Maquinas 52

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Maio 2006

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Rodando por aí

Consumo de combustíveis

Aplicação via aérea

Plantio: Hora de evitar erros

Precisão no plantio

Armazenagem em silos horizontais

Quando escarificar

Plantio direto de cana-de-açúcar

Esporte Trator

Índice Nossa Capa

Valtra

Destaques

Quando escarificarConheça os benefícios da escarificaçãoesporádica em lavouras onde épraticado o plantio direto

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadaspelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessadospodem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos quetodos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitosirão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foramselecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemosfazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões,para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidosnos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a opor-tunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• GERAL3028.2000• ASSINATURAS3028.2070• REDAÇÃO3028.2060• MARKETING3028.2065

• EditorCharles Ricardo Echer

• RedaçãoVilso Júnior Santi

• RevisãoSilvia Maria Pinto

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• MarketingPedro Batistin

Otávio Pereira• Gerente de Circulação

Cibele Costa• Assinaturas

Simone Lopes• Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos• Expedição

Edson KrauseDianferson Alves

• Impressão:Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

www.cultivar.inf.brwww.grupocultivar.com

Cultivar MáquinasEdição Nº 52

Ano V - Maio 06ISSN - 1676-0158

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00

Assinatura Internacional:US$ 80,00• 70,00

Consumo na ponta do lápisSaiba por que é fundamental monitorara quantidade de combustível consumidadurante as operações agrícolas

PD na canaO plantio direto na cana é uma operaçãoque gera redução drástica de tempo e mão-de-obra, diminuindo em até 47% os custos

Matéria de capa

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AgraleCom pesar, o Grupo Cultivar de Publicações informa que fale-ceu no último dia 08/05 o empresário Francisco Stédile. O idea-lista Stédile foi fundador e diretor-presidente das empresas Fran-cisco Stédile Participações e Empreendimentos S/A, Agrale S/A,Agrale Amazônia S/A, Agrale Argentina S/A, Agritech Lavrale S/A, Fundituba Indústria Metalúrgica Ltda, Germani Alimentos eFazenda Três Rios. Seu sepultamento foi realizado no CemitérioPúblico Municipal de Caxias do Sul (RS).

BardahlA Bardahl apresentourecentemente sua novalinha de graxas lubrifican-tes brancas e atóxicas. Alinha de graxas especiaistambém tem aplicação nosetor agrícola, porque éprópria para ser usada nascentrífugas automáticasde açúcar. Para o próximoano, a Bardahl estátrabalhando na ampliaçãode sua linha agrícola,visando a lubrificaçãototal nas usinas de cana.Hoje já são mais de 20produtos desenvolvidospara proteger tratores,colhedoras e implementosagrícolas da corrosão.

CumminsTer uma colhedora com

motor que consome menos,é mais eficiente, emitemenos gases e ruídos e

ainda permite prolongar ointervalo de manutenção de

250 para 500 horas já épossível. Tudo isso graças ao

motor QSC Tier III, anovidade tecnológica que a

Cummins apresenta nomomento. Desenvolvido

com 8.3 litros, o novoproduto proporciona

potência que varia de 215 a330 cv.

ExxonMobilA realização de análises de óleo destinado a indústrias e frotas atu-almente é considerada uma ferramenta importantíssima para a mi-nimização de falhas e o prolongamento da vida útil de equipamen-tos. Dessa maneira, ela atua como uma das diferentes formas demanutenção preditiva, além de ser tão importante quanto a manu-tenção preventiva. Esse será o assunto abordado pelo engenheiroBenício Silva, coordenador de marketing da ExxonMobil, durantesua palestra no XIV Seminário de Lubrificantes e Lubrificação In-dustrial da Abraman – Associação Brasileira de Manutenção.

John DeereAmílcar Centeno assumiu recentemente o cargo degerente de planejamento e processos de Marketing paraa América do Sul da John Deere. Ele será responsávelpela coordenação do planejamento e desenvolvimentode estratégias de marketing para todo o continente.Amílcar ocupava o cargo de gerente de Planejamentode Produto. Já Luiz Sartor é o novo gerente de suportede produtos da empresa. Yanmar

A Agritech Lavrale,fabricante dos tratores e

motocultivadoresYanmar Agritech e dosmotores diesel Yanmar,

bem como de imple-mentos agrícolas e

autopeças, apresentourecentemente mais umanovidade: o trator 1050

D Turbo, que tempotência de 50 cv. Seumotor diesel é do tipo

vertical de quatrotempos turbo alimenta-

do. Ele possui oitovelocidades de marcha à

frente e duas à ré. Aembriagem é do tipo

monodisco a seco, e adireção é hidrostática.

TortugaA empresa participou da 10ªedição da Feira Interativapara Caminhoneiros –Exposafra Paranaguá. ATortuga participa da feiravisando fortalecer sua marcadiante deste que éreconhecidamente um dosprincipais consumidoresfinais do segmento. Para ogerente de marketing daTortuga Câmaras de Ar,Caio Fontana, “a importân-cia da participação nessetipo de evento é o contatodireto com o caminhoneiro,dando a possibilidade deoferecer informações úteis enovidades da marca”.

IDI-RSO Índice de DesempenhoIndustrial do RS, medidopela Federação dasIndústrias do Rio Grandedo Sul (Fiergs), tevequeda de 9,19% noprimeiro trimestre do ano,em relação a igual períodode 2005. Em março, nacomparação com omesmo mês do anopassado, o IDI-RSaumentou 0,25%. Naanálise por setorindustrial, os pioresdesempenhos no primeirotrimestre do ano foramregistrados nos setores defumo (-25,08%), máqui-nas agrícolas (-15,69%) ede calçados (-14,22%).Todos estes sãosegmentos direcionadospara as exportações.

John DeereA produção da primeira colhedora de cana com a marca John Deere foi comemorada recente-mente na fábrica de Catalão, em Goiás. “A apresentação da primeira unidade da colhedora

3510 com as cores verde e amarelo tem um significado histórico”,afirma Paulo Herrmann, diretor de Marketing da empresa para a Américado Sul. A incorporação da marca John Deere nas colhedoras de cana, quecomeça no Brasil, vai reforçar a presença da empresa líder mundial daprodução de equipamentos agrícolas no mercado de cana-de-açúcar. Aomesmo tempo em que lança o novo modelo, a John Deere criou umaunidade de negócios especial para o mercado da cana no Brasil.

Kepler WeberO Grupo Kepler Weber tem novo presidente. Após o pedido de demissão de Othon d’Eça Calsde Abreu, Milton Paulo Silva assumiu o cargo. O ex-diretor administrativo, financeiro e derelações com investidores, na função desde agosto de 2005, passa agora a acumular os cargos dediretor presidente da Kepler Weber Industrial S/A e da Kepler Weber Inox Ltda. Milton PauloSilva iniciou sua carreira profissional na Forjas Taurus, passando pelas empresas americanasSpringer Carrier, Bausch & Lomb Brazil e pela francesa Thomson Multimídia.

NaanDanA NaanDan está desenvolvendo uma reorganização societária, a fimde incrementar sua atuação no Brasil. A empresa produz sistemas deirrigação agrícola e tem sede em Israel. Também possui fábricas esubsidiárias na Austrália, no Chile, na Espanha, nos EUA, na França,na Itália e no México. A NaanDan tem se consolidado desde o anode 1937. No Brasil iniciou suas atividades nos anos 80 e, desde o dia1º de abril deste ano, reconfigurou o seu comando acionário. Segun-do seu gerente geral, Alfredo Mendes, a NaanDan muda para me-lhor. “Já tínhamos um bom trabalho no país com boas perspectivasde crescimento, agora ganhamos mais agilidade nas decisões.”

Massey FergusonAuxiliar o produtor ruralno acompanhamento da

vida de seus tratores ecolhedoras é o objetivo

do novo serviço de pós-venda disponibilizado nosite da Massey Ferguson.Os módulos disponíveis

já possibilitam o cadastroda frota e o acompanha-

mento das revisõesefetuadas. Em breve

serão incluídas novasfuncionalidades como:tabelas de manutenção

recomendadas para cadamodelo de máquina,

dicas de manutençãoespecífica, ofertas

originais de peças eserviços, consulta a kits

de acessórios, atividadesna concessionária de

cada região e plantão depeças. Disponível emwww.massey.com.br/

meumassey.

Benício Silva

Alfredo Mendes

Francisco Stédile

IACO IAC já dispõe de um laboratório para atestar a qualidade de EPI’s. Essa resposta estáchegando como resultado de um trabalho do Instituto junto a empresas fabricantes eusuárias de EPI’s. O Selo será apresentado durante a Agrishow 2006. O público da feirairá conhecer o Selo IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agri-cultura, no estande da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Pau-lo.

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combustíveis

Um dos principais itens a se con-siderar no planejamento dasoperações agrícolas e em expe-

rimentos de campo para fins de pesquisa éo consumo de combustível.

Na operação agrícola o combustível con-sumido, ou a se consumir, é um fator decusto do trabalho com máquinas agrícolase influi no preço da produção e na rentabi-lidade da cultura. A quantidade de combus-tível utilizada para a implantação ou con-dução da cultura é função de vários fatorescomo porte, adequação e condição do con-junto trator-implemento, exigência de ope-ração, tipo e condição de solo, tempo demanobras e também do número de opera-ções agrícolas adotadas no processo de pro-dução. No custo total da cultura, o custodo combustível pode chegar a 30%.

Em trabalhos de pesquisa devem serbuscados valores reais do experimento, mas,qualquer que seja a situação, o uso de equi-

pamentos de medição apropriados é neces-sário.

TECNOLOGIA DE MEDIÇÃONo passado, um sistema muito adotado

para estimar o consumo em operações me-canizadas era aquele que determina o volu-me necessário para completar o tanque dotrator após certo tempo de trabalho; outrosistema consiste em medir o tempo neces-sário para consumir certo volume de com-bustível. Ambos os processos, além de de-mandarem considerável tempo para sua re-alização, não fornecem a precisão desejável,pois são influenciados pelo tamanho e pelaforma do terreno. Esses fatores determinamo número de manobras nos finais das linhase o tempo consumido para executá-las, nãofornecendo, portanto, o consumo real paraa efetiva execução da operação agrícola.

Outro método era aquele que emprega-va um tanque de combustível removível,

acoplado e desacoplado ao trator por meiode engates rápidos. O combustível utiliza-do é determinado pesando-se o tanque an-tes e depois de um teste e considerando-seo tempo de consumo. Esse processo tam-bém não é preciso, pelas mesmas razões.

Em trabalhos experimentais era comumo uso de equipamentos construídos comtubos graduados, buretas e eletroválvulas.A Figura 1 exemplifica um desses sistemas,constituído de dois tubos-reservatórios emPVC, montados paralelamente em uma es-trutura fixa ao trator. A comunicação entreos dois tubos é feita na parte superior e in-ferior por meio de cotovelos e conexão tipo“T”. Entre eles é conectado um tubo de vi-dro graduado. Junto à saída do combustí-vel, é instalada uma tomada para colocaçãode termômetro ou termopar, para obtençãoda temperatura do combustível, visando àdeterminação da densidade do combustível.

O controle automático de fluxo utiliza

Consumo naponta do lápisConsumo naponta do lápis

Charles Echer

Nas operações agrícolas o combustível consumido, ou a se consumir, éum importante fator na composição do custo de trabalho e influi

diretamente no preço da produção e na rentabilidade da cultura

Nas operações agrícolas o combustível consumido, ou a se consumir, éum importante fator na composição do custo de trabalho e influi

diretamente no preço da produção e na rentabilidade da cultura

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quatro eletroválvulas (12 VCC), duas dotipo normalmente fechadas (NF) e duasnormalmente abertas (NA), que empregamcomo fonte de potência a bateria do pró-prio trator. O equipamento é ligado ao sis-tema de alimentação do trator com man-gueiras de plástico de baixa pressão, de modoque o conduto de combustível que sai dotanque principal do trator é ligado na en-trada da eletroválvula NA-1, sendo a saídadesta conectada à bomba de alimentação.O retorno do combustível é ligado entre aseletroválvulas NA-1 (cuja saída vai para o

Figura 1 - Esquema de um medidor volumétrico: 1 – Alimentação do medidor; 2 – Retorno do combustível do motor dotrator; 3 – Saída do combustível para o motor do trator; 4 – Acoplamento para termômetro ou termopar; 5 – Tanquealimentador do medidor; 6 – Válvula de acionamento manual; 7 – Medidor de combustível; 8 – Motor do trator; 9 -Tanque do trator; NA1 e NA2, eletroválvulas normalmente abertas; NF1 e NF2, eletroválvulas normalmente fechadas

Fonte: MAZIERO et al. (1992)

Figura 2 - Esquema de um medidor de vazão com engrenagens ovais

Fonte: OVAL Corporation.

tanque principal do trator) e NF-2 (cujasaída vai para o tubo reservatório do apare-lho medidor).

