Maquinas 125

48

description

Dezembro 2012/Janeiro 2013

Transcript of Maquinas 125

Page 1: Maquinas 125
Page 2: Maquinas 125
Page 3: Maquinas 125

Rodando por aí

Compactação em lavouras de café

Consumo de combustíves em cana

Ficha Técnica - MF 8600

Depósito de fertilizantes

Test Drive - JD 8335R

Desempenho de escarificador

Hastes sulcadoras

Comparativo de sulcadores

Empresas - Budny

Ficha Técnica - Tratores Puma

Entupimento de microgotejadores

Desempenho de trator com eixo estendido

Test Drive - Trator JD 8335R 22Conheça o JD 8335R, o maior modelo da série 8R da John Deere e veja como este gigante de 335cv se saiu no Test Drive Cultivar Máquinas

04

06

10

14

18

22

28

30

34

36

38

41

44

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherCarolina Simões Silveira

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Mecanização em canaSaiba quais são os principais custos da mecanização em lavouras de cana-de-

açúcar no estado de São Paulo

SemeadorasAvaliação de 558 modelos mostra a média de capacidade dos reservatórios de fertili-

zantes e sementes nas semeadoras

18

• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 130,00€ 110,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 125 • Ano XI - Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

10

Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070• MARKETING3028.2065

Page 4: Maquinas 125

LS TractorMaior fabricante de tratores de Coréia do Sul, a LS Tractor anunciou a construção de sua primeira fábrica no Brasil, a primeira fora da Ásia, na cidade de Garuva, em Santa Catarina. A sede nacional alia-se ao objetivo da empresa, que pretende se tornar uma das cinco maiores fabricantes mundiais de tratores até 2015. O grupo LS tem, atualmente, vendas anuais acima de 30 bilhões de dólares e possui mais de 21 mil funcionários em todo o mundo. A conclusão da fábrica e o início da produção de tratores no Brasil estão pre-vistos para julho de 2013.

Nova identidadeA Lintec, empresa do Grupo Agrale, com atuação nos mercados de geradores, roçadeiras, motores e motobombas, passa a adotar nova logomarca. O objetivo é alinhar a identidade visual à das demais empresas do Grupo Agrale, inspirada em modernidade, tecnolo-gia e vanguarda. A nova logomarca da Lintec tem como elemento central um felino estilizado e futurístico, que transmite agilidade e potên-cia, incorporada a um emblema triangular que cria a associação da empresa com a identidade da Agrale, explica Hugo Zattera, presidente da Agrale.

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br04

roDANDo por AÍ

50 tratoresA Tratormaster, concessionária Massey Ferguson em Salvador (BA) realizou a entrega de 50 tratores agrícolas em parceria com o Consórcio Nacional Massey Ferguson durante a Mega-assembleia, realizada dentro da progra-mação da 25ª edição da Feira Nacional de Agropecuária da Bahia. Os 50 clientes que receberam seus tratores possuem cotas do Consórcio Nacional Massey Ferguson. Mais de 300 pessoas participaram do evento.

Pró-Aviação AgrícolaA Campanha Pró-Aviação Agrícola, promovida pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), foi lançada oficialmente no dia 30 de novembro durante reunião dos membros escolhidos entre de pilotos agrícolas e representantes do sindicato. O objetivo da campanha é divulgar a realidade da aviação agrícola, tendo como alvo a opinião pública e formadores de opinião. Com a contratação de profissionais especializados em comunicação e marketing, será feito levantamento dos problemas e desafios da aviação agrícola brasileira, para, posteriormente, elaborar um plano de divulgação da atividade no Brasil.

Parceiros da TecnologiaA John Deere, dentro do projeto desenvolvido pela empresa denominado Parceiros da Tecnologia, celebrou um convênio com a direção da Fatec de Pompéia em parceria com a Fundação Shunji Nishimura de Tecno-logia (FSNT). A parceria aliará o conhecimento das aulas teóricas com estudos de campo feitos diretamente nos equipamentos, para os alunos do curso de Mecanização em Agricultura de Precisão oferecido pela Fatec Pompéia. O curso é inédito e gratuito e oferece a cada semestre 80 vagas para os períodos diurno e noturno.

ComemoraçãoA Agrale levou 120 clientes e distribuidores para visitar pontos turísticos da Serra gaúcha e conhecer as unidades fabris da empresa, sediada em Caxias do Sul (RS). O evento fez parte das comemorações dos 50 anos da empresa, festejado em outubro de 2012. Segundo Flavio Crosa, diretor de Vendas da Agrale, a iniciativa teve como objetivo reconhecer e esti-

Motorização nacionalA MWM Internacional firmou parceria com a Budny e três modelos de tratores da marca contarão com os motores da empresa. Segundo

ParceriaA festa de inauguração da nova fábrica de tratores da Budny em Içara (SC) contou com a presença de aliados e parceiros da em-presa. Entre os convidados estiveram pre-sentes a diretora da fábrica de equipamentos para armazenagem e beneficiamento de grãos Pagé, Angela Pascoali Boeira, e a admi-nistradora da fabricante de equipamentos hidráulicos de alta pressão, destinados a sistemas de automação aplicados em má-quinas móveis e industriais Hybel, Natalia Boeira, ambas de Santa Catarina.

mular o bom relacio-namento da rede com os produtores rurais e “proporcionar maior aproximação entre os concessionários e os clientes que têm a marca Agrale como parte de suas próprias histórias”.

o supervisor de Mar-keting da MWM In-ternacional, Rodrigo Kanno, e o gerente de Divisão de Vendas, Marketing, Gerencia-mento de Programas e Assistência Técnica da MWM, Thomas Püschel, o objetivo da parceria é aumen-tar a nacionalização dos componentes dos tratores, para que as máquinas sejam 90% fabricadas no Brasil.Rodrigo Kanno e Thomas Püschel

Angela e Natalia Boeira

Page 5: Maquinas 125
Page 6: Maquinas 125

TráfEgo

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br06

Compactação localizada

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café há 150 anos, com estimativa de

produção (Arábica e Conilon) para a safra 2012 de 50,45 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado (Conab, 2012; ICO, 2012). Segundo o IBGE (2012), a safra de café em grãos brasileira obtida em 2011 foi de 44,48 milhões de sacas.

Por muitos anos o gargalo da produção de café foi a mão de obra, pelo seu custo e escassez, principalmente para colheita. Estudo realizado por Silva et al (2000), observou redução no custo com a uti-lização do sistema de colheita

mecanizada, em relação ao manual, da ordem de

41% a 50%, para lavouras com pro-dução de 1.800L/

ha a 2.100L/ha de café beneficiado. Com esses

resultados, fica evidente que a mecanização da cultura

do café apresenta vantagens econômi-cas e, atualmente, é indispensável no sistema produtivo brasileiro. Porém, sua introdução maciça pode ocasionar rápida e contínua degradação física do solo, principalmente nas linhas de tráfego de máquinas, uma vez que são concentradas paralelas as linhas de plantio. Isso pode apresentar problemas ao desenvolvimen-

to radicular da cultura do cafeeiro em virtude do aumento da resistência à penetração das raízes.

A compactação é um processo em que a porosidade e a permeabilidade são reduzidas e a resistência é acrescida, em função de cargas ou pressões aplicadas. Esse processo acarreta diminuição no crescimento e no desenvolvimento radicular, aumenta a den-sidade do solo, as perdas de nitrogênio por desnitrificação, o consumo de combustível das máquinas no preparo dos solos e a ero-são do solo pela menor infiltração de água. Ainda, por diminuir a macroporosidade, a água retida nos microporos permanece sob

altas tensões, apresentando baixa dispo-nibilidade para as plantas. Dessa forma, o solo pode apresentar-se com umidade, porém, com menor disponibilidade de água às plantas.

As operações motomecanizadas uti-lizadas no manejo das culturas perenes causam a degradação física do solo, espe-cialmente quando realizadas com o solo

úmido, mais suscetível à compac-tação. Assim, o planejamento das

operações a serem realizadas na lavou-

ra deve, também, levar em consi-deração a umi-dade do solo, assim como as caracte-rísticas de ambiente.

Estudo avalia a compactação do solo em lavouras cafeeiras e quais as consequências do tráfego

localizado para a produtividade

Cha

rles

Ech

er

Page 7: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 07

A resistência ao penetrômetro é menor nos solos arenosos e menos coesivo e maior nos solos argilosos de alta coesão. Com isso, os solos arenosos oferecem menor limitação à penetração das raízes quando comparados aos argilosos cultivados com os mesmos mé-todos. Outro fator importante é a manuten-ção da cobertura do solo nas entre linhas da cultura que tende a diminuir a compactação ocasionada pelo tráfego de máquinas, além de favorecer a infiltração de água e diminuir a suscetibilidade do solo à erosão.

As culturas perenes, como a cafeicultura, estão sujeitas ao aumento da resistência à pe-netração do solo devido ao crescente tráfego de máquinas em virtude da mecanização dos sistemas de cultivo. Ao contrário, as culturas anuais proporcionam alternativas para a com-pactação do solo mais difundidas que podem ser utilizadas anualmente. A descompactação do solo em culturas perenes, como a cafei-cultura, via intervenção mecânica (aração, subsolagem, escarificação) resulta no dila-ceramento do sistema radicular das plantas. Por isso, devem ser buscadas alternativas e dispensada a utilização dessas operações.

Com o desenvolvimento desse trabalho objetivou-se comparar a resistência do solo à penetração em cafezais, cultivados com siste-ma mecanizado, em três localizações: linha de cultivo; linha de tráfego e entre linha.

O estudo foi desenvolvido numa lavoura cafeeira, implantada no ano de 2003 com a cultivar Mundo Novo, situada no interior do mu-nicípio de Três Cora-ções (MG) (situada entre as coordenadas

21°46’16” latitude Sul e 45°06’12“ longitude Oeste a uma altitude variando entre 855 a 865 metros).

Na instalação do experimento a campo foram delimitadas seis parcelas distribuídas na gleba de forma aleatória. Para caracteri-zar a resistência do solo à penetração foram realizadas mensurações com penetrômetro eletrônico penetroLOG até a profundidade de 0,60m. Essas mensurações foram sub-

divididas, na área de cada parcela, sendo realizadas na linha

de cultivo entre as plantas (A); na linha de tráfego (B) (1,35m afastado em relação à linha de plantio onde ocorre o tráfego dos rodados) e no centro das entre linhas (C), conforme a Figura 1. As unidades experi-mentais foram demarcadas linearmente de acordo com o sulco de plantio com

A manutenção da cobertura do solo nas entre linhas da cultura de cafétende a diminuir a compactação ocasionada pelo tráfego de máquinas

Jacto

Page 8: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br08

comprimento de oito metros (dez plantas), onde foram realizadas três mensurações de cada ponto avaliado.

O espaçamento utilizado no plantio foi de 3,80m entre linhas e 0,80m entre plantas. O controle de plantas invasoras foi realizado com roçadoras mecânicas tratorizadas, com média de três a quatro roçadas ao ano, nas en-tre linhas. Ainda, realizaram-se pulverizações com micronutrientes e defensivos agrícolas duas vezes ao ano. Todos os implementos uti-lizados foram acoplados a um trator Massey Fergusson 265 (Potência de 47,807kW). Para colheita utilizou-se uma colhedora Jacto K3 Millennium, a partir do ano de 2008, sendo que o repasse ocorreu de forma manual.

A umidade gravimétrica do solo foi obtida por meio de amostras da gleba em camadas de 0,10m no perfil do solo até a profundidade de 0,60m, as quais permaneceram em estufa com circulação forçada de ar a uma tempe-ratura de 105 ± 30C, até atingirem massa constante. Também, foram coletadas três amostras de solo da camada 0m a 0,6m da gleba, onde estavam delimitadas as parcelas experimentais, para caracterização da textura do solo. Ainda, foi determinada a declividade da gleba com o auxílio de um nível ótico.

Para a análise de estatísticas foi utilizado o software Assistat versão 7.6 pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.

NÍVEL DE COMPACTAÇÃOA área experimental apresenta declivida-

de entre 6% e 10% e a análise de textura do solo apresentou os valores 460g/kg, 170g/kg e 370g/kg para areia, silte e argila, respectiva-mente, (classe textural argila arenosa).

A umidade do solo manteve-se semelhan-te na camada 0m - 0,1m entre os três locais analisados (Tabela 1). Na camada de solo seguinte, observaram-se menores valores de umidade na linha de tráfego e na entre linha, sendo que na linha de cultivo foi maior possi-velmente em função do maior sombreamento ocasionado pela cultura. Para profundidade superior (0,2m – 0,3m), a linha de tráfego, juntamente com a entre linha, apresentaram-

se semelhantes e superiores à linha de cultivo. Na camada 0,3m a 0,4m, houve semelhanças entre a linha de cultivo e a linha de tráfego com valores superiores aos da entre linha. Na camada seguinte de solo (0,4m – 0,5m), a linha de tráfego de máquinas apresentou maior valor e na última camada analisada não houve diferenças estatísticas.

Ao analisar a umidade, no perfil de solo estudado, foi possível observar que, na linha de cultivo, a camada 0,1m – 0,2m apresentou

maior valor em relação às demais. Os valores na linha de tráfego não apresentaram diferen-ças estatísticas. Na entre linha, as maiores umidades foram encontradas nas camadas até a profundidade de 0,3m e na última camada (0,5m – 0,6m).

A resistência do solo à penetração foi maior na linha de tráfego até 0,25m de profundidade comparada aos demais locais de mensuração conforme observado na Tabela 2. Para profundidades superiores, as mensurações na linha de cultivo e na linha de tráfego foram semelhantes e superiores à entre linha nas camadas: 0,35m – 0,40m e 0,45m – 0,60m. Na camada de solo 0,25m – 0,35m e 0,40m – 0,45m não houve diferenças estatísticas.

Ao analisar o perfil do solo é possível observar que a região onde trafegam os ro-

Figura 1 – Linha de Cultivo (A), Linha de Tráfego (B), Entre linhas (C)

Compactação localizada proporciona áreas descompactadas que facilitam a infiltração de água

Marcos Antonio Zambillo Palma

Linha de Cultivo0,15 bA0,19 aA0,13 cB0,16 bA0,13 cB0,15 bA

Camadas(m)

0 – 0,100,1 – 0,20,2 – 0,30,3 – 0,40,4 – 0,50,5 – 0,6

Tabela 1 – Umidade do solo (kg kg-1) obtida nos três pontos amostrados de cada sistema de cultivo

Linha de Tráfego0,15 aA0,13 aB0,16 aA0,16 aA0,17 aA0,16 aA

Entre linha0,15 aA0,15 aB0,15 aA0,12 bB0,13 bB0,16 aA

Mecanizado

Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra minúscula e, em cada linha, médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Linha de Cultivo0,47 cB0,75 cB0,74 cB0,85 cB1,38 bB1,91 aA2,38 aA2,44 aA2,42 aA2,61 aA2,71 aA2,67 aA

Camadas(m)

0 – 0,050,05 – 0,100,10 – 0,150,15 – 0,200,20 – 0,250,25 – 0,300,30 – 0,350,35 – 0,400,40 – 0,450,45 – 0,500,50 – 0,550,55 – 0,60

Tabela 2 - Resistência à penetração do solo (MPa) obtida nos três pontos amostrados

Linha deTráfego2,26 bA2,98 aA1,96 bA1,88 bA2,04 bA2,32 bA2,61 aA2,67 aA2,53 aA2,62 aA2,70 aA2,77 aA

Entre linha

0,59 cB1,20 bB1,11 bB1,15 bB1,42 bB1,66 aA2,00 aA1,93 aB1,97 aA1,99 aB1,90 aB1,81 aB

Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra minúscula e, em cada linha, médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Cha

rles

Ech

er

A B C

Page 9: Maquinas 125

dados das máquinas os valores são maiores desde as primeiras camadas de solo. Embora a umidade tenha se apresentado semelhante a pelo menos uma das comparações (linha de cultivo ou entre linha), a resistência do solo foi maior nas camadas iniciais (0m a 0,25m) em função do tráfego de máquinas localizado.

