Mini Gramática Para Concursos E Vestibulares

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  • Autor : NILC USP/SP - pdf by: Praetoriani.da.ru

    A Construo de uma Minigramtica

    A partir de agora voc est convidado a percorrer o vasto mundo da gramtica da lngua portuguesa!

    Trata-se de um conjunto de normas postuladas no decorrer da histria da lngua portuguesa do Brasil. Inmeros gramticos contriburam, ao longo dos anos, para consagrar as formas e construes que hoje compem as regras da norma culta da lngua portuguesa. Os princpios estipulados em uma gramtica visam, em primeiro lugar, a garantir uma boa utilizao dos recursos da lngua, em especial a lngua escrita e, em segundo lugar, ser um material de referncia para a explicao dos fenmenos lingsticos. Portanto, para a boa construo em linguagem verbal, no basta o dicionrio; tambm importante o conhecimento da estrutura de cada lngua, objeto da gramtica.

    Este material que estamos lhe apresentando denomina-se minigramtica. Ele "mini" por dois motivos fundamentais. O primeiro que o conjunto de informaes contido aqui ainda no cobre todos os fenmenos da nossa lngua portuguesa. O segundo motivo que tivemos como meta a apresentao de textos objetivos e sucintos.

    A minigramtica est em sua segunda verso. Na primeira fase, optamos pelo tratamento das inadequaes gramaticais mais freqentes, ou seja, momentos em que as normas gramaticais cultas so violadas com maior freqncia. Nessa segunda etapa de trabalho, ocupamo-nos de elaborar um material metalingstico, isto , uma fonte de informaes definitrias de vrios componentes da estrutura da lngua: as classes gramaticais, as unidades menores do texto e os termos da orao.

    Com a preocupao de lhe responder, em detalhes, sobre as inadequaes cometidas sobre um texto escrito, criamos uma minigramtica especialmente voltada ao fornecimento de explicaes dos fenmenos da lngua portuguesa, apresentando, inclusive e na forma de exemplos, as construes aceitveis e inaceitveis referentes a cada tpico gramatical. Voc conhecer, por exemplo, as especificidades do fenmeno da concordncia, da crase e da regncia de alguns verbos. Poder esclarecer dvidas sobre o emprego adequado da vrgula, do hfen e de alguns pronomes; ter acesso s particularidades do uso de vrias locues e de palavras como "se" e "capaz", por exemplo. uma oportunidade de pesquisar sobre o porqu da expresso "entre mim e ti", em vez de "entre eu e voc", do uso de "em nvel de", em vez de "a nvel de" e da construo "Responda-me assim que puder", em vez de "Me responda assim que puder".

    Na maioria das vezes procuramos selecionar alguns tpicos relacionados ao tema de pesquisa (Tpicos Relacionados) que podem acrescentar informaes sobre o tema que voc estar acessando. A presena de vrios links (destaque sublinhado nos textos) ir permitir que voc alcance informaes complementares de forma rpida e interativa. Ainda nesse sentido, procuramos evidenciar as informaes mais relevantes de cada verbete atravs dos destaques em negrito. Isso permite que voc faa a distino dos vrios usos dos recursos lingsticos e guarde deles as suas particularidades.

    Nosso esforo em fornecer a voc um material alternativo, de fcil acesso e manipulao, alm de srio com respeito s informaes da nossa lngua um processo ainda em andamento. Em alguns momentos, contaremos com o seu conhecimento conceitual referente gramtica, tais como os tipos de oraes, a noo de locuo, contrao, contexto, discurso, etc. Nossa perspectiva, no entanto, atend-lo nessas lacunas com as prximas verses da minigramtica.

    Da maneira como est hoje, este suporte lingstico caminha para o abandono do seu status de "mini", dadas as informaes que agora contemplam o plano conceitual da gramtica e os processos que envolvem as estruturas da lngua.

    Mas, contrariando aqueles que advogam a favor da alta complexidade da lngua portuguesa em relao s demais lnguas do mundo, acreditamos ser possvel assimilar com tranqilidade a estrutura do portugus do Brasil e aplic-la com habilidade. Temos plena certeza, ento, que essa excurso pelo mundo da gramtica ser um enorme prazer para voc. Sendo assim, vamos a ela...

    Classes Gramaticais: tipos

    As classes gramaticais da lngua portuguesa so:

  • substantivo adjetivo artigo pronome numeral verbo advrbio preposio conjuno interjeio

    Substantivo

    Substantivo a palavra que designa seres em geral:

    1. nomes de pessoas, coisas, lugares, gnero, espcie

    Exemplos:

    nomes coisas lugares gnero espcie

    Maria espelho Sergipe [o] visitante jacarand

    Paulo futebol Canad [a] hspede homem

    Castro jia sapataria [o] artista hortalia

    Maia lago chcara

    2. nomes de estados ou qualidades, aes, sentimentos, noes que se destinam a denominao de seres:

    Exemplos:

    estado ou qualidade aes sentimentos noo

    juventude nascimento felicidade tamanho

    hipocrisia colheita hipocrisia originalidade

    mdico [o] pulo medo equilbrio

    Considera-se, ainda, substantivo qualquer palavra que ocupe a funo sinttica particular ao substantivo. Nessa perspectiva, a distribuio do substantivo bastante ampla, pois pode-se estend-la para a caracterizao de vrios termos e oraes da nossa lngua.

    Dizemos que um termo funciona como substantivo, embora no se caracterize como tal sob outro ponto de vista. Ou seja, apesar de, em princpio, uma palavra pertencer a certa classe gramatical, essa determinao pode mudar dependendo do papel que a palavra esteja desempenhando na sentena. Dessa forma, qualquer palavra da lngua suscetvel de vrias categorizaes, pois o que impera so suas funes vinculadas a um contexto especfico.

    Exemplos:

    1. O no prprio do meu chefe

    ...[no = advrbio]

    ...[no (nesta sentena): ncleo do sujeito = substantivo]

    ...[funo do no: substantivo]

    2. O fazer parece ser mais importante que o pensar.

    ...[fazer/pensar = verbo]

    ...[fazer/pensar (nesta sentena): ncleo do sujeito = substantivo]

    ...[funo do fazer/pensar: substantivo]

  • Na esfera da classificao das oraes esse mesmo critrio est presente. Dizemos, por exemplo, que uma orao substantiva, quando se comporta como um substantivo (em oposio funo de adjetivo ou advrbio).

    Exemplo:

    1. "O pior que eu no estava mentindo..."

    Adjetivo

    Adjetivo a palavra que qualifica os seres em termos de:

    - expresso de uma qualidade

    Exemplos:

    chocolate quente/gostoso/amargo

    ...[chocolate: substantivo]

    - expresso da aparncia ou aspecto

    Exemplos:

    mesa quadrada/preta/quebrada

    ...[mesa: substantivo]

    - apresentao do estado do ser

    Exemplos:

    ventilador ligado/quebrado/emprestado

    ...[ventilador: substantivo]

    Na perspectiva funcional, considera-se adjetivo o termo que modifica um substantivo (ou qualquer palavra que exera a funo de substantivo) no sentido de lhe atribuir uma caracterstica. Sob esse ponto de vista, qualquer palavra ou orao que funcione como um modificador deste tipo ter valor de adjetivo. Assim so, por exemplo, os pronomes que indicam propriedade (meu, dele, etc.) ou as oraes subordinadas do tipo:

    "Era ela mesma uma estrela que ofuscava a prpria luz"

    H de se considerar, portanto, o contexto em que as palavras esto inseridas para se prosseguir na anlise. As diversas situaes da linguagem revelam que uma palavra, em princpio considerada adjetivo, pode funcionar como um substantivo. Observe:

    1. "Os parentes vegetarianos nunca tinham vez em casa!"

    ...[parentes: substantivo]

    ...[vegetarianos: adjetivo]

    2. "Os vegetarianos nunca tinham vez em casa!"

    ...[vegetarianos: substantivo]

    Em termos sintticos, os adjetivos, assim como qualquer outro termo determinante, devem estabelecer uma relao de concordncia com o substantivo ao qual se referem. Desse modo, a grande maioria dos adjetivos sofre flexo em gnero (masculino ou feminino) e nmero (singular ou plural) de acordo com o termo ao qual est ligada.

    Exemplos:

    [o] teatro reformado [a] encomenda atrasada

  • importante conhecer as particularidades dos adjetivos:

    Adjetivo x advrbio Uso dos Adjetivos diante de Particpio O grau dos advrbios e os adjetivos particpios A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos Formas analticas dos adjetivos anmalos

    Artigo

    Artigo a palavra que determina ou indetermina os seres ao qual est ligado.

    Alm dessa funo de determinao, o artigo exerce outra funo muito importante: a substantivao. A palavra ligada ao artigo, ou seja, aquela com a qual ele estabelece a concordncia, torna-se um substantivo. Desse modo, podemos concluir desde j que o artigo uma palavra extremamente dependente de outras na orao. Seu elo mais forte com o substantivo.

    Exemplos:

    1. Com um nmero na cabea, o rapaz tentava encontrar um lugar de apostas: hoje seria o dia do drago.

    2. Nem parecia que a faxina tinha sido feita: as plantas secas, o jantar ainda posto, uma inteno de viagem no ar.

    ...[em negrito: artigos]

    ...[palavras sublinhadas: substantivos]

    Embora o artigo esteja sempre vinculado a um substantivo, a presena deste nem sempre necessria. o fenmeno chamado zeugma, bastante comum na nossa lngua.

    Exemplo:

    1. Havia dias em que eu precisava do colo dele; outros muitos era ele quem procurava o meu.

    ...[o meu: zeugma = elipse do substantivo "colo"]

    Os artigos so palavras variveis, ou seja, sofrem variao em gnero (masculino ou feminino) e nmero (singular ou plural) em concordncia com o substantivo que antecedem. Essa caracterstica, alis, bastante importante em muitos casos. Por exemplo, os artigos so fundamentais para determinar o gnero de certos substantivos e, com isso, o seu significado.

    Exemplos:

    a cabea [parte do corpo] o cabea [chefe]

    a caixa [recipiente] o caixa [resposvel pelo caixa]

    a grama [relva] o grama [unidade de peso]

    a moral [conjunto de regras] o moral [brio, nimo]

    Uso de artigos e determinantes

    Deve-se evitar o uso do artigo indefinido diante dos pronomes indefinidos por constituir caso de redundncia.

    Exemplo:

    1. Era um belo pr-do-sol, com uma certa cor que o casal jamais havia visto. [Inadequado]

    Era um belo pr-do-sol, com certa cor que o casal jamais havia visto. [Adequado]

    Deve-se evitar o uso do artigo definido diante de pronomes possessivos nos casos em que o possudo no puder pertencer seno ao possuidor.

    Exemplo:

  • 1. Lavei as minhas mos. [Inadequado]

    Lavei minhas mos. [Adequado]

    ...[Minhas mos no podem pertencer seno a mim; o artigo torna-se, pois, redundante]

    Os pronomes de tratamento no admitem o artigo. A nica exceo o pronome "senhor" e suas variaes [senhores, senhora, senhoras].

