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RELATÓRIO ANUAL 2018 Escritório Multissetorial Regional da UNESCO para a África Ocidental-Sahel

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RelatóRio anual 2018

Escritório Multissetorial Regional da UNESCO para a África Ocidental-Sahel

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A tradução do relatório anual foi realizada porJoão Pedro ANTUNES; Martina Maigret Revisado por Marcia Alves

traductores Voluntários das Nações Unidas

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RelatóRio anual 2018Escritório Multissetorial Regional da UNESCO para a África Ocidental-Sahel

Janeiro de 2019

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agRadecimentos

O presente Relatório é uma publicação anual do Escritório Multissetorial Regional da África Ocidental-Sahel, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

O Relatório Anual de 2018 foi preparado sob a direção e supervisão de Dimitri SANGA, Diretor do Escritório de Dakar. Teve o benefício das orientações técnicas e contribuições de Gwang-Chol CHANG, Chefe da Seção de Educação, de Anthony MADUEKWE, Chefe da Seção de Ciências Naturais, de Maréma TOURÉ THIAM, Chefe da Seção de Ciências Humanas e Sociais, de Guiomar ALONSO, chefe da Seção de Cultura, de Elvis Michel KENMOE, Chefe da Seção de Comunicação e Informação, todos do Escritório em Dakar, bem como a participação de Hervé HUOT-MARCHAND, Chefe do Escritório de Bamako.

A coordenação da elaboração do Relatório foi assegurada por Elvis Michel KENMOE, que, juntamente com Théodore SOMDA, asseguraram a formatação do documento. Agradecemos sinceramente a todos os colegas dos Escritórios de Dakar e de Bamako, pelas suas contribuições, não apenas na elaboração do relatório, mas também na sua tradução, bem como, no design gráfico, impressão, relações com a comunicação social e nos serviços de comunicação e de secretariado.

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acompanhar os países do Sahel na promoção, formulação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas e programas que assegurem a educação e a aprendizagem equitativas e de qualidade para todos e ao longo de toda a vida;

capitalizar sobre os avanços em Ciências Naturais para apoiar os países do Sahel nos seus esforços de desenvolvimento;

mobilizar as Ciências Humanas e Sociais para explicar as políticas e práticas públicas dos países do Sahel, em apoio aos esforços de desenvolvimento;

valorizar e manter o património cultural e desenvolver políticas e medidas para sustentar o setor de criação;

utilizar a comunicação e a informação a fim de construir sociedades pacíficas e orientadas para o desenvolvimento.

PReâmbulo

A menos de doze (12) anos da data-limite para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) empenham-se para alcançar os objetivos estabelecidos, em colaboração com os seus parceiros técnicos e financeiros, entre os quais, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Neste contexto, o Escritório Multissectorial Regional para a África Ocidental-Sahel, com sede em Dakar

e braço operacional da UNESCO, está a implementar o Programa da Organização no Sahel noutros pontos. O Programa abrange, principalmente, os seguintes países: Burquina Faso, Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Níger e Senegal.

A região do Sahel tem sido e continua a ser objeto de atenção de toda a comunidade internacional, tendo em vista um discurso articulado, em torno de um Sahel afetado por violências terroristas e comunitárias, tráficos de todos os tipos, uma migração descontrolada, insegurança alimentar, etc. Embora seja inegável que a região enfrente uma variedade de desafios, esse discurso de crise apresenta, apenas, uma faceta desta parte do continente africano. Convém salientar que se trata de uma região marcada por uma história e riquezas culturais incomensuráveis, dotadas de uma abundância de recursos naturais e humanos que, se gerenciados adequadamente, podem ajudar a enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável, em

conformidade com a Agenda 2063 da União Africana (UA), à qual os países da região subscreveram.

O Sahel detém importantes recursos minerais e aquíferos. Além dos recursos naturais, a riqueza do Sahel e o seu futuro residem na resiliência das suas populações. O crescimento populacional e a sua juventude, considerados em geral como uma desvantagem, são certamente um desafio, mas também representam uma oportunidade se o capital humano for consolidado por meio de intervenções, tais como a educação de qualidade e acessível a todos, a saúde, o prosseguimento de políticas inclusivas de crescimento capazes de gerar empregos decentes e assegurar a autonomia das mulheres e meninas. Tendo em vista os desafios e as oportunidades colocados aos países do Sahel, no contexto do mandato da UNESCO, as intervenções de 2018 do Escritório de Dakar focalizaram-se essencialmente nas seguintes grandes linhas:

Estas intervenções permitiram resultados significativos em termos de realização das agendas nacionais, regionais e internacionais, no quadro dos ODS dos países sob a jurisdição do Escritório de Dakar.

A realização das atividades do Escritório de Dakar, ao serviço dos Estados-Membros, beneficiou de consultorias e colaboração com diversos intervenientes para atingir os resultados apresentados neste relatório, nomeadamente com as Comissões nacionais da UNESCO, as instâncias de decisão política, os universitários e a sociedade civil. A

cooperação com os Escritórios da UNESCO em África, com os Institutos e a Sede da UNESCO, permitiu maior impacto e maior visibilidade na região.

O Escritório de Dakar continuará o trabalho realizado em 2018, aumentando ou replicando experiências bem-sucedidas, assegurando ao mesmo tempo um monitoramento para consolidar as conquistas a nível nacional. Vai também garantir que as atividades de fortalecimento das capacidades resultem em ações concretas nos países beneficiados. Ênfase particular será dada à produção e disseminação

de conhecimentos sobre questões emergentes e à promoção de soluções inovadoras e eficazes para enfrentá-las. É nesse sentido que, juntos, continuaremos a apoiar os nossos Estados no seu progresso, a fim de melhorar as condições de vida das suas populações

Dimitri Sanga Diretor

Escritório Multissetorial Regional da UNESCO para a África Ocidental-Sahel

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indice

AgrAdecimentos 4

Preâmbulo 5

tAble of content 6

siglAs e AbreviAções 7

1. introdução 8

2. os PrinciPAis desAfios de sAhel relAtivos às áreAs de intervenção dA unesco 10

3. resPostAs do escritório regionAl multissetoriAl dA unesco PArA A áfricA ocidentAl (sAhel) 13

3.1. Garantir educação e aprendizagem equitativas e de qualidade para todos ao longo da vida 133.2.. Explorar as ciências naturais para apoiar o desenvolvimento dos países do Sahel 213.3. Mobilizar as ciências humanas : Promoção da pesquisa multidisciplinar em Ciências sociais para analisar as políticas públicas e as práticas sociais, bem como, acelerar as transformações sociais 253.4.Valorizar e preservar o património cultural e desenvolver políticas e medidas para apoiar a indústria criativa 293.5. Utilizar a comunicação e a informação para construir sociedades pacíficas voltadas para o desenvolvimento 34

4.os desAfios PArA A imPlementAção do ProgrAmA 36

5. conclusões e PersPetivAs PArA 2019 37

Annex 1: volume de AtividAdes em 2018 de Acordo com A fonte de finAnciAmento. 38

Lista de tabeLas

Tabela 1: Taxa de participação na educação, África Ocidental (Sahel), 2018 11

Lista de figuras

Figura 1: Plataforma de Educação 2030 em África 14Figura 2: A UNESCO como interlocutor idóneo de 202 milhões de crianças e adolescentes que não adquirem as competências básicas 16Figura 3: Abordagem multissetorial para promover a paz duradoura no Sahel 17Figura 4: Rumo a um compromisso da África Ocidental e Central para a educação sobre a saúde sexual e reprodutiva 18Figura 5: Intensificação da resposta às violências no meio escolar (VGMS) 19

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siglas e abReviações

ANAQ-SUP Autoridade Nacional de Garantia da Qualidade do Ensino Superior

AOC África Ocidental e Central

CapED Programa para o fortalecimento da Capacitação para a Educação

CEDEAO Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental

CESA Estratégia Continental de Educação para a África 2016-2025

CODESRIA Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais na África

ECS Educação abrangente à sexualidade

EFTP Educação e treinamento técnico-profissional

FHA Fórum de Humanidades Africanas

GEM Relatório sobre o monitoramento global de Educação

GPE Parceria Global pela Educação

GRC4-AOC Grupo Regional de Coordenação do ODS4-Educação 2030 na África Ocidental e Central

ISU Instituto de Estatísticas da UNESCO

KOICA Cooperação coreana

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

OIF Organização Internacional da Francofonia

PACE Conferência Pan-Africana de Alto Nível sobre a Educação 2018

PAQUET-EF Programa de Melhoria da Qualidade, Equidade e Transparência do Setor de Educação e Treinamento

PEV-E Prevenção do extremismo violento através da Educação

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SSR Saúde Sexual e Reprodutiva

STEM Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática

STI A Ciência, a Tecnologia e a Inovação

SYSTeam Força-tarefa para o fortalecimento dos sistemas de Educação

TALENT Rede de Educadores para a Transformação do Ensino-Aprendizagem

TIC Tecnologias da Informação e da Comunicação

UA União Africana

UCAD Universidade Cheikh Anta Diop

UEMOA União Económica e Monetária do Oeste Africano

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UPEC Universidade Popular de Participação Cívica

UNFPA Fundo de População das Nações Unidas

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

VGMS Violências de Gênero nas Escolas

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O Escritório Regional Multissetorial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para a África Ocidental (Sahel) abrange os seguintes países: Burquina Faso, Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Níger e Senegal. Estes países são dotados de características sociodemográficas, macroeconómicas e ambientais, mais ou menos comparáveis. Aliás, elas são todas fontes de oportunidades e desafios.

De Cabo Verde ao Níger, passando por Senegal ou por Mali, o alto nível de insolação e a predominância de ventos fazem desta região do mundo uma das mais bem-dotadas em potencial de energia renovável (eólica e solar). Por exemplo, o Senegal possui um nível de insolação anual estimado em 394 bilhões de kWh. Em termos de recursos naturais, além dos recursos minerais, o Sahel contém os maiores aquíferos do continente. Como em qualquer outro lugar do continente, a alta resiliência e a juventude (64,5%) da população dos países do Sahel são outros grandes ativos. A nível económico, as oportunidades de diversificação em quase todos os setores continuam numerosas e sustentadas por um crescimento económico positivo estimado a 6,8%, em 2018, nos países da União Económica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA).

O Sahel também enfrenta inúmeras crises que se cruzam e se alimentam mutuamente, tornando ainda mais complexos os desafios que estas criam. Este é o caso, por exemplo, da crescente insegurança, principalmente originada pelo terrorismo. Entre elas, observa-se que as crises políticas, a ausência do Estado em determinadas áreas e a má governança em alguns países do Sahel, agravam, dessa forma, os efeitos. Do mesmo modo, observa-se o desemprego elevado de jovens, raparigas e rapazes, que resulta, entre outros, numa reduzida capacidade de absorção da economia e numa inadequação na formação/emprego.

Os jovens representam um alvo preferencial para o discurso propagandista de extremistas e para serem candidatos à migração ilegal. Segundo o Relatório 2018 do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) sobre o estado da população mundial, quase 81.6 milhões (ou seja 19.8 mi. no Burquina Faso, 2.2 mi. na Gâmbia, 1.9 mi. na Guiné Bissau, 19.1 mi. no Mali, 22.3 mi. no Níger e 16.3 mi. no Senegal) de pessoas devem alimentar-se dessa zona semiárida. A esse contexto é necessário acrescentar o desafio essencial que a autossuficiência alimentar impõe aos países da região. Esta situação é exacerbada pelas crises ambientais, incluindo a seca, a pluviometria

1. Introdução

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irregular etc. Em matéria de desenvolvimento humano, com exceção do Cabo Verde, todos os países do Sahel, geridos pelo Escritório de Dakar, situam-se entre o 164º e o 189º lugar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (PNUD, 2018). Estes desafios e as oportunidades já salientadas, contribuem para orientar as escolhas estratégicas e as prioridades dos países da região.

