão responsável pelo planejamento e normatização das
ações de controle das IRAS, além de manter uma comunicação rotineira com todos os setores
do hospital, entendemos que cabe a esta comissão fomentar as atividades de treinamento e
aperfeiçoamento continuo dos colaboradores. Contudo esses profissionais não precisam
abarcar essa demanda isoladamente, para isso se faz necessária a identificação e
encorajamento de outros profissionais que apresentem conhecimento sobre as temáticas a
serem abordadas, a fim de que possam repassar e trocar informações com outros profissionais.
Identifica os profissionais com
expertise nos temas
Encoraja os especialistas em repassarem os
conhecimentos
CCIH e Especialistas
Elaboram as palestras e minicursos
Profissionais continuamente
atualizados
CCIH
Promovem a divulgação
109
Ações como essa podem promover a geração de conhecimento, mas acima de
tudo sensibilizar os profissionais ligados à assistência, produzindo impacto positivo quanto a
adesão das normas e protocolos padronizados pontualmente descumpridos, aumentando a
conscientização sobre a segurança do paciente, elevando assim a qualidade da assistência
prestada.
4 - A quarta e última ação faz referência a necessidade de orientação aos
acompanhantes quanto a prevenção das IRAS. Durante a terceira etapa, detalhada na seção
4.3 deste capítulo, essa necessidade foi apresentada em vários momentos pelos especialistas.
Destacamos que o acompanhante necessita conhecer não somente as regras do
hospital relacionadas a orientações gerais como: quais os documentos são necessários para a
internação, vestimentas apropriadas, idade mínima permitida, horários de visita, horários de
troca de cuidadores, horários de refeições etc. Essas pessoas são o elo entre o hospital,
paciente e família. Contudo a maioria delas é leiga no que diz respeito aos riscos de aquisição
de IRAS, independentemente de sua formação acadêmica. Unidades de saúde que se
preocupam com a qualidade da assistência prestada aos pacientes devem fazer dos
acompanhantes seus aliados quanto a prevenção e controle das IRAS. O Quadro 10 elenca
algumas medidas importantes que devem ser repassadas de maneira clara e simples aos
acompanhantes, no momento da admissão dos pacientes, com objetivo de reduzir os riscos
dessas infecções.
Quadro 10 – Medidas importantes para reduzir o risco de infecções no HUWC
Medida Ação desenvolvida
01 Lavagem correta das mãos
02 Respeito as regras de isolamento de contato
03 Uso de equipamentos de proteção individual (quando necessário)
04 Respeito ao programa ―Adorno Zero‖ adotado pelo hospital
05 Solicitação de troca de roupas de cama (sempre que necessário)
06 Não utilização dos banheiros destinados exclusivamente aos pacientes
Fonte: dados da autora.
Para a recepção e acolhimento dos acompanhantes, sugerimos a escolha de
profissionais específicos em cada uma das equipes de enfermagem de todas as Unidades
Clínicas do HUWC, durante todos os turnos de serviço (24 horas). Esses profissionais
escolhidos podem desenvolver essa atividade em forma de rodízio semanal, a fim de evitar
sobrecarga de trabalho.
Ressaltamos que todos os profissionais continuam responsáveis por repassar as
informações referentes aos cuidados com o paciente para o acompanhante durantes suas
110
atividades rotineiras, caso seja solicitado ou de acordo com a necessidade. No entanto a
escolha desse profissional específico visa:
Acolher o acompanhante de modo que esse se sinta seguro e capaz de cuidar
do seu paciente;
Oferecer linguagem clara e simples quanto as ações de controle e prevenção de
IRAS;
Deixa-lo confortável quanto ao esclarecimento de quaisquer dúvidas relativas
ao cuidado com o paciente;
Medidas como essa podem contribuir para a redução de IRAS relacionadas a
infecções cruzadas de um paciente para outro, além de tornar o ambiente hospitalar mais
acolhedor e humanizado. Lembrando que um acompanhante bem orientado tem papel
imprescindível no combate e controle das infecções.
111
5 CONCLUSÃO
As IRAS são consideradas um dos grandes problemas de saúde pública. Logo, o
presente estudo visa apresentar propostas para a melhoria das ações de cuidado ao paciente a
partir do diagnóstico das IRAS em pacientes internados, num hospital universitário de
Fortaleza. Assim, buscamos caracterizar as IRAS de acordo com a distribuição no hospital,
local da infecção, agentes infecciosos e antimicrobianos indicados no tratamento. Buscamos,
ainda, identificar, na ótica dos especialistas, as facilidades e dificuldades para o
desenvolvimento das ações de prevenção e controle dessas infecções. O estudo ocorreu em
três momentos: primeira etapa (diagnóstico epidemiológico das IRAS), segunda etapa (análise
das ações de assistência, orientadas pela CCIH do HUWC) e terceira etapa (entrevista
estruturada através do Método de Delphi). O Quadro 11 apresenta a síntese dos resultados
encontrados em cada etapa do presente estudo.
