Programa PSD Legislativas 2011

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    RECUPERAR A CREDIBILIDADEE DESENVOLVER PORTUGAL

    PROGRAMA ELEITORALDO PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA

    ELEIES LEGISLATIVAS 2011

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    PROGRAMA ELEITORAL

    Prembulo

    PILAR 1

    PILAR CVICO E INSTITUCIONAL

    O Desafio da Mudana

    Objectivos Chave para a Mudana

    Eixos de Aco para a Mudana

    1. Sistema Poltico2. Descentralizao Administrativa3. Justia4. Combate Corrupo e Informalidade5. Regulao6. Segurana Nacional

    PILAR 2

    PILAR ECONMICO-FINANCEIRO

    O Legado Socialista: uma Tragdia Nacional, um Pas beira da Bancarrota

    Uma Nova Poltica Econmica

    1. Programa de Ajustamento Macroeconmico1.1. Consolidao Oramental de Qualidade1.2. Sustentabilidade das Finanas Pblicas1.3. Promoo da Poupana e Reduo do Endividamento1.4. Fortalecimento do Sistema Bancrio e do Financiamento Economia1.5. Programa de Emergncia Social (PES)2. Programa para o Crescimento, Competitividade e Emprego2.1. Reduo dos Custos de Contexto2.2. Reduo dos custos de produo para as empresas2.3. Aprofundamento das polticas estruturais horizontais para a competitividade

    Concorrncia e Regulao dos Mercados

    Mercado de Trabalho

    Mercado de Arrendamento

    Mercado de Energia e Poltica Energtica: Uma Nova Poltica Energtica

    Poltica Fiscal a Mdio Prazo

    2.4. Estimular Competitividade Empresarial2.5. Revitalizao da Estrutura Produtiva

    Agricultura

    Economia do Mar

    Fomento das exportaes, Internacionalizao e IDE

    Indstria Transformadora

    Turismo

    Estmulos Especficos s Micro, Pequenas e Mdias Empresas

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    PILAR 3

    UM ESTADO EFICIENTE, SUSTENTVEL E CENTRADO NO CIDADO

    O Desafio da Mudana

    Os Objectivos Chave para a MudanaOs Eixos de Interveno

    Eixo 1. Liderar pelo Exemplo: Racionalizar as Estruturas do Governo

    Eixo 2. Introduzir Maior Transparncia: Reduzir Novo Estado Paralelo

    Eixo 3. Realizar um Choque de Gesto: Aumentar a Eficincia da Administrao Pblica

    Eixo 4. Promover um Servio Pblico de Excelncia: Servio Centrado no Cidado Atravs da Governao Electrnica

    Eixo 5. Envolver os Agentes de Mudana: Apostar nos Recursos Humanos

    Eixo 6. Reestruturar o Sector Empresarial do Estado e Acelerar as Privatizaes

    Eixo 7. Reavaliar e Reestruturar as parcerias Pblico Privadas e Concesses (PPC)

    Eixo 8. Nova Poltica de Investimento Pblico

    Eixo 9. Promover o Desenvolvimento do Territrio Inteligente e Sustentvel

    PILAR 4

    DESENVOLVIMENTO HUMANO E DO MODELO SOCIAL

    Desenvolvimento dos sistemas de proteco social, coeso, incluso e solidariedade

    O Desafio da Mudana

    Objectivos Chave para a Mudana

    Eixos de Aco para a MudanaDesenvolvimento da qualificao das pessoas: Educao e Formao

    Ensino Pr-Escolar, Bsico e Secundrio

    Ensino Superior e Cincia

    Cincia

    Desenvolvimento do Sistema Nacional de Sade: Uma Sade de Qualidade para Todos

    Os Desafios da Mudana

    Objectivos Para a Mudana

    Eixos de Aco para a Mudana

    Impulsionar uma Nova Poltica para a Cultura e para o Desporto

    Cultura

    Objectivos para a Mudana

    Eixos de Aco para a Mudana

    Desporto

    Desafio da Mudana

    Objectivos para a Mudana

    Eixos de Aco para a Mudana

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    PILAR 5

    POLTICA EXTERNA AO SERVIO DO DESENVOLVIMENTO

    O Desafio da Mudana

    Os Objectivos para a Mudana

    Eixos de Aco para a Mudana

    1. Reforar a Diplomacia Econmica2. Aprofundar o Espao Lusfono3. Valorizar as Comunidades Portuguesas4. Evoluir nas Relaes Bilaterais e Multilaterais

    Monitorizao da Execuo dos Programas Estruturais para o Desenvolvimento do Pas.

    Mensagens Finais

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    Prembulo

    Portugal vive hoje uma crise gravssima que nos coloca, enquanto comunidade, numa das encruzilhadas mais

    determinantes da nossa histria recente, e a que chegou por exclusiva responsabilidade daqueles que, nos ltimos

    seis anos, assumiram as rdeas da governao, com especial destaque para o actual Primeiro-Ministro.

    Continuamos a ouvir dizer, porventura at com inusitada frequncia, que o modelo de desenvolvimento em que o

    actual Governo, desde a primeira hora, apostou, se esgotou, e em larga medida como consequncia da alterao das

    circunstncias internacionais induzida pela crise econmica e financeira desencadeada a partir de 2008. Tal no ,

    pura e simplesmente, verdade. E mais do que tempo de desmontar, de uma vez por todas, os pressupostos dessa

    afirmao.

    Com efeito, o que sucede que o modelo esteve, isso sim, errado desde o momento primeiro. Partiu sempre de uma

    inadequada percepo da realidade concreta do nosso Pas e dos constrangimentos, internos e internacionais, com

    que se encontrava e encontra confrontado. E, precisamente porque o ponto de partida estava errado, as polticas,

    os programas e as medidas em que se foi traduzindo, foram incapazes de responder aos desafios que careciam de ser

    enfrentados. E a persistncia no erro, apesar dos mltiplos e permanentes avisos, torna ainda mais censurvel a

    atitude daqueles que quiseram teimar, dia aps dia, semana aps semana, ano aps ano, numa estratgia que sabiam

    que no levaria Portugal ao rumo certo.

    Os resultados do modelo de governao socialista esto hoje bem vista: o Pas vive claramente acima das suas

    possibilidades; registou-se um aumento contnuo do peso e da dimenso do Estado; agravou-se exponencialmente o

    endividamento externo, que atinge nveis insustentveis. E as consequncias desse acumular sucessivo de erros esto,infelizmente, vista de todos: a nossa imagem internacional degradou-se. os mercados perderam a confiana em

    Portugal, as pessoas vivem pior diramos mesmo, muito pior do que no momento em que o Partido Socialista

    assumiu o poder, prejudicando no apenas a qualidade de vida das actuais geraes, mas tambm o futuro das novas

    geraes.

    Tudo isto culminou numa situao que, h alguns anos atrs, seria absolutamente impensvel: um pedido de ajuda

    externa, sem a qual o nosso Pas se encaminharia, inelutavelmente, para a bancarrota. Um Portugal de mo estendida

    perante a comunidade internacional , assim, o verdadeiro legado que nos deixa o Eng. Jos Scrates.

    Continuar pelo caminho seguido pelo Partido Socialista teria uma consequncia necessria: conduzir o Pas, em

    definitivo, a um beco sem sada. Por isso, o PSD, ao mesmo tempo que tem criticado, consistentemente, o muito que

    de mal tem sido feito, tem tambm dito e reafirmado que preciso mudar urgentemente e que h uma alternativa

    credvel e capaz de nos retirar da situao extremamente delicada em que nos encontramos.

    O programa eleitoral de Governo que agora apresentamos aos Portugueses a concretizao dessa alternativa. E ,

    ao mesmo tempo, a prova palpvel de que possvel fazer diferente e fazer melhor e oferecer ao Pas um modelo de

    desenvolvimento econmico e social coerente e eficaz. Um modelo que parte da compreenso adequada da situao

    que vivemos e que aponta solues capazes de assegurar aos cidados, sobretudo queles que mais fustigados tm

    sido pela crise, um nvel de vida consentneo com as suas necessidades mas, tambm, com as actuais possibilidades

    de Portugal.

    Esse modelo assenta, no plano poltico, na criao de condies para assegurar, em concreto, o primado da

    Democracia, com respeito pelo valor central da dignidade da pessoa humana, dele retirando as indispensveis ilaes,

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    nomeadamente no que respeita ideia de colocar o Estado ao servio dos cidados e no ver nestes, apenas, um

    objecto da actuao daquele.

    No domnio econmico e financeiro, o modelo de governao do PSD, que este programa traduz, apresenta como

    preocupaes centrais o equilbrio sustentado das contas pblicas, o controlo do endividamento externo e da dvida

    pblica e a melhoria da produtividade, pea fundamental de qualquer estratgia de desenvolvimento econmico.

    No domnio social, as nossas propostas visam a realizao de um objectivo central: preservar o Estado Social, que tem sido objecto

    nos ltimos anos de um ataque e um desmantelamento de enormes propores, precisamente pela mo daqueles que tanto

    apregoam o valor da solidariedade mas que, em concreto, nada fazem para a assegurar. E, nesse domnio, a linha de actuao que

    neste Programa se prope, linear: mudar o actual paradigma estatizante, privilegiando formas de actuao que assentem na

    construo de uma parceria estratgica alargada entre o Estado, as autarquias locais e a sociedade civil, neste mbito

    reconhecendo o papel fulcral que deve caber s misericrdias e s instituies particulares de solidariedade social.

    Este Programa traduz a viso estratgica que o PSD tem para Portugal, a qual assenta em ideias claras: melhorar as condies de

    vida dos Portugueses, restaurar a confiana, a credibilidade e a esperana no futuro e promover a recuperao nacional, o

    crescimento econmico, o emprego e a solidariedade social e a justia intergeracional.

    Mas, independentemente dessa viso global, que vlida para o perodo de uma legislatura (e at mais), o Programa reconhece

    que o Pas vive hoje, em praticamente todos os domnios, uma situao de excepo, qual h que acudir com carcter prioritrio,

    com especial destaque para a rea social e o plano financeiro.

    Nessa medida, concretizam-se no texto a filosofia geral e as medidas concretas de dois planos que o PSD tinha j afirmado como

    peas fundamentais do seu Programa eleitoral de Governo: o Plano de Emergncia Social e o Programa de Estabilizao Financeira.

    Desenganem-se aqueles que queiram ver neste documento um instrumento de populismo, uma cedncia demagogia ou uma

    listagem de promessas fceis. Desde logo, porque essa no a atitude do PSD perante a poltica. Mas, tambm, porque o tempo

    que vivemos de exigncia e de responsabilidade. E precisamente exigncia e responsabilidade que o Pas, desde logo, mas

    tambm os nossos parceiros internacionais, esperam ver em ns.

