Maquinas 55

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Agosto 2006

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Rodando por aí

Sensores de velocidade

Ensaio de pneus agrícolas

Biocombustível

Comparativo de plantadoras de cana

Símbolos em máquinas agrícolas

Manutenção passo-a-passo

Esporte trator

Irrigação em arroz

Índice Nossa Capa

John Deere

Destaques

Plantadoras no canavialPlantio mecanizado surge como alternativa para reduziros custos e a dependência da mão-de-obra braçal. Sistemaé testado com sucesso em São Paulo

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadaspelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessadospodem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos quetodos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitosirão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foramselecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemosfazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões,para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidosnos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a opor-tunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• GERAL3028.2000• ASSINATURAS3028.2070

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoVilso Júnior Santi

• RevisãoSilvia Maria Pinto

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• ComercialPedro Batistin

Sedeli FeijóSilvia Primeira

• Gerente de CirculaçãoCibele Costa

• AssinaturasSimone Lopes

• Gerente de Assinaturas ExternaRaquel Marcos

• ExpediçãoDianferson Alves

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

www.cultivar.inf.brwww.grupocultivar.com

Cultivar MáquinasEdição Nº 55

Ano VI - Agosto 06ISSN - 1676-0158

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00

Assinatura Internacional:US$ 80,00• 70,00

Energia cultivadaDe queima limpa, o biodiesel despontacomo opção de combustível, capaz deimpulsionar um novo ciclo na agricul-tura brasileira

Irrigação em arrozDeterminar os volumes de água retira-dos e efetivamente consumidos é tarefaimportante no momento de escolher omelhor sistema

Matéria de capa

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• Impressão:Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

• REDAÇÃO3028.2060• MARKETING3028.2065

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ValtraA filial da Valtra na Argentina completou dez anos de atividades no mês de junho. Atualmente aunidade funciona na cidade de Haedo, na província de Buenos Aires, onde comercializa em

média 60 tratores por mês. Entre os mais vendidosestá o modelo BH 180, utilizado principalmente naslavouras de trigo e soja. Os profissionais da filial ofe-recem cursos de capacitação das equipes técnicas dasconcessionárias que representam a marca no país, alémde suporte e assistência na comercialização diretamen-te para agricultores e para seus parceiros comerciais.Com o aniversário, em 2006, a Valtra comemora amarca de 4,5 mil tratores vendidos na Argentina.

ArvusAs vantagens da Agricultura de Precisão sempre tiveram um contrapesopara a implantação no Brasil: as tecnologias utilizadas são importadas.Porém, essa barreira começa a ser superada, uma vez que a Arvus de-senvolveu um sistema totalmente voltado para o produtor brasileiro. OSistema Arvus de Agricultura de Precisão, segundo Adriano Naspolini,diretor de desenvolvimento da empresa, só tem a beneficiar o produtornacional. “Com o sistema da Arvus, as vantagens da tecnologia podemser exploradas sem dificuldades para os operadores das máquinas. Alémdisso, o preço é acessível, e a manutenção é facilitada”, explica.

TortugaEspecializada na produção de câmaras de ar, a Tortuga é reconhecida internacionalmentepela qualidade de seus produtos e por ser fornecedora das grandes fabricantes de pneus. A

empresa recentemente revolucionou o setor ao lançara câmara de ar para pneu sem câmara, sendo que par-te da produção já está sendo exportada para países daAmérica do Sul. Cerca de 85% das câmaras de ar parapneu sem câmara no Brasil são destinados a cami-nhões e ônibus, enquanto a outra parcela se destina amaquinário agrícola e agora também a veículos co-merciais leves.

John DeerePaulo Herrmann, diretor de marketing da John Deere para a Améri-ca do Sul, palestrou na abertura do I Ciclo de Palestras sobre Gestãode Pessoas, com foco no agronegócio, promovido pela Faculdade deAgronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas. Di-ante de um público atento, formado por estudantes e professores deagronomia, Herrmann, que começou sua formação acadêmica naUFPel, apontou a capacidade de renúncia, o respeito conquistado apartir de bons resultados, a integridade moral, o gosto por desafios,a satisfação pessoal no trabalho e a constante atualização como in-gredientes indispensáveis para quem busca o sucesso profissional.

PublicaçãoO livro “Plantio de cana-de-açúcar: Estado da Arte” - de au-toria de Tomaz Caetano e Marco Lorenzo Ripoli, Dumas VicentiCasagrandi e Bernardo Ide, editado em Piracicaba (SP), com216 páginas, 259 figuras e 125 referências - esclarece inúme-ras dúvidas acerca da produção canavieira. A publicação tratanão apenas de questões de mecanização, mas também de ou-tros aspectos diretamente envolvidos em sistemas de plantiode cana, e pode ser adquirido no seguinte endereço: http://dibd.esalq.usp.br.

Case IHNos últimos tempos as

vendas de colhedoras têmbatido recordes. Somente

a Case IH, líder demercado no fornecimento

de colhedoras de cana,comercializou até o iníciode maio 70 equipamentos

novos. A expectativa daempresa é de negociar, até

dezembro, outras 50unidades. Segundo

especialistas, o mercadobrasileiro deve absorver180 colhedoras de cana

novas em 2006, contra as130 máquinas vendidas noano passado. A mistura decaracterísticas favoráveis à

mecanização da cana,entre elas a falta de mão-de-obra e a expansão daatividade, impulsiona o

faturamento das empresasfornecedoras e ajuda aminimizar a queda das

negociações com asculturas de grãos.

MasseyA Massey Ferguson estevepresente na quarta ediçãoda Agrifam - Feira daAgricultura Familiar e doTrabalho Rural, realizadade 4 a 6 de agosto emAgudos (SP). A empresaapresentou o trator MF250 XE, o Brasileirinho,modelo voltado para osegmento. Realizado pelaFederação dos Trabalhado-res na Agricultura doestado de São Paulo(Fetaesp), é o principalevento do setor, voltadoespecificamente aoagricultor familiar eassalariado rural. Hoje, aspequenas propriedades sãoas maiores fontes deemprego, renda e produçãode alimentos no país,responsáveis por umaparcela importante daprodução de fumo,mandioca, feijão, milho,soja, arroz e café, além deleite bovino, ovos e acriação de suínos e aves.

New HollandA New Holland acaba de lançar um kit de peças específico para a colheita de feijão. Osprodutores que possuem colhedoras TC57, TC59 e CS660 podem procu-rar um dos 170 pontos de venda das concessionárias da marca e ad-quirir os acessórios, que deverão ser instalados nas máquinas. Para ascolhedoras CS660, por exemplo, o agricultor deve realizar, além dasregulagens, a instalação de dedos levantadores, chapasperfuradas na plataforma, redutor de rotação do cilin-dro e também do cilindro e côncavo de dentes.

Adriano NaspoliniConbea 2006Acaba de ser realizado o35º Congresso Brasileirode Engenharia Agrícola.O Conbea 2006 ocorreuna cidade de João Pessoa(PB), no período de 31de julho a 4 de agosto.Esta foi a primeiraedição sob a responsabi-lidade direta da SBEA.O evento contou com oapoio da UniversidadeFederal de CampinaGrande, da UniversidadeFederal da Paraíba, daEmbrapa, da Empresa dePesquisa Estadual e daIniciativa Privada. Otema do encontro foi“Agroenergia e Desenvol-vimento Tecnológico”, ea programação científicavisou discutir ecompreender os desafiosque a engenhariaagrícola terá paraatender às futurasdemandas do país.

Paulo Herrmann

AgraleHugo Zattera foi

nomeado presidente daAgrale S.A., tradicionalmontadora brasileira de

caminhões, utilitários,chassis, tratores e

motores. Desde o iníciodo mês de agosto, o

executivo assumiu apresidência da montadoranacional e também passou

a acumular a presidênciado Conselho de

Administração. Zatteraera diretor-superinten-

dente da companhia,cargo que passou a

comandar em 1996,durante o processo de

reestruturação daempresa. Nesse período,

conduziu ações paraexpansão da montadora,

que resultaram nainternacionalização e

ampliação das linhas deprodutos.

Hugo Zattera

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Agricultura de precisão

Oconhecimento da velocidadecorreta é fundamental para ogerenciamento da qualidade de

operações como a semeadura, a pulveriza-ção, a colheita, o preparo do solo etc. Alémdisso, no trator, a velocidade influencia di-retamente no requerimento de potência, napatinagem das rodas motrizes e na eficiên-cia de tração, dentre outros.

Na distribuição de insumos, em geral, a

velocidade de deslocamento se torna indis-pensável para que ocorra a correta dosagemde calcário, fertilizantes e defensivos. Como advento das práticas de aplicação de insu-mos em taxa variada como função da varia-bilidade espacial da demanda, associado apráticas de agricultura de precisão com au-xílio de controladores, a detecção da veloci-dade passou a ser ainda mais importante,pois é um dos componentes da definição da

dosagem.

CONTROLADORES ELETRÔNICOSNo gerenciamento das operações agrí-

colas os tempos e as distâncias têm impor-tância crescente, na medida em que as téc-nicas de otimização logística passam a seradotadas rotineiramente e sensores de velo-cidade associados a um sistema de coleta eregistro de dados são recursos indispensá-

Velocidade certaNa agricultura de precisão a velocidade de deslocamento é um dos fatores

determinante no planejamento das operações. Estudo avalia sensores comerciaisusados na aferição em campo

John

Dee

re

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“Os sensores magnéticos funcionam a partir de contatos ferro-magnéticos presos àroda do trator que geram pulsos induzidos pelo campo magnético de um ímã”

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Figura 1a - Sensor de radar develocidade modelo DjRVS II,

da marca Dickey John

veis nesse processo. Os sistemas mecaniza-dos mais avançados contam com monitoresou controladores eletrônicos, que utilizam avelocidade obtida por meio de radares ou sen-sores ópticos ou magnéticos ligados às rodasdos tratores.

O princípio de funcionamento do radarse baseia no efeito Doppler, que estabeleceque, quando uma onda se propaga num meioqualquer e se reflete em algum objeto móvel,será refletida e terá uma freqüência diferenteda onda incidente. Já foi comprovado por es-tudos que os sensores baseados em radaressofrem influência do tipo de superfície emque estão atuando, justamente por conta darugosidade dessa superfície.

Os sensores magnéticos funcionam a par-tir de contatos ferro-magnéticos presos à rodado trator que geram pulsos induzidos pelocampo magnético de um ímã. De forma se-melhante, os sensores óticos funcionam apartir de uma fonte de luz fixa e de interrup-ções físicas, como dentes de uma roda presaao elemento que gira (roda do trator).

Com a popularização dos receptores deGPS, eles passaram a ser utilizados para a de-terminação da velocidade, que é calculada apartir do desvio na freqüência (o mesmo efeitoDoppler) do sinal vindo de cada satélite. Odesvio de freqüência é proporcional à veloci-dade relativa entre a antena do receptor e osatélite.

SENSORES A CAMPORecentemente um estudo foi realizado no

Departamento de Engenharia Rural da Es-cola Superior de Agricultura Luiz de Quei-roz (USP/Esalq) em Piracicaba (SP), paraavaliar alguns desses sensores de velocidadecomerciais. O estudo avaliou quatro diferen-tes tipos de equipamentos: sensor de radarde velocidade modelo DjRVS II da marca Di-ckey John® (Figura 1a), sensor de radar develocidade modelo RGSS-201 da marca Mid-Tech® (Figura 1b), um receptor de GPScomo sensor de velocidade, modeloSV18GPS, desenvolvido pela Auteq, fixadono toldo do trator (Figura 1c) e um sensoróptico com 240 pulsos por volta, marca Ho-hner®, fixado na roda dianteira direita dotrator (Figura 1d) e considerado como refe-rência. Os dois sensores tipo radar foram fi-xados um de cada lado do trator, próximo aoeixo dianteiro.