Quadro 11 – Síntese dos resultados encontrados em cada etapa do estudo no HUWC
Etapa Resultados
Primeira
Taxas globais satisfatórias para os indicadores relacionados as infecções e qualidade hospitalar (exceto para a Densidade de IRAS, superior, nos meses de ago/17, fev. e mai/18); Todas as Unidades Clínicas do HUWC apresentaram a ocorrência de IRAS durante o período investigado na primeira etapa (jun/17 a maio/18); A Clínica I apresentou 14% das notificações, a UTI clínica 12% dos casos e a Pediatria apenas 1% das IRAS notificadas; As ICS ocorreram em 32 % dos casos, seguidos de PNM com 21%, as ITU representaram 17%, enquanto ISC e SEPSE registraram 8% e 5% das notificações, respectivamente; Os agentes infecciosos mais prevalentes foram as espécies Klebsiella pneumoniae e Escherichia
coli, com taxas de incidência de 19,7% e 18,8% respectivamente. Estas apresentaram perfis de resistência significativos quanto aos antimicrobianos utilizados;
Segunda
A Clínica I trata pacientes com doenças hematológicas e reumatológicas, a principal IRAS foi a ICS (63% dos casos), o relevante dispositivo invasivo foi o CVC. Contudo, casos de IPCS associadas ao CVC não são notificados na referida unidade; A UTI Clínica trata pacientes com perfil clínico geral, a principal IRAS foi a PNM (35% dos casos) seguida de ICS (25% dos casos) e todos os pacientes fazem uso de mais de um dispositivo invasivo. A Densidade de PAV máxima foi de 22,22 (PAV/1000 Ventilações-dia) em fev. /18. A IPCS associada ao CVC máxima foi de 11,8 (ICS/1000CVC-dia) também em fev. /18. Os dois parâmetros mencionados ficaram acima da meta estabelecida pelo MS que é < 8,0; A Pediatria recebe crianças acometidas por patologias diversas. Notificou apenas três casos de IRAS em todo o período estudado. As crianças apresentam, de maneira geral, enfermidades que requerem cuidados rápidos, sem implicar em longos períodos de internação ou agravamento das doenças;
Terceira
A entrevista estruturada através do Método de Delphi mostrou que, na ótica dos especialistas, as principais dificuldades foram: infraestrutura física deficiente, resistência de alguns profissionais quanto ao cumprimento de normas e protocolos e baixa orientação dos acompanhantes; Os especialistas listaram como principais necessidades: o treinamento e qualificação contínua dos profissionais, conhecimento sobre os indicadores de qualidade e orientação dos acompanhantes; Por fim, foi unanime a opinião dos profissionais em dizer que todos (profissionais e acompanhantes) podem e devem contribuir para o progresso da qualidade nas ações de assistência ao paciente.
Fonte: dados da autora.
Ao final das três etapas identificamos quatro pontos que, se melhor trabalhados,
112
podem implicar na melhoria das ações de cuidado ao paciente. E sua exequibilidade depende
primariamente do empenho e motivação dos profissionais que fazem o HUWC.
Como proposta de melhorias sugerimos para a Clínica I uma vigilância adicional nas
taxas de IPCS, para avaliação interna da fração das IPCS que poderia ser realmente
prevenida pela promoção de boas práticas nos cuidados com os dispositivos
vasculares;
Para os profissionais do HUWC a proposta foi multiplicar a discussão sobre as IRAS e
seus indicadores repassados durantes as reuniões mensais da CCIH. Tornando a
problemática das infecções mais visível, estimulando o desenvolvimento de estratégias
de prevenção e controle de IRAS;
Ainda para os especialistas propomos a regularidade de atividades de educação
continuada, mediada pela CCIH e realizada por outros profissionais com
conhecimento da temática além dos membros da própria Comissão. Acreditamos que
através da geração de conhecimento os profissionais se tornem mais conscientes
quanto a importância do cumprimento de normas e protocolos e de seu papel na luta
contra as infecções.