    O Programa que agora deixamos apreciao e ao escrutnio dos Portugueses resiste a qualquer teste de avaliao ou

    credibilidade. Tudo o nele se prope foi estudado, testado e ponderado. Consequentemente, as propostas nele contidas so para a

    levar a cabo e as medidas que nele se apontam so para cumprir. Tambm nisso queremos ser diferentes daqueles que nos

    governam e que no tm qualquer sentido de respeito pela promessa feita ou pela palavra dada. Assumimos um compromisso de

    honra para com Portugal. E no faltaremos, em circunstncia alguma, a esse compromisso.

    Por fim, o Programa no esconde nunca as dificuldades que ainda teremos de conhecer e enfrentar. Mas transmite tambm a ideia

    de que, com uma governao competente e, sobretudo, com o empenho de todas as energias positivas e de todas as capacidades

    de que o Pas dispe, est perfeitamente ao nosso alcance vencer o desafio e colocar Portugal no lugar que o seu, por direito

    prprio, no concerto das Naes. De que, se for essa, como esperamos, a vontade que os nossos compatriotas exprimiro noprximo dia 5 de Junho, possvel MUDAR PORTUGAL.

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    As instituies da democracia portuguesa, mais de trs dcadas passadas sobre o seu momento fundador, carecem de

    aperfeioamento. O nvel de exigncia hoje maior e as bases institucionais da vida poltica, social e econmica ainda

    precisam de ser repensadas e melhoradas.

    No possvel imaginar a democracia, a prosperidade e a coeso social sem instituies que propiciem e estimulem a

    participao, as iniciativas e os empreendimentos dos cidados, e ofeream ainda um enquadramento bem definido,

    transparente e seguro, para as relaes inter-pessoais e empresariais.

    As instituies em Portugal, neste momento, no do sinais de sade. A absteno eleitoral tem crescido desde h

    anos. Tem aumentado a desconfiana dos cidados em relao aos vrios rgos de soberania, bem como em relao

    s demais instituies nacionais.

    O Estado visto como um domnio exclusivo de partidos, corporaes e outros grupos de interesse restritos, pouco

    transparente e pouco sensvel sociedade. Aos olhos da generalidade dos cidados parece um corpo estranho, s

    vezes at hostil, mas quase sempre merecedor de pouca confiana. Os rumores sobre a corrupo dos seus agentes,

    amplificados pela comunicao social e pela aparente incapacidade da investigao, minam o respeito pelas

    instituies.

    Esta situao obriga a uma reflexo profunda e tomada de medidas assentes num conjunto de princpios para a

    mudana:

    Sistema Poltico Descentralizao Administrativa Justia Combate Corrupo e Informalidade Regulao Segurana Nacional

    O Desafio da Mudana.

    O PSD prope-se melhorar o quadro institucional da vida portuguesa. O PSD quer um poder poltico reforado pela

    legitimidade que lhe advm de cidados que se sentem representados e se identificam com os seus representantes. OPSD pretende um poder poltico transparente, sujeito a escrutnio efectivo, e que por isso suscitar mais confiana. O

    PSD estabelecer regras claras e iguais para todos, de modo a que todos possam desenvolver iniciativas e realizaes

    em igualdade de condies.

    O PSD tomar iniciativas para que o Pas tenha um sistema eficaz de combate corrupo, informalidade e a

    posies dominantes, e um sistema de regulao mais coerente e independente. O PSD aperfeioar os dispositivos

    de defesa das pessoas e do Pas, de modo a reforar o sentimento de segurana em Portugal. O PSD trabalhar para

    que o Pas tenha um sistema de justia mais clere, mais capaz de garantir direitos e contratos e de reparar a sua

    violao.

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    PILAR CVICO E INSTITUCIONAL

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    Em suma, o PSD compromete-se a desenvolver instituies que propiciem, em Portugal, uma vida poltica, social e

    econmica mais rica, mais justa e mais livre.

    Objectivos Chave para a Mudana

    O programa do PSD visar os seguintes princpios gerais:

    Apostar na maior proximidade dos eleitos em relao aos eleitores e na clarificao das responsabilidades edas reas de actuao dos vrios rgos de soberania e de administrao.

    Definir regras simples, claras e universais, e promover o seu cumprimento escrupuloso por todos, emcondies de igualdade de oportunidades e de obrigaes. O primeiro desafio assegurar que o prprio

    Estado um agente que respeita e promove regras transparentes e no discriminatrias.

    Mudar a forma de actuar do Estado. Ao Estado compete, acima de tudo, criar espao para a participaoactiva dos cidados. Para alm das funes de soberania (Defesa, Justia, Segurana e Representao

    Externa), a regulao dever constituir uma das formas do Estado actuar. Os mtodos de regulao

    desenvolvidos para as reas econmicas podem, com as necessrias adaptaes e salvaguardas, ser

    aplicveis nos sectores sociais, designadamente em matria de Segurana Social, de Sade e de Educao,

    como forma de preservar a necessria coexistncia entre os sectores pblico, privado e social. Ao Estado,

    atravs do Executivo, caber sempre uma aco de garante de que o sistema regulatrio instaurado cumpre

    os objectivos de cada sector e satisfaz as necessidades das pessoas, protegendo ao mesmo tempo as mais

    dbeis, social e economicamente. Por isso, a interveno do Estado assegura a justia distributiva e realiza os

    fins do Estado social, sem sobrecarregar o errio pblico com custos desnecessrios.

    Investir na reorganizao e nos novos processos, evitando o erro de acreditar que mais recursos, s por si,resolvem os problemas. No caso da Educao e da Justia, por exemplo, esses recursos foram atribudos, sem

    melhorias significativas do desempenho.

    O PSD acredita que possvel fazer mais e melhor com menos custos. Mais: para preservar e viabilizar a

    maior parte dos servios pblicos e o exerccio das funes nucleares, absolutamente necessrio que talseja possvel.

    Evitar rupturas no funcionamento das instituies, o que exige uma prvia avaliao da situao existente edos custos, resultados previsveis e interesses afectados pelas novas reformas a introduzir.

    O PSD assume o propsito de tudo fazer no respeito do princpio da concertao estratgica. Na Justia, por

    exemplo, o PSD prope-se institucionalizar o dilogo estratgico com as diversas profisses jurdicas, que

    devero ser agentes da mudana e que, assim, se devero co-responsabilizar num novo modelo de Justia.

    Eixos de Aco para a Mudana

    Os eixos de aco previstos ao nvel do sistema poltico, da Justia, do combate corrupo e a informalidade, da

    regulao, da segurana das pessoas e do Pas, so os seguintes:

    1. Sistema Poltico2. Descentralizao Administrativa3. Justia4. Combate Corrupo e Informalidade5. Regulao6. Segurana Nacional

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    1. Sistema Poltico:Para o PSD, o sistema poltico carece de dois aperfeioamentos fundamentais. Por um lado, no caso da Assembleia da

    Repblica, reforar a proximidade entre cidados eleitores e eleitos, no sentido de aumentar a credibilidade do

    sistema. Por outro lado, no caso das autarquias locais, definir as responsabilidades dos eleitos, no sentido de

    aumentar a homogeneidade e transparncia do sistema de governao. hoje claro que esses aperfeioamentos

    podero ser conseguidos sobretudo atravs de alteraes s leis eleitorais. O debate sobre o assunto tem suscitado

    vrias propostas de reforma, todas comportando vantagens e desvantagens. O PSD entende que altura de fazer

    escolhas. Por isso, compromete-se a apresentar as seguintes reformas:

    No plano da reforma do sistema poltico, o PSD considera importante consagrar:

    Em primeiro lugar, a reforma da lei eleitoral para a Assembleia da Repblica . Defendemos a introduo demecanismos de personalizao das escolhas pela via do voto preferencial opcional, mecanismos esses que

    requerem a reconfigurao dos crculos eleitorais, de modo a combinar a existncia de um crculo nacional com

    crculos locais menores, onde o eleitor tem um voto nominal escolhendo o seu candidato preferido, alm daescolha do partido da sua preferncia.

    A reforma manter, essencialmente, o sistema de representao proporcional que vigora hoje, mas abre espao

    correco de um dos aspectos em que o seu desempenho tem sido menos eficaz: a aproximao de eleitores e

    eleitos.

    A reduo, para 181, do nmero de Deputados da Assembleia da Repblica , assim se alcanando os seguintesobjectivos:

    Dar execuo reviso constitucional de 1997, a qual, ao fim de todos estes anos, continua porconcretizar.

    Tornar o Parlamento mais operacional e eficaz. Reduzir o nmero de Deputados no significa reduzir arepresentao poltica. Significa, sim, reforar a eficcia da interveno poltica e parlamentar dos

    Deputados eleitos.

    A reforma da lei eleitoral autrquica, com os seguintes objectivos: Consagrar o princpio da homogeneidade e transparncia do governo local. Em caso de ausncia de

    maioria de um nico partido ou lista de cidados, deve a Assembleia Municipal funcionar como rgo do

    qual emana o apoio poltico aos executivos (de coligao ou no). Os executivos devem responder de um

    modo coeso pela sua aco, deixando de ser cmaras de representao, tarefa a assegurar pelas

    Assembleias Municipais.

    Simplificar o processo eleitoral, fazendo com que haja uma nica eleio, a eleio da AssembleiaMunicipal, ao contrrio das duas eleies hoje existentes. Nesta soluo, s o Presidente da Cmara, oprimeiro candidato da lista mais votada, eleito directamente pelos eleitores, sendo a vereao escolhida

    pelo Presidente da Cmara e aprovada pela Assembleia Municipal.

    Consagrar o princpio de maior eficcia e responsabilizao na governao. Assim, o Presidente da Cmaradeve ter liberdade de escolha dos seus vereadores podendo fazer remodelaes ao longo do mandato.

    Diminuir o nmero de membros das Assembleias Municipais , para garantir a sua operacionalidade ereforar os poderes de fiscalizao poltica do executivo.

    Extinguir os Governos Civis. Trata-se de estruturas completamente anquilosadas, sem sentido e sem justificao.

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    Consolidao e aprofundamento do Modelo de Autonomia das Regies Autnomas (Aores e Madeira)O regime autonmico democrtico, estabelecido e garantido pela Constituio, afirma os Aores e a Madeira no

    territrio Portugus, com respeito da sua identidade e dignidade prprias.

    O PSD orgulha-se de ser o principal protagonista histrico da Autonomia Insular, na sua dimenso poltica,administrativa, financeira e cultural.

    Uma Autonomia autntica dos Aores e da Madeira um objectivo poltico nacional porque est ao servio da boa

    governao e do desenvolvimento do Pas inteiro.

    Para tal, o PSD compromete-se:

    A manter dilogo permanente com os rgos de governo prprio das Regies Autnomas, promovendo umadefinio do interesse nacional, nas mais diversas questes, que tenha em conta e equilibre harmoniosamente os

    interesses em presena. Nesse dilogo, as reas da agricultura, do mar e pescas, do ambiente, da energia, dos

    transportes e do turismo, merecero uma ateno particular, dada a bvia relevncia para ambas as Regies

    Autnomas.