Todos os equipamentos foram instaladosseguindo as recomendações técnicas dos fa-bricantes e com uma corrente de alimenta-ção de 12V. Para aquisição dos dados de tem-

Figura 1c - Receptor de GPS comosensor de velocidade, modelo

SV18GPS, da Auteq

po e número de pulsos de cada sensor, foiutilizado um cronodômetro, montado emuma bancada de instrumentação acopladano engate de três pontos do trator (Figura2).

Como a superfície do solo e suas condi-ções de cobertura influenciam o desempe-nho especialmente dos radares, escolheram-se dois tipos distintos para essa superfície:cobertura vegetal e asfalto. Da mesma for-ma, como o GPS tem um “atraso” no tem-po de resposta, trabalhou-se sob aceleraçõese desacelerações, e, como ele mede distân-cias horizontais, também se utilizaram acli-ves e declives, sempre em velocidades repre-sentativas para aplicações agrícolas.

A calibração dos sensores foi realizadaem superfície asfáltica e em percurso reto.Foi demarcado o espaço de 30 metros a serpercorrido pelo trator, entre duas balizas po-sicionadas no início e no final do percurso.O trator estava equipado com um sensor fo-toelétrico de feixe duplo com alinhamentoa laser (modelo DT-30 marca DTech®), pos-suindo um ajuste de velocidade de disparode 50 ms. Ao passar pela primeira baliza, odispositivo é acionado por meio de um reléque dispara o cronodômetro, e ao passar pelasegunda baliza o dispositivo é desacionado.Utilizaram-se cinco repetições para as velo-cidades de 6, 11 e 15 km/h, obtidas a partirdo escalonamento de marchas do trator.Com o número de pulsos obtido para cadasensor, dividido pelo espaço percorrido de30 m, obteve-se o número de pulsos por me-tro.

Para o cálculo da velocidade média, foiutilizado o número de pulsos por metro ob-tidos na calibração com o número de pulsos

do cronodômetro, obtendo-se a distânciaconsiderada para cada sensor. Com a dis-tância e o tempo do cronodômetro, calcu-lou-se a velocidade média de cada sensor, edurante os testes foram utilizados os mes-mos equipamentos da calibração.

Na superfície de asfalto, os testes foramrealizados com o trator sob velocidade cons-tante, acelerações, desacelerações, aclives edeclives. No solo com cobertura vegetal, ossensores foram ensaiados apenas sob velo-cidade constante. Em todos os ensaios uti-

Figura 1b - Sensor de radar develocidade modelo RGSS-201,

da marca Mid-Tech

Fotos José Paulo Molin

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Figura 2 - Bancada de instrumentaçãoacoplada ao sistema hidráulico de três

pontos do trator

Figura 1d - sensor óptico com 240 pulsospor volta, marca Hohner, fixado na roda

dianteira direita do trator

lizou-se uma extensão de 30 metros, e paraestabilização da velocidade foi adotada umadistância de 45 metros antes da primeira ba-liza.

No teste sob velocidade constante utili-zaram-se quatro velocidades para a condi-ção de solo coberto (2, 6, 11, e 15 km/h) etrês velocidades para a condição de asfalto(11, 16, e 20 km/h). No teste de aceleraçãoutilizou-se um espaço de 0,5 m, antes daprimeira baliza, para a partida do trator daposição parada, e a partir de então a veloci-dade permanecia crescente em todo o per-curso.

A desaceleração foi realizada com o tra-tor sob velocidade constante, retornando aalavanca do acelerador para posição míni-ma imediatamente após a passagem do tra-tor pela primeira baliza. Em todo o percur-so o trator permaneceu em velocidade de-crescente, passando na segunda baliza comuma velocidade próxima à nula. Para acli-ves e declives utilizou-se uma rampa cominclinação longitudinal de aproximadamen-te 9%.

Analisou-se o erro da velocidade indica-da em cada sensor, considerando que, parao sensor de GPS, a distância medida é equi-valente à projeção horizontal, o que podecausar distorção no valor estimado da velo-cidade, interferindo na medição da distân-cia. Em função da rampa as velocidadesobtidas foram de 6, 11 e 16 km/h para acli-ves e declives.

Para situação de solo coberto, o ensaiofoi realizado em uma área em que havia sidocolhido milho para silagem seis meses an-tes. Durante o teste evitou-se a repetição dotráfego do trator no mesmo percurso paranão causar deformação na vegetação.

RESULTADOS OBTIDOSNas condições de solo com cobertura ve-

getal observou-se ausência de diferença sig-nificativa nas velocidades indicadas por to-dos os sensores para as velocidades nomi-nais de 2 e 11 km/h. Já nas velocidades de 6e 15 km/h, o sensor óptico apresentou velo-cidade inferior quando comparado com osradares, não apresentando diferença signi-ficativa com o sensor de GPS. Nessas velo-cidades o radar Dickey John indicou veloci-dade maior que o radar Mid-Tech. Nessas

condições de cobertura, os sensores tipo ra-dar demonstraram ser influenciados pelairregularidade da superfície.

Na condição de velocidade constante emsuperfície asfáltica, aclive e declive, não foiencontrada diferença significativa entre ossensores analisados. Já na condição de ace-leração o sensor de GPS apresentou erro naordem de 41% inferior em relação à veloci-dade nominal. Em desaceleração, tambémem superfície asfáltica, apenas o sensor óp-tico e o sensor de radar Mid-Tech não apre-sentaram diferença significativa na veloci-dade indicada. O sensor de GPS apresen-tou velocidade média 18% superior em re-lação à velocidade nominal.

O que se observou é que o sensor de GPSapresentou um retardo na obtenção de ve-locidades na situação de aceleração e desa-celeração, e essa diferença está relacionadaao processamento de dados que geram o si-nal de velocidade, por conta do algoritmointerno do receptor. Isso, de alguma forma,deve ser corrigido ou compensado, para nãocomprometer significativamente a qualida-de de operações dependentes da velocida-de, especialmente nas bordas dos talhões,onde as máquinas apresentam mudançasacentuadas na velocidade em função demanobras. Alguns dos novos sensores tipoGPS já contornam esse problema, e a velo-cidade, mesmo em acelerações e desacele-rações, vem sendo mais acertada.

José Paulo Molin,Adriano B. M. Souza,Gustavo Fontana eGustavo K. Nagumo,USP/Esalq

M

Molin fala do desempenho de radarese de GPS como sensores de velocidade

em máquinas agrícolas

Fotos José Paulo Molin

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perdas

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Apesquisa com máquinas e imple-mentos agrícolas em tanque (oucaixão) de solo é uma técnica

usada desde 1930 nos Estados Unidos,mais precisamente em Auburn, estado deAlabama, no National Tillage MachineryLaboratory, onde tem sido denominado soilbin. Essa técnica visa estudar em condi-ções de laboratório os fenômenos que ocor-rem em condições de campo. O primeiroestudo sobre desempenho de pneus foi re-alizado nos EUA em 1937, segundo Mia-lhe.

Para realização do presente trabalho,empregando duas classes de solo, foi utili-zado um equipamento para o ensaio está-tico de pneus individuais, que eram pres-

sionados sobre a massa de solo por meiode um dispositivo hidráulico de aplicaçãode carga. Para cada ensaio foram determi-nadas as respectivas áreas de contato dopneu com o solo, utilizando métodos deintegração de áreas através de fotos digi-tais.

Muitos pesquisadores em todo o mun-do vêm trabalhando de forma a preparar osolo para conseguir manter as condições ne-cessárias à implantação de lavouras. Enfa-tiza-se a versatilidade do uso de canais (outanques) de solo, devido às facilidades decontrole dos fatores envolvidos no proces-so, funcionando como equipamentos ideaispara avaliar corretamente os resultados damobilização dos solos.

TANQUE DE SOLOO tanque de solo tem sido considerado

como um dos melhores métodos para estu-dos de testes com equipamentos de preparodo solo, por exemplo. A vantagem do uso dacaixa de solo está associada à facilidade decontrole das condições de solo, conseguin-do-se resultados mais precisos. A sua desvan-tagem está no alto custo de construção. Ostanques têm sido construídos com diferen-tes dimensões, desde 100 x 10 x 1,5 m emAuburn, até 3 x 0,65 x 0,35 m, na Espanha.

No Brasil existem tanques de solo de váriasdimensões. O maior que se tem notícia foiconstruído sob galpão no Centro de Engenha-ria do Instituto Agronômico de Campinas, lo-calizado em Jundiaí, com 70 m de comprimen-

Pneusem testePneusem teste

A área de contato do pneu é a responsável,em grande parte, pelo desempenho do trator,além de influenciar diretamente nacompactação do solo. Por isso é importenteobservar fatores como modelo, nível depressão, carga e as condições do terreno

Goodyear

A área de contato do pneu é a responsável,em grande parte, pelo desempenho do trator,além de influenciar diretamente nacompactação do solo. Por isso é importenteobservar fatores como modelo, nível depressão, carga e as condições do terreno

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Para a avaliação dos esforços pro-pagados ao solo, foram coloca-

dos sensores elétricos de carga, apoia-dos nas superfícies das camadas acon-dicionadas no tanque de solo e na re-gião do contato do pneu com o solo,com a finalidade de se obter os perfiscaracterísticos da propagação das pres-sões no solo nas áreas determinadas.

ESFORÇOS PROPAGADOS

to, 4 m de largura e 2 m de profundidade, dota-do de estrutura de drenagem na base do canalde solo, destinado a ensaios com máquinas agrí-colas em escala real. A Universidade Estadualde Campinas dispõe de três canais de solo, to-dos cobertos: um com 13 m de comprimento,2 m de largura e 1 m de profundidade, destina-do a testes de implementos em escala natural;um outro canal para testes de semeadoras emescala natural, com as dimensões de 5 m x 0,8m x 0,1 m e um terceiro tanque de 3 m x 1,2 mx 0,6 m, este utilizado por Célio Losnak, do-cente da Unesp Bauru, para testes de geome-tria de implementos.

Dexter construiu nos Estados Unidos umtanque de solo com 20 m de comprimento, 5m de largura e 0,9 m de profundidade, paraavaliar as tensões geradas pelo tráfego de veícu-los na superfície nas camadas situadas abaixo,

sendo que o pesquisador acondicionou no in-terior do tanque cinco camadas de solo comespessura de 15 cm, onde foram instaladas cé-lulas de carga, com o objetivo de determinar aspressões impostas ao solo pelo pneumático. Paraos testes foi utilizado um solo sob quatro níveisde carregamento e três pressões de inflagem dospneus.

Neukam estudou o comportamento datransmissão de pressões em solos causada pelotráfego de máquinas agrícolas. O autor compa-rou dados de campo por meio de um penetrô-metro e células de carga instaladas ao longo datrilha, nas profundidades de 18, 28, 38 e 48cm. O solo analisado foi de textura arenosa.Experimentos foram conduzidos utilizando-seum tanque de solo com o mesmo tipo de soloavaliado no campo. Os resultados apresentaramparâmetros de compactação do solo menoresque os obtidos no campo. No tocante ao com-portamento das tensões verticais, estas apresen-taram maior sensibilidade com relação à propa-gação de carregamentos aplicados aos tipos depneus utilizados no tanque de solo, sendo queesse fenômeno ocorreu em todas as profundi-dades estabelecidas dentro do mesmo tanque.

PNEUS AVALIADOSOs pneumáticos estudados são apresenta-

dos na Figura 3. O trabalho foi realizado noNúcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agrí-colas do Departamento de Engenharia Rural

da Universidade Estadual Paulista (Unesp),campus de Botucatu, e considerou:

a) três tipos de pneu: diagonal, radial e BPAF,este denominado correntemente de baixa pres-são e alta flutuação, todos utilizados no eixo tra-seiro do trator e sempre pneus de tração;

b) dois níveis de pressão de inflagem dopneu: alta - 117 KPa (17 psi ou libras) - e baixa- 48 KPa (7 psi);

c) quatro magnitudes de carga vertical apli-cada no pneu: 4,9 t; 9,8 t; 14,7 t e 19,6 t;

d) dois tipos de solo: arenoso e argiloso.As características de tração de um pneu

dependem do tipo e condições do solo, tipo egeometria do pneu, formato das suas garras,carga no eixo e pressão de inflagem do pneu.