    Exemplos:

    1. No gosto da Vossa Excelncia. [Inadequado]

    No gosto de Vossa Excelncia. [Adequado]

    2. A senhora deseja alguma coisa? [Adequado]

    O pronome relativo "cujo" e suas variaes [cujos, cuja, cujas] no admitem o uso do artigo.

    Exemplo:

    1. O suor descia da cabea, cujos os cabelos lisos e negros estavam duros. Andava pela velha vila, to conhecida, por cujas as ruas passeiam assombraes. [Inadequado]

    O suor descia da cabea, cujos cabelos lisos e negros estavam duros. Andava pela velha vila, to conhecida, por cujas ruas passeiam assombraes. [Adequado]

    Depois de "ambos", "ambas", "todos" e "todas", quando determinantes, indispensvel o uso do artigo definido.

    Exemplos:

    1. Ou fazia ambas coisas de qualquer maneira ou desistia de uma delas. [Inadequado]

    Ou fazia ambas as coisas de qualquer maneira ou desistia de uma delas. [Adequado]

    2. Seu vasto corao abriga todos alunos. [Inadequado]

    Seu vasto corao abriga todos os alunos. [Adequado]

    Pronome

    Pronome a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de alguma forma.

    Exemplos:

    1. A moa era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!

    ...[substituio do nome]

    2. A moa que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!

    ...[referncia ao nome]

    3. Essa moa morava nos meus sonhos!

    ...[qualificao do nome]

    Grande parte dos pronomes no possui significado fixo, isto , essas palavras s adquirem significao dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a referncia exata daquilo que est sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunicao. Com exceo dos pronomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes tm por funo principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situao no tempo ou no espao. Em virtude dessa caracterstica, os pronomes apresentam uma forma especfica para cada pessoa do discurso.

    Exemplos:

  • 1. Minha carteira estava vazia, quando eu fui assaltada.

    ...[minha/eu: pronomes de 1 pessoa = aquele que fala]

    2. Tua carteira estava vazia, quando voc foi assaltada?

    ...[tua/voc: pronomes de 2 pessoa = aquele a quem se fala]

    3. A carteira dela estava vazia, quando ela foi assaltada.

    ...[dela/ela: pronomes de 3 pessoa = aquele de quem se fala]

    Em termos morfolgicos, os pronomes so palavras variveis em gnero (masculino ou feminino) e em nmero (singular ou plural). Assim, espera-se que a referncia atravs do pronome seja coerente em termos de gnero e nmero (fenmeno da concordncia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.

    Exemplos:

    1. [Fala-se de Roberta]

    2. Ele quer participar do desfile da nossa escola neste ano.

    ...[nossa: pronome que qualifica "escola" = concordncia adequada]

    ...[neste: pronome que determina "ano" = concordncia adequada]

    ...[ele: pronome que faz referncia "Roberta" = concordncia inadequada]

    So muitos os tipos de pronomes e tambm diversos as suas funes e empregos. Por isso, importante conhecer outras particularidades a seu respeito:

    Pronome reto Pronome oblquo Pronome reflexivo O pronome em incio de sentena A crase e os pronomes pessoais A crase e os pronomes demonstrativos A crase e os pronomes indefinidos

    Alm disso, alguns pronomes ocupam posies especiais na sentena. Essa caracterstica dos pronomes tratada como colocao pronominal.

    Pronome substantivo

    Pronome substantivo aquele que substitui um substantivo na sentena. Como o pronome assume para si as caractersticas do nome ao qual substitui, ele segue, dessa forma, todas as suas caractersticas. So elas:

    gnero - ex: ele

    nmero - ex: eles

    a pessoa do discurso - ex: ele = aquele de quem se fala

    marca de sujeito inanimado - ex: isso

    marca de situao no espao - ex: a

    Para identificar um pronome substantivo, portanto, basta substitui-lo por algum substantivo.

    Exemplos:

    1. O carteiro sempre me desafiava!

    Ele sempre me desafiava!

  • 2. Os homens e as mulheres da parquia foram convocados.

    Todos foram convocados

    3. O presente que est perto de voc bastante grande.

    Esse presente a bastante grande.

    Pronome reto

    Pronome pessoal do caso reto aquele que, na sentena, exerce a funo de sujeito.

    Sendo um pronome ele carrega consigo as caractersticas prprias a essa classe gramatical, ou seja, uma palavra que pode:

    substituir um nome;

    qualificar um nome;

    determinar a pessoa do discurso.

    Os pronomes retos apresentam flexo de nmero, gnero (apenas na 3 pessoa) e pessoa, sendo essa ltima a principal flexo porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): eu

    - 2 pessoa do singular (tu): tu

    - 3 pessoa do singular (ele, ela): ele, ela

    - 1 pessoa do plural (ns): ns

    - 2 pessoa do plural (vs): vs

    - 3 pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

    Freqentemente se observa a omisso do pronome reto em Lngua Portuguesa. Isso se d porque as formas verbais marcam, atravs de suas desinncias, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto (ex.: Dormi cedo ontem; Fizemos boa viagem).

    importante conhecer algumas outras particularidades dos pronomes retos, tais como:

    O pronome e o verbo no infinitivo A concordncia e o pronome reto como predicativo do sujeito

    Pronome oblquo

    Pronome pessoal do caso oblquo aquele que, na sentena, exerce a funo de complemento verbal, ou seja, objeto direto ou objeto indireto.

    Sendo um pronome ele carrega consigo as caractersticas prprias a essa classe gramatical, ou seja, uma palavra que pode:

    Substituir um nome

    Qualificar um nome

    Determinar a pessoa do discurso

    Em verdade, o pronome oblquo uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variao na forma do pronome indica to somente a funo diversa que eles desempenham na orao: pronome reto marca o sujeito da orao; pronome oblquo marca o complemento verbal da orao.

  • Os pronomes oblquos sofrem variao de acordo com a acentuao tnica que possuem. Dessa forma eles podem ser:

    Pronomes oblquos tonos

    Pronomes oblquos tnicos

    importante conhecer algumas particularidades dos pronomes:

    Formas especiais do pronome oblquo Colocao pronominal O pronome em incio de sentena O pronome e o objeto direto

    Pronome oblquo tono

    So chamados tonos os pronomes oblquos cuja acentuao tnica fraca.

    Os pronomes oblquos apresentam flexo de nmero, gnero e pessoa, sendo essa ltima a principal flexo porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblquos tonos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu):me

    - 2 pessoa do singular (tu):te

    - 3 pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe

    - 1 pessoa do plural (ns):nos

    - 2 pessoa do plural (vs):vos

    - 3 pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

    O lhe o nico pronome oblquo tono que j se apresenta na forma contrada, ou seja, houve a unio entre o pronome o ou a e preposio a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposio, o pronome lhe exerce sempre a funo de objeto indireto na orao. Os demais pronomes tonos em geral funcionam como objeto direto.

    importante conhecer algumas particularidades dos pronomes oblquos tonos:

    Formas especiais do pronome oblquo Colocao pronominal O pronome em incio de sentena O pronome e o objeto direto

    Pronome oblquo tnico

    So chamados tnicos os pronomes oblquos cuja acentuao tnica forte.

    Os pronomes oblquos apresentam flexo de nmero, gnero (apenas na 3 pessoa) e pessoa, sendo essa ltima a principal flexo porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblquos tnicos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): mim, comigo

    - 2 pessoa do singular (tu): ti, contigo

    - 3 pessoa do singular (ele, ela): ele, ela

    - 1 pessoa do plural (ns): ns, conosco

    - 2 pessoa do plural (vs): vs, convosco

    - 3 pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

  • Os pronomes oblquos tnicos sempre acompanham uma preposio, em geral as preposies a, para, de e com. Por esse motivo os pronomes tnicos exercem a funo de objeto indireto da orao.

    Observe que as nicas formas prprias do pronome tnico so a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.

    A forma contrada dos pronomes tnicos (comigo, contigo, conosco e convosco) obrigatria na construo dos pronomes de 1 e 2 pessoas do singular e do plural. As terceiras pessoas do singular e plural, por possurem uma forma iniciada por vogal (ele, por exemplo), se apresentam separadas da preposio "com" (com ele, com elas e etc.).

    Os pronomes oblquos tnicos contrados (contigo, por exemplo) freqentemente exercem a funo de adjunto adverbial de companhia (ex.: Ele carregava este nome consigo).

    Pronome reflexivo

    So aqueles que expressam a igualdade entre o sujeito e o objeto da ao.

    Os pronomes reflexivos, embora tambm apontem para o sujeito da orao, exercem sempre a funo de complemento verbal (objeto direto ou indireto). Por esse motivo so associados aos pronomes pessoais do caso oblquo, herdando as caractersticas desses.

    O quadro dos pronomes reflexivos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): me

    - 2 pessoa do singular (tu): ti

    - 3 pessoa do singular (ele, ela): si, consigo

    - 1 pessoa do plural (ns): nos

    - 2 pessoa do plural (vs): vos

    - 3 pessoa do plural (eles, elas): si, consigo

    Com exceo das terceiras pessoas do singular e plural, as demais formas dos pronomes reflexivos repetem as formas do pronome oblquo tono. Como os pronomes tonos so fracos quanto acentuao, h determinadas formas (ver formas especiais do pronome oblquo tono) e posies (ver colocao pronominal) fixas para eles na orao.

    A forma contrada dos pronomes reflexivo (consigo) obrigatria na construo dos pronomes de 3 pessoas do singular e do plural. Essa forma contrada freqentemente exerce a funo de adjunto adverbial de companhia (ex.: Ela veio comigo).

    importante ainda conhecer algumas particularidades dos pronomes reflexivos:

    A concordncia e os pronomes reflexivos Verbos com pronome "se" O "se" em incio de sentena Os pronomes pessoais e algumas preposies

    Numeral

    Numeral a palavra que qualifica os seres em termos numricos, isto , que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada seqncia.

    Exemplos:

    1. Os quatro ltimos ingressos foram vendidos h pouco.

    [quatro: numeral = atributo numrico de "ingresso"]

    2. Eu quero caf duplo, e voc?

    ...[duplo: numeral = atributo numrico de "caf"]

  • 3. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!

    ...[primeira: numeral = situa o ser "pessoa" na seqncia de "fila"]

    Os numerais podem ser: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionrios.

    Os numerais cardinais indicam a quantidade exata de seres: um, duas, trezentos, milho.

    Os numerais ordinais indicam a ordem dos seres numa determinada srie: primeiro, quadragsima.

    Os numerais multiplicativos indicam o aumento proporcional da quantidade: duplo, qudruplo.

    Os numerais fracionrios indicam a diminuio proporcional da quantidade: meio, quarto, dois quinze avos.

    Outras palavras que tambm denotam quantidade, proporo ou ordenao tambm podem ser consideradas numerais: dcada, dzia, par, ambos(as), novena, etc.