Tendo-se analisado os diversos planos de desenvolvimento nacionais, sub-regionais e internacionais, as prioridades dos países - tais como se evidenciam - podem ser agrupadas em 4 quatro categorias principais: acesso aos serviços básicos e desenvolvimento do capital humano; governança e segurança; gestão sustentável dos recursos naturais e resiliência; e forte crescimento económico, sustentável e inclusivo

Aliás, de acordo com a Estratégia Integrada das Nações Unidas para o Sahel (SINUS), foi adotado um Plano de apoio da ONU para a região saheliana em 2018. Este Plano tem como objetivo principal «intensificar os esforços para acelerar a prosperidade partilhada e a paz duradoura na região» (p.5). Articula-se ainda em torno das seis seguintes áreas prioritárias:

• a cooperação transfronteiriça

• a prevenção e manutenção da paz

• o crescimento inclusivo

• a ação em favor do clima

• as energias renováveis

• a autonomia das mulheres e dos jovens

É nesse contexto que o Escritório Regional Multissetorial da UNESCO para o Sahel é responsável pela implementação operacional dos programas da Organização. As suas intervenções são efetuadas em coerência com a Estratégia de Médio Prazo (37C/4) e o Programa Bienal

da Organização (39C/5), mas também e sobretudo, no apoio às agendas nacionais, regionais e internacionais de desenvolvimento, incluindo a Agenda 2063 da UA (União Africana) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Além da adequação a esses contextos principais, a pertinência das intervenções da Organização em Sahel também se avalia em relação à sua complementaridade com as outras iniciativas dos parceiros regionais, a saber: a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Económica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA), bem como as organizações intergovernamentais (OIG) regionais, como o G5 Sahel, o Comité permanente Inter-estados de Luta contra a Seca no Sahel (CILSS), a Comissão da Bacia do Lago Chade (CBLT) e a Autoridade de Desenvolvimento Integrado da Região de Liptako Gourma.

Tendo em vista os desafios e as oportunidades colocados aos países do Sahel e no enquadramento do mandato da UNESCO, as intervenções do Escritório de Dakar, ao longo do ano de 2018, focalizaram-se essencialmente nas seguintes grandes linhas:

apoiar a promoção, a formulação, a implementação, o monitoramento e a avaliação de políticas e programas que assegurem educação e aprendizagem equitativas e de qualidade para todos e ao longo da vida;

capitalizar sobre os progressos em Ciências Naturais para sustentar os esforços de desenvolvimento;

mobilizar as Ciências Humanas e Sociais para explicar as políticas e práticas públicas em apoio aos esforços de desenvolvimento;

valorizar e conservar o patrimônio cultural e desenvolver políticas e medidas para apoiar o setor da criação;

utilizar a comunicação e a informação para construir sociedades pacíficas e orientadas ao desenvolvimento.

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A África Ocidental é a região que concentra o maior número de jovens do mundo. Além disso, os países sob jurisdição do Escritório de Dakar são marcados por um contexto socioeconômico e demográfico particularmente difícil. Todos os países da região de Sahel, com exceção de Cabo Verde, enquadram-se na categoria de países com «baixo desenvolvimento humano». Efetivamente, de acordo com o relatório sobre o desenvolvimento humano (PNUD 2018) avaliado em 189 países, os Estados da África Ocidental (Sahel) ocupam os níveis inferiores da classificação: Níger (189º), Burkina Faso (183º), Mali (182º), Guiné-Bissau (178º), Gâmbia (177º) e Senegal (164º). O Cabo Verde, com a sua posição intermediária (125ª linha) confronta-se, apesar de tudo, a numerosos outros desafios ligados ao seu estatuto de Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (PEID). A esse recorde pouco invejável para os Estados da região, adiciona-se toda a problemática da falta de emprego e do subemprego dos jovens, a pobreza e alguns casos de exclusão social. Além disso, a questão estrutural do subdesenvolvimento e o baixo crescimento associado à dinâmica sociodemográfica excecional da região, que suscita o receio de alguns e revela a esperança de outros, exorta incontestavelmente os líderes e os seus parceiros a pensar em respostas relevantes e capazes de acompanhar os Estados-Membros da região na

realização das Agendas 2030 e 2063 e preparar, com a ONU e o UA, “o futuro que queremos! ».

Para atenuar a maior parte dos desafios supracitados, a educação desempenha um papel determinante. Embora tenha havido um progresso na expansão da educação básica, ainda há mais de 31 milhões de crianças não escolarizadas, com idade para frequentar o ensino primário, bem como 23 milhões de crianças com idade para o ciclo obrigatório do ensino secundário na África Subsaariana, dos quais um número significativo se encontra na África Ocidental. As razões são as seguintes:

• proposta escolar inadequada e insuficiente;

• falta de relevância e de qualidade de ensino e de aprendizagem;

• padrões e práticas injustas ou preconceituosas;

• restrições financeiras crescentes para atender à forte demanda social para a educação.

2.

Os principais desafios de Sahel relativos às áreas de intervenção da UNESCO

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tAbelA 1: Taxa de participação na educação, África Ocidental (Sahel), 2018

Taxa de escolarização líquida (TEL) Taxa de escolarização bruta (TEB

Primary Lower Secondary Upper Secondary Higher Education

T F H T F H T F H T F H

Burquina Faso 76.4 75.4 77.4 26.8 27.5 26.2 5.2 4.6 5.9 6.0 4.1 7.9

Cabo Verde 86.2 85.4 87.0 64.1 68.2 60.0 35.8 42.0 29.6 21.7 25.7 17.7

Gâmbia 77.6 81.4 73.8 37.7 41.3 34.1 .. .. .. 3.1 2.5 3.7

Guiné-Bissau 70.9 69.3 72.5 5.8 4.3 7.3 1.1 0.8 1.4 2.6 .. ..

Mali 61.2 57.7 64.6 28.1 26.1 30.0 15.2 12.3 18.1 5.5 3.2 7.7

Níger 65.4 60.7 70.0 23.8 20.6 26.9 5.3 3.9 6.7 4.0 2.5 5.8

Senegal 74.1 78.3 70.1 36.7 39.1 34.4 18.5 18.5 18.5 11.2 8.5 13.9

África Subsaariana 78.2 75.7 80.7 28.3 27.6 29.0 .. .. .. 9.0 7.5 10.4

Mundo 89.4 88.4 90.4 66.0 66.8 65.3 .. .. .. 37.9 40.2 35.7

Legenda : T (Total); M (mulher); H (homem)

Fonte : Instituto de Estatística da UNESCO (UIS), 2018

Entre as crianças que estão em condições de terminar o ensino primário, numerosas são aquelas que não adquirem os conhecimentos, habilidades e valores necessários para levar uma vida conveniente, saudável e produtiva e contribuir para o desenvolvimento de suas comunidades e sociedades. A falta de acesso à educação, o abandono escolar precoce e problemas de qualidade da educação são apenas alguns exemplos que conduzem à crise da aprendizagem na região da África Ocidental (Sahel).

Diversos estudos mostraram que a má qualidade do ensino e da aprendizagem, a falta de diversidade na proposta educativa, a elevada taxa de analfabetismo dos adultos, em especial das mulheres, a insuficiência entre a educação, a formação e o emprego em todos os níveis educativos, incluindo o ensino superior, são todos fatores que contribuem à fragilidade do capital humano; que é fator determinante de crescimento forte, sustentado e inclusivo, e, consequentemente, do desenvolvimento sustentável.

É evidente que as ciências, as tecnologias e a inovação representam alavancas significativas para impulsionar os países no caminho desse desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, ao lado da importância citada para o processo de desenvolvimento, a situação nos países cobertos pelo Escritório de Dakar não é das melhores.

Os sete países abrangidos pelo Escritório de Dakar têm, no entanto, uma população estimada de 81,6 milhões em 2018 e um número total de pesquisadores estimado em 10.000, dos quais 28% são mulheres. Assim os desafios imediatos à gestão efetiva do desenvolvimento científico na região do Sahel, referente a questões como água, meio-ambiente e mudança climática, são associados à inadequação das competências humanas e institucionais. A insuficiência de especialistas conduz a um planeamento inadequado e também a uma gestão difícil, devido as lacunas em dados científicos, necessários para um processo decisório esclarecido.

O ranking de todos os países da região, como o PMA (Países Menos Avançados), afeta as suas capacidades para estender as tecnologias capazes de resolver os problemas relacionados a setores sensíveis, dependentes da ciência como saúde, agricultura, mudanças climáticas, acesso a água, biodiversidade, educação científica significativa, bem como o uso potencial das ciências e da tecnologia para o desenvolvimento económico.

Apesar destes desafios, os Estados-Membros têm um bom conhecimento do papel das Ciências, Tecnologia e Inovação (STI), bem como das Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) no

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desenvolvimento nacional. Um novo movimento de conscientização e mudança está a espalhar-se por muitos países, levando a novas políticas, novas instituições, novas estruturas e estratégias, visando o desenvolvimento de recursos humanos adequados e a extensão da ciência e da tecnologia ao serviço das nações. Estes são alguns dos desafios para os quais a UNESCO contribuiu para encontrar soluções, nas suas atividades em 2018.

Numa busca constante para atingir os objetivos definidos nas agendas de desenvolvimento nacionais, sub-regionais e internacionais e tendo em vista os desafios sociais que enfrentam na região, principalmente a demografia, a saúde, o desemprego, a desigualdade de género, os líderes políticos voltam-se, frequentemente, para os planos ditos de emergência dos países. Ora, se todos estão de acordo sobre a necessidade imperativa de reformar estruturalmente as economias, é preciso reconhecer que tal perspetiva não poderá prescindir da reforma de caráter sistémico das estruturas sociais e das mentalidades das mulheres e dos homens que carregam a economia. Porque o desenvolvimento é sempre o resultado de um processo de transformação social e mental.

A África Ocidental é caracterizada por uma história intensa, sociedades complexas e antigas, como testemunham as dezassete (17) áreas inscritas na Lista do Património Mundial, por exemplo os lugares históricos de Tombuctu e Djenné no Mali, as ruínas de Loropeni em Burquina Faso ou ainda espaços naturais, como as reservas de Air e Ténéré em Níger. Além disso, esta região de África é o cenário de um património rico, composto principalmente de músicas tradicionais que acompanham diversos acontecimentos da vida social ou ainda, de saberes associados à pesca, arquitetura, metalurgia e outros setores. A proteção, a preservação e a transmissão desse património, nas suas diversas formas culturais e naturais, imateriais, imersivas ou documentárias, enfrentam uma série de desafios, como a falta de experiência, capacidades limitadas de gestão, conflitos armados, catástrofes naturais,

desenvolvimento urbano ou ainda o tráfico ilícito de bens culturais.

Além disso, a cultura, em particular o património, já demonstrou o papel que pode desempenhar na construção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo, tanto económico quanto humano, daí a sua integração na Agenda de Desenvolvimento Sustentável, através do ODS 11, Meta 4, bem como, na 5a Aspiração da Agenda 2063 da União Africana. Sendo assim, é importante investir na manutenção e valorização do património, porque permite, entre outras coisas, oferecer às populações sahelianas novas oportunidades de formação e emprego.

O Sahel enfrenta um grande desafio de segurança, caracterizado pela incidência do terrorismo e do extremismo violento que se sustentam principalmente da pobreza, do desemprego de jovens, mas também de falhas em termos de governança e direitos humanos. Em muitos países, os princípios da transparência, liberdade de expressão e o estado de direito, têm dificuldade a implantar-se e a desenvolver-se. Além disso, as várias restrições postas em prática pelos Estados, nomeadamente para enfrentar o terrorismo, nem sempre favorecem a liberdade de expressão.

Em geral os países da região, com exceção do Cabo Verde e Senegal, são avaliados em vários rankings internacionais, como tendo um ambiente onde a liberdade de expressão é apenas parcialmente garantida.

Em termos de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), os Estados da Região realizaram progressos consideráveis, tendo países, como o Cabo Verde, a figurar no topo da classificação do índice de desenvolvimento de TIC (2017) no Sahel. Aliás, quase todos os países da Região apostam na tecnologia digital, entre outras, para diversificar e tornar a economia mais resiliente e provedora de empregos. No entanto, as oportunidades de inovação, educação, saúde e outras, favorecidas por essas tecnologias, enfrentam políticas públicas inadequadas ou insuficientes e recursos humanos qualificados limitados.

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3.1. garantir educação e aprendizagem equitativas e de quaLidade para todos ao Longo da vida

A maioria dos países da região do Sahel realiza hoje, por intermédio do desenvolvimento de recursos humanos competentes e resilientes, o exame e a atualização das suas políticas e estratégias educativas, dando assim prosseguimento aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Empenham-se a fortalecer e implementar estratégias e intervenções que garantam que todas as crianças e jovens adquiram conhecimentos e competências e que os jovens e adultos continuem a aperfeiçoar suas capacidades ao longo da vida.

