Maquinas 130

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Junho de 2013

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Rodando por aí

Distribuição de sementes

Coleta de dados

Piloto automático

Compactação em cana

Tráfego controlado

Lubrificantes

Perdas na colheita

Comparativo de pulverizadores

Coluna Mundo Máquinas

Agricultura mais que precisa 14Saiba como é possível tornar a agricultura cada vez mais precisa, gerando maior produtividade e diminuindo as perdas, com uso de ferramentas como pilotoautomático e técnicas de controle de tráfego

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherKarine Gobbi

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

LubrificantesSaiba quais são os tipos de lubrificante

existentes e as principais indicações em aplicações agrícolas

Grãos perdidosComo a identificação das perdas auxilia o produtor

a minimizá-las

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 160,00€ 150,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 130 • Ano XII - Junho 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

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Matéria de capa

Cap

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es E

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CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070• MARKETING3028.2065

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rodANdo por AÍ

MariniA Marini participou da 9ª edição da Bahia Farm Show apresentando a sua linha de produtos de Rodados Duplos Dianteiros e Traseiros. Eduardo Ma-rini destacou a importância do evento para uma região que se caracteriza pelo cultivo de grandes áreas, utilizando máquinas de grande porte com Rodados Duplos dianteiros e traseiros fabricados pela empresa.

JanA Jan apresentou para clientes e visitantes da Bahia Farm Show o seu portfólio para o setor agrícola, dando destaque para o Distribuidor Auto-propelido Power Lancer 4.100. Segundo o gerente comercial, Claudiomiro dos Santos, o distribuidor de fertilizantes 4x4 mecânico está no mercado como opção à demanda aquecida por distribuidores desta natureza.

ValtraA Valtra participou de mais uma edição da Bahia Farm Show levando o seu portfólio de tratores, colheitadeiras, implementos, enfardadoras e enleirador, que auxiliam o produtor do preparo do solo à colheita. Um dos destaques da Valtra foi o Pulverizador BS 3020H. Segundo o coordenador de Marketing do Produto Pulverizador da AGCO América do Sul, Lucas de Almeida Zanetti, o BS 3020H apresenta “chassi flexível e suspensão pneumática que garantem melhor estabilidade e tração do equipamento independentemente do tipo de topografia”.

JumilA Jumil destacou na Bahia Farm Show a plantadora de plantio direto articulada transportável nos modelos JM 8080 PD Magnum e JM 8090 PD Exacta Terra Jumil. De acordo com o coordenador de Marketing, Gustavo Oliveira, os modelos foram desenvolvidos para os agricultores que buscam eficiência no plantio, utilizam tecnologia de agricultura de precisão e, consequentemente, menor tempo nas operações dentro da pequena “janela de plantio” que existe hoje nas culturas.

JactoA Jacto destacou durante a Bahia Farm Show as atualizações na linha de pulverizadores da família Uniport, a nova colhedora de café KTR 3500, as novas especificações da adubadora Uniport 3000 NPK e a linha de equipamentos para Agricultura de Precisão.

MasseyA Massey Ferguson, através da concessionária Agrovia, participou da Bahia Farm Show 2013 levando sua linha de produtos. Durante o evento, os desta-ques foram os lançamentos com tecnologias avançadas da empresa para os seg-mentos de tratores, plantadeiras, agricultura de precisão e pulverizadores.

MontanaA Montana participou da Bahia Farm Show com uma animada equipe de vendas para apresentar seu portfólio de pulverizadores de arrasto e autopropelidos, com destaque para o Pulverizador Parruda Stronger 3030 ST, equipado com barras de 30 metros. Também foram destaques no estande da empresa os tratores da linha Solis.

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Auto-GuideDurante a Bahia Farm Show, a Valtra apresentou a sua novidade para o segmento de piloto automático, o Auto-Guide 3000, que além de estar disponível para tratores e pulverizadores, agora também estará para as colheitadeiras axiais. De acordo com coordenador de Marketing de Soluções em Tecnologias Avançadas da Valtra, Gerson Filho, o sistema traz novos terminais touch screen com 12,1 polegadas, conta com o novo receptor GNSS, o AGI-4, preparado para receber sinal de GPS, Glonass e Galileo. O Auto-Guide 3000 trabalhará também com níveis de precisão de sinal submétrico, decimétrico e centimétrico (RTK).

John DeereDurante a Bahia Farm Show o estande da John Deere contou com a presen-ça da equipe do concessionário Agrosul e com os especialistas em produtos. Foram destacados os equipamentos que oferecem alta produtividade e tecnologia avançada em máquinas e implementos agrícolas que passaram a ser fabricados no Brasil. O segmento de irrigação, John Deere Water, esteve presente expondo suas tecnologias de irrigação por gotejamento.

New HollandA New Holland, através das concessionárias Justi Tratores e Jaraguá Bahia, participou da Bahia Farm Show com sua linha completa de produtos para o campo. Na linha de tratores, os destaques foram os novos modelos T8 e T9. Segundo Marcelo Martins, da concessionária Jaraguá Bahia, de Luís Eduardo Magalhães, “o T9 é um trator indicado justamente para os produtores que procuram aliar potência, produtividade, otimização de recursos de mão de obra, alto rendimento e tecnologia”.

Case IHA Concessionária Maxum, representante da Case na região baiana de Luís Eduardo Magalhães, participou da 9ª edição da Bahia Farm Show. Os destaques foram a colhedora de algodão Module Express 635; as colheitadeiras de grãos Axial-Flow 8120 e 2799; os tratores Magnum 340 e Farmall 80 e 95; o pulverizador Patriot 350; a plantadeira 1215 e os equipamentos de agricultura de precisão AFS da Case IH.

ArvusA Arvus Tecnologia participou da edição da Bahia Farm Show recep-cionando clientes e produtores rurais com a sua linha de equipamentos para agricultura de precisão. Para o diretor da empresa, Gustavo Raposo, a equipe de vendas destacou a linha de produtos voltada à automação no campo, como o Titanium, que garante um controle eficiente de aplicação de insumos e sementes na lavoura.

Goodyear e TitanA parceria Veyance Technologies do Brasil, fabricante exclusiva da marca Goodyear Engineered Products, e Titan Pneus Brasil, detentora da marca Goodyear Farm, esteve presente durante a 9ª edição da Bahia Farm Show, com seu portfólio de produtos. A Veyance Goodyear levou a sua linha de correias e mangueiras. A Titan fez sua primeira participação na feira e deu destaque para as novas medidas de construção radial para aplicação em equipamentos acima de 140cv.

Gerson Filho

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Uso obrigatórioA realização do tratamento de sementes com produtos fitossanitários altera as características externas dos grãos, exigindo a complementação com produtos

lubrificantes que garantam uma distribuição uniforme na linha de plantio

SEMEAdorAS

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A produtividade das culturas está diretamente associada à qualidade da semeadura, cujo

processo deveria ser realizado dentro de elevados padrões de qualidade e precisão, para garantir um estande adequado de plantas e, consequentemente, o sucesso na implantação da lavoura. Neste contexto, a correta distribuição longitudinal das sementes pela máquina semeadora é uma das características que mais contribui para a obtenção de estande adequado de plan-tas e de boa produtividade das culturas. Entretanto, após acondicionada no solo, a semente pode sofrer ação de doenças, insetos e nematoides, ocorrendo redução do estande final de plantas, mascarando a qualidade da operação de semeadura.

No solo, os patógenos possuem con-dições ideais para infectar as sementes, principalmente para algumas espécies de patógenos, que são favorecidas pela semea-dura realizada em condições de excesso de umidade e baixa temperatura do solo, onde a germinação e a velocidade de emergência das plântulas são reduzidas, proporcionan-

do uma maior exposição ao ataque destes patógenos e pragas.

Dentre os principais patógenos causado-res de doenças, podem ser citados podridão das sementes, cancro da haste, antracnose, tombamento e morte de plantas, além de uma gama de insetos. Para evitar estes problemas, já é usual o emprego do tratamento fitossa-nitário às sementes, técnica que consiste na aplicação de defensivos externamente nas sementes, servindo como ferramenta tanto no armazenamento como também no campo, com a finalidade de proteger as sementes e também as plântulas nos estádios iniciais contra o ataque de fungos e insetos.

Além disso, é bastante usual a adição de micronutrientes e estimulantes radiculares dessa forma. Devido à presença de água na diluição dos produtos e pelas sementes ab-sorverem umidade facilmente, este processo confere certa aderência entre as sementes e destas com o mecanismo dosador. Entanto, existe um limite de calda a ser aplicada às sementes pela sua absorção restrita e, em muitos casos, este limite é ultrapassado pela grande quantidade de produtos acondicio-

nados na mesma aplicação, diminuindo o residual dos produtos e contribuindo para o aumento da aderência das mesmas ao me-canismo dosador e seus componentes, bem como pela alteração do tamanho e aumentan-do a rugosidade da semente, prejudicando o preenchimento dos alvéolos do disco dosador, este efeito pode ser ainda mais acentuado quando se utilizam altas velocidades de des-locamento da máquina e também elevadas rotações do disco dosador de sementes. Este tratamento pode ser realizado pelos próprios produtores ou obter as sementes já tratadas pelas empresas fornecedoras.

Além disso, constitui-se em uma alter-nativa que proporciona vantagens agronô-micas, sociais, ambientais e econômicas aos produtores, representando em torno de 0,5% a 1% do custo de produção da cul-tura, sendo uma tecnologia em constante aprimoramento e cada vez mais utilizada em culturas de grande expressão econômi-ca. Todavia, há uma carência de trabalhos científicos que estudem a relação do tra-tamento fitossanitário com a distribuição longitudinal de sementes.

Com o objetivo de reduzir a interfe-rência no funcionamento dos dosadores de

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sem TS e sem grafite, com grafite e sem TS, com TS e sem grafite e, por fim, com grafite e TS. Para os testes foram usadas sementes de soja da cultivar Nidera 6411, onde foram avaliadas três densidades de semeadura (300, 350, 400 mil sementes/ha). A velocidade de deslocamento foi mantida em 5km/h, variando somente a velocidade do disco dosador de sementes para o atendi-mento das densidades escolhidas. O produto utilizado para tratamento fitossanitário foi

sementes, faz-se necessário a utilização de lubrificante sólido grafite. Sendo um produto inerte e que não influencia na germinação das sementes, o grafite tem a função de mi-nimizar o atrito entre as sementes e destas com o mecanismo dosador, facilitando o es-coamento e o preenchimento dos alvéolos do disco dosador, contribuindo para a melhoria na distribuição longitudinal na linha de se-meadura. Com relação à dosagem de grafite, alguns fabricantes de dosadores recomendam a adição de até 1,25g/kg de sementes, já a pesquisa científica recomenda a utilização de até 4g/kg de sementes após a secagem do tratamento aplicado. As quantidades a serem aplicadas podem variar de acordo com a forma e o tamanho das sementes.

Outro fator primordial no processo é a forma de realizar a mistura do lubrificante grafite nas sementes. Observa-se que quan-do não há tratamento fitossanitário, a forma de mistura não causa diferença no desempe-nho dos mecanismos dosadores. Pesquisas revelam que quando aplicado o tratamento fitossanitário, as maiores porcentagens de espaçamentos aceitáveis na distribuição longitudinal de sementes na linha de seme-adura ocorreram quando houve mistura do grafite na máquina de tratamento fitossani-

tário pelo fato de proporcionar uma melhor homogeneização do grafite com as sementes, diferindo significativamente da mistura feita diretamente no depósito de sementes da má-quina semeadora e também no inoculador de produtos químicos (tambor).