    Uso e Grafia de Numerais

    No interior do texto, prefira escrever os nmeros de um a dez por extenso; a partir de 11, use algarismos:

    "O assassino matou quatro pessoas" deve ser prefervel a "O assassino matou 4 pessoas".

    Porm:

    "O assassino matou 22 pessoas" deve se usado em lugar de "O assassino matou vinte e duas pessoas".

    Se o nmero estiver determinando uma unidade de medida ou uma grandeza, prefira o algarismo:

    1. So oito horas. [Inadequado]

    So 8 horas. [Adequado]

    No interior do texto, procure no iniciar perodos com algarismos.

    "Vinte e nove pessoas foram aprovados" considerado mais adequado do que "29 pessoas foram aprovadas".

    No se deve usar ponto nas datas:

    "15 de abril de 2002" e no "15 de abril de 2.002"

    No use o algarismo 0 antes de nmeros inteiros a menos que possa haver alguma ambigidade:

    1. Compramos 018 livros. [Inadequado]

    Compramos 18 livros. [Adequado]

    O numeral utilizado para designar papas, soberanos, sculos ou partes em que se divide uma obra, deve ser lido como ordinal at o dcimo, e como cardinal de onze em diante: Paulo VI (sexto), Canto VIII (oitavo).

    Na numerao de artigos, leis, decretos, portarias e outros textos legais, utilizamos o numeral ordinal at nove e o cardinal a partir de dez: Artigo 9. (nono), Decreto 12 (doze).

    Verbo

    Verbo a palavra que expressa processos, ao, estado, mudana de estado, fenmeno da natureza, convenincia, desejo e existncia. Desse modo, enquanto os nomes (substantivo, adjetivo) indicam propriedades estticas dos seres, o verbo denota os seus movimentos, por isso sua caracterstica de dinamicidade.

    Exemplos:

    1. Um homem j escorregou neste cho molhado.

  • ...[escorregar: verbo = ao que expressa a dinamicidade de "homem"]

    2. Por enquanto as matas continuam indefesas.

    ...[continuar: verbo = estado que expressa a dinamicidade de "matas"]

    3. Anoitecia rapidamente!

    ...[anoitecer: verbo = fenmeno dinmico da natureza]

    4. Convm aguardar mais alguns minutos.

    ...[convir: verbo = convenincia que expressa a dinamicidade de "aguardar..."]

    5. Nossos estudantes anseiam um bom emprego.

    ...[ansiar: verbo = desejo que expressa a dinamicidade de "nossos estudantes"]

    6. Houve tumulto no momento da votao.

    ...[haver: verbo = existncia que expressa a dinamicidade de "tumulto..."]

    Em termos sintticos, os verbos exercem uma funo fundamental: ncleo da predicao nos predicados verbais. Isto , o verbo o constituinte essencial do predicado verbal. Alm disso, os verbos tambm so fundamentais para a constituio das oraes. Ao contrrio do sujeito, que pode estar ausente na orao, sem verbo no h orao. Alis, classificam-se as oraes conforme o nmero de ncleos verbais existentes.

    Exemplos:

    1. comum, no interior do pas, surpreender crianas com doenas graves.

    ...[: verbo = ncleo do predicado " comum"]

    ...[surpreender: verbo = ncleo do predicado "surpreender crianas..."]

    2. Se voc me esperar1, vou at l2, procuro pelo endereo3 e trago-o aqui4.

    ...[nmero de oraes: 4]

    ...[nmero de ncleos verbais: 4]

    3. Vou entrar por esta porta1 e quero encontrar tudo2 como eu havia deixado3.

    ...[nmero de oraes: 3]

    ...[nmero de ncleos verbais: 3]

    A classe gramatical dos verbos bastante rica em flexes. Trata-se de uma classe que varia em nmero, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz. Essas variaes se agrupam em conjuntos flexionais chamados de conjugao. importante, portanto, conhecer as outras particularidades do verbo:

    O subjuntivo e as oraes subordinadas O subjuntivo e os verbos modais Tempo verbal e o emprego de pronomes Verbos com pronome "se" Os auxiliares e certos verbos abundantes A crase e os verbos As locues verbais e o uso de preposies Uso do Particpio

    Os verbos tambm exigem formas especiais de combinao com os outros elementos da orao. Esse mecanismo de combinao compreendido nas chamadas:

    concordncia verbal regncia verbal

  • Uso do Particpio

    Com os verbos auxiliares "ter" e "haver", que formam os tempos chamados compostos, da voz ativa, o particpio invarivel, devendo permanecer na forma do masculino singular.

    Exemplo:

    1. Havamos pensado em outra soluo para aquele problema comum. [Adequado]

    2. Elas tinham pensado sobre o assunto, mas acabaram sem opo. [Adequado]

    Com os verbos auxiliares "ser" e "estar", que formam os tempos da voz passiva, o particpio varivel, e deve concordar com o sujeito da orao.

    Exemplo:

    1. J foram tomadas as providncias necessrias para as eleies. [Adequado]

    2. Todas ns estvamos cercadas pelo fogo. [Adequado]

    Uso do Particpio dos Verbos Abundantes

    H verbos - chamados "abundantes" - que possuem mais de uma forma do particpio: a forma regular, terminada em -ado ou -ido, e a forma reduzida, ou irregular, que no obedece regra geral de formao do particpio. Na maioria dos casos, os verbos auxiliares "ter" e "haver" requerem o uso da forma regular; e os auxiliares "ser" e "estar", o uso da forma irregular.

    Exemplo:

    1. Meu irmo tinha pego o dinheiro, mas o perdeu. [Inadequado]

    Meu irmo tinha pegado o dinheiro, mas o perdeu. [Adequado]

    2. O aluno foi pegado colando na prova. [Inadequado]

    O aluno foi pego colando na prova. [Adequado]

    Uso do Gerndio

    Em lngua portuguesa, no recomendado o uso do gerndio para reforar a idia de progressividade no futuro. Este uso constitui anglicismo (interferncia da lngua inglesa) e vem sendo condenado pelos gramticos contemporneos como modismo a ser evitado.

    Exemplo:

    1. Eu vou estar estudando a matria para a prova. [Inadequado]

    Eu vou estudar a matria para a prova. [Adequado]

    2. Amanh estaremos indo viajar para Salvador. [Inadequado]

    Amanh viajaremos para Salvador. [Adequado]

    Advrbio

    Advrbio a palavra que se emprega como:

    1. modificador do adjetivo ou do prprio advrbio;

    2. determinante do verbo

    Os advrbios so palavras heterogneas, ou seja, podem exercer funes as mais diversas na orao. Por isso, a cada funo exercida, alia-se um valor significativo. Como modificador, o advrbio expressa uma propriedade dos seres de modo a acrescentar-lhes um significado diferente, "modificado". Isso acontece em relao ao adjetivo, ao prprio advrbio, ou mesmo a uma orao inteira.

    Exemplos:

  • 1. Ela estava to apressada que esqueceu sua bolsa comigo.

    ...[apressada: adjetivo]

    ...[to: advrbio = modificador do adjetivo]

    2. Todos passam muito bem, obrigado!

    ...[bem: advrbio]

    ...[muito: advrbio = modificador do advrbio]

    3. Felizmente no houve feridos no acidente.

    ...[no houve feridos no acidente: orao]

    ...[felizmente: advrbio = modificador da orao]

    4. Ningum manda aqui!

    ...[mandar: verbo]

    ...[aqui: advrbio de lugar = determinante do verbo]

    Os advrbios que se relacionam ao verbo so palavras que expressam circunstncias do processo verbal, por isso consider-los um determinante. Cada uma dessas circunstncias indicadas pelos advrbios justifica os vrios tipos de advrbios na nossa lngua (circunstncia de lugar, modo, tempo, etc.).

    Outra caracterstica dos advrbios se refere a sua organizao morfolgica. Os advrbios so palavras invariveis. Isto , essa classe gramatical no apresenta variao em gnero e nmero - tal como os nomes -, nem de pessoa, modo, tempo, aspecto e voz - tal como os verbos. Alguns advrbios, porm, admitem a variao em grau (ex.: cedo = advrbio de tempo em grau normal; cedssimo = grau superlativo; cedinho = diminutivo com valor de grau superlativo do advrbio).

    importante, portanto, conhecer essas outras particularidades do advrbio:

    Adjetivo x advrbio O grau dos advrbios e os adjetivos particpios A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos

    Preposio

    Preposio a palavra que estabelece uma relao entre dois ou mais termos da orao. Essa relao do tipo subordinativa, ou seja, entre os elementos ligados pela preposio no h sentido dissociado, separado, individualizado; ao contrrio, o sentido da expresso dependente da unio de todos os elementos que a preposio vincula.

    Exemplos:

    1. Os amigos de Joo estranharam o seu modo de vestir.

    ...[amigos de Joo / modo de vestir: elementos ligados por preposio]

    ...[de: preposio]

    2. Ela esperou com entusiasmo aquele breve passeio.

    ...[esperou com entusiasmo: elementos ligados por preposio]

    ...[com: preposio]

    Esse tipo de relao considerada uma conexo, em que os conectivos cumprem a funo de ligar elementos. A preposio um desses conectivos e se presta a ligar palavras entre si num processo de subordinao denominado regncia.

    Diz-se regncia devido ao fato de que, na relao estabelecida pelas preposies, o primeiro elemento chamado antecedente - o termo que rege, que impe um regime; o segundo elemento, por sua vez chamado conseqente o temo regido, aquele que cumpre o regime estabelecido pelo antecedente.

  • Exemplos:

    1. A hora das refeies sagrada.

    ...[hora das refeies: elementos ligados por preposio]

    ...[de + as = das: preposio]

    ...[hora: termo antecedente = rege a construo "das refeies"]

    ...[refeies: termo conseqente = regido pela construo "hora da"]

    2. Algum passou por aqui.

    ...[passou por aqui: elementos ligados por preposio]

    ...[por: preposio]

    ...[passou: termo antecedente = rege a construo "por aqui"]

    ...[aqui: termo conseqente = regido pela construo "passou por"]

    As preposies so palavras invariveis, pois no sofrem flexo de gnero, nmero ou variao em grau como os nomes, nem de pessoa, nmero, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto em diversas situaes as preposies se combinam a outras palavras da lngua (fenmeno da contrao) e, assim, estabelecem uma relao de concordncia em gnero e nmero com essas palavras s quais se liga. Mesmo assim, no se trata de uma variao prpria da preposio, mas sim da palavra com a qual ela se funde (ex.: de + o = do; por + a = pela; em + um = num, etc.).

    importante conhecer essas outras particularidades da preposio:

    Uso da preposicao A crase e as preposies Uso das locues prepositivas A regncia e o uso de preposies

    Uso da Preposio

    Algumas particularidades no uso das preposies:

    1. O sujeito das oraes reduzidas de infinitivo no deve vir contrado com uma preposio.

    Exemplo:

    1. A maneira dele estudar no correta. [Inadequado]

    A maneira de ele estudar no correta. [Adequado]

    A maneira de ns estudarmos no correta. [Adequado]

    2. A preposio "a" no deve ser utilizada aps a preposio "perante".

    Exemplo:

    1. Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante a todos. [Inadequado]

    Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante todos. [Adequado]

    3. Do mesmo modo, no podemos utilizar a preposio "a" depois da preposio "aps".

    Exemplos:

    1. Todos nos reunimos aps reunio. [Inadequado]

    Todos nos reunimos aps a reunio. [Adequado]

  • 2. O retorno dos alunos aps ao intervalo sempre tumultuado. [Inadequado]

    O retorno dos alunos aps o intervalo sempre tumultuado. [Adequado]

    4. A preposio "desde" no admite em sua seqncia a preposio "de".

    Exemplo:

    1. Estamos esperando aqui desde das 12 h. [Inadequado]

    Estamos esperando aqui desde as 12 h. [Adequado]

    5. Em vez de utilizar a preposio "aps" antes de verbos no particpio, prefira a locuo "depois de".

    Exemplo:

    1. O aluno partiu aps difundida a notcia. [Inadequado]

    O aluno partiu depois de difundida a notcia. [Adequado]

    Omisso das preposies

    Antes de alguns advrbios de tempo, modo e lugar, a preposio pode ou no ser omitida.