A alimentação do equipamento é feitapor gravidade, mediante um pequeno tan-que plástico, colocado acima do equipamen-to, pelo acionamento de uma válvula ma-nual instalada entre ambos. As eletroválvu-las são dispostas de tal modo que, em ope-ração normal (posição energizada), o fluxo

de combustível se faz por meio das eletro-válvulas NA-1 e NA-2, indo do tanque dotrator para a bomba de alimentação; o ex-cesso da bomba injetora e dos bicos retornaao tanque do trator. Durante as medições(posição energizada), a alimentação do tra-tor é feita pelo equipamento medidor, e ofluxo de combustível, pelas eletroválvulasNF-1 e NF-2, retornando o excesso ao equi-pamento do medidor. A quantidade de vo-lume consumido é dada pela diferença dasleituras inicial e final nos tubos graduados.

Embora esses aparatos sejam de baixocusto de construção, envolvem uma série decomponentes e requerem adaptações espe-cíficas para instalação em cada modelo detrator, além de dependerem de anotaçõespara registro do volume consumido paraposterior processamento.

O surgimento dos medidores de vazãopor engrenagens ovais (Figura 2), de fácilinstalação nos tratores, permite a leiturainstantânea do consumo horário e pode serconectado a um sistema de aquisição dedados ou a um indicador digital. Tais medi-dores compõem-se de duas engrenagensovais em uma das quais existe um ímã quesensibiliza um sensor a cada volta dessa en-grenagem, que é relacionada ao volume decombustível que passa. São equipamentosde formato compacto que, se ligados a umindicador digital, constituem-se num con-junto dedicado à medição de consumo decombustível.

Os medidores de vazão tipo engrenagensovais têm como princípio de medição o des-locamento positivo. A pequena folga entreas engrenagens e a carcaça cria uma pressãodiferencial e estabelece um fluxo de produ-to entre a entrada e a saída do medidor; flu-xo esse que movimentará as engrenagens

O consumo do combustível podefacilmente alcançar 30% do custo

total da lavoura

Yanm

ar

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“A quantidade de volume consumido é dada pela diferençadas leituras inicial e final nos tubos graduados”

acopladas a um sistema eletrônico de con-tagem, que indica o volume total escoado.Esse tipo de equipamento é indicado para ocontrole e medição de óleos pesados de altae baixa viscosidade.

AVALIAÇÃO DOS SISTEMASAlgumas configurações para a instala-

ção de sistemas de medição podem variarem função dos equipamentos disponíveis,entretanto, a instalação de um sistema émuitas vezes motivo de questionamento,principalmente com relação à necessidadede uso de um ou dois equipamentos no cir-cuito de alimentação e à sua influência naexatidão das medições. Para tirar as dúvi-das quanto a isso, foram avaliados dois sis-temas de medição utilizando medidores devazão de engrenagens ovais: a configuraçãoA, com dois medidores (Figura 3), e a con-figuração B, com um medidor (Figura 4). Amedição do consumo de combustível eraobtida por meio de indicador digital, em l/h,sendo que na configuração A o valor cor-

respondia à diferença de leitura entre os doismedidores (sensor de alimentação e sensorde retorno) e, na configuração B, a leituraera direta.

Para verificar a exatidão dos sistemas,foi realizado um ensaio sob cargas variáveis

com o motor também operando em regimede máxima aceleração. As cargas aplicadasem bancada dinamométrica foram: 12,5; 25;50; 75; e 100% do torque de potência máxi-ma do motor. Foram feitas medições de con-sumo horário pelo sistema de medição exis-

A quantidade de combustível utilizada é funçãode fatores como porte, adequação e condição

do conjunto trator-implemento

Charles Echer

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Parâmetros

Nº. de leiturasMédia, l/hMédia das diferenças, l/hDiferença porcentual, %

Sistema de referência5

8,0980,002 (NS)

0,27

Sistema avaliado5

8,100

Sistema de referência5

7,616- 0,0046 (S)

- 0,64

Sistema avaliado5

7,570

Configuração A Configuração BConsumo de combustível

Quadro 1 – Resultados do ensaio para avaliação da exatidão dos sistemas

NS: Não significativo; S: Significativo pelo teste t a dados pareados ao nível de 95 % de confiança.

Parâmetros

Temperaturas, oCMedidor (A)Retorno (B)Diferença (A) - (B)Pressão no circuito, mmHgConsumo de combustível, l/h

Média*

31,4 a41,0 b9,6 a

20,0 b9,8 a

Desvio padrão

1,270,80,50,00,0

Média*

36,0 b43,3 a7,3 b

28,0 a9,8 a

Desvio padrão

0,00,50,50,00,0

Circuito aberto Circuito fechado

Quadro 2 – Resultados do ensaio para verificação da influência da pressão e da temperatura em circuito aberto e fechado

* Médias seguidas de mesma letra na horizontal não diferem significativamente pelo teste t de Student, ao nível de 95 % de confiança.

tente (sistema aferidor da bancada dinamo-métrica), obtidas em função do tempo gas-to para consumir um volume constante.Durante cada um desses intervalos de tem-po, foram anotados os valores de consumoapresentados no visor do sistema sob avali-ação.

A avaliação da exatidão foi feita com basenos desvios de leituras entre o sistema dereferência (do laboratório de dinamometria)e o sistema avaliado, aplicando-se o teste “t”a dados parecidos. Estabeleceu-se a hipóte-se de igualdade de medição de consumohorário entre o sistema avaliado e o sistemade referência, verificando-se também o aten-dimento às normas NBR ISO 1585 e NBRISO 13400. Essas normas estabelecem quea exatidão de sistemas de medição de fluxode combustível deve ser de +/- 1,0%. José Valdemar Gonzalez Maziero,

Moisés Storino eIla Maria Corrêa,IAC

Figura 3 - Esquema de instalação da configuração A (utilização de dois medidores de vazão) Figura 4 – Esquema de instalação da configuração B (utilização de um medidor de vazão)

Ila fala da importância da medição adequadado consumo de combustível para composição

do custo de produção

Pelos resultados do Quadro 1, vê-se quenão houve diferença estatística entre os va-lores medidos com a configuração A e o sis-tema de referência, o que não ocorreu naconfiguração B. Verifica-se, porém, que asdiferenças porcentuais obtidas na configu-ração A (0,27%) e na configuração B (- 0,64%)estão dentro do limite de tolerância admiti-da para a medição do consumo de combus-tível em ensaios normalizados.

Particularmente para a configuração A,também foram checadas as pressões e tem-peraturas do sistema em circuito aberto efechado. No circuito aberto, mediante a ins-talação de duas válvulas, o óleo do retornoseguia para o tanque, enquanto que, no cir-cuito fechado, o óleo do retorno seguia parao circuito de alimentação. Os resultadosdesse ensaio são apresentados no Quadro2, onde se observa que as temperaturas docombustível no retorno e próximo ao medi-dor mantiveram-se mais altas no circuito

fechado, com uma diferença de 7,3 ± 0,5 °C,e que o aumento de 8,0 mmHg (0,01 kgf/cm2), na condição de circuito fechado, podeser considerado desprezível. Tais diferenças,entretanto, não afetaram os valores obtidospara o consumo horário de combustível, queforam os mesmos nas condições de circuitoaberto e fechado.

Em vista das pequenas diferenças encon-tradas em ambas as configurações, do aten-dimento às normas técnicas com respeito àexatidão e pelo fato de as diferenças de pres-são e de temperatura no circuito de alimen-tação não afetarem a medição, pode-se con-siderar que ambas as configurações são in-dicadas para medição de consumo em mo-tores diesel de tratores agrícolas. M

Div

ulga

ção

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O avanço de culturas altamente tecnificadaspõe em destaque o papel da aviação comoferramenta de apoio ao homem do campo

Aagricultura está se tornandocada vez mais uma atividadeque envolve alta tecnologia e gran-

des recursos técnico-financeiros.Com o advento da globalização da econo-

mia mundial, observando-se os atuais níveis desubsídios agrícolas mantidos pelos países do ditoprimeiro mundo, torna-se imprescindível parao produtor rural brasileiro uma reavaliação demétodos e técnicas utilizados na sua lavoura,buscando readequar a estrutura física de suapropriedade.

Nos Estados Unidos e na Austrália, paísesque fazem largo uso da aviação agrícola, a frota

de aeronaves agrícolas é significativa. No Bra-sil, essa tecnologia também se mostra como umainteressante alternativa para alavancar a pro-dutividade e os lucros de uma propriedade.

Falta, porém, no país uma política de incenti-vo, por parte dos governos, que fomente e esti-mule o crescimento dessa atividade.

Nosso país ainda não utiliza todo o poten-cial dessa tecnologia. Estudos do MAPA (Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to) mostram que há muita área plantada quepoderia estar fazendo uso desse método de pro-teção à lavoura. No entanto, a falta da culturaaeroagrícola por parte do produtor rural brasi-leiro não permite a utilização plena dessa im-portante ferramenta.

PAPEL DA AVIAÇÃOO avanço de culturas altamente tecnifica-

das, como a soja, o milho e o algodão, pelo paísafora pôs em destaque o papel da aviação agrí-

aviões

Via aéreaA aviação agrícola vem se materializando como umaimportante aliada do campo, capaz de alavancar aprodutividade e aumentar a competitividade dos

agricultores brasileiros nos mercados interno e externo

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Fotos Jeferson Luís Rezende

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Maio 06 • 09

Além de um baixo custo, a avia-ção agrícola oferece ainda van-

tagens como:• Aplicação no momento oportuno:

o produto é aplicado no momento ideal,de forma rápida e de acordo com a reco-mendação técnica;

• Maior eficiência: pelas suas carac-terísticas, essa tecnologia de aplicaçãoproporciona maior uniformidade e melhorcobertura da área tratada, contribuindode forma decisiva no controle de pragase doenças;

• Não transporta vetores: por nãomanter contato com o solo, a aplicaçãoaérea não transfere vetores de uma áreapara a outra, também não fere as plan-tas, o que facilitaria a instalação de do-enças;

CONFIRA AS VANTAGENS• Pode operar depois das chuvas: a

aviação agrícola pode trabalhar em segui-da das chuvas, mesmo com o solo en-charcado, o que impediria a entrada demáquinas por terra;

• Diminui a compactação e elimina oamassamento: os serviços aéreos não de-gradam o solo, por não tocá-lo, colabo-rando para diminuir a compactação dosolo. Além disso, por não amassar asplantas, contribui para o aumento da ren-tabilidade da lavoura, potencializando oslucros;

• Otimiza o gerenciamento: pela suarapidez, a aviação agrícola cria condiçõesadequadas para o gerenciamento eficien-te e otimizado, proporcionando maistempo disponível para o exercício de ou-tras atividades na fazenda.

cola como ferramenta de apoio ao homem docampo. Com o advento da ferugem asiática, osaviões ganharam importância ainda maior, tor-nado-se peças decisivas para combater essa gravedoença, limitando e minimizando os danos queela causa à soja.

A ferrugem mudou drasticamente o perfilde tratamento da soja, transformando o aviãoagrícola numa ferramenta imprescindível e es-tratégica. Principalmente quando se fecham ascontas de custo/benefício e produção.

Imbatível na homogeneidade de aplicaçãoe incomparável no combate de pragas e doen-ças em áreas mais extensas, onde o tratamentogeralmente é urgente, a aviação agrícola aindaé subutilizada em muitas regiões brasileiras, pro-vavelmente, por falta de maior difusão e de in-formações técnicas entre produtores rurais eagrônomos. Mesmo assim, o setor tem cresci-do a passos largos nos último anos – mais de10% ao ano, ultrapassando o percentual de evo-lução das áreas plantadas.