A compactação do solo ocasionada pelo tráfego de máquinas resulta em valores de resistência do solo à penetração maiores até a profundidade próxima a 0,15m, assim como a integração lavoura-pecuária. Devido ao tráfego localizado, em virtude das linhas de plantio do cafeeiro, encontrou-se maior resistência até profundidades superiores às normalmente encontradas. Destaca-se, ainda, que a textura do solo é argila arenosa, ou seja, os solos com teores de argila maiores serão mais suscetíveis a compactação do solo ocasionada em função dos tratos culturais serem realizados trafegando-se sempre na mesma linha (linha de tráfego).

Por outro lado, a compactação localiza-da proporciona áreas descompactadas que facilitam a infiltração de água. Isso ameniza os efeitos da erosão do solo que, juntamente com a cobertura, garante certa estabilidade dos agregados. Outro fator que colabora na cafeicultura é o sistema radicular que é mais profundo, quando comparado às demais

culturas anuais. Então, essa maior resis-tência do solo até a profundidade de 0,25m pode não prejudicar a cultura, porém, como observado no presente trabalho, nas profun-didades superiores, a resistência também foi alta. Dessa forma, a linha de tráfego pode estar limitando o crescimento radicular, no sentido lateral, quando se observam altos valores desse parâmetro nas profundidades superiores, tanto na linha de cultivo como na linha de tráfego.

No sistema de cultivo mecanizado do

Marcos Antonio Zambillo Palma eCarlos Eduardo Silva Volpato,DEG UflaPauliane de Souza Divino, Eliseu Marcolino eJéssica Aparecida Silva,Unincor

cafeeiro ocorre maior resistência do solo à penetração até a profundidade de 0,25m na linha de tráfego em relação à linha de cultivo e ao centro das entre linhas. .M

Charles Echer

Page 10: Maquinas 125

MECANIzAção

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br10

Maior custoCombustível e manutenções são os dois principais

gastos observados no cultivo mecanizado da cana-de-açúcar no estado de São Paulo

Este artigo é um dos produtos de um grande projeto que avalia os aspectos econômicos dos sistemas

de produção da cultura da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, resultado de parceria entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, na figura do Instituto de Economia Agrícola, IEA e a Organização dos

Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), que vem se desenvolvendo desde 2008.

A atividade canavieira paulista gera o maior valor da produção agropecuária e agrega parcela significativa de produtores rurais, calculados em torno de 16.805 fornecedores de cana, que pro-duzem aproximadamente 31% da produção do

estado. É uma atividade geradora de emprego e renda, no entanto, o contingente de trabalha-dores caiu de 210 mil em 2007/2008 para 104 mil em 2011, principalmente por mudanças no sistema de produção, em decorrência da mecanização do corte em função de legislação que estabelece prazos para a erradicação da queima da palha de cana-de-açúcar. A crescente demanda interna e a potencialidade de cresci-mento da demanda externa, principalmente por etanol, abriram caminho também para avanços tecnológicos em busca de ganhos de eficiência e maiores níveis de produtividade no campo e na indústria. A expansão da cana-de-açúcar nos últimos anos, as novas tecnologias, exigências de legislação são os principais responsáveis pelas interferências ocorridas no manejo das operações para a produção da cultura de ma-neira produtiva, adequada e respeitando o meio ambiente, tem resultado em algumas mudanças na realização das operações e a evolução dos sistemas de produção, contribuindo para a crescente mecanização da cultura.

A intensificação do uso da mecanização na agricultura tem exigido novos investimentos em máquinas com maior potência e tecnologia incorporada para atender a diversas demandas das atividades agrícolas. Do ponto de vista da propriedade agrícola, à medida que o tamanho e a complexidade do sistema mecanizado au-mentam, mais importante se torna o impacto da gerência deste sistema sobre a rentabilidade dos negócios. A otimização do desempenho do sistema mecanizado passa, necessariamente,

A expansão da cana nos últimos anos, as novas tecnologias, exigências de legislação são os principais responsáveis pelas interferências ocorridas no manejo das operações para a produção da cultura de maneira produtiva

Valt

ra

Page 11: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 11

Charles Echer

por questões que requerem um adequado entendimento das relações existentes entre os aspectos técnicos e econômicos da mecanização. A intensidade do uso de tratores, colhedoras e caminhões apresenta forte impacto nos custos de produção. O conhecimento desses valores pode levar a maior eficiência no uso desses fatores de produção.

Nesse sentido foram calculados e analisados os valores dos diferentes itens de custos variá-veis, dos custos horários de tratores, colhedoras e caminhões utilizados na cultura da cana-de-açúcar em seis diferentes regiões do estado de São Paulo.

Para o cálculo do custo de máquinas e equipamentos considerou-se a metodologia de classificação tradicional de valores em fixos e variáveis. Os custos variáveis são aqueles asso-ciados diretamente ao uso dos bens de capital, como combustíveis, filtros, óleos lubrificantes, pneus, peças, mão de obra, mecânica etc. São constituídos dos componentes:

Reparos e manutenção: são realizados para manter os bens de capital em plena condição de uso. Em geral, esses custos estão relacionados com a intensidade de uso. Nesse estudo, os gastos com reparos foram calculados pela esti-mativa de uma taxa percentual anual em função do valor inicial. Os gastos com manutenção preventiva foram calculados pela somatória das despesas com lubrificantes, filtros e graxas, obedecendo ao período de substituição reco-mendado pelos fabricantes.

Custo com operações: são os gastos realiza-

dos com o uso das máquinas, calculados pelo consumo de combustível. O cálculo dos custos horários de máquinas, utilizado pelo IEA, uti-liza os dados fornecidos pelos fabricantes em relação à manutenção preventiva (consumo de óleos lubrificantes, graxas, filtros aditivos e outros elementos substituíveis na manutenção dos tratores, colhedoras e caminhões), multipli-cados pelos valores de horas utilizados em cada operação. Para o item reparos determinou-se uma porcentagem do valor inicial em relação às horas de uso anual para cada máquina. O levantamento de campo ocorreu no período de junho a julho de 2009 e os preços dos insumos e serviços utilizados nas estimativas referem-se aos praticados no mês de março de 2010.

A análise da Tabela 1, que apresenta as despesas com manutenção e operação dos tratores, colhedoras e caminhões, evidencia que mesmo havendo diferenças no conjunto de técnicas utilizadas na condução da cultura e uso de diferentes potências de tratores nas regiões estudadas, os valores de participação percentual para o item combustível mostrou-se o maior em todos os casos. Em particular nas operações de preparo do solo, justificado pelo uso de implementos que exigem maior força de tração e maior número de operações. Em termos monetários o maior gasto ocorreu na região de Piracicaba devido ao maior número de operações realizadas e por possuir propriedades de menores áreas que ocasionam aumento no número de manobras e demanda maior quan-tidade de horas/máquina. Os menores valores ocorreram em Araçatuba pelo fato de o sistema de produção se caracterizar por menor número de operações, pois existe, na região, a prática de contratação de serviços, o que acarreta menor uso de horas/máquina pelo produtor.

Em relação às fases de cana-planta e soca, a região de Piracicaba possui os maiores valores,

repetindo o ocorrido no preparo do solo. O me-nor valor encontrado na região de Catanduva justifica-se pela não realização da operação de quebra lombo, é comum a realização apenas do cultivo/adubação em cobertura e aplicação de herbicida, operações consideradas leves que de-mandam menor número de horas/máquina.

Em termos monetários, o maior valor en-contrado para a colheita manual encontra-se na região de Jaú relacionada à operação de tração de reboque, que alia alto número de utilização do trator e carreta transbordo, impactando no custo/hora do trator utilizado nesta operação. Nesse caso também o item combustível repre-senta de 78% a 80% dos gastos.

Nas colheitas mecanizadas os maiores va-lores estão relacionados com o uso intensivo da colhedora e de caminhões que exigem número maior de horas de trabalho por hectare devido à complexidade do sistema de colheita que envolve vários tipos de máquinas em sua reali-zação. Nas regiões onde os produtores realizam a colheita mecânica por conta própria, Assis e Jaú, tanto os valores monetários como o número de horas/máquina sofrem a influência da pro-dutividade. Nesse levantamento, apresentou-se maior na região de Jaú.

John Deere

A intensificação do uso da mecanização na agricultura tem exigido novos investimentos em máquinas com maior potência e tecnologia incorporada para atender a diversas demandas das atividades agrícolas

A crescente demanda interna e o desenvolvimento externo abriram caminho para avanços tecnológicos

Cas

e IH

Page 12: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br12

No caso de combustível, deve-se levar em conta os valores relativos de consumo das máquinas e o preço relativo do óleo diesel no mercado.

O segundo item de custo é o de gastos com reparos, que são despesas ocasionadas com quebras e troca de peças, que deve ser bastante considerado, pois pode indisponibilizar a má-quina para o trabalho, atrasando o plano de produção da propriedade agrícola.

A avaliação dos itens componentes dos custos de máquinas agrícolas de grande impor-tância para a gestão de sistemas mecanizados, que apresentam alto valor de investimento nas empresas, gera cada vez mais impactos nos custos de produção das atividades. Indepen-

Marli Dias Mascarenhas Oliveira e Katia Nachiluk,IEA/Apta

dentemente do sistema de produção utilizado na cultura da cana-de-açúcar, os maiores valores despendidos são de combustível e reparos, evidenciando que a gestão da prática desses insumos é de grande importância para a racio-nalidade do uso de máquinas e equipamentos na realização das operações. Nesse caso, um programa organizado de seleção, manutenção e de uso das máquinas e equipamentos, pode levar a um controle eficiente desses custos, gerando forte impacto na rentabilidade da atividade.

Tabela 1 - Despesas com manutenção e operação dos tratores, colhedoras e caminhões e participação percentual nas diferentes fases da cultura da cana-de-açúcar em seis regiões do estado de São Paulo, em R$/ha

1 O item Total refere-se à soma dos gastos de combustível, óleos lubrificantes e aditivos, graxa, componentes de manutenção e reparos com tratores e equipamentos nas operações em cada fase da cultura. 2 A participação percentual refere-se ao item da despesa em relação ao total por hectare. Fonte: Dados de pesquisa.

Total R$

511,3621,211,9046,34102,41683,23

30,811,150,1614,0513,5359,70

49,491,930,228,35

12,3472,33

175,368,980,349,4625,06

219,19

618,7635,855,59

35,0998,38793,67

% do item %

72,23,30,44,919,3100,0

70,83,50,44,820,5

100,0

71,63,40,44,919,8100,0

% do item %

74,83,10,36,815,0

100,0

51,61,90,323,522,7100,0

68,42,70,311,517,1100,0

80,04,10,24,311,4100,0

78,04,50,74,412,4100,0

Total R$

478,6024,641,65

23,2998,89627,06

20,001,280,142,289,6033,30

40,192,710,313,75

18,2965,24

% do item %

76,33,90,33,715,8

100,0

60,13,90,46,828,8100,0

61,64,10,55,7

28,0100,0

RegiãoOperação

Preparo de Terreno/ Plantio Manual Combustível

Oléo Lubrificante e aditivo Graxa

Componentes de Manutenção Reparos

TotalCana PlantaCombustível

Oléo Lubrificante e aditivo Graxa

Componentes de Manutenção Reparos

TotalCana Soca

Combustível Oléo Lubrificante e aditivo

Graxa Componentes de Manutenção

Reparos Total

Colheita Manual (produtor) Combustível

Oléo LubrificanteGraxa

Componentes de ManutençãoReparos Total

Colheita Mecânica Combustível

Oléo LubrificanteGraxa

Componentes de ManutençãoReparos Total

Total R$

273,6312,411,3818,5873,22379,23

38,631,900,212,6111,2154,57

49,242,310,263,3413,6268,76

Araçatuba Assis CatanduvaTotal R$

399,5216,971,8630,75110,50559,59

32,951,900,233,757,0445,88

115,826,430,7211,8539,69174,50

342,6315,541,1719,4360,04438,82

646,4238,875,21

31,2489,45

811,20

% do item %

71,43,00,35,5

19,7100,0

71,84,10,58,215,3

100,0

66,43,70,46,822,7100,0

78,13,50,34,413,7100,0

79,74,80,63,911,0100,0

JaúTotal R$

519,7525,162,6242,30149,55739,39

37,502,410,264,2718,0062,43

87,405,300,588,8437,11139,22

% do item %

70,33,40,45,7

20,2100,0

60,13,90,46,828,8100,0

62,83,80,46,326,7100,0

PiracicabaTotal R$

356,0914,881,6326,9986,87486,46

43,181,890,213,4710,6059,35

64,042,970,345,54

18,1291,01

% do item %

73,23,10,35,5

17,9100,0

72,83,20,45,8

17,9100,0

70,43,30,46,119,9100,0

Ribeirão Preto

Marli e Katia analisam os gastos realizados entrecombustíveis e manutenção no plantio de cana

Div

ulga

ção

.M

Page 13: Maquinas 125
Page 14: Maquinas 125

fIChA TéCNICA

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br14

MF 8600A Massey Ferguson apresenta a nova série 8600, com tratores voltados a operações em grandes áreas que

exijam rendimento e precisão

A nova série da Massey Ferguson 8600 Dyna-VT apresenta dois modelos no Brasil: o MF 8670

e o MF 8690. Esta série promete robus-tez, ergonomia e conforto. A transmissão destas máquinas é divulgada pela empresa como a mais moderna do mundo para a categoria.

MOTORAmbos os modelos são equipados com

motores AGCO Power de seis cilindros de 8,4L, turboalimentados e com aftercooler, gerando 320/370cv de potência a uma rotação de 1.950rpm, e 1.455/1.540N.m de torque máximo a uma rotação de 1.400rpm nos modelos MF 8670/8690. Esses motores apresentam a mais recente tecnologia, que permite o ajuste contínuo da quantidade e tempo de injeção de combustível, de acordo com a rotação do motor e carga. Um tanque de combustível de 690L garante autonomia ampliada a estas máquinas.

A rotação máxima, sem carga, do motor é de 2.160rpm, todavia, o usuário pode determinar qual rotação a máquina assumirá como máxima, ajustando o motor a regimes de trabalho específicos, otimizando desempenho e consumo de combustível.

TRANSMISSÃOOs tratores da série 8600 estão equipa-

dos com Transmissão Continuamente Va-riável Dyna VT, que possibilita progressão de velocidade e rotação de forma contínua, eliminando a necessidade de troca de marchas por parte do operador e, conse-quentemente, os solavancos e as perdas de velocidade característicos de câmbios convencionais. São dois os regimes de tra-balho: Lebre, com velocidades que variam de 0,03km/h a 42km/h à frente, indicado para atividades de transporte; Tartaruga, com velocidades de 0,03km/h a 30km/h à frente, indicado para trabalho.

