Maquinas 157

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Pronta para o combateSaiba como preparar adequadamente seu pulverizador para enfrentar os principais problemas na próxima safra

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação

pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherRocheli Wachholz

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

Direção

Newton Peter

Cultivar Máquinas • Edição Nº 157 • Ano XIII - Novembro 2015 • ISSN - 1676-0158

• Design Gráfico/DiagramaçãoCristiano Ceia

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

ÍndiceDestaques

• GERAL

3028.2000

CCCultivar

4 Rodando por aí

6 Manutenção do filtro de ar

8 Irrigação por gotejamento

11 Máquinas para biomassa em cana

14 Cuidados com a motosserra

18 Limpeza de pulverizadores

• ASSINATURAS

3028.2070

• REDAÇÃO

3028.2060

• MARKETING

3028.2065

• AssinaturasNatália RodriguesClarissa CardosoAline Borges Furtado

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

www.revistacultivar.com.br

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86

Insc. Est. 093/0309480

Assinatura anual (11 edições*): R$ 239,90

(*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 22,00

Assinatura Internacional: US$ 150,00

€ 130,00

Rodados duplosEntenda o funcionamento do rodado duplo em tratores e quais os benefícios de realizar a duplagem

28Energia da palhaConheça as máquinas necessárias para o recolhimento da palha de cana e qual a função de cada uma delas

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22 Capa - Regulagem de pulverizadores

28 Saiba escolher o rodado duplo

36 Ficha Técnica - Fankhauser

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31 Utilização de Vants

34 Protótipo de colhedora de cana

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RODANDO POR AÍ

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Mudança Economia

ProdutividadeFrota Verde

NovidadesQuatro décadas

Rodrigo Junqueira

A Massey Ferguson anuncia a contrata-ção de Rodrigo Junqueira para o cargo de diretor de Vendas da marca. Com base em Canoas (RS), o novo executivo será responsável pelas estratégias e políticas comerciais da empresa no Brasil. O novo diretor também atuará como principal representante da marca junto aos concessionários. “A Massey Ferguson é líder no mercado há mais de 50 anos e, junto com a rede de con-cessionários, pretendemos continuar nossa relação de proximidade com os clientes, entendendo seus desafios e necessidades, para assim ofertarmos as melhores soluções para o desen-volvimento de seu negócio”, afirma Junqueira.

A Case IH lançou um aplicativo que ajuda o produtor rural a manter a qualidade dos pneus e transmissão dos tratores. O Índice de Antecipação de Pneus (IAP) calcula a diferença de velocidade linear entre os pneus dianteiros e traseiros. Definir o índice correto em cada caso garante um desempenho melhor da máquina, evita gasto excessivo de combustível e o desgaste prematuro dos pneus. “O cálculo do índice envolve fórmulas

A Frota Verde é uma ação que mostrou através de eventos itinerantes as soluções John Deere direcionadas ao mercado canavieiro. Na es-trada desde junho, realizou durante quatro meses ações dinâmicas, testes operacionais e dias de campo com lançamento de produtos, nos principais estados produtores. “O Nempa, grupo de ensaios da Unesp, realizou os testes de campo, os quais obtiveram resultados de consumo de combustível, perdas e impurezas mais uma vez bastante positivos”, explica Caroline Serrano, especialista de Soluções Integra-das da John Deere.

Algumas usinas produtoras de cana-de-açúcar estão introduzindo a colheita mecanizada, mas já utilizam máquinas de construção na propriedade. É o caso da Usina Monte Alegre, na Paraíba, que utiliza as máquinas de construção da Case Construction Equipment como a escavadeira hidráulica CX220B e a retroescavadeira 580N que fazem a sistematização do solo para o plantio e a abertura de canais de irrigação. “Nossa região é muito seca e a produção depende da cons-trução desses canais e dreno. Além disso, estamos sistematizando a área para a introdução da colheita mecânica e os equipamentos de construção são perfeitos para este trabalho”, explica José Eudes de Melo, supervisor de Motomecanização da usina.

A Jacto apresenta ao mercado as novas famílias de bicos para pulve-rização disponibilizados para auxiliar o agricultor com soluções que atendam aos diversos problemas fitossanitários. “Esses lançamentos vêm suprir uma demanda técnica de mercado, além de agregar evo-

No final de outubro a New Holland celebrou 40 anos da sua primeira fábrica brasileira. Sediada em Curitiba (PR) e considerada uma das mais completas do mundo do setor por produzir tratores, colheitadei-ras e componentes em uma mesma planta, na unidade são fabricados atualmente três modelos de colheitadeiras e 12 modelos de tratores. “Juntos, ajudamos o campo brasileiro a ficar mais moderno e produtivo, com o apoio de máquinas avançadas e de alto rendimento, colaborando diretamente para o avanço da sociedade”, comenta Alessandro Mari-tano, vice-presidente da New Holland para a América Latina.

lução em nosso portfólio de produtos. É muito importante salientar também que toda a linha de bicos pode ser en-contrada nos pontos de venda Jacto. O conhecimento da em-presa nas recomendações ao cliente, indicando o produto correto para cada situação, fortalece nossa história como especialista em tecnologia de aplicação de insumos, proporcionando ao Cliente, sempre uma aplicação econô-mica e de alta performance”, explica Walter Mosquini, especialista em Tecnologia de Aplicação da Jacto.

complexas, que não são do co-nhecimento de todos, por isso a Case IH resolveu descomplicar a vida do agricultor com mais essa ferramenta útil”, explica Heloísa Abrão, idealizadora do projeto. O aplicativo é gratuito, vale para todos os modelos de tratores da marca e pode ser acessado em: https://goo.gl/0X5Euh.

Walter Mosquini

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Fornecedor ST MAX 180 na Bolívia

Produtor premiado

Online

O TSA 09 da ZF foi o eixo escolhido para equipar o mais recente lançamento da Agritech, o trator de rodas 1160 Turbo. Sua capa-

A Stara, juntamente com a concessionária Unimaq, realizou o lança-mento para a Bolívia do seu novo trator, o ST MAX 180. O lançamento no final de outubro contou com a presença do diretor-presidente da Stara, Gilson Trennepolh, que apresentou a história da Stara para os presentes. Os primeiros produtores que adquiriram o trator foram homenageados pela concessionária. O lançamento contou com a presença de 130 produtores que foram recepcionados na conces-sionária, em Santa Cruz de la Sierra.

A Valley Irrigação acaba de lançar vídeos no Youtube destinados a tirar dúvidas dos produtores sobre a implementação e manu-tenção da irrigação agrícola por pivôs. Ao acessar o canal Valley Irrigação ou a fanpage da companhia no Facebook, os internautas têm acesso a conteúdo exclusivo no qual profissionais da Valley respondem a perguntas recebidas em feiras e eventos do setor. A proposta da empresa com a iniciativa é desmitificar a prática da irrigação, abordando temas como a utilização responsável da água, custo e produtividade, como iniciar a irrigação e irrigação para pequenas e médias áreas.

O empreendedor rural Alessandro Rufato, do munícipio de Maria Helena, interior do Paraná, foi o vencedor do concurso Torcida Valtra e Shell Por Você realizado pela Valtra em parceria com a Shell, e re-cebeu no dia 10 de novembro na concessionária Kato, de Umuarama (PR), um trator 0km da Valtra, modelo A750 da Série A Geração II. Rufato é um cliente fiel da concessionária Kato, de Umuarama (PR), e costuma fazer as manutenções de seus equipamentos Valtra no local. Este ano, ao fazer a revisão durante o período da promoção, ele preencheu o bilhete de número 96.772, que foi contemplado durante o sorteio realizado pela Caixa Econômica Federal.

Paulo Vecchia

Grãos e sementes

A Momesso e a Cimbria avançam com a parceria iniciada em 2013, com operações para a comercialização de máquinas de beneficia-mento em território nacional. O acordo ampliou as opções para as empresas e produtores brasileiros. “Nossa parceria iniciou-se com projetos para introduzir uma avançada tecnologia em Cen-tricoaters para diversos projetos de tratamento de sementes no Brasil. Tivemos quatro projetos no Sul e dois no Centro-Oeste. A colaboração com a Momesso foi bem-sucedida e tornou-se muito próxima”, comenta Soren Overgaard, CEO da Cimbria. Dentre os equipamentos que serão comercializados pela Momesso estão máquinas de pré e pós-limpeza, catadores de pedras, diversos modelos de classificadoras, mesas densimétricas e selecionadoras eletrônicas.

cidade de suportar até 185bar de pressão máxima de trabalho do cilindro traz mais conforto e força para executar mano-bras em terrenos acidentados. A robustez do TSA permite a utilização de implemento pá carregadeira com tração dianteira ligada, além de maior facilidade de manutenção. Pau-lo Vecchia, gerente de Vendas, Pós-vendas e engenharia de Projeto, explica que “o TSA 09 é fruto dos constantes inves-timentos em P&D aplicados pela ZF. Hoje entregamos aos clientes uma solução mais ro-busta e resistente, que atende perfeitamente a necessidade do setor.

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MOTORES

Ar puro para o motorA manutenção correta do filtro de ar prolonga significativamente a vida útil

do motor e as trocas periódicas são fundamentais para o seu bom funcionamentoe consequente redução no consumo de combustível

Três fatores são necessários para se ter uma boa combus-tão: combustível, oxigênio e

calor. O combustível deve apresentar qualidade de acordo com normas da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O oxigênio é fornecido pelo ar e o calor é necessário para acelerar as reações químicas da combustão.

No Brasil, os tratores são movidos por motores diesel de quatro tempos. No primeiro tempo do motor denomi-nado de admissão, o pistão sai do ponto morto superior (posição onde o pistão inverte o sentido) e vai para o ponto morto inferior, criando uma depressão no interior do cilindro. Estando a válvu-la de admissão aberta, o ar é aspirado para o interior do cilindro.

Quando o ar vai para dentro do cilindro, carrega consigo partículas de poeira que danificam as peças móveis do motor. Estas partículas aderem à parede do cilindro, passam através dos anéis e vão para o cárter. Além de terem efeito abrasivo e desgastar prematura-mente as camisas, pistões e anéis, estas

partículas também contaminam o óleo lubrificante.

O óleo lubrificante é o elemento que mais afeta a vida útil do motor, além de interferir no seu bom funcionamento. Quando o óleo é contaminado por par-tículas de poeira (sílica), estas afetam suas características como viscosidade e ação de promover a limpeza interna do motor, favorecendo a formação de borras, o que compromete a boa lubri-ficação e consequentemente aumenta o desgaste das peças móveis e o consumo de combustível.

O papel do filtro de ar é justamente remover estas partículas e fornecer ao motor um ar limpo. Existem vários mo-delos de filtro de ar, mas o mais utilizado atualmente é o de elemento seco.

FILTROS ANTIGOSOs tratores mais antigos, ainda utili-

zam o filtro de ar denominado “banho de óleo”. Neste tipo de filtro de ar, existe um compartimento para depositar o óleo e um elemento filtrante tipo palha de aço. Quando o ar é succionado para o

interior do cilindro, primeiro passa por um ciclone denominado de pré-filtro, onde a sujeira mais grossa como areia e palha é eliminada devido à ação da força centrífuga. Em seguida, o ar força o óleo a embebedar a palha de aço por onde o ar circula e a poeira fica retida devido à aderência do óleo.

Para este tipo de filtro de ar é reco-mendada limpeza diária em condições de muita poeira. Na limpeza é necessá-rio trocar o óleo (não é recomendado usar óleo queimado) e lavar a palha de aço com algum solvente. Este tipo de elemento filtrante caiu em desuso devido à baixa eficiência (não remove adequadamente a poeira), além de re-querer muita mão de obra na limpeza.

FILTROS DE PAPELCom evolução dos tratores, a filtra-

gem de ar a banho de óleo foi substi-tuída pelo elemento seco. O filtro com elemento seco consiste de um cilindro de papel filtrante sanfonado e um filtro interno de feltro. A porosidade do papel filtrante retém as partículas de poeira com mais eficiência e é bem mais fácil de limpar. Só o filtro de papel permite limpeza, o filtro interno de feltro neces-sita ser substituído após determinado período de uso.