Com o intuito de verificar a influência da utilização de grafite e tratamento de semente (TS) em sementes de soja, foram feitas avaliações em laboratório com quatro diferentes combinações, sendo elas sementes

O estudo concluiu que ao adicionar tratamento fitossanitário nas sementes é necessário adicionar lubrificante sólido grafite para evitar problemas na distribuição

Fotos Charles Echer

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o fungicida Derosal, registrado para o tra-tamento de sementes de soja, e a dosagem foi estabelecida conforme as recomenda-ções agronômicas (200ml de I.A./100kg de sementes). A regularidade de distribuição de sementes foi determinada conforme Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994). Essa variável foi avaliada por meio dos espaçamentos aceitáveis, múl-tiplos e falhos. Na tabela abaixo podem ser visualizados os resultados obtidos nos testes realizados em laboratório.

Com base nos resultados obtidos, pode-se observar que a utilização do tratamento fitossanitário nas sementes (TS) sem adição de grafite causou redução significativa no percentual de espaçamentos aceitáveis e proporcionou aumento de espaçamentos múltiplos. Isto demonstra que o TS afeta o

funcionamento do mecanismo dosador, de modo que dificulta a individualização das sementes pelos alvéolos do disco ocasionado pelo aumento do ângulo de repouso das sementes, que diminui a fluidez e prejudica o funcionamento do mecanismo raspador de sementes para remover o excesso das mesmas alojadas nos orifícios do disco. Tal fato é agravado quando as sementes não possuem tamanho uniforme, resultando no preenchimento duplo (semente pequena) ou a apreensão da semente (semente grande) no alvéolo ocasionando a redução da qualidade na distribuição longitudinal de sementes.

O aumento dos espaçamentos duplos pode acarretar em acúmulos de plantas na linha de semeadura, fazendo com que estas apresentem um crescimento mais elevado em relação às demais, apresentando um me-nor diâmetro de caule tornando-as mais sus-cetíveis ao acamamento, além de poder gerar

Tabela

TratamentosSem TS e sem GrafiteCom Grafite sem TSCom TS sem Grafite

Com Grafite e TS

Aceitáveis63,84 a63,78 a52,17 b67,67 a

Duplos19,53 b18,73 b29,88 a15,54 b

Falhos16,62 a18,32 a17,93 a16,78 a

% Espaçamentos

*As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade TS = Tratamento de sementes

condições favoráveis ao desenvolvimento de doenças fúngicas. Quando os testes foram realizados sem tratamento de sementes e sem grafite, o percentual de espaçamentos aceitáveis não sofreu redução significativa. O uso de sementes sem a aplicação dos pro-dutos não alterou as suas características de escoabilidade no mecanismo dosador. Com relação aos espaçamentos falhos, não foi encontrada diferença entre os tratamentos. Pode-se visualizar que, quando utilizado o tratamento de sementes, para que não haja redução da qualidade de distribuição longitudinal, deve-se utilizar lubrificante sólido grafite a fim de reduzir o atrito entre as sementes e melhorar a escoabilidade das mesmas no reservatório do dosador.

Com a finalidade de se manter a popu-lação de plantas desejada, é recomendada a utilização do tratamento fitossanitário de se-mentes, uma prática que está sendo cada vez mais difundida entre os produtores. Porém, é necessária a atenção no momento da seme-adura para que a qualidade da distribuição longitudinal de sementes e o desempenho da máquina semeadora não sejam afetados pela aplicação destes produtos. Através dos resultados deste estudo, concluiu-se que ao adicionar o tratamento fitossanitário é necessária a utilização de lubrificante só-lido grafite nas dosagens recomendadas, e quando não utilizado o tratamento, não se faz necessária a utilização do grafite. .M

Sementes com tratamento e sem lubrificantes dificultam a eficiência na distribuição longitudinal

Classificação dos espaçamentos entre sementes. Fonte: Silveira, 2010

Dauto Pivetta Carpes,Airton dos Santos Alonço,Tiago Rodrigo Francetto,Mateus Potrich Bellé eAndré Augusto Veit,Laserg - UFSM

Case IH

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tECNologIA

Onde descompactarAssim como ocorre com aplicações de fertilizantes a taxas variáveis, é possível

realizar a atividade de descompactação com profundidades diferentes em determinadas áreas, seguindo um mapa gerado a partir da coleta de dados

Uma das árduas tarefas no processo de montagem de um banco de dados para se trabalhar com as

ferramentas da agricultura de precisão é a coleta de dados. A coleta de dados, quando rea-lizada no processo manual, envolve custos que muita das vezes torna difícil sua implantação, principalmente quando as amostras devem passar por uma análise de laboratório. Mas com o aumento dos estudos em automação/sensores a partir de 1980 esta tarefa vem se tornando mais fácil.

Os equipamentos mais conhecidos e utilizados na agricultura de precisão para a coleta de dados são os quadriciclos, que são equipados com os amostradores de solo e GPS (Sistemas de Posicionamento Global) para coleta de amostras facilitando a coleta e a consequente geração dos mapas de aplicação para correção da fertilidade do solo a partir dos dados das análises do laboratório. No entanto, novas ferramentas foram surgindo, não apenas para a correção química do solo, mas para a identificação e a correção física do solo, como a compactação.

A compactação do solo pode ser entendida como reposicionamento das partículas do solo, podendo ser verificado pela diminuição da porosidade e aumento da densidade do solo.

A compactação é causada muita das vezes pelo tráfego de máquinas na área e pelo preparo do solo incorreto. Em algumas condições, a ocorrência da formação da compactação se dá de forma natural e é chamada de adensamen-to. Cuidado especial deve ser dado aos solos argilosos que são mais suscetíveis ao processo de compactação, principalmente quando estão na grande quantidade de umidade.

A descompactação do solo é uma das operações mais caras que requer elevado gasto de energia. Geralmente, é realizada por tratores de alta potência que trabalham com equipamentos pesados operando em grandes profundidades. Quanto maior o trator, maior

o gasto com combustível por hora. Assim, a identificação da localização da compactação no solo pode reduzir o gasto de energia, pois se o produtor realiza a cada ano de cultivo ou a cada renovação de canavial a subsolagem na profundidade de 70cm, e consegue veri-ficar que a necessidade real é até a camada de 50cm, ocorre uma diminuição no gasto de energia. Pois a profundidade de trabalho está diretamente relacionada com a potência consumida. Com o uso do mapeamento da compactação é possível identificar a profun-didade correta de trabalho e os focos onde é necessário descompactar.

Os problemas que a compactação pode trazer para as áreas produtoras são: redução do crescimento radicular, o que acarreta em menor exploração do solo pela raiz que fica confinada em determinado local podendo sofrer com períodos prolongados de estiagem; dificuldade de infiltração de água no solo, o que significa menor armazenamento de água no solo, e quando ocorre chuva forte o solo é encharcado e começa o processo de escor-rimento superficial, levando à formação de sulcos com o arraste do solo e da camada mais fértil para outras áreas. Desse modo, se faz ne-cessário o correto controle da compactação do solo, e o primeiro passo é a identificação dessa

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Charles Echer

A compactação do solo não é igual em todos os talhões da lavoura, exigindo abordagens específicas

Onde descompactarC

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IH

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camada compactada que pode ser realizada com os penetrômetros.

Os penetrômetros são equipamentos de campo destinados à identificação da compac-tação do solo que determinam a resistência mecânica do solo à penetração. Existem penetrômetros com diferentes princípios de funcionamento, que se destacam: de impacto, de mola e os eletrônicos. O penetrômetro de impacto é um dos equipamentos mais co-nhecidos para a avaliação da compactação do solo devido a sua simplicidade e robustez. No entanto, neste tipo de equipamento o processo de coleta dos dados é manual e, se o solo estiver muito compactado, um número elevado de impactos será necessário à penetração.

Os penetrômetros eletrônicos que vêm sendo desenvolvidos possuem de maneira geral na sua configuração uma haste, uma célula de carga (determinar a resistência do solo – compactação), motor elétrico que mo-vimenta uma rosca sem-fim que faz a inserção da haste de forma automática até o solo, sensor para determinar a profundidade e um sistema computacional para coleta e armazenamento dos dados. Muitos penetrômetros eletrônicos já possuem sistema para acoplamento em quadriciclos visando o uso para agricultura de precisão e em grandes áreas.

Os dados armazenados no sistema com-putacional do penetrômetro eletrônico são normalmente transferidos para um com-putador com ajuda de um software. No software os dados da compactação podem ser visualizados de maneira pontual, necessitando de uma análise conjunta de todos os pontos para caracterização da área. Alguns softwares já apresentam capacidade para geração de mapas para uso na agricultura de precisão, mas são poucos.

TESTE COM UNIDADE MÓVELCom intuito de verificar a funcionalidade

destes sistemas automáticos para identificação e coleta de dados da compactação do solo visando agricultura de precisão, foi montada uma unidade de avaliação da compactação do solo com o apoio financeiro da Fundação

de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), da Secretaria de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação do Estado da Bahia (Secti) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

A unidade constou de um quadriciclo Honda Fourtrax 420TM, um sistema dife-rencial de posicionamento global (DGPS) da Trimble e um penetrômetro eletrônico Pene-troLOG PLG1020 no sistema SoloStar para quadriciclo da Falker Automação Agrícola.

A unidade móvel foi avaliada quanto à velocidade de deslocamento em pista de

concreto e de terra batida, o nível de ruído, o tempo de coleta de dados em cada ponto e a funcionalidade do penetrômetro.

O tempo de coleta de dados com o pe-netrômetro foi de aproximadamente 35,72 segundos por amostragem. Uma vez que a unidade móvel possui um sistema de posicio-namento global diferencial que precisa ficar coletando dados do satélite no local para fazer a correção diferencial em pós-processamento, o tempo de coleta poderia ser padronizado para um minuto. A dinâmica a campo implica em parar o quadriciclo, acionar a marcação do ponto pelo DGPS, acionar o penetrômetro, fazer a coleta de dados, finalizar a coleta de dados do DGPS e seguir para o próximo ponto, tudo em um minuto aproximadamente.

A velocidade de deslocamento foi analisa-da em duas pistas (concreto e terra batida). Os resultados indicaram que é possível trafegar na área em primeira ou segunda marcha, devido à capacidade de tração do quadriciclo. A velocidade média de deslocamento na pista de concreto foi de 15km/h e 27km/h para primeira e segunda marcha, respectivamente; e na pista de terra batida a velocidade média foi de 11km/h e 15,70km/h. Assim, dependendo das condições do local e as distâncias entre pontos, seria possível aumentar a velocidade mudando ainda para a terceira marcha.

Figura 1 - Exemplo de gráfico gerado pelo software Falker – Compactação do solo®

Quadriciclo equipado com sistema diferencial de posicionamento global (DGPS) e um penetrômetro eletrônico utilizado para realizar a coleta de dados, base para a geração do mapa de compactação

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Fotos Jorge Wilson Cortez

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ginal, deixando o sistema pronto para uma nova coleta.

Após a coleta a campo foi possível visua-lizar os dados por meio de software específico (Falker – Compactação do solo®), e verificar em cada ponto os valores de resistência mecâ-nica do solo a penetração e a profundidade de ocorrência (Figura 1). Cabe agora a interpreta-ção para cada tipo de solo e sistema de cultivo se os valores de resistência são restritivos ao desenvolvimento radicular. Como citado an-teriormente, para a confecção dos mapas para uso na agricultura de precisão precisa-se de um software específico, então os dados podem ser exportados para planilha para ser utilizado no software de geração dos mapas.