Esta série possui diversos modos de operação da máquina, específicos para determinadas situações. No modo “Ala-vanca”, o usuário determina a progressão da velocidade de forma manual pela alavanca presente no descansa-braço direito da cabine. Já no modo “Pedal”, o usuário utiliza o pedal de aceleração para aumentar velocidade e rotação de forma contínua, sendo que a máquina se desloca

apenas quando o pedal é acionado (ideal para transporte, manobras em espaços reduzidos e acoplamento de implementos à barra de tração). No modo “Dyna TM” o operador determina qual é a faixa de rotação que o trator pode trabalhar (por exemplo, entre 1.500rpm e 1.900rpm), e a máquina assume a rotação mais adequada a cada situação de trabalho, diminuindo a rotação em períodos de menor carga e aumentando para vencer eventuais so-brecargas na operação, o que acarreta em otimização do uso do motor e do consumo de combustível. Além destes modos pre-definidos, há a possibilidade de gravar até duas diferentes velocidades de trabalho e, para o usuário que fizer questão de traba-lhar com rotações fixas e predeterminadas, há também a possibilidade de gravação de duas diferentes rotações do motor. Assim, com apenas um toque em qualquer uma das teclas de memorização, a máquina assume imediatamente o regime de velo-cidade e/ou rotação solicitado.

Além dos modos já citados, estes tratores também podem operar no modo “Autopropelido”, onde a rotação do mo-tor se mantém constante, de acordo com o estipulado pelo usuário nas teclas de memorização da rotação, e o pedal de aceleração confere somente velocidade de deslocamento e modo “Dyna-Step”, para o usuário que queira simular a troca de mar-chas neste câmbio CVT, assumindo assim

Page 15: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 15

Fotos Massey Ferguson

21 marchas à frente e 15 à ré. Já no que diz respeito à TDP, a mesma funciona de forma independente, com acionamento eletro-hidráulico, e ambos os modelos operam a 540rpm ECO, com eixo de seis estrias, e 1.000rpm com eixo de 21 estrias.

SISTEMA HIDRÁULICOO sistema de levante hidráulico da

série 8600 é totalmente eletrônico, de categoria III, com engate rápido. A capa-cidade máxima de levante deste sistema é de 12 mil quilos. Quanto ao sistema de controle remoto destas máquinas, ambos os modelos estão preparados para até seis conjuntos de válvulas eletrônicas. No entanto, cabe ressaltar que a configura-ção standard destas máquinas apresenta quatro conjuntos de válvulas de controle remoto, que operam a uma vazão máxima de 175L/min a 200bar de pressão.

Para facilitar o desacoplamento de implementos conectados ao sistema, estes tratores estão equipados com tomadas de descompressão, que permitem a rápida

remoção das mangueiras hidráulicas que estejam ligadas ao trator.

RODADOSOs tratores MF 8670 têm três opções

de rodados: 520/85 R46 Duplo (traseiro) + 600/70 R28 (dianteiro); 710/75 R42 Duplo (traseiro) + 600/65 R34 (dian-teiro), e 800/70 R38 (traseiro) + 600/70 R30. Já para os tratores MF 8690, apenas a primeira opção de rodado apresentado para o modelo de menor potência não equipa estas máquinas.

EIXO DIANTEIROOutro diferencial destes modelos

encontra-se em seu eixo dianteiro com tração auxiliar, o qual é equipado com um sistema de suspensão hidráulica ativa Quadlink, que de forma unitária (agindo simultaneamente em ambos os eixos), ajusta o posicionamento da máquina em relação à inclinação do terreno, mantendo a aderência dos pneus ao solo e impactan-do de forma positiva na manutenção do centro de gravidade do trator. Além dos

fatores citados, este sistema de suspensão proporciona muito mais conforto ao ope-rador durante a realização de trabalhos severos.

O sistema de direção conta ainda com o modo de direção rápida, que, quando ativado, aumenta o fluxo de óleo para o sistema, acarretando em uma ampliação da resposta de direção, o que confere maior agilidade na realização de manobras de cabeceira, por exemplo. O operador também conta com bloqueio automático do diferencial (Hydralock) e tração dian-teira auxiliar automática, que se desabili-tam em condições de maior angulação e/ou velocidade de deslocamento.

CABINEA nova Série MF 8600 Dyna VT está

equipada com cabines de ampla área envi-draçada, que somada ao total de 24 faróis de trabalho da máquina garante excelente visibilidade mesmo em períodos notur-

Esses motores apresentam a mais recente tecnologia, que permite o ajuste contínuo de quantidade e tempo de injeção de combustível, de acordo com a rotação do motor e carga

O sistema de levante hidráulico da série 8600 é totalmente eletrônico, de categoria III, com engate rápido e a capacidade máxima de levante deste sistema é de 12 mil quilos

Page 16: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br16

Fotos Massey Ferguson

.M

nos. Esta cabine dispõe de assento com suspensão a ar com regulagem elétrica de altura, que auxilia na diminuição da fadiga do operador durante longas jornadas de trabalho. A cabine conta com excelente espaço interno, que permite ao operador se movimentar fácil e confortavelmente, fator que alia-se à disponibilidade dos comandos principais de operação de forma ergonômica. Além dos fatores ergonômicos mencionados, vale ressaltar que há a opção de suspensão hidráulica ativa da cabine, que assegura mais conforto ao operador e adequação da cabine a diferentes cargas e inclinações.

O apoio de braço multifuncional localizado ao lado direito do assento principal abrange os principais coman-dos de operação do trator. Através de um monitor colorido de sete polegadas (CCD), é possível visualizar e configurar

Detalhamento das 4 válvulas de controle remoto com tomadas de descompressão, que permitem a rápida remoção das mangueiras hidráulicas que estejam ligadas ao trator

Console contendo os principais comandos de operação do trator e painel CCD de sete polegadas para visualização e configuração das diversas funções do MF 8600

todas as funções do trator, acessando, por exemplo, regulagens de rotações do Modo Dyna-TM, vazão do sistema hidráulico, dados de desempenho operacional da máquina e sequências de manobras de cabeceira, onde o operador configura uma série de eventos que ocorrem de forma sequenciada ao pressionarmos por sete segundos a tecla de manobra de cabeceira. Tudo isso proporciona ao operador maior praticidade e agilidade no controle de suas tarefas.

SISTEMAS DE DIRECIONAMENTO AUTOMÁTICOTodos os tratores da Série 8600 vem

equipados com piloto automático System 150 da topcon. Sensores autuadores hi-draulicos trabalham no direcionamento do trator e permitem que o conjunto mecanizado se mantenha no traçado exato

da lavoura, sem falhas ou sobreposições, mesmo nas operações que exigem maior precisão, melhorando substancialmente o desempenho de máquinas nas operações agrícolas. Este sistema está disponível em diferentes níveis de precisão: centimétri-co (correção por sinal de rádio RTK) e decimétrico.

Sistema de suspensão dianteira ativa mantém o melhor contato e aderência do rodado dianteiro com o solo

Page 17: Maquinas 125
Page 18: Maquinas 125

SEMEADorAS

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br18

Quanto cabe?Avaliação de 558 diferentes modelos de semeadoras-

adubadoras mostrou uma variação significativa entre as capacidades dos depósitos de sementes e

fertilizantes mínima e máxima dentro da mesma classe do número de linhas. Em alguns casos, a diferença de capacidade do depósito pode ser até oito vezes maior

entre modelos da mesma categoria

A expansão da agricultura brasileira deve-se em grande parte pelo au-mento da área cultivada no decorrer

dos últimos 40 anos, permitindo um aumento substancial da produção agrícola. Contudo, apenas o incremento da área não é suficiente para que se busque a ampliação da produção. Novas tecnologias no campo, aliadas ao grande desenvolvimento da mecanização, auxiliaram, de forma significativa, para que se conseguisse atingir o atual patamar da produção agrícola nacional.

Dentre os processos que receberam essa contribuição, tem-se a operação de semeadura, que é uma das atividades mais importantes envolvidas no sistema de produção agrícola, sendo a sua execução com qualidade um fator primordial para o sucesso da produção. Todavia, devido à agricultura ser um setor altamente influenciado por características externas, como o clima, por exemplo, deve-se buscar aliar a qualidade da operação com a máxima capaci-dade operacional possível, pois o período ideal destinado à semeadura, muitas vezes torna-se restrito por estes fatores.

Esta capacidade é um fator médio de-monstrativo da capacidade de trabalho efetiva horária ou diária proporcionada pelo uso de uma determinada máquina ou conjunto, que, desde bem dimensionada e adequada às con-dições específicas de um determinado local e/ou situação de trabalho, pode vir a proporcionar maior produtividade por unidade de tempo. Desta forma, esta pode ser representada pela relação entre a área trabalhada e o tempo ne-cessário para executá-la, como, por exemplo, hectare por hora.

Em função disso, deve-se buscar maximizá-la, já que esta está envolvida diretamente no tempo de execução da tarefa e de forma significativa no custo final de produção, em uma agricultura cada vez mais competitiva e com retorno muitas vezes incerto. Assim, as semeadoras-adubadoras passaram a assumir um papel fundamental no sistema de produção agrícola, uma vez que estas máquinas apresen-tam menor capacidade operacional, em com-paração a outros implementos, pois necessitam do abastecimento de insumos, no caso sementes e fertilizantes, nos reservatórios. Além disso, estas máquinas necessitam promover o corte eficiente dos resíduos culturais, a abertura dos sulcos e a dosagem e distribuição de sementes e fertilizantes segundo a densidade de semeadura e adubação, preestabelecidas em contato com o solo, funções que, somadas, também podem

Charles Echer

Foto

s Re

nan

Bern

ardi

Máximo30

1.7006.400

ParâmetrosNúmero de linhas

Capacidade dos depósitos de sementes (kg)Capacidade dos depósitos de fertilizante (kg)

Tabela 1 - Valores máximos, mínimos e médios

Mínimo11942

Média10

439,81.539,4

Avaliação de 558 diferentes modelos de semeadoras-adubadoras mostrou uma variação significativa entre as capacidades dos depósitos de sementes e

fertilizantes mínima e máxima dentro da mesma classe do número de linhas. Em alguns casos, a diferença de capacidade do depósito pode ser até oito vezes maior

entre modelos da mesma categoria

Quanto cabe?

Page 19: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 19

reduzir a capacidade operacional. Desta forma, a capacidade dos depósitos

de sementes e fertilizantes influencia de forma direta, tendo em vista que é um dos principais motivos das paradas. Sendo assim, torna-se necessário uma correta seleção do implemento para as condições requeridas pelo produtor a fim de minimizá-las.

Neste contexto, buscou-se avaliar o núme-ro de linhas e a capacidade dos depósitos de sementes e fertilizantes contidos nos catálogos técnicos e na busca direta com os fabricantes de semeadoras-adubadoras de precisão do mercado nacional, confeccionando-se um banco de dados.

Ao total, avaliaram-se as informações técnicas de 18 marcas, contabilizando 558 modelos, desde as destinadas para as pequenas e as grandes propriedades rurais. Estas foram separadas por marca e diferenciadas pelas ca-racterísticas avaliadas. A Tabela 1 apresenta os valores máximo, mínimo e médio do número de linhas, capacidade dos depósitos de sementes e fertilizantes.

A avaliação das informações evidencia uma grande variação, possibilitando a semeadura de áreas pequenas, médias e grandes, como resultado da variação do número de linhas de 1 a 30, capacidade dos depósitos de sementes de 19 a 1.700kg e a capacidade dos depósitos de fertilizante de 42 a 6.400kg.

O número de modelos avaliados, separados por classes, está ilustrado na Figura 1.

Observa-se que o maior número de se-meadoras disponíveis no mercado nacional é composto de uma a dez linhas, com 315 modelos, seguido pelas equipadas com 11 a 20 linhas, correspondendo a 231 semeadoras, e as com 21 a 30 linhas com apenas 12. A Figura 2 ilustra os valores máximos, mínimos e médios da capacidade de depósitos de sementes distri-buídas entre as classes.

Pode-se observar que com o aumento do número de linhas, ocorre um incremento dos valores máximo, mínimo e a média da capacidade de sementes. Contudo, ressalta-se que, especificadamente, o valor mínimo das

semeadoras-adubadoras de 21 a 30 linhas é semelhante ao valor máximo das semeadoras-adubadoras com uma a dez linhas. Além disso, evidenciou-se uma variação expressiva entre os valores máximos e mínimos, sendo esta de 820kg para classe de uma a dez linhas, 1.090kg para classe de 11 a 20 linhas e 860kg para a classe de 21 a 30 linhas. Tal fato pode sugerir a ocorrência de uma capacidade operacional distinta entre classes e entre modelos da mesma classe.

Os valores máximos, mínimos e a média da capacidade dos depósitos de sementes por linha, distribuídas entre as classes, estão dispostos na Figura 3.

Observa-se um incremento do valor médio da capacidade do reservatório de sementes com o aumento do número de linha, fato este teoricamente esperado e possivelmente um dos requisitos para um bom desempenho da máquina agrícola. Contudo, ressalta-se que em uma mesma classe ocorreram variações, entre valores máximos e mínimos, de 590,64% para

semeadoras de uma a dez linhas, 768,74% de 11 a 20 linhas e 93,17% para as de 21 a 30 linhas. Portanto, evidencia-se que as semeadoras com menor número de linhas, inferior a 20, apre-sentam maiores alterações nos reservatórios, de forma que torna-se indispensável uma maior atenção a este fator, no momento da seleção.

A Figura 4 ilustra os valores máximos, mí-nimos e a média da capacidade dos depósitos de fertilizantes distribuídos entre as classes.

Verifica-se que ocorre um incremento dos valores máximo, mínimo e média da ca-pacidade de fertilizante com o aumento do número de linhas. Entretanto, constatou-se uma proximidade entre a capacidade máxima das semeadoras-adubadoras de 11 a 20 linhas, com a carga mínima da classe constituída de 21 a 30 linhas. Do mesmo modo, a classe de semeadoras-adubadoras de uma a dez linhas apresentou uma diferença de 2.758kg entre o valor máximo e mínimo. Na classe de 11 a 20 linhas, uma diferença 3.110kg, e para classe de 21 a 30 linhas, 2.500kg.

As semeadoras-adubadoras passaram a assumir um papel fundamental no sistema de produção agrícola, uma vez que estas máquinas apresentam menor capacidade operacional, em comparação a outros implementos

Figura 1 - Número de semeadoras-adubadoras por classe

A capacidade dos depósitos de sementes e fertilizantes influencia de forma direta, tendo em vista que é um dos principais motivos das paradas

John Deere

Bald

an

Page 20: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br20

As capacidades dos reservatórios de fer-tilizante distribuídos por classes em valores máximo, mínimo e médio, são demonstradas na Figura 5.

Os valores médios da capacidade dos reser-vatórios de fertilizantes por linha tendem a au-mentar com o incremento do número de linhas. Além disso, constatou-se que as alterações entre os índices máximos e mínimos diminuíram em função do aumento das linhas, que, para a primeira classe evidenciou-se uma variação de 843,70%, para a segunda de 152,56% e para a terceira de 43,60%. Por outro lado, os valores máximos apresentaram-se contrários a esta ten-dência, em outras palavras, estes diminuíram com o acréscimo do número de linhas.