Para os acompanhantes sugerimos uma mudança na proposta de acolhimento
imediatamente após a admissão do paciente. Essas pessoas são um elo entre
profissionais, pacientes e família. Logo devem ser recebidos por profissionais bem
treinados que repassem noções sobre a prevenção das IRAS de maneira clara e simples
de forma a se sentirem capazes de cuidar dos seus respectivos enfermos, além de se
sentirem confortáveis no ambiente hospitalar para o esclarecimento de quaisquer
dúvidas ou busca de ajuda em situações de dificuldade. Essas pessoas, se bem
acolhidas e orientadas, podem se tonar nossos aliados no combate e prevenção das
IRAS.
Enfatizamos que a parte do estudo referente a primeira etapa foi realizada através
de um recorte temporal de um ano, inferimos que um estudo mais longo poderia ser relevante
para mostrar um diagnóstico mais fidedigno das IRAS no HUWC. A parcela referente a
segunda etapa foi realizada em apenas três Unidades Clínicas, portanto, não podemos estender
ou generalizar a interpretação a todo o HUWC a respeito da gravidade das doenças,
distribuição das IRAS, procedimentos invasivos mais utilizados e notificação de indicadores.
Apreendemos na terceira etapa que a percepção dos especialistas acerca das facilidades e
dificuldades para o desenvolvimento das ações de prevenção e controle de IRAS seria mais
113
holística e completa se os participantes da pesquisa fossem de todo o HUWC, em comparação
com a amostra estudada.
Ressaltamos que o objetivo geral e os objetivos específicos foram atingidos, pois,
conseguimos, a partir da primeira e segunda etapas diagnosticar as IRAS no HUWC no
período de um ano. Na terceira etapa, utilizando o método Delphi, através da percepção dos
especialistas inferimos sobre as principais facilidades e dificuldades para o desenvolvimento
das ações de prevenção e controle dessas infecções. E por fim, o estudo como um todo nos
deu suporte para apresentarmos propostas relativas a melhoria nas ações de cuidado ao
paciente.
Essas medidas propostas, se efetivadas, podem elevar ainda mais a qualidade das
ações de assistência prestadas ao paciente contribuindo para a redução dos agravos
ocasionados pelas IRAS, podendo apresentar implicações positivas quanto ao desfecho clínico
do paciente, redução no tempo de internação e dos custos financeiros para a instituição. Além
disso, os resultados deste estudo poderão apresentar relevância para outros interessados nessa
temática, seja no âmbito acadêmico, de pesquisa ou mesmo de outras unidades hospitalares.
Reconhecemos as dificuldades em realizar um estudo mais completo visto que
demandaria mais tempo e um maior número de pesquisadores envolvidos. Contudo, através
desse panorama inicial, recomendamos para pesquisas futuras no HUWC: recorte temporal
superior a um ano para o diagnóstico epidemiológico das IRAS afim de observar o
comportamento dessas ao longo do tempo, análise detalhada das outras Unidades Clínicas que
não foram contempladas durante a segunda etapa, notificação do nível de infecção que vem da
comunidade antes mesmo destes pacientes chegarem ao hospital em estudo e por fim,
entrevistas com um maior número de especialistas acerca da temática estudada, afim de
construir um diagnóstico mais consistente acerca da qualidade da assistência prestada ao
paciente no âmbito do HUWC.
114
REFERÊNCIAS ALLENGRAZI, B.; BAGHERI, N. S.; COMBESCURE, C.; GRAAFMANS, W. W.; ATTAR, H.; DONALDSON, L.; PITTET, D. Burden of endemic health-care-associated infection in developing countries: systematic review and meta-analysis. Lancet, [S.l.], v. 377, n. 9761, p. 228-41, jan. 2011. ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de Caso em Pesquisa e avaliação educacional. Brasília, DF: Liber Livro Editora, 2005. ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Curso Básico de Controle de Infecção Hospitalar: caderno A – epidemiologia para o controle de infecção hospitalar. São Paulo: Anvisa, 2000. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Infecção Relacionada à Assistência à Saúde: Curso Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – IRAS. São Paulo, [s.n.], 2004. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/iras/M%F3dulo%201%20%20Legisla%E7%E3o%20e%20Programa%20de%20Preven%E7%E3o%20e%20Controle%20de%20Infec%E7%E3o%20Hospitalar.pdf. Acesso em: 01 out.2016. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Sítio Cirúrgico: critérios nacionais de infecções relacionadas à assistência à saúde. Brasília, DF [s.n.], 2009. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/criterios_nacionais_ISC.pdf > Acesso em: 10 nov. 2017. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Nota técnica 01/2010 – UIPEA/GGTES: medidas para investigação, prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por microrganismos multirresistentes. Brasília, DF: [s.n.], 2010. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Resolução RDC N° 20 /2011. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 2011, n. 87, p. 39-41, maio 2011. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Nota técnica 001/2013 – GVIMS/GGTES: medidas de prevenção e controle de infecções por enterobactérias multiresistentes. Brasília, DF: [s.n.], 2013a. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). ProgramaNacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (2013 – 2015). Brasília, DF: [s.n.], 2013b. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Critérios Diagnósticos de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Brasília, DF: [s.n.], 2013c. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC n°. 36, de 25 de julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jul. 2013d.