    A tomar como prprias as justas pretenses aorianas e madeirenses no mbito europeu, por elas pugnandojunto das instncias competentes, garantindo uma efectiva participao das Regies Autnomas nos processos de

    deciso que lhes digam respeito.

    A repartir, em matria de finanas pblicas do Pas, o esforo nacional com equidade por todos, sem prejuzo documprimento, por parte do Estado, das Regies Autnomas e dos municpios, da Lei de Finanas das Regies

    Autnomas e da Lei de Finanas Locais, no quadro da sustentabilidade das finanas pblicas nacionais.

    Reconhecendo que o sentido da ltima reviso da Constituio se tornou num foco de tenses quanto aospoderes normativos das Regies Autonmas, dever-se- em futura reviso, repristinar o seu propsito original e

    clarificar melhor a repartio de competncias entre a Assembleia da Repblica e as Regies Autnomas,

    ajustando, em conformidade, os mecanismos de controlo constitucional. No caso das autonomias regionais, a pugnar pelo equilbrio do binmio autonomia/responsabilidade em matria

    de fiscalidade e sustentabilidade da dvida, quando se tratar de aprofundar as competncias prprias das Regies

    Autonmas.

    Criar condies para que a lei das Finanas Regionais, enquanto lei de valor reforado, veja alterada, para doisteros, a maioria qualificada necessria sua aprovao. Deste modo, evita-se que maiorias conjunturais possam

    produzir alteraes ao sabor das convenincias partidrias e de ocasio, dando maior estabilidade s relaes

    financeiras entre a Repblica e as Regies Autnomas.

    A reabrir o processo negocial com a Comisso Europeia no que diz respeito ao actual regime do CentroInternacional de Negcios da Madeira (CINM).

    A promover o cumprimento rigoroso do Acordo entre Portugal e os EUA decorrente da utilizao da Base dasLajes e, nesse mbito, a concretizar as medidas efectivas que salvaguardem o interesse da Regio Autnoma dos

    Aores.

    2. Descentralizao Administrativa

    O PSD ir propor uma nova agenda para a descentralizao administrativa: esta a grande alternativa cultura

    centralista do nosso Pas, representando um caminho consensual e uma poltica correcta. Os Portugueses sentem que

    o poder de deciso mais prximo de si positivo, ajuda a resolver os seus problemas e introduz uma cultura de

    responsabilidade. Portugal precisa de um Estado menos centralizado, menos burocratizado e assente no princpio da

    subsidiariedade.

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    fundamental reordenar o aparelho do Estado de forma a conseguir uma melhor eficincia na afectao de recursos

    destinados ao desenvolvimento social, cultural e ambiental das vrias regies do Pas.

    Regionalizao: o PSD considera que o processo de criao de regies administrativas previsto na Constituio notem condies para ser desencadeado nesta fase crtica da vida nacional. O facto de precisarmos de reduzir o peso do

    Estado e de garantir a reduo do dfice pblico no se compadece com qualquer incerteza que pudesse envolver um

    processo to complexo como o da Regionalizao. Porm, o PSD entende que pode vir a ser lanada uma experincia-

    piloto no Pas, na qual se deve procurar estudar e avaliar modelos de competncias, de financiamento e de

    transferncias de recursos (humanos e outros) que possa vir a estar na base de um futuro processo de Regionalizao.

    Para esse efeito, o PSD est disponvel para viabilizar uma alterao constitucional que permita o levantamento do

    travo constitucional que obriga simultaneidade da criao das regies.

    Aprofundamento do Municipalismo: a descentralizao administrativa no se esgota no processo de regionalizao.

    Portugal um Pas onde o municipalismo tem uma tradio histrica bastante enraizada e da qual o PSD se orgulha.

    Como tal, importa proceder continuao das transferncias da administrao central para os municpios e para as

    suas formas de associao voluntria.

    Uma nova agenda para a descentralizao deve contemplar a transferncia de novas competncias para osmunicpios em vrios domnios (ambiente, cultura, ordenamento do territrio), mas, de forma vincada e

    prioritria nas reas seguintes:

    Educao: a transferncia para os Municpios das competncias em matria de construo e manuteno dasescolas e de instalao e acompanhamento da gesto dos estabelecimentos do ensino bsico.

    Sade: reforo da participao, por parte dos Municpios, no planeamento da rede nacional de equipamentosde sade da competncia em matria de construo de centros e extenses de sade e da remodelao dos

    existentes.

    Aco social: em articulao com as IPSS e as Misericrdias, reforar as competncias dos Municpios na reasocial, e fazer com que servios desconcentrados do Estado, nesta rea, sejam integrados nas autarquias locais.

    Tudo para reforar o critrio de proximidade e operacionalidade na interveno em prol da solidariedade

    social.

    Simplificao dos procedimentos administrativos e de planeamento nas relaes entre a AdministraoCentral e a Administrao Local:

    o Transferncia gradual da responsabilidade do licenciamento urbanstico para as autarquias locais, permitindoa eliminao de sobreposies de competncias entre a administrao central e a administrao local, bem

    como a reviso e qualificao dos normativos respectivos.

    o Desconcentrao, a favor de associaes de municpios, das competncias de planeamento que aadministrao central hoje detm atravs dos planos regionais de ordenamento do territrio, sobretudo as

    competncias que dizem respeito s acessibilidades rodovirias e ao desenvolvimento do turismo e de outras

    actividades econmicas.

    o Execuo, a nvel local, das polticas estruturais da administrao central, ficando apenas nas mos desta atutela dos territrios estratgicos para o Pas, como, por exemplo, os grandes portos e aeroportos nacionais.

    Ao contrrio, por exemplo, da generalidade dos portos comerciais, de recreio, de pesca ou aerdromos, que

    devero ser da responsabilidade dos municpios ou de associaes de municpios.

    o Melhorar a coordenao entre as administraes central e local, para alm do papel mais relevante que cabes IPSS e Misericrdias, no que diz respeito aos programas de incluso social como, por exemplo, o apoio aos

    desempregados e a idosos em dificuldade ou a insero social dos menores em risco.

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    o Estabelecer planos de desenvolvimento a nvel regional, com interveno forte dos municpios e suasassociaes, que atendam melhoria da competitividade a nvel regional e local e que articulem os diferentes

    nveis de deciso poltica (autrquica, regional, nacional e europeia).

    o Efectivar a Constituio das Autoridades Metropolitanas de Transporte, com participao dos diversosactores (operadores e autarquias, entre outros) para garantirem a intermodalidade do sistema e a maior

    eficincia das decises operacionais e de investimentos dos sistemas de transporte nas Cidades de Lisboa e

    do Porto.

    Promover a aprovao de uma nova lei de finanas locais , imbuda de uma filosofia diferente da actual.Actualmente, o modelo de financiamento autrquico est excessivamente dependente das receitas da

    construo e do imobilirio, tendo em conta que uma parte substancial dos recursos autrquicos proveniente

    do IMI, IMT e das licenas de loteamento e construo. Ou seja, o ritmo e o ciclo de investimento imobilirio

    condicionam, de forma severa, o volume das receitas autrquicas. Quanto mais construo se autoriza, mais

    receita se arrecada.

    Uma nova lei de finanas locais deve obedecer a princpios diferentes e alternativos: assim, aos Municpiosdeve ser assegurado um efectivo direito a uma parte das receitas fiscais cobradas no seu territrio,compensadas com um fundo de coeso municipal, no caso dos Municpios economicamente mais dbeis.

    Fazer esta reforma no visa aumentar ou diminuir as receitas autrquicas. Trata-se, sim, de mudar o modelo

    de financiamento, para o tornar mais transparente, menos promscuo, mais correcto e mais

    responsabilizador. , tambm uma reviso em harmonia com as preocupaes estratgicas de

    sustentabilidade das finanas pblicas.

    A reforma da organizao intermunicipalPromover um acordo poltico alargado para a optimizao do nmero de municpios e freguesias (nomeadamente no

    caso das freguesias urbanas) por forma a ganhar-se maior massa crtica e robustez na gesto das competncias e

    recursos a fim de se atingir uma melhor descentralizao administrativa, que o PSD entende dever ser efectuada no

    quadro da reforma da organizao intermunicipal.

    O Pas no pode passar o tempo a mudar estruturas do Estado sem reflectir acerca da realidade existente.

    fundamental estabelecer uma racionalidade participada pelos municpios e pelas populaes. Essa concretizao deve

    ser monitorizada, avaliada e corrigida, mas no pode ser posta em causa por qualquer golpe de vento.

    O princpio da organizao territorial sub-regional em Portugal deve ser o do voluntariado. Todavia, em nome do

    princpio da estabilidade, devemos dar uma oportunidade ao sistema de organizao baseado nas NUTs existentes.

    Uma oportunidade devidamente monitorizada e avaliada em funo dos desafios que o futuro coloca ao Pas.

    Compete s autarquias, em cada domnio das respectivas competncias, determinar a sua pertena a associaes

    intermunicipais. Este princpio de geometria varivel possibilita uma melhor racionalizao da sua act ividade e da

    sua interveno em prol dos cidados.

    O PSD considera que indispensvel criar incentivos alterao do enquadramento intermunicipal, condicionando

    essas alteraes a um conjunto de requisitos de racionalidade econmica e territorial. O sistema de NUT 3, alis, tem

    vindo a demonstrar que precisa de ser reflectido e revisto. Para tal, o PSD prope:

    Modelos de legitimidade e governao A associao de municpios deve continuar a assentar nalegitimidade democrtica dos municpios que a compem. O PSD considera imprescindvel criar um sistema

    operativo de governao das associaes de municpios que as habilitem, com acrscimo da vertente

    profissional, a gerir mais eficazmente as oportunidades de desenvolvimento.

    Competncias e atribuies As associaes de municpios devem ter como grupo prioritrio decompetncias a desenvolver a prestao de servios relacionados com a organizao interna dos municpios

    que potencializem economias de escala no funcionamento municipal, como so os casos do processamento

    de salrios, da gesto dos recursos humanos, da contabilidade e da manuteno automvel, assim como da

    gesto dos equipamentos culturais e desportivos e da gesto intermunicipal de compras.

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    o Um segundo grupo de competncias sub-regionais a desenvolver o de servios tcnicos, ossistemas de informao geogrfica e a programao de base intermunicipal.

    o O terceiro grupo de competncias so as reas estratgicas de base intermunicipal, designadamenteas estratgias de desenvolvimento econmico, que no podem continuar a ser estabelecidas sob

    uma viso exclusivamente nacional e local.