Nesse cenário, pode-se observar a ocor-rência de uma variação significativa entre as capacidades dos depósitos de sementes e fertilizantes mínima e máxima das semeado-ras-adubadoras dentro da mesma classe do número de linhas. De forma que, em alguns casos, semeadoras-adubadoras de classes me-nores podem vir a apresentar uma capacidade operacional superior à de classes maiores, em virtude de seus reservatórios possuírem maior capacidade. Além disso, por se tratar de um item prontamente influenciador da autonomia dos insumos sementes e fertilizante, desde que bem dimensionados, podem diminuir o custo de produção devido à redução do número de

Figura 3 - Capacidade do depósito de sementes/linhaFigura 2 - Capacidade dos depósitos de sementes

Figura 5 - Capacidade do depósito de fertilizante/linhaFigura 4 - Capacidade dos depósitos de fertilizante

paradas para abastecimentos. Portanto, se faz necessário uma avaliação mais criteriosa por parte do agricultor no momento da aquisição deste item.

É importante ressaltar que neste trabalho foram avaliadas somente as capacidades dos de-pósitos de sementes e fertilizantes dos modelos, componentes que, portanto, não deverão ser os únicos critérios avaliados pelo produtor na hora da seleção e/ou compra.

Tiago Rodrigo Francetto eAirton dos Santos Alonço,Laserg/UFSM Ravel Feron DagiosEngenheiro agrícolaJoão Augusto Leindecker,UniscMauro Fernando P. Ferreira,Faem/UFPel

.M

Sem

eato

Page 21: Maquinas 125
Page 22: Maquinas 125

CApA

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br22

JD 8335RO município de São José dos Campos

foi o destino da equipe da Revista Cultivar Máquinas para o teste

do trator John Deere, modelo 8335R. Nós, que tínhamos tido a oportunidade de testar os gigantes de outras marcas, para edições anterio-res, agora tivemos a chance de compará-los ao maior modelo da linha 8R, da marca instalada em Montenegro (RS).

O trator 8335R, fabricado em Waterloo, estado de Iowa, nos Estados Unidos, teve o lançamento mundial em 2012 e, depois de chegar ao Brasil, passou a ocupar espaço entre o mercado de grandes tratores, principalmente nas áreas de produção de cana-de-açúcar e para as grandes culturas, em grandes áreas.

Para este teste fomos até a área industrial da Unidade Moema da Bunge Açúcar e Bio-

O rodado do trator que testamos era do tipo simples, com pneus 800/70R38 no eixo traseiro e 600/70R30 na parte dianteira da máquina

Com motor que pode chegar aos 339cv, o John Deere 8335R mostrou potência e muita tecnologia embarcada, que fazem deste modelo um trator versátil e completo

para operar em grandes áreasenergia, no município de Orindiuva, em São Paulo, onde nos encontramos com a equipe da John Deere e nos deslocamos ao interior do município de Riolândia, numa área de ex-pansão da usina, que estava sendo trabalhada para substituir o pasto por cana, onde tivemos possibilidade de testar este modelo.

Nesta localidade encontramos uma frota da empresa gradeando uma área e posteriormente plantando a cana, tudo de forma mecanizada. Desde o primeiro contato com o trator de teste ficamos impressionados com a potencialidade do seu trabalho, utilizando uma grade da marca Santa Izabel de 28 discos de 34” cada, com o chassi bastante pesado.

TESTEComo tínhamos pressa em vê-lo trabalhan-

O JD 8335R possui um motor de seis cilindros e nove litros de volume, gerando 339,73cv de potência

do, de imediato fomos para uma área coberta de pasto, com terraços de base larga e uma leve declividade lateral. Para o teste fizemos diversas combinações de marchas entre F5 e F7, com uma rotação recomendada e constante de 2.130rpm. Esta configuração nos proporcionou uma velocidade de 5,5km/h a 6,5km/h, com patinamento de 7%. Como o padrão recomen-dado pelo fabricante e, aceito pela empresa, é de até 13% de patinamento, chegamos a uma velocidade que consideramos ótima para a demanda de tração da grade e as condições do terreno de 7,9km/h, com o que obtivemos ao redor de 12% de patinamento. Para chegar-se a este desempenho bastou aumentar levemente a “trava” da grade, aumentando o ângulo de ataque dos discos, com um simples toque nos comandos da válvula de controle remoto correspondente. Durante o teste, verificamos no painel um consumo de 50 litros por hora, enquanto o engenheiro nos con-tava que, na média geral, os con-troles da usina contabilizam ao redor de 33 litros a cada hora de serviço. Como a capacidade operacional deste conjunto é de aproximadamente três hectares por hora, com a grade, são 11 litros gastos

Page 23: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 23

Fotos Charles Echer

de diesel por hectare, considerado bastante bom para os critérios adotados pela empresa.

O engenheiro Luis Tronco, coordenador agrícola para as operações de preparo e plantio, nos explicou que, no sistema utilizado pela usina, os tratores de alta potência, como este, somente são utilizados no preparo do solo, en-quanto que para o trabalho com as plantadoras são utilizados tratores de aproximadamente 210cv no motor.

O trator que testamos está na usina, em pleno trabalho, desde março de 2012 e já tem registradas 1.392 horas e nos foi informado que não existe nenhum registro de manutenção, além da normal troca de óleo lubrificante. Em

A nova série, lançada em 2012, ganhou faróis com novo design, mais quadrados, na versão 2012

Suspensão Dianteira Independente ILS possui um conjunto de balançasinferior e superior, semelhante ao sistema que equipa carros de passeio

O capô dianteiro possui diversas entradas de ar para refrigeração dos radiadores de óleo

face da qualidade do equipamento e, principal-mente, pelo atendimento proporcionado pela concessionária Itaeté Máquinas, nos contaram que a empresa está em processo de padroniza-ção com a marca John Deere. Em uma usina que utiliza mais de 150 tratores, já são três do modelo 8335R e mais quatro unidades do mo-delo 8260R, que são utilizados, principalmente para subsolagem e para o trabalho de preparo com grades de 42 discos de 28”.

Tronco também nos contou que a usina

transfere para o campo os ensinamentos da Bunge na área industrial. Assim, embora a empresa dê liberdade para os operadores desen-volverem seu trabalho, com os seus parâmetros, a partir de um treinamento exige-se que sejam levadas em conta três características, que são a

Cinco válvulas VCR standard, para o sistema de controle remoto, com acionamento das válvulas no painel lateral

Page 24: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br24

qualidade no trabalho, o menor custo possível da operação e a sustentabilidade, expressa principalmente pela segurança no trabalho e a manutenção devida à máquina. Com base nisto, o operador escolhe as condições estabelecidas durante a operação. E não é pequena a quanti-dade de operadores, pois são aproximadamente 50 para as operações de preparo e outros 50 para a operação de plantio mecanizado. Muito interessante, também, ver que há mulheres ope-rando estas máquinas. O sistema de trabalho é de três turnos, com oito horas por operador. Além do salário normal, a empresa ainda paga as chamadas horas in itinere, correspondentes ao deslocamento do operador, da entrada em serviço até a lavoura e as eventuais horas extras que venham a ser praticadas.

Conversamos com um dos operadores que supre as folgas dos trabalhadores neste modelo de trator e ele literalmente demonstrou a sua satisfação com o desempenho do modelo 8335R: “Bom, confortável, muita força, boa iluminação”.

MOTORO JD 8335R possui um motor de seis

cilindros e nove litros de volume, com turbo compressor e sistema de alimentação do tipo common rail. O motor enorme tem um cár-ter para 28 litros de lubrificante. Quanto ao combustível, a John Deere oferece como stan-dard um sistema opcional nos EUA, que é de filtragem extra (separador de água) e protege o sistema de alimentação. Com base em um filtro de aço inoxidável evitam-se danos aos compo-nentes quando da presença de água no diesel, algo comum no nosso país. Embora o mercado brasileiro ainda não faça exigência de controle de emissões, este trator atende ao padrão Tier II, exigido para o mercado norte-americano. Para alimentar esta “usina” mantendo uma boa autonomia, cabem 695 litros de diesel no

depósito.Tivemos acesso ao relatório de ensaio oficial

deste modelo, realizado no Laboratório de En-saios de Tratores da Universidade de Nebraska, em Lincoln, nos Estados Unidos, e verifica-se que durante estas provas alcançou 339,73HP de potência máxima a 1.800rpm na TDP. A po-tência máxima, medida no motor, à 1900 RPM desenvolve 374 cv pela Norma 97/68EC.

ERGONOMIAFicamos positivamente impressionados

para a cabine espaçosa que encontramos in-clusive para o acompanhante. O assento conta com todos os ajustes possíveis, como apoio para os braços, apoio para a lombar, regulagem do ângulo do encosto do banco, ajuste elétrico de altura e ajuste da proximidade e ainda a

Para facilitar a manutenção do motor e dos sistemas de arrefecimento, o capô dianteiro possui um sistema de basculamento que, além de levantá-lo, também o mantém distanciado do vidro da cabine, quando está na posição aberta

Detalhe do sistema de suspensão dianteira atuando num desnível de mais de 60cm

A manutenção dos radiadores, localizados na parte dianteira do motor, é facilitada devido à possibilidade de articulação das duas metades

Page 25: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 25

Fotos Charles Echer

possibilidade de estabelecer um giro lateral de até 25 graus, importante para aumentar a visibilidade do operador. Também notamos a presença de vários itens de conforto ao opera-dor, como tomadas elétricas de 12 volts e um monitor vertical, colocado na coluna direita, com indicações de funcionamento do motor e da transmissão. Este trator também conta com um interruptor de presença do operador no assento, que impede que este trabalhe em pé ou que o trator seja ligado sem a presença do operador sentado, de preferência com o cinto de segurança colocado.

Durante a operação também nos chamou a atenção a quantidade de itens de conforto como ar-condicionado, som ambiente etc, além de verificar que dentro da cabine, com as aberturas

todas fechadas o ruído era muito reduzido. Ao verificarmos as informações deste ponto, no relatório de ensaios de Nebraska, justifica-se que mesmo desenvolvendo potência máxima em oitava marcha, o nível de potência sonora foi de apenas 70,9dB(A).

O monitor Green Star 3, colocado à direita e à frente do braço direito do operador, apresenta dados de funcionamento do motor, o desempe-nho do conjunto a campo, a capacidade opera-cional, o patinamento das rodas e o consumo de combustível, em litros por hora e por hectare. Informaram-nos também que esta tela pode apresentar uma imagem do implemento, desde que seja instalada uma câmera, opcional neste trator. Neste modelo estava instalado o sistema AMS de agricultura de precisão, que possibilita

o uso de piloto automático com previsão de memorização das manobras.

Para a sinalização e iluminação verificamos a presença do triângulo de segurança e exten-sões laterais dos intermitentes, bem como farol rotativo sobre a cabine, para o transporte do equipamento. Quanto à iluminação, várias lu-zes dianteiras e duas luzes de serviço, colocadas sobre o para lamas traseiro.

Outro ponto muito bem avaliado neste trator foi a questão da acessibilidade à cabine e aos pontos de manutenção. Para a entrada na cabine há uma escada muito bem posicionada e com amplos degraus, dotados de sistema de limpeza do calçado e com aparência muito robusta, que leva até o posto do operador, com adequados apoios de mão, bem dispostos. Para a manutenção, existe um ótimo sistema de bas-culamento do capô e pequenas plataformas de

Presença de sinalização é vasta neste modelo que segue os padrões americanos desegurança, com triângulo e extensões laterais dos intermitentes, para o tráfego em rodovias

Detalhe dos pesos dianteiros instalados no suporte que também serve como lastro

O JD 8335R é o maior modelo da série 8R, lançada em 2010, que foi muito bem aceita pelo mercado brasileiro, principalmente em usinas de cana-de-açúcar e grandes propriedades rurais

O acesso à cabine é bastante facilitado, degraus bem projetados e com apoio de mãos adequado

Page 26: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br26

apoio para os pontos mais altos da cabine.

TDP E SISTEMA HIDRÁULICOA transmissão é do tipo powershift inte-

gral, com 16 marchas à frente, quatro à ré. As marchas podem ser trocadas com um leve toque, em uma pequena alavanca, colocada à frente do painel de comandos laterais, onde se apoia o braço direito.

O sistema hidráulico deste trator é de centro fechado, com bomba de pistão axial, sistema hidráulico de três pontos, com porta chassi e engate rápido para os braços inferio-res. São cinco válvulas VCR standard, para o sistema de controle remoto, com aciona-mento das válvulas no painel lateral, só com um toque de único dedo. As definições de configuração das VCR, programadas pelo operador, podem ser vistas no painel.

Junto às válvulas VCR notamos a pre-sença de uma tomada elétrica e de um conector Isobus de nove pinos, de acordo com a Norma ISO 11783, para a ligação de implementos que tenham ligação lógica com o trator.

PNEUS E PESOSO rodado do trator que testamos era do

tipo simples, com pneus 800/70R38 no eixo traseiro e 600/70R30 na parte dianteira da máquina. Além deste tipo de rodado, o sim-ples, a empresa ainda oferece como opcional um rodado duplo, onde são colocados dois pneus 710/70-42 na traseira e outros dois 480/70-34 no eixo dianteiro do trator. Para esta configuração o eixo estriado standard de 2.438mm é substituído pelo fabricante por um mais longo, de 3.100mm.

O lastro traseiro presente neste trator era de 205kg, mais um disco de 72kg e um suporte interno de impressionantes 625kg. Na diantei-ra, estavam colocadas 12 placas de 47kg cada, sobre o suporte dianteiro, que igualmente serve de lastro. A lastragem suplementar fez com que este trator passasse de um peso em vazio de 11.485kg para um peso total do trator analisado

CoNCESSIoNárIo

O concessionár io John Deere que nos deu suporte para este

teste foi a Itaeté Máquinas, fundada e revendendo a marca desde 2008, para a região de São José do Rio Preto. Além da loja matriz nesta cidade, a empresa mantém filiais em Votuporanga, Catan-duva e Jales, abrangendo extensa área da região noroeste do estado de São Paulo, contando, para isto, com mais de 200 colaboradores diretos.

A empresa trabalha com equipamen-tos novos e usados, peças originais, serviços de pós-venda e manutenção de equipamentos, além da intermediação

com o Banco John Deere e outros bancos, para o financiamento dos equipamentos ao produtor rural. Durante todo o teste nos acompanhou o consultor estratégico de negócios, Robinson Soares, demons-trando bom conhecimento do produto e fácil relacionamento com os clientes, como pudemos atestar.

Por sinal, os representantes da usina nos informaram que uma das característi-cas deste concessionário é a qualidade do atendimento, principalmente no que se refere à entrega técnica e ao treinamento dos funcionários da usina, para operarem máquinas tão complexas como esta.

Monitor Green Star 3, instalado à direita e à frente do braço direito do operador, apresenta todas as funções de funcionamento do trator

O banco do operador possui todos os ajustes possíveis, além de um giro lateral de25 graus. O assento para o acompanhante também é espaçoso, por conta da cabine

Page 27: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 27

Fotos Charles Echer

de 16.400kg, com uma distribuição de peso de 42% sobre a dianteira e 58% na parte traseira, considerando ainda o acréscimo de 40% de água nos pneus.