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123
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Você não deve
participar contra a sua vontade. Leia atentamente as informações abaixo e faça qualquer pergunta que
desejar, para que todos os procedimentos sejam esclarecidos.
A pesquisa a que você está sendo convidado a participar está sendo realizada sob a
responsabilidade da mestranda Glairta de Souza Costa, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
do Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior (POLEDUC) da
Universidade Federal do Ceará, sob a orientação do Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre.
O Estudo com o tema: “ Proposta de melhoria nas ações de cuidado ao paciente, a
partir do diagnóstico de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) em um hospital
universitário de Fortaleza. ” Tem como objetivo apresentar uma proposta para a melhoria das ações
de cuidado ao paciente a partir do diagnóstico das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS)
em pacientes internados, num hospital universitário de Fortaleza.
A sua participação na pesquisa consistirá na resposta a um questionário objetivo
composto por (06) questões abertas que tratam da análise conceitual sobre o tema, investigação de
procedimentos, dificuldades enfrentadas no exercício da sua função e sugestões de ações de melhorias.
Ademais você preencherá seus dados relativos a formação acadêmica e atividade profissional. A
técnica empregada para a análise dos dados será a Metodologia de Delphi e você será convidado a
responder o mesmo questionário em dois momentos distintos. O objetivo da técnica é avaliar o
consenso ou a estabilidade das respostas. Solicitamos por gentileza, que as perguntas sejam
respondidas individualmente e que você não busque informações adicionais em fontes bibliográficas.
Todos os dados que você fornecer serão tratados com a máxima confidencialidade pela
pesquisadora. A mesma se compromete em utilizar os dados coletados somente para esta pesquisa. Em
nenhum momento seu nome será divulgado, pois apenas serão compiladas as respostas do
questionário. Saiba que sua participação nesta pesquisa é totalmente voluntária, não havendo nenhuma
remuneração por ela ou despesas pessoais para o participante em qualquer fase do Estudo.
Se você aceitar participar, saiba que você é totalmente livre para abandoná-la mesmo
depois de ter preenchido o questionário. Para tanto, basta solicitar por e-mail ao pesquisador, a
exclusão de suas respostas. Isso não acarretará nenhum prejuízo para você. Uma vez concluída a
pesquisa, os dados poderão ser divulgados em revista científica, porém sem características pessoais
que levem à identificação pessoal do participante, de acordo com o sigilo previsto pela ética
profissional.
Com esta pesquisa, espera-se sugerir um plano de ação para melhoria das atividades de
cuidado ao paciente à luz das políticas de controle e prevenção das infecções relacionadas à assistência
à saúde (IRAS), a partir da caracterização das IRAS e da contribuição dos especialistas.
124
Por fim consideramos que este estudo, por realizar intervenção (entrevista) junto aos
participantes da pesquisa, apresenta riscos envolvendo possíveis constrangimentos ou cansaço em
função da aplicação do questionário estruturado. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do HUWC/UFC.
Se você tiver dúvidas durante sua participação na pesquisa, ou mesmo depois dela ter se
encerrado, poderá entrar em contato para esclarecê-las com a mestranda Glairta de Souza Costa, pelo
e-mail: [email protected]
Endereço do responsável pela pesquisa: Avenida Prudente Braisil, 633, Apto. 204. Bloco
E. Passaré. Fortaleza/CE.
Nome: Glairta de Souza Costa.
Instituição: POLEDUC/UFC. Endereço: Rua Paulino Nogueira, 315, bloco I.
Telefones para contato: (85) 988407212, (85) 33668179 e (85) 33668182 (Microbiologia)
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HUWC – Rua Capitão Francisco Pedro 1290, Rodolfo
Teófilo; fone: 3366-8589 – E-mail: [email protected] .
Caso você se sinta suficientemente informado a respeito das informações que leu ou que
foram lidas para você sobre os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes e que sua
participação é voluntária, que não há remuneração para participar do estudo e se você concordar em
participar solicitamos que assine no espaço abaixo.