Com o avanço das lavouras de soja e algo-dão no Centro-Oeste e Norte do país, e a recu-peração da cultura do arroz irrigado no RioGrande do Sul, o Brasil está assistindo a umnovo “boom” de crescimento em sua frota ae-roagrícola. Vale lembrar também que os aviões

agrícolas também são empregados de forma ex-tensiva na cultura da banana e, numa escalaum pouco menor, nas culturas do trigo, feijão emilho.

Também a cultura da batata tem feito inte-ressante uso da aplicação aérea. Algumas áreas,como Casa Branca, no interior de São Paulo,adotaram essa tecnologia em 100% do trata-mento realizado, alcançando um incrementona produtividade de até 50 sacas por hectare,de acordo com informações do engenheiro agrô-nomo Valter Ceccarello.

O tratamento aéreo agrega algumas vanta-gens em relação ao terrestre. O avião permitetratar uma área cultivada em menor tempo eno momento apropriado. Consegue pulverizar

O tratamento aéreo agrega algumas vantagens emrelação ao terrestre, como tratamento da áreacultivada em menor tempo e no momento apropriado

O comparativo de custos entre aplicaçõesaéreas e terrestres é um bom indicativo

das vantagens das primeiras

em uma hora o que um trator pulverizaria emum dia. Realiza o trabalho com velocidade cons-tante e uniforme. Opera em qualquer tipo deterreno e logo depois das chuvas. Não amassa acultura e não transporta vetores de uma áreapara outra. Também não compacta o solo nasáreas de cultivo.

O custo médio de uma aplicação aérea noestado do Paraná é de US$ 11,21 por hectare.Em São Paulo, Santa Catarina e no Rio Gran-de do Sul também gira em torno disso. Nou-tros estados, como Mato grosso, Mato grossodo Sul, Goiás, Tocantins e Minas Gerais, emrazão da maior utilização desse tipo de serviçoe também do maior rendimento do trabalho,os preços tendem a ser um pouco mais baixos.

TECNOLOGIA AEROAGRÍCOLAA tecnologia aeroagrícola envolve a aplica-

ção de líquidos: inseticidas, fungicidas, herbi-cidas e acaricidas; e de sólidos: semeadura deplantas de cobertura, de pastagens e florestas,aplicação de adubos e fertilizantes, povoamen-to de lagos e rios com peixes, combate a incên-dios florestais e, ainda, controle de vetores dedoenças endêmicas como os mosquitos da den-gue.

Uma das técnicas que mais vem sendo uti-lizada é a BVO (baixo volume oleoso), que tra-balha com vazões entre seis e 15 litros por hec-tare. O BVO é a grande sensação do momentoem diversos estados brasileiros. Tem sido a tec-nologia aeroagrícola que melhor tem se adap-

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Fotos Jeferson Luís Rezende

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Ocomparativo de custos entre asaplicações aéreas e terrestres tam-

bém é um bom indicativo das vantagens dasprimeiras.

Numa lavoura de 150 hectares de soja,onde a produtividade média estimada é de50 sacas por hectare, a percentagem deamassamento por conta da aplicação de de-fensivos pela via terrestre pode chegar a 5%.Isso representa uma perda total de 375 sa-cas de soja. Com a saca da soja cotada a R$28, e o dólar, a US$ 2,14 o prejuízo com oamassamento na lavoura em questão podealcançar R$ 10,5 mil, ou US$ 4,9 mil.

AVIÃO X TRATORComputando-se ainda o custo de ope-

ração de um equipamento tratorizado, queé de R$ 28 ou US$ 13,08 por hectare, têm-se mais R$ 4,2 mil ou US$ 1,9 mil de custopara operação nessa área. Somando-se oscustos, com os prejuízos causados peloamassamento, têm-se R$ 14,7 mil ou US$6,8 mil de perdas totais.

Por sua vez, o custo médio por hectare,para contratação de uma empresa aeroagrí-cola para aplicação de defensivos é de R$ 24ou US$ 11,21. Na área em questão, de 150hectares, o valor total de uma aplicação aé-rea alcançaria R$ 3,6 mil ou US$ 1,7 mil.

tado às necessidades de tratamento das gran-des lavouras, principalmente no combate à fer-rugem asiática.

As tecnologias BVO, BV e UBV usam nor-malmente atomizadores ao invés de bicos, re-sultando num tratamento mais eficaz, por atin-gir o alvo amplamente, inclusive o terço inferi-or da planta. Vazões de dez a 15 litros por hec-tare são ideais para as aplicações de fungicidas;cinco a dez litros por hectare para aplicação deinseticidas; de 20 litros por hectare para atrazi-na; e 25 litros por hectare para glifosato. Nacultura do algodão e da soja, por exemplo, asúltimas aplicações na lavoura são feitas com vo-lumes de dez a 12 litros por hectare.

Embora grande parte dos técnicos e dosprodutores ache que volumes maiores de apli-cação sejam mais eficientes e signifiquem mai-or cobertura, pesquisas indicam que na maio-ria desses casos a cobertura é insatisfatória, econseqüentemente o controle de insetos e do-enças é sofrível.

Os menores volumes de caldas são maiseficientes por vários motivos, principalmentepelo fato de que o princípio ativo mais concen-

trado permite maior eficiência de tratamento.Volumes menores também significam maiorprodutividade por hectare no tratamento reali-zado. Abaixa vazão propicia maior penetraçãona cultura e melhor homogeneidade do produ-to aplicado sobre o alvo.

Uma das principais características da apli-cação aérea é o tamanho das gotas utilizadas.Os equipamentos pulverizantes dos aviões con-seguem produzir gotas entre 50 e 250 micras.Esse é o melhor espectro de gotas utilizável emtodos os tratamentos, especialmente para a apli-cação de fungicidas.

É importante ressaltar que algumas cul-turas chegam a apresentar perdas de até 8%com o amassamento, quando são utilizadosequipamentos terrestres na aplicação dedefensivos. Além disso há um gasto adicio-nal de 2% do custo de produção só para des-compactar o solo na próxima safra. Outroserviço realizado pelos aviões diz respeito àsemeadura de coberturas verdes e pastagens,muito comum no Rio Grande do Sul, noMato Grosso e no Paraná.

POTENCIALIZANDO OS LUCROS

Rezende fala da importância da aviaçãoagrícola no aumento da competitividade

da agricultura brasileira

Uma das principais características daaplicação aérea é o tamanho das gotasutilizadas - entre 50 e 250 micras

Jeferson Luís Rezende,Nata - Unicentro

O setor aeroagrícola tem contribuído ex-pressivamente para o aumento da produtivi-dade e dos lucros do campo, colaborando de-cisivamente para o fortalecimento do agrone-gócio brasileiro. É uma tecnologia indispen-sável para os empresários rurais que praticamou desejam praticar uma boa gestão nos seunegócios.

Nesse contexto, as faculdades de agrono-mia têm papel fundamental na difusão dessatecnologia e no preparo técnico dos agrôno-mos. Elas poderiam incluir em seus currícu-los disciplinas de aviação aeroagrícola comomatérias naturais. Assim se poderá oferecerconhecimentos adequados aos futuros profis-sionais sobre essa técnica de aplicação, poissão eles os responsáveis legais pela execuçãodesses serviços. Dessa forma, além de formartécnicos mais preparados, as faculdades fo-mentarão uma maior e melhor utilização daaviação pelos agricultores, através dos profis-sionais formados que atuarão no campo e tam-bém a partir de pesquisas a serem desenvolvi-das em parceria com outros órgãos e empre-sas.

Como vimos, a aviação agrícola pode gerargrandes benefícios para o campo, não só au-mentando a produtividade das lavouras, mastambém diminuindo a poluição ambiental.Com ela o produtor rural poderá redirecionarinvestimentos na sua propriedade, aplicandoseus recursos financeiros de forma mais ade-quada e eficiente.

“O avião permite tratar uma área cultivada emmenor tempo e no momento apropriado”

M

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12 • Maio 06

regulagem

Oagricultor deve observar nos mí-nimos detalhes a distribuiçãocorreta de sementes e fertilizantes,

bem como a forma com que estes são deposita-dos no solo, para elevar ao máximo o potencialprodutivo de uma cultura.

Um desafio para os fabricantes de semea-doras tem sido desenvolver equipamentos quegarantam a precisão na colocação dos dois ele-mentos básicos no solo, semente e fertilizante,dentro das seguintes condições:

• Depositar as sementes no sulco de plan-tio com profundidade uniforme;

• Distribuir semente por semente de for-ma eqüidistante e sem falhas;

• Promover o contato entre solo e sementede forma apropriada, para uma melhor germi-nação;

• Depositar o fertilizante na profundidadee quantidade desejadas.

Para dificultar essa operação, entram emcena condições adversas como tipo e quantida-de de palha, diferentes condições de umidadedo solo, diferentes tipos de solo e ondulaçõesde terreno. As semeadoras precisam ter a capa-cidade de se adaptar a todas essas variações semperder qualidade no plantio.

Nos últimos anos, tivemos um desenvolvi-mento muito grande nos equipamentos de

plantio, principalmente em função do desen-volvimento de técnicas novas, como o plantiodireto, tendo hoje no mercado inúmeras op-ções de escolha para o agricultor.

A seguir, vamos discutir alguns detalhes dasplantadoras e suas regulagens que o agricultordeve observar no momento de adquirir seu equi-pamento, ou na hora do plantio. Estes farãogrande diferença nos resultados obtidos com alavoura.

COMPONENTES PRINCIPAISOs mais importantes componentes de uma

semeadora podem ser classificados em:• Chassi;

• Sistema de rodados;• Linhas de semente;• Dosadores de semente;• Linhas de adubação;• Dosadores de adubo;• Transmissões.

CHASSIPossui a função estrutural de suportar to-

dos os esforços gerados nos componentes de

Um desafio para os fabricantes de semeadoras temsido desenvolver equipamentos que garantam a

precisão na colocação das semente e do fertilizante

Hora de acertarHora de acertarFotos John Deere

É no momento do plantio que se define o potencial de produtividade da lavoura.O sucesso dessa operação está diretamente relacionado ao equipamento de

plantio utilizado, à sua correta regulagem e boa manutenção

É no momento do plantio que se define o potencial de produtividade da lavoura.O sucesso dessa operação está diretamente relacionado ao equipamento de

plantio utilizado, à sua correta regulagem e boa manutenção

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“A opção de calços de regulagem nos cilindros serve para liberar mais oumenos peso da máquina sobre os elementos de ataque ao solo”

ataque ao solo, bem como o próprio peso damáquina na hora do transporte. Estruturas bemdimensionadas não precisam necessariamenteser pesadas, mas sim ter seus componentes bemdistribuídos, otimizados. Para tanto se utilizamas mais modernas técnicas de análise estrutu-ral disponíveis no mundo, que visam obter avida longa dos componentes com otimizaçãode peso destes.

Outro detalhe importante no chassi é a ca-pacidade de permitir a maior gama possível deregulagens de espaçamentos. Como as técnicasde cultivo estão em constante evolução, essedetalhe será importante na hora em que o agri-cultor decidir por adotar outro espaçamentopara sua cultura, sem ficar preso às limitaçõesde seu equipamento.

Além disso são realizadas milhares de ho-ras de teste em condições extremas até a apro-vação final do produto.

SISTEMA DE RODADOSPossuem a função de suportar a máqui-

na em transporte e também de acionar osistema de transmissão da máquina. Algunsfabricantes dispõem de opção de rodado du-plo, que visa diminuir a pressão sobre o soloe a compactação deste.

Os pneus devem estar posicionados entreos discos duplos da semente e os sulcadores dalinha de adubo, de forma equilibrada, para pro-porcionar o melhor efeito de copiagem possí-vel, sem perder tração e sem suspender a linhade semente e os sulcadores de adubo do soloem condições extremas, como por exemplo, nahora de cruzar plantando sobre terraços.