Particularmente interessante é a consti-tuição deste trator na parte dianteira onde o rodado, para mudar de direção, encaixa-se no capô lateral, conseguindo raios excessivamente reduzidos, o que facilita as manobras de cabe-ceiras. Também nos trouxe uma bela impressão a suspensão dianteira independente ILS, que se constitui de um conjunto de balanças inferior e

LoCAL Do TESTE

Um dos negócios da Bunge é açúcar e bioenergia, no que ela se coloca, desde 2006, como uma das maiores processadoras de cana do país, mantendo atualmente oito usinas, que superam 20 milhões de tone-ladas/ano. Tivemos oportunidade de visitar as unidades de Guariroba, onde fizemos os testes de campo, e Moema, e nos reunimos com a equipe técnica. O que se notou, prin-cipalmente na área de produção agrícola, é que há muita influência da área industrial na questão de organização, com muito cuidado

na aplicação de normas regulamentadoras do trabalho rural e o compromisso na adoção de máquinas e equipamentos seguros.

Somente nesta unidade que utilizamos para o teste das máquinas são aproximada-mente 60 mil hectares, entre áreas próprias e arrendadas, com cana de alta qualidade e com operações totalmente mecanizadas. Notamos igualmente um cuidado especial com a questão ambiental, manifestada pelo uso da técnica da compostagem, utilização e enriquecimento da torta.

A coluna da direção possui diversos ajustes de altura e inclinação, facilitando sua adaptação aos mais diversos biotipos de operadores

O trator que testamos estava equipado com sistema AMS de agricultura de precisão

superior, muito semelhante ao sistema utilizado em automóveis. Em determinadas situações, em que um dos rodados trafegava no sulco re-alizado pela grade e o outro pneu ficava sobre o terraço, havia um desnível de aproximadamente 60cm, totalmente absorvido pelo sistema de suspensão. Além desta vantagem, a suspensão ILS é um excelente meio para prevenir o power hop, ou galope, como é conhecido entre os operadores.

O teste foi realizado na Usina Moema, no município de Riolândia (SP) de propriedade da Bunge

José Fernando Schlosser,Nema - UFSM

.M

Page 28: Maquinas 125

Na pressãoAvaliação do desempenho de um escarificador em função do tipo de haste e da profundidade de trabalho aponta a força exercida pelo implemento em diferentes ocasiões

ESCArIfICADor

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br28

A mecanização agrícola permitiu grandes avanços na agricultura, dentre eles melhor eficiência nas

operações agrícolas e aumento da produ-tividade na propriedade rural. Porém, essa intensificação no uso de máquinas agrícolas acarretou em maiores gastos energéticos e custos de produção para o produtor rural.

Nesse processo de mecanização agrícola as operações de preparo do solo estão entre as que requerem maior demanda energética e consequentemente maiores custos. Os méto-dos utilizados no preparo de solo influenciam diretamente na eficiência dessas variáveis em função principalmente das condições e do tipo do solo, da declividade do terreno, do tipo de cultura e dos recursos mecanizados

disponíveis.Segundo Lyne et al (1984), a otimização

do desempenho de um trator requer um sistema de controle para a seleção apropriada dos valores relacionados ao motor e aos seus parâmetros de tração. A previsão precisa de energia ou da força requerida pelas ferramen-tas de preparo tem sido prejudicada devido às dificuldades na identificação de parâme-tros relevantes no sistema solo-ferramenta, principalmente os parâmetros de resistência dinâmica do solo.

O conceito de agricultura de precisão com o uso de tecnologias como sensores, sistemas de aquisição de dados e sistemas de direcionamento via satélite torna possível o desenvolvimento e a análise de sistemas solo-

ferramenta mais eficientes para as operações de preparo de solo.

A instrumentação de máquinas e equipa-mentos agrícolas para a realização de ensaios de campo pode gerar informações importantes e proporcionar conhecimento de parâmetros que possibilitem o desenvolvimento de con-juntos solo-ferramenta com melhor eficiência energética, resultando maior retorno econômi-co para o produtor rural.

Diversos trabalhos estão sendo desen-volvidos visando à melhor análise de siste-mas solo-ferramenta. Glancey et al (1989) projetaram um escarificador instrumentado para medir a resistência mecânica do solo em diferentes profundidades no campo. Seu pro-jeto incluiu seis extensômetros de resistência elétrica montados diretamente atrás da borda cortante frontal e outros seis na parte traseira da haste, na mesma profundidade que os extensômetros frontais. Um sensor adicional foi instalado para medir as forças verticais que agem no escarificador. Similarmente, Adamchuk et al (2001) usaram uma haste lisa vertical com extensômetros de resistência elétrica dispostos em diferentes níveis na parte traseira da haste.

Andrade et al (2001) usaram uma haste equipada com células de carga para medir a resistência mecânica do solo a uma profun-didade de 0,60m em incrementos de 0,07m

Trator agrícola instrumentado para realização dos ensaios

Gustavo avalia o desempenho de um escarificador em função do tipo de haste e da profundidade de trabalho

Na pressãoAvaliação do desempenho de um escarificador em função do tipo de haste e da profundidade de trabalho aponta a força exercida pelo implemento em diferentes ocasiões

AGCO

Foto

s G

usta

vo K

. Mon

tanh

a

Page 29: Maquinas 125

e, para tanto, utilizaram uma célula de carga separada para cada profundidade.

O objetivo desse trabalho foi instrumentar um trator agrícola e mensurar a força hori-zontal exercida em uma haste escarificadora em diferentes profundidades de trabalho e diferentes tipos de haste (molduras).

Os ensaios foram realizados no Distrito de Fuchu, estado de Tokyo, Japão, em área pertencente à Tokyo University of Agriculture and Technology. A área total utilizada foi de 1.728m2 com parcelas de 60m2. Para a realiza-ção dos ensaios foi utilizado um trator agrícola da marca Iseki modelo Sial Hunter 22, três cilindros com potência do motor de 24HP.

Para medir a força horizontal exercida pelo trator agrícola, foram instalados na haste do equipamento extensômetros de resistência elétrica (strain gages) da marca Kyowa, modelo KFG 5-350-C1-11, atuação de 5mm, resistên-cia 350ohms, uniaxial, dimensões de 9,4mm x 4,2mm e temperatura de operação de -196°C a 150°C. Strain gages são sensores elétricos cujo princípio de funcionamento é baseado na va-riação da resistência quando submetido a uma deformação, podendo medir grandezas físicas como deslocamento, força, torque, aceleração, temperatura, vazão, pressão entre outras. Para isolar os sensores foi utilizada uma cola adesiva Kyowa CC- 33A.

Foram utilizados três sistemas de aquisição de dados da marca Kyowa, modelo DBU-120A com alimentação de 5VCC, dimensões de 144mm x 90mm x 35mm e 0,35kg de mas-sa. O sistema armazenou os dados obtidos pelos sensores de resistência elétrica (strain gages) com uma frequência de 1hz. Os dados do sistema de aquisição foram transferidos sincronizadamente em tempo real para um computador industrial da marca Panasonic, modelo Toughbook 30, utilizando as entradas USB do mesmo.

Para o georreferenciamento dos dados coletados nos ensaios foi instalado no trator agrícola um receptor GNSS da marca He-misphere GPS modelo Smart Antenna A100, com alimentação de 12VCC, massa 0,66kg e dimensões de 54,7mm x 129,5mm.

As configurações de haste utilizadas foram: sem moldura, com moldura metálica e com moldura plástica realizando nove repe-tições para cada tipo de haste para as profun-didades de trabalho de 15cm, 25cm e 35cm, totalizando 81 parcelas experimentais.

Após análise dos dados, observou-se que não houve diferença estatisticamente signifi-cativa na interação dos fatores tipo de haste e profundidade de trabalho.

Não houve diferença estatisticamente significativa na força horizontal exercida na haste escarificadora na interação dos fatores de profundidade de trabalho e tipo de haste.

O fator profundidade mostrou diferença estatisticamente significativa apresentando maiores valores de força horizontal nas pro-fundidades mais elevadas de trabalho.

Nota-se que a haste sem moldura apresen-tou sempre resultados numericamente meno-res em relação às configurações com molduras plástica e metálica na força horizontal, mas estatisticamente essas diferenças não foram significativas.

Em relação às molduras metálica e plástica observou-se que a utilização da moldura plásti-ca apresentou uma redução na força horizontal média de aproximadamente 5% em relação à moldura metálica nas três profundidades de trabalho.

Gustavo K. Montanha, Saulo Guerra,Fernando H. Campos eFabricio C. Masier,Unesp/BotucatuKenshi Sakai,Tokyo Univ. of Agr. and Technology

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 29

Tratamento123456789

Descrição15cm profundidade, sem moldura25cm profundidade, sem moldura35cm profundidade, sem moldura

15cm profundidade, moldura metálica25cm profundidade, moldura metálica35cm profundidade, moldura metálica15cm profundidade, moldura plástico25cm profundidade, moldura plástico35cm profundidade, moldura plástico

Tabela 1 - Descrição dos tratamentos

.M

Profundidade

15cm25cm35cm

Sem moldura 86418663134

Moldura plástica87920233392

Moldura metálica94721223533

Força horizontal (N)

Instrumentação do trator com os sistemas de aquisição de dados e o computador industrial

Tipos de hastes utilizadas nos ensaios

Figura 1 - Força horizontal (N) nas diferentes interações profundidade e tipo de haste

Page 30: Maquinas 125

SEMEADorAS

Haste ou disco?A semeadura da soja é feita de diferentes maneiras, com semeadoras dotadas de

sulcadores tipo discos duplos ou hastes, além de ter a deposição de adubos feita no momento do plantio ou antecipadamente. Você sabe qual é a maneira mais rentável?

A produção agrícola vem pas-sando por transformações tecnológicas significativas em

função da necessidade de se buscar cada vez mais competitividade e práticas que impactam na redução do custo de produ-ção. Isso justifica em parte, a utilização em larga escala do sistema de semeadura direta, como manejo eficiente sob o ponto de vista conservacionista do solo e da água, além de propiciar economia de energia e maior capacidade operacional nas unidades de produção. Porém, em semeadura direta a realização das ope-rações com tráfego de máquinas em solo com excesso de umidade tem provocado adensamento superficial (Kleins et al, 2008), podendo reduzir a produtividade das culturas (Kamimura et al, 2009). A compactação quase que inevitável na agricultura moderna, com o uso cada vez mais intensivo do solo, é complexa,

afetando fatores físicos, químicos e bio-lógicos do solo. A resposta das principais culturas em relação à compactação su-perficial e subsuperficial do solo tem se mostrado às vezes contraditória, isso por-que, durante o ciclo de desenvolvimento de uma cultura, as raízes enfrentam períodos de menor e de maior resistência mecânica ao desenvolvimento radicular, devido à flutuação da umidade do solo, além da presença de regiões com menor resistência, por onde as raízes podem se desenvolver.

A utilização de mecanismos para abertura de sulco na semeadura pode pro-vocar alterações na relação solo-semente, de forma que o solo fique diretamente sobre as sementes e solto o suficiente para facilitar a emergência da plântula (Reis et al, 2006; Koakoski et al, 2007). Entretanto, diferentes condições físicas dos solos têm causado dificuldades na

realização da semeadura, sendo difícil de-finir um único mecanismo que promova um melhor desenvolvimento inicial da cultura, para todas as variadas condições do solo (Reis et al, 2006) e até como for-ma de romper a camada adensada. Por isso, em lavouras sob semeadura direta deve-se ficar atento ao desempenho da semeadora-adubadora quanto ao corte eficiente dos restos culturais, abertura do sulco e a deposição das sementes e fertilizantes em profundidades corretas.

Além disso, outro fator importante, quando se discute alguns nutrientes no sistema de semeadura direta, é com re-lação à dinâmica do fósforo. Por possuir baixa mobilidade no solo, principalmente naqueles com teores elevados de argila, a sua recomendação quando os teores são médios a baixos é incorporá-lo no sulco de semeadura. Porém, é cada vez maior a utilização por parte de produ-

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br30

Cha

rles

Ech

er

Page 31: Maquinas 125

tores da sua aplicação a lanço, inclusive antecipadamente à semeadura da soja, buscando maior rendimento operacional da semeadora, principalmente em algu-mas regiões do Brasil, onde a janela de semeadura é pequena. Já para solos com teores de fósforo acima do nível crítico, também denominado nível de suficiên-cia, a recomendação indica quantidade suficiente apenas para repor a exportação pelas culturas, sendo a forma de aplicação superficial e/ou incorporado, indepen-dentemente da expectativa de resposta das culturas.

Operações com semeadoras são fun-damentais para o bom estabelecimento e arranque inicial das plantas e, por isso, da realização desse trabalho com objetivo de avaliar a influência dos sistemas de

abertura de sulco, tipo haste sulcadora e disco duplo e a própria deposição do adu-bo (superficial na linha de semeadura ou incorporado), sobre a cultura da soja.

O TRABALHOO experimento foi desenvolvido na

Fazenda Vila Morena, localizada no muni-cípio de Boa Vista das Missões (RS). O solo é classificado como Latossolo Vermelho dis-trófico típico com textura argilosa (640g/kg de argila) e um teor de fósforo de 5,9mg/dm. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições. Foram testados os seguintes tratamentos: T1) semeadura com haste sulcadora e com adubo químico incorporado, T2) semea-dura com haste sulcadora e sem adubação química, T3) semeadura com disco duplo e com adubo químico na superfície (padrão do produtor), e T4) semeadura com disco duplo e sem adubação química. A profun-didade da haste sulcadora foi de 13,5cm e a do disco duplo de 6,5cm. Na adubação

de base foram utilizados 150kg/ha de mo-nofosfato de amônio (MAP) e a semeadura, da cultivar BMX Apolo (RR), realizada no dia 29/11/2010 com espaçamento de 0,56m entre linhas, utilizando uma semeadora tratorizada de 11 linhas. A densidade de semeadura foi de 11,5 sementes viáveis por metro linear, buscando uma população final de 205.357 plantas/ha. Todas as par-celas tiveram 5,0m de comprimento e 11 linhas (uma passada de semeadora) sendo que somente as quatro linhas centrais fo-ram colhidas, para avaliação do peso de mil sementes (PMS) e da produtividade, em uma área útil de 8,96m2. Após a colheita, foi efetuada a trilha mecanicamente e pos-terior pesagem dos grãos, sendo os dados corrigidos a 13% de umidade. Todos os manejos fitossanitários na cultura da soja seguiram-se o recomendado para a cultura (Reunião, 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃOA Figura 1 mostra que o mecanismo

de abertura do sulco na semeadura da

Em solos compactados o surgimento e o desenvolvimento de novas raízes são prejudicados e têm como consequência um menor volume de solo explorado, comprometendo a absorção de água e nutrientes

Não houve diferença em produtividade da soja para os diferentes mecanismos de abertura do sulco

John Deere

Cla

udir

Jos

é Ba

sso

Page 32: Maquinas 125

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br32

soja afetou o comportamento inicial de desenvolvimento do sistema radicular da cultura. Quando comparado à semeadura com haste sulcadora, a semeadura com disco duplo mostra um desvio lateral no crescimento radicular. Isso mostra que na semeadura com haste sulcadora, o mecanismo de abertura de sulco, que tra-balhou numa profundidade de 13,5cm, foi eficiente em romper essa camada compactada, facilitando o crescimento vertical e em profundidade do sistema radicular da soja. Para alguns autores, em solos compactados o surgimento e

o desenvolvimento de novas raízes são prejudicados e têm como consequência, um menor volume de solo explorado, comprometendo a absorção de água e nutrientes. Além da ruptura da camada compactada, no mecanismo de semea-dura com haste sulcadora, o crescimento radicular em profundidade pode ser esti-mulado pela deposição do fertilizante em maior profundidade, já que no sistema de semeadura com disco duplo e do próprio sistema de semeadura direta em função da ciclagem, ocorre maior concentração desses nutrientes na camada mais super-

ficial do solo. No campo, dez a 12 dias após a emer-

gência da soja, já é possível observar a presença de nódulos em número significa-tivo no sistema radicular e, mesmo assim, as plantas apresentaram um aspecto mais amarelado quando comparadas àquelas que receberam uma dose inicial de fer-tilizante nitrogenado. Isso fica evidente quando se observa a Figura 2, com e sem utilização de MAP na semeadura com haste sulcadora, onde se observa uma co-loração verde mais intensa na parte aérea da soja que recebeu MAP na adubação de base. Isso se justifica pelo fato de que as bactérias da espécie Bradyrhizobium ne-cessitam de um certo tempo de adaptação nessa fase inicial de desenvolvimento da soja, enquanto que o nitrogênio adicio-nado via fertilizante está prontamente disponível para ser utilizado.