    Quanto ao modelo de financiamento, os princpios fundamentais que devem presidir ao novo modelo definanciamento das associaes de municpios, so:

    o O princpio da autonomia financeira das associaes de municpios, que no podem ser estruturadas noprincpio da dependncia financeira da Administrao Central;

    o O princpio da subsidiariedade, nos termos do qual os municpios devem procurar as reas deadministrao territorial que sejam em cada sub-regio melhor geridas ao nvel intermunicipal e

    encontrar a forma de assegurar entre si a concentrao dos poderes necessrios a essa gesto, exerccio

    que a Administrao Central dever reconhecer e a que dever corresponder.

    3. JustiaConsideramos a realizao de uma justia atempada como um dever fundamental do Estado, um direito de todos.

    Os Desafios da Mudana

    Os ltimos seis anos caracterizaram-se por um grande falhano nas reformas que pretendiam garantir uma melhoria

    da eficincia do sistema, mas tambm por medidas tomadas de uma forma desgarrada e no inseridas num plano de

    actuao coerente.

    Para alm de uma parcelar simplificao administrativa e dos vrios Simplex e ainda aqui com quebra de regras de

    certeza e segurana jurdicas, os ltimos seis anos caracterizaram-se por uma grande inaco estrutural e pela falta de

    um programa de actuao arquitectado numa viso estratgica para o sector e que desenvolvesse aces sobre osfactores de bloqueio existentes.

    No domnio do sistema de justia o Governo socialista foi, na realidade, um verdadeiro desastre nacional:

    No conseguiu criar um ambiente de cooperao estratgica com os operadores judicirios e instalou mesmoum ambiente negativo, pouco propcio aco positiva.

    Concebeu um novo mapa judicirio de forma deficiente, construdo revelia do acordado com o PSD, o quecontrasta, por exemplo, com a excelente reforma do mapa judicirio britnico, efectuada em seis meses, ou

    com a reforma da oficina judicial espanhola, levada a cabo em dois anos.

    Manifestou absoluta incapacidade de reformar o Ministrio Pblico, os Conselhos Superiores e o Centro deEstudos Judicirios (CEJ).

    No melhorou o sistema de organizao e gesto dos tribunais, tendo apenas tomado medidas pontuais dedescongestionamento que no resolvem nada a mdio prazo.

    Fez uma reforma precipitada da legislao penal e processual penal. Falhou rotundamente na chamada reforma da aco executiva. Chega-se a 2011 com quase dois milhes de

    pendncias.

    Fez sucessivas alteraes na legislao da insolvncia, prejudicando a necessria estabilidade jurdica. Acrescentou pouco nas chamadas reformas do Cdigo Penal e Cdigo de Processo Penal, tendo os mesmos

    sido j vrias vezes alterados.

    No plano dos princpios, nunca se viu um Governo que tanto tivesse tentado condicionar a independncia e a

    autonomia do poder judicial; no plano das atitudes, vimos do Governo, ao longo destes anos, um discurso populista

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    contra os magistrados, um clima de crispao em relao aos agentes da Justia, a criao de uma permanente

    instabilidade e desmotivao no sector; no plano dos resultados, assistimos a uma degradao sem precedentes, a

    comear no combate corrupo.

    O PSD considera que o sistema de Justia um pilar do Estado de Direito e, tambm, um factor de eficincia da

    economia. A sua importncia , por isso, transversal a vrias dimenses da vida pblica e social.

    Garantir a aplicao do Direito uma das funes de soberania fundamentais do Estado. Sem um sistema de Justia

    que faa respeitar a legalidade, reprima a sua violao e decida os conflitos entre os particulares e entre estes e o

    Estado, no h condies mnimas para que os cidados se sintam em segurana quanto sua integridade fsica e

    moral e para que as empresas possam investir e reforar a sua competitividade no espao nacional e global.

    O PSD guiar o seu processo de renovao da Justia pelos seguintes propsitos:

    Contribuir para melhorar a qualidade do Estado de Direito

    O Estado de Direito no se confunde com Estado de leis. A constante alterao das leis est a minar osfundamentos do Estado e do Direito. Deve seguir-se, como orientao prudente e conservadora do Estado edas suas instituies, o princpio segundo o qual todas as leis do Estado necessitam de avaliao da sua

    eficcia e este princpio estende-se avaliao dos projectos e das propostas de lei.

    Como j anteriormente se referiu, o PSD no ir adoptar rupturas no funcionamento das instituies sem

    uma prvia avaliao da situao existente e dos custos, resultados previsveis e interesses afectados pelas

    novas reformas a introduzir.

    Assegurar o acesso Justia e ao Direito e a tutela judicial efectiva dos interesses legtimos dos cidados, oqueconstitui o pressuposto de um Estado de direitos fundamentais e, em particular, dos grupos mais frgeis

    da sociedade. Impe-se criar o Estatuto das Crianas e rever o regime das incapacidades. Os cidados idosos

    no tm ao seu dispor instrumentos adequados sua situao e esto sujeitos a prticas susceptveis dedesrespeitar os seus direitos mais elementares.

    A Justia dos menores e dos idosos no implica apenas instituies administrativas e servios judiciais

    adequados; implica, igualmente, a existncia de legislao adequada e um largo consenso na sociedade,

    nomeadamente o apoio s associaes, que prossigam fins de interesse social.

    No regime das custas judiciais, importa avaliar as alteraes que tem sofrido nos ltimos anos, para, depois,decidir da sua alterao. Em particular, importa monitorizar os efeitos do Decreto-Lei n. 34/2008, de 26 de

    Fevereiro, que aprovou o Regulamento das Custas Processuais, e estabilizar o seu regime jurdico.

    Contribuir para o reforo da cidadania

    Os recursos humanos na Justia abrangem, actualmente, mais de 27 mil pessoas. Em nome daresponsabilidade perante estas pessoas e perante toda a comunidade, o PSD no aceita a constante alterao

    das suas regras de funcionamento e pretende deixar claro a todos os seus agentes que o bom funcionamento

    da sociedade tem que assentar na confiana no sistema judicial.

    inteno do PSD restaurar o modelo das profisses jurdicas, no qual as diferentes profisses se possamrever, com regras claras e sem a ideia, constantemente repetida nos nossos dias, de inimizade e desprezo

    mtuo. A realizao da Justia precisa de juzes, de advogados, de procuradores da Repblica, de notrios, de

    conservadores, de solicitadores, de funcionrios judiciais, de agentes de execuo e de outros auxiliares da

    Justia.

    A democracia realiza-se no espao pblico, enquanto meio de comunicao ou espao de intermediao,dando um significado especfico aplicao da Justia para a sociedade no seu todo. As reformas a introduzirsero, assim, objecto de clara divulgao e de debate pblico e transparente. No se aceita como regra o

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    regime de segredo em relao ao funcionamento do Estado, especialmente do Ministrio da Justia. Todos

    os elementos fundamentais da governao sero publicados: contratos do Ministrio, nomeadamente

    imobilirios, estatsticas da Justia, oramentos e contas, projectos de reforma legislativa e seus debates.

    Assegurar a independncia judicial e a autonomia do Ministrio Pblico A construo do Estado de Direito exige instituies fortes e prestigiadas, com identidade prpria, forjada na

    sua histria e na aco. Dar confiana aos cidados na independncia do poder judicial implica reforar os

    meios ao dispor do Conselho Superior da Magistratura (CSM). Em especial, implica dotar o Conselho de

    efectivos poderes de gesto processual. Para o exerccio destas competncias, impe-se criar um novo

    modelo de gesto do prprio Conselho, profissionalizando e racionalizando, de acordo com boas prticas

    internacionais, os critrios e os procedimentos de gesto judiciria.

    A legitimao democrtica constitui um modo importante de reforar a autonomia constitucional doMinistrio Pblico. Em termos paralelos ao CSM, dotar o Conselho Superior do Ministrio Publico (CSMP) de

    uma estrutura que reforce a presena de membros externos vai contribuir para reforar a sua autonomia

    interna e a sua legitimidade democrtica. De outro lado, importa reforar a coeso de corpo, mas tornandopossvel a especializao dos seus magistrados, nico modo de dotar o Ministrio Pblico de capacidade

    para responder, no apenas multiplicidade de atribuies que a Constituio e a lei lhe estabelecem, mas

    tambm complexidade da criminalidade actual.

    As orientaes da legislao a aprovar devem, pois, permitir a especializao dos Magistrados Judiciais e

    do Ministrio Pblico.

    Introduzir a capitao processual.Objectivos Chave

    Os problemas actuais do sistema de Justia so de natureza vria. Entre eles no podem ser ignorados os de

    organizao e de gesto.

    Tendo presente o enquadramento descrito, os objectivos prioritrios de um novo processo de melhoria da

    eficincia do sistema de Justia em Portugal devero ser os seguintes:

    O PSD considera que importante repensar a arquitectura do sistema de Justia, reforando a sua legitimidade,introduzindo mecanismos efectivos de escrutnio e avaliao exteriores, responsabilizando tambm o Ministro da

    Justia pelos resultados:

    o No Ministrio Pblico, a liderana da PGR deve ser exercida com maior efectividade, no carecendo doreforo dos seus poderes,

    o Na Magistratura Judicial, compete ao Conselho Superior de Magistratura, nos termos constitucionais, anomeao, a transferncia e a promoo dos juzes e, bem assim, o exerccio da aco disciplinar.

    No sentido de reforar a legitimidade democrtica do Conselho, importante garantir que a maioria dos

    seus membros seja exterior magistratura. Nestes termos, o Presidente da Repblica e a Assembleia da

    Repblica devero designar membros no magistrados para a composio do rgo.

    O Conselho Superior de Magistratura deve ter membros executivos permanentes e ser dotado de meios

    efectivos que assegurem uma liderana e gesto dos Tribunais, com a introduo de mecanismos

    adequados para a melhoria da sua eficincia.

    Melhorar o sistema de recrutamento e formao dos magistrados. O programa de formao dos magistrados e

    juzes deve ter um tronco comum e deve incluir noes bsicas sobre o funcionamento da economia, das

    empresas e de gesto.

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    Os agentes judicirios devero ter conscincia de que a morosidade e a imprevisibilidade das decises judiciais

    constitui um custo suportado pelos agentes econmicos e pela sociedade em geral e que agrava o contexto dos

    investimentos internos e externos e a instabilidade das relaes contratuais.

    Geriro Sistema Judicialem funo de objectivos preferencialmente quantificados, crculo a crculo, comarca acomarca e sector a sector, avaliando periodicamente o seu grau de concretizao. Esta uma mudana

    absolutamente essencial para combater a morosidade judicial;

    Aumentar a eficincia, reduzir custos e evitar os desperdciosA melhoria dos sistemas de informao e de controlo de gesto um elemento fundamental para aumentar a

    eficincia, reduzir custos e evitar desperdcios. Alguns exemplos desta orientao devem ser os seguintes:

    Novas tecnologias adequadas ao Sistema Judicial e administrativo, com unificao de sistemas; Limitao de contratao de estudos e pareceres a entidades externas; Publicao de todos os gastos em consultadoria nos ltimos anos e divulgao pblica de todos os

    contratos do Ministrio da Justia, designadamente imobilirios;

    Eliminar sobreposies de servios, na medida em que se assistiu nos ltimos anos duplicao de diversasentidades com os mesmos fins.