A área de contato do pneu com o solo éa responsável, em grande parte, pelo de-sempenho do trator, afetando também apatinagem de pneus, que significa o desli-zamento do pneu sobre o solo sem deslo-camento do trator ou outra máquina, e acapacidade de tração.

A compactação do solo surge em função dapressão aplicada no solo, e, tendo em vista o au-mento de peso dos tratores, a solução para resol-ver esse problema terá, sempre, que considerara área de contato entre o rodado e o solo. Por-tanto, para que se possa alcançar maior produti-vidade agrícola, sem provocar a compactação, epor outro lado, objetivando a sustentabilidadeda produção agrícola ao longo dos anos, torna-se necessário que a área de contato entre o roda-do e o solo aumentem consideravelmente.

Figura 4 - Ilustração da secçãoradial do pneu, modelo 620/75 R30,

tipo radial

Figura 2 - Exemplo deárea de contato de pneu

BPAF com o solo

Figura 1 - Ensaio de pneu emtanque de solo, no campus da

Unesp de Botucatu

Figura 3 - Vista geral dostrês pneus ensaiados no

tanque de solo

Figura 5 - Desempenho dos pneus sobre o solo argiloso e pressão de inflag

Fotos Jair Rosas da Silva

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“Diversos pesquisadores têm demonstrado que os pneus radiais fornecem melhordesempenho e menor compactação do solo em relação aos pneus de construção diagonal”

M

Tipo desolo

arenosoargiloso

areia77,045,0

argila21,548,5

mínima1,401,18

máxima1,411,41

mínimo11,6422,81

máximo11,6422,81

granulometria (%) densidade (g/cm3) conteúdo de água (%)

Tabela 1 - Características dos solos utilizados no tanque

Algumas soluções para esses problemas sãoa utilização de tratores de esteiras, um maiornúmero de pneus por trator, pneus de maioresdimensões, ou, finalmente, a utilização depneus especiais de alta flutuação. Diversos pes-quisadores têm demonstrado que os pneus ra-diais fornecem melhor desempenho e menorcompactação do solo em relação aos pneus deconstrução diagonal.

A disposição das lonas nos pneus radiaispromove a redução da deflexão das garras dopneu e, em contrapartida, aumenta a deflexãolateral do pneu, tornando o pneumático mais“bojudo”, quando sob carga e em trabalho einflado com a pressão correta, o que resulta emuma maior área de contato da banda de roda-gem com o solo.

ÁREA DE CONTATOA determinação da área de contato no tan-

que de solo foi feita por meio de uma câmarafotográfica digital, fixada na estrutura da pren-sa hidráulica, e posterior análise por meio dosoftware AutoCad.

As características dos solos colocados notanque de solo, empregados nos ensaios compneus, constam na Tabela 1.

PRÁTICA EFICIENTEA metodologia utilizada na montagem do

tanque de solo mostrou ser eficiente e práticapara avaliar os parâmetros de estudos compneus. O ensaio realizado com o pneu de altaflutuação produziu as maiores deformações paraos solos analisados, ao passo que pneu diagonalresultou nas menores deformações. O pneu dotipo radial mostrou um comportamento inter-mediário em relação aos demais pneus, quantoà deformação.

Os resultados utilizando o solo arenoso de-monstraram sempre as maiores variações com-parativamente ao solo argiloso, com relação àsmetodologias utilizadas nos ensaios.

As células de pressão instaladas no interiordo tanque de solo mostraram uma tensão de-crescente a partir da superfície, sendo o valorda primeira (10 cm de profundidade) próximoda pressão de inflagem do pneu.

Para as pressões de inflagem e cargas con-centradas aplicadas aos pneumáticos, nota-seque as tensões e as respectivas pressões de in-flagem resultaram sempre valores decrescentesà proporção do aumento de profundidade nointerior do tanque de solo.

A testagem dos pneus é procedimentoimportante na busca da otimização dos

processos produtivos nas lavouras

Jair Rosas da Silva,IACKleber Pereira Lanças,UnespPedro Ivo Borges dos Santos,Unicamp

M

Figura 8 - Curvas obtidas na avaliação de pneu traseiro de trator agrícola, estrutura diagonal,com variação das cargas concentradas em tanque de solo, sobre solo argiloso

Figura 6 - Curvas características dos pneus para o solo argiloso e pressão de inflagem de165,50 kPa

em de 117 kPa

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biodiesel

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Dono da maior biodiversidade domundo e com uma grande varie-dade de oleaginosas, o Brasil ini-

ciou a exploração de mais uma fonte de energialimpa, o biodiesel. Assim como o álcool com-bustível foi desenvolvido para substituir a ga-solina em motores de ciclo Otto, o biodiesel é osubstituto para o óleo diesel em motores de ci-clo diesel.

Diversos países já utilizam o biodiesel comoum recurso para reduzir a dependência de com-bustíveis fósseis e a poluição atmosférica, entre-tanto, tudo começou por aqui. O uso do biodie-sel é um invento brasileiro. Na década de 1970,um brasileiro, o professor Expedito Parente, re-gistrou a primeira patente de biodiesel sem ob-ter, no entanto, apoio governamental para a im-plementação de um grande projeto para usodesse combustível, que seria pioneiro no mun-do.

Quando expirou a validade da patente e oconceito de biodiesel se tornou de domínio pú-blico, diversos países iniciaram programas deutilização desse combustível, tomando adianteira dessa tecnologia. Somenterecentemente, após a consagra-ção desse combustível no ex-terior, as autoridades brasilei-ras se voltaram para o inves-timento num plano de usodo biodiesel.

COMBUSTÍVEL ALTERNATIVOO biodiesel é um com-

bustível alternativo de queima limpa, produzi-do a partir de óleos e gorduras vegetais ou ani-mais. O biodiesel pode ser produzido a partirde qualquer óleo vegetal novo ou usado, degorduras animais e até com resíduos ou borras,chamados de ácidos graxos, de empresas moa-geiras. Por isso, é considerado um combustível

ecológico, obtido de fontes renováveis.O biodiesel puro não contém óleo diesel de

petróleo, mas pode ser adicionado a ele forman-do uma mistura. O que está recebendo desig-nação de biodiesel no Brasil é, na realidade, umóleo diesel aditivado com biodiesel, devido àbaixa proporção de mistura, segundo classifi-cação de organismos internacionais.

Ele pode ser usado em um motor de igni-ção por compressão (diesel) sem necessidadede modificação. O biodiesel é simples de serusado, é biodegradável, não tóxico e livre decompostos sulfurados e aromáticos, além demelhorar a capacidade de lubrificação do óleodiesel quando misturado a este.

Para produzir biodiesel com qualidade, de-vem-se seguir normas específicas. Recentemen-te a ANP emitiu a Portaria 255, especificandoas características do produto, definindo o bio-diesel como um combustível composto demono-alquilésteres de ácidos graxos de cadeialonga, derivados de óleos vegetais ou de gordu-ras animais e designado pelo código B100.

FABRICANDO O BIODIESELO biodiesel é produzido através de um pro-

cesso químico chamado transesterificação, ondea glicerina é separada da gordura oudo óleo vegetal. O processo gera dois

produtos, o éster (o nome quími-co do biodiesel) e a gli-

cerina (produtovalorizado nomercado de sa-bão). Esse pro-cesso consiste

Energia cultivadaO biodiesel, produzido a partir de oleaginosas, é um combustível alternativo aos

derivados de petróleo. De queima limpa, pode impulsionar um novo ciclo naagricultura brasileira

A mistura de diesel com biocombustíveljá pode ser encontrada em alguns

postos do país

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Page 13: Maquinas 55

“Possivelmente a maior contribuição que o biodiesel dará ao paísserá o grande incentivo à produção agrícola de oleaginosas”

Agosto 06 • 13

Mundialmente passou-se a ado-tar uma nomenclatura bastante

apropriada para identificar a concentração debiodiesel na mistura com óleo diesel de pe-tróleo. É o biodiesel Bxx, onde xx é a percen-tagem em volume de biodiesel presente namistura. Por exemplo: B2, B5 e B100 sãocombustíveis com uma concentração de de2%, 5% e 100%, respectivamente. A expe-riência da utilização de biodiesel no merca-do internacional de combustíveis tem sedado em quatro níveis de concentração:

• Puro (B100);• Misturas comerciais (B20 a B30);• Aditivo (B5);• Aditivo de lubricidade (B2).As misturas em proporções volumétri-

cas de 5% a 20% são as mais usuais, sendoque, para as misturas B5, não será necessá-ria nenhuma adaptação aos motores.

ASPECTOS COMERCIAIS

Em 13 de janeiro de 2005, o gover-no federal publicou a Lei 11.097, que

estabelece a obrigatoriedade da adição de umpercentual mínimo de biodiesel ao óleo die-sel vendido ao consumidor final, em qual-quer parte do território nacional. Esse per-centual obrigatório será de 5% (B5) a partirde 2013, havendo um percentual obrigató-rio intermediário de 2% (B2) a partir de 2008.O governo já trabalha com a hipótese deantecipar a obrigatoriedade do B2 para 2007.A adição de até 5% (B5) de biodiesel ao óleodiesel não exigirá alterações nos motoresmovidos a diesel, assim como não exigiu nospaíses que já utilizam o produto. Segundopesquisas, misturas de até 20% (B20) debiodiesel e óleo diesel não exigem qualquertipo de modificação nos motores.

A LEGISLAÇÃOna linearização da molécula tridimensional doóleo ou gordura, tornando-a similar à do óleodiesel, assim como na redução da acidez e naseparação da glicerina pela ação de um álcool.Para que essa reação se complete é necessárioum catalisador. O catalisador mais usado é o hi-dróxido de sódio (soda cáustica).

Na fabricação do biodiesel, os óleos ou gor-duras vegetais ou animais são colocados numreator, aquecidos e misturados com um álcool,geralmente metanol ou etanol, e a soda cáusti-ca. Depois de aproximadamente uma hora, ini-cia-se o processo de decantação pelo qual a mis-tura separa-se em dois produtos: no topo dorecipiente fica o biodiesel e, no fundo, fica de-positado o glicerol ou a glicerina. Depois de dre-nado o glicerol, o biodiesel puro é “lavado” comágua acidulada para corrigir a acidez e removertraços de álcool e outras impurezas. Finalmen-te o biodiesel é filtrado e está pronto para o uso.Todo esse processo de fabricação leva cerca deoito horas para ser concluído.

Além do combustível propriamente dito, oprocesso de transesterificação produz o glicerol,que é uma mistura de glicerina com resíduos deálcool e soda. O subproduto bruto pode ser usa-do como sabão ou desengraxante. Depois depurificada, a glicerina tem diversos usos nobres,inclusive para a produção de cosméticos e me-dicamentos na indústria farmacêutica.

O biodiesel é um produto ecologicamentecorreto. O Protocolo de Kyoto sugeriu a produ-ção e utilização do biodiesel e do álcool comouma das maneiras mais eficazes de diminuir apoluição da atmosfera por gás carbônico, en-xofre, metano e outros gases formadores do efei-to estufa. O biodiesel emite muito menos CO2do que o petróleo. Além disso, o biodiesel não étóxico, se degrada muito facilmente na nature-za se houver vazamentos, não produz fumaçapreta nem odores desagradáveis. Além de pro-mover a redução da poluição ambiental, a pro-dução de biodiesel possibilita pleitear financia-mentos internacionais no mercado de créditosde carbono, sob o Mecanismo de Desenvolvi-mento Limpo (MDL), previsto no Protocolode Kyoto.

NOVO CICLOO biodiesel constitui-se, na atualidade,

numa das mais importantes alternativas paraos combustíveis derivados do petróleo. Possi-velmente a maior contribuição que o biodieseldará ao país será o grande incentivo à produçãoagrícola de oleaginosas.