Esse amarelecimento desaparece após alguns dias, e vale lembrar que em diversos trabalhos conduzidos por órgãos de pesquisa, não foi observado nenhum efeito positivo na produtividade de grãos, com a aplicação de nitrogênio na base, aliás, conforme abordado por Hungria et al (2000), a aplicação de 20kg/ha de nitrogênio na semeadura reduziu em 14% a nodulação, avaliada aos 30 dias com queda de 147kg/ha (2,45sc/ha) na produtividade final da soja.

Para o PMS, com exceção da semea-dura com disco duplo e sem aplicação de MAP (T4), que apresentou o menor PMS (155,3g), não houve diferença significati-va para os demais tratamentos (Tabela 1). Quando se compara o T2 e o T4, semea-

Figura 2 - Aspecto visual da soja 14 dias após a emergência, na semeadura com haste, com e sem monofosfato de amônio na base. Boa Vista das Missões (RS), ano agrícola 2010/11. UFSM

Figura 1 - Resposta do sistema radicular 14 dias após a emergência da soja com dois diferentes mecanismos de abertura de sulco usados na semeadura. Boa Vista das Missões (RS), ano agrícola 2010/11. UFSM, Campus de Frederico Westphalen (RS)

Figura 3 - Distribuição e volume total de chuva acumulado em cada mês durante todo o ciclo da cultura da soja. Boa Vista das Missões (RS). Ano agrícola 2010/11. UFSM, Campus de Frederico Westphalen (RS)

Foto

s C

laud

ir J

osé

Bass

o

Page 33: Maquinas 125

dura com disco duplo e haste sulcadora, respectivamente, sem aplicação de MAP, não houve diferença significativa entre os diferentes mecanismos de semeadura no PMS da soja, embora a magnitude dos números mostre um incremento de 2,9g no PMS da soja na semeadura com haste sulcadora.

No presente trabalho, desconsideran-do o fator adubação e na média dos dois diferentes mecanismos de semeadura, a produtividade de soja foi de 71,7 e 70,6sc/ha para semeadura com haste sulcadora e disco duplo, respectivamente. Em um sistema de semeadura direta consolidada a longos anos, era de se esperar uma res-posta quanto ao sistema de abertura de sulco, bem como a adubação superficial e/ou incorporada, o que não ocorreu, e isso pode estar associado ao fator distri-buição e volume total de chuva durante todo o período de condução do trabalho, conforme mostrado na Figura 3.

O uso de hastes sulcadoras em semea-doras-adubadoras tem se generalizado em áreas de solos com textura argilosa, como alternativa para romper a compactação da camada mais superficial, porém, a resposta por parte das plantas pode estar também relacionada às condições hídri-cas. No trabalho de Cardoso et al (2006), não houve correlação com o crescimento radicular e o estado de compactação do solo, medida pelo penetrômetro, e para os autores, a compactação não afeta o acúmulo de matéria seca e a produtivi-dade de grão da soja, quando não ocorre restrição hídrica.

CONCLUINDONão houve diferença em produtivida-

de da soja para os diferentes mecanismos de abertura do sulco, bem como aplicação superficial ou incorporada da adubação de base sobre o peso de mil sementes e na produtividade final de grãos. Isso, conforme já discutido anteriormente,

pode ser atribuído à boa distribuição e volume de chuva durante todo o período de condução do trabalho, condição essa que minimiza eventuais problemas de compactação e a própria deficiência de alguns nutrientes. A questão que fica é: haveria alguma resposta da soja a esses tratamentos com um pequeno estresse hídrico durante os estádios de enchimento de grãos? A nosso ver, em uma condição de veranico como ocorreu nesse último ano agrícola (2011/12), há uma grande probabilidade de resposta da soja aos di-ferentes mecanismos de abertura do sulco e a própria deposição (superfície ou in-corporado) da adubação. Por isso, em anos

Claudir José Basso, Cristiano Fabbris,Lucindo Somavilla,Fabiane Pinto Lamego,Antônio Luiz Santi,Elizandro Kluge eLucas Endler Rosa,UFSM/Cesnors

Divulgação

Tabela 1 - Peso de mil sementes e produtividade de grãos de soja submetida a dois mecanismos de semeadura e deposição da adubação química. Boa Vista das Missões (RS), ano agrícola 2010/11. UFSM, Campus de Frederico Westphalen (RS)

Tratamentos*T1T2T3T4

PMS - gr167,3 a158,2 ab160,3 ab155,3 b

Produtividade - kg ha-1

73,0 a70,5 a71,4 a69,8 a

*T1) semeadura com haste sulcadora e com adubo incorporado, T2) semeadura com haste sulcadora e sem adubação química, T3) semeadura com disco duplo e com adubo na superfície (padrão do produtor) e T4) semeadura com disco duplo e sem adubação química.

Autores avaliaram o desempenho de semeadoras com sistemas de hastes sulcadoras e discos sulcadores na semeadura de soja em diferentes sistemas de plantio

onde as previsões climatológicas mostram possibilidade de ocorrência de veranicos durante algum estádio da cultura, deve-se priorizar a semeadura com mecanismo de haste sulcadora, a fim de facilitar o desen-volvimento radicular da planta e o arranque inicial da cultura. .M

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 33

Page 34: Maquinas 125

SEMEADorAS

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br34

Abrindo caminhoComparação econômica de diferentes mecanismos sulcadores na semeadura de milho cultivado em plantio direto mostra em quais

cenários é mais viável usar um ou outro sistema

A técnica da semeadura direta encontra-se difundida e pratica-da pelos agricultores brasileiros,

principalmente, em virtude da sustentabi-lidade que esta proporciona ao produtor, ocasionada pela conservação do solo. A semeadura direta utilizada juntamente com a prática de rotação de culturas resulta no sistema de produção agrícola mais difundida na agricultura nacional na última década, proporcionando vantagens físicas, químicas e biológicas no solo. Produtores que adotam o sistema de plantio direto relatam que ao passar dos anos, as camadas superficiais do solo tendem a compactar em razão de fatores como o tráfego de máquinas agrí-colas, o pisoteio de animais em sistemas de

integração lavoura-pecuária e características físicas do solo, principalmente em solos argilosos. Uma das maiores preocupações dos agricultores tem sido o custo operacional para reverter esse problema, que pode ser reduzido por meio de melhorias em proje-tos de máquinas e implementos e melhores procedimentos operacionais. O alto custo dos combustíveis, hora-máquina e a baixa remuneração do produtor exigem o uso de técnicas de gerenciamento dos serviços, principalmente aquelas ligadas às operações motomecanizadas, visando minimizar o consumo de energia. Em trabalho realizado na Faculdade de Ciências Agronômicas, per-tencente à Universidade Estadual Paulista (Unesp) os engenheiros agrônomos Samir

Paulo Jasper e Paulo Roberto Arbex Silva avaliaram o desempenho produtivo de uma lavoura de milho e o custo operacional por hectare de dois mecanismos de abertura de sulco (haste sulcadora e disco duplo) em função de dois espaçamentos mais uti-lizados comercialmente no milho (0,90m e 0,45m). O ensaio foi conduzido no ano agrícola 2010/2011, na Fazenda Experi-mental Lageado, localizada no município de Botucatu (SP), região centro-oeste do estado de São Paulo. A área é cultivada há 15 anos no sistema de plantio direto, soja e/ou milho no verão e aveia-preta e/ou triticale no inverno. Os equipamentos utilizados na operação de semeadura do milho, bem como as características e o valor de aquisição são

Kuhn

Comparação econômica de diferentes mecanismos sulcadores na semeadura de milho cultivado em plantio direto mostra em quais

cenários é mais viável usar um ou outro sistema

A semeadora utilizada para os experimentos dos diferentes sistemas sulcadores foi uma Marchesan, modelo PST2, com quatro linhas espaçadas de 0,90m ou seis linhas espaçadas em 0,45m

Paul

o Ro

bert

o A

rbex

Silv

a

Page 35: Maquinas 125

apresentados na Tabela 1.Para composição do custo operacional

estes foram divididos em fixos e variáveis. Os custos fixos nesta metodologia são dados por depreciação, juros, alojamento, manutenção e mão de obra. A depreciação foi estimada pelo método linear, que implica numa redu-ção constante do valor do equipamento para cada ano de vida útil. O custo decorrente dos juros reflete o custo de oportunidade do capital e foi determinado multiplicando-se pela taxa de juro sobre o valor médio do capital. O custo de alojamento, seguro e manutenção foi determinado admitindo-se percentual de sobre o valor de aquisição das máquinas e/ou implementos. Para o cálculo do custo da mão de obra foi utilizada a seguinte metodologia: tratorista e um fun-cionário recebendo salários de R$ 1.000,00 e R$ 700,00 por mês, respectivamente, com acréscimo de 96,27% de encargos sociais (13º salário, férias e INSS). Efetuou-se a conversão em custo horário de mão de obra, considerado uma jornada diária de oito ho-ras de trabalho e 20 dias mensalmente. Os custos variáveis foram dados pelo combus-tível, graxa e óleos lubrificantes. A determi-nação do consumo horário de combustíveis baseou-se no preço do combustível (R$ 1,89 por litro) e no consumo horário de combus-tível pela máquina agrícola. O custo horário

com óleos lubrificantes e aplicação de graxa correspondeu a 15% do custo despendido com combustível. Os parâmetros descritos anteriormente foram submetidos à análise de variância (P<0,05) e a comparação entre médias foi realizada pelo “teste t” a 10% de probabilidade.

Na Tabela 2, são apresentados os re-sultados da síntese da análise de variância para os parâmetros de velocidade de deslo-camento, consumo horário de combustível, tempo demandado e custo por hectare da operação de semeadura do milho. Primeira-mente observa-se que todos os parâmetros responderam significativamente as variáveis analisadas. Em relação ao mecanismo sul-cador, o disco duplo apresentou velocidade de deslocamento superior, estatisticamente, à da haste sulcadora, resultado que corro-bora para um menor tempo demandando por hectare (Tabela 2), logo, explica o menor custo por hectare semeado com o disco duplo. É preciso ressaltar que os resultados concordam com Levien (1999) que comparou velocidade de deslocamento entre diferentes mecanismos sulcadores. O espaçamento entre linha reduzido (0,45m) apresentou velocidade de deslocamento do conjunto motomecanizado, significa-tivamente, inferior ao espaçamento entre linhas convencional (0,90m), com maior consumo de combustível horário. Porém, ao adotar o espaçamento reduzido o produtor trabalha na semeadora-adubadora com mais unidades (linhas) de semeadura, o que re-sulta no menor tempo demandado por área, como se observa na Tabela 2. Ao utilizar o espaçamento entre linhas reduzido o custo por hectare da operação de semeadura será menor que o espaçamento convencional. Estes resultados colaboram para análise de Dias et al (2007), que ressalta que o

produtor deve ser criterioso no momento de escolher reduzir o espaçamento entre fileiras na cultura do milho.

Os pesquisadores concluíram que ao utilizar mecanismo sulcador tipo disco du-plo, deve-se optar pelo espaçamento entre fileiras de 0,45m, ao trabalhar com meca-nismo sulcador tipo haste, o espaçamento recomendado é o 0,90m.Samir Paulo Jasper ePaulo Roberto Arbex Silva,Unesp

.M

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 35

EquipamentoTrator

Semeadora-Adubadora

MarcaJonh Deere, Modelo JD 6600

Marchesan, Modelo PST2

CaracterísticasTDA, potência de 121cv/89 kW

4 linhas espaçadas de 0,90m, ou 6 linhas espaçadas em 0,45m

Valor de Aquisição (R$)117.833,0055.392,00

Tabela 1 - Equipamentos utilizados no ensaio, suas características e valor de mercado

HasteDisco Duplo

0,45m0,90m

MSEL

MS x ELCV (%)

VD (km.h-1)

4,18 B4,48 A

4,22 B4,43 A

13,843**6,407*

12,300**3,79

CHC (L.h-1)

12,49 A10,57 B

12,51 A10,55 B

74,009**76,923**57,540**

3,88

TD (h.ha-1)

0,77 A0,63 B

0,66 B0,73 A

87,811**19,703**14,297**

4,37

Tabela 2 - Síntese da análise de variância e do teste de médias para velocidade de deslocamento – VD (km.h-1), consumo horário de combustível – CHC (L.h-1), tempo demandado – TD (h.ha-1) e custo por hectare – CPH (R$.ha-1), para operação de semeadura do milho. Botucatu/SP (2010/2011)

CPH (R$.ha-1)

106,38 A83,52 B

91,75 B98,15 A

118,727**9,323**6,566*4,42

Mecanismo Sulcador (MS)

Espaçamento entre Linhas (EL)

TESTE F

Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem, entre si, pelo “teste t”, a 10% de probabilidade. NS: Não signi-ficativo (P < 0,05); *: Significativo (P < 0,05) e **: Significativo (P < 0,01). CV %: Coeficiente de variação.

Jasper e Arbex avaliaram o desempenho produtivo de uma lavoura de milho e o custo operacional por ha

Modelos de disco e haste utilizados no experimento

O ensaio foi conduzido na Fazenda Experimental Lageado, localizada no município de Botucatu (SP)

Alin

e G

rego

Div

ulga

ção

Page 36: Maquinas 125

EMprESAS

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br36

AmpliaçãoCom a inauguração da nova fábrica de tratores em

Santa Catarina, a Budny terá um acréscimo de 320% na produção atual da empresa

Santa Catarina acaba de receber sua primeira fábrica de produção de tratores. A Budny inaugurou

seu novo parque fabril em novembro na cidade de Içara, localizada ao sul do estado com uma área de 30 mil metros quadra-dos e cinco mil metros quadrados de área construída. O lançamento marcou os 22 anos da empresa e foi comemorado com a presença de autoridades e funcionários da empresa.

Para a construção da fábrica, a Budny investiu R$ 30 milhões e será capaz de produzir, a partir de agora, 760 unidades por ano, o que representa um aumento de aproximadamente 320% em sua pro-dução atual. “Hoje fabricamos um trator por dia e com a nova fábrica teremos o aumento para cinco tratores/dia. O nosso objetivo para 2013 é produzir dez tratores/dia, explica o diretor da empresa, Carlos Budny.