Normalmente os tratores que uti-lizam filtro de ar com elemento seco

O filtro de ar tem diferentes localizações dependendo do trator

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possuem um indicador para mostrar que o filtro se encontra saturado e está na hora de limpá-lo. A recomendação é que se limpe o filtro apenas quando o indicador estiver mostrando que está na hora de limpar.

Algumas pessoas, por excesso de zelo, limpam o filtro diariamente, mas isto não é recomendado. A eficiência do elemento filtrante aumenta com um pouco de sujeira. Ou seja: o filtro só deve ser limpo quando o indicador mostrar.

Para limpar o filtro, com elemento seco, é recomendado utilizar ar compri-mido. O jato de ar deve ser direcionado de dentro para fora e a certa distância para evitar que o papel rasgue. Após a limpeza recomendava-se ir para um local escuro e colocar uma lâmpada dentro do elemento filtrante para obser-var possíveis fissuras e trincas no papel. Caso sejam observadas estas trincas, o elemento deve ser substituído. Mas este teste não revela falhas microscó-picas que possam permitir a passagem de poeira fina e consequentemente comprometendo a vida útil e o bom funcionamento do motor.

TROCAR NA HORA CERTAAtualmente, todos os tratores saem

de fábrica equipados com filtro de ar com elemento seco e a recomendação é de que o elemento seja trocado quando o indicador mostrar. Um teste que deve ser realizado periodicamente é colocar um pedaço de tábua ou papelão na entrada da boca do filtro e acelerar levemente o motor. Caso o indicador do filtro não se acione, isto indica que o sistema de acionamento do indicador

não está funcionando corretamente.Nos motores turboalimentados,

além da sucção realizada pelo cilindro, também existe um compressor que auxilia a entrada do ar para dentro da câmara de combustão. Neste caso, após o ar passar pelo sistema de filtragem, pelo turbo compressor (que é uma ven-toinha) que aumenta a pressão quando o ar é direcionado para o interior do cilindro.

Existe uma ideia errônea de que o gás que sai pelo tubo de descarga, volte para ser queimado de novo. O que acontece é o seguinte: após a queima do combustível, no quarto tempo de motor (escape) os gases queimados são eliminados pelo tubo de descarga. Estes gases possuem uma energia cinética (velocidade e pressão) que movimen-tam uma turbina conectada a um com-pressor que impulsiona o ar limpo para o interior do cilindro, ou seja: os gases queimados apenas movimentam a tur-bina mas não retorna para a câmara de combustão.

Como esta turbina trabalha em altas rotações, o que é muito importante quando se dá a partida pela manhã

(motor frio) é esperar aproximada-mente 15 segundos antes de colocar o motor em regime de trabalho para que o óleo lubrificante possa atuar nas partes móveis da turbina.

Outro item que equipa alguns mo-tores diesel, principalmente em cami-nhões, mas também é utilizado em tra-tores de grande potência é o intercooler ou turbocooler. Este componente esfria o ar antes que este entre no cilindro.

O ar, antes de entrar no cilindro, passa pelo filtro de ar, pela turbina e em seguida por um radiador frio. Ao passar pelo radiador, o ar esfria e consequen-temente diminui o volume, ou seja: a quantidade (massa) de ar que entra no cilindro é maior pelo fato deste estar frio, portanto, a queima do combustível é mais completa, aumentando a potên-cia do motor.

Concluindo, o sistema de limpeza e filtragem do ar, assim como o indicador de restrição da passagem de ar, deve estar em perfeito funcionamento para que o motor possa trabalhar adequada-mente por um longo período.

A limpeza dos filtros de papel exige cuidados para evitar que o papel rasgue e inutilize o elemento filtrante

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Roberto da Cunha Mello,IAC

Tratores mais antigos utilizam filtros denominados banho de óleo

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IRRIGAÇÃO

Uso eficienteA utilização de irrigação por gotejamento, além de economizar água, traz benefícios como incremento na produtividade independentemente da cultura onde é aplicada

Não é de hoje que a água é alvo de grandes debates. Este item vital presente

em nosso dia a dia já foi tema de músicas, campanhas governamen-tais e até mesmo protestos. Por conta da escassez recente, a forma como utilizamos a água tem sido questionada e criticada. É uso em excesso, desperdício, poluição de rios, falta de chuvas, crise hídrica, enfim a coisa não está muito boa quando o assunto é este.

E só sentimos na pele o quão importante este bem é para a socie-dade quando o País passou, e vem passando, pela crise hídrica. Todos

os setores foram atingidos, mas a área que mais sofreu com isso, sem dúvida, foi a rural, a agricultura. Este setor primário, responsável pela produção de matéria-prima, é de grande peso para o PIB nacional, pois representa por volta de 25% do valor total.

Hoje, a agricultura responde pelo consumo de 72% de toda a água disponível para consumo, fa-zendo com que ela seja considerada uma “grande vilã”. Como parâmetro podemos utilizar o cultivo de café. Uma planta de café necessita de cinco litros de água por dia para se desenvolver. Na irrigação localizada

são usados os exatos cinco litros, enquanto que outras tecnologias e métodos convencionais gastam cerca de oito. Com o método do gotejamento, portanto, a economia é de 33%. Mas, por este motivo de desperdício, a agricultura tem sido questionada por seu alto consumo hídrico.

Para que as críticas negativas ao mundo do agronegócio diminu-am é necessário que essas novas tecnologias façam parte do dia a dia do produtor, sem dificuldade. E não somente pensando na dimi-nuição do uso da água. Sim, isso é importante. Mas em um País que

Fotos Netafim

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em 2050 deverá alimentar mais de nove bilhões de habitantes pelo mundo, também será preciso au-mentar a capacidade produtiva. E neste processo, temos que pensar além de plantio e colheita.

Dados da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipa-mentos) mostram que o Brasil tem quase 30 milhões de hectares para irrigar. Cerca de cinco milhões usam essa tecnologia, sendo que em me-nos de um milhão deles é usada a técnica de irrigação localizada por gotejamento. Enquanto que outros países, que enfrentam o problema de falta de água como Israel, Índia, Costa Oeste dos Estados Unidos, já usam esse sistema que é mais efi-ciente e não desperdiça a água. Foi nesse cenário de escassez de água que a irrigação por gotejamento foi inventada pela Netafim na década de 60, numa estrutura de kibutz: uma forma de coletividade comu-nitária israelita – tendo função es-sencial na criação do estado judeu.

IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTONesse sistema desenvolvido há

50 anos, a água é levada de for-ma pontual através de tubos que contêm gotejadores, produtos que controlam a pressão e liberam as gotas conforme o horário e em

quantias necessárias para cada tipo de planta.

Atualmente, mais de dez milhões de hectares em todo mundo já são irrigados com os gotejadores da empresa. Essa tecnologia tem aju-dado produtores a terem um maior rendimento utilizando menos re-cursos e evitando o consumo ex-cessivo de água, energia e produtos químicos. Respeitando a natureza, não apenas sustenta o que já existe, mas cria e garante um abastecimen-to confiável para o amanhã.

Além da água, para o bom desen-

volvimento das plantas, é requerida a utilização de fertilizantes. Este sistema de irrigação localizada por gotejamento permite a técnica de fertirrigação que leva junto da água os nutrientes necessários, garantin-do que o resultado da colheita seja cada vez melhor.

Por mais que os tubos gotejado-res possam ser instalados em vários tipos de cultura como milho, soja, citrus, café, cacau, seringueira, cul-tivos de horticultura entre outras, essa tecnologia necessita de estu-dos de viabilidade com levantamen-

Na irrigação por gotejamento a água é levada de forma pontual através de tubos que contêm gotejadores, liberando as gotas em quantias certas para cada planta

Na irrigação localizada são usados os exatos cinco litros de água que a cultura do café necessita, enquanto que outras tecnologias e métodos convencionais gastam cerca de oito. Com o método do gotejamento, portanto, a economia é de 33%

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to de dados sobre o clima, solo e a cultura, pois a quantidade de água utilizada depende da evapotranspi-ração da plantação, ou seja, a perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração. Ainda assim é uma irrigação que não tem restrições, desde que haja energia, é possível fazê-la em qualquer topografia ou estado de área.

TUBOS FLEXÍVEISA instalação desses tubos ficou

ainda mais fácil depois que o PVC foi substituído pelos flexíveis. Eles foram desenvolvidos para serem mais leves, resistentes e flexíveis, como o próprio nome já diz. Esses tubos se adaptam melhor para os sistemas móveis, pois facilita na hora de transportá-los e também de guardá-los, após a colheita. O produto é de polietileno e mais robusto e durável, possibilita que máquinas passem por cima dele sem danificá-lo.

Esses tubos são 100% reciclá-veis e certificados pelo padrão de qualidade ISO 16438 do segmento. Neste processo, os tubos flexíveis também vêm prontos direto da fábrica para que os produtores não se preocupem com a colagem das

conexões nem com os furos (antes feitos direto no campo), o que ga-rante maior precisão da instalação.

APLICAÇÃO EM DIVERSAS CULTURASHá muitos casos de sucesso em

território brasileiro. Essa tecnolo-gia foi testada nas últimas duas sa-fras de arroz na região de Uruguaia-na (RS) e como resultado quase duplicou a produtividade, saindo de 7,5 toneladas por hectare (através do modelo tradicional: irrigação por inundação) para 12 toneladas por hectare (usando a técnica de irrigação por gotejamento). Além disso, no sistema de inundação, gastam-se três mil milímetros de água por hectare, enquanto que no gotejamento foram usados apenas mil milímetros de água por hectare.

O sistema também foi implanta-do em uma das fazendas da Usina Santa Fé, numa área de cana-de--açúcar de 100 hectares que logo no primeiro corte deverá render um total de 205 toneladas/hectare, produtividade muito maior quando comparada a outros métodos.

Um produtor de café de Minas Gerais, desde 2006, adquiriu uma área de 400 hectares e investiu no gotejo. Ele saiu de uma média de 30

sacas por hectare (produtividade média em sequeiro) para uma pro-dutividade média (seis colheitas) acima de 60 sacas por hectare.

O aumento de produtividade é recorrente em várias culturas. Com o tomate, não foi diferente, como ocorreu com um produtor no estado de Goiás. Considerando somente o incremento médio de produtividade de 40t/ha com a utilização da irrigação por goteja-mento subterrâneo e o preço da tonelada em torno de R$ 200,00, houve um incremento de renda de R$ 8.000,00/ha

Histórias como estas mostram que é possível que a agricultura bra-sileira caminhe rumo à sustentabili-dade. O resultados dessas práticas, ao longo dos anos, virão. É preciso haver dedicação, esforço e, acima de tudo, planejamento. O caminho possui muitos espinhos, mas nada que não possa ser dobrado.

Carlos fala dos benefícios da irrigação por gotejamento

Os tubos são feitos de polietileno, que são mais robustos e duráveis, possibilitando que máquinas passem por cima deles sem danificá-los

Carlos Sanches,Netafim

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Fotos Netafim

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TRATORES

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Energia no campo

A biomassa produzida pela cana-de-açúcar tem enorme potencial para a geração de energia, chegando a ser

comparada com a produção de algumas usinas. Porém, a palha necessita de várias operações de logística que

possibilitem o seu recolhimento na lavoura, o transporte até a unidade industrial e o processamento antes de ser

utilizada para a geração de energia

Constantemente temos sido alertados sobre a crise relativa aos recursos hídricos, princi-

palmente no estado de São Paulo, que poderá nos levar a uma grave situação de escassez ou racionamento, tanto de água quanto de energia elétrica. Considerando-se apenas a questão energética, o setor sucroenergético pode contribuir de forma sustentável para a minimização deste problema.

A cultura da cana-de-açúcar é uma excelente produtora de biomassa. Esta biomassa pode ser dividida em três diferentes partes: o caldo que é trans-formado em açúcar e etanol; as fibras ou bagaço, que é queimado nas caldeiras gerando energia térmica e elétrica ao

processo industrial e também exceden-tes que podem ser comercializados no sistema elétrico; e as folhas, também chamadas de palha que, anteriormente, eram queimadas para facilitar a colheita e, agora, graças à colheita mecânica, são separadas dos colmos e deixadas no campo.