A área plantada necessária para atender aopercentual de mistura de 2% (B2) de biodieselao diesel de petróleo é estimada em cerca de1,5 milhão de hectares, o que equivale a 1%dos 150 milhões de hectares plantados e dispo-níveis para agricultura no Brasil. Esse númeronão inclui as regiões ocupadas por pastagens eflorestas. E, para ser atingida a meta de 5%

(B5) de adição de biodiesel a todo o óleo dieselconsumido no país, será necessário adicionarainda mais dois milhões de hectares ao plantiode oleaginosas para a produção de óleos vege-tais no Brasil, gerando em torno de 200 milempregos diretos no meio rural, isso se consi-derarmos estável o consumo de diesel nos pró-ximos oito anos.

O governo definiu o programa brasileiro debiodiesel, chamado Plantando Combustível,como uma nova matriz energética com ganhossociais, já que o programa será, inicialmente,sustentado pela produção de oleaginosas porpequenos agricultores, muitos destes de regi-ões pobres do país.

Entretanto pode-se supor que, apesar doaspecto social da agricultura familiar, será ne-cessário, também, incentivar o aumento da pro-dução da agricultura empresarial mecanizadaem larga escala, para que essa meta de adicio-nar 5% de biodiesel em todo o óleo diesel possaser atingida até 2013. Isso requer um significa-tivo esforço agrícola, somente possível median-te um plano de apoio do governo federal.

Segundo uma pesquisa realizada na EscolaSuperior de Agricultura Luiz de Queiroz(Esalq), em Piracicaba (SP), a soja é a matéria-prima mais viável para a utilização imediata na

Quadro 1 - Processo de produção

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14 • Agosto 06

Algumas vantagens do uso do bi-odiesel são enumeradas a seguir:

• O biodiesel é mais seguro do que odiesel de petróleo porque a temperatura deignição espontânea é maior. Motores a bio-diesel são, portanto, mais seguros;

• O biodiesel tem um grande poder lu-brificante, tem mais viscosidade e desgastamenos o motor, aumentando a sua vida útil;

• O biodiesel não requer armazenamen-to especial, podendo ser armazenado emqualquer lugar onde o petróleo é armazena-do, e, pelo fato de ter maior temperatura deignição, o seu transporte é mais seguro;

• A exaustão do biodiesel é menos ofen-siva. O uso do biodiesel resulta numa notá-vel redução dos odores. Não causa irritaçãonos olhos;

• O biodiesel preserva o meio ambi-ente e contribui para melhorar a qualida-de do ar nos grandes centros urbanos, re-duzindo a emissão dos gases que provo-

VANTAGENS DO USOcam o efeito estufa. O biodiesel é biode-gradável e não tóxico;

• Como o biodiesel é oxigenado, ele apre-senta uma combustão mais completa;

• O biodiesel funciona em motoresconvencionais sem requerer modificações.Numa mistura de B5 (5% de biodiesel e95% de óleo diesel) é praticamente impos-sível notar as diferenças de desempenhodo motor em relação ao óleo diesel puro. Asua adaptalidade aos motores diesel é aprincipal vantagem em relação a outroscombustíveis limpos como o biogás e gásnatural;

• É renovável, contribuindo para a redu-ção do dióxido de carbono;

• O biodiesel pode ser usado puro oumisturado em quaisquer quantidades com odiesel de petróleo;

• A produção do biocombustível fortale-ce o agronegócio e cria um novo mercadopara óleos vegetais.

produção de biodiesel. A estrutura da produ-ção, distribuição e esmagamento dos grãos tor-nam seu uso mais vantajoso em relação a ou-tras oleaginosas.

O biodiesel pode representar um novo ci-clo na agricultura do Brasil, com distribuiçãode renda e lucros para toda a cadeia produtivaagroindustrial.

PRODUÇÃO CASEIRAPara o produtor de soja, ou de outra oleagi-

nosa, a produção em casa de um óleo vegetal ébastante simples e de baixo custo. Basta umpré-cozimento, seguido de secagem e posteriorprensagem para extrair o óleo. Dependendo daoleaginosa, pode-se até dispensar a etapa de pré-cozimento. Com esse processo é possível obterum óleo bruto, natural, muitas vezes impró-prio para o consumo humano devido à toxida-de e a altos teores de impurezas. O resíduo des-sa prensagem é a chamada torta gorda, que,dependendo da oleaginosa, pode ser usadacomo ração animal.

O óleo assim obtido deve ser filtrado, parase retirarem impurezas, antes de ser transfor-mado em biodiesel. Para a fabricação do biodi-esel, é necessário um pouco mais de tecnolo-gia, entretanto existem empresas especializadasque fabricam pequenos reatores com capacida-de de produzir biodiesel a partir de 200 litrosdiários. Também é necessário um controle dequalidade bastante rigoroso do combustível queestá sendo produzido; para tanto são precisosum pequeno laboratório de controle de quali-dade e pessoal especializado para operá-lo.

Quem tem a intenção de produzir biodie-sel, mesmo para seu próprio consumo, devetambém pensar no que fazer com o subprodu-to: glicerina. A glicerina atualmente tem umbom valor de venda, entretanto, a tendência ésaturar o mercado e não se encontrar compra-dor, principalmente para pequenas quantida-des. Também se deve pensar sobre o que fazer

com os resíduos sólidos, borras e o catalisadorutilizado. Esses produtos nunca deverão ser en-terrados ou abandonados na natureza devido àpoluição que irão causar. Deve-se sempre con-sultar o órgão de proteção ambiental da regiãopara obter informações sobre o destino que deveser dado a esses dejetos.

BIODIESEL X ÓLEO CRUO biodiesel, quando produzido na própria

fazenda, pode ter um custo menor que o dieselconvencional e liberta o produtor da dependên-cia do combustível de petróleo para mover suafrota. No entanto, essa não é a realidade quetemos encontrado. Empolgados com as notíci-

as acerca do plano do governo para a implanta-ção do biodiesel no país, muitos agricultores seanteciparam e iniciaram o uso de óleo vegetalin natura (óleo cru) para mover suas frotas detratores e caminhões dentro da propriedade ru-ral. O uso de óleo vegetal in natura, isto é, semretirar a glicerina, pode causar graves proble-mas ao motor e à saúde dos usuários.

Os óleos vegetais, assim como as gordurasanimais, são compostos basicamente de trigli-cerídios e glicerina. Na produção do biodieselas moléculas dos triglicerídios devem ser que-bradas e linearizadas para se transformarem emésteres (biodiesel), e a glicerina deve ser separa-da e retirada do combustível. Desse modo nãose recomenda usar óleo vegetal, sem tratamen-to, como combustível de motores pelos seguin-tes motivos.

DANOS À SAÚDEDevido às condições de alta temperatura e

pressão dentro do motor, parte da glicerina con-tida no óleo se decompõe formando acroleina.A acroleína é um composto químico altamentetóxico e cancerígeno.

DANOS AO MOTORA partida do motor com óleo vegetal in na-

tura é extremamente difícil, principalmente emdias muito frios.

Estado de um pistão após funcionamentocom a mistura 50% de óleo de soja innatura e 50% de óleo diesel

Fotos Miguel Neves Camargo

Page 15: Maquinas 55

“O biodiesel pode representar um novo ciclo na agricultura do Brasil, comdistribuição de renda e lucros para toda a cadeia produtiva agroindustrial”

Dentro do motor, com as altas temperatu-ras alcançadas, parte da glicerina promove a de-posição de gomas e causa má combustão, for-mando outros resíduos. A goma prende os anéisdos pistões, impedindo a vedação dos cilindrose aumentando o seu desgaste. Essa goma e osresíduos da combustão formam crostas de car-vão na cabeça do pistão e na câmara de com-bustão. Também se formam crostas de carvãono bico injetor que dificultam ou até mesmoimpedem a pulverização do óleo, dificultandoa sua queima.

A bomba injetora, os bicos injetores efiltros não foram projetados para trabalharcom um combustível tão viscoso como o óleovegetal (dez vezes maior que o óleo diesel).A alta viscosidade do óleo vegetal dificultaou até mesmo impede a necessária pulveri-zação do óleo dentro da câmara de combus-tão, podendo provocar entupimentos no sis-tema de injeção de combustível.

A conseqüência de não haver uma pulveri-zação correta do óleo combustível é que partedo óleo não queima completamente, gerandogrande quantidade de monóxido de carbono(CO), o qual é liberado para a atmosfera. Poroutro lado, parte do óleo não queimado passapara o cárter, contaminando o óleo lubrifican-te, modificando suas características e dificul-tando sua função. O desgaste das partes mó-

Aspecto do injetor após funcionamento com umamistura de 50% de óleo de soja não convertidopara biodiesel (in natura) e 50% de óleo diesel

Paulo e Miguel apresentam o biodieselcomo alternativa à utilização de

derivados de petróleo

veis (mancais do virabrequim e de bielas, co-mando de válvulas etc., é então acelerado.

Para diminuir os problemas oriundos do usode óleo vegetal in natura, deve-se misturá-lo aoóleo diesel, formando uma mistura com nomáximo 20% de óleo vegetal. Assim, em prin-cípio, deve-se alertar a quem se aventurar aouso dessas misturas conscientemente que:

• Haverá redução da vida útil do motor;• Haverá dificuldade de partida, principal-

mente no inverno;• A utilização de frações de óleo in natura

não deve exceder 20% como forma de minimi-zação dos problemas de formação de depósitos;

• Se for providenciado um sistema de pré-aquecimento do óleo vegetal antes da bomba

injetora, haverá uma redução dos efeitos noci-vos da presença deste óleo na mistura;

• Uma análise econômica deve ser realiza-da para confrontar redução imediata dos cus-tos equivalentes com combustível com os cus-tos de manutenção dos motores.

Deve-se considerar que os preços prati-cados tanto para diesel como para óleos ve-getais no presente momento são absoluta-mente irreais e não devem perdurar por mui-to tempo.

Miguel Neves Camargo,FahorPaulo Romeu Moreira Machado -UFSM

M

Page 16: Maquinas 55

plantadoras

16 • Agosto 06

Atualmente a etapa de plantio decana-de-açúcar é semimecani-zado (sulcação e adubação me-

cânicas; distribuição de mudas e alinha-mento destas no sulco, manualmente, ecobertura do sulco com aplicação de in-seticida, mecanicamente). Em 1964, LuizA. Ribeiro Pinto, da Santal Equipamen-tos, foi o pioneiro no país, lançando umaplantadora, de um sulco e que utilizavacolmos inteiros. Arnaldo Ricciardi, porsua vez, em 1978, lançou pela Motocanaum protótipo de maior capacidade de car-ga, também para uma fileira de plantio(Figura 1).

Por não haver a “cultura da necessi-dade” à época, esses protótipos não vin-garam. Nos últimos oito anos, porém, coma elevação de custos de mão-de-obra e suamenor disponibilização às usinas e desti-larias, a mecanização do plantio passou a

ser uma necessidade, e os fabricantes res-ponderam positivamente. E mais, em facedo bom momento que o mercado de açú-car e álcool (nacional e internacionalmen-te) está passando e de projeções promis-soras de um futuro melhor ainda, apenasno Oeste do estado de São Paulo, estãosendo projetadas e construídas mais de 40novas unidades sucroalcooleiras. Os pas-tos dessa região estão dando lugar a cana-

viais. Conseqüência: não haverá mão-de-obra para atender a essa expansão, que nãoentrará em colapso graças à mecanizaçãode colheita e também do plantio.

A opção pelo plantio mecanizado, es-sencialmente, visa a diminuição dos cus-tos operacionais e a menor dependênciade mão-de-obra braçal, o que vem sendocomprovado em usinas do estado de SãoPaulo que já estão introduzindo essa nova

A plantadora GreenSystem, da JohnDeere, é uma das alternativas

diponíveis no mercado

Nas lavouras canavieiras a opção pelo plantio mecanizado, essencialmente,visa a diminuição dos custos operacionais e a menor dependência de mão-

de-obra braçal. A viabilidade do sistema vem sendo comprovada nas usinasdo estado de São Paulo com a introdução dessa nova tecnologia

Plantadoras noscanaviaisPlantadoras noscanaviais

DMB

John

Dee

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Nas lavouras canavieiras a opção pelo plantio mecanizado, essencialmente,visa a diminuição dos custos operacionais e a menor dependência de mão-

de-obra braçal. A viabilidade do sistema vem sendo comprovada nas usinasdo estado de São Paulo com a introdução dessa nova tecnologia

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“A opção pelo plantio mecanizado, essencialmente, visa a diminuição doscustos operacionais e a menor dependência de mão-de-obra braçal”

tecnologia. Cabe ressaltar o trabalho emdesenvolvimento pela usina São Marti-nho, a qual, sem dúvidas, é a que maisvem incrementando esforços na busca deuma plantadora que atenda aos aspectoseconômicos e agronômicos requeridospara essa operação em um mercado inter-nacional altamente competitivo que é oda produção sucroalcooleira.