O novo parque fabril produzirá trato-res de 25cv a 110cv, voltados para a agri-cultura familiar e lavouras empresariais. Os tratores de 25cv são desenvolvidos principalmente para hortifruticultura e avicultura; os de 50cv para transporte de alimentação, produção de pecuária e ainda para as culturas de café, feijão, milho e silagem. Já os de 75cv e 90cv são indicados para propriedades maiores nas culturas de cana, milho, soja, trigo e arroz.

Uma das novidades apresentadas du-rante a inauguração da fábrica da Budny foi a parceria com a empresa de motores MWM. Três modelos de tratores da marca serão fabricados com motorização MaxxForce 3.0A e MaxxForce 4.0A, com três e quatro cilindros, respectivamente, nas potências de 62cv, 83cv e 103cv. Estes modelos terão um índice de nacionali-zação de 90% e serão fabricados a partir de 2013.

Ainda para 2013, a Budny pretende investir em exportação. A empresa já negociou com países do Mercosul e agora prepara-se para vender tratores e outros equipamentos agrícolas à África, tendo em vista a semelhança dos territórios com o Brasil. “Os contatos com a Angola foram feitos em janeiro deste ano e a previsão é de fecharmos parcerias que irão gerar negócios e divisas para a região”, explica o diretor Carlos Budny. Ele ainda projeta que para os próximos cinco anos explorar mais o mercado brasileiro, com a constru-ção de uma nova unidade em Rondônia e em Mapitoba, que engloba as regiões de Maranhão, Bahia, Tocantins e Piauí. “A agricultura familiar teve um aumento bastante significativo nessas regiões, por isso optamos por explorar melhor e inves-tir nesses espaços”, diz.

Para a construção da fábrica, a Budny investiu R$ 30 milhões e será capaz de produzir, a partir de agora, 760 unidades por ano

“O nosso objetivo para 2013 é produzir dez tratores/dia”, explica o diretor da empresa, Carlos Budny

.M

Foto

s C

arol

ina

Silv

eira

Page 37: Maquinas 125
Page 38: Maquinas 125

fIChA TéCNICA

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br38

Tratores Puma A nova linha de tratores médios da Case IH chega ao mercado com motorizações de

197cv e 213cv, projetados para atender ao mercado de grãos e também canavieiro

A Case IH lançou durante a Expoin-ter 2012 sua nova linha de tratores Puma com fabricação nacional.

Estes tratores estão sendo produzidos na fábrica de Curitiba, nos modelos Puma 205 e Puma 225, com potência nominal de 197cv e 213cv, respectivamente. Eles são equipados com motores Case IH de certificação Tier III, com capacidade para 6,75L. O sistema de injeção eletrônica Commom Rail da série permite que as máquinas trabalhem em apli-

cações pesadas como plantio, preparo do solo com gradeamento e subsolagem sem perder rendimento, com menor consumo de combus-tível. Os tratores são equipados ainda com o Power Boost, responsável por um aumento de potência de até 35cv nas operações de TDF, no transporte, em condições de alta exigência de fluxo hidráulico ou em terrenos íngremes.

MOTOREsta nova linha está posicionada den-

tro do segmento de tratores médios e vem equipada com motores Case IH FPT de 6,75L, que possui um projeto que pretende disponibilizar potência e torque com baixo consumo específico de combustível. O sis-tema de injeção de combustível é eletrônico e possibilita que os motores apresentem uma característica extra, o Power Boost, que permite ao motor um pico de potência extra de até 35cv, que pode ser utilizada quando o trator encontra momentaneamente uma

Page 39: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 39

demanda maior de potência na operação. O motor possui cabeçotes com quatro

válvulas por cilindro (02 x de admissão e 02 x de escape), totalizando 24 válvulas. Essa característica permite melhor circulação de gases de admissão e escape e, por conse-quência, disponibiliza mais potência com menor consumo de combustível. O sistema de injeção Common Rail consiste um método de pressurização que faz com que o com-bustível chegue a altas pressões na câmara de combustão, sendo melhor queimado e, com isso, melhor aproveitada a sua energia, o que permite maior potência com redução de consumo de combustível.

O sistema de arrefecimento do motor garante adequada refrigeração em condições severas de operação. Isto ocorre basicamente por que a caixa de refrigeração possui três radiadores principais que exigem menos potência de ventilação forçada, que permite ao motor dedicar mais cvs para puxar im-plementos. O sistema de acionamento do ventilador vistronic ajusta eletronicamente a velocidade com base na temperatura, para que a ventoinha só gire com a velocidade necessária.

Já a tomada de ar é feita na parte frontal do trator, fornecendo ar mais limpo para manter a vida útil do motor. Um filtro de ar único localizado na lateral-esquerda do trator possui sistema ejetor de pó que elimina até

95% de partículas pesadas que entram pela tomada de ar. O sistema de ventilação do bloco é fechado para emissões baixas.

TRANSMISSÃOA transmissão da série Puma é do tipo

Full-Powershift e possui 18 velocidades à frente e seis à ré. Um sistema avançado que também equipa a linha Puma é o APM Die-sel Saver que possibilita reduzir o consumo de combustível em até 24% em algumas condições. O gerenciamento automático de produtividade possui as configurações predeterminadas APM Estrada, APM Cam-po, onde motor e transmissão “trocam as marchas” automaticamente para economizar combustível enquanto mantêm a velocidade desejada. Quando a alavanca do acelerador estiver no modo APM, ela comporta-se como um manípulo de propulsão.

SISTEMA HIDRÁULICOUm sistema hidráulico da linha Puma foi

projetado para atender uma maior demanda de vazão hidráulica e pode ser considerado de alto fluxo para a categoria, com 150 litros por minuto padrão, quatro válvulas hidráulicas de controle remoto.

O sistema de levante hidráulico possui eixo de acionamento em aço, tem maior espaço para as válvulas auxiliares e cilindros com 110mm para manutenção da capacidade de levante, que é de 6.894kg.

O eixo dianteiro que equipa a série é classe IV, com bloqueio eletro-hidráulico, considerado adequado para serviços pesados. Sua estrutura principal é fundida em aço ma-leável e a extensão da estrutura é feita de ferro fundido cinzento. Possui um raio de giro que chega a 6,10 metros, tornando-o apropriado para operações em culturas plantadas em linhas estreitas.

O eixo dianteiro pode ser configurado para diferentes aplicações/bitolas, sem a necessidade de adquirir eixo adicional. Na condição de espaçamento estendido com

Os motores Case IH FPT de 6,75L possuem cabeçotes com quatro válvulaspor cilindro (dois x de admissão e dois x de escape) totalizando 24 válvulas

Fotos Case IH

Circuito de injeção de diesel Common Rail faz com que o combustível chegue a altas pressões

A velocidade do ventilador se ajusta eletronicamente com base na temperatura

Filtro de ar único possui um sistema de ejetor depó que elimina até 95% de partículas pesadas

O sistema de levante hidráulico tem capacidade para 6.894kg

Page 40: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br40

2,8m – 3,0m, pode ser utilizado em apli-cações canavieiras. Para voltar á bitola de 1,8m – 3m, utilizada para plantio e preparo de solo, basta retirar as duas prolongações (lados direito e esquerdo).

EIXO TRASEIROO eixo traseiro tem lubrificação pressu-

rizada, para garantir máxima lubrificação ao conjunto eixo/transmissão mesmo em longas jornadas de trabalho. Possui diferencial com bloqueio multidisco, reduzidas finais com três planetárias e freios a discos acionados hidraulicamente. Também possui ajuste de bitolas de 1,52m a 2,44m e na versão stan-dard o eixo traseiro tem 112 polegadas de comprimento.

CABINEA cabine da série Puma possui uma área

envidraçada de 5,87m2, descansa-braço direi-to multifuncional que permite maior controle das diversas ferramentas que o trator oferece. Esta cabine, denominada Surveyor, possui sistema de suspensão, com suportes frontais montados verticalmente, dois conjuntos de amortecedor e mola ajustável montados sob estrutura da cabine, buchas de borracha grandes em todas as ligações e barra estabi-lizadora para equilíbrio lateral. O resultado deste conjunto de componentes é vibração reduzida para o operador, menor nível de ruído – até 69dB – e uma movimentação mais confortável. A cabine também possui assento adicional que permite a acomodação de duas pessoas no seu interior.

O descansa-braço direito permite ao operador controlar muitas das funções que a linha Puma oferece. O manete do ace-

lerador foi projetado a fim de se encaixar perfeitamente na mão direita do operador, permitindo a ele que tenha conforto total na operação do trator.

AGRICULTURA DE PRECISÃOOs tratores da linha Puma já vêm com o

sistema AFS Ready que traz pré-instalados de fábrica chicotes e válvulas para trabalhar com agricultura de precisão e pode, opcionalmen-te, vir de fábrica equipado com o sistema AFS Guide, o piloto automático da Case IH

O sistema de Agricultura de Precisão vem com monitor AFS, com tela sensível ao toque e interface intuitiva, que permite ao operador monitorar as funções específicas do trator, tais como distância percorrida, consumo de combustível, possibilitando também a sua utilização em outros equipamentos.

CONFIGURAÇÕES ESPECIAISA linha Puma também foi projetada

tendo em vista a aplicação no mercado de cana. Por isso, os tratores saem de fábrica com predisposição para piloto automático, incluindo as partes elétrica e hidráulica, faltando apenas a montagem de monitor, a antena e o módulo de controle de navegação. Também pode ser configurado com pneus específicos para o mercado de cana-de-açúcar, eixo dianteiro reforçado, HD de categoria Classe IV para trabalhar com bitolas de três metros de largura, levante hidráulico de três pontos de alta capacidade, com espaço de até 6.894kg, freios pneumáticos para aplicação com transbordos e engate pino bola.

A cabine da linha Puma, denominada Surveyor, possui uma área envidraçada de 5,87 metrosquadrados e sistema de suspensão com amortecedores e molas montadas sob a cabine

Detalhe dos comandos das quatroválvulas de controle remoto

O descansa-braço localizado na direita do operador é multifuncional

A linha Puma possui duas bitolas que podem variar entre 1,8m - 2,2m ou 2,8m - 3,0m com eixo estendido

A linha pode vir com sistema de Piloto Automático, da Case IH, AFS Guide

Porta de acesso à cabine, com degraus antiderrapantes

.M

Fotos Case IH

Page 41: Maquinas 125

IrrIgAção

Entupiu

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 41

Com ampla gama de modelos oferecidos no mercado, as carretas graneleiras tornam-se

cada vez mais dinâmicas, possibilitando sua utilização em operações do plantio à colheita

nos diversos tipos de culturas

A irrigação por gotejamento subsu-perficial (GSS) é uma variação da irrigação por gotejamento e pode

ser definida como a aplicação de água abaixo da superfície do solo, através de emissores, com vazão geralmente na mesma faixa da irrigação por gotejamento. A profundidade de instalação dos emissores, bem como o espaçamento entre linhas laterais, é defi-nida em função do tipo de solo, cultura a ser plantada e práticas de cultivo utilizadas na área; de modo geral, as profundidades utilizadas variam de 0,2m a 0,3m.

Os problemas associados ao gotejamento enterrado são idênticos ao gotejamento su-perficial, adicionando-se a entrada de raízes no orifício de saída de água do gotejador bem como a entrada de partículas de solo dentro dos emissores em virtude da formação de vácuo no momento que o sistema é desli-gado, causando entupimento dos mesmos. Para este último caso, a prevenção é feita através da colocação de válvulas antivácuo, facilmente disponíveis no mercado, em maior número que o normalmente utilizado. Para intrusão de raízes a melhor estratégia é a prevenção, dado que uma vez que a raiz tenha penetrado no labirinto dos goteja-dores, torna-se muito difícil sua remoção. Dessa forma, a intrusão de raízes deve ser encarada como um sério obstáculo ao su-cesso da irrigação localizada subsuperficial em longo prazo.

A cana-de-açúcar, sendo uma gramínea, apresenta sistema radicular fasciculado. Durante os primeiros 30 dias de brotação das gemas, a cana-de-açúcar utiliza as reservas de nutrientes contidas no tolete e, parcialmente, do suprimento de água e nutrientes proporcionados pelas primeiras raízes de fixação. Após esse período, inicia-se o desenvolvimento das raízes a partir dos perfilhos primários e, posteriormente, dos secundários.

Encontra-se frequentemente na litera-tura referência ao fato que apenas com o correto manejo da irrigação é possível evitar o processo da intrusão das raízes nos gote-jadores enterrados. Parte-se do princípio de que proporcionando um regime de umidade do solo adequado, as raízes não precisarão adentrar os gotejadores em busca da água remanescente no seu interior. A ideia é que o manejo da irrigação pode influenciar a probabilidade de ocorrer intrusão de raízes, dado que interfere no ambiente imediata-mente adjacente ao emissor; isso porque a irrigação de alta frequência, que mantém o solo em volta do emissor sempre próximo à saturação, pode inibir o crescimento radi-cular nessa área para algumas plantas. De modo contrário, déficit de umidade do solo, seja por manejo deficiente da irrigação ou

EntupiuCom ampla gama de modelos oferecidos no mercado, as carretas graneleiras tornam-se

cada vez mais dinâmicas, possibilitando sua utilização em operações do plantio à colheita

nos diversos tipos de culturas

Cha

rles

Ech

er

Page 42: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br42

algumas vezes imposto com o objetivo de controle da frutificação, da qualidade na maturação ou do crescimento vegetativo, pode aumentar a intrusão como consequ-ência da alta concentração de raízes na área

do emissor.

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA INTRUSÃO RADICULARAlém do correto manejo da irrigação,

outras estratégias de prevenção adotadas são a utilização de gotejadores que apre-sentam uma barreira física à entrada de raízes; tais modelos de gotejadores têm a propriedade de praticamente fechar o orifício de saída de água, quando não irrigando.

A estratégia mais utilizada é a impo-sição de uma barreira química à entrada de raízes nos gotejadores: a formação de barreira química é, principalmente, efetuada com aplicação de herbicida através do sistema de irrigação (quimi-gação). Em função de características de mobilidade e estabilidade no solo, entre outras, a trifluralina é o princípio ativo com ação herbicida mais recomendado, sendo aplicado em doses da ordem de 0,15cc a 0,25cc por gotejador. Os con-teúdos de matéria orgânica e argila do solo são os fatores mais importantes, os quais, indiretamente, influenciam todos os processos, afetando os herbicidas.

METODOLOGIACom o objetivo de avaliar se o nível de

atendimento da demanda hídrica do culti-vo está relacionado à entrada de raízes em gotejadores enterrados, foi realizado um estudo na Usina Coruripe SA, localizada no município de mesmo nome, no estado de Alagoas, em que parcelas de cana-de-açúcar foram irrigadas por quatro ciclos de cultivo utilizando o método de irrigação por gotejamento subsuperficial, em duas profundidades de instalação dos tubogo-tejadores (0,25m e 0,35m) e com base na reposição de 45%, 90%, 135% e 180% da evapotranspiração de referência (ETo). Ao fim do quarto ciclo, os tubogotejadores foram retirados e uma amostra aleatória de 720 gotejadores foi utilizada para averi-guação da ocorrência de intrusão de raízes. Primeiramente foram efetuados testes de vazão em bancada e posteriormente os mesmos gotejadores foram dissecados para confirmação da ocorrência da intrusão no

Intrusionamento de raízes de cana em diferentes níveis: 1. Sem raiz; 2. Raiz na câmera de saída de água; 3. Raiz obstruindo todo o labirinto do gotejador e 4. Raiz atingindo o interior da mangueira de irrigação

Figura 1 - Percentual de gotejadores com e sem presença de raízes no seu interior, para diferentes níveis de irrigação

1)

2)

3) 4)

Ocorrência de intrusionamento de raízes em diferentes modelos de gotejadores

Page 43: Maquinas 125

Ronaldo S. Resende,Julio R. A. De Amorim,Anny K. M. Rodrigues,Embrapa Tabuleiros Costeiros

entre outros fatores. No interior do gotejador a raiz percor-

re o caminhamento inverso ao da água e pode alcançar o interior do tubogotejador e aí enovelar-se, formando uma barreira ao fluxo da água em toda linha lateral de irrigação. Dependendo da posição da linha onde isso ocorre, o efeito negativo do intrusionamento se amplia significa-tivamente.