Em cada tonelada de colmo de cana produzido temos aproximadamente 140kg de açúcar, 280kg de bagaço com 50% de umidade e 140kg de folhas em base seca. A energia contida em cada uma destas três frações é aproximada-mente a mesma, ou seja, a palha rema-nescente no canavial após a colheita tem um potencial enorme para a geração de energia. Considerando as condições atu-

ais das caldeiras utilizadas nas usinas, cada tonelada de palha com umidade de 15% (umidade para enfardamento) gera aproximadamente 0,7MWh. Com base nestes números e tomando apenas a utilização parcial da palha disponível no campo no pós-colheita (50% do total para evitar problemas agronômicos na lavoura), seria possível gerar aproxi-madamente 27,5 TWh anuais, cerca de 5% do total da energia consumida no Brasil em 2013 (600TWh) e duas vezes e meia a geração da Usina de Belo Monte (11,2TWh).

Além dessa utilização, a palha tam-bém está sendo utilizada como matéria--prima na produção de etanol celulósico ou etanol de segunda geração. Este processo consiste na quebra das fibras de celulose em açúcares que são fer-mentados, produzindo o etanol.

Entretanto, a palha necessita de uma série de operações de logística agrícola que possibilitem o seu recolhimento na lavoura, no transporte até a unidade industrial e no processamento antes de ser utilizada, quer para a geração de energia elétrica ou como matéria-prima na produção do etanol de segunda geração.

Atualmente, as usinas utilizam duas rotas de recolhimento distintas em função de suas características locais. As duas rotas são o transporte da palha junto com a cana picada colhida mecani-camente, também chamada de limpeza

New Holland

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parcial, e o enfardamento da palha mais seca em fardos retangulares, realizado em operação posterior à colheita me-canizada da cana (Figura 1). Ambos os sistemas têm suas vantagens e des-vantagens, tanto do ponto de vista de viabilidade técnica quanto econômica.

A colheita mecânica de cana é base-ada na separação dos colmos das folhas através de picagem e de um sistema de ventilação composto por dois extrato-res. Este sistema não consegue separar toda a palha dos colmos e os valores usuais de palha junto com a cana, tam-bém chamada de impurezas vegetais, são entre 5% e 6%.

Na rota de recolhimento baseada em limpeza parcial diminui-se a rotação dos ventiladores e consequentemente a sua capacidade de limpeza, fazendo com que uma maior quantidade de impurezas vegetais seja adicionada à carga de cana, com valores entre 10% e 15%. Esta maior quantidade de palha atrapalha o processo industrial e deve ser separada em unidade industrial chamada estação de limpeza a seco,

onde a palha será separada dos colmos logo na entrada do processo industrial através de ventilação.

Esta forma de recolhimento tem como principal vantagem a facilidade operacional, pois tem pequeno impac-to na rotina da operação de colheita da usina, entretanto demanda uma maior quantidade de equipamentos de transporte, pois a densidade de carga é impactada de forma negativa pelo aumento do teor de impureza vegetal, aumentando os custos de transporte de cana. Diversos estudos conduzidos mostraram que a densidade da carga (mistura cana picada e palha) cai para cerca de 70% a 75% da densidade original quando o nível de impurezas vegetais encontra-se entre 10% e 15%. Outro aspecto que deve ser considerado é a umidade do teor de palha, pois quan-do comparamos os sistemas devemos compará-los em base seca, pois suas umidades são muito diferentes e conse-quentemente o seu poder calorífico. No sistema de limpeza parcial a palha pos-sui umidade em torno de 35% a 40%

com um poder calorífico de 2.250kcal/kg, enquanto que na palha enfardada a umidade é de aproximadamente 15% com poder calorífico de 3.100kcal/kg.

O terceiro e último ponto a ser con-siderado é o desempenho da estação de limpeza a seco com relação à eficiência de limpeza, pois o custo deve ser calcu-lado em função da quantidade de palha separada na unidade industrial e não em função da quantidade de palha transpor-tada. Estações de limpeza com maiores eficiências fazem com que o custo total da palha seja menor quando comparado às unidades menos eficientes.

A segunda rota utilizada é o enfar-damento de palha, que se mostrou mais eficiente com a utilização de enfardado-ras retangulares grandes em virtude de expressiva quantidade de biomassa no canavial, densidade e facilidade de ma-nuseio dos fardos produzidos quando comparado à utilização das enfardado-ras de fardos cilíndricos.

A máquina utilizada é basicamente a mesma utilizada na produção de feno e forragem, porém algumas empresas encontram-se em um estágio maior de desenvolvimento, fornecendo ao mer-cado uma solução mais robusta e com características mais interessantes ao setor canavieiro.

O recolhimento da palha através do

O recolhimento dos fardos e sua transferência para os talhões começam com equipamento que recolhe e transporta os fardos

Figura 1 - Rotas de recolhimento da palha da cana-de-açúcar

Figura 2 - Recolhimento da palha da cana-de-açúcar através do enfardamento

Fotos New Holland

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enfardamento é realizado de quatro a sete dias após a colheita para garantir a secagem. Porém, é necessário ressaltar que o mais importante não é o tempo de exposição ao sol e sim a umidade do material, que deverá estar entre 10% e 15%, podendo, em alguns casos, devido às condições climáticas do local, chegar a valores de até 5%. No instante da co-lheita, grande parte das folhas encontra--se verde e a sua umidade média é de aproximadamente 40%. Apenas após garantida a umidade ideal, inicia-se a se-quência de operações de recolhimento, mostrada na Figura 2.

A operação de recolhimento inicia--se com o aleiramento, que consiste no agrupamento da palha em leiras triangulares. Esta operação é muito importante, pois tem impacto direto na quantidade de impurezas minerais adicionada ao fardo e também no de-sempenho operacional da enfardadora, que é a operação subsequente e a mais cara de toda a logística.

A enfardadora recolhe a palha con-tida na leira, compactando-a em fardos retangulares amarrados com barbantes longitudinais. As dimensões e densida-de dos fardos dependem do modelo de enfardadora adotado. Assim que são produzidos, os fardos são automatica-mente depositados no solo. Tanto o alei-ramento como o enfardamento devem ser realizados apenas em condições de palha com umidade abaixo de 15% e

por isso devem ser realizados somente em um único turno de trabalho.

O recolhimento dos fardos e sua a transferência para os talhões são realizados pela carreta recolhedora de fardos, equipamento que recolhe e transporta os fardos, agrupando-os em pilhas no local onde serão carregados nos equipamentos de transporte ro-doviário. Existem no mercado diversos modelos de carreta recolhedora com diferentes capacidades de trabalho.

A última etapa da logística agrícola é o transporte rodoviário, que poderá ser feito utilizando-se diferentes tipos de composições rodoviárias, dependendo das características de cada usina e da quantidade de palha a ser transportada durante a safra.

Os fardos, ao chegarem na usina, são processados passando pelas seguintes operações: descarregamento, remoção de impurezas minerais e barbante e trituração. Para a realização deste pro-cessamento existem diferentes soluções

industriais para diferentes escalas.Os principais pontos a serem consi-

derados no enfardamento são: desem-penho da enfardadora, equipamento de menor produtividade e maior custo; custo do barbante, distância da lavoura à usina devido ao custo de transporte, umidade da palha no momento do en-fardamento e desempenho na remoção de terra e na trituração na instalação industrial, pois o fardo possui alto teor de impurezas minerais que poderão causar danos às caldeiras e o tamanho final da partícula influencia a eficiência da mesma. Além disso, o enfardamento introduz uma “nova colheita” na usina e precisa ser gerenciada de forma a mini-mizar os impactos em outras operações subsequentes como tratos culturais e aplicação de vinhaça.

Atualmente o setor vem utilizando as duas rotas de recolhimento descri-tas e cada uma tem suas vantagens e desvantagens que devem ser avaliadas considerando-se as condições locais de cada usina, tanto agrícola quanto de instalações industriais, e quantidade de palha necessária e disponível. Porém, tem se observado nos últimos projetos a tendência de uma maior viabilidade da utilização do enfardamento, tanto com relação aos equipamentos agrícolas e industriais, quanto no aprendizado da operação. .M

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Marcelo de Almeida Pierossi,AgroPerforma Consultoria Agrícola

A operação de recolhimento inicia-se com o aleiramento, que consiste no agrupamento da palha em leiras triangulares

A enfardadora recolhe a palha contida na leira, compactando-a em fardos retangulares amarrados com barbantes

Máquinas ou tratores com implementos colocam os fardos sobre o transporte

Challenger

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MOTOSSERRAS

Corte certoFerramenta importante para colheita de florestas e também no dia a dia de

propriedades rurais, a motosserra como qualquer máquina motorizada exige cuidado no manuseio e avaliação criteriosa na hora da aquisição

O Brasil possui cerca de 6,97 milhões de hectares de flo-restas plantadas, sendo que

2,2 milhões de hectares se destinam para fins industriais, que correspon-dem a 0,8% da área do país, segundo dados de 2014 da Associação Brasi-leira de Celulose e Papel - Bracelpa. Grande parte da madeira produzida no Brasil possui um destino diferente dos grandes polos de processamento e beneficiamento. Além disso, nem to-dos os reflorestamentos são colhidos de forma totalmente mecanizada, sen-

do necessário o uso de motosserras para realizar as etapas de derrubada e processamento. Por isso, o conhe-cimento e o manuseio correto desta máquina são de suma importância para o desempenho adequado no trabalho. Desta forma, o objetivo do trabalho foi descrever os compo-nentes básicos de uma motosserra, rotinas de manutenção e estratégias de segurança para a correta operação, de forma a auxiliar o produtor tanto na aquisição do modelo que mais lhe seja útil às suas condições como as

rotinas pós-aquisição.Independentemente da constitui-

ção da motosserra, que é praticamen-te padrão entre as marcas, a potência apresenta papel importante na defini-ção da aplicabilidade desta máquina. Para isso, existem inúmeras marcas e modelos disponíveis no mercado para a aquisição, entretanto a grande variedade pode dificultar o processo de escolha da máquina conforme a aplicabilidade.

Nos Gráficos 1 e 2 podem ser ob-servadas as marcas e a distribuição de

Husqvarna

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modelos de motosserras conforme a marca e as classes de potência.

O levantamento de marcas e mo-delos de motosserras à combustão interna no país indicou 11 marcas com maior representatividade, sendo três com maior disponibilidade de modelos. Ao todo foram encontrados 86 modelos, distribuídos em quatro classes de potência, com amplitude de 0,7kW a 5,2kW (0,95cv a 7,07cv). Quanto ao uso, foram encontradas motosserras variando de uso domés-tico (baixa potência) até profissional (alta potência).

A escolha da melhor máquina também é cercada da definição de alguns componentes que apresentam variação conforme o uso da máquina. Dentre estes, estão tipo de corrente e sabre que compõem o conjunto de corte.

CONJUNTO DE CORTEO conjunto de corte é formado pela

corrente e pelo sabre. Este último é fabricado com aço de alta qualida-de para resistir altas temperaturas geradas pelo atrito com a corrente. Destacam-se no mercado dois tipos de sabres, com ponta dura e com ponta estrelada (Figura 1).

A principal diferença entre os dois modelos de sabres está na força exigida do motor. No sabre com ponta estrelada a corrente pressiona menos a sua ponta, deslizando com maior facilidade e consumindo menos po-tência do motor. Já no modelo com ponta dura, a corrente pressiona mais a ponteira, exigindo mais potência do motor. Sua espessura pode variar de 1,3mm a 1,6mm, devendo o mesmo ser compatível com o calibre da cor-rente.

Os sabres variam de 30cm a 90cm de comprimento. Motosserras de pequeno porte comportam apenas sabres de menor dimensão. Motosser-ras de média e alta potência aceitam sabres pequenos, médios e grandes, devendo a escolha ser adequada ao diâmetro da árvore a ser abatida. Na colheita da acácia-negra (Acacia mearnsii) são utilizadas motosserras de média potência, com sabres pe-quenos, podendo ser utilizadas para abater eucaliptos (Eucalyptus spp.) de terceiro desbaste substituindo somente a corrente e o sabre.

As correntes são constituídas basicamente por elo de ação e união, cortador direito e esquerdo, limitador de profundidade e rebite. No mercado brasileiro existem três tipos básicos de correntes que são distinguidas pela forma dos dentes: placas redondas, semiquadradas e quadradas (Figura 2).