Merece destaque, ainda, o trabalho de-senvolvido pelo CTA-Centro de Tecnolo-gia Açucareira (ex-Centro de Tecnologiada Copersucar), que desenvolveu proje-tos iniciais que resultaram em algumas dasatuais máquinas disponíveis no mercado.Por sua vez, em 2005, a Esalq-USP, jun-tamente com o Grupo Cosan-unidadeCosta Pinto (Piracicaba), foram os pio-neiros, quiçá no mundo canavieiro, a efe-tuar um profundo estudo agroeconômicoa respeito de tais máquinas, no qual, comcinco máquinas de diferentes fabricantese sob mesmas condições de campo, anali-saram inúmeros aspectos envolvidos nes-sa etapa de produção canavieira.

CUSTOS COMPARATIVOSDo ponto de vista econômico e refor-

çando o que algumas usinas já detecta-ram, o custo do plantio mecanizado, semlevar-se em conta os custos de colheita,transporte etc. das mudas, ou, posto deoutra forma, apenas considerando-se ocusto da operação em si (custos operacio-nais de conjuntos trator + plantadora +operadores), é significativamente maisbarato do que a operação convencional(semi-mecanizada).

Cabe aqui uma colocação a respeito decustos comparativos. Já está se criando nosetor um posicionamento que aceita o fatode que, em plantio mecanizado, a quanti-dade de mudas por unidade de área deve

Hoje, têm-se as seguintes máqui-nas disponíveis no mercado bra-

sileiro: Sermag, GreenSystem - John Dee-re, Santal PCP2, DMB PCP5000 e TracanPT7000 (que utilizam as mudas na formade rebolos provenientes de colheita me-canizada e apenas um operador e um tra-torista ) e as Civemasa PCSA-2L, Cive-masa SPTPC2/2/L e DMB PCI 4000 GIII(que recebem mudas colhidas manual-mente e de colmos inteiros, utilizando,além do tratorista, mais quatro operado-res que manipulam as mudas em direçãoao mecanismo picador).

MODELOS DISPONÍVEIS

ser de duas a três toneladas maior em re-lação ao plantio semimecanizado (o con-vencional), a fim de se compensar umamenos homogênea distribuição de rebo-los por metro de sulco, com conseqüenteaumento de falhas de brotação. Caso secristalize tal posição, com a qual não seconcorda, os custos totais de operação deplantio mecanizado podem, eventualmen-te, ultrapassar os custos do sistema con-vencional. Ora, por que adotar esse posi-cionamento, como se a engenharia nãotivesse competência em solucioná-lo?Entende-se que cabe aos fabricantes, quepossuem respeitáveis equipes de engenhei-ros, debruçar-se sobre a questão e ofere-cer mecanismos mais precisos em suasmáquinas, a fim de sanar a questão da ale-atória distribuição de rebolos nos sulcos.

Tratando-se de custos operacionais, fa-tores gerenciais e administrativos podemlevar a custos variáveis, dependendo daEficiência de Campo (%) obtida na ope-ração, conforme apresentado na Figura 2,que mostra, ainda, o confronto entre o

custo (R$/ha) do plantio semimecaniza-do e os custos de cinco plantadoras anali-sadas no plantio mecanizado, sob mesmascondições de campo. Atingir-se eficiênciade campo em operações mecanizadas deplantio da ordem de 70 % vem a ser umgrande desafio gerencial, porém, possívelde ser atingido.

ASPECTOS AGRONÔMICOSDo ponto de vista agronômico, o plan-

tio mecanizado apresenta a grande van-tagem, em relação ao semimecanizado

Na Civemasa, dois modelos podemrealizar o plantio da cana - a

SPTPC2/2/L e a PCSA-2L

Fotos Tomaz Caetano Ripoli

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18 • Agosto 06

(convencional), de que as mudas são co-locadas em sulcos recém abertos pela pró-pria máquina e, simultaneamente, estessão cobertos com camada de oito a 10 cmde solo. Com isso as condições de umida-de, no sulco, são preservadas, favorecen-do uma melhor germinação. Tal fato ra-ramente ocorre no sistema convencional,em larga escala, pois os sulcos permane-cem dias abertos, aguardando a operaçãode distribuição de mudas e sua posteriorcobertura com terra.

O grande problema que os fabricantesainda não solucionaram diz respeito aosmecanismos distribuidores de mudas naforma de rebolos (nas plantadoras que re-

cebem as mudas já picadas). Na verdadenão são mecanismos dosadores de rebo-los, mas apenas lançadores dos mesmos,nos sulcos.

Nas plantadoras que utilizam mudas

inteiras, deve-se tomar cuidado em nãose elevar a velocidade de deslocamento daoperação, pois, esperando-se com isso ga-nhar-se em desempenho operacional, cer-tamente a melhor distribuição de gemaspor metro de sulco será comprometida.Isso se deve ao fato de que são operáriosos responsáveis pela retirada dos colmosdo depósito e por direcioná-los aos meca-nismos picadores. Velocidades efetivasacima de 5 km/h levam, rapidamente, àestafa dos operários e, conseqüentemen-te, ao aumento de falhas na colocação doscolmos nos mecanismos picadores. Comisso, não ocorre a esperada distribuiçãohomogênea de número de gemas por me-tro de sulco, mais adequadamente encon-trada no sistema convencional.

O resultado é que, dependendo, ain-da, da variedade a ser plantada e de suaqualidade, falhas de brotação poderãocomprometer, severamente, a produtivi-dade agrícola do canavial. Se, por um lado,reduzirá custos operacionais, por outro,comprometerá significativamente a qua-lidade do plantio, obrigando como opção

Figura 2 - Estimativas de custos operacionais dos conjuntos em função de diferentes eficiências de campo (%) comparadoscom sistema semimecanizado (SM)

Figura 1 - Protótipos de plantadoras:Santal, em 1964, para um sulco, e

Motocana, em 1978

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Page 19: Maquinas 55

“Desejar-se que o atual estádio tecnológico das plantadoras estivesse em patamarideal não se justifica, pois se trata de inovação tecnológica bastante recente”

M

Nos estudos efetuados pela Esalq-USP ficou claro que é fundamen-

tal a correta escolha do trator em acordocom exigência de força de tração e de po-tência de determinada plantadora, pois ocusto por unidade de área dessas fontesde potência representaram, em média, porvolta de 50% do custo da operação. As-sim, o mau hábito do agricultor brasileiroem não se preocupar com a adequaçãoentre trator e máquina ou implemento aserem tracionados reveste-se de maior im-propriedade quando os tratores necessá-rios são de potência elevada, como é o casopara tracionamento de plantadoras de canaque utilizam mudas na forma de rebolos,que requerem valores da ordem de 150 a170 c.v. no motor, com relativo elevadoconsumo específico de combustível porunidade de tempo.

TRATOR + PLANTADORA

a um rodízio de trabalho mais curto entreequipes de operários responsáveis pelopicamento dos colmos, o que por sua vezlevará ao encarecimento da operação.

Nas máquinas que utilizam operários(quatro pessoas, duas por mecanismos pi-cadores) para o direcionamento dos col-mos, dos inúmeros resultados obtidos nosestudos da Esalq-USP, a título de exem-plo, pode-se afirmar que o esforço repeti-tivo/operário, quando a máquina traba-lhou a 4,6 km/h, foi de 3,07 segundos por

movimento (torcer o tronco para retirardois colmos, simultaneamente, do depó-sito ou da carreta, posicionar-se de frentepara o sentido de deslocamento e direcio-ná-los e inseri-los nas bicas do picador).Quando a velocidade de trabalho foi de2,49 km/h, o tempo médio por movimen-to foi de 5,16 segundos. Em termos de es-forço repetitivo, essa diferença é muitosignificativa, levando a maior ou menorestafa do operário e, conseqüentemente,a menor ou maior possibilidade de falhasna resultante deposição de rebolos no sul-co.

TRINÔMIO DE SUCESSOÉ lugar comum que o sucesso, em

qualquer cultura, começa por adequadastécnicas de preparo de solo e de plantio.Qualquer etapa de um sistema de produ-ção, seja industrial ou agrícola, deve sem-pre atender ao trinômio redução de cus-tos – qualidade da operação - redução doconsumo de energia. Em cana-de-açúcar,em face da ordem de grandeza das áreascanavieiras de cada unidade sucroalcoo-leira (milhares de hectares), a questão ébastante complexa em termos de logísticadessas etapas, de suas interdependênciase de seu gerenciamento, requerendo ade-quada qualificação e treinamento profis-sionais desde o engenheiro até o opera-dor e tratorista. O conceito de sistema não

deve se limitar à retórica, mas aplicado emsua plenitude.

Por fim, desejar-se que o atual estádiotecnológico das plantadoras estivesse empatamar ideal não se justifica, pois se tra-ta de inovação tecnológica bastante recen-te. Somente com a utilização em escalacomercial, o acompanhamento sobre en-saios padronizados e com sugestões deusuários, evoluções e saneamento de pro-blemas ocorrerão. Basta lembrar que co-lhedoras combinadas de cana-de-açúcarestão no mercado brasileiro desde a déca-da de 70, e anualmente novas inovaçõesestão sendo implementadas, por parte dosfabricantes, para torná-las cada vez maiseficientes e com custos operacionais me-nores.

Marco e Tomaz apresentam asopções de plantadoras de cana

disponíveis no mercado brasileiro

Marco Lorenzzo Cunali Ripoli,John DeereTomaz Caetano Cannavam RipoliEsalq/USP

Tomaz Caetano Ripoli Divulgação

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20 • Agosto 06

símbolos

No comandoNo comandoA falta de padronização, aliada aodesconhecimento dos símbolosutilizados para identificar comandose controles nas máquinas agrícolas,gera dificuldades na operação dosconjuntos mecânicos, o que aumentaos risco de acidentes no campo

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A falta de padronização, aliada aodesconhecimento dos símbolosutilizados para identificar comandose controles nas máquinas agrícolas,gera dificuldades na operação dosconjuntos mecânicos, o que aumentaos risco de acidentes no campo

Page 21: Maquinas 55

“O analfabetismo e o precário acesso às informações e à educação formalcontribuem para uma diferenciação dos padrões de comunicação”

Agosto 06 • 21

A existência de padrões diferenci-ados de comunicação dentro deuma mesma sociedade ou grupo

organizado é fator conhecido. Essa diferen-ça pode ser claramente percebida quandosão comparados, por exemplo, os padrõesde comunicação rural e o urbano. Essa di-ferenciação se relaciona com o fato de a po-pulação rural concentrar suas atividades eseu comportamento ao redor de uma ativi-dade toda especial, complexa e marcante queé a agricultura. As comunidades resultan-tes da ocupação agrícola e do habitat ruralpensam, sentem e agem de maneira dife-rente da dos habitantes das cidades, comu-nicando-se também através de códigos emeios próprios.

A origem dessa diferença repousa nãosomente no isolamento do homem do cam-po, resultante das distâncias normalmenteexistentes entre as propriedades e os vilare-jos e/ou núcleos, agravado pela dificuldade/precariedade dos meios de transporte dis-poníveis, mas também por característicaspróprias do processo de produção rural,como a jornada exaustiva e o trabalho quedemanda esforços físicos fatigantes, restrin-gindo o tempo livre disponível para as ativi-dades sociais e comunitárias. O analfabe-tismo socialmente determinado e o precá-rio acesso às informações e à educação for-mal, nas comunidades em questão, tambémcontribuem para uma diferenciação dos pa-drões de comunicação.