CONCLUSÃOA relação entre o manejo da umidade

na zona radicular da cultura da cana-de-açúcar e a ocorrência de intrusionamento de raízes no orifício de gotejadores não foi claramente estabelecida. Assim, não há uma indicação clara que o manejo da irrigação por si só possa evitar que ocorra a entrada de raízes nos gotejadores enterrados.

seu interior. A cana foi plantada em fileiras duplas, com espaçamento de 0,5m entre fileiras simples e de 1,3m entre duplas. O gotejador era do tipo plano, não com-pensante de pressão, com vazão nominal (Qn) de 1,7L/h.

RESULTADOSNa Tabela 1 são apresentadas as

vazões médias dos gotejadores (Qm) e o percentual de redução de vazão (Rq), que pode ser considerado como nível de entupimento do gotejador. Observa-se que para a profundidade de 0,35m, a vazão observada para o menor nível de aporte de água (ET45) foi significativa-mente inferior aos demais níveis, não se verificando diferenças estatisticamente significativas entre estes. No entanto, esse comportamento não se repete para a profundidade 0,25m, onde a maior redução de vazão ocorreu no tratamento ET135, não diferindo, no entanto, dos demais níveis de água. Dessa forma, considerando-se a variável vazão média, os dados não permitem estabelecer uma relação clara entre o nível de depleção da umidade do solo permitida no manejo da irrigação e a intensidade do processo de intrusionamento de raízes. A maior parte do sistema radicular da cultura se man-

.M

tém restrita à camada do solo que vai da superfície até 0,30m de profundidade.

A análise do interior de cada gotejador amostrado permitiu visualizar quais deles apresentavam raízes intrusas e nesse caso em que parte do gotejador elas estavam localizadas. A Figura 1 representa o per-centual de gotejadores com e sem raízes para cada manejo da irrigação.

Embora na profundidade de 0,25m a cana que recebeu uma adequada quan-tidade de água (ET135) tenha resultado em um menor percentual de gotejadores com presença de raízes no seu interior, vê-se que na profundidade de 0,35m esse comportamento foi inverso, ou seja, foi o tratamento com maior nível de intrusão.

O nível de redução de vazão resultan-te do processo de intrusão de raízes na irrigação por gotejamento dependerá de fatores, como a arquitetura de diferentes modelos de gotejadores, o tempo desde o início da intrusão, o posicionamento da raiz no interior do gotejador, a dinâmica do crescimento em espessura da raiz,

P11,26aA1,46aB1,54aB1,46aB1,4330,5**

ET45ET90ET135ET180Média

CVF

Tabela 1 - Vazão média de gotejadores (n=80) em função do manejo da irrigação e da profundidade de instalação do tubogotejador

P21,40aA1,41aA1,36bA1,43aA1,4034,0ns

Qm (L h-1)P14232192329

P23628383033

CV (%)P12614101516

P21817201618

Rq (%)

Letras minúsculas indicam diferenças de médias entre os níveis do fator P e maiúsculas indicam diferenças de médias entre os níveis do fator W. ** p < 0,05, ns = não significativo.

Os problemas associados ao gotejamento enterrado são idênticos ao gotejamento superficial

Desenho em escala do gotejador avaliado e enovelamento de raízes no interior de tubogotejador

Fotos Ronaldo S. Resende

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 43

Page 44: Maquinas 125

TrATorES

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br44

O uso de máquinas de grande porte em áreas de produção de cana-de-açúcar tem afetado sensivelmente

o desenvolvimento e a longevidade da cultura, principalmente pela incompatibilidade entre o espaçamento de plantio da cultura e a bitola destas, ou seja, o espaçamento entre os rodados das máquinas. Este fato acarreta, dentre outros efeitos, a compactação excessiva do solo e o “pisoteio” da cultura pelo tráfego de tratores e equipamentos agrícolas ao longo do ciclo produtivo.

A compactação do solo é o efeito direto da passagem dos rodados das máquinas agrícolas, sejam estes pneus ou esteiras, sendo que 85% a 90% deste efeito podem ser ocasionados já na primeira passagem de alguma máquina. Dentre outros efeitos, a compactação do solo acarreta na redução da infiltração de água no solo, na suscetibilidade à erosão, no desenvolvimento da cultura, reduzindo a produtividade e a longevidade do canavial.

Estima-se que na cultura da cana-de-açúcar, 87% da superfície do solo sejam compactados pelo tráfego de máquinas dentro de um ciclo produtivo (uma safra), fato este que restringe os

Trator Valtra BH 205i utilizado no ensaio, já com o eixo estendido

Tráfego controladoEstudo que avaliou o desempenho de trator agrícola com bitola estendida para operações mecanizadas mostra as vantagens de utilizar o tráfego controlado nas lavouras canavieiras

locais de desenvolvimento das plantas, que não sejam “pisoteadas”. Neste contexto, a prática do Controle de Tráfego visa minimizar os efeitos, pois separa as zonas de tráfego daquelas em que há crescimento das plantas, concentrando a passagem de pneus em linhas delimitadas, as entre linhas da cultura.

Desse modo, uma área menor será sub-metida ao tráfego agrícola, embora mais intensamente, o que pode reduzir em até 45% a área compactada, o que traz como benefícios melhorias na estrutura física do solo, pois uma área maior não apresentará impedimento à infiltração de água e desenvolvimento das raízes; aumento da eficiência operacional das máquinas, pela melhoria no potencial de tração do solo, relação pneu-solo; menor consumo de combustível e, consequentemente, do tráfego do maquinário em solo mais firme - linhas de tráfego; e principalmente aumento da longevi-dade e produtividade do canavial.

O Tráfego Controlado trabalha com a Uni-formização das Bitolas (padronização em trato-res, plantadoras, pulverizadores, distribuidores de fertilizantes, colhedoras, transbordos, entre outros) para mesmas medidas compatíveis com

o espaçamento da cultura (1,40m – 1,50m, ou compatíveis); com Sistemas de Direcionamento Automático (traçando trajetos previamente de-finidos e carregados em sistemas de piloto auto-mático), usando GPS e Glonass, que podem ser usados em diferentes equipamentos orientados por uma base em comum, garantindo precisão de centímetros.

Visando empregar o Controle de Tráfego, soluções alternativas têm sido buscadas pelas empresas, como a utilização de prolongadores nas pontas dos eixos, entretanto, estas soluções

Tráfego controladoEstudo que avaliou o desempenho de trator agrícola com bitola estendida para operações mecanizadas mostra as vantagens de utilizar o tráfego controlado nas lavouras canavieiras

Fotos Marcelo Cassia

Page 45: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 45

podem interferir no desempenho operacional das máquinas, bem como na durabilidade das mesmas, uma vez que tais componentes não foram previamente dimensionados pela indústria. Diante desta realidade, foram de-senvolvidos e lançados no mercado máquinas e equipamentos com eixos para bitolas estendidas ou que possam ser estendidas, dimensionados principalmente para atender à cultura da cana-de-açúcar.

Por se tratar de uma nova configuração em relação ao projeto original, é necessário que avaliações comparativas sejam realizadas quanto ao desempenho das máquinas nestas configurações (eixos standard e estendidos), trabalho que foi realizado pelo Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma), do Departamento de Engenharia Rural da Unesp de Jaboticabal (SP).

O TESTEPara realizar o comparativo, foi utilizado

um trator da marca Valtra, modelo BH 205i de 195cv de potência no motor (143,4kW), pertencente à classe de potência de maior utili-zação em operações mecanizadas na cultura da cana-de-açúcar, que apresenta tração 4x2 com tração dianteira auxiliar (TDA). O modelo é equipado com o eixo trativo direcional AS-3065 (eixo dianteiro), fabricado pela ZF do Brasil, que apresenta a possibilidade de ser montado em duas configurações de bitolas: standard (1,90m) e estendida (2,80m a 3,00m), ou ser convertido entre as duas.

Para a realização dos testes, o trator foi ensaiado inicialmente na sua configuração de bitola standard e, em sequência, o eixo dianteiro foi convertido para configuração estendida pelos técnicos da ZF do Brasil, empregando componentes originais, pertencentes ao projeto do eixo. No eixo traseiro, por não haver esforços de torção e esterçamento, são inseridos espaça-dores fixados às pontas de eixos e às rodas, o que

também permite a conversão entre bitolas.O trator foi dimensionado a partir da

configuração com que foi recebido da fábrica, para adequação da lastragem e da distribuição de massa de acordo com as recomendações técnicas para o modelo (4x2 TDA), resultando em distribuição de massa em torno de 40% e 60% para os eixos dianteiro e traseiro, respec-tivamente, e relação massa/potência no motor, entre 52kg/cv e 58kg/cv. O dimensionamento do trator também foi adequado com as mudan-ças de bitola, visando evitar desequilíbrio no conjunto com a adição de novos componentes, mantendo o trator em mesmas condições para o ensaio conforme apresentado no Quadro 1.

Vale ressaltar que na configuração estendida foi fixada a bitola em torno dos 2,80m, em função dos modelos de aros e pneus disponíveis para o ensaio, e obedecendo a recomendação técnica de que as bitolas dianteiras e traseiras trabalhem com dimensões uniformes. Quanto à distribuição de massa, observa-se que a mu-dança da bitola no eixo dianteiro aumentou a massa no mesmo em torno de 300kg, o que, combinado à alteração na lastragem traseira, melhorou o equilíbrio entre os eixos e prati-

camente manteve a mesma relação massa/potência no motor.

O trator ensaiado foi ainda instrumen-tado para a aquisição e armazenamento de dados inerentes ao desempenho operacional, utilizando-se sistema de aquisição do tipo Da-talogger, tendo sido monitorados o consumo de combustível (volumétrico horário, operacional e por solo mobilizado), a velocidade real de deslocamento (velocidade operacional e capa-cidade de campo) e a patinagem dos rodados dianteiros e traseiros.

RAIO E ESPAÇO DE GIRORaio e espaço de giro são características

dimensionais que refletem as características de manobrabilidade de máquinas autopropelidas, isoladas ou integrando conjuntos mecanizados (trator + equipamento + operador). O raio de giro é definido pelo raio do menor círculo, descrito por um ponto da intersecção da roda mais externa do trator com o plano de apoio, sobre o qual a máquina desloca-se em círculo, à direita ou à esquerda. Espaço de giro é o espaço circular descrito a partir do raio delimitado pelo deslocamento do ponto mais externo do trator

Após o ensaio com bitola standard o eixo dianteiro foi convertido para configuração estendida, empregando componentes originais, pertencentes ao projeto do eixo

Ensaios de Desempenho Operacional em preparo do solo utilizaram diferentes implementos nas duas configurações de eixos

Quadro 1 - Caracterização dimensional do trator Valtra BH 205i

Standard

5,53m2,98m2,78m2,87m1,90m1,94m

4.070kg(37,1%)6.956kg(62,9%)

11.026kg56,5kg cv-1

Estendido

----

3,56m--

2,72m2,68m

4.382kg(39,6%)6.684kg(60,4%)

11.066kg56,8kg cv-1

Eixo AS-3065Dimensões

Comprimento máximoAltura máxima

Largura máximaDistância entre eixos

Bitola DianteiraBitola Traseira

Distribuição de massaEixo Dianteiro

Eixo Traseiro

TOTALRELAÇÃO MASSA/CV

Page 46: Maquinas 125

Dezembro 2012 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br46

Resultado dos testes de raio de giro

com o plano de apoio em nível.O método de ensaio empregado para deter-

minação do raio e espaço de giro dos tratores encontra-se na NBR 12566/1992, sob o título “Trator agrícola - Determinação do raio de giro e espaço de giro - Método de ensaio”. O ensaio foi realizado com o trator em condições de operação (TDA acionada, marcha e rotação de trabalho, velocidade média de 6,0km/h), nas duas configurações de bitolas em avaliação, realizando-se os testes apenas com o trator livre, no conjunto trator + grade e no conjunto trator + escarificador/subsolador.

Nos resultados observa-se que a mudan-ça na configuração da bitola aumentou os valores de raio e espaço de giro, em 10,2% e 7,6%, respectivamente, independentemente do conjunto avaliado. Ao se acoplar algum equipamento no trator, os mesmos valores se elevam na ordem de 25% para o raio e 15% para o espaço de giro.

Para os índices de relação do raio e espaço de giro e de simetria do raio de giro, os indi-cadores também não apresentaram diferenças significativas quanto à alteração da bitola. Entretanto, quando se observa a classificação destes quando o trator trabalha com um equi-pamento, os índices se elevam para classifica-ções piores, principalmente devido à grade se tratar de um equipamento assimétrico.

DESEMPENHO OPERACIONALForam realizados testes de desempenho

operacional do trator com as duas configurações de bitolas avaliadas, em operações de preparo de solo típicas em áreas de cana-de-açúcar:

a) Gradagem: operação de preparo periódi-

co do solo realizada por meio de implementos de discos, que mobiliza toda a camada superficial do solo.

b) Escarificação: operação de preparo periódico do solo realizada por meio de implementos de hastes, cuja profundidade atinge no máximo 0,35m.

c) Subsolagem: prática agronômica rea-lizada por meio de implementos de hastes, a profundidades superiores a 0,35m.

Os resultados mostraram que, indepen-dentemente da operação avaliada, desde condições de deslocamento livre do trator até operações altamente severas como a subsolagem, o desempenho não foi afetado pela mudança na configuração da bitola em nenhuma das variáveis monitoradas.

As operações de gradagem e escarifi-cação demandaram potência de maneira semelhante durante os ensaios, fato que refletiu em todas as variáveis monitoradas,

o que demonstrou ainda que a operação de subsolagem apresentou demanda em excesso, que pôde ser notada principalmente pelos índices de patinagem em excesso, dentre outros.

De maneira geral, a alteração na configu-ração da bitola do trator Valtra BH 205i não influenciou nos índices de qualidade do raio e espaço de giro, havendo incremento em torno de 10% nesta característica; o desem-penho operacional também não foi afetado, ao se testar o trator até mesmo em operações bastante severas como a subsolagem.

Marcelo Tufaile Cassia,Rafael Scabello Bertonha,Fábio Alexandre Cavichioli,Rafael Gomes de AzevedoCarlos Eduardo A. Furlani eRouverson Pereira da Silva,Lamma – Unesp Jaboticabal

.M

Resultados de desempenho operacional dos conjuntos

Equipe da ZF do Brasil e do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola daUnesp que participou do ensaio com operações típicas de lavouras canavieiras

Divulgação

Page 47: Maquinas 125
Page 48: Maquinas 125