Devido ao seu maior rendimento, o tipo de dente mais adequado a ser uti-lizado em motosserras profissionais é o quadrado, mesmo que apresente maior dificuldade de afiação e maior tendência ao rebote. Para serviços

menos intensivos, os dentes mais adequados são semiquadrados, prin-cipalmente pela facilidade de afiação e a menor tendência ao rebote.

Após a escolha da motosserra con-forme as características destacadas anteriormente, é importante o conhe-cimento das normas de segurança e das formas de utilização correta para que não só a execução do trabalho seja destaque, mas também a segurança do trabalhador.

SEGURANÇA OPERACIONALA motosserra é uma das máquinas

com maior envolvimento em aciden-tes nas áreas rurais do Brasil. Estes são ocasionados principalmente pelo baixo índice de capacitação para a correta utilização, usos inadequados e falta de manutenção das máquinas, não utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) e impru-dência dos operadores.

Este equipamento é empregado no processo de colheita semime-canizada, sendo classificada como uma atividade com operações de alto risco de acidentes. É necessária,

Figura 1 - Sabre de ponta dura e sabre de ponta estrelada

Figura 2 – Dente quadrado, dente semiquadrado e dente redondo

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assim, atenção constante por parte dos operadores devido à exposição dos mesmos a condições climáticas adversas, diferentes tipos de florestas, de terreno, e sujeitos a acidentes com animais peçonhentos.

A utilização da motosserra é uma atividade perigosa, mas o ris-co aumenta quando em áreas de florestas com sub-bosque ou com

presença de cipós que ampliam as chances de acidentes em operações como derrubada, destocamento e toragem de árvores. Existem ainda operações específicas que elevam a periculosidade do trabalho, como o desgalhamento, quando a motosser-ra é operada com aceleração máxima, ficando sujeita a deslizes, “rebote” ou “golpe de retrocesso”, podendo

atingir o operador quando a corrente em movimento na ponta do sabre encosta em um objeto, provocando uma reação reversa rápida, impulsio-nando o sabre para cima e para trás em direção ao operador.

SEGURANÇAIndependentemente dos dis-

positivos de segurança presentes nas motosserras, em destaque nas Normas Regulamentadoras NR01 e NR06, para garantir níveis adequa-dos de segurança durante o trabalho é imprescindível que o operador disponha e utilize os EPIs adequados, como: capacete, protetores auricu-lares, protetor facial, luvas, calça de segurança anticorte e botas com biqueira de aço e com solado antider-rapante. Entretanto, os dispositivos de segurança da máquina e o uso de EPIs não são suficientes para garantir a segurança do operador. Também devem ser considerados e adotados vários procedimentos à segurança no corte florestal, conforme veremos a seguir.

Antes de usar qualquer motos-serra, deve-se ler todo o manual de operação e segurança fornecido pelo fabricante do equipamento. Deve ser feito treinamento dos operadores: envolvendo técnicas de operação, manutenção e segurança no trabalho.

Deve-se dar atenção à distância de

Características da motosserra

A motosserra é constituída por três conjuntos: motor, transmissão e

corte. Seu motor é de combustão interna ciclo Otto 2 tempos e com características diferenciadas para o uso manual, como bai-xo peso, alta rotação e lubrificação constan-te em qualquer posição de uso. Além disso, ele é constituído por sistema de alimentação (filtro de ar, depósito e bomba de combus-tível/carburador), sistema de ignição (cabo e vela, cachimbo terminal, bobina e volante magnético), sistema de arranque (punho, tampa do arranque, cordel, polia, linguetes e mola) e sistema de embreagem (suporte e contrapesos, mola e tambor).

O funcionamento do motor é possível graças ao sistema de alimentação que fornece a mistura de combustível, óleo 2 tempos e ar para que ocorra a queima no interior da câmera de combustão. A mistura do material combustível para abastecimento é preparada com gasolina comum e óleo 2 tempos na proporção (óleo/gasolina) de 1:25 ou 1:50, variando de acordo com a

especificidade do óleo a ser utilizado. Essa mistura gera combustão e movimenta o virabrequim, transmitindo rotação para o sistema de corte.

O conjunto de transmissão, por sua vez, é formado pela embreagem, que liga o motor ao conjunto de corte, sendo acionada por força centrífuga, funcionando mediante a elevação da rotação e expansão da mola da embreagem, fazendo com que os contrape-sos encostem no tambor, girando o pinhão que está fixado ao tambor.

Por último, o conjunto de corte é formado por pinhão, sabre e corrente. A corrente é encaixada no pinhão e tracionada por este, deslizando sobre o sabre da motosserra, cujo sistema de lubrificação reduz o atrito entre ambos, impedindo o superaquecimento e aumentando a vida útil, tanto do sabre quan-to da corrente. O sabre possui dispositivos específicos de tensão e lubrificação da cor-rente, constituídos pelo tubo de lubrificação, reservatório, bomba, respiro, filtro de óleo e mecanismo tensor da corrente.

A motosserra é constituída por três conjuntos: motor, transmissão e corte. O conjunto de transmissão (direita),por sua vez, é formado pela embreagem, que liga o motor ao conjunto de corte, sendo acionada por força centrífuga

Fotos Divulgação

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Possíveis riscos ao operar motosserras

Neste contexto, os riscos que o manuseio da motosserra ofere-

cem podem ser classificados como:1. Riscos da operação: rebote, queda

de árvores, postura de trabalho e projeção de partículas (serragem) em direção aos olhos;

2. Riscos do equipamento: ruído, vibração, corrente, reservatório de com-bustível, parte elétrica e escapamento.

Com a finalidade de tornar o trabalho mais seguro para o operador, conforme a Norma Regulamentadora NR31 - Anexo V, todas as marcas de motosserras presentes no mercado brasileiro devem apresentar os seguintes componentes de segurança:

1. Freio manual de corrente (trava):

dispositivo de segurança que interrompe o giro da corrente, acionado pela mão esquerda do operador;

2. Pino pega-corrente: dispositivo de segurança que, nos casos de rompimento da corrente, reduz seu curso, evitando que atinja o operador;

3. Protetor da mão direita: proteção tra-seira que, no caso de rompimento da corren-te, evita que esta atinja a mão do operador;

4. Protetor da mão esquerda: proteção frontal que evita que a mão do operador al-cance, involuntariamente, a corrente durante a operação de corte;

5. Trava de segurança do acelerador: dispositivo que impede a aceleração invo-luntária.

segurança entre um operador e outro (equivalente a pelo menos duas vezes a altura da árvore a ser cortada), para evitar a queda de árvores sobre os mesmos, por isso deve-se sinalizar os limites da área de corte. Além disso, é necessário ter disponível material de primeiros socorros, veículo para locomoção de feridos da área e uso de meios de comunicação eficientes na floresta.

Quando é destacada a segurança em operações com motosserras cabe ressaltar o papel da manutenção da máquina, estando centrada na con-fiabilidade do produto e na oferta de condições adequadas de uso.

MANUTENÇÃOA manutenção preventiva opera-

cional das motosserras pode ser di-vidida basicamente em: manutenção diária, semanal, mensal e periódica.

Na manutenção diária deve ser realizada a verificação do estado geral (danos, aperto de parafusos e porcas), limpeza da máquina e filtro de ar; verificação do funcionamento dos itens de segurança e lubrifica-ção; regulagem da tensão e afiação da corrente; limpeza das canaletas, limagem das rebarbas e reversão do sabre.

Na manutenção semanal são reali-zadas limpeza e verificação do estado de conservação do pinhão, da embrea-gem, da vela e do sistema de arranque e a limpeza das aletas de refrigeração do motor;

Na manutenção mensal são feitas a limpeza do depósito de combustível e lubrificante, a troca de filtros, se necessário, a limpeza e regulagem do carburador e a verificação de conexões de cabos. Já a manutenção periódica deve ser realizada quando necessária.

A devida manutenção mantém a motosserra em boas condições para realizar as suas operações, evitando paradas desnecessárias, aumentando a vida útil do equipamento e a segu-rança do operador.

A manutenção deve ser realizada por pessoal capacitado, a fim de evitar riscos de acidentes e danos à máqui-na, além disso, deve ser feita em local limpo e com o auxílio de uma bancada, nunca na área de trabalho. Também

deve se ressaltar que os resíduos provenientes da manutenção devem ser recolhidos e acondicionados para descarte em local apropriado.

Para que as operações de colheita florestal em que são utilizadas mo-tosserras sejam realizadas com segu-rança e produtividade é indispensável que o modelo utilizado seja adequado ao tipo de floresta e que os operadores sejam capacitados na operação das mesmas sempre atentando às manu-tenções preventivas e corretivas do equipamento.

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Marcelo Alberto Hilgert, Lucas Abel Sachet, Jurandir Grasel, Catize Brandelero,Mateus Potrich Bellé eAirton dos Santos Alonço,UFSM

Gráfico 1 - Marcas e modelos de motosserras à combustão interna com maior repre-sentatividade, encontrados no mercado nacional

Gráfico 2 - Modelos de motosserras, distribuídos em quatro faixas de potência (kW)

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PULVERIZADORES

Limpo e descontaminado

Quando se fala em preparar os pulverizadores para uma aplicação, muitos técnicos

e operadores acreditam que se trata apenas de marcar uma área no terre-no, verificar o volume de calda que o equipamento está aplicando e fazer os ajustes necessários na velocidade de trabalho e/ou pressão de operação. Ledo engano! Uma pulverização bem feita requer muito mais do que isso.

Para que tudo corra bem e se alcan-

cem os objetivos da aplicação, os tra-balhos com o pulverizador devem co-meçar bem antes de verificar o volume de calda aplicado. Assim, é importante que todos os envolvidos na operação de pulverização entendam a diferen-ça entre dois termos muito distintos: regular e calibrar. Resumidamente, regular é preparar o pulverizador para a calibração e posterior uso. Para isso, o pulverizador deve estar com a manutenção em dia. Já a calibração é

verificar o volume de calda aplicado e ajustá-lo ao desejado. Nessa etapa, também determina-se a quantidade de produto que vai ser colocada no tanque de pulverização.

Desta forma, é possível afirmar que, se um pulverizador não está bem regulado, ele corre um sério risco não ser calibrado adequadamente e causar graves problemas para as lavouras, para a vida útil dos próprios equi-pamentos e até para os operadores.

O procedimento de limpeza e descontaminação de pulverizadores faz parte da regulagem do equipamento e é uma prática relativamente simples e de muita importância, pois evita

problemas com fitotoxicidade e prolonga a vida útil do pulverizador

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Atualmente, diversos trabalhos reali-zados em lavouras brasileiras apontam muitos descasos com os cuidados que os pulverizadores deveriam receber. Dados do IPP (Inspeção Periódica de Pulverizadores da Unesp de Botucatu--SP) apontam para prejuízo de cerca de 23% com a falta de manutenção em pulverizadores.

Uma boa regulagem passa pelo adequado conhecimento do funciona-mento do pulverizador, mas também, deve-se entender a interação que os produtos utilizados possuem com os pulverizadores. Muitos produtos são capazes incrustar em partes de difícil acesso e permanecerem lá por muito tempo, contaminando lavouras e alte-rando a composição química e física de outros produtos. Podem também cau-sar obstrução de tubulação, registros,

filtros e pontas. Em casos mais severos podem causar corrosão em partes importantes do sistema hidráulico do equipamento. Portanto, durante a regulagem, deve-se também realizar uma boa limpeza no pulverizador. Para isso, devem ser utilizados agentes de limpeza específicos e destinado local adequado a essa operação. A limpeza correta deve ser realizada seguindo alguns procedimentos básicos que podem variar de acordo com cada situação específica. A seguir, serão descritas algumas ações que podem ser adotadas.

LIMPEZA ADEQUADAApós o término da aplicação, caso

ainda reste produto no tanque, deve-se esvaziá-lo complemente, preferencial-mente sobre a lavoura pulverizada.