A opção de calços de regulagem nos cilin-dros serve para liberar mais ou menos peso damáquina sobre os elementos de ataque ao solo.No caso de solo muito leve se usam os calçospara segurar parte do peso da máquina sobreos rodados, e no caso de solos pesados pode-mos liberar mais peso da máquina para os sul-cadores de adubo e linha de semente, ao se re-

tirar os calços do cilindro.No caso de rodados duplos, é importante

que todos os pneus possuam transmissão paraevitar que ocorram falhas em função de pati-nagem de um dos pneus. Outra questão im-portante é a articulação do rodado para permi-tir um acionamento constante da transmissão.

Deve-se observar também a altura de le-vante que o sistema de rodados proporciona àmáquina, para evitar danos nos componentesde ataque ao solo no momento do transporte,principalmente em estradas vicinais.

LINHAS DE SEMENTEPodem ser consideradas como a parte mais

importante de uma semeadora. A linha de se-mente será responsável pela abertura do sulco,pela correta deposição de semente ao solo - naprofundidade adequada, com boa uniformida-de e na distância certa, e pelo adequado fecha-mento do sulco.

Existem no mercado diversas versões de li-nhas de plantio, sendo que podemos dividi-lasem dois modelos principais: pantográficas e pi-votadas. Linhas pantográficas possuem a capa-cidade de copiar as ondulações do terreno semalterar a profundidade da semente, resultandoem uma melhor qualidade de plantio. Esse efeitoé obtido pela construção dos braços de susten-tação da linha em forma de pantógrafo.

As rodas limitadoras de profundidade pos-suem um papel importante, pois elas garantema uniformidade na profundidade de deposiçãoda semente. Elas podem estar montadas juntoao disco duplo de semente ou logo atrás deles.Esta última posição de montagem será impor-tante para permitir o trabalho em solos úmidose argilosos, permitindo que se entre na lavouracom antecedência e se aproveite o melhor perí-odo de plantio.

As rodas cobridoras possuem a função defechar o sulco e promover o melhor contatoentre a semente e o solo, evitando formação debolsões de ar sobre a semente, a fim de aprovei-tar ao máximo o potencial de germinação dasmesmas. As rodas cobridoras mais usadas são

as em “V”, pois promovem uma compactaçãolateral das sementes, sem formar o “crostamen-to” da superfície do solo quando se trabalhacom solo úmido, ou acorrem chuvas logo apóso plantio.

Quanto ao dosadores de semente, existemvárias opções disponíveis no mercado, dividin-do-se os mesmos em dois grupos principais:Mecânicos e Pneumáticos.

Os dosadores pneumáticos mais utilizadossão os de pressão negativa, conhecidos como “avácuo”. Essa tecnologia teve uma grande pe-netração no mercado nesses últimos anos, des-taque às regiões do Cerrado com suas grandespropriedades, onde o sistema ganhou grandeespaço. Eles permitem maiores velocidades deoperação sem perder precisão na distribuição.

No entanto, os dosadores mecânicos de dis-co horizontal ainda são os mais utilizados, prin-cipalmente nas regiões Sul e Sudeste. A veloci-dade de operação nestas regiões está limitada,muitas vezes, por condições de solo, não pelaquestão do dosador, por isso esse sistema aindavem atendendo convenientemente às necessi-dades da maioria dos agricultores.

O referido sistema evoluiu muito ultima-mente, principalmente no que diz respeito aodesenvolvimento dos discos. Estes, bem regu-lados, hoje operam com precisão em velocida-des de até 5 km/h para milho e 8 km/h parasoja - para este último utilizando discos de du-pla carreira. Frisamos, porém, que estes preci-sam estar muito bem regulados e que se devemselecionar de forma adequada o disco e o roletepara que a semente utilizada possa atingir bonsníveis de germinação. Não se deve deixar tam-

Uma boa altura de levante é importantepara o transporte do equipamento entre

as áreas de cultivo

A análise estrutural usa tecnologiade ponta em todos os componentes

da semeadora

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Uma característica muito im-portante é a capacidade de

copiagem da linha de semente. Linhascom pouca amplitude de trabalho ten-dem a ocasionar falhas quando encon-trarem irregularidades no terreno. É im-portante não confundir o efeito pan-tográfico com capacidade de copia-gem, pois são coisas distintas. A am-plitude, ou curso de trabalho, é dadaem função do comprimento do braçoe do ângulo de trabalho do mesmo. Oideal é que esse curso seja superior a50 cm, quando se trabalha em terre-nos ondulados ou sobre terraços.

COPIAGEM

bém de observar a velocidade máxima de ope-ração do equipamento.

Um detalhe importante na hora da escolhada semeadora é avaliar a disponibilidade e avariedade de discos que o mercado oferece parao modelo de dosador que a máquina possui.Também é imprescindível o uso de grafite paraaumentar a precisão do mecanismo e diminuiro torque necessário para o acionamento, alivi-ando o sistema de transmissão.

Outro ponto importante de ser observadoé a vedação dos rolamentos nas mancalizaçõesdos elementos rodantes. Vedações eficientes,como, por exemplo, o Veda System utilizadopela John Deere, podem garantir vida longa aosrolamentos, evitando paradas imprevistas du-rante o plantio.

SULCADORES DE ADUBOServem para depositar o adubo no solo sob

certas condições, para fazer o corte da palha epara preparar o sulco para a linha de semente.

Com o desenvolvimento do plantio direto,os sulcadores tiveram um incremento muitogrande, tornando-se um dos diferenciais numa

semeadora de plantio direto. Existem no mer-cado várias opções de sulcadores: pivotados oupantográficos, com disco duplo e com facãoafastado/haste, que figuram entre os mais utili-zados. Associado aos elementos sulcadores,usam-se discos para corte da palha a fim deevitar embuchamentos dos componentes.

Um bom curso do conjunto sulcador pro-porciona um melhor desempenho do conjuntoe um melhor efeito de copiagem do solo emterrenos acidentados e cruzando terraços. Ou-tro detalhe que faz a diferença em área comgrande massa de resíduos culturais é o desen-contro das linhas sulcadoras. Quanto maior odesencontro, melhor o fluxo de palha entre ossulcadores.

Sulcadores de discos duplos podem ser de-sencontrados ou defasados, geralmente utili-zados em solos de baixa compactação. Possu-em a vantagem de causar menor consumo depotência para a tração do implemento. Seu usoé desaconselhado em solos com alto teor de ar-gila ou muito compactados, pois poderá causarespelhamento do sulco ou contato da sementecom o adubo, comprometendo o desenvolvi-mento da cultura.

Já os sulcadores do tipo hastes são recomen-dados para uso em solos muito argilosos oucompactados. Seu uso promove a descompac-tação no sulco, favorecendo o desenvolvimen-to radicular das plantas onde seu uso for exigi-

do. Possuem o inconveniente de aumentar apotência consumida para a tração do imple-mento. Para minimizar esse efeito, tem-se tra-balhado muito nos últimos anos em perfis dehaste que diminuam a potência consumida eque reduzam o revolvimento do solo. A novahaste que a John Deere está usando em mode-los de plantadoras da série 11000 é um exem-plo disso.

Juntamente com a haste, está montadoo tubo condutor de adubo. O ideal é que omesmo possua regulagem para possibilitarque se deposite o adubo na profundidadedesejada, independentemente da profundi-dade da haste.

Os discos de corte, por sua vez, podem sertanto duplos (triplo disco) quanto com haste.Esse elemento visa efetuar o corte da palha, para

O curso da linha de semente na copiagemdo solo é muito importante para um

plantio uniforme

As Figuras abaixo mostram o efeito da linha pantográfica e da linha pivotada no controle de profundidade da semente

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“O ideal é que o tubo condutor de adubo possua regulagem para possibilitar que se depositeo adubo na profundidade desejada, independentemente da profundidade da haste”

Maio 06 • 15

evitar os embuchamentos e também melhoraro efeito de corte do disco duplo e/ou haste. Ostamanhos de disco de corte mais utilizados atu-almente são de 18 e 20 polegadas. O disco de18 polegadas possui maior poder de corte e de-sempenho melhor em solos argilosos e com-pactados onde houver dificuldade de penetra-ção. Em solos leves que oferecem pouca resis-tência ao corte se recomendam discos maiorescomo os de 20 polegadas. Sistemas de disco decorte com boa amplitude de trabalho minimi-

Sulcador tipo disco duplo comdisco de corte e tipo haste com

disco de corte

zam os embuchamentos por manterem umcorte da palha mais constante, independentedas oscilações do terreno.

DOSADORES DE ADUBOExistem vários sistemas de dosagem de fer-

tilizante no mercado, sendo os mais usados ossistemas de rotores dentados e a rosca sem-fim.Esta última é a opção mais comum atualmen-te. Esses tradicionais sistemas, no entanto, apre-sentam o inconveniente de proporcionar pul-sos na dosagem. Hoje, porém, existem tecnolo-gias, como o sistema de dosador Pro Meter(Dosador Profissional) da John Deere, que eli-mina o problema dos pulsos, proporcionandoum fluxo constante na dosagem de fertilizante.Esse efeito resulta em ganhos diretos de pro-dutividade, principalmente em culturas comoo milho, onde é muito importante o desenvol-vimento inicial da planta.

Outro detalhe importante nos dosadores éa questão da facilidade de manutenção. Caso osistema não possua dispositivos de interrupçãorápida do fluxo de adubo, ou não apresente fa-

cilidade de desmontagem dos componentes,como a mola sem-fim, por exemplo, poderáacarretar uma perda significativa de tempo nahora do plantio.

TRANSMISSÃOA transmissão possui a função de acionar

os elementos dosadores de semente e fertilizan-te. Na maioria das máquinas o movimento étransmitido a partir do sistema de rodado, pas-sando por um sistema de catraca e uma caixade transmissão, onde se permite fazer as regu-lagens da população de sementes e dosagem defertilizantes, de acordo com a necessidade decada cultura. Nesse caso o importante é obser-var a gama de variações de regulagens que amáquina oferece e a facilidade com que são fei-tas as regulagens, para se ganhar tempo no cam-po.

AJUSTES E REGULAGENSÉ importante observar as opções de regula-

gem que a máquina oferece e a facilidade comque podem ser feitas, para se tirar o máximo dequalidade de plantio e de rendimento operaci-onal no campo.

A observação do conjunto de todos essesfatores resultará em uma semeadora que reali-za um plantio com a melhor qualidade e comum maior rendimento operacional.

Detalhes como qualidade dos componen-tes, durabilidade do equipamento, valor de re-venda, disponibilidade de peças de reposição eassistência técnica são fatores que não podemser deixados de lado na hora da escolha de umequipamento.

Tentamos aqui descrever alguns detalhesque podem fazer diferença nos resultados deuma lavoura e orientar na escolha do equipa-mento ideal para atender às necessidades doprodutor.

Sucesso na aquisição de seu próximo equi-pamento de plantio.

O sistema de transmissão possui afunção de acionar os elementosdosadores de semente e adubo

O dosador profissional elimina o problemados pulsos, proporcionando um fluxoconstante na dosagem de fertilizante As opções de regulagem da máquina devem

oferecer facilidade, a fim de permitirmáximo rendimento operacional no campo

Eleandro Tomelero,John Deere

M

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16 • Maio 06

precisão

Asemeadura de precisão é impres-cindível para a mecanização in-tegral dos cultivos anuais, o que

resulta em uma boa emergência de plântu-las e aumenta significativamente a proba-bilidade de chegar ao momento da colheitacom adequado número de plantas por hec-tare e com uma distribuição mais uniformeentre elas. Esses fatores permitem um bomcrescimento e desenvolvimento da cultura.

O presente trabalho buscou avaliar onível tecnológico utilizado nas proprieda-des que cultivam milho, das regiões Sul edo Planalto do estado do Rio Grande do Sul,e identificar os principais fatores que influ-enciam na precisão de semeadura e obten-ção de estande final de plantas na lavoura.

Os trabalhos foram realizados em setepropriedades de quatro municípios da re-gião Sul (Capão do Leão, Canguçu, São

Lourenço do Sul e Turuçu) e de quatro mu-nicípios da região do Planalto (Erechim, Er-val Grande, Chiapeta e Santo Augusto), to-dos no Rio Grande do Sul.