Ao invés de contribuírem para minimi-zar as dificuldades de compreensão no con-texto da comunicação rural, esses estudosvêm, muitas vezes, aprofundar o distancia-mento entre os personagens rural e urbano.Impregnado por esse universo simbólico,ainda predominante nos meios universitá-rios, alguns profissionais levam ao campotodas essas distorções de imagem, reforça-das por vícios etnocêntricos advindos de suaformação técnica. Essas distorções atendema uma série de conveniências no campo,como a imposição de uma visão de mundoprofissional, tecnicista, que desconsidera ossaberes advindos da cultura popular.

IDENTIFICANDO OS SÍMBOLOSCom base no acima exposto e com o

objetivo de realizar uma pesquisa analíticaa respeito do grau de conhecimento sobresímbolos gráficos para a identificação doscomandos e controles de operação e manu-tenção em máquinas agrícolas, dos princi-pais clientes envolvidos no processo, desdeo projeto da máquina agrícola até sua utili-zação e conseqüente manutenção, foi reali-zado um trabalho, no período compreendi-do entre março de 2000 a junho de 2005,que constituiu-se na aplicação de um ques-

Nível superiorAltura máxima

CargaFiltro

Pino graxeiroLevanta o objeto

Este lado para cimaLiberação

Retirar alguma coisaLigado

Local de estacionamentoDireção em que deve levantar o implemento

PistãoTrator desbloqueadoLiberado para operar

Mantenha nesta posiçãoSubida

Liberação para funcionamentoElevar

Colocar deste ladoReduzida

Retângulo com flechaVelas

Abrir para cima

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Avante

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Relativo ao sistema industrialPlataforma abaixada

EsteiraSistema de debulhador

Trânsito de máquinas agrícolasCeifa ligada

Máquina de grande porteVisão interna da colheitadeira

Há colheitadeira na área!Símbolo de regulagem do saca-palha

Colheitadeiras na pistaColheitadeira de grãos

TratorPlataforma

Máquina agrícola na pistaIndicador do sistema de trilha e separação

Circulação colhedorasRegulagem do saca-palhas

Trânsito de colheitadeirasMáquinaColhendoColhedora

Máquina colhendoMáquina agrícola

Cuidado! Máquina!Automotriz

TrilhaColhedora em colheitaTráfego de máquinas

Ligar sistema industrial colhedoraTrilha ligada

Obstrução no sistema de trilhaImplemento trabalhando

Ativada a ceifadeiraTrator com implemento

Acionar processador

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Totalmente mecanizada

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

BatedorBloqueio

Válvula BorboletaVelocímetro

Ignição

RotaçãoBorboleta do carburadorVentilador do carburador

Injeção eletrônicaEntrada de ar

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Afogador

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Luz “auta”Luz lanterna

Mostra o aquecimento do motorFaróis de trabalho

PiscaSinaleira

Ligar farolSonorizador

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Farol principal - luz baixa

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Page 22: Maquinas 55

22 • Agosto 06

EngrenagemLubrificação de engrenagem

“Ingrenage”Polia da bomba d’água

“Hole” lubrificanteÓleo/engrenagem

Diâmetro da engrenagemPonto de lubrificação

“Preção” do óleo do motor (estudante)

Falta de óleo na engrenagemTemperatura do óleo

Caixa do óleoIndicador de falha no sistema hidráulico

Posição do óleoFalta de fluído da engrenagem

Filtro de combustívelNível do óleo lubrificanteNível do óleo do motor

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Pressão do óleo da transmissão

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

ParePuxe

VentiladorPartida

Pressão do óleoRetorno

Pisca alerta ligadoParada obrigatória

Ponto mortoIndicativo neutro

Pista estreitaPressão de “insuflagem”

Freio de péFreio de mão “puchado” (acadêmico)

ContinueCarro parado e freio de mão puxado

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Freio de estacionamento

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

VentoinhaHélice

“Élice” da ventuinhaRefrigeração para usuário

RPMHélice girando

Motor superaquecidoAquecimento radiador

Ar ligadoReserva

Ar condicionadoVentilador interno dentro do carro

Circulação do arVentarola

Ar da cabine do tratorVentilador do radiador com problemas

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Ventilação forçada

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Sem cinto de segurançaOperador

Homem com cinto

Baixa segurança“Sinto” de segurança (estudante)

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Cinto de segurança

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Sinal de trânsitoDê a preferência

TriânguloPare! Preferencial!

Triângulo com exclamaçãoPressão do motor

Manutenção

Freio de estacionamentoLíquido de freios

Freio de mãoRelacionado à energia elétrica

Falta de fluído do freioMotor apagou

Admiração

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Cuidado

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Airton, Mônica e Alessandro fazem umaradiografia do conhecimento dos símbolos

utilizados nos comandos de máquinas agrícolas

tionário onde foi solicitado ao entrevistadoque dissesse o significado de cada símbolo.

Esse questionário, desenvolvido no La-serg-UFSM (Laboratório de Segurança e Er-gonomia da Universidade Federal de SantaMaria), foi composto por 20% da totalida-de dos símbolos contidos na NBR 11379 –símbolos gráficos para máquinas agrícolas(ABNT, 1990), retirados ao acaso, compon-do assim uma amostra representativa. Omesmo foi aplicado em três distintas cate-gorias: operadores/mantenedores, profissi-onais e acadêmicos.

RESULTADOS DO TRABALHOOs resultados desse trabalho, entre ou-

tras funções, servirão para orientar naeventual criação de ferramentas para a ca-pacitação dos envolvidos no processo (es-tudantes, projetistas, operadores, mante-nedores e outros) e para fortalecer a neces-sidade de uniformização da simbologia uti-lizada por parte das indústrias. Ele tam-bém pretende mostrar, para conscientizara todos os interessados, o quão pouco sa-

Page 23: Maquinas 55

• Operadores/mantenedores: Ca-tegoria composta por operadores demáquinas agrícolas profissionais e pormecânicos especialistas nesse tipo deequipamento. Nesta categoria foramentrevistados 182 profissionais de to-das as regiões do Brasil que estives-sem participando de feiras agropecu-árias e também nas propriedades ru-rais de todo o país e algumas da Ar-gentina e do Uruguai;

• Profissionais: Categoria consti-tuída por engenheiros agrícolas, en-genheiros florestais, engenheiros agrô-nomos e engenheiros mecânicos, atu-antes em ensino, pesquisa, projeto edesenvolvimento na área de máquinase mecanização agrícola. Nesta catego-ria foram entrevistados 72 profissio-nais oriundos de várias instituições deensino do Brasil e do exterior, comopor exemplo: UFPA (Belém – PA); Furg(Rio Grande – RS); UNB (Brasília – DF);Ufla (Lavras – MG); UFSM (Santa Ma-ria – RS); UPM (Madri – Espanha), en-tre outras;

• Acadêmicos: Categoria consti-tuída por alunos do sétimo semestreem diante, dos cursos de engenhariaagrícola, agronomia, engenharia flores-tal e engenharia mecânica existentesna UFSM (Santa Maria – RS), UFPel(Pelotas – RS), UFSC (Florianópolis) eUnisc (Santa Cruz do Sul – RS). Nototal de entrevistados, 164 alunos.

CATEGORIASPESQUISADAS

“O estudo pretende mostrar o quão pouco se sabe sobre os símbolos gráficosutilizados para identificar comandos e controles de máquinas agrícolas”

LubrificaçãoPonteira ou pino da roda

Lubrificação por gotejamentoÁgua

Com combustívelÓleo da TDP superaquecido

Falta de combustível·Óleo na pista·Entrada de ar

·Viscosidade do óleo·Aumenta para a direita

Palito de fósforo quebrado

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Nível do óleo

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Nível de águaÁgua do radiador

BloqueioAdvertência temperatura alta

BateriaLuz do óleo

Óleo “disel” (estudante)Pouco óleo no cárter

Líquido de freioFluído

Colocar mais óleo lubrificante

Tanque de óleoFalta de combustível

Função do óleoTemperatura do óleo

Indicador de falta de lubrificação no motorLuz bateria

Pressão do óleo no cilindroPressão no tanquePressão do cilindro

Água do radiador em nível crítico

Significado do símbolo de acordo com a ABNT (1990)Pressão do óleo do motor

Respostas dadas por alguns dos entrevistados

Airton dos Santos Alonço,Mônica Regina Gonzatti Balestra eAlessandro de FranceschiUFSM

Nas máquinas agrícolas é notória a dificuldadede identificação dos símbolos gráficos decomando e controle de operações

bem sobre os símbolos gráficos utilizadospara identificar comandos e controles demáquinas agrícolas, o que é muito perigo-so, potencializando o risco de acidentes nocampo.

As figuras apresentadas, por si só, apartir do real significado de cada símbo-lo e de como o definiram alguns entre-vistados, dão a dimensão do problemaque, segundo nossa ótica, deverá ser re-solvido em conjunto com instituições deensino, pesquisa e extensão, com indús-trias envolvidas na fabricação e monta-gem desses equipamentos. M

John Deere

Page 24: Maquinas 55

24 • Agosto 06

passo-a-passo

Acada 50 horas de trabalho, deve-se conferir o nível e/ou o estadode desgaste do óleo da transmissão

nos tratores agrícolas. Para fazer a verificaçãodo nível do óleo da transmissão, o trator deveestar em local nivelado e com o motor desliga-do há pelo menos 15 minutos. O freio estácio-nário da máquina deve estar acionado, a fim deevitar acidentes. O nível sempre deve estar en-tre as duas marcas indicativas gravadas na va-reta de medição.

Para os diferentes modelos de tratores, dasdiferentes marcas, você encontra no manual dooperador a localização exata dos bujões de dre-nagem e abastecimento do sistema, os quaisdevem ser revisados um a um.

A troca do óleo, por sua vez, deve ser feita acada 500 horas de trabalho, ou conforme ori-entação da fábrica. A troca exige também a lim-peza e/ou a substituição de filtros dos outrossistemas que utilizam o óleo da transmissão.Por exemplo, a limpeza do filtro centrífugo, do

filtro tela de sucção das bombas auxiliares, asubstituição dos filtros de direção e controleremoto e a limpeza do filtro da bomba isyp.

Para proceder a troca do óleo da transmis-

são, posicione o trator em local nivelado e apro-priado. Freie o trator e abaixe o sistema de le-vante. Remova os bujões de drenagem – umlocalizado na carcaça central, e o outro, na cai-xa de câmbio. Faça sempre a drenagem do óleopelos dois bujões, pois, além de ser mais rápida,o escoamento e a eliminação de impurezas sãomais eficientes.

BOMBA ISYPNos tratores equipados com sistema de le-

vante do tipo Ferguson você deve fazer tam-bém a limpeza do filtro da tela metálica da bom-ba isyp. Para isso, remova a tampa do conjuntoe, posteriormente, o filtro. Lave-o com quero-sene ou óleo diesel e seque-o com ar comprimi-do. Limpe também a superfície de contato datampa e aplique cola para facilitar a vedação.Recoloque o filtro e reinstale a tampa, fixando-a com seus parafusos.

TELA DE SUCÇÃOEm tratores como nos modelos da série

5300 da Massey Ferguson, é importante lim-par também o filtro tela da sucção. Para isso,remova sua tampa junto com a mola que inte-gra o conjunto. Retire o filtro e depois limpe oseu alojamento cuidadosamente. Lave-o comquerosene ou óleo diesel e seque-o. Inspecionetodos os componentes e substitua-os, se neces-sário. Limpe também a superfície de contatoda tampa e coloque de volta os componentes,observando o estado da junta da tampa. É re-comendável substituir essa junta toda vez quese realizar esse procedimento no trator. Para fa-cilitar a instalação, fixe a mola na tampa e reins-tale-a, fixando-a com seus respectivos parafu-sos.