O mais indicado é que seja feita uma calibração de modo a não deixar sobrar produto no tanque após o término da aplicação em toda área. No caso de uti-lizar o mesmo produto no dia seguinte, é aconselhável que coloque água limpa no tanque do pulverizador e pulverize até esgotá-lo novamente. Isso ajudará a prevenir que os resíduos sequem no fundo do tanque. Se por acaso um produto diferente for usado no dia seguinte, uma limpeza mais profunda é recomendada imediatamente após o uso.

Nesse caso, deve-se levar o pul-verizador para local adequado na fa-zenda e proceder a descontaminação. Atualmente, uma das normas para estabelecimento de padrões legais para adequação dos locais de limpeza de pulverizadores nas fazendas é a que

Local para limpeza de pulverizadores cercado e com canaleta para condução dos efluentes sanitários visando o tratamento

Limpeza de pulverizador de barra com água pressurizada

Ralo para captação dos efluentes sanitários em pátio de limpeza

Filtro obstruído pela falta de limpeza interna do pulverizador

Filtros de pontas de pulverização com resíduos de agroquímicos

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Fotos Renato Alves Ruas

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trata da descontaminação de aviões agrícolas (Instrução Normativa 02 de 3/1/2008 do Mapa, Artigo VII). Sempre que possível algumas das reco-mendações dessa Instrução Normativa devem ser adequadas para os demais pulverizadores.

De modo geral, o local ou pátio de limpeza deve ser amplo o suficiente para abrigar o pulverizador, deve ser aberto, cercado e possuir sistema de bombeamento para pressurização de água limpa com bico de controle manual de pressão. É necessário que o piso seja impermeável e possua de-clividade mínima de 3% direcionada

à canaleta para condução do efluente fitossanitário ou água de lavagem para local específico para tratamento.

Atualmente, algumas empresas têm desenvolvido sistemas de tratamento desses efluentes, visando atender pa-drões de boas práticas agrícolas. Um deles consiste em captar o efluente do pátio de limpeza e canalizá-lo para um tanque de evaporação. Esse tan-que deve ser construído sobre piso de concreto impermeável, ser revestido de lona resistente, podendo possuir sistema de aquecimento solar para acelerar o processo de evaporação do efluente. Após a completa evaporação da parte líquida, a lona deve ser dobra-da para coleta da parte sólida, iden-tificada e descartada com as demais embalagens de agroquímicos vazias. O final desses sólidos geralmente são

os fornos das indústrias de incineração especializadas.

Todo local de limpeza deve ser ade-quadamente sinalizado para indicar que se trata de área com potencial risco de contaminação, evitando o acesso frequente de pessoas que não sejam aquelas envolvidas no processo de limpeza dos pulverizadores. Durante o todo o procedimento de limpeza, o operador deve estar vestido adequa-damente com o EPI.

É importante limpar o pulveriza-dor por dentro e por fora. Atualmen-te, existem no mercado produtos comercializados para fins específicos de limpeza e descontaminação de pul-verizadores e, em geral, os fabricantes de agroquímicos disponibilizam nas bulas ou rótulos quais são as bases ou princípios ativos dos agentes de

Tabela 1 - Herbicidas e soluções indicadas para limpeza de pulverizadores agrícolas após o usoSolução de limpeza recomendada

Amônia + águaQuerosene ou óleo diesel seguido de amônia + água

Amônia ou solução de limpeza comercial + águaDetergente hidróxido de sódio + água

Amônia ou solução de limpeza comercial + águaAmônia + água

Amônia ou solução de limpeza comercial + águaAmônia + água

Amônia ou solução de limpeza comercial + águaAmônia + água

Amônia ou solução de limpeza comercial + águaAmônia

Doses para limpeza1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)20ml por litro de água (2 litros para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)

0,05% da calda de limpeza (0,5 litros para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)1% da calda de limpeza (1 litro para 100 litros de água)

Herbicida2,4-D Amina2,4-D Ester

AlachlorAtrazineBentazon

ChlorsulfuronDiuron

FlumetsulanFomezafenGlufosinato

LactofenMetsulfuron

Adaptado de Johnson et al (1999).

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Autores falam da importância da limpeza e descontaminação de pulverizadores, prática relativamente simples que pode evitar problemas com fitotoxicidade

Presença de resíduos impregnadosna parte externa do pulverizador

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limpeza mais indicados para cada produto de modo específico.

LIMPEZA EXTERNAPara a limpeza externa, pode-se

direcionar água pressurizada para remoção de resíduos que caem sobre o equipamento durante o abastecimento ou deslocamento. Limpezas frequen-tes geralmente evitam a formação de grandes incrustações. Entretanto, às vezes, torna-se necessário utilizar alguns agentes de limpeza também na parte externa. Nesse caso, eles de-vem ser adicionados à água que será pressurizada.

Algumas partes do pulverizador devem receber atenção especial no momento da limpeza, como, por exem-plo: filtros, pontas, registros e válvulas. Filtros e pontas devem ser removidos e lavados utilizando água limpa em baixa pressão ou escova de cerdas macias.

Após a limpeza, deve-se aplicar água limpa pressurizada em todas as

partes do pulverizador, além de colo-car pelo menos ¼ de água no tanque e esgotá-lo. Isso evitará que resíduos dos agentes de limpeza possam causar problemas de fitotoxicidade nas lavou-ras. Deve-se destacar também que o pulverizador, como todo equipamento agrícola, deve receber os cuidados

Produtos utilizados para limpeza do tanque

Em geral, os agentes de limpeza cuja base é a amônia são os mais

recomendados. Isso ocorre porque eles promovem a elevação do pH da solução de enxágue, tornando alguns resíduos de agroquímicos mais solúveis e facilmente removidos pela pressão da água. O cloro também é outra base de agente de limpeza muito utilizada. Entretanto, é importante ressaltar que agentes de limpeza à base de cloro nunca devem ser diretamente mis-turados à amônia ou fertilizantes líquidos que contêm amônia. Pois os dois materiais

juntos reagem formando gás de cloreto de amônia, que é tóxico e pode causar irritações nos olhos, nariz, garganta e nos pulmões. Resíduos de agroquímicos de formulações oleosas podem ser removidos com aplicações localizadas de diesel ou querosene.

Independentemente do agente de lim-peza utilizado, deve-se deixar o pulveriza-dor funcionando durante alguns minutos apenas com agitador de calda ligado com os agentes de limpeza, antes de liberar a passagem do produto para os bicos de pulverização.

necessários com a lubrificação, indi-cados pelo mapa de lubrificação do fabricante.

Renato Adriane Alves Ruas,João de Deus Godinho Júnior,Guilherme Andrade Gontijo eJosé Márcio de Souza Júnior,UFV

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CAPA

O controle químico da fer-rugem asiática da soja é uma prática cultural bas-

tante frequente nas lavoras brasi-leiras. Na ausência deste controle, a ferrugem pode causar grandes prejuízos na produtividade. Neste processo, frequentemente é dada maior importância ao produto a ser utilizado no controle, e menor à forma de utilização. As perdas acumuladas no Brasil atingem 21 bilhões de dólares considerando o uso de fungicidas e as perdas dire-

tas pela frustração e safra.No Brasil, a doença foi inicial-

mente descrita em Lavras, Minas Gerais, em 1979 por Deslandes. Posteriormente, ocorreu em São Gotardo, Minas Gerais, em 1986. As epidemias em grande escala co-meçaram na safra 2000/01, onde foi constatada a doença no Estado do Paraná, simultaneamente por doutor Davi Jaccoud Sousa Filho, da UEPG (Campos Gerais – Ponta Grossa), e doutor José Tadashi Yorinori – Embrapa Soja - e então disseminou-se rapidamente para outros estados do Brasil. Na safra

Muitas variáveisPara a próxima safra, fatores apontam para um nível de risco alto na incidência da

ferrugem asiática nas lavouras brasileiras. Entre as muitas medidas que precisam ser adotadas, a escolha correta do equipamento para a aplicação dos produtos fitossanitários

é fundamental para o seu controle e depende de vários aspectos2002, a doença foi relatada nos es-tados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, e na safra 2003/04 ocorreu de forma generalizada, em quase todo o País, causando grandes pre-juízos. A partir daí iniciou-se uma intensa busca por ingredientes ativos eficazes, chegando-se a vá-rios produtos com bom controle do fungo, principalmente em estudos em condições controladas. Porém, a campo, a dificuldade de controle permaneceu, muito em função da forma como eram aplicados os

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inferior, resultando em controle ineficiente, mesmo com produtos sistêmicos. Estes produtos, em geral, apresentam translocação limitada em plantas de soja e exi-gem, igualmente, boa distribuição ao longo do dossel. Assim, para o sucesso da aplicação, é necessário dominar a forma adequada de aplicação, de modo a garantir que o produto alcance o alvo de forma

eficiente, minimizando as perdas e reduzindo a contaminação do ambiente. Muitas vezes, parte do produto aplicado se perde, prin-cipalmente pela má qualidade da aplicação, seja ela terrestre ou aérea, sendo este um dos maiores problemas da agricultura moder-na a ser superado. O tamanho de gotas e a uniformidade da apli-cação são dois parâmetros muito

Alguns itens importantes a serem considerados na recomendação de pontas mais adequadas são o porte e o enfolhamento da cultura

Massey Ferguson

produtos.A Figura 1 apresenta a queda

gradual, ano a ano, na eficácia de fungicidas, seja pelo manejo inadequado ou pela tecnologia de aplicação com falhas na deposição no alvo.

A cobertura proporcionada pela aplicação de fungicida sobre o dossel da soja em geral é pouco uniforme, principalmente na parte

Valtra

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Fernando Cezar Juliatti

Plantas de soja com inúmeros sintomas de doenças (ferrugem, oídio e manchas foliares) necessitando uma boa cobertura do alvo

A utilização de adjuvantes é uma boa ferramenta para auxiliar no controle da ferrugem, mas seu efeito está relacionado ao tipo de ponta utilizada e à calda

importantes para o controle eficaz de pragas e doenças. Desse modo, a tecnologia de aplicação é uma ferramenta muito importante. A indústria química e de máquinas agrícolas e componentes tem lan-çado no mercado novos produtos com o intuito de melhorar a apli-cação, dentre eles novos desenhos de pontas de pulverização, barras auxiliares e adjuvantes.

Problemática semelhante tam-bém ocorre com a aplicação aérea, que é uma realidade em boa parte das regiões produtoras de grãos no Brasil. Seu uso tem crescido muito, contudo pouca informação científica existe a respeito de sua eficácia, principalmente em com-paração à aplicação terrestre por pulverizadores de barra, o que causa desconfiança por parte de agricultores quanto à sua viabi-lidade técnica, sobretudo quanto à capacidade de penetração da calda pulverizada no dossel das culturas.

Desta forma, diante da impor-tância do controle eficiente e se-

guro da ferrugem asiática da soja, este artigo resume resultados en-contrados em estudos realizados em Goiás e Minas Gerais objetivan-do avaliar e relacionar os diversos fatores envolvidos na tecnologia de aplicação de fungicidas na cultura da soja.

PONTAS DE PULVERIZAÇÃOAo se realizar uma análise con-

jugada dos ensaios, nota-se que em geral as pontas de pulverização ti-veram efeito mais pronunciado na deposição de calda no alvo e menor na produtividade. Alguns ensaios não apresentaram diferenciação de produtividade em relação ao uso das diferentes pontas, pois esta está atrelada à ocorrência e agressividade do fungo na área ou ainda é dependente da tolerância ou resistência parcial da cultivar ou ainda da interação da cultivar com o manejo empregado. Deste modo, o manejo e o controle são dependentes da cultivar e do mo-mento ou época de aparecimento da doença. A própria variabilidade experimental também pode difi-cultar que diferenças de depósitos sejam significativamente sentidas na análise da produtividade. Além disso, na parte inferior do dossel, local crítico para o controle da ferrugem, as diferenças de depo-sição entre pontas costumam ser menores, com densidade de gotas inferior a 60 gotas/cm.

Atualmente existem no mercado

Cas

e IH

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muitos modelos de pontas. Embora se deva analisar a generalização com critério, notou-se que as pon-tas que apresentam gotas médias parecem ser mais indicadas ao controle da ferrugem asiática da soja, dado aos melhores resulta-dos encontrados de deposição e controle da ferrugem. As gotas mé-dias sofrem menos intensamente o fenômeno da deriva e evaporação, tendo um tempo de vida superior ao das gotas finas. Por outro lado, apresentam uma capacidade de

cobertura do alvo superior à das gotas grossas.