TECNOLOGIA DE PLANTIOPara a avaliação da tecnologia de seme-

adura, foi usada estatística descritiva paraos dados referentes à semente, à semeado-ra, ao mecanismo dosador, ao sistema de cul-tivo e à velocidade de plantio (baixa, até4,5km/h; média, entre 4,6 e 5,5 km/h; e alta,maior que 5,6 km/h).

Para a avaliação da precisão de semea-dura, foram medidos os espaçamentos en-tre plantas em quatro amostras por lavou-ras (linhas de 30 m), quando estas atingi-ram em torno de 0,2 m de altura. Avalia-ram-se a percentagem de espaçamentos acei-táveis (normal, falho e múltiplo), como pro-

posto pela ABNT (1994), e o coeficiente devariação dos espaçamentos.

Para a avaliação do dosador, considerou-se a precisão deste em distribuir sementes,independente da percentagem da emergên-cia de plântulas. Na avaliação da precisãode todo o conjunto da semeadora, quandoas sementes não germinaram devido à pro-fundidade semeada, considerou-se como es-paçamento falho; no entanto, quando as se-mentes não germinaram devido a fatores dasemente ou do ambiente, considerou-secomo espaçamento normal.

Observou-se que em todas as proprie-dades, de ambas as regiões avaliadas, as cul-tivares eram híbridos de alta e média tecno-logia, com poder germinativo mínimo de85%. Além disso, as semeadoras apresenta-vam características semelhantes em seusequipamentos componentes, como o meca-

Estande perfeitoA precisão na semeadura é um fator que pode aumentar os índices produtivos

das culturas, maximizando a eficiência das sementes e dos fertilizantes, oaproveitamento do solo e da radiação solar, além de melhorar o controle

cultural de plantas concorrentes

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“Para a avaliação do dosador, considerou-se a precisão deste em distribuirsementes, independente da percentagem da emergência de plântulas”

Maio 06 • 17

Roberto Fritsche Neto,Ângelo Vieira dos Reis eDaniel Siefert Krüger,UFPel

nismo dosador do tipo disco horizontal. Noentanto, em relação ao sistema de cultivo,na região Sul o plantio direto é usado em57% das propriedades avaliadas, e no Pla-nalto este valor é de 100%.

PRECISÃO NA LAVOURANa precisão de semeadura, houve dife-

renças significativas em todas as variáveisavaliadas entre o desempenho das lavourasda região Sul. O mesmo não ocorreu na re-gião do Planalto, onde houve maior unifor-midade entre (e dentro de) lavouras, sendoapenas possível verificar diferenças entresestas através do coeficiente de variação do

mecanismo dosador e pelo estande final deplantas em relação à população-meta.

Os melhores resultados observados noestado foram no município de Canguçu(75,55% de precisão de semeadura e 84,95%de estande de plantas atingido), em umapropriedade que utilizava espaçamento de0,45 m entre linhas e de 0,33 m entre plan-tas, de acordo com as novas recomendaçõespara o cultivo do milho. Isso demonstra queessa recomendação auxilia uma melhor dis-tribuição de plantas na lavoura.

Por outro lado, há valores desanimado-res em muitas propriedades no estado, asquais representam quase 70% dos produto-res, onde a precisão de semeadura é abaixodos 65% de espaçamentos aceitáveis, e o es-tande de plantas, abaixo dos 70% do objeti-vado na semeadura.

Através dos resultados, observou-se tam-bém que velocidades baixas de semeadurapara a região Sul e médias para o Planalto,associadas ao sistema de plantio direto, ge-ram um melhor desempenho na obtenção

A profundidade de deposição da semente e doadubo é fundamental para uma boa emergência

de plântulas na lavoura

No milho, chegar à colheita como número adequado de plantas por hectareé imprescindível para uma boa produção

Inúmeros produtores trabalham com precisão desemeadura abaixo de 65%, para espaçamentosaceitáveis, e de 70%, para estande de plantas

do estande final de plantas (acima de 80%)e com boa uniformidade e distribuição lon-gitudinal de sementes (acima de 60% deespaçamentos aceitáveis).

Outro resultado de interesse se refereao coeficiente de variação entre mecanis-mos, mostrando-se como uma importan-te ferramenta na comparação de mecanis-mos dosadores e semeadoras, avaliando aspequenas variações de desempenho des-tes sistemas, as quais passariam desper-cebidas pelo método proposto pela ABNT(1994).

Em resumo, as lavouras da região Sulapresentam níveis satisfatórios de tecno-logia de semeadura de milho, mas inferi-ores aos encontrados no Planalto. No en-tanto, ambas as regiões necessitam ele-var seus níveis tecnológicos, buscando,assim, melhorar seus índices produtivose conseqüentemente reduzir seus custosde produção.

A semeadura de precisão éimprescindível para a mecanizaçãointegral dos cultivos anuais

M

Fankhouser

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silos horizontais

18 • Maio 06

Nenhuma economia no mundoé forte sem uma agricultura for-talecida. A produção agrícola é a

base de qualquer sistema econômico. A indus-trialização é uma conseqüência posterior a umaprodução agrícola organizada e eficiente. A ati-vidade agrícola pode ser baseada em médiasou grandes propriedades, com produção em lar-ga escala e com muita tecnologia, principal-

mente aplicada às máquinas, com pouco en-volvimento de mão-de-obra, como no padrãonorte americano; ou baseada em pequenas áre-as, usando intensamente a mão-de-obra, comono padrão chinês.

O Brasil, pela sua característica de um paíscontinental, adotou como referência o padrãonorte-americano. A agricultura no Brasil até oinício da década de 50 era um sistema de sub-

sistência, voltado apenas para o sustento da suapopulação, com exceção das lavouras de café ecana-de-açúcar, que desde o século XIX já ti-nham um caráter empresarial.

A produção de grãos, cereais e oleaginosas,com características industriais, voltada princi-palmente para a exportação, começou tardia-mente no Brasil. No início da década de 50, osEstados Unidos já tinham uma estrutura deprodução totalmente mecanizada, enquanto noBrasil estávamos apenas iniciando um proces-so de transição da enxada e da junta de boispara o trator, e o trator ainda era visto pelamaioria dos agricultores como uma máquinaexótica com possivelmente pouco resultadoprático e custo muito elevado, o que, de fato,

Armazenaré preciso

Na busca de alternativas para suprir a carência eevitar perdas de produtos, armazenar na própria

fazenda é uma tendência que vem crescendo muito.Alguns dos novos projetos em vias de instalação têmpor base armazéns auto-portantes horizontais, uma

nova opção que chega ao Brasil

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Page 19: Maquinas 52

“Seguindo essa tendência de crescimento, em dez anos, devemosestar produzindo 200 milhões de toneladas de grãos por ano”

Safra

1999/20002000/012001/022002/032003/042004/05

Produção(milhões de t)

83,030100,26796,747

123,168119,114113,481

Área plantada(milhões de ha)

37,82437,84740,19843,94747,42348,736

Produtividade(kg/ha)2.1952.6492.4072.8032.5122328

Tabela 1 - Evolução da produção da área plantada e daprodutividade da lavoura brasileira

era uma realidade.Porém, a adesão ao processo de mecaniza-

ção foi extraordinário e em nenhum outro paísdo mundo foi tão rápido como no Brasil. Opaís hoje é um dos maiores produtores de grãosdo mundo. E certamente em poucos anos setornará o maior produtor de alimentos do mun-do. O Brasil é o país que tem a maior área ará-vel disponível ainda não utilizada em todo omundo. Sem aumentar a área de derrubadas,apenas usando as áreas de Cerrado baixo e cam-pos ainda não arados, o Brasil pode duplicar asua área de lavouras, por outro lado, devido àutilização em massa de tecnologias de ponta,muitas desta desenvolvidas no próprio país, pelaEmbrapa, a produtividade da lavoura brasilei-ra cresceu rapidamente nos últimos anos, igua-lando-se em muitos casos aos países mais de-senvolvidos do mundo.

Isso pode ser comprovado pelos quadros egráficos de produção de grãos no Brasil nos úl-timos anos. Os dados referentes à safra 2005/06 são estimativas baseadas em informaçõesfornecidas pela Conab (Companhia Nacionalde Abastecimento).

CAPACIDADE DE ARMAZENAGEMDurante a Segunda Guerra Mundial, os

Estados Unidos mantinham cereais armazena-dos para cinco anos, e isso permitiu que todosos esforços fossem dirigidos para a defesa danação, sem faltar alimento para a sua popula-ção. Hoje, com maior controle e racionalizaçãodos estoques reguladores, eles mantém três sa-fras estocadas. Com isso, é possível enfrentarum período prolongado de seca, ou mesmo uma

guerra. Portanto, a armazenagem de grãos éuma questão de segurança nacional.

No Brasil, os números são alarmantes. AConab mantém um registro de todos os arma-zéns do país, classificados por regiões e por ti-pos de armazém.

A Tabela 2 mostra números até razoáveis,que permitem imaginar que temos capacidadede armazenar quase uma safra completa, en-tretanto, a análise mais detalhada nos mostraque a verdade é outra muito diversa.

Os dados aparentam uma razoável situa-ção, já que, para uma previsão de colheita emtorno de 113 milhões de toneladas, temos ca-pacidade de estocar 104 milhões, ou seja, prati-camente uma safra. Isso, apesar de ainda estarlonge da meta mínima para garantir a seguran-ça alimentar frente a um eventual catástrofe, jáseria um avanço considerável.

Entretanto, essa não é a realidade, porquenessa estatística estão computados todos ospossíveis locais de armazenagem do país. Qua-se a metade são armazéns antigos de fundo pla-no, utilizáveis apenas para sacaria, sem nenhumtipo de equipamento. Entre estes, existe umnúmero muito elevado de antigos armazéns ca-

feeiros do extinto IBC (Instituto Brasileiro doCafé). Estes são galpões de alvenaria cobertocom telhas de barro, com calhas, muitos dosquais semi-destruídos. Também estão compu-tados até salões de festas das igrejas e colégiosde zonas remotas, que em época de safra pode-rão ser requisitados como armazenagem emer-gencial. Dos restantes, muitos estão condena-dos por falta de condições mínimas para pro-cessar e preservar os grãos.

A Conab apresenta também uma avalia-ção real da situação, mostrando os armazéns/silos capazes de receber e conservar os grãos(Tabela 3).

Os dados comprovam que temos condiçõesde armazenar apenas pouco mais da quartaparte de uma safra, por um período de poucomais de três meses.

ESTIMATIVAS FUTURASSe forem consideradas as estatísticas que

apontam para o progressivo crescimento dovolume de produção da agricultura brasileira,relacionando-as com os investimentos previs-tos para o setor no mesmo período, a situaçãotende a ficar ainda mais preocupante. Ver Grá-fico 4.

Fica claro, desse modo, que a produção bra-sileira apresenta uma tendência progressiva.Seguindo essa tendência de crescimento, emdez anos, devemos estar produzindo 200 mi-lhões de toneladas de grãos por ano. Então, paraatingirmos a meta de armazenar pelo menosuma safra completa, nesse período, deveremosinstalar pelo menos cinco vezes mais silos e ar-mazéns do que foi feito nos últimos 50 anos.Desse modo, não é nenhuma heresia afirmarque a demanda de equipamentos para arma-zenagem de grãos é muito superior à capacida-de de fabricação das empresas que hoje atuamno setor.