______________________________________________________
Assinatura do voluntário/representante legal Data / /
______________________________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo Data / /
125
APÊNDICE B – PLANILHA (SEGUNDA ETAPA) OBSERVAÇÃO ESTRUTURADA UNIDADE: _______________________ DATA: ______/______/_______
Profissional que acompanhou a visita: _______________________________________
Taxa de ocupação Causa das internações
Med. permanência . Gravidade das doenças
PROCEDIMENTOS INVASIVOS
CVC NPT
TOT/TQT PAM
VM CATÉTER/HD
SNE/SNG DRENO
SVD OUTRO
Descrição da rotina e observações relacionadas aos procedimentos invasivos:
Legenda: CVC – Cateter Venoso Central PAM – Pressão Arterial Média TOT/TQT – Traqueostomia Cateter/ HD – Cateter de Hemodiálise VM – Ventilação Mecânica SNE/SNV – Sondas Nasográstrica e Nasoenteral SVD – Sonda Vesical de Demora NPT – Nutrição Parenteral
126
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFISSIONAIS QUE
PRESTAM ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES DO HUWC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR – POLEDUC
O presente questionário é parte fundamental para o desenvolvimento da
Dissertação de Mestrado a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Políticas
Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre. A pesquisa tem como objetivo geral apresentar uma
proposta para a melhoria das ações de cuidado ao paciente a partir do diagnóstico das
infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) num hospital universitário de Fortaleza.
As informações recebidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos e
a identidade dos respondentes não será revelada.
Antecipadamente, agradeço sua colaboração. Atenciosamente, Glairta de Souza Costa* *Mestranda em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará Orientador: Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre Data da entrevista: ______/______/______
Nome do entrevistado:________________________________________________
Formação acadêmica do entrevistado:____________________________________
Atividade profissional do entrevistado:____________________________________
1 - Como você conceituaria as Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde (IRAS)?
Quais são as IRAS mais prevalentes deste Hospital? Quais merecem mais atenção
(ação de controle mais rápida)?
127
2 - Na sua opinião como é possível definir o Plano de Segurança do Paciente deste
hospital? Quais as dificuldades de implementação? Quais as finalidades do plano?
3 - Você poderia citar ações (gestão e infraestrutura) mais importantes realizadas pelas
equipes de assistência que visem minimizar o nível de IRAS aos pacientes deste
hospital?
4 - Como as equipes assistenciais se comunicam (formas de comunicação: protocolos,
telefones, e-mails etc.) com os demais setores deste hospital? Você considera essa
comunicação efetiva?
5 - Quais as principais dificuldades enfrentadas no exercício da sua função? Que sugestões
você daria para minimizá-las?
6 - À luz das políticas de prevenção e controle das IRAS quais sugestões de melhorias
durante as atividades de assistência ao paciente você consegue citar? Quem
(profissionais da saúde, estudantes, pacientes e acompanhantes) pode contribuir para
esse progresso?
128
APÊNDICE D - INVESTIGANDO A PERCEPÇÃO SOBRE AS IRAS NO HUWC/UFC
TABULAÇÃO DOS RESULTADOS DA PRIMEIRA SESSÃO DE ENTREVISTAS:
PONTOS DE INVESTIGAÇÃO: 1 – OBSERVAÇÔES SOBRE AS IRAS
Tabela 1 – Conceito de IRAS Nº CONCEITOS Nº de respostas 01 Infecções cruzadas de um paciente para outro 02 02 Infecções vindas de outras instituições 01 03 Infecções causadas pela exposição do paciente a agentes patogênicos 02 04 Infecções causadas pelo uso indiscriminado de medicamentos 01 05 Infecções relacionadas ao cuidado do paciente em ambiente hospitalar 08 06 Não soube responder 01
Tabela 2 – IRAS mais prevalentes e importantes
Nº IRAS Nº de respostas 01 Infecção de acesso venoso periférico 04 02 Infecções causadas por bactérias multirresistentes 04 03 Infecções gástricas 01 04 Infecções respiratórias 06 05 Infecções de pele 01 06 Infecções de corrente sanguínea 01 07 Infecções do trato urinário 04 08 Infecções do sítio cirúrgico 01 09 Não soube responder 02