    Exemplos:

    1. Chegaro domingo. [Adequado]

    Chegaro no domingo. [Adequado]

    2. O filho, cabea baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]

    O filho, de cabea baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]

    Conjuno

    Conjuno a palavra que estabelece uma relao:

    entre dois ou mais termos semelhantes da orao ou entre oraes de mesma funo gramatical.

    entre duas oraes.

    No primeiro caso, trata-se de uma relao de coordenao, em que os elementos ligados pela conjuno podem ser isolados um do outro. Esse isolamento, no entanto, no acarreta perda da unidade de sentido que cada um dos elementos possui. J no segundo caso a relao de subordinao, em que cada um dos elementos ligados pela conjuno depende da existncia do outro.

    Exemplos:

    1. As crianas iam e vinham, demonstrando completo entusiasmo pela brincadeira.

    ...[iam/vinham: termos semelhantes da orao = verbo]

    ...[e: conjuno]

    ...[relao de coordenao]

    2. As propostas pareciam um absurdo1, mas eu concordava inteiramente com elas2.

    ...[segmentos 1 e 2: oraes independentes]

    ...[mas: conjuno]

    ...[relao de coordenao]

    3. As preocupaes s terminariam1 quando Armando chegasse2.

  • ...[segmentos 1 e 2: oraes dependentes]

    ...[quando: conjuno]

    ...[relao de subordinao]

    Esse tipo de relao considerada uma conexo, em que os conectivos cumprem a funo de ligar elementos. A conjuno um desses conectivos e se presta a ligar palavras ou oraes entre si a fim de concatenar idias e formar, com elas, um texto coeso. O encadeamento de idias num texto (fenmeno da coeso) se deve em grande medida ao bom uso das conjunes, j que elas estabelecem os elos necessrios entre palavras formando a orao, ou entre as oraes formando o perodo.

    Do ponto de vista morfolgico, as conjunes so palavras invariveis, pois no sofrem flexo de gnero, nmero ou grau como os nomes, nem de pessoa, nmero, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.

    importante conhecer, ainda, outras particularidades da conjuno:

    A crase e a conjuno "caso" Uso das locues conjuncionais

    Interjeio

    Interjeio a palavra que expressa emoes, sentimentos ou pensamentos sbitos.

    Trata-se de um recurso da linguagem afetiva, em que no h uma idia organizada de maneira lgica, como so as sentenas da lngua, mas sim a manifestao de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma situao particular, um momento ou um contexto especfico.

    Exemplos:

    1. Ah, como eu queria voltar a ser criana!

    ...[ah: expresso de um estado emotivo = interjeio]

    2. Hum! Esse cuscuz estava maravilhoso!

    ...[hum: expresso de um pensamento sbito = interjeio]

    As sentenas da lngua costumam se organizar de forma lgica: h uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui em posies adequadas a cada um deles. As interjeies, por outro lado, so uma espcie de palavra-frase, ou seja, h uma idia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locuo interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentena. Observe:

    1. Bravo! Bravo! Bis!

    ...[bravo e bis: interjeio]

    ...[sentena [sugesto]: "Foi muito bom! Repitam!"]

    2. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu p...

    ...[ai: interjeio]

    ...[sentena [sugesto]: "Isso est doendo!" ou "Estou com dor!"]

    O significado das interjeies est vinculado maneira como elas so proferidas. Desse modo, o tom da fala que dita o sentido que a expresso vai adquirir em cada contexto de enunciao. Exemplos:

    1. Psiu!

    ...[contexto: algum pronunciando essa expresso na rua]

    ...[significado da interjeio [sugesto]: "Estou te chamando! Ei, espere!"]

    2. Psiu!

    ...[contexto: algum pronunciando essa expresso em um hospital]

  • ...[significado da interjeio [sugesto]: "Por favor, faa silncio!"]

    3. Puxa! Ganhei o maior prmio do sorteio!

    ...[puxa: interjeio]

    ...[tom da fala: euforia]

    4. Puxa! Hoje no foi meu dia de sorte!

    ...[puxa: interjeio]

    ...[tom da fala: decepo]

    As interjeies so palavras invariveis, isto , no sofrem variao em gnero, nmero e grau como os nomes, nem de nmero, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso especfico, algumas interjeies sofrem variao em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que no se trata de um processo natural dessa classe de palavra, mas to s uma variao que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravssimo, at loguinho.

    Identificando particularidades

    Sobre adjetivos:

    Adjetivo x Advrbio Uso dos Adjetivo diante de Particpio A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos

    Sobre advrbios

    Adjetivo x Advrbio A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos Locuo prepositiva x Locuo adverbial

    Sobre determinantes

    Os determinantes e o ncleo composto Determinante antes do ncleo composto Determinantes depois do ncleo composto

    Sobre preposies:

    Locuo prepositiva x Locuo adverbial

    Sobre pronomes:

    Uso dos Pronomes Uso de Onde como Pronome Relativo

    Sobre substantivos:

    Substantivo de gnero vascilante

    Sobre verbos:

    Modo subjuntivo Verbos com pronome "se"

    Adjetivo x Advrbio

    Embora os adjetivos e advrbios constituam classes gramaticais bastante distintas, freqentemente se verifica certa confuso na construo e emprego de algumas palavras que se alternam na funo de adjetivo e advrbio. Trata-se do problema da flexo dessas classes gramaticais: o adjetivo varia em gnero e nmero e o advrbio invarivel.

  • A seguir indicamos a flexo e o emprego adequados de algumas palavras da Lngua Portuguesa que se apresentam ora como advrbios ora como adjetivos:

    I. Bastantes/bastante

    Exemplos:

    1. Os aniversariantes encomendaram bastantes salgadinhos para a festa. [Adjetivo]

    2. Os salgadinhos estavam bastante frios. [Advrbio]

    Uma regra prtica para empregar corretamente as palavras bastante/bastantes tentar substituir esses termos pela palavra muito. Se a palavra muito flexionar em gnero e nmero, emprega-se bastantes, se a palavra muito no flexionar, emprega-se a palavra bastante.

    II. Longes/longe

    Exemplos:

    1. Eles planejavam a conquista de terras longes e objetos antigos. [Adjetivo]

    2. Eles foram longe em busca de objetos antigos. [Advrbio]

    III. Ss/s

    Exemplo:

    1. Meus irmos estavam ss naquela cidade desconhecida. [Adjetivo]

    2. Eles s deixaram meus irmos sarem apresentando passaporte. [Advrbio]

    Uma regra prtica para empregar corretamente as palavras ss/s tentar substituir esses termos pelas palavras sozinho e apenas, respectivamente. Onde couber a palavra sozinho, emprega-se s flexionado; onde couber a palavra apenas, emprega-se s (sem flexo = advrbio).

    IV. Meio/meia

    Exemplos:

    1. Ns pedimos apenas meia garrafa de vinho. [Adjetivo]

    2. Ela parecia meio brava hoje. [Advrbio]

    V. Alerta

    Exemplo:

    1. Os pais estavam alerta para a situao do filho doente. [Advrbio]

    Observe que a palavra alerta s possui uma forma no flexionada. Isso se d porque a palavra alerta sempre advrbio.

    Uso dos Adjetivos diante de Particpio

    No devemos utilizar os adjetivos em suas formas comparativa e superlativa sinttica ("melhor", por exemplo) diante de verbos no particpio. Os gramticos recomendam que, nestes casos, o uso dos adjetivos nas formas comparativa e superlativa analtica (mais bem, por exemplo).

    Exemplo:

    1. A professora melhor informada do que imaginei. [Inadequado]

    A professora mais bem informada do que imaginei. [Adequado]

    A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos

  • Uma das propriedades dos advrbios a formao do grau a partir de um processo de derivao que consiste no acrscimo de sufixos ao radical da palavra (advrbio) ou, ainda, no acrscimo de um advrbio de intensidade (mais, to... como, menos). Em geral, esto sujeitos a esse tipo de comportamento os advrbios de modo, expressando, assim, uma intensidade maior ou menor em relao a outro(s) ser(es) (grau comparativo) ou uma intensidade maior ou menor em relao totalidade dos seres (grau superlativo).

    Cada um dos graus possui as formas absoluta quando no existe outro elemento em referncia - e relativa quando se estabelece uma comparao entre os seres. Por sua vez, cada uma das formas indicativas dos graus pode ser representada sob as formas sinttica quando o grau expressado atravs de sufixos -, e analtica quando ao adjetivo/advrbio acrescentada uma palavra intensificadora.

    Em geral, todos os adjetivos e advrbios se apresentam, na forma comparativa relativa, atravs da estrutura:

    mais + ADJETIVO/ADVRBIO + (do) que (comparativo de superioridade);

    to + ADJETIVO/ADVRBIO + como (ou quanto) (comparativo de igualdade);

    menos + ADJETIVO/ADVRBIO + (do) que (comparativo de inferioridade).

    J os adjetivos e advrbios que se apresentam na forma superlativa relativa, o fazem segundo a seguinte estrutura:

    mais + ADJETIVO/ADVRBIO + de (superlativo de superioridade);

    menos + ADJETIVO/ADVRBIO + de (superlativo de inferioridade).