EVITANDO PREJUÍZOEstima-se que entre 10% e 20% da produ-

ção brasileira de grãos seja perdida por falta dearmazenagem adequada. É muito comum seouvir falar que a safra está chegando e que nãoexistem silos disponíveis para estocar a produ-

Maio 06 • 19

Curvatura circular do perfillongitudinal dos telhados

auto-portantes

Gráfico 1 - Curvas de produção, de área plantada e de produtividade de grãos no Brasil

Page 20: Maquinas 52

20 • Maio 06

UF19801990200020012002200320042005

BA533,0

1.096,02.012,32.031,21.856,71.877,92.848,82.891,4

GO1.995,08.126,09.813,710.052,210.181,210.345,711.068,611.149,5

MG2.241,04.378,04.541,64.499,44.750,54.676,36.216,46.327,0

MS997,0

3.159,04.516,34.757,14.863,85.581,45.798,25.844,1

MT242,0

5.334,012.706,113.231,013.433,114.418,314.900,715.971,8

PR10.506,017.711,017.693,117.624,418.648,418.960,920.375,822.021,3

RS10.126,015.537,018.134,118.662,018.674,819.644,720.140,321.238,3

SC1.402,02.409,03.011,43.063,22.850,73.185,63.371,13.304,2

SP8.787,0

12.644,09.755,99.677,59.618,89.585,39.668,39.876,6

TO

676,01.003,11.012,11.012,61.089,71.352,81.285,4

TOTAL40.449,0076.506,0087.462,4088.656,2089.734,2093.358,60

100.476,70104.879,62

Tabela 2 - Evolução da capacidade de armazenagem no Brasil

CAPAC. (t)14.198.8905.092.940

14.538.20033.830.03062.727.0107.649.230

UA’s1.069597

2.3453.8199.860653

CAPAC. (t)11.953.0704.034.1109.768.42024.213.58045.905.0206.726.420

UA’s634315892

1.7585.111413

CAPAC. (t)2.245.8201.058.8304.769.7807.489.260

16.821.990922.810

UA’s435282

1.45320614.749240

SITUAÇÃOCADASTRALCREDENCIADOSDESCREDENCIADOSAPTOS SEM CONTRATOTOTALIMPEDIDOSIRREGULARES

CONVENCIONAL GRANEL TOTAL

Tabela 3 - Situação real dos armazéns/silos capazes de receber e conservar grãos no Brasil

ção. Isso é uma verdade que representa um gran-de prejuízo para o produtor e para a nação. Nãohavendo como armazenar, o produtor se vê for-çado a vender sua produção, por qualquer pre-ço, para a primeira empresa exportadora que semostrar interessada.

Em geral são grandes empresas exportado-ras, geralmente multinacionais, que detêm oscontratos de exportação. Dessa forma, o pro-duto é vendido imediatamente pelo preço queo comprador se propõe a pagar. Como não háonde armazenar, caminhões e trens se trans-formam em armazéns temporários entre a fa-zenda e o porto. Esse pico de transporte duran-te a safra causa outros problemas, como exces-so de tráfego nas rodovias, elevação do custo dotransporte durante o período, necessidade deuma grande frota de caminhões, que após a sa-fra fica parcialmente ociosa, entre outros.

Muitas vezes a secagem e limpeza dos grãosé feita nos armazéns portuários. Nesse casopode haver perda por fermentação dos grãosdurante o transporte.

Outra fonte de perdas são os próprios silossem equipamentos adequados. Por exemplo: afalta de aeração pode causar até a queima dosgrãos armazenados. As perdas por ataque deinsetos, roedores e fungos devido à armazena-gem inadequada causam também um prejuízo

considerável.

ARMAZENAGEM NA FAZENDANa busca de alternativas para suprir essa

carência e evitar mais perdas, uma tendênciavem crescendo nos últimos tempos. Trata-seda armazenagem nas próprias fazendas. Con-siderando-se essa tendência de o produtor ar-mazenar o seu produto no local onde foi pro-duzido, algumas empresas vêm desenvolvendoprojetos específicos para armazenagem “emcasa.”

Alguns desses projetos têm por base umarmazém auto-portante horizontal de peque-no porte. Esse armazém, pelas suas caracterís-ticas, não tem estrutura de sustentação (a pró-pria telha se auto-sustenta e suporta cargas adi-cionais, como peso de uma rosca de carga, ca-bos de termometria, efeito de vento etc.) (Fi-gura 1).

Podem ser usados como um armazém gra-neleiro de fundo plano ou semi-V, ou aindacomo galpão para armazenagem, abrigo demáquinas, instalação de lojas, oficinas, depósi-tos e/ou até mesmo hangar.

Uma característica que diferencia os arma-zéns horizontais é a formato do seu perfil. Atelha que forma o arco tem uma forma caracte-rística, tanto no perfil transversal como no lon-gitudinal, que lhe garante a rigidez necessáriapara a formação de um arco auto-portante, ouseja, sem estrutura de sustentação. Telhadosauto-portantes são utilizados atualmente, po-rém, não atendem às especificações técnicas deprojetos para armazenagem em nível de fazen-da.

O perfil longitudinal dos telhados auto-portantes hoje existentes têm a forma de umarco de círculo. Essa curvatura circular, confor-me ilustrado na Figura 2, tem o inconvenientede formar um ângulo pequeno em relação aopiso, impedindo o uso pleno do armazém nes-ta região, pois o telhado, começando no piso,forma uma parede inclinada. Essa parede in-clinada impede, por exemplo, que aí seja insta-lado um equipamento, estacionada uma má-quina agrícola, ou que seja depositada uma caixa

Miguel e Cleiton apresentam mais umaalternativa para armazenagem de

produtos em nível de fazenda

Gráfico 2: Evolução da capacidade estática de armazenagem no Brasil

No Brasil as condições de armazenagem são preocu-pantes, atualmente pouco mais da quarta parte de uma

safra pode ser acondicionada por apenas três meses

Mig

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argo

Divulgação

Page 21: Maquinas 52

“Nas nervuras existentes nas abas laterais da telha existem furos que servem parafixar, através de parafusos, dois arcos adjacentes, na montagem do armazém”

M

Maio 06 • 21

alta.A telha auto-portante, base desse projeto,

possui um perfil transversal em arco, com umacurva característica não circular. Esse arco ini-cia com uma curvatura pouco acentuada queaumenta progressivamente até atingir um ápi-ce deslocado do centro da telha. Após, a curva-tura decresce, voltando progressivamente à cur-vatura inicial.

Montando–se com parafusos duas telhas,em seqüência, porém, com sentidos opostos,obtém-se um semi-arco, não circular, com umacurvatura mais acentuada em torno da uniãodas duas peças. Dois destes semi-arcos unidospelas pontas de forma espelhada formam umarco abatido, isto é, um arco não circular comcurvatura variável possuindo dois ápices sime-tricamente opostos.

Esse arco abatido tem como vantagem naformação de um armazém o fato de que a pare-de lateral formada pelo próprio telhado se ini-cia quase na vertical e lentamente vai se cur-vando em direção ao centro do armazém, atéum ponto onde se acentua abruptamente for-mando uma espécie de aresta curva, determi-nando uma altura de pé direito. Isso resulta em

uma área útil junto à parede com um pé direitomais alto, permitindo o uso do espaço verticalnesta região.

O arco padrão é constituído de quatro te-lhas idênticas montadas alternadamente emsentidos opostos. Diversos arcos assim forma-dos compõem um armazém cujo comprimen-to depende do número de arcos montados.

A secção transversal da telha possui umperfil característico, definido para obter umaalta rigidez. Esse perfil tem a forma geral deum V com o vértice truncado, formando umabase onde existem três nervuras, que enrijecema superfície do fundo do V. Nos taludes lateraisexistem duas nervuras que enrijecem a paredeassim formada, diminuindo o seu comprimen-to de flambagem. As bordas superiores do Vsão dobradas para fora, e em cada aba assimformada existe uma nervura semelhante às do

fundo do V.Nas nervuras existentes nas abas laterais

da telha existem furos que servem para fixar,através de parafusos, dois arcos adjacentes, namontagem do armazém. Nas extremidades datelha também existem furos que servem parafixar com parafusos duas telhas subseqüentesna formação do arco.

O carregamento dos grãos no armazém (silohorizontal) é feito por uma rosca sem-fim sus-pensa na própria telha auto-portante, e a des-carga é feita também por uma rosca sem-fimencaixada em uma canaleta no piso do arma-zém.

Gráfico 4 - Estimativa brasileira de produção para as próximas safrasGráfico 3 - Resumo da situação dos armazéns brasileros

Miguel Neves Camargo,FahorCleiton Lima Boeno,UFSM

M

Page 22: Maquinas 52

escarificadores

22 • Maio 06

Acompactação dos solos sob siste-ma plantio direto, ocasionadapelo tráfego de máquinas ou pelo

pisoteio de animais (em áreas com integraçãolavoura-pecuária) é um problema identificadoem várias regiões do Brasil, segundo levanta-mento feito dentro do Projeto Plataforma Plan-tio Direto (2003). O problema existe e, emmuitas situações, tem afetado a produção dasculturas, principalmente em anos agrícolas emque as condições climáticas não são favoráveis,tanto por excesso ou por falta de chuva.

Determinar níveis críticos de densidadecontinua sendo o grande desafio da pesquisa.Esses limites dependem principalmente da tex-tura, da qualidade da estrutura do solo e doteor de matéria orgânica. As alterações na den-sidade do solo promovem alterações na estru-tura do solo, afetando de forma muito intensaas complexas interações que ocorrem no siste-ma solo-água-planta.

DENSIDADE RELATIVAUma alternativa para definir valores críti-

cos de densidade do solo é a densidade relativa,que é a razão entre a densidade do solo e a den-sidade máxima do solo, obtida pelo teste deProctor.

Diversos autores têm determinado valo-res críticos de densidade relativa entre 0,86 a0,90 (dependendo da textura do solo). Nes-sa condição ocorre uma grande redução novolume de macroporos, o que afeta o movi-mento normal da água e do ar, determinan-do um menor crescimento e rendimento dasculturas. Outro trabalho, comparando áreassob plantio direto (PD) e plantio direto esca-rificado (PDE) (Vieira, 2006), encontrou di-ferenças significativas de densidade relativaentre os manejos, sendo que no PD foi de

0,94 e, no PDE de 0,89, 12 meses depois daescarificação.

IHOUma outra metodologia para determinar a

qualidade física do solo é o Intervalo HídricoÓtimo (IHO), que consiste em analisar de for-ma conjunta as propriedades físico-hídrico-mecânicas de um solo, sendo possível a indica-ção de limites de densidade, a partir dos quaisas condições ao desenvolvimento do sistema

Éimportante destacar que quandoas condições climáticas forem fa-

voráveis, isto é, chover na medida certa,os efeitos da compactação poderão pas-sar despercebidos.

CONDIÇÕES IDEAIS

A escarificação esporádica de solos sob plantio direto é uma técnica que podemelhorar a qualidade física do solo e se refletir em aumento na produtividadedas lavouras

A escarificação esporádica de solos sob plantio direto é uma técnica que podemelhorar a qualidade física do solo e se refletir em aumento na produtividadedas lavouras

Quando escarifiQuando escarifi

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“Outro cuidado importante com a escarificação é a questão daumidade do solo, que deve se encontrar friável”

Maio 06 • 23

radicular das plantas são críticas.Para o solo acima analisado (Figura 1) em

densidade acima de 1,34 Mg/m3 existem gran-des probabilidades de plantas sofrerem severos

estresses por deficiência de aeração, excesso deresistência mecânica ao crescimento do siste-ma radicular das plantas e redução no volumede água disponível às plantas.

Estabelecida a densidade do solo crítica,sendo esse valor maior, é fundamental que seadotem práticas mecânicas para solucionar esseproblema imediatamente, visando minimizarriscos físicos ao pleno desenvolvimento das plan-tas.

PLANTIO DIRETO PLUSUma alternativa para eliminar o problema

da compactação é realizar, esporadicamente,uma escarificação do solo, utilizando implemen-tos de hastes, preferencialmente parabólicas,equipadas com discos de corte, para corte dosrestos culturais, e um complemento nivelador/destorroador, em profundidade não superior a25 cm.

A ação desse tipo de implemento promoveo cisalhamento dos agregados maiores do solonos seus pontos de fraqueza, o que afeta muitopouco a estrutura do solo. Nesse tipo de siste-ma deve-se evitar ao máximo a utilização deimplementos de preparo secundário, como gra-des niveladoras, pela ação de pulverização queesse tipo de implemento causa ao solo, o que,

nas condições de lavoura, sem terraços, é ero-são hídrica na certa.

É preciso ter muito cuidado, para não rea-lizar a escarificação em um momento inade-quado, uma vez que a superfície do solo ficacom elevada rugosidade superficial, o que po-derá acarretar sérios problemas durante a co-lheita, principalmente com culturas que neces-sitem ser colhidas rentes à superfície do solo,como a soja.