Com os dados da compactação é possível gerar mapas a cada camada do solo, no entan-to, para aplicação a campo, faz-se necessário saber o valor da compactação máxima em cada ponto e a profundidade, pois serão utilizados a campo para correção. A título de exemplo, na Figura 2, pode-se observar os mapas da profundidade de ocorrência da compactação máxima (A) e a compactação do solo (B). Com os dois mapas é possível saber se existe alguma área compactada, e tomando como base 2.000kPa (igual a 2MPa), pode-se verificar que grande parte da área está com valores acima do limite estabelecido e que a maior parte da área em que ocorre esta compactação está abaixo da profundidade de 40cm. Considerando a margem de 10cm para a regulagem da subsolagem, em parte da área seria necessário fazer a subsolagem a 50cm e em outra parte a 60cm.

O uso dos sistemas automatizados para a coleta de dados permitiu agilizar o processo. No entanto, algumas dificuldades podem ser encontradas pelos usuários e pesquisadores para o uso dos penetrômetros eletrônicos, como ferramenta de manejo para a agricultura de precisão. Um exemplo é como identificar se

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O nível de ruído emitido pela unidade de avaliação da compactação foi avaliado na condição parado (estático) e em movimento (dinâmico). Na condição parado e com a rota-ção do motor em marcha lenta o nível de ruído da unidade foi de aproximadamente 71dB (A). Considerando que a Norma Regulamentadora (NR15) determina níveis aceitáveis para oito horas de trabalho de 85dB (A) sem proteção, para a condição estática a unidade apresentou baixo ruído. Uma vez que, para a coleta de dados com o penetrômetro não é necessário acelerar o motor do quadriciclo, o mesmo deve ser mantido em marcha lenta durante a coleta de dados, pois mesmo com o acionamento do penetrômetro os ruídos não passaram de 75dB (A), um incremento de apenas 4dB (A) com o penetrômetro.

Na avaliação do ruído em condição de deslocamento (dinâmico), verificou-se que na pista de concreto nas velocidades de pri-meira e segunda marchas os ruídos foram de 82,22dB e 82,34dB (A), respectivamente. Enquanto que o ruído da unidade na pista de terra batida foi de 82,18dB e 91,42dB (A), respectivamente para primeira e segunda

marchas. Considerando o limite de 85dB (A) apenas no deslocamento em segunda marcha na condição de terra batida, os ruídos foram elevados, sendo necessário o uso do protetor auricular. Como esta deve ser a situação real de campo, deslocar entre os pontos o mais rápido possível, recomenda-se aos usuários de quadriciclo que utilizem os protetores auriculares. Caso a rotação máxima do motor seja empregada durante o deslocamento, os níveis de ruído podem chegar próximos aos 100dB (A).

Para a coleta de dados com o pene-trômetro os testes demonstraram que o mesmo deve ser utilizado quando o solo se encontra próximo à capacidade de campo, pois em caso de solo seco o mesmo pode não conseguir penetrar. O equipamento mostrou-se simples e de fácil utilização, per-mitindo trabalhar acoplado ao quadriciclo ou com deslocamento manual. Quando o penetrômetro foi configurado para o sistema automático para quadriciclo, com apenas o acionamento de uma chave o equipamento fez a coleta dos dados, salvou os dados no sistema e voltou com a haste à posição ori-

A descompactação do solo é uma das operações mais caras pois exige que os tratores trabalhem com equipamentos pesados operando a grandes profundidades

Figura 2 - Consumo horário de combustível em função da força na barra de tração Figura 3 - Consumo específico de combustível em função da força na barra de tração

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o solo está ou não compactado, pois os softwa-res não trazem parâmetros que ajudam nesta identificação. Assim, requer a análise dos dados por um profissional especializado no assunto. Com base nesta problemática, tem-se admiti-do o valor de 2MPa para solos argilosos como limite para início do processo de compactação, e para solos arenosos o valor de 6MPa. Outra dificuldade é identificar qual a profundidade da camada compactada. Na prática, valores acima dos citados são considerados restritivos ao crescimento radicular. Portanto, em locais em que esses valores ocorrem deve-se fazer a descompactação. Admitindo que a camada compactada não é uma linha reta no solo, deve-se colocar como margem em torno de 10cm a mais que a camada compactada, para a regulagem da profundidade de trabalho do equipamento do subsolador. Outra dificuldade com relação aos softwares, de maneira geral, é que não fazem os mapas para uso na agricul-tura de precisão, sendo necessária a compra da licença de um software específico. Além disso, os bons softwares de mapeamento necessi-tam de pessoal especializado e treinado para geração dos mapas. Algumas empresas têm desenvolvido softwares de mapeamento com geração automática dos mapas. No entanto, precisam de maiores estudos pela comunidade científica.

Outra dificuldade é a aplicação a campo para correção da compactação do solo, pois

o uso dos mapas de compactação requer a introdução de novas ferramentas no maqui-nário. Os sistemas operacionais (controla-dor) devem identificar em que local o trator está, se o solo está compactado naquele local e qual a profundidade que deve ser feita a subsolagem, tudo de maneira automática. Como essas ferramentas não são de fácil acesso, pode-se na prática fazer a correção por zonas, ou seja, identificar as áreas em que estão com a compactação e regular o equipamento para cada situação.

Portanto, as novas ferramentas para a coleta de dados facilitam o trabalho a cam-po e mostram uma nova realidade, que diz respeito aos cuidados com a parte física do solo. Geralmente, a maioria dos produtores rurais adeptos da agricultura de precisão se

preocupa apenas com a fertilidade do solo e se esquece dos problemas físicos, como a compactação do solo. Assim, o controle da compactação do solo de modo espacial é uma tendência que deve ser assumida pelos produtores que querem obter o máximo de produtividade e um menor gasto de energia (subsolar no local certo e na profundidade certa), pois solos compactados não favo-recem condições da planta se desenvolver adequadamente. Jorge Wilson Cortez eRoberto Carlos Orlando,UFGDHélio Leandro Lopes,Daniela Siqueira Coelho eSalvio Napoleão S. Arcoverde,Univasf

Com o uso do mapeamento da compactação é possível identificar a profundidade correta de trabalho e a real necessidade de trabalho em cada área de cultivo

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Direção certaCada vez mais precisos, os pilotos automáticos que equipam as máquinas agrícolas modernas estão se popularizando na agricultura brasileira e são oferecidos em diversos modelos e aplicações

novas técnicas serão desenvolvidas. Os erros alcançados em campo por esses sistemas depen-dem de uma matriz de combinação de fatores, mas principalmente da tecnologia GNSS e do sistema de correção do erro GNSS. É possível alcançar erros próximos a 1,5cm do alinha-mento planejado, mas ainda não é provado cientificamente o balanço econômico sobre o investimento para esse nível de erro.

Um piloto automático guiado por algum sistema GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) possui a função primordial de reduzir ao máximo falhas e sopreposições en-tre as passadas, não importando o horário do trabalho, seja durante o dia ou a noite. O uso desse sistema se torna imperativo quando se deseja realizar o controle de tráfego, diminuin-

Os sistemas de autodirecionamento via satélite, denominados de piloto automático, estão em constante

evolução. Atualmente, estão sendo emprega-dos fortemente no segmento canavieiro, como também em outros segmentos, os pilotos automáticos “passivos”, esperando-se pelo alcance de erros no alinhamento próximos a zero. Contudo, o quanto precisamos de que esses equipamentos sejam mais acurados do que já são atualmente? A tecnologia embutida nos pilotos automáticos utilizados nos sistemas mecanizados do plantio das culturas está em constante evolução, possibilitando erros cada vez menores no alinhamento em campo. E ainda haverá o que melhorar, uma vez que o sistema GNSS está sendo aperfeiçoado e

do a região compactada no campo e levando à diminuição do consumo de combustível, dentre outras vantagens. Mas qual é o balanço econômico no investimento nessa tecnologia? Essa resposta está atrelada ao quanto acurado esse equipamento necessita ser em campo, ou seja, quanto mais preciso for o direcionamento, é claro, maior será o investimento.

Uma vez que começamos a operar com esses sistemas instalados nos tratores acopla-dos às plantadoras e semeadoras, vemos que a acurácia obtida é dependente de vários fatores, como: vazão da bomba hidráulica do trator; textura do solo; nível de rugosidade do terreno; inclinação do terreno; centralização do imple-mento em relação ao trator; adequação do lastro do trator; tipo de piloto automático, se elétrico

Cada vez mais precisos, os pilotos automáticos que equipam as máquinas agrícolas modernas estão se popularizando na agricultura brasileira e são oferecidos em diversos modelos e aplicações

Direção certa

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ou hidráulico; tipo de sensor de inclinação do piloto automático; e, sem dúvida, dependente principalmente da categoria do sistema GNSS e do tipo de correção desse sistema. Atual-mente, temos equipamentos capazes de operar teoricamente com os erros entre as passadas ao nível de 2,5cm de desvio em relação ao trajeto planejado, mas em um nível de investimento que ainda está por se provar cientificamente ser financeiramente viável nesse patamar de erro. Principalmente no segmento da cana-de-açúcar parece ser aceitável um erro real em campo ao redor de 5cm no plantio mecanizado, entretan-to, dependendo da inclinação do terreno, esse patamar não é alcançado, levando ao agricultor a investir em um sistema de direcionamento automático ativo.

Certamente é um fato, aqueles que expe-rimentam não querem mais voltar ao antigo sistema, como no exemplo do plantio manual da cana, pois seus diversos contratempos tor-naram essa técnica ultrapassada, uma vez que todo o sistema mecanizado empregado na cana hoje (principalmente a colheita) pede que as linhas sejam as mais paralelas possíveis. Mas hoje, ao olhar para a acurácia nos alinhamentos que se pode obter com os pilotos automáticos nos faz pensar quantas operações mecanizadas ainda carecem de melhorias. Muitas empresas envolvidas no plantio e processamento da cana alegam que o sistema atual de plantio dessa cultura ainda não está bom o suficiente. Por um lado, isso é bom, pois pressiona pelo desenvolvi-mento de novas técnicas e equipamentos. Mas a pergunta fundamental retorna novamente: até que ponto estamos dispostos a investir? De um modo ou de outro, o planejamento no investimento se inicia pelo conhecimento do assunto.

OS PILOTOS AUTOMÁTICOS ATUAISNo Brasil, pouco antes da conceituação

da agricultura de precisão (AP) houve a po-pularização dos sistemas de direcionamento via satélite manual logo no início da década de 90. Inicialmente para aplicações aéreas somente, mas que logo foram adaptados para as aplicações terrestres por volta de 1996. Em meados de 1997 as multinacionais produtoras de máquinas agrícolas resolveram investir pesado na tecnologia de AP e trouxeram para o Brasil diversas novidades em feiras agrícolas nacionais, principalmente aquelas ligadas ao mapeamento de produtividade das culturas, os chamados monitores de colheita. Naquele ano também houve grande euforia no campo sobre a tecnologia e muito se prometeu aos agricultores, sendo vendida como a chave de todos os pro-blemas. Várias vendas, muitas vezes errôneas,

por despreparo de alguns envolvidos trouxeram descrédito à tecnologia. Em meados de 2000, novos equipamentos foram trazidos ao Brasil, como os sistemas para aplicação localizada de defensivos e equipamentos automatizados para amostragem de solo. Entre 2001 e 2002, várias empresas de consultoria dedicadas à AP surgiram no mercado, principalmente ligadas às atividades de mapeamento de fertilidade do solo e à aplicação de adubos e corretivos em razões diferenciadas, uma tecnologia que deu muito certo e que hoje é uma das mais aplicadas em todo o Brasil. Neste período empresas de GPS desenvolveram os algoritmos de correção de erros, um grande passo para a popularização desta ferramenta, substituindo por quase que completo os sistemas de demarcação por espuma em pulverização com autopropelidos. Entre 2002 e 2003 foram trazidos para o Brasil os primeiros sistemas de autodirecionamento (piloto automático), sendo o setor canavieiro o primeiro a acreditar que essa ferramenta traria frutos, pois se contava principalmente com

Fotos Valtra

A tecnologia embutida nos pilotos automáticos utilizados nos sistemas mecanizados está em constante evolução, possibilitando erros cada vez menores no alinhamento em campo

No plantio de cana-de-açúcar é aceitável um erro real em campo ao redor de 5cm no plantio mecanizado

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a diminuição do pisoteio sobre as linhas da cana pela colhedora. Após esse período vários equipamentos aplicados na agricultura de precisão foram desenvolvidos aqui mesmo no Brasil. Como os primeiros pilotos automáticos corrigem somente o trajeto do trator, atuando na direção dele, esse sistema leva hoje o nome de piloto automático passivo. Mas, o erro no direcionamento ainda não estava adequado para as áreas com declives maiores, pois os implementos pendiam a aumentar o erro no direcionamento quanto maior fosse o declive ou mais acentuada fosse a curva. Assim, re-centemente foram desenvolvidos os primeiros sistemas de piloto automáticos ativos, ou seja, aqueles que além de controlar o direcionamento do trator, também consideravam o trajeto real do implemento, atuando sobre a direção do trator e, por meio de cilindros hidráulicos, no posicionamento relativo entre o acoplamento do trator e o implemento.