    Em matria de avaliao de desempenho, a efectuar nos Conselhos Superiores, Estabelecer uma verdadeiraavaliao do desempenho dos magistrados, com base em dois critrios: qualidade tcnico-jurdica das decises,

    por um lado, e avaliao de produtividade e do grau de concretizao dos objectivos de trabalho definidos, por

    outro;

    Simplificao processual. O actual sistema processual conduz a uma morosidade judicial inaceitvel, da qualresultam duas justias uma para ricos e outra para pobres. Se o Cdigo Penal garante a igualdade, o Cdigo de

    Processo Penal promove a desigualdade. Sendo esta ltima realidade inaceitvel num Estado de Direito. Neste

    quadro, h que consagrar, designadamente:

    A figura das sentenas simplificadas, fazendo com que em determinado tipo de processos e sem diminuiode garantias, a sentena possa ser elaborada a partir de minuta prpria e adequada, previamente elaborada;

    A reduo das formas de processo. Actualmente, na Justia cvel, existem vrias formas de processo: oprocesso declarativo comum, diversas formas de processos especiais e, ainda, o regime processual

    experimental. necessrio reduzir as formas do processo, simplificando o regime e assegurando eficcia e

    celeridade;

    No efectuar alteraes processuais profundas subsequentes a reformas e estabilizar o quadro legislativo .Deve resistir-se a esta tentao por duas ordens de razes: em primeiro lugar, tais mudanas no deveriam

    ser aplicadas a situaes j pendentes, pelo que a sua utilidade ser diminuta; e, em segundo lugar, o nvel deperturbao que tais alteraes sempre implicam, tem como efeito um acrscimo do nmero dos recursos,

    pelo que os eventuais ganhos de tempo em decises tomadas em primeira instncia seriam completamente

    desperdiados com o tempo necessrio adopo de decises de segunda instncia.

    Dotar os Tribunais de uma gesto profissional e do necessrio apoio tcnico. Os juzes esto hoje ocupadospor questes de carcter administrativo que lhes ocupam demasiado tempo. Assim, a soluo passa pela

    criao da figura do Gestor do Tribunal, da circunscrio judicial ou a de um grupo de circunscries judiciais,

    libertando o juiz das tarefas e contribuindo, deste modo, para a celeridade judicial.

    crucial alterar o paradigma do processo decisrio dos juzes, o que na verdade constitui um ponto de

    bloqueamento administrativo do sistema judicial. Presentemente, o juiz chamado a presidir a todos os

    actos do processo, a proferir todos os despachos, ainda que de mero expediente, e tem de presidir a todas as

    audincias de forma a poder valorar a prova produzida.

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    O PSD entende que deve ser criado um gabinete de apoio a cada Juzo ou agrupamento de Juzos, por forma a

    que o Juz se possa dedicar quase exclusivamente sua tarefa essencial: julgar e produzir sentenas. Esse

    gabinete de apoio dever ter como principais coadjuvar o Juz titular do processo, preparando os despachos

    de mero expediente, a resenha da prova da matria de facto e muito do trabalho de recolha jurisprudencial

    para fundamentao de sentena.

    Tais gabinetes de apoio podero ser constitudos maioritariamente por juzes em formao, fazendo parte

    integrante do seu estgio, pelo que no implicaria acrscimo de custos.

    O mesmo modelo de funcionamento deve ser aplicado estrutura do Ministrio Pblico. Criar um novo paradigma para a aco declarativa e para a aco executivaAs pendncias cveis tm de ser drasticamente reduzidas e tm de se criar condies para que os processos se

    concluam em tempo til e razovel, dando adequada resposta s expectativas sociais, atacando directamente os

    pontos de bloqueio do sistema.

    O PSD entende que, apesar de, por regra, no deverem ser feitas alteraes processuais profundas, s se conseguiro

    atingir esses objectivos com uma reforma de todo o processo civil. Este um ponto estruturante no novo modelo de

    Justia que o PSD prope e condio essencial para o cumprimento dos princpios nucleares do Estado de Direito.

    H um trabalho de grande qualidade recentemente produzido no mbito da Comisso da Reforma do Processo Civil,

    que o PSD se prope recuperar como ponto de partida para as reformas a levar a cabo.

    No essencial importa:

    o Consagrar novas regras de gesto e tramitao processual;o Tornar obrigatria a audincia preliminar, tendo em vista a fixao, aps debate, dos temas controvertidos

    segundo as vrias solues plausveis de direito e as questes essenciais de facto carecidas de prova;

    o Agendar as diligncias para que os intervenientes, designadamente as testemunhas, no tenham de se deslocarrepetidamente ao Tribunal, com prejuzo pessoal e econmico.

    A aco executiva um dos maiores problemas da Justia portuguesa.

    O modelo a implementar dever contribuir para resolver as pendncias e, com todas as garantias para as pessoas, dar

    aos credores os meios rpidos de satisfao dos seus crditos.

    O PSD entende que a soluo deve passar pela extino da aco executiva sempre que o ttulo seja uma sentena,

    devendo a deciso judicial ser executada em liquidao de sentena ou a tramitar como incidente da aco.

    No caso de existir um ttulo executivo diferente de sentena dever ser criado um processo abreviado, que permita a

    resoluo clere dos processos, sem prejuzo de se reponderar as condies de exequibilidade dos documentosparticulares como ttulos executivos (mantendo-se o actual regime de exequibilidade dos ttulos de crditos), os quais

    s podero ter a virtualidade de adquirir fora executiva quando for inequvoca a obrigao exequenda e estiverem

    asseguradas as garantias das pessoas contra execues injustas.

    De outro lado, para facilitar a criao de empresas e de emprego, o Ministrio da Justia deve empenhar-se na criao

    das solues institucionais que facilitem a cobrana de crditos das empresas.

    Do mesmo modo importa agilizar a execuo de sentena no processo administrativo e fiscal.

    Agilizar a actual lei dos processos de insolvncia, redefinindo as prioridades dos credores no sentido de decisesrpidas que permitam, sem anular a defesa dos interesses do Estado e dos trabalhadores, contribuir para aacelerao da recuperao econmica dos activos.

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    Desenvolver a Justia Arbitral. Nos campos da Justia civil, comercial, laboral,administrativa e fiscal, o Estado,os cidados e as empresas, daro um passo de gigante se tiverem meios alternativos aos Tribunais, podendo

    entregar a resoluo dos seus litgios aos Tribunais Arbitrais. Por maior sucesso que venham a ter as reformas do

    sistema de Justia do Estado, no ser possvel melhorar significativamente o seu desempenho, pelas limitaes

    prprias de um sistema pesado e complexo.

    Os Tribunais Arbitrais devero ser cada vez mais o frum privilegiado da resoluo de litgios que a exploso do

    comrcio internacional tornou imprescindvel. Dever ser incrementada a chamada Justia arbitral, com alvio dos

    Tribunais do Estado.

    Melhorar a imagem da Justia Criminal. A imagem de degradao da Justia tem-se acentuado ultimamentesobretudo na Justia criminal. A ideia quase generalizada dos Portugueses a de que os crimes passam impunes,

    que h uma justia para os ricos diferente e mais permissiva do que a justia para os pobres, de que raramente

    sabemos a verdade, que as investigaes sobre os poderosos ficam pelo caminho.

    Para esse estado de opinio maioritria entre os Portugueses tm contribudo, decisivamente, os inquritos que

    se prolongam por tempo indefinido, por vezes durante anos, as fugas de informao com violao do segredo de

    justia que geram convices de culpabilidade sem fundamentao apropriada, o abuso de mtodos de

    investigao que colidem com direitos fundamentais, estatutos processuais de difcil entendimento pelos

    cidados e a desconfiana da existncia de motivaes polticas na actuao da Justia.Se estas derivas no forem corrigidas, prosseguir a degradao da imagem da Justia e sero postos em causa

    direitos fundamentais constitucionalmente consagrados. Da que devam ser tomadas com urgncia medidas

    efectivas que corrijam estas disfunes. Entre estas, destacamos as seguintes:

    Fixao deprazos peremptrios para os inquritos criminais, pelo menos quando correm contra suspeitosou arguidos, de modo a impedir o prolongamento por prazo indefinido das investigaes, salvo nos casos de

    alta criminalidade organizada e, justificadamente de crimes que envolvam os titulares de cargos polticos por

    autos praticados no exerccio das suas funes;

    Punio dissuasora, atravs de coimas proporcionais s ofensas, de quem viola o segredo de justia,independentemente da forma como obteve a informao divulgada;

    Promover e incentivar a composio por acordo entre a vtima e o arguido nos casos em que no existeoutro interesse pblico relevante;

    Permitir a resoluo simplificada de casos criminais menos graves sem julgamento, havendo consentimentodo arguido.

    Medidas no mbito dos tribunais tributrios:

    Aproveitar os tribunais arbitrais em constituio e remeter com carcter obrigatrio para os mesmos todos os

    processos que se encontrem h trs anos sem resoluo em sede de tribunal tributrio comum. S assim serpossvel resolver o estado em que se estado em que se encontra a justia tributria, sem embargo de, para um

    adequado funcionamento futuro, se definir qual o nmero de juzes que devem ficar afectos aos tribunais

    tributrios e a formao especfica obrigatria a ser ministrada.

    O PSD tem conscincia que o programa de renovao do sistema de Justia que prope fundamental para que este

    desempenhe o papel que lhe compete num verdadeiro Estado de Direito.

    O PSD tambm tem conscincia que o novo modelo s poder ser levado prtica com o envolvimento dos

    operadores, dos rgos de soberania e da sociedade civil. O PSD considera que todos devero estar representados

    num Conselho Estratgico para a Justia, no sentido de uma concertao ampla para a aplicao e

    acompanhamento da execuo das medidas.

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    O PSD entende que crtica a existncia de um sistema de avaliao, informao e controlo de gesto especfico

    para o Sistema de Justia.

    4. Combate corrupo e informalidade

    A concorrncia o principal motor de inovao e de ganhos sustentados de produtividade e, como tal, dever ser o

    principal motor para o aumento da competitividade da economia. tambm o mecanismo mais adequado para evitar

    a acumulao indevida de vantagens por corporaes e grupos de presso.

    O PSD tem como objectivo:

    o Reforar o combate corrupo que est progressivamente minando a confiana nas instituies e naeconomia;

    o Reduzir a economia informal, atravs da diminuio dos custos de participao no mercado formal,facilitando processos e reduzindo burocracias, agravando o custo de no participar, aumentando aprobabilidade de identificao do no cumpridor, bem como as penalizaes a aplicar.