Um item importante a ser con-siderado na recomendação de pontas mais adequadas é o porte e enfolhamento da cultura. Ao se analisar a deposição no dossel inferior em plantas muito enfolha-das, percebe-se que a pulverização hidráulica convencional, indepen-dentemente da ponta, não é capaz de promover uma elevada cober-tura. Desta maneira, as aplicações precisam iniciar quando o índice

de área foliar (IAF) ainda não é muito elevado.

Isto é ainda mais importante, se levarmos em conta que a maioria dos fungicidas sistêmicos utiliza-dos em soja possui translocação limitada. O ingrediente ativo pre-cisa ser colocado no alvo sob pena de não controlar a doença.

VOLUMES DE CALDADe forma geral, não se detectou

melhoria no controle da ferrugem ou aumento de produtividade com

Figura 1 - Queda gradual na eficiência de fungicidas no Brasil para o controle da ferrugem da soja

Fonte: Consórcio Antiferrugem – Embrapa Soja

Figura 2 - Queda no residual de fungicidas por muitos motivos desde 2002 até 2015. Pode-se inferir na resistência de fungos e qualidade ruim na aplicação, além de controle curativo ou erradicante

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Pla

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a utilização de maiores volumes de aplicação. Por exemplo, em um estudo realizado mostrou-se que o volume de 160L/ha permitiu maior uniformidade de deposição de calda ao longo do dossel do que 130L/ha, porém isso não refletiu na produtividade.

Diante desses resultados e do sabido ganho em capacidade ope-racional do conjunto mecanizado, verifica-se que há viabilidade no uso de volumes de calda reduzidos, próximos a 130L/ha. Contudo, essa redução requer incremento da tec-nologia de aplicação e o constante acompanhamento das condições meteorológicas, que podem difi-cultar a cobertura do alvo.

ADJUVANTESA adição de adjuvantes às caldas

de pulverização pode ser importan-te quando da aplicação de diversos produtos fitossanitários, porém não deve ser prática generalizada, tendo em vista seu comportamento distinto em cada tipo de aplicação. O estudo do efeito de adjuvantes na calda de pulverização é específico para cada produto e formulação empregada. Existe grande diferença

entre os diversos adjuvantes comer-ciais. Mesmo produtos considerados semelhantes, como os óleos vege-tais, podem variar bastante quanto à forma de ação. Portanto, a consulta a especialistas independentes é fundamental.

As propriedades f ís icas da calda podem interagir com o tipo de ponta utilizada, promovendo a

A uniformidade de distribuição da calda, ao longo do dossel da soja, em geral, é baixa, por isso é necessário incrementar a deposição na parte inferior da cultura

Em estudos comparativos entre aplica-ção aérea e terrestre, verificou-se que

ambos os métodos apresentaram dificuldade de cobertura da parte inferior do dossel, o que sugere que, independentemente do método de aplicação, devem-se priorizar as aplicações preventivas em que ainda não há um total fechamento da cultura, permitindo melhor cobertura do alvo. Neste sentido, os dois métodos mostraram-se viáveis.

Neste tipo de estudo comparativo é comum o uso de papéis hidrossensíveis, contudo seu emprego deve ser feito com bastante critério quando do uso de volumes de calda diferentes. Como a marcação da gota no papel é causada pela água, altos vo-lumes podem levar a uma falsa impressão de

Aplicação aérea x aplicação terrestre

superioridade do tratamento em comparação a baixos volumes, se não for conjuntamente correlacionada com a concentração do ingre-diente ativo na calda. A simples contagem do número de impactos por área, sem levar em consideração a área de cobertura, também pode levar a uma falsa ideia de superioridade com altos volumes. Nestes casos, a utilização de traçadores comparados ao uso desse papel, ou mesmo do ingrediente ativo, mostra-se mais confiável, visto que se trabalha com a mesma dose, embora com volumes de calda diferentes. Outro ponto a ser destacado é que o espalhamento das gotas no papel sensível é heterogêneo e dependente de vários fatores, dificultando a acurácia na mensuração do tamanho das gotas.

formação do jato de maneira sin-gular para cada situação. Isso pode explicar a existência de resultados diferentes entre as pontas, com relação ao uso do adjuvante.

CONSIDERAÇÕES FINAISNão há uma clara definição

quanto à seleção da ponta de pul-verização ideal. Em muitos casos, a variabilidade dos dados intrínseca a este tipo de ensaio comparativo entre diferentes técnicas de apli-cação dificulta a diferenciação dos tratamentos. De forma geral, pon-tas que produzem gotas médias parecem ser mais adequadas ao controle da ferrugem asiática da soja, evitando também elevados riscos de deriva. Há viabilidade técnica no uso de volumes de calda reduzidos, próximos a 130L/ha.

A aplicação aérea mostrou-se viável, quanto à deposição de cal-da, em comparação aos tratamen-tos terrestres realizados.

A utilização de adjuvantes mos-trou-se uma boa ferramenta para auxiliar no controle da ferrugem, contudo seu efeito está relacionado ao tipo de ponta utilizada e à calda,

John

Dee

re

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do uma menor deposição no alvo (40%-60%) ou em alguns casos sobre dosagem (30%) em pulve-rizadores pneumáticos e hidráu-licos. Apesar de outros problemas mecânicos que foram detectados como pontas com variação na de-posição (3%-10%), vazamentos e defeitos no circuito e manômetros (5%-15%), a maior preocupação pode ser discutida para a menor deposição no alvo (subdosagem). Pois esta deficiência aumenta o risco de seleção em campo de bi-ótipos ou patótipos na população do patógeno e reduz a eficácia do fungicida em maior uso ou de maior adoção pelos agricultores. Daí a importância de se usar fun-gicidas protetores associados aos sistêmicos com uma tecnologia de aplicação também eficiente e de qualidade. .M

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João Paulo Rodrigues da Cunha eFernando Cezar Juliatti,Universidade Federal de Uberlândia

o que impede generalizações.A uniformidade de distribuição

da calda, proporcionada pelas aplicações terrestres e aéreas, avaliada ao longo do dossel da soja, em geral, é baixa. É preciso buscar estratégias que incrementem a de-

posição, principalmente na parte inferior da cultura.

Nos programas de avaliação e inspeção de pulverizadores (IPP) realizados nos últimos anos no Brasil, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (MG), têm demonstra-

Jact

o

A regulagem do pulverizador vai além de apenas escolher bicos e vazão do produto, sendo necessária uma avaliação de cada um dos componentes de pulverização

New

Hol

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RODADOS

Dupla certaNa hora de comprar o rodado duplo para seu trator é necessário levar em conta

diversos fatores que irão interferir diretamente na escolha do modelo, garantindo a combinação ideal para cada tipo de trator e atividade que irá realizar

A incorporação de um segundo conjunto de rodado pneumá-tico ao sistema de rodagem

dos tratores ou colhedoras agrícola tem se tornado comum recentemente nas empresas agrícolas. Tal prática tem sus-tentação técnica na melhoria da relação pneu (máquina) – solo, interface dos dois corpos. Ou seja, baseado nos benefícios possíveis às características do solo e na eficiência das operações com conjun-tos motomecanizados, partindo-se do pressuposto que as funções primordiais dos rodados são apoio, sustentação e realização de esforço de tração.

Desta forma, com a utilização de um rodado extra por semieixo do trator ha-verá uma maior área de contato entre a

máquina e o solo, representando maior apoio, melhor distribuição da massa do trator, menor pressão exercida sobre solo, assegurando melhor desempenho quanto à tração por apresentar me-lhor rendimento tratório. No entanto, dependendo do tipo de superfície de trabalho, pressão de insuflagem e diâmetro dos pneus, a eficiência não diferirá muito do trator com rodado simples e, consequentemente, maior disponibilidade de potência na barra de tração. Neste caso, é necessário definir claramente os objetivos do uso de rodado duplo para se verificar a viabilidade econômica, a depender das características das operações a serem realizadas a relação custo/benefício

será irrelevante.A adição do rodado extra está associa-

da ao porte do trator, ou seja, em função da potência do motor e rendimento tratório, com uso principal em tratores de grande porte, com motores acima de 149kw. Mas isso não exclui a configura-ção dupla em tratores de menor porte com potência abaixo de 149kw, desde que se comprove a viabilidade técnica e econômica.

Ao adquirir um trator novo a configu-ração com duplo rodado é um acessório, ficando a critério do cliente a escolha, mas existe disponibilidade no mercado de kits específicos para acoplamento comercializados por empresas especia-lizadas e certificadas pelos fabricantes,

Fotos Charles Echer

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com um custo atrativo.

SISTEMAS DE ACOPLAMENTODo ponto de vista da engenharia

quanto ao acoplamento há diferentes sistemas para tornar um trator com rodado simples em duplo, conforme destacado a seguir.

Um dos sistemas é o que faz a fixação do cubo extensor diretamente no aro dos rodados interno e externo, que será o elo entre os dois rodados. Os inconve-nientes deste sistema são a dificuldade para instalação e o tempo elevado para montagem e desmontagem devido à necessidade de alinhamento com a roda interna e à quantidade de parafusos que deverão ser apertados para fixação do cubo.

A segunda opção é a adição do rodado extra no próprio semieixo do trator, trata--se de um eixo prolongado, geralmente disponibilizado pelos fabricantes nos tra-tores acima de 149kw. Como no sistema anterior existem as mesmas dificuldades quanto à praticidade e ao tempo para ins-talação, no entanto oferece a vantagem de uma maior flexibilidade em termos de alteração dos espaçamentos entre as rodas, porque poderão ser deslocados na barra.

Por fim, um sistema utilizando um anel espaçador inserido entre os roda-dos interno e externo ajustado na base dos aros e a fixação é feito por grampos, indicado para tratores de potência abaixo de 149kw, apesar de existir no mercado

internacional disponibilidade para tra-tores acima desta potência. No mercado nacional e internacional existem várias configurações mecânicas deste sistema, com a finalidade de facilitar e ganhar de tempo na montagem e desmontagem. A grande vantagem é a facilidade de montagem com menor tempo e a pos-sibilidade de ajustar os espaçamentos para utilização nas entre linhas das cul-turas anuais como milho, soja, algodão e outras.

DIFERENTES OPERAÇÕESTodos os três sistemas de acoplamen-

to podem ser utilizados em qualquer tipo de operação, então a definição do mais adequado deverá levar em consideração as características das atividades a serem executadas, a topografia da propriedade e as culturas exploradas. Em áreas com declividades maiores, características

A adição do rodado extra está associada ao porte do modelo, ou seja, em função da potência do motor e rendimento tratório, com uso principal em grandes tratores

de montanhas, com encostas, cuja ex-ploração ocorre por longos períodos e requer maior estabilidade nas operações, pode-se optar pelos sistemas de cubo extensor e do eixo do trator, pois não há necessidade de desmontar.

Em sistemas de exploração onde se realizam diferentes operações – cultivo, aplicação de fertilizantes e defensivos – quando ora precisa de mais estabilidade para o trator ou mesmo para evitar danos à estrutura do solo e ora não há a necessi-dade de uso, pode-se optar pelo sistema de engate rápido, devido à praticidade e ao menor tempo gasto para desmonte. Em algumas propriedades de porte me-nor a largura total do trator com rodado duplo torna-se algumas vezes limitante devido aos carreadores e porteiras estreitas, onde a desmontagem rápida facilita na logística.

Uma das observações na aquisição do rodado duplo é o custo de aquisição

Modelo de alongador utilizado para duplar o rodado do trator

Modelo de rodado duplo com engate rápido

A Marini, já disponibiliza opções de rodados triplos para alguns modelos

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

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e manutenção. Outro ponto importan-te é que a adição de um rodado em cada lado do trator aumentará sua largura, dificultando seu transporte nas vias públicas e vias de acesso às atividades, sendo necessárias adap-tações em toda área. Atividades dife-rentes realizadas durante o mesmo período de trabalho que demandem a montagem ou desmontagem do ro-dado duplo proporcionam uma perda de tempo considerável, fator limitante em períodos de alta atividade. Além disso, caso o primeiro rodado do eixo furar, para fazer o conserto será necessário retirar o segundo rodado.