O programa Educação da UNESCO é concebido e colocado em prática para favorecer a meta dos ODS, de uma maneira geral e, em particular, o ODS4 - Educação 2030. Também é dirigido pela Agenda 2063 e pela Estratégia

Continental de Educação para África 2016 - 2025 (CESA 16-25) da União Africana.

No Escritório de Dakar as ações deste programa em 2018, implicaram-se no fortalecimento dos sistemas nacionais de educação e aprendizagem, para assegurar meios de vida pacíficos, sustentáveis e saudáveis às populações e sociedades. A inclusão, igualdade de género, direitos humanos e juventude também estão no centro das suas intervenções e dizem respeito a todos os níveis de ensino - desde a pré-escola até o ensino superior e ao longo da vida - para desenvolver competências que assegurem uma transição bem-sucedida entre a «escola» e o «trabalho» e a aproximação entre escola e comunidades.

Liderar e monitorar o ODS4-Educação 2030 na África Ocidental e CentralA UNESCO Dakar assegura a Presidência e o papel de Secretária do grupo de Coordenação Regional do ODS4-Educação, da Agenda 2030 para a África Ocidental e Central (GRC4-AOC), desde a criação da Agenda, em

maio de 2016. O GRC4-AOC, com as suas equipas de trabalho intervenientes em setores específicos ligados aos alvos do ODS4, visa sustentar o desenvolvimento da Educação nos países, estando alinhado com o ODS-4, os

3. Respostas do Escritório Regional Multissetorial da UNESCO para a África Ocidental (Sahel)

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seus alvos e a CESA 16-25. Fortalece o diálogo, a sinergia e a coerência nas ações das Organizações-membros, que são atualmente 26. O mesmo apoia a criação de um vínculo entre as iniciativas e discussões que ocorrem mundialmente e os processos, desafios e realidades ao nível dos países.

A plataforma on-line « Éducation 2030 en Afrique » e a conta Twitter @ED2030Africa são instrumentos que facilitam a partilha de informações e experiências em educação.

Em 2018 o GRC4-AOC foi objeto de grande mobilização por parte dos parceiros que desempenharam um papel ativo, na Conferência Pan-africana de Alto Nível sobre Educação (PACE 2018) e na conferência sobre o financiamento da educação da Parceria Mundial para a Educação (GPE).

O lançamento regional do Relatório sobre o Acompanhamento Mundial da Educação (GEM) 2019 na África Ocidental e Central, abordando o tema “Migração, deslocação e educação: construir pontes, não muros” foi o momento para partilhar os conhecimentos, experiências e estratégias sobre o assunto, entre diversos intervenientes, entre os quais, os parceiros do GRC4-AOC, representantes da sociedade civil e jovens.

Nos principais materiais de argumentação produzidos neste ano, figuram quatro vídeos, dois dos quais sobre a educação de meninas em África e os outros dois sobre as recomendações e as mensagens-chave do Relatório GEM 2019.

Integrar o ODS4 no planejamento nacional da EducaçãoAtravés do programa de fortalecimento da Capacitação para a Educação (CapED), com o apoio técnico da UNESCO, o Programa de Melhoria da Qualidade, da Equidade e Transparência do setor da Educação e Treinamento (PAQUET-EF) do Senegal foi atualizado, a fim de levar em conta as novas orientações nacionais, sub-regionais e internacionais, incluindo o ODS4-Educação 2030. As Contas Nacionais de Educação (CNE) foram desenvolvidas para identificar lacunas, sobreposições ou utilizações

abusivas no financiamento da educação e explorar estratégias de melhoria. O modelo de simulação foi alinhado ao novo contexto de resultados do PAQUET-EF 2018-2030.

A UNESCO Dakar, no seu duplo papel de Agência, líder do Grupo temático Educação e Treinamento (GTEF) e de Agência de coordenação do Grupo Nacional dos Parceiros da Educação e Treinamento (GNPEF) no Senegal, mobilizou os parceiros na elaboração

plataforma «Educação 2030 na África» destinada ao intercâmbio de informações e experiências da GRC4-AOC é um recurso útil para os intervenientes e agentes da Educação na Região. Ao público oferece um acesso a diversos recursos ligados à Educação e importantes para essa zona, entre os quais: anúncios dos principais acontecimentos, as publicações, os vídeos de promoção e argumentação, as páginas temáticas associadas às equipas de trabalho de GRC4-AOC, as informações sobre os Ministérios encarregados da Educação, o sistema educativo, do

qual, os planos e as análises setoriais dos 24 países da África Ocidental e Central. A plataforma contém igualmente um espaço reservado aos membros do GRC4-AOC. Em 2018, ela foi vista mais de 8.300 vezes.

http://www.education2030-africa.org/index.php/fr/

Figura 1 Plataforma de Educação 2030 em África

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do plano de ações 2018-2022 do PAQUET-EF e do sistema de avaliação dos rendimentos (CMR). Também dirigiu o processo de avaliação externa do plano de ação do PAQUET-EF revisto. Apoiou igualmente a finalização e validação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Educação e Formação do Senegal (PADES), que será financiado pela GPE e, pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) na condição de agente parceiro.

A nível regional, a Força-Tarefa GRC4-AOC para o Fortalecimento dos Sistemas Educacionais (SYSTeam) conduziu, quando da PACE, um apelo à inclusão de refugiados nos sistemas nacionais de Educação; isso figura entre os compromissos assumidos na Declaração final, a Declaração de Nairóbi e a Chamada para a Ação em Educação. A equipa de trabalho também agrupou e compartilhou, através de seu espaço próprio na plataforma « Educação 2030 na África », informações sobre o processo de planeamento educativo nos 24 países da África Ocidental e Central.

No Mali, por meio do programa CapED, a UNESCO apoiou este país na elaboração de seu Plano Setorial de Educação (PRODEC II, 2019-2028). Foi desenvolvido um modelo de simulação financeira, afim de definir os diferentes cenários de políticas educacionais. Quase 71% dos indicadores de monitoramento das metas do ODS 4 foram incorporados ao PRODEC II.

No processo de desenvolvimento de uma Estratégia Nacional para o Desenvolvimento das Estatísticas de Educação (SNDSE), o Mali se alinhando com o ODS4, adotou:

1. um Conjunto de Indicadores Nacionais (CNI);

2. uma cartografia das fontes de dados que correspondem às prioridades das políticas nacionais;

3. um relatório de Avaliação da Qualidade de Dados (EQD/AQD).

Estas atividades foram essencialmente executadas com apoio técnico do polo do IIPE (Instituto Internacional de Planejamento de Educação da Unesco) de Dakar e do Escritório regional do Instituto de Estatística da UNESCO (UIS), em Dakar.

Melhorar os processos de ensino-aprendizagemAs atividades nesta rubrica são conduzidas principalmente no contexto da Rede de educadores para a transformação do ensino-aprendizagem (TALENT) - uma das 6 equipas de trabalho de GRC4-AOC - cujo Secretariado é assegurado pela UNESCO Dakar, e, que reúne os principais agentes do ensino-aprendizagem na África subsaariana.

Em cooperação com a GPE (Parceria Mundial para a Educação), a UNESCO Dakar fortaleceu as competências nacionais para melhorar os sistemas nacionais de avaliação de aprendizagens e, através de uma série de formações para os países da África subsaariana, organizou, para 18 países da África subsaariana (incluindo o Burquina Faso, Gâmbia, Mali, Níger e Senegal), o workshop sobre o alinhamento entre o curriculum vitae, a formação de professores e as avaliações

de aprendizagem na Universidade aberta da Tanzânia. Dez países contaram com uma formação complementar de quatro (04) meses sobre a mesma temática no final

do qual analisaram, mais detalhadamente, as suas lacunas e conceberam estratégias para melhorar o alinhamento entre o curriculum, a formação dos professores e as avaliações das aprendizagens. Responsáveis do planeamento da educação e da avaliação de 17 países, dos quais o Burquina Faso, Cabo Verde, Mali e Senegal, foram igualmente formados para a elaboração de relatórios para a divulgação e a utilização eficazes das avaliações de aprendizagens em grande escala, a fim de, melhorar as políticas e as práticas educativas.

Um estudo, sobre o ensino e a avaliação de competências interdisciplinares (ou do século 21), está a ser conduzido em nove países, incluindo a Gâmbia, o Mali e

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o Senegal, no âmbito da iniciativa “Otimizar a Avaliação para Todos” (OAA), liderado pela Brookings Institution.

No Níger, a UNESCO Dakar prosseguiu suas intervenções em favor dos professores, no âmbito do programa CapED. Para obter uma gestão racional e permanente do pessoal, foi finalizado o banco de dados de gerenciamento informatizado de recursos humanos (alocação, uso, redistribuição) e os usuários e administradores foram treinados para a sua utilização.

Os instrumentos de coleta de dados do ensino primário formal e a educação não-formal foram harmonizados. Os encarregados pelas estatísticas regionais foram formados para produzir um único anuário estatístico, em 2019. Este repertório fornecerá aos responsáveis, parceiros e outros intervenientes dados confiáveis, para informar e orientar as tomadas de decisão e as políticas educacionais, incluindo a política de ensino primário e secundário, que estão atualmente a ser preparadas.

As competências de 122 supervisores do primário e do secundário, das 11 regiões do país, foram reforçadas no que respeita as abordagens e técnicas pedagógicas de ensino da matemática, ciências e tecnologia e, desprovidas de estereótipos de género. Esses responsáveis, por sua vez, acompanharão os professores em serviço na implementação da pedagogia ativa-reativa em matéria de género, rumo a uma aprendizagem participativa e inclusiva desses assuntos.

O programa da CapED, no Mali, lançou o processo de desenvolvimento da política nacional de professores, através da:

- instituição de uma equipa técnica nacional, responsável pelo desenvolvimento da política;

- elaboração de um conjunto de argumentos sobre os documentos relevantes da política e da estratégia para desenvolver a profissionalização dos professores e a melhoria da qualidade da educação.

Por exemplo, foram desenvolvidas matrizes profissionais e de competências para os professores do ensino básico, incluindo a educação não formal. Estas constituem um passo fundamental na elaboração da matriz de certificação, prevista para 2019.

Nas atividades de promoção do acesso de raparigas, nas disciplinas STEM, a UNESCO acompanhou o Ministério da Educação Nacional na organização do «Concurso Miss Ciências 2018». Este contou com a participação de 80 raparigas de 20 academias, através de uma mobilização de recursos, tanto das PTF (UNICEF e Banco Mundial), como do setor privado (Banco BSIC e TELECEL).

Em 2018 foi publicado, em 500 exemplares, o guia sobre a integração da perspetiva de género nas práticas de ensino e aprendizagem, e ao mesmo foi usado eficazmente em sessões de formação para 158 professores, incluindo 79 mulheres.

Figura 2:

A UNESCO como interlocutor idóneo de 202 milhões de crianças e adolescentes que não adquirem as competências básicas

Na altura do PACE, a UNESCO Dakar organizou um painel de reflexão sobre boas práticas, para enfrentar a crise de aprendizagem em África. As deliberações influenciaram muito a Declaração de Nairobi e o Apelo para a Ação na Educação adotados pelos Ministros da Educação e pelos parceiros da União Africana. Na ocasião do Dia Mundial da.o.s Professora.e.s, também

lançou o primeiro documento de contextualização dos níveis alarmantes da aprendizagem em África; o intuito é apoiar a dinâmica gerada pelo PACE e colocar a aprendizagem no centro da agenda da Educação, a nível nacional e regional.

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Prevenir o extremismo violento, através da educaçãoO objetivo da UNESCO Dakar é promover a integração da meta 4.7 dos ODS, incluídas nas políticas de educação, currículos, ensino e aprendizagem, para que as crianças e os jovens possam adquirir conhecimentos e competências capazes de assegurar meios de subsistência saudáveis, pacíficos e sustentáveis.