Os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (do inglês Global Navigation Satellite Systems - GNSS) são uma maneira genérica que descreve os sistemas de navegação por satélite. Os GNSS proporcionam a possibili-dade de posicionamento geoespacial autônomo com cobertura global, abrindo caminho para que receptores eletrônicos determinem a sua posição (longitude, latitude e altitude) com acurácia variável usando sinais emitidos por uma constelação de satélites. O sistema norte-americano Navstar Global Positioning System (cuja abreviatura é GPS) é o mais popular entre os diversos que estão sendo utilizados ao redor do mundo. Contudo, ainda há outros sistemas GNSS, como o Glonass (Russo), o Galileo (Eu-ropeu), o Compass (Chinês), o QZSS (Japonês)

e o IRNSS (Indiano). Atualmente, estão sendo vendidos para a agricultura de precisão recepto-res de múltiplos GNSS, principalmente aqueles que recebem o GPS e o Glonass. Quanto mais sistemas GNSS o receptor é apto a captar, me-lhor, pois aumenta a disponibilidade de satélites acima do nível do horizonte, aumentando mais as chances de se triangular a posição com os quatro ou cinco (para RTK) satélites mais bem posicionados no espaço (esse é um fator do erro no posicionamento: a triangulação do ponto na Terra a partir do posicionamento relativo entre os satélites no espaço), todavia, tende a ser mais elevado o custo desse receptor. Essa maior disponibilidade de satélites zera na teoria o risco de “apagão do sinal GPS”, ou seja, aqueles momentos em que paramos o sistema mecanizado por falta de satélites e minimiza um dos fatores de erro no posicionamento.

Na agricultura, os receptores GNSS são utilizados como ferramenta de posiciona-mento, ou seja, atuam como sensores que fornecem coordenadas para o computador ou processador na máquina, o qual se utiliza deste posicionamento para suas rotinas de cálculo do trajeto. É muito comum chamarmos qualquer sistema de posicionamento de GPS, mas exis-tem diversas classes de GNSS, normalmente classificados pela sua acurácia na localização. O mais comum, e mais barato, é o GPS de na-vegação, normalmente sem correção nenhuma e proporciona precisão entre 5m e 10m. Esta

precisão é suficiente para algumas aplicações agrícolas, como no mapeamento da fertilidade do solo ou no mapeamento da produtividade da cultura utilizando instrumentação na co-lhedora. Outras três classes mais comuns de sistemas de posicionamento de uso agrícola são o DGPS (com correção via satélite, submétrico, e que possui torres de referência estacionadas ao redor do globo), GPS absoluto com emulação da correção DGPS por algoritmo (também submétrico, mas possui uma degradação da precisão em relação ao tempo, ou seja, em um período de tempo após a sua inicialização ele não é capaz de guiar ao local exato onde foi

Pilotos automáticos ganham cada vez mais espaço, principalmente em lavouras canavieiras

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inicializado antes) e o RTK (do inglês Real Time Kinematic, milimétrico, e é o sistema mais usual no plantio mecanizado). Seja qual for a opção de recebimento da correção via satélite da correção DGPS, esta tecnologia proporciona acurácia submétrica junto aos pilotos automáti-cos, na maioria das vezes variando entre 10cm e 60cm. Esta acurácia é suficiente para a maioria das aplicações na agricultura de precisão, como no direcionamento via satélite para aplicação de defensivos ou insumos, aplicações de insumos em taxas ou dosagens variáveis (VRT – Variable Rate Technology) e mapeamentos diversos, mas não para o plantio mecanizado. Daí então, há

a necessidade da utilização da tecnologia mais acurada e avançada atualmente para o uso civil, o GPS RTK, com acurácia teórica que chega a milímetros atualmente. Claro que, quanto menor o erro alcançado, maior o custo do equipamento. Ainda, os receptores RTK mais sofisticados são capazes de utilizar uma segunda forma de correção (DGPS via satélite ou sinal via modem celular) se caso houver perda do sinal RTK. Essa técnica é interessante, pois frequentemente os sistemas mecanizados estão operando em baixadas ou por trás de um maciço de floresta, onde frequentemente há perda do sinal RTK e não se dispõe de bases repetidoras. Em um futuro próximo, segundo o planejamento de seus mantenedores, os re-ceptores GPS serão agraciados com mais três frequências de ondas: L1C, L2C (esperadas para 2016) e L5 (para 2018). Certamente, com a disponibilização desses novos sinais GPS, novas técnicas de posicionamento serão desenvolvidas, o erro GPS será menor e o custo do receptor tende a ser maior.

Os pilotos automáticos “elétricos” atuam diretamente na direção ou no volante da má-quina pela ação de um motor de passo. Estes dispositivos possuem a grande vantagem da fácil instalação em equipamentos que não são pas-síveis de receber o conjunto de válvulas eletro-hidráulicas necessárias para o piloto automático “hidráulico”, contudo, possuem uma precisão menor. Os erros do piloto automático elétrico com DGPS ou algoritmo variam ao redor de 15cm e, mesmo aplicando correção RTK, o erro não é menor do que 10cm. Os pilotos automá-ticos hidráulicos passivos atuam diretamente na válvula controladora do fluxo de óleo do pistão da direção da máquina e possuem um tempo de resposta menor do sistema, levando a uma maior precisão da operação em campo. Com esse sistema o erro está ao redor de 8cm com o uso de correção via satélite DGPS e ao redor de 3cm a 5cm quando do uso de correção RTK em terreno plano. Para ilustrar a interferência de um dos fatores nesse erro citado, em um talhão

com elevada rugosidade na superfície (terreno arado, por exemplo), o erro do sistema eleva-se para 10cm (mesmo com RTK). A elevada rugosidade do terreno após o preparo de solo faz com que a antena do GPS instalada no topo da cabine na máquina fique balançando muito transversalmente à direção do deslocamento, dificultando o cálculo do posicionamento real em campo pelo sistema. Ainda há uma segunda classe de piloto automático passivo, recomen-dada para terrenos com inclinações leves, onde o controlador recebe também a informação de um segundo receptor GPS instalado no im-plemento. Os pilotos automáticos hidráulicos ativos, além de controlarem a direção do trator, também corrigem a sua posição relativa com o implemento, assim planejam e corrigem o percurso do implemento ativamente, melho-rando sobremaneira a acurácia da operação realizada.

CONCLUSÕESA tecnologia embutida nos pilotos auto-

máticos utilizados nos sistemas mecanizados principalmente do plantio está em constante evolução, possibilitando erros cada vez meno-res no alinhamento em campo. E ainda há o que melhorar, uma vez que o sistema GNSS está sendo aperfeiçoado e novas técnicas serão desenvolvidas.

Os erros alcançados em campo por esses sistemas dependem de uma matriz de com-binação de fatores, mas principalmente da tecnologia GNSS e do sistema de correção do erro no posicionamento.

É possível alcançar erros próximos aos limi-tes teóricos publicados pelos fabricantes, mas ainda carecemos de estudos mais abrangentes do retorno sobre o investimento. Certamente há vantagens diretas e indiretas no uso desses pilotos, mas há complexidade para se determi-nar exatamente o quanto.

Fábio H. R. Baio,UFMS

O uso de piloto automático é geralmente a porta de entrada do produtor brasileiro para a agricultura de precisão. m culturas que exijam maior tecnologia, como as lavouras canavieiras, a adoção da tecnologia avança a cada safra

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Valtra

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CoMpACtAção

Pelos trilhos

A colheita mecanizada de cana-de-açúcar é normalmente realizada em linhas simples, acompanhada

do veículo de transbordo na linha adjacente. Como consequência, verifica-se tráfego in-tenso, com baixa capacidade operacional, alto custo e elevada compactação dos solos.

A compactação do solo é caracterizada pela redução do volume do solo e pelo aumento da densidade do mesmo quando uma pressão externa é aplicada. Com o aumento das áreas agrícolas há uma grande preocupação com problemas de compactação,

o que em grande parte se deve às operações mecanizadas. Tal fato está relacionado com o intenso tráfego de máquinas, principal-mente em condições de teor de água do solo elevado, favorável à compactação (Souza et al, 2006).

Dentre os atributos físicos utilizados para avaliar a compactação do solo, a resistência do solo à penetração (RMSP) e a densidade do solo têm sido atualmente utilizadas, por estarem diretamente relacionadas ao cres-cimento das plantas e por serem de fácil e rápida determinação.

No contexto da agricultura mecanizada, o controle de tráfego surge como uma al-ternativa para o cultivo de cana-de-açúcar, pois minimiza os efeitos adversos da meca-nização agrícola, separa as zonas de tráfego daquelas em que há crescimento das plantas e concentra a passagem de pneus em linhas delimitadas. Desse modo, uma área menor será submetida ao tráfego agrícola, embora mais intensamente (Trein et al, 2005).

A adoção do controle de tráfego permite melhorias na estrutura física do solo, pois uma maior área de solo não será compactada e apresentará menor resistência à ruptura do solo na passagem de implementos de mobilização, bem como melhoria no poten-cial de tração do solo (relação pneu-solo). Segundo Roque et al (2010) o aumento do rendimento de tração é consequência do tráfego do maquinário em solos mais firmes (linhas de tráfego), podendo atingir maiores produtividades e ganhos econômicos ao produtor.

Diante da necessidade de se gerar mais informações sobre o efeito da colheita me-canizada da cana-de-açúcar sobre a com-pactação do solo, pelo sucessivo tráfego de máquinas, uma equipe do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola da Unesp de Jaboticabal realizou um trabalho de cam-po com o objetivo de avaliar a compactação do solo por meio da resistência mecânica do solo à penetração e densidade ocasionada pelas condições de tráfego de máquinas.

METODOLOGIAO estudo foi conduzido em área de

uma usina do município de Jaboticabal, SP (21º07’ S; 48º16’ W, altitude de 575m), em maio de 2012. O clima é o mesotérmico de inverno seco (Cwa), pela classificação climática de Köppen. O solo foi

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O tráfego de máquinas na colheita mecanizada de cana-de-açúcar tem efeitos negativos sobre o solo, que podem ser minimizados com técnicas de direcionamento adequadas

O controle de tráfego é uma alternativa para o cultivo de cana, pois minimiza os efeitos adversos da mecanização, separa as zonas de tráfego onde há crescimento das plantas e concentra a passagem de pneus em linhas delimitadas

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a resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) e densidade do solo. Foram realiza-das quatro repetições de amostragens para cada tratamento, com intervalo de 20 metros entre os pontos.