Com a presença dos rodados duplos, algumas partes do trator como transmis-são e eixos podem ficar pesadas demais, causando desgaste precoce de tais peças e futuros problemas à máquina.

OPÇÕES DE SISTEMAS DE ACOPLAMENTO Existem no mercado nacional duas

empresas prestando o serviço de adap-tadores para rodado duplo no país, a Ma-rini e a Techonoradas, ambas com parque fabril instalado no Rio Grande do Sul.

A empresa Marini disponibiliza os sis-temas mais utilizados para acoplamento de rodados, com destaque para o sistema de acoplamento com engate rápido que facilita a movimentação diária de troca entre rodados simples e duplo.

A Technorodas apresenta produtos para adaptação em rodados duplos e o destaque fica para o separador-alonga-dor multiuso com regulação específica para roda externa.

De uma forma geral foi comprovado um melhor desempenho do trator em relação à tração, ao consumo específico de combustível, à potência disponível na

barra de tração, assim como ao aumento da área de contato e à menor pressão exercida no solo, porém não há diferença significativa.

O desempenho dos tratores com ro-dados simples ou duplos é influenciado pela pressão de insuflagem dos pneus, a depender da escolha poderá ocorrer desempenho melhor do rodado simples. Quanto à capacidade operacional que pode ser influenciada pela patinagem dos rodados não houve diferença entre rodados simples e duplos.

Alguns resultados de uma pesquisa realizada pelo especialista Ulisses Gia-comini Frantz, Universidade Federal de Santa Maria, evidenciam o melhor de-sempenho do trator e efeito sobre o solo do sistema de rodado duplo em relação ao simples. Na Tabela 1 estão apresen-tados os dados aproximados, levando em consideração a mesma pressão de insuflagem.

CONSIDERAÇÕES FINAISOs fatos citados são de extrema

importância para a tomada de decisão sobre a utilização ou não do rodado duplo. É primordial a definição dos objetivos da utilização do rodado duplo, bem como o levantamento de todas as características do sistema de produção para assegurar a correta escolha. Como não é um sistema de baixo custo para instalação é fundamental determinar o retorno do investimento.

Na hora de escolher um rodado duplo é necessário definir claramente os

objetivos quanto a sua utilização, levando em consideração as possibilidades de apli-cação em diferentes operações, condições de solo, topografia e culturas, minimização dos efeitos negativos sobre o solo, estabilidade em áreas acidentadas, melhoria da tração em função do tipo de solo e manejo.

Outros fatores importantes:- Rapidez na montagem utilizando-se

um sistema de engate com menor número possível de pontos de fixação.

- Facilidade de acoplamento sem a neces-sidade de alinhamento com a roda interna em função do tipo de fixação.

O que considerar na escolha do rodado duplo?

.M

Marcos Roberto da Silva,Edeilton Arruda dos Santos, Fabrício Pedreira Santos eIsmael dos Reis Alves,Univ. Federal do Recôncavo da BahiaAvelar Araujo Alves eRaphael Moraes Pinheiro, Riagro

Tabela 1

Força de tração kN

36,940,4

Rodado

SimplesDuplo

SimplesDuplo

Velocidade km h-1

4,04,0

Patinamento%

18,118,1

Consumo de combustível horário L h-1

17,417,9

Potência barra de tração kW

41,244,5

Desempenho do trator

Desempenho do tratorÁrea de contato total

dos pneus cm2

9.000,0≅ 7.400,0

Pressão aplicada ao soloN cm-2

≅ 7,9≅ 6,4

- Possibilidade de aplicação em rodas de 8” a 54”.

- Compatibilidade com qualquer marca e modelo de trator.

- Disponibilidade de kits para tratores in-dependentemente da potência com sistema fácil e rápido para acoplamento.

- Aplicação de rodados duplos na parte dianteira do trator.

- Custos de aquisição e manutenção do kit versus possíveis aplicações e definição dos benefícios que justifiquem o investi-mento.

- Possibilidade de adequação para o uso nas entre linhas das culturas anuais em diferentes espaçamentos.

Rodados duplos podem ser utilizados nos rodados dianteiro e traseiro

Div

ulga

ção

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A agricultura de precisão (AP) consiste em um conjunto de tecnologias cujo objetivo

é aumentar a eficiência de produção, com base no manejo diferenciado de áreas agrícolas. A AP faz uso intenso de geotecnologias e destas, do Senso-riamento Remoto em seus diferentes níveis de coleta de dados (orbital, aéreo e terrestre).

Os Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) têm despontado como uma al-

ternativa versátil e de baixo custo para o mapeamento de áreas. A preferência pelo uso desta tecnologia para realiza-ção da fotogrametria ou sensoriamento remoto, no nível aéreo, na AP ou em ou-tras aplicações, deve-se principalmente à boa resolução das imagens obtidas, sofrer obstrução por nuvens ou fumaça e também por oferecer maior liberdade ao usuário, uma vez que as imagens podem ser obtidas no momento em que se fazem necessárias.

O produto do mapeamento com Vant é de maneira geral um mosaico de imagens da área coberta pelo voo. Pode-se definir mosaico como um bloco de imagens aéreas adjacentes e unidas sistematicamente pelo devido ajuste e sobreposição de suas margens vizinhas, de maneira a se obter uma represen-tação contínua da área mapeada. Os mosaicos, genericamente, podem ser controlados ou não controlados.

Os mosaicos não controlados não

Sensefly

VANT

Mapeamento prático

O mapeamento de glebas de terras utilizando-se de veículo aéreo não tripulado é uma opção mais barata e acessível que pode ser aplicada para diversas situações

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tica e Agricultura de Precisão (NGAP), do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Ve-terinárias (FCAV/Unesp), desenvolveu um trabalho com o objetivo de verificar a qualidade de mosaicos gerados a par-tir de imagens aéreas coletadas por um Vant, utilizando-se e não se utilizando pontos de controle no terreno.

Para tanto, foram medidos em cam-po 14 pontos de controle, utilizou-se o receptor GNSS Trimble R6 com coletor de dados Trimble TSC3 (método de po-sicionamento relativo rápido estático), sendo realizado o pós-processamento no software Trimble Business Center 2.8.

Posteriormente, para verificar a qualidade dos mosaicos, foi realizado o levantamento cadastral de quatro glebas de terra mapeadas na cobertura aerofotogramétrica, utilizando-se o po-sicionamento relativo semicinemático com os equipamentos acima citados.

Para a cobertura aerofotogramétrica da área, foi utilizado o Vant Swinglet da Sensefly. A área coberta pelo voo foi de, aproximadamente, 400 hectares. A câ-mera utilizada foi a Canon IXUS22OHS, que registra o espectro eletromagnético na faixa do visível. Os mosaicos foram gerados no software Terra 3D.

Comparando as coordenadas dos pontos de controle medidas em campo com as obtidas no mosaico controla-do obteve-se um erro médio para as coordenadas Este de (0,104 ± 0,031)

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possuem pontos de controle na área a ser mapeada. Já os mosaicos con-trolados requerem a implantação de pontos de controle no terreno para orientar o modelo fotogramétrico em relação à vertical e corrigir sua escala. A utilização de pontos de controle do terreno permite uma melhor qualidade

no mosaico. Destaca-se que pontos de controle são pontos cujas coordenadas são determinadas em campo através de posicionamento por sistemas GNSS, como o GPS, utilizando-se de métodos que garantam uma qualidade na ordem de centímetros.

Neste contexto, o Núcleo de Geomá-

Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) Swinglet da Sensefly, utilizado para a cobertura aerofotogramétrica da área de estudo

Trecho de mosaico obtido na cobertura aerofotogramétrica da área de estudo, exibindo parte do campus da Unesp de Jaboticabal

Fotos David Rosalen

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m, para as coordenadas Norte foi de (0,074 ± 0,019)m, que levaram a um erro planimétrico de (0,128 ± 0,036)m. Com relação à altimetria, o erro médio para a altitude elipsoidal foi de (0,199 ± 0,089)m.

O relatório de processamento do mosaico com pontos de controle indi-cou um erro médio de reprojeção igual a 10,6% do tamanho do pixel; já para o mosaico gerado sem a utilização de pontos de controle, o erro médio foi de 23,7%. Dessa forma, constata-se que há uma diminuição de, aproximadamente, 50% do erro ao utilizar pontos de con-trole no terreno na geração do mosaico.

A Tabela 1 exibe os resultados do cálculo de área relativos às quatro gle-bas de terra levantadas em campo (con-trole) e as respectivas áreas calculadas nos mosaicos com e sem a utilização de pontos de controle no terreno.

Os resultados exibidos na Tabela 2 indicam que o erro médio da diferença de área entre o controle (levantamento de campo) e o mosaico controlado foi de (73,43 ± 15,53)m, 0,9% em valor rela-tivo, já para o mosaico que não utilizou pontos de controle, o erro foi de (107,74 ± 31,51)m, 1,3% em valor relativo. Destaca-se que não ocorreu diferença estatisticamente significativa entre os erros de área do mosaico controlado e não controlado.

Na Tabela 2 são exibidos os resulta-dos do cálculo do perímetro relativos às glebas levantadas em campo (controle)

Tabela 1 - Áreas, em metros quadrados, das quatro glebas levantadas em campo e mapeadas utilizando-se de Vant e respectivos erros em valores absolutos

Gleba

1234

MédiaDesvio padrão

Controle

7.884,199.058,427.984,077.975,46

--

1 Médias com letras iguais não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P < 0,05).Fonte: Galvão e Rosalen, 2013.

Mosaico controlado7.772,139.067,278.095,357.913,94

--

Mosaico nãocontrolado7.919,639.156,108.235,628.021,77

--

Controlado112,06

8,85111,2961,52

73,43 a15,53

Não controlado35,4497,67251,5546,31

107,74 a31,51

Diferença (erro)

Tabela 2 - Perímetros, em metros, das quatro glebas levantadas em campo e mapeadas utilizando-se de Vant e respectivos erros em valores absolutos

Gleba

1234

MédiaDesvio padrão

Controle

355,0389,1357,0356,4

--

1 Médias com letras iguais não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P < 0,05).Fonte: Galvão e Rosalen, 2013.

Mosaico controlado

356,85390,36359,57357,80

--

Mosaico nãocontrolado

357,78391,86363,53358,03

--

Controlado1,891,262,611,35

1,78 a0,20

Não controlado2,832,766,571,59

3,44 a0,68

Diferença (erro)

e os respectivos perímetros calculados nos mosaicos com e sem a utilização de pontos de controle no terreno.

Os resultados exibidos pela Tabela 2 indicam que o erro médio da diferen-ça de perímetro entre o controle e os mosaicos foi de (1,78 ± 0,20)m, 0,5% em valor relativo, para o mosaico con-trolado; para o mosaico não controlado o erro foi de (3,44 ± 0,68)m, 1% em valor relativo. Também, neste caso, não ocorreu diferença significativa entre o erro do mosaico controlado e o erro do mosaico não controlado.

Baseando-se nos resultados obtidos, pode-se concluir que o mapeamento de glebas de terra utilizando-se de Veículo Aéreo Não Tripulado é viável, principalmente para finalidade agrícola, onde o cadastro pode atingir a ordem de decímetro, como foi alcançada nos erros planimétricos e altimétrico.

Com relação à determinação de áreas e perímetros, também podemos considerar satisfatória, visto que o erro não ultrapassou, em valores relativos, o

valor de 1,3%. Também a utilização de pontos de controle não seria necessá-ria para essa finalidade, visto que não ocorreu diferença significativa entre os erros obtidos no mosaico controlado e não controlado, tanto para área, como para o perímetro.

David avaliou Veículo Aéreo Não Tripu-lado para cobertura aerofotogramétrica

Maleta com o kit utilizado no experimento

David Luciano Rosalen,FCAV/Unesp, Jaboticabal

.M

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PROJETOS

Grande ajudaProtótipo de colhedora de cana-de-açúcar de baixo

custo adaptado a tratores de duas rodas pode ser uma alternativa para pequenos produtores do norte fluminense

A economia brasileira tem a cultura da cana-de--açúcar como grande

colaboradora para sua evolução e consolidação, uma vez que o Bra-sil, além de ser o maior produtor mundial, é também o primeiro do mundo na produção de açúcar e etanol. Segundo o Ministério da

Agricultura, o País é responsável por mais da metade do açúcar comercializado no mundo, e deve alcançar uma taxa média de au-mento da produção de 3,25%, até 2018/19, e colher 47,34 milhões de toneladas do produto, o que corresponde a um acréscimo de 14,6 milhões de toneladas em re-

lação ao período 2007/2008. Para as exportações, o volume previsto para 2019 é de 32,6 milhões de toneladas.