FILTRO CENTRÍFUGOPara limpar o filtro centrífugo, solte a porca

e remova sua cobertura. Depois remova o con-junto do rotor. Em uma bandeja, desmonte orotor e lave todos os seu componentes comquerosene ou óleo diesel, para depois secá-los.Examine com cuidado os anéis de vedação esubstitua-os, se necessário. Monte o conjuntodo rotor, não esquecendo do anel de vedação, ereinstale o rotor em seu alojamento. Em segui-da, sobreponha a cobertura, fixando-a com aporca. Não aperte em demasia, para não dani-ficar a cobertura ou o anel de vedação.

Baixar o sistema de levante é fundamental natroca do óleo da transmissão

O nível do óleo da transmissão deve ser conferidoa cada 50 horas de trabalho da máquina

TransmissãolubrificadaTransmissãolubrificada

Fotos Vilso Júnior Santi

A verificação periódica e a troca do óleo da transmissãonos tratores devem ser observadas pelos produtoresrurais. Na maioria dos casos esse procedimento éprotelado, o que pode vir a comprometer o desempenhodas máquinas nas lavouras

A verificação periódica e a troca do óleo da transmissãonos tratores devem ser observadas pelos produtoresrurais. Na maioria dos casos esse procedimento éprotelado, o que pode vir a comprometer o desempenhodas máquinas nas lavouras

Page 25: Maquinas 55

“A troca do óleo, por sua vez, deve ser feita a cada 500horas de trabalho, ou conforme orientação da fábrica”

Agosto 06 • 25

M

FILTRO DE DIREÇÃO E CONTROLE REMOTONos tratores Massey da série 200, 600 e

5200, deve-se substituir também o filtro desucção da bomba dos sistemas de direção e con-trole remoto. Para remover o filtro, utilize umacinta apropriada. No filtro novo, passe umacamada de óleo no anel de vedação, para evitarsua deformação, e encha-o com o óleo antes deinstalar. Com as mãos, coloque o filtro novo nolugar, cuidando para que ele fique bem firme.Lembre-se de que só filtos originais garantem aeficiência da filtragem.

ABASTECIMENTO DO ÓLEOApós a troca e a limpeza de todos os filtros

do óleo da transmissão, reinstale os bujões dedreno, observando o estado dos anéis ou arrue-las de vedação, substituindo aquelas danifica-das. Depois, coloque o óleo até atingir a marcamáxima na vareta de nível. Use somente óleohomologado pelos fabricantes, cuja especifica-ção você vai encontrar no manual do operadorda máquina.

EIXO TRASEIROPeriodicamente, a cada 250 horas, verifi-

que o nível do óleo dos redutores finais trasei-ros. O trator deve estar em local nivelado e pa-

rado há pelo menos cinco minutos. O nível es-tará correto quando o óleo estiver na borda dolocal de abastecimento. Se estiver abaixo, com-plete com óleo homologado pela fábrica. Paraproceder a troca, a cada 500 horas, posicione otrator em local nivelado e apropriado. Removaos bujões de dreno e abastecimetno. Para facili-tar o escoamento, o óleo deve estar na tempe-ratura de trabalho. Depois, reinstale os bujõesde dreno e abasteça os redutores. Faça a trocade óleo nos dois redutores e coloque óleo até aborda do local.

EIXO DIANTEIROA manutenção do eixo dianteiro, nos trato-

res 4x4, basicamente se resume à verificação donível do óleo nos redutores finais a cada 250horas de trabalho - similar à prática recomen-dada para o eixo traseiro. Para tanto, o tratordeve estar em local nivelado, parado há pelomenos 15 minutos e com o bujão posicionadona horizontal. Ao remover o bujão, o óleo deveestar no nível deste. Caso contrário, complete onível com óleo homologado pela fábrica. Paraproceder a troca, posicione o bujão de drenopara baixo. Com o óleo na temperatura de tra-balho, remova o bujão e deixe o óleo escorrertotalmente. Posicione agora o local de dreno nahorizontal, recoloque o óleo até a broda do ori-fício, até completar o nível. Mas lembre-se deque a troca deve ser feita nos dois redutores.Nos modelos 4x2 a manutenção do eixo dian-

teiro se resume basicamente ao engraxe dospontos recomendados no manual do proprie-tário.

DIFERENCIALÉ recomendável verificar também a cada

250 horas o nível do óleo do diferencial. Se es-tiver abaixo dos níveis recomendados, comple-te-os com óleo homologado pela fábrica. Paratroca, com o trator posicionado em local planoe a cada 500 horas, remova os bujões de drenoe abastecimento. Mas, atenção, nos modeloscom tração central, remova também o bujão dedreno da caixa de subida, deixe escorrer total-mente o óleo, recoloque os bujões de dreno e,através do bocal de abastecimento, coloque oóleo até atingir a borda do furo.

A remoção e a limpeza do filtro de tela metálica dabomba isyp devem ser feitas a cada troca de óleo

Seguir orientação dos fabricantes quanto ao tipo deóleo e à periodicidade da troca é sempre importante

A drenagem do óleo deve ser feita sempre pelos dois bujões - umlocalizado na carcaça central, e outro, na caixa de câmbio

No eixo dianteiro dos tratores 4x4, deve-se verificaro nível do óleo dos redutores finais a cada 250 horas

Na traseira o nível estará correto quando o óleoestiver na borda do local de abastecimento

M

Colaboração Cimma Ltda.

Page 26: Maquinas 55

Acelera...Acelera...Desta vez, com vontade! Estamos trazendo um apa-

nhado do que foi a prova de Trekker-trek no dia16 de julho em Holambra (SP). A lamentar que foi a úni-ca prova da categoria no ano. Esperamos para breve quemais cidades se agreguem e, principalmente, que mais pa-trocinadores se motivem a investir nessa categoria que éa mais antiga das competições de tratores no mundo me-canizado. O espetáculo é garantido, e os eventos sensibi-lizam tanto aos assistentes de origem rural, pela proxi-midade do seu meio, quanto aos “urbanos”, pela tecnolo-gia aplicada nas máquinas e pelas técnicas de conduçãonecessárias nas provas.

Enquanto o maior número de provas não vem, vamostorcer pelo Arrancadão. Veja na agenda as próximas pro-vas, e nos vemos lá.

Até a próxima!

26 • Agosto 06

Data

18 a 20/08/2006

09 a 10/09/2006

07 a 08/10/2006

11 a 12/11/2006

Categoria

Arrancadão

Arrancadão

Arrancadão

Arrancadão

Local

Curitiba (PR)

Fraiburgo (SC)

Não-Me-Toque (RS)

Maripá (PR)

Obs.

Força Livre Motorsport Show

Tratoródromo

Agenda

Distância da puxada

83,13 m81,46 m68,17 m

81,56 m (3ª)77,17 m (3ª)74,32 m (3ª)

86,71 m (3ª)86,14 m (3ª)83,86 m (2ª)

94,63 m (3ª)83,28 m (2ª)8,38 m (2ª)

36,65 m (2ª)36,13 m (2ª)35,76 m (2ª)

38,43 m (2ª)38,28 m (2ª)36,59 m (2ª)

84,86 m (2ª)67,77 m (2ª)50,42 m (2ª)

98,7 m (2ª)65,53 m (2ª)64,96 m (2ª)

Cidade

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)

Bragança Paulista (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Holambra (SP)Holambra (SP)Holambra (SP)

Equipe

1º Alligator/Leadro G. da Silva2º Fenômeno/Renato Eltink3º Furacão/Marcos Eltink

1º Ronik/Roland Niens2º Silver Star/Henricus Walravens3º Yellow Power/Johannes Eltink

1º Bandido/Luís Antonio B. Silva2º Dick Vigarista/Geraldo Reijers3º Yellow Power/Renato Eltink

1º Dick Vigarista/Henrique Reijers2º Tornado/Pedro Groot3º Write Succes/Adriano Jameli

1º Ford/Irene Eltink2º Valmet 68/Sabrina Groot3º M.F. 65 X/Eduardo Martins

1º Ford 6.600/Rogério Santos2º Ford 6.600/Valdelino Rodrigues3º M.F. 283/Patrícia Scheltinga

1º Valmet 985/Cláudio Scheltinga2º N. Holland 7.630/Guilherme Eltink3º Valmet 980/Leandro B. Silva

1º Valmet 985/Cláudio Scheltinga2º Massey F./Henricus Scheltinga3º J. Deere 6.300/José Ap. B. Silva

Categoria Livre 2.400 kg Iniciantes

Categoria Livre 2.400 kg

Categoria Livre 3.400 kg

Categoria Livre 4.400 kg

Categoria Agrícola 3.000 kg

Categoria Agrícola 4.000 kg

Categoria Agrícola 5.000 kg

Categoria Agrícola 6.000 kg

CLASSIFICAÇÃO FINAL

Conheça mais sobre o evento no site www.trekkertrek.com.br

Acompetição de tratores foi reali-zada no domingo, 16 de julho, no

Parque de Exposições da Expoflora. O Cir-cuito Nacional de Trekker-Trek reuniu equi-pes de Holambra e Bragança Paulista paraum público de cerca de sete mil pessoas. Alémdos competidores com seus tratores “enve-nenados” da categoria Livre, também parti-ciparam pilotos na categoria Agrícola. Essaprova abriu a competição, e entre os partici-pantes também estavam representantes fe-mininas. Na categoria Agrícola, os tratoressão originais, tal como são usados no campo,e é essa a que mais se aproxima das origensdo esporte.

O Trekker-Trek é uma competição quepõe à prova a potência do trator, somada àhabilidade do piloto. A prova é dividida emduas categorias: Agrícola, com tratores pe-sando 3.000, 4.000, 5.000 e 6.000 kg, demotor original sem nenhuma modificação;e a Livre, com tratores de motores altamen-te potentes e equipados para a competição,alguns chegando a ter quatro motores. Asclasses da Livre são: 2.400, 3.400 e 4.400kg. O objetivo da disputa de tratores é pu-xar o maior peso dentro de uma pista decem metros. O vencedor é aquele que con-seguir puxar o maior peso à maior distân-cia da pista.

RESULTADOSNão faltou emoção à etapa de Holam-

Foto

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ivul

gaçã

o

Bandido, vencedor da 3.400 kg livre

Penél

Holambra ferve com TrekHolambra ferve com Trek

Pódio

Page 27: Maquinas 55

Agosto 06 • 27

por Arno Dallmeyer - [email protected]

bra do Circuito Nacional de Trekker-Trek,que este ano só teve uma prova. A com-petição foi uma demonstração de comoo público aprendeu a apreciar esse espor-te e de como algumas equipes já conquis-taram sua torcida fiel. A platéia não gos-

tou de ver a desclassificação do pilotoLuís Antônio da Silva e seu Bandido,depois de uma apresentação emocionan-te na categoria Livre 4.400 kg. Uma fa-lha técnica custou o bicampeonato deBandido nessa prova, que teve como cam-peão o experiente Henrique Reijers, pi-lotando Dick Vigarista, seguido por Tor-nado, de Pedro Groot.

“Essa é a nossa Fórmula 1”, disse Rei-jers ao sagrar-se campeão. Sua equipe ha-via conquistado o circuito em 2004. “Foiuma pena que meu adversário, o Bandi-do, teve problemas com o trator”, acres-centou.

“Na hora de acertar o trator dimen-sionei mal os pesos e acabei queimandoa faixa”, justificou Luís Antônio. Mas ocompetidor não pôde reclamar. Na cate-goria 3.400 kg, as posições se inverteram,ele ficou em primeiro lugar, conquistan-do o bicampeonato e deixando Dick Vi-garista em segundo.

Na categoria 2.400 kg, a vencedora foia equipe Ronik, do piloto Roland Niens,seguida por Silver Star, de Henricus Wal-

ravens.Entre os Iniciantes (2400

kg), o primeiro lugar ficoucom a equipe Alligator, de Le-andro da Silva, de 19 anos, omais jovem piloto do Trekker-Trek. Em segundo lugar, ter-minou a equipe Fenômeno/Renato Eltink.