    O PSD desenvolver os seguintes eixos de aco:

    o Racionalizar a regulamentao fiscal (maior simplicidade, menor custo de cumprimento), em particularsimplificando o regime fiscal aplicado s micro e pequenas empresas;

    o Aperfeioar auditorias s empresas (no que respeita s obrigaes fiscais, da Segurana Social e outrosencargos), alargando e integrando fontes de informao e automatizando procedimentos;

    o Reforar as sanes por no cumprimento de regras legais e regulamentares;o Reforar a capacidade do Estado para controlar a evaso fiscal e aumentar a celeridade da sua

    interveno, seja atravs da especializao do combate evaso fiscal, seja atravs da agilizao dos

    processos judiciais neste domnio;

    o Assegurar que as regras existentes no discriminam os agentes econmicos, de modo a promover tanto aeficincia como a justia nas relaes econmicas;

    Assegurar que o Estado - o maior agente comprador e vendedor no mercado - respeita e promove as regrastransparentes e no discriminatrias de mercado. Com esse fim, um governo do PSD estabelecer processos

    de aquisio e venda no arbitrrios, que promovam a concorrncia e, em segundo lugar, criar incentivos

    para que os agentes que actuam em nome do Estado obedeam e promovam eles prprios esses processos

    concorrenciais; Finalmente, o PSD compromete-se a reforar a capacidade do Estado para fazer cumprir as regras

    estabelecidas, de forma a penalizar de forma substantiva e clere os agentes incumpridores . Para isso, o

    PSD reforar a capacidade de interveno dos organismos reguladores e de superviso (ao nvel de recursos

    humanos e financeiros e do reforo do enquadramento legislativo e regulamentar) e, por outro lado,

    aumentar o grau de independncia desses organismos, de forma a estimular a sua vontade e disponibilidade

    de actuao em todas as situaes.

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    5. Regulao

    O PSD pretende realizar progressivamente o Estado de Garantia, assegurando que os objectivos sociais definidos

    so efectivamente alcanados. A realizao deste Estado de Garantia permite que, por exemplo, nos sectores sociais

    da sade e da educao, a par dos prestadores pblicos, a oferta nacional seja tambm composta por prestadores de

    outra natureza, nomeadamente do sector no lucrativo (IPSS e Misericrdias), a qual, no entanto, deve ser sujeita a

    regulao independente que garanta a separao da actividade de financiamento da de prestao dos servios.

    A Regulao , tambm, a actividade de superviso dos mercados por autoridades administrativas independentes do

    Executivo, ou pelo menos com forte autonomia em relao a este, com o propsito de promoo e salvaguarda da

    concorrncia e de defesa do interesse pblico e dos cidados. Porm, o sistema regulatrio no nosso Pas tem

    deficincias e fragilidades que importa colmatar. Precisamos reforar a regulao, tanto na sua independncia como

    na sua efectividade.

    Assim, o PSD prope-se:

    Apresentar uma proposta de Estatuto Jurdico das Autoridades Administrativas Independentes, integrando a suacriao na reserva de Lei parlamentar;

    Transformar as entidades com funes reguladoras dependentes do Governo e cujos mercados regulados pelasua importncia o justifiquem, em Autoridades Administrativas Independentes, reintegrando as restantes na

    administrao tradicional (de modo a evitar o risco de proliferao e banalizao de falsos reguladores).

    Reforar a autonomia e a responsabilidade das Autoridades Administrativas Independentes atravs da fixao degarantias aos membros dos rgos de direco de inamovibilidade dos seus cargos durante o exerccio dos

    respectivos mandatos. A designao dos titulares dos rgos de direco ou administrao deve ser feita com

    interveno do Governo, da Assembleia da Repblica e do Presidente da Repblica, tendo a preocupao degarantir consensos alargados quanto aos seus mritos; a sua designao deve ter o cuidado de prevenir

    comportamentos corporativos, evitando que os eleitos provenham de lugares de direco dos sectores que vo

    regular ou que neles possam vir a trabalhar antes de decorrido um perodo alargado aps o termo dos respectivos

    mandatos;

    Elaborar legislao sobre a responsabilidade de garantia do Estado em ltima instncia pelas falhas dosmercados nos sectores regulados;

    Criao, a partir de estruturas da administrao pblica e regulatrias j existentes, de uma entidadeadministrativa autnoma de coordenao das actividades regulatrias das diversas entidades sectoriais , em

    cujo conselho geral tenham assento representantes de todas as autoridades administrativas independentes.

    autoridade administrativa de coordenao caber, designadamente resolver os recursos administrativos das

    decises das autoridades administrativas sectoriais.

    6. Segurana Nacional

    A segurana das pessoas e do Pas diz respeito a funes do Estado que no so delegveis nem privatizveis, embora

    possam ser realizadas em cooperao com outros Estados.

    A principal questo nesta rea melhorar as estratgias e a organizao e gesto dos meios, no quadro de um novo

    Sistema de Segurana Nacional que garanta, sem margem de incerteza, uma efectiva segurana dos cidados e dos

    bens, e a defesa do territrio nacional e dos interesses estratgicos de Portugal.

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    Este conceito alargado e abrangente de Segurana Nacional inclui as funes de Defesa Nacional, Defesa Militar,

    Proteco Civil e de Emergncia, Segurana Interna e Informaes da Repblica e Sistema de Justia, enquanto

    Sistemas Funcionais articulados e coordenados, de forma a aproveitar a sua polivalncia e complementaridade na

    aco. Cada sistema funcional ser igualmente reestruturado a partir dos conceitos de complementaridade e de

    conjunto, de forma a obter sistemas efectivos e sustentveis. O principal objectivo obter os melhores resultadosao mais baixo custo possvel, pela simplificao, clarificao e utilizao coordenada de meios e processos modernos

    e ajustados. Com esse fim, as abordagens previstas para cada sector so as seguintes:

    Na Defesa Nacional

    Organizar o Ministrio da Defesa em duas grandes reas, a defesa militar e a proteco civil, e centralizar noministrio as funes de obteno e administrao de recursos, ensino e sade militares, apoio social aos

    servidores (abrangendo os estabelecimentos militares de ensino e as messes), inspeco superior, relaes

    externas de defesa (incluindo a definio da poltica de Defesa Nacional) e a Policia Judiciria Militar;

    Promover o reagrupamento geogrfico dos rgos Superiores de Defesa Nacional, pelo aproveitamentoracional das instalaes existentes e alienao das no necessrias;

    Reestruturar, em coordenao com o Ministrio dos Negcios Estrangeiros, o Instituto de Defesa Nacional.

    Na Defesa Militar

    Atribuir ao Estado-Maior General das Foras Armadas o efectivo comando operacional, dispondo de trscomponentes (naval, terrestre e area) e dos rgos conjuntos necessrios, dando corpo ao Sistema de Defesa

    Militar, prioritariamente responsvel pela defesa militar da Repblica;

    Explorar as sinergias ao nvel do Ministrio da Defesa ou do Estado-Maior General das Foras Armadas deforma a conquistar ganhos de eficincia e racionalizao;

    Desactivar unidades e sistemas de armas no essenciais; Rever a Lei de Programao Militar; Racionalizar a despesa militar, nomeadamente, atravs da melhor articulao entre os seus ramos e uma

    maior eficincia na utilizao de recursos;

    Centralizar as aquisies para as Foras Armadas e para a Guarda Nacional Republicana; Racionalizar os recursos humanos, privilegiando sempre a componente operacional, no quadro de um total de

    efectivos de cerca de 30.000 militares at ao final da legislatura;

    Criar nas foras militares Conselhos da Condio Militar, como rgos de carcter deontolgico e de dilogosocioprofissional;

    Criar o Balco nico para os Antigos Combatentes e melhorar o apoio aos Deficientes Militares:o Garantindo aos ex-combatentes a manuteno do apoio por parte das estruturas de sade

    militar, nomeadamente na rea da sade mental;

    o Regularizando os processos pendentes de ex-combatentes;o Apoiando o associativismo dos ex-combatentes e garantindo o seu direito auscultao nas

    matrias que lhes digam respeito;

    Integrar o Instituto Geogrfico do Exrcito e o Instituto Hidrogrfico num Instituto Geogrfico Nacional nico,com um Departamento Militar e Hidrogrfico.

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    Na Proteco Civil e Emergncia

    Incorporar a Autoridade Nacional de Proteco Civil, Comisso do Planeamento Civil de Emergncia eInstituto Nacional de Emergncia Mdica, corporizando o Sistema de Proteco civil;

    Aproveitar a possibilidade de utilizao de servios de apoio comum com o Sistema de Defesa Militar; Garantir a identidade dos bombeiros e a sua funo estratgica na estrutura nacional de proteco civil,

    degradada com o actual modelo de coordenao, nomeadamente, na construo do dispositivo operacional

    local, na construo da interveno formativa, sem esquecer a criao de um plano de equipamentos para

    bombeiros; Os bombeiros so, por excelncia, o grande agente da proteco civil. Assim, imagem de outras

    foras de proteco civil, o respeito pela sua autonomia imprescindvel, tendo em vista a eficincia na

    gesto dos recursos e a eficcia do socorro;

    Proporcionar, dentro das limitaes oramentais existentes, aos servios de Bombeiros Voluntrios, ascondies tcnicas, financeiras e de recursos humanos necessrios ao cabal desempenho das suas

    actividades, nomeadamente nas reas do transporte de doentes.

    Segurana Interna

    Promover uma maior articulao entre as foras de segurana, optando pela existncia de um sistema dualcom apenas duas vertentes, uma de natureza civil , composta por trs reas (Segurana Pblica,

    Investigao Criminal e Estrangeiros) e outra de natureza militar a Guarda Nacional Republicana.

    Implementar os Sistemas de Autoridade Martima e de Autoridade Aeronutica, conjugando sinergias com oSistema de Defesa Militar.

    Informaes da RepblicaImplementar o Sistema de Informaes da Repblica (SIR) com a existncia de um nico servio, com duas direces

    (interna e externa), mas servios de apoio e tcnicos comuns.

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    O Legado Socialista: uma Tragdia Nacional, um Pas beira da bancarrota

    Portugal j passou ao longo da sua histria por perodos de crescimento econmico, de convergncia real com os Pases mais

    desenvolvidos da Europa, e por perodos de fraco crescimento econmico e de divergncia real. O PSD, na sua gesto do Pas no

    perodo entre 1985 e 1995, impulsionou um perodo de ouro de crescimento da economia portuguesa e de recuperao dos

    desequilbrios econmicos, financeiros e sociais gerados entre 1974 e 1985.