2 – OBSERVAÇÕES SOBRE O PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE
Tabela 3 – O plano de segurança do paciente Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas
01 Baseado em protocolos padronizados 04
02 Promove a boa qualidade da assistência e redução dos riscos de infecções 08
03 Promove a segurança do paciente e dos profissionais 05
04 Reduz a ocorrência de eventos adversos relacionados aos cuidados em saúde 01
05 Não soube responder 02
Tabela 4 – Dificuldades de implementação Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Profissionais que não seguem os protocolos 04 02 Falta de infraestrutura física nas enfermarias 04 03 Falta de fiscalização das atividades práticas 01 04 Quantidade insuficiente de leitos para isolamento de contato e respiratório 06 05 Falta ou baixa orientação aos acompanhantes 01 06 Duas especialidades médicas atendidas na mesma unidade clínica 01 07 Não soube responder 02
129
3 – AÇÕES PARA MINIMIZAR AS IRAS NO HUWC
Tabela 5 – Ações mais importantes na redução das iras Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Troca periódica de acesso venoso periférico 03 02 Cumprir as normas padronizadas para isolamento de contato 05 03 Uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 06 04 Lavagem correta das mãos 08 05 Desinfecção, manuseio e armazenamento adequado de equipamentos 03 06 Orientação contínua aos acompanhantes 03 07 Realização das atividades de acordo com os protocolos padronizados 04 08 Avaliação e divulgação das ações de assistência através de indicadores 03 09 Não utilização de adornos (brincos, anéis, pulseiras, relógios, gravatas etc. 01 10 Higienização adequada do ambiente e roupas de cama dos pacientes 01 11 Educação continuada dos colaboradores 04 12 Melhorias quanto a prescrição dos medicamentos 01 13 Visitas de monitorização das ações de assistência 01
4 – COMUNICAÇÃO ENTRE OS SETORES DO HUWC
Tabela 6 – Efetividade da comunicação Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Comunicação totalmente efetiva 08 02 Comunicação parcialmente efetiva 03 03 Não soube responder 01 TOTAL 12
5 – DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Tabela 7 – Dificuldades enfrentadas no exercicio da função Nº DIFICULDADES Nº de respostas 01 Aumento inesperado na demanda de pacientes 01 02 Precária estrutura física das enfermarias, comprometendo o isolamento 06 03 Baixa orientação sobre os protocolos a serem utilizados 02
04 Resistencia de alguns profissionais quanto ao cumprimento de normas e protocolos estabelecidos (Ex: Adorno zero, lavagem das mãos e uso de EPIs)
03
05 Duas especialidades médicas atendidas na mesma unidade clínica 01 06 Baixa interação entre as equipes multiprofissional 02 07 Dificuldades de humanização no momento do atendimento ao paciente 01
6 – SUGESTÕES DE MELHORIAS NAS ATIVIDADES DE ASSISTÊNCIA
130
Tabela 8 – Sugestões de melhorias Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Treinamento e qualificação contínua dos profissionais 05 02 Orientação aos acompanhantes quanto a prevenção de IRAS 02 03 Separação dos pacientes infectados daqueles em pós operatório 01
04 Redução no tempo de internação de pacientes que estão aguardando apenas resultados de exames
01
05 Melhoraria na estrutura física das enfermarias com construção de mais banheiros para possibilitar isolamento entre os pacientes
01
06 Agilidade nos resultados dos exames 02 07 Higienização adequada das mãos 01
08 Reuniões para exposição de dificuldades, indicadores e discussão de estratégias para prevenção das IRAS
03
09 Não soube responder ou não respondeu 03
Tabela 9 – Quem pode contribuir para o progresso
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Todos os profissionais que prestam serviço ao paciente e acompanhantes 08 02 Apenas acompanhantes e profissionais de serviços gerais 01 03 Não soube responder ou não respondeu 03
131
APÊNDICE E - PRIMEIRA SESSÃO DO MÉTODO DELPHI
TABELA 1 - Primeira sessão do Método Delphi- Posição das respostas dos entrevistados no grupo