    Alguns adjetivos e advrbios, porm, possuem formas especiais quando apresentados nas formas dos graus comparativo sinttico e superlativo sinttico. So eles: bom/bem, mau/mal, grande e pequeno, para cuja apresentao, assumem as seguintes formas:

    ADJETIVO ADVRBIO COMPARATIVO/SUPERLATIVO SINTTICO

    bom bem melhor

    mau mal pior

    grande maior

    pequeno menor

    Essas formas especiais do comparativo e superlativo sinttico so obrigatrias, especialmente porque assumido em uma nica palavra a idia de intensidade do adjetivo e advrbio:

    Exemplos:

    Adjetivo

    1. Ele mais bom como vendedor do que como dentista. [Inadequado]

    Ele melhor como vendedor do que como dentista. Adequado]

    Advrbio

    1. mais bem andar do que correr. [Inadequado]

    melhor andar do que correr. [Adequado]

    Em geral, esses advrbios na forma sinttica aparecem intensificados pelo acrscimo de outro advrbio de intensidade (muito, bem, bastante e etc.).

    Exemplos:

    1. Eu considerei bem melhor viajar noite do que durante o dia.

    2. Foi muito pior viajar durante o dia!

    Locuo prepositiva x Locuo adverbial

  • No raro, confunde-se locuo prepositiva e locuo adverbial, devido utilizao de palavras idnticas na formao da expresso.

    Uma locuo prepositiva exerce a funo de preposio, ao passo que uma locuo adverbial exerce a funo de advrbio.

    Uma regra prtica para determinar essa distino em nvel formal procurar pelo ltimo elemento da locuo. Se o ltimo termo for uma preposio, trata-se de uma locuo prepositiva; se esse ltimo termo for um advrbio, estamos diante de uma locuo adverbial.

    Exemplos:

    1. Ele disse que entraria em contato dentro de poucos minutos. [locuo prepositiva]

    ...[dentro: advrbio]

    ...[de: preposio]

    2. O aspecto da casa era outro por dentro. [locuo adverbial]

    ...[por: preposio]

    ...[dentro: advrbio]

    Os determinantes e o ncleo composto

    Os termos determinantes da orao (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham o nome, em geral, um substantivo.

    Em cada expresso em que ocorra a unio entre o determinante e o substantivo, obrigatria a concordncia em gnero e nmero entre eles. Dessa forma, se a expresso contm mais de um elemento (ncleo composto) importante verificar a concordncia.

    H duas maneiras de se realizar a concordncia entre um ncleo composto e os determinantes: concordncia com o substantivo mais prximo, e concordncia com o gnero e nmero comum. Para isso preciso observar a posio ocupada pelo determinante, ou seja,

    determinante antes do ncleo composto

    determinante depois do ncleo composto

    Determinante antes do ncleo composto

    A posio dos determinantes muito importante para se determinar o gnero e o nmero que eles devem assumir na orao. Como os determinantes sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordncia entre os dois elementos obrigatria.

    A concordncia se dar de acordo com o gnero e o nmero do substantivo mais prximo se:

    determinante estiver ligado a um ncleo composto (mais de um elemento)

    determinante estiver antes do ncleo composto

    Exemplos:

    1. Algum atletas e treinadores se retiraram da competio. [Inadequado]

    Alguns atletas e treinadores se retiraram da competio. [Adequado]

    2. Fantsticos fogueira e bales sero premiados na festa. [Inadequado]

    Fantstica fogueira e bales sero premiados na festa. [Adequado]

    Dentre os determinantes, o artigo a nica classe gramatical que ocupa sempre posio anterior ao substantivo (ex: a casa ao invs de casa a; um sof ao invs de sof um). Entre o artigo e o substantivo pode-

  • se incluir outras palavras, em geral um adjetivo. Mesmo distante, a concordncia entre o artigo e o substantivo deve ser realizada.

    aconselhvel, ainda, a repetio do determinante para cada um dos elementos do ncleo composto quando eles forem de gnero ou nmero diferentes (ex.: um caderno e umas canetas ao invs de uns caderno e canetas).

    Determinante depois do ncleo composto

    A posio dos determinantes muito importante para se determinar o gnero e o nmero que eles devem assumir na orao. Como os determinantes sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordncia entre os dois elementos obrigatria.

    Se o determinante estiver ligado a um ncleo composto (mais de um elemento) e vier depois desse ncleo, h duas maneiras de se realizar a concordncia:

    1. Com o substantivo mais prximo:

    Exemplos:

    1. As esperanas e o carinho minhas sero dedicadas aos pobres. [Inadequado]

    As esperanas e o carinho meu sero dedicadas aos pobres. [Adequado]

    2. Os psteres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado]

    Os psteres e a revista masculina foram vendidos. [Adequado]

    2. Com o gnero e nmero comum:

    Exemplos:

    1. As esperanas e o carinho minhas sero dedicadas aos pobres. [Inadequado]

    As esperanas e o carinho meus sero dedicadas aos pobres. [Adequado]

    2. Os psteres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado]

    Os psteres e a revista masculinos foram vendidos. [Adequado]

    Observe, portanto, que quando a concordncia se d pelo gnero e nmero comum, o nmero ser sempre plural. O gnero, por sua vez, vai ser determinado pelos substantivos que compem o ncleo. O determinante s ser feminino plural se os substantivos do ncleo composto tambm forem femininos; do contrrio, o gnero do determinante ligado a um ncleo composto ser masculino (ex.: fbrica e escritrio fechados; luz e lanterna acesas).

    aconselhvel a repetio do determinante para cada um dos elementos do ncleo composto quando eles forem de gnero ou nmero diferentes (ex.: o velho perdido e as crianas [tambm] perdidas ao invs de o velho e as crianas perdidos).

    Uso dos Pronomes

    Os pronomes pessoais do caso reto "eu" e "tu" no podem exercer a funo de complemento das preposies do portugus. Neste caso, devem ser usadas as formas pessoais oblquas tnicas "mim" e "ti".

    Exemplo:

    1. Entre eu e ti existe apenas amizade. [Inadequado]

    Entre mim e ti existe apenas amizade. [Adequado]

    O pronome pessoal "eu" no deve ser empregado depois da preposio "para", exceto quando seguido de verbo no infinitivo, ou seja, quando sujeito da orao subordinada adverbial final.

    Exemplo:

  • 1. Disseram para mim escrever uma carta. [Inadequado]

    Disseram para eu escrever uma carta. [Adequado]

    O pronome pessoal do caso reto no pode funcionar como sujeito da orao subordinada substantiva reduzida de infinitivo. Neste caso, so usados os pronomes tonos do caso oblquo ("me", "te", "o", etc.).

    Exemplo:

    1. Deixa eu sair. [Inadequado]

    Deixa-me sair. [Adequado]

    Os pronomes reflexivos e os pronomes recprocos devem concordar com a pessoa a que se referem.

    Exemplos:

    1. Ele vestiu-se rapidamente, pois estava atrasado.

    2. Eu me feri com uma faca.

    3. Carlos e eu nos abraamos.

    4. Jos e Antnio no se cumprimentam.

    O pronome indefinido "ambos" j contm a idia de "dois", sendo dispensvel o numeral.

    Exemplo:

    1. Ambos os dois partiram ontem. [Inadequado]

    Ambos partiram ontem. [Adequado]

    O pronome indefinido "cada" repele a forma "um", por isso, utilize apenas os numerais correspondentes a mais de uma unidade:

    Exemplo:

    1. O relgio soava a cada uma hora. [Inadequado]

    O relgio soava a cada hora. [Adequado]

    O relgio soava a cada duas horas. [Adequado]

    O pronome indefinido "cada" no pode ser utilizado como determinante de formas do plural, a menos que venha modificando o numeral.

    Exemplo:

    1. A cada frias tudo se repetia. [Inadequado]

    Em todas as frias, tudo se repetia. [Adequado]

    A cada duas frias tudo se repetia. [Adequado]

    Uso de Onde como Pronome Relativo

    A palavra onde, como pronome relativo, somente pode ser utilizada para substituir um substantivo que exprima a idia de lugar. Para a substituio de outros substantivos, utilize as formas "em que", "na qual" ou "no qual" em vez de "onde".

    Exemplos:

    1. Na rua onde ele mora no h muito movimento. [Adequado]

    2. Na orao onde o fiel pedia perdo a Deus no havia sinceridade. [Inadequado]

  • Na orao em que o fiel pedia perdo a Deus no havia sinceridade. [Adequado]

    Substantivo de gnero vascilante

    Na lngua portuguesa, alguns substantivos so palavras variveis. Eles podem variar em gnero (masculino ou feminino) e nmero (singular ou plural).

    Alguns substantivos, porm, tm gnero fixo. Nesse caso, eles so reconhecidos somente por esse gnero que est fixado, isto , no h formas especiais para a apresentao do gnero oposto. Por conseqncia, os determinantes que se relacionam com esse substantivo devem respeitar o gnero do substantivo. A fixao de um gnero e no outro para esse substantivo apenas um capricho da lngua, mas torna-se problema de linguagem o emprego inadequado de suas formas.

    Exemplos:

    1. Vamos pedir uma champanhe para comemorar a vitria? [Inadequado]

    Vamos pedir um champanhe para comemorar a vitria? [Adequado]

    2. Elas participavam de uma cl muito fechada. [Inadequado]

    Elas participavam de um cl muito fechado. [Adequado]

    A seguir, os substantivos de gnero fixo mais freqentemente utilizados na nossa lngua e os seus gneros:

    MASCULINO FEMININO

    o agravante a usucapio

    o soprano a sentinela

    o diabete(s) a omoplata

    Modo subjuntivo

    Subjuntivo o modo verbal que expressa uma ao incerta, inacabada, uma ao que est para se realizar e, ainda, um fato imaginado. Nesse sentido, o subjuntivo ope-se completamente ao indicativo que o modo da certeza, do fato real.

    Outra caracterstica desse modo verbal advm da sua extrema dependncia com outro verbo. Assim, o modo subjuntivo est sempre presente nos verbos de oraes subordinadas.

    A utilizao do modo subjuntivo est ligada ao sentido que se pretende dar ao verbal. Em geral, verificamos a sua presena em verbos que exprimem:

    dvida (ex.: Talvez voc possa me esclarecer isso.)

    hiptese/condio (ex.: Se todos chegassem mais cedo, faramos a reunio)

    ordem/pedido (ex.: Pediria a todos que se dirigissem recepo.)

    desejo (ex.: Espero que confiem na minha palavra.)

    importante que se conheam as conjugaes dos verbos no modo subjuntivo, pois o emprego adequado dessas formas implica a construo correta da concordncia verbal. Alm disso, outras particularidades desse modo verbal podem ser verificadas:

    O subjuntivo e as oraes subordinadas O subjuntivo e os verbos modais

    Verbos com pronome "se"

    Certos verbos da Lngua Portuguesa expressam, na sua forma infinitiva, a idia de ao reflexiva. Para indicar que o objeto da ao a mesma pessoa que o sujeito que a pratica, obrigatria a concordncia em pessoa entre o pronome reflexivo e a pessoa qual se refere.

  • O pronome "se" torna-se, portanto, parte integrante dos verbos reflexivos. So esses os verbos indicativos de sentimentos ou mudana de estado, tais como preocupar-se, queixar-se, indignar-se, admirar-se, comportar-se, congelar-se, derreter-se e etc.