A resistência mecânica do solo à pene-tração foi avaliada utilizando um penetrô-metro eletrônico acoplado a um quadriciclo (Figura 1), modelo PNT-Titan, que realiza leituras da força empregada sobre uma haste para penetrá-la no solo, de um 1cm em 1cm, até a profundidade de 50cm. Em cada ponto amostral foram realizadas duas leituras de RMSP, uma sob a fileira de cana e outra no centro da entre linha, espaçada a 75cm da anterior.

Para determinação da densidade do solo utilizaram-se cilindros volumétricos com dimensões 4,8cm x 5cm, sendo coletadas amostras no centro da entre linha, nas camadas de 0,0cm - 10cm; 10cm - 20cm e

20cm - 30cm de profundidade, perfazendo quatro repetições por condições de tráfego na entre linha.

classificado como Latossolo Vermelho Eu-troférrico típico, topografia plana e textura argilosa, conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 2006).

A área do experimento é localizada em um talhão de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) variedade RB86-3046 de primeiro corte, com sistema de colheita meca-nizada de cana crua. A colheita foi realizada com colhe-

dora de pneus Case A7000, com 246kW (335cv) de potência bruta no motor e massa de 18,5t. Os transbordos, com massa média de oito toneladas, distribuídos em quatro pneus de alta flutuação, com capacidade

para carregar até dez toneladas de cana-de-açúcar. O trator utilizado

na tração dos transbordos foi um New Holland TM7020, com 112kW (140cv) de potência e tração 4x2 TDA.

Neste estudo foram ava-liadas cinco condições de

tráfego de máqui-nas (Tabela 1),

analisando-se

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Figura 1 - Penetrômetro eletrônico acoplado a um quadriciclo

A adoção do controle de tráfego permite melhorias na estrutura física do solo, pois uma área maior de solo não será compactada

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Tabela 1 - Descrição das condições de tráfego na entre linha

TráfegosT0:T1:T2:T3:T4:

DescriçãoSem tráfego

Uma passada da colhedoraDuas passadas da colhedora

Duas passadas da colhedora + uma passada do conjunto trator-transbordoDuas passadas da colhedora + duas passadas do conjunto trator-transbordo

As amostras para determinação do teor de água do solo foram coletadas utilizando-se um trado holandês nas camadas de 0cm - 10cm, 10cm – 20cm, 20cm – 30cm, 30cm – 40cm e 40cm - 50cm de profundidade, sendo acondicionadas em recipientes de alumínio, que foram pesadas e secadas em estufa por 24 horas a 105ºC, determinando os teores médios de água do solo, que foram 22,6%; 22,8%; 23,0%; 23,4% e 23,5%, res-pectivamente.

RESULTADOSA resistência mecânica do solo à pene-

tração (RMSP), na linha de cana-de-açúcar (Figura 2), apresentou valores inferiores

a 4MPa, indicando, segundo dados da bibliografia, que o solo não se encontrava compactado.

Para as amostragens feitas na linha da cana-de-açúcar (Figura 2), observa-se que não houve efeito da passagem dos conjuntos mecanizados, ou seja, não houve pisoteio das máquinas à soqueira de cana-de-açúcar, visto que os valores de RMSP são próximos para os tratamentos, mostrando que não houve tráfego sobre as soqueiras.

Para a condição T0 (sem tráfego) na profundidade 0cm a 10cm a RMSP foi de aproximadamente 2,5MPa, valor maior que o obtido nas outras condições (T1, T2, T3 e T4), o que pode estar associado à alta

variabilidade do solo. Este efeito foi verifi-cado também para as demais profundidades amostradas.

A resistência mecânica do solo à pene-tração na entre linha de cana-de-açúcar foi superior ao comparar com os dados obtidos na linha, isto se deve ao tráfego de máquinas com os rodados, no período dos tratos cul-turais. Na condição T1 pode-se observar na profundidade de 35cm a 40cm valores acima de 4MPa, o que representa um indício de compactação, sendo esta condição de tráfego a que teve maior variabilidade em relação aos pontos coletados, mostrando ser superior às outras condições (T0, T2, T3 e T4).

A densidade do solo (Figura 4) na cama-da de 0cm - 10cm mostrou que a condição T0 foi inferior às demais como esperado, porém, observa-se que a condição T3 obteve maiores valores de densidade do solo. Na camada de 10cm - 20cm a condição T0 foi superior mostrando que a densidade não foi afetada pelo tráfego de máquinas. Na profundidade de 20cm - 30cm, a condição T2 obteve os maiores valores, podendo estar relacionada com a variabilidade do solo no talhão de cana avaliado.

Observando os valores médios de densidade do solo para as condições de tráfegos em estudo, consideraram como não limitantes ao desenvolvimento de raízes de plantas (Reinert et al, 2001). Conclui-se no estudo que o tráfego das máquinas agrícolas aumenta a resistência mecânica do solo à pe-netração e a densidade do solo na entre linha em relação à linha de plantio, o que causa a degradação cumulativa da qualidade física do solo, ao longo dos anos de cultivo.

Figura 2 - RMSP na linha de cana-de-açúcar Figura 3 - RMSP na entre linha de cana-de-açúcar

Figura 4 - Densidade do solo na entre linha da cana-de-açúcar

Érica Tricai,Melina Cais Jejcic de Oliveira,Ariel Muncio Compagnon,Vicente Filho Alves Silva eRouverson Pereira da Silva,Lamma – Unesp – Jaboticabal

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AgrICulturA dE prECISão

Controle de tráfego

A ideia de que dirigir equipamen-tos grandes e pesados sobre a plantação pode prejudicar o solo

e as plantas não é nova. Por volta de 1850, Alexander Halkett patenteou um sistema para agricultura que consistia no uso de trilhos fixos, para limitar a área que o equi-pamento transitava e, portanto, reduzir os danos ao solo e às plantas. Nos dias de hoje, os custos de tais trilhos fixos inviabilizariam este sistema em agricultura de grande escala. No entanto, com o advento da adoção de sistemas eficazes de orientação nos tratores, através de satélites de posicionamento global (GPS), pode-se alcançar o mesmo resultado imaginado pelo antigo pesquisador.

Controle de tráfego (CT) significa criar pistas para a passagem dos rodados das máquinas, cujos locais não serão semeados. Assim como a ideia de Halketts, simples-mente não se deve transitar em áreas onde as plantas se desenvolvem.

Para alcançar este objetivo, o agricultor deve combinar a largura dos equipamentos de modo que cada equipamento possa usar os rastros (pistas) preexistentes (por exem-plo, uma barra de pulverização ou um dis-tribuidor de fertilizante de 20m de largura, combinado com 6,67m das plantadeiras).

Também será necessário ajustar as bitolas e as larguras dos pneus de todos os equipamentos (por exemplo, todas as bitolas

Fazenda no município de Diamantino, no Mato Grosso, adota o sistema de controle de tráfego como parte da estratégia para aumentar a produtividade

são de 3m e os pneus com no máximo 42 centímetros de largura) e disciplinar o tráfe-go sobre o mesmo rastro ano após ano, com uso do GPS de alta precisão (RTK).

CONTROLE DE TRÁFEGOAo transitar sempre sobre o mesmo

rastro, com ausência de plantas nesse espaço, o agricultor terá benefícios, como compactação restrita à área delimitada para o tráfego, permitindo que em todo o restante da área haja melhor infiltração de água e melhores condições de crescimento para as raízes das plantas. Além disso, a restrição da compactação sobre o mesmo rastro também traz benefícios operacionais, uma vez que

a superfície compactada reduz a patinação das rodas, além da economia de combustí-vel. Nos períodos após chuva, o retorno às operações torna-se mais rápido.

Com menos plantas danificadas por não haver pisoteio, espera-se uma menor entrada de doenças, pois as plantas danificadas pelo pisoteio ficam mais suscetíveis a doenças que podem se espalhar para as plantas sau-dáveis. A redução da compactação associada a outros manejos, como a semeadura direta, irá promover a melhoria na estrutura do solo, permitindo melhor crescimento das raízes e, consequentemente, melhor desen-volvimento das plantas. Essas práticas irão reduzir operações desnecessárias, economi-

Um dos princípios do controle de tráfego é combinar a largura dos equipamentos de modo que cada ferramenta possa usar os rastros preexistentes

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zando tempo e combustível.Atualmente, existem agricultores que

adotam o controle de tráfego desde a seme-adura até a colheita. Porém, agricultores que pretendam chegar à condição ideal de controle de tráfego podem encontrar dificul-dades para adaptação das bitolas, larguras de pneus em equipamentos grandes.

Nesta safra, na Fazenda Arrossensal nos arredores de Diamantino (MT), a empresa Cruzeiro do Sul Grãos Ltda está plantando soja e milho na modalidade de parceria agrícola utilizando uma versão simplificada de Controle de Tráfego (CT). A sua abordagem baseia-se no uso de plantadeiras John Deere, modelo 2130 de 13,5m de largura com 30 linhas de plan-tio com espaçamento de 45 centímetros e duas linhas de 60cm, que é usada para o trânsito de máquinas. Para tracionar as plantadeiras são utilizados tratores John Deere 8335R com rodas e pneus duplos de baixa compactação.

Tratores John Deere 6165J com bitola de 3m e pneus de 42 centímetros foram utilizados para tracionar distribuidor de fertilizante modelo JAN Lancer Maximus TRM12000 também com bitola de 3m. Estes distribuidores são equipados com tecnologia de aplicação a taxa variável Raven. O pulverizador é um John Deere 4730 autopropelido com 3m de bitola e pneus estreitos, com faixas de aplicações ajustáveis.

Para Francisco Ferreira, que é gerente geral de grãos da Cruzeiro do Sul Grãos, o sistema de controle de tráfego que eles estão usando procura encontrar um equilíbrio entre a adesão incondicional ao sistema e um sistema prático e de baixo custo, sem deixar de ter os benefícios do sistema, como a redução da compactação, das doenças e de combustível, mantendo os rastros per-manentes. “Eu acredito que nós podemos

atingir 90% dos benefícios do CT, sem comprometer a capacidade de plantio e colheita. Podemos ter alguma compactação do solo durante a colheita com solo úmido, no entanto, o nosso sistema de orientação John Deere RTK pode indicar com precisão onde estará a compactação após a colheita, para promover uma subsolagem no local exato, se necessário”, garante.

O uso do sistema de CT faz parte de um manejo integrado com a fertilidade do solo, onde a equipe técnica da fazenda busca ao

Para implementar o controle de tráfego é necessário a padronização de bitolas e da largura de equipamentos

Exemplo de uma lavoura com aplicação da técnica de controle de tráfego, sem a presença de plantas nos trilhos por onde passam os pneus

longo do tempo o aumento da produtivida-de. O acordo de parceria prevê aumentos de produtividade a serem compartilhados com o proprietário da terra, além de garantir um nível de fertilidade do solo ao final do contrato.

Outro ponto destacado pelo gerente é a parceria com uma empresa de máquinas e a concessionária, que dão todo o suporte necessário para garantir que a parte re-lacionada a equipamentos esteja sempre funcionando adequadamente.