PERGUNTAS TABELAS
ESPECIALISTAS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1
1 1,2 3,4 5 5 1,3 5 6 5 5 5 5 5
2 1,2 1,2,
3 4,5 4 9
4,6, 7,8
2 9 2,4, 7
4,7 1 1,4, 7
2 3 1 2 2 5 5 2,3 1
1,2, 3
2 3,2 3,4 1,2, 3
4 1 2,5 1,3 7 4 1,5 5,6 1 7 1,5 1 1,3,5
3 5 1,2,3,4
3,5 4,6, 7,8
1,2,3,4,7
2,4 2,3,4,
7,9 2,3,10
4,11 4,7, 8,12
2,5, 6,11
1,8, 11,13
3,4,5, 6,11
4 6 1 1 1 1 1 2 1 1 3 2 1 2
5 7 1 2 2,3 2 2 4 2,5 2 4 3,6 4 6,7
6
8 1,2,
8 2,3,
4 5,6 9 6 1 9 7 9 1 1,8 1,8
9 1 2 1 1 3 1 1 1 3 1 1 3
132
APÊNDICE F - INVESTIGANDO A PERCEPÇÃO SOBRE AS IRAS NO HUWC/UFC
TABULAÇÃO DOS RESULTADOS DA SEGUNDA SESSÃO DE ENTREVISTAS:
PONTOS DE INVESTIGAÇÃO: 1 – OBSERVAÇÔES SOBRE AS IRAS
Tabela 1 – Conceito de IRAS Nº CONCEITOS Nº de respostas 01 Infecções cruzadas de um paciente para outro 06 02 Infecções vindas de outras instituições 04 03 Infecções causadas pela exposição do paciente a agentes patogênicos 04 04 Infecções causadas pelo uso indiscriminado de medicamentos 01 05 Infecções relacionadas ao cuidado do paciente em ambiente hospitalar 10
Tabela 2 – IRAS mais prevalentes e importantes
Nº IRAS Nº de respostas 01 Infecção de acesso venoso periférico 06 02 Infecções causadas por bactérias multirresistentes 08 03 Infecções gástricas 02 04 Infecções respiratórias 08 05 Infecções de pele 02 06 Infecções de corrente sanguínea 07 07 Infecções do trato urinário 05 08 Infecções do sítio cirúrgico 03 09 Não soube responder 01
2 – OBSERVAÇÕES SOBRE O PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE
Tabela 3 – O plano de segurança do paciente Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas
01 Baseado em protocolos padronizados 09
02 Promove a boa qualidade da assistência e redução dos riscos de infecções 11
03 Promove a segurança do paciente e dos profissionais 11
04 Reduz a ocorrência de eventos adversos relacionados aos cuidados em saúde 07
Tabela 4 – Dificuldades de implementação
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Profissionais que não seguem os protocolos 09 02 Falta de infraestrutura física nas enfermarias 06 03 Falta de fiscalização das atividades práticas 04 04 Quantidade insuficiente de leitos para isolamento de contato e respiratório 09 05 Falta ou baixa orientação aos acompanhantes 07 06 Duas especialidades médicas atendidas na mesma unidade clínica 04
3 – AÇÕES PARA MINIMIZAR AS IRAS NO HUWC
133
Tabela 5 – Ações mais importantes na redução das iras
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Troca periódica de acesso venoso periférico 06 02 Cumprir as normas padronizadas para isolamento de contato 10 03 Uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 08 04 Lavagem correta das mãos 12 05 Desinfecção, manuseio e armazenamento adequado de equipamentos 05 06 Orientação contínua aos acompanhantes 09 07 Realização das atividades de acordo com os protocolos padronizados 08 08 Avaliação e divulgação das ações de assistência através de indicadores 06 09 Não utilização de adornos (brincos, anéis, pulseiras, relógios, gravatas etc. 06 10 Higienização adequada do ambiente e roupas de cama dos pacientes 04 11 Educação continuada dos colaboradores 07 12 Melhorias quanto a prescrição dos medicamentos 01 13 Visitas de monitorização das ações de assistência 02
4 – COMUNICAÇÃO ENTRE OS SETORES DO HUWC
Tabela 6 – Efetividade da comunicação Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Comunicação totalmente efetiva 06 02 Comunicação parcialmente efetiva 05 03 Não soube responder 01 TOTAL 12
5 – DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Tabela 7 – Dificuldades enfrentadas no exercicio da função Nº DIFICULDADES Nº de respostas 01 Aumento inesperado na demanda de pacientes 02 02 Precária estrutura física das enfermarias, comprometendo o isolamento 07 03 Baixa orientação sobre os protocolos a serem utilizados 03
04 Resistencia de alguns profissionais quanto ao cumprimento de normas e protocolos estabelecidos (Ex: Adorno zero, lavagem das mãos e uso de EPIs)
07
05 Duas especialidades médicas atendidas na mesma unidade clínica 02 06 Baixa interação entre as equipes multiprofissional 04 07 Dificuldades de humanização no momento do atendimento ao paciente 01