    Os pronomes reflexivos (me, te, se, nos e etc.) possuem uma forma especial para cada pessoa verbal, com exceo da terceira pessoa, que possui uma nica forma tanto para o singular quanto para o plural: se, si e consigo.

    Exemplos:

    1. Ns se atrevemos a ler seus manuscritos. [Inadequado]

    Ns nos atrevemos a ler seus manuscritos. [Adequado]

    2. Eu teimava em suicidar-se em tempo breve. [Inadequado]

    Eu teimava em suicidar-me em tempo breve. [Adequado]

    Anlise sinttica: definio

    Anlise sinttica uma tcnica empregada no estudo da estrutura sinttica de uma lngua. Ela til quando se pretende:

    1. descrever as estruturas sintticas possveis ou aceitveis da lngua; ou

    2. decompor o texto em unidades sintticas a fim de compreender a maneira pela qual os elementos sintticos so organizados na sentena.

    A compreenso dos vrios mecanismos inerentes em uma lngua facilitada pelo procedimento analtico, atravs do qual buscam-se nas unidades menores (por exemplo, a sentena) as razes para certos fenmenos detectados nas unidades maiores (por exemplo, o texto). Dessa forma, a Gramtica Normativa (aquela que prescreve as normas da lngua culta) sempre se ocupou em decompor algumas unidades estruturais da lngua para tornar didtica a compreenso de certos fenmenos. No mbito da fonologia, tem-se a anlise fonolgica, em que a estrutura sonora das palavras decomposta em unidades mnimas do som (os fonemas); em morfologia, tem-se a anlise morfolgica, da qual se depreendem das palavras as suas unidades mnimas dotadas de significado (os morfemas).

    A anlise sinttica ocupa um lugar de destaque em muitas gramticas da lngua portuguesa, porque grande parte das normas do bem dizer e do bem escrever recaem sobre a estrutura sinttica, isto , sobre a organizao das palavras na sentena. Para compreender o uso dos pronomes relativos, a colocao pronominal, as vrias relaes de concordncia, por exemplo, importante, antes, promover uma anlise adequada da sintaxe apresentada pela sentena em questo. Nenhuma regra de conduta da lngua culta tem sentido sem uma anlise sinttica da sentena que se estuda. Por isso, antes que se aplique qualquer norma gramatical preciso compreender de que forma os elementos sintticos esto dispostos naquela sentena especial. Isso se d porque os elementos sintticos tambm no so fixos na lngua. Por exemplo: uma palavra pode funcionar como sujeito em uma sentena e, em outra, funcionar como agente da passiva. Somente a anlise sinttica poder determinar esse comportamento especfico das palavras no contexto da sentena.

    Sendo a anlise sinttica uma aplicao estritamente voltada para a sentena, parte-se dessa unidade maior para alcanar os seus constituintes - os sintagmas que, por sua vez, so rotulados atravs das categorias sintticas. Como se v, um exerccio de decomposio da sentena. Vejamos um exemplo de anlise sinttica:

    1. Teu pai quer que voc estuda antes de brincar.

    ...[h trs oraes]

    ...[1 orao: teu pai quer = orao principal]

    ...[na 1 orao: sintagma nominal = teu pai; sintagma verbal = quer]

    ...[sintagma verbal da 1 orao: formado por um verbo modal]

    ...[2 orao: que voc estuda = orao subordinada objetiva direta]

    ...[na 2 orao: sintagma nominal = voc; sintagma verbal = estuda]

    ...[2 orao: introduzida pelo pronome relativo que]

  • ...[3 orao: antes de brincar = orao subordinada adverbial reduzida de infinitivo]

    ...[sintagma adverbial: locuo adverbial de tempo: antes de]

    ...[sintagma verbal: brincar]

    Atravs da anlise que desenvolvemos pudemos depreender as vrias unidades menores do perodo, isto , as trs oraes (ou sentenas), e, alm disso, identificamos as funes dos elementos sintticos presentes em cada orao (tipo de verbo, qualidade do pronome, tipos de sintagmas, tipo de advrbio). A partir desses resultados possvel verificar um problema de concordncia verbal existente na segunda orao. Trata-se da norma gramatical que nos informa o seguinte: "se houver uma orao subordinada objetiva direta introduzida pelo pronome que e, se essa orao complementa um verbo modal, ento o verbo dessa orao subordinada deve estar no modo subjuntivo". Pela anlise sinttica vemos que esse o caso do nosso perodo. Assim, conseguimos compreender a necessidade de alterao da forma verbal, derivando a sentena abaixo.

    1. Teu pai quer que voc estude antes de brincar.

    Para promovermos essa anlise, enfim, foi exigido que conhecssemos alguns elementos fundamentais da sintaxe:

    o perodo

    a frase

    a orao

    os termos das oraes

    A anlise sinttica, assim como as outras referentes lngua, um exerccio muito prximo da matemtica, pois envolve um raciocnio lgico do tipo: "se voc encontrar tal elemento, ento admita que esse elemento um objeto tal". Promover esse tipo de raciocnio no estudo das sentenas desenvolver uma anlise formal, porque as categorias sintticas so formas que no dependem do contedo que expressam. Em outros nveis de anlise - a anlise semntica, a anlise discursiva e anlise estilstica - esse tipo de raciocnio lgico bastante complicado, porque envolve elementos cuja representao e estrutura no so fixas. Em todo caso, grande parte das correes gramaticais se aplica ao nvel de adequao sinttica do texto, por isso a chamada reviso gramatical.

    Frase

    Frase a menor unidade da comunicao lingstica. Tem como caractersticas bsicas:

    1. a apresentao de um sentido ou significado completo

    2. ser acompanhada por uma entonao

    Durante o uso cotidiano da lngua, os falantes costumam produzir seus textos articulando enunciados. Esses enunciados, quando transmitem uma idia acabada, isto , um sentido comunicativo completo, se constituem na chamada frase. No h um padro definido de frase; contudo, podemos identific-la em trs tipos distintos de construo:

    a. quando se compe de apenas uma palavra.

    Exemplos:

    1. Perigo!

    2. Coragem!

    b. quando se compe de mais de uma palavra, dentre as quais no se verifica a presena de verbo.

    Exemplos:

    1. Que tempestade!

    2. Quanta ingenuidade!

    c. quando se compe de mais de uma palavra, dentre as quais, um verbo ou locuo verbal.

  • Exemplos:

    1. Infelizmente, precisamos seguir viagem! [presena de verbo]

    2. A concorrncia deve determinar a reduo dos nossos preos. [presena de locuo verbal]

    A identificao de uma frase na situao de comunicao tambm se deve ao fato de que ela um produto da entonao, ou seja, da melodia produzida na lngua oral. Dessa forma, quando um falante constri uma frase, ela s se realiza se houver marcas meldicas de incio e fim do enunciado. Em geral, na fala essas pausas so expressadas atravs do silncio; j no registro escrito as marcas de incio so as iniciais maisculas das palavras e as marcas finais, os sinais de pontuao.

    Exemplos:

    1. Jonas!

    2. Que vexame!

    3. Acordei hoje com fortes dores de cabea.

    Observe-se que nos exemplos (1) e (2) os segmentos no apresentam verbos. No entanto, dada a entonao frasal, podemos extrair dessas construes um sentido comunicativo completo. O contexto da comunicao e a melodia empregada pelos falantes na produo do exemplo (1) so fundamentais para distingui-lo de uma simples palavra sem funo comunicativa. Basta imaginarmos para isso um contexto em que algum est chamando por uma pessoa cujo nome "Jonas". Nesse caso, a frase (1) poderia expressar alguma coisa como "Ei, Jonas, estou lhe chamando."

    Orao

    Orao um segmento lingstico caracterizado basicamente:

    1. pela presena obrigatria do verbo (ou locuo verbal), e

    2. pela propriedade de se tornar, ela mesma, um objeto de anlise sinttica

    A maioria dos gramticos da lngua portuguesa costuma atribuir orao uma qualidade discursiva bastante particular que a de expressar um contedo informativo na forma de uma construo dotada de verbo. Independentemente de essa construo expressar um sentido acabado no discurso oral ou escrito, o verbo torna-se fundamental para caracterizar a orao; por isso, a determinao de que o verbo o ncleo de uma orao. Vejamos alguns exemplos:

    1. Gabriel toca sanfona maravilhosamente.

    ...[toca: verbo]

    ...[enunciado em forma de orao com sentido acabado]

    2. portanto, traz felicidade.

    ...[traz: verbo]

    ...[enunciado em forma de orao sem sentido acabado]

    Nesses dois exemplos observamos ora a expresso de um contedo comunicativo completo ora a ausncia desse enunciado significativo. No entanto, em nenhum dos casos podemos notar a falta do verbo.

    As oraes so, alm disso, construes que, por contarem com um esquema discursivo definido, podem ser analisadas sintaticamente. Isto , existindo orao pressupe-se tambm a existncia de uma organizao interna entre os seus elementos constituintes os termos da orao que se renem em torno do verbo. A esse tipo de exerccio chamamos anlise sinttica, da qual a gramtica da lngua costuma abstrair as diversas classificaes das oraes.

    importante, portanto, conhecer outras particularidades das oraes:

    termos da orao

    Para os fins de anlise ou, mais modernamente, no uso comum dos termos, costuma-se empregar equivocadamente a palavra sentena em lugar de orao e tambm de frase. Trata-se de uma traduo imperfeita da noo inglesa de perodo: no ingls o termo phrase refere-se em portugus a sintagma ; o termo clause, a "orao", e sentence, a "perodo".

  • Perodo

    Perodo a unidade lingstica composta por uma ou mais oraes. Tem como caractersticas bsicas:

    1. a apresentao de um sentido ou significado completo

    2. encerrar-se por meio de certos smbolos de pontuao.

    Uma das propriedades da lngua expressar enunciados articulados. Essa articulao evidenciada internamente pela verificao de uma qualidade comunicativa das informaes contidas no perodo. Isto , um perodo bem articulado quando revela informaes de sentido completo, uma idia acabada. Esse atributo pode ser exibido em termos de um perodo constitudo por uma nica orao - perodo simples ou constitudo por mais de uma orao perodo composto.

    Exemplos:

    1. Sabrina tinha medo do brinquedo.

    ...[perodo simples]

    2. Sabrina tinha medo do brinquedo, apesar de lev-lo consigo todo o tempo.

    ...[perodo composto]

    No h uma forma definida para a constituio de perodos, pois se trata de uma liberdade do falante de elaborar seu discurso da maneira como quiser ou como julgar ser compreendido na situao discursiva. Porm a lngua falada, mais freqentemente, organiza-se em perodos simples, ao passo que a lngua escrita costuma apresentar maior elaborao sinttica, o que faz notarmos a presena maior de perodos compostos. Um dos aspectos mais notveis dessa complexidade sinttica nos perodos compostos o uso dos vrios recursos de coeso. Isso pode ser visualizado no exerccio de transformao de alguns perodos simples em perodo composto fazendo uso dos chamados conectivos (elementos lingsticos que marcam a coeso textual).