23Junho 2013 • www.revistacultivar.com.br

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LubrificantesO uso de lubrificantes adequados em tratores agrícolas ajuda a diminuir as

manutenções corretivas e aumenta a vida útil de motores, transmissões e outros componentes importantes da máquina

A agricultura moderna utiliza as máquinas agrícolas com mais intensidade. Estas, por sua vez,

utilizam frequentemente sistemas mecâ-nicos com maior complexidade. Muitos destes mecanismos, em funcionamento, trabalham com permanente atrito, que deve ser reduzido por meio da técnica da lubrificação. Lubrificar é, portanto, a redução do atrito entre peças móveis que visa conservar o equipamento, evitando a perda de rendimento e a interrupção do funcionamento. É interessante res-saltar, ainda, que a lubrificação, além de diminuir o atrito, tem, em determinados casos, a função de limpar e vedar alguns mecanismos. Mesmo com todas estas vantagens, especificamente com relação ao trator agrícola, de acordo com Márquez (2012), os custos com a lubrificação re-presentam de 0,8 a 1,3% dos custos totais de utilização.

LUBRIFICAÇÃO DO MOTORO sistema de lubrificação do motor de

um trator agrícola tem como funções dis-persar, conduzir, filtrar e elevar a pressão do óleo lubrificante, fazendo-o circular entre os componentes do motor. Este sistema é composto pelos canais de condução, cárter, bomba, filtros, radiador, indicadores de pressão e vareta de nível.

O cárter funciona como um depósito de lubrificante, que se localiza na parte inferior do motor. Mergulhada no óleo contido no cárter está a bomba de óleo, comumente do tipo de engrenagens, que acionada pelo virabrequim, faz com que ocorra a condução do óleo, através dos canais, até os pontos do motor que neces-sitam de lubrificação. Antes de retornar ao cárter, o óleo lubrificante passa por um filtro, onde são retidas as partículas em suspensão aderidas ao óleo, que foram transportadas quando do contato com as peças móveis do motor. Este processo de filtragem prolonga

a vida útil do lubrificante. Alguns motores contam com radiadores de óleo lubrificante, que têm a função de manter a temperatura do fluido dentro de limites predeterminados.

Para a substituição do óleo lubrificante do motor do trator o agricultor deve levar em conta o período de troca e a especifica-ção de óleo lubrificante, que deve atender as recomendações do fabricante. Mesmo mantendo a frequência recomendada, o usuário deve diariamente verificar o nível de óleo do motor, através da leitura na vareta indicadora, que está marcada com o nível máximo e mínimo do óleo recomendado no cárter, que deverá estar entre estes dois níveis extremos. Esta verificação deve ser realizada em uma superfície plana, com o motor desligado (a frio), de preferência antes do início da jornada de trabalho. No caso de motores agrícolas, verifica-se que a recomendação mais frequente recai sobre o óleo especificado como SAE 15W-40.

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LUBRIFICAÇÃO DA TRANSMISSÃOA transmissão de movimento do motor

do trator agrícola às rodas é feita por meio de um sistema composto de caixa de velocidades, diferencial e redução final. As caixas de velo-cidades mais utilizadas são do tipo mecânico (por pares de engrenagens) e hidromecânico (baseado na ação de um óleo que modifica as posições de acoplamento de engrenagens). No primeiro tipo, o óleo possui a função de evitar o desgaste entre as partes metálicas e no segundo, além desta função o óleo atua como elemento acionador dos pacotes de discos que influirão na seleção das velocidades.

Geralmente as caixas de velocidade são lubrificadas com óleo de viscosidade SAE 90. Deve-se ter muito cuidado com a viscosidade, pois a utilização de um produto mais viscoso dificultará a passagem do óleo por pequenas folgas, reduzindo a qualidade da lubrificação.

TIPOS DE LUBRIFICANTESOs lubrificantes utilizados atualmente

têm origem em derivados do petróleo ou

são obtidos a partir de síntese química. Pela diferença de densidade dividem-se em líqui-dos, pastosos ou sólidos. Os lubrificantes líquidos utilizados em motores e transmissões de tratores são: óleos compostos, aditivados e sintéticos.

Os óleos compostos são resultantes da mistura entre óleos graxos e minerais puros. Possuem maior oleosidade e facilidade de formar emulsão na presença de vapor. Já os óleos aditivados são óleos minerais puros acrescidos de produtos químicos especiais (aditivos) capazes de dar ou reforçar certas qualidades desejáveis em um lubrificante. Os óleos sintéticos são criados em laborató-rios, da reação química entre diversas subs-tâncias. Também podem receber aditivos.

Quanto aos lubrificantes pastosos em especial, se utilizam as graxas que resultam da mistura entre sabões metálicos e óleos minerais. São usadas para a lubrificação de pontos onde a aplicação de um óleo não seria eficiente devido a sua fluidez.

Os lubrificantes sólidos, como o grafite e o bissulfeto de molibdênio, entram na for-mulação dos lubrificantes líquidos e pastosos como aditivos, oferecendo grande resistência à temperatura e pressões elevadas.

Os aditivos químicos ajudam os óleos lubrificantes a desempenhar suas funções. Os óleos lubrificantes utilizados em tratores e máquinas agrícolas são produtos compos-tos por óleos minerais e diversos aditivos, tais como dispersantes, antioxidantes, anticorrosivos, ampliadores de viscosidade, detergentes, antiespumantes, entre outros.

CLASSIFICAÇÃO SAE O sistema de classificação mais utilizado

e generalizado atualmente é o que utiliza a numeração criada pela SAE (Society of Automotive Engineers). Os óleos, segundo esta sociedade americana, são enquadrados em dois tipos: os óleos de verão e os óleos de inverno.

Mais especificamente em motores, exis-tem óleos de verão com quatro categorias, do mais fluido (SAE 20) ao mais viscoso (SAE 50), com intervalos de 10 em 10. Essa categorização é estabelecida em função da viscosidade cinemática medida a 100ºC (Márquez, 2012).

Para os óleos de inverno são definidas quatro categorias, que vão do 0 ao 25, com intervalos de 5 em 5 marcados com-plementarmente com a letra W, de winter (Márquez, 2012). Nesse caso, além de cum-prir exigências de viscosidade cinemática a 100ºC, deve ser possível o deslocamento do óleo, por bombeamento, quando se encon-tram a baixa temperatura. Dessa forma, um óleo SAE 0W poderia ser bombeado a -35ºC e um SAE 25W a -10ºC.

Essa classificação não resulta em indica-ção de que os óleos de verão somente possam ser utilizados nos períodos quentes e os de inverno apenas nos períodos frios. São ma-neiras de diferenciar a viscosidade dos óleos e sua adaptação ao clima em que irá operar e as baixas temperaturas que dificultariam a colocação do motor em funcionamento (Márquez, 2012).

Os óleos incluídos em apenas uma

Fotos Cultivar

Em transmissões e reduções finais deve-se ter muito cuidado com a viscosidade, pois a utilização de um produto mais viscoso dificultará a passagem do óleo por pequenas folgas, reduzindo a qualidade da lubrificação

Fonte: Adaptado de Márquez (2012)

Classificação APICACBCCCD

CD-IICE

CF.4

Adequado para as condições deMotores diesel em condições suaves de trabalho.

Motores diesel de aspiração natural em trabalhos moderados.Motores a gasolina e diesel em trabalhos moderados.

Motores diesel turboalimentados em trabalhos severos.Motores dois tempos

Motores diesel turboalimentados em condições muito severas, e motores pequenos turboalimentadosMotores de 4 tempos de alta rotação

Num trator, os custos com a lubrificação representam de 0,8 a 1,3% dos custos totais de utilização

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Fotos Charles Echer

classe de viscosidade são conhecidos como monoviscosos e devem ser substituídos, caso se produzam modificações nas condições climáticas. Os que possuem mais de um grau de viscosidade SAE são conhecidos como multiviscosos e que permitem emprego durante todo o ano, porque sua viscosidade é satisfatória a alta ou baixa temperatura. Desta forma, um óleo SAE 15W-40 se com-porta a alta temperatura como um SAE 40 e a baixa temperatura como um SAE 15W.

Referindo-se a lubrificantes para trans-missão, eles utilizam uma classificação seme-lhante aos óleos para motor, empregando-se quatro graus de óleos de inverno (SAE 70W a SAE 85W) e três de verão (SAE 90, 140 e 250), sem que tenham nenhuma relação os graus estabelecidos com os definidos para os motores. Também, pode-se utilizar óleos multiviscosos nas transmissões, como é o caso do SAE 80W-90 e do 85W-140.

CLASSIFICAÇÃO API O sistema de classificação API (Ame-

rican Petroleum Institute) para motores especifica a “qualidade” dos óleos lubri-ficantes, utilizando-se duas letras, onde a primeira marca o tipo de motor (S para motores a gasolina e C para motores diesel) e a segunda o nível de qualidade, utilizando a ordem sequencial do alfabeto, sendo a primeira a letra A. A especificação mais utilizada pelos fabricantes em moto-res diesel é o CF.4.

Ainda, no sistema API, existem outras classificações para motores mais modernos que utilizam combustíveis com baixas quantidades de enxofre.

Da mesma forma que os óleos para motores, quanto à qualidade, os óleos para transmissões se estabelecem em seis níveis, que são designados sequencial-mente entre o API GL-1 e o API GL-6. As categorias GL-4 e GL-5 são as mais utilizadas nas transmissões de máquinas agrícolas.

GRAXASAs graxas surgem a partir da mistura

de um líquido (óleo lubrificante) com um agente espessante (sabões metálicos). Essa união resulta em uma pasta, que pode ter suas propriedades lubrificantes enriquecidas ou reforçadas por aditivos que se dissolvem nela. Assim como os óleos lubrificantes as graxas também possuem suas propriedades, sendo as mais importantes: ponto de gota, consistência e bombeabilidade.

As graxas lubrificam certos pontos das máquinas e dos implementos agrícolas que não podem ser lubrificados por óleos, tais como mancais de arados, grades, enxadas rotativas, juntas universais do trator, estrias de acoplamento do cardã, articulações do chassi, elos de esteiras, cubos de rodas, entre outros.

De acordo com a exigência, as graxas mais recomendadas pelos fabricantes de má-quinas e implementos agrícolas enquadram-se na classe de consistência NLGI (National Lubricating Grease Institute) de 00 a 3 e devem suportar temperaturas da ordem de 150ºC sem prejuízo da sua qualidade lubri-

ficante. Em altas rotações e pequenas folgas dos mancais, são aplicadas graxas lubrifi-cantes mais moles, pertencentes às classes 00 até 1. Para folgas maiores dos mancais e necessidade de uma vedação contra meios que podem penetrar, devem ser utilizadas graxas das consistências 2 e 3.

Além disso, uma graxa precisa oferecer: resistência à água, resistência à carga, pro-teção contra corrosão e oxidação, boa capa-cidade de vedação, boa aderência e validade por longo período.

A consistência é uma medida de qualida-de de uma graxa, mensurada em laboratório através de normas de ensaios ASTM (Ame-rican Society for Testing Materials). A partir de um número significativo de medidas de penetração, a NLGI criou nove diferentes graus de consistência, que servem como base para a classificação das graxas encontradas no mercado.

CONSIDERAÇÕES FINAISA lubrificação é um dos itens da manu-

tenção periódica de tratores, colhedoras e demais máquinas e implementos agrícolas. Este item deve receber atenção redobrada por parte do produtor rural, pois a ausência ou o uso inadequado de lubrificantes pode causar prejuízos imediatos, como desgaste excessivo de peças, superaquecimento ou até perda total de diversos componentes da máquina.

Recomenda-se seguir rigorosamente o plano de lubrificação da máquina agrícola, de acordo com o manual de uso e manuten-ção, fornecido pelo fabricante no momento da aquisição da máquina.