6 – SUGESTÕES DE MELHORIAS NAS ATIVIDADES DE ASSISTÊNCIA
134
Tabela 8 – Sugestões de melhorias Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Treinamento e qualificação contínua dos profissionais 10 02 Orientação aos acompanhantes quanto a prevenção de IRAS 09 03 Separação dos pacientes infectados daqueles em pós operatório 05
04 Redução no tempo de internação de pacientes que estão aguardando apenas resultados de exames
05
05 Melhoraria na estrutura física das enfermarias com construção de mais banheiros para possibilitar isolamento entre os pacientes
08
06 Agilidade nos resultados dos exames 04 07 Higienização adequada das mãos 05
08 Reuniões para exposição de dificuldades, indicadores e discussão de estratégias para prevenção das IRAS
07
Tabela 9 – Quem pode contribuir para o progresso
Nº OBSERVAÇÕES Nº de respostas 01 Todos os profissionais que prestam serviço ao paciente e acompanhantes 12 02 Apenas acompanhantes e profissionais de serviços gerais 00 03 Não soube responder ou não respondeu 00
135
APÊNDICE G - SEGUNDA SESSÃO DO MÉTODO DELPHI
TABELA 1 - Segunda sessão do Método Delphi- Posição das respostas dos entrevistados no grupo
PERGUNTAS TABELAS ESPECIALISTAS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 1 1,2, 3 1,2,3,5 5 5 3,4,5 1,3,5 1,2 5 5 1,2,5 1,5 5
2 1,2,4,
6,7 1,2,3,
4,5 4,5,6 2,4,6
1,2,4, 5,6,8
2,4,6, 7,8
2,4,6, 7
9 1,2,4,
6,7 2,4 1
1,3,4, 7,8
2
3 1,3,4 1,2,3,4 2 2,3 1,2,3,4 1,2,3,4 1,2,3 1,2,3 2, 3,4 1,2,3 1,2,3,4 1,2,3,4
4
1,6
2,3,4, 5,6
1,3,4 2,4,5 4 1,2,4,
5 1,2,4,
5,6 1 1,4,7
1,2,3, 4,5
1,2,4, 5,6
1,3,5
3 5 1,2,3,4, 6,8,10
1,2,3,4, 5,6,7,8
4,6,7,8, 9,11
1,2,3,4, 7,9,13
2,3,4 2,3,4,5,6, 7,9,10,11
2,3,4, 6,9,10
4,11 2,3,4, 6,7,8, 11,12
1,2,4,5, 6, 7,11
1,2,3,4, 5,6,7,8, 9,11,13
1,2,3,4, 5,6,7,8, 9,10,11
4 6 2 2 1 1 1 2 1 1 3 2 1 2
5 7 1, 3,5 1,2,4 2,3 2 2 4,6 2,4,5 2 4,6 3,4,6 2,4,7 4,6,7
6
8 1,2,3, 5,7,8
2,3,4, 5,8
1,5,6 1,2,5 1,2,6 1,4,8 1,2,5,
8 7 1,2,5,7
1,2,3, 4,5,8
1,2,3,4, 6,7,8
1,2,3,4, 5,6,7,8
9
1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
NOTA: Os números marcados de VERMELHO correspondem às mudanças nas respostas dos especialistas da primeira para a segunda sessões.
136
ANEXO A – FICHAS DE VIGILÂNCIA ATIVA DO HUWC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Hospital Universitário Walter Cantídio ADM/HUWC ____/____/____
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH FICHA DE VIGILÂNCIA ATIVA UNIDADE_______________________ MÊS___________________________
137
ANEXO B – AUTORIZAÇÃO CCIH
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR - POLEDUC/UFC TERMO DE CIÊNCIA DO MÉDICO RESPONSÁVEL PELO SETOR ONDE SERÁ
REALIZADA A PESQUISA
Eu, Jorge Luiz Nobre Rodrigues. Chefe responsável pela Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Universitário Walter Cantídio — HUWC/ UFC.
Conheço o protocolo de pesquisa intitulado: Proposta de melhoria nas ações de cuidado ao
paciente, a partir do diagnóstico de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) em um
hospital universitário de Fortaleza. Desenvolvido por Glairta de Souza Costa, conheço seus
objetivos e a metodologia que será desenvolvida, estando ciente de que o pesquisador não irá
interferir no fluxo normal deste Serviço.
Jorge Luiz Nobre Rodrigues
Chefe da CCIH do HUWC/UFC
138
ANEXO C – AUTORIZAÇÃO LABORATÓRIO CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR - POLEDUC/UFC TERMO DE CIÊNCIA DO RESPONSÁVEL PELO SETOR ONDE SERÁ
REALIZADA A PESQUISA
Eu, Ana Paula Santos do Carmo. Chefe do Laboratório de Análises Clínicas do Complexo
Hospitalar HUWC/MEAC-UFC, conheço o protocolo de pesquisa intitulado: " Proposta de
melhoria nas ações de cuidado ao paciente, a partir do diagnóstico de infecções relacionadas à
assistência à saúde (IRAS) em um hospital universitário de Fortaleza. Desenvolvido por Glairta
de Souza Costa, conheço seus objetivos e a metodologia que será desenvolvida. Estando ciente de
que o pesquisador não irá interferir no fluxo normal deste Serviço.
Dra. Ana Paula Santos do Carmo
Chefe do Laboratório de Análises Clínicas do Complexo Hospitalar HUWC/MEAC-UFC
Fortaleza,
2