Essa categoria tambémteve a participação da equipePenélope Charmosa, pilotadapor Iolanda Groot, a últimacolocada entre os quatro par-

ticipantes, mas o resultado não a deixoudecepcionada. Ao contrário, Iolanda es-tava muito feliz de poder participar pelosegundo ano consecutivo da competição.“É muita adrenalina”, contou a compe-tidora, que parou quando as rodas dafrente de seu trator começaram a empi-nar.

ORGANIZAÇÃOO Circuito Nacional de Trekker-Trek

tem organização da Associação Brasilei-ra de Trekker-Trek (ABTT). Este ano,contou com o patrocínio das empresasValtra, Gráfica Pfeifer, Seiva Agropecuá-ria, Vida Agrociência Insumos Agrícolas,Sicredi, Isotec, Pró-Campo, Posto deMolas Thimari, Horti Shop, LG Cam-pos, Posto Pioneiro, Mult , Alarm Cel,Green House, Imobiliária Esberci, Dis-motor, Bicicletaria Caposse, Veiling Ho-lambra, Carueme Caminhões, Madelon,Construtora Tulipa, Garcia Terraplena-gem e Pavimentação e o apoio da Prefei-tura Municipal da Estância Turística deHolambra. M

Dick Vigarista, grande campeão da 4.400 kg e vice na 3.400 kg Alligator, vencedor da 2.400 kg Iniciantes

ope Charmosa com Iolanda Groot

Ronik, vencedor da 2.400 kg livre

4.400 kg Trekker-Trek em Holambra (SP)

ker-Trekker-Trek

Page 28: Maquinas 55

28 • Agosto 06

sistemas

O arroz, um dos cereais mais pro-duzidos e consumidos em todoo mundo, é considerado o cultivo

alimentar de maior importância na maioria dospaíses em desenvolvimento. Constitui dietabásica para, aproximadamente, 2,4 bilhões depessoas, e, segundo estimativas (Embrapa,2003), será necessário aumentar sua oferta paraatender ao dobro dessa população até 2050. Deacordo com dados da FAO (2005), o Brasil ocu-pa a nona posição entre os países produtores,contribuindo com 2,1% da produção mundial.

A irrigação representa importante papel na

produção do arroz, sendo que maisde 75% da produção mundial éoriunda de cultivos irrigados (Embra-pa, 2003). No Brasil, a irrigação por

inundação é utilizada em grande parte das áre-as cultivadas com arroz e apresenta alta pro-dutividade. Esse sistema de irrigação é tradi-cionalmente utilizado na região Sul do Brasil,principalmente nos estados do Rio Grande doSul e de Santa Catarina. Segundo o IBGE(2006), esses dois estados foram responsáveispor cerca de 67% da produção nacional na sa-fra 2005/06, sendo a contribuição do RioGrande do Sul de aproximadamente 58% dototal.

VOLUMES RETIRADOS X CONSUMIDOSPrimeiramente, é necessário entender a di-

ferença entre volume retirado e volume efeti-vamente consumido. O volume retirado cor-responde à quantidade de água captada dos ma-nanciais para atender à irrigação do arroz du-rante todo o ciclo da cultura. Esse volume ge-ralmente é bastante elevado em áreas irrigadaspor inundação, devido à necessidade de manu-tenção da lâmina d’água na superfície do solo eàs perdas por infiltração lateral e percolação pro-funda. O volume efetivamente consumido cor-responde à quantidade de água consumida porevapotranspiração durante o ciclo da cultura,ou seja, é o volume de água abstraído da baciahidrográfica, constituindo as perdas no siste-ma hidrológico.

Em trabalho publicado recentemente,Amaral et al. (2005) apresentaram uma meto-dologia para quantificar os volumes retirados eefetivamente consumidos durante o cultivo doarroz, considerando os sistemas de irrigação porinundação e por aspersão. Para tanto, foramutilizadas diversas informações relativas ao cli-ma, ao tipo de solo, às características das prin-cipais cultivares e às práticas de manejo adota-das na lavoura. A metodologia foi aplicada nomunicípio de Uruguaiana, situado na regiãoFronteira Oeste do Rio Grande do Sul, pelasua produção expressiva e pela grande área irri-

Determinar os volumes de água retirados e efetivamenteconsumidos é tarefa importante, do ponto de vista econômico eambiental, no momento de escolher o melhor sistema deirrigação a ser aplicado no cultivo de arroz

Determinar os volumes de água retirados e efetivamenteconsumidos é tarefa importante, do ponto de vista econômico eambiental, no momento de escolher o melhor sistema deirrigação a ser aplicado no cultivo de arroz

Na irrigação por aspersão, o volume de águaefetivamente consumido foi quase duas vezes superiorao volume de água retirado

Page 29: Maquinas 55

“A sazonalidade dos volumes retirados pelos sistemas de irrigaçãoanalisados se deve à variação da precipitação nas diferentes safras”

Agosto 06 • 29

gada.A Figura 1 representa a variação dos volu-

mes retirados pelos sistemas de irrigação porinundação (convencional e pré-germinado) easpersão nas safras de 1995/96 a 2003/04, comexceção da safra de 1996/97, a qual foi descar-tada devido ao grande número de falhas nosdados diários de precipitação.

VOLUMES RETIRADOSApesar de o período de irrigação do sistema

de cultivo pré-germinado ser maior que o doconvencional, em geral os maiores volumes re-tirados foram obtidos para o sistema convenci-onal. Isso se deve ao fato de que o sistema decultivo convencional requer vazões contínuasmaiores para a manutenção da lâmina d’águasuperficial na lavoura. No sistema pré-germi-nado, a vazão necessária para a manutenção da

lâmina é menor, devido à baixa percolação daágua no solo com a formação da lama.

A sazonalidade dos volumes retirados pe-los sistemas de irrigação analisados se deve àvariação da precipitação nas diferentes safras.Os sistemas de irrigação por inundação apre-sentaram menor sazonalidade, uma vez queesses sistemas necessitam de uma aplicação con-tínua de água, enquanto que no sistema poraspersão a aplicação de água só ocorre quandoa precipitação não supre as necessidades hídri-cas da cultura.

Os menores volumes retirados pelos siste-mas de irrigação analisados ocorreram nas sa-fras de 2000/01 e 2002/03, o que se deve àsmaiores precipitações ocorridas nessas duas sa-fras na região de Uruguaiana. Por outro lado,os maiores volumes retirados pelos sistemas porinundação e por aspersão foram observados nas

safras de 1999/00 e 2001/02 em decorrência das menores precipitaçõesocorridas na região durante essas duas safras.

Na Figura 2 são apresentados os volumesmédios retirados e efetivamente consumidosnos sistemas de irrigação por inundação (con-vencional e pré-germinado) e aspersão nas oitosafras analisadas.

Os volumes médios retirados para atenderàs demandas dos dois sistemas de irrigação porinundação foram, aproximadamente, três ve-zes superiores ao da irrigação por aspersão. Issose deve ao fato de que os sistemas por inunda-ção necessitam de vazões contínuas durantegrande parte do ciclo da cultura, ao contráriodo sistema por aspersão, no qual a aplicação deágua é intermitente e realizada quando o volu-me precipitado é inferior à evapotranspiraçãoda cultura.

VOLUMES CONSUMIDOSNos sistemas convencional e pré-germina-

do, os volumes efetivamente consumidos tive-ram uma redução de 37% e 21%, respectiva-mente, em relação aos volumes retirados, evi-

Os volumes de água efetivamente consumidos pelossistemas por inundação convencional e por aspersãoforam muito próximos, 6.770 m3/ha e 6.687 m3/ha

Figura 1 - Volumes retirados pelos métodos de irrigação por inundação (sob cultivo convencional e pré-germi-nado) e por aspersão

Figura 2 -Volume médio retirado e efetivamente consumido no período de análise pelos sistemas de irriga-ção por inundação (sob cultivo convencional e pré-germinado) e por aspersão

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30 • Agosto 06

Apesar de amplamente utiliza-do, o sistema de produção de

arroz por inundação tem sido alvo deduras críticas devido aos grandes volu-mes retirados dos mananciais durante ociclo da cultura e à baixa eficiência deirrigação desse sistema. Em pequenoscorpos d’água, a disponibilidade de águapara os outros usos reduz consideravel-mente no período de maior demanda dacultura, trazendo conseqüências nega-tivas ao meio ambiente e insegurançaaos produtores. Por esses motivos, tor-na-se inevitável a discussão acerca dasubstituição do sistema de irrigação porinundação pelo de aspersão nas áreascultivadas com arroz. Entretanto, essa éuma questão muito delicada, que deveser analisada criteriosamente.

IRRIGAÇÃO PORINUNDAÇÃO

denciando que grande parte do volume retira-do pelo sistema de inundação retorna aos ma-nanciais, permanecendo na própria bacia. Ovolume retirado pelo sistema convencional émaior que no pré-germinado, devido à utiliza-ção de vazões contínuas maiores no sistema con-vencional. Por outro lado, o volume consumi-do pelo sistema convencional é menor que nopré-germinado, porque o sistema de cultivo pré-germinado apresenta um período de irrigaçãomais longo.

O volume efetivamente consumido pelairrigação por aspersão foi quase duas vezes su-perior ao volume retirado, pois o consumo efe-tivo engloba, além da vazão aplicada pela irri-gação, a parcela da precipitação que é converti-da em evapotranspiração.

Os volumes médios efetivamente consumi-dos pelos três sistemas analisados foram seme-lhantes. O maior volume efetivamente consu-mido, de 8.480 m3/ha, foi obtido no sistemapré-germinado, sendo 27% superior ao volu-me efetivamente consumido pelo sistema deaspersão. Os volumes efetivamente consumi-dos pelos sistemas por inundação convencio-nal e por aspersão foram muito próximos, 6.770m3/ha e 6.687 m3/ha, respectivamente.

ANÁLISE COMPARATIVAOs resultados apresentados demonstram

que, embora a irrigação por inundação seja res-ponsável pela retirada de uma grande quanti-dade de água durante o ciclo da cultura quan-do comparada à irrigação por aspersão, a quan-tidade de água abstraída da bacia é bastantepróxima em ambos os sistemas. Ou seja, doponto de vista hidrológico, os consumos de águadas lavouras irrigadas sob inundação e asper-são são bastante semelhantes, pois grande par-te da água retirada nas áreas irrigadas por inun-dação retorna aos mananciais da própria bacia.

Por outro lado, apesar de o volume de águaretirado pela irrigação por aspersão ser menorque o volume retirado pela inundação, o méto-do de aspersão apresenta maior consumo deenergia quando comparado ao de inundação.

Conforme Marouelle e Silva (1998), a energiaconsumida varia de 0,2 a 0,6 kWh/m3 para airrigação por aspersão e de 0,03 a 0,3 kWh/m3

para a irrigação por superfície. Isso se deve àsmaiores pressões requeridas para o bombeamen-to da água até a lavoura. Em sistemas de pivôcentral com aspersores de tamanho médio, apressão requerida no centro do pivô pode che-gar a 540 kPa (Bernardo et al., 2005), enquan-to que em sistemas de irrigação por inundaçãoa pressão requerida para o recalque da água atéas áreas irrigadas dificilmente ultrapassa 100kPa.

Além disso, a substituição de um sistemade irrigação por outro implica em investimen-to bastante significativo, principalmente no casoda instalação de sistemas de aspersão com pivôcentral. Também é importante salientar que osistema de irrigação por inundação se constituinum sistema de produção bem estabelecido que,além de apresentar alto grau de desenvolvimen-to tecnológico, apresenta também alta produti-vidade.

Face ao que foi exposto, ressalta-se a im-portância de uma avaliação ponderada na es-colha do sistema de irrigação a ser utilizado parao cultivo de arroz, levando em consideraçãotanto os fatores ambientais quanto os econô-micos, visando a sustentabilidade do sistemade produção.

Fernando Falco Pruski,Márcio Mota Ramos,Luís Gustavo H. do Amaral eRenata del Giudice Rodriguez,UFV

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Prusky e sua equipe ressaltam a importância de umaavaliação ponderada na escolha do sistema deirrigação a ser utilizado para o cultivo de arroz

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