Em 2018, as competências de 18 engenheiros de programas de ensino e de instrutores que treinam os professores de sete países do grupo-piloto, foram aprimoradas, no que respeita a integração da prevenção do extremismo violento pela educação (PEV-E) nos sistemas educacionais. Seguindo o pedido dos países beneficiários para disporem de uma ferramenta capaz de partilhar informações, foram criadas publicações e materiais didáticos, bem como, experiências e práticas ligadas ao PEV-E. A UNESCO Dakar e OIF estão

a desenvolver uma plataforma on-line «Aprender a conviver de forma sustentável».

Através do projeto «Os jovens agem pela Paz e a reconciliação nacional», foi elaborado, no Mali, um manual de formação sobre a educação para a Cultura da Paz, a cidadania, o espírito cívico, o género e o tráfico ilícito. Publicado em 600 exemplares, este manual foi traduzido em duas línguas nacionais (bambara e peul) e foi usado para formar 370 jovens. Por conseguinte, vinte (20) membros das Equipas Regionais de Apoio a Reconciliação (ERAR), das regiões de Mopti e Ségou foram formados nesses diferentes temas; para que, por sua vez, formem os líderes comunitários à gestão de conflitos, por meios pacíficos e ao combate contra várias formas de violência. Os mesmos, também foram equipados com material de informática, de escritório e de meios de locomoção.

Promover as habilidades para a vida e o mundo do trabalhoAs iniciativas e ações conduzidas em 2018 permitiram instaurar, nos países do Sahel, os pré-requisitos sobre os quais os sistemas de educação e de formação se apoiarão para que, os jovens e os adultos, adquiram os conhecimentos e as aptidões práticas, necessários a uma vida decente, a uma transição bem-sucedida para o mercado de trabalho e a uma contribuição efetiva para o desenvolvimento social e económico.

Assim, três ministros encarregados de Formação profissional e técnica de países do Sahel, comprometeram-se a implicar-se na ação política de promoção do desenvolvimento de um contexto regional de certificação, na zona da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental).

Ainda, no sentido das iniciativas conduzidas pelo Escritório Multissetorial Regional, o Observatório Nacional do Emprego e da Formação (ONEF), do Mali, dispõe agora das capacidades técnicas necessárias para acompanhar a coordenação do sistema de formação, em relação ao mercado de trabalho. O diagnóstico holístico do subsetor de ensino e de formação técnica e profissional (EFTP), realizado no Níger, viabiliza uma base fundamentada para a elaboração de uma política de desenvolvimento do EFTP, no que diz respeito ao mercado de trabalho.

Com o intuito de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino superior, a institucionalização e operacionalização de sistemas eficazes para a garantia de qualidade foram promovidas e apoiadas

Figura 3 Abordagem multissetorial para promover a paz duradoura no Sahel

O programa multissetorial da UNESCO “Promoção da paz e do desenvolvimento duradouro pelo fortalecimento das habilidades para a vida e o trabalho dos jovens no Sahel” visa apoiar a integração socioeconómica e cultural dos jovens no Sahel, de acordo com uma abordagem holística inclusiva e participativa, através de três eixos: (i) reforço das capacidades dos

instrutores e professores, (ii) reforço das competências, das posturas e dos valores dos jovens e (iii) promoção de políticas educativas inclusivas. O programa coloca em prática uma resposta multissetorial aos desafios da integração dos jovens na região do Sahel, apoiando-se na implicação dos setores da educação, da cultura, das ciências humanas e sociais e da

comunicação e informação da UNESCO e das partes envolvidas. . Os 10 países beneficiários desenvolveram a sua estrutura de resultados durante um workshop, realizado em Bamako (Mali). As atividades da fase inicial, financiada pelo UNOCT, estão a ser atualmente implementadas.

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em 2018. No Senegal, foram formados 68 especialistas auditores externos, que desde então, reforçam o grupo de especialistas nacionais da Autoridade Nacional de Garantia da Qualidade do Ensino Superior (ANAQ-SUP). Também foram treinados 42 gerentes de Unidades Internas de Garantia da Qualidade. No Mali, foi aprovada uma lei sobre a criação de ANAQ-SUP e os projetos de matriz de avaliação institucional foram elaborados. Os textos que estabelecem a criação e o estatuto de criação do ANAQ-EnSuRe do Níger foram validados. O Níger dispõe também de um diagnóstico abrangente de seu sistema de ensino superior e de pesquisa, realizado com o objetivo de sublinhar os obstáculos para o melhor alinhamento com as necessidades do mercado de trabalho. A Gâmbia e o Senegal ratificaram a Convenção de Adis Abeba, sobre o reconhecimento dos Estudos e dos Certificados, Diplomas, Graus e outros títulos do Ensino Superior nos Estados Africanos.

No Senegal, a UNESCO trabalha em prol da inclusão na sociedade, de jovens e mulheres analfabetas, através da alfabetização funcional de qualidade e provedora de qualificações, bem como da formação profissional, facilitada pelo uso de novas tecnologias. Ocorreram progressos, particularmente na certificação de professores das classes de alfabetização, geralmente chamados de mediadores. Os Centros Regionais de Formação de Pessoal da Educação (CRFPE), foram equipados de dispositivos de formação inicial para os mediadores de alfabetização. Também foi projetado e implementado um sistema de Validação das

Aquisições pela Experiência (VAE) para mediadores. Dos 104 candidatos admitidos inicialmente, 67, dos quais 46 mulheres, passaram o exame e adquiriram as competências básicas do mediador. Além disso, o Manual de formação para o professor polivalente foi reeditado em francês e em quatro idiomas nacionais, bem como, um conjunto de recursos digitalizados em pen-drives, que são destinados aos encarregados de alfabetização.

Com o objetivo de oferecer oportunidades de emprego a jovens analfabetos, foi criado no Senegal um modelo educativo que associa a alfabetização e a língua nacional (wolof) à formação profissional, através da utilização de tecnologias de informação e comunicação. Durante a fase experimental:• 16 instrutores foram formados em língua nacional;• foi desenvolvido um sistema de referência,

incorporando as competências em termos de domínio da língua nacional e de formação profissional;

• foram concebidos recursos digitais ilustrando lições em wolof;

• foi elaborado um glossário ilustrado, de 1200 palavras, relacionadas com carpintaria, para os instrutores e alunos.

O projeto de “Autonomização de adolescentes e jovens mulheres, através da educação no Mali” (Projeto “KOICA”) aprimorou as competências para a vida, a didática da leitura, escrita e matemática, em 5 línguas nacionais, de mais de 250 mediadores de educação não formal, dos “Centros de Aprendizagem Feminina” (CAFé), dos educadores das unidades CED e CAF.

Figura 4:

Rumo a um compromisso da África Ocidental e Central para a educação sobre a saúde sexual e reprodutiva

Os dados demográficos, sanitários e sociais sublinham a urgência de fornecer aos jovens os meios para evitar as gravidezes precoces e não desejadas, para prevenir o VIH ou para fazer face à violência baseada na discriminação de género. Os países reconhecem cada vez mais a importância da ECS (Educação Sexual Abrangente) e os serviços de SSR (Saúde Sexual e Reprodutiva) para dotar os adolescentes e jovens de competências para fazer escolhas responsáveis, em relação à sua saúde e ao seu bem-estar. Em resposta, a UNESCO e o UNFPA

apoiam o processo, conduzindo a um compromisso regional de alto nível, a fim de, garantir aos adolescentes e jovens uma ECS e serviços de SSR na África Ocidental e Central. A iniciativa conta com um grupo de trabalho regional e os representantes de 22 países validaram um roteiro de ações para alcançá-la; produziram um diagnóstico rápido dos seus programas de ECS e forneceram elementos para apoiar a iniciativa, ao nível do

Sua Excelência, a Ministra da Educação da Costa do Marfim, expressando-se sobre a necessidade de estender os programas de ECS a todo o país

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Dotar as crianças e jovens de competências, em ambientes de aprendizagem que promovam a saúde, a inclusão e a igualdade de género

A UNESCO Dakar visa melhorar a saúde sexual e reprodutiva (SSR) de crianças e de jovens, promover o seu bem-estar e promover a igualdade de género. Três prioridades contribuem para tal:

• uma educação sexual abrangente de qualidade (ECS);

• a resposta às violências de género, em meio escolar (VGMS);

• o sucesso das raparigas em ciências, tecnologia e matemática.

A UNESCO Dakar apoiou as evoluções do compromisso político da África Ocidental e Central (AOC), sobre o ECS e os serviços de SSR, criando um grupo de trabalho regional, construindo um roteiro de cooperação entre 22 países, bem como formando os setores interessados de cinco países da região sobre o ECS. Um aplicativo sobre o ECS para os adolescentes mais sensíveis está disponível para um teste detalhado. Em relação às VGMS, a UNESCO Dakar apoiou a produção de dois manuais de formação de professores, publicou o diagnóstico de três países e formou 87 instrutores e 90 professores.

Figura 5: Intensificação da resposta às violências no meio escolar (VGMS)

As VGMS são de muitas formas, psicológicas, físicas ou sexuais e produzem consequências devastadoras para a educação, saúde e bem-estar das crianças. Para enfrentá-las, a UNESCO apoiou os Camarões, o Senegal e o Togo a publicar e partilhar um diagnóstico detalhado da resposta desses três países às VGMS, a desenvolver um manual de

formação de professores e treinar instrutores e professores para ações de formação de maior escala. Essas ações darão às crianças a oportunidade de evoluir em ambientes escolares mais seguros e mais favoráveis para uma aprendizagem expansiva, que seja livre de restrições e gravidezes precoces e indesejáveis.

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TO projeto de “Autonomização das adolescentes e de jovens mulheres pela educação no Mali” (Projeto KOICA) desenvolveu, no sistema EMIS, indicadores relacionados à Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) e apoiou a sua integração nas bases de dados. Também permitiu:

• desenvolver um banco funcional de dados, sobre a educação e a saúde das meninas em meio escolar;

• elaborar um livrete de aprendizagem sobre educação à Saúde Sexual e Reprodutiva, destinado aos alunos do Ensino básico 2;

• melhorar as qualificações de 30 pares de educadores em saúde sexual e reprodutiva e 60 enfermeiro.a.s sobre serviços de acesso convivial (casamento forçado, gravidez precoce, HIV-Síndrome da imunodeficiência adquirida, GBV-Gliobastoma multiforme, FGM-Mutilação genital feminina, etc.);

• fornecer cerca de 1.500 kits SSR às clínicas escolares, enfermeiros e pares de educadores de Ségou, Mopti, Timbuctu e do distrito de Bamako.

Além disso 100.000 pessoas foram sensibilizadas sobre a importância da educação e da saúde sexual e reprodutiva das meninas, através da divulgação de mensagens-chave em línguas nacionais, através de rádio, comerciais, revistas e jornais, encenações, etc.; foram produzidos oito painéis gigantes de informações em francês e línguas nacionais, dispostos nos principais eixos das capitais regionais e uma caravana de sensibilização intitulada «a minha filha vai à escola», em comemoração do dia internacional das meninas, destinada a 100 000 participantes (comunidade, pais de alunos, alunos, estudantes, comunicação social, etc.) foi organizada no distrito de Bamako, em Ségou e Mopti.

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3.2.. expLorar as ciências naturais para apoiar o desenvoLvimento dos países do saheL No Sahel, as ações da UNESCO na área das ciências exatas e naturais contribuem com duas forças de desenvolvimento sustentável na região, sobretudo a preservação dos recursos hídricos e da biodiversidade. A Organização apoia também o desenvolvimento das capacidades essenciais para a ciência, tecnologia,

inovação, engenharia e matemática, que são necessárias para um desenvolvimento tecnológico eficaz nos campos da saúde, da agricultura, do transporte, etc. Estão presentes, em baixo, algumas áreas para as quais o Escritório de Dakar trouxe assistência e obteve resultados.

Inserir políticas de CTI (Ciência, Tecnologia e Inovação) nas discussões sobre as políticas públicas e catalisar a inovação dos jovens

Enquanto ações que visam preencher as lacunas das estatísticas para uma tomada de decisão baseada em provas estão a ser desenvolvidas, os especialistas reconhecem plenamente que recorrer a provas fundamentadas na pesquisa é ainda uma prática subutilizada na elaboração das políticas africanas. Tais provas científicas, mesmo sendo consideradas cruciais para esclarecer as decisões políticas, têm a sua crucial importância amplamente reconhecida tanto a nível nacional, quanto internacional.