Outro cuidado importante com a escarifi-cação é a questão da umidade do solo, que devese encontrar friável. Solo muito úmido não per-mite uma descompactação adequada, e soloseco, além de exigir uma elevada potência dotrator, forma torrões muito grandes, o que difi-culta a implantação da cultura subseqüente emfunção da excessiva rugosidade superficial.

Para evitar esse tipo de problema, recomen-da-se, pelo menos na região Sul do Brasil, rea-lizar essa operação imediatamente antes daimplantação da cultura de inverno que irá an-teceder o milho, uma vez que isso permitiráum tempo para acomodação natural do solo

A escarificação esporádica é uma práticaimportante que não afeta de forma

negativa o teor de matéria orgânica do solo

Figura 1 - Variação da umidade do solo em relação à densidade nos níveis críticos da resistência mecânica do solo à penetração (RP= 2 MPa); porosidade de aeração (PA = 10 % de poros livres de água); capacidade de campo (CC = tensão da água no solo a 6 kPa

Figura 2 - Teor de matéria orgânica do solo em profundidade (PD= plantio direto e PDE =plantio direto escarificado. (Vieira, 2006)

Case IH

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Page 24: Maquinas 52

24 • Maio 06

sem a necessidade de operações de nivelamen-to. Existem, inclusive, implementos comerci-ais que permitem realizar a escarificação e a se-meadura de uma cultura para cobertura do solona mesma operação.

ESCARIFICAÇÃO X MOA escarificação, pelo pequeno revolvi-

mento do solo que ela acarreta, não afeta deforma negativa o teor de matéria orgânicado solo. Em trabalhos realizados, demons-trou-se que a escarificação melhora as con-dições para o desenvolvimento do sistemaradicular das plantas de cobertura, propor-cionando, inclusive, um aumento no teorde matéria orgânica no solo em profundi-dade, como pode ser observado na Figura2, em amostras coletadas 12 meses após aescarificação em área sob resteva de soja.

ESCARIFICAÇÃO X PRODUTIVIDADEVários trabalhos têm sido realizados bus-

cando quantificar o efeito da escarificação so-bre o rendimento das culturas. Resultado dedois experimentos são apresentados a seguir:

A cultura do milho é aquela que, em fun-ção da necessidade de um grande crescimentodo sistema radicular, melhor responde a essesistema. Os resultados obtidos com milho im-plantado 15 meses após a escarificação de-monstram que o PDE produziu 805 kg/ha maisdo que o PD.

Um outro problema que a compactaçãoacarreta é a deficiência de aeração no solo, fatoque ocorreu com a cultura do trigo apresenta-

do na Figura 4. Em inverno chuvoso (2005) otrigo no PDE produziu 682 kg/ha a mais doque no PD.

ESCARIFICAÇÃO X PRAGAS DE SOLOUma questão que também pode ser apon-

tada como positiva da escarificação em solossob PD é a alteração na dinâmica dos insetosde solo, muitas vezes prejudiciais às culturasimplantadas e responsáveis pela necessidadede tratamentos químicos com inseticidas. Emtrabalho realizado por Silva e colaboradores fi-cou comprovado que essa operação mecaniza-da reduziu significativamente o número de lar-vas de coro (Dilobderus abderus) no solo, pelaperturbação no ambiente onde estava alojado.

ESCARIFICAÇÃO X INFILTRAÇÃOInúmeros têm sido os problemas de ero-

são hídrica verificados em solos sob plantiodireto, em função da falsa idéia de que osrestos culturais na superfície são os únicosresponsáveis por evitar esse problema. A ero-são hídrica é diretamente influenciada pelaredução na taxa de infiltração da água nasuperfície do solo, a qual depende, além dosrestos culturais, da permeabilidade, da ru-gosidade superficial, da umidade inicial, dadeclividade do terreno, entre outras carac-terísticas e propriedades do solo.

Nesse sentido avaliou-se o efeito da es-carificação do solo sob plantio direto na in-filtração de água no solo. Num trabalho

Figura 3 - Produção do milho em dois sistemas de manejo (PD=plantio direto e PDE = Plantio direto escarificado

Figura 4 - Produção de trigo em dois sistemas de manejo (PD= plantio direto e PDE = Plantio direto escarificado Figura 5 - Efeito da escarificação sobre os insetos de solo (Silva et al. 1995)

Page 25: Maquinas 52

“O problema da compactação do solo em áreas sob plantio direto é sérioem muitas situações, e o pior cego é aquele que não quer ver”

Maio 06 • 25

(Vieira, 2006), 24 meses após a escarifica-ção, a taxa de infiltração básica ainda era2,12 vezes maior no PDE.

Em outro trabalho (Figura 6), em testesde condutividade hidráulica do solo satura-do, realizados 12 meses após a escarificação,a infiltração de água no solo foi oito vezesmaior no PDE e, seis meses após escarifica-ção foi de 3,8 vezes superior no PDE em re-lação ao PD. Esses resultados comprovammais uma vez a eficiência da escarificação emaumentar a infiltração de água para o perfildo solo, o que, além de aumentar a água dis-ponível às plantas, em muito contribui paraa preservação do ambiente, visto que colabo-ra para reduzir o carreamento de nutrientese pesticidas para os cursos de água.

VIABILIDADE TÉCNICAA escarificação esporádica de solos sob

plantio direto é uma técnica viável, tanto doponto de vista econômico, já que é uma ope-ração barata (=R$ 70,00/ha), e o seu efeito,duradouro. Os efeitos positivos da sua açãono solo poderão beneficiar mais de uma cul-tura (no mínimo seis), ficando assim esse custodiluído. Do ponto de vista ambiental, aumen-ta a infiltração de água no solo e reduz o esco-amento superficial de água e, por conseqüên-cia, os riscos de erosão hídrica e todos os seusefeitos danosos à preservação da qualidade dosolo e ao ambiente.

Não se está aqui recomendando escarifica-ção indiscriminada dos solos sob plantio dire-to. É preciso saber se o solo efetivamente estácom problemas de compactação e se o cresci-mento do sistema radicular das plantas estásofrendo restrições. Solos com altos teores deargila são mais problemáticos do que aquelesde textura média ou arenosa.

O diagnóstico correto precisa ser feito paraque o remédio adequado seja aplicado. Precisa-mos conhecer melhor as propriedades físicas,hídricas e mecânicas dos solos agrícolas e o com-portamento do sistema radicular nessas condi-ções. Quando não se conhecem um assunto,

ou um problema técnico, e tampouco os seusefeitos sobre as plantas e o ambiente, costuma-se desprezá-lo. O problema da compactação dosolo em áreas sob plantio direto é sério emmuitas situações, e o pior cego é aquele quenão quer ver.

O que apresentamos nesse texto é uma tec-nologia já conhecida pelos agricultores, a maio-ria tem esse implemento na sua propriedade oqual resolve de forma imediata a limitação físi-ca imposta pela compactação, sem prejuízos à“estrutura do solo” construída durante muitosanos de plantio direto.

Vilson, Márcio e Clóvis demonstrama viabilidade da escarificaçãoesporádica no plantio direto

A escarificação esporádica de solos sob plantiodireto é uma técnica viável, tanto do ponto de

vista econômico quanto em relação ao seu efeito

Raiz de girassol com séria limitaçãoao crescimento em profundidade,

devido à compactação

Vilson Antonio Klein,Márcio Luis Vieira eClóvis Dalri Marcolin,UPF

M

Figura 6 - Taxa de infiltração da água no solo em função dos siste-mas de manejo (PD= plantio direto e PDE = Plantio direto escari-ficado). (Câmara e Klein, 2005)

Yanmar Massey Ferguson

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Page 26: Maquinas 52

cana

26 • Maio 06

OBrasil colheu 440 milhões detoneladas de cana-de-açúcar emaproximadamente seis milhões

de hectares, com produtividade média de 74t ha-1. Na região Sudeste do Brasil, a cana-de-açúcar é uma cultura de grande impor-tância, tanto social como economicamente.No estado do Rio de Janeiro, que respondepor 1,6% da produção nacional, os níveis deprodutividade ainda são baixos, em torno de45 t ha-1, em virtude do manejo inadequadosolo com o preparo convencional causandoerosão de partículas e lixiviação dos nutrien-tes, dos cultivos sem adubação e do uso devariedades com baixo potencial produtivo.Além disto, o manejo convencional tem cau-

sado prejuízos com a queima da cana, tantoem nível de solo, como humano e principal-mente ambiental.

BENEFÍCIOS DO PDO uso de sistemas conservacionistas,

como o plantio direto (PD) que engloba aadubação verde e a rotação de culturas, é ca-paz de proporcionar melhorias nas caracte-rísticas químicas e físicas do solo. Este siste-ma proporciona comprovadas melhorias nascondições de fertilidade do solo, pois é efici-ente em acumular matéria orgânica no soloe contribuir para o seqüestro do CO2 atmos-férico em solos agrícolas e, portanto, para amelhoria da qualidade ambiental.

De médio a longo prazo, o sistema deplantio direto favorece o maior acúmulo depalha na superfície do solo, maior percenta-gem de agregados nas classes de maior diâ-metro, menor desagregação do solo, maiorretenção de água, maiores taxas de infiltra-ção de água no solo, redução superior a 99%nas perdas de solo e 94% nas perdas de água.Este sistema proporciona ainda menores tem-peraturas máximas e flutuação térmica dosolo, menor evaporação da água do solo, mai-or economia de água de irrigação em tornode 14%, em relação ao preparo convencionalcom o solo descoberto ou sem palhada nasuperfície do solo e, reduz o número de ope-rações mecanizadas significativamente, pro-

Direto na canaO plantio direto de cana-de-açúcar, além de proporcionar a redução do número

de operações e do tempo disponível de pessoal e equipamentos envolvidos,promove a redução de até 47% dos custos em comparação ao sistema

convencional de implantação da lavoura

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Page 27: Maquinas 52

“O milho híbrido e variedade reagem favoravelmente ao plantio direto eadubação verde no inverno, evidenciando sensível melhoria de rendimento”

Maio 06 • 27

Em pesquisa inédita, conduzida naregião Norte Fluminense, avalian-

do o sistema de plantio direto de cana-de-açúcar com o emprego da adubaçãoverde em comparação com o convencio-nal, foram observados resultados muitorelevantes. O sistema de plantio diretode cana-planta, variedade SP80-1842,sobre as plantas de cobertura crotaláriajuncea, mucuna preta e feijão de porcoproporcionou produtividade média de135,9 t/ha enquanto no convencional foide 99,0 t/ha de colmos.

PRODUTIVIDADE

porcionando economia em custos operacio-nais.

O emprego de leguminosas para cober-tura do solo em sistema de plantio direto emculturas como a cana-de-açúcar, milho, sor-go, trigo, entre outras da mesma família, apre-senta-se como uma alternativa para o supri-mento parcial ou total de N. Além do supri-mento de N, a cobertura do solo por essasespécies pode determinar um aumento norendimento das culturas comerciais, consi-derando a reciclagem de nutrientes como P,K, Ca, Mg e S, assim como a associação dosistema de plantio direto ao uso de plantasde cobertura demonstra potencial para recu-perar o teor de matéria orgânica e, conseqüen-temente, seqüestrar carbono no solo e con-tribuir para mitigar o efeito estufa.

Como exemplo pode-se citar a alternân-

cia do milho com leguminosa que traz me-lhoria da produtividade no plantio direto. Talprática pode aumentar em cerca de 12% orendimento de grãos quando comparado como sistema convencional. O milho híbrido evariedade reagem favoravelmente ao plantiodireto e adubação verde no inverno, eviden-ciando sensível melhoria de rendimento. Aadoção dessa prática permite obter índicesmédios de aumento da ordem de 26% emrelação aos obtidos nas condições de solodegradado pelo manejo convencional. Por-tanto, é fator preponderante para alcançaraltas produtividades, não só ocasionalmen-te, mas com acréscimos ao longo dos anos.

Nesse sentido, deve ser estudado e utili-zado como um importante instrumento paragarantir a sustentabilidade da agropecuária,

pois reúnem um conjunto de práticas capa-zes de fazer manter viável o solo, o ambientee a economia ao longo do tempo.