    Esse foi um perodo de recuperao da confiana dos portugueses nas suas instituies e de execuo de um profundo

    ajustamento econmico e financeiro, que se traduziu na correco de trajectrias insustentveis do dfice pblico e da divida

    pblica, ao mesmo tempo que se concretizaram profundas reformas estruturais, conducentes consolidao de uma economia de

    mercado, aps a deriva estatista e socialista no perodo revolucionrio anterior.

    Portugal, no perodo entre 1986 e 1995, evidenciou um ritmo de convergncia real com a Europa desenvolvida superior ao da

    Espanha, e, em 1995, evidenciava indicadores das finanas pblicas ligeiramente mais favorveis do que os do nosso vizinho, em

    termos de dfice pblico, de dvida pblica, de despesa pblica corrente primria e de nvel de endividamento.

    Em 1995, o Governo PSD deixou lanado um novo ciclo de expanso econmica que continuou at 2001. Simplesmente, o primeiro

    Governo socialista de Antnio Guterres desperdiou esta boa herana. Ao contrrio de Espanha, e para nveis de crescimento

    econmico no perodo quase idnticos entre os dois pases, o Governo Socialista deixou germinar disfunes nas finanas pblicas

    e na produtividade, os quais constituem a raiz do problema oramental e da falta de competitividade da economia, tornados

    visveis a partir de 2001.

    Como hoje reconhecido pelo Banco de Portugal e pelas instituies internacionais, o primeiro Governo socialista, empossado nos

    finais de 1995, levou prtica uma poltica oramental expansionista, desajustada do ciclo econmico, que est na raiz do

    problema oramental com que nos debatemos hoje em dia, e que originou o comeo de uma trajectria ascendente do

    endividamento externo do Pas. A dvida pblica nesse perodo apenas convergiu para os nveis dos nossos compromissos na Unio

    Europeia graas ao recurso a receitas extraordinrias e ao elevado montante arrecadado com as privatizaes.

    Em 1995, a situao financeira de Portugal face ao exterior, medida pela chamada Posio Liquida do Investimento Internacional

    (PI) era negativa da ordem dos -10% do PIB, e, em 2001, atingiu o valor de -49%, ainda sustentvel mas em acelerao at atingir,

    em Dezembro de 2010, -186,2 mil milhes (cerca de 108% do PIB). A Posio negativa significa que os activos dos residentes em

    Portugal sobre os residentes no estrangeiro so inferiores aos passivos e que mede as responsabilidades acumuladas das novas

    geraes face ao exterior.

    Com a entrada da economia portuguesa no Euro, vieram progressivamente superfcie os efeitos do desvario oramental desse

    perodo e da falta de medidas estruturais que continuassem o processo de modernizao da economia portuguesa. Foi uma poca

    perdida, de que o Pas ainda hoje se ressente. Quando poderia ter sido uma nova poca de ouro!

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    Pilar Econmico-Financeiro

    Restaurar a Credibilidade Financeira, Relanar o Crescimento, a Competitividadee o Emprego

    Reduzir o Dfice Externo e o Endividamento Nacional

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    No perodo entre 2001 e 2010 o Partido Socialista responsvel por cerca de 80% do tempo da governao, incluindo seis anos

    de Governo de Jos Scrates. O legado destes 6 anos no podia ser mais desastroso para os Portugueses, tambm do ponto de

    vista econmico-financeiro. Um verdadeiro crime de lesa-Ptria. Na realidade:

    O pior crescimento econmico mdio dos ltimos 90 anos, e um cenrio futuro de fraco potencial de crescimento; Divergncia dos nveis de vida relativamente mdia europeia; A poltica salarial no conjunto da economia, induzida pelo Governo em relao poltica salarial do sector pblico e dos

    sectores com preos regulados na economia, foi desligada da evoluo da produtividade, determinando uma evoluo

    negativa dos custos reais unitrios do trabalho, prejudicando gravemente a competitividade externa do Pas;

    A maior taxa de desemprego dos ltimos 90 anos (desde que h registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%.Em 2011, a taxa de desemprego j ultrapassa os 11% e tende, infelizmente, a continuar a aumentar:

    o 620.000 desempregados;o Mais de 300.000 desempregados de longa durao;o 30.000 jovens desempregados procura do primeiro emprego;

    A segunda maior vaga emigratria dos ltimos 60 anos, incidindo, sobretudo, sobre jovens de elevada qualificao erepresentando a maior fuga de crebros de toda a OCDE;

    Um Estado com uma dimenso excessiva para o nosso nvel de riqueza, cujo peso (directo e indirecto) j ultrapassaseguramente os 55% do PIB a nvel do conjunto do Sector Pblico Administrativo (SPA) e do Sector Empresarial doEstado (SEE) e das PPPCs;

    A Despesa Pblica Corrente Primria (DPCP) (ou seja, a despesa pblica antes dos juros da dvida e das despesas decapital), mesmo anteriormente crise em 2007, j estava prxima dos 38% do PIB (um valor de 64.400 milhes de

    euros) e em 2010 atingiu os 42,4% do PIB (um valor de 73.500 milhes de euros). Recorde-se, a ttulo de memria, que,

    em 1995, a DPCP era de 31,3% do PIB ( volta de 31.300 milhes de euros);

    A criao de um Novo Estado Paralelo resultante de uma proliferao de organismos margem das AdministraesPblicas tradicionais: uma multiplicidade de Institutos, de Fundaes, de Entes Pblicos Empresariais e Empresas

    Pblicas ligadas Administrao Central, Empresas Municipais e Regionais, Estruturas de Misso, Comisses de Estudo

    ad-hoc, etc.;

    Em 2009, tnhamos 13.740 entidades pblicas que recebiam dinheiros do oramento, das quais apenas 418 eram

    controladas pelo Tribunal de Contas;

    A Carga Fiscal (impostos directos, mais indirectos, mais contribuies para a Segurana Social) agravou-sesubstancialmente, tambm ainda antes da crise, penalizando o rendimento disponvel das famlias e a competitividadedas empresas; e determinando um esforo fiscal relativo, em paridades de poder de compra, 20 pontos percentuais

    acima da mdia da UE-27 (base 100);

    Portugal est entre os dez Pases mais endividados do mundo, em todos os indicadores possveis:o As responsabilidades face ao exterior (passivos da PI) uma aproximao da dvida externa bruta situam-se

    prximos de 290% do PIB (em que se salienta a dvida das instituies monetrias e do Estado), a maior dos ltimos

    120 anos;

    o A dvida externa lquida j atingiu hoje 17.700 euros por cada portugus;o A dvida pblica directa do SPA caminha para 100% do PIB, e a maior de sempre;o A dvida pblica indirecta do Estado, atravs das empresas pblicas no financeiras, atinge j os 27% do PIB, em que

    o sector pblico e dos transportes representam um quinho de 10% do PIB (respectivamente 46.800 milhes de

    euros e 17.000 milhes de euros);

    o O volume dos encargos derivados dos contratos com as Parcerias-Pblico Privadas e Concesses (PPPCs), queconstitui um fardo s costas das geraes futuras, aparece estimado, a preos correntes, para o perodo 2010-2030,

    em 60.000 milhes de euros;

    o A dvida das famlias de cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponvel;o As dvidas das empresas atingem os 150% do PIB mas em que se estima que um total de cerca de 40% do PIB

    consequncia directa das polticas governamentais a nvel do SEE e dos projectos PPPCs;

    o Uma larga poro do endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao Estado, a um nvel semcomparao com o que se passa nos pases financeiramente mais saudveis do nosso espao econmico;

    O dfice externo (que mede o excesso do consumo do Pas em relao ao valor da produo nacional de bens eservios) tem-se situado nos ltimos anos entre os 8% e 10% do PIB, o que explica a evoluo negativa da dvida

    externa;

    A taxa de poupana nacional bruta, em % do PIB, tem vindo a experimentar uma queda acelerada. Em 1995 era de20,2%; em 2000 de 17%; em 2007 de 12,4%; e em 2010 de apenas 8%;

    O financiamento da economia portuguesa est, h mais de um ano, dependente de ajuda externa. S com o apoio doBanco Central Europeu, ao longo do ltimo ano, foi possvel manter o nvel de financiamento que suportou a economia

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    portuguesa. Aos olhos dos nossos parceiros europeus, dos analistas e mercados financeiros internacionais, Portugal j

    deveria ter solicitado a ajuda externa do Fundo Europeu de Estabilizao Financeira (FEEF) e do Fundo Monetrio

    Internacional (FMI) h, pelo menos, um ano. O atraso teve sobrecustos evidentes;

    O Governo, entre 2005 e 2008, realizou apenas uma reduo contabilstica do dfice pblico, graas ao recurso desoramentao, s receitas extraordinrias e ao aumento dos impostos;

    O Governo viveu num mundo virtual e ignorou os impactos da crise financeira internacional, desencadeada no segundosemestre de 2007. Continuou com a mesma poltica oramental expansionista, como se nada tivesse ocorrido, nopercebendo que tinha terminado a poca do endividamento externo fcil e barato;

    O Governo desenvolveu em 2009 uma poltica eleitoralista na conduo da poltica oramental e fiscal, o que explica emboa parte o descalabro das contas pblicas de 2009 e 2010, e o disparar dos nveis da dvida pblica nos dois ltimos

    anos;

    O Governo acordou do sono letrgico apenas em Maro de 2010, ainda que parcialmente, para o problema de alteraodo contexto financeiro internacional j visvel em 2008. Apresentou, desde ento, trs sucessivos planos de austeridade

    (PEC 1, PEC2 e PEC3) que falharam rotundamente nos seus objectivos.

    Em Maro de 2011, o Governo comprometeu-se com a UE e o BCE a executar um novo plano de austeridade, vulgarmente

    conhecido por PEC 4, o qual, ao contrrio dos anteriores, o PSD no pde suportar politicamente pelo facto de ser socialmente

    injusto, de no ter sido previamente negociado e pelo facto de descurar a necessidade imperiosa de relanar o crescimento

    econmico impulsionado pelas transformaes estruturais da economia. E tambm pelo facto das suas projeces estarem

    baseadas em pressupostos incompletos e irrealistas para os prximos anos.

    O Governo de Jos Scrates deixou o Pas beira da bancarrota, uma situao que j no acontecia desde 1892.

    neste quadro terrvel da situao econmica e financeira do Pas, que o PSD apresenta aos Portugueses a sua proposta econmica

    de governo, dentro dos objectivos de recuperao da credibilidade financeira de Portugal e de criao de condies para a retoma

    do crescimento, competitividade e emprego.

    Portugal uma pequena economia aberta, em que a soma das exportaes e importaes ronda os 70% do PIB, e em que os

    sectores dos bens e servios transaccionveis (os que exportam e que evitam importaes) tm vindo a perder peso relativo na

    economia. O sector protegido da concorrncia internacional e as actividades muitas vezes abrigadas da concorrncia interna,

    atraram, pela sua rendibilidade alta, recursos financeiros em excesso. Tendncia agravada por uma poltica errada de incentivos do

    Estado que garantiu em muitos projectos (directa ou indirectamente) rendibilidades elevadas, apoios especficos da Unio Europeiae mesmo financiamento bancrio quer interno quer externo.