    Exemplo:

    1. Eu tenho um gatinho muito preguioso. Todo dia ele procura a minha cama para dormir. Minha me no gosta do meu gatinho. Ento, eu o escondo para a minha me no ver que ele est dormindo comigo.

    2. Eu tenho um gatinho muito preguioso, que todo dia procura a minha cama para dormir. Como a minha me no gosta dele, eu o escondo e, assim, ela no v que o gatinho est dormindo comigo.

    Notem que no exemplo (1) temos um pargrafo formado por quatro perodos. J no exemplo (2) o pargrafo est organizado em apenas dois perodos. Isso possvel articulando as informaes por meio de alguns conectivos (que, como, assim) e eliminando os elementos redundantes (o gatinho, minha me = ele, ela).

    Finalmente, os perodos so definidos materialmente no registro escrito por meio de uma marca da pontuao, das quais se excluem a vrgula e o ponto-e-vrgula. O recurso da pontuao uma forma de reproduzir na escrita uma longa pausa percebida na lngua falada.

    Termos da orao: tipos

    Os termos da orao da lngua portuguesa so classificados em trs grandes nveis:

    Termos essencias da orao:

    sujeito predicado

    Termos integrantes da orao:

    complemento nominal complementos verbais:

    o objeto direto o objeto indireto o predicativo do objeto o agente da passiva

    Termos acessrios da orao:

  • adjunto adnominal adjunto adverbial aposto vocativo

    Sujeito

    Sujeito um dos temos essenciais da orao. Tem por caractersticas bsicas:

    estabelecer concordncia com o ncleo do sintagma verbal

    apresentar-se como elemento determinante em relao ao predicado

    constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou, ainda, qualquer palavra substantivada

    O sujeito s considerado no mbito da anlise sinttica, isto , somente na organizao da sentena que uma palavra (ou um conjunto de palavras) pode constituir aquilo que chamamos sujeito. Nesse sentido, equivocado dizer que o sujeito aquele que pratica uma ao ou aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao fazer tal afirmao estamos considerando o aspecto semntico do sujeito (agente de uma ao) ou o seu aspecto estilstico (o tpico da sentena). J que o sujeito depreendido de uma anlise sinttica, vamos restringir a definio apenas ao seu papel sinttico na sentena: aquele que estabelece concordncia com o ncleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, o ncleo sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o ncleo sempre um nome.

    Exemplos:

    1. A padaria est fechada hoje.

    ...[est fechada hoje: predicado nominal]

    ...[fechada: nome adjetivo = ncleo do predicado]

    ...[fechada: nome feminino singular]

    ...[a padaria: sujeito]

    ...[ncleo do sujeito: nome feminino singular]

    2. Ns mentimos sobre nossa idade para voc.

    ...[mentimos sobre nossa idade para voc: predicado verbal]

    ...[mentimos: verbo = ncleo do predicado]

    ...[mentimos: primeira pessoa do plural]

    ...[ns: sujeito]

    ...[sujeito: primeira pessoa do plural]

    A relao de concordncia , por excelncia, uma relao de dependncia, na qual dois (ou mais) elementos se harmonizam. Um desses elementos chamado determinado (ou principal) e o outro, determinante (subordinado). No interior de uma sentena, o sujeito o termo determinante, ao passo que o predicado o termo determinado. Essa posio de determinante do sujeito em relao ao predicado adquire sentido com o fato de ser possvel, na lngua portuguesa, uma sentena sem sujeito, mas nunca uma sentena sem predicado.

    Exemplos:

    1. As formigas invadiram minha casa.

    ...[as formigas: sujeito = termo determinante]

    ...[invadiram minha casa: predicado = termo determinado]

    2. H formigas na minha casa.

  • ...[h formigas na minha casa: predicado = termo determinado]

    ...[sujeito: inexistente]

    O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nominal , isto , seu ncleo sempre um nome. Quando esse nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito representado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua representao pode ser feita atravs de um substantivo, de um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo ncleo funcione, na sentena, como um substantivo.

    Exemplos:

    1. Eu acompanho voc at o guich.

    ...[eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa]

    2. Vocs disseram alguma coisa?

    ...[vocs: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa]

    3. Marcos tem um f-clube no seu bairro.

    ...[Marcos: sujeito = substantivo prprio]

    4. Ningum entra na sala agora.

    ...[ningum: sujeito = pronome substantivo]

    5. O andar deve ser uma atividade diria.

    ...[o andar: sujeito = ncleo: verbo substantivado nessa orao]

    Alm dessas formas, o sujeito tambm pode se constituir de uma orao inteira. Nesse caso, a orao recebe o nome de orao substantiva subjetiva:

    1. difcil optar por esse ou aquele doce...

    ...[ difcil: orao principal]

    ...[optar por esse ou aquele doce: orao subjetiva = sujeito oracional]

    importante conhecer outras particularidades do sujeito:

    sujeito posposto

    Predicado

    Predicado um dos termos essenciais da orao. Tem por caractersticas bsicas:

    apresentar-se como elemento determinado em relao ao sujeito

    apontar um atributo ou acrescentar nova informao ao sujeito

    Assim como o sujeito, o predicado um segmento extrado da estrutura interna das oraes ou das frases, sendo, por isso, fruto de uma anlise sinttica. Isso implica dizer que a noo de predicado s importante para a caracterizao das palavras em termos sintticos. Nesse sentido, o predicado sintaticamente o segmento lingstico que estabelece concordncia com outro termo essencial da orao o sujeito -, sendo este o termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). No se trata, portanto, de definir o predicado como "aquilo que se diz do sujeito" como fazem certas gramticas da lngua portuguesa, mas sim estabelecer a importncia do fenmeno da concordncia entre esses dois termos essenciais da orao.

    Exemplos:

    1. Carolina conhece os ndios da Amaznia.

    ...[sujeito: Carolina = termo determinante]

  • ...[predicado: conhece os ndios da Amaznia = termo determinado]

    ...[Carolina: 3 pessoa do singular = conhece: 3 pessoa do singular]

    2. Todos ns fazemos parte da quadrilha de So Joo.

    ...[sujeito: todos ns = termo determinante]

    ...[predicado: fazemos parte da quadrilha de So Joo = termo determinado]

    ...[Todos ns: 1 pessoa do plural = fazemos parte: 1 pessoa do plural]

    Nesses exemplos podemos observar que a concordncia estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos essenciais. Na frase (1), entre "Carolina" e "conhece"; na frase (2), entre "ns" e "fazemos". Isso se d porque a concordncia centrada nas palavras que so ncleos, isto , que so responsveis pela principal informao naquele segmento. No predicado o ncleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da orao, ou um verbo (ou locuo verbal). No primeiro caso, temos um predicado nominal e no segundo um predicado verbal. Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo so de igual importncia, ambos constituem o ncleo do predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal.

    Exemplos:

    1. Minha empregada desastrada.

    ...[predicado: desastrada]

    ...[ncleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito]

    ...[tipo de predicado: nominal]

    2. A empreiteira demoliu nosso antigo prdio.

    ...[predicado: demoliu nosso antigo prdio]

    ...[ncleo do predicado: demoliu = nova informao sobre o sujeito]

    ...[tipo de predicado: verbal]

    3. Os manifestantes desciam a rua desesperados.

    ...[predicado: desciam a rua desesperados]

    ...[ncleos do predicado: 1. desciam = nova informao sobre o sujeito; 2. desesperados = atributo do sujeito]

    ...[tipo de predicado: verbo-nominal]

    Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo responsvel tambm por definir os tipos de elementos que aparecero no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos necessrio um complemento que, juntamente com o verbo, constituem a nova informao sobre o sujeito. De qualquer forma, esses complementos do verbo no interferem na tipologia do predicado. So elementos que constituem os chamados termos integrantes da orao.

    Complemento Nominal

    D-se o nome de complemento nominal ao termo que complementa o sentido de um nome ou um advrbio, conferindo-lhe uma significao completa ou, ao menos, mais especfica.

    Como o complemento nominal vem integrar-se ao nome em busca de uma significao extensa para nome ao qual se liga, ele compe os chamados termos integrantes da orao.

    So duas as principais caractersticas do complemento nominal:

    - sempre seguem um nome, em geral abstrato;

    - ligam-se ao nome por meio de preposio, sempre obrigatria.

  • Os complementos nominais podem ser formados por substantivo, pronome, numeral ou orao subordinada completiva nominal.

    Exemplos:

    1. Meus filhos tm loucura por futebol.

    ...[substantivo]

    2. O sonho dele era saltar de pra-quedas.

    ...[pronome]

    3. A vitria de um a conquista de todos.

    ...[numeral]

    4. O medo de que lhe furtassem as jias a mantinha afastada daqui.

    ...[orao subordinada completiva nominal]

    Em geral os nomes que exigem complementos nominais possuem formas correspondentes a verbos transitivos, pois ambos completam o sentido de outro termo. So exemplos dessa correlao:

    - obedecer aos pais obedincia aos pais

    - chegar em casa chegada em casa

    - entregar a revista amiga entrega da revista amiga

    - protestar contra a opresso protesto contra a opresso

    importante conhecer outras particularidades do complemento nominal, tais como:

    - Complemento nominal X Adjunto adnominal

    - A preposio e o complemento nominal

    - Saiba mais sobre a preposio e o complemento nominal

    Objeto Direto

    Do ponto de vista da sintaxe, objeto direto o termo que completa o sentido de um verbo transitivo direto, por isso, complemento verbal, na grande maioria dos casos, no preposicionado. Do ponto de vista da semntica, o objeto direto :

    - o resultado da ao verbal, ou

    - o ser ao qual se dirige a ao verbal, ou

    - o contedo da ao verbal.

    O objeto direto pode ser formado por um substantivo, pronome substantivo, ou mesmo qualquer palavra substantivada. Alm disso, o objeto direto pode ser constitudo por uma orao inteira que complemente o verbo transitivo direto da orao dita principal. Nesse caso, a orao recebe o nome de orao subordinada substantiva objetiva direta.

    Exemplos:

    1. O amor de Mariana transformava a minha vida.

    ...[transformava: verbo transitivo direto]

    ...[a minha vida: objeto direto]

    ...[ncleo: vida = substantivo]

  • 2. Conserve isto na tua memria: vou partir em breve.

    ...[conserve: verbo transitivo direto]

    ...[isso: objeto direto = pronome substantivo]

    3. No prometa mais do que possa cumprir depois.

    ...[prometa: verbo transitivo direto]

    ...[mais do que possa cumprir depois: orao subordinada substantiva objetiva direta]

    Os objetos diretos so constitudos por nomes como ncleos do segmento. A noo de ncleo torna-se importante porque, num processo de substituio de um nome por um pronome deve-se procurar por um pronome de igual funo gramatical do ncleo. No exemplo (1) acima verificamos um conjunto de palavras formando o objeto direto (a minha vida), dentre as quais apenas uma ncleo (vida = substantivo). Podemos transformar esse ncleo substantivo em objeto direto formado por pronome oblquo, que um tipo de pronome substantivo. Alm disso, nesse processo de substituio, devemos ter claro que o pronome ocupar o lugar de todo o objeto direto e no s do ncleo do objeto. Vejamos um exemplo dessa representao:

    O amor de Mariana transformava a minha vida.