Nessa perspetiva, a UNESCO-Dakar apoia a formação de um grupo de conselheiros científicos, qualificados no seio de instituições científicas, tendo como competências a identificação e a interrogação de provas e capazes de utilizar as suas capacidades no fornecimento de

conselhos estratégicos, fundamentados em dados factuais, de maneira mais sistemática.

Com este propósito, a UNESCO, em parceria com o Programa de Políticas Económicas (PEP) em Nairobi, preparou um curso de formação sobre a ciência, visando os funcionários de alto escalão dos ministérios das ciências de Burquina Faso, Cabo Verde e do Senegal, a fim den iniciar um desenvolvimento das capacidades sobre a apresentação de conclusões científicas aos seus governos. Essa atividade ocorreu em outubro de 2018, em Saly, no Senegal, e contou com a a presença de onze diretores gerais originários dos países mencionados. Esse projeto deve ser expandido para outros países da região, durante a próxima Acão bienal.

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Esta é uma demonstração prática e visível da importância da ciência e da tecnologia e sua implementação, através da inovação em criação de riquezas, que, frequentemente, se dá por meio de empresas do ramo da tecnologia criadas pelos jovens. O embalo da juventude africana que deseja ter seu destino em mãos, por meio do crescimento de empresas com um forte espírito de inovação, foi promovido pela UNESCO-Dakar na Gâmbia, em setembro de 2018, com a organização de uma formação sobre inovação, desenvolvimento empresarial e informática.

Esta formação prática proporcionou a jovens homens e mulheres (27 no total) o desenvolvimento de ideias, a partir de testes, consoante os seus ramos empresariais e também a apresentação de novos produtos a possíveis investidores. A importância dessa formação ilustra a necessidade de uma conscientização do potencial que os jovens adquirem com os seus talentos, muitas vezes não revelados, e que poderiam ser utilizados se fossem corretamente aproveitados para desenvolver empresas de alta performance.

Reconhecendo a importância de dados e de bases factuais para o gerenciamento dos sistemas científicos nacionais, a UNESCO, em Dakar, colabora ativamente com a Sede com dois programas visando a junção de informações necessárias para a tomada de decisão. Trata-se do Observatório mundial de instrumentos de política científica (GO-SPIN) e a iniciativa Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática e igualdade de gêneros (SAGA) que tem por objetivo produzir as informações necessárias a fim de permitir aos gestores de sistemas científicos nacionais terem uma ideia clara do que está disponível e dos que é necessário para implementar, de forma eficaz, a CTI e a STEM para o desenvolvimento do país.

Durante esse período, a Gâmbia participou numa atividade do projeto SAGA, cujo objetivo é de melhorar e garantir a igualdade de género nos campos das CTI e das CTEM. O país encontra-se entre os 9 países pilotos, que receberam uma formação e assistência para iniciar o processo de coleta e de utilização eficazes dos dados relativos aos géneros, nas CTI e CTEM.

Contribuição para a melhoria da performance dos jovens no Mali nos campos das CTEM

No Mali, o campo da ciência contribui para a melhoria da performance dos jovens nos campos das CTEM e da robótica, por meio de atividades de desenvolvimento de competências em programação e robótica, em formação às CTEM, em programas Blockly a favor dos estudantes, sobretudo raparigas, com restrições visuais “YELENKOURA”. Vários jovens também tiveram acesso à uma formação para formadores em CTEM, um

documento estratégico sobre a situação das raparigas e das mulheres nas CTEM foi elaborado com um plano de participação e de melhoria de competências.

No que se trata da sinergia multissetorial entre as ciências e a educação no escritório do Bamako, um atelier de formação sobre as técnicas no ramo da saúde, em matéria de reprodução e defesa de adolescentes e mulheres vulneráveis, foi organizado nas comunidades I, II e IV de Bamako, com a presença de 30 educadoras e com a participação da Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontostomatologia (FMPOS), de agentes de saúde e de apoio familiar.

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Concurso da organização “Miss Ciência 2018” no MaliCom o objetivo de ampliar a colaboração intersectorial para incitar raparigas e mulheres a se interessarem pela formação e carreira em CTEM, uma competição

nacional de motivação foi organizada para as mulheres, sob a direção do Ministério da Educação, da Inovação e da Pesquisa.

Gestão dos recursos hídricos e das catástrofes ligadas à água na região do Sahel

A preservação da água é um grande problema de direitos humanos, que afeta gravemente a região do Sahel. Os recursos hídricos estão, muito provavelmente, no centro de algumas crises que ocorrem na região, agravadas pelos períodos de seca intensa e pela perda de nível de água, sobretudo nas bacias hidrográficas.

A maior parte da água disponível para as comunidades da região do Sahel, é proveniente de fontes subterrâneas, e um dos pontos fracos das organizações das bacias hidrográficas (OBH) é justamente o pouco conhecimento que têm sobre os recursos hídricos subterrâneos. Ao longo dos dez últimos anos, os Estados e as OBH compreendem cada vez mais a necessidade de ter conhecimento sobre seus recursos hídricos subterrâneos. Atualmente, tentam implementar um sistema de gerenciamento desses recursos.

Recentemente, inúmeros esforços foram implementados tanto na escala das Organizações de Bacias quanto em níveis regionais (G5 Sahel) e internacional (ONU) para remediar a situação. Como é o caso da Organização pela Valorização do Rio Senegal (OVRS), que implementou uma rede de piezómetros para avaliar, de maneira superficial, a relação existente entre a água subterrânea e a água de superfície.

A UNESCO, em colaboração com a Universidade Cheikh Anta Diop (UCAD), organizou uma sessão sobre os desafios da gestão dos recursos hídricos transfronteiriços na região do Sahel para 15 especialistas de sete países da região (Burquina Faso, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné Conakry, Mali, Níger e Senegal). O foco da sessão foi sobre os recursos hídricos das águas subterrâneas partilhadas.

Durante a reunião, algumas recomendações foram construídas pelos participantes, por meio da análise SWOT, como:

- estabelecer normas e mecanismos para a vigilância dos recursos hídricos em matéria de qualidade e de quantidade;

- incluir a questão das águas subterrâneas nos mecanismos de consulta e acompanhamento de recursos hídricos;- implementar uma política de recrutamento e de formação de profissionais do Estado e dos institutos de formação;- partilhar as boas práticas entre as diferentes partes envolvidas (Estado, RBO, etc.); - aumentar a eficácia das políticas de recursos hídricos.

O rio Níger, com 4 200 km de extensão, é o terceiro rio mais longo da África. O rio atravessa as terras áridas do Mali e do Níger e constitui uma fonte de vida para grande parte das populações da região do Sahel. Cada ano, as águas do rio invadem o Mali, no delta do Níger, e permitem a prática da pesca e o fornecimento de água para fins agrícolas e domésticos, dos quais dependem aproximadamente 1,5 milhões (ABN, 2015) de pessoas e milhares de aves aquáticas migratórias. As barragens hidroelétricas, os sistemas de irrigação extensivos e as mudanças climáticas, apresentam uma incidência no débito da quantidade de água desse importante rio.

Por causa desse grande risco, a UNESCO e a Agência encarregada pela Bacia do Níger (ABFN) desenvolveram no Mali uma vasta campanha de conscientização em

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relação à preservação do rio Níger, de seus recursos e de sua importância para a qualidade dos alimentos. Cento e cinquenta (150) participantes das regiões de Sikasso, de Mopti, de Gao e de Tombouctou, representantes de autoridades locais, serviços descentralizados do Estado e utilizadores estavam presentes nessas atividades.

A Gâmbia, está situada na bacia hidrográfica do rio Gâmbia e comporta cinco bio regiões. Especialistas do Grupo Intergovernamental para a Evolução do Clima (GIEC) classificaram o país entre os 100 países mais vulneráveis às mudanças climáticas e expostos aos riscos naturais como a seca, tempestades e furacões, inundações e o aumento do nível do mar.

Em 2010, por exemplo, as inundações repentinas afetaram 35 000 pessoas e deixaram 35 mortos, e 2 673 famílias foram atingidas diretamente. Tal

problema representa um número bastante elevado em comparação ao tamanho da população da Gâmbia. As emissões de GES / Capita na Gâmbia são de 0,880354 toneladas de CO2/habitante/ano (PRP-100 do RA4), o que não simboliza um grande impacto em comparação às consequências das catástrofes relacionadas com as

mudanças climáticas sofridas pelo país.

A fim de encarar esses riscos, a UNESCO e a National Disaster Management Agency da Gâmbia organizaram uma atividade de sensibilização aos dirigentes das comunidades e aos estudantes das cidades de Jarra Soma e de Basse, nas regiões da Alta e da Baixa Gâmbia. As atividades incluíram a identificação dos riscos e a cartografia de riscos nessas comunidades para atenuar as catástrofes. Duzentas pessoas foram alcançadas por informações sobre a identificação dos perigos e outros materiais de sensibilização.

Promover a ciência cidadã por meio do programa Sandwatch em Cabo Verde

Sandwatch é um programa de ciência cidadã que ajuda professores e estudantes a desenvolverem atividades práticas pela proteção das praias e pela preservação do meio ambiente. O Cabo Verde iniciou suas ações Sandwatch em 2009, mas, até agora, nenhuma análise de resultados foi realizada. No entanto, uma reunião foi organizada nos dias 4 e 5 de dezembro de 2018 a fim de debater sobre o caminho já percorrido. Os resultados desse encontro permitiram os participantes a compreenderem os desafios enfrentados por Cabo Verde no desenvolvimento das atividades Sandwatch bem como o sucesso obtido com suas ações. Além deste

debate, a UNESCO colabora atualmente, em conjunto com a Comissão nacional do Cabo Verde, pela melhoria deste programa e pela sua ampliação no meio escolar.

Alguns usos do rio Níger no Mali

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3.3. mobiLizar as ciências humanas : promoção da pesquisa muLtidiscipLinar em ciências sociais para anaLisar as poLíticas púbLicas e as práticas sociais, bem como, aceLerar as transformações sociais

Em 2018, o Escritório de Dakar deu andamento às atividades de apoio, na área das Ciências Humanas e Sociais aos Estados membros, a fim de, elaborar e implementar políticas públicas baseadas em evidências científicas, favoráveis ao processo de ganho de autonomia e de liderança de jovens e mulheres, pela construção de uma sociedade pacífica, inclusiva e sustentável. Tais

ações foram igualmente inseridas, a fim de, intensificar as capacidades institucionais dos agentes e pelo alcance dos ODS. A igualdade de géneros, a inclusão social, o HRBA, entre outros, são os direitos da abordagem integrada que foi adotada. De seguida, observam-se alguns resultados obtidos ao longo do ano de 2018.

Mobilizar as ciências humanas: Promoção da pesquisa multidisciplinar em Ciências sociais para analisar as políticas públicas e as práticas sociais, bem como, acelerar as transformações sociais

Foto: Equipe Multidisciplinar de pesquisa “Jovens e espaços de liberdade”, Dakar, novembro 2018

A fim de garantir a importância das Ciências humanas e sociais na agendas 2030 e 2063 e de consolidar a liderança da UNESCO nos debates de ideias da contemporaneidade, o Escritório de Dakar desenvolveu dois MOST-Policy Oriented Research (MOS-POR) de envergaduras nacional e regional, intitulados, respetivamente, “Violências sociais e direitos das mulheres na África Ocidental: abordagem multidisciplinar e multi-referencial para a inclusão social de mulheres acusadas de bruxaria no Burquina Faso” e “Jovens e espaços de liberdade na África Ocidental. Expressões emergentes, compromisso cidadão e solidariedade de ações por uma democracia inclusiva e de transformações sociais favoráveis ao alcance dos ODS.” No âmbito do acompanhamento das recomendações

da Conferência Africana das Humanidades (CAH), que ocorreu em Bamako (Mali) e em Liège (Bélgica) em 2017, o Escritório de Dakar possui um papel central na preparação do Fórum das Humanidades Africanas (FHA), com data prevista para o mês de setembro de 2019, no Mali. Todos os meios disponíveis são utilizados, a fim de, garantir uma mobilização eficiente das Humanidades, no serviço de Renascimento Cultural da África, vigorosamente requisitada pelo objetivo n° 5 da agenda 2063. Além do mais, o Dia Mundial da Filosofia (2018) foi celebrado em Dakar, em parceria com a Sociedade Senegalesa de Filosofia (SOSEPHI) e com a Federação dos Clubes UNESCO (FMCU), em torno de uma importante mesa-redonda intitulada “Filosofia e Direitos Humanos: A Carta do Mandinga às raízes do problema”.