    Em consequncia, o Estado contribuiu para o aumento da taxa de rendibilidade dos sectores protegidos, em detrimento dos

    sectores em concorrncia.

    Esta orientao estratgica determinou uma concentrao excessiva do stock total do crdito economia portuguesa nos sectores

    do imobilirio, da construo, e no sector pblico administrativo (Central, Regional e Local) e empresas pblicas (nomeadamente

    sector pblico dos transportes, empresas regionais e municipais) e, nos projectos em parceria pblico-privadas e grandes

    concesses. Este universo de actividades protegidas representa hoje mais de 90% do total do stock de crdito economia.

    Tambm a afectao e a gesto de fundos europeus (QREN) foi pouco orientada para o sector produtivo da economia e para os

    factores crticos de competitividade.

    Em suma, o sector transaccionvel foi progressivamente asfixiado por um ambiente econmico pouco propcio ao crescimento da

    produtividade. A interaco deste factor com a no adaptao do paradigma macroeconmico aps a adeso ao euro, o abandono

    do objectivo estratgico de controlo do endividamento externo e a fraca prioridade dada ao objectivo da competitividade,

    determinaram os desequilbrios econmico-financeiros actuais.

    O Pas precisa de uma poltica econmica virada para o crescimento, a competitividade e o emprego; que controle gradualmente

    os excessos de endividamento externo e de dvida pblica; que garanta a prazo a sustentabilidade das finanas pblicas; que

    revitalize o empreendedorismo na estrutura produtiva do Pas nos sectores dos bens e servios transaccionveis; que aumente o

    valor acrescentado nacional incorporado nas nossas exportaes, que actue sobre todos os factores crticos de competitividade;

    que crie condies para recuperao do investimento empresarial nacional e estrangeiro.

    Uma Nova Poltica Econmica

    Uma nova poltica econmica para Portugal tem de incluir medidas bem definidas e que se destinem a restaurar a credibilidade

    financeira, a reduzir o endividamento nacional e o dfice externo, a retomar o crescimento econmico, a fomentar a produtividade

    e a competitividade, e a promover uma sustentada criao de emprego.

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    Neste sentido, o programa econmico-financeiro que o PSD prope tem duas componentes interligadas:

    1. Programa de Ajustamento Macroeconmico (PAM)2. Programa para o Crescimento, a Competitividade e o Emprego (PCCE)O PSD compromete-se a concretizar o maior conjunto de reformas estruturais ao nvel econmico e financeiro dos ltimos 15

    anos, de forma a criar condies, to rapidamente quanto possvel, para atingir uma taxa potencial de crescimento econmico

    a caminho de um valor superior a 3%. Segundo a base de dados AMECO, em 1996 estvamos prximos de uma taxa potencialde 3% e nos ltimos anos temos apresentado uma tendncia altamente negativa, a caminho dos 0%.

    Os principais objectivos gerais de uma nova poltica econmica sero:

    Implementar um programa de ajustamento macroeconmico visando a retoma da credibilidade financeira e que sejasaudvel para o crescimento;

    Aumentar a taxa potencial de crescimento econmico, para os 3%; Orientar a alocao de recursos na economia para os sectores produtores dos bens e servios transaccionveis; Revitalizar a estrutura produtiva; Reduzir o endividamento nacional e o dfice externo; Fomentar a poupana nacional.

    1. Programa de Ajustamento Macroeconmico (PAM)

    Em virtude dos erros acumulados pela governao socialista, Portugal no se consegue financiar normalmente no mercado

    interbancrio e nos mercados financeiros internacionais h mais de um ano, tendo criado uma dependncia excessiva do BCE e

    pagando taxas de juro insustentveis a criao de condies para o financiamento normal da economia portuguesa, em clima de

    estabilidade social, um imperativo nacional.

    Os principais objectivos do Programa de Ajustamento Macroeconmico (PAM) so: Executar uma consolidao oramental de qualidade para reequilibrar a prazo, de forma saudvel, as contas pblicas, e

    relanar o crescimento econmico e o emprego;

    Criar condies para a sustentabilidade das finanas pblicas em geral e da dvida pblica (directa e indirecta), emparticular;

    Reduzir progressivamente o endividamento nacional e o dfice externo; Criar um enquadramento institucional, independente do Governo, para a avaliao da poltica oramental e fiscal, e

    para monitorizao das contas pblicas (tanto do SPA, como do SEE e PPPCs) e melhorar o sistema de informao e

    controlo;

    Contribuir para o fortalecimento da estabilidade do sistema bancrio, por forma a libertar o maior volume de recursosdisponveis para o financiamento dos sectores dos bens e servios transaccionveis;

    Implementar um Programa de Emergncia Social (PES) para compensar os potenciais efeitos mais gravosos sobre osgrupos mais desfavorecidos da sociedade.

    O PAM tem, os seguintes eixos de aco:

    1.1. Consolidao Oramental de Qualidade1.2. Sustentabilidade das Finanas Pblicas1.3. Promoo da Poupana e Reduo do Endividamento1.4. Fortalecimento do Sistema bancrio e do Financiamento Economia1.5. Programa de Emergncia Social

    1.1. Consolidao Oramental duradoura e de qualidade

    Base de Partida

    As finanas pblicas na prxima legislatura esto fortemente condicionadas pelo descalabro das contas pblicas nos ltimos anos.

    As contas pblicas durante os seis anos dos governos de Jos Scrates apresentaram uma opacidade enorme.

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    Os valores do dfice pblico e da dvida pblica dos ltimos trs anos tm vindo a ser sucessivamente revistos em alta. E, hoje, no

    sabemos quando ser a ltima reviso.

    Fracassos da Gesto Oramental Socialista

    Nos ltimos seis anos, a gesto financeira socialista caracterizada por desvios oramentais fortemente negativos (entre os valores

    reais e os oramentados), e pelo recurso desoramentao e utilizao de receitas extraordinrias.

    Na realidade, uma parcela significativa do investimento pblico foi desviada contabilisticamente para as empresas pblicas

    (nacionais, regionais e locais) e para as PPPCs, e as receitas extraordinrias atingiram montantes muito significativos

    nomeadamente em 2008 e 2010; em 2008, oriundas da antecipao das receitas das concesses das barragens e auto-estradas

    (cerca de 1% do PIB); em 2010, atravs da integrao do Fundo de Penses da Portugal Telecom (1,6% do PIB).

    A reduo do dfice pblico, mesmo quando contabilisticamente ocorreu nos ltimos seis anos, foi de m qualidade,

    essencialmente custa do aumento das receitas e no da reduo das despesas.

    Entre 2005 e 2008, a consolidao oramental foi mesmo aparente. Em 2009 e 2010 pura e simplesmente no existiu, o dfice

    alargou-se para valores inimaginveis, verificou-se um descalabro total originado por uma poltica eleitoralista e por falta de

    transparncia na informao prestada com revises sucessivas.

    O INE anunciou a subida da sua estimativa provisria de 9,1% do PIB para o dfice pblico de 2010 e para a dvida pblica directa

    de 93% do PIB.O desastre cada vez maior, de reviso em reviso contabilstica. Por seu turno, o endividamento das empresas pblicas no

    financeiras (EPNF), nomeadamente as do sector pblico dos transportes, apresenta uma trajectria negativa e explosiva. Tal como

    os encargos com as PPPCs.

    A soma, a preos correntes, dos encargos nominais das PPPCs que tm vindo a pblico para os prximos 30 anos, atinge os 60.000

    milhes de euros. No entanto, salienta-se que existe uma grande opacidade em relao ao conhecimento dos contratos celebrados

    entre o Estado e os parceiros privados, e uma falta de indicao dos pressupostos dos clculos, pelo que se receia que os encargos

    realmente assumidos ainda venham a ser mais avultados.

    As estimativas provisrias das contas pblicas do SPA publicadas pelo INE (23 de Abril 2011), para o perodo 2005 a 2010, so as

    seguintes:

    2007 2008 2009 2010

    Dfice

    Pblico

    (%PIB)

    -3,1% -3,5% -10,1% -9,1%

    Dvida

    Pblica

    (%PIB)

    68,3 71,6 83,0 93,0

    Dvida

    Pblica

    (milhes

    de euros)

    115.587 123.108 139.945 160.470

    PIB

    (milhes

    de euros)

    169.319 171.983 168.610 172.546

    No dispomos, neste momento, de informao para a desagregao destas sries em termos de valores recorrentes e no

    recorrentes (ou extraordinrios), o que seria importante em termos de anlise. Mas os dados disponveis confirmam o descalabro

    total das contas pblicas nos ltimos anos. Entre 2007 e 2010 a dvida pblica directa do SPA subiu 50.000 milhes de euros. Entre

    2005 e 2010 aumentou 63.000 milhes de euros.

    O prximo Governo vai ter que gerir uma pesada herana. No contente com o legado que transmite, o Governo de Jos Scrates

    ainda comprometeu o Pas, perante a UE e os mercados, com objectivos irrealistas para os valores do dfice pblico para 2011-2013, respectivamente 4,6%, 3% e 2%.

  • 8/6/2019 Programa PSD Legislativas 2011

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    Uma total irresponsabilidade poltica e financeira. Esta inconscincia tambm ocorreu nas PPPCs com a acelerao de novos

    contratos e de reviso de contratos antigos, aumentando crescentemente os encargos sobre geraes futuras.

    Por sua vez, o endividamento das empresas pblicas no financeiras (EPNF) passou de 14,5% do PIB, em 2005, para 24,2% na

    estimativa de 2009.

    As projeces para 2011-2015

    H ainda um grau significativo de incerteza no que respeita projeco macroeconmica para 2011-2011. Porque:

    O permetro contabilstico do SPA est em constante mutao; O contgio financeiro do SEE e das PPPCs no est medido; No se consegue, igualmente, medir o grau de execuo das medidas de reduo de despesas que foram previstas no PEC

    1 (Maro 2010), PEC 2 (Maio 2010) e no OE2011 (PEC 3) divulgado em meados de Outubro ltimo.

    Este grau de incerteza leva-nos a apontar objectivos para as variaes na legislatura para a despesa pblica e receita fiscal,

    implcitas nas medidas que propomos:

    Quadro de referncia mnimo:

    Variao (%PIB) 2011-2015

    Reduo da Despesa Pblica Primria 5 p.p.

    Aumento da Receita Fiscal Exclusivamente ligado

    melhoria da Eficcia do Sistema

    1 p.p.

    Saldo 6 p.p.

    Estas variaes tm que ser medidas na mesma base de base de partida, considerada pelo trabalho tcnico da Misso