O sistema de lubrificação do motor de um trator agrícola tem como funções dispersar, conduzir, filtrar e elevar a pressão do óleo lubrificante, fazendo-o circular entre os componentes do motor

Para a substituição do óleo lubrificante do motor do trator o agricultor deve levar em conta o período de troca e a especificação de óleo lubrificante indicados pelo fabricante

Marcelo Silveira de Farias,José Fernando Schlosser,Ulisses Giacomini Frantz eVinícius Paim Alende,Nema/UFSM

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ColhEdorAS

Mapa das perdas

As perdas na colheita da soja são influenciadas por fatores que envol-vem a planta (cultivar, teor de água

na colheita, população de plantas, altura de inserção da primeira vagem etc) e os fatores que envolvem a colhedora (velocidade na colheita, velocidade e posição do molinete, abertura en-tre cilindro e côncavo, manutenção etc). Com isso, os fatores relacionados à máquina são os que mais diretamente podem ser corrigidos, por operadores e profissionais envolvidos na operação de colheita.

O mapeamento das perdas na colheita vem a informar os locais na área colhida que tiveram maiores perdas, podendo correlacionar essas perdas com alguma outra característica da área. Entre os motivos de maiores perdas estão a produtividade da área, quanto maior a produ-tividade, maior pode ser a perda quantitativa, e o teor de água nos grãos, que pode influenciar também na perda da qualidade do grão.

A produtividade e a qualidade dos grãos são influenciadas por diversos fatores, incluindo manejo e propriedades intrínsecas do solo e da cultura. Conhecer como ocorrem estas intera-ções em campo torna-se uma informação extre-mamente importante para encontrar soluções na redução das perdas durante a colheita.

O objetivo do presente trabalho consistiu no uso de técnicas de georreferenciamento e geoestatística para elaborar, por meio de amos-tragem, mapas de variabilidade espacial das perdas quantitativas na colheita mecanizada

da cultura da soja, e analisar a sua correlação com a produtividade da cultura e o teor de água dos grãos.

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e a coleta de dados realizada na Fazenda Experimental da UFGD, em Dourados (MS), em um Latossolo Vermelho Distroférrico, textura muito argilosa, originalmente sob vegetação de Cerrado.

Foi feita a colheita mecanizada de grãos de soja (Glycine max (L.) Merrill) em pontos com coordenadas conhecidas, em uma área de cinco hectares. A soja foi semeada com espaçamento de 0,45m entre linhas, cultivar BRS 245 RR

com estande de 12 plantas/m. A rotação do cilindro trilhador durante a colheita foi de 670 ± 12rpm. A abertura entre o cilindro e o côncavo foi de 40mm.

Foi realizada a grade para coleta dos dados de perdas dos grãos de acordo com a área dis-ponível para execução do trabalho. Foi utilizada uma trena para localização dos pontos amos-trais, os pontos ficaram distantes um do outro por 50m, totalizando 30 pontos.

Os pontos foram georreferenciados uti-lizando-se um aparelho GPS topográfico Ashtech Promark 2 e, posteriormente, foi feita a correção diferencial dessas coordenadas no programa Ashtech Solutions.

O ensaio avaliou produtividade; perdas de

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O mapeamento das perdas na colheita mecanizada ajuda o produtor a entender em quais parcelas de sua lavoura estão ocorrendo as maiores perdas, proporcionando a possibilidade de buscar soluções para diminuí-las

O ensaio mostrou que as perdas na plataforma de corte representaram na média 71,7% das perdas totais provocadas pela colhedora

Mapa das perdas

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o padrão de distribuição espacial.Na Figura 1 pode-se observar que as perdas

naturais dos grãos de soja variaram de 10 a 60kg/ha, 87,5% das perdas foram inferiores a 40kg/ha, o restante superior a esse valor, como o teor de água dos grãos estava baixo, as perdas naturais acabaram sendo relativamente altas. Na plataforma de corte as perdas de grãos de-bulhados foram de 0 a 110kg/ha, tendo apenas 2,9% da área com perdas acima de 90kg/ha, o restante estando abaixo desse valor. No sistema de trilha e separação as perdas variaram de 5 a 80kg/ha (Figura 2).

As perdas na plataforma de corte represen-taram na média 71,7% das perdas totais provo-cadas pela colhedora. Schanoski (2011) encon-trou em seu trabalho de perdas na colheita que aproximadamente 75% das perdas ocorrem na plataforma de corte e 25% no sistema de trilha, separação e limpeza, relatando que apenas as máquinas com perdas superiores a 240kg/ha

grãos debulhados na plataforma de corte; perdas naturais, perdas totais na plataforma de corte; nos sistemas de trilha e separação; perdas totais da colhedora, todos esses dados em kg/ha; teor de água dos grãos de soja, em % b.u. e relação palha/grão. Para avaliar as perdas foi utilizada uma armação de um metro quadrado.

As análises de correlação e estatísticas foram realizadas no programa Statistica, versão 7. Os modelos dos semivariogramas das variáveis estudadas foram ajustados utilizando o progra-

ma de computador GS+, versão 9. Uma vez detectada a dependência espacial, produziu-se o mapa temático da distribuição espacial da variável por meio de krigagem ordinária.

Não foi encontrada diferença na área para a produtividade e teor da água dos grãos. Por ser uma área pequena, de apenas cinco hectares, as diferenças acabaram não sendo significativas. Entretanto, em áreas maiores essas diferenças são facilmente verificadas, sendo possível re-alizar a comparação com as perdas durante a colheita mecanizada.

A análise da correlação de Pearson está apresentada na Tabela 1. Observa-se que existe correlação negativa entre a produtividade com a relação palha/grão. Valor já esperado, já que quanto maior a produtividade, maior a quan-tidade de grãos, diminuindo assim a relação palha/grão.

Para o teor de água nos grãos observou-se uma correlação negativa com as perdas de grãos nos sistemas de trilha e separação e para as perdas totais, indicado que o aumento no teor de água proporcionou diminuição nessas perdas. Os grãos apresentaram um teor de água de 11,7% b.u., um valor reduzido para a colheita. Com isso, se os grãos estão mais secos o processo de trilha e separação precisa ser ajustado, a rotação do cilindro deve ser redu-zida e a abertura do côncavo aumentada, pois pode ocorrer quebra dos grãos e serem perdidos devido ao seu menor peso.

A krigagem é uma técnica que permite estimar locais não amostrados na área, usando propriedades estruturais dos semivariogramas confeccionados a partir de locais que foram amostrados. Os mapas confeccionados através do método de krigagem podem ser elaborados para aqueles atributos que apresentaram de-pendência espacial e, esta informação é usada para que se possa visualizar e melhor entender

Tabela1 - Coeficiente de correlação de Pearson entre a produtividade da soja (PROD); das perdas de grãos debulhados na plataforma de corte (PLAT); naturais (N); perdas totais na plataforma de corte (PLT); nos sistemas de trilha e separação (TG); perdas totais da colhedora (Total), todos esses dados em kg ha-1; teor de água dos grãos de soja (TA), em % b.u.; e relação palha grão-1 (PGR)

ProdPGRPLATNATPLTTAGTSEPTotal

Prod1,00

-0,42*0,33-0,170,12-0,280,280,24

PGR

1,00-0,17-0,35-0,290,22-0,21-0,10

PLAT

1,000,44*0,88*-0,360,68*0,54*

NAT

1,000,81*-0,070,45*0,35

PLT

1,00-0,270,68*0,53*

TAG

1,00-0,48*-0,48*

TSEP

1,000,90*

Total

1,00

*Significância ao nível de 5% de probabilidade.

Fotos Charles Echer

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O uso das ferramentas da agricultura de precisão para analisar as perdas quantitativas na colheita mecanizada pode contribuir no desenvolvimento de zonas de regulagem da colhedora, visando auxiliar na redução de perdas

tiveram perdas equivalentes na plataforma e sistema de trilha, separação e limpeza. Portanto, já é esperado que as maiores perdas estejam na plataforma de corte da colhedora.

As perdas totais provocados pela má-quina variaram de 0 a 100kg/ha, uma vez que de 100 a 125kg/ha o que representa somente 0,2% da área, sendo esses valores desprezíveis, 16,7% da área correspondeu a valores superiores a 75kg/ha e o restante a valores inferiores, 83,3%.

A média total das perdas foi de 80kg/ha, pouco mais de um saco por hectare. Segundo Mesquita et al (2001), este valor é aceitável, sendo menor que 120kg/ha. Campos et al (2005) avaliando perdas na colheita meca-nizada de soja no estado de Minas Gerais encontraram valores variando de 24 a 126kg/ha, ressaltando que as colhedoras com me-nos de cinco anos de uso causaram menores perdas. Para a Embrapa as perdas devem ser inferiores a 60kg/ha (1 saco/ha). No expe-rimento a produtividade média da área foi de 4.346,9kg/ha (72 sacos/ha), com isso as perdas representaram 1,8%. Valores percen-tuais das perdas em relação à produtividade podem ser mais representativos. Tendo como base o valor da Embrapa de 60kg/há, pode-se considerar uma perda abaixo de 2% da produtividade como aceitável.

Os mapas, obtidos utilizando o georrefe-rencimento e as análises de geoestatística dos dados, mostraram a existência de variabilidade espacial das perdas quantitativas na colheita mecanizada da soja. O uso das ferramentas da agricultura de precisão para analisar as perdas quantitativas na colheita mecanizada da soja, embora ainda pouco estudado, pode contribuir efetivamente no desenvolvimento de zonas

Figura 1 - Mapa da distribuição espacial das perdas naturais dos grãos de soja (kg/ha-1) (a) e dos grãos debulhados na plataforma de corte (b)

de regulagem da colhedora, visando auxiliar na redução de perdas. Em áreas maiores, a variabilidade espacial de produtividade e o teor de água nos grãos podem ser mais facilmente encontrados, podendo ser correlacionado com a variabilidade das perdas na colheita.

Figura 2 - Mapa da distribuição espacial das perdas dos grãos de soja nos sistemas de trilha e separação (kg/ha-1) (a) e das perdas totais da colhedora (kg/ha-1) (b)

Antonio Luiz Viegas Neto,UnigranJorge Henrique P. Yamakawa, Eng. AgrônomoCristiano Márcio Alves de Souza,UFGD.M

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pulvErIzAdorES

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A ocorrência de Spodoptera frugi-perda (lagarta-do-cartucho) é generalizada em muitas regiões

produtoras de milho no mundo, prejudi-cando o desenvolvimento das plantas e se caracterizando como importante praga da cultura em todas as fases do desenvolvi-mento. Sua relevância deve-se não somente aos danos provocados, mas especialmente à dificuldade de seu controle.

A Spodoptera frugiperda pode gerar gran-des perdas na produtividade e na qualidade dos grãos dependendo do grau de infestação, sendo na maioria das vezes controlada atra-vés da aplicação de produtos fitossanitários. O ingrediente ativo clorpirifós pertence ao grupo químico dos fosforados e é um dos principais produtos utilizados no controle dessa praga. Contudo, não basta apenas conhecer o produto a ser aplicado, tam-bém é muito importante conhecer a forma como ele será aplicado e os equipamentos

Maneira eficienteExistem diversas opções para aplicação de defensivos nas culturas, mas cada método tem custo e eficiência diferentes, cabendo ao produtor escolher o método ideal para cada caso

de aplicação. É preciso garantir que o produto alcance o alvo de forma eficiente, minimizando-se as perdas.

O método mais empregado para a prote-ção das lavouras é a aplicação terrestre com pulverizadores hidráulicos. Entretanto, as perdas ocasionadas por amassamento em função do tráfego desses equipamentos nas lavouras, a compactação do solo, a baixa capacidade operacional quando compara-dos a métodos como a aplicação aérea e, principalmente, a dificuldade em entrar em áreas cultivadas com plantas com desenvol-vimento vegetativo avançado têm limitado o uso desses pulverizadores terrestres e possibilitado um crescimento significativo das aplicações aéreas.