PD EM CANA-DE-AÇÚCARCom a adoção do sistema de plantio di-

reto, não há mais a queima prévia da cana-de-açúcar, uma vez que a colheita da canano plantio direto é crua. A adição de carbo-no pela preservação da palhada da cana, porocasião da colheita mecânica, também con-tribui para a melhoria dos atributos quími-cos do solo e proporciona melhoria na quali-dade da matéria orgânica do solo com au-mento de substâncias húmicas alcalino-so-lúveis mais condensadas. A colheita da canasem queima da palha resulta em maiores te-ores de magnésio, carbono orgânico e da bio-massa microbiana do solo.

As práticas de manejo que visam à co-bertura e proteção do solo com resíduos deplantas condicionam uma acentuada recu-peração da fertilidade e, conseqüentemente,um ambiente favorável ao desenvolvimentodas plantas cultivadas. E ainda o plantio di-reto na cana-de-açúcar proporciona reduçãono número de operações, tempo disponívelde pessoal e equipamentos envolvidos e decustos em aproximadamente 47% em com-paração ao convencional.

O sistema de plantio direto de cana-de-açúcar, no Estado de São Paulo, evidencioutodos os benefícios já citados, refletindo di-

Plantio direto de cana sobre a crotaláriajuncea com o conjunto Ford 8430 DT e

plantadora de duas linhas

Plantio convencional com mucuna pretaincorporada com o conjunto Ford 8430DT e sulcador de três linhas

Page 28: Maquinas 52

28 • Maio 06

Foi realizado um trabalho com o ob-jetivo de avaliar o desempenho de

conjuntos mecanizados para o plantiodireto da cana-de-açúcar em comparaçãoao convencional – que consiste em ope-rações de aração e gradagem. O trabalhodesenvolvido também objetivou avaliar aviabilidade do plantio direto sobre os adu-bos verdes sem o prévio manejo dos mes-mos com manejo químico (herbicidas),rolo faca ou roçadora. Foram testadas asseguintes combinações de trator imple-mento: trator Ford 8430 DT 4x2 TDA complantadora de duas linhas DMB; tratorFord 8430 DT com sulcador de três linhasDMB, e trator Ford 5610 4x2 com sulca-dor de duas linhas DMB.

COMBINAÇÕES TESTADAS

retamente na produtividade da cana-planta,que atingiu aproximadamente 131 t/ha, en-quanto no convencional ficou em torno de65 t/ha. Da mesma forma, no segundo corteo plantio direto proporcionou a cana-socauma produtividade 121% superior ao siste-ma convencional.

CONJUNTOS MECANIZADOSA operação de plantio requer do trator

utilizado capacidade em desenvolver esfor-ço para tracionar as máquinas e implemen-tos agrícolas. Na transmissão de potênciado motor para a barra de tração, ocorremperdas que, dependendo das condições deoperação do trator, distribuição de peso so-bre as rodas motrizes e tipo de acoplamentopodem atingir níveis bastante comprome-tedores.

A perda de potência ocorre também nosdiferentes setores do trator e em diversos

tipos de tratores (4x2, 4x2 TDA, 4x4 e deesteiras) e condições de piso. A perda de po-tência disponível na barra de tração em re-lação à potência líquida no motor de trato-res 4x2 pode variar de 22 a 51% para pisode concreto e solos soltos, respectivamente.Enquanto, a perda de potência dos tratores4x2 TDA pode variar de 22 a 42% para piso

de concreto e solos soltos, respectivamente.A patinagem de um rodado de tração

pode ser definida como a redução de deslo-camento em determinada condição de pisocomparada com uma condição específica,também chamada de condição zero, onde semede o rolamento do rodado em piso inde-formável e em situação sem carga. A cober-

Gráfico 2 - Patinagem média de cada conjunto em operações de plantio de cana emdiferentes manejos e plantas de cobertura

Gráfico 1 - Patinagem média dos conjuntos em operações de plantio de cana em diferentesmanejos e plantas de cobertura

Page 29: Maquinas 52

“É possível reduzir o tempo de implantação da cultura e os custos operacionaisdevido à diminuição de operações no plantio direto da cana-de-açúcar”

tura do solo interfere na capacidade do tra-tor em desenvolver esforço para tracionarmáquinas e implementos e o tipo de cober-tura podem causar mudanças de patinageme na eficiência tratória.

Recomenda-se para a obtenção de máxi-ma eficiência de tração, patinagem de 8-10%em solos não mobilizados e de 11-13% emsolos mobilizados. No entanto, é importantesalientar que os referidos solos não mobiliza-dos não têm palhada na superfície, ou seja, osolo está descoberto.

Os conjuntos mecanizados foram avali-ados em quatro sistemas: plantio direto so-bre crotalária juncea; plantio direto sobrefeijão de porco; preparo convencional sobremucuna preta incorporada com grade ara-dora; e preparo convencional com aração egradagem. O solo predominante é um Cam-bissolo Ta eutrófico argiloso, com boa dre-nagem, e textura argilo-siltosa, com 38, 52e 10% de argila, de silte e de areia total, res-pectivamente.

A patinagem foi calculada deslocando otrator em espaço pré-definido comparando-se o número de voltas do rodado motriz dotrator em condição sem carga em pista deconcreto e o número de voltas nas diferentescondições de trabalho.

DESEMPENHO NA LAVOURAAnalisando os resultados obtidos, obser-

vou-se que não houve diferença quanto àcondição de manejo e cobertura do solo plan-tio direto sobre feijão de porco, preparo con-vencional com mucuna preta incorporada epreparo convencional, no que se refere aofavorecimento à patinagem dos conjuntos.Porém, o plantio direto sobre a crotalária jun-cea favoreceu a patinagem dos conjuntos em22% a mais que a média das demais condi-ções de trabalho, conforme verificado noGráfico 1.

Na avaliação de cada conjunto, o trator

Ford 5610 com sulcador de duas linhas apre-sentou 17% de patinagem. O trator Ford8430 DT com sulcador de três linhas, porsua vez, apresentou 11% de patinagem, en-quanto que o Ford 8430 DT com plantadorade duas linhas obteve 6%, como pode ser vi-sualizado no Gráfico 2.

Pode-se verificar de modo geral, que oconjunto Ford 5610 com sulcador apresen-tou elevada patinagem de seus rodados, de-vido ao baixo lastro, o que pode ocasionaraumento de consumo de combustível, re-dução da eficiência tratória e capacidade decampo e cisalhamento do solo seguido decompactação superficial do mesmo. Emoutra condição oposta, foi observada redu-zida patinagem para o conjunto Ford 8430DT com plantadora que estava com pesoexcessivo o que pode ocasionar compacta-ção do solo, desgaste prematuro de partesdo trator como motor, pneus, mancais e ro-lamentos, além de baixa eficiência tratória.Foi encontrada também situação ideal depatinagem para trabalho com o conjuntoFord 8430 DT com sulcador, que está nafaixa de 8 a 10% considerando o solo firme,evidenciando que este conjunto estava bemdimensionado no que se refere ao lastro eforça de tração.

Verificou-se também, que as operaçõesde sulcagem para posterior plantio manualou sulcagem e plantio mecanizado, da cana-de-açúcar em sistema de plantio direto so-bre as plantas de cobertura sem serem ma-nejadas anteriormente, com aplicação deherbicidas, roçadora ou rolo-faca, forampossíveis e igualmente eficientes quandocomparadas ao sistema de plantio conven-cional. Portanto, é possível reduzir o tempode implantação da cultura e os custos ope-racionais devido à diminuição de operaçõesno plantio direto da cana-de-açúcar.

Ricardo e José mostram que o plantio direto de canaproporciona a redução do número de operações no

campo e diminui os custos de implantação da lavoura

José Barbosa Duarte Júnior,Ricardo Ferreira Garcia,Fábio Cunha Coelho eReynaldo Tancredo Amim,UENF

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Fotos Ricardo Ferreira Garcia

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por Arno Dallmeyer - [email protected]

Acelera...Acelera...Forte, pois Ferruccio Lambor-

ghini não começou sua empresaconstruindo carros de alta performance, massim tratores, após a Segunda Guerra mun-dial. Para provar a capacidade e confiabili-dade de seus tratores, Lamborghini promo-via, já na década de 1950, competições detração. No final da década de 1960, produ-zia cerca de cinco mil tratores/ano. Por isso,

certamente será mais fácil encontrar um tra-tor que um automóvel Lamborghini na Eu-ropa, pois destes foram produzidos escassosdez mil exemplares.

A propósito: ele fundou a LamborghiniAutomobili em 1963 devido à sua insatisfa-ção com uma Ferrari que possuía. Emboratendo comunicado pessoalmente a Ferrrarios problemas de embreagem de seu carro,

não foi ouvido, e, ciente de que poderia cons-truir um carro melhor, iniciou a fábrica uti-lizando o símbolo de seu signo, touro, comodistintivo.

Em 1973, Ferrucio vendeu todas as suasempresas e aposentou-se, indo viver naÚmbria, em seus vinhedos. Ele faleceu em1993, com a idade de 77 anos. Uma valiosahistória. Boa leitura!

30 • Maio 06

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Se o leitor associa o nome Lamborghini apenas a veículos como Miu-

ra, Countach, Gallardo ou Murcielago, pre-cisa rever seus conhecimentos. Muito antesde fabricar automóveis, Ferrucio Lambor-ghini fabricava tratores! Veja um pouco dahistória.

O HOMEMFerrucio Lamborghini nasceu em 28 de

abril de 1916 em uma pequena vila agrícolachamada Renazzo di Cento, em Ferrara. Des-de criança, manifestava sua aptidão para amecânica e, durante a Segunda Guerra Mun-dial, trabalhou em manutenção de veículosnas forças italianas. Após a Guerra começoua montar tratores a partir de peças de reposi-ção, ajudando a recuperação de seu país da

devastação sofridadurante a guerra.Ferrucio iniciou afabricação de trato-res em um velhogalpão, mas o ne-

gócio ia bem, e jáem 1949 eleconstruiu umanova fábrica em

sua terra natal.

A HISTÓRIA1948 Em Certi di Ferrara nas-

ce a Lamborghini Trattori.1949 Lançado o primeiro tra-

tor “CARIOCA” com componen-tes de material bélico (ARAR) ecom motores “MORRIS”, trans-

formados de gasolina paradiesel. Construída umanova fábrica em Cento efundada a LamborghiniTrattori SpA. Naquela épo-ca construíam um tratorpor dia, com um pequenogrupo de empregados.

1950 Nasce o “L 33”,primeiro trator produzidoem séria pela Lamborghi-ni.

1952 Lançamento dos trato-res “DL 30 - DL 40” com motores diesel“M.W.M” tipo KDW 415.

1954 Lamborghini lança seu primeiro tra-tor de esteiras, o “DL 25C” seguido pelo “DL30C”, dois anos depois. Os tratores agrícolasde esteiras são até osdias atuais uma dasespecialidades damarca.

1958 Alcança amarca de 1,5 miltratores/ano.

1962 Modelo“2R DT”, uma sé-rie de tratores comquatro rodas motri-

zes.1966 Lamborghini introduz na Itália o câm-

bio sincronizado de série.1972 Ferrucio perde a confiança em sua

fábrica de tratores, após o cancelamento de umpedido importante, e vende a fábrica ao grupo

Same Co de Treviglio. A produção prosse-gue e em 1979 alcançou dez mil tratores/ano.

As inovações prosseguem na marcaLamborghini, em mãos da SAME, como

controle eletrônico de injeção(1989), transmissão power shift(1991) e uma linha de tratores

(Rummer) destinada à agri-cultura de pequeno porte eà jardinagem (1994). Verifi-

ca-se que a SAME sempre po-sicionou a marca Lamborghi-

ni com destaque em inovação e design, à se-melhança dos automóveis, embora sem vincu-lação comercial entre ambos.

Na edição 51, ao descrever as máqui-nas quentes da Equipe Zerinho BombaShow, mencionamos o trator 19 comotendo design próprio, entretanto, essetrator utiliza design de capô e laterais domodelo Yanmar Agritech 1155. Essa uti-lização já é do conhecimento da fábrica,e não há nenhuma objeção quanto à uti-lização do design Agritech.

(Agradecemos a observação do leitor atento).

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