Enquanto única organização da ONU convidada como parceira à Assembleia Geral do Conselho pelo desenvolvimento de pesquisas em ciências sociais na África (CODESRIA) (12-2018), a UNESCO organizou uma apresentação que ocorreu de maneira excecionalmente bem, desde o primeiro dia até a sessão de encerramento. A atualidade do tema “Descolonizar a pesquisa, questionar as masculinidades epistémicas: pelas ciências humanas e sociais mais igualitárias, inclusivas e integradoras da pluralidade!” e a mobilização de novos intelectuais e de mulheres e homens da cultura africana e de outros continentes, ajudando na introdução de debates ricos e produtivos, conferiram à apresentação um estatuto privilegiado e uma grande afluência. A quase totalidade das 300 personalidades que vieram de 35 países, dentre

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os quais o Presidente Thabo Mbeki e o escritor Wole Soyinka, participaram do debate.

A exemplo do Fórum Mundial da Bioética, que reuniu em Dakar mais de 200 participantes de 70 países; para discutir sobre questões relacionadas com ética e

bioética e os processos de implementação de comités Nacionais de Ética e de Bioética, no Senegal e no Níger, a Assembleia Geral do CODESRIA ofereceu à UNESCO uma grande visibilidade. Ainda, as autoridades senegalesas felicitaram a Organização, por meio de uma carta oficial do Ministério da Saúde e da Acão Social.

Intensificar as capacidades dos agentes a promover a autonomia e o compromisso cívico dos jovens e das mulheres para a construção de sociedades pacíficas, democráticas e inclusivas

Várias atividades foram desenvolvidas a favor da habilitação dos agentes para promover a liderança de jovens e mulheres, de forma a consolidar a importância do seu papel na construção de sociedades pacíficas, democráticas e inclusivas. Os jovens e as mulheres são os principais participantes dessa ação. A realização com sucesso de três MOST/Schools no Senegal e na Guiné-Bissau, ajudou na formação de quase 150 mulheres e jovens líderes e na promoção do seu papel na pacificação do processo eleitoral, previsto nos seus respetivos países.

Além disso, o Escritório de Dakar organizou, em parceria com UNOWAS e outras agências da ONU, uma conferência sobre “as mulheres, a violência e o terrorismo na África Ocidental e a região do Sahel”. Ainda, em parceria com a HCDH e com a Organização Internacional da Francofonia (OIF), e outras instituições, foi realizada uma MOST/School regional sobre “Género, juventude, migração e direitos do homem na África Ocidental”. O Escritório de Dakar estava, também, envolvido na formação do Grupo

Temático Regional Género na região da África Ocidental e Central dos membros do ToT e organizou uma sessão de formação com a vencedora nacional de “Minha tese em 180 segundos”, a fim de, aperfeiçoar as suas competências

comunicativas e de retórica.

O Escritório de Dakar, além disso, associou-se à Universidade popular do compromisso cidadão (UPEC), que reuniu vários movimentos sociais, vindos de todo o continente africano (Costa do Marfim, Togo, África do Sul, Sudão do Sul, Benin, Burundi, Chad, Quênia, Senegal,

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Madagascar, RDC, Congo Brazza, etc.) em torno de “Y’en A Marre” em Dakar. A UPEC foi uma oportunidade para os jovens líderes africanos para discutir sobre o tema “Cidadania e direito de decisão” e de preconizar ações necessárias aos problemas cruciais, como a cidadania e o papel da sociedade civil no processo de democratização dos Estados africanos. Ainda, tratando-se de Ciências Humanas e Sociais, ajudou com a consolidação da sua rede, trazendo um apoio simbólico pela publicação das ações da UPEC.

Além dessa formação, o processo de concretização da Estratégia Operacional da UNESCO pela Juventude é, sobretudo, articulado com a organização do Fórum regional “Pelo compromisso dos jovens líderes africanos

(...) para a democratização e pela consolidação da paz na África”, previsto para 2019 em Banjul. Apesar do atraso constatado para a implementação dos fundos adquiridos no âmbito do Regional Youth Iniative, adiado para o ano de 2019, o Fórum está no caminho certo quanto à sua organização. O Fórum será alimentado pelos resultados da MOST-POR “Jovens e espaços de liberdade na África Ocidental”. Além do CODESRIA, HCDH, Trust Africa, Artigo 19..., a Fundação Rosa Luxemburgo juntou-se ao grupo de parceiros.

Aproximando culturas por meio do diálogo intercultural e inter-religioso para desenvolver o apelo e a sensibilização dos agentes contra a exclusão social e lutar contra a pobreza

Focando principalmente nas mulheres excluídas, por acusação de “bruxaria”, no Burquina Faso, o Escritório de Dakar desenvolveu uma dupla ação de apelo e de construção de autonomia das vítimas dos Centros de DELWENDE 1 e 2. Essa intervenção pluridimensional proporcionou o fomento de campanhas de sensibilização orientadas e iniciativas de apelo como apoio aos Estados membros, no desenvolvimento de políticas sociais equitativas e inclusivas. A quarta sessão de “Grande-Apelo” para a reabilitação das vítimas já está significativamente avançada, sob a égide da Comissão nacional do Burquina Faso para a UNESCO. As digressões do Comité de vigilância e as visitas às autoridades representantes dos costumes e culturas locais, permitiram de levar tal apelo a favor da inclusão das mulheres no Planalto dos

Mossis. Os resultados provisórios do estudo feito sobre “Violências sociais e direitos das mulheres na África Ocidental” já estão disponíveis e poderão fomentar uma campanha orientada a favor da sensibilização.

No Senegal, em Guiné Bissau, no Níger e, a nível regional e continental, as atividades de apelo foram desenvolvidas, com a participação de diversos atores (UNESCO, Agências SNU, Academia Cultural de Guédiawaye, FAS, Plataforma das mulheres pela paz nas eleições no Senegal, Comitê científico do FHA, etc.) e com os meios instalados ou consolidados, para implementar os planos de ações elaborados ao longo dos mais variados ateliês estratégicos, a fim de, conquistar uma sensibilização apoiada pela cultura da paz e pela democratização. Através da EducommunicAfrik, uma campanha digital, foi lançada em outubro de 2018, para sensibilizar os jovens sobre a violência decorrente do sexismo nas redes sociais no Burquina Faso e no Níger. Instrumentos digitais foram implementados para facilitar a sua participação na luta contra esses estereótipos e para a inclusão social das mulheres e raparigas. Além disso, discussões produtivas foram realizadas em diferentes países, com a participação de coletivos de jovens líderes e ativistas, a fim de, consolidar a sua participação nas redes pan-africanas (em torno do PAYNCoP) e de integrá-los na preparação do FHA e do Fórum de Banjul.

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Mais do que uma “alma maior’, o Escritório de Bamako atua no centro das realizações em CHS da África Ocidental-Sahel!

A fim de contribuir para a implementação do Programa Nacional pela Cultura da Paz (PNCP), o Escritório de Bamako ofereceu apoio ao Governo do Mali, por meio de sessões de sensibilização e de formação para as populações afetadas pela crise no Sahel. Essas sessões tiveram como base, principalmente, os valores positivos do desporto e da educação para a paz. Algumas dessas sessões ocorreram durante um torneio de futebol inter-regional (Gao, Kidal, Mopti, Tombouctou), com aproximadamente 60 pessoas.

Nesta ótica, o projeto intitulado “Os jovens atores da paz e da reconciliação nacional no Mali”, financiado pelo Peace Building Funds (PBF) e implementado conjuntamente à UNICEF e à OIM, sob a tutela dos ministérios da Reconciliação Nacional e da Coesão Social (MRNCS), da Economia Digital e da Comunicação (MENC), da Juventude e da Construção Cidadã, foi lançado no mês de abril, em Bamako, com a presença de autoridades nacionais, bem como, dos Governadores e adjuntos das regiões de Ségou e de Mopti, também favorecidos pelas intervenções. No âmbito deste projeto, atividades de formação de competências foram desenvolvidas a favor de jovens, de Equipes Regionais de

Apoio à Reconciliação e de coletividades locais de Ségou e de Mopti.

Um espaço de prevenção do tráfico transfronteiriço de migrantes e da migração clandestina foi realocado, com equipamentos de comunicação e de informações (banners, bandeirolas, flyers, panfletos, cartazes, etc.).

Foram ainda desenvolvidas campanhas de sensibilização, a fim de, garantir paz nas eleições nas regiões de Ségou e Mopti, durante as eleições presidenciais. Uma pesquisa aprofundada sobre os OSC femininos foi realizada nessas duas regiões. O Escritório de Bamako também contribuiu positivamente no financiamento do estudo regional sobre a juventude, uma iniciativa do Escritório de Dakar. O sector das CHS também realizou uma avaliação final externa e independente sobre o projeto de apoio às crianças e às jovens mães vítimas da violência, gerada pela ocupação do

Norte do Mali nas duas regiões do Norte (principalmente em Gao e em Tombouctou) e o distrito de Bamako, bem como, a realização de um documento de capitalização, sobre os resultados do projeto.

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3.4.vaLorizar e preservar o património cuLturaL e desenvoLver poLíticas e medidas para apoiar a indústria criativa

Ao longo de 2018, as intervenções, realizadas pelo Escritório de Dakar na área da cultura, tiveram em conta o dispositivo de normas dos ODS (4, 8, 11, 16, 17) e das cinco Convenções maiores da UNESCO, desde o apoio às indústrias criativas, até a proteção e a preservação do património, nas suas variadas formas e contextos: natural, cultura, imaterial, conflitos armados, tráfico

ilegal, desenvolvimento urbano, etc. O ano de 2018 contou com uma grande quantidade de atividades inovadoras baseadas em parcerias estratégicas e diversificadas. De certo, tais atividades foram desenvolvidas a partir de uma nova Acão para a proteção cultural subaquática dos países africanos, da costa atlântica.

Um património excecional Os dezassetes (17) sites do património mundial da África Ocidental testemunham um grande potencial da região, tanto cultural quanto natural. No entanto, importantes desafios relacionados a reais necessidades de preservação e de gestão, devem ser levados em conta. Como consequência, a resposta estratégica do Escritório de Dakar articula-se em torno de uma melhoria nos equipamentos de gestão e de capacitação dos especialistas locais, bem como, do ensino superior.No Mali, quatro (4) novos planos de gestão foram realizados e enviados diretamente ao Primeiro Ministro, no mês de novembro de 2018. Estes planos abordavam os locais históricos das cidades antigas de Djenné, de Tombouctou, das Falésias de Bandiagara e da Tumba de Askia. As obras de reabilitação de Tombouctou foram finalizadas : mesquitas de Sidi Yahia e Sankoré e o muro do cemitério

dos Três Santos (Trois Saints). Os museus de Tombouctou e de Gao passaram por um processo de revitalização e novas exposições foram instaladas. Em Cabo Verde, a Cidade Velha possui um Manual de normas urbanas que contribuirá para a preservação do local. Essa mesma dinâmica ocorreu no Níger, com a preparação de um novo plano de gestão do centro histórico de Agadez.

Quanto ao Senegal, os agentes do Parque nacional do Niokolo Koba foram beneficiados com uma formação aprofundada em acompanhamento ecológico, realizada pela UICN em Ouagadougou. O parque implementou, principalmente, uma das recomendações prioritárias do Comité do património mundial, como a atualização de seu plano de gestão, finalizado em dezembro. Além disso, destaca-se a implementação de um projeto de

Audrey Azoulay, Directora Geral da UNESCO com Abdoul Aziz Guissé, Director do Património Cultural no Senegal - Exposição fotográfica «Património Mundial no Senegal» Museu Africano de Arte – Dakar,1 de fevereiro de 2018. ©Sidy Ba.

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desenvolvimento de turismo sustentável nos Países Bassari, a instalação da primeira sinalização da ilha de Gorée. Planeja-se a mesma instalação também no parque nacional dos pássaros do Djoudj, do Delta de Saloum e das Ruínas de Loropeni no Burquina Faso.