    O amor de Mariana a transformava.

    Os pronomes oblquos tonos (me, te, o, a, se, etc.) funcionam sintaticamente como objetos diretos. Isso implica dizer que somente podem figurar nessa funo de objeto e no na funo de sujeito, por exemplo . Porm algumas vezes os pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, etc.) ou pronome oblquo tnico (mim, ti, ele, etc.) so chamados a constituir o ncleo dos objetos diretos. Nesse caso, o uso da preposio se torna obrigatrio e, por conseqncia, tem-se um objeto direto especial: objeto direto preposicionado.

    Exemplos:

    1. Ame ele que teu irmo. [Inadequado]

    Ame-o que teu irmo. [Adequado]

    2. Voc chamou eu ao teu encontro? [Inadequado]

    Voc me chamou ao teu encontro? [Adequado]

    ...[me: pronome oblquo tono = sem preposio]

    Voc chamou a mim ao teu encontro? [Adequado]

    ...[a mim: pronome oblquo tnico = com preposio]

    Objeto Indireto

    Do ponto de vista da sintaxe, objeto indireto o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto e vem sempre acompanhado de preposio. Do ponto de vista da semntica, o objeto indireto o ser ao qual se destina a ao verbal.

    O objeto indireto pode ser formado por substantivo, ou pronome substantivo, ou numeral, ou ainda, uma orao substantiva objetiva indireta. Em qualquer um desses casos, o trao mais importante e caracterstico do objeto indireto a presena da preposio.

    Exemplo:

    1. A cigana pedia dinheiro a moa. [Inadequado]

    A cigana pedia dinheiro moa. [Adequado]

    ...[pedia = verbo transitivo direto e indireto]

    ...[dinheiro = objeto direto]

    ...[ moa = destinatrio da ao verbal = objeto indireto]

  • O objeto indireto pode ser representado por um pronome. Como o ncleo do objeto sempre um nome, possvel substitu-lo por um pronome. Nesse caso, um pronome oblquo, j que se trata de uma posio de complemento verbal e no de sujeito da orao. O nico pronome que representa o objeto indireto o pronome oblquo tono lhe(s) pronome de terceira pessoa. Os pronomes indicativos das demais pessoas verbais so sempre acompanhados de preposio.

    Exemplos:

    1. Ela contava a seu pai como fora o seu dia na escola.

    2. Ela lhe contava como fora o seu dia na escola.

    3. Todos dariam ao padre a palavra final.

    4. Todos dar-lhe-iam a palavra final.

    5. Responderam a Ftima com delicadeza.

    6. Responderam a mim com delicadeza.

    No difcil confundir objeto indireto e adjunto adverbial, pois ambos os termos so construdos com preposio. Uma regra prtica para se determinar o objeto indireto e at mesmo o identificar na orao indagar ao verbo se ele necessita de algum complemento preposicionado. Esse complemento ser:

    1) Adjunto adverbial, se estiver expressando um significado adicional, como lugar, tempo, companhia, modo e etc.

    2) Objeto indireto, se estiver apenas completando o sentido do verbo, sem acrescentar outra idia orao.

    Exemplos:

    1. Ele sabia a lio de cor. [Adjunto adverbial "de modo"]

    2. Ele se encarregou do formulrio. [Objeto indireto]

    Predicativo do Objeto

    o termo ou expresso que complementa o objeto direto ou o objeto indireto, conferindo-lhe um atributo.

    O predicativo do objeto apresenta duas caractersticas bsicas:

    acompanha o verbo de ligao implcito;

    pertence ao predicado verbo-nominal.

    A formao do predicativo do objeto feita atravs de um substantivo ou um adjetivo.

    Exemplos:

    1. O vilarejo finalmente elegeu Otaviano prefeito.

    ...[objeto: Otaviano]

    ...[predicativo: substantivo]

    2. Os policiais pediam calma absoluta.

    ...[objeto: calma]

    ...[predicativo: adjetivo]

    3. Todos julgavam-no culpado.

    ...[objeto: no]

    ...[predicativo: adjetivo]

  • Alguns gramticos admitem o predicativo do objeto em oraes com verbos transitivos indiretos tais como crer, estimar, julgar, nomear, eleger. Em geral, porm, a ocorrncia do predicativo do objeto em objetos indiretos se d somente com o verbo chamar, com sentido de "atribuir um nome a".

    Exemplo:

    1. Chamavam-lhe falsrio, sem notar-lhe suas verdades.

    Agente da Passiva

    o termo da orao que complementa o sentido de um verbo na voz passiva, indicando-lhe o ser que praticou a ao verbal.

    A caracterstica fundamental do agente da passiva , pois, o fato de somente existir se a orao estiver na voz passiva. H trs vozes verbais na nossa lngua: a voz ativa, na qual a nfase recai na ao verbal praticada pelo sujeito; a voz passiva, cuja nfase a ao verbal sofrida pelo sujeito; e a voz reflexiva, em que a ao verbal praticada e sofrida pelo sujeito. Nota-se, com isso, que o papel do sujeito em relao ao verbal est em evidncia.

    Na voz ativa o sujeito exerce a funo de agente da ao e o agente da passiva no existe. Para completar o sentido do verbo na voz ativa, este verbo conta com outro elemento o objeto (direto). Na voz passiva, o sujeito exerce a funo de receptor de uma ao praticada pelo agente da passiva. Por conseqncia, este mesmo agente da passiva que complementa o sentido do verbo neste tipo de orao, substituindo o objeto (direto).

    Exemplo:

    1. O barulho acordou toda a vizinhana. [orao na voz ativa]

    ...[o barulho: sujeito]

    ...[acordou: verbo transitivo direto = pede um complemento verbal]

    ...[toda a vizinhana: ser para o qual se dirigiu a ao verbal = objeto direto]

    2. Toda a vizinhana foi acordada pelo barulho. [orao na voz passiva]

    ...[toda a vizinhana: sujeito]

    ...[foi: verbo auxiliar / acordada: verbo principal no particpio]

    ...[pelo barulho: ser que praticou a ao = agente da passiva]

    O agente da passiva um complemento exigido somente por verbos transitivos diretos (aqueles que pedem um complemento sem preposio). Esse tipo de verbo, em geral, indica uma ao (em oposio aos verbos que exprimem estado ou processo) que, do ponto de vista do significado, complementada pelo auxlio de outro termo que o seu objeto (em oposio aos verbos que no pedem complemento: os verbos intransitivos). Como vimos, na voz passiva o complemento do verbo transitivo direto o agente da passiva; j na voz ativa esse complemento o objeto direto. Nas oraes com verbos intransitivos, ento, no existe agente da passiva, porque no h como construir sentenas na voz passiva com verbos intransitivos.

    Observe:

    1. Karina socorreu os feridos.

    ...[verbo transitivo direto na voz ativa]

    2. Os feridos foram socorridos por Karina

    ...[verbo transitivo direto na voz passiva]

    3. Karina gritou.

    ...[verbo intransitivo na voz ativa]

    4. Karina foi gritada. (sentena inaceitvel na lngua)

    ...[verbo intransitivo na voz passiva]

  • *Os feridos: objeto direto em (1) e sujeito em (2)

    Karina: sujeito em (1) e agente da passiva em (2)

    A orao na voz passiva pode ser formada atravs do recurso de um verbo auxiliar (ser, estar). Nas construes com verbo auxiliar, costuma-se explicitar o agente da passiva, apesar de ser este um termo de presena facultativa na orao. Em oraes cujo verbo est na terceira pessoa do plural, muito comum ocultar-se o agente da passiva. Isso se justifica pelo fato de que, nessas situaes, o sujeito pode ser indeterminado na voz ativa. Porm mesmo nesses casos, a ausncia do agente fruto da liberdade do falante.

    Exemplos:

    1. Os visitantes do zoolgico foram atacados pelos bichos.

    ...[foram: verbo auxiliar / passado do verbo "ser"]

    ...[pelos bichos: agente da passiva]

    2. Nossas reivindicaes so simplesmente ignoradas.

    ...[so: verbo auxiliar / presente do verbo "ser"]

    ...[agente da passiva: ausente]

    3. Cercaram a cidade. [voz ativa com sujeito indeterminado]

    A cidade est cercada.

    ...[est: verbo auxiliar / presente do verbo "estar"]

    ...[agente da passiva: ausente]

    A cidade est cercada pelos inimigos.

    ...[pelos inimigos: agente da passiva]

    O agente da passiva mais comumente introduzido pela preposio por (e suas variantes: pelo, pela, pelos, pelas). possvel, no entanto, encontrar construes em que o agente da passiva introduzido pelas preposies de ou a.

    Exemplos:

    1. O hino ser executado pela orquestra sinfnica.

    ...[pela orquestra sinfnica: agente da passiva]

    2. O jantar foi regado a champanhe.

    ...[a champanhe: agente da passiva]

    3. A sala est cheia de gente.

    ...[de gente: agente da passiva]

    Adjunto Adnominal

    a palavra ou expresso que acompanha um ou mais nomes conferindo-lhe um atributo. Trata-se, portanto, de um termo de valor adjetivo que modificar o nome a que se refere.

    Os adjuntos adnominais no determinam ou especificam o nome, tal qual os determinantes. Ao invs disso, eles conferem uma nova informao ao nome e por isso so chamados de modificadores.

    Alm disso, os adjuntos adnominais no interferem na compreenso do enunciado. Por esse motivo, eles pertencem aos chamados termos acessrios da orao.

    Os adjuntos adnominais podem ser formados por artigo, adjetivo, locuo adjetiva, pronome adjetivo, numeral e orao adjetiva.

  • Exemplos:

    1. Nosso velho mestre sempre nos voltava mente.

    ...[nosso: pronome adjetivo]

    ...[velho: adjetivo]

    2. Todos querem saber a msica que cantarei na apresentao.

    ...[a: artigo]

    ...[que cantarei na apresentao: orao adjetiva]

    importante conhecer algumas outras particularidades dos adjuntos adnominais, tais como:

    Complemento nominal X Adjunto adnominal

    A concordncia e os adjuntos adnominais compostos

    Os adjuntos adnominais e o ncleo composto

    Adjunto Adverbial

    a palavra ou expresso que acompanha um verbo, um adjetivo ou um advrbio modificando a natureza das informaes que esses elementos transmitem. Por esse seu carter, o adjunto adverbial tido como um modificador. Pelo fato de no ser um elemento essencial ao enunciado, insere-se no rol dos termos acessrios da orao.

    A modificao que os adjuntos adverbiais conferem aos elementos aos quais se liga na sentena de duas nature