A aviação agrícola mostra-se como alternativa viável pela alta capacidade ope-racional, o que permite soluções rápidas em pequenos intervalos de tempo mesmo em grandes extensões de terra. Contudo, pouca

informação científica existe a respeito de sua eficácia, comparativamente à aplicação terrestre, além de, em muitos casos, causar desconfiança por parte de agricultores quanto à sua viabilidade técnica, sobretudo quanto à capacidade de penetração da calda pulverizada no dossel das culturas.

Outra técnica de aplicação de produtos fitossanitários, a quimigação, também vem se desenvolvendo bastante, apesar de ainda

Tabela 1 - Descrição dos tratamentos avaliados

Tratamento

1234567

Forma de aplicação

Aplicação aéreaAplicação aérea

Aplicação tratorizadaAplicação tratorizada

QuimigaçãoQuimigaçãoTestemunha

Volume de calda (L ha-1)

3030200200

70.00070.000

-

População de plantas(plantas ha-1)

70.000 100.000 70.000 100.000 70.000 100.000 100.000

Jact

o

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AG Truck, equipada com 30 bicos hidráu-licos tipo D10-45. A altura de voo foi de 3m acima do dossel das plantas de milho, empregando volume de calda de 30L/ha.

Todas as aplicações foram realizadas em condições climáticas similares, adquiridas por meio de uma estação meteorológica montada junto à área do ensaio.

Após a aplicação, foram realizadas duas amostragens para avaliação da deposição do produto fitossanitário nas folhas próximas à espiga: a primeira logo após a aplicação do produto químico e a segunda, dez dias após a primeira. Também foi avaliado o controle de S. frugiperda.

O estudo da deposição do ingrediente ativo aplicado nas folhas das plantas de milho foi realizado por meio da técnica da cromatografia gasosa. Para isto, foi colhida de cada parcela uma amostra de 50 folhas próximas à espiga logo após as aplicações.

RESULTADOS DO COMPARATIVOObserva-se na Figura 1 que ocorreu

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ser pouco estudada a nível mundial. A aplicação de produtos químicos na lavoura por intermédio da água de irrigação está se intensificando junto aos produtores que dispõem de equipamentos de irrigação, pois é técnica eficiente para alguns produtos e possui custo de aplicação inferior aos demais métodos. Alguns estudos já demonstraram que esse método de aplicação é eficiente para o controle da lagarta-do-cartucho na cultura do milho, porém não quantificaram os depósitos de calda alcançados. Um dos problemas enfrentados pela quimigação, principalmente quando esta é realizada via pivô central, é o grande volume de água utilizado.

Desta forma, há a necessidade de es-tudos de viabilidade técnica comparando esses três métodos de aplicação de produtos fitossanitários. Assim, o objetivo deste tra-balho foi estudar a deposição do inseticida clorpirifós na cultura do milho, empregando aplicação aérea, terrestre e via água de irri-gação para o controle de S. frugiperda, em duas populações de plantas.

METODOLOGIAO presente trabalho foi realizado na Fa-

zenda Experimental da Empresa Monsanto, situada no município de Cachoeira Dourada (MG). O experimento foi conduzido em área de pivô central, empregando semeadura direta da cultura do milho.

O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial 3x2+1, avaliando-se três formas de aplicação e duas populações de plantas, além de uma testemunha sem aplicação, conforme descrito na Tabela 1.

Foi utilizada uma linhagem de milho suscetível ao ataque de lagartas e muito empregada na formação de híbridos de alto

potencial produtivo na região central do Brasil. As parcelas experimentais consisti-ram em seis linhas de 5m, com espaçamento entre linhas de 0,70m, sendo a área total de cada parcela de 21m2.

O inseticida utilizado no ensaio foi o clorpirifós, na dose de 1L/ha de produto comercial, contendo 480g i.a./L. O produto foi aplicado empregando pulverizador, aero-nave e pivô central. Na aplicação tratoriza-da, utilizou-se um pulverizador hidráulico montado. O volume de calda utilizado foi de 200L/ha, pressão do líquido de 300kPa e velocidade de deslocamento do trator de 5km/h. Manteve-se a altura da barra em relação à cultura de 0,5m e foram empre-gadas pontas de pulverização BD 8002 de jato plano.

A aplicação via água de irrigação foi feita por meio de uma bomba dosadora acoplada à base de um pivô central (50ha), com lâmina de 7mm, que corresponde a um volume de 70.000L/ha. Para a aplicação aérea, utilizou-se uma aeronave Cessna 188

Entre as vantagens apontadas por defensores da aplicação com aviões agrícolas estão a velocidade da operação e a inexistência de amassamento das plantas

Figura 1 - Influência do método de aplicação na deposição de clorpirifós em folhas de milho, semeado em duas populações de plantas, imediatamente (a) e dez dias após a aplicação (b)

Div

ulga

ção

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chegada da calda de pulverização.

CONSIDERAÇÕES FINAISAs aplicações aérea e tratorizada do

inseticida clorpirifós proporcionaram maior deposição do ingrediente ativo nas folhas da cultura do milho do que via água de irrigação, tanto logo após a aplicação, como transcorri-dos dez dias. Contudo, essa diferença não foi proporcional ao volume de água empregado

e tendeu a diminuir com o passar do tempo após a aplicação. As duas populações de plan-tas empregadas (70 mil e 100 mil plantas/ha) não influenciaram a deposição do inseticida nas folhas de milho.

diferença significativa entre os métodos de aplicação, porém não houve diferença entre as populações de planta. Em ambas as avaliações nota-se que os métodos tra-torizado e aéreo foram os que apresentam maior valor de deposição, enquanto o menor valor foi observado na aplicação via água de irrigação.

Na aplicação via pivô central, utiliza-se um volume de água muito superior às apli-cações tratorizadas e aéreas. Isso faz com que exista um processo de lavagem das folhas, re-sultando na perda de ingrediente ativo para o solo. Contudo, a proporção entre os volu-mes de água empregados não é semelhante à redução da concentração de produto na folha entre os métodos utilizados.

Na quimigação aplicou-se 350 e 2.333 vezes mais água do que na aplicação trato-rizada e aérea, respectivamente. Contudo, após a aplicação a deposição foi 6 e 5,6 vezes maior na aplicação tratorizada e aérea do que via água de irrigação. Após dez dias, esses va-lores passaram a 12,2 e 8,1. Isso indica que a diminuição da deposição de produto no alvo, causada pela quimigação, não é proporcional ao aumento do volume de calda.

De qualquer forma, deve ser levado em conta que a menor deposição na planta pro-movida pela quimigação pode estar ligada a uma maior perda de produto para o solo.

Analisando a influência da população de plantas na deposição, verifica-se que não houve diferença. Maiores populações tendem a dificultar a deposição da calda nas plantas devido à formação de uma barreira imposta pelas próprias folhas. Contudo, isso não foi observado, provavelmente em função do espaçamento entre linhas ter sido mantido, isto é, aumentou-se o número de plantas por metro linear, mas não foi reduzida a distância entre fileiras, o que facilita a penetração do jato pulverizado. Além disso, as folhas cole-tadas para análise de resíduo não estavam no terço inferior, ponto mais crítico para a

O estudo comparando os três métodos de aplicação de defensivos foirealizado na cultura do milho, sob condições de ataque de lagartas

Na quimigação aplicaram-se 350 e 2.333 vezes mais água do que nas aplicações tra-torizada e aérea, mesmo assim obteve-se menor deposição do inseticida na planta

João Paulo A. R. da Cunha,Ana Paula C Nascimento eMariana R. Bueno,Universidade Federal de Uberlândia

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Divulgação Valley

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Know-how brasileiro na África

Você sabia que a Agricultura Familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos pelos

brasileiros? Sempre que tenho oportuni-dade falo da importância de programas de fomento a esse tipo de agricultura. Acredito que estímulos à agricultura familiar são uma das melhores políticas para mitigar a pobreza, e que a criação desses programas é a melhor forma de atuação de política pública para populações na área rural.

Hoje, aproveito este espaço para falar do Mais Alimentos Internacional. Programa do governo federal que merece nosso apoio e atenção. Semelhante à versão que já opera no Brasil, esse programa visa proporcionar uma linha de financiamento extremamente competitiva para a aquisição de equipamen-tos. Atualmente, cinco países já têm acordo firmado (ou em fase final) com o Brasil como integrantes do programa: Cuba, Mo-çambique, Gana, Senegal e Zimbábue.

O principal objetivo do Programa é estabelecer uma linha de cooperação téc-nica direcionada a apoiar a produtividade de pequenos agricultores e a produção de alimentos em países em desenvolvimento, de forma a promover a segurança alimentar e nutricional.

A grande virtude do Mais Alimentos Internacional é que não iremos apenas exportar nossas máquinas (como a maioria dos projetos chineses na África, em que não existe transferência de tecnologia), vamos fornecer know-how produtivo aos países participantes. O governo irá trabalhar num cenário multidisciplinar, apresentando soluções que envolvam todos os processos de produção, especialmente a partir das boas experiências do Ministério do Desen-volvimento Agrário (MDA) e da Embrapa

no Brasil. Aliado ao fornecimento de máquinas

está previsto o financiamento de tecnologia adaptada às realidades socioambientais da agricultura familiar local, visando ampliar a produtividade e o espaço de produção de cada um desses países. Não posso deixar de destacar aqui que detemos a mais desenvol-vida tecnologia agrícola tropical do mundo; que nossa indústria de equipamentos agrí-colas tem tecnologia de ponta e que nossa presença na África nos credenciará a um papel de grande importância na Comuni-dade Internacional.

A indústria brasileira apoia essa inicia-tiva. A ideia é oferecer a esses países equi-pamentos, assistência técnica com garantia estendida e treinamento. O Mais Alimentos Internacional poderá servir como uma vitri-ne do setor agrícola brasileiro ao mundo e pode representar um desenvolvimento sig-nificativo da indústria nacional. E é esse um dos motivos que faz a disseminação desse programa ser algo tão importante.

Ainda que seja admirável a possibili-dade de retomada da exportação brasileira de tratores para a África (uma vez que as exportações brasileiras foram, na maioria dos casos, substituídas por outras fontes), do ponto de vista da indústria brasileira os maiores beneficiados serão os pequenos fabricantes de implementos agrícolas, pois a entrada deles no continente represen-tará um novo mercado. Dependendo do quanto eles exportarem, isso vai significar o desenvolvimento de um novo sócio e um incremento financeiro expressivo.

Olhando para o panorama geral de indústria agrícola brasileira, o cenário ten-de a ser muito positivo. Só não podemos nos esquecer de que o grande desafio do

Programa virá em uma segunda etapa: a gestão desses projetos na África, em muitos casos em um ambiente de difícil governança. Mais do que um mercado novo de exportação, o grande apelo do programa é a parte estratégica da presença do Brasil em países-chave do continente africano.

É como se, depois da histórica exploração de mão de obra africa-na em nossas terras, estivéssemos voltando até lá para ensiná-los a produzirem em seu próprio solo. Isso sem citar ligações culturais e históricas entre África e Brasil, como a grande porcentagem de afrodescendentes na população brasileira. É importante consi-derarmos o aprofundamento das relações com a África não só como uma boa oportunidade de negó-cios, mas uma obrigação política, moral e histórica do país.

Milton Rego é engenheiro mecânico e

economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e

de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de

Comunicações e Relações Ex-ternas da Case New Holland;

vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodovi-

árias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton

é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção:www.blogdomiltonrego.com.br

Olhando para o panorama geral de indústria agrícola brasileira, o cenário tende a ser muito positivo

MuNdo MáquINAS

dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Junho 2013 • www.revistacultivar.com.br34

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