A implementação de medidas a favor do património nos programas educativos é uma questão que engloba todo o continente africano. Esta questão foi abordada durante a reunião regional “Património mundial e instituições de ensino superior na África”, organizada pelo Escritório, em novembro de 2018, em Saint-Louis (Senegal).

Em parceria com os Fundos para o património mundial africano (AWHF), a universidade Gaspar Berger (UGB), o Ministério da Cultura e outras organização, mais de 70 profissionais, especialistas e pesquisadores reuniram-se a fim de propor soluções para melhorar as ofertas de formação aos ofícios do património e contribuir

para diminuir a diferença geracional que existe entre os profissionais do património na África francófona.

Com o mesmo objetivo de formar uma nova geração de especialistas, o Escritório apoia a criação de um Mestrado em Gestão e Preservação do património na UCAD, bem como, a realização de um vasto programa de intercâmbio interuniversitário. No âmbito de um projeto multissetorial com o sector da Educação, um estudo sobre a demanda do mercado de trabalho, que tratou das competências necessárias nos ofícios do património, foi realizado, a fim de, informar o perfil da formação desse novo programa de Mestrado. Com 16 viagens de aperfeiçoamento para técnicos, professores e estudantes, estão a ser realizados intercâmbios interuniversitários entre as universidades de Saint-Louis, de Dakar, de Bolonha e de Ferrara.

.

Proteger o património em épocas de criseNo Mali, funcionários civis e militares da MINUSMA, bem como, as forças de defesa e de segurança nacionais (militares, policiais, alfândega, defesa civil, agentes ambientais) continuam a ser formados, sobre a importância da proteção e do respeito ao património cultural, em caso de conflitos armados. O trabalho de formação dos formadores e a inserção de módulos de formação em escolas de defesa e de segurança, foi desenvolvido durante o ano. Além disso, a nível internacional, uma aula de ajuda de urgência ao património cultural, em época de crise (FAC, AFRICA, 2018) ocorreu entre os dias 12 e 28 de novembro de 2018, em Bamakon em parceira com a ICCROM e a Escola da Paz.Aproximadamente 21 profissionais do património cultural, gestores de sites e especialistas de 18 países da África, da Europa e da América do Sul participaram nessa formação internacional de alto nível que, pela primeira

vez, ocorreu na África. Um apoio também foi dado ao Burquina Faso, que ratificou, neste ano, o segundo protocolo da Convenção de 1954, na elaboração de um plano de Acão para a identificação de bens culturais que requerem proteção, em caso de conflito armado (2020-2022).

Foto: Reboco de uma mesquita de Timbuktu

Preservar artefactos culturais e lutar contra o tráfico ilegal Atualmente, a questão da restituição de bens culturais africanos ganha cada vez mais importância e é por isso que o Escritório traz um elemento de resposta de forma sustentável e construtiva, para apoiar os museus africanos e prevenir o tráfico ilegal de artefactos culturais.

O Escritório de Dakar acompanhou o Museu de arte africana, Théodore Monod, durante o desenvolvimento de competências relacionadas com conservação de materiais têxteis, bem como, o Museu nacional de Burquina Faso, na proteção de suas coleções. Ainda, a UNESCO celebrou, no dia 6 de dezembro de 2018, ao lado do Senegal, a inauguração do Museu das Civilizações

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Negras, simbolizando uma grande comemoração para a África e sua diáspora.

Quanto à prevenção do tráfico ilegal de bens culturais, o Escritório de Dakar desenvolveu, desde 2016, uma rede regional, com o intuito de lutar de forma eficaz contra esse fenómeno e de impedir o contrabando fraudulento de bens do património para fora dos territórios nacionais. Um dos pontos chave dessa rede de proteção, são as forças de segurança e as alfândegas. Uma primeira Acão de sensibilização foi organizada em maio de 2018, em Ouagadougou, com o intuito de analisar as necessidades das alfândegas na luta contra o tráfico ilícito. Esta Acão contou com a participação de mais de 45 agente alfandegários da África Ocidental e Central. Sete meses depois, no mês de dezembro, 30 agentes alfandegários e da INTERPOL de 17 países da região, foram formados por meio de técnicas operacionais, para impedir as transações ilegais de bens culturais em aeroportos, portos e fronteiras terrestres. Essa atividade é resultado de uma parceria inovadora entre a Organização Mundial das Alfândegas (OMA) e a alfândega senegalesa. Esta atividade ajudou a testar, pela primeira vez no mundo, o programa de prevenção do tráfico ilegal do património cultural (PITCH).

Com isto, parcerias tradicionais foram dinamizados, principalmente com o CICR, a INTERPOL e a Escola do património africano, enquanto novas parcerias se criam numa rede de especialistas qualificados de alto nível: Alfândega francesa, US, ICE, Helicon Conservation Support. No total, ocorreram, este ano, sete reuniões de trabalho e de identificação de ações orientadas. Ações de acompanhamento estão previstas para o ano de 2019.

Primeiros passos para a proteção do património imerso O Escritório inaugurou uma cooperação entre os países africanos da costa atlântica, com o objetivo de intensificar

a legislação para a proteção do património cultural submarino, desenvolver uma especialização por meio de

Foto : Resto do Tacoma, ilha de Gorée © UNESCO /Moussa Welé

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conexões académicas (UCAD, DRASSM, UNITWIN, etc.) e ainda, de desenvolver a economia turística gerada por esse património.

Preservação do património cultural imaterial: conectando as escolas às comunidades com programas escolares mais inclusivos

Ter em conta as culturas africanas nos programas escolares e desenvolver conteúdos e uma pedagogia de raiz são questões que, durante muitos anos, foram consideradas necessárias para reavaliar a educação da África e para preservar o património.

Deste modo, o Escritório de Dakar, conjuntamente com os Estados do Sahel, realizou ações para a implementação

de um projeto inovador, visando integrar elementos do património cultural imaterial nos programas escolares, em quatro países do Sahel (Burquina Faso, Mali, Níger e Senegal). Além disso, no que se trata da preservação do património imaterial, três assistências internacionais foram inauguradas, para a melhoria das competências nacionais, em relação à elaboração de inventários no Senegal, em Burquina Faso e no Níger.

Desenvolver políticas e medidas para apoiar o sector Para apoiar os sectores culturais e criativos, o Escritório incentiva a implementação de medidas e de políticas públicas adaptadas e, ao mesmo tempo, acompanha, de maneira direta, os projetos realizados por agentes culturais.

poLíticas púbLicas A Gâmbia adotou, este ano, uma nova estratégia de políticas culturais e prepara a elaboração do seu primeiro relatório periódico quadrienal da Convenção de 2005, que faz um inventário das medidas e políticas implementadas a favor do sector cultural e criativo.

Nesta mesma iniciativa, o Escritório acompanhou o Senegal durante a elaboração de uma importante lei sobre o estatuto do artista. A Guiné-Bissau beneficiou-se com uma intensificação de competências no âmbito do projeto “promoção da economia criativa”.

Em março, o Relatório mundial 2018, “Reavaliar as políticas culturais”, foi lançado pela primeira vez em África, em Dakar, e teve uma grande visibilidade nas redes sociais, alcançando mais de 10000 internautas. Dakar mostrou-se como projeto piloto para uma série de ações do mesmo tipo, que está prevista para ser inaugurada, com uma forte mobilização de jovens criativos e comprometidos, em 2019 no Burquina Faso, na Gâmbia e no Mali.

promoção dos direitos das muLheres Promoting women’s rights and artistic freedom is one of the priorities for the Dakar Office. In support of their creation, the Office is assisting the «Digitelles» project, which was selected this year as part of the UNESCO-Sabrina Ho initiative and is supported by the AFRICULTURBAN association. Digitelles supports 20 female entrepreneurs in the music industry under the age of 40 . This project is in line with other advocacy actions from the first semester that aim to improve the working conditions of women creators and entrepreneurs, in partnership with musicians’ unions (AMS, FIM) and the organization Music in Africa.

Juventude e prevenção do extremismo vioLento “Conhecendo mais as formas de expressão emergentes entre os jovens da África Ocidental” foi uma das ações

« U40 Empowered : Criatividade digital e jovens empreendedoras, convite para apresentação de propostas para o IFCD/Sabrina Ho. © Board Paintings by Eddy Kamuanga Ilunga

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Foto: © Equations Nomades 2018

conjuntas da área das Ciências humanas e sociais e da Cultura. Em novembro, o Escritório publicou um estudo, que contou com a participação de sociólogos e jovens líderes do Senegal, do Mali e da Guiné-Bissau, etc. Tal estudo servirá como instrumento de apelo para garantir o lugar dos jovens nos espaços de decisões públicas. Além disso, algumas atividades focalizaram a juventude burquinense e maliense, por meio da criatividade e da arte. Dois vídeos de Jornal televisivo foram feitos, a fim de, transmitir mensagens de paz e de coabitação, no âmbito do programa multissetorial da UNESCO “Promoção da paz e do desenvolvimento sustentável, pela melhoria das competências para a vida e trabalho dos jovens do Sahel”, para evitar o extremismo violento. Já o projeto Equações Nómadas, a esperança pela arte, dirigido pelo Escritório de Bamako, concentrou-se na realização de formações artísticas sobre a temática da transmissão da paz e na organização de encontros de artistas, vindos de diferentes culturas.

aLguns dados

Em 2018, 185 profissionais, durante 29 dias, tiveram acesso a formações especializadas, a partir de diferentes atividades de capacitação. Essas formações tiveram

como foco a luta contra o tráfico ilegal de bens culturais, a proteção do património mundial, a preservação do património cultural imaterial e da economia criativa, a fim de, alcançar os países cobertos pelo Escritório.

Mais de 4500 jovens e estudantes participaram nas atividades de promoção e de sensibilização do património. Estas atividades foram organizadas com o apoio da parceira pública, da sociedade civil, dos clubes e das escolas associadas à UNESCO. Essas ações foram realizadas com o objetivo de incitar os jovens a reconetarem-se à sua herança cultural e a apropriarem-se desta herança, seja na Jornada do Património Mundial Africano, nas Jornadas Nacionais ou noutros eventos. O poder de disseminação dos aplicativos de celular

VISTA da África, as ações de promoção nas redes sociais a partir da realização e difusão de vídeos, a itinerância da exposição fotográfica “Senegal, 7 lugares extraordinários”, além das realizações do projeto “Reabilitação do património cultural do Norte do Mali”, contribuíram para a apropriação e a conexão das jovens gerações à sua herança cultural.

A implementação dessas atividades foi possível graças ao incentivo de 465 mil dólares, uma contribuição voluntária do governo sueco, dos Países Baixos, do Japão e da Itália, bem como, dos fundos da Convenção de 2003 e de 1972, além de um apoio de 230 mil dólares.

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3.5. utiLizar a comunicação e a informação para construir sociedades pacíficas voLtadas para o desenvoLvimento Na região do Sahel, tratando-se dos principais desafios que os países enfrentam, as atividades do Programa de Comunicação são criadas e implementadas, a fim den contribuir, direc$ta ou indiretamente, para intensificar a segurança, a administração, o desenvolvimento do capital humano, a autonomia dos jovens e das mulheres, além do acesso à informação, ao conhecimento e a preservação do meio ambiente.

No ano de 2018, o Escritório focou as suas intervenções na área da Comunicação e da Informação para a prevenção do extremismo violento, a segurança dos jornalistas e

a autonomia das mulheres nos canais mediáticos. Foi um processo desenvolvido, não apenas por causa da necessidade de realizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e de assegurar a implementação do Plano de Acão das Nações Unidade pela Segurança dos Jornalistas, mas também, para atender às prioridades regionais e nacionais, tais como foram definidas nos documentos de estratégia, a nível regional e nacional.

Melhorar as condições e a segurança dos jornalistas e prevenir o terrorismo no Sahel

O aumento dos ataques terroristas é um desafio sério para se alcançar a estabilidade e o desenvolvimento dos países do Sahel. Em 2018, os ataques terroristas ocorreram com mais frequência em vários países, como no Burquina Faso, no Mali e no Níger. No contexto atual, as populações necessitam, mais do que nunca,

de informações corretas que possam ajudar contra a propaganda terrorista. A prática do jornalismo, sobretudo do jornalismo de investigação, requer uma estrutura sólida, tanto em segurança, quanto no tratamento da informação, que aborda a problemática do terrorismo.