O etanol, produzido no Brasil, a partir da cana-de-açúcar, também conta com projeções positivas para os próximos anos, devidas, principalmente, ao crescimento do consumo interno. A produção projetada para 2019 é de 58,8 bi-lhões de litros, mais que o dobro da registrada em 2008. O consu-mo interno está projetado em 50 bilhões de litros e as exportações em 8,8 bilhões.

A cultura da cana-de-açúcar ex-pandiu rapidamente pelo litoral do Brasil na época de colonização, e surgiu em Campos dos Goytacazes por volta do século 17, utilizando--se dos Engenhos Reais, com maior capacidade produtiva, e os enge-nhos de tração animal, humana ou a roda d’água, que tiveram sua duração até meados do século 19.

O processo de modernização da lavoura canavieira, no preparo do solo e no plantio, ocorre desde a década de 60, entretanto, não se verificou nessa época a mesma intensidade da mecanização na colheita do produto. A colheita da cana-de-açúcar processou-se his-toricamente de forma totalmente manual desde o corte da base até o carregamento e com a queima prévia do canavial. Com os pro-blemas ambientais, oriundos das queimadas, e a necessidade de aumentar o rendimento de opera-ções agrícolas, torna-se inevitável a mecanização da colheita da cana--de-açúcar.

Porém, a região do norte flumi-nense apresenta como principal

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característica a predominância de pequenos produtores. Desta forma, é de grande importância o desenvolvimento de uma nova opção de colhedora de cana-de--açúcar, visando atender princi-palmente estes produtores que não têm a capacidade de adquirir grandes máquinas autopropelidas que requerem alto investimento e enormes áreas de cultivo.

O presente trabalho foi condu-zido no Laboratório de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribei-ro e na oficina da usina São José, administrada pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), onde se desen-volveu um protótipo de colhedora de cana-de-açúcar de baixo custo, para ser adaptada a um microtra-tor de duas rodas - trator de rabi-ças, com a função de cortar a base e tombar lateralmente uma linha de cultura de cana sem queima prévia.

Após a definição do projeto da máquina, o primeiro passo foi a construção do chassi, usando aço carbono 1020 com perfil fechado galvanizado. Um par de rodas de sustentação posicionado na parte frontal da máquina previne que as lâminas de corte toquem o solo e controla a altura de corte.

Na montagem do sistema de transmissão, foram utilizadas duas caixas diferenciais, sendo uma

para acionar o sistema de corte da base dos caules e outra para acionar o mecanismo orientador e transportador dos caules cortados. As transmissões são acionadas pela polia principal do microtrator através de correias trapezoidais.

Na montagem do sistema de corte, foi utilizado um disco de metal para posicionar três lâminas cortadoras, e estas foram projeta-das em ângulo de forma a realizar o corte por deslizamento, reduzindo o impacto e a danificação da so-queira, evitando a proliferação de doenças na soqueira e aumentando o potencial de rebrota da mesma.

O protótipo foi avaliado em con-dições de campo, se deslocando em direção à linha a ser colhida, sendo os caules de cana-de-açúcar con-duzidos pelos divisores de linhas, ou ponteiras guias, e pela estrutura do chassi, realizando o corte dos colmos de cana-de-açúcar com suas lâminas de corte montadas no disco basal. A distância entre os divisores de linha, as rodas de suporte e a bitola do microtrator acionador foi regulada de acordo com a distância entre as linhas de cultivo.

O fluxo para o corte da cana seguiu a sequência - contato com o sistema de transporte na parte superior, contato com sistema de corte na parte de base, corte do caule e transporte lateral para fora

do protótipo com tombamento no solo. Foi verificado um bom de-sempenho do sistema das lâminas de corte, preservando sem danos a soqueira que crescerá para a pró-xima safra, ou seja, sem defeitos de corte.

Ao final dessa parte do trabalho a equipe realizou uma análise do protótipo para verificar se este cumpre com o objetivo para o qual foi construído. Foi concluído que o protótipo necessita de pequenos ajustes estruturais e funcionais visando otimizar a função de trans-porte e tombamento dos caules cortados. Com os resultados deste trabalho, atingiu-se um grau de desenvolvimento muito satisfa-tório, próximo do ponto ideal de funcionamento.

O protótipo de colhedora de cana-de-açúcar de baixo custo foi adaptado a um microtrator de duas rodas - trator de rabiças, com a função de cortar a base e tombar lateralmente

Colhedora poderia ser usada para subs-tituir cortadores em pequenas plantações

Fotos José Francisco Sá Vasconcelos Junior

José Francisco Sá V. Junior eRicardo Ferreira Garcia,Uenf

.M

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FICHA TÉCNICA

A Fankhauser está oferecendo ao mercado a plantadora adubadora 4055 Twin Row,

que traz uma tecnologia muito utiliza-da nos Estados Unidos, que está sendo implementada pela empresa no Brasil. Twin Row significa linhas gêmeas, que é exatamente a característica princi-pal desta máquina.

Fotos Fankhauser

A plantadora adubadora do mode-lo 4055 Twin Row é um equipamento projetado e pensado especialmente para o plantio de soja nos camaleões das áreas de arroz. Mas também pode ser utilizada nas culturas de soja e milho em outros tipos de terreno.

O seu funcionamento se dá basica-mente por linhas duplas, que, como o

próprio nome diz, é o plantio de duas linhas próximas com espaçamento reduzido e afastadas das próximas duas linhas por um espaçamento maior, ou seja, plantio de duas linhas pareadas próximas uma da outra.

No caso da plantadora 4055, o espaçamento é de 22cm entre as linhas pareadas, em espaçamento de

4055 TWIN ROWCom sistema de linhas gêmeas, a Plantadora Adubadora Twin Row

da Fankhauser é uma inovação no sistema de plantio no Brasil

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45cm a 1,10m das próximas linhas, podendo ser configurada desde dois conjuntos Twin Row para experi-mentos científicos a oito conjuntos, com sistema três pontos (hidráulico), ou para máquinas de arrasto, de qua-tro conjuntos a 26 conjuntos.

Esses conjuntos Twin Row podem ser utilizados nos modelos de plan-tadeiras Fankhauser 5036, 5046 e 5056 ou adaptados em plantadeiras de outras marcas.

SISTEMA DE PLANTIO TWIN ROWO sistema de plantio Twin Row

consiste em uma técnica de plantio desenvolvida nos Estados Unidos. Esse sistema baseia-se no conceito de um melhor aproveitamento dos espa-ços pelas plantas, tanto de superfície foliar como radicular. No intuito de aumentar a produtividade, as den-sidades aumentam e isso influencia negativamente na concorrência entre plantas. A partir de 80 mil plantas por hectare em plantio convencional (70cm-75cm entre linhas), a concor-rência entre plantas começa a ser grande. Para semear 100 mil plantas por hectare de forma convencional, a distância entre grãos é inferior a

14cm, a concorrência entre as plan-tas costuma ser muito grande e chega num estágio precoce, sendo que o sistema radicular de uma planta vai muito rapidamente de encontro com o sistema radicular das plantas que a rodeiam e que concorrem pela luz solar. Esse novo sistema de linhas duplas permite que o espaço entre plantas seja maior, que a concor-rência entre elas seja menor, e que chegue num estágio posterior.

VANTAGENS DO TWIN ROWPara o plantio em várzeas, a apos-

ta dos produtores é pela diversifica-ção da produção e fuga das oscilações do preço do arroz. No caso do plantio de soja, além do produtor ter outra fonte de renda na propriedade, tem uma lavoura com menor infestação de plantas daninhas no cultivo do arroz, na sequência cultivado após o cultivo de soja. Também propicia a otimização do uso de máquinas e da terra. Nas regiões produtoras de ar-roz, têm-se muitas áreas que perma-necem em pousio. E a soja pode estar entrando nestas áreas possibilitando um benefício financeiro ao produtor e deixando essa área com menor in-

festação de plantas daninhas/arroz vermelho, para a cultura do arroz semeada em seguida.

Institutos de pesquisa já apontam que o arroz cultivado após a soja tem uma produtividade média 15% su-perior. Tanto pelos nutrientes, como nitrogênio deixado pela soja no solo, como pela redução da infestação de plantas daninhas.

Para os casos de plantio de mi-lho, o Twin Row permite maior desenvolvimento radicular, já que o crescimento radicular é simétrico e, quando uma raiz de milho tocar na raiz de outra planta, esta deixa de crescer. Graças ao maior tamanho dos sistemas radiculares, o Twin Row aproveita cada hectare de terra numa porcentagem superior. Estu-dos de pesquisadores americanos e argentinos afirmam que um sistema convencional apenas explora 14% do terreno, enquanto o plantio em linhas duplas aproveita até 45% do mesmo.

O Twin Row também maximiza o aproveitamento da luz e ajuda a pre-venir perdas de água por evaporação direta. Em sete folhas em situação convencional, apenas 30% da luz que

A configuração Twin Row possui duas linhas gêmeas com espaçamento de 22cm entre elas, que ficam distantes de 45cm a 110cm das próximas linhas

Este sistema pode ser adaptado em várias máquinas da Fankhauser

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incide sobre a superfície é captada pelas plantas, enquanto no plantio em linhas duplas é captada até 90% da luz. Isso também melhora a con-corrência com as ervas daninhas, já que se projeta mais sombra para o chão.

Para a colheita, o Twin Row não exige uma mudança radical de má-quinas. Pode ser realizada com uma plataforma convencional. As duas linhas passam como uma só por apanhador.

SISTEMA PNEUMÁTICO DA PLANTADORA 4055O sistema pneumático utilizado

na plantadora 4055, o distribuidor MaterMacc, é o mesmo utilizado em toda linha de plantadeiras Fankhau-ser. Este sistema realiza a ruptura da semente eliminada, tem queda das sementes regular e uniforme, pouco atrito entre a carcaça e o disco, velocidade de trabalho mais elevada e possibilita que sementes de tama-nhos diversos sejam semeadas com o mesmo disco.

A Plantadora Adubadora 4055 Twin Row possui reservatórios de semente confeccionados em polie-tileno, com capacidade média de 40 litros por linha, distribuidor de semente pneumático Matermacc. Ela

vem configurada com rodas compac-tadoras de ferro fundido com pressão regulável e rodas limitadoras de profundidade articuladas e indepen-dentes, com regulagem. Possui disco duplo defasado 14/15”, espaçamento entre linhas ajustável e rodas de transmissão mecânica 7.5-16” para a versão levante três pontos.

O Sistema de distribuição da se-mente é sincronizado, fazendo com que a semente caia intercalada no

solo, entre a linha dupla. Ela trabalha com sistema de Agricultura de Preci-são Fankhauser e possui sistema de acionamento da turbina por motor hidráulico, além de opcional sistema para fertilizante.

A Plantadora Adubadora 4055 Twin Row está disponível nas ver-sões levante três pontos e arrasto. Na versão arrasto pode ser adaptada em outros modelos de plantadeiras Fankhauser e de outras marcas.

Fotos Fankhauser

DISTÂNCIA ENTRE LINHAS mm600 a 1100600 a 1100600 a 1100600 a 1100

DISTÂNCIA ENTRE LINHA DUPLA mm

220 a 300220a 300220 a 300220 a 300

Nº DE LINHAS

2468

CAPACIDADE DE SEMENTE APROX. Litros

80160240320

POTÊNCIA DO TRATOR APROX. CV

100150220225

PESO APROX.Kg

1000200030004000

.M

Esquema de distribuição de sementes e espaçamentos entre as linhas

Exemplo de plantação de milho com linhas gêmeas de 22cm e espaçamento de 50cm nas entre linhas

O sistema pneumático MaterMacc da plantadora 4055 é o mesmo utilizado nas demais máquinas da Fankhauser

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