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Foi por isso que, conforme o Plano de Acão das Nações Unidas pela Segurança dos Jornalistas e o plano de prevenção ao extremismo violento, em parceria com o Ministério da Comunicação, por meio da relação com o parlamento de Burquina Faso, o escritório organizou um atelier sub-regional, para a melhoria das condições dos jornalistas no Burquina Faso, no Mali e no Níger.

O atelier, que teve a participação de, aproximadamente, trinta profissionais da comunicação social (dos quais 25% são mulheres), focalizou-se na aquisição de competências sobre a preservação da segurança, ligada à cobertura mediática do extremismo violento, sobre o uso

das redes sociais, para prevenir o discursos extremista, bem como, sobre medidas de segurança antes, durante e depois, do tratamento da informação, que faz alusão a atos terroristas.

Assim, no que se trata da qualidade dos resultados, obtidos ao longo dessas sessões práticas, espera-se que os profissionais se tornem capazes, não somente de partilhar esse aprendizagem com os seus colegas, mas também, que produzam conteúdos, afim de, prevenir a propaganda extremistas e de melhorar a segurança

.

Intensificar a autonomia das mulheres e prevenir a violência por meio da comunicação social

Os países da região do Sahel, apesar de fazerem parte da luta contra todas as formas de discriminação e de violência de género, devem encarar empasses, princípios e práticas socioculturais profundamente baseadas em hábitos que restringem os direitos das mulheres e a sua autonomia. Aliás, segundo o Índice de Desigualdade de Géneros (GII, 2017), os países do Sahel encontram-se na 124a e157a posições, ou seja, estão entre os países com nível de desigualdade bastante elevado.

A UNESCO, adotando opções estratégicas definidas pelos países, quanto à suas estratégias nacionais pela igualdade de género, acompanha, desde o início, o processo de sensibilização das populações. Foi assim que, ao longo

do ano de 2018, a UNESCO colaborou com a União das Rádios Associações e Comunitárias (URAC) do Senegal para a melhoria das condições das rádios comunitárias, quanto à problemática de género e à prevenção das violências de género. Essa iniciativa foi tema de uma série de ateliers em várias regiões do país, como em Kaolack, Saint Louis e Thiès. Em cada região, a atividade englobou, aproximadamente, 20 estações de radio associativas e comunitárias, com uma média de 40 participantes cada vez.

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4.os desafios PaRa a imPlementação do PRogRama

Dado que as implementações das atividades do Escritório de Dakar ocorreram, de forma geral, com sucesso, como indicam os resultados acima, a partir dos campos de Acão da UNESCO, pelo acompanhamento dos Estados membros, que estão sob sua jurisdição, há ainda alguns desafios que merecem uma atenção especial, para que, no futuro, sejam solucionados de maneira mais eficaz.

Entre os desafios observados na área da educação, destaca-se a separação de certas estruturas nacionais e de ministérios encarregados da educação. Isso requer diversos tipos de competências ou uma abordagem inclusiva e multipartidária, relativa à agenda holística e transformacional de ODS4 - Educação 2030.

De fato, deve ser dada continuidade aos esforços para promover a colaboração intrassectorial e intersectorial e intensificar a coordenação dos agentes, nos países da África Ocidental para com o ODS4 e a CESA 16-25. Além disso, os variados parceiros que intervêm em certas áreas, como a PEV-E sem uma coordenação adequada, não contribui para a obtenção de resultados sustentáveis face à amplitude dos desafios. Em relação à PEV-E, com a implementação de uma nova equipa de trabalho do GRC-4-AOC, feita em 2019, sobre esse tema, intensificar-se-á a coerência dessas ações.

Por outro lado, não se deve negar a dificuldade para garantir a mobilização dos parceiros no trabalho de sinergia, nessas temáticas. Ainda, a identificação de objetivos comuns e concretos, seja a curto ou a médio prazo, pode suscitar interesses comuns, o que seria, talvez, uma estratégia eficaz. Os objetivos e os alvos a serem atingidos são, muitas vezes, ambiciosos, dado que, os meios e os prazos representam uma grande limitação. Seria, para isso, necessário um planeamento minucioso das intervenções realizadas e dos recursos humanos solicitados.

Para concluir, verificamos atrasos no fornecimento dos recursos. Isto, teve um impacto negativo na organização das diferentes atividades e na organização do trabalho. Uma das medidas a ser implementada, a fim de evitar outras dificuldades na realização das atividades do programa de 2019, é um melhor planeamento com os

financiadores e com os parceiros, assim como, com a entidades envolvidas da UNESCO. O financiamento representou uma limitação significativa da amplitude e da quantidade de atividades que o sector das ciências pode organizar, ao longo do ano de 2018.

Na área das Ciências Humanas e sociais, o grande desafio continuou a ser os fundos modestos concedidos, além das dificuldades encontradas na mobilização de recursos. Tais recursos estão particularmente relacionados com o fato de que, as estratégias mobilizadas pelas CHS, principalmente a pesquisa e ações de apelo, não são mais as preferidas pelos financiadores, visto que estes se interessam por resultados imediatos.

A implementação do programa no sector da Cultura foi incentivada pela organização de eventos não programados. Tais eventos, que são de grande envergadura, reuniram vários atores do cenário internacional. O Escritório de Dakar teve de enfrentar, nesse contexto, entraves organizacionais, logísticos e teve de se mobilizar para o levantamento de recursos, como por exemplo, durante o Global Partnership for Education, em fevereiro, no lançamento África, do Relatório mundial: “Reconsiderar as políticas culturais” (março), e ainda durante o atelier regional “Património mundial e instituições de ensino superior em África” (novembro).

Além disso, um dos desafios mais significativos continua a ser a fraqueza institucional dos parceiros nacionais, que provoca, com frequência, atrasos de mais de seis meses ou compromete a implementação dos projetos e das atividades. Como resultado das dificuldades desse tipo, cita-se a falta de transparência e de liderança. Enfim, acontecimentos conjunturais, muitas vezes relacionados ao contexto político da região, tivera impacto no desenvolvimento das atividades. Como exemplo, pode-se destacar as greves universitárias, os remaneamentos ministeriais e, ainda, as repetidas mudanças de cargos, sem o procedimento de dossiers.

O principal desafio em relação à implementação do programa Comunicação, ao longo do ano de 2018, foi, sobretudo, a ausência de um especialista de programa no nosso Escritório.

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5. conclusões e PeRsPetivas PaRa 2019As principais lições aprendidas e as abordagens a serem adotadas, na implementação das atividades do Escritório de Dakar, serão apresentadas de seguida.

A fim de superar a segmentação das instituições nacionais e das organizações parceiras, a UNESCO Dakar desenvolverá atividades concretas, com o objetivo de partilhar e integrar os projetos, cuja implementação concerne as missões e os mandatos envolvidos. Isso deve ser realizado numa dinâmica de co-construção. As atividades regionais de capacitação são, em geral, de grande interesse para os países participantes. No entanto, a duração dessas atividades não é suficiente para abordar, de maneira aprofundada, as temáticas e os impactos resultantes, muitas vezes mitigados. A UNESCO Dakar intensificará o acompanhamento técnico, ao nível nacional ou à distância dos beneficiários, a fim de, proporcionar um apoio considerável e de maior duração. Ainda, partilhar conhecimentos online, sobretudo através de plataformas, contribuirá para aprofundar os seus conhecimentos e para melhorar a sua capacitação.

Quanto às Ciências naturais e exatas, pode-se concluir que, o único meio de englobar a maioria dos Estados membros seria a implementação de atividades regionais, apesar de haver um número limitado de beneficiários, nessas atividades de formação. Deste modo, aconselha-se administrar as expectativas dos Estados membros, a partir de uma solicitação de apoio parcial de participação nessas atividades. Por exemplo, isso pode ser realizado com um pedido aos Estados membros para financiarem o transporte e a estadia dos participantes e a UNESCO, por sua vez, se concentraria noutros elementos de logística.

O trabalho do Escritório de Dakar, em Ciências humanas e sociais, foi beneficiado com a qualidade dos recursos humanos e da sinergia da UNESCO com os seus outros polos e parceiros locais, solidários com o orçamento dedicado a diferentes ações, para atenuar os défices encontrados (por exemplo, as mudanças orçamentais limitadas, em relação às necessidades). Os esforços feitos para mobilizar recursos extra-orçamentais não são, agora, conclusivos, mas terão continuidade, de forma intensificada, em 2019.

A parceria dos Escritórios da UNESCO em África, os Institutos da UNESCO e a Sede da Organização, traz mais visibilidade na região, o que será mantido em 2019. A colaboração com os parceiros será intensificada ainda mais em 2019, por meio de uma integração dos esforços, a fim de, desenvolver intervenções holísticas, que trazem resultados duradouros.

Todo o trabalho iniciado em 2018 será prosseguido, inclusive a partir de uma duplicação de experiências de sucesso, garantindo um acompanhamento ao nível nacional para consolidar o que já foi realizado e assegurar a concretização dos resultados dos ateliers de capacitação. Um ênfase especial será dada à produção e à disseminação de conhecimentos sobre as problemáticas atuais e a promoção de soluções inovadoras e eficazes, para encarar esses problemas.

Baseado no exercício de planeamento, realizado em nível nacional (UCS), a estratégia do programa Cultura, a nível regional, foi atualizado para contextualizar ações planeadas, para o ano de 2019 e para enfatizar a mobilização de fundos e de novos parceiros, para a implementação de projetos a partir de 2020.

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annex 1: volume de atividades em 2018 de acoRdo com a fonte de financiamento.

A soma das despesas (Programa Regular e financiamentos extra-orçamentais), executadas, ao longo de 2018, pelos sectores do programa do escritório regional multissetorial de África Ocidental (Sahel), é de 5 milhões de dólares americanos. Trata-se, sobretudo, dos programas implementados em conformidade com projetos extra-orçamentais (84%), principalmente do CapED, em países cobertos pelo Escritório (Níger, Mali e Senegal), do projeto pela autonomia de adolescentes e raparigas do Mali e do projeto de apoio da União Europeia (EU) para a reabilitação do património danificado, nas regiões do Norte do Mali.

Como nos anos anteriores, estes projetos contribuíram imensamente para o resultado obtido, em 2018, para os financiamentos extra-orçamentais. Esses números revelam a importância de uma mobilização de financiamento extra-orçamental, como apoio à Acão da Organização, nos países cobertos pelo Escritório.

A tabela, em baixo, indica a repartição das despesas, entre os diferentes sectores de programa, as principais fontes de financiamento tidas em 2018, bem como, o peso relativo de cada sector em relação ao volume total das despesas da totalidade do escritório.

Sector Despesas resultantes do programa ordinário (K$)

Despesas resultantes de projetos extra-orçamentais (K$)

Despesas totais (K$)

Programa ordinário (%)

Projetos extra-orçamentais (%)

Peso dos diferentes setores (%)

ED 281 3 439 3 720 34% 81% 73%

CLT 197 4934 691 24% 12% 14%

SHS 122 295 4167 15% 7% 8%

SC 153 1523 19% 0% 3%

CI 72 12 84 9% 0% 2%

Total 825 4 240 5 065 100% 100% 100%

Em termos de volume de execução, as contribuições dos Escritórios de Dakar e de Bamako estão indicadas na seguinte tabela, que mostra, a partir de dados comparados, as partes relativas das fontes de

financiamento (extra-orçamental/programa ordinário), em diversas intervenções da UNESCO, nos países cobertos pelo Escritório regional multissetorial da África Ocidental (Sahel), relativo ao ano de 2018.

Sector Despesas resultantes do programa ordinário (K$) Despesas resultantes do programa extra-orçamentário (K$)

Dakar Bamako Total Dakar Bamako Total

ED 249 312 281 1 517 1 923 3 439

CLT 9 99 197 190 304 494

SHS 122 122 295 295

SC 153 153

CI 72 72 12 12

Total 64 131 825 1 718 2 522 4 240

ED-Educação SC - Ciências Naturais

CLT - Cultura CI -Comunicação e informação

SHS - Ciências humanas e sociais

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Escritório Multissetorial Regional da UNESCO para a África Ocidental-SahelEstrada praia Ngor, Almadies BP 3311 Dakar, Senegal